MEDICINA LEGAL - HIGYNO HERCULESINTRODUÇÃO A MEDICINA LEGAL CONCEITO DE MEDICINA LEGAL A medicina legal é a um só tempo arte e ciência. É arte porque a realização de uma perícia médica requer habilidade na pratica do exame e estilo na redação do laudo; é ciência porque, além de ter um campo próprio de pesquisas, vele-se de todo o conhecimento oferecido pelas demais especialidades médicas. A medicina legal é uma especialidade médica, só podendo exercer quem possui habilidades especiais para tal, sob pena de haver prejuízo ao laudo. SUBDIVISÕES DA MEDICINA LEGAL Patologia forense Toxicologia forense Infortunística Antropologia forense Sexologia forense Psiquiatria forense Deontologia A PATOLOGIA FORENSE estuda toda a: Traumatologia forense e a Tanatologia. Na traumatologia forense são estudados as energias vulnerantes, seu mecanismo de ação e suas conseqüências pessoais e sociais. Já a tanatologia visa ao estudo da morte, sua conceituação, sua causa jurídica e os fenômenos cadavéricos que enseja. A TOXICOLOGIA FORENSE tem por objeto de estudo: As substâncias tóxicas Seus efeitos sobre o ser humano Seu mecanismo de ação Seu modo de detecção em casos concretos e O esclarecimento de aspectos de repercussão jurídica. A INFORTUNÍSTICA ocupa-se dos acidentes do trabalho, sua etiologia, dinâmica e suas conseqüências. Estabelece o nexo entre os acidentes e as incapacidades laborativas. Embora não seja essa a opinião da maioria dos autores, achamos que deva incluir também o estudo dos acidentes pessoais não relacionados ao trabalho. Na ANTROPOLOGIA FORENSE são estudados: Os restos mortais Os despojos humanos Causa da morte Ascendência e Outros dados de valor social. A SEXOLOGIA FORENSE abrange os aspectos relacionados com o diagnóstico de: 1|Página Virgindade Violência sexual Gravidez Puerpério Aborto e Problemas médico-legais relativos ao casamento. A PSIQUIATRIA FORENSE tem por finalidade a avaliação da responsabilidade e da capacidade civil, que podem estar alteradas em função de distúrbios mentais. Nela são abordados: A embriaguez e As toxicomanias A DEONTOLOGIA é um capitulo da medicina legal que se ocupa das normas éticas a que o medico esta sujeito no exercício da profissão. Por extensão, abrange a responsabilidade profissional das esferas penal, civil, ética e administrativa. Seu campo de estudo inclui a bioética e seus princípios. PERÍCIA E PERITOS – DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS Quando os fatos alegados num processo deixam vestígios matérias e se desvanecem no mesmo instante em que ocorre, ou logo após, sua comprovação em juízo só pode ser feita pela prova testemunhal. E o relato dessas testemunhas pode, por diversas rações, não corresponder fielmente à realidade. Mas se resultam vestígios duradouros, com a possibilidade de serem detectados, o seu exame e registro devem ser feitos obrigatoriamente. O exame desses elementos materiais, quando feito por técnico, é chamado de PERÍCIA. Os achados periciais devem predominar mesmo que se oponham a depoimentos testemunhais. CORPO DE DELITO Quando o fato produz alterações materiais no ambiente, dá-se o nome de CORPO DE DELITO ao conjunto de elementos sensíveis denunciadores do fato criminoso. São os elementos materiais, perceptíveis pelos nossos sentidos, resultantes da infração penal. Esses elementos sensíveis, objetivos, devem ser alvo de prova, obtida por meios que o direito fornece. Os técnicos dirão da sua natureza e estabelecerão o nexo entre eles e o ato ou omissão por que se incrimina o acusado. É DIRETO o corpo de delito objeto da atividade pericial. Chama-se, indevidamente, de corpo de delito INDIRETO a substituição do exame objetivo pela prova testemunhal, subjetiva. Indevidamente, pois não há corpo, embora exista o delito, porque faltam os sinais, os vestígios, os elementos materiais. DOCUMENTOS MÉDICO-LEGAIS RELATÓRIO MÉDICO-LEGAL É a narração escrita e minuciosa de todas as operações de uma perícia médica determinada por autoridade policial ou judiciária. Quando ditado a um escrivão durante o exame, chama-se AUTO Se redigido depois de terminada a perícia, deve ser chamado de LAUDO. Pode ser dividido em 7 partes: 1 Preâmbulo 2 Quesitos 2|Página 3 4 5 6 7 Histórico Descrição Discussão Conclusão e Resposta aos quesitos. PREÂMBULO É uma espécie de introdução na qual constam: A qualificação da autoridade solicitante; A qualificação do perito; A qualificação do examinado; O local onde é feito o exame; A data e a hora; O tipo de perícia a ser feita. QUESITOS São perguntas cuja finalidade é a caracterização de fatos relevantes que deram origem ao processo. Não existem quesitos oficiais no foro cível. HISTÓRICO É a contrapartida médico-legal da anamnese do exame clínico comum. Pode ser fornecido pelo próprio periciando ou nas autopsias. Em se tratando de autopsia, é preciso não esquecer que os dados da guia de remoção cadavérica devem ser transcritos, não endossados. DESCRIÇÃO É a parte mais importante do relatório médico-legal. Não pode ser refeita com a mesma riqueza de detalhes em um exame ulterior. A evolução das lesões pelo processo inflamatório e/ou cicatrização faz com que os aspectos se modifiquem. Nas lesões em cadáveres, os processos de decomposição alteram seu aspecto. Assim, o melhor momento para a boa descrição é o primeiro exame. É de boa norma não diagnosticar durante a descrição. DISCUSSÃO Se não houver contradições aparentes, pode não ser necessária. Contudo, quando surge alguma discrepância é imperiosa. Nesses casos, os achados têm que ser analisados sob novos ângulos, tentando encontrar uma explicação para as diferenças. Podem ser formuladas hipóteses diferentes, por vezes envolvendo a necessidade de estudos mais detalhados e exames complementares. CONCLUSÃO Terminadas a descrição e a discussão, se houver, o perito assume uma posição quanto à ocorrência, ou não, do fato com base nas informações do histórico, nos achados do exame objetivo e no seu confronto. As conclusões podem ser afirmativas ou negativas. RESPOSTA AOS QUESITOS Em caso de dúvida, os peritos devem responder que não têm dados para esclarecê-la. Terminado o relatório, o perito deve assiná-lo. A data do exame pode constar do preâmbulo, estar no inicio da descrição, ou ser colocada antes das assinaturas finais. CONSULTA MÉDICO-LEGAL 3|Página É um documento que exprime a dúvida e no qual a autoridade, ou mesmo um outro perito, solicita esclarecimento sobre pontos controvertidos do relatório, em geral formulando quesitos complementares. PARECER MÉDICO-LEGAL Quando uma consulta médico-legal envolve divergências importantes quanto à interpretação dos achados de uma perícia, de modo a impedir uma orientação correta dos julgadores, estes, ou qualquer das partes interessadas, podem solicitar esclarecimentos a uma instituição ou a um perito. O documento gerado por esse tipo de consulta recebe o nome de PARECER. Segundo Fávero, um parecer consta de: Preâmbulo; Exposição; Discussão e Conclusão Não existe a descrição. O preâmbulo é onde ficam as qualificações das autoridades que o elaboram e do parecista. A exposição compreende o motivo da consulta, os quesitos formulados e o histórico do caso a ser analisado. É na discussão que o parecista demonstra seu poder de argumentação. Não há, como no relatório, o dever cívico de servir à justiça. A conclusão deve sintetizar os pontos relevantes da discussão de modo claro e suscinto. ATESTADO MÉDICO É a afirmação simples e por escrito de um fato médico e suas consequências. Podem ser: JAO Oficiosos; Administrativos ou; Judiciários. Oficiosos são os atestados solicitados por quaisquer pessoas a cujo interesse atendem. Visam unicamente ao interesse privado. São por exemplo, os atestados de saúde para admissão, etc. Os administrativos são os exigidos pelas autoridades administrativas. São dessa categoria os que os empregados/servidores públicos são obrigados a apresentar quando solicitam licença ou requerem a aposentadoria, atestados de vacinação ou atestados de sanidade física e mental para admissão em escolas e repartição pública. Judiciários são os atestados requisitados por juiz. O exemplo mais comum são aqueles com que os jurados justificam suas faltas ao tribunal do júri. Só os atestados que interessam à justiça constituem documentos médico-legais. A declaração do diagnostico no corpo do atestado só é permitida em casos de dever legal, justa causa, ou por autorização expressa do paciente. DECLARAÇÃO DE ÓBITO ASPECTOS LEGAIS: Em primeiro lugar, é preciso que seja diagnosticada a morte. Juridicamente a morte pode ser: Natural Violenta ou Suspeita. Entende-se por violenta a morte não natural decorrente da ação de energias externas. Pode assumir a forma de: 4|Página Acidente; Suicídio; Crime. Morte suspeita é aquela cuja causa jurídica precisa ser esclarecida por não se ter certeza de ter sido natural. O médico está sujeito a normas legais que ora o impedem de declarar o óbito, ora o obrigam a fazê-lo. O médico assistente está impedido de firmar a declaração de óbito quando se tratar de morte em que a causa tenha sido claramente violenta, ou, pelo menos, tenha havido suspeita de violência. Mesmo que o paciente tenha morrido de uma complicação remotamente relacionada com o trauma, a morte é tida como violenta desde que se possa estabelecer um nexo causal. Seria o caso, por exemplo, de um individuo que, tendo sido atropelado e sofrido fratura no fêmur, tivesse ficado acamado por tempo prolongado e viesse a morrer por broncopneumonia decorrente de acúmulo de secreções nos pulmões, facilitando a sua invasão de bactérias. Tais pneumonias de estase são complicação possível na evolução de doenças traumáticas em que o paciente tem que permanecer deitado por muitos dias. Nos casos de morte natural a que não tenha assistido, também fica impedido de preencher a declaração. Contudo, em casos de óbito hospitalar, mesmo não tendo acompanhado o caso, pode ter acesso às informações no prontuário. O mesmo não se dá quando o doente fica internado por curto período, em geral, menos de 24 horas, sem que se tenha chegado a uma conclusão quanto à causa da morte. Nesses casos, existem normas que variam de um estado para outro, mas que, em síntese, estabelecem que é da responsabilidade do serviço de patologia do hospital a realização da autopsia para esclarecê-la. O corpo pode ir para o Instituto Médico-legal ou para um serviço de verificação de óbito. Caso não haja, o médico deve declarar no atestado que se trata de morte sem assistência, de causa indeterminada. Por outro lado, o médico assistente não pode esquivar-se de firmar a declaração de óbito sem justa causa. O desconhecimento de algum detalhe referente ao modo de morte não é razão suficiente para desrespeitar o direito que a família tem de posse e guarda do cadáver, mesmo que isso implique prejuízo por deixar incompleta a documentação cientifica do caso. De acordo com a lei dos registros públicos, o registro de óbito tem que ser feito mesmo que a criança tenha nascido morta. Nesse caso, o médico tem que esclarecer que se trata de óbito fatal. Mas podem nascer mortos produto da concepção em qualquer fase da gestação. E é aí que surge o problema de saber a partir de que idade da gestação está o médico obrigado pela lei a passar o atestado. Estabelecido o limite, ele poderá, se o desejar, recusar-se a dar a declaração nos casos em que a idade lhe seja inferior. A Organização Mundial de Saúde divide as perdas fetais em: Precoces – até 20 semanas; Intermediárias – de 20 a 27 semanas; Tardias – de 28 semanas em diante. Como a caracterização da idade gestacional é, por vezes, difícil, podem ser usados outros dados do produto, como o seu peso: Precoces – até 500g; Intermediárias – de 500g a 1000g; 5|Página b) Hemotórax. retirados ou examinados. os patologistas forenses devem recolher fragmentos das principais vísceras para exame histopatológico e. O atestado médico seria preenchido da seguinte maneira: a) Anemia aguda. surgem causas consequênciais entrelaçadas que. chegam à causa imediata. d) Projéteis de arma de fogo. acima de 1000 g e acima de 35 cm). Tardias – acima de 35 cm. material para exame toxicológico e microbiológico. recomenda-se que sejam cremados no incinerador da instituição em que foram expulsos. porém. Esta seria definida como: a) Doença ou lesão que iniciou a sucessão de eventos mórbidos que levou diretamente à morte ou. Para isso. a OMS recomenda que sejam preenchidas voluntariamente para que as informações possam ser aproveitadas na confecção das tabelas de mortalidade. A obrigatoriedade recai sobre as perdas fetais tardias (acima de 28 semanas. pois passa a ser considerado cadáver. Intermediárias – 25 e 35 cm. Suponhamos que um médico-legista tenha feito a necropsia de um individuo morto a tiros que tenha sofrido feridas transfixantes do coração e dos pulmões. Tardias – acima de 1000g. torna-se necessária a apresentação da certidão de óbito. por fim. a causa da morte será declarada indeterminada. Embora não haja determinação legal. O corpo tem que ser enterrado ou cremado nos casos em que é obrigatório o preenchimento da declaração. sem ter sido socorrido. nunca serão tratados como lixo comum. c) Feridas transfixantes do coração e dos pulmões. com fins sanitários e estatísticos. E estatura: Precoces – abaixo de 25 cm. 6|Página . As perdas precoces e as intermediárias são consideradas aborto e o médico não está obrigado a fazer a declaração de óbito. Contudo. Nos demais. A partir da causa básica. Persistindo a dificuldade após o resultado dos exames. se possível. Na ausência de lesões macroscópicas. b) Circunstâncias do acidente ou violência que produziu a lesão fatal. ASPECTOS MÉDICOS No atestado médico o mais importante é estabelecer a causa básica da morte. como ocorre em certas doenças mentais. Pode haver diminuição da estatura. como a ESPONDILITE EQUISOLSANTE. deve preencher quatro requisitos: UNICIDADE. Nos indivíduos vivos. com a mesma experiência renovada no presente pelo elemento a ser reconhecido. A associação de vários elementos sinaléticos constitui a base de todos os processos utilizados na identificação através dos tempos. Requer uma comparação psíquica entre a percepção passada e a presente. ou mesmo ordem patológica. para ser considerado bom. idade. IDENTIFICAÇÃO É o processo pelo qual se estabelece a identidade. Pode estar prejudicada nos casos em que a consciência esteja perturbada. proporcionada no passado. que são causadas pela atuação desigual dos fatores ambientais sobre cada um desde a vida intra-uterina.baseia-se na comparação entre a experiência da sensação visual. UNICIDADE – o conjunto desses elementos deve ser exclusivo do indivíduo. temos que reconhecer dois aspectos distintos: SUBJETIVO – é a consciência do indivíduo de ser ele mesmo durante toda a sua existência. A cor e o tipo de cabelo. Os gêmeos univitelinos possuem diferenças. a percepção é influenciada por fatores psíquicos de ordem emocional. 7|Página . Só pode ser estabelecida quando há certeza de terem sido afastados todos os pontos duvidosos. (FENÔMENOS DE TRANSITIVISMO e de PERSONIFICAÇÃO). auditiva ou tátil. etc. a identificação necessidade de métodos precisos que resistam a interpretações duvidosas. Portanto. OBJETIVO – se traduz pela presença física no meio ambiente.ANTROPOLOGIA FORENSE No estudo da identidade humana. A DOENÇA DE PAGET DOS OSSOS. Mas no morto somente só se pode valer de caracteres físicos. IMUTABILIDADE – elementos não podem modificar-se facilmente pela ação do meio ambiente. o peso do corpo não deve ser considerado elemento sinaléptico. etc. Os esquizofrênicos podem apresentar distúrbios de consciência do eu e se identificar com outras pessoas e mesmo animais ou coisas. funcionais ou psíquicos. RECONHECIMENTO. por estar sujeito a grandes variações. O que interessa à medicina legal é a identidade física que se respalda na imutabilidade e unicidade dos caracteres individuais. PRATICABILIDADE – esses elementos não podem expor as pessoas a vexame quando elas precisarem ser identificadas. pode utilizar sinais físicos. de modo a distingui-lo de todos os demais. Assim. IMUTABILIDADE. Os sinais e dados utilizados na identificação são chamados de ELEMENTOS SINALÉTICOS. Além do mais. estabelecido pelas características peculiares que lhe dão a individualidade. PRATICABILIDADE E CLASSIFICABILIDADE. de dependência de doenças. O conjunto de elementos sinaléticos. como as pneumocinioses podem identificar a profissão. pois nos jovens tais medidas sofrem alterações com o crescimento. PRATICABILIDADE E CLASSIFICABILIDADE UNICIDADE – a análise de uma impressão digital deve levar em consideração elementos qualitativos. devemos citar os hemangiomas. O epitélio de revestimento da pele é formado por camadas superpostas de células. Tais linhas formam o desenho das impressões digitais. BIJURCAÇÕES.MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO A pessoa pode ter marcas congênitas ou adquiridas. etc. mesmo depois de terem esmaecido. Entre as congênitas. Esse método satisfaz plenamente os requisitos de UNICIDADE. Nas regiões palmar e plantar... lábio leporino. TATUAGENS. METODO DATILOSCÓPICO Nossa pele é constituída por duas camadas sobrepostas: A mais superficial por TECIDO EPITELIAL e a mais profunda por tecido CONJUNTIVO. ANTROPOMETRIA O primeiro método foi o da BERTILHONAGEM que baseava-se na associação de várias medidas do esqueleto com sinais particulares e com as impressões digitais. O tecido epitelial forma a epiderme e o conjuntivo. verde e o azul costumam desbotar com o passar do tempo em função da remoção dos pigmentos pelos macrófagos da derme. IMUTABILIDADE. Essas cristas podem ser vistas a olho nu sob a forma de linhas paralelas. Do mesmo modo. acidental ou intencional. A parte do tecido conjuntivo da derme que está em contato com a epiderme é mais frouxa do que a situada mais profundamente. em contato com o meio ambiente. Os ELEMENTOS QUALITATIVOS são desenhos formados pelas diversas cristas que recebem a denominação de PONTOS CARACTERÍSTICOS (ILHOTAS. Os indivíduos podem ter ESTIGMAS PROFISSIONAIS: SAPATEIROS apresentam uma depressão no terço inferior do esterno. quantitativos e topográficos. A contagem do numero de linhas existentes entre dois ou mais pontos característicos aumenta muito a capacidade de distinguir duas impressões entre si. mas. chamada de ORLA DE BURTON. TIPÓGRAFOS OU PINTORES DE PARECE (QUEM TRABALHA COM CHUMBO) coloração escura na orla gengival. focomelia. essas projeções assumem a forma de CRISTAS sinuosas e separadas por sulcos pouco profundos. As cores implantadas pela tatuagem podem ser achadas nos linfodos de drenagem da região tatuada. O desenho papliar removido por ação abrasiva. a queratina. volta a ser 8|Página . FORQUILHAS. a derme. OS SOPRADORES DE VIDRO tem desgaste dentário dos incisivos centrais. queimaduras por ação térmica ou cáustica. quando se dá a regeneração epitelial. transformadas em um material duro. Certas doenças profissionais. destroem a epiderme. Servia para identificar indivíduos adultos. Apresenta projeções que elevam a epiderme. sendo as mais superficiais de forma achatada e. IMUTABILIDADE – as impressões digitais guardam o mesmo desenho desde o sexto mês de vida intra-uterina até alguns dias após a morte. como no caso de trabalhadores em pedreiras que adquirem silicose. cuja forma varia de acordo com a região do corpo. volta a se evidenciar depois de poucos dias. TINTUREIROS – coloração diferente das unhas. policactilia.cores como vermelho. que se tornam mais visíveis quando se faz a flexão da terceira falange. representam pequenas pregas superficiais à maneira de rugas. os frontais tem forma e tamanho individuais. ARQUIVOS MONODACTILARES As formulas datiloscópicas SÃO INADEQUADAS PARA FINS POLICIAIS. POROSCOPIA – tem por base a posição dos poros onde as glândulas sudoríparas se abrem nas cristas papilares. a ausência e a posição de uma figura chamada de DELTA. foram criados arquivos especiais monodatilares. As impressões encontradas em locais de crime são. SÃO MAIS FREQÜENTES NOS POLEGARES E NOS INDIVÍDUOS MAIS IDOSOS. São quatro os tipos fundamentais: DESENHOS FUNDAMENTAIS ARCO – ausência de delta PRESILHA INTERNA (delta a direita do observador) PRESILHA EXTERNA (delta a esquerda do observador) VERTICILO – presença de dois deltas Os encontrados no polegar são representados por letras VEIA Os observados nos demais dedos pelos números 1234 A individual ou a formula datiloscópica é formada por uma fração cujo numerador é a mão direita. Na verdade. de um ou dois dedos. podem destruí-lo desde que atinjam a derme mais profunda. RAGIOGRÁFICO – radiografia dos ossos do metacarpo e do metatarso. geralmente. FLEBOGRAFIA – fotografia das veias do dorso da mão. levando à formação de tecido cicatricial irregular. CLASSIFICABILIDADE – apesar da infinidade de desenhos observados nas impressões digitais. feitos a partir de dedos de criminosos habituais. deixadas em superfícies lidas de objetos ou de folhas de papel. Tomo colo elemento básico a presença. mas.: os seios paranasais e. há determinados padrões que se repetem e que constituem TIPOS FUNDAMENTAIS. A maioria dos autores está de acordo em estabelecer confronto positivo quando há mais de 12 PONTOS COINCIDENTES. A adotada no Brasil é a de VUCENTICH. no entanto. EXAME DAS ARCADAS DENTÁRIAS – importante na identificação de CARBONIZADOS e achados ESQUELETOS. OUTROS MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO RUGOPALATOSCOPIA – baseia-se na diferença individual das cristas sinuosas que todos nós apresentamos na mucosa do palato duro (céu da boca). ALBODATILOGRAMA É formado pelo conjunto de linhas brancas que atravessam as negras que representam as cristas papilares.visto o desenho original. Com superposição das imagens. Não é possível atribuílas a uma individual datiloscópica. A diferenciação entre elas será feita pelos pontos característicos. principalmente. Alguns traumas. Podem ter qualquer direção e tamanho. chamada de SEÇÃO. Obs. Aparecem como pontos brancos ao longo das linhas das impressões digitais. são transversais. DETERMINAÇÃO DA IDADE NOS VIVOS 9|Página . geralmente. sem que haja qualquer ponto de divergência. chamada de SÉRIE O denominador é a mão esquerda. adquiridas com o passar dos anos. Com a finalidade de resolver esse problema. Os pontos de ossificação podem ser identificados pelo exame radiológico do esqueleto. são achados setores com TÚBULOS SEMINÍFEROS (masculino) e outros com FOLÍCULOS DE GRAAF (feminino). 2 anos – primeira dentição. é indispensável que se leve em consideração o sexo. Contudo. o que se observa é a presença de gônadas que mostra. No ovotestis. são muito importantes as METÁFISES dos ossos longos e a fusão dos pontos de ossificação do ilíaco. ESTATURA PELE OLHOS – chama-se ARCO OU HALO SENIL uma deposição de material protéico na região límbica do globo ocular. Em geral. e as alterações do esqueleto induzidas pelos hormônios sexuais ocorrem nelas com antecipação de um a dois anos. essa cartilagem vai desaparecendo pela fusão das três áreas de ossificação. 20% dos indivíduos já apresentam. se o sexo gonádico for o mesmo. pois as mulheres entram na adolescência mais cedo que os homens. BILATERAIS – ovotestis em ambos os lados. É uma características de pessoas mais velhas. inclusive nutricionais. A acomodação da visão para objetos mais próximos fica prejudicada (PRESBIOPA). PSEUDO HERMAFRODITISMO 10 | P á g i n a . Na BACIA. O fenômeno do fechamento das cartilagens de crescimento nas regiões metafisárias obedece a uma cronologia que é pouco influenciada por elementos ambientais. Seu ponto de encontro está no interior da CAVIDADE COTILOIDE do osso ilíaco e serve de referencia para cálculo de índices antropométricos importantes. o individuo vai apresentar características somáticas num ou noutro sentido. Conforme a predominância de produção de hormônios masculinos ou femininos. 6 a 12 – segunda dentição. Aqui. a genitália externa pode er qualquer aspecto. os três pontos de ossificação. formando um anel de coloração acinzentada no limite externo da íris. ISQUIO e PUBIS. sendo mais freqüentes em MULHERES e NEGROS. Nos hermafroditas verdadeiros. Podem ser classificados em: UNILATERAIS – com ovotestis de um lado e gônada normal do outro. constituindo os OVOTESTIS. 12 a 25 – fechamento das zonas de crescimento dos ossos longos (METÁFISES) Acima dos 25 – fechamento das suturas do crânio. sendo uma delas pseudo-hermafrodita. tecidos masculinos e femininos. no mesmo órgão. à medida que se dá o crescimento na criança e ela entra no período da adolescência. constituídos pelo ILIO. o CASAMENTO é NULO. ALTERNOS – testículo de um lado e outro. 2 a 6 – pontos de ossificação. DETERMINAÇÃO DO SEXO NOS VIVOS Casamento entre duas pessoas do mesmo sexo. A partir dos 40 anos. XXY – síndrome de klinefelter (atrofia testicular e biótipo eunucoide) X0 – síndrome de turner XXX – superfêmea HERMAFRODITISMO VERDADEIRO Pode ser classificado de acordo com o tipo de gônada que o individuo apresenta.. ESQUELETO E DENTIÇÃO – o exame do esqueleto é feito pela identificação dos PONTOS DE OSSIFICAÇÃO e pelas cartilagens de crescimento. estão unidos por uma cartilagem em forma de Y.Existe um tipo hereditário de nanismo (PROGERIA) em que o individuo novo apresenta pele enrugada e aspecto senil. Consta da presença de gônadas normais ou atróficas. Encontram-se posicionados entre si através de contatos articulares fixos.tem ovários. mas com histologia compatível com somente um dos sexos. ou no conduto inguinal. A ESTRUTURA INTERNA DO OSSO pode ser observada em cortes LONGITUDINAIS E TRANSVERSAIS. Ela é constituída por uma camada externa lisa e compacta que compõe o CORTEX do osso. 11 | P á g i n a . Os ossos são órgãos rígidos. diferenciada para o sexo oposto ao da gônada que apresentam. no crânio. Os componentes ósseos em indivíduos jovens e crianças são variáveis em numero de acordo com a idade.. do sexo. O pênis é atrófico. É praxe estabelecer a separação entre o esqueleto AXIAL (ossos da cabeça e do tronco) e APENDICULAR (ossos dos membros). ressaltando-se o papel do patologista forense na diagnose diferencial entre trauma. por intermédio de cabeças e extremidades como nos ossos longos. especialmente relacionados às mãos e aos pés e. moveis ou semimóveis. constituídos de vários tecidos. suturas intrincadas como nos ossos cranianos e facetas elementares como as encontradas nas junções das costelas com as vértebras. mas genitália externa com aspecto masculino (mais comum). O que torna o pseudo-hermafrodita diferente das pessoas normais é o fato de ter a genitália externa ou interna. IDADE E ESTATURA ANTROLOLOGIA FORENSE – ramo da antropologia física (biológica) que tem por finalidades estabelecer a identidade do sujeito através da individualização da idade. Resultam de disfunção na produção de hormônios durante a vida embrionária. sem descerem para a bolsa escrotal. principalmente se houver uma fenda entre as duas metades da bolsa escrotal formando uma pseudo vagina. decomposição e modificações climáticas. podendo simular um clitóris grande. aumentando o numero habitual. excepcionalmente. com predominância de produção de hormônios masculinos pela glândula supra-renal do feto feminino. mas eventuais ossos supranumerários poderão aparecer. Tais casos são acompanhados de intensa HIPOSPÁDIA (abertura da uretra na face interior do pênis). incluindo trauma. em situação de crime TAFONOMIA – é o conhecimento das alterações que ocorrem sobre os despojos a partir do momento da morte ao longo do tempo. do padrão racial e da estatura e determinar a causa. fortes e complexos. PSEUDO HERMAFRODITAS MASCULINOS – é comum que os testículos fiquem dentro da cavidade abdominal. IDENTIFICAÇAO DE RESTOS HUMANOS – DETERMINAÇAO DE SEXO. ESTRUTURA INTERNA: CORTEX (externa) CAVIDADE MEDULAR (interna que recobre a medula óssea). 1 OSTEOLOGIA Oficialmente existem 206 ossos no esqueleto humano adulto. Por essa razão devem ser classificados em dois tipos: PSEUDO HERMAFRODITA FEMININO EXTERNO. fenômenos tafonômicos e doenças ósseas. É subdividida em: OSTEOLOGIA – estudo da anatomia do esqueleto ARQUEOLOGIA – abrange os processos de escavação e arrecadação controlada de restos humanos e outras evidências pertinentes ao local de encontro ou ao contexto da cena. e por uma porção interna porosa que corresponde à CAVIDADE MEDULAR. a data e as circunstancias da morte. A CAVIDADE MEDULAR pode servir como um sitio para armazenamento de TECIDO ADIPOSO. CARBONATO DE CALCIO E FOSFATO DE MAGNESIO). maxilar. esfenóide. Cada osso é circundado (EXTERNA E INTERNAMENTE) por membranas de TECIDO CONJUNTIVO. CHATOS – superfícies planas para a proteção ou para a fixação muscular. No interior da cavidade medular e nos espaços intrabeculares do osso esponjoso existe a MEDULA OSSEA VERMELHA. o cortex forma um tubo circundando a cavidade medular. TIPOS DE OSSOS Os tecidos ósseos são constituídos por células e matriz intercelular. Ele ocorre na epífise dos ossos longos e na parte central dos ossos curtos e é envolto por uma fina camada externa de osso compacto. como o crânio. sem cavidade presente. São células do osso: OSTEOCITOS OSTEOBLASTOS OSTEOCLASTOS A matriz óssea é formada por material orgânico que confere resistência e elasticidade ao osso. OSTEOCLASTOS) + MATRIZ INTERCELULAR (FIBRAS COLAGENAS E GLICOPROTEINAS INTERCALADAS COM FOSFATO DE CALCIO. constituindo um revestimento forte e fibroso. o osso esponjoso pode desaparecer nos ossos chatos. revestindo também as epífises. EXTERNAMENTE. OSSO: CELULAS (OSTEOCITOS. FOSFATO DE MAGNÉSIO). a escapula IRREGULARES – vértebras. As CAVIDADES MEDULARES INTERNAS são delimitadas pelo ENDOSTEO.Nos ossos longos. que são protegidas por cartilagem. o espaço medular é totalmente preenchido por osso esponjoso.: Em idade avançada. chamado de MEDULA AMARELA. só que em miniatura. finas e interligadas em ramificações. OSTEOBLASTOS. OSSOS LONGOS – consistem em uma haste (diáfise) com duas extremidades (epífise) CURTOS – podem ser equiparados aos ossos longos. Esse material orgânico é formado por: FIBRAS COLAGENAS GLICOPROTEINAS Essas fibras colágenas e as glicoproteinas são ligadas entre si por substancias inorgânicas responsáveis pela rigidez do osso (FOSFATO DE CALCIO. 12 | P á g i n a . enquanto nos ossos chatos. Obs. EXCETO nas superfícies articulares. Tanto o PERIOSTEO quanto o ENDOSTEO contem células que podem fabricar osso. formando uma trama cujos espaços são preenchidos pela medula óssea vermelha (TECIDO HEMATOPOIÉTICO). a membrana que recobre o osso é o PERIÓSTEO. a qual forma células sanguíneas. CARBONATO DE CALCIO. MACROSCOPICAMENTE dois tipos de tecido ósseo podem ser diferenciados: COMPACTO ESPONJOSO O osso COMPACTO se apresenta sólido e forma a parede óssea em toda a extensão da diáfise. O tecido ESPONJOSO tem aspecto poroso e é composto por um conjunto de ESPÍCULAS ou TRABÉCULAS irregulares. relacionadas à atividade de suporte de peso. LEI DE WOLFF – toda alteração na forma e na função de um osso. Os pequenos espaços entre os sistemas de havers são preenchidos por lamelas ósseas intersticiais. No interior dos CANAIS DE VOLKMANN passam capilares e nervos.No osso COMPACTO são visualizadas ao MICROSCOPIO estruturas bem características chamadas de SISTEMAS DE HAVERS OU ÓSTEON. Os osteócitos acham-se localizados nas lacunas e apresentam numerosos prolongamentos citoplasmáticos interconectantes. que reveste a cavidade medular) SISTEMA DE HAVERS: Composto por OSTEONS por onde passam os CANAIS DE HAVERS. que estruturam os ossos. e que contem a enzima FOSTATASE ALCALINA. Cada OSTEON é um cilindro com um canal central (CANAL DE HAVERS). Entre essas laminas situam-se fileiras também concêntricas de osteócitos. multimucleada. interligados por canalículos na matriz. que não se divide. 13 | P á g i n a . do reparo e da remoção da matriz mal constituída ou fragmentada. que também está envolvida no processo de calcificação da matriz. Os sistemas de canais de um osso formam um verdadeiro labirinto que se estende da região periférica e fibrosa (periósteo) até a região interna (endosteo. Essa é a única propriedade adaptativa do osso. participando da remodelação. Uma alteração nos padrões de estresse em um osso durante a vida resulta em um realinhamento dos ósteons. denominada osteóide ou préosso. DESENVOLVMENTO E CRESCIMENTO DOS OSSOS O crescimento da diáfise e das epífises ocorre de modo diferente: DIÁFISE – Ocorre no sentido longitudinal e em espessura EPÍFISE – crescimento em sentido radial. OSTEOCLASTO É uma célula gigante. Os OSTEONS estão organizados ao longo das linhas de estresse mecânico. CÉLULAS ÓSSEAS: OSTEOBLASTO OSTEOCITO OSTEOCLASTO OSTEOBLASTO Célula jovem que não apresenta capacidade para se dividir. No interior desses canais se estende uma rede de capilares sanguíneos e nervos. dispostos ao redor dos canais de havers. OSTEOCITO (ou célula óssea propriamente dita) É o osteoblasto maduro que para de secretar matéria orgânica. CANAIS DE HAVERS são conectados pelos CANAIS DE VOLKMANN. cuja função é a manutenção da matriz óssea. Os canais de havers são ligados pelos CANAIS DE VOLKMANN. responsável pela reabsorção do excesso da matriz óssea. ou apenas na sua função é acompanhada por modificações de sua arquitetura interna. responsável pela síntese proteica e secreção da parte orgânica da matriz óssea. encontrada no interior do osso em estreita relação com o periósteo e o endosteo. Ao redor dos CANAIS DE HARVERS se distribuem lâminas ósseas concêntricas. servem para limitar a propagação da destruição óssea. ANORMALIDADES DE FORMA No crânio. PLAGIOCEFALIA. aquele osso sedimentado torna-se mais difícil de distinguir. Casos específicos de CARIOESTENOSE são: ESCAFOCEFALIA. o que leva à dilatação dos ventrículos cerebrais. ANORMALIDADES DE TAMANHO HIDROCEFALIA – acumulo excessivo de líquido nos espaços meníngeos. INFECÇÕES O próprio osso. Com o passar do tempo. HIPEROSTOSE POROTICA ou CRIBRA ORBITALIA Sugere que o individuo fora portador de alguma doença quando em vida. chamado de CRANIOSSINOSTOSE ou CRANIOESTENOSE. Ex. as quais são aspectos anatômicos normais. algumas vezes cuida de retirar a parte infeccionada. Essas áreas de osso mais espesso (OSSO ESCLERÓTICO) são prontamente vistas em ossos que foram acometidos por essa doença. Ex. As cartilagens epifisárias são resistentes à infecção bacteriana e. ficando com sulcos ou depressões. Ao redor dessas áreas.: o aspecto interno da abóbada craniana de um adulto mais idoso mostra numerosas depressões circunscritas. o fechamento prematuro das suturas.: é normal metáfises juvenis apresentarem porosidade e evidencia de remodelamento. FORMAÇAO OSSEA ANORMAL Na DOENÇA DE PAGET. algumas vezes.Entre a epífise e a diáfise permanece uma faixa de cartilagem chamada de METÁFISE (placa ou disco epifisário). Irá apresentar-se primeiramente poroso e áspero. Existe um aumento acentuado na circulação sanguínea para o osso doente que sobrecarrega a função cardíaca. Geralmente ocorre na superfície orbitária do osso frontal. TRIGONOCEFALIA. o que pode ajudar na sua identificação. então. PERDA OSSEA ANORMAL (OSTEOPOROSE) A incidência é maior nas mulheres (4X1). Aparece separação dos ossos cranianos em crianças. TUBERCULOSE 14 | P á g i n a . PATOLOGIA ÓSSEA Há casos em que situações normais se confundem com patológicas. quando ocorre seu fechamento completo e cessa o alongamento ósseo. A OSTEOMIELITE CRONICA Pode causar um abscesso mais denso (o que pode favorecer o isolamento da lesão). que permite o aumento do osso em comprimento até atingir a idade adulta. designadas de DEPRESSOES DE PACCHIONI ou ARACNÓIDES. a formação da matriz óssea anormal está associada a áreas de reabsorção óssea. especialmente nos períodos de crescimento rápido. um novo osso pode se formar. mais osso poderá ser depositado e. Obs.: a presença de uma CICATRIZ ESTRELADA no osso é sinal PATOGNOMONICO da SÍFILIS TERCIÁRIA. pode mudar a forma do crânio. Mais freqüente em homens. por tecidos moles. particularmente no fêmur. RAQUITISMO Ingestão inadequada de vitamina D – dificulta o crescimento de ossos longos. TAFONOMIA Ciência que estuda o registro de vida no passado geológico. mastigação. roedura. a queda de rochas em encostas. exibem um padrão similar de desarticulação e de dispersão produzidos por pisadelas e 15 | P á g i n a . Nesses casos. DISTURBIOS DA HIPÓFISE Podem alterar a produção dos hormônios do crescimento. como características físicas ou comportamento de animais cujos restos estão sendo analisados Variações climáticas que afetam os despojos. em geral. particularmente a tíbia. Restos humanos ou de animais. a força da gravidade. por isso. atuando isoladamente ou em conjunto. essencial para a atividade osteoblástica normal. os dados morfológicos utilizados ficam prejudicados. muitas transformações podem alterar a aparência dos ossos e materiais orgânicos realacionados. químicos. devem-se adicionar as influencias culturais e sociais como o preparo do morto em práticas se sepultamento. ESCORBUTO Decorre de uma ingestão deficiente de vitamina C. congelamento e mineralizaçao pelos componentes do terreno. o movimento das águas. como complicação da doença de descompressão. que desaparecem na evolução de putrefação. Nos ossos de adultos os efeitos do escorbuto serão muito menores. através da prospecção e identificação de fósseis. DISTURBIOS CIRCULATORIOS Podem ser encontradas áreas de infarto ósseo. SÍFILIS A sífilis adquirida (doença sexualmente transmissível) tem uma probabilidade maior de produzir a ostemielite sifilítica no crânio. com fraturas comumente restritas \às extremidades das costelas. na coluna e nos ossos longos. Mais tarde. tais como o transporte de água e atividade de predadores Quando o objeto da análise é o ser humano. Neoplasias malignas deixam falhas no osso. uma vez que são constituídas. mais comumente em MERGULHADORES. costumam modificar os despojos. como pisadas. ataque ácido de raízes. minerais e animais que. Quando a tuberculose acomete a coluna. gerando confusão na interpretação da causa da morte. o mais importante é examinar a cavidade medular ou as falhas na estrutura do osso onde estava o tecido neoplásico.A cartilagem epifisária não é tão resistente a este microorganismo. produz fraturas de compressão (DONÇA DE POTT) e destruição dos discos intervertebrais. as áreas afetadas podem formar zonas de densidade maior aos raios X pela deposição de cálcio nos focos de necrose. Após o evento morte. Existem fatores físicos. Pode ser definida como o estudo dos processos geológicos e biológicos que influenciam ou contaminam materiais orgânicos (tais como osso) após a morte. Entre os fatores que interferem no transporte e dispersão dos elementos esqueléticos estão incuidos a ação de animais. Estuda basicamente: Fatores individuais e modo de vida. quando expostos em locais abertos. sepultamento. e as extremidades metafisárias podem estar alargadas (forma de xicara) NEOPLASIAS As partes não calcificadas são perdidas durante as fases da putrefação. respectivamente. Profundidade do enterramento. Cadáveres expostos sobre ou sob o solo (isentos de técnicas para sepultamento) mostram evidências da atividade de carnívoros ou insetos. Vestes. que se assemelham àquelas produzidas por artefatos humanos. dos detalhes da superfície e do formato dos mesmos. O conhecimento das alterações ambientais pode ser hábil para descartar trauma perimortem.atividade de carnívoros. intervalos post mortem em algumas circunstancias. Na estimativa do intervalo post mortem. Extensão da mordedura animal ou desarticulação. Às vezes é difícil estabelecer se essas marcas foram decorrentes de ação animal ou secundarias à utilização de ferramentas de corte ou objetos contundentes. FATORES QUE INFLUENCIAM NA VELOCIDADE DA DECOMPOSIÇÃO: Temperatura ambiente. biológicos e físicos do ambiente deposicional também deixam assinaturas diagnósticas nos restos recuperados. Uma variedade de eventos perimortem e processos post mortem pode se deduzida através do estudo da cor dos ossos. Depressões ovais que resultam da ação de insetos e 16 | P á g i n a . Os diversos graus de desgaste pelo tempo conferem progressivos padrões de rachadura na superfície óssea e mudanças em sua textura. tem sido documentada ESQUELETIZAÇÃO quase completa em apenas 2 SEMANAS. Aspectos químicos. Peso corporal. como a MUMIFICAÇÃO e a ADIPOCERA são basicamente decorrentes de climas áridos ou úmidos. as alterações provocadas pelas pisadas. Dimensão do trauma perimortem. Entre os mais comuns desses agentes estão as condições erosivas do solo e roeduras por animais. Algumas vezes é difícil distinguir mudanças post mortem daquelas que ocorreram antes da morte. Existe uma certa predileção na aposição das lavras de insetos necrófatos nos orifícios naturais do corpo. Fenômenos cadavéricos CONSERVATIVOS naturais. DIAGNOSTICO DIFERENCIAL ENTRE ALTERAÇÕES TAFONOMICAS E TRAUMATICAS. Espécie de sepultamento. Já em climas tropicais. os estudos relativos à fauna cadavérica associados com os despojos pode ser útil para a determinação. Quantidade de chuva. Os ácidos graxos (gordura) provenientes da decomposição de partes moles e anions e cátions (também derivados de partes moles) podem ser detectados no interior do solo em meio aos restos humanos. assim como mudanças na cor a na textura do osso. garras ou pelos dentes dos animais são eventualmente perceptíveis e caracterizadas por múltiplas estriações finas ou mesmo fraturas em espiral. A medida desses fatores em amostras controladas pode permitir estimar. Condições climáticas em geral. Além disso. com acuidade. tais como a espécie de madeira utilizada na confecção do caixão. ou como parte de um procedimento de enterro. as superfícies externas passam a apresentar fendas transversais. Temperaturas mais ELEVADAS (800°) o osso fica CINZA-AZULADO ou BRANCO CALCINADO. ESVERDEADA. VEGETAIS E MINERAIS DO SOLO que estão presentes no ambiente. a existência de reestruturações dentárias no cadáver. CINZA ou ENEGRECIDA. a coloração difere da dos segmentos expostos. Uma variedade de agentes. EXTRABANCA.castanho ou preto Osso queimado 800° .cinza azulado ou branco calcinado Metais – avermelhado Bactérias. fungos. ALTERAÇÃO NA COR DOS OSSOS Ossos frescos (não tratados) exibem uma cor de marfim. Se o contingente ósseo está incluído em um componente orgânico significativo e é queimado. causa mudanças sistemáticas de cor que dão informação sobre a fonte do calor e sua intensidade Osso queimado a TEMPERATURAS relativamente BAIXAS. assume uma condição ACASTANHADA OU PRETA. Quando os ossos são expostos a calor suficiente para produzir a calcinação (800°). enegrecida Sol – branco calcário Água do mar – branco calcário MUDANÇAS DE SUPERFICIE ÓSSEA A textura da superfície do osso pode ser alterada por calor. rituais mortuários e o meio onde se fez o sepultamento. características do sedimento do solo. O padrão resultante da queimadura de osso seco apresenta tipicamente menor intensidade na modificação da superfície. A exposição a agentes alvejantes da LUZ SOLAR ou contato prolongado com a ÁGUA DO MAR poderão assumir uma cor CALCÁRIA.estalam e apresentam fendas 17 | P á g i n a . com aspecto esfumaçado. Tal evidencia de queimadura de ossos frescos contrasta com aqueles queimados sem matéria orgânica. raízes de plantas. cinza. esverdeada. OSSOS QUEIMADOS 800° FRESCOS (com carne). FUNGOS. e o encontro de corpos estranhos no interior do corpo costumam impregnar o esqueleto com manchas características. Osso queimado 200 ° . Os mais comum em materiais inumados é a observação de uma coloração AVERMELHADA por causa do contato com o cobre. Algumas condições específicas. à base de amalgama ou ouro. vermes. sua superfície externa tende a estalar e apresentar fendas. O osso muitas vezes muda de cor com resposta à presença de BACTÉRIAS. pode causar mudanças na sua cor. OBJETOS DE METAL ENTERRADOS com os despojos podem produzir manchas nos ossos. A maioria desses agentes fará escurecer o osso. insetos. Áreas dos ossos protegidas pelas partes moles costumam resistir mais às altas temperaturas.acidificação do solo tem sido freqüentemente confundidas com os efeitos de doenças que produzem reabsorção óssea anormal. conferindo tonalidades MARROM-AVERMELHADA. animais escavadores e atividade humana. quer acidental. Exposição ao calor (carbonização). quer intencional. etc – marrom-avermelhada. por isso. o uso de determinados metais para lacrar a urna. abrangendo objetos colocados junto ao corpo. ou atividade de animais. Algumas das CAUSAS DE FRATURAS POST MORTEM são: Desidratação Acumulo de sal Carbonização Pressão exercida pelo solo Ação de animais carniceiros Esmagamento por pisadas É importante distingui-las das fraturas produzidas por seres humanos à época da morte. INSETOS. tipicamente as EPÍFISES dos ossos longos. Marcas de corte podem fornecer indício de escalpelamento ou preparação de cadáveres durante o curso de um ritual mortuário. SECÇÕES TRANSVERSAIS em forma de V estão associadas com FACAS DE METAL SECÇÕES DE CONTORNOS AMPLOS E RASOS – ferramentas do tipo GOIVA. O osso exposto no terreno será desgastado pelos fatores atmosféricos. OSSOS FRESCOS QUEIMADOS A TEMPERATURAS ELEVADAS com freqüência tornam-se ARQUEADOS e podem . onde podem ser vistos sulcos. FRATURAS EM ESPIRAL podem resultar de TRAUMAS induzidos pelo HOMEM. Cortes ou arranhões produzidos durante a escavação podem ser distinguidos dos eventos perimortem ou imediatamente post mortem pela inspeção da cor do osso na base do corte. MARCAS RECENTES – cor CLARA ANTIGAS – MANCHADOS MODIFICAÇÕES DE FORMA A PRESSÃO DO SOLO pode induzir DEFORMAÇÃO.ENCOLHER. SECOS (sem material orgânico em volta) – pouca modificação na superfície. Nos casos de LESÃO EM VIDA é possível ver focos de REAÇÃO ÓSSEA. FRATURAS PERIMORTEM – ângulos OBLIQUOS. com ângulos PERPENDICULARES à superfície óssea. Inicia com pequenas rachaduras superficiais e termina com verdadeiras lascaduras. DIAGNÓSTICO DA ESPÉCIE: HUMANO OU ANIMAL 18 | P á g i n a . As produzidas durante o desencarnamento e desmembramento com freqüência agrupam-se ao redor de regiões anatômicas especificas. Do mesmo modo. VERMES e outros animais da microfauna da cova podem produzir DEPRESSÕES ÓSSEAS OVAIS. Essas trilhas de raiz podem tornar-se descoloridas por meio da descalcificação ácida. Os CARNÍVOROS atacam. O tipo de ferramenta usada para remover a carne pode ser deduzido por meio do exame de uma secção da área do corte. FRATURA MUITO TEMPO APÓS A MORTE – os tecidos com baixo teor de colágeno tem bordas quadradas. de acordo com uma seqüência definida. As COSTELAS também estão sujeitas à ação dos carnívoros. Raízes de plantas em contato com os ossos podem produzir padrões dentríticos semelhantes às impressões de vasos sanguíneos. marcas de furos e pequenas depressões. tais como inserção de tendões e ligamentos. especialmente em CRÂNIOS JOVENS. Animais adultos usualmente apresentam aspecto externo mais grosseiro com camadas corticais mais compactas. ADULTOS 19 | P á g i n a . A LARGURA DA CHANFRURA ISQUIÁTICA DA PELVE. As diferenças sexuais começam a se desenvolver no esqueleto antes mesmo do nascimento.OSSO HAVERSIANO DENSO (em forma concêntrica) Animais – OSSO PLEXIFORME (retangular. Embora a maioria dos vertebrados não exiba um PADRÃO DE OSSO HAVERSIANO DENSO. DETERMINAÇÃO DO SEXO O diagnóstico correto do sexo pode ser realizado com sucesso desde que: O esqueleto se encontre completo e em bom estado de conservação O individuo seja adulto A variabilidade morfométrica intragrupal da população a que pertence o espécime seja conhecida. SUBADULTOS: CRIANÇAS E JOVENS O sexo de subadultos deve ser estimado pela comparação do estagio de formação e erupção dos dentes com o estagio de maturação do resto do esqueleto. A maioria dos antropologistas reconhece a dificuldade no diagnóstico do sexo de um esqueleto jovem. a grande variação entre as diversas espécies. sendo comumente visto em mamíferos. A maioria dos ossos de animais foi distinguida dos ossos humanos pela presença difundida do OSSO PLEXIFORME. chamadas de OSSO PLEXIFORME. faz com que a dispersão dos ósteons seja inconclusiva. estudos comparativos revelam que nem sempre é possível uma identificação positiva pelo encontro desse padrão. excetuando-se o crânio. os OSTEONS tendem a se alinhar em fileiras limitadas por estruturas de FORMATO RETANGULAR. regular e horizontal). os ÓSTEONS (unidade do osso cortical) acham-se espalhados. Todavia. raramente pode ser observado em ossos humanos. O osso PLEXIFORME é definido pelo seu modo de organização REGULAR. Embora o encontro de um padrão plexiforme possa afastar a possibilidade de ser humano. dispersos. a qual constitui um dos traços mais distintivos em adultos. RETANGULAR e HORIZONTAL. com um certo espaçamento no interior do osso. AUMENTA MAIS RAPIDAMENTE EM MULHERES durante o CRESCIMENTO FETAL. o critério da comparação pelo tamanho entre ossos humanos e de animais não deve ser levado em consideração. Em HUMANOS. Humanos . caso se trate de esqueleto humano imaturo ou juvenil. enquanto o percentual de calcificação dos dentes é quase o mesmo. Possui disposição em CAMADAS. inclusive entre os ossos de um mesmo animal. Em outros ANIMAIS. como nos seres HUMANOS. especialmente em crianças. Todavia. Os ósteons secundários (OU SISTEMAS DE HAVERS) constituem pequenos pacotes de osso lamelar que circundam um canal de HAVERS. Os esqueletos pós cranianos amadurecem mais lentamente em meninos do que em meninas. ESQUELETOS PÓS-CRANIANOS Amadurecem mais rápido em meninos CALCIFICAÇÃO DOS DENTES Calcificam de forma igual em meninos e meninas. Tamanho do processo mastoide. Marcas de inserção muscular mais exuberantes e mais ásperas. que se articula com o sacro) mais plana em homens Geralmente. onde se encaixa a cabeça do fêmur. especialmente no osso occipital. curta e mais triangular. Acetábulo mais amplo que da mulher Tuberosidade ilíaca de estrutura ondulada Sacro mais longo e mais estreito que o feminino e às vezes tem um sexto segmento DETERMINAÇAO DO SEXO PELO CRANIO A estimativa do sexo feita por meio do crânio não é tão precisa. Área auricular (porção medial do ílio. MULHERES Ângulo subpúbico largo e arredondado Arco subpubico mais aberto e arredondado Pelve mais larga que do homem. Agudeza da margem supra-orbital. O ACETÁBULO é uma depressão arredondada na face lateral do osso ilíaco. ausência de sulco pré-auricular. HOMENS: Processos mastóideos maiores. Existência de crista nucal. DIMORFISMO SEXUAL DO CRANIO A maioria dos autores dá ênfase a cinco aspectos morfológicos: A proeminência da gabela. Projeção da eminência mentoniana. Presença de sulco pré-auricular Acetábulo com posição mais anteriorizada Púbis mais alongado Tuberosidade ilíaca cortante ou ausente A mulher jamais tem um sexto segmento no sacro HOMENS Sínfise púbica grossa. Cristas supra-orbitárias mais saleientes. OSSOS DOS HOMENS Mais longos Mais robustos Aspecto mais áspero As DIFERENÇAS sexuais ficam mais evidentes na PORÇÃO ANTERIOR DA BACIA. visto que as alterações ocorrem principalmente na região mediana do púbis. PROEMINENCIA DA GABELA MULHERES Contorno do osso frontal é liso e reto HOMENS 20 | P á g i n a . embora a pelve do homem seja mais pesada e robusta. Há uma proeminência evidente da gabela para fora da linha média supra-orbital. HOMENS processo mastóide maciço. com mínimo projeção óssea visível quando observada lateralmente HOMENS Rugosidade na superfície Protuberância mais marcada. onde também. CRISTA DA NUCA MULHERES Superfície externa do occipital é lisa. úmero e rádio é nitidamente bom indicador de sexo em adultos. onde a gravidez força a fixação dos músculos e tendões da parede abdominal central. 21 | P á g i n a . Essas alterações ao acontecem simultaneamente e no mesmo grau nos diferentes ossos e articulações. com freqüência associada a rebordas orbitais mais desenvolvidas. durante o trabalho de parto. podendo definir uma forte crista na nuca. com comprimento e largura muito maiores que o meato acústico externo. São essas as alterações: Afundamento da margem ventral do púbis Alterações na parte superior da margem dorsal do púbis. DETERMINAÇÃO DE IDADE Para estimativa da idade. MARGEM SUPRA-ORBITAL MULHER Espessura menor e bordas cortantes. deve-se considerar um conjunto de características morfológicas do esqueleto que apresentam mudanças ao longo da vida. EMINENCIA MENTONIANA MULHER Formato mais arredondado HOMENS Projeção maior e formato quadrangular VERIFICAÇAO DO SEXO NOS OSSOS LONGOS As medições do diâmetro máximo da cabeça do úmero e do fêmur são especialmente vantajosas na estimativa do sexo O diâmetro máximo da cabeça do fêmur. conferindo uma inclinação ao osso frontal e formando uma projeção arredondada em forma de colina. PARTURIÇÃO As alterações são mais evidentes ao redor da SÍNFISE. PROCESSO MASTOIDE MULHER Processo mastóide pequeno. HOMENS Margem mais espessa e romba. os ligamentos arqueado e interpúbico são estirados e rompidos. PODE-SE DIAGNOSTICAR A IDADE DO NASCIMENTO ATÉ A PUBERDADE: Pelo grau de metamorfose dos centros de ossificação. DESENVOLVIMENTO DENTÁRIO O desenvolvimento dentário é fortemente controlado por fatores genéticos. A união começa mais cedo em mulheres. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES MACROSCÓPICAS: Metamorfose das sínfise pubiana Alterações na superfície auricular do ílio Modificação da extremidade anterior das costelas 22 | P á g i n a . com aumento da estatura. com influencia mínima do meio ambiente. especialmente. tornando difícil estimar a idade macroscopicamente. entre 10 e 20 anos. finalmente pelo ombro e punho: Tornozelo e quadril Joelho e cotovelo Ombro e punho. PRINCIPAIS CRITÉRIOS PARA DETERMINAÇÃO DA IDADE EM SUBADULTOS Desenvolvimento dentário Comprimento dos ossos longos União das epífises. Pela progressão do fechamento metafisário. Pela formação e erupção dentária. APARECIMENTO DOS CENTROS DE OSSIFICAÇÃO E UNIAO DAS EPÍFISES Não é muito usado na ciência forense. Geralmente as evidencias para identificação são maiores nos caninos mandibulares. Próximo à puberdade. Até a adolescência. terminando o crescimento longitudinal do osso. A PARTIR DA PUBERDADE: Analise da bacia pelas alterações da sínfise pubiana Superfície auricular da articulação sacroilíaca Extremidades das costelas Fechamento das suturas cranianas Grau de desgaste dentário ESTUDO MICROSCOPICO DA IDADE – ANÁLISE HISTOMORFOMÉTRICA – são mais úteis quando os ossos estão muito fragmentados. A junção aparece mais precocemente no tornozelo e quadril. EM ADULTOS Dois tipos de métodos são utilizados: macroscópico e microscópico. Mas podem afetar o desenvolvimento dentário: SIFILIS. as hastes dos ossos longos (diáfises) estão separadas por suas cabeças ósseas (epífises) em ambas as extremidades. seguida pelo joelho e cotovelo e. as epífises se unem às diáfises. essas uniões são bastante úteis para estimar a idade. Uma vez que ocorrem em tempos distintos sobre os diferentes ossos. Pelo comprimento dos ossos longos. Tem aspecto jovem. Podem sugerir pequenas áreas de micoroporosidade e discreta atividade retroauriculr. porém mal definida 40 a 44 anos – transição da granulação grosseira para superfície densa. Depois que a crista está completa e a superfície lisa ou plana.perda importante da granulosidade. Em geral. Há perda completa de todos os aspectos observados nas fases anteriores: ondulação. Em adultos jovens. estrias ou organização transversa 50 a 59 anos – como traço característico. não granular. com sinais evidentes de destruição subcondrial. estrias e granulosidade. A organização transversa está presente. CONFORME VAI PASSANDO A IDADE. A superfície é mais áspera e nitidamente mais granular. a face sinfisiana começa a se deteriorar SUPERFÍCIE AURICULAR DO ILIO 20 a 24 anos. a superfície na qual um púbis se articula com outro. Não são evidenciadas ondulações. À medida que os sulcos vão sendo gradualmente preenchidos para criar uma superfície plana. forma-se uma elevação sobre a superfície mais ventral. Um dos melhores critérios post mortem para a avaliação da idade em restos humanos de adultos é a observação das mudanças morfológicas progressivas que ocorrem na face sinfisiana do osso púbis. Há uma redução significativa da ondulação e das estrias.Fechamento e apagamento das suturas no crânio Alterações degenerativas da coluna. Não há porosidade. uma borda do osso é fabricada ao longo da circunferência mais externa da face. organização transversa. ainda que estas últimas possam persistir.a superfície exibe uma atextura granulosa fina e uma acentuada organização transversa. que é substituída por tecido ósseo denso e liso. Finalmente. essa área apresenta-se muito áspera com cristas e sulcos profundos. TEREMOS: Perda da ondulação Apagamento da organização transversa Apagamento das estrias 23 | P á g i n a . A ondulação se reduz bastante. ressalta-se a irregularidade da superfície 60 anos ou mais – superfície irregular. com alguma perda da organização transversal. de disposição transversal 25 a 29 anos – não são observadas muitas mudanças em relação à fase anterior 30 a 34 anos – ambas as hemifaces permanecem em repouso. ocorre uma substituição das ondulações pelo aspecto granuloso áspero 35 a 39 anos – ambas as hemifaces se tornam ásperas e uniformemente granulares. Não há ondulações e as estrias podem estar presente. 45 a 49 anos. devido às ondulações largas e bem definidas. sendo substituída por estrias definitivas. isto é. ainda que vagamente definidas. articulações e crânio Reabsorção de osso esponjoso Perda dos dentes PELVE O Ilíaco ou OSSO INOMINADO é composto por 3 ossos separados: Ílio Ísquio Púbis A união final se realiza próximo aos 17 anos. enquanto nas MUDANÇAS ETÁRIAS estão distribuídas por todo o corpo. desenvolve pequenos depósitos de osso ou depressões nas superfícies articulares. Tipos semelhantes de ossificação e extensões ósseas aparecem em outras partes do esqueleto com o avanço da idade. Se o esqueleto está suficientemente preservado. LUXAÇÃO. essses depósitos crescem o suficiente para destruir a cartilagem. OSSIFICAÇÃO DAS CARTILAGENS – as extensões ósseas podem-se desenvolver sobre outras superfícies. mas 3 características são mais marcantes: LABIAÇÃO EBURNAÇÃO OSSIFICAÇÃO DE CARTILAGENS LABIAÇÃO. PALATO O fechamento das suturas INCISIVA.desenvolvimento da osteoartrite vertebral como indicador geral da idade.: FRATURA. Estágios avançados. SAGITAL e LOMBÓIDE começa na fase de adulto jovem. TRANSVERSA do palato ocorre completamente em adultos senis. 24 | P á g i n a . enquanto suturas totalmente soldadas são tipicamente encontradas em senis.20 a 34 anos Adulto maduro . chamados osteófitos. produzindo abrasão ou polimento dessas superfícies. A maioria das articulações. Todas essas alterações são indicadores gerais de idade avançada.35 a 49 anos Senil – 50 anos A região ântero-lateral do crânio tem provado ser um melhor indicativo da idade cronológica do que os locais de marcação na abóbada craniana. são característicos de adultos maduros. Obs. Ocasionalmente. os ossos começam a entrar em contato. usualmente através da cartilagem de ossificação. À medida que envelhecemos. Quando isso acontece. o fato observado é o de que os EFEITOS TRAUMÁTICOS estão usualmente confinados a uma área. Esse efeito de polimento é chamado de EBURNAÇÃO. Perda da granulosidade. O fechamento das suturas ENDOCRANIANAS CORONAL. formam-se os crescimentos ósseos externos. que se prolongam para as margens dos corpos vertebrais. especialmente as do cotovelo e do joelho. ALTERAÇÕES DEGENERATIVAS As alterações degenerativas no esqueleto servem como indicador da idade da morte. DETERMINAÇAO DA IDADE PELO CRÂNIO FECHAMENTO DAS SUTURAS CRANIANAS O fechamento usualmente começa na parte interna da abóbada (ENDO CRANIALMENTE) e prossegue em direção ao exterior (ECTOCRANIALMENTE) ENDO – ECTO Para a estimativa da idade de cada indivíduo adulto considera-se a seguinte classificação Adulto jovem . mas incompletos de fechamento. INFECÇÕES podem conduzir a uma ossificação da cartilagem ou extensões ósseas que se assemelham àquelas produzidas pelo processo de envelhecimento normal. Esse canal conduz um pequeno vaso sanguíneo e um filete nervoso. a depressão articular é notavelmente profunda. Entre as idades de 42 a 50 anos. Na MATURIDADE. por projeções ósseas que se alargam em direção ao osso esterno Em IDOSOS.CAVIDADE MEDULAR (porção central do osso) aumenta nas extremidades proximais do úmero e do fêmur. A estrutura inteira (CÍRCULOS CONCENTRICOS E CANAIS DE HAVERS) é conhecida por ÓSTEON. havendo irregularidade e calcificação das bordas da cartilagem. Durante o processo natural de maturação. com um formato de U largo. alcança a linha epifisária. desde os primeiros meses de vida são parcialmente reabsorvidas por OSTEOCLASTOS (células que destroem o tecido ósseo). Essas camadas. assumindo um aspecto em forma de V. pela atividade dos OSTEOBLASTOS. permanece no centro. conhecidas como osso lamelar circunferencial. ESTREMIDADES ESTERNAIS DAS COSTELAS As extremidades esternais das costelas estão conectadas ao esterno por cartilagem. que formam túneis longitudinais (APOPTOSE?). ATRITO DENTÁRIO O atrito dentário. Em secção transversal. progride durante a vida. Na INFANCIA. a extremidade mais superior da cavidade medular no fêmur expande-se em direção ao colo cirúrgico. com margens arredondadas e superfície plana No ADULTO JOVEM – a superfície articular tem ondulações transversais e vai progressivamente se tornando escavada. esses orifícios são preenchidos gradualmente por camadas concêntricas de ossos. tornando-se uma gente ativo das trocas químicas com a área adjacente. OSTEOCLASTOS – destroem o osso OSTEOBLASTOS – formam o osso OSTEON – CIRCULOS CONCENTRICOS + CANAIS DE HAVERS O processo de formação dos osteons continua ao longo da vida de forma que o seu número aumenta com a idade. Entre 61 e 74 anos. em geral. chamada de CANAL DE HAVERS. principalmente em camadas finas. Suas paredes são finas. MICROESTRUTURA DENTÁRIA Determinação da idade ao morrer leva em conta os seguintes fatores: Atrito Aposição do cimento Reabsorção da raiz Periodontose 25 | P á g i n a . o córtex dos ossos longos consiste. apresentando porosidade acentuada. as extremidades das costelas são relativamente rombas. paralelas e levemente onduladas. Uma pequena abertura. O limite externo de cada ósteon está delimitado por uma camada mais densa de osso. chamada de linha reversa porque marca o limite onde a tunelização osteoclástica inicial terminou e onde começou o preenchimento de osso novo formado pelo osteoblastos. REMODELAÇÃO CORTICAL DOS OSSOS LONGOS Nas fases iniciais. com margens aguçadas. Suas paredes são extremamente frágeis e quebradiças. o fundo da depressão na superfície articular pode estar ausente ou preenchido por projeções ósseas. esses túneis assemelhamse a orifícios circulares. ou desgaste resultante da mastigação. com margens gradativamente cortantes ou aguçadas. Isso pode ser explicado em razão do achatamento dos discos intervertebrais e na posição bípede do vivo. o que por sua vez modifica os resultados. encontra-se separado do mesmo por uma sutura transversa (SUTURA DE MENDOZA). um grau de decomposição tal que muitos de seus ossos (particularmente vértebras) se FRAGMENTAM. Aposição de dentina secundária Transparência da raiz Fechamento do canal da raiz ESTIMATIVA DA ESTATURA É possível calcular-se a estatura que a pessoa teria em vida por meio de dados obtidos no cadáver fresco. fato que não é verificado no cadáver nem vivo nem no vivo em decúbito dorsal. RECONSTRUÇAO DA ESTATURA EM ESQUELETOS IMATUROS A estimativa da estatura em indivíduos imaturos torna-se bastante complicada pela ausência das epífises distal e proximal. com freqüência. DNA TECNICAS DE COLETA E ARMAZENAMENTO As amostras devem ser manipuladas com uso de luvas e instrumental limpo para evitar a contaminação ou mistura de material biológico durante a fase de coleta Existem instruções técnicas específicas para a coleta. desde que seja possível efetuar o confronto radiológico entre as radiografias do esqueleto e as porventura realizadas previamente na pessoa desaparecida. sob a ação de PREDADORES e aqueles enterrados em SOLOS ÁCIDOS apresentam. A conformação peculiar dos seios pneumáticos dos ossos da face geralmente é individual. podendo servir como forte indicador na identificação. Para a reconstrução da estatura fetal e infantil. impedindo a reconstrução da estatura segundo métodos tradicionais. O OSSO INCA. e não deve ser confundido com ossos supranumerários da SUTURA LOMBÓIDE. Ossos SECOS são menores que ossos FRESCOS RECONSTRUÇAO DA ESTATURA EM OSSOS FRAGMENTADOS Esqueleto expostos A AMBIENTE. levando-se em conta que entre as duas alturas. que costuma fechar aos 8 ANOS de idade pode ser um sinal particular. já que se acha apenas a diáfise. localizada acima da linha nucal. que consiste em um defeito na fusão dos centros de ossificação primaria da porção escamosa do osso occipital. deve-se considerar a taxa de crescimento desigual nos primeiros anos de vida. a do INDIVIDUO VIVO e a do CADÁVER. situada na linha média do osso frontal. conforme o tipo de material examinado 26 | P á g i n a . 1ª infância (aos 6 anos) – crescimento muito rápido média infância (6 a 10 anos) – crescimento lento e uniforme puberdade (10 aos 15 anos meninas e 10 aos 16 em meninos) – crescimento muito rápido adolescência (até 21 anos) – obtém-se 95% da estatura adulta SINAIS PARTICULARES A persistência da SUTURA METÓPICA no adulto. costuma haver uma DIFERENÇA DE 2 CM. o que impede a mensuração total do osso. que lhe confere um aspecto granular. estocados em envelopes de papel. dentes. FUNDAMENTOS BÁSICOS Durante o seu desenvolvimento. a seguir. Nas circunstancias em que somente são encontrados CABELOS. o citoplasma. Quase todas as células são formadas por um núcleo. Os GENES são compostos de ÁCIDO DESOXIRRIBONUCLEICO (DNA) que é o precursor para a formação de todas as proteínas do corpo. Desse modo. sendo mantidos em local seco sob temperatura ambiente. a molécula de DNA tem 3 componentes fundamentais: UM DESOXIRRIBOSE (AÇUCAR) – formada por 5 átomos de carbono UMA PENTOSE 27 | P á g i n a . OSSOS E DENTES – devem ser lavados em água corrente. limpos e armazenados em temperatura de . Um erro ou mutação em um ou em vários desses genes pode conduzir ao aparecimento de doenças hereditárias. deve-se coletar o material biológico com auxílio de ALGODAO UMEDECIDO com soro fisiológico ou cotonete. Se tais manchas forem encontradas em SUPORTES SÓLIDOS E FIXOS. não sendo necessária a secagem prévia do material. ESPERMA) em SUPORTES sólidos. Se tais condições de armazenamento não forem possíveis. REMOVÍVEIS. O conjunto é revertido por uma membrana ou parede. papel. No interior do núcleo celular existe uma substancia denominada CROMATINA. o procedimento utilizado é o mesmo para pelos e unhas. Antes do inicio da multiplicação celular. A maioria dessas células é substituída ao longo da vida por processos de multiplicação próprios. preservativos. há uma ÚNICA MOLÉCULA DE DNA enrolada ao redor de um cerne de proteínas (HISTONAS). imerso em um líquido. designados CROMOSSOMOS. ao acondicionamento em sacos plásticos. PELOS (com ou sem bulbo capilar) e UNHAS. transmissíveis à prole. Em CADA CROMOSSOMO. através da qual se efetuam as trocas com o meio externo. sob igual temperatura. louças. poderão ser recolhidos ossos.20°. procede-se. um ovócito fecundado por um espermatozóide. a cromatina se condensa para formar pequenos corpos coráveis. SALIVA. o homem evoluiu de um ser constituído por uma única célula (OVO OU ZIGOTO). tais como vestes. secos à temperatura ambiente e. então. músculos e outros tecidos internos encontrados em áreas menos afetadas pelo calor ou pelo processo putrefativo.Em RESTOS PUTREFEITOS e CORPOS CARBONIZADOS. Os GENES (unidades da herança) transmitidos dos genitores para a prole estão contidos nos cromossomos. Por ocasião do achado de manchas ou vestigios de material biológico (SANGUE. O método de armazenamento é o mesmo utilizado para cabelos e unhas. etc. convém secá-los à temperatura ambiente e guardá-los em envelopes de papel. para um organismo altamente complexo. contendo trilhões de células individuais. mantidos à temperatura de – 20°. gerando um ciclo celular cuja duração é variável de acordo com os diferentes tipos de tecido.. onde há diversas organelas providas de funções específicas. Os fragmentos de TECIDOS MOLES devem ser acondicionados em sacos plásticos. Através de sua transmissão de uma geração a outra é que as características físicas são herdadas. os genes são responsáveis pelos aspectos estruturais e funcionais de todo o organismo. armas. METODOS OSSOS – realizar duas secções transversais em diáfises de ossos longos DENTES – dá-se preferência à retirada de 5 molares ou pré-molares MUSCULOS E OUTROS TECIDOS – coletar dois a quatro fragmentos de 1 cm. As bases nitrogenadas integram os ácidos nucléicos. e o que diferencia cada DNA é a ordenação de suas bases. para que sejam incorporadas à célulasfilha. As ligações químicas entre as bases por pontes de hidrogênio são constituídas por: 3 pontes de H+ entre os pares CITOSINA-GUANINA (piramidinas) 2 pontes entre os pares ADENINA-TIMINA (purinas) A extremidade de cada fita da dupla hélice termina com numerações 3 ou 5.UM GRUPO DE FOSTATO E 4 TIPOS DE BASES NITROGENADAS (assim denominadas pela sua capacidade de combinação com íons hidrogênio em soluções ácidas). unidos entre si por fortes ligações de fosfodiester. CITOSINA. Logo. a ADENINA só pode se unir à TIMINA e a GUANINA. A dupla hélice do DNA não se encontra esticada no interior da célula. em intervalos regulares. O pareamento complementar de bases é obrigatório. no qual o DNA seria representado por uma escada retorcida com as ligações químicas constituindo os degraus. designadas PURINAS. TIMINA As bases CITOSINA e TIMINA exibem. chamada de NUCLEOTIDEO. Para comprimir todo o DNA de modo a que ele caiba em um minúsculo núcleo celular. pois cada molécula tem quase 2 metros de comprimento. Cada lado da escada é composto de FOSFATOS e AÇUCARES. formando os degraus da escada. produzindo um sequenciamento de bases pareadas. respectivamente um ou dois anéis de carbono PIRIMIDINAS – 2 ANEIS DE CARBONO PURINAS – 3 ANEIS DE CARBONO Duas moléculas de DNA são idênticas quanto ao formato. As bases nitrogenadas seriam projeções internas de casa um dos lados da escada. derivadas da ordem na qual são numerados os 5 átomos de carbono que compõem a desoxirribose. Com a sucessiva multiplicação das células para formar outras novas. com estrutura química contendo. São DUAS Formam o modelo de DUPLA HÉLICE. ao longo do cromossomo. em sua estrutura química. Então. PURINAS (guanina e adenina) e TRES PIRIMIDINAS (citosina e timina) A URACILA só está presente no RNA A TIMINA só está presente no DNA. Cada subunidade de DNA. haverá um rompimento das fracas pontes de hidrogênio entre as 28 | P á g i n a . sendo chamadas de PIRIMIDINAS A ADENINA e GUANINA são anéis duplos de carbono e nitrogênio. um fosfato e uma base. que são ADENINA. diferentes em tamanhos. pelo sistema de HELICOIDIZAÇÃO DO DNA. seqüências diferentes de bases dos nucleotídeos especificam proteínas diferentes. deverão ser feitas cópias idênticas do seu DNA. ligando-se aos pares por meio de pontes de hidrogênio relativamente fracas. A visão espacial da dupla hélice do DNA assemelha-se a uma roda em torno de um eixo e apresenta depressões devido ao pareamento de bases pirimidinas e purinas. fato que comprova que o DNA é o material genético básico. consiste em uma desoxirribose. é necessário um empacotamento progressivo da molécula ao redor de proteínas. somente pode se unir à CITOSINA. ligadas a um arcabouço protéico. GUANINA. um anel de carbono e nitrogênio. A replicação do DNA significa que durante a divisão celular. Esses solenóides são organizados em alças de cromatina. os quais são compostos de seqüências de aminoácidos que. transportada para o citoplasma. uma parte de um filamento único (molde) com a seqüência de bases TATGCT irá unir-se a uma série de nucleotídeos livres com as bases ATACGA. As proteínas são grandes moléculas constituídas por um ou mais polipeptídeos. e. TATGCT ATACGA Uma série de enzimas age na replicação do DNA: Uma desenrola a dupla hélice Outra separa os filamentos As demais executam atividades específicas. DIFERENÇAS ENTRE RNA E DNA Existem 3 diferenças entre o RNA e o DNA: Na composição do RNA o açúcar é a RIBOSE Na composição do DNA o açúcar é a DESOXIRRIBOSE RNA tem como uma de suas 4 bases a URACILA DNA a base correspondente é a TIMINA RNA – constituído por um filamento único DNA – 2 filamentos helicoidais. por sua vez. através da adição de nucleotídeos livres ao molde. a partir de um molde de DNA. e as porções restantes (éxons) são reunidas para formar o RNA MENSAGEIRO. mesmo com toda essa precisão. denominadas códons. Segmentos desse RNA (introns) são removidos por enzimas nucleares. Durante o processo de TRANSCRIÇÃO. A DNA POLIMERASE é uma das principais enzimas envolvidas nesse mecanismo. portanto. também faz uma espécie de revisão. Assim. Para que isso aconteça. estando implícita a programação de um ou mais caracteres hereditários. vai ocorrendo no citoplasma a síntese d e proteínas. poderão ocorrer erros na replicação que irão produzir mutações. conferindo se o novo nucleotídeo incluído é de fato complementar à base do molde. deixando um único filamento de DNA com suas bases não-pareadas. interagindo com outra espécie de RNA. idêntica à que lhe deu origem. são especificados por trincas de bases nitrogenadas. O RNA TRANSPORTADOR possui o 29 | P á g i n a . forma-se uma seqüência de RNA. que irá codificar as proteínas no citoplasma pelo processo de TRADUÇÃO. Ao mesmo tempo em que o DNA guarda o seu longo código genético no interior do núcleo da célula.bases. Dessa forma. construindo um filamento complementar. pois não pode ligar-se diretamente a aminoácidos. Mas. o pareamento consistente de adenina-timina e de citosinaguanina constituirá a base para a replicação correta. o RNA PRECURSOR. o RNA TRANSPORTADORA. Ao término da replicação. O RNA MENSAGEIRO fornece um molde para a síntese de um polipeptídeo. haverá uma nova molécula bifilamentar. registrado na seqüência de suas bases nitrogenadas. denominado molde.a informação contida no DNA deve ser. a fim de ditar a composição de cada proteína Isso envolve dois processos distintos: TRANSCRIÇÃO TRADUÇÃO Ambas mediadas por um outro ácido ribonucléico (RNA). através do RNA RIBOSSOMIAL e de diversas enzimas. uma vez que serão transmitidas de uma geração à outra. quanto mudanças ao nível de um único gene. existem outras causas de variação genética. apesar da maior ênfase conferida ao DNA que CODIFICA PROTEÍNAS. seja em DNA codificante ou em determinadas seqüências reguladoras (microscópicas). Chama-se RIBOSSOMO e estrutura citoplasmática onde acontece a síntese de proteínas. mas as que interessam para a pratica forense são somente aquelas que comprometem as células germinativas. produtoras de gametas. finalizando a tradução no do código genético. TIPOS DE DNA DNA DE CÓPIA ÚNICA É aquele em que suas seqüências são verificadas apenas uma vez no genoma. especificando a seqüência correta de aminoácidos para formar determinada proteína. VARIAÇÃO GENÉTICA E PERFIL DE DNA A principal causa da variação genética é a MUTAÇÃO. Além da mutação. Quando a mutação afeta apenas um gene. DNA REPETITIVO Apresenta seqüências que são repetidas milhares de vezes no genoma. fatores que justificam a incidência de determinados caracteres físicos e doenças genéticas. As mutações podem ser induzidas ou espontâneas.antocodon do RNA MENSAGEIRO. provenientes de linhagem EXCLUSIVAMENTE MATERNA. organelas citoplasmáticas responsáveis pela respiração celular A MITOCONTRIA possui moléculas próprias de DNA extranuclear. A maioria do DNA constituinte do nosso genoma não apresenta função conhecida. á exceção do que ocorre nas mitocôndrias. visto que todos os organismos vivos usam os mesmos códigos de DNA para especificar aminoácidos. Em genética. enquanto os RNA são os executores dessas programações. a deriva genética e o fluxo genético. embora em pequena proporção. O código genético é dito universal. Representa 25% do genoma total e é classificado em duas modalidades: DNA REPETITIVO As repetições tendem a ficar espalhadas DNA SATÉLITE São agrupadas em certos locais cromossômicos e ocorrem em fila. As mutações de natureza espontânea são aquelas que aparecem naturalmente no processo de replicação do DNA As mutações podem afetar todas as células do organismo. deleção ou inserção de um ou mais pares de bases nitrogenadas. As mutações podem determinar tanto alteração do numero ou da estrutura dos cromossomos. Em resumo. Cada uma dessas células possui 23 cromossomos: do numero 1 ao 21 e X e Y. por meio da formação de proteínas específicas que fornecem as características físicas do indivíduo. Existe um grande numero de agentes que produzem mutações: Radiações (ionizantes e não-ionizantes) Substancias químicas diversas Fatores ambientais. pode-se concluir que os DNA são os programadores genéticos. visíveis ao microscópio. por 30 | P á g i n a . que consiste em uma mudança na seqüência de bases do DNA. Inclui os genes codificadores de proteínas. constituindo cerca de 75% do mesmo. ela pode ocorrer por substituição. deve ficar estabelecido que somente 10% dos 3 bilhões de pares de nucleotídeos componentes do genoma humano desempenham esse papel. tais como a seleção natural. de modo que o DNA recém-sintetizado ligado ao primer sirva de molde para outras sínteses produzindo uma amplificação geométrica do numero de cópias do DNA original. 31 | P á g i n a . modificando aminoácidos por alteração na regulação da transcrição ou da tradução e. DNA POLIMERASE. obtida sob forma termicamente estável a partir da bactéria THERMUS AQUATICUS. por meio de amplificação bioquímica ou molecular de uma seqüência-alvo. conforme a seqüência que se deseja analisar. A seguir. O DNA GENOMICO é sucessivamente aquecido a temperaturas progressivamente decrescentes. Um grande número de nucleotídeos livres de DNA DNA genômico de uma pessoa. que irá efetuar a ampliação do primer. é exposto a grandes quantidades de primers. representado pelas características físicas. mesmo em pouca quantidade. com os quais se hibridize e se helicoidiza por pareamento complementar de bases nitrogenadas. a probabilidade de que qualquer outra pessoa na população tenha os mesmos alelos em cada lócus cromossomial torna-se ínfima. após o resfriamento. por conseguinte. na presença de um grande número de bases livres de DNA e da DNA POLIMERASE ocorre a síntese de um novo filamento de DNA. O principio básico para estabelecer um perfil de DNA de interesse forense é bem simples. Os primers correspondem a seqüências de DNA imediatamente adjacentes à seqüênciaalvo. Vários ciclos de aquecimento-resfriamento são repetidos. etc. TÉCNICA DO PCR (REAÇAO EM CADEIA DA POLIMERASE) É uma técnica que possibilita a analise de uma região especifica do DNA. O fenótipo é o resultado da expressão gênica de um genótipo. ampliando a seqüência do primer.. O processo do PCR requer quatro componentes obrigatórios: 2 Iniciadores (primers): que são pequenas seqüências de DNA sintetizadas laboratorialmente. Um mesmo gene poderá apresentar diferenças na sua seqüência de DNA. Essas seqüências alteradas pela mutação são designadas ALELOS Cada gene exibe uma localização especifica em um cromossomo. Se for examinada uma quantidade suficiente de polimorfismos de um determinado sujeito. enzima que normalmente efetua a replicação do DNA. OUTRAS TÉCNICAS: Sequenciamento direto do DNA Espectrometria de massa Hibridização com chip de DNA. sendo inicialmente desnaturado. causando anormalidades na estrutura e no tamanho de uma proteína. a qual poderá conter uma mutação que determine doença ou um polomofrismo de repetição. capaz de gerar com eficácia um grande numero de cópias de um segmento específico de DNA a partir de pequena quantidade de material genético. ficando unifilamentar. Depois. Os alelos presentes em determinado lócus constituem o genótipo da pessoa. produzidas pela interação entre os genes e o meio ambiente. que é chamado de LOCUS. Essa combinação alélica dos loci determina o mapa genético de casa ser humano.diminuição da afinidade de enzimas. utilizando-a para sintetizar tanto os seus próprios constituintes como substâncias destinadas à exportação. Os nutrientes são os glicídios. Na presença de teor adequado de oxigênio. É possível provocar contração muscular no cadáver depois de varias horas. A célula precisa absorver nutrientes e oxigênio para poder funcionar e eliminar as substâncias nocivas que são geradas pelo metabolismo. Há uma hierarquia dos vários tipos celulares quanto à resistência à hipoxia. ESTUDO MÉDICO-LEGAL DOS TRANSPLANTES MORTE CELULAR Há má divisão de tarefas dentro de uma célula. um conjunto de microtúbulos de natureza protéica e que dão sustentação aos elementos celulares. Fibroblastos da pele ainda podem ser cultivados em meio artificial por cerca de 24 horas após a morte do individuo. Os menos resistentes são os neurônios.TANATOLOGIA CONCEITO DE MORTE. Os neurônios do córtex cerebral resistem por apenas 3 a 7 minutos após uma parada cardíaca. Sua estrutura bioquímica é formada por associação de proteínas com lipídios especiais de tal modo arrumados que se comunicam com o citoesqueleto. a queima é incompleta e sobram produtos tóxicos. Outras células são capazes de resistir muito à privação de oxigênio. Esses túbulos têm que ser renovados a partir das proteínas celulares. A agressão à célula pode-se dar num daqueles elementos: pode haver morte por problemas na membrana celular. de modo a podermos identificar três setores principais responsáveis pela manutenção da vida: Membrana celular Metabolismo energético Síntese de proteínas A MEMBRANA CELULAR é o setor de controle do que entra e do que deve sair da célula para o exterior. essa queima produz quantidade suficiente de energia para mover todo o metabolismo celular. no metabolismo energético ou na síntese 32 | P á g i n a . A integridade da membrana celular é indispensável para manter sua função. Na falta de oxigênio. tarefa que depende da energia produzida pela queima dos nutrientes dentro da célula. principalmente as de natureza protéica. A queima dos glicídios produz a maior parte da energia de que a célula precisa para lidar com as outras substâncias. Célula viva é a que mantém a produção de energia. os lipídios e as proteínas. A essa integração de funções celulares é que podemos chamar VIDA. Há agentes. e reações imunológicas. Ocorre tanto durante a vida embrionária como após o nascimento. o que dificulta a queima dos nutrientes e a produção de energia celular. As células necróticas apresentam alterações com rotura da membrana celular e desaparecimento gradual do núcleo. etc. aparecem alterações mitocondriais. o microscópio eletrônico ainda mostra um aspecto de célula normal. Ela já está morta. de profunda alteração do meio extracelular desencadeada por imensa gama de agentes patogênicos. primeiro perceptível ao microscópio eletrônico e só depois. havendo um controle integrado de todos de modo que as funções atuem em harmonia. Dependendo da extensão e da localização da necrose. Assim. NECROSE Quando a morte celular ocorre em grupo. o coração poderá ter aspecto semelhante ao normal. Atualmente há duas correntes sobre o momento da morte: Morte encefálica.de proteína. começam a aparecer as alterações morfológicas. Esta deixa de ser feita pela via normal aeróbica e passa a utilizar a via anaeróbica. Tanto serve para criar cavidade em vísceras ocas e ductos glandulares como para formar as cavidades cardíacas. As substâncias produzidas pela destruição celular funcionam como mediadores químicos e desencadeiam uma reação inflamatória. com acumulo de ácido láctico e liberação de radicais livres oxidantes. basicamente. mas não apresenta grandes alterações de suas organelas. insuficiência funcional ou a morte do organismo. ao microscópio óptico. que constituem órgãos. em varias formas de agressão. pois que envolvidas na captação e distribuição do oxigênio e dos nutrientes dos tecidos. o comprometimento das demais. a célula afetada é separada das suas irmãs. depois. fica mais densa por perda de liquido. como viroses. MORTE DO CORPO Nosso corpo é composto por células. Tal processo é conhecido como APOPTOSE. reduz seu tamanho em cerca de 50%. É o que ocorre. Nessa forma de morte. que matam a célula bloqueando seu sistema energético. A obstrução da artéria coronária reduz consideravelmente o oxigênio do tecido muscular cardíaco. quando o individuo sofre um infarto do miocárdio. APOPTOSE As células podem morrer isoladamente ou em grupo. primeiro vem a agressão a um daqueles três elementos. 33 | P á g i n a . é encontrado na atrofia de glândulas por falta de estimulo hormonal. que formam tecidos. em um tecido. por exemplo. A partir daí. Somente depois de 4 horas é que a lesão passa a ser visível ao microscópio comum. Segue-se distorção das unidades contrateis do músculo. é um processo isolado que dura poucos minutos e não desencadeia uma resposta inflamatória. Após 15 a 40 minutos. que integram aparelhos e sistemas. mesmo já ultrapassado algum tempo. que provoca privação do oxigênio. Se for feita uma necropsia antes desse prazo. É um processo de verdadeira modelagem do embrião. As funções mais importantes são a respiração e a circulação. Resulta. Cada um desses segmentos tem sua função. Na lesão da célula. Na vida após o nascimento. cuja morfologia à microscopia eletrônica não se desvia muito da normalidade. a conseqüência será uma cicatriz sem importância. seguidas por rotura da membrana celular. por exemplo. Morte cortical. como o CIANETO. A morte celular pode ocorrer tanto em condições fisiológicas como pela ação de agentes patogênicos. Sua progressão a torna visível ao olho nu somente depois de 8 a 12 horas de ocorrido o infarto. diz-se que houve uma necrose. mas aparece como normal. ou fazer involuir a genitália do sexo oposto ao determinado geneticamente. Atualmente é adotado preferencialmente o critério de morte encefálica. ou De perfusão sanguínea. as emoções e qualquer forma de relacionamento com o meio. Ocorre tanto em causas naturais como em certos traumatismos. hoje. a intervalos estabelecidos de acordo com sua faixa etária. respeitados os intervalos entre um e outro. por muito débeis. Cessa o intercambio entre o individuo e a sociedade. Seu argumento é que a unidade biopsicossocial já não existe. por 2 médicos diferentes. ou perceber os movimentos respiratórios. Acima de 1 ano de idade. As faixas etárias referidas na Resolução 1480/97 e os intervalos mínimos entre as duas avaliações são: 7 dias a 2 meses incompletos – 48 horas 2 meses a 1 ano incompleto – 24 horas 1 ano a 2 anos incompletos – 12 horas Acima de 2 anos – 6 horas.Os partidários do critério de morte cortical propõem que. Envenenamentos. é obrigatório que se façam dois eletroencefalogramas. A MORTE APARENTE é um estado de profundo embotoamento das funções vitais em que se torna muito difícil escutar os batimentos cardíacos. tem que afastar a possibilidade de se tratar de morte aparente. Entre as causas naturais: Coma epiléptico. como nos casos de: Asfixia. Não há mais vida de relação. Segundo o critério clinico. O diagnóstico. MORTE REAL E MORTE APARENTE O diagnóstico da morte deve continuar a ser feito com base na parada irreversível da respiração e da circulação. Sem atividade motora supra-espinhal e Em apnéia. mesmo que o paciente ainda respire sem auxilio de aparelho. havendo coma irreversível. tanto mais longo quanto menor a idade. cessam os sentimentos. ou De atividade metabólica cerebrais. Estados sincopais. 34 | P á g i n a . Fulguração. Eletroplessão. tem que estar: Em coma aperceptivo de causa conhecida. deve ser considerado morto. a não ser em casos excepcionais em que o paciente esteja ocupando um leito de CTI e seja necessário fazer o diagnostico de morte cerebral. tem que satisfazer a critérios clínicos e laboratoriais. o médico é chamado para constar um óbito já ocorrido. Nos outros pacientes. Cessada a atividade cortical. os exames clínicos têm que ser confirmados por exames complementares que estabeleçam ausência de: Atividade elétrica. Nessas condições. Segundo a nova resolução do conselho de medicina. O individuo deve ser submetido a 2 exames clínicos. Na maioria das vezes. Contudo. A morte aparente do recém-nascido. qualquer tipo pode ser usado. o estado de morte aparente é bem mais comum por ação de energias externas. Se houver circulação. inclusive das pupilas. As pálpebras não reagem à estimulação da córnea ou da conjuntiva e o atrito na mucosa orofaringe não desperta vomito.Pessoas leigas chamam isso de catalepsia. na verdade. A boca fica entreaberta por queda da mandíbula. FLACIDEZ MUSCULAR DIFUSA Provoca relaxamento geral dos esfíncteres. INSENSIBILIDADE Pode ser demonstrada por meio de excitações dolorosas do tipo punção por agulha. a presença de ocasionais contrações decorrentes de estimulo elétrico direto sobre os músculos do cadáver não invalida o diagnóstico de morte. devido à diminuição da tensão da pele. haverá congestão. As rugas de expressão facial ficam atenuadas. Mas o estado cataléptico. é uma fase de flexibilidade cérea da musculatura observado na esquizofrenia catatônica. AUSÊNCIA DE CIRCULAÇÃO TESTES TESTE DE MAGNUS – amarra-se um torniquete ao redor de um dedo com pressão suficiente para barrar o sangue venoso sem bloquear o arterial. A pupila dilata-se intensa e bilateralmente. queimaduras e beliscões no mamilo ou outras regiões mais sensíveis. TESTE DE ICARD – produz uma coloração verde-esmeralda na esclerótica (parte branca do olho) pela injeção endovenosa ou intramuscular de uma solução de fluoresceína esterilizada. Não há resposta à excitação da mucosa nasal por cócegas nem pela ação de substâncias irritantes como amônia. caso não haja circulação. AUSÊNCIA DE FUNÇÕES CEREBRAIS IMOBILIDADE As fibras musculares ainda podem ser excitadas e se contrair após algumas horas da morte. 35 | P á g i n a . Cortes feitos em cadáver costumam ter as bordas menos afastadas do que ocorreria no vivo. As partes moles do corpo amoldam-se aos planos de apoio O tórax se achat. Se estiver vivo. caso contrario. no qual o doente assume a postura em que se lhe coloquem os membros. em poucos minutos a parte distal fica arroxeada e congesta. é absorvido e desperta reação inflamatória. TESTE DE REBOUILLAT – a infecção de éter no tecido subcutâneo reflui pela ferida punctória da pele. TESTE DE HALLUIN – aplica-se uma gota de éter no fundo-de-saco conjuntival de um dos olhos. Por isso. BOUCHUT foi quem primeiro atentou para o desaparecimento da pupila e das artérias retinianas. que bloqueiam os locais da superfície dos linfócitos em que se 36 | P á g i n a . Isso provoca um abaixamento do pH do meio interno. Apenas os órgãos transplantados entre gêmeos idênticos. ESTUDO MÉDICO-LEGAL DOS TRANSPLANTES Os transplantes de órgãos e tecidos são chamados de: AUTOTRANSPLANTES quando feitos de uma região para outra do mesmo indivíduo. Sabe-se que há cerca de 150 tipos diferentes de tais substâncias e que cada um dos seres humanos apresenta apenas 6 tipos. que pode ser detectado e servir como sinal seguro de morte. Se ficar amarelado. os CORTICÓIDES e. durante uma hora. há entre esses antígenos de histocompatibilidade alguns que provocam estimulação muito intensa do sistema imunológico do receptor e outros que são pouco eficientes em promovê-la. ASPECTOS BIOLÓGICOS O maior problema dos transplantes sempre foi o de ordem imunológica. o que se tem feito por meio de medicações imunossupressoras. ALOTRANSPLANTES entre indivíduos da mesma espécie. pois é impossível a vida em meio ácido. A verificação do pH do meio interno pode ser feita por meio da colocação de uma linha impregnada por um indicador de pH. O que causa rejeição dos órgãos transplantados é a diferença de composição química das membranas celulares do doador e do receptor. AUSÊNCIA DE RESPIRAÇÃO Alguns colocavam espelho para ver se respirava. ACIDIFICAÇÃO DOS LIQUIDOS TISSULARES A parada circulatória leva à não oxigenação das células. por terem a mesma constituição genética. mais recentemente. no tecido subcutâneo. os SOROS ANTILINFOCITÁRIOS. A maneira encontrada para viabilizar os ALOTRANSPLANTES foi impedir a resposta imune do receptor. substâncias de natureza protéica cuja fórmula química e configuração tridimensional dependem dos genes herdados dos nossos pais. Animais para seres humanos. seres humanos. ao se tentar transplantar um órgão de uma pessoa para outra não idêntica do ponto de vista genético. com desvio do metabolismo e acúmulo de substâncias ácidas. o pH é ácido e indica que houve morte. das quais a mais importante é a CICLOSPORINA. Daí pode-se deduzir que a probabilidade de haver dois seres humanos com os mesmos 6 tipos seja extremamente baixa. Tais substâncias constituem o que se denomina de HLA (human leococyte antegen). Por isso. não apresentam reação. como uma solução azul de bromotimol. XENOTRANSPLANTES quando entre indivíduos de espécies diferentes. ou vela acesa próximo da boca. Atualmente é possível fazer a ausculta pulmonar com estetoscópio. para a segmentação da coluna de sangue das veias e a mudança de cor da coróide do avermelhado para o cinza-amarelado. Contudo. Tal diferença é causada pela presença dos chamados ANTÍGENOS DE HISTOCOMPATIBILIDADE. Outras drogas são a AZATIOPRINA. é preciso que se faça a tipagem dos principais antígenos de histocompatibilidade. ISOTRANSPLANTES quando entre dois gêmeos univitelinos. propiciava grande aumento da incidência de tumores malignos nas pessoas imunossuprimidas. quanto éticas. Mas descobriu-se que a imunossupressão tinha seus malefícios. temos contra-indicações absolutas relativas ao doador. pode ser fonte de órgãos para transplante. Exceção deve ser feita para os casos dos gêmeos univitelinos. A maioria dos autores não acha correto que sejam usados órgãos de crianças mesmo com a autorização dos seus responsáveis. acrescenta-se o problema da manutenção da gravidez para fins exclusivos de transplantes de órgãos. TECIDOS OU PARTES DE PESSOA VIVA Por força do art. e pelo tempo que 37 | P á g i n a . como a dopamina. o que se explica por ser constituída por tecido desprovido de vasos sanguíneos. É discutível a polemica utilização de órgãos de anencéfalos. como morto. Se capaz de respirar e de se manter vivo sem recursos extraordinários. parágrafo 3° do Decreto 2268/97. enfraquecendo a vigilância imunológica contra células neoplásicas. Além do mais. Os XENOTRANSPLANTES ainda não são utilizados. O maior temor com relação aos xenotransplantes é a possibilidade de que vírus até então não encontrados em seres humanos possam fazer o salto para a nossa espécie. DOAÇÃO DE ÓRGÃOS. Há argumentos contra e a favor. O risco de deterioração dos órgãos é maior por causa da própria situação de morte encefálica. Há limitações de ordem medica e de ordem ética. 15. está em morte encefálica e. sua vida deve ser respeitada tal qual a de outra pessoa em estado de coma. em que o sucesso do transplante é praticamente assegurado pela identidade genética. No caso da doação de órgãos. DOAÇÃO POST MORTEM O doador cadáver tem limitações maiores do que o vivo. há necessidade de demonstração de 4 compatibilidades do sistema HLA quando se tratar de doador que não seja parente do receptor. A maioria dos autores tem se posicionado de acordo com o grau de desenvolvimento cerebral do anencéfalo. Outro problema é a geração de irmão para que se tenha a possibilidade de um doador de medula óssea. que requer o uso de agentes farmacológicos. As principais contra-indicações relativas são: Idade superior a 70 anos Hipertensão arterial Diabetes Uso de drogas como dopamina. já que tal poder decisório também deve ter suas limitações. Assim. para manter uma boa circulação do sangue nos tecidos. Nos paises em que se permite o aborto eugênico. tanto biológicas. por tempo prolongado. a autorização dada pelo representante legal não deve ser aceita. Se incapaz de se manter sem a aparelhagem do CTI. como respirador artificial.ligam os antígenos do órgão ou tecido transplantado. como: Infecções generalizadas Neoplasias malignas Doença aterosclerótica difusa Lesões do órgãos a serem transplantados. Nem todas as pessoas interessadas podem ser doadoras de órgãos. Reduzia drasticamente as defesas contra germes como bactérias. etc. fungos ou vírus que dificilmente causam doenças em pessoas sadias. É interessante salientar que o fenômeno da rejeição não costuma ocorrer nos transplantes de córnea. menores as chances de sucesso. Quanto maior esse tempo. As principais de ordem geral são: Existência de sensibilização prévia aos antígenos do doador Neoplasia maligna Infecção grave em atividade Idade avançada Mau estado de outros órgãos vitais que não aquele a ser transplantado Entre as contra-indicações específicas estão: O tamanho do órgão a ser transplantado tem que ser compatível com o que será substituído No caso de transplante de fígado. suscita fortes controvérsias.: as pessoas que pertencem à religião testemunha de Jeová. Não cabe aos familiares decidir contrariamente. a glomerulonefrite em atividade No caso do coração. ASPECTOS LEGAIS Leis: Lei 4280/63 Lei 8479/68 38 | P á g i n a . resistem por 12 a 24 horas As chances de um bom resultado em transplantes é: Máxima com doador vivo familiar Média com doador vivo sem laços de parentesco Menor com doador cadáver. ESCOLHA DO RECEPTOR Existem contra-indicações ligadas ao receptor tanto de ordem geral como especificas para cada órgão. A possibilidade de doação presumida. essa deve ser respeitada após a sua morte. o alcoolismo crônico No caso do rim. que consiste em se considerar doadores os indivíduos que não se manifestaram em vida. Pulmões só resistem de 4 a 6 horas O fígado e o pâncreas.transcorre entre a retirada e o implante no receptor. Obs. de modo a tornar o êxito do transplante duvidoso. Tal manifestação prévia pode ter sido feita em documentos de identidade ou através de comunicação verbal testemunhada por outras pessoas. O cumprimento rígido de uma fila de espera esbarra nesse obstáculo de natureza ética. radicalmente contrárias à transfusão de sangue. Mas. em vida. embora a família tenha o dever ético de seguir o desejo do falecido. A escolha deve ser pautada em alguns critérios: A gravidade do paciente deve ser levada em consideração em primeiro lugar. ela é titular do direito de decidir. Mas há casos em que a doença já avançou tanto que houve comprometimento grave de outros órgãos afetados secundariamente. do ponto de vista legal. Havendo uma manifestação da vontade do possível doador. Mas exigem que não se faça transfusão durante ou após o ato cirúrgico e isso causa dificuldades nos transplantes. aceitam os transplantes de órgãos de cadáver. a aterosclerose generalizada nas grandes artérias do receptor. A lei anterior exigia o consentimento de ambos os pais ou responsáveis. a mãe. a lei 10. na sua impossibilidade. retirada do ordenamento pela medida provisória 1718 e acrescentou um parágrafo ao art. Para o autor. dos parentes da linha sucessória reta ou colateral até o segundo grau.: devem ser duas equipes: uma para fazer o diagnóstico e outra para captar os órgãos. o pai. em documento publico ou privado. Tornou compulsória a notificação nos casos de morte encefálica. A lei vigente e seu decreto determinam que o doador Vico declare expressamente que órgãos ou tecidos está disposto a doar e para quem. De modo contraditório. em razão da distância e das condições de transporte. 4° da lei: “na ausência de manifestação da vontade do potencial doador. o tempo estimado de deslocamento do receptor selecionado tornar inviável o transplante. 39 | P á g i n a . A legislação proíbe a retirada de órgãos. ou que necessite de ser esclarecida diante da suspeita de crime. o parágrafo único desse artigo exclui da liberação todos os casos de morte ocorrida sem assistência médica ou em decorrência de causa mal definida.”. de modo a não chocar os familiares também está determinada em lei. mas fez algumas modificações.. tecidos e partes de cadáver de pessoas não identificadas. Obs. Não há como se saber se tais pessoas eram ou não doadoras. desde que não sejam esses órgãos necessários à verificação da causa da morte (art.Lei 8489/92. tecidos e partes do corpo humano. inclusive com relação à autorização para a remoção de órgãos. com exceção da doação de medula óssea. esperma e óvulos. Com relação aos incapazes em estado de morte encefálica essa nova lei estabeleceu a necessidade de autorização expressa de apenas um dos pais ou responsáveis legais. regulamentada pelo Decreto 879/93 Lei 9434/97 regulamentada pelo Decreto 2268/97 A lei 8489 excluiu de sua abrangência sangue. tecidos e partes do cadáver sujeito à necropsia obrigatória. pois abrange todos os casos em que seria permitida a remoção sem autorização do legista. por parte do doador. ou se deles necessitar quem se encontre em iminência de óbito. Essa lei também revogou a validade de qualquer tipo de declaração relativa à doação de órgãos constantes das carteiras de identidade e de habilitação. A nova lei de transplantes (9434/97) manteve a maioria dessas disposições. Mas seu Decreto (2268/97) dispensa tal autorização para a remoção de órgãos. Adotou o critério do CFM para o diagnostico da morte encefálica. quando a retirada dependerá de autorização expressa do patologista ou do legista. A necessidade de autorização do médico-legista para a retirada nos casos de interessa da justiça também é regulamentada por lei. A ordem de inscrição na fila de doação pode deixar de ser observada se. Exigiu a declaração de disponibilidade de seus órgãos.211/01 ratificou a titularidade do cônjuge ou.. A recomposição do corpo do doador. 17). A lei vigente (9434/97) determina a necessidade de autorização do legista responsável pela necropsia forense. Entre as modificações mais polemicas foi a da doação presumida. Seu decreto de regulamentação (879/93) tornou também compulsória a notificação de pacientes necessitados de transplantes de órgãos. o filho ou o cônjuge poderá manifestar-se contrariamente à doação. porém. Mais recentemente. ou do patologista encarregado da verificação de óbito nos casos de morte não assistida. essa exceção retira a autorização dada no caput do art 17. ou outro motivo torpe para a doação. como morte violenta. o que produz marcas distintas. que são encontradas mortas. não será possível distinguir entre acidente ou suicídio quando não houver outros indícios. No caso de haver pagamento ou promessa de recompensa. Nesse caso. mas não é possível classificar qual das 3 formas de morte violenta ocorreu. que pode ser por: Acidente. Tais manchas podem dar uma ideia do deslocamento do corpo ou por seus próprios meios. CAUSA JURÍDICA DA MORTE A morte pode ser natural ou não.Fica também proibida a retirada de órgãos de indivíduos portadores de certas doenças elencadas em listas de exclusão do sistema nacional de transplantes. mas não se percebem sinais de fraturas ou outras formas de violência. 40 | P á g i n a . a dificuldade reside no aspecto inesperado ou súbito da morte. é o que ocorre quando um corpo é encontrado em estado de esqueletização no meio do mato. com a porta fechada por dentro. Crime. No caso de caírem PERPENDICULARMENTE. Mas tal classificação esbarra em dificuldades quando de sua aplicação aos casos concretos. RESPINGOS DE SANGUE deixam marcas características conforme caiam perpendicularmente ou se projetem em movimento. a morte deve ser considerada SUSPEITA. Um individuo encontrado morto no banheiro de sua casa. tanto pode ter morrido por uma doença de evolução aguda como pode ter cometido suicídio. apresentam aspecto radiado em toda a sua circunferência. Algumas vezes. transportar. Se for doador vivo e ele vier a sofrer lesão grave ou a morrer. Se o exame toxicológico confirmar um teor alto do hipnótico no sangue. será denominada causa jurídica INDETERMINADA. distribuir órgãos contrariando as normas legais. Os MOVIMENTOS DA VITIMA deixam marcas das mãos nos pontos de apoio. Por exemplo. Quando não se conseguir chegar à causa jurídica da morte. No segundo caso. EXAME DE LOCAL DE MORTE VIOLENTA OU SUSPEITA (PERINECROSCOPIA) Devem ser procuradas manchas de sangue. o médico-legista não pode dar a causa médica. Tanto pode ter sido morte natural. O ARRASTAMENTO produz faixas e estrias paralelas. é denominada MORTE VIOLENTA. Os delitos tipificam as condutas de remover. nem as autoridades podem chegar à sua causa jurídica. Enquanto não feita a necropsia. a pena é maior. É o que acontece em casos de pessoas acostumadas ao uso de remédios para dormir. Suicídio. Foram previstos crimes relacionados ao não cumprimento dessas normas por parte das equipes médicas responsáveis. guardar. transplantar. deixar de recompor o corpo do doador ou publicar anúncio visando ao atendimento de determinada pessoa em particular. a pena a ser aplicada aumenta em proporção ao dano infligido. Outra dificuldade existe quando se sabe que a morte não foi natural. não informar os riscos do procedimento ao receptor. EM QUE LUGAR SE DEU A AGRESSÃO? Lesões que seccionem artérias provocam jatos de sangue que podem manchar paredes ou o teto. O achado de lesões sem reação vital sugere ação criminosa de terceiros. Gravidade. A presença de rigidez muscular nos membros inferiores e na nuca e a ausência nos membros superiores sugerem que ela foi parcialmente desfeita. Direção. Quando as perfurações da roupa não coincidirem com do corpo. Contudo. É o que ocorre quando a mesma pessoa sofre duas tentativas de homicídio. o que é comum no suicídio. mesmo havendo diferença de estatura entre ambos. quando foi ameaçado. lembrando uma pêra. Sede. Algumas lesões. EM QUE ORDEM FORAM FEITAS AS LESÕES? Havendo lesão de uma grande ARTÉRIA.Mas quando em MOVIMENTO. Caso haja fraturas múltiplas de CRÂNIO. HOUVE MAIS DE UM AGRESSOR? 41 | P á g i n a . A existência de mossas na parede ou no teto indica impacto por projétil que ricocheteou e que deve ser procurado no interior do recinto. Se um acusado alega ter baleado a vitima em legitima defesa. indicando o local onde foram feitas. QUAL A POSIÇÃO RELATIVA ENTRE A VITIMA E O AGRESSOR? O melhor guia é a observação da direção e do sentido das lesões. O encontro de cadáver em local de acesso muito difícil praticamente inviabiliza a hipótese de suicídio. assumem forma mais alongada. estando ambos de pé. perfurações por instrumento que não atingiu o corpo ou o afastamento da roupa para desferir o golpe. com aspecto radiado menor e um escorrimento na direção do deslocamento da vitima. dificilmente poderiam ser autoinfligidas. o sangramento abundante e a queda rápida da pressão arterial fazem com que lesões produzidas depois tenham POUCA INFILTRAÇAO HEMORRÁGICA. Reação vital. O estudo das lesões encontradas no cadáver deve ser feito no sentido de apurar: Número. Agressores colocados em locais elevados produzem lesões de trajeto descendente no corpo de uma vitima de pé. os traços irradiados da que foi feita por último se interrompem ao chegar ao traço da primeira. Obviamente. pode ter havido mudanças de postura do corpo quando atingido. o trajeto do projétil tem que estar muito próximo de uma linha horizontal. lesões em evolução inicial de processo inflamatório foram feitas antes de outras que apresentam infiltração hemorrágica. Ferimentos por PROJETEIS DE ARMA DE FOGO com escassa ou nula infiltração por sangue ao longo do trajeto indica que os tiros foram dados com o indivíduo já morto ou agonizante. por sua localização. como na nuca e nas regiões interescapulares. ou do CORAÇÃO. isso não é uma regra absoluta. a suspeita de crime. sua relação com os livores e a eventual presença das formigas permitem fazer o diagnóstico. formadas por unidades lesionais maiores e um pouco mais profundas. LESÕES POST MORTEM Lesões pós mortem podem ser: Lesões por animais necrófagos. é de se admitir a participação de mais de um criminoso. QUAL O TEMPO DE SOBREVIDA APÓS A LESÃO MORTAL? Feridas penetrantes do CORAÇÃO nas câmaras direitas podem ter sobrevida compatível com a realização de atos como telefonar pedindo socorro. em virtude da maior dimensão das peças bucais desse inseto. O fato de estar a vitima manietada também o indica. LESÕES POR ANIMAIS NECRÓFAGOS Por vezes. As FORMIGAS costumam arrancar minúsculos pedaços da epiderme. que podem ser encontrados ainda móveis em secreção vaginal até mais de 10 horas depois do último coito e imóveis até cerca de 2 a 3 dias. deixando áreas expostas de derme com a coloração amarelada e aspecto apergaminhado pela desidratação. antes de as vitimas caírem para morrer. porém. podem assumir coloração avermelhada e sugerir escoriações produzidas em vida. por vezes. é interessante pesquisar a presença de espermatozóides. do ventrículo esquerdo e de grandes artérias provocam brusca redução da pressão sanguínea. sua forma e distribuição são características. Nas mulheres. tal diagnóstico é fácil porque a lesão difere das outras por não apresentar qualquer infiltração hemorrágica visível quer macroscópica. Contudo. Lesões intencionais. Quando situadas em regiões onde os livores cadavéricos são intensos. Lesões acidentais. BARATAS podem fazer lesões parecidas. as lesões da aorta. isquemia cerebral e queda no próprio local. SUICÍDIO Os suicídios por DEFENESTRAÇÃO suscitam. Além do mais. QUANTO TEMPO ANTES DE MORRER A VITIMA FEZ CERTOS ATOS FISIOLÓGICOS? Sabe-se que o leite e seus derivados permanecem por cerca de duas horas no estômago.Nos casos de estupro com marcas de contenção nos membros da vitima. Sua forma varia bastante. O fato de o corpo cair a uma distancia maior ou menor da fachada do prédio NÃO é suficiente para afirmar que se jogou ou que foi projetada por uma ou mais pessoas. quer microscopicamente. tendo contorno irregular e tamanho variado que dependem da confluência de lesões elementares. O aspecto do conjunto das lesões. 42 | P á g i n a . sob a influência de substâncias conhecidas como mediadores químicos. ou a dos rios. que faz com que se abram outros grupos de capilares na mesma região. Tais fraturas podem causar sangramento para dentro da cavidade pleural ou abdominal em decorrência da própria eficiência da massagem. LESÕES INTENCIONAIS Manobras de reanimação podem causar fraturas costais. a região atingida aparece pálida por causa de uma vasoconstrição. seja por agentes físicos. Consta de fenômenos vasculares e afluxo ao local de elementos celulares do sangue e dos tecidos. LESÕES PRODUZIDAS ALGUM TEMPO ANTES DA MORTE Alguns elementos permitem afirmar com segurança que uma lesão foi feita em vida. É possível encontrar bolhas em áreas de queimaduras feitas em cadáveres se a região queimada estiver pendente e sujeita a intensos livores. Nos primeiros minutos após a agressão.ROEDORES destroem grande parte dos tecidos dos diversos segmentos. que dura tanto mais quanto maior tenha sido a intensidade de energia vulnerante. A circulação fica mais lenta. A REAÇÃO INFLAMATÓRIA é um mecanismo de defesa pelo qual o organismo tenta conter o agente agressor e limitar o dano causado. pode provocar lesões de arrastamento. como os mecanismos de calor e a eletricidade. que ficam ingurgitados. instala-se a reação inflamatória aguda. seja por agentes químicos ou agentes biológicos. É comum que o patologista encontre embolia da medula óssea nos ramos das artérias pulmonares por causa do bombeamento desse tecido para dentro das veias costais durante os movimentos forçados pelo médico. Essa vasodilatação faz com que a pele fique vermelha e quente. porque estes se retraem e espremem o sangue dos vasos para os tecidos vizinhos. com cocção dos tecidos. Havendo sobrevida suficiente. Só ocorre em vida. São eles: Reação inflamatória e o processo de reparação e de regeneração. A mobilização brusca dos membros e do pescoço para desfazer a rigidez cadavérica pode causar fraturas se se tratar de pessoa velha e portadora de osteoporose. dando oportunidade a que maior número de glóbulos brancos passem a ter 43 | P á g i n a . Mas essa embolização post mortem pode ser distinguida de uma ocorrida em vida pelo fato de que há maior numero de êmbolos de gordura do que da medula óssea nos casos em que a fratura se deu em vida e não por manobras de reanimação. Durante a realização da necropsia. ou se já estiver edemaciada por processo patológico prévio. Segue-se uma vasodilatação local causada pela abertura dos esfíncteres das arteríolas pré-capilares. deixando as margens crenadas pela ação dos seus dentes e pequenas escoriações satélites causadas pelas unhas do animal ao segurar a pele. as áreas geralmente atingidas são as pálpebras. podem ocorrer lesões acidentais. sempre com as bordas caracteristicamente crenadas no caso dos SIRIS. Pode ocorrer halo de hiperemia ao redor de queimadura intensa feita em CADÁVER. A caracterização da reação vital em QUEIMADURAS pode-se tornar difícil se for superficial e feita LOGO APÓS A MORTE. mas de aspecto apergaminhado. semelhantes a escoriações de raspão. Nos AFOGADOS. Esta é desencadeada pela agressão aos tecidos. LESÕES ACIDENTAIS A correnteza do mar. os lábios. as orelhas e o nariz. do VENTRÍCULO ESQUERDO. é preciso que não tenha havido lesão acidental durante a necropsia e que se possa identificar a origem do sangue. com hemorragia ocorrida em vida. A marginação dos glóbulos brancos permite sua aderência no endotélio (célula de revestimento dos capilares) e ulterior migração para fora dos vasos. As hemorragias EXTERNAS. 44 | P á g i n a . Coleções sanguíneas nos espaços meníngeos indicam reação vital. mas não podemos esquecer a possibilidade de impregnação sanguínea post mortem. À coagulação do sangue . formando pequenas petéquias nos locais de maior intensidade dos livores de hipóstase. Em CARBONIZADOS. Por outro lado. atingem locais afastados do corpo. É o que ocorre. para o parênquima das vísceras ou para o tecido conjuntivo intersticial. As decorrentes de lesão arterial. Mas esses fenômenos levam algumas horas para atingir proporções que os tornem perceptíveis. Hemotórax ou hemoperitônio volumoso só pode ser resultado de lesão produzida em vida. seja das meninges. Não se deve confundir a infiltração hemorrágica decorrente de minúsculas roturas capilares. Cortes feitos na pele logo após a morte podem produzir sangramento se interessarem alguma veia superficial de médio calibre. as suas bordas podem parecer livres de hemorragia. Tal fato pode ser agravado sobremodo quando o corpo só é resgatado depois de ter entrado em putrefação. Sendo bem sucedida a reação inflamatória. para os espaços meníngeos. quando são intensas. com frequência. com o corpo de afogados. HEMORRAGIAS Podem ser externas. como se tivesse sido realizada após a morte. ou de outro vaso arterial calibroso. mas sempre será de pequena monta. onde se podem ver os respingos do sangue ejetado. LESÕES PRODUZIDAS DURANTE O PERÍODO DE INCERTEZA DE TOUDES Atenção especial devemos dar: Às hemorragias. é possível observar hemorragia externa em lesões produzidas post mortem. Nos casos em que uma ferida tenha sido feita EMBAIXO D’ÁGUA. imitando infiltração hemorrágica. As HEMORRAGIAS INTERNAS podem se fazer para as grandes cavidades. quando a pele é lesada e o sangue começa a sair passivamente pela ação da gravidade. o sangue está parcialmente coagulado. a pressão arterial cai a zero rapidamente. quando o corpo fica com a cabeça em um plano muito mais baixo do que o tórax. Quando a agressão produz lesão da AORTA. o agente agressor é neutralizado. por exemplo. não deixam dúvida quanto a terem sido produzidas em vida. Assim. seja do couro cabeludo. o pigmento sanguíneo tinge os tecidos.contato direto com a parede dos capilares. situação em que os livores que se acumulam nesse segmento. em direção à área conflagrada. Para que se valorize uma hemorragia para a cavidade pleural. a infiltração por células inflamatórias só serve para diagnosticar como in vitam foram feitas pelo menos algumas horas antes da morte. as células mortas durante o processo são removidas e se inicia a proliferação de células próprias do tecido lesado para reparar o defeito causado pela agressão. Algumas lesões por animais podem sangrar por esse mecanismo. pode ocorrer hematoma epidural post mortem. ou abdominal. Com a hemólise. internas ou mistas. além de serem profundas. É o que se vê em membros pendentes em uma cama e em ENFORCADOS. Nesses casos. de modo que feridas superficiais logo após podem se apresentar SEM INFILTRAÇÃO HEMORRÁGICA de suas bordas e vertentes. À retração das bordas de uma ferida e A alguns sinais especiais. É o que ocorre. mas pode não haver infiltração significativa por sangue em suas próprias bordas. sabe-se que o coágulo post mortem é dissolvido depois de formado quando a morte se processa rapidamente. A autopsia deve ser dirigida para a busca de outra causa de morte violenta. É por isso que se recomenda fazer a dissecção dos pescoço somente após a abertura das grandes cavidades e a retirada das vísceras e do cérebro. Recomenda-se cautela redobrada no caso de cadáveres encontrados em leito de via férrea e em vitimas de defenestração. Assim. O tecido conjuntivo de áreas traumatizadas em vida costuma mostrar-se infiltrado por sangue. verdadeiros lençóis hemorrágicos. principalmente nas ASFIXIAS. Conforme vai passando o tempo após a morte. os patologistas sabem que pode ocorrer na mesa de necropsia. impõe-se a pesquisa detalhada de hemorragia nas lesões cutâneas. mesmo em cadáver. vai havendo uma desidratação da pele. que isso se deve à ação de uma glicoproteína chamada fibronectina. a lavagem com água não consegue retirar o sangue aderido aos tecidos. como o pescoço. com perda gradual da elasticidade. quando o corpo permanece pendurado por várias horas antes de ser cortado o laço. nos membros inferiores de indivíduos mortos por ENFORCAMENTO. Basta que a abertura do corpo se faça com pequeno intervalo após a morte. Mas o maior valor da coagulação como sinal de reação vital é a aderência dos coágulos às bordas das lesões. se impedem o sangramento artefatual e o mascaramento de pequenas equimoses porventura existentes. Nas lesões vitais. as feridas feitas no vivo têm as bordas bastante separadas pelas tensões decorrentes das linhas de força da pele e dos planos musculares. SINAIS ESPECIAIS 45 | P á g i n a . RETRAÇÃO DAS BORDAS DE UMA FERIDA Os tecidos vivos apresentam elasticidade muito maior que os do cadáver. as feridas tendem a ter menor retração das suas bordas. mas nuca com a exuberância do que ocorre em vida. A extensão da hemorragia pode ser muito pequena quando a lesão tiver sido feita pouco antes da morte. hoje. COAGULAÇÃO DO SANGUE Embora se considere a coagulação do sangue um fenômeno vital. nos focos de fratura e nas lesos viscerais. Às vezes. por exemplo. pela confluência das petéquias. Isso se deve à liberação de um sistema fibrolítico que não é ativado nos casos de morte agônica. As roturas viscerais levam a hemorragia para dentro das cavidades onde se encontrem. No dorso. é possível observar tal fenômeno na região dorsal do corpo mantido em decúbito dorsal por várias horas e de modo tão intenso a ponto de formar. Assim. a instalação da rigidez muscular faz com que os planos profundos permaneçam fixos. Por outro lado. Pode tratar-se de dissimulação de homicídio por outra causa. Por outro lado. O grau de retração das bordas de uma ferida também varia de acordo com a região anatômica. tirando a possibilidade de encurtamento das fibras musculares após sua secção. Algumas regiões. É sabido pelos patologistas forenses que se deixar o sangue extravasado das veias do cadáver sobre os tecidos durante algum tempo torna difícil esclarecer se é artefato ou se já havia alguma infiltração hemorrágica. Um dado importante nesses casos é medir a quantidade de sangue colecionado nas grandes cavidades. Isso não quer dizer que tenham sido feitas após a morte. Sabe-se. Não sendo capaz de encontrar lesão de outra natureza. costumam apresentar intensa retração. Conforme o mecanismo da morte, podem ser achados alguns sinais que demonstram a reação vital. Nas feridas torácicas que interessem a árvore brônquica, o sangue extravasado pode penetrar nas vias aéreas e ser aspirado para a periferia dos pulmões, onde aparece salpicado em áreas de aspecto normal. O mesmo pode ocorrer quando lesões da face interessem a faringe e nas lesões penetrantes da laringe, como nos ESGORJAMENTOS. Parte do sangue pode ser deglutida e encontrada no interior do estomago, o que também confirma sua produção em vida. Nos casos de AFOGAMENTO, a presença de corpos estranhos aspirados para as vias respiratórias pode indicar a reação vital quando estiverem alojados nos brônquios segmentares ou mais perifericamente. Mas alguns autores negam-lhe esse valor. Em cadáveres encontrados em local de INCÊNDIO, a presença de fuligem nas vias aéreas indica ter a vitima respirado durante o sinistro. Em CARBONIZADOS, dosagem elevada de monóxido de carbono traduz respiração no ambiente de combustão. Só pode ocorrer embolia quando há circulação. Assim, fraturas extensas e lesões de largas áreas do tecido subcutâneo podem provocar embolia gordurosa dos pulmões pelo deslocamento de gotículas de gordura, que penetram nas veias locais abertas pela lesão. Essas gotículas vão para o lado direito do coração, e daí para os ramos menores das artérias pulmonares. Mas a embolia pode ser gasosa, como nos acidentes de MERGULHO em que ocorra embolia traumática pelo ar, e nas mortes maternas devido a aborto criminoso feito pelo deslocamento das membranas por meio de clisteres. HISTOPATOLOGIA Ao contrário do que se possa pensar, a histopatologia não é tão esclarecedora nesse contexto. Em relação à reação inflamatória, os eventos só podem ser visualizados após período de sobrevida superior a uma hora, ou seja, situando-se fora do período de incerteza de tourdes. A presença de edema e de hemorragia sugere lesão feita em vida, mas é preciso afastar a possibilidade de se tratar de hemorragia post mortem dos locais com intensa hipóstase. Nas feridas cutâneas, existe uma faixa central de tecido na vertente da lesão onde as feridas feitas em vida estão desprovidas de enzimas importantes ao metabolismo celular, por exemplo, esterases e adenosino-fosfatases. Imediatamente por fora dessa faixa, portanto mais afastada das vertentes da ferida, encontra-se outra faixa em que a atividade dessas enzimas está, ao contrário, acima dos níveis habituais nos tecidos vivos normais. A primeira seria uma zona de reação vital negativa; a segunda, de reação vital positiva. Nenhuma das duas estaria presente nas lesões feitas após a morte. Mas a existência de alterações enzimáticas precisaria de, pelo menos, uma hora de sobrevida para se expressar. Mais precoce seria o aumento do teor de serotonina e de histamina nas áreas lesionadas em vida. O aumento da serotonina precisaria apenas de 10 minutos e o da histamina, de 20 a 30 minutos de sobrevida. MORTE SÚBITA E MORTE SUSPEITA A morte é considerada suspeita sempre que houver a possibilidade de não ter sido natural a sua causa. O conceito de morte súbita prende-se mais á inexistência de uma patologia prévia que pudesse explicá-lo do que ao tempo da evolução rápido da causa da morte. 46 | P á g i n a Não é sinônimo de morte fulminante. Não é necessário que o individuo adoeça e morra em menos de uma hora. A chamada morte súbita tanto inclui a morte fulminante, em que a pessoa aparentemente normal sofre uma crise repentina, cai e morre, como os casos em que a doença se instala em individuo considerado sadio e evolui para o óbito em torno de um dia. A morte rápida, e mesmo a fulminante, de um indivíduo que já apresentava uma doença com possibilidade de causá-la não deve ser considerada, a nosso ver, morte súbita, muito menos morte suspeita. Isso não significa, porém, que tais pessoas não possam ser vitimas de violência. Para nós, toda morte súbita é suspeita. DOENÇAS DO APARELHO CIRCULATÓRIO A causa mais comum de morte súbita em adultos é a coronariosclerose – formação de placas de ateroma na túnica interna das artérias coronárias. Placas de ateroma são depósitos de lipídios que se infiltram no tecido conjuntivo da túnica interna das grandes artérias e fazem saliência para a luz vascular, estreitando-a. Para que se possa fazer o diagnostico do infarto do miocárdio tem que haver uma sobrevida por algumas horas após a ocorrência da lesão. Outra causa cardíaca de morte súbita são as lesões primarias do músculo cardíaco. São as chamadas cardiomiopatias. Dividem-se em três grupos: Congestivas Hipertróficas obstrutivas Restritivas É uma doença transmissível geneticamente e uma das causas cardíacas de morte súbita mais freqüentes em jovens. DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Uma das doenças em que a morte mais suscita dúvidas quanto à causa jurídica é a rotura de aneurisma cerebral. Não é incomum que a rotura seja imediatamente precedida por um esforço inusitado, uma briga, uma emoção intensa ou mesmo uma relação sexual. O episodio de rotura é anunciado por dor de cabeça lancinante seguida por rigidez da nuca, vômitos e rápida perda da consciência. O grande problema médico-legal relacionado com a rotura desses aneurismas é saber até que ponto um pequeno traumatismo na cabeça, um esforço ou uma emoção violenta poderiam tê-la causado. Em se tratando de aneurismas volumosos, pode-se admitir que um trauma de intensidade média possa causar sua rotura, mas não aqueles pequenos. Outra causa freqüente de morte súbita é a hemorragia intracerebral espontânea, também chamada de hemorragia cerebral. É a segunda causa mais freqüente de hemorragias intracranianas não traumáticas. É própria de adultos maduros e rara em jovens. A causa neurológica de morte súbita mais controvertida é a epilepsia. É a causa mais comum de morte súbita de origem nervosa encontrada pelos legistas. Alguns autores admitem firmar o atestado de óbito com epilepsia como a causa da morte em autopsias brancas quando se tem conhecimento de que a pessoa era epilética. Na maioria das vezes, a pessoa é encontrada morta ao amanhecer. Admite-se que o sono predisponha à ocorrência das crises. 47 | P á g i n a Há, também, a possibilidade de morte súbita de epilépticos por crises do sistema nervoso vegetativo. O diagnóstico de morte por crise epiléptica é um diagnostico de exclusão, feito quando outras possibilidades tenham sido afastadas. DOENÇAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO A aspiração de esporos do banthrasis pode provocar uma pneumonia hemorrágica de curso fulminante. É importante a dose aspirada. Em ataques terroristas, a quantidade pode ser tão grande que mate a vitima em menos de dois dias. DOENÇAS DO APARELHO DIGESTIVO A ulcera péptica pode desencadear a morte. Indivíduos que moram sozinhos podem ser vistos mortos em meio a sangue vomitado, o que pode levar à suspeição de envenenamento. OUTRAS CAUSAS A implantação de ovo em uma das trompas produz sua dilatação e enfraquecimento de sua parede pelo trofoblasto invasor. Com o passar das semanas, vai havendo distensão da parede tubária, que acaba por se romper por volta do segundo para o terceiro mês. O episodio de rotura desencadeia um quadro abdominal agudo que pode ser confundido com outras patologias da região. A necropsia revela hemoperitônio de intensidade variada, trompa dilatada e infiltrada por sangue, rompida em seu terço médio, que corresponde à ampola. O ovo é encontrado, geralmente, solto em meio aos coágulos sanguíneos ou preso a fragmentos da placenta. Também pode ocorrer morte súbita por choque anafilático. Resulta de uma reação de hipersensibilidade classificada como tipo 1. nessa forma de hipersensibilidade, o organismo é sensibilizado previamente por um antígeno (também chamado de alérgeno) que faz com que as células imunologicamente competentes produzam um tipo de anticorpo chamado de imunoglobulina E. esse anticorpo fixa-se em receptores localizados na superfície de 2 tipos de células: Os mastócitos, nos tecidos em geral e Os basófilos, no sangue. Essas duas células possuem em seu citoplasma grânulos ricos em substâncias que, quando liberadas, causam grande dilatação e aumento da permeabilidade dos vasos da microcirculação e contração intensa das fibras musculares lisas dos brônquios. O gatilho para a liberação dessas substâncias é a exposição da pessoa alérgica de novo ao alérgeno. Conforme a via de introdução do alérgeno e o grau de sensibilização do individuo, que é dependente de fatores genéticos, pode ocorrer uma reação local e bem limitada, ou uma reação sistêmica potencialmente fatal. Aqui, o individuo pode morrer em poucos minutos por causa de asfixia relacionada à crise asmatiforme ou a edema da mucosa da laringe, ou por estado de choque dependente de queda violenta da pressão arterial pela vasodilatação generalizada na microcirculação. Tais crises fatais podem ser desencadeadas por injeção intravenosa, ou mesmo intramuscular, de substâncias medicamentosas, pela simples picada de um inseto, ou por contato com águas-vivas. MORTE POR INIBIÇÃO Em alguns casos, a morte súbita ocorre, no máximo, dois minutos após o traumatismo mínimo que não chega a provocar lesão. Alguns autores chamam-na de morte instantânea fisiológica por admitirem que seu mecanismo seja estimulação nervosa periférica, desencadeando resposta vagal com bloqueio cardíaco e/ou vasodilatação generalizada, com queda da pressão arterial, isquemia cerebral e choque. Outros casos 48 | P á g i n a têm sido relatados em que o estimulo foi pancada na bolsa escrotal, no epigástrio, na laringe, pressão no seio carotídeo, ou dilatação do colo uterino. Para que se firme o diagnóstico de morte por inibição, é indispensável que haja uma historia compatível e que a necropsia seja branca. É um diagnóstico de exclusão. Mas não é sinônimo de morte de causa indeterminada. CRONOTANATOGNOSE FENÔMENOS CADAVÉRICOS Alguns autores costumam incluir no estudo dos fenômenos cadavéricos os sinais precoces resultantes da parada cardiorrespiratória. A nosso ver, o estudo dessas alterações não cabe na rubrica de fenômenos cadavéricos, mas, sim, no capitulo do diagnóstico da realidade da morte. Alguns entendiam como fenômenos cadavéricos apenas as alterações passivas, de ordem física, decorrentes da parada cardiorrespiratória. Mas, ao listá-los, incluía a rigidez muscular, sabidamente de ordem química. FÁVERO os divide em fenômenos: Abióticos ou vitais negativos, e Fenômenos transformativos. Os abióticos são por ele divididos em: Imediatos (decorrentes da parada cardiorrespiratória) e os Consecutivos (mais tardios) Os fenômenos transformativos em: Destrutivos (putrefação e maceração) e Conservadores (mumificação e saponificação). Estudaremos aqui as alterações que, embora começando logo após a morte, só se tornam perceptíveis transcorrido algum tempo. SIMONIM as classifica conforme se devam a mecanismo: Físico Químico ou Biológico. Como os biológicos, em ultima análise, devem-se a processos químicos, nós os agruparemos apenas em fenômenos de ordem física e fenômenos de ordem química. Os de ordem física são Os de ordem química: mumificação) Desidratação Resfriamento do corpo Livores hipostáticos Autólise Rigidez muscular Putrefação Maceração Processos conservadores do cadáver (saponificação e FENÔMENOS CADAVÉRICOS DE ORDEM FÍSICA 49 | P á g i n a DESIDRATAÇÃO RESFRIAMENTO DO CORPO LIVORES HIPOSTÁTICOS DESIDRATAÇÃO A perda de água, que nos vivos é compensada pela ingestão, continua no cadáver de modo contínuo, mas sem reposição. Sua rapidez depende das condições que favorecem a evaporação e que são: Baixa umidade do ar; Temperatura elevada; Boa ventilação; Superfície ampla. Nos climas quentes e úmidos, como na maioria dos países tropicais, a umidade alta dificulta e retarda o aparecimento dos sinais que dependem da desidratação. A desidratação causa: Perda de peso; Apergaminhamento da pele; Dessecamento das mucosas; Fenômenos oculares no cadáver. A PERDA DE PESO é tanto mais importante quanto maior a proporção de água no corpo, como nos recém-nascidos. O APERGAMINHAMENTO DA PELE ocorre nas áreas de arrancamento post mortem da epiderme, e na pele fina da bolsa escrotal e dos grandes e pequenos lábios da genitália feminina, quando desnudas. A pele fica endurecida ao toque, semelhante a couro dessecado, e com coloração amarelada. É possível encontrar aspecto semelhante na pele submetida a uma compressão intensa e contínua, como no sulco dos enforcados. Mas o que ocorre aí é uma expulsão dos líquidos orgânicos para as áreas vizinhas, não uma evaporação. O DESSECAMENTO DAS MUCOSAS aumenta-lhes a consistência e modifica sua cor para uma tonalidade pardo-avermelhada. Por vezes, tal aspecto é confundido com a ação de substâncias causticas, principalmente se houver história de envenenamento. São considerados FENÔMENOS OCULARES: A tela viscosa; A opacificação da córnea; A mancha negra da esclerótica e a Hipotonia do globo ocular. A tela viscosa é uma película que substitui o brilho da córnea e que resulta da evaporação da lágrima. É reversível, pois desaparece se pingarmos soro fisiológico. Aparece após alguns minutos da morte, quando o olho permanece aberto. Com o passar das horas, a córnea vai se tornando opaca e leitosa, não importando se os olhos estão abertos ou fechados. Aproximadamente 10 a 12 horas após a morte já é possível aparecer no oftalmoscópio. A mancha negra da esclerótica, também é referida como sinal de Sommer. É uma modificação da cor que se observa pela fenda palpebral quando os olhos permanecem entreabertos após a morte. Surge, inicialmente, na metade temporal da fenda, tem forma quase circular e coloração amarelada que vai se tornando azulada e mais escura à medida que aumenta. Depois fica enegrecida. Enquanto cresce na metade temporal começa a surgir também na metade nasal da fenda. Por fim, chega a ocupar toda a porção exposta na esclera (parte banca do olho). Resulta da sua maior transparência, 50 | P á g i n a certos remédios) ou para menos (hipotireoidismo. A temperatura retal custa mais a abaixar do que a temperatura axilar. é possível encontrar curvas de resfriamento diferentes. Não existindo metabolismo e suas reações químicas exotérmicas. É por isso que as estimativas devem sempre estabelecer uma margem ampla de segurança em cujo centro fica a temperatura calculada. Continuamente estamos perdendo calor por irradiação. A velocidade de resfriamento do corpo pode ser influenciada por vários fatores. Conforme o local em que se faça a medida da temperatura do cadáver. não há como saber a temperatura verdadeira do individuo ao morrer. começando logo após a morte. nossa temperatura aumenta um pouco. a temperatura corporal interna não se reduz. obedecendo às leis da termodinâmica. Por isso. Várias são as condições clinicas que causam alteração da temperatura para mais (estados febris. cessa a circulação e desaparece o principal mecanismo de aquecimento da pele. Mas as partes mais profundas do cilindro demoram mais a se resfriar. aumentar e demorar até 4 horas para voltar ao valor da hora da morte. Vários autores têm proposto fórmulas para calcular a hora da morte constituída com base no registro da temperatura. Sempre haverá a possibilidade de erro. anemia aguda). que fica mais interiormente no olho. a temperatura retal logo após a morte pode. ela passa a se comportar como a superfície de um cilindro de matéria inerte. não é de admirar sua ocorrência em cadáveres. Um dos principais mecanismos de perda de calor de nosso corpo é a irradiação a partir da superfície cutânea. e até aumenta um pouco no período imediato após a morte. decorrente das reações químicas que constituem a essência da vida. que manda subtrair 37° C a temperatura retal e somar mais 3 ao resultado. Durante exercício físico. Por outro lado. A hipotensão do globo ocular é um dado que pode ser observado inclusive no vivo quando acometido de grave estado de desidratação. e as perdas para o meio ambiente. Por isso. continua a produção e se perde o principal modo de eliminação de calor. Embora possa causar espanto. Mas parte do principio de que a temperatura do corpo na hora da morte era 37°C. RESFRIAMENTO DO CORPO (ALGIDEZ CADAVÉRICA) A temperatura corporal é mantida pelo equilíbrio entre a produção interna de calor. pois estão insuladas pelas partes mais superficiais. O estado de nutrição. A posição em que morreu. tornando-se negra em 6 horas. temos uma temperatura corporal menor do que na parte da tarde. com um platô inicial seguido por fase de queda rápida e outra final de queda lenta. Assim. se resultará uma curva sigmóide. convexão e condução. Ao acordarmos. Mas o que mantém a pele aquecida e irradiando calor é a circulação do sangue.que permite ver o pigmento escuro da camada coróide. o corpo humano tende a estabelecer um equilíbrio térmico com o ambiente. As mulheres têm uma elevação da temperatura relacionada com o ciclo menstrual. Segundo Sommer. Se se fizer um registro gráfico da temperatura retal. O mais acertado é o método de MORITZ. quando as condições de evaporação são muito favoráveis. Assim. fato usado para visualizar pessoas no escuro usando-se óculos sensíveis aos raios infravermelhos (radiação calorífica). a nossa temperatura seria sempre semelhante à do meio ambiente. O vestuário. aparece de 1 a 3 horas. a produção de calor pelo metabolismo não pára de imediato. pois os tecidos permanecem vivos e só vão morrendo aos poucos. 51 | P á g i n a . inclusive. o que pode não ser verdadeiro. A partir daí. O numero achado é o tempo em horas após a morte. Com a morte. hemorragia cerebral. Com a morte. pela ação da força da gravidade. Essa migração do sangue leva ao aparecimento de pequenas áreas circulares de tonalidade mais avermelhada. depende dos mesmos fatores que modificam o fluxo de qualquer líquido em um sistema de vasos comunicantes. ou facilitar a condução térmica como uma mesa de necropsia metálica. podemos afirmar que a determinação da temperatura retal ajuda a avaliar a hora da morte quando tomada nas primeiras 28 horas. Além disso. ou não exposição direta ao sol e por quanto tempo. em zonas separadas. Os fatores mais importantes são: O diâmetro dos vasos e a Viscosidade do sangue. O estado de nutrição também importa. Os magros representam um cilindro com raio menor e têm proporcionalmente maior superfície para irradiação. principalmente o desconhecimento da temperatura do individuo ao morrer e a variabilidade dos fatores ambientais. ocorrendo o contrário no frio. aumentando as perdas de calor por convexão. Se o corpo está ao ar livre. a migração para as regiões mais declives faz-se mais rapidamente. A velocidade com que se produz o deslocamento do sangue dentro dos vasos. pois o corpo encolhido e com os segmentos superpostos tem menor superfície de irradiação de calor do que um estendido. A idade. A chuva aumenta muito a sua velocidade. mas a umidade alta a diminui por reduzir a evaporação ao nível da pele. ou mesmo inexistentes. 52 | P á g i n a . LIVORES HIPOSTÁTICOS A pressão intravascular cai a zero tão logo se dá a parada da circulação sanguínea. É interessante notar que costumam ser muito mais fracos. Resumindo. por exemplo. se o individuo morrer e ficar apoiado sobre uma grade. Assim. um panículo adiposo espesso representa uma camada isolante térmica. o local onde jaz o corpo pode representar uma proteção contra as perdas de calor. pois sua relação superfície/massa corporal é maior. Quando os vasos sanguíneos estão dilatados e o sangue tem viscosidade diminuída. A idade é outro fator importante. após a morte. Tal coloração só não aparece nos pontos de apoio do corpo pelo fato de a compressão exercida sobre os capilares e vênulas locais bloquear seu enchimento. O diâmetro dos vasos cutâneos pode estar aumentado pela exposição ao calor. A existência de resfriação ou aquecimento do ambiente pode modificar o calculo da hora da morte se for desligado por algum tempo. nas cicatrizes em função de sua pouca vascularização. que vão aumentando e confluindo até constituírem uma mancha extensa que ocupa toda a face do corpo voltada para o solo. a única força que continua a atuar sobre o sangue é a da gravidade. A posição em que morreu é importante. Corpos que jazem em locais com temperatura mais alta que 37° C vão se aquecer. O vestuário pode fazer com que o corpo perca calor mais devagar. atraindo-o para as partes que se situam mais próximo do solo. A velocidade e o ritmo de resfriamento estão sujeitos a fatores ambientais que são muito difíceis de aferir. As crianças representam maior área de irradiação do que os adultos. Desse modo. os livores de hipóstase. O vento facilita o resfriamento. como uma cama. Mas é preciso muita cautela em face das numerosas causas de erro apontadas. Nos ambientes fechados. o desenho da grade ficará impresso como faixas claras no território dos livores. É importante saber se houve. as condições climáticas são da máxima importância. desaparecendo gradualmente das áreas onde se haviam formado primitivamente. assumem coloração vermelho-carmim por causa da formação da carboxiemoglobina. O mesmo ocorre em corpos expostos ao ar livre em regiões de inverno rigoroso. nintratos. Podem ser confundidas com equimoses produzidas em vida. ainda não houve fixação. Alguns autores alegam que a fixação decorre da impregnação dos tecidos pela hemoglobina liberada das hemácias pela hemólise que se inicia pouco antes da putrefação. Diz-se que ainda não estavam fixados. ou com o início dela. que tem cor vermelho-cereja. Nas intoxicações pelo cianeto e pelo fluoroacetato. Contudo. e a pressão do sangue vai aumentando dentro dos vasos até que alguns capilares e vênulas são rompidos. como os cloratos. mais ou menos intensa. Assim. Nos afogados.Com o passar do tempo. Se a área comprimida clarear. Aparecem nos membros inferiores dos enforcados após cerca de 2 a 4 horas de suspensão do corpo. Nas intoxicações por agentes oxidantes enérgicos. forma-se metemoglobina. principalmente nas mortes de evolução rápida. o que impediria seu deslocamento para outras regiões. Isso leva ao aparecimento de petéquias nas zonas de maior intensidade dos livores. isto é. a hemólise pode ser tão intensa a ponto de simular extensas hemorragias na face profunda do couro cabeludo. o que leva à manutenção de altos teores de oxiemoglobina no sangue. Uma manobra para saber se os livores estão fixados. há quem afirme que essa cor resulta da formação de cianoemoglobina. ou com qualquer corpo rígido. foi proposto que a fixação dos livores ocorre por causa da passagem da parte líquida do sangue (plasma) para os tecidos. seja qual for a causa. Mais recentemente. tornando os livores de cor vermelha mais intensa. Cadáveres mantidos em ambientes muito frios. como em geladeiras. o que torna os livores pardo-avermelhados. intensificam-se. é exercer sobre a mancha pequena compressão digital. há bloqueio da respiração celular e do consumo de oxigênio. a gravidade passa a atuar em outra direção e o sangue se desloca para as regiões que se voltaram para a parte mais próxima do solo. costumam mudar a cor dos livores para uma tonalidade vermelha mais clara. nos casos de intoxicação pelo monóxido de carbono. Como o que lhe confere a cor é a hemoglobina. Alguns autores explicam-na: Pela falta de dissociação da Hb. mais viva. a proporção de hemoglobina reduzida é muito grande. deixando as hemácias muito aglomeradas dentro dos vasos. alterações na cor desse pigmento refletem-se nos livores. que pode variar de acordo com a causa da morte. Podem ser tão extensas ao ponto de formarem sufusões hemorrágicas. se não vão desaparecer com a mudança de decúbito do corpo. Quando a morte resulta de asfixia. nitrobenzeno e anilinas. Um dado de importância médico-legal é a cor dos livores. que é de cor muito escura. Pela retenção de oxigênio nos tecidos ou. e os livores assumem coloração violácea escura. na dependência do teor de hemoglobina no sangue. Se o corpo for mudado de posição após a formação dos livores. Os coágulos formados após a morte são dissolvidos por um sistema fibrinolítico. 53 | P á g i n a . Nas pessoas que morrem por anemia aguda. e demoram mais a se evidenciar.pardo-avermelhados. VALOR MÉDICO-LEGAL DOS LIVORES Os livores hipostáticos são sinal tardio da realidade da morte. seu valor é relativo. ou de coma prolongados. pois eles não desaparecem onde estiverem fixados e se formam em outras áreas que tenham sido colocadas em posição mais próxima do solo. Nos indivíduos de raça negra. é possível ver o sangue brotar dos pequenos vasos das áreas dos livores. pode ser difícil distinguí-los de focos de hiperemia. o cerebelo e a medula. torna-se impossível reconhecê-los. quase imperceptíveis. a parte tomada pelos livores mostra-se muito congesta e sangra bastante quando dos cortes feitos durante a necropsia. A mesma congestão pode ser evidenciada nos vasos da pia-aracnóide. auxilia a confirmar que se trata de hipóstase. nintratos. Como é um fenômeno progressivo. AMBIENTES FRIOS – vermelho claro Não há qualquer dificuldade no reconhecimento dos livores quando já estão difundidos. Há autores que atribuem o fenômeno à ocorrência de colapso circulatório periférico anterior à morte e outros. não é raro que necropsistas interpretem como infarto do miocárdio a coloração vermelha mais escura da metade posterior do septo interventricular e a porção adjacente do ventrículo esquerdo. que depende da atuação de uma força constante. CIANETO E FLUOACETATOoxiemoglobina (ou cianoemoglobina) . que não obedece a um padrão de segmentação dos brônquios nem dos vasos. sua evolução é previsível.vermelha mais intensa. nitrobenzeno e anilinas) . As porções posteriores dos lobos pulmonares costumam ficar mais escuras e congestas do que as anteriores quando o corpo fica muito tempo em decúbito dorsal. o achado de um individuo debruçado sobre uma mesa. 54 | P á g i n a . uma ferida de entrada na região temporal do mesmo lado e livores hipostáticos nas regiões dorsais indica seguramente que ele não morreu naquela posição. A mudança de posição de um corpo pode ser denunciada pela fixação dos livores. A redistribuição do sangue nas vísceras modifica sua coloração conforme a posição do cadáver e pode levar os peritos a erros de interpretação. com um revolver na mão. os livores são muito pálidos. Quanto à CRONOLOGIA DA MORTE. à dificuldade de retorno venoso associado à flacidez muscular dos membros paralisados. AGENTES OXIDANTES ENÉRGICOS (cloratos. Pela maior pressão de difusão do oxigênio da atmosfera RESUMINDO: MONÓXIDO DE CARBONO – carboxiemoglobina – vermelho cereja. ou que apresentavam intensa anemia no curso de outra doença. que envolve a metade posterior do cérebro. mas. Assim. Assim. Pela cor dos livores. Mas no inicio de sua formação. Os vasos viscerais também sofrem a ação da força da gravidade. Mas há referencias a seu aparecimento um pouco antes da morte nos casos de agonia. Isso produz a hipóstase visceral. através da pele. No couro cabeludo. fazendo-se cortes na pele.metemoglobina . é possível ter uma idéia da causa da morte em alguns casos. Mas a distribuição dessa congestão. e nos seios venosos da dura-mater. É interessante saber que a autólise do tecido nervoso pode ser diminuída 55 | P á g i n a . como. a fixação depende de um critério subjetivo. a queima da glicose pára nessa fase de produção de ácido láctico. O que se pode esclarecer quanto à hora da morte pelos livores é que: Se iniciam de 30 minutos a 4 horas. depende da avaliação subjetiva visual. Por isso. Além do mais. mas vulneráveis a uma parada cardíaca. Atingem o máximo com cerca de 12 horas e Persistem até a putrefação. As células afetadas mais rapidamente pela autólise são aquelas mais ricas em enzimas proteolíticas. as reações químicas dependentes de um bom nível de oxigenação dão lugar a outras de natureza anaeróbica. pelo simples fato de que essas enzimas passam a destruir as proteínas constituintes das estruturas celulares. as células da mucosa gástrica. ora parcialmente. o tempo esperado para que desapareça de uma face do corpo para se formar de novo na face oposta. ou até não se formam na nova posição de declive. Assim. Os neurônios.Contudo. com baixa do pH do sangue e liberação das enzimas até então contidas nos lisossomas. por exemplo. sem chegar a produzir gás carbônico e água. ora os livores mudam de posição completamente. o que pode explicar as discrepâncias encontradas entre os autores. não sofrem autólise tão rápida porque não contêm lisossomas cheios de enzimas. por isso. São condições que antecipam a formação e difusão dos livores: Temperatura ambiente alta Morte rápida sem perda sanguínea Asfixias e Certas intoxicações São condições que retardam: Frio Anemias Morte lenta Diarréias Vômitos e outras causas de desidratação. Do mesmo modo. Esse desvio metabólico leva a um acumulo de radicais ácidos. FENÔMENOS CADAVÉRICOS DE ORDEM QUÍMICA AUTÓLISE RIGIDEZ MUSCULAR PUTREFAÇÃO MACERAÇÃO PROCESSOS CONSERVADORES (SAPONIFICAÇÃO E MUMIFICAÇÃO) DO CADÁVER AUTÓLISE É a destruição das células pela ação descontrolada das suas próprias enzimas. Assim que ocorre a parada circulatória. embora mais carentes de oxigênio e. cessa o aporte de oxigênio aos tecidos. da mucosa intestinal e do pâncreas são as que primeiro sofrem a destruição autolítica. Por exemplo. se vai usar a via aeróbica ou não. a ATPase. Cada fibrila muscular é formada por milhares de miofilamentos. o ciclo de formação do complexo actina-miosina pode se repetir para aumentar ou manter a contração muscular. mas a outra via esgota-se rapidamente. é o tipo de miosina que constitui a maioria dos seus filamentos. realiza-se um movimento de pivô no sentido do centro do sarcômero. há dois tipos de fibras musculares. com produção de ácido láctico. o ATP tem que ser regenerado. no momento da contração. tem resposta lenta aos estímulos. Os músculos esqueléticos são formados por feixes de fibras musculares. Após esse deslocamento. Mas a queima da glicose pode ser por via aeróbica. desde que haja oxigênio disponível. As fibrilas podem encurtar seu comprimento em até 50%. Esta última é formada por células musculares pequenas. Isso ocorre porque a molécula da miosina tem uma cadeia protéica central pesada. na direção do centro do sarcômero. houver um período prolongado de má oxigenação. Se a cadeia central da miosina for do tipo 1. Com a renovação do ATP. RIGIDEZ MUSCULAR Sabe-se que ocorre tanto nos músculos esqueléticos como no cardíaco e na musculatura lisa. Quando se forma esse complexo. em menos de um minuto. na presença de oxigênio com a produção de CO2 e água. à qual se prendem cadeias laterais mais leves. 56 | P á g i n a . puxando a actina. os fascículos. Assim. nos vasos sanguíneos e em outras estruturas sólidas do organismo. e esses são puxados pela miosina. O que determina o comportamento metabólico da fibrila. A energia necessária para a renovação do ATP provém da queima da glicose. separados por septos de tecido conjuntivo. ou da fosfocreatina. por isso. sendo mais avermelhada por possuir mais mioglobina e Tipo 2 – que depende da via anaeróbica para restaurar o ATP.se. a fibrila será aeróbica. se for do tipo 2. como conseqüência. mas de modo entremeado. na dependência do tipo de fibrila que predomine: Tipo 1 – que refaz o ATP por via aeróbica e. As modificações histológicas de cada tecido pela autólise costumam atrapalhar o exame histopatológico ou até impedir o diagnóstico. Depois dessa combinação. O comprimento entre duas linhas Z corresponde a uma unidade funcional da fibrila e. a quantidade de enzimas é reduzida. ou por via anaeróbia. antes da parada circulatória. A contração faz com que haja uma aproximação das linhas Z entre si porque elas estão presas aos filamentos de actina. isto é. da fibra muscular – o sarcômero. o que fornece energia para liberar a actina. Durante esse período. como se fosse uma remada. Existem dois tipos de miofilamentos: Um fino. contrai-se rapidamente e é mais clara. as cadeias leves formam um complexo com a actina – complexo actina-miosina. formado pela actina E um espesso formado pela miosina Esses miofilamentos estão arranjados paralelamente ao longo das miofibrilas. será anaeróbica. A via aeróbica é lenta e pode manter a contração muscular por muito tempo. com a propriedade de se combinar com a molécula do ATP. que se associam em feixes encontrados na parede das vísceras ocas. sobrando menos delas para efetuar a autólise. há degradação do ATP por uma enzima. uma vez que o deslocamento de cada linha Z corresponde a ¼ do comprimento do sarcômero. providas de apenas um núcleo. Logo em seguida. imperceptível. (ausência de uma patologia) A causa da morte influencia tanto na intensidade quanto na duração da rigidez. demora um pouco mais para se instalar e atinge o máximo de intensidade. Cessa o deslizamento dos miofilamentos de actina e miosina. O fator que determina essa diferença de comportamento é o teor de ATP muscular no momento da morte. INTENSIDADE DA RIGIDEZ Varia de acordo com condições relacionadas ao cadáver e à causa da morte. permite que o corpo seja levantado por força aplicada apenas na cabeça. quando ainda é incompleta. nos casos de morte rápida. em. Intoxicação por cianetos dificulta a utilização do oxigênio no tecido muscular. os complexos actina-miosina não se desfazem. natural ou violenta. principia na mandíbula e nuca e atinge. A instalação da rigidez não fará disparar uma arma de fogo colocada na mão de pessoa recentemente morta. Costuma ser pouco intensa. maior será o tempo para que se perceba a rigidez. sendo mais forte e duradoura: Em indivíduos sadios. ou seja. sucessivamente. à custa de muito esforço. A instalação da rigidez dependerá do numero total de fibras musculares e da predominância de fibras rápidas ou lentas. nos membros inferiores. Nas asfixias e anemias agudas. Porque ela passa a depender apenas da via anaeróbica.Cada músculo tem os dois tipos de fibras misturadas de modo irregular. Quanto maior o numero de fibras. Depois de atingido seu máximo de intensidade. intoxicação por monóxido de carbono provocam redução de oxigênio no tecido muscular reduz a concentração de ATP muscular. responsável pela rigidez. Quando completa. 57 | P á g i n a . pelo menos de modo perceptível. com aumento do teor do ácido láctico e conseqüente acidificação (diminuição do pH) do tecido muscular. O tipo de neurônio que a estimula é que determina a velocidade de reação da fibra muscular. Assim. Tende a se instalar mais rapidamente. Crianças pequenas. A RIGIDEZ nada mais é do que uma variante da contração muscular provocada pela escassez de oxigênio nos tecidos. na dependência do tipo de inervação que possuam. Não ocorre o encurtamento da fibra durante a rigidez. Depauperados por doença consumptiva. Assim. bem nutridas. pode atingir grau tão intenso que só pode ser desfeita manualmente. O fato de as fibras não entrarem em rigidez a um só tempo tem outra conseqüência. Durante o período inicial d sua instalação. É isso que dificulta o desfazimento manual da rigidez cadavérica. persistindo por mais tempo. embora com intensidade menor. e conseqüentemente a massa muscular. poderia ser assim explicada. com apoio dos pés no solo. o que torna a fibra muscular muito resistente à distensão. por vezes. A clássica regra de NYSTEN de que a rigidez evolui de forma descendente. Nas pessoas robustas. embora ela já tenha começado a se instalar em varias fibras. o que também faz reduzir a concentração do ATP. Isso torna o músculo enrijecido na posição em que estava no momento da morte. Vitimas de morte súbita. Resulta da diminuição da renovação do ATP após a morte. membros superiores e inferiores. voltará a se instalar se for desfeita. não se refaz. Idosos ou. dificultando a separação do complexo actina-miosina. tende a aparecer mais cedo e a durar menos. se desfeita. Recém-nascidos. asfixias. Anemias. quanto menor o teor de ATP. que esticam fortemente os membros. Na fase de generalização. admite o autor que tal atitude do corpo ocorra por espasmo cadavérico. CRONOLOGIA Não se pode estabelecer a hora da morte apenas verificando a rigidez cadavérica. uma vez que há grande variação. A maioria dos autores afirma que o frio ambiental retarda o aparecimento e prolonga a duração da rigidez. o que favorece a proliferação da flora saprófita. Assim. As enzimas bacterianas decompõem 58 | P á g i n a . do ponto de vista biológico. Podemos dizer que. convulsões e hipertermia provocam excesso de consumo do oxigênio. Em algumas situações.Exercício muscular intenso. Hipertermia. Anemias agudas. ela se inicia assim que o individuo morre. a musculatura de um segmento corporal pode sofrer influências capazes de favorecer a instalação antecipada da rigidez. reduzindo também a concentração de ATP. A autopsia apresenta freqüentemente os pós muito esticados na direção da região plantar por contratura da musculatura da panturrilha. ESPASMO CADAVÉRICO É como se os músculos pudessem se manter contraídos após a morte sem a fase de relaxamento que antecede a rigidez. fugindo à lei de Nysten. principalmente no ceco. podem ocorrer variações na sucessão dos segmentos atingidos. 3 Máxima intensidade e 4 Desfazimento. 2 Generalização. como o clostridium welchii. PUTREFAÇÃO É a decomposição do corpo pela ação das bactérias saprófitas que o invadem passado algum tempo da morte. Convulsões. Exercício muscular intenso. Intoxicação por cianetos. Começa a partir das espécies que se acham normalmente no intestino grosso. pois meio interno vai se modificando pela falta de oxigênio e pela autólise dos tecidos. Intoxicação por monóxido de carbono. maior a intensidade da rigidez muscular. EVOLUÇÃO DA RIGIDEZ MUSCULAR A rigidez obedece a uma seqüência de: 1 Instalação. RESUMINDO: Aparecem mais cedo e são mais intensas: Asfixias. Como essas condições patológicas cursam com convulsões. O autor admite a existência do espasmo em indivíduos que morrem de graves lesões cerebrais ou meningite. A passagem da corrente elétrica em um membro faz com que a rigidez nele se instale antes dos demais. O triptofano. Pode haver diferenças entre o grau de putrefação de distintos segmentos do corpo em função da quantidade de liquido. Mas a atuação da fauna cadavérica pode influenciar muito. quando a temperatura está mais fria. Coliquação. entre os quais: Metano. Pessoas gordas entram em putrefação mais rapidamente que pessoas magras e crianças. Será mais rápida: Ao ar livre Enterrado no solo ou Sob uma coleção líquida. Diversos fatores relacionados com o individuo e com o meio ambiente interferem na instalação e evolução da putrefação porque ela é um processo bioquímico causado pela ação de enzimas bacterianas: Temperatura ambiente. torna-se muito importante o grau de poluição bacteriana da água pela ação de esgotos. A velocidade de evolução da putrefação varia de acordo com o meio em que se acha o cadáver. Gás carbônico. Esqueletização. Fase de coloração 59 | P á g i n a . No calor intenso pode começar até antes de 24 horas. transforma-se em indol e escatol. A putrefação pode ser dividida em 4 fases: Coloração. Estas são decompostas em aminoácidos elementares. o que antecipa a putrefação. Ventilação. Nos ambientes quentes e secos. No caso de submersão. O odor que exala dos corpos resulta desses gases e de outros produtos voláteis derivados das moléculas protéicas. No Rio de Janeiro. o que pode ser demonstrado furando-se a bolsa escrotal de um cadáver podre. Enfisema. Marcaptanos. como é comum nos países tropicais. A umidade do ar também influencia na instalação da putrefação. Vários desses gases são inflamáveis. por exemplo. Se o membro ficar pendente com maior acumulo de sangue pela ação da gravidade. Uso de agasalhos. de odor desagradável. com produção de grande quantidade de gases. lipídios e glicídios. pode entrar em putrefação mais rápido. Há fatores individuais que podem acelerar a instalação e a evolução. Amônio. e em locais bem ventilados. especialmente a colostridium perfringens. É imprescindível que a temperatura esteja numa faixa ideal entre 30°C e 40°C. Umidade do ar. começa mais ou menos 36 horas após a morte. aproximando-se um fósforo aceso. como: Hipertermia antes da morte. Se a bactéria for do tipo anaeróbio. Gás sulfridrico. a putrefação é extremamente rápida e evolui a olhos vistos. sob a ação bacteriana.protídios. a putrefação pode começar. mas a rápida desidratação do cadáver modifica sua marcha pela mumificação do corpo. agora já disseminada por todos os tecidos. Fase de enfisema Também é chamada de período gasoso. que tem cor verde. É formado por liquido intesticial. pode haver eliminação de fezes. Estando grávida a mulher. por vezes grandes. Nesse mesmo período. Pelo mesmo motivo. As bases pulmonares são espremidas. O aumento de volume do conteúdo orbitário faz a protusão dos glóbulos oculares. A epiderme descola-se pela grande produção de líquidos que migram para a superfície e formam bolhas de tamanho variado. água resultante das reações de decomposição e sangue que escapa de pequenos vasos pulmonares cujas paredes são destruídas tanto pela ação das enzimas bacterianas como pela penetração passiva de conteúdo gástrico nas vias respiratórias em decorrência da expressão do estomago. já há produção de gás suficiente para distender o abdômen e espremer os grandes vasos e o coração. Enquanto se difunde a mancha verde. tornando-as esverdeadas. a mancha verde começa no tórax. Mas. para se notar o enfisema das partes moles (tecido subcutâneo e músculos). as ptomaínas. sempre na dependência da temperatura e da umidade do ambiente. Com o passar do tempo. Há quem afirme que a cor verde depende de previa transformação da hemoglobina em biliverdina. lhes conferem cor anegrada nos pontos de contato. penetrando nas vísceras maciças. A bolsa escrotal aumenta muito de volume. A cor da cabeça pode ficar tão escura que faz nítido contraste com o resto do corpo.Começa com a chamada mancha verde abdominal. A decomposição protéica é máxima durante esse período. pode o concepto ser expelido em um parto post mortem. É a CIRCULAÇÃO PÓSTUMA DE BROUARDEL. desenhando uma rede. tórax. empurrando o sangue para as veias superficiais. Mas no inverno pode aparecer de 36 a 48 horas. vai ocorrendo intensa hemólise. Resulta do aumento progressivo e rápido da produção dos gases pela flora saprófita. é necessário que se passem 2 a 3 dias. desde que o corpo não fique sob a ação direta do som nem esteja agasalhado. de conteúdo pardo 60 | P á g i n a . Nos recém-nascidos e nos afogados. O máximo de intensidade pode ser atingido antes de uma semana. que modifica a cor de vários tecidos. que seria modificada pela ação do gás sulfidrico. A língua aumenta e se projeta para fora do limite das arcadas dentárias. Aparece em cerca de 18 a 24 horas após a morte no verão. assim como há pseudo-ereção do pênis pela distensão dos corpos cavernosos e esponjoso pelos gases. a cor verde espalha-se por todo o abdômen. havendo eliminação do liquido pardo avermelhado escuro pelas narinas e boca. formando a sulfoxemoglobina ou sulfometemoglobina. denominado de PARTO PÓSTUMO DE BROUARDEL. O gás sulfidrico produzido pelas bactérias difunde-se pelos tecidos e se combina com a hemoglobina. Na cavidade abdominal. urina ou esperma. com grande desprendimento de compostos nitrogenados de odor repulsivo e formação de substâncias semelhantes a alcalóides. O aumento da pressão abdominal produz prolapso do útero e do reto e elevação do diafragma. observa-se que o pigmento biliar atravessa a parede da vesícula e se impregna nas vísceras vizinhas. que se tornam mais visíveis e de cor pardo-esverdeada escura. principalmente a parede interna do coração e dos vasos sanguíneos e a mucosa da árvore traqueobrônquica. cabeça e membros. que se forma primeiro na fossa ilíaca direita por causa da proximidade do ceco com a pele. Os gases do intestino grosso atravessam sua parede e. Os fenômenos observados nesse período são causados principalmente pela força dos gases nas grandes cavidades. FAUNA CADAVÉRICA Ainda no inicio do período de coloração. aves e mamíferos. As vísceras maciças sofrem processo de amolecimento. O cérebro fica reduzido a uma massa acinzentada. certas espécies de moscas procuram o cadáver para depositar seus ovos. ácaros. Como são muito numerosas. pegajosa. Com o tempo. com desaparecimento paulatino do enfisema e grandes perdas líquidas. também se servem dos corpos em decomposição. lepidópteros (mariposas e borboletas). O tempo necessário para a esqueletização é extremamente variável conforme as condições climáticas e do ambiente. imitando uma luva no caso de afogados. Mas há dificuldades de ordem prática para saber exatamente o tempo da morte: Ausência de exclusivismo das espécies para certas fases da putrefação. Falta de isocronismo na putrefação em função das variações de temperatura e umidade. principalmente nas fendas palpebrais. o conceito de fana cadavérica pode ser estendido para incluir insetos. narinas. 61 | P á g i n a . Esse período vai até a completa destruição das partes moles e esqueletização do corpo. de modo semelhante a queijo suíço. As larvas penetram nesses orifícios em busca de alimento e crescem rapidamente. essas apresentam escasso teor protéico. Fase de esqueletização É o resultado final do processo destrutivo do cadáver qualquer que seja o ambiente. O coração mostra-se amolecido e formado por miocárdio pardo. que se escoa da cavidade craniana assim que aberta. A pele das mãos sofre um processo de destacamento da epiderme. já crescidas ou se transformando em pupas permite fazer o cálculo. de modo menos intenso. O conhecimento do ciclo evolutivo desses animais pode ajudar muito na determinação aproximada da data da morte. Num sentido mais estrito. Os pulmões estão muito colapsados e têm cor parda muito escura ou cinza enegrecida. Oscar Freire considera fauna cadavérica os insetos e ácaros. desde que se saiba em quanto tempo evoluem e em que fase da putrefação são atraídas pelo cadáver. Outros insetos. O achado de larvas em fase inicial. destroem prontamente as partes moles e vísceras do cadáver. há destacamento total da epiderme e perda dos fâneros. Pouca diferença do nosso clima ao longo das estações do ano. Inicia-se cerca de 3 semanas após a morte. Ao contrário das flictenas de origem inflamatória. Sua duração é extremamente variável. nos rins. condutos auditivos e orifícios provocados por traumas. ortópteros (baratas) e himenópteros (formigas). Distribuição geográfica das espécies. Isso é muito bem observado no fígado e. A existência de concorrência entre as diversas espécies. Fase de coliquação É aquela em que se dá a deliquescência geral dos tecidos. Orifícios de projeteis de arma de fogo e feridas por instrumentos pérfuro-cortantes podem ser rapidamente descaracterizados. Também os predadores dos insetos e animais carniceiros se aproximam para buscar alimentos. e a sua superfície de corte exibe numerosas cavidades de pequeno porte. Não são apenas os dípteros (moscas) que afluem ao cadáver.avermelhado escuro. como coleópteros (besouros). conforme as condições ambientais. Assim. boca. Dificuldade na classificação das espécies; Grande variação no tempo gasto para a destruição dos corpos; Diferenças na duração das fases da metamorfose desses animais conforme o clima da região; Interferência dos predadores das espécies da fauna cadavérica Apesar dessas objeções, Oscar Freire aceita uma certa ordem de chegada dos insetos e ácaros no cadáver: 1 Moscas 2 Besouros 3 Ácaros 4 Baratas 5 Formigas 6 Mariposas Contudo, mesmo essa ordem pode apresentar variações. Por exemplo, é comum ver formigas consumindo a epiderme de corpos frescos encontrados no mato. O estudo do período em que os insetos atacam o cadáver é denominado de entomologia Forense e seu maior estudioso nesse momento foi Megnin. MACERAÇÃO Alguns autores estendem o conceito de maceração aos fenômenos putrefativos que ocorrem nos corpos submersos, modificados pelo excesso de umidade. Fávero dá a essa forma o nome de maceração séptica. Discordamos e não vemos razão para estudála separadamente da putrefação. A maceração a ser estudada é a que ocorre com o feto que morre dentro do útero a partir do 5° mês e não é expelido. Os conceptos menos desenvolvidos são mumificados ou totalmente reabsorvidos. Poucas horas após a morte, o feto retido já apresenta menor aderência da epiderme, que pode ser descolada pela pressão feita obliquamente com o dedo. Permanecendo no ambiente liquido da cavidade amniótica por mais 3 a 5 dias, a epiderme passa pela formação de bolhas de tamanho cada vez maior, confluentes, que, por fim, se rompem, vertem seu liquido avermelhado na cavidade amniótica e deixam a derme à mostra. Ao ser expulso, o feto apresenta coloração róseo-avermelhada , tem os cabelos destacados e o couro cabeludo muito frouxo, deslizando amplamente sobre os ossos da calota. Esses mostram-se frouxos, por vezes soltos uns dos outros se a retenção durar mais alguns dias. A flacidez exagerada das partes moles deforma a face. O tronco, principalmente no abdômen, achata-se sobre a superfície da mesa como um saco plástico contendo água. Os membros revelam flacidez extrema, com tal mobilidade que têm aspecto de polichinelo. O cordão umbilical, de aspecto suculento, tem coloração róseo-parda devido à infiltração hemoglobínica. As cavidades pleurais e abdominal contêm moderada quantidade de liquido róseo-pardo semitransparente, e as vísceras evidenciam parênquima amolecido e de cor igualmente alterada pela hemoglobina liberada pela hemólise. A velocidade dessas transformações varia bastante de um caso para outro, de modo que não é seguro utilizá-las para determinar a data da morte fetal. SAPONIFICAÇÃO 62 | P á g i n a É um fenômeno raro que produz material esbranquiçado, mole e um pouco friável, de aspecto céreo, que aparece nas partes moles gordurosas de um cadáver quando certas condições ambientais estão presentes, chamado de adipocera. Tem cheiro rançoso adocicado, e sua cor varia de matiz entre o amarelado, o róseo e o acinzentado. Para que se forme, há necessidade de que se inicie a putrefação, pois as enzimas bacterianas, principalmente do gênero clostridium, têm que começar a hidrólise das gorduras neutras (triglicerídios) para que os ácidos graxos sejam liberados. Sob temperatura ambiente abaixo de 21°C, esse fenômeno não ocorre, ou é muito retardado, pois a putrefação demora mais para se instalar. Locais de difícil acesso ao ar atmosférico, com baixa oxigenação e calor úmido como ocorre em terrenos argilosos, são necessários à sua formação. Embora não percebida, a adipocera já começa a se formar após a primeira semana. Mas só é perceptível quando o teor de ácidos graxos atinge 70%, ao cabo de 3 meses. Os ácidos mais importantes para a sua formação são o palmítico e o esteárico. A adipocera é: Insolúvel em água Solúvel no éter e A quente no álcool. Como tem densidade menor do que a da água, facilita a flutuação do corpo dos afogados. Queima com chama amarelada e desprende odor amoniacal. Reage ao sulfato de cobre diluído, produzindo uma cor azul-esverdeada (REAÇÃ DE BENDA). Como é formada a partir de gorduras do corpo, é muito mais freqüente em indivíduos gordos. Pode ocorrer com pessoas grandes e bem nutridas, mesmo em túmulos sem grande umidade local, pois a quantidade de água do próprio corpo prepara o ambiente. Pode ser encontrada em recém-nascidos, mas não aparece nos prematuros. Por ser produto de difícil degradação no processo da putrefação, a formação da adipocera funciona como FENÔMENO CONSERVADOR DO CADÁVER. Além do mais, a produção de ácidos modifica o pH e inibe a ação das bactérias da putrefação. As feições e as formas do corpo podem ser preservadas por meses e anos a fio. Aí reside seu valor médico-legal. Além de permitir o reconhecimento do individuo após todo esse tempo, mantendo a forma, favorece o exame de lesões porventura existentes. No entanto, é mais comum que se note a adipocera apenas em alguns segmentos do corpo. MUMIFICAÇÃO É um processo de conservação do cadáver que depende de condições que facilitem uma evaporação rápida, de modo a sustar o processo de putrefação. Ocorre em ambientes: De temperatura elevada Secos e Bem ventilados, Como em solos arenosos Em áreas de pouca precipitação pluviométrica. É mais comum em indivíduos magros, e mais fácil de ocorrer em corpos de criança pela menor quantidade de água e maior superfície de evaporação. O corpo mumificado tem seu peso e volume muito reduzidos. A pele torna-se ondulada pela redução das partes moles Fica endurecida, com aspecto de couro, de coloração parda. Os músculos e tendões transformam-se em fibras quebradiças. Por vezes, acomete apenas alguns segmentos do corpo, em geral, os de menor diâmetro, como 63 | P á g i n a mãos e pés. Pode afetar os segmentos superiores de vitimas de enforcamento cujo corpo fique suspenso por vários dias em local seco e quente. A mumificação pode ocorrer como resultado de embalsamento, que é o tratamento do cadáver por meio da substituição do sangue por injeção de mistura fixadora, geralmente à base de formol e álcool. Os corpos embalsamados têm o processo de putrefação impedido pela ação anti-séptica dos agentes fixadores e podem permanecer por muitos anos sem serem destruídos. Se ficarem em ambiente que permita a evaporação de sua água, fatalmente transformar-se-ão em múmias. Como todo PROCESSO DE CONSERVAÇÃO DO CADÁVER, a mumificação favorece o patologista forense por preservar lesões e, guardadas as devidas proporções, viabilizar a identificação mesmo depois de anos. EXAMES LABORATORIAIS PARA IDENTIFICAR O TEMPO DE MORTE Vários autores, por meio de numerosos trabalhos, têm procurado estabelecer critérios precisos para avaliação da hora da morte com base na dosagem de eletrólitos e substâncias normalmente presentes nos líquidos orgânicos. O fundamento dessas técnicas vem da mudança brusca do metabolismo dos tecidos resultante da falta de oxigênio por causa de parada circulatória. Com a perda de sua fonte de energia, as células sofrem desintegração das suas membranas e conseqüente perda de sua capacidade de selecionar ativamente as substâncias e os eletrólitos que devem entrar ou sair da célula. Com isso, ela torna-se passiva e permite a difusão desses elementos de acordo com os seus gradientes de concentração intra e extracelular. A presunção de haver proporção entre a intensidade dos desvios da concentração e o tempo levou alguns autores a propor a dosagem dessas substâncias para a avaliação da hora da morte. Outros têm procurado apoio na continuação de certos processos fisiológicos por algum tempo após a morte, durante um período chamado de supravital, no qual o individuo morreu, mas ainda vivem alguns tecidos. Entre esses, destacam-se os dados relativos à excitabilidade muscular post mortem e à pesquisa da atividade de algumas enzimas em células do metabolismo muito ativo como os hepatócitos e as fibras musculares cardíacas. Exames laboratoriais realizados para identificar a hora da morte: Bioquímica do sangue Bioquímica do liquido cefalorraquidiano Dosagem de potássio no humor vítreo Excitação muscular (mecânica e elétrica) Estimulação química da iris Atividade enzimática dos tecidos O estudo da bioquímica do sangue e do liquido cefalorraquidiano não são confiáveis, uma vez que pode haver grande variação. Na dosagem do potássio no humor vítreo, é possível verificar que sua concentração aumenta com o passar do tempo após a morte. Mas a correlação desse aumento com o tempo tem sido muito criticada, principalmente pela dispersão dos resultados encontrados. Foram identificados vários fatores que influenciam nos valores achados, tais como: Duração do período agônico; A temperatura ambiente; A idade. 64 | P á g i n a Uma das maiores dificuldades é a falta de um outro parâmetro bioquímico que possa informar se havia, no momento da morte, grande distúrbio eletrolítico. Os músculos esqueléticos, se excitados, continuam a responder por contração durante algum tempo após a morte. A excitação tanto pode ser mecânica como elétrica. Excitação mecânica: A resposta muscular depende tanto da intensidade do estímulo quanto do músculo excitado e do tempo transcorrido desde a morte. Assim, para chegar a um resultado, é preciso que haja padronização do local e dos estímulos. A resposta se modifica com o passar do tempo. Os autores descrevem 3 fases de acordo com o tipo de resposta: 1 Até 2 hs e meia 2 De 4 a 5 horas 3 De 8 a 12 horas Logo após a morte e até 2 horas e meia, nota-se uma contração que envolve todo o músculo, conhecida como FENÔMENO DE ZSAKO. Conforme se avança o tempo, passa-se a observar uma contração localizada significativa, que produz elevação da massa muscular no local da percussão, que se dispersa mais lentamente e desaparece em menos de um segundo. Pode ser evocada no período de 4 a 5 horas após a morte. Na terceira fase, a contração localizada é fraca, mas persiste por várias horas. Pode ser obtida no período de 8 a 12 horas após a morte. Parece não haver interferência da temperatura ambiente no tipo de resposta, pelo menos nos climas temperados. Excitação elétrica: De modo semelhante ao que ocorre com a excitação mecânica, para que se possa comparar os resultados, é necessário que o tipo de estímulo e a avaliação da resposta sejam padronizados. Com o passar do tempo, há uma redução da intensidade da resposta elétrica. Quanto mais extensa a onda de contração, menor o tempo após a morte. Estimulação química da íris: Os músculos lisos, tal como os esqueléticos, conservam sua excitabilidade por longo tempo após a morte. Por isso, a musculatura lisa da íris pode ser estimulada, respondendo com contração ou dilatação. Além da excitação feita por eletrodos, é possível obter resposta a agentes farmacológicos. De modo semelhante ao que ocorre em vida, a adrenalina e a atropina provocam dilatação da pupila (midríase), e a acetil-colina, uma redução de seu diâmetro (miose). Convém medir o diâmetro pupilar antes da aplicação dessas substâncias, que deve ser feita por baixo da membrana conjuntiva d olho junto ao contorno da córnea, ou diretamente dentro da câmara anterior do olho. A resposta costuma demorar 5 a 30 minutos e persistir por aproximadamente uma hora. Conforme passa o tempo após a morte, a reação demora mais para se instalar e se torna mais fraca. A concentração das drogas pode ser menor do que a necessária para se obter o mesmo efeito no vivo porque é como se o músculo da íris estivesse desenervado. Estudos feitos em grande numero de casos demonstraram que é possível se obter resposta até um máximo de 14 a 46 horas após a morte. Atividade enzimática dos tecidos: A virada do metabolismo aeróbio para o anaeróbio pela parada da circulação leva a alterações do pH intracelular e a modificações da atividade das enzimas. Partindo dessa premissa, pesquisadores têm tentado avaliar o tempo de morte com base na redução do teor de algumas enzimas importantes em células de grande atividade metabólica como o fígado. CRONOTANATOGNOSE A avaliação aproximada da hora e data da morte é de fundamental importância na elucidação da maioria dos homicídios. Mas ainda não é possível chegar à acuidade pretendida e desejadas da hora da morte. Não é razoável tentar avaliar a hora da morte 65 | P á g i n a partindo da temperatura retal em um corpo que já demonstra sinais iniciais de putrefação. Do mesmo modo, é quase impossível fazer uma avaliação, mesmo aproximada, em corpos carbonizados. TRAUMATOLOGIA FORENSE É preciso em primeiro lugar, conceituar trauma e lesão. TRAUMA é a atuação de uma energia externa sobre o corpo, com intensidade suficiente para provocar desvio da normalidade, com ou sem expressão morfológica. LESÃO é a alteração estrutural proveniente de uma agressão ao organismo. Pode ser macro ou microscópica. CLASSIFICAÇÃO DAS ENERGIAS TRAUMATIZANTES O autor classifica as energias traumatizantes em: ORDEM FÍSICA ENERGIA CINÉTICA ENERBIA BAROMÉTRICA ENERGIA TÉRMICA ENERGIA ELÉTRICA ENERGIA RADIANTE ORDEM QUIMICA SUBSTÂNCIAS CÁUSTICAS SUBSTÂNCIAS TÓXICAS ORDEM FISIO-QUÍMICA ASFIXIAS REAÇÃO AOS TRAUMAS REAÇÃO LOCAL O mecanismo de defesa mais importante é a REAÇÃO INFLAMATÓRIA. Inicia por uma resposta circulatória que aumenta o aporte de sangue ao local por meio de uma vasodilatação. Além disso, esse aumento do fluxo sanguíneo favorece a liberação dos glóbulos brancos para a região comprometida. No processo inflamatório, ocorre aumento da permeabilidade vascular, o que leva à passagem de proteínas do interior dos vasos para o interstício do foco lesional. O aumento do fluxo sanguíneo e o da permeabilidade vascular produzem o edema – aumento da quantidade de líquido no espaço intersticial. Embora constituam mecanismos de defesa, os fenômenos inflamatórios podem-se transformar num tiro pela culatra. O edema pode comprimir os vasos, desde que seja muito intenso e situado em área delimitada por paredes pouco distensíveis. O aumento da pressão nos tecidos bloqueia a circulação e, por isso, prejudica os mecanismos de defesa, com agravamento da lesão inicial. É o que se chama de SINDROME COMPORTAMENTAL que ocorre, por exemplo, nos traumatismos musculares graves. 66 | P á g i n a REAÇÃO GERAL OU SISTÊMICA Na fase inicial, há um aumento da liberação de adrenalina, com elevação da pressão arterial, taquicardia e hipergliciemia. Há uma predominância do catabolismo (perda de substância corporal) sobre o anabolismo (ganho ponderal). Nos casos em que a agressão inicial é muito grave, o indivíduo pode sofrer intensa queda da pressão arterial, apesar da acentuada redução da perfusão e oxigenação dos tecidos, o que se denomina de ESTADO DE CHOQUE. Em longo prazo, pode ocorrer a chamada SÍNDROME DE ESTRESSE PÓSTRAUMÁTICO. É uma desordem mental caracterizada por vários sintomas de ordem emocional e física. CRONOLOGIA As lesões podem ser classificadas como: Recentes Intermediárias Consolidadas. A consolidação não quer dizer cura. Uma lesão consolidada é aquela que parou de evoluir. Pode ou não ter cicatrizado. O diagnóstico da idade de uma lesão só pode ser feito nas recentes e nas intermediárias. As consolidadas são de avaliação cronológica mais difícil. ROTURA DO HIMEN No primeiro dia, as bordas estão infiltradas por sangue, edemaciadas, e são muito sensíveis ao toque. Com o passar dos dias, as bordas ficam recobertas por uma pequena membrana de fibrina, o edema se reduz progressivamente, a hemorragia é reabsorvida e a fenda que corresponde á rotura se torna mais abrupta. Com uma semana, a rotura já pode estar completamente reepitelizada, sem edema, mas com coloração um pouco diferente do restante da orla. Depois desse tempo, torna-se muito difícil afirmar que se trata de rotura recente ou antiga. ESPECTRO EQUIMÓTICO DE LEGRAN DU SAULLE (VAVA) 1 2 3 4 5 Violáceas Azuladas Esverdeadas Amareladas Somem A transição é gradual, mas admite-se que a evolução total de uma equimose de cerca de 5 cm termine mais ou menos com 15 dias. LESÕES E MORTE POR AÇÃO CONTUNDENTE É possível distinguir três tipos gerais de fenômenos na natureza: 67 | P á g i n a FÍSICOS QUÍMICOS BIOLÓGICOS Dizemos que é FÍSICO quando a composição química dos participantes não se altera do inicio ao fim do fenômeno. A produção dos fenômenos físicos depende da existência de uma diferença de potencial energético entre dois corpos, o que torna possível o escoamento de energia e, através dele, o aparecimento do fenômeno. São manifestações das diversas modalidades de energia de ordem física: O movimento O calor A eletricidade A pressão As radiações. O corpo pode sofrer lesões, perturbações funcionais ou doenças, quando submetido à ação das energias de ordem física, dependendo da extensão do dano da quantidade de energia que lhes seja cedida em cada unidade de tempo – FLUXO DE ENERGIA. Desse modo, as alterações bruscas são mais perigosas do que as de ritmo lento, por não permitirem que haja adaptação do organismo. De acordo com a forma atuante, a ação dos agressores físicos poderá ser pelas energias: Cinética Térmica Elétrica Radiante. A energia cinética produz uma ação mecânica que decorre de modificação do estado de repouso ou de movimento do corpo. Nos quadros QUÍMICOS, ocorrem transformações que alteram a composição dos corpos envolvidos, de modo que as substâncias presentes no início não são as mesmas ao final. Os BIOLÓGICOS dependem essencialmente da participação de seres vivos para se realizarem. AGENTES MECÂNICOS Os agentes mecânicos são capazes de lesar porque transferem toda a energia cinética, ou parte dela à área da superfície corporal com que entram em contato. A energia cinética e expressa pela equação: E = mv2 E – energia M – massa do agente V – velocidade. A quantidade de energia antes do choque de dois corpos tem que ser igual à energia presente após a colisão, pelo princípio geral da conservação da energia. Mesmo que o corpo atingido não se oponha em movimento, tal princípio continua a ser verdadeiro, uma vez que a energia trazida pelo móvel será utilizada na realização de trabalho mecânico (deformação dos corpos postos em contato) e no desprendimento de certa quantidade de calor gerada pelo atrito. O choque pode ser UNIDIRECIONAL ou OBLÍQUO, conforme os corpos mantenham a mesma direção após a colisão, ou sofram desvio de trajetória, respectivamente. No choque OBLÍQUO, os efeitos da deformação são menores, já que apenas parte do movimento é transformada em trabalho. Por isso, se um carro atropela de raspão com o pára-lama, provoca menor dano que se o atingir com o pára-choque dianteiro. 68 | P á g i n a Os efeitos do choque, seja ele unidirecional, seja ele obliquo, são semelhantes tanto na forma ativa, como na passiva. Assim, as lesões decorrentes de queda sobre o solo dependem da altura de que cai o corpo e são parecidas com as provenientes da atuação de veículos desde que a energia cinética seja a mesma. O mais importante é a quantidade de energia cinética transferida. A produção de lesões depende também da extensão da área sobre a qual atua um agente mecânico. A pressão exercida por um corpo sobre uma superfície é diretamente proporcional à sua força e inversamente à extensão da área com que entre em contato. Por isso, um alfinete precisa de pouca força para penetrar na pele. Quando um objeto incide sobre a superfície do corpo, a força com que pressiona a pele é contrariada pela resistência que ela oferece para não ser deformada. Como a resistência à deformação é aproximadamente igual numa mesma região do corpo humano, quanto maior a área de impacto, maior terá que ser a energia disponível para realizar a mesma compressão e o mesmo deslocamento da pele. A extensão e a intensidade das lesões produzidas pelos agentes mecânicos dependem ainda do tempo de contato entre eles e o nosso corpo. Um corpo em movimento, ao se chocar com outro menos veloz, tem sua velocidade reduzida, enquanto o outro tem sua velocidade aumentada de modo proporcional a suas massas. Se um individuo cair de uma certa altura e se agachar lentamente ao tocar o solo, estará aumentando o tempo de transmissão do impulso e reduzindo a força do impacto. Quando uma víscera oca, como o estomago, sofre um impacto, a força pode não ser suficiente para romper sua parede, mas ser capaz de alargar seus orifícios o bastante para produzir fissuras longitudinais, principalmente quando a víscera contem razoável quantidade de líquido, pois os líquidos são quase incompressíveis e tendem a forçar o esvaziamento pelo aumento da pressão no interior do órgão. No caso de a víscera oca estar cheia de ar, a compressão da parede produz aumento da pressão e redução do volume aéreo, sem grande alargamento dos orifícios. TIPOS DE AGENTES VULNERANTES AGENTE CONTUNDENTE INSTRUMENTO PERFURANTE INSTRUMENTO CORTANTE INSTRUMENTO PERFURO-CORTANTE INSTRUMENTO CORTO-CONTUNDENTE INSTRUMENTO PÉRFURO-CONTUNDENTE AÇÃO CONTUNDENTE Resulta da atuação de agentes que transferem sua energia cinética para o nosso corpo por meio de uma superfície. INSTRUMENTO CONTUNDENTE – tem forma e volume definidos que por vezes deixam marcas características como as arcadas dentárias e cassetetes. Diferentemente, quando o corpo colide com o solo, ou uma parede, não se pode falar em lesão por instrumento contundente. Mas as lesões são muito semelhantes às provocadas pelos instrumentos que não deixam assinatura. Assim, não havendo um padrão lesional, o perito responderá que o meio que provocou a lesão foi uma ação contundente, pois estará correto quer se trate de um instrumento que não determine um padrão lesional característico ou de algo que não se possa ser brandido como um instrumento. Os agentes contundentes, em geral, podem atuar de modo ATIVO, quando estão em movimento e incidem sobre o nosso corpo, ou PASSIVO, quando somos nós que nos precipitamos de encontro a eles. 69 | P á g i n a As lesões produzidas pelos agentes contundentes podem-se situar no próprio local do impacto ou aparecer em regiões mais ou menos afastadas. Na primeira hipótese, a ação é direta; na segunda, indireta. Um tipo especial de lesão indireta é a lesão por CONTRAGOLPE que ocorre no encéfalo em certas formas de traumatismo craniano. São hemorragias subaracnóieas e corticais que ocorrem no lado oposto de incidência do agente contundente. Devem-se ao deslocamento do cérebro dentro do crânio. O cérebro não está em contato direto com o crânio, mas, sim, através das meninges, onde circula o liquido cefalorraquidiano. Durante uma fração de segundo após o impacto, o cérebro fica parado enquanto a caixa craniana se desloca na direção do movimento causado pelo choque. Isso cria no polo oposto ao da colisão forças de tensão que rompem os vasos das meninges e podem lesar o tecido nervoso dos giros cerebrais. Quando o agente contundente que atinge o corpo tiver energia suficiente para deslocálo bruscamente, poderão ocorrer lesões por mecanismo indireto. Elas resultam de forças de tração entre os diversos órgãos e segmentos, cada qual com massa e densidade diferentes. Os deslocamentos relativos desses órgãos, decorrentes da inércia, geram forças de tração em seus pontos de fixação às cavidades que os contêm. Algumas lesões podem aparecer longe do ponto de impacto após algum tempo. As equimoses tardias decorrentes da migração do sangue extravasado em focos de fratura e as necroses isquêmicas por secção ou compressão arterial constituem dois exemplos. As fraturas de teto orbitário costumam manifestar-se, clinicamente, pelo aparecimento de equimose tardia na pálpebra superior. A transmissão da energia cinética de um agente contundente para o corpo pode-se fazer por: COMPRESSÃO TRAÇÃO DESLIZAMENTO A forma mais comum é a COMPRESSÃO, em que o agente incide diretamente sobre a superfície corporal e comprime os tecidos (soco, martelada). A TRAÇÃO ocorre quando uma parte do corpo, por exemplo, os cabelos, é presa e puxada por alguma engrenagem. Nesses casos, pode ocorrer o escalpe, que é o arrancamento do couro cabeludo. As torções articulares provocam lesões por causa da força de tração exercida sobre os ligamentos da face oposta à flexão ou extensão exageradas. As lesões por DESLIZAMENTO devem-se ao atrito entre o agente e a pele. O exemplo mais comum são as escoriações. De qualquer modo, dificilmente o agente contundente atua apenas por um desses mecanismos básicos. Na maioria das vezes, o que se observa é a combinação de lesões produzidas por mais de um desses mecanismos. LESÕES POR AGENTES CONTUNDENTES FECHADAS Rubefação Tumefação Equimose 70 | P á g i n a Fazem parte da tríplice REAÇÃO DE LEWIS. a hiperemia pode estender-se à pequena faixa dos tecidos vizinhos de modo irregular. podem ser superficiais. Podem resultar de traumas que atuaram no local ou longe do ponto em que são vistas. Em geral. A petéquia tem tamanho de um ponto a uma cabeça de alfinete. Hematoma Bossas sanguínea e serosa Entorse Luxação Fratura Roturas (visceral ou das partes moles) ABERTAS Escoriação Ferida contusa Fraturas e luxações expostas ESMAGAMENTO Quando há verdadeira trituração dos diversos planos do segmento atingido. Mas pode formar-se também por DIAPEDESE (passagem das hemácias através das paredes vasculares). de tamanho variado. A sugilação é formada por confluência de numerosas lesões puntiformes em uma área bem delineada. TUMEFAÇÃO Trauma um pouco mais intenso. De acordo com sua forma. Consta de elevação e palidez da pele na área do impacto. LESÕES FECHADAS RUBEFAÇÃO É a lesão mais simples. é chamada de: Petéquia. ou profundas. Sufusão. 71 | P á g i n a . que consta de: Hiperemia do ponto de impacto Extensão da hiperemia para pequena área ao redor Palidez da zona central causada por edema. que sempre a acompanha. De acordo com o plano anatômico em que se situam. Sugilação. com ou sem abertura da pele. A sufusão representa hemorragia mais extensa. Resulta da dilatação dos capilares e vênulas locais desencadeada pela liberação de mediadores químicos como a histamina. junto com a rubefação. surgindo depois de uma 3 minutos. Aparece nos primeiros instantes e alcança o máximo em um minuto. deve-se à rotura de capilares. EQUIMOSE É a infiltração de sangue nas malhas do tecido. É constituída por hiperemia no local do impacto. e mesmo viscerais. vênulas e arteríolas. Após esse tempo. dá-se a rotura. Há uma diminuição da pressão dos tecidos. Outra alternativa para explicar o aparecimento dessas equimoses seria o estiramento súbito dos vasos vizinhos no momento do impacto do instrumento. A compressão dos vasos da área de contato provoca uma onda de esvaziamento brusco. após alguns dias. ora distante do contundido. arredondada. Apresentamse sob a forma de numerosas petéquias confluentes que. ou quando ela é esticada intensamente pela ação de correias ou outro agente que exerça a mesma ação. Fraturas do colo do úmero costumam apresentar. As equimoses por sucção ou sugilações. o sangue extravasa nessa linha de contorno que traduz a forma do instrumento. A área de contato continua clara. fraturas. em geral. Em alguns casos de atropelamento. com rotura dos capilares. o sangue vai para a cabeça e não retorna. mas não o faz na parte central porque seus vasos são apenas comprimidos. vistas de longe. uma de cada lado. equimose na região do cotovelo por causa da queda do sangue derramado no foco da fratura pela ação da força da gravidade. As lesões deixadas por golpes de CASSETETE exemplificam esse mecanismo. As equimoses causadas por compressão rápida e intensa da pele pelo instrumento contundente resultam de pequenas roturas vasculares nas áreas adjacentes. mas fica guarnecida por duas faixas de tecido. causando intensa pletora no setor venoso. a equimose só se torna visível depois de 2 a 4 dias. na maioria das vezes irregular. aflorando ora no mesmo local. FORMA DAS EQUIMOSES As equimoses costumam ter forma pouco definida.MECANISMOS DE PRODUÇÃO DAS EQUIMOSES As equimoses que aparecem no local da ação do agente decorrem de: Compressão Tração Sucção A compressão violenta da pele provoca rotura de pequenos vasos do subcutâneo e infiltração hemorrágica da região. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS EQUIMOSES TRAUMÁTICAS 72 | P á g i n a . São LESÕES COM ASSINATURA. a roda do veículo pode passar tangenciando um segmento do corpo de modo a tracionar a pele. Eventualmente podem denunciar o instrumento que as causou. Quando esse aumento de pressão nos vasos vizinhos ultrapassa o limiar de resistência de suas paredes. Durante esse período. Com isso. As constrições cervicais por estrangulamento podem causar o aparecimento de petéquias nas conjuntivas oculares por obstrução total das veias jugulares e apenas parcial das carótidas. A tração produz rotura dos vasos da região por estiramento. As equimoses que surgem à distância resultam de migração do sangue extravasado em outras contusões. O mesmo mecanismo explica equimoses semelhantes que ocorrem nos esforços intensos que algumas pessoas fazem ao vomitar. Quando uma contusão produz rotura de vasos profundos. não rompidos. É o que ocorre quando se dá um puxão na pele. puxando-a na direção do solo. com fluxo rápido do sangue para os capilares das regiões vizinhas que se comunicam com eles. estão geralmente associadas a atos libidinosos. por exemplo. ou do aumento da pressão venosa por compressão das veias de drenagem da região. Uma vez aliviada a pressão. dão uma idéia de continuidade. em que há numerosas petéquias confluentes. de modo que os vasos capilares e venosos ficam ingurgitados e o sangue tende a passar ao interstício por diapedese. o sangue extravasado faz a migração para os planos superficiais. para formar grãos de hemossiderina. perde o ferro. as hemácias extravasadas são fagocitadas pelos macrófagos. contém ferro. O núcleo heme.Para que se afirme que uma equimose é traumática. As EQUIMOSES ESPONTÂNEAS aparecem em qualquer região do corpo. Há variações amplas o bastante para invalidar o diagnóstico. pois o tecido tem cor PARDA ESCURA e não VERMELHA. sendo percebida pelos nossos olhos. deve-se afastar a possibilidade de que sejam espontâneas por se tratar de doenças hemorrágicas ou de que tenham se formado após a morte. Quanto mais profundo for esse foco. entende-se por que a coloração final da equimose é amarelada. as equimoses superficiais mudam de cor. não se confundem com as por ação contundente em função de sua localização preferencial nas pleuras e no pericárdio. a secção da pele permite fazer o diagnóstico diferencial. Logo nos primeiros dias. Com o passar dos dias. Além do mais. O sangue extravasado passa a ser considerado corpo estranho ao tecido e desperta reação de defesa com a finalidade de removê-lo. Quando há equimoses recentes no couro cabeludo. a sua visualização pela face profunda revela uma cor vermelho escura. são de cor VERMELHO-VIOLÁCEA. e com o NEVO AZUL. Alguns autores dizem que isso se dá porque se trata de tecido 73 | P á g i n a . Assim. embora também traumáticas. Com o passar dos dias. As EQUIMOSES POST MORTEM surgem nas regiões de livores intensos. são acompanhadas por outros sinais próprios das doenças de sangue. as ferrinas. geralmente congênita. ESVERDEADO e o AMARELADO antes de desaparecerem. desde os locais mais expostos até os de difícil acesso. No cadáver. Também há de se fazer o diagnóstico diferencial com a MANCHA VERDE ABDOMINAL. Como a luz violeta tem menor comprimento de onda. mais bem vista nas pessoas de pele clara. CAUSA DA MUDANÇA DE COR DA EQUIMOSE A causa da mudança de cor é a progressiva reabsorção da hemorragia pela ação dos macrófagos (células de limpeza do tecido conjuntivo local). e bilirrubina. COMO NAS EQUIMOSES. A hemoglobina tem a porção protéica (globina) separada do núcleo heme. seguida sucessivamente. EVOLUÇÃO CROMÁTICA DAS EQUIMOSES A tonalidade violácea. que costuma situarse nas imediações da região sacra. mais luz vermelha refletida pelo sangue será absorvida pelos tecidos mais superficiais. A luz branca. cujo espectro vai do vermelho ao violeta. pelo AZULADO. por sua vez. Conforme a vascularização e a idade da pessoa. O resto do heme é transformado em biliverdina. resulta de fenômenos da absorção da luz. Por isso. O NEVO AZUL é uma lesão de cor azulada. As petéquias causadas por ASFIXIA. de cor amarelada. que. Fenômeno semelhante ocorre com as equimoses situadas no Córtex cerebral. sendo formada por deposição do pigmento melanina por entre as fibras conjuntivas da derme profunda e hipoderme. é menos absorvida e consegue atravessar a pele. Inicialmente. a velocidade na mudança das cores pode ser acelerada ou retardada. Mas há EXCEÇÕES: as equimoses conjuntivais permanecem vermelhas do inicio ao fim de sua evolução. de cor esverdeada. nos locais de livores intensos. penetra até o foco da hemorragia. as equimoses mais superficiais são de cor mais avermelhada. Mas não se pode ser dogmático em relação à cronologia desse espectro. causada pela putrefação. que é agrupado em moléculas complexas. o contorno dessas equimoses vai ficando amarelado. têm escassa capacidade de regeneração e permanecem alongados após a fase aguda. não temos uma explicação aceitável. Pela sua cor. Os hematomas podem passar despercebidos e não se constituírem em agravo à saúde. ou comprimir estruturas vizinhas. A pressão exercida pela cabeça sobre o orifício interno do colo uterino é acompanhada por uma reação igual e contrária. ou no próprio tecido nervoso. ENTORSE É o estiramento da cápsula de uma articulação. formando uma neocavidade. subdural. Não cremos que seja por isso. Assim. aumentam a pressão dentro do crânio. Depende de sua localização. Hematomas de localização intracraniana tornam-se mais graves porque. À medida que se vão sucedendo as grandes contrações uterinas. pelo seu volume e velocidade de formação. fazendo com que se forme a bossa. Como os ligamentos são pouco vascularizados. VALOR MÉDICO-LEGAL DAS EQUIMOSES Podem atestar que houve uma ação contundente. decorrente de distúrbio circulatório localizado. BOSSAS SANGUÍNEA E SEROSA É um aumento do volume dos tecidos por coleção de líquido que os infiltra intensamente. No anel que circunscreve essa porção. a não ser. FRATURA 74 | P á g i n a . como nas equimoses. Pela localização e distribuição. Os tecidos vizinhos são deslocados e comprimidos. Pode ser apenas serosa ou apresentar mistura de quantidade variada no sangue. podem sugerir o tipo de agressão. a cabeça vai aflorando na cavidade vaginal. com ou sem rotura ligamentar. a porção do couro cabeludo que já está insinuada fica voltada para a cavidade vaginal e não recebe pressão. além de comprimirem o tecido nervoso vizinho. o que desequilibra a microcirculação. levando o indivíduo à morte. Por isso. uma infiltração do sangue nas malhas dos tecidos. lesão com assinatura ou patognomônica. Podem identificar o agente traumatizante. Demonstram que havia vida no momento da sua produção. as amígdalas cerebelares podem insinuar-se no buraco occipital. aparecendo primeiro o setor occipital. a pressão é forte o suficiente para barrar a saída do sangue venoso. Na realidade.muito oxigenado. e parte do lobo temporal pode insinuar-se entre a membrana tentorial e o tronco cerebral. maior será a bossa formada. Os hematomas intracranianos podem-se localizar nos espaços peridural. provocando herniamento de partes do tecido nervoso do cérebro e do cerebelo através de buracos e fendas das estruturas anatômicas. Por exemplo. na sua periferia. Não há. subaracnóideo. o sangue venoso fica sob pressão aumentada. permitem saber a época da agressão. Quanto mais demorar o parto. LUXAÇÃO É o deslocamento permanente das superfícies articulares. em pequena extensão. O aumento de volume do setor occipital do couro cabeludo é chamado de CAPUT SUCCEDANEUM. afasta os tecidos vizinhos e ocupa um espaço próprio. HEMATOMA É hemorragia que. mas não o fluxo de sangue arterial para aquela porção circular do couro cabeludo. É mais comum no setor occipital do couro cabeludo de recém-nascidos cujo parto foi com apresentação cefálica. Seu valor médico-legal é atestar se o feto estava vivo durante o parto. mas a densidade do calo. havendo reabsorção do excesso de osso e reorientação das trabéculas de acordo com as linhas de força próprias do osso fraturado. provoca roturas irregulares no coração e nos vasos da base. A resistência é ainda maior na face posterior à custa da coluna e dos músculos paravertebrais. em geral. a persistência do calo ósseo. A compressão do tórax no sentido antero-posterior. os dois fragmentos já estão reunidos por um tecido ósseo formado a partir da organização do hematoma do foco de fratura. as células osteogênicas. Diz-se que uma fratura é COMPLETA quando o seu traço separa uma parte do osso ou o divide em mais de um segmento. tem que haver fratura do estojo ósseo. São as fraturas PARCIAIS. Contudo. As fraturas são chamadas de INCOMPLETAS quando não chegam a dividir o osso. Na verdade. que se espessam e sofrem posterior calcificação. cardíaca ou dos vasos da base. que se acham no revestimento externo e interno do osso. que reabsorvem o tecido ósseo lesado e liberam substâncias no foco de fratura que estimulam a ação dos osteoblastos. entram em atividade as células destruidoras do osso. decorrente da calcificação das trabéculas. A consolidação de uma fratura de osso longo costuma se fazer em 20 a 30 dias aproximadamente. bem como a natureza e a textura dos respectivos órgãos. e o resultado final é a reconstituição do canal medular do osso. Assim. constituindo uma massa que excede os limites externos e internos do osso fraturado. ROTURAS VISCERAIS A diferença de consistência entre a parede abdominal e a caixa torácica.É uma solução de continuidade do osso. elas não estão presentes normalmente. Um dos segmentos ósseos perfura a pleura e penetra na face costal do pulmão. Se houver divisão do osso em vários fragmentos. respectivamente periósteo e endósteo. faz com que seja preciso maior energia cinética em um agente contundente para que ele produza lesões intratorácicas. o calo tem que ser remodelado. Ao mesmo tempo. Isso produz um hemopneumotórax. Contudo. Esse processo consome vários dias. Tal fato. o CALO ÓSSEO. elas vão depositando material osteóide sob a forma de trabéculas. a massa de tecidos do foco de fratura já tem consistência suficiente para manter as extremidades do osso unidas. Após esse tempo. A mesma força pode causar fratura do esterno. para que haja rotura pulmonar. a capacidade para suportar carga depende de um amadurecimento do calo que só é atingido com maior tempo. fraturas lineares incompletas podem não deixar vestígios. A principio. estaremos diante de uma fratura COMINUTIVA. As roturas pulmonares estão. Conforme passam os dias. é muito importante como elemento de identificação de despojos humanos. A menor elasticidade das costelas em pessoas idosas torna-as mais propensas à fraturas costais e às lesões pulmonares. Os arrancamentos ósseos que ocorrem na zona de inserção de tendões e ligamentos não chegam a dividir o osso. por uma força suficiente para levar o esterno de encontro à coluna vertebral. mas o local fica permanentemente marcado por uma saliência da superfície do osso onde ocorreu a fratura. só atinge o máximo em cerca de um mês. embora ela seja mais 75 | P á g i n a . quando comparada com a necessária para produzir lesão nas vísceras abdominais. multiplicam-se e invadem o hematoma do foco de fratura. Depois. os osteoclastos. As que chegam a dividir o osso são referidas como fraturas TOTAIS. relacionadas a fraturas costais com superposição dos fragmentos. durante a primeira semana. ou grande modificação da inércia do corpo. O gradil costal e o esterno tornam a parede torácica menos compressível que a abdominal. Com duas para 3 semanas. A extensão das lesões varia com a violência do traumatismo e com a consistência do órgão. nas causadas por choques violentos. PERIGO DE VIDA. A crosta das escoriações profundas fica fortemente aderida e tem cor PARDOAVERMELHADA. As roturas das vísceras maciças podem ser superficiais ou extensas. Mas. não chega a interessar toda a espessura da parede vascular. Alguns autores afirmam que as vísceras se rompem porque há um aumento de sua curvatura. constituem. Os efeitos dependem da pressão exercida e do grau de aspereza da superfície. a rotura pode atingir qualquer das cavidades cardíacas. A rotura se faz de dentro para fora e. É mais provável que os dois mecanismos sejam reais. resultado da ausência depigmento de melanina no epitélio jovem e da presença de maior numero de capilares. formam um lençol hemorrágico uniforme que dá origem a uma crosta hemática. Com uma semana de evolução. expondo a derme. 76 | P á g i n a .freqüente nos impactos rápidos e potentes. As vísceras abdominais maciças tendem a ser lesadas com freqüência. O DUODENO é a víscera oca mais vulnerável aos traumas abdominais pelos agentes contundentes. as cavidades direitas são interrompidas com maior freqüência. deixando pequeno coágulo amarelado que produz uma crosta sérica por evaporação. podendo haver uma contenção do extravasamento do sangue. permitindo que a vitima sobreviva o suficiente para ser socorrida. que passem em plena derme por toda a sua extensão. tem consistência bem firme. As escoriações que desgastem apenas o terço superior da camada espinhosa da epiderme traduzem-se macroscopicamente por exsudação de líquido seroso incolor. como os que resultam da projeção do corpo de motoristas de encontro ao volante de carros nas colisões frontais. por vezes. contorno nítido e começa a esboçar um levantamento da periferia. muito mais clara que a pele vizinha. resistem melhor. principalmente se o órgão estiver parcialmente cheio de líquidos ou alimentos. As roturas viscerais devem ser consideradas LESÕES GRAVES nos exames de lesão corporal dolosa. O deslocamento da crosta deixa ver uma superfície de cor RÓSEA. por terem paredes menos resistentes. Essa zona hipocrônica é chamada de MARCA DE ESCORIAÇÃO e tende a desaparecer com o tempo sem deixar cicatriz Nas escoriações mais profundas infectadas. As demais. arranca as camadas celulares da epiderme em profundidade variada. tanto nos impactos quanto nas compressões lentas. A CAUSA JURÍDICA mais freqüente é acidente ou crime culposo. LESÕES ABERTAS ESCORIAÇÃO é o arrancamento traumático da epiderme. As lesões de vísceras ocas são mais comuns nos impactos violentos. Nas compressões lentas. a nosso ver. por serem bastante móveis e compressíveis. Outros admitem que a rotura se deva a uma forma de explosão pelo fato de conterem muito sangue. Qualquer que seja sua sede. pode haver formação de tecido fibroso que persiste no local por tempo indeterminado. Contudo. Já as lesões mais profundas. Nas quedas de grandes altitudes. que não suportam a elevação súbita da pressão em seu interior. por exemplo quando uma roda de caminhão passa por cima do tórax. As que passem em plano intermediário entre o ápice e a base das papilas dérmicas aparecem como um pontilhado hemorrágico em meio à exsudação serosa e formam crosta serossanguinolenta. pode haver rotura da aorta. devido ao atrito. também podem ser lesadas por compressão de encontro à coluna vertebral. que evapora. O agente contundente desliza sobre a pele e. VALOR MÉDICO LEGAL DAS ESCORIAÇÕES As escoriações podem: Confirmar a existência de reação vital Confirmar a atuação de um agente contundente Pelo aspecto de sua crosta. quando decorrente de queda sobre superfície plana. pode ocorrer deslocamento dessa margem por uma extensão variada. ESMAGAMENTOS 77 | P á g i n a . há: Arrancamento da epiderme Deslocamento das fibras da derme com rompimento quando a pressão é grande. Um exemplo dessa lesão é o escalpe. Depois de rompida a pele.Ocasionada por arrastamentos. aparecem em vários trechos da pele pela ação de formigas. de consistência firme ao toque. que se chama PLACA APERGAMINHADA. o instrumento tende a empurrar a margem da ferida que corresponde aoprosseguimento do seu deslocamento. A direção de deslocamento do instrumento pode ser reconhecida nas incidências obliquas pelo grau de solapamento das margens da ferida. o desnudamento da derme não produz a exsudação que ocorre em vida. de modo continuado e lento. pode indicar os tipos de agressão FERIDA CONTUSA É a solução de continuidade causada por ação contundente. inclusive o subcutâneo. ou faz movimentos de deslizamento sobre o segmento. estão parcialmente descoladas do tecido subcutâneo Apresentam fissuras paralelas na área contígua e um pouco a distancia Unidas por extensas traves de tecido íntegro. podem dar idéia do tempo Pela localização e forma. Nesses casos. por falta de pressão dos líquidos teciduais. assume a forma estrelada irregular. O aspecto é de: Fendas irregulares e paralelas As margens da lesão não são escoriadas. A evaporação da umidade da superfície da derme exposta gera uma placa amarelada. compactamente distribuídas com a mesma direção do deslocamento do agente. Bordas escoriadas Infiltração de sangue Fundo irregular e sujo. ESCORIAÇÃO DE RASPÃO . semelhante ao couro. As feridas por compressão são mais freqüentes no couro cabeludo. Se o golpe for muito oblíquo. Por vezes. que interessa todos os planos da pele. a qual fica mais solapada.Quando o arrancamento da epiderme é feito em CADÁVER. Aparência de estrias paralelas. O agente contundente traciona a pele fortemente. Na ferida contusa decorrente do mecanismo de COMPRESSÃO. Outro mecanismo de produção de feridas contusas é a TRAÇÃO. O atrito faz com que apele seja puxada até o limite de sua elasticidade e comece a se romper aos poucos. com as bordas solapadas. semelhante à gelatina. Alguns funcionam como instrumentos cortantes. A ARACNÓIDEA e a PIA-MÁTER. Outra característica importante em relação à caixa craniana é que a face interna possui vários acidentes ósseos.São lesões em que todos os planos anatômicos de um segmento do corpo são comprimidos e triturados pelo agente contundente. opaca e contém seios venosos. O liquor é produzido pelo plexo coróide dentro dos ventrículos e circula pelas leptomeninges (aracnóidea e pia-máter). Nas agressões com instrumentos em forma de bastão. Diferentemente do tecido nervoso. Outro aspecto anatômico importante refere-se à consistência do tecido encefálico. As partes moles são extensamente dilaceradas Osso sofrem fratura do tipo cominutivo Destruição intensa dos tecidos Perda sanguínea importante Excitação das terminações nervosas Se o individuo não more nos primeiros dias. vasos e fibras axonais se entrecruzam. dos impactos causados. sesoes expansivas podem elevar a pressão intracraniana. Exemplificando. A hipertensão intracraniana prolongada é uma condição grave. 78 | P á g i n a . Por outro lado. são finas e transparentes. devido a esse fato. clinicamente caracterizada por cefaléia intensa. Porém. CAUSA JURIDICA DAS LESÕES POR AÇAO CONTUNDENTE: A maioria é acidental. Notam-se pontos mais fixos principalmente ao nível do tronco. vômitos e edema de papila. O prolongamento mediano chamado foice separa os hemisférios cerebrais. Uma desses funções é a proteção. Em meio à massa gelatinosa. pode desenvolver quadro clínico de insuficiência renal aguda. ESTUDO MÉDICO-LEGAL DOS TRAUMATISMOS CRANIOENCEFÁLICOS CONSIDERAÇÕES GERAIS ANATÔMICAS E HISTOLÓGICAS A caixa craniana é uma estrutura óssea resistente que tem como finalidade a proteção contra traumatismos por agentes mecânicos. é possível encontrar lesões de defesa representadas por escoriações e equimoses situadas na borda cubital do antebraço e nas mãos. que faz parte da denominada SINDROME DE ESMAGAMENTO. Entre essas duas membranas (ESPAÇO SUBARACNÓIDEO) circula o liquor. o mesmo ponto no tronco encefálico pode levar à morte. Diferentemente dos outros tecidos. o processo de restauração das meninges é pelo reparo cicatricial por fibrose. As meninges são estruturas membranáceas que recobrem o encéfalo. onde estão situados vasos sanguíneos mais calibrosos e nervosos cranianos. a drenagem é realizada pelo sistema liquótico. um ponto hemorrágico situado na substância branca do lobo frontal pode não ter tradução clínica. o encéfalo tem consistência algo amolecida. também chamadas de LEPTOMENINGES. A fresco. contribuindo assim para a sua proteção. A PIA-MÁTER é que tem contato direto com o tecido nervoso. seguindo-se ao suicídio por DEFRENESTAÇÃO. A DURAMATER é espessa. sendo causa comum de morte por causar danos irreversíveis ao tecido. por amortecimento. em que se observa o rechaço (deslocamento brusco) do encéfalo no interior da cavidade. compreendendo 2 tipos: Impulso (inércia) Impacto direto sobre a cabeça Um fenômeno físico importante para o entendimento das lesões é o da ACELERAÇÃO/DESACELERAÇÃO rápida da cabeça. ajudando no diagnóstico diferencial com lesões não traumáticas. essas células têm baixa capacidade de divisão. os traumatismos cranioencefálicos são divididos em 2 categorias: Causados por PAF Não causados por PAF TRAUMATISMOS NÃO CAUSADOS POR PAF As forças mecânicas que atuam sobre a cabeça dividem-se basicamente em 2 tipos: Estática Dinâmica A força ESTÁTICA. em que há uma agressão gradual. sem haver impacto direto sobre a cabeça. A massa encefálica ‘gelatinosa’ rechaça dentro da cavidade e pode ser arremessada violentamente contra as partes ósseas do crânio. Em colisões graves. o local é restaurado por meio da hiperplasia e hipertrofia de astrócitos. processo denominado astrocitose ou gliose. O exame necroscópico não revelará lesões de natureza violenta na inspeção externa da cabeça.O neurônio é a principal célula do sistema nervoso central e a mais especializada. já que estes dispositivos protegem apenas do impacto direto. ASPECTOS GERAIS DAS LESÕES E MECANISMOS DO TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO Didaticamente. Em casos de destruição neuronal. menos comum. lenta e contínua sobre a caixa craniana. Quando há desaceleração brusca. INSPEÇÃO INTERNA DA CABEÇA É importante observar a face profunda do couro cabeludo. As forças DINÂMICAS são mais freqüentes. A presença de infiltrações hemorrágicas indica que ocorreu um trauma. ocorre em situações como terremotos e desabamentos de terra. LESÕES CRANIOENCEFÁLICAS 79 | P á g i n a . a cabeça pode deslocar-se em vários sentidos. IMPACTO DIRETO É caracterizado pelo impacto da cabeça contra um instrumento ou vice-versa. Devido a essa especialização. o cinto de segurança e air bag não são capazes de prevenir tais lesões. fenômeno comum nas colisões. na face profunda do couro cabeludo ou no crânio. OS TIPOS DE DEFORMAÇÃO DO ENCÉFALO SÃO: Por compressão Por tensão Por cisalhamento (por ação de forças opostas) IMPULSO A força impulsiva ou inercial ocorre quando o corpo está em movimento e bruscamente pára. principalmente quando há aceleração/desaceleração da cabeça. Por exemplo. porém estados prolongados de inconsciência podem determinar danos teciduais difusos. produzidos principalmente por PAF. os acidentes ósseos da base podem ‘cortar’ as partes inferiores do encéfalo. CONCUSSÃO CONTUSAO E LACERAÇÃO FRATURAS DO CRÂNIO HEMORRAGIAS Extradural Subdural Subaracnóidea Intraparenquimosa Intraventricular LESÃO AXONAL DIFUSA LESAO ENCEFÁLICA HIPÓXICA TIMEFAÇÃO ENCEFÁLICA Edema vasogênico Edema citotóxico CONCUSSÃO Conceitua-se como déficit neurológico temporário e reversível causado por trauma cranioencefálico. explicadas pelo rechaço da massa encefálica contra o crânio. podendo estender-se para a substância branca adjacente. CONTUSÃO E LACERAÇÃO A CONTUSÃO é caracterizada pela rotura de pequenos vasos nas partes mais profundas do córtex. por vezes confluente. Macroscopicamente. O tecido encefálico subjacente não mostra solução de continuidade. As contusões por CONTRAGOLPE ocorrem no lado oposto ao trauma. em geral cerca de 24 horas após a agressão. com ou sem comprometimento da substância branca. Nesse caso. As contusões recentes aparecem na macroscopia como um pontilhado hemorrágico. resultado em perda da consciência. Estão associadas comumente às fraturas com afundamento e ferimentos penetrantes. Foram descritos vários tipos de contusões. LACERAÇÃO significa rotura do tecido encefálico. Eventualmente. Algumas vitimas têm o chamado INTERVALO LÚCIDO entre a concussão e a perda da consciência. Nos estágios iniciais. mesmo na ausência de fratura. Amnésia retrógrada e pós traumática pode fazer parte desse quadro. a saber: Por fratura Por golpe e contragolpe Por herniação Nas contusões por GOLPE. pode existir necrose neuronal do tipo coagulativa em vista da hipoxia. uma agressão na região frontal com contusões no lobo frontal. As alterações neuropatológicas são mínimas e inespecíficas. observa-se uma lesão algo retraída de cor AMARELOACASTANHADA chamada de PLACA AMARELADA. a lesão encefálica está abaixo da área de impacto. 80 | P á g i n a . observam-se áreas hemorrágicas e edema em torno de vasos corticais. Geralmente aparecem nos locais das contusões. na crista dos giros. subdural e laceração encefálica. As fraturas da base do crânio são importantes e geralmente cursam com saída de sangue ou de liquor pelas narinas e orelhas. A massa de sangue (hematoma) eleva a pressão intracraniana. O rechaço do encéfalo nos dois sentidos permite o deslizamento da 81 | P á g i n a . HEMORRAGIAS São classificadas em: Extradural (epidural) Subdural Subaracnóidea Intraparenquimosa Intraventricular As hemorragias EXTRADURAL e SUBDURAL são tipicamente de etiologia TRAUMÁTICA. HEMORRAGIA SUBDURAL A coleção de sangue está situada entre a dura-máter e a aracnóidea. comumente localizada. O mecanismo principal ocorre pelo deslocamento brusco rotacional ou linear da cabeça (aceleração/ desaceleração). É comum nos atropelamentos e nas quedas de grande altura. A fratura COMINUTIVA é a fragmentação dos ossos. É comum a fratura do osso temporal determinar lesão da artéria meníngea média e conseqüente hemorragia intracraniana. Esse tipo está comumente relacionado a processos TRAUMÁTICOS. HEMORRAGIA EXTRADURAL O extravasamento de sangue ocorre entre a calota e a dura-máter. A fratura EM DOBRADIÇA (hinge fracture) é resultante de impacto intenso sobre o crânio. A DIASTÁTICA se caracteriza pela disjunção (separação) das suturas.FRATURAS DO CRÂNIO Podemos classificá-las em: linear Diastática Em dobradiça Com afundamento Cominutiva Exposta A fratura LINEAR está relacionada com o impacto direto e não aos mecanismos de deslocamento da cabeça ou inércia. O AFUNDAMENTO do crânio é uma fratura com depressão do segmento ósseo decorrente de uma força intensa. podendo resultar em hemorragia extradural. As espículas ósseas podem seccionar vasos sanguíneos e também lacerar o tecido encefálico. geralmente produzida por uma força intensa sobre o crânio. Podem ocorrer várias complicações decorrentes de fratura. Já as hemorragias SUBARACNÓIDEAS e INTRAPARENQUIMOSA são decorrentes de processos patológicos. É comumente encontrada em acidentes de transito com impacto da cabeça e quedas de grandes alturas. a rotura de fibras axonais e eventualmente dos vasos sanguíneos ocorre preferencialmente pelo cisalhamento. o paciente alcoólatra possui fragilidade vascular. HEMORRAGIA INTRAVENTRICULAR Um dos mecanismos de formação é a rotação rápida da cabeça. com ou sem impacto. Clinicamente. LESÃO AXONAL DIFUSA (LAD) Degeneração difusa da substância branca em uma série de pacientes com demência pós-traumática. determinando rotura do corpo caloso. O principal mecanismo de lesão é a aceleração rotacional da cabeça. HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA A infiltração sanguínea pode ser localizada ou difusa. estando presente em boa parte dos casos associados a lesão axonal difusa. É raro o encontro de lesão axonal Mais freqüente rotura das veias-pontes Hematoma subdural. Ocorre freqüentemente em traumatismos fechados da cabeça. O alcoolismo constitui uma importante causa de hemorragia intracerebral. muitas vezes de curso fatal. é considerada uma das principais lesões responsáveis pelo estado comatoso com evolução para a morte. Na aceleração angular de curta duração (quedas. o que torna mais fácil a rotura mesmo com traumas de pequena intensidade. resultando em dilatação dos ventrículos (hidrocéfalo pós-traumático). que se encontra aderida ao crânio. Além disso. entre eles: A hipotensão arterial 82 | P á g i n a . Tais deslocamentos bruscos podem provocar a rotura tanto de vasos pequenos quanto de fibras axonais.aracnóidea em relação à dura-máter. já que favorece distúrbios na coagulação. como nas colisões. encontrada comumente nos acidentes de trânsito. Grandes hemorragias podem evoluir para fibrose das leptomeninges (aracnóidea e piamáter). LESÃO ENCEFÁLICA HIPÓXICA A diminuição de oxigênio por hipoxia ou isquemia é considerada lesão secundária ao trauma bastante freqüente. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DAS HEMORRAGIAS A presença de infiltração hemorrágica na face profunda do couro cabeludo e/ou fratura no crânio indica processo traumático. porém pode não ter relação com a morte. O sangue coagulado forma um hematoma que tem as mesmas conseqüências da hemorragia extradural. Isso dificultará a circulação e reabsorção do fluxo liquórico. HEMORRAGIA INTRAPARENQUIMOSA Um mecanismo de lesão é a rotação rápida da cabeça com efeito de cisalhamento. quedas e lutas. Existem vários fatores que podem contribuir para lesão hipóxica no paciente com traumatismo crânio encefálico. socos). resultando em estiramento e rotura das veias-pontes. as vitimas podem apresentar meningite asséptica com sinais de irritação. Diminutas hemorragias podem ser observadas em crianças que são sacudidas de forma mais intensa e contínua. determinando rotura de vasos sanguíneos. como a disfunção plaquetária. A consistência encefálica mais amolecida do recém-nato também contribui para isso. ficando presa ao espaço liquótico. edema significa acumulo anormal de líquido no espaço intersticial ou nas cavidades corpóreas. Distância. Forma do projétil. Quanto mais tempo durar a agressão hipóxica maior será a probabilidade de ocorrerem lesões irreversíveis neuronais. O edema relacionado ao trauma craniano é causado principalmente por mecanismo vasogênico e citotóxico. provocando expansão tecidual (ondas de pressão). Uma simples hiperemia difusa pode resultar em aumento da pressão intracraniana. freqüentemente observa-se: Fratura cominutiva. Na saída dos projeteis de ALTA ENERGIA. TRAUMATISMOS CAUSADOS POR PAF O mecanismo de lesão encefálica depende de fatores como Tipo do projétil. FERIDAS TRANSFIXANTES Os ferimentos transfixantes atravessam totalmente a cabeça. pode surgir por obstrução do fluxo liquórico. A pressão intracraniana aumenta de forma súbita. Extensas áreas de laceração. Grande perda de massa encefálica. culminando em estado vegetativo e morte. Numero de disparos. sendo importantes no diagnóstico diferencial entre lesões intra vitam e post mortem. Conceitualmente. denominado hidrocefálico. Tal situação é caracterizada pela lesão inicial de certas zonas normalmente pouco oxigenadas. podendo resultar em herniação imediata das amígdalas cerebelares. ocorre o fenômeno de seletividade lesional. sendo encontrados com maior freqüência em projeteis de ALTA VELOCIDADE. pode-se observar uma laceração em forma de túnel ou canal. Um mecanismo de morte importan te.A hipertensão intracraniana por diminuição do fluxo sanguíneo Perdas sanguíneas por outras lesões traumáticas Outras causas possíveis de isquemia são: Aceleração da cabeça com rechaço e deformação encefálica Estiramento e distorção dos vasos sanguíneos Herniações com compressão de vasos Alterações pós-traumáticas na microcirculação Vasoespasmo. ocorre pela passagem da bala através da caixa craniana. Um terceiro tipo. 83 | P á g i n a . TUMEFAÇÃO ENCEFÁLICA Esse termo é utilizado quando há associação de edema e hiperemia cerebrovascular. Cabe ressaltar que essas duas alterações são consideradas fenômenos vitais. também observado com projeteis de BAIXA VELOCIDADE. O prognóstico dos traumatismos cranioencefálicos em geral depende fundamentalmente das lesões secundárias causadas pela hipoxia. A hiperemia ocorre por processo ativo levando à vasodilatação e a aumento do fluxo sanguíneo. Quando existe diminuição golobal de O2 no encéfalo. Na superfície de corte do órgão. podem resultar em contusões distantes do local de penetração. igual ou maior que o diâmetro do projétil Em torno dessa área. hematoma intracraniano ou fratura com afundamento. Mas eles podem também transfixar o crânio. Essa cavidade some rapidamente após a transfixação e geralmente é MAIOR que o projétil. Aumento gradual da pressão intracraniana. TRANSFIXANTES e PENETRANTES. Na análise macroscópica dos dois tipos de lesões. Esses projéteis causam: Laceração do parênquima. O aspecto da ferida que ter formato estrelado é decorrente da explosão na cavidade craniana. Raramente pode visualizar orifício típico em tronco de cone como nos ferimentos por PAF de baixa velocidade. Os ferimentos penetrantes geralmente são causados por projeteis de BAIXA VELOCIDADE. 84 | P á g i n a . Essa área é envolta por uma área de coloração RÓSEO-ACINZENTADA chamada de MARGINAL As duas últimas zonas aparecem após o desaparecimento da CAVIDADE TEMPORÁRIA. é comum a confusão com feridas produzidas por outros instrumentos. notam-se 3 zonas nítidas que podem ser observadas na superfície de corte. Ondas de pressão intensas. ambas consideradas secundárias ao trauma. PRINCIPAIS SEQÜELAS DOS TRAUMATISMOS CRANIOENCEFÁLICOS DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA GRAVE E ESTADO VEGETATIVO O estado vegetativo é atribuído mais comumente à lesão axonal difusa e à lesão cerebral isquêmica difusa. característico desses projéteis. formadas principalmente nas feridas por PAF de ALTA VELOCIDADE. Raramente ocorre epilepsia precoce em adultos sem associação com amnésia pós traumática. Rotura dos vasos sanguíneos. a gravidade do quadro neurológico deve-se mais a essas lesões do que ao comprometimento do tronco encefálico. Portanto. Por vezes. geralmente dentro de uma semana após. na dependência das áreas da entrada e da saída. Se os PAF’s não incidirem em osso resistente e não forem deformáveis. Eventualmente. A CAVIDADE TEMPORÁRIA tende a ser muito grande nos disparos com projetil de ALTA ENERGIA. Ferida de saída em formato estrelado. Observa-se um canal central chamado CAVIDADE PERMANENTE. é muito difícil identificar as lesões produzidas por eles. Grandes hemorragias. FERIDAS PENETRANTES A maioria dos ferimentos penetrantes costuma ser causada por PAF de BAIXA ou MÉDIA VELOCIDADE. aparece uma zona intermediária de necrose infiltrada por sangue. EPILEPSIA PÓS-TRAUMÁTICA Pode ser precoce ou tardia Epilepsia PRECOCE caracteriza-se por convulsões. pois esses não possuem força suficiente para transfixar a cabeça. dada a grande destruição cranioencefálica. causarão feridas transfixantes. por exemplo. arremessadas sobre o adversário. As armas de ARREMESSO ora são simples porque totalmente jogadas contra o oponente. são considerados de calibre pequeno: Alfinetes Agulhas Espinhos Ou de calibre médio: Furador de gelo Sovela Quanto aos pregos. Conforme o diâmetro dessa haste.A epilepsia TARDIA está principalmente associada aos traumatismos por PAF. LESÕES DOS LUTADORES DE BOXE O mecanismo principal de lesão está ligado à rotação rápida da cabeça. Recebem a denominação genérica de armas brancas. conforme representem como que um prolongamento do membro superior ou ajam a distância. uma lança. que são armas de arremesso. como Alzheimer e doença de Parkinson. Há uma boa correlação entre o grau de lesão encefálica focal e o risco de epilepsia. A ação dos instrumentos perfurantes podem ser: 85 | P á g i n a . INSTRUMENTOS PERFURANTES São aqueles que transferem sua energia cinética por meio de uma ponta. SÃO ARMAS MANUAIS: INSTRUMENTOS PERFURANTES INSTRUMENTOS CORTANTES INSTRUMENTOS PÉRFURO-CORTANTES INSTRUMENTOS CORTO-CONTUNDENTES Mas podem eventualmente ser arremessados. As alterações morfofuncionais precoces estão associadas à aceleração angular rápida. bem como à movimentação brusca no sentido antero-posterior. em virtude do deslocamento rotacional intenso do segmento. LESÕES E MORTE POR ARMA BRANCA As armas devem ser classificadas em manuais ou de arremesso. As lesões tardias dos lutadores podem determinar um quadro demencial progressivo denominado encefalopatia ou demência pugilística. pressionando e afastando os elementos dos tecidos. ora complexas por dispararem projéteis contra Lee. As primeiras convulsões podem aparecer um ano ou mais depois do trauma. podem ser considerados de calibre pequeno ou de calibre médio. Sabe-se que o desfalacimento ocorre por lesão axonal no tronco encefálico. resultando principalmente em rotura das veias e conseqüente hemorragia subdural. DOENÇAS DEGENERATIVAS Existem evidências relacionando trauma como agente causador de algumas doenças neurológicas degenerativas. São formados por uma ponta continuada por uma haste cilíndrica. talvez em anteposição às armas de fogo. Por exemplo: pisar num prego ou cair sobre grade com elementos pontiagudos. É o caso de picadas por agulhas de injeção. que assumem direção preferencial conforme as linhas de força a que a pele está submetida nas diversas regiões do corpo. Será considerada PASSIVA quando o corpo em movimento se chocar com o instrumento localizado em um anteparo. Apresentam-se recobertas por uma crosta hemática. ASPECTO DAS FERIDAS Obedece a 3 princípios: Tem aspecto semelhante às produzidas por instrumentos pérfurocortantes de 2 gumes (LEI DE SEMELHANÇA DE FILHOS) Têm sempre a mesma direção numa mesma região do corpo (LEI DO PARALELISMO DE FILHOS) Podem ter forma diferente nos pontos de encontro de linhas de força (LEI DE LANGER) As feridas pelos instrumentos perfurantes de médio calibre podem ser classificadas em: Superficiais Penetrantes Transfixantes 86 | P á g i n a . Sua característica essencial é o grande predomínio da profundidade em comparação com o aspecto externo. pois as forças envolvidas estão em equilíbrio. penetrando entre elas. O tétano é a complicação mais temível. providas de ângulos muito agudos e com a mesma direção na mesma região anatômica do corpo. reticulares e elásticas. atuam os vetores de resistência decorrentes da elasticidade da derme. O modo de ação é o seguinte: A ponta atua por pressão e vai afastando as fibras dos tecidos à medida que se faz a penetração da haste. A gravidade dessas feridas resulta dos processos de infecção causados pela penetração de bactérias com o instrumento. ela tem forma circular. produz vetores de força que são contrariados por uma reação igual e contrária dos tecidos. Assim que o instrumento é retirado. agressão com furador de gelo. Sua extensão depende do diâmetro da haste A derme está formada por fibras colágenas. Enquanto ele está dentro da ferida. Mesmo nos casos em que atinja uma veia ou uma artéria. Como o instrumento perfurante apenas afasta e separa as fibras. Ativa Passiva Será ATIVA quando o instrumento atingir o corpo em repouso ou quase repouso. INSTRUMENTOS PERFURANTES DE CALIBRE PEQUENO Produzem feridas PUNCTÓRIAS. a elasticidade da parede desses vasos promoverá rápido estancamento da hemorragia. INSTRUMENTO PERFURANTE DE MÉDIO CALIBRE As feridas têm forma biconvexa alongada (em botoeira). que tende a restaurar a posição primitiva das fibras.ou mesmo certas flechas dos índios. A dificuldade de limpeza e drenagem dos líquidos extravasados e a exsudação criam condições favoráveis para a instalação da infecção. com bordas regulares e simétricas. é possível observar feridas que penetram nas grandes cavidades. Mas pode ser maior. bem como do estado do gume. com evisceração parcial. apresentam forma de fenda com direção paralela às fibras musculares. como nos golpes mais violentos desferidos no abdômen.Pode ser igual. terá sido produzida por um instrumento pérfuro-cortante. crista ilíaca. paralela à direção do tubo. As fibras dos tecidos são seccionadas e os vasos permanecem abertos nas vertentes das feridas. deixam a marca do instrumento sob a forma de um baixo-relevo em forma de cone invertido. ou em várias regiões. por sua vez. superficiais. No caso de PÉRFURO-CORTANTE. mostrará sempre a dissociação das fibras dos planos mais profundos. DIAGNÓSTICO Baseia-se no conhecimento da morfologia das lesões e das leis de FILHOS e LANGER. Neste caso. o que permite firmar o diagnóstico do tipo de instrumento. Se a lesão for única. 87 | P á g i n a . maior ou menor que o tamanho da haste. interna. o que justifica sua abertura para diagnóstico e profilaxia. Mas. uma longitudinal externa. por vezes. esterno e corpos vertebrais. e os órgãos atingidos. Mesmo que não sejam atingidas vísceras. ACIDENTE. Quando atuam em VÍSCERAS OCAS do tubo digestivo. TIPOS DE LESÕES Há predomínio da extensão sobre a profundidade. dependendo da região e da força do golpe. Isso. Como essas vísceras têm duas camadas musculares. INSTRUMENTOS CORTANTES São os que transferem a energia cinética por deslizamento e leve pressão através de uma borda aguçada a que se dá o nome de gume ou fio. O trajeto. ou não. Quando se observar um grupo de feridas em forma de botoeira tendo a mesma direção numa mesma região do corpo. se houver compressão dos planos superficiais pela empunhadura do instrumento. de disposição circular. as duas camadas apresentariam fendas superpostas e com a mesma direção. mas sempre acompanhando as linhas de força. o perito não poderá fazer o diagnóstico diferencial com uma lesão por instrumento pérfuro-cortante. Atua mais por deslizamento que por pressão. causa escoriação das bordas. a direção da ferida é longitudinal na túnica externa e transversal na interna. em geral. de modo a lembrar um pouco lesão por instrumento perfuro contundente. CAUSA JURÍDICA Geralmente. o que é mais comum nos ossos esponjosos como costelas. Quando interessam a um plano ÓSSEO. GRAVIDADE Varia conforme o instrumento tenha causado ferida penetrante. a menos que a lesão tenha direção diferente das linhas de força. e não secção. a penetração do instrumento contamina a cavidade e enseja a instalação de infecções. Será menor se houver penetração parcial. a conclusão será de lesões por instrumento perfurante de calibre médio. e outra subjacente a essa. São feridas. superficializam-se gradualmente para terminar em uma escoriação linear que as continua ao longo da epiderme. as vertentes permanecem infiltradas. No CADÁVER. pode produzir ferida em BISEL. a embebição de sangue nas malhas dos tecidos é de tal intensidade que. Se o instrumento atuar de modo OBLÍQUO em relação à pele. As feridas incisas localizadas na mão ou no antebraço. portanto. as feridas incisas ficam menos abertas porque a pele sofre desidratação e se torna um pouco menos elástica. A partir daí. REAÇÃO VITAL As feridas produzidas EM VIDA são caracterizadas em parte pelo grau de afastamento de suas bordas e vertentes. principalmente se a secção for com direção transversal às fibras musculares. como no pescoço. os instrumentos cortantes produzem feridas que apresentam: Bordas regulares Vertentes planas e Ângulos muito agudos Sua profundidade é maior na porção correspondente ao terço inicial. mesmo após a lavagem com água. dá-se o nome de CAUDA DE ESCORIAÇÃO. a retração dos planos musculares é muito diminuída por causa da rigidez cadavérica. 88 | P á g i n a . Se forem localizadas na face posterior. Algumas feridas incisas recebem nomes especiais de acordo com a sua localização no corpo. A secção dos vasos calibrosos da região carotídea pode levar o indivíduo à morte tanto por anemia aguda quanto por asfixia provocada pela aspiração do sangue extravasado através da laringe ou da traquéia seccionados. A retração é mais acentuada quando a ferida interessa o plano muscular. recebem o nome de degolamento. como nas regiões palmares e planares. Além do mais. Alguns autores admitem também a possibilidade de morte por embolia gasosa através das grandes veias jugulares. por vezes com retalho cutâneo abundante. e outras em que é mínima. o que não é comum nas feridas feitas em CADÁVERES. São as feridas praticadas por médicos em atos cirúrgicos. tanto mais extenso quanto menor for o ângulo de incidência. Têm maior regularidade Profundidade uniforme Ângulo de saída não tem cauda de escoriação Em condições excepcionais. Resulta do afastamento da epiderme ao longo do trajeto dérmico por causa da obliqüidade do gume. Mas. as feridas incisas podem apresentar aspecto diferente do usualmente descrito. Há um tipo especial de feridas praticadas com instrumentos cortantes. se o gume atuar de modo extremamente obliquo ou por deslocamento lateral. são chamadas de lesões de defesa e têm grande valor no esclarecimento da causa jurídica da lesão. Há regiões em que a retração é muito grande. As profundas e localizadas no pescoço são chamadas de esgorjamento quando nas faces laterais ou anterior. A essa escoriação linear que indica a saída do instrumento. NA PESSOA VIVA. produzirá apenas uma escoriação e. principalmente na borda cubital. agirá como instrumento contundente.Quando agem de modo típico. se o corte no VIVO for feito embaixo d’água. Traduzem as tentativas do suicida de testar a sua sensibilidade à dor. Quando há entrecruzamento de duas feridas incisas. ou mesmo feridas menores e mais superficiais paralelas à ferida principal – LESÕES DE HESITAÇÃO. não conseguiremos boa confrontação na primeira. De um gume: Faca de cozinha Canivete De dois gumes: Punhal Baioneta Espada 89 | P á g i n a . As lesões de defesa localizam-se preferencialmente: Nas regiões palmares Na borda cubital do antebraço Joelhos Pernas Pés. INSTRUMENTOS PÉRFURO-CORTANTES São os que possuem uma ponta e um ou mais gumes. A lesão de homicídio costuma ser feita de um só golpe. e por deslizamento dos gumes. Em alguns casos. o suicídio é caracterizado pela presença de múltiplos entalhes nos lábios da ferida e pela existência de escoriações lineares. que terá excesso de tecido em uma das metades. através da ponta. em função de seu estado emocional. Se a escolhida tiver sido correta. mas podem aparecer as lesões paralelas que demonstram que houve tortura ou sadismo do agressor. Transferem sua energia cinética por pressão. a existência de ferida incisa na face palmar dos dedos não exclui totalmente a possibilidade de suicídio.Contudo. na reconstituição de crimes. Para sabermos qual foi feita em primeiro lugar. pois o suicida pode cortar as mãos acidentalmente com o instrumento. poderemos suturar as bordas da segunda ferida ao longo de duas direções defasadas. o instrumento incide sobre o tecido já seccionado e que já sofreu a ação das linhas de força geradas pelas fibras colágenas e elásticas que repuxam as bordas da primeira lesão. mas paralelas. devemos tentar a coaptação das bordas de uma delas. Entretanto. que mostra a saída do gume. SENTIDO E ORDEM DE PRODUÇÃO O sentido do deslocamento do instrumento no momento do golpe pode ser avaliado pela posição da cauda de escoriação. a posição da cauda de escoriação pode contradizer a versão do agressor. É: Profunda Com bordas regulares Sem entalhes. Geralmente. a infiltração poderá ser muito discreta. No caso do ESGORJAMENTO. Se escolhermos para coaptar em primeiro lugar a segunda ferida. Na segunda ferida. não estão presentes no HOMICÍDIO. a ordem em que foram produzidas pode ser determinada. CAUSA JURÍDICA Feridas na face anterior do punho são típicas de SUICÍDIO. sendo importante saber se ele é destro ou canhoto. que seccionam as fibras dos tecidos. As feridas por instrumentos de DOIS GUMES têm forma de fenda e ângulos bastante agudos e semelhantes. Na porção central. apenas os deslocam. necessariamente. São lesões semelhantes às dos de dois gumes. Com o aumento dos gumes. a força de suas faces é contrariada e equilibrada pela elasticidade da pele. Os que apresentam apenas UM GUME causam lesões em forma de BOTOEIRA. Tanto pode ter havido penetração apenas parcial como ter sido o golpe muito violento. Os de MAIS DE DOIS GUMES deixam lesão de forma estrelada. os instrumentos tendem a se comportar como os perfurantes de calibre médio. Mas é possível que o agressor execute movimentos de vai vém sem retirar o instrumento do corpo com o objetivo de ampliar e multiplicar as lesões viscerais. de modo semelhante ao que ocorre com os instrumentos perfurantes. Aqui. O mais comum é haver um trajeto para cada lesão superficial. como pela possibilidade de lesões de vísceras e de vasos calibrosos. penetrantes e transfixantes. podendo exibir exígua cauda de escoriação que corresponde ao gume. As lesões podem apresentar ângulos acessórios relacionados com cada um dos gumes se o instrumento for torcido no momento da saída. 90 | P á g i n a . a força de resistência elástica da pele é liberada para levar as bordas da ferida em direção ao seu ponto central. que oferece resistência ao ser empurrada pelas faces do instrumento. representados por pequenos entalhes localizados na borda da ferida em direção à qual se deu a torção. TIPOS DE LESÕES Os instrumentos pérfuro-cortantes produzem lesões que evidenciam predomínio da profundidade sobre a extensão.Mais de dois gumes Lima Estoques feitos de vergalhões Conforme as faces sejam lisas ou ásperas. As mais graves são as feridas PENETRANTES. far-se-á uma escoriação linear. já não cortam mais os tecidos. Se a ponta do instrumento deslizar sobre a pele sem que o gume atue. de modo a produzir feridas incisas. As SUPERFICIAIS podem tornar-se atípicas por predomínio da ação cortante do instrumento. As lesões pelos instrumentos perfuro-cortantes podem ser classificadas em superficiais. as bordas e as vertentes da ferida serão sempre regulares. Ao ser retirado o instrumento. o batente da empunhadura da arma pode deixar uma escoriação nas bordas da ferida. Mas sua forma varia de acordo com o numero de gumes. Tal peculiaridade da forma das lesões causadas pelos instrumentos poligumes resulta da elasticidade da pele. Enquanto ele estiver nos tecidos. o afastamento das bordas é máximo. e a ferida tem a forma da secção da haste do instrumento. A não ser nesse caso. produzindo trajeto maior que o comprimento da lâmina. com tantas pontas quantas forem as arestas do instrumento. uma vez que as suas arestas. Sua profundidade não imita. de modo a que a mão do agressor empurre as partes moles superficiais. com um dos ângulos bem mais agudo que o outro. não só pela contaminação bacteriana das cavidades. as bordas das feridas podem apresentar-se normais ou escoriadas. O trajeto é constituído por um túnel em forma de fenda nas feridas por instrumentos de um ou de dois gumes. o comprimento da lamina do instrumento. atenuando-se geralmente em direção aos ângulos. principalmente se o dorso do instrumento não entrar em contato com a pele após a penetração da ponta. Suas bordas são curvas e convexas em direção ao centro da ferida. obedecendo às leis de Filhos e Langer. as lesões são situadas. etc. INSTRUMENTOS CORTO-CONTUNDENTES São considerados corto-contundentes os instrumentos que. Cutelos Machados Enxada Foices 91 | P á g i n a . em regiões de formação de livores. REAÇÃO VITAL Lesões feitas em VIDA evidenciam: Afastamento das bordas Infiltração sanguínea das vertentes Grande acúmulo de sangue dentro das cavidades. e outras por ação cortante do instrumento no punho ou no pescoço. com relação à posição do agressor e da vitima. e a dificuldade maior surge na distinção das feridas por armas de um e de dois gumes. a borda da ferida para onde girou o gume vai apresentar um entalhe. A inobservância desse fato pode levar a falsas conclusões quanto à direção do instrumento no corpo e. transferem sua energia por meio do gume. com distribuição aleatória. Nos casos de SUICÍDIO. mesmo quando localizada no precórdio ou na região epigástrica. É importante atentar para o fato de que a posição dos órgãos muda conforme esteja o indivíduo em pé ou deitado. Pode haver mais de uma lesão na mesma região. seja por movimentação da vitima. DIAGNÓSTICO DO TIPO E DA ARMA O numero de gumes pode ser avaliado pelo numero de ângulos das feridas. principalmente nos planos musculares. seja por manobra intencional do agressor. a maioria é de origem HOMICIDA. por conseguinte. observa-se retração dos tecidos. mas nunca levam a sangramento intenso como o observado naquelas feitas antes da morte. de modo que a fenda tem suas bordas um pouco afastadas de modo desigual. O mais importante. A penetração do instrumento em superfície óssea pode deixar sua forma impressa em baixo-relevo. o que não afasta o diagnóstico. São muito parecidas. A dificuldade diminui quando há torção do instrumento no momento de ser retirado. principalmente se as feridas externas forem pequenas ou tamponadas de algum modo. Lesões produzidas LOGO APÓS A MORTE. O mais importante para o diagnostico é a presença de lesões de defesa. Mas tratando-se de lesões fatais. nesses casos. em geral. Nesse caso. Grande quantidade de sangue nas roupas e no local em que o corpo foi encontrado denota que a lesão foi produzida em vida. é a ausência de lesões de defesa. Nesses casos. geralmente. A vitima pode ter sido atingida quando incapaz de reagir. ambas as bordas apresentam o entalhe. durante o sono.Ao longo do trajeto. dotados de grande massa. costuma haver várias lesões. no tórax. CAUSA JURÍDICA A causa mais comum são os ACIDENTES. na região precordial. Tratando-se de instrumento de dois gumes. Às vezes. a própria lâmina pode quebrar e ficar parcialmente encravada. a existência de apenas uma lesão não permite excluir a hipótese de homicídio. em estado de embriaguez. Porém. podem apresentar infiltração hemorrágica. os CORTO-CONTUNDENTES agem principalmente POR PRESSÃO. que atuam mais por deslizamento. Ao contrário dos instrumentos cortantes. Como regra geral. o que se traduz por lesões muito profundas e graves. mais regulares a borda e as vertentes. TIPOS DE LESÕES Devido à inércia. A ação dos dentes incisivos pode ser considerada corto-contundente. Mas podem agir como instrumento cortante desde que tenham gume afiado e predomine a ação de deslizamento em vez de pressão. Nas feridas que promovem a segmentação. evidenciam minúsculas roturas de fibras ao longo da linha de atuação da lâmina. quando examinadas mais atentamente. CAUSA JURÍDICA Os casos fatais são resultado de HOMICÍDIO ou ACIDENTE. a irregularidade das margens varia. Quanto mais veloz. Na área atingida diretamente. em geral: São retas Apresentam bordas afastadas Bordas escoriadas Bordas regulares Vertentes planas Laceração principalmente nos planos musculares A abertura de seus lábios depende do grau de penetração da cunha No plano esquelético. O gume força os tecidos perpendicular ou obliquamente. a fratura apresenta bordas regulares e vertentes em geral impregnadas por resíduos de ferrugem. As feridas produzidas por esses instrumentos são. 92 | P á g i n a . ocorrendo um misto de ação corto-contundente e contundente. A causa mais comum de acidentes fatais no meio urbano são os atropelamentos por trem. incidem violentamente sobre o corpo. bem como do travamento dos seus dentes. As lesões são extremamente mutilantes. a abertura interrompe-se abruptamente ou é prolongada por traços de fratura irregulares. Dependendo da velocidade de deslizamento e do tamanho dos dentes da serra. podem produzir fraturas tanto na área de impacto como a distância. penetra e abre caminho para a cunha que constitui o instrumento. OUTROS INSTRUMENTOS As serras e os serrotes causam lesões de forma: Linear Regular Com bordas escoriadas e margens discretamente laceradas que. as bordas são escoriadas e acompanhadas da deposição de detritos dos trilhos e das rodas dos vagões. Não havendo secção completa do osso. Facões Rodas de trem. atravessam com facilidade as partes moles do corpo e não se detêm mesmo no plano esquelético. como acontece com os perfurantes. mas incluem também qualquer instrumento formado por qualquer haste que não termine com uma pnta afiada. A raiação do cano serve para imprimir um movimento de ROTAÇÃO ao projétil. podem causar uma ferida superficial de bordas escoriadas. provocará uma série de escoriações lineares e paralelas cujo espaçamento permite confronto para identificação do instrumento. Seriam instrumentos pérfuro-contundentes? Assim é difícil afirmar qual instrumento. Estão representados. São formadas basicamente por um mecanismo desencadeador da queima da pólvora.Quanto maiores e mais travados os dentes. as armas de fogo podem ser classificadas segundo vários critérios. ARMAS DE FOGO. CLASSIFICAÇÃO DAS ARMAS DE FOGO QUANTO À ALMA DO CANO A face interna do cano das armas de fogo pode ser lisa. tornando seu deslocamento através das camadas do ar mais regular e estável. mesmo porque não têm ponta. Assim. POR PRESSÃO. havendo dificuldade do perito de responder ao terceiro quesito do exame cadavérico: qual o instrumento ou meio que causou a morte? LEÕES E MORTE POR INSTRUMENTOS PÉRFURO-CONTUNDENTES. situam-se: Vergalhões de construção civil Certas grades e flechas Pedaços de madeira alongados ESTUDO DAS ARMAS DE FOGO As armas de fogo são máquinas construídos com a finalidade de disparar projéteis por meio da força expansiva dos gases liberados pela queima de certa quantidade de pólvora. mais irregulares. e produzem lesões em forma de TÚNEL. Seriam instrumentos perfurocortantes sem ponta? Sem ponta nem gume. separada por cristas paralelas em que o metal não está rebaixado. mas não têm ponta. De acordo com as variedades desses elementos básicos. Se o serrote atuar por deslizamento lateral. Ao longo do túnel que produzem ao penetrar. 93 | P á g i n a . na maioria dos casos. Aqui. pelos projéteis de arma de fogo. Devem ser consideradas armas DE AREMESSO COMPLEXAS. não podem ser enquadradas como instrumentos perfurantes. ou provida de raias. uma câmara de combustão onde se aloja o cartucho e um cano que deve ser percorrido pelo projétil antes de atravessar o ar que o separa do alvo. os CHEIOS. mas que não acompanha as linhas de força da região. As chaves de fenda possuem características dos instrumentos perfurantes ao atuarem por pressão. Ao atuarem por pressão sobre a pele. as chaves de fenda apresentam uma extremidade da haste terminando por uma borda reta de largura e espessura variadas. Instrumentos pérfuro-contundentes são aqueles que atuam por meio de uma PONTA ROMBA. as fibras dos tecidos são rompidas. As RAIAS são depressões de forma helicoidal cavadas ao longo do cano. sucessivamente. De um modo geral. se puderem disparar todos os projeteis sem necessidade de aliviar o dedo do gatilho. Existem aquelas com dois ou três canos. As PORTÁTEIS podem ser: Longas Curtas 94 | P á g i n a . são chamadas de DESTRÓGIRAS quando o projétil roda da esquerda para a direita em torno do seu eixo longitudinal. As de REPETIÇÃO.Conforme a direção do movimento de rotação. Mas há pistolas automáticas e metralhadoras que podem comportar-se como automáticas. Mas se precisarem de um movimento completo do gatilho pra cada disparo. Mas são. São MÓVEIS aquelas montadas em carros de combate ou sobre dispositivos com rodas. A VELOCIDADE angular do movimento de rotação do projétil depende do passo e da carga propelente. mas que não podem ser carregadas por um só homem. serão consideradas SEMI-AUTOMÁTICAS. depois de alimentadas. Pode ser par ou ímpar. as metralhadoras são automáticas e as pistolas são semi-automáticas. O número de raias varia de um fabricante para o outro. Algumas armas possuem raias mais estreitas e em maior numero: MICRORRAIAÇÃO. serão chamadas de AUTOMÁTICAS. para a câmara de combustão. pois só comportam um cartucho para cada cano. ou SINISTRÓGIRAS quando em sentido contrário. SEMIPORTÁTEIS são as que podem ser montadas e desmontadas do suporte com facilidade. QUANTO AO FUNCIONAMENTO Existem armas de fogo construídas para dar um tiro apenas e as que podem disparar repetidamente. sem necessidade de serem novamente municiadas. Essa medida é de tal ordem importante que não pode ser reduzida além da conta. o mecanismo de disparo é independente do carregamento. como na maioria dos revólveres. O mecanismo de repetição pode ser simples. Nesse caso. QUANTO AO PORTE As armas podem ser: Fixas Móveis Semiportáteis Portáteis São FIXAS as peças de artilharia montadas em uma construção ou em navios de guerra. sob pena de promover verdadeiro descascamento do projétil. cinco. ou executado por parte de energia proveniente do disparo. Nas armas SEMI-AUTOMÁTICAS. que podem ser deslocadas de acordo com as conveniências do combate. A DISTÂNCIA necessária para um giro de 360° é chamada de PASSO. no mínimo. para uso. As de TIRO ÚNICO têm que ser alimentadas (municiadas) e carregadas para cada disparo. podem carregar vários cartuchos. AS METRALHADORAS podem ser armas semiportáteis ou portáteis e utilizam munição semelhante à dos fuzis. O calibre das armas raiadas pode ser designado de acordo com dois sistemas de medida. A diferença entre o REVÓLVER e a PISTOLA é o mecanismo de repetição dos disparos. de alma lisa. bastando acionar uma pequena chave. pois cartuchos de calibre nominal diferente destinam-se a armas diferentes em função de suas diferentes qualidades balísticas. e não pela boca da arma. Quando ele é referido de acordo com o número dado pelo fabricante dos cartuchos. Europeu – em milímetros Anglo-amaricano – frações de polegadas. embora os projeteis possam ter o mesmo diâmetro. medido pelo cartucho. A CARABINA é arma longa raiada que usa munição. A designação do calibre nominal das ESPINGARDAS segue referencial diferente. seja do projétil. seja da arma. Mais de um calibre nominal pode corresponder a um mesmo calibre real. quando medido entre DOIS CHEIOS OPOSTOS. já que ambas têm cano raiado. Existem ainda as SUBMETRALHADORAS. Os cartuchos de espingarda são mais utilizados para a caça. é dito NOMINAL. que usa cartuchos geralmente dotados de projéteis múltiplos. que utilizam munição semelhante às empregadas em pistolas. especialmente fabricadas para elas. quando tem o cano amputado em cerca de 1/3 do seu comprimento para transporte clandestino mais fácil. O FUZIL é arma de guerra provida de cano longo raiado. enquanto as ESPINGARDAS usam preferencialmente cartuchos com projéteis múltiplos.São armas LONGAS: Fuzil Carabina Espingarda. A espingarda calibre 12. cuja munição é fabricada sob medida para seu uso. QUANTO AO CALIBRE Chama-se CALIBRE REAL o diâmetro da boca das armas de fogo raiadas. PROJETIL Todas as armas raiadas usam cartuchos com projétil único. já que seus projeteis costumam formar um cone de dispersão à medida que se afastam da boca da 95 | P á g i n a . O numero do calibre da espingarda é igual ao numero de esferas de chumbo com o mesmo diâmetro da câmara da arma que são necessárias para formar a massa de uma libra-peso. como a UZI Israelense. O calibre NOMINAL é um referencial necessário. é vulgarmente chamada de ESCOPETA. São CURTAS: Revólver Pistola As armas PORTÁTEIS CURTAS são classificadas como ARMAS DE PORTE. também utilizada pelas armas curtas. Atualmente. a maioria dos fuzis de guerra é facultativamente metralhadora. A ESPINGARDA é arma longa. ora são construídos com a ponta escavada (HOLLOW POINT) com a mesma finalidade. truncada (SOFT NOSE) ou não (SOFT POINT). Outro modo é fazê-los fragmentar-se. de modo a ampliar muito a transferência de energia e a destruição dos tecidos. Os projeteis deformáveis são chamados genericamente de BALA DUNDUM. Desse modo. assim. tendo a parte apical nula. Alguns tipos são totalmente blindados. variada de acordo com a 96 | P á g i n a . Sua blindagem. verificamos que os revólveres costumam usar projéteis de chumbo nu. foram desenvolvidos alguns tipos especiais de projeteis deformáveis: SILVER TIP HYDRA SHOCK E projéteis deformáveis e fragmentáveis: EXPLODER GLASER O SILVER TIP é um projétil de ponta oca revestido por uma jaqueta de alumínio de espessura menor do que a das jaquetas de latão. Estudando apenas as armas de uso civil. E quanto maior a velocidade.arma e. Para aumentar a deformidade dos projéteis. que são desenhadas para longo alcance e para causar baixas. os projeteis que transferem sua energia cinética rapidamente têm maior poder de parada do que os que penetram mais rápido e chegam a transfixar o alvo. os de maior calibre são preferíveis aos de calibre pequeno. melhor o poder de parada. formados por um núcleo de chumbo revestido por uma capa de liga metálica dura (blindagem). usam projeteis de ponta afilada. A ponta desses projéteis pode ser do tipo: Ogival. mas as truncadas também são muito usadas. antes que para matar. Sempre com a intenção de melhor transferir a energia cinética para o alvo. Os projeteis deformáveis costumam ser parcialmente blindados. As armas de guerra. Em primeiro lugar. isso é conseguido construindo projeteis que se deformem e se expandam ao entrarem em contato com os tecidos do corpo humano. Existem modificações introduzidas pelo fabricante de cartuchos que podem ser utilizadas para aumentar a capacidade de o projétil transferir a sua energia ao tocar o alvo. Os tiros defensivos devem ser dados com projéteis capazes de impedir resposta do pretenso agressor ao ser alvejado. mas revelam fendas na ponta ou nas laterais da blindagem com o mesmo intuito. ampliando o diâmetro da área de contato. é possível atingir alvos móveis mais facilmente do que se daria se o projétil fosse único. com frequência é serrilhada longitudinalmente na metade próxima da ponta para que se abra como aletas no momento do impacto. As do tipo CANTO VIVO são desenhadas para uso em competições porque cortam o cartão da pontuação com maior precisão. Assim. Truncada (cilindro-tronco-cônico) ou Plana (canto vivo) As mais comuns são as ogivais. Quanto mais plana a extremidade do projétil menos ele penetra e mais transfere sua energia cinética para o alvo. aerodinâmicos. Chama-se de PODER DE PARADA (STOPPING POWER) a capacidade que um projétil tem de incapacitar um oponente ao atingi-lo. os fabricantes ora o fazem com a ponta formada ora liga de chumbo mais mole. é um projétil seguro. Antigamente. onde se aloja a ESPOLETA. com grande poder de parada (stopping power). O poder de parada desses projéteis só é superado pelo tipo GLASER. CARGA DE PÓLVORA COMBUSTÃO é uma reação química exotérmica em que há queima da substância de modo lento. chega a causar sua fragmentação. ou pólvora com fumaça. Expande-se três vezes mais do que os de ponta oca com blindagem de latão. com grande estrago nos tecidos. 97 | P á g i n a . os tecidos entram na cavidade e são desviados na direção das paredes dessa cavidade e da blindagem pela ação da haste. O EXPLODER é uma ponta oca que apresenta uma carga de pólvora e uma espoleta muito sensível na cavidade frontal. Algumas pistolas adotam munição com trilho e discreta orla (SEMIRIMMED). Na munição de armas raiadas. que é uma mistura de NITRATO (ou salitre). de modo que se deforme rapidamente. tamponados por pequena bucha plástica na ponta. Seu formato é esférico. de ponta para baixo. onde o extrator atua. existe uma orla saliente onde se encaixa o extrator para removê-los das camadas de combustão do tambor. ocos.5 m de altura. Apresenta um orifício pequeno na base. Uma espingarda 12 pode usar cartuchos com qualquer tipo de bagos. Sua capacidade de dano é maior do que a dos tipos HOLLOW POINT. também chamado de TRILHO. A DEFLAGRAÇÃO consiste numa combustão rápida. o que provoca a fragmentação do projétil dentro do alvo. não são transfixantes. São chamados de balote ou de bala ideal. Seja qual for o segmento do corpo atingido. Existem. de modo que haja aquecimento progressivo do combustível e aumento da pressão ambiente pelo desprendimento dos gases. Quando atingem o corpo. sulcos cavados de modo helicoidal na face externa e corpo escavado pela base. É o que ocorre com as pólvoras balísticas. O HYDRA SHOCK é um tipo de ponta oca que apresenta uma haste presa no centro da cavidade frontal com a finalidade de aumentar a expansão do projétil. penetram menos que os outros porque se abrem e liberam as esferas de chumbo. mesmo contra superfícies macias. a pólvora usada nos cartuchos era a chamada pólvora negra. É o tipo GLASER. contudo. Por vezes. não só pela dispersão dos balins como pelo fato de serem mais leves e adquirirem maior velocidade. mas levam energia muito maior. que apresentam em comum forma cilindro-ogival. ao ar livre. Quando atingem o alvo. que reveste também a cavidade da ponta. que têm no seu interior balins de chumbo n° 12. projéteis de espingarda únicos. Nos cartuchos para REVÓLVER. Atualmente. Já a DETONAÇÃO resulta de um processo extremamente rápido que se propaga quase que instantaneamente a toda a massa de combustível como uma onda de choque explosiva. que não detona mesmo se sofrer queda de 2. Os projéteis de espingardas são chamados de balins ou bagos. no chão. No caso das PISTOLAS.velocidade a ser atingida. a espoleta é deflagrada e detona a carga de pólvora. não há orla (RIMLESS). Apesar da sensibilidade da espoleta. é formado por latão. A pólvora é de queima muito rápida. dependendo do fabricante. e sim um sulco. Ao atingir o alvo. É o caso das espoletas e da dinamite. e o seu diâmetro não tem muita relação com o calibre da arma. na qual o calor desprendido pode dissipar-se e os gases produzidos não exercem pressão sobre o combustível. ESTOJO É a parte do cartucho que recebe e acomoda as demais. A base ou culote difere conforme se trate de munição para revólver ou para pistola. penetram menos que os projéteis comuns do revólver. existem projeteis formados por uma jaqueta de liga de cobre. Quando disparados sobre o ser humano. SULFATO. abrange o conhecimento dos propelentes e do mecanismo das armas (BALÍSTICA INTERNA). a pesquisa de resíduos à base de chumbo. a pólvora negra foi caindo em desuso. Nos mais modernos. que separa a carga de pólvora dos balins. Nos tiros de curta distância. BALÍSTICA É a parte da mecânica que estuda o movimento dos projéteis e as forças envolvidas na sua impulsão. e tem a função de manter os balins juntos durante pequena porção inicial do trajeto. principalmente a de cartão. desprendendo muita fumaça. faz com que ela se abra e fique a meio do caminho do alvo nos tiros de meia distância.POTÁSSIO. NITRATO DE ESTRÔNCIO. TETRAZENO e ALUMÍNIO ATOMIZADO. antimônio e bário é negativa. CARVÃO e ENXOFRE. BUCHA É uma espécie de tampão de cartão. a bucha é de plástico (BUCHA PNEUMÁTICA). a bucha. Sendo encontrada. serve para caracterizar o calibre da espingarda. das 98 | P á g i n a . cerca da metade é representada pelo GÁS CARBÔNICO e 30% pelo NITROGÊNIO. sua queima tem que ser iniciada a partir de um dispositivo com material que se inflame e transmita sua chama à pólvora. O nitrato (salitre) é o comburente e os outros componentes. CARBONATO DE AMÔNIA e escassas sobras dos componentes iniciais. A espoleta chamada de CLEAN RANGE é formada por DIAZOL. Deixa resíduos sólidos formados principalmente por CARBONATO DE POTÁSSIO. com exceção dos de calibre 22. Como o nome sugere. assim. podendo ser encontrada no interior da ferida. formada em geral por minúsculos discos de nitrocelulose que queimam de modo mais rápido que os bastonetes e tubos utilizados pelas armas longas. há necessidade de continuar a combustão e. Atualmente. Os cartuchos para armas curtas usam pólvora de combustão rápida. em forma de copo. de modo a manter uma força de aceleração constante sobre o projétil. As espoletas centrais são providas de um ou dois furos (eventos) que estabelecem continuidade de seu conteúdo com a carga propulsora e contêm um sal que se inflama pelo toque do percussor da arma. Quanto mais denso o material de que seja feita. PÓLVORA E TETRAZENO. Nos cartuchos para armas LONGAS. contudo. As CÁPSULAS DE ESPOLETAMENTO são colocadas no furo central que existe na base do estojo metálico. a produção de gases por todo o tempo em que o projétil transita dentro do cano. trajetória e efeitos finais. SUFOCIANETOS. o combustível. cortiça ou de serragem prensada. maior a distancia que ela atinge. Nestes. TRISSULFETO DE ANTIMÔNIO. No caso particular dos projéteis de arma de fogo. os cartuchos usam uma mistura de NITROGLICERINA e NITROCELULOSE ou a NITROCELULOSE COLOIDAL. Dos gases produzidos. em quase todos os cartuchos. nos cartuchos para espingardas. TIOSSULFATOS. SULFITO. A resistência do ar. ESPOLETA Qualquer que seja o tipo de pólvora de um cartucho. Queima rapidamente. também atinge o alvo. As munições modernas usam misturas de ESTIFINATO DE CHUMBO. NITRATO DE BÁRIO. a mistura iniciadora ocupa um sulco que existe na margem do culote do estojo e fica em contato direto com a carga de propulsão. Com a descoberta das pólvoras de base química. a meio caminho entre a boca da arma e o alvo. situada interiormente com relação à orla de escoriação. resultando uma forma circular tanto do orifício como das orlas. (nem sempre). a orla de enxugo só é observada nas roupas da vitima. por exemplo. isso reduziria o seu alcance. O projétil é forçado a girar em torno do seu eixo longitudinal pelos cheios da raiação. É orla DE ENXUGO exclusiva dos orifícios de entrada. a resistência do ar faria desviar esse eixo com relação à trajetória. não explode por causa da resistência da câmara de combustão. Pequena parcela de gases encontra passagem na junção entre o tambor e o orifício posterior do cano no caso dos revólveres. Assim. Por isso. que é o movimento em direção ao alvo. O mesmo não se pode dizer com relação à escoriação. Durante a TRANSLAÇÃO. a direção do cano aponta para um ponto um pouco acima do local onde se situa o alvo. O primeiro plano com que entra em contato é a EPIDERME. restando para seu escape a base do projétil. Além do mais. forma-se uma orla que guarnece o orifício. Iniciada a deflagração. ao ser empurrado ao longo do cano da arma. é esticada e só se rompe quando o limite de sua elasticidade é ultrapassado. por ser mais elástica. o projétil comum atua por pressão sobre uma superfície aproximadamente circular em que a sua ponta romba penetra. o projétil sofre a influência da força da gravidade. De dentro para fora. Existem revólveres em que a alça de mira é ajustável conforme a distância do tiro. resultando uma ORLA DE ESCORIAÇÃO ao redor do orifício de entrada. Assim. Por trás. os cheios fazem um sulco oblíquo no corpo do projétil. quando o atirador faz pontaria com a arma.trajetórias (BALÍSTICA EXTERNA) e dos efeitos produzidos no alvo (BALÍSTICA TERMINAL). Por sua vez. que determina a velocidade com que sai da boca da arma. depois a DERME. O projétil sofre grande atrito com as fibras conjuntivas da derme durante a penetração e lhe transfere as impurezas que carregou ao deslizar pelo cano da arma. LESÕES PRODUZIDAS POR PAF ENTRADA Por ser um instrumento pérfuro-contundente. ele é projetado sobre a culatra. o diâmetro de entrada é menor que o calibre do projétil. os gases forçam o estojo em todos os sentidos. Quando ele incide perpendicularmente à superfície da pele. Por isso. temos: 99 | P á g i n a . chamada de ORLA DE ENXUGO ou (A)LIMPADURA. Lateralmente. as forças de ação e reação distribuem-se uniformemente ao redor da circunferência. O impulso dado a um PAF depende da potencia da carga. a velocidade é o elemento mais importante na fórmula da energia cinética. ou encosto de cadeira. já que seu diâmetro externo é ligeiramente superior ao calibre real da arma. A EPIDERME é arrancada por sua ação contundente. Não fosse por ela. A forma do orifício e das orlas de escoriação e de enxugo dependem do ângulo de incidência do projétil. de modo que. A ROTAÇÃO do projétil é fundamental para sua estabilidade ao longo do trajeto em direção ao alvo. Por vezes. A DERME. Essa compensação é calculada pelo fabricante quando constrói o aparelho de pontaria da arma. um cinto de couro. que pode estar presente no orifício de saída quando a pele for espremida pelo projétil contra algum anteparo. o projétil ficaria de lado ou mesmo com a base para diante. Por isso. do lado em que o ângulo é agudo. Assim. o que provoca infiltração hemorrágica que se traduz externamente por uma ORLA EQUIMÓTICA ao redor do orifício. Assim. sem orifício. provocando uma entrada atípica. é capaz de modificar o aspecto da ferida de entrada. A largura dessas orlas aumenta conforme diminui o ângulo de incidência do projétil. poderá causar uma ferida em forma de fenda se incidir por esta borda. Se o contato for um pouco mais superficial. o projétil pode raspar os dois lados da pele antes de penetrar na sua linha de união e modificar o aspecto da entrada. axila. e é chamado de FERIDA EM SEDENHO. Essa orla não é constante nem é exclusiva da entrada. O mesmo não ocorre nos tiros de incidência oblíqua. O trajeto subcutâneo pode ser de extensão diversa. em forma de canaleta. Nos casos em que incide de modo muito oblíquo. No trajeto pelo tecido subcutâneo. Aqui. ele deixa apenas uma faixa de escoriação. servir como indicação para localização do projétil. Assim. nesses casos. A velocidade de queda é a mesma que a da subida. o orifício apresenta forma oval. Há ocasiões em que o projétil sofre deformação por incidir em alguma superfície dura antes de entrar no indivíduo. por si. O pano pode ser empurrado para dentro da ferida e ampliar a orla de escoriação. e maior atrito com a pele. É o que se vê quando o tiro é disparado de distância muito longa ou quando se faz um disparo para o alto. Mesmo sem interposição das roupas. Aumentando ainda mais a obliquidade. mas ele pode entrar de lado ou pela base. o projétil rompe vasos de calibres médio e pequeno. depende da modificação produzida no projétil e da parte dele que entra em contato com a pele. subido para o tórax e atravessado o diafragma e o pulmão direito. A partir daí. o projétil sofre retardo pela força da gravidade até parar no alto. Orla de escoriação. Serve para caracterizar a reação vital na ferida. inicia a queda. localizado no hipocôndrio direito. o projétil produz maior contato. podendo ser observada nos tecidos vizinhos ao orifício de saída e. pescoço. Orifício. 100 | P á g i n a . As duas últimas são chamadas de lesão de RASPÃO. tornando-a muito irregular. deve ter lesado o fígado. o projétil não mais penetra e causa uma ferida de bordas irregulares e escoriadas. fica excêntrico e constrito por orlas de enxugo e de escoriação mais largas do lado de onde veio o projétil. mesmo. justamente o que indica a sua procedência. etc. A forma da ferida de entrada. É o que acontece no cotovelo. a energia com que o projétil atinge alguém no solo é suficiente para causar graves lesões. Orla de enxugo. a orla de escoriação tem forma de faixa extensa com a mesma direção do projétil. Se a roupa tiver algum material resistente dentro dos bolsos. No disparo para o alto. ou ovalar irregular se incidir pela face achatada. Em primeiro lugar. em regiões de pregas naturais. a presença de um orifício ovalar com orlas de escoriação e de enxugo mais largas no pólo inferior. a ferida pode ser muito modificada tanto pela deformação do projétil quanto pela penetração total ou parcial do corpo estranho. um projétil que colida com uma chapa de aço e fique achatado de modo a exibir uma borda quase cortante. Há fatores que podem alterar a forma do orifício de entrada e de suas orlas de contorno. o projétil pode não penetrar pela ponta. dependendo da região anatômica. O uso de uma roupa de textura grossa. 2 ORLA DE ESFUMAÇAMENTO. Atravessam a epiderme e se incrustam na derme. na dependência de existir. Como o desenvolvimento da pressão é muito rápido. Nos tiros OBLÍQUOS. Isso é mais comum quando há plano duro por debaixo da pele. É importante notar que as orlas características dos tiros de curta distância (queimadura. representados pela fuligem. ou À QUEIMA-ROUPA (sinônimo para Hygino). do tiro mais próximo para o mais distante: 1 ORLA DE QUEIMADURA. com as bordas solapadas e delimitando uma câmara de paredes escurecidas pelo depósito dos resíduos de pólvora. tecido ósseo no plano subjacente e da força com que o cano pressionar a região. têm pouca possibilidade de atravessar o ar por serem pouco densos. Nos disparos efetuados em contato com o CRÂNIO. Esse cone tem o vértice na boca a arma e a base voltada para o alvo. Nesses casos. dos grãos de pólvora incombusta e dos resíduos da combustão. conforme a pólvora. porque os gases escapam sob pressão. Pode aparecer nesta ordem. sendo negra naquelas com muita fumaça. em função de sua maior proximidade da boca da arma. conforme a distância. entre o periósteo e o couro cabeludo. Algumas armas apresentam orifícios de alívio de pressão junto à boca do cano. o cone de dispersão é interceptado num plano não perpendicular à sua altura. que só pode ser removida por meio de cirurgia plástica. causando uma ferida de forma estrelada irregular. É tanto mais densa quanto mais próximo o disparo. apenas 2 ou somente 1. É chamada de lesão em BURACO DE MINA ou BOCA DE MINA DE HOFFMAN. que é o conjunto dos gases superaquecidos (chama). Os resíduos da combustão.Quando o tiro é dado à CURTA DISTÂNCIA. que produz a ORLA ou ZONA DE QUEIMADURA. A concentração dos componentes das orlas é maior desse mesmo lado. Já os grãos de pólvora em combustão ou ainda não queimados são de maior alcance e podem constituir-se na única prova de que o disparo foi à curta distância. a pele não resiste e estoura de dentro para fora. Quando o tiro for dado com a BOCA DA ARMA ENCOSTADA na pele. mas vão um pouco mais longe que a chama e causam a ORLA DE ESFUMAÇAMENTO ou de TISNADO. formando um desenho radiado intercalado por zonas mais claras. formando uma ORLA DE TATUAGEM. Essa orla tem cor acinzentada mais ou menos escura. Se a pressão do cano sobre a pele for pequena. os 3 alcançam o alvo. O orifício de entrada fica excêntrico nessa oval e é mais próximo do polo de onde veio o disparo. ou não. 3 ORLA DE TATUAGEM. mas os gases e demais elementos do disparo não são capazes de atravessar o osso e se refletem lateralmente e para trás. como forma de compensar o recuo durante o disparo (COMPENSADORES DE RECUO). não sendo percebidas ao redor do orifício de entrada. Prossegue seu caminho e perfura a calota craniana. será possível observar uma orla de esfumaçamento com aspecto um tanto radiado. os resíduos que saem por esses orifícios mancham a pele ao redor da entrada do projétil. o aspecto será diferente. A figura geométrica gerada pela interseção é uma oval. somam-se às lesões produzidas pelo projétil as alterações causadas pelo chamado CONE DE EXPLOSÃO (CONE DE DISPERSÃO). 101 | P á g i n a . Pode ser removida lavando-se a pele com água e sabão. Os elementos do cone de explosão vão desaparecendo à medida que se afastam da boca da arma. esfumaçamento e tatuagem) podem estar presentes apenas na roupa. O que tem menor alcance é a CHAMA. o projétil perfura a pele e abre caminho para os elementos do cone de explosão. de modo que. a base mais larga fica do lado externo do díploe. A formação do tronco de cone na perfuração de saída do crânio tem sentido contrário. um anel acinzentado no osso que delimita a face externa desse orifício. Os resíduos da combustão produzem. irradiam-se fendas radiais e irregulares em que as bordas não estão escoriadas. Ao longo do trajeto. se se tratar de revólver ou pistola. casos em que se acham mais projéteis no corpo do que o número de entradas. com a expansão maciça dos gases nos planos subcutâneo e muscular. À medida que o projétil entra em contato com os tecidos. permitindo o escape de pequena porção dos gases para fora da ferida. menor. ou seja. É comum observarem-se traços de fratura irradiados das suas bordas. Nos casos em que a arma é encostada e disparada em região de PARTES MOLES. ou seja. a pele é jogada de volta de encontro à boca da arma. Logo em seguida. Isso sucede com frequência em tiros que atravessam um membro superior e depois penetram no tórax. O orifício de entrada NO OSSO da calota craniana tem forma circular e apresenta um orifício com as bordas talhadas em bisel pela face interior. que termina no seu ponto de repouso ou de saída. por isso resultaram de uma rotura por distensão dos tecidos de dentro para fora. Outra. O número de entradas costuma ser igual ao de projéteis que atingem o corpo. mas não se rompe como acontece no couro cabeludo. O projétil atravessa primeiro a tábua externa.Observada por fora. Independentemente da pressão da arma na pele. penetra em outra região. os planos subcutâneo e muscular apresentam um espaço neoformado cujas paredes hemorrágicas são recobertas pelos resíduos de combustão e pela pólvora que não se queimou. um mesmo projétil transfixa um segmento do corpo e. o que ocorre é o inverso. Isso ocorre porque o crânio é formado por duas camadas compactas separadas por uma de osso esponjoso – o díploe. Por vezes. ou ainda. mas pode ser maior. respectivamente. A segunda entrada pode ser irregular em função da deformação do projétil ao atravessar o primeiro segmento ou por estar em contato íntimo com a primeira saída. A partir dessa porção central. em alguns casos. Forma-se um espaço real de forma aproximadamente tubular preenchido por sangue e restos de tecido lacerado. a ferida tem uma porção central circular em que a pele está escura e queimada numa área com diâmetro semelhante ao da boca da arma. É conhecido como SINAL DE BENASSI. Esse impulso constitui o que se denomina de ONDA DE PRESSÃO. porque o bisel é feito à custa da tábua externa. Constitui um túnel lesional feito pelo deslocamento do projétil dentro do corpo. a pele inicialmente recua um pouco. Reproduz o contorno da boca da arma. O orifício é circular e tem as margens queimadas e escoriadas. TRAJETO Começa na entrada do projétil. mais remota. destacando fragmentos que são lançados para dentro do crânio e aumentam o buraco da tábua interna. confere-lhes um impulso lateral centrífugo que tende a jogá-los para longe do trajeto. No caso dos 102 | P á g i n a . na pele adjacente às feridas feitas com arma encostada. Podemos encontrar sinais como a marca da massa da mira (revólver) ou do pino da mola recuperadora (pistola) gravados ao lado do orifício de entrada. Duas possibilidades existem: Uma é a penetração de um projétil em algum orifício natural do corpo. como no abdômen ou no pescoço. a seguir. Tal escoriação é conhecida como SINAL DE WERKGARTNER. observa-se uma escoriação cuja forma imita a da massa de mira ou a do pino da mola recuperadora. é a penetração de dois projeteis pelo mesmo orifício. os tecidos são rompidos de modo semelhante ao que acontece com a pele. Por vezes. de modo a formar um vazio em forma de tronco de cone com a base maior voltada par dentro (SINAL DE BONNET). diferindo o resultado lesional de acordo com a sua textura. Raramente. mudando a direção do trajeto. Além do perigo de hemorragia para o saco pericárdico e de tamponamento. apresentando um halo hemorrágico no epicárdio. a lesão mostra-se mais irregular. Ora a fragmentação é causada pelo impacto de um osso. com feixes de fibras rotas nas margens. costumam ter forma estrelada na entrada e na saída e trajeto constituído por tecidos muito lacerados. com faixa de hemorragia larga. causa um dano menor. as ondas de pressão formam uma CAVIDADE TEMPORÁRIA de pequena monta. a cavidade temporária exerce papel importantíssimo na produção das lesões.projéteis comuns da maioria das armas de uso civil. que costumam ter velocidade considerada baixa (menos de 300 m/s). não se percebe a desintegração observada nas vísceras maciças. quando fraturados por um projétil. O mais aconselhável nesses casos é mapear as entradas e saídas antes de iniciar a autópsia. de modo que o trajeto fica restrito. com pequenas roturas que se estendem perpendicularmente a partir da lesão principal. Quando o projétil atinge um osso. aos efeitos mecânicos diretos do projétil. como o fêmur. não se pode esperar encontrar trajetos sempre retilíneos. com as bordas esgarçadas e formadas pelo tecido muscular arrebentado. Vista pela face luminal. O próprio projétil pode fragmentar-se e ampliar a lesão. o projétil que toca um osso tende a se desviar. AS ARTÉRIAS E VEIAS DE MÉDIO CALIBRE são completamente rompidas pela ação contundente do projétil e se retraem. como o fígado e os rins. Isso resulta da transmissão do impulso de modo centrífugo (ondas de pressão) em tecido muito cheio de líquido. a lesão terá forma de fenda irregular. As lesões de entrada e de saída nas ARTÉRIAS DE GROSSO CALIBRE têm forma estrelada irregular quando observadas pela túnica interna. por vezes. cujos fragmentos comportam-se como projéteis secundários. Tanto a entrada quanto a saída no pulmão podem ter forma circular ou irregular. produz fratura esquirulosa. na prática. Se o projétil passar de raspão no vaso. o resultado da interação do projétil com os tecidos dos pulmões. há vísceras móveis. principalmente as artérias. ora depende de características da própria construção do projétil. A irregularidade observada ocasionalmente pode ocorrer por causa de deformação do projétil ao atravessar a parede costal ou por contato dos próprios tecidos parietais com a pleura. Embora haja rotura de capilares e de outros pequenos vasos ao redor do túnel formado. Além disso. No crânio. com distensão pequena dos tecidos. já que as vísceras têm rede vascular muito rica. É semelhante com o que vemos quando jogamos uma pedra na poça d’água. São contornadas por pleura lisa. As lesões por projéteis em VÍSCERAS MACIÇAS. aos efeitos diretos e hidrodinâmicos do projétil somam-se os devidos aos fragmentos da calota que acompanham a direção do projétil. que formam uma esponja elástica capaz de absorver energia das ondas de pressão e dispersá-las sem se romper. formando um cone de dispersão. Assim. No CORAÇÃO. a entrada tem forma circular ou oval. que recobre parênquima levado com relação ao orifício e infiltrado por sangue. sendo tarefa bastante árdua estabelecer o caminho seguido por projeteis dentro do corpo humano. A dificuldade aumenta muito em se tratando de indivíduos atingidos por vários projéteis. Além disso. situação em que os trajetos se cruzam e. o trajeto no coração pode interessar estruturas nobres 103 | P á g i n a . Os ossos longos mais fortes. Quando se procura determinar um trajeto. Contudo. cuja topografia muda com os movimentos respiratórios. Nos projeteis de alta velocidade. O tipo de tecido atravessado pelo projétil é fundamental na formação das lesões. Logo após a passagem do projétil. impossibilitam uma avaliação precisa. é preciso estar atento para o fato de que a posição relativa dos segmentos corporais e das vísceras depende da postura. o efeito das ondas de pressão tem pouca importância e não se estende além dos tecidos imediatamente vizinhos ao trajeto. apresentam um foco lesional muito extenso. Pode. 104 | P á g i n a . A explicação dessa discrepância pode ser a fragmentação do projétil ou a formação de projéteis secundários ao longo do trajeto. Uma parte penetra e outra sai por um orifício de saída próximo ao de entrada e ligado a ele por um trajeto subcutâneo. ou em posição diferente da com que entrou. músculos papilares ou feixes de condução (estruturas especializadas que comandam o ritmo dos batimentos). outros fatores entram em jogo para modificar seu aspecto. deformado. inclusive. o projétil perde a força ao cair no interior do coração. as bordas também não se apresentam evertidas. podendo ser uma ferida estrelada. É o que ocorre quando a vitima está encostada em um anteparo resistente ou quando o projétil não tem mais força para sair completamente. recebe uma parte da descarga dos gases que escapam da câmara de combustão por minúsculas brechas. por exemplo. Por isso. estar acompanhado por fragmentos de tecido a ele aderidos ). os principais pontos de escape são o espaço entre o tambor e a antecâmara do cano e entre o tambor e a culatra. Da maneira de empunhar a arma. deformado. O número de saídas pode ser maior do que o de projéteis que penetram no corpo. No caso de a vitima sobreviver. por vezes. Quando o orifício de saída fica pressionado por um anteparo sob o peso do corpo da vitima. Pode lá permanecer e ser encontrado durante uma cirurgia ou necropsia. Nas feridas transfixantes do crânio. o escape para a mão do atirador é muito menor e se faz pela janela de ejeção e a culatra. ser circular e escoriada se o projétil imprensar a pele contra algum anteparo. Do tamanho da mão. enquanto as dos de entrada são voltadas para dentro. por vezes. o projétil fratura um osso no local de saída. inclusive. já vem com menor quantidade de energia. É comum dizer-se que as bordas do orifício de saída são evertidas. Quanto menor o projétil. que variam de uma arma para outra. Em casos excepcionais. No caso dos projéteis de alta velocidade. Mas pode seguir a corrente sanguínea e funcionar como um êmbolo arterial. Na PISTOLA. Com a movimentação do corpo. o orifício de saída costuma ser maior e tem forma variada (vem com menor quantidade de energia. inclusive. tanto o orifício de saída quanto o de entrada revelam bordas evertidas em função da hipertensão intracraniana e da eliminação de tecido nervoso lacerado e sangue por ambos. ou em posição diferente da com que entrou. e esquírulas ósseas podem fazer orifício de saída próprio. A presença de resíduos depende: Do tipo de arma. Pode. Outras vezes. Da munição. Raramente. Nos REVÓLVERES. Em alguns casos. IDENTIFICAÇÃO DO ATIRADOR Quando alguém dispara uma arma de fogo. Pode. os sintomas da obstrução arterial denunciarão sua localização.como válvulas. Mas isso é mais teórico do que real. SAÍDA Quando o projétil atinge a pele no local de saída. o projétil incide obliquamente sobre pele que recobre um osso e se fragmenta. o projétil fica preso à pele no orifício de saída. maior a probabilidade que isso ocorra. uma fenda ou outro padrão qualquer. Pode acontecer fato parecido quando um projétil ficar livre no canal raquiano. ele se desloca e ilude o necropsista que havia visualizado através da radioscopia. estar acompanhado por fragmentos de tecido a ele aderidos. O processo aludido aqui é o TESTE DE ITURRIOZ. Assim. Alimentos em conserva. principalmente da primeira. Como o teste é feito para nitritos. estão fundamentadas na detecção dos resíduos da combustão da espoleta e da pólvora. as diversas técnicas desenvolvidas para tentar esclarecer o problema. Os resíduos derivados da pólvora são principalmente os NITRITOS. Sobre essas áreas. com massa suficiente para tal penetração no epitélio de revestimento cutâneo. Desde o uso da pólvora negra têm sido pesquisados nas mão do suposto atirador. Além de ser um teste inespecífico. As partículas ficam aderidas à parafina. A vitima pode ter marcas de pólvora nas mãos durante a luta com o agressor. A temperatura próxima do ponto de fusão da parafina é quente o suficiente para dilatar os poros e sulcos da pele de modo a poder colher as incrustações mais profundas e não removíveis com a lavagem. com lesão de entrada na região precordial. Cinza de cigarro. que deve ser removida enquanto ainda mole para poder ser esticada sobre a superfície plana com a face de contato com a pele para cima. Indica apenas a presença de um oxidante. sua realização é laboriosa e o aparecimento da cor azulada é fugaz. levados por pequenos grãos de pólvora incombustos. na presença de nitritos e nitratos. Possivelmente foi essa a razão de se inventar um processo capaz de colher resíduos impregnados profundamente na epiderme. isto é. O TESTE E ITURRIOZ é feito colocando-se parafina semilíquida sobre a pele das regiões suspeitas depois de lavada cuidadosamente a mão. que podem ser oxidados a nitratos pelo oxigênio do ar. produz uma coloração azulada por reação de oxidação. Nos casos de SUICÍDIO. a pesquisa deve envolver as duas mãos porque a vitima pode ter apertado o gatilho com os dois polegares.Esses gases resultam tanto da queima da carga propulsora quanto da carga de espoletamento. é necessário pingar uma gota do REAGENTE DE LUNGE (também chamado de REAGENTE BENITEZ). Fertilizantes. Pelo fato de serem solúveis em água. É preciso não confundir esse tipo de impregnação com o decorrente de luta da vitima contra o agressor pela posse da arma. é possível que ocorra falso-negativo após algum tempo. se a pessoa atirou ou não. A superfície deve ser examinada com microscópio estetoscópico para localizar áreas suspeitas. São evidenciados por uma reação corada com o REATIVO DE GREISS. os nitritos podem não ser encontrados se tiver havido lavagem da pele. Urina. Mas seu valor tem sido desacreditado em função da grande possibilidade de falsopositivos causados por contaminação prévia da mão por substancias sem qualquer tipo de relação com disparos de arma de fogo. Não é específica para resíduos de pólvora nem sequer para nitritos. As regiões da mão do atirador atingidas com maior frequência pelos resíduos são: As faces radial e palmar do indicador A prega entre o indicador e o polegar As faces dorsal e interdigital do polegar O resto do dorso da mão. 105 | P á g i n a . Já se demonstrou que tanto a SALIVA quanto o SUOR contêm NITRITOS. não podendo ser repetido. Esse reagente. antimônio e bário. que se vale de reações químicas para metais presentes nos sais da espoleta. as incrustações na pele são invisíveis a olho nu. Por isso. TETRAZENO e PÓLVORA. a não ser que a arma apresente uma folga muito grande para a passagem dos gases. bário e antimônio. Em primeiro lugar. bário e antimônio) como diagnósticas de realização do disparo. o que pode sepultar os resíduos porventura existentes na própria parafina. Já foram colocados no mercado cartuchos em que a espoleta não contém mais os sais de chumbo. a reação positiva pode ser encontrada em quem tenha ficado muito próximo do atirador por projeção de partículas sobre a mão. já que não altera o resíduo. É formada por DIAZOL. O antimônio pode ser identificado com trifenil-arsênico. pois deve ser contaminação. causadas por resíduos da queima da própria pólvora e não pelos da espoleta. a demonstração de que alguém disparou uma arma de fogo não indica que foi autora do disparo incriminado. são bem mais confiáveis. pessoas que trabalhem como: Mecânico de motor a explosão Motorista Frentista Soldador Bombeiro hidráulico Pintor. nas áreas mais próximas do escape. para os referidos metais. Em segundo. Nesse caso. nada se concluirá. contudo. a reação negativa não exclui categoricamente a possibilidade de que o indivíduo tenha efeito o uso da arma de fogo. sim. Mas se as partículas encontradas forem compostas cada uma por apenas um dos elementos. a conclusão será de indicativo de disparo. de contorno pouco preciso e intensidade variada. Aqui. o método mais prestigiado pelos cientistas forenses é a MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA complementada pela ESPECTROMETRIA AOS RAIOS X. Podem ter resíduos de CHUMBO nas mãos. 106 | P á g i n a . novos métodos terão que ser desenvolvidos para identificação. Por fim. Assim. O BÁRIO e o ANTIMÔNIO também podem contaminar a mão de outros profissionais. como chumbo. Os autores são acordes em considerar a presença de partículas que contenham os 3 elementos (chumbo. Os resíduos produzidos pela queima da espoleta. como: Fabricação de papéis – bário Fabricação de fios sintéticos – antimônio Atualmente. bem como repeti-lo mais tarde. é possível ver manchas acinzentadas. e por descuido do técnico por não usar luvas ou aproveitar a parafina reciclada. O chumbo e o bário podem ser identificados com rodizonato de sódio. A pesquisa desses resíduos pode ser feita pela chamada VIA ÚMIDA. Uma das causas do falso-negativo é o deslizamento da parafina sobre a pele. ou pela MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA. procede a crítica de que pode haver falsopositivos. etc. a especificidade não é para resíduos de combustão d espoleta.Os falso-positivos podem ocorrer em pessoas que manipulam materiais com nitritos ou nitratos pela profissão. mas. A grande vantagem desse exame é que se pode fazer a documentação fotográfica dos achados. Na maioria das vezes. NITRATO DE ESTRÔNCIO. Se forem encontradas partículas formadas por apenas 2 desses elementos. Por isso. se automática ou semi-automática. Devem-se fazer tiros de prova com a arma suspeita em dispositivos apropriados de modo a se poder recolher o projétil disparado. tudo leva a crer que esse foi o último. e outro penetrou por disparo de curta distancia na nuca. ao ser jogado para trás pela detonação. na mão de um suspeito.“A presença ou ausência de resíduos compatíveis com os provenientes do tiro. 107 | P á g i n a . é possível distinguir o sentido de rotação das estrias da arma. não devendo ser utilizada para diagnóstico diferencial entre suicídio e homicídio. de esfumaçamento e de tatuagem. ORDEM DOS TIROS Se um projétil tem entrada de média distância. se se dispuser de estojos recolhidos do local do crime. os peritos procurarão comparar a estriação fina deixada pelos Cheios da raiação no projétil recolhido com corpo com os encontrados no projétil disparado pela arma suspeita durante os testes. pela repetição dos disparos em placas diferentes. NÚMERO DE PROJETEIS QUE ATINGIRAM A VITIMA As roupas costumam estar perfuradas em correspondência com os orifícios de entrada. Por outro lado. por exemplo. Por isso. mas acham temerário afirmar há quanto tempo. IDENTIFICAÇÃO DA ARMA Projéteis recolhidos do corpo podem informar imediatamente se houve uso de mais de um tipo de arma. Isso é feito sob o microscópio comparador. o que pode ser pesquisado ao microscópio estetoscópico. Os detalhes da mossa deixada pelo pino percussor na espoleta também devem ser comparados. tendo em mente que o pano podia estar dobrado quando da incidência do projétil. por exemplo. O culote do estojo. pela posição relativa das marcas no extrator e do ejetor. Pela inspeção do corpo desses projeteis. há projeteis que transifxam apenas a roupa. a não ser nas partes desnudas do corpo. armas utilizadas há pouco podem ter sido objeto de limpeza e demonstrar resíduos do material utilizado ao longo da alma do cano. Além disso. na coluna vertebral. Os peritos criminais estão de acordo em que se pode afirmar que a arma foi utilizada. O exame do estojo permite determinar o modelo da arma. DISTÂNCIA DOS TIROS Pelo RESIDUOGRAMA é possível conhecer as distancias em que deixam de existir as orlas de queimadura. é imporante pesquisar minuciosamente as perfurações das vestes. Assim. bastando que sejam de calibres diferentes ou de construção característica de armas diversas. DETERMINAÇÃO DE QUE ARMA FOI UTILIZADA RECENTEMENTE Armas com cano recoberto por óxidos ao longo de sua face interior não foram utilizadas recentemente. não pode ser usada como único elemento de vinculação com a ocorrência. A identificação da arma que atirou os projéteis recolhidos só pode ser feita se alguma houver sido apreendida. choca-se com a culatra e sofre gravação de seus relevos. o estabelecimento do número de tiros que foram desferidos contra o indivíduo só pode ser feito após exame minucioso tanto do corpo quanto da roupa. sem penetrarem em qualquer segmento corporal. em golas de camisa. De qualquer modo. DIREÇÃO DOS TIROS A direção de um tiro pode ser determinada pela reta que une o orifício de entrada ao de saída ou ao local onde foi encontrado o projétil. Outro é a existência de volumoso coágulo sanguíneo tamponando o coração na cavidade pericárdica. Sem auxilio dos dados levantados no local do crime.É interessante lembrar que a forma da área de cada zona de contorno pode variar de acordo com a direção do tiro ser. sua aderência aos tecidos lesados depende de uma glicoproteína produzida em vida. edema e afluxo leucocitário só se consegue depois de algumas horas de sobrevida. o efeito é oposto. Mas há causas de erro. a porção periférica das zonas de contorno fica mais afastada da boca da arma. FIBRONECTINA. Quando nas cavidades cardíacas. REAÇÃO VITAL A presença de sinais que caracterizam a reação vital depende diretamente do tempo de sobrevivência. o projétil pode sofrer desvios dentro do corpo. sugerindo uma distancia de tiro maior do que a real. Projéteis soltos nas cavidades abdominal. A presença de hemorragia não tem valor absoluto para indicar terem as lesões sido feitas em vida. perpendicular ao plano de impacto. momento um pouco antes e um pouco depois da morte. o orifício é excêntrico com relação ao contorno de cada zona. exagerando a dispersão dos seus elementos formadores. é preciso muito cuidado ao valorizar as áreas de hemorragia relacionadas com as lesões violentas No caso dos projeteis de arma de fogo. a presença de nítida infiltração hemorrágica nas margens do trajeto significa que foi feito em vida. como é a mais comum. No chamado período de incerteza de Tourdes. No entanto. O mesmo efeito existe quando o tiro é feito contra SUPERFÍCIE CURVA. ou não. CAUSA JURÍDICA 108 | P á g i n a . Se a curvatura é convexa. mudam de posição com o decúbito e pela ação da gravidade. Os grãos de pólvora incombusta ficam mais afastados entre si. como costuma ser os segmentos do corpo humano. Em primeiro lugar. O encontro de sinais de reação inflamatória como congestão. Outro fator de erro na avaliação da direção é a mudança das relações anatômicas dos órgãos de acordo com a posição do corpo e até os movimentos respiratórios. As coleções de sangue volumosas em cavidades pleurais e abdominal tem franca origem vital. Nos tiros de incidência OBLIQUIA. Um bom sinal de reação vital é a aspiração de sangue para o parênquima pulmonar nos ferimentos que interessam as vias aéreas. Os hematomas colecionados nos espaços meníngeos indicam o mesmo. a corrente sanguínea também pode movimentá-los. o perito deve evitar um compromisso com a direção do tiro no espaço e se referir sempre ao trajeto com o corpo na posição anatômica clássica. Se a superfície é côncava. notando-se maior concentração do lado que veio o projétil. A coagulação do sangue pode ocorrer após a morte. ou pleurais. Os movimentos de torção da coluna são suscetíveis de causar muito embaraço no momento de se reconstituir ma trajetória de projétil. ou por se deslocar do seu lugar de repouso por causa de contrações musculares ou falta de sustentação. é muito mais difícil que isso ocorra nos suicídios com a arma encostada na cabeça. Não cabe ao médico legista determinar a causa jurídica. Isso é mais fácil de acontecer com as armas automáticas. A concentração das lesões é inversamente proporcional à distância do tiro. O numero de disparos é importante. É importante nesse contexto. Os SUICIDAS têm ponto de eleição: Região temporal. o lado do corpo atingido quando se sabe qual o membro dominante da vitima. Cavidade oral. a dispersão dos bagos dar-se-á precocemente. A autópsia forense deve começar pelo exame das vestes. como o epigástrio. espingardas de grosso calibre em que o cano foi encurtado. Por outro lado. com os dados lá recolhidos. É o que se faz nas chamadas escopetas.A causa mais comum é o HOMICÍDIO. mesmo com tiro encostado. o técnico mais indicado pra dar uma orientação inicial. Naturalmente. ainda que pouco visíveis ou mesmo invisíveis ao olho nu. Em regra. 109 | P á g i n a . o suicídio costuma ser efetuado com tiro único. Mas o grau de dispersão dos bagos ao longo do trajeto depende das condições de fabricação e de artefatos produzidos deliberadamente na arma para aumentá-lo ou diminuí-lo. quase exclusivas de homicídio. as regiões da: Face posterior do corpo Dos flancos Na testa e No alto da cabeça São muito suspeitas. As espingardas modernas apresentam uma redução progressiva da luz do cano. seguida pelo suicídio e acidente. Essa redução é chamada de CHOQUE e serve para concentrar os bagos de modo a mantê-los agrupados pela maior distância possível ao longo do trajeto. Outras regiões de fácil acesso à mão armada também podem ser alvejadas com menor freqüência. Conduto auditivo. em direção à boca da arma. se o cano de uma espingarda for serrado. É o perito do local. Mas pode ocorrer de haver 2 tiros. Contrariamente. O grau de choque pode ser medido pela percentagem de bagos que ficam dentro de um círculo. LESÕES POR TIRO DE ESPINGARDA Cada bago (balin) produz sua própria entrada e trajeto. Região pericordial. O legista deve verificar: Quantas são as perfurações Se as características das perfurações indicam terem sido produzidas recentemente Qual a direção do deslocamento dos fios do tecido Se há orla de enxugo Se apresentam sinais de luta É interessante pesquisar resíduos dos disparos nas roupas. mas certos tipos de cartucho apresentam buchas com alcance muito maior. As buchas plásticas produzem escoriações de aspecto variado conforme o modelo. A quantidade de gases produzida pelos cartuchos das espingardas é compatível à dos cartuchos de rifles. Nos tiros dados a distância inferiores a 7 metros. observada nos tiros de pistola e de revolver com o cano encostado no crânio. imitando a forma da boca do cano. não é vista em função do aspecto devastador das feridas. o que produz escoriações características. costuma haver uma lesão acessória causada pela bucha. chegando a cerca de 17 metros. Se a distância for suficiente. Nos tiros dados coma arma encostada contra o couro cabeludo. a sua penetração no corpo pelo orifício de entrada da massa constituída pelos bagos agrupados provoca enorme distensão dos tecidos. como as formadas por um estojo de plástico com quatro aletas que se abrem ao encontrarem a resistência do ar no início do trajeto (BUCHA PNEUMÁTICA). uma vez que a cabeça como que explode. com eliminação parcial ou total do cérebro. que é jogada de volta contra a arma. 110 | P á g i n a . como a fuligem e os grãos de pólvora vão ser encontrados nos tecidos subjacentes ao orifício de entrada. As buchas em forma de disco deixam uma escoriação circular. Os elementos do disparo. Como é natural. ou à distância muito curta. é possível calcular de modo aproximado a distancia do disparo. a forma dessa lesão varia com o tipo de bucha. Mas isso pode variar bastante por vários fatores: Comprimento do cano Grau de choque Diâmetro dos bagos Maior sua tendência a se manterem juntos por maior distância Alguns tipos de bucha tendem a diminuir a dispersão dos bagos. os bagos de chumbo abrem um buraco por onde entra a bucha nos tecidos da vitima. Pelo diâmetro externo do grupamento. A pressão é tão grande que a pele ao redor do orifício de entrada mostra pequeninas lacerações devidas à hiperdistensão. há escape de gases e de resíduos da combustão da pólvora.O grupamento dos orifícios produzidos pelos bagos é chamado de ROSA DE TIRO. elas podem abrir suas aletas e essas deixarem faixas largas de escoriação irradiando-se do orifício principal. A lesão em boca de mina. fica difícil determinar o orifício de entrada. Nos tiros de curta distância. de modo que a rosa de tiro tem um diâmetro muito maior do que o esperado pela distância do disparo. Os cartuchos usados nas espingardas contêm bagos esféricos de diâmetro uniforme. Lacerações superficiais por distensão da pele são observadas na pele adjacente à entrada e nas regiões vizinhas da boca e das fendas palpebrais quando a entrada es´ta na face. Mas cada calibre de espingarda pode conter bagos de qualquer tamanho. Os disparos efetuados com o cano encostado em partes moles produzem grande distensão dos planos subjacentes à pele. Se o contato não for muito firme. Acima de 4 metros de distância isso não costuma ocorrer mais. a força expansiva dos gases provoca fratura cominutiva dos ossos do crânio e da face. Em alguns casos. muito próximos ao alvo. que se impregnam na pele adjacente. A interposição de um anteparo entre a arma e o alvo faz com que os bagos colidam uns com os outros e se dispersem precocemente. Quando o tiro é realizado com o canos encostado. tornando-a enegrecida. O achado da bucha dá informações precisas quanto ao calibre da espingarda e ao fabricante da munição. Os projeteis disparados tanto pelos fuzis de guerra quanto pelos de caça alcançam velocidades muito altas e. o orifício de entrada passa a apresentar contorno cada vez mais crenado. O acionamento do gatilho com a mão nos casos de suicídio requer que o membro superior da vitima o alcance.5m. OUTROS INSTRUMENTOS PÉRFURO-CONTUNDENTES Há outros instrumentos que podem ser enquadrados como pérfurocontundentes. são dotados de alta energia. Isso pode ocorrer mesmo que a boca da arma fique a pouco mais de 2 cm da pele. O MOSQUETÃO e os FUZIS são municiados com cartuchos para eles especialmente desenvolvidos e podem ser de guerra ou de caça. Em algumas vezes. Os suicídios com espingardas não são comuns no nosso meio. Há casos em que a vitima pressiona o gatilho com o primeiro pododáctilo e apóia o cano da arma na boca ou por baixo do queixo.Além disso. Mais comumente. Em média. São construídos para provocar feridas transfixantes. de modo semelhante às metralhadoras. além dos elementos já discutidos com relação às armas raiadas. os pêlos da região ficam crestados. Além do mais. podendo ser do tipo dundum. O diagnóstico da causa jurídica da morte em lesões por disparo de espingardas leva em consideração. Por vezes. com forma circular ou ovalar e orlas de escoriação ou enxugo. O MOSQUETÃO É UM FUZIL um pouco mais curto. o tamanho do cano da arma. Nos tiros de curta distância. com lesão visceral geralmente múltipla. mas os de guerra diferem deles por apresentarem mecanismo automático. quando providas de cano com alma lisa são chamados de ESPINGARDAS. as lesões são causadas por vergalhões em acidente de trabalho. Esta tem as mesmas características das entradas de projéteis de arma de fogo disparados à distância. o pé utilizado está descalço e outro calçado. por isso. Suas bordas são escoriadas e tanto mais regulares quanto mais próximo o tiro. cujo mecanismo de repetição é um ferrolho acionado pelo atirador. em que a pressão continuada do gatilho permite disparar rajadas. Já os PROJETEIS DOS FUZIS DE GUERRA têm que ser totalmente revestidos por jaqueta de metal duro. MOSQUETÃO e FUZIL. À medida que os bagos começam a se dispersar. A dispersão inicial dos bagos depende muito da forma do cano. o gatilho é acionado com a mão por meio de um bastão rígido. a sua munição não está sujeita às convenções internacionais de guerra. com projeteis expansivos ou explosivos. de modo a não se deformarem facilmente ao atingirem o corpo humano. O orifício de entrada é único. A penetração dos bagos de chumbo produz vários trajetos no interior do corpo humano. Esse é o motivo da extrema gravidade dos ferimentos por tiros de espingarda. se cilíndrica ou com choque total. O achado de orla de tatuagem em meio a entradas distintas para cada bago sugere fortemente que se trate de espingarda com o cano serrado (escopeta). Em 111 | P á g i n a . é possível ver orla de tatuagem com tiros dados à distancia de até 1. As CARABINAS usam a mesma munição que as armas de mão. Os FUZIS DE CAÇA são de ação semi-automática ou de repetição e não podem imitá-las. Existem fuzis usados por caçadores. mas. serão referidas como CARABINA. se apresentam raiação. LESÕES E MORTE POR PROJÉTEIS DE ALTA ENERGIA As armas longas. é preciso considerar o alcance do cone de explosão e o inicio de dispersão dos bagos de chumbo. pois os efeitos dos projéteis no ser humano são as lesões. geralmente com projéteis de 5. de modo a se poder aproveitar ao máximo a produção e a força expansiva dos gases. ao longo do cano. Os fuzis de guerra modernos. dos movimentos do projétil e dos fatores que interferem na sua estabilidade.termos numéricos. usam cartuchos maiores. o reforço da câmara de combustão pode ser menor. com calibre de 7. além de ser possível dosar sua velocidade de queima pelo tamanho e pela forma de seus grãos. deve ser menos rápida. o carregador pode conter maior número de cartuchos. A VELOCIDADE DA QUEIMA da carga propelente de um cartucho para arma de fogo pode ser regulada por meio do tamanho e da forma dos grânulos da pólvora. Isso favorece a construção dos fuzis. o projétil sofre a influencia de duas forças principais: Força da gravidade Resistência do ar A FORÇA DA GRAVIDADE atua puxando o projétil para baixo. de modo a que continue a se exercer forte pressão por trás do projétil. realizando um trabalho mecânico que se constata pelas deformações produzidas no alvo.6 g a velocidades superiores a 900m/s. a fim de obter uma velocidade maior. os primeiros são mais pesados. A redução do comprimento do cano diminui a velocidade do projétil. Assim. A BALÍSTICA TERMINAL é a que mais interessa ao médico legista. Nas armas de CANO LONGO. estaremos reportando-nos aos dos fuzis. quando nos referirmos a projéteis de alta energia. em torno de 100 m ou menos. conforme a finalidade de seu uso. mantendo-se a aceleração por mais tempo. que gera menos fumaça e muito mais força expansiva. Ao atravessa a distância que o separa do alvo.62 mm. Conseqüentemente. Os outros são mais leves. Por isso. simplesmente. Pequena fração da energia cinética é transformada em calor. é necessário que o projétil transfira sua energia. e seus projéteis de quase 8 gramas atingem velocidades em torno de 700/800 m/s. tornam-se fáceis de transportar. direção e alcance desde que sai do cano até encontrar o alvo. A maior eficiência dos cartuchos modernos deve-se à descoberta da NITROCELULOSE. e. a pólvora para os cartuchos usados em ARMAS CURTAS queima mais rapidamente. já que a pressão necessária à obtenção de grandes velocidades não precisa ser desenvolvida instantaneamente. e alta acima desse limite. fazendo com que a sua trajetória não seja retilínea. a velocidade dos projéteis de arma de fogo deve ser considerada baixa quando inferior a 300 m/s. municiados com cartuchos menores. além disso. alguns feitos parcialmente em alumínio. os cheios da raiação de uma arma descascariam a parte superficial do corpo do projétil se o chumbo entrasse em contato direto com ela dada a grande velocidade. Desde o momento em que sai da 112 | P á g i n a . para que esse potencial se realize. em vez de madeira. mas em quantidade insuficiente para causar qualquer tipo de lesão. mas que disparam projéteis de 3. Sem esse reforço. média daí até 600 m/s. e para combates a distâncias mais curtas. ELEMENTOS DA BALÍSTICA BALISTICA INTERNA ou interior é a que estuda a estrutura e os mecanismos das armas e abrange o conhecimento dos propelentes. podem ser fabricados para tiros de longo alcance.56. Esse aumento da velocidade não seria possível sem o revestimento dos projéteis por uma liga dura de cobre. A BALÍSTICA EXTERNA ocupa-se das trajetórias. Os projeteis de alta velocidade possuem grande energia justamente porque ela é uma função exponencial da velocidade. Contudo. como são mais leves e menores. O principal fator que faz a diferença de resultado entre uma e outra interação é a DENSIDADE do meio atravessado. que um projétil sofre ao atravessar um meio é diretamente proporcional ao arrasto e inversamente proporcional à sua massa. Quanto maior o retardo do projétil. um projétil que não transfixe o alvo terá transferido toda a energia que trazia ao penetrá-lo. o cálculo por meio de modelos teóricos descreve uma trajetória parabólica simétrica. quanto maior a massa do projétil. O seu valor é menor nos projéteis com ponta afilada. Sendo constantes os outros parâmetros. porém. pois é uma função exponencial. acertaria um local mais acima com relação ao alvo. se percorrida pelo projétil. em que M= massa I= fator de forma d= calibre O FATOR DE FORMA é um número que expressa o quão pontiagudo é um projétil. maior tem que ser a elevação da linha da pontaria. O projétil penetrante por excelência deve ser: Delgado Pontiagudo Pesado Esferas de alumínio ou de madeira teriam penetração muito menor. Desse modo. Seu valor depende de vários outros fatores. ARRASTO Representa a força que oferece resistência ao deslocamento do projétil (força de arraste). A resistência ao deslocamento do projétil no ar é influenciada por diversos fatores. Por outro lado. É por causa da influência dessas duas forças que a linha de mira não pode ser paralela à reta que prolonga a direção do cano até o alvo. A FRENAGEM ou o RETARDO. maior a quantidade de energia transferida. É expresso pela fórmula: CB = M/Id2. COEFICIENTE BALÍSTICO (CB) O coeficiente balístico representa o poder de penetração do projétil. Tem que assumir uma direção que. Desprezando a RESISTÊNCIA DO AR. É diretamente proporcional à densidade do meio atravessado. A densidade do tecido muscular é cerca de 800 vezes maior do que a do ar. maior a sua inércia e maior a sua capacidade de atravessar o alvo. Quanto mais distante o tiro. os mesmos envolvidos na resistência que nossos tecidos oferecem à sua penetração no corpo. ao valor do fator de forma e ao quadro tanto da velocidade quanto do calibre do projétil. A equação do CB nos mostra a importância do calibre do projétil para a avaliação da sua capacidade de penetração. Desvios do eixo do projétil em relação à sua direção de vôo aumentam o arrasto por oferecerem maior área de contato com o meio. ESTABILIDADE 113 | P á g i n a . a resistência do ar faz com que ela seja um segmento de elipse. Na realidade. em direção ao solo. tornando-se maior nos de ponta truncada e máximo nos de ponta plana. ao dobrarmos o calibre de um projétil estaremos reduzindo o seu poder de penetração. tipo canto vivo.boca da arma ele tende a se desviar da linha que representa o prolongamento do cano. dentro desse movimento. inclinando-se. Enquanto não adquire estabilidade. essa rotação não o impede de tombar. Nos casos dos projéteis de FUZIL. que são realçadas pela deformação de sua base no momento da explosão do cartucho. A tendência é desestabilizar. no mínimo. Quando o centro de pressão está situado próximo à base do projétil e o de massa junto à ponta. Chamase de NUTAÇÃO o segundo movimento descrito. ele tende a ser muito estável. o fulcro do movimento é o seu centro de massa. só é atingido depois de 100m de percurso. o movimento do projétil não é perfeitamente alinhado com o seu eixo.500 rotações por minuto. Assim. faz com que ele execute movimentos periódicos como de PRECESSÃO e o de NUTAÇÃO. O alinhamento do eixo do projétil com a direção do seu deslocamento no ar. o desvio do eixo do projétil. Com isso. são mais complexos os movimentos do projétil. Obs minha: o projétil de ponta fina tende a ser mais instável porque a massa dele é maior na base do que na ponta. o desenho dos dois movimentos vistos de frente assumirá uma forma de roseta. os mais curtos tendem a tombar mais superficialmente ao longo do trajeto dentro do alvo. na realidade. Embora pareça simétrico. Ambos se assemelham aos movimentos que observamos em um pião de brinquedo quando o tocamos lateralmente tentando tombá-lo ou quando sua velocidade diminui muito. há uma tendência a que a turbulência provocada pelo atrito com as moléculas do meio faça o projétil desviar-se da linha da trajetória. como nas flechas com ponta metálica e haste de madeira. Assim. que é o de precessão. é preciso um aumento da velocidade de rotação que se expresse pela raí quadrada da relação entre as densidades dos dois meios. que tem densidade cerca de 900 vezes maior. O que impede de ficar de lado é o movimento de rotação que lhe é conferido pela raiação da arma. Apesar disso.Um projétil tem estabilidade na trajetória quando o seu centro de massa e o seu centro de pressão estão alinhados com a trajetória. já que outros fatores desestabilizadores também atuam no inicio do seu deslocamento. contrabalançado pelo movimento de ROTAÇÃO. o projétil tem discretas irregularidades na distribuição da massa. 114 | P á g i n a . ao longo desse espaço. o que se insere dentro do maior. como a água. Se. no caso da água em relação ao ar. que caracteriza sua estabilidade. que são o movimento de nutação. 30 vezes mais rápida. Alguns fatores tendem a estabilizar o projétil. quando o projétil penetra em um maio muito mais denso que o ar. Precessão é o circulo maior formado por outros pequenos círculos menores. a ponta do projétil descrever círculos menores e mais freqüentes. E isso se dá porque não há coincidência absoluta do centro de massa com o seu centro de gravidade. como: A rotação em torno do seu eixo A sua massa elevada A posição anterior do centro de massa com relação ao centro de pressão Uma densidade baixa do meio atravessado. cuja ponta seja deslocada em círculos. Para que não tombe. CENTRO DE PRESSÃO é o ponto de aplicação das forças de arrasto. Quando ainda no interior do cano. Quanto maior a distancia entre o centro de massa e o centro de pressão. o centro de pressão fica mais próximo à ponta do que o centro de massa. mais estável é o projétil. No caso do projétil. Mas. teria que ser. Os projeteis de fuzil têm uma velocidade angular em torno de 3. O movimento de PRECESSÃO é realizado de modo semelhante ao de um lápis sustentado por seu ponto médio. Nos tiros a 30 m. E mais. Nas regiões anatômicas em que se encontra osso no plano subcutâneo. que depois é liberada de modo abrupto. O tamanho e a forma das lesões de entrada desses projéteis podem variar de acordo com a região do corpo atingida. porém. A forma pontiaguda do projétil faz com que o orifício de entrada seja menor que o do projétil na maioria dos casos. imediatamente por trás do projétil. ultrapassando-o por pequena fração de segundo. ONDAS DE CHOQUE E ONDAS DE PRESSÃO Ao ultrapassar a velocidade do som. Os projeteis aos 100m de trajetória tem maior estabilidade. Com frequência. o que gera um acúmulo de energia. devido aos movimentos de precessão e de nutação. associado à rotação. 115 | P á g i n a . como no crânio e na região esternal. podem gerar ondas de choque a velocidades um pouco menores. conforme a incidência do projétil seja perpendicular ou obliqua Com bordas talhadas a pique. a interação de um avião com o ar leva à formação de ONDAS DE CHOQUE que são ouvidas como um estrondo e resultam da incapacidade das moléculas gasosas de transmitirem as vibrações com a mesma velocidade com que chegam. ou TRUNCADA. aparecem microlacerações dispostas radialmente em toda a sua circunferência ou apenas em um setor. são diferentes. Com ou sem orla de escoriação. Essas ondas de pressão formam-se a reboque do projétil. Forma-se assim uma força na base do projétil que tende a empurrá-lo de modo a desestabilizá-lo. se expandem violentamente. o projétil atingiria o alvo com uma discreta inclinação do seu eixo. LESÕES PRODUZIDAS PELOS PROJÉTEIS DE ALTA ENERGIA LESÕES DE ENTRADA Di Marco descreve as entradas de FUZIL como lesões: Circulares ou ovais. Os projeteis de PONTA ROMBA. a resistência óssea faz com que o projétil tenha grande parte da sua energia transferida de modo abrupto logo na entrada. os gases que o empurram ao longo do cano. Não se sabe a que atribuir a ausência de orla de escoriação em algumas dessas feridas.O não alinhamento do centro de massa com o eixo do projétil. As ONDAS DE PRESSÃO. A cavidade permanente representada pelos tecidos lacerados e esmagados pelo contato direto com o projétil é ampliada temporariamente pelo afastamento de suas paredes. Acresce que a vibração do cano pelo disparo e a pressão decorrente do impacto com as primeiras camadas de ar tendem a desviar o seu eixo com relação à direção do seu vôo. Resultam do deslocamento dos tecidos percutidos pelo projétil. faz com que se produza um movimento helicoidal ao longo do cano. Para que tal fenômeno ocorra em meio líquido. A velocidade de impacto é um dos principais. é preciso que a velocidade do corpo em movimento seja maior que a propagação desse liquido. A distância do tiro também influencia o diâmetro da ferida de entrada. Mas há fatores que podem torná-lo maior. No momento em que o projétil sai da boca da arma. Tem sido associada exclusivamente aos projeteis de alta energia.Qualquer coisa que altera a estabilidade do porjetil na sua entrada tende a ampliar muito a ferida. São projeteis destinados basicamente ao tiro policial. Tais pontas (rombas) fazem com que o coeficiente balístico seja menor. ao contrário do que acontece com os usados em armas de guerra. Para Di Maio. o que é um erro. lacerada. Qualquer projétil pode produzir as ondas de pressão responsáveis pela sua formação. Em ambas as situações. conseqüentemente. O resultado disso é semelhante ao que ocorre quando o aumento da transferência de energia deve-se à presença de osso sob a pele. Desse modo.: o coeficiente balístico (poder de penetração) é diretamente proporcional à massa do projétil. TRAJETO: O FENÔMENO DA CAVITAÇÃO O trajeto dos projéteis de alta energia difere do deixado pelos projéteis comuns por causa da maior potencia das ondas de pressão que produzem. são capazes de produzir cavidades temporárias significativas. é preciso ter certeza da extensão dessa área em cada projétil pesquisado. fazem com que a transferência de energia se torne muito maior desde a entrada. A CAVIDADE TEMPORÁRIA é o resultado do alargamento da cavidade permanente sob a influência das ondas de pressão. ou seja. Quanto mais rápido o fluxo de energia cinética. reduzindo o seu poder de penetração. maior volume da cavidade temporária. maior o impulso dado aos tecidos vizinhos à cavidade permanente e. interagem de modo diferente com os tecidos animiais. aumentando a área de contato. maior a potencia das ondas de pressão. que visa a 116 | P á g i n a . que vem a distender a pele do orifício de entrada. há uma transferência muito rápida de energia. que o resultado simula o efeito de uma explosão do projétil dentro do corpo. Para se estudar a influência da área de contato entre o projétil e o corpo. Nos tiros dados nessas regiões com osso. Os diversos fabricantes de munição têm desenvolvido projéteis construídos exatamente com esse fi. Os trabalhos feitos com gelatina prestam-se mais ao estudo da cavidade temporária. Mas logo se retrai sob a influência da elasticidade dos tecido. É tanto maior quanto maior o fluxo de energia. ampliar o fluxo de energia para aumentar o seu poder de parada. Projeteis de alta velocidade com a PONTA ROMBA. As entradas no setor occipital são muito mais amplas eestreladas do que as que ocorrem na região temporal. por causa da espessura maior da calota craniana no occipital. No caso dos projeteis de alta velocidade. dependendo apenas da velocidade de transferência da energia aos tecidos. que transferem rapidamente a sua energia aos tecidos. truncada ou deformável. o fluxo de energia pode ser tão intenso que as paredes da cavidade em túnel são de tal modo deslocads. Obs. mesmo sem penetrar em alta velocidade. Quanto maior a energia transmitida aos tecidos. promovendo uma ferida explosiva. projéteis deformáveis. a ferida de entrada é ampliada pelo enorme fluxo de transferência de energia que antecipa a formação de uma cavidade temporária. que são cilíndrico-cônicos e totalmente encamisados. Os projéteis emgeral rompem os tecidos e formam um túnel cujas paredes são deslocadas pelas ondas de pressão em direção radial e em sentido centrífugo. as lesões do crânio podem ser tão intensas a ponto de serem chamadas de explosivas. capazes de ampliar o dano representado pela cavidade permanente. Por outro lado. por vezes estrelada. As feridas por projeteis de fuzil na cabeça podem ser tão ampliadas por esse fenômeno. como os usados por rifles de caça. que impossibilitam a distinção entre entrada e saída. como os do pulmão. O último é capaz de causar uma grande cavidade temporária. Seu diâmetro é máximo no ponto em que o projétil assume posição perpendicular ao trajeto. Essas lesões representam. Projéteis PONTIAGUDOS e totalmente REVESTIDO POR COBRE. A distensão dos tecidos pela cavidade temporária. Logo após. chamado de COLO. basicamente. O fato de poder girar até 180ª nesse realinhamento explica a deformação da base de projéteis que percutem osso. Ajustes técnicos podem equilibrar o grau de penetração e de expansão dos projéteis. que quanto maior a distensão. Entre os projéteis com grande capacidade expansiva podemos incluir: Glaser safety slug Hydra-shock Silvertip. só deixa lesões visíveis |à macroscopia quando a velocidade dos projéteis é superior a 304 m/s. FORMA E VOLUME DAS CAVIDADES TEMPORÁRIAS O tamanho e a localização da cavidade temporária dependem. Isso é importante quando se examina ferida transfixante de braço ou de perna e se acha pouca destruição dos tecidos. como os de guerra. Dependendo do órgão e dos tecidos atingidos. Já os do fígado e dos rins. oferece aos tecidos uma superfície de contato maior. seu poder de penetração pode diminuir. necessariamente. Como são estáveis. É causada pela rotura de vasos de pequeno calibre. ocorre um alargamento da cavidade permanente.incapacitar o oponente já no primeiro impacto. tão rapidamente que penetram menos em função do esgotamento precoce da sua energia cinética. assim. Depois do colo. depende da quantidade de tecido ao redor da cavidade permanente. bem como de sua complacência. em que há pouca transferência de energia e no qual a cavidade temporária é pouco nítida. Para um mesmo projétil. por sua vez. Mas isso não quer dizer. o resultado da ação contundente das ondas de pressão. é proporcional à velocidade. entretanto. o projétil começa a tombar. que absorvem bem a energia de grandes roturas. O diâmetro máximo atingido varia em função da velocidade e da resistência tecidual à distensão. A distensão. com a redução da velocidade e o realinhamento do projétil. Há tecidos muito elásticos. principalmente se estiver no fim da diástole. Mas a cavidade temporária que sofre o maior alargamento. Nesse trecho do percurso. em prejuízo da penetração. maior o dano aos tecidos. num mesmo meio. o que acompanha o grau de tombamento. a cavidade temporária pode ser devastadora. as ondas de pressão são muito mais potentes. 117 | P á g i n a . são grandemente lacerados. As feridas do crânio costumam apresentar aspecto explosivo por causa da deformação da cavidade temporária dentro de um estojo rígido. O coração pode ser estourado pela passagem do projétil. por serem mais friáveis. na realidade. costumam produzir um trecho inicial do trajeto. sofre grande aumento do arrasto e transfere quantidades enormes de energia. penetram bem mais alinhados com a trajetória. No caso dos projéteis de alta velocidade. Conforme a velocidade de expansão do projétil. por conseguinte o volume da cavidade temporária. o diâmetro da cavidade. Tal fato é relevante do ponto de vista pericial. Alguns tipos de projéteis expandem-se ou se fragmentam. diminuem gradualmente a transferência de energia e. O sinal mais importante é a infiltração hemorrágica dos tecidos adjacentes ao trajeto. do fluxo de energia cinética para os tecidos ao longo do trajeto. fica ampliada. quando se dá a distensão dos tecidos pela cavidade temporária. Pode haver expulsão de fragmentos de tecido pelos orifícios da ferida e também aspiração de materiais contaminantes para dentro do espaço cavitário. não há uma esterilização de sua superfície. Aparecem colônias bacterianas ao longo do trajeto. o colapso da cavidade temporária ejeta partes de tecido e líquidos para o exterior através dos orifícios de entrada e saída. Fackler admite que os fragmentos metálicos seccionam as fibras musculares perpendicularmente ao trajeto. O projétil do fuzil AK-74 costuma fragmentar-se ao longo do trajeto e mudar de direção. a seguir. O usado no fuzil AR-15 tem uma tendência a tombar precocemente ao longo do trajeto. Assim que o projétil atravessa os planos musculares. Tal fato pode sr atribuído à sua construção. se houver. A localização da cavidade temporária ao longo do trajeto pode ajudar a determinar o sentido de um tiro transfixante. são seqüestrados segmentos de tecidos que se destacam dos feixes musculares e caem para dentro da cavidade permanente. o que produz evaporação da água no meio e aspiração de ar para o interior da ferida pelos orifícios de entrada e saída. 118 | P á g i n a . Mas isso não se dá nos meios inelásticos. seja qual for sua velocidade. porém um pouco menor. maior a capacidade de reação. Segundo afirma. que o faz dobrar-se transversalmente e expelir o seu núcleo de chumbo. Quando situada logo no início do trajeto. sem o colo. o núcleo desloca-se para frente. DURAÇAO E PULSAÇÃO Os tecidos deslocados pelas ondas de pressão são comprimidos e acumulam parte da energia como se fossem uma mola. As bactérias presentes são semeadas ao longo do trajeto. elevadas e. Os de guerra. Nesse momento. desde que se tenha conhecimento do tipo de projétil que causou a lesão. Ocorre quando ele é construído para esse fim. O trecho do trajeto em que isso ocorre é aquele no qual as cavidades permanente e temporária têm maior diâmetro. ocorre uma retração. verifica-se uma queda da pressão intracavitária. As variações da pressão intracavitárias agem como um sistema de fole com relação ao ar exterior. como costuma ocorrer com os projéteis expansivos. de modo que o resultado é uma cavitação pulsátil de amplitude decrescente. em geral. por isso. pode servir para indicar de onde veio o disparo. Isso faz com que as feridas por projéteis de alta energia sejam contaminadas por fragmentos de roupa e outros elementos relacionados com a pele. já que apresenta um espaço interior vazio entre o seu núcleo de aço e a ponta do revestimento de latão. Quando recolhidos. que formam um anel elevado ao redor do orifício. A cavidade permanente acompanha o alargamento da cavidade temporária resultante da fragmentação do projétil. No momento em que ocorre a distensão dos tecidos que forma a cavidade temporária. não se fragmentam. sofrendo maior estresse mecânico. Quanto maior a elasticidade. evertidas. A cavidade vem a ser ocupada pela mistura do ar que entra com o vapor de água. logo após a distensão máxima da cavidade temporária. mostram ponta intacta e a base rompida. Com o impacto no alvo. na dependência de sua elasticidade. de modo que fica em zona de relativa depressão. Os projéteis de arma de fogo. logo após. A esta segue-se nova distensão. Assim.A fragmentação do projétil aumenta o volume da cavidade temporária. que. O deslocamento CENTRÍPETO dessa tumefação faz com que as bordas do orifício sejam. não se aquecem muito ao atravessarem o ar e os tecidos. ou quando penetra com velocidade muito alta. Assim. que se dá cerca de 2 a 4 m/s após a passagem do projétil. deforma o projétil e o desestabiliza. a cavidade temporária neles formada faz uma tumefação das partes moles. SAÍDAS Os projéteis de FUZIL são construídos para transfixar o segmento do corpo humano que for atingido. Quando os segmentos mais delgados têm o esqueleto atingido pelo projétil. ou seja. a atmosfera. Aumentando a variação barométrica ainda mais. O tamanho das lesões de saída depende do plano em que ela se situe no trajeto. sem prejuízos para o organismo. então. Talvez o mais importante seja o comprimento do trajeto. surgem distúrbios hemodinâmicos e ventilatórios. As saídas situadas no trinco podem ter diâmetros variados. A lei de Boyle Mariotte enuncia: sob temperatura 119 | P á g i n a . por exemplo o braço. aparecem. não há tempo para que tombe e produza uma cavidade temporária importante Mas se o segmento atravessado for como a coxa. fragmentar-se e ficar retido na musculatura adjacente. A observação atenta das feridas de saída mostra que costumam ter forma BICONVEXA. a saída pode ser maior ou menor do que a entrada: Se a saída coincidir com a cavidade temporária. e o projétil não tocar no esqueleto. ESTUDO MÉDICO-LEGAL DAS BAROPATIAS O ser humano está adaptado para viver em uma mistura gasosa. NOÇÃO BÁSICA DE CINÉTICA DOS GASES Várias são as leis que determinam o comportamento dos gases nos diversos fenômenos físicos. a princípio reversíveis. com dois ângulos mais ou menos nítidos. que exerce sobre seu coro uma pressão de 760 mmHg ao nível do mar. a saída vem a ser maior do que seria caso os ossos não fossem lesados. ou espontaneamente. O mesmo pode acontecer nas feridas cervicais. pois o plano da pele na saída pode coincidir com o de maior diâmetro da cavidade temporária. Se o segmento do corpo for muito delgado. Mas. que permite ao indivíduo suportar pressões um pouco maiores. já que isso aumenta o colo do trajeto e pospõe a cavidade temporária. Mas. O alargamento da lesão decorre dos projéteis secundários formados por esquírulas ósseas e pela antecipação da formação da cavidade temporária. se ficar além do plano da cavitação. e que sua direção tende a ser PARALELA ÀS LINHAS DE FORÇA da pele da região. quando o segmento corporal é mais robusto. O aumento da distância de tiro. permitindo que o projétil fique mais estável. Apesar de seus aparelhos respiratório e circulatório estarem preparados para dar o máximo de rendimento nessas condições. a menos que se fragmentem por se chocarem com algum osso. guardam certa reserva funcional. como é possível acontecer com os de 5. A forma e o tamanho das saídas variam sob a influencia de vários fatores. a saída de apenas uma parte do projétil produzirá uma lesão de área inferior à de entrada. ou menores. doenças causadas pela pressão atmosférica. alterações funcionais e estruturais em diversos tecidos. faz com que a saída seja menor nos alvos de pouca espessura. pode ser muito grande. Quando há fragmentação do projétil. na dependência da trajetória do projétil antes de sair. o projétil pode causar fratura comunitiva. Podemos chamar o conjunto dessas alterações de baropatias. Ultrapassado o limiar de tolerância.56 mm. será muito grande. importa saber que a concentração de um gás dissolvido em uma massa líquida é diretamente proporcional à pressão exercida pela fase gasosa da mistura líquido-gás. a pressão parcial do oxigênio também está reduzida na mesma proporção. à medida que se atinge altitude maior. diminui proporcionalmente a pressão exercida pelo ar. desde que se mantenha a mesma temperatura. seu organismo tem que otimizar o transporte de O2 ao longo desse caminho. já que depende apenas da temperatura do corpo. A pressão parcial corresponde à pressão que exerceria qualquer dos componentes. Os ajustes fisiológicos são feitos em cada uma das etapas. sucessivamente: Do teor desse gás no ar inspirado Da ventilação pulmonar Da difusão dele para o sangue através da barreira alveolocapilar Da capacidade de transporte do sangue arterial Chegando aos tecidos. A concentração do O2 no sangue que chega aos tecidos depende. e que variações para menos também serão acompanhadas com a mesma intensidade. Ao nível do mar. 120 | P á g i n a . BAROPATIAS BAROPATIAS DECORRENTES DE PRESSÃO MUITO BAIXA A pressão atmosférica normal resulta do peso das diversas camadas de ar sobre a superfície terrestre. corresponde ao peso de uma coluna de mercúrio com 760 mm de altura. quando dobramos a pressão sobre uma massa gasosa. Além disso. Além do mais. E esta é ainda menor. Assim. 1 atm (atmosfera). o aproveitamento do O2 pelas células fica na dependência: Da sua difusão através da parede dos capilares Do interstício e Das membranas celulares. Significa que. a renovação do ar alveolar é acentuada pelo aumento da amplitude dos movimentos respiratórios. se aumentar a pressão parcial de um dos gases do ar inspirado. Quando o individuo é exposto a atmosferas rarefeitas. pois que se tem que subtrair a pressão exercida pelo vapor d’água dentro do espaço alveolar. organelas celulares em que será utilizado. como as vigentes em grandes altitudes. Dalton provou que a pressão exercida por uma mistura gasosa é igual à soma das pressões parciais de cada componente da mistura. grande parte da pressão intra-alveolar passa a ser exercida por esse vapor. seu volume reduz-se à metade. o volume ocupado por uma massa de gás é inversamente proporcional à pressão suportada. Assim. É a chamada LEI DE HENRY. se estivesse disperso sozinho por todo o espaço ocupado pela mistura. Conforme AUMENTA A ALTITUDE. ou seja. De acordo com a lei de Dalton.constante. sua quantidade dissolvida no sangue aumentará na mesma proporção. Ao longo desse caminho. Isso significa que. Só depois disso é que alcança as mitocôndias. como a tensão do vapor de água no ar alveolar não sofre variação. reduz-se ainda mais a quantidade de oxigênio do ar inspirado. Mas o mais importante para a oxigenação do sangue é a pressão parcial do oxigênio no ar alveolar. o O2 perde pressão cada vez que tem que ultrapassar uma barreira – É A CASCATA DE O2. A partir daí. Com isso. pois a eliminação do CO2 não está dificultada nas grandes altitudes. a hipoxia do sangue que passa pelos rins estimula a produção de um hormônio –A ERITROPOIETINA. que são sensíveis à diminuição do teor de O2. e à diminuição do pH arterial.O estímulo para tal vem da excitação de quimiorreceptores localizados em células dos corpúsculos carotídeos e aórticos. tem sido notada dificuldade em obedecer a ordens mais complexas. aumenta o espaço a ser atravessado e fica prejudicada a difusão do O2. Mas a escalada de montanhas pôr tempo suficiente para que o indivíduo acione seus mecanismos de regulação. O ajuste é feito principalmente por um aumento da capacidade funcional dos pulmões e por um aumento do fluxo sanguíneo alveolar. Quando se é exposto à redução do O2 no ar alveolar por tempo prolongado. o que propicia estímulo para a liberação do chamado HORMÔNIO NATRIURÉTICO ATRIAL. Isso promove distensão do átrio direito. ocorre aumento da dosagem de hemoblobina. Na vigência de hipoxia. Apesar de todos esses mecanismos fisiológicos de defesa. Esses sintomas se apresentam já com 5 dias de permanência. efetuar cálculos. a possibilidade de o organismo se reequilibrar depende: Da altitude atingida Do tempo gasto na subida Do tempo de permanência A velocidade ascensional é muito importante no aparecimento dos sintomas agudos da hipóxia. vôos em aviões providos de cabines não pressurizadas expõem o piloto a hipoxias de evolução rápida. Nesses casos. No caso. É interessante notar que indivíduos que moram em altitudes em torno de 3. em cerca de 20 dias. o sangue passa a captar e a transportar maior quantidade de O2 para os tecidos. principalmente nas células musculares. fazendo o indivíduo perder líquido. executar testes de memória ou analisar dados. Outro ajuste fisiológico à hipoxia é um maior tônus das artérias e arteríolas pulmonares.que ajuda molecularmente o deslocamento do oxigênio para o interior das células. existe uma proteína –A MIOGLOBINA. presente nas suas células musculares. 121 | P á g i n a . Com o retorno ao nível do mar. do número das hemácias e do hematócrito. ao aumento do teor de CO2. Além do mais. aumentando a resistência ao esvaziamento do sangue nas cavidades do lado direito do coração. A difusão de O2 dos alvéolos para o sangue dos capilares alveolares depende da espessura das membranas a serem atravessadas. Usando cabines de descompressão construídas para fins experimentais. costuma-se observar: Excitação mental Euforia Tagarelice Crises de riso ou de choro Irritabilidade Aparecimento de ideias fixas. o transporte e a difusão do O2 nos tecidos são favorecidos pelo aumento do número de capilares que se abrem. sem tempo para acomodação. respondem à hipoxia. Por exemplo. tudo volta ao normal. Os habitantes das grandes altitudes têm teor em maior de mioglobina nos tecidos do que os do nível do mar.000 m desde o nascimento não apresentam essa resposta hematológica. Esse hormônio tem ação diurética. Se houver algum grau de edema na parede alveolar. Esse hormônio atua na medula óssea fazendo com que haja maior produção de glóbulos vermelhos para o sangue. que pode não ter sintomas prévios de alerta. Há um aumento da freqüência respiratória. Na maioria das vezes. É mais comum em jovens sadios. edema cerebral ou ambos. Tais distúrbios são conhecidos como MAL DAS MONTANHAS ou DOENÇA DAS MONTANHAS. náuseas e dispnéia. anorexia. de aparecimento brusco. Outros sintomas comuns são a insônia. pois que há um período de latência entre a chegada à altitude e o surgimento dos sintomas. Não se sabe o mecanismo desencadeador da DM. A realização de esforços físicos é causa desencadeante. São divididas em: Formas agudas Formas crônica (DOENÇA DO MONGE) Entre as AGUDAS. associada a embotamento cerebral. DOENÇA DAS MONTANHAS (DM) Costuma aparecer nos recém chegados. parece que há interferência de fatores distintos da hipoxia. falta de ar. ou a perda dessa adaptação por parte de seus habitantes. sendo mais comuns em jovens do que em pessoas idosas. Em alguns casos é tão rápido que o indivíduo parece estarse afogando em seus próprios líquidos. tonteiras. na dependência da suscetibilidade individual. seguidos de eliminação de uma espuma rósea densa pelas narinas e pela boca. é mais comum neles do que nos recém chegados. mas o tempo pode variar entre 6 a 96 horas. cefaléia e tosse seca. fotofobia. depois de 12 horas. de duração que varia entre um dia a 6 meses. Costuma desaparecer com o repouso após dois a cinco dias. O início dos sintomas aparece um a três dias depois da chegada. ou não. há febre de pequena intensidade. FORMA CLÁSSICA O sintoma principal é a dor de cabeça. O exame físico revela cianose acentuada. Os exames revelam: Aumento acentuado do hematócrito Aumento da densidade urinária.A incapacidade de adaptação dos recém-chegados às grandes altitudes. mas a remoção para locais mais baixos é imperiosa nas formas malignas. Geralmente de localização frontal. taquicardia e diminuição da pressão arterial. Além disso. Contudo. Os pacientes queixam-se de moleza. Na verdade. bastando para isso que passem um período ao nível do mar. é intensa ao ponto de tornar o indivíduo improdutivo. EDEMA PULMONAR DAS GRANDES ALTITUDES É um quadro agudo. Por vezes. A diferença fundamental entre as formas BENIGNA e MALIGNA é a existência de importante distúrbio da coagulação sanguínea. a mais comum é a forma clássica BENIGNA. Mesmo os habitantes (highlanders) são acometidos. ocorre quando a subida rápida é seguida de imediato por trabalho físico intenso. com sons que lembram gargarejo. em média. Hipotransparência nodular dos pulmões Edema causado por insuficiência cardíaca esquerda Dilatação da artéria pulmonar 122 | P á g i n a . leva ao aparecimento de sintomatologia de gravidade variada conforme as condições enfrentadas. São muito menos freqüentes as formas MALIGNAS com edema pulmonar. podendo ser. a benigna pode ser tratada no local em que se acha o paciente. com forte tendência para a ocorrência de tromboses vasculares na forma maligna. favorece o acumulo de líquidos nos septos alveolares. quando eles retornam às grandes altitudes. Pode ocorrer em veias periféricas como as das panturrilhas e as que atravessam o espaço subaracnóideo. a hipoxia. Essa quantidade maior de volume plasmático. agravando a hipoxia por dificultar a difusão de O2 do ar alveolar para o sangue. quando eles vão para regiões baixas. sofre uma redução do número desses glóbulos vermelhos. Sintomas: Alterações da consciência Ataxia Reflexo de BABINSKY Disfunção vesical Edema da papila óptica Trombose dos seios venosos e das veias aracnóide Hemorragia subaracnóidea. ao promover o espasmo das artérias e arteríolas pulmonares. Como as artérias dos highlanders são mais ricas em fibras musculares e o seu coração tem hipertrofia do ventrículo direito. Também são vistas na duramáter. subcortical e da substância branca cerebral DOENÇA DO MONGE É a forma crônica da DM. EDEMA CEREBRAL É uma forma rara de DM. Características: Lábios enegrecidos Mucosas de cor vinhosa muito escura Dedos com extremidades em baqueta de tambor Cefaléia Tonteiras Parestesias Sonolência Irritabilidade Depressão Alucinações O fator básico da patogenia é a diminuição da ventilação pulmonar e o conseqüente prejuízo da oxigenação do sangue. Outro fator a ser considerado é o sangue dos highlanders. Aumento do volume e consistência pulmonar Congestão pulmonar com eliminação de liquido espumoso róseo Brônquios preenchidos com esse espuma A tendência à trombose não fica restrita à área pulmonar e seus ramos. BAROPATIAS DECORRENTES DA AÇÃO DE PRESSÕES ALTAS 123 | P á g i n a . o que estimula ainda mais a produção de glóbulos vermelhos pela medula óssea em função do aumento da liberação da eritropoietina (hormônio produzido nos rins que atua na medula óssea fazendo com que haja maior produção de glóbulos vermelhos para o sangue). mas matem o volume plasmático elevado. que tem uma quantidade bem maior de hemácias do que o dos habitantes do nível do mar. produz uma brusca hipertensão pulmonar. A doença do monge não é observada em highlanders jovens. o tórax do mergulhador vai sendo espremido pela pressão da água. Seja qual for o fluido no qual esteja o corpo. nos pulmões. delimitada pro fora pelo tímpano e. a pressão ambiente eleva-se mais ou menos uma atmt. BAROTRAUMA AUDITIVO O ouvido médio consta de uma cavidade óssea cheia de ar. Como a pressão também aumenta na faringe. As vísceras ocas e os pulmões. podem ocorrer roturas de membranas de separação. que serve de passagem para o ar de modo a igualar as pressões nesses dois locais. localizada no osso temporal. Além do mais. pelo qual o ajuste entre a pressão ambiente e a da mistura respiratória fornecida é atingido. há que se considerar ainda a compressão sofrida por pessoas que passam de um ambiente subatmosférico para a pressão normal ao nível do mar. é capaz de causar distúrbios relacionados com o aumento da sua concentração no sangue. Quando o indivíduo mergulha. Estes servem para ministrar a mistura respiratória a uma pressão equilibrada com a do meio aquático. o que leva ao desequilíbrio entre as pressões vigentes no interior dessas estruturas e a presente no exterior. como as cavidades naturais que contêm ar. Assim. eles dispõem de um sistema vascular de dupla ação. No mergulho sem aparelhos. em função do sistema 124 | P á g i n a . O denominador comum a essas alterações é a obstrução das vias de passagem do ar. o aumento de sua pressão faz-se de modo igual sobre toda a superfície exposta do organismo. ou alterações circulatórias locais com aparecimento de edema e equimoses. pelo ouvido interno. Para isso. médio ou interno. como na descida de aeronaves. O ouvido médio se comunica com a faringe por meio de um conduto membranoso. Tal situação ocorre principalmente com mergulhadores. como o ouvido e os seios da face. Essas estruturas contêm um líquido que fica separado do ouvido médio por uma membrana que fecha dois buracos situados na interface óssea entre o ouvido médio e o ouvido interno. ou em dentes que apresentem bolsas de ar. 1 atm. uma vez que. a pressão da água empurra o tímpano par dentro. é importante saber se o mergulho é livre ou se é feito com aparelhos. O ouvido interno é formado por duas estruturas: A cóclea e O labirinto A cóclea é responsável pela audição e o labirinto. a 10 m. o corpo do mergulhador está submetido a 2 atm de pressão e assim por diante. BAROTRAUMA O barotrauma é muito mais comum entre mergulhadores. A incapacidade de igualar as pressões pode causar lesões nessas estruturas. a TROMPA DE EUSTÁQUIO. por si. o barotrauma pode ocorrer no ouvido. mas também existe no ambiente de trabalho de mineiros. Se o aumento da pressão ambiente não for contrabalançado por elevação da pressão no interior das cavidades e órgãos que contêm ar. O aumento da pressão parcial dos componentes do ar inspirado. Conforme o local do desequilíbrio barométrico. No estudo do barotrauma. os efeitos tóxicos dos gases respirados e os desequilíbrios de pressão que ocorrem entre o ambiente hiperbárico e alguns setores do organismo. pelo equilíbrio postural. a cada 10 metros de profundidade.Algumas atividades humanas submetem o indivíduo a pressões ambientes superiores à que ele está acostumado ao nível do mar. gasoso ou líquido. nos seios da face. ou seja. É importante distinguir os efeitos hemodinâmicos. É o que se denomina barotrauma. pela face interior. É acidente muito grave. Nas aeronaves não pressurizadas. Os vasos da mucosa sinusal ficam congestos e. Quando a diferença de pressão atinge 15mm Hg. surdez e zumbido. A permeabilidade das trompas pode ser verificada pela realização da manobra de toybee durante a otoscopia para ver se ocorre movimentação do tímpano. A abertura da trompa pode ser facilitada pelo mergulhador por meio de manobras que ele aprende a fazer durante o seu treinamento. Situação semelhante pode surgir quando um mergulhador usa tampões auditivos. No caso de haver obstrução unilateral das trompas de Eustáquio. mas ocorre sensação vertiginosa intensa pela excitação dos elementos do ouvido interno pelo ingresso da água fria. A rotura do tímpano costuma curar espontaneamente na maioria dos casos.valvular do equipamento. por dentro. pode haver inundação da cavidade do ouvido médio por líquido seroso ou hemorragia. em que o indivíduo sobra com força contra o nariz e a boca fechados. a redução rápida da pressão faz com que o ar contido na cavidade do ouvido médio fique maior do que a do ambiente. BAROTRAUMA SINUSAL Sua ocorrência depende de haver obstrução do orifício de comunicação de qualquer cavidade sinusal com a cavidade nasal. Por isso. que também produz sintomas vertiginosos. a trompa se abre e deixa escapar o ar do ouvido médio para a faringe. fica abaulado para fora por causa da pressão que vem pela trompa. já que o mergulhador perde a orientação e pode se afogar. com o aumento da 125 | P á g i n a . Isso cria uma diferença de pressão em que a vigente no ambiente de mergulho é superior à sinusal. O tímpano. o tímpano fica estufado para fora. derrame seroso ou hemorrágico para o conduto auditivo externo. O conduto auditivo externo fica fechado por fora pelo tampão e. Nessas circunstâncias. Inicialmente. Uma delas é a MANOBRA DE TOYNBEE. o equilíbrio se faz através da trompa de eustáquio. o mergulhador sente dor. ele fica com pressão relativamente baixa. às vezes. No caso de aviadores. a pressão externa força o tímpano cada vez mais pra dentro. chegando a rompê-lo nos casos mais graves. É o que se chama de OUVIDO REVERSO. No momento da rotura. Assim. igualando as pressões. o que alivia a diferença de pressão e pode até evitar que o tímpano se rompa. o mergulhador experimenta uma diferença de pressão de um ouvido médio com relação ao outro. A impossibilidade de equalização das pressões dentro dos seios e na cavidade nasal cria condições para a instalação do barotrauma. há alívio da dor. a partir do tímpano e da pele do canal auditivo. por exemplo resfriados. há contra-indicação ao mergulho de pessoas portadoras de qualquer tipo de inflamação das vias aéreas superiores. uma vez que sua cavidade não se comunica mais cm a cavidade nasal. Antes de se dar a rotura. então. Em caso de obstrução da trompa de Eustáquio. ao subir. o ar contido nos seios mantém-se à pressão vigente ao nível do mar. O resultado é congestão. Na descida. em direção ao ouvido externo. Isso produz sensação vertiginosa que é chamada de VERTIGEM ALTEROBÁRICA. Outra é a MANOBRA DE VALSALVA. edema e. A sobrecarga de pressão no ouvido médio pode levar à rotura da membrana que separa o ar nele contido do líquido do ouvido interno. pode haver barotrauma na subida. que vai tornando-se mais intensa à medida que atinge maiores profundidades. como o aumento da pressão exterior não pode ser comunicado a esse espaço. pelo tímpano. que consiste em tampar o nariz e deglutir. capazes de Entupir a trompa de Eustáquio com secreções mucosas. É o BAROTRAUMA DO OUVIDO INTERNO. causando dor intensa por compressão dos filetes nervosos apicais. mas a inflamação e os derrames líquidos persistem e podem ser complicados por infecção secundária. seguem-se depressão e incapacidade de buscar socorro. então. permite ao homem descer. não podendo mais reduzir seu volume. há grande diminuição da atenção e da coordenação motora. Os alvéolos. a existência de mecanismos compensatórios. causando um pneumoperitônio. Como a produção de gás continua no intestino grosso. o ar deglutido expande-se e distende o estômago. o individuo experimenta uma desinibição. Isso provoca grande aumento da curvatura costal. passam a ter pressão menor que a intravascular e são inundados por liquido de edema. a profundidades ainda maiores. em que parte da cavidade contém ar. 126 | P á g i n a . Ocorre no estômago por falhas no equipamento de mergulho ou por causa de deglutição de ar por mergulhadores inexperientes. Havendo defeito do equipamento e escapamento do ar da roupa. entorpecimento e perda da consciência. as pressões dentro e fora das cavidades para nasais tornam a se equilibrar. BAROTRAUMA DIGESTIVO Resulta da distensão aguda de uma víscera oca pela diminuição da pressão ambiental. quando o indivíduo se submete a pressões crescentes. Porém. a água comprime a pele e os tecidos superficiais e e os espreme como no mergulho livre. Quando da subida. sem auxilio de aparelhos. ou a partir de razoável profundidade. O nitrogênio hiperbárico atua de modo semelhante aos anestésicos. À fase de excitação. impunemente. mas vai reduzindo seu volume à medida que aumenta a profundidade. alterando a polaridade da membrana celular dos neurônios. causando flatulência. ocorrem edema. mas com pressões bem maiores. Ao descerem. Isso se consegue pressurizando-se o ar no interior da roupa por meio de bombas. a pressão no interior da roupa deve contrabalançar a do meio ambiente. a parede gástrica não resiste e se rompe. com possibilidade de fratura. Numa profundidade maior. o mergulhador continua a acumular gases intestinais. Havendo ultrapassado certos limites. esses gases dilatam-se e tendem a ser expelidos. reduz seu volume dentro de certos limites. como em casos de pânico. a expansão do ar do canal empurra esses líquidos contra o ápice dentário. Ao subir. Se a subida for muito rápida. durante a permanência no ambiente profundo. como a elevação diafragmática e o deslocamento de sangue para os vasos intratorácicos. INTOXICAÇÃO PELOS GASES HIPERBÁRICOS TOXIDEZ DO NITROGÊNIO Os efeitos são semelhantes ao da embriaguez alcoólica. e. a pressão relativamente maior nos vasos dos alvéolos dentários e na raiz produz inundação do espaço livre do canal por liquido seroso. Inicialmente. BAROTRAUMA DENTAL Mergulhadores que tenham dentes com tratamento malfeito do canal pulpar. a pressão intra-alveolar não aumenta mais na mesma proporção da pressão ambiente. No caso de mergulho livre. Ao subir. Nos casos em que o mergulhador usa roupas especiais de proteção.diferença tensional. Mais profundamente. Durante a subida. surgem manifestações psicóticas que podem evoluir para um estado maníaco de grande euforia. podem causar dor tanto na descida como na subida. a massa de ar contida nos pulmões não varia. BAROTRAUMA TORÁCICO A caixa torácica é pouco compressível. derrame seroso e mesmo hemorragia par ao interior da cavidade. O ar é expelido para a cavidade peritonial. ou mesmo sangue. alguns outros equipamentos de circuito fechado fazem a captação desse gás por meio químico. sempre em concentração superior e proporcional à profundidade. No entanto. ele já se torna irritante. deslocam-se para o líquido intracelular. o CO2 potencializa o efeito tóxico do nitrogênio e do oxigênio. TOXIDEZ DO OXIGÊNIO Normalmente. acompanhada do aumento da pressão arterial. A pessoa sente necessidade de maior esforço respiratório. também chamado de intersticial. TOXIDEZ DO GÁS CARBÔNICO Os aparelhos tipo SCUBA não permitem que a concentração do CO2 aumente porque seu sistema de válvulas permite a expiração para o meio líquido. os fatores que mais importam são: A velocidade da descompressão O gradiente entre os valores inicial e final e O tempo de permanência no ambiente de pressão maior. a quantidade desses radicais aumenta proporcionalmente e supera a capacidade de o organismo os inativar.A substituição do nitrogênio pelo hélio impede a instalação desse quadro clinico por 3 motivos: 1 Seu efeito narcótico é 5 vezes menor 2 Sua solubilidade no sangue é metade da do nitrogênio e. Os neurônios são as células mais sensíveis a esse efeito tóxico. BAROPATIAS DECORRENTES DE DESCOMPRESSÃO RÁPIDA Quaisquer que sejam os fatores barométricos. tanto na gravidade como no mecanismo determinante. o indivíduo respirar O2 puro. por fim. em vez de excitar. Na vigência de descompressão intempestiva. Havendo falha nesse mecanismo. existe uma cascata decrescente da pressão do O2 desde o ar inspirado até o que chega às células dissolvido no plasma. Sendo levados aos tecidos em concentração elevada. o que reduz a resistência aos esforços respiratórios. O gás mais importante nesse 127 | P á g i n a . porém. capazes de lesar as células e de desestabilizar o metabolismo. O quadro se agrava por depressão das funções cerebrais. O excesso desse gás desencadeia sintomas de intoxicação. podem ocorrer dois quadros clínicos diferentes. e daí para o setor intracelular. Chega a um ponto em que a concentração mais elevada. Começa a haver desintegração das membranas celulares e inibição de enzimas importantes para o metabolismo. perda da consciência. Sob tensões de O2 maiores. Contudo. Se. elimina-se com maior rapidez 3 Sua densidade é 7 vezes menor. começa a se instalar uma acidose respiratória. pois passa a ter uma pressão maior. Além do mais. porque o acúmulo de acidez deprime a atividade neuronal. sabemos que os aumentos da pressão intraalveolar tendem a forçar os gases do ar a se dissolverem mais intensamente no plasma. sonolência e. passa a inibir o centro respiratório. Normalmente são produzidos no organismo radicais livres com oxigênio ativo. o gás vai se acumulando. com aumento do volume por minuto que chega a mais de 10 vezes o valor normal. São eles: DOENÇA DE DESCOMPRESSÃO EMBOLIA TRAUMÁTICA PELO AR DOENÇA DE DESCOMPRESSÃO Pela lei de HENRY. por ter ação vasodilatadora sobre a circulação cerebral. esses radicais são inativados por certas enzimas. por ter menor afinidade. Se continuar a aumentar a concentração do gás. o individuo apresenta um quadro clínico com perda da audição. mal localizada. como vista turva. hipotensão e choque. Outros acham que o que desencadeia a agregação plaquetária é a lesão do endotélio vascular pelas pequeninas bolhas. Nas formas mais intensas. Acredita-se que as bolhas comprimem terminações nervosas locais. choques elétricos. mais grave. náuseas. por estar presente na atmosfera em grande quantidade. Mas. em geral acompanhada por cefaléia. e mesmo cianóticas. Assim. os pacientes assumem atitude antálgica. por confluência. podendo tornar-se insuportável. A causa desses sintomas é a formação de numerosas bolhas no interior dos vasos pulmonares. Acredita-se que resulta de espasmo dos vasos nutridores causado por bolhas no tecido subcutâneo. distúrbios sensitivos como formigamentos. Quando as bolhas se formam no líquido dos canais semicirculares e da cóclea no ouvido interno. Podemos perceber diminuição da força dos membros. alternam-se áreas vermelhas com outras pálidas. A forma medular é a mais freqüente. serotonina e do fator III da coagulação. começa com uma dor em forma de punhalada no dorso. A forma cutânea mais comum caracteriza-se por sensação de picadas esparsas e prurido. Sabe-se. o individuo sente como que se a cabeça estivesse vazia. paralisias. com sintomatologia cardiorrespiratória. Essa forma da doença de descompressão tem que ser 128 | P á g i n a . chegando a produzir um aspecto malhado. A princípio. tanto no sangue como no liquido intesticial e no intracelular. mesmo alucinações. levando à liberação de adrenalina. picadas. São acompanhados por taquicardia e. que vai se agravando com o passar do tempo. Com o agravamento da dor. atualmente. Por vezes. A maior solubilidade do nitrogênio na gordura faz com que as bolhas apareçam de preferência nos tecidos ricos em lipídios como o nervoso. uma vez que não é metabolizado e. na realidade. neurológica e a relacionada com o ouvido interno. essa forma é chamada pelos autores de BENDS. é uma dor surda. Essas bolhas aparecem em todos os líquidos do organismo. mas pode ocorrer mesmo após 24 horas. incoordenação motora. perturbação do equilíbrio. vômitos e nistagmo (movimento conjugado de vaivém dos olhos para um dos lados). com predominância dos sintomas músculo esqueléticos. também participam o oxigênio e o gás carbônico e até o vapor d’água. com sensação de espessamento da pele. Outros admitem embolia gasosa para vasos da microcirculação cutânea. Começa cerca de meia hora depois da emersão. seguidos de vermelhidão da pele. ou predominam distúrbios do comportamento. sensação de queimação retroesternal e dor que se agrava com a inspiração forçada. Os sintomas respiratórios são tosse. Se a ascensão for muito rápida e a partir de grande profundidade. embora em proporções bem menores em função de sua maior solubilidade e menor pressão parcial. pode-se iniciar já durante a subida. As formas mais leves caracterizam-se por dores nos tecidos relacionados com as articulações. vertigem. Outras vezes. vão crescendo e distendendo os vasos. cutâneos e os relacionados com linfonodos. taquipnéia. As bolhas intravasculares são revestidas por uma capa de lipoproteína e. O quadro clinico da doença de descompressão é polimorfo e de gravidade variável conforme a profundidade e o tempo de permanecia submerso. amnésia ou perturbações visuais. existem o TIPO 1. TIPO 2 É a forma grave. profunda. nos casos mais graves. que há aderência de plaquetas sobre essa capa. Pode começar de forma branda com uma sensação de cansaço que não passa após a emersão e tende a se agravar. e O TIPO 2. Por isso. dispnéia. mas o mais comum é o inicio com parastesias nos membros inferiores seguidas de paraplegia. TIPO 1 O inicio pode ser insidioso. é o principal responsável pelo surgimento das bolhas na doença da descompressão.contexto é o nitrogênio. Assim. dependendo da velocidade da subida. Na parte mental. não se acham alterações decorrentes de um excesso de nitrogênio nos líquidos orgânicos por não ter havido tempo para isso. é comum haver dor local e aos movimentos de deglutição. A massa de ar vai aumentando para manter constante o volume pulmonar. são descritas sensação de membros pesados. paralisias. os grandes troncos arteriais. Nos casos em que a permanência na profundidade tenha sido curta. não deve estar com embolia. Ocorrida a rotura. através dele. o individuo perde a consciência sem sintomas prévios. As formas leves de barotrauma causam enfisema do mediastino. O aparecimento de sinais neurológicos logo após a emersão. EMBOLIA TRAUMÁTICA PELO AR (BAROTRAUMA PULMONAR) O barotrauma pulmonar da subida é um dos acidentes mais graves do mergulho. alcança o lado esquerdo co coração e. a partir dos alvéolos mais periféricos. Alcança a pleura. porém. é indício de embolia traumática pelo ar. estado confusional. A morte costuma ser atribuída a arritmias cardíacas decorrentes de lesão do tronco cerebral ou de obstrução das artérias coronárias. Penetrando nos capilares e nas veias pulmonares. qualquer condição que impeça ou reduza muito o fluxo expiratório pode desencadear o quadro. qualquer mergulhador que chegue à superfície inconsciente ou que perca a sua consciência poucos minutos após e emersão é suspeito de ter embolia gasosa. Esse quadro clínico é PATOGNOMÔNICO. sem dúvida. mas quando o mergulhador desce provido de aparelho tipo SCUBA. Nesses casos. conforme a lei se Boyle-maiotte. vertigem e dormência nos membros. bem como pelas condições do mergulho. não há nistagmo. Os sintomas começam no fim da subida ou até dez segundos após a emersão. o tórax vai sendo comprimido. A embolia traumática pelo ar é. a pressão do ar forçará sua penetração no tecido conjuntivo de sustentação pulmonar. Apresenta diferentes graus de gravidade. paresias. O exame físico revela escarros com sangue ou espuma rósea dando pelas narinas e boca. da quantidade de ar contida inicialmente nos pulmões e da proximidade da superfície. que pode-se estender às partes moles do pescoço e da face. a forma mais grave do barotrauma pulmonar. Se o mergulhador subir rápido e não eliminar o ar em excesso. 129 | P á g i n a . Mas os sintomas neurológicos variam conforme as áreas cerebrais irrigadas pelas artérias mais comprometidas. como perturbações motoras. se subir inconsciente e recuperar os sentidos após respirar o ar normalmente. ANATOMIA PATOLÓGICA DA EMBOLIA TRAUMÁTICA PELO AR Os sinais encontrados podem ser alterados pelo tempo transcorrido entre a morte e a necropsia. agitação. o mergulhador chega inconsciente à superfície e entra em choque rapidamente.distinguida do barotrauma do ouvido interno e da forma neurológica com predomínio de sintomas cerebelares. que lhe forneça o gás à pressão ambiente. No aspecto motor. isso não ocorre. haverá uma hiperdistensão alveolar que poderá chegar ao ponto de romper as suas paredes. descrevem-se visão turva. Por vezes. torpor e coma. Como a hiperdistensão pulmonar que leva ao barotrauma resulta. sensitivas ou mentais. Os sinais circulatórios são taquicardia e acentuada hipotensão arterial que evolui rapidamente para o choque. convulsões e parada respiratória. Na área sensitiva. da não expiração do excesso de ar. Como regra. Nesta última. o barotrauma pulmonar de subida pode causar pneumotórax. Pode também ocorrer quando a roupa especial pressurizada se romper por acidente em ambiente de pressão bem menor que a vigente em seu interior. O mergulhador refere dor torácica e relata uma sensação como se tivesse sofrido um golpe no peito. em última análise. Contudo. enfisema e embolia traumática pelo ar. No MERGULHO LIVRE. Nos casos mais graves. BAROPATIAS DECORRENTES DE EXPLOSÕES De um modo geral. de modo semelhante ao que se observa em corpos mantidos em refrigeradores. a menos que faça parte da descompressão generalizada. as bolhas vêm à superfície do nível líquido. Como os casos fatais evoluem rapidamente. O ideal é que o corpo seja mantido até o momento da necropsia sob a mesma pressão a que estava submetido antes do acidente. de alças intestinais e do intestino grosso pela descompressão dos gases que já continham. Aos cortes. a subida intempestiva não dá tempo para a eliminação do gás dissolvido nos líquidos do organismo. após a morte. Os pulmões em geral estão distendidos. se houver ar misturado com o sangue. revela áreas de cor vermelho-escura. sinos. A enorme força expansiva dos gases liberados em uma explosão é transmitida em todas as direções. como profundidade. Se em meio liquido (cargas de profundidade). faltam as bolhas nas veias da grande circulação. O tempo entre o óbito e a necropsia deve ser abreviado para que não h aja uma doença de descompressão post mortem nem formação de bolhas por putrefação. Mas. a doença de descompressão não costuma ser mortal. A presença de bolhas nas veias não serve para fazer o diagnóstico diferencial entre a doença de descompressão e a embolia traumática pelo ar. numa verdadeira doença de descompressão pós-morte. correntezas. as lesões produzidas decorrem mais da ação térmica do que da onda explosiva. ASPECTOS PERICIAIS DOS ACIDENTES DE MERGULHO Nos casos fatais. A árvore brônquica revela mucosa congesta e está ocupada por espuma rósea abundante. Ao exame externo. a vitima deve ser removida com todo o equipamento que usava para uma câmara hiperbárica mantida na mesma pressão do ambiente emque se deu o acidente. e. a menos que se trate de uma descompressão explosiva. evita-se a formação de bolhas indesejáveis nas grandes veias e nos tecidos em geral. Se a bomba estiver suspensa no momento da explosão (tiros de tempo. principalmente nos lobos inferiores. quando se tratar de carga de percussão ou de explosivos colocados sobre a superfície da terra para serem 130 | P á g i n a . cargas antiaéreas). como ocorre na doença de descompressão. Por isso. O exame deve concentrar-se na pesquisa de bolhas de gás no interior das principais artérias. o corpo trazido para o nível do mar tende a sofrer a influencia da descompressão e a formar bolhas de modo difuso. presença de animais potencialmente agressivos. visibilidade. Os elementos do ambiente devem ser anotados. tornando-a rósea. se o mergulho foi prolongado e a uma profundidade com pressões elevadas. Deve ser complementada pela medida da temperatura retal o mais breve possível. somente o ar receberá e transmitirá a energia mecânica dos gases da combustão. temperatura da água. nota-se eliminação de líquido róseo e espumoso pelas narinas e pela boca. A hipotermia pode modificar a cor da pele. desse modo. a menos que se tenha havido simultaneamente um pneumotórax. todos os corpos que estavam em contato com a carga deflagrada recebem o impacto. etc. Porém. A presença de bolhas nas veias pulmonares e nas cavidades esquerdas do coração (átrio e ventrículo) deve ser procurada com cuidado de as abrir sob água que se coloca dentro do saco pericárdico de modo a cobrir o coração. A cavidade peritoneal pode revelar distensão do estomago. presença de algas e alterações em materiais de suporte como gaiolas.Assim. Desse modo. pois elas aparecem em ambas. será a água que conduzirá essa energia. pode não se notar o enfisema das paredes moles do pescoço e da face. como a aorta e seus ramos. Dessa forma. Além do mais. no sentido de diagnosticar uma possível hipotermia. porém. Alguns referem-se a 3 formas de blast: primário. o movimento das camadas de ar atravessadas é mais de vibração que de deslocamento. MECANISMO DE PROPAGAÇÃO DA ENERGIA DAS EXPLOSÕES Os efeitos das explosões são devidos à chamada onda de choque. Além dos efeitos mecânicos e térmicos da explosão. uma substância muito irritante para as vias respiratórias. de um veículo ou de uma mina de gruta. Uma das substâncias utilizadas para esse fim.000 atm no seu centro. que é uma onda sonora de alta intensidade. O impacto da onda de choque gerada por explosões é chamado de BLAST. O mecanismo difere na dependência da profundidade da coleção líquida. Quando a explosão ocorre em recinto fechado. a intensidade do pico de pressão cai muito rapidamente à medida que a onda de choque se afasta do centro. A ação do blast na água resulta de uma propagação bem mais rápida da onda de choque. A explosão empurra a massa de água à sua volta e 131 | P á g i n a . é possível identificar 3 formas de blast: Pelo ar Pela água Por sólidos Os aspectos físicos diferem nos três meios. e chaga a um ponto em que a velocidade iguala aquela que é a usual do som no ar. a onda de choque é refletida pelas paredes e volta sobre as vitimas com potência ainda elevada. Além disso. tanto o ar como a superfície sólida receberão e transmitirão o impacto. Admite-se que seja necessário um pico de 6 atm para fazer perigar a vida de um homem. Quanto maior o tempo de direção da onda de choque. já que o fundo reflete a onda de choque e causa uma onda secundária também potente. pois o meio é o liquido. Nas explosões comuns. podemos achar contaminação do ambiente por substâncias químicas ou radioativas. secundário e terciário. como também são diferentes as principais lesões. como estilhaços de granadas e projéteis colocados em seu interior e por pedaços de corpos fragmentados pela explosão O BLAST TERCIÁRIO decorre do choque de pessoas lançadas ao ar contra obstáculos. como nas minas terrestres. o FÓSFORO BRANCO. capaz de gerar um pico de pressão de mais de 150. tem capacidade de se inflamar em presença do ar. A interface entre a sua parede e o conteúdo aéreo torna explosiva a onda de choque. colocadas deliberadamente nas bombas para aumentar seu poder lesivo. maior o impulso. e de modo tão rápido que provoca uma pressão negativa a seguir. a compressão do ar vai diminuindo. como dentro de um prédio. Verificou-se que os órgãos mais afetados eram aqueles que normalmente contém ar. A passagem da onda de choque através da parede desses órgãos é muito mais rápida que no ar por causa da condução do som mais rápida nos sólidos e nos líquidos. A velocidade de propagação da onda de choque na parte adjacente à zona de explosão é muito maior do que a do som no ar porque ele é muito comprimido. formando pentóxido de fósforo. excluída a eventual ação do blast secundário.detonados. Mas nas grandes explosões chega a haver a formação de um vento explosivo. Isso faz com que os efeitos da explosão sejam bem maiores do que o das que ocorrem ao ar livre. O BLAST PRIMÁRIO resulta da onda de choque propriamente dita O BLAST SECUNDÁRIO é causado por fragmentos do artefato. Mas esse pico de alta pressão é de curtíssima duração e instantaneamente cai. Conforme o meio de propagação das ondas de choque. À medida que se afasta do centro. a pessoa recebe o impacto sobre a 132 | P á g i n a . A árvore traquobrônquica contém quantidade variada de espuma sanguinolenta. os órgãos mais pesados são os ouvidos. aumenta em cerca de 20% a intensidade do pico de pressão. No caso de minas terrestres. Nos sólidos. A onda de choque propaga-se de imediato por meio de violenta vibração. os pulmões e o tubo digestivo. Aqueles que estiverem em contato direto com a superfície sofrerão lesões importantes nos pontos de apoio ao longo dos ossos do segmento traumatizado. Os pulmões sofrem os efeitos explosivos da passagem da onda de choque através dos septos alveolares. Se a pessoa apresenta um tampão de cera que esteja afastado do tímpano. ocorre fratura do calcâneo. Pode ser seriamente lesado. O barotrauma pulmonar é a principal causa de morte em conseqüência do BLAST PRIMÁRIO. as hemorragias podem confluir para formar áreas mais extensas. Isso inclui contusão do parênquima com rotura dos alvéolos. a água força as paredes da bolha até um mínimo volume. Lesões pulmonares são escassas. nos acidentes com fogos de artifício. penetram no períneo e dilaceram a genitália. Nesse momento. em uma rede. a pressão dentro dela vai caindo até que fica menor do que a da água. que funcionam como interfaces para o conteúdo aéreo. É de maior intensidade que no blast aéreo. Mas a explosão pode acontecer no convés de um navio bombardeado ou de uma plataforma de petróleo. os fragmentos ósseos dos pés e das pernas sobem como projéteis secundários. É preciso não confundir essas lesões com as de lesões causadas por minas terrestres.forma enorme bolha com os gases da detonação. Vários fatores influenciam no grau de lesão: Intensidade da onda Duração Orientação da orelha no momento Presença ocasional de dispositivos de proteção Existência de patologia prévia. O exame de pessoas sobreviventes de explosões revela uma gradação lesional que vai da simples hiperemia à total rotura do tímpano e lesão da cóclea. Conforme o tipo de explosão. Conforme essa bolha se expande. BLAST SÓLIDO A distribuição das lesões depende da postura da vitima e dos pontos de contato do seu corpo com a superfície bombardeada. As paredes alveolares se rompem. Serão poupados os que estiverem em um colchão de espuma. ele funciona como um mecanismo de proteção. Dependendo da intensidade do trauma. Assim. os segmentos mais atingidos são as mãos. assim como os olhos. o que se nota é um leve tremor das estruturas apoiadas no solo. BLAST AÉREO Neste caso. localizados preferencialmente nas porções mais superficiais do órgão. a transmissão da onda de choque ocorre quando a detonação se dá em terra. O abalo pode ser sentido a distancia variável. Em geral. O ouvido médio. a partir do qual se dá nova expansão que gera nova onda de choque. na dependência da intensidade da explosão. por ser uma caixa aérea preparada para colher ondas sonoras. ou de algum modo suspensos por material macio. BLAST LÍQUIDO Predominam lesões abdominais. mas se estiver em contato com a membrana a transmissão da onda será potencializada e haverá lesão grave dos ossículos. Aqui. causando hemorragia em vários pontos. que pode aflorar pelos orifícios naturais. Estando sentada. outras lesões podem ocorrer. são os membros inferiores. embolia gasosa arterial e lesões pela liberação de radicais oxidantes livres. Se o individuo estiver em pé. desde que não varie de pressão exercida sobre sua superfície. o efeito do blast é mais intenso por causa das ondas refletidas e pela projeção de materiais da própria construção. pequenas perfurações. Nos casos de vazamento de gás. A pesquisa de monóxido de carbono e de cianetos no sangue das vitimas deve ser feita. portanto. mas a pressão pode 133 | P á g i n a . que se convencionou chamar de CALOR ESPECÍFICO. As mais alongadas guardam uma certa coerência na direção do seu maior eixo. por exemplo. A distribuição das lesões mais graves. com intensidade decrescente. ou por meio de substâncias deliberadamente colocadas no artefato bélico. De acordo com a quantidade de calor que possua. sugerindo seu ponto de origem. cuja ação nociva é muito ampliada nos recintos fechados. a água é líquida acima de 0° e sólida abaixo desse limite. O fósforo branco é um metalóide esbranquiçado que age com o oxigênio do ar e entra em combustão espontânea. são produzidos gases tóxicos. podendo intoxicar as pessoas situadas nas galerias e ser. ele próprio. liberando muito calor e uma substância muito irritante para as vias aéreas. costumam ser muito extensas. que o ponto de fusão da água é 0° C. tanto maior o número de calorias de que se necessita para elevar sua temperatura em um grau. inclusive materiais radioativos. etc (blast secundário). O monóxido de carbono resulta da combusto incompleta de substancias orgânicas. concentradas em certos segmentos do corpo. Diz-se. Os metais são aquecidos e se resfriam rapidamente porque têm calor específico muito baixo. Quanto maior o calor específico de um corpo. Em geral. Por convenção. o combustível da explosão. como vigas. Os cianetos são liberados pela combustão de materiais plásticos. É comum a presença de escoriação. Conforme o tipo de explosivo. As explosões podem contaminar o ar com produtos químicos da combustão do explosivo utilizado. Sempre se apresenta no m esmo estado físico à mesma temperatura. diz-se que a água tem calor específico igual a 1. OUTRAS LESÕES CAUSADAS POR EXPLOSÕES O calor gerado nas explosões causa queimaduras de extensão e profundidade diversas na dependência do tipo de explosivo e da proximidade do individuo ao foco da explosão. as lesões são causadas com maior probabilidade pelo bast aéreo. as lesões são muito próximas entre si e de forma circular ou ovalar. podendo resultar em traumatismo crânio-encefálico. cada substância pode estar no estado sólido. que também produzem óxidos ácidos de enxofre e de nitrogênio capazes de se combinar com a água presente nas vias aéreas. Costuma-se acumular em minas de carvão. o pentóxido de fósforo ASPECTOS PERICIAIS DAS EXPLOSÕES Tratando-se de explosão em local aberto. Nas explosões em ambientes fechados. produzindo queimaduras químicas. pode informar a posição relativa da vitima e da bomba. juntamente com a orientação das escoriações mais alongadas. Assim. janelas. LESÕES E MORTE POR AÇÃO TÉRMICA A energia térmica é medida em unidades chamadas calorias. Tal fenômeno deve-se a uma constante física de cada substância. líquido ou gasoso.região glútea e o transmite para cima através da coluna vertebral. requerem menor quantidade de calor para atingir temperaturas elevadas. por isso. Certos corpos se aquecem muito mais rapidamente que outros e. o calor específico das outras substâncias é medido por comparação com o da água. por conseqüência. SENSORES São estruturas nervosas especializadas. as substâncias que diminuam de volume ao se fundirem terão seu ponto de fusão abaixado pelo aumento da pressão sobre sua massa.modificar para mais ou para menos o ponto de fusão de uma substância desde que o seu volume sofra modificação do estado sólido para o líquido. Se o sangue estiver mais frio que o conveniente. O restante do calor do indivíduo em repouso é produzido pelas reações químicas necessárias á manutenção das funções normais do organismo – METABOLISMO BÁSICO. Estão localizadas tanto na pelo como no sistema nervoso central. Alguns hormônios são capazes de acelerar esse metabolismo e. vísceras e parede das grandes veias. podendo até não ocorrer se o ambiente estiver mais aquecido do que a pele. Fundir-se-ão a temperaturas menores. quando rompidas. AJUSTE DA TEMPERATURA CORPORAL O calor corporal provém das reações oxidativas que ocorrem no interior celular. Ocorre também sob a forma de ENERGIA RADIANTE. A própria elevação da temperatura corporal também acelera o ritmo do metabolismo. Em repouso. e o hipotálamo. capazes de responder a estímulos de aumento e de baixa da temperatura do sangue e dos tecidos vizinhos. pela influência da progesterona. mais da metade desse calor resulta da incapacidade de os processos bioquímicos armazenarem sob a forma de ATP toda a energia gerada pela queima dos alimentos. principalmente a oxidação aeróbica da glicose. Sempre que dois corpos entram em contato. Assim. posta em contato com sua superfície. ou por meio da CONVEXÃO. o mais aquecido cede calorias ao de menor temperatura. Fazem parte feixes de fibras medulares que conduzem os impulsos nervosos dos sensores periféricos. Esse fenômeno é a base da termodinâmica. como a tiroxina. a liberam. No sistema nervoso central. As perdas de calor para o ambiente resultam de mecanismos distintos: IRRADIAÇÃO 134 | P á g i n a . que é o arrastamento do calor de um corpo por meio de uma corrente líquida ou gasosa. MECANISMOS DE ABAIXAMENTO DA TC Conforme a temperatura do meio ambiente. dentre outros. a temperatura corporal varia com o ciclo menstrual. O fluxo sanguíneo da pele pode ser ajustado às necessidades da regulação térmica pelos centros nervosos. os gânglios simpáticos do sistema nervoso. os sensores são neurônios especializados localizados principalmente na área pré-optica do hipotálamo. aumentar a produção basal de calor. a perda dar-se-á de modo mais ou menos rápido. Mas a dissipação do calor de m corpo não se faz apenas quando ele entra em contato com outro menos aquecido. o hormônio hipofisário do crescimento. a testosterona e a adrenalina. cessa a ação inibitória da área pré-optica e os centros posteriores aumentam suas descargas que comandam a conservação do calor. Além disso. A molécula do ATP possui ligações químicas ricas em energia que. com ondas de maior comprimento que as da luz. Os neurônios que regulam o sono estão localizados na mesma região do cérebro que os encarregados da manutenção da temperatura normal. transformada em água e gás carbônico. A área pré-optica do hipotálamo tem os neurônios sensíveis ao calor e ao frio que comandam as respostas reflexas e comportamentais do individuo. CENTROS REGULADORES A parte do sistema nervoso que regula a temperatura é um conjunto complexo de vias e centros nervosos. O mais comum é com o ar. há uma evaporação de água na pele e nas vias respiratórias. rico em gordura. O calibre das arteríolas e vênulas que irrigam essas redes vasculares pode sofrer grandes variações. A pele tem duas redes vasculares importantes nessa função. Sendo a temperatura da pelo superior à do ambiente. de modo que o fluxo sanguíneo pode ser controlado. Os ventiladores servem como meio de refrigeração por esse mecanismo. de modo a haver maior irradiação do calor para o meio ambiente. As camadas de ar em contato com a pele são aquecidas e transferem o calor para as camadas vizinhas superpostas. Mas é preciso que o ar esteja com temperatura inferior à da pele. podendo chegar apenas a 15%. Mas quando os mecanismos são ineficazes. a capacidade de refrigeração será muito maior. CONVEXÃO Ocorre quando um fluido se desloca sobre a pele. ficam os raios infravermelhos. localizado nas papilas dérmicas. O corpo imerso em água fria perde calor muito mais rapidamente do que exposto ao ar em movimento por causa do maior calor específico da água e da sua maior condutibilidade. Sistemas ópticos sensíveis a essa radiação permitem ver pessoas e animais de sangue quente na escuridão. podendo corresponder a mais de 60% do total das perdas. a renovação das moléculas em contato com o nosso corpo faz com que a remoção do calor seja muito acelerada. CONDUÇÃO CONVEXÃO EVAPORAÇÃO IRRADIAÇÃO O calor é uma manifestação de energia radiante com comprimento de onda maior do que o extremo visível da luz vermelha. Aparelhos desse tipo são usados na patrulha de fronteiras e em operações militares durante a noite. exerce papel fundamental na proteção individual contra as perdas de calor. por impulsos nervosos do setor simpático do sistema nervoso em resposta a comandos hipotalâmicos. Um plexo capilar. o organismo lança mão da sudorese para aumentar a evaporação com o fim de dissipar o calor endógeno e mesmo para resistir aos ganhos de calor provenientes do meio ambiente. Assim. Se o fluido for água. Nossa faixa. Assim. tal mecanismo torna-se pouco eficiente. de acordo com as necessidades. formando uma corrente de energia calorífica. Roupas que mantenham uma camada de ar ao redor da pele são mais eficientes na proteção contra o frio do que as que ficam mais justas no corpo. e uma rede venosa importante situada no limite entre a derme e a hipoderme. Mas. os indivíduos gordos resistem por mais tempo em águas frias do que os magros. sem haver a renovação das camadas em contato com a pele. CONDUÇÃO Resulta da transferência de calor por contato direto da pele com outros materiais. o nosso organismo consegue diminuir a tendência de elevação da temperatura por vias distintas: VASODILATAÇÃO SUDORESE INIBIÇÃO DA PRODUÇÃO DE CALOR VASODILATAÇÃO Tem a finalidade de oferecer mais sangue aos tecidos da pele. Em função dessas formas de dissipação do calor. ocorre perda de calor por irradiação. como a condutibilidade térmica do ar é muito baixa. 135 | P á g i n a . Aqui é importante lembrar que o tecido subcutâneo. EVAPORAÇÃO Em condições habituais. Esse estímulo libera outros hormônios que aceleram o ritmo do metabolismo. As glândulas sudoríparas também respondem à adrenalina circulante. O hipotálamo também atua diretamente no metabolismo quando há uma redução da temperatura. CONTROLE LOCAL Além do controle central do hipotálamo. há uma redução do tônus muscular. O início do aumento da sudorese em ambientes de temperatura elevada depende da atividade física exercida e da umidade relativa do ar. Mas essa ação pode ser anulada quando a temperatura descer exageradamente. cujas fibras terminais liberam a acetilcolina. existem reações de ajuste locais. ocorrerá redução do metabolismo pelo abaixamento da temperatura das células em geral é o contrario do que acontece quando a temperatura se eleva.SUDORESE O estímulo à sudorese vem por via do sistema nervoso simpático. como na hipotermia. Mas esse ajuste é lento. EREÇÃO DOS PELOS A pele fica arrepiada. É o que ocorre nos estados de medo e de tensão. Aumenta quando a temperatura ultrapassa 37° C como conseqüência de atividade muscular mais intensa ou de sobrecarga externa. a evaporação do suor é a forma maior de dissipação do calor. AUMENTO DO METABOLISMO Os neurônios do hipotálamo liberam um hormônio que estimula as glândulas da tireóide. TREMORES Visam a aumentar a produção de calor através de estímulos que contraem e relaxam os músculos em seqüência rápida. A dilatação ou a constrição dos vasos sanguíneos e a sudorese podem ser ativadas diretamente pela temperatura do segmento e por via reflexa medular mas a intensidade dessas respostas também depende de um controle superior exercido pelo 136 | P á g i n a . Aqui. a produção de calor aumenta cerca de 4 a 5 vezes o valor normal. Sob temperaturas superiores a 20°C. Ocorre como resposta aos estímulos do hipotálamo através do sistema nervoso autônomo simpático. mas com suor de composição diversa da habitual. Quando o tremor está no auge. INIBIÇÃO DA PRODUÇÃO DE CALOR A velocidade das reações químicas metabólicas pode diminuir por influências hormonais. Além disso. como mediador químico. qualquer que seja a causa. não resolve o problema imediato. Os pelos eriçados conservam uma camada de ar não renovado e aquecido em contato com a pele. não a noradrenalina. MECANISMOS DE AUMENTO DA TEMPERATURA Quando há necessidade o organismo executa algumas manobras para reduzir a perda de calor e aumentar a sua produção pelo metabolismo. São elas: VASOCONSTRIÇÃO EREÇÃO DOS PELOS TREMORES AUMENTO DO METABOLISMO VASOCONSTRIÇÃO Tem a finalidade de reduzir o fluxo sanguíneo cutâneo de modo a reter o calor interior. A ereção dos pelos deve-se à contração dos músculos piloeretores. ficam pálidas e muito suadas. Há vasodilatação intensa na pele. A causa da obstrução é a formação de um tampão de ceratina que se forma no interior dos dutos glandurares sudoríparos. A idade modifica a capacidade de ajuste térmico. São fatores predisponentes a desidratação e a realização de esforços físicos sem pausa para descansos. podem ter comprometimento dos centros termorreguladores do hipotálamo. 137 | P á g i n a . MILÁRIA Muito mais comum em crianças pequenas. tanto positivo como negativo. Resultam da incapacidade de o organismo eliminar o calor a mais recebido do meio ambiente. SÍNCOPE Pessoas não aclimatizadas podem sentir tonteiras. de pé ou sentado. Quando a obstrução está na camada espinhosa da epiderme. É a denominada MILÁRIA RUBRA ou BROTOEJA. mas desaparece assim que a pessoa se adapta. e a localização mais freqüente é nos pés. fatores individuais constitucionais e/ou ocasionais podem favorecer o desajuste da regulação térmica. AÇÃO DO CALOR DIFUSO A exposição de um individuo a ambiente de temperatura elevada pode levar ao aparecimento de distúrbios que são chamados genericamente de doenças relacionadas ao calor. Conforme o grau de ateroesclerose. Os recém-nascidos são muito vulneráveis ao estresse térmico. Nas obstruções muito superficiais. Costuma aparecer nos primeiros dias de exposição ao ambiente quente. Entretanto. com diminuição do retorno venoso e do débito cardíaco. favorece mais as perdas térmicas. que vem a se somar ao calor endógeno. A sudorese costuma estar prejudicada. contudo. É mais comum em mulheres. patologias neurológicas ou uso de algumas substâncias favorecem a hipertermia. Crianças e idosos são os grupos mais suscetíveis. Os idosos costumam ter menor capacidade de ajuste porque não conseguem aumentar seu débito cardíaco. se deixados em ambientes quentes sua temperatura pode subir rapidamente. a vasodilatação cutânea não é tão eficiente. formam-se vesículas sem reação inflamatória. Interrompendo-se a conexão com os núcleos hipotalâmicos. Assim. as crianças continuam mais sensíveis porque seu metabolismo é mais intenso do que o dos adultos. pode ocorrer intensa hiperemia e prurido. tornozelos e mãos. e sua temperatura costuma subir mais rapidamente. O mesmo pode ocorrer quando estão deitadas e se levantam rapidamente. as respostas segmentar e local não são suficientes para corrigir distorções mais amplas. resulta da obstrução do fluxo de suor ao longo dos dutos excretores das glândulas sudoríparas. assim como retenção de sódio e água. uma vez que só sentem sede em fases de desidratação mais avançada. A causa desse mal-estar é uma queda brusca da pressão arterial. principalmente quando se associa certo grau de desidratação. mesmo que não estejam expostas diretamente ao sol. e conseqüente redução da circulação cerebral. zumbido auditivo. sem adequada movimentação. Também é chamada de SUDAMINA ou de MILÁRIA CRISTALINA. em posição ortostática por tempo prolongado sob temperatura alta. na camada córnea da epiderme. Seu excesso de superfície corporal. A par dos elementos climáticos. DOENÇAS DO CALOR EDEMA Decorre da permanência de um individuo não aclimatizado por tempo demorado em posição ortostática. Lidam mal com o calor e com o frio ambientais. visão escura e desmaio quando são obrigadas a permanecer de pé. Durante os primeiros anos de vida. Em geral.hipotálamo. Os sintomas de exaustão térmica são: Cansaço Sudorese profusa Palidez Fraqueza muscular Mialgias Dor de cabeça Tonteiras. A descompensação resulta da impossibilidade de aumentar o débito cardíaco no volume necessário à manutenção da pressão arterial diante da redução da resistência periférica promovida pela vasodilatação intensa comandada pelos centros hipotalâmicos. ou por ambas as coisas. não há manifestações de ordem neurológica. particularmente. e a insolação é a fase final do descontrole térmico. São precedidas de sudorese abundante durante o exercício. Se presentes. seja por incapacidade de o coração arcar com maior trabalho por não dispor de reservas funcionais. as do sistema nervoso. seja pela desidratação. mesmo que o paciente ainda esteja suando. causando o edema cerebral. EXAUSTÃO TÉRMICA Também é conhecida como INTERMAÇÃO. que pode evoluir para a INSOLAÇÃO ou para a morte. O diagnóstico diferencial entre a exaustão e a insolação é. com 40°. Devem-se a uma hiponatremia causada pela ingestão apenas de água para repor as perdas hídricas pelo suor. INSOLAÇÃO É a forma mais grave das síndromes causadas pela exposição ao calor ambiente. já se deve falar em insolação. Alguns adotam os sintomas neurológicos como divisor de águas. O débito cardíaco não pode aumentar. podem aumentar rapidamente de volume por causa da entrada de água para o interior em função da volta da osmolaridade do plasma aos valores normais. Ocorre em função da perda lenta e contínua de sódio. do abdômen ou do braço que ocorrem ao final ou logo após o término de esforços musculares intensos realizados sob temperatura ambiente elevada. O nível da temperatura não serve como fator importante de separação entre as duas síndromes. náuseas e vômitos Taquicardia Hipotensão arterial Caracteristicamente. O uso de cocaína durante períodos de onda de calor aumenta bastante a possibilidade de morte pela ação térmica. Há quem distingua: Exaustão térmica por depleção de água (DESIDRATADO) Exaustão térmica por depleção de sódio ( HIPONATREMIA) Os DESIDRATADOS podem apresentar-se com hipernatremia. É que as células em geral e. O reconhecimento de que a insolação resulta do agravamento da exaustão térmica desloca as pesquisas sobre a sua patogenia do enfoque concentrado 138 | P á g i n a . o que complica a reposição hídrica por risco de se causar um edema cerebral. se retraem por causa da maior concentração salina no plasma. a maioria dos autores admite que representa uma fase inicial da descompensação dos ajustes do organismo ao calor ambiente. É um quadro clinico grave. Atualmente. Alguns entendem que já é insolação com 39°. No momento da reposição.CAIMBRAS São contrações espasmódicas e muito dolorosas da musculatura esquelética das pernas. muito difícil. outros. por vezes. outros. Sua instalação rápida. que atinge pessoas idosas ou debilitadas e crianças Há sinais e sintomas comuns às duas formas. A deficiência de ATP reduz a atividade da enzima responsável pela manutenção de concentrações altas do potássio no interior e do sódio extracelular. 39°. O quadro neurológico é dominado por: Incoordenação Convulsões e Coma O quadro mental: Irritabilidade Delírios Alucinação A FORMA CLÁSSICA. indispensável ao equilíbrio. passando por uma fase prévia de exaustão térmica. cai o débito cardíaco.na parada da sudorese. mesmo imperceptível. com redução da restauração do ATP. é de instalação lenta. com aumento de sua permeabilidade. costuma ocorrer durante ondas de calor. Há duas formas clínicas de insolação. A sobrecarga térmica mobiliza os mecanismos de dissipação de calor de modo a impedir que a temperatura suba de modo descontrolado. Na falha desse sistema. Os principais mecanismos de eliminação do calor são a vasodilatação superficial e a sudorese. principalmente. as membranas celulares tornam-se menos polarizadas. que vem a ser agravado pela desidratação causada pela sudorese. própria dos debilitados. avermelhada A forma relacionada aos ESFORÇOS FÍSICOS pode ocorrer em ambiente de temperatura não muito elevada. por vezes 139 | P á g i n a . Ambas tendem a diminuir o retorno de sangue ao coração. com comprometimento mental e neurológico progressivo. comprometimento da oxidação fosforilativa nas mitocôndrias. Uma está relacionada à ATIVIDADE FÍSICA intensa A FORMA CLÁSSICA. desnaturação de proteínas e. fica comprometido. a eliminação de calor. A partir de 42° C. de modo que o aumento do débito cardíaco. na forma relacionada aos esforços físicos. O desvio de sangue para o leito vascular superficial causa um seqüestro do volume circulante. reduz-se o fluxo sanguíneo periférico e. haveria inativação de várias enzimas com ação no metabolismo. Inicia-se um circulo vicioso em que o retorno venoso diminui. assim. que pode ser muito curta. como: Temperatura muito elevada Distúrbios mentais e neurológicos Taquicardia Taquipnéia Pressão arterial normal ou hipotensão Há diferenças quanto ao nível da temperatura corporal da qual se deva falar em insolação. Alguns entendem ser acima de 41°. A sudorese cessa Pele fica quente e seca As vezes. A insolação começa desse modo. prejudica a dissipação de calor pelos centros hipotalâmicos. no qual podem ser distinguidas 5 camadas: BASAL ESPINHOSA GRANULOSA LÚCIDA CÓRNEA (QUERATINA) A basal é representada pela parte proliferativa e que dá origem às células das outras camadas. mas insuficiente para dissipar o calor Deposito de mioglobina nos rins Congestão dos pulmões Deposito de material protéico sobre as paredes dos alvéolos (síndrome da angustia respiratória do adulto) Edema cerebral Degeneração e necrose cerebelar É importante ressaltar que a hipertermia da insolação não é o mesmo que febre. AÇÃO LOCAL DO CALOR (QUEIMADURAS) As situações capazes de provocar lesao da pele pela ação térmica ocorrem de várias maneiras AÇÃO DE CHAMAS JATOS DE VAPOR LÍQUIDOS QUENTES SÓLIDOS AQUECIDOS EXPLOSÕES. sem alteração do ponto de ajuste.fulminante. que constitui um envoltório de substancia especialmente elaborada para maior proteção contra a desidratação e as trocas de calor. por ação anticolinárgica. difere da forma clássica. 140 | P á g i n a . OBS. A elevação da temperatura por insolação depende de desequilíbrio entre o aporte e a eliminação do calor. as pessoas que fazem uso desses medicamentos têm mais chance de ter insolação. Essas últimas representam etapas sucessivas de maturação e transformação até atingirem a camada córnea. são mais comuns nessa forma: A morte de fibras musculares esqueléticas (rabdomiólise) O paciente ainda apresenta sudorese.: alguns neurolépticos podem inibir a sudorese e. Por isso. Febre é um estado de elevação da temperatura que é parte dos mecanismos de defesa para reação de invasões no organismo. Em função de o distúrbio ser causado por excesso de produção de calor pelo trabalho muscular. ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE A pele é órgão vital formada por duas camadas distintas: A epiderme e a Derme A EPIDERME é constituída por TECIDO EPITELIAL pavimentoso estratificado. a saída de líquidos causa hemoconcentração e aumento da viscosidade do sangue. que pode tornar-se irreversível rapidamente se não for tratado. Além dessas camadas de tecido. por seu maior teor de fibras elásticas e colágenas. RESPOSTA VASCULAR Primeiro. há uma hipovolemia grave em função da passagem de liquido do setor intravascular para o intersticial e deste para o exterior pelas áreas lesadas. PRODUÇÃO DO DANO E REAÇÃO LOCAL ÀS QUEIMADURAS As queimaduras provocam morte instantânea de algumas células. essas arteríolas se dilatam e promovem a abertura de novos grupos de capilares. As células localizadas no ponto de maior elevação da temperatura sofrem necrose coagulativa. suas proteínas são desnaturadas pela ação do calor. A morte dessas células libera substancias que têm o poder de desencadear a resposta inflamatória.A DERME é formada por TECIDO CONJUNTIVO com as funções de oferecer sustentação e nutrir a epiderme. que são constituídos: Pelas glândulas sudoríparas Pelas glândulas sebáceas Por pêlos Esse órgão importante tem as seguintes funções: Sensibilidade Regulação térmica Proteção. tardia de outras e lesões reversíveis em outro grupo. Nesta camada estão os músculos eretores dos pelos e suas hastes com as glândulas sebáceas. provido de vascularização e inervação abundantes. A derme profunda é formada por tecido mais denso. A permeabilidade dos capilares e vênulas pós-capilares aumenta. conseqüentemente. na qual tomam parte hormônios e mediadores químicos liberados tanto pela necrose tecidual quanto pela reação inflamatória. Tal dificuldade de perfusão dos tecidos em geral caracteriza um quadro de choque hipovolêmico grave. o que aumenta a dificuldade do escoamento nos capilares. A derme superficial é constituída por tecido pouco denso. a pele apresenta estruturas importantes chamadas de ANEXOS CUTÂNEOS. Além disso. ou seja. há uma constrição arteriolar imediata que dura muito pouco. Em seguida. e há a passagem de proteínas para o interstício através do alargamento dos poros e fendas endoteliais. tornando a região vermelha e quente. o que ajuda a mater aberto os capilares e causa edema da pele lesada. REAÇÃO GERAL ÀS QUEIMADURAS Ocorre uma resposta humoral. Nas primeiras horas. Esta queda do volume de sangue circulante reduz o retorno venoso e. 141 | P á g i n a . Está dividida em 2 camadas distintas: DERME SUPERFICIAL (OU PAPILAR) DERME PROFUNDA. o débito cardíaco. mais resistente às trações. As vênulas permanecem contraídas. A perda de liquido intravascular é agravada pela estagnação na microcirculação e pela formação de edema fora das áreas diretamente lesadas pelo agente térmico. menos de meio minuto nas lesões leves. perda dos melanócitos e coloração muito esbranquiçada. onde está a gordura. hiperpigmentaçao intensa que contrasta tanto com a zona central quanto com a pele normal. São muito dolorosas.Durante o choque hipovolêmico. Devem ser divididas em SUPERFICIAIS e PROFUNDAS. QUEIMADURAS PARCIAIS São lesões que comprometem toda a epiderme e a parte superficial da derme. além da epiderme. Mas são sensíveis ao toque superficial e à pressão profunda. 2° e 3° graus. de cor amarelada ou avermelhada e que não clareia pela compressão. pois as terminações nervosas da camada basal da epiderme são totalmente destruídas. não forma as cunhas interpapilares da pele normal. Ao contrario da parcial superficial. A retração cicatricial pode causar danos posteriores se a queimadura for circunferencial. No exame de cadáveres. em que há aceleração do metabolismo. Se não houver infecção. e sim o que permanece indene. com perda acentuada de massa corporal magra. deixando exposto o conjuntivo da derme. O paciente entra em processo de intenso catabolismo. é possível haver prejuízo circulatório de segmentos de membros. respectivamente ao 1°. É comum observar alterações na pigmentação da zona queimada. ou da expansão torácica. As bolhas rompem-se com facilidade. CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS Na ponderação de krisek. a derme superficial e parte da derme profunda. não é sensível à picada com uma agulha. e seu conteúdo é muito pobre em proteínas. Dependendo da predisposição genética individual. QUEIMADURAS TOTAIS 142 | P á g i n a . Atualmente. mas poupam os anexos cutâneos (glândulas sebácea e sudorípara e pêlos). inicia-se uma outra fase. o processo de reparação pode gerar uma cicatriz hipertrófica. As queimaduras PARCIAIS PROFUNDAS destroem. são classificadas em: SUPERFICIAIS PARCIAIS *SUPERFICIAIS * PROFUNDAS TOTAIS Correspondendo. mas deixam preservados os anexos cutâneos. Após ser controlado a fase do choque. O rompimento das bolhas favorece a instalação de processo infeccioso. na periferia. a pele está hiperemiada por queimaduras superficiais. em função do prejuízo à oxigenação dos tecidos. Costumam evoluir sem complicações se as bolhas permanecerem intactas. Assim. No centro. que tem aspecto céreo. As queimaduras PARCIAIS SUPERFICIAIS destroem a epiderme até a camada basal. Destrói apenas as células mais superficiais da epiderme. provocando intenso edema da derme superficial. QUEIMADURAS SUPERFICIAIS Consistem na hiperemia que se instala na área atingida pelo agente térmico. A epiderme restaurada. geralmente. o metabolismo fica diminuído. evoluem para cicatrização em mais de 3 semanas. o que concorre para uma maior vulnerabilidade aos traumas mecânicos por atrito. são mais frágeis. localizados no limite entre a derme profunda e a hipoderme. que se traduz pelo acúmulo de liquido sob a epiderme de modo a constituir bolhas de conteúdo seroso límpido. Estas têm conteúdo escuro. Ao redor das bolhas. em função da retração cicatricial. conforme o nível atingido. sensíveis ao ar e ao calor. o que importa mais na conduta diante de uma queimadura não é o que foi destruído. Não deixam cicatriz. devem ser distinguidas das bolhas de putrefação. a escara é eliminada. que pode haver carbonização superficial. Com o passar do tempo. O nível atingido pode incluir os planos situados abaixo do panículo adiposo. confundindo-se com as parciais profundas. delimitando o tecido morto. deixando uma perda de substância no local. São as lesões pálidas. com extremidade distal retorcida e friável Há sempre uma tendência de propagação do fogo nas vestes de baixo para cima. vai-se formando uma linha de contorno mais avermelhada na periferia. são capazes de provocar lesão nas partes desnudas do corpo. Por exemplo. Mas a maioria não classifica assim. mesmo sem formação de quelóide. A cicatriz resultante. Há aspectos que são comuns a ambos e outros que dizem respeito apenas à necropsia forense. As queimaduras totais por escaldadura podem apresentar-se avermelhadas desde o início. A quantidade do jato e a sua temperatura podem ser suficientes para causar queimaduras parciais profundas. O próprio tecido pode funcionar como combustível. ESQUEMA SUPERFICIAIS Hiperemia Atinge apenas a camada mais externa da epiderme PARCIAIS SUPERFICIAIS Destroem a epiderme até a camada basal Bolhas Sensíveis ao calor e ao ar PARCIAIS PROFUNDAS Atinge a epiderme e a derme superficial e parte da derme profunda Insensível a picada de agulha TOTAIS Destroem todos os planos da pele Sem dor ASPECTOS PERICIAIS A perícia em casos de queimadura pode ser feita em pessoas vivas e em cadáveres. é comum: Parte da roupa carbonizada Pêlos crestados. 143 | P á g i n a . que não exsudam. uma vez que o sangue não consegue chegar aos tecidos queimados por causa do fechamento da rede vascular profunda. é deformante. que se transforma numa placa escura cercada por pele em que a lesão foi menos profunda. Há quem classifique essas lesões como queimaduras de 4° grau. GASES ou VAPORES SUPERAQUECIDOS. reação vital. As queimaduras totais são insensíveis. mas não inflamados. Em alguns casos. O paciente só percebe a pressão profunda. como a musculatura. inclusive os anexos cutâneos e a vascularização. com aspecto e consistência semelhante a couro. DIAGNÓSTICO DO AGENTE TÉRMICO Quando as queimaduras são produzidas por FOGO. a intensidade da agressão é tão grande. sem elasticidade.Destroem todos os planos da pele. Mais tarde. é possível que ocorra queimadura nas fossas nasais. A vitima apresenta ruídos respiratórios decorrentes do edema da mucosa. pode-se instalar a chamada síndrome compartimental. As queimaduras profundas que interessam toda a circunferência de um segmento – queimaduras circunferenciais – podem causar constrição na fase aguda. O PULMÃO DE CHOQUE resulta de congestão e intenso edema que atinge tanto o espaço alveolar como os septos e o tecido intesticial de sustentação. à necropsia. e não do efeito térmico dos gases inalados. o que se pode diagnosticar pela presença de pêlos crestados.: Cerca de 70% dos pacientes com lesão de inalação apresentam queimadura de face. A tendência à infecção das áreas queimadas resulta de fatores locais e de alterações gerais do organismo. o calor é absorvido pela mucosa das vias superiores. As alterações mais características da mucosa lesada são: Intensa congestão e edema Focos de descamação e necrose Secreção com carvão e cinza A lesão de inalação é mais facilmente diagnosticada: Em incêndio em recintos fechados Pessoas com queimaduras faciais Pessoas que eliminam escarros com carvão ou cinza. A insuficiência renal decorre da intensa duração da filtração glomerular ou de necrose tubular aguda. mas não é muito freqüente. inclusive nas fossas nasais. as alterações hemodinâmicas. Quando for o tórax ou o pescoço. MECANISMOS DE MORTE DOS GRANDES QUEIMADOS Nas primeiras 24 horas. A capacidade de a mucosa respiratória dissipar o calor é muito alta e impede a queimadura da traquéia e dos brônquios. É comum. A maior causa de morte é a infecção. como o choque. faringe e laringe. Obs. observar grande aumento do peso dos pulmões. ou por meio de complicaç~eos como a insuficiência renal e o chamado PULMÃO DE CHOQUE. e na de cicatrização. A fumaça produzida em incêndios contém substâncias tóxicas e irritantes sob a forma gasosa ou absorvidas à superfície das partículas de carvão em suspensão. pela retração dos tecidos. Nesses casos. é possível que haja dificuldade respiratória. por edema. em que os tecidos são comprimidos a tal ponto que há prejuízo da circulação e dano aos planos mais profundos. causadas pelas 144 | P á g i n a . A LESÃO DE INALAÇÃO resulta da ação irritante dessas substâncias sobre a mucosa das vias aéreas.LÍQUIDOS ESCALDANTES costumam produzir: Queimaduras descendentes de acordo com a força da gravidade As queimaduras por SÓLIDO INCANDESCENTE: Costumam ser profundas De contorno nítido e forma bem definida DIAGNÓSTICO DA GRAVIDADE É importante para saber se irá caracterizar lesão corporal grave ou gravíssima. Concentração elevada de monóxido de carbono no sangue é um indicador seguro da lesão. Se em um membro. que têm superfície de cor vermelho-vinhosa. mas 70% dos que têm queimadura de face não a têm. podem levar à morte diretamente. Mesmo que as chamas causem queimaduras na face. A quantidade de calor e o tempo exigidos para consumir um corpo humano por cremação são muito maiores do que os decorrentes de tentativas com gasolina ou outros combustíveis. incluindo pele. no setor epidural. tentada através da carbonização do corpo. Nas formas mais comuns. Nesse particular. com uma diminuição do volume corporal e a apresentação de uma postura com membros semifletidos (lutador de Boxe) como resultado da retração muscular. Além disso. Além do mais. CAUSA JURÍDICA DAS QUEIMADURAS A maior causa de queimaduras são os ACIDENTES. A presença de um halo de hiperemia ao redor de áreas de carbonização parcial dou de cocção dos tecidos superficiais não serve para atestar a reação vital. geralmente as vísceras estão preservadas e podem servir de fonte para colheita de sangue para exame. cinza. A temperatura necessária e o tempo exigido para tal não costumam ser atingidos na maioria dos incêndios. Localmente. o cérebro ferve e expulsa o sangue para as 145 | P á g i n a . ou radiológico. Notamse roturas irregulares desses planos em várias regiões anatômicas. Nos casos de dissimulação de homicídio praticado por outros meios. é importante saber que é possível encontrar hematoma intracraniano de formação após a morte. seguida por suicídio DIAGNÓSTICO DA REAÇÃO VITAL Nos indivíduos que sobrevivem por algumas horas. produção de substancias lipídicas antibacterianas e concorrência da flora normal. como ocorre nos crematórios. favorecem a infecção a depressão imunológica decorrente do hipermetabolismo e a insuficiência circulatória. encontramos transformação das partes moles superficiais. pioram o prognostico. É uma falsa reação inflamatória que resulta da migração do sangue das áreas cozidas para a pele da vizinhança porque os vasos sanguíneos daquelas são espremidos pela retração dos tecidos Nos incêndios. O exame interno deve incluir a coleta de sangue para dosagem do monóxido de carbono e a inspeção da árvore respiratória e do conteúdo gástrico para pesquisa da fuligem. pé possível caracterizar a reação vital através da REAÇAO INFLAMATÓRIA. Além do mais. Apesar do grau avançado de destruição superficial. em material duro. É possível o exame de DNA. que podem ser vistas pela abertura das vias respiratórias. friável. como o diabetes. juntamente com os gases tóxicos. as vísceras mostram-se bem preservadas. preto. Entre as alterações gerais. interessando apenas à epiderme. Além disso. por causa de rotura de veias da dura-máter quando ocorrem fraturas do crânio pela ação do fogo. podendo ser examinadas sem dificuldade. conforme o grau da queimadura. podemos encontrar destruição completa das extremidades dos membros e fraturas espontâneas dos seus ossos. É preciso cautela para não interpretar as fraturas pela ação do calor como lesões por ação contundente. Doenças preexistentes. são aspiradas partículas de carvão. pois o comprometimento da circulação local pelo edema e a trombose dos pequenos vasos o impedem. a área queimada representa um ótimo meio de cultura para as bactérias porque elimina os mecanismos normais de defesa – a queratinização e a descamação das células superficiais. na maioria das vezes.queimaduras. a parte do corpo voltada para o solo fica bem mais preservada. CARBONIZAÇÃO A carbonização pode ser completa. subcutâneo e musculatura. fuligem. os tecidos necróticos não são alcançados pelas células de defesa nem por antibióticos dados por via sistêmica. Pode-se usar o exame dos dentes. ela pode ser apenas superficial. Em um grau mais avançado. predominando nos membros. As bolhas das queimaduras parciais superficiais aparecem em menos de uma hora. ou preexistentes. NA FORMA LEVE: Consciente. os vasos de drenagem rompem-se e o sangue pode colecionar-se. CLASSIFICAÇÃO DA HIPOTERMIA Pode ser classificada em: LEVE MODERADA GRAVE O pH do sangue arterial demonstra acidose nas fases iniciais em decorrência do desvio do metabolismo para respiração celular anaeróbica e do aumento do ácido lático pelos tremores. deprimido e sonolento Tremor incontrolável Amnésia Vasoconstrição Taquicardia. esse tempo é bem menor. é possível identificar formas distintas de hipotermia: Acidental Induzida (ou terapêutica) A hipotermia acidental ocorre quando alguém fica exposto a ambiente de temperatura muito baixa por tempo prolongado o suficiente para esgotar sua capacidade de produção de calor. a hipotermia pode surgir espontaneamente em pessoas com disfunção do hipotálamo. Do mesmo modo. O álcool embota a reação ao frio por depressão dos centros termorreguladores e por causar vasodilatação superficial. principalmente por causa da queda do CO2 e da redução da dissociação iônica. Além disso. A partir do momento em que a queda da temperatura reduz o metabolismo. e não é necessário que a sua temperatura seja muito baixa. depois hipopnéia Broncoespasmo Produção de calor aumentada Diurese aumentada NA MODERADA: Depressão progressiva. se o meio for líquido. o pH aumenta e tende para uma alcalose.meninges. tranqüilizantes e barbitúricos. alucinações Desnudamento Dilatação pupilar Rigidez da musculatura Redução progressiva do débito cardíaco e do pulso Arritmias Sístole prolongada 146 | P á g i n a . agem alguns neurolépticos. AÇÃO DO FRIO DIFUSO – HIPOTERMIA Diz-se que há hipotermia quando a temperatura cai abaixo dos 35° C. depois bradicardia Pressão arterial aumentada Taquipnéia. tornando a pessoa mais suscetível. Algumas doenças como cirrose dificultam o ajuste ao frio por diminuírem a produção de calor. Pela retração da dura-máter. Mas . inclusive no espaço subdural. Hipoventilação Perda dos reflexos de defesa das vias respiratórias Redução do consumo de oxigênio NA FORMA GRAVE: Perda da consciência Redução do fluxo sanguíneo cerebral Reflexos oculares ausentes Imobilidade a arreflexia Pele fria e avermelhada Redução da freqüência cardíaca Hipotensão arterial Fibrilação ventricular ou assistolia Congestão e edema pulmonares Parada respiratória Redução do consumo de oxigênio. PATOGENIA Inicialmente. Com a redução mais intensa da temperatura central. distensão do esôfago e excitação do nervo vago. A temperatura corporal mais baixa aumenta a afinidade da combinação entre o oxigênio e a hemoglobina. com prejuízo da respiração celular. OUTRAS ALTERAÇÕES CAUSADAS PELO FRIO Pode ocorrer um sincope pelo frio em que a ingestão rápida de bebida gelada causa espasmo do cárdia (esfíncter que controla a passagem do esôfago para o estomago). com intensa bradicardia. Diminuem a freqüência cardíaca e respiratória. de modo que se reduz a liberação desse gás para os tecidos. Assim. há: Vasoconstrição periférica Aumento da pressão arterial Taquicardia Aceleração do metabolismo Aumento do trabalho cardíaco Tremores que fazem com que aumente a circulação nos músculos Por outro lado. Passa de aeróbica para anaeróbica. ocorre aumento da concentração do sangue pr 3 mecanismos: Fuga de liquido de dentro dos vasos para o espaço intesticial Desidratação Aumento da diurese (liberação do hormônio natriurético atrial) Isso tudo leva a um aumento da viscosidade e dificuldade de escoamento do sangue na microcirculação. a excitação dos receptores térmicos da pele desperta uma reação adrenergética comandada pelos centros do hipotálamo. 147 | P á g i n a . e Conseqüente redução da oxigenação dos tecidos. bem como a atividade do sistema nervoso e o metabolismo celular. esgota-se a fase excitatória e começa a fase de descompensação. por desidratação). A dificuldade de repolarização da membrana das células permite a entrada de íon de cálcio para o liquido intracelular. localizadas com mais freqüência sobre a fase extensora das grandes articulações. ANATOMIA PATOLÓGICA Nos casos de HIPOTERMIA FATAL. o processo se inverte. Com a excitação. ao passar por esses tecidos. As camadas mais superficiais dos diversos segmentos corporais são as primeiras a ceder calor para o exterior. de modo que a temperatura vai caindo.O movimento de íons é fundamental para manter a polarização das membranas celulares. Além disso. o sangue que vem dos vasos profundos sempre vem mais aquecido do que os tecidos superficiais e. As camadas superficiais ficam um pouco mais aquecidas. A pele costuma apresentar áreas de coloração mais intensa. Pode ocorrer tanto na hipoxia como na hipotermia. É a TEORIA DA PERFUSÃO. até então fechados pela vasoconstrição. resfriamento progressivo enquanto o meio ambiente estiver mais frio do que as camadas superficiais do corpo. o que é grave se o paciente estiver com diminuição do volume sanguÍneo (por exemplo. indispensável à excitabilidade das células. FENÔMENO DA QUEDA SUBSEQUENTE OU AFTERDROP É uma queda ainda maior da temperatura central que ocorre quando se começa a reaquecer a vitima de hipotermia. a pessoa. Destarte. o contato com a água quente abre rapidamente a circulação superficial e provoca o fenômeno do AFTERDOP. que já não treme mais. cuja tonalidade varia entre o rosa escuro e o róseo-pardo. a magnitude do afterdrop é menor. o que ativa outras enzimas que vão demolir a estrutura de lipídios das membranas até a morte celular. PECILOTERMIA – é o individuo ter variações de mais de 2°C na temperatura central sob a influencia do meio ambiente. quando volta para os planos profundos. Ao voltar para os planos profundos. desse sangue faz com que a temperatura abaixe um pouco mais do que o valor que apresentava no inicio do reaquecimento. Quando o reaquecimento externo concentra-se no tronco e não nos membros. ocorre despolarização das membranas. dilatam-se por paralisia da musculatura lisa de suas paredes. Como no inicio do reaquecimento os tecidos superficiais ainda estão mais frios do que os mais profundos. Por outro lado. se aquece novamente e repete o ciclo. se for mais intenso nos membros. como são várias camadas de tecidos. perde também o poder de guardar o calor que ainda lhe resta porque os vasos sanguíneos da pele. Na fase de hipotermia grave. forma-se uma onda de condução de calor desde o interior dos segmentos até as camadas superficiais porque sempre há uma diferença de temperatura entre a mais profunda e a mais superficial. sem haver reação do organismo. os livores hipostáticos são de cor vermelho-viva por causa do maior teor de oxiemoglobina do sangue em função da maior estabilidade dessa molécula no frio. esse aumento do fluxo na superfície rebaixa a temperatura do sangue a uma temperatura menor do que a dos planos profundos. perde mais calor. Uma complicação que pode acontecer é o agravamento do quadro clínico por queda de pressão arterial á custa da redução da resistência periférica. Mas. para explicar a queda subseqüente. ao reiniciar o reaquecimento. A rigidez muscular é mais forte e mais duradoura. porém. Se colocar a pessoa imersa numa banheira com água a 40°. Sempre há. seus vasos sanguíneos se abrem e o fluxo sanguíneo cutâneo aumenta rapidamente. mas também presentes sobre as cristas 148 | P á g i n a . haverá tendência para uma queda subseqüente maior da tc no inicio do reaquecimento. também chamada de CONVEXÃO. Assim. Em primeiro lugar. Parece que resultam de inicio de formação de lesões locais pelo frio. Daí resulta aumento da permeabilidade. A principal causa jurídica é o acidente AÇÃO DO FRIO LOCAL As lesões produzidas localmente pelo contato com corpos a temperaturas capazes de congelar os tecidos ou por exposição prolongada a temperatura ambiente congelante são chamadas de GELADURAS. Além disso. é possível achar edema. pois não há lesões patognomônicas da hipotermia. o nariz e as orelhas. O estomago pode apresentar erosões numerosas de sua mucosa. a formação dos cristais de gelo faz aumentar muito a concentração de íons dissolvidos nos líquidos celulares. A hipoxia local produz desvio da respiração celular aeróbica para anaeróbica. formando cristais que distorcem as membranas celulares. no dorso das interfalangianas proximais e em regiões da face como as malares. sugerindo um quadro final de insuficiência cardíaca congestiva. A temperatura efetiva é resultado da temperatura do ar e da velocidade do vento. O PÉ-DETRINCHEIRA é um tipo particular de geladura. com passagem de liquido com proteínas para o setor extracelular intesticial e edema. As correntes de ar que se deslocam sobre as partes expostas da pele aceleram muito o congelamento dos tecidos. chamadas de ÚLERAS DE WISCHNEVSKY DIAGNÓSTICO DA HIPOTERMIA E CAUSA JURÍDICA Tratando-se de cadáver. com infiltração inflamatória. gerando hipoxia dos tecidos. PATOGENIA Embora o resfriamento dos tecidos reduza o metabolismo. que dificulta ainda mais o escoamento. o que é lesivo. Os pulmões apresentam edema moderado a intenso. O revestimento endotelial dos vasos é lesado. caracterizando vasculite aguda. Ao exame interno. o seu congelamento causa lesões pro 3 mecanismos intimamente relacionados. O coração tem as cavidades direitas bastante dilatadas. Em regiões mais baixas.ilíacas. Há trombose das artérias de calibre médio. com formação de radicais ácidos. há grande redução da circulação local por meio de intensa vasoconstrição. CLASSIFICAÇÃO As geladuras podem ser classificadas em: 149 | P á g i n a . como os pés e o terço inferior das pernas. com focos de hemorragia. o diagnóstico fica mais difícil. o congelamento é lento. Nos tecidos vivos expostos a temperatura abaixo de zero. O efeito é ampliado pelo aumento da concentração do sangue. Os brônquios e a traquéia contêm espuma rósea. O efeito da temperatura baixa torna-se muito maior quando há vento. Roupas apertadas e pouca mobilização dos segmentos corporais reduzem a circulação local e antecipam a instalação de lesões. Em segundo lugar. o congelamento dos líquidos intra e extracelulares cria cristais de gelo cujo tamanho depende da velocidade do resfriamento. Roupas úmidas aumentam a condutibilidade térmica e facilitam o resfriamento. nota-se: Congestão polivisceral. maior o fluxo de energia através do condutor. dormência e aumento da sensibilidade ao frio. Esse fio é chamado de CONDUTOR e tem a função de escoar a energia elétrica do maior para o menor potencial. As bolhas hemorrágicas instalam-se mais lentamente. é preciso que se gaste energia fazendo com que ela armazene essa energia durante o deslocamento e fique com maior potencial energético. ELETRICIDADE INDUSTRIAL (ELETROPLESSÃO) ASPECTOS FÍSICOS O valor do vetor campo elétrico é expresso em termos de força sobre carga elétrica. em que N é o NEWTON (unidade de força) e C é o COULOMB (unidade de carga elétrica). formam-se bolhas de conteúdo límpido e cristalino nas 6 a 12 horas após o descongelamento De 3° GRAU. distúrbios da pigmentação. Para deslocar uma carga elétrica de um ponto para outro dentro do campo elétrico. E de FULGURAÇÃO à ação da eletricidade natural. a passagem de energia faz-se do pólo positivo 150 | P á g i n a . Convencionou-se chamar de positivo o que tem nível mais elevado e de negativo o de nível inferior. a pessoa apresenta pelo de tonalidade rósea mais escura. é preciso que se realize um trabalho. além do edema. Também costuma ser representado por V/m. Pode er expresso em N/C. O 4° GRAU caracteriza-se pela necrose do segmento afetado. Por isso. duas cargas situadas em um campo elétrico só apresentam o mesmo nível de energia se estiverem à mesma distancia da carga geradora desse campo. a maioria dos autores reconhece como altas as voltagens acima de 1. ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS Algum tempo depois da lesão (anos). Assim como a água fluirá da caixa mais alta para a mais baixa se estabelecermos uma comunicação entre elas por meio de um cano. em que V é a unidade de diferença de potencial e m é o metro. Quanto maior a diferença de potencial. e é medida em volts (V). mas ainda pode ser deprimida com pequena compressão. Nas de 2° GRAU. Assim. que pode ser de ganho ou de perda de energia. terão potenciais energéticos diferentes. A diferença de potencial é chamada de VOLTAGEM. de consistência de placa endurecida. Ou seja.Superficiais – 1° e 2° graus Profundas – 3° e 4° graus As lesões de 1° GRAU constam de uma área pálida em que a pele tem consistência aumentada. a força de atração ou repulsão exercida sobre a unidade de carga elétrica. a energia elétrica se escoará se ligarmos dois pontos com potenciais energéticos diferentes por meio de um fio. hipotermia dos segmentos afetados. É semelhante ao que se observa quando duas caixas d’água estão a alturas diferentes com relação ao solo. com bolhas pequenas e de conteúdo hemorrágico. A mais alta tem mais energia potencial mecânica que a mais baixa.000 V. Para levar a carga contra sua tendência natural. LESÕES E MORTE POR AÇÃO ELÉTRICA Dá-se o nome de ELETROPLESSÃO às lesões causadas pela energia elétrica produzida em usinas. cercada por um halo de hiperemia. Se estiverem a distancias desiguais. não depressível. Tem sido referidas alterações de enrijecimento articular e áreas de desmineralização e destruição óssea nos segmentos comprometidos pelo acidente. podem-se constatar: Hiperidrose (aumento da sudorese nos pés e nas mãos). a corrente flui em menor intensidade pelo de menor resistência. A resistência elétrica global do seu corpo varia de acordo com o estado da pele. representados pelos diversos tecidos que o constituem. Se estiver úmida. Na verdade. pode haver seu abaixamento. A resistência é a dificuldade que o corp oferece ao escoamento da eletricidade. na dependência do que se chama de RESISTÊNCIA ELÉTRICA. Quando EM PARALELO. Quanto mais calibroso. no primeiro caso. Mas há quem admita o contrario. e é medida em ciclos por segundo (HERTZ). cada um dos resistores transporta toda a cortente. medida em SIEMENS. ou CICLAGEM.para o negativo de modo semelhante ao que ocorre quando se ligam os dois reservatórios de água. O inverso da resistência é a CONDUTÂNCIA. A corrente elétrica é chamada de CONTÍNUA quando os pólos permanecem constantes. Falar que uma corrente tem freqüência de 60 HERTZ significa que o seu pólo positivo muda para negativo 60 vezes em cada segundo. mas sim uma associação de vários resistores. Mesmo nos casos em que a resistência inicial é muito elevada. a facilidade de escoamento da energia através do condutor. De modo análogo a um sistema de vasos para transporte de líquidos. em virtude de lesão provocada pela passagem da corrente. É chamada de LATERNADA quando eles trocam de sinal periodicamente. O fluxo de energia constitui a CORRENTE ELÉTRICA. A resistência varia de um para outro condutor de acordo com: Seu comprimento Seu diâmetro A substância de que é feito. Considerando o homem um condutor elétrico. ou seja. É também chamada de IMPENDÂNCIA e medida pela unidade chamada OHM. A velocidade com que os pólos da corrente alternada trocam de sinal é chamada de FREQUÊNCIA. a resistência diminui muito. R= I. Quando EM SÉRIE. porém. justamente o local de entrada e saída da corrente na grande maioria dos acidentes. Aumenta em razão direta do comprimento e da resistividade do material e na razão inversa da área de sua secção transversal. maior sua resistência. Os resistores podem ser associados de modo linear contínuo ou por meio de ligações colaterais que derivam do tronco principal. a quantidade de eletricidade que flui por um condutor varia com sua resistência ao escoamento e com a diferença de potencial entre as duas extremidades do sistema. se o contato for prolongado. que a resistência aumenta durante a passagem da corrente em função da desidratação da área de contato. onde é máxima. 151 | P á g i n a . também chamado de RESISTOR. Cada corpo conduz a energia elétrica com maior ou menor facilidade. dizemos que estão ASSOCIADOS EM SÉRIE e no segundo. menor será a resistência. p/s I é o comprimento P é a resistividade S é a secção transversa do condutor. que estão ASSOCIADOS EM PARALELO. o que ocorre é um fluxo de elétrons do pólo negativo para o positivo. veremos que ele não é um resistor simples. Quanto mais longo o condutor. já que a matéria viva consta de uma solução aquosa complexa em que estão dissolvidas substâncias minerais e orgânicas. dos vasos e do osso estarão associados em série. A associação de resistências em paralelo faz com que se mantenha a diferença de potencial e flua mais corrente pelo resistor de menor resistência. dos vasos e do osso dispõem-se numa associação em paralelo. e o que faz o tretorno tem o nome de NEUTRO. os tecidos da pele. associa-se com ele em série e a corrente flui pelo seu membro superior. a menos que esteja isolado por um sapato de borracha. Algumas dessas propriedades explicam parte dos seus efeitos sobre os seres vivos. muitas delas com aquela capacidade de se dissociar em íons. os tecidos da pele. Por isso. o que não quer dizer que essa não seja influenciada pelo campo elétrico gerado por aquela. se o contato for feito com uma mão em cada pólo. não em paralelo.Nos circuitos de corrente alternada. Para que ocorra um acidente pela energia elétrica não é necessário que o individuo segure ou faça contato com os dois pólos do circuito. Desse modo. Se for entre a mão e o pé direitos. A passagem de uma corrente contínua por uma solução de cloreto de sódio fará com que o ÍON CLORO (carregado com carga negativa) se desloque para o pólo positivo e o SÓDIO (carregado com carga positiva) e busque o pólo negativo da corrente. o lado esquerdo é atravessado por corrente menos intensa. fica associada em série com o condutor e escoa toda a energia para a terra. O solo é o referencial elétrico de valor zero. Assim. o fio que traz a energia é chamado de FASE. Esse fenômeno é chamado de ELETRÓLISE e tem muita importância biológica. Chama-se de EFEITO JOULE a transformação da corrente elétrica em calor ao atravessar uma resistência. AÇÃO ELÉTRICA 152 | P á g i n a . a luz e o movimento. Mas. aquele de menor resistência elétrica. dos músculos. se os eletrodos forem colocados em faces opostas de um segmento de membro. Outra propriedade da corrente elétrica é a de promover a migração de partículas eletricamente ativas de uma solução (os íons) para o pólo de sinal oposto. e esse esforço aquecerá o resistor. Mas. A corrente alternada não é capaz de produzir a eletrólise porque seus pólos positivo e negativo trocam de posição com muita rapidez. ao longo do membro. Quando uma pessoa segura a ponta de um fio eletrizado com uma das mãos. mas quase não passa pelos membros inferiores. A eletricidade pode ser transformada em outras formas de energia. Assim. Quanto maior for a resistência. esá associada em paralelo e a quantidade de energia que se escoa para o solo depende do valor da resistência global do seu corpo. o maior aquecimento será no tecido muscular. a corrente não passa pela cabeça. se segurar um fio íntegro de uma rede aérea. a corrente atravessará do pólo positivo para o negativo. o maior aquecimento ocorrerá na pele. Basta que ele toque o pólo positivo e escoe a energia para o solo. maior esforço fará a corrente para atravessá-lo. Em ambos os casos. que é o manancial para onde tende a se dirigir toda a corrente. Não podemos esquecer que a corrente consta de cargas elétricas em movimento capazes de gerar um campo elétrico ao redor do condutor. incluindo luvas ou sapatos. Contudo. Outro principio que precisamos conhecer é que a corrente flui pelo caminho mais curto entre os dois pólos do circuito. a corrente atravessa o tronco. Quando um individuo segura a ponta de um fio elétrico. os músculos. A quantidade de calor produzida é diretamente proporcional: À intensidade da corrente À voltagem do circuito Ao seu tempo de duração e À resistência do resistor. como l calor. é necessário que tanto o núcleo quanto o citoplasma da célula estejam íntegros e que mantenham sua constituição físico-química. potássio e cálcio na célula também são distorcidos pelas forças geradas pelo campo elétrico. tentando compensar os fluxos estabelecidos através desses poros. que forma outros poros e assim por diante. Outro dado importante com relação à eletroperfuração é o tempo em que permanecem abertos os poros. seu rompimento acaba forçando a permeabilização da membrana. de acordo com o sistema enzimático da célula. Normalmente. a despolarização 153 | P á g i n a . comprometem as funções celulares.A ação elétrica se faz sentir tanto pelos efeitos excitatórios da corrente como pela formação de um campo elétrico através das membranas celulares. Como essa camada de lipídios está intimamente aderida às moléculas protéicas que integram a membrana celular. a célula não consegue manter as indispensáveis concentrações dos íons de sódio e potássio. Quando os poros permanecem abertos. em forma de cratera. respectivamente fora e dentro do citoplasma. porque seu estoque de energia logo se esgota. que apresenta cargas positivas do lado externo e negativas do lado interno. e a conseqüente polarização da sua membrana. A formação dos poros deve-se às alterações provocadas pelos campos elétricos na camada lipídica dupla que toda membrana celular apresenta. Para que a membrana celular funcione bem. a membrana está polarizada. que ativam reações químicas que acabam por destruir a estrutura da célula. A ELETROPERFURAÇÃO é uma lesão das membranas celulares caracterizada pela formação de poros com diâmetro aumentado. A resposta pode ser uma secreção. que são proporcionais ao número de poros formados e ao seu diâmetro médio. à medida que eles se vão formando. Além do mais. É preciso que esses choques. principalmente a entrada de íons de cálcio. O aumento da permeabilidade e a perda da seletividade da membrana celular. O primeiro pulso forma alguns poros. tenham duração maior ou que sejam mais próximos entre si. Toda célula é revestida por uma membrana por onde encontram nutrientes e pó onde saem substâncias indesejáveis. Quando são muito próximos entre si. há uma polarização da membrana celular. que estabelecem continuidade entre o citoplasma celular e o meio extracelular. ou pulsos elétricos. Se essa membrana fica mais permeável. Os canais protéicos que existem normalmente na membrana celular e que servem para permitir ou barrar o ingresso de íons como sódio. mas com maior quantidade do Na+. Esse tempo depende da intensidade do campo elétrico que os causou e da forma geométrica das células permeabilizadas. Modificações no valor do potencial transmembrana afetam intensamente a estrutura molecular da membrana celular por causa da grande alteração do campo elétrico. o consumo energético aumenta exageradamente e a célula morre exaurida. AÇÃO DA CORRENTE ELÉTRICA Uma condição básica para que haja estimulação celular é que algum agente desencadeie uma modificação do potencial elétrico transmembrana. Essa sobra de sódio atrai cargas elétricas negativas que ficam aderidas à face interna da membrana celular. um impulso nervoso ou uma contração. Essa polarização resulta do acúmulo principalmente de íons de sódio (Na+) do lado de fora e de íons de potássio (K+) do lado de dentro da célula. há uma somação dos seus efeitos. reduzindo o potencial elétrico transmembrana necessário para a abertura de novos poros. Desse modo. antes que eles se fecham vem outro choque. Por um mecanismo físico-químico. aumenta a corrente elétrica para dentro da célula. Ela serve como um meio de separação que impede a mistura das substâncias dissolvidas no citoplasma com as que são presentes no meio extracelular. propaga-se por toda a superfície celular. fica preso com a mão crispada sobre o condutor. Consiste no tempo em que o sistema energético da célula funciona para restabelecer o estado normal de polaridade. sem o sincronismo necessário para esvaziar os ventrículos. Existe um momento breve. A ciclagem da corrente também altera o seu potencial para causar a fibrilação ventricular. que chegam a prender a pessoa ao condutor A parada respiratória periférica e a Fibrilação ventricular Excitar uma fibra muscular por corrente alternada de 50 Hz pode ter como resultado final uma contração espasmódica de toda a musculatura do segmento atravessado pela corrente. As correntes alternadas mais perigosas nesse sentido são as utilizadas na iluminação e na industria. A intensidade da corrente tem que ser aumentada na mesma proporção da redução do tempo. desde que ela tenha cerca de 50 a 60 Hz. só interrompida pelo desligamento do circuito. o impulso nervoso de um neurônio motor à placa motora do músculo. Como a musculatura flexora é mais potente que a extensora. a célula não responde a novas excitações. deve-se levar em consideração o tempo de direção da corrente. mas importante. É assim que se desloca. EFEITOS PROGRESSIVOS DA CORRENTE ELÉTRICA Conforme vai intensificando a corrente: Retirada reflexa da mão Sensação de formigamento Parestesia no antebraço Espasmo e tremores no antebraço Não larga o fio Parada respiratória periférica Fibrilação ventricular Assistolia FIBRILAÇÃO VENTRICULAR Consiste na contração descoordenada das fibras musculares cardíacas. caso alguém segure um fio eletrizado. Quando é excitada por uma corrente contínua. o chamado PERÍODO REFRATÁRIO da célula excitada. que ocorre depois da despolarização. Para saber a intensidade. Os efeitos que mais interessam com relação à passagem da corrente elétrica são: A simples percepção do fluxo A retirada brusca da mão Alterações da sensibilidade Espasmos musculares. Se não for revertida. leva à morte rapidamente porque corresponde a uma parada cardíaca. seu trajeto no corpo e o momento do ciclo cardíaco em que chega o choque. Os pontos de contato do corpo humano com a fonte de energia e com o solo fazem com que o fluxo de corrente através do coração varie. ou seja. Durante esse período. por exemplo. a fibra muscular contrai-se e se mantém contraída enquanto durar o fluxo elétrico até que se esgote a sua energia contrátil. 50 a 60 Hz. sem que se repolarize. 154 | P á g i n a . Uma corrente alternada de 60 Hz já é capaz de causar parada respiratória periférica por espasmo da musculatura torácica. qualquer que seja o tipo de associação. Evolui sem exsudação e não tem tendência a se infectar. tais camadas ficam em série. Localizam-se com maior freqüência na epífise superior do úmero e no cúbito. em função da resistência mais alta. Nas vértebras. as camadas dos tecidos ficam em paralelo. quando comparada aos demais tecidos do segmento. ocorre o contrario. A EXTENSÃO da marca elétrica costuma ser pequena. a sede mais comum são as apófises espinhosas. Quando se associa em SÉRIE com o condutor. Convém lembrar que a pele da área que recebe a corrente está associada em série. já que serão os mais aquecidos pelo efeito joule da corrente. o fluxo da corrente far-se-á mais por eles. distribui-se pelos outros tecidos com fluxo maior naqueles de maior condutância. a pela da mão tem que ser atravessada por toda a corrente. podemos encontrar uma lesão muito característica: A MARCA ELÉTRICA DE JELLINEK. associa-se em paralelo. É como se o braço fosse constituído por alguns cilindros de tecido um dentro do outro. sendo o osso o cilindro central. que é uma forma especial de queimadura. é tão forte a ponto de produzir fraturas ou luxações de um ou mais ossos. geralmente na junção com o tendão que lhe dá continuidade. nos tipos comuns de contato da pessoa com um fio eletrizado. Nos acidentes causados por VOLTAGENS BAIXAS. Por isso. Na verdade.OUTROS EFEITOS A intensidade da contração muscular depende da intensidade da corrente. dependendo da resistência da pele e do tempo de duração do contato. por ter menor condutância. o membro superior está associado em série. Assim. Assim. já que os vasos sanguíneos da região são igualmente coagulados pela ação térmica. os músculos é que aquecem o osso. AÇÃO TÉRMICA DA CORRENTE (EFEITO JOULE) As lesões térmicas encontradas em cada acidente pela eletricidade dependem. o que não ocorre quando está associado em PARALELO. Quando a corrente flui ao longo do membro superior. no caso de a mão segurar a ponta de um fio vivo. ora são aquelas causadas por arcos voltaicos. A corrente que flui por seu corpo para o solo é menor eu que a que fluiria se ele segurasse a ponta viva de um fio partido. A forte contração pode causar também rotura do próprio músculo. Nos casos em que o individuo toca um condutor fortemente eletrizado mas íntegro. quando atravessa o membro de uma face à oposta. Já se admitiu que o osso. mas atinge grande profundidade. Depois que a corrente a atravessa. entre outros fatores: Da voltagem Da resistência dos contatos Da forma de associação da vitima com o condutor Da facilidade de escoamento da energia para o solo Ora são lesões encontradas nos pontos de contato. Mas são descritas fraturas mais graves e luxações com lesão medular e conseqüente prejuízo neurológico. seria mais aquecido do que os músculos adjacentes e para eles cederia calor. 155 | P á g i n a . principalmente quando ela está seca. conduz toda a intensidade da corrente. que corta os tecidos sem provocar sangramento. mas os diversos planos dos tecidos estão em paralelo. Mas isso não significa que todos os tecidos do segmento que estabelece o contato estejam associados do mesmo modo. O caminho percorrido pela corrente é que vai determinar o tipo de associação. É esse o principio do bisturi elétrico. é comum que encontremos lesão intensa da pele. Como os tecidos de menor resistência são o sangue e o muscular. Em alguns casos. Nas áreas adjacentes à marca elétrica. O vaso afetado é obstruído. O fluxo da corrente ao longo de um membro aquece preferencialmente o tecido muscular. com pouca nitidez dos detalhes da cromatina. Uma das conseqüências do aquecimento dos vasos é a lesão do endotélio. conseqüentemente. principalmente nas artérias. Conforme aumenta a quantidade de calor. a presença de um halo de hiperemia ao redor de uma marca elétrica endurecida resulta da expulsão do sangue do interior dos vasos da pele afetada. cruzando a região palmar a a face palmar dos dedos. observam-se lesões alongadas. nos pés. o fundo fica mais escuro. o efeito joule da corrente é muito mais intenso. o aquecimento de suas paredes.Com freqüência. passando do amarelado ao pardo e ao negro. mesmo que não se percebem lesões cutâneas muito intensas. podendo reproduzir em baixo-relevo as irregularidades de sua superfície. que leva à agregação de plaquetas. se houver carbonização. que aparece no meio da pele sadia como que incrustada Bordas elevadas Fundo retraído Pode imitar o condutor Lesões alongadas quando por fio Fundo vai escurecendo. surge uma reação inflamatória com hiperemia e edema após 12 a 24 horas. Características: Extensão costuma ser pequena. conforme carboniza Quando a morte ocorre se dá no momento do acidente. não há tempo para que se instale qualquer sinal de reação vital. Nos casos de alta voltagem. mas acontecem. o que pode ser dosado para avaliação da gravidade do caso. formando-se ao redor da zona seca um sulco que vai-se desprendendo paulatinamente. Nesses casos. Esta revela núcleos alongados e perpendiculares à superfície formando feixes e paliçadas. coagulação do sangue e trombose. O vapor produzido pela ebulição dos líquidos tissulares desloca os tecidos e forma cavidades de tamanho variado cercado por elementos comprimidos tanto na derme como na epiderme. ultrapassado o limiar de 156 | P á g i n a . Obs. o que aumentaria o fluxo de corrente pelos vasos e. firme. Não é possível fazer diagnostico diferencial entre a marca elétrica de um acidente com morte imediata e a produzida em um cadáver. Quando se trata de ALTA VOLTAGEM. Quando se trata de um fio. tem forma que imita a do condutor. Dias depois. o tecido morto começa a se destacar da pele vizinha.: a direção dos vasos mais calibrosos é a mesma do fluxo e do campo elétrico. há grave comprometimento dos músculos. Os pontos de entrada da corrente geralmente estão situados nas mãos. Os cortes histológicos da pele lesada apresentam alterações características decorrentes da ação térmica da corrente. de grande profundidade Evolui sem exsudação e não tem tendência a infectar Forma circular ou elíptica Cor branco-amarelada. com o passar das horas. na cabeça ou em outra região da pele. em forma de canal. Há quem atribua tais lesões ao fato de o sangue ser bom condutor de eletricidade. que apresenta a maior condutância. Os contatos em mucosas são menos freqüentes. A grande elevação da temperatura provoca lesões vasculares importantes. que são espremidos de modo semelhante ao que se dá nas queimaduras post mortem. Essa proteína é eliminada pelos rins e. A destruição maciça das fibras musculares libera grande quantidade de mioglobina para o sangue. como nos punhos e joelhos. sendo lançado sobre a pele da vitima. tendo o ar de permeio. Os arcos podem se formar entre dois segmentos do próprio indivíduo durante a passagem da corrente. A forma do condutor pode facilitar a formação do arco se houver pontas. É chamado de ARC BURNS. Na parte dos membros em que há uma redução da secção transversa. Desse modo. o que diminui a densidade do fluxo de eletricidade em cada ponto da pele. e sua elasticidade diminui tanto que se torna difícil de preguear. caracterizada por numerosos pontos de carbonização agrupados. pode haver explosão da caixa craniana devido à ebulição instantânea do cérebro. AÇÃO LUMINOSA A transformação de energia elétrica em luz geralmente não causa lesões. Assim. é preciso que haja grande proximidade entre o condutor e o ponto de escoamento. o aquecimento é menor e não chega a produzir lesões semelhantes às de entrada. a área de saída revela lesão diferente da marca elétrica. COMPLICAÇÕES As lesões pela energia elétrica costumam ser de menor extensão. mas separados por pele menos lesada ou íntegra.excreção. 157 | P á g i n a . sempre buscando o caminho mais curto para o solo. Com o tempo. A corrente elétrica que flui é pequena nas centelhas e grande nos raios. o aquecimento é mais intenso nessas regiões. Além disso. a lesão muscular desperta reação inflamatória. avermelhada. podemos ter uma faísca saltando para a mão e outra da mão para o tronco. o metal funde e se vaporiza de modo explosivo. de intensa luminosidade. mas tendem a se ampliar muito mais com o tempo do que as pelo calor. A área de saída da corrente costuma ser maior do que a de entrada. Em 3 a 4 horas. É o que se chama de METALIZAÇÃO. mesmo havendo um meio isolante entre a região de saída e o solo. Nos casos de instrumentos de aço. Quando a pessoa é atingida por um arco voltaico sobre um objeto metálico que esteja portando. Quando o contato é feito com a cabeça. com intenso edema do tecido conjuntivo de sustentação das fibras musculares. o que ocorre se o circuito não é desligado. a diferença de potencial entre a pele eletrizada e o chão fica tão grande que se formam pequenos arcos voltaicos através da pele e do sapato. começa a haver depósito nos túbulos renais. com grande concentração de feixes de elétrons. a densidade do fluxo elétrico aumenta e as linhas do campo elétrico ficam mais próximas entre si. que pulam do condutor com alta voltagem para qualquer corpo que permita o escoamento da energia para o solo. Assim. Mas a luminosidade intensa dos arcos voltaicos pode ser lesiva. com obstrução e conseqüente insuficiência renal. a roupa pode incendiar-se por causa dos arcos de grande energia e aumentar as áreas de pele queimada. descama e volta ao normal. Nessas condições. A pele e os tecidos subjacentes do local onde atua o arco voltaico são carbonizados. LESÕES POR ARCOS VOLTAICOS São centelhas. a cor é cinza-escura e nos instrumentos de cobre. Assim. pois o efeito térmico independe da temperatura e está relacionada mais com a voltagem. Para que surjam. O mais importante é a quantidade de energia. Sua morbidade é maior. A intensidade da carbonização e da cocção dos tecidos depende da voltagem e da repetição das descargas. já é possível haver necrose muscular. Nos casos de ALTA VOLTAGEM. ou faíscas. A pele fica dura e seca. A luz dos arcos voltaicos pode causar ceratite. É o que ocorre na cadeira elétrica. assim como da ação contundente secundária a fraturas e luxações decorrentes das contrações musculares ou de quedas sofridas durante o choque. Assim. O calor produzido seria capaz de alterar a estrutura do cristalino. Tanto o diafragma quanto os músculos da parede costal e abdominal contraem-se de modo espasmódico e impedem a movimentação respiratória. como nos acidentes de alta voltagem. Pode-se admitir que a perda da consciência e a paralisia dos centros respiratórios ocorram pela eletroperfuração dos neurônios. As lesões resultam de eletroperfuração da membrana celular e da ação térmica da corrente sobre os neurônios e seus prolongamentos. Além dos efeitos mais graves e imediatos.São descritas complicações relacionadas aos sistemas nervosos central. as células nervosas sofrem dano irreparável já na faixa dos 45° C. a vitima não consegue respirar. Enquanto durar a corrente. São freqüentes convulsões e espasmos musculares violentos. A passagem da corrente de uma mão à outra. Se não se desligar o circuito por mais de 3 a 5 minutos. Outro mecanismo capaz de produzir a parada de origem central é a lesão dos neurônios pela elevação da temperatura corporal nos acidentes de alta tensão. podem aparecer outros distúrbios do ritmo e da freqüência cardíacos Os rins também podem ser lesados pelo deposito de mioglobina nos túbulos distais. Pode ocorrer catarata tardia em decorrência da corrente elétrica que passa pela cabeça. O coração é o órgão mais vulnerável à corrente elétrica. As lesões no ouvido ocorrem nos casos de fulguração com maior freqüência. Não se costuma encontrar lesões no aparelho respiratório a não ser nos casos de alta voltagem com formação de arcos voltaicos e combustão de materiais capazes de desprender gases irritantes. A formação de campos elétricos poderosos é capaz de perfurar as membranas celulares em grau variado na dependência da intensidade e da duração da corrente. Os poros formados podem-se fechar quase que imediatamente ou persistir por vários minutos. MECANISMOS DE MORTE PELA ELETROPLESSÃO A morte dos eletrocutados pode se dar por: PARADA RESPIRATÓRIA. como a fibrilação ventricular e a assistolia. Geralmente ocorre nos acidentes de média amperagem. periférico e autônomo. o tempo de perda da consciência e o de parada respiratória central podem estar na dependência da intensidade dos campos elétricos e do tempo necessário ao fechamento dos poros. de uma mão a um dos pés ou de um pé para outro não costuma causá-la. PARADA CARDÍACA 158 | P á g i n a . a menos que a voltagem seja muito elevada ou a duração bastante prolongada. O calor gerado pela passagem da corrente causa uma hipertermia em que a temperatura cerebral ultrapassa os 60° C. CENTRAL OU PERIFÉRICA PARADA CARDÍACA OU HEMORRAGIA TARDIA PARADA RESPIRATÓRIA CENTRAL Ocorre quando o tronco cerebral está interposto no circuito. instala-se um processo de asfixia que evolui para a morte. PARADA RESPIRATÓRIA PERIFÉRICA Ocorre quando a corrente passa pelo tronco. uma inflamação da córnea por lesão do seu epitélio. podendo chegar à rotura.000 OHM de resistência. a maioria das descargas elétricas ocorre dentro da própria nuvem e se distingue do raio por ser de maior duração e ter luminosidade intensa e difusa. Na maioria das vezes. teoricamente. A esse fenômeno dá-se o nome de INDIUÇAO ELETROSTÁTICA. levando à morte por assistolia. dilatam-se progressivamente. Provocam contração global da musculatura cardíaca. Correntes acima de 2 A são tidas como desfibrilantes. O atrito de partículas leva a um acumulo de cargas negativas na face inferior da nuvem e de descargas positivas nas porções mais elevadas. capazes de lesar de forma irreversível as fibras musculares cardíacas. o raio é visto como uma centelha que ume uma nuvem à terra. A nuvem do tipo cúmulo-nimbo. Acima desse valor. CAUSA JURÍDICA DA MORTE Geralmente. mas também pode levar à degeneração da parede arterial. A ação de correntes muito elevada gera campos elétricos de grande intensidade. Se mantidas por mais de 2 minutos. o coração mantém-se contraído e ocorre dano cerebral irreversível. o mais comum é a fibrilação ventricular. A ação dos raios atmosféricos é a fulguração. Se um raio de 30. induz ao acúmulo de cargas positivas no solo.000 volts porque: V=RXI MAS TAL VOLTAGEM não pode ser alcançada porque o ar só suporta potenciais de no Maximo 500.000 amperes atingir uma pessoa que tenha 1. ELETRICIDADE NATURAL (FULGURAÇÃO) A ação da eletricidade natural sobre o organismo deve ser chamada de fulguração.000 volts. A morte por eletroplessão pode ser causada por 4 mecanismos. As cargas elétricas de sinal oposto tendem a se atrair e as de mesmo sinal. HEMORRAGIA TARDIA O aquecimento da parede das artérias pode causar tormbose e obstrução. Por isso. Nos casos de BAIXA TENSÃO. a diferença de potencial seria. tende a acumular suas cargas nas extremidades. coriscos. Esse é o princípio do pára-raios.000. mas também pode ser causada por parada respiratória periférica. quando um condutor é eletrizado. por ACIDENTE. podendo ocorrer também parada cardíaca em assistolia ou hemorragia tardia. NOÇÕES FÍSICAS A eletricidade atmosférica pode manifestar-se de várias maneiras. Formase porque se desenvolve uma gigantesca diferença de potencial entre a face inferior da nuvem e a terra. Se a artéria for de calibre médio ou grande. às vezes. Mas fulminar quer dizer lançar raios. com parada em sístole. Nos acidentes de ALTA TENSÃO. formam-se arcos voltaicos 159 | P á g i n a . a se repelir. O raio comum é uma corrente continua de alta amperagem. Quando duas nuvens estão eletrizadas com cargas opostas e a diferença de potencial ultrapassa certo limiar. a descarga faz-se entre elas. A partir daí. por sua proximidade da terra. a hemorragia pode ser fatal. o mais comum é a parada respiratória central.Ocorre por FIBRILAÇÃO VENTRICULAR nos acidentes em circuitos de BAIXA VOLTAGEM ou por assistolia nos casos de alta tensão. dar a impressão de que é ascendente. Essa lesão torna as artérias friáveis e menos resistentes à pressão do sangue. Essa centelha pode ramificar-se antes de chegar ao solo e. E essas cargas positivas procuram as pontas mais latas e nela se concentram até que a energia se escoe formando o raio. No entanto. de 30. embora haja quem use o termo fulminação. Também é referida como figura em rabo de andorinha. Quando o acidente não é fatal. Pode ocorrer de haver uma passagem de corrente apenas pela superfície corporal. que se apresentam muito rasgadas de modo irregular. Uma lesão característica é a chamada de FIGURA DE LICHTENBERG. dificilmente escapa com vida. passando de um pé ao outro A vitima é atingida dentro de casa por estar em contato ou muito próxima a tomadas e aparelhos elétricos ligados a uma rede atingida A pessoa é atingida por um raio horizontal que atravessa a casa Quando o individuo é apanhado sozinho pela descarga. podendo ser puntiformes e profundas ou lineares e mais superficiais. samambaia. Os pêlos do tronco e dos membros costumam formar grupos enroscados. desaparecem desde algumas até 24 horas depois. Há varias possibilidades quanto à maneira de que o raio incidir sobre a vitima: Cai diretamente Se dispersa sobre uma área em que ela está Cai perto e emite ramos laterais que atingem a pessoa Cai perto e induz voltagem em corpo metálico que mantém contato com ela Cai perto e vem pelo chão. por vezes crestados. LESÕES CUTÂNEAS A pele apresenta queimaduras de forma e profundidade variadas. que formam ângulos agudos sempre no sentido crâniocaudal. principalmente se estiver molhado. 160 | P á g i n a . É possível que tal aspecto esteja relacionado com o estado das vestes. As de audição resultam de lesão do tímpano pelo blast gerado pelo raio. A ONDA DE CHOQUE produz lesões semelhantes às causadas pelo blast proveniente de outras formas de explosão. pescoço e abdômen. As vitimas sofrem efeito: Da eletricidade Da onda de choque gerada pela ionização do ar e Da luminosidade intensa. na visão e no sistema nervoso.para os corpos que estejam ao redor. O efeito do raio difere conforme o tipo de acidente. Outras estão relacionadas ora com o aquecimento de metais que o individuo porta. ora com a ignição das roupas. Desse modo. geralmente do lado onde ele caiu. a maior parte da energia se escoaria por fora do individuo sob a forma de raios secundários laterais. São marcas avermelhadas formadas por uma linha central de onde partem ramificações laterais irregulares. Algumas são decorrentes diretamente da ação térmica da corrente. LESÕES E MORTE POR FULGURAÇÃO Quando o corpo é atingido por um raio. localizadas com mais freqüência no tórax. a gravidade costuma ser de 5 a 10 vezes maior que a dos casos de eletroplessão. Haveria uma vaporização violenta da água. com penetração nos planos profundos. OUTRAS LESÕES Podem ocorrer lesões na audição. em um local descampado. conhecida por FLASHOVER. o que pode gerar lesões por ação contundentes quando a pessoa é arremessada. Não costuma ser bilateral. A maioria dos autores acredita que os rasgões da roupa se devem a uma explosão de dentro para fora a partir do corpo da vitima. Objetos metálicos podem apresentar marcas de combustão ou pequenos pontos de fusão. ou corrosivos. O ESTUDO DA AÇÃO QUÍMICA SERÁ DIVIDIDO EM DUAS PARTES: AÇÃ CÁUSTICA (cáusticos) AÇÃO SISTEMICA (venenos). 161 | P á g i n a . que pode ser: COAGULATIVA E SECA OU ÚMIDA E LIQUEFASCIENTE. A recuperação dos batimentos cardíacos se faz conforme o tempo de fechamento dos poros das membranas celulares. encontram-se focos de necrose no cérebro. pode haver catarata tardia. O exame interno. O tempo de passagem da corrente. Quando se está dentro de um carro. é suficiente para gerar enorme campo elétrico capaz de lesar os neurônios dos centros respiratórios e despolarizar todas as fibras cardíacas. são substancias que modificam os tecidos com que são postos em contato de modo a provocarem uma NECROSE QUÍMICA. Não há perigo para os ocupantes do veiculo. o raio passa pela lataria e pára nos pneus. Alguns podem ficar magnetizados. Cada pessoa recebe parte da energia trazida pelo raio. AÇÃO QUÍMICA. em geral. embora muito pequeno. de onde saltam arcos voltaicos para o solo. MECANISMOS DE MORTE E PERÍCIA A morte se dá por: PARADA RESPIRATÓRIA CENTRAL PARADA CARDÍACA EM ASSISTOLIA Mas a maioria morre pelo coração. o que pode levar à morte. SUBTÂNCIAS COAGULATIVAS Entre as substancias COAGULANTES podemos incluir: ÁCIDOS FORTES SAIS SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS. AÇÃO CÁUSTICA Cáusticos. A duração da parada cardiorrespiratória pode ser longa. e elas sofrem menos que quando atingidas isoladamente.TOXICOLOGIA FORENSE. como se fossem respingos ou estilhaços de uma explosão. na medula e em nervos periféricos. mas sim para alguém que esteja ao lado ou encostado na carroceria. Não tem sido descritas lesões viscerais no caso de fulguração.Quanto à visão. O raio que cai sobre a árvore salta ao acaso sobre as pessoas ali abrigadas. evidencia apenas sinais gerais de asfixia. Nos que morrem dias depois. ou hemorragia no humor vítreo. hemorragias maiores ao longo da passagem da corrente. A neuropatia refere-se a presença de petequias principalmente no tronco cerebral. edema e certos focos de necrose. Pode haver alterações da pele e dos pêlos. As diferenças qualitativas das lesões dependem de se tratar de substancia ÁCIDA ou ALCALINA. pode haver escorrimento do cáustico sobre a pele. que é uma das formas alotrópicas do mataloide. promovem rápida desidratação local e inativação de suas enzimas pela modificação intensa do pH. A outra forma alotrópica. quando a quantidade é maior. LESÕES EXTERNAS PELOS CÁUSTICOS A forma geral das lesões externas pelos cáusticos depende das circunstancias que levam ao contato da substancia com a pele. o líquido espirra sobre a vítima sob forma de gotas de tamanho variado e causa lesões circulares de diâmetros diferentes.SÃO ÁCIDOS FORTES: Acido clorídrico Ácido sulfúrico Ácido nítrico Ácido fluorídrico Ácido acético glacial SÃO SAIS COAGULANTES Nitrato de prata Cloreto de zinco Cloreto mercúrio SUBSTÂNCIAS ORGÂNICAS COAGULANTES: Fenol SUBSTÂNCIAS LIQUEFACIENTES As SUBSTANCIAS LIQUEFASCIENTES são as BASES FORTES: Soda cáustica Potassa Amônia Pode-se incluir o fósforo branco. o fósforo vermelho. Ao entrarem em contato com os tecidos.. LESÕES POR ÁCIDOS Os ÁCIDOS FORTES são ávidos por água. que entra em combustão espontânea quando em contato com o oxigênio. não tem essa propriedade. Em casos de explosão de vasilhames ou de destampamento intempestivo. Na verdade. obedecendo à lei da gravidade. mais ou menos concentradas. foge ao conceito de cáustico porque as queimaduras que produz decorrem do calor gerado por sua combustão. Assim. as lesões são: Secas De contorno preciso Consistência dura A cor tende a ser: Amarela com o ÁCIDO NÍTRICO Parda com o ÁCIDO SULFÚRICO Negra com o ÁCIDO CLORÍDRICO 162 | P á g i n a . Alguns chamam de fósforo amarelo. inclusive. LESÕES INTERNAS CAUSADAS POR AÇÃO CÁUSTICA Devem-se à ingestão e/ou aspiração do cáustico. deve ter sido uma garrafa. O FENOL (ÁCIDO CARBÓLICO. Se a pessoa estiver em PÉ OU SENTADA. fruto da reação inflamatória inicial. a profundidade das lesões varia. as lesões tendem a ser mais úmidas. vai-se formando uma HIPEREMIA ao redor das lesões. LESÕES POR ALCALIS FORTES OU BASES No caso de bases ou álcalis fortes (liqueficientes). moles e escorregadias ao toque por causa da formação de sabões com as gorduras dos tecidos. As queimaduras dos lábios podem dar. no caso de aspiração Dependendo da quantidade ingerida e do tempo de sobrevida. PROFUNDIDADE DAS LESÕES Dependendo da concentração da solução e do tempo de contato com os tecidos. destruindo os tecidos intensamente. pode haver comprometimento do duodeno e porção inicial do jejuno. A AMÔNIA ANIDRA produz queimaduras graves em que a necrose dos tecidos tem aspecto liquefativo e pode ultrapassar o plano cutâneo. um composto de cor parda. As bases fortes tendem a dissolver os tecidos Os ácidos costumam destruí-los por ação corrosiva. costuma haver queimaduras da pele ao redor da boca. Parte dessas lesões decorre de ato reflexo da vitima. Se DEITADA. ou contato prolongado. A mucosa oral e o tubo digestivo revelam coloração e consistência modificadas de acordo com o tipo de cáustico e do tempo entre a ingestão e o início do tratamento médico. que é uma substância orgânica coagulante). Mas isso não é comum porque costuma haver espasmo do piloro. uma orientação quanto à forma do vidro que continha o cáustico. a tendência é de se achar LESÕES AO LONGO DO PESCOÇO E DO TÓRAX. que regurgita ou cospe a substância ingerida. 163 | P á g i n a . O ÁCIDO NÍTRICO e o ÁCIDO SULFÚRICO são muito CORROSIVOS. produz lesões: Esbranquiçadas Quebradiças Quando o indivíduo BEBE a solução da substância CÁUSTICA. Havendo muito sangue no local atingido. todos tendem a produzir lesões escuras muito bem demarcadas com relação à pele indene. São observadas: Na boca Em toda a extensão do esôfago e do estômago Ao longo das vias aéreas. as lesões dirigem-se para as LATERAIS e para a PARTE POSTERIOR DO PESCOÇO. das narinas e lesões de escorrimento que obedecem à ação da gravidade. abrangendo de uma à outra comissura labial.Mas todos transformam a hemoglobina presente nos tecidos em hematina. Se mais concentradas na porção central e no interior da boca. Se forem largas. em contato com a pele. o mais provável é que tenha sido uma xícara ou um copo. Com o passar das horas. Pode chegar ao NEGRO. caracterizando uma GASTRITE AGUDA grave. que sofre a ação do calor intenso gerado pela reação do ácido com a água do suco gástrico. o que não impede que ele seja sede de intensas lesões e mesmo perfuração. que fica muito espessada.A mucosa resiste muito menos do que a pele porque não tem a camada de células queratinizadas presentes na epiderme. ÁCIDO NITRICO A morte varia de uma hora e meia a 30 horas. pode ocorrer INALAÇÃO DE VAPORES ou ASPIRAÇAO DO CÁUSTICO. é o ESTÔMAGO. ÁCIDO SULFÚRICO É também chamado de ÓLEO DE VITRÍOLO. ÁCIDO CLORÍDRICO 164 | P á g i n a . haverá FIBROSE das lesões devido à evolução da reação inflamatória da fase aguda. A coloração fica PARDO-ACINZENTADA ESCURA. a concentração e o tempo de contato. é possível reconhecer extensas áreas de NECROSE e DESTRUIÇÃO DA MUCOSA e edema das outras camadas da parede do órgão. As lesões gástricas tendem a ser: Secas De coloração AMARELADA A perfuração do estômago é bem menos freqüente que no caso do sulfúrico Quando da ingestão de grande quantidade. Qualquer que seja o agente cáustico. Em TODOS OS CASOS de ingestão de cáusticos. conforme o teor do sangue do segmento afetado. Nesse caso. conforme o cáustico e o tempo de sobrevida. ÁCIDOS FORTES São substâncias cáusticas coagulativas. há intenso edema pulmonar. Pode haver perfuração do órgão e conseqüente PERITONITE QUÍMICA. O órgão mais lesado. a morte é precedida de CHOQUE e COLAPSO CIRCULATÓRIO. as lesões podem restringir-se à laringe ou interessar os pulmões. Porém. podem ser observados vapores amarelados emanarem do conteúdo do suco gástrico. Conforme o grau de penetração nas vias aéreas. se a vitima sobreviver. Em geral. já que o esôfago é apenas um canal de passagem. as queimaduras evoluem para a formação de aderências entre as faces anterior e posterior do órgão. na maioria das vezes. as alterações mais características de cada cáustico são encontradas na parede gástrica. e a morte pode ser antecipada. É extremamente CORROSIVO Tende a desidratar a parede gástrica. A morte ocorre entre 18 e 24 horas. Apesar de o ESÔFAGO ser um órgão de passagem para o estômago. notam-se congestão intensa e hemorragia de intensidade variável. Simultaneamente à ingestão. A intensidade pode ser ATENUADA se o cáustico encontra o estomago cheio de ALIMENTOS. Havendo SOBREVIDA POR MAIS DE UM DIA. levando à ESTENOSE CICATRICIAL. de intensidade variada. Logo após a ingestão. Há possibilidade real de perfuração EM VIDA ou APÓS A MORTE. do segmento lesado. as mucosas ficam: Muito congestas Com edema intenso. A redução drástica dos níveis de cálcio do sangue tem efeito sobre os músculos em geral. em menos de uma hora. A sobrevida mínima é de 4 a 5 minutos. A parede gástrica fica: Muito espessada e edematosa Coberta por líquido espesso. mas de intenso efeito sistêmico. BASES FORTES AMÔNIA Pode ser encontrada em solução concentrada ou sob a forma ANIDRA de GÁS AMÔNICO liquefeito. causando CONTRAÇÕES INVOLUNTÁRIAS que culminam com CONVULSÕES e PARADA RESPIRATÓRIA. Efeitos corrosivos menores que nos outros ácidos. No estômago: A mucosa fica de coloração PARDO-AVERMELHADA tão mais escura quanto maior a quantidade de sangue. conforme a quantidade de sangue modificada. Leva à morte em cerca de 4 a 24 horas. faríngea e esofagiana. com coloração que vai do ACINZENTADO ao NEGRO. ÁCIDO OXÁLICO Leva à morte nos casos agudos. com rouquidão Nos casos de acidentes com o gás Queimaduras cutâneas de extensão variada 165 | P á g i n a . promovendo HIPEOCALCEMIA gravíssima. que combina-se com o cálcio do sangue e dos tecidos. causando vômitos Pode haver eliminação de fragmentos de mucosa e estrias de sangue Edema da mucosa laríngea Edema das cordas vocais. Erosões e despregamento Presença de cristais de oxalato de cálcio A morte é muito mais rápida do que com os outros cáusticos citados em função da absorção do ácido.Também conhecido como ÁCIDO MURIÁTICO. com pequenas estrias avermelhadas por hemorragia. Coloração ESBRANQUIÇADA nas mucosas oral. No caso de ingestão: Corrosão de intensidade menor que nos ácidos fortes Mucosa gástrica endemaciada. Ambos são extremamente irritantes para as mucosas. e conseqüentemente produção de hematina. Assim. tanto é possível ocorrer: A INGESTÃO INTENCIONAL do líquido ou ACIDENTES por ESCAPAMENTOS ou EXPLOSÃO DOS CILINDROS DE GÁS. Os acidentes com a soda cáustica são mais freqüentes e ocorrem principalmente no lar Atualmente. mas nem todas podem ser consideradas veneno. Os tecidos tratados pelo formol adquirem: Consistência firme Elasticidade reduzida Coloração PARDO-ACINZENTADA de tonalidade mais ou menos escura conforme a quantidade de sangue presente. A morte se dá. O uso doloso de agentes cáusticos para matar praticamente desapareceu. Causa deformidade permanente (art. O couro curtido difere da pelo do animal pelo fato de ter sido fixado. chega a causar perfuração do intestino delgado. 129. Às vezes. A PELE HUMANA VIVA em contato com o formol. Não se pode confundir intoxicação exógena com envenenamento. parágrafo 2°. nos casos de lesão da face. Mas o crime de VITRIOLAGEM ainda é usual. Todas as substâncias podem causar uma intoxicação. O estomago fica: Contraído Consistência aumentada Pouca elasticidade Mucosa pregueada de coloração RÓSEO-ACINZENTADA DIAGÓSTICO DA CAUSA JURÍDICA DA AÇÃO CÁUSTICA O suicídio pela ingestão de cáusticos é raro. torna-se mais SECA E CONSISTENTE. a ingestão da solução concentrada é capaz de causar NECROSE TRANSMURAL DO ESÔFAGO em tempo curtíssimo. Por isso. mas nem toda intoxicação exógena é um envenenamento. Com o passar dos dias. Necrose liquefativa na pele Pode haver lesão de inalação com edema da mucosa respiratória e pulmonar. INCIDÊNCIA E CAUSA JURÍDICA 166 | P á g i n a . nas primeiras 24 horas. Pode sofrer FÍSTULA ESOFAGOAÓRTICA. em geral. é aconselhável intubar a vitima para impedir a obstrução da laringe pelo edema de glote. o HIDRÓXIDO DE POTÁSSIO. por edema de glote. SODA CÁUSTICA E POTASSA A soda cáustica é o HIDRÓXIDO DE SÓDIA e a POTASSA CÁUSTICA. AÇÃO SISTÊMICA Pode-se afirmar que todo envenenamento é uma INTOXICAÇÃO EXÓGENA. AGENTE FIXADOR FORMOL É um fixador NÃO COAGULANTE. Alcança o ESTÔMAGO onde causa NECROSE intensa e de cor QUASE NEGRA pela formação da hematina alcalina. há DESCAMAÇAO DAS CAMADAS SUPERFICIAIS. rico em ácido clorídrico. é menos tóxico quando por via endovenosa. usada para tratamento de micoses superficiais. Mas a posição estratégica do fígado az com que seja uma barreira seletiva 167 | P á g i n a . o organismo costuma se defender por meio de vômitos e diarréia. barbitúrico usado em anestesia. Assim.vegetal e animal. Quando injetada nas veias. Há agentes que só são ativos por via oral e outros. que é alterado para subprodutos mais tóxicos pelo suco gástrico.: fenol. é absorvida mais rapidamente quando tomada em meio a refeição rica em gorduras. principalmente se o estômago estiver com alimentos. Embora possa haver pequena absorção na boca ou ao longo do esÇofago. O tiopental. Quando se ingere uma substância tóxica. diminui a velocidade de absorção no estômago. um tranqüilizante.As intoxicações exógenas incluem a ação de vários tipos de substâncias dos reinos mineral. Mas há substâncias que tem efeito bloqueador das terminações nervosas da mucosa gástrica. só depois. mas a maioria entra na circulação sanguínea pela veia porta. Sua ingestão não causa dano porque são inativados pelo suco gástrico. geralmente. O mesmo ocorre com a dixirazina. lícitas ou ilícitas. o vidro moído pode ser deglutido que jamais sua matéria fará parte do organismo. apenas por via parenteral. VIA ORAL É a via principal de introdução de tóxicos no organismo. mas outras precisam ser alteradas pelo suco gástrico. Mas há exceções. os VENENOS DE COBRA e o CURARE só exercem sua ação tóxica quando introduzidos por VIA PARENTERAL. As substâncias absorvidas pela via digestiva seguem dois caminhos: Algumas são transportadas pelos vasos linfáticos. FISIOPATOLOGIA VIAS DE INTRODUÇÃO A via oral retarda um pouco a absorção. Por exemplo. aumentam de modo significativo o número de mortes violentas. o local onde a absorção começa a ser significativa é o estômago. O tóxico precisa ser dissolvido em água ou emulsificado em minúsculas gotículas gordurosas par ser absorvido. o que impedirá o vômito. A GRISEOFULVINA. pois a absorção ao nível dos pulmões faz com que caia diretamente no sangue que vai dos pulmões para o lado esquerdo do coração e daí para o sistema arterial. que é altamente tóxico. o dano ao órgão também será mais grave. como o ÁLCOOL. ir aos pulmões e. o CIANETO DE POTÁSSIO reage com esse ácido e produz o gás cianídrico. A inalação. chegam ao fígado em concentração maior do que se forem administradas por meio de injeção. indo diretamente ao fígado antes de serem distribuídas pelo resto do organismo. A absorção de substancias tóxicas depende muito da via pela qual é introduzida no organismo. No caso de serem hepatotóxicas. Assim. Mas a simples presença de alguma substância na luz do tubo digestivo não significa que ela está dentro do organismo. voltar para o coração pelo lado esquerdo a fim de serem distribuídas pelas artérias. Tanto alteram os reflexos dos que seguram o volante como acirram os ânimos. as drogas têm que passar pelo lado direito do coração. porém é o caminho mais rápido para que uma droga atinja os locais dos tecidos onde estão os seus receptores. Várias substancias são DIRETAMENTE ABSORVIDAS através de suas paredes. É importante acrescentar que as drogas de abuso. Por isso. Ex. A presença de alimentos. pois nunca será absorvida. Por outro lado. ou seja. de modo a que o organismo tenha tempo de excretar a 168 | P á g i n a .que impede que vários tóxicos atinjam outros órgãos. depende: Da velocidade de injeção. sua ação biológica. RARAMENTE EM TENTATIVAS DE HOMICÍDIO. Isso explica por que a cocaína fumada como CRACK tem efeito muito mais rápido do que a cheirada ou injetada. alguns medicamentos injetados são de remoção mais difícil do local de injeção. A INTRAVENOSA lança o tóxico diretamente na corrente sanguínea. A lavagem com mistura de CLOROFÓRMIO e METANOL aumenta muito a sua PERMEABILIDADE. INTRAFECAL (espaço subaracnóideo do sistema nervoso) e. Mas outras colocam a substância em um local de onde ela tem que ser removida e distribuída depois de atravessar a parede dos vasos capilares. A remoção da gordura da pele aumenta a absorção por sua superfície. é ele o principal agente detoxificador. como o TETRACLORETO DE CARBÓNO e o CLOROFÓRMIO . A bomba de gás lacrimogêneo é uma acetofenona com efeito anestesiante. Alguns HIDROCARBONETOS HALOGENADOS usados na indústrias de solventes. Abrange INJEÇAO INTRADÉRMICA. é preciso que a droga atravesse o epitélio ou penetre pelos poros. INTRAVENOSA. VIA AÉREA As substancias inaladas caem rapidamente no sangue arterial porque não precisam passar pelo lado direito do coração. ALCOÓIS e ÉTERES de baixo peso molecular e outras como a NICOTINA e a ESTRICNINA comportam-se dessa forma. só depois. ou eliminada diretamente. principalmente quando não-polarizadas. AMINAS. pode ser empregada por viciados em drogas injetáveis e. seguindo a vontade do indivíduo. A água atravessa a pele com facilidade. fazendo o que se chama de ciclo êntero-hepático. de modo a ampliar o efeito farmacológico da droga. inclusive no inferior das grandes cavidades. Alguns viciados em heroína fazem a injeção intravenosa com o garrote ainda preso e. Nesses casos. Algumas voltam a ser absorvidas a partir da luz intestinal. Parte dessas substâncias é excretada na bile após conjugação de substratos orgânicos como o ácido glicurônico. A concentração sanguínea de uma substância injetada. Além disso. o liberam. VIA CUTÂNEA Para haver absorção pela pele. VIA PARENTERAL É a via em que as substancias penetram de modo intencional. são absorvidos através dos poros e da gordura das glândulas sebáceas. Enquanto não houver a remoção. conseqüentemente. como as pleurais e peritoneal. e. quando não carregadas eletricamente. se for INTRAVENOSA Da velocidade de remoção. Várias substâncias são capazes de atravessar a pele de modo proporcional à sua concentração. a concentração do agente químico permanece muito alta no local da injeção. se for INTRAMUSCULAR ou SUBCUTÂNEA. As drogas assim absorvidas são transportadas pelas veias cutâneas e passam pelo coração e pela pequena circulação antes de serem distribuídas pelas artérias ao resto do organismo. assim como substâncias nela solúveis. INTRAMUSCULAR. pois metaboliza a maior parte das drogas. o perito tem que remover os tecidos relacionados com a ferida punctória identificada e os adjacentes ao trajeto hemorrágico deixado pela agulha. SUBCUTÂNEA. causa uma situação de HIPOXIA semelhante à que ocorre nas grandes altitudes. Seu grupamento HEME. as hemácias acabam por transportar menos oxigênio do que o necessário para os tecidos. frouxa. Entre essas substâncias estão os CITOCROMOS. impedindo que a concentração atinja níveis não desejados. mesmo presente em pequenas concentrações no ar inspirado. Os efeitos dependem da produção de Hb oxidada (com o Fé+++) no sangue. No final desse processo de transporte está o CITOCROMO A (ou CITOCROMOXIDASE). É o que acontece com a PENICILINA BENZATINA do BENZETACIL. incapaz de transportar oxigênio. Várias substâncias são capazes de provocar essa oxidação: Benzocaína Nitritos Clorato de potássio Nitrobenzeno Fenol Anilinas Pirídio Dapsona. de pouca afinidade. que formam uma cadeia de transporte de elétrons. em proporção suficiente para reduzir a pressão parcial do oxigênio na atmosfera. É uma ligação em ponte. que atuam no metabolismo aeróbio. o MONÓXIDO DE CARBONO vais substituindo o oxigênio na molécula da HbO2 (OXIEMOGLOBINA). Com o passar do tempo e de acordo com a sua concentração no ar. que contem UM ÁTOMO DE FERRO DIVALENTE. Por isso. a CARBOXIEMOGLOGINA (HbCO). uma enzima que cede 2 ELETRONS a 169 | P á g i n a . combina-se com uma molécula de oxigênio. Algumas substâncias. mas não por causa da toxidez do gás. que se desfaz facilmente sob várias circunstâncias. efeitos danosos irreversíveis poderão ocorrer. Outra forma de bloquear o transporte de oxigênio é a OXIDAÇAO do FERO do grupamento HEME de divalente (Fé++) para trialente (Fé+++). Conforme a intensidade e a duração da hipoxia. A ação tóxica sistêmica pode se dar por: BLOQUEIO DO TRANSPORTE DE OXIGÊNIO BLOQUEIO DA RESPIRAÇAO CELULAR TETANIZAÇÃO PARALISIA DA MUSCULATURA ESQUELÉTICA DEPRESSÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL ARRITIMIAS OU PARADA CARDÍACA BLOQUEIO DO TRANSPORTE DE OXIGÊNIO A HEMOGLOBINA (Hb) é a molécula responsável pelo transporte de quase todo o oxigênio absorvido nos pulmões (97%). BLOQUEIO DA RESPIRAÇÃO CELULAR A utilização do oxigênio pelas células depende da ação de substâncias localizadas nas MITOCÔNDRIAS. MECANISMOS DA AÇÃO TÓXICA SISTÊMICA A presença de um GÁS INERTE como o METANO no ar inspirado. como o MONÓXIDO DE CARBONO têm afinidade cerca de 250 vezes maior pela HEMOGLOBINA do que o OXIGÊNIO. O resultado é a produção da METAEMOGLOBINA. uma proteína de cor parda.substância ativa. de modo a formar um composto mais estável. a acetilcolina permanece na fenda sináptica por maior tempo e mantém o estado de contração das fibras musculares esqueléticas. a acetilcolina não pode acoplar-se aos receptores da fibra muscular e esta não pode ser exercitada. no ponto de contato com os neurônios motores. O último é um gás altamente venenoso porque tem ação que se prolonga por semanas. Esse ATP é usado em quase todos os processos metabólicos que precisam de energia. Ao longo desse processo. bloqueia o metabolismo energético celular. Assim. como a ESTRICNINA atuam na modulação da resposta motora da musculatura. os centros respiratórios são comprometidos de modo a causar uma PARADA RESPIRATÓRIA CENTRAL. podendo ser usado em guerra química. Qualquer substância que impeça essa liberação. As CÉLULAS DE RENSHAW liberam um mediador químico. 170 | P á g i n a . bloqueie os receptores musculares ou inative a acetilcolina causa prejuízo à contração muscular. assim. TETANIZAÇÃO Algumas substâncias provocam contração espasmódica duradoura dos músculos esqueléticos de modo que impedem os movimentos respiratórios e levam o individuo à asfixia. Desse modo. Tal inibição da concentração serve para dosá-la e impedir que grupos musculares antagonistas. Quando essa depressão é muito intensa. é liberada grande quantidade de energia. São exemplos a neostigmina. A morte vem pela PARALISIA DOS MÚSCULOS RESPIRATÓRIOS. PARALISIA DA MUSCULATURA ESQUELÉTICA A transmissão de impulso nervoso na junção neuromuscular depende da liberação da ACETILCOLINA na fenda existente entre a terminação nervosa e a fibra muscular. atuem descoordenadamente. Essa modulação deve-se a uma ação inibitória que depende DE NEURÔNIOS LOCALIZADOS NA SUBSTÂNCIA CINZENTA DA MEDULA (CÉLULAS DE RENSHAW). que atua reduzindo sua atividde. Qualquer agente químico que bloqueie aquele transporte de elétrons impede a respiração celular. por exemplo flexores e extensores. O resultado é a incapacidade de haver a contração muscular. inativando a colinesterase. DEPRESSÃO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Vários agentes farmacológicos podem deprimir a atividade neuronal.UMA MOLÉCULA DE OXIGÊNIO de modo a gerar íons que se combinam com os íons de HIDROGÊNIO para formar ÁGUA. O exemplo clássico são as substâncias CURARIZANTES que competem com a acetilcolina pelos mesmos receptores. a fisiotigmina e o diisopropil-fluorosfofato. que serve para transformar a molécula ADENOSINADIFOSFATO (ADP) em ADENOSINA TRIFOSFATO (ATP). quando absorvido. antagonizando seus efeitos reguladores. a GLICINA. É o que faz o CIANETO DE POTÁSSIO. Impede a ação da CITOCROMOXIDASE e. Algumas. A intoxicação pela ESTRICNINA causa: Hipertonia muscular Convulsões intensas Bloqueio dos movimentos respiratórios Outras substâncias atuam na fenda da junção neuromuscular. A ESTRICNINA compete com a GLICINA pelos mesmos receptores químicos dos neurônios motores. aumentando sua excitabilidade e contratilidade. A COCAÍNA bloqueia a receptação da NORADRENALINA liberada na fenda sináptica de modo a perpetuar os seus efeitos. depende do seu DNA. Pessoas acostumadas ao consumo de álcool custam a ficar embriagadas. que atuam no músculo cardíaco. como: Adrenalina Noradrenalina Isoproterenol Cocaína (que é uma substância de efeito análogo) A COCAÍNA facilita e amplia a ação da NORADRENALINA existente naturalmente nas terminações das fibras nervosas simpáticas. com a administração de pequenas doses do veneno. barbitórucos e outras têm capacidade de estimular a síntese de enzimas do sistema de oxidases que metabolizam o próprio álcool e também substâncias depressoras do sistema nervoso. Mas se a substância for praticamente inócua. HIPO-REATIVIDADE (ou tolerância) pode ser adquirida. a dose de qualquer droga deve ser prescrita em função dessa 171 | P á g i n a . os OPIÓIDES. dos quais o principal é o CLORETO FATORES QUE MODIFICAM A AÇÃO SISTÊMICA DOS TÓXICOS SUSCETIBILIDADE INDIVIDUAL A metabolização das substâncias introduzidas no organismo depende da presença de receptores e da atuação de enzimas capazes de com elas interagir. por exemplo. costumam necessitar de doses mais elevadas de anestésicos para que se obtenha o mesmo efeito depressor do sistema nervoso central. Ale disso. Algumas intoxicações causam arritimias fatais. mas sem a coordenação necessária para que haja o esvaziamento dos ventrículos. PESO Pessoas com grande massa corporal têm mais sangue do que as pequenas. A explicação está no fato de que algumas substâncias como o álcool. Alguns autores chamam a HIPER REATIVIDADE de IDIOSSINCRASIA. a presença ou ausência de código para produzir determinada enzima pode ser benéfica ou maléfica. a musculatura cardíaca não se contrai. Pode haver uma hiper-reatividade ou uma hiporeatividade. os BARBITÚRICOS. a ação das enzimas que a transformam passa a ser nociva para o indivíduo. porém seus produtos de transformação metabólica forem tóxicos.Entre as substâncias capazes de deprimir o sistema nervoso central estão os AGENTES ANESTÉSICOS. As paradas cardíacas por falta de contração (assistolia) são observadas na intoxicação pelos sais de POTÁSSIO. Um dos aspectos da dependência de drogas é a necessidade de doses progressivamente maiores para a obtenção do mesmo efeito. Isso se deve ao fenômeno da INDUÇAO ENZIMÁTICA. os TRANQUILIZANTES. as enzimas capazes de transformá-la aliviam o organismo de sua presença prejudicial. Por isso. inclusive drogas ilícitas. O organismo torna-se resistente. Na ASSISTOLIA. Como o equipamento enzimático de cada indivíduo e de cada espécie. ARRITIMIAS OU PARADA CARDÍACA A FIBRILAÇÃO é uma forma de PARADA CARDÍACA em que as fibras musculares continuam a se contrair. Se a substância introduzida é naturalmente tóxica. É o que se chama de MITRIDATISMO. os ANTIDEPRESSIVOS e os NEUROLÉPTICOS. Além do mais. geralmente. causam alucinações (psicodislépticas). depressão. TOXICOMANIAS A pessoa. fazia-se a diferenciação entre dependência física e psíquica. na ligação com proteínas de transporte. por exemplo. a dose letal para uma pessoa é proporcional ao seu peso. Alguns componentes do grupo das anfetaminas. principalmente no SISTEMA LÍMBICO. Há alterações neuroquímicas responsáveis pelos sintomas de ansiedade. NEUROADAPTAÇÃO. que forma com eles um composto estável. O sistema nervoso estabelece um estado geral de adaptação à droga. As substâncias que atuam no PSIQUISMO são chamadas de PSICOATIVAS ou PSICOTRÓPICAS. o grupo dos PSICODISLÉPTICOS (perturbadora) é bastante heterogêneo. Antigamente.B. OPIÁCEOS.O. o ARSÊNIO e o MERCÚRIO. É o caso do ECSTASY. retirando-os de circulação. que são EXCITANTES (PSICOANALÉPTICAS). fadiga. É o que ocorre com o BAL. IDADE Os recém-nascidos são muito mais resistentes ao tetracolreto de carbono que os adultos. 172 | P á g i n a . se torna dependente por fatores genéticos. relacionado com as sensações de prazer. rejeita-se essa classificação. PSICOANALÉPTICAS – estimulante. conforme o agente e a reação individual. PSICODISLÉPTICAS – ação perturbadora. Mas são mais sensíveis a um antibiótico ou a analgésicos opióides.A) Podem ser incluídos nesse grupo: ÁLCOOL ETÍLICO. mas atua como EXCITANTE em doses baixas. Podem ser classificadas em: PSICOLÉPTICAS – ação depressora. um agente querelante para os metais pesados como o CHUMBO. Pode ocorrer também que a combinação cause a neutralização do tóxico. Os agentes tóxicos são diluídos no sangue depois de absorvidos. sonolência. PSICOLÉPTICOS {depressores} (B. Atualmente. O álcool potencializa a benzodiazepina. na metabolização ou na taxa de excreção da outra droga. Assim. que costumam acompanhar a interrupção do uso. produzindo estados delirantes e alucinações que podem ser acompanhados de excitação ou depressão. Serve como antídoto para intoxicações por esses elementos. O ÁLCOOL é um DEPRESSOR (PSICOLÉPTICO).variável. BARBITÚRICOS. PATOLOGIA PRÉVIA Indivíduos com doenças hepáticas ou renais são agredidos mais intensamente pelas substâncias tóxicas ASSOCIAÇÃO DE DROGAS A interação medicamentosa deve ser chamada de farmacocinética quando uma interfere na velocidade de absorção. a absorção é muito acelerada. Mas tal avaliação só tem valor após se atingir o pico da concentração. As mais importantes são as desidrogenases presentes no citosol (parte líquida do citoplasma dos hepatócitos). O PICO MÁXIMO DA ALCOOLEMIA DEPENDE: Do teor alcoólico da bebida. Se a pessoa bebe sem simultaneamente comer alguma coisa. Contudo. pelos rins. A absorção depende do estado de plenitude do estômago. é possível medir a alcoolemia de modo indireto. ÁLCOOL ETÍLICO (ETANOL) A absorção do álcool é rápida porque é muito solúvel em água. de teor alcoólico muito alto. pulmões e secreções como o suor. que oxidam o etanol a aldeído acético. inclusive porque é possível que já houvesse urina na bexiga quando o individuo começou a beber. principalmente porque o álcool atinge o intestino delgado precocemente. O uso da URINA para dosagem tem a vantagem da fácil obtenção. onde sofre a ação das enzimas hepáticas. são elas as responsáveis pela adaptação e tolerância do alcoólatra à bebida porque a sua quantidade aumenta pelo fenômeno da indução enzimática. mas é no estômago que se intensifica. Assim. Depois de absorvido. Acredita-se que bebidas alcoólicas gaseificadas permitam absorção mais rápida. uma vez que os vapores atravessam a barreira alveolocapilar. o que seria um fator de erro pela redução da concentração alcoólica urinária. mas só tem importância no alcoolismo crônico ou após ingestão abundante. o álcool é levado. Da quantidade ingerida. para se tornar máxima no intestino delgado. Do estado de plenitude do estômago. O tipo de bebida e o teor alcoólico são importantes na velocidade de absorção. mas trás sérios problemas na interpretação dos resultados. Enquanto houver álcool para ser absorvido. Outro grupo de enzimas que oxidam o etanol está presente na membrana do retículo endoplasmético liso dos hepatócitos. 173 | P á g i n a . pois o álcool não é solúvel na gordura. que se mistura com o ar alveolar no momento da expiração. ao fígado. O BAFÔMETRO é usado para medir a quantidade de álcool ou de acetaldeído eliminada pelo ar expirado. retrospectivamente. Por outro lado. BENZIDIAZEPÍNICOS. pois o seu conhecimento permite avaliar. Mas só o ar alveolar reflete o teor alcoólico do sangue. Começa já na mucosa oral. O restante é eliminado. Além disso. o teor alcoólico no sangue de uma pessoa envolvida em uma ocorrência policial. É preciso levar em consideração o ar residente no chamado espaço morto respiratório (vias aéreas superiores. sem ser metabolizado. traqueia e brônquios). uma refeição plena de alimentos gordurosos forra a mucosa gástrica e retarda ainda mais a absorção. ela não deve ser feita Cerca de 90 a 98% do álcool ingerido são oxidados. A velocidade de metabolização tem importância médico-legal. retardando sua passagem para o intestino delgado. causam espasmo do piloro e diminuição do peristaltismo gástrico. Da velocidade de consumo. as destiladas. a saliva e o leite. através dos ramos da veia porta. É preciso. Acredita-se que a AÇÃO DEPRESSORA do etanol esteja relacionada aos efeitos inibitórios do ácido gama-aminobutírico. No caso de pessoa que sobrevive a acidente. perigo de aspiração de vômito Perigo progressivo de morte por parada respiratória central BARBITÚRICOS Atualmente não são usados por causa dos benzodiazepínicos. a quente. distúrbio do equilíbrio Nítida embriaguez. por um tempo razoável das alterações da PUTREFAÇÃO. Os efeitos começam pelos neurônios corticais. que. Com o passar do tempo. ainda. a droga é injetada por via venosa depois de ser dissolvida em água. sua concentração de álcool é maior que a do sangue total. Como o humor vítreo tem maior teor de água. O dependente pesado. um neurotransmissor presente no sistema nervoso central. Mas isso NÃO É VERDADEIRO na fase de absorção porque a concentração do sangue está em ascensão e a difusão do álcool do sangue para o vítreo é lenta. É produzida a partir da MORFINA. 174 | P á g i n a . a alcoolemia aumenta e vão sendo deprimidos os neurônios dos centros subcorticais. Na maioria das vezes. a demora na realização do exame desencadear um resultado negativo. provém do ÓPIO. Outra vantagem do vítreo é o fato de ficar PROTEGIDO. causando taxas excessivamente altas de alcoolemia. O álcool contido no estômago costuma difundir-se para o líquido do saco pericárdico e para as cavidades abdominal e pleurais. andar ébrio Estupor. A maior concentração de álcool é na VEIA PORTA que tem todo o álcool absorvido no tubo digestivo antes da ação do fígado. extraído da papoula. onde se mistura com o sangue porventura extravasado de lesões viscerais. por exemplo. por onde perde razoável quantidade de álcool. Agiria sobre os receptores desse neurotransmissor.No caso de coleta de SANGUE para a avaliação de alcoolemia EM CADÁVER. é o MELHOR LUGAR par fazer a dosagem do sangue. DEPOIS DO SANGUE. Há predominância no sangue arterial com relação ao venoso nas cavidades cardíacas. intenso. aconselhase fazer a dosagem no HUMOR VÍTREO (substância gelatinosa da parte posterior do interior do lobo ocular). o que explica a desinibição e maior sociabilidade no início. loquacidade. como a abdominal e as pleurais. EFEITOS PROGRESSIVOS NEUROPSÍQUICOS DO ÁLCOOL Dificuldade para tarefas finas como dirigir Sem capacidade para dirigir Desinibiçao. que se evite colher o sangue extravasado para as grandes cavidades. por sua vez. OPIÁCEOS: HEROÍNA É a DIACETILMORFINA. risos e início de distúrbios sensoriais Voz arrastada. possível como Estupor ou coma. em uma colher. uma vez que o álcool já poderá ter sido eliminado. a taxa vai mostrar a concentração NO MOMENTO DA MORTE. uma vez que o sangue venoso é aquele que já foi distribuído por todo o corpo. Quando NÃO FOR POSSÍVEL colher sangue do CADÁVER. Sua contribuição ao esclarecimento dos fatos só será importante se conhecido o intervalo entre a ocorrência e a morte. vômitos. apresenta ESCLEROSE de várias veias superficiais como consequência de flebite. que tem características de uma descarga adrenergética. cuja ação pode ter 3 variantes: Basicamente psicoanaléptica . ela é rapidamente hidrolisada até se transformar em morfina. da noradrenalina e da serotonina. O uso continuado da droga diminui a produção de NORADRENALINA. ocorre a crise de abstinência. ANFETAMINAS Algumas anfetaminas foram proibidas. Sua meia-vida no organismo é de 3 a 10 minutos. nas sinapses. A fenfluramina tem ação predominante sobre a serotonina. principalmente nas áreas relacionadas ao prazer. o que explica as alterações valvulares cardíacas. 175 | P á g i n a . promovendo uma hiperpolarização da membrana neuronal. enquanto a da morfina gira em torno de 1 a 4 horas. é formado por dezenas de compostos. As anfetaminas em geral aumentam a quantidade da dopamina. Se o indivíduo sobrevive algumas horas. Segundo a portaria 344/98. a taxa de morfina diminui rapidamente no sangue e aumenta nos tecidos. e na bile. Em sobreviventes. que se torna manos excítável. não podem ser legalmente prescritas: MDA MDMA (ECSTASY) PMA BENZOFETAMINA Esse grupo de substâncias. PSICOANALÉPTICOS (COCANIAF) As substâncias mais conhecidas são: ANFETAMINAS COCAÍNA NICOTINA CAFEÍNA. Em material colhido várias horas depois da morte. BENZODIAZEPÍNICOS É um grupo de substâncias empregadas como: Tranqüilizantes Ansiolíticos e hipnóticos a ação dos benzodiazepínicos em geral se faz nos receptores do ácido gama-aminobutírico (GABA). Quando se suprime a heroína.anfetamina Estimulante com ação alucinógena – MDA e MDMA Predominantemente sedativa – fenfluramina.Após a injeção. a dosagem do cérebro chega a ser 3 vezes maior que a do sangue. na realidade. São metabolizados no fígado. na urina e na bile. até depois de um mês. Não se tem demonstrado a existência de dependência psíquica ou física nos usuários crônicos. é possível encontrar morfina na urina dias ou semanas após. através do fumo da pedra de CRACK. as anfetaminas agem causando. Se o indivíduo ingere bebida alcoólica ao mesmo tempo. Hipertensão arterial. Boca seca. que é rica no sulfato de cocaína. A forma de uso que produz efeitos mais precoces e de menor duração é a respiratória. A excreção dos metabólitos na urina perdura no máximo 36 a 72 hs. Somente em torno de 1% da droga aparece na urina inalterada. Hipertermia. que é insolúvel em água e resulta da adição de HIDRÓXIDO DE AMÔNIA e BICARBONATO DE SÓDIO à pasta feita com folhas da planta. Essa última é vendida sob a forma de pedras que são colocadas em cachimbo. No outro extremo está a droga cheirada. após cerca de 45 a 90 minutos. O pó pode ser cheirado. forma-se. Sudorese. A base da cocaína. obtido através da adição de ácido clorídrico à pasta de coca obtida pela maceração as folhas da planta ERITHROXYLON COCA com ácido sulfúrico. Taquicardia. No LOCAL. COCAÍNA A cocaína é apresentada a consumo sob duas formas químicas: Uma é o CLORIDRATO DE COCAÍNA. também é um anestésico local. no organismo. desprende vapores que podem ser fumados. com a mesma ação farmacodinâmica da cocaína. Pela EVAPORAÇÃO do solvente. forma-se um pó branco solúvel em água. A ação SISTÊMICA da cocaína deve-se ao bloqueio da receptação da noradrenalina e da dopamina presentes nas fendas sinápticas. Os casos relatados estão ligados mais ao uso do ECSTASY (MDMA) e da EVA (MDEA). A excreção das anfetaminas é feita pelos rins. Dilatação das pupilas e. ao ser aquecida. é a base de cocaína pura. A outra é obtida por ALCALINIZAÇÃO. É o CRACK. Essa ação vasoconstritora pode ser tão intensa a ponto de causar ISQUEMIA e NECROSE dos tecidos do local. por contato com as mucosas ou por injeção parenteral. Como o metabolismo é muito rápido. ela desaparece do sangue. cuja duração é. que leva mais tempo para fazer efeito. Isso explicaria os casos de necrose e perfuração do septo nasal dos usuários que cheiram o pó com muita freqüência. A cocaína tem efeitos LOCAL e SISTÊMICO. muito mais longa. O acúmulo de dopamina nos receptores do sistema límbico seria responsável pela euforia. Não são comuns os casos de acidentes de superdosagem. colocado na boca ou dissolvido em água e injetado numa veia. tem ação VASOCONSTRITORA porque prolonga os efeitos da noradrenalina sobre os receptores do músculo liso das paredes vasculares. no entanto. restando apenas os seus metabólitos que são excretados. Os achados mais importantes foram: Síndrome hipertérmica com acidose metabólica Coagulação intravascular disseminada Necrose de músculos esqueléticos Insuficiência renal aguda Hepatite tóxica grave Arritimias cardíacas fatais.Além dos efeitos do sistema nervoso central. 176 | P á g i n a . Além disso. outro composto COCAETILENO. O princípio ativo mais importante é o TETRAIDROCANABINOL (THC). aceitação prazerosa de sons normalmente irritante e avaliação distorcida do tempo. Após a injeção endovenosa. nota-se que a memória para fatos recentes fica prejudicada e diminui a capacidade de concentração para tarefas que exijam maior atenção. Após uso eventual. O REAPARECIMENTO DOS EFEITOS depois de terem sumido devese à liberação da droga que se fixa no cérebro e constitui o que se chama de FLASHBACK. Os EFEITOS PSÍQUICOS do THC estão relacionados com a percepção. Na ÁREA COGNITIVA. que inclui produtos sintetizados em laboratório. os metabólitos continuam a ser eliminados durante 2 a 6 dias.A cocaína pode causar Paradas cardíacas por arritimia Infarto do miocárdio Tendência à trombose arterial SÍNDROME DO CORPO EMBALAGEM Ocorre a rotura acidental de um dos pacotes que libera dose letal de cocaína dentro do estômago. Quando se trata de usuário crônico. Constituem um grupo quimicamente heterogêneo. levando o indivíduo a ter percepções irreais. talco ou outros pós brancos que são misturados à cocaína. uma vez que a planta é monossexuada. 177 | P á g i n a . pois a droga fica resguardada da ação das enzimas presentes no sangue. é possível ter o exame de urina positivo 20 a 50 dias depois da última tragada. São eles: MACONHA LSD (ÁCIDO LISÉRGICO) PSILOCIBINA MESCALINAA YAUASCA MACONHA Os cigarros são feitos a partir da desidratação das inflorescências FEMININAS. principalmente no fígado. o humor e a cognição. e das folhas. O THC é metabolizado por hidroxilação e carboxilação. O resultado da dosagem no humor vítreo parece mais confiável. Às vezes são designados genericamente como ALUCINÓGENOS ou substâncias PSICODÉLICAS. Os pulmões podem apresentar granulomas tipo corpo estranho relacionados com grânulos de amido. Descrevem-se uma distorção da sensação das cores. A caracterização da morte por superdosagem requer que o exame toxicológico revele altas concentrações tanto dos metabólitos como da cocaína não metabolizada no sangue do cadáver. certas partículas encalham nos vasos capilares pulmonares e despertam reação inflamatória granulomatosa. PSICODISLÉPTICOS São drogas que perturbam. que se tornam mais brilhantes. modificam qualitativamente a atividade mental. substâncias de uso industrial e princípios ativos de plantas e cogumelos. Pode haver efeitos antagônicos. Simula gastroenterite crônica. Há consciência plena das sensações. euforia e depressão. atingem o máximo cerca de três horas e duram até sete a nove horas. Após a absorção. os rins e o pulmão. PSILOCIBINA Extraída de um cogumelo que produz efeitos similares ao do LSD.Os EFEITOS FÍSICOS agudos da maconha são: Taquicardia Sensação de boca seca Congestão da mucosa conjuntival. é distribuído principalmente para o fígado. é excretada sem alterações pelos rins e tem ação prolongada. por vezes em concentração alta como em crustáceos e moluscos. O exame externo mostra pele seca e descamativa. As intoxicações agudas causam um quadro súbito com: Vômitos Choque Depressão respiratória. pelo estresse ou pelo fato de o indivíduo se achar no escuro. A morte sobrevém em poucas horas. Encontra-se 178 | P á g i n a . Pessoas que comem muito desses frutos do mar podem apresentar taxas acima das usuais. Um fato interessante é que pode haver uma repetição dos efeitos até mais de um ano depois pela simples lembrança. AYAUASCA É uma bebida alucinógena usada no santo daime INTOXICAÇÕES CRIMINOSAS ARSÊNICO Inclui também: Nitrogênio Fósforo Antimônio Bismuto. mas o indivíduo não tem controle de suas vivências. LSD (ÁCIDO LISÉRGICO) PODEM SER COLOCADOS EM UMA bebida ou sob a língua. caracterizada por insônia. Os efeitos psíquicos começam entre meia a uma hora depois da ingestão. pensamento e humor. como vigilância e distração. No caso de intoxicação crônica. A concentração no cérebro é muito baixa. ansiedade e dor no estômago. MESCALINA Como é metabolizada pelo fígado. o diagnostico é muito difícil. O arsênico está presente em qualquer tecido animal. No caso da maconha. a retirada gera crise de abstinência leve. Os efeitos PSÍQUICOS do LSD incluem alteração da percepção. O uso prolongado pode causar prejuízo da função reprodutora. Os distúrbios da percepção provocam alucinações visuais. sendo absorvido rapidamente. o mesmo ocorrendo com os TÓXICOS QUE MATAM POR ASFIXIA. principalmente. tratarse de provável envenenamento por MONÓXICO DE CARBONO se a cor for VERMELHO-CARMIM. a começar pelos fenômenos cadavéricos. É o caso do MONÓXIDO DE CARBONO. COLETA DE MATERIAL PARA EXAME TOXICOLÓGICO A valorização do resultado dos exames toxicológicos depende: Do momento da coleta Do local do corpo em que as amostras foram recolhidas Do uso de preservativos Da quantidade correta Da forma de estocagem Transporte para o laboratório MOMENTO DA COLETA O material deve ser colhido o mais próximo possível do momento da morte. CLORATOS. A ESTRICNINA causa antecipação da RIGIDEZ MUSCULAR. principalmente. Os LIVORES HIPOSTÁTICOS podem identificar. em se tratando de CÁUSTICOS. deixam os livores com coloração de tonalidade PARDA. como o TÁLIO. A ausência desse indício pode sugerir não se tratar de suicídio nem de acidente. é possível encontrar focos de HEMORRAGIA PETEQUIAL e focos de NECROSE NO ENCÉFALO. tanto pelo próprio contato no momento da ingestão. Algumas drogas hepatotóxicas causam ICTERÍCIA se a vitima da intoxicação sobreviver alguns dias. como por ocasião de vômitos. A QUEDA DE PELOS.distúrbio da pigmentação caracterizado por máculas hipercrômicas salpicadas. urina. A pele ao redor da BOCA E AS MUCOSAS LABIAL E BUCAL apresentam LESÕES ESCORRIDAS. Os agentes oxidantes como NITRATOS. Os exames devem abranger amostras de sangue. PERÍCIA NOS ENVENENAMENTOS E NAS INTOXICAÇÕES O material de vômitos. por exemplo. Quando a vitima fica em coma e só morre alguns dias depois. LOCAL DA COLETA 179 | P á g i n a . CABELOS. a urina e as amostras colhidas de sangue devem ser guardadas em refrigerador. NECRÓPSIA O exame externo pode fornecer alguns dados importantes. SULFONAS. da testa e do pescoço. ou CEREJA. pedaços de vísceras e. Deve-se procurar algum frasco de veneno ou medicamento encontrado no mesmo ambiente do cadáver. principalmente nas regiões de flexão da pele. mas de homicídio. livre de artifícios decorrentes de alterações post mortem ou de contaminação das amostras por vício de coleta. no couro cabeludo é outro indicio de ação prolongada de alguns tóxicos. vítreo. mais escura nos pontos de maior intensidade. Esse conjunto de materiais fornece a dosagem das drogas nos diversos momentos da evolução clinica. Alguns tipos de venenos podem provocar lesões características desde que o individuo sobreviva por tempo suficiente para que as alterações micro e macroscópicas se instalem. como nos casos de morte rápida autopsiados depois de várias horas. As células do sangue permanecem vivas por algum tempo depois d morte e são capazes de metabolizar. Nos casos de EXUMAÇÃO. uma vez que. o álcool. Por isso. Mas é conveniente colher uma parte em separado. o que carreia os tóxicos porventura presentes para o solo onde se deu a inumação. ou não. a concentração dos tóxicos varia conforme o local de onde for colhido o sangue. guardando outra parte para eventual necessidade de reexame. de modo a inibir as ações enzimáticas em curso e a deterioração das amostras. por exemplo. no período coliquativo. Assim. Assim. Por outro lado. purificação e análise. Os preservativos devem ser usados também nas amostras de urina. a coleta de sangue derramado para o saco pericárdico pode fazer com que resulte uma dosagem muito maior do que a real. O sangue assim colhido deve ser colocado em refrigerador. de COCAÍNA. a perda de líquidos do corpo é grande. esclarecendo o que cada recipiente contém. Certas pesquisas e dosagens são possíveis MESMO EM CORPOS EMBALSAMADOS. é aconselhável que seja embalsamado para interromper o processo de decomposição. O sangue coletado de um cadáver pode refletir a concentração das drogas no momento imediato da morte.Mesmo no vivo. é interessante que as amostras de sangue só serão examinadas várias horas depois de serem tratadas por agentes conservantes. a PUTREFAÇÃO pelas bactérias e fungos produz álcool por fermentação da glicose. em temperatura ambiente. deve rotular os frascos. A dosagem de COCAÍNA proveniente do CRACK é maior no sangue ARTERIAL que no venoso. 180 | P á g i n a . as amostras devem ser tratadas pelos mesmos anticoagulantes. que também atuam como preservativos. EXAME TOXICOLÓGICO Em geral. pois o sangue ainda quente costuma coagular-se até nos recessos da mesa de necropsia. dependendo do material a ser coletado. Mesmo que já tenha havido a dissolução do coágulo post mortem. Se ficar estocado por várias horas antes da análise. alguns autores preferem o das veias periféricas mais calibrosas. sem preservativos. e novamente lacrar sua tampa. que deve ser congelada e estocada como reserva. diminuindo sua concentração na amostra. é forçoso colher amostra de área afastada do sepulcro para evitar a possibilidade de falsos exames positivos por contaminação prévia do terreno. vítreo e bile. é imperioso o uso de anticoagulantes. Contudo. A dosagem de drogas absorvidas por VIA ORAL é maior no sangue da VEIA PORTA do que na veia femoral. ESTOCAGEM E TRANSPORTE O material coletado pode ser estocado em vidro ou plástico. O ALCOOL contido no estomago pode difundir e contaminar o liquido presente no saco pericárdico. PRESERVAÇÃO DO MATERIAL No caso de sangue. por exemplo. mas não é preciso que seja congelado. principalmente se ficar em temperatura ambiente mais elevada. principalmente se a autópsia for feita pouco tempo depois da morte. pode haver alteração da concentração das substâncias. como a femoral e a subclávia. Ao enviar as amostras de líquidos e tecidos. É importante que se colha a terra ao redor do caixão. Os segmentos as vísceras devem ser colocados em freezer. é usada parte da amostra para extração. a crise convulsiva. Entendemos que os FÂNEROS fazem parte da integridade corporal do individuo e sua disponibilidade a ele pertence. LESÕES CORPORAIS LEVES O CHOQUE NEUROGÊNICO. biológica ou mista. em seus diversos tipos. se devidamente comprovados e quando não geram consequências mais graves. do organismo. e podem ser de natureza física. Os segmentos de vísceras maciças são inicialmente triturados separadamente. caracterizada por alteração objetiva dos parâmetros cardiovasculares e respiratórios consequentes à disfunção do sistema nervoso autônomo. 181 | P á g i n a . lesão é uma modificação estrutural e consequentemente funcional. As amostras de sangue podem ser trabalhadas como estão ou depois de se fazer a centrifugação para a separação do plasma e dos glóbulos. QUALIFICAÇÃO DO DANO. devendo o enquadramento legal ser analisado caso a caso. provocada pela ação de uma energia externa. ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS AGENTES DE LESÃO são todos os instrumentos ou meios que atuando no organismo determinam lesões. química. e a sincope. podem caracterizar lesão leve. LESÕES CORPORAIS. o plasma precisa sofrer um tratamento químico para precipitar as proteínas. que pode ser de origem emocional. de modo a formarem uma pasta antes de começar o processo de extração dos tóxicos. Conforme o tipo de droga a ser pesquisada. a lesão corporal leve. não se afastando. a priori.METODOLOGIA Cada tipo de material é tratado diferentemente conforme sua natureza. De natureza física: Mecânica Térmica Elétrica De natureza química: Tóxicos Venenos Cáusticos De natureza biológica: Agentes infecciosos Alterações da nutrição Em traumatologia. mas toda e qualquer atividade. que são coisas diferentes. mas com cura funcional suficiente para a prática das atividades sem maior dano ou risco para a vítima. séptico). é considerada lesão corporal. Perigo de vida. Aceleração de parto. O êxito letal deve ser provável. PERIGO DE VIDA Distingue-se perigo de vida de risco de vida. sentido ou função. Grandes queimados. mas à revelia dos pais ou responsáveis. 182 | P á g i n a . O tempo de duração deve ser pericialmente comprovado através de exame complementar. neurogênico. INCAPACIDADE PARA OCUPAÇÕES HABITUAIS POR MAIS DE 30 DIAS Incapacidade é a impossibilidade de execução. não meramente possível. Por ocupações habituais entende-se não apenas as de natureza laborativa ou lucrativa. A não realização das tarefas por questões emocionais. O prazo de 30 dias é de curso temporal contínuo. não caracteriza a qualificadora. Traumatismos raquimedulares com alterações cardiorrespiratórias. mesmo com seu consentimento. como a vergonha. Risco de vida – há mera possibilidade de lesão mortal em determinada situação. podendo ser total ou mesmo apenas parcial. inaptidão para realizar. etc. São inúmeras as situações que configuram perigo de vida: Lesões penetrantes ou transfixantes de vísceras torácicas ou abdominais. não se confunde tempo de incapacidade e duração da lesão. Colapso pulmonar com insuficiência respiratória grave. Assim. A realização do exame complementar poucos dias depois dos 30 dias não invalida o laudo. Arritmias ou insuficiência cardíaca aguda graves. LESÕES GRAVES (IPAD) Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias. meningites).A realização de tatuagens em menores. contado do dia do fato delituoso inclusive. Traumatismos cranioencefálicos graves. Septicemias ou infecções graves (tétano. Perigo de vida – há probabilidade real e objetiva do evento morte. cardiogênico. Debilidade permanente de membro. Estados de choque não hipovolêmicos (anafilático. previsto no caput. levando a hemorragias ou infecções graves (peritonite bacteriana). a auto-imagem física ou mesmo simples indisposição. entendemos que basta a cura parcial anatômica. Ruptura de grandes vasos sanguíneos com hemorragia grave e estado de choque hipovolêmico. não exigindo a lei a incapacidade absoluta. Quanto ao término da incapacidade. Estado de coma grave. sendo unilateral o comprometimento. ela pode manifestar-se através de movimentos. não sendo a atividade médico-terapêutica em si causadora do perigo de vida. onde se constatam ausência de lesões internas. Deve ser diferenciada da perda ou inutilização. etc. como também nos casos das lesões que exigem cirurgias nas cavidades. a fala. Na lesão que atinge órgão duplo (pulmões. ou ainda na simples necessidade da anestesia geral na vitima. etc. caracteriza-se. temos a função respiratória. que tem caráter de redução total. conforme seja. enfraquecimento. não havendo lesões que justifiquem a evolução provável para o êxito letal. mas que não determinam lesões viscerais. Mas. cumpridas as técnicas médicas para a prática da anestesia e da cirurgia. Será dinâmica a debilidade que surgir na execução de algum tipo de movimento. constituir lesão gravíssima por deformidade permanente. paladar e tato e olfato. não sendo percebida no repouso. como a marcha. ovários). Porém. diminuição da capacidade funcional. se há 183 | P á g i n a . Assim. A debilidade pode ser funcional ou anatômica. orelhas. de natureza predominantemente fisiológica ou morfológica. testículos.Há certa discussão quanto à caracterização do perigo de vida nas lesões penetrantes das cavidades serosas. DEBILIDADE PERMANENTE DE MEMBRO. muito longa ou de difícil resolução. não se pode inferir o perigo de vida ou sua ausência. A debilidade deve ser permanente. Os sentidos referidos na lei são os cinco mecanismos: visão. rins. a permanência não significa caráter perpétuo. SENTIDO OU FUNÇÃO Debilidade significa redução parcial da força. ele pertence ao aparelho reprodutor. como as contusões ou hematomas. as funções endócrinas pelas glândulas de secreção interna. e sua lesão pode causar debilidade de função (sexual. Pode ter caráter estático ou dinâmico. Na verdade. das gônadas. mas não constituem debilidade permanente. a mastigação e os movimentos oculares. podendo ela atingir apenas um dos segmentos do mesmo. Função é a atividade de um órgão ou aparelho. não se configura a qualificadora. baço. a função do fígado. como o metabolismo controlado pelo fígado. debilidade permanente de função. bastando que seja duradoura. ou da fala. audição. sendo mais raras as perturbações do paladar ou do olfato. o pênis. não deve ser considerado membro. fraqueza. ausência e que não pertence a esta classe de lesões. se muito intensa. O órgão genital masculino. e estando normal o órgão contralateral. Exemplos são as alterações da marcha como a marcha claudicante. poderá. ainda. mas de natureza gravíssima. respectivamente. a alteração para menor. que podem gerar redução funcional pela dor que acarretam. do coração. reprodutora). O mesmo se diga de lesão das serosas sem complicações graves. A debilidade permanente de membros não exige que seja de todo o membro. Somente pela localização ou pelo tamanho da lesão. Entendemos que. Muito comuns na prática são as lesões de feixes nervosos causando fraqueza nos movimentos dos membros ou em parte deles. a dificuldades visuais ou ainda a alterações da sensibilidade tátil da pele são alguns exemplos encontrados na perícia médico-legal. Isso afasta as lesões transitórias. Traumatismos que levam à surdez parcial. A primeira (marcha claudicante). a função de defesa imunológica dos linfonodos. olhos. somente percebida durante a deambulação. ou através da homeostase do meio interno. a priori. por impossibilidade do objeto. ENFERMIDADE INCURÁVEL São exemplos: A cegueira. Da mesma forma. A surdez. por exemplo). configurando-se o aborto. São exemplos: Perda funcional de ambos os membros superiores ou inferiores. haverá aborto (lesão gravíssima). perda do dedo mínimo da mão ou do pé configuraria debilidade. pode configurar apenas debilidade e não perda ou inutilização. LESÕES CORPORAIS GRAVÍSSIMAS (PEIDA) Incapacidade permanente para o trabalho. Nos casos de órgão único. configurar-se-á lesão gravíssima. A gravidez molar ou teratológica antecipada não configura a qualificadora. a perda de um único elemento dentário posterior caracteriza apenas debilidade. embora possa sugerir um parto de evolução mais rápida. o que não é o caso. Quanto à viabilidade fetal. equivalente à perda ou inutilização. Mutismo. ACELERAÇÃO DE PARTO A terminologia aceleração de parto não esta tecnicamente errada. Cegueira. Epilepsia. caso contrário. Não se especifica aqui a intensidade. não exclui a natureza grave da lesão. teremos apenas debilidade. Enfermidade incurável. através de tratamentos cirúrgicos ou uso de orteses ou prótese. o tipo. As paralisias. embora gere ausência de elementos anatômicos. A possibilidade de reparação ou atenuação das consequências danosas da lesão. por outro (baço. A perda de elementos dentários ou de dedos das mãos ou pés. 184 | P á g i n a . mas apenas sua consequência. quando inviável. não caracteriza o inciso. mas pode executar inúmeras outras tarefas. A lei refere-se ao trabalho genérico. Um cirurgião que sofre lesão nas mãos e não pode mais operar. INCAPACIDADE PERMANENTE PARA O TRABALHO Incapacidade permanente é a perda da possibilidade de execução de uma tarefa por tempo indeterminado. em que sua função pode ser assumida.previamente lesão de um e o outro é agredido. enquanto a do polegar (dedo de oposição). dependera da maturidade do concepto e do tempo de gestação. mas sim aquele trabalho de parto que se iniciou antes da data esperada. sentido ou função. O feto deve nascer vivo. ainda que parcialmente. ainda que não perpétuo. Perda de um braço e uma perna. a natureza do dano. Alienação mental. Perda ou inutilização de membro. Aborto. e não perda de função. caracterizaria lesão gravíssima. desde que a gravidade da lesão não prejudique de forma severa as funções deles dependentes. Deformidade permanente. Assim. mas independentes da causa original. a avaliação do dano estético é apenas objetiva. que é afecção. nem tratamentos dispendiosos. SENTIDO OU FUNÇÃO Perda corresponde à ausência anatômica Inutilização corresponde à presença anatômica. Secção completa da inervação de uma mão com abolição sensitivomotora é inutilização de membro. caracterizando lesão gravíssima. que será uma enfermidade. no âmbito civil. Demência. só perceptível com o movimento. Já a perda do hímen. A sífilis é uma moléstia ou doença. Cegueira total é perda do sentido da visão. Osteomielite crônica. Pseudo-artroses. apenas lesão leve. etc. entendendo-se que a lesão deformante já atingiu sua evolução natural final no 185 | P á g i n a . sem necessariamente atingir os limites da monstruosidade. mão ou pé. se por traumatismo (natureza não sexual). Luxações recidivantes. mas pode ser também dinâmico. PERDA OU INUTILIZAÇÃO DE MEMBRO. para caracterizar a agravante. O principal exemplo são os distúrbios grosseiros da marcha. mas destituída de total ou quase totalmente de incapacidade funcional. Não se exige da vitima a realização de intervenções cirúrgicas complexas. Dois elementos da deformidade devem ser discutidos nessa qualificadora: Sua aparência Sua permanência A deformidade deve ser aparente. que pode cursar com uma arterite sifilítica. provocados pela ação de uma mesma causa. não caracteriza a agravante. idade. Doença é um termo genérico. Afecção é o conjunto de fenômenos dependentes da mesma lesão. que atinge a auto-estima da vitima. O arrancamento do pênis caracteriza perda da função copulatória. deve eliminar a parte essencial do membro. Amputação ao nível do braço ou da coxa é perda de membro. para constituir perda. visível. a qual pode ter por consequência uma hemorragia cerebral gerando paralisia. mas de muito difícil cura. O arrancamento de numerosos dentes é perda da função mastigatória. Na esfera penal. é objetiva e subjetiva. ou seja. A amputação. Mas mesmo as partes pudendas são passiveis de determinar a agravante. A incurabilidade também não precisa ser perpetua nem se exige ser absoluta. DEFORMIDADE PERMANENTE Deformidade é o dano estético de certo vulto aparente. Moléstia é um conjunto de fenômenos de reação que se produzem no organismo. que não é membro. não de membro. O dano à estética é estático. indicando qualquer desvio da normalidade. sentido nem função. devendo-se levar em conta também o sexo. AIDS. A permanência é outro elemento fundamental do conceito legal. Mas o autor acha que é debilidade de função. Na determinação do estado de puerpério. ABORTO A medicina legal. Ultra-sonografia de abdômen e pelve. pois suas principais funções são assumidas por outros órgãos. em qualquer período da gestação. Mutilação do apêndice nasal. sentido ou função. Obs. havendo ou não expulsão do mesmo. quando presentes.momento da caracterização. Para perícia de deformidade permanente. embora. Alguns podem queimar essas substancias 186 | P á g i n a . a neoplasia (mola hidatiforme). pois o baço não é um órgão inútil ou vestigial e sua ausência predispõe o paciente a certas infecções bacterianas pela redução da função imunológica que desempenha. Exemplos de deformidade permanente: Paralisia facial traumática. diferentemente da obstetrícia. Para que se caracterize perda ou inutilização de membro. Mutilação dos membros. Basta. Assim como na aceleração de parto. O caráter de permanência não se confunde com o de irreparabilidade. deve haver a ausência ou redução substancial (mais de 70%) da capacidade funcional. para verificar a aceleração de parto. Incrustação na pele de partículas pigmentadas (tatuagens causadas por PAF). Mutilação da orelha externa. o perito pode lançar mão do exame clinico direto ou de exames laboratoriais complementares como: Dosagens hormonais. mesmo as cicatrizes continuem evoluindo por toda a vida. não são qualificadoras. o monstro ou o litopédio. (vitriolagem) Cicatrizes extensas visíveis ou deformantes. ENERGIAS DE ORDEM FÍSICO-QUÍMICA CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS Quase todos os seres vivos obtêm energia para os processos bioquímicos que constituem a base da vida na queima de substâncias nutritivas provenientes da ingestão dos alimentos. Queimaduras extensas pro ação térmica ou química. ASFIXIOLOGIA FORENSE.: a perda do baço não é essa qualificadora. Mutilação das mamas. deve-se ter cuidado para determinar a deformidade da lesão já estável após sua evolução temporal. Pesquisa de células trofoblásticas nos lóquios. em termos patológicos. ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS – PRÁTICA PERICIAL Cicatrizes rosadas e a presença de crosta indicam lesão recente. apenas. que a perícia não seja feita em fase muito inicial e que a lesão já tenha assumido seu aspecto mais duradouro. com a morte do feto. conceitua aborto como a interrupção da gravidez. a percentagem de oxigênio diminui e sua pressão parcial cai de 159 para 104 mmHg. Com as trocas que se efetuam nos alvéolos. a barreira é formada pelo epitélio alveolar. A pressão do vapor d’água no ar inspirado varia com a temperatura e o grau de umidade presente na atmosfera. É a unidade alveolocapilar. conforme a sua pressão parcial no ar alveolar. Em ambas as hipóteses. Normalmente. as funções respiratória e circulatória guardam uma reserva funcional que capacita o organismo a enfrentar situações de perigo decorrentes quer do aumento das necessidades. e de vapor d’água. Antes de alcançar os alvéolos. normalmente. as células sofrerão alteração de seu metabolismo na tentativa de compensar a carência. tendem a estabilizar sua concentração no sangue. Portanto. os NEURÔNIOS. Diz-se que os primeiros apresentam respiração anaeróbia e os últimos aeróbias. mais úmido e mais quente que o ar atmosférico. o tecido de sustentação e a parede dos capilares. a velocidade de difusão de cada um dos gases é diretamente proporcional à sua solubilidade. Assim. não participam diretamente das trocas por difusão. o ar se dilui na mistura gasosa proveniente da última expiração. Para que um gás se difunda através de uma superfície permeável. A passagem sempre tende a se fazer da face de maior para de menor concentração na membrana. precisa difundir-se através das paredes alveolares para equilibrar sua tensão no ar alveolar com a vigente no sangue. Por isso. As células mais sensíveis à hipoxia são as que apresentam maior atividade metabólica. portanto. 187 | P á g i n a . maior absorção do oxigênio do que produção de gás carbônico. 47 mmHg. é necessário que haja uma diferença de pressão entre as duas faces da superfície a se atravessada. à medida que vão sendo consumido e eliminado respectivamente. o ar que chega aos alvéolos é uma mistura de composição percentual diferente da do ar atmosférico. apesar de ser de maior peso molecular. quer da redução da oferta de oxigênio às células. No caso dos alvéolos. Assim que o O2 chega aos alvéolos. A redução da tensão do nitrogênio no ar alveolar é secundária às modificações da tensão do vapor e ao fato de haver. enquanto outros só o conseguem em presença de quantidades variáveis desse gás. as diferenças de pressão parcial necessárias para que o CO2 difunda são be menores que para a difusão do O2. Mas. Tanto o O2 quanto o CO 2. existem um aparelho destinado à captação do oxigênio e outro à sua distribuição: são os aparelhos respiratório e circulatório. O ar alveolar é. o gás carbônico (CO2) difunde-se mais rapidamente que o oxigênio porque é cerca de 20 vezes mais solúvel. Além disso. novamente se modifica essa composição e o ar alveolar passa a ter um teor bem maior de gás carbônico. TROCA DE GASES NOS PULMÕES A passagem dos gases respiratórios através da parede alveolar obedece às leis físicas da difusão. Já no ar alveolar. ou seja. é igual à tensão de saturação à temperatura de 37°C. Nos vertebrados. formada principalmente pelo nitrogênio e pelo oxigênio. Os outros gases.mesmo na ausência de oxigênio. se as necessidades forem superiores ao aporte de oxigênio. As diferenças de tensão resultam da pressão parcial de cada gás no ar alveolar e de sua concentração no sangue. como o nitrogênio que não participam das trocas respiratórias. por exemplo. quando combinados com outra substância do sangue. É o que ocorre à medida que o CO 2 é eliminado dos pulmões e o O2 é liberado para os tecidos. mas servem de reservatórios para manter a tensão do gás no plasma. Cada gás exerce uma pressão parcial proporcional à sua percentagem na mistura. FISIOLOGIA RESPIRATÓRIA O ar atmosférico é uma mistura de gases que exerce pressão de 760mm Hg ao nível do mar. Pode-se afirmar que há um gradiente de concentração para cada gás. consegue aumentar a captação do oxigênio para manter o aporte aos tecidos periféricos. portanto. Portanto. em repouso. haverá desperdício de parte do trabalho circulatório. Isso significa que a hipeventilação de cada alvéolo não consegue aumentar a oxigenação do sangue o suficiente para suprir um eventual bloqueio de outros alvéolos. pormeio da seguinte reação reversível: Hb +O2 ↔ HbO2 Essa reação é pouco estável. ela é restaurada em virtude do maior teor de O2 no ar alveolar. por exemplo. a GLOBINA um núcleo prostético. Existe boa sobra de tempo. a dissociação da HbO2 fazse a velocidades diferentes e proporcional à tensão parcial do O2 no ambiente das hemácias. e o ponto de equilíbrio deslocar-se-á para a direita em presença de um excesso de O2 e para a esquerda quando diminuir a tensão parcial desse gás no meio em que se acham as hemácias. Para que o transporte de O2 seja eficiente. grande numero de alvéolos não é ventilado. 4 ÁTOMOS DE FERRO. sempre que houver má ventilação alveolar. Nessas condições. está 95% saturado de oxigênio e. se o alvéolo for hiperfentilado. O oxigênio combina-se ao ferro do grupo HEME e a forma de oxiemoglobina (HbO2). em condições normais. Cerca de 70% são transportados sob a forma de BICARBONATO. À medida que o O2 dissolvido no plasma vai sendo consumido pelo metabolismo celular. Se assim não fosse. MECANISMOS DE TRANSPORTE DO O2 Pode-se dizer que o sangue venoso difere do arterial apenas na concentração dos gases respiratórios.O tempo necessário para que se processem as torças gasosas é menor do que o tempo gasto pelo sangue para ir da extremidade arterial para a venosa do capilar alveolar. a velocidade circulatória aumentada tiraria do sangue sua chance de se oxigenar melhor. a liberação do O2 da hemoglobina visa a manter uma tensão eficaz no plasma suficiente para permitir sua difusão através da parede capilar e do líquido intersticial. Mas o poder do sangue de se oxigenar não é ilimitado. MECANISMOS DE TRANSPORTE DO CO2 Os mecanismos de transporte do CO2 são diferentes do descrito. normalmente. Nos pulmões. mesmo após hiperventilação. a HEMOGLOBINA (Hb). nas anemias e nos exercícios. Por isso é que o aumento da velocidade circulatória que ocorre. Cada molécula de HEMOGLOBINA tem. a concentração só é aumentada para 97%. haverá desperdício do trabalho dos músculos respiratórios. Como. os pulmões apresentam grande reserva funcional. sua tensão vai caindo e promovendo a dissociação progressiva da HbO2. Esses valores demonstram que o O2 é bem menos solúvel que o CO2 e que a quantidade de gás que pode ser extraída do sangue é bem mais elevada do que a apenas dissolvida. O sangue arterial. o HEME um grupo HEME é a protoporfirina associada a um átomo de ferro divalente. a HbO2 se decompõe. Nos tecidos em que a tensão é baixa. portanto. os glóbulos vermelhos do sangue são dotados de um pigmento de natureza protéica. 188 | P á g i n a . A unidde alveolocapilar deve sempre estar. Por outro lado. ajustada às necessidades momentâneas do organismo. COMPOSIÇÃO DA HEMOGLOBINA A HEMOGLOBINA é formada por: 4 cadeias compostas cada uma por: uma parte protéica. Nos tecidos. de modo a impedir o transporte de O2. localizado no bulbo Ventral – inspiratório e expiratório Pneumotáxico. Tal controle é exercido pelos centros respiratórios. CONTROLE DA RESPIRAÇÃO Como a respiração depende dos MUSCULOS INSPIRATÓRIOS. puramente passiva. inibindo sua atividade. É importante não esquecer que a expiração é. A Hb assim transformada é chamada de FERRIEMOGLOBINA ou METEMOGLOBINA e tem cor muito escura Entre as outras substâncias que podem alterar a molécula de Hb. inspiratório. CURVA DE DISSOCIAÇÃO DA HbO2: O sangue dos CAPILARES vai ganhando oxigênio nos ALVÉOLOS até se transformar em sangue arterial. como resultado da elasticidade do pulmão e da caixa torácica. ESTRUTURA DOS CENTROS RESPIRATÓRIOS Formada por 3 grupos de neurônios: Dorsal – inspiratório. CLORATOS. OUTROS MECANISMOS DE CONTROLE DA RESPIRAÇÃO Além dos centros respiratórios. Certas drogas. Desse modo. em geral. O centro PNEUMOTÁXICO atua sobre o inspiratório. quanto mais forte a sua descarga. Assim. Como a expiração é também encurtada. Atuam aumentando a ventilação porque a inspiração e a expiração ficam mais vigorosas. como o NITRITO. NÃO ASFIXIA. Por isso. há umoutro mecanismo paralelo de controle da respiração constituído por CORPÚSCULOS. que é 250 vezes mais estável que a OXIEMOGLOBINA. reage com a água do seu citoplasma e produz ÁCIDO CARBÔNICO. apenas 7% do total do CO2 são transportados sob a forma de gás livre dissolvido no plasma. Mas o efeito dura 189 | P á g i n a . O CENTRO DORSAL. Quando a tensão do O2 cai. o CO2 entra nas hemácias. a inspiração e a expiração ficam mais longas. CAUSA HIPOXIA TISSULAR. essas células geram estímulos que chegam aos centros respiratórios por meio dos nervos vago e glossofaríngeo. ele vai ocupando a Hb disponível e impedindo o transporte de O2.Outra fração de cerca de 23% é transportada como um composto resultante da combinação com a Hb de modo a formar a CARBOXIEMOGLOBINA. ocorre o contrário: há liberação gradual do oxigênio e este passa a sangue venoso. tornase necessário um controle do sistema nervoso central sobre o ritmo e a amplitude de contração desses músculos. podem oxidar o ferro da Hb de modo a torná-lo trivalente e a impossibilitar o transporte fisiológico do O2. devemos destacar ainda o MONÓXIDO DE CARBONO (CO). aumenta a freqüência respiratória. Os neurônios do CENTRO VENTRAL só passam a ser excitados quando o estímulo sobre o centro dorsal é muito intenso e transborda para eles. mais curta é a inspiração. Nos TECIDOS. reduzindo-se a freqüência. Esses corpúsculos são formados por células sensíveis às quedas de concentração do O2 no sangue arterial. SULFAS e AZUL DE METILENO. A Hb reage com o monóxido de carbono e forma a CARBOXIEMOGLOBINA. é excitado pelo aumento da concentração do CO2 no líquido intracelular onde estão os seus neurônios. Quando a atividade do centro pneumotáxico diminui. de modo a interromper a inspiração. em condições normais. mesmo em concentrações inferiores. é limitada pela ação do centro penumotáxico. assim. Em condições normais. no meio da musculatura lisa das paredes brônquicas. comprimindo o bulbo. é o que ocorre no início dos exercícios físicos porque eles reagem mais rapidamente à elevação do CO2 do que os centros respiratórios. como nas ASFIXIAS. uma asfixia. realmente. Isso se dá com maior freqüência em águas muito frias. de modo a não haver. Esse mecanismo é chamado de REFLEXO DE HERING-BREUER. todas as formas de doenças em que a parada RESPIRATÓRIA PRECEDE À CARDÍACA. O efeito da HIPOXIA só é mais duradouro e intenso se a concentração do CO2 se mantiver normal. contrabalançando. Existem. Mas há um outro MECANISMO que atua de modo semelhante por VIA REFLEXA. Em algumas formas de asfixias mecânicas tem sido demonstrado que o fator mecânico pode ser sobrepujado no mecanismo da morte por outros distúrbios. A distensão dos pulmões pela contração dos músculos inspiratórios não pode ultrapassar certos limites. de repouso. mas nem sempre ocorre hipoxia nas formas de asfixia.pouco porque o aumento da ventilação elimina o CO2 e diminui sua ação sobre os centros respiratórios. As fibras originadas nesses sensores seguem pelo nervo vago e terminam nos neurônios inspiratórios. Os corpúsculos (que são quimiorreceptores) também podem ser excitados pelo acúmulo de CO2. cuja descarga inibe o centro inspiratório. onde exercem ação inibidora. gerado pela queda do O2. podem ser consideradas formas de asfixia natural. Afecções do sistema nervoso central podem causar paralisia dos centros respiratórios tanto por lesão direta de seus neurônios como por aumentarem a pressão intracraniana e forçarem o engasgamento das amígdalas cerebelares no buraco occipital. CONCEITUAÇÃO DE ASFIXIA A asfixia geralmente se identifica com a HIPOXIA. CLASSIFICAÇÃO DAS ASFIXIAS Podem ser classificadas em: NATURAIS VIOLENTAS As asfixias NATURAIS são as causadas por doenças que reduzam a ventilação ou a circulação pulmonar. o estímulo à respiração. sensores nervosos que são excitados pela distensão que ocorre a cada inspiração. ou mesmo elevada. As asfixias VIOLENTAS devem-se sempre a um traumatismo. CLASSIFICAÇÃO DE OSCAR FREIRE 190 | P á g i n a . a respiração é regulada pelo teor de CO2 no sangue e não pela tensão de O2. A rigor. Normalmente. Por exemplo. como nos casos de enforcamento e de afogamento. O autor conceitua asfixia como um estado de HIPOXIA E HIPERCAPNIA no sangue arterial. o afogamento pode ocorrer de forma tão rápida que a morte sobrevenha por inibição e não por asfixia. por via indireta. podem causar parada respiratória. ora por espasmo. a morte é imediata. CLASSIFICAÇÃO DO AUTOR: →ASFIXIAS NATURAIS Todas as formas causadas por doenças →ASFIXIAS VIOLENTAS Todas as resultantes de atuação de energias externas: Obstrução das vias respiratórias por constrição cervical: Enforcamento Estrangulamento Esganadura Obstrução das vias respiratórias por sufocação direta Restrição dos movimentos do tórax: Sufocação indireta (compressão torácica) Fraturas costais múltiplas (respiração paradoxal) 191 | P á g i n a . uma forma de asfixia causada indiretamente. devemos incluir entre as asfixias violentas certas formas de traumatismo que. É. Mas. a morte pode ocorrer por espasmo da musculatura respiratória ou por parada respiratória central. sem tempo para que se estabeleça um quadro asfíxico. Nas formas graves de TRAUMATISMOS CRANIANOS.POR MODIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE Quantitativa – confinamento Qualitativa – afogamento e soterramento POR OBSTÁCULOS MECANICOS NO APARELHO RESPIRATÓRIO Sufocação Estrangulamento Enforcamento Esganadura SUPRESSÃO DA FUNÇÃO DA CAIXA TORÁCICA Compressão do tórax Ao nosso ver. causadas tanto por doenças como por modalidades diversas de traumatismo. CONCEITO DE ASFIXIA DO AUTOR: estados patológicos de hipoxia associada à hipercapnia. portanto. a morte seguese à síndrome de hipertensão intracraniana causada tanto por edema cerebral como por hemorragia dos espaços meníngeos. Referimo-nos a: TRAUMATISMOS CRANIOENCEFÁLICOS ELETROPLESSÃO INTOXICAÇÕES. ora por paralisia. Na maioria dos casos de ELETROPLESSÃO. na maioria dos casos. Além disso. Outras matam por ação sobre a musculatura. a maioria das substâncias TÓXICAS mata por depressão dos centros respiratórios. por ação contundente. Paralisia da musculatura respiratória Em espasmo (eletroplessão e drogas contraturantes) Em flacidez (drogas curarizantes) Em fadiga (crucificação) Modificação do meio ambiente Confinamento Soterramento Afogamento Parada respiratória central Traumatismo cranioencefálico Eletroplessão e fulguração Intoxicação por drogas depressoras FISIOPATOLOGIA DAS ASFIXIAS EFEITOS DA REDUÇÃO DO TEOR DE O2 NO SANGUE ARTERIAL Os efeitos PUROS da HIPOXIA podem ser estudados tanto na intoxicação pelo monóxido de carbono como na elevação a grandes altitudes. O monóxido de carbono compete com o oxigênio na combinação com a Hb, tendo afinidade cerca de 250 vezes maior. Por isso, ele desloca o O2 da molécula da HbO2 de modo a formar um composto mais estável, a CARBOXIEMOGLOBINA, impedindo o transporte de oxigênio aos tecidos. A elevação de um individuo através das camadas atmosféricas expõe à redução progressiva e proporcional da pressão ambiente. É o que ocorre com aviadores que ascendem em aparelho sem cabine pressurizada. À medida que o avião sobe, o piloto sofre os efeitos depressão atmosférica mais baixa. Entre esses efeitos, interessa-nos a redução da pressão parcial do O2. A proporção de O2 no ar atmosférico é de 20% e se mantém constante nas diversas altitudes. Assim, é possível calcular a pressão parcial do O2 desde que se saiba a pressão atmosférica na altitude considerada. Havendo redução acentuada do teor de O2 no ar inspirado, a concentração no sangue diminui na mesma proporção, desencadeando resposta por via dos quimiorreceptores. Eles aumentam a amplitude e a frequência respiratórias, a pressão arterial e a frequência dos batimentos cardíacos. A hipoxia causa aumento da pressão na pequena circulação por construção das arteríolas pulmonares. A princípio, o individuo sente-se bem e alegre, mas, com o agravamento do quadro, aparecem sintomas neurológicos como: Sonolência Entorpecimento mental e sensorial Incapacidade motora para movimentos finos Fraqueza muscular Dispinéia Cefaléia Cianose Náuseas e vômitos Mais tarde, surgem: Abalos musculares Convulsões 192 | P á g i n a Coma Se a redução de O2 no ar inspirado for muito intensa e brusca, o individuo perde a consciência rapidamente, sofre convulsões e morre. EFEITOS DO AUMENTO DO TEOR DE CO2 NO SANGUE ARTERIAL Normalmente, a concentração de CO2 no ar atmosférico, ao nível do mar, é baixa. Há, porém, certas condições em que sua proporção no ar inspirado aumenta. Mas os efeitos genuínos desse aumento só podem ser analisados se não houver, simultaneamente, redução do oxigênio. Isso pode ocorrer em atividades de MERGULHO em que o indivíduo receba ar por um sistema fechado no qual o CO2 seja absorvido quimicamente. Se houver falha no sistema de remoção desse gás, a mistura passará a ter quantidade satisfatória de O2, mas excesso de CO2. Nesses casos, é possível observar a sintomatologia típica da HIPERCAPNIA. A resposta a diferentes concentrações de CO2 no ar alveolar varia de individuo para indivíduo. Observam-se alterações neurológicas, respiratórias e circulares semelhantes ao que ocorre na hipoxia. A pressão de 120 a 150 mmHg é suficiente para matar. O aumento do CO2 estimula o centro vasomotor, de modo a elevar a pressão arterial e aumentar a frequência cardíaca. Tal resposta efetua-se por meio do setor simpático. Embora haja aumento da produção de adrenalina, o mecanismo nervoso vasomotor é o mais importante na elevação da pressão arterial. As concentrações elevadas, o CO2 provoca dilatação vascular local, inclusive no cérebro, mas, na circulação pulmonar, tem ação vasoconstritora. Sob tensões muito elevadas, o CO2 passa a inibir, e não a excitar os centros respiratórios, agravando o processo pela formação de um ciclo vicioso. O CO2, muito alto, deprime os centros, com diminuição da respiração e maior retenção do gás. EVOLUÇÃO CLÍNICA DAS ASFIXIAS Resulta da combinação dos efeitos da hipoxia com os da hipercapnia. Há 4 fases de evolução das asfixias: Na PRIMEIRA FASE: Dispnéia inspiratória, com respiração forçada e profunda Cianose (roxo) Na SEGUNDA FASE: A dispnéia torna-se expiratória e é acompanhada de esforços extremos para eliminar o ar dos pulmões. Perda da consciência Aumento da pressão arterial Pulso lento A TERCEIRA FASE Queda da pressão arterial Pulso rápido Eliminação espontânea de fezes, urina e esperma Na QUARTA FASE: Cessação dos movimentos respiratórios Coração continua a bater por mais 10 a 15 minutos O autor não faz essa divisão em fases, uma vez que considera que cada asfixia evolui de uma forma. DURAÇÃO DAS ASFIXIAS 193 | P á g i n a Os autores, em geral, admitem que os centros nervosos corticais suportam apenas 3 a 5 minutos de privação de oxigênio. SINAIS GERAIS DAS ASFIXIAS NÃO há sinal PATOGNOMÔNICO DE ASFIXIA CIANOSE É caracterizada: Pela cor violácea escura dos livores Cor azulada dos lábios, leitos ungueais e polpas digitais Tonalidade azul-púrpura muito escura do sangue das cavidades cardíacas. A cianose depende apenas da presença de grande concentração de hemoglobina reduzida, sem relação com a concentração de CO2 no sangue. Se a cianose DO CADÁVER custar a aparecer, não poderá ser tomada como um sinal de morte asfíxica, já que as células que ainda não morreram, principalmente os glóbulos brancos, continuam a consumir o O2 do sangue. Desse modo, somente se a cianose for intensa e observada precocemente, logo após ou apenas algumas horas depois da morte, é que poderá ser considerada um sinal de asfixia. Após 24 horas, em regra, há aparecimento de cianose mesmo em corpos de indivíduos que não morreram asfixiados. Por outro lado, a cianose pode desaparecer muito rapidamente se o corpo for colocado em ambiente muito frio, circunstância em que os livores assumirão tonalidade AVERMELHADA CLARA. É possível que isso se deva a uma concentração maior de O2 no ar atmosférico pela contração volumétrica. PETÉQUIAS São focos puntiformes de hemorragia, encontrados tanto na pele e conjuntivas oculares como nas serosas que revestem as vísceras e as grandes cavidades do corpo. São vistas com maior frequência na PLEURA VISCERL, principalmente no epicárdio. São conhecidas como MANCHAS DE TARDIEU. Nos ESTRANGULAMENTOS em que o laço comprime as veias jugulares, mas não costuma bloquear as artérias profundas, as petéquias são mais numerosas na FACE e nas CONJUNTIVAS OCULARES. O mesmo aumento da pressão venosa pode levar a focos de hemorragia no espaço subaracnóideo por rotura de pequenas veias. Os esforços intensos de inspiração executados pela vitima nos casos de OBSTRUÇÃO À ENTRADA DO AR, fazem aumentar muito a negatividade da pressão intrapleural, o que favorece sua rotura. As petéquias podem ser encontradas: No caso de hipoxia sem hipercapnia Em intoxicações exógenas Nos processos sépticos. Manobras de reanimação com massagem cardíaca podem fazer com que apareçam na face e nas conjuntivas oculares, qualquer que tenha sido a causa da parada. Devem ser DIFERENCIADAS DAS PETÉQUIAS PORT MORTEM que aparecem nas áreas de maior intensidade dos livores cadavéricos. Essas, post mortem aparecem apenas quando o corpo permanece por muito tempo em uma mesma posição, enquanto as PETÉQUIAS FORMADAS EM VIDA podem ser encontradas inclusive na face do corpo oposta a dos livores. Também não podem ser confundidas com pequenos pontos de sangramento que surgem ao descolar o couro cabeludo para exame da calota craniana. A distinção é feita facilmente, jogando-se-lhes um jato d’água. 194 | P á g i n a CONGESTÃO POLIVISCERAL A congestão generalizada das vísceras e das serosas tem sido descrita como sinal importante de asfixia. A congestão deve-se a uma falência cardíaca que antecede a morte, o que pode ocorrer tanto em mortes por asfixia como nas de outra causa. FLUIDEZ DO SANGUE Pode ocorrer também em outras formas de morte rápida sem asfixia. ESPUMA (EDEMA PULMONAR) É um achado frequente em várias formas de asfixia. Pode ser abundante, como no afogamento, em que chega a constituir uma massa branca por fora das narinas e boca. Depende da ocorrência de grau variado de edema pulmonar. Nas formas lentas de asfixia, em que a vitima luta e consegue interromper por momentos a ação do agente, acha-se, quase sempre, maior quantidade de espuma. Nos afogamentos de água doce, a espuma resulta, quase que exclusivamente, da mistura da água aspirada com o ar alveolar. FENÔMENOS CADAVÉRICOS A congestão e a fluidez do sangue proporcionam condições ótimas para a formação dos livores da hipóstase que, por isso, se instalam mais precocemente. Sua cor é VIOLÁCEA ESCURA, em função da cianose que acompanha os quadros asfíxicos. A hipoxia intensa produz um desvio do metabolismo no sentido de uma anaerobiose. A queima da glicose em vez de chegar a CO2 e ÁGUA, só atinge a etapa do lactato, de modo que se produz uma ACIDIFICAÇÃO dos tecidos pela presença do ácido lático. Por isso, a quantidade de energia que deveria ser fornecida pela queima da glicose diminui e não é suficiente para a restauração adequada do ATP, acumulando-se ADP. A rigidez muscular se instala justamente por causa da não reconstituição do ATP após a morte. Por isso, como a asfixia leva à redução das reservas de O2 e ATP, as fibras musculares entram em rigidez mais rapidamente e quase ao mesmo tempo nos diversos segmentos do corpo. Nas mortes não asfíxicas, ela demora um pouco mais porque ainda há, no sangue, um pouco de O2 que pode ser utilizado durante algum tempo na ressíntese do ATP após a morte. COMPLICAÇÕES DAS ASFIXIAS Caso a asfixia não seja fatal, a pessoa pode recuperar-se completamente ou apresentar sequelas. O CÉREBRO pode apresentar focos de amolecimento ou hemorragia. Podem causar sintomas como sonolência, irritabilidade, amnésia por tempo variado. Os PULMÕES sofrem maior invasão bacteriana. Nas CONSTRIÇÕES CERVICAIS, pode ocasionar disfonia por tempo indeterminado em função da lesão das cordas vocais. CONCLUSÃO Diante de um cadáver: Cianótico Com livores violáceos escuros e intensos Sangue líquido e escuro nas cavidades cardíacas Petequias na pleura visceral Petequias no epicárdio Congestão polivisceral O perito deve investigar a asfixia Na maioria das intoxicações exógenas, os achados de necropsia podem ser semelhantes aos das asfixias, principalmente se o tóxico matar por depressão dos centros respiratórios. 195 | P á g i n a ASFIXIA POR SUFOCAÇÃO O autor divide em: SUFOCAÇÃO DIRETA SUFOCAÇÃO INDIRETA SUFOCAÇÃO DIRETA O obstáculo à penetração do ar nas vias respiratórias está situado em algum local desde os orifícios naturais até a traquéia. OCLUSÃO DOS OFICICIOS NATURAIS Acidente Crime Suicídio – pode ocorrer quando houver um plástico cobrindo a cabeça. FORMA ACIDENTAL Quando a pessoa cai com o rosto virado para o chão. Quando a superfície é mais mole (travesseiro, colchão), a pressão é menor. Pode ocorrer a respiração parcial. Daí podem ocorrer duas situações: Essa respiração parcial não é suficiente para suprir o O2.Ou, o ar respirado fica saturado de CO2 e pobre em O2 porque penetra na porosidade do material durante a expiração e é novamente inspirado sem renovação nos movimentos seguintes. Quando a pessoa é asfixiada com um saco na cabeça, a morte pode decorrer de parada cardíaca reflexa por descarga do nervo vago, uma vez que não são vistos sinais de asfixia. FORMA CRIMINOSA A obstrução feita com as mãos costuma deixar estigmas ungueais na pele ao redor das narinas e da boca e, às vezes, equimoses na face vestibular dos lábios. Nos casos em que a vitima consegue algum grau de reação, podem ser observadas lesões por ação contundente em outros segmentos do corpo como nas mãos, nos antebraços e em outras regiões do rosto. O uso de sacos plásticos para fins homicidas é menos comum do que nos casos de acidente ou suicídio. No caso de mordaça, quando esta atinge as narinas, a pessoa continua a respirar através do pano durante algum tempo, mas a própria saliva e secreções nasais podem tornar o material impermeável e dificultar progressivamente a respiração. Quando apenas a boca é obstruída, em geral não ocorre sufocação. FORMA SUICIDA COM SACO PLÁSTICO A presença de vapor d’água condensado em seu interior não é suficiente para o diagnóstico, uma vez que pode surgir também quando o saco é colocado em CADÁVERES de pessoas mortas HÁ POUCO TEMPO. OBSTRUÇÃO DAS VIAS RESPIRATÓRIAS SUPERIORES O obstáculo à penetração do ar está situado na FARINGE, LARINGE ou TRAQUÉIA. Já foi descrita uma síndrome chamada de SÍNDROME DE CAFÉ CORONARY, em que o indivíduo está comendo e, de repente, sente falta de ar, tenta respirar e perde a consciência. A obstrução da LARINGE também pode ocorrer durante ou após cirurgia bucal, como extrações dentárias, ou de otorrinolaringologia por aspiração de coágulos sanguíneos. Os mecanismos de morte nem sempre é claro. Em várias ocasiões, faltam os sinais de asfixia. 196 | P á g i n a cianose. há hemorragia externa por sangramento da mucosa nasal e até otorragia. vistos principalmente na cabeça e no pescoço. sem tempo para que tal reação do organismo seja nítida. é acidental. As petéquias cutâneas podem estender-se até o tórax. O corpo estranho costuma ALOJAR-SE NO ESPAÇO GLÓTICO. a mancha hemorrágica pode ser extensa e interrompida apenas nas áreas submetidas à compressão externa nos pontos de apoio ou de dobras e espessamentos da roupa. o sangue que vai para a periferia tem grande dificuldade de retorno e se acumula no SISTEMA VENOSO. de modo que continua o débito cardíaco. Na maioria das vezes. É comum que se tornem confluentes nos locais de maior intensidade dos livores de hipóstase. As gengivas podem revelar hemorragia confluente a ponto de formarem um lençol hemorrágico. Disso resulta que as pessoas apresentam a pele da face semeada por milhões de pequeninas equimoses petequiais. por sua vez. logo acima das cordas vocais. nos lábios e nas mucosas em geral. Pode haver penetração post mortem de parte do conteúdo gástrico na traqueia. Só a dissecação dos órgãos da boca e do pescoço permite a visualização da obstrução. assim como a língua. por vezes. Por vezes. Mas o ventrículo esquerdo continua a lançar sangue para o sistema arterial. de modo que dificulta muito o retorno do sangue venoso pelas veias cavas superior e inferior e o enchimento do coração. Mas convém lembrar que a aspiração de vômito causa BRONCOESPASMO INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA que pode evoluir rapidamente para a morte. LESÕES EXTERNAS A compressão do tórax. Estas. principalmente nas partes onde o tecido conjuntivo de sustentação é mais frouxo como nas pálpebras. Além disso. pelo aumento de pressão venosas. Já foi chamada de infiltração equimótica difusa da face. Mas é preciso não esquecer que a compressão tem que impedir também a movimentação abdominal. mas as hemorragias podem ser tão intensas a ponto de formarem coleções sanguíneas que cobrem toda a parte branca do olho e se projetam para fora entre as pálpebras. como na embriaguez intensa.PERÍCIA Na maioria das vezes. estão tumefeitas por edema intenso e. podendo haver. As conjuntivas oculares apresentam numerosas petéquias e edema. além de impedir a inspiração. Os lábios estão tumefeitos. Desse modo. embora prejudicado. Aqui. ou cianose cervicofacial. com intensidade variada. o exame externo é negativo. Ocorre sempre que uma pressão muito forte impede a expansão torácica na INSPIRAÇÃO. característica conhecida como MÁSCARA EQUIMÓTICA DE MORESTIN. por vezes. pela manipulação do cadáver. é preciso que se encontrem focos e NECROSE NA MUCOSA RESPIRATÓRIA ou de SEPTOS ALVEOLARES COM REAÇÃO INFLAMATÓRIA. A mucosa pode apresentar EDEMA NA EPIGLOTE E NAS CORDAS VOCAIS e. foco de hemorragia. Há pequenas roturas nas vênulas e formação de minúsculos pontos equimóticos. nas conjuntivas oculares. faz aumentar a pressão intratorácica. ajudam a esconder os globos oculares. forma-se edema. 197 | P á g i n a . ou não. tão próximas entre si que lhe conferem uma cor arroxeada muito escura. Para que se afirme que a aspiração ocorreu EM VIDA. SUFOCAÇÃO INDIRETA É a asfixia violenta causada por compressão do tórax. A ASPIRAÇÃO DE VÔMITO em vida só é possível em estados de inconsciência o de intoxicação que alterem os reflexos de defesa do organismo. pode tornar-se incompleto. se a suspensão durar pouco tempo. Nesses casos. é possível encontrar fraturas costais com ou sem rotura pulmonar. na pleura e no epicárdio. Não há necessidade da força de todo o peso do indivíduo para que ela ocorra.LESÕES INTERNAS observam-se congestão pulmonar e manchas de tardieu na pleura e no epicárdio. Fora dessa posição. rotura de vísceras abdominais. Às vezes. Ao nó. e a alça para diante. com o tempo. a suspensão é completa. ânus sujo de fezes. como ocorre nos casos em que a pessoa se apoia nos joelhos e joga o corpo para adiante. INCOMPLETO. Assim. a bexiga vazia e edema cerebral. o ponto de suspensão não está muito distante do solo. O corpo pode estar totalmente suspenso. se o material da corda ceder ou esticar um pouco. No primeiro caso. ASFIXIAS POR CONSTRIÇÃO CERVICAL ENFORCAMENTO É uma forma de asfixia MECÂNICA produzida por contrição do pescoço por meio de um laço acionado pelo peso da própria vitima. um enforcamento completo. É um diagnóstico feito por EXCLUSÃO. sangue líquido no coração. Nos enforcamentos incompletos. na nuca. DISPOSITIVO DE SUSPENSÃO LAÇO Em geral. edema dos pulmões. mas a poucos centímetros do solo. Certos nós são característicos de determinadas atividades. é formado por apenas uma volta e dotado de um nó. opõe-se a alça do laço. Pode haver secreção mucosa ou serosa. ou apoiado parcialmente sobre o solo. no segundo. O NÓ Pode ser: fixo deslizante simples múltiplo. Conforme o agente que produz a compressão do tórax. será ATÍPICO. fratura de calota e focos de hemorragia subaracenóidea. é provável que se trate de simulação de suicídio. Se uma pessoa leiga nessas atividades aparece enforcada com um laço cujo nó tem tais peculiaridades. diz-se que o enforcamento é COMPLETO. por vezes espumosa nas narinas. Às vezes. Se o nó estiver para trás. que pode ser FIXO ou DESLIZANTE. LESÕES EXTERNAS 198 | P á g i n a . o enforcamento é chamado TÍPICO. A macroscopia costuma revelar criança normal. de modo que os membros inferiores. e às vezes mesmo os quadris tocam a superfície. O exame da cavidade craniana pode mostrar focos hemorrágicos na face profunda do couro cabeludo. Nesse caso. principalmente se tiver direção horizontal. o nó pode estar colocado lateral ou anteriormente. SÍNDROME DA MORTE SÚBITA INFANTIL forma de morte súbita não violenta com características de morte asfíxica. o sulco pode ser mais raso e confundir com estrangulamento. Não há petéquias na face nem nas conjuntivas oculares. petéquias no timo. podendo interromper-se. PESO DO CORPO. embora não seja frequente. Quando o nó é FIXO. a ponto de o sulco ter aspecto 199 | P á g i n a . é OBLÍQUO com relação ao eixo do pescoço e ascendente desde a posição da alça até o local do nó. nos laços com mais de uma volta. LARGURA DO LAÇO O sulco deixado por laços largos é menos profundo do que o causado por laços mais estreitos. o sulco sempre é mais profundo na área pressionada pela alça. O aspecto geral do sulco depende de vários fatores ligados à natureza do laço e ao tipo de enforcamento. As partes moles do pescoço vão cedendo gradualmente à pressão. Isso ocorre porque a pressão exercida em cada centímetro quadrado da pele é inversamente proporcional à largura do laço. Nó fixo: sulcos incompletos mais superficial próximo do nó podendo interromper-se Nó corrediço: sulco geralmente em toda a circunferência do pescoço. de modo que os sulcos ficam menos profundos. o sulco costuma ser incompleto. consistência firme e cor PARDO-AMARELADA quando o laço é duro e de pouca largura. Por vezes. Quanto maior o tempo entre a suspensão e a remoção do corpo. algumas se superpõem e deixam impressão única. um dos componentes pode apresentar direção horizontal. a ocorrência de mais de uma volta dilui a força exercida pelo laço. via de regra. formando uma crista ao longo do sulco. quando o corpo fizer tração sobre a corda. Sua superfície apresenta depressões e saliências que correspondem às irregularidades do laço. podem-se formar pequenas vesículas de conteúdo seroso. Além do mais. Mas nem sempre o número de sulcos corresponde ao número de voltas do laço ao redor do pescoço. Em raras ocasiões pode ser tão superficial que passe despercebido a um exame pouco minucioso. É possível que a pele entre numa volta e outra fique pinçada. TEMPO E GRAU DE SUSPENSÃO Os sulcos menos nítidos são encontrados em pessoas magras submetidas a enforcamento incompleto durante curto tempo. ou quando houver interposição de roupa ou outros materiais entre ele e a pele. é de aspecto apergaminhado. Por outro lado. SULCO É a alteração mais característica encontrada nos enforcados. Quando há várias voltas. porque se torna superficial à medida que dele se aproxima. o laço apertar-se-á de modo a comprimir toda a circunferência do pescoço. mais profundo será o sulco. Nesse local. o que ocorre nos casos de enforcamento incompleto com laço feito de material mole. geralmente a primeira laçada. Em geral.O corpo dos enforcados não costuma apresentar outros sinais de violência que não os causados pelo laço. Tanto com o NÓ FIXO quanto o NÓ CORREDIÇO. A lesão mais importante é o sulco produzido pelo laço ao redor do pescoço. NÚMERO DE VOLTAS O enforcamento com laço múltiplo não constitui raridade. se o nó for de CORRER. PATOGNOMÔNICO. Em condições habituais. Tem grande importância médico-legal por ser. Nesse caso. Em alguns casos. contra a luz. desloca-se um pouco para cima do ponto inicial de contato. ou mesmo no crânio. e outras que. principalmente nas conjuntivas oculares. vê-se uma linha mais transparente e clara. lesões típicas de defesa dos antebraços e nas mãos e fraturas de ossos longos. Por vezes. Na alça. os enforcados foram classificados em BRANCOS e AZUIS. Esse deslizamento ocorre mais na zona do sulco relacionada com o nó. um deles mais baixo e de menor intensidade e o outro mais acima e de maior profundidade. estariam lesões incapacitantes que tornariam impossíveis as manobras necessárias ao enforcamento. de tonalidade violácea. o sulco costuma interromper-se antes de atingir o nó. o nó é fixo e o laço. a profundidade atingida pelo sulco é maior do que seria se o laço fosse menor e permitisse haver área mais extensa de contato com a pele. Em geral. Os enforcamentos típicos produziam os ENFORCADOS AZUIS: coloração azulada na face e procidência da língua. muito longo. de modo que a alça entra em contato com o pescoço em menor extensão. existem pequenas escoriações compatíveis com estigmas ungueais um pouco acima ou abaixo do sulco. surge líquido sanguinolento nas narinas e na boca. qualquer que seja o tipo de enforcamento. a cianose da face não depende de ter sido a morte causada predominantemente por asfixia e. Por isso. sim. Com base nesses aspectos. Na nuca. o sulco é mais profundo do que seria se o nó estivesse por diante (enforcamento atípico anterior). o sulco tende a ser pouco profundo e menos nítido. Indicam possível arrependimento tardio do indivíduo. em virtude da força constante exercida pelo peso. TOPOGRAFIA E DESLIZAMENTO DO LAÇO APÓS A SUSPENSÃO O sulco dos enforcamentos TÍPICOS costuma situar-se entre a borda superior da laringe e a topografia do osso hióide. se houver. Por vezes. Não devem ser interpretadas como sinais de esganadura. o deslizamento é mínimo. Isso tem levado à suspeita de tentativa prévia de estrangulamento. Pode estar cianótica ou não. em função da expulsão dos líquidos da pele por expressão. A língua. Essa compressão venosa provoca edema das partes moles e forma petéquias na pele e nas mucosas. Mas essa classificação não é mais usada A maioria dos enforcados tem a face pálida. que tem cor escura por intensa congestão e cianose. de modo a ficar presa entre as arcadas dentárias. aumenta de volume e pode projetar-se para fora.apergaminhado e maior transparência. a não ser que haja outras marcas evidentes de violência. Depende de ter havido constrição capaz de bloquear o retorno venoso sem comprometer significativamente o fluxo de sangue pelas artérias carótidas. FACE O aspecto geral da face varia muito. Assim. Olhando-se essa área de pele pela face profunda. Pode ocorrer que se formem dois sulcos nas imediações do nó. pela localização e extensão. é possível encontrar estrias de ARRANCAMENTO DA EPIDERME unindo os dois sulcos. não poderiam ter sido produzidas pela própria pessoa. que tenta afrouxar o laço com as próprias mãos. brilhante. ALTERAÇÕES INTERNAS 200 | P á g i n a . Na verdade. incompatíveis com a hipótese de suicídio. Por exemplo. POSIÇÃO DO NÓ As partes moles da metade posterior do pescoço são mais resistentes à compressão do que as da metade anterior. EXTENSÃO DA ALÇA Em alguns casos. quando o nó está situado por trás (enforcamento típico). do bloqueio do retorno venoso. Nesses casos. que se chama de LINHA ARGENTINA. com lesão das artérias carótidas primitivas. LESÕES CERVICAIS INTERNAS Convém examinar em primeiro lugar a cavidade craniana. Quando o LAÇO é colocado de modo ATÍPICO. sendo mais espessa fina face posterior. por vezes. muscular. ESBOÇO DA ANATOMIA CERVICAL A anatomia topográfica do pescoço inclui. No pescoço. A língua pode apresentar edema e coloração cianótica nos enforcados azuis. É lesão pouco frequente e requer busca cuidadosa para não ser confundida com lesões acidentais feitas com a ponta da tesoura no momento da abertura do vaso. O sangue que flui das veias seccionadas durante a necropsia costuma sujar a área examinada e mascarar possíveis focos de infiltração equimótica dos planos profundos. consequentemente. não haverá sangramento. as veias já estarão vazias e. os achados variam conforme a posição do nó e da alça e com o mecanismo de suspensão do corpo. Ocorre parada respiratória imediata. situada logo abaixo de sua bifurcação. podem ocorrer lesões nas partes moles do pescoço. com evidente prejuízo para a perícia. pode haver luxação e/ou fratura ao nível das vértebras C2 e C3 ou C3 e C4. Conforme a altura da vitima. ao dissecar o pescoço. além de possibilitar a detecção de lesões de outra natureza. Nos enforcamentos comuns. não se observam lesões importantes. acha-se uma zona de contusão na borda lateral da língua. Principalmente no ENFORCAMENTO TÍPICO. É causada por mordedura no momento das convulsões e serve como bom indicador de REAÇÃO VITAL. a íntima enrola-se sobre si mesma. que abrange extensão variada da circunferência do vaso. Nas faces em que é mais delgada. é muito importante porque faz uma drenagem no sangue do sistema venoso da cabeça e do pescoço. Com exceção das alterações presentes no pescoço. A força exercida pelo laço sobre o feixe vasculonervoso do pescoço pode causar algumas lesões. Quando há queda livre do corpo. A violenta distensão das partes moles do pescoço causa estiramento dos vasos profundos. às vezes. com o nó na direção de uma das orelhas. Em alguns casos. uma infiltração hemorrágica que costuma ser referida como EQUIMOSE RETROFARÍNGEA DE BOURARDEL. Com isso. à qual se segue a parada cardíaca após tempo variado. que são mais comuns em outras formas de constrição. Se se estender por toda a circunferência. com infiltração equimótica e. da superfície para o interior do corpo.O exame interno dos enforcados costuma ser pobre. que pode chegar a 20 minutos. ocorrem lesões graves na coluna cervical. onde se encontra. tanto da cartilagem tireóide da laringe como do osso hióide. os planos cutâneo. faltam até os sinais gerais de asfixia. rotura da medula cervical ou do bulbo. pequena rotura mucosa relacionada com as arcadas dentárias. pode haver até decapitação. quando seccionadas. É RARO encontrarem-se focos de HEMORRAGIA OU ROTURAS MUSCULARES. A pele é mais fina nas faces anterior e laterais. em que não ocorre a queda livre. a pele desliza com facilidade sobre o plano muscular. Amussat descreveu uma rotura transversal da túnica interna da artéria carótida primitiva. onde o sangue faz pequena dissecação na túnica média. e. Na maioria das vezes. que é um prolongamento do couro cabeludo. visceral e esquelético. lesões vasculares e fraturas. que podem sofrer uma rotura transversal completa. ocorre grande pressão da base da língua e da laringe sobre a parede posterior da faringe. 201 | P á g i n a . A remoção do encéfalo. As cartilagens da laringe aumentam de consistência ao longo da vida. tal efeito só é observado na região da alça. De um modo geral. referida como SINAL DE FRIEDBERG. Sendo INCOMPLETO. Tal fato faz com que fiquem mais vulneráveis a fraturas. Quando a fratura ocorre no indivíduo VIVO. Tratando-se de enforcamento incompleto. É um bom sinal de reação vital. Quando o LAÇO É COMPLETO. Nos jovens. Podem sofrer até ossificação parcial nas pessoas idosas. apenas o osso hióide está calcificado. por calcificação. Ocorre de modo mais INTENSO NOS ENFORCAMENTOS TÍPICOS. A PUTREFAÇÃO tende a ser COLIQUATIVA nessas áreas e MUMIFICATIVA NA METADE SUPERIOR DO CORPO. a distribuição desses fenômenos varia com a posição do corpo. O plano visceral apresenta um esqueleto formado pelas cartilagens da laringe e pelo osso hióide. Mas é preciso cautela na interpretação das FRATURAS SEM HEMORRAGIA. há concordância de que as fraturas situam-se nos cornos maiores do osso hióide e nos cornos superiores da cartilagem tireóide. Elas PODEM TER OCORRIDO DEPOIS DA MORTE E ANTES DE SE RETIRAR O CORPO DA FORCA. Com o correr do tempo. as peças cartilaginosas ainda estão bastante flexíveis. surgem numerosas petéquias nos pés e nas pernas. É preciso não esquecer que a força do peso da vitima continua a atuar enquanto durar a suspensão. começando por volta dos 30 anos.Alguns autores mencionam a presença de foco de hemorragia na carótida. São tanto mais intensos quanto mais baixo estiver o segmento e mais duradoura a suspensão. seguido das mãos e antebraços. os livores formam-se na pele das regiões do pescoço situadas logo acima. o sangue do osso e das áreas calcificadas da cartilagem infiltra os tecidos vizinhos. FENÔMENOS CADAVÉRICOS Se o corpo permanecer suspenso por tempo prolongado. os sinais cadavéricos tardios instalar-se-ão de modo peculiar. que contrastam com a palidez das situadas inferiormente. O acúmulo de líquidos na metade inferior do corpo RETARDA O APARECIMENTO DA RIGIDEZ MUSCULAR nesses segmentos. Os LIVORES HIPOSTÁTICOS tendem a se formar primeiro nos membros inferiores e nas extremidades superiores. menos hidratada. A dissecação do pescoço dos enforcados permite localizar os pontos de fratura tanto da cartilagem tireóide como do osso hióide. 202 | P á g i n a . A laringe não costuma ser obliterada porque o laço situa-se em nível mais alto e o esqueleto cartilaginoso do órgão resiste bastante à compressão. E que a resistência dos cornos pode ser vencida somente depois de estar morto o indivíduo. MECANISMOS DE MORTE são eles: RESPIRATÓRIO CIRCULATÓRIO NERVOSO FATOR RESPIRATÓRIO Depende de uma elevação e deslocamento da base da língua para trás e para cima de modo a fechar a passagem do ar na faringe. Mas não é o responsável pela morte. principalmente nos membros inferiores. ou múltiplo. Por isso. Além disso. Contudo. CAUSA JURÍDICA DA MORTE A maioria deve-se ao suicídio.Nos ENFORCAMENTOS COM NÓ SITUADO LATERALMENTE. qualquer que seja o tipo de enforcamento. os sinais referidos faltam. Entre as questões mais importantes na elucidação da causa jurídica. em menos de um minuto. há compressão apenas da carótida do lado correspondente à alça. o fator respiratório não parece ser o mais importante. A existência de um quadro típico de cianose e petéquias acima do laço. Do mesmo modo. é hipótese muito rara. Além do mais. Nos enforcamentos com o NÓ LATERAL. FATOR NERVOSO A compressão de um ou de ambos os seios carotídeos sempre ocorre. a primeira é determinar se a suspensão ocorreu em vida. Sendo o enforcamento feito com NÓ EM POSIÇÃO ANTERIOR. como o estangulamento. A do outro lado sofre um estiramento. Tratando-se de laço duplo. a presença de edema e de bolhas serosas na pele espremida entre duas voltas mostra que havia circulação. Alguns sinais são categóricos quando presentes. não há grande prejuízo da irrigação cerebral. o dano ao tecido nervoso tanto pode ter sido causado por parada cardíaca como por isquemia cerebral decorrente da obstrução das artérias carótidas primitivas. Como a maioria dos enforcados não apresenta cianose. as lesões incapacitantes e as de contenção servem para o diagnóstico diferencial. a força exercida pela vertente anterior da alça é capaz de elevar a base da língua o suficiente para OBSTRUIR A PASSAGEM DO AR NA FARINGE. se o NÓ situar-se ANTERIORMENTE. mas não é comprimida. mas em coma por lesão irreversível do cérebro. o achado de nítida hemorragia ao redor dos focos de fratura do hióide. como contusão ou fratura do crânio. A suspensão e o enforcamento por homicídio requer que o agressor incapacite a vitima de algum modo antes de suspendê-la. Por essa razão. ora são devidas a outra modalidade de asfixia. e da EQUIMOSE RETROFARÍNGEA DE BROUARDEL . FATOR CIRCULATÓRIO Sabe-se que o fluxo pelas artérias vertebrais é insuficiente para manter a oxigenação do cérebro. De qualquer modo. No caso de se suspender um cadáver para simular um suicídio e ocultar um homicídio. é difícil aceitar que haja impedimento à entrada do ar nas vias respiratórias. Nos casos em que a pessoa é retirada do laço ainda com vida. ou que o ato seja efetuado por mais de uma pessoa. 203 | P á g i n a . as lesões relacionadas com a verdadeira causa da morte costumam estar presentes. ou nos cornos da cartilagem tireóide. com aumento de volume da língua e edema inclusive palpebral. é possível ver foco de laceração e equimose da borda da língua em relação as arcadas dentárias. o ENFORCADO TÍPICO perde a consciência logo em seguida à suspensão. o fator vascular é desprezível. Ora são causadas por ação contundente. caracteriza REAÇÃO VITAl. Em alguns casos. inclusive no hemisfério correspondente à alça. principalmente da face Congestão e petéquias na pele e nas conjuntivas Pálpebras podem estar tumefeitas Lábios podem estar tumefeitos Liquido serossanguinolento surgindo das narinas e da boca Podem aparecer lesões de defesa. Sobrevindo a putrefação. Se for feito com apenas uma volta do laço. em suspensão. mesmo que se formam novos livores nos membros inferiores. e se tratar de homicídio. costuma haver trespassamento de uma extremidade sobre a outra antes de desaparecer. Mas é um sinal que só tem valor se percebido no local onde se achar o corpo. a profundidade do sulco fica muito maior. pois pode haver nova distribuição de livores durante o tempo transcorrido entre a retirada do corpo do ponto de suspensão. Na maioria das vezes é completo. O fundo é. se foi o corpo que puxou a corda para baixo ou se foi uma força estranha que suspendeu o cadáver. ASPECTO GERAL: Entre as formas de constrição do pescoço. 204 | P á g i n a . A distribuição dos livores hipostáticos pode revelar a dissimulação de um crime. escoriado e de cor PARDO-AVERMELHADA quando o laço for áspero como uma corda de sisal. A profundidade é regular e uniforme. A presença de lesões de defesa e de contenção atesta a agressão. arrancando a epiderme. o transporte e a realização da necropsia. mas pode ser maior se houver deslizamento durante a luta. Sua direção é horizontal. o estrangulamento é a que apresenta sinais de asfixia com maior constância. ESTRANGULAMENTO É a forma de asfixia em que a constrição do pescoço é feita por meio de um laço acionado por força diversa do peso da vitima. o exame do ponto de suspensão pode ajudar se feito antes de cortar a corda. mesmo que tenha mais de uma volta. A nova posição. A luta da vitima para se livrar do laço faz com que esse deslize sobre a pele. Basta que o corpo tenha sido mudado deposição depois que eles já tenham sido fixados. Nota-se: Cianose das extremidades. Situa-se na topografia da laringe ou entre ela e o osso hióide. em geral. A permanência do laço após a morte faz com que o sulco se torne mais profundo com o passar do tempo A pele adjacente pode apresentar uma falsa hiperemia decorrente da migração do sangue pela expressão dos tecidos do fundo do sulco. Em situações especiais. a orientação dos fiapos no ponto de contato indica a direção do movimento. por exemplo. por vezes chegando a esconder o laço. o SULCO É MAIS BAIXO QUE NO ENFORCAMENTO. Sua largura é semelhante à do material do laço. ou menor. A maioria tem causa HOMICIDA. fica em contradição com a distribuição prévia. pouco acentuada. Tratando-se de corda de material felpudo que passe por uma trave horizontal. Assim. SULCO Apresenta algumas características constantes para essa forma de constrição e que servem para fazer o diagnóstico diferencial de enforcamento. Mas pode ser apergaminhado quando o laço for mantido muito apertado ao redor do pescoço após a morte. em geral.Algumas tornam impossível a execução dos atos necessários ao suicídio por enforcamento. portanto. em alguns tipos de laço pela reação da vitima SINAIS GERAIS DE ASFIXIA Geralmente estão presentes. INFILTRAÇÃO EQUIMÓTICA e BOLHAS DE CONTEÚDO SEROSO. o que dificulta muito o diagnóstico diferencial com o enforcamento. mais baixo que do enforcamento (que é supra hióideo) Profundidade regular e uniforme Completo na maioria das vezes O fundo é. escoriado e de cor pardo-avermelhada Arrancamento da epiderme. Podem aparecer novas equimoses e início de formação de crostas de tiver havido escoriação. fica apenas interrompido. Há hiperemia. o sulco pode ser OBLÍQUIO e INTERROMPIDO porque o laço tem forma de U. ALTERAÇÕES EM SOBREVIVENTES DISTURBIOS LOCAIS DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS DISTÚRBIOS LOCAIS O sulco costuma ficar muito mais nítido no dia seguinte. o sulco não desaparece. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DOS SULCOS: Horizontal Geralmente entre a laringe e o hióideo Sulco é. em geral.A presença de escoriações em forma de estigmas ungueais ou de pequenas faixas paralelas e no sentido longitudinal ao pescoço pode indicar tentativa da vitima de puxar e se livrar do laço. é possível ver a pele insinuada entre duas voltas vizinhas. que pode revelar ter havido várias constrições pela multiplicidade de sulcos revelados e que não eram visíveis por ocasião do primeiro exame. Nos laços MÚLTIPLOS que ficam amarrados no pescoço após a morte. No caso de haver interposição de roupa ou da mão da vitima. Há: Congestão polivisceral generalizada Sangue líquido e escuro Manchas de tardieu Edema pulmonar com líquido serossanguinolento espumoso PESCOÇO São lesões mais comuns: Focos de hemorragia na mucosa faringeana Hemorragia na musculatura intrínseca Fratura do escudo ou dos cornos da cartilagem tireóide. Nos casos em que o AGRESSOR fica POR TRÁS e em plano superior ao pescoço da vitima. formando uma crista que pode apresentar EDEMA. 205 | P á g i n a . Pode apresentar amnésia com relação ao fato Confusão mental Crises de agitação e pânico MECANISMOS DE MORTE são eles: RESPIRATÓRIO CIRCULATÓRIO NERVOSO (quase não está presente) Teoricamente são possíveis essas 3 formas. parece que ele não é tão importante 206 | P á g i n a . Aumentando a força. há redução do fluxo de sangue pelas artérias carótidas. pode haver perda da consciência mesmo sem obstrução total das carótidas A pressão exercida distribui-se igualmente pela circunferência do pescoço. estrangulamento variam muito em razão: Do tipo de laço Da força constritora Da luta da vitima Mas as condições do Os estrangulamentos feitos com laço acionado pela força simples do agressor causam. por conseguinte. Nos casos de estrangulamento. o que ocorre. podendo chegar à obstrução completa. Mas o componente de pressão sobre a laringe. se aposição for lateral. já que sempre há compressão dos seios careotídeos. pode haver bloqueio da glote sem que haja impedimento ao fluxo de sangue pelas artérias carótidas. deslocando-a de diante para trás. geralmente. é uma associação dos fatores RESPIRATÓRIO e VASCULAR. das cordas vocais. haverá fechamento dos vasos e pouca obstrução da passagem do ar. Isso explica por que a maioria dos casos apresenta congestão intensa e petéquias na face e nas conjuntivas oculares. nesses casos é menos provável. Contudo. inicialmente: Bloqueio do retorno venoso. se o antebraço situar-se transversalmente na face anterior do pescoço. Nos casos em que se usa torniquete. Embora não se possa afastar a participação do FATOR NERVOSO. com o cotovelo do agressor na direção da linha mediana da vitima. No caso de se dar o estrangulamento por gravata. O fechamento da laringe. Além do mais. de modo que a compressão em cada setor não é tão intensa como a que ocorre na região da alça nos casos de enforcamento. A deglutição é dolorosa Congestão nas conjuntivas oculares Edema e grande alargamento dos focos hemorrágicos DISTÚRBIOS NEUROLÓGICOS A perda da consciência pode durar horas. leva à obstrução da faringe acima da glote.A forte constrição sobre a laringe faz com que haja edema da mucosa e. Tal edema pode causar dificuldade respiratória por estreitamento da passagem do ar. não há necessidade de obstrução completa do fluxo aéreo para que o indivíduo morra. pelo deslizamento dos dedos do agressor. traduzida por equimoses. Mas havendo sinais de práticas masturbatórias. que imitam a forma das unhas. Mas pode explicar casos de estrangulados pálidos. Com freqüência. A face costuma apresentar CIANOSE e PETÉQUIAS. pois ele pode continuar a se aprofundar no período post mortem. mas pode vir associada aos estrangulamentos. mas é possível que seja o contrário. As EQUIMOSES costumam ser pequenas. a epiderme em contato com a porção central da unha é presa e puxada. Nesses casos. as escoriações de forma irregular são mais freqüentes do que os estigmas tópicos. Um outro caso de ACIDENTE acontece em academias de artes marciais. pode estar envolvido o mecanismo de morte por inibição. é HOMICÍDIO. São mais concentradas na topografia da laringe. CAUSA JURÍDICA Geralmente. no momento em que houver asfixia suficiente para causar perda da consciência e a constrição cessará. escoriações e eventuais manchas. Havendo deslizamento da pele sobre o tecido subcutâneo no momento de sua formação. Não é possível haver esganadura suicida nem acidental. mas também podem ser observadas nas regiões supra hióideas e carotídeas. A orientação da concavidade indica a posição da palma da mão do agressor. ALTERAÇÕES EXTERNAS GERAIS Como se trata de um tipo de constrição essencialmente homicida. desde que ela esteja consciente. que estão presentes também nas CONJUNTIVAS OCULARES. ALTERAÇÕES INTERNAS GERAIS 207 | P á g i n a .nos casos de estrangulamento como o é no enforcamento e na esganadura. LOCAIS O pescoço apresenta marcas deixadas pelas mãos do agressor. há proteção da pele do pescoço por meio de panos e acolchoamentos por debaixo da corda. como escoriações lineares ou em forma de faixa. é possível que seja ACIDENTE. Tanto podemos encontrar estigmas típicos. O fato de o laço estar muito apertado não afasta a hipótese de suicídio. pouco numerosas e distribuídas principalmente na face anterior e nas faces laterais. Mesmo que alguém ente apertar o próprio pescoço com as mãos e o faça. a concavidade pode estar voltada para o dorso da mão. Eventualmente. A posição das marcas ungueais nem sempre são capazes de dizer se o agressor era destro ou canhoto. Na verdade. ESGANADURA É a forma menos comum de constrição cervical. enquanto a que é pressionada pelas porções laterais da unha tende a ficar no mesmo local e ser escoriada logo após.haverá reação da vitima e luta. côncavo-convexas. Com freqüência. com ou sem relação com os estigmas ungueais. ALTERAÇÕES EM SOBREVIVENTES Os sintomas gerais são semelhantes aos referidos no estrangulamento: Tumefação da face Petéquias nas conjuntivas do globo ocular Equimoses e escoriações ficam mais visíveis Tumefação das partes moles do pescoço Mais dificuldade para respirar que nos estrangulados Pode haver morte por edema nas cordas vocais. focos de hemorragia. Em resumo: Equimoses em várias partes docorpo Hemorragia da face profunda Língua com focos de infiltração equimótica na base ou na borda Equimose e tumefação dos lábios. Também é possível encontrar equimoses profundas em várias partes do corpo. A LARINGE é o órgão mais atingido na esganadura. freqüentemente. As cordas vocais apresentam. Em alguns casos. uma vez que a pressão é exercida preferencialmente na parte central do pescoço. Mas as lesões mais importantes são as da LARINGE e do HIÓIDE. Ocorrem mais facilmente nos traumas diretos por ação contundente. ou na sua borda. O rebatimento do couro cabeludo evidencia focos de hemorragia na face profunda em vários casos. O diagnóstico de reação vital nas fraturas desses elementos está baseado na presença de hemorragia perifocal. estão presentes os sinais gerais das asfixias. 208 | P á g i n a . As fraturas situam-se com maior freqüência nos cornos superiores da cartilagem tireóide. São INCOMUNS as fraturas da cartilagem cricóide e do escudo da cartilagem tireóide porque requerem uma força direta muito intensa. notam-se focos de hemorragia na cápsula da glândula tireóide. LOCAIS As alterações mais freqüentes são os focos de infiltração equimótica no plano subcutâneo e na bainha dos músculos. A face vestibular dos lábios pode mostrar focos equimóticos e tumefação. Em resumo: Infiltração equimótica no plano subcutânea Equimose na bainha dos músculos Hemorragia na glândula tireóide Fratura do plano visceral do pescoço Fraturas nas cartilagens da laringe Fraturas no hióide Focos de hemorragia nas cordas vocais São raras as alterações nas artérias carótidas. As artérias carótidas não costumam apresentar alterações. O exame da língua pode mostrar focos de infiltração equimótica na base. esses relacionados com as arcadas dentárias. assim como lesões viscerais decorrentes de luta. A esganadura é forma de constrição cervical que mais apresenta fratura dos elementos do plano visceral do pescoço. Mas os sinais de luta corporal podem ser um indicativo. Outros sinais importantes de reação vital são: Equimose retrofaringeana de Brouardel nos enforcamentos. que produz resposta reflexa através do nervo vago. conjuntivais e na pele. há prolongamento da asfixia por um tempo maior do que o que se observa nas outras formas de constrição cervical. A dificuldade maior é no estrangulamento. porque a vitima consegue fazer algumas inspirações. seja do seu deslocamento para cima e para trás de modo a fechar a passagem do ar na faringe. verificar se foi feita em vida. quando for feito por trás da vitima por um agressor situado em um plano superior. De modo semelhante ao que ocorre no estrangulamento. que resulta da compressão da parede posterior da faringe contra a coluna cervical. PERÍCIA NAS CONSTRIÇÕES CERVICAIS O objetivo da perícia é esclarecer primeiramente qual o tipo de constrição. Por fim. fechando a golote. de edema e petéquias. o sulco fica oblíquo e interrompido como se fosse enforcamento típico. O exame do ponto de suspensão e da orientação dos fiapos da corda pode dizer se houve suspensão do cadáver ou se o indivíduo se pendurou. e a presença de contusão hemorrágica da borda da língua. Resumo: indicativos de reação vital: 209 | P á g i n a . A presença de hemorragia em torno do foco da fratura serve para atestar a reação vital. EXAME NECROSCÓPICO DIAGNÓSTICO DO TIPO DE CONSTRIÇÃO O diagnóstico do ENFORCAMENTO começa no local onde é encontrado o corpo. resultante da ocorrência de mordedura da lingua durante convulsões ou luta. O fator nervoso de morte é a excitação dos seios carotídeos. atesta que havia circulação.MECANISMOS DA MORTE são eles: RESPIRATÓRIO CIRCULATÓRIO (é o menos importante) NERVOSO Dos três fatores o vascular é o menos importante. essa obstrução costuma ser intermitente por causa da luta. O mecanismo NERVOSO é mais importante na esganadura do que no enforcamento. Assim. REAÇÃO VITAL O seu diagnóstico está baseado no achado de sinais de que havia circulação sanguínea no momento da constrição. antes da formação dos livores hipostáticos. A obstrução RESPIRATÓRIA é a mais significativa e resulta seja da compressão diretamente exercida sobre a laringe. Os sinais de compressão venosa servem para afirmar a reação vital A presença de tumefação da língua e dos lábios. É muito importante. Em segundo lugar. Nesses casos. principalmente se for um enforcamento incompleto e o corpo for encontrado pouco tempo depois da morte. determinar qual a causa jurídica. À medida que o tempo passa. entram em jogo outros mecanismos. MECANISMOS DE MORTE 210 | P á g i n a . por exemplo. como. Hemorragia em torno do foco da fratura Sinais de compressão venosa Tumefação na língua e lábios Edema Petéquias conjuntivais e na pele Equimose retrofaringeana de Brouardel Contusão hemorrágica da borda da língua CAUSA JURÍDICA Enforcamento – basicamente suicida Estrangulamento – basicamente homicida Esganadura – sempre homicida. a situação vai-se agravando e duas síndromes vão se instalando simultaneamente Hipoxia e Exaustão térmica. com a sensação de ter que aumentar o esforço inspiratório. NÃO há lesões PATOGNOMÔNICAS. Há quem defenda que os esforços feitos no sentido de encontrar uma saída. MECANISMOS DE MORTE O indivíduo confinado sofre lenta e progressivamente os efeitos da diminuição do oxigênio e do aumento da umidade e da temperatura ambientes. ASFIXIAS POR MODIFICAÇÕES DO MEIO AMBIENTE CONFINAMENTO SOTERRAMENTO AFOGAMENTO CONFINAMENTO Basta que as necessidades de oxigênio e de remoção da umidade e do gás carbônico não sejam feitas de modo adequado. a compressão torácica. Ambas levam a uma fase de reação com: Hiperpnéia Taquicardia Elevação da pressão arterial Pânico. Mesmo nos de sepultamento acidental. causam um quadro de insolação. A princípio. raros são os casos de morte causada exclusivamente pela penetração de corpos sólidos pulverulentos nas vias respiratórias. a par da dificuldade de dissipar o calor. O suor não evapora devido à saturação do ar pelo vapor d’água proveniente da sudorese e da própria respiração. sente dispnéia. SOTERRAMENTO Do ponto de vista prático. o que causa retenção nas veias menores e no leito capilar. nas vias respiratórias e no tubo digestivo. decorrente da pressão exercida sobre a vitima pelo peso dos materiais do desabamento. apele apresenta. 211 | P á g i n a . COMPRESSÃO TORÁCICA Nos soterramentos é. O acumulo de sangue é mais importante no território de drenagem da cava superior porque as jugulares não possuem válvulas de retenção de refluxo. ou não.Nos desmoronamentos e deslizamentos. ALTERAÇÕES EXTERNAS O aspecto externo dos cadáveres soterrados varia bastante em função do meio de soterramento.. pescoço e metade superior do tórax Aumento da pressão interior do tórax e Pouco retorno do sangue para o coração. ALTERAÇÕES INTERNAS Além dos sinais de asfixia. Sua participação na causa da morte depende da coexistência. Às vezes essas lesões por si sós acarretam a morte. É comum encontrar sinais de compressão torácica. forma-se a máscara equimótica. As dobras da roupa podem impedir a formação de equimoses e de cianose nos pontos de maior pressão sobre a pele. Dessa forma. vários são os mecanismos que concorrem para a morte. a penetração será mais ou menos profunda. que se destaca facilmente. com a formação da mascara equimótica. labiais e gengivais. como máscara equimótica e hemorragias das mucosas conjuntivais. com freqüência. Quando o meio de soterramento é úmido e o corpo permanece mais de um dia soterrado. Os formados por partículas menores tendem a penetrar mais longe na árvore respiratória e causar obstrução mais eficiente. Por isso. de lesões graves por ação contundente ou pelo peso do material. A força sobre o tórax aumenta a sua pressão interior. AÇÃO CONTUNDENTE Pode decorrer do impacto de corpos desabados sobre a vitima. prejudicando o retorno do sangue para o coração. talvez o mecanismo letal mais importante. Seu corpo é envolvido pelo material. que penetra na boca. Pode suceder que os orifícios nasais e a boca fiquem da mesma forma obstruídos. Os principais são: Asfixia decorrente da compressão torácica Sufocação direta Confinamento ou soterramento em sentido estrito Ação contundente. SOTERRAMENTO ESTRITO É como se a vitima fosse afogada em um meio sólido. Conforme o tamanho das partículas. Confere ao corpo características importantes como: Cianose intensa na cabeça. impedindo sua expansão. nos casos de SOTERRAMENTO ESTRITO encontra-se parte do material soterrante no interior da boca. nas narinas e nas vias aéreas. aumenta a pressão nas veias cavas. pescoço e metade superior do tórax. Resumo: Cianose na cabeça. SUFOCAÇÃO DIRETA Pode ocorrer quando a vitima é soterrada por material granular e algum granulo encaixa-se na glote. maceração da epiderme. DIAGNÓSTICO DO SOTERRAMENTO A perícia deve observar os sinais de asfixia e demonstrar a reação vital a fim de se afastar a possibilidade e o indivíduo já estr morto no momento do fato. AZUL ou REAL quando a vitima aspira o líquido. Não se conhece esse mecanismo. FISIOPATOLOGIA DOS AFOGAMENTOS AFOGAMENTO BRANCO No afogamento branco. que pode ser visto no esôfago e no estômago. as partículas podem ser encontradas em grande quantidade na traquéia e nos brônquios. que é uma parada cardíaca que ocorre quando a pessoa mergulha em água a temperatura 5 graus abaixo da corporal. considera-se como AFOGAMENTO SECUNDÁRIO os casos em que a vitima está na água e se afoga por outras causas. Quando sobrevivem por mais de 24 horas. principalmente o álcool. É comum que o indivíduo. ATUALMENTE. causando obstrução intensa. 212 | P á g i n a . faltam os sinais de reação vital do soterramen AFOGAMENTO FORMAS DE AFOGAMENTO O afogamento não requer que o corpo do indivíduo esteja totalmente submerso. os autores falam em SEMIAFOGAMENTO. POR INIBIÇÃO.Em alguns casos. Nos casos em que a pessoa já está morta quando soterrada. Alguns autores referiam-se a esses eventos como sendo AFOGAMENTO SECUNDÁRIO. É possível que a vasodilatação cutânea promovida pelo álcool amplifique o estimulo pelo frio. DIAGNÓSTICO DA CAUSA JURÍDICA Via de regra. é comum encontrarem-se roturas viscerais e diversos tipos de fratura. como a síndrome da angústia respiratória do adulto. SÓ É INDICATIVO DE REAÇÃO VITAL se ele estiver no espaço glótico ou em nível mais profundo nas vias aéreas e no esôfago. mas já estava morta. é a de uma pessoa que cai na água e não retorna à superfície. é resgatada em poucos minutos. Esse choque térmico é tão mais freqüente quanto menor for a temperatura da água. ou BRANCO quando a morte se dá sem que tenha havido aspiração. Nesse contexto. A penetração de parte do material soterrante nas vias respiratórias deve ser pesquisada. A expressão AFOGAMENTO BRANCO traduz um quadro anatomopatológico em que não se acha qualquer sinal capaz de comprovar que houve a aspiração do líquido. a presença nas narinas e na boca não deve ser valorizada. é o chamado AFOGAMENTO INCOMPLETO. No soterramento por desabamento. O afogamento é chamado de VERDADEIRO ÚMIDO. podem ocorrer complicações de ordem pulmonar. a historia relatada pelas testemunhas. Ou que cai na água. Na evolução. Atualmente. engula parte desse material. É chamado de AFOGAMENTO SECO. seguida de convulsões. no qual não há aspiração. É mais comum onde a água esteja fria. A causa mais comum é o uso de drogas. antes de morrer. é de origem ACIDENTAL. traumatismos e doenças cardiopulmonares. admite-se a existência da chamada SÍNDROME DE IMERSAO ou HIDROCUSSÃO. geralmente. a aspiração é precedida de uma fase de apnéia voluntária. Durante esses movimentos. esse espasmo existe em qualquer forma de afogamento. há casos em que a pessoa faz hiperventilação antes de mergulhar. o conseqüente acúmulo de CO2 faz com que a pessoa prenda a respiração por menos tempo depois de afundar. com ou sem participação das terminações sensitivas cutâneas. fazendo com que haja queda tão intensa do O2 no sangue arterial que o individuo perde a consciência antes de aspirar a água. 213 | P á g i n a . Segue-se perda da consciência e convulsões. AFOGAMENTO VERDADEIRO De um modo geral. FATOR ASFÍXICO Nos indivíduos que forem retirados com vida e internados. Acredita-se que a água doce altere a estrutura do surfactante e que a salgada apenas dilua ou remova e que esse efeito perdure por várias horas após a eliminação da água de afogamento. O indivíduo resiste até um ponto em que o excesso de CO2 estimula tanto os centros respiratórios que ele não consegue mais impedir a aspiração da água. que é o colapso de parte dos alvéolos por causa da perda de surfactante. Seja como for. O grau de asfixia é máximo nos indivíduos que não são resgatados. em que o estímulo seria o contato da água fria com a mucosa da faringe e da laringe.já que o sangue passa por septos de alvéolos não arejados. e diminui tanto o teor de CO2 que o estímulo aos centros respiratórios é retardado. sobrevém o reflexo de tosse. A hipoxia dos tecidos provoca um desvio do metabolismo com predominância da via ANAERÓBIA. Quando existe a fase de luta. depende tanto da presença do líquido nos alvéolos quanto das complicações pulmonares subseqüentes. o colapso alveolar pode ser intenso a ponto de reduzir muito a complacência pulmonar e causar perda considerável do trabalho cardíaco. pode surgir um fator extra. Contra essa hipótese está o fato de não se acharem sinais de asfixia. seguido de novos movimentos respiratórios e de mais aspiração. Ao aspirar. no qual são produzidos radicais ácidos que causam uma acidose metabólica.Alguns admitem uma parada cardíaca por descarga vagal. É isso que explica os casos de pessoas que passam bem nas primeiras horas. pois continuam a aspirar o líquido até a parada dos movimentos respiratórios. Nos resgatados. A TEMPERATURA DA ÁGUA tem grande influencia no tempo de sobrevivência. na dependência do teor de CO2 e de O2 no sangue. principalmente se for água doce. de duração variável. Na ÁGUA GELADA são maiores as chances de sobrevivência. mas se desfaz rapidamente nos indivíduos que aspiram líquido. mas em 12 a 24 horas descompensam e evoluem para um quadro clínico de síndrome da angustia respiratória do adulto. Outros atribuem a morte a espasmo prolongado da musculatura intrínseca da laringe assim que a água entra em contato com as cordas vocais. Porém. Na realidade. com aspiração de água 3 Reflexo de tosse com novos movimentos respiratórios involuntários 4 Perda da consciência e convulsões 5 parada dos movimentos respiratórios. FASES 1 Apnéia voluntária 2 Excesso de CO2 estimula centros respiratórios que provoca inspiração involuntária. costuma vomitar e aspirar parte do conteúdo gástrico. provavelmente porque a aspiração da água gelada reduz rapidamente a temperatura corporal e causa hipotermia suficiente para proteger o tecido nervoso de dano pela hipoxia. leva à hemoconcentração. causando diluição e hipervolemia intensa. A hemodiluição associada à asfixia causa hemólise. que sofrem parada cardíaca antes de se instalar a asfixia. ALTERAÇÕES EXTERNAS O corpo de pessoas afogadas pode apresentar modificações decorrentes do mecanismo de morte. Sendo a ÁGUA DOCE hipotônica em relação ao plasma. pois atrai líquido do sangue para dentro do espaço alveolar. ALTERAÇÕES EXTERNAS CAUSADAS PELO PROCESSO DE AFOGAMENTO: COGUMELO DE ESPUMA ESCORIAÇÕES E PEQUENAS FERIDAS NAS POLPAS DIGITAIS CORPOS ESTRANHOS NOS SULCOS UNGUEAIS FOLHAGENS E OUTROS RESÍDUOS PRESOS PELA MÃO COGUMELO DE ESPUMA O líquido aspirado mistura-se com o ar alveolar e com as secreções prsentes ao longo das vias respiratórias. da permanência no meio aquoso e de outros agentes que atuam ocasionalmente. a ÁGUA SALGADA. A parada cardíaca resulta basicamente da hipoxia e demora bem mais para ocorrer. quando ela entra em contato com os alvéolos. FATOR OSMÓTICO A concentração de sais do meio de afogamento já foi considerada fator fundamental no mecanismo de morte dos afogados. atravessa a membrana alveolocapilar e penetra na corrente sanguínea em grande quantidade. 214 | P á g i n a . o que causa hemoconcentração. Mais líquido no espaço alveolar Hemoconcentraçao alveolar Parada cardíaca pela hipoxia de 8 a 12 minutos Podemos afirmar que qualquer pessoa afogada morre asfixiada. bem como com o surfactante (uma substância especial que recobre o epitélio alveolar). com exceção dos casos de afogamento branco. Dessa mistura resulta uma espuma consistente que distende o pulmão e preenche a arvore traqueobrônquica. Com conseqüente hipovolemia E conseqüente hemólise Parada cardíaca por hipoxia de 4 a 5 minutos Ao contrário. 8 a 12 minutos. por ser mais concentrada do que o plasma. A inundação alveolar é ampliada pelo liquido puxado para dentro do alvéolo. contra 4 a 5 minutos na água doce. Resumindo: Penetra na corrente sanguínea em grande quantidade. 215 | P á g i n a . que aumenta de volume e fica ondulada ou pregueada. Podem ter sido segurados durante a fase de luta ou de convulsões dentro do meio liquido. a espuma é eliminada juntamente com o liquido em excesso. como regra. e o corpo é retirado da água pouco tempo depois. Começa a se formar nas polpas digitais em 20 a 30 minutos DESTACAMENTO DA EPIDERME Conforme se prolonga a imersão.Quando o individuo é resgatado com vida e submetido à respiração artificial. por causa da redução do volume do tórax pelo relaxamento dos músculos torácicos. podem eliminar espuma parecida com essa. Assim. não chega a ser tão exuberante como nos casos de afogamento. Serve para informar as características do local do acidente. CORPOS ESTRANHOS NOS SULCOS UNGUEAIS Podem decorrer do atrito do corpo com o fundo ou da movimentação na fase da luta. FOLHAGENS E OUTROS RESÍDUOS PRESOS PELA MÃO Alguns corpos retirados da água apresentam as mãos fechadas fortemente. Ao se iniciar a putrefação. ESCORIAÇÕES E PEQUENAS FERIDAS NAS POLPAS DIGITAIS Enquanto ainda está vivo e consciente. tais lesões não costumam apresentar infiltração por sangue. vai havendo uma maceração da epiderme. costuma eliminar a espuma pelas narinas e pela boca. Embora feitas em vida. de modo que ela constitui uma massa branca arredondada que lembra um chapéu de cogumelo. mas. Mas quando se dá a morte. Seriam. A expulsão da espuma das vias respiratórias começa logo após a morte. esse processo já está tão avançado que a epiderme se destaca facilmente. E continua depois pela elevação diafragmática devida aos gases formados no intestino grosso. é possível que o patologista não encontre mais o cogumelo de espuma. que espreme as bases pulmonares. ALTERAÇÕES EXTERNAS CAUSADAS PELA PERMANÊNCIA NA ÁGUA MÃOS DE LAVADEIRA DESTACAMENTO DA EPIDERME LESÕS POR ARRASTAMENTO AÇÃO DA FAUNA AQUÁTICA MUTILAÇÕES POR HELICES DE EMBARCAÇÕES LESÕES PELAS MANOBRAS DE RESGATE PELE ANSERINA MÃOS DE LAVADEIRA O contato prolongado com a água faz com que haja uma hiperidratação da camada córnea da epiderme. Se a necropsia custar a ser feita. o resultado de um espasmo cadavérico. pode sofrer pequenas escoriações pelo atrito com pedras. O tempo necessário para que ocorra depende basicamente da temperatura da água. na verdade. o afogado tenta agarrar-se em qualquer coisa que flutue ou que lha permita voltar à superfície. ou por outra forma de asfixia. Pessoas que morrem por edema pulmonar agudo. pois são lavadas pela água assim que são produzidas. prendendo folhas. Essa distensão deve-se a um alargamento dos espaços aéreos de modo exagerado. Eles têm preferência pelas partes mais moles da pele. Quando é muito fundo. para nós. algas. é possível observar grão de areia. no interior da luz brônquica Um achado relativamente comum é a presença de alimentos parcialmente digeridos na luz dos brônquios. ALTERAÇÕES INTERNAS →ALTERAÇÕES DO APARELHO RESPIRATÓRIO Aspiração de corpos estranhos Enfisema aquoso Manchas de paltaulf →ALTERAÇÕES DO APARELHO DIGESTIVO →HEMORRAGIA NO OUVIDO MÉDIO E NA MASTÓIDE ALTERAÇÕES DO APARELHO RESPIRATÓRIO ASPIRAÇÃO DE CORPOS ESTRANHOS A penetração do líquido de afogamento nos pulmões leva consigo quaisquer partículas que estejam em suspensão. Isso se deve ao fato de a vitima vomitar durante a fase de luta. em face da hemoconcentração do primeiro. principalmente os siris. É um bom indício de reação vital. etc. Alguns autores 216 | P á g i n a . nos joelhos e na face superior dos pés. nas mãos. A causa dessa distensão. como minúsculas vesículas aéreas que correspondem aos sacos alveolares. AÇÃO DA FAUNA AQUÁTICA Após a morte. ENFISEMA AQUOSO Os pulmões dos afogados geralmente estão aumentados de volume e de peso. não é muito clara. Assim. mais escura nos casos de afogamento no mar do que no afogamento de água doce. Essa posição deve-se à presença dos gases intestinais. em saca-bocado Sem infiltração hemorrágica visível Mas é difícil fazer o diagnóstico diferencial entre lesão em vida e após a morte. fragmentos de conchas. principalmente nos membros superiores e tronco. PELE ANSERINA É a contração dos músculos piroreceptores promovendo um arrepiamento geral do corpo. e pode ser visualizado sob a pleura. e aspirar o conteúdo. com auxilio de lupa. o que se chama de ENFISEMA AQUOSO. ou logo após.LESÕES POR ARRASTAMENTO O corpo costuma ir para o fundo das coleções liquidas porque sua densidade aumenta em função da substituição do ar alveolar pela água. quando o ataque faz-se dentro d’água. os animais que mais atacam são os crustáceos. As lesões têm: Bordas crenadas. o corpo vai ao fundo e é arrastado pela correnteza. Independe de ter a morte ocorrido nos afogamentos ou por outra causa. Resultam de lesões post mortem e se localizam preferencialmente na testa. por causa da postura do corpo no fundo. Há quem diga que se trata de um espasmo cadavérico relacionado com a rigidez muscular. que tornam o abdômen o segmento menos denso e sujeito ao maior empuxo de baixo para cima pelo PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES. Sua coloração é CINZA-AVERMELHADA. Os livores de hipóstase aparecem mais cedo por causa da fluidez do sangue. resultam da hiperdistensão do parênquima pulmonar e conseqüente rotura das paredes alveolares. Admite-se que sejam causadas post mortem pela ação dos livores quando há congestão intensa no local. A rigidez muscular costuma estar antecipada em função da asfixia. a vitima de afogamento ingere quantidade variada de água. 217 | P á g i n a . alguns focos de hemorragia dispersos. Os pulmões assim distendidos apresentam consistência esponjosa mais firme e se mostram armados quando colocado sobre a mesa de necropsia. Provavelmente. por vezes. Os coágulos post mortem são dissolvidos nas mortes rápidas. O resfriamento do corpo é muito mais rápido e depende diretamente da temperatura da água. Correspondem às hemorragias decorrente da hemólise que ocorre no afogamento de ÁGUA DOCE e na PUTREFAÇÃO inicial. não é sinal patognomônico de morte por afogamento. É possível observar também. que vai colecionar-se no estomago e. Mas o achado de grande volume de líquido no estomago e nas alças intestinais iniciais é dado muito importante para o diagnóstico por afogamento. contudo. comuns a qualquer forma de asfixia e que se situam no tecido conjuntivo subpleural. a presença de lama simultaneamente no estomago e na árvore respiratória é indicação segura de morte por afogamento. pois não são observadas em outras formas de asfixia. tornam-se bem mais nítidas. Não devem ser confundidas com manchas de TARDIEU. As manchas de paltaulf são valiosas para o diagnóstico do afogamento. os distúrbios eletrolíticos do próprio afogamento e a permanência de água alteram o ritmo de aparecimento e de evolução dos fenômenos cadavéricos. Mas essa alteração também é observada em outros tipos de morte. MANCHAS DE TARDIEU – tecido conjuntivo subpleural MANCHAS DE PALTAULF – parênquima pulmonar ALTERAÇÕES DO APARELHO DIGESTIVO Durante a fase da luta. em função da temperatura baixa da água e da maior facilidade do oxigênio da água de penetrar nos vasos superficiais. vistas por transparência da pleura. A cor dos livores é mais para VERMELHO do que nas outras formas de asfixia. chega a alcançar as primeiras alças do intestino delgado. MANCHAS DE PALTAUF São áreas de cor AVERMELHADA mais ou menos escura. Em casos de afogamento em pântanos ou cursos de água muito poluídos. FENÔMENOS CADAVÉRICOS NOS AFOGADOS As alterações metabólicas da asfixia. O enfisema aquoso parece ser mais intenso nos casos de afogamento em água doce. como em overdose ou mesmo insuficiência cardíaca. HEMORRAGIA NO OUVIDO MÉDIO E NA MASTÓIDE Alguns autores referem a presença de hemorragia no ouvido médio.acham que a espuma formada pode agir como elemento obstrutivo intermitente de modo semelhante ao que ocorre nos casos de asma brônquica. A presença de líquido no estomago. visível por transparência da face superior do rochedo como uma ZONA AVERMELHADA. não no parênquima pulmonar como essas. e a quantidade de líquido no espaço pleural aumenta muito. só se pode firmar o diagnostico de morte por afogamento após a associação dos dados do histórico com os do exame delocal e os achados de necropsia. Outro fato interessante é que um corpo que permaneça em águas frias custa a apodrecer. mas logo se decompõe ao ser removido da terra. As cavidades pleurais podem conter líquido serossanguinolento. os pulmões são espremidos de baixo para cima do diafragma. com a cabeça e os membros pendendo para o fundo. A putrefação pode começar no tórax devido à penetração de bactérias com o liquido de afogamento. 218 | P á g i n a . tendo o corpo caído ou sido lançado na água Afogamento real ou branco. até mesmo uma tentativa de homicídio por outro meio. é passível de contestação.Como o corpo dos afogados permanece em decúbito ventral. por vezes. Qualquer um desses sinais. Mesmo que tenha havido outra forma de violência. o perito poderá atestar com tranqüilidade a causa da morte. DIAGNÓSTICO EM CORPOS NÃO PUTREFEITOS Nos corpos ainda conservados. Estando presentes e sendo o caso de suspeita de afogamento. inclusive hipotermia Lesão por outras causas violentas. principalmente se o corpo chegar à putrefação. isoladamente. Resumo: Antecipação da rigidez muscular Livores aparecem mais cedo Livores de cor mais VERMELHA que das outras asfixias Livores aparecem mais rápido na cabeça e no tórax Resfriamento mais rápido Putrefação começa no tórax Com a putrefação os pulmões são mais colapsados Aumento do liquido no espaço pleural. Isso é muito mais nítido quando o afogamento ocorre em águas poluídas por dejetos humanos. DIAGNÓSTICO DO AFOGAMENTO É possível que ocorra: Mal súbito seguido de queda na água Mal súbito quando destro da água Morte dentro da água por outras formas de violência. Com a putrefação. A cor da cabeça fica. os livores aparecem inicialmente na cabeça e na face anterior do tórax. a possibilidade de firmar esse diagnóstico é maior. tornam-se mais colapsados. muito escurecida. Tanto os pulmões como o liquido pleural ficam de cor PARDOAVERMELHADA muito escura. Os sinais mais importantes são: Presença de cogumelo de espuma Enfisema aquoso Manchas de paltauf Corpos estranhos além dos brônquios segmentares Liquido abundante no interior do estomago Liquido nas alças iniciais do intestino delgado. principalmente se o corpo ficar mais de um dia na água. quer em água salgada. Quando a quantidade achada é grande e as espécies coincidem com as encontradas no local de afogamento. Por isso. a pesquisa de algas diatomáceas é considerada mais um teste a ser feito para o diagnóstico do afogamento. em triturados de vísceras maciças ou da medula óssea.PROVA DAS DENSIDADES COMPARADAS Está baseada na diluição ou na concentração do sangue. O aspecto dos pulmões está muito modificado pela hemólise e impregnação hemoglobínica da putrefação. não devem ser pesquisadas no próprio pulmão por causa da possibilidade de contaminação post mortem. que persiste mesmo após a decomposição da matéria viva. Se houver hemoconcentração (água salgada) o ponto de congelamento se afasta de 0°. enquanto não vem a putrefação. No afogamento em água doce ocorre diluição do sangue. o que não anularia a diferença das densidades. O mais indicado é a sua pesquisa no sangue do coração. Atualmente. Embora reconheçamos que essas alterações podem modificar um pouco a composição do sangue. 219 | P á g i n a . está menos diluído. já que o esquerdo recebe o sangue recém diluído que vem dos pulmões. O sangue do átrio direito já se misturou com o sangue periférico ainda não diluído e voltou ao coração. as alterações não são tão intensas a esse ponto. Admitem vários autores que essas algas penetrem na corrente sanguínea através dos vasos rompidos nos alvéolos em função da hiperdistensão pulmonar e que seja. Tanto o conteúdo da árvore traquobrônquica como o do estomago são expulsos pela grande pressão dos gases abdominais. Além do mais. o ponto de congelamento vai se aproximar do 0°. Essa diluição tem que ser mais intensa no átrio esquerdo do que no direito. No entanto. DIAGNÓSTICO DE AFOGAMENTO EM CORPOS EM DECOMPOSIÇÃO Os dados de necropsia que poderiam ajudar no diagnóstico estão muito alterados ou mesmo suprimidos. elas atuam em ambos os lados do coração. aumenta seu valor. que é o dado a ser apurado. Como a carapaça das diatomáceas é muito resistente. sua pesquisa foi proposta como método de diagnóstico do afogamento. Essa prova tem sido desacreditada alegando-se que os fenômenos cadavéricos alteram rapidamente a osmolaridade do sangue em função da demolição das moléculas orgânicas e das trocas de íons que se processam após a morte por causa da perda de seletividade das membranas celulares. Resistem mesmo à incineração. o que deixa resíduo no fundo do frasco. quer se trate de afogamento em água doce. Logo. o material biológico recolhido das vísceras ou do sangue deve ser destruído por ação de ácidos fortes. Representam o primeiro elo da cadeia alimentar da maioria das águas naturais. PESQUISA DE ELEMENTOS DO PLANCTON (DIATOMÁCEAS) As algas diatomáceas são clorofíceas que apresentam uma carapaça silicosa muito resistente. Seu fundamento é medir a densidade do sangue do átrio direito e do átrio esquerdo e verificar se estão diferentes. assim. distribuídas pelas vísceras e tecidos. DETERMINAÇÃO DA CONSTANTE CRIOSCÓPICA DO SANGUE Se houver homodiluição (água doce). Nos casos em que o suicida pula de uma ponte. sem saber a direção da superfície. o levantamento da individual dactiloscópica permite a identificação. Nesses casos. podendo ir desde o concreto ajuntamento sexual até a mais distante contemplação lasciva. Certas mortes que ocorrem em banheiras podem estar relacionadas a mal súbito com perda da consciência seguida de afogamento. No histórico. DETERMINAÇÃO DA IDENTIDADE DA VITIMA Tratando-se de corpos ainda conservados.Os exames laboratoriais não merecem confiança em face da grande modificação da composição dos líquidos orgânicos. se a epiderme destacada das mãos ainda vier pendurada. TRANSTORNOS DE SEXUALIDADE ATOS LIBIDINOSOS As modalidades com que os atos libidinosos se apresentam variam extremamente na forma e na intensidade. Mas a morte. podem ser fatais. A perda da consciência resulta da hiperventilação. de preferência o fêmur (presença de ALGAS DIATOMÁCEAS) DIAGNÓSTICO DA CAUSA JURÍDICA Na maioria das vezes trata-se de ACIDENTE. pois em geral a morte por ação contundente não é imediata. distúrbios qualitativos ou DISFUNÇÕES SEXUAIS 220 | P á g i n a . pode dar-se afogamento quando o barotrauma causar rotura do tímpano e o mergulhador ficar desorientado. TRANSTORNOS DA SEXUALIDADE Transtornos da sexualidade são quantitativos do instinto sexual. é possível achar dados como crises epiléticas. Nos que já entraram em putrefação. Essas lesões. assim mesmo. SEXOLOGIA FORENSE . pode sofrer lesões por ação contundente ao entrar na água. chamado APAGAMENTO. ATOS LIBIDINOSOS. Ainda no mergulho. por si sós. que resiste à decomposição da matéria orgânica. costuma ser por afogamento. O recurso que resta é a pesquisa de elementos do plâncton. deve ser feito na medula óssea aspirada por trepanação da diáfise de um dos ossos longos. é possível fazer a identificação. O afogamento acidental pode estar relacionado com práticas de MERGULHO. que reduz muito a concentração do CO2 e permite que se instale a hipoxia se o mergulhador ultrapassar seu tempo de autonomia e não guardar um pouco de gás para a subida. alcoolismo ou abuso de drogas (AFOGAMENTO SECUNDÁRIO). com acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal DISPAURENIA O transtorno caracteriza-se principalmente por dor genital associada ao intercurso sexual. de lubrificação. com acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. As disfunções sexuais são subclassificadas em: TRANSTORNO DE DESEJO SEXUAL HIPOATIVO TRANSTORNO DE AVERSÃO SEXUAL TRANSTORNO DE EXCITAÇÃO SEXUAL TRANSTORNO ERÉTIL MASCULINO TRANSTORNO ORGÁSTICO EJACULAÇÃO PRECOCE DISPAURENIA VAGINISMO TRANSTORNO DE DESEJO SEXUAL HIPOATIVO Tem como característica essencial a deficiência ou ausência de fantasias sexuais e do desejo de ter atividade sexual. com acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. o que pode configurar uma forma de IMPOTÊNCIA COEUNDI feminina. TRANSTORNO DE AVERSÃO SEXUAL A característica básica é a aversão e esquiva ativa do contato genital com o parceiro. e turgência genital. recorrente ou persistente. Em alguns casos severos da perturbação. como beijos e toques. É a FRIGIDEZ ou ANAFRODISIA. englobando quaisquer estímulos sexuais. e sem que o indivíduo deseje. 221 | P á g i n a . causando sofrimento acentuado e dificuldade interpessoal. persistente ou recorrente. até a conclusão da atividade sexual.As disfunções sexuais caracterizam-se por uma perturbação no desejo sexual e alterações psicofisiológicas que compõem o ciclo de resposta sexual. a repulsa chega a ser generalizada. até os mais mínimos. com acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. do orgasmo. com acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. adjacentes ao terço inferior da vagina. tampão ou especulo. TRANSTORNO ORGÁSTICO Atraso ou ausência. quando é tentada a penetração vaginal com pênis. com acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. dedo. EJACULAÇÃO PRECOCE Orgasmo e ejaculação mediante estimulação mínima antes. É a IMPOTENTIA COEUNDI masculina. Na forma mais grave. dos músculos do períneo. VAGINISMO Contração involuntária. Embora a dor seja mais freqüentemente referida durante o coito. a contração chega mesmo a impedir a penetração. após uma fase normal de excitação sexual. durante ou logo após a penetração. TRANSTORNO DE EXCITAÇÃO SEXUAL A característica fundamental é a incapacidade persistente ou recorrente de adquirir ou manter uma resposta de excitação adequada. A dispaurenia não é exclusividade das mulheres. Em algumas mulheres. É classificada para ambos os sexos. até a simples previsão da penetração pode antecipar o fenômeno. também pode ocorrer antes ou depois dele. com acentuado sofrimento ou dificuldade interpessoal. fantasias ou comportamentos sexuais. ECDISEÍSMO – tendência mórbida para despir-se a fim de provocar estimulação erótica em indivíduos do sexo oposto. ou de ser roubado por ele. de estar em cena. Também denominada PSICOLAGNIA (coito psíquico). EPIDISMO – mórbida atração incestuosa do filho homem pela própria mãe. DOLLISMO – preferência sexual por bonecas. DONJUANISMO – compulsão a conquistas amorosas ruidosas e exibicionistas. ANFISSEXUALISMO ou BISSEXUALISMO– relacionamento sexual com parceiros de ambos os sexos. AUTO-AGONITOFILIA – excitação e satisfação sexual dependente do fato de ser observado. AUTO-EROTISMO – prazer erótico sem a participação física de parceiro. 222 | P á g i n a . cujo objetivo não raro é contradizer sentimentos de inferioridade através da demonstração de sucessos eróticos.TRANSTORNOS DE IDENTIDADE DE GÊNERO Identidade de gênero é a convicção íntima de que se é do gênero masculino ou feminino. manifestados de modo intenso e recorrente. atividades ou situações incomuns e causam sofrimento ANDROMIMETOFILIA Excitação e satisfação heterossexual preferencialmente com parceira que. represente e se relacione eroticamente como homem. de ser filmado ou fotografado. PARAFILIAS São caracterizadas por anseios. CREMATOFILIA – excitação e satisfação dependente do fato de ser obrigado a pagar pelos serviços sexuais. Assemelha-se ao exibicionismo. ECOUTERISMO – prazer obtido através da escuta dos sons originados nas atividades sexuais ou na higiene íntima de outrem. BONDAGISMO – prazer sexual dependente de contato físico com pessoas amarradas. predileção pelo ASFIXIOFILIA ou HIPOXIFILIA– excitação e satisfação erótica associada à prática de autoasfixia. DENTROFILIA ou FITOFILIA– excitação por árvores. sendo em realidade feminina. que envolvem objetos. CRONOINVERSÃO ou GERONTOFILIA– atração sexual compulsiva de indivíduos jovens por pessoas de excessiva idade. COPROLALIA – prazer sexual e prazer sexual dependente de proferir ou ouvir de alguém palavras vulgares. COPROFILIA – prazer sexual relacionado à presença de fezes. obscenas. TRIBADISMO é o termo usado com o mesmo significado. Atração por mulheres sujas. VIOLÊNCIA SEXUAL . ou pelo sapato. sem o intuito preponderante de ajuntamento carnal. PORNOLAGNIA – preferência por prostitutas. ESTIGMATOFILIA – atração por pessoas que têm cicatrizes ou tatuagens. PENCUFOLIA – atração por práticas eróticas com situações de risco. NINFOMANIA ou HISTEROMANIA. RETIFISMO – atração erótica pelo pé. a integridade de um hímen não complacente. DEMONSTRAÇÃO PERICIAL DA VIRGINDADE Materialmente. PIGMALIONISMO – atração por estátuas. recebe a denominação de PEODEICTOFILIA. EXIBICIONISMO – quando o órgão ostentado é o pênis. NECROFILIA – preferência por práticas libidinosas com cadáveres. Chama-se também de UROFILIA e UNDINISMO. ou por ambos RIPAROFILIA – é o mesmo que MISOFILIA. Assim. FROTEURISMO – refere-se à prática homossexual feminina de mútua atrição genital. o elemento 223 | P á g i n a . Também denominada de QUIROMANIA. SODOMIA – satisfação sexual centrada na cópula anal com mulher. ESCATOFILIA. CETEROMANIA.ELECTRISMO – atração incestuosa da filha pelo pai. ETNOINVERSÃO – predileção por parceiro de etnia diversa. ANDROMANIA. URANISMO – e uma variação de homossexualidade masculina em que a atração se dá apenas num plano afetivo. SATIRÍASE – é o hipererotismo masculino. UROLAGNIA – prazer patologicamente associado à urina. seja o ver alguém urinar. ou verter urina sobre o parceiro. ESTROMANIA e MACLOSINIA. NEPIOFILIA – é o mesmo que PEDOFILIA. AZOLAGNIA. a única prova de virgindade é a integridade himenal. EROTOFONIA – prazer em ouvir obscenidades através do telefone.CRIMES DEMONSTRAÇAO PERICIAL CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. ONANISMO – prática compulsiva da automasturbação manual masculina. ou melhor. seja o sentir seu odor. HIMEM TRIPERFURADO – exibe 3 ostios. é também conhecido como FRANJADO ou RENDILHADO. transversa ou obliquamente. resulta da ocorrência de duas chanfruras simétricas. HIMEN HELICÓIDE – descreve a orla. sendo mais freqüentemente ANELAR ou EM CRESCENTE. o que faz não coincidirem os extremos. o que responderá pela variada intensidade de dor e sangramento por ocasião da rotura. É um folheto mucoso duplo. HIMEN DENTICULADO – caracteriza-se pela borda livre recortada em múltiplos dentículos. que. uma em cada quadrante anterior. são reconhecidos: A BORDA DE INSERÇÃO (que se relaciona com as paredes vaginais) A BORDA LIVRE (que delimita o óstio) A ORLA situada entre as bordas livre e de inserção e o óstio.mostra óstio único. a forma de um coração estilizado. que. o hímen. Por isso. o óstio. com largura mais ou menos homogênea HIMEN SEMILUNAR ou FALCIFORME ou em CRESCENTE – tem óstio único e excêntrico. HIMEN SEPTADO – possui dois óstios. uma espira. destautoriza a afirmação pericial de virgindade. Também denominado HIMEM LOBULADO. São inúmeras as CLASSIFICAÇÕES criadas para os himens: HIMEN ANELAR. 224 | P á g i n a . HIMEN CORDIFORME – lembra. e a orla em forma de anel. O hímen é formado por: Uma face VAGINAL ou INTERNA Uma face VULVAR ou EXTERNA. O HIMEN é um pequeno diafragma localizado na extremidade inferior da vagina. se roto. É variável em tamanho e forma. de fato. em maior ou menor quantidade. o que faz variar acentuadamente a largura da orla em pontos distintos. HIMEN APENDICULAR – com um minúsculo apêndice que se projeta da borda livre HIMEN LABIADO – consiste numa orla provida de dois entalhes que aparentemente a dividem em dois lábios. ou lóbulos. separados um do outro por um delgado septo.fundamental nessas perícias é. centralizado. HIMEN FIMBRIADO – deixa ver diminuta franja na borda livre. na realidade. No geral. entremeado por estroma conjuntivo. Na anatomia do hímen. contendo delicadas fibras elásticas e colágenas. disposto longitudinal. tem abertura única (ÓSTIO HIMENAL). inervação e vascularização. no limite anatômico dessa com a vulva. EDEMA. Deve ser feita a himenotomia. de ambas as mãos. são pinçadas as porções médias dos lábios genitais. Concluído o processo natural de reparação por CICATRIZAÇÃO. e ESBRANQUIÇADAS. TEMPO DE CICATRIZAÇÃO DAS ROTURAS 225 | P á g i n a . na primeira menarca. tem pequena ocorrência. Quando não alcança a borda de inserção é denominada completa.HIMEN CRIBIFORME – ostenta múltiplos e diminutos óstios à semelhança do crivo. inicialmente. No processo de reparação do hímen. ocasionado pelo aumento do número de vasos sanguíneos funcionais). É obstáculo à eliminação ds perdas menstruais. aquela que ainda não se concluiu o processo reparativo. Os dedos indicadores livres do examinador servem de afastador para pelos ou eventuais excessos labiais. Não é bem aceita a expressão rotura antiga. fazendo-se leve tração nos sentidos distal e lateral da vagina. com essa manobra o hímen se apresenta bem distendido e é satisfatoriamente examinável em suas características morfológicas e possíveis lesões traumáticas. Pode ser única ou. preferencialmente. no caso de infecção. a rotura é dita completa. ROTURA RECENTE é. menos comum. A contração voluntária e momentânea da prensa abdominal pode favorecer o exame. tampouco ser inserido especulo na cavidade. as bordas da rotura tornam-se REEPITELIZADAS e com TONALIDADE ROSEA. ou de TALHA LITOTÔMICA. EXAME Para a realização do exame pericial. porquanto temporalmente imprecisa. HIMEN IMPERFURADO – não possui óstio. Ou hímen imperfurado ou ATRÉSICO. Em geral. com as regiões glúteas colocadas sobre a borda anterior da mesa de exame. É esse o aspecto geral da ROTURA CICATRIZADA ou consolidada. a posição ideal da paciente é a ginecológica. Quando se estende por toda a orla e atinge a borda de inserção. mais tardiamente. Fica a pericianda deitada em DECÚBITO DORSAL. múltipla. a partir da borda livre. ROMPIMENTO DO HIMEN A solução do hímen é freqüentemente uma solução de continuidade radial. A orla tampona por completo o meato vaginal. com HIPEREMIA(é um aumento da quantidade de sangue circulante num determinado local. o HEMATOCOLPO. Se RECENTES. Com os dedos polegar e médio. mas tão-só a cicatrização de suas bordas cruentas. sem os sinais de recentidade. Não ocorre a confrontação ou a reunião dos retalhos himenais. as roturas podem apresentar RETALHOS sangrantes. EQUIMOSE e EXSUDATO FIBRINOSO ou FIBRINOPURULENTO. Em hipótese alguma deve ser realizado toque vaginal durante esse tipo de exame pericial. portanto. que expõe de forma mais ampla a genitália externa. gerando. a que verdadeiramente ocorre não é a restitutio ad integrum da membrana. após o que não é mais possível reconhecer. Se houver boas condições de higiene. Uma vez cicatrizada. IDÊNTICA À QUE APRESENTAM AS ROTURAS EM FASE DE CICATRIZAÇÃO. As ROTURAS são de etiologia traumática. sem olho armado. Processos infecciosos podem dilatar esse tempo. Costumam ser profundas Geralmente atingem a borda de inserção Podem ter as bordas irregulares. que resultam não de trauma. Sob essa luz. A LÂMPADA DE WOOD (luz ultravioleta filtrada) pode ajudar na diferenciação.O tempo necessário para a consolidação da rotura é muito variável. Eles aparecem como pequenas reentrâncias na borda livre da orla. é razoável dizer que a cicatrização das áreas rompidas se completa em UMA OU DUAS SEMANAS. em razão do edema e da congestão. Os ENTALHES. e mais espessas Bordas recobertas por tecido cicatricial esbranquiçado Tendem a apresentar ângulos agudos Dispõe-se ao acaso. por vezes. DIFERENÇAS ENTRE ROTURAS E ENTALHES: Não se deve confundir ROTURAS com ENTALHES NATURAIS. mas de falhas na formatura do hímen. a coaptação (ligamento) forçada de suas bordas OS ENTALHES: Localizam-se indiferentemente em partes delgadas ou espessas Não costumam ser profundos e não atingem a borda de inserção Bordas regulares sem espessamento Bordas revestidas por epitélio igual ao que reveste o restante do hímen Possuem ângulos rombos Geralmente de forma simétrica Geralmente não há coaptação. a rotura não é mais recente. é impossível precisar o tempo de desvirginamento. sem simetria Permitem. muito semelhantes às roturas. E. nesses casos. AS ROTURAS: Localizam-se preferencialmente nas partes mais delgadas do hímen. ainda bem vascularizadas. O ENTALHES são irregularidades estruturais. os sinais indicativos de recentidade da rotura. apresentam uma tonalidade ARROXEADA. quase sempre. as roturas CICATRIZADAS DE POUCO TEMPO. de natureza congênita. 226 | P á g i n a . Algumas características assumem importância valiosa no diagnóstico diferencial entre rotura traumática e entalhe congênito. porém preservada a integridade do hímen incomplacente. Não fornece subsídios ao diagnóstico de virgindade. 227 | P á g i n a . dentre outros. Já no exame PERIGENITAL. Lesões de natureza traumática nos lábios maiores e menores. nas comissuras labiais anterior e posterior. Se ocorre PARTO TRANSVAGINAL. as ROTURAS CICATRIZADAS DE MAIS TEMPO. divide-o em graus angulares. com vascularização reduzida e mais fibrosa. Modernamente. Parece haver uma prevalência de produção das ROTURAS nos QUADRANTES POSTERIORES DO HIMEN. apenas para imaginar. existe uma tendência a preferir o critério que se refere apenas ao quadrante em que está situada a rotura. porém. Do contrario. os mais conhecidos são o método CRONOMÉTRICO DE LACASSAGNE e o método GONIOMÉTRICO DE OSCAR FREIRE. conhecidas como CARÚNCLAS MIRTIFORMES. Vários são os fatores que concorrem para a complacência himenal: A exigüidade da orla A amplitude do óstio A grande elasticidade da membrana Intensa lubrificação genital. em possível exame pericial futuro. deles restando apenas pequenas cristas ou tubérculos distribuídos ao longo da linha de implantação himenal. mostram uma tonalidade AMARELONASCARADA.Ao revés. no prepúcio do clitóris e na fossa vestibular aumentam as chances de ter havido a conjunção carnal com violência. O primeiro adota como referência os marcos horários do marcador do relógio analógico. Após a cicatrização da rotura. à condição de virgem. Não concordamos com os que consideram a presença de gravidez um sinal bastante para afirmar pericialmente a perda da virgindade. partindo do centro do hímen. e posteriores direito e esquerdo HIMEN COMPLACENTE Nem sempre. uma mulher que tivesse interrompida a gravidez. A gravidez por si só não pode constituir vestígio de desvirginamento quando o hímen integro e incomplacente garante a absoluta impossibilidade de ter havido conjunção carnal. Diversos são os métodos para referir a localização das roturas na orla. no clitóris. e à medida que as cópulas vaginais se repetem. São reconhecidos 4 quadrantes: Anteriores. conservando sempre o mesmo aspecto do restante da membrana. mormente se praticada com violência. Os ENTALHES não apresentam essas modificações. os RETALHOS DO HIMEN sofrem RETRAÇAO progressiva. Equimoses e escoriações são alguns deles. representado sobre a figura do hímen O segundo. DEMONSTRAÇÃO PERICIAL DA CONJUNÇÃO CARNAL Também deve ser com a pericianda em decúbito dorsal. natural ou artificial. retornaria. é possível observar sinais que falem em favor da ocorrência de conjunção carnal. completa-se a fragmentação dos retalhos preexistentes. direito e esquerdo. o hímen se rompe com a conjunção carnal (HIMEN COMPLACENTE ou TOLERANTE). Entre eles. fixado em lâmina e corado por várias técnicas. em altos teores e do ANTÍGENO PROSTÁTICO-ESPECÍFICO (PSA). os espermatozóides colhidos podem ser submetidos à TIPAGEM SOROLÓGICA. útil para o confronto com o grupo sanguíneo do sistema ABO do suposto delinqüente. SOBREVIDA DO ESPERMATOZÓIDE Na cavidade vaginal. no líquido vaginal. que consiste em uma solução aquosa de iodo metálico e iodeto depotassio. A REAÇÃO DE FLORENCE. Em que pese a rotura não cicatrizada do hímen ser considerada. por erro de observação. uma gota do material suspeito com uma gota do reativo florence. de fato. se o hímen é do tipo complacente. Para a REAÇÃO DE FLORENCE. o vestígio mais categórico de conjunção carnal.Porém. porém. É método de EXCLUSÃO. que pode ser realizada a fresco. Estupro não é crime sofrido exclusivamente por mulher virgem. Na dependência do estado de preservação citológica. a reação de BAECCHI. coloca-se entre lamina e lamínula. Presença de sêmen na cavidade vaginal. a sobrevida dos espermatozóides é de poucas horas. não é de se esperar o achado de roturas. Além do que. de tonalidade mais ESCURA. da FOSFATASE ÁCIDA PROSTÁTICA. OUTROS MÉTODOS PARA VERIFICAR PRESENÇA DE SÊMEN São os que se baseiam na detecção. de raros MICROCRISTAIS ARREDONDADOS ou HEXAGONAIS. Deixada e lâmina em repouso. e ainda nas situações em que falhe a identificação de espermatozóides. O resultado é POSITIVO com o surgimento de MICROCRISTAIS DE PERIIODETO DE COLINA. Modernamente. se não acompanhado do exame de DNA. Colhidos a tempo. ainda que sem cauda. Mas mortos e corados podem ser identificados. em alguns casos. e em esfregaço obtido de material vaginal. ainda podem ser vistos a fresco. Esses métodos tem recebido destacada importância porque podem evidenciar a presença de sêmen mesmo no caso de cópulas com indivíduos AZOOSPÉRMICOS por processo patológico ou esterilização cirúrgica (VAZECTOMIA). de tonalidade CASTANHO-AVERMELHADA. não é possível contar com esse dado. PRESENÇA DE SÊMEN NA CAVIDADE VAGINAL A presença de sêmen na cavidade vaginal pode ser demonstrada por vários métodos. por autólise ou por contaminação bacteriana. a REAÇÃO DE BAECCHI e a REAÇÃO DE BARBÉRIO não são mais usadas. 228 | P á g i n a . até cerca de 4 dias após a deposição. O mais simples é a observação microscópica do espermatozóide. é possível perceber. da periferia para o centro da lâmina. é no exame genital em si que se podem perceber vestígios mais substanciais da conjunção carnal recente: Rotura não cicatrizada do hímen. em gota de líquido vaginal montada entre lâmina e lamínula. caracterizada pelo surgimento. nenhum desses métodos isoladamente tem recebido valor suficiente para sustentar a condenação. variando em função das hostilidades químicas ambientais. com movimentos. outros líquidos orgânicos. de coloração AMARELEADA. DEMONSTRAÇÃO PERICIAL DE OUTROS ATOS LIBIDINOSOS A única diferença é o local da colheita do material. As soluções de continuidade traumáticas da mucosa do ânus. Pode ocorrer hipotonia ou laceração da musculatura esfincteriana. o reagente é uma solução aquosa. Número variável. Efrações da mucosa. LESÕES ANAIS Equimoses. IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS ABSOLUTOS HERMAFRODITISMO 229 | P á g i n a .Na reação de BÁRBÉRIO. porém. podem ocorrer também compus. LESÕES PERIANAIS: Equimoses e escoriações. Nos casos de COITO ANAL. senão impossível. o elemento de diagnóstico extremamente difícil. a levar em conta os limites operacionais. Comprometimento dos planos anatômicos mais profundos. POSITIVA o teste aparecendo MICROCRISTAIS ESPICULADOS DE PICRATO DE ESPERMINA. mas apenas de probabilidade. Em necropsia. convém cuidado para não interpretar como violação sexual a aparente dilatação anal decorrente da atonia post mortem dos esfíncteres. comumente denominadas RÁGADES. entretanto. Na prática. saliva. ou em glicerina. Os métodos utilizados são os mesmos. caracterizam-se: Pela forma linear. basicamente. anulação ou nulidade. é especifica para o sêmen. Nenhuma dessas provas microcristalográficas. E têm razão. as condições de natureza médica que podem impedir a realização do casamento ou que possam levar à sua dissolução. saturada de ÁCIDO PERICO. leite. muco uterino. Há quem refira como vestígio de conjunção carnal a presença de CÂNCRO SIFILÍTICO (CÂNCRO DURO) NO COLO UTERINO. podem ser encontrados lesões anais e perianais. ASPECTOS MÉDICO-LEGAIS DO CASAMENTO À medicina legal interessam. Disposição radial. Os casos mais comuns são do PSEUDO-HERMAFRODITISMO. ocasionando a turbatio sanguinis. é um do tipo MASCULINO EXTERNO. II – a viúva ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado. não devem casar: ...C. 230 | P á g i n a . TESTÍCULOS ESCONDIDOS – denominados de CRIPTORQUIDIA O exame de determinação de sexo deve incluir a inspeção geral dos caracteres sexuais secundários. A causa dessa anomalia pode ser GENÉTICA ou HORMONAL. O pseudo-hermafrodita apresenta genitália interna ou externa. ou da dissolução da sociedade conjugal. 1523. A razão de ser desse impedimento é a possibilidade de não se saber a paternidade. SINAIS MASCULINOS: Barba SINAL DE STEIN – avanço da testa para as partes laterais do setor frontal do couro cabeludo Implantação losangular dos pelos pubianos Laringe avantajada Predominância da cintura escapular sobre a pélvica SINAIS FEMININOS: Desenvolvimento das mamas Laringe pequena e voz fina Implantação baixa dos pelos pubianos e dos cabelos. até 10 meses depois do começo da viuvez. C. de aspecto semelhante a do sexo oposto ao da gônada. Pode ser classificado como: INTERNO ou EXTERNO MASCULINO ou FEMININO O SEXO GONÁDICO diz se o tipo é feminino ou masculino A GENITÁLIA ANÔMALA diz se é interno ou externo. tais como: Epispádia Hipospádia Criptorquidia (testículos escondidos) no homem Hipertrofia do clitóris Atrofia ou atresia vaginal CAUSAS SUSPENSIVAS (IMPEDIMENTOS PROIBITIVOS) – art.Raramente é encontrado no ser humano o hermafrodita verdadeiro. O que interessa à medicina legal é o inciso II: . Se o pseudo-hermafrodita tem gônada masculina e genitália externa feminina. No exame da genitália podem ser encontradas anomalias... O mecanismo desse relaxamento depende de reações químicas iniciadas pela liberação de ÓXIDO NÍTRICO a partir das terminações dos nervos parassimpáticos no tecido erétil. geram impulsos nervosos que. Recebem sangue das artérias penianas dorsal. os impulsos originados nos centros cerebrais também podem inibi-lo. Ao estudar a impotência COEUNDI ou INSTRUMENTAL. É constituído por numerosos espaços vasculares. estão revestidos por uma túnica espessa de tecido fibroso e se unem na linha mediana por um septo conjuntivo resultante da fusão das suas túnicas. eles dilatam-se e comprimem os plexos venosos. no períneo. a RIGIDEZ DO PENIS depende dos CORPOS CAVERNOSOS. que é único e se alarga na extremidade do pênis para formar a glande.DEFEITO FÍSICO IRREMEDIÁVEL Causa de anulação de casamento por IMPOTÊNCIA SEXUAL A impotência sexual se divide em: IMPOTENCIA GENERANDI IMPOTENCIA CONCIPIENDI IMPOTENCIA COEUNDI A impotência GENERANDI é relacionada à INFERTILIDADE MASCULINA A impotência CONCIPIENDI é relacionada à INFERTILIDADE FEMININA. por um tipo especial de tecido chamado de erétil. O ÓXIDO NÍTRICO. ativa uma enzima que converte a GUANOSINA-TRIFOSFATO em GUANOSINAMONOFOSFATO CÍCLICA. reflexos condicionados que podem ser potencializadores ou inibidores. Entre eles. vão aos centros parassimpáticos dos segmentos sacros da medula. O tecido erétil constitui os corpos cavernosos e o corpo esponjoso. Tais espaços têm um revestimento endotelial e são delimitados por paredes formadas por tecido conjuntivo rico em fibras colágenas e elásticas. situam-se longitudinalmente ao pênis. ao entrar nas células musculares lisas. há um sulco largo no qual se aloja o corpo esponjoso. que vão terminar nos corpos cavernosos e esponjoso. Ora. A ereção ocorre porque. Esse mediador químico (óxido nítrico). A impotência que interessa à ANULAÇÃO DO CASAMENTO é a COEUNDI. A túnica do corpo esponjoso é mais delgada e mais elástica que a dos corpos cavernosos. deve-se saber a fisiologia da ereção. bulbar e profunda. quando ocorre a ereção. Por essa razão. ativa uma outra enzima que produz a proteína G. por sua vez. no qual há fibras musculares lisas. a que impede a realização do ato sexual. Os cavernosos são dois. Por isso. Conclui-se que o ponto-chave da ereção é o relaxamento da musculatura lisa das arteriolas e das trabéculas dos corpos cavernosos e esponjoso. O pênis. é um órgão formado. na realidade. São. que é responsável por bloqueio da entrada de íons de cálcio (Ca++) no líquido do citoplasma e pela remoção do que já lá estava 231 | P á g i n a . pela face inferior. na bolsa escrotal e na região anal. Daí partem impulsos nervosos pelos nervos ERIGENTES. a tendência é de um considerável aumento de pressão. em sua maior parte. Assim como podem ajudar no mecanismo de ereção. principalmente na glande. pessoas com secção traumática da medula acima do segmento sacro podem ter ereção puramente reflexa e a realizar a cópula até à ejaculação. através dos NERVOS PUDENDOS. assim como o clitóris. chegando mais sangue e diminuindo a drenagem. o que torna os corpos cavernosos rígidos. aumentando o fluxo de sangue arterial para dentro dos espaços vasculares. As terminações sensitivas localizadas no pênis. por meio da pesquisa dos REFLEXOS CREMASTERIANO e BULBOCAVERNOSO DE ONANOFF. ou não. por lhes faltar ímpeto por diminuição do fluxo sanguíneo pelas artérias penianas comprometidas tanto por processo de arteriosclerose como por outras patologias. na vulta na parede vaginal Prolapso uterino intenso Processos de fibrose na fáscia que envolve os corpos cavernosos. O homem só é capaz de realizar a cópula com pouca freqüência. A impotência FÍSICA resulta de ANORMALIDADE da forma dos órgãos copuladores. Na DOENÇA DE PEYRONIE. De acordo com a causa. tanto no homem quanto na mulher. se o paciente concordar. Assim que se dá o enchimento dos corpos cavernosos há um desvio da direção do pênis no sentido da área mais resistente e fibrosa. associadas. Os idosos.para dentro das cisternas do retículo endoplasmático. a forma mais freqüente é a impotência PSÍQUICA. O exame deve procurar verificar a integridade e normalidade da genitália. Os menores. A IMPOTÊNCIA PODE SER CLASSIFICADA EM: FISIOLÓGICA FÍSICA PSÍQUICA A impotência FISIOLÓGICA ocorre nos extremos de idade. São incapazes de manter conjunção carnal os menores impúberes e os anciãos. a hipo eu epispádia Atresia vaginal Imperfuração do hímen. ANOMALIAS CONGÊNITAS: Hipoplasias do pênis. como a DOENÇA DE PEYRONIE. ocorre a ereção. por não terem ainda capacidade de penetração em face das dimensões e da falta de rigidez do órgão. fazer tumescência peniana noturna associada ao sono. que costuma acontecer na fase REM. Lesões adquiridas como neoplasias situadas no pênis ou no inróito vaginal. 232 | P á g i n a . Exames complementares devem incluir: Dosagem de glicose livre ligada à hemoglobina Dosagem do hormônio LUTEINIZANTE Dosagem do hormônio tireostimulante (TSH) Dosagem do antígeno prostático específico (PSA) Pode também. Mas a presença de teste positivo não garante que ele tenha ereção suficiente para manter a cópula. Pode ser: Através da palpação da artéria dorsal do pênis Pelo estudo da integridade das vias nervosas. mas o pênis assume posição viciosa dependente de uma maior resistência da fáscia em um dos setores de circunferência do órgão. Outra forma de disfunção erétil é a QUANTITATIVA. Para fins de anulação de casamento. É a redução da concentração dos íons de cálcio no citosol das fibras musculares lisas que as relaxa. não faz diferença que essa vida seja abortada antes ou depois da nidaçao. á qual se segue a morte do concepto. O ovo. aborto é a interrupção DOLOSA da gravidez. segundo a lei. das duas uma: Temos que admitir que o crime de aborto não é um crime contra a vida e sim um crime contra a gravidez A vida só teria valor e seria tutelada pelo direito após a implantação do ovo. Para nos. independentemente da duração da gestação. ou seja. MOLÉSTIA GRAVE E TRANSMISSÍVEL Causa anulação as doenças que causem perigo para a vida do outro cônjuge ou de seus descendentes. Não o fazendo. a mulher teria um embrião em evolução no seu aparelho genital. quando transmissíveis por herança genética. tem-se como gravidez àquele período entre a fecundação e a implantação do ovo no endométrio. Assim. Como a fecundação ocorre nas trompas e o ovo leva alguns poucos dias para migrar ate a cavidade uterina. respectivamente. durante esse tempo já existe embrinao não-implantado.: a interrupção de uma gravidez molar não constitui crime. a doutrina entende que há exclusão da ilicitude. pelo estado de necessidade No caso de recusa da gestante. a fusão dos gametas masculino e feminino. Ocorre como resultado de reflexos condicionados negativos VAGINISMO é uma condição em que a musculatura perineal entra em espasmo intenso e impede a penetração. 146 do CP. ele está isento de pena. Achamos que para efeitos penais. não importando a época em que se realiza a interrupção. mas ainda não estaria grávida Mas a nova vida já existe desde a fecundação. A obstretícia preocupa-se com a capacidade de sobrevivência do novo ser fora do útero. 233 | P á g i n a . espermatozóide e óvulo. é o resultado da fecundação. DISPAURENIA é o vaginismo acompanhado de dor intensa. GRAVIDEZ Obs. Também são produto de condicionamentos negativos. por sua vez. ESTUDO MÉDICO-LEGAL DO ABORTO Perante a lei. Os estudiosos da obstetrícia costumam afirmar que uma mulher está grávida desde que tenha havido a implantação do ovo na cavidade uterina. ABORTO LEGAL No caso do médico. na hipótese de risco de vida da gestante. que caracteriza uma exceção ao constrangimento ilegal. enquanto a legislação volta-se para a proteção jurídica. ele pode passar por cima de sua autonomia baseado no inciso I do parágrafo 3° do art.A impotência PSÍQUICA FEMININA está relacionada com: Coitofobia Vaginismo Dispareunia COITOFOBIA é a aversão invencível ao sexo. e. já não vive. de quem o médico deve exigir um laudo médico que ateste o distúrbio mental justificador da incapacidade de consentir da gestante. clinico ou cirúrgico. Permanece solto na cavidade por mais algum tempo e. A maioria dos autores reconhece que é muito difícil estabelecer o diagnostico de gravidez pregressa quando a interrupção ocorre antes de completado o segundo mês. finalmente. Partindo-se do mais comum. E. os peritos tem que atestar (ou verificar): Se havia gravidez Se houve aborto Se foi provocado Em que época se deu a interrupção Que lesões ocorreram além do aborto Pesquisa de doença mental da mulher para saber a sua capacidade para consentir Estudo do prontuário hospitalar DIAGNOSTICO DE GRAVIDEZ PREGRESSA NA MULHER VIVA Difere do diagnostico obstétrico de gravidez. que ocorre no segmento tubário mais próximo do ovário. por serem mínimas aa modificações do organismo materno. as mais externas. As restrições à caracterização da gravidez pregressa são tanto mais acentuadas quanto menor for o tempo de evolução da gestação. 234 | P á g i n a .Ao revés. se questionado. Além do mais. no aborto sentimental ele só pode atuar após assentimento da gestante. o ovo leva mais cerca de 3 a 4 dias para chegar na cavidade uterina. como movimentos intra-uterinos e audição de batimentos. deve guardar toda a documentação por 5 anos. Havendo a fertilização. é indispensável que tal declaração seja feita por escrito. Tanto no aborto terapêutico como no sentimental. A contagem das semanas de gestação parte do primeiro dia da ultima menstruação. de SINCICIOTROFOBLASTO. a legalidade de sua conduta. ASPECTOS PERICIAIS No caso de aborto. dessas. Assim. Durante essa semana. Assim. permitindo o aninhamento do ovo. o ovo sofre divisões celulares. de modo que tem a forma minúscula (blastocisto) no momento da nidação. de modo a ter como comprovar. implanta-se por volta do 5 ao 7 dia após a ovulação. é impossível dispor de dados de certeza. que é a ovulação no 14 dia num ciclo de 28. essencialmente porque falta o concepto. O trofoblasto tem capacidade de dissolver o tecido do endométrio por meio de enzimas proteolíticas. Tratando-se de doente mental ou de oligofrenica. Alguns autores consideram necessário que a gestante obtenha. admite-se que o óvulo fique disponível para fertilização por 24 a 48 horas. onde se nutre da secreção endometrial. As células periféricas são chamadas de TROFOBLASTO. As células SINCIOTROFOBLASTO são as responsáveis pela PRODUÇÃO da GONADOTROFINA CORIONICA. se está presente. inclusive uma autorização judicial para interromper a gravidez. o médico tem que fazer um relatório do procedimento abortivo. o aborto tem que ser precedido da autorização do seu responsável. 235 | P á g i n a . que são pequenas projeções da pele ao redor da papila mamária. Mas sugerem também que a mulher foi curetada por outro motivo. passam a piossanguinolentos e exalam odor desagradável. Mas há outras causas de aumento do volume uterino. Decorre da persistência de teores elevados de progesterona e estrogênio secretados pelo corpo amarelo gravidico. SINAIS MAMÁRIOS Um dos mais precoces é a congestão e aumento do volume das mamas. No abdômen forma-se uma linha escura ao longo da linha mediana entre o umbigo e o púbis. Essa tumefação deve-se a uma continuação e ampliação do aumento mamário que ocorre no período pré-menstrual. a linha negra da gravidez. São vistos após o parto e após o aborto. não atestam gravidez recente. o que pode ser percebido já ao fim do segundo mês pelo toque vaginal. mas que ocorre também no abdômen e na face. cuja rede venosa subcutânea torna-se mais visível com cerca de 8 semanas após a última menstruação (SINAL DE HALLER). TROFOBLASTO – DISSOLVE O TECIDO ENDOMETRIAL PARA ANINHAR O OVO SINCIOTROFOBLASTO – PRODUÇAO DA GONADOTROFINA CORIONICA. LÓQUIOS São líquidos drenados pelo orifício do colo uterino. Todas essas alterações podem persistir por longo tempo. O útero tem consistência diminuída pelo aumento do liquido dos tecidos (EMBEBIÇAO GRAVIDICA). Inicialmente sanguinolentos. ALTERAÇOES CUTANEAS Há uma tendência de hiperpigmentação que é mais comum na aréola mamária. que se apresenta cruenta e sangrante. Mas não da o diagnóstico de gravidez pregressa porque pode aparecer sob a influencia de tratamento hormonal em mulheres não-grávidas. na vagina (SINAL DE KLUGE) e no colo uterino por causa do aumento da vascularização. O encontro de partes fetais ou da placenta em meio ao conteúdo vaginal garante que havia gravidez. A expressão das mamas dá saída a pequena quantidade de líquido leitoso (COLOSTRO). a possibilidade de detectar CÉLULAS TROFOBLASTICAS em esfregaço vaginal persiste. Indicam que houve perda do revestimento interno da parede uterina. ao fim de 3 dias tornam-se serosos e amarelados. Na face. Costuma estar aumentado de tamanho por causa da hipertrofia e da hiperplasia das suas fibras musculares lisas. que é MAIS ABUNDANTE DURANTE POUCOS DIAS APÓS O ABORTO. no máximo. que revela amolecimento do colo. Por esse tempo. Sendo realizada a perícia no mesmo dia ou ATÉ 3 DIAS seguintes ao aborto. a mancha chama-se CLOASMO GRAVIDICO. tais como a presença de tumores ou endometriose. Havendo infecção. surgem os tubérculos de MONTGOMERY. SINAIS GENITAIS A genitália revela mucosa de TONALIDADE ARROXEADA na vulva (SINAL DE JAQUEMIER). a concentração de GONADOTROFINA CORIONICA costuma cair INICIALMENTE DE FORMA RÁPIDA. caindo rapidamente a seguir. Os valores máximos da GONADOTROFINA CORIONICA são atingidos de 10 a 12 semanas de gravidez. na maioria das vezes o embrião foi eliminado.PESQUISA E DOSAGEM DA GONADOTROFINA CORIONICA Para que o ovo se implante com sucesso na mucosa uterina. Após um ABORTO. que pode ajudar no diagnóstico de gravidez pregressa. Resta. CONTEUDO: 236 | P á g i n a . IMPLANTAR O OVO – ALTOS NIVEIS DE PROGESTERONA E ESTROGENIO A HIPOFISE PARA DE SER ESTIMULADA E DE MANDAR PRODUZIR ESTES HORMONIOS MAS O CORPO AMARELO PRECISA SER ESTIMULADO PARA PRODUZIR OS HORMONIOS POR ISSO E PRODUZIDA A GONADOTROFINA CORIONICA. Mais ou menos UM MÊS após o aborto. o útero vai aumentado à custa da hipertrofia e hiperplasia de sua musculatura. mesmo esvaziado. cresce de importância não apenas pela sua visualização. é preciso que os níveis de progesterona e de estrogênio se mantenham elevados. Como a influência estimulatória da hipófise tende a ser inibida pelo aumento daqueles hormônios. o útero começa a sofrer uma série de modificações de forma e volume que permitem estabelecer o diagnostico de gravidez pregressa. Quando as concentrações do hormônio não diminuem. de modo que. NO CADÁVER Os dados do exame externo também servem para o cadáver UTERO TAMANHO: Uma vez implantado o ovo. Por volta do fim da 4ª semana de gravidez. Nos casos de ABORTO COM RETENÇAO DO EMBRIAO. o ovo já está implantado há cerca de uma semana e tem idade de cerca de duas semanas. É uma GLICOPROTEINA semelhante ao hormônio luteinizante da hipófise. o que só acontece se o corpo amarelo ovariano continuar a ser estimulado. QUE ESTIMULA O CORPO AMARELO A PRODUZIR OS HORMONIOS. depois. mas pela constatação de alterações sugestivas de anomalias do ovo ou ausência de batimentos. de modo REGULAR e mais LENTO. ULTRASSONOGRAFIA Seu valor na perícia de casos de aborto fica limitado porque. deve-se tratar de GRAVIDEZ ECTÓPICA ou de TUMORES TROFOBLASTICOS. contadas a partir da data do primeiro dia da última menstruação. Estes costumam produzir NÍVEIS MUITO ALTOS E CRESCENTEs de gonadotrofina corionica. a possibilidade de avaliação morfologia e das dimensões uterinas. e. a manutenção do funcionamento do corpo amarelo no inicio da gravidez carece de um novo hormônio estimulante. Com o passar do tempo. contudo. O tempo para a ELIMINAÇÃO de gonadotrofina corionica do plasma da mulher depende mais das concentrações à época do abordo que do método empregado. que pode ocorrer quando são usados métodos farmacológicos. É aí que entra a GONADOTROFINA CORIONICA. suas dimensões excedem aquelas do órgão não grávido. o material vai se decompondo e perdendo as características morfológicas. O endométrio sofre alterações difusas (REAÇAO DECIDUAL) e alterações específicas do local da implantação do blastocisto (PLACENTAÇAO) ALTERAÇOES DO ENDOMETRIO: DIFUSAS – REAÇÃO DECIDUAL ESPECIFICAS (LOCAL DA IMPLANTAÇAO) – PLACENTAÇÃO. ESTUDO DA PLACENTAÇAO E DO LEITO PLACENTÁRIO A placentação (alteração específica) resulta da invasão da parede uterina pelo trofoblasto e se inicia pela nidaçao aos sete dias depois da fecundação. Pode ser desencadeada por qualquer condição que determina uma permanência prolongada de nível alto de progesterona. seja pela colocação de corpos estranhos no canal cervical. que continua a produzir altos níveis de progesterona. o endometrio continua sua evolução sob influencia da progesterona e se instala a reação desidual. sofrem processo de necrose por falta de oxigênio e dos nutrientes que absorvia do sangue dos lagos placentários. podendo-se dizer que a reação decidual é inimiga do troflobasto. tornando arteríolas e vênulas indistinguíveis s a um exame superficial. Para entender os achados. é possível ver que são formados por numerosas projeções de cor esbranquiçada VILOSIDADES CORIAIS). a ocorrência de ENDOMETRITE PÓSABORTO. Embora com aspectos morfológicos tão bem definidos. ainda não houve a transformação decidual (referente à secreção das glândulas) e o trofoblasto consegue dissolver parte do endométrio para nele se alojar. Em torno da 10ª semana após a fecundação. Significa que primeiro ocorrem as alterações especificas (placentação) para depois ocorrer as alterações difusas (transformação decidual). Como são constituídos por tecido de origem fetal. o trofoblasto ultrapassa a túnica externa dos vasos sanguíneos do endométrio. por causa da persistência do corpo amarelo ovariano. é necessário explicar as alterações que ocorrem na parede uterina após a nidação. quando bem preservados. Nessa fase.A presença de restos de placenta e de partes do embrião sela o diagnostico de gravidez interrompida. substitui o seu endotélio e causa a deposição dae fibrina. seja pelo uso de drogas. ao serem descartados do leito placentário. do edema e das modificações das células conjuntivas do estroma endometrial que ocorrem depois da ovulação. Continuando a invasão. REAÇAO DECIDUAL A reação decidual constitui uma acentuação da transformação secretora das glândulas. fato comum nos casos de provocação. Além do mais. Os fragmentos de placenta. É mais freqüente nos casos de aborto incompleto. A presença de CÉLULAS TROFOBLÁSTICAS POR ENTRE AS FIBRAS MUSCULARES LISAS pode ser demonstrada já na 10ª SEMANA. não é diagnóstica de gravidez. Se colocados dentro da água. O LEITO DA PLACENTA é o local mais importante para o estudo histopatológico nos casos de aborto. São fáceis de reconhecer. são reconhecidos por seu aspecto esponjoso. Mesmo que tenha havido curetagem e remoção de todas as vilosidades coriais. Mas com o passar dos dias. por si só. Essa reação serve para barrar um pouco a invasão do endométrio pelo trofoblasto. É o que se chama de FETALIZAÇAO DOS VASOS SANGUÍNEOS. o trofoblasto avança na intimidade das paredes arteriais até encontrar o miométrio. a reação decidual. Há deposição de material 237 | P á g i n a . pode levar à destruição das estruturas vilositárias remanescentes. podem ter restado elementos trofoblasticos no miométrio subjacente à decídua basal. Conforme vai penetrando. principalmente se houver infecção associada. aurícula e ventrículo direitos. principalmente quando tiver havido a REMOÇÃO CIRÚRGICA DO ÚTERO AINDA EM VIDA. artéria pulmonar e suas ramificações. com grande espessamento do miométrio Dilatação do canal cervical Endométrio com aspecto hemorrágico DIAGNÓSTICO DA IDADE GESTACIONAL Este diagnóstico pode ser um dado importante nos casos de adultério e de gravidez resultante de estupro ou de sedução. GLANDULAS MAMÁRIAS Ao longo dos primeiros meses da gravidez. Alguns dos núcleos da célula são pálidos. o aborto é provocado no primeiro trimestre. ficam encalhadas e são destruídas. Mas o corpo amarelo menstrual pode crescer o suficiente para ser confundido com o gravídico. Esse fenômeno fisiológico. As veias ficam dilatadas. O leite só é produzido depois do parto. Costuma dobrar de tamanho ao longo do primeiro trimestre. Essa secreção liberada pelos ductos mamários chama-se COLOSTRO. ocorre proliferação intensa dos ductos mamários até a transição do 5° para o 6° mês. OVÁRIO A presença de CORPO AMARELO MADURO em um dos ovários é um elemento apenas de PROBABILIDADE. a percentagens de casos em que foi possível encontrar as células trofoblasticas no pulmão variou entre 42 a 52%. Ao chegarem aos vasos menores. pela veia cava inferior. mas não são invadidas em tanta extensão como nas artérias. não de certeza de GRAVIDEZ. pode-se notar uma célula do sinciotrofoblasto encalhada na bifurcação de um capilar dilatado. Fazendo um corte histológico de pulmão. Algumas características do útero encontrado fora da gestante. Sendo reconhecidas. por ser a fase em que a probabilidade de complicações é menor. onde as CÉLULAS TROFOBLÁSTICAS são identificadas por serem GRANDES e DE NÚCLEO NÍTIDO. é boa conduta pericial recolher sempre fragmentos de pulmão para exame histopatolígico nos casos de aborto seguido de morte da gestante. Ainda não é leite.fibrinóide nessas áreas. Em várias séries de necropsias de mulheres grávidas que morreram por aborto ou quaisquer outras causas. De um modo geral. o que facilita o fluxo sanguíneo para a placenta em desenvolvimento. CÉLULAS DO SINCIOTROFOBLASTO (que produz a gonadotrofina coriônica) desprendem-se das vilosidades coriais e PENETRAM NAS VEIAS UTERINAS levadas pelo sangue materno. mas INVOLUI a partir da 13ª SEMANA. a ECT. Assim. Essas células passam. O achado da ECT DIMINUI CONFORME AUMENTA O TEMPO DE SOBREVIDA AO ABORTO. quando houve aborto com vida da gestante: Aumento de volume. NA MULHER VIVA A avaliação da idade gestacional não pode ser feita pelas regras aplicadas pelos obstetras por 2 motivos: O útero esvaziado contrai-se 238 | P á g i n a . sucessivamente. Durante a gravidez. pode ser muito útil nas PERÍCIAS DE ABORTO QUALIFICADO PELA MORTE DA GESTANTE. essas células atestam a gravidez pregressa da vítima. O contínuo crescimento do útero leva a uma dilatação progressiva desses vasos. o trofoblasto ultrapassa a parede desses vasos e torna arteríolas e vênulas indistinguíveis a um exame superficial.A involução do útero pode não seguir o ritmo esperado se ocorrer infecção ou retenção de restos ovulares e coágulos. porque aqueles não apresentam alterações patológicas. Tem boa margem de segurança se o embrião ainda estiver presente. NA MULHER VIVA. principalmente porque a maioria dos abortos é feita no primeiro trimestre. O grau de invasão dos vasos sanguíneos uterinos pelo trofoblasto pode auxiliar nesse diagnóstico. Mas ocorre também nos abortos induzidos no primeiro trimestre com MIFEPROSTONA associada ao MISOPROSTOL. ULTRA-SONOGRAFIA Nos casos de aborto por meio QUIMICO com retenção do concepto. METODOS ABORTIVOS E SUAS COMPLICAÇÕES Consideramos abortivo qualquer processo que impeça a implantação de um embrião na mucosa uterina. Os capilares e vênulas são permeados aos 20 dias e as arteríolas espiraladas. mas que não serve para o primeiro trimestre. A alternativa possível é o exame por ultra-sonografia. pode-se aplicar a REGRA DE FABRE que diz que o útero cresce 4 cm de altura a cada mês. mas também pode ser usada para dimensionamento do útero caso ele tenha sido expulso. por causa da autólise das vilosidades. NO CADÁVER A avaliação da idade da gravidez pode ser feita pelo exame anatomopatológico direto do útero. a avaliação se torna muito difícil. o embrião foi totalmente eliminado e a ultra-sonografia tem pouco valor. o perito pode afirmar que a gestação tem. O exame microscópico demonstra fibras musculares lisas hipertrofiadas. práticas como a chamada regulação menstrual. a não ser avaliar as três dimensoe do útero e medir a espessura de suas paredes. o que é raro. como pode ac ontecer em flagrantes realizados em clinicas de aborto o exame histopotológico dos restos ovulares permite avaliar a idade da gestação com base no aspecto das vilosidades coriais. EXAME DOS RESTOS OVULARES A eliminação do ovo completo é mais comum em aborto espontâneo. CONTRACEPÇAO DE EMERGENCIA 239 | P á g i n a . um mês. Porém. no mínimo. Caso se tenha acesso à parte do material retirado do útero. qualquer método que impeça a nidação do ovo deve ser considerado abortivo. Assim. O contínuo crescimento do útero leva a uma dilatação progressiva de todos os vasos alterados. Na maioria das vezes. quando os sinais de gravidez são escassos. A correlação entre a morfologia vilositária e a idade gestacional é bem maior nos abortos provocados do que nos espontâneos. Achando vasos com esse aspecto. o tempo transcorrido entre o aborto e a colheita do material para exame pode prejudicar muito. a pílula do dia seguinte e o DIU são estudadas aqui. uma das poucas aferições de valor que se podem ser feitas é a do comprimento do fêmur. porém. a menos que a legislação especifique não haver crime enquanto o ovo não estiver implantado. o que é freqüente em aborto feito por leigos. aos 30. Caso não se tenha dado a expulsão do feto. Sendo o aborto um crime contra a vida. Por isso. não ocorre a transformação decidual do endométrio. comercializada sob o nome de postinor 2. Além disso. Outro método mecânico é a introdução de liquido sob pressão. Os de ação indireta atuam a distancia do útero. Algumas vezes. São corpos estranhos especialmente desenvolvidos para serem colocados na cavidade uterina com a finalidade de impedir a nidação MÉTODOS DE ABORTO METODOS MECANICOS Podem ser de ação indireta ou direta. Pode desencadear perfuração uterina no fundo. De preferência. Por vezes. fecundação migração e nidação. DROGAS QUE ATUAM NA NIDAÇÃO É a MIFEPRISTONA a principal. o ar contido na bomba e na tubulação 240 | P á g i n a . mas à morte. pulos e andar a cavalo Os traumas DIRETOS são feitos pela introdução de corpos estranhos afilados. embora altas deoses de estrogênios sejam capazes de aumentar o risco de gravidez tubária. estarão dentro do nosso conceito de abortivo. é preciso que a primeira dose seja dentro das pirmeiras 72 horas pós-coito. a dilatação cruenta do colo uterino sem anestesia pode causar CHOQUE NEUROGENICO e PARACA CARDÍACA POR VIA VAGAL.Não se sabe ao certo como agem as substâncias usadas com essa finalidade. como os traumas abdominais e as quedas provocadas. como arames. causam roturas de outras vísceras. o útero inicia contrações que acabam por expulsar o concepto. quando dada durante a segunda fase do ciclo menstrual. mas sem garantia. e. Pode haver também a transfixação do fundo-de-saco vaginal ou da parede cervical de modo a atingir a cavidade peritoneal. Menos eficientes ainda são as quedas. na parede anterior do útero retrofletido e posterior no ântero-fletido. no canal cervical. Tem afinidade 5 vezes maior pelos receptores de progestona do endométrio. Havendo a dilatação. de modo que impede a ligação. Há referencias a uma ação espermicida do DIU DE COBRE. Se agirem após a fecundação. de modo a dilatá-lo. cujos produtos de desintegração seriam tóxicos para os espermatozóides. DROGAS QUE ATUAL SOBRE O CORPO AMARELO A MIFEPRISTONA. É possível que uma ou outra possa atuar em mais de uma dessas etapas. É o que se chama de REGIME DE YUSPE. causando uma pelviperitonite química. A reação inflamatória causada pelo dispositivo atrai células de defesa como os neutrófilos. quando tomada no primeiro dia após a conjunção carnal tem 95% de eficiência DROGAS QUE IMPEDEM A FECUNDAÇÃO Não são conhecidas DROGAS QUE DIFICULTAM O TRANSPORTE DO OVO Não são conhecidas para a espécie humana. podendo levar a gestante não ao aborto. que é indispensável ao sucesso da implantação do ovo na parede uterina. DROGAS QUE ATUAM SOBRE A OVULAÇÃO A associação de altas doses de estrogênio e de progestina tomadas duas vezes pode inibir a ovulação. etc. seva à regressão do corpo amarelo em metade das mulheres. a substancia penetra nas trompas e tem acesso à cavidade peritoneal. Os traumas abdominais geralmente não conseguem provocar aborto. Há quatro etapas que podem agir com sucesso: ovulação. A pílula do dia seguinte. assim. 241 | P á g i n a . É o caso do PERMANGANATO DE POTÁSSIO. pode haver um BLOQUEIO DA CIRCULAÇAO. pode causar aborto. O MISOPROSTOL (CYTOTEC) é metabilizado prontamente. LACERAÇÃO DO COLO ou achado de LAMINÁRIAS NO CANAL CERVICAL. o dolo pode ser caracterizado no caso de ocorrerem acidentes técnicos como PERFURAÇÃO UTERINA. das complicações que levaram ao óbito. PAREDES AMOLECIDAS POR EDEMA. Se o aborto foi complicado pela morte da gestante. PUTREFAÇÃO cujas margens são formadas por tecido necrótico. o CINCHONISMO. produzindo vários metabólitos. mucosa substituída por exsudato HEMORRÁGICO OU PURULENTO. geralmente quando enche o ventrículo direito. Nos casos de aborto por meio CIRÚRGICO. as lesões grosseiras de perfuração e laceração do colo ou achado de parte do material usado para dilatá-lo. QUESITOS: Se há vestígios de provocação de aborto A caracterização da provocação do aborto só pode ser feita diante de certas complicações ou quando se puder encontrar algo do material utilizado na intervenção. A única possibilidade de comprovação seria o achado do tablete na cavidade vaginal. O diagnóstico da provocação é a etapa mais importante da perícia nos casos de crime de aborto. INFECÇÃO PÓS-ABORTO O útero tomado pela infecção costuma ter MATERIAL NECRÓTICO em sua cavidade. que tem a meia-vida de menos de 30 minutos no plasma. ÁREAS DE HEMORRAGIA E DE NECROSE NO MIOMÉTRIO e. O diagnóstico de provocação será feito com base no encontro de alterações características do emprego de cada método abortivo e. principalmente. Dependendo da quantidade de ar que chegue ao lado direito do coração. é necessário afirmar que havia gravidez. mas existe o risco de morte para a gestante porque a dose abortiva está muitopróxima da letal. DIAGNOSTICO DA PROVOCAÇÃO – QUESITOS NO AUTO EXAME DE ABORTO O conhecimento de técnicas de interrupção da gravidez utilizadas por médicos e dos processos executados por leigos é fundamental par que se possa reconhecer o dolo. mas é de eliminação rápida demais para que tenha valor pericial. o que é pouco provável. que ocorre naturalmente. dos quais o mais ativo é o ácido de MISOPROSTOL. algumas são CÁUSTICAS e provocam queimadura química da mucosa cervical. Entre as substancias de ação local. a competente necropsia forense fornecerá os elementos para o diagnóstico retrospectivo da gravidez e de seu tempo de evolução. A simples presença de marcas de pinças no colo uterino. Quando a manipulação é feita por leigos. A mulher pode alegar que teve aborto espontâneo complicado por retenção de restos ovulares e que houve necessidade de uma curetagem terapêutica. Nos espontâneos. O pico de concentração é atingido por cerca de 15 a 20minutos. não há necessidade de se fazer a dilatação cervical. Antes de caracterizar se houve provocação. causando EMBOLIA PULMONAR. por vezes.pode penetrar nos lagos sanguíneos placentários e ser drenado para a circulação venosa da mãe. de lóquios e de sinais recentes de recente interrupção da gravidez não é suficiente para afirmar ter havido provocação. METODOS QUÍMICOS A intoxicação pela QUININA. esses casos costumam estar acompanhados de infecção. não poderá responder a esse quesito. Qual a causa da morte Se a morte da gestante sobreveio em conseqüência do aborto ou de meio empregado para provocá-lo. As possibilidades de diagnostico são muito maiores no cadáver que na mulher viva. O achado de rotura. Além do mais. Obs. alcançam a cavidade peritoneal e causam peritonite química. Havendo suspeita de EMBOLIA GASOSA. marcas características. Por vezes. causam queimaduras químicas ao longo do trajeto de injeção e na área de deslocamento. relativamente freqüentes nesses casos. Se não havia outro meio de salvar a vida da gestante.: MOLA HIDATIFORME – formações em cachos constituídos por numerosas vesículas. Se. Por vezes é possível surpreender parte desse material ainda encravada no órgão ou dentro da cavidade uterina. comprova o procedimento abortivo. Tanto os meios mecânicos como os químicos deixam. Esse quesito serve para saber se há causas relativamente ou absolutamente independentes. Qual o meio empregado? Se não houver vestígios de aborto. PÉLVICAS e da CAVA INFERIOR. junto com o trajeto da agulha. VIOLÊNCIA CONTRA RECÉM-NATOS E CRIANÇAS INFANTICIDIO ELEMENTOS DO CRIME DE INFANTICIDIO 242 | P á g i n a . em casos seguidos de autópsia. queimadura por cáusticos e outras lesões uterinas ou manifestações sistêmicas. assim como no LADO DIREITO DO CORAÇÃO. a necropsia deve ser orientada para a demonstração do AR NAS VEIAS UTERINAS. Essas alterações comprovam a ação dolosa. em conseqüência do aborto sofreu incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias. Quando causticas. A injeção de soluções sob pressão para descolar as membranas do saco gestacional pode ser detectada pela própria presença da substancia introduzida e pela desinserção dos elementos deciduais e da placenta. garantem ter sido dolosa a interrupção. com freqüência. servem para a atestar a intenção do agente.assim como a perfuração ou rotura do corpo uterino. A ocorrência de rotura uterina e de lacerações cervicais. no caso de aborto praticado por médico Se a gestante é alienada ou débil mental Se houve morte Se a morte foi precedida da provocação do aborto. putrefação. tanto para uma sensação de alívio como para tristeza e depressão. A proposta do código penal foi de deixar a possibilidade de que o parto e o estado emocional pós-parto imediato teriam o potencial de. tal delimitação tem falhas. o retorno das regras. O TERMINO DO PUERPÉRIO tem um RETARDO acentuado quando a mulher passa a AMAMENTAR. modificação do orifício visível do colo uterino e alterações vasculares. A postura dessa corrente baseia-se na constatação de que é comum haver uma modificação do humor da parturiente logo após o parto. Há incongruência quando o legislador admite que o crime possa ser feito durante o parto. em 1 mês e meio mais ou menos. que ainda não existe. criar o animo necandi. poderia ser amplificada pelas dores do parto e pelo estresse intenso do período expulsão. em cada caso. mas sob a influência desse. antes do puerpério. uma vez que ele é feito. mas há dificuldades nesse exame. pois que restam alterações permanentes relacionadas ao processo gestacional. INICIO DO PARTO: Dilatação cervical Expulsão fetal Eliminação placentária Contenção da hemorragia pela expulsão placentária (FIM DO PARTO). 243 | P á g i n a . Por isso. o organismo materno não mais será como antes. principalmente nos casos de gravidez ilegítima. capaz de. em alguns casos. admitem que as dores do parto. A amamentação protela muito o retorno da atividade cíclica dos ovários e a conseqüente sucessão das menstruações. geralmente. Se ela amamentar por 12 meses. se não amamentar. A avaliação dessa influência. o PARTO NÃO TERMINA EXATAMENTE COM A ELIMINAÇÃO DA PLACENTA e. Há duas maneiras de se entender a influência do estado puerperal: Uma puramente psicológica Outra fisiopsíquica A pressão psicológica. Contudo. em alguns casos. É o chamado QUARTO PERÍODO DO PARTO. como FIM. seria tarefa do perito psiquiatra encarregado do exame da puérpera. que segue os períodos prévios de dilatação cervical. COM A CONTENÇÃO DA HEMORRAGIA CAUSADA PELO SEU DESPRENDIMENTO.ESTADO PUERPERAL Pode ser apresentado como o período que vai da eliminação da placenta até a volta do organismo materno às condições anteriores à gravidez. Por exemplo. Os que adotam a influencia fisiopsiquica. Além disso. a primeira menstruação pós-parto virá aos 8 meses mais ou menos. Em primeiro lugar. expulsão fetal e eliminação placentária. SIM. transformar o sentimento normal de cuidados em proteção em sentimentos de rejeição. algum tempo depois. há quem proponha para o INICIO DO PUERPÉRIO a perda da atividade hormonal placentária e. o esforço para a expulsão e a perda sanguínea criam um estado de perturbação da afetividade de intensidade variável. podem ficar estrias gravídicas. Os autores em geral dividem? Puerpério imediato – até 10 dias Puerpério tardio – até 45 dias Puerpério remoto – além desse prazo. quer dizer. hiperpigmentação mamária e facial. A ocorrência de surtos psicóticos no pós-parto imediato é fato raro. Por isso. LOGO APÓS SIGNIFICA PARA O AUTOR QUANDO O RECÉMNASCIDO AINDA ESTÁ SUJO DE SANGUE. ELEMENTO CRONOLÓGICO (durante o parto ou logo após) O texto legal fala em DURANTE O PARTO OU LOGO APÓS para estabelecer um critério para o tempo durante o qual o delito pode ser admitido. a delimitação legal deve ser feita por meio da constatação de que se trata de recém-nascido AINDA EM ESTADO SANGUINOLENTO. Hoje em dia já é possível manter vivos recém-nascidos de peso extremamente baixo. Tanto por não haver precisão como por serem constatação impossível nos casos de infanticídio. Mas os especialistas concordam que NÃO É POSSÍVEL DETERMINAR O MOMENTO EXATO DO INICIO DOS TRABALHOS DO PARTO. como também pela extrema imaturidade. Nesse momento. A vida está protegida antes mesmo que o feto comece a respirar. esses detalhes pouco ajudam. Nesse momento. chamado de PRÉ-PARTO. Há quem confunda viabilidade com imaturidade. Por isso. De qualquer maneira. Outro problema está relacionado com a viabilidade do recém-nascido. não se pode considerar infanticídio a morte de recém-nascido pela própria mão depois de cortado e amarrado o cordão umbilical e de limpo o seu corpo dos líquidos presentes no canal do parto. convencionou-se afirmar que o TRABALHO DO PARTO COMEÇA quando ocorre a ROTURA DA BOLSAAMNIÓTICA. o feto nascente pode ser morto antes que se complete sua expulsão. A viabilidade dos prematuros tem relação direta com o tempo de permanência no álveo materno.] Mas. para FINS PERICIAIS. TEM-SE ACEITO QUE O PARTO TERMINA COM A ELIMINAÇÃO DA PLACENTA. Do ponto de vista OBSTÉTRICO. VIABILIDADE – diz respeito à capacidade de sobrevivência autônoma. geralmente nas 4 últimas semanas de gestação. SUJEITO PASSIVO DO CRIME O sujeito passivo do crime pode ser o FETO NASCENTE ou o RECÉMNASCIDO. O FIM DO PARTO e conseqüente INICIO DO PUERPÉRIO também tem limite impreciso. não é mais logo após o parto. no qual o parto não é assistido. é preciso bom senso no 244 | P á g i n a . sim. por si só. que tanto pode estar prejudicada por malformações incompatíveis com a sobrevida. seja agente capaz de gerar distúrbio mental da gravidade de um surto psicótico. Normalmente a bolsa se rompe quando está quase completa a dilatação do colo. Um SINAL CLÍNICO DO INICIO DO PARTO é a perda do TAMPAO DE MUCO que fecha o canal cervical e que é eliminado quando o colo começa a se dilatar. mas. por ser um fato que dificilmente passa despercebido pela mulher. o feto está prestes a ter vida extra-uterina e a deixar a intra-uterina. Aqui. Depois de amarrado o cordão umbilical e limpo. o feto fica ao abrigo de ações violentas por parte da mãe. durante a evolução da dilatação cervical. só se tornando vulnerável no momento emque aflora por entre os grandes lábios. Não se admite que o parto. Desse modo. LOGO APÓS não deve ser entendido como elemento isolado do tipo. pois existe um período. Por isso. mas não é constante. o trabalho de parto COMEÇA quando se intensificam as CONTRAÇOES UTERINAS. pois o quarto período (contenção da perda sanguínea). é preciso definir quando começa o parto e estabelecer os limites do logo após. em que as grandes contrações começam a ficar mais próximas. Enquanto dentro do útero. em consonância com a INFLUENCIA DO ESTADO PUERPERAL. decorrente do deslocamento da placenta e das membranas. tem duração variada. considerando-o um crime próprio. teria havido infanticídio por omissão ou o seu abandono logo após o parto: a única diferença seria a intenção da mãe. 143 – expor ou abandonar recém-nascido. Mas as lesões podem ser graves ap ponto de causarem a morte e serem confundidas com as produzidas por ação criminosa. geralmente do sistema Rh. abandonado pela mãe com lesões resultantes de agressão.momento de avaliar se determinado recém-nascido imaturo poderia. o que reabre a discussão sobre a possibilidade de infanticídio por omissão. Assim. É o caso do anencéfalo. que enha a morrer por desidratação.. Os autores divergem quanto ao agente do crime. No infanticídio. Os TOCOTRAUMATISMOS podem ser conceituados como lesões que incidem sobre o feto durante o trabalho de parto e em função desse. ou não.. Uns. ao contrario do infanticídio que é um crime de dano. elemento de difícil comprovação em um parto clandestino. Diante de um recém-nascido ainda sanguinolento. mesmo que não sobrevenham lesões ou morte. são pouco importantes e regridem espontaneamente.. admitem apenas a mãe como atente ativo. Atualmente há métodos modernos de profilaxia nestes casos (DHRN).. De qualquer forma. O autor NÃO ACEITA CRIME DE INFANTICIDIO CONTRA O ANENCÉFALO. Estas entram como elementos qualificadores. para ocultar desonra própria. como o CAPUT SUCCEDANEUM e o cefaloematoma. Outros aceitam que o pai ou outros parentes próximos possam cometê-lo. É interessante lembrar que a pena é igual para ambos (infanticídio e abandono qualificado pela morte). destruir as hemácias de RH positivas do concepto. é um crime de perigo. podemos listar: O exagero da freqüência e da intensidade das contrações uterinas (HIPERCINESIA) A hipotensão arterial da mãe O deslocamento prematuro da placenta Procidência do cordão umbilical Parto muito demorado Infecções como as pneumonias intra-uterinas. As dificuldades práticas geradas pelos casos fronteiriços tornam-se ainda mais críticas quando o recém-nascido apresenta anomalias congênitas capazes de impedir a sua sobrevivência por mais que poucas horas.. Nesse crime. Essa profilaxia tem por base impedir que a mãe RH 245 | P á g i n a . como Delmanto. para que se concretize.. de modo que a mão Rh negativa passa a produzir anticorpos que são capazes de atravessar a barreira placentária e.. DIFERENÇA COM A EXPOSIÇAO DE ABANDONO DE RECÉMNASCIDO. o móvel subjetivo do crime tem que ser o sentimento de vergonha e desonra. CAUSAS DE MORTE PERINATAL Entre as CAUSAS DE ANOXIA INTRA-UTERINA. Art. o dolo específico da doutrina tradicional. Em primeiro lugar. a intenção da mãe é matar. o infante não precisa ser sanguinolento próprio do infanticídio. cujo objeto tutelado é a vida. chegando na circulação fetal. basta a exposição ou abandono. o bem aqui tutelado é a segurança do indivíduo. Se resulta morte. ser sujeito passivo de infanticídio. Na maioria das vezes. A DOENÇA HEMOLÍTICA do recém-nascido resulta da sensibilização da mãe por antígenos presentes na superfície dos glóbulos vermelhões do feto. Outra possibilidade é a presença de nós no cordão umbilical. Ocorre nos partos com apresentação cefálica comum e resulta de um desequilíbrio circulatório regional causado pela diferença entre a pressão sofrida pela parte já exteriorizada e a que é exercida pelas paredes uterinas sobre a porção do couro cabeludo que ainda está no canal do parto. o que é conseguido por injetar. Quando há ROTURA PRECOCE DA BOLSA AMNIÓTICA. Havendo o deslocamento da placenta. por vezes. a contaminação bacteriana do ambiente onde está o feto pode causar aspiração de conteúdo séptico durante o parto e. DAS MENINGES E DO CEREBRO 246 | P á g i n a . anticorpos anti-Rh externos para evitar que ela os produza. pois consta de uma coleção de sangue extravasado. Por isso. Nos casos em que a apresentação é de face. MORTES VIOLENTAS ACIDENTAIS A asfixia logo após o parto pode ser causada por aspiração dos líquidos eliminados juntamente com o concepto. o feto permanece envolto pelas membranas e imerso no liquido amniótico. mas o retorno venoso fica diminuído por causa da compressão. que o parto chegue à expulsão sem que se tenha rompido o saco amniótico. edema e infiltração nas partes moles como lábios e nariz. Mas a pneumonia pode resultar também de contaminação através da placenta por bactérias presentes no sangue da mãe. da posição em que se dá a expulsão e a quantidade de liquido amniótico e sangue. notam-se congestão. na mãe. conseqüentemente. Desse modo. É uma tumefação observada no setor occipital e parte adjacente dos setores parietais do couro cabeludo que forma um prolongamento arredondado na cabeça. brilhante e sero-sanguinolento. CEFALOEMATOMA Distingue-se por ser bem delimitado. bem como da falta de assistência ao parto. A falta de iniciativa da mãe em retirá-lo dessa situação pode gerar tal acidente. formam-se um edema e. O mesmo se diga com relação às nádegas no parto pélvico. Aqui. LESOES DO CRANIO. de localização precisa com relação ao osso do crânio quem que se assesta. o feto pode ficar com os orifícios respiratórios dentro de coleções desses líquidos e aspirá-los. o sangue arterial atinge a porção exteriorizada. É possível. ele perde sua fonte de oxigênio e entra num estado de asfixia se as membranas que o envolvem não forem rompidas. Geralmente nos parietais. PNEUMONIA logo após o nascimento. Tem consistência amolecida e aspecto gelatinoso.negativa produza anticorpos contra as hemácias fetais. Dependendo do local. raramente. MORTES VIOLENTAS DE ORIGEM CRIMINOSA PROVAS DE VIDA DURANTE O PARTO As lesões mais importantes nesse sentido são: O tumor do parto Cefaloematoma Lesões no crânio Lesão das meninges e do cérebro TUMOR DO PARTO OU CAPUT SUCCEDANEUM É um dos sinais mais importantes. hemorragia difusa e discreta na área exposta. Não se pode esquecer de que. pode ser feita a respiração artificial nos casos em que o ar é forçado sob pressão pelas vias aéreas para distender os pulmões. podem ser observadas hemorragias subaracnóideas de extensão variada. pelo menos. Durante o parto. 247 | P á g i n a . Mas se for rápido. a resistência oferecida pode ser muito grande e o ar injetado artificialmente. Se estes forem muito imaturos. PROVAS DE VIDA EXTRA-UTERINA Do ponto de vista pericial. como nos partos precipitados. dilatadas. durante a maior parte da gravidez. a demonstração de vida extra-uterina pode ser feita pela comprovação de que o feto respirou ou. A presença de fraturas no crânio com infiltração hemorrágica também serve para caracterizar a reação vital durante o parto. Desde o momento em que o recém-nascido receba traumatismos já fora do útero. provas laboratoriais e exames capazes de demonstrá-las pericialmente.s eja como for. a atividade respiratória intra-uterina aumenta. da luz ambiental e do relaxamento das pressões exercidas pelo canal do parto. A respiração natural. Essas modificações tem sido exploradas no sentido de serem realizados estes. Sofre o impacto de uma temperatura mais baixa. causadas por intensa congestão que culmina com a rotura de pequenos vasos. Acometem também os recémnascidos de parto pélvico em que houve dificuldade para a liberação da cabeça (CABEÇA DERRADEIRA). consistência. Nos partos assistidos. São chamadas de DOCIMASIAS. capaz de romper os bronquíolos. Para a primeira expansão pulmonar. A expansão pulmonar faz com que a resistência à circulação nos capilares e demais vasos pulmonares diminua bastante. são esticados e suas paredes. o que é uma constante. PROVAS DA RESPIRAÇAO ATIVA Uma vez expulso da cavidade uterina. ela costuma suportar a pressão. Nos trabalhos de parto em que ocorre sofrimento fetal. o feto entra em contato com o meio ambiente totalmente diferente. a presença de infiltração hemorrágica atesta terem sido produzidos em um indivíduo vivo. A amplitude dessa movimentação aumenta de modo significativo sem situações de sofrimento fetal Mas. normalmente. faz com que o parênquima pulmonar distendido passe a ter aspecto visual. de que o coração batia e havia circulação PROVAS DE CIRCULAÇAO EXTRA-UTERINA Tal demonstração é análoga à referente às lesões intra-uterinas. Portanto. cor e densidade distintos. o pulmão contem liquido nos espaços destinados a conter ar. com aumento de um diâmetro e redução do diâmetro oposto. mas continua representada por movimentos respiratórios superficiais. O primeiro movimento respiratório no exterior é estimulado tanto pelo estado de relativa asfixia do feto na fase expulsiva do parto. antes da primeira respiração extra-uterina. como pelo estímulo de terminações nervosas cutâneas pela temperatura ambiente. ele tem que vencer a resistência promovida pelos alvéolos ocupados por conteúdo líquido.As pressões sobre o crânio. o momento da primeira inspiração marca definitivamente a transição da vida fetal para a vida autônoma. Isso faz com que a dura-máter seja estirada e submetida a tensões. Se o estiramento for lento. fazem com que ele sofra ua modificação de sua forma. A respiração que a perícia tem que demonstrar que ocorreu é a espontânea a ativa. o líquido que penetra nos pulmões é reabsorvido com rapidez. Assim. uma vez que eles perdem a tortuosidade do pulmão fetal. que expande adequadamente os ductos alveolares e os alvéolos. o feto realiza alguns movimentos respiratórios que levam o líquido amniótico para as vias respiratórias e os espaços alveolares. a dura-máter pode se romper. durante o parto. o que dá oportunidade par que sejam feitas docimásias extrapulmonares. Superfície pulmonar homogênea. logo em seguida. geralmente a partir de uma infecção adquirida dentro do útero. o recém-nascido faz movimentos de deglutição. DOCIMASIAS PULMONARES DOCIMASIA OPTICA DE BOUCHUT A inspeção dos pulmões começa já na abertura da cavidade torácica. simultaneamente com a respiração. Caso os pulmões não venham a flutuar. Mas sua densidade diminui pela penetração e expansão dos espaços aéreos essa redução de densidade é a base da docimasia de Galeno. o ar vai também para o estômago e para o ouvido médio. As margens livres são aguçadas e Apresentam cor pardo-avermelhada. CAUSAS DE FALSO NEGATIVO (respirou mas o teste indica que não) Pode ter havido respiração. 3ª etapa – os pulmões que não flutuaram devem ser seccionados em pequenos pedaços. Nesses casos. No caso de haver flutuação de algum deles. e. durante as horas seguintes. eles vão ao fundo ou continuam na superfície. RESPIRAÇAO PARCIAL 248 | P á g i n a . A franca flutuação desde a primeira fase indica ter havido a respiração ativa. nota-se que: PULMÕES FETAIS (QUE NÃO RESPIRARAM) Ficam retraídos. o conjunto é colocada em um fraco com água.Como. Outra possibilidade é a ocorrência de pneumonia de evolução rápida logo após o nascimento. Apresentam margens mais arredondadas. uma reabsorção do ar contido nos alvéolos faz com que o pulmão volte a ter aspecto do fetal. o afluxo de células inflamatórias e líquido de edema para os alvéolos substitui o ar e torna o pulmão mais denso. Pelo contrário. se jamais flutua. Anota-se o seu comportamento. os pulmões são separados ainda dentro da água. executa-se a etapa final 4ª etapa – os fragmentos que flutuaram devem ser espremidos a fim de observar se há desprendimento de bolhas e se. se flutua. 2° etapa – no caso de ir ao fundo. não houve respiração. menos agudas Tem cor róseo-acinzentada clara Superfície pulmonar com aspecto poligonal em mosaico DOCIMASIA HIDROSTATICA DE GALENO PULMOES QUE RESPIRAM Ficam mais pesados que o fetal em função do aporte bem maior de sangue causado pela mudança do tipo de circulação fetal para a do recém-nascido. Consta de 4 etapas: 1ª etapa – após a remoção do bloco que contem as vísceras torácicas e o sórgaos do pescoço e da boca. passa-se à etapa seguinte. ou de ficar a meio caminho. afunda ou fica a meio caminho. observando se alguns fragmentos vem à superfície. Com a saída do feto. semelhante à do fígado PULMÕES QUE RESPIRARAM Estão expandidos e recobrem parcialmente o saco pericárdico. É possível que. capaz de expandir apenas poucos lóbulos pulmonares. o aspecto histológico vai-se aproximando daquele que é característico do feto a termo. MANOBRAS DE RESSUSCITAÇAO. geralmente resolve o problema. CAUSAS DE FALSO-POSITIVOS (não respirou. QUE RESPIROU A maturação dos sacos alveolares só atinge fase compatível com respiração extra-uterina depois de 25 semanas. com: Ductos alveolares bem desenvolvidos e dilatados em suas extremidades. fica menos denso do que as partes moles do mediastino. Entende que o que ocorre é que. Devemos lembrar que o exame dos pulmões deve incluir a abertura da árvore brônquica. conforme o grau de desenvolvimento atingido pelas vias respiratórias dentro delas. Pode ser por causa de 2 fatores: PUTREFAÇAO – a putrefação dos natimortos é diferente dos que respiraram em função da invasão do corpo pelas bactérias. a distensão dos espaços aéreos é irregular NATIMORTO 249 | P á g i n a . os pulmões não apresentam contaminação difusa pelas bactérias do meio ambiente. da topografia na caixa torácica. A presença de corpos estranhos no interior do brônquios é mais um argumento a favor de que tenha havido a respiração ativa. À medida que se dá o amadurecimento pulmonar. A boa avaliação da forma. ficando a maioria com o primitivo aspecto fetal.Seria uma forma de respiração muito graça realizada pelo recém-nato. ou a resistência muito alta. no curso da decomposição do corpo haja invasão parcial dos pulmões pela flora putrefativa e se formem algumas bolhas gasosas no seio dos tecidos pulmonares. em fetos imaturos. DOCIMASIA HISTOLÓGICA DE BALTHAZARD E LEBRUN Uso de cortes histológicos de pulmão. Isso reflete-se no contraste acentuado entre os campos pleuropulmonares (que são permeáveis ao raio X) e os órgãos do mediastino. Nos natimortos. mas o teste indica que sim). Mas há casos em que a pressão é exagerada. A resistência está aumentada nos fetos prematuros e é diretamente proporcional a seu grau de imaturidade. Hoje há quem valorize o exame visual e tátil dos pulmões acima de outros testes.o ar injetado no caso de parada respiratória tem que entrar com pressão suficiente para fazer o trabalho de substituição do liquido e vencer a resistência dos espaços aéreos à distensão. Assim. Sua putrefação causa um amolecimento e desintegração do parênquima pulmonar mais por autólise do que por putrefação. da cor e da palpação pulmonares. e o ar injetado rompe as paredes dos espaços aéreos e causa um enfisema intersticial. DOCIMASIA RADIOLÓGICA DE BORDAS Através da radiografia Quando o pulmão é expandido pelas primeiras incursões respiratórias. o pulmão fica com densidade menor e pode flutuar na água durante a prova de Galeno. onde se pode analisar o seu conteúdo. O autor não aceita a sua existência. o pouco desenvolvimento da árvore brônquica faz com que a resistência seja diferente de uma para outra área. Ductos alveolares e alvéolos com paredes distendidas Sem aspecto enrugado Formas mais precisas e linhas mais finas Se for pulmão imaturo. em que os sacos alveolares e os ductos estão pouco distendidos. o que faz com que o estômago passe a conter. o colo já está distinto. podemos fazer cortes no estômago ou segmentos do intestino delgado sob a água. PULMÃO FETAL bolhas volumosas e bem demarcadas QUE NÃO RESPIROU As bolhas de gás são muito mais numerosas. A vulva apresenta edema Mamas túrgidas escapando colostro O que restava do hímen é totalmente rompido. o recém-nascido executa movimentos de deglutição. observa-se redomínio de sangue e leucócitros nos primeiros dias 3 dias .reconstituição anatômica do colo No 10° dia o útero já não é mais palpável no abdômen porque já se situa na cavidade pélvica. Nos casos em que a flutuação é duvidosa. A demonstração de ar no tubo digestivo. DOCIMASIAS EXTRAPULMONARES DOCIMASIA GASTROINTESTINAL DE BRESLAU Já referimos que. os lóquios tornam-se serossanguinolentos.3 a 4 dias após o parto com uma pequena quantidade de sangue e restos celulares Com o passar do tempo. ao mesmo tempo que respira. a trompa de Eustaquio. se abre e o ar tem acesso à cavidade auditiva. quase que totalmente. principalmente no estômago. No esfregaço vaginal. embora amolecido. DOCIMASIA OTOLÓGICA DE WREDEN-WENT Com a deglutição. a prova é positiva. as paredes vaginais estão congestas ou com laceração. com superfície mucosa edemaciada e erosões ou lacerações sangrantes ou cruentas. Logo após o parto. de cor acastanhada até ficarem amarelados Com 12 horas. além da secreção. Já não há mais sangue e leucócitos no exame de esfregaço 250 | P á g i n a . É feita colocando-se a cabeça sob a água. Esta docimásia é um complemento da de Galeno. saliva e quantidade variada de ar. tendo paredes como que pregueadas.Pulmões de fetos natimortos a termo apresentam um aspecto monótono regular. que comunica a faringe com o ouvido médio. Com o tempo. A ocorrência de PUTREFAÇAO nos casos de infanticídio introduz modificações nos dois padrões anteriormente descritos. Se flutuar. Se sair uma bolha de ar. Basta retirar o tubo digestivo e colocá-lo dentro de um vasilhame com água. distendendo-os. fazendo uma punção do tímpano. a fim de verificar se saem bolhas de gás de seu interior. é porque contém ar. O autor admite apenas o valor subsidiário dessa docimasia. permite afirmar que houve respiração. nos espaços aéreos. PROVAS DA RECENTIDADE DO PARTO PELO EXAME DA MÃE Útero firmemente contraído e a hemorragia controlada uma hora após a eliminação da placenta. vão se transformando em CARÚNCULAS MIRTIFORMES Eliminação dos lóquios . próximas entre si e se localizam. não pode tratar-se de infanticídio. Em algumas horas a epiderme perde aderência com a derme e descolase Há formação de bolhas de conteúdo liquido pardo claro que. quando rompidas. pode o perito afirmar que foi durante ou logo após o parto. o cordão umbilical tem aspecto gelatinoso. Assim que é expelido. e evidencia sinais de agressão. com o cordão umbilical seccionado e ligado. Há alguns SINAIS QUE INDICAM TER HAVIDO UMA SOBREVIDA longa demais para a exigência legal. não se pode admitir que a perturbação do estado puerperal tenha permitido à mãe cuidar dele e. É um SINAL PRECOCE DE SOBREVIVÊNCIA. muito brilhante Os ligamentos articulares ficam muito frouxos As peças ósseas do crânio ficam soltas A placenta fica impregnada por hemoglobina. Com isso. Nos NATIMORTOS não ocorre porque a epiderme não se renova. se apresentar lesões que caracterizem uma agressão. No feto ainda sanguinolento. Contudo. surgem pequenas pregas na epiderme. vestido ou não com roupas adequadas. e não seccionado e ligado. Nesse caso. Convém não confundir feto sanguinolento com o feto macerado FETO MACERADO Pode estar. Nessas condições. Aspecto do cordão umbilical no que teve sobrevida: 251 | P á g i n a .vaginal por causa da perda da influencia dos hormônios estrogênios e progestagênios que eram produzidos pela placenta. A pele do feto fica em contato com o liquido amniótico durante toda a gestação. que começa a se soltar já no primeiro ou segundo dia nos recém-nascidos a termo. ainda não recebeu a atenção de quem devia. sujo. brilhante. as pregas cutâneas são marcadas por deposição de substancia pastosa pegajosa branca (INDUTO SEBÁCEO OU VERNIX CASEROSA). Por isso. Nos recém-nascidos PREMATUROS. de modo semelhante. mostram a derme de cor pardo-rosada. vão-se sucedendo alterações em seu corpo. a interpretação é idêntica. por um acesso de fúria. se o recém-nascido apresenta-se limpo. ficando o cadáver em um meio líquido asséptico. depois. A maceração ocorre quando o feto morre e não é expulso da cavidade uterina. Outro sinal é o ASPECTO DO CORDAO UMBILICAL Logo após o nascimento: Tem coloração branco-acinzentada clara Consistência túrgida Superfície brilhante Pode ser ou não espiralado O cordão vai sofrendo desidratação assim que se dá a expulsão do feto. matá-lo. PELO EXAME DO CADÁVER DO RECÉM-NASCIDO FETO SANGUINOLENTO Se o concepto ainda está unido à placenta. pois é um fenômeno físico que não depende de circulação nem reação vital. seja ele vivo ou morto. Se o cordão umbilical foi rompido por ação contundente. o excesso de líquido evapora-se e ela se desidrata. demora um pouco mais a ocorrer. Um deles é a DESCAMAÇÃO CUTÂNEA. É necessário mais de um dia para começar a haver a mudança de cor. O aspecto geral dos pulmões.Hiperemia resultante da reação inflamatória na sua inserção abdominal. o que é fácil porque a putrefação torna a hemoglobina muito mais escura e de tom esverdeado. Na mesa de necropsias. Sua presença é quase uma constante nos fetos a termo. Os MAXILARES E A MANDÍBULA também fornecem dados importantes. a realização da docimasia hidrostática fica prejudicada pela inundação alveolar pelo liquido do afogamento. mas impede a sua constatação. O cordão vai ficando escuro e seco com o passar dos dias. 252 | P á g i n a . quatro alvéolos é bastante sugestiva de se tratar de feto a termo (SINAL DE BILLARD) DIAGNÓSTICO DA CAUSA DA MORTE ASFIXIA As sufocações e estrangulamento são as causas mais freqüentes pode morte por infanticídio. O fato de NÃO MAIS SE ACHAR MECÔNIO NO INTESTINO GROSSO é sinal seguro de SOBREVIDA PROLONGADA. é possível procurar pelo PONTO DE OSSIFICAÇAO DE BECLARD. mas também maus tratos. Alguns recém-nascidos são mortos por afogamento. notando-se uma coloração AMARELADA. embora ainda seja possível haver flutuação por causa do enfisema aquo SÍNDROME DA CRIANÇA ESPANCADA Não abrange apenas espancamento. A presença de cinco septos delimitando. Nesses casos. a cada lado. A mumificação do cordão umbilical antecede a sua queda. A presença de ALIMENTOS NA CAVIDADE GÁSTRICA também e outro sinal. A ausência de escoriações e equimoses ao redor dos orifícios naturais não exclui a possibilidade de ter havido sufocação. É comum que se encontrem outras lesões e estigmas ungueais na pele adjacente e a distancia. a presença de espuma saindo pelas narinas e a boca e o conteúdo gástrico liquido abundante podem indicar a causa da morte. hiperdistendidos. IDADE GESTACIONAL DO FETO A idade gestacional do feto também pode ser avaliada pelo esqueleto. Mas é preciso não confundir com a EMBEBIÇAO HEMOGLOBINICA causada pela PUTREFAÇÃO. Outro sinal que deve ser pesquisado é a REGRESSAO DO TUMOR DO PARTO A bossa serossanguínea tende a regredir e a ser REABSORVIDA NOS PRIMEIROS DIAS. pondo de partida para a formação da epífise inferior do fêmur. É um sinal de maturidade que RESISTE À PUTREFAÇÃO. Impõe-se a realização de estudo radiológico. por outro lado. envolvendo maus-tratos. cabos de vassoura. quase sempre presente. ao exame oftalmológico. Além disso.. poderão vir a determinar perigo de viça. Estudos recentes apontam a ROTURA DE VASOS CEREBRAIS (VEIAS DA PONTE) causada por MOVIMENTOS BRUSCOS. ABUSO FISICO A existência de traumatismos recentes associados a vestígios ou seqüelas de outros mais antigos. ajuda a definir o diagnóstico (síndrome do bebê sacudido). depois das afecções encefálicas são os achados mais comuns de causa de morte. parada respiratória irreversível.. calcificações ósseas em diferentes estágios. ROTURAS DO FÍGADO E BAÇO. Nos lactentes. multa. o ALARGAMENTO DAS SUTURAS CRANIANAS indica a ocorrência de EDEMA CEREBRAL. O achado de HEMORRAGIAS SUBDURAIS em crianças sem quaisquer vestígios de lesões violentas no couro cabeludo ou periósteo possui relação direta com o ato de SACUDIR VIOLENTAMENTE a criança. alargamentos epifisários e deformidades ósseas. pré-escola ou creche de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento. 253 | P á g i n a .. Encontra-se no ECA. Nos locais onde não haja conselho tutelar. alterações que constituem a chamada SINDROME DE SYLVERMAN. A presença de lesões de idades diversas em diversos segmentos do corpo constitui quase um sinal patognomônico da síndrome. culminando com um quadro de crises convulsivas subentrantes e. suas atribuições serão exercidas pela autoridade judiciária. Art. Art. As lesões viscerais. Pode deixar seqüelas neurológicas permanentes. Múltiplas fraturas. levando ao SANGRAMENTO PARA O ESPAÇO SUBDURAL. FORMAS DE ABUSO As principais formas são: Privação de alimentos Privação de cuidados de higiene Administração intencional de drogas e venenos Abuso sexual e físico Negligencia de assistência médica Abuso emocional. laços.. etc. finalmente. bem como a multiplicidade deles. A presença de HEMORRAGIASDE RETINA. como seqüela de espancamentos. Regiões ATRÓFICAS NO CAMPO RETINIANO TEMPORAL podem ser observadas.É obrigatória a comunicação de casos suspeitos ou confirmados de maus-tratos à infância e adolescência. debilidade permanente de função ou enfermidade incurável. porretes. em geral.. As chamadas lesões com assinatura são freqüentes nesses casos. O edema cerebral resultante de golpes sobre a cabeça pode instalar-se de maneira insidiosa. 13 – os casos de suspeita ou confirmação de maus-tratos serão obrigatoriamente comunicados ao conselho tutelar da respectiva localidade. chicotes. deslocamentos de cristalino ou descolamento de retina se incluem também entre as lesões oculares oriundas de agressão física. Equimoses podem produzir o desenho de fivelas de cinto. HIFEMAS. professou ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental. ASCITE QUILOSA e PSEUDOCISTO DE PANCREAS também tem sido descritos. deve servir de alerta. 245 – deixar o médico. bilateralmente. produzindo aceleração e desaceleração da cabeça devido a sacudidelas ou puxões violentos. saltos de sapato. mentalmente são ou desenvolvido. o indivíduo tem capacidade de entendimento da ilicitude e de autocontrole. nem intenso o grau de oligofrenia. era capaz de ter o entendimento da ilicitude ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. ou não. indivíduos com doenças manifestadas episodicamente só seriam considerados inimputáveis se a conduta fosse praticada na crise.O estresse a que é submetida a criança pode desencadear ULCERA GASTRICA. a imputabilidade é o elemento mais importante da culpabilidade. LIMITES E MODIFICADORES DA IMPUTABILIDADE MENTAL 254 | P á g i n a . Ao se referir à doença mental ou desenvolvimento incompleto ou retardado. PSICOLÓGICO Aqui o exame fica restrito a esclarecer se o agente. o que é criticado. as circunstancias e de se direcionar de acordo com esse entendimento. o que torna inadequado considerá-lo inimputável. tal como a epilepsia. existem doenças mentais que evoluem por crises. ou por surtos. Não sendo grave o distúrbio mental. Além do mais. As compulsões podem vencer o dever de se omitir. Modernamente. PSIQUIATRIA FORENSE ESTUDO MÉDICO-LEGAL DA IMPUTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE PENAL. como na catatonia. poderá ser julgado semi-imputável. Mas também acolhe o fundamento do critério psicológico ao estabelecer que. a imputabilidade está associada à capacidade de entender os fatos. como na psicose maníaco-depressiva. CRITERIOS DE AVALIAÇAO DA IMPUTABILIDADE BIOLÓGICO PSICOLÓGICO BIOPSICOLÓGICO BIOLÓGICO Para que seja considerado inimputável. o agente teria que ser incapaz de reconhecer a ilicitude da sua conduta e autocontrole para agir de acordo com esse entendimento. como os cleptomaníacos O estupor pode vencer o dever de agir. é suficiente o diagnóstico de doença mental grave ou grau acentuado de comprometimento intelectual. independentemente de ser. ao tempo da ação ou omissão. Do ponto de vista médico-legal. à época do delito. aceitando o critério biológico. o legislador reconhece a necessidade de um diagnóstico psiquiátrico. não se exige uma relação causal entre o distúrbio do agente e sua conduta antijurídica. Assim. Fora dos períodos de atividade da doença. como a de autodeterminação integram a personalidade do imputável. Deve haver uma relação de causa e efeito entre o transtorno mental e a incapacidade de entendimento da ilicitude ou a falta de autocontrole. Tanto a capacidade de entendimento. 26. BIOPSICOLÓGICO É o adotado pelo CP no art. Para esse critério. 255 | P á g i n a . embora haja excitação dos órgãos dos sentidos. Em alguns casos. de modo que não chegam ao nível consciente. De acordo com o código penal. As pessoas hipnotizadas não se comportam como autômatos. a serotonina e a histamina. SONO. O que ocorre é um bloqueio dos sinais. Há dois tipos de sono ao longo da noite: Sono REM Sono calmo Atualmente sabe-se que durante o sono REM. Sua personalidade interage com as ordens do hipnotizador. Obedecem. Mas não leva à movimentação ativa do corpo que acompanhe o conteúdo dos sonhos na maioria das pessoas porque há uma inibição da liberação de neurotransmissores como a noradrenalina.AMBIENTAIS GRAU DE CIVILIZAÇAO Considera-se que os índios tem desenvolvimento mental incompleto. A imputabilidade pode ser reduzida ou abolida. em função da extrema irritabilidade e da agressividade. Na fase do sono calmo. pois. O HIPNOTISMO é um estado parecido com o sono. Ao cometer um ato previsto como ilícito o silvícola não pode ser penalizado justamente por não ter tido a oportunidade de conhecer as normas civilizadas. Isso reflete a diluição da responsabilidade e explica a prática de atos contrários às normas por parte de pessoas pacatas. Em geral. O desligamento dos canais de comunicação com o meio exterior faz com que estímulos de intensidade baixa não sejam percebidos. deve ser enquadrado no art. a autodeterminação fica prejudicada. Não há amnésia verdadeira. a atividade cerebral se reduz muito e permite a restauração neuronal. Elas percebem os atos feitos sob o comando externo como se não fossem seus. é possível aceitar diminuição da capacidade de autocontrole quando da avaliação da imputabilidade. SONAMBULISMO E HIPNOTISMO O SONO é uma forma de abolição da consciência. Á medida que forem tomando conhecimento das normas de vida civilizada. O critério aqui é puramente biológico. BIOLÓGICOS IDADE A definição da incapacidade do menor de 18 anos é uma exceção ao modo biopsicológico. quando não for civilizado. sua capacidade de entendimento quanto à ilicitude vai aumentando. Por essa razão. não se pode reduzir a imputabilidade das pessoas hipnotizadas. Podem ocorrer SURTOS PSICÓTICOS conhecidos como PSICOSES DO CLIMATÉRIO. MULTIDÕES Inibições individuais diminuem de intensidade quando o sujeito está em grupo. SEXO Há distúrbios peculiares do sexo feminino relacionados com ciclos menstruais e com o climatério. 26. mas interrompem-nos assim que as ordens entram em choque com seus valores morais. a atividade cerebral é semelhante à da vigília. Daí concluir-se que pode chegar a ser semi-imputável e imputável. o individuo hipnotizado lembra-se de modo mais ou menos preciso das ordens e das sensações experimentadas. As ações do sonambulismo epiléptico costumam ser esteriotipadas. o sujeito pode cometer CRIMES DE GRANDE BRUTALIDADE. com sinais de descarga de adrenalina. passando a perceber o mundo por uma ótica distorcida. caracterizada por: Distúrbios graves da percepção. Nesse estado. semi-imputáveis ou imputáveis.O SONAMBULISMO é um estado patológico análogo ao sono durante o qual o indivúduo fala. desagregação e roubo do pensamento. sim perturbada. em que o EXCESSO DE GOLPES é comum. escreve e pode até agredir outras pessoas. como alucinações Distúrbios do pensamento. SURDO-MUDEZ Podem ser inimputáveis. Costumam durar algumas horas. Há um verdadeiro automatismo das ações e total amnésia dos fatos. já não á como conter a avalanche emocional. EMOÇÃO E PAIXÃO A diferença fundamental entre elas é a duração fugaz da emoção e longa da paixão. imotivadas. anda. Uma forma mais grave de sonambulismo epiléptico é o ESTADO CREPUSCULAR. como idéias delirantes. a repercussão psíquica e orgânica são diferentes. Começa por uma excitação da vida afetiva que vai crescendo rapidamente até atingir o grau da incontinência da vontade e da ação. dependendo do grau de integração DOENÇA MENTAL A doença mental do código refere-se: AOS PSICÓTICOS EM GERAL AOS DEMENTES AOS EPILÉTICOS. PSICOSES As PSICOSES em geral são transtornos mentais em que o doente perde o juízo da realidade. repetitivas e sem adequação ao meio circundante. Se não o faz. 256 | P á g i n a . Há duas formas de sonambulismo. Pode ter ilusões. Além disso. se acompanhado de alucinações. As emoções podem assumir intensidade tal que o embotamento da consciência chegue a obscurecer a razão e a liberar instintos primitivos de cólera. tornando o limiar de excitação mais baixo para o rompimento das barreiras da censura. A PAIXÃO cria um estado afetivo continuado que traz um potencial de eclosão de surtos emocionais. deve arcar com a responsabilidade. As ações podem revelar tendências subconscientes do sujeito. a consciência ainda governa a razão e a vontade. a consciência não está abolida. Nesse momento do clímax. Outra forma de sonambulismo é o EPILÉTICO. O individuo tem um estreitamento da consciência com distorção da percepção. Mas. mas que Têm conexão com as vivencias do dia e com os objetos do meio circundante. Não há verdadeira amnésia dos fatos. vivencias fantásticas associadas à agitação psicomotora e agressividade. alucinações. Essa forma costuma estar associada a personalidades histéricas. De modo semelhante ao hipnotismo. o indivíduo normal tem ainda a possibilidade de frear o ímpeto no nascedouro. mas podem chegar a mais de um mês. no início da reação emocional. Uma é PSICOGENICA e caracterizada por execução de atos de complexidade variada. A EMOÇAO cria um estado agudo e intenso de alteração mental e física. Mas é preciso que a doença esteja ativa e incapacitante no momento do crime. Desse modo. Os atos ilícitos não são puníveis em função da total inconsciência. em verdade. por motivo da doença. Podem ser agudas ou crônicas. componente da psicose epilética. ou sem remissões e de modo icurável. Os ataques costumam ser precedidos por sinais e SINTOMAS PRODÔMICOS constituídos por: 257 | P á g i n a . As psicoses crônicas podem apresentar fases distintas de atividade. com repercussão nos aspectos volitivos e afetivos. No que diz respeito à imputabilidade. o doente já apresenta sintumas da doença. 2) Na fase médico-legal. durante ou depois da crise A crise caracteriza-se basicamente pela perda da consciência. paratimias. Os epiléticos podem cometer delitos antes. os automatismos e a forma psicomotora.Distúrbios da vida afetiva. Podem evoluir por surtos ou fases. o que importa são os sintomas de ordem mental. FORMAS DE ESTADOS DEMENCIAIS Formas pré-senis (Alzheimer e doença de Pick) Formas senis (arterioesclerose) EPILEPSIA É uma doença neuropsiquiátrica. basicamente da memória e da orientação. piora ou estabilização. Surgir em períodos fisiológicos como a pusicose puerperal ou em estados infecciosos agudos sob a forma de delírios Entre as PSICOSES CRÔNICAS: Esquizofrenia Psicose maníaco-depressiva Psicose alcoólica Psicose epilética. mas ainda não pode ser detectada pelo exame clínico. e outras que se manifestam por meio de quadros psiquiátricos. o tornam inimputável. É aquela em que é cometido o delito que o sleva à psiquiatria forense 3) Na fase de ESTADO. DEMÊNCIAS As demências resultam do acometimento cerebral da pessoa que até então era normal e que. como estados depressivos. FASES DA PSICOSE CRÔNICA 1) A fase pré-psicótica é aquela em que a doença existe. evoluir para melhora. neotimias e ambitimias. como as PARAFREINIAS. quando em atividade no momento do ato delituoso. Provir de estados de intoxicação aguda por substancias psicoativas Ser o resultado de traumtismos cranioencefálicos. pelo fato de privarem o agente de sua capacidade de entendimento. A cura. então. foram perdendo gradualmente as atributos cognitivos. a doença já é bem nítida e pode. dificilmente é completa. que acompanha uma série de fenômenos motores. uma vê que tem formas de exteriorização tipicamente neurológica. Todas essas doenças. 4) A fase de REMISSÃO caracteriza-se por uma melhora intensa que pode simular a cura. As PSICOSES AGUDAS podem: ser o resultado de uma situação de estresse muito intenso. como os estados crepusculares. sendo o mais flagrante as convulsões. o doente ataca quem estiver por perto. Consistem em episódios confusionais. As idéias delirantes multiformes. coordenadas. As ações do sonambulismo epiléptico costumam ser esteriotipadas. chamado de AURA. sujo de sangue. CARÁTER DO EPILÉTICO 258 | P á g i n a . ilusões e alucinações de todos os sentidos. muitas vezes o cônjuge ou os filhos. e é encontrado afastado do local do crime. que podem levar o sujeito a se deslocar de uma cidade par outra e durar dias. quase sempre dotadas de grande carga afetiva e angustiosa.Pequenas contrações musculares involuntárias nas mãos e nos músculos faciais. sem ter consciência do que faz. principalmente nos lábios Sensações de desconforto Vertigens Parestesias Alterações mentais dispares como irritabilidade ou apatia. é inimputável. Durante a crise. de obnubilação da consciência. motores ou psíquicos. de duração variável. ora como depressão. não raro com grande repetição de golpes e marcado por um colorido bastante cruel (furor epilético). Pode delinqüir ou não. podendo ser sensoriais. mutismo ou tagarelice Modificações de humor para cima e para baixo. Em caso afirmativo. Não devem ser confundidos com o conjunto de sintomas dos instantes que precedem a crise. Esses costumam ser os mesmos para cada doente. sem saber explicar o que aconteceu. Há amnésia lacunar com relação ao crime. irresistíveis. incoerentes. na fase prodrômica. como se fosse o inimigo mais odiado. sendo mais freqüentes as DISTIMIAS COLÉRICAS. em que o doente fica muito irritável e agressivo. ESTADOS CREPUSCULARES Costumam acontecer após os ataques. OS ASPECTOS MAIS IMPORTANTES do ponto de vista médico-legal dizem respeito AOS AUTOMATISMOS E AOS ESTADOS CREPUSCULARES. súbitas. Os atos ilícitos não são puníveis em função da total inconsciência. os quais afetam. no mais ds vezes. especialmente o vermelho. mas sobretudo visuais. ora como euforia. Predominam os distúrbios da afetividade. ou sem relação cronológica com a crise convulsiva. repetitivas e sem adequação ao meio circundante. que se caracterizam por grande agressividade e ferocidade. podem conduzir a brutais ímpetos de cólera e de violência. Uma das características desse crime é a má escolha da vitima. as quais tem quase sempre conteúdo terrificantes e são dominadas por vivas colorações. imotivadas. As fugas são caracterizadas por ações independentes da vontade do paciente. o paciente age automaticamente. além da intensa agitação. No sonambulismo epilético há um verdadeiro automatismo das ações e total amnésia dos fatos. Esses pródromos podem durar horas ou dias. ou não. Durante esse tempo. mas podem aparecer antes. Os AUTOMATISMOS podem ser exteriorizados por Impulsos Fugas Sonambulismo epilético Os impulsos são ações explosivas espontâneas. temperamento. a tendência é de agravamento desses aspectos. principalmente no caráter. prolixas nas narrativas. Com o passar dos anos. É um padrão duradouro de comportamento e experiência inferior que difere bastante das expectativas do ambiente cultural do individuo. extremamente exigentes de consideração e afeto. em função da desarmonia do seu desenvolvimento. Fatos insignificantes podem levá-los a agressões. da compreensão e da memória. que é denominador e inflexível. PERTURBAÇAO DA SAÚDE MENTAL O grau de comprometimento do entendimento e autodeterminação dos indivíduos é insuficiente para considerá-los doentes mentais. que levam o doente ao isolamento. TIPOS DE PERTURBAÇÃO MENTAL: PSICOPATIAS (PSICIPATAS) NEUROSES ALGUMAS DOENÇAS MENTAIS PSICOPATIAS As psicopatias diferem das doenças mentais porque os seus sintomas são mais leves. que tem início na adolescência ou na juventude. Percebem ofensas nas pequenas faltas das pessoas de suas relações. costumam ser excessivamente solícitas e. TIPOS DE DISTURBIOS DE PERSONALIDADE: Paranóide Desconfiança Suspeitas Ciúmes Rancores Melindres Interpretação maldosa de ações amistosas Esquizóide Poucas amizades Indiferença por relações sociais Individualismo Baixa emotividade 259 | P á g i n a . instintos e afetividade. não levando o paciente à perda do juízo de realidade. com o tempo. com deterioração da atenção. enquanto os psicopatas mostram deformações de aspectos presentes nas personalidades normais. Cerca de 40% dos epilépticos tendem. A alternância entre a viscosidade e a explosividade é a marca de sua personalidade. havendo uma redução da imputabilidade. No plano afetivo-volitivo. as regras da convivência social. por isso. pela experiência. como delírios e alucinações. As psicopatias também são chamadas de TRANSTORNO DA PERSONALIDADE. que se prendem a minúcias dos fatos em detrimento do conjunto. dificuldade de fazer associações. que nunca aparecem em uma pessoa sadia. que se mantém estável ao longo do tempo e que causa sofrimento e dificuldades. sendo. As personalidades psicóticas resultam de imaturidade ou anomalia dos instintos e não são capazes de assimilar. a sofrer um embotamento da capacidade intelectual. em compensação. Os psicopatas diferem dos psicóticos porque esses apresentam sintomas graves.A pessoa tem raciocínio lento. Anedonia Esquizotipica Excentricidade Idéias de referencia Circunspecção Fala esteriotipada Pensamento mágico Dificuldade de relacionamento Ilusões corporais Anti-social Falta de limites nas relações sociais Delinqüência Mentiras Trapaças Agressividade Crueldade Imprudência Irresponsabilidde Falta de remorso Borderline Relacionamento interpessoal intenso e instável Variações do humor Auto-estima instável Impulsividade Crises de raiva Tendência autodestrutiva Histronica Emotividade intensa e lábil Carência afetiva Teatralidade Sugestibilidde Autocomplacencia Tendência à sedução Narcisista Gabolice. presunção Inveja Incompreensão com os outros Exploração alheia Ansiosa Timidez Baixa auto-estima Hipersensibilidde à rejeição Afastamento social mas com desejo de aceitação 260 | P á g i n a . imodéstia Ostentação. incontroláveis. sem motivação racional. Na neurose. É muito difícil encontrar tipos puros além do mais. pois que a maioria dos casos clínicos apresenta aspectos descritos em mais de um dos tipos. tensos. A dificuldade desses indivíduos está no autogoverno. inflexibilidade Obstinação Escrupulosidade Egoísmo Na verdade. não precisam do bem furtado. Não raro. há a idéia de realizar os atos a fim de evitar um perigo imaginário atual ou futuro. doando-os para terceiros. Com freqüência. não há um acordo quanto aos tipos de personalidades psicopáticas. nervosos. vão contra os interesses do próprio ou de outras pessoas. que. que se agrava se o paciente tenta resistir. há remorso e promessas a si próprio de não repetir a conduta. Há ansiedade. em geral. Antes do ato. Não se trata de características do modo de vida do sujeito. há sensação de satisfação e alívio. podendo ser divididos em: FÓBICO-ANSIOSO OBSESSIVO-COMPULSIVO. O diagnostico de psicopatia tem importância médico-legal na medida em que permite enquadrar o agente no parágrafo único do art. ora é a compulsão para realizar certos atos repetitivamente. 26 (perturbação da saúde mental) Tem importância médico-legal também porque a avaliação do nexo de causalidade exigida pelo critério biopsicológico só vai ser possível a partir da comparação entre essas características e o delito cometido. como é o que ocorre 261 | P á g i n a . Costumam se descartar dos objetos. NEUROSES Os transtornos neuróticos têm natureza variada. durante e após. ficam ansiosos. ora são pensamentos que invadem a mente sem que o sujeito possa evitar. O jogo compulsivo e a cleptomania são exemplos. Podem ser incluídos aqui os TRANSTORNOS DOS HÁBITOS e DOS IMPULSOS: Atos repetidos. Os CLEPTOMANÍACOS. geralmente.Dependente Insegurança Subserviência Medo de abandono Aversão à solidão Falta de iniciativa Indecisão Dificuldade em discordar Carência afetiva Obsessiva-compulsiva (anancástica) Disciplina Perfeccionismo e detalhismo Rigidez. o quadro clínico muda com o passar do tempo. Nem mesmo se as devemos classificar. Conforme o tipo de delito praticado. doenças metabólicas e doenças da infância. principalmente após a puberdade. Em geral. Para que se considere alguém retardado mentalmente tem que ter uma deficiência acentuada da capacidade de adaptação em. comunicação adequada Grave – precisam de assistência contínua Profundo – graves limitações na comunicação e mobilidade As oligofrenias LEVES costumam ser causadas por influências desfavoráveis do meio. temos a infecção materna: Pela rubéola Pelo citomagalovívus Pelo HIV Toxoplasma 262 | P á g i n a . pelo menos. a maioria é devida a distúrbio do desenvolvimento embrionário. ou por problemas obstétricos. As células desses indivíduos têm 47 cromossomas e não 46. principalmente no sexo masculino. Os meninos afetados têm orelha de abano. durante o parto ou ao longo dos primeiros anos de vida. seja por exposição a drogas ou toxinas.nos transtornos da personalidade. macrocefalia e testículos grandes. que ocorre durante a divisão meiótica para a formação de um dos gaetas (óvulo ou espermatozóide). Formam um grupo heterogêneo no qual se encontram pessoas acometidas por vários tipos de doenças de diversas etiologias. cuja ação patogenética se faz antes do nascimento. que vão se unir para formar o zigoto. 2 das seguintes áreas: Comunicação Cuidados pessoais Vida doméstica Habitualidade no relacionamento social Autodeterminação Aprendizagem Trabalho Lazer Saúde Segurança As oligofrenias não são uma doença com sinais e sintomas característicos. Também chamada de TRISSOMIA 21ª causa disso é a não-disjunçao desse cromossoma. consegue emprego Moderado – alguma independência. ou não. podem ter. seja por alterações cromossômicas. são crianças de pais problemáticos entre os casos em que se consegue estabelecer a causa. TIPOS DE RETARDO MENTAL Leve – dificuldades na escola. as células filhas dessa que está alterada formam uma linhagem celular com 47 cromossomas (FENOMENO DO MOSAICISMO). Depois da síndrome de down. a síndrome hereditária mais comum é a do CROMOSSOMA X FRACO. relação com o fato DESENVOLVIMENTO MENTAL RETARDADO (OLIGOFRENIAS) O conceito de retardo mental deve incluir tanto o quociente intelectual quanto a capacidade do individuo de resolver os problemas do dia-a-dia sem necessidade de auxílio de outrem. Entre as causas obstétricas. Entre as alterações cromossômicas. Outras doenças hereditárias raras são OLIGOFRENIA FELILPIRÚVICA e a ESCLEROSE TUBERCULOSA. a mais comum é a SÍNDROME DE DOWN. Por isso. os episódios graves de anoxia podem levar ao quadro da chamada PARALISIA CEREBRAL. 26. na avaliação da imputabilidade. A TOXOPLASMOSE pode causar alterações da visão e da audição. Todos causam retardo mental. A pessoa ora pode ser rotulada como imbecil. pouco atuantes e propensos à delinqüência. são pouco importantes as causas que atuam APÓS O PRIMEIRO MÊS DE VIDA: Meningites Encefalites Intoxicações (como pelo chumbo) Traumatismos de crânio Acidente asfíxicos (como no quase-afogamento) A imputabilidade dos oligofrênicos depende do grau de comprometimento do intelecto e da capacidade de interagir na sociedade. O da RUBÉOLA afeta outras áreas além do sistema nervoso central. Do ponto de vista estatístico. com perturbações da visão e da audição e cardiopatias. pela freqüência do seu consumo e das alterações que produz no feto. a mais importante é o ALCOOL. Entre as substancias TERATOGENICAS. 263 | P á g i n a . Assim. com microcefalia do recémnascido. principalmente em fetos de baixo peso e prematuros. Outra causa. ora é alocado no parágrafo único do art. se confronta com o débil mental. O imbecil incompleto. contraída por contaminação do canal do parto pode levar à infecção do recém-nascido com encefalite e conseqüente retardo mental.Os três vírus levam à encefalite fetal. Os apáticos são inibidos. a INFECÇÃO PELO HERPES. Tanto o imbecil como o idiota podem ter comportamento: Erético ou Apático Os eréticos são aqueles mais ativos. mesmo dentro de uma categoria da classificação. O escalonamento básico é o seguinte Débil mental Imbecil Idiota. ora o imbecil é alocado no caput. hidrocefalia ou microcefalia. há um escalonamento da gravidade. Durante o parto. ora como idiota O imbecil de primeiro grau confronta com o idiota e com o de segundo grau. SÍNDROME FETAL ALCOOLICA Retardo no crescimento intra e extra-uterino Deficiência mental Alterações faciais como microcefalia e microoftalmia Retardo no desenvolvimento psicomotor Hiperatividade Déficit da atenção O álcool age nos receptores do ácido gama-aminobutírico e que essa ação produz a morte dos neurônios por APOPTOSE durante a embriogenese. No caso de serem liberados após algum tempo e reincidirem no crime. Seu comportamento pode chegar à pratica de crimes sexuais. da violência inusitada da agressão. etc. No trato social chegam a passar como pessoas normais. Na execução dos crimes contra o patrimônio. Os imbecis eréticos podem-se tornar agressivos quando contrariados e chegar aos crimes de sangue. costumam ser canhestros. Os débeis mentais estão sempre sujeitos a todo o tipo de infrações devido à sua dificuldade de entendimento das normas sociais. Nos casos de epilepsia. vampirismo e antropofagia. Os imbecis de primeiro grau assemelham-se aos idiotas menos graves. tem-se que admitir o nexo. se o criminoso for preso pouco depois do crime é possível verificar se estava em crise por causa da má escolha da vitima. quer dizer. Dificilmente cometem um delito. Os idiotas incompletos eréticos são capazes de entrar em um conflito com o meio social em função de sua incapacidade de contar os instintos e de absorver as normas sociais. mas sabendo-se que o crime foi cometido na fase ativa da doença. Os casos em que o nexo é mais difícil de estabelecer são dos psicopatas 264 | P á g i n a . Tem mitomania (distúrbio da imaginação) Os imbecis incompletos ou de segundo grau podem chegar a ocupar algumas funções na sociedade. o nexo deve ser condicionado ao grau d retardo mental.Os idiotas profundos são tão desprovidos de atributos intelectuais que vivem vegetativamente à margem da sociedade. Os demais. mas não são passiveis de alguma educação. homicídios bárbaros. têm que ser segregados indefinidamente. Principalmente os imbecis incompletos eréticos são capazes de qualquer atividade anti-social. Sua periculosidade é maior no meio doméstico e institucional Os idiotas incompletos apáticos têm menor chance de causar algum dano. Sua convivência social é um pouco mais fácil em funça o de sua maior capacidade de comunicação. inclusive contra seus genitores. tem que ser examinados dentro do contexto. PERÍCIA EXAME DE SANIDADE MENTAL O perito tem que avaliar: Existência de transtorno mental O tipo de transtorno O nexo de causalidade A capacidade de entendimento A capacidade de autodeterminação NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE O ILICITO E O TRANSTORNO Não sendo possível estabelecer o nexo entre o delito e o mundo virtual do psicótico. os imbecis de segundo grau e os débeis mentais. liberando grande agressividade. Todos os idiotas e os imbecis de primeiro grau são inimputáveis. da amnésia completa. inclusive cargos públicos. liberdade sexual e se entregarem à embriaguez habitual. tais como crimes contra a pessoa. Tornam-se mais perigosos quando ameaçados ou presos. Em se tratando de oligofrênicos. São sugestionáveis e podem ser levados e se envolver em fraudes quando na função pública. não tiverem o necessário discernimento para a prática dos atos Os que. devemos entender qualquer transtorno mental Por DEFICIÊNCIA MENTAL. não puderem expressar sua vontade São relativamente incapazes Ébrios habituais Viciados em tóxicos Os que.ESTUDO MÉDICO-LEGAL DA CAPACIDADE CIVIL O Código Civil dispõe que são absolutamente incapazes para a prática dos atos civis: Menores de 16 anos Os que. Por ENFERMIDADE MENTAL. surdos) ou mesmo deficientes motores que tenham prejudicado o desenvolvimento de suas funções psíquicas. Dificilmente uma neurose ou um transtorno de personalidade poderá ter tal conseqüência. Quanto aos que. graves distorções do curso do pensamento 265 | P á g i n a . podemos exemplificar: Doenças do sistema nervoso (neurológicos) Estados deficitários de consciência (OBNUBILAÇÃO. tenham o discernimento reduzido. por enfermidade ou deficiência mental. a oligofrenia ou retardo mental. Os pródigos O critério é biopsicológico. O termo SEM DESENVOLVIMENTO MENTAL COMPLETO usado no código deve ser interpretado como deficientes sensoriais (cegos. mesmo por motivo transitório. PSICOSES são enfermidades mentais que comprometem o juízo de realidade e se manifestam por sintomas cognitivos: Alucinações Ilusões Idéias delirantes Distúrbios lógico-formais do pensamento Alterações qualitativas da memória. ENFERMIDADE MENTAL QUE RETIRA O DISCERNIMENTO PARA A PRÁTICA DOS ATOS DA VIDA CIVIL Entrem nesse caso as PSICOSES e as DEMÊNCIAS. TURVAÇÃO e COMA) Esclerose lateral amiotrófica Esclerose múltipla em fase final Graves atrofias e ataxias incapacitantes. sem desenvolvimento mental completo Maiores de 16 e menores de 18. Os excepcionais. mesmo por motivo transitório não possam exercer atos da vida civil pessoalmente. por deficiência mental. Desorientação temporoestaciais e circunstanciais Perturbações da atenção Delírio e confusão mental Alterações da consciência do eu. DEFICIÊNCIA MENTAL QUE RETIRA O DISCERNIMENTO Trata-se do retardo mental profundo. CAUSAM INCAPACIDADE RELATIVA OU TRANSITÓRIA: Delirium Transtornos mentais decorrentes de lesão ou disfunção cerebrais e de doença física 266 | P á g i n a . RETARDO MENTAL é a falta do desenvolvimento das funções cognitivas. Sintomas afetivos: Acentuado transtorno de humor e dos nexos afetivos Presença de sentimentos anormais e inusitados Sintomas volitivos: Abulia Apragmatismo Psicomotricidade alterada. em particular da inteligência e dos valores socialmente aceitos ÉBRIOS HABITUAIS A incapacidade relativa só caberá para os casos de: Síndrome de dependência transtorno psicótico Síndrome amnéstica Transtorno psicótico residual Não é pertinente para: Intoxicação aguda Síndrome da abstinência (com ou sem delírio) VICIADOS EM TÓXICOS A incapacidade relativa caberia para: Os opiáceos Sedativos Hipnóticos Solventes voláteis Não se aplicaria: Aos canabinóides Cocaína Alucinógenos Fumo DEMÊNCIAS E SÍNDROME AMNÉSTICA ORGÂNICA Caberá INCAPACIDADE ABSOLUTA no período de estado e no terminal Caberá INCAPACIDADE RELATIVA no período inicial. A INTOXICAÇÃO PATOLÓGICA exige um tratamento especial. durante e depois do cometimento do delito. Na versão narrada pelo periciado. Transtorno psicótico agudo ou transitório Transtorno delirante induzido (incapacidade relativa ou transitória) Transtorno afetivo bipolar (que tb causa incapacidade absoluta) CAUSAM INCAPACIDADE ABSOLUTA Esquizofrenia Transtorno delirante persistente Transtorno esquizoafetivo Transtorno afetivo bipolar (pode causar também a relativa) Síndrome maníaca (absoluta ou por motivo transitório) Síndrome depressiva com sintomas psicóticos (ou por motivo transitório) NÃO CABEM INCAPACIDADE CIVIL: Síndrome depressiva sem sintomas psicóticos Transtorno depressivo recorrente Transtorno persistente de humor Transtornos neuróticos relacionados ao estresse Síndromes comportamentais associadas a perturbações fisiológicas Transtorno de personalidade (às vezes pode causar incapacidade relativa) ESTUDO MÉDICO-LEGAL DO ALCOOLISMO E DA DEPENDENCIA QUIMICA ALCOOLISMO O exame de sanidade mental. Transtorno de personalidade e de comportamento decorrentes de doença. bem concatenada. Uma conduta ordenada. deve-se analisar a conduta antes. é também um bom indicador. lesão ou disfunção cerebrais Alguns transtornos mentais e de comportamento decorrentes do uso de substancia psicoativa (a outros transtornos. a comprovação da embriaguez fica na dependência do exame médico-legal de embriaguez. A intoxicação aguda com delírio ou com distorções perceptivas deve ser considerada doença mental. em geral. desde que afastada a simulação. A agitação psicomotora intensa 267 | P á g i n a . destarte. consistente e congruente fala contra a embriaguez completa. coerente. é feito muito tempo pós a ação ou omissão e. pela versão narrada aos peritos pelo próprio acusado ou de elementos colhidos dos autos. O mais importante de se avaliar é a magnitude do comportamento advindo logo após o uso. A amnésia lacunar. será dada incapacidade absoluta) Transtorno esquizotípico. adequada. como: Sudorese intensa Náuseas e vômitos Diarréia Taquicardia Taquipnéia Miocimias e mioclonias Tremores intensos de extremidades Palidez cutaneomucosa (ou eritrodermia) Incontinência urinária ou fecal Hipotensão arterial. teremos uma perturbação da saúde mental ou uma doença mental. dentre outros. É fundamental para a diagnose diferencial que ocorrem SINTOMAS FÍSICOS além dos psíquicos. A MANIA DE POTU deve ser considerada verdadeira psicose aguda transitória e ser enquadrada no art. Grande excitabilidade psíquica Agressividade Frangofilia Turvação do sensório Obnubilação da consciência Amnésia lacunar posterior Hostilidade contra os circunstantes São aspectos psicopatológicos comuns. SINDROME DE DEPENDÊNCIA SÃO CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA DEPENDÊNCIA FÍSICA: Tolerância Estado de abstinência fisiológico TOLERÂNCIA A tolerância é o estado no qual doses crescentes da substância psicoativa são requeridas para se alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas. É importante assinalar que freqüentemente se confunde a síndrome de abstinência com o reaparecimento dos sinais e sintomas que haviam sido eliminados ou reduzidos com o uso da substancia psicoativa. De acordo com esses critérios. 268 | P á g i n a . DELITO EM ESTADO DE ABSTINÊNCIA Um delito cometido na vigência de um estado de abstinência alcoólica deve ser examinado sob 3 aspectos: Se foi praticado em razão da abstinência Se está em nexo de causalidade com ela Se as capacidades de entendimento ou de determinação foram abolidas ou reduzidas. 26. ESTADO DE ABSTINÊNCIA FISIOLÓGICO (FÍSICO) Se dá quando o uso da substancia cessou ou foi reduzido. consistência. coordenação. Nesse caso. não é preciso assinalar que permanecem os critérios de nexo de causalidade e de verificação do comprometimento das capacidades intelectivas e volitivas. COMO VERIFICAR SE A EMBRIAGUEZ É COMPLETA: Deve-se verificar: A conduta ante delictum A coerência. ocultamento das conseqüências.CARACTERIZAM DOENÇA MENTAL: Transtorno psicótico Estado de abstinência com delírio Síndrome amnéstica Transtorno psicótico residual ou de instalação tardia. etc) 269 | P á g i n a . TIPOS DE EMBRIAGUEZ Por opiáceos (EFEITO IDIOSSINCRÁSICO) Sedativos e hipnóticos (EFEITO PARADOXAL) Alguns estimulantes (excluída a cafeína) Alucinógenos Solventes voláteis. articulação e congruência entre as várias ações Estado da memória de fixação em relação ao ato Compreensibilidade do ato com análise de sua motivação Conduta pos delictum (evasão do loal.