NEUROANATOMIA 01 - Introdução à Neuroanatomia e Neurofisiologia (2012).pdf

March 28, 2018 | Author: dellionking | Category: Central Nervous System, Human Eye, Cerebrum, Spinal Cord, Nervous System


Comments



Description

Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.2 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. NEUROANATOMIA INTRODUÇÃO À NEUROANATOMIA E NEUROFISIOLOGIA O sistema nervoso (SN) é um aparelho único do ponto de vista funcional: o sistema nervoso e o sistema endócrino controlam as funções do corpo praticamente sozinhos. Além das funções comportamentais e motoras, o sistema nervoso recebe milhões de estímulos a partir dos diferentes órgãos sensoriais e, então, integra, todos eles, para determinar respostas a serem dadas pelo corpo, permitindo ao indivíduo a percepção e interação com o mundo externo e com o próprio organismo. De fato, o sistema nervoso é basicamente composto por células especializadas, cuja função é receber os estímulos sensoriais e transmiti-los para os órgãos efetores, tanto musculares como glandulares. Os estímulos sensoriais que se originam no exterior ou no interior do corpo são correlacionados dentro do sistema nervoso, e os impulsos eferentes são coordenados, de modo que os órgãos efetores atuam harmoniosamente, em conjunto, para o bem estar do indivíduo. Ainda mais, o sistema nervoso das espécies superiores tem a capacidade de armazenar as informações sensoriais recebidas durante as experiências anteriores. Em resumo, dentre as principais funções do sistema nervoso, podemos destacar:  Receber informações do meio interno e externo (função sensorial)  Associar e interpretar informações diversas (função cognitiva)  Ordenar ações e respostas (função motora)  Controle do meio interno (devido a sua relação com o sistema endócrino)  Memória e aprendizado (função cognitiva avançada) DIVIS•ES DO SISTEMA NERVOSO Do ponto de vista anatômico, podemos dividir o sistema nervoso em duas grandes partes: o sistema nervoso central (S.N.C.) e o sistema nervoso periférico (S.N.P.). O primeiro reúne as estruturas situadas dentro do crânio (encéfalo) e da coluna vertebral (medula espinal), enquanto o segundo reúne as estruturas distribuídas pelo organismo (nervos, plexos e gânglios periféricos). Já do ponto de vista funcional, o sistema nervoso deve ser dividido em sistema nervoso somático (S.N.S.) e sistema nervoso autonômico (S.N.A.), de modo que o primeiro está relacionado com funções submetidas a comandos conscientes (sejam motores ou sensitivos, estando relacionado com receptores sensitivos e com músculos estriados esqueléticos) e o segundo, por sua vez, está relacionado com a inervação inconsciente de glândulas, músculo cardíaco e músculo liso. 1 1. Bem como ocorre no que diz respeito às áreas motoras: o hemisfério direito controla o lado esquerdo do corpo e o hemisfério esquerdo controla o direito. Telencéfalo: o telencéfalo é dividido em dois hemisférios cerebrais bastante desenvolvidos e constituídos por giros e sulcos que abrigam os centros motores. de modo que a maioria dos estímulos sensoriais chega ao córtex contralateral cruzando ao longo das vias ascendentes que os conduziu. 2 .1.1. Como na visão. denomina-se sistema nervoso central ou neuroeixo o conjunto representado pelo encéfalo e pela medula espinhal dos vertebrados.  Núcleos da base: conjuntos de corpos de neurônios localizados na base do telencéfalo responsáveis por mediar sinais estimuladores oriundos do córtex e que pra ele se dirige de volta. a depender de sua localização no telencéfalo. Outros sentidos funcionam semelhantemente. etc.1. Anatomicamente.  Córtex cerebral: consiste no manto de corpos de neurônios que reveste todo o telencéfalo perifericamente. memória e controle do sistema nervoso autonômico. Occipital e Lobo da ínsula (esta divisão não se faz do ponto de vista funcional. tronco encefálico e cerebelo (ou seja. memória. sensitivos e cognitivos. ocorre o crossover visual: o campo de visão esquerdo é projetado no lobo occipital direito. o telencéfalo é formado pelo córtex cerebral. Cérebro (telencéfalo + diencéfalo) 1. e medula espinhal a parte que continua a partir do encéfalo no interior do canal vertebral. junto ao sistema nervoso periférico. e tem papel fundamental no controle dos sistemas do corpo. Forma. Encéfalo: corresponde ao conjunto de cérebro. 1 OBS : O corpo caloso é formado por um conjunto de fibras (comissura) que estabelece a comunicação entre os hemisférios. Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008. Permite que estímulos recebidos em um lado sejam processados em ambos os hemisférios ou exclusivamente no hemisfério oposto. são responsáveis pela motricidade. distribuindo-se ao longo dos dois hemisférios: direito (não verbal) e esquerdo (verbal). Temporal.  Sistema Límbico: conjunto de estruturas telencefálicas relacionadas com emoções. OBS²: A informação sensorial é enviada para hemisférios opostos. Além disso. todas as estruturas do SN localizadas dentro da caixa craniana). Denomina-se encéfalo a parte do SNC contida no interior da caixa craniana. 1. o campo visual direito é projetado para o lobo esquerdo. sendo atribuída de acordo com a relação da respectiva região do telencéfalo com os ossos do crânio).1. linguagem (parte motora e compreensão). Parietal. Tais neurônios corticais estão dispostos em camadas e. O princípio básico é a organização contralateral. principalmente do ponto de vista motor. Estruturalmente. sensibilidade. uma vez que as fibras motoras oriundas do córtex motor de um lado cruzam para o lado oposto ao nível do bulbo na chamada decussação das pirâmides. sistema límbico e núcleos de base. auxilia na coordenação e harmonia entre os comandos motores oriundos dos dois hemisférios. Sistema nervoso central (SNC). o sistema nervoso como um todo. é meramente anatômica. Cada hemisfério é constituído de cinco lobos: Frontal. 1.2 DIVISÃO ANATÔMICA DO SISTEMA NERVOSO 1. conectando estruturas comparáveis de cada lado.1. sendo subdividido em hipotálamo. O cerebelo. é o principal centro integrador das atividades dos órgãos viscerais (sistema nervoso autônomo). função esta que é mediada pela formação reticular (agregação mais ou menos difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes. Está alojada no interior da coluna vertebral. Ele faz ligação entre o sistema nervoso/límbico e o sistema endócrino/visceral.1. O tronco encefálico é subdividido em bulbo. fundamentalmente. atingindo entre 44 e 46 cm de comprimento.  Tálamo: é uma massa ovóide predominantemente composta por substância cinzenta localizada no diencéfalo e que corresponde à maior parte das paredes laterais do terceiro ventrículo encefálico. o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos movimentos. sendo um dos principais responsáveis pela homeostase corporal.2. 1.  Epitálamo: constitui a parede posterior do terceiro ventrículo e nele.3. apresenta as seguintes estruturas fundamentais: núcleos cerebelares profundos e córtex cerebelar. Ela se inicia ao nível do forame magno e termina na altura entre a primeira e segunda vértebra lombar no adulto. Tronco encefálico: o tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo. estabelecendo as maiores ligações entre o SNC e o SNP. ponte e mesencéfalo.1. 3 . O tálamo atua como estação retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. com exceção das provenientes dos receptores do olfato. Além destas três funções gerais. primariamente. Possui três funções gerais: (1) recebe informações sensitivas de estruturas cranianas e controla a maioria das funções motoras e viscerais referentes a estruturas da cabeça. (3) regula a atenção. possuindo duas intumescências. o cerebelo é. do encéfalo para a medula espinhal (lado esquerdo do cérebro controla os movimentos do lado direito do corpo e vice-versa). dispondo-se no eixo crânio-caudal. Todas as mensagens sensoriais. Diencéfalo: área localizada na transição entre o tronco encefálico e o telencéfalo.2.2. situando-se ventralmente ao cerebelo.2 1. passam pelo tálamo (e metatálamo) antes de atingir o córtex cerebral. atuando na ativação de diversas glândulas endócrinas. uma cervical e outra lombar (que marcam a localização dos grandes plexos nervosos: braquial e lombossacral).1.1. equilíbrio. um centro responsável pelo controle e aprimoramento (coordenação) dos movimentos planejados e iniciados pelo córtex motor (o cerebelo estabelece inúmeras conexões com o córtex motor e com a medula espinhal). epitálamo e subtálamo. Assim.  Hipotálamo: também constituído por substância cinzenta. está localizada a glândula pineal. Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008. as várias divisões do tronco encefálico desempenham funções motoras e sensitivas específicas. tônus muscular e. separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa a parte central do tronco encefálico). 1. Medula Espinal: corresponde à porção alongada do sistema nervoso central. tálamo. (2) contém circuitos nervosos que transmitem informações da medula espinhal até outras regiões encefálicas e. coordenação motora. em direção contrária. sobretudo. 1. Cerebelo: situado posteriormente ao tronco encefálico e inferiormente ao lobo occipital. postura. ao longo do canal vertebral. IX e X) e em gânglios autonômicos (situados ao longo do curso das fibras nervosas eferentes do SN autônomo). VII. Embora estejam revestidos por capas fibrosas à medida que cursam para diferentes partes do corpo. Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008.1.2 2. Nervos espinhais. 12 torácicos. Estes nervos são importantes por conectar o SNC à periferia do corpo. é conhecido como núcleo). estabelecendo uma ponte de conexão SNC-SNP. Nos sulcos lateral anterior e lateral posterior. No SNP. 5 sacrais e 1 coccígeo. Existem 31 pares de nervos espinhais aos quais correspondem 31 segmentos medulares assim distribuídos: 8 cervicais (existe oito nervos cervicais mas apenas sete vértebras pois o primeiro par cervical se origina entre a 1ª vértebra cervical e o osso occipital). As duas. 4 . trazendo déficits motores/sensitivos para grupos musculares/porções de pele específicos. 5 lombares. que se unem para formar. eles são relativamente desprotegidos e são comumente lesados por traumatismos. Gânglios nervosos. que consistem em feixes de fibras nervosas ou axônios. OBS3: Um nervo corresponde a um cordão formado por conglomerados de axônios que. Os gânglios podem ser divididos em sensoriais dos nervos espinhais e dos nervos cranianos (V. as raízes ventral e dorsal dos nervos espinhais. conduzem informações para e do sistema nervoso central. pode projetar diversos axônios que chegarão às estruturas a serem inverdadas (placa motora ou terminal sensitivo). os nervos cranianos e espinhais.2. Os nervos espinhais são assim chamados por se relacionarem com a medula espinhal. ao longo de seu trajeto. existem as conexões de pequenos filamentos radiculares. sendo representado pelos nervos (e plexos formados por eles) e gânglios nervosos (consiste no conjunto de corpos de neurônios fora do SNC). respectivamente. 2. Dá-se o nome de gânglio nervoso para qualquer aglomerado de corpos celulares de neurônios encontrado fora do sistema nervoso central (quando um aglomerado está dentro do sistema nervoso central. se unem para formar os nervos espinhais propriamente ditos. É a partir dessa conexão com os nervos espinhais que a medula pode ser dividida em segmentos. por sua vez. VIII. Sistema nervoso periférico (SNP) O sistema nervoso periférico é constituído por estruturas localizadas fora do neuroeixo. 2. até o lobo occipital. também constituintes importantes do sistema nervoso periférico. Indivíduos com paralisia no III par não movem a pálpebra.2 OBS4: Na realidade. que cai sobre o olho. como estrabismo divergente (olho voltado lateralmente). Nervo Abducente: Inerva o músculo reto lateral do olho. Nervo Olfatório: se origina no teto da cavidade nasal e traz estímulos olfatórios para o bulbo olfatório e trato olfatório. III. oblíquo inferior. II. justapostos ao filamento terminal da medula.3. Lesões do nervo abducente podem gerar estrabismo convergente (olho voltado medialmente). É responsável ainda pela inervação exteroceptiva da língua (térmica e dolorosa) e proprioceptiva. Espinhais se forem considerados os dois pares de nervos coccígeos vestigiais. VI. Nervo Trigêmeo: apresenta uma grande função sensitiva (por meio de seus componentes oftálmico. reto superior. são 33 pares de Nn. reto medial. Nervo Oculomotor: inerva a maioria dos músculos extrínsecos do olho (Mm. Em resumo. IV. além de apresentar outros sintomas relacionados com a motricidade do olho. reto inferior e levantador da pálpebra) e intrínsecos do olho (M. capaz de abduzir o olho (olhar para o lado). ciliar e esfíncter da pupila). levando impulsos relacionados com a visão até o corpo geniculado lateral e. Suas fibras. cruzam o plano mediano (ainda no mesencéfalo) e partem para inervar os Mm. Além disso. como no olhar feito ao se descer uma escada. é o único par de nervos cranianos que se origina na parte dorsal do tronco encefálico (logo abaixo dos colículos inferiores). oblíquos superiores do olho. V. que põe os olhos pra baixo e para dentro (ao mesmo tempo). apresentam funções neurológicas diversificadas. temos: I. 5 . sendo do lado oposto em relação à sua origem. Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008. como o próprio nome do nervo sugere. maxilar e mandibular) e função motora (inervação dos músculos da mastigação por ação do nervo mandibular). daí. 2. Nervo Troclear: inerva o músculo oblíquo superior. Nervo Óptico: seus axônios se originam de prolongamentos das células ganglionares da camada mais interna da retina e partem para a parte posterior do globo ocular. Nervos cranianos Os 12 nervos cranianos. ao se originarem no seu núcleo (ao nível do colículo inferior do mesencéfalo). Basicamente. DIVISÃO FUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO Do ponto de vista funcional. Sistema nervoso somático (SNS). O nervo interm…dio. o SNP conecta o SNC ‰s diversas partes do corpo. dor. principalmente daqueles que se destacam dos plexos braquial e lombossacral. XI. podemos destacar estruturas centrais (c†rtex motor prim„rio. predominando a a€•o dos m‚sculos com inerva€•o normal. Nervo Hipoglosso: inerva os m‚sculos da lƒngua. a parte do nervo acess†rio que inerva esses m‚sculos … apenas o seu componente espinhal (5 primeiros segmentos medulares). XII. puxando-os anormalmente. 6 . O sistema nervoso autonŒmico … a parte do sistema nervoso relacionada ‰ inerva€•o das estruturas involunt„rias.). etc. sistema lƒmbico. Nervo Vestíbulo-coclear: sua por€•o coclear traz impulsos gerados na c†clea (relacionados com a audi€•o) e sua por€•o vestibular traz impulsos gerados nos canais semicirculares do †rg•o vestibular (relacionados com o equilƒbrio). 1. controle de temperatura e digest•o. Nervo Facial: toda inerva€•o dos m‚sculos da mƒmica da face.2 VII. Nervo Vago: maior nervo do corpo. levando estƒmulos relacionados com tato. por meio do fascƒculo longitudinal medial.) e estruturas perif…ricas (parte motora e sensitiva dos principais nervos do corpo. a motricidade dos m‚sculos da degluti€•o. esternocleidomast†ideo e trap…zio. temperatura. Paralisia de um nervo facial trar„ paralisia dos m‚sculos da face do mesmo lado (inclusive. o que garante um equilƒbrio do movimento dos olhos com rela€•o ‰ cabe€a. Dentre estruturas relacionadas com esta parte da divis•o funcional do sistema nervoso. o m‚sculo liso e as gl‡ndulas localizadas ao longo do corpo. como a contra€•o de um m‚sculo estriado esquel…tico. Para isso. Sistema nervoso autonômico (SNA). etc. sendo importante tamb…m devido as suas conexˆes com n‚cleos dos nervos oculomotor e vestƒbulo-coclear. sublingual e lacrimal. o SN Somático depende da vontade do indivƒduo (volunt„rio) e o SN Autônomo independe da vontade do indivƒduo (involunt„rio). Na verdade. portanto. incapacidade de fechar o olho). que se origina no sulco lateral posterior do bulbo e se estende at… o abdome. VIII. Nervo Glossofaríngeo: respons„vel por inervar a gl‡ndula par†tida. ou modalidades sensitivas elementares e facilmente interpretadas (conduzidas por fibras aferentes som„ticas. press•o. Est„. IX. componente do pr†prio nervo facial. O SN Som„tico (“soma” = parede corporal) … constituido por estruturas controlam a€ˆes volunt„rias. cerebelo. sendo mediado por neurŒnios motores (eferentes) e neurŒnios sensitivos (aferentes). Traz fibras aferentes do pavilh•o e do canal auditivo externo. tais como o cora€•o. 2. relacionado com o controle da vida vegetativa. n‚cleos da base. al…m de nervos mistos. circula€•o do sangue. c†rtex motor secund„rio. al…m dos nervos cranianos que conduzem fibras eferentes som„ticas). Nervo Acessório: inerva os Mm. Realiza. n‚cleos viscerais dos nervos cranianos) e perif…rico (nervos cranianos com fibras eferentes e aferentes viscerais e nervos distribuƒdos ao longo do corpo e vƒsceras. X. Est„ relacionado com a inerva€•o de quase todos os †rg•os tor„cicos e abdominais. • distribuƒdo por toda parte nos sistemas nervosos central (hipot„lamo. … respons„vel por inervar as gl‡ndulas submandibular. forma€•o reticular. al…m de fornecer sensibilidade gustativa para o 1/3 posterior da lƒngua. etc. t„lamo. c†rtex somatossensorial prim„rio e secund„rio. principalmente aqueles oriundos de plexos viscerais). controlando fun€ˆes como a respira€•o. formando em seguida o nervo laríngeo recorrente. tamb…m. Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008. al…m de inervar a sensibilidade gustativa dos 2/3 anteriores da lƒngua. O componente bulbar do acess†rio pega apenas uma “carona” para se unir com o vago. podemos dividir o sistema nervoso em somático e autonômico. existe os plexos de Meissner e Auerbach). Al…m disso. As atividades da parte simp„ticfa do SNA preparam o corpo para as emergŽncias (luta e fuga). a duas outras vesƒculas. dando origem ‰ goteira neural. s•o formadas trŽs outras vesƒculas: (1) prosencéfalo (enc…falo anterior). Existem outros tipos de c…lulas que est•o ligadas diretamente ao suporte e prote€•o dos neurŒnios. a partir da vesƒcula ‚nica que constitui o enc…falo primitivo. O mesenc…falo n•o se divide.2 Sistema Nervoso Autonômico Parassimpático: prepara o corpo. formando o tubo neural. Desta forma. dando origem ao encéfalo primitivo. acomodando o corpo para manter e conservar energia metab†lica: diminui o trabalho cardƒaco. a respira€•o e a press•o sanguƒnea. o tubo neural d„ origem ‰ medula espinhal. correspondendo aos ventrículos cerebrais. de modo que o g‡nglio parassimp„tico localiza-se pr†ximo ou dentro da vƒscera que ele inerva (como no trato digestivo. Sua fibra pr…-ganglionar … longa. devido ‰ presen€a do material lipƒdico que compˆe a bainha de mielina de muitas das fibras nervosas. A substância branca consiste em fibras nervosas (axŒnios) tamb…m infiltradas na neur†glia. correspondendo ‰ principal c…lula deste sistema. estaremos nos referindo a um grande conjunto isolado de corpos de neurŒnio isolados e circundados por subst‡ncia branca. • uma c…lula especializada e dotada de v„rios prolongamentos para a recep€•o de sinais e um ‚nico para a emiss•o de sinais. 5 OBS : Todo o SN … organizado em subst‡ncia cinzenta e branca. e ao canal central da medula. • respons„vel. por exemplo. sua fibra pr…-ganglionar … curta. O prosenc…falo e o rombenc…falo sofrem estrangulamento. O prosenc…falo divide-se em telenc…falo (hemisf…rios cerebrais) e dienc…falo (t„lamo e hipot„lamo). enquanto que o p†s-ganglionar … curta. 7 . verifica-se que. Em sua regi•o posterior (ou inferior).2 O SNA pode ser subdividido em duas partes: o SNA simpático e o SNA parassimpático. os dendritos (canal de entrada para os estƒmulos) e o axŒnio (canal de saƒda). o canal neural. O canal neural persiste nos adultos. no interior do enc…falo. o fluxo sanguƒneo aumenta para os m‚sculos esquel…ticos e ocorre inibi€•o das fun€ˆes digestivas. Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008. dando origem. enquanto que a p†s-ganglionar … longa. A substância cinzenta consiste em corpos de c…lulas nervosas infiltradas na neuroglia. Durante o desenvolvimento embrion„rio. para o repouso e digest•o. tem cor cinzenta. o enc…falo do embri•o … constituƒdo por cinco vesƒculas em linha reta. que se fecha posteriormente. do trabalho e da potencia do m‚sculo cardƒaco. Este possui uma cavidade interna cheia de lƒquido. no interior da medula. pelo aumento da press•o arterial. (2) mesencéfalo (enc…falo m…dio). CƒLULAS DO SISTEMA NERVOSO O neurônio … a unidade sinalizadora do sistema nervoso. o tubo neural sofre dilata€•o. de uma maneira geral. tem cor branca. 2. cada um deles. s•o designadas como neuroglia ou células da Glia. Todas as divisˆes do SNC se definem j„ na 6• semana de vida fetal. 2.1 Sistema Nervoso Autonômico Simpático: prepara o corpo para respostas de “lutar ou fugir” por meio da libera€•o de neurotransmissores como a adrenalina e noradrenalina. Anatomicamente. EMBRIOG‚NESE DO S ISTEMA N ERVOSO O sistema nervoso origina- se do ectoderma embrion„rio e se localiza na regi•o dorsal. que em grupo. quando falarmos de núcleo do SN. (3) rombencéfalo (enc…falo posterior). Em sua regi•o anterior (ou superior). As atividades da parte parassimp„tica do SNA s•o voltadas para a conserva€•o e a restaura€•o das energias (repouso e digest•o). e em ambas existem fibras nervosas aferentes e eferentes. S•o basicamente divididos em trŽs regiˆes: o corpo celular (ou soma). Desse modo. o ectoderma sofre uma invagina€•o. Durante o desenvolvimento embrion„rio. o mesenc…falo n•o sofre divis•o e o rombenc…falo divide-se em metenc…falo (ponte e cerebelo) e mielenc…falo (bulbo). mais fácil será sua difusão através da BHE. conectanto um neurônio a outro. as respostas emitidas pelos tipos celulares distintos também diferem umas das outras. Os astrócitos são as celulas da neuróglia que possuem as maiores dimensões. exclusivamente. Essa propriedade é inerente aos vários tipos celulares do organismo. CÉLULAS DA GLIA Astrócitos. Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008. irritabilidade não é uma resposta. A resposta emitida pelos neurônios assemelha-se a uma corrente elétrica transmitida ao longo de um fio condutor: uma vez excitados pelos estímulos. Quanto mais hidrofóbica (mais lipídica e menos polar) for a substância que alcançar a circulação cerebral. Este fenômeno deve-se à propriedade de condutibilidade. associando as membranas das células endoteliais e dos astrócitos. contam com duas propriedades fundamentais: a irritabilidade (também denominada excitabilidade ou responsividade) e a condutibilidade. têm-se três tipos de neurônios:  Sensorial ou aferente: propaga o potencial de ação para o SNC  Motor ou eferente: prapaga o potencial de ação a partir do SNC  Interneurônios ou neurônios de associação: funcionam dentro do SNC.  Regulação dos neurotransmissores (restringem a difusão de neurotransmissores liberados e possuem proteínas especiais em suas membranas que removem os neurotransmissores da fenda sináptica)  Regulam a composição extracelular do fluído cerebral  Promovem tight junctions para formar a barreira hemato-encefálica (BHE): sua membrana emite pseudópodes que revestem o capilar sanguíneo.: concentrações extracelulares de potássio). como a sustentação e a nutrição dos neurônios. desempenham funções muito importantes. Existem dois tipos de astrócitos: os protoplasmasticos (predominantes na substância cinzenta) e os fibrosos (predominantes na substancia branca).por toda a sua extensão em grande velocidade e em um curto espaço de tempo. da glicólise 9 (metabolismo aeróbio. Estas células. mas a propriedade que torna a célula apta a responder.  Regulação da concentração de diversas substâncias com potencial para interferir nas funções neuronais normais (ex. possibilitando ao organismo a execução de respostas adequadas para a manutenção da homeostase.chamada de impulso nervoso . criando uma resistência para penetração de substâncias tóxicas através do parênquima cerebral. Outras funções que desempenham são:  Preenchimento dos espaços entre os neurônios. Partindo de uma classificação funcional. sejam eles internos ou externos. Irritabilidade é a capacidade que permite a uma célula responder a estímulos.2 NEURÔNIOS Os neurônios são as células responsáveis pela recepção e retransmissão dos estímulos do meio (interno e externo). os neurônios transmitem essa onda de excitação . No entanto. ver OBS ). Seu funcionamento depende. Portanto. 8 . determinando a BHE. Para exercerem tais funções. partindo então do soma (corpo) em direção à extremidade do axônio. Por tanto. função executada pelas células de Schwann no SNP (só que apenas um oligodendrócito contribui para formação de mielina em varios neurônios. Células de Schwann. O crescimento do neurônio se dá de forma caudal: na extremidade axônica. Oligodendrócitos. Células satélites. ao contrario da célula de Schwann. Arlindo Ugulino Netto – NEUROANATOMIA – MEDICINA P3 – 2008. Isso exemplifica os quadros de sequelas por falta de oxigenação cerebral. uma vez que o CK produz uma grande quantidade de coenzimas reduzidas que necessitam do oxigênio para aceptar seus elétrons e. Entre uma célula de Schwann e outra. Essa é a explicação do fato de os neurônios possuírem grandes quantidades de mitocôndrias.invólucro lipídico que atua como isolante elétrico e facilita a transmissão do impulso nervoso. assim. 10 OBS : Caso a degeneração seja em nível de gânglios. Por esta razão. diminuindo a capacidade de regeneração do axônio. a regeneração passa a ser mais precária. 7 OBS : Os axônios atuam como condutores dos impulsos nervosos. Para que o Ciclo de Krebs (CK) funcione adequadamente e o SNC produza ATP em quantidade ideal. que acarreta a existência de uma constrição (estrangulamento) denominada n„dulo de Ranvier. Micróglia. mas pode realizar regeneração. que mieliniza apenas parte de um axônio). nestes casos. quando o neurônio realiza glicólise por metabolismo anaeróbico. constitui o neurilema. produz grandes concentrações de ácido láctico. ou seja. Os oligodendrócitos (ou oligodendróglia) são as células da neuróglia responsáveis pela formação e manutenção das bainhas de mielina dos axônios dentro do SNC. mas que se enrolam em torno de uma porção de um axônio de 7 neurônios do SNP. no tecido nervoso. realizando. Isso acontece porque. uma vez que se trata de uma região com alta concentração de corpos neuronais. Possuem poder fagocitário e desenvolvem. glicólise anaeróbica. Os microgliócitos ou micróglia são as menores células da neuróglia. via Ciclo de Krebs. mas sendo muito ramificadas. o axônio sofre degeneração. o axônio é envolvido por um tipo celular denominado célula de Schwann. Margeiam os ventrículos cerebrais e o canal central da medula espinhal e ajudam formar o plexo coróide. onde estão o citoplasma e o núcleo da célula de Schwann. A parte celular da bainha de mielina. Recebem esse nome por lembrarem o formato de células epiteliais.2 Células epidermóides (Ependimárias). Em toda sua extensão de alguns neurônios. um papel semelhante ao dos macrófagos. os axônios podem ser mielinizados (a mielina protege e isola os axônios) e amielinizados. Em muitos axônios. 8 OBS : Por vezes. A neuroexcitotoxicidade é um caso de excitação exacerbada no crescimento do axônio. o que é uma situação de risco para o SNC. existe uma região de descontinuidade da bainha de mielina. só assim. 11 OBS : A oximetria é um parâmetro fundamental para o SNC. A única maneira que a célula teria de renovar as coenzimas nessa situação seria transformar piruvato em ácido láctico. para fornecer suporte estrutural e nutricional. estrutura responsável por secreta e produzir o líquor (LCR). é necessária uma grande quantidade de O2. Encontradas eventualmente no SNP envolvendo o corpo celular de neurônios nos gânglios. existe uma secreção de fatores de crescimento (hormônios como o NCAM) que estimulam a diferenciação dessa região. oxidarem novamente para participarem de um novo CK. uma vez que suas células principais realizam quase que exclusivamente o metabolismo aeróbico da glicose. as células de Schwann determinam a formação da bainha de mielina . região de maior complexidade da célula. Os axônios periféricos têm capacidade regenerativa relativamente maior que os corticais. Células semelhantes aos oligodendrócitos. 9 . 9 OBS : Como o SNC depende exclusivamente do metabolismo aeróbico. havendo então uma destruição dessa extremidade axônica. há uma diminuição do pH na extremidade do axônio. ocorre degeneração ácida das células nervosas. formando a bainha de mielina nesta divisão do SN (ver OBS ). Isso explica o fato de um êmbolo na corrente sanguínea cerebral (causando um acidente vascular cerebral) poder prejudicar diretamente a funcionalidade de uma determinada região: o CK tende a parar devido a carência de O2 para restaurar as coenzimas.
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.