mod_higiene_do_trabalho_ii_v9.pdf

May 16, 2018 | Author: lealsamad | Category: Sound, Waves, Frequency, Decibel, Acoustics


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HIGIENE DO TRABALHO IIBrasília-DF. Elaboração Paulo Rogério Albuquerque de Oliveira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO APRESENTAÇÃO...................................................................................................................................... 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA.................................................................................. 6 Introdução.......................................................................................................................................... 8 unidade I FATORES FÍSICOS..................................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 Acústica................................................................................................................................ 12 CAPÍTULO 2 Termologia........................................................................................................................... 33 CAPÍTULO 3 Vibrações.............................................................................................................................. 54 CAPÍTULO 4 Pressões anormais................................................................................................................ 78 CAPÍTULO 5 Radiações ionizantes............................................................................................................. 84 unidade Ii FATORES BIOLÓGICOS............................................................................................................................. 99 CAPÍTULO 6 Cuidados, Prevenção e Nomenclatura................................................................................... 103 CAPÍTULO 7 Referências normativas – Fin. da Aposentadoria Especial – FAE, insalubridade e periculosidade.... 108 unidade Iii FATORES QUÍMICOS............................................................................................................................. 111 CAPÍTULO 8 Referências normativas – Fin. da Aposentadoria Especial – FAE, insalubridade e periculosidade.... 115 CAPÍTULO 9 NR-15 – Anexo 11.................................................................................................................. 119 .......................................... 122 CAPÍTULO 12 NR-15 – Anexo 13.............................................................................................................................................. 133 referências ........................................................ 121 CAPÍTULO 11 Resumos de métodos – gases e vapores......... 126 CAPÍTULO 13 Tira-Teima................................... 134 ................................................................... 128 PARA (NÃO) FINALIZAR.................................................................................................................CAPÍTULO 10 NR-15 – Anexo 12............................................................................................................................................................................................................................ APRESENTAÇÃO Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. dinâmica e pertinência de seu conteúdo. levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos. com este material. bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso. Pretende-se. Caracteriza-se pela atualidade. Conselho Editorial 5 . serão indicadas. conceitos de dicionários. Textos para leitura complementar Novos textos. Para refletir Questões inseridas para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto proposto. para lhe apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico. para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. também. os conteúdos são organizados em unidades. aluno. entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho. Provocação Pensamentos inseridos no Caderno. para provocar a reflexão sobre a prática da disciplina.ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA Para facilitar seu estudo. com questões para reflexão. Sintetizando e enriquecendo nossas informações abc 6 Espaço para você. fontes de consulta. fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com sua contribuição pessoal. É fundamental que você reflita sobre as questões propostas. O importante é verificar seus conhecimentos. A seguir. Ao final. subdivididas em capítulos. Eles serão abordados por meio de textos básicos. Registre sua visão sem se preocupar com o conteúdo do texto. suas experiências e seus sentimentos. uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. trechos de textos referenciais. exemplos e sugestões. . objetiva e coerente. de forma didática. com o objetivo pedagógico de fortalecer o processo de aprendizagem. Para (não) finalizar Texto. ao final do Caderno. filmes. Referências Bibliografia consultada na elaboração do Caderno. com a intenção de instigá-lo a prosseguir com a reflexão.Sugestão de leituras. sites e pesquisas Aprofundamento das discussões. no decorrer das leituras. 7 . Praticando Atividades sugeridas. gestão dos fatores de risco do meio ambiente do trabalho. Desejamos a você um trabalho proveitoso sobre os temas abordados! Lembre-se de que. »» Compreender as estratégias de amostragem relacionadas ao controle ambiental e biológico. estamos muito próximos. Esta disciplina. enquanto a HTII. Os conteúdos foram organizados em unidades de estudo. subdivididas em capítulos. Especial atenção deve ser dada aos ícones “Praticando”. »» Compreender os fundamentos básicos biológicos relacionados ao meio ambiente do trabalho. »» Entender a relação entre higiene do trabalho. »» Possibilitar ao EST classificar e identificar perigo. químicos e biológicos e seus desdobramentos para saúde do trabalhador. em razão do programa. material básico aos conhecimentos exigidos da Engenharia de Segurança do Trabalho – EST. »» Abordar criticamente a inserção da higiene do trabalho.Introdução Bem-vindo à disciplina Higiene do Trabalho – HT. fundamentos ambientais e biológicos. 8 . pois farão parte das atividades avaliativas do curso. estratégias de amostragem. foi dividida em duas partes: Higiene do Trabalho I (HTI) e Higiene do Trabalho II (HTII). discute de forma minuciosa fenômenos físicos. ao aprofundar esses itens. Os ícones servirão de recursos de aprendizagem. limites de tolerância e intervenção ambiental. Objetivos »» Entender as definições básicas da EST. aborda as definições básicas. Este é o nosso Caderno de Estudos e Pesquisa. A HTI. apesar de distantes. avaliação e gestão de riscos. voltada à introdução da matéria no contexto da EST. risco e fator de risco ambiental. »» Apropriar-se dos mecanismos de controle para intervenção ambiental. unidade FATORES FÍSICOS I . . Foi separada por área de conhecimento. 11 .unidade FATORES FÍSICOS I Esta unidade é composta das energias da natureza mais importantes ao equilíbrio ambiental à saúde do trabalhador mediante aplicação da Engenharia. apenas uma pequena porção das vibrações o é. Pressão sonora à variação dinâmica na pressão atmosférica que pode ser detectada pelo ouvido humano. pelo tato.CAPÍTULO 1 Acústica . 12 . quando molesto. de coisas. nesse sentido: Acústica à parte da Física que estuda as oscilações e ondas em meios elásticos (estuda o som). de graves. As ondas sonoras são longitudinais. sua direção de propagação é paralela à de vibrações das partículas do meio em que se propaga. nocivo ou indesejado é denominado barulho. Na verdade. balanço de objetos. Velocidade de uma onda sonora à depende das propriedades elásticas e inerciais do meio. Há vibrações que não são detectáveis por órgãos sensoriais humanos. A vibração é movimento. Som à sensação percebida pelo cérebro devido à chegada de uma onda sonora no ouvido. referente a 1 ciclo. expressa em Pascal – Pa (N/m2). Período (T): tempo de duração de 1 ciclo completo. desde os tímpanos até os cílios do ouvido interno. oscilação. No mecanismo da audição. revisarmos conhecimentos e estabelecermos nomenclaturas. o som é uma variação da pressão atmosférica capaz de sensibilizar nossos ouvidos. sentimos a oscilação de uma corda de violão. sabemos intuitivamente o que é uma vibração. Oscilação percebida à Tátil à Vibração. Comprimento de onda (l): deslocamento ou distância percorrida pela onda propagada. Por que os bebês choram de modo semelhante (frequência e intensidade)? Por que a buzina de navio é mais rouca que a de moto? Essas perguntas condutoras são importantes para. Quando. Frequências altas são chamadas de agudas e as baixas. as partes que compõem os ouvidos médio e interno vibram na direção em que a onda se propaga. Oscilação percebida à Ouvido à Som. Por definição. de início. Ruído: “misturas” de sons indistinguíveis com diferentes frequências. isto é. O corpo é elásticoà ao cessar o efeito de uma deformação ele recupera a forma original. veja as diferenças entre o comportamento mecânico da borracha. Todo corpo plástico pode ser elástico. a goma de mascar é plástica e extensível. assim. outros. Alguns são mais plásticos que elásticos. Como exemplo. Quando uma fonte sonora (lâmina. membrana etc.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Propriedades elásticas do som β módulo de elasticidade volumar do meio Ƭ  tensão Ƹ deformação Fenômenos: »» Elasticidade: deformações imediatas e recuperáveis. ela provoca em toda sua volta. por meio de sucessivas compressões e rarefações das partículas desse meio. ondas mecânicas longitudinais. ele será um corpo plástico. no meio que a envolve (normalmente o ar). »» Elasticidade: deformações imediatas e não recuperáveis. que. do aço e da goma de mascar. o aço é elástico. uma onda sonora. Os corpos elásticos conduzem melhor o som. Pela lei de Hooke relação linear entre tensões e deformações Т= E * ε. formando. Desde que não se exceda certo limite de elasticidade. »» Viscosidade: deformações não imediatas. todo corpo elástico é resiliente. 13 . borracha é elástica e extensível. corda. caso isso não aconteça.) é colocada para vibrar. É importante diferenciar elasticidade de extensibilidade. mas pouco extensível. viajam em todas as direções (meio tridimensional). mais elásticos que plásticos. Resiliênciaà propriedade que o corpo possui de devolver a energia armazenada na deformação. E  módulo de elasticidade (Young). Ondas mecânicas longitudinais omnidirecionais. 14 .UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Figura 1. características e gráficos. As intensidades de onda são inversamente proporcionais aos quadrados das distâncias à fonte. é o botão do volume que define a intensidade: o indivíduo aumenta o volume do rádio ao girar o botão no sentido do máximo. menor amplitude. num determinado ponto. obtemos  I2 r22 r12 Figura 3.102Pa). provoca-se dor. 15 . som fraco (baixa amplitude) tempo som forte (grande amplitude) Figura 2. Disposição gráfica de sinal sonoro forte (alta amplitude) e fraco (baixa amplitude). A intensidade sonora ou sonoridade de uma onda esférica. e as frentes de onda têm formato esférico. altura e timbre Intensidade tempo Amplitude (pressão) A intensidade do som está relacionada com a amplitude. espalhando-se em todas as direções. O som se propaga num meio material elástico. de 10-12 W/m2 (equivalente a 2. I1 = Dividindo 1 por 2. As intensidades são inversamente proporcionais aos quadrados das distâncias à fonte. Popularmente.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Qualidades fisiológicas do som: intensidade.10-5Pa). Pp Po   Potência da fonte – Po (W) e I= S 4πr2 S – área da superfície esférica (m2). limiar da dor (equivalente a 2. Som mais forte tem maior amplitude e mais fraco. I= S=4πr2 (r – raio da superfície esférica) Frente de onda 1  I1=Po/4πr12. aproximadamente. é definida pela expressão: Intensidade = Potência da Fonte (W) Área da Frente de onda no ponto considerado (m2) A potência da fonte – Po – no SI em Watt (W) e a I – Intensidade ou intensidade sonora ou sonoridade da onda esférica (W/m2). A partir de 1W/m2. É a característica do som que permite distinguir um som forte de um som fraco e está relacionada com a energia transportada pela onda que decai do próximo (forte) ao afastado da fonte (fraco). Frente de onda 2  I2=Po/4πr22. A intensidade mínima do som percebido pelo ouvido humano (limiar de audição) é. Pelo processo inverso. historicamente. 2 de agosto de 1922) foi um cientista. em homenagem ao físico inventor do telefone. O nível sonoro NS (dB) para o limite da dor I=1W/m2 será: NS=10logI/Ioà NS=10log1/10-12à NS/10=log1012 à 10NS/10=1012à NS/10=12à NS=120dB. O NS (nível sonoro ou nível de intensidade ou intensidade auditiva) de determinado som. o italiano Antonio Meucci foi reconhecido como o seu verdadeiro inventor. . Embora. Assim. pela Resolução nº 269. Aplica-se o submúltiplo deci ao nível sonoro NS (dB B) por conta do melhor ajuste da escala. Por definição o Bell = log que tem como referência o limiar de audibilidade (Io). Meucci vendeu o protótipo do aparelho a Bell nos anos 1870. nasceu o Bell1. em 11 de junho de 2002. Escalas comparativas entre W. Como esse intervalo audível é muito grande e considerando a função logarítmica como a que mais se aproxima da curva de audibilidade humana. Os rangers (intervalos de máximo e mínimo) flutuam em 1014W/m2 e 107Pa. pelo Congresso dos Estados Unidos. quando NS=0(dB) à0=10log(I/10-12)à0/10=logI/Ioà 0=logI/Ioà100=I/10-12àI=100. Bell tenha sido considerado como o inventor do telefone. que é a relação (quantas vezes maior) está esse som (I) em relação àquele limiar. inventor e fundador da companhia telefônica Bell. Figura 4. Assim. o ouvido humano pode perceber normalmente sons cuja intensidade varie de 10-12W/m2 a 102W/m2 ou 2. quando NS=120 (dB) à120=10log(I/10-12) à120/10=logI/10-12 à1012=I/10-12àI=100àI=1W/m2 16 1 Alexander Graham Bell (Edimburgo.10-5Pa a 2. 3 de março de 1847 – Nova Escócia.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Assim. convencionou-se utilizar a escala logarítmica para expressá-lo. em Bell.10-12 àI=10-12W/m2. B e dB. tem-se a seguinte formulação: O nível sonoro NS será (dB) para o limiar de audibilidade I=10-12W/m2 será: NS=10logI/Io àNS= 10log(10-12/10-12) àNS/10=log(1) à 10NS/10=1 à 10NS/10=100 àNS/10=0 àNS=0 (dB) Pelo processo inverso.102Pa. de baixa frequência. ou seja.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Figura 5. avião a jato Lançamento de foguete Os níveis de 90 a 180 decibéis são extremamente perigosos no caso de exposição constante. de um som agudo. Espectro auditivo – parâmetros de audibilidade e limites. 0 30 40 50 60 70 80 90 100 120 140 180 Silêncio Sussuro leve Geladeira Conversação normal Máquina de costura Aspirador de pó. a altura (tom) é a qualidade do som que permite ao ouvido distinguir um som grave. máquina de cortar grama Serra elétrica Trovão Espingarda de caça. Altura A altura do som está relacionada com sua frequência. 17 .000 Hz e 4. e a faixa de maior sensibilidade do ouvido humano está compreendida entre 1. secador de cabelo Coletor de lixo Motocicleta. alguns valores das relações entre níveis sonoros e intensidades. Na tabela abaixo há alguns valores de níveis sonoros em decibéis (dB) e no gráfico acima.000 Hz. de alta frequência. aproximadamente. frequência. em relação às suas alturas. A onda periódica senoidal é derivada do movimento circular. Timbre – ondas de mesma frequência e amplitudes com sensações distintas. pois o timbre difere nos dois instrumentos e fornece sensações sonoras diversas. define-se entre eles o intervalo acústico (IA) pela expressão: àfa – frequência do som A. fb – frequência do som B Timbre O timbre é uma qualidade sonora que permite distinguir dois sons de mesma altura (mesma frequência) e mesma intensidade (volume). pode ser decomposto em um número de unidades deste tipo. Figura 6. seja ele periódico ou não. para se entender os seus constituintes mais básicos. Comprimento de onda. 20. aproximadamente. repetem-se em um certo intervalo de tempo. que possuem uma característica periódica. emitidos por instrumentos diferentes que toquem a mesma nota musical ou acorde. A forma mais simples de onda sonora é aquela descrita por funções harmônicas do tipo senoidal. isto é.000 Hz. distingue-se a mesma nota musical emitida por um violão ou por um piano. Para que dois sons distintos possam ser comparados.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Agudo  ↑freq  som alto Grave  ↓freq  som baixo O som mais grave audível por um ouvido humano é de. Assim. Se 18 . devido às diferentes composições de harmônicos gerados por instrumento. Todo e qualquer fenômeno ondulatório longitudinal. 20 Hz e o mais agudo é de. amplitude e fase Os fenômenos ondulatórios podem ser estudados em sua forma mais simples. Figura 7. pelo produto V = f. vamos obter uma representação análoga (similar) a um movimento de partículas em um meio que equivale à onda sonora senoidal (Fig. em uma velocidade constante. em um raciocínio inverso. A onda periódica senoidal é derivada do movimento circular. apesar de alguns. Desta senoide podem-se dizer muitas coisas: que ela se repete em um período T (em segundos. A frequência é geralmente medida em 1/segundos (s ) e. -1 19 . e que. Pode-se dizer que essa frequência de acontecimentos é de uma vez por período. normalmente). A senoide é resultado de um movimento circular no tempo. em ciclos por segundo. no caso específico de ondas periódicas como senoide. ela deverá propagar-se pelo meio. 8). Lembre-se de que. quando se propaga no espaço. que ela tem uma amplitude de deslocamento A. aproximarem-se muito dessa forma de onda. imediatamente. Dizer que esta onda se repete em um período T de tempo é a mesma coisa. ela tem um comprimento de onda (λ) que é a medida de espaço entre dois momentos idênticos da onda (metros) (Fig.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I plotarmos em um gráfico o movimento de uma roda. que nenhum som natural produz uma onda senoide pura. 8). como o do diapasão. o que nos traz a definição de outra quantidade importante para o estudo de ondas: a frequência que é o inverso do período. Fase. que dizer que há uma frequência de acontecimentos ou repetições em um período de tempo. 7).λ. que é a definição da medida chamada Hertz (Hz).. A frequência f (ou o período) e o comprimento de onda λ relacionam-se por meio da velocidade de propagação V. amplitude e período da onda periódica senoidal. É preciso fazer notar. Figura 8. em se tratando de onda sonora. f = 1 /T. que varia de 0 até + ou – A (Fig. . Nível de energia sonora A intensidade possui uma faixa de valores muito ampla. Nível de pressão sonora Para determinar o nível sonoro (em dB). uma escala de nível logarítmico é novamente utilizada. é zero. como tais grandezas são admitidas como constantes em um dado sistema. Como vimos. observar estas quantidades de uma forma gráfica. então. 8). medido do centro da circunferência. como visto na seção anterior. Considera-se importante notar que o nível de energia sonora é uma propriedade inerente à fonte que produz o som. que determina a posição inicial de uma onda ou a posição do começo do movimento. Conforme anteriormente afirmado. a pressão sonora pode ser obtida por meio da relação: 20 Em que é a densidade do meio e ‘c’. Um avião a jato pode produzir uma energia acústica de 100 kW e isso é somente uma porcentagem da energia total produzida pelo seu motor.10-5 N/m2). tem-se a proporcionalidade entre I e P. o ouvido humano pode responder a intensidades muito mais baixas do que isso na maioria das frequências sensitivas. Conhecendo-se a intensidade acústica. a frequência em que o som é emitido não interfere no nível de pressão sonora (NPS). a velocidade de propagação da onda nesse meio.001 W). seja essa frequência de som grave. equivalente a uma intensidade acústica de 8. médio ou agudo. Ela é medida em graus ou em radianos.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS A última quantidade que deve ser definida quanto às senoides é a fase (Fig.10-5 W/m2 a uma distância de 1 metro. pois o NPS está relacionado com a amplitude (volume) da pressão na equação: (8) Em que Po é a pressão sonora de referência (2. Ela pode ser a mesma em todas as direções (omnidirecional) ou pode ter diferentes valores em torno da superfície da fonte. com a potência de referência escolhida para ser compatível com aquele desenvolvimento do nível de pressão sonora. por ser relacionada com o ângulo inicial do movimento. Nos exemplos acima. a mais alta voz humana pode produzir uma energia em torno de 1 miliwatt (0. E. O nível de energia sonora é dado por: E a potência de referência (Wref ) é dada como 10-12 Watts (limiar de audibilidade). Podemos. é necessário que se conheça ou o valor de sua pressão sonora P (N/m2) ou a sua intensidade acústica. pois o ângulo inicial do movimento. para se ter uma ideia. a fase é zero graus. claro. Para concorrer com essa extensa faixa de atuação. Tabela com os NPS para NES a respectivas distâncias da fonte. variando de um indivíduo para outro. sons de frequências diferentes soam com intensidade de níveis sonoros diferentes. isso ocorre de forma linear. e pode-se calcular o nível de pressão sonora que chega até os ouvidos do receptor conhecendo-se o nível de energia sonora da fonte e a distância (r) entre o receptor e a fonte. Tem-se. têm-se: Distância 25 m 50 m 100 m 200 m 12. Assim. Para uma grande redução dessa energia. o nível é uma indicação física da amplitude. Assim. O ouvido humano. entretanto. pelas perdas ocasionadas pela distância da fonte até o receptor.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Para os instrumentos de medição do nível de som. Para o ouvido humano. ao passo que a audibilidade é uma indicação subjetiva. E que também por isso o isolamento acústico de ambientes fechados é um assunto bastante complexo. seja ela por isolamento acústico. ainda. 12. partindo-se de um nível de energia sonora (NES) de 159 dB na fonte (motor do avião). um som grave será percebido como se fosse menos intenso do que um som médio de mesmo nível de pressão sonora. NPS = [NES – 20 log r – 11]. 200 m e um valor para uma distância bem mais elevada. por exemplo. como. como nesse exemplo. Isso vem a corroborar com o conceito de que uma grande quantidade de energia é representada por um número aparentemente pequeno transcrito em decibéis. 100 m. Nesse caso. constatamos que há um decréscimo da ordem de 6 dB à medida que se dobra a distância. por barreira acústica ou. 21 .800 m. NES à NPS x distância da fonte. 50 m. Figura 9.800 m Nível de Pressão Sonora 159-20 log 25 – 11 = 120 dB 159-20 log 50 – 11 = 114 dB 159-20 log 100 – 11 = 108 dB 159-20 log 200 – 11 = 102 dB 159-20 log 12. Observando-se a figura acima. embora se possa afirmar fisicamente que o seja.800 – 11 = 66 dB Figura 10. Em instrumentos de medição de som ajustados à percepção. não importa qual a frequência do som: apresentam o mesmo número de decibéis para sons de igual amplitude de pressão sonora. Portanto. apresenta uma sensibilidade diferente para cada frequência. mesmo que suas frequências sejam distintas. para as respectivas distâncias de 25 m. temos um nível de pressão sonora (NPS) de 120 dB a uma distância de 25 m. aparentemente a redução em decibéis não parece ser tão significativa. que são ajustados para apresentar uma resposta linear. então. cuja solução depende de vários fatores (técnicos e econômicos) e de bom-senso para se conseguir um nível aceitável de convivência com o ruído. O timbre é uma qualidade sonora que permite distinguir dois sons de mesma altura (mesma frequência) e mesma intensidade. emitidos por instrumentos diferentes e que toquem a mesma nota musical ou acorde.10-5Paà10-12W/m2). não pode ser somado ou subtraído algebricamente. o nível sonoro total de “n” fontes idênticas é dado por NS(t) = 10. “limiar de audibilidade”. na unidade de tempo. A fórmula genérica para a combinação de “n” níveis em dB é L(n)= 10 log (Σ 10Li /10). Os níveis de 90 a 180 decibéis são extremamente perigosos no caso de exposição constante. então. quanto aumenta em dB quando I = 2.m W s s I = 2 = 2 = = P. J N .000 Hz e 4. Para várias fontes iguais (muito comum em ambiente industrial). Para se somar dois níveis de ruído em dB.000 Hz. o resultado seria transformado de Pascal para dB.v m m m2 Qual é o fator de dobra em dB? O que significa? Considerando a formulação dB 10 log I . 22 . Intensidade é equivalente algébrico de pressão para velocidade do meio constante. NS – o nível sonoro ou nível de intensidade ou intensidade auditiva é medido em decibel (dB).UNIDADE I | FATORES FÍSICOS .log(n) + L. Frequência é o número de vezes que a oscilação (de pressão) é repetida. deve-se transformar cada um em Pascal. medida em ciclos por segundo ou Hertz (Hz). Som mais forte tem maior amplitude e som mais fraco. onde L é o nível sonoro de apenas uma fonte. Em outras palavras. Io – menor intensidade física sonora audível (2. Esse método não é prático. Como o decibel não é linear. ao final. A faixa de maior sensibilidade do ouvido humano está compreendida entre 1. medida em W/m2. menor amplitude.I0? O que você deve saber! A intensidade do som está relacionada com a amplitude. enquanto a intensidade sonora ou intensidade física sonora do nível sonoro NS. somar-se-iam algebricamente e. I0 calcule o incremento em dB quando se dobra o NIS (W/m2). cavitação. cujas frequências não seguem uma regra precisa. sua localização. O som mais fraco que o ouvido humano saudável pode detectar é de 20 milionésimos de um pascal (ou 20 mPa. Os sons diminuem ou aumentam de intensidade e ficam indistintos. Eco – fenômeno em que conseguimos ouvir nitidamente um som refletido por obstáculos refletores. no mínimo. uma ou mais vezes sucessivas. permitindo localizá-los pela medida do tempo entre a emissão e a recepção do som. Radar – funciona como o sonar. A escala decibel usa o limiar da audição de 20 mPa como o seu ponto de partida ou pressão de referência.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Ruído é um fenômeno físico que. o que ocorre quando a superfície refletora está a uma distância menor que 17m da fonte emissora. Para evitar isso. uma pessoa consegue ouvir o eco de sua própria voz se estiver afastada do obstáculo refletor. adiciona-se 20 dB ao nível em dB. definido em 0 dB. a escala dB comprime as milhões de unidades de uma escala em apenas 120 dB de outra escala. emite ondas eletromagnéticas que são refletidas por objetos distantes.1 à x=34m (ida e volta). temos que V=x/t  à 340=x/0. Comprimento de onda (λ)à é obtido pela velocidade (v) e a frequência (f) do som. Assim. Qual a origem do ruído? O ruído. indica uma mistura de sons. Muito utilizado na orientação da navegação. para medir o som em Pa. Cada vez que se multiplica por 10 a pressão sonora em Pascal. à Reflexão do som – fenômeno que ocorre quando o som que estava propagando-se num meio atinge uma superfície refletora e retorna ao meio de origem. fornece o perfil do fundo do mar. na localização de cardumes. assim. chega-se a números bastante grandes e de difícil manejo. que representa a distância física no ar entre um pico de onda até o próximo . cotovelos etc. Esse fenômeno dá origem ao eco e à reverberação. hidrodinâmica. mas em vez de ondas ultrassônicas. Sonar – trata-se de um dispositivo que emite ultrassons que chegam aos objetos. sendo conhecida a velocidade de propagação do som na água. turbulências (curvas. 20 micro pascals). Dessa forma. magnetostrição e explosões. 23 . choques. sofrem reflexão e captam os ecos. vibrações. outra escala foi criada – a escala decibel (dB). provém de diversas fontes e as mais frequentes são: mecânica. eletromagnética. na sociedade moderna. Nosso ouvido só consegue distinguir dois sons sucessivos num intervalo de tempo igual ou maior que 0. no caso da acústica.). 17m. aerodinâmica.10 segundos. Reverberação – ocorre quando o som direto e refletido se superpõe chegando ao ouvido. Assim. Sendo a velocidade do som no ar de 340m/s. ressonâncias (dutos). permitindo. Surpreendentemente. o ouvido humano pode suportar pressões acima de um milhão de vezes mais altas. Um som com uma única frequência é muitas vezes denominado tom. deve ser observado que variações de pressão. 2 24 Em 1933. Porém. são e médio escute um tom qualquer com a mesma sensação (potência. para certas faixas de frequência ele é mais ou menos sensível. como a pressão atmosférica. amplitudes e volume percebido. se essas variações ocorrerem mais rapidamente – no mínimo 20 vezes por segundo (20 Hz) –. de alta frequência. que é uma variação de pressão no meio de propagação. Fletcher e Munson. que resultou nas curvas isoaudíveis. Nível de audibilidade é o NPS necessário para que um ouvido jovem. Essas curvas mostraram o quanto varia a sensibilidade do ouvido ao longo do espectro de nossa audição. Fora dessa faixa. ou seja. Essas curvas mostraram o quão alto um som deve ser em termos de medida de amplitude de pressão para ter o mesmo volume de um som de 1 kHz. Orientações normativas foram elaboradas sobre o tema. mediram a sensibilidade do ouvido humano a diferentes frequências puras (senoidais) e estabeleceram a relação entre frequências. INSS. força) que um de 1 kHz. Fundacentro. Calcule as combinações de NS em dB. de um som agudo. frequência. Um dos estudos mais importantes que revelaram a não linearidade foi a experiência realizada por Fletcher e Munson2. Essa referência de audibilidade a 1 kHz foi denominada de fon. são muito lentas para serem detectadas pelo ouvido humano. pela Resolução CONFEA nº 1. Ministérios da Previdência. que vai de 16-20 Hz a 1620 kHz. O ouvido humano responde a uma larga faixa de frequência (faixa audível). magnitude e duração da exposição dos trabalhadores ao ruído. Para melhor compreender e exercer as atribuições de EST. Assim. ou seja. A unidade de nível de audibilidade é o fon (ou phon) à equivalente ao NPS (dB) quando f = 1. Energia acústica e a percepção humana As avaliações em higiene do trabalho são realizadas para valorar a exposição dos trabalhadores e para obter informações que permitem definir o projeto ou estabelecer medidas de eficiência e controle. de baixa frequência.010/2005. dois pesquisadores. da Saúde e do Trabalho. “avaliar” é uma das competências exclusivas do EST. O objetivo da avaliação da exposição é determinar a energia.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Altura do som está relacionada com sua frequência.000 Hz. elas podem ser ouvidas. Diga-se de passagem que. tais como as normas da RFB. a altura (tom) é a qualidade do som que permite ao ouvido distinguir um som grave. tendo em vista que o parâmetro de energia estudado é a pressão sonora. Estudos demonstram que o ouvido humano não responde linearmente às diversas frequências. . o ouvido humano é insensível ao som correspondente. é fundamental entender o comportamento do ouvido humano à energia sonora. O efeito dessas ressonâncias é aumentar a sensibilidade do ouvido àquelas frequências.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Figura 11. bem como do próprio treino auditivo do ouvinte. A segunda zona de ressonância ocorre perto dos 13 kHz. mudanças de frequência de 1 Hz podem ser detectadas. com um lado aberto e outro fechado. Aos 1. perto da primeira zona de ressonância que ocorre no ouvido externo. Isso é devido à maneira como o ouvido atua – transdutor e 25 . a maior parte das pessoas é capaz de distinguir mudanças na frequência com o valor de 3 Hz.500 e os 4. Curvas isofônicas – NPS (dB) x frequência (Hz) – não linearidade nas curvas isoaudíveis a 1 kHz – fon (ou phon). Isso é devido aos efeitos de ressonância do canal auditivo. que é um tubo de cerca de 25 mm. A diferença na frequência das duas notas mais graves do piano é de apenas 1.6 Hz. ou seja.000 Hz. Em sons graves. então. o ouvido é sensível não propriamente a mudanças absolutas da frequência. da duração do som.3 Hz. da intensidade sonora. Note-se. devido à sua forma regular. da velocidade da alteração. que o ouvido apresenta-se bastante insensível a sons graves e sensibilidade máxima entre os 3. »» o segundo ponto a ser notado é que existe uma dependência de amplitude na sensibilidade do ouvido. Aos 100 Hz.000 Hz. um outro pico menor a 13 kHz. o que resulta em um pico de ressonância por volta de 3. mudanças na frequência podem ser notas a partir dos 0. Você consegue explicar por quê? Por que os bebês choram de modo semelhante (frequência e intensidade)? Por que a buzina de navio é mais rouca que a de moto? A capacidade de distinguir a mínima alteração no tom de um som depende da frequência. As curvas mostram algumas características de nossa audição que são importantes: »» existem alguns picos de sensibilidade acima de 1 kHz. mas sim a uma razão entre a zona de frequências do som que se está a ouvir e da mudança efetuada.4 kHz e. O ouvido humano é bastante sensível a diferenças de frequências entre dois sons. Em outras palavras. dB(A) não é expressão física da fonte sonora. 3 26 Cuidado. O volume percebido de sons senoidais. em que quanto menor a amplitude. por definição. e. é dado pela escala de fons. definem linhas de sensação “constante”. deverão ter amplitudes de pressão diferentes para serem percebidos como tendo a mesma amplitude. Só há uma exceção. Esse efeito é particularmente notável em baixas frequências. o fon. Para compensar essa peculiaridade do ouvido humano. dois sons de diferentes frequências. a frequência depende da amplitude. medidas em fones. B. a curva para N fonos intercepta a frequência de 1 kHz em N dB NPS. o dB (linear) é uma avaliação objetiva do ruído no ambiente e é importante para se conhecer uma fonte de ruído. Então. . então. Curvas de ponderação dos medidores de pressão sonora As curvas isofônicas. Portanto. C)3. grave. como função da frequência e do nível de pressão sonora. foram introduzidos nos medidores de nível sonoro filtros eletrônicos com a finalidade de aproximar a resposta do instrumento à resposta do ouvido humano. cuja unidade. médio e agudo é alterado sempre que se varia o nível de amplitude dos sons. como consequência. procura simular o nível subjetivo de sonoridade. resultando na supressão de parte dos agudos e dos graves. o relativo balanço entre as diferentes regiões de frequências. um som a 20 Hz soará com muito menos volume que um de mesma amplitude a 4 kHz. São chamadas “curvas de ponderação” (A. por definição. Por isso. segundo a qual dB(A) é igual a dB: para 1 kHz (fon).UNIDADE I | FATORES FÍSICOS interpretador do som –. analogamente. e com isso ficamos com um som carregado de médios. sem muito brilho ou expressão. Sons de diferentes frequências. mas subjetiva de como é percebida pelo ser humano. no qual f = 1 kHz. O dB “compensado” funciona como uma avaliação “subjetiva” ou do risco ao homem. Por exemplo. fazendo-o aproximar-se da sensação de um som. menos sensível é o ouvido. Pode-se notar que as curvas de fonos começam a ficar mais planas em níveis de pressão sonora mais altos. Trata-se de um a escala de julgamentos subjetivos baseada nos níveis de pressão sonora percebidos em um som senoidal de 1 kHz. quando ouvimos uma gravação e abaixamos o volume do aparelho de som. O resultado desses efeitos é que a sensibilidade do ouvido é função tanto da frequência quanto da amplitude. podem soar com volumes completamente diferentes. Isso é percebido no dia a dia. mas de amplitudes iguais. Fonte: folheto de divulgação Brüel e Kjaer do Brasil.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I NPS[dB] [dB] NPS Figura 12. 27 . Curvas de atenuação relativa dos circuitos de ponderação A. B e C. No caso da avaliação de ruído. avaliação de fontes não estáveis. Tipos de ruído: o ruído contínuo é o que permanece estável com variações máximas de 3 a 5 dB(A) durante um longo período. Figura 13. O fator de forma e o fator de crista permitem conhecer a homogeneidade do fenômeno em estudo ao longo do período. os valores máximos e mínimos atingidos por ela são os valores de pico. Medição de vibração. 28 . »» Slow – resposta lenta – avaliação de ruídos contínuos ou intermitentes. O valor eficaz é uma média quadrática (root mean square – RMS). que vale inclusive para o capítulo de vibrações. Na representação gráfica em onda senoidal. temos o valor pico a pico.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Dessas curvas. O ruído intermitente é um ruído com variações maiores ou menores de intensidade. Os valores médios. mostra o potencial destrutivo da vibração. por exemplo. o que interessa é o valor eficaz dessa onda. que é a raiz quadrada dos valores quadrados médios dos movimentos. »» Fast – resposta rápida – avaliação legal de ruído de impacto (com ponderação dB (C)). que indicam os valores máximos. a curva A é a que melhor se ajusta à natureza humana. uma vez que o valor médio aritmético entre semiciclo positivo e negativo seria zero. Fonte: folheto de divulgação Brüel Kjaer do Brasil. mas não trazem qualquer informação acerca da duração ou tempo de movimento. Para se avaliar um sinal acústico (vibratório). são usados quando se quer levar em conta um valor da quantidade física da amplitude em um determinado tempo. que indicam apenas a média da exposição sem qualquer relação com a realidade do movimento. O valor da raiz média quadrática (RMS) ou valor eficaz. O valor eficaz é uma média quadrática (root mean square – RMS). Os medidores de ruído dispõem de um computador para as velocidades de respostas. Tomando-se toda a amplitude (positiva e negativa) da onda. é a mais importante medida da amplitude. Portanto. 1982. Valores de fator de forma próximos de √2 indicam fenômeno do tipo senoidal. de acordo com o tipo de ruído a ser medido. devem ser conhecidas algumas medidas: Os valores de pico. porque mostra a média da energia contida no movimento vibratório. O ruído de impacto apresenta picos com duração menor de 1 segundo a intervalos superiores a 1 segundo. A diferença entre tais posições está no tempo de integração do sinal ou constante de tempo. »» Impulse – resposta de impulso – para avaliação legal de ruído de impacto (com ponderação linear). onde o deslocamento vibratório da máquina é parte crítica na tensão máxima de elementos de máquina. O valor pico a pico indica a máxima amplitude da onda e é usado. são particularmente usados na indicação de níveis de impacto de curta duração. No quadro seguinte. Homogeneidade do sinal vibratório: fator de crista e fator de forma. eliminar todo o ruído de fundo e fazer a medição apenas da fonte de interesse.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I O fator de crista e o fator de forma permitem conhecer a homogeneidade do fenômeno em estudo ao longo do período. ou seja. 29 . pode ser utilizado o conceito da “subtração” de dB. (3) indica o valor de pico a pico e (4) indica o valor de pico. Sendo assim. ou seja. Contudo. Avaliação ambiental Como determinação de nível de ruído de fonte em presença de ruído de fundo?4. Figura 14. Grandes valores para o fator de crista indicam a presença de algum pico destacado. A maneira natural de se realizar tal determinação seria desativar as demais fontes. quando estamos estudando o ruído de uma determinada fonte num ambiente. tal procedimento nem sempre é simples ou viável. o ruído emitido pelas demais é considerado ruído de fundo. na prática. (2) indica o nível médio. provavelmente resultante de fenômenos repetitivos a intervalos regulares. por meio da qual se determina o nível da fonte a partir do conhecimento do “decréscimo” global advindo da desativação da fonte de interesse. 4 Ruído de fundo – é o ruído de todas as fontes secundárias. a legenda: (1) indica o valor RMS. é a concentração ou intensidade máxima ou mínima. Limite de tolerância. relacionada com a natureza e o tempo de exposição do agente. segundo o tempo diário de exposição ou. a fonte é determinante no ruído total (naquele ponto de medição). ao se desligar a fonte. sendo o fundo de 53 dB? Solução: (Ls+n) = 60 dB e Ln = 53 dB Pela abscissa. A dose de ruído é uma variante do ruído equivalente. tem-se à(Ls+n) -Ln = 7 dBà na ordenada à ΔL = 1 dB Ls = (Ls+n) -ΔL = 60-1 = 59 dB. Para ruído de impacto. Ábaco para deduções de ruído em dB (Ls+n = ruído total (fonte e fundo) e Ln = ruído de fundo.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS São utilizadas as terminologias e o gráfico abaixo: Figura 15. para o qual o tempo de medição é fixado em 8 horas. sem proteção. por tempos máximos de exposição diária em função dos níveis de ruído . Os LTs da NR-15 são para até 48 horas semanais. Os limites de tolerância para exposição a ruído contínuo ou intermitente são representados por níveis máximos permitidos. Para ruído intermitente/contínuo. há risco grave e iminente. para fins de NR-15. mas se ele varia com o tempo. e o potencial de dano à audição depende não só do seu nível. Os níveis de ruído industriais e exteriores flutuam ou variam de maneira aleatória com o tempo. Para o nível de ruído contínuo. ela é pouco importante. Dose de ruído e ruído equivalente O nível de ruído equivalente (Level Equivalente – Leq) representa um nível de ruído contínuo em dB(A). torna-se fácil avaliar o efeito. Nota: ao se desligar a fonte. deve-se realizar uma dosimetria. o ruído total se altera pouco. mas também da sua duração. A única diferença entre a dose de ruído e o ruído equivalente é que a dose é expressa em percentagem da exposição diária tolerada. para exposições iguais ou superiores a 140 dB (linear) ou 130 dB (fast). que não causará dano à saúde do trabalhador durante a sua vida laboral. que possui o mesmo potencial de lesão auditiva que o nível de ruído variável amostrado. A necessidade de se usar um dosímetro de ruído se deve à dificuldade de serem realizados os cálculos integrais diferenciais à mão. o ruído total cai muito. 30 Há que se combinar intensidade e tempo de exposição. há risco grave e iminente para exposições. alternativamente. de forma que todos os dados de nível de pressão sonora e tempo possam ser analisados com o consequente cálculo do Leq. a 115 dB(A). Exemplo: quanto representa a contribuição da fonte (Ls) em um ambiente cuja NPS total (fonte e fundo) produz 60 dB. Esses níveis serão medidos em dB(A). faz-se 6. a exposição é admissível. Em que D = dose de ruído. 110 à 0. não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado”.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I existentes. ainda que elimine a insalubridade. sabe-se que praticamente não existem tarefas profissionais nas quais o indivíduo é exposto a um único nível de ruído durante a jornada. o dobro do tempo significa o dobro da dose. maior sua importância na dose diária. sem proteção adequada. é possível determinar a exposição do indivíduo em toda a jornada de trabalho. 95 à 2. bem como vários outros parâmetros. com difícil obtenção de dados relativos a tempos de exposição e níveis de ruído. nível máximo etc. nunca existirão somente três ou quatro situações acústicas. Juizados Especiais Federais – Turma de Uniformização das decisões das turmas recursais dos Juizados Especiais Federais – Súmula nº 9: “Aposentadoria especial. resultando em uma ponderação para diferentes situações acústicas. Exposições acima de 50% da dose denotam risco potencial de surdez e exigem medidas de controle6. o valor da dose pode ser obtido por meio de extrapolação linear simples (regra de três). toda exposição desnecessária ao ruído deve ser evitada. O que ocorre são exposições por tempos variados a níveis de ruído variados. Porém. Tpi = tempo de exposição permitido pela legislação para o mesmo nível (i).25 e no máximo 115 à 0. superiores a 115 dB(A). de forma cumulativa na jornada. oferecerão risco grave e iminente. Acima de 100% são inaceitáveis. informando em seu display o valor da dose acumulado ao final da jornada. O uso de equipamento de proteção individual (EPI). Na verdade. torna-se necessário o uso de um dosímetro. Deve ser ressaltado que. Os limites de tolerância fixam tempos máximos de exposição para determinados níveis de ruído. com somente três ou quatro frações. Tei = tempo de exposição a um determinado nível (i). Todavia. Se o valor da dose for maior que 1. de acordo com o tempo de exposição e o tempo máximo permitido. para se obter a dose para jornada de 8 horas. essa extrapolação pressupõe que a amostra feita foi representativa. será possível encontrar a dose. 31 . Dose de ruído diária é apenas um limite de tolerância (legal).5/87 = 8. quanto mais alto o nível de certo ruído e quanto maior o tempo de exposição a esse nível. 5 As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído. seja qual for o tamanho da jornada. de forma cumulativa. Pagar adicional de insalubridade é assumir-se réu confesso do crime de expor a risco. Com o cálculo da dose. ou 100%. como no exemplo: tempo de avaliação = 6h30. 6 Cuidado: EPI não presta. resposta lenta. Se o valor da dose for menor ou igual à unidade (1). Em suma. O que se observará é uma exposição a níveis de ruído que oscilam muito rapidamente. dose obtida = 87%. Então. 105 à 0. tais como nível médio (Lavg). a exposição ultrapassou o limite. a dose de ruído é proporcional ao tempo: sob as mesmas condições de exposição. acompanhando todas as situações de exposição experimentadas por ele. o dosímetro é um instrumento que será instalado em determinado indivíduo e fará o trabalho de obtenção da dose. Para quantificar tais exposições utiliza-se o conceito da dose.0/DjàDj= 107%. no caso de exposição a ruído. contínuo ou intermitente. de forma que. dose diária não pode ultrapassar os níveis de ação definidos pelo Programa de Prevençao de Riscos Ambientais – PPRA. em casos de avaliação de doses em tempos inferiores aos da jornada.125 = 7 minutos5. Equipamento de proteção individual. 100 à1. não sendo admissível. 90 à 4. Calcula-se a dose de ruído da seguinte maneira: D = Tei / Tpi. A Tabela 1 do Anexo 1 da NR-15 da supracitada portaria é reproduzida a seguir: Nível de Ruído dB(A) – 85 à Máxima Exposição Diária Permissível à8 horas. Para se obter uma dose representativa. devemos reduzir os tempos de exposição aos níveis mais elevados para assegurar boas reduções nas doses diárias. ou 100%.5. 85 dB(A). 2 horas. Tente responder à questão 13 do concurso AFT-2006: 13 . 2 horas. 90 dB(A). flutuante.61 log (0. A exposição enseja pagamento de ad insalubridade? Demonstre. Na mesma empresa. valor acima do qual devem ser iniciadas ações preventivas. Qual é a sua dose de ruído? A exposição enseja pagamento de ad insalubridade? Demonstre. 4 horas. b) ultrapassar 50% da dose unitária. a informação aos trabalhadores. em regime permanente. o que equivale a 63. e 90 dB(A). 85 dB(A). 1 hora. de NM. Na mesma empresa. que pode ser considerado como nível de pressão sonora contínuo. c) ultrapassar a dose unitária. 4 horas.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Nível médio (Lavg): é o nível ponderado sobre o período de medição. Sendo: TM = tempo de amostragem (horas decimais) e CD = contagem da dose (porcentagem). no mesmo período de tempo. porém em outro setor. 1. considera-se atingido o nível de ação. o que equivale a 80 dB(A) para 8 horas de exposição. . Numa determinada indústria. Explique o porquê das diferenças. 1 hora. comparando-os entre si. e) ultrapassar 50% da dose unitária. b. 68 dB(A). a fórmula simplificada de cálculo é: Lavg = 80+16.16 CD/TM). O mecânico de manutenção possui o seguinte perfil de exposição: nível de ruído na zona auditiva e tempo de exposição diária: 90 dB(A). há um operador de extrusora que se expõe a um nível único de 90 dB(A) por toda sua jornada de 8 horas. bem como apresente os significados.Segundo a NR-9. No caso dos limites de tolerância NR-15. e o controle médico.75 dB(A) para 8 horas de exposição. 4 horas. A exposição enseja pagamento de ad insalubridade? Demonstre. que incluem monitoramento periódico da exposição. para ruído contínuo ou intermitente. NHO 01 – ruído: Verifique na NHO 01 a tabela de limite de tolerância e compare com o Anexo 1 da NR-15. d) ultrapassar 75% da dose unitária. a exposição do operador de campo A é a seguinte: nível de ruído na zona auditiva e tempo de exposição diária: 92 dB(A). Qual é a sua dose? Qual é a relação entre a exposição c e d? O que os “90 dB(A)” do caso d representam no caso c? 2. 2 horas. Calcule as doses de ruído: a.50 dB(A) para 8 horas de 32 exposição. 2 horas. Neq. quando a intensidade sonora a) ultrapassar 85 dB(A) para 8 horas de exposição. que produziria a mesma dose de exposição que o ruído real. NE e NEM. 95 dB(A). 2 horas. c. o que equivale a 42. d. o operador B possui o seguinte perfil de exposição: nível de ruído na zona auditiva e tempo de exposição diária: 85 dB(A). 95 dB(A). verifica-se que o trabalhador faz uma jornada de 7h as 11h30 e de 13h30 as 16h30. O higienista experiente poderá. aguarda 4 minutos para que a carga atinja a temperatura esperada e. como nas lavanderias e tinturarias. todavia. e essa é a parcela frequentemente dominante na sobrecarga térmica que vem a se instalar. Equilíbrio térmico O organismo ganha ou perde calor para o meio ambiente segundo a equação do equilíbrio térmico: M±C±R–E=S M – Calor produzido pelo metabolismo. O que você acha? Há impactos à saúde do trabalhador? Quais medidas prevencionistas deverão ser adotadas? Quais são os LTs e o que acontece se forem ultrapassados? A exposição ao calor ocorre em muitos tipos de indústria. muitas atividades com carga radiante moderada. ainda. Prevalecem aquelas que implicam alta carga radiante sobre o trabalhador. com o tempo. sentado à mesa que está afastada do forno. o operador do forno fica fazendo anotações. praticamente sem fontes radiantes importantes. deve-se tomar cuidado em não tipificar categoricamente as situações ocupacionais quanto ao calor. Em suma. verifica-se que o operador gasta 3 minutos carregando o forno. Deve-se lembrar. Essas são situações que conduzirão nosso curso. Em uma operação de colheita manual de cana-de-açúcar no nordeste brasileiro. porém acompanhadas de altas taxas metabólicas (trabalhos extenuantes ao ar livre). adquirir uma razoável sensibilidade quanto a esses riscos potenciais nas situações de trabalho. que pode haver situações críticas em ambientes em que predomina o calor úmido. Durante o tempo em que aguarda a elevação da temperatura da carga (4 minutos). também podem oferecer sobrecargas inadequadas.CAPÍTULO 2 Termologia Em uma operação com forno metalúrgico. o melhor é analisar criteriosamente cada uma delas. sendo um calor sempre ganho (+) C – Calor ganho ou perdido por condução/convecção (+/-) R – Calor ganho ou perdido por radiação (+/-) E – Calor sempre perdido por evaporação (-) S – Sobrecarga térmica ou calor acumulado no organismo S >0 acúmulo de calor (sobrecarga térmica) S <0 perda de calor (hipotermia) 33 . em seguida. gasta outros 3 minutos para descarregar o forno. com a troca de calor existe uma movimentação do fluido. essas trocas são muito pequenas. CONDUÇÃO: troca térmica entre dois corpos em contato. Portanto. Para o trabalhador. chamada de corrente natural convectiva.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Mecanismos de trocas térmicas A sobrecarga térmica no organismo humano é resultante de duas parcelas de carga térmica: uma carga externa (ambiental) e outra interna (metabólica). A carga externa é resultante das trocas térmicas com o ambiente e a carga metabólica é resultante da atividade física que exerce. CONVECÇÃO: troca térmica realizada geralmente entre um corpo e um fluido. 34 . geralmente por contato do corpo com ferramentas e superfícies. Se o fluido se movimenta por impulso externo. ocorrendo movimentação do último por diferença de densidade provocada pelo aumento da temperatura. Para o trabalhador. ou que ocorre dentro de um corpo cujas extremidades encontram-se a temperaturas diferentes. essa troca ocorre com o ar à sua volta. de temperaturas diferentes. diz-se que é uma convecção forçada. não é possível evaporar o suor. a quantidade de água que já está no ar é um limitante para a evaporação do suor. Grandes trocas de calor podem estar envolvidas (a entalpia de vaporização da água é de 590 cal/grama). o organismo dispara certos mecanismos para manter a temperatura interna constante. O fluxo sanguíneo transporta calor do núcleo do corpo para a periferia. não necessita de um meio físico para se propagar. À medida que ocorre a sobrecarga térmica. 35 . O ar é praticamente transparente à radiação infravermelha. Lei de Stefan-Boltzmann: a potência total (em todos os comprimentos de onda) irradiada por unidade de área é proporcional à quarta potência da temperatura. evaporando e aliviando o trabalhador. pode haver queda de pressão (hidráulica aplicada). sendo os principais a vasodilatação periférica e a sudorese. que é o chamado “calor radiante”. também recebem. Porém. quando há fontes radiantes severas. quando a umidade relativa do ambiente é de 100%. Assim como emitem. ou seja.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I RADIAÇÃO: todos os corpos aquecidos emitem radiação infravermelha. O mecanismo da evaporação pode ser o único meio de perda de calor para o ambiente na indústria. aumentando a troca de calor com o meio ambiente. As trocas por radiação entre o trabalhador e seu entorno. É a troca de calor produzida pela evaporação do suor. serão as preponderantes no balanço térmico e podem corresponder a 60% ou mais das trocas totais. Como a rede de vasos aumenta. O suor recebe calor da pele. O infravermelho. segundo a fórmula: EVAPORAÇÃO: é a mudança de fase do líquido para vapor ao receber calor. por meio da pele. sendo uma radiação eletromagnética não ionizante. e a situação pode ficar crítica. Vasodilatação periférica: permite o aumento de circulação de sangue na superfície do corpo. havendo o que se chama de troca líquida radiante. A recuperação é rápida e ocorre naturalmente se o trabalhador deitar-se durante a crise ou sentar-se com a cabeça baixa. rins e outros órgãos. A recuperação total é complementada por repouso em ambiente frio. enfermidades cardiovasculares e cutâneas ou obesidade. em alguns instantes. A temperatura interna sobe a 40. como o diabetes mellitus. cessando a sudorese. O número de glândulas ativadas pelo mecanismo termorregulador é proporcional ao desequilíbrio térmico existente.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Sudorese: permite a perda de calor por meio da evaporação do suor. Quando a temperatura corpórea tende a subir. os “novatos” no ambiente termicamente severo. colapsos. convulsões. O médico deve ser chamado imediatamente e o socorrismo prevê que o corpo do trabalhador deve ser resfriado imediatamente. produzindo alteração da função cerebral. com perturbação do mecanismo de dissipação do calor. Os sinais externos do golpe de calor são: pele quente. quando não há a aclimatação e quando existem certas enfermidades. como a exaustão por calor e o choque térmico. o organismo sofre uma vasodilatação periférica. a temperatura interna aumenta continuamente. pele coberta pelo suor e dores de cabeça. A quantidade de suor produzido pode. alucinações e coma sem aviso prévio. 36 . O calor pode produzir efeitos que vão desde a desidratação progressiva e as cãibras até ocorrências bem mais sérias. podendo atingir 42°C a 45°C no caso de convulsões ou coma. Com isso. delírios. O golpe de calor produz sintomas como: confusão mental. O golpe de calor pode ocorrer durante a realização de tarefas físicas pesadas em condições de calor extremo. ou seja. A evaporação de um litro por hora permite uma perda de 590 kcal nesse período. parecendo o quadro com uma convulsão epiléptica. com perda de pressão e sintomas como enjôo. atingir o valor de até dois litros por hora. palidez. O golpe de calor é frequentemente fatal e. podem ocorrer sequelas devido aos danos causados ao cérebro. Essa situação pode ser agravada quando há a necessidade de um fluxo maior de sangue nos músculos devido ao trabalho físico intenso. Os grandes candidatos a incidentes mais sérios são as pessoas não aclimatadas. no caso de sobrevivência. seca e arroxeada. podendo ocorrer uma deficiência de oxigênio nessas áreas.5°C ou mais. na tentativa de aumentar a quantidade de sangue nas áreas de troca. EXAUSTÃO PELO CALOR: a síncope pelo calor resulta da tensão excessiva do sistema circulatório. há uma diminuição de fluxo sanguíneo nos órgãos vitais. Quando o sistema termorregulador é afetado pela sobrecarga térmica. o que compromete particularmente o cérebro e o coração. em particular os pés e os tornozelos. Esses trabalhadores devem receber tratamento dermatológico e. Quando um trabalhador se expõe ao calor intenso pela primeira vez. A reposição hídrica e salina deve ser feita com orientação e acompanhamento médico. Além de suar pouco. O tratamento consiste no descanso em local fresco. em particular os abdominais. O tratamento consiste em colocar o trabalhador em local frio e fazer a reposição hídrica e salina. sede. e com uma perda de 15% pode ocorrer o choque térmico ou golpe pelo calor. PROSTRAÇÃO TÉRMICA PELO DECRÉSCIMO DO TEOR SALINO: se o sal ingerido for insuficiente para compensar as perdas por sudorese. Ocorre comumente em pessoas não aclimatizadas. agravando o sistema de trocas térmicas e levando os trabalhadores à intolerância ao calor. sendo muito importante a manutenção do equilíbrio hídrico-salino. mediante múltiplos ajustes de equilíbrio 37 . perdido pela sudorese intensa sem a devida reposição e/ou aclimatação. de regular o seu ambiente interno de modo a manter uma condição estável.0 g/l para 1. O afastamento do trabalho por vários dias pode fazer com que o trabalhador perca parte da aclimatação. devem ser transferidos para tarefas em que não haja a necessidade de sudorese para a manutenção do equilíbrio térmico. tem sua temperatura interna significativamente elevada.0 g/l) – a quantidade de sódio perdido por dia passa de 15 a 25 gramas para 3 a 5 gramas –. Elas ocorrem por falta de cloreto de sódio. A aclimatação é iniciada após quatro a seis dias e tende a ser satisfatória após uma a duas semanas. além de pulso acelerado e temperatura elevada. coxas e aqueles sobre os quais a demanda física foi intensa. com aumento do ritmo cardíaco e baixa sudorese. ENFERMIDADES DAS GLÂNDULAS SUDORÍPARAS: a exposição ao calor por um período prolongado e. em clima muito úmido pode produzir alterações das glândulas sudoríparas. que deixam de produzir o suor. O indivíduo aclimatizado sua mais. irritabilidade e sonolência. EDEMA PELO CALOR: consiste no inchaço das extremidades. ocorre a diminuição da eficiência do trabalho. A prostração térmica é caracterizada pelos sintomas: fadiga. devido ao aumento da eficiência do coração no bombeamento em valores mais aceitáveis. vômito e cãibra muscular.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I PROSTRAÇÃO TÉRMICA POR DESIDRATAÇÃO: a desidratação ocorre quando a quantidade de água ingerida é insuficiente para compensar a perda pela urina ou sudação e pelo ar exalado. diminuição da frequência cardíaca. É o médico que deve avaliar se a aclimatação está satisfatória. particularmente. náusea. falta de apetite. especialmente em seres vivos. com a reposição salina por meio de soro fisiológico (solução a 1%). podemos sofrer uma prostração térmica. As pessoas mais suscetíveis são as não aclimatizadas. A aclimatação ocorre por intermédio de três fenômenos: aumento da sudorese. sinais de desconforto. A aclimatação é a adaptação do organismo a um ambiente quente. mantendo também os batimentos cardíacos. por meio do aumento do volume sistólico. tontura. Homeostase (homeostasia) à propriedade de um sistema aberto. consegue manter a temperatura do núcleo do corpo em valores mais baixos e perde menos sal no suor. pode perder muito cloreto de sódio nesse suor. após três semanas a perda será praticamente total. Com a perda de 5% a 8% do peso corpóreo. CÃIBRAS DE CALOR: apresentam-se na forma de dores agudas nos músculos. diminuição da concentração de sódio no suor (4. Uma perda de 10% do peso corpóreo é incompatível com qualquer atividade. em alguns casos. »» Carga radiante do ambiente à quando um indivíduo se encontra em presença de fontes apreciáveis de calor radiante (considerável quantidade de radiação infravermelha). Por exemplo. »» Temperatura do ar à a influência da temperatura do ar na troca térmica entre o organismo e o meio ambiente pode ser avaliada observando-se a defasagem. somadas. umidade relativa do ar. Na medida em que há um aumento de calor ambiental. calor radiante. »» Velocidade do ar à pode alterar o intercâmbio de calor entre o organismo e o ambiente. positiva ou negativa. existente entre a temperatura do ar e a temperatura da pele. interferindo tanto na troca térmica por condução-convecção como na troca térmica por evaporação. Inicialmente ocorrem reações fisiológicas para promover a perda de calor. Para manter o corpo em equilíbrio térmico. o organismo ganha calor por condução-convecção. No mecanismo de condução-convecção. aumentando o fluxo de calor entre este e o ar. pois contribui significativamente para a elevação da sobrecarga térmica. No estudo do calor. 38 . por sua vez. os músculos esqueléticos tremem para produzir calor quando a temperatura corporal é muito baixa. tipo de atividade (metabolismo). este fator não deve ser desprezado. geração de calor pelo metabolismo de gordura. que.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS dinâmico controlado por mecanismos de regulação. 5 principais devem ser considerados na quantificação da sobrecarga térmica: temperatura do ar. O suor arrefece o corpo por evaporação. o aumento da velocidade do ar acelera a troca de camadas de ar próximas ao corpo. mas essas reações. velocidade do ar. a quantidade de calor ganha pelo organismo deve ser contrabalanceada pela quantidade de calor perdida para o meio ambiente. As trocas térmicas entre o corpo e o meio ambiente podem ser relacionadas por meio da seguinte expressão matemática: M±C±R-E=S Entre os inúmeros fatores que influem nas trocas térmicas. ocorre uma reação no organismo humano no sentido de promover um aumento da perda de calor. resultam num distúrbio fisiológico. Quando a temperatura do ar é maior que a temperatura da pele. o organismo humano ganha calor pelo mecanismo da radiação. provocam outras alterações. »» IST – índice de sobrecarga térmica (Belding and Hatch). »» TGU – temperatura de globo úmido. 39 .FATORES FÍSICOS | UNIDADE I »» Umidade relativa do ar à influencia a troca térmica que ocorre entre o organismo e o meio ambiente pelo mecanismo da evaporação. »» IBUTG – índice de bulbo úmido – termômetro de globo. portanto. Dá operação algébrica decorrem resultados finais que expressam as condições reais de exposição. determinam-se os índices de conforto térmico e de sobrecarga térmica para cada local de trabalho. haverá condição para o organismo perder 600 kcal/h para o ambiente. Existem diversos índices que correlacionam as variáveis que influem nas trocas entre o indivíduo e o meio e. o calor decorrente da atividade física constituirá parte do calor total ganho pelo organismo e. deve ser considerado na quantificação da sobrecarga térmica. O que ocorre nos dois extremos acima descritos é fácil de perceber: quanto maior é a umidade relativa do ar. »» TEC – temperatura efetiva corrigida. umidade relativa do ar = 0%. Se. Teoricamente. por meio da atividade física da tarefa à Quanto mais intensa for a atividade física exercida pelo indivíduo. menor será a perda de calor por evaporação. Entre esses índices os mais conhecidos são: »» TE – temperatura efetiva. devem-se levar em consideração todos os 5 parâmetros. Umidade relativa do ar = 100% (saturado de vapor de água) à dificulta a evaporação do suor para o meio ambiente. permitem quantificar a severidade da exposição ao calor. o organismo humano pode perder 600 kcal/h pela evaporação do suor. Perda de calor por evaporação será reduzida. sendo necessário quantificálos e considerá­-los de forma adequada. Avaliação do calor Na avaliação do calor. dessa forma. tanto maior será o calor produzido pelo metabolismo. Para indivíduos que trabalham em ambientes quentes. Combinando esses 5 fatores adequadamente. »» Metabolismo. esta razão poderá ser diminuída em função da umidade relativa do ar. »» Termômetro de bulbo úmido natural – Tbn é um termômetro cujo bulbo é recoberto 40 por um pavio hidrófilo.1 Tbs Tbn = temperatura de bulbo úmido natural Tg = temperatura de globo Tbs = temperatura de bulbo seco Instrumentação São necessários medidores (sensores) que sejam capazes de mensurar os parâmetros acima. dele. Os sensores que veremos no índice que nos interessa. o qual tem sua extremidade imersa em água destilada. da velocidade do ar e da umidade relativa do ar. A evaporação da água destilada presente no pavio refrigera o bulbo e depende da temperatura do ar.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS O esquema acima mostra quais os fatores que cada índice considera. A legislação brasileira estabelece que a exposição ao calor deve ser avaliada pelo índice de bulbo úmido ou termômetro de globo – IBUTG que consiste em um índice de sobrecarga térmica. IBUTG. conforme apresentado a seguir: Ambientes internos ou externos sem carga solar: IBUTG = 0. IBUTG. A temperatura do Tbn será sempre menor ou igual à temperatura do termômetro bulbo seco. são denominados índices de sobrecarga térmica. ou não. varia em função da presença. Será igual quando a umidade relativa . definido por uma equação matemática que correlaciona alguns parâmetros medidos no ambiente de trabalho. A equação. portanto. são: »» Termômetro de bulbo seco – Tbs é um termômetro comum. de carga solar no momento da medição. Outros arranjos de sensores. pavios e reservatórios são possíveis.3 Tg Ambientes externos com carga solar: IBUTG = 0. TGU – consideram os cinco principais fatores que influenciam as condições de exposição ao calor e. desde que se preserve uma boa aeração do bulbo e pelo menos 25 mm de pavio livre de qualquer obstáculo. a partir do início da parte sensível do termômetro. a temperatura do ar. cujo bulbo fica em contato com o ar.7 Tbn + 0.2 Tg + 0. Note que podem ser utilizados outros sensores similares aos termômetros de bulbo. portanto. pois vimos que eles se relacionam com as trocas térmicas que influem na sobrecarga térmica do trabalhador. para o cálculo do índice.7 Tbn + 0. IST. Tem-se. como os termopares. NHO 06. Os tempos de descanso são períodos trabalhados para todos os fins legais. 2002. moderada e pesada). Leva em consideração o tipo de atividade desenvolvida (leve. que pode ser avaliada por classe ou por tarefa (quantificando a tarefa em kcal/h). A legislação prevê um regime de trabalho (trabalho/descanso) em função do valor do IBUTG e do tipo de atividade para duas situações: regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio local e regime de trabalho intermitente com descanso em outro local. não há redução da temperatura. O IBUTG representa a carga ambiental como índice composto dos três instrumentos de campo. A determinação dos tipos de atividade por classes ou a quantificação de calor metabólico são dadas pelos quadros do Anexo 3 da NR-15. »» Termômetro de globo – é um aparato que possui um termômetro (ou sensor equivalente) posicionado no centro de uma esfera oca de cobre de diâmetro de seis polegadas. A esfera é pintada externamente de preto fosco. implica umidade relativa do ar menor que 100%. 41 . Sem evaporação. pois o ar saturado não admite mais evaporação de água. 2002. NHO 06. enquanto o metabolismo é dado em kcal/h em função da atividade do trabalhador. um acabamento altamente absorvedor da radiação infravermelha. Termômetro de globo Fonte: FUNDACENTRO. Termômetro de bulbo úmido natural Fonte: FUNDACENTRO. Temperaturas Tbn e Tbs diferentes.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I do ar for de 100%. A esfera é preenchida naturalmente com ar e a abertura é fechada pela rolha do termômetro. UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Fonte: FUNDACENTRO, NHO 06, 2002. Exercício resolvido – descanso no próprio local sem carga solar Enunciado: Um operador de forno gasta 3 minutos carregando o forno, aguarda 4 minutos para que a carga atinja a temperatura esperada (sem sair do local) e, em seguida, gasta outros 3 minutos para descarregar o forno. Dados: Tg = 35°C; Tbn = 25°C; tipo de atividade – moderada. Solução: uma vez calculado o IBUTG, levando em consideração o tipo de atividade exercida pelo trabalhador (Quadro 3), a interpretação é feita por meio do Quadro 1 à Anexo 3 (NR-15). Devem-se apurar (definir) os regimes de trabalho-descanso, para as condições de operação mais críticas, nas quais o trabalhador não pode abandonar o local de trabalho, respeitando a sequência das tarefas. Devem-se apurar (determinar) períodos de trabalho alternados por descanso, que são realizados no próprio local de trabalho. O limite de tolerância para exposição ao calor será considerado excedido quando os valores e os tempos obtidos na avaliação forem incompatíveis com aqueles do Quadro 1 à Anexo 3 (NR-15). Este ciclo de trabalho é continuamente repetido durante toda jornada de trabalho. Determinando-se os parâmetros necessários ao cálculo do IBUTG, temos: Tg = 35°C; Tbn = 25°C; tipo de atividade – moderada (Quadro 3). Quadro 3 – Taxas de metabolismo por tipo de atividade (115.008-1/I4) 42 FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Calculando-se o IBUTG, temos: IBUTG = 0,7.25 + 0,3.35 = 28°C. Consultando o Quadro 1, conclui-se que, em cada hora corrida de trabalho, o operário pode trabalhar, no máximo, 45 minutos e descansar, no mínimo, 15 minutos. Com relação ao regime de trabalho observado na empresa, constata-se que, em cada 10 minutos corridos, o operário trabalha 6 minutos (3 minutos carregando o forno e 3 minutos descarregando) e aguarda 4 minutos para a elevação da temperatura, sem sair do local, operação esta considerada como “descanso no próprio local de trabalho”, para fins deste critério de avaliação. O ciclo continuamente se repete. Pode-se afirmar que, em cada hora (60 minutos) corrida de trabalho: »» o ciclo se repete 6 vezes (60 / 10); »» o operário trabalha um total de 36 minutos (6 x 6 minutos); »» e descansa 24 minutos (6 x 4 minutos). Conclusão: pelo Quadro 1: Trabalha 36 minutos à poderia até 45 minutos Descansa 24 minutos à poderia no mínimo 15 minutos Conclui-se que o ciclo de trabalho observado na empresa é compatível com a atividade do trabalhador e com as condições térmicas do ambiente analisado e, portanto, o limite de tolerância não é excedido. Calcule e julgue se enseja insalubridade e se paga Aposentadoria Especial. Refaça este exercício considerando todas as condições, salvo o metabolismo, que deve ser considerado “pesado” e o Tg = 30ºC. 43 UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Exercício resolvido – descanso em outro local sem carga solar Enunciado: Um operador de forno de uma empresa gasta 3 minutos carregando o forno, aguarda 4 minutos para que a carga atinja a temperatura esperada e, em seguida, gasta outros 3 minutos para descarregar o forno. Esse ciclo de trabalho é continuamente repetido durante toda jornada de trabalho. Detalhe: durante o tempo em que aguarda a elevação da temperatura da carga (4 minutos), o operador faz anotações sentado a uma mesa que está afastada do forno. Dados: local de trabalho. Dados: local de descanso. Solução: neste caso, para fins de aplicação do índice, denomina-se local de trabalho o local onde permanece o trabalhador quando carrega e descarrega o forno e local de descanso o local onde o operador do forno permanece sentado, fazendo anotações. 44 Devem-se apurar (definir) os regimes de trabalho-descanso. a interpretação é feita por meio do Quadro 1 à Anexo 3 (NR-15).FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Uma vez calculado o IBUTG. nas quais o trabalhador não pode abandonar o local de trabalho. que são realizados no próprio local de trabalho. levando em consideração o tipo de atividade exercida pelo trabalhador (Quadro 3). 45 . respeitando a sequência das tarefas. Devem-se apurar (determinar) períodos de trabalho alternados por descanso. para as condições de operação mais críticas. UNIDADE I | FATORES FÍSICOS 46 . FATORES FÍSICOS | UNIDADE I 47 . Tbn = 22°C e M = 400 kcal/h Local de descanso à Tg = 26°C.5°C. descarga do forno = 25 minutos à ciclo se repete na jornada. porém. salvo os seguintes dados: Local de trabalho à Tg = 50°C. 48 . Tg = 35°C. sem descanso térmico. tipo de atividade – Moderada (Quadro 3).9°C. Tbn = 25°C.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Conclusão: como não há 230 kcal/h na tabela. aguardo de estabilização do forno = 5 minutos. aquém do máximo permitido (limite de tolerância não é excedido) Conclui-se que o ciclo de trabalho observado na empresa é compatível com a atividade física do trabalhador e com as condições térmicas do ambiente analisado. Refaça este exercício considerando todas as condições. Tbn = 20°C e M = 200 kcal/h 2. oferece uma carga ambiental (IBUTG encontrado) de 27. cujo IBUTG máximo é 28. O ambiente. Defina se é insalubre o ambiente de trabalho com as seguintes condições: sem carga solar. 1. arredonda-se para 250 kcal/h (situação conservadora sob a perspectiva do trabalhador). Calcule e julgue se enseja insalubridade. carga do forno = 15 minutos. Capítulo V. »» > Instrução Normativa n° 45/2010 do INSS. Seção “Das atividades insalubres ou perigosas”. 157. art. Contribuem para isso o fato de o país ter 92% de seu território na zona intertropical e o relevo marcado por baixas altitudes. Com a ajuda dos seguintes mapas. faz-se essa descoberta. será assegurado um período de 20 (vinte) minutos de repouso. »» > Lei n° 5.889/1973 e Portaria n° 3. a 12º (doze graus). »» > Portaria MTE n° 25/1994 – Alteração do texto da NR-9 – PPRA.514/1977 e Portaria nº 3. na quarta zona a 12º (doze graus). segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial. Capítulo I “Das disposições especiais sobre duração e condições de trabalho”. segunda e terceira zonas climáticas do mapa oficial. a 15º (quinze graus).FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Temperaturas anormais – frio Fundamentos legais: »» CLT. e nas quinta. tem-se pausa de 20 minutos em jornadas que submetem o trabalhador ao frio depois de 1h40 de trabalho. nas primeira. »» > Lei n° 6. predominam climas quentes. 253 da CLT. com temperaturas médias superiores a 20º C. nas primeira.214/1978 do MTE – Anexo 9 da NR-15 – Normas regulamentadoras. 49 . o que for inferior. 253.067/1998 do MTE – Normas Regulamentadoras Rurais. Título III. depois de 1 (uma) hora e 40 (quarenta) minutos de trabalho contínuo. No Brasil. Pelo art. Para os empregados que trabalham no interior das câmaras frigoríficas e para os que movimentam mercadorias do ambiente quente ou normal para o frio e vice-versa. Art. computado esse intervalo como de trabalho efetivo. a 15º (quinze graus). »» > CLT. sexta e sétima zonas a 10º (dez graus). Seção VII “Dos serviços frigoríficos”. sexta e sétima zonas. Mas como se reconhece o frio? Aquelas regiões geográficas cujas temperaturas sejam inferiores. e nas quinta. para os fins do presente artigo. na quarta zona. Parágrafo único – Considera-se artificialmente frio. a 10º (dez graus). Título II. »» > Portaria MTE n° 21/1994 – Mapa oficial do MTE. »» Clima equatorial – domina a região amazônica e caracteriza-se por temperaturas médias entre 24°C e 26°C. »» Clima tropical – está presente em extensas áreas do Planalto Central e das Regiões Nordeste e Sudeste. »» Clima tropical atlântico – é característico da faixa litorânea que vai do Rio Grande do Norte ao Paraná. semiárido e subtropical. Apresenta temperaturas médias entre 18°C e 22°C. correspondente ao estado de Roraima. em torno de 27°C. »» Clima tropical de altitude – predomina nas áreas elevadas (entre 800 m e 1. além do trecho norte da Amazônia. tropical de altitude.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Os tipos de clima presentes no país são 6: equatorial.000 m) do Planalto Atlântico do Sudeste. compreendendo 50 parte dos Estados de São Paulo. Mato Grosso do Sul. Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Caracteriza-se por temperaturas médias inferiores a 18°C. »» Clima subtropical – predomina ao sul do Trópico de Capricórnio. tropical. tropical atlântico. . Paraná. Suas características são temperaturas médias elevadas. »» Clima semiárido – predomina especialmente nas depressões entre planaltos do sertão nordestino e no trecho baiano do Vale do Rio São Francisco. As temperaturas médias excedem os 20°C. estendendo-se pelo norte do Paraná e sul do Mato Grosso do Sul. As temperaturas variam entre 18°C e 26°C. 51 .FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Figura 16. Intervalos de temperaturas frias e procedimentos correlatos. 52 . 253 da CLT.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Figura 17. Mapa oficial por força do art. Portaria nº 21/1994 do MTE – “Brasil Climas”. 53 .FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Figura 18. Limites de tolerância – Portaria nº 21/1994 do MTE. Exemplo: operadores de empilhadeiras que apresentaram problemas de coluna e foram desviados para outras funções. fica a pergunta: e a exposição à vibração? Como não havia medição da vibração. normalmente. Esse movimento pode ser regular. visto que. A necessidade de medição da vibração vem aumentando. a insalubridade. não houve acompanhamento dos trabalhadores que passaram a apresentar doenças sem saber das causas. quando não segue movimento determinado algum. quando se está num ambiente com vibrações elevadas. consequentemente. 54 . A avaliação da atividade por meio da dosimetria de ruído já caracterizava a atividade como insalubre. mesmo que haja um laudo do EST comprovando a eficácia das medidas de controle coletivo para o ruído ocupacional neutralizando a exposição e. o nível de pressão sonora é bastante elevado.CAPÍTULO 3 Vibrações Até poucos anos atrás. Figura 19. pois não se estabelecia o nexo causal com a atividade executada. do tipo senoidal ou irregular. sem receber benefício algum. O que é vibração? Vibração é qualquer movimento que o corpo executa em torno de um ponto fixo. Configurações das vibrações. como no sacolejar de um carro andando em uma estrada de terra (Iida). O número de vezes de um ciclo completo de um movimento durante o período de um segundo é chamado de frequência e é medido em Hertz [Hz]. Um corpo é dito em vibração quando descreve um movimento oscilatório em torno de um ponto de referência. avaliação de vibração no corpo humano era pouco realizada. com/doc/63197795/SESI-Tecnicas-de-Avaliacao-de-agentes-ambientais>. chega a ser destrutivo para o corpo em questão. por exemplo.78 Figura 20. haverá o fenômeno de ressonância quando esta. distribuída pelas faixas de frequências. ferramentas manuais motorizadas) produzem movimentos complexos que possuem largos espectros de vibração. deixando-o oscilar livremente. como um diapasão. assim como de espectro de ruídos. existe também um amortecimento interno. que pode ser observada com um pequeno estímulo no sistema.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I O movimento pode consistir de um simples componente.com. Se chamarmos a frequência da vibração externa a um corpo de frequência de excitação. Acesso em: 8/6/2012 às 00:33h 9 <http://www.cpsol. fala-se de espectro de vibrações. Assim. Na prática. os sinais de vibração consistem em muitas frequências ocorrendo simultaneamente. que podem entrar em contato com ele. como. na prática.com. com inúmeras frequências individuais.cpsol. se igualar à frequência natural. O mais importante dos sinais de vibração é o estudo dos componentes individuais da frequência. No entanto. ou de muitos componentes. em condições severas. ou seja. A energia do movimento é. uma técnica que pode ser considerada a principal ferramenta de trabalho nos diagnósticos de medida de vibração. todo corpo possui uma frequência natural de oscilação. esse corpo poderá estar sujeito a forças externas.scribd.scribd. que. Todo corpo pode ser interpretado como um sistema mecânico de massa e mola. As fontes de vibração usuais (veículos. então. Acesso em: 8/6/2012 às 00:33h 55 . que é chamado de análise de frequência. com o movimento de um pistão de um motor de combustão interna.com/doc/63197795/SESI-Tecnicas-de-Avaliacao-de-agentes-ambientais>. lembrando-se que. Similarmente ao que ocorre com um ruído. resultando num crescente aumento da amplitude do movimento. a do corpo. Acesso em: 8/6/2012 às 00:32h 10 <http://pt.br>. 910 7 <http://www. As vibrações assim obtidas são chamadas de vibrações forçadas. dificultando a observação em um gráfico amplitude x tempo.br>. ocorrendo em uma única frequência. Acesso em: 8/6/2012 às 00:32h 8 <http://pt. a frequência externa. que consistirá em uma composição de múltiplos movimentos. Modelo de analisador de vibrações. ocorrendo em diferentes frequências simultaneamente. obrigando-o a vibrar. um movimento vibratório pode envolver uma função complexa. Pico ou RMS – como quantificar a vibração? 56 .UNIDADE I | FATORES FÍSICOS à à à à à à Figura 21. FATORES FÍSICOS | UNIDADE I à à à à 57 . é possível descobrir as fontes de vibração na máquina.cpsol. Com a análise de frequência. Quando analisamos a vibração de uma máquina.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS à à à Figura 22. O gráfico acima que mostra o nível de vibração em função da frequência é chamado de espectrograma de frequência.com. encontramos um grande número de componentes periódicos de frequência que são diretamente relacionados com os movimentos fundamentais de várias partes da máquina. Acesso em: 8/6/2012 às 00:32h . Dimensões e representações algébricas da vibração. 11 58 11 <http://www.br>. Essas vibrações são específicas para atividades de transporte e são afetas à norma ISO 2631.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Em 1918.com. atualmente conhecida como síndrome da vibração de mãos e braços. ela tem sido a precursora mundial de estudos médicos e epidemiológicos em vibração de mãos e braços. conforme figura a seguir. elaborou um dos primeiros estudos médicos numa pedreira em Indiana. ocorre a ressonância. as partes do corpo absorvem a vibração. vasoconstrição. lixadeiras. que pode ser considerado como um sistema mecânico complexo. grandes compressores. O corpo humano possui uma vibração natural. Vibrações localizadas – são vibrações que atingem certas regiões do corpo. Classificação das vibrações e efeitos da vibração sobre o homem Vibrações de corpo inteiro – são vibrações transmitidas ao corpo com o indivíduo sentado (reclinado ou não). como frequência cardíaca. Normalmente ocorrem em operações com ferramentas manuais vibratórias: marteletes. sistema nervoso central. como consequência da atenuação promovida pelos tecidos e órgãos. os braços e ombros. Se uma frequência externa coincide com a frequência natural do sistema. onde trabalhadores utilizavam ferramentas manuais pneumáticas vibratórias. O corpo humano possui diferentes frequências de ressonância.br>. bem como efeitos fisiológicos.3 a 1. motosserras. Alice Hamilton. politrizes. Acesso em: 8/6/2012 às 00:32h 59 . São normatizadas pela ISO 5349. rebitadeiras. que implica amplificação do movimento. britadores. em pé ou deitado. peneiras vibratórias. Normalmente ocorrem em trabalho com máquinas pesadas: tratores. Acima de 100 Hz. entre outros aspectos. uma médica do trabalho americana. das frequências que compõem a vibração. ônibus.250 Hz. Ficou demonstrada. ocorrendo nos trabalhos com ferramentas manuais. nestes estudos. circulação do sangue. máquinas de terraplanagem. A vibração consiste em movimento inerente aos corpos dotados de massa e elasticidade. mais especificamente 1 a 20 Hz. aeronaves. Nessas faixas de frequência. As baixas frequências são as mais prejudiciais – de 1 até 80-100 Hz. furadeiras. Os efeitos da vibração no homem dependem. a relação de causalidade entre o uso regular de ferramentas elétricas manuais com a irreversível e debilitante condição médica inicial e impropriamente denominada Síndrome de Raynaud ou doença dos dedos brancos. Percebem-se efeitos biomecânicos como ressonância de partes do corpo. ocorre a ressonância das partes do corpo humano. máquinas industriais. Vibrações de extremidades (também conhecidas como segmentais. Desde então. situam-se na faixa de 6.cpsol. frequência respiratória. compactadores. A energia vibratória é absorvida pelo corpo. caminhões. principalmente as mãos. não ocorrendo ressonância 12. situam-se na faixa de 1 a 80 Hz. localizadas ou de mãos e braços): são as mais estudadas. São de baixa frequência e alta amplitude. 12 <http://www. *Indústrias europeias com evidências clínicas de sobre-exposição ocupacional a vibrações Fonte: Taylor & Pelmear. Vibrações por atividade econômica. 1975 60 . Disposição das frequências para corpo humano. Figura 24.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Figura 23. usualmente uma cerâmica ferroelétrica artificialmente polarizada. que é uma grandeza vetorial. Sob o ponto de vista ocupacional. 61 . portanto. Observe-se. possui também um ponto ou região de interface pela qual é transmitida ao corpo humano. segundo as normas. As medidas globais podem ser lineares ou ponderadas. porém esta última em m/s2 é a mais utilizada. isto é. além de magnitude. enviado a um medidor-integrador. não possuem partes móveis e geram um sinal proporcional à aceleração. no caso de vibração. velocidade e aceleração. proporcionalmente à força aplicada. Esquema cinemático das vibrações a partir das proporcionalidades da força. como será visto. B e C). A medição é possível por meio da utilização de um acelerômetro – um transdutor que transforma o movimento oscilatório num sinal elétrico. Os valores medidos de aceleração.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Parâmetros e equipamentos utilizados na determinação da vibração Três são as variáveis afetas à vibração: deslocamento. da mesma maneira que no ruído. A essência de um acelerômetro piezoelétrico é o material piezoelétrico. e não recebem nomes especiais ou letras. Quando ela é mecanicamente tensionada. Figura 25. Os acelerômetros piezoelétricos são altos geradores de sinal que não necessitam de fonte de potência. que pode ser integrado. porém. possui uma direção. A medição da vibração é feita segundo eixos de medição. O nível de aceleração – medido em decibéis – é fixado pela norma ISO R 1683. gera uma carga elétrica que polariza suas faces. obtendo-se a velocidade e o deslocamento do sinal. podem ser globais (todo o espectro) ou por faixas de frequência. O equipamento de medida da vibração universalmente usado na captação de uma vibração é o é o acelerômetro piezoelétrico (transdutor). Além disso. as curvas de ponderação são específicas. como se faz com o ruído (circuitos A. UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Figura 26. Equipamento de medida da vibração – acelerômetro piezoelétrico. 62 . amplificador e um integrador ou diferenciador que permite a transformação da medida em sinal elétrico. são preferidos. a montagem dos acelerômetros de forma fixa nas ferramentas. Sintomas Frequência – Hz Sensação geral de desconforto 4-9 Sintomas na cabeça 13-20 Maxilar 6-8 Influência na linguagem 13-20 Garganta 12-19 Dor no peito 5-7 Dor abdominal 4-10 Desejo de urinar 10-18 Aumento do tônus muscular 13-20 Influência nos movimentos respiratórios 4-8 Contrações musculares 4-9 Figura 27. mas não são comumente utilizados em avaliações ocupacionais. Acesso em: 8/6/2012 às 00:32h 63 . pode ser inviável. em princípio. Os adaptadores possuem respostas em frequências específicas. por meio de braçadeiras. Métodos sem contato. da coluna vertebral) é distinta da sensibilidade transversal (eixos x ou y. laser. Sintomas principais relacionados com a frequência das vibrações O corpo humano reage às vibrações de formas diferentes. para determinada frequência. Consequências humanas da vibração: sintomas e frequência. por exemplo. Há dois tipos de sensores de vibração: os sem contato (capacitivo e indutivo) e os com contato (eletromagnético e piezoelétrico). o sistema ainda pode ser dotado de filtro de bandas para selecionar frequências específicas. a aceleração tolerável é diferente daquela em outra frequência. ao longo dos braços ou pelo tórax). que podem limitar sua aplicação.cpsol. A sensibilidade às vibrações longituninais (ao longo do eixo z.br>. sendo permitida a utilização de adaptadores. enquanto aqueles permitem a medição fora do sistema vibratório. estes são obrigatoriamente fixados no sistema vibratório. 13 <http://www.com. parafusos ou outro sistema. cola.13 As medidas são realizadas na interface entre a pele e a fonte de vibração. a sensibilidade também varia com a frequência. O sistema básico para medição de vibrações é composto por sensor de vibração (transdutor). Em cada direção. uma vez que.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Muitas vezes. de determinados órgãos do corpo. dificultando o controle motor. Comprometimento. tal como a falta de concentração para o trabalho.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Principais efeitos da vibração Perda do equilíbrio. com aumento da frequência de batimento do coração. além de lentidão de reflexos. 64 . com sintomas de náuseas. inclusive permanente. vômitos e mal-estar geral. Apresentação de distúrbios visuais. especialmente para os submetidos a vibrações localizadas. apresentando a patologia popularmente conhecida como dedo branco. em aeronaves ou veículos terrestres. simulando uma labirintite. Efeitos psicológicos. que ocorre no mar. Manifestação de alteração no sistema cardíaco. com sintomas desde enjôo até gastrites e ulcerações. Manifestação do mal do movimento (cinetose). como visão turva. Efeitos no sistema gastrointestinal. causando perda da capacidade manipulativa e o tato nas mãos e dedos. Degeneração gradativa do tecido muscular e nervoso. FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Adicional de insalubridade e Financiamento da Aposentadoria Especial – FAE 25-6% (RFB) A exposição a vibrações é contemplada na legislação brasileira no Anexo 8 da NR-15. c. As atividades e operações que exponham os trabalhadores. será de grau médio. em suas normas ISO 2631 e ISO/DIS 5349 ou suas substitutas. quando constatada. A perícia. as medidas para eliminação e/ou neutralização da insalubridade.1. e. serão caracterizadas como insalubres. f. às vibrações localizadas ou de corpo inteiro. através de perícia realizada no local de trabalho. o critério é idêntico ao acima: 65 . A insalubridade. Constarão obrigatoriamente do laudo de perícia: a. 2. a descrição das condições de trabalho e o tempo de exposição às vibrações. o resultado da avaliação quantitativa. VIBRAÇÕES 1. Para a aposentadoria especial. quando houver. 3. visando à comprovação ou não da exposição. b. deve tomar por base os limites de tolerância definidos pela Organização Internacional para a Normalização — ISO. 2. d. a metodologia de avaliação. o critério adotado. sem a proteção adequada. o instrumental utilizado. proficiência reduzida pela fadiga. »» Determina que os transdutores sejam posicionados na interface entre o corpo humano e a fonte de vibração. »» O método básico utilizado é o da aceleração ponderada. de 1997. »» O valor total da aceleração ponderada da vibração nas coordenadas ortogonais é calculado pela fórmula: Assim.scribd. »» Estabelece que a vibração seja medida de acordo com um sistema de coordenadas que se origina no ponto onde a vibração se incorpora ao corpo humano. conforto e percepção. bem como indicar os principais fatores relacionados para se determinar o nível de exposição à vibração que seja aceitável14. apresentava três limites distintos: conforto reduzido. que é expressa em m/s². Atualmente. de 1978. »» Fornece guias para a verificação de possíveis efeitos da vibração na saúde. a nova ISO 2631. limite de exposição compatível com a saúde. não apresenta limites de exposição à vibração. a aceleração combinada (at) dos três eixos é dada por: 66 14 <http://pt. Síntese dos aspectos gerais da atual ISO 2631/1997: »» Ausência de limites de exposição à vibração. limitando-se a definir um método para a avaliação de exposição à vibração de corpo inteiro.com/doc/6660241/VibracoesVendrame>. Acessado em: 8/6/2012 às 01:45h .UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Vibrações de corpo inteiro – Norma ISO 2631/1997 A norma ISO 2631. pois a maneira pela qual as vibrações afetam a saúde. Há diferentes frequências para diferentes eixos. percepção e enjôo dependem da frequência. As curvas (tabelas de ponderação) de frequência utilizadas estão abaixo descritas: 67 . conforto.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Faz-se necessário estabelecer ponderações Wk para o eixo z e Wd para os eixos x e y. contido no Anexo B da ISO 2631/1997. Os valores obtidos na avaliação devem ser comparados com o guia à saúde – zonas de precaução. têm-se as seguintes formulações. normalizando para jornada de 8 horas para as situações de vibração: à O sistema de coordenadas basicêntricos para as vibrações de corpo inteiro está representado na figura a seguir: Figura 28. reproduzido abaixo:15 68 15 <http://www.com. Eixos de medição – corpo inteiro e localizada.pdf>. Acessado em: 8/6/2012 às 01:48h .br/novo/artigos/vibracoes_ocupacionais.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Considerando tais condições nos termos da norma atual.vendrame. pdf>. Acessado em: 8/6/2012 às 01:48h 69 . Aplicação prática Numa avaliação. Para exposições abaixo da zona hachurada. foram obtidos os seguintes valores para operador de carregadeira: Solução: separa-se em duas situações: nas três direções e pela direção predominante.com.vendrame. 16 <http://www.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I A zona hachurada indica o potencial de risco à saúde.br/novo/artigos/vibracoes_ocupacionais. Acima da zona hachurada há indícios de prováveis riscos à saúde16. os efeitos à saúde não foram claramente documentados e/ou observados objetivamente. 715 m/s2 – apresenta-se mais aceitável.3 da ISO 2683/1997. todavia.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Há aqui dois resultados (situação 1 e situação 2) que devem ser cotejados com alínea d do item 3. Interpretação: a situação 2 – vetor predominante com a = 0. segundo o princípio da precaução sempre a favor do trabalhador.percebe-se que são prejudiciais as condições de trabalho.068 m/s2 – situação 1 –. 70 . quando se somam os vetores com a = 1. Mais tarde. mas há outros fatores envolvidos com o mecanismo do disparo: a temperatura central do corpo. entretanto. 17 <http://pt. biodinâmica. A severidade da vibração transmitida às mãos nas condições de trabalho é influenciada pelos seguintes fatores: espectro de frequência das vibrações. os ataques podem estender-se à base do dedo. medicamento. O formigamento ou adormecimento leve e intermitente. frio frequente provoca os ataques. devido aos repetidos ataques isquêmicos. posicionamento das mãos. são usualmente ignorados pelo paciente porque não interferem no trabalho ou em outras atividades. A recuperação se inicia com um rubor. área e localização das partes da mão que estão expostas à vibração. pelo método de trabalho e habilidade do operador. osteoarticular e muscular. Acesso em: 8/6/2012 às 00:33h 71 . álcool etc. que toma como referência a interface da transmissão de vibração em uma pega cilíndrica. Há perda de destreza e a incapacidade para a realização de trabalhos finos. ferramenta ou peça. porém não define os limites de exposição segura 17. o número de ataques de branqueamento se reduz. uma hipertemia reativa. Considera-se um sistema de coordenadas triortogonal com duas opções para posicionamento dos eixos: basicêntrica. drogas. intermitente) e método de trabalho. Os ataques de branqueamento duram usualmente de 15 a 60 minutos.com/doc/63197795/SESI-Tecnicas-de-Avaliacao-de-agentes-ambientais>. magnitude e direção das forças aplicadas pelo operador ao segurar a ferramenta ou peça. primeiramente. declarar se foi ou não ultrapassado o LT. ou ambos. pelas condições climáticas. e a outra.500 Hz. usualmente vista na palma. braços e corpos durante a operação. nos casos avançados. configuração da exposição (contínua. confinados. o tônus vascular (especialmente pela manhã) e o estado emocional. sendo substituído por uma aparência cianótica dos dedos. por agentes que afetam a circulação periférica (fumo. e. mediante laudo técnico. nos casos avançados. A severidade dos efeitos biológicos da vibração transmitida nas condições de trabalho pode ser influenciada pela direção da vibração transmitida à mão.scribd. No Brasil. com a continuidade da exposição. cabe ao EST. magnitude do sinal de vibração. neurológica. A norma produz um critério (guia) para relacionamento da aceleração ponderada da vibração com o tempo diário de exposição.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Conclusão: deve-se pagar à RFB a alíquota de 6% devido ao Financiamento da Aposentadoria Especial – FAE. avançando do punho para os dedos. duração da exposição diária e tempo total de exposição. o adicional de insalubridade de 20% sobre o salário-mínimo. Vibrações localizadas – Norma ISO 5349/2001 Os principais efeitos devidos à exposição à vibração no sistema mão-braço podem ser de ordem vascular. tipo e condição do equipamento.). A faixa de frequência considerada é de 5 Hz a 1. finalmente. bem como ao trabalhador. pequenas áreas de necrose da pele aparecem na ponta dos dedos. a taxa metabólica. o paciente pode experimentar ataques de branqueamento de dedos. que toma como referência a cabeça do terceiro metatarso. podem durar de 1 a 2 horas. às pontas. o tato e a sensibilidade à temperatura ficam comprometidos. prosseguindo a exposição. além do que.500 Hz. localizado na interface entre a manopla e a mão. As frequências consideradas nas medições devem abranger pelo menos as faixas de 5 a 1. Devem ser usados transdutores pequenos e leves. A magnitude da vibração deve ser expressa pela aceleração ou em decibéis.pdf>.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Cada segmento do corpo humano possui resposta específica à vibração. Qualquer análise efetuada deve ter por base o maior valor obtido em relação a esses eixos. Consiste na medição da aceleração transmitida às mãos na direção dos três eixos ortogonais definidos pela norma. é permitida a utilização de uma adaptação para a montagem do transdutor. 19 18 <www. raramente é unidirecional. se existir material resiliente entre a mão e a estrutura.br/novo/artigos/vibracoes_ocupacionais. o sistema basicêntrico é utilizado para avaliar a vibração no equipamento e o sistema biodinâmico.br>. considera o efeito final no membro. e »» o biodinâmico. Para vibração de corpo inteiro. em função da frequência. para a vibração de mãos e braços há dois sistemas: »» o basicêntrico. Se a mão está em contato com a superfície vibrante. Acesso em: 8/6/2012 às 00:32h . A vibração deve ser medida nos três eixos ortogonais. o sistema de coordenadas tem centro no tronco.com.cpsol. cuja avaliação é realizada no 3º matacarpiano da mão. daí por que a necessidade de estabelecimento de eixos para mensurar a exposição.vendrame.com. com centro no terceiro osso metacarpiano da mão. 18 O acelerômetro deve ser montado no ponto (ou próximo) onde a energia é transmitida às mãos. o transdutor pode ser montado diretamente nessa estrutura. Acesso em: 8/6/2012 às 00:32h 72 19 <http://www. Na prática. pdf>.vendrame. abaixo descritas: A avaliação da exposição à vibração é baseada na quantidade combinada dos três eixos. ahv. o valor total da vibração. conforme fórmula: 20 Usa-se o h para indicar mão (hand). assim se distingue da vibração de corpo inteiro.com.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I A ISO 5349/2001 estabelece ponderação por frequência em função da sensibilidade de respostas das mãos. bem como o w para o peso (weight). Acesso em: 8/6/2012 às 00:32h 73 . 20 <www. é definido pela raiz média quadrática dos três valores componentes. conforme ISO 8041/2005.br/novo/artigos/vibracoes_ocupacionais. Isto é. os quais foram excluídos na versão atual. Para estabelecer seu limite de tolerância. para o aparecimento de dedos brancos em 10% da população exposta. é citado que os limites anteriores eram seguros e preveniam efeitos indesejáveis. Os limites da ACGIH para vibrações de corpo inteiro Para a vibração de corpo inteiro. fazendo menção (no caso de vibrações de extremidades) à norma ISO 5349 ou sua substituta.com. Acesso em: 8/6/2012 às 00:32h . Na versão de 1985.214/1978. tampouco na norma ISO 5349.br/novo/artigos/vibracoes_ocupacionais. Para fins de elaboração do PPRA. respeitando-se o contido no item 9. pelo eixo das abscissas até alcançar a reta do 10º percentil e rebatidos para o eixo das ordenadas. Porém.1. as vibrações são tratadas no Anexo 8 da NR-15 da Portaria nº 3. a norma definia três tipos de limites. quanto aos limites de tolerância.c. no prefácio da norma atual. afirmando que os dados não são conservadores e que. chegando à conclusão de que os limites da ISO 74 21 <www.5. mas sim um modelo de predição. uma vez que não há limites estabelecidos no Anexo 8 da NR-15.3. obtendo-se a estimativa em anos para o aparecimento dos dedos brancos. os trabalhadores já apresentam sinais de dedos brancos. a ACGIH utilizou a experiência de vários estudos. 21 Finalmente. o anexo não estabelece limites de tolerância.vendrame. a ACGIH utiliza como base a norma ISO 2631 de 1985 e não a última versão de 1997. da NR-9.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Os valores obtidos da avaliação devem ser plotados no gráfico acima. em anos. Atualmente.pdf>. também não apresenta limite de tolerância. em sua revisão de 2001. a ISO 5349. a solução é a utilização dos limites da ACGIH. Os estudos sugerem que os sintomas das vibrações de mãos e braços são raros em indivíduos expostos a 1m/s <A(8) < 2m/s² e sem registro para A(8) < 1m/s. Vários estudos contrariam os números da ISO 5349. em menor tempo que o previsto na norma. ou Transformada Rápida de Fourier. optou por adotar os limites de proficiência reduzida por fadiga.0 8. para vibrações de corpo inteiro. Os limites de tolerância da ACGIH. FFT é a sigla de Fast Fourier Transform.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I 2631 não eram suficientemente seguros.0 5.0 10.39 8.0 2 Solução: separam-se em duas abordagens: para as três direções e pela direção predominante.39 m/s2 Faz-se agora a normalização da aceleração para 8 horas.15 m/s2 A(8) ou 21 VDV Aplicação prática Numa avaliação. calcula-se a aceleração equivalente para o tempo composto de exposição: AEQ = = 13.19 m/s2 75 . referem-se aos níveis e tempos de exposição para os quais se acredita que a maioria dos trabalhadores possa ser repetidamente exposta. ou incapacidade para operar adequadamente veículos terrestres. FFT é um método numérico que possibilita transformar uma onda no domínio do tempo (tempo X amplitude) em um espectro. com o risco mínimo de dores ou efeitos adversos nas costas.14 m/s2 Com esses dados. Diretiva 2002/44/EC da comunidade europeia A Diretiva 2002/44/EC estipula os níveis de ação e limites de exposição para vibrações de corpo inteiro e de mãos e braços: Nível de ação Limite de exposição Mãos e braços 2. em bandas de terços de oitava. foram obtidos os seguintes valores para duas situações de vibração de mão-braço: Situação Awhx Awhy Awhz Tempo (h) 1 7. em cada eixo. Os valores obtidos. Situação 1 à avaliação de exposição considerando a resultante ou vetor soma nos três eixos.0 6.0 m/s2 A(8) Corpo inteiro 0. segundo a fórmula: A(8) =AEQ = 13.74 m/s2 Evento 2: = 14. devem sofrer uma análise espectral de Fourier.0 1 2 8. jornada normal – aceleração equivalente normalizada – A(8) –.5 m/s2 A(8) ou 9. Evento 1: = 11.1 VDV 1. que equivale à metade do limite de exposição.5 m/s2 A(8) 5. um gráfico no domínio da frequência (frequência X amplitude). assim. ou seja. uma vez que a exposição foi de 3 horas. no caso.5. segundo o contido no item 9. para a jornada. uma vez que não há limites estabelecidos no Anexo 8 da NR-15.81 menos de 1 hora 12 1.61 1 horas e menos de 2 8 0. Awhz Tempo (h) 8.22 Conclusão: conforme tabela acima. logo. Awhy = 0. segundo a fórmula: A(8) =AEQ = 7.41 e Awhz = 0. as acelerações equivalentes normalizadas – A(8) ficaram acima de 4 m/s2. Duração total da exposição diária valores do componente de aceleração dominante em rms. da NR-9 – tabela abaixo –. é possível estimar o tempo. que é a máxima sugerida para jornada de 8 horas. 76 . frequência ponderada.c. uma vez que a exposição foi de 3 horas. A aceleração equivalente. c. conforme ISO 5349/2001: a. A aceleração equivalente.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Situação 2 à avaliação de exposição considerando a direção predominante.21 e Awhz = 0. nas duas situações (1 e 2).52 m/s2 Interpretação: aplicam-se os limites da ACGIH. Faz-se agora a normalização da aceleração para 8 horas.22.39 m/s2. que.1. Calcule e responda A análise de vibração junto ao operador de perfuratriz manual apresentou os seguintes valores (m/s2): Awhx = 0. em anos. Awhy = 0. deve-se pagar à RFB a alíquota de 6% devido ao Financiamento da Aposentadoria Especial – FAE.40 2 horas e menos de 4 6 0. Determine.0 2 Assim.0 1 10. segundo a fórmula: à à . tampouco na norma ISO 5349. bem como Awhx = 0. considerando os três eixos (ciclo 1). a aceleração já é a equivalente àAEQ = = 7. é z.39 4. que não devem ser excedidos m/s2 g 4 horas e menos de 8 4 0.12. para 10% da população exposta apresentar aparecimento da síndrome do dedo branco. considerando o eixo dominante.3. A aceleração total. para a jornada. jornada normal – aceleração equivalente normalizada – A(8) –. d. b.32 nas outras 2 horas (ciclo 2).50 ao longo 6 horas de operação (ciclo 1). considerando os três eixos. bem como ao trabalhador o adicional de insalubridade de 20% sobre o salário mínimo. considerando os três eixos (ciclo 2). Considerando a resultante dos três eixos (situação 1). A aceleração total. Justifique a resposta e. Conclua: é ou não ensejador de aposentadoria especial? f. g.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I e. Em quanto tempo se espera que 10% dos expostos venham a apresentar a síndrome do dedo branco? 77 . Se essa exposição se prolonga. a pressão total do ar ambiental e a concentração de oxigênio vão diminuindo gradualmente. na superfície terrestre. quando o homem está sujeito a pressões maiores que a pressão atmosférica. A esta pressão. A pressão exercida pela atmosfera ao nível do mar corresponde a aproximadamente 101. a longo prazo. Os seres humanos. enquanto a pressão hipobárica ocorre quando o homem está sujeito a pressões menores que a pressão atmosférica. Para trabalhos sob condições de baixa pressão. e o organismo. g. 78 À medida que aumenta a pressão. s e vale uma dyn/cm². podem respirar 100% de oxigênio de forma contínua durante 24-36 horas sem risco algum. uma quantidade significativa de oxigênio não é consumida e entra em solução física no plasma sanguíneo. e o organismo humano está adaptado para respirar o oxigênio atmosférico a uma pressão em torno de 160 mmHg ao nível do mar. fadiga muscular.5 psi.325 Pa.80665 m/s². em grandes altitudes.000 Pa (105Pa). que é definido como 101. diminuição da capacidade motora e sensitiva. como no caso dos aeronautas. O plural do nome da unidade de pressão bar é bars (ex. e os sintomas mais comuns são irritabilidade. Esse valor de pressão é muito próximo ao da pressão atmosférica padrão. como a hemoglobina está já saturada. a hipóxia grave pode exercer diversos efeitos nocivos para o organismo humano. Bária é a unidade de pressão no sistema c. hemorragias na retina e. em resposta. O órgão mais sensível à falta de oxigenação é o cérebro.07 bar. especialmente o aumento da frequência respiratória. 1 bar = 14. Atmosfera é a pressão correspondente a 0. a adaptação deve melhorar após 2 a 3 dias de exposição. adota medidas compensatórias de adaptação fisiológica (“aclimatação”). a hemoglobina. PSI (pound per squareinch).5951 g/cm³ e numa aceleração da gravidade de 9.CAPÍTULO 4 Pressões anormais O trabalho sob condição de alta pressão (condições hiperbáricas) ocorre em atividades ou operações sob ar comprimido ou em trabalhos submersos (mergulho). A tolerância à altura varia de um indivíduo para outro e. edema cerebral e edema agudo do pulmão. libra por polegada quadrada. nos casos mais graves. O bar é uma unidade de pressão (símbolo: bar) e equivale a exatamente 100. pode produzir. A atmosfera contém habitualmente cerca de 20% de oxigênio. O efeito é um menor aporte de oxigênio aos tecidos do corpo humano (hipóxia).: 2 bars de pressão). Todavia. é a unidade de pressão no sistema inglês/americano: 1 psi = 0.325 Pa (pressão normal) e esse valor é normalmente associado a uma unidade chamada atmosfera padrão (símbolo atm). uma intoxicação pelo oxigênio. encontra-se praticamente saturada (98%). à medida que se ganha altura sobre o nível do mar. em geral. . a molécula que transporta o oxigênio aos tecidos.760 m (760 mm) de Hg de densidade 13. A unidade no SI para medir a pressão é o Pascal (Pa). alterações do sono. FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Após esse período, sobrevém a intoxicação pelo oxigênio (efeito de Lorrain-Smith). Os sintomas de toxicidade pulmonar são, principalmente, a dor no peito (retroesternal) e a tosse seca. Em pressões superiores a 2 (duas) atmosferas, o oxigênio produz toxicidade cerebral, podendo provocar convulsões. A susceptibilidade a convulsão varia consideravelmente de um indivíduo para outro. A administração de anticonvulsivantes pode evitar as convulsões por oxigênio, mas não reduz a lesão cerebral ou da medula espinhal. É exigida cuidadosa compressão e descompressão, de acordo com as tabelas do Anexo 6 da NR-15 da Portaria nº 3.214/1978. O trabalho sob condições de alta pressão só é permitido para trabalhadores com mais de 18 (dezoito) e menos de 45 (quarenta e cinco) anos de idade. Antes de cada jornada de trabalho, os trabalhadores deverão ser inspecionados pelo médico, e o trabalhador não poderá sofrer mais de uma compressão num período de 24 horas. Tubulões a ar comprimido (túneis pressurizados) São fundações profundas, normalmente verticais, empregadas para transmitir cargas de médio e grande valor ao solo. Geralmente possuem seções transversais circulares, mas podem ter outras formas, como, por exemplo, ovais. 22 Figura 29. Ilustração de tubulão de ar comprimido. 22 <http://www.drilling.com.br/?page_id=12>. Acessado em: 8/6/2012 às 02:04h 79 UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Ao executar tubulões onde o solo esteja abaixo do nível d’água, torna-se inviável o processo de esgotamento (bombeamento), pois existe o risco de desmoronamento das paredes do fuste e/ou base. Nesse caso, são utilizados tubulões pneumáticos, também conhecidos como a ar comprimido. O dimensionamento do tubulão é análogo ao tubulão a céu aberto, com exceção do fuste que deve prever um diâmetro mínimo de 70 cm no interior da sua camisa de concreto, esta com espessura mínima de 15 cm. O resultado é o fuste com diâmetro mínimo de 100 cm. A camisa de concreto é sempre armada e a NBR 6122 recomenda que toda a armadura longitudinal seja colocada, preferencialmente, nela. A concretagem do tubulão deve ser processada imediatamente após a conclusão (no máximo 24 horas, conforme NBR 6122), e o concreto deve ser autoadensável (abatimento em torno de 15 cm) para propiciar o preenchimento adequado sem a necessidade de adensamento. O lançamento deve ser feito por meio do “cachimbo” de concretagem.23 A duração do período de trabalho sob ar comprimido não poderá ser superior a 8 horas, em pressões de trabalho de 0 a 1,0 kgf/cm², a 6 horas em pressões de trabalho de 1,1 a 2,5 kgf/cm², e a 4 horas, em pressão de trabalho de 2,6 a 3,4 kgf/cm². Nenhum trabalhador pode ser exposto à pressão superior a 3,4 kgf/cm². Após a descompressão, os trabalhadores são obrigados a permanecer, no mínimo, por duas horas, no local de trabalho, cumprindo um período de observação médica. Como é possível a ocorrência de necrose óssea, especialmente nos ossos longos, é também obrigatória a realização de radiografias de articulações da coxa e do ombro, por ocasião do exame admissional e, posteriormente, a cada ano. Pela NR-15, Anexo 6, tem-se para tubulões a ar comprimido: 80 23 <http://www.drilling.com.br/?page_id=12>. Acessado em: 8/6/2012 às 02:04h FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Aplicação prática Problema: se um trabalhador permaneceu durante 1h15 à pressão de 2,2 kgf/cm2, como proceder à descompressão? Solução: aplicação à gráfico de compressão e descompressão. Segue-se o roteiro de compressão da NR16, Anexo 6: O gráfico que segue abaixo, perfazendo as velocidades de kgf/cm2 recomendadas, dispõe os tempos em minutos e segundos. 81 UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Na sequência, faz-se descompressão, pela Tabela 20 da NR-15, Anexo 6, pois é onde se encontra o tempo de trabalho dado na questão, bem como a pressão de interesse (2,2 kgf/cm2). Faz-se o gráfico de descompressão seguindo os patamares de três estágios indicados pela Tabela 20 da NR-15, Anexo 6 para a pressão de interesse (2,2 kgf/cm2). 82 FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Compondo os dois gráficos, tem-se o circuito completo de compressão-descompressão, conforme gráfico a seguir: Figura 30. Gráfico do circuito de trabalho para pressão de interesse de 2,2 kgf/cm2. Conclusão: para condições de trabalho hiperbárico, basta o reconhecimento da atividade, uma vez que é de natureza qualitativa (tanto faz a pressão de exposição). Nesse sentido, deve-se pagar ao trabalhador o adicional de insalubridade de 40% sobre o salário mínimo e à RFB, a alíquota de 6% devido ao Financiamento da Aposentadoria Especial – FAE, definido pelo Decreto nº 3.048/1999 – Anexo IV, item 2.0.5 (Aposentadoria especial: pressão atmosférica anormal, que menciona: a. trabalhos em caixões ou câmaras hiperbáricas; b. trabalhos em tubulões ou túneis sob ar comprimido e c. operações de mergulho com o uso de escafandros ou outros equipamentos)24. Apresente gráfico de compressão e descompressão Considere pressão de trabalho de 2 kgf/cm2 durante 3 horas, bem como um tempo de observação de 10’ (apresente memória de cálculo). 24 As operações de mergulho não são tratadas neste curso, dada a alta especificidade e o baixo alcance no universo laboral brasileiro, ficando, porém, ao aluno, caso necessite se posicionar quanto a este tipo de exposição, a indicação procedimental asseverada no Anexo 6 da NR-15. 83 ou melhor. como o sistema solar. equivalente ao Sol. até o momento. um elemento químico bastante conhecido e fácil de ser encontrado. que podem ser atravessados por partículas menores que ele. correspondentes aos planetas. relembre a estrutura da matéria. Existe um núcleo.br/alfa/meio-ambiente-energia-nuclear/energia-nuclear-9. a energia de ligação dos núcleons (partículas do núcleo). O átomo possui também. até atingirmos um tamanho mínimo. Por muito tempo. Os prótons têm a tendência de se repelirem. chamadas prótons.com. Como eles estão juntos no núcleo. O núcleo do átomo é constituído de partículas de carga positiva. Os elétrons são partículas de carga negativa e massa muito pequena. que apresenta ainda as propriedades de um elemento químico. denominadas elétrons. O ferro é um material. Estrutura atômica. distribuídas numa forma semelhante à do sistema solar. Acessado em: 8/6/2012 às 02:07h .php>. seria a menor porção da matéria e teria uma estrutura compacta. Atualmente. e de partículas de mesmo tamanho. Prótons e nêutrons são mantidos juntos no núcleo por forças. é denominada átomo. grandes espaços vazios. pensou-se que o átomo.portalsaofrancisco.CAPÍTULO 5 Radiações ionizantes Para começar.25 Figura 31. na forma acima definida. Essa menor estrutura. que ainda apresentará as propriedades químicas do ferro. porque têm a mesma carga (positiva). Se triturarmos uma barra de ferro. e minúsculas partículas que giram em seu redor. onde fica concentrada a massa do átomo. isto é. mas sem carga. obteremos pedaços cada vez menores. não totalmente identificadas. que significa indivisível. 84 25 <http://www. sabemos que o átomo é constituído por partículas menores (subatômicas). denominadas nêutrons. A energia que mantém os prótons e nêutrons juntos no núcleo é a energia nuclear. comprova-se a existência de uma energia nos núcleos dos átomos com mais de uma partícula para manter essa estrutura. Fissão Nuclear Reação em Cadeia – Na realidade. liberando muito calor. restava descobrir como utilizá-la. em dois menores. como consequência da absorção do nêutron que causou a fissão. Torna-se. Energia nuclear baseada na divisão do núcleo de um átomo pesado. seria liberada.cnen. em cada reação de fissão nuclear resultam.br/ensino/apostilas/energia. simplesmente. A forma imaginada para liberar a energia nuclear baseou-se na possibilidade de partir-se ou dividir-se o núcleo de um átomo pesado. Tal processo é denominado reação de fissão nuclear em cadeia ou. Acessado em: 8/6/2012 às 02:07h 85 . além dos núcleos menores.pdf>. Seria como jogar uma bolinha de vidro (um nêutron) contra várias outras agrupadas (o núcleo).gov. na maior parte. então. por exemplo. quando atingido por um nêutron. do urânio-235. dois a três nêutrons. sucessivamente. é denominada fissão nuclear. com muitos prótons e nêutrons. reação em cadeia. em dois núcleos menores. A divisão do núcleo de um átomo pesado. A energia que mantinha juntos esses núcleos menores. possível que esses nêutrons atinjam outros núcleos de urânio-235. isto é. pelo impacto de um nêutron. Figura 32.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Uma vez constatada a existência da energia nuclear.26 Figura 33. antes constituindo um só núcleo maior. 26 <http://www. em forma de calor (energia térmica). Fissão Nuclear Reação em Cadeia. Urânio-235 e urânio-238 são isótopos de urânio. Se o grau de enriquecimento for muito alto (acima de 90%). se houver quase só urânio-235. Foram desenvolvidos vários processos de enriquecimento de urânio. é conhecido como enriquecimento de urânio. 7 são de urânio-235 e 993 são de urânio-238 (a quantidade dos demais isótopos é desprezível). Descoberta a grande fonte de energia no núcleo dos átomos e a forma de aproveitá-la. Para isso deve. porque têm 92 prótons. preferencialmente os de baixa energia. que tem três isótopos: hidrogênio. deutério e trítio. Para ser possível a ocorrência de uma reação de fissão nuclear em cadeia. primeiramente. São também átomos do elemento urânio. é necessário haver a proporção de 32 átomos de urânio-235 para 968 átomos de urânio-238. denominados nêutrons térmicos (lentos). Sua massa é. isto é. existem na natureza. entre eles o da difusão gasosa e da ultracentrifugação (em escala industrial).000 átomos de urânio. até consumir quase todo o material físsil (= que sofre fissão nuclear). com o objetivo de elevar a proporção (ou concentração) de urânio-235 para urânio-238. o hidrogênio. não pararia.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS O urânio-235 é um elemento químico que possui 92 prótons e 143 nêutrons no núcleo. de 0. mesmo para uma quantidade relativamente pequena de urânio. Enriquecimento de Urânio – O processo físico de retirada de urânio-238 do urânio natural. pode ocorrer uma reação em cadeia muito rápida. 3. 92 + 143 = 235. a concentração de urânio-235. em cada grupo de 1. que é fissionado por nêutrons de qualquer energia. ou seja. Isótopos: são átomos de um mesmo elemento químico que possuem massas diferentes. a fissão de cada átomo de urânio-235 86 . por exemplo. é necessário haver quantidade suficiente de urânio-235.000 átomos de urânio. número atômico 92.2%. Nos reatores nucleares do tipo PWR. Como já foi visto. átomos com 92 prótons e 146 nêutrons (massa igual a 238). passando a constituir-se em uma explosão: é a bomba atômica. no caso o urânio-235. normalmente. O urânio encontrado na natureza precisa ser tratado industrialmente. em consequência. Já o urânio-235 pode ser fissionado por nêutrons de qualquer energia cinética.2% de urânio-235. Urânio enriquecido. que só tem possibilidade de sofrer fissão por nêutrons de elevada energia cinética (os nêutrons rápidos).7% para 3. como já foi dito. Por se tratarem de tecnologias sofisticadas. A quantidade de urânio-235 na natureza é muito pequena: para cada 1. em maior quantidade. portanto. Muitos outros elementos apresentam essa característica. os países que as detêm oferecem empecilhos para que outras nações tenham acesso a elas. como. o do jato centrífugo (em escala de demonstração industrial) e um processo a laser (em fase de pesquisa). restava saber como controlar a reação em cadeia. aumentando. Trata-se do urânio-238. ou seja. ser purificado e convertido em gás. de difícil controle. Além do urânio-235. que. porque seus núcleos podem conter ainda um número de nêutrons superior ao existente em seu estado natural. Os raios X atravessavam o corpo humano. Não havendo nêutrons disponíveis. o pesquisador alemão Wilhelm Conrad Roentgen descobriu os raios X. foi instalada a primeira unidade de radiografia diagnóstica nos Estados Unidos. diferindo-se da luz e do calor. mostrou que essas radiações apresentavam características semelhantes às dos raios X. Acessado em: 8/6/2012 às 02:07h 28 <http://www. Eles permitiam obter imagens do interior do corpo. em 1896.pdf>.cnen. cujas propriedades despertaram o interesse da classe médica. Controle da reação de fissão nuclear em cadeia – reatores nucleares. para geração de energia elétrica. 28 Mais tarde. Em 1895. resultando na formação de isótopos de boro e de cádmio. Alguns elementos químicos.br/ensino/apostilas/energia. 27 <http://www. na forma de ácido bórico ou de metal.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I resulta em 2 átomos menores e 2 a 3 nêutrons.cnen. As ideias a respeito da constituição da matéria e dos átomos foram sendo elucidadas pelos estudos e experimentos que se seguiram às descobertas da radioatividade e das interações das radiações com a matéria. O casal Pierre e Marie Curie foi responsável pela descoberta e isolamento dos elementos químicos naturalmente radioativos – o polônio e o rádio. provocavam fluorescência em determinadas substâncias e impressionavam chapas fotográficas. Talvez seja por isso que a humanidade não conhecia sua existência nem seu poder de dano até os últimos anos do século XIX. embora fizessem parte do meio ambiente. Antoine Henri Becquerel anunciou que um sal de urânio com que ele fazia seus experimentos emitia radiações espontaneamente. atravessavam materiais opacos. Acessado em: 8/6/2012 às 02:07h 87 . pois. causavam fluorescência e impressionavam chapas fotográficas. como o boro. não pode haver reação de fissão em cadeia. A grande aplicação do controle da reação de fissão nuclear em cadeia é nos reatores nucleares. Naquele mesmo ano.gov. As pesquisas e as descobertas sucederam-se. 27 Figura 34.br/ensino/apostilas/energia. em 1896. isto é. Histórico A radioatividade e as radiações ionizantes não são percebidas naturalmente pelos órgãos dos sentidos do ser humano. têm a propriedade de absorver nêutrons. Sua aplicação foi rápida. em barras metálicas. que irão fissionar outros tantos núcleos de urânio-235. e o cádmio.pdf>.gov. A forma de controlar a reação em cadeia consiste na eliminação do agente causador da fissão: o nêutron. principalmente. com a finalidade de proteger os indivíduos. apresentaram lesões nos ossos e muitas delas morreram. houve uma preocupação em se aplicar a energia proveniente do núcleo do átomo em benefício da humanidade. a sociedade continua utilizando os materiais radioativos e a energia nuclear nas mais diversas áreas do conhecimento. Niels Bohr. Lamentavelmente. Podem ser citados Ernest Rutherford. ou seja. Enrico Fermi. entre outros. mecânica quântica e ondulatória. Max Planck. a humanidade tomou conhecimento do poder destruidor das bombas atômicas lançadas nas cidades de Hiroshima e Nagasaki. na fissão do átomo. ingeridos pelas operárias durante o seu trabalho. Esses conhecimentos científicos possibilitaram a construção de reatores nucleares e explosivos nucleares. ao final dos anos 1930 e início dos anos 1940. Atualmente.com. Albert Einstein. A história do desenvolvimento da energia nuclear foi acompanhada também por outros acontecimentos desagradáveis. 88 29 <http://www. na área da saúde. mas também muitas pessoas atingidas morreram posteriormente pelos efeitos causados pelas radiações ionizantes. Acessado em: 8/6/2012 às 02:14h .UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Os conhecimentos obtidos por muitos pesquisadores e cientistas contribuíram para o desenvolvimento da física atômica e nuclear. Muitos radiologistas morreram ao redor de 1922 em consequência dos danos causados pelas radiações. entre 1917 e 1924. O efeito das bombas não se restringiu à explosão propriamente dita e ao calor gerado por ela. Em 1939. Esses fatos despertaram a atenção da comunidade científica e fizeram com que fosse criado um novo ramo da ciência. Essa energia foi designada como energia atômica e mais tarde como energia nuclear. Essas lesões foram provocadas pelas radiações emitidas pelos sais de rádio. Louis de Broglie. As alternativas eram a construção de usinas elétricas e a aplicação de materiais radioativos para melhorar as condições de vida da população. regulamentando e limitando o uso das radiações em condições aceitáveis. Em 1945. em vista da situação mundial. já se sabia que o átomo podia ser rompido e que uma grande quantidade de energia era liberada na ruptura. Esses acontecimentos ocorreram quando não se tinha ainda o entendimento adequado sobre os efeitos biológicos das radiações ionizantes.29 Com o término da 2ª Guerra Mundial. muitos países estavam envolvidos na 2ª Guerra Mundial.ebah. Operárias que trabalhavam pintando painéis e ponteiros luminosos de relógio em New Jersey. A busca da hegemonia nuclear levou à construção da bomba atômica. além das explosões de Hiroshima e Nagasaki. a proteção radiológica. nos anos que prenunciam o século XXI.br/content/ABAAAAJLwAE/protecao-radiologica-ipen>. ainda continua como um órgão científico que elabora recomendações sobre a utilização segura de materiais radioativos e de radiações ionizantes. na época denominada raios ou radiações. fundada em 1957 como órgão oficial da ONU. como o rádio e o polônio. Outros elementos pesados. por ter excesso de partículas ou de carga.cnen.ebah. e a International Atomic Energy Agency (IAEA). 30 Como exemplos têm-se o United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomic Radiation (UNSCEAR) – criado em Assembleia Geral da ONU. Posteriormente.pdf>. Acessado em: 8/6/2012 às 02:14h 31 <http://www.com. foi estabelecida uma comissão de peritos em proteção radiológica para sugerir limites de dose e outros procedimentos de trabalho seguro com radiações ionizantes. em 1955. emitindo algumas partículas. outros grupos foram criados com o objetivo de aprofundar os estudos neste campo. também tinham a mesma propriedade. tende a estabilizar-se. a – International Commission on Radiological Protection (ICRP). Definições O esquecimento de uma rocha de urânio sobre um filme fotográfico virgem levou à descoberta de um fenômeno interessante: o filme foi velado (marcado) por alguma coisa que saía da rocha. Comprovouse que um núcleo muito energético.gov. Fluxo de geração de radioatividade. e os elementos que apresentavam essa propriedade foram chamados de elementos radioativos. O fenômeno foi denominado radioatividade. com sede em Viena. Acessado em: 8/6/2012 às 02:07h 89 .FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Em 1928. 30 <http://www. A IAEA promove a utilização pacífica da energia nuclear pelos países membros e tem publicado padrões de segurança e normas para manuseio seguro de materiais radioativos.br/ensino/apostilas/energia. Essa comissão. com massas próximas à do urânio.br/content/ABAAAAJLwAE/protecao-radiologica-ipen>. transporte e monitoração ambiental. 31 Figura 35. 6.pdf>. uma imagem obtida numa chapa radiográfica ou. 32 Figura 36. inodoras. Um eletronvolt (eV) é a energia cinética adquirida por um elétron ao ser acelerado por uma diferença de potencial elétrica de 1 Volt. a mais conhecida é o nêutron. carga elétrica. as radiações ionizantes são: invisíveis. Possuem energia variável. radar. Para se ter uma ideia da velocidade delas.cnen. insípidas e indolores. carga magnética. feixes de prótons. energia e velocidade. os diferentes tipos de radiação podem produzir variados efeitos que podem ser simplesmente a sensação de cor. Radiação. a produção de íons e elétrons livres devido à ionização. então.000 km/s = velocidade da luz. a percepção de uma mensagem codificada e manipulada em áudio e vídeo numa televisão.0. desde valores pequenos até muito elevados. e que. As radiações sob a forma de partículas.108m/s = 300. podem produzir variados efeitos sobre a matéria. MeV = 106 e V = 1. As radiações são denominadas de ionizantes quando produzem íons.gov. laser. com massa. Elas podem ser geradas por fontes naturais ou por dispositivos construídos pelo homem.br/ensino/apostilas/energia. mais comuns são feixes de elétrons. alguns valores são mostrados na Figura 36. Acessado em: 8/6/2012 às 02:07h . Radiações ionizantes à Ao interagir com a matéria. radiação alfa. raios X e radiação gama. A ionização se deve ao fato de as radiações possuírem energia alta.10–13 Joule. 90 32 <http://www. ondas de rádio AM e FM. Propriedades das radiações ionizantes à Sob o ponto de vista dos sentidos humanos. radiação beta. As radiações eletromagnéticas mais conhecidas são: luz. a sensação de calor provocada por feixes de lasers.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Radiações à São ondas eletromagnéticas ou partículas que se propagam com alta velocidade e portando energia. eventualmente carga elétrica e magnética. inaudíveis. micro-ondas. O valor 3. Das radiações particuladas sem carga elétrica. o suficiente para quebrar as ligações químicas ou expulsar elétrons dos átomos após colisões. radicais e elétrons livres na matéria que sofreu a interação. o aquecimento de alimentos num forno de micro-ondas. ao interagir. FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Além da capacidade de ionização. mas um gerador de radiação. mais intensificados. não constitui um equipamento radioativo. Por depender da estrutura nuclear. A maioria dos elétrons acelerados são absorvidos ou espalhados. como medidores de nível e gamagrafia. podem atravessar vários centímetros do tecido humano até metros de blindagem de concreto. próximas do núcleo. são também denominados de radiação de fretamento. É uma radiação bastante penetrante e. que ainda é muito usada. A unidade utilizada para expressar a atividade de uma fonte é o Becquerel (Bq). Existe uma unidade antiga de atividade. 33 Raios X à Os raios X utilizados nas aplicações técnicas são produzidos por dispositivos denominados de tubos de raios X. onde colidem. como consultórios dentários. é capaz de atravessar grandes espessuras. É bom observar que. Dependendo de sua energia. conforme sua energia. ao colidirem com alvos metálicos. Os eletrodos estão contidos numa ampola de vidro onde se fez vácuo para evitar a sua oxidação. Acessado em: 8/6/2012 às 02:07h 91 . dependendo de sua energia.pdf>. para as aplicações mais conhecidas. ela não produz mais radiação e. podem atravessar milímetros e até centímetros de tecido humano.cnen. elas podem ser utilizadas para a sua identificação. em um filamento que produz elétrons por emissão termoiônica (catodo). produzindo aquecimento no alvo. Radiação gama à É uma radiação emitida pelo núcleo atômico com excesso de energia (no estado excitado) após transição de próton ou nêutron para nível de energia com valor menor. Qualquer material irradiado por raios X. Cerca de 5% dos elétrons sofrem reduções bruscas de velocidade. muito menos os locais onde são implementadas. que consistem. portanto.gov. denominadas de raios X. denominada Curie (Ci) = 3. produzidos por aceleradores de partícula. ao se desligar uma máquina de raios X. Por isso são muito utilizadas para a obtenção de radiografias e para controlar níveis de material contidos em silos de paredes espessas. Raios X (característicos) à São radiações eletromagnéticas de alta energia originadas em transições eletrônicas do átomo que sofreu excitação ou ionização após interação. Devido ao processo como são produzidos. basicamente. As radiações eletromagnéticas do tipo X e gama são as mais penetrantes e. Por isso. que são acelerados fortemente por uma diferença de potencial elétrica (kilovoltagem) até um alvo metálico (anodo). As radiações beta são pouco penetrantes em relação às anteriores. Entretanto. gerando uma estrutura mais estável.br/ensino/apostilas/energia. não fica e nem pode ficar radioativo. 33 <http://www. a instalação deve ser bem blindada e os cuidados com a radioproteção. salas de radiodiagnóstico ou radioterapia. Nesse caso. Ele é definido como uma transformação nuclear por segundo. as radiações ionizantes são bastante penetrantes quando comparadas com os demais tipos. é bastante utilizada em aplicações médicas de radioterapia e aplicações industriais. e a energia dissipada se converte em ondas eletromagnéticas. Elétrons das camadas externas fazem transições para ocupar lacunas produzidas pelas radiações nas camadas internas. emitindo o excesso de energia sob a forma de raios X. Como as energias das transições são típicas da estrutura de cada átomo. Para radiações acima de 10 MeV. Já as partículas alfa possuem um poder de atravessar a espessura de uma folha de papel. Raios X de alta energia podem ser obtidos por freamento de feixes de elétrons de alta energia. efeitos de ativação de materiais podem ocorrer devido a ocorrência de reações nucleares.7. numa técnica de análise de materiais denominada de fluorescência de raios X. a intensidade e a energia com que é emitida permite caracterizar o radioisótopo. o seu poder de ionização é muito grande.1010Bq. tório. quando um nêutron se transforma em próton ou um próton se transforma em nêutron. Grandezas. denominada de neutrino. Figura 37. Nêutrons (n) à Os nêutrons podem ser produzidos por vários dispositivos. Essa propriedade permite aplicações médicas em superfícies da pele ou na aceleração da cicatrização de cirurgias plásticas ou do globo ocular. ser capturados por núcleos do material-alvo. Muitos radionuclídeos naturais. As intensidades e as energias das radiações alfa emitidas por um nuclídeo. bismuto. podem causar danos significativos na mucosa que protege os sistemas respiratório e gastrointestinal e nas células dos tecidos adjacentes. Porém. Podem. consegue atravessar espessura de alguns milímetros. como urânio. pois não conseguem atravessar as primeiras camadas epiteliais. Os nêutrons são muito penetrantes devido a sua grande massa e ausência de carga elétrica. 92 . acompanhado de uma partícula neutra de massa desprezível.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Radiação beta à Consiste de um elétron negativo ou positivo emitido pelo núcleo na busca de sua estabilidade. tornando-os radioativos. quando em grande quantidade. a energia da transição com o neutrino. respectivamente. Neles. por mecanismos de contaminação natural ou acidental. como reatores nucleares. aleatoriamente. apresentando um espectro contínuo até um valor máximo. a utilização das radiações ionizantes e dos materiais radioativos e nucleares é regulamentada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). As radiações alfa têm um poder de penetração muito reduzido e uma alta taxa de ionização. sua energia é variável. emitem várias radiações alfa em suas transições nucleares. providos de alvos especiais e por fontes de nêutrons. são necessários conhecimento e responsabilidade. Para exposições externas. quando os radionuclídeos são ingeridos ou inalados. as radiações alfa. Por compartilhar. por radioisótopos ou por fissão. são induzidas reações nucleares por meio de feixes de radiação. aceleradores de partículas. símbolos e unidades no SI. inclusive.1 No Brasil. Seu poder de penetração é pequeno e depende de sua energia. são inofensivas. Para o tecido humano. Radiação alfa à É uma radiação constituída de dois prótons e dois nêutrons. Para trabalhar com radiações ionizantes e com materiais radioativos. servem para identificá-lo numa amostra. carga 2+ e com bastante energia cinética. radônio. emitida por núcleos instáveis de elevada massa atômica. Diferentes etapas da respiração celular são mediadas pela ação de enzimas específicas. também específicas. No meio intercelular. Associada à respiração. A energia necessária para a manutenção de todo o metabolismo biológico é obtida a partir da respiração celular. Este processo envolve uma sequência de reações de oxidação e de redução que resultam na queima da glicose. no caso de irradiação de um ser vivo. hidrogênio. alimentos de origem animal e vegetal e oxigênio do ar garantem a subsistência animal. são cerca de 2x1025 moléculas de água por quilograma. Da mesma maneira. característica de um determinado organismo. proteína. obtêm substrato para o metabolismo de suas células do próprio meio ambiente. o que reflete a composição química da célula e permite afirmar que.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I Consequências biológicas da interação das radiações ionizantes com um ser vivo Considerando que as moléculas biológicas são constituídas. Para que ocorra ionização em um material biológico. Na espécie humana. A água participa praticamente de todas as reações metabólicas em um organismo. alimentos diversos. Moléculas orgânicas lesadas por ação das radiações ionizantes Enquanto um organismo dispuser de fontes de água. DNA. em caso de exposição às radiações. A molécula de água é a mais abundante em um organismo biológico. Os animais. ácidos graxos. O efeito desta transformação deve ser acompanhado nas células. RNA etc. qualquer molécula biológica. estas substâncias são metabolizadas pela ação de enzimas. com produção de CO2 e água. Açúcares. a energia da radiação deve ser superior ao valor da energia de ligação dos elétrons unidos aos átomos destes elementos. os elétrons que provavelmente serão arrancados de um átomo. oxigênio. visto serem estas as unidades morfológicas e fisiológicas dos seres vivos. vitaminas. por átomos de carbono. em geral. o que inclui moléculas orgânicas lesadas por ação das radiações ionizantes. aminoácidos. em particular. ocorre a produção de adenosina trifosfato (ATP). 93 . por ele. serão elétrons de átomos destes elementos. ser sintetizada e/ou substituída. A ingestão de água. principalmente. oxigênio e nitrogênio. nucleotídeos. cuja estrutura química permite o armazenamento de energia para posterior utilização em reações bioquímicas que envolvam seu consumo. poderá. Os produtos da digestão são transportados pela corrente sanguínea para os tecidos onde são incorporados às células. são obtidos a partir do ataque dos alimentos ingeridos por enzimas específicas.) pela ação das radiações leva a consequências que devem ser analisadas em função do papel biológico desempenhado pela molécula atingida. A transformação de uma molécula específica (água. e do conjunto de enzimas envolvido com todo o metabolismo celular. Moléculas de água irradiadas sofrem radiólise. as moléculas atingidas em maior número serão moléculas de água. açúcar. elementos químicos diversos etc. e o homem. Os produtos e subprodutos assim obtidos são utilizados pela célula como substrato para os mais diferentes processos. a geração de novas entidades químicas no sistema também deve ser analisada considerando seu impacto na célula irradiada. 393/1987 – Versa a respeito de adicional de periculosidade. segundo as normas do Ministério do Trabalho. »» Portaria MTE n° 1/1982 – Trata de instalações nucleares.02 – Trata dos serviços de radioproteção. Todavia.514/1977 e Portaria nº 3. Seção “Das atividades insalubres ou perigosas”. 94 34 Segundo a CRFB-88. é direito dos trabalhadores urbanos e rurais o adicional de remuneração para as atividades penosas. O trabalho em condições de periculosidade34 assegura ao empregado um adicional de 30% sobre o salário sem os acréscimos resultantes de gratificações. »» Norma CNEN NE 3. conforme estabelecido na NR-16. »» Instrução Normativa n° 45/2010 do INSS – Art. prêmios ou participações nos lucros da empresa.01 – Versa sobre as diretrizes básicas de radioproteção. inciso XXIII. »» Norma CNEN NE 3. Capítulo V. »» Portaria MTE n° 3. que trata da proteção contra radiações ionizantes.393/1987. 7°. »» Portaria MTE n° 518/2003 – Restabelece a periculosidade ao se restabelecer a diretriz inicial. »» Portaria MTE n° 25/1994 – Altera o texto da NR-9 – PPRA. far-se-ão através de perícia a cargo de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho. exclusivamente. »» Portaria MTE n° 453/1998 – O MTE recua deixando apenas como insalubre. A caracterização e a classificação da insalubridade ou da periculosidade. dada pela Portaria MTE n° 3. »» Norma Fundacentro – NHO 05 – Trata da avaliação da exposição ocupacional aos raios X nos serviços de radiologia. »» CLT – Título II.214/1978 do MTE – Anexo 7 da NR-15 – Normas regulamentadoras. em seu art.721/1956. »» Norma CNEN NE 3. 195 da CLT “art. 241. da definição das atividades perigosas exercidas em áreas de risco para fins de caracterização da periculosidade. que trata. insalubres ou perigosos na forma da lei.393/1987 do MTE acrescentou como atividades perigosas aquelas que envolvem as radiações ionizantes. 195. A caracterização do exercício de atividade insalubre ou perigosa requer a prova pericial.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS Referências normativas – Financiamento da Aposentadoria especial – FAE. »» Norma CNEN NE 6. registrados no Ministério do Trabalho”. dispõe sobre o uso dos raios x diagnósticos em todo território nacional e dá outras providências. insalubridade e periculosidade »» Convenção da OIT n° 115/1956 – Aprovada pelo Decreto n° 41. a Portaria n° 3. .03 – Trata da certificação da qualificação de supervisores de radioproteção. »» Portaria MTE n° 453/1998 – do Ministério da Saúde – Aprova o regulamento técnico que estabelece as diretrizes básicas de proteção radiológica em radiodiagnóstico médico e odontológico. conforme art. »» Lei n° 6.02 – Versa sobre licenciamento de instalações radiativas. envolvendo inflamáveis e explosivos. ....... Os limites máximos de doses permissíveis.0 mSv/semana – 500 mRem/ano .....5 mRem/h .25 mSv/h – 20 mRem/dia ... 1.02 mSv/semana – 100 mRem/ano (0.. no caso..2 mSv/dia – 100 mRem/semana ... 0.... trabalhadores. 0.... com dispositivos individuais (dosímetros) colocados sobre o corpo. A IN INSS nº 45/2010 estabelece: Art......01......... pela Resolução – CNEN 12/98. estes devem ser comparados com os limites estabelecidos pela Norma CNEN-NE-3.... 0.......0 mRem/semana .... Monitoramento de área é a avaliação e controle das condições radiológicas das áreas de uma instalação industrial.. dispõe que: Nas atividades ou operações onde trabalhadores possam ser expostos a radiações ionizantes. enquanto o monitoramento individual é o monitoramento de pessoas... são os constantes da Norma CNEN-NE3... aqueles constantes na Resolução CNEN-NE-3.01. a NR-15 faz referência à Norma do CNEN para o levantamento radiométrico é as medidas de proteção contra as radiações ionizantes. constitui hipótese de incidência tributária ao FAE (insalubre) a exposição às radiações ionizantes quando forem ultrapassados os limites de tolerância estabelecidos no Anexo 5 da 95 . 0.. incluindo medição de grandezas relativas a campos externos de radiação...004 mSv/dia – 2. contaminação de superfícies e contaminação do ar........ aprovada......0005 mSv/h – 0. em caráter experimental.. os princípios. 1...... A exposição ocupacional a radiações ionizantes dará ensejo à aposentadoria especial quando forem ultrapassados os limites de tolerância estabelecidos no Anexo 5 da NR-15 do MTE...00 mSv/ano Para trabalhadores: – 2..01..... para os demais casos.. deverá ser obedecida a metodologia e os procedimentos de avaliação constantes na NHO 05 da Fundacentro.....4 mRem/dia ....... De posse dos resultados.01: Diretrizes Básicas de Radioproteção.... Entende-se por monitoramento radiológico a medição de grandezas relativas à radioproteção para fins de avaliação e controle das condições radiológicas onde existe ou se pressupõe a existência de radiação..FATORES FÍSICOS | UNIDADE I A NR-15. ou daquela que venha substituí-la... Anexo 5.... os limites de tolerância. de julho de 1988. Parágrafo único...1 Rem) ...... 241........... Quando se tratar de exposição ao raio-X em serviços de radiologia. 0....... são os seguintes: Para indivíduos do público: – 0. Assim.. 50 mSv/ano Assim..... conforme Norma CNEN-NE-3... as obrigações e controles básicos para a proteção do homem e do seu meio ambiente contra possíveis efeitos indevidos causados pela radiação ionizante.05 mRem/h .... como visto no 2. ou seja. com a Portaria nº 518 (7. reveste-se de plena eficácia. Este é o ponto do ioiô: é o que vale hoje. mediante Portaria que inseriu a atividade como perigosa.0 do RPS. pois o rol de atividades estabelecido no anexo da NR-16 (qualitativa) é mais amplo que aquele estabelecido no Anexo IV do RPS. Tal Anexo cita os limites constantes da Norma CNEN-NE-3. a possibilidade de dupla faceta (pois.UNIDADE I | FATORES FÍSICOS NR-15 do MTE. mediante a Portaria nº 3. Interpretação restritiva do INSS Cabe a crítica ao INSS que se fechou na interpretação restritiva da natureza quantitativa (apenas insalubridade). conforme Portaria nº 518 (7. Finalmente. .0. obrigações e controles básicos para a proteção do ser humano e do meio ambiente contra possíveis efeitos indevidos causados pela radiação ionizante. radiações corpusculares: alfa. De resto. armazenamento. O trabalhador submetido a radiações ionizantes ou a substâncias radioativas tem direito à percepção do adicional de periculosidade. porquanto expedida por força de delegação legislativa contida no art. 200.0.4.01 estabelece princípios. o rol de atividades relacionado no Anexo IV do RPS é exemplificativo. Assim. deveria considerar também como periculosidade) das radiações ionizantes. Essa posição foi pacificada pelo Judiciário36. e. No caso específico dos raios X (serviços de radiologia – equipamentos emissores de raios X para fins de diagnósticos). 58 da Lei nº 8. 36 Atividade com radiação enseja adicional de periculosidade (fonte: TST. transporte ou disposição de fontes de radiação. assegurando.213/1991: “A relação dos agentes nocivos químicos. pela lei” (TST-IUJ-ERR-599325/1999. aquelas da NR-16.01: Diretrizes Básicas de Radioproteção. o expressamente descrito mandamento do presidente da República no item 2. uso. de forma expressa.2003). de dezembro de 1987.5. Os limites de exposição especificados nessa norma não se aplicam às doses resultantes de exposições médicas. Radiações ionizantes ou substâncias radioativas é periculosidade.2005). pois a regulamentação ministerial. ao que interessa neste capítulo: há incidência de FAE por uma ou por outra via. caput.2003). sobreveio a periculosidade ao se restabelecer a diretriz inicial. por exemplo. o MTE considera como periculoso. de julho de 1988. Uma terceira alteração sobreveio e restabeleceu a diretriz inicial. 12. A Norma CNEN-NE-3. inclusive. limites. Anexo 5 (Norma CNEN-NE-3. deve ser utilizada a metodologia e os procedimentos de avaliação da Fundacentro – NHO 05. conforme competência delegada do Congresso Nacional37. posse. em 2003. Em dezembro de 2002. Tem-se um ioiô35 do MTE quanto a essa matéria.6). e eletromagnéticas – raios X. o MTE recua à situação de insalubre (Portaria nº 496). 96 37 Art.0 da Figura 38. 200 da CLT só autoriza periculosidade para explosivos e inflamáveis. Decisão do Pleno do Tribunal Superior do Trabalho que aprovou a Orientação Jurisprudencial (OJ) nº 345: “a exposição do empregado à radiação ionizante ou a substância radioativa enseja a percepçãodo adicional de periculosidade. VI. pois o art. Aplica-se às pessoas físicas e jurídicas envolvidas na produção. beta e gama. a percepção do adicional de periculosidade. como. que diz: “Plenamente eficaz e sob o princípio da legalidade a portaria ministerial para a disciplina da matéria porquanto expedida em delegação outorgada. conforme apresenta a Figura 39. podendo ser inseridas outras atividades. Vinte anos depois. devem-se utilizar os limites de doses da NR-15. naturais ou de emergência. A exposição às radiações ionizantes ou substâncias radioativas nasce como insalubre. físicos e biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à integridade física considerados para fins de concessão da aposentadoria especial de que trata o artigo anterior será definida pelo Poder Executivo”.01) para as radiações ionizantes em geral. da CLT”. como deveria.4. processamento. 35 A palavra “ioiô” vem do filipino e quer dizer “volte aqui”. desprezando. O INSS não abriu.393. Critérios para aposentadoria especial.0 AGENTES FÍSICOS Exposição acima dos limites de tolerância especificados ou às atividades descritas. d) operações com reatores nucleares ou com fontes radioativas. f)  fabricação e manipulação de produtos radioativos. beta. terapêuticos e diagnósticos. O Anexo 5 da NR-15 é o único permanentemente atualizado exatamente pelo fato de não depender do tripartismo. 97 .0. 25 ANOS 2. uma vez que a radiação está presente em qualquer lugar do planeta. b) atividades em minerações com exposição ao radônio.0. 241 da IN INSS nº 45/2010. * Trata-se da presença de radiação acima dos valores encontrados no meio ambiente. Deve ser respeitado. 25 ANOS Figura 38. Detalhe de exceção.FATORES FÍSICOS | UNIDADE I 2. mas sim de um órgão técnico competente (CNEN). Figura 39. Critérios para aposentadoria especial. segundo Anexo IV do RPS. c) realização de manutenção e supervisão em unidades de extração. e não temido. Símbolo da presença de radiação*. gama e X. segundo art. aos nêutrons e às  substâncias radioativas para fins industriais. e) trabalhos realizados com exposição aos raios alfa. g) pesquisas e estudos com radiações ionizantes em laboratórios.3 RADIAÇÕES IONIZANTES a) extração e beneficiamento de minerais radioativos. tratamento e beneficiamento de minerais radioativos com exposição às radiações ionizantes. . unidade FATORES BIOLÓGICOS Ii . . possam ser tratadas eficazmente.unidade FATORES BIOLÓGICOS Ii Um agente biológico é um micro-organismo que pode causar uma infecção. carrapatos. uma alergia ou efeitos tóxicos. Entre os riscos biológicos. e. Incluem infecções agudas e crônicas. Resíduos provenientes de unidades industriais ou processos industriais designadamente aqueles em que são utilizadas substâncias. têm origem no contato com animais. regra geral. desde que estabelecido o respectivo nexo causal. destacam-se: Viroses: são as várias doenças produzidas por vírus que podem ser caracterizadas como ocupacionais. embora sejam pouco susceptíveis de serem transmitidas à comunidade e. rickéttsias. As infecções são causadas por bactérias. isto é. Os agentes biológicos diferem em termos de risco de infecção. elementos. vírus. que atuam não somente como vetores de doenças transmissíveis. parasitoses e reações alérgicas ou intoxicações provocadas por plantas e animais.). classificados como acidentes do trabalho. o que acontece é que os trabalhadores em indústrias urbanas estão mais protegidos contra os riscos do trabalho do que os trabalhadores rurais.com. As parasitoses envolvem protozoários. trabalhadores agrícolas e aqueles envolvidos no manejo de aviários. incluindo os geneticamente modificados.ebah. Por fim. enquanto outros podem causá-las. pulgas etc. <http://www. Eis os tipos: Microrganismos Alergenos de origem biológica Produtos derivados do metabolismo microbiano Os agentes biológicos podem provocar doenças do trabalho. helmintos e artrópodes. consequentemente. alergias ou intoxicações 38 SOUTO. portanto. clamídias e fungos.br/content/ABAAAAylYAE/doencas-trabalho-devidas-a-riscos-biologicos>. sendo alguns pouco susceptíveis de causar doenças. Muitas das doenças ocupacionais são zoonoses. culturas de células e os endoparasitas humanos susceptíveis de provocar infecções. existem agentes biológicos que podem causar doenças graves com um elevado risco de transmissão à comunidade e para as quais não existe um tratamento eficaz. Em geral. Algumas das doenças infecciosas e parasitárias são transmitidas ao homem por espécies de artrópodes (mosquitos. Daphnis-2012. acessado em: 7/6/2012 às 12:39h 101 . mas também como hospedeiros intermediários38. rebanhos e criação em geral podem estar sob permanente risco se medidas preventivas apropriadas não forem aplicadas. compostos ou misturas com risco de exposição a agentes biológicos perigosos tais como micro-organismos. nos seguintes grupos: »» grupo 1 – o agente biológico cuja probabilidade de causar doenças no ser humano é baixa. Transporte e Tratamento de Resíduos. meios eficazes de tratamento.com/artigos/ riscosab. sendo escassa a probabilidade de se propagar na coletividade e para o qual existem. em regra. RA. <http://www. Os agentes biológicos são classificados. »» grupo 4: individual e coletivo alto. 2012. em regra. meios eficazes de tratamento. sendo susceptível de se propagar na coletividade.39 Classificação simplificada: »» grupo 1: baixo risco individual e coletivo. sendo susceptível de apresentar elevado nível de propagação na coletividade e para o qual não existem. Riscos dos Agentes Biológicos na Recolha. 102 39 Martins. Classificação dos agentes biológicos quanto ao seu nível infeccioso. acessado em: 7/6/2012 às 12:56h .UNIDADE II | FATORES BIOLÓGICOS Os agentes biológicos com efeitos nocivos para a saúde podem encontrar-se em diversas fases do processo produtivo. »» grupo 3: individual alto / coletivo baixo. mesmo que existam meios eficazes de tratamento.demolita. Classificação dos agentes biológicos quanto ao seu nível infeccioso »» grupo 2 – o agente biológico que pode causar doenças no ser humano e constituir um perigo para os trabalhadores.html>. »» grupo 2: individual moderado / coletivo moderado. grupo 4 – o agente biológico que causa doenças graves no ser humano e constitui um risco grave para os trabalhadores. »» »» grupo 3 – o agente biológico que pode causar doenças graves no ser humano e constituir um risco grave para os trabalhadores. conforme o seu nível de risco infeccioso. duração e local da exposição. 40 Martins. que podem influenciar a forma e/ou o grau em que uma substância interatua com o organismo.html> acessado em 20120607 às 14:27h 103 . todas as atividades em que possa existir o risco de exposição a agentes biológicos classificados nos grupos de risco 2.demolita. abertura de frascos de cultura.com/artigos/ riscosab. centrifugação.demolita. »» Via ocular: gotículas. Prevenção e Nomenclatura Existem variáveis que condicionam a forma como o trabalhador é exposto aos riscos biológicos. Riscos dos Agentes Biológicos na Recolha. »» Via digestiva: pipetação. o estado físico e /ou psicológico.CAPÍTULO 6 Cuidados. RA. »» Crônica local – ocorre numa zona localizada do organismo durante um período de tempo longo. »» Via cutânea: ferimentos com agulhas e objetos cortantes. condições de trabalho (tais como temperatura. São condicionadas à trabalhadora grávida. Há ainda alguns aspectos. RA. a idade. »» Crônica sistêmica – afeta um órgão específico afastado do local da exposição.40 Para além das características intrínsecas à substância.. a alimentação. 2012. pipetagem. acessado em: 7/6/2012 às 13:44h 41 Martins. manipulação de fluidos. <http://www. a depender da via de penetração: »» Via aérea: aerossóis. pressão e umidade.com/artigos/ riscosab. microscópio. portanto. concentração. maceração de tecidos. tais como o sexo. de acordo com a legislação relativa às prescrições mínimas de proteção da segurança e saúde dos trabalhadores contra os riscos da exposição a agentes biológicos durante o trabalho41. É necessário.html>. entre elas. aerossóis. Transporte e Tratamento de Resíduos. após uma exposição curta. após uma exposição prolongada. Transporte e Tratamento de Resíduos <http://www. quantidade. falta de higiene. Riscos dos Agentes Biológicos na Recolha. 3 e 4. composição da atmosfera). 2012. fumar. as circunstâncias próprias dos indivíduos. »» Aguda sistêmica – afeta um órgão específico afastado do local da exposição. são também aspectos a ter em conta quando se avalia o risco biológico para a saúde. como fatores ambientais. distinguir as características da exposição: »» Aguda local – ocorre numa zona localizada do organismo durante um período de tempo curto. puérpera ou lactante. a atividade física etc. hepatite B. dejetos descartados e identificados como resíduos biológicos e agentes de transmissão sanguínea (cuidados universais). paracoccidioidomicose. têm-se as seguintes: »» Deposição sobre a pele seguida de propagação localizada. TBC. tétano. No campo da prevenção é importante destacar alguns itens de verificação ou procedimentos.UNIDADE II | FATORES BIOLÓGICOS Quanto à forma de transmissão. »» Penetração mediante solução de continuidade. antraz. esporotricose. . »» Inalação. »» Penetração pelas mucosas. raiva. »» Lavadeiras – dermatofitoses. HIV. ascaridíase. equipamentos de proteção individual. »» Introdução em tecido muscular ou no sangue por picada de insetos ou mordedura de animais. »» Ingestão. leptospirose. »» Jardineiro – larva migrans cutânea. »» Penetração ativa direta da biogênese patogênica. paracoccidioidomicose. tais como imunização ativa gratuita contra tétano. salmonelose. histoplasmose. Como cuidados básicos. »» Luvas em procedimentos invasivos. malária. »» Lavoura – raiva. esquistossomose. Quanto às doenças relacionadas a algumas profissões. »» Introdução em tecido muscular ou no sangue por picada de insetos ou mordedura de animais. »» Veterinário/comércio de animais – bruceloses. »» Creches – hepatite A. ascaridíase. »» Introdução no organismo com auxílio de objetos e instrumentos. têm-se: »» Dentistas – hepatites B e C. dermatofitoses. ancilostomíase. antraz. »» Médico/enfermeiro – hepatites. »» Limpeza urbana – leptospirose. »» Introdução no organismo com auxílio de objetos e instrumentos. rubéola. »» Deposição sobre a pele seguida de propagação localizada. HIV. destacam-se: 104 »» Evitar contato direto com fluidos ou secreções orgânicas. »» Construção civil – histoplasmose. difteria. as dermatofitoses. Como dermatoses ocupacionais propriamente ditas. nas mãos de balconistas de bar. em jardineiros. concorrentes ou agravantes. »» Lavar sempre as mãos com água e sabão sempre que lidar com pacientes.5% e só depois colocá-las no lixo. Nas condições descritas abaixo. amarrado. horticultores e em operários que manipulam palha 105 . »» Profissional com lesão de pele. como. Os agentes biológicos mais comuns são: bactérias. rotulá-las “contaminado”. em tratadores de animais.luvas. cobri-la com curativo. »» Coletar lixo hospitalar do em saco plástico. por exemplo. impetigo etc. em atendentes de saunas. açougueiros. colocado em novo saco plástico e incinerado. bancada ou mesa → hipoclorito de sódio 1% por 30 minutos. em manipuladores de aves. Fungos e leveduras: são exemplos a monilíase interdigital. »» Caso haja picada – pressionar para retirar o sangue. »» Usar máscara se possibilidade de contato com boca ou nariz. »» Usar coletor. leveduras e insetos. lavagem de roupas com fluidos → detergente + água a 71oC por 25 minutos. »» Recolher as agulhas → hipoclorito 0. »» Contato com a pele: lavar com sabão degermante sem escovação. peixeiros. »» Quando da limpeza da unidade e utensílios com fluido corpóreo no chão. Dermatoses As dermatites (inflamação da pele) por contato a agentes biológicos podem causar dermatoses ocupacionais ou funcionar como fatores desencadeantes. A exposição a estes agentes sem a devida proteção pode causar uma série de problemas à saúde. »» Aventais protetores se possibilidade de contato com sangue ou fluidos. produzindo complicações bacterianas. foliculites. fungos. em barbeiros. os agentes biológicos considerados também podem causar dermatoses: Bactérias: más condições de higiene pessoal associadas a traumatismos e ferimentos de origem ocupacional podem ser fatores agravantes. mencionam-se o erisipeloide de Rosenbach nos manipuladores de couro de animais. »» Usar óculos se possibilidade de contato com olhos. manipular as roupas o mínimo. lavar com sabão degermante e curativo.FATORES BIOLÓGICOS | UNIDADE II »» Contato com a boca: bochechos com água oxigenada 3%. »» Evitar picada de agulhas e lesões que provoquem soluções de continuidade. »» Não recapar as agulhas. avental e botas para lixo hospitalar. a esporotricose. contato e ingestão. Os meios de contaminação mais comuns são pela respiração. Frequência por categoria em doze meses: 14. medidas de segurança. Entende-se por serviços de saúde qualquer edificação destinada à prestação de assistência à saúde da população. e todas as ações de promoção.3% equipe de limpeza. 7 a 5 vezes mais frequentes que na população em geral). reforma e manutenção42. manutenção de máquinas e equipamentos. em qualquer nível de complexidade. são abrangidos pela norma. 24. A Enfermagem foi a mais atingida. bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.000 expostos ao HIV. Por exemplo. Esta norma tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde. recuperação.000 expostos vírus ao C. 55.5% técnicos de laboratório. lavanderias. PPRA. limpeza e conservação dos ambientes de trabalho. A definição de serviço de saúde incorpora o conceito de edificação. resíduos contaminados.controle de vetores e vigilância sanitária Pesquisa com animais Dados estatísticos Estatísticas apontam para 3 milhões de acidentes percutâneos por agulhas contaminadas por material biológico por ano. animais ou o uso de suas amostras biológicas. PCMSO. Insetos: picadas em trabalhadores que atuam em ambientes externos.1% médicos assistentes.7% entre auxiliares de enfermagem. Historicamente. metade foi em profissionais de enfermagem. Exposição acidental com 106 42 <http://www. Até a década de 1960.UNIDADE II | FATORES BIOLÓGICOS para embalagem. todos os trabalhadores que exerçam atividades nessas edificações.com/NR/nr32_riscos_biologicos. Assim. 170. atividade de limpeza. Dos mais de 100 casos comprovados de contaminação pelo HIV no mundo. incluindo. proteção radilógica e contra riscos químicos.000 expostos ao vírus B. pesquisa e ensino em saúde em qualquer nível de complexidade. 10.000.html>. a blastomicose.5% médicos residentes. As atividades de pesquisa e ensino em saúde humana compreendem aquelas que envolvem a participação de seres humanos. No Brasil a NR-32/MTE regulamenta as atividades relacionadas à saúde e segurança do trabalhador da área da saúde ao estabelecer procedimentos a serem seguidos para a prevenção dos trabalhadores que podem são expostos aos agentes biológicos. os profissionais de saúde não eram considerados de alto risco para acidentes de trabalho. 900. 44. relacionadas ou não com a promoção e assistência à saúde. em trabalhos de abertura de picadas em matas. Exemplos de instituiçoes na área de saúde: Centro de saúde e hospitais Necrotérios Laboratórios Trabalho de campo . assistência.trabalhoseguro. lavanderia. treinamento. 2. 10.4% entre internos de medicina. sob protocolo de experimentação definido e aprovado previamente.2% enfermeiros. atenção aos profissionais de laboratório de análises clínicas (hepatite B e tuberculose. . 11. 0%. só 30 (65%) notificaram43. 71. Dados do Conselho Federal de Enfermagem – COFEN. O Brasil emprega mais de um milhão de pessoas nos serviços de saúde. Wilburn et al 2004 WHO (2002) Prevention of hospital-acquired infections: a practical guide.7%) se comparado ao risco da hepatite C (4% a 10%) e hepatite B (20% a 30%). Parte do corpo atingida: mão – 76. nas roupas sujas – 11. Brasil. Ministério da Saúde. Do total de acidentes com exposição a material biológico. no chão – 16%. A maioria dos acidentes com perfurocortantes aconteceu com agulha descartada em local impróprio: no lixo comum – 51.8%. <http://site.6%.2%. Representação no Brasil da OPAS/OMS.. 2002.FATORES BIOLÓGICOS | UNIDADE II sangue contaminado: Risco baixo para HIV (0. perna – 10.portalcofen.OMS.3%. É o grupo mais numeroso dos serviços de saúde e que têm maior contato direto com os pacientes. 2nd edition.5%. Malta: WHO. A equipe de enfermagem é a mais exposta ao material biológico. Índice por categoria profissional: pessoal de laboratório – 24. Acessado em: 7/6/2012 às 23:24h 107 . pé – 4. médicos – 20. 580 p. pessoal de limpeza – 18. 43 Ministério da Saúde (2001) Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde. Wilburn et al. Acidentes com material biológico atingiram aproximadamente cerca de 50% desses trabalhadores: 200 a 500 mil trabalhadores. Brasília: Ministério da Saúde. Os tipos e frequência de procedimentos realizados favorecem a exposição. os que envolvem perfurocortantes ficam por volta de 80%: 160 a 400 mil trabalhadores. Acidentes com material perfurocortante: 46% trabalhadores. Série A: Normas e Manuais Técnicos.gov.Dados da World Health Organization .9%. 2004. pessoal de enfermagem – 23.5%. 72 p.9%.1% a 0.02.br/node/7746>.2% dos acidentes com perfurocortantes ocorrem entre os profissionais de enfermagem. conforme determina o art. expõem os trabalhadores à ação nociva de micro-organismos (fungos. relacionando apenas atividades. O EST responsável pela elaboração de laudo técnico deve ficar atento à existência de acordos coletivos que determinam o pagamento obrigatório do adicional de insalubridade para algumas atividades. na primeira página da NR-16 (talvez tenha havido uma pequena falha tipográfica na Portaria nº 3. decorre enorme confusão interpretativa por parte das empresas. O adicional de insalubridade. vírus e outros). tão pouco. gravidez! As características de agudeza (não crônica). 195 da CLT. por isso se cumpre. sendo imponderáveis os agentes. mas é o que remanesce nesta senil norma. Desse vício original insuperável. bactérias. apresenta uma situação em que não se podem estabelecer critérios quantitativos nem. também agrupados pelo grau de risco. jamais insalubres. e não. Talvez por isso o legislador tenha tratado de forma excepcional o fator de risco biológico no Anexo IV do RPS ao listar exaustivamente (e não exemplificativamente. uma lista interminável de agentes de insalubridade. inclusive.214/1977 que remanesce até hoje) –. Reafirme-se que os agentes biológicos não deveriam ativar norma de insalubridade e muito menos de aposentadoria especial. neste caso. 108 . Há ou não a infecção. caracterizada pela avaliação qualitativa. A insalubridade por agentes biológicos. como. em razão da exposição destes trabalhadores aos agentes biológicos durante o manuseio do lixo. A relação com as atividades que ensejam adicional de insalubridade está descrita no Anexo 14 da NR-15 (agentes biológicos).CAPÍTULO 7 Referências normativas – Fin. para o Fisco cobrar FAE e para o INSS. da Aposentadoria Especial – FAE. porteiros de condomínio e lixeiros. agentes. nem se engravida lentamente. por exemplo. Ele apresenta uma lista de atividades que. médio ou máximo. forma comum e geralmente aceita) as atividades que dariam ensejo à especial. dos sindicatos e do INSS. potencialmente. A validade serve. mediante elaboração do laudo técnico pericial. O perfurocortante contaminado por hepatite ou HIV não infecciona aos pouquinhos. ou seja. dos agentes biológicos. O Anexo 14 da NR-15 trata. a caracterização das atividades do trabalhador pode ser realizada tanto por engenheiro de segurança quanto por médico do trabalho. especificamente. insalubridade e periculosidade Eis aqui mais uma situação no mínimo esdrúxula que é típica da obsoleta e anacrônica NR-15. de imprevisibilidade e de incerteza típicas da periculosidade tornam os agentes biológicos intrisecamente periculosos. Por ser uma avaliação qualitativa. de forma genérica. assemelha-se muito mais aos critérios que norteiam a caracterização da periculosidade: a atividade em si determina o risco. esdrúxula e inapropriada – pois deveria estar na página seguinte da NR-15. atendentes de ambulatórios e hospitais. portaria do Ministério da Saúde. na abordagem técnica e legal do Anexo 14 (NR-15). febre amarela. Trabalho e Previdência Social. com alto potencial de provocar doenças nos trabalhadores. instalações e condições limites de operação e de segurança do ambiente e dos trabalhadores em unidades de esterilização de materiais. e. enfermeiras. Porém. número: 325989. Adicional de insalubridade. comprimindo à atividade caráter não previsto pelo Anexo 14 – NR-15” (tipo: RR. tendo em vista tratar-se a hipótese de lixo urbano. 45 O texto da Orientação Jurisprudencial no 4 do TST dispõe: I . número: 298426. Entre as ações preventivas citadas anteriormente. art. que a atividade de limpeza de banheiros. fala-se de atividades especificamente definidas e enquadradas pelo anexo. A medida preventiva mais eficiente para exposição a este agente é a ação preventiva. não bastando a constatação por laudo pericial.br/boletim23. Operação e Controle –PMOC. um Plano de Manutenção. destacamos uma. II . tuberculose. Exige que seja implementado e colocado disponível. a higienização de aparelhos de ar condicionado passou a ser um item de atenção dos profissionais de segurança. O óxido de etileno puro é um gás altamente inflamável. O fato de o reclamante ter adquirido dermatose é irrelevante para o direito ao adicional de insalubridade. As doenças mais frequentes causadas por estes agentes são: infeções.Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional. 46 Desde a publicação da Portaria no 3. podendo ser misturado com outros gases.htm> acessado em 20120607 às 20:44h. <http://marfimmed. 4. no entendimento do legislador. 190. com atenção para os seguintes aspectos: vacinação. Adicional de insalubridade – coleta de lixo – lixo urbano. entre outras. apesar de não serem inflamáveis. apresentam maior risco devido ao contato com micro-organismos encontrados nos ambientes e nos equipamentos utilizados no exercício do trabalho. sendo necessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho. febre tifoide. Histórico. manuseio. “Inviável a condenação ao pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo para atividades relacionadas à higienização de sanitários. bem como a ressalva à atividade de recolhimento de lixo doméstico45. ano: 1996). brucerose. Recomenda-se a leitura da Portaria Intermisterial nº 4 do Ministério da Saúde.FATORES BIOLÓGICOS | UNIDADE II As atividades relacionadas são aquelas que. como. não é considerada atividade insalubre44. merecendo cuidados especiais quanto ao seu manuseio. porque não se encontram dentre as classificadas como lixo urbano na Portaria do Ministério do Trabalho. açougueiros. até mesmo. não há. quando esses equipamentos encontram-se instalados em locais onde sejam exercidas atividades previstas 44 Há jurisprudência firmada a esse respeito: Tribunal Superior do Trabalho. ventilação e controle médico. Abaixo algumas sentenças provenientes de diversas Juntas de Conciliação e Julgamento: “Não se pode deferir adicional de insalubridade em grau máximo para aqueles prestadores de serviços que exercem suas atividades em faxinas ou limpezas de sanitários e pátios. tétano. que estabeleceu normas técnicas para uso. esterilização. 109 . trabalhadores em cortumes. Necessidade de classificação da atividade insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho. Os trabalhadores diretamente envolvidos com estes agentes são: médicos. sob pena de equiparar lixo domiciliar com lixo urbano. ainda sobre o adicional de insalubridade. cadastro. Essas misturas.523/1998. tecnicamente e por definição. A Portaria ministerial exige apenas atividades e cuidados básicos de manutenção e limpeza e não leva em consideração limites de aceitabilidade e tolerância (LT). por exemplo. em outras palavras. ano: 1996). mas não dispara norma tributária. em especial. não constitui fato gerador de obrigação jurídica tributária (pagar FAE). lixeiros. pelo processo que utiliza gás óxido de etileno e suas misturas. bem como pré-requisitos de projeto. CLT. que possui em sua composição agentes biológicos diversos de resíduos hospitalares” (tipo: E-RR. É possível constatar que. para fins de fiscalização. é claro. A doença profissional pode dar direito a benefício por incapacidade pelo INSS e indenização (ação civil). há direito à incidência de FAE e percepção do adicional. caso contrário. Precisa ser feita uma perícia no local para se verificar se houve (há) contato com agentes listados na NR15. que é a esterilização por óxido de etileno e suas misturas. continuam sendo tóxicas. ainda que constatadas por laudo pericial. agricultores. os agentes biológicos que contaminam dutos de ar condicionado seriam os mesmos citados na definição da NR-9.com. dentistas. O tema limpeza de ar condicionado46 não está inserido na exação tributária (FAE) a não ser. Cabe destacar. pelo Ministério da Saúde. Se a situação de trabalho está prevista na legislação. higiene pessoal. gases halogenados ou dióxido de carbono para minimizar este risco. coveiros e veterinários. uso do equipamento de proteção individual. na NR-15.A limpeza em residências e escritórios e a respectiva coleta de lixo não podem ser consideradas atividades insalubres. há aqui um pequeno desacoplamento da aposentadoria especial com o adicional de insalubridade. Quadro Sinóptico para Agentes Nocivos Considerados para Aposentadoria Especial � Agente nocivo Metodologia de avaliação Limites de tolerância Forma de avaliação Biológicos Inspeção no local de trabalho. Não há LT Qualitativa – sem levantamento ambiental de acordo como o Anexo 14 da NR-15.0 Biológicos: exposição aos agentes citados unicamente nas atividades relacionadas. 110 47 RPS/Anexo IV/classificação dos agentes nocivos – 3. Agentes biológicos – critérios para aposentadoria especial.1 Micro-organismos e parasitas infectocontagiosos vivos e suas toxinas – 25 anos. já que o Anexo IV do RPS47 relaciona atividades com exposição a agentes biológicos de forma mais restritiva que a NR-15. Atividades exclusivamente descritas no Anexo IV do RPS. .0. Figura 40.UNIDADE II | FATORES BIOLÓGICOS no enquadramento acima para insalubridade de grau máximo e médio. Logo. 3. Só agentes biológicos infectocontagiosos relacionados exclusivamente no anexo IV do RPS.0. unidade FATORES QUÍMICOS Iii . . bem como nas atividades mencionadas nos Anexos 6. Destaca-se que.1). 13 e 14 (conforme item 15. ao se definir as atividades ou operações insalubres. Assim. bem 113 . Atualmente há um nivelamento de critérios: insalubre é especial! O § 11 do art. pois levou a cabo uma enorme simplificação ao alinhar para a mesma situação fática a subsunção de normas autônomas e independentes.1. amiúde. mas não o fez. poderia a legislação tributária e previdenciária dispor de modo diverso.2). bem como a metodologia e os procedimentos de avaliação estabelecidos pela Fundacentro. por via de consequência científica e jurídica.1. 238 da IN INSS nº 45/2010. de 2010. Os procedimentos técnicos de levantamento ambiental. a legislação trabalhista é usada como parâmetro (limite e método) de aferição das condições especiais em que o trabalho é prestado para fins de concessão do benefício previdenciário da aposentadoria especial. ressalvada disposição em contrário.1 a 15. de forma a propiciar ao EST capacidade crítica de interpretação e avaliação. deverão considerar: I . inclusive jurídicas. considera insalubre as atividades ou operações que se desenvolvem acima dos limites de tolerância para os Anexos: 1. 3. Disso decorre que. louvável atitude do Poder Executivo federal. alinhando-se com a legislação previdenciária e tributária. A União Federal. item 15. 238 da IN INSS/PRES n° 45. e II . 5. faz-se aqui um resumo executivo a partir das normas de referência para os fatores químicos. O entendimento relativo à interpretação dos critérios de ocorrência do fator gerador da contribuição previdenciária destinada ao custeio da aposentadoria especial a ser declarada em GFIP pela empresa.3 da NR-15 com o art. como normas autônomas.1. determina que as avaliações ambientais deverão considerar a classificação dos agentes nocivos e os limites de tolerância estabelecidos pela legislação trabalhista. nivelou (equalizou) os requisitos e procedimentos para fins de concretude do fato gerador de insalubridade da legislação trabalhista com aqueles tributários (FAE) e previdenciários (redução do tempo de contribuição). 68 do RPS. com ênfase em determinadas situações e aplicações. está. 11 e 12 (conforme item 15.os limites de tolerância estabelecidos pela NR-15 do MTE. 2.882/2003. Em verdade.a metodologia e os procedimentos de avaliação dos agentes nocivos estabelecidos pelas Normas de Higiene Ocupacional – NHO da Fundacentro. quando equaliza os itens 15. é bom esclarecer alguns pontos. em respeito ao princípio da eficiência. A NR-15. portanto. à desburocratização e ao ordenamento jurídico existente. redação dada pelo Decreto nº 4.1. Art. porém.1. Antes.unidade FATORES QUÍMICOS Iii Aprofundando os conhecimentos adquiridos em HTI. 1).882/2003. 114 . conforme visto nos fatores de risco biológicos.048/1999. 11 e 12 (conforme item 15. 3. bem como as atividades mencionadas nos Anexos 6. que dispõe em seu item 15.213/1991 e do Decreto nº 3.UNIDADE III | FATORES QUÍMICOS como ensejadores da respectiva concessão pelo INSS.2). 5.1.212 e 8.1 serem insalubres as atividades ou operações que se desenvolvem acima dos limites de tolerância para os Anexos 1. 2.882/2003 foi revolucionário: nivelou os limites de tolerância para aposentadoria especial com aqueles estabelecidos na NR-15 do MTE. à luz das Leis nº 8. 13 e 14 (conforme item 15. O Decreto nº 4.1. com alteração dada pelo Decreto nº 4. Registre-se que há exceções. 067/1998 do MTE – Normas Regulamentadoras Rurais – NRR-5 – Produtos químicos.253. »» Instrução Normativa n° 45/2010 do INSS – Art. de 3.802/1989 – Agrotóxicos. 243. Anexo IV – RPS.1994 – Benzeno. 115 . aprovada pelo Decreto nº 2. »» OIT – Convenção n° 148/1986. »» Portaria MTE nº 22/1994 – Limites de tolerância para poeiras de asbesto. aprovada pelo Decreto nº 1. ruído e vibrações. »» Lei n° 6. »» Portaria MTE nº 14/1995 – Exposição ocupacional ao benzeno. insalubridade e periculosidade »» OIT – Convenção n° 170/1998.514/1977 e Portaria nº 3. »» Lei n° 5. »» OIT – Convenção n° 162/1990.1990 – Asbesto.889/1973 e Portaria n° 3. »» Portaria MTE nº 34/2001 – Protocolo para utilização de indicador biológico da exposição ocupacional ao benzeno.413/1986 – Meio ambiente de trabalho – Contaminação do ar. da Aposentadoria Especial – FAE.1998 – Produtos químicos. de 27. 13 e 13-A da NR-15 – Normas regulamentadoras. »» OIT – Convenção n° 136/1994.CAPÍTULO 8 Referências normativas – Fin. aprovada pelo Decreto n° 92. aprovada pelo Decreto nº 157/1991 – Prevenção e controle dos riscos profissionais causados por substâncias cancerígenas. »» CLT – Título II – Capítulo V – Seção “Das atividades insalubres ou perigosas”.5. aprovada pelo Decreto nº 126. »» Decreto n° 3.657.7. »» OIT – Convenções n° 139 e 147.214/1978 do MTE – Anexos 11. »» Portaria MTE nº 8/1992 – Limites de tolerância para o manganês e seus compostos. de 22. 12. »» Lei n° 7. »» Portaria MTE n° 25/1994 – Altera o texto da NR-9 – PPRA.9.048/1999. petróleo e seus derivados. »» Fundacentro – NHO 07 – Calibração de bombas de amostragem individual pelo método de bolha de sabão. A presença desses agentes químicos no ambiente de trabalho oferece um risco à saúde dos trabalhadores. »» Fundacentro – NHT-13 – MA – Determinação gravimétrica de aerodispersoides. »» Fundacentro – NHT 08 – GV/E – Avaliação da exposição ocupacional a solventes orgânicos. tintas e vernizes por cromatografia gasosa/detector de ionização de chama. »» Fundacentro – NHO 03 – Poeiras respiráveis inaláveis – Análise gravimétrica de aerodispersoides sólidos coletados sobre filtros de membrana. »» Ordem de serviço OS/INSS nº 607/1998 – Aprova norma técnica sobre intoxicação ocupacional ao benzeno. Muitas dessas substâncias são encontradas na natureza. »» Fundacentro – NHO 02 – Análise qualitativa da fração volátil (valores orgânicos) em colas. ou são produzidas artificialmente. 116 . »» Normas NIOSH – Normas de avaliação de higiene ocupacional. por exemplo. »» Fundacentro – NHT 05 – Avaliação da exposição ocupacional a agentes químicos pelo método colorimétrico. »» Manual ACGIH – Limites de exposição aplicados à indústria. Nas mais diversas atividades industriais se encontram a presença e a utilização de inúmeras substâncias químicas como matéria-prima e insumos ou como produto final. produtos sintéticos. necessariamente. fibras vítreas e de cerâmicas respiráveis em suspensão no ar. que estes trabalhadores venham a contrair uma doença do trabalho. como. »» Instrução Normativa n° 2/1995 – Vigilância da saúde dos trabalhadores na prevenção da exposição ocupacional ao benzeno. »» Fundacentro – NHT-14 – MA – Determinação quantitativa de sílica livre cristalizada por difração de raio X. »» Norma ABNT – NBR 14725 – Ficha de informações de segurança de produtos químicos. »» Fundacentro – NHO 04 – Coleta e análise de fibras de amianto/asbesto. por exemplo. Contudo.UNIDADE III | FATORES QUÍMICOS »» Instrução Normativa n° 1/1995 – Avaliação das concentrações de benzeno em ambiente de trabalho. como. o fato de estarem expostos a estes agentes agressivos não implica. por processos químicos. Ex. no caso das poeiras. Estas constituem a chamada fração respirável. 117 . celulose de chumbo etc. comumente. naturais ou sintéticas. Como substância pura. são formados por dispersão de partículas sólidas ou líquidas no ar. é líquida ou sólida. transporte. »» Neblinas: partículas líquidas produzidas por condensação de vapores de substâncias que são líquidas à temperatura normal.: hidrogênio. oxigênio. Ex. em regra. As soluções podem representar um risco tanto pelo solvente quanto pela substância dissolvida. já que podem ingressar. que pode variar entre um limite superior. As partículas sólidas de maior risco são aquelas com menos de 5 µ. pela inalação. e que o tempo de exposição a essa concentração ou intensidade seja suficiente para uma atuação nociva destes agentes sobre o organismo humano. de tamanho reduzido. a 25°C e 760 mmHg. em condições normais de pressão e temperatura (25°C e 760 mmHg).: fumos metálicos oriundos da soldagem de peças. armazenamento e uso. »» Fumos: partículas sólidas produzidas pela condensação ou oxidação de vapores de substâncias que são sólidas à temperatura normal. é necessário que estejam acima de uma determinada concentração ou intensidade. de forma geral.5 e 0.: poeiras de sílica. uma solução ou uma suspensão. de naftalina. manuseio. Vapores: fase gasosa de uma substância que. que. estão no estado gasoso. nitrogênio.: pulverização ácida. As partículas maiores que 5 µ são retidas no aparelho respiratório superior ou nos cílios da traqueia. entre 100 a 200 µm. Classificação pela forma: os aerodispersoides. visíveis apenas ao microscópio. é imprescindível reconhecê-los e realizar avaliações quantitativas desses agentes nocivos nos ambientes de trabalho. o tamanho da partícula varia. até um limite inferior da ordem de 0. »» Névoas: partículas líquidas produzidas por ruptura mecânica de líquidos. a fim de quantificar a exposição dos trabalhadores e adotar as devidas medidas de controle. Gás: denominação dada às substâncias que. deve-se ter presente que a inalação de uma partícula líquida pode significar uma evaporação posterior e produzir ao nível dos alvéolos pulmonares uma concentração elevada de vapores.5 µm. Em aerossóis formados por condensação (fumos). dependendo o possível dano das características de cada uma delas. Ex. Os aerodispersoides líquidos podem estar presentes no ambiente em forma de substâncias puras. Entre os aerodispersoides estão: »» Poeiras: partículas sólidas produzidas por ruptura mecânica de sólidos.: vapores de água. com a consequente possibilidade de passar ao sangue e ao resto do organismo. Assim. até os pulmões. podem dispersar-se no ar em quantidade que pode causar danos à saúde das pessoas expostas. durante a fabricação. Ex. entre 0. Os agentes químicos podem ser classificados pela forma como se apresentam e pelos efeitos no organismo humano. não muito bem definido. Os gases e vapores também fazem parte dessa classificação. Os agentes químicos são definidos como substâncias inorgânicas ou orgânicas.FATORES QUÍMICOS | UNIDADE III Para que os agentes químicos causem danos à saúde.001 µ. Ex. de gasolina. Por outro lado. tintas e vernizes por cromatografia gasosa/detector de ionização de chama. Fundacentro – NHO – 04 Coleta e análise de fibras de amianto/asbesto.UNIDADE III | FATORES QUÍMICOS Os agentes químicos que não foram inseridos no Anexo IV do RPS (devido ao fato de o rol desses agentes ser exaustivo pelo referido anexo) e não possuam limites de tolerância pela NR-15 não são fatos geradores do FAE. fibras vítreas e de cerâmicas respiráveis em suspensão no ar. Asbesto – Fundacentro – NHO – 04 Coleta e análise de fibras de amianto/asbesto. fibras vítreas e de cerâmicas respiráveis em suspensão no ar. Quadro Sinóptico para Agentes Nocivos Considerados para Aposentadoria Especial Agente nocivo Metodologia de avaliação Limites de tolerância Forma de avaliação Anexo 11 da NR 15 Quantitativa – levantamento ambiental Fundacentro – NHO-02 Agentes químicos Análise qualitativa da fração volátil (Valores Orgânicos) em colas. Sílica livre = Ver fórmulas no item IV.0 f/cm3 a partir de 30/11/91 Poeiras minerais Sílica livre cristralizada ou quartzo e de manganês – Fundacentro – NHO –03 – poeiras respiráveis inaláveis Anexo 12 da NR – 15 Análise gravimétrica de aerodispersóides sólidos coletados sobre filtros de membrana. Agentes químicos e poeiras minerais – critérios para aposentadoria especial e adicional insalubridade. Devem sim ser avaliados mediante inspeção no local de trabalho. esses agentes químicos não são considerados insalubres por avaliação (no caso. apresentam-se capítulos para identificar na NR 15 os respectivos LT. Anexo 12 da NR – 15 Poeiras de Asbesto crisolita = 4. Na sequência.0 f/cm3 até 29/11/91 Quantitativa – levantamento ambiental Poeiras de Asbesto crisolita = 2. qualitativa) pela NR-15 pelo fato de estarem relacionados no Anexo IV do RPS.6 Quantitativa – levantamento ambiental Poeiras de Manganês e seus compostos = 5mg/m3 Figura 41. definições e características dos fatores de risco químicos 118 . durante a sua vida laboral”. além do EPI necessário à eventual proteção de outras partes de corpo. »» Valor teto para algumas substâncias. conforme o anexo. exigem. portanto. conforme NR-15. relacionada com a natureza e o tempo de exposição ao agente físico/químico. FD = fator de desvio). na sua manipulação. »» Não estabelece critérios para medições. 119 . Absorção pela pele: os agentes químicos podem ser absorvidos por via cutânea e. cujo resumo segue abaixo Figura 42.CAPÍTULO 9 NR-15 – Anexo 11 Limite de tolerância “é a intensidade/concentração máxima. Algumas características são: »» LT para jornada de 48 horas semanais. o uso de luvas adequadas. devendo ser menor ou igual a 18% em volume. que não causará danos à saúde da maioria dos trabalhadores expostos. »» Asfixiantes simples: avalia-se o teor de oxigênio do ambiente. Indicado na tabela para cada substância. »» Valor máximo associado aos limites – tipo média ponderada (VM = LT x FD. Limites de tolerância a agentes químicos. Fonte: NR . devendo respeitar um valor máximo que não pode ser ultrapassado.: essas oscilações para cima não podem ser indefinidas. desde que sejam compensados por valores abaixo dele. a concentração mínima de oxigênio deverá ser 18% em volume. Limite de tolerância valor teto: representa uma concentração máxima que não pode ser excedida em momento algum da jornada de trabalho. Fator de desvio para substâncias que têm limites de tolerância. Indicado na tabela na coluna relativa ao valor do limite de tolerância. nos ambientes de trabalho. isto é. acarretando uma média ponderada igual ou inferior ao limite de tolerância.15. Obs. Figura 43. Esse valor máximo é obtido por meio da aplicação do fator de desvio a seguir descrito: Valor Máximo = LT x FD Observar: quando não há indicação de valor teto é considerado do tipo média ponderada no tempo. Anexo 11. em presença dessas substâncias. Limite de tolerância média ponderada: representa a concentração média ponderada existente durante a jornada de trabalho. MTE 120 .UNIDADE III | FATORES QUÍMICOS Asfixiante simples: determina que. Indicado na tabela para cada substância. podemos ter valores acima do fixado. A concentração de poeira: será obtida por meio da seguinte fórmula: (mg/m³) Em que: C = concentração de poeira. Observa-se. »» Poeiras minerais contendo sílica livre cristalizada e poeiras não classificadas de outra forma – Poeira total: é toda poeira em suspensão existente no ambiente de trabalho: são as poeiras respiráveis e não respiráveis. Nas avaliações para verificação do dano à saúde. em mg e Va = volume da amostragem. Ma = massa da amostra coletada. que o conceito de poeira respirável é baseado na sua capacidade de penetração no trato respiratório. em m³. »» Não estabelece critérios para medições. pois representam aquelas partículas que penetram nos pulmões. A norma brasileira estabelece a atividade como insalubre quando quaisquer dos limites de tolerância forem ultrapassados. manganês e SiO2).CAPÍTULO 10 NR-15 – Anexo 12 Características: »» LT para poeiras minerais (asbestos. portanto. Anexo 12 da NR-15. as amostragens de poeira respirável são recomendáveis. »» Poeira respirável: é aquela cujo diâmetro equivalente é menor que dez micrometros e que obedece à curva de porcentagem de penetração na região alveolar de acordo com o quadro do item 4. em mg/m³. Cálculo do limite de tolerância: Poeira total: (mg/m³) Poeira respirável: (mg/m³) 121 . clorídrico. sulfúrico.2 l/min a 0. fosfórico e fluorídrico) 122 Método NIOSH 7903 – cromatografia de íons Amostrador: tubo de sílica gel de 400/200 mg referência SKC 226-10-03 Vazão de amostragem: de 0.CAPÍTULO 11 Resumos de métodos – gases e vapores A seguir um resumo das referências técnicas caso o EST necessite executar avaliação para algum tipo de fator de risco químico.5 l/min Volume de amostragem: mínimo de 3 l e máximo de 100 l . tolueno. xileno e outros) Método: NIOSH 1501 – cromatografia a gás Amostrador: tubo de carvão ativo de 100/50 mg referência SKC 226-01 Solvente: dissulfeto de carbono Vazão de amostragem: conforme tabela a seguir Volume de ar amostrado: conforme tabela a seguir Brancos de campo recomendados: 10% do número de amostras Condicionamento para transporte: de rotina Estabilidade: não determinada Ácidos inorgânicos (nítrico. Hidrocarbonetos aromáticos (benzeno. bromídrico. 02 l/min Volume de ar amostrado: máximo de 4 l Brancos de campo recomendados: 10% do número de amostras (encher um balão fora da área em avaliação) Condicionamento para transporte: proteger o balão de amassamento Estabilidade: não determinada (analisar o mais breve possível) Fenol e cresóis (fenol.2 l/min Volume de ar amostrado: mínimo de 5 l e máximo de 24 l a 5 ppm Brancos de campo recomendados: 10% do número de amostras Condicionamento para transporte: de rotina Estabilidade: pelo menos 7 dias a 25°C Anidrido acético Método NIOSH 3506 – espectrofotometria de absorção no visível Amostrador: Impinger com 10 ml solução de cloridrato de hidroxilamina e hidróxido de sódio (usar no prazo de duas horas) Vazão de amostragem: de 0.2 l/min a 1 l/min Volume de ar amostrado: mínimo de 25 l e máximo de 100 l Brancos de campo recomendados: 10% do número de amostras Condicionamento para transporte: proteger contra quebra Aerodispersoides/fibras particulados não regulamentados de outra forma – total Método: NIOSH 0500 – gravimétrico Amostrador: cassete com filtro de PVC com porosidade de 5. o-cresol. pré-pesado em microbalança eletrônica com sensibilidade de 0.3 l/min.: a vazão máxima para o ácido fluorídrico é de 0.01 l/min a 0.0 l/min a 2.0 l/min 123 . p-cresol e m-cresol) Método NIOSH 2546 – cromatografia de gás Amostrador: tubo de resina XAD-7 de 100/50 mg referência SKC 226-95 Vazão de amostragem: de 0.0 micrometros. GLP (gás liquefeito de petróleo) (análise disponível) Método NIOSH S93 Modificado – cromatografia de gás Amostrador: Balão de Tedlar de 5 l Vazão de amostragem: mínima de 0.FATORES QUÍMICOS | UNIDADE III Brancos de campo recomendados: 10% do número de amostras Condicionamento para transporte: de rotina Estabilidade da amostra: estável Obs.001 mg referência Gelman 66467 Vazão de amostragem: de 1. : a fim de comparar o resultado de poeira total com o limite estabelecido pela NR-15.7 l/min Volume de ar amostrado: mínimo de 400 l e máximo de 800 l Brancos de campo recomendados: 10% do número de amostras Condicionamento: de rotina Estabilidade: não determinada Obs.7 l/min Volume de ar amostrado: mínimo de 20 l a 5 mg/m3 e máximo de 400 l Brancos de campo (obrigatório): 10% do número de amostras Condicionamento para transporte: de rotina Estabilidade: não determinada Obs. com possível prejuízo do resultado. é necessária a determinação de poeira respirável e poeira total.45 micrometros a 1. Asbestos e outras fibras Método: NIOSH 7400 – microscopia (este método não permite a identificação das fibras) Amostrador: cassete condutivo com filtro de éster de celulose de 25 mm e porosidade de 0. A falta dessa informação implica o não tratamento da amostra. calcita (acima de 20% da massa de poeira).001 mg referência Gelman 66467 Vazão de amostragem: 1. pré-pesado em microbalança eletrônica com sensibilidade de 0. grafite e silicatos. pode ser necessária a determinação de sílica livre cristalina. É necessária também a determinação da poeira respirável.: a fim de determinar o limite conforme a NR-15.0 micrometros. Sílica Livre Cristalina Método: NIOSH 7602 – espectrofotometria de infravermelho Amostrador: cassete com filtro de PVC com porosidade de 5.: a fim de comparar o resultado de poeira respirável com o limite estabelecido pela NR-15. Nota: o solicitante deve informar se a amostra pode conter os seguintes materiais que constituem interferentes e deverão ser removidos durante a análise: sílica amorfa. Particulados não regulamentados de outra forma – respirável Método: NIOSH 0600 – gravimétrico Amostrador: ciclone com cassete com filtro de PVC com porosidade de 5.0 micrometros. pré-pesado em microbalança eletrônica com sensibilidade de 0. É necessária também a determinação da poeira total.001 mg referência Gelman 66467 Vazão de amostragem: 1.UNIDADE III | FATORES QUÍMICOS Volume de ar amostrado: mínimo de 7 l a 15 mg/m3 e máximo de 133 l Brancos de campo (obrigatório): 10% do número de amostras Condicionamento para transporte: de rotina Estabilidade: não determinada Obs. pode ser necessária a determinação de sílica livre cristalina.2 µm referência SKC225-3-23 Solvente: acetona 124 . Poeira de algodão Método: NIOSH publicação DHHS n° 75-118 – amostragem com Elutriador Vertical Amostrador: cassete de três seções com filtro de PVC com porosidade de 5.552 l (de 6 a 8 horas) Brancos de campo recomendados: 10% do número de amostras Condicionamento para transporte: de rotina Estabilidade: não determinado Metais Método OSHA – ID 121 Espectrofotometria de absorção atômica Amostrador: cassete com filtro de éster de celulose de 0.FATORES QUÍMICOS | UNIDADE III Vazão de amostragem: de 0.300 fibras/mm2 Brancos de campo recomendados: 10% do número de amostras Condicionamento para transporte: acondicionar em caixa rígida para evitar amassamento (não usar espuma de poliuretano) Estabilidade: estável Obs.: essa análise é realizada em laboratório subcontratado e tem prazo de retorno de 20 dias. A aceitação para análise está condicionada ao mínimo de três amostras.4 l/min Volume de ar amostrado: mínimo de 2.001 mg referência Gelman 66467 Vazão de amostragem: 7.664 l e máximo de 3. máximo.8 micrometros referência SKC 225-19 Vazão de amostragem: de 1 l/min a 4 l/min Volume de ar amostrado: mínimo 480 l e máximo de 960 l Brancos de campo recomendados: 10% do número de amostras Condicionamento para transporte: de rotina Estabilidade: estável 125 . pré-pesado em microbalança eletrônica com sensibilidade de 0.0 micrometros. ajustar a vazão e o tempo de coleta para obter de 100 fibras/mm2 a 1.5 l/min a 16 l/min Volume de ar amostrado: mínimo de 400 l. foi incluído o benzeno no Anexo 13 da NR-15 e estabelecidos os procedimentos para a prevenção da exposição ocupacional a esta substância. relativa a humanos expostos. armazenagem. criação de um valor de referência tecnológico (VRT) definido como a concentração de benzeno no ar atmosférico considerada exequível do ponto de vista técnicoeconômico. Apêndice A – carcinogênicos O Comitê de Limites de Tolerância de Substâncias Químicas da ACGIH classifica certas substâncias encontradas em ambientes de trabalho como carcinogênicas nas seguintes classes.CAPÍTULO 12 NR-15 – Anexo 13 Características: »» Atividade com insalubridade caracterizada por laudo de inspeção. expostas resumidamente: A1 – Carcinogênico humano confirmado – baseado em evidências epidemiológicas ou clínica. »» Exemplo: pintura com tintas ou vernizes contendo hidrocarbonetos aromáticos. do MTE. NR-15 – Anexo 13-A Características: »» Regulamentação do uso do benzeno: Portaria nº 14. inclusão do controle obrigatório do benzenismo nos trabalhadores em atividades de produção. »» São casos que não possuem lts definidos nos demais anexos. também estabeleceu: ›› ›› ›› a classificação da substância benzeno como carcinogênico ocupacional (intolerável). 126 . de 20 de dezembro de 1995. transporte. Entre outros aspectos. que não substitui o LT. ou que utilizam ou manipulam o produto benzeno ou misturas líquidas contendo 1% ou mais de volume de benzeno. Estes podem demorar a aparecer ou se manifestar em outras gerações (filhos. isto é. a formação de tumores benignos ou malignos (câncer). Neste caso. Mulheres dependentes de álcool e que bebem durante a gravidez podem provocar alterações na criança. existem substâncias que provocam danos em determinados pontos do corpo. Há ainda os seguintes conceitos: Mutagênese – é uma modificação na célula. Teratogênese – efeito provocado no feto quando a mulher grávida expõe-se a tóxicos. olhos etc. mutação e teratogênese são efeitos probabilísticos. Dados epidemiológicos não confirmam risco aumentado em humanos. vírus. netos. vinte. O período de incubação pode durar dez. Pode ser causado por substâncias químicas. Câncer – a célula muda sua forma e função e passa a se reproduzir de modo descontrolado. porque se concentram na urina. Outro exemplo é o das mulheres que tomaram talidomida durante a gravidez e os filhos nasceram com defeitos nos braços. raios x. exceto sob condições excepcionais dos parâmetros. A4 – Não classificável como carcinogênico humano – não há dados adequados que possam redundar na classificação da carcinogenicidade do agente quanto a humanos ou animais.FATORES QUÍMICOS | UNIDADE III A2 – Carcinogênico humano suspeito – o agente está evidenciado como carcinogênico. expor-se a uma substância carcinogênica aumenta a probabilidade de uma pessoa ter câncer. câncer de pulmão causado pelo fumo. porém os dados são conflitantes ou insuficientes. com base em pesquisa epidemiológica bem conduzida. os efeitos vão depender da dose e da época da gravidez em que a mulher teve contato com a substância tóxica. porque é o órgão onde elas são transformadas. A3 – Carcinogênico animal confirmado com relevância desconhecida para seres humanos – o agente é carcinogênico em animais. tais como baixo peso e alterações cerebrais. Câncer. as substâncias causam danos ao fígado. nas formas e parâmetros não considerados relevantes quanto à exposição de trabalhadores. originando tumores e invadindo outros tecidos. trinta anos.). Por exemplo. 127 . que fica com a forma e/ou função alterada. Podem ocorrer diversos fenômenos. bisnetos etc. Evidências disponíveis sugerem que o agente não é provável de causar câncer em humanos. A5 – Não suspeito como carcinogênico humano – não suspeito. ou o agente é carcinogênico em animais. Frequentemente. órgãos formadores de sangue. e aos rins e bexiga. câncer de fígado causado pelo tetracloreto de carbono. entre eles. como ossos. Finalmente. O mesmo vale para os outros efeitos. nas formas e parâmetros considerados relevantes quanto à exposição de trabalhadores. item 15.1. por isso há que se reportar à americana ACGIH? Resposta: não. 2: ruídos. 5.1. é entendido como probabilidade de um perigo se consumar em dano ao trabalhador. absolutamente. PPRA. Para isso. fator esse que necessariamente carece de reconhecimento e avaliação quantitativa.882/2003 nivelou os limites de tolerância para aposentadoria especial com aqueles estabelecidos na NR-15 do MTE. optou-se por explicitar o entendimento do autor a partir de perguntas frequentes. nos termos do Anexo 13-A da NR-15 do MTE. 48 O autor.CAPÍTULO 13 Tira-Teima Para melhor esclarecer a nocividade de agentes químicos. não há. O entendimento a seguir esposado48 decorre do delineamento. 11 e 12 (conforme item 15. ao contrário. quais sejam: »» Fator de risco49quantitativo como uma linha divisória entre condição segura e insegura. bem como nas atividades mencionadas nos anexos 6. A norma brasileira é explícita. 11: agentes químicos e 12: poeiras minerais). aplicável. O Decreto nº 4.882/2003. e PPEOB. conhecida como limite de tolerância. 13 e 14 (conforme item 15.1. 2.1). ausência ou omissão de critério de insalubridade. por extensão às demais situações. lança-se mão da situação mais crítica – exposição ao hidrocarboneto (benzeno). à luz das Leis nº 8.2.212/1991 e 8. positivam-se no direito trabalhista-previdenciário brasileiro duas abordagens com definições clássicas no campo da higiene ocupacional (engenharia de segurança).1. nos termos da NR-9 do MTE. Tem-se expressamente disposição normativa quantitativa para o item 15. como elemento prático ao curso de EST. considera insalubre as atividades ou operações que se desenvolvem acima dos limites de tolerância para os anexos: 1. na condição de técnico do MPS. ou seja. compreende duas dimensões: objetiva (estatística) e subjetiva (magnitude do dano). 5: radiação ionizante. 3: calor.1.1 e qualitativa para o item 15. de maior complexidade.1. em que se encaixa o subitem 15. .1 (Anexos 1.2). Apresenta-se por fim o caso do pintor. com alteração dada pelo Decreto nº 4. interpretação e subsunção da hipótese de incidência tributária do FAE a ser declarada em GFIP pela empresa. que dispõe: A NR-15. 3.213/1991 e do Decreto nº 3.048/1999. bem como ensejadores da respectiva concessão pelo INSS. 128 49 Fator de risco – a ser definido pelos programas de gerenciamento. produziu a Nota Técnica 233/2006 sobre a matéria (benzeno) em reposta à consulta formulada por sindicatos relativa ao FAE e encaminhada à comissão nacional do benzeno. Hidrocarboneto (benzeno): pergunta 1 A norma brasileira é omissa quanto à tolerância do hidrocarboneto (benzeno). 000 ppm por dia de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos.2 que mergulhar 10. cujo processo só será seguro se for hermetizado. O Anexo 13-A proíbe a utilização de benzeno a partir de 1/1/1997 para qualquer emprego. estar exposto a muitas ou poucas culturas de infectocontagiantes ou inalar 10 ppm ou 1. tolueno e xileno (BTX). que. diante da iminente paralisia industrial. ou seja. bem como aos agentes bacteriológicos do Anexo 14. o VLE é zero (existente). como é o caso do hidrocarboneto (benzeno). Depreende-se da letra da norma do subitem 15. constituem ativação do mesmo fenômeno jurídico. entre outros. de 20. juntamente ao benzeno: 4-amino difenil. ensejam aposentadoria especial. ainda que possuam agressividade e doses-resposta distintas. em termos de insalubridade e aposentadoria especial.12. são conceitos díspares pela natureza e inconfundíveis pelos objetivos a que se prestam. o chamado PPEOB. 50 ou 150 metros de profundidade. ato contínuo solidário. além do fósforo. daí a condição de qualitativo. permitiu-se um mínimo de balizamento em contrapartida ao compromisso dos empresários em adotar um programa de prevenção específico para o benzeno. pois a NR-15 é explícita. inclusive benzeno. hidrocarboneto. em sua revisão 13-A. Hidrocarboneto (benzeno): pergunta 2 O valor de referência tecnológica – VRT serve como referência ao limite de tolerância para aposentadoria especial? Resposta: não. por ser intolerável. mitigaria a “carcinogenecidade” dessa substância e seus efeitos conexos.1995. No caso em tela. O limite de tolerância descrito pela NR-15 para insalubridade e. como o próprio nome sugere. VRT não tem nada a ver com VLE. 129 .1. O benzeno faz parte do Anexo 13. que. Para os qualitativos. são insalubres e.1.2 da NR-15. todos de proibida exposição ou contato. benzidina. não há que se falar em remissão à norma americana. à presença de substâncias carcinogênicas do Anexo 13. para aposentadoria especial é o valor de limite de exposição – VLE quando se tratar de fator de risco quantitativo químico ou físico. silicatos. basta o reconhecimento da existência do fator de risco nas atividades listadas no subitem 15. todavia. o VRT é meramente tecnológico. o VRT é fruto de negociação econômica em função do estado do parque fabril petroquímico e siderúrgico à época da edição do Anexo 13-A. de alguma forma.FATORES QUÍMICOS | UNIDADE III »» Fatores de risco qualitativos: por possuírem nocividade ostensiva e altamente deletéria ao ser humano. excetua alguns. por conseguinte. Exemplo: atividades sujeitas ao hiperbarismo (Anexo 6). acrescentado pela Portaria MTE nº 14. Logo. a lista dos carcinogênicos. Destaque-se que o Anexo 13 da NR-15 traz atividades que envolvem. a ponto de prescindirem de medição de intensidade ou concentração para se afirmar que há insalubridade – não há limite de tolerância porque exatamente não é tolerável –. Fica a curiosidade: por que para petroquímica e siderurgia o benzeno foi excepcionado? Em verdade. como os casos da petroquímica e siderurgia. beta-naftalamina e 4-nitrodifenil. dada a importância no PIB e estratégica para o Brasil desses segmentos econômicos. Só para aqueles expostos aos fatores de risco reconhecidos no PPRA/PPEOB. O entendimento exposto nas respostas 1 a 3 acima está previsto expressamente na legislação previdenciária e trabalhista em vigor e se encontra em total consonância com a atual CRFB-88. fungos. e fundamentalmente dinâmico. por consequência. Todavia. dada a característica insidiosa e de média latência das doenças relacionadas. a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (art. Não se pode olvidar que a atual Lei Maior adotou como fundamentos do sistema jurídico pátrio. É por reconhecer essa dificuldade das empresas – que associam e fazem ligação direta entre a presença da substância benzeno no processo produtivo com a insalubridade e. ao ler esta nota técnica. entre outros. onde quer que esteja. literalmente: Valor de Referência Tecnológica – VRT se refere à concentração de benzeno no ar considerada exequível do ponto de vista técnico. estar. assim o qualifique. salvo se o PPRA. por conseguinte. não paga adicional de alíquota à aposentadoria especial nem paga adicional de insalubridade.UNIDADE III | FATORES QUÍMICOS O item 6 do Anexo 13-A da NR-15 estabelece. 1°. logo todo mundo tem direito à especial? Resposta: não. até porque os indicadores biológicos e epidemiológicos do PCMSO não são imediatos. a empresa que demonstrar o equilíbrio ambiental do seu processo produtivo. da aposentadoria especial. a presença da substância benzeno por si só não determina o fator de risco. O VRT deve ser considerado como referencia para programas de melhoria continua das condições dos ambientes de trabalho. porquanto existe um aparato tal de prevenção e proteção que autorize ao responsável técnico pelo PPRA/PPEOB asseverar nesse sentido. via sistema de gestão rastreável e confiável. das cargas de matérias-primas. O cumprimento do VRT é obrigatório e não exclui risco à saúde (grifo nosso). Esse é o ponto. Analogamente. esporos. bactérias. pois flutua em função das políticas internas das empresas. no entanto. que sistematizou esse ambiente de trabalho. reservou inúmeros 130 . exposto a um fator de risco. dificilmente se consegue tal assertiva de eliminação ou controle do fator de risco. necessariamente. definido em processo de negociação tripartite. 6°). Hidrocarboneto (benzeno): pergunta 3 Tem benzeno em todo lugar. por esses mesmos organismos. define de antemão quais são as atividades que se presumem insalubres. Logo. sem. e que as medidas administrativas e coletivas de proteção são capazes de controlar ou eliminar o fator de risco estará isenta da ativação da insalubridade e. que exige alerta máximo permanente ao longo da operação do empreendimento. Por isso é que a natureza é qualitativa. juntamente com as evidências epidemiológicas extraídas do PCMSO. mas não haja fator de risco. muito provavelmente estará em contato com bacilos. dos regimes de produção. reconheceu o trabalho e a previdência social como direitos sociais (art. Anexos 13 e 13-A. Nesse caso. III e IV). como esse estágio de gerenciamento é raríssimo e bastante trabalhoso. oneroso. O leitor. com a aposentadoria especial – que a norma NR-15. vírus. na periodicidade dos monitoramentos definidos pelo PPEOB. bem como instável. pois é possível que ele exista no processo produtivo. A proteção e o resgate da saúde do trabalhador devem sempre orientar a interpretação das normas destinadas à proteção do meio ambiente do trabalho. por meio de acréscimo na tributação. 170). que um pintor. O § 3° do citado artigo. pois está exposto por subordinação jurídica (permanência devido ausência de grau de liberdade) ao agente qualitativo benzeno50. O objetivo do ordenamento jurídico atual. fez irradiar a todos os ramos do Direito o reconhecimento da prevalência do ser humano. 7°. cuja nocividade é ostensiva e altamente deletéria ao ser humano. que deve fundar-se na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa. não tenha perdido a sua saúde. as legislações previdenciária e trabalhista adotaram para certos agentes ambientais. percebe-se de forma clara que ele reconheceu expressamente o bem-estar do ser humano como fim último a ser atingido. de medidas de caráter administrativo ou de organização do trabalho. higiene e segurança (art. e. a legislação trabalhista é usada como parâmetro de aferição das condições especiais em que o trabalho é prestado para fins de concessão do benefício previdenciário da aposentadoria especial. assegurar a todos uma existência digna (art. respeitado o estabelecido na legislação trabalhista. na redação dada pelo Decreto n° 4. não pode desobedecer. a caracterização da nocividade por meio do elemento qualitativo. ao cumprir ordem recebida para pintar. ainda que tais normas sejam pertencentes ao ramo do direito tributário-previdenciário. por meio de normas de saúde. interpretando as normas vigentes no ordenamento jurídico brasileiro de forma sistemática. O requerimento do benefício previdenciário (da aposentadoria especial) será instruído pelo formulário denominado Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP. Nessa situação. entre os quais. além do desgaste natural impingido pelo tempo. Por isso. de 29 de maio de 2009 (DOU de 10 de junho 2009). a redução dos riscos inerentes ao trabalho. emitido pela empresa ou seu preposto. A Carta de 1988. a título de exemplo. entre outros. 68 do RPS. que elimine. afirmando no mesmo sentido: benzeno é qualitativo. Assim. conclui-se que o pintor está sob permanência e nocividade para o agente benzeno presente na pintura (solventes). diz-se que permanece com zero grau de liberdade para se esquivar da inexorável exposição aos vapores orgânicos voláteis exalados pelo processo de pintura. na forma estabelecida pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. não é monetizar os potenciais danos à saúde do trabalhador por meio de adicionais remuneratórios ou antecipações de aposentadoria. Dessa forma. ao final da sua vida laboral. de 2003. 50 Vale destacar a corroboração da RFB aos argumentos aqui discorridos quando publica a Solução de Consulta RFB nº 40. 131 . fixou como finalidade da ordem econômica.FATORES QUÍMICOS | UNIDADE III direitos aos trabalhadores urbanos e rurais. minimize ou controle a exposição a agentes nocivos nos limites de tolerância. impõe que nesse laudo técnico deverá constar informação sobre a existência de tecnologia de proteção coletiva. Considerando agora. as empresas em geral a retirar ou neutralizar gradativamente todos os agentes nocivos em potencial ainda existentes no meio ambiente de trabalho. ao elevar a dignidade da pessoa humana ao patamar de princípio fundamental do Estado Democrático de Direito. ou de tecnologia de proteção individual. mas sim estimular. com base em Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho – LTCAT expedido por médico do trabalho ou engenheiro de segurança do trabalho. consoante determina o § 2° do art.882. por óbvio. a fim de que o trabalhador. Assim é patente a aplicação imediata do conceito de permanência. XXII). como a NR-9 propõe que se utilizem os limites de tolerância da ACGIH e ainda trabalha o conceito de nível de ação. temos que levar em consideração qual o enfoque: vamos atender apenas ao disposto legalmente para a insalubridade ou fazer um PPRA e trabalho técnico mais abrangente? 132 . que outros critérios ou normas devemos seguir e qual a prioridade de uma sobre a outra? Resposta: quando se trata de substâncias químicas. Responda justificando: Produtos químicos para os quais se utiliza o LT de valor teto são geradores de insalubridade e FAE? 2. Sabemos que na NR-15 não temos limites de tolerância para a maioria das substâncias.UNIDADE III | FATORES QUÍMICOS 1. devemos procurar por informações nas FISPQ. Quanto à prioridade de uma sobre a outra. nelas encontraremos dados em relação à composição/ formulação. devemos consultar a NR-9. Você concorda com a resposta? Por quê? Ao efetuarmos uma inspeção de segurança em determinada empresa e nela detectarmos a presença de diversos produtos químicos. além da NR-15 e anexos. há limitações por parte do professor. de resto.. necessariamente. que obrigam o EST a se aprofundar naquilo que necessitar quanto às atribuições definidas pelo Anexo IV da Resolução nº 1. por uma das mãos da Engenharia de Segurança do Trabalho. Como dito em HTI.010 do CONFEA. sinceramente. Encerramos aqui sem tratar de assuntos como iluminação. a solução para os novos e velhos problemas do meio ambiente do trabalho passa. radiação não ionizante.. Esperamos.PARA (NÃO) FINALIZAR Apropriar-se dos mecanismos de controle para intervenção ambiental é o grande instrumento do EST para fazer diferença positiva à saúde do trabalhador. alcança a todos nós. da metodologia e da própria ciência. Ah! E a outra mão? Quase esquecemos: é para continuar folheando. mesmo nos itens abordados. que. umidade. de alguma forma ter contribuído para essa aprendizagem. e. 133 . ______. F. ______. R. 1964. 6 jul. A. BERNARD. ______. LAUWERYS. 2006. Ministério da Saúde. ______. México: Diana. A. P. E. 1978. 1978.htm>. ASTETE. da Consolidação das Leis do Trabalho. J. Brasília..). Ministério do Trabalho e Emprego. Martin G. LEHMANN. Ministério da Saúde. 2003. J.]: Fundacentro. 2. Noise and vibration control. Systems analysis and design for safety. Acesso em: 7 jun. M. Doenças relacionadas ao trabalho: manual de procedimentos para os serviços de saúde.. BRASIL.gov. 1971. H. Ministério da Saúde. Wells. Leptospirose. Prentice Hall.. A.l. 1976. Profilaxia do tétano após ferimentos. Benedito.. Introducción a la toxicologia general. DF. São Paulo. Guia de vigilância epidemiológica. Portaria nº 3. 2010. 1-2. DELLA ROSA. Joseph. São Paulo.214. SIMONIS. Fairfax. Indústria de processos químicos. BERANECK. 1986.vacinas. 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