Novo Acordo Ortografico - Teoria e Pratica

March 24, 2018 | Author: Aldo Lisboa Filho | Category: Portuguese Language, Writing, Phoneme, Portugal, Latin


Comments



Description

AOS NOSSOS ALUNOS E COLABORADORESAos nossos alunos e colaboradores Se constatarem que utilizamos – na íntegra ou em parte e sem a devida citação da fonte – obras protegidas por direito autoral, solicitamos entrarem em contato para que, procedente a reclamação, providenciemos a imediata retirada do material indevidamente disponibilizado. Enfatizamos, contudo, o caráter excepcional, inadvertido e de boa-fé dos procedimentos, pois é nosso objetivo principal difundir o conhecimento e a cidadania, por meio de oferta gratuita, plural e democrática. Equipe de Educação a Distância do ILB NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO - TEORIA E PRÁTICA "Escrever é retirar-se. Não para a sua tenda para escrever, mas da sua própria escritura. Cair longe da linguagem, emancipá-la ou desampará-la, deixá-la caminhar sozinha e desmunida. Abandonar a palavra." (Derrida, Edmond Jabès e a Questão do Livro, 1973.)   GUIA DO ESTUDANTE Guia do Estudante As orientações abaixo ajudarão você, estudante a distância, a utilizar melhor os recursos didáticos do nosso curso. Estas instruções visam a auxiliá-lo durante todo o seu percurso, levando-o a um maior aproveitamento e sucesso em seus estudos. O material didático, elaborado conforme os preceitos da Educação a Distância, está dividido em Módulos, cujos conteúdos são colocados de maneira clara e compreensível. Familiarize-se com os recursos disponíveis em nosso ambiente virtual de aprendizagem, o Trilhas: Guia do Estudante - pág. 02 Guia do Estudante - pág. 03 pág.Guia do Estudante . 04 . 05 .Guia do Estudante .pág. pág. 06 .Guia do Estudante . .CALENDÁRIO CALENDÁRIO DE ATIVIDADES DO CURSO ATIVIDADES Fórum de Apresentação 1º Fórum Temático 1ª Avaliação 2º Fórum Temático Avaliação Final Prazo para correção da avaliação Fim do acesso ao curso INÍCIO 12/03 (terça-feira) 20/03 (quarta-feira) 02/04 (terça-feira) 11/04 (quinta-feira) 11/04 (quinta-feira) 23/04 (terça-feira) TÉRMINO 30/04 (terça-feira) 27/03 (quarta-feira) 08/04 (segunda-feira) 17/04 (quarta-feira) 22/04 (segunda-feira) 30/04 (terça-feira) 30/04 (terça-feira) CRITÉRIO DE APROVAÇÃO 1º Fórum Temático 20 1ª Avaliação 20 100 2º Fórum Temático 20 Avaliação Final 40 Atividade Total Para aprovação é necessário participar dos fóruns temáticos e realizar a Avaliação Final. com média mínima de 70 pontos. 1.Leia atentamente o "Guia do Estudante"! Ele contém orientações indispensáveis para seu sucesso no curso! Programa do curso Programa do curso MÓDULO I – Reflexões preliminares Unidade 1 – A Questão Ortográfica 1. consulte com regularidade a agenda e o calendário do curso . Irregularidades na Ortografia MÓDULO II – O Novo Acordo Ortográfico Unidade 1 – O histórico do Novo Acordo Ortográfico 1. Objetivos e critérios 1.2. procure realizar as atividades dentro dos prazos previstos . participe dos fóruns de debates . utilize o botão "Fale com o tutor/colegas" no menu “Comunicação”. Padrões de regularidade ortográfica. Critérios 1.2. 2. determinando o sucesso final.1. execute as atividades propostas em sequência de unidades/módulos . Objetivos 1. navegue pelos ambientes de estudo para ver se algo novo foi acrescentado.os exercícios respondidos fora da ordem ficam aguardando a vez para serem corrigidos e você corre o risco de se esquecer de retomá-los. são fatores que ajudam o aluno a persistir e permanecer no curso. A Ortografia e a difícil arte de escrever ou Ortografia: a utopia da normatização Unidade 2 – Por que promover um acordo? 2. sempre que acessar a plataforma. Nossas sugestões para que você tenha um bom aproveitamento são as seguintes: administre bem seu tempo .1. traduzidas em hábitos de estudo. As Bases do Acordo 1. Implementação .1.1.eles são instrumentos valiosíssimos de interação com o grupo.2.1.o não cumprimento de algumas das datas implicará a sua reprovação no curso.recorra preferencialmente ao tutor para sanar suas dúvidas de conteúdo. a plataforma é o melhor canal de comunicação com a tutoria . fixação e preservação 1.2.Sugestões para um bom estudo: As atitudes do estudante a distância. Escrita: uma ferramenta de transmissão.1. Vigência 1.1.eles são planejados de forma a otimizar os resultados pretendidos e a pontualidade demonstra seu compromisso com o processo de aprendizagem.3.2.assegure-se de que terá disponibilidade para se dedicar ao estudo. além de integrarem a avaliação. .4.Supressão do Trema 2. O trema 2. Emprego de maiúsculas e minúsculas Unidade 2 .1. O caso dos verbos com < qu > e < gu > no radical 3. Casos em que se emprega o hífen. Unidades semânticas e unidades sintagmáticas 4.1.3.2.3.2.1.3.Unidade 2 – Repercussões e críticas MÓDULO III – O Acordo e as novas regras Unidade 1 – Mudanças no Alfabeto 1. · Fique de olho no “calendário” do curso. · Responda às quatro avaliações na sequência em que forem apresentadas e dentro dos prazos previstos. Casos em que não se emprega o hífen.3. Regras gerais 3. 4. Histórico do uso do trema 2. Prefixos e falsos prefixos.5.2. Definição 3.2.Acentuação Gráfica 3.Uso do hífen 4. Quadro sinóptico 4. · Participe do “Fórum de Apresentação”.2. Consequências Práticas 1.4. Divisão silábica e translineação Recomendações Recomendações Agora que você já conhece todos os recursos disponíveis na plataforma do curso. · Consulte regularmente a “Agenda” na primeira página e leia as mensagens da Tutoria e da Coordenação.1.1. Noções preliminares 4. Pronúncia das palavras afetadas MÓDULO III – O Acordo e as novas regras (continuação) Unidade 3 . O caso dos acentos diferenciais Unidade 4 . · Administre bem seu tempo.1. W e Y 1. 4.1. aqui vão algumas sugestões para que você obtenha o máximo de aproveitamento possível: · Assegure-se de que terá disponibilidade para se dedicar ao estudo. tão logo se inicie o curso. Reintegração das letras K. 4. fixação e preservação 1.REFLEXÕES PRELIMINARES MÓDULO I – Reflexões preliminares Unidade 1 – A Questão Ortográfica 1. . tão logo a Coordenação fechar as notas. estará em condições de extrair o CERTIFICADO e a DECLARAÇÃO. Escrita: uma ferramenta de transmissão.1. Certificação eletrônica Certificação eletrônica Se você obtiver aprovação no curso. sua tutora ou tutor e a Coordenação do curso. Ambas poderão ser expedidas por meio do ícone “EMITIR CERTIFICADO”. O ILB não fornece autenticação digital ou quaisquer outras comprovações além do CERTIFICADO e da DECLARAÇÃO. e a participação neles é obrigatória. Esperamos que este curso atenda à expectativa de enriquecimento e aperfeiçoamento profissional e pessoal e lhe proporcione momentos prazerosos no contato com seus colegas. Escrita: uma ferramenta de transmissão. Felicidades! Coordenação de Educação a Distância Instituto Legislativo Brasileiro Senado Federal MÓDULO I .1.A Questão Ortográfica Unidade 1 – A Questão Ortográfica 1. A Ortografia e a difícil arte de escrever xhuhi Unidade 1 .2.· Participe dos dois fóruns de discussão dentro do prazo de funcionamento: eles são instrumentos valiosíssimos de interação com o grupo. que surgirá para você após a conclusão do curso. com o conteúdo programático. fixação e preservação. com a escrita cuneiforme dos sumérios. a língua falada foi responsável pela transmissão do conhecimento de geração em geração. sem dúvida. Para analisar essa função de fazer circular o conhecimento – onde a Ortografia é peça fundamental. um assunto muito interessante. transmitir conhecimento. pergaminho ou papel.C. então. Acredita-se que a escrita. Com a invenção da escrita. as línguas desempenham papel fundamental: o de fazer circular e. com especial interesse. então uma representação fonética. Alguns deles gastaram a . surgiu por volta de 3. Eles têm mecanismos próprios para fazer circular. os primeiros povos puderam. Pág. perenizar todo esse conhecimento acumulado. Obviamente isso contribui para a evolução do grupo. que a mantinha muito bem guardada atrás dos muros das cidadelas medievais e nos espaços secretos dos monastérios. 2 Nos primórdios da civilização humana. Durante séculos. assim. essa técnica do registro da escrita ficou restrita a um pequeno círculo de iniciados. sejam em cascos de tartaruga. Os monges copistas (ou escribas) trabalhavam reservadamente em suas bancadas. tabuletas de barro. metal. da mesma forma que nós utilizamos a escrita para esse fim. E. ossos de animais. o avanço tecnológico que a sociedade humana experimentou em alguns de seus agrupamentos. mas deixemos para outro momento a discussão sobre as implicações sociais do domínio da escrita. pedra. tiras de bambu. o mais importante elemento de agregação do tecido social sob o qual se abrigam os seres humanos. sejam subdesenvolvidos culturalmente. visto que agora seria possível “armazená-lo” em registros impressos. transmitir e “armazenar” seus conhecimentos por meio da língua falada. Isso não significa que os povos de tradição oral.Toda língua é um fenômeno sociocultural e. talvez. Ainda mais: enquanto (e porque) unem os falantes em torno de uma língua comum. papiro.500 a. nesse espaço comum. promovem a circulação do conhecimento que esses mesmos falantes constroem ao longo da sua experiência social. Esse é. conforme veremos mais adiante –. que não conhecem a escrita. ao desenvolver códigos gráficos para representar os sons da fala – a escrita. teremos de observar. a crescente demanda nesse sentido. em 1424. Escreviam à mão. Pág. O ourives alemão Johannes Gutenberg a inventou em 1455 e nela imprimiu seu primeiro livro. surgiu a necessidade de se padronizar a escrita. ampla e clara e suprindo. para se evitar os sentidos dúbios. cerca de 15 milhões de livros já haviam sido impressos no mundo inteiro. 3 Surgiu. a Bíblia Sagrada. Os chineses já usavam a técnica da impressão havia mais de 1. página por página. Era um processo muito mais eficaz e rápido. Para se ter uma ideia. Normatização é o ato de normatizar (criar ou estabelecer . os mal-entendidos ou mesmo a desinformação. para gravar as letras sobre uma tabuleta coberta com cerume branco de abelhas. o que significava estabelecer um padrão gráfico (ver Glossário). a prensa.vida inteira para reproduzir apenas um exemplar da Bíblia Sagrada. Antes dele. Foi daí que surgiu a expressão “cada qual tem seu estilo”. usando o stylus. que depois eram juntados em fôrmas com moldura de madeira. Portanto. então. por assim dizer. Cada pergaminho trazia consigo uma assinatura. até a identidade do seu artífice. Com a difusão dos livros. que possibilitava a impressão em massa. A tinta era à base de óleo de linhaça e negro-de-fumo. assim. Era a chamada normatização. mas eram caros. o que impedia que se fizesse muita pressão para marcar o papel. pequeno objeto pontiagudo de madeira. resultando gravuras pouco nítidas. possuía apenas 122 livros. o papel vindo da China foi fundamental para a impressão dar certo. deixando de ser exclusividade da nobreza e do clero. fazendo circular informação e conhecimento de maneira mais rápida. às vezes. mas os tipos eram talhados em madeira. Aliás. Pág.400 anos. portanto. eram usados o pergaminho e o velino (papel de couro de vitela). que eram mais resistentes e duráveis. E isso iria transformar para sempre a cultura ocidental. conforme veremos a seguir. Em 1500. Os monastérios eram conhecidos pela sua caligrafia. no Reino Unido. 4 As prensas se difundiram. A informação escrita se democratizou. que resultariam nas páginas. a famosa Universidade de Cambridge. A prensa de Gutenberg empregava placas de metal duro. e nelas fundia os caracteres. que revelava a sua procedência e. o papel tinha sido inventado por eles mesmos 200 anos antes. Tabuleta de escriba com o “stylus” e a Prensa de Gutenberg. tem que retomar o texto várias vezes. emprega-se o verbo ‘normatizar’ na acepção de formatar um trabalho. indiferentemente. para dar sentido ao que informa. com aparência padronizada de acordo com determinadas normas técnicas. a paragrafação (ver Glossário). regras. ou seja. empregar o verbo ‘normalizar’ e seus cognatos somente na acepção tradicional de tornar normal. pois. e tinha motivação econômica. dando-lhe formas específicas. No português de Portugal usa-se ‘normativizar’ em lugar de ‘normatizar’. A comunicação humana se realiza oral ou graficamente. além da motivação econômica. como as da ABNT. A comunicação oral é o ponto de partida de todo processo de comunicação. Muito embora Houaiss admita a sinonímia. a tabulação (ver Glossário). como saber interpretar o que é comunicado e ser capaz de transmitir mensagens de acordo com o contexto e o interlocutor. de voltar à normalidade. pois visava o “mercado editorial” nascente.normas). reorganizá-lo e . muitas vezes beneficiando-se da interação imediata com o interlocutor. Por outro lado. ser capaz de compreender e de se exprimir. regulamentos. portanto. 5 1. outros dicionaristas estabelecem diferença semântica entre eles. O esforço de veicular mais implicava padronizar os tipos. é preciso dominar tanto seu código oral como seu código escrito. aparentemente um derivado de normativo + sufixo izar. o fato é que apenas o verbo ‘normatizar’ tem a acepção explícita de estabelecer normas. que ampliam a capacidade de comunicação. diz-se que. Os verbos ‘normalizar’ e ‘normatizar’. Essa normatização serviria. são usados um pelo outro. É preferível. Portanto. assim como as que foram baixadas pelo Novo Acordo Ortográfico. para se falar bem uma língua.2. a pessoa com quem se conversa ou a quem se escreve. por vezes. Nela se expressa o pensamento com bastante liberdade e desenvoltura. rituais etc. e ‘normatizar’ para expressar a ação de estabelecer ou aplicar normas. o sujeito comunicante. e aí estava implícita a intenção de atribuir valor cultural e de estilo às publicações. havia também uma preocupação de natureza linguística e social. Divergências à parte. na escrita. a comunicação. bem como de recursos que podemos chamar de “extralinguísticos”. ou seja. Pág. como sinônimos. Por outro lado. por exemplo. Isso significa que o falante/escritor não só deve conhecer as estruturas linguísticas. A Ortografia e a difícil arte de escrever Os códigos comunicacionais (ver Glossário) são um conjunto regulamentar de signos ou sinais que permite o intercâmbio de informações. para se veicular mais e melhor.. ou seja. Ainda mais recentemente. veicular melhor significava padronizar a grafia das palavras. Modernamente. de < s > ou < z >. O princípio básico que rege a Ortografia é o da transcrição fonológica (ver Glossário) das línguas. -ss-. dessa forma. • o emprego do hífen e do apóstrofo. A essa convenção vamos chamar ORTOGRAFIA. • as regras de utilização de maiúsculas e minúsculas. a escrita desenvolve-se numa situação discursiva mais tensa e formal. ou de < x > etc. À Ortografia interessa: • o Alfabeto e as combinações possíveis dos seus elementos: grafemas (ver Glossário) (< ç >. onde cada som (fonema) (ver Glossário) é representado por um símbolo gráfico (grafema) (ver Glossário). -nh-). compreende-se por que a escrita se tornou um sistema complexo de combinação de símbolos e regras gráficas de arranjo e distribuição desses símbolos. como. por exemplo. De fato. Assim.). -ch-. mesmo quando somos alfabetizados. A escrita é um sistema de representação da linguagem oral. < s >. sociais e culturais e. < c >) e dígrafos (-rr-. como se vê. • a acentuação gráfica e suas regras de aplicação. no intrincado processo de transcrição da palavra falada para a palavra escrita. o uso de < g > ou < j >. Pág. -lh-.refazê-lo. vai se aprimorando no tempo e no espaço onde se desenvolve. É profundamente influenciado pelas circunstâncias históricas. atribuir a cada som um único correspondente símbolo gráfico. que exige o emprego de estruturas linguísticas mais abstratas. editando-o. não se conseguiu resolver todas as particularidades fonéticas da língua. Em função desse processo dinâmico de construção e reconstrução da língua. a utilização ou supressão do < h >. • as regras de utilização de certas consoantes (como. Por aí já se percebe que a Ortografia é uma convenção normalizadora (ver Glossário) do registro escrito de uma língua. percebemos que um mesmo som pode ser grafado . por exemplo. a partir da busca por uma melhor forma de se representar a oralidade da língua. Todavia. • as regras de divisão silábica e de translineação. 6 Esse sistema é definido por convenção. sugerindo contextos ou mesmo criando situações para se fazer entender. .com diferentes letras. ‘drama’ ‘foto’. ‘livro’ O mesmo não ocorre nas Tabelas 2 e 3. os sinais < >. < jh > ou < çh >. porém. Para melhor visualizar essa relação entre fonemas e grafemas. quanto mais os alunos lerem e escreverem. Falamos anteriormente em fonemas e grafemas. ou seja. do hábito da leitura e da produção de textos. como. é bem comum substituirmos o < x > da palavra ‘xícara’ por < ch >. ou vários grafemas representam um único fonema. entre o sistema de sons da língua e o sistema ortográfico. essas “dificuldades” da língua deixam de ser um problema. Na Tabela 1. ‘mudo’. como. utilizam-se as barras (//). nesse mesmo estágio. a da alfabetização. por exemplo. a seguir. ‘papel’. testando as possíveis combinações e rejeitando aquelas não atestadas na forma escrita do português. o estudante consegue perceber que o aprendizado da Ortografia depende da prática social da linguagem. ou o /Z/(**). Pág. É uma convenção dos textos linguísticos. Os fonemas consonantais apresentados e seus respectivos grafemas constituem pares inseparáveis em qualquer dos exemplos dados. que corresponde ao fonema 'r' simples. que tais representações violam o sistema gráfico da língua. por exemplo. 7 A existência de mais de um grafema para cada fonema revela toda a riqueza etimológica e fonológica do idioma português. ‘café’. quando se trata de fonemas. não importando a posição em que ocorram na palavra e na sílaba. três tabelas. ‘tropa’ ‘dia’. É interessante informar aqui que. É nessa fase. FONEMA /p/ /b/ /t/ /d/ /f/ /v/ Tabela 1 GRAFEMA <p> <b> <t> <d> <f> <v> EXEMPLOS ‘pó’. ‘gesto’. traz dificuldades ao ensino da língua. Observe que alguns fonemas são representados por sinais digamos “estranhos”. 8 . A verdade é que. por outro lado. ‘cobra’ ‘tom’. apresentamos. onde um mesmo grafema representa dois fonemas diferentes. repare que a cada fonema corresponde apenas e tão somente um grafema. ‘sebo’. Aprendemos a reconhecer. mas. desde cedo. No entanto. Quando. Pág. não nos dando conta de que subvertemos o sistema ortográfico da língua portuguesa. maiores possibilidades terão de dominar a Ortografia vernácula (ver Glossário). que corresponde ao fonema 'gê'. dependendo da letra que vem em seguida ou da sua posição na palavra. ‘frio’ ‘veia’. o /x/(*). quando se trata de grafemas. ‘primo’ ‘bolo’. ‘neve’. Isso acontece porque poucas letras respeitam o princípio fonológico de relacionar uma unidade sonora ou som (fonema) a apenas uma letra escrita ou símbolo gráfico (grafema). que aprendemos a dominar o sistema gráfico da língua. ‘geleia’. ‘macio’ ‘sapo’ ‘casa’ ‘gato’. em palavras como ‘extra’. como o fonema inicial de ‘chamada’. ‘mágico’ ‘gota’. ‘águia’ Tabela 3 (***) Em algumas regiões. É bom alertar para o fato de que. ‘enrolado’ ‘era’. reduz-se o número de alternativas para a grafia de certos fonemas. ‘ócio’ ‘moça’. ‘vaga’. existindo um contexto.GRAFEMA <r> <c> <s> <g> FONEMA /x/ (*) /R/ /k/ /s/ /s/ /z/ /g/ /Z/ (**) Tabela 2 (*) representação fonética para o “r” smples. ‘lago’. têmo som do grafema < x > realizado como o fonema /s/. Pág. Aqui é importante fazer uma ressalva: nas Tabelas 2 e 3. e. em outras. ‘tigre’ ‘gelo’. ‘hora’ ‘corre’ ‘jardim’. ‘urso’ ‘cimento’. ‘mágico’ FONEMA /s/ /x/ /Z/ (*) (**) /g/ GRAFEMA < ss > < sc > < sç > < xc > <s> <c> <ç> <x> <r> < rr > <j> <g> <g> < gu > EXEMPLOS ‘passar’ ‘crescer’ ‘nasça’ ‘exceto’ ‘som’. ‘macaco’. 9 . EXEMPLOS ‘rato’. ‘sogra’ ‘guerra’. ‘março’ ‘extra’(***) ‘rosa’. ‘cravo’ ‘cena’. ‘caju’. (**) representação fonética para o som “gê”. os exemplos não estão contextualizados. ‘prato’ ‘casa’. quando unificamos o modo de grafar as palavras. < sç >. por exemplo. Falando mais especificamente sobre as convenções ortográficas. “Sinto (com < s >) que o Antônio está tentando se superar”. e muito. compreender as convenções ortográficas ajuda. O primeiro caso é o dos dígrafos < ss >. Unidade 2 . só podem ser utilizados entre vogais. no processo de comunicação escrita. Como podemos ver na Tabela 3. “O cinto (com < c >) do Antônio está na altura da cintura”. Por outro lado. . representadas por aquelas palavras que não seguem nenhum padrão ou princípio. Isso porque. A escrita reproduziria não só a imensa variedade de modos de falar regionais brasileiros. se a escrita fosse fonética. Irregularidades na Ortografia Pág. é importante saber que existem palavras cuja grafia obedece a padrões de regularidade ortográfica. o que reduz as opções gráficas disponíveis. Tanto o contexto I quanto o contexto II reduzem de fato as possibilidades gráficas. assim. Por outro lado. O segundo caso é aquele do ambiente semântico (ver Glossário) do texto (contextualidade). se representasse exatamente os sons da fala. < xc > e < xs >. ou seja. < xc > e < xs >.1. em que o conhecimento de uma regra permite antecipar como uma determinada palavra deve ser escrita mesmo sem conhecê-la. facilitamos a compreensão das ideias contidas nos textos que produzimos. < sç >. Esse panorama sobre as relações que se estabelecem entre fonemas e grafemas no sistema ortográfico da língua revela a complexidade da tarefa imposta à criança durante o processo de aprendizagem da Ortografia. mas existem limitações para o uso de alguns deles. mas também as diferenças entre os falares do português europeu e africano. existem oito grafemas disponíveis no sistema para representar o fonema /s/. Padrões de regularidade ortográfica 2. há as chamadas irregularidades ortográficas. por exemplo. O < ss >. < sc >. isto é. 2 Unidade 2 – Por que promover um acordo? A Ortografia é uma convenção social criada para facilitar a comunicação escrita. assim como os demais dígrafos. teríamos uma tamanha diversidade de símbolos gráficos que a unidade linguística ficaria comprometida. o que reduz as opções gráficas disponíveis. o caminho é criar estratégias de memorização da grafia das palavras de maior uso. Entre as irregularidades. < sc >.Por que promover um acordo? x MÓDULO I – Reflexões preliminares Unidade 2 – Por que promover um acordo? 2.Aqui estamos nos referindo aos dois contextos: no interior da palavra (fonético) e o contexto em que a palavra se insere. que nos permite precisar a correta grafia de uma dada palavra. buscando estabelecer o padrão de ocorrência que define a regra ortográfica. Desse modo. o seu papel unificador.2. cabe-nos observar e refletir sobre elas. A escrita perderia. No caso das regularidades. que só podem ser utilizados entre vogais (contexto intramorfema) (ver Glossário). notadamente porque a pronúncia das palavras também mudou. Se consultarmos um dicionário etimológico da língua portuguesa. pronunciava-se “estromento”. Assim. no tempo e no meio social onde se fala a língua. portanto. que é também encontrada nas palavras derivadas ‘saleiro’. do vocabulário da língua em uma determinada época. derivada do vocábulo latino instrumentum. A tendência da Ortografia. Todavia. . ainda que ocorra mudança no som. a grafia mais natural. E historicamente podemos verificar que. Dentro do Brasil. A saída para esses casos é usar o dicionário ou consultar registros onde sabemos que determinada palavra está escrita da maneira correta. 4 2. em todas as línguas. as línguas sofrem constantes modificações. Irregularidades na Ortografia. ou seja. As mudanças podem ocorrer no espaço. da palavra “instrumento”. a motivação é etimológica. é reproduzir a pronúncia do léxico (ver Glossário). como não somos especialistas em filologia (ver Glossário) românica e etimologia (ver Glossário). a motivação lexical. quando nos deparamos com textos muito antigos. Exemplo: as palavras ‘homem’ e ‘hoje’ são escritas com < h >.2. o modo de falar varia de região para região. só depois voltou a ser pronunciada como “instrumento”. com o /n/. Tal não se daria. como livros de autores consagrados da literatura nacional e mundial. Mesmo numa mesma cidade. que se pode avaliar quando a grafia de uma determinada palavra se explica pela sua origem. Vejamos. Ele é uma marca de nasalização da vogal que o antecede. Foi o caso. podemos discernir traços linguísticos peculiares a determinadas classes sociais. Pág. O exemplo característico de uma forma ortográfica foneticamente padronizada é o caso do uso do < m > antes de < p > e < b > (exemplos: “tampa” e “tombo”). No seu processo histórico dinâmico. o lexical e o etimológico. Do mesmo modo como para falarmos ‘papai’. No final do século XV. o primeiro padrão é o fonêmico.1. O /m/ é naturalmente bilabial. agora. Ela é encontrada naquelas formas que mantêm o mesmo grafema. não temos que saber se determinada palavra se origina de vocábulo latino ou grego. temos de recorrer à fonética para explicar a opção pelo emprego do < m > e não do < n > para aqueles casos em que ele antecede o < p > ou o < b >. 3 2. assim como o /p/ e o /b/. Se vamos a Portugal. poderemos observar que a grafia de determinadas palavras mudou várias vezes ao longo da história. São eles o fonético. Nesse processo. que surge quando se cria o sistema alfabético para associar um único grafema a cada fonema.Pág. Além do padrão fonêmico. percebemos que a língua sofreu alterações na sua grafia. embora aparentemente sua pronúncia não tenha mudado muito. porque se originam nas formas latinas homine e hodie respectivamente. a tendência é haver mudanças no registro escrito da palavra. ‘salgado’ e ‘salina’. Assim. E. De fato. Padrões de regularidade ortográfica. tanto assim que nenhuma língua apresenta uma única pronúncia para todas as palavras. por exemplo. ou mesmo se é uma palavra de origem indígena. por último. e a palavra ‘sal’ grafada com < l >. digamos assim. logo percebemos que os portugueses não falam como os brasileiros.2. é aquela que as aproxima dada a sua familiaridade fonética. há outros que regulam as bases da Ortografia portuguesa. Embora estejamos tratando de escrita e não de fala. A mudança na pronúncia é uma das origens da “falta de padrão” ou das chamadas “irregularidades ortográficas”. Exemplos: a palavra ‘medicina’. Há ainda palavras cuja grafia não se orienta por regra alguma. que se escreve com < c > por derivar da palavra primitiva ‘médico’. quando se altera a pronúncia. conforme exemplificado na Tabela 1 da Subunidade 1. a escrita é um meio de preservação da fala que se prolonga no tempo. naturalmente os lábios se encontram para articular o fonema /m/. Quando falamos ‘mamãe’. Esse fato provocaria um problema para o aprendizado da escrita. o português. Pág. pelos legionários que garantiam a expansão do Império Romano. alcançando status de língua nacional. o italiano e até o romeno. Da mesma forma como doem os nossos ouvidos se alguém.Pág. uma vez que as pessoas cultas e ricas também cultivavam dúvidas sobre a correta grafia de certas palavras. a questão ortográfica na língua portuguesa ficou limitada aos círculos acadêmicos. um registro escorreito. inevitável que aprendessem certas pronúncias que não seriam muito bem aceitas na academia. que supostamente tiveram acesso a uma melhor formação cultural e intelectual. Com o declínio de Roma e a constituição dos estados nacionais na Europa. que se firmaram como peças muito úteis. impregnando uma à outra. como também é conhecido – constitui um ruído que impede ou perturba a boa comunicação. Além do mais. aquele falado pelos senadores de Roma ou pelos nobres: vieram do latim vulgar. como o espanhol. . não flexiona o plural ou conjuga um verbo em tempo ou modo incorreto para o contexto. ora eram reafirmadas com argumentos favoráveis. Ali também se desenvolveu o que hoje chamamos de “preconceito linguístico”. em oposição a uma variedade popular que continha impropriedades vocabulares e sintáticas. começaram a surgir as gramáticas vernáculas. Essas novas nações também tinham ricos e pobres. pessoas do povo e pessoas da aristocracia recém-formada. lado a lado. adotada nas academias e nos círculos aristocráticos. a diversidade linguística é resultado da transformação que as línguas experimentam no tempo. mantendo assim uma tradição. ao falar. Ao mesmo tempo. Assim. Os filhos dos nobres eram cuidados por pessoas do povo. Ainda assim. em fins do século XV e início do século XVI. 5 Enfim. Os nobres. originaram-se no latim. 6 Então. Ocorre que essas duas variedades conviviam. na escrita. aquele falado pelas pessoas do povo. como ainda hoje convivem. Mas essas línguas não vieram do latim clássico ou erudito. no lugar e no meio onde são faladas. a impropriedade ortográfica – ou barbarismo gráfico. falariam uma variedade linguística tida como padrão. até o final do século XIX. ora eram postas por terra com argumentos contrários. essa forma “vulgar” e em transformação do latim foi adotada pela nobreza nos diferentes países. Num processo de constante evolução. não importa de que natureza fossem. surgiram os tratados de Ortografia. estabelecer regras e explicitá-las de forma sistematizada servia ao propósito de justificar a maneira como as palavras deveriam ser escritas. onde as regras. objetivando ensinar ao povo a distinção entre o popular inculto e o padrão formal culto das elites. o português tem duas ortografias: a de Portugal e a do Brasil. explorando aspectos que não tenham sido abordados. a certa altura de nossa história política. dando continuidade às manifestações já apresentadas. buscou estabelecer uma ortografia simplificada. Pág. tais como livros. Essa diferença traz visíveis desvantagens do ponto de vista das relações internacionais. 7 A dupla grafia do português (a europeia e a brasileira) data de 1911. o Estado. É preciso lembrar que são quatro as grandes línguas modernas faladas hoje no mundo. de tradução oficial de documentos. que as publicações em português do Brasil. eis que a língua ganha importância nos fóruns internacionais e organismos multilaterais na medida do seu peso unificado. considerado para tanto o número total de falantes: inglês. a Ortografia não consolidou um registro único. Não perca esse prazo. mas também por saber dialogar com os demais colegas. Ocorre que. Nossa próxima atividade será o 1º FÓRUM TEMÁTICO. 1º FÓRUM TEMÁTICO Cara aluna. a aluna ou aluno deve primar não apenas por apresentar ideias interessantes. Aqui as opiniões divergem quanto à repercussão dessa convenção. jornais. Outros creem que ela serve de proposta de solução aos problemas de circulação do conhecimento produzido entre as culturas dos povos lusófonos.. sejam mais bem aceitas e interpretadas por nossos irmãos de língua. sendo a língua oficial de oito Estados soberanos. De um lado. Essa primeira reforma. não será mais possível postar mensagens nele. Assim. com exceção do português. revistas. na medida em que o Acordo elimina boa parte daqueles “ruídos” gráficos que frequentavam os nossos textos. por exemplo. comercial e político. sem necessidade. não foi feita de comum acordo com a República Federativa do Brasil. alguns defendem a tese de que ela consolida a identidade da lusofonia (ver Glossário) no contexto internacional. vale dizer: o número total de falantes sob o mesmo regime ortográfico. Ao usar o fórum. esta proclamada já desde 1889. você verá um texto contendo o assunto de abertura da discussão que será desenvolvida em seguida. Esteja claro que o inverso é verdadeiro.Entretanto. Todas elas. caro aluno. Uma vez fechado o fórum. após mais de dez anos de discussões. O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa foi firmado em 1990. com muitos vocabulários ortográficos ditos oficiais. Ao acessá-lo. ainda sob a influência da implantação de sua República. pois. Prova disso são os diversos acordos e tratativas entre Brasil e Portugal em busca de um modelo ideal único de grafia do léxico da língua portuguesa. Portugal promoveu a primeira grande reforma oficial da Ortografia portuguesa. que ficarão visíveis para todos os demais integrantes da sua turma. reconhecem uma grafia oficial única. pelo Brasil e mais sete países. passou a editar leis e decretos para regular a matéria. Nessa oportunidade. Este fórum ficará aberto e acessível aos alunos no período de 20 a 27 de março de 2013. francês. contudo. Mesmo assim. legais etc. português e espanhol. a dupla grafia oficial reduz a capacidade de afirmação do idioma no plano internacional e limita a possibilidade de compartilhamento de conteúdos no plano cultural. apresentando contra-argumentos a posicionamentos assumidos etc. Isso permite. Cada aluna ou aluno poderá postar uma ou mais mensagens. textos científicos. . Nesse ano. tal como consagrada nos textos oficiais. que será avaliado pelos respectivos tutores. é importante que sua ortografia garanta que qualquer leitor reconheça uma dada palavra escrita de acordo com o padrão ortográfico registrado nos dicionários e vocabulários ortográficos. Objetivos e critérios 1. Vamos apontar eventuais erros ortográficos.O NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO MÓDULO II – O Novo Acordo Ortográfico Unidade 1 – Histórico do Novo Acordo Ortográfico 1. apresentando seus argumentos favoráveis ou contrários.Outra dica muito importante é acerca do comprimento de suas postagens. Salientamos que a partir do século XV. É mais interessante você complementar a postagem de um colega. agora. com vista a uma maior eficácia da comunicação escrita entre os falantes. em decorrência de fatos marcantes para a história ocidental. o 1º FÓRUM TEMÁTICO e manifeste-se. Objetivos 1. sem dúvida. exemplificando ou até divergindo.1. por maior que seja a diversidade de modos de falar de uma língua. certo? Acesse. O que queremos é a discussão.Histórico do Novo Acordo Ortográfico Unidade 1 – Histórico do novo Acordo Ortográfico Já refletimos que a Ortografia é uma tentativa de normatização ou de padronização da forma gráfica das palavras de uma língua. que estavam se impondo como línguas oficiais. como a invenção da imprensa e o Renascimento. do que atuar em monólogo.3.2. Bom trabalho! (Este fórum vale 20 pontos. no campo “COMUNICAÇÃO” do menu lateral à esquerda. Implementação Unidade 1 . As participações não serão avaliadas pelo número de linhas.2.2.1.1. as línguas românicas. Tente utilizar a nova ortografia o máximo possível. alteraram a sua relação com a Ortografia. É nesse ambiente que florescem os estudos linguísticos.) MÓDULO II . e você perderá o que já fez. criando a necessidade de explicitar as suas regras gramaticais. em “FÓRUM”. Assim. pois o sistema pode bloquear seu acesso. Critérios 1.1. principalmente aqueles que cuidam da Ortografia. As Bases do Acordo 1. As inúmeras gramáticas ortográficas que surgiram nesse momento tinham como principal preocupação e objeto de . concordando. Vigência 1.1. para você ir se familiarizando com as novas regras. Lembre-se: não fique mais de três minutos sem trabalhar na plataforma.1. estudo o fato de que os fonemas latinos haviam se modificado muito na evolução que experimentaram do latim clássico, passando pelo latim vulgar, até os idiomas europeus que começavam a se formar. E essa mutação fez com que surgissem fonemas (ver Glossário) novos até então inexistentes na língua de origem. Entretanto, na segunda metade do século XVI, esses estudos ganhariam uma nova perspectiva: a histórica. Isso porque a língua portuguesa precisava se afirmar frente à língua castelhana. Pretendia-se resgatar a feição latina dos vocábulos portugueses. Implantou-se, então, o que chamamos de uma “ortografia etimológica”. Nessa perspectiva, o latim foi resgatado como modelo de perfeição e excelência. Contrapondo-se a essa Ortografia etimológica, surge uma Ortografia fonética (ver Glossário), que procura simplificar a escrita e aproximá-la da língua oral, por meio daquelas relações entre fonemas e grafemas que vimos anteriormente, onde a cada som corresponde apenas um símbolo, ou seja, onde a cada fonema corresponde apenas um grafema. A polêmica que se instaurou, a partir de então, entre os ortógrafos etimólogos e os ortógrafos foneticistas perdurará pelos séculos XVII, XVIII e XIX. É apenas na primeira década do século XX que percebemos ganhar fôlego a corrente fonética em detrimento da rígida tradição etimológica, ainda que sempre se contraponha àquela a impossibilidade de uma total identidade entre o som e a grafia. Pág. 2 Mas vamos aos efeitos práticos dessa polêmica. Duas capas de Os Lusíadas, uma de 1572 e outra de 1584, mostram o nome do poeta grafado de maneiras diferentes: Luis de Camoés e Lvis de Camões. Nos séculos XII a XV, surgem os primeiros escritos em português. documentos A Ortografia portuguesa tenta reproduzir os sons da fala para facilitar a leitura: • a duplicação das vogais indica sílaba tônica: (‘ceeo’ > céu, ‘dooe’ > dói’); • a nasalização das vogais é representada pelo til (manhãas > manhãs), por dois acentos (mááos > mãos) e por < m > e < n > (‘omde’ > onde; ‘senpre’ > sempre). • o < i > podia ser substituído por < y > ou < j > (‘ay’ > ai; ‘mjnas’ > minhas). Mas não há uma padronização: uma mesma palavra aparece grafada de modos diferentes: ‘ygreja’, ‘eygreya’, ‘eygleyga’, ‘eigreia’, ‘eygreia’ (= igreja); ‘home’, ‘homee’, ‘ome’, ‘omee’ (= homem). Pág. 3 A partir da segunda metade do século XVI, a língua portuguesa sofre influência do latim e da cultura grega, graças ao Renascimento e à necessidade de valorização do idioma. Essa tendência perdura até o início do século XX. Esquerda: capa do livro Memorias Posthumas de Braz Cubas, de Machado de Assis. Direita: Cartão postal de 1908, em que se vê a palavra ‘telephone’, grafada com < ph >, e ‘escriptorio’, com < p > mudo. O critério era o de respeitar as letras originárias das palavras, isto é, sua origem etimológica. Empregam-se: • < ph >, < ch >, < rh > e < y >, que representavam fonemas gregos: ‘philosophia’, ‘theatro’, ‘chimica’ (= química), ‘rheumatismo’, ‘martyr’, ‘sepulchro’, ‘thesouro’, ‘lyrio’; • consoantes mudas: ‘septembro’, ‘enxucto’, ‘maligno’; • consoantes duplas: ‘approximar’, ‘immundos’. No início do século XIX, o escritor Almeida Garrett defende a simplificação da escrita e critica a ausência de normas que regularizem a Ortografia. Enquanto escritores e acadêmicos colocam lenha na fogueira da polêmica, o que ocorre de fato com a língua portuguesa escrita do final do século XIX é que cada um escreve da maneira que acha mais adequada e elegante. A partir daí, para melhor visualizarmos a evolução histórica da Ortografia da língua portuguesa, com as sucessivas tratativas, discussões e acordos de padronização, ora frustrados, ora bem-sucedidos, elaboramos, com o auxílio do quadro abaixo, a seguinte Linha do Tempo: Pág. 4 LINHA DO TEMPO 1904 O foneticista Gonçalves Viana (1840-1914) publica, em Lisboa, a maior obra sobre ortografia da língua portuguesa, a Ortografia Nacional, que foi adotada pelo governo português como oficial em 1911. Nela, o estudioso apresenta proposta de simplificar a Ortografia: • eliminação dos fonemas gregos th (theatro), ph (philosofia), ch (com som de k, como em chimica), rh (rheumatismo) e y (lyrio); • eliminação das consoantes dobradas, com exceção de e : cabello (= cabelo); communicar (= comunicar); ecclesiastico (= eclesiástico); sâbbado (= sábado). • eliminação das consoantes nulas, quando não influenciam na pronúncia da vogal que as precede: licção (= lição); dacta (= data); posthumo (= póstumo); innundar (= inundar); chrystal (= cristal); • regularização da acentuação gráfica.. 1907 A partir de uma proposta do jornalista, professor, político e escritor Medeiros e Albuquerque, a Academia Brasileira de Letras (ABL) elabora projeto de reformulação ortográfica com base nas propostas de Gonçalves Viana. Portugal oficializa, com pequenas modificações, o sistema de Gonçalves Viana. A ABL aprova a proposta do professor, filólogo e poeta Silva Ramos que ajusta a reforma ortográfica brasileira aos padrões da reforma portuguesa de 1911. A ABL volta atrás e revoga o projeto de 1907, ou seja, não há mais reforma. A Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras assinam acordo para unir as ortografias dos dois países. O governo brasileiro oficializa o acordo de 1931. A Constituição Brasileira revoga o acordo de 1931 e estabelece a volta das regras ortográficas de 1891, ou seja, a palavra ortografia voltaria a ser grafada orthographia. Protestos generalizados, porém, fazem com que essa ortografia seja considerada optativa. 1911 1915 1919 1931 1933 1934 Pág. 5 1943 Convenção Luso-Brasileira retoma, com pequenas modificações, o acordo de 1931. 1945 As modificações introduzidas pelo novo Acordo, ao priorizarem a ortografia lusitana, foram de tal monta que provocaram intensos protestos pelos brasileiros, culminando com a revogação do Acordo em 1955, restabelecendo-se o sistema ortográfico instituído no Brasil em 1943. Divergências na interpretação de regras resultam no Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro. Em Portugal, as normas vigoram, mas o Brasil mantém a ortografia de 1943. Como consequência passaram a existir duas normas ortográficas no que diz respeito à língua portuguesa: uma brasileira (1943) e uma lusitana (1945). 1971 Decreto do governo altera algumas regras da ortografia de 1943: • abolição do trema nos hiatos átonos: saüdade (= saudade), vaïdade (= vaidade); • supressão do acento circunflexo diferencial nas letras e da sílaba tônica das palavras homógrafas, com exceção de ‘pôde’ em oposição a ‘pode’; almôço (= almoço), êle (= ele), enderêço (= endereço), gôsto (= gosto); • eliminação dos acentos circunflexos e graves que marcavam a sílaba subtônica nos vocábulos derivados com o sufixo ‘mente’ ou iniciados por z: bebêzinho (= bebezinho), vovôzinho (= vovozinho), sòmente (= somente), sòzinho (= sozinho), ùltimamente (= ultimamente). 2005 Cabo Verde ratifica o Acordo. 1986 São finalmente redigidas as Bases Analíticas da Ortografia Simplificada de 1945. 2006 São Tomé e Príncipe ratificam o documento. Portugal e Cabo Verde aprovaram esse protocolo. Angola e Moçambique) tornam-se independentes. 2008 O Decreto Presidencial nº 6. Reunião de representantes dos sete países de língua portuguesa no Rio de Janeiro resulta nas Bases Analíticas da Ortografia Simplificada da Língua Portuguesa de 1945. mas que nunca foram implementadas. assim as discussões de que resultaram as bases do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entre Brasil. Angola. 2004 Com a aprovação do Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. fica determinado que basta a ratificação de três membros para o acordo entrar em vigor. mas apenas Brasil. o Acordo de Ortografia Simplificado entre Brasil e Portugal para Lusofonia. por ter sido aprovado oficialmente em 1995 pelos dois principais países envolvidos: Brasil e Portugal. possibilitando a entrada em vigor do Acordo. Guiné-Bissau. Iniciam-se. conhecido como Acordo Ortográfico de 1995. 1995 Brasil e Portugal aprovam oficialmente o documento de 1990. foi assinado um Protocolo Modificado ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. No Primeiro Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa fica estabelecido que todos os membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) devem ratificar as normas propostas no Acordo Ortográfico de 1995 para que este seja implantado. renegociadas em 1975 e consolidadas em 1986. o Brasil ratifica o acordo. determina a implementação do Acordo Ortográfico a partir de 1º de janeiro de 2009 no Brasil. No mesmo ano. 6 1991 Surge outra versão do documento anterior (1986). estabelecendo período de transição de 1º de janeiro de 2009 a 31 de dezembro de 2012. Guiné-Bissau.1975 As colônias portuguesas na África (São Tomé e Príncipe. 1998 Em Cabo Verde. Moçambique e São Tomé e Príncipe. 2008 Portugal aprova o Acordo Ortográfico. Portugal. de 29 de setembro de 2008. 2002 O Timor Leste torna-se independente e passa a fazer parte da CPLP. Pág. 7 . Cabo Verde. que passa a ser reconhecido como Acordo Ortográfico de 1995. Cabo Verde.583. Pág. 1.1. A propósito. o português ostentava (ou ostenta) o título de ser o único idioma no mundo a ter duas ortografias oficiais. Com essa visão. os objetivos principais do novo Acordo são: 1) fortalecer a língua portuguesa no plano internacional. a do Brasil e a de Portugal. Fazendo eco a essa afirmativa. pois dificulta não só a divulgação de informações e as relações comerciais. Brasil. Para tanto. e 2) aumentar o prestígio internacional do português. Cabo Verde. Estima-se que cerca de 210 milhões de pessoas falem português.1. Guiné-Bissau. Portugal. entre países lusófonos. como também a difusão cultural entre os países de língua portuguesa. Objetivos e critérios 1. 8 Centro de Língua Portuguesa – Instituto Camões (Portugal) . bem como limita a possibilidade de compartilhamento. pudemos avaliar que a dupla grafia oficial implica flagrantes desvantagens do ponto de vista das relações internacionais. facilitando o intercâmbio cultural. Ainda assim. recentemente a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) asseverou que: “A dupla grafia acaba limitando a dinâmica do idioma. permitindo-lhe ingressar no rol dos idiomas oficiais utilizados na Organização das Nações Unidas. páginas atrás. enfraquecendo a língua”. o que faz da nossa a quinta língua mais falada no mundo e a terceira no Ocidente. de conteúdos no plano cultural. comercial e jurídico-institucional entre os países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Pág.1. pois dificulta a afirmação do idioma no âmbito das Nações Unidas. Moçambique. um dos propósitos do Acordo é congregar em torno do mesmo sistema ortográfico oficial todos os Estados signatários (as chamadas partes). comercial e político. São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Objetivos. a saber: Angola. isto é: a ortografia das palavras alterou-se para aproximar a forma escrita e a forma falada. ou seja.2. a difusão do hábito de leitura. do latim ‘actione’. o que também não deverá ocorrer na prática. Critérios Nesta oportunidade. ‘acção’. segundo dados da Academia de Ciências de Lisboa. na formulação do Acordo. na medida em que as escolas passarem a alfabetizar de acordo com as novas regras ortográficas. contudo. Por fim. 10 1. o fortalecimento do mercado editorial em língua portuguesa e a implementação dos mecanismos de cooperação multilateral construídos pela CPLP. Além disso.6% do vocabulário seja alterado com a entrada em vigor do novo Acordo. Pág. o < c > ou o < p > mudos eliminados da grafia das palavras talvez desapareçam também da pronúncia do português falado na Europa e na África. a estimativa é de que 1. que resultou ‘cetro’. as alterações decorrentes das novas regras de uso do hífen. coexistem diferentes formas de falar. Já no caso do português de Portugal. É bom observar que. na medida em que ensejar a formulação de políticas públicas para a alfabetização de jovens e adultos. que resultou ‘setor’. do latim ‘sectore’.1. Foi o caso da eliminação das consoantes mudas de palavras de origem greco-latina mantidas na Ortografia lusitana. bem como aquelas resultantes da supressão do trema. ‘ceptro’. por manter duas redações oficiais.5% das palavras. pelo menos no curto e médio prazo. não obstante sermos regulados e guiados pelo mesmo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. deixando de lado a questão da origem das palavras. em alguns casos. os oito países signatários do Novo Acordo Ortográfico concordaram em unificar a sua ortografia sobre 21 bases. do grego ‘skêptron’. que se baseou. . Com isso.Ressalta-se que as partes. Pág. à época. do grego ‘Aígyptos’. é importante ressalvar que variações podem ocorrer no idioma falado independentemente dos acordos ortográficos. 1. mesmo com esse esforço de unificação da grafia. em um critério fonético. unifica-se a ortografia de aproximadamente 98% do vocabulário da língua portuguesa. que resultou ‘ação’. No longo prazo. ‘Egipto’. O quadro sinóptico abaixo foi formatado para apresentar cada uma das bases do Acordo.3. mesmo buscando o consenso entre as ortografias brasileira e portuguesa. optaram. é de pouco mais de duas mil num universo de cerca de 110. calcula-se que as modificações atinjam cerca de 0. como foi dito acima. Em termos práticos. que resultou ‘Egito’. estima-se que o número de palavras cuja ortografia seria alterada quando da celebração do Acordo. É importante salientar que nesse levantamento não foram contabilizadas. As Bases do Acordo Optando por privilegiar as alterações ortográficas em função do critério fonético em detrimento do critério etimológico. o tema da alteração de cada base e as suas repercussões no Brasil. No Brasil mesmo.000.1. em função das características da língua falada. como fica o nosso dicionário? Do ponto de vista do léxico da língua portuguesa. Vejam os seguintes exemplos: ‘sector’. o critério que fundou as bases para a construção do Novo Acordo Ortográfico foi o fonético. o Acordo não obrigou que se alterasse a pronúncia das palavras modificadas. é de se esperar que a implantação da pretendida unificação ortográfica traga benefícios aos países de língua portuguesa. 9 No caso brasileiro. Findo o prazo sem que isso acontecesse. Acentuação gráfica das vogais tônicas i e u nas palavras oxítonas e paroxítonas. em julho do mesmo ano. o Acordo só foi ratificado por Portugal em 16 de maio de 2008. o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa entrou em vigor. após serem depositados os instrumentos de ratificação de todos os Estados signatários. Cabo Verde. sem tocar no conteúdo.2. Empregos de maiúsculas e minúsculas. diante da ineficácia das normas ali contidas. Regras de divisão silábica e translineação. apenas no plano jurídico externo. Grafemas consonânticos. Acentuação gráfica das palavras paroxítonas. Aníbal Cavaco Silva. a disposição tornou-se letra morta. Grafia das assinaturas e firmas. em 2004. Acentuação gráfica das palavras proparoxítonas. tendo sido sancionado pelo Presidente da República Portuguesa. (A) – Houve alteração na Ortografia do português do Brasil (NA) – Não houve alteração (DG) – Manteve-se a dupla grafia Observação (A) (NA) (NA) (DG) (A) (NA) (NA) (A) (A) (A) (A) (NA) (NA) (A) (A) (A) (NA) (NA) (A) (A) (NA) Pág. foi permitida a adesão do Timor-Leste. Uso do Apóstrofo. Uso do h.Base I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII XIII XIV XV XVI XVII XVIII XIX XX XXI Tema Alfabeto e grafia de nomes próprios estrangeiros. Sequências consonânticas. Portugal e São Tomé e Príncipe ratificaram o Acordo Ortográfico e o Segundo Protocolo Modificativo. que só alcançou sua independência total em 2002. Acentuação gráfica das palavras oxítonas. Frise-se que os Protocolos Modificativos alteraram apenas o modo pelo qual se daria a entrada em vigor do Acordo. Contudo. Com a ratificação do Acordo por São Tomé e Príncipe em 2006. Da supressão dos acentos em palavras derivadas. ou seja. para efeitos integrais. Ditongos. quando Brasil. A previsão inicial era de que o Acordo entrasse em vigor no dia 1º de janeiro de 1994. Uso do Hífen. em que se estabeleceu que o Acordo Ortográfico entraria em vigor quando três dos Estados signatários o ratificassem. na sua versão original. Uso do Hífen. Entretanto. Uso do Hífen. Vogais átonas. depois de muitos adiamentos e polêmicas. a de 1990. foi necessário redigir um segundo Protocolo Modificativo. Vogais nasais. Uso do Trema. nas alterações ortográficas propostas no Acordo original. ensejando a redação de um primeiro Protocolo Modificativo alargando o prazo para a entrada em vigor do Acordo. 11 1. Vigência O Acordo de unificação da Ortografia da língua portuguesa. Além disso. no dia 1º de janeiro de 2007. previa a entrada em vigor das novas normas apenas quando todos os Estados signatários o ratificassem. . Do emprego do acento grave. vocabulários ortográficos. ela promove avanços. divide opiniões.1. a implementação do Acordo levará em conta as peculiaridades de cada Estado signatário.583. por um lado. como seria de se esperar. Mas. O processo de alteração gráfica será absorvido pelo mercado editorial de forma mais lenta e gradual. sendo que o período de transição se encerrará em 31 de dezembro de 2012. de outro. Portanto. enquanto os periódicos diários e semanais promoverão dia a dia essa alteração. a reforma ortográfica passará a ser adotada em caráter definitivo no Brasil. Naturalmente. gera muita polêmica e cria desafios.1. O Acordo prevê ainda a fixação de períodos de transição a serem definidos pelos Estados. administração pública. Unidade 2 . comunicação social etc. a partir de 1º de janeiro de 2013. motivando os seus articulistas a se enquadrarem nas novas normas. formulários de serviços públicos. do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Muito provavelmente os efeitos práticos do Acordo só serão sentidos quando cada país definir o seu plano de ação nacional de implementação. como a edição de livros escolares. se. a fim de que as gramáticas. É a mais importante iniciativa de que se tem notícia em relação à unificação ortográfica de uma língua. contratos etc. Implementação.) onde as alterações serão implantadas em primeiro lugar.” (Oscar Wilde) A implementação da reforma proposta pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1986/1990 iniciou-se em 1º de janeiro de 2009. dicionários. Tendo em vista a complexidade relativa em termos técnicos e financeiros. durante um período de tempo. sejam adaptados à nova Ortografia. determinando as áreas (ensino.Repercussões e críticas MÓDULO II – O Novo Acordo Ortográfico Unidade 2 – Repercussões e críticas Pág. as duas grafias conviverão simultaneamente. 2 Unidade 2 – Repercussões e críticas “Americanos e ingleses são povos separados por uma mesma língua. livros escolares. . conforme estabelecido pelo Decreto nº 6. de 29 de setembro de 2008.2. como o circunflexo em ‘enjoo’ ou o acento agudo de ‘heroico’. Ele resume assim as críticas feitas pelos detratores do Acordo: “[O Acordo] é um brutalíssimo erro de natureza científica. a distância será reduzida em 3 metros. Só o Ministério da Educação realizará licitação para a compra de oito milhões de exemplares de dicionários nos próximos anos. por sua visão concentradora da língua. Apenas para se ter uma ideia do tamanho do investimento: já em 2010. que não valem o imenso custo da reforma”. por assim dizer. e também de ordem filosófica. os portugueses passarão a suprimir. noutra mão. que se acenam a uma distância de 20 metros. Em uma mão. Pág. alguns importantes estudiosos sustentam que ela deve mudar ou não segundo os seus usos. “Portugal e Brasil são como dois navios singrando paralelos.Enquete 05/10/2007 – Jornal Mundo Lusíada On Line Em linhas gerais. por exemplo. que se ouvem ao ler textos em grafias diversas da nativa”. assim como o < c > de ‘actor’ ou o < p > de ‘cepticismo’. Daí se vê que uma boa parte desse impulso do mercado editorial brasileiro será custeado pelo contribuinte. Mas há ainda a considerar. só emprega uma grafia. o que o Acordo pretende é eliminar aqueles sinais gráficos que supostamente nada exprimem. enquanto o espanhol. 3 Por outro lado. porque procura aniquilar as diferentes músicas. "Não os pronunciamos. Quando o acordo entrar em vigor. mas eles carregam informação fonética. por exemplo. já que os países africanos mal foram consultados na sua elaboração. tal como fazemos no Brasil. já que ‘forçam’ a tônica da palavra". O custo a que se refere o professor é tanto de ordem social quanto financeira. opina Cláudio Moreno. sem interferência das academias. que deixarão de existir na grafia brasileira. o < p > e o < c > mudos de ‘adoptado’ e ‘colecção’. doutor em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Eles já não são usados em Portugal desde a reforma de 1945. de natureza política. por exemplo. seguem aqueles que creem que não deve subsistir nenhuma razão para o português contemplar duas grafias oficiais. as visões diversas sobre a natureza da Ortografia. os Ministérios da Educação e da Cultura autorizaram apenas a compra de livros escritos de acordo com a nova Ortografia. com seus mais de 400 milhões de falantes e dezenas de academias de letras. . dispara o jornalista e escritor português João Pereira Coutinho. Ainda até o ano de 2011. destacando que o objetivo primeiro da unificação e reforma ortográfica visando à simplificação de sua escrita não está totalmente contemplado na última proposta do Acordo. 4 Ainda mais: o decreto que ratifica o Acordo ortográfico determina que todos os alunos do ensino fundamental deverão receber material didático com as adaptações propostas até 2010. um dos defensores da medida. alerta: “O sucesso e a boa aceitação de um sistema ortográfico repousam. assim como todos os concursos públicos. a data-limite para o recebimento desse material didático é 2011. No mesmo sentido. Para os alunos do ensino médio. O decreto só não definiu as políticas e os programas de atualização dos milhares de professores do País para levarem a bom termo essa empreitada. e o peso da atualização quotidiana da língua falada. tanto quanto possível. (BECHARA. na coerência interna de suas normas. Todavia. critica o professor Pasquale Cipro Neto. uma coesão interna. . Outra crítica que se faz ao Acordo diz respeito à sua opção pelo critério fonético. "Estamos fazendo a reforma no susto". 7). um dos mais prestigiados educadores da língua portuguesa do Brasil. Segundo os que assim entendem. 2008. já se pronunciava Herculano Carvalho em 1997. harmonizando. convém conhecermos antes as alterações propostas para a Ortografia da língua portuguesa. em cujo texto se verificam ambiguidades. o peso do uso e da tradição lexicográfica refletido nos seus vocabulários e dicionários de maior aceitação entre os usuários”. as universidades também deverão ter ajustado os exames vestibulares. Mesmo Evanildo Bechara (2008. A polêmica a favor e contra o Acordo tem vida longa e apresenta pontos relevantes em ambos os lados. p. 7).Pág. com toda uma história linguística. principalmente. para se tomar uma posição. o maior problema da redação de um Acordo Ortográfico está em encontrar o equilíbrio entre o peso da etimologia. Uma das primeiras críticas que se esboçaram contra o Acordo baseia-se na tese de que os debates que precederam a ratificação não foram suficientes para dar à proposta uma unidade. p. Ao acessá-lo. Outra dica muito importante é acerca do comprimento de suas postagens. que ficarão visíveis para todos os demais integrantes da sua turma. Este fórum ficará aberto e acessível aos alunos no período de 11 a 17 de abril de 2013. Consequências práticas 1. exemplificando ou até divergindo. apresentando contra-argumentos a posicionamentos assumidos etc.O ACORDO E AS NOVAS REGRAS MÓDULO III – O Acordo e as novas regras Unidade 1 – Mudanças no Alfabeto 1. As participações não serão avaliadas pelo número de linhas. Emprego de maiúsculas e minúsculas Unidade 1 . pois o sistema pode bloquear seu acesso.2. É mais interessante você complementar a postagem de um colega. apresentando seus argumentos favoráveis ou contrários. Tente utilizar a nova ortografia o máximo possível. do que atuar em monólogo. Não perca esse prazo. agora.3. Uma vez fechado o fórum. Nossa próxima atividade será o 2º FÓRUM TEMÁTICO. em “FÓRUM”. dando continuidade às manifestações já apresentadas. W e Y 1. você verá um texto contendo o assunto de abertura da discussão que será desenvolvida em seguida. Reintegração das letras K. Cada aluna ou aluno poderá postar uma ou mais mensagens. mas também por saber dialogar com os demais colegas. caro aluno. que será avaliado pelos respectivos tutores.1.Mudanças no Alfabeto . o 2º FÓRUM TEMÁTICO e manifeste-se. Lembre-se: não fique mais de três minutos sem trabalhar na plataforma. Bom trabalho! (Este fórum vale 20 pontos. concordando. O que queremos é a discussão. a aluna ou aluno deve primar não apenas por apresentar ideias interessantes. explorando aspectos que não tenham sido abordados. Vamos apontar eventuais erros ortográficos. e você perderá o que já fez. não será mais possível postar mensagens nele.2º FÓRUM TEMÁTICO Cara aluna. Ao usar o fórum. no campo “COMUNICAÇÃO” do menu lateral à esquerda. certo? Acesse.) MÓDULO III . para você ir se familiarizando com as novas regras. Aliado a isso. De todos os alfabetos. estão em constante processo de transformação em sua forma oral. não existe essa correspondência perfeita entre símbolos e sons. italiano etc. pois a tendência observada entre os alfabetos da antiguidade era a de representar apenas sons consonânticos. por exemplo. latino. e à crescente difusão do Cristianismo na Idade Média. dividido em quatro tipos diferentes.Mudanças no Alfabeto Como vimos. uma vez que permitem representar toda a realidade sonora da língua utilizando um número reduzido de símbolos. São inúmeros os alfabetos conhecidos. contudo. Nesse sistema. O alfabeto grego. Na prática. o Alfabeto é o sistema de escrita de uma língua natural. inglês. Os alfabetos se expandiram por serem sistemas de escrita muito econômicos e avançados se comparados. e os mais correntes são os alfabetos grego. espanhol.Unidade 1 . não existe correspondência direta entre o alfabeto e a fonologia (ver Glossário) da língua. teoricamente. do latim. foi o primeiro a apresentar símbolos para sons consonânticos e sons vocálicos. graças à expansão do império romano e. alemão. 2 . Empregado na representação escrita da maioria das línguas da Europa ocidental (português. a um fonema corresponda um único grafema. francês. um sistema fonológico de 19 consoantes é representado por 18 consoantes ortográficas e de 9 vogais orais representadas por apenas 5 vogais ortográficas. o alfabeto latino não possui muitas vezes os sons que as novas línguas passaram a incorporar. o latino foi o mais difundido. e baseava-se no alfabeto consonântico fenício. C. aos sistemas de escrita silábicos (como na língua etíope básica e no japonês moderno) ou logográficos (ver Glossário) (chinês e japonês). o que significava uma evolução. ou seja. o que se pretende é que. Em português. Alfabeto fenício Alfabeto grego O alfabeto grego surgiu por volta do século VIII a. por uma razão muito simples: as línguas são dinâmicas.). ou seja. a grande difusão da Ortografia etimológica latina impôs maiores ou menores problemas de aprendizagem da Ortografia das atuais línguas europeias. Pág. tendo sido a língua de inscrição do hebraico antigo. por exemplo. entre grafemas e fonemas. cirílico e árabe. Devido a uma intensa atividade comercial. os fenícios estenderam a sua escrita para além da região onde hoje se encontram o Líbano e a Síria. consequentemente. povo com quem os gregos mantiveram frequente contato. Um dos mais antigos é o fenício. Apenas fixa a sequência dessas letras para efeito da listagem alfabética de qualquer natureza. Wladmir e Yevna. o < w > depois do < v > e o < y > depois do < x >. isto é. se fosse verdadeira. Depois de mandadas ao espaço pela reforma ortográfica de 1943. serve muito bem para ilustrar como se deu a “reentrada” das letras 'k'. assim. assim dispostas: ABCDEFGHIJKLM NOPQRSTUVWXYZ 1. que passa. 3 Importante ressaltar que a medida em nada altera o que está estabelecido.. A sonda fez a sua reentrada na atmosfera terrestre nas primeiras horas do dia 1º de janeiro. a convenção internacional: o < k > vem depois do < j >. Adotou-se. que foram lançados ao espaço na sonda espacial Ortog em 1943 e permaneceram em órbita desde então. Consequências práticas . retornam à Terra.. do Novo Acordo Ortográfico. a partir de 2009. as referidas letras foram reintroduzidas no português com a vigência.1. Reintegração das letras K. Embora ainda observem algumas restrições. as letras < k >..” Esta bem que poderia ser uma manchete estampada na primeira página de jornais de todo o mundo. então.. Bem.1. Pág. W e Y Extra! Extra! Cosmonautas russos retornam à Terra depois de 66 anos no espaço! (MishaJaparidze/AP) “Os Cosmonautas Krigor. Contudo. a ter 26 letras.2. 'w' e 'y' no nosso alfabeto. < w > e < y > ficam agora incluídas no alfabeto usado para a língua portuguesa. nós os aceitávamos apenas porque era quase inevitável não fazê-lo. Avignon. quando houver (comtiano.. Eles frequentavam. d) Palavras estrangeiras: show. Agora. abreviaturas e símbolos. Pág.. sempre que possível. bem como os nomes de batismo com registro cartorial. Atenção (2): Sempre causa dúvida a grafia do nome da cidade americana mais famosa do mundo – New York. e) Sequência de uma enumeração: a). Há cidades que só são chamadas por seu nome aportuguesado: Londres (e não London). c). siglas. Canterbury (e não. Não há quem se atreva a aportuguesar para ‘Bons Ares’. wagneriano. com o adjetivo Nova. Marselha (e não Marseille) etc. história geral. windsurfista. Nova York ou Nova Iorque? O doutor em Língua Portuguesa pela UFRGS. w). explica: (. Taylor. Avinhão. o < w > e o < y > vivem há muito entre nós como estrangeiros. Torino (Itália) para Turim. Garrett. yang. z). sobrenomes ou apelidos) originários de outras línguas e suas derivações: Franklin. 4 OBSERVAÇÃO: Evidentemente. ou a capital boliviana La Paz para ‘A Paz’. às vezes. Do mesmo modo Jersey/Jérsei. darwinismo. frankliniano. embora exista a forma aportuguesada. nomes próprios. como muito se sugeriu em Portugal.. Darwin. Agora. Vejamos quais são esses casos: a) Antropônimos (nomes próprios. byroniano. Pertenciam.. Antes. matemática. c) Siglas.É bem verdade que o < k >. Friso um detalhe que talvez tenha passado despercebido: evitei falar em “tradução” do nome . por assim dizer. como em abreviaturas. kantismo. símbolos e unidades de medida de aplicação internacional: TWA. no entanto. Shakespeare e os respectivos adjetivos. yin. palavras estrangeiras e seus derivados.) Ou tudo em Inglês. k). Quanto aos topônimos. Milano (Itália) para Milão. sob pena de comprometer a comunicação. Embora ainda façam cócegas na língua de muitos daqueles que só ouviram falar dos Beatles. de uma cidade do mesmo nome. lembro que o < k >. Ainda assim. a um alfabeto paralelo. e a criação. Kant. cidade. esses nomes já estão de tal forma sedimentados na nossa língua que se torna impossível essa adequação. j). b) Topônimos originários (nome geográfico próprio de região.. já era comum no Português. Byron. porém. símbolos. km (quilômetro). o < w > e o < y > orbitaram o idioma pátrio há muito tempo. estamos lhes dando as boas-vindas sem preconceitos. x). garrettiano.) de outras línguas e suas derivações: Kuwait. playboy. Cantuária). shakespeariano). KLM. a convenção aponta no sentido de que devemos adaptá-los ao português sempre que possível. imigrantes ilegais. a capital argentina é Buenos Aires. b). Malawi. na América. Por exemplo. ora como partes integrantes de antropônimos (nomes de pessoas) e de topônimos (nomes de lugares). ou tudo em Português. < w > e < y > aparecem apenas em casos especiais. kuwaitiano. as letras < k >. K (potássio. l). os topônimos estrangeiros pela palavra correspondente em português. kung fu. Frise-se: estes são nomes já consolidados na língua portuguesa. logradouro público etc. É por isso que Genéve acabou sendo aportuguesado para Genebra. como Comte. usamos os nomes como eles são lá fora. y). New Jersey/Nova Jérsei. playground. Atenção (1): embora se recomende substituir. ora como formadores de siglas. Cláudio Moreno. Wagner. um “alfabeto pedagógico”. povoação. kaiser. kaiserista. eu prefiro a segunda hipótese. W (oeste. malawiano etc. Munique (e não München). ao lado do alfa.. kg (quilograma). vila. por constituírem um elemento identificador. v). mesmo não oficializados. as nossas aulas de química. individualizador da pessoa. do inglês west). do latim kalium). Iorque (a velha). lugar. rio. taylorista etc. Outras. yd (jarda. Depois disso. Nuremberga. do beta e do gama. porque o processo de adaptar nomes geográficos só foi ativo até meados do século XVI. Zurich (Suíça) para Zurique. u). eles podem circular livremente como “grafemas nativos”. kW (quilowatt). do inglês yard). Nem sempre poderás optar pelo aportuguesamento do nome. windsurf. os antropônimos terão a sua grafia original respeitada. watt etc. são chamadas preferencialmente pelo seu nome original: Nuremberg.. não nos atrapalhou nem um pouco. . Ministério da Educação. N etc.clicrbs. Folha de S. . . Doutora Marta ou doutora Marta. Magnífico Senhor Reitor ou magnífico senhor reitor. Se compararmos as disposições do Novo Acordo com o que está definido no atual Formulário Ortográfico Brasileiro (1943). Arte Renascentista ou arte renascentista. Herzoslováquia. Saci Pererê. 5 1. Iorque é uma simples adaptação do nome estrangeiro ao nosso sistema ortográfico e fonológico. Edifício/edifício Copasa etc. ‘Gen. é tradução só no que se refere ao adjetivo ‘nova’. Governador Agnelo ou governador Agnelo.’. leste. Paulo. Carnaval. AGU. Rio de Janeiro. Assim também Londres. .com. Sancho Pança. Exª’.geográfico. FAO. e . . Santa Cecília ou santa Cecília.Nas categorizações de logradouros públicos. Pág.Aos nomes de seres mitológicos ou antropomorfizados (ver Glossário): Júpiter. observaremos que se implementou uma simplificação quanto ao emprego das letras maiúsculas. Minerva.br/sualingua/2009/05/18/new-york-ou-nova-iorque/) Pág. Instituto Nacional da Seguridade Social. . IPI. . Matemática ou matemática. Bolonha. Emprego de maiúsculas e minúsculas. ‘V. Papa Bento XVI ou papa Bento XVI.Aos antropônimos reais ou fictícios: Maria. SE. por exemplo.3. com exceção do primeiro vocábulo e daqueles obrigatoriamente grafados com letras maiúsculas: O Primo Basílio ou O primo Basílio. Oriente. Dom Quixote.Aos títulos de periódicos: Diário do Povo. Páscoa.Nos axiônimos (formas de tratamento e reverência) e hagiônimos (nomes sagrados e que designam crenças religiosas): Senhor Pedro ou senhor Pedro. ONU. Uso restrito: . Netuno.Aos nomes de festas e festividades: Natal. templos e edifícios: Rua/rua Teodoro Sampaio. (http://wp. Ocidente. Sudeste.Nos pontos cardeais e colaterais ordinários. . Casa-grande e Senzala ou Casa-grande e senzala. . mas não nas suas abreviaturas: norte.Nas citações bibliográficas. Ano Novo. Igreja/igreja de Santa Efigênia. Pará.’. Bologna e Marseille”.Aos nomes de instituições (pessoas jurídicas): Universidade de Brasília.Aos topônimos reais ou fictícios: Belo Horizonte. Marselha não são traduções de London. .Às siglas: CPF. 6 . É que Nova Iorque. Estadão. José.Às designações dos pontos cardeais e colaterais quando se referem a grandes regiões do Brasil e do mundo: Nordeste. Lumpalândia. mas SW. Uso facultativo: .Nos nomes que designam domínios do saber ou disciplinas: Medicina ou medicina. .Às iniciais de abreviaturas: ‘Sr. Memórias Póstumas de Braz Cubas ou Memórias póstumas de Braz Cubas. Veja. sul. Unidade 2 . Pronúncia das palavras afetadas x Pág. mais simplicidade: minúsculas. a seguinte observação: “Obs. b) mais modernidade.Supressão do trema 2. assim como dos negritos. O trema 2. 2 Unidade 2 – Supressão do trema .O emprego de maiúsculas em excesso. Tanto é assim que o Acordo lança.2. ao final do tema. nem o Acordo Ortográfico em vigor. Ainda assim. formulando. Histórico do uso do trema 2. zoológica etc. geológica. nem o Formulário Ortográfico Brasileiro foram suficientemente explícitos ao tentarem estabelecer normas e critérios para o emprego das iniciais maiúsculas.A mídia é uma fonte inesgotável de criação de tendências. . no entanto.3. já que “poluem" o texto. pois. esquecer da regra taxativa que preceitua o emprego obrigatório de inicial maiúscula nos substantivos próprios de qualquer natureza. Atenção: . .). para cada caso. provindas de códigos ou normalizações específicas (terminologias antropológica.Nunca se pode. bibliológica. dos sublinhados ou dos destaques deve ser evitado. promanadas de entidades científicas ou normalizadoras reconhecidas internacionalmente”. mais deferência.1.Supressão do trema MÓDULO III – O Acordo e as novas regras Unidade 2 . . a seguinte: a) mais formalidade.OBSERVAÇÃO: No particular.A tendência é. mais ênfase: maiúsculas. normas próprias. botânica. menos “poluição" gráfica.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras especializadas observem regras próprias. vale observar certas tendências. Quando se usa o trema. Histórico do uso do trema .2. d) assinalar a independência de uma vogal em relação a uma vogal anterior. mülleriano. No português. o trema ocorre para: a) indicar alteração do som regular ou ordinário de uma vogal. 2007. são usados na língua portuguesa para distinguir a modulação das vogais ou para explicitar a pronúncia de certas palavras. Veja a explicação: Diacríticos são sinais gráficos que conferem às letras ou grupos de letras um valor fonológico especial. qui. d) o APÓSTROFO para impor a elisão. para a justaposição. grave. hüberiano. c) dar identidade própria a determinada letra. contudo. para indicar que o < u > não é letra muda depois de < q > ou < g > seguidos de vogal anterior.1. quando átona. em encontros vocálicos. circunflexo para assinalar a tonicidade ou timbre das vogais. (Câmara. e a sua função. em nomes próprios estrangeiros e derivações: Hübner. que a vogal átona não formava ditongo com a anterior. in Dicionário de Linguística e Gramática) Empregado em diversas línguas. que. b) o TREMA. de acordo com certas regras ortográficas. Pág. chamados discríticos. o trema é o sinal que se emprega sobre a letra < u >. permanecendo. e) o HÍFEN. O trema O trema é um dos sinais diacríticos (ver Glossário) usados na língua portuguesa. É graficamente representado por dois pontos sobrescritos dispostos horizontalmente. para o valor nasal do < a > final ou de um ditongo. 3 2. b) indicar. para indicar que ela deveria ser pronunciada nos grupos gue. c) o TIL.2. Em tempo: os sinais gráficos. gui. no português. Müller. o ditongo é pronunciado como se fosse um hiato. Em português são tradicionalmente usados como diacríticos: a) os acentos agudos. o trema foi eliminado das palavras portuguesas e aportuguesadas. Com a entrada em vigor do Novo Acordo Ortográfico. é dividir duas vogais adjacentes em duas sílabas. com possibilidade de dupla grafia. até 1971.O trema foi extinto da língua portuguesa pela segunda vez! Sim. 5 OBSERVAÇÕES: a) Embora o trema não seja mais usado. e) E também naquelas que. não haverá modificação na pronúncia das palavras. antes de < e > ou < i >. Por isso.. cotizar ou quotizar. deveremos continuar pronunciando a letra < u >. de tão raro. averiguar. fosse pronunciada e tônica. Com a reforma ortográfica de 1971. muitos brasileiros devem ter se surpreendido com a regra do novo Acordo Ortográfico. antiquíssimo. E simplesmente deixaram de usá-lo. liquidez. podíamos encontrar o trema sobre o < u > e até sobre o < i > em palavras como ‘païsinho’ e ‘paraïbano’. o uso do trema na representação de hiatos átonos. O novo acordo garante o direito de se manter a grafia original com o trema nos casos de nomes próprios.. “eles argúem” etc. justamente por ser de emprego facultativo e ainda porque em todas as línguas impera o princípio do menor esforço (gráfico e oral). Entretanto. liquidação.Acentuação gráfica . Dessa forma. de empresas e de marcas com registro público. “que eles apazigúem”. sanguíneo. ou seja. “ele argúi”. cota ou quota. a partir da década de 70. liquidar. maus articulistas e outros não muito dedicados autores generalizaram o equívoco de que. Esse acento também foi abolido. 2. era possível encontrar a grafia ‘saüdade’ (sa-uda-de). equidistante. sanguinário. ainda que pouco difundido. b) Não esqueça que jamais houve trema quando a letra < u > estava seguida de ‘o’ ou ‘a’. acabou caindo no esquecimento. era facultado o uso do trema para indicar hiatos átonos. adequado. acabou-se por extinguir o uso do trema nesses casos. Pág. como veremos oportunamente. devíamos usar acento agudo em vez do trema.3. para indicar a pronúncia do hiato pa-i-si-nho (diminutivo de país) e pa-ra-i-ba-no. apresentam dupla pronúncia: catorze e quatorze. o trema havia sido abolido definitivamente da língua pátria. liquidificador. para estender a métrica da palavra ‘saudade’. Como recurso poético. Pronúncia das palavras afetadas Mesmo com o fim do trema. c) Se a letra < u >. líquido. como em ambíguo. x Unidade 3 . tal como em “que ele averigúe”. cotidiano ou quotidiano (frise-se: sempre sem trema). Entretanto. como de resto já ocorrera em Portugal desde 1945. a pronúncia das palavras que recebiam o trema não mudará. suprimindo o uso do trema. com a reforma então recém-implantada. d) obviamente o trema também desaparece nas palavras com dupla pronúncia (aquelas em que o uso do trema ERA facultativo): antiguidade. longínquo. 3 Na escrita. Em tempo: línguas de acento livre são aquelas cuja tonicidade das palavras pode recair ora sobre a última sílaba (oxítona). na sílaba anterior à antepenúltima sílaba. são chamadas átonas. diz-se que aplicamos um acento de intensidade ou de energia. . Pág. por isso.1. temos de nos valer de recursos gráficos para “ensinar” o leitor a cantar essa melodia. resultando uma variação da altura melódica. por assim dizer. Definição Quando imprimimos um esforço expiratório maior sobre determinada sílaba de uma palavra.2. Regras gerais 3. donde decorrem ainda as expressões “acento de entonação” ou “acento musical”. usando os acentos. que vão diferenciar também os sons vocálicos abertos dos fechados. quase por intuição. E o que isso tem a ver com Ortografia? Pois bem. ‘afigura-se-me’. O caso dos verbos com < qu > e < gu > no radical 3.4. em situações especiais. ora sobre a antepenúltima (proparoxítona) e ora. 2 Unidade 3 – Acentuação gráfica 3. A essa força dá-se o nome de acento tônico. por exemplo. Definição 3. No português. é uma língua oxítona. na fala. O caso dos acentos diferenciais Pág. ora sobre a penúltima (paroxítona). aplicando uma maior ou menor força expiratória. uma língua de acento livre.3. Apenas umas poucas palavras em nossa língua não têm acento tônico e. como nas formas verbais em que se faz a mesóclise: ‘apresentavase-lhe’.1. pois a maior parte de suas palavras recebe o acento na última sílaba. a maioria das palavras tem uma de suas sílabas pronunciada com maior força expiratória. O francês.Acentuação gráfica 3. podemos expressar facilmente a melodia da língua.MÓDULO III – O Acordo e as novas regras Unidade 3 . porque se trata de verbos que admitem duas pronúncias em algumas formas do presente do indicativo. salvo algumas exceções. Como era antes alcalóide alcatéia apóio (verbo apoiar) asteróide assembléia bóia clarabóia colméia Coréia Como deve ser agora alcaloide alcateia apoio asteroide assembleia boia claraboia colmeia Coreia . sempre no sentido de eliminar os acentos gráficos até então presentes nesses grupos de palavras. Neste caso. do presente do subjuntivo e também do imperativo. A sua eliminação pode provocar ambiguidades na leitura. De modo geral. das regras gerais. o caso dos verbos com < qu > e < gu > no radical e o caso dos acentos diferenciais. 4 1ª REGRA: Elimina-se o acento agudo das palavras paroxítonas cuja sílaba tônica seja formada pelos ditongos abertos < ei > e < oi >. Então.Daí por que se diz que a palavra “acento” encontra sua etimologia na expressão latina ad cantum (= “para o canto”).2 Regras gerais No que interessa aos brasileiros. as modificações se concentram nas palavras paroxítonas. quais as regras formuladas pelo Novo Acordo Ortográfico a esse respeito? Observem que optamos por destacar. a maior parte das alterações propostas pelo Novo Acordo Ortográfico se dá exatamente nas regras de acentuação gráfica. se aplicamos acentos gráficos para “ajudar a cantar”. é o contexto que vai informar o sentido dessas palavras que perderam o acento. porque os acentos diferenciais aplicados às palavras homógrafas deixam de existir. 3. Aqui cabe uma observação quanto aos acentos diferenciais. Vamos a elas! x Pág. Primeiramente. Em segundo lugar. naquelas em que ocorre hiato e nas homógrafas. o < u > perde o acento. ‘troféus’. mesmo que ocorram os ditongos abertos < ei > e < oi >. ‘gêiser’. atenção! . ‘réis’. como em: ‘hotéis’. pois antes dele vem o ditongo 'ai'. 5 Atenção! O acento PERMANECE: a) Nas palavras oxítonas. ‘destróier’. b) Nas paroxítonas terminadas em < r >.Galiléia geléia hebréia heróico idéia intróito jibóia jóia odisséia onomatopéia paranóico platéia protéico tramóia Galileia geleia hebreia heroico ideia introito jiboia joia odisseia onomatopeia paranoico plateia proteico tramoia Pág. ‘sóis’. ‘papéis’. Exemplo: em 'baiuca". ‘contêiner’. 2ª REGRA: Elimina-se o acento agudo de palavra paroxítona formada pelas vogais < i > e < u > precedidas de ditongo. ‘méis’. ‘heróis’. c) Nos monossílabos tônicos: ‘dói’. ‘troféu’. Como era antes baiúca bocaiúva boiúna cauíla feiúra maoísmo Sauípe taoísmo Como deve ser agora baiuca bocaiuva boiuna cauila feiura maoismo Sauipe taoismo Mais uma vez. como em: ‘blêizer’. ora como fechada”. ‘ver’ e seus derivados. ‘ler’. “nas pronúncias cultas. Como era antes crêem (verbo crer) dêem (verbo dar) descrêem (do verbo descrer) lêem (verbo ler) relêem (do verbo reler) vêem (verbo ver) Como deve ser agora creem deem descreem leem releem veem b) na vogal tônica fechada do hiato < oo > em palavras paroxítonas.) magôo (verbo magoar) perdôo (verbo perdoar) povôo (verbo povoar) vôo (verbo ou subst. ‘tuiuiús’. seguidas ou não de < s >. pois. como reporta. Pág.) zôo Como deve ser agora abençoo doo enjoo magoo perdoo povoo voo zoo Pág. ‘dar’.O acento PERMANECE nas palavras oxítonas onde o < i > ou o < u > estiverem em posição final. ora é registrada como aberta. admitindo. tanto o acento agudo como o acento circunflexo: . mesmo que seguidos de < s >. que. 7 CASOS FACULTATIVOS: O Acordo recebeu assim a duplicidade articulatória de algumas palavras geralmente provenientes do francês. ‘Piauí’. como em: ‘tuiuiú’. Como era antes abençôo dôo (verbo doar) enjôo (verbo ou subst. 6 3ª REGRA: Elimina-se o acento circunflexo nos seguintes casos: a) nas terceiras pessoas do plural do presente do indicativo ou do subjuntivo dos verbos ‘crer’. O caso dos verbos com < qu > e < gu > no radical. o uso do acento agudo nas formas verbais paroxítonas do pretérito perfeito do indicativo. vogal temática e desinências. Assim.1) Algumas palavras oxítonas terminadas em < e > tônico admitem tanto o acento agudo quanto o acento circunflexo. o elemento < re > (variante de < ra >).Quando a tonicidade da forma verbal flexionada recai sobre a raiz ou radical.As formas verbais regulares podem ser decompostas em três morfemas: raiz. que. tem-se o radical < am >. associado ao pronome 'nós'. o elemento < mos >. 'amarás'. 3) É facultado. É facultativo bebê bidê canapê caratê crochê guichê nenê purê rapê bebé bidé canapé caraté croché guiché nené puré rapé 2) Torna-se facultativo o emprego do acento circunflexo nas palavras oxítonas ‘judô’ e ‘metrô’. dizemos que é rizotônica (ver Glossário). quando o u presente nessas sequências é tônico e faz parte da raiz ou radical do verbo. 8 3. (*) . para fins de diferenciação. em 'amaremos'. É o caso do exemplo dado acima. Elimina-se o acento agudo na vogal < u > das formas verbais que contenham < qu > e < gu > no radical.3. que aparece em 'amarei'. como uma desinência de modo (indicativo) e de tempo (futuro do presente). por exemplo. Presente do Indicativo Pretérito Indicativo amamos cantamos dançamos louvamos Perfeito do amamos cantamos dançamos louvamos Aceita-se a representar Perfeito amámos cantámos dançámos louvámos grafia para o Pretérito Pág. dizemos que é arrizotônica (ver Glossário). quando coincidirem com a forma verbal correspondente do presente do indicativo. a vogal temática < a >. Em tempo: para melhor compreendermos os enunciados seguintes. portanto. ou seja. vale recordar: . traz a marca de pessoa (a 1ª) e de número (plural). quando não. A forma ‘amaremos’ tem a tonicidade marcada na sílaba < re >. na 1ª pessoa do plural. fora da raiz ou radical do verbo . acentua-se o < a > e o < i > do radical. redarguis. ‘obliquar’ e ‘delinquir’. 2 – Já se a tonicidade da pronúncia recai fora do radical (arrizotônica). Em alguns verbos. além de perderem o trema quando o < u > é átono. ‘averiguar’. redarguímos. ainda que mantida a tonicidade no < u >. não se utiliza o acento. ‘apaniguar’. ‘apaziguar’.com. ARGUIR (Presente do Indicativo) REDARGUIR (Presente do Indicativo) Arguo. Nesses casos. arguem redarguo. arguímos. ‘desaguar’.< am >. este deve ser acentuado. arguís. 1 – Nas formas rizotônicas. a conjugação dos verbos 'aguar' e 'averiguar': AGUAR (eu) águo (tu) águas (ele) água (nós) aguamos (*) (vós) aguais (*) (eles) águam (que eu) águe (que tu) águes (que ele) águe (que nós) aguemos (*) (que vós) agueis (*) (que eles) águem AVERIGUAR (eu) averíguo (que eu) averígue (tu) averíguas (que tu) averígues (ele) averígua (que ele) averígue (nós) averiguamos (*) (que nós) averiguemos (*) (vós) averiguais (*) (que vós) averigueis (*) (eles) averíguam (que eles) averíguem (*) Observe que as formas destacadas são as arrizotônicas e. 9 Atenção! Quando. redarguem Pág. redarguís. admite-se que sejam grafados de duas formas. ou seja. como no quadro abaixo: (eu) aguo (tu) aguas (ele) agua (nós) aguamos (vós) aguais (eles) aguam AGUAR (que eu) ague (que tu) agues (que ele) ague (que nós) aguemos (que vós) agueis (que eles) aguem AVERIGUAR (eu) averiguo (que eu) averigue (tu) averiguas (que tu) averigues (ele) averigua (que ele) averigue (nós) averiguamos (que nós) averiguemos (vós) averiguais (que vós) averigueis (eles) averiguam (que eles) averiguem . ‘arguímos’.uol. argui.br/portugues/verbo-2. como no exemplo: “Eu arguí todas as testemunhas do caso”. verbos como ‘arguir’ e ‘redarguir’ e suas flexões não mais recebem o acento agudo. ‘enxaguar’. no hiato < ui >. de acordo com a pronúncia. a tonicidade recair sobre o < i >. portanto. Ainda: ‘arguíste’. por exemplo. A respeito da lição exposta. Veja.jhtm Na prática. arguis. não acentuadas. como em ‘aguar’. ‘apropinquar’. quando a tonicidade recai sobre o radical (aquele morfema que é comum a todas as formas flexionadas de verbos regulares). redargui. o emprego do acento é determinado pela pronúncia. consulte o link: http://educacao. não mais se distinguem palavras homógrafas. Pág. Atenção! É facultativo o uso do acento da palavra ‘fôrma’ (substantivo) para diferenciar da palavra ‘forma’ (3ª pessoa do singular do presente do indicativo ou 2ª pessoa do singular do imperativo do verbo ‘formar’). verbo e substantivo) polo (substantivos e preposição) pelo (verbo. ‘advir’ etc. terem o mesmo som. mesmo se tomadas isoladamente. a fim de que. Entretanto. como nas formas ‘enxague’. ‘convir’.os verbos ‘ter’ e ‘vir’. ou seja.Uso do hífen MÓDULO III – O Acordo e as novas regras Unidade 4 . . verifica-se o fenômeno da homografia. bem como seus derivados (‘manter’. porém. daí a criação de acentos diferenciais – agudo ou circunflexo –. este não receberá acento gráfico. ‘oblíque’). Para a Ortografia isso representava um complicador.‘pôr’ (verbo) para diferenciar de ‘por’ (preposição). obrigatoriamente. se a tonicidade recair sobre as vogais < a > ou < i > da sílaba anterior. essas palavras contivessem “marcas” que indicassem a qual campo semântico pertenciam. estas. e . com a entrada em vigor do novo Acordo. substantivo e preposição) pero (substantivo e conjunção antiga) pera (substantivo e preposição antiga) Apenas algumas palavras permanecem acentuadas para se distinguir pelo acento gráfico: .‘pôde’ (verbo na 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo) para diferenciar de ‘pode’ (3ª pessoa do singular do presente do indicativo).4. As palavras homógrafas podem também ser homófonas. ‘oblique’. apresentarem os mesmos traços fonéticos. ‘intervir’.Uso do hífen . fora de contexto. ‘reter’. 10 3. em regra geral. se a tonicidade recair sobre o < u >. receberão acento gráfico (‘enxágue’. Unidade 4 .) para diferenciar as formas da 3ª pessoa no singular (presente do indicativo) das formas da 3ª pessoa no plural (presente do indicativo).Assim. ‘conter’. ‘deter’. O caso dos acentos diferenciais Quando palavras de sentidos diferentes têm a mesma grafia. Como era antes pára (verbo parar) / para (preposição) péla (verbo pelar) / pela (preposição) / péla (substantivo) pólo (substantivo) / pôlo (substantivo) / polo (preposição antiga) pélo (verbo pelar) / pêlo (substantivo) / pelo (preposição) pêro (substantivo) / pero (conjunção antiga) pêra (substantivo) / pera (preposição antiga) Como deve ser agora para (verbo e preposição) pela (preposição. 1.1. Unidades semânticas e unidades sintagmáticas 4. indica uma melhor pronúncia. frise-se. Prefixos e falsos prefixos 4. não economizou na utilização das expressões 'unidade sintagmática' e 'unidade semântica' (ver Glossário). Casos em que não se emprega o hífen 4.2. . como garante a sua etimologia (ver Glossário). uma lenda muito veiculada na internet. Ali. como em ‘mal-humorado’. existe para unir e não para 'separar'. muito embora essa letra já não fosse pronunciada.4. a sua simples presença preserva a 'unidade semântica e sintagmática' (ver Glossário) do vocábulo. A menção à origem grega da palavra serve para afastar de vez um certo equívoco que se comete em certos compêndios escolares. sobretudo os adotados nas escolas fundamentais. evita a criação de uma sílaba indesejada e. Ora. Antes. Divisão silábica e translineação Pág. o hífen. Noções preliminares 4. Quadro sinóptico 4.. ‘sub-reino’..3. que. que bem ilustra os propósitos peculiares desse 'sinalzinho' que agora.Uso do hífen O termo deriva do grego hýphen (juntos. reproduziremos. assim. juntamente). Ainda quando 'separa'. 2 Unidade 4 . Atente para o fato de que o Acordo Ortográfico (1990). Casos em que se emprega o hífen 4. manteve o < h > na grafia.1. com frequência se diz: “separam-se por meio do hífen as palavras.5. ‘pan-hospitalar’.1.2.”. nas Bases reservadas ao tratamento do hífen. acabou por se tornar um 'vilão'.4. O vocábulo chegou ao português pelo latim tardio hyphen. como querem alguns. de darmos início à análise de como o Acordo Ortográfico tratou o hífen. porém. para fins meramente didáticos. em sete itens e cinco subitens. a Teogonia com Hesíodo.MUL472527-5604. “deus da escrita”. 3 As controvérsias e os pontos obscuros são tantos que ensejaram matérias como a que se pode ler em: http://g1.globo. Apesar de surpreso com o acontecido. viu um pequeno pássaro arisco introduzir o frágil bico nas flores que pendiam em cachos. e passemos à análise do hífen tal como é tratado hoje pelo novo Acordo Ortográfico. . Guiado pelo princípio da economia linguística. em dois itens e dois subitens. a questão ainda provoca polêmicas na nova ortografia. Para facilitar a compreensão das novas regras do hífen. assim. essas expressões acabaram por complicar mais ainda o já controvertido universo do hífen. em três itens e oito subitens. em grego. contudo. grafando “beija/flor”. criar um sinal gráfico que unisse os dois elementos da expressão para representar um terceiro . Ocorreu-lhe a ideia de dar à ave o nome da sua aparentemente aflitiva função. vamos esclarecer alguns conceitos que surgiram com a publicação do texto do novo Acordo: os “falsos prefixos” e as “unidades semânticas e sintagmáticas". Como foram empregadas sem uma referência prévia. mesmo com o considerável espaço que teve no texto do Acordo. Leia também o item 6 da Nota Explicativa.flor”. persistia a separação! Enquanto pensava. mais explícita a ideia da separação. e na Base XVII. grafando “beija. Nada feito. resolveu. a pena que segurava caiu-lhe da mão e. Pareceu-lhe. denominou-a ‘beija flor”. Contudo. Pensou em traçar uma barra. O Acordo deu atenção ao hífen na Base XV. Como uma de suas funções era a de registrar graficamente as palavras da língua. Pareceu-lhe que a avezinha beijava as flores enquanto se alimentava. encontrou ali a solução para o seu intento de unir as palavras criando uma terceira: “beija-flor”. Deixemos as lendas de lado. passeando por um lindo jardim. significa “em um só corpo”. pôs-se a pensar. quando o propósito era o de ligação. fez um pequeno traço entre as duas palavras. na Base XVI. Veio-lhe de usar a vírgula.html Leia a lenda. deu-se conta de que aquilo mais parecia uma frase que uma palavra. a de beijar flores.00HIFEN+E+NOVO+VILAO+DA+REFORMA+ORTOGRAFICA. de união. Assim. Consultou o léxico e não encontrou nenhuma denominação para o passarinho.. O pequeno traço recebeu o nome de hýfen que.com/Noticias/Vestibular/0. Conta a lenda que Graphos.Pág. ao final do Acordo Ortográfico. Todavia. ao registrar por meio da escrita o nome que criara. acidentalmente. além desses morfemas hifenizados. hiper. Essas locuções. para formar outra palavra com sentido diferente. 5 4.2. ‘pseudo’ (falso): João era um pseudomoralista. mesmo possuindo um radical próprio ou se comportando como radicais de outras palavras. Frequentemente na fala. portanto. Veja a Base XVI do Acordo. Jean – org. unidades semânticas autônomas (unidades de sentido).. ‘semi’ (metade): Eu bebo leite semidesnatado. 1998) Os prefixos são elementos que se unem ao início de uma palavra. unem-se a outros morfemas para formar novas palavras. Prefixos e falsos prefixos. mas também na escrita.1. in Dicionário de Linguística. (DUBOIS. Por exemplo: ‘contra’ é prefixo em ‘contradizer’.1. São exemplos de falsos prefixos em oposição a prefixos: FALSOS PREFIXOS ‘contra’ (oposição): Eu sou contra a discriminação. Unidades semânticas e unidades sintagmáticas Em linhas gerais. Há.Pág. sem perder seu significado: são os chamados “falsos prefixos” ou “pseudoprefixos”.1. ‘contradição’. super. uma ‘mini’. por meio do truncamento (ver Glossário). “mini” (mínimo): Ela estava usando uma minissaia.1. Noções preliminares 4. 4 4. não constituem unidades lexicais. uma nova palavra. que chamaremos morfemas compostos por hifenização. Não são. PREFIXOS (ante) = ‘antes de’ (anti) = ‘contrário a’ (arqui. adjetivas ou verbais. ‘auto’ (por si próprio): Eu posso me autogovernar. . sobre) = ‘acima de’ (infra) = ‘abaixo de’ Pág. podemos fazer com que o prefixo assuma a carga semântica da unidade inteira (um ‘auto’. que podem ser nominais. “Denomina-se de ‘prefixo’ a um morfema da classe dos afixos que figuram no início de uma unidade léxica". mesmo quando possuem um significado. porém. ou seja. mas é forma livre em “falar contra” (advérbio) ou em “estar contra o muro” (preposição) e é o radical de ‘contrariar’. Cultrix. para ‘automóvel’ e ‘minissaia’). existem as locuções. Ocorre que. o hífen é um recurso gráfico que simboliza o “acoplamento” de duas ou mais palavras para constituir uma nova unidade lexical. morfemas que. contudo. É exatamente por isso que ninguém entendeu essa orientação esdrúxula do VOLP [Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa] de eliminar o hífen de vocábulos compostos que tenham preposição ou conjunção entre os elementos. enquanto Houaiss classifica como uma simples locução (‘pôr do sol’)? Apesar de existirem vários “palpites” sobre como se poderia fazer essa diferenciação. reproduzimos a aula do Prof. que chamamos 'sintagma' (ver Glossário). Pág. ‘dia-a-dia’. (. perceber a sua função e sua identidade semântica. Foi uma interpretação equivocada do texto do Acordo. Todavia. mas exatamente pela natureza difusa do problema. 7 Para formar frases. ‘pé-de-cabra’ etc. acho que nunca poderemos chegar a uma resposta definitiva — não por deficiência de nossas teorias ou incompetência de nossos estudiosos. por ser muito tênue.’ Eis aí um dos problemas cuja solução é fundamental para sabermos definitivamente como empregar o hífen. Leia o exemplo: O médico não prescreveu todos os medicamentos. Portugal entendeu corretamente o que foi disposto e manteve os hífens em vocábulos como ‘pé-de-moleque’. O médico Não prescreveu todos os medicamentos . ou ainda. ‘mariavai-com-as-outras’. ou seja.. aqui. a frase. por sua vez. da Universidade Federal do Rio Grande do Sul: “Este sempre foi (e sempre será) o grande problema do uso do hífen em nosso idioma: saber quando uma locução passa a ser um substantivo composto. para não se cobrir de ridículo. não é tarefa fácil definir a linha de fronteira que demarca o território das locuções daquele dos substantivos compostos. é o que serve para distinguir aquilo que consideramos locução daquilo que consideramos vocábulo. em torno de um núcleo. quando saímos do campo da sintaxe e entramos no campo da morfologia (ver Glossário). Esse conjunto. escrevem ‘ponto-e-vírgula’ [uma divergência que repete aquela sobre ‘pôr-do-sol/por do sol’]. ‘mula-sem-cabeça’.O problema aqui reside em saber quando uma expressão cujos elementos se agregam em “blocos de sentido” deixa de ser uma locução e passa a ser um substantivo composto. O emprego do hífen é um recurso valioso para que possamos distinguir os substantivos compostos das locuções e. As gramáticas tradicionais negligenciam o tema. Cláudio Moreno. e os lexicógrafos se digladiam em torno da questão. e ‘papel-bíblia’ é um substantivo composto? Por que alguns (Aurélio. e tenho certeza de que a ABL acabará voltando atrás. Em que momento saímos da Sintaxe (vários vocábulos) e entramos na Morfologia (um só vocábulo)? Por que ‘papel almaço’ e ‘papel da Índia’ são locuções. 6 A esse respeito. consideram-no um vocábulo e. por exemplo) consideram ‘pôr-do-sol’ um substantivo. Pág. Há gramáticos que veem em ‘ponto e vírgula’ uma locução (daí não usarem o hífen). Aurélio e Houaiss.) Note-se que a presença do hífen. a combinação das palavras ou vocábulos precisa obedecer a determinados princípios da língua. ipso facto. ao fazê-lo.. vai desempenhar uma função no conjunto maior. As palavras ou vocábulos se agrupam em conjuntos. desde que mantenhamos os grupos ‘o médico’. Essa possibilidade de deslocamento prova que cada grupo é um sintagma. mudando apenas sua posição. J. O prescreveu não médico os medicamentos todos. ‘todos os medicamentos’. C – in Iniciação à Sintaxe. Mas teríamos dificuldade em aceitar: Prescreveu todos não o médico os medicamentos. o médico não os prescreveu. 8 Torna-se evidente que existe uma organização dentro dos sintagmas. Os medicamentos todos. orações.(sintagma nominal) (sintagma verbal) não prescreveu (modificador + verbo) não prescreveu (advérbio + núcleo verbal) O médico (sintagma nominal) todos os medicamentos (sintagma nominal) O médico (determinante + núcleo nominal) todos os medicamentos (determinante + determinante + núcleo nominal) Aceitaríamos as formas: O médico não prescreveu os medicamentos todos. ‘não prescreveu’. Pág. e são relacionadas por um conjunto de mecanismos formais”. é possível inverter a ordem. (Azeredo. 1990) A unidade sintagmática é considerada um agrupamento intermediário entre o nível do vocábulo e o da oração: um . Assim. Não prescreveu o médico os medicamentos todos. sintagmas. “As unidades sintáticas da língua (sistema de unidades hierarquizadas) apresentam-se sob a forma de palavras. Eles desempenharão funções distintas de acordo com a posição dos vocábulos e a relação que estabelecem entre si. aqui. Feitas essas considerações preliminares. 9 4. (B) Meninos bem-educados sabem quando calar. ela não forma uma unidade semântica. porque. aqui. Casos em que se emprega o hífen. que é a oração. está modificando o vocábulo ‘educado’.2. Como vimos. Ela tem a função de adjetivo e. passemos às novas regras de emprego do hífen. os vocábulos que compõem a unidade sintagmática se organizam em torno de um núcleo. estejam ou não ligados por preposição ou qualquer outro elemento. que é o particípio passado do verbo ‘educar’. Na oração (B). Pág.ou mais vocábulos se unem (em sintagmas) para formar uma unidade maior. embora os dois vocábulos estejam juntos. Dependendo da natureza desse núcleo. EMPREGA-SE O HÍFEN: Nas palavras compostas que designam nomes de plantas e animais. O vocábulo ‘bem’ é um advérbio e. abóbora-menina bênção-de-deus bem-me-quer couve-flor erva-do-chá ervilha-de-cheiro fava-de-santo-inácio andorinha-grande cobra-capelo formiga-branca andorinha-do-mar cobra-d’água lesma-de-conchinha bem-te-vi tartaruga-marinha cana-de-açúcar . as duas palavras da expressão ‘bem-educados’ formam um único elemento com clara unidade sintagmática e semântica. no sintagma “bem educado pelos pais”. Na oração (A). podemos falar em sintagma nominal ou sintagma verbal. está modificando o substantivo ‘meninos’. Se compararmos as orações (A) O guri foi bem educado pelos pais. não se emprega o hífen na expressão ‘bem educado’. São duas palavras com funções definidas e distintas. se observava alternância no uso do hífen. Quando a vogal final do prefixo ou falso prefixo coincidir com a vogal inicial do segundo elemento da composição. ‘sota’. O Acordo define que o hífen só será usado em palavras formadas por prefixos ou falsos prefixos. ‘desumidificar’. ‘inábil’. ex-almirante ex-hospedeira ex-diretor ex-primeiro-ministro sota-piloto soto-mestre vice-reitor vice-presidente vizo-rei 4. ‘vice’ e ‘vizo’. Pág. circum-escolar circum-navegação pan-mágico pan-africano pan-americano pan-negritude . 10 2. ‘soto’. anti-ibérico micro-ondas auto-observação micro-organismo contra-almirante semi-intensivo infra-axilar supra-auricular 3.Observação: como. o Acordo uniformizou a grafia. Nos compostos formados pelos prefixos ‘ex’. ‘inumano’ etc. < m > ou < n >. como nos seguintes casos: 1. nesses casos. Em palavras formadas pelos prefixos ‘circum’ ou ‘pan’ seguidos de palavras iniciadas em vogal. Quando o segundo elemento começa por < h >: anti-higiênico arqui-hipérbole contra-harmônico circum-hospitalar pan-helenismo eletro-higrômetro mini-hospital pré-história extra-humano semi-hospitalar geo-história sub-hepático neo-helênico sub-humano super-homem Observação: Não se usa o hífen em formações que contêm os prefixos < des > e < in > e nas quais o segundo elemento perdeu o inicial: ‘desumano’. como < -açu >. hiper-realista hiper-requintado hiper-resistente inter-racial inter-regional inter-relação super-resistente super-revista 6.Pág. ‘inter’ e ‘super’ formar compostos com palavras iniciadas por < r >. ‘ensino-aprendizagem 7.divisas: ‘Liberdade-Igualdade-Fraternidade’.trajetos e percursos: ‘ponte Rio-Niterói’. 11 5. . o advérbio ‘bem’ aparece aglutinado com o segundo elemento.em que se opõem relações e noções: ‘professor-aluno’. e quando a vogal final do primeiro elemento é acentuada graficamente ou quando a pronúncia exige a distinção gráfica dos dois elementos: amoré-guaçu anajá-mirim andá-açu capim-açu Ceará-mirim tamanduá-mirim 8. Nos vocábulos terminados por sufixos de origem tupi-guarani que representam formas adjetivas. Para ligar duas ou mais palavras que formam encadeamentos vocabulares do tipo: . < -guaçu > e < -mirim >. com o elemento que se segue. quer este tenha ou não vida . bem-aventurado bem-estar bem-humorado bem-criado bem-ditoso bem-falante bem-mandado bem-nascido bem-soante mal-afortunado mal-estar mal-humorado Observações: . uma unidade sintagmática e semântica e tal elemento começa por vogal. < h >. ‘trecho São PauloSantos’. . entre outros. Nos compostos formados com os advérbios ‘bem’ e ‘mal’ quando estes formam.Em muitos compostos. Quando os prefixos ‘hiper’. b) Nos compostos. o advérbio ‘bem’. ‘benfeito’.à parte: ‘benfazejo’. nesses casos. NÃO SE EMPREGA O HÍFEN a) Nos compostos formados por prefixo ou falso prefixo terminado em vogal em combinação com palavra iniciada por < r > ou < s >. pode não se aglutinar com palavras iniciadas por consoante. . COMO ERA ante-sala auto-retrato anti-social contra-senso ultra-sonografia supra-renal COMO DEVE SER antessala autorretrato antissocial contrassenso ultrassonografia suprarrenal Observação: A medida uniformiza várias exceções antes existentes.3. Pág. ‘benquerença’ etc. Casos em que não se emprega o hífen. que. são dobrados.No entanto. COMO ERA manda-chuva pára-quedas pára-quedista pára-lama pára-choque pára-vento COMO DEVE SER mandachuva paraquedas paraquedista paralama parachoque paravento d) Nos compostos que apresentam elementos de ligação. COMO ERA anti-aéreo anti-americanismo auto-afirmação auto-ajuda infra-estrutura neo-impressionista COMO DEVE SER antiaéreo antiamericanismo autoafirmação autoajuda infraestrutura neoimpressionista c) Nos compostos que. perderam a noção de composição. ao contrário de ‘mal’. 12 4. devido ao uso. quando a vogal final do prefixo ou falso prefixo é diferente da vogal inicial da palavra com a qual se combinam. . ‘benfeitor’. f) Nos vocábulos formados por < pré.>. ‘arco-da-velha’. ‘cor-de-rosa’. ‘pé-de-meia’. este se une diretamente ao segundo elemento.>. como: ‘maria vai com as outras’. Observação: Incluem-se nesse caso os compostos de base oracional. coobrigação coedição coeducar cofundador coabitação coerdeiro corréu corresponsável coocorrência.> e < re. ‘diz que diz que’. . ‘cor de burro quando foge’. ‘faz de conta’.pé de moleque pé de vento pai de todos dia a dia fim de semana cor de vinho ponto e vírgula camisa de força cara de pau olho de sogra. ‘à queima-roupa’. mesmo quando este se inicia por < o > ou < h >. ‘deus me livre’. ‘deus nos acuda’. Pág. ‘leva e traz’. Exceções: ‘água-de-colônia’. Observação: Dobra-se o < r > inicial do segundo elemento. ‘ao deus-dará’. 13 e) Nas formações com o prefixo < co. ‘bicho de sete cabeças’. preexistente preelaborar reescrever reedição. ‘mais-que-perfeito’. mesmo diante de palavras começadas por < e >. antiaéreo. ‘não governamental’ etc.Observação: Como o acento do prefixo < pré. cara de pau. Ex. arco-da-velha. intermunicipal. EXEMPLOS pé de moleque. olho de sogra. mais-queperfeito. supersônico. ao deus-dará. à queima-roupa. deus nos acuda. ponto e vírgula. superinteressante.: Maria vai com as outras. pé de vento. . faz de conta. autoestrada. cor de burro quando foge. fim de semana. autoescola. Não se usa o hífen se o prefixo terminar com letra diferente daquela com que se inicia a outra palavra. dia a dia. semicírculo. cor-de-rosa. leva e traz. ‘não fumante’. cor de vinho. OBSERVAÇÕES Incluem-se nesse caso os compostos de base oracional. deus me livre. aeroespacial. diz que diz que. Pág. bicho de sete cabeças. autoajuda. * Exceções: água-decolônia. agroindustrial.> é praticamente imperceptível em algumas palavras. ‘não engajado’. ‘não participação’. 14 NÃO SE USA O HÍFEN REGRA Em palavras compostas que apresentam elementos de ligação. (acordo de) não agressão (reservado para) não fumantes Observação: O Acordo Ortográfico aboliu o hífen das formas em que a palavra ‘não’ tem valor prefixal: ‘não agressão’. como ‘predeterminado’ e ‘preexistente’. pai de todos. g) Não se usa o hífen na formação de locuções com o advérbio ‘não’. na dúvida é sempre bom consultar o dicionário. camisa de força. ‘não violência’. pé-de-meia. Com os prefixos < pré. < m > ou < n >. é sempre bom consultar o dicionário. não se usa o hífen diante de palavras começadas por < e >. coerdeiro. ultrassom. quando o segundo elemento começa por vogal. contrarrelógio. coocorrência. 15 USA-SE O HÍFEN REGRA com os prefixos < circum. < inter.> é praticamente imperceptível em algumas palavras.>. O prefixo ‘co’ junta-se com o segundo elemento. corréu. na dúvida. ‘não governamental’ etc. EXEMPLOS circum-navegação. Não se usa o hífen na formação de palavras com ‘não’. < h >. pan-africano. cofundador. ‘não fumante’. (acordo de) não agressão (reservado para) não fumantes. corresponsável.> e < pan. Como o acento do prefixo < pré. preexistente. como ‘predeterminado’ e ‘preexistente’. quando o segundo elemento começa por < r >. ‘não violência’. reescrever. semirreta. coedição. reedição.Se o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por < r > ou < s >. ‘não engajado’. Pág.> e < super >-. coobrigação. antirracismo. preelaborar. O acordo ortográfico aboliu o hífen das formas em que a palavra ‘não’ tem valor prefixal: ‘não agressão’. coabitação. ‘não participação’. OBSERVAÇÕES hiper-realista e super-resistente .> e < re>. coeducar. minissaia. mesmo quando este se inicia por < o > ou < h >. dobram-se essas letras. com os prefixos < hiper>. raízes. Nos compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo. blá-blá-blá. erva-doce. mato-grossensedo-sul (Mato Grosso do Sul).> Quando prefixo terminar com a mesma letra com que se inicia a outra palavra. Nos compostos que designam espécies animais e botânicas (nomes de plantas. reco-reco. queda-d'água. rom-rom. zum-zum. lebre-da-patagônia. . cri-cri. tico-tico. como girassol. tenham ou não elementos de ligação. belo-horizontino (Belo Horizonte). bico-depapagaio (espécie de Exceções: Não se usa o hífen em certas palavras que perderam a noção de composição. joão-ninguém. tique-taque. cravoda-índia. gota-d'água. Em palavras onomatopeicas (isto é. pimentado-reino. boa-fé. bi-bi. mico-leão-dourado.arroz de festa (alguém que está sempre presente em festas). fom-fom. infraaxilar guarda-chuva. portamalas. pão-duro. peixeespada. vaga-lume.> e < pós. que representam ruídos ou sons naturais) que são compostas mas não apresentam elementos de ligação. pós-graduação micro-ondas. segunda-feira. sub-bibliotecário. paraquedismo. porto-alegrense (Porto Alegre). mandachuva. perobadocampo. anti-inflacionário. tim-tim (tim-tim por tim-tim). pontapé. quando os compostos que designam espécies botânicas e zoológicas são empregados fora de seu sentido original. zigue-zague. nas palavras compostas que não apresentam elementos de ligação. arco-íris. < pró. Nas palavras compostas derivadas de topônimos (nomes de lugares) que apresentam ou não elementos de ligação. flores. Não se usa o hífen. rio-grandensedo-norte (Rio Grande do Norte) bem-te-vi. peixedo-paraíso. frutos. bate-boca. Observe a diferença de sentido entre os pares: arrozdo-campo (certo tipo de erva) . portabandeira. ervilhade-cheiro. paraquedas. madressilva. pré-fabricação e pré-fabricar. sementes). andorinha-da-serra. pinguepongue. glu-glu. copo-d'água. inter-regional.com os prefixos < pré>. paraquedista. mesa-redonda. quando a palavra seguinte começar por vogal. mal de sete dias.: mal-francês. Ex. pré-vestibular. bem-aventurado. < aquém. . bem-intencionado. malsucedido.>.>.: mal de lázaro. olho-de-boi (espécie de peixe) olho de boi (selo postal). Se houver elemento de ligação. sub-reitor. benquisto. bem-humorado. ex-aluno. bem-visto.planta ornamental) bico de papagaio (deformação nas vértebras). malcomportado. malvisto. é sempre comum. Como o acento desses prefixos é praticamente imperceptível na fala. usa-se o hífen também diante de palavra começada por anti-higiênico. também aqui é sempre bom consultar o dicionário. < pré. < r >. Atenção! A dúvida. < recém>. benfeito. escreve-se sem hífen. * Nos outros casos. Com os prefixos < ex.>. Com o prefixo < mal.>. benfeitor. < pró. < vice. recémcasado. vice-rei. mal-estar. Com o prefixo sub. nesse caso. Diante de palavra começada por < h >. sub-região. além-mar. Ex. sem-terra. malfeito. < sem.>. sub-regional. como ‘predeterminado’ e ‘preexistente’. Com < bem. de modo geral. bem-nascido. Ex. * Mas há vários casos em que bem se liga sem hífen à palavra seguinte.>. < além.>. bem-merecido. pós-graduação.>. mal-limpo. mal-entendido. usa-se o hífen se a palavra não tiver elemento de ligação. bem-falante. muitos não sabem se o hífen deve ou não ser usado. bem-disposto.>. em algumas palavras. bem-vindo. aquém-mar. malcheiroso. sobrehumano.: benfazejo. pró-europeu. mal-assombrado. mal-humorado. < pós. superhomem.>. escreve-se sem hífen: malcriado. < h > ou < l >. nos compostos. Assim. * Quando mal significa doença. no menu lateral à esquerda. 17 Cara aluna. ao João e ao Pedro. o conteúdo da AVALIAÇÃO FINAL no item “DISCURSIVA” do campo “AVALIAÇÃO”. deve-se. repetir o hífen no início da linha imediata: Exemplos: “O comandante da polícia é um ex-capitão do Exército” “Quanto ao Paulo. Abra o link e trabalhe no seu campo de resposta. 4. caro aluno. ao João e ao Pedro.” O carro do presidente era seguido de perto pelo do vice-presidente.Pág. Procure realizar as atividades dentro dos prazos previstos . Divisão silábica e translineação Na divisão silábica quando da translineação de uma palavra composta ou de uma combinação de palavras em que há um hífen ou mais. quando não se souber se a palavra perdeu a noção de composição. Chegamos à AVALIAÇÃO FINAL. Boa sorte! . Acesse.eles são planejados de forma a aperfeiçoar os resultados pretendidos e a pontualidade demonstra seu compromisso com o processo de aprendizagem. por clareza gráfica. convocá-los-emos na próxima semana. ela estará disponível do dia 11 ao dia 22 de abril de 2013.” Ou “Quanto ao Paulo.5. se a partição coincidir com o final de um dos elementos ou membros. 16 Regra de ouro: Para não correr o risco de errar.” Pág. agora. convocá-los-emos na próxima semana. é aconselhável consultar o dicionário. Exemplos disso são as palavras malmequer (sem hífen) e bem-me-quer (consagrada com hífen). que determina qual é a grafia consagrada pelo uso. Conforme o nosso calendário. (Esta avaliação vale 40 pontos.) Créditos CRÉDITOS Conteudista Cláudio Augusto Vizioli Coordenação Danuta Horta Professores-tutores João Batista Silva Campos Elton Edmundo Polveiro Junior João Bosco Bezerra Bonfim Wesley Dutra de Andrade Virgínia de Castro Patrícia Seixas Núcleo pedagógico Carlos Eugênio Escosteguy Danuta Horta Jenifer de Freitas Marcelo Larroyed Márcia Perusso Polliana Alves Rosângela Rabello Simone Dourado Valéria Maia e Souza William Robespierre Athanazio Núcleo web Alessandra Brandão Bruno Carvalho Carlos Inocente Francisco Wenke Renerson Ian Sônia Mendes Núcleo administrativo Luciano Marques Paula Meschesi .
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.