Nova classificação climática do Estado do Rio Grande do Sul

March 16, 2018 | Author: luisiunes | Category: Climate, Vegetation, Temperate Climate, Humidity, Rain


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Revista Brasileira de Agrometeorologia, Santa Maria, v. 8, n. 1, p. 141-150, 2000 Recebido para publicação em 03/02/2000. Aprovado em 19/06/2000.ISSN 0104-1347 Nova classificação climática do Estado do Rio Grande do Sul A new climatic classification for the State of Rio Grande do Sul, Brazil Jaime Ricardo Tavares Maluf 1 Resumo - As classificações climáticas constituem importante subsídio às atividades que, direta ou indiretamente, dependem do meio ambiente. Possibilitam o conhecimento das características climáticas básicas e gerais de uma região, auxiliando nos processos de seleção de espécies e de áreas e no planejamento e desenvolvimento de regiões. Permitem, ainda, a comparação entre condições climáticas, em nível mundial, sendo suas denominações universais, e, uma vez identificadas, possuem características similares de clima, em qualquer parte do mundo. Com o objetivo de caracterizar o clima do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, usouse a classificação climática proposta por CAMARGO (1991). Essa classificação emprega, para caracterização do clima, temperatura média anual, temperatura média do mês mais frio, balanço hídrico e caracterização da estação do ano com deficiência hidrica. No presente estudo, propõem-se alterações na classificação climática de CAMARGO (1991), nos níveis de temperatura média anual e de temperatura média do mês mais frio, criando-se uma nova classe climática com a denominação de Subtemperada. Dessa maneira, aplicando-se a classificação climática proposta por CAMARGO (1991), com modificações, o Estado do Rio Grande do Sul foi classificado em clima Subtropical, Subtemperado e Temperado. Palavras-chave: classificação climática, clima, climatologia, Rio Grande do Sul. Abstract - Climatic classifications are an important support to those activities depending directly or indirectly on the environment. Such groupings provide the necessary information about basic and general characteristics of a region and are of help in processes involving the selection of species and areas as well as the planning and development of regions. They also allow comparisons between climatic conditions worldwide and their denominations are universally applied; once identified, similar general characteristics of a climate may be found anywhere in the world. Aiming to characterize the climate in the State of Rio Grande do Sul, Brazil, the climate classification proposed by CAMARGO (1991) was used. Annual mean temperature, mean temperature of the coldest month, water balance, and definition of season of the year showing water deficiency are used in such classification for climate characterization. Changes in the climatic classification of CAMARGO (1991), in the levels of mean annual temperature and in the levels of mean temperature of the coldest month, are proposed in this study, introducing a new climate group named Subtemperate. Therefore, applying the modified climate classification proposed by CAMARGO (1991), the climate in the State of Rio Grande do Sul,Brazil, was classified in Subtropical, Subtemperate, and Temperate. Key words: climatic classification, climate, climatology, Rio Grande do Sul, Brazil 1 Eng. Agr., M.Sc., Pesquisador da Embrapa Trigo. BR 285, km 174. Caixa Postal 451. Cep: 99001-970, Passo Fundo, RS. HOLDRIDGE (1947). umidade do ar e. que o autor chama “frentes de ruptura”. a variação térmica anual. elementos do clima que fornecem uma informação indireta do balanço de água. como Emberger e Chipp. Selieninov. Enquist e Köeppen. Meyer. foram sugeridas as circunscrições fitoclimáticas baseadas no estudo de diversos fatores. Selieninov. a exemplo de outros autores. Trumble. foram levados em conta outros fatores. elaborou o diagrama. o autor determinou suas “Moisture Province” e “Thermal Province”. Introdução As classificações climáticas são métodos empregados na identificação e caracterização de tipos climáticos. KÖPPEN (1936) teve uma das primeiras iniciativas nesse sentido. como o de Gams e o de Gonzales e Vasques. diferença entre as temperaturas máximas e mínimas. Para levar isso em conta. como distribuição da precipitação pluvial. é antiga. citado por PHILIPPS (1953). Merrian. naturalistas. apresentando aplicação em várias áreas que dependem direta ou indiretamente das condições ambientais. Esta comparação. que mostram as características continentais do clima do ponto de vista térmico. com base em gráfico de 1947. A natureza dos limites fitoclimáticos. como as de THORNTHWAITE (1948). numericamente especificados. citados por PHILIPPS (1953). ainda que determinados por fatores essencialmente térmicos e/ou hídricos. mais recentemente. que denominou Life Zone . Entretanto. Enquist. THORNTHWAITE (1948) já não usou esse critério e preferiu determinar os “limites climáticos racionais”. Rabbow. usaram índices que combinavam a precipitação pluvial com o número de dias de chuva. que permitam seu agrupamento por afinidades. citado por PHILIPPS (1953). elaborou um esquema gráfico que. determinava as formações vegetais do mundo. remontando ao século XVIII. biólogos e climatologistas. Foi empregada também.Nova classificação climática do Estado do rio Grande do Sul. número de dias de chuva. Zzymkievicz citados por PHILIPPS (1953) e de KÖPPEN (1936). Entre tantos estudos que têm sido realizados com idéia de combinar numérica e graficamente duas ou mais classes de dados térmicos. representavam aproximadamente as fronteiras ecológicas de um número similar de categorias de vegetação em formações vegetais. BLAINE & CRIDDLE (1950). o primeiro elemento empregado para expressá-la foi a precipitação pluvial anual. A contribuição de KÖPPEN (1936) constitui-se em exemplo de parâmetros fixados em base à distribuição vegetal. J. THORNTHWAITE (1948) foi quem introduziu o termo evapotranspiração potencial. sendo exemplo os trabalhos de De Candolle. através de seus parâmetros. quando delineou categorias climáticas cujos limites. possibilitam definir e caracterizar com maior clareza e precisão as diversas condições climáticas. para tal fim. Walter. As primeiras tentativas de classificar o clima usavam valores térmicos. com fins fitogeográficos. evaporação. empregaram métodos empíricos na determinação da evapotranspiração potencial. usando. que correspondem às barreiras climáticas verdadeiras. Como resultante de trabalhos contínuos e simultâneos de geógrafos. Köeppen. citados por PHILIPPS (1953). põe em relevo os fatores que indicam as variações bruscas do clima. HOLDRIDGE (1967) e THORNTHWAITE (1948). empregou a relação entre chuva e evaporação. empregou a relação entre chuva e pressão máxima do vapor de água no mês mais chuvoso. Merrian. PAPADAKIS (1966) e HOLDRIDGE (1967). devido à insuficiência dessa informação para a qualificação dos tipos climáticos por unidades.142 MALUF. partindo de uma comparação entre evapotranspiração potencial e precipitação pluvial. como a temperatura anual.R. evapotranspiração.T. como PENMAN (1967). HOLDRIDGE (1967). São exemplos desse tipo de estudo os trabalhos de De Candolle. Transeau. Foram geradas fórmulas resultantes da combinação de dois ou mais fatores. THORNTHWAITE (1931) empregou os índices de eficiência térmica para distribuição fitoclimática na América do Norte e no mundo. através de dados climáticos simples. citado por MALUF (1973). Vários outros índices foram adotados para expressar as condições de umidade ambiental. como são a precipitação e temperatura. Outros autores. a idéia de definir o clima em unidades ou tipos. sendo as classificações de KÖPPEN (1936) e THORNTHWAITE (1948) as mais utilizadas no Brasil. Quanto às condições de umidade. surgiram as classificações climáticas usadas no presente. Assim. P A PA D A K I S (1954) e HOLDRIDGE (1967). nunca é uniforme ao longo de todo o perímetro da zona climática ou da zona onde se desenvolvem determinadas espécies vegetais. e outros autores. . citados por PHILIPPS (1953). e que. Baseado nesses fatores. Meyer e Rabbow empregaram a relação entre chuva e déficit de saturação. devem ser mencionados os índices de “eficácia térmica” de THORNTHWAITE (1948). relacionadas na Tabela 1. elaborou estudo do clima do Rio Grande do Sul segundo o sistema de KÖPPEN (1936). apresentou nova subdivisão. como metodologia de zoneamento. MORENO (1961). como altitude. Representam a morfologia e o clima do Rio Grande do Sul e são denominações empregadas até o presente. foi realizado o presente estudo adotando a metodologia apresentada por CAMARGO (1991). Foram empregados no trabalho dados oriundos de 41 estações meteorológicas de 1ª classe pertencentes ao 8º Distrito de Meteorologia do Instituto Nacional de Meteorologia . 8. 1981a).. em escala logarítmica. 1981b). para tabela de retenção de umidade do solo de 125 mm. v. 1. e para o fator hídrico. determinando o Rio Grande do Sul como clima Temperado Úmido. com duas “áreas climáticas”. Planalto. parâmetros derivados da temperatura média do ar. Em análise mais detalhada dos elementos temperatura e precipitação pluvial. Os valores de deficiência e excesso hídrico. elaborou trabalho levando em consideração as regiões climáticas definidas por ARAÚJO (1930). identificaram as Zonas de Vida com aptidão para esse país. um dos pioneiros no estudo e análise do clima do Rio Grande do Sul. com as variantes Cfa e Cfb. Normal Climatológica 1931-1960 (MALUF et al. 1989).Rev. onde conclui que o clima do Estado se enquadra no tipo fundamental “Subtropical (ou quase Temperado)” de fórmula Cf . MOTA (1953). Com o objetivo de caracterizar climaticamente o Estado do Rio Grande do Sul. em que se utiliza de biotemperatura. buscando “esclarecer divergências quanto à classificação climática do Estado”.. bem como a representação espacial de alguns elementos. p. assim como a variável dependente umidade ambiental (relação ETP/P). Normal Climatológica 1931-1960 (MALUF et al. Material e métodos O estudo foi realizado para o Estado do Rio Grande do Sul.M. uma para o fator térmico e outra para o fator hídrico. Serra do Nordeste e Litoral. a interação das variáveis independentes bio-temperatura e precipitação. Cfbg’n. n. foram extraídos de Balanço Hídrico. como base do fator térmico. Estas regiões receberam as denominações de Campanha. Os dados de temperatura média anual e temperatura média do mês mais frio foram extraídos do Atlas Agroclimático do Estado do Rio Grande do Sul. variações. estabelecendo as “áreas morfoclimáticas”. parâmetros de deficiência e excedente do balanço hídrico. as quais possuem uma fisionomia similar em qualquer parte do mundo. baseada em duas cartas básicas. preparou uma carta de classificação climática. dentro de uma divisão natural de clima. MACHADO (1950). através do regime térmico e de chuvas. apresentando uma divisão do Rio Grande do Sul em oito regiões climáticas. sugerindo seu uso como carta única para zoneamento de aptidão agroclimática. Cfblg’ e Cfblg’n.. compreendido pelos paralelos 27 o 04’49" e 33 o 45'00" Sul e pelos meridianos 49o 42’22" e 57o 38’34" Oeste. Cfa e Cfb. intensidades e épocas de ocorrência. Dentro da “área climática” Cfa caracterizou quatro “áreas morfoclimáticas”. e utilizando-se do mapa de Zonas de Vida de Nicarágua elaborado por HOLDRIDGE (1962). Serra do Sudeste. normal climatológica 19311960 (INSTITUTO DE PESQUISAS AGRONÔMICAS. 141-150. MALUF et al. e dentro da “área climática” Cfb caracterizou três “áreas morfoclimáticas”. em trabalho realizado sobre o clima do Rio Grande do Sul. o autor obteve as seguintes variantes do clima do estado: Cfalg’. Nessa divisão foram considerados os fatores que maior influência exercem sobre o clima do estado. usou a classificação climática de KÖPPEN (1948). A escala cartográfica original empregada . suas magnitudes. Para isso. 2000 143 Ecology. Missões. precipitação pluvial e umidade.A. Depressão Central. Cfalg’n. Os autores deteminaram as Zonas de Vida com aptidão ecológica para uma espécie de eucalipto. Com a nova classificação visou “aliar a simplicidade da classificação de KÖPPEN (1936) com a racionalidade da classificação de THORNTHWAITE (1948)”. Os estudos do clima do Rio Grande do Sul iniciaram com o pioneirismo de ARAÚJO (1930) que classificou o clima do Estado como Temperado.A. Os valores de precipitação pluvial anual usados foram extraídos de Precipitação Pluviométrica. O modelo de HOLDRIDGE (1967) estabelece uma relação quantitativa entre os principais parâmetros do macroclima e as características fisionômicas mais importantes da vegetação natural climax. As Zonas de Vida são definidas como um grupo de associações vegetais. Esse autor adotou. Vale do Uruguai. Bras. O Diagrama é formado por linhas que representam. (1987) utilizaram-se do Diagrama para Classificação de Zonas de Vida de HOLDRIDGE (1967). CAMARGO (1991) em trabalho de “levantamento de aptidão agroclimática para o Peru”. continentalidade e proximidade ao oceano. Apresentou detalhada análise descritivo-numérica dos elemen- tos meteorológicos. Agrometeorologia. longitudes e altitudes das estações meteorológicas usadas na classificação climática para o Estado do Rio Grande do Sul. como monçônica. seca.000. Algumas classes. segundo ARAÚJO (1930). Tabela 1. Região Climática Alto Vale do Uruguai Baixo Vale do Uruguai Localidade Iraí Marcelino Ramos São Borja Itaqui Uruguaiana Alegrete Santa Maria Cachoeira do Sul Santa Cruz do Sul Taquari Taquara Porto Alegre Viamão São Gabriel Santana do Livramento Dom Pedrito Bagé Santiago São Luis Gonzaga Santo Angelo Santa Rosa Palmeira das Missões Caçapava do Sul Piratini Encruzilhada do Sul Cruz Alta Júlio de Castilhos Soledade Vacaria Bom Jesus Passo Fundo Lagoa Vermelha Guaporé Bento Gonçalves Caxias do Sul S. latitudes. . sendo nesse trabalho. balanço hídrico (Tabela 3) e indicação dos meses com deficiência hídrica (Tabela 4).144 MALUF.R. Francisco de Paula Veranópolis Torres Tapes Pelotas Rio Grande Jaguarão Santa Vitória do Palmar Latitude S 27º11'45" 27º27'40" 28º39'44" 29º07'10" 29º45'23" 29º46'47" 29º41'25" 30º02'45" 29º43'05" 29º48'15" 29º45'00" 30º01'53" 30º05'00" 30º20'27" 30º53'18" 30º58'57" 31º20'13" 29º11'00" 28º23'53" 28º18'14" 27º51'50" 27º53'55" 30º30'32" 31º26'54" 30º32'35" 28º38'21" 29º13'26" 29º03'14" 28º33'00" 28º40'10" 28º15'39" 28º25'35" 28º55'44" 29º10'00" 29º10'25" 29º20'00" 28º56'14" 29º20'34" 30º50'00" 31º45'00" 32º01'44" 32°33'32" 33°31'14" Longitude W 53º14'01" 51º54'22" 56º00'15" 53º32'52" 57º05'12" 55º47'15" 53º48'42" 52º53'39" 52º25'45" 51º49'30" 50º45'00" 51º13'19" 50º47'00" 54º19'01" 55º31'56" 54º39'56" 54º06'21" 54º53'10" 54º58'10" 54º15'52" 54º25'59" 53º26'45" 53º29'22" 53º06'09" 52º31'20" 53º36'34" 53º40'45" 52º26'00" 50º42'21" 50º26'25" 52º24'33" 51º35'51" 51º54'45" 51º25'00" 51º12'21" 51º30'21" 51º33'11" 49º43'39" 51º35'00" 52º21'00" 52º05'40" 53°23'20" 53°21'47" Altitude (m) 227 383 96 53 69 116 138 68 56 76 29 10 52 124 210 140 216 426 254 289 360 634 450 345 420 473 516 720 955 1047 678 805 450 619 740 912 705 43 5 7 3 11 6 Depressão Central Campanha Missões Serra do Sudeste Planalto Serra do Nordeste Litoral na representação espacial das classes climáticas foi 1:750.Nova classificação climática do Estado do rio Grande do Sul. que usa os seguintes elementos: temperatura média anual (Ta) e do mês mais frio (Tf) (Tabela 2). apresentada de forma reduzida. Quando isso se verifica. podem apresentar estações secas definidas.T. Regiões climáticas. localidades. J. subúmida e úmida. que ocorrem em diferentes estações do ano. as classes que apresentam . Adotou-se a metodologia apresentada por CAMARGO (1991). 8. WESTPHALEN & MALUF. 1974).1 a 12 ≤ 3 Temperatura média do mês mais frio Tf (ºC) ou Tf > 20 ou Tf de 15 a 20 ou Tf ≤ 15 Classe Clima Equatorial Tropical Subtropical Temperado Frio Glacial Símbolo EQ TR ST TE FG GL estações secas são caracterizadas por letras minúsculas. podem ser indicadas as culturas que apresentem aptidão climática favorável. 1980. Resultados e discussão Considerando-se os valores de temperatura média anual (Ta). bananeira. estabelecendo-se a classificação climática pelo regime hídrico. quando são considerados os valores de temperatura média do mês mais frio (Tf).1 a 22 12. excessos e deficiências hídricas e meses com deficiência hídrica. correspondendo à realidade. Temperatura média anual Ta (ºC) > 25 22. como é indicado nas classes do parâmetro térmico da metodologia apresentada por CAMARGO (1991) (Tabela 2). 1994) e o zoneamento agrícola (MOTA et al. em partes da Depressão Central e no Vale do Rio Uruguai. Agrometeorologia. p. definido pelas variáveis acima. mamoeiro. já que pela Ta essas regiões são classificadas como Subtropical. Bras. Entretanto. refletem a subtropicalidade dessas regiões pelas indicações das Tabela 3. Como na metodologia apresentada por CAMARGO (1991) é possivel usar Ta ou Tf para classificar o clima.1 a 25 18.000. a classe Subtropical no estado deixa de existir. como abacaxiseiro. 1978. Como no Rio Grande do Sul são cultivadas várias culturas de clima tropical (áreas determinadas por zoneamentos agroclimáticos). verifica-se que o valor limite de 15o C de Tf não é um nível ideal de classificação. MALUF & WESTPHALEN. temperatura média do mês mais frio. 2000 145 Tabela 2. Os valores de excesso e deficiência hídrica foram igualmente lançados em um mapa. para estabelecer a classificação climática por temperatura. como o zoneamento da cana-de-açúcar (MALUF. fica a critério do usuário e de seu conhecimento a adoção de um ou de outro parâmetro térmico. indicadas na Tabela 4. sendo o Rio Grande do Sul classificado apenas como clima Temperado. Os valores de Ta e Tf foram lançados em um mapa hipsométrico do Rio Grande do Sul. ainda que não sejam de classificação climática. Para cada tipo climático.1 a 18 7. além do tipo de vegetação natural. n. sendo aqui apresentado em forma reduzida. nas regiões do Litoral Norte. 1. Valores de excesso e deficiência hídrica para a classificação climática segundo CAMARGO (1991). verifica-se que o Rio Grande do Sul enquadra-se nas classes Subtropical e Tempera- do.. Intervalos de temperatura e classes climáticas para a classificação climática segundo CAMARGO (1991). Foi realizada a síntese cartográfica dos mapas térmico e hídrico. Com base nos dados de temperatura média anual. algumas como nativas. escala original 1:750. mediante as isolinhas de excesso e deficiência. v. Balanço Hídrico (mm) Excedente > 1000 201 a 1000 > 200 0 a 200 > 200 1 a 200 0 0 Deficiência 0 0 1 a 150 0 a 150 > 150 > 150 151 a 800 >800 Clima Superúmido Perúmido Úmido Subúmido Monçônico Seco Árido Desértico Classe Símbolo SU PU UM SB MO SE AR DE . cana-de-açúcar e palmiteiro. foram determinados os tipos climáticos dos locais com estação meteorológica. na qual o clima Temperado apresenta intervalo de Tf até 15o C. Alguns trabalhos. 141-150.Rev. originando o mapa final com a representação dos tipos climáticos. culturas zoneadas. abrangendo. por exemplo. parte da Depressão Central. no município de Torres. e na Figura 1. existe ainda a subcaracterização pela ocorrência de deficiência hídrica. para o norte. Existe também. Ocorre ainda no Estado a classe de clima Seco. segundo CAMARGO (1991) modificada. . A região classificada de Úmida ocupa a grande parte do Estado. demonstrando que no Estado existe uma região climaticamente intermediária entre a região Temperada e a Subtropical. Considerando-se o balanço hídrico (excessos e deficiências). verifica-se que de toda a área classificada como Subtropical apenas as regiões do Litoral Norte. verão e outono (Tabela 4). a representação espacial dos tipos climáticos determinados para o Estado do Rio Grande do Sul. Dom Pedrito e São Gabriel. de cana-de-açúcar e de outras culturas. segundo CAMARGO (1991). onde os valores de deficiência hídrica caracterizam essa condição climática. os municípios de Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires e parte dos municípios vizinhos.R.1 a 18 Temperatura média do mês mais frio Tf (ºC) 13 a 20 ≤ 13 ≤ 13 Classe Clima Subtropical Subtemperado Temperado Símbolo ST STE TE . abrangendo a quase totalidade do Litoral. a macieira. e os municípios de Taquara e Parobé e parte dos municípios vizinhos. A classe Perúmido está presente na maior parte da região do Planalto rio-grandense.Nova classificação climática do Estado do rio Grande do Sul. Dentro das classes de clima. o Rio Grande do Sul. junto dos municípios que fazem fronteira com Santa Catarina.0o C e com base nos resultados. para a região de abrangência do presente estudo. em pequena região. região do Baixo e Alto Vale do Rio Uruguai. estendendose a pequena parte do extremo norte do Litoral. 1 a 22 18. nas estações do ano primavera. Estação do Ano Primavera Verão Outono Inverno Símbolo p v o i variam de Superúmido a Subúmido. estendendo-se até junto do município de São Borja. A classe Subúmida ocorre ainda no leste da Depressão Central do Estado. Dessa maneira. e não apresentam frio suficiente para culturas de clima temperado. e da classe Subtropical. de 15o C para 13o C. de 15o C a 20o C para 13o C a 20o C. A classe Subúmida aparece na região da fronteira com a Argentina e com Santa Catarina. Observando-se esses intervalos de Ta e Tf. Temperatura média anual Ta (ºC) 18.T. Essa região intermediária apresenta valores de Ta de 18. uma região classificada de Úmida. no município de São Gabriel. excesso e deficiência hídrica que os determinaram. Estações do ano que podem apresentar períodos de seca definidos. parte da Depressão Central e Vale do Uruguai são aptas ao cultivo das culturas tropicais mencionadas anteriormente. utilizando-se da metodologia de classificação climática de KÖPPEN (1948).1 a 22 12. pois não é viável o cultivo de abacaxiseiro. criando-se a classe climática Subtemperada (Tabela 5). a Serra do Sudeste. de bananeira. J. e. Tabela 4. MORENO (1961) no trabalho Clima do Rio Grande do Sul. recebe as classificações de Subtropical. nos municípios de Quaraí. Tabela 5. em parte do município de Bom Jesus. temperatura média do mês mais frio (Tf). em parte do município de Uruguaiana ao município de Iraí e na fronteira com o Uruguai. Canela e Gramado. a qual não é Temperada pelos valores de Ta nem Subtropical pelos valores de Tf da classificação de CAMARGO (1991). Intervalos de temperatura e classes climáticas para a nova classificação climática do Estado do Rio Grande do Sul. Bagé. as classes climáticas.1oC a 22. propõe-se a alteração dos valores de Tf. A classe Superúmido aparece somente na região da Serra do Nordeste. Na Tabela 6 são apresentados os tipos climáticos de 41 localidades do Estado e os dados de temperatura média anual (Ta). circundada pela classe Perúmida devido à ocorrência de deficiência hídrica. principalmente. determinou igualmente a condição subtropical nessas regiões através da fórmula “Cfa”. Subtemperado e Temperado. por umidade. convencionou-se denominá-la Subtemperada. em parte dos municípios de São Francisco de Paula. como. pelo parâmetro térmico.146 MALUF. Ao observar as áreas classificadas como Subtropical (baseado em Ta) pela metodologia de CAMARGO (1991).0o C e Tf ≤ 13. da classe Temperada. .2 16.7 18.7 14 12. p.2 Precipitação pluvial anual Média mês mais frio (mm) 12.8 13.4 18. precipitação pluvial.4 11. para áreas do Estado que não se enquadravam como Subtropical nem como Temperada.5 16.3 14 11.8 19.9 18.7 11.6 10 11. 1.8 20 17.5 16.9 16.5 12.1 17.4 19.1 10.2 18 16.2 11.5 13. propõe-se a alteração dos valores de temperatura média do mês mais frio (Tf).4 13.2 13.6 17.2 19.8 12. Temperatura (ºC) Localidade Alegrete Bagé Bento Gonçalves Bom Jesus Caçapava do Sul Cachoeira do Sul Caxias do Sul Cruz Alta Dom Pedrito Encruzilhada do Sul Guaporé Iraí Itaqui Jaguarão Júlio de Castilhos Lagoa Vermelha Marcelino Ramos Palmeira das Missões Passo Fundo Pelotas Piratini Porto Alegre Rio Grande Santa Cruz do Sul Santa Maria Santana do Livramento Santa Rosa Santa Vitória do Palmar Santiago Santo Angelo São Borja São Francisco de Paula São Gabriel Soledade São Luis Gonzaga Tapes Taquara Taquari Torres Uruguaiana Vacaria Média anual 18.6 20.3 12. • Propõe-se a criação da classe climática Subtemperado.3 19.7 13. n.7 12.2 17.5 10.2 11.4 18. o e 5 de 15o C a 20o C para 13o C a 20o C.4 13.3 12 14 14. na classe Temperad .3 14.8 18. temperatura média do mês mais frio.3 19.1 13.5 17.1 19.5 11. 141-150.9 19.8 18.1 14.6 11.Rev. Bras.2 14. 8.7 15.1 12.6 16.5 12. e na classe Subtropical. com base na alteração dos níveis do parâmetro temperatura da classificação de CAMARGO (1991).5 16. v. Temperatura média anual.6 13.2 12.6 17.5 18.1 11. 2000 147 Tabela 6.1 18.6 1574 1264 1599 1545 1588 1438 1663 1729 1359 1504 1686 1787 1453 1337 1575 1735 1652 1919 1664 1405 1426 1309 1162 1547 1708 1388 1663 1235 1534 1713 1523 2162 1355 1986 1662 1213 1459 1424 1409 1346 1412 Deficiência Excesso hídrica anual hídrico anual (mm) (mm) 16 98 0 1 3 128 0 0 148 8 2 137 109 47 11 0 38 0 0 15 18 50 1 75 11 83 107 28 27 76 74 0 156 0 71 26 87 104 0 96 9 316 191 478 560 562 260 693 513 130 512 400 59 143 272 402 546 228 748 588 324 389 211 390 193 423 214 262 299 332 290 120 1268 191 822 296 226 60 217 659 86 311 Tipo climático STE UM v TE SB v TE PU TE UM TE UM ST UM v TE PU ST PU STE SB v TE UM TE UM ST SB v ST SB v TE UM v TE UM TE PU STE UM ST PU TE PU TE UM TE UM ST UM v STE UM p ST SB v ST UM TE UM v ST UM vo TE UM TE UM ST UM vo ST SB v TE SU STE SE vo TE PU ST UM v ST UM ST SB vo ST UM vo ST PU ST SB v TE UM + Conclusões • Para a área de abrangência do presente estudo.8 14.6 13. d 1 o C para 13o C.8 13.7 18.9 18.8 19.8 15.5 12.9 19.9 10. Agrometeorologia.4 16. deficiência e excesso hídrico e tipo climático de localidades do Estado do Rio Grande do Sul.7 13. considerando-se a temperatura média anual (Ta) e do mês mais frio (Tf). Figura 1.Nova classificação climática do Estado do rio Grande do Sul. . .148 MALUF.R. J.T. Tipos climáticos do Estado do Rio Grande do Sul. 266 p. W.T. Zoneamento Agroclimático e Regiões Agroecológicas . J. PHILIPPS. Mapa ecológico de Nicarágua con la clave de clasificación de vegetales del mundo. A. J.... F. RS. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROMETEOROLOGIA. de. O Rio Grande do Sul. Clima do Rio Grande do Sul . 42 p. 2 v. 2. MALUF. Ecologia de Cultivos. M. an ecological survey. Climate and Agriculture. v. 304 p. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROMETEOROLOGIA. Rio de Janeio : Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Anuário Brasileiro de Economia Florestal. Rio de Janeiro. 154 p. F. Viçosa : Sociedade Brasileira de Agrometeorologia/Universidade Federal de Viçosa.I. . em função do balanço hídrico. 8. C.C. da. 173 p. J. para Nicarágua. KÖPPEN. CAMARGO.I. Buenos Aires : Ministério de Agricultura Y Ganaderia. 6. 5786. 3 mapas.R.L. G.R. segundo o sistema de W.. RS. 1948. 289 p. da.P. Costa Rica : Tropical Science Center. 1930.T. GESSINGER. 1950. Porto Alegre : EMMA.. 2. Resumos.. (Circular n. Agroclimatologia do Estado do Rio Grande do Sul: III .1o C a 22o C e Tf ≤ 13o C. KÖEPPEN. p. 1972. Porto Alegre : Pallotti. n.R. MOTA. MG. L.C. 1966. 7. n.R. Resumos. 383392.R. 1953. v. 1973. Zoneamento de Eucalyptus saligna Sm. p. p. da. p. 1. G. Normal Climatológica 1931-1960. 1978. 50.. INSTITUTO DE PESQUISAS AGRONÔMICAS.. J. Instituto Interamericano de Ciencias Agricolas de la OEA. Ktze. v. CUNHA. MALUF. G. CUNHA. 15-296. Rio de Janeiro : Ministério da Agricultura. Manágua : Agencia para el Desarrollo Internacional.S. Pelotas : Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. n.T. CAMARGO (1991) modificada.S. Pelotas. 1961. Buenos Aires : Ministério de Agricultura y Ganaderia. Agroclimatologia do Estado do Rio Grande do Sul: V . v. L. 534-574. Bras. HOLDRIDGE. Contribuição ao Estudo do clima do Rio Grande do Sul. Climates of the World and their Agricultural Potencialities. criada no presente trabalho.J. 193-198. 141-150..B.R. Viçosa.R.I.000). Köeppen. 9. Através de maiores estudos. ALBERTIN. 326 p.. HOLDRIDGE.. (Esc. 1.T.Balanço Hídrico Normal Climatologia 1931-1960. Pelotas. MACHADO. WESTPHALEN. HOLDRIDGE. p. 314 p. e Eucalyptus saligna Sm. 1967. 1991. Life Zone Ecology. Zoneamento Agroclimático do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. MATZENAUER. Estudo do clima do Estado do Rio Grande do Sul.T. Porto Alegre. Berlin. 1. 6.. con un Estudio de los Climas de la Tierra. J. Jen-Hu. p. MORENO. 1994. L. 222 p. da. p. de. 101 p. 478 p. Das Geographische System der Klimatologie. 15 mapas. em função da Ta e Tf. • • • Referências bibliográficas ARAUJO..Rev. CHENG. J. et al. Measurement of evapotranspiration. M. ACOSTA. In: Plano U.P. do Rio Grande do Sul.. apresenta clima que vai do Superúmido ao Subúmido. 44 p. Integrado para o Desenvolvimento do Litoral Norte . S. W. BEIRSDORF. PAPADAKIS. Turrialba : IICA-OEA. Costa Rica. TANNER. R. Adequação de Uso do Solo.Precipitação Pluviométrica. 1989. Roessléria. 2). 91 p. 132-141. Agronomy. GESSINGER. 11. n. 1987. p. Porto Alegre : Secretaria da Agricultura. Zonificação Ecológica de Araucaria angustifolia (Bert... Chicago : Aldine. 1962. p. PAPADAKIS. 1:1. p. Agrometeorologia. San Jose. Atlas Agroclimático do Estado do Rio Grande do Sul . Pelotas : Sociedade Brasileira de Agrometeorologia. 2000 149 • A classe Subtemperada apresenta os seguintes intervalos de temperatura: Ta de 18.R. J. 1936. de. 1981b. n. L.R. 2. 1954. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE AGROMETEOROLOGIA. 122 p. Pelotas : Sociedade Brasileira de Agrometeorologia. .. 3 v. Porto Alegre. Tese (Mestrado em Ciencias Florestais . 1. MALUF.R.000. 1974. Climatologia. Indústria e Comércio. existe a possibilidade de se generalizar o uso da classe climática Subtemperada.A. Cap. Subtemperado e Subtropical. apresenta clima Temperado.25-174. MALUF. MALUF. Revista Agronômica.Zoneamento) . O Rio Grande do Sul.. . J. F. MOTA. Instituto Nacional do Pinho. Ecologia e fitoclimatologia florestais. 25-30. W. v.C. Memórias sobre o clima do Rio Grande do Sul.) O. 1986. México : Fondo de Cultura Economica.. 1967. 126-131. A. 1981a. Classificação climática para zoneamento de aptidão agroclimática. 1991. Resumos. In: Macrozoneamento Agroecológico e Econômico do Estado do Rio Grande do Sul. Porto Alegre : Secretaria da Agricultura e Abastecimento.. 289 p.. 1953.. Para Nicarágua. Utilização do Diagrama para Classificação de Zonas de Vida como Metodologia de Zoneamento: Um Exemplo. MAL F J R T Zoneamento Agroclimático. G. 31-56.Curso de Pós-graduação em Ciências Florestais. R. 55-94. 38. v. C. 16. 8. WESTPHALEN.W.Nova classificação climática do Estado do rio Grande do Sul. p. THORNTHWAITE.. 633-655. THORNTHWAITE.. 104 p. An Approach Toward a Rational Classification of Climate. THORNTHWAITE. . Agronomia Sulriograndense. n. p. Geographical review. Centerton.L. J. J. n. 1980. Zoneamento Agroclimático da Cana-de-açúcar para o Estado do Rio Grande do Sul.T.W. 21.T.150 MALUF. 3. S.R. MATHER..R. . C. p. Porto Alegre. 1955. n. C. Geographical Review. 1. MALUF. The Climates of North America According to a New Classification. v. The Water Balance. n. Publications in Climatology. 1931. J. 10.W. 119-129. Centerton. 1948. Centerton. v. v. p. 8. 1.Rev. 2000 151 . 141-150. Bras. Agrometeorologia. n.
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