DANIELE RIBAS PRÉCOMA MOROVÍDEO-DOCUMENTÁRIO SOBRE A PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL – UMA HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Especialista do Curso de Pós Graduação Lato-Sensu Especialização em Psicomotricidade Relacional, do Centro Internacional de Análise Relacional – CIAR em convênio com a Faculdade de Artes do Paraná – FAP. Orientador: Ms. André Luiz M. Cavazzani CURITIBA 2009 2 3 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a André Lapierre, pela criação dessa brilhante ferramenta que é a Psicomotricidade Relacional, meu eterno respeito. Ao Leopoldo Vieira, grande mestre, cujos olhares estão sempre voltados ao outro e a capacidade de transformação social que esta ferramenta possibilita, e que desde o princípio me deu forças para a constituição deste vídeo-documentário, meu reconhecimento e admiração. Ao meu esposo, que sempre acreditou em meu potencial e não mediu esforços para que este desejo se tornasse realidade, pela paciência e compreensão, muito obrigada. Ao Professor André Cavazzani, por ter me aceito enquanto orientanda, pela qualidade da sua orientação, seus apontamentos e acolhida nos momentos de facilidades e dificuldades encontrados no decorrer dessa caminhada, agradeço. Aos meus pais, que sempre me acompanham e incentivam meus passos nessa vida, minhas escolhas pessoais, estudantis e conseqüentemente profissionais, meu sucesso decorre de vocês, sou profundamente grata. Ao meu irmão, que pode me acompanhar em muitos momentos na produção deste vídeo-documentário, agradeço. Ana Clara Perroni, Pietro Michelin, Sarah Gusi, Luana Sgoda, Juliana Luisa Santos, Giovanna Infantini da Rosa, Paola Kolody, Ivone Azevedo, Lilian Lopes, Naur Meca, Chen Jen Li, Anthony Coler, Sandra Cornelsen, Jorge Sesarino, Beatriz Frehse, Jorge Fernandes, Luci Ane Rosa, Ana Elizabeth Guerra, Eloim Biscaia, Luiza Helena Rocha, Maria Isabel Batista, André Cavazzani e Leopoldo Vieira, pelos momentos concedidos para gravação dos depoimentos, bem como, pelas palavras que muito contribuíram para este vídeo-documentário, sem vocês, nada disso seria possível, meu carinho e gratidão. Ao Anderson Costa e a Ana Elizabeth Guerra, pela paciência em me auxiliar na busca de materiais para ilustrar a edição do vídeo-documentário, sou grata. A todos os meus amigos da Turma 10 (Formação Especializada em Psicomotricidade Relacional – CIAR), Professores, Supervisoras e Formadores Pessoais que me auxiliaram a crescer no decorrer da Formação Pessoal, Teórica e Profissional, meu muito obrigada. LAPIERRE.41-42) . para aqueles que a conhecem e em particular para aqueles que com ela atuam. do que a Psicomotricidade Relacional. BATISTA. (VIEIRA. pois em geral.4 É difícil pensar num desafio mais sedutor para a reflexão e para a investigação. desperta a ânsia de praticar até esgotar o desejo e a sede de compreender e de se maravilhar com sua própria natureza. p. 2005. por meio da produção de um vídeo-documentário. Organizar um material por meio de uma produção em áudio-visual. clínicos e empresariais. Formação Profissional e Pessoal. O que instigou a elaboração desta pesquisa e da produção do vídeo-documentário foram alguns questionamentos previamente levantados com relação a facilitar a divulgação da teoria e prática da Psicomotricidade Relacional. Buscou-se aspectos relevantes em relação à concepção de história e ciência. clínicas e empresas. Teoria e Prática. a concepção de Psicomotricidade e Psicomotricidade Relacional. as nuances da formação e prática profissional do psicomotricista relacional. Psicomotricidade Relacional. Produziu-se um vídeo-documentário para registrar – no contexto atual – o processo de consolidação da Psicomotricidade Relacional enquanto ciência. . verifica-se a teoria e a prática da Psicomotricidade Relacional em escolas. metodologia e profissão.5 RESUMO Este trabalho traz uma reflexão sobre a prática da Psicomotricidade Relacional nos diferentes âmbitos escolares. pode facilitar a compreensão dessa proposta que possui peculiaridades próprias. Frente aos autores pesquisados e depoimentos coletados por meio das entrevistas. que já escreveram ou estudaram a Psicomotricidade Relacional. PALAVRAS-CHAVE: Psicomotricidade. quase torna uma nova ferramenta na construção histórico/científica da Psicomotricidade Relacional. e a formação do profissional que deseja atuar com esta ferramenta. coletando depoimentos de profissionais da área. ......................................... CONTRA CAPA .......................................... 38 ENTREVISTADOS................................................................................................................................................................................3 3... 38 3....... 70 ANEXOS .......................... Escolar e Organizacional ..............5 2.................................................. 85 BANCO DE MEMÓRIA ...................................................................3.....6 SUMÁRIO 1 2 INTRODUÇÃO.................................................................................................................... 32 A PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL NAS ORGANIZAÇÕES ........................................ 27 A PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL NA CLÍNICA .....1 3............................... 8 HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE ..... 75 MEMORIAL ANDRÉ LAPIERRE ......................................................... 45 Compreendendo a Psicomotricidade Relacional........... 57 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..... 75 PAUTAS PARA AS ENTREVISTAS. 104 VÍDEO-DOCUMENTÁRIO .........2 3...............................................3 3........................2 2......................... 14 HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL ........... 47 Formação dos Profissionais ......................................... 69 REFERÊNCIAS ..4 2.................................................................................4 PRODUÇÃO DO DOCUMENTÁRIO ............1 3.............................8 CIÊNCIA E HISTÓRIA .3.....6 2...............................................3 2.......7 2.............. 44 Breve Histórico . 18 A ESSÊNCIA DA PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL ..........................................2 3............................. 40 RESULTADOS ............... 51 Prática Clínica...................................................................................................................................................................3........................................................ 7 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .....3............................................................................................... 22 A PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL NA ESCOLA ................. 34 3 PESQUISA DE CAMPO ................................................................................... 8 2................................ médio e grande porte. bem como. a produção de um documentário em vídeo o qual buscou reunir testemunhos que permitem tanto mostrar o “estado da arte” no que se refere à Psicomotricidade Relacional. nas escolas com enfoque preventivo e no campo organizacional no aprimoramento do potencial humano. Destacando-se como uma ferramenta polivalente. sociais e relacionais também sejam expressas de forma espontânea. Para tanto esse trabalho ficou dividido da seguinte forma: Fundamentação Teórica – acerca da Ciência e História. o adolescente e o adulto podem expressar sua liberdade e autenticidade. clínicos e organizacionais. a Psicomotricidade Relacional tem ganhado notoriedade mediante os importantes resultados alcançados em clínicas com foco terapêutico. em empresas de pequeno. Isso posto. tendo em vista o fato de que a Psicomotricidade Relacional é uma metodologia relativamente nova. relatando sua história e prática nos diferentes âmbitos escolares. da Essência da Psicomotricidade Relacional. quanto retomar as origens históricas dessa metodologia tão instigante. permite que as habilidades motoras e as demandas afetivas. da Psicomotricidade Relacional na Escola. Além disso. trechos dos depoimentos propriamente ditos. na Clínica e nas Organizações – e Pesquisa de Campo – na qual constam as pessoas que participaram deste trabalho com seus testemunhos para o vídeo-documentário.7 1 INTRODUÇÃO O escopo desta monografia envolve a produção de um vídeo-documentário sobre a Psicomotricidade Relacional. justifica-se o escopo principal desse trabalho. . O trabalho da Psicomotricidade Relacional possibilita um tempo e um espaço onde a criança. do Histórico da Psicomotricidade e da Psicomotricidade Relacional. qual seja. . entre outras..) Ciências humanas.... através da procura do que se esconde por trás daquilo que simplesmente se nos mostra como observável. porém nem todas as descobertas implicam numa . mas também em termos práticos.. (. observação e classificação de fenômenos gerais. de acordo com o Dicionário Aurélio. como.. a evolução e o progresso dos conhecimentos humanos. ou seja..) conhecimentos humanos considerados no seu todo. (FERREIRA. A ciência é o estudo da natureza. Assim. porém. a lingüística e a história. a filosofia. As que estudam o comportamento do homem individual ou coletivamente.2 CIÊNCIA E HISTÓRIA Com o intuito de aprofundar a importância da produção de um vídeodocumentário sobre a história da Psicomotricidade Relacional. num foco de amplitude. a experiência de fatos e um método próprio. em suas definições traz ramo de conhecimento sistematizado como campo de estudo ou observação e classificação dos fatos atinentes a um determinado grupo de fenômenos e formulação das leis gerais que os regem (. 150) O Dicionário on-line de Língua Portuguesa Michaelis por sua vez. segundo a sua natureza e progresso. mas não é uma propriedade da natureza e sim uma aquisição do ser humano. Fazer ciência é observar a natureza através de experiências.) soma dos conhecimentos práticos que servem a determinado fim (. Filho (2008-b). (. é possível perceber como ciência. por meios de estudo. p. também se utiliza dos termos como estudo da natureza. Ciência do latim scientia. 1988. a psicologia. Processo pelo qual o homem se relaciona com a natureza visando à dominação dela em seu próprio benefício.) Filos. Concordo que ciência implica no ato de descobrir e/ou inventar. sim. faz-se necessário destacar e definir as questões referentes à ciência e à história.8 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2. especialmente os obtidos mediante a observação. pode ser definida como: conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto. produzidos não somente em termos racionais e teóricos. Nestes casos o teorizador adota. 14) afirmam que “as teorias científicas são apenas modelos calcados sobre uma realidade desconhecida. à sondagem de possíveis "variáveis escondidas" a comportarem a existência de hipóteses ainda não visualizadas. Lapierre e Aucouturier (2004. hierarquiza sua importância significativa e busca princípios gerais para ordená-la”. Filho (2008-a) numa produção sobre Ensaios sobre filosofia da ciência argumenta que esse método. ou seja. artifícios outros. ou seja. esses novos conhecimentos de alguma forma. reinventar. As teorias nem sempre são testadas por suas hipóteses mas por suas previsões. passando a . essa produção não englobam apenas a dedução de hipóteses. pelo fato de levarem à dedução de teorias que fazem previsões. e não pertencentes ao "plano da práxis". podem ser sistematizados e. afirma a existência também da produção de teorias com múltiplas hipóteses. com uma determinada importância e relevância para a construção da Ciência propriamente dita. é possível descobrir. Por vezes estes artifícios têm como finalidade fortalecer argumentos a respaldarem uma ou outra das hipóteses ainda não testadas. podemos dizer que relacionam-se à chamada lógica transcendental de Kant. por outras têm por finalidade a dedução do "entrelaçamento entre as hipóteses" a dar corpo à teoria. Em outro artigo de Filho (2008-b). em construção científica. como se constrói ciência. a autora indaga-se sobre o porquê do homem sentir a necessidade de descobrir e inventar. 5-6) crê que a ciência se move entre níveis de informação que apresenta “os fatos e os mecanismos primários do que acontece” e de conhecimento “que reflete sobre a informação recebida.9 atividade científica. Estes procedimentos. é preciso abordar as questões referentes ao método científico. Savater (2001. criar. Portanto. Desse modo. Quando se fala em ciência. inventar. em geral. e anteriormente a ela". mesmo quando estas descobertas venham a se incorporar a nosso cabedal científico. são incorporados no saber científico. que permitem que "se determinem os conceitos que se relacionam aos objetos independentemente da experiência. p. a evolução ocorre apenas com a mudança de modelo para que se tenha uma melhor percepção da realidade”. Utiliza-se do potencial criativo do homem para afirmar as potencialidades e infinidades de conhecimentos adquiridos no simples fato de “observar e/ou experimentar a natureza”. p. com freqüência. ou mesmo. Sem dúvida esse sentimento surgiu a partir do momento em que o homem passou maravilhar-se com a observância da regra da repetitividade. Portanto. Esse tipo de acepção indica a arte de retratar o passado. acontecimentos ou particularidades relativas a um determinado assunto. p. no sentido de criar uma ciência. em sua unidade e em sua significação global.” A palavra História. refere-se especialmente ao conhecimento sistematizado (tal qual como a ciência). O que pode-se compreender dessa visão de história é que a realidade não pode ser atingida. de modo mais "objetivo" possível. (OLIVEIRA. parte do pressuposto que “o histórico constitui determinação essencial do fenômeno humano. em geral. que segundo Ferreira (1988. enquanto se permanecer à superfície dos acontecimentos.. o desenrolar da história real. A tematização de reflexão sobre o objeto nos introduz na filosofia da história. porém instituindo os principais eventos relativos à humanidade ou a parte dela. constituindo o objeto da Historiografia.) é a que trata de reconstruir.3). portanto. por meio de uma visão objetiva e outra filosófica. pois todo o objeto ou fenômeno . Com efeito... Oliveira aponta dois tipos de interpretações. 344) refere-se a uma “narração metódica dos fatos notáveis ocorridos na vida dos povos. p. algo que costumo chamar por princípio científico fundamental. (. à medida que notou que os fenômenos se repetem. A História objetiva. esforçando-se em compreender a história como tal.” Desde os primórdios da filosofia. busca-se definir e conceituar história. segundo Oliveira “terá como objetivo a apreensão da totalidade. pois assim poderemos obter o sentido mais íntimo que se oculta por trás dos acontecimentos. implicando com isso um esforço para apreender as relações que os unem. o homem começou a perceber que poderia utilizar-se de sua atividade criativa. busca-se definir e conceituar a História. Aqui.. pressupondo uma prévia investigação. Pois do contrário não faria sentido pensarmos em experimentação. Os fatos são apenas manifestações exteriores. Quartim apud Cavazzani (2006. em particular na vida da humanidade. refletir e perceber a realidade por meio da “teorização e a executar experiências”.10 questionar. o devir das civilizações. segundo esse mesmo autor. já remetem a uma observação de fatos e da evolução da história. a percepção de que os fenômenos se repetem.) Narração de fatos. 2008) Já a interpretação da História com um sentido filosófico. (. documento era sobretudo um texto. insistiram sobre a necessidade de ampliar a noção de documento: "A história faz-se com documentos escritos.11 comporta um aspecto histórico. adquirem significação e conteúdo quando abordados historicamente. “(. é um produto da sociedade que o fabricou segundo as relações de forças que aí detinham o poder.3) Le Goff (1990. Quando estes existem. (Ibdi. afirmando que “nenhum objeto possui em si mesmo as condições totais e absolutas de sua inteligibilidade. transmitido pelo som. o monumento caracteriza-se ao poder de perpetuação. Cavazzani (2006.)” Samaran apud Le Goff (1990.. enquanto tal. ou de qualquer outra maneira". como acorda Le Goff (1990. documento escrito. independente da revolução documental e entre os seus objetivos está o de evitar que esta revolução necessária se transforme num derivativo e desvie o historiador do seu dever principal: a crítica do documento – qualquer que ele seja – enquanto monumento. quando não existem (.) O documento é monumento. ilustrado. Porém. a imagem.” (Ibdi.. p. sem dúvida..” Conforme o autor. a história. 545) Assim. 535) afirma que “A memória coletiva e a sua forma científica. pioneiros de uma história nova. 2006. p. Buscando compreender e distinguir as diferenças existentes entre as concepções de documento/monumento.. p.. 540) acrescenta não haver história sem documentos: “Há que tomar a palavra 'documento' no sentido mais amplo. sendo. isto é. Só a análise do documento enquanto monumento permite à memória coletiva recuperá-lo e ao historiador usá-lo cientificamente. deve fazer-se sem documentos escritos.. p. aplicam-se a dois tipos de materiais: os documentos e os monumentos. tem-se: A concepção do documento/monumento é. O documento não é qualquer coisa que fica por conta do passado. com pleno conhecimento de causa. p. Mas pode fazer-se. inclusive aqueles que dizem respeito à natureza do homem. 540-541) Os fundadores da revista "Annales d'histoire économique et sociale" (1929).” O autor acrescenta ainda que “os problemas de nosso tempo. p. 1990. voluntária ou involuntária. passível de ser historicamente descrito”. Resulta do esforço das sociedades históricas para impor ao futuro – voluntária ou involuntariamente – determinada . pois. e por sua vez.3) acrescenta indagações de Charles Mills. caminham para a consolidação da mesma como Ciência. por meio de José Leopoldo Vieira. numa definição errônea. a produção de um vídeo-documentário torna-se mais uma ferramenta na construção histórico/científica da Psicomotricidade Relacional. Logo. A Psicomotricidade Relacional é uma vertente da Psicomotricidade e foi criada na França na década de 70. como reforça o autor. Sendo assim. percebeu-se o quanto ainda há dúvidas e equívocos quanto à teoria e prática da Psicomotricidade Relacional. mais uma ferramenta para o conhecimento da sua teoria e prática. contou com a parceria de Maria Isabel Batista Bellaguarda. o “novo documento” deve ser tratado como documento/monumento.. ampliaram-se os conhecimentos teóricos. pelo educador André Lapierre. A partir da problematização. “De onde a urgência de elaborar uma nova erudição capaz de transferir este documento/monumento do campo da memória para o da ciência histórica. bem como. descritos e teorizados em conceitos e definições palpáveis a que se referem à natureza e humanidade. p.” (Ibdi. a prática com os eixos . Portanto. já acompanhava as relações entre os indivíduos.” (LE GOFF.12 imagem de si próprias. pergunta-se: Qual a relevância histórico/científica do vídeo documentário sobre a trajetória da Psicomotricidade Relacional desde sua criação na França até a consolidação no Brasil? Escolheu-se produzir um vídeodocumentário sobre a Psicomotricidade Relacional pelo fato de possibilitar a profissionais e estudantes interessados nessa ciência em construção. constituíram esta metodologia em teoria e sucessivamente. que iniciou os trabalhos nessa área e posteriormente. permeada pela história de vida pessoal e profissional de André Lapierre. já que a “Psicomotricidade” por si só. 548). bem como. Ciência e História convergem ao abordarem fenômenos e fatos da realidade. Quando se conheceu essa teoria. Argentina e especialmente no Brasil. Itália. p. juntamente com sua filha Anne Lapierre e outros profissionais que se destacam nesse percurso histórico como José Leopoldo Vieira. Ao se optar pelo Curso de Especialização em Psicomotricidade Relacional. 549) Dessa forma. a Psicomotricidade Relacional como uma ciência em construção. Espalhou-se e encontrou semeadores na Espanha. observados e experimentados. criador dessa prática. 1990. de que não seria necessário abordar o termo “relacional”. 205 de 3 de maio de 2007: “Fica autorizado o Poder Público a instituir na Rede Pública de Municipal de Ensino atividades de psicomotricidade relacional. simultaneamente.” 1 . Para concretizar esse pensamento em termos históricos. Em relação aos termos científicos. sendo muitas vezes. absurdas. às transformações da sociedade em termos políticos. Oliveira (2008) argumenta que a história em seu processo “propõem-se lidar. nada impede que uma idéia venha a ser aceita até mesmo quando não há experiência alguma a comprová-la. Tais proposições devem ser depuradas e é neste processo que poderão vir a ser refutadas. é relevante enumerar e destacar a evolução histórica dessa metodologia de trabalho. A partir de 1990 no Brasil e no mundo se estruturou as primeiras pesquisas. entre outros. sendo esse um dos motivos que gerou o desejo de produzir um material. Caracteriza-se ainda como o primeiro município do Brasil a aprovar o Projeto de Lei 1 para implantar a prática da Psicomotricidade Relacional nas escolas públicas. e à primeira vista. A percepção da distinção existente entre as vertentes se clarificou. Curitiba é referência por ter a primeira escola privada.” O autor faz referência. apontando as transformações verificadas nos indivíduos e grupos a partir da Psicomotricidade Relacional. quanto o profundo na cena histórica.13 temáticos de Formação Pessoal e Estágio Supervisionado. além de publicações bibliográficas a construção dessa metodologia. para se fazer História. a ampliação desse mercado de trabalho. bem como. surgem através do livre pensar. religiosos. que relatasse a essência da Psicomotricidade Relacional e os aspectos que a diferenciam das demais linhas de Psicomotricidade. Embora não se constitua uma regra. que implantou no currículo essa prática. jurídicos. as primeiras turmas de formação de profissionais em Psicomotricidade Relacional e conseqüentemente. científicos. conforme Filho (2008-a). artísticos. no que Diário Oficial – atos do município de Curitiba – Lei Nº 12. Portanto. É relevante mostrar o quanto ainda essa prática pode beneficiar aqueles que dela se utilizem. É necessário documentar. no caso de se mostrarem contrárias à experimentação. mesmo no campo das ciências. de acordo com Filho (2008-a) Novas idéias. com os fatos históricos que permitem descrever tanto o superficial. Resistindo a esta etapa. é preciso primeiro ter condições para agir. espera-se que venham a propor novas experiências (previsões de fenômenos ou fatos) para que ganhem credibilidade. a Escola Terra Firme. a qual se iniciou desde que o homem passou a produzir linguagem e cultura material. Quando uma resposta científica funciona como tal já não tem sentido insistir na pergunta. “a primeira coisa que salta aos olhos não é o que as distingue mas o que as aproxima: tanto a ciência como a filosofia tentam responder a perguntas suscitadas pela realidade. p. 9). isto é. Em todo caso. 2. 2-3) ela retoma a história da evolução do homem moderno. multiplicando perspectivas e ares de conhecimento. para então. Afirma que a Ciência busca conhecer o que existe e o que acontece. em terceira circunstância. busca saberes e não suposições. ou seja. separava corpo e alma. encarnada na fisiologia humana. (SAVATER. adotando um ponto de vista impessoal para falar sobre todos os temas. A Psicomotricidade vem em busca do estudo da história da noção corporal. Antes do século XX. documentar a trajetória pessoal e histórica do que levou André Lapierre a modificar sua prática com a Psicomotricidade. de forma fragmentada e especialista.14 se refere à satisfação das necessidades em termos materiais. respostas que satisfazem de tal modo à questão colocada que a anulam e dissolvem. tanto as ciências como as filosofias respondem a perguntas suscitadas pelo real. Assim.3 HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE É impossível delimitar o início da Psicomotricidade. explicando a funcionalidade é um fator de credibilidade. adquirir novas necessidades. Assim. porém. p. p. Em segundo lugar. propondo as experiências teóricas e práticas para além dos livros e publicações já existentes. pois conforme Cavazzani (2006.” Acrescenta que atualmente. estudando o corpo somente em sua estrutura física. 7) aborda a diferença entre Ciência e Filosofia. haver o desenvolvimento histórico. o mesmo autor acrescenta . a Ciência pretende explicar como as coisas são constituídas e como funcionam. Mas a essas perguntas as ciências dão soluções. o dualismo proveniente de Descartes. criando a Psicomotricidade Relacional. 2001. pelos quais homens se renovam diariamente e se constituem em termos familiares. Savater (2001. o adjetivo psico-motor. Tissie e Dupré são enfatizados na fundação da Psicomotricidade. os autores Wernick. já Ajuriaguerra apud Vieira. uma matriz fragmentária cara aos círculos científicos novescentistas — leiam-se aqui as influências do paradigma cartesiano e. A abordagem neuropsicológica apresenta o cérebro como mandante e a motricidade como executante de estímulos. dividindo o desenvolvimento motor em três fases: organização da estrutura motriz. a Psicodinamia. começa por abandonar o termo psico-motor (com hífen). organização do plano motor e automatização do adquirido. (Ibdi. (2005). 5) a Psico-motricidade nasceu para a ciência. quando emergiria pela primeira vez do contexto médico – tendo em pauta as descobertas da neurofisiologia . passa a fazer uso da ligação do movimento com pensamento. refere-se à função tônica como base de toda ação corporal e relação com o mundo. Ernest Dupré remete-se à noção contemporânea da Psicomotricidade.15 há que se perspectivar que enquanto campo científico. A partir daí várias abordagens passaram a explicar essa união do termo Psicomotricidade. 2006. Lapierre (2005) acreditava . Com a neuropsiquiatria. na maneira com que foi originalmente grafada. Na abordagem bio-psicológica. Filha de seu tempo trazia implícita. 2006) Atualmente. isto é. a partir do segundo quartel do século XIX. visando à cura. por autores como Vitor da Fonseca. As abordagens genéticas trazem a maturação biológica e as experiências vividas como influências da personalidade através do desenvolvimento motor. Wallon apud Vieira. traz uma ligação íntima entre processos psíquicos e motores. como se enuncia matematicamente. grafado por influência cartesiana. as paralelas psicomotoras. método que chamou de mediação do movimento. Philipe Tissie. Batista. 3) Em 1901. do Comtismo — que tendiam a encarar. p. apesar de estarem situadas num mesmo plano (nesse caso o corpo humano) jamais apresentam um ponto de interferência. Lapierre. (CAVAZZANI. De acordo com Cavazzani (2006. adota o termo psicomotor (sem hífen). Batista.. o fenômeno psíquico e o fenômeno motor à imagem de duas paralelas que. em que se acreditava que o paciente disciplinaria a razão se dominasse o movimento. a Psicomotricidade comporta sim uma historicidade específica que pode ser mais ou menos delineada. sobretudo. p. o que se descobriu estar relacionada à insegurança de um espaço afetivo mal vivenciado na sua relação com o outro e com o objeto. na qual o corpo é a máquina do espírito. em que a primeira afirma que a motricidade é o ponto de partida para a elaboração da inteligência. Menciona-se também segundo os mesmos autores. A Psicomotricidade torna-se um campo transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências. Le Bouch. Mütschele (1996. Klein. Motricidade é a propriedade que possuem certas células . não apenas real. assim. que se exprime nos desejos e sonhos e se materializa na atividade lúdica. baseando-se na imagem do corpo no inconsciente. O que determinava uma bem sucedida reeducação era a qualidade da comunicação afetiva entre o reeducador e a criança. a abordagem pelo Yoga. Reich. definindo a Psicomotricidade como motricidade da relação. 2005) As duas últimas abordagens resultam na Psicomotricidade. seu comportamento. Buscando definições sobre o termo Psicomotricidade. A segunda abordagem por sua vez. pois está ligado à percepção e à afetividade. positivo. p. já que através da ação se organiza o cognitivo. 32) define da seguinte maneira: Psicomotricidade: é a educação do homem pelo movimento. por meio dele o cérebro registra as várias formas de impressões do exterior e o espírito se realiza no mundo. (VIEIRA. influenciando. BATISTA. Etimologicamente teríamos: psique: mente. identifica a atitude mental através de atitudes corporais. Mostra a importância do movimento na evolução psicológica da criança. LAPIERRE. (Idem) Nesse contexto professores de educação física como Lapierre. unindo o desenvolvimento cognitivo e racional ao terreno psico-afetivo. recíprocas e sistêmicas. O corpo torna-se subjetivo.16 que o corpo e o psíquico são indissociáveis. mas imaginário e fantasmático. entre o psiquismo e a motricidade do ser humano. crianças mostravam-se incapazes de organizar e estruturar o espaço linear necessário à leitura-escrita. Vayer. Ressaltam ainda a abordagem psicológica do conhecimento de Piaget e a psicanalítica de Freud. Shilder. Aucouturier criavam e desenvolviam o enfoque psicomotor no ensino. tornando-se essencial ao desenvolvimento psíquico da criança. No entanto. isto é. 9) caracteriza Psicomotricidade por: “uma educação que se utiliza do movimento para atingir outras aquisições mais elaboradas. Psicomotricidade é a “capacidade de coordenação e integração das funções motoras e psíquicas em resultado da maturação do sistema nervoso”. Essa ciência. uma técnica em que se cruzam e se encontram múltiplos pontos de vista. e que utiliza as aquisições de numerosas ciências constituídas (biologia. . o indivíduo humano e suas relações com o corpo. onde. desenvolvimento do ‘comportamento da criança’. psicanálise. Oliveira (1997. é um termo empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado. como as intelectuais”. p. onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas. sua linguagem e sua socialização. em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade. mais exatamente. psicologia. A psicomotricidade é o Segundo o Dicionário Ditcon de Língua Portuguesa on-line. a psicomotricidade é uma ciência-encruzilhada ou. p. sociologia e lingüística). Está relacionada ao processo de maturação. foram sendo acrescentados novos enfoques e diferentes formas de abordar esse tronco comum. 9) retrata a Psicomotricidade como sendo uma “ciênciaencruzilhada”: Em razão do seu próprio objeto de estudo. Psicomotricidade. afetivas e orgânicas.17 nervosas de determinar a contração muscular. está citada abaixo na descrição que a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade escreveu relatando em seu site que a Psicomotricidade: É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. envolvendo todos os aspectos que são importantes para o estudo da Psicomotricidade. Coste (1992. essencialmente. apesar de um tronco comum. portanto. A definição completa. a motricidade humana e a interação com os aspectos psíquicos. multidisciplinar passou a sofrer um processo de especialização. o intelecto e o afeto. É sustentada por três conhecimentos básicos: o movimento. Teve como sua formação inicial e profissional a Educação Física e Esportiva e. vol. (LAPIERRE. Laz Rosas: Madrid. cada vez maior. Assim. valorizando os aspectos afetivos de seus pacientes. 67-76. n. André Lapierre voltou-se ao ambiente escolar. 2002) O trabalho de Lapierre não ficou restrito as aulas de Educação Física. tendo sido eleito conselheiro municipal de Troyes. . Lapierre cria juntamente com alguns colegas a Sociedade Francesa de Educação e de Reeducação Psicomotora. 2008. e crédito científico atuando como secretário geral da Associação dos Diretores de Centros de Reeducação e secretário geral da Sociedade Francesa de Reeducação Física. ligados a problemas emocionais. no decorrer de seu trabalho buscou conhecer melhor as dimensões funcionais. levando-o a atuar com crianças com deficiências morfológicas e posturais e em situação de fracasso escolar. ver Anexo A – Memorial André Lapierre. André Lapierre ganha distinção social. p. Esse contexto despertou nele uma busca. sua clientela expandiu-se. Cada vez mais apaixonado pela Psicomotricidade. por melhores resultados. 8 (3). Nesse período. país de sua naturalidade.18 2. anatômicas. já que durante sua carreira profissional. Após essa breve experiência marcada pelo desapontamento com o modelo de ensino e aplicação da Educação Física. Pelos trabalhos prestados até então André Lapierre receberá um grau de menção honrosa do Ministério da Juventude e dos Esportes. levando-o a perceber que as dificuldades motoras e cognitivas. André Lapierre passa a dedicar-se à Cinesioterapia. Porém. Alguns anos mais tarde escrevem juntos o primeiro de seus três livros. passou a atender cada vez mais de forma psicomotora. a prática psicomotora na escola. de maneira pioneira. estavam de certa forma. o trabalho passa a ser respaldado por conceitos psicanalíticos 2 Para mais informações. na qual assume a presidência e Aucouturier a secretaria geral. fisiológicas e psicológicas do corpo humano. introduzindo. em conjunto com Bernard Aucouturier. passo imprescindível para impulsionar seus futuros estudos e práticas. que surgiu no ambiente do pós-guerra europeu. Agosto. Publicado na Revista Ibero Americana de Psicomotricidad y Técnicas Corporales: Monográfico Homenaje a André Lapierre.4 HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL As vivências profissionais de Psicomotricidade Relacional tiveram início com a prática de André Lapierre 2. 31. inicialmente no contexto da França. passa a demarcar uma abordagem psicomotora que privilegiasse a relação. Anne Lapierre juntou-se a ele após um período de psicanálise e uma formação de dois anos em expressão dramática na Universidade de Montreal. Esta necessidade levou à organização de uma formação consistente. além claro. ressalta-se o lado positivo da criança. com as figuras parentais. Alguns limites fizeram com que Lapierre e Aucouturier se separassem. Lapierre (2005. uma Formação Pessoal. Ele se refere à Psicomotricidade Relacional. acreditando que o corpo não é essencialmente cognição. de frustração e de angústia. afirma que foram todas as experiências vivenciadas anteriormente por ele que o levaram a essa nova terminologia: “O meu caminho conduziu-me àquilo que chamei de ‘psicomotricidade relacional’. do adjetivo “Relacional” ao termo “Psicomotricidade”. privilegia-se a disponibilidade tônica. O próprio Lapierre (2002. dos conhecimentos teóricos. 27) foi para diferenciar suas concepções e sua prática em relação a outras técnicas que também têm o nome de psicomotricidade. a qualidade da relação afetiva. temos a seguinte conceituação: . Lugar de lembranças de todas as emoções positivas e negativas vividas pela criança em relação com os outros. É visto como lugar de prazer. segundo Vieira. A inclusão por André Lapierre. p. mas também o lugar de toda sensibilidade. em que se trabalha com as potencialidades. emoção da relação consigo e com o outro. p. A filha de André Lapierre. pois consideram o corpo da criança prioritariamente sob seus aspectos cognitivos. Batista. Assim. com seus conteúdos projetivos. 34). na utilização do jogo espontâneo como base fundamental de seus trabalhos. O interesse pela formação em Psicomotricidade foi aumentando na medida em que diferentes conhecimentos foram sendo discutidos. gerando para André o caminho à criação da Psicomotricidade Relacional na década de 70. particularmente. Buscando uma definição para Psicomotricidade Relacional. simbólicos e fantasmáticos”. que fosse compreendida por uma formação prática. possibilita-se a pedagogia da descoberta. afetividade. colocando a ênfase sobre a primazia da relação com o outro. do desejo de aprender e do movimento espontâneo. bem como.19 experimentados na prática. Nesse contexto. de desejo. que mais se diferenciam. gerou a publicação do livro “O adulto diante da criança de 0 a 3 anos: psicomotricidade relacional e formação da personalidade”. social e motriz do ser humano. enfatizando a importância da comunicação corporal. analisar o que surgia da criatividade imprevisível da brincadeira. emocional. BATISTA. com uma perspectiva qualitativa e. (LAPIERRE. Este trabalho. utilizando o brincar como ferramenta principal. No trabalho com as crianças nas escolas. como dos sentimentos e emoções que apareciam no decorrer da vivência com o grupo e com os objetos. não apenas pela compreensão da organicidade de suas manifestações. na França. com edições em espanhol. já que não era habilitado para trabalhar na escola maternal. desenvolvido com objetivo de prevenção. Procurava conceitos que fizessem compreender. Expôs suas idéias a diretora de uma creche da cidade de Gap. pesquisando diversos autores e diferentes práticas. que ocorre através da comunicação tônica. Lapierre continuou trabalhando na França com crianças. Não procurava uma técnica. Em Psicomotricidade Relacional. Busca superar o dualismo cartesiano corpo/mente. 39). portanto. não na doença (VIEIRA. Utiliza-se do jogo simbólico como recurso para desencadear o desenvolvimento do potencial cognitivo. italiano e português (Brasil). decodificar. O CIAR – Centro Internacional de Análise Relacional acrescenta que a PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL é a vertente da Psicomotricidade que dá ênfase aos aspectos afetivo-emocionais e relacionais do ser humano. 2005. mas essencialmente. LAPIERRE. nem mesmo uma teoria. baseada na leitura e decodificação simbólica de ações vividas através de atividades lúdicas. p. pelas relações psicofísicas e sócio-emocionais do sujeito.20 A Psicomotricidade Relacional visa desenvolver e aprimorar os conceitos relacionados ao enfoque da Globalidade Humana. desenvolvido em conjunto com sua filha Anne Lapierre. 2002) . Preza por uma abordagem preventiva. que aceitou de imediato o trabalho. diversas dificuldades foram aparecendo primeiramente de espaço e estrutura física escolar e conseqüentemente da lei. com ênfase na saúde. Neste jogo é priorizada a linguagem infra-verbal. já que sessões de Psicomotricidade Relacional envolvem atividades livres de criatividade motora. o papel do inconsciente e suas interferências psíquicas sobre as diversas formas de relações humanas norteiam uma intervenção diferenciada. há redução do stress. as relações emocionais presentes em cada sujeito. porém está unida às queixas dos pais ou da escola que encaminha a criança ou o adolescente. comportamentos éticos e leais são desenvolvidos e por conseqüência. Na clínica. Firma-se. a cada ano. como prática essencial nessa relação com o outro. onde se potencializam as competências e habilidades de comunicação. valorizando a comunicação corporal dos indivíduos. nessa especialidade. pois oferece um espaço.21 Em 1982. há o equilíbrio das relações de poder. criador da Psicomotricidade Relacional contribuíram para divulgação e sedimentação da Psicomotricidade no Brasil. estando no Brasil há pouco mais de 20 anos. necessidades estas essenciais para atender às demandas da sociedade em que vivemos. no Brasil. seria fundado por José Leopoldo Vieira. Atualmente. surgiram diversos cursos de formação de psicomotricistas em suas diversas especialidades. aprendizagem e socialização. bem como. o qual proporciona um perfil relacional mais harmônico do indivíduo consigo mesmo e com os outros dentro e fora da empresa. o primeiro curso de formação sistematizado. Assim. a Psicomotricidade Relacional atua na área da saúde em geral. . Esta técnica também é aplicada no campo empresarial a fim de aprimorar o potencial humano uma vez que promove a eliminação dos conflitos relacionais. a Psicomotricidade Relacional é utilizada em escolas como alternativa de profilaxia mental às crianças. os quais comprometem a produtividade e o compromisso individual e do grupo. Tem por objetivo o desenvolvimento motor. relacional afetivo e cognitivo da criança por meio da terapia psicomotora relacional. principal colaborador de André Lapierre. A teoria e a prática da Psicomotricidade Relacional contam com aproximadamente 40 anos desde sua existência. A partir desse ano. No que concerne a Psicomotricidade Relacional. no contexto do I Congresso organizado pela Sociedade Brasileira de Terapia Psicomotora diversos profissionais dentre os quais André Lapierre. qualquer sujeito passa a elaborar hipóteses para a resolução de seus problemas e toma atitudes além do comportamento habitual de sua idade. criando e recriando situações que ajudam a satisfazer alguma necessidade presente em seu interior. em condições de liberdade e de dignidade. é através da brincadeira que a criança desenvolve suas potencialidades de uma forma prazerosa. Dessa forma. sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei. espiritual e social.9) Vieira. assegurando-se-lhes. Na infância. adolescente ou no adulto a socialização e a autonomia. A respeito de fatores físicos.22 2. (2001. espiritual e social. Essas brincadeiras são essenciais para o desenvolvimento cognitivo e emocional saudável. pois por meio de tais atividades os indivíduos expressam seus conflitos e exploram situações que necessitam compreender melhor. a fim de auxiliar o desenvolvimento cognitivo. A Psicomotricidade Relacional se utiliza deste brincar para despertar na criança. emocional e social das crianças. conceitos e situações do seu cotidiano. 3º: A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. Quando brinca. é imprescindível a discussão da importância do brincar para o desenvolvimento humano. Lapierre (2005. criando um espaço de liberdade propício a esses jogos e brincadeiras. Os seus sonhos e desejos na brincadeira podem ser realizados facilmente. . através do jogo simbólico. mental. adolescentes e adultos. pois busca alternativas para transformar a realidade. mental. o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) traz em seu Art. quantas vezes o desejar. por lei ou por outros meios. a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico. 39-40) afirmam que o método de trabalho da Psicomotricidade Relacional. moral. vivenciando. todas as oportunidades e facilidades. Batista. físico. p. estimulando-a a manifestar seus sentimentos e vivê-los simbolicamente. A Psicomotricidade Relacional é exercida por muitos profissionais da área da saúde e da educação. moral. p.5 A ESSÊNCIA DA PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL A Psicomotricidade Relacional tem como alicerce em sua prática o brincar espontâneo e as relações afetivas envolvidas nesse processo. Para a garantia desta harmonia. na relação consigo mesmo. com o outro e com o meio. A atividade corporal permite à criança. (LAPIERRE. relacionar-se com quem convive e também faz com que ela experimente os efeitos disso. na sua globalidade. A ausência do principio de realidade libera o principio do prazer fazendo emergir as fantasias de onipotência e o pensamento mágico. possibilitando trocas autênticas e favorecendo os comportamentos do grupo acima descritos. o espaço.23 proporciona um espaço de legitimação dos desejos e dos sentimentos no qual o indivíduo pode se mostrar na sua inteireza. Se o grupo não está em harmonia. ao adolescente ou ao adulto. potencializando o desenvolvimento global. nessa metodologia. Essa socialização se constrói. os vínculos afetivos devem ser fortalecidos.. com seus medos. No imaginário.. Toda indivíduo é sensível às tensões e propostas a ele apresentadas e sempre demonstra suas reações através de sua expressão corporal. A Psicomotricidade Relacional facilita as relações interpessoais. os objetos e com os outros. pela busca de prazer ao vivenciar as relações do seu corpo com o mundo. 51). o respeito. BATISTA. por meio das relações com o outro. Sabe-se que um dos empecilhos existentes na evolução de um grupo está diretamente ligado às relações existentes nele. essa relação será limitada. portanto fora dos princípios de realidade. (VIEIRA. tudo é possível. (. . a cooperação e a aceitação das diferenças. desejos. por ser a expressão natural da criança. p. consolidando esse vínculo afetivo. facilitando as relações afetivas e sociais. favorecendo. Privilegiamos o jogo corporal em nossa ação. fantasias e ambivalências. a aprendizagem. visto que se situa no imaginário e no simbólico. AUCOUTURIER. a qual é encontrada nas situações espontâneas. 2004). o equilíbrio da personalidade. 2005. é a mais autêntica. assim. Então sua implicação é muito mais forte. resultando numa socialização que permita o desenvolvimento do grupo. pois ao mesmo tempo em que é a mais espontânea. a cumplicidade.) As sensações e emoções são vividas no nível do corpo. do se inteiro. O que se almeja com a prática da Psicomotricidade Relacional é a aquisição dinâmica dos conhecimentos em sua dimensão afetiva. LAPIERRE. As características de cada criança. para que desenvolvam sua auto-estima e a . social ou cognitivo. o adolescente ou o adulto.) A autonomia é algo que se constrói internamente. além de “atuar no sentido de uma educação aberta para a vida. quando estão satisfeitas suas necessidades de afeto. O psicomotricista relacional deve estar atento no jogo espontâneo dos indivíduos presentes no setting. na Psicomotricidade Relacional a autonomia é percebida em diferentes momentos dentro de uma mesma vivência. o que implica em tomar decisões em nossa intervenção para fazer com que as pessoas com as quais trabalhamos aprendam a ser donas de seus atos. fazendo com que a criança os perceba. a decidir. em situações diversas.. cabe ao psicomotricista relacional ter a sensibilidade de percebê-las e explorá-las. para a criatividade. (2005. a pensar e a brincar por si mesmos. a resolver seus conflitos.24 O desenvolvimento da capacidade de se relacionar depende. de limite. entre outras coisas. No dizer de Vieira. devem ser levadas em conta quando se organizam situações de trabalho ou jogo em grupo ou em momentos de brincadeira que ocorrem livremente. Batista. A autonomia não acontece por acaso. ser capaz de possibilitar que a prática da Psicomotricidade Relacional tenha um caráter espontâneo e de liberdade. valorizando. (LAPIERRE. tornando-os capaz de agir por si só. sendo. p. levando a criança. para a autonomia. Reforçando a idéia de desenvolvimento da autonomia nos indivíduos. AUCOUTURIER. o estabelecimento de condições adequadas para as interações está baseado tanto nas condições emocionais afetivas quanto nas cognitivas. seja no âmbito afetivo. a falar. de frustração. Desta forma. de modo que o grupo aprenda a lidar com elas. p. 52). portanto. (. Durante as sessões de Psicomotricidade Relacional são valorizadas as potencialidades dos indivíduos. uma resposta da pessoa ao seu meio. 2004. para o desenvolvimento de todo o potencial da pessoa”. Sabe-se da existência de dificuldades nas relações em grupo. participando e ajudando cada sujeito a evoluir. de oportunidades de interação com criança da mesma idade ou de idades diferentes.. emocional. 128) a autonomia é um dos objetivos que a prática psicomotora relacional busca. Lapierre. a superar suas limitações. É fundamental que o psicomotricista relacional tenha também sensibilidade de validar os pontos positivos. 19-20). BATISTA. o Psicomotricista Relacional enquadra e assegura a possibilidade de jogo espontâneo dentro de algumas normas e limites. “onde a atividade corporal acabou. 2004. 2005. Batista. sem preconceitos e julgamentos é essencial para que essa comunicação seja autêntica nas sessões. as crianças. no ritual de entrada. Dessa forma. espontâneo. suas dificuldades. Enfatiza-se. jovens e adultos aprendem a respeitar as suas limitações e a de seus colegas e a valorizar o que ela e o grupo têm de melhor. Conforme Vieira. Nesse contexto. seu movimento. com o grupo. LAPIERRE. a comunicação tônica. prazer e aprendizagem. AUCOUTURIER. pela oposição da liberdade dos outros” (Ibdi. A esse respeito.” (VIEIRA. suas potencialidades. p. presta-se de novo a necessidade de manter-se a ordem. Lapierre e Aucouturier afirmam: nós queremos trabalhar com aquilo que há de positivo na criança. é importante buscar que as pessoas passam aceitar “a limitação de seu poder. Um ambiente de liberdade. o jogo livre. de escutar o outro. (2004. p. cada sujeito pouco a pouco. a situação deixará de ser um drama e a criança retomará a confiança e a segurança. não machucar os companheiros. 59). nos jogos livres com os objetos. para que ela aceite a frustração” (LAPIERRE. Nas diversas brincadeiras e jogos que surgem no decorrer da sessão. bem como. p. nós nos interessamos por aquilo que ela sabe fazer.25 confiança em si mesma e no grupo. será capaz de expressar seus desejos. São normas básicas como. 60). não se machucar ou destruir determinados materiais. Já no ritual de saída. p. 111) Vale afirmar . por exemplo. p. É a partir daí que a relação pedagógica poderá fluir. Lapierre (2005. cada indivíduo “deverá confrontar-se com o outro. 106). sem estas interferirem na espontaneidade fundamental nesta prática. durante as vivências. de encontrar o acordo na utilização dos materiais. aprendendo pouco a pouco os limites de sua liberdade. fonte de emoção e elemento chave na comunicação com o outro.. suas alegrias. A partir dessas vivências. acontece de forma segura por existir algumas regras necessárias para organização da brincadeira. e não pelo que ela não sabe fazer. Esta rede de comportamentos. adolescente ou adulto nas suas dimensões psicossociais e afetivas. equilíbrio. conseqüentemente. com a finalidade de atender às necessidades de seres em formação nos aspectos psíquicos. físico e social. nas sessões de Psicomotricidade Relacional. De acordo com Lapierre e Aucouturier (2004. Cabe ressaltar que o único material que não é utilizado junto a outros. familiar. o que desejo. 90). (VIEIRA. saber o que posso. Desenvolve-se também. a aquisição do conhecimento se situa “como parte integrante de uma dinâmica de . 41). LAPIERRE. que em conjunto. a auto-estima estará elevada. por meio do brincar espontâneo. tecidos e jornais. Sendo assim. E isso trará benefícios porque passarão a ter maior prazer em aprender. bastões. uma vez que o corpo é fundamental para essas brincadeiras e está em constante movimento. acabam naturalmente promovendo o desejo de aprender. levando em consideração seu desenvolvimento psicomotor e sócio-histórico. 2005. noção de espaço-tempo e esquema corporal. tendo como desencadeador para isso o prazer (de estar com o outro. socialização. autonomia. são os jornais. lateralidade. motores e emocionais. BATISTA. p. caixas de papelão.. para daí proporcionar os meios de decodificação das nuances expressas nas relações. auxiliado pelos materiais disponíveis nas sessões. Além disso. limites e o brincar. cordas. Pretende compreender os diversos níveis de comunicação corporal estabelecida a partir do jogo espontâneo. postura. saber fazer. influem diretamente na construção e desenvolvimento da personalidade. aceitarão limites e respeitarão as diferenças entre elas.). o que não posso. bambolês. Esses materiais podem ser utilizados de forma isolada.. todos aqueles que participam das sessões de Psicomotricidade Relacional terão potencializadas suas capacidades e competências e. ou agrupados. terão a oportunidade de redimensionar suas relações de forma que possam obter melhores condições de vida e bem-estar pessoal. Diante do que foi mencionado é importante ressaltar o objeto de estudo da Psicomotricidade Relacional: o objeto de estudo da Psicomotricidade Relacional é o ser humano. criança.26 que os materiais utilizados na Psicomotricidade Relacional são: bolas. p. ressaltando as diversas formas relacionais estabelecidas em seus diferentes grupos de pertinência. aspectos psicomotores como: coordenação motora. contido em toda e qualquer prática da Psicomotricidade Relacional. aceitarão o grupo com mais facilidade e também serão aceitos por ele. em seu autoconceito e em sua auto-estima. motivacionais e relacionais são importantes nesse momento. do desejo de ser. 38) Muitas escolas buscam inserir essa prática em sua grade curricular. Tem na sua concepção o desenvolvimento global do ser humano. na medida em que incorpora a dimensão emocional-afetiva à intelectual. desde seu nascimento. as crianças estão inseridas num meio social.6 A PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL NA ESCOLA Desde a infância. Fatores e processos afetivos.” Portanto. no qual pode se perceber a existência e influência de relações culturais. por meio do brincar. nesta sociedade. políticas e econômicas. Suas interações com este meio devem propiciar. 2. pois ela contribui para o desenvolvimento dos processos de aprendizagem e possibilita.27 afirmação da pessoa dentro de um grupo social. (1997. já que. o desenvolvimento da liberdade e autonomia. O desejo de aprender é apenas uma das componentes secundárias do desejo de agir. motivacionais e relacionais os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (PCN´s) abordam que: A aprendizagem significativa implica sempre alguma ousadia: diante do problema posto. quando adultas. nas suas motivações e interesses. da expressão corporal. A Psicomotricidade Relacional surgiu da prática e dos questionamentos de André Lapierre no campo da motricidade e da educação. poderão participar com maior consciência e intensidade. p. Os conhecimentos gerados na história pessoal e educativa têm um papel determinante na expectativa que o aluno tem da escola. torna-se uma ferramenta que auxilia no aprimoramento das potencialidades dos indivíduos. dos jogos simbólicos e da aceitação de . do professor e de si mesmo. cognitivo e social – possibilitando que ele seja preparado para a vida. emocional. pode-se dizer que a função educativa e social da Psicomotricidade Relacional é fundamental no sentido mais amplo do termo. o aluno precisa elaborar hipóteses e experimentá-las. e não somente para a carreira escolar. A esse respeito de fatores afetivos. O foco principal desta abordagem visa à formação de um indivíduo pleno em seu desenvolvimento – físico. assim. Neste processo. em comum acordo. do trabalho coletivo. social ou cognitivo. BATISTA. p. por meio da idéia de que o ensino que favoreça não só o descobrimento das potencialidades do trabalho individual. a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais. Pretende promover a expressão de professores e crianças em sua plenitude. e sobretudo. na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. devem ser levadas em conta . pelas crianças.28 limites. emocionais. o desenvolvimento da capacidade de se relacionar depende. respeito e confiança. aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. Dentro da escola. 2005. e o acesso. p. (VIEIRA. de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação. desenvolvendo o sentimento de segurança em relação às suas próprias capacidades. recriando uma escola em que se abre o espaço para vivências de aspectos afetivos que permeiam a evolução da personalidade e a inserção social. 140). emocional. portanto. pode-se dizer que a aprendizagem e o desenvolvimento se produzem pelas formas de relação afetiva com o outro. entre outras coisas. Desta forma o estabelecimento de condições adequadas para as interações está baseado tanto nas condições emocionais. propiciar situações de cuidados. de acordo com as possibilidades e limites de cada um. seja no âmbito afetivo. LAPIERRE. O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCN´s) tem a seguinte concepção de educação: Educar significa. afetivas quanto nas cognitivas. mas também. interagindo de modo orgânico e integrado num trabalho de equipe e. As características de cada criança. a evolução da personalidade e da autonomia. sendo capaz de atuar em níveis de interlocução mais complexos e diferenciados. brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal. 23) Os Parâmetros Curriculares Nacionais trazem indicações para que o trabalho no Ensino Fundamental favoreça também o desenvolvimento global dos indivíduos. de oportunidades de interação com criança da mesma idade ou de idades diferentes em situações diversas. estéticas e éticas. Isso implica o estímulo à autonomia do sujeito. portanto. (1998. afetivas. Já no que se refere à Psicomotricidade Relacional. A criança e o adolescente têm direito à liberdade. O desenvolvimento da autonomia e da identidade. Lapierre e Aucouturier (2004. 12). cooperar em uma organização. a prática da Psicomotricidade Relacional nos rituais de entrada e saída. em uma produção. p. o direito à liberdade que compreende entre outros aspectos. De acordo com o Art. em uma pesquisa. Os PCN’s (1997. contribuindo para que o reconhecimento do outro e a constatação das .” Com esse intuito. deverá aprender a cooperar com os outros no âmbito de uma tarefa comum. ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis. 2001. 13) A respeito disso. “brincar. a compreensão dos limites e alcances lógicos das explicações propostas. tentar resolver as dificuldades em conjunto. v. sendo uma delas os limites que são “definidos pelas regras. 16. constituindo-se em um recurso fundamental para brincar.29 quando se organizam situações de trabalho ou jogo em grupo ou em momentos de brincadeira que ocorrem livremente. 15 do Estatuto da Criança e do Adolescente (2001. 28) apresentam o brincar por meio de várias categorias. p. no decorrer da sessão possibilita que esses objetivos possam ser atingidos. a partir dos objetos. p. como aspectos intimamente relacionados ao processo de socialização das crianças na Educação Infantil é amplamente explícito nos RCN’s: O desenvolvimento da identidade e da autonomia estão intimamente relacionados com os processos de socialização. humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis. 1. 87) acrescentam: Muito cedo. afirmam que a exploração do processo de ensino e aprendizagem é necessária para “o desenvolvimento do espírito crítico capaz de favorecer a criatividade. praticar esportes e divertir-se”. Será necessário construir em conjunto. a criança deverá ser confrontada com dificuldades reais. (ECA. 28). p. E acrescenta em seu Art. do material. p. Nas interações sociais se dá a ampliação dos laços afetivos que as crianças podem estabelecer com as outras crianças e com os adultos. em um estudo.” Os RCN’s (1998. dividir as tarefas. bem como. visando um objetivo em comum. criar em conjunto. “na manifestação dos impulsos inconscientes que os levem à busca do conhecimento. estéticas e éticas. 140). afetivas. da dependência. dentre outros. “(. (VIEIRA.. os medos.) De acordo com Vieira. Lapierre (2005. 2008) Deste modo. 2. na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis.” (Ibdi. 1. bem como.30 diferenças entre as pessoas sejam valorizadas e aproveitadas para o enriquecimento de si próprias (1998. p.” A Psicomotricidade Relacional na escola auxilia no desenvolvimento de processos de aprendizagem. Vieira acrescenta que a Psicomotricidade Relacional na escola. v. entre outros distúrbios de comportamento. do educador. a falta de limites. justifica-se ao proporcionar um espaço para a expressão corporal do aluno.. Já com relação à aprendizagem. p. melhora sua orientação espaçotemporal. elevando a qualidade das relações interpessoais. desperta o desejo para aprender.) a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais. da auto-estima. a inibição. comportamento e socialização dos alunos. v. reduz distúrbios de atenção. portanto. No que se refere à socialização. além de promover a elevação da capacidade dos alunos para enfrentar situações novas. a Psicomotricidade Relacional na escola: . facilita a integração em grupos sociais. indicações para que o trabalho da Educação Infantil favoreça o desenvolvimento dessas potencialidades. na afirmação da própria identidade e à superação de conflitos normais do desenvolvimento. o ajuste positivo de comportamentos como a agressividade. potencializa o desejo de participar de atividades grupais. aumenta sua capacidade de assimilar novos conteúdos. 23). da afetividade. emocionais. Possibilita. hiperatividade. Batista. eleva seu rendimento escolar. o que proporciona a liberação do desejo de aprender. p. baixa tolerância à frustração. por meio desta prática. minimiza suas dificuldades de expressão motora. verbal ou gráfica. desenvolve o potencial criativo. apesar de a criança apresentar um desenvolvimento cognitivo normal. 11) Encontram-se ainda nos RCN’s (1998. é necessário tomar a criança. para gerar uma real transformação no ambiente escolar. Cabe ressaltar que quando a escola inclui o trabalho da Psicomotricidade Relacional em seu currículo. A formação dos adultos. todas elas (e não somente a intelectual) são do interesse da educação. que a Psicomotricidade Relacional desperta na criança o desejo de aprender. como finalidade da educação ‘o desenvolvimento integral da criança (. 98). além de cuidar da aprendizagem. proporciona “um espaço capaz de favorecer um percurso seguro em direção a autonomia com uma visão de mundo ampliada através de experimentação de relações de troca. intelectual e social. compromissar-se em favorecer a dinâmica evolutiva da criança. Baseia-se fundamentalmente nas relações afetivas e nas expressões espontâneas vividas através do jogo simbólico em sua plenitude. através de uma prática que possibilite o desenvolvimento integral (e integrado) do seu ser. por favorecer a aprendizagem. a escola. 3 (Ver p. definindo assim. de negociação e na construção das atividades” (VIEIRA. se faz em forma separada 3. 2005. BATISTA. psicológico.) em seus aspectos físico. psicológico. Para tanto. e com objetivos diferentes do trabalho com as crianças. intelectual e social. e que portanto. que fundamenta toda a educação nacional. destaca em seu artigo 9. é importante que toda a equipe escolar esteja engajada nesta situação. p. como ser global e compreender que seu desenvolvimento se dá pela interação destas dimensões. auxiliando na evolução da personalidade e inserção social das crianças.. reforçar seus fracassos. como também. não somente os alunos terão vivências.. a importância do trabalho voltado aos aspectos físico.31 Desperta na criança o desejo de aprender.’. O papel da Psicomotricidade Relacional na escola vem se expandindo. 34-35 – Psicomotricidade Relacional nas Organizações) . sujeito da educação.. onde a autenticidade e o respeito sejam parâmetros para todo o projeto educativo da escola.. LAPIERRE. já que objetiva desenvolver suas potencialidades e não. 9394/96. Cabe assim. porém. Cabe ressaltar. numa troca de descoberta mútua. além de favorecer o processo de interação professor/aluno/professor desenvolvendo a capacidade de escuta das demandas inerentes a uma relação de ajuda. um trabalho voltado à formação pessoal e a integração da equipe são alguns destes objetivos. Carvalho e Carvalho (2008) buscaram ressaltar que a própria Lei de Diretrizes e Bases n. de uma comunicação afetiva. ensinando a respeitar regras.32 Os autores acrescentam que o foco do trabalho da Psicomotricidade Relacional na escola.” Para enfatizar a função preventiva da Psicomotricidade Relacional no âmbito escolar. LAPIERRE. ajudando a viver em grupo. O brincar na Psicomotricidade Relacional remete o sujeito numa determinada direção da cura. a higiene mental. 2. O corpo é um mistério. situa-se inicialmente em relação ao pedido de ajuda. consolidando o conhecimento com suas experiências. porém. perceber-se no tempo e espaço que está inserido e atuar conscientemente sobre este. formar a personalidade da criança. . lhe permitir conquistar sua identidade e equilíbrio afetivo. sem perder de vista as qualidades de prevenção e profilaxia. quando necessário.7 A PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL NA CLÍNICA A dinâmica do trabalho da Psicomotricidade Relacional utiliza-se do corpo e do movimento espontâneo. BATISTA. (VIEIRA. busca-se com essa prática. está exclusivamente voltado ao âmbito da prevenção. Na clínica. BATISTA. p. como mediadores para atingir da melhor forma possível as relações inter e intrapessoais. LAPIERRE. favorecendo desta forma. mas também. desenvolver sua criatividade. (VIEIRA. Ele não é só fisiologia. isto porque. “buscando respeitar e favorecer o desenvolvimento integral da criança tendo como ponto de partida a unicidade e globalidade de seu Ser. ele é desejo. os autores afirmam que é preciso aproveitar essa ferramenta de trabalho como uma metodologia que impulsiona e amplia a atividade do aluno na realidade que constrói. a Psicomotricidade Relacional atua no plano da saúde de um modo geral. ou mesmo médicos e outros profissionais. 2005) Guerra (2006. 2005) Assim. o desenvolvimento não somente de aspectos cognitivos. pois possibilita que a criança e o adolescente alcancem o saber sobre o seu corpo e sua representação simbólica. 94) acredita que O ato de brincar é muito importante para a constituição subjetiva do sujeito graças ao seu caráter simbólico que o impulsiona rumo à subjetividade. a sensibilizar-se com o outro. embora esteja diretamente vinculado a uma demanda específica como queixa dos pais ou da escola que encaminhou o cliente. 151) acordam sobre a importância da compreensão de que o espaço da clínica será o espaço da criança ou adolescente. p. (VIEIRA. BATISTA. Acrescentam que É importante que desde o primeiro contato com a criança. p. de desenvolvimento e de aprendizagem. 2005. (VIEIRA. Este trabalho favorece a elaboração de conflitos individuais. bem como. como casal ou família”. mesmo que não saiba ainda escrever. as desordens relativas ao desenvolvimento da criança ou adolescente nas diversas esferas: motoras. Vieira. “poderão ser orientados em buscar seu espaço terapêutico individualmente. 152) Em se tratando das sessões de Psicomotricidade Relacional. de desenvolvimento e aprendizagem já instalados. 94) O psicomotricista relacional desta forma auxilia cada um de seus clientes a se descobrirem. ao outro e ao mundo. Em geral. 2006. quando se sente reconhecida em seu poder de existir. 2005). e é nestes primeiros contatos com o cliente que “o psicomotricista relacional obtém as primeiras percepções sobre a criança. “expressarem. afetivas e cognitivas. compreender e trabalhar no nível da terapia psicomotora relacional. Utiliza-se como referência o enquadre psicodinâmico da motricidade infantil. É o momento de construção do vínculo afetivo. possibilita no trabalho com crianças e adolescentes a prevenção de dificuldades relacionais. poderá de alguma maneira rabiscar e se afirmar como sujeito de sua própria história.33 Este trabalho em âmbito clínico tem como objetivos. imaginarem e viverem cenas e brincadeiras que passam à guisa de seus fantasmas. LAPIERRE. seja ela a responsável por assinar seu cartão de freqüência e. p. LAPIERRE. Batista. estabelecendo elos entre os elementos conscientes e inconscientes de suas diferentes produções. a atualizarem um passado que não é passado. Guerra (2006. é um acontecimento cheio de surpresas e prazer.” (GUERRA. Pode ser realizada em . Na relação com os pais. bem como. exerce uma prática terapêutica no caso de dificuldades relacionais. 97) afirma que as primeiras são sessões “normais”. BATISTA. Possibilita também. ainda na recepção. Lapierre (2005. O CIAR (2008-a) aborda que a Psicomotricidade Relacional na clínica. sendo um dos compromissos existentes nesta relação a questão de ajuda. oportuniza uma estruturação mais saudável da personalidade e estimula posturas positivas frente a si mesmo. p. relacionais. que os clientes exprimam a sua vida pulsional. amenizar ou mesmo curar o sintoma. ou individualmente. o reencontro com o desejo. Devido a sua . dar informações sobre as metas traçadas para a criança e reforçar o contrato terapêutico. já se pode marcar um novo encontro com os pais. BATISTA. dizer como se pretende realizar o trabalho. LAPIERRE. favorecendo orientações importantes à escola e/ou profissionais que a acompanham.8 A PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL NAS ORGANIZAÇÕES Foi por meio de José Leopoldo Vieira que a Psicomotricidade Relacional ampliou os horizontes para além do trabalho em escolas e clínicas.34 grupo. (VIEIRA. a importância da realização de encontros periódicos. A autora acrescenta que depois de aproximadamente quatro sessões. 10) Reforça ainda. uma das instituições que mais se destacam nesta parceria com o processo terapêutico. nessas relações com outros profissionais é “encontrar melhores condições para a criança desenvolver seu potencial” (VIEIRA. “para falar sobre o que foi percebido. destacando a importância da participação ativa dos pais no processo terapêutico do filho. a retificação da própria subjetividade e a descoberta de novos ideais. o espaço da clínica “é o espaço para a elaboração dos lutos infantis. na clínica existe a possibilidade de se trabalhar de forma individualizada. p. 2005. para que nesta relação completa. 2005. diferentemente do trabalho na escola. LAPIERRE.” (Ibdi. pela família. seja possível diagnosticar..” (Ibdi.. 154). as informações que foram recebidas podem “contribuir com dados de expressividade psicomotora e relacional. p. na clínica o psicomotricista relacional precisa estar atento às questões trazidas pelos clientes. O principal objetivo destes encontros. 2006.” Desta forma. a queixa. p. 2. sendo a escola.. p.)”. BATISTA. 155) No trabalho essencialmente com adolescentes. 2006. que não sabe ainda expressar verbalmente tudo o que necessita (. além de que. “Deve-se cuidar da relação com os pais como se cuida de um bebê que acabou de nascer. 99) Desta forma. 151) Além do encontro com os pais.” (GUERRA. p. é importante que o psicomotricista relacional realize encontro com outros profissionais ou instituições que a criança ou o adolescente estão diretamente relacionados. pelos demais profissionais envolvidos no processo. quando José Leopoldo Vieira no ano de 1989. de hospitais. formado por André Lapierre. parceiras de trabalho. especificamente no âmbito profissional. Procuradorias Gerais de Estado. 157) Esse trabalho iniciou-se na América do Norte. de casais. este trabalho vem sendo estendido a diversas empresas de pequeno. (Id.” (VIEIRA. 38). Universidades. O objetivo do trabalho da Psicomotricidade Relacional nas organizações é imprescindível no aprimoramento do potencial humano nas ações de seu cotidiano. o que interfere positivamente na prevenção da “saúde mental do trabalhador e da empresa.) . 2005. LAPIERRA. médio e grande porte como: Banco do Brasil. se faz necessário lançar um olhar além do que é concreto e palpável e investir na saúde mental do trabalhador. de empresas. de fortalecimento de auto-estima. o investimento e o apoio de Isabel Bellaguarda. presidiários. menores infratores. entre outros. psicomotricista relacional e analista corporal a relação didata. é em prol da melhoria da qualidade profissional de seus funcionários almejando como aumentar a produtividade e a excelência na prestação de serviços. o empenho. Hospitais.) O investimento dessas organizações empresariais de um modo geral. Caixa Econômica Federal. Entretanto. Já no Brasil.. aplicou esta técnica de desenvolvimento de recursos pessoais para profissionais do LCDC – Language and Cognitive Development Center – Boston / Estados Unidos. p. que possibilitou-o expandir e assumir a responsabilidadedo atendimento em Psicomotricidade Relacional à outras ramificações como: grupos de jovens adolescentes. com crianças com necessidades especiais. acima de tudo. (Id. BATISTA. José Leopoldo Vieira afirma que essa trajetória não seria possível. grupos de combate ao stress. bem como.35 formação acadêmica como terapeuta na área de movimento humano pela Universidade de Boston. grupos de família. p.” (Ibdi. Secretarias Estaduais de Educação e vários outros segmentos da indústria e do comércio. 2005. professores. se não houvesse “o reconhecimento de Anne Lapierre e. para alcançar essa qualidade técnica. 2009) 4 . buscamos desenvolver atitudes e comportamentos sincronizados com estratégias organizacionais inovadoras e dinâmicas. e combatem o stress e agregam qualidade para a empresa como um todo.” (GUERRA. as relações sociais e familiares. valorizando ações como espontaneidade. quebram paradigmas. criatividade e autenticidade. 2006. (WIKIPÉDIA. (2008-b) O desenvolvimento do trabalho da Psicomotricidade Relacional com grupos empresariais dentre os objetivos previstos pelo CIAR estão: o investimento na criação ou no fortalecimento de espaços afetivos entre os membros da equipe de trabalho.36 Desta forma. buscando priorizar a aprendizagem contínua. p. para com isso aumentar o desempenho pessoal e profissional. busca-se com a prática da Psicomotricidade Relacional nas organizações atingir “o equilíbrio emocional do trabalhador necessário ao desempenho satisfatório de suas funções na empresa. 101) por sua vez. através do autoconhecimento agregando capacidade de reconhecer os próprios sentimentos. onde os participantes podem experimentar o máximo de suas potencialidades. 100) O CIAR – Centro Internacional de Análise Relacional desenvolve esse trabalho. provocando assim. a liberdade e a informação que lhes permitem tomar decisões e participar ativamente da organização. investigando desta forma. possam expandir seu potencial de forma pró-ativa e construtiva na cultura organizacional. um encontro entre as pessoas e não entre as funções pré-estabelecidas. o senso de identidade entre os objetivos pessoais e organizacionais. para que desta forma. bem como. com seus superiores ou subordinados. buscando modificar O empowerment parte da idéia de dar às pessoas o poder. estimulando o pensamento estratégico e sistêmico. Guerra (2006. p. procuram resgatar o prazer nas relações de trabalho. O trabalho é realizado através de dinâmicas não-verbais. estabelecendo e aumentando a fluidez de comunicações mais autenticas com o cliente interno e externo da empresa. desenvolvem o empowerment 4. estimulam as diferentes dimensões de uma ação profissional criativa e participativa que possa contribuir na relação de vínculos com a instituição. através da ênfase na comunicação não-verbal. para orientá-los de forma positiva facilitando tomar decisões que concretizem resultados e alcancem metas pessoais e da organização. tendo em vista a carga psíquica do trabalho. acrescenta que a Psicomotricidade Relacional envolve um processo dinâmico onde se vivem situações prazerosas e desconfortáveis. ” E destaca que para investir na saúde mental do trabalho precisa-se lidar com suas emoções. P. mas ao contrário. esse trabalho diferentemente de muitas dinâmicas já aplicadas em grupos empresariais se torna transformadora.. pois são fatores que influenciam o comportamento dos funcionários. 2001) A Psicomotricidade Relacional nas organizações tem seu foco essencialmente nas relações inter e intrapessoais. Essas qualidades por sua vez.37 ”os destinos dos sofrimentos transformando-os em criatividade para o trabalho. por trazer uma nova visão sobre a gestão de processos de aprendizagem. ao investir numa estrutura individual e ao mesmo tempo de colaboração. só aos professores é indispensável à participação. coragem. Assim. (2006. Psicomotricista Relacional e fundadora da Escola Terra Firme em depoimento no vídeo institucional da escola revela: Nós temos vivências bimestrais com o corpo docente (. afetividade. a direção. porque é nesse jogo relacional que nós vamos construir a nossa identidade como escola.. 102) Sandra Cornelsen. tranqüilidade. equilíbrio. permeadas também. a direção administrativa. de oferecer um espaço simbólico onde se possa aprender a lidar com as emoções surgidas dentro do contexto organizacional. que se consolida pelo desenvolvimento da autonomia. Batista. do autoconhecimento. no investimento da afetividade e das relações interpessoais. disciplina. p. que sedimentam o trabalho dos profissionais que fazem a empresa. pelas relações de poder que estão enraizadas em qualquer instituição. (ESCOLA TERRA FIRME. 158). poder entre outros. autoconfiança. é importante investir no desenvolvimento de suas qualidades pessoais tais como: autenticidade. o jardineiro. apresentam a base das estruturas das relações pessoais e grupais. Lapierre (2005. comentam que Para lidar de forma equilibrada com relações de poder. A esse respeito. São os funcionários todos: a cozinheira. Não se trata de querer eliminá-las posto que são inseparáveis do homem. Vieira. com todo o pessoal que quiser participar da escola.). compromisso. . Não é só o corpo docente. clínicos e organizacional. Essas pesquisas são flexíveis e assumem uma forma de pesquisa bibliográfica ou estudo de caso. 5 . a saber escolares. verificar os conhecimentos teóricos que embasam a Psicomotricidade Relacional. Os critérios utilizados para a seleção das pessoas que compõem a produção desse vídeo-documentário esteve diretamente relacionado ao foco principal do vídeo. Como objetivos específicos buscaramse: pesquisar a concepção de Psicomotricidade e Psicomotricidade Relacional. abordar questões históricas e da metodologia da Psicomotricidade Relacional nos âmbitos escolares. ao embasamento teórico e a supervisão da prática. O tratamento dos dados obtidos aconteceu por meio de instrumentos bibliográficos. ou seja. metodologia e profissão. produzir um vídeo-documentário para registrar – no contexto atual – o processo de consolidação da Psicomotricidade Relacional enquanto ciência. no que se refere à Psicomotricidade Relacional. documentais. entrevistas. clínicos e organizacionais. entender as sutilezas da Psicomotricidade Relacional nos diferentes espaços em que ela é aplicada. nas questões referentes à formação pessoal.1 PRODUÇÃO DO DOCUMENTÁRIO Teve-se como objetivo geral.38 3 PESQUISA DE CAMPO 3. destacar o Brasil e a importância de José Leopoldo Vieira neste processo. supôs-se que a produção de um vídeo-documentário vem contribuir para a sistematização e credibilidade científico-histórica da Psicomotricidade Relacional. e identificar a organização e estrutura da formação do psicomotricista relacional. Como hipótese. apontar a atual situação da Psicomotricidade Relacional em Curitiba e no Brasil. bem como. pontuar como se dá a formação do profissional que atua De acordo com Gil (2003). depoimentos e áudios-visuais. abordar o percurso profissional de André Lapierre. identificar outros profissionais que auxiliaram na difusão da Psicomotricidade Relacional no Brasil. de entrevistas e de análise de exemplos. Utilizou-se pesquisa do tipo exploratória bibliográfica e documental e do tipo descritiva 5. uma pesquisa exploratória é aquela que se utiliza de pesquisa bibliográfica. deu-se as gravações dos depoimentos junto aos entrevistados. No período de fevereiro de 2008 à agosto de 2009. a reunião dos diversos depoimentos dentro de cada temática específica. porém. Sendo assim. (Disponível em: <http://www. como também. Esse trabalho favoreceu a organização dos depoimentos de cada testemunho por temática específica.Etranslate: O Serviço de degravação de áudio e vídeo consiste em transcrever integralmente e fielmente a fala de cada participante para o papel. a metodologia dessa ferramenta e seus diferentes âmbitos de atuação. 2009) 7 Ver p. tem-se um historiador.39 com a Psicomotricidade Relacional. o funcionamento do curso de formação em Psicomotricidade Relacional com seus eixos teórico. como o banco de imagens do material em áudio e vídeo com os depoimentos coletados é riquíssimo. portanto. Todo o acervo dos dados transcritos. envolveu a seleção de trechos das entrevistas pertinentes com cada área e. alunos de escolas públicas e particulares.htm> Acesso em 28 Jan.br/servicos_todos. diretora e funcionários uma empresa que participou do trabalho no âmbito organizacional. se buscou profissionais que conhecem a metodologia em sua concepção histórica. Para realização das entrevistas. pontos das entrevistas que retratavam o histórico da Psicomotricidade e da Psicomotricidade Relacional.etranslate. Cabe ressaltar que esse material transcrito e organizado por temáticas. sendo que esse material constitui 175 páginas de transcrições. diretores. com intuito de corrigir qualquer parcialidade que possa surgir. há trechos que não foram utilizados. serviu de norte para a edição final do vídeo-documentário (Anexo D). prático profissional e de formação pessoal. 44. Depois de cada entrevista realizou-se a degravação 6. e conseqüentemente. pedagoga. sua fundamentação teórica. supervisores e formadores pessoais do CIAR – Centro Internacional de Análise Relacional. se utilizou as Pautas que constam no Anexo B. com registro prévio do nome de cada orador.com. como a idéia Conforme a Millennium Traduções . Foi utilizado como critérios de corte na edição do vídeo-documentário. 6 . Esse material consta no item Resultados 7 deste trabalho. inclusive em caso de intervenção. bem como. clínicas e empresas. Dentre os entrevistados. O material bruto das entrevistas conta com 10 horas e 3 minutos de filmagem. professora. além da prática nesses diferentes âmbitos citados. Todas essas falas constituíram o “Banco de Memória” (Anexo C) assim denominado por meu orientador. que facilitou o processo de seleção das falas para análise dos resultados dessa pesquisa de campo. psicomotricistas relacionais que atuam em escolas. professores. André Luiz Moscaleski Cavazzani. Formação Especializada em Psicomotricidade Relacional pelo CIAR – Centro Internacional de Análise Relacional – e pela FAP – Faculdade de Artes do Paraná – (2006). possui graduação em História pela Universidade Federal do Paraná (2001).2 ENTREVISTADOS Este capítulo destina-se a apresentar as pessoas que fizeram parte da produção do vídeo-documentário. possui graduação em Ciências Políticas pela Universidade de Massachusetts (1989). Ana Elizabeth Luz Guerra. estudante da Educação Infantil. possui graduação em Engenharia Química pela Universidade Católica de Pernambuco (1994) e Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná (2004).40 inicial deste documentário é um vídeo de aproximadamente 90 minutos. poderá servir de base para futuras pesquisas e produções documentais. por meio da contribuição com depoimentos em entrevistas à autora deste trabalho. Ana Clara Maceroli Bistafa. Portugal. É Doutorando no programa de História Social pela USP – Universidade de São Paulo. Segue abaixo a descrição dos entrevistados por ordem alfabética. 3. . Formação Especializada em Psicomotricidade Relacional pelo CIAR – Centro Internacional de Análise Relacional – e pela FAP – Faculdade de Artes do Paraná – (2003) e Mestrado em História Social – Espaços e Sociabilidade pela Universidade Federal do Paraná (2005). Portugal. É Mestranda em Psicomotriciade Relacional pela Universidade de Évora. o material que não será utilizado. Ana Clara Perroni. estudante da Educação Infantil. É Mestrando em Psicomotriciade Relacional pela Universidade de Évora. Anthony Richard Coler. estudante da Educação Infantil. América do Sul – Sociedade Internacional de Análise Relacional (2002). em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná (1994). estudante da Educação Infantil. estudante da Educação Infantil. Chen Jen Li. Gabriel Henirque Mendes da Silva. estudante do Ensino Fundamental. estudante do Ensino Fundamental. possui graduação em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná (1989).41 Antonio Luiz Canali França. Beatriz Cornelsen Boscardin Frehse. possui graduação em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná (1992). Giancarlo Pimentel Villanova. Portugal. Giulia Toledo de Siqueira. É Mestrando em Psicomotriciade Relacional pela Universidade de Évora. especialização em Ensino e Aprendizagem pela UNICLAR (2001). estudante do Ensino Fundamental. Ivone Popoviski Azevedo. possui graduação em Pedagogia pela UNICLAR – Centro Universitário Claretiano (1992). Psicomotricista Relacional em formação do Curso de Formação Especializada em Psicomotricidade Relacional pelo CIAR – Centro Internacional de Análise Relacional – e pela FAP – Faculdade de Artes do Paraná. possui gradução em Administração pela FAE (1990) e especialização em Administração Financeira também pela FAE (1991). Psicomotricista Relacional pela Clínica Movimento (1999) e Analista Corporal da Relação pelo SIAC. Daniel Vezozzo Farhat. Formação Especializada em Psicomotricidade Relacional pelo CIAR – Centro Internacional de Análise Relacional – e pela FAP – Faculdade de Artes do Paraná – (2004). estudante da Educação Infantil. Heloísa Benetto. . Eloim Ribeiro Biscaia. Giovanna Infantini da Rosa. especialização em Educação Pré Escolar com Deficientes Auditivos pela PUCRJ – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janiero (1981). (1993). José Leopoldo Vieira. pela Faculdade de Motricidade Humana – Universidade Técnica de Lisboa (1988). estudante do Ensino Fundamental. Mestrado em Antropologia pela Universidade Federal do Paraná – UFPR (1995) e Doutorado em Psicologia Clínica pela Universidade de Liège. E. Juliana Luisa Germano dos Santos. Formação pela Biblioteca Freudiana de Curitiba. Jorge Sesarino. Mestrado em Educação Especial pela Faculdade de Motricidade Humana – Universidade Técnica de Lisboa (1995) e Doutorado em Ciência da Motricidade pela Universidade de Trás-os-Monte e Alto-Douro. especialização em Educação pela UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro (1981). especialização em Administração Desportiva pela Universidade Gama Filho (1980). especialização em Didática do Ensino Superior pela Universidade Gama Filho (1979). Analista Corporal da Relação Didata pelo SIAC. Especialista Didata em Psicomotricidade Relacional pelo SIAC. Mestradoprofissionalizante em Educação na Área de Movimetno Humano pela Boston University. possui graduação em Educação Física. Jorge Manuel Gomes de Azevedo Fernandes.42 Dr. É Doutorando pela Universidade de Évora. Bélgica (2005). . possui graduação em Educação Física pela Universidade Gama Filho (1978). Mestrado em Educação UERJ (1985). Lilian Santos Lopes possui formação em Administração incompleta. possui graduação em Pedagogia pela Centro Universitário Uniandrade (2005) e atualmente é aluna do Curso de Especialização em Psicomotricidade da UNIFAE – FAE Centro Universitário. Luana Maria de Castro Sgoda. possui graduação em Psicologia pela Universidade Católica (1984).U. França.A. Portugal. França (Sociedade Internacional de Análise Corporal). Especialização em Didática do Ensino Superior pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1988). Portugal. Portugal. É graduanda em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paraná e Mestranda em Psicomotriciade Relacional pela Universidade de Évora. Formação Especializada em Psicomotricidade Relacional pelo CIAR – Centro Internacional de Análise Relacional – e pela FAP – Faculdade de Artes do Paraná – (2003) e Especialização em Formação em Análise Corporal da Relação pelo CIAR – Centro Internacional de Análise Relacional (2008). É Mestranda em Psicomotriciade Relacional pela Universidade de Évora. estudante do Ensino Fundamental. graduando em Administração pela Faculdade Pilares (2009). Especialização em Psicomotricidade: Educação e Teorias Baseada no Desenvolvimento pela Fundação da UFPR – Universidade Federal do Paraná (1992). Naur Tadeu Meca. possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal do Ceará (1981). Portugal. Maria Isabel Bellaguarda Batista. Luiza Helena Gomes Pereira Rocha. Especialização em Educação Infantil pelo IBEPEX – Instituto Brasileiro de Pós-Graduação e Extensão – (1997). É Mestranda em Psicomotriciade Relacional pela Universidade de Évora. estudante do Ensino Fundamental. possui graduação em Fonoaudiologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1984). possui graduação em Pedagogia pela Universidade Federal do Paraná (1996). .43 Luci Ane Moro Rosa. Especialização em Tecnologias Educacionais pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2000) e Formação Especializada em Psicomotricidade Relacional pelo CIAR – Centro Internacional de Análise Relacional – e pela FAP – Faculdade de Artes do Paraná – (2004). Especialista em Psicomotricidade Relacional pelo CIAR – Centro Internacional de Análise Relacional (1997) e Especialização em Formação em Análise Corporal da Relação pelo CIAR – Centro Internacional de Análise Relacional (2001). Mayara Lopes Passianoto. Paola Kolody. Pós Graduação em Desenvolvimento Infantil pela University of North London (1975). Sendo assim. Sandra Cornelsen. Formação Especializada em Psicomotricidade Relacional pelo CIAR – Centro Internacional de Análise Relacional – e pela FAP – Faculdade de Artes do Paraná – (1997) e Mestrado em Educação pela Universidade Federal do Paraná (2007). estudante da Educação Infantil. possui graduação em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (1971). por leituras referente ao tema.3 RESULTADOS Este capítulo constitui-se em abordar trechos retirados dos depoimentos de alguns dos entrevistados para a produção do vídeo-documentário. fez-se necessário registrar os depoimentos que validam a importânica tanto da Formação Pessoal. o que se diferencia da Psicomotricidade propriamente dita. faz referência aos depoimentos que abordam a teoria e prática da Psicomotricidade Relacional. Sarah Branco Gusi. e Prática Clínica. aos materiais. Escolar e Organizacional. “Compreendendo a Psicomotricidade Relacional”. bem como. sendo eles: Breve Histórico. ou mesmo. Primeiramente será abordado sobre “Breve Histórico”. peculiaridades desta metodologia em relação ao corpo. por meio de seu envolvimento com a prática. estudante da Educação Infantil. aos objetivos. Outro ítem. bem como. Formação dos Profissionais. 3. os itens que seguem são baseados nos depoimentos que colhi e organizados conforme odem temática que defini. quanto dos Estágios Supervisionados que acontecem no decorrer da formação do profissional . que trará trechos de depoimentos de profissionais que conhecem profundamente ou mesmo parte da história da Psicomotricidade e da Psicomotricidade Relacional. Compreendendo a Psicomotricidade Relacional. Decidiu-se dividir em sub-ítens para facilitar a compreensão da evolução da Psicomotricidade Relacional desde sua criação até os dias atuais. ao espaço.44 Pietro Michelin. Com relação à “Formação dos Profissionais”. com suas igualdades e particularidades. Por fim. as diversas nuances. “Prática Clínica. 2008). acabou descobrindo que “temos uma coletânea de biografias de psicomotricistas. são testemunhos. ou melhor. e toda a visão delas é fruto desse comprometimento com todos os benefícios.1 Breve Histórico André Cavazzani em seu depoimento.” Percebendo esta lacuna. para poder contar esta história dentro de uma metodologia historiográfica. utilizando o norte e o horizonte que historiadores dão quando estudam a história da ciência. mas. que “o que aparece no vídeo mais do que teses definitivas sobre a Psicomotricidade..3. tentar entender ao longo do tempo. . disse que como historiador muito preocupado. de uma maneira muito carregada de pluralidades. e uma testemunha é e será sempre influenciada por vivências bastante particulares que interferem no grau das lentes que essa testemunha utiliza para filtrar a realidade”. Escolar e Organizacional”. por que sem esses. os profissionais que estão envolvidos parcialmente em clínicas. Quando foi buscar material sobre a história da Psicomotricidade. de maneira alguma. os diversos cortes epistemológicos desse conceito Psicomotricidade. orientador desta monografia. infelizmente. havia sido contada. preocupados muitas vezes em contar essa história a partir de sua experiência. escolas ou empresas e organizações. no qual pode-se identificar a Psicomotricidade Relacional atuando nesses diferentes âmbitos. como apresentaram os entrevistados que atuam nessas áreas. 3. agregar fontes.” (CAVAZZANI. É importante ressaltar como alertou Cavazzani. E muitas vezes não por uma questão proposital.. ou por uma questão mal intencionada. a formação do profissional é insignificante. mas por faltar metodologia. acabou descobrindo que a história da Psicomotricidade. ou mesmo. pelo menos aqui no Brasil ainda não havia sido contada.45 psicomotricista relacinal. também com todos os vícios que isso pode trazer. esta história acaba sendo contada sempre de forma parcial. dedicou-se em agregar bibliografias. que os entrevistados escolhidos para a produção deste vídeo-documentário “são pessoas envolvidas com a Psicomotricidade Relacional. mas sempre de uma maneira muito parcial. agregar documentação. bem como. a qualquer dia estão a falar de Psicomotricidade Relacional a fazer parapeito. Vitor da Fonseca critica muito processo de especialização que a Psicomotricidade foi sofrendo a partir da segunda metade do século XX.” Segundo Cavazzani. acrescenta ele. não são várias. emocional. onde se busca prevenir por meio da prática psicomotora algumas prováveis dificuldades que podem aparecer depois.46 Cavazzani constatou que já existem na França historiadores preocupados em historiar este campo. forma profilática. como afirma Cavazzani gera até prejuízos para nós que somos psicomotricistas relacionais. de direito e de fato. educativa. O que se deve colocar é essa Psicomotricidade Relacional que a muitos interessa no momento: Lapierre. Identificar se da criança.. temos a Psicomotricidade Relacional. explicou que variando em suas abordagens hoje. para que ela deixe de se tornar uma especialização e se tornar uma profissão reconhecida. Jorge Fernandes em seu depoimento relata que “hoje em dia se fala da Psicomotricidade Relacional no meio aquático. do adulto. Cavazzani por sua vez. Relatou o quanto é tocante ver que estes estudiosos trazem para as suas referências as contribuições do André Lapierre nas diversas Associações de Psicomotricidade que vão se formando. A própria Psicomotricidade para Fernandes é só uma. É preciso ter um certo cuidado (. o que não podemos confundir são as metodologias próprias que a Psicomotricidade tem. estas formas de intervenção podem existir. a Psicomotricidade se delineia em três focos distintos de intervenção: “o foco preventivo. as outras metodologias segundo ele. do idoso. Isso mostra a Psicomotricidade Relacional cada vez mais na virada do século XXI e ele acredita que “muito em função do sucesso que a Psicomotricidade Relacional e sua vertente Relacional tem representado. o foco reeducativo. Ele acredita também. que é o foco . até onde vai outra” e essa confusão. “Há Psicomotricidade na prática. começa se firmar como um campo científico. “uma mais cognitiva e uma mais afetiva e dentro desse ninho mais evidentemente afetivo.. existem sim duas grandes dimensões para ele. mais do âmbito cognitivo poderão e deverão fazer a mesma coisa. ser “uma questão de tempo para começar a surgir os primeiros cursos de graduação em Psicomotricidade Relacional. mas há confusão até onde vai uma vertente.” Da mesma forma. André Lapierre. reeducativa ou terapêutica do ambiente clinico. Estas teorias podem existir. com uma epistemologia própria”.)”. a segunda tópica: o ego.3. inconsciente.47 mais no sintoma.” Assim. Ajuriaguerra. o id (como está traduzido em português). e a importância desse narcisismo do eu. afirma que “o André 8 entrou na Psicanálise para buscar o que ele sentiu que faltava ali na Psicomotricidade Relacional.” Jorge Sesarino. através de uma maneira mais estruturada. mais ou menos valor.2 Compreendendo a Psicomotricidade Relacional Maria Isabel Batista em seu depoimento relata que André Lapierre foi construindo a concepção relacional baseando-se em outros conhecimentos. segundo Cavazzani. que nós possuímos um corpo. A idéia que nós temos um corpo. e a organização da criança a partir dessa configuração freudiana. André Lapierre pegou a essência da Psicanálise. para aquisição de conhecimento escolar. pré-consciente. a segunda tópica freudiana. . A primeira tópica: consciente. que de alguma maneira influenciaram André Lapierre na construção da sua concepção. como estudos a respeito do desenvolvimento humano. de acordo com Sesarino. o superego. por meio da vivencia corporal a criança para que ela possa aprender conceitos na teoria de uma maneira mais fácil.” E o André Lapierre. e tem ainda. ou seja. Freud e outros autores. que procura estimular o desenvolvimento psicomotor numa perspectiva propedêutica. numa maneira mais natural. mais funcional. e que esse eu pode ter mais estima ou menos estima. “no sentido de que a Psicanálise mostra que o sujeito existe antes no campo do outro. é extremamente 8 André Lapierre. A partir dali. Ericson. e ele foi buscar o quê na Psicanálise? A primeira tópica. prepara por meio da Psicomotricidade. esses três focos. os conceitos. que habitamos um corpo. dentre eles Wallon. E depois. “É importante a conexão com as outras ciências. criando a Psicomotricidade Relacional. o foco educativo. que ajuda a resolver problemas imediatos. Que nós somos seres de linguagem. Ele tomou isso como um plano para poder pensar a criança. passa por esses três cortes. mais ou menos narcisismo como diz o Freud. 3. a idéia de que a criança constrói um eu para ela. Então essa comunicação que é tônica e não verbal. que melhoremos. ficando apenas uma empatia que se estabelece por meio da fala. para a criança seja uma figura de poder. para que ela possa se afirmar diante do adulto. por exemplo. quando a gente ao nascer separa do corpo do outro e que gera aquela falta primária. É um corpo relacional. Durante o jogo se coloca muito igual à criança. e que esse objeto tem a marca e o valor que o outro lhe atribui (... permite viver conteúdos como a dominação. Não vamos falar sobre o corpo. que é infra-verbal.). na medida em que é um corpo que está na relação. no verbal. é a lei. é na emoção (. segundo ela. Porque isso é algo considerado por todos os autores. é na pele..48 importante na Psicomotricidade Relacional e na Psicanálise e que esse corpo é uma construção que se faz. é necessário se manter mais distante. que é essa questão de “poder tocar no fantasma mais original. “A forma como o psicomotricista relacional se coloca muito junto com o corpo da criança.. o sujeito é um sujeito faltante e é essa falta que faz com que cresçamos com que busquemos outras alternativas. quem estabelece a ordem. que você sente o que ele está sentindo. mas no corpo vivido.” O momento inicial disso tudo segundo ela. e aí é onde está a diferença. e se faz na mediação com o outro. traz outra tônica para o assunto.” . e na Psicomotricidade Relacional não. É o primeiro objeto do eu. ou seja. na relação.” Afirma existir uma relação muito de igual para igual.” Luiza Helena Rocha acredita que o diferencial que se apresenta na Psicomotricidade Relacional “é o corpo e a forma como se relaciona o psicomotricista relacional com a criança. Batista afirma que “a Psicomotricidade Relacional é essencialmente uma prática que lida com o óbvio o que é muito simples se a gente pensar em termos de desenvolvimento humano. E é ai onde André Lapierre faz uma proposta que ela considera extremamente ousada. isso é sentido no seu corpo e no corpo do outro. de construção de identidade de personalidade o que é básico. é uma ‘coisa muito próxima’. é no tônus. acreditando Rocha ser esse o diferencial maior. O mesmo acontece no trabalho com os adultos ou com os adolescentes. no fantasma mais primário que é aquele fantasma da falta no meu corpo do corpo do outro. toca no corpo.). que desenvolvamos competências. e não num discurso sobre o corpo.” Muitas vezes em outras abordagens. por todas as outras metodologias. embora o adulto. com o adolescente e com o adulto. do adolescente. o corpo. vamos viver esse corpo e isso faz toda a diferença. o profissional. é a que mente menos.. poder comunicar com o nosso tônus.. é totalmente baseado no sentimento. de que forma ele deve explorar o material. Isso realmente é uma grande sacada e que traz toda a diferença para o trabalho tanto na clínica. e esse psicomotricista relacional só consegue fazer isso se participar do curso. vivenciado no corpo do outro. como na escola. Ana Elizabeth Guerra a esse respeito afirma que “usando essa mediação corporal. a falta não é no ser.)”. participa-se junto dentro desse jogo espontâneo da criança.” O jogo espontâneo é outro diferencial da Psicomotricidade Relacional segundo Rosa.” Luci Ane Rosa por sua vez afirma: “deixar de lado só a linguagem verbal e poder comunicar com o corpo. todos os sentimentos que estão ligados a determinado contexto. e que podemos aceitar numa maneira muito mais tranqüila a criança. durante cada sessão. como a gente começou a vida. aí mora a grande diferença. a falta é no corpo. porque isso remete as nossas origens. é a que se mostra mais na nossa inteireza. durante esse jogo o psicomotricista relacional atua junto e só vai conseguir atuar de forma positiva e de forma verdadeiramente eficaz se conseguir fazer a decodificação de todo esse jogo simbólico que a criança traz. e André Lapierre segundo Batista vem e diz: “Não.49 Fala-se de uma falta no ser. dentro desse jogo simbólico que ela vai trazer. identificados muitas vezes por meio dos resultados práticos. a relação corporal que o sujeito estabelece com o terapeuta.” . Então a possibilidade de vivenciar junto com o outro. Então durante essa atividade espontânea. essa relação que é desculpabilizada. está se mostrando para o adulto. no corpo do outro traz toda a diferença (. Foi uma grande sacada de André Lapierre resgatar essa relação primaria. que consegue caminhar dentro de um conteúdo afetivo é um grande diferencial dentro dessa prática. É a mais autêntica. Porque os pacientes têm as possibilidades de vivenciar junto com o terapeuta. Essa comunicação tônica que segundo a teoria do André Lapierre se percebe a cada dia. já que “não há interferência com o participante da sessão em relação ao que ele deve fazer. é a que esconde menos. modulação tônica como se diz. a determinada dificuldade que ela apresenta. se participar da formação para Psicomotricidade Relacional. ou o aluno que está se expondo na sessão. principalmente segundo Guerra. “Esse começar na vida é totalmente corporal. do corpo do outro”. essa relação mais verdadeira e conseguir fazer disso uma ferramenta de trabalho. depois que eu ter escutado alguns depoimentos de pessoas. inclusive o André Lapierre eu poderia dizer. Porque você vai entrar num inconsciente. pós-doutorado não vai conseguir fazer Psicomotricidade Relacional. educação psicomotora. é importante que compreendam. porque confunde com a outra Psicomotricidade. isso é obrigação do professor de Educação Física. com o corpo da criança. professor de Educação Física. para que ela possa entrar no mundo real de uma forma sedimentada. você vai ajudar a criança a construir toda sua personalidade. o Leo 10 tem acrescentado. com o teu corpo. para realidade. eu já fazia isso em 1972. Mas então o que é Psicomotricidade? Desenvolvimento motor. educação psicomotora. pode ter doutorado. se não tiver uma formação em Psicomotricidade Relacional. Eu sou professor de Educação Física. com essa passagem do imaginário. Ainda que tenha um campo bastante receptivo. de autoridades do MEC 9. sem tanto sofrimento. é pensar o ser humano em todas as suas idades digamos assim. Então é uma teoria que está nascendo. você mesma deve perceber que vocês estão escrevendo a história e a teoria da Psicomotricidade Relacional. que o erro do André Lapierre foi ter colocado o nome de Psicomotricidade no trabalho que ele fazia. isso é muito importante” finaliza Vieira. de uma forma segura. é nova ainda. Psicomotricidade. vai trabalhar e ajudar a criança na sua estrutura psíquica e a partir daí. eu já trabalhava com o desenvolvimento motor. outros profissionais.50 José Leopoldo Vieira em seu depoimento afirma que “antes falava-se em desenvolvimento motor. Psicomotricidade Relacional é outra forma de atuar. tranqüila. Então é outra história. eu já fazia Psicomotricidade. . porque poucas se dedicam para criança como ela faz e ainda que a intenção do André não é só pensar a criança. isso já vem sendo feito. ele iniciou um trabalho. outros pensadores da Psicomotricidade estão escrevendo. Sesarino afirma que “o André não construiu uma teoria. está para fazer ainda.” 9 10 Ministério da Educação. Psicomotricidade Relacional é outra história.” Vieira acrescenta que “para fazer Psicomotricidade o professor de educação física faz. boa. com a parte emocional. José Leopoldo Vieira. Ele dizia que esse curso deveria ter no mínimo 270 horas de Formação Pessoal”. mas não era um curso formatado. lê um livro. de que forma vai entrar nessa relação. para um bom funcionamento de um psicomotricista relacional. na formação. porque na realidade ela diz que “em Psicomotricidade Relacional o profissional desenvolve um modo de ser. e qual a contenção posterior que vai dar.” Não quer aqui 11 André Lapierre. de conhecer seus próprios registros corporais. quem faz o curso vive isso. um trabalho voltado ao auto-conhecimento. a capacidade de se auto-conhecer. mas jamais sem Formação Pessoal. de dar conta de suas potencialidades. Antes de tudo. mas também daquilo que não pode. porque às vezes fica assistindo uma palestra. acha muito interessante. para aquele tipo de atitude que a criança tomou. mas também dos seus limites.” Porém.” Então a formação além desse aspecto do auto-desenvolvimento. das suas competências. autêntica com o outro e a partir daí poder também tirar os excessos e fazer uma leitura adequada da situação.3 Formação dos Profissionais Vieira ao relatar sobre a estrutura do Curso de Formação em Psicomotricidade Relacional aborda que “na verdade o André 11 chegou uma determinada época ele também pensava em fazer um Curso. Essa Formação Pessoal também incluiria a teoria da Psicomotricidade Relacional. como afirma.3. uma forma de ser.” E assim “fazer uma intervenção realmente produtiva que ajude o outro a evoluir a dar um passo a mais no seu desenvolvimento. como fazer uma intervenção. o que é uma decodificação. Vieira acrescenta que ultrapassam esse número de horas e que “essa Formação Pessoal é condição sine qua non. reúnem um grupo de crianças e utilizando alguns dos materiais clássicos começam “a fazer coisas sem saber.” Rocha a respeito da Formação Pessoal acrescenta que “o André Lapierre e o Leopoldo Vieira sempre falavam que seria possível formar um psicomotricista relacional sem aulas teóricas. para fazer com que a pessoa se fortaleça e possa realmente se disponibilizar nessa comunicação de corpo para corpo.” Batista argumenta que “é preciso desenvolver no profissional. fiel a idéia dele.51 3. daquilo que não consegue. Isso muita gente não sabe. na pessoa. um trabalho voltado ao desenvolvimento pessoal. o que tentam manter até hoje. de que forma vai sair dessa relação. . nessa comunicação primitiva. sensualidade. é impossível. que o profissional que atua como psicomotricista relacional. Batista ao comentar a estrutura do curso oferecido pelo CIAR. Onde é que eu tenho uma dificuldade. “mas cada um precisa saber o que é difícil.52 desfazer da teoria. da Formação Teórica e da Formação Profissional”. Centro Internacional de Análise Relacional. . isso Rocha quer frisar. aonde é que eu não posso entrar. “não há como se fazer um psicomotricista relacional sem passar por uma Formação Pessoal. facilita a compreensão “sobre o que vamos falar. possa resgatar a sua criança. isso para a pessoa em início de formação. sob que ótica vamos buscar construir esse 12 13 André Lapierre. Quem chega há uma pós-graduação tem condições de buscar as informações que necessita. não tem como. eu saber até onde eu posso ir. passa por uma formação que atualmente acontece em nível de Pós-Graduação Lato-Sensu no Brasil e Stricto-Sensu em Portugal. afirmou ela. tanto na clínica. o qual inicialmente traz propostas em termos práticos. onde é que eu tenho facilidade. limites. O que eu dou conta. é fundamental” diz Rocha. sexualidade. acrescenta ela. o prazer de brincar. que não entra em contato com crianças nessa forma. o que eu não dou conta. pelo contrário. agora “a Formação Pessoal ela é imprescindível. o André Lapierre sempre dizia: ‘eu não posso pensar em impor a uma criança algo que eu não tenha vivido’” completa Rocha. mas a teoria se busca nos livros. para eu saber e poder controlar essas questões. a desculpabilização do corpo. Porque como Rocha diz. com esse eixo da Formação Pessoal. o que é fácil. vivenciais. Então para o adulto que se propõe a essa formação. o André 12 sempre foi um estudioso e isso é fundamental. Rosa afirmou que “a própria Anne Lapierre já falou que a melhor forma como ela viu de estruturar um curso em Psicomotricidade Relacional é a forma que o CIAR 13 estruturou aqui no Brasil. tem que estar com as suas questões bem resolvidas. esses três eixos eles acontecem concomitantemente. com tranqüilidade. e quando eu estiver em jogo com as crianças. completa Rocha. porque “faz tantos anos que talvez não brinca. sem que necessariamente precise ter uma aula. E se vai propor uma série de conteúdos pra serem vividos como agressividade. sobre como vamos abordar as questões. É importante ressaltar.” Não é uma terapia.” Então. quanto nas organizações ou empresas. na escola. observação contextualizada. conhecer todas as nuances da Psicomotricidade Relacional. ela acredita que André Lapierre esboçou o essencial.” Paralelamente a essa prática. antes da pessoa estar dentro da situação.53 conhecimento. principalmente porque toda a base da Psicomotricidade Relacional envolve o percurso pessoal e profissional dele. são as sessões que o estudante de Psicomotricidade Relacional vai passar justamente para poder conhecer e se conhecendo não projetar as suas questões enquanto estiver atuando. sem ter passado por ele.” Assim. é importante participar das vivências para se conhecer e para conhecer o setting. a teoria vem sendo trazida. Segundo Rosa. como afirmou Rosa. “a aprendizagem realmente vai ser produtiva no momento em que ela é integrada. Pois não tem como fazer um trabalho com o outro. ela poder ter um momento de observação. que envolve um processo de auto-conhecimento.” Embora a teoria da Psicomotricidade Relacional não seja tão ampla. a Formação Pessoal. segundo ela. saindo de uma visão centrada no seu próprio desenvolvimento. conhecer teoricamente.” . esmiuçar alguns detalhes desse trabalho e conhecer a teoria. como se denomina esse início do curso “é a parte prática mesmo. bastante recente. Principalmente a essência da teoria e os escritos do André Lapierre eles são muito ricos nisso. para começar a enxergar o outro nessa relação de ajuda. E a partir daí.” Então a prática. que na estrutura do curso se denomina como Estágio Supervisionado. no momento em que pode se fazer a relação entre o que se vive e o que se conhece teoricamente. Então esse passo a passo. Batista diz iniciar-se o percurso prático-profissional. conhecer o material. onde ela posa ir fazendo essa passagem. cada um de nós precisa conhecer. colocar esse corpo em exercício. segundo Batista. assumindo todo o compromisso e a responsabilidade de estar intervindo na vida de outras pessoas. assim. então “a intenção é ir fazer essa mescla entre o que se vive e o que se pensa e o que se constrói em termos de conhecimento durante o primeiro período do curso. durante um período de seis meses a um ano. argumenta Rosa. na construção dessa história. porque é uma ciência bem nova. E daí vem à formação prática. para poder explicar o que faz” e precisa da Formação Pessoal para poder colocar esse corpo mesmo a prova. “É possível darmos continuidade a esse trabalho. “Nessa introdução da prática. sendo assim. de desenvolvimento pessoal é o ponto de partida do curso. Observação aleatória. afirma Batista. porque é importante dentro do trabalho junto com as crianças. é uma etapa mais profissionalizante ainda. ainda com o espaço da Formação Pessoal que é oferecida no curso. Se assumir como psicomotricista relacional diante um mercado de trabalho. a supervisão é extremamente necessária. que atua também como Supervisora dos Estágios resume o que acontece em cada um dos três momentos dos estágios. mas ainda com o respaldo. o que o outro precisa. Então ele está mais apto a conseguir. Então é uma entrada no mercado de trabalho. a disponibilidade corporal. a disponibilidade corporal. Ele vai começar a ousar em nome da formação que ele teve. Então. desde a criação da Psicomotricidade Relacional na Europa por André Lapierre e cada um tem as suas especificidades. do que é normal. O aluno ainda não tem condições de dar conta das necessidades do outro. porque ele já vivenciou durante todo o Estágio I várias situações. mas agora de uma forma mais independente ele vai buscar. “é o momento em que o aluno vai ousar. o prazer de brincar. como que eu preciso responder mais adequadamente. ele vai negociar. afirma Guerra. o que cada material traz de conteúdo simbólico. por exemplo. a buscar entender o que o outro me pede dentro dessa relação. só que ainda com a supervisão. antes de avançar para a decodificação que acontece mais no Estágio II e no Estágio III. O Estágio III por sua vez.” Durante todo esse período dos Estágios. junto com os adultos enfim. por isso o Estágio I tem bem essa característica. “No Estágio I.54 Guerra. Como também “o aprofundamento principalmente no que diz respeito à apropriação da concepção. então toda essa primeira etapa é vivenciada no Estágio I. que segundo ela. O aluno precisa realmente vivenciar e integrar essas ferramentas. Ele precisa muito ainda integrar as ferramentas que ele vai utilizar no futuro para ajudar o outro. No Estágio II ele está mais apto a fazer essa escuta para o outro”. Ir buscar um lugar no mercado de trabalho. a criatividade. o aluno vai buscar vivenciar e integrar as primeiras ferramentas que são importantes para o psicomotricista relacional. argumenta Guerra. do que é patológico. com a escola ou ele vai ter contato com os pais dentro da clínica. a familiaridade com os materiais. ainda com a segurança do curso de pós-graduação. No Estágio II o aluno já tem uma prática no Estágio I. a experiência do Estágio II. Ele tem já a experiência do Estágio I. eles sempre existiram. da abordagem relacional de desenvolvimento. o prazer de brincar. De como a personalidade . ainda com a orientação. O processo de parceria. lerem e destrincharem esse conceito epistemológico de Psicomotricidade estarem voltando para essa necessidade da Formação Pessoal.” Juliana Luisa Germano dos Santos. Mas o que tem acontecido. ou como vai se consolidando a estrutura da personalidade”. Já na segunda ou terceira sessão começou a ouvir relato dos professores das “diferenças que estavam vendo na turma. são muitos psicomotricistas depois de escreverem. Depois que conheceu se envolveu com os materiais. e apropriando realmente da concepção relacional. E aí tem ligado e disso surge o que temos comemorado atualmente. apesar de ficar ansiosa no início porque não sabia o que era esse trabalho. a aceitação pela escola. E aquela baixa de tônus. acrescentou Azevedo. mudança de comportamento de alunos. o qual é um processo prático e não teórico. com conteúdo. Para assim. e também de bater com o bastão no chão e fazer bastante barulho. Afirmou Azevedo. montou um esquema de trabalho para atender cinco turmas. Cavazzani afirma: “existem psicomotricistas que conhecem a fundo o campo epistemológico da Psicomotricidade. às vezes muito mais que muitos psicomotricistas relacionais que às vezes se perdem na teoria. que a gente tanto pede e tanto fala. de alunos individualmente e de alunos como turma. como grupo. uma Universidade do 14 Centro Internacional de Análise Relacional. acrescenta Batista. firmado entre a Universidade de Évora. se posicionar com fundamento. mudança de comportamento num geral. começou a acontecer aqui dentro. Ivone Popoviski de Azevedo.55 vai se construindo. que no início do ano letivo em 2008. baixa de agressividade. Como vamos construindo as estratégias relacionais. poder enquanto profissional. disse gostar de brincar com a bola. Foi bem fácil a aceitação dos professores. o modo como funcionamos diante das diversas situações. porque estão muito preocupados com o processo de Formação Pessoal. diretora da Escola Municipal Professor João Macedo Filho em Curitiba. . jogar com os colegas. ficando deitada sobre ela. de convênio. recebe muitos estagiários do Curso de Formação Especializada em Psicomotricidade Relacional do CIAR 14 em sua escola. aluna da 2ª Série da Escola Municipal Professor João Macedo Filho disse que participar da Psicomotricidade Relacional foi legal. dando sustentabilidade para aquilo que se produz na prática. ” Fernandes afirma que uma das coisas que seus alunos ficaram muito entusiasmados na Universidade de Évora e “estão com uma vontade enorme de passar por essa situação. E aqui você sente. através do trabalho que a gente organizou.” A respeito do Mestrado em Psicomotricidade Relacional. e isso tem um valor tremendo. não importa a cultura. Disse que foi muito importante “para ver isso funcionar em outro lugar.. Porque o que eu acho muito importante. “como os brasileiros aceitam essa Formação e dá muito certinho aqui. que é a Formação Pessoal. . que além do carinho. participando de momentos teóricos e práticos na sede do CIAR em Curitiba.56 governo português e o CIAR 15. americano que está fazendo a sua formação em Psicomotricidade Relacional pela Universidade de Évora em Portugal. se fortalece. Vamos começar agora com Leopoldo no próximo mês de 15 Centro Internacional de Análise Relacional. ainda não fizeram vivências em Formação Pessoal. cujo também é reconhecido pelo tratado de Bolonha. porque ainda não passaram. ou seja. se reorganiza e agora está voltando pra Europa. o que importa é que as defesas baixam (. E cria-se então o primeiro Mestrado em Psicomotricidade Relacional na Europa. o brasileiro tem um jeito de mostrar o carinho. também com uma parceria de reconhecimento dessas três instituições. aonde o que se quer é justamente voltar a essas origens. e foi muito gostoso sentir esse carinho. que é a Universidade Federal do Ceará.” Coler também teve a oportunidade de participar de uma formação junto a professes de uma escola particular em Guaratuba. era outra experiência. Mas não importa o quarto. era noutro quarto. juntamente do CIAR e a Universidade de Évora. É o primeiro mestrado que existe. não importa o país. e quando eu fechei os olhos no relaxamento. por todo mercado comum europeu. que nos leva de volta para Europa de uma forma mais organizada. voltar a isso que é imprescindível.). onde temos alguns brasileiros participando dessa primeira turma e tem mais um grupo pra participar da segunda turma. vem pra América Latina. Vieira argumenta que “esta ferramenta nasce na França. e esteve no Brasil por aproximadamente dez dias. Então existe um Mestrado. é o calor do corpo humano. afirmou estar vendo no Brasil. Mas na realidade eu acho que isso aqui daria certo em qualquer cultura.” Em entrevista com Anthony Robert Coler.. uma dificuldade. então não formamos grupos grandes. como as crianças que estão na clínica têm um problema.3.” Existem profissionais que trabalham com mais. embora não se possa prever nada. mas ela particularmente não gosta 16 Em Outubro de 2008.57 outubro 16. Escolar e Organizacional No trabalho clínico. porque ele explicou tudo em termos teóricos. quanto em escolas de acordo com Guerra. Isso acontece. e crianças que tenham algum problema familiar. que varia em torno de dois anos.” 3. oito crianças é um número máximo.” Acrescenta haver momentos no qual “a criança sabe que aquele conteúdo. já traz uma queixa específica. do jogo simbólico. como com crianças com dificuldades de aprendizado. isso com criança sempre se faz esse tipo de procedimento. por aquilo que vão passar e estão desejosos de ter a Formação Pessoal. tem um brincar muito diferente de uma criança de dez anos.” Guerra acrescenta que “o grupo na clínica ele não é tão grande como na escola. nas aulas magistrais e eles captaram. mas mesmo assim. atua sempre dentro de uma faixa etária parecida. é um material muito subjetivo.” Eloim Biscaia afirma que na clínica está “trabalhando com crianças com dificuldades severas. “uma criança de cinco anos. que são duros também para criança dentro do processo terapêutico. enfim. toca num determinado conflito que ela precisa elaborar. os interesses. mas eles perceberam. na clínica. para que o movimento corporal seja parecido. . sendo assim. então é preciso manter esse limite de dois anos dentro da faixa etária. Guerra argumenta o quanto “as crianças permitem se aventurar dentro de uma elaboração psíquica com mais facilidade. um tempo psíquico que cada um tem que encontrar e definir. para que não se destoem. Como existem muitas demandas individuais.” É importante ressaltar que a prática da Psicomotricidade Relacional tanto em clínicas. as resistências são bem menores e isso favorece o tempo. isso na escola. segundo ela. porque sempre utiliza a dimensão do prazer. por exemplo. aquela brincadeira que ela está vivendo traz uma elaboração mais séria.4 Prática Clínica. Guerra afirma que. E há momentos que são difíceis. saber das novidades que as crianças e os adultos trazem. tem condições de atender a demanda de cada criança. Rocha afirma que na Psicomotricidade Relacional. E na hora do relaxamento para levá-los a uma reflexão. depois que o jogo começa o psicomotricista relacional não fala. Da importância que é as palavras que o adulto dirige a ela. . metade vai para outra aula especial que a escola ofereça e a metade vai para a Psicomotricidade Relacional. Do grito. “Outras escolas acabam contratando mais de um profissional.” Sesarino ao argumentar sobre o profissional que trabalha com crianças. às vezes para dar algumas consignas. acrescenta ela. dividida com o máximo de 12. afirma que este precisa “saber da importância que é para a criança um contato com um adulto. sobre aquilo que se percebeu como tema do grupo naquele dia e só. para que possam refletir sobre aquilo que foi vivido. De acordo com Rosa. Às vezes para relembrar um limite. Fala no início na roda inicial para enfim. com o adulto. e a gente 17 Centro Internacional de Análise Relacional. para dar e lembrar as regras. alguns comandos para dinamizar a prática. e assim é possível que a turma inteira seja atendida. Da importância que é para a criança. isso quando existe apenas um profissional para atender. ou ao menos alertar para essa importância. mas de um modo geral. “o psicomotricista relacional fala muito pouco. para que não se percam. e outras formas de comunicação utiliza bastante. dependendo até do espaço físico que a escola oferece. Então a comunicação a gente realmente baixa. algumas escolas dividem a turma. pois acredita haver maior riqueza no trabalho. assim divide-se a turma entre esses dois profissionais. o lugar que o adulto dá a criança quando se dirige a ela. e esse profundo respeito pela criança. 15 alunos. com o jovem. com adolescente. Cada escola acaba encontrando uma forma de lidar com essa situação. principalmente com o adulto essa comunicação verbal para que eles se comuniquem de outra forma. o grupo de trabalho na escola não pode passar muito de 12 crianças por sessão de Psicomotricidade Relacional. se o grupo está querendo sair um pouco do simbólico.58 de grupos grandes dentro da clínica. diversidade e ao mesmo tempo.” Acrescenta que enquanto professor do curso de Formação em Psicomotricidade Relacional do CIAR 17 consegue passar aos alunos. a integração do grupo. então às vezes as mudanças sejam mais fáceis ou menos sofridas muitas vezes do que nos adultos. Rocha afirma que “o setting é o mesmo. trabalhar com lideranças. Como sempre se diz. tem que rever algumas questões para poder trabalhar com as crianças. com a sensualidade. sem ter esse objetivo. Rocha acrescenta. a única que se diferencia é o não falar que com as crianças a gente não diz isso. mas é diferente. que às vezes vão ter que buscar em outro lugar. porque vamos trabalhar com a agressividade. porque acabam tocando em algumas coisas. Sem querer. no decorrer de toda a sessão. afirma Rocha “você também tem um certo foco. embora o trabalho tenha um valor terapêutico. com as frustrações.” Quando se trabalha com escola ou com empresas. vamos trabalhar esse enquadrar essa agressividade positivamente. querem se psicomotricistas. “os adultos quando chegam para nós na Psicomotricidade Relacional. com conflitos. tirando isso o trabalho é muito parecido. de forma alguma é terapêutico. eles chegam na Formação. que é o objetivo daquele encontro. então você acaba tendo algum foco. Só que com as crianças as coisas não estão tão cristalizadas ainda. as regras básicas são as mesmas. A música porque eu com crianças não trabalho com música. que o trabalho que ela realiza sem música com as crianças é uma particularidade própria. busca ao máximo não ter essa comunicação verbal com eles. Mas. que eles têm um objetivo. com a afetividade. com a orientação do “Leo 18. às vezes a gente coloca alguma coisa no relaxamento e quando você entra com adolescentes.” Quando Rosa começou seu trabalho na escola. os materiais são os mesmos. com a sexualidade. no fundo eu acho que os objetivos são os mesmos.” Ao ser questionada sobre a diferença entre o trabalho com crianças e adultos na Psicomotricidade Relacional. e não somente no momento do relaxamento com crianças.59 também. Aos poucos. você acaba tocando em algumas outras coisas que as pessoas acabem falando. ter essa comunicação corporal mesmo. existem muitos psicomotricistas relacionais que utilizam a música em sua prática. com as mesmas coisas. porque eles não estão lá buscando um tratamento. Então aprofundamos até um certo ponto. jovens e adultos você tem que ter música. Mas no fundo. . trabalhar com limites. da Anne 19 e da 18 José Leopoldo Vieira. a grande dificuldade era explicar que não estavam fazendo terapia com as crianças. é muito semelhante.” Cabe ressaltar aqui. de harmonia no grupo. porque achavam que a gente fazia clínica na escola. não temos a mínima intenção de fazer clínica. essa é a grande diferença. onde houver pessoas vão existir conflitos. Cornelsen afirma identificar nesses anos de Escola Terra Firme “as mudanças na escola. Nós nunca fizemos clínica. realmente mostrar que “o trabalho da Psicomotricidade Relacional na escola é uma ferramenta de apoio à educação. e também para o próprio corpo docente da escola”. e nosso objetivo é profilático. Não é que não existam conflitos. a postura de cada um. dando opiniões e também identificando o que se percebia em relação a cada um dos alunos. quando necessário. nos professores. não é terapêutico. o desenvolvimento da criatividade. Tinha pais que não matriculavam na escola. para que ele possa aprender. que é escola que lida com conflito. e não algo extraordinário. . as possibilidades de complexidade. Puderam aos poucos. Sandra Cornelsen. não são tampados. E quando o conflito é trabalhado. o nosso foco é simplesmente melhorar a condição de vida desse educando. “hoje as pessoas conhecem Psicomotricidade. foram conseguindo adaptar a linguagem. e quando ele somente é abafado ele permanece. apesar de que em várias situações acaba tendo um resultado terapêutico.” Essa foi uma grande conquista segundo Rosa e o resultado disso foi o fato de aos poucos estarem enquanto profissionais na escola. as mudanças no pessoal. o que contribui para a aprendizagem dos alunos”. mas não é o foco.” O foco na prevenção. Então a sensação que eu tenho a partir da escola com a Psicomotricidade Relacional. geralmente se encontram soluções. os conflitos são trabalhados. que os ajudassem a transmitir essa idéia. afirma Rocha.60 própria Bel 20. são objetivos da Psicomotricidade Relacional na escola. sempre foi profilático. ficando mais acessível principalmente aos pais. só que os conflitos não são tapados como a gente diz. Maria Isabel Bellaguarda Batista. “a socialização dos alunos. podendo até mesmo ajudar a decidir encaminhamentos para algum outro profissional.” Ela acrescenta que o 19 20 Anne Lapierre. ou recreativo apenas. quando eu abri a escola ninguém sabia o que era. é de que a gente abriu uma nova história. o resgate da auto-estima das crianças. estarem participando de conselho de classe dentro da escola. diretora da Escola Terra Firma também relata a dificuldade no início do trabalho com a Psicomotricidade Relacional. por causa da Psicomotricidade. e assim por diante. são 20 anos. mas também. Isso é muito claro para nós.” Pode-se perceber de acordo com Frehse. perceber isso. o reconhecimento do adulto.” Na Escola Ponto a Ponto. são mais compreensíveis. já que passaram a “saber respeitar o que a criança está sentindo. porque eles estabelecem relações de todos os tipos. para vida dela. vai facilitar o trabalho em da sala de aula. No relato da Professora de Educação Infantil Luana Sgoda que participou desse momento de implantação tem-se: “foi uma mudança bem grande para escola”. Essa relação acaba sendo facilitada dentro da Psicomotricidade Relacional. é um olhar pelo corpo. a ler o outro.61 “olhar da escola. com crianças. a psicomotricista pode trabalhar isso dentro da sala da Psicomotricidade Relacional para favorecer a autonomia. Então a criança não é uma criança a mais numa sala de aula. reconhecer. na sala de aula. então isso tudo veio por meio da Psicomotricidade Relacional. eles voltam mais tranqüilos. e com base no que elas sabem. a auto-estima. e com base na história que elas têm. com materiais.” Beatriz Cornelsen Frehse.” Sgoda ao ressalta a importância desse trabalho. porque tudo tem uma resposta” e acrescenta que “geralmente quando eles voltam da sessão. na vida dela. a maneira que usa pra construir com os objetos. “crianças que constroem. ela vai estabelecer fora da Psicomotricidade Relacional. o pessoal se aceita mais. argumenta que “as crianças aprendem muito através da relação que elas fazem por elas. isso tudo ela vai levar daqui de dentro da sala da Psicomotricidade Relacional. E acrescenta. Pode-se trabalhar isso. coordenadora pedagógica da Escola Terra Firme. e tornou-se o foco gerador dessa escola. a Silvia. vemos bastante diferença. com os profissionais. trabalhar envolvendo as crianças. é o Davi. como é que ela constrói dentro da sala. É importante você saber. de um lugar para outro lugar. assim vai se dando o processo de aprendizagem. a ver o outro. “a questão da união foi bem forte não só com as crianças. saber por que ela está tendo aquela reação. com adultos e trabalham conteúdos são levados de dentro da sala da Psicomotricidade Relacional para a sala de aula. Teve mais aconchego. porque é uma relação direta. ela vai construir um aprendizado dentro da sala de aula.” . porque lá é o momento que eles extravasam. Que a maneira como ela estabelece as relações interpessoais com as crianças dentro da sala da Psicomotricidade Relacional. A gente aprendeu ao longo desses anos. a Psicomotricidade Relacional já está inserida no currículo desde 2006. e isso é muito sério. porque é legal. Do colo que ela perdeu. porque não colocar dentro das escolas esse processo estimulador. do que ela está deixando de ser e do que está se tornando.” Sesarino adverte que “brincar para criança é coisa séria. coloca o Leopoldo Vieira como “um sujeito que de certa maneira tem reinventado a Psicomotricidade Relacional. pois quando ela brinca. Brincadeira de criança é processo de simbolização. as pulsões se apaziguam e a criança pode aprender. se a Psicomotricidade Relacional vai ajudar a criança simbolizar. ou que não foi. que é mais do que só um discípulo de André Lapierre. Agora essa reinvenção é muito bonita e acaba sendo uma lição porque de maneira alguma ele nega a autoria. a criança entra num período de latência. com ou sem o CIAR 21. é isso que precisamos tornar os Psicomotricistas aptos a exercer essa ferramenta que já está se criando ainda. simbolizar. coisas que ainda não estavam sendo pensados. incentivador das simbolizações nas crianças. porque não incentivar. do bebê maravilhoso que foi. que bom. É isso que estamos fazendo. aluna do Jardim III da Escola Ponto a Ponto explica: “Na Psicomotricidade a gente brinca muito do que a gente quer brincar. Criança brinca. está estruturando o aparelho psíquico dela. a semente que o André Lapierre plantou e que a Anne Lapierre também plantaram aqui na década de 80 o solo mais fértil talvez que ela tenha encontrado para brotar foi no Brasil. .62 Ana Clara Perroni.” Acrescenta então que dentro disso que tem estudado e percebido diante de Psicomotricidade e da Psicomotricidade Relacional.” Depois acrescenta Sesarino. ela está brincando para simbolizar. Do amiguinho. o trabalho empresarial. que quando as questões edípicas. 21 Centro Internacional de Análise Relacional. do chão que ganhou. porque não ajudar a construir. mas que já está bastante eficaz. com adolescente. e também a gente se diverte e brinca com os amigos. “Freud já dizia. esta fazendo luto das coisas que ela perdeu. Isso também porque aqui nós temos a participação do Leopoldo Vieira. Isso não à toa. se o CIAR pode facilitar. E eu gosto de brincar.” Cavazzani afirma que “nas descontinuidades da história. como: o trabalho com jovens. Ele se apropriou da Psicomotricidade Relacional e levou ela a um outro ponto de certa maneira socializando a Psicomotricidade Relacional para uma série de ambientes que antes não existiam. que se chama Psicomotricidade Relacional. puxa como seria bom se fizesse um trabalho desses. a esposa de um juiz falou: ‘Leo 23.” Vieira ao ser questionado sobre o trabalho voltado aos jovens e adultos afirma: “na verdade não é que eu tenha reinventado a Psicomotricidade. com promotor.’ E o André manda uma carta dizendo que ele fez a Psicomotricidade Relacional para criança. etc. lei em nome do homem institucional. Onde falamos de limites. com menores infratores. A importância disso tudo pra uma organização social e foi assim uma tomada de consciência muito grande. a sua dívida com André Lapierre e com Anne Lapierre..63 de maneira alguma ele nega sua pertinência e enfim. junto a eles pra combater ao estresse’. ele. vou eu novamente provar para o próprio André que essa ferramenta não precisava.” Afirmou ainda. mas fui arriscando ampliar. não mudei praticamente nada. ‘A Psicomotricidade Relacional foi inventada por André 22. Não. juízes. com jovens. ela era tão poderosa. etc.. sobre esse trabalho ter sido desenvolvido em quatro horas. E aí.” Ao realizar um trabalho em Análise Corporal da Relação em Foz do Iguaçu. e o resultado foi muito bom. Eu acho que eu peguei tudo aquilo que já existia. E nesse momento eu arrisquei fazer um trabalho com delegados de polícia. sendo registrado pela rede de televisão SBT 24. com adolescentes. você não fez a Psicomotricidade pra criança? Então assuma que você fez pra criança. de castração. . coisa que nunca foi feito anteriormente. tanto é que chega uma época que algumas pessoas chegam. falam pro André. o valor de cada um. com essa autorização para impor a lei. o meu marido anda muito estressado. a importância da família. “houve uma. muitos atribuem isso a mim. Porque eu vinha fazendo trabalhos com adolescentes. depois volta à tarde com todos os seus filhos e filhas. que vem numa parte do dia. afirma Vieira. trabalhando com adultos. com a ajuda da Anne Lapierre e eu reinventei ela’. “Principalmente em relação ao combate ao estresse. lei em nome do pai. o promotor da cidade. dentro de escolas particulares. então eu comecei a fazer trabalho com pai e mãe. o que gerou uma repercussão nos dias seguintes. a importância e o poder que cada um carrega com isso instintivo. Porque tem gente ai. de lei. não é verdade. o quanto cada uma daquelas pessoas 22 23 André Lapierre. 24 Sistema Brasileiro de Televisão. ‘Puxa. com famílias. que não precisava ficar restrita ao campo infantil. José Leopoldo Vieria. etc. e o resultado tem sido muito bom. o motivo pelo qual buscaram a o trabalho. “Porque sentem a necessidade de estar buscando o apoio do grupo. lá denominada “Lapierre”. escolas.” .” Afirmou muitas vezes o grupo de professores desejarem participar do grupo. do trabalho com a Psicomotricidade Relacional. o funcionário do jardim. a receber pedidos para trabalhar dentro de algumas empresas. ou o bloqueio interno de você achar que é menos. que dizem respeito à escola. sem se exporem a nível de acabarem com a própria vida. Como afirma Chen Jen Li. “A partir dai. proporcionou para um grupo de funcionários o trabalho com a Psicomotricidade Relacional. um conflito de disputa de mercado entre os hoteleiros e também fez esse mesmo trabalho com os donos de alguns hotéis. a escola propõe essa atividade de Psicomotricidade Relacional com os funcionários: as pessoas da limpeza. relacionais.) O critério foi esse. boas. os diretores. “É um espaço também que a gente tem para poder colocar nossas questões. querer colocar. fabricação e comercialização de luminárias. com foco em iluminação comercial e de alto rendimento..” Comentou Vieira que em seguida houve também em Recife. era uma coisa de fluxo de informações. a gente começou a atuar.” A Empresa Lumicenter. ou que as pessoas estão todas contra você. uma empresa no ramo de desenvolvimento.” Acrescenta em seu depoimento participam do trabalho.. Sendo assim. surge de tudo ali dentro pra poder resolver mesmo. para interagir os setores. Frehse afirma que o trabalho com os profissionais da Escola Terra Firme acontece quatro vezes por ano e que não é exclusivo dos professores. Então se ampliou mais ainda o campo da Psicomotricidade Relacional” conclui Vieira. “porque os funcionários também fazem parte de um grupo. (. ruins. o que eu precisava de um setor comunicar com o outro. no que diz respeito ao trabalho no âmbito empresarial. foi em função de “aumentar a comunicabilidade. e que não é uma brincadeira. que não é uma troca mais intima. principalmente em relação ao estresse que essa profissão causa. ou contra o mundo.64 poderiam contribuir. da mesma forma que é desenvolvida com as crianças. É um espaço nosso. Porque esse bloqueio interno de você achar que não pode falar. brincar com essa pessoa que você trabalha o ano inteiro. então nós fazemos já marcado no calendário. e ressaltou que o resultado foi bem significativo. empresas privadas e governamentais participam do trabalho da Psicomotricidade Relacional. então a gente fez para haver a interação. os professores. de fluxo de produção e a gente fez esse elo. a cozinheiras. como se fosse uma criança. foi um ponto positivo que deu aquele ânimo. Então a timidez. tudo vai embora. vida profissional. então você necessita daquela ajuda. do estresse do trabalho. você por essa. Porque você está ali na brincadeira. um aprimoramento do nosso cotidiano. isso ajudou muito também. ou se a pessoa é muito séria. funcionário da Lumicenter que participou do trabalho afirmou como mais importante. pois na época eu tinha passado uma fase um pouquinho difícil. pessoas de vários setores. você precisa do outro. E segundo é uma coisa tão simples. e que elevou aquele teu ego e fez com que você acabasse voltando a ver a vida com outras coisas bem mais. mas depois disso. E para que a gente possa poder observar e aproveitar uma das melhores coisas que a gente tem. fazendo atividades. foi realmente o fato do grupo ser composto por “pessoas da diretoria. E na parte do pessoal. 25 Centro Internacional de Análise Relacional. E que volta e meia falta. que muitas vezes você não coloca pra fora e você precisa muitas vezes daquele empurrãozinho.65 Naur Meca. que pelo que eu pude sentir. melhorou mais ainda. . Então aquilo ajudou muito.” Sendo questionado dos resultados do trabalho. inclusive área fabril. Que fez com que eu pudesse analisar alguns pontos. você vai fazer brincadeiras que ali que você vê porque que as crianças fazem amizade tão rápido. ou por aquela razão não tem. colocar. foi uma experiência maravilhosa” complementa Meca. Meca acrescenta: “Eu acredito. E acrescentou sobre o trabalho ser como “uma reciclagem. pessoas de fábrica. com melhores olhos. de casa. pessoas chaves de vários setores. comete algumas falhas sem você perceber. Outra participante do trabalho desenvolvido junto à Lumicenter foi Lilian Lopes. você tem que entrar em contato com o outro para fazer aquela atividade. Então é só você analisar. você está ali para brincar. Não errada. mas que você falha. de vida pessoal. a parte do relacionamento profissional ajudou muito. Eu posso dizer que foi muito bom. de tudo. e aquilo que muitas vezes a gente tem no eu da gente. pessoas de gerência. ponderar que você verifica alguns pontinhos que você faz alguma coisa errada. área de montagem”. a sensação é muito boa. Afirmou que “é muito bom porque ele te ajuda primeiro a ‘desestressar’. pessoas de administrativo. E é exatamente o que o CIAR 25 fez com que cada um se libertasse e colocasse. que você às vezes faz.” Já Lopes afirma “não posso dizer que a gente melhorou porque a gente sempre trabalhou muito bem juntos. trabalhamos com os funcionários de chão de fábrica.) E dai o que eu vi de resultados positivos depois. “(. olha André diz isso.” complementa Jen Li. . porque também aprenderam que tem que cuidar do próprio corpo. vou fazer uma ginástica de tarde’. 28 VIEIRA. Eu acho que isso foi muito bom. Vieira Afirma. mas com uma felicidade que só quando você é criança mesmo que você tem.. a jogar isso tudo em outros segmentos sociais.. ‘ah eu vou fazer um regime’. é uma coisa muito importante. aos 26 27 José Leopoldo Vieira.. BATISTA. LAPIERRE. Anne. André Lapierre. é exatamente a mesma coisa. como ter qualidade de vida. 2. E foi uma coisa positiva (. Então você acaba conhecendo um pouquinho mais da capacidade de cada um. em que as pessoas podem ou não podem fazer.. é que as pessoas passaram a se cuidar. e eu não imaginava. Do presidente de uma instituição. então não tem um nível dentro da organização. a abertura do nosso livro 28... Curitiba: Filosofart / CIAR. todos podem.” E ela finaliza “foi muito bom. Psicomotricidade relacional: a teoria de uma prática. e coloca a carta dele inclusive lá dizendo. quando ele faz o prólogo. você sai de lá esgotada fisicamente. mas a gente ampliou. eu já vejo outro dizendo: ‘eu vou fazer uma coisa diferente. E algumas pessoas que acham que o trabalho é tudo. 2004. As pessoas achavam que eles iam ter palestra. Maria Isabel Bellaguarda. o professor 26 e algumas outras pessoas disseram que eu tenho uma força muito grande. outra pessoa eu já vejo que passa um batonzinho. Sabe quando você está cansada e deita na cama com aquele ‘sorrisão’. Quando eu digo a gente.” A sensação que ficou para Jen Li “é que as pessoas ficaram mais intimas. como por exemplo. com certeza se convidarem eu quero estar lá de volta. e de repente a empresa foi lá ensinar como viver. a gente fala nisso. o que tem que fazer pra trabalhar.66 Porque ali como você está.) O André27 na verdade não deu tempo de ele fazer uma nova carta. José Leopoldo. Então o trabalho com a empresa hoje funciona. onde trabalhamos com gestores. como aumentar a produtividade. eu fui arriscando. uma tarde é como se fosse seis meses de uma coisa fora. (. o convite não relacionava o que eles iriam fazer. você se expõe totalmente do jeito que você é. ed. É muito bom. É como se você lá dentro.) porque eu acho que a maioria. mas ai ele reconhece isso. falam desse corpo desde que o mundo é mundo. são oito anos. Mas que comunicação é essa. transformar.67 funcionários que tem uma função mais de trabalho braçal. segundo ele. ninguém deixa de falar desse corpo. mas não falavam antes disso?’ Puxa vida. “Hoje. ‘Ah. os celulares tudo isso aí. em oito anos são em torno de 40 turmas formadas. considera Batista. os primeiros filósofos já falavam desse corpo. o corpo tem estado muito ausente.” Vieira explica que isso decorre porque o trabalho é desenvolvido tendo como base a comunicação e existe uma demanda mundial de comunicar-se. e o resultado é sempre o mesmo. mas já tem muita gente sabe o que é. A Psicomotricidade Relacional “em especial por toda a garra de Leo 29 no sentido de estar implantando e levando para o mundo. sem nenhuma dificuldade. na era da comunicação.) cada vez mais. organizado dentro de um padrão de tempo. iniciou realmente um processo sistemático. Gostaria muito de ver vocês. cadê a comunicação entre os grupos sociais? Os e-mails são importantes. depois entramos na era da filosofia alemã também que é fantástica. “fala-se no mundo da comunicação. buscando mais da Psicomotricidade 29 José Leopoldo Vieira. de estrutura mesmo acadêmica a partir do ano de 2000.” Batista afirma que hoje a Psicomotricidade Relacional que dá uma sustentação muito forte a Psicomotricidade como um todo. Ele traz isso de forma organizada. . eu acho que nunca termina. Mas André Lapierre dá uma organização de como fazer com que esse corpo seja instrumento de comunicação. a tecnologia. cadê a comunicação entre patrão e empregado. embora muitas pessoas nem compreendam a influência dessa sustentação. que pode ajudar as pessoas viverem melhor’ está anos luz a frente daquilo que era 1990. que busca”. cadê a comunicação entre as famílias. como uma descoberta assim fantástica. ainda tem muita gente que nunca ouviu falar em Psicomotricidade Relacional. (. bradando ‘olha aqui a gente tem algo que pode realmente mudar.. gritando. estamos numa era de evolução. desde Descartes que segmenta esse corpo. “Eu ainda quero caminhar mais nesse caminho. a gente não vive mais sem.. novos cientistas. que deseja. mas não podemos nos esquecer da dimensão humana e o André Lapierre traz isso na sua ferramenta básica da Psicomotricidade Relacional.” Batista recorda que o curso de especialização. estamos todos nos comunicando. é o que eu penso” finaliza Cornelsen.68 Relacional. para que a gente aprenda mais. ela vai longe ainda. porque ela está só no começo. . 69 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conhecer com mais profundidade a Psicomotricidade Relacional, ferramenta esta, presente no trabalho desenvolvido por muitas escolas, clínicas e empresas no Brasil foi a mola propulsora para a produção deste trabalho e consequentemente do vídeo-documentário que consta em anexo. Para tanto, foi necessário percorrer literaturas referente à História, Ciência, Psicomotricidade e Psicomotricidade Relacional para obter um embasamento teórico referente à área a se pesquisar, e também, buscar as pessoas envolvidas com a prática, para embasar a ferramenta propriamente dita. Como pode-se perceber ao longo de leituras e dos diversos depoimentos obtidos, a Psicomotricidade Relacional é uma proposta que surge da prática, e que vem se efetivando enquanto ciência e teoria, ou seja, com a contribuição e participação de cada profissional que nela se insere, e busca por meio da pesquisa, da coleta de dados e principalmente da validação dos resultados desse trabalho viabilizados nas publicações, palestras e cursos de formação profissional. Teoria e prática que iniciou seus trabalhos na França, por meio de André Lapierre e se difundiu pelas palavras e ações de José Leopoldo Vieira no Brasil, do CIAR – Centro Internacional de Análise Relacional, e de muitos profissionais que acreditam na Psicomotricidade Relacional, e que agora, por intermédio da Universidade de Évora em Portugal retorna à Europa, com o Mestrado que visa fortalecer ainda mais a teoria e tornar essa ferramenta essencialmente ciência. O precisoso material contido além das linhas literárias, que envolve a atuação profissional dos psicomotricistas relacionais e demais pessoas que se envolveram nesse processo, resultam no vídeo-documentário, que se constitui como um recurso áudio-visual para difundir e divulgar a Psicomotricidade Relacional, à todos aqueles que dela desejam conhecer, compreender e se “deliciar”. Pode se tornar o primeiro contato de muitos, o enriquecimento de outros e a credibilidade de todos. Muito mais do que resultados de um trabalho, pode-se dizer que foi um imenso prazer conhecer, indagar e aprofundar o aprendizado tido até então, por meio do Curso de Formação Especializada em Psicomotricidade Relacional e da prática profissional. Assim, espera-se que todos aqueles que tenham acesso à esse vídeo-documentário, possam também conhecer, indagar e aprofundar o contato com a teoria e prática da Psicomotricidade Relacional. 70 REFERÊNCIAS AZEVEDO, Ivone Popoviski de. Entrevista concedida a Daniele Ribas Précoma Moro. Curitiba, 28 out. 2008. BATISTA, Maria Isabel Bellaguarda. Entrevista concedida a Daniele Ribas Précoma Moro. Curitiba, 27 fev. 2008. BISCAIA, Eloim Ribeiro. Entrevista concedida a Daniele Ribas Précoma Moro. Curitiba, 7 ago. 2009. BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990, Lei n. 8.242, de 12 de outubro de 1991. 3 ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 2001. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Volume 1. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 1997. BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Volume 1. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 1998. BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Volume 2. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 1998. CARVALHO, Eleniza do Carmo de.; CARVALHO, Fábio Christian de. Um movimento de amor pelos nossos filhos! Disponível em: <http://www.diarionews.com.br/exibenoticia.php?id=23131> Acesso em 5 mar. 2008. CAVAZZANI, André Luiz Moscaleski. A psicomotricidade numa perspectiva histórica. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Psicomotricidade Relacional) – Centro Internacional de Análise Relacional em convênio com a Faculdade de Artes do Paraná. Curitiba: 2006. ______. Entrevista concedida a Daniele Ribas Précoma Moro. Curitiba, 22 fev. 2008. 71 ______. Re: Dúvidas monografia. Mensagem recebida por <
[email protected]> em 12 dez. 2008. CIAR. Centro Internacional de Análise Relacional. Psicomotricidade relacional. Disponível em: <http://www.ciar.com.br/serv/pos.htm> Acesso em 27 nov. 2007. CIAR. Centro Internacional de Análise Relacional. Psicomotricidade relacional para crianças a partir de 2 anos. Disponível em: <http://www.ciar.com.br/serv/prcriancas.htm> Acesso em 6 mar. 2008-a. CIAR. Centro Internacional de Análise Relacional. Qualidade e excelência humana no âmbito organizacional. Disponível em: <http://www.ciar.com.br/serv/empresas.htm> Acesso em 6 mar. 2008-b. COLER, Anthony Robert. Entrevista concedida a Daniele Ribas Précoma Moro. Curitiba, 27 jan. 2009. CORNELSEN, Sandra. Entrevista concedida a Daniele Ribas Précoma Moro. Curitiba, 29 jan. 2009. COSTE, Jean-Claude. A psicomotricidade. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992. DITCOM. Dicionário de língua portuguesa on-line. Disponível em: <http://www.ditcom.com.br/dicionario.htm> Acesso em 17 mar. 2006. 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Entrevista concedida a Daniele Ribas Précoma Moro. 73 MICHAELIS. Dicionário on-line de língua portuguesa. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portuguesportugues&palavra=ciência> Acesso em 7 abr. 2008. MÜTSCHELE, Marly Santos. Como desenvolver a psicomotricidade? São Paulo: Loyola, 1988. OLIVEIRA, Cristina G. Machado de. O conceito de história. Disponível em: <http://www.filosofiavirtual.pro.br/historiamarx.htm> Acesso em 7 abr. 2008. OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico. Petrópolis: Vozes, 1997. PERRONI, Ana Clara. Entrevista concedida a Daniele Ribas Précoma Moro. Curitiba, 25 nov. 2008. PRIBERAM. Dicionário on-line de Língua Portuguesa. Disponível em: <http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx> Acesso em 7 abr. 2008. ROCHA, Luiza Helena Gomes Pereira. Entrevista concedida a Daniele Ribas Précoma Moro. Curitiba, 29 jul. 2008. ROSA, Luci Ane Moro. 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E a sua relação com os colegas e o psicomotricista relacional. . bem como. • Destacar a Supervisão Profissional. a escolha dos locais. Destaque ao trabalho em grupo. Foco do trabalho clínico em Psicomotricidade Relacional. . como se dá a prática dos Estágios Supervisionados. • • • • Como se constitui o grupo na clínica? Qual a duração do trabalho clínico? Qual seria o diferencial no trabalho da Psicomotricidade Relacional? Supervisão durante o Curso no CIAR. a procura.87 PAUTA: Ana Elizabeth Luz Guerra • • • • Como conheceu a Psicomotricidade Relacional? Como se deu a escolha para o trabalho na Clínica? Como acontece o trabalho na clínica: a clientela. • O direcionamento para os dois primeiros estágios em escola pública e o terceiro ser possível de acontecer em escola particular ou clínica. 88 PAUTA: André Luiz Moscaleski Cavazzani • • Como conheceu a Psicomotricidade Relacional? Pontuar sobre a História da Psicomotricidade: quando surgiu. • Início dos trabalhos de Lapierre com a Psicomotricidade e sua evolução para a Relacional. se possível contar a “historia da mãe e os vários pais”. . É de seu interesse levar à prática aos Estados Unidos. Como conheceu a Psicomotricidade Relacional? O que o levou a fazer o Mestrado em Psicomotricidade Relacional? Expectativas e visão de futuro sobre a Psicomotricidade Relacional.89 PAUTA: Anthony Robert Coler • • • • • Comentar sobre sua formação e atuação profissional. Como vê a aceitação? . professores que ainda se sentem inseguros sobre a prática da Psicomotricidade Relacional nas escolas. quais foram os resultados dessa formação para os profissionais da Escola? • O que mudou enquanto pedagoga a sua formação em Psicomotricidade Relacional? . como percebe a aceitação dos pais e da comunidade escolar (profissionais) ao saberem da abordagem de André Lapierre na Escola Terra Firme? • • Como se dá a prática da Psicomotricidade Relacional na Escola Terra Firme? Enquanto pedagoga. pedagogos.90 PAUTA: Beatriz Cornelsen Boscardin Frehse • • Como conheceu a Psicomotricidade Relacional? Enquanto pedagoga. como vê a importância da Psicomotricidade Relacional na escola? • O que você diria para diretores. • Sabe-se que muitos encontros aconteceram dos profissionais da escola com Leopoldo Vieira e também com Daniel Silva. seu caminhar fazendo dessa ferramenta sua profissão. .91 PAUTA: Eloim Ribeiro Biscaia • • • • Como conheceu a Psicomotricidade Relacional? Seu processo. O que a Psicomotricidade Relacional representa na sua vida. Diferenciar a Psicomotricidade Relacional da Análise Corporal da Relação. 92 PAUTA: Empresa Lumicenter (Empresários) • • Como conheceu a Psicomotricidade Relacional? É possível relatar surgiu foi a idéia de levar todos os funcionários e colaboradores da empresa Lumicenter para uma vivência em Psicomotricidade Relacional? • • • Como foi a participação. como se deu o trabalho? Quais foram os resultados dessa formação para os profissionais da Empresa? Sentiu alguma mudança pessoal e no grupo após participar das vivências. • Pensam na possibilidade de novos encontros em Psicomotricidade Relacional? . todos estiveram presentes. pode comentar o que mudou. Quais suas expectativas iniciais? • Pode descrever como aconteceu e como foi participar da Psicomotricidade Relacional com os colegas da empresa em que trabalha? • Sentiu alguma mudança pessoal e no grupo após participar das vivências.93 PAUTA: Empresa Lumicenter (Funcionários) • Como se deu o convite para o trabalho em Psicomotricidade Relacional no CIAR. pode comentar o que mudou. • Tem o desejo de participar de mais vivências em Psicomotricidade Relacional? . • Comentar um pouco sobre os projetos organizados e enviados para a Secretaria Educação. . com as palestra de Leopoldo Vieira e os estagiários que atenderam e atendem algumas turmas da Escola com a proposta da Psicomotricidade Relacional? • O que você diria para diretores. quais foram os resultados dessa formação para os profissionais da Escola? • Enquanto diretora. sobre o projeto de Lei de implantação da Psicomotricidade Relacional nas Escolas Municipais em Curitiba. qual a importância da Psicomotricidade Relacional em sua escola? • Como se deu a aceitação dos pais e da comunidade escolar (profissionais) ao saberem da abordagem de André Lapierre. professores que ainda se sentem inseguros sobre a prática da Psicomotricidade Relacional nas escolas.94 PAUTA: Ivone Popoviski de Azevedo • • Como conheceu a Psicomotricidade Relacional? Sabe-se que muitos encontros aconteceram dos profissionais da escola com Leopoldo Vieira e também com Luiza Rocha. pedagogos. bem como. . e conseqüentemente com André Lapierre e Anne Lapierre? • Que contribuições a Psicomotricidade Relacional pode trazer para a Psicomotricidade em seu atual contexto? • Quais os principais avanços e quais as principais demandas da Psicomotricidade atualmente? • Você pode abordar a diferença na constituição dos cursos em Psicomotricidade e Psicomotricidade Relacional no que diz respeito à Formação Pessoal.95 PAUTA: Jorge Manuel Gomes de Azevedo Fernandes • Você pode fazer um breve panorama da Psicomotricidade não apenas nos países lusófonos. mas na Espanha e na América Latina? • Como você enxerga o processo de especialização que a Psicomotricidade vem sofrendo desde suas origens? • Você pode relatar a experiência e o contato que teve com a Psicomotricidade Relacional. 96 PAUTA: Jorge Sesarino • • • Como conheceu a Psicomotricidade Relacional? O que você conhece da teoria de André Lapierre? Quais as contribuições que André Lapierre se apropriou da Psicanálise na constituição da Psicomotricidade Relacional? . Parcerias que foram surgindo. Parcerias com Évora e o Mestrado em Psicomotricidade Relacional. . Abordar possibilidades de trabalho na Psicomotricista Relacional – escola. • • • Como está estruturado o Curso no CIAR hoje pelo Brasil. Os objetivos.. crescimento do mercado de trabalho no Brasil. empresas. CIAR e o início como formação e após alguns anos reconhecimento pelo MEC. clínica. como se deu a aceitação. Juranda. • • Credibilidade e os primeiros projetos de Lei Municipal: Curitiba. • De onde surgiu a idéia do trabalho no campo organizacional? Os primeiros trabalhos. na formação do profissional no Curso de Psicomotricidade Relacional.. turmas. demandas e o foco para cada clientela.97 PAUTA: José Leopoldo Vieira • • Qual sua formação e atuação inicial? Como conheceu André Lapierre e conseqüentemente a Psicomotricidade Relacional? • Sua participação junto aos primeiros trabalhos com André Lapierre e o desejo inicial de espalhar essa metodologia numa primeira etapa no Brasil e posteriormente a diversos lugares no Mundo? • Idéia de sedimentar a metodologia e estruturar a formação dos profissionais. • Ressaltar a importância da Formação Pessoal. depois especialização. • Qual o sentimento de ser o pioneiro no Brasil e no Mundo estruturar o curso e divulgar esta ferramenta de trabalho? • O que a Psicomotricidade Relacional representa na sua vida. tanto no trabalho escolar. agora o Mestrado.98 • Qual é o diferencial da Psicomotricidade Relacional em relação às demais abordagens. quanto clínico? • Começou como curso. . Quais suas expectativas de futuro em relação à Psicomotricidade Relacional? • Existe a possibilidade dela se tornar um curso de graduação e conseqüentemente uma profissão regulamentada? Ou acredita que a regulamentação pode vir antes mesmo da existência de um curso de graduação. com valor terapêutico? .99 PAUTA: Luana Maria de Castro Sgoda • • Como conheceu a Psicomotricidade Relacional? Quais foram as mudanças que a implantação da Psicomotricidade Relacional no currículo escolar trouxe para o trabalho escolar como um todo? • Enquanto professora. já que é uma prática preventiva. como vê a importância da Psicomotricidade Relacional na escola? • No que a Psicomotricidade Relacional vem contribuir no processo de ensino aprendizagem. Abordar como acontece o trabalho na escola. Trabalho com os profissionais da escola: formação continuada. Contato com escolas como se dá? Reuniões diversas. • • • Supervisão durante o Curso no CIAR.100 PAUTA: Luci Ane Moro Rosa • • • • • • • Como conheceu a Psicomotricidade Relacional? Como se deu a escolha para o trabalho na Escola? Abordar a diferença no trabalho escolar: foco preventivo. Média de alunos por grupo é diferente da clínica? Explanar sobre como ocorre em muitas escolas a divisão da turma. Duração dos Estágios Supervisionados. Destacar a Supervisão Profissional. . O que a Psicomotricidade Relacional representa na sua vida. • • Supervisão do trabalho com adultos. principalmente no trabalho com adultos. Importância da Formação Pessoal no decorrer do Curso. Freqüência do trabalho com empresas. .101 PAUTA: Luiza Helena Gomes Pereira Rocha • • Como conheceu a Psicomotricidade Relacional? Seu percurso durante o curso e a escolha de trabalho em clínica inicialmente e também com adultos. Qual seria o diferencial na abordagem do trabalho da Psicomotricidade Relacional. necessidade de formação extra para trabalho com adultos. e sua prática de trabalho com empresas. adolescentes e adultos. • • • Qual a faixa etária que atende na clínica? Diferença no foco de trabalho com crianças. • • • • Tempo e a duração das sessões em Psicomotricidade Relacional. • Curso habilitação com crianças. O que a Psicomotricidade Relacional representa na sua vida. • Importância da comunicação não-verbal. A existência de duas figuras no setting: Masculino e Feminino. na formação do profissional no Curso de Psicomotricidade Relacional. Anne Lapierre e Leopoldo Vieira na sua vida. • Comentar a estrutura do curso no CIAR. André Lapierre. o Projeto Criança Viva? • Qual é o diferencial da Psicomotricidade Relacional em relação às demais abordagens? • Ressaltar a importância da Formação Pessoal. existe a formação teórica. bem como. que além da Formação Pessoal. • • Citar teorias que embasam a Psicomotricidade Relacional. e a prática profissional supervisionada.102 PAUTA: Maria Isabel Bellaguarda Batista • • Como conheceu a Psicomotricidade Relacional? Como começou o trabalho da Psicomotricidade Relacional em Fortaleza. . quais foram os resultados dessa formação para os profissionais da Escola? .103 PAUTA: Sandra Cornelsen • • Como conheceu a Psicomotricidade Relacional? Como nasceu e se constituiu a Escola Terra firme e a idéia de embasar a teoria e prática de André Lapierre no currículo escolar? • Qual o sentimento em ser a pioneira no Brasil e no Mundo em instituir semanalmente a prática da Psicomotricidade Relacional em sua escola? • Como se deu a aceitação dos pais e da comunidade escolar (profissionais) ao saberem da abordagem de André Lapierre? • Sabe-se que muitos encontros aconteceram dos profissionais da escola com Leopoldo Vieira e também com Daniel Silva. 104 BANCO DE MEMÓRIA Ver arquivo denominado: “BANCO DE MEMORIA_Daniele Ribas Precoma Moro” .