Microbiologia - UNICAMP

March 24, 2018 | Author: CRRRRRRRRRRRRRRRRRR | Category: Cell Membrane, Bacteria, Growth Medium, Cell (Biology), Cell Wall


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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – UNICAMPFACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA DEPARTAMENTO DE DIAGNÓSTICO ORAL Disciplina de Microbiologia e Imunologia I – INTRODUÇÃO À MICROBIOLOGIA * ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DA MICROBIOLOGIA * ESTUDO SOBRE A IMUNIDADE 1 – Origem da Microbiologia 2 – Biogênese X Abiogênese 3 – Teoria Microbiana da Fermentação 4 – Teoria Microbiana da Doença 5 – Desenvolvimento da Microbiologia Oral 6 – Primeiros Estudos sobre a Imunidade 2 1 – Origens da Microbiologia 1.1 – O que é microbiologia A microbiologia é o ramo da biologia dedicado ao estudo dos seres microscópicos, geralmente muito pequenos para serem observados a olho desarmado. A palavra microbiologia deriva de três palavras gregas - mikros “pequeno”; bios “vida”; logos “ciência”. 1.2 – Surgimento da microbiologia A microbiologia nasceu da especulação do homem sobre a origem da vida, sobre as fontes das doenças epidêmicas e transmissíveis, da putrefação da matéria e processos de fermentação. O Velho Testamento contém referências a algumas regras para evitar doenças. O Livro de Leviticus contém descrições detalhadas da lepra: “Se os pêlos presentes se tornarem brancos e a chagas apresenta ser mais profunda de que a pele circundante, trata-se da temível doença de pele ... [lepra] contudo, se a chagas não parece ser mais profunda do que a pele circundante e os pêlos não se tornarem brancos, o sacerdote deverá isola-lo por sete dias. [conceito de quarentena]” Nas antigas civilizações, as causas das doenças infecciosas eram atribuídas a natureza como o aparecimento de um cometa, ou um desagrado a uma divindade, no entanto preconizava-se alguns métodos de higiene e a quarentena. Hipócrates, médico grego, estabeleceu alguns conceitos de doença que influenciaram a prática até a Idade Média e vários conceitos sobre as doenças infecciosas ainda datavam da era a. C.. Em 1546, Girolano Francastoro, médico italiano, definiu que o contágio ocorria: 1 – pelos contatos; 2 – através de fômites ou objetos; 3 – a distância (através do ar). 3 1.3 – As primeiras observações ao microscópio Já em 1673, Antony van Leeuwenhoek, após ter inventado o microscópio, começou a fazer observações dos primeiros seres invisíveis ao olho desarmado, chamando esses seres microscópicos de “pequenos animálculos”. Entre 1683 a 1695, Leeuwenhoek enviou cartas a Sociedade Real de Londres fornecendo descrições claras das bactérias encontradas na cavidade oral. Esboços de bactérias da cavidade bucal, observadas por Leeuwenhoek. Também mostrou a motilidade de algumas traçado C-D. bactérias, no 2 – Biogênese X Abiogênese Após essas descobertas realizadas por Leeuwenhoek, surgiram calorosas discussões sobre a origem dos microrganismos. Muitos pesquisadores acreditavam que a vida surgia de objetos inanimados, sendo este processo denominado de abiogênese. Por outro lado, outros pesquisadores defendiam que os animálculos de Leeuwenhoek se originariam de outros seres de igual espécie, esse tipo de origem se denominou de biogênese. A idéia de geração espontânea ou abiogênese se deu origem na Grécia Antiga, onde acreditava-se que as rãs e minhocas surgiram espontaneamente de pequenos lagos de lama. 4 Em 1745, John Needham cozinhou pedaços de carne para destruir os microrganismos preexistentes e colocou em frascos abertos, posteriormente ele observou colônias de microrganismos crescendo na carne e concluindo que, em cada partícula de matéria orgânica, havia uma “força vegetativa” capaz de levar a matéria orgânica a brotar uma vida. Spallanzani (1765-1776) concluiu, corretamente que não bastava fechar hermeticamente os frascos contendo as infusões aquecidas, pois era importante que o ar acumulado acima do líquido não contivesse “animálculos” ou “germes”. Não havia crescimento de microrganismos na infusões fervidas quando o ar, livre de germes pelo aquecimento, penetrava nos frascos. Seus oponentes replicaram que o aquecimento havia viciado o ar, deixando-o incapaz de vitalizar a matéria orgânica. Mas, no século XVII, pensadores e críticos foram discordando dessa idéia. Após quase cem anos depois do primeiro experimento de Needham, Franz Schulze (1815-1873), em 1835 e Theodor Schwann (1810-1882), no ano seguinte, tentaram resolver a controvérsia da “essencialidade do ar”. O primeiro fez passar o ar por uma solução de ácido forte e depois passava por uma infusão de carne previamente fervida em um frasco fechado. O segundo, Schwann, fez o ar passar por um tubo aquecido ao rubro e então aerizava o caldo, matando assim, nos dois casos, os micróbios do ar e evitando a contaminação dos meios. Porém os defensores da geração espontânea não ficaram convencidos com tais experimentos. Eles diziam que o ácido e o calor alteravam o ar não permitindo o crescimento microbiano. Até o ano de 1854, os cientistas não haviam resolvido esse debate sobre a passagem do ar. Para isso colocaram algodão em um tubo e o ar passava livremente até um caldo nutriente estéril, não havendo crescimento microbiano, o que forneceu ainda mais os argumentos para os defensores da biogênese. onde demostrou que o ar poderia ficar sem microrganismo simplesmente por permitir que as partículas de poeira se sedimentassem no fundo de uma caixa fechada.2 – Demonstração da Biogênese Essa discussão durou até meados de 1860. Ele utilizou frascos com um pescoço semelhante a um pescoço de cisne. que a poeira do ar continham muitos microrganismos e que os mesmos. contaminavam os meios nutritivos. preenchidos com caldo nutritivo e fervidos. Demostrou com isso. em 1881. . Câmara de Tyndall utilizada para confirmar a teoria da biogênese.5 2. Essas infusões fervidas permaneciam estéreis indefinidamente pois o frasco com o gargalo semelhante a um “S” evitavam a passagem dos microrganismos. mais não do ar propriamente dito. contribuiu para a confirmação da teoria da biogênese realizando um experimento onde usou uma câmara de cultivo ou caixa. Vários tipos de frascos utilizados por Pasteur em suas pesquisas. quando um químico francês chamado Louis Pasteur realizou seus experimentos clássicos que derrubaram definitivamente a teoria da geração espontânea. O físico John Tyndall. Para resolver o problema ele aqueceu o suco de uva por vários minutos e depois resfriou. como diferentes agentes eram responsáveis por diferentes doenças. Pasteur foi solicitado pela industria do vinho francês para examinar lotes de vinho.) uma cerveja chamada de kiu e no Japão o saquê bebida derivada da fermentação microbiana do arroz. eliminou os microrganismos existentes no suco. e em seguida. Com isso. Por volta de 1850. na China (2.6 3 – Teoria Microbiana da Fermentação A fermentação já era utilizada na Grécia antiga para a fabricação de vinho. C. pequenos demais para serem vistos. retirando seus nutrientes (parasitismo). se propagavam de uma pessoa para outra e foram baseadas em fatos narrados por marinheiros sobre a propagação das doenças. encontrando microrganismos diferentes no vinho de qualidade superior e no lote de qualidade inferior. mas sim no tipo de microrganismo que realizava a fermentação.1 – Histórico Girolamo Francastoro (1483-1553): sugeriu que as doenças surgiam devido a organismos. .300 a. vivendo um no outro. posteriormente de pasteurização. inoculou no mesmo os microrganismos que estavam presentes nos vinhos de boa qualidade. além de estabelecer que seres vivos eram causadores de doença. Anton von Plenciz (1705-1786): após 200 anos. Observou-se então que a qualidade dos produtos fermentados não se baseava na tentativa e no erro. O processo utilizado para a eliminação dos microrganismos presentes no suco foi denominado. 4 – Teoria Microbiana da Doença 4. 2 .Um microrganismo específico deve sempre estar associado a uma doença. Também estudou o papel dos microrganismos nas doenças dos seres humanos e dos animais. identificou o bacilo da tuberculose e foi o primeiro a isolar as bactérias causadoras do antraz e da cólera asiática. Koch. Em 1880 ele descobriu o que bactérias atenuadas conferiram proteção contra a cólera aviária e em 1884. enquanto que materiais estáveis eram esterilizados em fornos com calor seco na temperatura de 160oC. Postulados de Koch: 1 . . relatou que os vírus atenuados protegiam contra a raiva.O microrganismo deve ser isolado e cultivado em cultura pura. Robert Koch (1843-1910): médico e rival de Pasteur. Em 1877 foi o primeiro a utilizar o cristal violeta com sucesso para a coloração do antraz. Paul Ehrlich utilizou o azul de metileno e F Ziehl e F. permitindo que Koch observasse mais tarde o bacilo da tuberculose.A cultura pura do microrganismo produzirá a doença quando inoculada em animal susceptível. iniciou a prática de esterilizar as infusões empregando o vapor sob pressão (15 libras a 121oC).7 Louis Pasteur (1822-1895): foi requisitado para investigar a doença do bicho-da-seda e durante seis anos tentou provar que um protozoário causava a doença. Neelsen desenvolveram a coloração pelo ácido. Foi o primeiro a provar que um tipo específico de micróbio causa um tipo definido de doença. 3 . provou que as bactérias eram responsáveis pela doença do carbúnculo. Introduziu também o meio contendo ágar. organizou postulados baseado em quatro critérios necessários para provar que um micróbio específico causa uma doença particular. Pasteur com a finalidade de matar esporos. por volta de 1880. em condições laboratoriais. Oliver W. era transmitida de uma mulher para outra pelas mãos dos médicos e das parteiras Ignaz Philipp Semmelweis (1818-1865) pesquisava uma maneira de manter as incisões cirúrgicas livre de contaminação pelos microrganismos usando soluções cloradas na antisepsia das mãos dos médicos. foram requeridas algumas alterações dos postulados de Koch.8 4 - É possível recuperar o microrganismo inoculado do animal infectado experimentalmente. descobriu que o agente do mosaico do tabaco podia ser transmitido por um suco filtrado da planta doente. Dentro de um curto período de tempo depois do estabelecimento da teoria microbiana. os cientistas começaram a dar maior atenção a sua prevenção e tratamento. Dmitri Ivanovski (1864-1920): em 1892. insistiu em 1843 que a febre de parturiente era contagiosa e . portanto. o postulado conduziu à descoberta da maioria das bactérias que causam a doença humana. enquanto os depósitos sobre o filtro produzia a doença. Holmes (1809-1894): médico americano. A filtração do sangue infectado em filtros de barro removia os organismos do filtrado e dessa forma não induzia a doença. palavra derivada do latim que significa líquido viscoso ou veneno A partir do conhecimento de que os microrganismos causam doenças. Após a descoberta dos vírus. agentes que não crescem em laboratório. Devaine (1863): utilizando sangue de animais infectados pelo antraz. como fazem as bactérias. carneiros e gados sadios. transmitiu infecções em camundongos. Esse agente era o vírus. surgindo conceitos . publicou em 1890 um trabalho intitulado “Os microrganismos da cavidade oral humana”. estimulando o sucesso a renovação da pesquisa. introduziu uma nova era na citologia molecular. identificou cocos em lesões de cárie. isso foi demonstrado na década de 30 e 40. A era da antibiótica deu início com a descoberta da penicilina por Fleming (1929) que foi desenvolvida durante a segunda Guerra Mundial. A descoberta do microscópio eletrônico. imunização e quimioterapia. D. K. que aprendeu odontologia e microbiologia por vontade própria e menos formal. porém mais naqueles com experiência anterior de cárie. enquanto a prole não tratada desenvolvia a lesão na . propondo que os carboidratos da dieta eram degradados pelas bactérias orais e os ácidos resultantes causavam a dissolução do esmalte dental. especulando os seus efeitos na cavidade foi G. Clark. era destruída pela ação “peptonizante” de microrganismos proteolíticos. V. Essa conceituação foi chamada de “teoria químico-parasitária”. foi Miller quem mostrou experimentalmente pela primeira como as bactérias causam a cárie dental. em particular. Assim. Outro pesquisador que descreveu a flora bucal.(1883). Miller.9 como anti-sepsia. com aplicação de técnicas histoquímicas estabelecidas. Robert Stephan mediu o pH da placa com eletrodos de antimônio especiais e descobriu que dentro de poucos minutos após o enxágüe bucal com uma solução de glicose o pH da placa caía. no qual chamou de Streptococcus mutans. por volta de 1934. Black. acreditando que a matriz descalcificada da dentina. J. Paul Keys tratou hamsters com penicilina e eritromicina para prevenir a cárie. Em 1924. 5 – O Desenvolvimento da Microbiologia Oral W. porém naquele tempo outros cientistas não reproduziram os seus achados. estendeu o conceito de imunização ativa. introduziu a prática de imunização ativa. Em 1776. quando observou que a cólera aviária podia ser evitada inoculando cultura velha de bacilos. 6 – Estudos sobre a Imunidade O ramo da imunologia desenvolveu-se dos estudos iniciais da bacteriologia. vaca) e o . utilizando métodos de anaerobiose rotineiramente. após 100 anos. descreveu a gengivite e a periodontite. expondo indivíduos a antígenos da varíola humana mais branda. As descrições iniciais das doenças periodontais foram realizadas por Pierre Fauchard em 1745. persas e brahmins já praticavam a variolização. denominando as culturas avirulentas de vacinas (do latim vacca. Pasteur. Em seguida ele aplicou este princípio de imunização na prevenção do carbúnculo. foi o primeiro a desvendar a natureza anaeróbia de algumas bactérias da cavidade bucal e isoladas de infecções orais. A. Edward Jenner. protegendo-os da forma mais agressiva. Em 1956 MacDonald e colaboradores estimularam novas pesquisas. Os conhecimentos alcançados com a melhoria das técnicas de cultivo e com a sofisticação dos métodos de identificação bioquímica e sorológica levaram a conclusão de que bactérias específicas são responsáveis pelo desenvolvimento da periodontite do adulto e da periodontite juvenil.10 década de 1960. quando descreveram infecções mistas bactérias produtoras de pigmentos negros. com a sua virulência reduzida. Porém os chineses. Gins em 1934. John Hunter (1773). técnica consistida da exposição de um indivíduo são às crostas secas de um indivíduo que se recuperava da doença. H. M. O. NISENGARD. Koch iniciou estudos sobre as relações celulares do hospedeiro às infecções. de vacinação. formulou a teoria que os fagócitos eram a primeira e mais importante linha de defesa contra a infecção. PELCZAR. G. quando injetou um antígeno derivado do organismo causador da tuberculose. Porém somente depois dos anos 40 é que a imunidade mediada por células foi reconhecida totalmente como um mecanismo imune muito importante. R. enquanto trabalhava no instituto Pasteur. 1997.11 processo de imunização. que o mesmo fez. Microbiologia: Conceitos e Aplicações.Bibliografia BIER. 2ª ed. 30ª ed.. Elie Metchnikoff (1884) observou que os leucócitos eram capazes de ingerir bactérias (fagocitose) e destruí-las através da ingestão intracelular. v. ganhando o Nobel (1908). a erisipela suína e contra a raiva. M. 1.. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. Ele desenvolveu este método através da utilização de organismos atenuados e preparou vacinas protetoras contra o antraz. J. 1. J. 2ª ed. NEWMAN. ocasionando reações inflamatórias tardias em seres humanos e animais quando expostos.. 1997 . Microbiologia Oral e Imunologia. São Paulo: Makron Books. Metchnikoff. com tais culturas. São Paulo – Melhoramentos.. Microbiologia e Imunologia . o clássico de imunidade mediada por células foi a observação. v. 7 .. 1994. et al. 4 – Quem foi que criou a teoria químico-parasitária? E o que ela significa? 9. sucintamente.1 . Apresentar as áreas relacionadas com a microbiologia. suas pesquisas e seus descobrimentos. .Qual a outra teoria que confrontava diretamente com a geração espontânea? c – Quais foram os principais pesquisadores e suas experiências.5 – Cite as contribuições dos principais pesquisadores para a Imunologia.Quem inventou o primeiro microscópio? Quais foram as primeiras observações realizadas? Qual a importância desse fato? 9. Mostrar os principais cientistas.3 – Cite os postulados de Koch e explique. 9.12 8 – Objetivos da Aula Apresentar historicamente a origem e o desenvolvimento da Microbiologia e Imunologia.2 – Responda: a . 9 – Responder as Questões 9. o que eles significam. as quais refutaram a geração espontânea? 9.O que significa Geração Espontânea? b . 8-1.1) Tamanho variam de 0. 1. Tétrades: agrupamentos de quatro cocos. Sarcina: agrupamentos de oito cocos em forma cúbica.1) Formas de cocos (esféricas): grupo mais homogêneo em relação a tamanho sendo células menores (0. Os cocos tomam denominações diferentes de acordo com o seu arranjo: Diplococos: cocos agrupados aos pares. Streptococcus pneumoniae (pneumococo).0 µm por 2 a 5 µm.2. Ex: Neisseria meningitides (meningococo). forma e arranjo. Ex: espécie Sarcina. Streptococcus mutans.1) MORFOLOGIA BACTERIANA As células bacterianas são caracterizadas morfologicamente pelo seu tamanho. 1 . 1. Estreptococos: cocos agrupados em cadeias. Ex: Streptococcus salivarius.0 µm).8 µm até 10 por 25 µm.2) Forma e arranjo 1. as espécies de maior interesse médico medem entre 0.5 a 1.3 por 0. pequenos e grossos.2) Forma de bastonete: são células cilíndricas. dando uma ou mais voltas espirais em torno do próprio eixo. Dentro da mesma espécie os bastonetes são relativamente constantes sob condições normais de crescimento. Estreptobacilos: bastonetes agrupados em cadeias. - Micrococos: cocos que se separam completamente após a divisão celular. mas com uma área de contato muito maior entre as células adjacentes Ex: espécies Beggiatoa e Saprospira 1. 1. podendo variar em tamanho e espessura (longos e delgados. convexa ou arredondada). Paliçada: bastonetes alinhados lado a lado como palitos de fósforo. Ex: bacilo da difteria.2.2. lembrando cachos de uva.3) Formas helicoidais ou espiraladas: constituem o terceiro grupo morfológico sendo caracterizada por células de forma espiral que se dividem em: Espirilos: possuem corpo rígido e se movem às custas de flagelos externos.- Estafilococos: cocos em grupos irregulares. Tricomas: similares a cadeias de bastonetes. Quanto ao arranjo podem variar em : Diplobacilo: bastonetes agrupados aos pares. em forma de bastonetes que apresentam grande variação na forma e tamanho entre gêneros e espécies. Ex: Aquaspirillium 2 . extremidade reta. Ex: Staphylococcus aureus. Na figura abaixo estão representadas esquematicamente diversas estruturas bacterianas que serão comentadas a seguir: 3 . a forma e o arranjo das bactérias constituem sua morfologia grosseira. eles são chamados de vibrião (Ex: V. sendo então chamados de cocobacilos (Ex: Brucella melitensis). Quando as formas espiraladas são muito curtas. Quando os bacilos são muito curtos. Ex: Treponema pallidum. assumindo a forma de vírgula.- Espiroquetas: São flexíveis e locomovem-se provavelmente às custas de contrações do citoplasma. a observação interna das estruturas celulares dá-nos uma idéia de como a bactéria funciona no ambiente. 2) CITOLOGIA BACTERIANA O tamanho. podem se assemelhar aos cocos. existem algumas formas de transição. cholerae). Além desses três tipos morfológicos. sua aparência externa. Treponema denticola. podendo dar várias voltas completas em torno do próprio eixo. O flagelo propulsiona a bactéria através do líquido podendo chegar a 100 µm por segundo (o equivalente a 3000 vezes o seu comprimento por minuto). As bactérias recebem denominações especiais de acordo com a distribuição dos flagelos: atríquias (sem flagelo). anfitríquias (um flagelo em cada extremidade). lofotríquias (tufo de flagelos em uma ou ambas as extremidades). e peritríquias (cercadas de flagelos). 4 . uma estrutura curta em forma de gancho e um longo filamento helicoidal. movimento rotatório a partir da extremidade fixa – gancho) e aparentemente a energia vem da degradação de ligações energéticas de fosfato. O método exato do movimento é desconhecido (contração das cadeias protéicas movimento ondulatório. Um flagelo tem três partes: o corpo basal (estrutura composta por vários anéis que ancora o flagelo à membrana citoplasmática). Em geral a motilidade ocorre ao acaso embora as vezes esteja relacionado com quimiotaxia.1) Flagelos Flagelos são organelas especiais de locomoção. formando longos filamentos delgados e ondulados de 3-12µm que partem do corpo da bactéria e se estendem externamente à parede celular.2. monotríquias (um flagelo em uma das extremidades). constituídas por uma estrutura protéica denominada flagelina. As fímbrias podem ser removidas sem comprometimento da viabilidade celular e regeneram rapidamente. A cápsula está relacionada com a virulência da bactéria pois confere resistência à fagocitose. uma camada viscosa denominada cápsula que constitui uma forma de proteção da bactéria contra as condições externas desfavoráveis.3) Cápsula Muitas bactérias apresentam.2) Fímbrias As fímbrias ou "Pili" são organelas filamentosas mais curtas e delicadas que os flagelos. composta por um único tipo de açúcar ou heteropolissacarídeas. composta por diferentes açúcares). e também com a aderência às superfícies mucosas. Elas originam-se de corpúsculos basais na membrana citoplasmática e sua função parece estar relacionada com a troca de material genético durante a conjugação bacteriana (fímbria sexual). externamente à parede celular. 5 . Geralmente as cápsulas são de natureza polissacarídea (homopolissacarídeas. de modo que. Tal formação pode ser evidenciada com a ajuda de métodos especiais de coloração (nanquim). em uma mesma espécie. embora também possam ser constituídas por polipeptídeos. 2.2. as amostras capsuladas são mais virulentas que as não capsuladas. constituídas por uma proteína chamada pilina e presentes em muitas bactérias (especialmente Gram negativas). carboidratos e lipídeos. ácido murâmico e ácido teicóico além de aminoácidos. a parede celular protege a célula. Todos esses compostos estão reunidos para formar substâncias poliméricas complexas que por sua vez estruturam a parede celular. Ela é constituída por ácido diaminopimérico (DPA). Além disso. A divisão das bactérias Gram-positivas e Gram-negativas. de acordo com sua resposta à coloração de Gram é decorrente das diferenças na composição e estrutura da parede celular.4) Parede celular A parede celular bacteriana é uma estrutura rígida que recobre a membrana citoplasmática e confere forma às bactérias. e funciona como suporte de antígenos somáticos bacterianos.Nas bactérias desprovidas de cápsula ocorre a formação de um envoltório viscoso delgado chamado de camada limosa (slime layer) ou por um material limoso mal delimitado (loose slime). mantém a pressão osmótica intrabacteriana. Uma macromolécula complexa denominada peptideoglicana (também chamada de mucopeptídeo ou mureína) forma a estrutura rígida da parede. 6 . 2. impedindo o rompimento da célula devido à entrada de água. e sua parede constitui o local de ação de alguns antibióticos além de apresentar elementos - Gram Negativas: a parede celular dessas bactérias é menos espessa e elas são mais complexas do que as Gram positivas por apresentarem uma membrana externa cobrindo a fina camada de peptídeoglicano. diarréia.- Gram Positivas: possuem uma quantidade maior de peptideoglicano em sua parede celular. enquanto que os fosfolipídeos estão presentes quase completamente na camada interna. servindo como uma barreira seletiva para a entrada e saída de algumas substâncias da célula e podendo ainda causar efeitos tóxicos sérios em animais infectados. causando febre. A membrana externa é o que distingue as bactérias Gram negativas. e (3) antígenos O. Os fosfolipídios. lipídeos. A porção lipídica do LPSs é também conhecida como endotoxina e pode atuar como um veneno. Composta de proteídas. firmemente embebido na membrana. localizado na superfície da membrana. que são polissacarídeos que se estendem como pêlos a partir da superfície da membrana em direção ao meio circundante. (2) cerne do polisssacarídeo. É constituída principalmente de lipídeos e 7 . peptideoglicano e ácidos teicóicos (cadeias de polifosfato com resíduos de ribitol e glicerol). lipoproteínas e estão localizados lipopolissacarídeos exclusivamente na camada externa da membrana. destruição das células vermelhas do sangue e um choque potencialmente fatal. Os LPSs são compostos por três segmentos ligados covalentemente: (1) lipídeo A. o que torna a parede dessas bactérias mais espessa e rígida do que a das bactérias Gram negativas. 2. essas bactérias são sensíveis à lisozima básicos para identificação sorológica.5) Membrana Citoplasmática A membrana citoplasmática tem espessura de aproximadamente 10 nm e separa a parede celular do citoplasma. A estrutura da membrana externa é composta por lipopolissacarídeos (LPSs). 6) Mesossomos Os mesossomos são invaginações da membrana citoplasmática que podem ser simples dobras ou estruturas tubulares ou vesiculares. 2. não são restritos à localização central da bactéria e não estão associados com o material nuclear. Parecem estar envolvidos na secreção de certas enzimas a partir da célula. Eles podem colocar-se próximos à membrana citoplasmática ou afundar-se no citoplasma.proteínas. desempenhando importante papel na permeabilidade seletiva da célula (funciona como uma barreira osmótica). ser sede de numerosas enzimas do metabolismo respiratório (mesmas funções das cristas mitocondriais). 8 . atribuindo à eles papel na respiração bacteriana. Os mesossomos periféricos penetram muito pouco no citoplasma. Os mesossomos profundos e centrais parecem estar ligados ao material nuclear da célula estando envolvidos na replicação de DNA e na divisão celular. Alguns autores associam ainda aos mesossomos o valor funcional das mitocôndrias. controlar a divisão bacteriana através dos mesossomos. tais como as penicilinases que destroem a penicilina. Ela difere da membrana citoplasmática das células eucarióticas por: não apresentar esteróides em sua composição. íons inorgânicos.2) Área nuclear: . O cromossomo bacteriano contém todas as informações necessárias à sobrevivência da célula e é capaz de auto-duplicação.Nucleóide: as bactérias apresentam um cromossomo circular constituído por uma única molécula de DNA não delimitado por membrana nuclear.1) Área Citoplasmática: .7) Estruturas Celulares Internas 2.7. proteínas. fosfato inorgânico e lipídeos. constituídos de polímeros insolúveis. que durante a síntese protéica está ligado a uma molécula de RNAm recebe o nome de polissomo. O conjunto de diversos ribossomos. ácido nucléicos. carboidratos. .2.Grânulos de reserva: embora as células procarioticas não apresentem vacúolos.Citoplasma: em qualquer célula. São comuns polímeros de glicose. podem acumular substâncias sob a forma de grânulos de reserva.7.Ribossomos: estão presentes em grande número nas células bacterianas conferindo ao citoplasma aparência granular quando observado ao microscópio eletrônico. 2. o citoplasma tem em torno de 80% de água. lipídeos. compostos de baixo peso molecular e partículas com várias funções. 9 . Esse fluido denso é o sítio de muitas reações químicas. . Os esporos têm pouca atividade metabólica. são exclusivos das bactérias (principalmente as pertencentes ao gênero bacillus e clostridium). Ela é iniciada pela condensação de uma nucleoproteína no citoplasma que migra para a extremidade da célula enquanto esta e o citoplasma são envolvidos por uma membrana dupla derivada da membrana citoplasmática. e podem existir em número variável no citoplasma bacteriano. A bactéria produtora pode crescer e multiplicar-se por muitas gerações como células vegetativas. Essas moléculas chamadas plasmídeos são capazes de auto-duplicação independente da replicação do cromossomo.8) Esporos Os esporos que se formam dentro da célula. Em alguma etapa do desenvolvimento. 10 . porém muitas vezes conferem vantagens seletivas à bactéria que as possue. em ambiente com exaustão de fontes de carbono e nitrogênio ou completa falta de nutrição. podendo permanecer latente por longos períodos.. ocorre no interior do citoplasma vegetativo a síntese do esporo (sua formação leva por volta de 6 horas). Eles possuem parede celular espessa. 2. cujos genes não codificam características essenciais. também circulares. são altamente refráteis (brilham muito com a luz do microscópio) e altamente resistentes a agentes físicos (dessecação e aquecimento) e químicos (antisépticos) adversos devido a sua parede ou capa impermeável composta de ácido dipicolínico. Os esporos surgem quando a célula bacteriana não se encontra em um meio ideal para o seu desenvolvimento. O tegumento é formado na membrana dupla e o citoplasma sofre condensação para completar a formação do cerne. representando uma forma de sobrevivência e não de reprodução.Plasmídeo: algumas bactérias possuem moléculas menores de DNA. chamados endosporos. 11 . 30ª ed. In: Microbiologia Médica. 2. descrever.. In: Microbiologia – conceitos e aplicações. Estrutura das células procarióticas e eucarióticas. São Paulo. Estrutura da célula. 1991.A. 2) Definir. São Paulo . 1. c. Editora Guanabara Koogan S. 13ª ed. Morfologia Bacteriana. et al. et al. suas variações e dimensões.. identificar e classificar os principais aspectos da citologia bacteriana. 1. 2. 1994. c. V. 1980. 1. et al. 2ª ed. In: Microbiologia: fisiologia bacteriana. da célula bacteriana.. V. B. São Paulo. In: Microbiologia e Imunologia . et al. M. 21-54. 3-11.. 2. p. V. p. através do estudo da forma fundamental das bactérias. Estrutura e classificação das bactérias. TRABULSI. E.3) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIER. 2ª ed. 100-43. Livraria Atheneu Editora. Melhoramentos de São Paulo. São Paulo. V.. In: Microbiologia. 17-42. 1. O. p. L.1. JAWETS. 5-28. c. 1ª ed.. DE DAVIS. descrever e interpretar os principais aspectos associados à morfologia bacteriana. EDART – São Paulo. p. c. 1996. 1973. c. 12 ..Rio OBJETIVOS 1) Definir. 1. J. 4. São Paulo. Morfologia e estrutura de Janeiro. V. PELCZAR. Makron Books. suas variações e funções. p. Comp. através do estudo da forma fundamental das bactérias. R... 13 . 3) O que diferencia as bactérias Gram positivas das Gram negativas? Desenhe a parede celular de cada uma delas.QUESTÕES 1) Como as bactérias são divididas quanto à forma e arranjo? 2) Quais são as estruturas que compõe um célula bacteriana? Descreva a função de cada uma delas. 4) O que compõe a membrana citoplasmática das bactérias? O que a diferencia da membrana citoplasmática das células eucarióticas? 5) Descreva e desenhe o ciclo de formação de esporos nas bactérias. Curva de Crescimento Bacteriano .UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA DEPARTAMENTO DE DIAGNÓSTICO ORAL Disciplina de Microbiologia e Imunologia FISIOLOGIA BACTERIANA .Condições de Cultivo .Metabolismo Bacteriano / Obtenção de Energia .Meios de Cultura .Nutrição Bacteriana .Influência de Fatores Ambientais . são capazes de sintetizar muitos de seus metabólitos a partir de precursores simples.FISIOLOGIA BACTERIANA O crescimento e divisão celulares necessitam de um ambiente propício com todos os constituintes químicos e físicos necessários para o seu metabolismo. que necessitam de nutrientes complexos para o crescimento e reprodução. Essas necessidades específicas são dependentes de informações genéticas para cada espécie bacteriana. Os precursores das macromoléculas podem ser retirados do meio ambiente ou ser sintetizados pelas bactérias a partir de compostos mais simples. Ambos os tipos são imprescindíveis. proteínas e ácidos nucléicos. As substâncias ou elementos retirados do ambiente e usados para construir novos componentes celulares ou para obter energia são chamados nutrientes. As bactérias podem utilizar o carbono inorgânico existente no ambiente. NUTRIÇÃO A análise das estruturas bacterianas revela que sua arquitetura é formada por diferentes macromoléculas. na forma de carbonatos ou de CO2 como única fonte de carbono. Os nutrientes podem ser divididos em duas classes: macronutrientes e micronutrientes. Macronutrientes Carbono: está presente na maioria das substâncias que compõem as células. são os carboidratos. em particular. enquanto outras espécies são mais exigentes. . mas os primeiros são requeridos em grandes quantidades por serem os principais constituintes dos compostos orgânicos celulares e / ou serem utilizados como combustível. A alternativa escolhida vai depender da disponibilidade do composto no meio e da capacidade de síntese do microrganismo. como as Porphyromonas e Treponemas. Os microrganismos que obrigatoriamente requerem uma fonte orgânica de carbono são denominados heterotróficos e as principais fontes. como as Pseudomonas. Algumas espécies com vasta flexibilidade nutricional. São neste caso chamadas de autotróficas. selênio e outros são encontrados sempre na forma inorgânica. Nitrogênio: é componente de proteínas e ácidos nucléicos. também pode ser aceptor final de elétrons das cadeias de transporte de elétrons anaeróbias. também constitui um elemento comum de todo material celular. o nitrogênio é encontrado como matéria inorgânica (NH3 . oxidada e reduzida. embora uma delas seja de fundamental importância: a síntese de ATP a partir de ADP e fosfato. cobalto.) ou matéria orgânica: aminoácidos. manganês. cloro. Na forma oxidada. NO3-. As substâncias fosforiladas podem estar envolvidas com o armazenamento de energia ( como o ATP) ou atuar como reguladoras de processos metabólicos: muitas enzimas tornam-se ativas ao serem fosforiladas. Está disponível na natureza sob a forma de gás (N2) ou na forma combinada. além de vitaminas e outros compostos celulares. Da mesma forma que o nitrogênio. potássio. GTP. cobre. Também é elemento importante em várias moléculas orgânicas e inorgânicas. Hidrogênio: como componente muito freqüente da matéria orgânica e inorgânica. nesta última forma é incorporado através de poucas reações metabólicas. Sua utilização como N2 é restrita a um grupo de bactérias cujo principal habitat é o solo. TTP) e como fosfato inorgânico. estas duas últimas aparecem como compostos orgânicos e inorgânicos. Na forma combinada. cálcio. zinco. etc. magnésio. de vitaminas e grupos prostéticos de várias proteínas importantes em reações de óxido-redução. UTP. Todas as alternativas citadas podem ser utilizadas pelas bactérias. sódio. porém são os sulfatos (SO4-2) inorgânicos ou os aminoácidos as formas preferencialmente assimiladas.Oxigênio: é requerido na forma molecular como aceptor final na cadeia de transporte de elétrons aeróbia. . molibdênio. CTP. Fósforo: é encontrado na célula na forma combinada a moléculas importantes como os nucleotídeos (ATP. o enxofre pode ser encontrado no ambiente nas formas elementar. Enxofre: faz parte de aminoácidos (cisteína e metionina). purinas e pirimidinas. Micronutrientes Os elementos ferro. .fazendo parte de minerais. mas em quantidades variáveis. atingindo o objetivo desejado. A formulação de um meio de cultura deve levar em conta o tipo nutritivo no qual o microrganismo pertence. como o ferro que participa da composição de várias proteínas enzimáticas ou não. São necessários ao desenvolvimento microbiano. como o magnésio. incluindo as seguintes funções principais: componentes de proteínas. etc. da família. potássio. Assim. etc. Um inóculo é uma amostra de material contendo geralmente uma pequena quantidade de microrganismos. Meios de Cultura Meio de cultura é uma mistura de nutrientes necessários ao crescimento microbiano. etc. molibdênio. é imprescindível acrescentar ao meio vitaminas. o substrato doador de elétrons (orgânico ou inorgânico) e a fonte de carbono (orgânica ou inorgânica). como o cálcio. cofatores de enzimas. obedecidas as condições citadas. com isto.. dependendo do elemento e do microrganismo considerados. Componentes de estruturas. Os micronutrientes podem atuar de diferentes maneiras. quando estes compostos não são sintetizados pelos microrganismos que se deseja cultivar. Condições de Cultivo Para se cultivar microrganismos deve-se obedecer a requisitos básicos obrigatórios. Estabelecidas as condições gerais.. aminoácidos. considerando-se a fonte de energia (luz ou substância química). Osmorreguladores. do gênero ou da espécie que se deseja cultivar. aumentando em número e massa e. cofatores. presente em um dos envoltórios dos esporos. os microrganismos contidos no inóculo multiplicam-se. Basicamente deve conter a fonte de energia e de todos os elementos imprescindíveis à vida das células. de citocromos. o meio de cultura deve ainda atender as necessidades específicas do grupo. quais sejam incubá-los em meios de cultura adequados e incubá-los em condições ambientais igualmente adequadas. Os meios de cultura podem ser seletivos. Outras. . Na realidade. por multiplicação. a um aglomerado que constitui uma colônia. polissacarídeos. contendo um único carboidrato como fonte de energia e carbono e alguns sais minerais. ácidos nucléicos. Um meio pode ter uma composição simples. Colônias de diferentes espécies geralmente apresentam características morfológicas diferentes. quando contêm uma substância que inibe o crescimento de um determinado grupo de microrganismos. são incapazes de sintetizar determinados compostos orgânicos essenciais para o seu metabolismo. foram descobertas por serem necessárias ao crescimento de determinadas bactérias. Os meios podem ser líquidos. que. para o homem. Muitas vezes o meio de cultura deve conter substâncias para neutralizar a ação de produtos tóxicos lançados pelos próprios microrganismos. quando são uma solução aquosa de nutrientes. portanto. podendo ainda ser acrescidos de sangue ou soro de animais. coenzimas. apresentando composição complexa. Cada célula individualizada ou agrupamento isolado dá origem. como o ácido fólico. são vitaminas. Muitos desses fatores são componentes de coenzimas. certas vitaminas. que sofrem os efeitos de seu acúmulo. contendo várias fontes de carbono e energia.Fatores de crescimento Entre as bactérias heterotróficas há uma imensa variedade de exigências nutritivas. mas permite o desenvolvimento de outros. O meio sólido é obrigatoriamente usado quando se pretende separar células. vitaminas e aminoácidos. Um exemplo rotineiro é adição de tampões para impedir a queda de pH provocada pelos ácidos orgânicos produzidos por fermentação bacteriana. quando a solução aquosa é gelificada por um polissacarídeo extraído de algas. ou sólidos. As composições dos meios de cultura. Essas substâncias são denominadas fatores de crescimento. tais compostos devem ser obtidos do meio natural ou artificial em que vivem. A partir desses compostos. etc. Algumas são capazes de crescer em meio muito simples. em outro extremo estão os meios requeridos por microrganismos mais exigentes. todavia. Além da composição qualitativa. o ágar. sal de amônio e alguns sais minerais. Para que estes microrganismos possam crescer. constituído de uma solução de glicose. sintetizam todos os componentes do protoplasma: proteínas. podem ser muito variadas. o meio de cultura deve obedecer aos limites de quantidade de cada componente suportáveis pelos microrganismos. grupos adaptados a viver em ambientes ácidos e alcalinos. veterinário e agronômico. As temperaturas inferiores à ótima levam a uma desaceleração das reações metabólicas. o que permite classificá-las em: . que em caso extremo. sem. conseqüentemente. principalmente as de interesse médico. presença de oxigênio. pH Os valores de pH em torno da neutralidade são os mais adequados para absorção de alimentos para a grande maioria das bactérias. Existem. rapidamente ocorre desnaturação do material celular e. Os principais fatores são: temperatura. Ultrapassado o limite superior. fica impedida. no entanto. no entanto. que necessitam de altas temperaturas para o seu crescimento. a morte da célula. com diminuição da velocidade de multiplicação celular. atingir o seu máximo. em: psicrófilas: entre 12 e 17º C mesófilas: entre 28 e 37ºC termófilas: 57 e 87ºC Embora grupos excêntricos. em torno desta temperatura observa-se um intervalo dentro do qual o desenvolvimento também ocorre. pH. As variações quanto ao requerimento térmico permite classificar as bactérias segundo a temperatura ótima para o seu crescimento. letal ou inócuo para as bactérias. Oxigênio O oxigênio pode ser indispensável. Temperatura Cada tipo de bactéria apresenta uma temperatura ótima de crescimento.Influência de fatores ambientais A tomada de nutrientes e posterior metabolismo são influenciados por fatores físicos e químicos do meio ambiente. pressão osmótica e luz. a maioria concentra-se no grupo de mesófilas. Reprodução bacteriana Crescimento: aumento do protoplasma celular pela síntese de ácidos nucléicos. denominadas exoenzimas por atuarem fora da membrana citoplasmática.- aeróbias estritas: exigem a presença de oxigênio. conferindo ao microrganismo capacidade invasora e de permanência em outros organismos vivos. uma vez que catalisam a hidrólise de substâncias que lhes são tóxicas ou mesmo letais. aos quais as membranas são permeáveis. atuando sobre proteínas ou amidos. dando origem a compostos menores. mas desenvolver-se também em sua ausência. polissacarídeos e lipídeos. e. as exoenzimas podem contribuir para a sua sobrevivência. proteínas. amido. Para essas moléculas serem utilizadas pelos microrganismos. como as do gênero Acinetobacter. ou determinados lipídeos. e constituem um fator de virulência. . As exoenzimas apresentam especificidade pelo substrato. uma vez que podem hidrolisar componentes estruturais de tecidos. Multiplicação: resposta necessária à pressão de crescimento.: Clostridium tetani. é necessário cindidas. facultativas: apresentam mecanismos que as capacitam a utilizar o oxigênio quando disponível. Exoenzimas A seletividade da membrana citoplasmática impede que macromoléculas como proteínas. - anaeróbias estritas: não toleram o oxigênio. como o Campylobacter jejuni. Termina na divisão celular. Ex. absorção de água e eletrólitos. bactéria produtora de potente toxina que só se desenvolve em tecidos necrosados carentes de oxigênio. celulose e lipídeos sejam transportadas para o interior da célula. A quebra das moléculas é promovida por enzimas hidrolíticas. microaerófilas: necessitam de baixos teores de oxigênio. Escherichia coli e vária bactérias entéricas tem esta característica. Além de estarem associadas à nutrição dos microrganismos. “Cocos” em qualquer direção. Quando uma determinada bactéria é semeada num meio líquido de composição apropriada e incubada em temperatura adequada. Esta é a fase de ajuste e representa o período necessário para adaptação das células ao novo ambiente. em duas células filhas. Tais . os estudos de crescimento são feitos essencialmente em meios líquidos e as considerações que seguem são válidas para essas condições. do nº de bactérias C D B A 5 4 3 2 1 2 4 6 8 10 12 14 16 Tempo (horas) curva de crescimento bacteriano Fase lag (A): esta fase de crescimento ocorre quando as células são transferidas de um meio para outro ou de um ambiente para outro. As células nesta fase aumentam no volume total em quase duas ou quatro vezes. no sentido transversal. Curva de crescimento bacteriano Embora as bactérias desenvolvam-se bem em meios de cultura sólidos . “bacilos e espirilos”. o seu crescimento segue uma curva definida e característica. mas não se dividem. 7 6 Log.Modo de reprodução Cissiparidade: formação de um septo equatorial na região do mesossomo e divisão da célula-mãe. diminuição de oxigênio em cultura aeróbia ou acúmulo de produtos tóxicos. o número total de células em divisão será igual ao número de células mortas. Metabolismo Bacteriano Uma vez garantidos pelo ambiente os nutrientes e as condições adequadas para assimilá-los. as bactérias vão absorvê-los e transformá-los para que cumpram suas funções básicas. Como as células na fase exponencial estão se dividindo a uma taxa máxima. os nutrientes vão ser transformados em estruturas celulares ou em moléculas acessórias à sua síntese e funcionamento. glicogênio. . Fase exponencial ou log (B): nesta fase. Nesta fase o meio se encontra deficiente em nutrientes e rico em toxinas produzidas pelos próprios microrganismos. proteínas. o suprimento de energia e de matéria prima. elas são muito menores em diâmetro que as células na fase Lag. A fase de crescimento exponencial normalmente chega ao final devido à depleção de nutrientes essenciais. Como matéria-prima. as células estão se dividindo a uma taxa geométrica constante até atingir um máximo de crescimento. Eventualmente. resultando na verdadeira população celular estacionária. novas proteínas e enzimas. as células se reproduzem mais lentamente e as células mortas aumentam em números elevados. ou seja. amido e lipídeos.células estão sintetizando DNA. peso seco e polímeros da parede celular estão também aumentando a uma taxa constante. A energia necessária para manter as células na fase estacionária é denominada energia de manutenção e é obtida a partir da degradação de produtos de armazenamento celular. Fase de morte ou declínio (D): quando as condições se tornam fortemente impróprias para o crescimento. que são um pré-requisito para divisão. Fase estacionária (C): durante esta fase. Os componentes celulares como RNA. há rápido decréscimo na taxa de divisão celular. quais sejam. Fermentação Metabolismo no qual os compostos orgânicos servem como doadores e receptores de elétrons (hidrogênio). e grande parte das bactérias (exceção às fotossintetizantes) vai obter toda energia de que necessita por oxidação desses substratos. à cisão parcial de moléculas de glicose (glicólise). pode-se dizer que a perda de um elétron equivale a perda de um hidrogênio. Em biologia. Dentre os vários tipos de fermentação. mas sobretudo para as biossínteses. escatol. por desidrogenação. WIELAND (1912). peptídios e. seguidos de proteínas. pode-se citar: – – – – Fermentação homolática: produção de ácido lático como produto final. ácido e gás. Fermentação alcoólica: produção de álcool como produto final. ocorre na ausência de oxigênio. o movimento dos flagelos. então. Putrefação Decomposição de compostos nitrogenados (proteínas). reconheceu que a maioria das reações biológicas. geralmente. Pode-se. É um tipo de fermentação que produz produtos finais de odor desagradável: indol. A fermentação conduz. ácido sulfídrico. utilizando-se de substância orgânica como aceptor-doador de elétrons. – Conceito antigo (clássico): decomposição microbiana de carboidratos na ausência de oxigênio. Fermentação butileno-glicólica: produção do butileno glicol (não ácido) como produto final.Obtenção de energia As substâncias com alto valor energético são sempre aquelas com elevado grau de redução. as gorduras. definir oxidação como o ganho de um hidrogênio e redução como a perda de um hidrogênio. mais raramente. As substâncias preferencialmente oxidadas por microrganismos são os açúcares. . As bactérias utilizam energia para o transporte de nutrientes. Fermentação mista: produção de álcool. Guanabara Koogan S. e cols. Microbiologia Oral e Imunologia. Na respiração ocorrem as seguintes etapas: a) Ciclo de Krebs. Fisiologia bacteriana.ed. Cap.Respiração Decomposição microbiana de substratos cujo receptor de hidrogênio é o oxigênio.Microbiologia. Cap. Fisiologia. Atheneu. 395p. O. b) Cadeia transportadora de elétrons. 10.R. 586p. p.3. et al. In: .J. 1984. M. Melhoramentos.G. TRABULSI. 2 ed.43-77. Guanabara-Koogan. L. e cols... G. 3 ed. São Paulo. 1978.A. BURNETT. p. c) Fosforilação oxidativa.A. R. In: Microbiologia e Imunologia. In: Microbiologia oral e doenças infecciosas. FROBISHER. Referências Bibliográficas BIER.ed. Salvat Editores S.74-86. Cultyvo y crescimento de las bactérias. 5. 1978. 1997. 1999. p. Bacelona. 4. . NISENGARD. Cap. 126-149. Respiração anaeróbica Quando o oxigênio é substituído por outro receptor inorgânico de elétrons. M. 23. & NEWMAN.ed. Rio de Janeiro. Microbiologia.7. entender as principais formas de obtenção de energia pelas bactérias.conhecer as principais exigências físicas e orgânicas necessárias ao cultivo das bactérias. Conceitue e defina a função das exoenzimas. . . 4. Quais as principais formas de obtenção de energia utilizadas pelas bactérias. 2.descrever o crescimento bacteriano em todas as suas fases . Descreva a curva de crescimento bacteriano. Cite as principais substâncias de natureza física e orgânica necessárias ao cultivo bacteriano. 5. Responder as questões: 1. De acordo com a temperatura e as necessidades de oxigênio como as bactérias podem ser classificadas? 3.Objetivos da aula: Ao concluir esse conteúdo o aluno deverá: . 80% dispostos em polissomos. não contém íntrons. apresenta poliaminas. circular. com 1/100 da extensão do genoma F-pili: apêndice celular implicado na transferência de plasmídeos (comum em G-) Ribossomos: cerca de 15.GENÉTICA BACTERIANA • Elementos celulares implicados na Genética Bacteriana: polissomos plasmídeo F-pilus ribossomo mesossomo cromossomo bacteriano Cromossomo bacteriano: único.000/célula. autoreplicável. cerca de 4.2x103kb (Escherichia coli). Plasmídeo: DNA extra-cromossômico de fita dupla. composto pelas sub-unidades 30S (rRNA 16S + 21 proteínas) e 50S (rRNA 23S + 5S + 35 proteínas) • Síntese protéica 30S transcrição DNA mRNA tradução 50S tRNA aa . • Variações fenotípicas Resultam das adaptações das bactérias ao ambiente. são reversíveis.1% peptona – esporos) cultura velha – células vermelhas) Alterações na seqüência de nucleotídios. sem comprometimento genético. Ex: Serratia marcescens (37ºC – sem pigmentação Bacillus spharericus (2% peptona – células vegetativas Gram positivos (cultura nova – células azuis • Variações genotípicas 25ºC – vermelhas) 0. MUTAÇÃO mutação puntiforme: envolve um único par de bases 5’ 3’ 5’ 3’ 5’ 3’ G T (His) A G T (His) G G T (Gln) T mutação por inserção A G A T T A C C A A G G A T T A C C A (Ser) G (Asn) (Gly) (Ser) (Gln) (Try) mutação por deleção A G G A T T A C C A A G A T T A C C A (Ser) (Gln) (Try) (Ser) (Asn) (Gly) . irreversíveis. e um gene lacA que codifica a tiogalactosídeo-transacetilase. um gene para a enzima lactose-permease (lacY) que favorece a entrada da lactose para o interior da célula. se for ativado o operon da lactose.098pb A G A T T A C C A C C A A T T A T T C G A G G • REGULAÇÃO DA EXPRESSÃO EM BACTÉRIAS OPERON lac Em Escherichia coli a lactose. Esse operon é composto por três genes moduladores: um gene repressor (lacL). pode ser empregada como fonte de energia.098pb A G A T T A C C A C C A T T C G A G G 328pb 523. um gene promotor (lacP) onde se acopla a mRNA polimerase. que é um dissacarídio composto por galactose e glucose. ausência de lactose mRNA pol lacL lacP lacO mRNA lacZ lacY lacA repressor . enzima responsável pela eliminação dos galactosídeos não hidrolisados. e um gene operador (lacO) que libera ou retem a mRNA polimerase.transposições 328pb 523. denominado operon lac. Caso 1: presença de glucose (pouco cAMP). Esse operon é composto por três outros genes funcionais: um gene que codifica a enzima β-galactosidase (lacZ) que hidrolisa a molécula de lactose em glucose e galactose. presença de lactose cAMP mRNA pol lacL lacP lacO lacZ lacY Baixos níveis de mRNA funcional lacA mRNA lactose repressor Caso 3: ausência de glucose (muito cAMP). Em adição a essa acidogenicidade. Um mecanismo muito interessante envolve a disposição de “bombas” dependentes de ATPase (na membrana citoplasmática) que eliminam os .0 em cerca de 20 minutos após a ingestão de carboidratos.Caso 2: presença de glucose (pouco cAMP). o S. Essa aciduricidade apresentada pelo S. mutans está apto a tolerar a exposição contínua ao choque ácido que pode abaixar o pH local. de 7. mutans é um fenômeno multifatorial.0 a 4. pela rápida glicólise dos açúcares da dieta em ácido láctico. Essa bactéria é capaz de desmineralizar o esmalte dental através da geração de um ambiente ácido localizado. presença de lactose cAMP mRNA pol lacL lacP lacO lactose mRNA lacZ lacY lacA repressor β-galactosidase permease transacetilase OPERON sat O Streptococcus mutans é a bactéria de maior importância na evolução do processo carioso. A Ffh (fifty-four homologue) apresenta uma massa molecular de 54kDa e é homóloga das partículas de reconhecimento de sinal (SRP) dependentes de GTP. que têm natureza protéica. Caso 1: cepa selvagem de S. tipos selvagens de S.0) a transcrição desse operon permanece constante. e que também estão envolvidas em processos de translocação de proteínas na membrana citoplasmática de E. durante eventos de queda brusca e continuada de pH.2kDa e sua função permanece incerta.prótons H+ do citoplasma. A pronta translocação dessas proteínas é determinada por duas proteínas denominadas Ffh e YlxM que estão dispostas num operon chamado de sat (secretion and acid tolerance). Experimentos com mutantes afuncionais (knock-out) para o operon sat mostraram que quando essas células são submetidas à um choque ácido (pH5.5. porem com a forte suposição de que seja uma proteína envolvida na secreção de outras macromoléculas. dos eucariotos. Por outro lado. mutans elevam em até oito vezes a taxa de transcrição desse operon quando em pH5. mutans em pH7. com os mesmos níveis de satmRNA transcritos a pH7.0. coli.5 mRNA pol satL satP satO ylxm ffh mRNA repressor . garante a homeostase e adaptação da célula ao ambiente ácido que a envolve. A rápida síntese e translocação dessas “bombas”. mantendo o pH intracelular próximo de 7.5. A YlxM apresenta uma massa molecular de 13. mutans em pH5. mutans em pH7.Caso 2: cepa selvagem de S.0 Estímulo ácido satL mRNA pol satP satO ylxm ffh mRNA repressor YlxM Ffh Caso 3: cepa mutante (sat :: Tn917) de S.0 Estímulo ácido satL mRNA pol satP satO ylxm ffh mRNA repressor .5 mRNA pol satL satP satO ylxm ffh mRNA repressor Caso 4: cepa mutante (sat :: Tn917) de S. mutans em pH5. O que são mutações? 3. Quais fatores favorecem o “ganho de tempo” por parte das bactérias? 2. Qual a importância do operon sat para o Streptococcus mutans? 5. PERGUNTAS 1.OBJETIVOS Mostrar ao aluno de Odontologia as principais estruturas celulares que apresentam relevância na Genética Bacteriana. princípios de mutação e os mecanismos de controle da expressão gênica em procariotos. Quais as vantagens que o operon oferece para as bactérias? 4. Na síntese protéica. qual a função dos tRNAs? . resultando em alterações genotípicas nessa. As três formas de transferência de DNA entre bactérias são: (1) TRANSFORMAÇÃO. O DNA adere-se à face externa da membrana celular bacteriana.000 bp. Esse fenômeno pode ser observado em organismos gram-positivos e em gram-negativos. DNA binding proteins e endonucleases clivam esse DNA em fragmentos de 6. as células que fornecem o DNA são chamadas de DOADORAS e as que recebem são denominadas RECEPTORAS. Se a recombinação envolver um alelo diferente daquele presente no gene do receptor. Para a célula conseguir captar o DNA é necessário que a mesma encontre-se em estado de competência cálcio-dependente. (2) CONJUGAÇÃO e (3) TRANSDUÇÃO. o genoma e o fenótipo do segundo serão alterados. para que somente uma entre na célula. TRANSFORMAÇÃO O fenômeno da transformação envolve um processo no qual o DNA (de uma célula doadora) livre no meio é tomado por uma segunda (receptora). Uma vez no citoplasma. o DNA alienígena ligado às DNA binding proteins (que evitam a digestão pelas DNAses) encontra o cromossomo da célula receptora ou um plasmídeo e ocorre a recombinação em sítios de homologia. Algumas exonucleases clivam as pontes de hidrogênio estabelecidas entre os pares de base e separam as duas metades da dupla fita. quando então.000 – 8.TRANSFERÊNCIA DE GENES EM BACTÉRIAS “SEXO BACTERIANO” Bactérias podem trocar ou transferir DNA entre elas por três diferentes vias. O DNA do doador é incorporado ao DNA do receptor por recombinação. . Em todos os casos. descobriram os bacteriófagos independentemente. d'Herrelle. em 1915 e 1917. Como você sabe. Twort e F.Transformação em bactérias Célula receptora competente A’ B’ a b Fragmento de DNA da célula receptora A’ a b a A’ b TRANSDUÇÃO O segundo meio de transferir DNA entre organismos envolve a mediação de vírus. Os fagos podem ser detectados de duas maneiras: . O termo fago significa “que come”. vírus bacterianos são chamados de bacteriófagos. ou simplesmente fagos. F. Dois cientistas. pela maioria dos microbiologistas. Pesquisadores que estudavam a conjugação observaram que mesmo quando interpunham uma membrana que evitava o contato físico entre elas. • Durante o processo de montagem. a adição de fagos geralmente causa um desaparecimento das formas viáveis de bactérias em poucos minutos. uma vez que a resposta do sistema imune acaba por inativar o fago. A transdução ocorre da seguinte maneira: 1. tal fenômeno não poderia ser transformação. 3. Porem. . Foi proposto então que esse DNA estaria protegido contra a ação da enzima. Mais tarde. em detrimento de porções do DNA do próprio vírus. Esses novos fagos são denominados fagos defectivos. Um observador mais atento poderia questionar quanto ao emprego desses fagos na terapêutica de infecções bacterianas. Em ágar. A capacidade dos fagos de carrear DNA entre bactérias foi descoberta em 1952. Em culturas líquidas.1. 2. Finalmente. liberando novos fagos infectivos. conhecidos como placas que podem variar de 1 a 3mm em diâmetro. Um fago infecta uma bactéria susceptível injetando seu DNA. ocorria transferência de genes e como essa transferência não era evitada por DNAses. Esse processo de transferência de DNA mediado por fagos foi então denominado transdução. O DNA fágico induz a célula hospedeira a converter todo seu metabolismo para a síntese de novos fagos. no citoplasma. tal procedimento é ineficiente. uma vez que a fonte da infecção foi determinada. são montados e a célula é lisada. alguns erros ocasionais ocorrem e grandes segmentos de DNA bacteriano acabam por se incorporar no genoma do novo fago. formam “buracos” na camada confluente de bactérias. vários componentes das partículas virais. O capsídeo protéico que envolve o DNA viral (e os segmentos do bacteriano) prevenia a digestão enzimática. ao término do ciclo lítico do fago. Em condições padronizadas. o diâmetro das placas é uma característica definida por cada fago. dependendo do fago e das condições de cultivo. 2. Tal especificidade fez dos fagos ferramentas úteis na identificação de espécies bacterianas que causam infecções. foi descoberto que bacteriófagos infectando uma das linhagens podia transferir segmentos do ácido nucleico para a outra linhagem. Outro fator que inviabiliza tal utilização é a elevada especificidade que eles apresentam em relação as bactérias-alvo que irão atacar e destruir. .. xyz Replicação viral (999/1000) lise (1/1000) abc hij xyz ... ...Transdução em bactérias abc . . xyz Infecção fágica incubação abc .. se considerarmos que pode ocorrer 1 transdução a cada 1000 infecções. a infecção propriamente dita não ocorre. mas cuja maioria contém entre 1. apresentam DNA somente da primeira bactéria. e quando esses plasmídeos estão presentes em uma célula. Por exemplo. Alguns plasmídeos carregam genes de resistência à vários antibióticos. são encontradas várias cópias em uma única célula. com alteração do seu genótipo.000. fazendo deles patógenos muito perigosos. quase que exclusivamente. Em outro caso. tem-se que 2 em até 108 infecções podem incorrer numa transdução. plasmídeos denominados plasmídeos de virulência. como podemos detectar a ocorrência?” Resposta: Isso pode vai depender do número de fagos e células empregados. contra os 4. se os considerarmos como sendo mini-cromossomos que são compostos de DNA disposto em moléculas circulares que variam em extensão.000 pares de base. Plasmídeos são melhor entendidos. muitos plasmídeos carream genes para resistência à antibiótico. CONJUGAÇÃO PLASMÍDEOS Antes de se discutir o mecanismo de troca de DNA por conjugação. mas se o plasmídeo e seu(s) gene(s) de resistência são perdidos (cura plasmidial). essa se torna não afetada por determinados antibióticos. esses fagos defectivos ainda apresentam a capacidade de injetar seu DNA numa segunda bactéria. é necessária a compreensão do que são plasmídeos. e comumente. Plasmídeos geralmente carregam genes que não são essenciais para a sobrevivência da célula. Então. Uma vez que esses fagos. A recombinação pode ocorrer entre os segmentos de DNA da primeira célula e o DNA da nova célula. Esses segmentos replicam-se de forma autônoma.000 e 25. uma célula pode albergar diferentes plasmídeos ou conter nenhum. Pergunta: “Se esse evento é tão raro. sendo que alguns alelos carreados pelo fago defectivo podem tornar-se incorporados no novo genoma. a célula hospedeira torna-se sensível a um(s) dado(s) antibiótico(s).Contudo. exceto em circunstâncias especiais. Uma suspensão stock de fagos pode conter 1010 partículas fágicas por mililitro e uma cultura bacteriana 2 x 109 células por mililitro. Ainda.000 bp do genoma cromossômico. carregam genes de virulência que aumentam a possibilidade da célula bacteriana em . Outros plasmídeos carregam genes que protegem a célula bacteriana portadora contra a ação de substâncias deletérias como mercúrio e cobre. Isso é. operon de transferência Tra a Tra b Tra c Tra d transferência do DNA formação do F pillus ori strR operon lac ampR Esquema de um plasmídeo F .000 genes e que uma maior variedade aumentam as chances de sobrevivência de uma bactéria num meio adverso.000 – 5. ou ainda. mas quando esse plasmídeo é perdido. a mesma bactéria tornase incapaz de promover aquela patologia. uma bactéria portando um plasmídeo com genes de virulência é capaz de causar uma determinada doença. Cabe lembrar que o genoma de procariotos carrega somente informação para 1. Uma questão naturalmente nos advém. carregam genes que tornam possível a metabolização de substratos não usuais como gasolina. Qual o papel desses plasmídeos no esquema evolucionário? A explicação corrente é de que plasmídeos constituem um conjunto adicional de alelos que aumentam efetivamente a diversidade gênica de uma população bacteriana. Um bom exemplo de doença provocada por genes de virulência presentes em plasmídeos é a Síndrome Urêmico-Hemolítica provocada pela cepa O157:H7 de Escherichia coli que desenvolve-se em alimentos cárneos e que quando ingerida induz a um quadro de falência de múltiplos órgãos.causar doenças. mas a observação mais apurada mostrou que a conjugação ocorre também entre espécies não relacionadas. como forma de troca de material genético. Esses plasmídeos são conhecidos como plasmídeos sexuais ou de fertilidade e células que os possuem são chamadas de células macho ou F+. As condições básicas para a conjugação são: Células doadoras devem carrear ao menos um único plasmídeo que contenha um grupo de genes que possibilite a conjugação. a habilidade das células bacterianas em transferir DNA por contato físico. Inicialmente. ao passo que aquelas que perdem ou não possuem tal .operon de transferência Tra a Tra b Tra c Tra d transferência do DNA formação do F pillus ori strR operon lac Região de integração ao cromossomo ampR Esquema de um plasmídeo Hfr CONJUGAÇÃO A descoberta da conjugação. a troca conjugacional de DNA em bactérias tem sido documentada e mostrada como sendo a forma mais comum e promíscua. surpreendeu alguns cientistas devido à sua similaridade antropomórfica de troca de genes. acreditava-se que a conjugação fosse ocorreria somente entre bactérias de mesma espécie ou entre espécies muito relacionadas. Desde sua descoberta. no início da década de 1950. Alguns plasmídeos F+ conseguem incorporar-se no DNA genômico da célula receptora transformando essa numa célula Hfr (high frequency recombination). essas tornam-se unidas por meio de uma “ponte conjugativa” que passa a permitir a continuidade do conteúdo citoplasmático nessas duas células. e que todas as formas de antibióticos são extensivamente usadas para tratas essas infecções. Uma vez que pessoas infectadas com patógenos são concentradas em hospitais. Alguns dos maiores focos the transferência desses plasmídeos são os hospitais. Uma enzima especial cliva uma das fitas do DNA do doador F+ em um único sítio e uma recém-sintetizada fita de DNA passa através da ponte conjugativa para o interior da célula receptora F-. as chances de que um plasmídeo contendo genes para a resistência a antibióticos seja selecionado e transferido para outras bactérias são relativamente altas. de uma célula para outra. Esse é um excepcional exemplo de evolution-in-action. e se o plasmídeo transferido for um plasmídeo de fertilidade.plasmídeo passam a ser chamadas de células fêmeas ou F-. por recombinação. a possibilidade de uma bactéria receber um desses plasmídeos e já ter outros plasmídeos com genes de resistência contra outros antibióticos é estatisticamente alta. No caso de alguns patógenos.torna-se uma F+ que imediatamente começa a combinar-se com outras células F-. a célula F. Mais. . Após a união de duas células com reação sexual oposta através desses pili. Essa fita é convertida numa forma de fita dupla que esta apta a sofrer permuta com regiões de homologia no DNA da célula F-. temos atualmente apenas um antibiótico eficaz (Vancomicina) reservado ao uso contra eles e contra outros resistentes a quase todos antibióticos existentes. no que tange a terapêutica de infecções. A forma mais comum de conjugação envolve a transferência de plasmídeos. Isso é. Os genes contidos nesses plasmídeos são responsáveis pela síntese de pili proteicos especiais longos. essas SUPERBACTÉRIAS contém plasmídeos carreando genes de resistência contra todos antibióticos disponíveis. SUPERBACTÉRIAS A transferência conjugativa de plasmídeos de resistência a antibióticos entre bactérias é um dos maiores problemas encontrados hoje. finos e tubulares. em cujas extremidades livres possuem receptores que ligam-se firmemente à ligantes moleculares nas paredes de células F-. Conjugação em bactérias célula receptora (f -) 5’ 3’ célula doadora (f +) conjugação envolvendo célula F+ célula receptora (f -) 5’ célula doadora (Hfr) 3’ conjugação envolvendo célula Hfr .Outras atividades. como alimentar o gado com antibióticos para aumentar a produção de carne ou para aumentar seu tempo de preservação no comércio contribuem para a seleção e subsequente dispersão desses plasmídeos de resistência. endonucleases e exonucleases participam da transformação bacteriana. Explique. como as DNA binding proteins. O que é um fago defectivo e como o mesmo pode transferir genes bacterianos? 4. detalhadamente. Como os túbulos de pilina transferem segmentos de DNA? 5 Explique o que é uma célula Hfr. do ponto de vista da recombinação QUESTÃO EXTRA: “Explique o que você entende por recombinação recíproca e recombinação não-recíproca” . O que você entende por “sexo” bacteriano? 3. 2. uma célula F+ e uma célula F-. quando o mesmo envolve genes de importância médica. QUESTÕES: 1.OBJETIVO DA AULA: Apresentar ao aluno de Odontologia os conceitos básicos de transferência de genes entre bactérias e a importância desse fenômeno. pois utilizando-se de filtrados de plantas sofrendo da dessa doença. A primeira descrição do vírus devemos a Dmitrii Iwanowski que em 1892. gemulação ou outros processos observados entre as bactérias e outros microrganismos. HISTÓRICO A virologia teve seu início no final do século XIX.1 Aula 06 -VÍRUS INTRODUÇÃO A palavra vírus origina do latim e significa veneno ou fluido venenoso. foram capazes de produzir a doença em uma nova planta hospedeira. poderia passar livremente através dos filtros. com o reconhecimento da existência de agentes infecciosos capazes de passar através de filtros que retinham bactérias. sendo portanto parasitas intracelulares. referiu que o agente da doença do “mosaico do tabaco”. não têm atividades metabólicas independentes e são incapazes de reprodução por cissiparidade. sendo portanto menores do que estas. Os vírus como partículas extracelulares. . no entanto. não foram visualisados até o desenvolvimentodo microscópio eletrônico. pois sabe-se que as menores bactérias como Chlamydia e Mycoplasma são tão pequenas quanto os maiores vírus e portanto podem passar por filtros que retêm 99% de outras espécies de bactérias. Os vírus. Iwanowski e colaboradores concluíram que tinham descoberto uma nova forma de vida patogênica. Hoje com a evolução dos conhecimentos teóricos e científicos verificou-se que nem todos os agentes filtráveis podiam ser classificados como vírus. mas funcionais. foram observados Independentemente nos anos de 1915 (TWORT).2 Figura 1: Filtração de extrato de plantas contaminadas com a doença do mosaico do tabaco utilizando filtros bacteriológicos (vermelho). foram também descritos vírus capazes de infectar bactérias. na Inglaterra e 1917 (d`HERELLE). os chamados bacteriófagos. Neste período. que eles chamaram de seres inanimados. animais e vegetais causadas por vírus. A virologia expandiu-se consideravelmente nos primeiros 30 anos deste século. na década de 30 . Os bacteriófagos (“comedores de bactérias”). com a caracterização de um número crescente de doenças humanas. os vírus passam junto com o filtrado para o frasco. no instituto Pasteur de Paris. 3 verificando-se que os bacteriófagos são considerados os vírus de estrutura mais complexa. porém seu complemento enzimático é insuficiente para reproduzir outro vírus. de serem os vírus organismos vivos ou não. deram origem a uma nova área do conhecimento. a biologia molecular. podiam produzir doença em plantas sadias. e) é sempre replicado exclusivamente a partir de seu material genético por uma célula. e o fato de os vírus poderem ser cristalizados. . f) o vírus finaliza seu processo de multiplicação por organização de seus constituintes sintetizado pela célula. da ciência médica. numa análise simplista. c) apresentam como constituintes orgânicos apenas ácido nucléico e proteína. no genoma viral só se encontra um dos dois ácidos nucléicos. b) Enquanto o genoma celular é constituído por DNA e RNA. a célula. Estas diferenças. Existem diferenças fundamentais entre os vírus e as células vivas. que foram enumeradas por Stainer e colaboradores (1969) que são: a) apresentam propriedades muito diferentes da unidade estrutural de um ser vivo. d) podem conter uma ou algumas enzimas. permite-nos. O marco fundamental na história da virologia corresponde ao momento em que foi descoberto por Stanley (1940) que o vírus do mosaico do tabaco podia ser cristalizado (assim como os sais inorgânicos e proteínas moleculares) e que os cristais inanimados. Novos vírus estão sendo descobertos o tempo todo. A controvérsia. onde os conhecimentos que se acumulam. sobre a estrutura viral. e dentro do próprio campo da bioquímica. o vírus não possui portanto. considerar os vírus como microrganismos de grande simplicidade ou moléculas de grande complexidade. ao contrário da célula. foi então novamente reanimada. Essa descoberta teve um grande impacto no campo das ciências biológicas em geral. sistema enzimático próprio. sem perder o poder infeccioso. ou seja. Os vírus sem esse . demonstrando que cada vírus possui características próprias. tornou-se possível estudar a morfologia dos vírus. são incapazes de crescer e reproduzir-se fora de uma célula viva. Alguns vírus possuem a nucleocápside envolvida por um envoltório. É proteção contra ataques das enzimas da célula infectada.4 Além de seu tamanho reduzido de 20 nm (10-9 metro) a 250 nm. é necessário um estudo mais detalhado em relação a caracterização dos vírus. e morfologia viral. Para uma análise mais cuidadosa da estrutura e natureza dos vírus. 1. dimensões e estruturas internas. apresentam uma organização e composição estruturais características. Os vírus têm características em comum: são entidades parasitas intracelulares obrigatórios. mas nunca ambos) recoberto por um invólucro protéico denominado cápside ou capsídio. é composto por polímeros de ácidos nucléicos. os vírus replicam seu material genético. A cápside é formada por múltiplas subunidades denominadas capsômeros. que como todas as formas de vida. Além delas alguns vírus carregam proteínas que ajudam na replicação. além de um processo único de replicação. como uma capa. As fotografias das imagens virais em microscopia eletrônica. o conjunto ácido nucléico/invólucro protéico constitui a nucleocápside ou nucleocapsídio. revelaram suas formas. envelope ou invólucro de glicoproteínas e/ou lipídios. MORFOLOGIA VIRAL Com a descoberta da microscopia eletrônica. Existem ainda nucleoproteínas que envolvem o DNA ou RNA viral. Cada partícula viral ou virion é constituída por cerne ou núcleo de ácido nucléico (DNA ou RNA. 2 . 3) Vírus Complexos: Possuem envelope e são geralmente pleomórficos. As espículas são constituídas de proteína. 5 – Descreva de uma forma geral. adenovírus. vírus da influenza e caxumba). herpesvírus. os capsômeros dos vértices de cada face são chamados “pentons” e os capsômeros das faces de “hexons” . pois o envelope não é rígido. os componentes virais. da raiva e os bacteriófagos. a forma dessas espículas e dos receptores é o que define que partes do corpo o vírus vai infectar. associado as mesmas. helicoidais e de estrutura complexa: Tipos morfológicos: 1) Vírus Icosaédricos: Os capsômeros organizam-se em icosaédricos (20 faces triangulares equiláteras. 12 vértices. Estes vírus podem ser organizados segundo estruturas icosaédricos. varíola).Sendo a doença do mosaico do tabaco muito estudada nos últimos anos. . Ex. 3 – Quais as características comuns dos vírus? 4 – Cite as morfologias dos vírus. arboencefalites). 2) Vírus Helicoidais ou Tubulares: Os capsômeros organizam-se segundo simetria do tipo helicoidal (vírus do mosaico do tabaco. Esféricos (arbovírus. Exs. qual as principais descobertas através desses estudos. poliemielite. dispondo-se o ácido nucléico na parte interna das unidades protéicas. QUESTÕES 1 . e 30 arestas).Você definiria os vírus como seres vivos ou não? Empregando-se o que você sabe até agora sobre vírus tente argumentar sua resposta.5 envelope são denominados vírus nus. da batata. e aqueles que possuem esse envelope são denominados encapsulados ou envelopados. e são essas estruturas presentes nos vírus com envoltório que se ligam aos receptores expressos na superficie da célula. paralelepípedos (poxvírus. 1 Aula 07 – VÍRUS 1 CORPÚSCULOS DE INCLUSÃO Antes que fosse possível estudar a morfologia dos vírus no microscópio tinham por no vírus. em casos de infecções múltiplas. que são de natureza protéica. eletrônico. de constituição ainda mais simples: os viróides. e os prions. VIRÓIDES. etc. contendo subunidades virais imaturas e vírus inteiros. Podem ser: Citoplasmáticos: varíola (Corpúsculo de GUARNIERE). os virusóides. herpes. na mesma célula. raiva (Corpúsculo de NEGRI). que estes representam agregados colônias vírus. compostos apenas por RNA. Sabe-se atualmente. Nucleares: varicela. VIRUSÓIDES E PRIONS Mais recentemente foram descobertos outros três elementos responsáveis por doenças em plantas. ou são estruturas partículas de células de intracelulares (corpúsculos de inclusão) associados arredondadas corpúsculos citoplasma núcleo ou infectadas por vírus. mas também . animais e seres humanos. Estes elementos têm sido estudados dentro da virologia devido não só a semelhanças de composição e estrutura (viróides e virusóides). constituídos por uma molécula de RNA envolta por uma estrutura protéica. Podem ser encontradas inclusões citoplasmáticas e nucleares. os pesquisadores às infecções observado Esses. de fita simples. só foram encontradas em plantas. sem participação de um vírus auxiliar. A transmissão dos viróides é semelhante à do vírus: inoculação mecânica. Quanto a origem dos viróides. virusóides e prions). era capaz de duplicar-se em células suscetíveis. VIRÓIDES Foram tentativas de identificação de uma doença da batata. as alterações macroscópicas típicas observadas em certas espécies. compostas de 240-370 nucleotídeos e intimamente associadas aos nucléolos das células infectadas. No entanto considerando-se os princípios unificadores da biologia. É possível que os viróides tenham surgido (uma das teorias) do material genético do hospedeiro por circulação de determinadas seqüências do genoma celular. A principal característica que distingue os virusóides dos vírus é a presença de RNA de fita simples como único componente.1. nas plantas infectadas. que teriam escapado à degradação enzimática e adquirido uma individualidade estável. propagação através de sementes e pólen. +/. quanto a transmissão por . Desconhece-se o mecanismo pelo qual os viróides ocasionam. é muito provável que venham a ser descobertos também no reino animal. supostamente de natureza viral. haviam sido consideradas decorrentes de ação viral (viróide.M. formando complexos com determinadas proteínas destas estruturas nucleares (histonas). destituídas de proteínas que. conhecidas por íntrons.2 por serem agentes de doenças que. Os viróides são partículas de RNA. até o presente momento. que levaram à descoberta de que o elemento responsável por aquela patologia vegetal não era mais do que RNA livre de dimensões muito inferiores às dos menores genomas virais (P. São moléculas circulares. há diversas teorias. até então.3 x105) e que por si só. não há a condições para a codificação da proteína. Algumas hipóteses foram formuladas para explicar o processo de multiplicação dos prions: uma delas considera que os prions são verdadeiros vírus de genoma RNA ou DNA. existir um oligonucleotídeo. uma exceção ao princípio biológico fundamental de que os ácidos nucléicos seriam os elementos mínimos de caracterização da identidade e vitalidade dos seres. VIRUSÓIDES Existe um segundo grupo de elementos constituídos de RNA de fita simples associado a doenças de plantas. todavia ainda não foi descartada a possibilidade de. outra .3 insetos e nematóides que são da maior importância na disseminação dos vírus. o que é certamente um caráter que distingue os prions dos vírus. resistem a inativação por processos que alteram os ácidos nucléicos. que difere dos viróides por duas características básicas: sua multiplicação depende da presença de um vírus auxiliar e seu genoma está encapsidado em uma estrutura protéica codificada por aquele. Todavia possuem também características comuns aos viróides. não foram confirmados na transmissão de viróides. De qualquer modo. assim. O termo prion deriva das palavras proteínico e infeccioso. por ter sido uma proteína a primeira macromolécula a ser identificada no agente infeccioso de uma doença que acomete ovinos e caprinos. como o RNA circular com 340-328 nucleotídeos. conhecida pelo nome scrapie. PRIONS Pequenas partículas infecciosas protéicas. Estes parecem não estar presentes. Os prions parecem constituir. no interior do prion. Estes elementos receberam a denominação de virusóides. mesmo que tal complexo exista. 4 considera que a proteína dos prions é codificada pelo genoma do hospedeiro; finalmente, uma terceira hipótese admite que é possível violar o dogma fundamental da biologia molecular, aceitando-se que a proteína de prion (PrP) poderia servir de molde para sua própria síntese, ou, por tradução reversa, poderia gerar um ácido nucléico, usando a seqüência de seus aminoácidos. Conhece-se atualmente algumas doenças cuja etiologia está relacionada com prions e que podem ser geneticamente designadas por encefalopatias espongiformes subagudas transmissíveis, ou doenças ocasionadas por vírus “lentos”não-convencionais. Doenças que atingem animais: •Scrapie: ovinos e caprinos •Encefalopatia espongiforme bovina (BSE-Bovine Spongiform Encephalopathy): Doença da vaca louca Doenças que atingem o homem: •Doença de Creutzfeld-Jacob (CJD). •Insônia Familiar Fatal (FFI-Fatal familial Insomnia). •Kuru - doença que atinge o homem, causada provavelmente por um prion é transmitida por canibalismo ( em tribos Fore da Nova Guiné). Todos esses quadros clínicos têm meses até décadas, e evolução clínica fatal. características comuns, como localização no sistem nervoso, período de incubação prolongado, de vários 5 CULTIVO DOS VÍRUS: 1) Inoculação em animal sensível. Ex. raiva, cão. 2) Cultivo em ovos embrionados (galinha ou pata) na cavidade alantóide, na cavidade amniótica e no saco vitelínico. Utilizado principalmente para produção de vacina, porque é um método barato e bem estabelecido. 3) Cultivo em células - tecidos. Culturas de células primárias ou de linhagem contínua (carcinoma uterino humano). RECONHECIMENTO MOLECULAR • Moléculas biológicas, interagem pelo reconhecimento e ligação com outra célula de uma maneira específica. • Receptores/Sítios de ligação (estão presentes na célula) e Ligantes (presentes no vírus). • Os vírus, infectam células hospedeiras específicas, reproduzem-se e infectam outras células (Ex. o bacteriófago lamba ataca apenas células que contêm açucar maltose). O ciclo geral de todos os vírus é exemplificado pelo ciclo dos bacteriófagos. A base principal da infecção viral de uma dada célula é que se uma superfície celular contiver receptor para que o vírus "ancore", este pode ligar-se. BACTERIÓFAGO: 1. Cabeça: Onde está contido o cerne de ácido nucléico (DNA na maioria dos bacteriófagos, alguns possuem RNA) e um capsídio proteíco. 6 2. Cauda: Tubular oco, com uma bainha de filamentos espiralados de proteína contrátil e uma placa basal a qual se ligam prolongamento (fibras da cauda). 3. Fibras da cauda: Saem da placa basal e nestas fibras, existem regiões protéicas específicas de ligação (ancoragem) do bacteriófago com a células hospedeira. Figura 1: Bacteriófago T4. Este é um dos vírus mais complexos, sendo um fago de E. coli e tem sido o tipo de bacteriófago mais estudado. MECANISMO DE INFECÇÃO DO VÍRUS: Para fins didáticos o mecanismo de infecção dos vírus é dividido basicamente em 5 etapas: 1) Adsorção - ligação do vírus com a célula hospedeira. 2) Penetração e Desnudamento - Injeção do ácido nucléico dentro do citoplasma. 3) Período de Eclipse: Não há qualquer evidência de multiplicação. 7 4) Replicação e Biossíntese – Multiplicação e dos componentes virais. 4.1)Ciclo de vida dos fagos: 4.1.1 - Ciclo Lítico 4.1.2 - Ciclo Lisogênico 5) Liberação - do vírus completo da célula hospedeira MECANISMO DE INFECÇÃO FÁGICA (Bacteriófago): Adsorção (Ancoragem) e Penetração. O fago liga-se aos sítios dos receptores celulares do hospedeiro via proteínas localizadas no final das fibras da cauda. Uma vez ligado à célula, uma enzima viral da cauda perfura a parede celular, e a cauda penetra injetando o DNA dentro do citoplasma. No caso do fago o envoltório protéico fica do lado de fora, mas com células eucarióticas o vírus todo pode penetrar no citoplasma. Figura 2: Adsorção e injeção do material genético dentro da bactéria Síntese de Componentes Virais. Uma vez dentro da célula hospedeira, o genoma viral aproveita o metabolismo do hospedeiro, convertendo-o inteiramente para seus próprios Enzimas são produzidas causando lise da célula (ciclo lítico) e liberando novos vírus no ambiente. O processo é ORDENADO de forma que cada componente seja adicionado na seqüência correta. Maturação e liberação do fago Os vários componentes virais são REUNIDOS formando novos fagos. Figura 3: Final da multiplicação dos vírus leva a lise celular no ciclo lítico Ciclo Lisogênico No ciclo lisogênico não ocorre lise celular. Em muitos fagos o ciclo do vírus do início da infecção a lise leva apenas 20 a 40 minutos. O ácido nucleico viral é transcrito e tranduzido e as várias proteínas virais. O DNA do vírus se incorpora ao DNA do hospedeiro tornando-se um gene no cromossoma bacteriano como profago. enzimas ou componentes estruturais. . o DNA do profago é removido do cromossomo que entra no ciclo lítico.8 fins. também são sintetizados para os novos vírus. As vezes. Este é transmitido a sucessivas gerações junto com o material genético da bactéria. E a maioria daqueles vírus denominados não envelopados (vírus nus). respectivamente com conseqüente fusão do envelope com a membrana citoplasmática Figura 5: Maturação e liberação do vírus pela membrana citoplasmática. para que ocorra a multiplicação viral. Figura 4: Ligação do vírus e célula via ligantes e receptor. Esta figura mostra um novo vírus envelopado adquirindo o envelope da hospedeira. penetra nas células também por endocitose com formação de vesículas. Outros vírus envelopados podem ser endocitados com formação de vesícula dentro da célula e esta vesícula por sua vez funde-se a carioteca liberando o material genético do vírus para o núcleo da célula. pode ser por fusão do envelope com a membrana citoplasmática e conseqüente infecção da célula.9 CICLO DE VIDA DOS VÍRUS EUCARIÓTICOS Os ciclos de vida dos vírus envelopados. membrana da célula . Note a inclusão de proteínas no envelope. A ação dos vírus tumorais RNA podem levar a interação lítica.10 VÍRUS E TUMORES É possível demonstrar a ocorrência de alterações dos ácidos nucléicos. A verdadeira anomalia que ocorre no processo neoplásico não incide na forma de crescer ou de divisão celular da célula. De um modo geral. . pela interação de compostos hidrocarbonados policíclicos aromáticos e vírus não-tumorais (influenza e enterovírus). predominando um ou outro processo. dificilmente são isoláveis dos tumores que ocasionam. sem lise celular e sem evidenciação de partículas virais. A perda dos mecanismos de auto – regulação da reprodução celular pode ser desenvolvida. no entanto estas observações não nos permitem concluir o possível papel destes vírus na carcinogênese. mas com expressão dos antígenos da cápside). interação integrativa (crescimento do vírus. No caso do vírus DNA numa infecção celular pode resultar em interação lítica (crescimento vegetativo das partículas virais com lise celular) ou a uma interação latente (incorporação direta do DNA viral ao genoma celular com transformação maligna da célula). interação latente (com aparecimento de partículas virais). mas na perda dos mecanismos de auto–regulação da reprodução celular por modificação qualitativa do DNA celular. os vírus DNA. tanto pela ação do vírus DNA. tanto in vivo como in vitro. ao controle normal. por causas múltiplas. Câncer – é o resultado da proliferação de uma célula ou clone de células que escapam. quanto do vírus RNA. ou gene “V-onc”. que codifica as proteínas do envoltório viral. Conhecem-se 29 -“V-onc”. por uma DNA polimerase DNA-dependente que duplica o DNA complementar (provírus) possibilitando sua incorporação ao genoma celular. a maioria dos quais codifica proteína-cinase. Os retrovírus possuem três genes essencais a sua multiplicação: o gene “gag”. o gene “pol”. com facilidade. ou enzimas de fosforilação. Os oncogenes são genes com potencial tumorigênico e foram inicialmente descritos nos retrovírus. que transcreve RNA em DNA complementar simples DNAc) e o outro. que codofica as proteínas da nucleocápside.11 Para que o genoma viral seja integrado ao genoma celular. que codifica a transcriptase reversa e o gene “env”. . Os vírus RNA podem ser obtidos. um deles desencadeado por uma DNA polimerase RNA-dependente (transcriptase reversa). Não são conhecidos os processos que levam o provírus a operar a transformação maligna da célula. embora não sejam de sua exclusiva propriedade. da maioria dos tumores que ocasionam. este é o oncogene. grupo específico. Existem retrovírus que além desses genes possuem um gene com a capacidade de transformação maligna das células infectadas. com transformação maligna. são necessários dois processos preliminares. Sabe-se que alguns retrovírus possuem a capacidade de ocasionar em poucas semanas o aparecimento de tumores malignos em animais de laboratório enquanto que outros retrovírus demoram meses a anos. 12 gag pol env V-onc gag pol env V-onc ds RNA vírus Rous) (sarcoma de ga g pol e nv V-onc síntese de cDNA transcriptase reversa pela ga g ga g pol pol e nv e nv V-onc V-onc DNA fita dupla Integração da cópia do genoma viral (provírus) ao genoma da célula Segmentos integrados ao genoma celular ga g ga g pol pol e nv e nv V-onc V-onc Figura 6: Mostrando os 3 genes principais de um vírus o oncogene . Descreva os vírus oncogênicos. 4 .13 QUESTÕES: 1.O que diferencia um vírus encapsulado de um não encapsulado. Dê exemplos de doenças malignas.O que faz um vírus ter a capacidade de desenvolver câncer? 6. 2 – Enumere as teorias sobre a multiplicação dos prions. estes fagos estão englobados? 5. . 3 .Descreva um tipo de bacteriófago e cite em qual dos grupos anteriores. viróide e virusóide de forma sucinta. dando exemplos de doenças que estes elementos acometem.Como você define prion? Diferencie este de vírus. as colônias são mais resistentes do que as de bactérias. suas hifas formam uma massa de filamentos enovelados. Contudo. assim. As hifas crescem pelo alongamento de suas pontas (crescimento apical) e pela produção de ramificações laterais. Os fungos crescem como células únicas. eles são imóveis em sue maioria e suas paredes celulares assemelham-se as de plantas. enquanto que aquelas que se projetam acima da superfície do meio constituem o micélio aéreo. em espessura e. Uma única célula uninucleada pode produzir cordões multinucleares filamentosos. A maioria das colônias cresce na superfície de meios líquidos ou sólidos como lençóis irregulares.CARACTERÍSTICAS DOS FUNGOS Os fungos (do latim fungus = cogumelo) tem sido tradicionalmente considerados como "semelhantes a plantas". até certo ponto. Ainda mais. é também chamado micélio reprodutivo. órgãos de frutificação com diversos esporos e células que são diferenciadas sexualmente (em muitas espécies). Os fungos são abundantes no solo. onde absorvem nutrientes. leveduras. em composição química e em estrutura ultramicroscopica. isto é. são freqüentemente incômodos contaminadores de culturas de bactérias e de células de mamíferos. . secos e filamentosos. No centro das colônias micelianas as hifas são freqüentemente necróticas devido a falta de suprimento de nutrientes e de oxigênio e talvez ao acúmulo de ácidos orgânicos. algumas espécies formam notáveis armadilhas para a captura de vários microrganismos. os bolores e cogumelos. Seus esporos ubíquos. Devido ao enovelamento das hifas filamentosas. ou talo. O principal elemento da forma vegetativa ou de crescimento de um bolor é a hifa (do grego hyphe= teia). transportados pelo ar. A medida que uma colônia. uma estrutura tubular ramificada com cerca de 2 a 10 µ de diâmetro. Em adição. ou como colônias filamentosas multicelulares. onde vivem muito bem em folhas mortas ou em madeira. são coletivamente conhecidas como o micélio vegetativo. muito maior do que as bactérias. De fato. porém são muito mais diferenciadas do que as bactérias. as leveduras. As hifas que penetram no meio. chamados micélio (do grego mykes= cogumelo). foi um desses contaminadores numa cultura de estafilococos que eventualmente levou a descoberta da penicilina ESTRUTURA E CRESCIMENTO Bolores. cresce. eles estão restritos a uma existência saprofítica ou parasita. como esse último via de regra tem células reprodutivas ou esporos. As formas multicelulares não possuem folhas. os fungos não possuem pigmentos fotossintéticos e. A maioria das espécies cresce por extensão continua e ramificação de estruturas filiformes. caules ou raízes e são muito menos diferenciadas do que as plantas superiores. nos vegetais e em massas de água. isto é. Nas leveduras.Na maioria das espécies as hifas são divididas por paredes transversas.6. as paredes celulares dos fungos parecem ser entrelaçadas. . os septos possuem finos poros centrais. geralmente de 3 a 4 µ de diâmetro. em que organismos pouco relacionados desenvolveram. possuindo mitocôndrias e um retículo endoplasmático. seus múltiplos núcleos estarem incluídos numa massa contínua de citoplasma. formada de resíduos de D-glicose ligados em β-1-6 com ramificações ligadas em β-1. presumivelmente por uma seqüência evolucionária independente. Polímeros de hexoses e hexosaminas constituem os elementos estruturais fundamentais da parede dos fungos. como os resíduos de glicose em celulose. fica do lado imediatamente externo da membrana limitante do citoplasma e. divisão).4-glicosídicas. PAREDE CELULAR A parede celular de um fungo.3. suas membranas contém esteróis. Contudo. com vários cromossomos diferentes e uma membrana nuclear bem definida. um polímero de D-manose ligado em α-1. chamadas septos (do latim septum = cerca. está envolvida por um polissacarídeo capsular externo. um exemplo interessante de evolução convergente.2 e α-1. Citologia. Ainda mais. assemelhando-se. Em muitos bolores e leveduras. Levedura. As vezes as leveduras e sua progênie aderem entre si e formam cadeias ou "pseudohifas". Por isso essa substância representa. que é constituída de resíduos de N-acetil-glicosamina. assim. São eucarióticos. cujas paredes celulares freqüentemente contém unidades estruturais como se fossem tijolos. com ramificações α-1. a extração da parede celular com álcalis. em nível molecular. Esses são ligados entre si por ligações β-1. As leveduras são fungos unicelulares ovais ou esféricos. ao contrário das bactérias. a quente. estruturas semelhantes ou idênticas para servir as necessidades semelhantes. resulta numa glicana insolúvel. como a de bactérias. Leveduras e bolores assemelham-se a plantas superiores e a animais na complexidade anatômica de suas células. o principal material da parede celular de plantas superiores. em algumas leveduras. a principal macromolécula estrutural da parede é a quitina.3 surgindo a intervalos freqüentes (a glicana assemelha-se a celulose em sua insolubilidade e rigidez). a formas superiores e não a bactérias. A quitina também é o principal material estrutural do esqueleto dos crustáceos. Um polissacarídeo solúvel adicional é a manana. Contudo. dai mesmo as hifas septadas serem cenocíticas. as enzimas secretadas estão localizadas no espaço periplasmático. quitanase e mananase. a digestão das paredes das leveduras e dos bolores em solução hipertônica produz protoplastos viáveis. que deve conter pelo menos seis ou sete resíduos conectados. Foram também isoladas. lipídeos contendo fósforo e nitrogênio também são abundantes na parede (até 10% do peso seco). As paredes de várias leveduras contém complexos de polissacarídeos com proteínas ricas em resíduos de cistina e a redução reversível de ligações –S–S– tem sido implicada na formação de brotos. In vitro. Os protoblastos de leveduras são deficientes em algumas das hidrolases das células intatas. etc. Como nas bactérias. bactérias que produzem enzimas líticas para essas paredes pela aplicação da técnica de enriquecimento com paredes celulares purificadas. Também se produzem protoplastos pelo crescimento em meios que inibem a síntese da parede celular. como acontece na quitina. incluindo glucanase. GDP-manose. Em algumas leveduras. A quitina-sintetase está ligada a membrana celular. o que resulta num aumento do acúmulo de uridina-difosfato-N- . Ele inibe a incorporação de acetil-glicosamina. As paredes celulares dos fungos podem ser digeridas por enzimas contidas nos sucos digestivos do caracol Helix pomatia. ela necessita de um iniciador. é um inibidor seletivo da quitina-sintetase. assim como nas bactérias. como fonte de carbono.). de amostras de solo. como invertase e β-fructosidase. Essas observações sugerem que. 14 C-glicosamina na parede celular de Neurospora crassa. Um antibiótico nucleotídico a poloxina D.Do mesmo modo que nas bactérias. Esses sucos contém mais de 30 atividades enzimáticas conhecidas. os polissacarídeos da parede celular dos fungos são sintetizados de vários nucleotídeos de açúcares (UDP-N-acetil-glicosamina. por endosporulação verdadeira e. sendo que o processo clássico de mitose assegura a transmissão de um complemento total de cromossomos para cada núcleo resultante. Os tubos alongam-se em hifas dando surgimento a uma nova colônia. REPRODUÇÃO ASSEXUADA O crescimento vegetativo de um micélio cenocítico envolve divisão nuclear sem divisão celular. contudo. que se formam por um processo semelhante a gemulação. seguida da germinação dos esporos. o material da parede celular então se interpõe entre o broto e a célula primitiva e eventualmente . A grande maioria dos fungos patogênicos para o homem não possui sexualidade. a formação de um novo clone sem envolvimento de gametas e sem fusão nuclear. que contém um ou vários núcleos. que se formam pela fragmentação das hifas. apresentam parede espessa e são excepcionalmente resistentes ao calor e a dessecação. Em contraposição. e os conídios. que podem ser formados por muitos fungos. 2) brotamento e 3) fragmentação das hifas. se destinados a formar um bolor. os artrosporos.REPRODUÇÃO Além de crescerem por extensão apical e por ramificação. isto é. eles se tornam alargados e. isto é. São conhecidos três mecanismos: 1 ) esporulação. Enquanto que nesta (o processo reprodutivo comum em quase todas as bactérias) um antecessor se divide em duas células-filhas de tamanho essencialmente igual. é provável que eles ajam para promover a disseminação aérea. Brotamento é o processo de reprodução assexuada prevalente nas leveduras. apesar de algumas espécies dividirem-se por fissão (leveduras de fissão). variam bastante em cor. Algumas espécies produzem somente uma espécie de esporos e outras produzem até quatro tipos diferentes. Outros esporos assexuados (clamidosporos e artrosporos) desenvolvem-se dentro das hifas. no brotamento a célula-filha é a principio muito menor do que a célula primitiva. esse termo e reservado para os esporos assexuados que se formam nos terminais ou nos lados das hifas. tamanho e forma. mais freqüentemente. os fungos reproduzem-se por meio de ciclos sexuais e assexuais e também por urn processo parassexual. Os esporos germinam quando plantados num meio congenial. Os esporos assexuados são as vezes chamados conídios. Os clamidosporos. não são excepcionalmente resistentes. eles são provavelmente formados da mesma forma que os esporos bacterianos. Os esporos. de modo semelhante. O passo seguinte da divisão celular leva a reprodução assexuada (vegetativa). A medida que o broto sai da célula primitiva o núcleo desta se divide e um deles passa para o broto. Sua morfologia e modo de origem constituem a principal base para a classificação dos fungos que não possuem sexualidade. emitem um ou mais tubos gerrninativos. promovem a sobrevida em ambientes desfavoráveis. velhas células de levedura apresentam muitas cicatrizes de brotamento mas tem apenas uma cicatriz de nascimento. 2) Os núcleos macho e fêmea fundem-se para formar um núcleo zigoto. ex.. DIMORFISMO Algumas espécies de fungos crescem somente como bolores e outras apenas como leveduras. aparecem como bolores típicos. em condições convencionais. 3) Através de meiose o núcleo diplóide da surgimento a quatro núcleos haplóides. e formas de levedura quando o crescimento se da na profundidade desses meios. Essa capacidade é freqüentemente explorada no cultivo dos fungos. 1) Um núcleo haplóide de uma célula doadora (macho) penetra no citoplasma de uma célula receptora (fêmea). Como resultado de repetidos brotamentos. Ela é clinicamente importante pois a maioria dos fungos mais patogênicos (para o homem) é dimórfica. sendo decisivo. REPRODUÇÃO SEXUADA Os fungos que apresentam reprodução sexuada seguem os seguintes passos. Alguns fungos produzem formas micelianas ao crescerem na superfície de meios líquidos de cultura. como nos animais superiores. Por exemplo. Essa capacidade e conhecida como dimorfismo. mas quando cultivados in vitro. eles via de regra aparecem nos tecidos infectados como leveduras. mas em outras espécies. formados pela ruptura de um micélio) são também capazes de formar novas colônias. um único fator. podem crescer em ambas as formas. Muitas espécies. contudo. dependendo do meio ambiente. Pela micrografia eletrônica podemos ver uma cicatriz de nascirnento na parede da célula-filha e uma cicatriz de brotamento na parede da célula primitiva. Na maioria das espécies a condição haplóide é a que esta associada a um crescimento vegetativo prolongado e o estado diplóide é transitório. mas é provável que não seja importante na natureza. o inverso é verdadeiro. diplóide. O dimorfismo pode ser experimentalmente controlado pela modificação das condições culturais. o patógeno humano Blastomyces dermatitidis cresce como micélio a 25°C. às vezes. Fragmentos de hifas (p. sendo que alguns deles podem ser recombinantes genéticos. . mas como levedura a 37°C.aquele se desliga. gorduras. num processo semelhante a digestão estomacal do homem. essas substâncias de moléculas grandes são digeridas por enzimas até formas mais simples. porém algumas amostras podem sofrer mutações e perder a capacidade de sintetizá-lo. em opinião acompanhada por VILLELA & CURY (1956). A fonte de N pode ser inorgânica (por exemplo: NO3. As exigências podem ser quanto molécula inteira de um fator qualquer. a depender do mesmo. polissacarídeos. Fatores de crescimento Segundo SNELL. ou os chamados "bios” de WILDIERS. que será utilizada como material plástico ou energético. estimulantes e condicionais. Algumas vezes certas substâncias. passando assim. Os fungos podem ser saprobióticos (ou saprófitas) e parasitas (facultativos ou obrigatórios ). como observado com a tiamina em: a) Aspergillus niger. que a sintetiza. geralmente. d) Phycomyces blakesleeanus exige os dois. isto é. porém. conforme vivam de fontes de alimento existentes livres ou em hospedeiros. aldeídos. Esses fatores podem ser classificados. Uma determinada espécie pode não exigir um fator de crescimento. os quais.. o fator de crescimento é "qualquer composto orgânico que não pode ser sintetizado por um dado organismo e que deve ser fornecido ao mesmo. cetonas.Nutrição e Metabolismo Fontes de C e N Para o seu desenvolvimento. como os álcoois. De modo geral. no próprio meio circundante. podendo ser utilizadas como substâncias energéticas ou plásticas. b) Mucor ramannianus exige a fração tiazol e sintetiza a pirimidina. etc. os fungos são classificados como hetero e quimiorganotróficos. As fontes orgânicas podem ser bastante simples. sempre externo. ou parte dela. devem ser fornecidos em pequeníssimas quantidades. c) Rhodotorula rubra sintetiza o tiazol e exige a pirimidina. polipeptídeos. segundo VILLELA & CURY (1956). o que permite a assimilação fácil do alimento. os fungos exigem sempre uma fonte orgânica de C. como os aminoácidos. ácidos. intacto". Muitas espécies de fungos. Por exigirem C orgânico exógeno para as reações oxidativas na produção de energia necessária ao seu desenvolvimento. .e NH4+ ) ou orgânica. podem funcionar como fontes de C e N. em essenciais. etc. para o seu desenvolvimento. sendo o processo. podem exigir os chamados fatores de crescimento. ou complexas como proteínas. constituinte de enzimas. podem provocar mutações nos Aspergillus niger.000) e o sulfato de cobre (em 1:500 a 1:1. pois são de fácil manejo. a formação de inúmeros produtos intermediários. Esses elementos podem ser adicionados ao meio. vários compostos são tóxicos. carbonato de cobre. etc. responsáveis por importantes reações de óxido-redução. em baixos níveis. como o sulfato de zinco (em diluição de 1:1. óxido de zinco. Observa-se. A via glicolítica ou da fermentação alcoó1ica. Algumas substâncias. Ela apresenta interesse. são também estimulantes em pequenas doses. Metabolismo Os fungos tem sido instrumentos interessantes no estudo dos processos metabólicos. nitrofenolato de sódio. como o Zn e o Hg.Microelementos minerais Os fungos exigem certos microelementos. Cu e Mn podem agir como elementos catalizadores do crescimento. de modo geral. o cobre da tirosinase e nitrito-redutase. Mb. K. tanto plásticos como energéticos. Em doses maiores. quando adicionados além de determinado limite. ou via de EMBDEMMEYERHOFF-PARNAS. etc. como e o caso com sulfato de cobre. cloreto de zinco. o Mn. Na fermentação alcoólica. Ca. Além da forma de produtos inorgânicos. há produção de energia que pode ser acumulada em moléculas de ATP. isomerase. com o zinco. como os citocromos.500). os contém em proporção adequada. como o de SABOURAUD. tornando-se porém. os íons metálicos agem favoravelmente em pequenas concentrações. Os microelementos podem ser essenciais por participarem de moléculas importantes no metabolismo. Zn. Aliás. Os íons Fe. prejudiciais ao crescimento. com a intervenção de muitas enzimas que catalizam reações de quinase. é um dos exemplos de via metabó1ica conhecida em profundidade e que serve de padrão para as pesquisas em outros mecanismos metabó1icos. porque o organismo animal pode utilizar uma via semelhante para a degradação do açúcar. mutase. Mn. etc. etc.000 e 1:2.. esses metais podem ser ligados a grupos orgânicos e serem utilizados como antifúngicos. De modo geral. . nessa via. da nitrato-redutase. da hidroxilamino-redutase e o Mb. crescimento rápido e utilizam-se de meios bem caracterizados quimicamente. os carboidratos representam as principais fontes de energia e C para os microrganismos. bicloreto de mercúrio. Cu. que é constituinte de varias enzimas. sendo inclusive utilizados em combate aos bolores. aldolase. como o Fe. enquanto outros. como acontece com timerozal. ainda. Outros metais. elementos químicos inorgânicos em pequenas quantidades. como ocorre com Fe. a exemplo do álcool-deidrogenase. isto é. catalase. . sistemas reversíveis de transferência de energia por meio de hidrogênio ou de transporte eletrônico. são exercidos nas células dos fungos pelo mitocôndrio. havendo outras. 3. como o ciclo oxidativo das fosfopentoses. Descreva todos os tipos de micoses e os principais órgãos afetados. Questões 1. Descreva a reprodução assexuada dos fungos. 4. o ciclo de KREBS. Descreva dimorfismo em fungos. Descreva as principais estruturas citológicas dos fungos e suas funções. não é a única via de degradação de carboidratos. porém. etc.A via glicolítica. 2. Os mecanismos de óxido-redução. algas e protozoários) convivendo no mesmo ambiente. Os meios de cultura contém os materiais nutrientes para o cultivos dos diferentes microrganismos. como a morfologia de suas colônias. ou seja. Os meios líquidos são úteis para a obtenção de relativa grande biomassa de microrganismos e revelação de provas bioquímicas. Para se determinar as necessidades nutricionais de um microrganismo são utilizados meios quimicamente definidos. não possibilitando a observação de algumas características específicas dos microrganismos. ou adquiridos prontos no comércio em placas de Petri ou tubos de ensaio. Estes meios podem ser preparados no próprio laboratório com pós desidratados. Estes meios podem ser em caldo (líquido) ou ágar (sólido). mas não permitem a separação de dois ou mais microrganismos de espécies diferentes em uma população mista. onde todas as células na população sejam idênticas (originárias de uma mesma célula parental). uma cultura de células. deve-se primeiramente isolá-lo em cultura pura. se conhece a composição exata de . fungos. denominado meio de cultura. como um hospedeiro animal ou vegetal. uma cultura isenta de todos os demais tipos de organismos. ou por uma mistura de todos os nutrientes requeridos juntos em um sistema artificial. ou seja. Para estudar as propriedades de um determinado microrganismo em particular. CULTIVO DE CULTURAS PURAS MEIOS DE CULTURA Os ingredientes necessários para o crescimento de microrganismos podem ser supridos por um sistema vivo.1 ISOLAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DE MICRORGANISMOS Na natureza encontramos várias espécies de microrganismos (bactérias. coloração. Nesses meios somente são encontrados uma única fonte de carbono (geralmente glucose). Ex. Meios diferenciais – são desenvolvidos para facilitar a separação presuntiva de espécies de microrganismos que porventura estejam colonizando um mesmo ecossistema. Meios com finalidades especiais são meios que fornecem informações especiais sobre os microrganismos: Meios seletivos – são desenvolvidos para promover o crescimento de determinados microrganismos em detrimento de outros.: ágar-sangue (Porphyromonas e Prevotellas).: Agar de Thayer-Martin seletivo para Neisseria gonorrhoeae e N. e não são detectados fatores de crescimento. nistatina. etc. Ex. que também se encontram na amostra em questão.2 tais meios. aminoácidos ou ácidos nucléicos. A prática mais comum é a incorporação de substâncias tais como antibióticos ou inibidores que propiciam tal seleção. meningitidis onde os organismos contaminantes são inbidos pela colistina. de fósforo. via de regra. etc). na forma de moléculas ou fórmulas iônicas simples. de acordo com o processamento de agentes cromogênicos ou açúcares e indicadores incorporados ao meio. Esses meios. vancomicina e trimetroprim e MSB (sacarose e bacitracina) – seletivos para Streptococcus mutans. de nitrogênio (sais de amônio ou nitratos). . Meios de enriquecimento – são variações dos meios seletivos empregados para se estimular o crescimento de certos microrganismos exigentes e que encontram-se particularmente presentes em pequeno número numa amostra que inclui grande número de outros da microbiota normal. Meios de cultura mínimos ou basais são meios onde somente são fornecidos elementos químicos necessários ao microrganismo. permitem a obtenção de colônias com características fenotípicas diferenciadas (morfologia. etc. FATORES QUE INFLUENCIAM A ESCOLHA DO MEIO A origem do material a ser analisado A espécie que se imagina estar presente na amostra As necessidades nutricionais dos organismos. Pode ser adicionado sangue. visível a olho nu. resazurina). onde são adicionadas substâncias redutoras (ácido ascórbico 0.6) que o meio para cultivo bacteriano (pH 6. .1%) que se combinam com o oxigênio e indicadores de oxi-redução (azul de metileno.8 a 5. cisteína 0.5). Cada colônia nada mais é do que células individuais agrupadas.1%. as células são imobilizadas e cada uma irá se multiplicar produzindo uma colônia isolada. Meios para o cultivo de bactérias – simulam o habitat natural das bactérias. MÉTODOS DE CULTIVO Inoculação Quando o inóculo (material colocado no meio de cultura). glicose.3 Meios para anaeróbios – são meios pré-reduzidos empregados na coleta e manutenção de bactérias anaeróbias.: Sabouraud Agar.5 a 7. soro animal. uma fonte de nitrogênio inorgânico ou orgânico e alguns minerais. Ex.: Brain Heart Infusion Agar – BHI agar. com ancestral único. Ex.1%. Em geral esses meios têm uma concentração maior de açúcar (4%) e um pH menor (3. tioglicolato de sódio 0. obtido de uma suspensão original da amostra. Meios para o cultivo de fungos – os fungos podem crescer em uma mistura simples contendo glicose. é colocado dentro ou sobre um meio geleificado (ágar). Colônias estrias Aparência das Técnica da semeadura em superfície: o inóculo é espalhado na superfície do ágar com o auxílio de uma alça de vidro (alça de Digralsky). as colônias formadas estarão bem separadas. Método de pour-plate: uma suspensão de células é misturada com ágar fundido a 45°C. Quando o ágar se solidifica.4 Técnica de esgotamento por estrias: através de uma alça ou agulha de semeadura esgota-se o material por meio de estrias na superfície do meio. formando colônias. as células são nele imobilizadas e crescem. que se verte em uma placa de Petri. Mas para se ter certeza disso é necessário repicar uma colônia do tipo desejado. Este procedimento deverá ser repetido quantas vezes for necessário. com alta probabilidade de ser derivada de uma única célula. suspendê-la em solução apropriada e replaqueá-la. o que irá assegurar a obtenção de uma cultura pura. . Se a suspensão de células que será inoculada foi previamente diluída. meios seletivos. meios enriquecidos. Se apenas algumas amostras de uma diluição particular exibirem crescimento. Para contornar este problema reproduz-se em laboratório as condições ideais para o crescimento do microrganismo que se deseja isolar. presume-se que essas culturas se originaram a partir de células isoladas. Este método é utilizado somente quando não é possível o cultivo em placa por algum motivo e deve ser empregado apenas para se isolar o tipo de organismo predominante em uma população mista.5 Um outro método de obtenção de cultura pura é o de diluição com extinção. assim como este ocorre em ambiente natural. MANIPULAÇÃO DO CRESCIMENTO DOS MICRORGANISMOS Por vezes. é extremamente difícil reproduzir o crescimento microbiano em meios artificiais. o aquecimento do material. tais como: diferentes meios de cultura que contenham os nutrientes exigidos pelo microrganismo temperatura de incubação aeração pH Quando se deseja identificar a maior parte das espécies presente em uma amostra de uma população mista de microrganismos deve ser realizada a semeadura em tantos meios e condições de incubação diferentes quantos sejam necessários para se obter o crescimento da maioria das espécies presentes na amostra. tais como meios diferenciais. alguns recursos podem ser empregados de acordo com as características do microrganismo desejado. . Para o isolamento de um tipo particular de microrganismo presente em uma população mista. A suspensão original da amostra é diluída seriadamente e semeiam-se amostras de cada diluição. e inoculação em animal sensível. ação de álcalis ou ácidos fortes. como a Neisseria gonorrohoeae. O material é introduzido ou removido da câmara por meio de um sistema fechado para o ar. Após semeados. Após a semeadura em placas ou tubos com meio de cultura. estes são fervidos para que a maior parte do oxigênio dissolvido seja retirada. e então um agente redutor deve ser adicionado (normalmente cisteína). que necessitam níveis elevados de dióxido de carbono (CO2). A atmosfera dentro da câmara é uma mistura de hidrogênio. Câmara de anaerobiose: a manipulação dos microrganismos é realizada dentro da câmara que contém luvas especiais acopladas à parede da câmara. os meio são colocados dentro da jarra – juntamente com uma vela acesa que é então fechada hermeticamente. o qual remove os últimos traços de oxigênio. O gás nitrogênio livre de oxigênio é colocado nos tubos contendo o meio. neste caso pode ser utilizado o método da jarra microaerófila.6 ISOLAMENTO DE AERÓBIOS Estes microrganismos requerem oxigênio para sua sobrevivência. dióxido de carbono e nitrogênio. Após a vela se apagar será obtida uma quantidade reduzida de oxigênio livre e um teor de dióxido de carbono de aproximadamente 10%. Qualquer resíduo de oxigênio na câmara é removido pela reação com o hidrogênio. estes são mantidos em estufa a 37°C em presença de oxigênio do ar atmosférico. Jarras de anaerobiose: os meios inoculados são colocados em uma jarra juntamente com um envelope que contém substâncias químicas que geram . Os meio são esterilizados em autoclave na completa ausência de oxigênio. na presença do catalisador paládio. ISOLAMENTO DE ANAERÓBIOS Durante a preparação dos meios. Existem grupos de microrganismos. Este sistema é inadeqüado para o cultivo de anaeróbios estritos.7 hidrogênio e dióxido de carbono. que podem variar desde uma microscopia relativamente simples à análise do material genético encontrado na célula. Método de Veillon: o microrganismo é inoculado em meio sólido em coluna alta. . contagem em placa ou através de membrana filtrante e aqueles que medem o peso celular ou ainda através da estimativa de unidades de absorbância da massa de células em caldo ou outras suspensões (turbidez). MEDIDA DO CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MICROBIANA Existe uma variedade de técnicas para quantificar o crescimento bacteriano.: tioglicolato de sódio). que são meios de cultura com a adição de um agente redutor (ex.: Contagem celular microscópica ou eletrônica. IDENTIFICAÇÃO DOS MICRORGANISMOS Através das técnicas laboratoriais empregadas para caracterizar os microrganismos. que são capazes de absorver o oxigênio ou gerar H2 e CO2. procura-se enquadrar o microrganismo numa espécie. Uma coleção de dados é utilizada para caracterizar espécies diferentes: Características Culturais O primeiro passo para a identificação de uma colônia isolada é a observação da natureza do meio em que o organismo está crescendo. Para os anaeróbios são utilizados meios reduzidos. crescendo no fundo do tubo de ensaio. Os dois métodos quantitativos mais comuns são aqueles que avaliam o número de células UFC/mL – Unidade Formadora de Colônias por mL – ex. 8 O estudo da morfologia das colônias crescidas em meio sólido (forma. dimensões. Preparações a fresco (em gota pendente ou preparações entre lâmina e lamínula). Morfologia Colonial Características Morfológicas Os microrganismos podem ser observados ao microscópio óptico utilizando-se preparações fixadas e coradas. (ex. já que muitas espécies podem produzir colônias que não diferem entre si. brilho.Hektoen). . etc) irá possibilitar uma identificação preliminar. são úteis quando a estrutura do microrganismo pode ser distorcida pelo calor ou agentes químicos utilizados na preparação do material seco e corado. mas não definitiva do organismo estudado. estrutura. coli são indistingüíveis das de Shigella quando cultivadas em ágar. podendo ser utilizadas também quando o microrganismo não se cora facilmente ou para observar motilidade ou ingestão de alimentos particulados.: algumas colônias de E. através de observação ao microscópio óptico. membranas. (ex.9 As técnicas de coloração servem para mostrar as várias estruturas dos microrganismos (flagelos. a combinação do sistema de lentes da objetiva e o sistema de lentes oculares produz a ampliação. As colorações podem ser feitas com um ou mais corantes. cápsulas). Microscopia Óptica Os microscópios de luz conseguem uma ampliação máxima útil de cerca de 1000x o tamanho original do espécime. incluindo oculares de alta potência a ampliação máxima do microscópio luminoso pode chegar a aproximadamente 2000x. de contraste de fase.: Violeta de genciana) Coloração diferencial: envolve mais de uma solução corante. Coloração simples: realizada com uma única solução corante. identificar suas estruturas internas e ajudar a identificar e separar microrganismos similares. maiores informações sobre a morfologia celular. Evidencia diferenças entre as células microbianas ou parte das células. Com algumas modificações. Assim. As células coram-se uniformemente com esta técnica. Existem diversos tipos de microscópio de luz: Microscópio de campo claro. A maioria das bactérias pode ser dividida em dois grupos distintos de acordo com os resultados apresentados pelo Gram: • Bactérias Gram-positivas – coram-se em violeta escuro • Bactérias Gram-negativas – coram-se em vermelho Essa diferença na coloração está relacionada com a espessura e estrutura das paredes celulares das bactérias. de campo escuro. . A imagem formada pelas objetivas é também ampliada pelas lentes oculares. Coloração de Zihel-Nielsen) Coloração de Gram O microbiologista pode utilizar a coloração de Gram do material obtido de colônias isoladas para obter. (ex.: Coloração de Gram. de fluorescência. Existem avanços mais recentes na microscopia. Este microscópio permite o exame de vírus e das ultra estruturas das células microbianas. metabolismo fermentativo. outras fontes de iluminação. desta forma. em vez da luz.10 O microscópio eletrônico produz uma ampliação máxima útil de cerca de 200. o pH. O registro das reações realizadas por uma espécie microbiana é útil e muitas vezes essencial para sua identificação Características Fisiológicas Condições físicas como a atmosfera gasosa. ou novas técnicas de coloração Características Metabólicas Existem vários testes laboratoriais que podem determinar a atividade metabólica (metabolismo oxidativo. os microrganismos do corpo humano crescem a 35°C e os do oceano a temperaturas entre 4 e 20°C. a luminosidade e os fatores de crescimento próprios de cada microrganismo também fornecem parâmetros para a identificação. devido ao alto poder de resolução proporcionado pelo comprimento de onda muito curto dos feixes de elétrons utilizados. a temperatura. a produção de anticorpos. Os anticorpos produzidos em animais de laboratório podem ser usados para detectar a presença de antígenos únicos em culturas bacterianas e são usados para caracterizar microrganismos. catabolismo protéico) de um organismo. Características Antigênicas Uma célula microbiana apresenta estruturas físicas em sua superfície que podem agir como antígeno e induzir. Por exemplo.000 – 400.000x o tamanho original do espécime. . como aquelas que utilizam computadores. Características genéticas Através dos avanços na biologia molecular surgiram técnicas que permitem realizar análises genéticas para classificar ou identificar os microrganismos ou compreender a sua atividade.as amostras são congeladas. Para o isolamento dos microrganismos em laboratório deve ser observada a atmosfera gasosa ideal para o crescimento de cada célula microbiana em particular: . plantas ou micróbios). poderá determinar se este é ou não um patógeno. desidratadas e fechadas à vácuo. CONSERVAÇÃO DE CULTURAS PURAS Após a obtenção de uma cultura pura deverá ser adotado um método de conservação destas culturas vivas por um período de tempo de acordo com o objetivo do estudo a ser realizado. por exemplo.11 Características patogênicas A inoculação do microrganismo em hospedeiro sensível (animal. Conservação por um curto período (dias a meses): Armazenagem à temperatura de refrigeradores (4°C a 10°C) Repiques freqüentes Conservação por longos períodos: Nitrogênio líquido a -196°C Freezers a -70°C/ -120°C Liofilização – congelamento a seco . através de métodos mais sensíveis e precisos. com a finalidade de reproduzir a doença. o que possibilita a viabilidade das culturas por muitos anos. Esta técnica permite a obtenção de uma coleção de microrganismos como referência. é necessário fornecer células hospedeiras vivas. Cultura em tecidos: uma vez obtida uma cultura de células. Em laboratório são utilizados normalmente camundongos. Vírus bacterianos – bacteriófagos – são facilmente isolados e cultivados em cultura de bactérias jovens em crescimento ativo em caldo ou meio solidificado em placa. já que são parasitas intracelulares estritos. O ECP pode ter diferentes aspectos. utilizando-se uma agulha e seringa. Um tipo de ECP é o corpúsculo de inclusão. Sua presença pode . geralmente causando algum tipo de alteração visível. esta pode ser utilizada como um hospedeiro in vitro para um determinado vírus. Vírus animais: Cultivo em animais vivos: seu uso é limitado. Diferentes tecidos do embrião são inoculados.12 CULTIVO DE VÍRUS Para isolar vírus em laboratório. dependendo do tipo de vírus. por meio de um orifício aberto na casca. devido ao alto custo. São utilizados em estudo sobre a resposta imune do hospedeiro frente a uma infecção viral ou para determinar se um vírus é capaz de causar uma infecção. Cultivo em ovos embrionados (de galinha ou pato): Ovos embrionados (embriões de 6-12 dias) podem ser inoculados assepticamente com vírus. Podem ser utilizadas células de cultura primária ou células de linhagem contínua. dependendo do vírus e do tipo de células na cultura. Alguns vírus animais como o vírus da hepatite B podem ser cultivados somente em animais vivos. Identificação de vírus depende do ECP (efeito citopático): os vírus invadem as células. A abertura é selada com parafina e os ovos são incubados a 36°C por 2 a 3 dias para permitir a multiplicação dos vírus. coelhos e cobaias. que é uma estrutura intracelular anormal. QUESTIONÁRIO 1. 3. ed. Explique a finalidade dos principais meios de cultura.. p. Louis: Mosby.477-499. Cap. L. ed. Defina o termo “cultura pura”.R. São Paulo: Melhoramentos. vol. BIBLIOGRAFIA Baron.M.. In: Microbiologia: Conceitos e Aplicações. Cap. 2. 1996. Pelczar. 4.1. Quais as técnicas para conservação de culturas? 5. N. 9. 25. O. Vírus de Plantas Podem ser cultivados pela inoculação de uma suspensão viral em plantas por meio de uma agulha hipodérmica ou de escarificações provocadas nas folhas da planta.S.J. In: Bailey & Scott’s Diagnostic Microbiology. 1994.. In: Microbiologia e Imunologia. 1984. Caracterização dos Microrganismos. Chan.ed. Métodos gerais de estudo das bactérias. p. 474-504. por exemplo. Peterson. Bier. S.C.R. p. St.J. 4. & Krieg. . 23.13 ajudar a identificar o vírus que esteja causando uma infecção. E. Methods for identification of etiological agents of infectious disease. M. Cite os passos para o isolamento de um microrganismo anaeróbio. Cap. os corpúsculos de Guarnieri são característicos em células infectadas com o vírus da varíola. 75-99. Finegold. 2. São Paulo: Mc Graw Hill do Brasil. E. Descreva as principais características dos microrganismos usadas na identificação das espécies.3. imaginando que as infecções não representariam mais problemas. INTRODUÇÃO Os profissionais da área de saúde bucal. Com o advento dos antibióticos e vacinas. auxiliares e técnicos de prótese dentária. os microrganismos passaram a ser favorecidos. mas muitos profissionais ainda resistem em implementá-lo integralmente sob variados pretextos (ignorância. • Uso indiscriminado de antibióticos. De um modo geral. porém superlotou hospitais de pacientes debilitados. vigilância. • O desenvolvimento da Medicina. etc. Responsabilidade no controle de infecção (CI) O conhecimento científico sobre Controle de Infecções (CI) avançou muito. irresponsabilidade. Deter as contaminações nos consultórios odontológicos tem sido um grande desafio. A mesma falta de ênfase pode ser observada nos cursos de Odontologia do país. • Com o surgimento da AIDS. invadidos por sondas e cateteres. sob ventilação mecânica e imunossuprimidos. sem proteção. subestimando as doenças sexualmente transmissíveis. Este fato. em um meio ambiente desfavorável. os microrganismos são capazes de sobreviver em ambientes de diversas condições físicas. O controle de infecção é constituído por recursos materiais e protocolos que agrupam as recomendações para prevenção. possibilitando maior sobrevida. ocorreram grandes mudanças que atuaram na relação do homem com a natureza e os microrganismos: • O crescimento demográfico de forma desordenada criou problemas de saneamento básico e de meio ambiente que favoreceram a dispersão dos microrganismos. os microrganismos têm vencido as medidas de segurança adotadas. Este recurso foi aproveitado pelo homem para o controle de microrganismos. Na maior parte das vezes. Os meios pelos quais as infecções são transmitidas foram descritos séculos antes que o homem descobrisse a existência dos microrganismos. permitindo o aparecimento de microrganismos resistentes.). existe uma limitação da capacidade de sobrevivência de determinado microrganismo. Nas últimas décadas. associado ao uso de anticoncepcionais no início dos anos 60. resultando nas infecções ditas oportunistas. o homem teve uma falsa impressão de segurança. levou a um comportamento sexual mais liberal. dos transplantes.. após a II Guerra Mundial. diagnóstico e tratamento de infecções. visando à segurança da equipe de saúde e dos pacientes. aumento de custos. colocando em risco profissionais e pacientes. Entretanto. incluindo dentistas. estão freqüentemente expostos a microrganismos com potencial para transmissão de infecções. higienistas. da radioterapia e da quimioterapia. que pode interferir na seleção natural.REGULAÇÃO E CONTROLE DE MICRORGANISMOS 1. Durante . uma justificativa às nossas falhas. como mãos. de um indivíduo para outro susceptível. necessitam portanto serem avaliadas para minimizar o risco da doença. organização e disciplina do que raciocínios complexos e técnicas difíceis de serem aprendidas ou executadas. equipamentos e pisos. e não o inverso. e até mesmo a morte. roupas e cabelo. Porém. torna-se teoricamente contaminado. 1980). Tudo o que for tocado pelo profissional. A biossegurança não é completa quando profissionais da Saúde atendem a um paciente e manipulam instrumentos. • Do pessoal odontológico para paciente. sangue. Além disso. as peças de alta e baixa rotação são tocadas. No consultório odontológico. Para se compreender o mecanismo da infecção cruzada. • De paciente para paciente via pessoal odontológico. Em uma pesquisa realizada nos EUA (JACKSON & CRAWFORD. Tais fontes. vamos sugerir uma situação hipotética. secreções nasais. 3) superfícies contaminadas do equipamento ou outros itens do consultório. A realização de controle de infecções envolve muito mais conhecimento. basta que atentemos para o que se passa dentro do consultório. novo instrumento precisa ser retirado da gaveta. 2) mãos do pessoal odontológico. responsabilidade. O paciente sentou-se na cadeira odontológica. 2. podemos evitar as infecções sérias. seringas de ar e água. 45% do pessoal odontológico havia se contaminado no trabalho. até que se compreendeu que as infecções poderiam ser transmitidas e adquiridas no consultório. Através do controle da infecção. 9% infecções oculares. o instrumental esterilizado foi disposto adequadamente e o profissional lavou criteriosamente as mãos. INFECÇÃO CRUZADA Chamamos de infecção cruzada a passagem de um agente etiológico da doença. A maior porcentagem havia adquirido infecções respiratórias. . Existem três nichos ou reservatórios que favorecem a infecção cruzada no consultório: 1) instrumental. Porém.séculos os profissionais de Odontologia realizaram seu trabalho inconscientes dos riscos reais de contaminação inerentes à sua prática. material biológico e superfícies contaminadas. ou seja. as seringas de ar e água são manipuladas. num dado momento o refletor precisa ser melhor posicionado. podemos detectar quatro vias possíveis de infecção cruzada: • Do paciente para o pessoal odontológico. Várias fontes com potenciais de infecção estão presentes nos consultórios dentários. determinação. • De paciente para paciente por intermédio de instrumentos. a cadeira abaixada. verificou-se que numa determinada amostra. todas as superfícies da sala ficam contaminadas por aerossóis produzidos pela peça de mão. 14% infecções nos dedos e mãos e. saliva. assim como instrumentais e equipamentos. o fato de sempre haver um risco deve ser um estímulo à nossa dedicação. A “epidemia” da AIDS acelerou a pesquisa e o interesse na “assepsia odontológica”. 2. Está comprovado que o VHB é um dos agentes infecciosos mais resistentes.9% em 1976. Foi comprovado que a vacina é segura e tem aproximadamente 96% de eficácia. o risco de transmissão do HIV apresenta uma incidência estimada entre 0 a 0. técnicos e pacientes durante a prática odontológica. A incidência da hepatite B após a exposição acidental. O vírus da hepatite B produz uma das mais graves doenças transmitidas por patógenos na prática odontológica. A partir de 1985. que causa dor aguda à palpação e a impossibilidade de exercer a prática odontológica durante um certo tempo. assim quantidades insignificantes de sangue.2. A prevalência de anticorpos para hepatite B entre cirurgiões-dentistas aumentou de 12. e a doença possui um curso fatal nos indivíduos que apresentam os sintomas. 20 pacientes desenvolveram gengivoestomatite herpética após a intervenção de uma higienista com infecção pelo herpes do tipo I nos dedos. 2. é de aproximadamente 20%. Até mesmo os profissionais mais informados e conscientes enfrentam um desafio. A imunização para hepatite B requer uma série de três injeções intramusculares nos tempos 0. 30 e 180 dias.2.5%. permanecendo viável num instrumento contaminado e seco. A infecção mais séria.000025 ml. proteção de auxiliares. Foram relatados pelo menos nove casos de hepatite B envolvendo 3 a 53 pacientes que foram infectados por CDs portadores da doença. a grande maioria dos agentes desinfetantes não exerce ação sobre tal vírus. Uma outra manifestação problemática do vírus é o herpes nos dedos. Grande parte dos indivíduos que apresentam a AIDS possui manifestações orais da doença. Embora o . pode causar cegueira. por mais de duas semanas. Em um relato. devido ao fato da hepatite e da AIDS possuírem períodos de incubação bem prolongados e na maioria dos indivíduos não ser identificada. podem transmitir o vírus. através de lesões por instrumentos cortantes ou perfurações por agulhas utilizados em pacientes que possuem o antígeno HbsAg circulante. Hepatite B O cirurgião dentista (CD) realiza com freqüência intervenções que. Um prova dessa afirmação é o fato de os praticantes da Ortodontia apresentarem a segunda maior incidência de marcadores de infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) no sangue. mesmo quando não invasivas podem promover infecção.1. além disso. o herpes oftálmico. os dentistas refletiram e atualizaram seus programas de assepsia para proteção pessoal.3. AIDS A infecção pelo vírus da imonudeficiência humana (HIV) é extremamente séria. para 30% em 1984. líquen-plano e herpes simples. O vírus da hepatite pode estar presente no sangue em concentrações muito elevadas. tais como ulcerações. Herpes Os vírus do herpes simples do tipo I e II estão freqüentemente presentes na cavidade oral de pacientes e podem causar infecções sérias em CDs e auxiliares. como 0. Nas mesmas circunstâncias. 2.número de partículas virais do HIV por mililitro de sangue infectado seja entre 10. as variáveis em jogo que levam à contaminação e à infecção: a presença de fontes de microrganismos. Nossas mãos. 3. há uma grande aflição entre os dentistas quando ocorre um ferimento durante um procedimento com um portador da doença. maior é sua chance de contrair doença infecciosa. Levando-se em consideração que não se consegue identificar todos os pacientes infectados com base na história clínica. Submeter todos os pacientes a exames laboratoriais não é ético. Ex: doenças sexualmente transmissíveis. Embora a realização do CI tenha um certo custo. as soluções de limpeza. A percepção da equipe de saúde Há profissionais que não adotam um programa de CI. 3. HIV.1. Peças de mão e borrachas contaminadas. hepatites virais. a toalha de pano. viável nem suficiente. Muitas vezes. Realizar CI é uma necessidade moral e legal. as formas de contaminação e a patogenicidade. . o sabonete em barra. portanto todo paciente deve ser atendido como se fosse portador de uma doença contagiosa. a torneira nãoautomática. herpes e outras. hepatites virais. no exame físico e nos testes laboratoriais. como AIDS. legal. Fonte de microrganismos A maior concentração de microrganismos no consultório dentário encontrase na boca do paciente. perante o paciente e a sociedade. Quanto maior a manipulação de sangue. podem ser fortes veículos de microrganismos. a água que supre o abastecimento de Saúde. que torna a razão do trabalho verdadeira e valoriza o profissional da Saúde e a profissão. ar/água. jatos de ar. ou entre aqueles dentistas que se recusam a usar luvas e vêm a descobrir mais tarde que trataram de paciente portador do HIV. alegando que nenhum paciente ou profissional da Saúde contraiu uma infecção grave ou fatal em seu ambiente de trabalho. nem o paciente sabe de sua condição de portador. Outros profissionais afirmam que não atendem a pacientes portadores de infecções contagiosas. o Center for Disease Control and Prevention (CDC) – EUA recomenda que se tomem precauções contra a contaminação por sangue ou outros fluídos corporais de forma consistente no atendimento de TODOS OS PACIENTES. ESTRUTURAÇÃO DO CONHECIMENTO PARA A REALIZAÇÃO DO CI Todos os integrantes da equipe de Saúde devem ter em mente. vidas não têm preço. o que ficou conhecido como “precauções universais”. Ao utilizarmos instrumentos rotatórios. a contaminação gerada em até 1. uma vez contaminadas de saliva e/ou sangue. • Formas de contaminação Direta: ocorre pelo contato direto entre o portador e o hospedeiro. visível ou não.5 m de distância é muito grande. são os maiores veículos de contaminação de superfícies. ar/água/bicarbonato e ultra-som.000 a um milhão de vezes menor que o do vírus da hepatite B. 3. para que ocorra uma infecção é necessário que haja uma fonte de microrganismos. Primeiramente. diabetes mellitus. assim como podem transmitir tais doenças aos pacientes. A antibioticoterapia profilática deve ser de curta duração. (6) assepsia dos equipamentos e (7) assepsia laboratorial. instalando-se. em um hospedeiro com maior ou menor resistência. sobrevivendo e. e é inversamente proporcional à resistência local. é responsabilidade do CD assegurar-se de que toda a sua equipe tenha conhecimentos mínimos para que possa atuar de forma responsável. A virulência é definida como o conjunto de recursos que os microrganismos possuem para causar dano ao hospedeiro. Os aspectos do controle de infecção que devem ser analisados nas formulações de um programa de controle de infecção efetivo são: (1) técnicas de assepsia. uma vez ocorrida a contaminação. devemos estabelecer quais devem ser os meios e a seqüência lógica de implantação. herpes simples. leucemia. Patogenicidade = no de microrganismos X virulência resistência ao hospedeiro Ou seja. Resumindo. A imunização de profissionais da Saúde bucal constitui parte essencial dos programas de CI. por um microrganismo de determinada virulência. Indireta: ocorre quando o hospedeiro entra em contato com uma superfície ou substância contaminada. O . IMPLANTANDO O PROGRAMA DE CI Conhecidas as variáveis sobre as quais temos que atuar para a realização do CI. em determinado número. (2) avaliação dos pacientes. caxumba. a possibilidade de ocorrer a infecção é diretamente proporcional ao número de microrganismos contaminantes vezes a virulência deles. portadores de síndrome de Down. varicela e tétano. Patogenicidade A patogenicidade expressa a possibilidade de uma contaminação gerar uma infecção. Ex: hepatite B.3. sarampo. sarampo e varicela. Vacinas: Aumentando a resistência dos profissionais da Saúde e pacientes e diminuindo a virulência de microrganismos Profissionais da Saúde estão sob risco constante de aquisição de doenças previníveis por vacinas. Antibióticos com finalidade profilática e terapêutica A antibioticoterapia profilática está indicada aos pacientes de risco: possuidores de implantes em geral. rubéola. A distância: através do ar. (4) esterilização do instrumental. Ex: tuberculose.• • 3. humoral e celular do hospedeiro. (5) desinfecção de superfícies. difteria. AIDS. influenza. um contágio através de uma das três formas. finalmente multiplicando-se. 4. Recomenda-se a esses profissionais as seguintes vacinas: contra hepatite B. e aqueles submetidos à radioterapia ou hemodiálise. (3) proteção pessoal. o hospedeiro entra em contato com o microrganismo. transplantados. 4. tais como bolas de algodão. Antissepsia: é a utilização de substâncias (agentes químicos) para inibição da proliferação ou a destruição de microrganismos presentes na superfície da pele e mucosas. jamais poderão estar meio estéreis ou quase estéreis. os equipamentos necessário são de baixo custo e operação. sendo prescrito habitualmente por 7 a 10 dias. Empacotamento: papel ou folha de alumínio . O termo assepsia é também usado para designar a prevenção do contato com patógenos. esterilização e desinfecção. gases. Na vigência da infecção instalada. isto inclui as técnicas de proteção com invólucros. animal ou vegetal. A esterilização denota o uso de agentes físicos. Esse é um termo que não deve ser usado com sentido relativo: um objeto ou substância estão ou não esterilizados. ESTERILIZAÇÃO 5. Assepsia: é o contrário de sépsis (presença de patógenos no sangue ou outros tecidos). Desinfecção: é a destruição dos microrganismos patogênicos. químicos ou físico-químicos. Métodos físicos: autoclavação. 5. Todas as manobras como esterilização de material. e o calor seco não produz corrosão. Em Odontologia. Cadeia asséptica: toda técnica cirúrgica é desenvolvida com a preocupação da manutenção da cadeia asséptica. estufa e radiação Calor seco – estufa: 170 -180o C por 60 minutos. antissepsia do campo operatório.) Interferindo no número de microrganismos Conceitos Esterilização: é a destruição de todas as formas de vida. o uso do antibiótico deve ser terapêutico.3. etc. ausência de infecção. pela aplicação direta de meios físicos ou químicos. Dentre as vantagens da utilização deste método estão: maior capacidade de volume. ou 160o C por 120 minutos. pontas de papel e instrumentos metálicos. e não profilático. colocação de luvas e máscaras.1. esse termo refere-se portanto a ação “in vivo”. fazem parte da cadeia asséptica mantida para o controle das infecções.uso de antibióticos profiláticos em cirurgia leva com certeza a uma diminuição na incidência de infecções pós-cirúrgicas. bem como o conjunto de meios empregados para impedir a penetração dos microrganismos em local que não os contenha. A estufa é utilizada para materiais que não devem ser molhados. sem que haja necessariamente a destruição de todos os microrganismos. macroscópicas ou microscópicas de um material. Esse termo é empregado para objetos inanimados. 1. B) Hipoclorito de sódio: indicado para desinfecção em solução aquosa a 1% (10. Pisos e paredes pelo tempo de 30 minutos. de uso doméstico. Obs: possui ação corrosiva em instrumento metálicos. • enxugar em pano limpo. O manipulador do material deve usar luvas grossas de borracha. prejudicando o corte e promovendo a ferrugem dos instrumentos. Além disso. • enxugar o material em pano limpo. simplicidade de operação e custo relativamente baixo. para artigos semi-críticos pelo tempo de 60 minutos (ativos contra o vírus da AIDS e hepatite).2.) Tipos de desinfetantes/ esterilizantes: A) Fenóis sintéticos: indicados para desinfecção de artigos não-críticos pelo período de 60 minutos. deixar agir por 30 60 minutos. dos contra-ângulos. etc. 5. Para desinfecção de pisos.2. das peças de mão. as bactérias podem crescer em soluções velhas e diluídas (Buckthal e cols. 5.2. tempo de 30 minutos.) Normas para desinfecção de material contaminado • colocar em desinfetante (glutaraldeído ou hipoclorito). guardá-lo em recipiente esterilizado. Uma desvantagem é a oxidação de instrumentos metálicos. A autoclave permite a esterilização das pontas de alta rotação.000 ppm). para retirar os resíduos do desinfetante. 1986). • lavar e enxaguar abundantemente o material com escova. Indicados como . água e detergente líquido. pois não são efetivos contra o bacilo da tuberculose. Dentre as vantagens de sua utilização estão: a esterilização mais eficiente e confiável.Calor úmido – autoclave: 123oC por 20 -30 minutos – 15 Ib/pol2 .. esporos e vírus da hepatite B. Métodos químicos de Esterilização e Desinfecção 5. A esterilização por autoclaves é a opção preferencial em relação aos meios químicos e ao calor seco. • esterilização: colocar o material no desinfetante de sua opção e deixá-lo agir pelo tempo necessário à atingir o resultado esperado. paredes e superfícies lisas.2. C) Glutaradeído: Desinfecção: tempo de 30 minutos Esterilização: tempo de 10 horas D)Outros: • Produtos a base de compostos quaternários de amônio (Germikil): Não são aceitos pela ADA. e por serem facilmente inativos por matéria orgânica e algodão. • enxaguar abundantemente em água. etc. geralmente utiliza-se 63oC/ 30 minutos.plasma peróxido de hidrogênio. Não elimina bactérias esporuladas e alguns vírus. Perde parcialmente seu efeito antimicrobiano em material contendo pus. Para o leite. • Não são disponíveis indicadores biológicos♠ para avaliação da efetividade das soluções. bacilo da tuberculose e vírus (hepatite). óxido de etileno e gás. • Álcool etílico: utilizado como antisséptico e desinfetante na concentração de 77o GL p/v . Pasteurização: processo que consiste em aquecer o material a temperatura relativamente baixa por tempo relativamente longo.3. Filtração: passagem de gases ou líquidos através de substâncias (velas. saliva. É um método de desinfecção utilizado geralmente para grandes quantidades de líquidos que não podem ser fervidos (leite. Não atua contra todos os microrganismos Gram-negativos.) Limitações das soluções químicas desinfetantes: • São sensíveis a alterações de suas concentrações ideais. etc. geralmente danifica os instrumentos. Utilizada em Microbiologia. para determinadas substâncias que não podem ser autoclavadas. discos filtrantes) capazes de reter os microrganismos.desinfetantes de artigos semi-críticos pelo tempo recomendado pelo fabricante. por 2-3 dias consecutivos.2. Os esporos utilizados são: Bacillus stearothermophilus para autoclaves e Bacillus subtilis para calor seco. 5. • A temperatura é uma variável muito importante para que ajam no tempo indicado pelo fabricante. sangue. vinho. Obs: a radiação ultravioleta jamais deverá ser utilizada para desinfecção e esterilização de objetos e instrumentos. consiste no aquecimento repetido. afim de evitar a manutenção prolongada de temperaturas propícias (30-40oC) à proliferação das bactérias não destruídas e à germinação de esporos. Tyndalização: ou esterilização fracionada.3. A flambagem ao rubro. cerveja. ♠ . O álcool a 77o v/v é obtido a partir de álcool a 96o GL.). na seguinte diluição: 4 partes de álcool e uma parte de água filtrada ou destilada. 5. verifica o funcionamento adequado dos aparelhos e dos ciclos de esterilização. testes com esporos. Após a pasteurização. • Perdem suas propriedades na presença de material biológico.) Outros métodos de esterilização/desinfecção Flambagem: colocar o material diretamente na chama de um bico de Bunsen ou lamparina à álcool. Recurso utilizado no laboratório de Microbiologia e excepcionalmente em outras áreas da Odontologia. os materiais devem ser resfriados bruscamente. A lavagem das mãos é considerada a medida isolada mais importante para se reduzir o risco de transmissão de microrganismos. possuindo muito pouco poder de penetração. o que torna inviável sua utilização em consultório. • Gás óxido de etileno: utilizado industrialmente. Difícil utilização por necessitar de aparelhagem adequada. ser exposto em todas as suas faces e não podendo ser acondicionado. Não é efetivo para instrumentais pois alguns vírus e bactérias esporuladas são resistentes. 6. antes da colocação de luvas e depois de sua remoção. a luz ultravioleta só tem ação quando da exposição direta do microrganismo à ela. PRÁTICA DA ASSEPSIA O risco de contaminação tem um significado especial onde um grande número de profissionais e pacientes encontram-se envolvidos com trabalhos clínicos simultaneamente. no qual utilizam-se temperaturas de 218 a 246o C por 10 segundos.Gases esterilizantes: • São utilizados misturas gasosas em esterilizadores especiais. Assepsia pessoal – lavagem das mãos A principal rota de transmissão de microrganismos orais e respiratórios ocorre pelas mãos. Difícil utilização em consultórios por necessitar de aparelhagem especial e por deixar resíduos nos materiais. A lavagem simples das mãos pela técnica correta e utilizando água. Meios transmissores de calor: esterilizadores contendo pérolas de vidro. não podem ser utilizado para instrumentos calibrosos. além de utilizar paramentação adequada. evitando a contaminação cruzada e dessa forma. pisos e paredes devem ser limpos com água e sabão. Além disso. sabão e escova retira a microbiota transitória adquirida pelo contato direto ou indireto com o paciente. 6.2. desinfecção e assepsia. preservando a integridade física do paciente. devendo o instrumental portanto. As mãos devem ser lavadas imediatamente antes e após o tratamento de cada paciente. como o que ocorre em escolas de Odontologia. 6. e o cabo do instrumento não é esterilizado. que produzem pressão de vapor químico não saturado (126oC/ 30 minutos). Utilizado excepcionalmente para alguns instrumentais endodônticos. em uma seqüência lógica: das áreas menos sujas para as . é bastante efetivo contra vírus e esporos. Cabe. Limpeza dos ambientes dos estabelecimentos de Saúde Na ausência de material biológico visível.1. e alguns gases deixarem resíduos materiais. cerâmica ou sal. É muito tóxico e alergizante. e após tocar sem luvas objetos provavelmente contaminados. Luz ultravioleta: método utilizado para desinfecção de ar em centros cirúrgicos e salas assépticas. portanto aos acadêmicos seguir à risca os métodos de esterilização. os instrumentos devem ser limpos vigorosamente para a retirada da sujeira e do material orgânico. .mais sujas. • Artigos não-críticos: são todos os que entram em contato apenas com pele íntegra e ainda os que não entram em contato direto com o paciente. O lixo contaminado do consultório deve ser separado e acondicionado em sacos plásticos brancos e recolhido por serviço público especializado. seringas. os artigos hospitalares são classificados “segundo o risco potencial de transmissão de infecção que apresenta”. Estes artigos devem estar isentos de agentes de doenças infecciosas transmissíveis (desinfecção). 7. raspagens.3. etc. 6. Nas salas clínicas. polimentos. Estes artigos devem estar obrigatoriamente estéreis ao serem utilizados. como por exemplo. e de cima para baixo. • Artigos semi-críticos: são todos aqueles que entram apenas em contato com mucosa íntegra. consideramos que a classificação proposta pelo Ministério da Saúde para artigos hospitalares pode ser aplicada na Odontologia. solução de cloro a 1% (solução de Milton). ANTISSEPSIA Para a profilaxia das infecções. utilizamos os antissépticos sempre antes de qualquer procedimento – como incisões. injeções. cadeira. brocas. moldagens. punções. as superfícies tocadas que não puderem ser cobertas com barreira durante o atendimento deverão ser limpas e desinfetadas entre cada atendimento. O profissional deve decidir os objetos a serem utilizados durante o atendimento e determinar aqueles que podem (1) ser apenas cobertos por invólucros. no sistema vascular e em outros órgãos isentos de microbiota própria. No Manual de Controle de Infecção Hospitalar do Ministério da Saúde (1985). Na presença de material orgânico visível. Exs: instrumentos. etc. agulhas. A classificação é a seguinte: • Artigos críticos: são todos aqueles que penetram nos tecidos subepiteliais. com um desinfetante de ação intermediária. Exs: mobiliário. Como no consultório odontológico o contato entre o instrumental e o paciente é constante. telefone. Estes artigos também devem estar estéreis ou o mais possível livre de microrganismos (desinfecção). A importância da antissepsia bucal antes da realização de procedimentos operatórios é ilustrada por três fatos bem comprovados: • mesmo procedimentos aparentemente não invasivos (como profilaxia ou raspagem) provocam bacteremias de magnitude semelhante a procedimentos mais invasivos. Limpeza dos instrumentos: Antes da esterilização ou desinfecção de alto nível. procede-se a desinfecção localizada. bisturis. sanitários. que o encaminhará à incineração. bem como todos que estejam diretamente conectados com eles. (2) esterilizados e aqueles que podem ser (3) desinfetados. máscara. as superfícies dos armários e puxadores das gavetas. papel e descartáveis como gases e luvas. • número de microrganismos viáveis da cavidade bucal após a antissepsia é diminuído em 99% na região cervical dos dentes e.5 m de distância. • . além de ter rápido início de ação. interferir na defesa do organismo ou prejudicar reparação ou cicatrização. Além disso. as seringas de ar/água. Equipamentos de proteção individual São eles: avental. é grande a contaminação até 1. as bandejas de instrumentos e superfícies. Papel impermeável. os braços e alavancas da cadeira. e ainda sobre a pele. o suporte da cabeça. há relatos a respeito da sobrevivência de microrganismos sobre superfícies. descartadas. etc. RECURSOS MATERIAIS E PROTOCOLOS PARA SE MANTER A CADEIA ASSÉPTICA A prevenção da infecção cruzada é feita pelo emprego dos processos de esterilização e de todos os procedimentos destinados a manter a cadeia asséptica. O uso desses equipamentos é indicado para a higiene e proteção da equipe de Saúde e dos pacientes durante os atendimentos. Antes de cada atendimento deve-se: desinfetar as peças de mão. tóxicos. mais economia de tempo e dinheiro. a clorexidina. boa penetração nos tecidos e ação residual. folha de alumínio ou plástico devem ser usados para proteger itens e superfícies que são difíceis de limpar ou desinfetar e. o refletor e os comandos.2. São considerados antissépticos bucais: os iodóforos. o cloreto de cetilpiridínio. em 96% nos aerossóis e gotículas decorrentes da utilização de pontas. e novas coberturas devem ser colocadas. tais como fichas clínicas. 8. a cuspideira.quando se usam peças de mão. 8. os suportes das peças de mão e seringas. Gerenciamento de superfícies As partículas produzidas pelo uso de equipamentos rotatórios pemanecem viáveis no ambiente. 8. alergizantes. produzir lesões celulares. mostrando que uma grande variedade deles consegue sobreviver durante um tempo prolongado em diversos materiais de uso rotineiro em Odontologia. essas coberturas de proteção devem ser removidas (com o profissional ainda enluvado). que podem ser contaminados com sangue ou saliva durante o uso. óculos de proteção e luvas. As barreiras garantem-nos segurança. as torneiras do lavatório. No intervalo entre o atendimento de dois pacientes. e não devem ser irritantes. Os antissépticos bucais são utilizados através de bochechos e/ou aplicação tópica. gorro.1. peças de mão. 53. 2.: José Bonifácio Fonseca. 8.B.46. 1997. 1994. 6. Immunization of health-care workers.1. Dental Microbiology.4. In: Microbiologia das doenças humanas. 5.A. Teixeira.3. p. 7. Instrumentos e acessórios Procedimento com o material: colocá-lo após uso em cuba com desinfetante durante 30 minutos. BIBLIOGRAFIA 1. Curitiba: Dental Books/Odontex. Calmes Jr. Rio de Janeiro. 2 agosto 1995. Recommendations of the Advisory Commitee on Immunization Practices (ACIP) and the Hospital Infecction Control Practices (HICPAC). MMWR.3% ou similar. M. 1980. R. Oral microbiology and imunology.J. T. Métodos físicos de controle microbiano. deve-se usar colírio a base de nitrato de prata a 1%. M. 1982. Crawford. Guandalini.R. J. Harper e Row. p. & Lillich. Contaminações • Contaminação de pele com saliva ou sangue: lavar imediata e abundantemente a região com água e sabão líquido. 2o ed.. R. Resolução SS-186. M. n.L. n. Mai/Jun. In: MC GHEE. Biossegurança em Odontologia. Revista da APCD. São Paulo. Center for Disease Control (CDC). após o que lavar e acondicionar para esterilização. desinfection. São Paulo.44. RR-18. v. Sterilization. v. p. 1999. Secretaria de Estado da Saúde. J. • Ferimentos com instrumental cortante ou perfurante: lavagem imediata e abundante com água e sabão líquido. et al. & LECHTMAN. promover a antissepsia com ácool-iodado 0. S. Guanabara Koogan. de 19/7/1995. 1979. 8. 2o edition. Responsabilidade no controle de infecção. p. m. Washington. Desinfecção e esterilização na prática odontológica. 1998.v.14. 4.D.J. • Contaminação dos olhos com sangue ou saliva. Trad.G.8.262-273.189-208. Diário Oficial do Estado. and asepsis in dentistry. Philadelphia. . seguido de álcool-iodado a 0.3. utilizando-se preferencialmente uma luva grossa de borracha.177-189. & Newman. McGraw Hill do Brasil. G. Nisengard. Utilizar sempre instrumental esterilizado. 3.3% ou similar. & Santos. p. Wistreich. Descreva um programa de controle de infecção a ser realizado em seu consultório. Qual o conceito de infecção cruzada e contaminação cruzada? 2. Conceitue esterilização e descreva os métodos de esterilização utilizados. Quais os processos e procedimentos destinados a manter a cadeia asséptica? 4. . Como estão classificados os artigos hospitalares (aplicáveis em Odontologia) no Manual de Controle de Infecção Hospitalar do Ministério da Saúde (1985)? 3. 5.QUESTÕES 1. Desde então. Contudo. esse conceito deve ser . damos o nome de toxicidade seletiva. ocorria uma inibição no desenvolvimento de colônias de Staphylococcus aureus isolado de lesões. o homem já empregava determinadas substâncias químicas na tentativa de regredir quadros de malária pelo quinino. Contudo. a pesquisa de antimicrobianos centrou-se principalmente na busca de novas biomoléculas e na possibilidade de se alterar tais moléculas. foi somente no final dos século IXX e início do século XX que os pesquisadores começaram a estabelecer possíveis relações entre moléculas específicas e controle de microrganismos. nem todos antimicrobianos levam efetivamente à morte do microrganismo em questão. a morte significa a perda irreversível da capacidade de reprodução (crescimento e reprodução). e amebíases pela emetina. e sua ação restringe-se a coibir os mecanismos de reprodução. Essa observação cuidadosa levou Fleming a supor que o fungo eliminava para o ambiente alguma substância que se mostrava tóxica para a bactéria. sem contarmos com o menor risco de aparecimento de estirpes resistentes.no controle da sífilis.ANTIBIÓTICOS E QUIMIOTERÁPICOS Mesmo antes do estabelecimento das bases microbianas das doenças infecciosas. observou que quando colônias do fungo filamentoso Penicillium notatun apareciam como contaminantes na superfície de seus meios de cultura. Os primeiros sucessos em terapêutica antimicrobiana com substâncias de estrutura química conhecida são atribuíveis a Paul Ehrlich que propôs a administração de uma droga experimental a base de arsenato . e sim por senescência. Antes de iniciarmos o estudo mais aprofundado das drogas antimicrobianas. À essa propriedade. Para uma célula microbiana. um dedicado bacteriologista. devemos retornar aos conceitos que permitem a construção das curvas de crescimento. Alexander Fleming. O objetivo maior da terapêutica antimicrobiana é a destruição total do número de células infectivas sem comprometimento tissular para o hospedeiro. Contudo. Em 1929.o Salvarsan . tornando-as mais eficazes. É de se esperar que a administração de qualquer antimicrobiano seja feita na fase lag (fase de demora) ou na fase de aceleração que precede a fase de crescimento exponencial. e mais propiamente das antibacterianas. visto que nesses dois momentos a população celular é relativamente menos numerosa e as propabilidades de sucesso são maiores. sem contudo induzir a morte imediata. bactérias) indistintamente. gentamicina. cloranfenicol. e são sintetizados principalmente por fungos filamentosos (p.melhor avaliado posteriormente quando discutirmos características microbicidas e microbiostáticas. penicilina). sendo os principais: Derivados de aminoácidos: bacitracina. bacitracina) ou actinimicetos (p. Semi-sintéticos: São produtos derivados da manipulação molecular de antibióticos naturais com vistas ao aumento da capacidade inibitória ou redução da toxicidade ao paciente. terceira e quarta geração. Sintéticos: São moléculas produzidas exclusivamente por síntese química. e ampicilina. Moléculas com potencial inibitório podem ser classificadas de diferentes maneiras. . podemos ainda classificar as moléculas segundo sua biossíntese. ácido fusídico. etc.ex. não ocorrendo similares na natureza. bactérias (p. griseofulvina. e lincomicina. e polimixina. estreptomicina. efeito biocida/biostático. São mais conhecidos como ANTIBIÓTICOS. São mais conhecidas como QUIMIOTERÁPICOS e como exemplo podemos citar as sulfonamidas (“sulfas”) e o metronidazol. penicilinas. estreptomicina). Derivados do acetato e propionato: antibióticos macrolídicos. colistina. cefalosporinas.: QUANTO À NATUREZA: Naturais: São moléculas produzidas a partir do metabolismo secundário de organismos vivos (na maioria microrganismos) como forma de inibir o crescimento ou mesmo de destruir outros organismos concorrentes. gentamicina. Derivados de carboidratos: canamicina. antibióticos poliênicos. macrolídicos. Os melhores exemplos são as cefalosporinas de segunda.ex. neomicina. espectro de ação.ex. canamicina. ciclosserina. Os principais são: cloranfenicol. mesmo em baixas concentrações. Quanto a sua natureza química. QUANTO AO ESPECTRO DE AÇÃO: Antimicrobianos de amplo espectro: São aquelas moléculas que inibem o crescimento populacional de microrganismos (nesse caso. de acordo com sua natureza. e teraciclinas. tetraciclinas. ao passo que antibióticos de espectros mais restritos passam a apresentar maior característica biocida. Antimicrobianos com atividade antiamebiana: São moléculas eficazes contra protozoários intestinais como a fumagilina. QUANTO AO EFEITO BIOCIDA/BIOSTÁTICO: Para que uma droga seja considerada biocida. Contudo. a retenção dessas células é dependente . é necessário que a mesma tenha acesso a célula alvo e que provoque alterações irreversivelmente letais nessa. paromomicina e puromicina. griseofulvina. bacitracina. eritromicina. imidazol. ou os inibidores de formação do lanosterol de parede. em fungos.Antimicrobianos com atividade predominante sobre Gram positivos: São moléculas que posuem maior seletividade por bactérias que apresentam parede celular rica em peptidioglicanos que por bactérias que não possuam tais estruturas-alvo. Antimicrobianos com atividade predominante sobre Gram negativos: São moléculas como a colistina e a polimixina. e vancomicina. Exemplos: penicilinas. Como exemplo temos a rifampicina. De maneira quase que generalizada. imidazólicos (cetoconazol. cefalosporinas. Exemplos: actidina. apresentam atividade biostática. o que mantém a célula infectiva retida (arrested) numa dada fase do ciclo celular com o impedimento de que a mesma prossiga a divisão celular e seja conduzida à senescência. por sua vez. Antimicrobianos com atividade predominante sobre micobactérias: São moléculas que podem infiltrar-se nas células de mamíferos e controlar o crescimento de micobactérias. modulam negativamente a atividade de síntese de proteínas ou de ácidos nucleicos. lincomicina. Como exemplo podemos citar as penicilinas e cefalosporinas que inibem a formação de parede celular em bactérias Gram-positivas levando-as a ruptura. ácido fusídico. Antimicrobianos com atividade antifúngica: São moléculas que possuem atividade seletiva contra células de fungos micelianos e leveduras. a ciclosserina e a estreptomicina. miconazol) e antibióticos poliênicos (anfotericina B e nistatina). Os antimicrobianos de ação biocida tendem a exercer seu efeito através da inibição da formação de membrana citoplasmática ou da parede celular em organismos sensíveis. Drogas biostáticas. podemos observar que antibióticos de amplo espectro embora eficientes contra uma grande gama de microrganismos. Em alguns casos específicos. podemos inferir que um antibiótico/quimioterápico ideal deve ser aquele que apresente alta toxicidade seletiva. Seleção de drogas Tão logo os antibióticos passaram a ser empregados na terapêutica antimicrobiana. Questões: 1. em função da susceptibilidade daquela estirpe microbiana em particular. e a eleição daquela que não estivesse relacionada com resistência por parte do microrganismo em questão. foram relatados os primeiros casos de resistência aos mesmos. O recurso de escolha para atender o segundo problema é o teste de susceptibilidade denominado antibiograma. do ponto de vista da interação com o microrganismo? . Testes de difusão de antibióticos em ágar permitem reconhecer a susceptibilidade nominal do agente etiológico e testes de crescimento frente a diferentes concentrações da droga eleita permitem a determinação das concentrações mínimas dessa droga que inibem desenvolvimento microbiano in vitro. pode-se eleger uma lista de antibióticos mais efetivos. que apresente um espectro de ação que permita a contenção da proliferação celular daquele microrganismo em particular e não de comensais avirulentos. que seja eficiente em baixas concentrações. moléculas biostáticas podem apresentar características biocidas. O clínico passou a ter então dois problemas fundamentais na escolha da droga mais eficiente: a eleição daquela com maior toxicidade seletiva. em função do espectro. muito embora o termo resistograma seja melhor empregado. Num segundo momento. Uma vez determinado o gênero ou a espécie do patógeno. que apresente boa substantividade (poder residual). em de seu função do espectro de ação. dependendo da concentração utilizada. e que esteja disponível a baixos custos. Com base nas informações acima. O que diferencia um microbicida de um microstático. através do antibiograma.da susceptibilidade celular para essas drogas biostáticas bem como da manutenção dos níveis de concentração da droga até a senescência celular. pode-se selecionar qual a droga de melhor escolha dentre aquelas apontadas previamente. O que é concentração inibitória mínima? . O que você entende por efeito biocida concentração-dependente? 5. 3.2. Explique detalhadamente cada uma das características que um “antimicrobiano ideal” deve apresentar. Quando devemos lançar mão do uso do antibiograma? 4. na formação do peptioglicano da parede celular (efeito bactericida) principais drogas e espectro de atividade cefalexina (1ª geração): estafilococos. Haemophilus influenzae. TETRACICLINAS origem Streptomyces aureofaciens. CEFALOSPORINAS origem Cephalosporium acremonium características das moléculas anel diidrotiazínico e beta-lactâmico mecanismo de ação inibição da transpeptidação. estreptococos. Neisseria spp. anaeróbios. Neisseria spp. anaeróbios ampicilina: Escherichia coli. em altas concentrações) principais drogas e espectro de atividade tetraciclina: bastonetes e cocos Gram-positivos. na formação do peptioglicano da parede celular (efeito bactericida) principais drogas e espectro de atividade penicilina G: Streptococcus spp. meticilina: Staphylococcus aureus 1. bastonetes e cocos Gramnegativos. Pseudomonas aeruginosa 1. clostrídios cefoxitina (2ªgeração): Proteus (indol -). actinomicetos. em baixas concentrações e bactericida.. estreptococos. PENICILINAS origem Penicillium notatun. Aspergillus niger características das moléculas anel tiazolidínico e beta-lactâmico mecanismo de ação inibição da transpeptidação.2. Bacteroides fragilis cefotaxima (3ª geração): estafilococos. ANTIBACTERIANOS 1... Neisseria spp.3. riquétsias oxitetraciclina: idem à tetraciclina . clamídias.1.. penicilina V: Streptococcus spp.PRINCIPAIS CLASSES DE ANTIBIÓTICOS E QUIMIOTERÁPICOS 1. Serratia marcescens. Streptomyces rimosus características das moléculas derivados da naftacenecarboxiamida policíclica mecanismo de ação impedimento do acesso tRNA ao sítio aminoacil (A) para reconhecimento pelo complexo 30S ribossomo-mRNA (efeito bacteriostático. Pseudomonas aeruginosa. etc. características das moléculas dois ou mais aminoaçúcares unidos a um núcleo de hexose (aminociclitol) por ligação glicosídica mecanismo de ação indução de uma leitura defeituosa da do mRNA no sítio peptidil (P) do ribossomo com síntese de proteínas anômalas afuncionais (efeito bactericida devido a alta afinidade dos aminoglicosídios pelas proteínas da sub-unidade 30S) principais drogas e espectro de atividade estreptomicina.6. Neisseria meningitidis. gentamicina.7. bastonetes e cocos Gramnegativos.5. canamicina amicacina: bastonetes Gram-negativos aeróbios 1. clamídias. Mycobacterium tuberculosis 1.4. micoplasmas eriquétsias bactericida: Haemophilus influenza 1..1. dependendo da espécie) espectro de atividade bacteriostático: bastonetes e cocos Gram-positivos. ERITROMICINA origem Streptomyces erythreus características da molécula macrolídio com anel lactônico grande ligado a desoxiacúcares mecanismo de ação . no sítio peptidil (P) da subunidade 50S dos ribossomos (efeito bacteriostático ou bactericida. Streptomyces kanamycetycus. Proteus spp. Escherichia coli. AMINOGLICOSÍDIOS origem Streptomyces griseus. RIFAMPICINA origem Streptomyces mediterranei características da molécula macrolídio complexo com características de zwitterion (íon com igual número de cargas positivas e negativas mecanismo de ação inibição da fração β da RNApol DNA-dependente que é responsável pelo início da formação da fita de mRNA (possível atividade bactericida) espectro de atividade Staphyloccocus aureus. CLORANFENICOL origem Streptomyces venezuelae características da molécula derivado da ácido dicloroacético com radical nitrobenzeno mecanismo de ação impedimento da formação da ligação dipeptídica. anaeróbios. ) 1.. . clamídias.. POLIMIXINA B origem Bacillus polimyxa características da molécula polipeptídios ligados ao ácido α. METRONIDAZOL origem síntese química características da molécula 1-(β-hidroxietil)-2-metil-5-nitroimidazol mecanismo de ação proteínas transportadoras de elétrons reduzem a porção nitroso da molécula. Peptostreptococcus spp.. Peptococcus spp. Enterobacter spp. Entamoeba histolytica bactericida: Particularmente eficaz contra anaeróbios (Bacteroides spp. Clostridium spp.....10. norfloxacino (2ª geração): bastonetes Gramnegativos no trato urinário (Escherichia coli.. Giardia lamblia. Escherichia coli. QUINOLONAS origem síntese química características das moléculas derivados do ácido 4-etil-1. Salmonella spp. treponemas e riquétsias células Gram-positivas acumulam até 100 vezes mais eritromicina que Gramnegativas 1. Klebsiella spp.4-diidro-7-metil-4-oxo-1. Klebsiella spp. bastonetes e cocos Gram-positivos.ligação reversível com a sub-unidade 50S ribossômica e impedimento de acesso dos tRNAs (atividade bacteriostática) espectro de atividade bastonetes e cocos Gram-negativos aeróbios. que passa a desestruturar a dupla hélice de DNA causando perdas de segmentos espectro de atividade parasiticida: Trichomonas vaginalis..9. Shigella spp. 1.γ -diaminobutírico formando compostos cíclicos mecanismo de ação a polimixina B age como um detergente catiônico que liga-se fortemente aos fosfolipídios da membrana citoplasmática bacteriana provocando sua ruptura (atividade bactericida) espectro de atividade Pseudomonas aeruginosa.8-naftiridino-3-carboxílico mecanismo de ação bloqueio da ação da girase e da topoisomerase IV.8. Enterobacter spp. o que impede a replicação bacteriana (atividade bactericida) principais drogas e espectro de atividade ácido nalidíxico (1ª geração). Bordetella spp. 1. Nocardia spp. Fusobacterium spp. ácido micólico (parede de micobactérias) e interferência na glicólise (atividade bacteriostática/bactericida) espectro de atividade Mycobacterium tuberculosis .11. Staphylococcus aureus. H.pneumoniae. Bacillus anthracis. Haemophilus influenzae. ducreii. Streptococcus grupo viridans. clindamicina: Streptococcus pyogenes.13.. sulfometoxazol: Streptococcus pyogenes. Nocardia spp. Corynebacterium diphtheriae. atividade tuberculicida (somente sobre células em fase de crescimento ativo). S. simetricamente dispostos em posição para mecanismo de ação as sulfonamidas são análogos estruturais e antagonistas competitivos do ácido para-aminobenzóico. ácidos nucleicos.12. Actinomyces spp. Toxoplasma gondii 1. ISONIAZIDA origem síntese química características da molécula isopropil iproniazida (1-isonicotil-2-isoprropil-hidrazida) mecanismo de ação possível ação sobre a síntese de lipídios. SULFONAMIDAS origem síntese química características das moléculas anel benzênico ligado ao grupamento -SO2NH2 e ao radical -NH2. Prevotella melaninogenica.... . LINCOMICINAS origem Streptomyces lincolnensis características das moléculas derivado do ácido trans-L-4-n-propiligrínico mecanismo de ação ligação reversível com a sub-unidade 50S ribossômica e impedimento de acesso dos tRNAs (atividade bacteriostática) principais drogas e espectro de atividade lincomicina. Bacteroides fragilis.Proteus indol-positivo e negativo). actinomicetos 1. cocos Gram-negativos.atividade tuberculostática (células dividem-se 1 ou 2 vezes antes da parada da multiplicação). Vibrio cholerae. Chlamydia trachomalis. um precursor do ácido fólico (atividade bacteriostática) espectro de atividade Sulfanilamida. Actinomyces israelli. .. Paracoccidioides braziliensis. Trichophyton spp. Cryptococcus neoformans.1.. Sporothrix schenckii . ANTIFÚNGICOS 2.. 2. ANTIFÚNGICOS POLIÊNICOS origem Streptomyces noursei . Streptomyces nodosus características das moléculas compostos cíclicos de hidrocarboneto hidroxilado ligados à seqüências de 4 a 7 duplas ligações e aminodesoxi-hexose mecanismo de ação formação de poros na porção ergosterol da membrana citoplasmática de fungos sensíveis (atividade fungicida) espectro de atividade Nistatina: Microsporum spp.4. Phialophora spp.. Trichophyton spp. IMIDAZÓIS origem síntese química características das moléculas derivados imidazolinilmetil do éter bis-(2...-1’-(2)ciclohexeno]3.. Madurella spp.. Candida spp. Blastomyces dermatitides.2.4-diclorobenzil) mecanismo de ação inibição das enzimas do sistema do citocromo P-450 que catalisam a 14-alfadesmetilação do lanosterol para a síntese de ergosterol de membrana (atividade fungicida) espectro de atividade Microsporum spp. GRISEOFULVINA origem Penicillium griseofulvum características da molécula 7-cloro-2’.. Trichophyton spp. Histoplasma spp.3.6-trimetoxi-6’β-metilspiro[benzofuran-2(3H).2. Epidermophyton floccosum 2. Candida spp. Anfotericina B: os mesmos da nistatina. mais Coccidioides immitis. Epidermophyton floccosum.. Epidermophyton spp.4’-diona mecanismo de ação inibição da mitose fúngica por interação com microtúbulos (atividade fungistática) espectro de atividade Microsporum spp. Histoplasma spp. Quais as diferenças entre penicilina G e penicilina V? 3. De que formas os ribossomos bacterianos podem ser comprometidos pelo uso de antibióticos? 4. entre os bactericidas e bacteriostáticos? 2. Quais as diferenças básicas. quanto ao mecanismo de ação. Quais as classes de antibióticos são mais indicadas no tratamento das tinhas? .Questões 1. 5. Explique o mecanismo de ação das sulfas. podem ser capturados por outras células bacterianas que habitam tais cavidades. sejam quimioterápicos.essa característica de resistência. bem como formas de evitálo. essas células mortas de actinomicetos liberam grandes segmentos de DNA que. Nesses casos. Contudo. pode ser explicado através da ocorrência de mutações menores que são comumente induzidas por agentes mutagênicos de uso disseminado. essas bactérias transformadas poderão agora transferir para outras bactérias inclusive aquelas com potencial patogênico . a mutação induz a . se a mesma encontrar-se codificada em um operon de transferência (veja células F+. vendia a biomassa excedente de “micélio” de actinomicetos (lembre-se de que a maior parte dos antibióticos de uso humano e veterinário é produzida por actinomicetos) como complemento alimentar para o gado bovino e ovino.e Hfr). juntamente desse boom dos antiinfecciosos. F. Pois bem. Uma das primeiras drogas a serem amplamente utilizadas na clínica médica – a penicilina – também foi a primeira a apresentar problemas de insucesso terapêutico devido a resistência bacteriana. Contudo. Esforços internacionais foram dispensados. No interior do rúmen do animal. Os primeiros levantamentos mostraram que muitos casos de resistência tinham ligação com o fato de que a mesma indústria farmacêutica que produzia os antibióticos por fermentação. dentro das células do micélio o DNA microbiano continua íntegro. por conjugação. Retornemos ao micélio vendido como alimento. principalmente por Staphylococcus aureus. bem como em seu estômago e intestinos. Outro mecanismo pelo qual uma célula pode se tornar resistente espontaneamente. por transformação (veja aula de genética bacteriana II).RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS Após a descoberta das moléculas antimicrobianas. seu uso tornou-se muito disseminado e doenças que anteriormente eram tidas como de mau prognóstico. Um leitor mais perspicaz atentaria para o fato de que esses microrganismos produtores de antibióticos também são naturalmente resistentes a ele. sejam antibióticos. os clínicos começaram a observar o surgimento de determinadas linhagens microbianas que eram resistentes a tais drogas. passaram a ser controladas com sucesso. na tentativa de se compreender os mecanismos de aparecimento e disseminação desse fenômeno. um organismo extremamente difundido e responsável por grande número de casos de feridas infectadas. não demore muito e esse mesmo leitor deduzirá que. Foi observado que células resistentes às sulfonamidas podem produzir até setenta vezes mais PABA que suas células-mãe sensíveis. O primeiro deles envolve o bloqueio do acesso desses antibióticos à sua molécula-alvo . sobre as quais os antibióticos não conseguem atuar. O segundo.a transpeptidase – em bactérias Gram-negativas uma vez que a composição das camadas de revestimento externos dessas bactérias é mais complexo que as das Gram-positivas. ainda colabora na seleção desses resistentes eliminando a maioria populacional que se mostra susceptível. em sua maioria. Tais bactérias são comumente denominadas SUPERBACTÉRIAS. e mais . MECANISMOS DE RESISTÊNCIA ESPECÍFICOS PARA CADA CLASSE DE ANTIMICROBIANOS: Sulfonamidas: Foi observado que alguns plasmídeos conferem maior resistência contra essa classe de quimioterápico. 2. que passariam a não ligar-se às sulfonamidas. Alteração na via metabólica principal de síntese do PABA. que competiria mais eficientemente com o quimioterápico. pois um dos ambientes mais seletivos para cepas resistentes é justamente aquele onde o paciente deveria ser curado. Aumento acentuado na produção do PABA. Produção de enzimas que hidrolizariam as moléculas das sulfonamidas. Infecções hospitalares tendem. Penicilinas e cefalosporinas: Células resistentes à penicilinas e cefalosporinas podem apresentar dois mecanismos básicos de desenvolvimento da resistência. Quatro mecanismos foram propostos: 1. a serem provocadas por linhagens resistentes a vários antibióticos.síntese de moléculas-alvo alteradas. Uma vez vistos os mecanismos de surgimento primário da resistência bacteriana. 4. ou reduz significantemente a capacidade de carreamento da molécula antibiótica para o meio intracelular. onde o uso indiscriminado dos antibióticos (empregados até mesmo no tratamento equivocado das gripes comuns) além de favorecer o surgimento primário de resistentes. Esse apontamento apresenta profundas implicações quando da hospitalização de um indivíduo. 3. voltamos ao ambiente clínico. Alteração nas enzimas que processam o PABA. C. Alterações constitucionais (derivadas de mutações) nas proteínas ribossomais alteram os sítios de ligação do antibiótico. A difusão transmembrânica desses antibióticos é um processo ativo e oxigêniodependente. Rifampicina: A resistência à rifampicina parece estar associada a mutações nos genes da porção beta da RNA polimerase DNA-dependente que levariam a uma não ligação dessa com o antibiótico. adenilação ou fosforilação. envolve a secreção de enzimas sintetizadas a partir de genes contidos em plasmídeos transduzíveis e que apresentam a capacidade de hidrolizar o anel beta-lactâmico (lactamases) constante nas moléculas dos antibióticos. Aminoglicosídios: Três mecanismos básicos são atribuíveis à resistência por parte das bactérias frente aos antibióticos aminoglicosídicos: 1.comum em organismos Gram-positivos. Na membrana citoplasmática pode ocorrer a inativação da molécula do antibiótico através de mecanismos enzimáticos de acetilação. e que parecem estar codificadas em plasmídeos. COMO UMA BACTÉRIA PODE SER NATURALMENTE RESISTENTES A UM DADO ANTI-INFECCIOSO? . Cloranfenicol: Foi observado que organismos Gram-negativos apresentam um fator de resistência (fator R) que pode ser disseminado por conjugação. QUESTÕES: 1. 2. B. Esse fator R codifica uma enzima (acetil-transferase) que promove a acetilação do cloranfenicol. 3. podemos concluir que bactérias anaeróbias e microaerófilas são naturalmente resistentes a aminoglicosídios. inativando-os. O cloranfenicol acetilado não pode ligar-se às proteínas ribossomais para exercer seu efeito. Frente a essa premissa. Tetraciclinas: Mecanismos de resistência estão relacionados com enzimas Tet (Tet A. e D) que afetam o transporte dessas drogas através da membrana citoplasmática. POR QUE O AMBIENTE CLÍNICO É TIDO COMO DE ALTO RISCO PARA A SELEÇÃO DE CEPAS RESISTENTES? 5. COMO UMA BACTÉRIA AS PODE-SE TORNAR RESISTENTE OS À ESTREPTOMICINA (RESISTÊNCIA ADQUIRIDA)? 3. 4.2. COMO O USO INDEVIDO DE ANTIMICROBIANOS PODE INDUZIR A REISTÊNCIA? . EXPLIQUE COMO LACTAMASES HIDROLIZAM ANEIS LACTÂMICOS DE PENICILINAS E CEFALOSPORINAS. 4 – Relacione a resistência. a vulnerabilidade e a dureza do dente. infecção e doença infecciosa ? 2 – Conceitue: a – microbiota indígena ou residente b – parasitismo facultativo e estrito c – patogenicidade d – patógenos e – virulência f . anti-sepsia e assepsia.INTRODUÇÃO A MICROBIOLOGIA MÉDICA Questões referente a aula do dia 27/04/2000 1 – Qual a diferença entre infestação. desinfecção. 5 – Defina o significado de: a – portador assintomático b – imunidade e seus tipos c – resistência d – transmissibilidade e – epidemiologia f – epidemia g – endemia h – pandemia i – morbidade j – período de incubação l – período de transmissão m – profilaxia n – meios de propagação da doença transmissível o – adesividade bacteriana adesinas e lectinas .dose letal (DL50) 3 – Explique o significado de contaminacão. Gram-positivos nas culturas recentes. como em anaerobiose. produzem colônias de cerca de 1-3mm de diâmetro. à temperatura ótima de 37oC. As culturas jovens de certas cepas podem exibir cápsula. staphyle.MICROBIOLOGIA MÉDICA ESTAFILOCOCOS Família: Micrococcaceae Definição do Gênero: Gênero: Staphylococcus Estafilococos (gr. Em placa de ágar simples. e nisso se diferenciam dos microrganismos do gênero Micrococcus. tanto em aerobiose. consideram-se os estafilococos como acapsulados. após 24 horas na estufa a 37oC. tendem a perder essa propriedade nas culturas velhas. Cultura Crescem bem nos meios de culturas mais comuns. Fermentam a glicose com produção de ácido. porém de um modo geral. imóveis. maiores e desiguais em se tratando de estafilococos ou micrococos saprófitas. uva) são cocos Gram-positivos. que só fermentam em aerobiose. Morfologia Células esféricas de cerca de 1um de diâmetro para os estafilococos patogênicos. como o caldo simples ou ágar simples. pH 7. . agrupados em massas irregulares ou em cachos de uva. Aeróbios ou anaeróbios facultativos. catalase positivos. Principais Espécies de Estafilococos Atualmente o gênero Staphylococcus é composto por cerca de 27 espécies. tendo um baixo potencial patogênico. assim como o S. saprophyticus. Ao contrário. As principais espécies de estafilococos encontrados em seres humanos são os Staphylococcus aureus. Deixando as placas um ou dois dias à temperatura ambiente. geralmente desenvolvem um pigmento amarelo. ao passo que os estafilococos saprófitas formam colônias brancas. recém isoladas. as culturas de estafilococos patogênicos. em seres humanos e animais. O S. sendo algumas freqüentemente associadas a uma ampla variedade de infecções de caráter oportunista. que faz parte da microbiota normal da região periuretral do homem e da mulher e da pele. QUADRO 1 – Comparação dos Estafilococos de Seres Humanos Staphylococcus aureus Coagulase positivo Fermentador de manitol DNAse-positivo Encontrado na nasofaringe superior Patogênico Staphylococcus epidermidis Coagulase negativo Não fermentador de manitol DNAse-negativo Encontrado na pele Não patogênico .convexas. Staphylococcus epidermidis e Staphylococcus saprophyticus. aureus é um patógeno em potencial e pode ser encontrado na região da nasofaringe e também nas fossas nasais (quadro 1). o S. epidermidis é encontrada primariamente como residente da pele. opacas e brilhantes. da superfície livre e bordos circulares. furunculose. esse microrganismo pode causar infecções de caráter mais grave. Em indivíduos debilitados por doenças crônicas. O hordéolo. Quando na pele recebem diferentes designações. tais como foliculite. a pneumonia e. a doença surge em conseqüência da disseminação do Staphylococcus aureus a partir do foco de infecção. Estas infecções podem se localizar na pele ou em regiões mais profundas. geralmente localizada na pele. ou terçol. recebem a designação de carbúnculo estafilocócico. processos cirúrgicos ou da presença de um foco de infecção contíguo. a doença progride lentamente com febre alta e a formação de abscessos metastáticos ao nível de vários órgãos. A bacteremia pode ter origem de qualquer infecção estafilocócica localizada. particularmente quando localizado na nuca e parte superior das costas. Quando o furúnculo apresenta vários tipos de drenagem. com envolvimento do tecido celular subcutâneo. traumas físicos. No primeiro caso. Entre as infecções profundas destacam-se a osteomielite. queimaduras ou imunossupressão. ou abscesso. pneumonia e outros. é a infecção dos folículos pilosos e das glândulas sebáceas obstruídas. e secundária. Bacteremias protraídas podem . a meningite e a artrite bacteriana. tais como abscesso. O furúnculo. A osteomielite pode ser primária. A foliculite é a inflamação de um folículo piloso. ocasionalmente.Staphylococcus aureus – Características Principais O Staphylococcus aureus é o agente mais comum em infecções piogênicas. a endocardite. de acordo com a localização e outras características. carbúnculo e impetigo. a bacteremia (freqüentemente associada a abcessos metastáticos). é a infecção de uma glândula sebácea marginal das pálpebras. que surge em decorrência de sua obstrução. De modo geral. ou hematogênica. A osteomielite secundária é decorrência de traumas penetrantes. cinco. elas são termoestáveis e . assim. As endocardites também podem surgir em conseqüência de próteses e processos cirúrgicos.determinar o aparecimento de endocardites. A primeira é provocada pela ingestão de toxinas previamente formadas no alimento contaminado pelos Staphylococcus aureus. a doença tem sido registrada em pacientes com infecções de pele. diminuição da pressão sistólica. D. ossos e pulmões. B. atualmente. diarréia e outras manifestações. geralmente mulher no período menstrual. particularmente a aórtica. . E). com o envolvimento das válvulas cardíacas. Algumas evidências sugerem que essas enterotoxinas são superantígenos. C. sendo as viroses fatores predisponentes à pneumonia por esse microrganismo. é produzida na área da infecção e levada para áreas distantes pela corrente sangüínea. Além dessas infecções. Na síndrome do choque tóxico o paciente. Essas toxinas são chamadas enterotoxinas. eritema com descamação da pele. As manifestações são atribuídas a toxina TSST-1 produzida ao nível da vagina. insuficiência renal. A pneumonia é mais freqüente no primeiro ano de vida. sem sinais de infecção estafilocócica. Muitos pacientes com pneumonia estafilocócica referem história de infecções cutâneas pelo Staphylococcus aureus. Embora a grande maioria dos doentes seja constituída por mulheres em período menstrual. A primeira possibilidade pode ser exemplificada pela síndrome da pele escaldada ou doença de Ritter e é caracterizada pelo deslocamento de extensas áreas de epiderme. imunologicamente distintas (A. o Staphylococcus aureus pode causar vários tipos de intoxicações. As intoxicações que ocorrem na ausência de processos infecciosos são de dois tipos: intoxicação alimentar e síndrome do choque tóxico. sendo determinado por uma toxina. apresenta febre alta. conhecendo-se. a intoxicação alimentar pode ser veiculada por alimentos cozidos. denominada esfoliatina. seja na vigência de um processo infeccioso ou não. Hemolisinas – hemolisina alfa e beta. betalactamase e a estafiloquinase. Tem sido demostrado que esta reação. Peptideoglicano – ativa a via alternativa do complemento provocando uma reação inflamatória do hospedeiro. reações de hipersensibilidade e lesão plaquetária. direta e indiretamente. sendo responsáveis pela interação com a porção Fc da molécula de IgG. plasma. antifagocitário. saliva) e laminina (glicoproteína da membrana celular). Outras enzimas incluem a catalase. lipase. É composta por uma cadeia polipeptídica com um peso molecular em torno de 58 mil Daltons. característica da espécie. sendo encontrada na maioria das amostras de S. sendo tóxica para animais e plaquetas humanas. que contribuem para a sua virulência. Adesinas – torna os microrganismos capazes de se ligar às fibronectinas (glicoproteínas da membrana celular. aureus. e provoca a coagulação do plasma. desoxirribosenucleases.Fatores de Virulência As células de Staphylococcus aureus apresentam alguns componentes de superfícies assim como produzem várias substâncias extracelulares. anticomplementar. hialuronidase. Enzimas e toxinas extracelulares – a mais conhecida é a coagulase. liberação de histamina. proporcionando maior resistência a fagocitose. . Ácidos teicóicos – (ribitol e glicerolfosfato) são componentes da parede celular e parecem estar envolvidos na ativação do complemento e na aderência. Proteína A – é uma proteína de superfície. Cápsula – algumas amostras de Staphylococcus aureus possuem cápsula. provoca efeitos quimiotáticos. de natureza polissácarídica. proteases. dirigidos para os ácidos teicóicos da parede celular. O diagnóstico da intoxicação alimentar é realizado pela pesquisa das enterotoxinas nos alimentos ingeridos e no vômito do paciente. sendo encontrado em grande quantidade (105 bacterias/g) no alimento que contém as enterotoxinas responsáveis pelas manifestações clínicas. O papel das reações imunológicas ainda não está bem esclarecido. O isolamento é realizado nos meios de culturas comuns. possa ser útil para a monitoração do curso de infecções estafilocócicas e para diferenciar as infecções profundas e de curso prolongado. Diagnóstico Laboratorial O diagnóstico das infecções estafilocócicas é feito pelo isolamento e caracterização. toxinas e outros antígenos da bactéria. Acredita-se que a detecção de anticorpos circulantes.Leucocidina – é uma toxina que possui a capacidade de desgranular os neutrófilos e macrófagos humanos e de coelhos Resposta Imunológica As infecções causadas por esses microrganismos podem determinar o aparecimento de anticorpos séricos e a imunidade celular contra as enzimas. como o ágar manitol salgado. o ágar sangue e por meios seletivos. . como por exemplo. A caracterização pode ser feita através de testes bioquímicos como o da catalase e coagulase entre outros. mas a opsonização desse microrganismo é mediada pelo complemento e não por anticorpos. Entre estes estão a biotipagem. aureus ocorre por contato direto e por contato indireto. é também conhecido pela sua elevada capacidade de desenvolver resistência a diversas delas. As infecções estafilocócicas superficiais. vários métodos de tipagem foram desenvolvidos. no caso de surtos epidêmicos de infecção hospitalar. Em várias situações e. particularmente. a antibioticoterapia adequada das infecções estafilocócicas deve ser precedida da escolha da droga com base nos resultados de testes de suscetibilidade. A penicilina é a droga de escolha se a linhagem for sensível. uma enzima que inibe . ou de intoxicação alimentar. ou outro elo da cadeia epidemiológica. Com o propósito de evidenciar diferenças ou similaridade entre as linhagens. a sorotipagem (baseada no antígeno polissacarídico capsular e a resistotipagem (baseada no perfil de suscetibilidade a antimicrobianos). Esta é uma das razões pelas quais as infecções estafilocócicas severas são mais freqüentemente adquiridas em hospitais.Epidemiologia A transmissão do S. Portanto. Tratamento Embora o Staphylococcus aureus possa ser suscetível à ação de várias drogas ativas contra bactérias Gram-positivas (tais como penicilinas. As linhagens resistentes são produtoras de beta-lactamase (peniciliniase). tetraciclina e clorafenicol). pode ser necessário subdividir a espécie a fim de se identificar o foco da infecção. cesfalosporinas. aminoglicosídios. podem ser consideradas graves se acometerem recém-nascidos. eritromicina. pacientes cirúrgicos e portadores de doenças debilitantes como o câncer e a diabete. apontado como importante agente de bacteremia. pois o espécime clínico pode ter sido contaminado no momento da coleta. sendo. . O emprego de meticilina e outras penicilinas semi-sintéticas (tais como a oxacilina. em serviços de oncologia e neonatologia. e são codificadas por genes plasmidiais. nafcilina e cloxacilina). Staphylococcus epidermidis – Características gerais O Staphylococcus epidermidis é o habitante normal da pele e mucosas. Essas linhagens resistentes a meticilina (MRSA . articulares e vasculares e de cateteres intravenosos e peritoniais. Além disso. muitas vezes são resistentes a outros tipos de antibióticos.Staphylococcus aureus meticilina-resistentes) . A resistência à meticilina é relacionada a alterações das proteínas ligadoras de penicilinase (penicillin-binding proteins). de origem hospitalar. Por outro lado. tem sido relatados casos de endocardite. Porém a resistência a esses antibióticos foi detectada dois anos após o início da sua utilização.a ação da droga. É também reconhecida a sua crescente freqüência em infecções associadas à implantação de próteses cardíacas. Para essas linhagens a droga de escolha é a gentamicina e em caso de tratamento de infecções estafilocócicas de caráter grave é recomendado o uso da vancomicina. o seu isolamento a partir do processo infeccioso. sendo considerado a espécie de estafilococos coagulase negativos de maior prevalência e persistência na pele humana. representou uma etapa significativa na terapia antiestafilocócica. deve ser interpretado com cautela. associados com o isolamento dessa espécie de estafilococo. resistentes à ação das peniciliniases. hoje. essa parece ser a espécie de estafilococos coagulase negativos com potencial de patogenicidade mais elevados. Sendo assim. iniciada em 1959. aureus? . particularmente em idosos com afecções predisponentes do trata urinário. É considerado. o agente mais freqüentes de infecções urinárias. aureus? 4 – Qual o tipo de tratamento freqüentemente utilizado em infecções causadas pelo S.Staphylococcus saprophyticus – Características gerais Vários estudos mostram que esse estafilococo pode ser um patógeno oportunista em infecções do trato urinário. nessas pacientes. Questões: 1 – Qual a morfologia e como podem ser cultivados os estafilococos? 2 – Quais as principais doenças causadas pelos três tipos de Staphylococcus nos seres humanos? 3 – Quais os fatores de virulência que é apresentado pelo S. sexualmente ativas. Sua patogenicidade deve estar relacionada a capacidade de aderir às células do epitélio do trato urinário. tais como a cistite e pielonefrite agudas. depois da Escherichia coli. o Staphylococcus saprophyticus pode ser isolado de infecções de feridas e de casos de septicemia. especialmente em mulheres jovens. Esse microrganismo pode também causar infecção urinária no homem. Ocasionalmente. além de estarem envolvidos em diversas doenças. São catalase-negativos. Entre os sistemas de nomeclatura desenvolvidos para os estreptococos destacam-se aqueles baseados características hemolíticas (de acordo com o tipo de hemólise observado quando estreptococos são colocados em meios de cultura contendo ágar sangue) e antigênicas (de acordo com a composição antigênica. Constituem a principal população de microrganismos da cavidade oral (Streptococcus sanguis. Hemólise e estreptococos Estudos mostraram que estreptococos isolados de doenças infecciosas de garganta e de pele freqüentemente provocam lise completa das células vermelhas do sangue (hemólise).ESTREPTOCOCOS Introdução Os estreptococos são bactérias Gram-positivas em forma de cocos que se dividem em apenas um plano. que é a base da classificação em grupos sorológicos de Lancefield). Outros estreptococos provocavam um tipo de lise incompleta. o que também os diferencia dos estafilococos que são catalase positivos. na qual as células vermelhas se . elas tendem a formar cadeias e. assim. Este fenômeno era identificado em meio ágar sangue como uma zona clara ao redor das colônias. podem diferenciar-se dos estafilococos que comumente se dividem em diferentes planos formando grupamentos semelhantes a cachos de uva. Como as bactérias não se separam facilmente após o plano de divisão. Streptococcus mutans). H. R. G. os chamados de estreptococos gama (γ). N. K. Existem também muitos estreptococos que não são hemolíticos. não se . Entretanto. E. a Dra. Rebecca Lancefield desenvolveu um método sorológico para a distinção dos estreptococos beta hemolíticos. A hemólise incompleta é denominada alfa hemólise (α-hemólise) e os estreptococos que a produzem foram denominados Streptococcus viridans.retraem e se tornam esverdeadas (ocorre somente na presença de oxigênio devido à redução da hemoglobina). Esquema Sorológico de Grupagem de Lancefield Como a hemólise não era suficiente para distinguir estreptococos causadores de doença. M. U e V). localizado na parede da célula. F. D. Esse método de identificação é amplamente aceito para a identificação dos estreptococos beta hemolíticos. P. S. L. A classificação dos estreptococos em grupos sorológicos baseia-se nas características antigênicas de um polissacarídeo de composição variável chamado carboidrato C. Q. salvo raras exceções. T. os estreptococos foram divididos em 20 grupos sorológicos (grupos de Lancefield) designados por letras maiúsculas do alfabeto ( A. Tomando por base esse polissacarídeo. O. B. outras causam hemólise beta e algumas espécies produzem os dois tipos de hemólise dependendo da cepa e das condições de crescimento. que pode ser detectado por diferentes técnicas imunológicas como a precipitação em tubo capilar. C. enquanto que a lise completa das células vermelhas foi denominada beta hemólise (β-hemólise) e os organismos que a provocam foram denominados Streptococcus hemolyticus. Atualmente sabemos que esses nomes são inadequados e que existem muitas espécies que causam hemólise alfa. tornando-se sensíveis na presença de anticorpos anti-M. cápsula: confere resistência a fagocitose. . Os estreptococos de importância médica são divididos em : estreptococos beta-hemolíticos ( ou estreptococos piogênicos). estreptococos do grupo D e estreptococs viridans. pneumococos. formando fímbrias juntamente com a proteína M. Fatores de virulência Entre os fatores de virulência relacionados aos Streptococcus pyogenes temos: fímbria: possibilita a fixação da bactéria à mucosa faringoamigdalina. a proteína M e a proteína T. peptideoglicano: é tóxico para células animais in vitro e in situ. ácidos lipoteicóicos: importantes componentes da superfície dos estreptococos do grupo A. proteína M: interfere com a fagocitose de modo que amostras ricas nesta proteína são resistentes. toxina eritrogênica: responsável pelo eritema da escarlatina. STREPTOCOCCUS PYOGENES O Streptococcus pyogenes é caracterizado pela presença do polissacarídeo do grupo A de Lancefield que é um polímero de Nacetilglicosamina e ramnose.mostrou de utilidade prática para a identificação de estreptococos não beta hemolíticos. Ele pode ser dividido em grupos sorológicos graças à presença de duas proteínas na sua parede celular. A doença é caracterizada por um curto período de incubação (2 a 3 dias). a bactéria tem acesso aos tecidos conjuntivos adjacentes. provavelmente via rompimento microscópico do . As tonsilas ficam avermelhadas podendo apresentar exudado supurativo e os nódulos linfáticos cervicais aumentam de tamanho tornando-se doloridos. Existem evidências de que a proteína M e talvez o polissacarídeo C estejam envolvidos na aderência.- estreptolisina S: é a responsável pelo halo de hemólise. Sugere-se que cerca de 20% dos casos são assintomáticos (infecção subclínica). Parece contribuir com a virulência do S. calafrio. febre alta (39 a 40ºC). pyogenes. vômitos. Na primeira ocorre a aderência dos microrganismos mediada pelo ácido lipoteicóico. dor de cabeça e. o qual se liga à superfície das células epiteliais via seus lipídios terminais. pyogenes estando provavelmente envolvidas na patogênese das infecções estreptocócicas. Estudos recentes sugerem que ela é responsável pela morte de uma parte dos leucócitos que fagocitam o S. A seguir. - estreptoquinase. - estreptolisina O: também é uma hemolisina. frequentemente. pyegenes porque pode lesar outras células além das hemácias. Tipos de infecções a) Faringite Estreptocócica: O Streptococcus pyogenes é responsável por mais de 90% das faringoamigdalites bacterianas. Duas fases caracterizam o estabelecimento da infecção. mas só é ativa na ausência de oxigênio. desoxirribonuclease e hialuronidase: são enzimas produzidas pela maioria dos S. Aparentemente o S. ou seja. Se a infecção não for controlada pela administração de antibióticos apropriados ou através da produção de quantidades suficientes de anticorpos para a proteína M. que se inicia como uma vesícula que progride rapidamente para uma lesão recoberta por crosta espessa. mordedura de insetos ou por dermatoses. porém. A viscosidade do exudado supurativo mantém a infecção localizada. O impetigo ocorre com muita freqüência em crianças no verão. pyogenes produz DNAses. • impetigo: a mais característica é o impetigo. pyogenes penetra pela pele através de lesões determinadas por trauma. por um infiltrado celular de leucócitos polimorfonucleares (PMN). os microrganismos podem penetrar os nódulos linfáticos cervicais ou nos seios paranasais. promovendo uma resposta inflamatória imediata e vigorosa desencadeada pelo hospedeiro para eliminar a bactéria. Na segunda fase da infecção ocorre o espalhamento. o S. chegando a causar septicemia. circulação de bactérias virulentas no sangue. sendo de localização . Essa resposta é caracterizada por um exudato fluido (edema) e principalmente. O impetigo não costuma deixar cicatrizes por ser uma infecção superficial e não atingir o tecido subepitelial. o impetigo e a ectima. onde os estreptococos se multiplicam rapidamente no tecido conjuntivo. b) Piodermites Fazem parte do grupo das piodermites estreptocócicas a erisipela. proteases e estreptoquinases que hidrolizam esses componentes e permitem o espalhamento dos microrganismos.epitélio. raramente atingindo uma semana. Os indivíduos que sofrem um episódio de febre reumática são particularmente predispostos a outros episódios. aparência lisa e brilhante e forma e extensão variáveis. a erisipela pode ser acompanhada de bacteremia. A lesão é dolorosa. Seqüelas Febre Reumática: caracteriza-se por lesões inflamatórias não supurativas envolvendo coração. espalhando-se para outras áreas do corpo por auto contaminação. Mesmo nas formas extensas raramente o impetigo é acompanhado de manifestações gerais. Em indivíduos idosos. Evidências sugerem que a febre reumática é uma doença imunológica . de coloração vermelha intensa. embora muitas vezes predomine nas extremidades. tecido celular subcutâneo e sistema nervoso central. Os locais mais freqüentemente comprometidos são a perna e a face. quando então começa o período de regressão da doença até o retorno da pele ao aspecto normal. formando bolhas volumosas e tensas com conteúdo amarelo-citrino não-purulento podendo evoluir para ulceração superficial. O mecanismo de transmissão não é conhecido mas a bactéria parece originar-se das vias aéreas superiores do próprio paciente. Muitas vezes a epiderme se descola. • erisipela: é uma infecção estreptocócica aguda de pele envolvendo a mucosas adjacentes algumas vezes. em conseqüência de infecções estreptocócicas subsequentes das vias aéreas superiores.preferencialmente facial. A duração natural do processo é de alguns dias. articulações. Trata-se também de uma doença de natureza imunológica. evidenciando variações geográficas e/ou temporais na prevalência de diferentes sorotipos. A freqüência de aparecimento é bastante variável. até agora. Dessa maneira. O conhecimento da prevalência dos vários sorotipos . dependendo muito do sorotipo M do estreptococo causador da infeção prévia. Glomerulonefrite: pode aparecer depois da faringoamigdalite e das piodermites. a freqüência pode ser superior a 20%. em geral. cujas diferenças antigênicas permitem caracterizar 84 tipos sorológicos distintos. mas o de escolha é a penicilina G. Um aspecto importante da terapêutica pela penicilina é o fato de que.sendo que infecções estreptocócicas não tratadas são seguidas de febre reumática em até 3% dos casos. infecções causadas pelo microrganismo podem ser tratadas sem a necessidade de antibiograma para verificar se a amostra é resistente. não ocorreu seleção de amostras resistentes a esse antibiótico. STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE Essa espécie é composta por cocos Gram-positivos com forma de chama de vela. Recomenda-se o uso de eritromicina para pacientes alérgicos à penicilina. Quando a infeção cutânea é causada por um tipo altamente nefritogênico. agrupados aos pares. possuem cápsula composta de polissacarídeos. A tipagem sorológica contribui para o rastreamento epidemiológico das infecções pneumocócicas. Tratamento Vários antibióticos apresentam boa atividade contra o Streptococcus pyogenes. pelo menos em escala significante. Os pneumococos. pyogenes cujo papel ainda não foi esclarecido. Fatores de Virulência cápsula: representa o principal fator de virulência conhecido dos pneumococos em virtude de sua capacidade antifagocitária. urina. isolados de fluido peritoneal. Tipos de infecções O Streptococcus pneumoniae é um dos agentes bacterianos mais frequentemente associados a infeções graves como pneumonia. meningite. septicemia e otite média. neuraminidase: são substâncias com papel não definido na patogênese das pneumococcias.em uma determinada região serve de base para o desenvolvimento de vacinas. substância C: não é um fator de virulência mas tem interesse médico. exsudatos de feridas entre outros espécimes clínicos. adesina: os pneumococos produzem uma adesina que fixa a bactéria a receptores glicoprotéicos existentes nas células epiteliais dos aparelhos respiratório e auditivo. pneumolisina: trata-se de uma hemolisina semelhante à estreptolisina O do S. Os pneumococos também têm sido relacionados a infeções oculares e. IgA1 Protease: enzima produzida pelos pneumococos capaz de degradar imunoglobulinas que fazem parte de um importante mecanismo de defesa do hospedeiro. ocasionalmente. . secreção vaginal. Assim. eles podem ser aspirados para os alvéolos onde a bactéria prolifera e determina a reação inflamatória característica da pneumonia. movimento ciliar. endocardite e meningite. Cerca de 30% dos pacientes com pneumonia apresentam bacteremia e. b) Otites e sinusites pneumocócicas São geralmente infeções secundárias a alterações funcionais no ouvido médio e seios. O indivíduo normal é geralmente bastante resistente à infeção pulmonar pelo pneumococo devido a mecanismos de defesa que incluem o reflexo epiglotal. além de surgir a partir de uma pneumonia bacteriana pode ser complicação de otites. sinusites e endocardites. . os indivíduos que adquirem pneumonia estão com os mecanismos de defesa comprometidos. reflexo da tosse. Isso só ocorre se a bactéria for capaz de escapar da fagocitose. a pneumonia pode causar complicações como artrite. Nos paciente não-tratados e que sobrevivem à infecção. A cura coincide com o aparecimento de opsoninas séricas específicas que promovem fagocitose do microrganismo envolvido no processo. sendo causados por pneumococos normalmente presentes nas vias aéreas superiores. em alguns casos. a pneumonia segue curso típico que termina em cura uma semana após o seu início. A meningite. A partir daí. drenagem linfática e os macrófagos que patrulham os alvéolos.a) Pneumonia: Os pneumococos podem ser normalmente encontrados no trato respiratório superior de seres humanos. bovis associado ao câncer de intestino grosso embora não haja evidência de qualquer relação etiopatogênica. representados pelo Streptococcus bovis.5% de NaCl e produção de PYRase. uma vacina foi desenvolvida. Existe uma tendência de se encontrar o S. Com a alocação dos enterococos em uma novo gênero. Devido ao surgimento de tais cepas e à incapacidade de controle da doença em alguns pacientes. em pacientes alérgicos à penicilina usa-se a eritromicina. para os testes de crescimento na presença de 6. divididos em duas categorias: os enterococos e os nãoenterococos. . Esses microrganismos são positivos para o teste de bile-esculina. Apresentam suceptibilidade à antimicrobianos . antigamente. em termos de importância médica. sugerindo transferência mediada por plasmídeos. sendo encontrados normalmente no trato gastro intestinal. os estreptococos do grupo D são. atualmente. Nos últimos anos houve relatos de que muitas cepa tornaram-se resistentes a múltiplos antibióticos. ESTREPTOCOCOS DO GRUPO D Os estreptococos possuidores de antígeno do grupo D eram.Tratamento A penicilina ainda é o antibiótico de escolha. em particular. A maioria dessas espécies faz parte da flora normal das vias aéreas superiores. Como agentes etiológicos são associados à bacteremia. Streptococcus salivarius. Entre suas principais características destaca-se: em geral são alfa-hemolíticos. abscessos. não são solúveis em bile e a maioria não cresce em caldo contendo altas concentrações de sal. QUESTÕES 1) Quais são os sistemas de nomeclatura desenvolvidos para os estreptococos? Explique.STREPTOCOCCUS VIRIDANS Os Streptococcus viridans constituem um conjunto de microrganismos de caracterização menos definida e padronizada que os demais estreptococos. As espécies Streptococcus sanguis e especialmente Streptococcus mutans tem papel importante na formação de placa dental devido a sua capacidade de sintetizar glicanas a partir de carboidratos. não possuem antígenos dos grupos B ou D. endocardite subaguda . Streptococcus sanguis. 2) Quais os fatores de virulência do Streptococcus pyogenes? 3) Quais os tipos de piodermites estreptocócicas? Explique. dos diferentes nichos ecológicos da cavidade oral. 4) Qual a principal doença provocada pelo Streptococcus pneumoniae? Qual o tratamento indicado? . Streptococcus mitis e Streptococcus anginosus. infeções do trato genitourinário e infeções de feridas. Entre as principais espécies temos: Streptococcus mutans. São Paulo.l. 586p. 3ª ed. Rio de Janeiro. A. Microbiologia. Microbiologia Oral e Imunologia. Editora Atheneu.5) Quais as principais espécies que constituem os Streptococcus viridans? Qual sua importância para a odontologia? REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS NISENGAND & NEWMAN. Belo horizonte. 1999. TRABULSI et a. 2ª ed. 1997.395p. . Rio de Janeiro. Editora Guanabara Koogan S. 1 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA DISCIPLINA DE MICROBIOLOGIA E IMUNOLOGIA ANAERÓBIOS E CLOSTRÍDIOS . Localização da infecção na proximidade da superfície mucosa 3. que converte peróxido de hidrogênio em água. Supuração com odor fétido 2. Anaeróbios representam de 5 a 10% de todas as infecções clínicas. Tecido necrótico. Os microrganismos aeróbios produzem a enzima superóxido dismutase que elimina os radicais superóxido convertendo-os rapidamente em peróxido de hidrogênio. Áreas do corpo humano que apresentam uma microbiota normal anaeróbica geralmente são mais susceptíveis às infecções anaeróbias.INTRODUÇÃO Bactérias anaeróbias são organismos que requerem um meio ambiente livre de oxigênio para o crescimento normal. formação de pseudomembrana 4. inclusive o material genético DNA. que podem destruir os componentes vitais da célula. Anaeróbios estritos podem ser mortos na presença de oxigênio e não utilizam oxigênio para produção de energia. Infecções anaeróbias geralmente têm as seguintes características: 1. que pode ser metabolizado por duas outras enzimas: a catalase. gangrena. uma delas formando o radical superóxido que pode causar dano às células e que dão origem ao peróxido de hidrogênio H2O2 e aos radicais hidroxilas.2 ANAERÓBIOS I . OH. Gás nos tecidos ou supurações . A toxicidade do oxigênio para anaeróbios estritos deve-se a certas moléculas produzidas durante as reações envolvendo oxigênio. Existe uma grande variedade de níveis de tolerância ao oxigênio entre os microrganismos anaeróbios. que converte peróxido de hidrogênio em oxigênio molecular e água e a peroxidase. 3 Entre os anaeróbios de improtância médica destacamos: BACILOS ESPOROS) • CLOSTRIDIUM BACILOS GRAM-POSITIVOS (NÃO FORMADORES DE ESPOROS) • EUBACTERIUM • PROPIONIBACTERIUM • ACTINOMYCES COCOS GRAM-POSITIVOS • PEPTOESTREPTOCOCCUS BACILOS GRAM-NEGATIVOS • BACTEROIDES • FUSOBACTERIUM COCOS GRAM-NEGATIVOS • VEILLONELLA Clostridium O gênero compreende 85 espécies. São bacilos formadores de esporos. algumas relacionadas com doenças específicas e outras com infecção de diferentes órgãos e tecidos. gram-positivos. embora existam espécies que se corem negativamente no momento da esporulação (Clostridium tetani) ou em culturas muito jovens (Clostridium ramosum e Clostridium GRAM-POSITIVOS BACILLI (FORMADORES DE . e o tétano localizado. a tetanospasmina. 1.1 Patogenicidade: As manifestações clínicas do tétano são o tétano generalizado. gangrena gasosa associada a feridas traumáticas e intoxicação alimentar por Clostridium perfringens.).10 min. contração. produzida na fase estacionária de . o que lhes confere aspecto de "raquete de tênis" ou "baqueta de tambor". além de infecções endógenas mais comuns que envolvem espécies da microbiota indígena. Clostridium histolyticum e Clostridium carnis).5 a 1 µm de largura. botulismo. "tetanua".4 clostridiiforme). do grego. proteína protoplasmática. outras vivem como comensais no trato gastrintestinal e. Sua mobilidade é assegurada por flagelos peritríqueos (30. 50 ou mais). Morfologicamente se apresentam como bastonetes medindo 3-4 µm de comprimento por 0. 1. vivendo sobre substratos variados (água. termolábil (65ºC . Os clostrídios patogênicos são produtores de doenças de origem exógena clinicamente importantes como tétano. Tétano Agente etiológico: Clostridium tetani. alimentos e solo). embora existam espécies aerotolerantes (Clostridium tertium. plantas.0001 mg. às vezes. A maioria das espécies é saprófita. respiratório do homem e dos animais. Gram-positivos com esporos terminais localizados na extremidade do bastonete (forma de plectrídeo). mais raro. forma mais comum. Estas manifestações são devidas à ação de uma potente neurotoxina cuja dose letal para o homem acredita-se que seja menor que 0. A maioria das espécies é anaeróbia estrita. A fixação da toxina ao sistema nervoso é . que se manifesta por espasmos prolongados dos músculos flexores e extensores. pois ocorrem aproximadamente 300. que possui ação lítica sobre hemácias in vitro e de ação clínica desconhecida. A bactéria é encontrada no solo e em fezes de herbívoros sob a forma de esporos. de importância.5 crescimento e liberada quando da autólise do clostrídio. ele não tem capacidade invasora e produz a doença pela elaboração da tetanospasmina. caminhando em sentido centrípeto pelos axônios dos nervos motores da medula e se espalhariam pelo sistema nervoso. sintoma característico do tétano. queimaduras e etc. Admite-se que a toxina penetraria nas placas neuromusculares. O trajeto que a toxina percorre da lesão ao sistema nervoso central é objeto de discussão. não contagiosa. O bacilo tetânico só se multiplica na presença de um potencial de óxido-redução muito mais baixo do que o existente nos tecidos normais. Uma vez iniciada a multiplicação do bacilo na ferida. fixando-se aos gangliosídeos. No caso do tétano generalizado mais provavelmente a toxina seria levada ao sistema nervoso por via sangüínea. fraturas expostas. Produz também outra toxina a tetanolisina. resultando em atividade excitatória não regulada (paralisia-espásmica). Esta seria a patogenia do tétano localizado.000 casos da doença em todo mundo por ano. O tétano é uma doença infecciosa. feridas por armas de fogo. No sistema nervoso central a toxina. bloqueia os impulsos dos neurônios transmissores. úlceras varicosas. extrações dentárias. A queda desse potencial ocorre devido a alterações locais que normalmente ocorrem após lacerações. Seu período de incubação é de 1-2 semanas. Os primeiros músculos a entrarem em espasmo são o masseter e outros da mastigação causando o chamado trismo. não é mais neutralizada e a morte resulta da incapacidade de respirar. 1. Embora a toxina seja antigênica. uma vez fixada.4 Tratamento O tratamento é feito pela administração de soro antitetânico ou de imunoglobulina antitetânica humana. dispensando a análise que é demorada.2 Resposta Imunológica Um episódio de tétano não desperta imunidade. não entrando em contato com as células formadoras de anticorpos. 1. sendo isolado o agente em 70% dos pacientes com lesões evidentes. A primeira medida visa neutralizar a toxina não-fixada ao sistema nervoso e as outras. 1. eliminar a sua fonte de produção. desbridamento e remoção cirúrgica do tecido necrosado e administração de penicilina e clorofenicol. 1. permitindo o tratamento rápido.5 Epidemiologia . pois o diagnóstico clínico é relativamente fácil.6 irreversível e.3 Diagnóstico O exame bacteriológico não é solicitação comum. Talvez a toxina não seja produzida em quantidade suficiente para isto ou que seja amplamente seqüestrada pelo sistema nervoso. não parece ocorrer estímulo para a formação de anticorpos durante a doença. tendo pouca importância. Além de a detecção microscópica ou o isolamento serem freqüentemente mal-sucedidos. C. particularmente se a última vacina foi administrada a mais de cinco anos. C. 2. além do tratamento com soro ou imunoglobulinas anitetânicas. novyi e C. sem história de imunização. C. deverão receber série total de imunização (três doses de toxóide). sordelli e outros (mais de 20 espécies de Clostridium). estafilococos e estreptococos. Pacientes com este tipo de ferimento. septicum. cujas principais espécies são: a) agentes de infecção mista: C. sphenoides. como enterococos.1 Morfologia São bastonetes gram-positivos com esporos ovais subterminais com diâmetro maior do que a célula vegetativa. C. enterobactérias. 2. C. 2. sendo recomendada a administração de doses de reforço de dez em dez anos. Gangrena Gasosa A Gangrena Gasosa é causada por uma associação de bactérias do gênero Clostridium. perfringens (isolada em mais de 80% dos casos). hastiforme. além disso. A vacinação também deve ser feita em pacientes com ferimentos contaminados. outras bactérias também podem causar infecção secundária. histolyticum. sporogenes.2 Cultura . b) agentes de infecção secundária: C.7 O controle do tétano é feito pela vacinação com o toxóide tetânico. hialuronidases. sendo posteriormente.3 Patogenia A infecção em geral resulta da introdução do Clostridium ou de seus esporos. proteinases. Geralmente é acompanhada de infecção secundária por enterococos. através da contaminação das feridas com o solo. 2. A ação combinada das toxinas e enzimas resulta na dissolução e fragmentação dos tecidos e na ruptura dos vasos sangüíneos.: ágar glicosado em coluna alta e ágar sangue glicosado. feita a diferenciação das espécies por provas bioquímicas. É rapidamente destrutiva e apresenta odor desagradável. edema e formação de gás.4 Diagnóstico Laboratorial Este exame é dificultado por ser uma infecção mista. meio de Tarozzi. Tecidos gravemente traumatizados favorecem o crescimento bacteriano e tornam-se gradualmente favoráveis para o Clostridium. O isolamento pode ser realizado através do exame de exudatos de lesões corados pelo Gram. enterobactérias e cocos piogênicos. cultivo em meio de cultura Tioglicolato ou meio de cultura ágarsangue em anaerobiose e aerobiose.5 Tratamento . se espécies proteolíticas estiverem presentes. A infecção caracteriza-se por necrose progressiva dos músculos. As bactérias produzem enzimas líticas (colagenase. DNAse) e toxinas com propriedades necrosantes e hemolíticas. 2. 2. Ex. se o potencial de óxido-redução for suficientemente baixo.8 Crescem numa variedade de meios sólidos comuns. O período de incubação geralmente varia de 12-36 horas. meio de Tarozzi. mas sim uma toxicose aguda que se mantêm por algumas horas (2-48 horas) após a ingestão de certos alimentos.9 Desbridamento cirúrgico. . salcicha. completa remoção de tecido muscular infectado. os outros tipos ocorrem esporadicamente. Atualmente são identificados 7 tipos (A até G) de acordo com a toxina produzida e características bioquímicas. aplicação local de sulfas. mais raramente E.1 Morfologia São bastonetes grandes (4 . do latim. principalmente de conserva. 3.6 µm de comprimento). apresentam flagelos peritríqueos e esporos subterminais produzindo deformação no corpo bacilar. 3. incompletamente esterilizados.2 Cultura São cultivados em ágar glicosado em camada alta. "botulus". Antitoxina polivalente e penicilina sistêmica para evitar bacteremia. grampositivos.3 Patogenia O botulismo geralmente não é uma doença infecciosa. 3. ágar-sangue e ágar-sangue glicosado em anaerobiose. Botulismo O agente etiológico é o Clostridium botulinum. 3. O homem é geralmente acometido pelo tipo A e B. 4 Ação da toxina Age na junção mioneural nas células do sistema nervoso central. Náuseas e vômitos acompanhados de constipação ou diarréia. A morte ocorre em 30% dos casos em 3-7 dias.Semear em meio contendo 0. B e C). .10 O microrganismo é encontrado no solo onde ganha acesso à frutas.7 Tratamento Realizado com o uso de antitoxina botulínica polivalente (geralmente dos tipos A. associada a uma inibição sobre a colinesterase. conseqüente da insuficiência respiratória e parada cardíaca. . durante 10 minutos. por bloqueio dos receptores pré-sinápticos da acetilcolina.Detecção do bacilo no trato intestinal do paciente ou da comida por ele ingerida. vegetais e legumes.Injeção intraperitoneal das amostras em camundongos. 3. A ingestão da toxina leva a paralisias digestivas e oculomotores. 3.6 Profilaxia Controle na esterilização dos alimentos em conserva. 3. Encontrado também em intestino de herbívoros e peixes. A toxina botulínica é inativada a 100ºC.2% de amido solúvel em anaerobiose.5 Diagnóstico laboratorial . . 3. Estes organismos incluem bacilos gramnegativos (Bacteroides. genitália feminina. aborto séptico e salpingite (Prevotella) e abscessos periodontais (Porphyromonas e Prevotella). algumas vezes infecta feridas cirúrgicas abdominais. .9%). abscessos intra-abdominais secundários a cirurgia e perfuração (Bacteroides fragilis e outros). boca e pele. Em relação aos outros aspectos. O Bacteroides fragilis é tipicamente um causador ou participante de sepse intra-abdominal e retroperitoneal. o pus é em geral pálido e fétido. Estes organimos são em sua maioria. especialmente nos abscessos pulmonares. causando acne nos poros oleosos dos adolescentes (Propionibacterium). INFECÇÕES POR ANAERÓBIOS NÃO-ESPORULANTES As bactérias anaeróbias não formadoras de esporos constituem os organismos comensais mais freqüentes do trato gastrointestinal (99. Em todas essas lesões. e a supuração é pouco delimitada. bacilos Gram-positivos (Actinomyces Propionibacterium acnes) e cocos gram-positivos (Peptoestreptococcus). além de peritonite pélvica nas mulheres maiores de 20 anos. estas lesões assemelham-se patologicamente às produzidas pela infecções piogênicas comuns. Ao contrário dos anaeróbios formadores de esporos (a espécie Clostridium) os anaeróbios não formadores de esporos não secretam toxinas.11 . Prevotella e Fusobacterium). Pode também estar presente nos abscessos pulmonares. patógenos oportunistas. espiraladas. oralis.12 Espécies de Propionibacterium são os microrgansimso grampositivos anaeróbios mais facilmente isolados em laboratórios. parvula. Como em quase todas as outras infecções anaeróbias ou mistas. macrodentium. socranskii. uretra e trato urogenital. Gram-negativas. Espiroquetas orais: Treponema denticola. T. Das espécies pertencentes ao gênero Fusobacterium. Estes microrganimos têm sido relacionados com casos de endocardite bacteriana e abscessos. vicentii. nucleatum é o microrganismo de maior importância clínica. T. T. T. isoladas freqüentemente em sítios de infecção mista. longas e finas. F. ESPIROQUETAS São bactérias anaeróbias. pectinovorum. pertencentes à microbiota indígena da cavidade bucal. Peptostreptococcus são geralmente encontrados como parte da microbiota indígena da pele. particularmente na cavidade bucal. Espécies de Veillonella são cocos gram-negativos anaerobicos. sendo associados com infecções pleruropulmonares e infecções na cavidade bucal ( gengivite e periodontite). T. A espécie mais comuns isoladas em humanos é V. BACILOS PIGMENTO GRAM-NEGATIVOS PRODUTORES DE NEGRO Estes microrganismos são encontrados com freqüencia como parte da microbiota indígena nas várias superfícies mucosas. as que atingem a cavidade bucal são provocadas por microrganismos . sendo considerados patógenos oportunistas. fatores de adesão. como nas infecções dentais. Também são freqüentemente isoladas de abscessos periodontais e de canais radiculares. lipopolissacarídeo. principalmente com doença periodontal. Os dados na literatura relatam que algumas espécies deste grupo estão fortemente associadas com infecções orais. Essas espécies bacterianas podem ser encontradas em quase todos os tipos de processos infecciosos. IgG e IgM. pleuropulmonares. Sua presença está fortemente associada com bolsas periodontais profundas. Eles podem apresentar também atividade fibrinolítica e antifagocítica podendo ainda degradar fatores do complemento. infecções endodônticas e abscessos agudos. endocardites. Entre os fatores de virulência apresentados pelos anaeróbios produtores de pigmento negro se destacam cápsula. sendo isoladas em número crescente durante a evolução do processo inflamatório. neuraminidase e fosfolipase A. proteases. colagenases. Algumas dessas espécies são: Porphyromonas gingivalis – considerada um dos mais importantes periodontopatógenos. incluindo bacteremias. da cabeça e do pescoço. assim como no aumento de profundidade de bolsas periodontais. pneumonias e fascites necrotizantes. do sistema nervoso central.13 pertencentes à microbiota indígena do corpo sendo que estes variam siginificantemente em suas caracterísitcas de virulência. abscessos intracranianos. Elas dominam ou são proeminetes em infecções envolvendo bactérias originárias da orofaringe. . geralmente como parte da microbiota mista infectante. enquanto outras espécies não têm papel destacado nesses processos. intermedia -P. asaccharolytica -P. melaninogenica QUESTÕES 1. disiens -P. Cite as formas de infecção por Clostridium tetani. loescheii -P. endodontalis -P. Cite as caracteríticas das infecções por anaeróbios. Comente sobre as principais toxinas liberadas pelas espécies do gênero Clostridium. 5. gengivite ulcerativa necrozante aguda e periodontite crônica do adulto. gingivalis Gênero Provotella -P. Cite as principais características das lesões causadas por infecções por microrganismos anaeróbios esporulados. Nomenclatura dos Bacilos produtores de pigmento negro Gênero Porphyromonas -P. 3. Qual os microrganismos anaeróbios de importância nas doenças periodontais destrutivas? 2. denticola -P. . 4.14 Prevotella intermedia está associada a inflamação gengival moderada ou grave. M. G. 1. Cap. 33.J. 528-42. Microbiologia.. 1981. M. p. . Melhoramentos. p. 2. 3 ed. O. Rio de Janeiro. 23 ed. Cap. 2 ed. BIER. São Paulo. 295. Harper e How do Brasil Ltda. Cap. B. et al. Microbiologia. et al. 2ª ed. Nisengard. Clostidium. 1979. Pelczar. J. pag. L. R. Editora McGraw-Hill do Brasil. Bacilos esporulados Gram-positivos. BURNETT. Microbiologia: Infecções bacterianas e micóticas. Editora Gauanbara-Koogan. 1978. 4. 1997. 1984. p. 665-91.15 BIBLIOGRAFIA 1. 34. São Paulo. 4 ed. In: Microbiologia Oral e Doenças Infecciosas. 6. Rio de Janeiro. 34. Guanabara Koogan. et al..R. Microbiologia oral e Imunologia. Bacilos esporulados anaeróbios. 1999. In: Microbiologia e Imunologia. TRABULSI. 989-1004. Vol. 5. In: DE DAVIS. 3. Atheneu. MC CARTY. evidenciam-se grânulos denominados granulações metacromáticas ou corpúsculos de Babes-Ernst. em Y. faringe e laringe. mucosa conjuntiva e trato geniturinário. e é Gram-positivo. patogênicos ou saprófitas.CORINEBACTÉRIAS As corinebactérias (gênero Corynebcterium) são bastonetes Gram-positivos. em fuso ou em halter) e. de 1 a 6 µm de comprimento por 0. Características Morfológicas do Microrganismo O C. após 8 a 10 horas começam a surgir colônias pequenas. que significa pele ou membrana). inflamação de garganta (angina) e manifestações toxêmicas. imóveis. com dilatações irregulares em uma das extremidades. em conjunto. na cor creme ou cinza-claro. não possui cápsula ou esporo. hemácias e leucócitos agrupados comumente sobre as amígdalas. diphtheriae apresenta-se sob a forma de bastonetes imóveis. o que lhes dá. a aparência de letras chinesas decorrente da separação incompleta da célula durante a divisão celular. bactérias. paralelamente (em paliçada). com bordas irregulares. O nome Corynebacterium deriva do grego koryne. em pêra. Essa é uma doença infecto-contagiosa aguda que atinge de preferência crianças até 10 anos de idade e é caracterizada por febre. granulosas. DIFTERIA Agente Etilógico O Corynebacterium diphtheriae é a espécie mais importante do gênero Corynebacterium e é o agente etiológico da difteria (do grego diphthera. não esporulados. com produção de uma pseudomembrana acinzentada composta de fibrina. com acentuada tendência pleomórfica (forma em clava. Algumas espécies fazem parte da microbiota normal da pele. nariz.8 µm de largura.). Características Culturais do Microrganismo Meio completo como o meio de Löeffler (com soro coagulado) é o mais comumente usado para a cultura do bacilo diftérico. que significa clava. etc. Outra característica dos bacilos diftéricos é a sua forma de agrupamento. usando métodos especiais de coloração (corantes derivados da anilina). orofaringe.3 a 0. anaeróbios facultativos. Neste meio. em H. Caracteriza-se por possuir um corpo bacteriano reto ou ligeiramente curvo. enquanto . nasofaringe. ou formando ângulos retos uns aos outros (formas em V. 1 µg/Kg de peso e sua produção é inibida na presença de fatores ambientais como o ferro. na fase de declínio. “intermedius” – com células longas. diphtheriae que apresenta colônias cinza-escuro ou pretas. “mitis” – com células compridas.que outras bactérias (estreptococos. Quando a faringe é atacada. nas fossas nasais. enquanto outros podem variar na sua capacidade de produção de exotoxinas e outros fagos. laringe. pretas. diphtheriae que foram infectadas com um prófago beta.) não se desenvolvem com a mesma rapidez. estafilococos. encurvadas. sistema nervoso. acinzentadas. grandes. letal em concentrações de 0. torna-o incapaz de produzir a exotoxina. pequenas e irregulares formando colônias não-hemolíticas. que formam pequenas colônias não-hemolíticas apresentando características situadas entre os dois extremos. rins e supra-renais. utensílios de mesa. brilhantes e convexas com umas superfície espessa – associado a formas leves da doença. na pele e nos órgãos genitais. etc. no ouvido. formando colônias hemolíticas. quando a concentração de ferro intracelular cai em níveis baixos. em forma de bastão. A difteria dissemina-se por contato direto. A toxina é codificada por genes (tox) que fazem parte do genoma de certos bacteriófagos e que são capazes de lisogenizar os bacilos diftéricos. que contém o gene tox. diphtheriae se multiplica e produz a exotoxina com tropismo para o miocárdio. e o telurito nas concentrações empregadas inibe outras bactérias sem afetar o crescimento do bacilo diftérico. neissérias. A perda do bacteriófago. Características Patológicas A difteria é causada por uma exotoxina produzida por cepas de C. etc. quando recebe a denominação angina diftérica. O bacilo diftérico pode causar infecções na faringe. pequenas. o processo evolui pelas amígdalas (tonsilas) e pelos pilares do véu palatino. resultado da redução intracelular do telurito pelo microrganismo. colônias cremosas e transparentes – associado a formas intermediárias da doença. irregulares e estriadas – associado a formas graves da doença. A forma clínica mais freqüente e grave é a faríngea. Outros meios de cultura como Ágar-sangue ou Ágar-chocolate acrescido de telurito de potássio são também indicados para isolamento de C. A doença em seres humanos começa com uma infecção do trato respiratório superior na qual o C. Três tipos morfologicamente distintos de colônias são descritos nestes meios: “gravis” – com células bacterianas em formato de bastão. que cria pequenas . por meio de perdigotos e de veiculadores (injeção. o que explica a maior produção do tóxico bacteriano.). A toxina é uma proteína termolábil. em forma de bastão. placas amarelo-cinzentas que, rapidamente, se unem para formar uma membrana difícil de ser destacada, e ao ser destacada, deixa uma superfície sangrante. Os gânglios cervicais e submaxilares geralmente são palpáveis. Da faringe pode estender-se à laringe e traquéia causando difteria laríngea, associada com insuficiência respiratória aguda por obstrução alta (crupe), ou espalhar-se para os seios nasais causando difteria nasofaríngea, associada a complicações cardíacas e neurológicas devido à circulação da toxina. A miocardite demonstra edema intersticial, infiltrado linfocitário intersticial e perivascular, degeneração hialina e necrose celular. A neurite é devida a desmielinização, manifestando-se primariamente por alterações motoras. O comprometimento renal é decorrente de uma nefrite intersticial causada provavelmente pela ação direta da toxina e necrose tubular aguda, geralmente associada com miocardite, devido ao baixo débito sangüíneo renal. Diagnóstico O diagnóstico bacteriológico é realizado através da identificação do C. diphtheriae toxigênico a partir do material retirado das lesões (ulcerações), exsudatos de orofaringe e de nasofaringe, ou de outros sítios, dependendo do caso, por meio de swab, antes da administração de qualquer terapêutica antimicrobiana. Estes testes servem para confirmar a impressão clínica e têm importância epidemiológica. Exame Bacterioscópico - Esfregaços corados pelo método de Gram, ou por azul de metileno são observados microscopicamente para detecção de granulações metacromáticas em grupamentos característicos. Esse teste apresenta resultado rápido porém as manifestações clínicas são mais úteis para o diagnóstico etiológico do que a bacterioscopia direta, que pode fornecer resultados falso-positivos ou falso-negativos. Cultura - É o meio usado na prática e que fornece uma orientação segura. A cultura deve ser feita por semeadura da secreção nos meios de Loeffler inclinado, placas de ágar sangue e de ágar telurito. O meio de Loeffler preserva as características morfotintoriais do bacilo diftérico úteis para sua identificação. A presença de colônias no meio de ágar sangue e ausência de crescimento no meio com telurito é usada para excluir infecções por Corynebacterium. Colônias suspeitas crescidas em ágar telurito fornecem inóculo para o teste de produção de toxinas. Amostras atoxigênicas fluorescentes necessitam de provas bioquímicas adicionais porque produzem respostas clínicas discretas e localizadas. Tabela 1 - Características diferenciais das espécies de Corynebacterium regularmente associadas ao homem. Fermentação de Espécies C. diphtheriae C. xerosis C. hofmannii Urease + Maltose + - /+ Sacarose - /+ + Glicose + + - - Teste de produção de toxinas - Todo microrganismo que apresente características morfológicas semelhantes aos difteróides deve ser submetido ao teste de virulência, que verifica a toxicidade deste. A produção da toxina diftérica pode de pesquisada in vivo e in vitro. O teste in vivo consiste na inoculação de uma suspensão bacteriana em animal experimental. Após quatro horas, injeta-se a antitoxina diftérica e, após 30 minutos, reinjeta-se uma amostra adicional da suspensão em novo local. Se a cepa for toxigênica o local injetado antes da antitoxina tornar-se-á necrosado em 48 - 72 horas, enquanto o local injetado após administração de antitoxina revelará apenas uma inflamação não específica. O teste de difusão em gel (Teste de Elek) in vitro é um método onde se coloca uma fita de papel de filtro impregnada com antitoxina sobre a superfície do meio de cultura e as amostras de microrganismos são semeadas perpendicularmente à fita (A). A linha de precipitação antígeno-anticorpo (D) indica que a cepa de C. diphtheriae produz toxina. (A) Bacilo diftérico toxigênico (B) Bacilo diftérico não-toxigênico (C) Papel de filtro impregnado com antitoxina (D) Linhas de precipitação D A D B C D D D Tratamento A toxina diftérica pode entrar em células sensíveis dentro de um curto período de tempo, portanto o tratamento de casos suspeitos de difteria com antitoxina deve ser iniciado mesmo antes da comprovação bacteriológica. Uma vez que a toxina penetra na célula alvo, a antitoxina não é mais efetiva para neutralizá-la. O C. diphtheriae é sensível a vários antibióticos, incluindo penicilinas, eritromicina e tetraciclina. A terapia, contudo, deve ser feita primeiramente direcionada para a neutralização da toxina diftérica. A terapia com antibióticos pode então, ser útil para a eliminação da infecção primária pelo C. diphtheriae. NEISSÉRIAS O gênero Neisseria compreende várias espécies de cocos Gram-negativos aeróbios, que geralmente se apresentam aos pares com os bordos internos achatados ou côncavos, lembrando grãos de feijão. Algumas espécies deste grupo são colonizadores normais da mucosa da nasofaringe, são de ocorrência extracelular e raramente podem causar infecção em determinados órgãos, como a Neisseria (agora Branhamella) catarrhalis e a N. sicca, presentes na microbiota da nasofaringe e que não produzem doença e as neissérias pigmentadas (N. subflava, N. flavescens, N. lactamica) que embora não patogênicas podem, em raras ocasiões, provocar meningite ou endocartite. Duas espécies de neissérias são patogênicas para o homem de maneira significante: a Neisseria gonorrhoeae (ou gonococo) e a Neisseria meningitidis (ou meningococo), que são de ocorrência intracelular e são os agentes etiológicos da gonorréia e da meningite, respectivamente. MENINGITE Agente Etiológico Reconhecida desde o início do século XIX como uma doença contagiosa descrita por Vieusseux em 1805, foi somente em 1887 que Weichselbaum isolou a Neisseria meningitidis de um caso de meningite purulenta, sendo esta reconhecida como causa da meningite meningocócica. Este diplococo pode comprometer diversos órgãos do corpo humano como o trato respiratório superior, as articulações, o sangue (na forma de meningococcemia aguda, subaguda ou crônica), o pericárdio, a pele, os olhos, a uretra, o reto e, particularmente, o sistema nervoso central. Características Morfológicas do Microrganismo A Neisseria meningitidis (ou meningococo) assemelha-se muito ao gonococo. Os meningococos são cocos ou diplococos, Gram-negativos, com um diâmetro de aproximadamente 0,8 µm, aeróbios estritos, imóveis, não esporulados. Ao microscópio óptico, como os gonococos, diferencia-se de outras neissérias saprófitas localizando-se tanto intra como extracelularmente, com as superfícies adjacentes de suas células achatadas originando uma forma típica de “biscoito”(ou rins). constituindo a síndrome de WaterhouseFriderichsen. Cultura – O material coletado deve ser semeado imediatamente em meio de ágar-sangue aquecido ou meio de Thayer-Martin modificado com antibióticos (VCN: vancomicina. produzindo uma bacteremia (meningococcemia) com febre alta e lesões vasculares. Em culturas mais velhas podem ser observadas variações consideráveis na sua forma e tamanho. Exame Bacterioscópico – Esfregaços preparados com o sedimento do líquor ou de material aspirado de petéquias é de grande utilidade para o diagnóstico. a temperatura entre 35 e 37oC e sob atmosfera de 5 a 10% de dióxido de carbono. não pigmentadas. Apresenta bom crescimento em meios específicos como o meio de Mueller-Hinton e o de Thayer-Martin. A meningite é a complicação mais comum da meningococcemia. . Nos meios sólidos. As condições de crescimento ótimas são obtidas em ambiente úmido. há hemorragia bilateral nas supra-renais. praticamente garante o diagnóstico de meningite meningocócica. onde na maioria das vezes a infecção é assintomática. com cefaléia intensa devido ao aumento da pressão intracraniana. Inicia de forma súbita. diplococos Gram-negativos em forma de “rins”.Características Culturais do Microrganismo A N. Características Patológicas A nasofaringe é a porta de entrada dos meningococos. meningitidis não cresce com facilidade. sendo este último especialmente usado em estudos epidemiológicos. os meningococos originam colônias transparentes. não-hemolíticas e medindo em torno de 1 a 5 mm de diâmetro. O meningococo é a única bactéria cuja infecção pode matar o paciente em algumas horas. necessitando de meios de cultura e condições apropriadas. rigidez da nuca e progride para o coma em pouco tempo. vômito em jatos. provavelmente determinadas pelas endotoxinas bacterianas. pois cerca de 20 a 40% dos pacientes não apresentam sintomas de meningococcemia. mas ocasionalmente apresenta manifestações clínicas discretas ou podem provocar uma faringite exsudativa. A presença de neissérias típicas. no interior de leucócitos polimorfonucleares ou no espaço extracelular. Diagnóstico O meningococo pode ser facilmente isolado do sangue e do líquor em meios de cultura específicos para este microrganismo. Nas formas fulminantes. Da nasofaringe (nasofaringite) os microrganismos podem ganhar a corrente sangüínea. corrimento = espermatorréia) é definida como uma inflamação do trato urogenital causada pela Neisséria gonorrhoeae. São destruídos rapidamente pelo ressecamento. por este motivo. com aspecto de feijão ou grão de café. não esporulados e ao exame de secreções apresenta-se.6 µm a 1. Não foram encontrados meningococos portadores de plasmídios de resistência. que favorece o crescimento de neissérias e inibe o de muitas outras bactérias. É parasita estrito e. e é exigente nas culturas. Sorologia – Os anticorpos contra os polissacarídeos meningocócicos podem ser dosados pelas reações de aglutinação do latéx. GONORRÉIA Agente Etiológico A gonorréia (do grego gonos. Quando as meninges estão inflamadas. O período de incubação é variável.colistina e nistatina). sendo comum de 3 a 5 dias podendo chegar a 30 dias. Características Morfológicas do Microrganismos O gonococo é um diplococo Gram-negativo de aproximadamente 0. mas resistem ao congelamento. O cloranfenicol é um substituto efetivo para o uso em pacientes alérgicos. de hemaglutinação ou por sua atividade bacteriana. luz solar.0 µm. . não tem possibilidade de sobrevivência fora do corpo. Possue cápsula que pode ser evidenciada pela coloração negativa. necessitando de enriquecimento apropriado e atmosfera com 2 a 10% de dióxido de carbono. exceto conjuntivites e vaginites infantis. não flagelado nem hemolítico. A terapia antimicrobiana irá variar de acordo com a apresentação e apresentação da doença e da resposta do paciente. sendo o tratamento de 10 a 14 dias normalmente eficiente. cresce melhor a 35-360C. calor úmido e muitos desinfetantes. imóvel. de transmissão predominante sexual. Tratamento As penicilinas são as drogas de escolha para o tratamento da meningite meningocócica. no interior de fagócitos aos pares com formato oval aproximados nas extremidades. Características Culturais do Microrganismo Aeróbio ou anaeróbio facultativo. por período prolongado. que significa esperma e rhoia. estes antibióticos atravessam facilmente a barreira hematoliquórica. Amostras submetidas a subculturas repetidas formam colônias grandes e avirulentas. sendo que esta forma de doença é seis vezes mais prevalente na mulher. particularmente do trato genital. que poderia bloquear a aderência do gonococo à mucosa. erupções na pele. artralgia. Essa é uma conseqüência séria da infecção gonocócica em mulheres (doença inflamatória pélvica). . A infecção gonocócica disseminada é caracterizada por febre. melhora a capacidade de isolamento de meningococos e gonococos de sítios diversos. A partir da uretra.Aderência e colonização: A aderência é mediada por fímbrias. devido a sua seletividade. epidídimo e vesícula seminal. Em crianças. . Infeções de mucosa. Casos de esterilidade decorrentes da doença e também infecção faríngea gonocócica são relatados. Em até 75% da mulheres infectadas. Em mulheres.Proliferação da bactéria no tecido subepitelial: Uma vez que atingiu o tecido subepitelial. as colônias de gonococos são pequenas e brilhantes. artrite. ocorre reação inflamatória intensa com abundância de leucócitos polimorfonucleares. No homem. A colonização da mucosa é facilitada por proteases que clivam a IgA secretora. a doença pode permanecer assintomática por longos períodos de tempo. Características Patológicas A infecção gonocócica é encontrada apenas em seres humanos e dissemina-se através do ato sexual. com contínua proliferação. a infecção pode se estender para a próstata. a infecção mais comum é a conjuntivite neonatal adquirida durante a passagem pelo . tenossinovite. as mudanças no odor e na cor da secreção vaginal e dor abdominal são os principais sintomas da infecção cervical (cervicite). No interior da célula o microrganismo é transportado para o interior de vacúolos passando para o tecido subepitelial. podendo atingir o peritônio. endocardite e meningite e ocorre entre 1:300 a 1:600 casos de gonorréia genital. A infecção ascende para as trompas de Falópio (salpingite). colistina e nistatina). mas após alguns dias tornam-se brancoacinzentadas e apresentam margens lobuladas. Após 48 horas de incubação.Invasão da mucosa: Após a adesão do microrganismo à mucosa. pelo gonococo seguem as seguintes etapas: . ocorre a penetração na célula epitelial. a uretrite é a principal forma clínica da infecção gonocócica com disúria e exudato purulento.O uso do meio de cultura de Thayer–Martin (ágar-chocolate acrescido de antimicrobianos vancomicina. sendo somente os gonococos fimbriados capazes de provocar infecções. sendo justificado o uso dos resultados bacterioscópicos. quando o microrganismo é sensível a estes antibióticos. A identificação do gonococo é feita através de provas bioquímicas (ver Tabela 2). mucosa retal ou faríngea. gonorrhoeae produtoras de penicilinases. nas condições exigidas pelo microrganismo. realiza-se exame bacteriológico. sintomas clínicos. que acomete rapidamente as estruturas do olho e leva à perda da visão. Tratamento As drogas de escolha para o tratamento das infecções gonocócicas continuam sendo as penicilinas. isolamento e identificação de N. semeando-se a amostra em meio enriquecido (como o meio de Thayer-Martin com vancomicina. Para o tratamento das gonorréias extravaginais é necessário períodos longos de terapia e. gonorrhoeae para diagnóstico da doença. a hospitalização do paciente. A demostração dos resultados em cultura é demorada e as vezes difícil. a espectinomicina e algumas cefalosporinas de terceira geração (ceftriaxone) são utilizados para o tratamento destas infecções. Devido ao aumento da freqüência de cepas de N. próstata. . pode ser detectada por meio de sonda genética. sendo necessário isolamento e identificação do gonococo para estabelecer o diagnóstico de gonorréia. inquérito epidemiológico para o rápido início do tratamento de casos suspeitos.canal de parto infectado. com presença de diplococos Gram-negativos de morfologia típica intra e extra-celulares. Nos casos masculinos duvidosos e em infecção gonocócica na mulher. colistina e nistatina) seletivo para gonococos e meningococos. Exame Bacterioscópico – A coloração de Gram dos esfregaços podem revelar um quadro microscópico bastante característico nos casos agudos masculinos. Diagnóstico Através das secreções colhidas da uretra. A presença de DNA gonocócico em secreções uretrais de pacientes com gonorréia. colo uterino. a bacterioscopia apresenta valor bastante limitado. algumas vezes. o cotrimoxazol. que pode ser prevenida com a instilação de nitrato de prata no saco conjuntival do neonato. preparada com plasmídeo críptico que é transportado pela maioria das amostras de bactérias. como as reações de oxidação e fermentação. Cultura – A cultura deve ser feita imediatamente após a coleta. . Como você diferencia uma infecção da outra? 2 – Explique como a meningite leva ao aumento da pressão intracraniana? 3 – Descreva a profilaxia da difteria na criança. à semelhança da Neisseria gonorrhoeae.QUESTÕES: 1 – É sabido que Staphylococcus epidermitis pode infectar o trato urinário masculino e provocar a formação de pus. não esporuladas. Esta propriedade é explorada no diagnóstico laboratorial. o esfregaço é corado com azul de metileno. imóveis. as micobactérias também são mais resistentes do que as outras bactérias ao hidróxido de sódio. As células bacterianas são de crescimento lento. Provavelmente devido à riqueza em lipídeos. o que significa que durante os procedimentos de coloração pela fucsina. incluindo os dois principais patógenos humanos. e as que não retém. O método para se verificar se uma bactéria é BAAR. As bactérias que retêm a fucsina (BAAR) adquirem a cor deste corante (vermelho). uma vez que a temperatura da pele é mais baixa que a das regiões mais profundas do organismo. em seguida por uma mistura de álcool (97%) e ácido clorídrico (3%). ulcerans. lóbulos da orelha) esteja relacionada por sua preferência a temperaturas baixas. diferentes das demais bactérias em uma série de propriedades. microrganismos saprófitas que não causam tuberculose micobacteriana e microrganismos parasitas. As que crescem melhor em temperatura inferior a 37oC. Depois de lavado com água. Mycobacterium tuberculosis e Mycobacterium leprae. ácido sulfúrico e a certos antisépticos. Presume-se também que a localização preferencial da lepra nas extremidades do corpo (dedos. o crescimento lento está relacionado com o quadro clínico da tuberculose. não se deixam descorar por uma mistura de álcool e ácido clorídrico. Este método consiste em se tratar o esfregaço por fucsina e.Micobactérias O gênero Mycobacterium contém grande número de espécies. Esta propriedade parece descorrer da firme fixação da fucsina a certos lipídeos da parede. São germes aeróbios estritos. provavelmente devido a grande quantidade de lipídeos da parede. Várias evidências sugerem que a predileção do Mycobacterium tuberculosis pelos pulmões está relacionada com a tensão de CO2 neste órgão. se coram pelo azul de metileno. As micobactérias são ácido-álcool resistentes (BAAR). Além do interesse diagnóstico. geralmente causam somente uma infecção cutânea. muitas das quais estão relacionadas com a quantidade e tipos de lipídeos complexos que estes germes contêm na parede celular. pois permite destruir a . é o de Ziehl-Neelsen. A temperatura ótima de crescimento das micobactérias é variável. A lentidão do crescimento parece também estar relacionada à absorção mais demorada de nutrientes. como Mycobacterium marium e M. As micobactérias são bacilos finos. nariz. As células são adjuvantes. É muito estável em tais gotículas e no escarro. uma mistura de proteínas de baixo peso molecular. podendo permanecer viável mesmo no escarro seco por até seis semanas.microbiota normal. Os lipídeos podem explicar a maior resistência das micobactérias a muitos antibióticos. quando injetadas com um antígeno. pela corrente sangüínea. seguida por uma resposta granulomatosa. Mycobacterium tuberculosi Patogenicidade: O microrganismo é geralmente transmitido por gotículas de secreções (como de tosse) provenientes de uma pessoa com tuberculose ativa. As micobactérias não produzem fatores de virulência que possam explicar as manifestações clínicas de suas infecções. as infecções causadas por micobactérias acompanham um quadro de hipersensibilidade tardia e de imunidade celular. São germes intracelulares facultativos. Histologicamente. inalado e atinge uma ambiente altamente aeróbio do pulmão. de onde é levada para vários órgãos e tecidos. tuberculosis das gotículas é então. A pesquisa de hipersensibilidade tardia e de imunidade celular pode ser feita com injeção intradérmica de tuberculina. Quando parcialmente purificada. presentes nos espécimes clínicos. passando em seguida para os nódulos linfáticos da região hilar. Estas são predominantemente decorrentes da resposta do hospedeiro à infecção e aos antígenos das micobactérias. produzidas pelo Mycobacterium tuberculosis. Esta substância é na realidade. A infeção do parênquima . estimulam a produção de anticorpos contra estes antígenos. a resposta inicial é exsudativa. De modo geral. A infecção pelo Mycobacterium tuberculosi geralmente se inicia no parênquima dos lobos pulmonares inferiores. onde produz uma pneumonite não-específica. onde aparecem ao mesmo tempo e estão sempre associados. bem como o mecanismo de ação da isoniazida (usada no tratamento). O M. durante o qual o paciente desenvolve a hipersensibilidade tardia que é característica da doença. que proliferam no interior de macrófagos. sem afetar a viabilidade das micobactérias. Os dois fenômenos têm sido mais estudados na tuberculose. que interfere na síntese de ácidos graxos. recebe a designação PPD (purified protein derivate). uma vez que. De qualquer modo. Alguns indivíduos. uma vez que não se multiplica ou o faz de maneira insignificante e irregular. que só pode ser demonstrado pelo exame radiológico dos pulmões. O material clínico selecionado para exame depende da localização da doença. isto é. Na grande maioria das vezes. Embora a bactéria esteja viva nestes focos. extremidades dos ossos longos. Este estado infeccioso é denominado de tuberculose-infecção. que pode ser demostrada pela injeção intradérmica de tuberculina ou PPD. porque além de permitir o diagnóstico específico. entretanto. apresenta hoje algumas desvantagens: . Em muitos indivíduos ele permanece latente por toda vida. para contrastar com o estado oposto. nódulos linfáticos e etc. Nas infecções pulmonares. rins. que é denominado de tuberculose doença. A cultura é o método de escolha para o diagnóstico das infecções por micobactérias. Diagnóstico: O diagnóstico pode ser feito pelo exame microscópio de esfregaços corados pelo método de Ziehl-Neelsen e pela cultura. fatores étnicos e constituição genética. os fatores que realmente predominam no processo de reativação não são bem conhecidos. juntamente com os focos infecciosos que se formam nos diferentes órgãos e tecidos.pulmonar e dos nódulos linfáticos da região hilar é chamada complexo primário e este. Existem na literatura diversos estudos sobre a provável influência da idade. O tempo necessário para a reativação de um foco de infecção latente é bastante variável. sexo. ápices pulmonares. podendo ser meses ou anos. possibilita o isolamento da bactéria para a realização de testes de sensibilidade aos antibióticos. o único sinal de existência de tuberculose-infecção é a presença de hipersensibilidade tardia. mas estão intimamente ligados a uma diminuição das defesas orgânicas. Estes focos são encontrados principalmente nos órgãos e tecidos onde uma tensão apropriada de O2 favorece a proliferação do Mycobacterium tuberculosi. colhe-se o escarro. a inoculação de cobaias com espécimes clínicos. podem também apresentar o complexo primário calcificado. chamado complexo de Gonh. Também tida como bastante útil no diagnóstico laboratorial da tuberculose. infecção primária. ela se encontra em estado de latência. A doença é geralmente associada com falta de higiene e condições de moradia em locais aglomerados. nas urinárias. a urina. pirazinamida. que consiste na injeção intradérmica. passando a reagir positivamente ao teste de Mantoux. e as de segunda linha são menos ativas e mais tóxicas. Recentemente foram preparadas sondas genéticas que permitem a rápida identificação das espécies M. avium. na face anterior do antebraço. capreomicina e amicacina. Imunidade: No Brasil. quando aparece. Considera-se o teste positivo. entre outras. viomicina.contaminação de pessoas que manipulam estes animais. Esta pesquisa geralmente é feita pelo teste de Mantoux. e não dispensa o cultivo e identificação da bactéria a partir das lesões encontradas nestes animais. e os seguintes antibióticos: canamicina. A pesquisa de hipersensibilidade tardia também é um recurso de diagnóstico bastante útil. A proteção conferida pela vacinação não é total. esta mutante não provoca doença. ou teve contato e nunca desenvolveu a doença. O teste negativo indica que o indivíduo não deve ter tido contato com o bacilo da tuberculose. que pode ter se originado de uma infecção primária (assintomática) ou de uma tuberculose curada. de 0. em 48 horas. As drogas de primeira linha são: isoniazida.1 mL de tuberculina ou PPD. uma área endurecida de pelo menos 5mm de diâmetro. tuberculosis costumam ser divididas em drogas de primeira e segunda linha. a vacina usada é a BCG (bacilo de Calmette-Guérin). a doença experimental demora de 4 a 6 semanas para se desenvolver. que é uma mutante atenuada do Mycobacterium bovis. Os indivíduos vacinados adquirem hipersensibilidade tardia. geralmente a inoculação é por via intramuscular. São consideradas de segunda linha o ácido para-amino-salicílico (PAS). O teste de Mantoux positivo não indica doença. Tratamento: As drogas mais usadas no tratamento das infecções causadas pelo M. por serem mais ativas e menos tóxicas. no local da injeção. Embora cause infecção no homem. etionamida (derivado do ácido micólico). tuberculosis. tiocetozona. estreptomicina e etambutol. mas apenas hipersensibilidade tardia. As de primeira linha são as preferidas. M. mas é bastante satisfatória. . mortos pelo calor. e os segundos. O M. As formas neurais resultam em paralisia e anestesia do nervos periféricos. As formas cutâneas de lepra resultam na produção de numerosos nódulos endurecidos. As formas polares são a lepra lepromatosa (LL) e a lepra tuberculóide (LT). após 24 e 48 horas da injeção. Pacientes com esta forma de lepra são passíveis de ferimentos nas extremidades com o desenvolvimento de infecção secundária e danos estéticos graves. Forma-se uma lesão granulomatosa crônica semelhante àquela da tuberculose. Calcula-se que existam 12 milhões de leprosos no mundo.Mycobacterium leprae Este microrganismo é também conhecido como bacilo de Hansen. leprae é aparentemente transmitido de lesões cutâneas infectadas através de ferimentos de pele onde ele pode permanecer latente por vários meses ou décadas. a reação desenvolvida. e caso desenvolvam será a forma mais benigna (tuberculóide). Os primeiros são Mitsuda negativo. há a formação de um nódulo no local da injeção. o bacilo da lepra é BAAR. Uma diferença entre LL e LT. Como as demais micobactérias. Quando o teste é positivo. uma doença degenerativa capaz de causar deformações nos pacientes. . A lepra continua sendo uma doença bastante freqüente. São reconhecidas duas formas polares de lepra e várias intermediárias.1 mL de lepromina e verificando-se após 30 dias. apresentam também uma área de endurecimento. A lepromina é uma suspensão de bacilos da lepra. quando inoculadas nas patas de camundongos. porém sem necrose caseosa. Patogenicidade: O M. o agente etiológico da lepra. com células epitelióides gigantes. O tatu (Dasypus novecintus) também é susceptível ao Mycobacterium leprae. obtidos de leproma (granuloma da lepra). Os indivíduos Mitsuda positivo são mais difíceis de adquirir infecção. com diâmetro superior a 5mm. Até o presente momento esta bactéria não foi cultivada in vitro. mas prolifera formando granulomas. leprae afeta principalmente a pele e o tecido nervoso. Os indivíduos Mitsuda negativos apresentam risco de desenvolver a forma mais grave (lepromatosa). refere-se a reação do paciente ao teste de Mitsuda. positivos. O teste de Mitsuda é realizado inoculado-se na pele do braço do paciente 0. desenvolvendo manifestações semelhantes às da lepra lepromatosa humana. uma micobactéria ambiental não-patogênica. sendo também bastante virulento para o homem. ou pulmões após disseminação hematogênica. A grande maioria dos casos de tuberculose humana por esta bactéria é transmitida pelo leite não-pasteurizado. e antígenos protéicos de M. proveniente de vacas tuberculosas. em geral. Ainda não há conclusão definitiva sobre o valor da BCG na profilaxia da lepra. solo e poeira. Tratamento: Atualmente as drogas mais usadas no tratamento da lepra são a dapsona. Os bacilos ingeridos penetram pela mucosa da orofaringe e do trato digestivo. Quando o Mycobacterium bovis é inalado. A partir destes focos. ainda não é clara. O M. tuberculosis. Os .Diagnóstico: O diagnóstico bacteriológico da lepra é feito pelo exame de esfregaços corados pelo método de Ziehl-Neesen. rifampicina e clofazimina. avium são úbiquos no ambiente e são adquiridos por pacientes. avium é fagocitado por macrófagos e carreado aos órgãos do sistema monócito-fagocitário. tuberculosis juntamente com quimioterapia tem levado a resposta em testes de pele em pacientes com lepra lepromatosa e retirada do bacilo do tecido. Imunoterapia da lepra com injeção intradérmica de M. levando à colonização do trato gastro-intestinal (GI). invadindo respectivamente. a doença pode se disseminar para outros tecidos ou órgãos. Mycobacterium avium Os organismos do complexo M. vaccae. pode provocar tuberculose idêntica à causada pelo M. A relação entre GI e colonização pulmonar e subsequente disseminação. Mycobacterium bovis O Mycobacterium bovis causa tuberculose no gado bovino. aidéticos através da alimentação. água. Os resultados obtidos em estudos são conflitantes. os nódulos mesentéricos. etambutol. ciprofloxacina e amicacina.sintomas mais prevalentes da infecção causada são: febre. O diagnóstico da infecção por M. um regime de tratamento ideal deve incluir clofazimina. O organismo também pode ser observado histologicamente em nódulos linfáticos. sudorese. avium é feito através de cultura de sangue periférico e de tecido. medula óssea e biópsia de material de fígado. rifampicina. Com base em teste de sensibilidade e dados clínicos. 6) Descreva o teste de Mitsuda . fraqueza e às vezes diarréia. anorexia. Perguntas: 1) Qual a característica morfológica mais marcante das micobactérias. 5) Descreva as principais manifestações clínicas da infecção causada pelo Mycobacterium leprae. avium é um desafio para o tratamento. 3) O que é o teste de Mantoux? 4) Descreva o Complexo de Gonh. A resistência do complexo M. e quais as suas conseqüências? 2) Descreva características da patogenicidade do Mycobacterium tuberculosis. por exemplo. A obtenção da forma micelial ou pseudomicélio.7 a 9% dessa substância. albicans são utilizados testes de formação de clamidosporo e tubo germinativo. Acreditam-se que os fatores ambientais possam afetar o poder fisiológico da levedura comensal. pH baixo. porém sua associação com a evolução dos estados patológicos favorece o surgimento das formas miceliais. alterações na composição de meios. parapsilosis. Geralmente é produzido quando a levedura encontra-se em condições de crescimento desfavorável. A maioria das espécies de Candida encontram-se em uma ampla variedade de nichos ecológicos. é caracterizada pela natureza dimórfica. enquanto que as formas micéliais filamentosos possuem habilidades de causarem doenças invasivas. Normalmente As leveduras predominam como comensais nos hospedeiros clinicamente saudáveis. Em condições especiais in vitro algumas espécies. Em adição. e outros. C. afetar uma atividade enzimática particular que conduz mudanças quantitativas na composição da parede celular. tropicalis. pseudotropicalis. porém esse último é mais rico em proteínas. por exemplo. por meio das quais tornam-se aptas a utilizarem uma variedade de substâncias orgânicas. albicans. as formas miceliais são mais resistentes aos mecanismos de defesa do hospedeiro. A composição da parede celular de leveduras e micélios apresenta diferenças quantitativas. por exemplo. C. albicans representa o principal patógeno. dessa forma induzindo a alterações morfogenéticas que resulta na formação de micélio o qual associa-se à infecção progressiva. o blastosporo ou levedura pode ser obtido a partir de seu crescimento em meios de cultura sólido ou líquido. é amplamente aceito que as leveduras iniciam os processos infecciosos. Em condições in vitro. geralmente como saprofíticos. é influenciada por vários fatores ambientais. albicans e C. Em adição a forma unicelular blastosporica (levedura). tais como. C. C. sendo freqüentemente isolado em associação com diferentes doenças humanas. Alguns autores também demonstraram que o componente lipídico nas leveduras são encontrados em menores quantidades quando comparado com a forma micelial.CANDIDÍASES Características biológicas gerais de Candida O gênero Candida compreende aproximadamente 200 espécies de leveduras. adição de soro. albicans é uma levedura diplóide com forma teleomórfica desconhecida. Outras estão associadas a diferentes condições patológicas humanas.7 a 21%. C. bem como clamidosporo. C. grande parte das espécies de Candida podem apresentar um estágio micelial com produção de micélio verdadeiro ou pseudomicélio. incluindo a forma micelial e levedura. lusitaniae e C. Algumas dessas espécies também apresenta a forma teleomórfica (sexual). Embora exista algumas opiniões divergentes. é uma característica significante com implicações na patogênese e no diagnóstico das infecções causadas por esses fungos. micélio e levedura. krusei. O clamidosporo é uma estrutura de resistência formada por uma parede celular grossa e citoplasma condensado. Estudos experimentais mostraram que linhagens de C. as quais reproduzem-se assexuadamente por brotamento. o qual ocorre tanto in vivo quanto in vitro. Essa mudança morfológica. Apresentam capacidades assimilatórias oxidativas e fermentativas. C. C. bem como de outras espécies do gênero. ao passo que a levedura contém 0. na maioria das vezes ascosporogeneas. lipolytica. Fatores de virulência Poucas espécies de Candida estão implicadas em doenças humanas. Ambas as estruturas morfológicas. crescimento sob condições semi-anaeróbico ou baixa tensão de CO2. utilis ou C. as quais podem ser isoladas a . podem ser encontrados in vivo. C. Dessas. C. Essas espécies apresentam diferentes habilidades patogênicas e baixa virulência. A forma micelial apresenta maior quantidade de quitina. albicans com baixa capacidade de germinar são menos virulentas. cerca de 2. C. guilliermondii. Sua morfologia. tais como. Como critério de identificação de C. Algumas espécies são utilizadas industrialmente. rugosa. stellatoidea podem produzir clamidosporos. enquanto que as leveduras ou blastosporos estão sujeitos a ação de fagócitos. vaginal. como por exemplo. vaginal. pode ser facilmente demonstrado in vitro pela exposição de células animais e leveduras. A aderência de Candida em superfícies de tecidos gastrointestinal ou endotelial pode ter um papel relevante na infecção sistêmica. intermediária entre a simbiose e a antibiose. contínuos. sendo a espécie Candida albicans a mais freqüentemente envolvida nessas doenças micóticas. bactérias. CCL-6. Desta forma. através de mecanismos imulológicos. em células epiteliais descamadas humanas (bucal. ou ainda candidoses. De modo geral. Tal vínculo garante a condição saprofítica desses germes. oral. com predominância da forma blastospórica (leveduras) em indivíduos sadios portadores de Candida. proteases. podendo infectar outros órgãos. Alguns investigadores demonstraram que proteases ácidas produzidas por leveduras do gênero Candida podem estar envolvidas no processo de invasão tecidual. bem como associadas com a aderência. como parte de um processo que protege os mesmos da remoção natural conferido pelo sistema de limpeza e defesa do hospedeiro. mercê dos quais se estabelece vínculo bio1ógico entre o organismo e os microrganismos que ele abriga. Candidíases: Aspectos de interesse odontológico Os estados patológicos decorrentes da ação patogênica de fungos do gênero Candida são denominados candidíases ou monilíases. HeLa (carcinoma uterino humano). Epidemiologia Espécies de Candida. nasal. como vírus. lipases ou fosfolipases. O dimorfismo em Candida (levedura e micélio) também foi observado em infecções ativas. e (3) capacidade de transformação morfológica. desde o nascimento. aural) e sobre a pele. Candida albicans integra-se a outros microrganismos aí constantemente existentes. uma vez contaminada. incluindo infecções sistêmicas graves. A adesão de Candida em células hospedeiras. podendo ser encontradas fazendo parte da microbiota normal de cavidades humana que se comunicam com o exterior (retal. metacrilato (resina de dentadura). essa levedura pode atravessar a mucosa e atingir a corrente sangüínea. . albicans. a capacidade de morfogênese contribui para o aumento do potencial patogênico do fungo. (2) potencial para produzir enzimas. A presença de regiões específicas na parede celular da célula fúngica (adesinas – manoproteínas) e receptores correspondentes na célula hospedeira garante a adesão entre os mesmos. proteases e fosfolipases. também é considerada como fator de virulência. como por exemplo. Na boca. sistemas específicos (coágulo de sangue – fibrina). de processos de adaptação e readaptação. e outras resinas e polímeros.partir de várias formas clínicas. a forma micelial apresenta maior resistência a fagocitose do que as leveduras. tais como. urogenital ou corneocytes – epitélio dermal). ao passo que as leveduras estão associadas com a colonização inicial podendo iniciar a infecção. Acredita-se que a adesão dos microrganismos em tecidos hospedeiros é um pré-requisito para o desenvolvimento da infecção. Em certas condições. especialmente C. uma vez que. ou cano de Teflon empregados em vários materiais médicos. O processo de adesão em diferentes superfícies também foi demonstrado in vitro. segmentos de tecidos (discos teciduais gastrointestial de ratos). Também foi demonstrado in vitro que leveduras do gênero Candida são capazes de se ligarem em várias superfícies inertes. A capacidade de produção de enzimas hidrolíticas por Candida. ou células endoteliais. pelo estabelecimento de um estado de equilíbrio ecológico denominado por ROSEBURY (1962) de "anfibiose" e que caracteriza uma situação dinâmica. a forma micelial encontra-se associada com a invasão do fungo. Tais superfícies. podem atuar como uma importante fonte de candidíases sistêmicas. principalmente. uma forma que confere maior resistência contra o sistema de defesa do hospedeiro. uretral. são microrganismos cosmopolita. A compatibilidade da coexistência dessa população microbiana com a saúde bucal e individual decorre do desenvolvimento. semelhante com que ocorre com outros microrganismos. ou seja. fungos e protozoários. Muitos pesquisadores acreditam que os fatores de virulência incluem: (1) habilidade de aderir em tecidos hospedeiros. está a boca propensa a apresentar. a importância das condições orgânicas e reacionais gerais do indivíduo. então. A boca. a antibioticoterapia. trombose cerebral. se desenvolve através de relações de competição quanto a nutrientes e de controle recíproco da multiplicação. notadamente no campo dos transplantes e no da cirurgia oncológica. a crescente utilização de radiações como recurso terapêutico. urernia. em especial. as aspectos semiológicos cuja exploração. as quais passam a constituir-se em entidades patológicas relacionadas à própria terapêutica. ficando. seja interferindo na destruição de microrganismo fagocitado. No complexo etiopatogênico das candidíases bucais. bem como o avanço da técnica cirúrgica. esses agentes parecem favorecer a capacidade de invasão dos tecidos por Candida albicans. Experimentalmente. destarte. térmicos e químicos. Etiopatogenia. ao contrário de outras cavidades naturais. freqüência e expressividade. ou de outra natureza. entre eles Candida albicans.Modificações desse estado de equilíbrio poderão favorecer o desenvolvimento de ação patogênica por parte de microrganismos integrantes da microbiota bucal. alterações da imunidade. bem como sua influência sobre a resistência da mucosa bucal aos agentes patogênicos ambientais. os corticosteróides e drogas imunossupressoras. seja deprimindo a resposta leucocitária. Da mesma forma. linfomas. tais como microrganismos. A gravidez é apontada pelo referido autor como sendo condição predisponente ao desenvolvimento de candidíases. em especial as agudas. Assim. especialmente os de amplo espectro. obesidade. para o . processos endócrinos (hipoparatireoidismo. Assim. leucemias. este fungo deixa sua condição de saprófita e pode passar a exercer ação parasitária. alterações decorrentes de modificações sistêmicas. ocorre com maior freqüência quando fatores predisponentes gerais se associam a condições locais desfavoráveis à manutenção da "anfibiose" referida. tais como timomas e agamaglobulinemia. Por outro lado. não sensíveis a elas. desde que capazes de promover modificações no hospedeiro ou que venham a induzir a modificações na composição e características da microbiota bucal. Os antibióticos. podendo existir como manifestações iatrogênicas a esta associadas. a qual se manifestará através de quadros clínicos diversos. GRINSPAN (1973) cita os seguintes fatores de ordem geral como predisponentes às candidíases: idade. principalmente de Candida albicans. quando usados topicamente. destacando-se a mastigação. aquelas drogas podem agir eliminando ou reduzindo numericamente microrganismos suscetíveis. hipotireoidismo). verificou-se que a terapia por corticosteróides compromete a destruição de Candida albicans por fagocitose. abdome agudo. podem constituir-se em fatores predisponentes às candidíases. Dessa forma. hipocloridrias. carências nutricionais. através do qual se tem verificado a incorporação de poderosos fármacos ao arsenal médico. sejam elas de fundo carencial. O constante e cada vez mais acelerado desenvolvimento da terapêutica médica e cirúrgica. análise e interpretação irão favorecer o estabelecimento do diagnóstico de candidíase e a adoção de conduta terapêutica adequada. atrepsia. podem constituir-se em fator capaz de romper o equilíbrio ecológico que. com apreciável precocidade. em decorrência de infecções pré-existentes no canal do parto ou devido ao uso de chupeta. Conforme assinala JÖRGENSEN (1974). enfarte do miocárdio. motivando maior interesse pelo conhecimento dessas doenças micóticas. incluem-se fatores de ordem sistêmica e de ordem local. metabó1ico. deve ser considerada. as radiações e estados pós-operatórios. Desta forma. as quais poderão concorrer para o rompimento do equilíbrio biológico entre população microbiana e hospedeiro. mais do que promover a proliferação desse fungo. O meio pelo qual os corticosteróides predispõem ao desenvolvimento de candidíases é mal conhecido. sendo o período neonatal de especial importância. entre os diferentes microrganismos componentes da microbiota bucal. favorecendo a multiplicação de outros. bem como associações de ambos. caquexia. no complexo etiopatogênico do qual decorre o parasitisrno ocasional desenvolvido por Candida. O desenvolvimento de ação patogênica desencadeada por fungos do gênero Candida. Desta forma. prejudicada a condição de comensalismo e favorecida a eclosão de candidíase a partir de infecção dita endógena. alcoolismo e toxicomanias. doenças como diabetes. trouxeram consigo apreciável incrementos na ocorrência de candidíases. agentes químicos e traumatismos. Surgem. em decorrência dos atos fisio1ógicos a ela inerentes. estão constantemente exposta a fortes estímulos mecânicos. Os resultados das culturas obtidas a partir de material colhido no vestíbulo bucal ou de áreas sob placas protéticas. mas que podem causar infecções fatais em paciente com resposta imunológica bloqueada. aos quais foi profilaticamente estabelecida antibioticoterapia (tetraciclina. Candida. os corticosteróides parecem ter ação local favorecedora do desenvolvimento de candidíase. diabéticos. A1ém disso. revelaram. a 6-mercaptopurina. tais como aftas e líquen plano. tais como a azatioprina. ficando a1ém disso. os quais estavam sujeitos a antibioticoterapia. 3) A disseminação vascular de Candida albicans. entre eles Candida albicans. confirmando os achados de REITHER (1960). Candida albicans o microrganismo responsável pela maioria dos casos de êxito letal. O fato é observado com maior freqüência em pacientes idosos. conseqüentemente. Criptococcus e Nocardia. feridas traumáticas ou cirúrgicas. cujo organismo é ainda espoliado pela perda sangüínea e dificuldades de ingestão de alimentos. principalmente Candida albicans. a doença pode persistir. maior freqüência de culturas positivas de leveduras. Conforme assinala LEHNER (1967). cloranfenicol) no pré e pós-operatório. 2) A propagação direta à faringe. Este aspecto tem sido observado em pacientes submetidos a transplantes renais. ao uso tópico de corticosteróides. que não muito raramente ocorre. é grandemente favorecida a eclosão de superinfecção.). Na maioria dos casos a micose vincula-se à instalação e uso de prótese total. com a queda das pseudomembranas. Estudando aspectos estomatológicos em doentes de pênfigo foliáceo. naqueles doentes. A maioria dos microrganismos demonstrados nesses pacientes pode ser encontrada na cavidade bucal. devendo-se referir que RIFKIND & cols. antes e após o aparecimento da candidíase. uma vez que as manifestações da micose ocorrem nos locais onde a droga é aplicada.). etc. sem que tenha sido possível demonstrar níveis elevados de cortisona no plasma dos indivíduos tratados. Quando a isso se sobrepõem condições locais desfavoráveis (processos inflamatórios crônicos. diminuída a resistência dos tecidos bucais em conseqüência do trauma cirúrgico e do contato da prótese. níveis semelhantes foram encontrados em pacientes sem candidíase. Aspergillus. queilite angular. a qual se pode verificar particularmente no curso de cirurgia. a ciclofosfamida. Tem sido constatado com freqüência o desenvolvimento de candidíase ao se incorporar tetraciclina ou oxitetraciclina ao cimento cirúrgico de KIRKLAND-KAISER. a terapia corticosteróidica. seguida de instalação de prótese imediata. (1967) verificaram ser. etc. avaliados cornparativamente com as provenientes de grupo controle. especialmente tetraciclinas. apresentando. ou submetidos a ambas. 4) Nos estágios terminais. CAWSON (1966) registra vários casos em que a forma pseudomembranosa relacionava-se ao uso sistêmico e. com mais freqüência. freqüentemente. o 5-fluoruracil e o metotrexato. disso resultando candidíase disseminada e. bem como vírus do herpes simples e citomegalovírus são os microrganismos mais freqüentemente relacionados a essa forma de terapêutica imunodepressora. A complicação mais freqüente verificada em pacientes submetidos a drogas imunodepressoras é a infecção. O desenvolvimento de candidíase bucal como intercorrência no curso de antibioticoterapia verifica-se especialmente em pacientes cujas condições gerais constituem fator predisponente (indivíduos idosos. quatro aspectos motivam renovado interesse pelo conhecimento das candidíases: 1) O aumento na freqüência devido a fatores iatrogênicos. MARCUCCI (1972) procurou verificar a presença de leveduras na cavidade bucal desses doentes. nessas eventualidades. desenvolvimento de processos graves de endocardite. assumindo as características das formas atróficas. Conforme assinalam GREENBERG & COHEN (1977). Temos tido oportunidade de verificar o aparecimento de candidíase bucal (forma pseudomembranosa) em pacientes submetidos a exodontia múltipla ou total. laringe e esôfago. a maioria dessas infecções é causada por microrganismos que apresentam pouca patogenicidade em pessoas normais. bem como ao emprego de antibióticos de largo espectro. meningite e complicações renais. Alta incidência de infecções por fungos tem sido relacionada à utilização de agentes citotóxicos.tratamento de lesões da mucosa bucal. após cirurgia . de hiperemia simples difusa ou de hiperemia com aspecto granuloso (hiperplasia papilar inflamatória). ZEGARELLI & KUTSCHER (1964) registraram vários casos de candidíase pseudomembranosa relacionados ao uso tópico somente. este e outros inconvenientes do uso tópico de antibióticos como complemento à cirurgia periodontal são assinalados por PEDREIRA (1959). cumpre assinalar que leveduras do gênero Candida tem sido freqüentemente isoladas de canais radiculares. em conseqüência de antibioticoterapia. os seguintes: . não é. em especial as removíveis . GRINSPAN (1973) enfatiza a importância das lesões decorrentes da ação mecânica de próteses com apoio sobre a mucosa. por numerosos autores.lesões nos sulcos vestibulares. a qual se enquadra na modalidade atrófica aguda da classificação de LEHNER. Conforme assinala LEHNER (1967). GIUNCHI (1958) refere-se ao aparecimento da forma eritematosa difusa de estomatite. mormente as que recobrem extensas áreas da mucosa bucal (mucosa-suportadas).4% dos casos. em aspectos de hiperemia simples localizada. encontrou C. Entre os fatores predisponentes locais. como aspecto importante. Em dentes parassinusais.perda da dimensão vertical (distância maxilo-mandibular anterior) . etc. ulcerações traumáticas. bem como a ação de toxinas elaboradas pelo fungo.língua escrotal.lesões no palato.xerostomia . a indução de estado de hipersensibilidade no hospedeiro.lesões da mucosa bucal ao começar o uso da prótese . em tais eventualidades ocorreu endocardite.erosões e ceratinização . (1964) referem-se à localização sinusal de Candida através de alvéolos dentários. albicans ou C. tem sido registrados casos fatais de candidíase sistêmica. Neste particular. mordiscamento.fístulas congênitas comissurais . merecern destaque os traumatismos de baixa intensidade e de longa duração. em virtude de disseminação hematogênica de C. Não se observou essa estomatite. Nessas eventualidades o epitélio se apresenta atrófico.lesões por aparelhos ortodônticos A essas lesões decorrentes de ação mecânica sobre a mucosa bucal. ao se usar bacitracina.uso abusivo de fumo . manifestando-se clinicamente tal condição. Todos esses fatores condicionam a perda de continuidade do epitélio de revestimento bucal. ainda. a oclusão de ductos das glândulas salivares menores disseminadas na área recoberta pela placa protética.periodontal. TOMMASI (1968).uso de chupeta . estudando a freqüência com que tal contaminação ocorre nos canais radiculares. bem como ao uso local e sistêmico de corticosteróides. hiperplasia fibromatosa do palato duro (câmara de sucção) .) . pseudotropicalis. meningite ou pneumonia. Entre os fatores locais predisponentes ao desenvolvimento de candidíases na cavidade bucal.bruxismo . hiperplasias fibromatosas . em especial os causados por próteses mal-adaptadas. KOBAYAKAWA & col. Aliás. devem ser destacados. favorecendo a invasão por Candida. Referem-se ao pênfigo como fator predisponente ao desenvolvimento dessa micose. tais aspectos clínicos evolutivos podem ser assim esquematizados: .falta de cuidados higiênicos . de acordo com GRINSPAN (1973). como as dentaduras. portanto. JÖRGENSEN (1974) acrescenta. palatite subplaca. albicans em 86. linguais e zonas adjacentes.fatores microtraumatizantes (arestas de dentes cariados. A propósito. de se desconsiderar a possibilidade de eventual propagação sinusal dessa infecção endodôntica. grupando-as da seguinte forma: .boca dolorosa em portadores de prótese . Em relação à sua etiopatogenia. relacionada à exodontia. em ótima revisão sobre o uso dessas drogas em periodontia.próteses. os anticorpos séricos e o desenvolvimento de mecanismos de imunidade celular. BAIKIE (1975) verificou que no tegumento cutâneo ocorrem perda de resistência. JÖRGENSEN (1974) atribui particular importância à atividade leucocitária sobre a mucosa bucal. à falta da camada protetora de células ceratinizadas na mucosa mastigatória e à redução no fluxo salivar. A xerostomia assume. importantes enzimas existentes na saliva. A presença de placa protética. especialmente IgA na saliva. referindo-se. tais como lactoferrina. exercida por polimorfonucleares migratórios. sobre a mucosa bucal.FATORES LOCAIS Prótese mal-adaptada Terreno modificado SISTÊMICOS Higiene deficiente crônico Processo inflamatório agudo ou sub-agudo Hiperemia simples localizada ou difusa Erosão – geralmente sem sangramento Fissuras Ulcerações Hiperplasia papilar Comumente com candidíase associada Ao considerar os mecanismos de defesa do hospedeiro frente ao potencial patogênico de microrganismos participantes da ecologia bucal. sugerindo que esses anticorpos possam limitar a infecção à mucosa bucal. Redução drástica do fluxo salivar pode ocorrer relacionada a fatores locais. Uma segunda linha de defesa é ativada. exercem ação inibidora sobre o crescimento. bloqueados. . decréscimo de água e perda de elasticidade. bem como associada a condições sistêmicas. nutriente essencial àquele crescimento. bem como pela movimentação lingual e das paredes musculares da boca. como a perda da dimensão vertical (distância maxilo-mandibular anterior). assim. através de fagocitose. A estes elementos de defesa somam-se os anticorpos teciduais. a atividade anti-Candida de leucócitos existentes na saliva. ainda. entre os fatores locais predisponentes às candidíases. a1ém de interferir com a ação antifúngica da saliva. JORGENSEN (1974) refere-se a duas linhas de defesa. A perda do conteúdo de água acarreta sequidão dos lábios e tendência á queilite angular. nessa eventualidade. como mais um elemento de defesa de primeira linha. sendo a primeira delas representada pela mucosa bucal. por exercer ação quelante sobre o ferro. exerceria um bloqueio à ação candidicida dos leucócitos. com a participação de leucócitos polimorfonucleares. particular importância. No que se refere à Candida. perda de gordura. como na síndrome de Sjögren. ainda. A1ém de enzimas. mormente da saliva parotídica. lisozima e outras. pelo fluxo salivar e por substâncias existentes na saliva. Verificou-se que a lactoferrina existente na saliva parotídica é capaz de inibir o crescimento de Candida albicans “in vitro”. destacando-se os trabalhos de LEHNER (1967). tem sido demonstrada a presença de anticorpos anti-Candida. quando o epitéIio bucal é invadido. uma vez que os mecanismos de defesa de primeira linha ficam. nas disfunções da articulação têmporo-mandibular. de monócitos e de macrófagos. Este autor verificou títulos elevados de lgA em pacientes com rnanifestações bucais de candídiase. Afirma que as modificações da mucosa bucal são semelhantes às da pele. Estudando alterações da pele e da mucosa bucal de pacientes geriátricos. Há que se considerar. O hábito de ranger os dentes (bruxismo) provoca constante atrito de áreas da mucosa bucal contra as superfícies dentárias a elas contíguas. conforme assinala JÖRGENSEN (1974). provocadas por parasitismo ocasional desenvolvido por fungos do gênero Candida. (1975). proporcionalmente ao tempo de uso das mesmas. De acordo também com JÖRGENSEN (1974). tendo verificado o desenvolvimento de câncer em 6% dos casos. Formas clínicas Ao tratar das formas clínicas de candidíase. radiações). favorecem nitidamente a ocorrência de candidíase. de desidratação dos tecidos. portanto. metabó1icos. Em pacientes apresentando condições patológicas da mucosa. a incidência foi de 61% e. de interesse estomatológico. podemos dizer que os fungos do gênero Candida. Lesões preexistentes. de perda de tono muscular e com outros fatores sobre os quais não temos controle. os quais. estudando a mucosa alveolar de pacientes acometidos de grave estomatite subplacas protéticas. os problemas geriátricos passam a assumir cada vez maior importância. bem como o déficit funcional resultante acarretavam problemas médico-odontológico. com as mesmas. doenças consuptivas e caquetizantes). no que se refere à etiopatogenia das candidíases bucais. tais como queilite angular. enquanto que. fazem FONSECA & TOMMASI (1977). tais como leucoplasia e carcinomas. No que se refere à língua pilosa ou língua vilosa. Candida albicans. Já a glossite mediana rômbica é mais freqüente em pacientes com candidíase associada à prótese total. em especial. associadas. O aumento na ocorrência de Candida albicans em portadores de próteses fixas e removíveis e. A língua escrotal ou língua plicata e. neles incluindo-se as candidíases bucais. Alta incidência de candidíases foi registrada nos pacientes com câncer (63%). língua fissurada. foi verificado por SABET & col. FARMAN (1977) estudou cerca de dois mil indivíduos e verificou a ausência de correlação entre tal condição e infecção por Candida. podem assumir patogenicidade em decorrência de alterações locais. fatores de ordem geral (endócrinos. ou de ambas. anemia e xerostomia. De . merecem destaque como fatores locais predisponentes às candidates. significante como condição predisponente à candidíase. BÁNÓCZY (1977) estudou 670 pacientes com leucoplasia durante um período de trinta anos. representando apreciável fator mecânico predisponente ao desenvolvimento de candidíases. doenças decorrentes de infecção endógena. através de microrradiografia e de métodos histológicos. Lesões preexistentes. podem interferir com a anfibiose. de condições sistêmicas. agindo isoladamente ou associados. as quais apresentam aumento nesse grupo etário em conseqüência dos fatos referidos e de outros. no total do grupo. traumatismos. Em resumo. 75% eram desprovidos de dentes. houve esfregaços positivos para Candida albicans em até 100% dos casos. de seus aspectos. Assim. estando esta freqüentemente associada às referidas condições patológicas. favorecendo a ação patogênica de leveduras do gênero Candida. de degeneração. vamos nos fundamentar na descrição que. Tais assertivas encontram confirmação de ANNEROTH & WICTORIN (1975).890 indivíduos com idade acima de 65 anos. A perda da dimensão vertical leva à formação de dobras na pele adjacente às comissuras labiais. é freqüente a presença de Candida albicans em esfregaços obtidos de dentaduras. Conforme assinala WEST (1975). RADKE (1975) verificou que.5% dos casos. As modificações anatômicas supervenientes. promovendo o desencadeamento de candidíases. sendo que dois terços deles usavam dentaduras defeituosas. corticosteróides. a odontologia geriátrica defronta-se com problemas de atrofia. ocorreu em 13. drogas citotóxicas.Com o crescente aumento da média de duração da vida humana. Estas são. verificaram a não ceratinização da mucosa alveolar em conseqüência de alterações inflamatórias e degenerativas desencadeadas por efeito de trauma mecânico e de ação de microrganismos. o crescimento do fungo se dá especialmente em relação às áreas de compressão das próteses totais e às partes construídas em resina acrílica de próteses fixas. o que torna o cuidado higiênico deficiente. em que o epitéIio de revestimento se encontra descontínuo no fundo das fissuras linguais. agentes terapêuticos (antibióticos. entre os pacientes com formas erosivas de leucoplasia. em um grupo de 2. especialmente. a língua fissurada. queilite angular . laringe e esôfago. existindo entre esses extremos toda uma gama de configurações clínicas. leucócitos e bactérias. desde formas clínicas localizadas. O fato é observado com maior freqüência em pacientes idosos.Candidíase pseudomembranosa .Candidíase atrófica aguda . seguido de instalação de prótese imediata. é grande o polimorfismo clínico decorrente da ação patogênica de Candida albicans. conforme assinalam REITHER (1960) e FONSECA (1970). podendo atingir todas as regiões da boca e se estenderem à faringe.candidíase crônica difusa Na prática.Formas agudas: . as formas localizadas de candidíase. Pode a doença assumir. A sua ocorrência tem sido verificada ainda em pacientes submetidos a trauma cirúrgico exodôntico. vem sendo notado aumento progressivo de sua incidência em outros indivíduos. Algumas vezes. Nas formas agudas de candidíase.Formas crônicas: . podemos classificar as manifestações clínicas de candidíases da seguinte maneira: . de doença generalizada. CAWSON (1966) registra vários casos em que a candidíase pseudomembranosa pode ser relacionada ao uso de antibióticos de largo espectro. branco-amareladas. proposta por LEHNER (1967). às vezes. em outras. até formas graves.acordo com esses autores. A candidíase pseudomembranosa aguda. As comissuras labiais podem apresentar fissuras recobertas por pseudomembranas. entremeados pelas hifas dos fungos.candidíase bucal crônica . As candidíases interessam. Consistem de epitélio descamado. as lesões de candidíase podem instalar-se em qualquer regido do tegumento cutâneo ou das superfícies mucosas.candidíase cutâneo-mucosa localizada .Atróficas: . As lesões pseudomembranosas podem propagar-se diretamente faringe. cujo organismo é. em algumas áreas. constituindo-se em estomatite. cremosas. tais como estomatite. bem como pode haver disseminação hematogênica de Candida. verifica-se que as hifas penetram no epitélio subjacente. são aquelas com que. Quando predomina a modalidade pseudomembranosa. com distribuição variável. nos defrontamos. fracamente aderentes. os lábios estão parcialmente cobertos por crostas amareladas. fibrina. a1ém de apresentar outras localizações.estomatite ulcerosa relacionada à pr6tese total . . Os aspectos descritos para a mucosa bucal podem estender-se para as gengivas. Ao exame histopatógico. a profissionais que militam no âmbito de diversas especialidades. aspectos dermatológicos e estomatológicos.Hiperplásicas: . pois. brilhante e. Estas placas são lisas.candidíase leucoplásica . De especial interesse estomatológico é a classificação das formas clinicas de candidíase. ainda. seca. De acordo com esse autor. mais freqüentemente. meningite e complicações renais. a mucosa se apresenta hiperêmica. espoliado pela perda sangüínea e restrições na ingestão de substâncias alimentares. especialmente devido a fatores iatrogênicos. Cumpre salientar que.candidíase associada a disfunções endócrinas . aguda ou crônica. notadamente. podem ser observadas grandes extensões recobertas por placas confluentes. tem ocorrência mais freqüente em crianças e em adultos debilitados. resíduos alimentares. aos quais foi administrada profilaticamente antibioticoterapia no pré e no pósoperatório. assim envolvendo. especialmente tetraciclinas. bem como a corticosteróides de uso sistêmico ou aplicados topicamente na mucosa bucal. vulgarmente conhecida como “sapinho”. propiciando o desenvolvimento de processos graves de pneumonia. no entanto. endocardite. observam-se placas pequenas. restos necróticos. glossite e queilite angular. localizadas mormente nas bordas e na ponta. as mesmas tem aspecto granuloso ou estão recobertas de induto cremo-caseoso. aparecem placas brancas. tendo sido identificadas. São resistentes ao tratamento. as quais se localizam de preferência nos lábios. secundariamente à estomatite pseudomembranosa. apenas uma vez. A xerostomia pode estar presente. Caracterizam-se por placas brancas.11% de resultados positivos para leveduras. A cérato-conjuntivite. o que é particularmente visível no dorso da língua. pode a candidíase atrófica aguda instalar-se primariamente na mucosa bucal. bem como alterações do timo. as lesões apresentam-se ragadiformes. Quando existem ulcerações. Tal forma evolutiva é mais freqüente nas mulheres e não se relaciona à idade do paciente. 1969). granulosas ou pápulo-crostosas. esta revela profundos sulcos. só se conseguindo a consolidação da cura pelo restabelecimento da distância maxilo-mandibular. tropicalis. mormente quando a candidíase ocorre em relação à instalação de prótese total. as quais podem preceder de vários anos os aspectos clínicos sugestivos da endocrinopatia (LEHNER. com o aspecto hiperplásico já descrito a propósito das formas crônicas hiperplásicas de candidiase bucal. Tal situação acarreta a formação de uma dobra da pele. tratarse de C.7%). em adultos. Por outro lado. firmes e persistentes. podendo estender-se às comissuras labiais e à faringe. Nas comissuras labiais.. Quando se instalam na língua. nesse material predominava C. Ocorrem predominantemente em crianças. constatando-se. Assim. bochechas e língua. A candidíase cutâneo-mucosa crônica localizada apresenta aspectos dermatológicos importantes. revelaram ser C. 14 apresentavam acentuada perda de dimensão vertical (77. A pele circunvizinha mostra lesões hemorrágicas. As lesões tem sede preferencial na língua e nas comissuras labiais. albicans na quase totalidade. O diagnóstico diferencial com lesões de fundo carencial (arriboflavinose) e com lesões de sífilis deve ser feito (sifílides comissurais). Além de surgir. na boca. Diagnóstico diferencial deve ser feito com leucoplasia e com carcinoma úlcero-vegetante. albicans. os quais separam as formações hiperplásicas. salientando que as mesmas podem simular leucoplasia. A queilite angular por Candida ocorre em indivíduos que apresentam perda de dimensão vertical. escamo-crostosas. . como aspecto associado. MARCUCCI (1972). É dolorosa. dessa forma. sendo difícil o diagnóstico diferencial com leucoplasia. com lesões de queilite angular. melhor chamada distância maxilo-mandibular. tem sido registrada (HERMANS & COIS. após identificadas. de coloração róseo-acinzentada. as espécies krusei e parapsilosis. A queda das pseudomembranas pode levar ao aspecto eritematoso que caracteriza as formas agudas atróficas de candidíase. dando origem a massas ceratósicas que assumem aspecto córneo. De acordo com LEHNER (1967). a queilite comissural é uma forma intertriginosa. a qual se mantém úmida junto à comissura labial.observam-se edema e microabscessos na camada espinhosa da mucosa. síndromes que envolvem deficiências imunológica. O conjuntivo subjacente apresenta intenso infiltrado inflamatório. Há envolvimento das unhas e. 1967). Algumas disfunções endócrinas. no qual podem ser observadas inflamação e ulcerações na área recoberta pela prótese total superior. Corresponde à dentadura. esta forma clínica está particularmente relacionada ao uso de antibióticos de largo espectro. cultivando material obtido de 18 pacientes. ainda. a qual assume caráter recidivante. obteve 61. Tem como manifestação prodrômica lesões bucais e ungueais. esta favorece o desenvolvimento de candidíase. sendo mais freqüentes em meninas. LEHNER (1964) descreve formas crônicas hiperplásicas de candidíase bucal. A candidíase atrófica aguda pode apresentar sintomatologia progressivamente atenuada. com o desenvolvimento de lesões na face e no crânio. PEJRONE (1967) refere-se à forma papilomatosa ou hiperceratósica de candidíase bucal. conforme assinalam SLUTLEWORTH & GIBBS (1960). as quais. Desses 18 pacientes. evoluindo para um estado crônico. ocorrendo isolada ou simultaneamente. FOX & AINSWORTH (1958) encontraram etiologia fúngica em 21 de 24 casos de queilite angular estudados. favorecendo a ação patogênica do fungo. notadamente hipoparatireoidismo e doença de Addison. podem relacionar-se a formas crônicas de candidíase. relacionadas a perda de dimensão vertical. Tratamento No tratamento das leveduroses mucosas ou cutâneo-mucosas. verificando-se crescimento do fungo sobre a mucosa. mormente as próteses mucosa-suportadas. conforme assinala FONSECA (1970). doença de Addison. na mucosa bucal. a presença de lesões brancas. A presença de filamentos micelianos. tais como o envolvimento ungueal e periungueal. a participação de fatores sistêmicos no complexo etiopatogênico da candidíase. a coexistência de lesões cutâneas com o aspecto já descrito e outros. Relativamente aos aspectos imunológicos das leveduras em questão. acantose e hiperplasia pseudo-epitelionatosa. anteriormente assinaladas. ao exame direto de material colhido das lesões. com localização preferencial nos lábios. de aspecto hiperplásico. Esse autor atribui importância clínica ao exame imunológico. é fundamental procurar identificar e corrigir os fatores predisponentes ao parasitismo desses microrganismos oportunistas. Esses autores verificaram que grande proporção de pacientes com candidíase crônica hiperplásica apresenta deficiências de ferro ou de folato. especialmente na língua. localizadas sob a base de prótese total superior. provavelmente por ação enzimática. entremeado de lesões ulcerativas. problemas de ordem imunológica. justifica-se a formulação da hipótese de tratar-se de candidíase. carencial. diabetes melito. estendendo-se à pele e apresentando aspecto ulcerativo e com tendência a sangramento. cumpre destacar os trabalhos de LEHNER (1965). Por outro lado. Os doentes que apresentavam formas crônicas e. citologia esfoliativa e biópsia irão contribuir para o diagnóstico etiológico das lesões presentes. para melhor esclarecimento. a presença destas lesões em língua. aspectos atróficos. o mesmo aspecto eritematoso. os mesmos deverão ser eliminados. os cortes histológicos revelando as hifas penetrando no epitélio. Ao contrário. nas formas atróficas de candidíase bucal verificase ruptura da camada córnea. microabscessos intraepiteliais. fundamentarão o diagnóstico. nas formas hiperplásicas. metabó1ica. embora não sejam necessariamente anêmicos. De acordo com JENKINS & cols. a presença de placas brancas pseudomembranosas. tinham títulos séricos e salivares particularmente elevados. intertriginosas. os aspectos de ordem geral deverão merecer investigação médica. como quanto à sua . a constatação da existência de extensas áreas eritematosas. dolorosas. visando sua mais rápida erradicação. apresentando sulcos profundos. porém. sem que haja invasão. nas formas hiperplásicas. através da imunofluorescência. os quais variam de acordo com a forma clínica da doença. tais como hipoparatireoidismo. tireoidopatias. as quais deverão ser apreciadas tanto no que se refere aos seus contornos e relevo. evidenciando-se. a verificação da presença de lesões comissurais. Atenção especial merecerão os aparelhos protéticos. (1977). Face aos dados clínicos referidos. infiltrado inflamatório no cório subjacente. especialmente hiperplásicas. lembram a candidíase. exames complementares. diferenças entre os títulos de anticorpos séricos e salivares em indivíduos portadores sadios e em carentes. Assim. de corticosteróides ou de drogas citotóxicas. generalizadas.Critérios para o diagnóstico de candidíase bucal O diagnóstico de candidíase bucal fundamenta-se nos sinais presentes ao exame físico. tais como exame micológico de material obtido das lesões. tendo verificado. Uma vez detectados fatores locais que possam estar envolvidos no complexo etiopatogênico da micose. bochechas e língua. tumor maligno. bem como a referência ao uso tópico ou sistêmico de antibióticos. podendo estender-se à faringe. Tendo em conta a freqüente correlação entre esta forma da doença e o carcinoma da mucosa bucal. Conforme assinalam FONSECA & TOMMASI (1977). nos casos de formas agudas atróficas. a comprovação histológica de paraceratose. com atenuação dos sintomas dolorosos e inflamatórios. Também devem ser pesquisados dados anamnésticos que fundamentam a suspeita clínica de estarem esses sinais e sintomas relacionados a alterações sistêmicas de ordem endócrina. salientam a importância de se investigar. bem como em dados anamnésticos. a invasão do epitélio pelas hifas é de constatação freqüente. nos casos de formas hiperplásicas. A coloração pelo método de Mac Mannus (PAS) favorece a identificação do fungo nos tecidos. ou sistêmico com que a doença se apresente. a primaricina ou a natamicina como medicamento útil para o tratamento tópico de lesões de pele e de mucosas. 2. Quando a mesma é de caráter local. em concentrações de 1 a 5%. a correção da dimensão vertical é essencial à consolidação da cura das lesões. GRINSPAN (1973) refere-se à utilidade dessas substâncias em soluções a 25%. de doenças correlacionadas. utilizando-se o bicarbonato de sódio. visceral. o uso tópico de corantes. agudas. ou. quando a sua supressão. Nos casos em que. os fatores estritamente locais não fundamentam o juízo clínico de serem os únicos relacionados às lesões presentes. 2 vezes ao dia). etc. nos casos de candidíase pseudomembranosa aguda. O paciente será orientado quanto aos cuidados higiênicos relativos ao aparelho protético. por via oral. A anfotericina B em pomada veiculada por orobase poderá também ser útil em tratamento local. bochechos com soluções alcalinas.adaptação e estabilidade. de efeitos iatrofarmacogênicos. freqüentemente. a suspensão. O referido autor aponta. carenciais ou outras. devendo ser aplicada localmente pela utilização de suspensão ou de comprimidos. DESCREVA OS FATORES DE VIRULÊNCIA DAS LEVEDURAS. Como foi salientado. . sua ação local. favorecendo-se. generalizadas. metabó1icas. vaginal. a fim de se dissolverem lentamente. subagudas ou crônicas. nas formas graves de candidíase (200 mg. apresenta resultados efetivos. durante tempo mais longo. quatro vezes ao dia. Não esquecer o ketoconazol. a dose será de um comprimido de 500. bem como o borato de sódio. O tratamento específico das candidíases se fará mediante esquemas terapêuticos subordinados à forma clínica. as candidíases decorrem. o qual deverá ser cuidadosamente escovado nas superfícies de contato com a mucosa.000 U. somada ao tratamento específico de candidíase. bucal. dispositivos protéticos poderão ser confeccionados para favorecer o contato do fármaco com a mucosa lesada. Nos casos de lesões no palato. 1. O uso sistêmico dessa droga deverá ficar restrito às formas graves. em tais casos.. como a violeta de genciana e o azul de metileno em soluções aquosas. a fungicidiva constitui poderoso agente terapêutico. Relativamente às formas de localização bucal. no que respeita ao caráter localizado. frente aos dados anamnésticos aos sinais presentes e aos resultados de exames complementares. com disseminação cutânea. da administração da droga. sempre que possível. DESCREVA AS FORMAS CLÍNICAS DE CANDIDÍASES ORAL. assim. sejam elas endócrinas. QUAIS SÃO OS CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DE CANDIDÍASE BUCAL? 3. é medida que se impõe. Nas formas de queilite angular. ainda. favorecem a reparação das lesões. conforme assinalam LACAZ (1967) e BRIAN & COSLEY (1967). não promove cura ou melhora clínica apreciável. o encaminhamento do paciente para investigação e tratamento. ministrada por via oral ou parenteral. em âmbito médico. Da mesma forma. GRINSPAN (1973) refere-se a resultados promissores com a utilização da 5-fluorocitosina no tratamento de leveduroses. geralmente decorrentes de fatores sistêmicos e que passam ao âmbito médico. Estes devem ser colocados na boca. aplicadas em embrocações visando à eliminação das pseudomembranas. é aspecto a ser considerado cuidadosamente. Nas demais bactérias. outras não. algumas sendo patogênicas. Espiroquetas são as únicas bactérias a apresentar uma estrutura interna tipo flagelo chamada filamento axial. são rapidamente discerníveis em exames de placas subgengivais por microscopia de campo escuro e/ou de contraste de fase. e caminha em direção à parte média do corpo. Treponema O gênero Treponema compreende várias espécies. Alguns desses espiroquetas foram cultivados e divididos em três gêneros bastante diferentes: Treponema. carateum. finas. que se localiza entre o envelope externo osmoticamente lábil e um rígido cilindro protoplasmático interno. pertunue e T. pallidum. flexíveis e se movimentam por rotação e flexão. Devido à sua motilidade e morfologia característica. Entre as muitas espécies bacterianas que vivem na placa dental. T. A sífilis comum é uma doença venérea. As patogênicas são T. sempre internamente à membrana externa. ou seja. Leptospira e Borrelia. respectivamente. infecção conhecida como sífilis endêmica. Além desta característica são relativamente longas. os flagelos nascem em cada extremidade do germe.Espiroquetas São denominadas espiroquetas as bactérias que se apresentam sob a forma de espiral. pallidum seja o agente do bejel. os microrganismos mais facilmente reconhecíveis são as espiroquetas. os flagelos se projetam para o exterior. As espiroquetas são bactérias anaeróbias Gram-negativas. bouba e pinta. enquanto que as . É provável que uma variante do T. agentes da sífilis. sistema nervoso central e esqueleto. por uma das extremidades. Sabemos entretanto. mas algumas evidências sugerem: .que a bactéria se fixa. estas lesões aparecem na porção ascendente. A primária se caracteriza pela presença do cancro duro. que se localiza mais freqüentemente nos órgãos genitais. tanto pela freqüência quanto pela gravidade da doença. De modo geral. Dos treponemas patogênicos. O aspecto do cancro duro pode variar desde uma pequena erosão até uma úlcera profunda. sendo a lesão quase única e muitas vezes oculta. e portanto graves. Patogenicidade: A sífilis pode ser dividida em três formas clínicas: primária. Os fatores de virulência da bactéria não são bem conhecidos. o T. mesmo sem tratamento. é um reflexo da luta que se trava entre o T.demais treponematoses não o são. As manifestações da sífilis secundária aparecem duas a dez semanas após o surgimento do cancro. A evolução da sífilis. pallidum e as defesas do organismo. mas pode causar infecção experimental no coelho e no macaco. pallidum tem sido prejudicado pela impossibilidade de cultivá-lo in vitro. os quais são idênticos aos de outras espécies de treponemas patogênicos. em quatro a seis semanas. a receptores existentes nos mucopolissacarídeos do tecido conjuntivo . secundária e terciária. Mas freqüentemente. que possui vários antígenos. É bastante rica em treponemas e cicatriza. A sífilis terciária surge oito a 25 anos depois da infecção inicial. são lesões destrutivas. O estudo da estrutura antigênica do T. aparecendo dez a vinte dias após o contato sexual. pallidum é o maior significado clínico. com períodos curtos de sintomas e longos de remissão. Treponema pallidum É uma bactéria espiralada não cultivável em meios de cultura. sobretudo em mulheres. pediculose púbica. linfogranuloma venéreo e granuloma inguinal. tricomoníases.Aula 22. estas são menos prevalentes que doenças tais com uretrites não específicas. campilobacterioses. giardíase. vulvovaginites. . e. Outras infecções ainda como salmonelose. Hoje. verrugas. algumas vezes são sexualmente transmissíveis. finalmente a AIDS a mais recente doença sexual conhecida tem-se espalhado rapidamente no mundo. molusco contagioso. protites. hepatite B. herpes genital e anoretal.1 Sífilis (cancro duro) Herpes Simples Herpes Zoster Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS ou SIDA) Infecção Clamidial Gonorréia (Blenorragia) Tricomoníase Hepatite Papilomavírus Cancro mole (cancróide) Linfogranuloma Venéreo Granuloma inguinal Candidíase genital Escabiose (sarna) Pediculose Púbica Molusco Contagioso Salmonelose Giardíase Amebíase Shiguelose Campilobacterose Citomegalovirose Cólera As 5 doenças sexualmente transmissíveis (DST) historicamente definidas como doenças venéreas são: sífilis. amebíase. infecção clamidial. provavelmente. e citomegaloviroses. candidíase genital. cancro mole. shiguelose. escabiose. gonorréia. Elevada associação entre câncer cervical e herpesviroses ou papilomaviroses têm sido descobertas e relacionadas as DSTs.Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) . através de fômites. contato corporal. pallidum coram-se tenuamente. mas ela tornou-se praticamente epidêmica na Europa por volta de 1945. O Treponema pallidum é um espiroqueta microaerófilo que causa a sífilis.Estágio primário – ocorre após um período de incubação de 10 dias a três semanas após o contato com o microrganismo. No século seguinte. disseminou-se rapidamente como uma doença aguda.Definição: As DSTs são doenças adquiridas durante o contato genital heterossexual ou homossexual. A transmissão do T. Aspectos clínicos A sífilis possui três estágios: . ocasionando a sífilis congênita. podem ser examinados em campo escuro e técnicas de imunofluorescência. após o quarto mês de gestação. Uma grande proporção de infecções extragenitais ocorre nas proximidades da boca ou como resultado da disseminação dos microrganismos pela cavidade bucal durante o beijo. O agente etiológico da sífilis foi identificado por Hoffman e Schaudinn em 1905. uma doença venérea sistêmica com múltiplas apresentações clínicas. não são cultiváveis porém coram-se pela prata (método de Fontana Tribondeau). quando encontraram um microrganismo espiralado no exudato de uma lesão secundária. Esses microrganismos podem ser observados também por esfregaços corados com tinta da China: conhecido como método de BURRI ou da coloração negativa. pallidum pode ocorrer da mãe infectada ao feto. porém pode ser transmitida também por transfusão sangüínea ou aerossóis. palavra derivada do grego “siphos” que significa mutilado. A sífilis é raramente transmitida por via indireta. A transmissão transplacentária do T. ou pela coloração pelo método de GIEMSA os T. sexo oral e beijo íntimo. Fracastorius (1530) denominou a doença de sífilis. Esse microrganismo apresenta uma bainha externa e um flagelo periplasmático axial em torno de um protoplasma helicoidal. e caracteriza-se por . que era freqüentemente fatal no estágio secundário. Sífilis A origem da sífilis é desconhecida. pallidum através dos órgãos genitais é responsável por 95% dos casos de sífilis. a criança ao nascer pode apresentar sintomas da sífilis primária. em geral com entalhes no esmalte) e molares (dentes em amora). única. levemente elevada e não-dolorosa (cancro). Nesta fase a doença é extremamente contagiosa. firme.Estágio terciário ou tardio – ocorre anos após a lesão primária (5 a 30 anos). Na sífilis congênita. localizada no local da invasão no pênis (geralmente na glande) ou escroto (70% dos homens). ossos e pele. . A sífilis provoca aborto tardio. coração e sistema nervoso central (10% dos casos) ou por lesões quiescentes (gomas – branco-acinzentadas e com consistência de borracha) envolvendo fígado. ânus e as vezes na boca ou língua (sexo oral). Embora os espiroquetas sejam semeados no organismo por via hematogênica. sem deixar cicatrizes.surgimento de lesão (pápula) com base dura e avermelhada. mais é mais grave quando a infecção da mãe é recente. Os treponemas podem ser geralmente encontrados em tais lesões. caracteriza-se ainda por lesões inflamatórias ativas da aorta (com maior freqüência-85% dos casos). . que permanecem por 10 a 14 dias antes da cura espontânea. o cancro desaparece em algumas semanas com ou sem tratamento. ou mal latente. Essa pápula sofre erosão e posterior formação de uma úlcera com base limpa. . mesmo depois de repetidos exames. A enduração contígua cria uma massa semelhante a um “botão” diretamente subjacente à pele erudida. tornando-se aparente apenas durante a infância ou a vida adulta.. cefaléia e artrite. linfadenopatia (o indivíduo apresenta um aumento dos linfonodos em todo o corpo).Estágio secundário – ocorre duas a dez semanas após o cancro primário. cérvix ou parede vaginal (50% das mulheres). Essas crianças apresentam também alterações oculares com ceratite intersticial e coroidite com produção anormal de pigmento provocando manchas na retina e surdez. secundária ou terciária. mal estar. Com referência a cavidade bucal. febre. que constitui a base da designação de cancro duro. morte fetal intrauterina. caracteriza-se por um rash (manchas vermelho-acastanhadas) difuso nas palmas da mão e plantas dos pés que pode ser acompanhado por lesões mucocutâneas orais esbranquiçadas. Manchas mucosas avermelhadas na boca e na vagina contêm a maior parte dos microrganismos e são as mais infecciosas porém é mais difícil de demonstrá-los neste estágio. a criança pode apresentar dentição retardada e desenvolvimento anormal de incisivos (dentes de Hutchinson – pequenos e afiados como uma chave de fenda. Estas lesões resolvem-se espontaneamente levando o indivíduo à cura. c) teste de imobilização do T.por antígenos preparados com T. . desde que novamente expostos ao contágio.Sífilis primária: faz-se observação do material de raspado do cancro. pallidum e outros treponemas. b) teste de aglutinação do T. pallidum (TPA). sendo a droga de escolha a penicilina (Benzetacil). . d) teste de imunoaderência do T. Pallidum. pallidum (TPI). pallidum que podem ser observados em campo escuro e técnicas de imunofluorescência. pallidum (CPCF). e) prova de anticorpos fluorescentes anti-T. a) teste de fixação do complemento com T. . Tratamento Antibióticos. Imunidade Não existem métodos conhecidos para imunização contra infecção induzida pelo T. Indivíduos que se recuperam da infecção são suceptíveis à reinfecção. sendo este último teste.Sorodiagnóstico da sífilis . pallidum (TPIA). pallidum (FTA. pallidum que sofrem reação cruzada com a cardiolipina.Fluorescent Treponemal Antibody Absorption). A dosagem administrada no paciente depende do estadiamento da doença. b) reações de floculação ( ou precipitação): reação de Kahn. pallidum.Sífilis secundária: utilizam-se reações sorológicas. considerado o mais específico para T.Teste VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) . Incluem-se neste grupo principalmente: a) reação de fixação de complemento: reação de Wassermann. reação com o antígeno protéico de Reiter. Diagnóstico Clínico Diagnóstico laboratorial . As reações baseiam-se em pesquisa de anticorpos produzidos contra o T. extraída do coração bovino. E no caso de alergia pela penicilina é administrado eritromicina ou tetraciclina. onde encontra-se os T.por anticorpos anti-cardiolipina: são reações sorológicas nas quais se emprega como antígeno a cardiolipina. Herpes Simples Os vírus da Herpes simplex, VHS-1 e VHS-2 são geneticamente similares e causam um padrão semelhante de infecções primárias e recorrentes, são vírus grandes e encapsulados com um genoma DNA de fita dupla. Replicam-se na pele e membranas mucosas no sítio de entrada viral (orofaringe ou genitais), onde causam lesões vesiculares da epiderme com posterior ulcerações e, infectam os neurônios que inervam estes locais. As ulcerações podem ser dolorosas, e a infecção viral pode ser séria mas raramente fatal. Dentro do núcleo das células epiteliais do hospedeiro, as proteínas codificadas pelo VHS formam um compartimento de replicação onde o DNA viral é formado e as proteínas do capsídio ligadas. O envelope une-se ao nucleocapsídio no citoplasma. Nos hospedeiros imunocompetentes, a infecção primária pelo VHS resolve-se em algumas semanas, embora os herpes vírus permaneçam latentes nas células nervosas. A latência é operacionalmente definida como incapacidade de recuperar partículas infecciosas a partir das células rompidas que abrigam o vírus, embora o DNA e algum mRNA viral possam ser identificados por métodos moleculares. A reativação do HSV-1 e HSV-2, ocasionando o herpes recorrente, pode ocorrer repetidamente com ou sem sintomas e resulta na disseminação do vírus a partir dos neurônios para a pele ou membranas mucosas. O Herpes genital caracteriza-se por vesículas nas membranas mucosas genitais, bem como na genitália externa, que se convertem rapidamente em ulcerações superficiais, circundadas por infiltrado inflamatório. O VHS-2 (que ocorre mais freqüentemente na região genital) é transmitido aos recémnascidos durante a passagem através do canal do parto a partir de mães infectadas. Estudos mostram que muitas pessoas têm o tipo 1 (97% da população adulta) e este pode afetar principalmente a região labial (porém pode manifestar-se na região genital). Afeta os lábios, boca, nariz, queixo ou face durante a infância ou adolescência . Na maioria das vezes a manifestação da infecção primária ocorre em crianças na forma na gengivo-estomatite herpética num período máximo de 7 dias, com sintomas de febre, dor ( apesar da grande maioria das infecções primárias serem assintomáticas), mucosa vermelha com formação de vesículas, em seguida bolhas que se rompem ocasionando ulcerações junto com uma inflamação e edema. Esta ulceração seca e sara. A fase de ulceração é uma fase extremamente contagiosa, devendo-se evitar contato direto com a lesão ou aerossóis, pois o HSV-1 pode provocar também o herpes ocular, e causar cegueira virótica. A estomatite herpética no adulto manifesta-se de uma maneira mais agravante, tendo sintomas exacerbados da doença. Algumas fatores podem reativar o vírus, tais como: - traumas - febre - luz UV - alterações hormonais - corticosteróides - estresse (Ex. frio intenso) Caso o vírus seja reativado, este volta a região onde ocorreu a infecção primária e causa novamente a lesão. Tratamento Medicamento - Aciclovir (Zovirax) Herpes Zoster (vulgarmente conhecido como cobreiro) O vírus da Herpes Zoster, a primeira vez que se manifesta desenvolve a catapora ou varicela, que é altamente contagiosa por secreções da saliva, nariz, etc. As lesões neste caso formam regiões avermelhadas, vesículas (bolhas com líquido claro), em seguida pústulas (bolhas com líquido amarelo), crosta e cicatriz. O vírus permanece alojado no gânglio sensitivo, e quando cai a resistência do indivíduo que já teve a catapora, o vírus percorre o caminho do nervo, e normalmente causa uma lesão unilateral que vai desde a região dorsal até a região medial do corpo. O principal sintoma da doença é a dor, que leva de 3-4 dias, com lesões que duram aproximadamente 3 semanas para se curar. Na Herpes Zoster, em geral, deixa cicatriz diferentemente da Herpes Simplex que normalmente não deixa cicatriz. QUESTÕES 1-Defina doenças sexualmente transmissíveis. 2-Qual o microrganismo responsável pelo desenvolvimento da sífilis? Descreva os diferentes estágios da doença. 3- Quando ocorre a herpes recorrente e que fatores podem reativá-lo? Aula 22- Doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) - 1 Sífilis (cancro duro) Herpes Simples Herpes Zoster Síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS ou SIDA) Infecção Clamidial Gonorréia (Blenorragia) Tricomoníase Hepatite Papilomavírus Cancro mole (cancróide) Linfogranuloma Venéreo Granuloma inguinal Candidíase genital Escabiose (sarna) Pediculose Púbica Molusco Contagioso Salmonelose Giardíase Amebíase Shiguelose Campilobacterose Citomegalovirose Cólera As 5 doenças sexualmente transmissíveis (DST) historicamente definidas como doenças venéreas são: sífilis, gonorréia, cancro mole, linfogranuloma venéreo e granuloma inguinal. Hoje, provavelmente, estas são menos prevalentes que doenças tais com uretrites não específicas, tricomoníases, infecção clamidial, candidíase genital, herpes genital e anoretal, verrugas, vulvovaginites, protites, escabiose, pediculose púbica, molusco contagioso. Outras infecções ainda como salmonelose, giardíase, amebíase, shiguelose, campilobacterioses, hepatite B, e citomegaloviroses, algumas vezes são sexualmente transmissíveis. Elevada associação entre câncer cervical e herpesviroses ou papilomaviroses têm sido descobertas e relacionadas as DSTs, e, finalmente a AIDS a mais recente doença sexual conhecida tem-se espalhado rapidamente no mundo. Definição: As DSTs são doenças adquiridas durante o contato genital heterossexual ou homossexual, contato corporal, sexo oral e beijo íntimo. Sífilis A origem da sífilis é desconhecida, mas ela tornou-se praticamente epidêmica na Europa por volta de 1945. No século seguinte, disseminou-se rapidamente como uma doença aguda, que era freqüentemente fatal no estágio secundário. Fracastorius (1530) denominou a doença de sífilis, palavra derivada do grego “siphos” que significa mutilado. O agente etiológico da sífilis foi identificado por Hoffman e Schaudinn em 1905, quando encontraram um microrganismo espiralado no exudato de uma lesão secundária. O Treponema pallidum é um espiroqueta microaerófilo que causa a sífilis, uma doença venérea sistêmica com múltiplas apresentações clínicas. Esse microrganismo apresenta uma bainha externa e um flagelo periplasmático axial em torno de um protoplasma helicoidal; não são cultiváveis porém coram-se pela prata (método de Fontana Tribondeau), podem ser examinados em campo escuro e técnicas de imunofluorescência. Esses microrganismos podem ser observados também por esfregaços corados com tinta da China: conhecido como método de BURRI ou da coloração negativa, ou pela coloração pelo método de GIEMSA os T. pallidum coram-se tenuamente. A transmissão transplacentária do T. pallidum pode ocorrer da mãe infectada ao feto, após o quarto mês de gestação, ocasionando a sífilis congênita. A transmissão do T. pallidum através dos órgãos genitais é responsável por 95% dos casos de sífilis. Uma grande proporção de infecções extragenitais ocorre nas proximidades da boca ou como resultado da disseminação dos microrganismos pela cavidade bucal durante o beijo. A sífilis é raramente transmitida por via indireta, através de fômites, porém pode ser transmitida também por transfusão sangüínea ou aerossóis. Aspectos clínicos A sífilis possui três estágios: - Estágio primário – ocorre após um período de incubação de 10 dias a três semanas após o contato com o microrganismo, e caracteriza-se por morte fetal intrauterina. ânus e as vezes na boca ou língua (sexo oral). A enduração contígua cria uma massa semelhante a um “botão” diretamente subjacente à pele erudida. . Essa pápula sofre erosão e posterior formação de uma úlcera com base limpa. sem deixar cicatrizes. secundária ou terciária. Estas lesões resolvem-se espontaneamente levando o indivíduo à cura. Na sífilis congênita. mais é mais grave quando a infecção da mãe é recente. Com referência a cavidade bucal. ossos e pele. mesmo depois de repetidos exames. localizada no local da invasão no pênis (geralmente na glande) ou escroto (70% dos homens). o cancro desaparece em algumas semanas com ou sem tratamento. a criança ao nascer pode apresentar sintomas da sífilis primária.Estágio secundário – ocorre duas a dez semanas após o cancro primário. . A sífilis provoca aborto tardio. que permanecem por 10 a 14 dias antes da cura espontânea. caracteriza-se ainda por lesões inflamatórias ativas da aorta (com maior freqüência-85% dos casos). Embora os espiroquetas sejam semeados no organismo por via hematogênica. firme. Os treponemas podem ser geralmente encontrados em tais lesões. a criança pode apresentar dentição retardada e desenvolvimento anormal de incisivos (dentes de Hutchinson – pequenos e afiados como uma chave de fenda. coração e sistema nervoso central (10% dos casos) ou por lesões quiescentes (gomas – branco-acinzentadas e com consistência de borracha) envolvendo fígado.surgimento de lesão (pápula) com base dura e avermelhada. caracteriza-se por um rash (manchas vermelho-acastanhadas) difuso nas palmas da mão e plantas dos pés que pode ser acompanhado por lesões mucocutâneas orais esbranquiçadas. linfadenopatia (o indivíduo apresenta um aumento dos linfonodos em todo o corpo). Nesta fase a doença é extremamente contagiosa. em geral com entalhes no esmalte) e molares (dentes em amora). cefaléia e artrite. .. Manchas mucosas avermelhadas na boca e na vagina contêm a maior parte dos microrganismos e são as mais infecciosas porém é mais difícil de demonstrá-los neste estágio. mal estar. febre. única. levemente elevada e não-dolorosa (cancro). Essas crianças apresentam também alterações oculares com ceratite intersticial e coroidite com produção anormal de pigmento provocando manchas na retina e surdez. ou mal latente.Estágio terciário ou tardio – ocorre anos após a lesão primária (5 a 30 anos). tornando-se aparente apenas durante a infância ou a vida adulta. cérvix ou parede vaginal (50% das mulheres). que constitui a base da designação de cancro duro. E no caso de alergia pela penicilina é administrado eritromicina ou tetraciclina. b) teste de aglutinação do T. sendo a droga de escolha a penicilina (Benzetacil). reação com o antígeno protéico de Reiter. d) teste de imunoaderência do T.Sorodiagnóstico da sífilis . considerado o mais específico para T. A dosagem administrada no paciente depende do estadiamento da doença. . Diagnóstico Clínico Diagnóstico laboratorial . pallidum. a) teste de fixação do complemento com T. c) teste de imobilização do T. extraída do coração bovino. Pallidum. pallidum que sofrem reação cruzada com a cardiolipina.por antígenos preparados com T.Sífilis secundária: utilizam-se reações sorológicas. pallidum (TPIA). . Tratamento Antibióticos. Incluem-se neste grupo principalmente: a) reação de fixação de complemento: reação de Wassermann. pallidum que podem ser observados em campo escuro e técnicas de imunofluorescência. Indivíduos que se recuperam da infecção são suceptíveis à reinfecção. sendo este último teste. onde encontra-se os T. pallidum (TPI). pallidum e outros treponemas. As reações baseiam-se em pesquisa de anticorpos produzidos contra o T. pallidum (FTA. Imunidade Não existem métodos conhecidos para imunização contra infecção induzida pelo T. pallidum (CPCF). pallidum (TPA). e) prova de anticorpos fluorescentes anti-T. desde que novamente expostos ao contágio. b) reações de floculação ( ou precipitação): reação de Kahn.Fluorescent Treponemal Antibody Absorption). .Sífilis primária: faz-se observação do material de raspado do cancro.por anticorpos anti-cardiolipina: são reações sorológicas nas quais se emprega como antígeno a cardiolipina.Teste VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) . ocasionando o herpes recorrente. as proteínas codificadas pelo VHS formam um compartimento de replicação onde o DNA viral é formado e as proteínas do capsídio ligadas. mucosa vermelha com formação de vesículas. onde causam lesões vesiculares da epiderme com posterior ulcerações e. boca. nariz. Replicam-se na pele e membranas mucosas no sítio de entrada viral (orofaringe ou genitais). As ulcerações podem ser dolorosas. O Herpes genital caracteriza-se por vesículas nas membranas mucosas genitais. Esta ulceração . embora o DNA e algum mRNA viral possam ser identificados por métodos moleculares. embora os herpes vírus permaneçam latentes nas células nervosas. que se convertem rapidamente em ulcerações superficiais. Na maioria das vezes a manifestação da infecção primária ocorre em crianças na forma na gengivo-estomatite herpética num período máximo de 7 dias. Nos hospedeiros imunocompetentes. queixo ou face durante a infância ou adolescência .Herpes Simples Os vírus da Herpes simplex. Estudos mostram que muitas pessoas têm o tipo 1 (97% da população adulta) e este pode afetar principalmente a região labial (porém pode manifestar-se na região genital). em seguida bolhas que se rompem ocasionando ulcerações junto com uma inflamação e edema. A reativação do HSV-1 e HSV-2. infectam os neurônios que inervam estes locais. e a infecção viral pode ser séria mas raramente fatal. A latência é operacionalmente definida como incapacidade de recuperar partículas infecciosas a partir das células rompidas que abrigam o vírus. VHS-1 e VHS-2 são geneticamente similares e causam um padrão semelhante de infecções primárias e recorrentes. O VHS-2 (que ocorre mais freqüentemente na região genital) é transmitido aos recémnascidos durante a passagem através do canal do parto a partir de mães infectadas. Afeta os lábios. circundadas por infiltrado inflamatório. são vírus grandes e encapsulados com um genoma DNA de fita dupla. Dentro do núcleo das células epiteliais do hospedeiro. pode ocorrer repetidamente com ou sem sintomas e resulta na disseminação do vírus a partir dos neurônios para a pele ou membranas mucosas. com sintomas de febre. bem como na genitália externa. a infecção primária pelo VHS resolve-se em algumas semanas. O envelope une-se ao nucleocapsídio no citoplasma. dor ( apesar da grande maioria das infecções primárias serem assintomáticas). este volta a região onde ocorreu a infecção primária e causa novamente a lesão. pois o HSV-1 pode provocar também o herpes ocular.Quando ocorre a herpes recorrente e que fatores podem reativá-lo? . o vírus percorre o caminho do nervo. A fase de ulceração é uma fase extremamente contagiosa. devendo-se evitar contato direto com a lesão ou aerossóis. QUESTÕES 1-Defina doenças sexualmente transmissíveis. que é altamente contagiosa por secreções da saliva. frio intenso) Caso o vírus seja reativado. nariz. crosta e cicatriz.estresse (Ex.febre .corticosteróides . com lesões que duram aproximadamente 3 semanas para se curar. tendo sintomas exacerbados da doença. e quando cai a resistência do indivíduo que já teve a catapora. 2-Qual o microrganismo responsável pelo desenvolvimento da sífilis? Descreva os diferentes estágios da doença.Aciclovir (Zovirax) Herpes Zoster (vulgarmente conhecido como cobreiro) O vírus da Herpes Zoster.traumas . Tratamento Medicamento . vesículas (bolhas com líquido claro). O principal sintoma da doença é a dor.luz UV .alterações hormonais . em geral. Algumas fatores podem reativar o vírus. e normalmente causa uma lesão unilateral que vai desde a região dorsal até a região medial do corpo. O vírus permanece alojado no gânglio sensitivo. a primeira vez que se manifesta desenvolve a catapora ou varicela. que leva de 3-4 dias. As lesões neste caso formam regiões avermelhadas. em seguida pústulas (bolhas com líquido amarelo). etc. Na Herpes Zoster. tais como: . e causar cegueira virótica. deixa cicatriz diferentemente da Herpes Simplex que normalmente não deixa cicatriz. 3. A estomatite herpética no adulto manifesta-se de uma maneira mais agravante.seca e sara. O ciclo evolutivo do T. fincão. a resposta menos satisfatória aos preparados digitálicos e o grande benefício proporcionado pelo uso de . cruzi em candidatos à doação de sangue. às vezes bastante elevada em várias cidades. chupão. com a conseqüente possibilidade de transmissão da doença por transfusão. família Mastigophora – e transmitida ao homem e a outros animais habitualmente através de triatomíneos. fora das Américas foram assinaladas cerca de 10 espécies. a doença de Chagas representa grave e alarmante problema sanitário. entretanto a musculatura (cardíaca. Panstrongylus megistus – América Central: Triatoma protacta. Já foram descritas cerca de 100 espécies de triatomíneos silvestres e domiciliares (América do Sul: Triatoma infestans. Devido a sua grande difusão e pela gravidade das manifestações que pode acarretar. Fora das Américas nenhum caso de infecção humana pelo T. Triatoma pallidipennis. No tratamento da insuficiência cardíaca assinalam-se. que é a parte mais comumente descoberta durante o sono). Possui ampla distribuição geográfica por todo o continente americano. Embora eminentemente rural. cruzi. desde o sul dos Estados Unidos até o sul da Argentina. dada a corrente migratória de rurícolas em busca de melhores condições de vida. Ocupa lugar primordial entre as endemias rurais. representa problema também para centros urbanos. e Kissing bug e cone nosed bug nos Estados Unidos. causada por um protozoário – o Trypanosoma cruzi (Chagas. pela complexidade de sua profilaxia. desde o Sul dos Estados Unidos até a Argentina. vinchuca e chinche nos países de língua espanhola. ponderadas sua prevalência e sua patogenicidade. por não ter tratamento específico definido. haja vista a prevalência das infecção pelo T. porém nenhum triatomíneo naturalmente infectado.DOENÇAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS Doença de Chagas A doença de Chagas é uma infecção generalizada. família Reduviidae. como particularidade. de natureza endêmica e evolução essencialmente crônica. Triatoma phyllosoma – Cosmopolita: Triatoma rubrofasciata) encontrado em todos os países do continente americano. 1909). O transmissor é um inseto da ordem Hemiptera. e ainda. inutilizando muitas vidas em idade produtiva. as quais sofrem modificações ao longo do tubo digestivo: estomacal (fase de regressão). bicudo e procotó no Brasil. Vulgarmente são chamados de barbeiro (pelo hábito de sugarem o indivíduo no rosto. cruzi nos triatomíneos é constituído de três fases. lisa e estriada) é que constitui o tecido preferencial para sua nidação. subfamília Triatominae. Rhodnius prolixus. chupança. No período inicial da infecção o parasita já foi encontrado em quase todos os órgãos e tecidos. intestinal ou duodenal (fase de multiplicação)e intestinal posterior ou retal (fase de evolução). A parasitemia pode ser escassa. morfologicamente indistinguíveis um do outro e do Trypanosoma brucei. mesmo na observância dos demais cuidados. Formas evolutivas lentas. A doença está confinada ao continente africano estendendo-se ao norte. exibindo 3 tipos morfológicos: curtos e grossos. neuroendócrinos e psíquicos. Zimbabwe e Moçambique (sul do Rovuma). a invasão do sangue por tripanossomas é imediata. Nas bradiarritimias o tratamento de eleição e feito através do implante do marcapasso cardíaco artificial. sul do Mali. confundindo-se com outras afecções febris prevalente nos trópicos. Quanto ao tratamento da extrasistolia ventricular. Sudeste do Sudão e Etiópia (sem extensão à Somália) e ao sul até Angola. 2. Tem início súbito e evolução rápida. com sintomatologia discreta. São incaracterísticas. rejeição do sangue de doadores com sorologia positiva. Botswana (delta do Okavango e bacia do Linyanty). disopiramida e verapamil. Alto Volta. Formas septicêmicas de evolução aguda. Estes são polimórficos. prontamente aparecem as manifestações de congestão passiva. sendo sugestivo que todos derivam de uma estirpe ancestral comum. atualmente designados Trypanosoma gambiense e T. hidantoína. educação sanitária. com predomínio de toxemia. Depois da picada das glossinas. Tripanossomíase Africana Sinonímia: Tripanossomíase humana africana – doença do sono. longos e delgados. Pode-se considerar três tipos clínicos fundamentais: 1. até ao paralelo 15o através do Senegal (ao sul de Dakar). mas as alterações do líquido cefalorraquidiano traduzem a evolução neuropsíquica da afecção. Chade. Niger (região de Niamey). apresentando dois tipos evolutivos: a) início brutal e evolução hiperaguda. levando à morte por toxemia em 2 a 3 meses (esta pode . às vezes com detenção espontânea. rhodesiense. São características da afecção por T. 3. procainamida. são destituídos de expressiva atividade na cardiopatia chagásica crônica. São próprias da doença por T. Formas latentes. um dos agentes das tripanossomíases animais. Os períodos clássicos da doença seguem. gênero Trypanosoma. entretanto. resultado em sintomas neurológicos. gambiense e caracterizam-se pela sua tenacidade e evolução mortal em anos. substituição ou melhora das habitações. rhodesiense (mais virulento para o homem). A profilaxia baseia-se principalmente no combate direto ao inseto transmissor.diuréticos. a introdução da amiodarona no arsenal terapêutico. o hemolinfático seguido do nervoso. Os tripanossomas agentes da doença humana são do grupo Salivaria. vale dizer que medicamentos como quinidina. uma vez interrompida a administração destes. per-hexilene. bloqueadores beta-adrenérgicos. subgênero Trypanosoon. e intermédios. tornou bem mais alentador o tratamento da citada arritmia. ocorrer antes do aparecimento de perturbações neuropsíquicas); b) começo brusco com invasão precoce do sistema nervoso central. Nos últimos 50 anos a terapêutica da tripanossomíase humana africana, embora não consiga resolver integralmente todos os casos, teve um progresso substancial que permite obter uma maior capacidade funcional dos doentes a uma sensível redução da mortalidade, com esterilização de mais de 90% dos doentes tratados no período hemolinfático, e, no período nervoso, um sucesso em 50 a 70%, o que depende da antiguidade da infecção e gravidade da sintomatologia. No período precoce, sem evidência de lesão do SNC usam-se os tripanocidas; suramina, pentamidina ou arsenicais (em cura única), e no período nervoso os arsenicais (em várias séries). A profilaxia da tripanossomíase humana africana exige um planejamento de normas multidisciplinares e tem estado a cargo de serviços especializados autônomos com departamentos definidos: medico, veterinário, entomológico e agronômico, agindo segundo um programa harmonioso de tarefas. Seu objetivo é a interrupção dos elos da cadeia de transmissão. Leishmaniose Visceral (Calazar) É uma protozoose (Leishmania donovani) largamente espalhada pela regiões tropicais e subtropicais do globo terrestre. Caracteriza-se clinicamente por febre irregular de longa duração, hepatosplenomegalia, emagrecimento, queda dos pêlos, anemia, leucopenia, hiperglobulinemia, epistaxe e hematêmese. Epidemiologicamente, caracteriza-se por ser uma zoonose de canídeos e roedores, transmitindo-se ao homem por intermédio de flebótomos. Tratada por antimoniais pentavalentes, geralmente cura. Se não, evolui para o óbito dentro de 1 a 2 anos. Na índia é conhecida como kala-azar (febre negra) ou febre Dum-Dum. No mediterrâneo intitula-se leishmaniose visceral ou leishmaniose infantil. No Brasil chamam-se leishmaniose visceral ou calazar. É conhecida ainda como esplenomegalia tropical. O agente etiológico é um protozoário da família Trypanosomatida, a Leishmania donavani (Laveran e Mesnil, 1903). É uma das diversas espécies do gênero Leishmania. As demais espécies (L. brasiliensis, L mexicana, L. tropica) são agentes etiológicos da leishmaniose tegumentar americana e do botão-do-oriente. A infecção pela Leishmania donovani numa região endêmica determina 3 tipos de resposta do organismo humano: destruição do parasito pelos meios normais de defesa do homem, fagocitose por histiócitos sem destruição, infecção oligossintomática e infecções de longa duração e sintomatologia, variável de acordo com o período ou a duração da moléstia. Muitos casos tem sido descritos apenas com a referência de manifestações ganglionares. O calazar é uma doença que se caracteriza por produzir hiperplasia progressiva do sistema fagocitário mononuclear, para fazer face à ação parasitária, diferenciando-se os hemocitobastos cada vez menos para formar sangue e mais no sentido do setor monocitário. A hipoplasia homolinfopoética, com o avanço da doença, leva progressivamente a uma aplasia, que se traduz no sangue por granulocitopenia e diminuição progressiva das plaquetas. Outros fatores são apontados para a interpretação da anemia: a falto do fator de manutenção das células sanguíneas e o hiperesplenismo, o que explica também a maior hemólise existente na doença. Paralelamente, observa-se ainda uma hiperplasia plasmocitária, que determinaria, como sempre acontece, extraordinário aumento das gamaglobulinas. O emagrecimento corre por conta do grave comprometimento do SFM, de uma diminuição progressiva da síntese de albumina e conseqüente baixa das proteínas plasmáticas, em parte por causa de defeitos de absorção ou por perda decorrente dos fenômenos inflamatórios catarrais dos intestinos. A hiperplasia do SFM, a hiperprodução de fibras do retículo e a dilatação dos seios venosos, com o conseqüente ingurgitamento de sangue, determinam aumento do volume do baço, fígado e gânglios. Como as leishmânias não tem ação flogógena direta enquanto vivas, ou de corpo estranho, não determinam sensibilização local. Essa ação decorre das substâncias liberadas quando se rompem os fagócitos abarrotados de parasitos. Para o tratamento utiliza-se antimonais pentavalentes (glutamato de antimônio sódico, neostibosan, ureastibamina, antimoniato de N-metilglucamina) ou diaminas aromáticas (estilbamidina, pentamidina, isetionato de pentamidina, anfotericina B). Leishmaniose Tegumentar Americana (Leishmaniose Cutâneo-Mucosa) A leishmaniose tegumentar americana ou cutâneo-mucosa é uma moléstia infecciosa crônica, não-contagiosa, caracterizada pelo comprometimento cutâneo constante, mucoso em grande proporção dos casos, e ganglionar mais raramente. É causada pela Leishmania brasiliensis (Gaspar Vianna, 1911) e por algumas outras espécies e subespécies, e transmitida por insetos da família Phlebotominae. Lindenberg, Carini e Paranhos identificaram o agente etiológico da leishmaniose cutâneomucosa no Brasil, e consideraram-no idêntico à Leishmania tropica (Wright, 1903) responsável pela leishmaniose cutâneo do Oriente. Gaspar Vianna, em 1911, baseado em diferenças morfológicas que julgou existir, criou uma espécie distinta, a Leishmania brasiliensis (G. Vianna, 1911). O agente patogênico, o reservatório animal e o inseto vetor constituem íntima associação que se instala em determinada área geográfica designada pelo nome de nicho natural. É claro que esta associação natural entre esses diversos elementos que a compõem só poderá ser constituída se inúmeros fatores, tal como o clima, a vegetação, e outros, forem adequados a cada um deles isoladamente. No estado de São Paulo tem sido detectados casos isolados, autóctones, em regiões onde há muitos anos a doença não era assinalada. Assim é que, por volta de 1960, foram registrados casos em Cotia, Itapecerica, Osasco, isto é, locais nas cercanias da cidade de São Paulo. Mais recentemente, foram diagnosticados casos isolados em algumas cidades do interior do Estado de São Paulo, tais como Itu, Capivari e outras, onde há muitos não era assinalada. Uma das características peculiares à leishmaniose tegumentar americana é a grande diversidade de seus aspectos clínicos-morfológicos. Por esse motivo, tem surgido inúmeros trabalhos com intuito de classificar estes diferentes quadros lesionais. Rabelo estudou o assunto nas primeiras décadas desse século, considerando as formas: a) cutâneas ulcerosas e não-ulcerosas; b) mucosas; e, c) cutâneo-mucosa. Pupo, em 1946, publicou detalhado “estudo clínico sobre a leishmaniose tegumentar americana”, classificando as diversas formas nos seguintes grupos: Formas cutâneas (primitivas) Formas mucosas (secundárias às lesões cutâneas) Formas linfáticas (secundárias às lesões cutâneas) Formas mistas (de associação) Seqüelas e complicações A descoberta, por Vianna, do uso de antimoniais nesta doença é ainda de valor fundamental, e um antimonial pentavalente, GlucantineR (antimoniato de N-methyl glucamina) é ainda o tratamento inicial indicado. Malária A malária ou impaludismo é uma doença infecciosa, não contagiosa, de evolução crônica, com manifestações episódicas de caráter agudo e períodos de latência que podem simular a cura. É a mais antiga, a mais distribuída, e a mais conhecida das doenças produzidas por parazitas animais. Seus agentes etiológicos são protozoários do gênero Plasmódium, que pertencem a quatro espécies: Plasmodium vivax, P. falciparum, P. malariaea e P. ovale. As infecções do homem e dos mamíferos são transmitidas por mosquitos do gênero Anopheles e as das aves, por culicíneos. A patologia da malária está dominada por quatro fatos fundamentais, todos eles conseqüência da evolução do parasita dentro das hemácias: 1. A ruptura do glóbulo vermelho parasitado e a consecutiva deposição, na circulação de novos parasitas jovens, pigmento malárico, hemoglobina, estroma globular e toxinas de natureza indeterminada. 2. Outros acidentes intravasculares, como a hemólise de glóbulos não parasitados, diminuição da velocidade circulatória, anomalias na coagulação com trombose capilar e micropoliembolias parasitárias. 3. A hiperplasia dos tecidos de defesa encarregados da destruição dos parasitas e da metabolização de seus resíduos (baço, fígado, medula óssea e células fixas e móveis do sistema retículoendotelial). 4. déficit hemoglobínico e a fixação e metabolização de 3 pigmentos, um específico (malárico) e dois derivados da hemoglobina (hemossiderina – ocre), cuja combinação confere a clássica tintura amarelo-terrosa de “máscara palúdica”. Toxoplasmose Infecção, algumas vezes doença, causada pelo Toxoplasma gondii (Nicolle e Manceaux, 1908). O gato é o hospedeiro definitivo, enquanto o homem, outros mamíferos e as aves são hospedeiros incompletos ou intermediários. O toxoplasma gondii é o único membro conhecido do gênero. Existem 3 estágios principais de desenvolvimento: 1. Taquizoítos (organismos de rápida multiplicação da infecção aguda, também chamados formas proliferativas e trofozoítos); 2. Bradizoítos (organismos de multiplicação lenta ou de repouso nos cistos do toxoplasma e se desenvolvem durante a infecção crônica no cérebro, retina, músculo esquelético e cardíaco e em qualquer outra parte; 3. Esporozoítos (desenvolvem-se nos esporocistos, dentro de oocistos que são eliminados pelas fezes dos gatos). A infecção toxoplásmica ocorre em todo o mundo, segundo os resultados dos inquéritos sorológicos. A maior parte das infecções é assintomática, sendo a doença uma exceção no homem. Assim, de 70 a 100% dos adultos podem ter sido infectados. Do ponto de vista prático, é importante fazer uma distinção entre as manifestações da doença, como sejam a toxoplasmose febril aguda, linfadenopatia, toxoplasmose ocular, doença em pacientes sob imunossupressão, toxoplasmose neonatal, e toxoplasmose na gravidez. Na maioria dos animais e no homem a toxoplasmose é uma infecção assintomática. A doença resulta de um grande número de células destruídas seja pelo microrganismo, seja pela hipersensibilidade, seja por ambos. As manifestações da doença no homem estão geralmente relacionadas a uma vulnerabilidade tissular especial associada a regeneração lenta ou ausente. A infecção materna, embora inaparente, pode determinar lesões destrutivas no feto. Basicamente podemos distinguir as seguintes lesões e suas causas: a) destruição de células parasitadas, principalmente por taquizoítos; b) tecidos necrosados por ruptura de cistos; c) infarto necrosado devido a comprometimento vascular pelos mecanismos a e b; e, d) lesões de cérebro de estabelecida em 1964 por uma comissão de estudos sobre Problemas de Taxinomia. Para o tratamento. a Endolimax nana. Amebíase As amebas são protozoários que. quando na forma vegetativa. 9. Manter controle sobre os gatos de rua. são destituídas de atividade patogênica. única. As recomendações preventivas podem ser esquematizadas da seguinte maneira: 1.crianças com toxoplasmose neonatal mostrando vascularites periaquedutais e periventriculares com necrose. usar luvas plásticas ou pedir a outra pessoa que cuide do gato. de acordo com a moderna classificação. pela possibilidade de serem confundidas com a E. cozida ou enlatada. 8. 6. As demais famílias mencionadas. Seu conhecimento. Hartmannelidae. Alimentar o gato somente com carne seca. cozinhar bem toda carne a pelo menos 66ºC. 2. capaz de desenvolver atividade patogênica. tem também importância médica porque alguns dos seus representantes podem desenvolver atividade patogênica no homem. Amoebidae e Naegleriidae. a Entamoeba histolytica. a Entamoeba hartmanni. Lavar as mãos antes das refeições e antes de com elas tocar o rosto. Embora o intestino do homem possa ser parasitado por diferentes espécies de amebas. devem ser incluídas na superclasse Sarcodina. é muito importante. apresentarem movimentação por meio de uma organela especial chamada pseudópode. Caracterizam-se os sarcodinos pelo fato de. cujos representantes se compõem quase só de parasitos. a sulfadiazina e pirimetamina (Daraprim) sinergicamente inibem as etapas seqüenciais da biossíntese do equivalente do ácido fólico exigido pelo toxoplasma. A família Entamoebidae. Evitar que o gato se alimente fora de casa. Trocar os panos que servem de cama ao animais. desinfete-os com água fervente. a Entamoeba coli. abrange todas as amebas parasitos. porém. 5. 4. 7. o . As demais amebas podem ser encontradas no intestino. patogênicas ou não. Os Sarcodina de interesse médico estão incluídos em quatro famílias: Entamoebidae. Cobrir os tanques de areia das crianças quando não estiverem em uso. a palavra amebíase é reservada apenas para designar o parasitismo por uma dessas espécies. 3. histolytica em exames de fezes. contendo espécies quase exclusivamente de vida livre. Não comer carne crua. Manter controle sobre as moscas e baratas. de acordo com o consenso geral dos pesquisadores. Durante a gravidez. do homem e dos animais. da Sociedade de Protozoologistas. a Entadamoeba bütschlii e a Dientamoeba fragilis. Constituem-se em pequenas áreas edematosas. Fase cística (ela se imobiliza. São numerosos os medicamentos atualmente disponíveis para o tratamento da amebíase. inquéritos epidemiológicos para descoberta das fontes de infecção. tratamento dos indivíduos parasitados. A profilaxia da amebíase comporta medidas gerais e individuais. Amebicidas eficazes em todas as localizações: derivados imidazólicos. reto. lavagem dos vegetais com água não-contaminada ou água fervida. Sua distribuição relaciona-se com a estase do conteúdo cólico e ocorre na seguinte ordem. histolytica apresenta duas fases no seu ciclo evolutivo: 1. hiperêmicas. . eficazes na luz e na parede do intestino: antibióticos. uso de instalações sanitárias para remoção das fezes. histolytica. rodeia-se de uma membrana resistente – membrana cística – e vive à custas de substâncias de reserva acumulada durante a fase anterior. As lesões produzidas pela E. decrescente: ceco. procedentes de focos de infecção. 3. proteção dos alimentos contra moscas e baratas. Amebicidas de ação direta. tetra-amino-quiloneínas (cloroquina). 2. 4. sigmóide e apêndice. lavagem cuidadosa das mãos após a defecação e antes das refeições. do tamanho de uma cabeça de alfinete ou de pequenas pápulas amareladas. proibição de fezes humanas como adubo. educação sanitária da população. doentes ou portadores sãos. fagocitando e digerindo seu alimento e multiplicando-se por divisão binária). mormente se forem manipuladores de alimentos. A E. derivados arsenicais. eficazes não só na parede do intestino como também no fígado: emetina. sobretudo substâncias protéicas e hidrocarbonadas). deixa de fagocitar. 2. não ingestão de vegetais crus. movimentando-se. De conformidade com a sede do seu efeito terapêutico máximo e com o modo de ação sobre a E. cólon ascendente. O espectro infeccioso na amebíase varia desde a infecção assintomática do portador sadio até os casos abruptos e graves de abdome agudo. histolytica localizam-se na mucosa e submucosa do intestino grosso. Amebicidas de ação indireta. Fase trofozoítica ou vegetativa (vive no intestino grosso ou nas últimas porções do íleo. As medidas individuais são representada pela filtração ou fervura da água usada na alimentação. haloacetaminas. e é necessário ressaltar que esse diagnóstico só pode ser feito por um analista credenciado e consciencioso.diagnóstico diferencial entre as amebas intestinais do homem se impõe. não-absorvíveis e eficazes na luz intestinal: derivados da 8hidroxiquinoleína. eles podem ser resumidos conforme os pontos ou modos de ação: 1. As gerais objetivam o saneamento do meio e incluem providências como a adequada remoção de dejetos humanos e fornecimento de água não-contaminada à população. Amebicidas de ação tissular. desidroemetina. expelidas sem dor ou cólica. em suas próprias fezes. tais como saladas. violeta-de-genciana e a furazolidona. baratas). Água de bebida ou de uso doméstico. em 1915. A baixa prevalência de sintomas atribuídos a este protozoários tem sido a causa pela qual muitos autores duvidam da sua patogenicidade. No entanto. etc. apetite é conservado. As condições são pouco comprometidas. como leite. esses compostos não . refrescos. através de artrópodes domésticos (moscas. Stiles criou a designação Giardia lamblia em homenagem ao Prof. mas também que o tratamento adequado faça desaparecer a sintomatologia ao mesmo tampo que erradique a parasitose. preferem a denominação Giardia intestinalis. Outras vezes existe constipação crônica. 3.Giardíase A Giardia lamblia foi observada pela primeira vez por Leeuwenhoek. Contato direto de pessoa a pessoa ou como conseqüência de fezes expostas. a disseminação da giardíase deve estar condicionada. 2. Alimentos vegetais comidos crus. 5. 2. Contato indireto. As fezes são amolecidas e. de Paris e Dr. cujos sintomas se caracterizam por perturbações intestinais com a eliminação de fezes pastosas ou diarréicas e dores abdominais discretas. de Praga. verduras e frutas. aos fatores epidemiológicos a seguir citados: 1. Contato direto por manipuladores de alimentos. Giard. que obtiveram o desaparecimento de sintomas grastrointestinais após tratamento específico. ou alimentos servidos frios. muitos parasitologistas. diversas drogas tem sido utilizadas: atebrina. principalmente os europeus. A. podemos resumir os seguintes itens relacionados com o quadro clínico de giardíase: 1. sintoma mais freqüente é uma diarréia crônica. em linhas gerais. até que. persistindo por meses e refratária ao tratamento sintomático usual. em 1681. Com a finalidade de curar essa parasitose. Resultados variáveis são obtidos. geralmente são fezes sem sangue ou muco. Durante muitos anos esse protozoário teve denominações diversas. São também descritas distensão e dores abdominais. 4. a ação patogência da Giardia lamblia tem sido confirmada por outros pesquisadores. Assim. Para que os sintomas observados possam ser realmente atribuídos à parasitose é preciso não só encontrar o parasito. de regra. 3. gozando a atebrina e a furazolidona de maior prestígio. Lambl. camoquim. Giardíase ou lamblíase é a infecção causada por Giardia lamblia. Segundo Coutinho. Atualmente. No entanto. cloroquina. cremes. acranil. 4. curou 94% dos doentes. Na profilaxia recomenda-se os mesmos processos em amebíases. este quadro clínico superpõe-se àquela da amebíase. Ao exame microscópico dos tecidos é muito fácil identificar-se o parasita. uma vez que depende não só do tratamento da matéria fecal e do lixo. coloniza-se na submucosa que se mostra espessada e com infiltrado linfoplasmocitário. dado oralmente na dose de 600 a 1200 mg. (1980). Balantidíase Denomina-se balantidíase a infecção do homem e de animais pelo Balantidium coli (cosmopolita). em bebidas ou alimentos contaminados. Por isso foram substituídos na prática médica pelos derivados imidazólicos. tenesmo. se bem que o número de portadores assintomáticos pode atingir alguns milhares. A infecção humana quase sempre está ligada à atividade do indivíduo. mas também do combate aos insetos responsabilizados pela transmissão. Outro cuidado necessário. a fim de ser impedida a disseminação da parasitose. açougueiros. formam-se pequenas úlceras que confluindo dão ao conjunto o mesmo aspecto visto na amebíase. sendo algumas muitas vezes insatisfatoriamente tolerados. Vários antibióticos tem sido usados com sucesso: aureomicina. ou seja. criadores. devendo o clínico incluir sempre a balantidíase no diagnóstico diferencial com a amebíase. mas algumas vezes. o ciliado penetra pela mucosa. Medida profilática importante é também a observação dos postulados da educação sanitária e da higiene pessoal. etc.. O metronidazol. meteorismo. existe diarréia. com 5 ou 6 evacuações diárias. terramicina e bacitracina. no contato com porcos. como hospedeiro natural. O homem é muito resistente a infecção e o número de casos descritos na literatura alcança umas poucas centenas. Comumente. dores abdominais. o metronidazol. A sintomatologia é pouco significativa. que tem maior possibilidade de ingerir os cistos do protozoários. A profilaxia da giardíase é de difícil execução. não só pelo tamanho. Nuti e col. com enterorragia. pois são os mesmos mecanismos de transmissão. mas também pela cor escura do macronúcleo. Com a necrose da mucosa. diz respeito à proteção da água potável e dos alimentos. Outras vezes alcança intensidade dramática. prolapso do reto e morte. cefaléia. em forma de rim. lembrando porém que os suínos. . astenia. trabalhadores em matadouros. a nitrimidazina e o tinidazol. são as principais fontes de infecção da coletividade. durante 10 dias. No homem o Balantidium coli pode viver no intestino grosso sem causar dano algum.chegam a proporcionar razoáveis percentagens de cura. evitando a contaminação dos mesmos com os cistos dos protozoários. diariamente. porém. carinii no homem ocorre precocemente na vida. o hospedeiro imunocomprometido. encontrada em crianças e adultos imunossuprimidos. em decorrência do estado imunodeficiente. Apresenta distribuição geográfica ampla pelos cinco contintentes. os pulmões se revelam aumentados de volume e consistência. QUESTÃO ÚNICA – Defina todas as doenças causadas por protozoários. pacientes com terapia imunosupressiva por câncer. na forma adulta. sob a forma assintomática ou latente. A doença é classificada em 2 formas clínicas: Forma infantil. entre 2 a 6 meses de idade. vômitos. cianose. Forma esporádica. Atingem. surgindo um exsudato acinzentado à sua espremedura. A síndrome respiratória pode ser precedida em alguns dias por diarréia. principalmente subpleural. Com a introdução da pentamidina houve uma redução de 50% para 3% na taxa de mortalidade por pneumocitose infantil e. Na profilaxia deve-se isolar os pacientes. Os brônquios mostram-se congestos e com exsudato catarral em sua superfície mucosa. taquipnéia progressiva. O habitat natural do P. desinfecção e esterilização na ocorrência de epidemias em berçários. o início dos sintomas é usualmente abrupto. ocorrendo em crianças com deficiências imunológicas primárias. foram reportados os primeiros sucessos com a administração de diamidinas aromáticas. com zonas marginais de enfisema. Ao exame macroscópicos. A hipótese mais aceita atualmente é a de que a pneumonia ocorre por ativação e replicação de organismos latentes. e em estados de má-nutrição protéico-calórica graves. anorexia. endêmica. carinii é desconhecido. O parênquima pulmonar apresenta-se hepatizado e de cor cinza-avermelhado. com raras exceções. tiragem. a redução foi de 100% a 25%. ocorre em crianças prematuras ou malnutridas. Até 1958 não havia terapia específica para pneumonites por P. com febre. tem sido identificado nos pulmões do homem e vário mamíferos inferiores. que causa freqüentemente a morte quando não é instituído tratamento específico. transplantes ou outras condições. Nessa data. carinii. .Pneumocistose As infecções por Pneumocystis carinii determinam uma pneumonite bilateral difusa. Há evidências de que a infecção por P. Vibrio colerae O gênero Vibrio é constituído de bacilos Gram-negativos curvos. E. coli enterotoxigênica (ETEC). biotipo El Tor. e a infecção limita-se à superfície da mucosa intestinal. E. o Vibrio produz também a toxina da Zonulla occludens (ZOT) e a toxina colérica acessória (Ace) que contribuem para o desenvolvimento de diarréia. Europa. atingindo a Ásia. o paciente apresentando aumento de anticorpos séricos e intestinais contra a bactéria e toxina. Segue-se a infecção colérica. porém alguns alimentos podem veicular o vibrião. ou somáticos. O Vibrio cholerae compreende vários grupos sorológicos. que teve início em 1961. determinada por ELISA. A sétima pandemia da cólera. coli. Diagnóstico Através do isolamento do Víbrio cholerae das fezes. jejuni é responsável por 90% das infecções. onde a bactéria adere e produz uma potente toxina. que vem sendo considerado o sorogrupo causador de uma possível oitava pandemia de cólera. E. com o vibrião sorotipo O1. austrália. Tanto C. coli causam infecção. A via principal de transmissão da cólera é a água. África. . coli enteroinvasora (EIEC). ). Salmonella e Y. Além dessa espécies duas novas têm sido descritas com novos agentes da diarréia: C. doença endêmica na Índia e em Bangladesh à muito tempo. upsaliensis e Arcobacter butzleri. semelhante a enterotoxina LT de E. E. coli enteroagregativa (EaggEC). Entretanto.1 INFECÇÕES INTESTINAIS Os principais agentes das infecções intestinais são encontrados na família Enterobacteriaceae e nos gêneros Campylobacter. sondas moleculares ou PCR. Shigella. jejuni com o C. uma bactéria enterotoxigênica causadora da cólera. Vibrio e H. imunidade de curta duração. denominada toxina colérica (CT). Canadá. caracterizados por antígenos O. Estados Unidos e américa do Sul. coli que adere difusamente (DAEC). coli enterohemorrágica (EHEC). porém entre estes dois. O biotipo El Tor difere do clássico por ser mais tolerante ao meio ambiente (maior capacidade de sobreviver na água e produzir menor porcentagem de quadros severos). enterolítica. em 1993. C. O único hospedeiro dessas bactéria é o homem. o sorogrupo O139 ou Bengal. apareceram dados sobre uma epidemia causada por um novo sorogrupo. A espécie mais importante é a Vibrio cholerae. E. pylori As enterobacteriaceae são: Escherichia coli enteropatogênica clássica (EPEC). determinação do sorogrupo e a produção da toxina. como também nas fezes de crianças com diarréia. Isolada da região do antro do epitélio gástrico em pacientes com úlcera gástrica e gastrite crônica ativa. Período de incubação é de 2-4 dias. no máximo 10 dias. recentemente patenteada. Esta vacina é composta da bactéria viva do biotipo clássico com mutação no gene que codifica uma subunidade da toxina CT. Encontrado na água do mar e em animais marinhos. desenvolvem-se lentamente entre 35-370 C-temperatura ótima de crescimento. As demais espécies são encontradas mais raramente em associação com diarréia e outras infecções. microaerófilo estritos. bacilo Gram negativo curvo ou espiralado e quando aos pares adquirem o aspecto de “asa de águia”. bacter: bactéria). a longo prazo. Produzem diarréia no homem. encurvado. A vacina mais eficaz contra cólera. Diagnóstico Isolamento das fezes ou alimento. em todos os continentes. causando infecção em diferentes órgãos. A capacidade de crescimento a 42o C também ocorre com Campylobacter coli e Campylobacter lari. Patogenicidade O Campylobacter jejuni é um enteropatógeno que eventualmente invade a circulação. capacidade de crescer a 42o C. móveis flagelados monopolar ou bipolar monotríquia. A infecção intestinal . doylei Apresentam um único flagelo em uma ou nas duas extremidades. apresenta proteção total e. e é administrada por uma dose oral. Campylobacter jejuni spp.2 Tratamento Reposição de líquidos e antibióticos. Vibrio parahaemolyticus O Vibrio parahaemolyticus vem sendo reconhecido na etiologia das toxinfecções alimentares. a bactéria é identificada facilmente pela forma. Jejuni Por apresentar maior freqüência de isolamento dentro das espécies do gênero. características da colônias.. é pouco reatogênica. Campylobacter Campylobacter (do grego: Kampylos. Campylobacter jejuni spp. em alguns pacientes. a infecção predomina no verão. O isolamento é feito em ágar-sangue e a identificação do Campylobacter jejuni tem por base sua morfologia. em alguns pacientes não há dúvida que a bactéria invade a mucosa intestinal. são IgA e IgM (no sexto dia) e IgG aparece após 12 dias. entretanto quando a terapêutica for indicada. Nos países de clima temperado. Nos países desenvolvidos. alimentos e intestinos do homem e maioria dos animais domésticos e de vida livre. características culturais e propriedades bioquímicas. As primeiras a aparecer. Resposta imunológica Aumento dos níveis séricos de IgA. Diagnóstico O diagnóstico é feito pelo isolamento e identificação do germe. Esse microrganismo não possui fímbrias. Porém. semelhante à causada por bactérias enterotoxigênicas. determinando ulceração e diarréia mucossangüinolenta. mas há evidências que pode impedir o aparecimento de manifestações clínicas em muitos portadores da bactéria. por produzir uma enterotoxina semelhante à enterotoxina termolábil (LT) de Escherichia coli. Entretanto. Epidemiologia Encontrado na água. Foi demonstrado recentemente que a espécie pode ser identificada por meio de aglutinação em lâmina. IgG e IgM. Não se sabe se esses anticorpos promovem a eliminação desses microrganismos. como existem amostras resistentes é conveniente determinar a sensibilidade da amostra. Tratamento As infecções intestinais por Campylobacter geralmente curam espontaneamente. a manifestação principal é diarréia aquosa. sensibilizadas com anticorpos contra os tipos sorológicos mais freqüentes. utiliza-se a eritromicina.3 localiza-se nos intestinos delgado e grosso. Outras espécies . utilizando-se partículas de látex. o Campylobacter jejuni é uma das principais causas de diarréia. porém os flagelos e o LPS atuam como adesinas. A infecção é predominante nos primeiros cinco anos de vida. O mecanismo da diarréia não esclarecido completamente. São microaerófilos. enfermidade periodontal e gastroenterite). Helicobacter O gênero Helicobacter . e a temperatura ótima de crescimento é de 370 C. está envolvida em surtos de diarréia produzidos pela ingestão de água contaminada) Campylobacter fetus spp. Bacter (grego): bactéria. Podem proliferar normalmente entre 5 a 37o C. Campylobacter lari (menos freqüente que Campylobacter coli. “Campylobacter upsaliensis” (ainda não tem reconhecimento válido na taxonomia do gênero). Marshall e Warren. Não formam esporos e. Os flagelos encontram-se envelopados ou revestidos. porém não se registraram casos de infecção humana por essa bactéria. associado a diarréia e proctite em homossexuais). conseguiram isolar pela primeira vez da mucosa gástrica do ser humano um o bacilo inicialmente denominado GCLO (gastric Campylobacter like . isolamento inicial pode ser em microaerofilia e depois em aerobiose. Campylobacter concisus (em pacientes com gengivite. Outras espécies Arcobacter cryaerophilus. flagelados monotríquios ou anfitríquios.3-1mm de largura e 1. em culturas velhas podem transformar-se em corpos esféricos ou cocóides. fetus (produz aborto esporádico no gado ovino e bovino. Campylobacter hyointestinalis (no homem tem sido encontrada em associação com diarréia tanto em crianças como em adultos. dois pesquisadores australianos. Arcobacter butzlei.5-5 mm de comprimento. Campylobacter mucosalis (em clínica humana tem sido isolada como agente de septicemia em um paciente que apresentava severo comprometimento imunológico). em forma de S ou helicoidais.é constituído de bacilos Gram-negativos curvos ou helicoidais. podendo algumas espécies.Helix (grego): helicoidal. São bacilos curvos. isolada em associação com raízes de plantas originárias de pântanos salinos e é fixadora de nitrogênio. apresentam um bulbo terminal nestes apêndices. Arcobacter skirrowii (todos relacionados com diarréia em animais ou humanos).4 Campylobacter coli (praticamente idêntica a Campylobacter jejuni). A espécie tipo é Arcobacter nitrofrigilis. Em 1982. não esporulados. Arcobacter Inicialmente eram consideradas pertencentes ao gênero Campylobacter. não utilizam os hidratos de carbono. é cultivada a 37o C ou 26o C). São móveis por flagelação polar monotríquia ou lofotríquia. mais importante em infecções sistêmicas. medindo 0. evitando desta forma o efeito destrutivo do suco gástrico. proporcionando evidências suficientes da capacidade patogênica do Helicobacter pylori. Uma vez em contato com o epitélio. atravessando a camada mucosa que recobre o estômago e produzindo a gastrite crônica ativa (gastrite tipo B).5 organism). posteriomente recebendo outras denominações. epidemiológicas e microbiológicas. Trabalhos experimentais demonstraram a capacidade de H. adere-se à camada celular unindo-se ao receptor fosfadinolamina. . a qual compromete o corpo gástrico. pilori produzir substâncias extracelulares que podem atuar como fatores de virulência ou coadjuvantes na instalação da infecção. A protease (mucinase) apresenta atividade endopeptidásica e capacidade de degradar mucina gástrica. Tendo sido demonstrado que a infecção por H. pilori persiste ao longo do tempo produzindo gastrite crônica. presente no antro gástrico. Geralmente o H. A degradação do muco gástrico pode ser um mecanismo que favorece a doença permitindo a degradação ácido pepsínica da mucosa. finalmente em 1989. A catalase e superóxido dismutase extracelular são grandemente produzidas por essas bactérias considerando-se portanto essas enzimas fatores de resistência aos mecanismos líticos oxidativos dos fagócitos polimorfonucleares. Por serem microrganismos flagelados a bactéria consegue atravessar rapidamente a camada de muco que recobre o estômago. muitos pesquisadores tentam mostrar a participação deste com fator de risco no desenvolvimento do câncer gástrico. para atingir a superfície epitelial e as criptas. Esta bactéria coloniza preferencialmente a superfície epitelial e as criptas gástricas. caracterizada por mudanças histopatológicas no epitélio. Porém. H. o nome foi definido Helicobacter pylori. pode ser sintomática ou assintomática. pilori tem preferência a mucosa gástrica por aderir intimamente em células epiteliais de origem gástrica do que com células epiteliais esofágicas ou fibroblastos gástricos. sua associação com estas patologias tem sido motivo de controvérsias e pesquisas clínicas. Patogênese e patogenicidade Desde os primeiros isolamentos correlacionou-se a presença destas bactérias na mucosa gástrica com a produção de gastrite e úlcera gástrica e duodenal. pilori não está associado com a gastrite crônica auto-imune tipo A. com aumento de células mononucleares e presença de infiltrado neutrofílico comprometendo as células secretórias de muco. nos países em desenvolvimento a ocorre precocemente e com freqüências mais altas. coloração de Gram revelando bacilos Gram-negativos ou coloração alaranjado de acridina e brometo de etídio. Nos países desenvolvidos 50% da população acima dos 60 anos apresenta a infecção. também isolada em sangue e fezes de crianças e mulheres . Diagnóstico Realizado a partir de biópsias gástricas ou duodenais obtidas por endoscopias. Técnica do bafo (urea breath test) através da qual os pacientes ingerem uma quantidade conhecida de uréia marcada com carbono (C). ou coloração com prata (método de Warthin-Starry). onde os títulos de anticorpos IgG e IgA específicas encontram-se elevados. O meio de cultivo utilizado é o ágar-sangue podendo-se acrescentar antimicrobianos. Uma vez adquirida pode persistir por anos e até mesmo durante toda a vida. No suco gástrico encontra-se anticorpos específicos IgG e IgM. metronidazol e subcitrato de bismuto com uma taxa de erradicação de 72%. em microaerofilia estrita. Outras espécies H.6 Resposta Imunológica Ocorre uma resposta sistêmica humoral específicas. Infecções iatrogênicas. São citocromooxidase. descritas. Tratamento A utilização monoterápica não é recomendada. Nas pessoas infectadas detecta-se aumento significativo de CO2 com carbono marcado. catalase e urease positivas (na prática clínica uma prova rápida e presuntiva é a prática da urease em biópsia). pylori é de distribuição mundial que tem sido isolada somente no ser humano. A maioria das vezes é utilizada amoxicilina. e devido ao crescimento lento a incubação deve ser de 7 dias. trinta minutos depois é medida a relação C/C no ar exalado pelos pacientes. proctolite. derivadas do emprego de instrumental contaminado. H. a via oral. bacteremia e infecção assintomática em homossexuais e pacientes com Aids. postula-se que a transmissão poderia ser de pessoa para pessoa e a rota de infecção. Técnica de ELISA empregando diversos antígenos somáticos também é utilizada. têm sido. cinaedi (inicialmente Campylobacter cinaedi envolvida em enterite. a incubação é de 37o C. são invasivas e embora não provoquem ulcerações extensas na mucosa intestinal. A patogenicidade das salmonelas varia de acordo com o tipo sorológico. SS e McConkey. apenas uma enterocolite que evolui sem complicações e desaparece dentro de uma semana ou menos. esplênicos e/ou neurológicos. nemestrinae (mucosa gástrica de primatas-Macacca nemestrina sem evidência patológica nesses animais). bissexuais e com Aids). As salmonelas paratíficas causam uma infecção bastante semelhante à febre tifóide. mustelae (isolado do epitélio gástrico do furão e produz gastrite e ulceração). e diferente sorotipos com base na composição antigênica com relação aos antígenos O (somáticos). Salmonella Typhi). Na nova nomenclatura desses bacilos. Existem 2. O material clínico depende do local de infecção. Nas infecções intestinais utiliza-se o ágar verde brilhante. De modo geral. os nomes dos sorotipos de Salmonella da subespécie enterica não são mais escritos em itálico e aparecem com a primeira letra maiúscula (Ex. hepáticos. dor de cabeça.5% dos sorotipos isolados. fennelliae (inicialmente Campylobacter fennelliae isolada de proctite. também tem sido isolado do epitélio gástrico de cães). bacilos Gram negativos aeróbios. felis (isolado da mucosa gástrica de gatos. H. os demais sorotipos de Salmonella. H. .324 sorotipos de salmonelas. diarréia. Algumas salmonelas não possuem flagelo. dor abdominal podendo produzir. ainda. outras possuem flagelo. no adulto normal. H. entre os quais 1. Vi (capsular) e H (flagelar). Dentro desta subespécie estão contidos cerca de 99.7 imunocompetentes). A Salmonella Typhi é o agente da febre tifóide. proctolite e bacteremia em pacientes homossexuais. que é caracterizada por febre. Diagnóstico Isolamento e identificação. Resistência ao soro Resistem à ação do sistema complemento. idade e condições de saúde do hospedeiro. Salmonella Esse gênero possui duas espécies. danos respiratórios. H. a infecção é também denominada toxinfecção de origem alimentar. muridarum (epitélio gástrico de ratos e camundongos e íleo de ratas). H.367 pertencem a subespécie enterica. Salmonella enterica e Salmonella bongori. Os sorotipos das outras subespécies de Salmonella enterica e aqueles da de Salmonella bongori são designadas apenas por sua fórmula antigênica . Como estas salmonelas são geralmente veiculadas por alimentos (principalmente leite e produtos avícolas). sangue ou muco. a infecção é mais freqüente e mais grave naquelas que não se alimentam de leite materno. . Existem algumas dessas bactérias que são móveis e outras imóveis (desprovidas de flagelos). coli são conhecidas: .E.8 Escherichia coli O gênero Escherichia compreende as espécies Escherichia coli. Entretanto. e o mecanismo de transmissão da infecção. A termoestabilidade é definida pela retenção da atividade tóxica após incubação a 100 oC. Essas bactérias têm a característica de adesão íntima localizada formando microcolônias na superfície das células epiteliais intestinais provocando lesão nas microvilosidades. caracterizados pelos seus antígenos O. Provavelmente nenhuma espécie bacteriana é tão versátil em sua patogenicidade como a Escherichia coli. Escherichia blattae. Neste caso dispensa-se antibioticoterapia na maioria das vezes. durante 30 minutos. entretanto.correspondem a biossorotipos bem definidos. E de modo geral. A LT-1 é produzida por amostras de ETEC associadas ao homem e a LT-II tem sido encontrada em amostras de ETEC isoladas de alimentos e certos animais. Escherichia fergusonii. O reservatório parece ser o próprio homem. coli enterotoxigênica (ETEC) – produzem as chamadas enterotoxinas LT (termolábil) e ST (tremoestável). coli enteroinvasora (EIEC) . o que sugere que a espécie E.E. coli. A antibioticoterapia é quase sempre desnecessária.Escherichia coli enteropatogênica clássica (EPEC) – causam diarréia em crianças com menos de 1 ano de idade. . estes sorotipos ou clones possuem características de virulência distintas. é constituída por uma variedade relativamente grande de bactérias patogênicas. o que confirma que amostras imóveis são derivadas de móveis por perda mutacional do flagelo. na comunidade. a única de maior importância prática é a Escherichia coli que compreende um grande número de grupos e tipos sorológicos. pelo menos seis categorias de E. Algumas amostras produzem as duas toxinas. Em hospitais e berçários. ainda não foi estabelecido. A razão da grande prevalência dessas EPEC nas crianças ainda permanece desconhecida. As ETEC aderem às células da mucosa do intestino delgado sem provocar qualquer alteração nas microvilosidades não penetrando no epitélio intestinal. porém quando necessária deve-se primeiro fazer antibiograma. Por esta razão as fezes dos pacientes afetados não apresentam leucócitos. a bactéria é transmitida por contato pessoal. e podem pertencer ao mesmo sorotipo. Escherichia hermannii e Escherichia vulneris. geralmente são imóveis e . enquanto a termolabilidade significa que a atividade da toxina é perdida nestas condições. Com relação as infecções intestinais. carne suína). As infecções por EIEC costumam curar espontaneamente. Yersinia O gênero compreende várias espécies. apresentando em comum muitas características bioquímicas. Existem atualmente mais de 50 tipos de sorotipos de EHEC. e estão associadas em casos de colite hemorrágica. São mais freqüentes em crianças maiores de dois anos de idade e no adulto.sendo a maior complicação das infecções caracterizada por anemia hemolítica.E. genéticas e de patogenicidade. antigênicas. coli enterohemorrágica (EHEC) – produzem a citotoxina SLT-I e STLII. são estreitamente relacionadas a Shigella. trombocitopenia e falha renal aguda que pode se estender a outros órgãos. coli que adere difusamente (DAEC) – seu papel na diarréia é controvertido. . São bastante freqüentes nas fezes de crianças normais e com diarréia aguda. A transmissão pessoa-pessoa também pode ocorrer. sangüinolenta (colite hemorrágica) e síndrome hemolítica urêmica (HUS) em crianças e adultos. coli O157:H7 é o protótipo desta categoria. produzindo um número relativamente grande de surtos de intoxicação alimentar decorrentes da ingestão de hambúrgeres contaminados. mas a E. febre e dor abdominal. principalmente infecção intestinal adquirida por ingestão de alimentos contaminados (leite. A HUS. pode-se desenvolver uma artrite (entre outras doenças) de duas a seis semanas após cura da infecção intestinal.9 que não descarboxilam a lisina. alguns pacientes apresentam quadro de apendicite aguda.E. as principais espécies que causam infecções no homem. coli enteroagregativa (EaggEC). Por . ainda não está totalmente comprovado. . O papel das citotoxinas na indução da diarréia ainda não está comprovado. no entanto trabalhos têm mostrado uma associação das EaggEC com diarréia de duração de 7 a 14 dias. Yersinia enterocolitica e Yersinia pseudotuberculosis. Atualmente são conhecidos 14 sorotipos de EIEC. A taxa de mortalidade é de 310%.Formam um padrão agregativo de adesão. quando se associam com células Hep-2 ou Hela. Podem causar uma diarréia branda.E. . E quando necessária a administração de antibiótico indica-se ampicilina. Em alguns casos. A transmissão se faz pela ingestão de água e alimentos contaminados e contato pessoal. Yersinia enterocolitica e Yersinia pseudotuberculosis podem causar diferentes tipos de infecções no homem. Os sintomas da Yersinia enterocolitica podem ser de brandos a severos com diarréia. sendo a Yersinia pestis. Outra característica do bacilo de Shiga.. caracterizando-se por invasão e destruição da camada epitelial da mucosa. com intensa reação inflamatória. patogenicidade causa a shigelose ou disenteria bacilar. shiguella constituído de 4 espécies: shiguella dysenteriae (grupo a. sendo todos os sorotipos patogênicos. shiguella sonnei (grupo d. as shigelas são plenamente virulentas se crescerem a 37 oC em meio com alta osmolaridade (10-15% de sacarose). a shigelose localiza-se no íleo terminal e cólon. raramente a shiguella invade a circulação do paciente. Adquiri-se a infecção pelo contato com água contaminada ou . shiguella flexneri (grupo b.10 fim a Yersinia pseudotuberculosis produz infecção intestinal semelhante a Yersinia enterocolitica exceto pela ausência de diarréia. Tratamento e prevenção Não há exigência de tratamento antimicrobiano. muco e sangue nas fezes. Diagnóstico Em semeadura feita em meio de cultura MacCkonkey ou SS entre outras técnicas. alguns estudos sugerem que a morte celular decorre da interferência das shigelas no metabolismo respiratório da célula. Os microrganismos resides normalmente em hospedeiros vertebrados inferiores e são transmitidos aos seres humanos. Utilização de água tratada. é sua capacidade de causar extensas epidemias (Ex. Epidemiologia A freqüência da infecção aumenta com a idade da criança e condições de higiene. os sorotipos de shiguella são caracterizados somente pelos antígenos o. shiguella dysenteriae tipo i (bacilo de shiga) esta difere das demais por produzir uma cototoxina que provoca morte celular. a shiguella prolifera nas células epiteliais infectadas levando essas células à morte. tanto para consumo como para lavagem de alimentos e cuidados de higiene pessoal. I(lisa) e II (rugosa)). América Central e sul do México – 19609 e 1970).18 sorotipos). pois as infecções causadas por esses microrganismos são autolimitadas.que aparece em duas formas.6 sorotipos e dividido em subtipos). presença de leucócitos.13 sorotipos). shiguella boydii (grupo c. enterocolitica). ELISA. na pesquisa do agente diretamente das fezes essas sondas têm . Teste que podem dar positivo. por exemplo Shigella. Proteus mirabilis. Citrobacter. Uma vez colhida. As fezes devem ser semeadas em meios apropriados para o isolamento. Dot-ELISA. A coprocultura deve sempre ser acompanhada com um exame bacterioscópio de esfregaço de fezes corado pelo Gram. tais como imunofluorescência. Enterobacter e Providentia. entretanto ainda não são aplicados nos laboratórios de rotina. Ágar desoxicolatocitrato. coli não-enteropatogênica. as fezes devem ser encaminhadas ao laboratório no máximo no período de 3 horas. com os meios McConkey. Para todas as infecções intestinais existe portanto Diagnóstico geral Coprocultura – o diagnóstico das infecções intestinais é feita pela cultura de fezes que devem ser coletadas no ínicio da diarréia (isso é importante porque o número de bactérias excretadas diminui com o passar do tempo.11 contato pessoal. Klebisiella. Métodos alternativos para o diagnóstico Vários testes imunológicos estão sendo propostos na tentativa de se pesquisarem antígenos diretamente do material clínico. acredita-se que 100 bactérias são necessárias para causar a doença. Ágar Salmonella-Shigella. Interpretação dos resultados O resultado negativo não indica necessariamente que o paciente não seja portador de enteropatógenos e o resultado positivo geralmente indica que o enteropatógeno isolado é a causa da diarréia. Morganella morganii. tais como E. sendo utilizadas para diagnóstico. sugere a infecção por germes invasores. co-aglutinação e aglutinação. A quantidade de leucócitos aumentadas. De uma maneira geral. uma vez que o número de portadores assintomáticos não é elevado. meio Y (Y. refere-se ao isolamento de enterobactérias da microbiota normal não associadas a diarréia. Este fator deve ser considerado pois algumas bactérias se tornam inviáveis para o cultivo após esse tempo. o que reduz a possibilidade da cultura ser positiva. Sondas genéticas foram desenvolvidas para detecção de genes que codificam os fatores de virulência. .Pelo que você viu em todas essas infecções intestinais. qual o tratamento básico que se deve realizar nos pacientes doentes? 3.Defina diarréia aguda. coli.Como se preconiza a forma de tratamento para H.12 sido menos sensíveis que quando aplicadas à microrganismos de cultura. 2. sexta-feira à tarde. na Secretaria da Disciplina de Microbiologia e Imunologia com Anderson. qual grupo parece ser a forma mais agressiva de infecção intestinal? 4. O PCR é o método mais sensível para a pesquisa do agente diretamente do material clínico. Questões 1. porém este método também não é utilizado no Brasil.Entre as bactérias E. pylori? Observação: Adquirir o texto sobre diarréia aguda.
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