PAPIA 21(2), p. 291-302, 2011.ISSN 0103-9415 A LÍNGUA BANTU ANGOLANA MBWELA (K17) E A BUSCA ETIMOLÓGICA DOS BANTUÍSMOS BRASILEIROS Janine Félix da Silva Universidade Federal de Rondônia [email protected] Rosa Maria de Lima Ribeiro Universidade Federal de Rondônia [email protected] Ndonga Mfuwa Universidade Agostinho Neto/Angola [email protected] Abstract: Mbwela (K17) is an undocumented language belonging to the K10 group, dominating the Eastern half of Angola. Documentation of the area is essential in order to show etymological evidence for Brazilian Bantuisms, as well as to contribute to research confirming historical evidence that the main homeland of Bantu slaves shipped to Brazil was not located on the coast of the country. Maniacky (2008) highlighted a sample of Brazilian Bantuisms where the Bantu cognates belong to the K zone and are not attested in the H zone, containing Kikongo and Kimbundu, nor in the R zone, containing Umbundu. Unfortunately, descriptions of the K10 group are particularly scarce, as is the general case for Angolan languages. Alongside the various factors explaining this lack of studies, we highlight the Portuguese policy of integration that penalized the use of native indigenous languages, the continuing forty years of war and the Portuguese colonial language, rarely familiar to the Bantuists. For the first time, we describe the Mbwela language, which had never previously been documented, and we interpret Brazilian Bantuisms phonologically and morphologically. Keywords : Mbwela (K17), etymological interpretation, Bantuisms. 1967 & 1969/ 1980. Entre eles. mesmo com todas as pesquisas na área bantu. Introdução As línguas bantu vêm sendo amplamente documentadas desde meados do século XIX. 19761971. uma vez que. Grimes. Greenberg.000 habitantes . chegando ao absurdo de condicionar a autorização do estudo científico de qualquer língua bantu ao compromisso firmado pelo pesquisador de não divulgar o resultado de suas pesquisas dentro das próprias fronteiras de Angola (Ntondo. Bastin. uma cidade que passou de 500. 1999. o qual corresponde à maior parte da área classificada como zona K. 2003). 1955. podemos elencar em primeiro lugar. O implacável despovoamento do planalto central (um dos campos de batalha em Angola durante anos) causou o inchaço populacional de Luanda. Maho 2008) e vários foram os estudos histórico-comparativos realizados sobre essas (Guthrie. 1911. Vários são os fatores que explicam tal carência.292 JANINE FÉLIX DA SILVA / ROSA MARIA DE LIMA RIBEIRO / NDONGA MFUWA 1. Bender. Meeussen. Em segundo lugar. grande parte da população angolana tem medo e/ou vergonha de falar a sua língua materna. 2007. Bastin. Coupez & Mann. foram classificadas de acordo com seus critérios genéticos (Westermann. ainda existe um vazio quase que total no mapa linguístico situado no planalto central e oriental de Angola. A partir de então. 1996. encontra-se o impacto de cerca de quarenta anos de guerra de independência e de guerra civil que se eternizou até 2002. a política colonial integracionista de Portugal que combatia e penalizava o uso das línguas nacionais. 1948. 2009). Mumba & Schadeberg. O genocídio cultural promovido pelos colonos portugueses foi tamanho que se reflete até os dias atuais. Coupez. 1970) e tipológicos (Guthrie. no qual se destaca o grupo K10. Porém. dentro do qual figuram especificamente a língua ngangela stricto sensu. o nyemba e o luchazi. Além da ambiguidade causada pelo uso do glossônimo “ngangela”. o mbunda. Além do mais. 1.. 41 anos. Porém. “Alguns investigadores consideram o “ngangela” como um conjunto linguístico. Mbwela. à volta do Baixo-Longa e ao longo do rio Cuito”. 32). que cobre um vasto território do interior da África Central. De acordo com Maniacky (2003).A LÍNGUA BANTU ANGOLANA MBWELA (K17) E A BUSCA ETIMOLÓGICA . fronteira com o Moxico e o Cuando-Cubango. que pode ser utilizado tanto para designar especificamente a língua K12b como um subgrupo do grupo K10. o mbwela. Em outros termos. de onde é originária nossa principal informante. “é imperioso que se realize um estudo profundo e sério sobre as línguas desta vasta área do Sudeste angolano para que sobressaia uma classificação linguística fiável da região” (p. 293 em 1975 para os mais de seis milhões que conhecemos atualmente. em Luanda. Vale salientar que as línguas bantu são por excelência línguas tonais por isso os tons são parte primordial da língua.. o ngonzelo. Como observa Ntondo (2006: 23). Angola. a senhora Verônica Feliciano Mutandu Ndumba. senão. que se encontra atualmente residindo no bairro do Fubú. segundo o mesmo autor (Ntondo 2006). é atualmente viável documentar. Além dessa localização. o mbwela também é falado no Sul e no Nordeste do Bié. Esse fato faz de Luanda uma mina de ouro para pesquisa de campo em línguas nacionais. formado por várias variantes (Redinha 1972). principalmente no que diz respeito à questão de ser uma língua autônoma ou apenas uma variante dialetal do ngangela. pois conta com a presença física in loco de profusões de locutores da maioria. outros negam a existência de um grupo linguístico conhecido por “ngangela” (Yambo 1997)”. de todas as línguas do país. “mbwela é uma língua falada no centro da província de Cuando-Cubango (Sudeste de Angola). após ter fugido de sua província de origem devido à guerra civil que culminou em 2002. mais precisamente no município de Mpulu. língua ou variante dialetal? Muitas são as dúvidas sobre o mbwela geradas pela falta de estudos científicos sobre o mesmo. esse tipo de pesquisa virá a auxiliar no conhecimento etimológico de uma grande parte de bantuísmos presumidos atestados no português falado no Brasil. em Luanda. O estudo linguístico que é aqui produzido refere-se ao mbwela falado na região Nordeste do Bié. o lwimbi. .1. geralmente agrupados etnicamente em determinados bairros periféricos. os tons dos exemplos demonstrados no corpo do trabalho foram postergados por ainda estarem sendo analisados de maneira profunda com a ajuda do PRAAT. de onde se oriundam a maioria dos escravos levados para os portos dos antigos reinos do Congo e de Ngola que foram traficados para o Brasil. Portanto. as línguas mal conhecidas ou totalmente desconhecidas desta zona K. [nts]. [ndz]. [NkhW]. [NgJ]. . ou..2. [ndW]. [Nkh]. [¯] Oclusiva nasal palatalizada: [mJ] Oclusivas nasais labio-velarizadas: [mW]. [¯t+S]. são eles que irão induzir o significado do nome (que nesse caso pode ou não ser equivalente ao substantivo em português). Alongam-se após consoantes oclusivas orais lábio-velarizada. após oclusivas orais palatalizadas [CJ] se não vierem no final da sílaba. [S] Fricativas pré-nasalizadas: [mv]. [¯t+SW]. [ntsJ]. indicam na maioria das vezes uma intenção de compartilhamento do significado. Aproximantes centrais: [V]. b) Consoantes: As consoantes encontradas no mbwela são: Oclusivas orais: [p]. [Ng]. [u]. [¯t+SJ]. .[nthW]. [w]. . [v]. [T]. [t5J]. [j]. Fricativas labio-velarizadas: [vW]. [t5W]. [mbJ]. [ndzJ]. [nd+ZW] Oclusivas nasais: [m]. [mb]. [ns].[nth]. [tW]..294 JANINE FÉLIX DA SILVA / ROSA MARIA DE LIMA RIBEIRO / NDONGA MFUWA 1. [mbW]. Estes. [ndJ]. [ntsW]. Breve amostra descritiva do mbwela a) Vogais: O sistema vocálico do mbwela possui as vogais seguintes: [i]. [nW]. [mphJ]. também são conhecidos como prefixos primários ou inerentes. [h] • • • • • • • • • • • • • • c) Morfologia nominal A língua mbwela possui 18 classes de prefixos nominais. ou seja. [f].[nd+Z] Oclusivas orais palatalizadas: [pJ]. [W] Fricativas: [B]. [NgW]. [n]. [nd+ZJ] Oclusivas orais labio-velarizadas: [pW].. [tJ]. [nd]. [ndzW]. o alongamento vocálico se deve à presença de uma consoante pré-nasalizada pósposta à vogal [V˘ NC]. [kJ]. [E]. [t]. [C W ]. [NkhJ].[mphW]. [kW]. [nD].. [t5]. [D].[nthJ]. [z]. Além das vogais simples essa língua possui vogais que são alongadas ou que se tornam alongadas diante de contextos específicos. [s]. por sua vez. [k] Oclusiva oral africada: [t+S] Oclusiva oral batida (“tap”): [R] Oclusivas pré-nasalizadas: [mph]. [nz] Fricativas palatalizadas: [vJ]. [a]. ainda. [ç]. Porém. em mbwela. [+ animado]. por exemplo.~ . objetos. atribuindo a esses vocábulos um traço semântico de [. terão o seu plural formado a partir do emparelhamento da classe 2 + 9. os nomes de animais.. kimbundu e umbundu. 295 Cl 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Prefixos Nominais muvamumilimat S ivi(i-) ~ - Cl 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Prefixos Nominais Di./ zi. É indiscutivelmente complexa a questão do vínculo com as línguas africanas do falar de intercomunicação que se construiu no Brasil entre os escravos bantu que. Busca etimológica dos bantuísmos brasileiros É sabido que existe um paradoxo científico bastante perturbador entre as evidências históricas que apoiam a origem diversificada dos escravos bantu e a alegação costumeira de que os escravos trazidos para o Brasil pertenciam restritamente a três grupos linguísticos. 2.A LÍNGUA BANTU ANGOLANA MBWELA (K17) E A BUSCA ETIMOLÓGICA . é formado pela classe 10. Em ngangela. passando pela diferença no sistema tonal. esse emparelhamento ocorrerá apenas com os nomes de seres inanimados. etc). até o emparelhamento singular/ plural dos prefixos nominais (PN) de classes 9/ 10. Mutombo & Beltran (2009): . o plural da classe 9 (que geralmente é utilizada para indicar coisas..humano]. compartilhavam o fato de falar línguas aparentadas. animais. assim como em muitas línguas bantu. kikongo. embora de origem diversificadas. De acordo com Angenot. Percebe-se que a interação linguística das línguas bantu ao Brasil não se beneficiou das mesmas condições evolutivas normais como aquelas que são conhecidas nessas línguas que ainda continuam sendo faladas de um modo natural na África.~ lukatuVukuhakumu- É interessante perceber que existem algumas diferenças significativas entre o ngangela (K12b) e o mbwela (K17) que vão desde léxicos. ambos do litoral angolano. também de classe 9. adotase as expressões “co-néo-étimos para designar um grupo de línguas das quais vêm os bantuísmos.296 JANINE FÉLIX DA SILVA / ROSA MARIA DE LIMA RIBEIRO / NDONGA MFUWA Após a travessia do Atlântico.1. parentesco. enquanto que os co-néo-étimos fazem parte de um grupo de cognatos convergentes em diversas línguas. são os itens lexicais transplantados ao Brasil que detém um grande número de cognatos comuns às numerosas diferentes línguas bantu. 2009: 3). entende-se por cognato de um vocábulo uma forma aparentada desse que é atestada em línguas da mesma família. os locutores bantu se confrontaram com várias condições adversas e perturbantes caracterizadas pela brutal coabitação forçada de elementos linguísticos heteroclíticos que estranhamente foram condenados a competir entre si. à saber as formas ancestrais reconstruídas das palavras bantu atuais. a Etimologia é a disciplina que tem por função explicar a evolução das palavras de uma língua. neo-étimos e cognatos Em linguística histórico-comparativa. 2. etc. Por razões pragmático-metodológicas opinamos por atribuir uma distinção tipológica. os proto-étimos são lexemas reconstruídos que aparecem em um momento diacrônico próprio a um determinado momento linguístico do passado. Dessa forma. Por fim. em regra geral. e eliminados termos . neoétimos e cognatos. com base em Angenot & Angenot (2010). comparando-a com os bantuísmos brasileiros presumidos. adotada por Angenot. animais. de maneira a diferenciá-los dos neo-étimos diacrônicos mais recentes que os do período pré-afro-iberoamericano”. Em outros termos. Proto-étimos. (Angenot. Segundo os autores citados anteriormente. foram checados os termos mais básicos das línguas separados por categorias como: líquidos. faremos a distinção diacrônica entre proto-étimos. visando contribuir de maneira quantitativa e qualitativa com os aportes étnicos dos bantuísmos encontrados na linguagem do povo brasileiro. serão denominadas por proto-étimos. Amostra de bantuísmos encontrados na língua mbwela (k17) À guisa de demonstração da grande necessidade de uma revisão das diversas propostas etimológicas equivocadas apontaremos à lista de exemplos coletados na língua mbwela (K17). de onde se faz derivar as formas modernas.2. Mutombo & Beltran. remontando do passado até unidades lexicais chamadas étimos. Quanto aos étimos tradicionais. entre duas características de étimos bantu que correspondem a dois momentos diacrônicos bem diferentes. É legitimado imaginar que. 2. Mutombo & Beltran (2009). Por razões metodológicas. bombó bunda. cachaço porco. jaguar veado. homem da ralé fedor. 2009) Transcrição Fonética em Alfabeto Fonético Internacional . traseiro vagabundo.AFI Significados Exemplos dos bantuísmos em mbwela (transcrição segundo AFI) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 acanga acueto vacueto amulu angorô anguê bambi binga bobó. Selecionamos uma amostra de 235 dados.A LÍNGUA BANTU ANGOLANA MBWELA (K17) E A BUSCA ETIMOLÓGICA . bumbum cabuleté cabuletê cachitende caçula (1) caçulé cajila calunga camba cambaio cambalacho camundongo cangote cangulo gulu capanga caruru calulu a»ka) gå a»kWetU va»kWetU amu»lu a) go»Ro a)N»gWe ba) »bi »bi)Ngå bo»bç / bo »bç [»bu)ndå] kabule»tE kabule»te kaSi»te)ndI ka»sulå kasu»lE ka»Zilå ka»lu)N gå »ka)mbå ka) »bajU ka)mba»laSU kamu) »do) gU ka)N »gçtSI ka) »gulU »gulU ka»pa) gå kaRu»Ru kalu»lu N N n N m m m N N galinha-d´angola. Deus companheiro de pernas tortas tramoia. picote a) camarada b) os nossos o diabo arco-íris onça. tais como orixás e termos de festas. 297 mais específicos da “língua de santo”. gazela chifre mandioca seca para farinha. conluio rato nuca. jagunço iguaria feita à base de quiabo N h k a˘N ga / va˘Nk ha˘Nga VakWEtu tSilulu i˘NkHç˘N gçlç i˘NgWE /vai˘N gWE m m m ba˘ bi / va˘ ba˘ bi bin˘N ga / zi˘mbi˘Nga bçbç bu˘n da bulutu m m m m m katSi˘n tE˘ndE kasulE tSiDila muka˘lu˘N ga ka˘lu˘Nga ka˘mba ka˘ bajç ka˘mbalasJç kamu˘ndç˘Ngç likçsi N m gulu / va˘Ngulu N ka˘N gulu ”leitão” kapHa˘ ga kalulu . tabu mar. mal cheiro o mais novo dos filhos ou dos irmãos amuleto. Bantuísmos (Angenot & Angenot.. nádegas.. guarda-costas. dois quais 37% são cognatos de vocábulos encontrados no léxico brasileiro. Exemplo: ochito ia ngombe = carne de boi forma forma respeitosa respeitosade de tratamento para mulheres jovens 25 26 27 28 29 30 dE˘n dE mazi a˘n dE˘ndE lihç˘ndJo fuSika ”trança” vu˘nd zWE˘zE N 31 32 33 34 35 ga˘ ga N mWa˘Nga˘N ga / Va˘Nga˘N ga gaRapa 36 37 38 39 tSi˘N gçlo˘N gçtE N N gu˘N ga gusu t itç iJa Ngç˘mbE iJa n s 40 iaiá nhanhã incalá indaca ingoma zingoma goma ingombe ngombe gombe ingongo gongo ja»ja ¯a»¯a) i)N ka»la i) »dakå i)N »gomå zi) »gomå »gomå i)N »go)mbI N »go)mbI »go)mbI i)N »go)^N gU »go) gU ^N N n jaja 41 42 43 caranguejo a) boca b) língua tambor N n kHala / Va˘ NkHala daka ”palavra” gçma / zi˘N gçma N 44 boi. banana remendar. caldo quando destinado à destilação centopeia sino força força de (preposição). topônimo pessoa esperta provocar óleo vermelho óleo obtido da palmeira dendê. gado N gç˘mbE / Va˘ Ngç˘mbE 45 centopeia tSi˘N gçlo˘N gçtE . confusão chefe caldo da cana. alivanhar algazarra. barulho.298 JANINE FÉLIX 23 24 catinga congo quicongo cotá covucar cubango curinga cutucar dendê dendé dicondo fuxicar fuzuê ganga unganga garapa guarapa gongoji gunga guzo ia DA SILVA / ROSA MARIA ka»tSi)N gå »ko)N gU ki»ko)NgU ko»ta kovu»ka ku»ba)NgU ku»Ri) gå kutu»ka de) »de de) »dE dZi»ko)ndU fuSi»ka fuzu»We »ga) gå u) »ga) gå ga»Rapå gWa»Rapå go)N go»Zi »gu) gå »guzU »iJå N N N N n n N DE LIMA RIBEIRO / NDONGA MFUWA kati˘Nga kikç˘ Ngç bakç˘N gç kçta kuvuka ”abrir lugar para lavoura” kuba˘N gç kuRi˘Nga ”trabalhar” kutuka n cheiro fétido e desagradável designação dada ao designação ao africano proveniente do reino do Congo irmã cavar. 299 injó inzo inzala jimbongo jindungo luilo macaia macanho [maconha] macumba macundê mafu malafo maluvo mapucá mataco. farrapo. bens. itaco mavero avere mavu mazi meçu menemeném menga menhá meiá molambo i)¯ »Zç »i)n zU i)n »zalå Zi) »bo) gU Zi)n »du)NgU lu»WilU ma»kajå ma»ka¯U ma»ku)mbå maku)n»de ma»fu ma»lafU ma»lafU mapu»ka [ma'taku] [i'taku] ma»veRU a»veRI ma»vu ma»zi me»su meneme»ne) »me) gå me»¯a me»ja mo»la)mbU N m N n z d iVç / zi˘nd ziVç d ala n z dinheiro. bojudo e comprido para conter e refrescar água criança escravo africano zi˘ mbç˘ Ngç n du˘N gç / zindu˘N gç lilu / mWilu ka˘N gç˘¯a 52 53 54 55 maku˘mba ku˘ndE / maku˘ndE “ ”tipo de feijão” liho / mahç malufç 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 mapuka “ ”bicho-de-pé” takç / matakç mavElE maVu ”pó do chão” mazi ”gordura” “ lisç / mEsç tSimEne ma˘¯i˘N ga mE˘ma mula˘mbç 66 67 mongo monga moringa moringue »mo)NgU »mo) gå mo»Ri)Ngå mo»Ri) gI N N mu˘N gWa moRin˘NgE 68 69 muana mona mubica »mWanå »monå mu»bikå mWa˘na mupika . riqueza pimenta céu folha de tabaco. de fumo sessão de feitiçaria. pedaço de pano velho sal cântaro de barro em forma de garrafa. bunda leite pó azeite. de magia-negra feijão folha vinho ou qualquer outra bebida alcoólica animal Nádegas. manhã sangue água trapo.. traseiro.. óleo olho(s) dia.A 46 47 48 49 50 51 LÍNGUA BANTU ANGOLANA MBWELA (K17) casa fome E A BUSCA ETIMOLÓGICA . além das atribuídas às línguas kimbundu. reduzida a pó que se acredita ter poderes mágicos faca cobra. testa coração elefante qualquer substância branca. o que significa uma contribuição bantu angolana de línguas do grupo K10. serpente d a˘ ba / Va˘ d a˘ ba pHE˘mba m n Z m »Za) bå m m »pe)mbå 76 77 pocó quinioca nioca nhoca quipongo quipoqué quitanda po»kç ki»¯okå »¯okå »¯okå ki»po)NgU kipo»kE ki»ta) då n m pHçkç linçka 78 79 80 sapo feijão pequeno estabelecimento onde se vendem verduras e frutas tabu.300 JANINE FÉLIX 70 71 72 73 74 75 musueto mutu mutuê muxima mutinba ongamba njamba pemba DA SILVA / ROSA MARIA mu»sWetU mu»tu mu»tWe mu»Simå mu»tSimbå o)N»ga)mbå ¯ DE LIMA RIBEIRO / NDONGA MFUWA mukWEtç mu˘n thu mutWE mutima n Z o outro o resto pessoa. kikongo e umbundu – afirmação erroneamente repetida e difundida sobre a etimologia . interdição religiosa canalha. gente cabeça. Considerações finais Diante de tudo apresentado anteriormente fica claro que uma parte dos bantuísmos presumidos encontrados na língua portuguesa falada no Brasil possui uma origem relativamente próxima aos cognatos encontrados na língua mbwela (K17). patife pote de barro pai feijão ânus carne kipç˘N gç tSipç˘kE kita˘nda 81 82 83 84 85 86 87 quizila sacana sanga tata tipoquê pipoquê toba xito ossito ki»zilå sa»kanå »sa)N gå »tatå tSipo»ke pipo»ke »tobå »SitU o»sitU tSiDila sakana ”ofença” sa˘Nga ta˘ta tSipçkE (um grão) VipçkE (vários grãos) mutç˘mba n s t itç 3. 17) du sud de l’Angola. langue bantu (K. Rondônia: Universidade Federal de Rondônia. Bailundu. 2008. Glossário de Bantuísmos Brasileiros Presumidos. Bender. .a referential classification of the Bantu languages. Hume. Brasil.) 2002. A. Gregg International Publishers. Oxford. Mbundu. & Jean-Pierre Angenot (orgs. Maho.000 entradas lexicais). Paris: imprimerie Nationale. tese de doutorado. Mission Rohan-Chabot: Le Groupe Sud-ouest des Langues bantoues: Kwambi. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras e Toopbooks Editora. Luanda. N. The Handbook of Phonological Theory.A LÍNGUA BANTU ANGOLANA MBWELA (K17) E A BUSCA ETIMOLÓGICA . V. 301 dos bantuísmos brasileiros. Porto Velho. The online version of the New Updated Guthrie List. Isso só prova o quanto é importante e interessante que sejam feitas pesquisas com as línguas das diversas regiões do interior do continente africano para que se possa chegar à verdadeira origem etimológica dos bantuísmos afro-brasileiros e com isso entender uma grande parte das raízes linguísticas e culturais do nosso povo. Guthrie.. Editora: Nzila. 245-306. Zambie). Goldsmith. Paris: INALCO. G. Jean-Pierre & Geralda de Lima V. D. Herero. Dante R. Le mbwela. 1925. The internal organization of speech sounds. São Paulo. variété du Menongue (Angola). & E. ed. Gerald Jerry. Angenot. Referências Angenot. 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