MARQUES - Capitalismo e Colapso Ambiental

March 30, 2018 | Author: Camila Castro | Category: Capitalism, Homeostasis, Economics, Investing, Market (Economics)


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Luiz MarquesCAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL EDITORA unncnnn Graña atualizada segundo Acordo Orrográ Eco d¡ Lingua Portuguesa de 1990. Em vigor na Brasil a partir dc 2009. ' FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELO SISTEMA DE BIBLIOTECAS DA UNICAMP DIRETORIA DE TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO NLMSC Marques. Luiz. f' , ' ::alapso " '/ Luíz " ._ -C ,' SP-.Ediromda Unicamp, 201 S. 1. Capitalismo. 2. Ecologia. 3. Dexmmmento. 4. Abastcclmmto d: água. S. Impacto ambiental. l. Título. CDD 330.122 301.3! 3317513 628.1 ¡snN 978-857168-1274-1 3517 Índices para ratálago sistemático: l. Capíulismo 330.122 2. Enología 301.31 3. Desmatamento 3317513 4. Abastecimento de Água 628.1 S. Impacto ambiental 363.7 Copyright 0 by Luiz Marques Copyright © 2015 by Editora da Unicamp "As r ' ' l' r ' ' ou- _' J r neste ' 'sãodc responsabilidade do autor e não ncccsmimneute ::Harem :visão da Fapesp." Direitos rucrvados c ,totcgídoa pela Lu' 9.610 de l9.2.l998. E pmibid: a mproduçio :oral ou parcial sem autorização. por escrito. dos detentora dos direitos. Pdnced Ln Brazil. Foi feito o depósito lcgaL Dixciros ::servidos à Editora da Uniamp Rua Caio Grato Prado, SO - Campus Unicamp CEP 13083-892 - Campina¡ - SP ~ Brasil TcL/Fax: (19) 3521-7718/7728 w wvudlmm. r ,br - [email protected]ícamp.br AGRADECIMENTOS Ao longo dos anos de sua pesquisa e redação, este livro beneñciou-se de múltiplas contribuições de amigos e colegas e é chegado o momento prazeroso de registrar minha gratidão. Alcir Pécora, Alfredo NastarLArmando Boito, Breno Raigorodsky, Carlos Marigo, Carlos Spilak, Célio BÉrmann, Claudia Valladão de Mattos. Daniela Cabrera. Edgardo Pires Ferreira, Fernando Cha- ves, Francisco Achcar, Francisco Foot Hardrnan. Henrique Lian, Jose' Arthur Giannotti, José Pedro de Oliveira CostaJosé Roberto Nociti Filho, Leandro Karnal, Lia Zatz, Luciano Migliaccio, Maristela Gaudio, Martha Gambini, Martino Lo Bue, Mauro de Almeida, Nádia Farage. Néri de Barros Almeida, Paula Cox Rolim, Pérsio Arida, Ricardo Abramovay, Roberto do Carmo, Ruy Fausto. Stela Goldensteín e Wiliam Daghlian nutriram-me com estimulantes conversas sobre os mais diversos aspectos das crises ambientais de nossos dias. Alguns deles tiveram a generosa disponibilidade de ler em momentos diversos de sua redação partes do manuscrito, enriquecendo-o com críticas importantes e sugestões. Muito deste livro amadureceu nas tardes de domingo passadas na companhia de Chico Achcar, amigo querido e exemplo de sempre. Armando deu-me muito de seu tempo e de seu conhecimento na discussão crítica da noção de Estado-Corporação. Foot leu e rclcu com empenho a Introdução e nossa sintonia tem para mim um valor incalculável. Roberto do Carmo leu o capítulo 7, sobre demografia, e influiu de modo substancial em seu conteúdo. A ele devo a oportunidade de propor o conteúdo do capitulo S, sobre a regres- são ao carvão, num seminário do Núcleo de Estudos Populacionais (Nepo) da Unicamp. A Ruy Fausto devo a possibilidade de publicar uma versão inicial desse capitulo na sua bela revista Pêvereira. Num seminário sobre vegetarianismo 12 A ILUSÃO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL Os ll capitulos precedentes procuraram oferecer uma visão panorâmica das crises ambientais cuja dinâmica nos impele cm direção a _um colapso am- biental. É nesse panorama, e a partir dele. que se abre a seglbnda parte deste livro. Trata-se de desenvolver suas duas teses centrais, enuncíadas na Introdu- ção e que aqui convém recapítular. Primeira tese: a ilusão de que o capitalismo pode se tomar ambientalmente “sustentável” é a mais extraviadora do pensa- mento politico, social e econômico contemporâneo. Segunda tese: essa primeira ilusão nutre-se de uma segunda e de uma terceira. A segunda ilusão, discutida no capítulo 13, é a crença tenaz - razoável outrora, mas hoje definitivamente falaciosa - de que quanto mais excedente material e energético formos capazes de produzir, mais segura (e feliz) será nossa existência. Essas duas ilusões ali- cerçam-se numa terceira, objeto do capítulo 14, a ilusão anrropocêntrica. Que o capitalismo não seja capaz de reverter a tendência a um colapso ambiental global - tese de que se ocupa o presente capítulo -, eis algo que não deveria ser considerado urna tese, mas um dado elementar de realidade, tal sua evidência. admitida mesmo por um prócer do capitalismo global como Pascal Lamy. Numa entrevista de 2007, o ex-diretor-geral do Credit Lyonnais e ex- diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMS) afirmal: O capitalismo não pode nos satisfazer. [...] Um só exemplo: se não se põe vigo- rosamente em causa a dinâmica do capitalismo, você acredita que chegaremos a con- trolar as mudanças climáticas? [...] Você tem, de resto, eventos que demonstram o aspecto dificilmente sustentável do modelo: sejam os extravios intrínsecos como a Embora concentrado principalmente ao longo de determinadas rotas. Essa declaração resume o teor deste capítulo. enquanto a população mundial aumentou 77%". pre- sidente da British Academy. sejam fenômenos que o capitalismo e seu sistema de valorização não permitem tratar. Esse crescimento explosivo do tráfego marítimo ocorreu sobretudo nas rotas comerciais asiáticas (mares da China e Oceano Índico) e. a intensidade e a aceleração da globalização estrutural da economia revelam-se também através deste que talvez o mais eloqucnte indice de sua insusten tabilidade ambientaP: A análise do trafego de navios mostra que este quadruplicou entre 1992 e 2012. numa entrevista concedida a Bloomberg Business: "A única maneira de que um acordo em 2015 possa ga- rantir um objetivo de 2°C [isto é. aumentou 141%. A sentença não provinha de um “alarmistaÍ mas de Sir Nicholas Stern. por exemplo. a taxas :na . em 2009. Diplomata versado nos meandros das negociações climáticas internacionais e afeito profissionalmente ao peso das palavras. segundo secretário permanente do Tesouro de Sua Majes- tade. o emprego de matérias-primas no mundo. ex-seeretárío-exe- cutivo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climá- ticas (UNFCCC). o mais evidente sendo o aquecimento globaL Nesse mesmo ano de 2007. o que reflete as mudanças no comércio mundial. este é Yvo de Boer. o tráfego tem um impacto direto na atmosfera. que renunciou após o fracasso da 15' Convenção das Partes (COP 15) em Copenhague. consultor de um banco modelar como o HSBC e professor da London School of Economics e do College de France'. além disso. preferia-se um veredito semelhante: "As mudanças climáticas são o resultado do maior fracasso do mercado que o mundo já viu". segundo dados reportados porjean Pierre Ter- trais. Entre 1963 e 1995. Se alguém não nutre mais ilusões acerca da compatibilidadeentre capitalismo e qualquer conceito de sustentabilidade. um aumento não superior a 2°C nas tempe- raturas médias do planeta até 2100] é desmantelar (to :but down) toda a eco- nomia global". já economista-chefe e vice-presidente sénior do Banco Mundial. no aumento do dióxido de nitrogênio troposférico no Oceano Índico. ele declarou sem ambages em 2013. Entre 1992 e 2012. sendo que o maior aumento foi observado no Oceano Índico e nos Mares da China. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL crise dos rubprimer. (3) eliminar os subsídios as energias fósseis: (4) taxar as emissões de CO1 no âmbito de uma grande reforma fiscal: re- duzir substancialmente os custos dos investimentos em infraestrutura de baixo carbono. avançada na Introdução: seria ainda capitalista uma economia capaz de funcionar no quadro das dez medidas propugnadas pelo relatório preparado por Nicholas Stern e Felipe Calderón Better Growth Better Climate?” Essas dez medidas são: (1) levar em considera- ção o impacto do aquecimento global em rodas as decisões econômicas estra- tégicas. Um adágio famoso de Gramsci dita que "a história ensina. ensina. Para minimizar a degradação crescente do sistema Terra em decorrência desse crescimento e dessa globalização do capitalismo. malgrado essas leis. A pergunta que se impõe em tais circunstâncias é: o capitalismo pode Funcionar nesses marcos? Ou. a degradação do sistema . é talvez o mais inequi- voco sintoma de ultrapassagem da resiliência da biosfera. (9) restaurar ao menos 500 milhões de hectares de florestas e solos agricultáveis degradados. (2) criar as condições para um acordo mundial ambicioso e equitativo a ser firmado na COP 21. a partir de um nível de tráfego já altíssimo nos anos 1980 e com tudo o que ela supõe de des- truição acrescida dos recursos e equilíbrios ambientais. que o capitalismo e' incompatível com a adoção dessas dez medidas. contudo. Essa quadru- plicação do tráfego marítimo no espaço de uma única geração. mas não tem alunos”. (8) deter o desmatamento global das florestas pri- márias até 2030. e a primeira parte deste livro apre- senta inúmeros exemplos desse ensinamento. A história. as legislações nacionais e os organismos multilaterais vêm tentando implantar marcos mi- nimos de contenção da destrutividade econômica. (6) multiplicar por ao menos três as despesas em pesquisa c em de- senvolvimento das tecnologias de baixo carbono até meados dos anos 2020: (7) priorizar a conectividade e a compacidade como formas preferenciais de desenvolvimento urbano. já. em todo o caso. que. e uma aceleração sucessiva no segundo decênio. vem-se tentando im- plantar marcos regulatórios. (10) acelerar a saída das termelétricas movidas a carvão. dito de outro modo: uma economia funcionando no âmbito de tais marcos seria ainda capitalista? Pode- «se colocar uma pergunta bcm mais modesta. A ILUSÃO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL crescentes: 60% no período 1992 e 2002. que atinge um aumento de 10% tão somente em 2011. e é indubiravel que se dese- nhou desde então um arcabouço de leis teoricamente protetoras do meio am- biente. Desde o segundo pós-guerra. em 2015. A realidade. mais uma vez. em 2015. Essa é a lição inso- ñsmavel da história e das projeções a curto e médio prazo do capitalismo. do cimento. medida por qualquer parâmetro. (2) como mostrou. não há no horizonte expectativa de que se taxem globalmente as emissões antrópicas de gases de efeito estufa: (S) como mostrou o capitulo 4.. (6) e as despesas em pesquisa em desenvolvimento das tecnologias de baixo carbono não estão aumentando e muito menos se triplieando. estamos no momento regredindo ao carvão. . (7) o inchaço e o caos urbano aumentam com o crescimento da indústria au- tomobilística. o capitalismo não cria as condições para um acordo mundial ambicioso e equitativo a ser firmado na COP 21. (8) como mostrou o capítulo 1. respectivamente.. Pelo contrario. não se têm reduzido os custos dos investi- mentos em infraestrutura de baixo carbono. dez aspectos da insustentabilidade ambiental do capitalismo: (1) o capitalismo não leva em consideração o impacto do aquecimento global em suas decisões económicas estratégicas. (10) como mostrou o capítulo S. Essas dez propostas “terapêuticas” de Nicholas Stern e Felipe Calderón evidenciam que o contrário do que propugnam está acontecendo. não estamos acelerando a saida das termelé- tricas movidas a carvão. Cada uma delas mostra. está se acelerando. o capitalismo não pode i prescindir dos subsídios às energias fósseis. (3) como mostra a manutenção dos subsídios de centenas de bilhões de dó- lares para a indústria de combustiveis fósseis. os solos continuam a ser degradados a uma velocidade suicida e continuarão a sê-Io enquanto permanecerem os dois paradigmas em que se Funda o agronegócio: uma agricultura tóxico-in- tensiva de commodities e uma alimentação baseada no carnívorismo. (4) malgrado os esforços diplomáticas. o documento da COP 20 em Lima em dezembro de 2014. portanto. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL Terra. de energias fósseis. da agricultura intensiva etc. (9) como mostrou o capitulo 2. as corporações da madeira e do agronegócio permanecem desmatando a taxas elevadissimas no Brasil e no mundo todo. a ideia de que o capitalismo se autorregula tem. 12. A ILUSÃO Dl UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL Mas evocar a história e as evidências não sería decisivo. mas por marcos negociados entre as empresas. Não o rege o princípio da homeostase.1 O mercado capitalista não é homeostático A ideia de autorregulação .se por isto se entende alguma forma de auto- contenção visando não ultrapassar os limites da sustentabilidade . o Estado e a sociedade civil. sendo justamente essa possibilidade a razão de ser de seu documento..não se aplica ao capitalismo. valor de postulado. a tendência ao colapso. que pode demonstrar a inexequibilidade desse documento. Um exemplo do uso dessa analogia entre os mecanismos de funcionamento do mercado capitalista e do organismo encontra-se em Eduardo Giannetti": . (Z) a regulaçãoinduzida não apenas por mecanismos de mercado. j. não serão aqui sequer aventadas como uma vía para a sustentabilidade. traço deñnidor do capitalismo. ou ao menos desacelerar. não estão e não podem estar na agenda do Capitalismo global. por se terem mostrado ainda mais ambientalmente destrutivas que as sociedades capitalistas.. cumpre mais uma vez recordar que as burocraeias socialistas do século XX. é a lição da lógica da acumulação. já que o capitalismo. no âmbito do sistema econômico capitalista: (l) a autocontenção dos agentes econômicos induzida pela presença de me- canismos emanando do próprio mercado. próprio das dinâmicas de otimização da estabilidade interna de um organismo ou sistema. Mais que a lição da história. argumentariam talvez Nicholas Stern e Felipe Calderón. pode mudar. Este capitulo analisa as duas impossibilídades lógicas de implantação de marcos regulatórios capazes de conter. contudo.. ainda hoje aceito por diversos estudiosos. Os marcos regula- tórios com os quais ele sonha nunca estiveram. Antes de analisar essas duas possibilidades. Desde Adam Smith7. mas a lei da acumulação de capital. Desde a ideia de meio interno (milieu intérieur) de Claude Bernard”. o mecanismo básico de Funcionamento do mercado capitalista não apenas não funciona por_feedback negativo. de um novo equilibrio (alostase). mas é mesmo oposto ao mecanismo da homeostase dos organismos. sn- bemos que toda inHuência perturbadora (déficits ou excessos) do equilíbrio das funções vitais em um organismo ou sistema orgânico desencadeia nele atividades rcgulatórias e compensatórias que tendem a neutralizá-la. isso não se deve a uma suposta virtude homeos- tática do mercado. o infinito. Desde os anos 1970. o que redunda em recuperação do equilibrio ou. mais precisamente. o qual e impelído por forças Centrífugas (impostas pela acumulação de capital) em direção a um crescimento ilimitado. desde que Walter Cannon desenvolveu a noção de homeostase. portanto. Toda vez que o sistema torna-se perturbado. em suma. A manutenção dessa estabilidade eficiente do meio interno em suas constantes trocas com o meio externo é o que orienta a atividade de todo organismo. Isso porque a força fundamental que impele o mercado a funcionar não a lei de oferta e procura. por definição. direcionadas para a sobrevivência. de sua própria identidade. ainda que seja. isto é. a segurança e o reforço de sua própria centralidade e estabilidade. Ivan Illich notava quem: . todo organismo cessa de crescer e passa à fase em que prevalecem adaptações conservativas. A analogia entre o funcionamento do mercado e o de um sistema homeostático é um equívoco. se o mer- cado capitalista não cresce. Se a era do crescimento capitalista chegou ou está chegando ao fim. O tamanho ideal do mercado capitalista é. por definição. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL [O mercado] tem uma lógica de funcionamento dotada de surpreendentes pro- priedades do ponto de vista de eficiência produtiva e alocariva. busca voltar ao equilibrio. É um sistema homeos- tático regido por_feedback negativo. Ora. que opera no âmbito da produção de mercadorias e é. Ainda que dependa do meio externo. um sistema “aberto”. Eis o segundo erro de atribuir ao mercado os atributos da homeostase: atin- gida sua escala ideal. Esse fenômeno não ocorre no mercado capitalista. ele se derequilibm. mas a algo que lhe é completamente externo e estranho: os limites físicos de resiliência da biosfera. todas as energias de um organismo são em última instân- cia centripetas. Contrariamente ao organismo. expansiva. a qual opera no âmbito 'da circulação de mercadorias. ao contrário. a serem negociados no mercado internacional. e portanto a economia. não obstante todos os seus méritos e propriedades sur- preendentes. o capitalismo fará uso deles. A esse respeito. Digamos a mesma coisa nos termos de Nicholas Gcorgescu-Roegen: “O dominio dos fenômenos que a ecologia abrange é mais amplo que o domínio coberto pela ciência econômica”. a disponibilidade de água doce acessível e não poluida.. oferece outra demonstração da falácia de atribuir aos mecanismos de mercado o poder dc induzir espontaneamente a redução das emissões de gases de efeito estufa. se aceitas. afirma esse estudioso. A única prcciñeação operada pelo mercado é a da relação entre custos econô- micos e taxa de lucro. por exemplo. os moribundos "creditos de carbono” suscitadas pelo Pro- tocolo de Kyoto. A Redução Certificada de Emissões (RCE). No capitalismo. As medidas propostas em 2014 pela Comissão Europeia para revitalizar esse mer- cado devem. eles o fazem no interior de Ao contrário. o . A ILUSÃD DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL Aberto. o potencial biológico do solo e os serviços pres- tados à biosfera. Qualquer aluno do curso basico de microeçonomia deveria J saber disso. qualquer que seja seu custo ambiental. mas conti- nua a explorar e a consumir esses recursos como se fossem gratuitos e infinitos. a dinâmica do sistema industrial funda sua instabilidade: certos limites. Outro argumento de Giannetti no mesmo ensaio é. tem uma falha grave: não da os sinais corretos em relação ao uso dos recursos ambientais”. André Lara Resende e' taxativo": Em relação à questão dos limites físicos do planeta.que se tornam rapidamente obrigatórias no quadro industrial. entrar em vigor em. masfinitos.. ele é organizado em vista de um crescimento indefinido e da criação ilimitada de novas necessidades . de tal modo. confiar no sistema de preços de mercado não faz sentido. entretanto. da destruição do meio ambiente provocada pela ação humana. Seu preço caiu de 27 euros a tonelada em 2008 a menos de S euros em 2014. o equilibrio humano é susceptível de se modificar em função de parâ- metros Hexíveís. pelo não uso das Horestas. se os homens podem mudar. por exemplo. enquanto os combustiveis fósseis forem disponíveis a preços que garantam uma margem de lucro. o mercado não precifica adequadamente. que "a economia devera ser absorvida pela ecologia". 2021”. correto: "O sistema de preços. Assim. Da mesma maneira. renunciar a um investimento potencialmente lucrativo por causa de seu impacto ambiental. Se a British Petroleum. como um subsistema do sistema econômico. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL meio físico e' concebido como matéria-prima. o artístico ou o esportivo. quanto para o investidor que escolhe as operações ou os fundos mais promissores. Há aqui uma inversão da taxi. o religioso. O problema de fundo é que. seus dirigentes nãapqdem se permitir subordinar suas metas empresariais ao imperativo ambiental.: que resulta num ordenamento hie- rárquico do mundo incompatível com sua concepção ecológica. por mais que eventualmente de- sejem aprimorar a conduta ética de suas corporações. todo detentor de certa soma de dinheiro deve CSCOlhCIi no mercado. há que partir de uma trívialidade: o dinheiro perde poder aquisitivo por causa da inflação e tem taxas variáveis de poder de compra ou de rentabilidade por causa das oportunidades desiguais oferecidas pelo mercado. as corporações devem apresentar vantagens comparativas a seus investidores e acionistas atuais ou futuros em relação a outras oportunidades de investimento. o sindical. reorientarão seus investimentos para outras corporações ou mesmo outros setores da economia que apresentem melhores possibilidades de remuneração de seu dinheiro. por exemplo. Seria absurdo supor que os proprietários. por exemplo. as melhores opções de troca. A faculdade de subordinar as metas econômicas ao imperativo ambiental não pertence. Para demonstrar essa impossibilidade. se tiverem poder para tanto. se não tiverem. ou. as coordenadas mentais do capitalismo. Isso é válido tanto* i para o trabalhador que procura trocar seu salário pelo maior número possível de bens.2 Milton Friedman c a moral corporativa Nada há aqui de um juízo moral. o universitário. A79 . Em face dessa elementar realidade do mercado. O capitalismo é insustentável não porque os controladores das corporações sejam inescrupulosos. a cada momento. portanto. acionistas e diretores-executivos das corporações sejam pessoas desprovidas de senso moral. Para evitar sua depreciação ou seu emprego em con'- dições desvantajosas. 12. os investidores terão duas alter- nativas: substituirão o responsável por essa decisão "verde". Nada permite afirmar que se encontre nos círculos empresariais menos senso moral que em qualquer outro meio da so- ciedade civil. ele dirigir a corporação de maneira a obter resultados menos efetivos para seus acionistas. autointeresse iluminista de longo prazo. isto é. críticos e defensores do capitalismo concordam. Friedman qualifica justamente como imoralidade qualquer iniciativa de um dirigente de corporação que vise atenuar impactos ambientais. ele e um empregado dos acionistas. segundo o 772a Economist. Em 1876. tem uma responsabilidade moral muito forte em relação a eles. pois este implica. A [LUSÃO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL No capitalismo. “res onsabílídade moral' siEnifica o com romisso das instâncias diri- gentes de uma corporação não com a sustentabilidade ambiental. ele se sentirá satisfeito e não se preocupam com o que vier sucessivamente a ocorrer com a mercadoria e seus compradores. professor da Chicago School of Economics e. penso eu. Prémio Nobel de Economia em 1976. En- quanto um industrial ou um comerciante obtiver o lucro usual an-¡bicionado ao ven- der ou comprar uma mercadoria. Aqui. O mesmo se aplica aos efeitos naturais das mesmas ações.na . no ca ita- lísmo. Ela explica por que as corporações não podem se autorregular em função de variáveis outras que a maximização do lucro. Indagado em 2004 sobre seJohn Browne. Esse passo poderia ser subscrito por Milton Friedman (1912-2006). Elas possuem uma margem mínima de manobra para adotar o que Seev Hirsch chama de Enlightenedscfintmrt. Friedrich Engels escrevials: . tanto os que ofertam quanto os que captam recursos finan- ceiros subordinam-se a essa implacável racionalidade. conselheiro de Ronald Reagan. ao se deixar guiar por interesses ambientais.. aumento de custos. “o mais inHuente economista da segunda metade do século XX”. imoral. tinha o direito de adotar medidas ambientalistas susceptíveis de afastar a BP de seu lucro ótimo.. no mais das vezes. perda de competitividade ou autolímitações do lucro no curto prazo”. Dado que capitalistas engajam-se na produção e no comércio em busca de lucro imediato. Ele pode fazer isso com seu próprio dinheiro. se tal iniciativa implicar diminuição dos lucros. mas com seus . Como tal. A resP osta de Friedman é irretocavelmente ló ica. apenas o mais imediato resultado deve ser levado em consideração. então presidente da British Petroleum. Ela del-inc como. Se. estará sendo. Friedman respondeu": Não. sacrifícios de oportunidades de investimento. Por mais alta que pareça sua posição. um sistema “aberto”. ele se derequilibm. de um novo equilibrio (alostase). ainda que seja. que opera no âmbito da produção de mercadorias e é. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL [O mercado] tem uma lógica de funcionamento dotada de surpreendentes pro- priedades do ponto de vista de eficiência produtiva e alocativa. A manutenção dessa estabilidade eficiente do meio interno em suas constantes trocas com o meio externo é o que orienta a atividade de todo organismo. Ora. de sua própria identidade. o que redunda em recuperação do equilíbrio ou. mais precisamente. o infinito. isto e'. em suma. Se a era do crescimento capitalista chegou ou está chegando ao Em. expansiva. por definição. A analogia entre o funcionamento do mercado e o de um sistema homeostático é um equívoco. mas a lei da acumulação de capital. Contrariamente aa organismo. isso não se deve a uma suposta virtude homeos- tática do mercado. :e amer- cado capitalista não cresce. direcionadas para a sobrevivência. É um sistema homens- tático regido por _feedback negativo. desde que Walter Cannon desenvolveu a noção de homeostase. Esse fenômeno não ocorre no mercado capitalista. Toda vez que o sistema torna-se perturbado. mas é mesmo oposto ao mecanismo da homeostase dos organismos. Ivan Illich notava quem: . Isso porque a força fundamental que impele o mercado a funcionar não é a lei de oferta e procura. a qual opera no âmbito-da circulação de mercadorias. Desde a ideia de meio interno (milieu intérieur) de Claude Bernard9. Eis o segundo erro de atribuir ao mercado os atributos da homeostase: atin- gida sua escala ideal. o mecanismo básico de funcionamento do mercado capitalista não apenas não funciona por_feedback negativo. mas a algo que lhe é completamente externo e estranho: os limites fisicos de resiliência da biosfera. todo organismo cessa de crescer e passa à fase em que prevalecem adaptações conservativas. Desde os anos 1970. todas as energias de um organismo são em última instân- cia centripetas. por definição. Ainda que dependa do meio externo. busca voltar ao equilibrio. o qual é impelido por forças Centrífugas (impostas pela acumulação de capital) em direção a um crescimento ilimitado. portanto. a segurança e o reforço de sua própria centralidade e estabilidade. O tamanho ideal do mercado capitalista é. sa- bemos que toda influência perturbadora (déficits ou excessos) do equilíbrio das funções vitais em um organismo ou sistema orgânico desencadeia nele atividades regulatórias e compensatórias que tendem a neutralizá-la. não obstante todos os seus méritos e propriedades sur- preendentes. Outro argumento de Giannetti no mesmo ensaio é. se aceitas. entrar em vigor em. A Redução Certificada de Emissões (RCE). correto: “O sistema de preços. As medidas propostas em 2014 pela Comissão Europeia para revitalizar esse mer- cado devem. mas finitos. Qualquer aluno do curso básico de mícroeçonomia deveria 'O saber disso..que se tornam rapidamente obrigatórias no quadro industrial. a disponibilidade de água doce acessível e não poluída. afirma esse estudioso. tem uma falha grave: não dá os sinais corretos em relação ao uso dos recursos ambicntaif”. de tal modo. que "a economía deverá ser absorvida pela ecologia". o potencial biológico do solo e os serviços pres- tados à biosfera. enquanto os combustiveis fósseis forem disponíveis a preços que garantam uma margem de lucro. a dinâmica do sistema industrial funda sua instabilidade: ele é organizado em vista de um crescimento indefinido e da criação ilimitada de novas necessidades . A ILUSÂO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL Aberto. Assim. qualquer que seja seu custo ambiental. Ao contrário. Da mesma maneira. o capitalismo fará uso deles. No capitalismo. André Lara Resende é taxativo": Em relação à questão dos limites físicos do planeta. por exemplo. A única preciñcação operada pelo mercado é a da relação entre custos econó- micos c taxa de lucro. 2021”. Digamos a mesma coisa nos termos de Nicholas Georgescu-Roegen: "O dominio dos fenômenos que a ecologia abrange é mais amplo que o domínio coberto pela ciência econômica” “. conñar no sistema de preços de mercado não faz sentido. o . oferece outra demonstração da falácia de atribuir aos mecanismos de mercado o poder de induzir espontaneamente a redução das emissões de gases de efeito estufa. os moribundos “créditos de carbono" suscitado: pelo Pro- tocolo de Kyoto. ao contrário.. se os homens podem mudar. pelo não uso das florestas. e portanto à economia. por exemplo. a serem negociados no mercado internacional. mas conti- nua a explorar e a consumir esses recursos como se fossem gratuitos e infinitos. Seu preço caiu de 27 euros a tonelada em 2008 a menos de S euros em 2014. o mercado não preciñca adequadamente. entretanto. eles o fazem no interior de certos limites. A esse respeito. o equilíbrio humano é susceptível de se modificar em função de parâ- metros flexíveis. da destruição do meio ambiente provocada pela ação humana. a cada momento. seus dirigentes nãopqdem se permitir subordínar suas metas empresariais ao imperativo ambiental. O capitalismo é insustentável não porque os controladores das corporações sejam inescrupulosos. A79 . o artistico ou o esportivo. o universitário.E COLAPSO AMBIENTAL meio fisico é concebido como matéria-prima. Nada permite aHrmar que se encontre nos círculos empresariais menos senso moral que em qualquer outro meio da so- ciedade civil. por exemplo. os investidores terão duas alter- nativas: substituirão o responsável por essa decisão 'verdeÍ se tiverem poder para tanto. quanto para o investidor que escolhe as operações ou os fundos mais promissores. as melhores opções de troca. A faculdade de subordinar as metas económicas ao imperativo ambiental não pertence. Há aqui uma inversão da taxi: que resulta num ordenamento hie- rárquico do mundo incompatível com sua concepção ecológica. se não tiverem. Isso é válido tanto para o trabalhador que procura trocar seu salário pelo maior número possível de bens. portanto. O problema de Fundo é que. as corporações devem apresentar vantagens comparativas a seus investidores e acionistas atuais ou futuros em relação a outras oportunidades de investimento. o religioso.2 Milton Friedman e a moral corporativa Nada há aqui de um juízo moral. 12. Se a British Petroleum. ou. ha que partir de uma trivialídade: o dinheiro perde poder aquisitivo por causa da inflação e tem taxas variáveis de poder de compra ou de rentabilidade por causa das oportunidades desiguais oferecidas pelo mercado. Em face dessa elementar realidade do mercado. Para demonstrar essa impossibilidade. como um subsistema do sistema econômico. reorientarão seus investimentos para outras corporações ou mesmo outros setores da economia que apresentem melhores possibilidades de remuneração de seu dinheiro. acionistas e diretores-executivos das corporações sejam pessoas desprovidas de senso moral. renunciar a um investimento potencialmente lucrativo por causa de seu impacto asnbiental. por mais que eventualmente de- sejem aprimorar a conduta ética de suas corporações. às coordenadas mentais do capitalismo. Seria absurdo supor que os proprietários. por exemplo. todo detentor de certa soma de dinheiro deve escolhe no mercado. Para evitar sua depreciação ou seu emprego em con- dições desvantajosas. CAPITALISMO . o sindical. Friedman respondeu": Não. sacrifícios de oportunidades de investimento. aumento de custos. Friedrich Engels escrevia'°: . ao se deixar guiar por interesses ambientais. tanto os que ofertam quanto os que captam recursos finan- ceiros subordinam-se a essa implacável racionalidade. lndagado em 2004 sobre sejohn Browne. Ela define como. Esse passo poderia ser subscrito por Milton Friedman (1912-2006). Elas possuem urna margem mínima de manobra para adota: o que Seev Hirsch chama de Enlígbtened rcffinterest. "o mais inHuente economista da segunda metade do século XX".. Por mais alta que pareça sua posição. "responsabilidade moral” significa o compromisso das instâncias diri- gentes de uma corporação não corn a sustentabilidade ambiental. imoral. estará sendo. Como ral.. En- quanto um industrial ou um comerciante obtiver o lucro usual ambicionado ao ven- der ou comprar uma mercadoria. Prêmio Nobel de Economia em 1976. Friedman qualifica justamente como imoralidade qualquer iniciativa de um dirigente de corporação que vise atenuar impactos ambientais. ele dirigir a corporação de maneira a obter resultados menos efetivos para seus acionistas. ele se sentirá satisfeito e não se preocupará com o que vier sucessivamente a ocorrer com a mercadoria e seus compradores. Em 1876. A resposta de Friedman é irretocavelmente lógica. Ela explica por que as corporações não podem se autorregular em função de variáveis outras que a maximização do lucro. isto é. apenas o mais imediato resultado deve ser levado em consideração. O mesmo se aplica aos efeitos naturais das mesmas ações. Aqui. autointeresse iluminista de longo prazo. Ele pode fazer isso com seu próprio dinheiro. perda de competitividade ou autolimitações do lucro no curto prazo”. no mais das vezes. pois este implica. conselheiro de Ronald Reagan. mas com seus . Dado que capitalistas engajam-se na produção e no comércio em busca de lucro imediato. Se. críticos e defensores do capitalismo concordam. penso eu. ele é um empregado dos acionistas. se tal iniciativa implicar diminuição dos lucros. A ILUSÃO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL No capitalismo. então presidente da British Petroleum. tem uma responsabilidade moral muito forte em relação a eles. tinha o direito de adotar medidas ambientalistas susceptíveis de afastar a BP de seu lucro ótimo. no capita- lismo. professor da Chicago School of Economics e. segundo o 777a Economist. . petróleo e gás detidas por elas e pelos Estados. narra o artigo. Isso significa que. novas emissões atmosféricas antrópi- cas de CO¡ não poderiam ultrapassar S65 gigaroneladas até 2050. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL acionistas. Frederic Ghys e Hanna l-Iinkkanen mostraram por que “Investimentos Socialmente Responsáveis” (SRI na sigla em inglês) são. Assim.795 gigatoneladas de carbono das reservas de carvão. para manter uma chance de 66% de que o aquecimento global não ultrapasse 2°C até 2100 (em relação às temperaturas médias pré-industriais). quase cinco vezes mais que nosso orçamento de carbono até 2050. E com razão.Corpo- rações que vivem da venda desses combustiveis”. Essa lógica e essa concepção de responsabilidade moral fora-mde- fendidas pela New Individualirt Review. secretária-executiva da UNFCCC. para manterem altos os preços de suas ações e. uma dirigente da PepsiCo desistiu em 2010 de tornar seus produtos minimamente mais saudáveis. vale dizer. isto é. Para serem entidades morais (no sentido friedmaniano). Elas são ilustradas por outro caso analisado pela revista 111a em uma reportagem de 2012 sobre os níveis globais crescentesdc obesidade: "Para as corporações de alimentos e bebidas. escrita por Cameron Fenton. Segundo o IPCC.- sidade apresentam um dilema. honrarem seus contratos e seus compromissos com seus acionistas.nas decisões de investimento em nome dos clientes que não as tivessem expressa- mente requisirado”7'°. por eles citado: "o banco transgrcdiria sua função financeira como um administrador de ativos ao incluir considerações ambientais e sociais. jálquc estes depositaram seus recursos e confiança na PepsiCo porque esta lhes prometia a melhor expectativa de retorno disponível nomercado. pois “os acionistas começaram a se revoltar”'9. as corporações precisam queimar as 2. as taxas atuais de obe. diretor do Canadian Youth Climate Coalition e coassinada por mais ARO . puras peças de publicidade. sendo que apenas em 2013 emitimos 36 Gt de COI-eq e beiramos 40 Gt emitidas 'de COI-eq em 2014. Como alirma a carta aberta a Christiana Figueres. Segundo um expert ern investimentos finan- ceiros. mantido esse patamar de emissões. já que não diferem de fato das carteiras convencionais de investimento. de cujo conselho editorial Friedman foi membro”. assim. esgota- remos nosso orçamento de carbono por volta de 2030. As corporações têm para com seus acionistas um dever de fazer dinheiro”. como o admitem os próprios bancos. Eis o mais decisivo exemplo da impossibilidade de conciliar a razão de ser do capitalismo com o meio ambiente. diria Friedman. Há um número . garantirá um diferencial de rentabilidade em relação à taxa média de lucro. seja em termos de gestão de risco. seja enfim em termos de resultados financeiros efetivos. Isolemos seis aspectos dessa impossibilidade. o teor do best seller de Ray Anderson Conkrsions a RadicalIndustrialist (2009). então sair na frente. por exemplo. O plano de negócio delas é incompatível com nossa sobrevivência"? 12. a ILUSÃO n¡ UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL de 160 personalidades e ONGs: "O preço das ações [das corporações] depende da exploração dessas reservas. contudo. mas aos que creem que o capitalismo nada tem a temer da regulação ambiental. dar a palavra não já aos liberais puros e duros. Se isso é verdade.3 Seis aspectos da impossibilidade de um capitalismo sustentável Essa lógica da impossibilidade de um capitalismo sustentável comprova-se concretamente em numerosos aspectos do modus operandi do capitalismo. acerca do “impacto da cultura corporativa de sustentabilidade sobre o comportamento corporativo e o desempenho". da Harvard School ofBusiness. mas se potenciariam reciprocamente. seja em termos de imagem de marca. como Milton Friedman. e a segurança ambiental (e outras) nos processos produtivos. os advogados dessa tese têm predileção pela seguinte linha de argumentação: adotar soluções inovativas para aumentar a eficiencia da relação insumo/ produto ou produto/ lixo. Salvo engano. aumenta-a. pôr-se na vanguarda de processos econômicos de menor impacto e risco ambiental. Ioannis Ioannou e George Serafeim (201 I). Muitos deles recusam a defensiva e põeái-se na ofensiva. do Banco Mundial (2012). produzido pelo International Finance Corporation. Convém antes. pois é um processo gerador de valor. afirmando que sustentabilidade ambiental e aumento de lucros seriam não apenas compativeis. bem ao contrário de diminuir a competitividade da empresa. ou ainda o documento 777a Business Casefor Sustainability. para ficar em três tipos diferentes da literatura a respeito”. ou do estudo de Robert Eccles. com di- versos “estudos de caso” sobre a relação direta entre sustentabilidade e lucrati- vidade. Espero não subestimar a literatura sobre o binômio negócios e sustentabilidade ao dizer que essa se limita a elaborar variações em torno desse tema. Tal é. 1. reciclagem. ainda que a eficiência energética por produto te- nha se duplicado ou mesmo ttiplicado desde 1950. reutilização e refabricação. já que o número de produtos não cessa de aumentar em escala global num mercado igualmente globalizado e num modo de produção que perderia sua razão de ser se não se concebesse como uma máquina de autoexpansão. a Fundação . Além disso. contudo. naturalmente. a esperança de que a ecoeñciência das tecnologias e dos processos produ- tivos nos paises de industrialização madura permita o milagre do aumento da produção e do consumo corn menor pressão ou ao menos sem aumento corre- lativo da pressão sobre os ecossistemas”. isto é. limitados pelos seis aspectos da impossibilidade de um capitalismo ambientalmente susten- tável que dão titulo a esta seção e que se trata agora de enunciar. Assim. mesmo que relativo. Segundo José Eli da Veiga. É por certo positiva a ação de instituições e fundações empresariais que advogam uma economia "ecoeficientê e circular. esse ganho é anulado pela expansão da produção numa proporção maior que o ganho de ecoefíciência. "DcscolamentoÍ economia “ecoeñcíente” e circular Na panóplia de argumentos cultivados pelos que creem num capitalismo tendencialmente sustentável destaca-se a ideia de descolamento (decaupling). É certo que a maior eficiência numa ou em várias fases do processo produtivo permite diminuir essa pressão por produto ou por unidade do PIB. "nos casos do cobre e do níquel. e recentemente também deixou de ocorrer com o ferro e com a bauxita. isto é. Há mesmo casos de um ocasional "descolamento inverso". nem é possível constatar descolamento. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL crescente de economistas e de ONGs empenhados em estimular as empresas n adotar esse credo. baseada em engenharia reversa. Mas ela não a diminui em termos absolutos. o mecanismo conhecido como “paradoxo de levam” ou como "efeito rebote” (rebound cjêct) descreve como o aumento da demanda por energia ou por recursos naturais sempre tende a compensar o ganho de ecoeñciéncia da inovação tecnológica. A extração desses quatro metais primários tem aumentado mais que a produção global de mercadorias”25. Entre elas contam-se o Conselho Em- presarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD). Prestam com esse trabalho. de maior pres- são sobre os ecossistemas inclusive por produto. Seus êxitos são. um enorme serviço à sociedade e às próprias empresas. A lei da pirâmide de recursos de Heinberg Por mais que algumas empresas tentem diminuir seus custos de produção e operacionais através de iniciativas "verdes". para eliminar a poluição. fechada e em bloco. protegida. a escassez crescente de certos in- . com a reciclagem. Averdade e que. segunda lei da termodinâmica. cada grau na redução do indice de poluição se traduz por um custo que aumenta mais rapidamente ainda do que para a reciclagem. de modo a facilitar sua separação pós-consumo'. a eliminação da poluição não é gratuita em termos energéticos. entretanto. achamos ser o bastante fazer diferentemente as coisas. Além disso. (3) redeñnição do sistema de montagem e combi- nação dos materiais no processo produtivo. Nenhuma economia. Mesmo que pudéssemos nos furtar à entropia ou minimizar-la. Uma quarta condição de possibilidade da reciclagem e da economia circular seria uma lc- gislação que banisse a adição de aditivos aos produtos sem prévio teste de t0- xicidade. Uma economia baseada na reciclagem e na reutilização pressuporia. mais de 90% de todo o lixo produzido no atual sistema econômico ocorre nos estágios anteriores ao consumo final. vale dizer: (l) substituição de todo o patrimônio do design industrial acumulado. posto que sob proteção de confidencialidade comercial”. Além disso. também como visto no ca- pítulo 3. a universalização da engenharia reversa. portanto. Isso signiñcaria uma inversão de sentido na tendência atual a uma tecnologia de “caixa-preta”. que lançou no encontro de Davos de janeiro de 2014 o terceiro volume da série Towards a CiradarEcanamy”. 2. prática hoje livre de controle público. (2) substituição ou radical adaptação do maqui- nário fabril internacional. o formato e a dinâmica atual da economia global são causas práticas suficientes para invia- bilizar quaisquer projetos de economia circular. Sabemos. apenas 50% de um computador pode ser reciclado. A [LUSÃO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL Avina” e o projeto Maimtream da Ellen McArtl-iur Foundation. pode furtar-se à. e suas partes de plástico não o podem por comerem retardadorcs de chamas. Como visto no capitulo 3. que não há economia circular. fato minuciosamente analisado por Nicholas Georgescu-Roegen desde os anos 1970": Parece que. e tanto menos uma economia global prisioneira do paradigma da expansão. Terras-raras). O extrato abaixo é a porção que se pode extrair com mais dificuldade e mais custo e com piores impactos ambientais"? Exemplos dessa lei abundam nas paginas anteriores. Para cada um desses dossiês.lançam mão de tecnologias mais destrutivas e de maior risco que as empregadas na situação anterior de abundância e maior acessibilidade. o exemplo do Eroei (energy returned on energy inuested). areias beruminosas. (2) o empobrecimento da biomassa nos solos provoca avan- ços sobre as Horestas e o uso mais intenso de fertilizantes. de fato. de modo mais geral. As alternativas encontradas para compensara escassez de petró- leo convencional .2. Recordem-se outros quatro exemplos cruciais: (1) a escassez de recursos hídricos. item 9. J CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL sumos e a necessidade de garantir seu fornecimento em grande escala e a custos baixos neutralizam esses esforços. Elas não podem. os quais. investimentos cada vez maiores de energia em geral são requeridos para os mesmos retornos ou para aumentos diminutos deles. O Eroei declina também em outros setores cruciais da atividade econômica. (3) o pico das reservas chinesas de terras-raras leva à disseminação de sua exploração e de seu impacto ambiental em diversos paises e. se subtrair à lei dl pirâmide de recursos.5. abordado no capítulo 4.8. o que implica maior depen- dência de agrotóxicos. em breve. A lei da pirâmide de recursos de Heinberg pode ser enuncíada de outra forma igualmente canônica: no capitalismo. (4) a especialização genética das plantas no Eco de otimizar sua produtividade torna-as mais vulneráveis a agentes patogênicos. interferem negativa- mente nos próprios recursos hídricos e nos equilíbrios ecossistêmicos (vide capítulos 2 e 10). Tome-se. a escassez . hipóxia e anóxia). petróleo de xisto. sempre implicando intensificação do impacto ambiental. gera reações mais destrutivas. num efeito de bola de neve (vide capitulo 3. com seus conhecidos impactos sobre o próprio solo e sobre as águas (vide capitulo 9. coque de petróleo e regressão ao carvão . no subsolo marítimo (vide capitulo 3. na maioria dos casos. favorecendo poços mais profundos e projetos faraônicos de engenharia. item 3.perfuração em zonas remotas e em santuários de biodiver- sidade. pesticidas industriais). e portanto hidtelétricos. Eu- troñzação. bem descrita por Richard Heinberg em seu livro Peak Everything: I/Wking Up to the Century MDecline:: “A pedra do ápice [da pirâ- mide] representa a porção dos recursos que se pode extrair facilmente e a baixo custo. item 3. a razão de retorno de energia petrolífera a partir da energia investida para obté-la. as associações representativas das corporações aca- barão por aceitar. o que só possivel através de uma legislação que a imponha como uma nova regra do jogo. 4. que esta se gene- ralize. Na melhor das hipóteses . intitulado Natural Capital a¡ Rir/c. pois tais regras incidiriam negativamente sobre os custos das próprias empresas estataisáã sobre a renta- bilidade de suas participações acionárias nas empresas privadas. Mas. Um relatório elaborado para o The Economics ofEcosystems and Biodiversity (Teeb). o Estado não tem mais força para impor regras que as corporações considerem como susceptíveis de diminuir suas margens de lucro. a médio prazo. A impossibilidade de internalizar o custo ambiental Uma impossibilidade especifica para as corporações de se subordínarem ao imperativo ambiental e' a impossibilidade de “internalizar” os custos dos danos ambientais crescentes que elas “socializami Multiplicam›se hoje as metodolo- gias de precificação do patrimônio natural. como se verá no próximo irem deste capitulo (12. CAPITALISMO SUSTENTÁVEL crescente de recursos naturais redunda em agravamento do impacto ambiental da atividade econômica. É A ILUSÃO m. portanto. o resultado é o mesmo: é impossivel para as corporações internalizar seu custo ambiental. essas regras do jogo mais "verdes". mostra que": . Nem força. nem interesse. mas conseguirão retardar por anos sua implantação ou torna-la tão gradual. menor que o valor econômico do patrimônio da biosfera destruído por essa atividade”. Hoje. A regulação por um mecanismo misto). 7h: top 100 externalitíe: ofbusiness. que estas acabarão sendo incapazes de deter o agravamento das crises ambientais. as relações de força entre as corporações e os Estados tornaram-se muito desiguais. Mas qualquer que seja a metodo- logia (e a se supor que o valor da natureza seja redutivel a um preço de mercado).a de uma pressão da sociedade sobre o Estado capaz de produzir algum avanço legislativo -. em tese. com custos adicionais significativos de uma iniciativa "verdeÍ É preciso. pois o valor total gerado por sua atividade é. 3.4. com frequência. Regras do jogo Uma empresa não pode arcar sozinha. sobretudo. O relatório conclui que nenhum setor regional de alto impacto gera lucros suficientes para cobrir seus impactos ambientais. monravam em 2009 a 7. uma pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral. na América do Sul e no Sudeste Asiático. para ele e para o Estado-Corpo¡ ração que dele depende e com ele está associado. e no Brasil.8% do produto bruto. madeira. S. investindo em lobbíes e em publicidade. na China. mineração. especifica o estudo. esta última. colocar esses custos na conta a ser paga pela sociedade presente e futura. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL os custos não preciñcados do capital natural (unpriced natural capita¡ costs). e ainda assim se manter rentável? A pergunta é retórica. De faro. se fossem incluidos na contabilidade nacional _os custos ambientais": [. mostrou que “para 91% das empresas.3 trilhões de dólares. com 400 companhias de diferentes tamanhos. o valor do patrimônio natural degradado c não contabilizado (ou externalizado) pela corporações. só a inclusão dos custos na saúde gerados pela má qualidade da agua significaria cem bilhões de dólares anuais. Investimentos em lobbizs e em publicidade A nocividade ambiental das corporações. a. Não por outra razão. hi- drelétricas. a redução no período dc 1990/2008 seria de 34% para 3%. petroquimica. poderia o agronegócio brasileiro intemalizar os custos da devastação da vedges tação do Cerrado e da Floresta Amazônica. em torno de 5.. agronegócio. o que supõe manrê-los conceitual- n mente fora da esfera do cálculo econômico. No que se refere à publicidade. o que está por trás da preocupação com a susten- ln/ . diretor do Pnuma. o que equivalia nesse ano a 13% do PIB global. aço. de Minas Gerais. da degradação dos solos e recursos hídricos e da diminuição da biodiversidade.. Conforme reporta Achim Steiner. tão incontornável. se incluidas perdas de "capital natural". a in- dústria do petróleo dos EUA tríplicou seus investimentos desde 2004 nos Iobbüs”. portanto. fertilizantes.96% ao ano para 0. cimento e defesa. É necessario.3196. que a única alternativa para esses setores é neutralizar a pressão popular e le- gislativa. pesticidas. sobretudo as ativas nos setores de combustiveis fósseis.] o crescimento do PIB da Índia em S0 anos cairia da média de 2. _ O mesmo vale para as Contabilidades nacionais. Entre os setores mais impactantes. estão o carvão e a pecuáe ria. : cujo objetivo é fomentar. uma empresa geradora de energia por termelétricas movidas a carvão". apenas 14% responderam “sentirem- -se aptos a compartilhar uma preocupação sobre saúde pública e segurança ou uma ameaça ao meio ambiente sem medo de retaliação ou censura por parte de seu departamento ou agéncif”. em fevereiro de 2015. A ILUSÃO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL tabilidade é o benefício para a imagem da empresa”. em relação ao "taco de bot/cry" (vide capitulo 6)”. e sobretudo. 6. "uma . Além disso. Não se pode aqui não Mílton Friedman36: retornar ao statement liberal e não complexado de Há uma e apenas uma responsabilidade social dos negócios: usar seus recursos e engajar-se em atividades concebidas para aumentar seus lucros. em relação ao relatório de 1995 do IPCC. nas palavras da Academia de Ciências dos Estados Unidos. Investimentos em censura e em desinformação . então ocupada por George W. as corporações ñ- nanciam e monitoram as pesquisas universitárias”. proibindo cientis- tas federais de falar à imprensa sem a mediação de uma assessoria de imprensa. dos EUA e do Canadá. atualizada em 2012. de censura-lo”. entre tantos casos. como o demonstrou mais uma vez. Suas publicações. em especial pela Southern Company Services. prática que vitimou. De 20% data também uma instrução do governo do Canadá. o que signiñca engajar-se em competição livre e aberta sem engano ou fraude. Em 2006. As corporações investem também. De quatro mil cientistas canadenses entrevistados por Mark Frary numa pesquisa publicada em 2014 no Index on Cemarrbáo. o poster child dos negacionistas. Essa carteira de investimentos évariada. ou Michael Mann. o clamoroso caso do desrnascaramento de Wei- -Hock (Willie) Soon. Fora da Universidade. foram secretamente financiadas e mesmo previamente aprovadas por corporações. as corporações promovem think tank. cujo objetivo precípuo era contestar o caráter antropogênico das mudanças climáticas. Bush. desde que respeitando as regras do jogo. Ben Santer. inclusive por causa de seu prestigioso vinculo com o Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics. James Hansen denunciou uma tentativa da Casa Branca. Ela começa pela intimidação c pela censura na midia ou através de pressões dos governos. por exemplo. na desmoralização de cien- tistas pelos “mercadores de dúvidas'. Nada mais coerente. Ao analisar a documentação disponivel (relatórios de cor- porações e documentos Fiscais) entre 2003 e 2010. Ao somarmos o que as corporações investem na mídia. em Filadélfia. em lobbier. uma empresa que canaliza doações de ao menos um milhão de dólares para esses grupos. salvo . por exemplo]. Investimentos para se furtar às pressões cientificas e sociopolí- ticas por sustentabilidade estão diretamente vinculados a rentabilidade de seu negócio. traçou um mapa de 91 ONGs - e associações profissionais ativamente negacionistas e de suas vias de financia- ' mento por 140 Fundações. Mas quando se trata de questões ambientais. Brulle chega a cifras mais precisas e expressivas? Essas 91 organizações de CCCM têm uma receita anual de pouco mais de US$ 900 milhões. se houver. A esmagadora maioria desse patrocínio provém de funda- ções conservadoras. presidente da Donors Trust and the Donors Capital Fund. há. com uma média anual de US$ 64 milhões em patrocínios iden- tificávcis por fundações. Whitney Ball. Robert Brulle. Uma centena desses thin/e tan/es norte-americanos recebeu em tomo de 120 milhões de dó- lares entre 2002 e 2010. guerra etc. não são tão pronunciadas. em pesqui- sas monitoradas e em desinformação chegaremos a cifras provavelmente muito mais vultosas que as que as corporações investem em sustentabilidade. Além disso. as diferenças. identificando nessas instituições o que ele chama de um "contramovimento das mudanças climáticas" (climate change counter-ma- uement ou CCCM). informa o jornal 779a Guardian. tenderá a ver muitas diferenças em relação aos conservadores no que se refere a questões como defesa. imigração. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL ação organizada e deliberada para induzir o debate público em erro e distorcer a representação da opinião pública sobre as mudanças climáticas". uma documentada tendência em ocultar as Fon- tes de financiamento das organizações de CCCM por meio de doações diretas [de pessoas físicas]. ao passo que investimentos em sustentabilidade não implicam. da Drexel University. drogas. explicou ao jornal britânico o quanto a questão ambiental é uma bandeira uniñcadora do' espectro ideológico da direita norte-americanaü: Se você olha para os libertarians [termo que designa nos EUA a extrema direita. como o Tm Party. (2) a lógica do aumento de sua atividade. sua autonomia polí- tica e financeira em relação ao poder das corporações pequena e que. seria muito menos destrutiva que a que hoje prevalece. contrariar: (l) a expectativa de ganho de seus acionistas. . como o IPCC. › 12. que.4 A regulação por um mecanismo misto Examinemos. ela poderia impulsionar o capita- lismo em direção à sustentabilidade. . As corporações podem reservar recursos para iniciativas "vercÊrEcTfazemcom grande senso de pro- paganda. sob pena de autonega- ção. aumehxiega rentabilidade. Como se discutirá na Conclusão. haja vista a incipiência de plataformas institucionais de organização que representem esse ideário. as preocupações e reivindicações da sociedade civil não denotam preocupação maior com a degradação da biosfera. condição imprescindível de toda negociação efetiva. Tocamos aqui o punctus dolem de toda a problemática discutida neste capitulo: a impos- sibilidade dessa segunda via advém da falta de paridade de poderes entre as partes. A sociedade civil não se mostra por enquanto disponivel para liderar um debate nacional e internacional sobre a questão ambiental. de seu lado. a sociedade civil e as corporações. O Estado. Podem. o UICN. a uma autossuperaçáo. isto é. 4%): UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL em casos excepcionais. a segunda impossibilidade lógica de um capitalismo sustentável. entre outros. adotar atitudes ambien- talmente “virtuosas”. urna atividade econômica regulamentada por uma adequada legislação ecológica. de um lado. Sem dúvida. está cada vez menos apto a liderar essas nego- ciações. Até o presente momento. a qual. cedo ou tarde. Mas definitivamente não podem. fazendo-os acei- tar dividendos diminuídos por causa de escrúpulos com externalidades. efetivamente ñsealizada pelos poderes públicos. justamente por isso. será. insustentável. agora. na Introdução (item 2). Examinemos o perfil de cada uma das três partes nessa mesa de negociações. Mesmo os setores scnsibilizados por essa questão veem-se pouco municiados para agir na cena politica. enunciada no inicio deste capitulo: a sustentabilidade obtida por marcos regulatórios negociados entre o Estado. de outro. pelas ONGs e pelas grandes instituições de cooperação cientifica internacional. Vimos. quando sob forte exposição à mídia. 0 Estado e o sistema_jínanceíro O mais recente indício de que o Estado está perdendo seu poder e sua iden- tidade é sua reação à crise financeira desencadeada em 2007-2008. o essencial dos recursos financeiros dos EUA e da Europa tem sido alocado para socorrer o sistema bancario e "acalmar os mercados". Assim. Conforme demonstra o documento Report to Congressianal/Iddressees. Não se pretende com isso fazer tabula rasa das diferenças entre os partidos e coalizões que participam do quadro político-eleitoral. e por ele publicado em 12 de junho de 201245: Durante a crise financeira. entre l* de dezembro de 2007 e 21 de julho de 2010. do Government Accounta- bility OH-lce (GAO) dos EUA. o Estado lançou-se na mais abrangente operação de sauvetage dos bancos. através de diversos "programas emergenciais a bancos com problemas de liquidez” (emergency programs and other assistance provided directly to institutionskcíng liquidiq rmzins). A adrenalina da crise levou os bancos a assumir mais que nunca o controle do Estado e a tomar de assalto seus recursos. nem desconhecer as especificidades das situações políticas de cada pais. de julho de 201 1. ainda quando afloram divergências entre as corporações e o Estado. sócio. ao menos 18 antigos ou atuais diretores dos Federal Reserve Banks [os Bancos Centrais dos estados norte-americanos] trabalharam em bancos privados e corporações que coletivamente receberam mais de quatro trilhões de empréstimos do Federal Reserve. CAPKTALISMO E COLAPSO AMBIENTAL seus interesses vêm-se confundindo com os da rede corporativa. Segundo um relatório sobre conHito de interesses requerido ao GAO pelo senador Bernard Sanders. Desde setembro de 2008. Ann . credor e devedor das corporações: o Estado-Corporação. no que parece despontar como uma verdadeira transformação de sua identidade histórica em direção a um novo tipo de Estado. Ao invés de regulamentar a atividade financeira. o Federal Reserve Bank (FED) havia emprestado. Pretende-se apenas añrmar que as coalizões políticas que se revezam no comando do Estado veem hoje muitíssimo diminuldos sua capacidade e seu interesse de fazer pre- ' vaIecer os imperativos ambientais em detrimento dos interesses imediatos das corporações. parecem hoje remotas as chances de que este possa conduzi-las ao leito de urna atividade de baixo impacto aanbiental. a quantia de 1.139 trilhão de dólares“. . pergun- tava-se George Monbiot. A questão colocada por Monbiot tem uma resposta inequívoca: porque salvar os bancos e as demais corporações tornou-se uma função precípua dos Estados.7 trilhões de dólares“. acima citado. Obsolescência do estadista Não há mais lugar no Estado para a clássica ñgura do estadista. entre Churchill e Cameron. na forma e empréstimos overnight (not term-adjustcd transactíons). e de mais 17 bancos em julho de 2012 (além de outros 7 na Holanda). entre De Gasperi e Berlusconi etc. O que se perdeu foi a força do Estado como o lugar por excelência do poder e da representação politica. segundo infor ções reveladas pelo jornal Bloomberg. o Federal Reserve comprometem com o istema financeiro norte-americano ga- rantias e limites de crédito no valor de . . entre Franklin D. da perda de valores e principios e de seu apego venal às benesses do Estado. no valor agregado e 16. Queixam-se também da incompe- tência gerencial. Os eleitores queixam-se da crescente corrupção dos partidos. entre Adenauer e Merkel. mesmo os bancos mais ricos da Europa não podem gerir sozinhos suas perdas e estrate- gicamente não poderão sobreviver sem a rede de segurança do Estado“. Por que é tão fácil salvar os bancos. Segundo uma ava- liação de sete bancos da Alemanha pela agência Moody's em junho de 2012. entre 1° de dezembro de 200 e 21 de julho de 2010. Conforme mostra a tabela 8 do documento Report t Congrmional Addresses: do GAO. Tornou-se um lugar-comum a comparação entre os es- tadistas de ontem e seus sucessores. mas tão dificil salvar a biosfera. A ILUSÃO D UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL Até março de 2009. um jornalista do 771a Guardian”.115 trilhões de dólares. sempre desvantajosa para os últimos: entre De Gaulle e Hollande. 21 bancos norte-americanos e europeus mobilizaram re sos em transações provenientes de programas emergenciais do FED. da deslealdade ou falta de liderança de seus chefes de Estado. Roosevelt e Obama. que traem seus perfis ideológicos e descumprem as promessas que motivaram suas vitórias eleitorais. Mas seria absurdo supor que as sociedades perderam a capacidade de produzir tem- peramentos à altura dos grandes esradistas que lideraram as democracias oci- dentais em momentos críticos de sua história. sobretudo. pedra angular da tradição democrática nascida em Atenas e ampliada pelo sufrágio universal na Idade Contemporânea. os mandatos populares são cada vez mais luga- res de rítualizaçáo espetacular do poder e seus dignarários. O sentido do termo “representação” exercida pelos” mandatários do voto popular entende-se. cada vez mais mes- tres da arte gestieulatória. Ao dcstcrritorializax o poder. Ela está em nossos dias criticamente ameaçada. junto com o endividamento crônico dos Estados nacionais. cada vez mais. ai incluidas as maiores economias do mundo . A Europa reage a esse endividamento através de um círculo vicioso: (1) proibido por seus estatutos e pelo Tratado de Lisboa de comprar titulos da dívida pública diretamente dos Estados insolventes.e várias economias da Europa (Itália. o Banco Central Europeu (BCE) deve compra-los dos bancos no mercado secundário. a globalização do capitalismo está.na . 29 têm dívidas acima de 80% de seu PIB e nada menos que 15 delas têm dividas acima de 100% de seu PIB. com um principal equivalente a mais de 173% de seu PIB). de um endividamento que se tornou crônico após os anos 1980. obtendo em garantia . Além disso.5%. o BCE empresta aos bancos a taxas de 1% a 1. CAPITALISMO 1'. a ideia em suma de representação política. Incapazes de ditar con# duras e limites às corporações. uma progressiva trans- formação do sentido histórico de seu poder politico. em sua acepção pantomlmica. Bélgica. ao deslocar para os anônimos conselhos administrativos das corporações as decisões estratégicas para cujo financiamento e execução os Estados e seus re# cursos são acionados.os Estados Unidos e oJapão . 0 en dividamen to dos Estado: As corporações controlam o Estado através. assim. de modo a melho- rar os balanços desses bancos e evitar a próxima crise bancária sistêmica. acarretando. Irlanda. Portugal e a Grécia. Das 153 nações arroladas pelo FMI ou pelo CIA World Faetboolt”. Islândia. COLAPSO AMBIENTAL Ameupzs a' tradição democrática da politica A ideia de que os governantes são titulares provisórios de um mandato outorgado pelos governados. 64 têm hoje dívidas públicas superiores a 50% de seu PIB. continua obviamente a única forma legi- tima de exercício de poder pelo Estado e deve ser sempre mais aprofundada. já que o Estado é mal avaliado pelas agências de rating. O mesmo tipo de alienação do patrimônio civilizacíonal do Mediterrâneo suscitou os dolorosas balanços propostos por Salvattore Settis e Silvia DelYOrso em 2002. e era propulsor.) ao xeque Hamad bin Khalifa al-Thani. da evasão fiscal. Esse diktat levou a Grécia a vender a ilhãde Oxia no Mar _Iônico (a 20 quilômetros de Íraca. completando-se o circulo vicioso num nivel mais elevado. através dos museus e do sistema educacional. territorial e cultural da Europa meclíterrâneaé con- siderado pouco mais que massa falida pelos credores. Ele era o liame entre as gerações. natural. territorial ou cultural. mesmo quando não vende simplesmente esse patrimônio. Outrora. (2) assim recapitalizados. os Estados (S) sa« criñcam seus investimentos e seus serviços públicos ao imperativo da diminuí- ção do déficit orçamentário e da divida pública.. como Dolicha.. O patrimônio natural. Outras das seis mil ilhas gregas. o emir do Catar. Para conseguir saldar suas dividas. Se- . o Estado-Corporação desnatura-o. declarou Joseph Schlarmann. que a arrematou por irrisórios cinco milhões de euros. Hoje. a juros mais elevados. o partido que dirige a coalizão de Angela Merkel na Alemanha. Em 2000. acima de tudo. estão a venda”. através da pesquisa. um artigo publicado no jornal Líbération cstimava em aproxi- madamente seis trilhões de euros os recursos desviados para 65 paraísos fiscais. A cvasãojítcal A depauperação dos Estados-Corporações advém. da atualizapia crítica do sentido histórico desse patrimônio”. através da cus- tódia e da conservação dessa memória. garantia aos cidadãos a fruição de seu patrimônio e o culto de seus monumentos. A austeridade (6) debílira a economia e faz diminuir a arrecadação. os bancos emprestam dinheiro “novo” aos Estados inadimplentes para que estes (3) evitem o deyízulte paguem os credores. ao concebe-lo como um insumo do turismo a ser gerido segundo os imperativos de lucratividade dessa indústria. desta feita sobre a abdicação das responsabilidades do Estado italiano em relação à pro- digíosa memória cultural dessa nação”. dirigente da União Democrata-Cristã. (4) os bancos podem assim continuar a financiar os Estados. o Estado. com uma progressão de 12% ao ano nos três anos anteriores (1997-1999). o que (7) empurra os Estados para a inadimplência. A ILUSÁO DE UM CAPITALKSMO SUSTENTÁVEL títulos “podres” ou de alto risco dos Estadosw. “Os insolventes devem vender tudo o que têm para pagar os credores". assim. aproximadamente seis trilhões de dólares foram transferidos para paraísos fiscais”. [. de bancos públicos de "desenvolvimento" e de isenções fiscais . os Estados tornam-se seus devedores crônicos. iates e outros ativos não financeiros possuídos em estruturas o share.] Conside- ramos esses números conservadores. gigantescos e perdulários. Em um documento anterior. equivalem a um terço dos ativos globais”. Deles. Em 2008. da London School of Economics. pois dizem respeito apenas à riqueza Hnaneeira t excluem o patrimônio imobiliário. afirmava que “S596 do comércio internacional ou 35% dos fluxos financeiros transitam por paraísos fiscais"? Gabriel Zucman. a indústria automobilística. através dos bancos que captam esses recursos nos paraísos fiscais. parte da arrecadação do Estado é orientada para subsidiar ou financiar .. (4) fomenta a ideologia segundo a qual a social-democracia e' inviável posto que geradora de Estados Leviatãs. Essa soma e' equivalente ao tamanho das economias dos Estados Unidos e do Japão somadas. (2) emprestam aos Estados a taxas de juros de alta renta- bilidade.. ao abrigo de taxação efetiva.o agronegócio. os economistas do TJN afirmam que "os ativos mantidos mfibore. num tempo em que os governos de todo o mundo estão morrendo por Falta de recursos. o que. Edouard Chambost. Esses juros (3) põem os Estados ainda mais à mercê dos credores. um especialista do tema. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL gundo um relatório preparado em julho de 2. Pode haver na realidade 32 trilhões de dólares em ativos financeiros mantidos qftbort por indivíduos de alta renda segundo nosso relatório Ike Prices of 0175/1021 Revisited [.através do erário público. De credores dejure das corporações. E como se não bastasse esse círculo vicioso. o complexo .. Apenas entre 2007 e 2009. os grandes projetos de mineração e de energia. complementar ao acima descrito: as corporações. Instala-se. outro círculo vicioso.012 pelos economistas da Tax justica Network (TJN)“: ao menos 21 trilhões de dólares de riqueza financeira não declarada estavam em propriedade de indivíduos em paraísos fiscais ao final de 2010. estima enfim que os Estados perdem por ano 190 bilhões de dólares em evasões fiscais”.. enfim. os investidores e as grandes fortunas: (l) desviam parte ponderável dos impos- tos devidos para paraísos Fiscais e. menos de 100 mil pessoas no mundo todo possuem 9.] O_ número de super-ricos globais que acumularam essa fortuna de 21 trilhões de dólares é menor que 10 milhões de pessoas.8 trilhões de dólares mantidos @fi/nora lsto. A degradação atual só e' comparável à conjuntura do ñnal da Segunda Grande Guerra Mundial. da Convenção-Quadro das Nações Uni- das sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC). os homens acrescentaram à atmosfera cerca de 1. Os Estados não apenas não agiram no sentido de frea-las. quando os dirigentes politicos já haviam sido reíteradamente advertidos pelos cientistas sobre os efeitos potencialmente catasttóñcos dessas emissões sobre a vida no planetaé'. A metade das giga- toneladas emitidas nos últimos dois séculos e meio foi lançada após meados dos anos 1980. quando da criação. que a degradação da biosfera elimina a perspectiva de um novo ciclo de crescimento econômico como o que carac- terizou os anos 1947-1973”. só podiam levar a uma crescente piora da relação divida pública/ PIB e a uma degradação da autonomia financeira dos Estados. fenômenos iniciados na era Reagan-Thatcher.5 trilhão de toneladas de Coz-eq. O documento final da Rio+20 nem sequer menciona essa declaração do G20 em 2009. A diferença. Mas ambos os documentos foram assinados pelos mesmos governantes. que esforço de regulamentação ambiental esperar ainda dos Estados? Estima-se que em 1750 havia dois trilhões de toneladas de CO¡ na atmosfera. Assim. Entre 1750 e 2008. embora em 2009 a reunião do G20 tenha declarado que os subsldios à indústria do petróleo (bem como às de carvão e gás) seriam eliminados a "mé- dio prazo”. subsídiadas em 312 bilhões de dólares em 2009. Mesmo após 1992. ACH . porém. A sonegação encotajada pela desregulamentação financeira e a regressão fiscal. quando as finanças públicas haviam sido destroçadas. O que esperar dos Estados? à» Nesse contexto. A ILUSÁO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL militar-industrial e outros ramos de alta concentração de capital corporativo e de mortífero impacto ambiental. as emissões continuaram a se acelerar”. com especial ênfase para a indústria de combustiveis fósseis. isso não impediu seu aumento entre 2009 e 2012. mas se empenharam em politicas econômicas que contribuiram para sua aceleração. em 470 bilhões em 2010 c em 775 bilhões a 1 trilhão de dólares em 2012”. pelos Estados que participaram da ECO-92. sendo que um trilhão de toneladas dessas emissões acrescidas está ainda hoje na atmosfera (o testo foi dissolvido nos oceanos ou absorvido pelo solo. pelas plantas e bactérias). cada governo estadual. em seu célebre último discurso à nação em 196155: Essa conjunção de um imenso ertablisbment militar e uma grande indústria de armas é algo novo na experiência norte-americana. por exemplo. cuja sobrevivência Financeira depende das receitas auferidas pela exportação de petróleo e gás? Ou dos Es- tados da Índia e da China. do Estado russo. O que Eísenhower chamava em 1961 de complexo industrial-militar (military -industrial complex) apoderou-se completamente dos EUA e hoje mais co- nhecido pela siga Micc (military-industrial-congrmional complex). recursos e meios de subsistência estão envolvidos nisso. politica. um dos mais poluentes e ambientalmente insusten-_ taveis do mundo. já que a frota existente de 2. prisioneiros da engrenagem do crescimento. em 2014 a administração Obama gastou mais que nunca em pesquisa. Sua influência total . mesmo espiritual . do complexo industrial- militar. _Ia Dwight Eisenhower alertava. Nos conselhos governamentais. superou 18. cada escritório do governo federal. que aprova verbas inclusive não requeridas pelas forças armadas. Os lobbies da indústria de armamentos civis e militares mantêm seu controle sobre o Congresso. ate' que ponto o governo norte-americano pode aplicar as tímídas políticas preconizadas por sua própria Agência de Proteção Ambiental (EPA)? AOÁ .1 trilhões em fevereiro de 2015 e deve ser de 22 trilhões em dezembro de 2018?” Enquanto o Comitê Nobel justificava em 2009 sua outorga do Prêmio Nobel da Paz ao presidente Obama por sua "visão de um mundo livre de armas nucleares". desenvolvi» mento. tais como os recursos para a fabricação de tanques dc guerra Abrams. cuja dívida era de 16 trilhões de dólares em dezembro de 2012. deliberada ou não. Para sustentar o complexo corporativo industrial-militar do país. como o esta a própria estrutura de nossa sociedade. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL O que esperar. Nosso labor. não obstante seus impactos cada vez mais brutais sobre suas populações e seus ecos- sistemas? O que esperar de um Estado como o norte-americano. teste e produção de armas nucleares e planeja gastar um trilhão de dólares em “defesa” nuclear até 203054. precisamos evitar a aquisição de uma indevida influência.400 unidades tem em média apenas três anos“. seu orçamento de "defesa" superou 600 bilhões de dólares em 2013.é sentida em cada cidade. Temos que compreender suas graves implicações. que o exército declara não desejar. Diante dessa engrenagem.econômica. mantendo-se como o terceiro irem do orçamento nacional. o governo francês continuou a subvencipnar os motores a diesel (e continua a subvencionar alguns modelos). No Brasil. O Estado-Corpora- ção brasileiro protcgerá os ecossistemas do país contra essa rede corporativa? Ao contrário. de modo que a França é hoje o país com o maior percentual de veiculos movidos a diesel do mundo (61%)“. Embora o Centre International de Recherche sur le Cancer (Cite) repita desde 1988 que o diesel e' cancerigeno. eis algo que se mostra cruamente quando se comparam suas receitas com os PIBs nacionais". a resposta é fun- damentalmente negativa. Em 2009. devedores e credores? Não obstante tímidos avanços. em suma. 12. fiscais e de financiamento público. em termos legisla- tivos. sua receita equivaleria ao 25° PIB do mundo. Pensemos.4 trilhões de dólares. o Micc adquire no país a forma mais tipica de uma sim- biose entre o Estado. Em 2000. 44 eram corpo- rações. Ele a protege por todds os meios disponiveis.1 bilhões de dólares (em dólares de 2011)”. se a Walmart fosse um pais. o agronegócio. A própria Cour de Comptes (o Tribunal de Contas Francês) critica sua política fiscal. ao mesmo tempo. o cimento. “responde mais ao cuidado de preser- var certos setores da atividade econômica que a objetivos ambientais"? Pode- -se esperar. mesmo quando o componente militar da sigla de menor relevância. a Petroquímica. com o apoio das duas maiores coalizões partidárias do pais. o equivalente então a 11% do PIB global. 59% deles são corporações. sócios. primeiramente. . as grandes empreiteiras e o capital financeiro. Nesse ano. o orçamento militar foi o quinto orçamento que mais cresceu na última década. por exemplo. A ¡LUIÁO un uu CAPITAMSMO SUSTENTÁVEL O Miec existe. Ainda assim. na força de corporações isoladas. Se o número de PIBs nacionais levados em consideração for 150. essas 44 maiores corporações do mundo tinham receitas da ordem de 6. a mineração. beneficiárias dessa simbiose. atingindo em 2010 o valor equivalente a 38 bilhões de dólares e em 2013 o equivalente a 36. de diversas formas em todas as latitudes do capitalismo global. que. em suas palavras. hoje. das 100 maiores economias mundiais. Em 2013. dos Estados-Corporações que imponham controles am- bientais eficientes às grandes corporações das quais são. orçamentários. o petróleo.5 Plutosfera: O maior nivel de desigualdade da história humana Que o poder das corporações seja maior que o dos Estados. Esses 147 conglomerados ocupam o núcleo pouco visível e inexpugnável de um poder tentacular. Em 2011 tão somente as 20 maiores corporações somaram receitas superiores a 4 trilhões de dólares. possui a maioria das ações de cada urna delas.. elas próprias. uma quantia superior ao PIB de mais de cem países.] Ele e' também muito densamente interconec- tado. Glattfelder e Stefano Battiston.. Disso resulta que. « cem nas mãos de empresas do próprio núcleo. o quarto maior do mundo. a cada quatro propriedades de empresas. A totalidade dos ativos do banco ultrapassou então l trilhão de dólares". Mas muito mais importante que o poder de uma corporação isolada o poder da rede corporativa. Conjuguemos ÁOR . 2014) tiveram um lucro de 3 trilhões e uma receita de 38 trilhões de dólares. maior que o PIB da Áustria (394 bilhões em 2012)”. a receita do banco Goldman Sachs foi de 46 bilhões de dólares. sendo que cada um de seus membros têm em média vínculos com outros vinte membros. Em outras palavras. cumulativamente.org da Cornell Uni- versity Library. Em 2007. Segundo os cálculos de um estudo publicado por Frances Moore LappéJoseph Collins e Peter Rosset (1998). CAPITALISMO B COLAPSO AMBIENTAL sua receita foi de 460 bilhões de dólares. É o que mostra a pesquisa de Stefania VitaiiJames B. confortada por outra pesquisa publicada no arXiz/. da Eidgenõssischc Tcchnische Hochschule (ETH) de Zu- rique. Como afirmam os três pesquisadores do ETH de Zurique75: Este núcleo é muito pequeno. 147 conglomerados controlavam aproximadamente 40% do valor monetário de 43 mil corporações multinacionais". valor bem superior ao PIB da Alemanha. Em 2007. De fato. mais de 60% do PIB mundial. trata-se de um grupo estreitamente interligado de corporações que. três permane. [. Uma subespécie emergente do Homo sapiens: Os UHNWI A concentração de tanto poder econômico nas mãos de uma casta numeri- camente insignificante é sem precedentes na história humana. "40 mil corporações controlam 2/3 de todo o comércio mundial de bens e serviços e a maior parte delas está nas mãos de alguns poucos conglomerados”. As duas mil maiores corporações do mundo (Forbes. As decisões dessa casta definem os destinos da econo- mia mundial. por uma rede de conglomerados dominada por uma casta inatingivel pelas pressões dos gover- nantes e das sociedades. essas corporações são controladas. cujos ativos somam 29. de resto. Essas 300 pessoas ficaram ainda mais ricas ao longo de 2013.7 bilhões de dólares 300 mals de 12 bilhões de dólares a5 mals de 20 bllhôes de dólares Fontes: 772: Crldit Suisse Global I/Vealth Report 2013. no topo da pirâmide do CréditSuisse. com o auxilio de uma lupa fornecida por duas listagens: a da Forbes Magazine e a do BloombcrgBillto- naim' Index. já rapidamente apresentados no item l da Introdução. 0.700 mals de 50 milhões de dólares 33. PVeakb-X and UBS I/Vorld Ultra PVmlrb Rtpnrt 2014. com os do PVealtb-Xand UBS World Ultra Mall!? Report 2014 e com dois relatórios da Oxfam InternationaW. Subamos agora ao estrato mais elevado desse clube dos UHNWI.7 trilhões de dólares). é possível contemplar o quadro geral da desigualdade humana na fase atual do capitalismo: Número de UI-INWI Ativos possuídos por cada UHNWI 98. . 3). há 211. Penetremos nesse vértice da pirâmide dos ativos globais. correspondentes a 0.275 de multimilionários os - bxgb-net-wortb individuals (UHNWI) -.7 trilhões de dólares.004196 da humanidade adulta. Oxfam International Working/or tbefrw (2014) e Oxfam International PVealt/:r: Having italland wanting more (2015). aumentaram 796 em 2014 em relação ao ano anterior (64% dos UHNWI encontram-se na América do Norte e na Europa e 22% na Ásia77). detentores em 31 de dezem- bro dc 2013 de 3. acrescentando aos seus ativos líquidos (net worth) mais 524 bilhões de dólares. O Bloomberg Billionaires Index ocupa-se de uma lista ainda mais exclusiva: os 300 indivíduos mais ricos do mundo.426 indivíduos detentores de 5. p. A Forbes Magazine de 2013 lista 1. Nesse grupo de 32 milhões de ricos (com ativos superiores a 1 milhão de dólares). Fuentes-Niue 8: Galasso (2014.4 trilhões de dólares. ativos que.7% de adultos ou 32 milhões de indivíduos possuem 41% da riqueza mundial (98.900 mais de 100 milhões de dólares 3. situada no ápice da pirâ- mide do Crédit Suisse. montante equivalente ao PIB do Japão. Do alto dessa nanopirâmide.426 mals de 3. A ILUSÃO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL os dados da pirâmide do Credit Suisse.100 mals de 500 milhões de dólares 1. o terceiro PIB do mundo.7 trilhões de dólares. Como visto na Introdução. 5 bilhões de pessoas.5% da riqueza mundial. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL Esses 85 indivíduos mais ricos do planeta _possuem em conjunto.o 0. o 1% mais rico da humanidade adulta possuia 48% da riqueza mundial. Seu poder econômico e politico e' maior que o dos detentores de um mandato popular nos Estados nacionais. a metade mais pobre da humanidade. tudo o que os mais poderosos governantes na história das sociedades pre-capitalistas jamais puderam conce- . Seu poder ultrapassa ern escala. controlam cerca de 40% do valor monetário de 43 mil corporações multinacionais. O relatório de 2015 da Oxfam afirma que: Em 2014. o que equivale a riqueza detida' por 3. sua dominação é ideológica. Ela controla as ações desses 147 con- glomerados. deixando apenas 52% dessa riqueza para 99% dos adultos do planeta. Goldman Sachs.7 trilhão de dólares. Na Rússia atual. mais de 1. com sua fatia de riqueza ultrapassando 50% da riqueza mundial em 2016. associadas por uma trama múltipla de in- teresses ao patrimônio dos Estados e à sua alta tecnoburocracia. Mais ainda que econômica e política. Bank of America. de modo que 80% da humanidade adulta divide apenas 5. avaliada em 78. A fortuna de Bill Gates. A concen- tração desses ativos prossegue a um ritmo vertiginosa. alcance. e maior que o PIB de 66% dos paises do mundo. Se essa tendência continuar.e avalizadas pela - maioria dos formadores de opinião para beneficiar as estratégias de negócios dessa casta. Metlife e Morgan Stanley) detêm mais dedez trilhões de dólares de ativos consolidados. que.5 bilhões de dólares (Bloomberg).00496 da espécie humana conhecido pela sigla UHNWI . transversalidade e pene› tração. o que corresponde a70. Os 20% mais ricos da humanidade adulta possuíam a quase totalidade desses 52% da riqueza rnun. _› dial. 110 pessoas detêm 35% da riqueza do país". ao mesmo tempo capilar e tentacular.dona do planeta. Essa subespecie em vias de emergir . Outra Forma de perceber essa concentração extrema de riqueza é examinar as grandes holding: Financeiras internacionais. Citigroup. por sua vez.1% de todos os ativos Hnanceiros do país”. Wells Fargo. esse 1% mais rico deterá mais riqueza que os 99% res- tantes da humanidade adulta. pois as políticas econômicas são formuladas . Sete dentre as maiores holding: ñnanceiras dos EUA (JP Morgan Chase. segundo a Oxfam (2014). _Iacques Ellul e Bernard . lançaram as bases da percepção de que a acumulação capitalista está esgotando os estoques de recursos minerais. geógrafos como René Dumont”. como Kenneth E. provocando rupturas múltiplas nos ecossis- temas c colapsando a biodiversidade. a evidência dessa incompatibilidade tem sido reconhe- cida por especialistas de diversas disciplinas e pertenças ideológicas. filósofos telstas como Hansjonas. Lcmbremos apenas os nomes de econo- mistas maiores. Boulding e Nicholas Georgescu-Roegen. ironicamente. nascidos entre o início do século c o período entregucrras. Duas gerações de pensadores pioneiros. hldricos e biológicos do planeta. incompatíveis com os da conservação dos parâmetros bioHsicos graças aos quais nosso planeta ainda se mantém propício à vida. A fonte dessa crise sem paralelos e a sociedade capitalista na qual vivemos.6 “O decrescimento não é o simétrico do crescimento” Desde os anos 1960. Fred Magdoff'. Seus interesses são.]ohn Bellas-ny Foster.um metabolismo que e' a base da vida. a maioria das aná- lises do problema ambiental está menos preocupada ern salvar o planeta ou a vida ou a humanidade. de André Gorz ajohn Bellamy Foster. portanto. Brett Clark e Richard York cscrcvemal: Um fosso profundo abriu-se na relação metabólica entre os seres humanos e a natureza . 12. na raiz de nossos problemas ambientais. não têm dificuldade em perceber que a situação histórica atual caracteriza-se essen- cialmente pelo antagonismo entre o capitalismo e a conservação da biosfera. Todas as ações dessa plutosfera orientam- -se por um único lema: defender e aumentar seu patrimônio. pertencentes a duas gerações. Richard York e Michael Lõwy. Na abertura de um livro emblemático dessa posição. ?be ecological rg# Capi- talism? war on the Earth (2011). que ern salvar o capitalismo. Mas o capitalismo afigura-se como um sistema socioeconômico ambiental- mente insustentável também no entender daqueles para os quais Marx não uma referência central. um filósofo central do pensamento ecológico como Michel Serres. ela própria. o sistema que está. A ILUSÃO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL ber ou tiveram razão para desejar”. Alguns estudiosos marxistas. Brett Clark. Richard Heinberg.cartaz du capitalismfs. Bruno Clémentin. Lembrem-se aqui autores das mais diversas competências como Cornelis Cas- toriadis. Paul e Ann Ehrlích. a extração. e em outros ainda. avoluma-se em nossos dias a biblioteca de estudos sobre as crises socioambientais. que intitula seu livro: Paurmuver laplanéte. Conscientes de que a ilusão desenvolvimentista esta conduzindo a falência os serviços presta . oscilam em tomo de zero. e porque estamos desestabilizando as coordenadas ambientais que prevaleccram no Holoceno. Ela se assenta sobre dois pressupostos. Jean-Pierre Dupuy” e Hervé Kempf. Vittorio Hõsle. afigura-se hoje como a proposta mais consequente. é uma tendência inexorável. um psicanalista como Félix Guattari”. Justamente porque estamos esgotando os recursos minerais. Os poucos países que ainda apresentam taxas elevadas de crescimento são vitimas de estrangulamentos ambientais que imporão em breve também cstrangulamentos econômicos. Serge Iatouche. Derrickjensen. O primeiro pressuposto é que o decrescimento econômico. Nafeez Mosaddek Ahmed”. ou um polímata e ecologista (de formação cristã) como Ivan Illích. Embora a descoberta recente de fontes alternativas de petróleo e gás possa dar um último fôlego ao crescimento. sem a compreensão adequada dos quais ela pareceria absurda. . a um decrescimento inevitável ainda mais dramático num próximo futuro. as taxas de crescimento estão se desacelerando. hídricos e biológicos do planeta. estudos cujo denominador comum é a percepção de que o imperativo do crescimento econômico ameaça crescentemente a manutenção de uma sociedade organizada. Annie Leonard. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL Charbonneau. Aric McBay. Naomi Klein. biólogos como Rachel Carson. Dmitry Orlov. que congrega implícita ou ex- plicitamente os nomes acima citados. o transporte e a queima desses combustiveis só levarão a mais emis- sões de gases de efeito estufa. em outros. A Fénix que virou galinha). Na maior parte dos países. portanto. como mostrou Gail Tverberg (veja-se a Introdução. as taxas de crescimento da econo- mia global já estão declinando em relação à média do período 1945-1973. Vincent Clieynet. irem 7. bem longe de ser uma opção. Inspirada nos escritos desses pensadores que conñguraram o pensamento critico-ecológico da segunda metade do século XX. talvez a única efetiva para uma sociedade viável". o crescimento negativo já é a nova normalidade do capitalismo. Edgar MorínJean- -Pierre Tertrais. A ideia de um decrescimento administrado. a mais poluição e a mais desequilíbrios ambientais e. e seu programa.. Ou. Mas se trata de iniiestimentos loca- lizados.] ternatíva nada tem a ver com a recessão e a crise [. da necessidade de um decresci- mento administrado é proposta por Naomi Klein-Pl: Nosso sistema econômico e nosso sistema planetário estão agora em guerra. Eis o segtmdo pressuposto: o decrescimento administrado é essencialmente anticapitalista.] O decreseimento não é o simétrico do crescimento. os partidários do decrescimento percebem que um decrescimento administrado seria a única forma de evitar um colapso ambiental. e igualmente lapidar. como insiste o mesmo autors": é o projeto de construir uma alternativa a sociedade do crescimento. Ele advoga. investimentos em areas e paises carentes de infraestrutura básica e. o que nosso modelo econômico exige para evitar o colapso é expansão sem peias. como é óbvio. uma redgíniçáo qualitativa dos objetivos elo sistema econômico. o qual será tanto mais brutal e mortífero quanto mais prorelado.. crescimento econômico imprescindível à transição para energias e transportes de menor impacto ambiental. que devem passar a ser a adequação das sociedades huma- nas aos limites da biosfera e dos recursos naturais. abandono do uso de lenha. fundamentalmente político"? O decrescimento. vetorizados e orientados para a diminuição de impactos ambientais (infraestrutura sanitária. antes de mais nada..). A ideia de decrescimento nos marcos do capitalismo foi justa- mente deñnida porjohn Bellamy Foster como um teorema de impossibilidade". [. Essa al- [. Urna percepção similar. mais precisamente. jamais de um crescimento pelo crescimento. A ILUSÃO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL dos pela bíosfera aos seus integrantes. O que o clima necessita para que se evite o colapso é uma contração no um dos recurso:pela humanidade. Um mal-entendido tenaz deve definitivamente ser dissipado: o decrescimento administrado não é uma simples proposta de redução quantitativa do PIB”. incluindo a vida humana.] Não há nada pior que uma sociedade do crescimento sem crescimento. r-rvs . Serge Latouche explicita o líame entre decrescimento e superação do capitalismo: “O movimento do decresci- mento é revolucionário e anticapitalista (e até antiutilitarista).. em geral. transporte público etc. Apenas um desse conjunto de regras pode ser mudado e não e' as leis da natureza... nossa economia está em guerra com muitas formas de vida na Terra. Essa adequação implica. e qualquer mudança tecnológica que resulte na manutenção de um dado estoque total com uma menor taxa de transferência (isto é. desenvolvida em 1966 em 772o Economics Coming Spacesbip Earth”. ao invés de boas. para a economía' capitalista. então a taxa de transferência (tbrougbput) uma medida ao menos plausível do sucesso de uma economia. e é de fato entendida como algo a ser minimizado ao invés de maxímizado. algo evidentemente antagônico à visão capitalista do processo econômico: A diferença entre os dois tipos de economía torna-se mais clara na atitude em relação ao consumo. Na . e (2) a tese da necessidade de superar uma economia aberta (a economy) em direção a uma economia fechada (spateman economy) de Kenneth E. isto é. Por contraste. menor produção e con- sumo) e claramente um ganho. uma parte da qual é extraída. sendo a outra parte expelida (output) para os reservatórios de poluição. na qual Boulding mostra que. a taxa de transfey rência de matérias-primas em produto e em poluição operada no sistema eco- nômico. Na economy. da geração de entropia pela atividade econômica. Retornaremos a essa última tese no próximo capítulo. ao passo que na - economia para a qual deveriamos rumar a economia fechada ou spacemao¡ economy . . em 1971. Por ora basta citar uma passagem central desse texto. avançadas antes do surgimento dos conceitos de sustentabilidade e decrescimento: (1) a tese desenvolvida por Nicholas Georgescu-Rocgen. a produção e o consumo são vistos como um bem. dos reservatórios de matérias-primas e de objetos não econômicos. Essa ideia de que a produção e o consumo são coisas más. aí incluido o estado dos corpos e mentes humanos inseridos no sistema. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL A mais aguda formulação da incompatibilidade entre capitalismo e susten- tabilidade provém das teses de dois economistas.o que importa e' minimizar o througbput. Se houver infinitos reservatórios a partir dos quais se possa obter material e em direção aos quais se possam lançar efluentes. é estranha aos economistas. a taxa de transferência (througbput) é em hipótese alguma um desideramm. a extensão.tpercman economy o que está primariamente em jogo é a manutenção do estoque. e afortiori por uma economia fundada no paradigma da expansão. na rpueman economy. mas a natureza. numa taxa qualquer. e o sucesso de uma economia é medido pela taxa de transferência (tbroughput) operada a partir dos "fatores de produção”. o que significa minimizar tanto a produção quanto o consumo. o consumo e a produção são vistos positi- vamente. a qualidade e a complexidade do estoque total de capital. A medida essencial de sucesso dessa economia não e a pro- dução e o consumo. Boul- ding. O Produto Nacional Bruto (PNB) é uma medida aproximada dessa transferência total. Mas o pensamento humano não é binário. Ele añrma que a impossibilidade . rupturas comerciais e possíveis gargalos devidos ao uso insustentável dos recursos naturais e serviços prestados pelo meio ambiente. O planeta em que vivem os economistas da OCDE ainda é aquele reino encan- tado no qual as projeções econômicas podiam-se permitir ignorar os "possiveis gargalos” ambientais. um dado e não um pro- blema. numerosos outros Fatores [além da eventualidade de um período prolongado de demanda deficiente] são também ignorados. mas também pelo teorema da impossibilidade de Herman Daly. que mesmo os mais preparados estudiosos dos vínculos entre crise ambiental e atividade econômica apegam-se ao oximoro de um “capitalismo sustentável". Mas para que esse cenário se mostre benigna. . A ILUSÃO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL Não apenas através das teses de Georgescu-Roegen e Boulding. para as projeções econômicas. É tal o poder hipnótico desse mantra. formulado há mais de 20 anos. no final da Introdução. o de que o meio ambiente é apenas um fator de produção relativamente abundante e em equilíbrio. na teoria econômica. demonstra-se a insusrentabilidade constitutiva do capitalismo. Etpour cause. e a inviabilidade da experiência socialista do seculo XX não implica ípsqfzcto a viabilidade do capitalismo. as- segura que "o cenário de longo prazo Fornece uma visão relativamente benigna da economia global". os fatores que está ignorando nessa projeção”: Na realidade. Reconhece-los hoje não já como “possiveis” mas como inevitáveis obrigaria esses economistas a rever o pressuposto em que se assenta seu saber. publicado sob a responsabilidade de seu secretário-geral. portanto.óbvia. Conclusão O que retarda urna mais ampla acolhida a esse conjunto de reflexões não se deve a argumentos em favor do capitalismo. inclusive a possibilidade de default: desordenados dos débitos. mas ao mantra da ausência de al- ternativas a ele. o relatório menciona. O relatório de 2012 da OCDE intitulado Looking to 2060: Longvtenn global growtbpraspects. posição equivalente às impossibilidades fundamentais na física”. qual seja. mas nem por isso aceita em suas conse- quências de uma economia baseada na reprodução ampliada do capital em um meio ambiente limitado ocupa. S CF. se o tivessem. Horand Knaup. Bernard. p. pp. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL Em resumo. 8 CE Giannetti (2013. Cl. por exemplo. Stem 6( Calderón (2014. 3 Citado por Alexanderlung. não mais dis- poriam de força para tanto.manda leme. antes de mais nada. Notas 12. renunciar ao fascínio do consumismo e à antiquissima constante psicológica: mais excedente mais segurança. p. Tournadre (l7/Xl/2014).1 0 mercado capitalista não e' bomeostdtico Embora o conceito de homoosrase seja muito posterior a Adam Smith. 25/11/20¡ 5. CE Tertrais (2006. Spiegel Online International. 12. p. 6/XiI/2007 (em rede). mas não sua conservação. assim. pode-se considerar que sua teoria do equilibrio dinâmico de mercado opere com use conceito . o capitalismo não é um sistema socioeconômico ambientalmente sustentável. 52-54). "Sternz Climate Chang: a 'market failure". Ci'. para fundar a ciência biológica experimental. o que pressupõe. 29/Xi/ 2014. porque os Estados-Corporações em fase de emergência não têm interesse em confrontar as corporações e. na melhor das hipóteses. que se refere “à fe de Adam Smith nas propriedades homeosrãticns de uma economia dc mercado perfeitamente competitiva”. no qual o Estado e a sociedade civil tivessem peso suficiente para contrabalançar as forças cegas do mercado. 2 Cf. "Warming world: is capi- talism destroying our planet". 6 Ci'. mas é preciso. de otimizar a relação custo/ benefício na alocação de recursos. Inmducrinn Mud: de Lx milícia: cxpárimmtal: (l 865): 'A ciencia antiga pode conce- ber apenas o meio externo. "a 'mão invisivel' de Adam Smith nunca é a que paga a conta"? O capitalismo talvez pudesse se aproximar da sustentabilidade se sua regu- lação fosse conduzida por um mecanismo misto. Recai. Samiha Shafy Bemhard Zand. pois o mercado é capaz. Benjamin. É ainda uma incógnita se será capaz de se atri: buir essa tarefa. 117). A. 70). TG'. conceber também . A ilusão de um capitalismo sustentável l Cf. Pascal Lamy em Ciallengn. sobre os ombros da sociedade civil a tarefa imensa de confronta-las. se o estabelecimento de marcos regulatórios capazes de trazê-lo de volta àsustentabilidade forem deixados ao encargo do mercado. matéria do próximo capítulo. Corno bem resume a fórmula de Kim Stanley Robinson. Brown (1988. Veja-se. Tal não é mais o caso. S9). - 27 Towards :b: Cireularicmwnry. 32 Cf. urgência do outro".S51). p. Friedrich Engels. . 1983. "Circular economy oEers busincsl transformation and 31m of savings". iS/Xll/ 2012. S. ix-xiv. 16 Cí. 17 Citado po: MngdoEBL Bellamy Faster (2011.abtea. 2. por exemplo (httpz//wwwyoutubecom/watch?v=E2HFbjGQyZ86zÍe¡ture== relaned>. 10 CF. Centre for Responsible Politics. 34 Cf. p. p. pp. 3. l!. Veiga (7. Oeuvres camplém. 171a Business Case/br Sustainabiliy. TG. Étuder ¡Hmoire ztdePbiloropbie de: suma (1968). Canguilhem. 77x tap exmmlities ofbusiness. citado por Fred Madgdoñ'. 21 Estimativa proposta pela Carbon Tracker lninkrioe dmupz//wwvnzcarbontraekenorg/news/elimaee-traekers- climate-maths-ñnds-ics-way-to-cop18?> 22 A cam pode ser consultada em rede. declaram-se sua crença progxamãtiea: 'na livre empresa privada e na imposif de limites estrito: ao poder do governo". "No discurso é mais fácil'. Tb: '-' off. M. Daniel M.com. O mesmo dossiê sobre obesidade foi publicado em portugués pela revista Capim¡ de ZGIXII/ZOIZ. :tem: and Biodiversity (Teeb). i9 CE "Food for thought". Exame.pp. 507. 12. Paris. p. de um lado. Mission Isnpossihleí'. Giannetu' (2013. 2013. 9o). 'Un plan de sauvetege pour le marché carbone eurupéenÍ LM. 35 Cf. 2012 (ambos em rede). 14s. Jo Conñno. por Pavan Sulrhclewncf. 29 Cf. vol. _.S45-l. 12 Cí. 13 Cf. Friedman declarou que seus nrtigos "yGHIISBCCCÂII atuais e relevantes'. in ' J' ' ' andErrmprireeinvex-wnçóes disponiveis no YouTube. 1045-10 S). 94). Ionnnou B( ° feim (201 l). 14 CF. l. TG'. Vrin. 30 Cñ Heínberg (2007). Fu' 'i'm J 'ÍNm *Revieun ' J” '_ " LibertyPrsts. 33 Citado por W. S/III/ZIJH. "Théorie et technique de Yexpérimentation chez Claude Bernard". a revista New ladiuldualist Review. 2 À/Íilton e moral corporativa 15 CÍ. 'Arbeseos Mag-rare to Environmental Guru: the morphing of Stephan Sclunlehelny". I. 18 Fundada por Ralph Raica. 31 Sobre o conceito e a mensuração do valor económico da natureza. Ao escrever a Introdução do reprlnt dessa revista em 198 l. Volume 3 Aceeleraring the . Laurence Caramel. "Making globalization mor-AR'. IFC. "The Par( Played by Labóur ln the Transition from Ape to Man" (1876). Berman B: Adrian KnoepHí. pp. entre outros. 20 "Searching for Socially l¡ r 'l' Inwstments. ?be Economist. “Ecological Cív" 'zationÍ Montbb' Review. 26 Cf. 62. 28 Cí. p. 1000 <https/lwww. 97). "Comple idade. 85. 2011.3 Seis aspectos da impossibilidade de um capitalismo sustentável 23 Ci'.rule-up amssglobd supply (heim. p. A ILUSÃO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL um meio interno. 2003. 12. Natan!! Capital Risk. l98l. and "' '. pp. 26/1/2014. pp. Novaes. Tmnsnaxiomrl Corporativa. Uma publíagia da .pdf>. Fayard. Resende (2013. No editorial do primeiro número. Hirsch. OPCHSCCICISJJIS.013. O estudo foi elebotado por encomend do The Eeonomi ofE. Ajournul ofClarsiul Liberal ?bought foi publicada entre 1961-1968. W120) 3. Paris. La Convivialite (1973 e 1975). p. 451-580. p.l›r/Danberrnaneng. . Trucost.Ellen Mautrthnr Foundzríon. 20. 91. 15/VI/20¡ 2. Georgescu-Rnegen (1979/ 2012. 24 Cíjõstrom & Óstblom (2010. " " J' 'J CF. Z/Vll/ZOIS. com dedos do Senate 05a: of Public Records <http://wwvmopensecreuorg/lobby/indusdiennphp?id:1301&year=2009›. Lucas Rossi. 1l CF. 2011. OESP. Creio ter sido o primeiro exprimir duramente essa ideia". 87-93. Geargescu-Roegen (1979/1012. 25 Cf. 24/1/2014. Citado por G. 87). Eccles. p. 72). p. til como proposto. Suzanne Goldenberg. 12.C. o argumento do Moody's para justificar o socorro aos bancos com recursos públicos era “o maior risco de choques ulteriores provenientes da crise do débito na irea do euro. de Portugal. ele voltou a comprar. 17.com/Pages/Bankkatingsaspx>. Sold Out'. GAO-l 1-696. "Work ofprominent climate change dcnier was funded by energy Nzwgzl /11/2015¡ industry".com/20l 1/ 12/ l7/no-bail-out-for-the-planet/>. Mark Bowen. S Entre maio de 2010 e março de 201 l. 25/11/2015. D. 'Climate Expert Says Nasa Tried to Silence Him". U. Senator Bernard Sanders (LVL). o BCE comprou 66 bilhões de euros dos banqueiros e de outros in- D vestidores. "Global V/arming and Political In- rimidation'. 3 CE Andrew C. 11/2012. "Milton Friedman-was wrong about Corporate Social ResponsabilityÍ HufPurt. Z5/Xl1/1012. Tails We Lose. 27/ X1/ 201 1: 'O montante de dinheiro que o Banco Central dispensou [aos bancos privados] em parcelas foi uma surpresa mesmo para Gary Hr Stern. B.4 A regulaçãopor um mecanismo misto 44 Cí. 42 Citado por Suzanne Goldenberg. "Billiomires Seeretly Funded Vasr Climane Denial Network”.. Oreslres s: Conway (2010/ 2012). 4 Cf. 'Documents reveal Fingcrprints on Contrariar¡ Climate Research'. 4 Em junho de 2012. diretora do Financial Market: and Community Investment do GAO.. o qual declarou 'não estar a par de tal magnitude'. 4a cr.monbior. G. 12/Vl/2012. Se se acrescentaram a isso garantias e limites de crédito. Washington. Veja-se <http://www. Isso :pequena os conhecidos 700 bilhões de dólares do Troubled Asset Relief Program.S. Bmlle(l9/X1/2013). cujas avaliações incorporam apoios do governo alemão e/ nu de varias regiões ou municipalidade: alemãs". 26. "Jamie Dimon Is Not Alone". but so hard to save the biosphere i". 21/11/2015. Opportunities exist to Strengthen Policies and Processes for Man- aging Emergency Assistance'. a 42. Keoun B( P. "Report to CMIgMSSÍIIIIlÍÁÃdTCHCGJ. 47 Cf. “No strings". Em ZS de julho. 15/11/2013. _ 40 Cí 'Heads They Win. ax Bloomberg. 29/1/1006. 3 Cí. 45 Cf. NYT. Wenonah Hauter. Bradeley. How Corporations Corrupt Science a: Lhe Publicb Expense”. Dumm. do Departamento do Tesouro. Agradeço a Dra. presidente do Federal Reserve Bank de Minne- apolis de 1985 a 2009. o Mod- dy? declara que: "No caso da Alemanha. 6/V1/2012. 6/X11/2012. ou Tarp [Programa de Alívio dos Ativos em Dih- euldade). Revlcin. por me ter gentilmente transmitido esse documento. "List ofcountries by public debt". 17/ 12/2011 <hrrp://w-unv. Ivry¡ B.011. da Espanha e da 11:11h. 2008. Other 144mb. "Lands of the free 1'. Não satisfeitos com essa operação de resgate. os bancos apro- veitaram para comprar mais titulos podres no mercado secundário. jam:: Harum and the 'of Global ¡Vanning Nova Kirk. 4 CE David Hasemyer. Inside Climate r. CAPITALISMO E COLAPSO AMBIENTAL 36 Declaração publicada em 1970 noNYT Megazine e citada put John Friedman. combinado com :limitada capacidad: dos bancos de absorver perdas”. . "Secret Fed Loans Gave Banks $ 13 Billion Undiaelosed to Congress'. Rachaeljolley. Monbiot. sobre os depósitos ou sobre as obrigações de débito ga- rantidas a longo termo de 17 grupos bancários alemãs e de várias aubsidiarias. Apenas em agosto de 2011. Thomson Shore. Cemoring Science: Inside the Political Anac/e un Dr. United States Government Accountability Office. Raymond S. 36 bilhões de euros de titulos da divida pública da Grécia.pdf>. a mudança atual de perspectiva em sentido negativo afeta as avaliações (ruríngs) sobre o debito a longo termo. TG.: ñkgmpb. sempre no mercado secundário c a um preço muito superior ao negociado nesse mercado. 49 Cf. Union of Canctmed Sdentixrx. \aaexl 3 CF. V11/2011. Veja-se <httpz//wwucgaogov/produers/ GAO-l 1-696>. Kuna. Central Intelligence Agency Tb: ?Var/d Fartbool 2012. Editorial da Nature.moo- dys. "No Bail-Out for the Planef: Why is it so easy :o save the banks. da Irlanda. 7. o FED [Federal Reserve Bank] compromebeu 7 trilhões e 770 bilhões de dólares até março de 2009 para resgatar o sistema Financeiro. NS. Veja-se <http:Í/wsvwsanderssenategov/imo/media/doc/Oá1212Din1on1sNotAlonc. p. Orice Williams Brown.5% de seu valor de face (valor de . mais da metade de tudo o que se produziu nos EUA naquele ano' (em rede). Mother jones. 518. 12/1V/2014. 'University Research. (WMT) Stock Analysis 2013. Nietzsche discorre sobre os tres sentidos em que a história! necessaria para o homem que vive seu próprio tempo: como ser ativo que tem aspirações (história monumental). 2500/1011. 2' ed. Cf. just five year¡ after Obamis Nobel Peace Prize". p. 2. o Estado. 69 Cf. 'A Paris. 'lhe Institute For Food and Development Policy. em especial o relatório: "Global superrich has at least 321 trillion hidden in secret m havens". Global Trends (em rede). Earthscan. 5-23 Cf. p. T. @Oi Cf. Entrevista concedida ao CADTM. em seu projeto social-democrata. 11/ X/201 l. 29/1V/20 1 3. Dossiê 10-. Malnight. FMI <littpzl/www.pdf› Cf. pp. não deteve apenas dejure o monopólio da violencia. 34).5 Plutosfem: O maior n/_uel de desigualdade da história humana 70 Cf. Wal-Mart Stores inc. la pollution équivaut s du tabagisme passif". Kuznick (2012. ALE. World Ermgy Outlook 20/0: "Os subsídios ao consumo de combustiveis fósseis montaram a 312 S bilhões de dólares' <http z/lwwwJea. de 1 874. 7391730472 Freedom Foundation. A Financial History afrbe Mrld. Cí. 79. e revende-los ao BCE a 80% desse valor. 23/X/2014. 'lhe Influence ofthe World's Largest 100 Economic Entities". 1998. pp. 70. 2017. l/ 111/ 2013. Eric Toussainr. "Projected US nuclat Weapons spending hits 31 Tríllion. Gabriel Zucman "Taxlng across Border:: Tracking Personal Wealth and Corporate Prañtsíjaumalrzj' Economic Perspectives. Ferguson. ñdele servirem des interets privés". "La BCE. veja-se: 'No Time to Waste: 'The Urgent Need for Transparency in l-'ossil Fuel Subsidies". LM. menor sucessivamente). segunda de suas "Considerações intempesúvas' (Unzeitgnnirxe Betmchtwagen). Audrey Garric. Penguin Press. 'Army says no to more tanks. <hrrp :// wwwxaxjusticenet/ erns/ upload/pdf/ The_Price_of_Offshore_Revisired_Presse1-_ 1 20722. "G20 faiJs to curb fossil fuels. 12. IV/20l3. LMdB. Taxjustice Network. Vi1/V111/2012. 16/X/2008. Higgs. Veja-se o "discurso de despedida a nação' (fumar/J address ra the nation) proferido em 18 de janeiro de S? 1961. 22/V11/20l2. Cf. Gang/btus. _f Cf. The drum afManey. CF. Xadrez Verbal. Suhsidies rise to $470bn despite' deal to phase them out".rarjustiee. 288-289). 213 Veja-se 'O universo em expansão do mundo das ñnanças". Landrin 5( L. 73 Cí'. TG. LM. Bertrand díkrmagnac. revista. In: R. "Corporate Clout. (A0 . p. "Les moteurs diesel. DailyMailutuá. \JILII um Em 'Da utilidade e do dano dahistória para a vida' ('Vom Nutzen und Nachteil der Historic Für Leben").imfÍorg/external/pubs/ft/survey/so/ZOI2/res092712ls. N. Settis (2002).net/cms/fmnt_content. .. Van Eeckhout. Foi também fiador dessas "utilidades" (Natan) da história a que se refere Nietzsche. Cl'. “Quem manda no mundo". Citado pelo jornal L4 Tribune. Carbon Visuais <http:l/www. p.org/Textbase/npsum/weozol 0sum.phpíideatartádclang: l>. 2014. 22-23. Delrono (2002). Nova York. TaxJustice Network <http://www. znos. c pelo verbete 'Paradis ñstzlída Wikipedia.hrni›. Londres. 71 cr. Stone. ¡trrorinred Press. 1995. OilCbnnge International: 'As iiguras abaixo fornecem estimativas de vários grupos de subsidio: que vão de ao menos 775 bilhões de dólares a talvez um trilhio de dólares ou mais em 2012" <htrp://priceofoiLorg/wp-contenr/uploads/ZO]2/0$/1TF$FlN. 16/ 1X/201 1. Conway Gt Oreskes (2014. but Congress insista". 'World War li and the Militaryvlndustrial-Congressional Complex". A declaração de Joseph Srhlatmann e citada e analisada por Mario Sergio Conti.pdf›. 22/ IX/ 201 4.148. A ILUSÃO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL 8 de agosto de 2011 e ainda. a. entre subventions et dangerosiré'. 4.suíifíâ Ci. TaxjusticeNrlu/ork. Richard Lardner. Para avaliações entre 775 bilhões e l trilhão de dólares em 2012. 28. "Adeus as ilhas'. CE S. Ci'. ' Ci'. MrIdHungn 12 Mytbr. Entre justamente os anos de Nietzsche e o final do século XX. 2B/V/2013. 38. Vide <htepd/wvrwusdebtcloelçorg/indeanhtml›.carbonvisualscom/work/do-the-math-ruppotting-a-SSO-dot-org-tour›. Keys 6( Th. pp. 121.pdf>. 72 Cl'. 67 CE 'Existe sueateamento do orçamento militar brasileiro E'. como ser que preserva e venen (história antiquária) e como ser que sofre e tem necessidade de libertação (história crítica). Dumont (1973. Larouche (zona/zum.rtide/info963Adoi962Fl0. ss cr. Economic Políq Review. p. p.pdf› ). Science News. social r cultural reorienmndo oIH' da. de resto. La Drum-m¡ :Entra- pía. Tipieammtr. (em rede). 20). "Por um novo mundo sem capitalismo". Vickery. CAPITALISMO COLAPSO AMBIENTAL 74 CF.1371962 Fjournalpune.plosone. 89 Michael Lõwy. 22-18/XI/ 2014. Mark Thoma. Kemp( (2009). "How To (Maybe) End Too Big to Fail'. Guattarl (1989/2013. B. Avraham. p.720 no Japão: l 1. parece compreender mal o conoeiw de dectescimenro quando afirma 'o conceito de decrescimento é um conceito quantitativo'.560 na America do Norte. . VIl/ 2017. 417). Êln . que gerou o documento Degmar/tb Declaration in Eai-calou. P. 19. 'A Structunl View of U. Em 2009. 16-20. p. p. Z4/IX/Z0l 1. 18.510 no Reino Unido: (1. de 2010. 75 Cf.1 A¡ crises global: são geradas pela operação e pela estrutura do sistema global. Os dois relatórios da Oxfam International são: Pñrhingfor tbefêw (2014) e Wultb: Havingitnllmd waiting more (2015). 'Band ofbrothers'.org/a. Monthly Review. París. Os quatro documentos encontram-se na rede.496 da r ' . 7B Cl. "Financial world dominated by a few deep poekets”.mir rapidamente do ' a'. A forma social desse sistema global é o capitalismo neoliberal [. 9): 'Não haverá verdadeira resposta à crise ecológica a não ser em :sala pla- netária e com ncondláo de que se opere um autêntica revolução política. a distribuição geográfica dos UHNWI: 69. Simon and Shustet. 56-59).002599S>. R. Carauímigas.070 na China. introdução): "Crises globais não podem ser solueionadas pelas costumeira¡ reformas politicas menor:: ou mesmo maiores . Dupuy (2002. E2 Cl'. estimada pela International Labor Organizado em 3 bilhões l.S. In: Bourg Er Fragniete (2014. 1h: Erannmirt. Eidgmõssische 'lechnische Hochschule Ziirith (ETH) <htrp://www. 77. pp. Revue Mude er politique de la demoraria.. D. os representantes mais inteligentes do r ' "smo ' publicamente que estão nos levando a uma próxima catástrofe: e preciso portanto buscar como .] É impossivel entender essas tendências a crises sem levar em consideração os contornos estruturais do mpitalismo como uma fundamental relação de produção". 88 Cf. Etapas importantes na formação desse novo paradipm foram o 1 Congresso Internacional Eronomlt-De-Grnu/tbjrã elogia! Smuínability andSodal Equity. En- trevista concedida a Any Nabuco. S. 8): 'Pela primeira ve¡ na história. 7.eu/degrowthconference/appel/Degrowth9620 Conferencc9620-'l620P teedings. "ldebens "e' "". Glattfelder 8: S. um UHNWI mantém relações com outros sete UHNWIs. an cem maiores dentre elas empregavam 13. isto é. 180. p. 9o Cf. 2008 (Atas em (http:/levents. B3 Cf. Selvtggl Br). Éanlt Holding Companies".. Battisron. 12. ES Cl'. 132). apenas 0.014. B7 Além dos aurora citados.5 milhões de pessoas. por exemplo. 62. 77 Eis.' mundial nomicamente ativa. 201 l. B4 CE Ahmed (2010.095 na Alemanha. 91 cr. Bcllamy Foster (201 l). segundo a ?Width-Xvid UBS World' Ultra ¡Vcdlrb Report 2014. 2. Cl'. Putin? Klepmc- mty: ?WM owns Rmsíañ Nova Yotlt. 79 Cf.. 2014. 14. [dm (2014. (11. inñnitanuznte desproporcional a sua função social de geração de emprego. 'Capitalism and Degrowth: An lmpo 'L 'líty Theorcm'. Resenha de Karen Dawisha. e o i1 Congresso. Vimlhj.¡t-sudparls. vejam-se os ensaios reunidos nas ' tasLA Deaoimnre. 76 Cí 177: CréditSuisre Gleba¡ Wêalth Report 2013: ¡Kaká-Xana! UBS War/J Ultra PVulrb Report 2014. 2S/Il/20l3. p. 13 <hrrp :/ / wwwsciencenewsnryvíew/generic/ id/ 333389/ tirle/ Financial_world_dominared_by_a_ few_deep_pocltets >. p. e zio milhões de potenciais trabalhadores. 21 l. . Ehrenberg. 6 "O decrercimento não o simétrico do crescimento” 81 Veja-se também Foster. 7h: ^ Etanomistfc View. BO O poder dessas corporações e.mas apenas por uma drástica nñgu :eia do proprio serrana. "The Network of Global Corporate Control". 'Looking to 2060: Long-term global growth prospcccs". 93 Eis o signíñcado das metáforas de cowboy ttanomy c de . p. OECD Economic' Palley Papers. c na qual. O eaubóí é o símbolo das pradarias ilimitada c também associado um comportamento (anuário. Asajohansson e! ai. 93). A ILUSÃO DE UM CAPITALISMO SUSTENTÁVEL 92 Cf. capítulo I.pacmmn emnomj: "Por amor ao pitoresco. Citado por Naomi Orcskes. Klein (2014). An Impossibility Theorem' (1990). 96 "The invisible hand ncvcr pick: up the check'.. 95 Cf. MIT Press. 1993. In: H. seja em termos de poluição.. 2012. 9 (em rede): grifos meus. ln: Conway B( Oreskcs (2014. sou tentado chamar a economia aberta um¡ economy. Vnluing the Emb. Herman E. grifos meus. Erology. 267. por inc. 3. scjacm termos de extração. por sua vez. explorador. p. p. Daly. na qual Terra tornou-se um¡ espaçonave.. sem reserva: ¡li- míradu dc nula. romântico e violento. ser chamada a economia de astronauta (spacrman economy). Ether.. Townsend (on-gs). N. o homem deve encontrar seu lugar num sistema cíclico ecológico 94 Cf. “Sustainable Growth. .Econnmm. A economia estritamente fechada do futuro pode. característico das sociedades abems. Daly 6: K.
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