Modos VentilatóriosBásicos Marcelo Alcantara Holanda -Professor Associado de Medicina Intensiva e Pneumologia da Universidade Federal do Ceará (UFC) -Médico da UTI respiratória do Hospital de Messejana, Dr Carlos Alberto Studart Gomes. -Idealizador da plataforma xlung para ensino da Ventilação Mecânica Ao final deste capítulo o leitor deverá estar apto a: 1. Compreender o ciclo respiratório espontâneo fisiológico; 2. Compreender e classificar os ciclos respiratórios durante a ventilação mecânica; 3. Compreender os modos básicos de ventilação mecânica: o A/C, VCV – Assistido/controlado com ciclagem volume o A/C, PCV – Assistido/controlado com pressão constante, ciclado a tempo o SIMV – Ventilação mandatória intermitente sincronizada o PSV – Ventilação com pressão de suporte Pode-se definir como modo ventilatório, o processo pelo qual o ventilador pulmonar mecânico determina, seja parcial ou totalmente, como e quando os ciclos respiratórios mecânicos são ofertados ao paciente. O modo determina substancialmente o padrão respiratório do paciente durante a ventilação mecânica. Do ponto de vista classificatório, ainda há necessidade de um consenso ou padronização internacional sobre este tema, havendo ainda nos dias de hoje uma terminologia confusa, não padronizada. Esta situação é agravada pela adoção de distintos nomes de marca pelos fabricantes de ventiladores pulmonares, muitas vezes para modos com funcionalidades semelhantes, senão idênticas, por razões de ordem comercial. Em 2010, cerca de 54 nomes de “modos” ventilatórios eram disponíveis, em 49 marcas de ventiladores pulmonares. Todo este cenário contribui para grandes desafios no treinamento de profissionais de saúde e, principalmente, favorece um manejo às vezes inadequado dos modos ventilatórios mais comuns, chegando a por em risco a vida dos pacientes sob ventilação mecânica. Constitui objetivo deste capítulo apresentar uma definição simples e lógica dos modos ventilatórios mais utilizados, aqui chamados de básicos. Ele se divide em 4 partes: a conceituação do ciclo respiratório espontâneo, fisiológico, Notar que a Pmus determina o tempo.s e de Cst:150ml/cmH2O). tendo por base a equação do movimento de gases no sistema respiratório em um modelo unicompartimental linear com registro das curvas de fluxo. varia em intensidade e duração em cada ciclo. Nesta figura. mecânico. Para facilitar as explicações sobre os diferentes ciclos e modos serão utilizadas figuras obtidas a partir de simulação computacional. Ciclos respiratórios fisiológicos. 1. seus ajustes e limitações. e finalmente. A linha pontilhada destaca o momento de transição da fase inspiratória para a expiração em um dos ciclos. volume e pressão ao longo do tempo.seguido do ciclo respiratório ofertado pelo ventilador pulmonar. o esforço muscular inspiratório. as perspectivas de novos modos recentemente disponíveis. A Pmus. Figura 1. A figura 1 apresenta o ciclo respiratório fisiológico ou espontâneo sem qualquer suporte ventilatório mecânico. Referir-se ao texto abaixo para explicações mais detalhadas. os modos ventilatórios mais usados. ao .l. o fluxo e a quantidade de volume corrente inspirado na proporção em que consegue negativar a pressão alveolar. A intensidade e a duração da pressão gerada pelos músculos inspiratórios (Pmus) varia modificando o fluxo. o volume e as pressões de vias aéreas e alveolares em um “paciente” com mecânica pulmonar próxima ao normal (valores de Raw:3cmH2O. representado pela Pmus.O ciclo respiratório espontâneo fisiológico. Não surpreende . a onda de fluxo expiratória tem sinal negativo.expandir o volume da caixa torácica. O tempo expiratório é computado como o intervalo que dura do início do fluxo expiratório até o começo da inspiração subsequente. A exalação se processa segundo a constante de tempo do sistema respiratório. Isto gera um gradiente de pressão entre as vias aéreas proximais (narinas e boca) e o parênquima pulmonar. a pressão elástica do tecido pulmonar se eleva na razão direta do volume corrente inspirado dividido pela complacência dos pulmões e da caixa torácica. todo o controle deste processo. iniciando-se a expiração. O tempo inspiratório consiste no intervalo que vai desde o início da entrada de ar até o momento em que o valor máximo do VC é atingido. É neste intricado mecanismo do ciclo respiratório que atua o ventilador pulmonar mecânico. a onda de fluxo se inverte em direção ao ambiente externo a partir dos pulmões. sendo o mesmo determinado por complexos mecanismos envolvendo. O ar é expirado passivamente. segundo a lei de Boyle. seguindo até o relaxamento completo dos músculos inspiratórios. antes negativa. reduz a pressão dos gases alveolares. até o momento em que a pressão alveolar se equilibra novamente com a pressão das vias aéreas quando o fluxo cessa. do córtex cerebral e de outras regiões do sistema nervoso central. a pressão alveolar. representado pela pressão alveolar. ocorre um fluxo de ar do ambiente externo para os alvéolos através das vias aéreas. localizado no bulbo. um certo volume de ar é insuflado aos alvéolos. A medida que os alvéolos são insuflados e o parênquima pulmonar é estirado. impulsos neurais aferentes de quimiorreceptores periféricos e centrais. em azul. mecanorreceptores nos pulmões e caixa torácica. o fluxo inspiratório. Com a diminuição gradual da Pmus no final da inspiração. considerada o valor zero de referência. impulsionado pela pressão alveolar que se encontra elevada no instante final da inspiração devido o aumento da retração elástica pulmonar e o relaxamento da musculatura inspiratória. que se mantém zero. se eleva progressivamente até o ponto em que excede a pressão das vias aéreas proximais. um volume corrente (VC). Em consequência deste gradiente. Neste ponto. ou seja. que consiste no produto da Raw x Cst. Por convenção. a valores um pouco abaixo da pressão atmosférica. O formato e a intensidade da onda deste fluxo é determinado por este gradiente pressórico e pela resistência das vias aéreas. que é definido pelo produto: fluxo x tempo. Cabe ao centro respiratório. Ao longo do tempo. entre outros elementos. 1. Este ciclo será aqui denominado de CONTROLADO. Alguns autores utilizam o termo “ciclo espontâneo” para definir o ciclo que ocorre durante a oferta da pressão de suporte (PS) ou de pressão inspiratória (IPAP). . substitui totalmente o esforço muscular respiratório e o controle neural do paciente. mantendo-se uma coerência com a definição acima apresentada e com o emprego da terminologia de ciclo espontâneo apenas para a respiração fisiológica. Um primeiro. do inglês Pressure Controlled Ventilation). Ciclos controlados As figuras 2 e 3 apresentam ciclos controlados ciclados a volume. o ventilador apenas auxilia ou assiste a musculatura inspiratória que se encontra ativa.O ciclo respiratório ventilação mecânica durante a O suporte ventilatório artificial é essencialmente um processo que substitui total ou parcialmente a ação dos músculos inspiratórios e o controle neural da respiração. No segundo tipo. 2. programado para findar ou “ciclar” quando se atinge um valor pré-determinado de volume corrente (VC) ou CICLADO A TEMPO COM PRESSÃO CONTROLADA OU CONSTANTE (PCV. o ciclo do ventilador pulmonar também pode ser classificado quanto às variáveis que são controladas ao longo da inspiração: sejam elas tempo. ou seja. ou seja.que o suporte ventilatório ainda apresente grandes limitações apesar de grandes avanços tecnológicos nas últimas décadas. Assim um ciclo dito CONTROLADO pode ser CICLADO A VOLUME (VCV do inglês Volume Controlled Ventilation). sendo aqui denominado de ciclo ASSISTIDO. pressão ou volume ou mesmo a combinação de duas ou mais destas. Além destas duas grandes divisões. em que o ventilador “controla” toda a fase inspiratória. Dois tipos fundamentais de ciclos respiratórios podem ser definidos na ventilação mecânica. Em vez disso. o termo assistido será aqui usado para designar este último tipo de ciclo. fluxo. Ciclos respiratórios mecânicos do tipo CONTROLADO e CICLADO A VOLUME (VCV).5l/0. não variou por ser determinada pelo VC. reduzindoo até 50% do seu valor inicial. 0. Na figura 2 três ciclos respiratórios mecânicos CONTROLADOS e CICLADOS A VOLUME. O fluxo inspiratório foi modificado nos 3 ciclos.5l/min ou 0. resultando em diferentes tempos inspiratórios e pressões nas vias aéreas (em vermelho). seu principal determinante. em vermelho. sendo de 1. Referir-se ao texto abaixo para mais detalhes. No terceiro ciclo. mas não a pressão alveolar. No segundo ciclo. uma vez que este influencia a pressão resistiva de via aéreas. em azul. A pressão alveolar. em rampa. Desta forma. mas foi ajustado um padrão de onda de fluxo. resultado da razão do VC/fluxo. o esforço muscular respiratório. é o mesmo em todos os ciclos.5s. O VC foi ajustado em 500ml (0. tipo descendente.33s. não apenas o valor máximo do fluxo foi reduzido. Notar que a pressão de via aérea. sendo de 0. o tempo inspiratório é prédefinido. em azul. o tempo inspiratório corresponde a divisão de 0.375l/s e. varia em função dos ajustes de fluxo. portanto um Ti ainda mais prolongado.5l). Nesta situação. Esse ajuste resultou em um fluxo médio de 22.375l/s. Como no ciclo . ou 30l/min (0. com um fluxo constante ou do tipo quadrado. ajustado em 60l/min (1l/s). que é fixo (linha tracejada). o fluxo foi reduzido a metade. a intensidade e o padrão da onda de fluxo é determinado pelo operador do ventilador. representado pela Pmus.5l/s) dobrando o Ti para 1s. são apresentados.Figura 2.5l por 1l/s. A pressão alveolar se mantém a mesma nos 3 ciclos uma vez que o VC. é zero. Além do VC. No primeiro ciclo. Referir-se ao texto abaixo para mais detalhes. 8ml/kg de peso ideal. mantendo o fluxo constante. a depender claro da estratégia ventilatória específica recomendável para um determinado paciente. Na figura 3 o operador do ventilador modifica o VC. O fluxo foi mantido constante (linha tracejada).6 a 1.2s. Na prática a ventilação controlada ciclada a volume é bastante fácil de ser ajustada. As pressões de via aérea e alveolares variam em proporção direta às mudanças de VC. o ar é expirado passivamente pelo aumento da pressão elástica pulmonar (pressão alveolar). . Ciclos respiratórios mecânicos do tipo CONTROLADO e CICLADO A VOLUME (VCV). Note que a expiração se processa até que a pressão alveolar retorne a um valor prédeterminado. a PEEP. acima de zero. Figura 3. O VC foi modificado nos 3 ciclos.espontâneo. Notar que o Ti varia igualmente (Ti=VC/fluxo). neste caso. resultando em diferentes tempos inspiratórios e pressões nas vias aéreas e nos alvéolos. e ajustando-se o fluxo para se garantir um Ti ao redor de 0. ou seja ocorra a ciclagem. A figura 3 apresenta o impacto dos ajustes de VC sobre o Ti e as pressões alveolares e de vias aéreas em ciclos controlados tipo VCV. bastando definirse um VC alvo. por exemplo. bastando para isso que o ventilador interrompa a entrada de ar e abra a válvula exalatória. Notar o incremento significativo do VC no 2o ciclo em relação ao 1o e um aumento mínimo no 3o em relação ao segundo.5s. A diferença entre a pressão de via aérea do ventilador e a pressão alveolar do paciente determina o fluxo inspiratório. que sempre apresenta um padrão de desaceleração.5. COM PRESSÃO CONSTANTE nas vias aéreas. 1. Quando 4 a 6 constantes de tempo do sistema respiratório são atingidas. O “delta” de pressão aplicada acima da PEEP foi mantido constante em 15cmH2O. CICLADOS A TEMPO.0 e 1.As figuras 4 e 5 apresentam ciclos CONTROLADOS. gerando uma pressão máxima na via aérea de 20cmH2O (linha tracejada). respectivamente nos 1o. O Ti foi modificado. Ciclos respiratórios mecânicos do tipo CONTROLADO e CICLADO A TEMPO COM PRESSÃO CONSTANTE (PCV). Figura 4. não linear. . sendo de 0. 2o e 3o ciclos. o fluxo inspiratório se aproxima ou mesmo “zera” devido a equalização da pressão alveolar com a pressão nas vias aéreas no final da inspiração. 6 a 1. Observar que o VC e a pressão alveolar se elevam. variando-se.2s. antigamente chamado de controlado. . uma vez que esta é determinada pela relação entre o VC e a complacência estática do sistema respiratório. 20 e 25 cmH2O em sequência. Obviamente. havendo modos híbridos que unem características dos dois tipos de controle que serão abordados em capítulo específico sobre novos modos. Ciclos respiratórios mecânicos do tipo CONTROLADOS e CICLADOS A TEMPO COM PRESSÃO CONSTANTE (PCV). 0. titulando-se o “delta” de pressão na via aérea parta se atingir um determinado VC desejado.Figura 5. É possível observar que a determinação do VC em ciclos com Pressão Constante nas vias aéreas se faz de forma indireta. Em resumo os ciclos controlados podem ser basicamente do tipo VCV ou PCV. somente ofertaria ciclos controlados ao paciente. por exemplo. O Ti foi fixado em 1s enquanto o “delta” de pressão acima da PEEP foi modificado. Neste ponto podemos definir que o modo ventilatório. Habitualmente pode-se fixar o Ti em um determinado valor. modos controlados puros não são mais utilizados pois resultariam em grande desconforto para os pacientes quando estes fizessem uso de sua musculatura respiratória. sendo de 15. ora o Ti (na figura 4). ora o “delta” de pressão acima da PEEP nas vias aéreas (figura 5) ou mesmo ambos. É importante destacar que ciclos respiratórios em PCV não garantem os valores de pressão alveolar. no paciente com esforço muscular variável. Um ajuste de sensibilidade a pressão de -1 a -2cmH2O ou a fluxo de 2 a 5l/min são recomendáveis. 3L/min. Ciclos assistidos Uma situação bem mais complexa ocorre quando o comando neural (drive) e a musculatura do sistema respiratório do paciente estão ativos. Figura 6. Comparar com as curvas da figura 2 (VCV) e 7 (PCV). As figuras 6 e 7 apresentam ciclos do tipo VCV e PCV. . Muito embora a sensibilidade esteja adequadamente ajustada e o paciente consiga “disparar” todos os ciclos há evidente dissincronia paciente-ventilador. Neste caso virtualmente todos os ventiladores pulmonares mecânicos monitorizam a “demanda” do paciente através da mensuração contínua do fluxo e/ou pressão no circuito do ventilador. O ajuste. respectivamente.2. Sabe-se que o ventilador dispara mais facilmente com a sensibilidade a fluxo. embora o valor clínico deste recurso seja discutível. principalmente quando o paciente aumenta a duração e a intensidade seu esforço muscular. Uma sensibilidade bem ajustada é crucial para que o paciente seja capaz de deflagrar ou disparar ciclos respiratórios quando assim desejar. Notar que a Pmus (cor rosa) do paciente “negativa” a curva de pressão de via aérea. com sensibilidade a fluxo. comumente denominado de “sensibilidade”. Ciclos respiratórios mecânicos do tipo ASSISTIDOS e CICLADOS A VOLUME. determina o limiar de variação de fluxo ou pressão que será reconhecido pelo ventilador como esforço muscular do paciente. Isso ocorre porque o ventilador mantém o fluxo e o VC fixos. Em PCV. Comparando-se ciclos assistidos VCV e PCV há uma grande diferença quanto a resposta do ventilador à demanda muscular do paciente. O VC e o fluxo aumentam com o esforço do paciente. do inglês Pressure Support Ventilation). 3L/min. Ciclos respiratórios mecânicos do tipo ASSISTIDOS e CICLADOS A TEMPO COM PRESSÃO CONSTANTE (PCV). Os ciclos assistidos com PSV são semelhantes aos ciclos em PCV exceto pelo mecanismo de ciclagem. com sensibilidade a fluxo. os ventiladores dispõem de um terceiro tipo de ciclo assistido presente na Ventilação com Pressão de Suporte (PSV. ao aumentar a oferta de fluxo e de VC em relação ao esforço do paciente. . como é habitual logo após as primeiras 24 a 48h que seguem a intubação traqueal. Além dos ciclos assistidos em VCV e PCV. sendo este a fluxo e não a tempo. o ventilador. Notar que a Pmus (cor rosa) do paciente gera um aumento de fluxo inspiratório correspondente ao esforço e ao tempo neural do paciente. o Ti permanece o mesmo. potencialmente menos desconfortável. Considerando-se que uma das metas principais da ventilação mecânica é aliviar a dispneia e o trabalho muscular respiratório. A figura 8 ilustra e explica o mecanismo de ciclagem em PSV. este tipo de ciclo é mais favorável quando se deseja que o paciente apresente contração muscular respiratória.Figura 7. ou tempo de subida. . Além disso. VC e Ti pode favorecer a um maior conforto para alguns pacientes. A ciclagem ocorre quando se atinge um determinado limiar de fluxo inspiratório. Na maioria dos ventiladores costuma ser configurado para valores entre 20 a 25% do pico de fluxo inspiratório. o Ti pode ficar demasiado longo devido a menor desaceleração do fluxo inspiratório como pode ser observado na figura 9. O leitor deve se reportar ao capítulo Assincronia paciente ventilador para mais detalhes sobre a manipulação prática destes novos recursos tecnológicos incorporados a PCV e PSV. notadamente nos pacientes com DPOC. com sensibilidade a fluxo. 3L/min. o Ti. Tal ferramenta possibilita um ajuste mais fino dos ciclos em PSV. e diferentemente dos ciclos em VCV ou PCV. podem todos variar a depender da interação paciente-ventilador Nos ciclos em PSV a possibilidade de variabilidade de fluxo. com elevada resistência de vias aéreas e complacência estática normal ou aumentada. os atuais ventiladores disponibilizam o ajuste do limiar de ciclagem. por exemplo. O VC. Este ajuste é comumente referido como rise time. Este pode ser ajustado eventualmente entre 5 a 70%. a curva de fluxo.Figura 8. Ciclos respiratórios mecânicos do tipo ASSISTIDOS e CICLADOS A FLUXO COM PRESSÃO DE SUPORTE (PSV). Nestes casos. Além deste ajuste vale lembrar que tanto a PSV quanto a PCV permitem o ajuste do fluxo ou velocidade de pressurização da via aérea no início da inspiração. 1. Observar o impacto deste ajuste sobre o Ti. 3. 3L/min. modo híbrido entre os dois primeiros (SIMV. o que pode ser vantajoso em pacientes com DPOC e hiperinsuflação pulmonar. a curva de fluxo e o VC. Assim existem os modos A/C-VCV e A/C-PCV. são eles o Assistido/Controlado (A/C. respectivamente. sendo de 25%.Figura 9. 3 modos ventilatórios considerados básicos podem ser reconhecidos. do inglês Synchronized Intermitent Mandatory Ventilation). As figuras 10 e 11 apresentam. do inglês assist/control). o modo A/C pode ofertar ciclos em VCV ou em PCV. 35% e 45% na sequência dos ciclos. As legendas detalham o funcionamento do modo. oss modo A/C-VCV e A/C-PCV.Modos ventilatórios básicos Com base nos tipos de ciclos respiratórios que são ofertados ao paciente. Neste caso. COM PRESSÃO DE SUPORTE (PSV). o limiar percentual para ciclagem foi aumentado. com sensibilidade a fluxo. O aumento do limiar de ciclagem reduz o Ti e o VC. Modos A/C-VCV e A/C-PCV O modo A/C se caracteriza por ofertar ciclos controlados e/ou assistidos a depender dos ajustes de frequência respiratória mínima programada e da frequência do paciente. . Por sua vez. a ventilação com pressão de suporte (PSV) e a ventilação mandatória intermitente sincronizada com PS. Ciclos respiratórios mecânicos do tipo ASSISTIDOS e CICLADOS A FLUXO. VC:500ml. Caso o paciente não faça esforço muscular algum. que podem ser controlados ou assistidos. todos os ciclos serão controlados e terão a duração total de 4 segundos (60s/15rpm). f total 22 irpm. Note que o penúltimo ciclo foi assistido. Δpressão acima da PEEP de 20cmH2O. Ajustes: f prog:15 rpm. como o paciente não realizou esforço muscular dentro da janela de 4 segundos. Modo A/C-PCV. a relação I:E caso todos os ciclos fossem controlados seria de 1:3. no mínimo. Figura 11. como o paciente realiza uma frequência respiratória superior a programada. Caso o paciente não faça esforço muscular algum. Ajustes: f prog:15 rpm. Fluxo 30l/mi. f total entre 16 a 20 irpm. todos os ciclos serão controlados e . sensibilidade a pressão. Após o mesmo. sendo o Ti programado de 1s. Contudo. Neste caso específico o ventilador é “obrigado” a ofertar no mínimo 15 ciclos por minuto que podem ser controlados ou assistidos. 15 ciclos por minuto. Ti:1s. Neste caso específico o ventilador é “obrigado” a ofertar. Ti:1s. Modo A/C-VCV.Figura 10. o ventilador ofertou um ciclo controlado. -2cmH2O. o tempo expiratório é variável. Via de regra opta-se por se iniciar o suporte ventilatório no modo A/C-VCV. a relação I:E caso todos os ciclos fossem controlados seria de 1:3. São duas as vantagens de se iniciar neste modo e não em A/C-PCV: pode-se determinar com mais facilidade a mecânica respiratória (o leitor pode se reportar ao capítulo correspondente a este tema) e segundo. logo após a intubação traqueal. Atenção especial deve ser dada a monitorização do VC neste modo ventilatório. quando o paciente se encontra sedado ou mesmo sob bloqueio neuromuscular. a pressão alveolar fica sob maior controle uma vez que esta é sempre determinada pela relação entre o VC e a complacência estática do sistema respiratório. Note que o antepenúltimo ciclo foi assistido. Como o paciente não realizou esforço dentro das janelas de 4 segundos subsequentes o ventilador ofertou dois ciclos controlados em sequência. todos os ciclos são assistidos com a adição da Pressão de suporte como apresentado na figura 12. Observar o aumento do VC e a modificação da onda de fluxo em resposta a demanda do paciente nos ciclos assistidos. e talvez mais importante. 2. Modo PSV No paciente que apresenta uma boa recuperação da doença de base e a sedação é revertida. com a utilização de baixos VCs em pacientes com SDRA.terão a duração total de 4 segundos (60s/15 rpm). comumente se emprega o modo PSV. como o paciente realiza uma frequência respiratória superior a programada o tempo expiratório é variável. Particularmente. numa fase de transição para o processo de retirada da ventilação mecânica. quando o paciente apresenta esforços musculares respiratórios. o emprego de uma estratégia ventilatória protetora. sendo o Ti programado de 1s. O alarme de VC máximos e mínimos devem ser bem ajustados. pode ser feita com mais facilidade e segurança no modo A/C-VCV. . onde somente há disparos pelo paciente. O alarme de pressão portanto deve ser bem ajustado. ou seja. Já o modo A/C-PCV pode ser uma excelente opção para uma ventilação predominantemente assistida. Atenção especial deve ser dada a variação da pressão de pausa neste modo ventilatório. Contudo. caso o paciente realize um esforço neste intervalo ou controlado. o ventilador divide um minuto em 6 janelas de tempo de 10 segundos. O Ti pode variar ciclo a ciclo. 3. A figura 13 ilustra o funcionamento deste modo. O modo PSV costuma ser usado no desmame. Observar que a redução da PS implica em mudanças na oferta de fluxo e VC. Como somente ciclos assistidos são ofertados o alarme de apnéia com ventilação de backup deve ser bem ajustado. onde se reduz a PS gradualmente avaliando-se a capacidade do paciente se adaptar a níveis cada vez mais baixos até que um valor mínimo seja atingido. . Por exemplo. Dentro de cada uma destas janelas o ventilador deve ofertar um ciclo respiratório que poderá ser assistido. apenas com a PEEP. Este passa a variar a Pmus. apenas assistidos. Atualmente a PS é usada rotineiramente neste modo. intercalandoos com ciclos do tipo VCV ou PCV. Modo SIMV com PS O modo SIMV com PS constitui um híbrido dos modos A/C e PSV. caso o paciente não dispare o ventilador. Uma frequência mínima é programada com ciclos em VCV ou PCV. Ajustes: PS acima da PEEP: 20cmH2O nos dois primeiros ciclos.Figura 12. habitualmente entre 7 a 10cmH2O. que será ofertado ao final da janela. Historicamente foi desenvolvido ainda na década de 70 para possibilitar ciclos espontâneos. sendo reduzida para 15cmH2O nos demais. ajustando-se uma frequência de 6 irpm. Não há ciclos controlados. a depender da sua demanda por fluxo e VC. Modo PSV. reduzindo ambos e “exigindo” adaptações por parte do paciente. PS de 15cmH2O. O último ciclo é do tipo controlado devido a apneia que o paciente apresentou após a dose de um sedativo (seta). O modo SIMV com PS é bastante utilizado.Figura 13. neste caso. o VC nos ciclos com PS são inferiores aos dos ciclos VCV marcados com um asterisco. Principais características dos modos ventilatórios básicos . Tabela 1. caso o paciente não o faça. Como desvantagem principal destaca-se a complexidade de seus ajustes e a dificuldade para se reconhecer as diferenças entre os ciclos com PS e aqueles em VCV ou PCV. Ajustes: f:6 irpm. Este será do tipo assistido se o paciente fizer um esforço capaz de disparar um ciclo no intervalo de tempo da janela ou será controlado e ofertado no instante final da mesma. registro de um minuto. sendo obrigado a ofertar um ciclo do tipo VCV em cada um deles. A tabela abaixo resume as características principais dos modos ventilatórios básicos. Apresenta como vantagem a garantia de uma frequência respiratória mínima onde se pode estabelecer um VC fixo (SIMV-VCV) ou uma Pressão Constante na via aérea com ciclagem a tempo (SIMV-PCV). Modo SIMV-VCV com PS. O ventilador divide um minuto em 6 intervalos de tempo iguais de 10 segundos. Observar que. ATC) ou ao comando neural (Neurally Adjusted Ventilatory Assist .Ti: tempo inspiratório. Por outro lado uma compreensão detalhada de suas funcionalidades permite que a grande maioria dos pacientes sejam ventilados de modo satisfatório. VAPS e autoflow). muitas vezes resultando em dissincronias pacienteventilador. Disparo a tempo=ventilador Como se vê os modos ventilatórios básicos apresentam limitações. modos que ofertam a pressão na via aérea em proporção ao esforço muscular do paciente (Proportional Assisted Ventilation – PAV ou Automatic Tube Compensation . características dos modos A/C-VCV e A/C-PCV (Pressurre regulated volume control. Volume Assured Pressure Support Ventilation. Eles incluem modos híbridos que mesclam. 4. PRVC.Perspectivas ventilatórios de novos modos Novos modalidades ventilatórias têm sido desenvolvidas. a maior parte destes modos ainda não foi incorporado ao dia-a-dia da ventilação .NAVA) e modos com mecanismos para auto-ajuste da PSV (Volume Support Ventilation). por exemplo. Embora promissores. Carvalho CRR . 3.Bibliografia 1.Ventilação Mecânica. Clínicas Brasileiras de Medicina Intensiva. Respir Care 2001. 1998.Ventilação Mecânica. Atheneu. 52(3): 301-323. 4. 5. Clínicas Brasileiras de Medicina Intensiva. Volume II – Avançado. 2. Chatburn RL. Volume I – Básico. A new system for understanding modes of mechanical ventilation. Philadelphia: Lippincot.mecânica e ainda há poucas evidências de sua superioridade em relação aos modos básicos quanto a desfechos clínicos relevantes como a duração da ventilação mecânica e a sobrevida.. Chatburn RL. São Paulo: Ed. 2000 5. São Paulo: Ed. 2007. Classification of Ventilator Modes: Update and Proposal for Implementation. Carvalho CRR . Respiratory Care. Branson R. Atheneu. Chatburn RL. primiano FPJr. 2nd ed. 2000 . Hess D. Respiratory care equipment. Particularmente os modos que favorecem a maior sincronia paciente-ventilador serão abordados no capítulo correspondente a este tema. 46(6):604-621.