TEXTO: 1 SAMUEL 1: 19-28 TEMA: “SER MÃE É DESFRUTAR DE UM APRENDIZADO ESPECIAL” Ao estudarmos o livro de Salmos, é impressionante a quantidade de versos em queo salmista pede que o Senhor o ensine algo. Em vários textos bíblicos percebe-se que Davi estava disposto a aprender o que o Senhor tinha para lhe ensinar. Davi orou pedindo a Deus: "Ensina-me a fazer a tua vontade"; "ensina-me os teus decretos"; "ensina-me os teus juízos"; "ensina-me os teus preceitos"; "ensina-me as tuas veredas"; "ensina-me a tua lei"; “ensina-me os teus estatutos”. No Salmo 25:5, lemos mais um clamor do salmista: "Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação, em quem eu espero todo o dia." Davi tinha um coração ensinável, isto é, que estava disposto a aprender a sabedoria que vinha do Senhor. Mas a verdadeira sabedoria não está relacionada somente com “aprender verdades espirituais.” O que distingue um homem sábio é a prática do que ele aprendeu. É por isso que o apóstolo Paulo exorta os irmãos na igreja de Filipos: "O que também aprendestes, e recebestes, e ouvistes, e vistes em mim, isso praticai; e o Deus da paz será convosco" (Fl. 4:9). Sob o ponto de vista bíblico, a prática do ensino recebido é que define se realmente aprendemos. No texto bíblico em epígrafe observamos a história da mãe do profeta Samuel, Ana. Esta era uma mulher de fibra que desfrutou de um aprendizado especial em sua vida. Ela foi instruída no seu dia-a-dia e aprendeu ricas lições ensinadas pelo Senhor. Como mãe, ela desfrutou de lições belíssimas e profundas que estão neste contexto. Estas lições que ela desfrutou são importantes também para as mães atuais, pois tudo que foi escrito na Palavra de Deus serve para nos ensinar. Hoje se comemora o dia das mães. E espera-se que a mãe repasse ensinamentos que são importantes para formar o caráter do seu filho. Mas uma mãe só pode dar o que ela tem. Ou seja, uma mãe só pode ensinar algo para o filho, se ela mesma já desfrutou de um aprendizado anterior. É claro que ser uma mãe que esteja afinada com a glória do Senhor leva tempo e exige muito empenho. Neste processo de aprendizado e treinamento, as mães irão derramar lágrimas e passar por momentos difíceis, mas o fato é que este aprendizado é muito especial. Até porque ser mãe não é uma profissão, é um chamado que traz consigo uma série de alegrias e tristezas, sonhos e noites em claro, sorrisos e dores, etc. Então, com base no contexto e no tema que foi escolhido, eu gostaria de afirmar que: “Ana desfrutou de um aprendizado especial em sua vida” S. I.: Mas de que maneiras Ana desfrutou deste aprendizado especial em sua vida? Ana priorizou a glória do Senhor. Posso afirmar que não existe aprendizado mais especial do que este. A Bíblia nos ensina em I Co. 10:31: “Portanto, quer comais ou bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei isto para a glória de Deus.” Nas coisas mais básicas da vida o propósito de um servo do Senhor deve ser priorizar a glória do Senhor. As mães que desejam desfrutar de um aprendizado verdadeiramente especial não podem deixar de lado este ensino bíblico: tudo deve ser feito visando a glória do nosso Deus. O exemplo de Ana nos aponta para E se há nesta noite alguma mãe que tem interesse em desfrutar deste aprendizado especial em sua vida, quero alertar que a primeira atitude necessária deve ser render-se em submissão a Cristo, que pagou o preço na cruz do Calvário por nossos pecados. As mães que ainda não se renderam diante da graça de Deus não possuem um coração ensinável, e, portanto, não podem aprender e vivenciar o que a Palavra de Deus ensina. Lembre-se disto: você só poderá desfrutar de um aprendizado especial na íntegra quando Cristo for o Senhor e o Salvador da sua vida, para a glória de Deus Pai. S. T.: Então, de acordo com este texto bíblico, Ana desfrutou de um aprendizado especial em sua vida de pelo menos três maneiras: 1ª.) RECONHECENDO QUE A MATERNIDADE É UMA DÁDIVA DO SENHOR (vs. 20, 27) Ana não podia ter filhos e oferecer descendência ao seu marido Elcana. Não gerar filhos era um estigma na sociedade judaica. Mas Ana confiou no Senhor apesar desta situação que tanto a incomodava. Ela direcionou suas súplicas ao Deus de Israel e fez d’Ele seu alto refúgio. Os versículos 20 e 27 comprovam que Ana não tinha dúvidas sobre o presente que recebeu do SENHOR. A maternidade é algo sublime, pensado e planejado por Deus desde a criação. O Salmo 127.3 nos afirma que os filhos são presentes de Deus “Herança do SENHOR são os filhos; o fruto do ventre, seu galardão”. Ter filhos não é apenas resultado de um relacionamento entre um homem e uma mulher, mas sim, da bênção de Deus, em conceder frutos daquele relacionamento. Eva entendeu isto muito bem, pois, quando concebeu Caim (Gn. 4.1), disse que havia adquirido aquele filho com a ajuda do Senhor. Os filhos são herança do Senhor, uma recompensa que Ele dá. Os filhos vêm do Senhor, já que Deus é o próprio Autor da vida. Todo dia nascem crianças nas maternidades ao redor do mundo, e isso é prova do grande milagre do Senhor (Ele não desistiu da humanidade). Sabemos que os filhos não servem para completar o casal, pois o casal já é uma família, mas os filhos são dádivas divinas úteis para ampliar a família. Quando recebemos um presente de alguém é importante cuidar bem deste presente. Deus presenteia as mães com filhos e filhas: a bênção da maternidade. Sendo assim, as mães devem cuidar com zelo e amor deste presente que lhes foi confiado. Sabemos que ser mãe não é uma tarefa fácil, pois envolve uma série de situações que exigem decisões sábias. As mulheres que já são mães enfrentam várias circunstâncias adversas. E neste processo muitas vezes doloroso de criar filhos há um aprendizado em progresso na vida das mães. Faz parte do aprendizado contínuo, depositar total confiança no Senhor em meio aos dramas/dificuldades que enfrentam, por exemplo: doenças na família, dificuldades financeiras, reveses no trabalho, rebeldia dos filhos, falta de comunicação efetiva, um líder omisso dentro do lar. Além disso, Satanás, o arquiinimigo de nossas almas quer destruir a família, e nunca desiste do seu plano de arruinar esta estrutura projetada por Deus. Ele não vai deixar de lançar dardos inflamados para derrubar os pilares que sustentam uma família. Por isso, é necessário confiar exclusivamente no Senhor diante das oposições do inimigo. A mãe que deseja glorificar ao Senhor deve confiar nos recursos disponibilizados pelo próprio Deus para lidar com todas estas dificuldades sabiamente. Muitas mães reclamam de sua condição ao lidar com “filhos trabalhosos” e colhem muitos espinhos nesta relação. Algumas encaram o filho como “uma cruz” que devem carregar. Mas o problema é porque não estão investindo em alicerces espirituais do modo como a Palavra de Deus requer. Por ser uma dádiva do Senhor, a maternidade carrega consigo privilégios, mas também enormes responsabilidades. Uma delas é que as mães devem estar atentas na criação dos seus filhos evitando pecar contra o Senhor. O ponto de partida não é moldar o comportamento da criança, mas trabalhar o coração dela para que saiba discernir o que é certo/errado, e o que agrada e desagrada a Deus. É por isso que o treinamento moral deve começar bem cedo. Apesar dos espinhos do caminho, a mãe que desfruta de um aprendizado especial em sua vida reconhecerá que é uma grande bênção do Senhor o fato de ter uma família e filhos. Deus é honrado e glorificado quando as mães cristãs agradecem pelo dom que receberam. Reconhecer que tudo procede do Senhor é uma fonte inesgotável de gratidão. Mãe, a pergunta é bem simples, mas muito significativa: “Você é grata ao Senhor pelos filhos que Ele lhe deu e pela família que você tem?” “Quantos motivos de louvor você já levou ao Senhor pela dádiva maravilhosa da maternidade?” Não se limite a agradecer a Deus pela bênção de ser mãe apenas nesta data especial. Cultive um coração sempre grato ao Senhor, apesar das dificuldades que enfrenta na educação dos seus filhos. A mãe que reconhece que a maternidade é uma dádiva do Senhor desfruta de um aprendizado muito especial em sua vida. É importante que cada uma veja sua condição de mãe como uma bênção e uma oportunidade concedida por Deus para glorificá-lo em todo instante. 2ª) RECONHECENDO QUE O DESPRENDIMENTO É UMA ATITUDE NECESSÁRIA (vs. 22, 28) O desprendimento de Ana é notório neste contexto. Depois de anos sem conseguir gerar um filho agora ela tem Samuel, que foi prometido para ser consagrado à obra de Deus por toda a sua vida. Ana se dirige até Siló depois de ter desmamado a criança para ali deixá-la aos cuidados do sacerdote Eli. Ana devolveu voluntariamente ao Senhor o que ela mais desejava nesta Terra. O menino Samuel era o motivo de não ser mais desprezada por outras mães. No entanto ela entendeu que o que ela tem não lhe pertence, mas vem e é de Deus. Samuel ficou no templo em Siló servindo ao sacerdote por todos os dias de sua vida. Este exemplo de desprendimento deve nos chamar a atenção! Ana entendeu o significado de ser uma verdadeira despenseira de Deus. Ela aprendeu a priorizar a glória do Senhor em sua vida e por isso mesmo não se apropriou do que pertence a Deus. A mordomia foi exercida por Ana com louvor, que abriu mão de estar acompanhando o desenvolvimento do seu filho para que ele fosse educado nos preceitos da Torah. Mordomia significa que consideramos tudo o que temos como pertencente ao Senhor – somos apenas administradores temporários do que Ele nos confiou gratuitamente. Sob esta perspectiva, nada que eu tenho é de propriedade exclusiva minha, mas está apenas sob a minha guarda. O Salmo 127:4 compara os filhos com flechas. Os filhos são flechas nas mãos do guerreiro: eles são carregados e depois lançados para longe, para o alvo. Neste versículo, o tema desprendimento está implícito. A ideia do versículo é que chegará o momento em que a flecha deve ser lançada para cumprir outros propósitos. E feliz é a mãe que cumpre com sensatez o seu papel dentro do lar. No momento certo seus filhos devem sair da “aljava”. As mães que entendem o significado da “mordomia” preparam bem as suas flechas para que possam também acertar o alvo de viver para a glória de Deus. Quantas mães não conseguem exercer o desprendimento quando seus filhos decidem ir para o Seminário ou servir no ministério em algum país distante? Outras mães projetam nos seus filhos os sonhos pessoais que não conseguiram realizar. Muitas expectativas elevadas são criadas em torno dos filhos, para que eles se adaptem aos desejos da mãe. As frases mais ouvidas pelos filhos são conhecidas: “você devia estudar para ser bem-sucedido na vida”; “você tem que se dedicar para ter um futuro melhor”; “você não tem juízo não, meu filho?” Precisamos de mães que ousem consagrar os seus filhos para Deus. Precisamos de mães que abram mão de seus filhos para realizar os grandes projetos de Deus. É necessário cultivar o desprendimento também quando chega o momento do filho sair de casa e constituir outra família. Tanto o filho tem que se desprender de seus pais, como também os pais devem dar espaço para que uma nova família seja formada sem interferências. Muitas famílias se desestruturam rapidamente por causa de uma interferência exagerada por parte dos pais. Aqui eu deixo um conselho a todas as mães: exerçam o desprendimento! Seus filhos são como flechas! O desprendimento não se restringe somente aos filhos. As mães que querem priorizar a glória do Senhor em suas vidas também exercem o desprendimento quando não cedem à pressão da sociedade para serem mulheres de sucesso. Não existe nenhuma missão mais sublime, mais urgente e mais importante do que a causa da família. Uma mãe de sucesso não é aquela que trabalhou 12 horas por dia e chega em sua casa tarde da noite para aumentar o orçamento da família. Do ponto de vista de Deus, uma mãe de sucesso é aquela que levou seu filho a cultivar o temor do Senhor, priorizando Sua glória e verdade. E para isso a mulher-mãe tem que se desprender das expectativas que a sociedade impõe sobre ela. A. W. Tozer escreveu: “Há uma doce teologia do coração que só se aprende na escola da renúncia e do desprendimento.” Deus sempre requer desprendimento por parte das mães para que possam cumprir os Seus propósitos. Na tarefa de ser mãe muito desprendimento será exigido, desde o nascimento do filho até o momento em que ela deixa seu lar e constitui nova família. Lembre-se: Seus filhos são flechas, não bumerangues. 3ª) RECONHECENDO QUE A SUBMISSÃO AO SENHOR É UM TESTEMUNHO VALIOSO (vs. 24, 25) Outra maneira que podemos observar na vida de Ana que mostram o aprendizado especial que ela desfrutou está relacionada com o testemunho que esta mulher sempre demonstrou. Até mesmo antes de ser mãe, ela já mostrava a todos sua submissão ao Senhor. Ano após ano, ela subia até Siló para sacrificar ao Senhor e numa destas viagens orou no santuário clamando por um filho. Sua expressão de confiança em Deus foi até mal interpretada pelo sacerdote Eli, mas seu testemunho de fé não foi desperdiçado. Deus, na Sua maravilhosa providência, abençoou sua serva com um filho, e três anos depois Ana retorna a Siló para cumprir o voto que fizera diante do Senhor. Ela trouxe “um novilho de três anos de idade, uma arroba de farinha e uma vasilha de couro cheia de vinho”, para oferecer em sacrifício diante de Deus. O exemplo de submissão desta mulher nos mostra foi um testemunho valioso na vida de seu filho Samuel e de todos que a cercavam. Aquela criança se tornou o porta-voz especial de Deus e um dos maiores líderes de Israel. Mães submissas ao Senhor causam um impacto muito forte na vida dos seus filhos. Vamos pensar numa mãe cristã do passado. Poucas mulheres na história possuíram a sensibilidade espiritual, o vigor e a sabedoria de Susanna Wesley. Ela alfabetizava os seus filhos usando o livro dos Salmos como apostila. Seu objetivo era ser um exemplo: praticava o que ensinava aos seus filhos. O seu filho John Wesley, fundador do metodismo, escreveu o seguinte sobre a sua mãe: "...ela nunca perdeu seus altos ideais e nem a sublime fé." A oração mais freqüente nos lábios desta mãe diante dos seus filhos era: “Dá-me graça, oh Senhor, para ser uma cristã verdadeira." O bemestar espiritual de seus filhos interessava muito a Susanna. Ela guiou os seus filhou a apreciar as coisas do Espírito e levou avante este ensinamento até seus anos de maturidade. Mesmo já idosa, seu filho John Wesley ainda recorria aos conselhos de sua mãe, que não perdeu a devoção com o passar dos anos. Pouco antes de falecer, ela pediu: “Filhos, assim que eu me libertar deste corpo, cantem um Salmo de louvor a Deus”. Eles atenderam ao último pedido da sua mãe. Mãe, quais são as marcas de submissão ao Senhor que seus filhos podem enxergar em sua vida? Seus filhos podem olhar para o seu exemplo e perceber que sua vida está submissa à vontade de Deus? Não estou falando de perfeccionismo (até porque é impossível por causa da presença do pecado), mas a mãe que deseja glorificar ao Senhor não pode negligenciar o testemunho pessoal dentro do seu lar. Não podemos garantir que os filhos seguirão os caminhos do Senhor sem se desviar, pois o coração é enganoso (Jr. 17:9), mas o exemplo de uma mãe submissa a Deus deixará marcas que de alguma forma ficaram na memória. Mãe, qual foi a última vez que você chamou seus filhos para orar? É certo que sob o homem recai a responsabilidade de ser o “sacerdote do lar”, mas isto não tira da mãe o privilégio de gastar tempo em oração com seus filhos. Mãe, qual foi a última vez que fez uma leitura bíblica e ensinou princípios espirituais para as crianças? O que Moisés estabeleceu continua em plena vigência: "Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te" (Dt. 6:6-7). A palavra “inculcar” no original significa “afiar”. Ou seja, Deus nos dá filhos para que nós possamos afiá-los com Sua Palavra e assim no tempo certo, serão úteis para o Senhor. Mães dediquem tempo a ensinar princípios eternos aos seus filhos e a discipliná-los conforme a instrução da Palavra de Deus. O exemplo de vida que vocês estão deixando para eles é extremamente valioso. O apóstolo Paulo chegou ao ponto de elogiar a fé sem fingimento de Eunice, a mãe de Timóteo (2 Tm. 1:5). Esta referência bem curta à mãe de Timóteo nos indica que Eunice era uma mulher zelosa e dedicada à fé cristã. Sua fé sem fingimento foi essencial na educação do seu filho, que mais tarde se tornaria um obreiro dedicado à causa do Senhor. Mães não desperdicem a posição que o Senhor as colocou. Este papel que vocês desempenham é importante para solidificar valores morais e espirituais em seus filhos, que terão maior probabilidade de andar nos caminhos do Senhor quando forem adultos (Pv. 22:6). Cumpram o seu papel com firmeza e zelo, dedicando-se ao Senhor com todas as suas forças. "SER MÃE É MUITO MAIS DO QUE DAR À LUZ, É SER LUZ NA VIDA DOS FILHOS.”