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não fichamento -REFLEXÕES SOBRE AS PSICOLOGIAS FENOMENOLÓGICAS EXISTENCIAIS
não fichamento -REFLEXÕES SOBRE AS PSICOLOGIAS FENOMENOLÓGICAS EXISTENCIAIS
March 25, 2018 | Author: Leticia França | Category:
Phenomenology (Philosophy)
,
Existentialism
,
Psychopathology
,
Edmund Husserl
,
Psychology & Cognitive Science
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REFLEXÕES SOBRE AS PSICOLOGIAS FENOMENOLÓGICAS EXISTENCIAIS SUAS CONCEPÇÕES DE HOMEM, SEUS MODOS DE CONCEBER OS FENÔMENOS PS RESUMO O presente artigovisa efetuar algumas reflexões sobre o que se define de modo geral como Psicologias Fenomenológicas Existenciais, buscando fundamentá-las no solo filosófico que as origina. Tomar-se-á para organizar as reflexões, o pensamento de Brentano, Husserl, Merleau-Ponty e alguns pressupostos da filosofia existencialista. Pretende-se ainda, efetuar correlações entre as concepções de homem, o modo de conceber os fenômenos psicopatológicos, os métodos de intervenção e as características peculiares da relação terapeuta-cliente engendradas pelas psicologias fenomenológicas existenciais. As reflexões aqui contidas, buscam mostrar as descobertas que efetuamos ao nos debruçarmos sobre os estudos da psicopatologia fenomenológica. A visão fenomenológica provoca na psicologia a idéia do rompimento com as dualidades. Numa intervenção terapêutica, a análise dos fenômenos psicopatológicos utiliza-se da compreensão do sujeito na totalidade das vivências por ele construídas. A psicoterapia fenomenológica existencial repousa numa ação engajada com o paciente, no sentido de abrir certas formas de existir fechadas, repetitivas e que acarretam sofrimento e incapacidade de auto-realização, para novas possibilidades estruturais de existência. Observamos que no cerne das psicologias fenomenológicas existenciais há um esforço ético, no sentido de buscar continuamente que a teorização do psicopatológico e a técnica da clínica não sufoquem a abertura da existência à transcendência. Para nós essa é a questão fundamental. Palavras-chave: PSICOLOGIAS FENOMENOLÓGICAS EXISTENCIAIS. CONCEPÇÕES DE HOMEM. FENÔMENOS PSICOPATOLÓGICOS. MÉTODOS DE INTERVENÇÃO. RELAÇÃO TERAPEUTA-CLIENTE. INTRODUÇÃO A fenomenologia traz um novo modo de ver a psicologia. Desvinculando-a de aspectos meramente científicos - voltados para parâmetros que buscam enquadrar a experiência do humano em uma racionalidade específica – vem a fenomenologia contribuir com um novo olhar, que inclui todas as experiências humanas a partir de uma idéia de homem em relação. O presente artigo, busca efetuar reflexões sobre os aspectos gerais das psicologias fenomenológicas existenciais. Num primeiro tópico, o artigo pretende abordar aspectos referentes à fenomenologia e ao existencialismo, solo onde se constituíram e foram construídos os pressupostos das psicologias fenomenológicas existenciais. O segundo tópico, trata das características gerais das psicologias fenomenológicas existenciais, no que tange, às suas concepções de homem, a compreensão do fenômeno psicopatológico, o método interventivo e a relação terapeuta-cliente no processo psicoterapeutico. Ao final reiteramos os aspectos que consideramos mais relevantes para esse estudo. Pelo olhar fenomenológico o homem é um ser-no-mundo. Essa relação permite que o homem vá recriando esse mundo e sendo recriado por ele. Numa O psicólogo nessa abordagem pode desenvolver o método fenomenológico como base de sua intervenção. a psicologia veria o homem como um ser em permanente construção. pois é através dela que aquilo que um objeto é. se constitui espontaneamente na consciência. 1.Vai estabelecer uma nova relação entre sujeito e objeto – que se refere ao homem e seu mundo. Para ele. O foco da intervenção se centra na visão do homem como um conjunto de possibilidades que ele próprio como sujeito vai atualizando no decorrer da sua existência e a partir da vivência intencional da consciência. tendo sido denominada de “terceira força” em psicologia. assumem um significado mais humano. Considera que a psicologia deveria estudar os atos ou processos mentais e não os conteúdos. Partia então do pressuposto que a consciência é sempre intencional. vem as psicologias fenomenológicas existenciais perguntar-se pelo sujeito na possibilidade do vir-a-ser. que nasce em oposição à orientação mecanicista e reducionista da psicologia tradicional. um método de conhecimento do psiquismo através da busca da essência dos modos do conhecimento. inspirado nas distinções entre fenômenos físicos e psíquicos de Franz Brentano. ele também encontra-se num tipo de relação terapêutica capaz de permitir uma correlação profunda terapeuta-cliente. A FENOMENOLOGIA E O EXISTENCIALISMO – BASE DAS PSICOLOGIAS FENOMENOLÓGICAS EXISTENCIAIS As psicologias fenomenológicas existenciais fazem parte da chamada psicologia humanista. pois tudo o que não é observável é apenas descrito. Nessa ótica as verdades não estariam dadas como prontas e acabadas e o enfoque se dá na descrição dos fenômenos tal como se apresentam à consciência do sujeito. captando a essência da experiência relatada por seu cliente. Brentano dá ênfase á intencionalidade dos fenômenos psíquicos e. portanto. Husserl parte do pressuposto de que as idéias só existem porque são . no momento em que as ciências. a consciência não era uma substância e o que existe é o verbo pensar. e àquelas que acreditam num determinismo psíquico. Ela é descritiva por característica. ao nível da investigação. Na verdade. Pode-se afirmar que a fenomenologia surgiu num processo de revisão das verdades tidas como cientificamente inquestionáveis. Nessa ótica. suspendendo todos os fatos e explicações. Seu postulado básico é a intencionalidade. por conseguinte acredita que o ponto de partida do conhecimento é a intencionalidade da consciência. característica fundamental da consciência. Na perspectiva fenomenológica a psicologia veria o conhecimento como algo decorrente de uma vivência anterior. Vai propor. não há lugar para classificações patológicas que aprisionam o homem em comportamentos e atitudes. precursor de Husserl percebeu que havia fenômenos ou processos mentais que não eram dados à observação. onde o pensamento e o ser estão interligados. Pode-se afirmar que o filósofo Franz Brentano. Husserl foi o criador do método fenomenológico. onde reciprocamente ocorrem influências e expressões da alteridade de cada um.perspectiva fenomenológica. A consciência é sempre referente a algo. Seus fundamentos filosóficos estão calcados na fenomenologia husserliana e no existencialismo. Se contrapondo à concepção positivista de mundo. Para o existencialismo primeiro existimos e depois definimos nossa essência. O mundo é então colocado entre parênteses. é impossível de ser negado. permanecendo na consciência apenas aquilo que. Todo ato/escolha é no sentido de confirmar ou não a . Na psicoterapia é como se acompanhássemos o cliente na sua história face ao sentido. é atingir um tal momento em que o homem possa redimensionar o seu sentido. Essa atitude traria segundo Husserl. Faz críticas ao papel constituinte da consciência e ao humanismo. escolhas. Permitiria colocar todas as verdades em cheque. que tem foco centrado na essência geral do eu. Agimos no mundo por conta de um sentido. descrevendo a experiência tal como se processa de modo a que se atinja a realidade tal como ela é. Faz uma crítica à redução fenomenológica preconizada por Husserl e diz que o afastamento do mundo não é possível. Husserl propõem que o indivíduo suspenda todo o juízo sobre os objetos que o cercam. A fenomenologia busca captar a essência mesma das coisas. refletindo sobre ela e considerando-a em seu aspecto particular. adotando uma espécie de abandono do mundo e recolhimento dentro de si mesmo. por sua evidência. uma vez que elas não poderiam ser consideradas prontas e acabadas. Definimos nossa essência a partir de nossos atos. Suspendendo a sua crença na realidade do mundo exterior. vai tratar da existência humana. a partir das experiências de um sujeito concreto e real. o sentido desse fenômeno global que se chama mundo. Ela busca ultrapassar as experiências reais. Para ele a fenomenologia deve ser da existência e não um fenômeno da consciência. E isso nada mais é do que um conhecer-se na relação com o mundo e consigo próprio. uma verdadeira conversão. que se interessa em conhecer a origem dos sentidos. É ainda. ambas constituem um mesmo fenômeno e estão indissoluvelmente ligadas. Atos são para os existencialistas. Husserl chama de Sujeito ou eu transcendental. Para Merleau-Ponty o mundo não é para uma consciência. Acredita que estamos condenados ao sentido. se explicita a consciência transcendental. considerados como a essência da experiência. outra matriz das Psicologias fenomenológicas existenciais. Retornar as coisas mesmas.idéias sobre as coisas. Considera que mundo e percepção não estão separados. Husserl nos fala ainda que quando se consegue fazer essa suspensão é possível chegar não só a essência do fenômeno como também se presentifica imediatamente a essência do indivíduo que faz esse mesmo exercício. nesse caso. a tarefa efetiva da fenomenologia está em analisar as vivências intencionais da consciência para perceber como aí se produz o sentido dos fenômenos. Esse eu. Portanto. ou seja. do ponto de vista da dicotomia sujeito-objeto e subjetivismo/objetivismo. pois os sentidos são produzidos a partir dos paradoxos. tornar-se senhor das suas atitudes. atendo-se aos elementos ideais. incluindo experiências paradoxais. Nada afirme nem negue sobre as coisas. individual e concreto. O filósofo francês Maurice Merleau-Ponty foi influenciado pelo Existencialismo e pelas fenomenologias de Husserl e Heidegger. Vai propor uma fenomenologia da gênese. No final de sua obra. da sua maneira de ser. Essa individualidade é uma proposta do homem assumir-se totalmente. do conhecer-se profundamente. Para tanto. Ele compreende que voltar à essência dos fenômenos é voltar a esse mundo antes do conhecimento. essência do eu concreto. Já o existencialismo. retornar á experiência do mundo. Husserl admite que a redução fenomenológica não mais se objetiva no sujeito transcendental. de modo que possa dar respostas diferenciadas entre suas necessidades e as exigências que vêm de fora. Influenciada por essas duas correntes filosóficas. Em face dessas considerações sobre o solo em que se gestam as Psicologias fenomenológicas existenciais. que o homem se faz na relação que estabelece com o mundo e com os outros homens. é imprescindível a necessidade de sua liberdade que significa a capacidade de decisão sobre sua própria vida. o homem depara-se com a questão da essência que por sua vez se caracteriza como a natureza de um Ser. um compromisso com a realidade. que antecede a ele e que possui suas normas. E nesse caminho da procura de sua autenticidade. autônomo e responsável. Assim. portanto. Assim sendo. antes de qualquer outro. se ele é totalmente livre para escolher. seus métodos de intervenção. Cada escolha implica em “nadificar” outras possibilidades. É o fato de poder fazer opções que constitui a essência do homem e lhe permite criar seus próprios valores. fazer um projeto de si próprio. concreto. CARACTERÍSTICAS FENOMENOLÓGICAS 2. amando-se. Cada ato se confirma nas escolhas efetuadas. Moreira (1994) fala de um sujeito mundano. o Outro se torna o mediador indispensável. realizando suas próprias potencialidades. Mundano pois compreende. Responsável. a existência é a própria passagem da possibilidade à realidade. o homem aprende que seu amor por si mesmo se transforma na sua própria medida de amar os outros. pois o homem vive num mundo concreto. resgatando a sua historicidade. não deixa de ser para o homem uma fonte de angústia. para criar seu próprio mundo. indistinto.condição pré-existencial que determinou a sua inserção no mundo. compreendemos que dois princípios básicos a fundamentam: consciência é sempre consciência de algo e existência precede a essência. Entretanto. capaz de exercer em plenitude suas potencialidades. Compartilha-se nas Psicologias Fenomenológicas Existenciais de uma visão do homem não como um ser (aquilo que se manifesta em todos os entes – que é tudo que povoa o mundo) universal. Não há como não escolher. Autônomo. mas está sendo na relação com o Outro. tecendo características peculiares da relação terapeuta-cliente e do processo psicoterápico. realizando-se. é também responsável por tudo que faz tendo. Pode. Assim. uma vez que o homem é aquilo que faz e encontrase de certa forma contingenciado por sua situação existencial. E tem de ser uma decisão. tomando por base MerleauPonty. O HOMEM EXISTENCIAIS PARA AS GERAIS DAS PSICOLOGIAS EXISTENCIAIS: PSICOLOGIAS FENOMENOLÓGICAS A concepção de homem traz a idéia de um ser humano como sujeito e não objeto da intervenção terapêutica. pois o considera como arquiteto de sua própria existência. foram as psicologias fenomenológicas existenciais criando suas concepções de homem. seus modos de conceber os fenômenos psicopatológicos.1. o homem é o único ser que pode interrogar-se acerca de si mesmo. Ele é um Ser diante da escolha. com vontade e liberdade pessoais. mas como um Ser particular. pois ele . como já foi dito. responsável. Para que ele possa chegar à autêntica consciência de si. 2. Para que possa ocorrer esta aptidão do homem. consciente e responsável. sair de si para projetar a si mesmo. Ele não é. ele. percebendo a si mesma e ao outro de forma distorcida. Projeto este que deve ser entendido como a procura de atualização da própria essência. a erros. O FENÔMENO PSICOPATOLÓGICO Os fenômenos psicopatológicos. A pergunta vai. Esta condição propicia o desespero no homem. Normalidade e saúde não são aspectos dicotômicos do ser. que ao final contribuem para tornar a sua existência limitada. visto que esta responsabilidade que lhe é inerente o obriga a agir encarando a verdade diretamente. diferentes formas de estar no mundo. mesmo que dentro de padrões e critérios rígidos. são construções que o sujeito vai elaborando de acordo com o modo como ele experiência o mundo. uma vez que eles se afirmam como dimensões significativas do ser. do completar-se. a partir do que existe. Ela compreende que a existência do sujeito é saúde e patologia. Para a psicopatologia fenomenológica. Nesse processo de sofrimento. são co-existentes e olhar um é olhar o outro. Discutir a relação saúde-patologia é refletir sobre a existência do sujeito. A partir dessas construções efetivadas por ele. ao mesmo tempo. Isso ocorre quando os mecanismos de defesa reduzem as suas possibilidades e a sua liberdade. ou ainda. por exemplo. portanto se localizar na existência do sujeito.escolhe sem experiências prévias. Um outro aspecto de manifestação das psicopatologias diz respeito à desorganização da cronologia existencial. portanto. A questão é compreender como existe esse sujeito. Tanto um como outro compõe o sujeito. o modo do sujeito estar no mundo. como. Muitas vezes. ainda que isso seja difícil pelo fato de ninguém poder realizar por ele seu projeto. estando sujeito. o sujeito escolhe uma saída de adoecimento para preservar-se de si mesmo. como se ela desse conta de explicar todas as construções do sujeito. Não há aqui a idéia de centra-se na doença. fazendo-o defender-se de algo e retornando sempre a ele sem possibilidades de ampliação. esquizofrenicamente existe esse sujeito. onde a pessoa vê paralisada a sua existência e experimenta a sensação de perceber a sua vida destituída de realizações e possibilidades. O sujeito muitas vezes escolhe saídas que o possibilitem preservá-lo. É pré-reflexivo. Esses fenômenos podem ter aí uma característica de adoecimento. a psicopatologia fenomenológica vai tentar compreender a natureza dos fenômenos vividos. na mesma medida. Por isso autores como Augras (1986). É importante saber como ele existe. portanto. Escolhas foram realizadas e um modo debilitado e limitado de estar no mundo pode ter sido engendrado. 2. a pessoa perde o contato com as possibilidades existentes no campo organismo/meio. na abordagem fenomenológica existencial. a partir do estudo sobre a maneira como o indivíduo se situa em relação à vivencia do tempo e do espaço. Portanto. é necessário perguntar-se como o sujeito construiu a própria existência e a sua relação com o mundo. Segundo Tenório (2003) a psicopatologia se manifesta através de vivências de sofrimento . singular e diz respeito ao mundo. acreditam que é necessário efetuar uma reconstituição das psicopatologias. Algo que afeta sobremodo o sujeito. ao vivido. vai tratar da relação saúde e patologia. As patologias são. A psicopatologia fenomenológica existencial.2. de algo ou de uma situação. Forma-se então o círculo da repetição. o sintoma não dá condições de compreender o . utilizando mecanismos de defesa. Portanto. A patologia é exatamente reter a possibilidade de saúde. visa não apenas descrever as vivências mórbidas do sujeito e os encadeamentos psíquicos ou naturais que levaram a seu surgimento. Trabalha-se com os conteúdos manifestados pelo cliente. Exige uma presentificação. faltas. de compreender a existência do sujeito na sua complexidade. seu projeto de vida. Trata-se. mas antes. seu modo de estar no mundo.fenômeno psicopatológico. O MÉTODO INTERVENTIVO O método interventivo da descrição é utilizado na clínica fenomenológica existencial. O processo terapêutico buscará não apenas o insight. não há cura. no entanto. mas um processo de restauração. Diz respeito à sua corporeidade. o centro da reflexão vai buscar discutir as questões ontológicas do ser. para que a ela possa ser dado um novo significado. buscar-se-á o fundo mental de onde provém e que determina o seu significado. que significa trazer para o processo terapêutico a experiência tal como ela foi vivida. limitações da saúde. e depende de cada sujeito. mas como flexões da estrutura total do serno-mundo. buscando preservar o si mesmo do sujeito. A RELAÇÃO TERAPEUTA-CLIENTE . Muito mais que a descrição de sintomas. Privação é limitação ou redução da liberdade de existir. Acredita-se que através dele é possível encontrar o sentido das coisas. O emprego desse método. sempre se baseando na sua própria realidade e na sua relação com o mundo. contribuindo para levar ou a tomar consciência do seu projeto.4. A pergunta do COMO presentifica o vivido. 2. A psicopatologia fenomenológica vai propor uma psicopatologia humana e antropológica. a partir do projeto do cliente. de sua escolha de como agir e de sua liberdade. O terapeuta vai assim. a partir do seu livre arbítrio. Os fenômenos psicopatológicos são privações. visando compreendê-la. da forma que ele vem se realizando e de como levá-lo adiante. buscando compreender o fenômeno psicopatológico. caracterizados por fenômenos psicopatológicos.3. dentre outras coisas. 2. não por meio de categorias teóricas abstratas. A forma como se estrutura a existência do sujeito vai definir experiências advindas de fenômenos psicopatológicos. Buscará explorar a histórica de vida do paciente. traz presente os afetos dessa vivência e colabora para redimensionar o sentido da existência. de apreender as condições particulares da existência de um indivíduo singular. Como se estrutura o sujeito? Como ele existe? Considerando que a existência é pura possibilidade de ser. mas sobretudo provocar uma reviravolta existencial através de um aprendizado pela experiência na situação terapêutica. Saúde é a abertura de existir. Não se trata da ausência dela. teorias buscando compreender o cliente em sua alteridade. valores. Envolve ainda uma forma de comunicar-se que deve expressar o que o terapeuta percebe como essencial na fala do cliente e que o toca enquanto pessoa (fala autêntica) e as falas mantenedoras de um nível bom de contato. Isso envolve uma atitude terapêutica de olhar e ouvir plenamente. a observação e a escuta do paciente devem ser realizadas com base em oito dimensões existenciais fundamentais: as dimensões ontológica do homem como ser no mundo. é necessário que o terapeuta exercite uma dupla escuta. seus desejos etc. Uma das funções da psicoterapia é fazer com que o cliente se interprete. portanto uma neutralidade e objetividade. encontre seu próprio lugar no mundo. que diz respeito aos valores inerentes à existência social e individual. social e interpessoal. Suspende-se conceitos. Busca-se um “ser com”. Essa atitude pressupõe por parte do terapeuta um processo de auto-escuta permanente. Não há. Está-se trabalhando com um sujeito que é. até que ele “veja” sua essência consumada.. buscando compreender-se a si próprio no processo. motivacional. corporal. por estar com o outro. É uma relação caracterizada por se fazer presença. A psicoterapia na abordagem fenomenológica existencial é um encontro que tem por finalidade ajudar o cliente a se desdobrar. .A relação terapeuta-cliente dentro dessa abordagem se dá pelo entrelaçamento do mundo fenomenológico do cliente e do terapeuta. Trabalha-se com o sujeito no mundo. ou seja. O processo psicoterápico ao desenvolver-se começa a dar respostas à perguntas no momento em que o projeto existencial se torna mais compreensível. no sentido de que o paciente possa aprender por si mesmo sobre suas escolhas e o modo de experiencia-las. que envolve escutar o cliente e a si mesmo. que lhe pertencem e que o ajudaram a torná-lo quem ele é. o que constitui a estrutura do “ser junto” em uma temporalidade de um presente intrínseco. as psicologias fenomenológicas existenciais utilizam-se da redução fenomenológica como estratégia para estar na relação com o cliente. pedaço por pedaço. espaço-temporal e axiológica. legitimadora da autenticidade do encontro. No processo terapêutico. A situação terapêutica deve constituir-se num encontro. É ouvir a fala do outro em toda a sua dimensão. Pode-se afirmar ainda que o trabalho da clínica é facilitar no sentido de que o sujeito perceba outras formas de existir no mundo. absolutamente original. Portanto. contextualizado e que tem a sua história de vida. Essa relação é caracterizada por um envolvimento como uma confluência. Segundo Romero (1997). seu cotidiano e seu passado. São duas alteridades em relação mútua. até que ele possa identificar e experienciar o conceito de si próprio. pura possibilidade. que envolve uma atitude de reciprocidade e disponibilidade. confrontando-os com sua própria realidade. Trata-se de disponibilizar-se para que o outro se faça presente na sua expressão mais radical de alteridade. A intervenção terapêutica vai buscar ajudar. que potencializa a compreensão do inaudível e do olhar para além daquilo que está posto. da práxis. em suma. a partir do instante em que as figuras vão se configurando e ocorre a resolução de situações até então inacabadas. afetiva. fora das repetições do passado e aberta às possibilidades do futuro. Sp – Ed. 1991. a contradição. 1996. PENSADORES). 1993. CONCLUSÕES Consideramos que a abordagem fenomenológica existencial em psicologia é extremamente rica e envolve trabalho árduo. Não prevendo um distanciamento entre terapeuta e cliente. o impasse. DARTIGUES. torna-se necessário que o terapeuta esteja sempre refletindo sobre suas experiências. DICIONÁRIO BÁSICO DE FILOSOFIA. Percebemos que essa abordagem visa construir junto com o cliente o seu processo de emancipação humana. Concluindo. 1986. São Paulo: Pioneira. mas distinguindo bem os papéis de cada um. tem como princípio a crença no homem-em-relação. JAPIASSÚ.Yolanda Cintrão. o conflito.J. M. TEXTOS São Paulo. Virgínia.3. Assim. Envolve um processo de auto-análise. na sua forma de estar no mundo. Georges D. a culpa. PSICOTERAPIA FENOMENOLÓGICA EXISTENCIAL: ASPECTOS TEÓRICOS DA PRÁTICA CLÍNICA COM FOCO NAS COMPETÊNCIAS. a angústia. sem escamotear a dor.Hilton e MARCONDES. tendo o cuidado para saber diferenciar bem os papéis e identificar seus próprios conteúdos existenciais. Consideramos que em face das características apresentadas por essa abordagem. Essa abordagem envolve ainda a compreensão de que os processos não são lineares e que o terapeuta não tem o controle de tudo. vista como uma proposta fenomenológica existencial. na sua forma radical de escolher sua existência no tempo. FIGUEIREDO. esse homem encara o vazio. MAURICE. Abril ESCOLHIDOS Cultural. – NOÇÕES BÁSICAS DE FENOMENOLOGIA – Texto xerocado. O poder que detém enquanto saber elaborado é colocado efetivamente a serviço do cliente numa relação de mão dupla. um grande desafio para quem dela faça a sua opção. MERLEAU-PONTY. traz essa perspectiva. André – O QUE É A FENOMENOLOGIA? SÃO PAULO. Moraes. a morte. (OS 1980. pode-se dizer que a psicoterapia. Nessa abordagem o terapeuta está seguramente também sendo trabalhado. 1992. MÉTODOS E PESQUISA. no sentido de que ele também vá se depurando e crescendo com o processo.. 3ª Edição. RJ: Vozes. PSICOLOGIA FENOMENOLÓGICA: FUNDAMENTOS. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. Luís Cláudio Mendonça. Danilo. O SER DA COMPREENSÃO: FENOMENOLOGIA DA SITUAÇÃO DE PSICODIAGNOSTICO. Trabalho apresentado durante o VII Encontro Latino . Petrópolis. Petrópolis: VOZES. FORGHIERI. BIBLIOGRAFIA AUGRAS. sempre buscando acharse e transcender-se. auto-escuta e auto-conhecimento permanentes por parte do terapeuta. MOREIRA. MATRIZES DO PENSAMENTO PSICOLÓGICO. BORIS. Autor: LISE MARY SOUZA SALGADO Leia também: 17 de Dezembro de 2006 .Todos os direitos reservados (85) 3224-4187 -(85) 8885-2011 .FINIS CORONA OPUS: A TERCEIRA ETAPA 1 de Janeiro de 2007 . O INQUILINO DO IMAGINÁRIO: FROAMS DE ALIENAÇÃO E PSICOPATOLOGIA. Carlene Maria Dias – A PSICOPATOLOGIA E O DIAGNÓSTICO NUMA ABORDAGEM FENOMENOLÓGICA-EXISTENCIAL in Revista da Faculdade de Ciências da Saúde do Centro Universitário de Brasília. 2003. MORENO Av. TENÓRIO. Maragogi.Americano da A.Narcisismo y vincularidad. ROMERO. E. 1997.C.. 1994.EXCLUSÃO-INCLUSÃO NA VIDA E OBRA DE J. Brasília. UNICEUB.Inteligência Emocional 31 de Dezembro de 2006 .P.. 5 de Janeiro de 2007 .JACOB LEVY MORENO 1889-1974 19 de Dezembro de 2006 . AL.ETAPAS DE UM PROCESSO TERAPÊUTICO 8 de Novembro de 2007 . L. Miguel Dibe.DALMIRO BUSTOS . SÀO Paulo: Lemos Editorial. Brasil. 178 Fortaleza Ceará Institudo de Psicograma © 2010 .
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