Monografia Final PDF

March 21, 2018 | Author: Divalda de Assis | Category: Angola, Portuguese Language, Portugal, Broadcasting, Journalism


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KEITA DIVALDA DE ASSIS AMÂNDIOA IMPORTÂNCIA DO JORNALISMO EM LÍNGUAS NACIONAIS LUANDA/ JULHO-2011 1 DEDICATÓRIA Este trabalho é dedicado: Ao meu pai, Mário Aníbal H. P. Amândio, como homenagem póstuma por tudo o que foi para mim. A minha mãe Laurinda dos Prazeres Francisco de Assis Albino,por inumeráveis alegrias que me tem proporcionado. Ao meu tio, Luís César Martins Amândio Que durante nove anos custeou os meus estudos. Esta é, no meu ver, a melhor maneira de agradecer por todo altruísmo demostrado. Ao meu padrasto António Albino Aos meus irmãos Tácia Amândio, Paulo Costa, Mário Amândio e Eric Amândio: Eunice Albino e Clélia Gregório A vós a minha eterna gratidão 2 AGRADECIMENTOS  A Deus pelo sopro de vida e permitir-me aos vinte e quatro anos de idade terminar a minha primeira licenciatura! Muito obrigado DEUS PAI. A Universidade Independente de Angola por permitir a minha admissão e pelo facto de leccionar este curso há muito sonhado!              A todos professores: Prof. Africano Neto, pela sabia orientação, amizade, simplicidade e severidade em certos casos – a minha gratidão Prof. Adérito Quizunda, - pela simplicidade, amizade, encorajamento a minha gratidão Prof. Ana Pereira (Milocas) – pela seriedade, rigor, e dedicação a minha gratidão Prof. Belarmino Van-Dúnem – pela simplicidade, amizade, etc – a minha gratidão Prof. Teresa pela simplicidade e seriedade – a minha gratidão Prof. José Faria pelo rigor, seriedade amizade – a minha gratidão Prof. Paulino pela humildade, e simplicidade – a minha gratidão Prof. Isaac Neney pela clareza, simplicidade e amizade a minha gratidão Prof. Francisco Ramos da Cruz – pelo rigor, seriedade, amizade – a minha gratidão. Prof. Rita Silva pela seriedade, rigor, e dedicação a minha, gratidão.  A todos os colegas, pela convivência sadia e pela amizade que construímos a minha gratidão!  A minha família por todo apoio prestado – a minha gratidão! 3 INDÍCE 4 ÍNDICE GERAL Folha de apresentação………………………………………………………………… Dedicatória…………………………………………………………………………… Agradecimentos………………………………………………………………………. Índice…….…………………………………………………………………………… Índice Geral…………………………………………………………………………... Introdução…………………………………………………………………………….. Capítulo I Roteiro de pesquisa…………………………………………………………………... 1.1 . Observação……………………………………………………………………… 1.2 – Tema……………………………………………………………………………. 1.3 – Justificativa……………………………………………………………...……... 1.4 – Objectivos……………………………………………………………………… 1.4.1 – Objectivos Gerais………………………………..................................... 1.4.2 – Objectivos Específicos………………….……………………………… 1.5 – Problemática………………………………………………………………….… 1.6 – Hipóteses…………………………………………………………………….…. 1.7 – Delimitação do Tema…………………………………………………………... 1.8 – Método de pesquisa…………………………………………………………….. Capítulo II O perfil étnico linguístico de Angola………………………………………………… 2.1 – Os grupos Étnicos e as suas línguas…………………………………………..... 2.2 – Características dos grupos etnolinguísticos de acordo com Lawrence Henderson………………………………………………………………………….… 2.2.1 – O grupo Congo……………………………………………………….… 2.2.2 - O grupo Kimbundu…………….…………………………………….… 2.2.3 – O grupo Umbundu……………………………………………………... 2.2.4 – O grupo Ambo……………………………………………………….…. 2.2.5 – O grupo Nhaneka Humbe……………………………..…………….….. 2.2.6 – O grupo Herero………………………………........................................ 2.2.7 – O grupo Lunda Chokwe……………………………………..……….… 2.2.8 – O grupo Gangela……………………………….………………………. 2.2.9 – O grupo Khoisan……………………………………………………….. 2.3 – A língua como elemento de identidade cultural……………………………….. Capitulo – III A Historia da implantação da Rádio e Televisão em Angola………………………... 3.1 – A Rádio………………………………………………………………….……... 3.1.2 – A Rádio Clube de Benguela…….……………………………………… 3.1.3 – Línguas nacionais na Rádio Colonial…...……………………………… 3.1.4 – A rádio na luta de libertação nacional………………………………….. 3.1.5 – Línguas Nacionais no esquema colonial……………………..………… 3.1.6 – Jornalismo em línguas nacionais depois da Independência ……............ 3.2 – A Rádio Eclésia.………………………………………………………………... 3.3 – A Televisão Publica de Angola………………………………………….……... 5 1 2 3 4 5 7 10 11 11 11 12 12 12 12 13 13 13 15 16 18 18 18 19 20 20 21 21 22 22 23 24 26 28 28 29 29 33 32 34 …….1 – Os primeiros passos…………………………………………………….……. 4..….…….….2 – A Televisão Comercial………………………………………………… Capitulo – IV Estudo de Caso ”Rádio Ngola Yetu”…………………………………………. 4.3... 3...3 – Entrevistas…………………………………………………………….4 – Inquérito/ 110 Pessoas………………………………………………….. 35 36 37 38 39 41 41 42 48 50 6 ..…….. 4.……… 4..2 – Programação da Rádio Ngola Yetu……….2 – Conteúdos da Rádio Viana…………………………………………….… Conclusão e Recomendações…………………………………………………. Bibliografia…………………………………………………………………………...1 – Conteúdos da Rádio Ngola Yetu………………………………………..1..3.….…….3. 4...……………………. INTRODUÇÃO 7 . Segundo capítulo – faz uma abordagem sobre o mosaico linguístico angolano. caracterizando o espaço geográfico e as principais línguas nacionais faladas em cada região de Angola. esta monografia está apresentada em capítulos como abaixo se seguem: Primeiro capítulo – sobre o Roteiro de Pesquisa. A forma como certos jornalistas angolanos expressam e transmitem sentimentos. Faz uma resenha geral do trabalho e remete o leitor a uma ideia sistematizada da pesquisa. o dia e a noite. as pessoas. notícias. desde a sua génesis. Um entre vários valores desta terra é. O sol. o estado do tempo e a vida em si. Sendo assim. apenas. a língua tida como o primeiro elemento característico da cultura de um povo. tudo o que gera sons e imagens. que falam para ser escutadas e não. Quem lê o Roteiro de Pesquisa terá. sem dúvidas. a chuva. Quarto capítulo – combina as diferentes opiniões obtidas por intermédio de inquérito e entrevistas com a utilidade que as línguas nacionais têm no jornalismo angolano. para ser ouvidas”. Sebastião Coelho a respeito das línguas nacionais disse: “A variedade lexica das línguas angolanas tem relação directa com a natureza e o costume do relato dos fenómenos da vida quotidiana.Introdução Angola é um mosaico cultural com diferentes etnias linguísticas e enriquecida pela beleza do seu povo repleto de valores. Estes pormenores caracterizam a bela e rica expressão oral das populações campesinas. atribuem as línguas nacionais. sem dúvidas. as coisas e os animais. desperta a fantasia e a profusão de gestos e onomatopeias que ornamentam a narrativa ou o diálogo. Terceiro capítulo – faz uma breve incursão a história da implantação da rádio e televisão em Angola destacando a utilidade que estes órgãos. 8 . a síntese deste trabalho. entretenimento e valores em línguas nacionais despertou em mim o interesse de pesquisar em torno da utilidade das línguas nacionais no jornalismo angolano. a conclusão incorpora alguns elementos que servem de recomendação. 9 . creio que este documento é um humilde contributo que poderá estimular mais estudantes a buscarem dados para enriquecer este tema.Finalmente. todavia. Certa de que o assunto não se esgota com esta pesquisa. CAPÍTULO I – ROTEIRO DE PESQUISA 10 . justificam o tema proposto para esta monografia. assim como o facto de constatarmos por exemplo que o jornalismo feito em línguas nacionais nos meios áudio visuais (televisão e rádio) goza indubitavelmente de grande audiência.700 km2 (um milhão. um canal radiofónico que emite em várias línguas nacionais. Também justifica. 1.246.3 . setecentos quilómetros quadrados).1. Prova disso é o facto da Rádio Nacional de Angola ter criado a Rádio “Ngola Yetu”. a escolha deste tema o facto de Angola ser um país com alto índice de analfabetismo que ronda mais 70% (setenta por cento). duzentos e quarenta e seis mil. a adversidade de povos e culturas.2 -Tema A IMPORTANCIA DO JORNALISMO EM LINGUAS NACIONAIS é um tema de grande relevância e actualidade no contexto do país. 1.1 – Observação Como aconselham as regras e os métodos de pesquisa e investigação o tema desta monografia surgiu na sequência de uma série de observações e constatações da realidade do nosso país ao que concluímos que as línguas nacionais são muito importantes na comunicação social angolana e constituem um dos principais vectores para a concretização dos objectivos estratégicos do nosso país onde se destacam: A consolidação da paz e reconciliação nacional. Foi por estas observações e constatações que decidi eleger “A IMPORTANCIA DO JORNALISMO EM LINGUAS NACIONAIS” como tema de pesquisa desta monografia. ainda. assim como o facto de Angola ser um país multilingue. A mobilização da sociedade para os desafios nos domínios económicos e sociais assim como para a construção de uma sociedade em que se preserva os valores culturais.Justificativa A extensão territorial de Angola 1. 11 . 4. 1. Desenvolver um estudo de caso tendo como meio de pesquisa aos conteúdos da Rádio Ngola Yetu e os da Rádio Viana.Objectivos Como mandam as regras de qualquer trabalho de pesquisa e investigação esta monografia também orienta-se por objectivos gerais e específicos: 1. Fazer desta pesquisa uma contribuição aos estudos efectuados sobre esta matéria e fazer com que este material faça parte do conjunto de meios consulta existentes. 12 .5 . 1. ainda.Objectivos específicos: Caracterizar a evolução do jornalismo em línguas nacionais.4 . televisão.2. fazer um estudo sobre o impacto do jornalismo em línguas nacionais nos diferentes veículos de comunicação (rádio. imprensa e internet).Sustenta. tendo em conta que a rádio constitui o principal veículo de informação e comunicação do nosso país.1.Problemática Sobre esta pesquisa recairia uma multiplicidade de interrogações que constituem um fundo de preocupações da maioria dos cidadãos.4. sobretudo daqueles que utilizam as línguas nacionais como veículo de comunicação e contacto diário entre as diferentes comunidades ou grupos de pessoas. O propósito da selecção deste tema advém também do facto de que pretendo sugerir que a legislação sobre a radiodifusão exija que todas as Rádios do país.Objectivos gerais: Caracterizar e demonstrar a importância do jornalismo em línguas nacionais para a concretização dos objectivos estratégicos do país. estatais ou privadas dediquem na sua grelha de programas espaços para pelo menos a inclusão de duas línguas nacionais como requisito mínimo. 1. esta justificativa o facto de as emissoras províncias da Rádio Nacional de Angola terem na sua grelha de programas emissões em línguas nacionais das respectivas regiões. 1.7. Assim esta pesquisa apresenta as seguintes hipóteses: O jornalismo e outros tipos de comunicação em línguas nacionais constituem a mais importante ferramenta para concretização dos objectivos estratégicos do nosso país. 13 .Hipóteses Como toda pesquisa esta monografia apresenta uma série de hipóteses que poderemos confirmar ou não na fase conclusiva do trabalho. A radiodifusão em Angola é o mais eficiente e eficaz meio de comunicação e combate entre os diferentes povos de Angola.Delimitação do tema Tendo em conta os aspectos genérico do tema seleccionado esta pesquisa é delimitada no estudo do impacto do jornalismo em línguas nacionais feito nos meios áudio visuais: rádio e televisão destacando sobretudo a importância da rádio difusão.8. 1.Metodologia de pesquisa Para a concretização dos objectivos propostos nesta pesquisa decidi organizar o trabalho numa metodologia que privilegia consultas a fontes passivas (secundarias). 1. A rádio como veiculo de comunicação mais barato no mundo e em particular em Angola constitui o factor importante para disseminação de conteúdos em línguas nacionais.Posto isso a problemática que se coloca é a seguinte: Constituem as línguas nacionais veículos eficientes para concretização dos objectivos estratégicos do país? O problema exposto merece resposta nesta pesquisa. activas (primárias) assim como o uso de amostras aleatórias sustentadas a partir de sondagens e inquéritos feitos a um grupo de 200 pessoas de diferentes idades e diferentes níveis culturais e de formação académica.6 . Sociologia da comunicação. guardas nocturnos e jovens dos 18 aos 25 anos de idade Inquérito Inquérito a 110 pessoas para entender a sua opinião a respeito do assunto 14 .Consultas de fontes passivas (secundárias) Livros. privilegiando militares. Grupos étnicos de -Resumo do surgimento e desenvolvimento da Rádio e televisão em Angola Surgimento e desenvolvimento do jornalismo em línguas nacionais. internet e outros documentos Definir conceitos: Radiodifusão. imprensa. polícias. O jornalismo nos áudio visuais em Angola: Rádio e Televisão. Fazer levantamentos sobre as diferentes rádios existentes actualmente e dizer o que existia até 1975 Entrevistas Consultas a fontes activas (primárias) Sondagem Alvo 200 pessoas seleccionadas de forma aleatória. Constatação do estatuto da radiodifusão. Línguas nacionais. CAPÍTULO II .O PERFIL ETNICO LINGUÍSTICO DE ANGOLA 15 . no eixo Luanda-Malanje e no Kwanza-Sul. perto de 90% é de origem bantu. Em consequência da guerra pela independência muitos Bakongo refugiaram-se na hoje República Democrática do Congo onde boa parte aprendeu também o Francês e o Lingala. também. hoje designados como etnias. O kimbundu é uma língua com grande relevância. esta distribuição espacial continua na essencial inalterada. “O principal grupo étnico bantu é o dos Ovimbundu que se concentra no centro-sul do país. também o kikongo. o segundo grupo são os Ambundu que representam cerca da quarta parte da população. transportando assim a sua língua para regiões onde esta antes não era falada” (Google. no fim da era colonial depreende-se do mapa constante desta página. seus filhos e netos.Os grupos étnicos e as suas línguas As línguas originalmente faladas em Angola. não apenas para Benguela e Lobito. no Planalto Central e algumas áreas adjacentes. No norte. em termos globais. e a sua língua. 16 . é falada por cerca de três milhões de falantes. do Zaire e parte do Kwanza-Norte. Os Ovimbundu constituem hoje um pouco mais da terceira parte da população. Deste modo. especialmente na faixa litoral a Oeste do Planalto Central. concentra-se a maior parte dos Bakongo que representam hoje pouco mais de 10% da população. principalmente em Luanda. Por causa da Guerra Civil Angolana. e importou desta. como em qualquer país africano. Junho de 2011).1 . regressaram para Angola a seguir à independência. muitos Ovimbundu fugiram das zonas rurais para as grandes cidades. nas províncias do Uíge. reinstalando-se em geral no seu habitat de origem. Junho 2011). mas também para Luanda e até para cidades geograficamente periféricas como Lubango. muitos vocábulos” (Google. A maioria dos refugiados Bakongo. Convém reter que. língua de comunicação na parte ocidental daquele país. o kimbundu. apesar das vicissitudes das décadas pós-coloniais.2. A sua língua. são as dos povos africanos residentes na região. maioritariamente na zona centro-norte. está hoje de algum modo presente em boa parte de Angola. A sua língua kikongo era a do antigo Reino do Kongo e tem diversos dialectos tal como também as tem o umbundu e o kimbundu. A implantação geográfica destes povos. é por conseguinte a segunda língua mais falada em Angola a seguir ao português com quatro milhões ou mais de falantes. a esmagadora maioria dos angolanos. “Em termos de importância numérica. O kimbundu legou muitas palavras à língua portuguesa. o umbundu. hoje provavelmente com mais de 5 milhões de habitantes. mas formando também núcleos populacionais importantes nas cidades situados fora desta área. com mais de um milhão de falantes. por ser a língua tradicional da capital. ou seja. explicada pelas migrações relacionadas com o período da luta de libertação e pelas afinidades com as vizinhas República do Congo e República Democrática do Congo. os Himba e os Dimba. nem pela sua identidade social.Os povos designados como Ganguela . Diferente é o caso dos Ovambo que são um grande grupo étnico existente principalmente na Namíbia. os Evale e os Ndombondola. a língua africana mais importante da Namíbia. No sudoeste de Angola existem pequenos povos aparentados principalmente os Vakuval Mucubais. a população exclusiva. os Kafima. De referir. mas tão pouco constituem uma etnia abrangente. A situação étnica e linguística actual no extremo sudeste de Angola. Enquanto mais a norte constituem. Em Angola esta língua é geralmente falada na forma dos dialectos próprios dos diferentes subgrupos. aos Herero. habitualmente designados pelo termo Ganguela. Mbunda. no sul de Angola. classificado como Nyaneka-Khumbi. na província do Cuando Cubango. descendentes de povos não bantus que falam as suas línguas específicas. a sua presença mais a sul e cada vez mais dispersa e se mistura com a dos pequenos povos da região. população que se concentra primariamente nas cidades e tem o português por língua materna. é mal conhecida e constitui neste momento o objecto de um estudo em curso. Luvale. Por último. juntamente com os lunda. mas aparentemente não às línguas de outros povos. 17 . e cada um fala a sua língua. A sua língua é o Oshivambo. A língua côkwe tem vindo a sobrepor ao lunda.Os Côkwe estão presentes numa boa parte do leste de Angola. A que frequentemente se designa como língua Nganguela é na verdade apenas a de uma população residente a leste e sul de Menongue. Lwimbi etc. desde a Lunda Norte ao Moxico e mesmo ao Bié. Finalmente existem no sul de Angola grupos residuais de khoisan. embora estas sejam de certo modo aparentadas.Lwena. cerca de 3% da população actual é caucasiana maioritariamente de origem portuguesa ou mestiça. Um outro conjunto de povos é. não constituem uma etnia abrangente. mas há ainda os Kwamatu. mas em parte significativa também na província do Cunene. a existência de um número considerável de falantes das línguas francesa e lingala. ainda. nem por uma língua comum. desde os tempos coloniais. O subgrupo de maior destaque é o dos Kwanyama também escrito kuanhama. na seguinte perspectiva: 2. Afonso. situada a 128 quilómetros para sul do rio Congo. 2. Os Congos distinguiam-se também por uma herança católica que datava do tempo de um dos seus reis. entre os rios Kuanza e Dande. Os congos de Angola sentiam-se privilegiados porque a antiga capital do reino era em Angola.2 . os Zombo. os Congos. no início do século XVI. como membros de um dos oito povos já mencionados. Era composto por oito povos relacionados entre si os quais ocupavam Cabinda e os actuais distritos administrativos do Zaire e do Uige. pertenciam ao grupo etnolinguístico kimbundu. é um país com uma extensão territorial de 1. os Sorongo.2 Características dos grupos etnolinguísticos de acordo com Lawrence Henderson 2.2. o kikongo. no Congo (Brazaville) e no Zaire (Kinshasa). ocupava a zona em redor da capital. com cerca de treze porcento da população era o terceiro maior reino de Angola. para alem do português. Lawrence Henderson.O grupo congo O grupo étnico linguístico do Congo. Íamos encontrar esta etnia desde Luanda.246. os Iaca. na costa.700 km 2 e uma costa litoral vasta e rica. O povo mais numeroso deste grupo os Xikongo. como já referido no Roteiro de Pesquisa. Os Congos são os povos que falam. Embora dois teros dos congos vivessem fora de Angola. As pessoas desta zona identificam-se. Os xikongos juntmente com mais sete povos – os Susso.2. que tinha quase o dobro da população do Congo. Seu povo. os vizinhos mais próximos do Congo. em regra.Angola. A sua identidade com a totalidade do grupo etnolinguístico Congo era reforçada pelo facto da região do Congo ter a única monarquia centralizada de Angola.1 . um etnolinguista e historiador canadiano que trabalhou durante décadas ao serviço da igreja em Angola caracterizou o povo angolano no final do século XIX. até a bacia de 18 . maioritariamente de origem bantu espalhou-se por toda a dimensão do país agrupando-se em grandes grupos (as etnias) caracterizadas essencialmente pela língua e por hábitos e costumes típicos de cada região. Mbanza Congo – São Salvvador. os Pombos e os Sucus – formam o grupo etnolinguístico Congo.O grupo kimbundu O centro da assimilação. os umbundo estavam organizados politicamente em doze reinos. dos quais o do Bailundo. Haco. Luango. Heli Chatelain. Os ambaquistas orgulhavam-se da sua há associação com os portugueses. e . Cari. siginificava «homem branco» e que era usado pelos povos vizinhos para se referir aos ambaquistas. Galangue. era os grupos etnolinguísticos. Holo. Sende. em finais do século XIX. Bambeiro. Bondo. Minungo. dividiu-a em dois dialectos principais: o Luanda. que datava de há muito. assim. Do ponto de vista linguístico a etnia kimnundu não estava tão dividida como a longa lista de povos levaria a supor. Bié. 2. que. «um preto de sapatos». que era o mais homogéneo de todos era também paradoxalmente o mais abrangente de todos. Em finais do século XIX. e o ambaca que era usado no planalto.O grupo umbundu – Gregários e comerciantes Mais de um terço da população de Angola. Apesar de ser o maior de todos. Ntemo.2.Cassange. um missionário suíço-americano que era linguista ao estudar a língua kimbundu. no planalto central. em geral. o do Huambo. e Andulo eram os mais poderosos Os Umbundu falam a língua Umbundu 19 . Songo. este grupo. como também. Ngola ou Jinga. Faziam parte do grupo kimbundu vinte povos: Ambundu. na parte oriental do distrito de Malanje. Apartir deste centro populacional os Umbundo foram se espalhando por todos os outros distritos.3 . usado na capital e na planície costeira. Chiyaka. Chinje. Quissama e Libolo. Dembo. Os umbundu estabelecera-se a sul do rio Kwanza. Bangala. e do papel desempenhado na subjugação de Angola ao poder colonial. Quibala. Nas zonas do interior mundele podia significar não só um europeu. Puna. Uma outra da assimilação da cultura portuguesa pelo povo ambaquista era o termo mundele. ele era o mais homogéneo de todos na verdade era possível classificar os umbundu mais como um povo do que como um grupo etnolinguístico. Os kimbundus aprenderam não só o português ao serem assimilados como foram eles que produziu as primeiras obras da literatura escrita angolana. dispersando-se pelos distritos mais populosos de Angola: Huambo Benguela e Bié. pertencia ao grupo etnolinguístico Umbundu. Luanda. 5 – O grupo Nhaneka. apesar de um numero relativamente grande de colonos portugueses terem invadido o seu território em meados do século XIX. Cuamati. Quilengues-Humbes e Quilengues-Musos. Estes clãs têm um totem. A sua economia deveria classificar-se como agro pastoril. sendo os principais fornecedores do planalto central.O grupo ambo – Criadores de gado e lavradores Os Ambo. possuaina a maioria do gado de Angola.4 .2. uma vez que eles dependiam tanto da agricultura como da criação de gado. Não vivem em aldeias como os umbundu. situada em pleno território Nhaneka Humbe. Os Ambo não so estão unidos por famílias matrilineares. 20 . que representavam menos de trez por cento da população. Quipungos. Evale e Cafima. tal como a maioria dos angolanos como ainda são o único grupo com clãs totenicos bem estruturados. um animal ou uma planta. Os Ambo falam a língua kwanhama 2. (kwanyamas) . a norte até a fronteira da Namíbia. os Gambos. Dispersavam-se pelos distritos da Huíla e Cunene desde as vilas de Chongoroi e Quilengues. representavam cerca de cinco por cento da população angolana.2. Os Ambo ocupam a fronteira entre Angola e Namíbia.Conservadores Os Nhaneka-Humbe. Dombandola.Humbe. fosse a única cidade em Angola a ter uma maioria branca. a sul. Este conservantismo que resistiu a urbanização fez com que Sá da Bandeira/ Lubango. situando-se geográfica e culturalmente entre os Umbundu e os Ambo. os Humbes. os Hingas.2. pelo qual se identificam os seus membros. Eles tinham sido menos influenciados do que os outros pela cultura europeia. Cuancuas Handa de Quipungo. Em Angola. os Ambo incluem os kwanhamas. os Donguenas. Os Nhaneka Humbe falam Nhaneka. Este grupo é composto por dez povos: os Muílas. O grupo Nhaneka-Humbe era o mais conservador de todos os povos em Angola. que no século XVII enviou chefes políticos de Katanga Shaba. como dirigentes políticos aos governantes locais e fundaram reinos. Mocâmedes e Huíla. Cuvales. o seu lugar na cena angolana revestia-se de menor importância. para as zonas mais populosa do leste de Angola. Lunda-Lua-Chindes. Os poucos milhares de Dimbas. Chaviquas.2. Chimbas. e Guendelengos. segundo o modelo que vigorava no império Lunda Em finais do século XIX. Dombes.Os Lunda-Chokwe.7 . Hacavonas. eram entre todos os angolanos. Os grupos vizinhos. Entre os povos que os chefes lunda foram encontrar. Na denominação composta deste grupo. Do ponto de vista económico. Cuango. Os Lunda impuseram-se. davam mais importância à sua riqueza pastoril do que a agrícola. os Ambo e os Nhaneka-Humbe. no centro leste de Angola.2. os Chokwe eram o povo mais agressivo e mais independente em toda Angola.Verdadeiros pastores O grupo Herero podia disputar com os Nhaneca. LundaNdembo. mas eles também tinham uma longa tradição. mostrando sê-lo ao recusarem prestar homenagem ao imperador Lunda e.caçadores por excelência Os povos do grupo Lunda-Chokwe incluíam os Lunda. 21 . no Zaire. governados por chefes de linhagens menores. Mai e Chokwe. estavam os Chokwe. Os Chokwe falam Chokwe.O Grupo Herero. em meados do século passado o facto de terem começado a expandir-se em direcção ao centro de Angola. ocupavam o território situado nos distritos de Benguela. «lunda» refere-se ao grande império da África central. que viviam para lá da região banhada pelos rios Kasai. Mataba. os Herero. Os Herero falam Mukubal 2.Humbe a classificação de « o mais conservador».2. os que mais se dedicavam à criação de gado. Cacongo. mas como os povos Herero eram pouco numerosos. chegando ao interior a partir do deserto do namibe. Cuanhocas.6 . A organização sociopolítica dos Chokwe assentava em doze clãs matrilineares. 2. inclui a maioria destes povos num agrupamento Lunda. viviam uma vida nómada sem se fixarem permanentemente. estas populações eram representadas apenas por alguns milhares de Khoisan e Vâtua. Luena. Genguista. que era o nome que atribuíam aos Bósquimanos. No inicio deste século. Os Gangelas falam Gangela 2. Em finais do século XIX. Iahuma. Se alguma vez chegaram a existir hotentes em Angola. Cangala. Cada um dos vinte povos era tão pouco numeroso e viviam isolados.O Grupo Gangela. Nhemba e Avico. AmbuílaMambumba.2.2.Os Khoisan . juntamente com o Chokwe. alguns milhares de bósquimanos dispersaram-se pela parte sul de Angola e pelo deserto de Calaári. Ambuela. Ndungo. eles foram de certo eliminados ou expulsos.Os nativos de Angola Os Bosquímanos Kung. Ganguela. O grupo Ganguela era o mais heterogéneo de Angola. Bunda. a sul de Angola chaman-se a si próprios o « o povo inofensivo» ou seja zhu twa si.9 . Ncoia. Mbande. Econjeiro. Ngonielo. 22 . Camachi. Os Bósquimanos de constituição frágil e de pele amarelada.8 . O antropólogo americano George Murdock. em bandos constituídos por famílias pouco numerosa. «Khoisan» é uma palavra composta apartir de khoikhoi que era o nome hotente que eles se davam a si próprios e san.pescadores O etnógrafo José redinha agrupou os vinte povos bantos que restavam ainda em Angola no grupo etnolinguístico Ganguela que representava talvez cerca de sete por cento dos angolanos: os Luimbe. Lutchazi. promoção.2. é de levada importância o conhecimento. As línguas locais são igualmente o meio que nos permite distinguir os parentescos e os distanciamentos entre os povos que há muito habitam o que é hoje o território angolano. o que permitirá compreender. faz com que determinadas mensagens difundidas noutras línguas não surtam o efeito imediato desejado e não crie a motivação para a acção que teriam se a comunicação fosse feita na língua com que se identificam. jamais recuperáveis na sua integridade. preservação ambiental entre outras devem também ser feitas em línguas locais para que alcancem os efeitos desejados. a ausência de estudos. as línguas locais (também chamadas de nacionais) e seus sub-grupos ou dialectos devem ser objecto de investigação. umbundu e kuanhama. no qual se ergue uma Nação política. Sendo Angola um estado multicultural. de 23 . a par da língua portuguesa que é o símbolo de identidade angolana e pilar basilar para a construção da Nação. divulgação e ensino das línguas locais angolanas às mais novas gerações pode levar ao seu esquecimento e consequente desaparecimento. divulgação e ensino. do ponto de vista científico e filosófico. Logo. É por si só o meio de afirmação cultural de um povo e elemento diferenciador deste mesmo povo com outros povos ou comunidades. a existência de comunidades onde a comunicação é feita predominantemente em línguas locais. tendo em conta o desenvolvimento globalizante. Por isso. Note-se também que é insignificante ou quase nula a bibliografia em línguas locais angolanas. suas relações de dependência e interdependência e a utilidade comunicacional das línguas locais para o desenvolvimento histórico-cultural económico e político de uma nova sociedade angolana. excepção seja feita ao kimbundu. comportamento eleitoral. a divulgação e desenvolvimento das distintas línguas e dialectos existentes. ética e civismo. a composição dos aglomerados populacionais do país.3 . o que a acontecer significaria o aniquilamento de culturas.A língua como elemento de identidade cultural A língua é o principal elemento identitário. Campanhas sobre prevenção contra doenças e outros perigos. Por outro lado. modo a perpetuá-las e ocuparem o seu lugar no desenvolvimento socioeconómico. sentimentos. Devemos entender que “um povo sem cultura não é um povo” e uma cultura funda-se num veículo de transmissão de ideias. crenças. político e cultural de Angola. ou seja. ritos e atitudes. uma língua. 24 . A HISTÓRIA DA IMPLANTAÇÃO DA RÁDIO E TELEVISÃO EM ANGOLA 25 .CAPÍTULO III . a emissão de Álvaro Nunes de Carvalho tinha como indicativo a seguinte denominação: CR6-AA posto emissor de Álvaro Nunes de Carvalho estão no ar a partir de Benguela.A Rádio A grande extensão territorial de Angola aliado ao facto de ser um país multilingue com múltiplas culturas e povos fizeram com que o regime colonial português elegesse a rádio como o principal meio de difusão de massas que o possibilitaria a concretização dos objectivos estratégicos no domínio económico cultural e sobretudo político. Para além das emissões da rádio colonial para Angola anos posteriores muitos angolanos também acompanhavam emissões de rádio a partir da Inglaterra Londres s Paris Berna e capitais de países europeus mais tarde o governo português incrementa as suas emissões em português para a África não só para Angola mais como para outros países de língua oficial portuguesa como Moçambique.3. Por essas e outras que Álvaro Nunes de Carvalho é considerado o pai da Rádio em Angola. As primeiras emissões de rádio em Angola tiveram lugar na década dos anos XX através de emissões feitas a partir de Lisboa a capital de Portugal na chamada CT1 (cabine técnica numero um). Rádio colonial. Seu precursor era Álvaro Nunes de Carvalho um arrojado rádio amador que conseguiu tal proeza. também emitia informações sobre a cultura de Benguela. 26 . Guine Bissau e cabo verde por esta altura as emissões já eram feitas através da rádio difusão nacional de Portugal que mais tarde viria a denominar-se RDP. Inicialmente a emissora de Álvaro Nunes de carvalho emitia músicas a partir de discos de amigos e outras pessoas singulares de Benguela e também emitia comunicado de carácter fúnebre e outras realizações. Depois de muito trabalho em 28 de Fevereiro de 1931fazia-se em Benguela a primeira emissão de rádio. Começou a funcionar com um emissor de 10 watts. jovens entusiastas começaram a dar os primeiros passos para o surgimento da primeira rádio no país. por si construído através de pecas obsoletas retiradas de vários equipamentos electrónicos.1 . É neste ambiente de ânsia que em Angola. Concorreram para esta preferência da rádio difusão pelo facto de já na altura do seu surgimento e desenvolvimento no mundo ter sido um dos mais mediáticos meios de comunicação barato e de fácil penetração e de uma abrangência sem igual. Como já dissemos. Cremilda de Figueiredo Maria João entre outros. Na sua emissão esta rádio também fazia menção na sua programação aos assuntos de carácter cultural. Com este emissor de 1 kw a rádio clube de Angola tinha alcançado uma abrangência significativa cuja audiência chegou a atingir para além dos 250 km raio. Mesquita Lemos e como sempre a intervenção de Álvaro Nunes de Carvalho. Ingombota naquilo que é hoje conhecida com rádios escola Para além de Manuel de Albuquerque Castro. foram caras visíveis q deram vóz a este projecto sara Sanches. justificou a criação desta rádio a importância económica da região lobitanga com destaque para o porto do lobito. os precursores da rádio clube do de Angola decidiram alterar a designação desta emissora por rádio clube do lobito uma vez que na região sul surgiram a posteriores outras emissoras. Inicialmente esta rádio funcionou nas antigas instalações dos CTT (correios telégrafos e telegramas) situadas das imediações do bairro zangado em Luanda mais tarde por volta de 1941ª rádio clube de Angola constrói de raiz a sua própria sede e emissora na região do bairro maculusso. Para alem do porto ter sido principal patrocinador e inspiradordesta radioo seu surgimento e desenvolvimento contou com o valioso apoio da população lobitanga que organizou várias actividades recreativas e desportivas. influenciado por emissões de rádio a partir de Lisboa Londres paris Bruxelas e Roma um grupo de entusiastas decide dar mais um passo. assim como bailes. potência máxima permitida na época. A rádio clube de Angola começou a funcionar inicialmente com um emissor de 100w e progressivamente foi ganhando espaço e audiência tendo obtido tempos depois um emissor de 1 kilowott (1 kw). Deste modo em Setembro de 1936 é fundada a rádio clube de Angola cuja inauguração acontece a 5 de marco de 1938 tendo a cabeça Manuel de Albuquerque e Castro. importante rumo ao desenvolvimento da rádio difusão em Angola idealizando aquilo que seria o primeiro rádio clube. esta rádio surge em 1938 por iniciativa de vários trabalhadores do porto do lobito entre os quais destacavam-se o seu director Raimundo do Serrão. A rádio clube do sul de Angola. 27 . Norberto franco. leilões rifas e outras iniciativas que facilitam o angariamento de fundos para a emissora. Mais tarde. 3. António Freire e Fernando Alves». Foi assim que entre 1938/1939 um grupo de entusiastas liderado por António Durão decide criar a rádio clube de Benguela. Esta rádio tal como aconteceu coma rádio clube do lobito surge com a contribuição de benguelenses que aderiram em massa as varias actividades que visavam o angariamento de fundos. bailes. A rádio clube de Benguela. funcionou inicialmente de forma improvisada no terraço do antigo palácio do comercio de Benguela.1. Só mais tarde por volta de 1942 e 1943 é que era construída a sua emissora de raiz.2 – A Rádio Clube de Benguela A rádio clube de Benguela surge na sequência de uma salutar disputa bairrista em que se opunham jovens de Benguela aos jovens do lobito. Para além de António Durão eram caras visíveis e vozes respeitáveis desta emissora «Linda Rosa. 3. por isso é que usando da força deste veículo combinou com o uso das línguas nacionais. Assim a Emissora Nacional de Angola.3 – Línguas Nacionais na Rádio Colonial O governo colonial português não tinha a mínima dúvida de que a rádio era o seu mais poderoso instrumento de colonização e de aculturação dos povos de Angola.1. sorteios actividades desportivas e recreativas entre outras. rifas. a Rádio Eclésia emissora católica de Angola e posteriormente a Voz de Angola privilegiavam nas suas emissões a informação em línguas nacionais assim como musicais cantadas nas línguas do nosso país. porque entendiam eles que a nossa língua era melhor recebida pelas diversas populações de Angola. 28 . Essas actividades eram como por exemplo. O constante estado de abandono a que estiveram votadas as línguas locais nos centros urbanos provocou o esquecimento gradual de termos do vocabulário próprio.Nos finais de 60 e toda década de 70 a colonização portuguesa utilizou as línguas nacionais sobre tudo na voz de Angola como meio para obstaculizar a generalização da luta pela independência.1. a tradição familiar. como se pode notar a importância do jornalismo em línguas nacionais vem de a varias décadas . surge mesmo a partir do momento que nasce a radiodifusão angolana. A perda do hábito da linguagem reflecte-se especialmente nas cidades onde se desvanece facilmente. fazia parte do esquema colonial. o radialista Lanvu Norma que fazia o programa Enkango Ngola em língua nacional kikongo. Por exemplo o MPLA tinha a Rádio Angola Combatente que emitia a partir de vários países como o Congo Brazzaville. 29 . Mas isso. Os jornalistas nesta altura utilizavam as línguas nacionais como principal ferramenta para o alcance dos objectivos descritos. a Tanzânia e a Zâmbia em línguas nacionais como por exemplo: o kikongo o kimbundu. Pontificaram como profissionais de jornalismo em línguas nacionais os radialistas Simião Kafuxi.1. por doloroso que seja. o umbundu o luvale kwanhama nhaneka entre outros. a partir do Congo Brazzaville. por falta de uso. que fazia locuções no Angola Combatentes em kimbundo. Como podemos notar o próprio regime colonial nunca menosprezou o jornalismo ou a comunicação no geral em línguas nacionais.Digamos. de denúncia das atrocidades assim como de mobilização dos povos de Angola a luta contra a colonização.5 – Línguas nacionais no esquema colonial As Línguas Nacionais foram sufocadas quando. os movimentos de libertação nacional assim como as associações. sistemáticas e injustamente. o peso dos costumes ancestrais não praticados e com eles. os programas de ensino oficial ignoraram a sua existência. 3. 3. o chokwe.4 . entre outros.A Rádio na luta de libertação nacional Este foi um veículo letal contra a colonização portuguesa. tem de compreenderse. os grupos de pressão quer em Angola como a porta do estrangeiro utilizavam a rádio como veículo de comunicação. para além de outras sanções coibitivas do seu uso e expansão. os cultivos. A par da maior escolarização promovida pelo crescimento económico. Por isso. Esta atitude não era compartilhada pelas Igrejas. Devido a esta posição negativa. O panorama mudou completamente em 1961 quando surgiu no Huambo a primeira emissão de rádio 30 .O uso de línguas nacionais sempre foi subestimado a nível de cidade classificadas. guardar os mínimos aspectos da cultura ancestral e impôs-se a necessidade de comunicação com outros deslocados procedentes de lugares diferentes e falando distinta língua. As autoridades coloniais. nunca consideraram as línguas locais como um bem para preservar e adicionar ao património lusitano. urbana. Milhões de pessoas abandonaram os seus lugares de residência. copiavam a atitude de despeito dos portugueses e jamais utilizavam as línguas nacionais que muitos nem aprendiam. que pretendiam melhorar a sua comunicação com os fiéis e sabiam que a língua materna era o caminho mais directo para chegar ao coração. A rádio abriu novas perspectivas e o povo teve acesso à informação independentemente de quem sabia ler e escrever. jamais instigaram o seu estudo nos programas oficiais de ensino. jamais incluindo música africana. por razões de segurança e abastecimento. Pelo contrário. este também determinou o aparecimento e intensificação do uso dos meios de difusão electrónicos entre a população de menores recursos. Para isso teve de adaptar o ouvido a uma nova linguagem. poucos colonos excepto alguns comerciantes do mato aprendiam ou fechavam os olhos para que os filhos aprendessem ou se exercitassem livremente na prática das línguas e dialectos locais. Passou a utilizar-se sistematicamente a língua veicular. os costumes quotidianos e consuetudinários. os missionários se esforçaram por dominar os idiomas africanos.6 – Jornalismo em Línguas Nacionais depois da Independência Ao terminar a guerra anticolonial. obcecadas por imporem o seu próprio padrão cultural europeu. desencadeou-se de imediato a guerra civil e com ela a violência contra civis e os massacres que provocaram o êxodo das populações rurais.1. 3. desde sempre. depreciativamente. já reconhecida como língua oficial. dando-lhe. como «língua de cão». pois todas as emissões eram em português e dirigidas expressamente aos colonos. Nestes campos não era possível manter os hábitos tribais. realojando-se em precários campos de refugiados junto às cidades. inclusivamente. forma escrita. as camadas mais instruídas por aculturadas da população angolana. Por hábito. quando tratavam de expressar-se numa língua nacional.Indivíduos de origem rural . c) – Angolanos não alfabetizados e utilizando preferencialmente línguas nacionais para expressar-se. o programa “Cruzeiro do Sul”.com música angolana e locução em português e umbundu. puros ou aportuguesados. mas diferente do tipo rural.Abrange todos. na prática. os de condição urbana. a situação reinante era caracterizada pelos seguintes aspectos: a) . Entre os indivíduos que falavam o português (Grupo 1).Angolanos alfabetizados ou não. coibiam-se de o fazer. curiosamente. No ano da Independência de Angola (1975) existiam no país dois grandes grupos falantes. 2 Nível . Grupo 1 – Individuos que falavam português . Utilizavam um léxico mínimo. era normal que no discurso do camponês em língua portuguesa. Mesmo assim.Angolanos de cultura média ou superior que utilizavam correcta. Na construção da frase notava-se o emprego sistemático de calão. A sua composição é importante para se analisar o comportamento de cada um nos períodos imediatamente anterior e posterior à independência. falando bem o português. Os que sabiam ler e escrever português podiam ascender à categoria de assimilados. Grupo 2 – Indivíduos que não falavam português – Constituíam a maioria da população. se insinuassem bastantes termos autóctones. pelo que era fácil diferençá-lo do camponês. ou porque lhes resultava mais fácil expressar-se desse modo. Ao contrario dos indivíduos procedentes de meio rural. utilizavam vocabulário reduzido. eram os indígenas de acordo com a Lei do Indigenato). Conhecedores primários do português. a inesperada fluidez no discurso. desde os que só falavam português aos que apenas falavam português. devido a um contacto mais directo e prolongado com o colono. neste grupo detectavam-se dois níveis de domínio e uso do idioma português. Expressavam-se em português com certa dificuldade. ou por falta de termos. 31 . 1º Nível . Conheciam uma ou mais línguas nacionais. para sustentar a fluidez das frases. Quase todos desconheciam línguas nacionais e se sabiam falar alguma. b) .Indivíduos de origem urbana. sistemática e fluidamente a língua portuguesa. animavam-se. mas. tinham necessidade de recorrer a palavras portuguesas para sustentar um discurso fluído. era inteiramente patrocinada pela Igreja Católica. D. em alguns casos. a radiodifusão em Angola pedia meças e. A Rádio Eclésia foi a percursora em Angola da alienação das suas emissões próprias. É assim que são os emissores da rádio da Igreja Católica que. superava nitidamente o melhor que se fazia na metrópole. Recorro ao livro "A Igreja em Angola" publicado em Março de 1990 pela Editorial Além-Mar. Moisés Alves de Pinho lançou três publicações: O Boletim da Diocese de Angola e Congo.A Rádio Eclesia Em 1954 entra em funcionamento a Emissora Católica de Angola Rádio Ecclésia que. A explicação só pode ser uma: é que esses programas eram tecnicamente muito bons. Utilizava dois emissores de 50W cada. como Sebastião Coelho. A estação entregava determinados períodos de emissão a produtores independentes através de um contrato. como o nome indica. já nessa altura. esses programas servem perfeitamente como comprovativo de que. através do aluguer dos chamados "tempos de antena". seria difícil que programas como o "Café da Noite" e o "Luanda 7".2 . mas o facto é que esse crivo era estranhamente largo. cujos programas desafiavam os limites do "politicamente correcto". do historiador norte-americano Lawrence W. É óbvio que os não podiam deixar de passar pelo "crivo eclesiástico" do estatuto editorial da emissora.Depois da independência de Angola a rádio clube de Benguela deu lugar ao que é conhecido hoje por emissora provincial de Benguela 3. intelectualmente intocáveis. Henderson: "Três anos após a sua consagração como bispo de Angola e do Congo. nos tempos áureos da censura política. comportam produtores independentes e declaradamente laicos. esteticamente admiráveis Nesse aspecto. Vale a pena reproduzir aqui uma pequena análise das razões que motivaram o aparecimento de uma emissora católica em Angola. por ironia. fossem passados em Lisboa. um jornal semanal que combinava a divulgação da doutrina cristã com comentários a notícias profana. 32 . mesmo que na Rádio Renascença. Uma coisa é certa. e o registo histórico dos seus primeiros passos. José Maria e outros. que se destinava ao clero e era uma publicação bimensal e O Apostolado. os protestantes lançaram em Luanda um jornal. À medida que os anos foram passando. escreveu o seguinte: “Em Angola. em estações de rádio privadas. E já a alguém ouvimos dizer que talvez fosse mais urgente pensar na sua construção. o rev. o padre José Maria Pereira. não um pequeno templo destinado aos crentes de determinada localidade. programas com a duração de um quarto de hora. Os católicos corresponderam com grande entusiasmo ao apelo feito e no dia 8 de Dezembro do 1954 realizou-se a primeira emissão da Rádio Eclésia. notícias profanas e algumas rubricas especiais. As suas emissões regulares incluíam programas religiosos e litúrgicos. A construção de novas igrejas até se impõe e é assunto que julgamos dever merecer igualmente a atenção dos católicos. Em 1954 O Apostolado deu início a uma campanha para a criação de uma emissora católica em Angola. Para além deste meio de comunicação que chegava a todos os pontos da colónia. a reconfortante mensagem da Igreja”. o jornal tornou-se bi semanário. qual será uma emissora que diariamente leve aos que vivem nas cidades.Em 1953. O primeiro director de O Apostolado foi o padre Abílio da Costa Reis Lima. mas. no Lobito. A emissora não virá dispensá-las. o seu equipamento foise modernizando e as suas instalações ampliando. e de modo especial na capital. O objectivo do jornal era servir todo o território de Angola. O director do jornal. em Benguela. O Estandarte. que se manteve naquele cargo até 1947. contribuindo para fomentar e incrementar ainda mais a sua expansão. Longe de nós querer desfazer tal opinião.Ambas as publicações surgiram como resposta ao crescimento da Igreja. no Luso e em Sá da Bandeira. assim como música. até que acabou por ser a única estação de rádio a emitir vinte e quatro horas por dia para todos os pontos da colónia. devido à falta de uma eficiente rede protestante de comunicações. de modo prodigioso. foi difícil concretizar aquele propósito. As Igrejas protestantes emitiam semanalmente. Não haja pois hesitações. como aos que se encontram nos mais afastados recantos do sertão. Praticamente na mesma altura em que foi publicado pela primeira vez O Apostolado. cada diocese tinha o seu próprio boletim informativo. Gaspar de Almeida. escasseiam as igrejas. Virá porém coadjuvar. Façamos tudo para que no dia 8 de Dezembro próximo possamos consagrar à Imaculada Padroeira de Portugal. que Deus sabe os anos que terão de decorrer para serem suficientes. 33 . com um transmissor de 50 watts. a acção do reduzido número de missionários. O fundador e editor foi um ministro metodista. mas uma catedral imensa que cubra todos os céus de Angola. e “Equipa”. com mais olhos que a barriga. incluindo Macau e Timor. dentro do todo da Nação Portuguesa.3 – A Televisão Publica de Angola O tema da televisão em Angola vinha sendo muito conflituoso. “Café da Noite”. Sebastião Coelho entregou ao Governo-geral de Angola. Insular e Ultramarino.a concessão do serviço público de televisão.A Rádio Eclésia surgiu também. 34 . em Luanda e em nome da Rádio Clube do Huambo. O território descontinuo de Portugal Metropolitano. Mas não abdicava dos seus direitos. se concedia tão vasto direito monopólio. de Carlos Brandão Lucas. se não era a RTP. abrangendo a metrópole e o ultramar. iniciou a sua actividade em 1997 em FM tendo prevista a possibilidade de cobrir todo o território como acontecia na época colonial. não dispunha de possibilidades para iniciar sequer o empreendimento. abarcava três continentes e a sua cobertura por televisão. A nova emissora católica que marca as novas relações entre o Estado e a Igreja de Roma. Foi neste quadro que nasceram os programas emblemáticos da Rádio Angolana “Luanda” realizado e produzido pelo sonoplasta Zé Maria. A RTP-Rádio Televisão Portuguesa tinha. do genial Sebastião Coelho. era tão complexa e cara. como se dizia. enquanto ali funcionou a Rádio Escola antes de ocupar o antigo prédio da Rádio Clube de Angola. por razões desconhecidas. nessa época em que não havia satélites. que a RTP. desde Janeiro de 1956. porque as autoridades portuguesas. 3. Era a primeira vez que. não era ninguém. requerimento para a instalação de uma emissora de radiotelevisão. não queriam televisão nem em Angola nem Moçambique. Nunca se obteve resposta. aquele que imprimiu uma dimensão estética e plástica à informação radiofónica As suas instalações foram usurpadas e usadas pelo Estado durante anos. com a dimensão de escola mas ao mesmo tempo iniciou em Angola o negócio da venda de espaço para realizadores e produtores independentes. O único vestígio de actuação oficial nesse trâmite era o carimbo que foi posto na mesa de entrada ao duplicado do requerimento. por lei. Por outras palavras. Em 1962. por uma falha da lei. Os «primeiros passos» foram dados no dia 8 de Janeiro de 1964.A segunda tentativa foi realizada em 1972 em Luanda. O programa rádio fónico «Café da Noite» foi transmitido por rádio e televisão. quando a TVA requereu autorização para instalar uma estação televisiva A RTP opôs-se ao pedido. Congeminou o que fazer e no morro alto das cercanias montou a sua antena normal de TV.3. não conseguia captar na sua aldeia os programas de televisão. O sistema fora inventado por amador de TV dos Estados Unidos que. pioneira da rádio.1 .dia 22 de Junho. As primeiras imagens avulsas ou não programadas foram obtidas três anos antes por uma pequena câmara de televisão instalada no stand Philips da Feira Oficial de Nova Lisboa. Um programa de variedades realizado no auditório da Rádio Clube de Benguela foi captado e transmitido em círculo fechado. A concessão da RTP indicava expressamente. Utilizando um cabo coaxial. a partir da boite «Tamar». transformada em estúdio de verdades. foi também a pioneira da televisão. vivendo numa relação montanhosa. foi a vez de Luanda realizar uma experiencia mais sofisticada. Em 1970. A área de cobertura por TV-Cabo era reduzida aos poucos receptora conseguida e que se distribuíram por diferentes esplanadas da ilha onde se congregou o público. por iniciativa de António Freire e Franklin Barbosa. Depois foi só aperfeiçoar o sistema.Os Primeiros Passos A cidade de Benguela. ou seja a entrada da ilha. 35 . «Rádio emissão» e agora começava a falar-se no mundo de um novo processo de difusão o CATV-ou seja a televisão por cabo sem emissão de sinal para o ar. organizada pelos Estúdios Norte e tendo como cenário a zona sul da ilha do Cabo. 3. mas desta vez foi possível contornar a dificuldade. conseguiu transportar os sinais até sua casa e ainda pode distribui-los aos vizinhos. Luanda teve o privilégio de ser uma das primeiras cidades do mundo que o instalou. da qual foi primeiro director o escritor Luandino Vieira.3.Numa noite desapareceu todo o material existente. ao governo de Angola. A nova televisão seria designada Rádio Televisão Portuguesa de Angola-RTPA. a televisão em Angola também se transformou em monopólio. devido ao 25 de Abril.3. na então avenida Salvador Correia. apagouse o «R» e ficou «TPA» e deu Televisão Popular de Angola. Não chegou a inaugurar as suas instalações.Televisão Comercial TVA-Televisão de Angola. As emissões tinham três horas de duração e foram interrompidos depois do 25de Abril de 1974. tudo o que existia foi doado. foi fácil. utilizando rede própria de cabos que se expandiam em vários eixos a partir dos estúdios situados em dois andares de um edifício da actual rua da Missão. E voltou a dar Televisão Publica de Angola. roubado pelo então gerente geral da empresa Paulo Cardoso. Tal qual a imprensa e a rádio. também. Pouco depois da TVA ter dado inicio as suas emissões. herdando.Cobria uma parte da cidade de Luanda. o nome estampado já em enorme cartaz luminoso do edifício da baixa: RTPA. «Voz de Angola» antes de ser absorvida pela RNA. começou a funcionar em 1973. quando o termo Popular passou a ser feia palavra e perdeu onda. apressadamente o seu desembarque em Angola. que começou a montar estúdios na baixa de Luanda. com planos impressionantes.2 . Foi assim que nasceu de um dia para o outro a TPA. a RTP anunciou. generosamente. 36 . A moderna tecnologia de satélite permite que o sinal da TPA chegue na actualidade a varias províncias.e tentativas jurídicas para acabar com a televisão por cabo. Da baixa transferiu os estúdios para os barracões onde funcionava a emissora. Em consequência do processo de descolonização que se seguiu. CAPITULO IV: ESTUDO DE CASO “RADIO NGOLA YETU” 37 . 38 . o que ajuda muito na interacção entre as populações e o conhecimento dos principais factos que ocorrem no País e não só. são veiculadas na mesma catorze línguas nacionais a saber:               Umbundu Chokwe Kimbundo Kikongo Fiote Nganguela Luvale Ngoya Nhaneka Umbi Bangala Songo Kwanhama Luvale Fiote A Rádio Ngola Yetu é ouvida por toda Angola.1 – Conteúdos da Rádio Ngola Yetu A Radio Ngola Yetu é um dos canais da rádio nacional de Angola que emite os seus conteúdos em Línguas Nacionais.4. o equilíbrio do género. Funciona como mobilizador para a conjugação de sinergias que permitam acabar com a importação massiva e generalizada de bens alimentares primários e presta informações sobre a preservação do meio ambiente. histórica e outras. Esta rubrica é realizada por Alberto Andrade. económica. pontes escolas e hospitais). poliomielite. QUARTA-FEIRA SAÚDE PARA TODOS: Abordagens. População. os seus direitos. Situação sócio-política. António Marcos Sambathanga é o seu realizador semanal. tuberculose.2 – Programação da Rádio Ngola Yetu SEGUNDA-FEIRA FRENTE PRODUTIVA: Um programa inteiramente dedicado à produção nacional. TERÇA-FEIRA POPULAÇÃO. o que afectou pessoas e destruiu infra-estruturas (Estradas. com participação de especialistas. a reconstrução do país saído de uma violenta guerra. Kukula (crescer) é o nome destes espaços apresentados por 39 .4. Ainda neste dia os ouvintes podem acompanhar espaços dirigidos às crianças das cidades e do meio rural. malária e doenças transmissíveis sexualmente incluindo o Sida). Os efeitos do domínio europeu têm nesse espaço um destaque relevante. com maior realce para a produção do campo e à simbiose cidade-campo. "Mbila Nzambi". que durou quase 27 anos.1. Enfoque e mobilização social sobre as campanhas de vacinação promovidas pelo Ministério da Saúde e suas parceiras. Uma edição sob responsabilidade de Maturino Zila. DESENVOLVIMENTO E VIDA FAMILIAR: Um programa que resulta de uma parceria entre a RNA e FNUAP (Fundo das nações Unidas para a População). QUINTA-FEIRA CITAFRICA: Uma viagem em torno dos acontecimentos do continente Africano. SEXTA-FEIRA PROGRAMA NZILA (CAMINHO) Um magazine que acompanha a medidas e os esforços do governo Angolano sobre a paz e a reconciliação nacional. Uma página sob responsabilidade dos jornalistas Anastácia Bitota e Domingos Massona. a equidade são os assuntos em pauta neste espaço da responsabilidade de Engrácia Pombo. em torno das grandes endemias (sarampo. Bangala Nhaneka H.crianças e jovens. Maia Alfredo é o seu realizador. 20h00/21h00……………………………………………. troca de correspondência através de cartas e telefonemas entre ouvintes dos diferentes pontos do país. Com relatos de Futebol em Cokwe. CONHEÇA OS SEUS DIREITOS. Kimbundu. DOMINGO MUKANDA: Programa de entretenimento. Horário de emissão por Línguas 06h00……………………………………………………… 06h30……………………………………………………… 07h00……………………………………………………… 08h00……………………………………………………… 09h00……………………………………………………… 10h00……………………………………………………… 11h30 12h58 – Conexão com redes de Emissores 14h00……………………………………………………. Coordena o espaço o Jornalista Domingos Issanzo. 17h00……………………………………………………. Umbundu. uma rubrica que emite matérias relacionadas com os direitos elementares da pessoa humana. Kikongo. com realização de concursos relâmpagos. Coordena a edição Zeferino David coadjuvado pelo Manuel Chimbandongo. Luvale.. tendo o apoio da jornalista Cristina Meio-dia. Ngangela. É um programa feito a pensar no ouvinte. Songo. De realçar que sábado e Domingo o desporto ocupa lugar de destaque nas emissões da Rádio Ngola Yetu. Lunda Chokwe Songo Luvale Ngangela Fiote Umbundu Cokwe Kimbundu Kikongo Oxiwambo 40 . respectivamente. Os acontecimentos da actualidade nacional e internacional são retratados pelos Jornalistas João David Inácio e Domingos Massona nos espaços "Kamenemene" (Matinal) e o "Jornal da Tarde". 18h30……………………………………………………. Uma espécie de disco pedido ou seja dedicatórias. 15h30……………………………………………………. e o pós independência se bem que não varia muito mais é que agora a informação esta ao serviço do Governo” 41 . David Zeferino _ coordenador da Rádio Ngola Yetu “As línguas nacionais tem a missão de comunicar transmitir ideias informações posições sociais em diversas actividades da vida pode ser política.3 – Entrevistas De acordo com o Roteiro de Pesquisa desta Monografia entrevistamos algumas individualidades ligadas a rádio difusão em línguas nacionais cujas opiniões abaixo se seguem:  Sr. depois de um mês de emissão experimental.4. É obrigatório cada elemento da rádio Ngola Yetu ter de dominar duas ou mais línguas começando pelo português que se deve dominar bem e a tarefa será fácil em transmitir bem a sua língua materna. no dia 12 de Maio de 2008. a sua programação regular. Na sua programação são dedicadas apenas duas horas do seu tempo de antena as Línguas Nacionais. o programa em kimbundo é feito pelo Sr.2 – Conteúdos da Rádio Viana A Rádio Viana. Zadi e o Umbundo pelo Sr. as mesmas passam apartir das 4horas da madrugada as 6 horas da manha. no meu caso eu transmito em kikongo língua falada nas províncias do Uíge Zaire parte de Kwanza Norte Cabinda e uma parte da fronteira de Malange abarcamos todo sector da vida humana estamos na educação. Cativa 4. a língua nacional é muito importante na agricultura uma vez q o camponês recebe materiais de nova tecnologia fertilizantes. económica no dia a dia de cada cidadão. sementes precisa de uma boa informação na pecuária também porque os seus animais entendem a sua língua na diplomacia. a nossa história também é transmitida Existe diferença entre jornalismo feito na época colonial e o feito na independência. é um canal comunitário do grupo Rádio Nacional de Angola. porque o jornalismo na época colonial favorecia o colono. Na Rádio Viana são apenas veiculados o kimbundo e o umbundo estas foram escolhidas porque são as línguas mais dominadas em Angola Luanda. na saúde. 4.4 – Inquéritos /110 Pessoas Para tornar o nosso trabalho mais abrangente em termos de contributo inquerimos 110 pessoas. Heis o modelo de inquérito utilizado: 42 . de várias idades para perceber o que pensam sobre a utilidade das línguas nacionais. escolhidas de forma aleatória. 01 43 .Fig. 44 . 7% diz que não e 4% não têm opinião.Acha que as línguas nacionais contribuem para o resgate dos valores morais? SIM 98 Quadro: 01 NÃO 8 NÃO TENHO OPINIÃO 4 ACHA QUE AS LINGUAS NACIONAIS CONTRIBUEM PARA O RESGATE DOS VALORES MORAIS SIM NÃO 7% 4% NÃO TENHO OPINIÃO 89% Gráfico 01 Discussão de resultados: O inquérito realizado demonstra que 89% dos entrevistados acreditam que as línguas nacionais contribuem sim para o resgate dos valores morais. 16% defendem a negatividade e finalmente 7% dos mesmos não têm opinião.Achas que as línguas nacionais contribuem para a paz e reconciliação nacional? SIM 85 Quadro 2: NÃO 17 NÃO TENHO OPINIÃO 48 ACHA QUE AS LÍNGUAS NACIONAIS CONTRIBUEM PARA A PÁZ E RECONCILIAÇÃO NACIONAL SIM NÃO NÃO TENHO OPINIÃO 7% 16% 77% Gráfico 2 Discussão de resultados: Relativamente a contribuição das línguas nacionais na contribuição para a páz e reconciliação nacional. 45 . dos nossos entrevistado 77% disseram que sim. 46 .Achas que as línguas nacionais são importantes na grelha de programas da Rádio e Televisão? SIM 105 Quadro-3 NÃO 3 NÃO TENHO OPINIÃO 02 ACHA QUE AS LÍNGUAS NACIONAIS SÃO IMPORTANTES NA GRELA DE PROGRAMAS DE RÁDIO E TELEVISÃO SIM NÃO NÃO TENHO OPINIÃO 1% 14% 85% Gráfico-3 Discussão de resultados Na apologia de que as línguas nacionais são ou não importantes na grelha de programas de Rádio e TV. 85% são apologistas da teoria. 14% acredita q não são necessários e 1% uma gota num oceano não têm opinião. chega a te maior audiência que toda programação em língua portuguesa. Os resultados deste inquérito demonstram uma vez mais que as autoridades nacionais já deveriam pensar na construção de emissoras locais com programação de 24 horas exclusivamente em línguas nacionais. Em luanda. Por exemplo no huambo o programa em umbundo da emissora provincial. o programa Balumuka da radio luanda e também outros dos espaços de grande audiência. 47 . ao ponto do seu principal condutor ser tratado nas comunidades sobretudo rurais como verdadeiro heróis da comunicação. A grande audiência de que disfrutam a rádio e a televisão dependem também dos seus espaços dedicados as línguas nacionais. importância e peso no contexto político social económico e cultural dos pais.Os resultados deste inquérito demonstram. de forma inequívoca que a informação em línguas nacionais tem um grande valor. Diz a ciência da comunicação que as línguas maternas em sociedades como a nossa são de grande valia em todos os aspectos da vida de um país. não só pelo conteúdo mais também por dinamismo que o programa apresenta. CONCLUSÕES 48 .  recomendamos ainda a promoção de uma politica governamental virada a disseminação nas comunidades rurais de aparelhos receptores assim como de fontes de inergia para estes aparelhos receptores a preços bonificados  Recomendamos a promoção de festivais e outros tipos de encontro sobre a importância da radio em línguas nacionais  Recomendamos que este estudo seja matéria de consulta para todos aqueles que se interessam pelas línguas nacionais e a radio difusão 49 .  Conclui-se que os programas em línguas nacionais são de grande audiência não apenas nas comunidades rurais e suburbanas mais também nas principais cidades do páis.  Conclui-se igualmente também que a radio assim como os programas em línguas nacionais constituem os primeiros e principais companheiros das comunidades rurais. Recomendações  Recomendamos a necessidade da produção de programas educativos em línguas.CONCLUSÃO A luz dos objectivos. ficam confirmados conclui-se que a radio difusão continua a ser o meio de maior público em luanda e em angola em geral. nacionais assim como a produção de radio novelas e radio teatro tendo em conta que o páis vive um momento de transformação dos comportamentos dos cidadãos. os programas Balumuka da rádio luanda e o programa em Umbundu da radio viana.  Conclui-se também a necessidade de haver mais emissoras de caracter locais que transmitam 24/24 em línguas exclusivamente nacionais. problemática e hipóteses levantadas. são exemplos de espaços campeões de audiência. BIBLIOGRAFIA 50 . “Iniciação ao Jornalismo” 1ªedição. Unia 2010 Prof. Prof. editora além mar. “Distribuição Etnica de Angola”. editora centro de informação e turismo de Angola. Prof. “Angola Povos e Linguas. Unia 2010. ”Iniciação ao Jornalismo Audio Visual”1ªedição.quid júris sociedade editora.editora Executive Center. 1984 FERNANDES. Victor S. Luanda. Zavoni. Isaac Neney Apontamentos e fascículos da cadeira de Teoria de Jornalismo. editorial Nzila. Victor S. ”Historia e Estórias da Informação”1ªedição. Adérito Kizunda             51 . 2002 LOPES. Lisboa LOPES. Edilson da Silva Apontamentos e fascículos da cadeira de Novas Tecnologias de Informação. Luanda.quid júris sociedade editora. Isaac Neney Apontamentos da cadeira de Analise da comunicação. Sebastião. Humberto. Prof. Lisboa Apontamentos da cadeira de TRPR (técnicas de realização e produção de radio).Angola HENDERSON. Unia 2010. Africano Neto Apontamentos da cadeira de Jornalismo Escrito. João e NTONDO.BIBLIOGRAFIA:  COELHO.” 1ªedição. José. 16ªedição. 8ª edição. Unia 2009. ”Como se faz uma tese em ciências humanas”. Lawrence W. Portugal ECO. Profª Suzana Rocha Apontamentos da cadeira de Telejornalismo. Prof. 2ª edição.”A Igreja em Angola”. Unia 2010. editorial Presença REDINHA.
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