Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 7 a 11 de maio de 2012AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO Mara Luciane da Silva Furghestti1 RESUMO: Este texto integra uma pesquisa de mestrado, vinculada ao Programa do Observatório da Educação/CAPES/MEC em andamento nas escolas públicas da região sul de Santa Catarina, microrregião da Associação dos Municípios da Região da Laguna (AMUREL), tem como objetivo conhecer as práticas pedagógicas realizadas nas três primeiras séries do ensino fundamental e analisar se elas possibilitam o processo de alfabetização com letramento. Os instrumentos de coleta de dados foram observações das práticas pedagógicas e das atividades realizadas na rotina das salas de aula do bloco alfabetizador e entrevistas com as professoras. O referencial teórico inclui autores como Soares, Kleiman e Tfouni, que discutem questões relacionadas a alfabetização e ao letramento, como também, Saviani e Vasconcellos sobre escola e prática pedagógica. A perspectiva teórico-metodológica materialista histórico-dialética orienta esta pesquisa. O processo desenvolvido até o momento evidenciou que a prática da alfabetização é bastante complexa para assegurar a alfabetização com letramento. PALAVRAS-CHAVE: Prática Pedagógica; Alfabetização; Letramento; Bloco Alfabetizador. Considerações introdutórias O conteúdo deste texto é resultado preliminar da pesquisa que venho desenvolvendo no mestrado em Educação da UNISUL e está vinculada ao Programa Observatório da Educação/CAPES/INEP, através do projeto “Alfabetização com letramento: a formação inicial e continuada e trabalho docente nas escolas da rede pública da região sul de Santa Catarina”, aprovado pelo Edital nº 38/2010. O objetivo é compreender os processos de alfabetização e letramento no âmbito da formação e do trabalho docente nas redes estaduais e municipais desta microrregião. Estão envolvidas na investigação seis escolas públicas pertencentes aos municípios da AMUREL, cujos critérios de escolha foram os resultados do IDEB 2009 de cada escola. Todas as pesquisas são realizadas a partir de três eixos norteadores: a formação inicial e continuada dos professores alfabetizadores; as práticas de alfabetização; e a proposta pedagógica da escola em relação à alfabetização. Integrado a este projeto, o meu objeto de estudo está vinculado ao eixo “práticas de alfabetização” que estão sendo realizadas nas escolas, e tem como tema: As práticas pedagógicas alfabetizadoras realizadas nas três primeiras séries do ensino fundamental nas escolas da rede pública da região sul de Santa Catarina (AMUREL). A partir destas considerações, o objetivo deste trabalho é apresentar o processo metodológico da pesquisa que venho desenvolvendo, com vistas a perceber como este processo se efetiva desde a definição do tema e elaboração do projeto até o final da ida a campo para coleta de dados. Apresento uma visão geral da pesquisa, em relação ao projeto maior, elucidando sua justificativa, os objetivos definidos para sua realização, a abordagem teórico-metodológica que norteará o estudo, o contexto e os sujeitos envolvidos, os procedimentos utilizados para coleta dados e além de alguns conceitos tomados como referência para efeito dessa pesquisa. Saber ler e escrever com eficiência é essencial para viver numa sociedade letrada, mas saber usar estes conhecimentos nas diferentes práticas sociais e nas relações entre os sujeitos são questões fundamentais que envolvem o processo de ensino e aprendizagem. 1 Mestranda e bolsista da CAPES/INEP/Observatório da Educação do Programa de Pós-Graduação – Mestrado em Educação, da Universidade do Sul de Santa Catarina/ UNISUL, Tubarão, SC. 1 e concomitantemente. assim. por mais que diversifiquem suas práticas. deve estar voltada a favorecer a formação humana. ao integrar o grupo de estudos e pesquisas sobre alfabetização e letramento. A educação é um dos requisitos mais importantes para a construção de uma sociedade democrática. vinculado ao projeto de pesquisa aprovado no Programa do Observatório da Educação. justa e socialmente desenvolvida. tanto por parte dos professores como dos alunos e seus familiares. Os professores das séries iniciais. entre eles as práticas pedagógicas que são desenvolvidas no diaa-dia da sala de aula e nos espaços onde há interação. assim como. pensando.Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina. Também percebemos o quanto é necessário. mas todos os educadores envolvidos com o trabalho escolar. As oportunidades educacionais tornam-se uma situação desafiadora. Às vezes. todos os profissionais da educação. por meio de uma aprendizagem que o conduza aprender a pensar e agir frente ao mundo determinado pela transformação tecnológica e capitalista. precisam garantir a todas as crianças a condição de se apropriem da alfabetização e do letramento efetivamente nas séries iniciais do ensino fundamental. tem-se a impressão que contribuímos para que as mesmas passem toda a vida escolar como analfabetos funcionais. com demandas diferenciadas e que se alteram em um dinamismo quase invencível de uma sociedade em constante mudança. usam novas estratégias. perpetuando. O Brasil. não somente o professor. hoje 1ª. e também como uma das condições de superar as dificuldades que acentuam o distanciamento entre as classes sociais. propõem atividades diferentes. debates. No intuito de contribuir na promoção do acesso ao conhecimento. investigações. trocas. ainda se deparam ao final deste bloco. de 7 a 11 de maio de 2012 As origens deste estudo Esta pesquisa teve origem a partir do ingresso no mestrado em educação. Campus de Tubarão Tubarão. voltada para atender as necessidades sociais e educativas. compreenderem de fato o processo de alfabetizar letrando para avançarmos na sua real efetivação. que interfere diretamente na vida dos mais pobres. Ao longo da vida profissional. que estas saiam da escola no final do ensino fundamental ou do médio. Esta situação gera um desconforto total. com alunos não alfabetizados. e ao mesmo tempo preocupante. que promove encontros. vivenciamos suas angústias e seus desafios. questionamentos no sentido de buscar refletir vários temas. como educadora de escola pública. país emergente. que vivem a margem do processo de inclusão social. não é tarefa fácil. A relevância do estudo no grupo de pesquisa associado as aulas do mestrado abre espaço para apropriação e socialização do conhecimento e sua articulação com a realidade uma vez que a universidade possibilita pesquisar e refletir estas práticas. especialmente aqueles que trabalham com as turmas de alfabetização. assim como o seu sistema educacional. os sucessos do cotidiano no processo de alfabetizar. 2ª e 3ª série. é marcado pelas desigualdades sociais e econômicas. o processo de exclusão social. Assim as pessoas buscam formação. o conhecimento torna-se o alicerce necessário para inserir e manter os indivíduos no meio social e no mercado de trabalho. o desenvolvimento das potencialidades do sujeito. professores e técnicos. com precárias condições de conhecimento e/ou de fazer uso da leitura e da escrita e ingressam no mercado de trabalho. a apropriação do conhecimento elaborado. ensino e aprendizagem na escola. quando não. Na atual sociedade. Educar nesta realidade. coordenando e assessorando a prática pedagógica junto aos professores das séries iniciais e a aprendizagem das crianças. uma vez que saber ler e escrever e usar essas habilidades em práticas 2 . Políticas e programas estão sendo determinados pelo Ministério da Educação (MEC) no sentido de contribuir na e para a educação escolar. De acordo com a divulgação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). a proposta sócio-histórica que ganhou força na década de 1990. o processo de ensino e aprendizagem envolvendo a leitura e a escrita tenha mais êxito. a inserção na cultura letrada para o acesso ao conhecimento e possibilidades de inserção social. Os professores devem articular e ampliar as experiências vividas pelas crianças por meio de novos conhecimentos através de práticas pedagógicas alfabetizadoras que oportunize as mesmas. Uma das funções da escola é assegurar aos alunos a apropriação dos conhecimentos de forma organizada e sistematizada. isto significa 14. No estado de Santa Catarina a taxa de analfabetos é 5. se apropriar do conhecimento. essa problemática continua presente. associado a este. concluiu que a taxa de analfabetismo no país é 9. considera-se “analfabeto a pessoa que não sabe ler e escrever um bilhete simples”. Outra medida foi a proposta de continuidade dos estudos para a 1ª e 2ª série do bloco alfabetizador do ensino fundamental de nove anos. problemas de formação dos docentes. possibilitando que por meio de novas posturas e práticas pedagógicas. possibilitando ao indivíduo tornar-se cidadão consciente da sociedade. de metodologia e práticas pedagógicas e de condições de trabalho no contexto escolar. e “analfabeto funcional a pessoa com mais de 15 anos e com menos de quatro anos de estudos completos”. isto é.3%. com ingresso das crianças aos seis anos de idade. Muito se tem falado sobre a inserção das pessoas na sociedade letrada.1 milhões de pessoas. e mais recentemente. Nesta. Também o Programa Pró-Letramento . que consiste num programa de formação continuada para os professores das séries iniciais do ensino fundamental visando à melhoria da qualidade da educação. Tais problemas apresentam-se com maior incidência nas classes sociais menos favorecidas da sociedade.Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina. e os analfabetos funcionais são 20. com ações e práticas pedagógicas que oportunize a todos. Os problemas da educação brasileira aparecem nas estatísticas. com altos índices de analfabetismo.6%. definida pela Lei nº 11. a concepção construtivista. Falar sobre educação. jovens e adultos. com o objetivo de possibilitar o acesso e a permanência do aluno no sistema escolar. de 7 a 11 de maio de 2012 sociais constituiu-se um instrumento de poder e ascensão social. é urgente e necessário elevarmos os índices de alfabetização com letramento no Brasil. tem sido motivo de estudo e propostas para vencer os obstáculos que dificultam efetivamente. crianças. especialmente as discussões sobre a alfabetização e letramento. Ainda que medidas estejam sendo tomadas no sentido de diminuir o índice de analfabetismo.274. afirmado no Parecer nº 4 /2008 e definido no artigo 30 da Resolução nº 7 de 14/12/2010 do MEC/CNE/CEB em âmbito nacional. uma parcela da população.7% da população. Os estudos e as pesquisas sobre as práticas de alfabetização tradicionais. Estas ações precisam ser pautadas em políticas públicas que promovam a educação democrática e de qualidade social para todos. de 06/02/2006. Campus de Tubarão Tubarão. Uma das propostas foi a ampliação do ensino fundamental para nove anos. a discussão sobre letramento que coloca em evidência a necessidade de inserir a criança em práticas sociais de leitura e escrita. ainda não estão sendo suficientes para solucionar o analfabetismo. compreende-se então que esta pessoa lê e escreve algo. evitando a reprovação. e também assegurar a apropriação do conhecimento que compreende a alfabetização com letramento. ainda fortemente relacionados à precariedade na leitura e na escrita. ler e escrever com qualidade. fazer uso desses 3 .Mobilização pela Qualidade da Educação. não faz uso da leitura e da escrita em práticas sociais de forma adequada. A partir deste âmbito. mas não interpreta corretamente as informações. a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) (2009). acrescentando um ano a mais na fase de alfabetização. 47) “alfabetizar e letrar são duas ações distintas. segundo Soares (2010. Campus de Tubarão Tubarão.Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina. específico: processo de aquisição do código escrito. refere-se ao processo de ensino e de aprendizagem que se constitui no espaço escolar. 2010. as escolas públicas mesmo seguindo a proposta de continuidade nas séries do bloco alfabetizador.. como também em fracassos no percurso do aluno durante sua escolarização. mediados pela realidade. das habilidades de leitura e escrita. aprendem conviver em sociedade e quando ingressam no ensino escolar conseguem interagir oralmente com autonomia. espaço físico onde há interação entre professores e alunos.. As crianças embora vivendo numa sociedade grafocêntrica. Desse modo. embalagens de brinquedos e jogos. precisam de um processo de ensino sistematizado para aprender a ler e escrever. o Programa Pró-Letramento (BRASIL. resulte em efetiva aprendizagem. A sala de aula é o centro do acontecimento da educação escolar. 14) ressalta: Sabe-se. mais precisamente as ações desenvolvidas na sala de aula. Enquanto compreende-se por letramento “o resultado da ação de ensinar ou de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita.] alfabetização em seu sentido próprio. para que ao longo do processo emancipem-se como cidadãos. placas. comprometendo a continuidade dos estudos das mesmas. em virtude das medidas governamentais estabelecidas.. as ações que ocorrem dentro da escola devem possibilitar sua compreensão de tal modo por parte do aluno. 12): Por sala de aula estamos compreendendo qualquer espaço físico onde haja interação direta entre professor-alunos. não estão assegurando que a não reprovação. pois garantir o acesso à leitura e à escrita é um direito de cidadania. transmite e recebe afetos e valores. um imenso universo onde símbolos escritos são encontrados em diferentes suportes. pois a formação básica do educando se dá neste espaço de interação entre os sujeitos. p.. p. 2008. Em relação à escrita e a leitura este processo de apropriação e autonomia é diferente. 18). ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita [. Atualmente. mas as crianças desde cedo convivem em outros espaços sociais e usam a linguagem oral em diversas situações. a alfabetização é a aprendizagem da codificação e decodificação dos sinais gráficos. nesta pesquisa. 15) relata que “[. não se trata de escolher entre alfabetizar ou letrar. p. passa posições políticas. mas não inseparáveis. esta situação já não existe mais. seleciona conteúdos. ideológicas. Mas elas são importantes porque é na alfabetização e no aprendizado da língua escrita que vêm se concentrando os problemas localizados não apenas na escolarização inicial. 4 . Entendemos que a atenção deve estar em torno da sala de aula. ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando. Referindo-se a estes processos Soares (2011. Neste sentido. Considerando esta idéia.” Assim. e o enfoque principal é a aprendizagem das crianças. e cercada dos códigos escritos por toda parte. os livros de histórias infantis. A prática pedagógica. onde todo dia o professor tem sua prática. p. pois algumas crianças não estão sendo alfabetizadas e a maioria não tem ultrapassado o nível rudimentar de alfabetização. que este as vivencie em todas as suas ações sociais. de 7 a 11 de maio de 2012 conhecimentos com autonomia em suas atividades e relações sociais. Por meio da fala as mesmas participam de diferentes situações de interação social.” Se até pouco tempo tínhamos uma reprovação de quase 50% dos alunos nas primeiras séries.” (SOARES.]. onde predomina a escrita. Na escola o espaço de maior convivência é a sala de aula. que o trabalho a ser feito nos três anos iniciais não se esgota na alfabetização ou no desenvolvimento dessas capacidades lingüísticas. e uma função do sistema escolar. p. sejam rótulos. Segundo Vasconcellos (2002. impressos ou tecnológicos. algumas indagações. identificar as interações existentes no processo de ensino e aprendizagem e analisar o uso social que as crianças fazem do código escrito nas situações de escrita e leitura na escola. concomitantemente.Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina. identificar os gêneros textuais que as crianças têm acesso e o uso que fazem com os mesmos na escola. diálogo. 2009). do CDES (2011). destacar os suportes.6 e no final do Ensino Fundamental é de 4. atividades escritas. outras? b) Quais os gêneros textuais são utilizados nas atividades realizadas com os alunos? De que forma são trabalhados? c) Em quais suportes. foi definido como objetivo geral desta investigação conhecer as práticas pedagógicas realizadas três primeiras séries do ensino fundamental e analisar se elas possibilitam o processo de alfabetização com letramento. Para subsidiar a intenção do objetivo maior. de 7 a 11 de maio de 2012 Sobre esta situação os dados do Relatório de Observação nº 4. Conforme busquei definir tais objetivos.0 na média do IDEB. dos quais elencam-se: verificar os tipos de atividades rotineiras que predominam em um período escolar nas três primeiras séries do ensino fundamental (4h). circulam os textos que as crianças têm acesso? d) Como se estabelecem as interações entre os sujeitos em sala de aula? e) Os alunos sabem ler e escrever? Conseguem codificar e decodificar os códigos escritos? 5 . foi necessário definir outros objetivos mais específicos. Campus de Tubarão Tubarão. que revela que ao final dos anos iniciais a média nacional é de 4. impressos ou tecnológicos. o índice 6. revelam que as práticas pedagógicas dos educadores em relação à alfabetização e letramento dos seus alunos. Este fato é também constatado na pesquisa apresentada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) sobre o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) (2009). da realidade investigada. é preciso saber o que está acontecendo na sala de aula? O que permeia estas práticas? O que favorece o êxito de algumas escolas? As práticas pedagógicas que estão sendo realizadas nas três primeiras séries do ensino fundamental possibilitam alfabetizar com letramento? É indispensável conhecer estas práticas para podermos repensá-las e assim contribuir de forma mais efetiva na aprendizagem e no desenvolvimento das crianças na fase de alfabetização. (BRASIL. Neste sentido. atividades lúdicas com recursos. devido à persistência dos índices de analfabetismo no Brasil e o nível de defasagem dos alunos que frequentam e concluem o ensino fundamental ou médio. Assim se constituíram as seguintes questões norteadoras: a) Quais atividades são priorizadas na rotina de sala de aula? Memorização. foram se tornando mais estremecidas. que circulam os gêneros textuais que as crianças têm acesso. leitura. de acordo com os índices estabelecidos pela Organização para a Cooperação e desenvolvimento Econômico (OCDE). As intenções deste estudo Ao reafirmar que o objeto de estudo da pesquisa está vinculado ao eixo “práticas de alfabetização” que são realizadas nas escolas. cópia do quadro. que auxiliarão no conhecimento e na compreensão do contexto pesquisado. Tendo clareza que a meta do Brasil até 2021 é que todas as escolas alcancem no mínimo.0. não estão garantindo que estes se apropriem e façam uso social da escrita e da leitura. como também. Para tanto. A opção por esta concepção se deu a partir das discussões nas aulas do mestrado em educação e nos encontros de estudo do grupo de pesquisa do projeto do Observatório da Educação. De acordo com Triviños (1987) os problemas no âmbito educacional. que. é necessário que o estudo seja fundamentado em uma concepção teórico-metodológica que possibilite compreender a realidade e percebê-la como algo dinâmico. o que provavelmente. possuindo uma concepção de ciência e de mundo. turmas que compõem o bloco da alfabetização e analisar se elas possibilitam o processo de alfabetização com letramento é a intenção maior desta pesquisa. Esta questão enfatizada em todas as ciências. os interesses. o conhecimento. bem como compreender e interpretar a relação sujeito-objeto. Este tipo de pesquisa permitiu-me uma opção metodológica que privilegie os aspectos qualitativos do contexto. possibilitando o confronto com a realidade. Campus de Tubarão Tubarão. um maior aprofundamento do tema. pode ser entendida a partir de diferentes abordagens. Esta opção oferece a possibilidade de compreender o objeto a partir de suas contradições e história. as escolhas que as pessoas tem feito neste universo. o entendimento. Esta permitirá que os fatos da realidade sejam descritos. uma vez que pesquisar as práticas de alfabetização realizadas nas escolas públicas na região da AMUREL e suas contribuições para o processo educacional é o compromisso assumido neste estudo. é “síntese de múltiplas determinações”. Conhecer as práticas pedagógicas realizadas na 1ª. as angústias. de 7 a 11 de maio de 2012 f) Como estão se apropriando e ampliando o processo de letramento? Há questionamentos e reflexões sobre o assunto trabalhado que possibilite relacionar com práticas sociais? Organizadas sob a forma de questionamentos. a indissociabilidade entre o fenômeno objetivo e subjetivo que não pode ser traduzida em números. a concepção teórico-metodológica norteadora é o materialismo histórico-dialético. por outros métodos de investigação não seria eficaz. por meio da interpretação e das significações dos fatos no contexto concreto no qual ocorrem que são determinantes nesta pesquisa. como analfabetismo. os desafios. pois considera a relação entre a realidade e sujeito. Qualquer que seja a metodologia escolhida para a investigação. as possibilidades. o tempo e os espaços. de acordo com o pensamento de Marx. Aliado ao caráter explicativo. os sujeitos. Na pesquisa proposta. nas quais ocorreram diálogos epistemológicos envolvendo algumas posturas e metodologias de investigação. os fatos devem ser submetidos a um aprofundamento teórico e científico na condição de ser explicados. A trajetória metodológica escolhida Para entender a realidade pesquisada e conhecer melhor as práticas pedagógicas efetivadas nas salas de aula. as escolhas. com a natureza e com a vida. esta possibilita melhores condições de analisar as intenções deste estudo.Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina. Sob esta ótica. expondo suas características. as condições. da sua totalidade. atendendo aos objetivos do estudo esta se configurará como descritivo-explicativa. as contradições existentes. a rotina do fazer pedagógico na alfabetização. as impressões. é necessário compreender como o ser humano se relaciona com as coisas. a busca das idéias. estas constituem aspectos centrais para auxiliar na orientação e organização deste estudo. A pesquisa qualitativa permite captar os interesses. os êxitos. Considerando também que. esta partirá de uma postura epistemológica. neste movimento buscar-se-á compreender as relações reais que caracterizam o fenômeno educacional pesquisado. 2ª e 3ª série. metodologia de professores e reestruturação de currículo são focos desta pesquisa. Entende-se que a 6 . O fazer pedagógico no processo de ensino e de aprendizagem da alfabetização envolve conhecer a realidade educacional. e o caráter histórico. È um movimento. questionada. inicialmente. da sociedade e da relação homem-mundo. concentra a atenção no processo ao longo do qual o sujeito concreto produz e reproduz a realidade social. para ser desvendada. é a ciência das leis gerais do movimento. comenta: A dialética materialista demonstra como o sujeito concretamente histórico cria. de transformação e superação do que está posto. Este processo caracteriza-se também pelo movimento do pensamento através da materialidade da vida dos homens em sociedade. ou seja. Entretanto. que podem ser as manifestações existentes na sala de aula. Marx deu o caráter material.] A dialética em Marx não é apenas um método para se chegar à verdade. mas ao mesmo tempo o homem é construído pela história. idéias correspondentes e todo um conjunto de formas de consciência. contextualiza os elementos envolvidos na história. as conversas. 230). os alunos. é uma concepção do homem. p. possibilita analisar a necessidade. os homens se organizam na sociedade para a produção e reprodução da vida. reflexo das relações contraditórias. A história é a construção que o homem faz ao longo dos tempos. afirma que para Marx. Segundo Kosik (2002. Neste sentido Gadotti (1995. as leis fundamentais que definem a forma organizativa dos homens durante a história da humanidade. ele amplia. em outras gerações para se apropriar deste. portanto.” Mas. p. a partir do próprio fundamento materialmente econômico.. expressam a complexidade das relações e determinações próprias do sistema escolar. p. Não reduz a consciência as condições dadas. também é um método. e ele próprio. As práticas de alfabetização e letramento realizadas nas escolas públicas são resultados de uma série de relações. uma vez que esta é construída histórica e socialmente pelos homens na sua totalidade. [. 7 . “o homem cria a história e vive na história já muito tempo antes de conhecer a si mesmo como ser histórico.. cuja característica central é a apreensão radical da realidade. das “múltiplas determinações”. Kosik (2002. dando continuidade ao movimento histórico. a realidade não é só aquilo que se apresenta aos homens de forma direta. o lápis. a mediação. como eles vêm se organizando através de sua história. Por isso através desta concepção. Nesta perspectiva. os cadernos. isto é. é também práxis. A realidade das práticas pedagógicas de alfabetização com letramento executadas nas salas de aulas são. síntese teórica prática na busca da transformação. o aparente. 19). os fenômenos. os livros. ou não. os fatos empíricos. ou seja. tanto do mundo exterior como do pensamento humano. as interações estabelecidas. também radical da estrutura social historicamente construída.Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina. de 7 a 11 de maio de 2012 dialética materialista é uma postura ou concepção ontológica de mundo. é nela produzido e reproduzido. o professor. 124). portanto é uma alternativa para conhecer e compreender as práticas de alfabetização e letramento na realidade concreta e cotidiana das escolas e. ações resultantes da objetividade e da subjetividade da própria realidade. ele historiciza. entre outros. A dialética explica a evolução da matéria. na realidade. ou seja. Estas práticas não são estanques. ela precisa ser observada. A concepção materialista histórico-dialética é uma forma de interpretar a realidade concreta. da natureza e do próprio homem. o homem não abandona os conhecimentos ou a história já construída por outros. Campus de Tubarão Tubarão. observar o que está posto. a sala e seus móveis. conflitantes e de transformação dos fenômenos sociais. possuem movimentos e contradições e. ao mesmo tempo. será necessário para compreender as práticas da alfabetização e letramento. as atividades. que. uma vez que “[. de apropriação de conhecimento. as diferentes formas de apropriação do conhecimento pela criança. p. Desta forma a concepção histórico-dialética possibilita conhecer e compreender a realidade do processo educacional. porque a partir destas evidências é que acontece a construção histórica da realidade. Campus de Tubarão Tubarão. há questões que permeiam estes fenômenos.não se manifesta diretamente. 18). Thompson (1981. a dialética propõe uma investigação de forma aprofundada. as propriedades que de fato as constituem.] Compreender o fenômeno é atingir a essência. mas também um détour. da diversidade sócio-histórica dos sujeitos. que é a escola. abstrata. livros de literatura e suportes tecnológicos.. diante do objeto real. p. Para entender melhor esta relação Kosik (2002. 2002.. um pensamento crítico que faz um movimento de superar a realidade posta na busca da transformação destes fenômenos para compreender a essência. as angústias. oculta. da forma como parece possível agir num determinado momento.. as formas de interação entre os sujeitos. [. questiona-se: O que será que acontece na sala de aula que dificulta o processo de alfabetização com letramento? O que interfere nas práticas pedagógicas de alfabetização que ainda não dão conta de alfabetizar letrando todas as crianças no bloco alfabetizador? Será que para alfabetizar e letrar basta ter sala de aula. 1617) elucida: [. e das possibilidades de compreender melhor os fatos. e sim. de acordo com os questionamentos feitos se evidenciará a relação existente entre os fatos.. a realidade existente... entre outros. p. planejadas e nem sempre concretizadas.] o conhecimento é que é a própria dialética em uma das suas formas.” (KOSIK.] os fenômenos se transformam em mundo fenomênico na relação com a essência. de salário. p. 13) afirma que “a dialética trata da “coisa em si”. primeiro e com maior freqüência. 50) escreve “o objeto do conhecimento histórico é a história “real”. de 7 a 11 de maio de 2012 No entanto. e desde que o fundamento oculto das coisas deve ser descoberto mediante uma atividade peculiar. A pesquisa precisa descobrir aquilo que está encoberto nos fenômenos que se apresentam no cotidiano.. sejam estas de trabalho. as diversas condições em que as crianças vivem. como a formação do professor. [..] A realidade é a unidade do fenômeno e da essência. o conhecimento é a decomposição do todo. as metodologias pensadas. se há crianças que não se apropriam da leitura. da escrita e do letramento? É possível elaborar novas estratégias que possibilite a alfabetização e letramento de todas as crianças desta fase? O que será que está 8 . a pesquisa deve ter como ponto de partida e de chegada. o sujeito age na realidade não de acordo com o que pensa. Para chegar à sua compreensão. Muitas vezes. Kosik (2002. outra coisa senão aquilo que diferentemente da essência oculta-se manifesta imediatamente. Isto acontece porque não podemos modificar o que já aconteceu. de espaço. Sendo assim. isto é nas suas estruturas. para através deles chegar à essência das coisas. neste caso o ambiente escolar. entretanto sem a manifestação do fenômeno não é possível atingirmos sua essência. mas é importante o desvendamento que se faz sobre ela. os interesses.” Na relação dialética entre fenômeno e essência. Nesta lógica de pensar e entender a realidade.. Neste sentido. a realidade social como ela é. é necessário fazer não só um certo esforço. [.. surgem vários elementos que são determinados e determinantes pela sua história..] Como a essência . as condições de trabalho.ao contrário dos fenômenos . portanto. as escolhas. Sob esta ótica. Ainda nesta direção. cujas evidências devem ser necessariamente incompletas e imperfeitas”. uma práxis.] O fenômeno não é. [. o concreto pensado. e que faz parte deste processo de construção da alfabetização de forma velada. mas de acordo com as condições que lhe são impostas. tem de existir a ciência e a filosofia. mais precisamente os consensos e as contradições no processo de alfabetização e letramento das crianças das séries iniciais.. mais precisamente a sala de aula. de tempo. precisa-se entender o fenômeno para compreender sua essência. Mas a coisa em si não se manifesta imediatamente ao homem. professor e aluno? Adianta ter livros didáticos.Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina. como também os constituem. destaca-se Soares. mas também o momento do vir-a-ser” e enfatiza “qualquer momento histórico é ao mesmo tempo resultado de processos anteriores e um índice da direção de seu fluxo futuro. tendo clareza que este se alicerça no passado e projeta o futuro. p. À luz desta concepção. 37) define: A ascensão do abstrato ao concreto é um movimento para qual todo início é abstrato e cuja a dialética consiste na superação desta abstatividade. O pesquisador não pode basear-se pelo senso comum. visto que a investigação histórica contextualiza o momento. ter percepção das necessidades e buscar meios.. e nosso único equipamento experimental é a lógica histórica. na qual são seis escolas públicas selecionadas para o projeto do Observatório da 9 . muitas vezes. Nesta perspectiva. como o espaço das interações e práticas relacionadas ao processo de alfabetizar e letrar. optei nesta pesquisa em desenvolver um estudo no contexto da escola. de forma crítica.Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina.] “A história em si é o único laboratório possível de experimentação. o referencial teórico inclui alguns autores que se relacionam com a mesma. o que precisa ser desvelado nas práticas alfabetizadoras para serem exitosas? As diversas inquietações que envolvem o processo pedagógico são pertinentes no sentido de transformar a realidade concreta estabelecida. Dentro deste pressuposto. que possibilite alterar.” [. é preciso ir além. a realidade estabelecida. que é a compreensão mais elaborada do que há de essencial no objeto. é necessário a ruptura de paradigmas. Kleiman e Tfouni. E como entendemos que o método dialético de conhecimento ocorre no movimento do pensamento abstrato para o pensamento concreto. que discutem questões relacionadas à alfabetização e ao letramento. pois a sala de aula é um espaço que precisa ser compreendido como uma constante situação de interação entre sujeitos ativos. Neste enfoque é essencial que os sujeitos envolvidos compreendam o presente. Saviani e Vasconcellos sobre escola e prática pedagógica e Vigotsky acerca das interações. mas esta pensada. Inicialmente é importante considerar a população envolvida na pesquisa maior. para fundamentar e discutir os conceitos que fazem parte de todo o contexto da pesquisa. no sentido de dar sustentabilidade a novas sínteses da realidade histórica. 58). ou melhor. na busca do conhecimento universal. No movimento desta construção. do fenômeno para a essência e da essência para o fenômeno. o conhecimento superficial e fragmentado. por conseguinte. enfrentamentos e embates de idéias. de 7 a 11 de maio de 2012 oculto nas práticas pedagógicas? Ou melhor. no qual os fatos são produzidos pelos homens em determinados momentos. em geral movimento da parte para o todo e do todo para a parte. se necessária. na qual a partir das abstrações se faz determinadas reflexões chegar ao concreto.. O progresso da abstratividade à concreticidade é. na sala de aula. A prática da alfabetização é um trabalho com princípio educativo e deve ser uma práxis constante. de forma a criar novas condições para superar criticamente os desafios da realidade. Ao investigar a história Thompson comenta que “estamos mostrando não apenas o momento do ser. porque suas ações interferem diretamente na construção da realidade histórica. Campus de Tubarão Tubarão. 1981. Kosik (2002. p. A escolha das instituições e dos sujeitos A partir dos princípios teórico-metodológicos definidos.” (THOMPSON. do objeto para o sujeito e do sujeito para o objeto. da totalidade para a contradição e da contradição para a totalidade. Práxis entendida no conhecimento da realidade se dá na articulação da dimensão prática com a dimensão teórica. a construção histórica do conhecimento dar-se pelo real. 2ª 02 e 3ª 04. Para estas observações foi organizado um roteiro norteador. (5. No que diz respeito à observação. e as turmas: 1ª 02. c) Sorteio aleatório da turma. (4. (4. onde “observar é destacar de um conjunto algo específico. uma espécie de fio condutor na busca de conhecer e entender a rotina da prática pedagógica em relação ao processo de alfabetização e letramento das crianças. caso houver mais de dois professores interessados em participar. 1987. de Capivari de Baixo e Escola de Ensino Fundamental Rodolfo Rocha. de 7 a 11 de maio de 2012 Educação/CAPES/INEP. A entrevista semi-estruturada. as escolas e as turmas selecionadas foram: Escola Básica Municipal Dom Anselmo Pietrulla. de Jaguaruna. Por ser um contingente amplo de escolas. E a análise de documentos. e as turmas: 1ª 02. uma vez que esta caracterizará as especificidades da população. O critério de escolha destas escolas foram os dados do IDEB (2009). caracterizando uma continuidade neste processo. Além do IDEB também foram consideradas a representatividade das escolas na região. Os critérios estabelecidos para a escolha das escolas foram: a) Escolas que o ciclo de alfabetização aconteça nas três séries. de Tubarão. d) Que estas três séries funcionem no turno vespertino. prestando atenção em suas características” (p. uma da 2ª e uma da 3ª série.8).9). Considerados os critérios estabelecidos. médio ou pequeno porte. foi necessário estabelecer uma amostra. 138). Escola Municipal São Judas Tadeu. b) IDEB diferentes. de Laguna. esta se constituiu de uma parcela representativa do todo. 153). município de grande. Das seis escolas foram selecionadas duas e nestas. Acredito que estes fornecerão elementos significativos para o alcance do meu objetivo. (4. Campus de Tubarão Tubarão.5). no sentido em que estes são utilizados em um contexto fluente de relações. foi estabelecido que acontecessem dez observações em cada série/turma. 10 . ao mesmo observador e às anotações de campo. Isto exige “atenção especial ao informante. uma turma da 1ª. Diante desta representatividade. mas que poderia a ser ampliado conforme as necessidades. Do total de observações. c) Localizadas em municípios diferentes.2) de Tubarão. Escola de Educação Básica Dr. Foram selecionados três instrumentos: a observação. sete foram realizadas pela pesquisadora e três pelas professoras das escolas envolvidas no projeto. A escolha dos instrumentos de coleta de dados A pesquisa qualitativa privilegia alguns instrumentos para a coleta dos dados. 2ª 03 e 3ª 03. b) Turma em que o professor regente se disponha a participar da pesquisa. Em relação aos critérios estabelecidos para escolha das turmas.” (TRIVIÑOS. de Capivari de Baixo.1). O roteiro tinha questões norteadoras organizadas a partir da realidade. pois está de acordo com Triviños (1987) valoriza ao mesmo tempo a presença do pesquisador e oferece as perspectivas possíveis para o informante em suas respostas ter liberdade e espontaneidade de ampliar e enriquecer a investigação. (4. Escola Básica Municipal Dom Anselmo Pietrulla (4. utilizar critérios bem definidos é muito importante. de Jaguaruna. Renato Ramos. Escola Básica Municipal Profª Dalcy Ávila de Souza.Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina. ora se manifestando aparentes as percepções e ora oculta a estas. foram: a) Turma em que o professor regente participe do projeto. p.9) de São Martinho. porém medianos no contexto da população envolvida. escolas exitosas e escolas com IDEB baixo: Escola de Ensino Fundamental Martinho Ghizzo. com registro diário do campo observado. e a Escola Básica Municipal Profª Dalcy Ávila de Souza. Cotidiano este que não foi apenas observado e descrito. se referem aos documentos que fundamentam o ensino fundamental de nove anos. um encontro foi agendado em cada escola para que a pesquisadora. observando todas as atividades de classe. consensos e contradições. pude perceber como é este espaço.Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina. relatar que todas as escolas envolvidas no projeto maior se disponibilizaram junto à universidade que o coordena. A observação ocupou lugar de destaque na pesquisa. Após elaborar um cronograma inicial para as observações nas salas de aula. Após a definição. na descrição dos fatos relevantes e posteriormente. do início ao final do período junto com a professora regente. de acordo com interesses da pesquisa acerca da leitura. no cotidiano. Da proposta à sala de aula Após estes esclarecimentos. pois se estabeleceu um clima de confiança. condições de práticas. encaminhamento das atividades. e serem parceiras em todas as ações e os momentos necessários para que todas as pesquisas aconteçam com êxito. a fim de contribuir para possíveis modificações. os cadernos dos alunos e outras atividades escritas que for possível analisar. comprometimento e cooperação. colaborar. Neste percurso. escrita e letramento dos alunos. entre outras que surgiram no decorrer da conversa. considero importante neste momento. Por meio da observação foi possível coletar as informações e sem a minha interferência no trabalho pedagógico. escrita e letramento das crianças. de movimentos. interpretado. no dia-a-dia. Este contato foi de suma importância para as futuras observações. interação entre os sujeitos. tivessem uma conversa inicial na escola. se necessário. pois é na sala de aula que se efetiva a prática pedagógica proposta neste estudo. gêneros textuais estudados e recursos/suportes utilizados. na sua organização. Este retrato observado é complexo de construir. de interações que são vivenciadas no cotidiano da sala de aula. A mesma tinha como finalidade obter informações e propor uma reflexão sobre o fazer pedagógico no ciclo da alfabetização. as interações que se caracterizam na sala de aula. a participar. as escolas e as professoras das turmas selecionadas para esta pesquisa estavam cientes de sua possível participação. Campus de Tubarão Tubarão. então foram confirmadas as participações das respectivas escolas e turmas/professoras. Frente a este posicionamento. Entrei no contexto das escolas. dos sujeitos. de práticas. mas ainda será analisado. onde as ações implicam na aprendizagem ou não. na qual a pesquisadora realizou com as professoras das turmas selecionadas das escolas. interagir. discutido. acompanhada da coordenadora do projeto e também sua orientadora. de condições. real. em ambas as escolas uma das professoras de sala de aula das turmas selecionadas. De cada escola há uma professora efetiva que participa dos encontros e estudos sistematicamente. as falas das professoras e das crianças. de 7 a 11 de maio de 2012 das ações vivenciadas em sala de aula tipo: rotina escolar. destas turmas. aproveitava todos os 11 . Estas aconteceram com a presença das gestoras e. Um espaço físico. mas também ativo. Para o desenvolvimento de um trabalho foi necessário o contato direto com as duas instituições. e fazem a interação entre as instituições. como estão acontecendo os processos de leitura. Em relação à entrevista semi-estruturada. pois se constitui de uma história. na análise dos mesmos. com suas especificidades e totalidades. O registro diário de campo tem como objetivo auxiliar na coleta dos dados. organização do tempo e do espaço. esta aconteceu durante o período de observação. Sobre a análise de documentos. quais os conhecimentos possuem sobre. entre outras que se evidenciaram. fui a campo no período de agosto a dezembro 2011. as contradições. aliada a professora do projeto que fez três observações. nos alteramos nas escolas para dar conta de toda a coleta no ano corrente de 2011. nos momentos em que os alunos estavam em aula com outros professores de outras disciplinas. A pesquisa está em andamento. e sem definir o dia. mas devido aos muitos imprevistos que aconteceram nas escolas. 12 .. na saída. perceber as especificidades.] O desafio que se coloca para os primeiros anos do Ensino Fundamental é o de conciliar esses dois processos. as datas foram se alterando. falta do professor. Considerações para iniciar outras reflexões Neste momento. os movimentos a partir da concepção do materialismo histórico-dialético. organização. Campus de Tubarão Tubarão. onde eu registrava suas falas. como Arte. Estes dados registrados farão emergir a constituição das categorias de análise da realidade. principalmente por parte das professoras e alunos para tornar a pesquisa possível. Lembramos que. pontos facultativos. em que os dados coletados estão sendo tratados e trabalhados para logo ser categorizados e analisados. intensa e direta. isto é. além da entrevista semi-estruturada e informal realizada. outras atividades programadas pela escola que não constavam no calendário escolar. lia o que havia escrito para saber se. dos fatos vivenciados. além das equipes gestoras. no sentido de conhecer a realidade. p. de 7 a 11 de maio de 2012 momentos para observar e também conversar. informalmente com as professoras e com os alunos. nos intervalos de aula.. As entrevistas. entre outros. os dias de observação não foram definidos pelas professoras e nem numa ordem seqüencial direta. procurar desvelar a essência da questão que por ora se apresenta em plena reflexão: as práticas pedagógicas realizadas nas três primeiras séries do ensino fundamental possibilitam o processo de alfabetização com letramento? O processo desenvolvido até então. 13). que alicerçadas em documentos legais e bibliográficos servirão para enriquecer e auxiliar na compreensão e interpretação dos dados. com o registro. 2008. Desta forma. eu nos sete dias de observação. seguindo um roteiro pré-estabelecido. e ao mesmo tempo a totalidade. Como imprevistos podemos citar: feriados locais.” (BRASIL. conselhos de classe. enfim no contexto inicial. mas flexível a integrar outras evidências significativas do processo de ensino e aprendizagem. aproveitávamos para conversar. e a luz desta. professoras. em sua maioria foram realizadas nas horas-atividades. mesmo sendo este um dos elementos norteadores do processo de ensino e de aprendizagem diretamente relacionada. o desafio é mergulhar neste processo. elas concordavam ou não. das crianças na fase de alfabetização. e por esse motivo há a necessidade de continuar pesquisando e analisando sobre as práticas pedagógicas de alfabetização que estão sendo vivenciadas nas escolas na perspectiva de uma aprendizagem eficaz para nossos alunos. assim como dias de hora-atividade de algumas professoras. reuniões.Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina. com o sucesso ou não. Educação Física e Inglês. Outra questão para destacar é que por ser de uma pesquisa de campo razoavelmente longa. uma vez que não eram possíveis mudanças que interferissem nas turmas. assegurando aos alunos a apropriação do sistema alfabético-ortográfico e condições possibilitadoras do uso da língua nas práticas sociais de leitura e escrita. Todos os dados observados e coletados neste período em sala de aula foram registrados de forma descritiva acerca da realidade posta. É de suma importância enfatizar que houve muita receptividade e um ambiente favorável. “[. aponta que a prática da alfabetização é bastante complexa para assegurar a alfabetização com letramento para todas as crianças. na entrada. Fui a campo seguindo um pré-cronograma meu. no recreio. VASCONCELLOS. S. 2002. ed. ed. Disponível em: <http://www. SOARES. 6. Acesso em: maio 2012. 7.pdf>. 13. 4. 2002. ______.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/pnad_sin tese_2009. TRIVIÑOS. N. Belo Horizonte: Autêntica. Zahar. Alfabetização e letramento. Letramento: um tema em três gêneros. 2008. ed. São Paulo: Atlas. K. KOSIK.gov. 9. 2011. Rio de Janeiro: Paz e Terra. Pró-letramento: programa de formação continuada de professores dos anos/séries iniciais do ensino fundamental – alfabetização e linguagem. A. Campus de Tubarão Tubarão. Observatório da Equidade. Brasília: Observatório da Equidade. Acesso em: 18 maio 2012. 13 . Concepção dialética da educação. ed. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. 1981. Disponível em: <www. 2010.br/seb>. São Paulo: Contexto. MEC/SEB. São Paulo: Libertad. As desigualdades na escolarização no Brasil. 2009. THOMPSON. Brasília. GADOTTI. 1995. S. 1987. 2010.ibge. A construção do conhecimento em sala de aula.mec. C. Relatório de Observação n° 4. M.gov. São Paulo: Cortez. M.Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina. de 7 a 11 de maio de 2012 Referências BRASIL. P. 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