M211 - Elementos de Armamento– Manual do Aluno – Elaborado por: Cor Cav Rogério Santos Edição 2010/11 Este Manual do Aluno foi elaborado no ano lectivo de 2010-2011 pelo Cor Cav Rogério Santos. Como é óbvio, apenas pretende actualizar os conteúdos, incluir novas tecnologias que estejam já consolidadas e trazer algum rigor às matérias ministradas no âmbito do armamento geral e em particular, nas armas ligeiras. Muitos dos conteúdos transitam, não só do anterior manual da Unidade Curricular (UC), mas também de outros que o precederam, onde se foi recuperar um “fio condutor”. Assim sendo, é de elementar justiça referir o trabalho dos professores que ao longo de várias décadas, contribuíram para os apontamentos escritos das cadeiras de armamento geral. Desde o longínquo trabalho do Cor Armando Páschoa, ainda hoje uma das maiores referências da UC, passando pelo do Cor Marques de Abreu e Cor Lourenço Guedes, terminando no do Major Carlos Macieira, Capitão Rodrigues Alves e coadjuvados pelo Sargento-Chefe Edgar Martins, ficam no anonimato muitos outros nomes que, decerto contribuíram para a qualidade e a evolução de ensino do armamento na Academia Militar. Como as actuais tecnologias de informação permitem, este pretende ser um manual “vivo”, contando com o contributo, não só dos docentes, mas também dos alunos, numa postura que se pretende cada vez mais participativa no processo da aquisição e da transmissão do conhecimento. Assim, todas as pertinentes propostas de alteração/inovação devem ser dirigidas para o professor-regente da UC M211 – Elementos de Armamento. Quadro de anotação de eventuais alterações Página Assunto Linha Alteração Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO ÍNDICE PARTE I INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO ARMAMENTO CAPÍTULO 1 Divisão e classificação geral das armas Pág. I - 1 CAPÍTULO 2 Breve evolução histórica do armamento Pág. I - 11 CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 4 Características fundamentais das armas de mão Condições a que devem obedecer as armas de fogo Pág. I - 23 Pág. I - 26 PARTE II ARMAS DE FOGO ORDINÁRIAS CAPÍTULO 1 CAPÍTULO 2 Organização das armas de fogo Cano Pág. II - 1 Pág. II - 2 CAPÍTULO 3 Caixa da culatra Pág. II - 10 CAPÍTULO 4 CAPÍTULO 5 Aparelho de pontaria Culatra móvel Pág. II - 11 Pág. II - 20 CAPÍTULO 6 Mecanismos Pág. II - 29 CAPÍTULO 7 CAPÍTULO 8 Coronha Guarnições e acessórios Pág. II - 35 Pág. II - 37 CAPÍTULO 9 Revólveres Pág. II - 40 PARTE III ARMAS DE FOGO AUTOMÁTICAS CAPÍTULO 1 Introdução Pág. III - 1 CAPÍTULO 2 Sistemas de automatismos Pág. III - 3 CAPÍTULO 3 CAPÍTULO 4 Organização da arma automática Pistolas Pág. III - 10 Pág. III - 30 CAPÍTULO 5 Estudo comparativo entre pistolas e revólveres Pág. III - 33 CAPÍTULO 6 Pistolas-metralhadoras Pág. III - 34 PARTE IV OUTRAS ARMAS DE FOGO LIGEIRAS CAPÍTULO 1 Armas de Franco Atiradores PARTE V ARMAS DE LETALIDADE REDUZIDA CAPÍTULO 1 Generalidades Pág. V - 1 CAPÍTULO 2 Tipos de armas de letalidade reduzida Pág. V - 2 CAPÍTULO 3 Emprego de armas de letalidade reduzida Pág. V - 4 PARTE VI MUNIÇÕES DAS ARMAS PORTÁTEIS CAPÍTULO 1 - Munições das armas ligeiras Pág. VI - 1 CAPÍTULO 2 - Munições especiais Pág. VI - 9 PARTE VII GRANADAS DE MÃO E DE ESPINGARDA CAPÍTULO 1 - Organização das granadas de mão Pág. VII - 1 CAPÍTULO 2 CAPÍTULO 3 - Granadas de mão em uso no Exército Português - Dilagrama M/965 Pág. VII - 7 Pág. VII - 13 GLOSSÁRIO DE DEFINIÇÕES LEGAIS BIBLIOGRAFIA Pág. G - 1 Pág. IV - 1 1 Pág. B - 1 além do conceito orgânico do Exército (Armas de Infantaria. instrumento ou aparelho destinado a atacar.” .Armas de domínio. província.Lusíadas I . as faziam pintar no seu escudo. surge também o conceito de SISTEMA DE ARMAS: ―A combinação de uma ou mais armas. “…a qual pedra é um mármore com armas de Portugal.Lendas da Índia III . Engenharia e Transmissões).” Gaspar Correia . no conceito científico do armamento e do tiro.‖1 1 NATO AAP-6 . distintivo adoptado ou concedido a um indivíduo e que quando se tratava de cavaleiros.7 .42 Fig.1 . distintivo usado pelos membros de uma família.“A língua é uma arma mais perigosa que outras armas…” Armas de Portugal No campo da heráldica temos: . materiais.“A sua melhor arma é a consciência do dever. Fig. No campo filosófico temos como exemplo: . como no da heráldica ou da ciência militar. a defender ou com o duplo fim de atacar e defender simultaneamente do adversário‖ . pessoal e meios de transporte e projecção (se aplicável). I.Glossary of Terms and Definitions (2010). I-1-1 . “…na qual vos deu por armas e deixou ao que ele para si ma cru tomou” Arma de Cavalaria Camões . GENERALIDADES O emprego do vocábulo “ARMA” é vasto e pode ser utilizado tanto no campo filosófico.“As armas espirituais da igreja…” . temos.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO PARTE I INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO ARMAMENTO CAPÍTULO 1 DIVISÃO E CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS ARMAS 1. necessários para a sua auto-sustentação. que nos interessa particularmente.Armas pessoais. ARMA como: ―Qualquer objecto.Armas de família. que correspondem a um país. Considerando que certas armas são utilizadas quando associadas a outros equipamentos necessários para a sua sustentação no campo de batalha. I-1-2 No campo militar. serviços. com todos os equipamentos. Artilharia. ou a outras armas. Cavalaria. cidade ou vila e indicam os direitos que elas têm no território sujeito à sua jurisdição. peso. Escudo. I-1-4 – Arma portátil ligeira (1). forma de utilização.Colete antibala.Metralhadora ligeira HK-21 7.Espingarda automática Colt M16A25.2 . . 1 2 .Aquelas que exigem para o seu transporte mais do que um homem (para o que são decomponíveis em cargas). b.62 mm M/67.56 mm.Carro de combate (CC).7 mm M/52. com pesos totais entre 18 e 70 kg. I. Fig. (2) Armas Colectivas . Morteiro 60 mm M/65 FBP.Morteiro 81 mm L16A2.56 mm.As que necessitam. I-1-5 – Arma individual (1) e . Manejo (relacionada com a máxima rentabilidade que se consegue da arma) (1) Armas Individuais .62 mm M/67. Abordemos alguns dos critérios de classificação mais pertinentes e usuais: finalidade. tirando assim o máximo rendimento da arma. (3) Armas Ofensivas / Defensivas .Aquelas cujo transporte é feito por um só homem ou com um peso total inferior a 18 kg. a.As 1 2 3 que se utilizam com o duplo fim de atacar e defender dos golpes dos adversários. . (2) Armas Portáteis Médias . com pesos acima dos 70 kg. de vários homens (uma guarnição) para tirar o máximo rendimento da arma. portátil média (2) e pesada (3) Metralhadora Browning M2 HB12. (3) Armas Pesadas . emprego táctico. Míssil de cruzeiro Tomahawk. Mantelete. Morteiro 10. I-1-3 – Arma ofensiva (1). Emprego Táctico e Peso (relacionada com o seu transporte e utilização táctica) (1) Armas Portáteis Ligeiras . Capacete. . c. Punhal. . . Espingarda Colt M16A2 5. (2) Armas Defensivas – As que se destinam a defender os golpes ou os efeitos das armas dos adversários. manejo. fáceis e rápidas de montar e de operar. CLASSIFICAÇÃO GERAL DAS ARMAS As armas podem classificar-se segundo variados critérios. letalidade e jurídico-legal. Viatura blindada de combate de Infantaria Fig.Metralhadora Ligeira HK21 7.7 cm colectiva (2) M30 M/952. Canhão Sem Recuo Carl Gustav 84 mm M2 M/94. . Morteiro 120 mm Tampella.Aquelas que podem ser manejadas com eficiência por um só homem.Aquelas que para serem transportadas necessitam de uma plataforma automóvel ou de um atrelado auto ou 1 2 3 hipo. defensiva (2) e ofensiva-defensiva (3) (VBCI).As que se destinam a atacar o adversário. Finalidade (1) Armas Ofensivas .Revólver Smith & Wesson Model 64.6 cm M/40A1 M/979.Canhão sem recuo 10. Lança-fumígenos.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO 2. Fig. Dardo. 1 2 (b) De Sopro4 .Florete. suficiente para neutralizar a presa até à sua eliminação posterior.Aquelas que se utilizam sem se separarem de quem as utiliza. De Punho .As que usam a elasticidade de determinados materiais ou a força da gravidade. (a) Contundentes ou de Choque – Actuam pelo choque.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO e. . necessitando mu itas vezes de ampliar os seus efeitos.As que lançam o projéctil à distância. para lançar o projéctil à distância. projectando um pequeno dardo. impelindo projécteis pouco pesados a alcances relativamente curtos. Estas armas. Rapieira. (a) De Tiro (ou neurobalísticas) . Estilete. Funda. Balista.Pique. fazendo rodar u ma haste onde se encontra o projéctil.Zarabatana. 1. através de um tubo comprido. de estocada ou ponta de haste (3). não eram armas bélicas mas antes destinadas à caça. utilizam-se. I.Clava.Arco. Boxer2 . utilizando somente a força muscular. 1958) classificam as armas de sopro como de projecção pneumát ica. Zagaia. de gume e ponta de punho (6) 2. (b) Corte ou Gume – Actuam pela cutilada. de corte ou gume . Bastão. 2. (d) Gume e Ponta – Actuam simultaneamente pela cutilada e pela perfuração. Lança. 1. .Acha de armas. que não a muscular. Fukiya. I-1-8 – Arma de projecção de tiro 2 Instrumento metálico ou de outro material duro destinado a ser empunhado. Eldon. Maça de armas. Forma de Utilização (essencialmente aplicável às armas ofensivas e ofensivas/defensivas) (1) Armas de Mão . De Haste Fig. Granada de Mão.Alabarda. Machado. Trabuco5 . (2).Pedra.3 . Catapulta. I-1-7 – Arma de arremesso (1) e de sopro (2) . De Haste . De Punho . Baioneta. Fig. Partazana. . . Fig. estocada ou ponta de punho (4). Desenvolvidas por sociedades primit ivas. 5 O trabuco não funciona pela elasticidade mas antes pela acção da gravidade na libertação de um contrapeso. presentes em muitas sociedades primitivas. Bumerangue. embebendo as pontas dos seus projécteis com veneno paralisante. de gume e ponta de haste (5). (a) De Arremesso – As que utilizam a força muscular do braço. (2) Armas de Arremesso e de Sopro3 (ou de Projecção Humana) . Martelo.As que actuam à distância.As que utilizam a força muscular do diafragma e a capacidade pulmonar. (3) Armas de Projecção . de forma a amp liar o efeito resultante de um soco. I-1-6 – Arma contundente ou de choque (1). (c) Estocada ou Ponta – Actuam pela 3 4 5 1 2 6 perfuração.Sabre. 4 Note-se que as armas de sopro tinham efeitos limitados. Espada. encaixando os dedos em quatro orifícios. depois de projectadas. 3 Alguns autores (Wolff. sob o impulso de determinada força. De Tiro Semi-Automático ou de carregamento automático .armas de grande calibre. 2. .Aquelas que pelas suas características não se enquadram nas duas anteriores. 3. Ordinárias . Repetição – Podem ser carregadas com várias munições. I-1-10 – Arma de projecção de fogo ordinária (1). Espingarda Chassepot 11 mm M/886.projécteis lançados em tiro directo por tubos singulares (engenhos de acompanhamento de Infantaria) ou em tiro indirecto por tubos múltiplos (Artilharia). . adequadas a bater alvos com trajectórias tensas a grandes distâncias.armas de grande calibre e velocidades iniciais moderadas. líquidos ou gasosos como força propulsora. tem de se introduzir nova munição. e. Os mais antigos eram de ar co mprimido. 7 Nem todos os torpedos são propuls ados pela combustão de produtos químicos. Pistola Parabellum 9 mm M/43. em tiro indirecto. sólidos.peças de culatra aberta que. Granadas Foguete . I-1-9 – Arma de projecção de pressão de ar (c) De Fogo (ou pirobalísticas) – As que utilizam a combustão de produtos químicos. b.As partes móveis são operadas por acção humana. c. a. 1. cano curto e velocidades iniciais mais reduzidas.Metralhadora pesada Browning M2 HB 12. .As que lançam o projéctil à distância. a.7 mm. b. a. em tiro indirecto. Canhões sem Recuo . adequadas a bater zonas com trajectórias curvas verticais.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO (b) De Pressão de Ar (ou pneumobalísticas) . providos de e 1 2 3 l e m Fig.As que foram concebidas para fazer fogo de rajada. permitindo que parte dos gases propulsores seja direccionado para a retaguarda. automática (2) e especial (3) e 6 Embo ra funcione por efeito de uma descarga eléctrica.Carabina Kropatchek 8 mm M886. geram uma força equilibrada de recuo sem exercer acção sobre o corpo da própria arma. os respectivos eléctrodos são projectados para o alvo pela descompressão de uma cápsula de azoto comprimido.projécteis de grande carga explosiva e carcaça estanque. pela libertação de ar ou gás previamente comprimido. d. De Tiro Automático .4 .Mosquete Brown Bess. Pistola-metralhadora 9 mm HK MP5KA1.Aproveitam a acção dos gases para fazer recuar as partes móveis.62 mm M/63.As que foram concebidas para disparar tiro a tiro. b. adequadas a bater zonas com trajectórias curvas mergulhantes. Pistola TASER6 . I. cano comprido e velocidades iniciais elevada. . Muitos torpedos actuais têm motores eléctricos. Torpedos7 . Morteiros . em que a carga propulsora está na granada e vai sendo consumida ao longo da trajectória. Automáticas .Espingarda pneumática Girandoni M1780. . Fig. Especiais .armas de grande calibre. Revólver Smith & Wesson Model 64. Peças .Espingarda automática G3 7. f. Tiro Simples – Após cada disparo. Obuses . Armas Acústicas – Equipamentos emissores de ondas acústicas direccionadas e de alta intensidade.Armas de propulsão gerada por campos Fig. podem causar incapacidade temporária pelo deslumbramento ou variação de calor. Outros.Equipamentos que emitem feixes de microondas de potências e frequências variáveis consoante as finalidades. seja por feixes.Lança-Chamas Individual M2A1. Carro de Combate Lança-Chamas M67 Zippo. Arma de Laser Térmico [Thermal Laser Weapon] 3. de consolidação. de uma carga propulsora própria ou de um motor e ainda de um sistema de guiamento até ao alvo que se pretende bater.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO elemento propulsor que. consequentemente. Alguns lança-chamas militares projectam um líquido inflamável. pela intensidade da luz amplificada. ou são secretas. Lança-Chamas . 1. (d) Electromagnética .As que projectam alguma forma de energia directamente sobre os alvos.5 .engenhos balísticos providos de carga explosiva ou outra. Por Bobinas (Coil guns) . projectam um gás inflamável. sem provocar morte ou lesões graves e permanentes. que podem ir desde incapacitantes antipessoais a anti-materiais. I. desorientação e outras perturbações fisiológicas. causando dor. I-1-11 – Arma de Projecção Electromagnética electromagnéticos gerados no interior de bobinas sequenciais.Equipamentos. a maioria destas armas está ainda em fase experimental. Emissores de Microondas . por raios unidireccionais ou mesmo omnidireccionais. capazes de emitir feixes de radiação electromagnética de potências e finalidades variadas. depois de lançados no meio aquático. g. 2.As que utilizam energia eléctrica ou forças electromagnéticas para propulsionar um projéctil. Por motores eléctricos .Laser aerotransportado [Airborne Laser Test Bed (ALTB)].Variante de torpedos que utiliza um motor eléctrico alimentado por baterias para mover uma hélice e.Arma de microondas para controlo de tumultos [Active Denial System (ADS)]. . enquanto outros. Com excepção dos lança-chamas e dos empasteladores. Lasers . Os mais potentes podem destruir aeronaves e mísseis balísticos. 3. I-1-12 – Arma de Projecção de Energia Directa experimental. ou. literalmente. . 2. 1. (e) De Energia Directa . os impulsiona de encontro a alvos flutuantes ou obstáculos navais. propulsionar o engenho. Mísseis Guiados .equipamentos mecânicos concebidos para projectar chamas longas e controláveis.Canhões de propulsão gerada por campos electromagnéticos opostos criados entre dois carris. 4. neutralizando equipamentos electrónicos de microondas ou provocando a inflamação de determinados combustíveis. para lançar chamas. Por Carris (Rail guns) . . ainda de carácter Fig. infravermelhos ou microondas. por conseguinte. infra-estruturas. mas também o podem ser por proximidade deste ou por controlo remoto. radares de pesquisa e vigilância ou equipamentos de guiamento (mísseis. 6. interdição de áreas. utilizando espoletas reguláveis de profundidade aquática 1 2 3 Fig. Empastelador de infravermelhos SHTORA do carro de combate T-90 (contra sistemas de guiamento de mísseis anti-carro). As bombas aéreas modernas podem ser guiadas por sistemas laser ou GPS. Geralmente são detonadas por acção involuntária do alvo. Bombas aéreas . 3. 2. Empasteladores . bombas. canalizar ou retardar o avanço de forças inimigas. Armas de Impulso Electromagnético (EMP). irá gerar fortes campos eléctricos e magnéticos variáveis. etc.Engenhos explosivos por excelência. não se enquadram nas anteriores categorias de forma de utilização.Artefactos largados por aeronaves. provocando a sua destruição ou grave avaria. Têm múltiplo emprego.Dispositivo Acústico de Longo Alcance [Long Range Acoustic Device (LRAD)]. .Equipamentos electrónicos emissores de sinais rádio. contendo no seu interior cargas explosivas. a fim de consumar destruições e demolições deliberadas e específicas de infra-estruturas. anti-carro ou anti-navio.6 . (a) Engenhos Explosivos – Engenhos que utilizam efeitos explosivos para causar danos ou outros efeitos sobre os alvos respectivos. destruir viaturas danificar embarcações e evitar. Essa radiação irá induzir a criação de fortes correntes eléctricas e elevadíssimas voltagens nos circuitos eléctricos e electrónicos existentes no seu raio de acção. cargas especiais ou ainda bombas ou minas mais pequenas.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO . Cargas de profundidade . associados a armadilhas ou disseminados em rotas marítimas.Artefactos explosivos de alta potência concebidos para destruir ou danificar submarinos pela sua onda de choque. culminando num rebentamento com emissão de radiação electromagnética. capazes de neutralizar equipamentos de comunicações (rádios. por sua vez. controlos remotos e ondas rádio VHF/UHF).Outras armas que. não sendo de projecção. I. Minas – Artefactos explosivos anti-pessoal. dissimulados no solo. As armas nucleares também podem criar impulso electromagnético. colocados e activados por especialistas (sapadores). (4) Outras Formas de Utilização . Cargas de destruição e demolição . destinados a causar baixas. GPS) que funcionem na mesma gama de frequências. embora nestes casos este impulso seja muito mais intenso e. contra tropas. Engenhos concebidos para causar uma fortíssima descarga eléctrica que. controlos remotos). M ina (2) e Carga de Profundidade (3) 4. uni ou omnidireccionais. . 5.Mina anti-pessoal de controlo remoto M18 Claymore. com efeitos muito mais dramáticos. aeronaves. I-1-13 – Engenhos Explosivos: Bomba aérea (1). veículos.Empasteladores tácticos JAMPAK (contra telefones celulares ou de satélite. preparados. 1. telefones celulares. viaturas. 62 mm. Alguns autores classificam-nas de “Armas Não Convencionais”. radiológicas. f.Redes. geralmente mais poderosa. Consoante os fins. Uma moderna bomba termonuclear com o peso de cerca de 1 tonelada. biológicas. com reduzida probidade de causar morte ou incapacidade grave. podem ser de tipos e potências diferentes. I-1-15 – Arma de letalidade normal (1). em vias de comunicação. passíveis de ser usadas para destruir as pessoas. minas ou granadas. (b) Armadilhas .Armas de efeito por electrochoque (ex: bastões eléctricos). associados a armadilhas. utilizados para prender. etc. choque. Bomba de Neutrões. letalidade reduzida (2) e destruição massiva (3) 8 Podem estar associados a outros engenhos explosivos. Valas. Bomba de Hidrogénio. utilizados geralmente de forma dissimulada em conflitos assimétricos.artefactos dissimulados não explosivos 8 . radioactivo e de impulso electromagnético. químicas.Armas capazes de um elevado grau de letalidade. Engenhos explosivos improvisados – Artefactos improvisados com explosivos. .Espingarda automática G3 7. . infra-estruturas ou de outros recursos em grande escala. (c) Aerossóis – Agentes químicos vaporizados de um contentor. Dispositivos de prisão. gerando conjuntos de partículas suspensas num gás com alta mobilidade.7 9 . em veículos e mesmo em pequenas aeronaves não tripuladas. com efeitos Fig. em infra-estruturas. Carro de Combate M60A3TTS 105 mm. armas improvisadas ou adaptadas. Letalidade (1) Armas de Letalidade Normal – As armas ofensivas normalmente consideradas. (3) Armas de Destruição Massiva 9 . térmico.Bomba Atómica. capturar ou 1 2 causar danos a alvos humanos ou materiais. . I-1-14 – Armadilha (1) e Aerossol (2) incapacitantes (ou mesmo letais) sobre alvos humanos. Podem ser implantados no terreno. destinados a causar baixas e a diminuir o moral da força inimiga. (a) Nucleares – Armas que utilizam o extremo poder destrutivo da energia libertada por reacções nucleares em cadeia. matérias-primas e meios de iniciação disponíveis. pode produzir uma explosão equivalente a mais de um bilião (10¹²) de quilogramas de explosivo convencional (ex: TNT). Espumas imobilizantes. 1 2 3 Fig. Estacas. como por exemplo. por efeito de sopro. munições. Esta opção é redutora. sendo as mais usuais as atómicas (de fissão) e as termonucleares (de fusão).Aerossóis incapacitantes. já que existem armas não convencionadas de letalidade normal (ex: munições expansivas e de fragmentação) ou mesmo reduzida (ex: boxers). (d) Outras armas – todas as outras a considerar e que não se enquadrem nas categorias anteriores. Granadas lacrimogéneas. (2) Armas de Letalidade Reduzida (ou Armas Não Letais) – Armas ofensivas concebidas de modo a incapacitar pessoal ou material. I. destinadas a produzir baixas individuais ou múltiplas mas num raio de acção consideravelmente reduzido. armas nucleares. Produzem catastróficas destruições. penetração ou queda de projécteis.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO 5. . . B1.º 5/2006. granadas. a fim de provocar elevadas baixas em pessoas e animais bem como de danificar. Jurídico-Legal Além dos critérios de classificação supra apresentados. sendo igualmente proibidas por convenções internacionais. lesar gravemente. biológicas. hematóxicos. centros populacionais). podem ter efeitos catastróficos por efeito de propagação rápida. estrelas de lançar e boxers. facas de borboleta. F e G). meios militares e material de guerra. asfixiantes e herbicidas (desfolhantes). (f) Armas brancas não afectas a práticas venatórias.Bombas “sujas”. De utilidade quase nula em operações militares. que é aquela que os Estados adoptam através da promulgação de leis específicas. (c) Químicas – Armas contendo agentes químicos de elevada toxidade. empregues com a finalidade de aniquilar. . (c) Armas químicas. Podem ser temporários ou persistentes.Gás mostarda (neurotóxico). Os vectores de lançamento são geralmente outros engenhos de projecção balística (bombas. como sejam vírus. (i) (j) Bastões eléctricos ou extensíveis. agrícolas.). Os principais agentes químicos podem ter efeitos neurotóxicos.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO (b) Radiológicas . de 23 de Fevereiro com as alterações introduzidas pela Lei n. (d) Armas brancas ou de fogo dissimuladas sob a forma de outro objecto. dispersam ou disseminam agentes patogénicos.Aerossóis de esporos de carbúnculo (anthrax). E. São conhecidas como “bombas sujas”. contaminar e interditar o meio ambiente e em especial as culturas agrícolas. infra-estruturas. De fabricação e preparação relativamente barata. incapacitar pessoal ou danificar e contaminar gravemente o meio ambiente (florestas. (g) Engenhos ou instrumentos construídos para serem utilizados como arma de agressão. C. ou que não sejam objecto de colecção histórica ou artística. São proibidas por convenções internacionais devido à sua elevada letalidade e efeitos. . comerciais. g. (e) Facas de abertura automática.Amas concebidas para espalhar material radioactivo com a intenção de causar mortes em massa e causar o colapso de uma cidade ou nação. etc. B. radioactivas ou susceptíveis de explosão nuclear. domésticas ou desportivas. industriais. mísseis. Em Portugal. o fim a que se destinam e a sua utilização: (1) Armas da classe A: (a) Equipamentos. mormente os desperdícios de combustíveis das centrais nucleares ou de resíduos médicos radioactivos. (d) Biológicas – Artefactos ou materiais que projectam. usam explosivos convencionais para espalhar material radioactivo. de acordo com o grau de perigosidade.º 17/2009 de 6 de Maio (Regime Jurídico das Armas e suas Munições). urge considerar ainda a classificação jurídica. I. (h) Aerossóis de defesa não constantes da classe E e armas lançadoras de gases que estejam dissimuladas de forma a ocultarem a sua configuração. Sarin (gás neurotóxico). Outras armas que emitam descargas eléctricas não constantes da classe E. florestais. constituem uma ameaça nas mãos de organizações terroristas. facas de arremesso. estiletes. essa classificação encontra-se regulada pela Lei n. . toxinas e outros microrganismos. traduzindo-se em oito categorias legais distintas ( A. porque não sendo armas nucleares. D. (b) Armas de fogo automáticas.8 . bactérias. vesicantes. 25 ACP ou . (4) Armas da classe C: (a) Armas de fogo longas semiautomáticas. (b) Armas de sinalização. (b) Armas de fogo longas semiautomáticas. (t) Armas longas semiautomáticas com a configuração das armas automáticas. (e) Armas de fogo de calibre até 6 mm unicamente aptas a disparar munições de percussão anelar.32 S & W Long e . (3) Armas da classe B1: (a) Pistolas semiautomáticas de calibre 6. (n) Réplicas de armas de fogo.9 . unicamente aptas a disparar munições próprias do cano de alma lisa. (b) Armas de fogo longas semiautomáticas. de repetição ou de tiro a tiro. (6) Armas da classe E: (a) Aerossóis de defesa com agentes de capsaicina ou oleoresina de capsicum (gás pimenta) em concentrações não superiores a 5 %. sabres e outras armas brancas destinadas às artes marciais ou a ornamentação. se um deles for de alma estriada. (b) Réplicas de armas de fogo quando destinadas a ornamentação. (c) Armas de fogo inutilizadas quando destinadas a ornamentação. I. com mecanismo de segurança e que não possam ser confundíveis com armas de outra classe ou que não estejam dissimuladas de forma a ocultarem a sua configuração. de cano de alma lisa com um comprimento superior a 60 cm.32 H & R Magnum. de cano de alma lisa. de repetição ou de tiro a tiro de cano de alma estriada com um comprimento superior a 60 cm.25 Auto). armas de alarme ou salva passíveis de conversão em armas de fogo. (5) Armas da classe D: (a) Armas de fogo longas semiautomáticas ou de repetição. (g) Armas de ar comprimido de aquisição condicionada. (p) Espingardas cujo comprimento de cano seja inferior a 46 cm. (c) Armas de fogo longas de tiro a tiro de cano de alma lisa. (7) Armas da classe F: (a) Matracas. (8) Armas da classe G: (a) Armas veterinárias. (b) Revólveres de calibre. (m) Armas de fogo fabricadas sem autorização.35 mm Browning (. (c) Armas de fogo e munições unicamente aptas a disparar projécteis não metálicos ou a impulsionar dispositivos. (2) Armas da classe B: Armas de fogo curtas de repetição ou semiautomáticas. e que não possam ser confundíveis com armas de outra classe ou que não estejam dissimulados de forma a ocultarem a sua configuração. quando usadas para tiro desportivo. (o) Espingardas e carabinas facilmente desmontáveis em componentes de reduzida dimensão com vista à sua dissimulação. para uso militar ou das forças de segurança. (c) Armas de fogo longas semiautomáticas ou de repetição. (d) Armas de fogo curtas de tiro a tiro unicamente aptas a disparar munições de percussão central.Manual do Aluno (l) ELEMENTOS DE ARMAMENTO Armas de fogo transformadas ou modificadas. (f) Réplicas de armas de fogo. de cano de alma estriada. homologadas pela Direcção Nacional da PSP. (b) Armas eléctricas até 200 000 V. de repetição ou de tiro a tiro com dois ou mais canos. em que este não exceda 60 cm. (d) Armas de ar comprimido desportivas e de aquisição livre. (g) As armas de alarme ou salva que não estejam incluídas na alínea n) do n. (h) As munições para armas de alarme ou salva e para armas de starter. destinado unicamente a produzir u m efeito sonoro. 10 Dispositivo com a configuração de arma de fogo.10 .Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO (c) Armas lança-cabos. (e) Reproduções de armas de fogo para práticas recreativas.º 2 do presente artigo. para ser utilizado em actividades desportivas e treinos de caça. I . (f) Armas de starter 10 . 11 .000 a. uma ponta de lança (3) ou de flecha (4). o punhal (2). utilizando o arpão dentado (5) talhado a primor nos ossos de rena. Estes instrumentos eram utilizados como armas de caça ou de combate. sem sombra de dúvida. garantindo protecção para o frio e Fig. No final do Paleolítico Inferior e no Mesolítico. O homem passa a habitar em cavernas e desenvolve indústrias de talha de pedra ou do calhau troncado. a 30. Nessa altura o homem não tinha local de residência fixo e não usava qualquer espécie de vestuário.C. I-2-2 I .C.000 a. Improvisa-se assim uma acha (1) ligando uma 4 7 pedra bruta à extremidade de um pau. bem como o primitivo Homo Sapiens (200. até 2.). Eram usados como arma de mão ofensiva ou como instrumento de trabalho. No entanto.C. I-2-3). Os pesados troncos de árvores inspiram também o homem primitivo no fabrico da clava (6). o homem adopta novas técnicas que consistem em variantes polidas da talha de pequenos instrumentos de pedra (Fig. considerado como o verdadeiro ancestral do homem moderno. 1. Um dos primeiros e mais importantes vestígios resultantes da actividade humana é. a produção de armas necessárias para caçar e para conferir protecção e sobrevivência. DO PALEOLÍTICO ATÉ À IDADE DO BRONZE (de 600. o Homo Sapiens moderno vivia dos produtos da caça ou pesca. por meio de resinas ou tiras de pele.C. aparece o Homo Neanderthalensis (350.) O homem surge na terra pela primeira vez no período quaternário que abrange o desenvolvimento das alterações climáticas até ao fim das eras glaciais e o surgimento do estado climático actual.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 2 BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ARMAMENTO A evolução das armas é uma consequência imediata da evolução do homem. No Neolítico.).000 a. 1 2 3 4 No final do Paleolítico Inferior. O homem aprende a fazer uso do fogo.000 a. I-2-1 possibilitando cozinhar alimentos.C.000 a. Usa igualmente 1 2 3 5 6 pequenos utensílios de pedra (micrólitos) talhados por compressão. É nesta altura que se dá a transformação gradual para uma comunidade de tipo mais avançada em que a estrutura dos padrões de vida começam a mudar. fosse o primeiro a fabricar utensílios de pedra mal talhados (Fig. pouco se distinguindo de outras espécies animais. I-2-1) (1) com arestas ligeiramente afiadas e que pesavam aproximadamente 2 quilos. porque caminhava em posição erecta e possuía cérebro maior que qualquer símio. Por esta altura aparecem as primeiras armas Fig. contemporâneos do mamute. supõe-se que o Homo Habilis. A história prova -o como facto incontroverso. Esta indústria era representada por unifaces (2) e bifaces (3) (4) trabalhadas em calhaus. a mais célebre delas conhecida como o “fogo grego”. Com o emergir do povo sumério. o exército bizantino introduz a adaga. Ainda assim. os romanos.C. 1 2.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO defensivas que não eram mais do que escudos feitos da pele dos animais e conchas de tartaruga. I-2-3 permitiu fabricar algumas armas de corte e gume. O primeiro a ser empregue foi o cobre. as maças (1) as achas (2) e os açoites (3). A par dos gregos.) Neste período o armamento de ferro sobrepôs-se ao de bronze. aparecem os carros de guerra puxados por animais. I-2-4) (1) e azagaias (2). estima-se que por volta de 9000 a. Às longas distâncias continuava-se a combater com o arco e com uma nova arma. Fig. 2 Fig. Em 1826 a. lanças. dardos (Fig. No século VIII e IX foram aparecendo outras armas de mão tais como (Fig. Com a adição de pequenas quantidades de arsénico ao processo de fusão. 6). Esta arma permitia bater as tropas inimigas às longas distâncias. Combatia-se espada contra espada. introduziram as grevas (que se destinava a proteger os joelhos e as pernas) e a lorica. As suas tropas marchavam em fileiras de seis homens.12 . I-2-5). A elevada ductilidade e maleabilidade deste metal. os gregos e os chineses conheciam composições químicas que se assemelhavam à pólvora de guerra. Utilizavam torres móveis com aríetes na base e archeiros no cimo. Aparece então a ponta de lança (Fig. I-2-2) (7). posteriormente usadas pelos turcos. I-2-5 4.C. escudo contra escudo. Neste período sobressaíram pelo seu poder os romanos.. O Neolítico ou período da Pedra Polida encerra com o início da utilização dos metais pelo homem. Exemplos disto são as cimitarras (Fig. tornam-no menos próprio para ser empregue em armas na sua forma pura. a funda (tira de couro com que se arremessavam pedras). punhal contra punhal. como por exemplo adagas ou pontas de lança (2). Os romanos tornaram-se especialistas na táctica do cerco. IDADE DO BRONZE (de 2000 até 1000 a.) Por esta altura introduz-se a metalurgia do bronze (ligas de cobre e estanho) que transmite à arma uma maior dureza. na actual Baixa Mesopotâmia. I-2-4 3.C. que serviam de protecção contra as armas de mão. armados com machados. Deram um grande incremento à área das fortificações.C. I . principalmente as que se apresentavam montadas. conseguiu reduzir-se a oxidação bem como aumentar a sua dureza. No século V. usados como utensílios contundentes. Surge a espada com lâmina e punho em cruz. a 476 d. IDADE MÉDIA (476 a 1453) No século IV. o que Fig. IDADE DO FERRO (1000 a. foram 1 2 elaborados na China e na Europa machados de cobre fundido (Fig. Usavam capacete e capa de couro (armadura primitiva). os hititas conduziram com grande mestria o carro ligeiro do cimo do qual utilizavam o arco.C. I-2-3) (1). bem como a sua rápida oxidação. protecção do tronco feita de couro sobre o qual assentavam lâminas metálicas. H. I-2-8 11 Outros ainda referem o monge grego Marcus Graecus. o pique (7). I-2-7). XIV de armas de haste como (Fig. W. onde os árabes terão refinado a fórmula da sua composição. embora haja disso muitas dúvidas 11 . à túnica que os suportava. Outros historiadores referem o monge alemão Bertoldo Schwarz. fizeram com que a Cavalaria deixasse de ter o poder que possuía outrora. I . recomendando o seu uso militar e como explosivo. que terá sido contemporâneo de Bacon. Fig. o forcado (6) e. I-2-6 Para fazer face ao desenvolvimento das armas de mão. Outros ainda atribuem aos chineses a invenção de uma composição usado em engenhos pirotécnicos. Numa epístola datada de Fig. trazida para o ocidente por mercadores persas. que viveu no séc. A “cota de armas” foi sendo aperfeiçoada dando origem no século XIII à cota de malha ou loriga em que os anéis de ferro se sobrepunham em fileiras.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO 1 2 4 3 5 6 7 Fig. cujo cavaleiro e montada se encontravam protegidos respectivamente. (que nas mãos dos archeiros ingleses conseguiam uma precisão e alcance de 400 m) e o aparecimento no Séc. Era uma túnica com pequenas tiras quadradas de couro. que o soldado vestia para se proteger. ligadas umas às outras por anéis metálicos. dominavam os campos de batalha. Com vista a associar o poder de choque à penetração com o objectivo de atravessar as armaduras surge no século X a maça de armas eriçada (4 e 5). o esporão (5). Joseph. o monge inglês Roger Bacon. a partazana (2). o frade hispânico Ferrarius e o bispo Albertus Magnus de Ratisbona. A autoria do invento da pólvora de guerra é incerta.B. refere com precisão a sua composição. 1948). pelas armaduras e arnês. o roncão (3). I-2-7 1 2 3 4 5 6 7 1248. sendo eventual fonte de Bacon. e Smith. IX. principalmente. o escorpião (6) e o chicote de armas (7).13 . ambos do século XIII (Smith. apareceu no século IX a “cota de armas”. na cidade de Friburgo. Por esta altura a Cavalaria. Só o aperfeiçoamento do arco (Fig. I-2-8) a alabarda (1). o falcão (4). 3 formando uma espécie de cano. muito vantajosa para remuniciar as bocas de fogo dos navios (pedreiros. No Fig. nas regiões germânicas da actual Alemanha e Suíça ou ainda da Península Itálica. Fig. durante o cerco de 1334 da cidade -estado de Meersburgo (hoje na província alemã de Bade-Vurtemberga). etc. dada a proximidade das cidades de Friburgo e Meerburgo. I-2-10 finais do séc.). foram pelos ingleses estreadas na batalha de Crécy em 1346. Ainda em Fig. devido em grande parte à actuação dos archeiros ingleses. 1 não era mais que uma tosca peça de chapa de aço forjada em forma de tubo e reforçada com cintas de metal que podia ou não ser montada sobre um reparo rodado. Nesta batalha deu-se a derrota da mais famosa cavalaria da Europa.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Também se desconhece com precisão onde e quando foram inventadas as primeiras armas de fogo. 2 A colubrina (Fig. apareceram as primeiras armas de fogo portáteis. No final deste século o arco tinha-se tornado moroso 1 2 na preparação do tiro. Este facto dá força à alegação de que terá sido efectivamente Schwartz a conceber a arma de fogo. As primeiras armas de fogo. Mais tarde. bem como do desconhecimento da ciência balística. terão surgido em meados ou finais do século XIII. manejados por 2 ou 3 homens. Outros referem que terão sido os árabes a introduzi-las em batalhas travadas na mesma época na Península Ibérica. Surge então a besta (Fig. serpentinas e escopetas eram de fabrico algo imperfeito e rudimentar. bombardas. Posteriormente apareceu o arcabuz (3) com um hastil maior. era de menor calibre e podia ser carregada pela culatra por intermédio de uma cavilheta que se ajustava à pressão por intermédio de uma cunha. mercê das incipientes técnicas de metalurgia da altura. Consistiam em simples tubos de ferro. Fig. estando permanentemente armadas. De concreto sabe-se apenas foram utilizadas pela primeira vez. Também na Guerra dos 100 Anos. para executar tiro mais tenso. sob partido do bispo Nicolau I de Constança. I-2-9 entanto as dificuldades de ajustamento das diferentes peças levam esse equipamento ao fracasso. os portugueses e as repúblicas italianas retomaram esta concepção de retrocarga. Consoante as perspectivas dos historiadores. conhecidas por canhões de mão ou pequenas bombardas (Fig. contra os franceses. colubrinas. usada para tiro curvo.14 . I-2-9) (2). XIV. I . falconetes. A bombarda (Fig. I-2-9)8(1). I-210) (1) e a arbaleta (2) que possibilitava o tiro imediato. I-2-12 I-2-11). pelos defensores. cujo peso variava entre 20 a 30 kg. Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Às bombardas que se apoiavam numa forquilha fixada no arção da sela e que se encostavam ao peito para disparar, foi dado o nome de petrinal (Fig. I-2-12). Inicialmente, a deflagração da pólvora fazia-se, comunicando o fogo à pólvora que saía por um orifício chamado ouvido existente na extremidade posterior da geratriz superior do cano, por meio de um ferro incandescente chamado bota-fogo ou de uma mecha que tinha o nome de vela. Posteriormente, e para garantir a inflamação da pólvora criou-se à volta do ouvido uma concha chamada caçoleta, onde se deitava Fig. I-2-11 uma pequena porção de pólvora chamada escorva, que inflamava, comunicando o fogo à carga interior, através do ouvido. No final do séc. XIV fez o seu aparecimento o arcabuz (Fig. I-2-13), nome que lhe foi dado devido à semelhança com o arcabuz – arma de projecção de tiro – de que já falámos, e como este, provido de coronha, que apresentava a novidade do ouvido e Fig. I-2-13 da caçoleta estarem colocados à direita do cano para não prejudicarem a pontaria. Posteriormente, adaptou-se uma tampa à caçoleta para evitar que a escorva se molhasse com a chuva e a vela foi substituída pelo morrão que não era mais do que uma corda de estopa que ardia sem chama e era transportada enrolada ao braço direito do arcabuzeiro. O grande desenvolvimento das armas de mão, fez aumentar ainda mais a protecção da cavalaria. Assim, no início do século XV, a cota de malha dá lugar à armadura metálica (Fig. I-2-14) em que os anéis de cota foram substituídos por escamas de metal sobrepostas. O cavaleiro pesava agora, desde o elmo até aos sapatos de ferro cerca de 150 kg. Fig. I-2-14 Ainda no início do século XV inventou-se o porta-mecha que permitia ao atirador, disparar sem tirar a mão direita da arma. O porta-mecha, a que foi dado o nome fecho de 2 serpentina (início do século XVI) (Fig. I-2-15), constava de uma peça chamada serpe (1), que 3 transportava o morrão, mantida por meio duma mola sempre afastada da caçoleta (3). Quando se exercia pressão no gatilho (2), baixava 1 rapidamente e ia inflamar a escorva alojada Fig. I-2-15 naquela. Com o invento da serpentina, foi I - 15 Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO possível o petrinal passar a dispor de uma coronha curva, isto é, foi possível passar a empunhá-lo, tomando 1 o nome de pistola (Fig. I-2-16) (1). A presença do arcabuz reorganiza o emprego dos exércitos em combate adaptando quatro tipos básicos de soldados apeados: o alabardeiro, equipado com 2 Fig. I-2-16 alabarda; o piqueiro, equipado com pique; o arcabuzeiro, equipado com arcabuz; o lansquenete – Equipado com espadão (espada de duas mãos). Caminhava-se a passos largos para a Idade Moderna. A tomada de Constantinopla pelos turcos (1453) marca, de facto, o fim da Idade Média e o fim da capacidade inventiva das armas de mão. 5. IDADE MODERNA (1453 a 1789) Em 1498 Gaspar Zöllner inventa as primeiras estrias que eram rectilíneas e paralelas ao eixo do cano. Esta invenção, porém não se chega a generalizar devido à falta de justeza do projéctil, que se deformava devido às pancadas recebidas para entrar nas estrias. No início do século XVI, os espanhóis, seguidos depois por outras nações, adoptam o mosquete (Fig. I-216) (2), uma arma maior, mais pesada e mais potente que o arcabuz, disparando um projéctil maior e mais eficaz contras as igualmente mais pesadas couraças das tropas inimigas. Nas armas de fogo primitivas, o projéctil tinha um diâmetro muito inferior ao do cano para ser possível a execução do tiro com a arma incrustada de resíduos de pólvora. Esta diferença de diâmetro tinha o nome de vento e era fixada pela condição de se poderem fazer 30 tiros sem ser preciso limpar a arma. Em 1517, Kiefuss, relojoeiro de Nuremberga, para obviar os inconvenientes dos fechos de serpentina, inventa os fechos de roda12 (Fig. I-2-17), nos quais substituía o morrão por um pedaço de pirite de ferro (1) colocado entre as maxilas da serpe, que tomou o nome de cão (2). No fundo da caçoleta (3) apareciam os dentes de uma roda (4). Com uma chave (5) que se colocava no eixo (6) da roda, preparava esta, fazendo-a girar menos de uma volta. Escorvada a caçoleta, baixava-se o cão à mão até a pirite tocar os dentes da roda. Quando se premia o gatilho, a roda soltava-se, girando contra a pirite produzindo faíscas que inflamavam a escorva. Este invento dava possibilidades ao atirador de efectuar um Fig. I-2-17 disparo, em qualquer momento, sem necessidade de manter uma mecha acesa. Em 1520, Augustin Kotter, um armeiro de Nuremberga, constrói uma arma com estrias helicoidais que ao imprimir ao projéctil um movimento de rotação em torno do seu eixo, proporcionava um maior alcance, penetração e justeza, pela menor resistência sofrida pelo ar ao longo da sua trajectória. Todavia, o carregamento desta arma é problemático e a mesma só se desenvolverá para competições de tiro local. Em meados do século XVI, a cavalaria começa a aparecer equipada com armas de fogo mais curtas que os mosquetes, as clavinas ou carabinas, para poderem ser disparadas e carregadas pelas tropas a cavalo. As armas continuavam a ser carregadas pela boca sendo chamadas de antecarga. 12 Os historiadores dividem-se quando à autoria deste invento. Para alguns, terá sido inventado por Leonardo da Vinci, ca 1509. Para outros ainda, terá sido Löffelholz, ca 1505, I - 16 Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Como era necessário que os projécteis entrassem nas estrias e sendo de calibre inferior ao do cano, tornava-se por isso necessário, bater-lhes repetidas vezes com a vareta, para que entrassem nas estrias. Para evitar a sua deformação protegiam-se com sarja, couro ou qualquer pano ensebado. A este projéctil deu-se o nome de calepim. No início do século XVII apareceram os fechos de sílex ou pederneira. Embora não fossem mais eficazes que os fechos de mola, estes eram de fabricação mais complexa e onerosa, além de demorar muito tempo a armar a mola da roda, pelo que aqueles se tornaram mais difundidos. Compunha-se o fecho de sílex de duas peças principais (Fig. I-2-18): o cão (1) e o fuzil (2), peça inteiramente nova que deu o nome às armas que adoptaram este sistema. O cão retinha entre os dentes (3) e (4) a pederneira (5) envolvida num pedaço de chumbo ou couro para melhor poder ser apertada pelo parafuso (6). Pressionando o gatilho (7), o armador (8) libertava-se do entalhe da noz (9) que por acção da mola (10) rodava e com ele rodava o cão. Este feria o fuzil (2) dando-se a faísca ao mesmo tempo que a caçoleta (11) era aberta pelo levantamento do fuzil. Em finais do século XVII aparece a baioneta, supõe-se que usada pelos Fig. I-2-18 contrabandistas gascões, para carregar os espanhóis, perto de Bayonne, atando as navalhas nas bocas dos seus mosquetes. Posteriormente evoluiu-se para a baioneta primitiva (Fig. I-2-19) que não era mais 3 1 2 que uma espada-baioneta (1) com um cabo de madeira que era introduzido no cano da arma impedindo-a de fazer fogo. Para contornar este inconveniente, em 1703, Vauban um engenheiro francês inventou a baioneta de alvado (2) que dispunha de uma manga para adaptação ao cano, invenção essa que provocou o desaparecimento dos piqueiros em todos os Exércitos. Esta baioneta de menores dimensões permitia que a arma pudesse fazer fogo enquanto se utilizava a baioneta. Do sabre-baioneta resultou o punhal-baioneta (3) por diminuição do seu peso e comprimento. Fig. I-2-19 Nas armas actuais, a ligação faz-se por meio do grampo existente na parte 3 posterior do cano e por um fecho existente no sabre-baioneta. No início do século XIX aparecem as pólvoras fulminantes e o fecho de percussão (Fig. I-2-20). O cão foi substituído por uma só peça que 5 funcionava como martelo (1), sendo o Fig. I-2-20 fuzil, a mola e a caçoleta substituídos I - 17 Embora a maioria das armas de percussão fosse de antecarga. Verificava-se que qualquer afastamento do eixo I . 6. se enroscava no ouvido da espingarda. já nessa altura havia armas de retrocarga com fecho de percussão. A deformação assim sofrida pelo projéctil tinha como consequência o aumento da resistência do ar e o deslocamento do seu centro de gravidade. de que resultava um aumento da sua secção transversal e deformação da curvatura da sua superfície superior. ou seja. A cápsula fulminante (2) colocava-se na parte superior da chaminé e era detonado ao receber a pancada do cão. Mas só em 1826. Depois de lançada a pólvora Fig. Em 1836. demonstrou em 1842 a importância da canelura do projéctil de Delvigne. aperfeiçoou uma carabina 1 2 com alma sulcada por duas estrias em forma de espiral. indo a sua chama. furada interiormente. I-2-22) (1). com a parte anterior semi-esférica e a posterior lisa (para apoio no escalão). o Capitão Berner de Brunswick. quase ovais (Fig. com cerca de 11 mm de espessura. servia para o projéctil manter o seu eixo longitudinal segundo a linha de trajectória. que apresentou uma solução em 1826. que era reduzida a polverim. em que se introduzia um projéctil esférico. O cano terminava numa câmara de calibre inferior ao da alma. a qual. Foi Delvigne. Este processo permitia a dilatação do projéctil. por sua vez. Delvigne em 1841 propõe a adopção do projéctil cilíndrico-ogival. mas a pólvora na câmara não era comprimida. ficou minimamente resolvido o problema de travar o projéctil nas estrias. aumentando a rapidez de carregamento. O capitão do exército francês. igualmente furada interiormente. colocada na parte posterior do projéctil. Por esta altura também começou a generalizar-se o uso de canos estriados. I-2-23 irregularmente durante o carregamento. inflamar a carga. Em 1831. mostrando que essa gola. I-2-24 introduzia um fio ensebado para lubrificar o cano. ao mesmo tempo que se prejudicava a sua velocidade com o calcamento da carga. I-2-23). após acção do gatilho (4) sobre o armador. Tamisier. introduzia-se a bala que era travada por sucessivas pancadas com a vareta. fazer com que o projéctil entrasse nas estrias. O projéctil teve aplicação em algumas armas inglesas. IDADE CONTEMPORÂNEA (1789 até à actualidade ) Estava-se em plena Guerra Napoleónica (1796-1815) e o fecho de sílex ainda se encontrava bastante generalizado. através da chaminé e da borracha. reduzindo o vento e adquirindo o movimento de rotação. I-2-22 alemãs e russas. conhecido pelo nome de projéctil primitivo (Fig. pela adopção do sistema de travamento por compressão (Fig. O resultado era um tiro mais preciso porque era mais difícil que o projéctil se dilatasse Fig. fixando o projéctil esférico a um taco de madeira (Fig.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO por uma peça chamada chaminé (2). I-2-24) que dispunha de uma canelura onde se Fig. dotado de uma cintura e um alongamento na parte de maior diâmetro (2).18 . O projéctil era introduzido com apoio de um pano oleado não sendo necessário o atacamento. o coronel francês Pontcharra. I-2-21 na câmara. I-2-21). aperfeiçoou o sistema de Delvigne. Fig. a qual enroscava noutra peça chamada borracha (5). I-2-25). Fig. Johann Nikolaus 3 5 1 2 4 von Dreyse patenteia uma arma. I-2-26). com o nome de espingarda de agulha Dreyse. Entretanto. O projéctil (Fig.19 . sob a pressão dos gases. I-2-27) (1) tinha duas profundas caneluras circulares. obteve o travamento só pela inércia. mas algo modificada (2). I-2-27) do projéctil que entrava assim nas estrias. Em 1842 surgiu o travamento ―Thouvenin‖ (Fig. conforme se constataria nas guerras austro-prussiana (1860-1864) e franco-prussiana (1870-1871). que em virtude da inércia. por se ter mostrado de difícil fabrico foi suprimido o taco ficando apenas a cavidade. em que a câmara da arma tinha um diâmetro igual ao do cano. I . O travamento continuava a executarse por pancada da vareta. As armas que utilizavam este projéctil ficaram conhecidas pelo nome de carabinas Minié e este sistema de travamento pelo nome de travamento por expansão. onde os gases resultantes da explosão exerciam acção. a parte posterior do projéctil avança. para patentear uma espingarda que utilizará a munição deste. a Dreyse irá tornar obsoletas as espingardas e carabinas de antecarga. Em 1855. mas dispunha a meio duma haste aparafusada ao fundo da culatra. O travamento feito pela vareta. Em 1854. continha carga (2). em torno da qual se colocava a carga. Apesar do seu excessivo peso. era compensando pela resistência do ar sobre a canelura. obrigando-o a voltar à posição primitiva. I-2-26 comprimindo as paredes do projéctil contra o cano. de secção tal que. I-2-28 em 1841 pelo exército prussiano. o capitão francês Claude Fig. alargando o projéctil sem lhe roubar a forma original. o capitão austríaco Lorenz associa-se a Wilkinson. cujo carregamento era feito pela culatra e empregava um cartucho completo (Fig.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO segundo a direcção tangente à trajectória. as incrustações entre a haste e o cano. I-2-25 Minié propõe a adopção de um projéctil de calibre inferior ao da arma e que na parte inferior tinha uma cavidade troncocónica na qual se alojava um taco de ferro (Fig. deficiente equilíbrio e constante fractura do percutor que destemperava rapidamente ao ser sujeito a sucessivas explosões da carga propulsora. A espingarda irá equipar o exército da Áustria. em que o projéctil se opõe à acção dos gases. por causa do seu percutor com forma de agulha (1). tudo isto não obstou que grande parte das nações Europeias adoptassem esse sistema. a dificuldade e morosidade na limpeza. os acessórios especiais que carecia e a deterioração da haste. comprimindo a parte anterior. bala (4) e escorva (3) num invólucro de papel (5). I-2-28). ou seja. A aplicação do projéctil primitivo levou Thouvenin a utilizar uma vareta especial cuja a cabeça tinha uma cavidade igual à ogiva do projéctil. Essa arma é adoptada Fig. Em 1849. se mantém imóvel o suficiente para se produzir a dilatação (Fig. Em 1851. para evitar os inconvenientes da deformação do projéctil. o britânico Wilkinson. feito de metal mais dúctil e maleável (Fig. entretanto transformadas. I-2-29 da câmara.obturador. Foi utilizado em poucas armas. Foram utilizados quatro processos para se conseguir a obturação: a. ao dar-se a explosão.20 . retomando depois a sua forma primitiva devido a elasticidade do metal. fica comprimida entre ela e a câmara. obtido através do emprego de um projéctil de diâmetro superior ao da alma do cano. Este tipo de travamento ainda é o que hoje se emprega. É uma combinação dos dois sistemas anteriores. mais propriamente nas armas de obturação por justaposição. outra na culatra. Esta generalização permitiu a evolução para o travamento do projéctil nas estrias por via do forçamento por ductilidade . Na arma Chassepot M/886 (Fig. Consiste na justaposição de duas superfícies. uma existente na entrada Fig. esta generalização das armas de retrocarga veio trazer um problema. I-2-31) os 4 2 3 1 gases (1) actuam directamente sobre um cilindro metálico (2) ligado à cabeça da culatra que vai comprimir um anel de cauchu (3) que o envolve contra a superfície interna Fig. Empregam-se invólucros de latão (liga de cobre e zinco) flexíveis para permitir a referida expansão sob pressão. mas suficientemente robustos para permanecer intactos perante as pressões máximas desenvolvidas. como no caso da espingarda Dreyse de 1841 (Fig. I-2-30) para que os gases. É o processo mais perfeito por permitir uma obturação completa e o que é hoje universalmente adoptado. a pressão dos gases aumenta a compressão dessa peça que dilatando-se. quando se generalizaram as armas de retrocarga com cartuchos totalmente metálicos. Por Justaposição É o mais antigo. I-2-31 da câmara (4). se expande em todos os sentidos e se ajusta à superfície da câmara. Consiste no emprego do cartucho que ao dar-se o tiro. Todavia. Essas superfícies eram em geral tronco-cónicas. Era um sistema imperfeito por nunca ser possível um Fig. como foi o caso da espingarda I . as obrigassem a apertar uma de encontro à outra. c. Por Sistema-Misto (justaposição e dilatação-compressão). Por Dilatação-Compressão Consistia no emprego de uma peça . I-2-29) que o deste. dilatando-o e por isso provocando a obturação.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Em 1860 generalizaram-se as armas de retrocarga ou carregamento pela culatra. Ao dar-se o tiro. I-2-30 contacto íntimo entre as superfícies. cujo ajustamento provocava a obturação. ligado à cabeça da culatra que quando esta se fecha. d. que era o de evitar a fuga de gases para a retaguarda. b. produz a obturação. Por Dilatação-Expansão Começou a ser empregue na década de 1860. usando-se o cartucho com invólucro combustível o que permitia que o atirador conseguisse disparar deitado. Este invento é logo aplicado à nova arma francesa.43 mm mm (Francesa) .21 (Fig. 71 11 (Prussiana) .Espingarda Dreyse (transformada) 15.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO transformada Dreyse mod.Abrir culatra. Estes cartuchos resolvem os anteriores problemas havidos com os sistemas de obturação e de percussão.Fechar culatra. Em 1866. É a época dos grandes calibres: (Prussiana) . por acção da gravidade. I-2-33). esta arma materializaria um passo importante na evolução das metralhadoras. I-2-32). nos Estados Unidos da América em 1860. I-2-32 conferindo um grande impulso ao desenvolvimento das armas de fogo. Em 1889 na Grã-Bretanha. evitando denunciar a posição do atirador e melhorando a pontaria nos disparos sucessivos. com um depósito tubular no fuste. I . 1873 11. o capitão Correia Barreto inventa igualmente uma pólvora sem fumo.Carabina Winchester 1873 10.Espingarda Springfield Mod. com um depósito tubular amovível introduzido na coronha. Em 1887 em Paris.Espingarda Mauser Mod. I-2-33) . das armas de retrocarga e das armas de repetição. evidenciando a sua grande superioridade face às armas de tiro simples e em especial as de antecarga.Espingarda Carcano (transformada) 17. Em 1870 generalizou-se o uso do cartucho completo metálico. como forma de tentar resolver as deficiências de obturação das mesmas. . o coronel Edward Boxer na Grã-Bertanha patenteia. apesar de não ser ainda uma arma automática. Em 1862. Entrava-se na era das pólvoras sem fumo.5 mm (Italiana) . Fig. o coronel Hiram Berdan nos Estados Unidos patenteia um cartucho totalmente metálico de percussão central. 1870. Alfred Nobel inventa a balistite. Richard Gatling patenteia uma arma de 6 canos rotativos por acção de uma manivela. Em Portugal. Com uma incrível cadência de 200 tiros por minuto. patenteada com o seu nome.Introduzir o cartucho na câmara. são registadas as patentes das duas primeiras armas de repetição a ser fabricadas com grande êxito: a carabina Spencer. no mesmo ano.Espingarda Gras Mod. Entretanto.6 mm (Americana) . que tornaram a pólvora negra rapidamente obsoleta.6 mm mm (Britânica) Em 1884 o francês Paul Vieille inventa uma pólvora sem fumo. A sangrenta guerra civil que se seguiu. . permitiu que estas duas armas equipassem grandes unidades do Exército Unionista. o carregamento foi simplificado resumindo-se a três tempos: . Frederick Abel e James Dewar patenteiam a cordite (Fig. cujas câmaras são sucessivamente alimentadas a partir de carregadores verticais. um cartucho análogo (Fig. Os militares do Exército Confederado referiam-se a elas como “as armas de se carregam ao domingo e se disparam durante toda a semana”.Espingarda Martini-Henry 11. a espingarda Lebel 8 mm M1886. e a carabina Henry (mais tarde Winchester). a pólvora B. 1874 11 . Paralelamente.8 mm (Americana) . Com a adopção das armas de retrocarga e do cartucho completo. a partir de uma Winchester alterada (Fig. “cauda de A partir de 1900 começa o grande desenvolvimento das armas barco” automáticas e semi-automáticas que se estendeu até aos nossos dias e que em capítulo próprio estudaremos. três inovações que irão conduzir às Fig.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO de elevada qualidade. embora a mesma não chegue a ser produzida. a primeira pistola semi-automática de produção industrial. mais resistentes ao atrito no cano.22 . os projécteis ogiva anterior pontiagudos. utilizando um sistema de alavancas articuladas para travar e destravar a culatra. estes também conhecidos por projécteis de “cauda de barco”. justeza e poder vulnerante. com maior poder vulnerante. Em 1884 Maxim desenvolve Fig. I-2-34 igualmente uma espingarda Fig. são introduzidas. I-235). I-2-34) de calibre 7. Entretanto. Hugo Borchardt. que é a primeira arma a resolver o problema balístico do automatismo. I-2-35 semi-automática. I-2-36). na Alemanha. permitindo acabar com a dependência da pólvora de Nobel. patenteou a C-93 (Fig. baseada no sistema de alavancas articuladas da metralhadora Maxim. I-2-36 modernas e ainda actuais munições das armas de fogo estriadas: os projécteis encamisados. As evidentes melhorias balísticas em camisa termos de alcance. I-2-37 I . Nesta mesma década de 1890. Fig. I-2-37) com trajectórias mais justas. e os projécteis bi-ogivais (Fig. em 1883 Hiram Maxim desenvolve a sua metralhadora Maxim (Fig. bem mais onerosa para o país. fazem aumentar núcleo drasticamente a letalidade das armas de fogo ligeiras. consecutivamente. Em 1893.7 mm e uma cadência de 600 tiros por minuto. aproveitam a própria força do combatente para a produção do efeito desejado. 1. 4. com o centro de gravidade próximo do punho. FACILIDADE DE MANEJO A arma deve ter forma e peso adequado ao seu emprego. 3. a construção de qualquer arma obriga a um estudo cuidadoso e metódico. Também não deve ser demasiado tenaz porque uma grande tenacidade facilita deformações permanentes. Contudo. o poder de choque ou de penetração. todavia. pode ser aumentado o comprimento por forma a aumentar o raio de rotação (Fig. que a arma tenha uma grande elasticidade porque só assim a arma terá uma maior resistência. Existe então a necessidade de afastar o punho do centro de gravidade da Fig. GRANDE RESISTÊNCIA A resistência da arma depende. Não sendo possível obter uma arma que satisfaça plenamente todas estas condições que se contrariam entre si. MÁXIMO RAIO DE ACÇÃO O raio de acção deve ser o maior possível sem contrariar a facilidade de manejo. além da sua forma e dimensões. a manejabilidade desejada para a arma. atento ao fim a que aquela se destina. reduzindo. GRANDE POTÊNCIA DE CHOQUE OU DE PENETRAÇÃO Depende do produto e será tanto maior quanto mais pesada for a arma (m) e maior for a velocidade (v) de que vai animada no momento do choque. sem contrariar.23 . sendo a arma manejada pelo homem cuja força muscular é limitada. arma. I .Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 3 CARACTERÍSTICAS FUNDAMENTAIS DAS ARMAS DE MÃO Sendo as armas de mão destinadas à luta a pequenas distâncias. resistência e raio de acção. igualmente. A energia de choque terá o seu valor máximo quando o centro de gravidade da arma passar pela direcção de resistência que o meio chocado opõe. tenacidade e elasticidade do material de que é feita. 2. Determinadas formas bem como dimensões maiores concorrem para o aumento da resistência. Convém. I-3-1). como as de choque e algumas de corte. ao corpo a corpo. facilidade de manejo. no entanto. para além de uma superior capacidade de manejo. o que contraria a facilidade de manejo. A sua eficácia obedece às seguintes condições: potência de choque e penetração. O material não deve ser excessivamente duro porque a dureza excessiva é causa de fragilidade. também do grau de dureza. fácil é constatar que os valores de m e v terão que ser igualmente limitados. I-3-1 Só nas armas que actuam rodando em torno de uma das extremidades. Sendo dif ícil essa operação dáse uma curvatura à lâmina facilitando a acção de corte. pois desta maneira as mesmas fibras são atacadas sucessivamente umas após outras. compreende-se facilmente que a diminuição desse ângulo não Gume da Lâmina pode ir além de um certo limite. F2 F1 P Para uma mesma força. De igual forma e para que uma arma com lâmina recta produza o máximo de penetração no corte. a.24 . Fig. c. Armas de estocada e de ponta Como se disse. obtém-se maior energia de choque pela aproximação do centro de gravidade da arma com o ponto chocado (Fig. Fig. As pontas mais usuais são (Fig. diminuído e será tanto mais agudo quanto mais oblíquo for o golpe (Fig. estas armas actuam somente pela ponta. seja utilizada. sendo preferível que a lâmina em vez de actuar perpendicularmente às fibras do corpo. como se verifica no caso de armas como o sabre ou a cimitarra (Fig. é necessário incliná-la em relação ao antebraço. variável com a resistência da arma. que neste caso aumentam a resistência à Direcção – aprox. 15º outras. de forma a obter delas o máximo efeito. estas armas actuam pela R cutilada e o efeito que se pretende obter é o de penetração e não o de esmagamento. actue obliquamente. Assim os valores da massa (m) e velocidade (v) são obtidos dando à arma o máximo peso e comprimento (que aumenta o seu raio de rotação e consequentemente a velocidade). deste modo. I-3-2). de modo que encontre obliquamente o objecto a cortar. I-3-3 direcção em que se dá o golpe. I-3-5). sem perigo desta ser F P Corte facilmente destruída. a penetração será tanto maior quanto menor for o ângulo de Folha Ângulo Cunha cunha (Fig. I-3-5 A arma deve ser recta e a bissectriz do ângulo de ponta deve coincidir com o eixo do punho a fim de que toda a força exercida pelo combatente. desde que compatíveis com a facilidade de manejo. Por sua vez. I-3-2 b. I-3-3). I-3-4 é. o que permite aumentar o efeito de penetração. Além disso o ângulo de cunha Fig. adelgaçando o extremo em que se segura e engrossando o outro. I-3-4). I-3-6): I .Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Vejamos como se conciliam estas condições. Armas de corte ou de gume Cota da Lâmina Como se disse. R Rasgamento O efeito da penetração depende ainda da Fig. 45º penetração por se apoiarem umas nas Direcção – aprox. No entanto. Armas contundentes ou de choque O efeito da destruição obtém-se pela potência do choque . pela possibilidade de colocação do dedo indicador para alem da guarda. quando empunhadas possibilitam uma variação de 90º (Fig. permitindo que o polegar e parte da mão actuem ao longo do punho. Armas de Gume e Ponta Caracterizam-se. I . até cerca de 160º (Fig. O dedo Fig. de guarda recta. de todas a melhor porque. I-3-8) em relação ao antebraço. As espadas do início da Renascença são caracterizadas pela existência de guardas em forma de “pergaminho” a que chamamos copo. mas sendo bem resistente. I-3-7) a 130º (Fig.25 . I-3-8 indicador é colocado numa anel á frente da guarda. como se disse. co m o inconveniente de apresentar uma mudança brusca à penetração. I-3-9). I-3-9 mas não tanto que a potência de choque da cutilada fique muito reduzida. o que permite que 90% da Fig. Nestas condições a força empregue pode então dividir-se igualmente entre a cutilada e a estocada. (3) Ponta de língua de carpa [3]. para alem do eixo de actuação da anterior guarda recta. é contudo a mais fraca. permitindo uma amplitude maior. dá uma penetração suficiente 1 2 3 Fig. Nestas armas. a espessura da lâmina deve diminuir do punho para a ponta. I-3-7 força se exerça na cutilada e apenas 10% na estocada. As armas mais tradicionais e antigas.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO (1) Ponta de florete ou de estoque [1]. Fig. pela combinação das propriedades das armas da corte com as de estocada e fundamentalmente. o que facilita a esgrima pelo facto do centro de gravidade da arma se aproximar do punho. sendo a mais sólida. sendo a mais própria para a penetração. (2) Ponta de bisel ou de pico [2]. I-3-6 d. Uma arma. deve satisfazer às chamadas CONDIÇÕES DE TIRO. a. EFICAZ Diz-se eficaz quando o seu projéctil atinge o adversário e o põe fora de combate. o que corresponde a dizer que é aquele para além do qual os projécteis já não fazem ricochete. mas sim. Ex: Esp Aut G3 7. Alcance Normal ou Prático: É a distância a que normalmente se faz fogo e que é determinada exclusivamente por razões de ordem táctica. Nas armas de defesa actuais a energia é de 30 kg/cm². Tensão: É a máxima ordenada da trajectória. de altura h. em geral traduzido pelo máximo alcance do aparelho de pontaria. Poder Derrubante : Energia mínima que um projéctil deve possuir para eliminar imediatamente um homem. Assim toda arma deve ser: 1.26 . conforme se aproxima mais ou menos da linha recta. Alcance Útil: É o alcance permitido pelas possibilidades técnicas da arma. Ex: Esp Aut FAMAS 5. à maior distância possível e com o menor número de munições. quando o projéctil chega ao alvo com uma velocidade restante de 50m/s.62 mm – 4500 m. considerando-se mais ou menos tensa. Ex: Met Lig MG3 7.56 mm – 300 m. A organização de uma arma de fogo depende de muitos e variados factores que por vezes se contrariam mas que entre os quais tem que existir uma perfeita ligação. Com estas armas de defesa pretende-se não uma grande força de penetração. para ser eficaz. Ex: Esp Aut G3 7. aparelho de pontaria e sistemas de apoio). Quanto menor a ordenada maior a tensão da trajectória. Poder Vulnerante : Energia mínima que um projéctil deve possuir para colocar um homem fora de combate. A trajectória é tanto mais tensa quanto maior a velocidade inicial do projéctil. é sempre Fig. Condições de tiro de carácter balístico Depende dos elementos que constituem a munição e da organização balística da arma (cano. Alcance Eficaz: Alcance para além do qual os projécteis já não traduzem efeitos especiais. a produção de lesões que eliminem imediatamente um homem. Trajectória: É a linha curva que o centro de gravidade do projéctil descreve no espaço. Alcance Máximo: É a máxima distância que o projéctil pode alcançar. Zona Perigosa: Extensão de terreno (OB+CD) na qual um alvo vertical CE.62 mm M/63 – 200 m. I-4-1 batido pela mesma trajectória (Fig.62 mm M/63 – 1700 m. Estas condições podem ser de carácter balístico ou mecânico. (1) Potência I .Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 4 CONDIÇÕES A QUE DEVEM OBEDECER AS ARMAS DE FOGO Antes de entrarmos neste estudo vamos apresentar algumas definições indispensáveis para melhor se compreender o desenvolvimento da matéria. Nas espingardas automáticas actuais é de 8 kg/cm². I-4-1). o mais rapidamente possível. Os desvios à regulação mais comuns referem-se à deficiente instrução do atirador. 5. Condições de tiro de carácter mecânico As condições de tiro de carácter mecânico referem-se à possibilidade do atirador poder efectuar. I-4-2). Estrias. I-4-3). à sua falta de serenidade. (3) Mobilidade de tiro Consiste na facilidade de mudar rapidamente o tiro de um alvo para o outro. As armas actuais. Traçado interior da câmara e do cano. A potência depende também da velocidade restante . que podem fazer tiro a grande distância e que fazem pontaria indirectamente. (2) Justeza A justeza de uma arma de fogo depende de duas características concorrentes. Alinhamento do aparelho de pontaria. traduzida no poder derrubante e poder vulnerante.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Exprime-se pela força viva que imprime ao projéctil. Traduzem-se em: (1) Velocidade de tiro (cadência de tiro) I . à fadiga. ou seja fazer o transporte de tiro. I-4-3 vantagens em melhorá-la. I-4-4 considerações tácticas como sejam a mobilidade e a visibilidade. Rigor e qualidade do aparelho de pontaria. 2. uma arma diz-se justa quando o seu tiro é preciso e regulado (Fig. um maior ou menor número de tiros sobre o alvo. Forma e qualidade do projéctil. ao produto em que: m . atingem uma precisão considerada de tal modo satisfatória. ou a Fig. (a) Precisão Uma arma é precisa quando a amplitude de dispersão dos impactos é pequena. (b) Regulação Uma arma é regulada quando o ponto médio do agrupamento dos impactos coincide com o centro do alvo (Fig.velocidade inicial à boca do cano A velocidade inicial tem grande importância pois é dela que depende o alcance. A regulação da arma não depende da arma mas sim de condições exteriores à mesma. A precisão de uma arma depende das suas características. Embora o alcance não se revista de uma grande importância uma vez que a pontaria é directa. 4. isto é.massa do projéctil v0 . quando o grupamento de tiro para a mesma posição da arma é muito denso (Fig. I-4-2 1. 3. I-4-4). devido à excelência da qualidade dos seus constituintes. que não há Fig. isto é. b. o mesmo não sucede nas armas colectivas. principalmente : Fig. num determinado espaço de tempo. que é a velocidade do projéctil às diferentes distâncias. a precisão e a regulação. Obviamente. a tensão da trajectória e a potência do projéctil.27 . Para que haja precisão do tiro é necessário que o órgão de apoio possua estabilidade. Depende do sistema de apoio da arma. m. Deve ter um ângulo de coronha (ângulo formado entre o eixo do cano e o eixo da coronha) entre 4º e 10º. desarmar. isto é quando se encontrar sempre em boas condições de funcionamento. É expresso em tiros por minuto (t. – – velocidade de recuo da arma velocidade inicial do projéctil – peso da carga – peso do projéctil – peso da arma Do estudo desta fórmula verifica-se que o recuo aumenta quando o peso da arma diminui. UTILIZÁVEL Uma arma diz-se utilizável quando pode ser facilmente transportada e servida. Para tal deve ter recuo suportável. Contudo as armas actuais atingem uma velocidade prática de tiro considerável. 2. Manejabilidade A manejabilidade consiste no conjunto de requisitos que uma arma de fogo deve obedecer para que possa ser transportada e empregue com facilidade durante o combate. Simplicidade A simplicidade traduz-se na sua fácil manobra e conservação.700 t. A energia de recuo é dada pela fórmula: I .m. limpar e substituir peças. Todas estas limitações fazem com que a velocidade prática de tiro seja inferior à velocidade de tiro. para se conseguir uma boa manejabilidade da arma o recuo não deve ser superior a 3 m/s.p. mesmo em combate. manejável e segura. Actualmente.28 . recorre-se à fórmula de Saint Robert. (b) Evitar grande consumo de munições. (1) Uma arma é de fácil manobra quando as operações a efectuar para a execução do tiro são fáceis e em número reduzido. (2) Coronha utilizável Deve ser leve (presentemente são feitas de ligas de plástico) mas robusta para suportar todo o recuo da arma. a. pesos. (d) Evitar o aquecimento excessivo do cano. face a uma desejada potência balística.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Número de tiros que um atirador em condições ideais pode executar num minuto. (2) Velocidade prática de tiro Número de tiros que um atirador pode executar num minuto. (2) Uma arma é de fácil conservação quando é fácil de armar. dimensões e formas adequadas. (c) Poupar a arma.56 mm . coronha utilizável. b. Ex: Esp Aut Aut GALIL SAR 5. ou seja deve ser simples.). (1) Recuo suportável Para que uma arma tenha um recuo suportável. Ao conjunto destas características dá-se o nome de CONDIÇÕES DE SERVIÇO.p. tendo em consideração as seguintes limitações práticas: (a) Trepidação da arma que implica paragem de tiro para correcção de pontaria. no caso das espingardas individuais. já a Esp Aut AKM 7.29 . para se conseguir uma boa manejabilidade da arma. a forma e o comprimento do couce. face ás armas de calibres superiores. Deve. Por sua vez. todos com influência no tiro. alumínio. do tipo faca ou punhal. não ultrapassam os 3. versão modernizada de 1958 da famosa AK-47. magnésio. factor relevante no campo de batalha moderno. para uma potência balística deliberadamente reduzida.45 mm. a baioneta. O peso dos acessórios. Actualmente. (3) O baixo custo e a fácil aquisição das matérias-primas. máquinas ferramentas e tecnologia. Segurança A segurança inclui todos os requisitos que uma arma de fogo deve possuir para que seja manejada. bem como outros materiais leves mas resistentes. ser criteriosamente escolhidos de modo a cumprir este requisito. como foi o caso da Esp Aut FN FAL 7.62 mm. 3. titânio. I .) ou prensados. A maioria das espingardas de calibre 7.62 mm entradas ao serviço nos anos 1960 cumpriam à risca este requisito. com o centro de gravidade a ficar ligeiramente atrás da alça. há igualmente que atender a uma distribuição do peso da arma. ultrapassava de longe este desiderato com o seu peso de 3. terão de ser forçosamente considerados. na fabricação e na facilidade de conservação. de calibres 5. igualmente ser estanque. c. Entretanto.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO – – – – energia de recuo da arma velocidade inicial do projéctil massa da arma ângulo da coronha (3) Pesos.56 e 5. REALIZÁVEL Uma arma diz-se realizável quando se tornar possível a organizar a sua produção em grande série. sem que o atirador corra qualquer risco.8 kg) e Pist Glock 17 9 mm (0. (2) A intermutabilidade de peças de armas afins. não excedem 0. como é o caso das Pist Walther 9 mm M/61 (0. o peso não deve ser superior a 4 kg no caso das espingardas individuais. nomeadamente os plásticos. obedecendo a uma série de condições a que se dá o nome de condições de fabrico e que podem incluir: (1) O fabrico e a montagem fáceis das armas e seus componentes. Deve possuir mecanismos de imobilização ou de aviso que minimizem os disparos acidentais ou fortuitos. as modernas pistolas não devem ter pesos superiores a 1 kg. lhes confere elevada manejabilidade.62 mm (4 kg) ou da Esp Aut G3 7. As espingardas mais modernas. O uso de metais densos (aços pobres em carbono. o que.95 kg). Por isso depende da qualidade dos materiais empregues. Na forma. mantendo a desejada robustez. Os materiais a empregar na sua construção devem.25 m. etc. pois é aí que a mão do atirador a irá empunhar. aliado ao menor peso das munições destes calibres. como por exemplo. dimensões e formas adequadas Uma arma de fogo ligeira deve ser leve sem deixar de ser robusta.7 kg. também deve ser obviamente considerado. baquelites concorrem para este fim.63 kg).1 kg. pois. Deve ser robusta e garantir um bom funcionamento. Para além do peso. As modernas baionetas.62 mm (3. bem como a facilidade de utilização do aparelho de pontaria. Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO PARTE II ARMAS DE FOGO ORDINÁRIAS CAPÍTULO 1 ORG ANIZAÇÃO DA ARMA DE FOGO Os diferentes órgãos de que se compõe uma arma de fogo. inclui sempre as seguintes partes: Cano. 4. De segurança. De percussão. II . 3. De detenção. Guarnições e acessórios. PARTES PRINCIPAIS Agrupamento de peças destinado a executar uma operação elementar indispensável ao funcionamento da arma. ORGANIZAÇÂO DA ARMA EM PARTES PRINCIPAIS A decomposição de uma arma de fogo ordinária nas suas partes principais pode variar conforme o critério de estudo a efectuar. PORMENORES OU PARTES DE PEÇAS Particularidade de forma das diferentes peças. indispensáveis não só para a montagem da arma.1 . 2. Mecanismos: De extracção. Aparelho de pontaria. Culatra móvel. De ejecção. Coronha ou armadura. Caixa da culatra. De repetição ou alimentação. No entanto. De disparar. podem classificar-se em três grandes grupos: 1. de uma maneira geral. PEÇAS Órgãos formados por um só elemento e que reunidos em grupos constituem as partes principais. como para o seu funcionamento. . comprimento e calibre convenientes. A esta parte chama-se reforço. cujo interior é formado por duas partes: . . maior a pressão que pode suportar. A organização interna dos canos tem a mais fundamental importância pois é da sua judiciosa aplicação aos princípios da balística.Elevado grau de tenacidade.Grande resistência ao desgaste provocado pelo atrito do projéctil no interior do cano.Grande resistência à corrosão. II . que tendem a deformá-lo ou mesmo a rompê-lo. que resulta o bom funcionamento da arma. na qual estão abertas as estrias que constitui o espaço a percorrer pelo projéctil. Um bom metal para os canos deve possuir as seguintes características: . Podendo as pressões elevar-se de modo anormal. A estes abalos se opõe a coesão. mais resistente a pressões maiores e ao desgaste do forçamento dos projécteis nas estrias. pelo desenvolvimento de tensões entre as moléculas sob a acção da pressão dos gases e assim quanto maior for o valor da RESISTÊNCIA ELÁSTICA do metal. 2. Para ligar a câmara à alma existe uma superfície cónica chamada concordância. isto é. . . Até meados do século XIX utilizou-se o ferro forjado. .a forma externa. GENERALIDADES O cano destina-se a conter o cartucho e a dirigir o projéctil. a posterior designa-se por entrada da câmara. designada por alma com forma cilíndrica e de diâmetro constante. .A posterior. . mas com a generalidade do estriamento. convém para evitar desastres que os canos na pior das hipóteses se deformam mas não rompam.A anterior. excepto na altura da câmara em que é cilíndrica e com espessura maior. a parte mais importante duma arma de fogo. . produzida pela explosão da carga.Grande resistência à rotura. chamada câmara que serve para alojar o cartucho do qual tem a forma.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 2 CANO 1. o metal empregue deve ter um LIMITE DE ROTURA muito superior ao LIMITE DE ELASTICIDADE.Baixo custo.o metal. Consta de um tubo metálico de espessura. adoptouse o aço fundido e temperado. obriga ao emprego de um metal cujas moléculas possuam a coesão suficiente para se oporem com êxito aos abalos provocados. O seu estudo irá incidir sobre: .Grande resistência elástica.a forma interna. A abertura anterior do cano chama-se boca. . É sem dúvida.2 . Exteriormente tem em geral a forma tronco-cónica. O METAL A pressão elevada.Grande facilidade de laboração e de conservação. À diferença entre estes dois limites chama-se GRAU DE TENACIDADE do metal. coberto exteriormente por um composto de ferro oxidado. bem com à corrosão dos gases. bem como a retirar-lhe o brilho. canos com estas características aumentam a resistência ao desgaste e à corrosão mas podem perder tenacidade. ou a frio. como sejam as de competição desportiva ou de atirador especial (sniper).. atacando o metal com uma substância oxidante. aderente e uniforme na superfície exterior do cano. A mbas produzem u m acabamento preto. Os aços inoxidáveis são empregues mais frequentemente em armas de elevada precisão. Pode dizer-se.3 . de preferência inoxidáveis ou com a superfície interna cromada. sendo igualmente mais caros e difíceis de fabricar. dos resíduos das pólvoras e intempéries. Hoje. Perfil O perfil é determinado pela espessura a dar às paredes do cano em correspondência com os sucessivos pontos do eixo da alma. de cor escura. O cano é. através de um sal cáustico diluído em água e sob acção da temperatura (135-140ºC). Quanto à forma consideram-se os seguintes aspectos: a. destinado a evitar limpezas excessivas e desgastantes. crómio. II-2-1) e que se obtém da seguinte forma: Fig. pelo que empregam aços especiais com níquel. II-2-1 II . Ao processo de cobertura com esse composto dá-se o nome de oxidação. mais resistentes ao desgaste do forçamento dos projécteis. reforçada na altura da câmara que é cilíndrica.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO A procura de melhores aços. FORMA EXTERNA A forma externa é tronco-cónica. etc. embora se continue a adoptar em alguns casos o aço fundido. na generalidade. este já não corresponde às exigências balísticas das armas. 3. isto é determinar previamente o que em balística se designa por CURVA DAS PRESSÕES (Fig. através de uma solução ácida diluída em água e através de uma reacção química. A oxidação pode ser a quente. vanádio. volfrâmio. Para tal torna-se necessário conhecer a lei da variação da pressão dos gases ao longo desse eixo. Todavia. que teria efeitos nefastos ao revelar a posição do atirador e encadeá-lo com reflexos solares. então que actualmente se empregam preferencialmente aços niquelados na produção da maioria das armas de fogo ordinárias. .. Nos troços seguintes a pressão vai diminuindo pelo que a espessura vai decrescendo até à boca. No perfil prático... em virtude do perfil teórico não dar garantias para um funcionamento anormal da carga.. 5.o valor da pressão dos gases. tomam-se para abcissa os espaços percorridos pelo projéctil na alma..... as segundas aconselham que seja curto.35 kg/ mm².. geralmente adoptados são: .a coesão molecular.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Conhecidos os valores das pressões dentro da alma num sistema de eixos coordenados rectangulares. = 60kg/mm² .. II-2-2) O comprimento do cano é função das condições de tiro e das condições de serviço... Comprimento do cano (Fig. com: .. . toma-se para cada metal um coeficiente de segurança (). .. o percurso om que lhe corresponde feito pelo projéctil. Assim. portanto com a natureza do metal. cujo valor geralmente varia entre os 35 e os 50 kg/mm² nas pólvoras actuais13 .aço e volfrâmio . donde resulta para o cano a forma tronco-cónica ou uma série de troncos de cone. que tem um valor muito inferior ao seu limite de elasticidade.39 kg/ mm²..... a área compreendida entre a curva e o espaço dos eixos (abcissa) mede o trabalho de carga.. é substituído por um PERFIL PRÁTICO. (expressas tal como as pressões em kg/mm²). para o cálculo das espessuras aumenta-se 1/4 o valor das pressões teóricas e supõese o ponto de pressão máxima dois calibres à frente da posição teoricamente determinada. II . para evitar deformações permanentes do cano que a sua resistência elástica tenha um valor tal que não seja ultrapassado pelos abalos provocados pela pressão interna dos gases....43 kg/ mm². Neste troço. as paredes estão sujeitas ao máximo esforço. Assim... a área compreendida entre a curva das resistências e o eixo dos espaços.. Determinada a curva das pressões. expressos em calibres e para ordenada.62 mm NATO . portanto com a espessura das paredes. A partir desta posição substitui-se o perfil teórico por uma ou mais rectas conforme os troços da curva do perfil... É necessário.aço e níquel .. verifica-se que do fundo da alma ao ponto de pressão máximo. = 56 kg/mm² .o número de moléculas. Os coeficientes de segurança. Na prática.aço ordinário .56 mm NATO .30-06 Springfield .... os valores das pressões expressos em kg/mm²... É de referir que variando a resistência elástica dos canos. Geralmente é suficiente conhecer a pressão máxima P medida pela ordenada . Se pelas primeiras devia ser grande. = 70kg/mm² b. mede o trabalho resistente feito pelo projéctil... a espessura deve ser constante e mais elevada. dado pela experiência e faz-se trabalhar o metal nesse limite..4 .. .. o PERFIL TEÓRICO que em rigor deveria ter um primeiro troço curvilíneo com andamento semelhante ao da curva das pressões até ao ponto de pressão máxima e decrescer depois. Determinada a curva das resistências que o projéctil encontra no seu percurso dentro da alma. a pressão P1 medida pela ordenada que se verifica no instante em que termina a combustão da carga e as pressões em mais dois ou três pontos. OV----------------------Diagrama da velocidade OIR---------------------Diagrama da resistência OPR--------------------Diagrama da pressão T------------------------Limite teórico do comprimento da alma 13 Ex: 7.. ..até 50 cm ... Vejamo-la com mais pormenor.. em que representa o peso da carga o volume inicial do invólucro (à retaguarda do projéctil) expresso em II .. pistola ......até 30 cm .... .até 75 cm . FORMA INTERNA Já vimos. toma-se o comprimento do cano pela abcissa correspondente ao ponto em que pelo andamento das duas curvas.... Fig..... O comprimento teórico do cano é dado pelo valor da abcissa correspondente ao ponto de encontro das duas curvas.PRI-----------------Trabalho útil O a IRT----------------Trabalho resistente Assim o trabalho útil de que são capazes os gases da carga.... II-2-3 ....... II-2-2 O comprimento da parte estriada da alma das armas actuais é aproximadamente o seguinte: ....... pistola-metralhadora .........Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO O a PRT---------------Trabalho da carga a .até 65 cm .... é medido pela área compreendida entre as duas curvas (das pressões e das resistências).. A este comprimento chama-se comprimento prático.até 16 cm ... espingarda ....... se verifica que o trabalho útil passa a ser pouco significativo e pelo diagrama das velocidades se verifica que o projéctil ainda vai animado de aceleração.. metralhadora-ligeira .. Como este comprimento era excessivo e tornava a arma pouco manejável........ A câmara tem a forma do cartucho e as suas dimensões dependem da densidade de carregamento que nos é dada pela relação em kg e litros. metralhadora 4.. duma maneira muito sucinta a forma interna dos canos.5 Fig..... Perfil francês (Fig. apresentando por isso uma superfície mínima à resistência do ar. geralmente concêntrico com o da alma. II-2-4 Dá-se o nome de flanco de tiro. Dentes de serra (em Arco ou Americano) (Fig. portanto. II-2-5 (1) As características dum perfil são: (a) A forma do flanco e do fundo das estrias. b. mais empregue actualmente. Ao diâmetro da alma.Dois flancos. nas paredes internas dos canos (Fig. pode apresentar as seguintes formas: a. . ao flanco que apresenta obliquamente a sua superfície ao movimento de translação e cuja pressão faz mover o projéctil com rotação.Um fundo. ligam o fundo desta à superfície interna da alma.O perfil da arma. Quanto à forma existem os seguintes perfis: 1. c. e de contra-flanco ao oposto. obtendo assim maior alcance e maior justeza. Destinam-se a comunicar ao projéctil movimento de rotação em torno do seu eixo. II-2-7 O fundo é concêntrico com a alma mas os flancos são divergentes em relação ao raio e por isso convergem exteriormente. II-2-6) O fundo é concêntrico com a alma mas os flancos são dirigidos segundo o raio. II-2-7) Fig. II-2-8 II . 2. que são as linhas que formando os limites laterais da estria. Fig. o flanco de tiro é dirigido segundo o raio e o contra flanco forma com o fundo um arco de círculo excêntrico em relação ao fundo da alma. em virtude do qual o projéctil mantém sempre a ponta virada para a frente.6 . Ex: Esp Mauser 7. Fig. Nas estrias há a considerar: (Fig. Concêntrico O perfil concêntrico. II-2-6 O fundo é concêntrico com a alma e os flancos são rectilíneos e paralelos ao raio tirado do ponto médio do fundo. II-2-8) Também conhecido por “perfil de Lenk”. Estrias São sulcos cavados em forma de hélice. O fundo não é concêntrico com a alma. que é a figura geométrica que se obtém cortando o cano perpendicularmente ao eixo da alma.9 mm M/937-A. dá-se o nome de calibre da arma. Perfil italiano (Fig. convergentes ao eixo da alma. a. À nervura resultante da formação de duas estrias consecutivas dá-se o nome de intervalo. medido entre dois intervalos opostos. II-2-4) . Fig. o qual serve para limitar o movimento. II-2-3) e nos quais os projécteis são forçados a entrar.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Na alma há a considerar: as estrias e o calibre. Perfil convergente exterior (Fig. II-2-5) Fig. . Há armas com 3 [Esp Schmidt-Rubin 7. 1. em que os ângulos são substituídos por pequenos trapézios. (2) Número de estrias Normalmente emprega-se o sistema poli-estriado mas a tendência actual é para a redução do número de estrias. Lee-Metford A secção é derivada do octógono regular. Uniformes Quando têm a largura e profundidade constante. decidindo-se pela supressão daquele.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Foi concebido ao constatar-se que. 3. Henry A secção é derivada do heptágono regular. cujos centros estão sobre uma circunferência concêntrica com a alma.7 mm M917. Westley-Richards A secção é um octógono regular. o contra-flanco se gastava muito menos que o flanco. 6 [Esp Krag-Jorgensen 8 mm M889 (DEN)] sendo o número de 4 o mais vulgar [Esp Mauser 7. 5 [Esp Lee-Enfield 7. nos perfis concêntricos. 3. (Fig. Fig. 2. c. (b) Largura e profundidade da estria. sendo limitada por oito arcos de circunferência. um cano diz-se estriado para a direita quando a estria superior vem da esquerda para a direita (sentido dextrorsum). constituindo os intervalos e a ligação ao fundo é feita por superfícies planas. II-2-11 II . Poligonal Neste perfil a secção recta é uma figura poligonal. Withworth A secção é um hexágono regular e a alma é formada por uma secção prismática hexagonal torcida em torno do seu eixo. Um cano diz-se estriado para a esquerda quando a estria superior vem da direita para a esquerda (sentido sinistrorsum). do calibre e da tenacidade do metal do projéctil. O seu número depende do perfil. d. b. (3) Sentido das estrias Nas armas de fogo considera-se o sentido pela direcção que toma a estria superior quando se olha a alma pela boca ou pela câmara. II-2-11) Assim. a. em que os ângulos são substituídos por umas nervuras de secção curva.9 mm M/937].5 mm M889 (SWI)]. Cuneiformes Quando a sua largura vai diminuindo em relação à sua proximidade da boca da arma. Profundidade decrescente Quando a sua profundidade vai diminuindo da origem para boca da arma.7 . Fig. (b) Se a inclinação cresce à medida que se aproxima da boca diz-se de inclinação variável ou estria progressiva (Fig. a estria apresentar-se-á como uma linha a que se chama traçado.8 . II-2-13). II-2-12 (5) Inclinação das estrias Inclinação é o valor do ângulo formado pela tangente ao traçado nos seus vários pontos. mas tanto o passo como a inclinação têm um limite imposto pela qualidade dos metais do cano e do projéctil. Fig. (a) Se a inclinação é constante o traçado é uma recta e diz-se que a estria é de inclinação constante ou helicoidal (Fig. II-2-13 (6) Passo das estrias Fig. II-2-14). com a geratriz da alma. II . (b) Estria progressiva ou de passo variável Quando a inclinação for variável. O passo exprime-se em centímetros ou calibres e anda ligado à inclinação. Ambos definem o traçado. Por isso aumentam as vibrações do cano e as pressões dos gases uma vez que o projéctil leva mais tempo a percorrer a alma. Actualmente todas as espingardas empregam as estrias helicoidais. (a) Estria helicoidal ou de passo constante Quando a inclinação for constante. O aumento da inclinação implica o aumento da resistência passiva ao projéctil. II-2-14 Dá-se o nome de passo de uma estria ao comprimento da geratriz do cano sobre o qual ela faz uma volta completa (duas passagens consecutivas). II-2-12) Considerando a estria reduzida à intercepção do seu flanco de tiro com a superfície cilíndrica da alma e supondo esta superfície segundo a geratriz da origem da estria e desenvolvida sobre um plano. Por consequência as estrias gastam-se mais rapidamente. O passo nas diferentes armas só pode ser determinado pela experiência.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO (4) Traçado das estrias (Fig. normalmente medido em milímetros. significa que com uma libra de peso de chumbo se obtiveram 12 projécteis esféricos com o diâmetro da alma da arma. que consiste simplesmente no número de projécteis esféricos de chumbo com o mesmo diâmetro da alma da arma que se obtém com o peso uma libra de chumbo. pois diferentes calibres com o mesmo adarme. Havendo diferentes medidas de libra (nomeadamente inglesas e francesas). Na continuidade deste constante progresso.97 mm Calibre 12 18. como veremos mais à frente em capítulo próprio.85 mm Para dentro do mesmo calibre há diferentes e variadas formas de classificar e diferenciar as munições.81 mm Calibre 36 12. atingindo-se presentemente com o calibre de 5.9 . Embora raras. uma comissão internacional acordou em definir o calibre unificado em milímetros segundo a tabela que se segue: Adarme Calibre 4 Diâmetro 23. o calibre é dado pelo adarme. b.70 mm 13. Calibre O calibre de uma arma de fogo refere-se.7x28 mm (FN) e 4. por definição. há armas que utilizam o estriamento misto. à medida do diâmetro interno dos canos ou tubos mas com significados algo diferentes conforme a natureza e configuração da arma: (1) Armas de cano estriado Nas armas de cano estriado.7x21 mm (HK). Assim o calibre 12. o calibre de um cano.56 mm velocidades de 1000 m/s em Espingardas Automáticas. com inclinação constante entre a origem e o ponto onde se dá a pressão máxima dos gases e posteriormente. (3) Armas de alma lisa (de caça) Nas armas de caça de alma lisa. há já fabricantes de armamento a testar outros calibres para as suas armas. o calibre é dado pelo diâmetro interno do tubo do LGF ou da alma do cano. Na incessante ânsia do progresso e para satisfação das necessidades tácticas têm sido conseguidos valores balísticos apreciáveis.69 mm Calibre 24 Calibre 28 14.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO É a inclinação final da estria que determina a velocidade de rotação do projéctil ao longo da trajectória. (2) Armas pesadas de alma lisa e tubos lançadores de granadas-foguete (LGF) Neste tipo de armas. II .21 mm 19. como por exemplo o 5.75 mm Adarme Calibre 20 Diâmetro 15. inclinação variável. havia. é o diâmetro da alma medido entre 2 intervalos de estria opostos. embora haja excepções.52 mm Calibre 32 13. Só em 1911. grosso modo.36 mm Calibre 16 16.62 mm Calibre 8 Calibre 10 21. a cauda (4) . poderem ser feitas com facilidade as múltiplas guias e aberturas que a mesma apresenta. Ex: Carabina Winchester 10. II-3-1) (1) é geralmente considerada como fazendo parte do cano (2).Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 3 CAIXA DA CULATRA A caixa da culatra (Fig.8 mm 1873 (USA). a caixa da culatra possui na sua parte inferior o alojamento para o mecanismo de repetição.9 mm M/937. aos choques longitudinais transmitidos pela culatra móvel e evitar deformações desta. Em algumas armas de repetição. travar e a guiar a culatra móvel (3). com furos para alojar os parafusos que a ligam à coronha. Quando a coronha é formada por duas peças. não sendo permitida a separação entre estas duas peças. seja ela de ferrolho ou de bloco. os choques transmitidos pela culatra móvel. como as caçadeiras de báscula. ao mesmo tempo que. apresentando então formas concordantes com aquelas. devido à grande tenacidade deste material. é também coberta por um composto escurecido. Inicialmente elaborada em bronze. Esp Lee-Enfield 7. A caixa da culatra deve possuir a necessária robustez para resistir sem se deformar. sem se deformar. Ex: Esp Mauser 7. excepto se efectuada por mecânicos de armamento. Fig. obtido por oxidação a quente ou a frio. II-3-1 II . Destina-se a alojar.7 mm M917. pela cimentação e têmpera. Possui um prolongamento posterior. em virtude de estar a ele permanentemente enroscada e ligada. e anteriormente um furo roscado para a sua união ao cano. pelo que a sua forma se subordina à desta. passou a ser feita de ferro cimentado e temperado com carbono para. a caixa da culatra tem a função complementar de as ligar. As armas de culatra fixa. À semelhança do cano.10 . não possuem obviamente caixa da culatra. adquire a dureza e elasticidade suficientes para suportar. Comprimento da linha de mira natural é a distância da ranhura de mira de menor altura ao vértice do ponto de mira. TIPOS DE APARELHOS DE PONTARIA OS aparelhos de pontaria classificam-se geralmente de duas formas distintas relacionadas com as respectivas linhas de mira. Ponto de mira e ranhura de mira. GENERALIDADES O aparelho de pontaria destina-se a apontar a arma. b. Chama-se linha de mira (3) ao raio visual que passa pela ranhura de mira e pelo vértice do ponto de mira. sendo estas. II-4-1 Os aparelhos de pontaria normal (Fig. amovíveis. II-4-2 Algumas armas podem possuir mais do que um aparelho de pontaria em simultâneo. a. Fig. É o caso. dirigi-la de forma que a trajectória do projéctil intercepte o alvo. Quanto à sua colocação na arma: (1) Normal ou axial Quando a linha de mira está contida no mesmo plano vertical que contém o eixo do cano. (2) Óptica Quando obtidas por aparelhos de pontaria ópticos. um alcance. 2. com uma ou várias ranhuras de mira e de um ponto de mira (2) na parte dianteira. Então. A arma terá tantas linhas de mira quantas as posições que a ranhura de mira possa tomar. (2) Lateral ou independente Quando a linha de mira está contida num outro plano. Quanto ao tipo de linha de mira: (1) Ordinária Os que são constituídos por dois elementos fundamentais.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 4 APARELHO DE PONTARIA 1. este último destinado a efectuar tiro de salva a longas distâncias. II-4-1) constam de uma alça (1) na retaguarda.11 . Algumas espingardas possuíam em simultâneo um aparelho de pontaria axial e outro lateral. a trajectória (5) real irá intersectar a linha de mira exactamente sobre o alvo. A grande inclinação que era necessária II . na maioria dos casos. correspondendo a cada uma delas. esta normalmente colocada num dispositivo – alça – que permite variar a altura da ranhura de mira. Fig. Linha de mira natural de uma arma é a que corresponde à ranhura de mira de menor altura. por exemplo. Quando esta linha passa pelo alvo (4) diz-se que a arma está apontada. isto é. de espingardas com linhas de mira ordinárias e ópticas. TIPOS DE PONTOS DE MIRA E DE RANHURAS DE MIRA Embora não existindo propriamente uma classificação específica tanto para os pontos como para as ranhuras de mira. podem distinguir-se ambos quanto à figura geométrica que as sua faces posteriores apresentam. II-4-5). trapezoidais. II-4-5 II . etc. Várias Formas de Pontos de Mira RECTANGULAR CIRCULAR TRIANG ULAR ELIPSOI DAL TRAPE ZOI DAL Fig. II-4-2).7 mm M1917 (USA) (Fig. o que se traduzia numa diminuição da altura da alça. todavia. rectangular ou trapezoidal (Fig. elipsoidais. II-4-3 As ranhuras de mira distinguem-se também pela figura geométrica que a sua face posterior apresenta. impossibilitava a pontaria normal. em cruz. colocando o couce debaixo do braço. Várias Formas de Ranhuras de Mira Abertas EM U RECTANGULAR EM V TRAPE ZOI DAL EX PR ESS Fig. circulares. perdendo. levaram ao abandono de ambos.12 EM X CIRCULAR (DIÓPTER) . quadrangulares. entretanto caído em desuso. As ranhuras de mira abertas usam-se geralmente quando a alça está mais afastada do olho do atirador (30 cm ou mais). II-4-3). Permitem uma visão mais desobstruída para a zona de alvos. triangulares. Ex: Espingarda Enfield 7. (Fig. em termos de precisão. em X e circular (Fig. Assim. dividindo-se em abertas ou fechadas. Têm aberturas em forma rectangular. os pontos de mira podem ser rectangulares. consistia em montar um aparelho de pontaria auxiliar lateral.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO dar à arma. em estrela. no decorrer da 1ª Guerra Mundial. em V. As mais comuns têm entalhes de secção em U. inventada pelo general russo Frolov. Várias Formas de Ranhuras de Mira Fechadas RECTANGULAR EM ESTRELA EM CRU Z Fig. A menor precisão deste tipo de aparelhos de pontaria e a reduzida eficácia do tiro de salva a longas distâncias. com menor comprimento da linha de mira natural. A solução. II-4-4). 3. II-4-4 As ranhuras de mira fechadas foram usadas num tipo de alças múltiplas. Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO 4. CARACTERÍSTICAS DOS APARELHOS DE PONTARIA Os aparelhos de pontaria devem ser precisos, sólidos e cómodos. a. Precisão Uma boa precisão só pode obter-se com armas cujo comprimento da linha de mira natural seja grande e cujos órgãos de pontaria facilitem a nitidez da visão. Assim, não só a ranhura de mira e ponto de mira devem estar o mais afastado possível um do outro, mas também ter forma adequada, afim de facilitar a visão e evitar tanto quanto possível as imagens confusas a que se dá o nome de círculos de difusão, (Fig. II-4-6) resultantes da Fig. II-4-6 imagem simultânea de três pontos a diferentes distâncias do olho do atirador. Assim, as ranhuras de mira devem ter as formas de corte e os pontos de mira formas salientes (Fig. II-4-7). A posição da alça, órgão mais próximo do olho do atirador, situa-se geralmente à Fig. II-4-8 distância de 0,30m (distância média da visão Fig. II-4-7 distinta) da vista do atirador e portanto a cerca de 0,50m do couce da arma. Os órgãos de pontaria que melhor satisfazem, são aqueles em que na alça não existe efectivamente uma ranhura mas sim uma abertura circular a que se dá impropriamente o nome de ranhura circular, pois neste caso o olho do atirador apenas tem que se adaptar ao ponto de mira e ao alvo que deve visar colocando-os no centro do círculo. Empregando o diópter (Fig. II-4-8) – círculo de dimensões muito reduzidas – os erros de alinhamento quase desaparecem. No entanto, uma abertura demasiado pequena reduz a luz e pode dificultar a visão quando o tiro é Fig. II-4-10 executado em condições desfavoráveis. Estas alças, ao contrário das abertas, devem ser colocadas o mais perto possível do olho do atirador razão porque são montadas sobre a caixa da culatra, aparecendo algumas vezes sobre a parte posterior da culatra móvel. Ex: Carabina M1 7,65 mm (USA); Carabina M1 Underwood 7,62 mm (GBR). b. Solidez Além da precisão, o aparelho de pontaria deve também ser sólido e estar protegido por órgãos protectores metálicos para evitar deslocamentos acidentais que alterariam a posição da linha de mira. Assim, na Espingarda Ross 7,7 mm M/905m (CAN) o ponto de mira aparece abrigado dentro duma manga de aço (Fig. II-4-9). Na Esp Lee-Enfield 7,7 mm M/917 é protegido de um e outro lado por grossas placas (Fig. II-4-10). c. Comodidade Na comodidade do aparelho de pontaria há a considerar: Fácil manejo, boa leitura e colocação. II - 13 Fig. II-4-9 Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO 5. CLASSIFICAÇÃO DAS ALÇAS DE LINHA DE MIRA ORDINÁRIA a. Alças de ranhuras múltiplas São caracterizadas por serem rectilíneas e apresentarem ao atirador mais do que uma ranhura: (1) De orifícios (Fig. II-4-11) São as mais antigas. Dispõem de orifícios de diferentes formas (círculo, rectângulo, cruz) sendo cada um dos quais uma ranhura de mira. Fig. II-4-11 A alça pode encontrar-se “ levantada “ para o tiro ou “ abatida “ para transporte. O seu principal inconveniente é encobrir o alvo e ser descontínua, isto é não permitir variar a alça para distâncias intermédias daquela para que estava construída. Ex: Esp Chassepot 11 mm M/886 (2) De lâminas (Fig. II-4-12) São formadas por um certo número de lâminas de alturas desiguais, tendo cada uma delas, cortado no seu bordo superior, uma ranhura de mira. O seu principal inconveniente é dar um pequeno número de linhas de Fig. II-4-12 mira. Ex: Esp Dreyse 15,43 mm M/841 (3) De lâmina com cursor (Fig. II-4-13) São compostos por uma lâmina móvel em torno de um eixo perpendicular ao plano de simetria da arma e que uma mola mantém na posição “ levantada “ ou “ abatida “. Nela desliza um cursor onde está colocada a ranhura de mira que pode ter a forma circular e que por meio de uma mola pode ser fixado, na graduação correspondentes aos vários alcances, que se encontra gravada na lâmina. A lâmina tem ranhuras, tanto na parte superior como na inferior. Fig. II-4-13 Ex: Esp Albini 11 mm M/876 As lâminas são mais ou menos cheias, tendo algumas a forma de caixilho, a que se dá o nome de grade. (4) De cursor-lâmina (Fig. II-4-14) São aquelas em que o cursor é substituído por uma lâmina que corre ao longo da primeira lâmina. Eram empregues nas armas de grande alcance e fraca tensão da trajectória. Ex: Esp Guedes 11 mm M/886 II - 14 Fig. II-4-14 Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Esp Grás 11 mm M/874 Carabina Kropatchek 8 mm M/886. (5) Rotativa (Fig. II-4-15) Constituídas por duas a quatro ranhuras a 90º, apoiadas num eixo perpendicular à linha de mira, de modo a permitir a sua rotação para a frente ou para trás. Ex: Esp Lee-Enfield SMLE Nº 4 7,7 mm M/42 Fig. II-4-15 (6) De tambor rotativo (Fig. II-4-16) Constituídas por um tambor de rotação transversal ao eixo do cano, com 3 a 4 ranhuras de mira. Ex: Esp Aut G3 7,62 mm M/63 Fig. II-4-16 b. Alças de ranhura simples Dispõem apenas de uma ranhura, que pode ser fixa para uma só distância ou móvel, tomando para cada posição, que é geralmente graduada, uma diferente linha de mira. Podem ser fixas, circulares ou de quadrante, rectilíneas e de tambor. (1) Alças fixas São as alças mais simples, com uma ranhura de mira fixa numa lâmina ou num apoio, directamente por cima da caixa da culatra. Algumas podem ser dobradas ou alteradas por um armeiro, modificando a respectiva linha de mira, como acontecia com alguns modelos de carabinas Colt e Winchester do século XIX, aferidas para uma distância intermédia e permitindo pontarias homotéticas. São igualmente usadas em armas curtas de mão, tais como as pistolas e os revólveres, onde a necessidade de um aparelho de pontaria é mais psicológico do que balístico e apenas se faz sentir em direcção e não em alcance. Nas espingardas caçadeiras, que disparam um cartucho com múltiplos projécteis, a alça serve apenas para indicar uma direcção geral, consistindo geralmente num ligeiro cavado na parte superior e posterior do(s) cano(s). (2) Alças circulares ou de quadrante Dispõem de uma lâmina móvel em torno de um eixo horizontal ligado à base, com uma ranhura de mira do lado oposto ao eixo, a qual descreve durante o movimento da lâmina um arco de círculo. Dentro deste tipo podemos considerar os seguintes modelos: (a) De Quadrante com Guardas Laterais e Entalhes Graduados (Fig. II-4-17) As guardas laterais têm entalhes graduados que estabelecem as várias inclinações da lâmina, que se apoia naqueles entalhes. Ex: Esp Paravicini-Carcano 6,5 mm M/891 Esp Veterli 10,35 mm M/892. Fig. II-4-17 II - 15 62 mm (alça rectilínea de tambor). II-4-20 Fig. A parte superior destes é cortada em degraus sobre os quais.62 mm M/61 (4) Alças de Tambor Constam de um tambor lateral que é manobrado de forma a elevar ou baixar a haste inferior da ranhura de mira. II-4-21 Fig. plana e graduada. com inclinação. se apoia o cursor. fixa o cursor à lâmina na graduação desejada. II4-19) Na base da alça. pelo que a mesma pode ocupar posições sucessivas correspondentes a alcances graduados no tambor. II-4-21) ou simplesmente elevá-la ou baixá-la num plano vertical ou oblíquo (alças rectilíneas de tambor) Ex: Metralhadora Ligeira Vickers Berthier 7. A alça de quadrante (ou a alça de combate) destina-se à execução da II . Espingarda Semi-automática M1 Garand 7. Ex: Carabina Lebel 8 mm M/1886 (FRA).Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO (b) De quadrante com cursor e apoios curvos (Fig.9 mm M/937-A Esp Schmidt-Rubin 7. Um sistema de entalhes e mola. c. (d) De cursor e apoios em escaletes (Fig. Alças mistas Quase todas as armas que usam alças de lâmina com cursor usam modelos rebatíveis para transporte. II-4-22) ou uma simples ranhura de mira. Ex: Esp Mauser 7. Ex: Esp Mauser 7. II-4-19 Fig. A rotação do tambor pode fazer rodar a ranhura de mira em torno de um eixo perpendicular (alças de quadrante de tambor) (Fig. na qual corre um cursor solidário com a ranhura de mira Ex: Espingarda Automática FN-FAL 7. II-4-18) Da base nascem duas guardas de traçado curvo especial. A lâmina é curva e tem lateralmente umas nervuras onde entram as garras do cursor. utilizam nessa posição uma alça alternativa que pode ser uma alça de quadrante com cursor (Fig. II-4-18 Fig. (c) De quadrante com cursor e apoios rectilíneos (Fig. corre o cursor. nas quais se apoia o cursor que corre ao longo da lâmina graduada.7 mm M/931 (alça de quadrante de tambor).92 mm M/898 (GER). Algumas delas. (3) Alças Rectilíneas Consistem numa barra com entalhes graduados fixa por cima da caixa da culatra. em virtude da acção da mola.16 Fig. neste caso chamada “alça de combate”. II-4-20) É uma variante da alça de cursor e apoios curvos.5 mm M/889. II-4-22 . A linha de mira é determinada pelo centro óptico da lente e pelo cruzamento dos traços do retículo. fechado numa das extremidades por um vidro liso e na outra por uma lente. os inventores. como também possuem várias ranhuras de mira. II-4-24 . mais tarde.62 mm Mod 1891/30 (RUS). e. Para maiores distâncias recorre-se então à alça de lâmina com cursor. chamados linhas de fé. São ainda utilizados em armas de tiro indirecto como os morteiros ou os obuses. O atirador vê. procuram primeiramente. II-4-23). Estas alças são chamadas de mistas mas. para se aumentar a precisão. são muito empregues para alinhar aparelhos de pontaria com os eixos das respectivas almas do cano. Lunetas de pontaria Os aparelhos em que a imagem do alvo é ampliada são chamados de lunetas de pontaria que se podem dividir em dois grupos: (1) As lunetas de Galileu A luneta de Galileu (Fig. sem erro de paralaxe. 6. através da lente. A lente ocular intercepta os raios convergentes provenientes II . Entre esta e o seu foco é colocado um retículo opaco.17 Fig. Todavia. a. ou para calibrar outras alças ópticas. razão pela qual. as armas ligeiras não os utilizam. II-4-23 rapidamente que a pontaria na prática é bastante difícil e morosa. b. conseguir levar ao mesmo foco os três pontos que têm de ser alinhados. Colimadores O colimador é um aparelho óptico que procura focar o ponto de mira e o alvo. enquadramse nas alças de ranhuras múltiplas. II-4-24) é formada por uma lente convergente funcionando como a objectiva (1) e uma lente divergente servindo como ocular (2). Ex: Esp Mosin-Nagant 7. Utiliza-se colocando o olho o mais longe possível da lente e deslocando a cabeça para cima e para baixo. uma imagem ampliada R’ do retículo. APARELHOS DE PONTARIA ÓPTICOS Reconhecida a dificuldade da pontaria por meio dos aparelhos vulgares de pontaria. desviando a arma até que a linha de fé vertical passe pelo alvo. então. De seguida. desvia-se a arma para cima ou para baixo até que a linha de fé horizontal também passe pelo alvo. D e d u z s e Fig.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO pontaria a curtas distâncias. sem a ampliação deste. deslocando a cabeça lateralmente. no intuito de melhorar e facilitar esta. procuraram ampliar a imagem do alvo. Consta de um tubo comprido e estreito (Fig. (b) Uma lente E que endireita a imagem a b e dela dá. em vez da lente E. ampliada e recta. apresentam exteriormente um ou mais II . como não dava uma definição perfeita do alvo focado com o ponto de mira. Só quando a luz solar incide sobre a objectiva e o alvo está na sombra é que as alças telescópicas se revelam inferiores àqueles. No mesmo plano está colocado o ponto de mira que consiste num ponteiro ou num vidro transparente onde se encontre um cruzamento de traços) cujo vértice (ou intercepção) b. II-4-25). Nestas alças. Estas alças são concebidas de forma a ser envoltas em tubos com comprimentos que variam geralmente entre 20 e 40 cm. graças à qual o olho vê uma imagem virtual A’ B’ direita e aumentada do alvo e do ponto de mira. ou de ajustamentos laterais. (c) Uma ocular L. Por esta razão e ainda por possuírem um campo de visão muito superior a obtido com a luneta de Galileu. mercê da sua fraca iluminação. como nos binóculos prismáticos ordinários. por sua vez. determina. uma imagem real e pequena a’ b’. em função do vento ou da derivação. como a imagem real invertida do alvo e o ponto de mira se encontram no mesmo plano focal. foi rapidamente substituída por outros tipos de luneta mais potentes e sofisticados. A sua luminosidade é de tal magnitude que permite o tiro contra alvos que. II-4-25 Os raios luminosos vindos do alvo atravessam sucessivamente: (a) Uma objectiva O (cuja distância focal é inferior a comprimento da linha de mira natural) e que dá no seu plano focal uma imagem a b pequena e invertida do alvo A B.18 . Para permitir o deslocamento da linha de mira. em função das distâncias requeridas. Nalguns modelos. o alvo e o ponto de mira aparecem ao atirador perfeitamente distintos. tornando-os paralelos e formando assim uma imagem virtual. em bases rigidamente ligadas à caixa da culatra da arma.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO do alvo. a linha de mira do aparelho. através de dispositivos de fixação rápida. Todavia. existe um prisma. bem como do ponto de mira. montados. Fig. Actualmente só se empregam em algumas armas de tiro desportivo. (2) As alças telescópicas Os aparelhos ópticos que usam o princípio da luneta de Kepler ou luneta ordinária são chamados de alças telescópicas (Fig. com o centro óptico da objectiva. não podem ser visados com aparelhos de pontaria ordinários. são aqueles que actualmente se utilizam nas armas portáteis militares. Foi utilizada pelos primeiros snipers aliados durante a 1ª Guerra Mundial. II-4-26 As alças telescópicas são dispositivos caros e muito exigentes de manter. Fig. retículo (4).Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO tambores graduados que rodam em frente de uma referência. geralmente manobrados com ferramenta especial. Simples choques mecânicos podem fazer alterar a posição de eixo óptico. II . sendo transportadas em estojos e colocadas apenas quando seja necessário o seu emprego. base do suporte de fixação (8). Para a correcção do alinhamento da alça com o eixo do cano da arma. Uma alça telescópica moderna e relativamente simples terá os seguintes componentes principais (Fig. incapacitando o seu emprego eficiente. lente para reverter a imagem (3). II-4-25): objectiva (1). tubo principal (5). ocular (2). possui igualmente outros dispositivos. tambor de ajustamento em direcção (7). lentes de zoom (9) e fixadores rápidos (10). tambor de ajustamento em elevação (6).19 . mas hoje são somente aplicadas em armas de cano curto e em armas de caça por desenvolverem pressões internas mais baixas. da sua caixa e do mecanismo de repetição. conjuntamente com o invólucro do cartucho. e são em geral.percutor . que consiste em tornar a culatra solidária com o cano ou com a caixa da culatra. cilíndrica ou prismática. Ex: Esp Snider 14 mm M/875 II . Também se lhes dá o nome de culatras de ferrolho por no seu manejo se deslocarem no sentido do prolongamento do cano.punho . . Ex: Esp Mauser 7. GENERALIDADES Culatra móvel é o agrupamento de peças destinadas a fechar o cano pela parte posterior e a obter.ferrolho . a última pela organização mecânica da culatra. dá-se-lhe também o nome de obturador. dissemos que a obturação perfeita só se obteve com a adopção dos cartuchos metálicos. Em virtude da sua função principal ser a obturação. durante o tempo em que o projéctil percorre a alma.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 5 CULATRA MÓVEL 1. darem bom apoio ao cartucho. CLASSIFICAÇÃO DAS CULATRAS As culatras podem agrupar-se: a.dar apoio seguro e estável ao fundo do cartucho. uma obturação completa e perfeita. Para um mecanismo de obturação ser perfeito deve: . Quanto à forma (1) Culatra de cilindro ou de ferrolho São aquelas que têm a forma alongada. facilitarem a repetição e por conterem os mecanismos de percussão. 2.20 . desde que se dá a explosão da carga até que o projéctil abandona a arma. no sentido do eixo da alma. A culatra é normalmente constituída por: .fechar perfeitamente a parte posterior do cano. de segurança e de extracção.mola do percutor . .9 mm M/937-A (2) Culatras de bloco São aquelas que não têm a forma bem definida e a sua dimensão longitudinal não é notavelmente superior às outras .executar rapidamente o “movimento de fechar” introduzindo o cartucho na câmara e ajustando-o progressivamente. Foram muito usadas no início das armas de retrocarga.cão Ao estudarmos os processos de obturação nas primeiras armas de retrocarga. São as mais usadas por serem de funcionamento simples e resistentes. As duas primeiras condições realizam-se pelo travamento. munidas de um punho para a sua manobra. Ex: Esp Martini-Henry 11. desobturação. (2) Culatras de rotação (em torno de um eixo) Este tipo de movimento foi muito usado com as antigas culatras de bloco.5 mm M/889-896 (SWI). efectuando-se com este movimento. 2.8 mm M1867). Quanto ao movimento (1) Culatras fixas Como o nome indica. a ejecção.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO b. (a) Culatras de rotação em torno de eixos longitudinais 1. Ex: Esp 14 mm Snider (GBR). Ex: Esp Ghaye 1870 (BEL). Corrediça (ou Sistema de Bomba). Ex: Esp Reilly-Comblain 14 mm M1876 (BEL). Os canos podem ser manobrados de três maneiras: (a) Escorregamento frontal (corrediça). obrigando à manobra do respectivo cano para efectuar o destravamento. Culatra cadente. permitindo remediar qualquer falha do cartucho e armar de novo o percutor sem necessidade de abrir a culatra. mantêm-se fixas. 2. a obturação e o travamento. a introdução de novo cartucho. Sistema de fecho. 3. de um anel de travamento (Esp Schimdt-Rubin 7. extracção e ejecção do invólucro. (b) Rotação superior. Esp caça Ugartechea Royal Cal. impelindo o obturador longitudinal ou transversalmente. (c) Báscula. o destravamento. 20 (ESP). Nestas culatras basta manobrar o obturador à retaguarda. a extracção. tendo caído em desuso com sistemas mais eficientes. Culatra levantada. (a) As de escorregamento transversal são chamadas culatras de gaveta. Ex: Esp Albini-Braendlin 11 mm M1876 (BEL). Ex: Carabina Colt Lightning 10. (4) Culatras de escorregamento e rotação Nestas dá-se primeiro um movimento de rotação à culatra sendo depois puxada à retaguarda. Ex: Carabina Winchester 10. São de manejo simples exigindo para o travamento. (b) As de escorregamento longitudinal estão geralmente associadas a culatras de ferrolho e podem ser accionadas através de: 1. 2. Sistema retrógrado. Punho ou Anel existentes no corpo da culatra Ex: Esp Breveti-Scotti 7. (Esp Breveti-Scotti 7. 3. Esp Sharps 11 mm M1867 (USA).15 mm Werndl (AUT). Sistema de barril. 4. Ao levar-se à frente o obturador faz-se a introdução de novo cartucho. O movimento de rotação faz-se sobre superfícies helicoidais adequadas. Alavanca. (b) Culatras de rotação em torno de eixos transversais 1. Ex: Esp Remington 12 mm M1867 (USA). Esp Schimdt-Rubin 7. Não se usam nas armas de guerra mas são comuns na caça. a obturação e o travamento.6 mm (GBR).8 mm 1873 (USA). a adopção de uma cabeça móvel. Sistema de caixa. Ex: Pist Løbnitz 1840 (DEN). II .21 . a desobturação. O movimento de abertura da culatra é feito em torno de um eixo que pode ser longitudinal ou transversal ao eixo do cano. Ex: Esp 11.95 mm (ITA). (3) Culatras de escorregamento simples As culatras de escorregamento simples são armas que se manobram. durante o qual o percutor é armado.5 mm M/889-896) ou de travadores articulados (Carabina Winchester 10.95 mm).8 mm 1873 e Carabina Colt Lightning 10.8 mm M1867 (USA). Ex. Nas armas de ferrolho existem dois sistemas: a. Ex: Esp Mauser 7. Esp Parker Hale 7.9 mm M/937 Carabina M1 Underwood 7. as peças de que se compõe uma culatra móvel podem agrupar-se segundo os seguintes sistemas mais comuns: a. Esp Ishapore 2A1 7. 4.7 mm M917. surge a necessidade de travamento da culatra. existe a abertura de entrada do percutor e respectiva mola e é fechada pela tampa do ferrolho.Na frente e na retaguarda – Esp Mauser 7. Esp Mauser-Vergueiro 6.9 mm M/937-A. mas à frente destes existe a cabeça móvel que serve para fechar a abertura de entrada do percutor e respectiva mola. têm uma cabeça enroscada que pode ser substituída facilmente quando a folga se tornar inconveniente. As culatras são fortes e de manobra fácil. Sistema Mannlicher e outros As culatras têm também os travadores na parte anterior do ferrolho. com o uso.5 mm M/904. Sistema Mauser e derivados É o mais usado.62 mm M82 (GBR).Na retaguarda – Esp Vetterli-Vitali 10. II-5-1 rectilíneo da culatra em movimento de rotação de uma peça especial. Por isso. Por causa desse travamento posterior. Em qualquer dos casos. Em direcção perpendicular ao eixo do cano (Fig. c.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Quase todas as armas de fogo ordinárias actualmente em uso utilizam culatras deste tipo. Os referidos travadores podem estar colocados: .5 mm M/895.5 mm M/889-896 (SWI) .sistema de escorregamento e rotação.22 .5 mm M/904 . cabeça móvel ou anel de travamento. b. folgas na caixa da culatra. impedem o obturador de vir à retaguarda por acção dos gases da carga. têm travadores na parte anterior do ferrolho e os extractores são fortes e não participam no movimento de rotação da culatra.62 mm (GBR) 3. SISTEMA DE TRAVAMENTO Em virtude de ser preciso manter a obturação pelo menos enquanto o projéctil percorre a alma. Na parte posterior do ferrolho. Ex: Esp Mannlicher 6. MODERNOS SISTEMAS DE CULATRAS DE FERROLHO (de escorregamento e rotação) Nas modernas armas ordinárias de escorregamento e rotação com culatras de ferrolho. Esp Lee-Enfield 7. ou pela transformação do movimento longitudinal Fig. II-5-1) É empregue na maior parte das espingardas e é efectuado.No meio – Esp Schmidt-Rubin 7. Ex: Esp Mauser 7. ou pelo movimento da culatra . neste tipo.62 mm (IND).9 mm M/937-A II .sistema de escorregamento simples. geram. destinada exclusivamente ao travamento . o percutor só arma quando se fecha a culatra.35 mm M/892 (ITA) . Ao contrário dos anteriores. existem no obturador ou na referida peça especial uns dentes denominados travadores que entrando nos alojamentos situados na caixa da culatra.Na frente – Esp Mauser 6. Sistema Lee-Enfield e derivados As culatras são fortes e com travadores localizados na parte central/posterior. atravessando a carga e a escorva. Na direcção do eixo do cano (Fig. .23 . Algumas armas de alavanca usam travadores perpendiculares exteriores à culatra.43 mm M/841 e Esp Chassepot 11 mm M/886).ser de funcionamento seguro. . sendo de 90º nas culatras de escorregamento simples com cabeça móvel ou anel de travamento e de 45º nas de escorregamento e rotação.9 mm M/937A) ou mesmo quatro. Ex: Carabina Winchester 10. mas existem armas com um (Ex: Esp Kropatchek 8 mm M/886) e outras com três (Ex: Esp Mauser 7. fazia detonar esta.8 mm 1873 (USA). O travamento pode ser bilateral e simétrico (Ex: Carabina Mannlicher 6.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO A colocação dos travadores a meio ou à retaguarda tem o inconveniente de facilitar a deformação do obturador e da caixa da culatra.7 mm M1895 (USA). servindo os restantes 45º para aproximar ou afastar brandamente a culatra da câmara.não permitir o disparo sem que a culatra esteja fechada. Nas armas actuais. Ex: Esp Winchester 7. empregava-se a agulha como órgão principal de percussão.5 mm M/896 e Esp MauserVergueiro 6. os travadores são do tipo alavancas articuladas. II-5-2 Nas armas de escorregamento simples por acção de alavanca. que apenas efectuam um movimento transversal. comandados por aquela. 5. b. Fig. Mecanismo de Percussão As condições a que deve satisfazer um mecanismo de percussão são: . A amplitude de rotação útil para produzir o travamento e o destravamento é variável. É portanto um sistema de travadores articulados. Ex: Esp Mannlicher 8 mm M/887 (AUT).5 mm M/904) ou unilateral e assimétrico (Ex: Esp Kropatchek 8 mm M/886). que está alojado no interior da culatra. por acção da pressão dos gases. SISTEMA DE PERCUSSÃO a. O travamento anterior e simétrico é o preferido porque evita a compressão duma parte importante do cilindro e impede a produção de vibrações irregulares. Ao movimento de rotação corresponde a recolha da ponta do percutor. O segundo tem o inconveniente de transmitir o choque de recuo de maneira desigual. a inflamação efectua-se pelo choque do percutor. o que origina vibrações no cano. cuja joelheira de união fica imobilizada por acção da própria alavanca. II-5-2) É pouco usado nas armas de fogo de culatra de ferrolho. Em geral são em número de dois. II . afastando-a da escorva e a compressão preliminar da mola do percutor. b. mais por fricção do que por percussão. Estas agulhas apresentavam o inconveniente de se inutilizarem com frequência devido à alta temperatura a que eram sujeitas. Consiste em apoiar na caixa da culatra uma ou duas cunhas ou alavancas móveis ligadas ao obturador por um eixo. por ficarem em contacto com a carga. contra a escorva do cartucho. Generalidades Nas armas de cartucho combustível completo (Ex: Esp Dreyse 15.não originar desvios da arma. a qual. a que se chama cão. II-5-3). II-5-3 As molas devem ser muito resistentes e muito elásticas para que se não dobrem nem deformem e devem assegurar uma força viva suficiente para obter a detonação da escorva. A sua energia de choque depende da violência da distensão da mola e da sua própria massa. Como se compreende. o percutor arma pelo escorregamento de duas superfícies helicoidais existentes. O sistema de inflamação deve satisfazer às seguintes condições: . uma no percutor ou no cão (peça ligada a ele intimamente) outra no obturador. o percutor arma pela prisão de um dente do percutor ou do cão. fácil de armar e desarmar.9 mm M/937-A. ia ferir a cápsula fulminante. ficando depois retido pelo armador. d. mecanismos de percussão com mola laminar. o cão era a peça que accionada pela mola real. Mais tarde. permitindo que aquele se arme automaticamente com a rotação da culatra. Ao abrir a culatra. num dente existente no fundo da caixa da culatra – dente do armador – de forma que quando aquela avança o percutor é obrigado a ficar para trás.24 . em armas de caça e em algumas pistolas e metralhadoras. A ponta do percutor deve ser esférica para evitar a perfuração da escorva. Actualmente. .comunicação rápida do fogo à carga. dando origem a fuga de gases pela retaguarda. O sistema de percussão actualmente usado é conhecido por percussão com mola espiral (Fig. estes efeitos de má percussão podem não ser devidos apenas ao percutor pelo que deve ser rigorosamente determinada a chamada folga da câmara-culatra que é fundamental para o bom funcionamento da arma. Ex: Carabina Enfield 14 mm M/960 (GBR). o armador (4). O comprimento da parte da ponta que se salienta da cabeça do obturador deve ser rigorosamente constante para que a percussão nem seja insuficiente (caso do percutor gasto ou amolgado na ponta) nem a escorva seja perfurada (se é demasiado comprido). razão que leva a aumentá-la. inseridos num canal da culatra (3). Ex: Esp Mauser 7. Ao fechar a culatra.produção de fogo instantânea e certa. de modo que se produza o retrocesso do percutor enquanto o obturador executa o movimento de rotação. O Percutor O percutor deve igualmente ser muito resistente e elástico para não sofrer deformações permanentes. em vez de percutida. ainda existem. II . com a adopção do cartucho completo. aplicando-lhe uma outra peça. ficando o primeiro armado pela prisão num dente do mecanismo de disparar. Fig. passou a ser a peça que ia actuar no percutor. Ex: Carabina Snider 14 mm M/873 (GBR). o cão é a peça do mecanismo de percussão que se destina a aumentar a massa do percutor ou a estabelecer a ligação entre este e o armador. tendo como órgãos principais o percutor (1) e a mola (2).Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO . fazendo-o avançar. robusto. É geralmente de aço macio temperado. O Cão Como anteriormente dissemos. c. Vimos também que nas antigas armas com fecho de percussão.ser simples. para se verificar se o percutor está. quando esta se encontra carregada ou armada.6 mm M/879 (USA). Por imobilização do mecanismo de disparar Há armas em que o mecanismo de segurança não se encontra na culatra móvel nem actua sobre ela. 6. d. 54) Por deslocamento para a retaguarda de uma das suas superfícies de apoio. ou não. A mola do percutor fica parcialmente distendida e sem força para fazer o percutor avançar. e. Ex: Esp Schmidt-Rubin 7. como por exemplo a Esp Mauser Esp 7. consistindo o sistema na utilização de uma peça (aba da patilha do fecho de segurança (1) ) que se interpõe entre o percutor (2) e o cão. 53) A mola do percutor fica impedida de funcionar mas comprimida. Ex: Carabina Mannlicher 6.5 mm M/96 (AUT). Por imobilização do percutor (Fig. em certos modelos.5 mm M/889 (SWI) c. II-5-4 b. Ex: Esp Paravicini Carcano 6. Os sistemas usados são os que a seguir se descrevem: a. SEGURANÇA O mecanismo de segurança destina-se a evitar os disparos fortuitos da arma. Ex: Esp Lee-Enfield 7. A mola do percutor fica parcialmente distendida e sem força para fazer o Fig. o cão tem um dorso que se desloca numa fenda da caixa da culatra e impede que ele tenha movimento de rotação e onde. impede o avanço do cão. Encontrando-se na caixa da culatra. Esp Guedes-Steyr 8 mm M/886 (POR). Uma peça que se torna saliente dentro da caixa da culatra.9 mm M/937-A Fig. Por indicador de carregamento Algumas armas não empregam mecanismos de segurança mas apenas um indicador. II-5-5 percutor avançar. actua imobilizando o gatilho ou o armador. Esp Winchester-Hotchkiss 11.5 mm M/891 (ITA ).Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Nalgumas armas. Por imobilização do cão e/ou ferrolho O mecanismo de segurança encontra-se montado na caixa da culatra. se este estiver armado. (2) Para a retaguarda (Fig.6 mm (GBR). está alojado o mecanismo de segurança. Ex: Esp Mauser 7. Nesta arma a diminuição da massa do percutor é compensada pelo aumento de força da sua mola. Por distensão da mola (1) Para a frente Por deslocamento para a frente de uma das suas superfícies de apoio.7 mm M/917.9 mm M/937-A.25 . II . Ex: Esp Martini-Henry 11. o cão não tem aquele dorso mas o seu movimento de rotação é impedido por um talão que tem inferiormente e que desliza num entalhe cavado no fundo da caixa da culatra. armado. destinado a estabelecer a ligação do percutor com o armador. ou do próprio ferrolho. ou entre aqueles e o obturador (3). mesmo que manobrado pelo atirador. Noutras. devendo produzir a expulsão rápida do invólucro detonado de forma que o atirador não seja atingido. II . De alavanca São formados por uma alavanca inter-fixa de que um dos braços constitui a garra e outro sirva para receber a acção. De mola São pouco usados por o seu funcionamento depender da acção de uma pequena mola que em pouco tempo perde a força. Carabina Snider 14 mm M/873 (GBR). Ponta saliente na caixa da culatra Consiste em geral num dente saliente na parte interna da caixa da culatra. Esp Winchester 7. Ex: Esp Albini 11 mm M/867 (BEL) (2) Com mola São constituídos por duas peças.26 . Na maioria das armas este mecanismo encontra-se alojado na caixa da culatra. Ex: Esp Lee-Enfield 7. um extractor e uma mola flexível para permitir à garra fixar o cartucho e simultaneamente rígida para que a garra não largue o cartucho. Este mecanismo deve obedecer às condições normais de simplicidade solidez e segurança. Era utilizado para prevenir disparos involuntários durante as operações de carregamento ou antes de ser necessário disparar a arma. Ex: Esp Berdan II 10. Por posição intermédia do cão As armas de fechos de pederneira.7 mm M1895 (USA) 7.65 mm M/871 (RUS) LG 40 mm M/79 (USA) 8. Os extractores podem classificar-se em: a.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO f. encostando-se à base do cartucho. de início progressivamente. Deve estar organizado de tal forma que a extracção se faça. De garra (1) De mola São constituídos por uma mola laminar disposta segundo a geratriz do obturador e a este ligada. Tipos de Ejectores: a. em geral da culatra que lhe dá o movimento. para melhor vencer a aderência do invólucro às paredes da câmara e depois com maior velocidade para facilitar a ejecção. Carabina Guedes Steyer 14 mm M/885 c. é expulso da arma. EJECÇÃO É a operação pela qual. de percussão e algumas das primeiras armas de retrocarga possuíam um entalhe intermédio na noz do cão. Ainda é usado nalgumas armas com cão. antes de terminar o recuo da culatra. simples e de funcionamento garantido. o invólucro. encontrando-se quase exclusivamente nas armas de caça.7 mm M/917 b. que desliza por uma fenda no cilindro do obturador. Puxando o teiró para essa posição intermédia. Na face anterior está aberta a garra que é oblíqua para que possa passar por cima da base do cartucho e introduzir-se na garganta ou no rebordo e fixá-lo à cabeça do obturador. o entalhe imobilizava o gatilho. Como todos os mecanismos deve ser sólido. Ex. uma vez extraído. de forma a vir aparecer na cabeça deste. EXTRACÇÃO É a operação pela qual o invólucro do cartucho detonado é retirado da câmara. Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Como se encontra em posição oposta ao extractor. c. A direcção de saída do invólucro é determinada pela posição relativa do extractor e do ejector.5 mm M/891 (ITA). Ex: Esp Mauser 7. quando o sistema de extracção é o de alavanca. (que durante o seu movimento de recuo faz subir um dos braços). Na Espingarda Carcano 6. sendo este de alavanca. a espera está integrada no braço do ejector.9 mm M/937. dando então a pancada no invólucro. consta em geral duma peça que no final do movimento. sendo a culatra móvel. num botão especial.cerca de 45º . Esp Albini M/867 11 mm (BEL). b.5 mm M/903 (AUT). Esp Mannlicher-Schönauer 6.9 mm M/937-A. o ejector está ligado à cabeça do armador e fica saliente no fundo da caixa da culatra. desempenhando o papel de batente. permitindo assim a extracção voluntária da culatra. que vai bater de encontro ao invólucro.5 mm M/896. b. esta desempenha as funções de extractor e de ejector. No caso da Esp Berdan II 10. Nas culatras cilíndricas ou de ferrolho Nestas o detentor pode encontrar-se: (1) Na culatra O detentor é formado por uma anilha aparafusada ao corpo do ferrolho – o batente – sendo a espera constituída pelos topos das guias do dorso do cão existente na parte superior e posterior da caixa da culatra. no qual um dos travadores da culatra se vem encostar. Alavanca Podem ser alavancas inter-fixas ligadas à caixa da culatra. (2) Na caixa da culatra O detentor consta de um dente – a espera – que se encontra saliente dentro da caixa. (3) Na cabeça da culatra II .27 .67 mm (RUS). Podem existir os seguintes tipos de detenção: a. Ex: Esp Mauser 7. DETENÇÃO É a operação pela qual a culatra é detida no seu movimento para a retaguarda e que impedindo-lhe a saída a faz parar na posição correcta que permite o carregamento. o invólucro ao encontrá-lo é obrigado a fazer uma rotação em torno da garra daquele. se abre e torna saliente. Ligado à culatra móvel Quando se encontra na culatra móvel. o papel do detentor é desempenhado por uma cavilha ou um ressalto da caixa da culatra que limita o movimento de rotação. Este detentor pode ser recolhido por meio da pressão exercida. Esp Snider 14 mm (GBR). devendo ficar num plano oblíquo . Ex. Ex: Esp Kropatchek 8 mm M/885. Nas culatras de bloco Nestas culatras. Ex: Carabina Mannlicher 6. 9.para evitar que atinja o atirador ou quem lhe estiver próximo. expulsando-o. Como veremos ao estudarmos as armas automáticas. Ex. 28 . II .Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO O detentor é um ressalto da cabeça da culatra que choca com a espera na caixa da culatra. para a libertar da acção de uma mola da prisão que se encontra na caixa da culatra: Ex: Esp Lee-Enfield 7. (4) No mecanismo de disparar Neste caso o detentor é o próprio armador. para possibilitar a manobra da mesma. Para retirar a culatra da sua caixa. É necessário pressionar a cabeça da culatra. no sentido perpendicular ao do eixo da arma. tendo a culatra um veio cavado à frente do entalhe do cão. basta pressionar o gatilho e retirar a culatra pela retaguarda. Ex: Esp Mosin-Nagant 7.62 mm Mod 1891/30.7 mm M/917. Este mecanismo de disparar compõe-se de gatilho. de forma especial. MECANISMO DE DISPARAR Dá-se o nome de mecanismo de disparar ao conjunto de peças destinadas a provocar o disparo voluntário da arma. armador e mola obedecendo às seguintes condições: . O armador é uma alavanca (1) tendo numa das extremidades um dente (2) . . II-6-1). II .Dente do armador . Este estudo anda ligado ao de percussão. sob o nome de aparelho inflamador. Quando estudámos o mecanismo de percussão. Para que o percutor de mantenha nessa posição é ele. obriga-se o dente do armador a baixar e liberta-se o percutor.29 . A parte anterior desse dente é cortado em plano muito inclinado para a culatra móvel poder escorregar livremente sobre ele. que se encosta a um outro existente no armador. actuando nela.que uma mola (3) chamada mola do armador. vimos que nas armas actuais a mola do percutor é automaticamente comprimida e o percutor automaticamente armado. disparar e percussão. o que se consegue actuando no gatilho (Fig. . A parte posterior é cortada verticalmente para poder executar a prisão do percutor por intermédio do entalhe de armar (4).Ser simples e robusto. provido na parte inferior de um dente chamado entalhe de armar. Este é formado por uma alavanca interfixa situada no plano de simetria da arma. que se acha saliente no interior e fundo da caixa da culatra.Ser de funcionamento seguro. . estando a mola do percutor comprimida.Permitir o disparo sem oscilações da arma. basta fazer recolher o dente do armador para que o percutor avance. ou o cão. . tem o nome de cauda do gatilho. A outra extremidade de armar está ligada ao gatilho (5). Assim.Avisar o atirador da iminência do disparo. Esta. Alguns autores juntam os dois mecanismos. quando se abre a culatra. O armador é mantido no seu lugar por meio Fig. obriga a estar sempre saliente no fundo e no interior da caixa da culatra.Não dar lugar a disparos fortuitos. II-6-1 de uma mola de modo que aquele efeito só se obtém se a resistência dessa mola for vencida.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 6 MECANISMOS 1. tendo uma das extremidades (6) encostada à parte inferior da caixa da culatra e a outra (7) livre. chamado dente do armador. por intermédio de um sistema de alavancas.Apresentação: colocação do cartucho em frente da peça (geralmente a culatra) que o introduz na câmara. 2.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Para que não se desfaça a pontaria no momento do disparo. pelo que é suficiente um ligeiríssimo esforço sobre o gatilho para que o percutor fique livre (Fig.Transporte: deslocação dos cartuchos.30 . mas faremos o seu estudo quando tratarmos dos revólveres. Fig. do que resulta um aumento considerável da velocidade de tiro. Este sistema é conhecido pelo nome “de cabelo” por empregar molas como as de cabelo dos relógios. . . dentro do depósito. pelo que este só precisa de um esforço muito pequeno para libertar o armador. II-6-3). Fig. As pistolas deste tipo eram II . Nesta posição. b. II-6-5 eixo comum.corcovas . Os diversos canos moviam-se em torno de um Fig. apenas um cartucho de cada vez fica em condições de poder entrar na câmara. MECANISMO DE REPETIÇÃO a. II-6-3 Nos mecanismos de percussão com mola laminar. a extremidade superior do gatilho é geralmente talhada com a forma duplamente curvilínea. até à sua entrada. o mecanismo de disparar está intimamente ligado àquele. . sem que para cada um seja necessário ir buscar o cartucho às cartucheiras. indo colocar o respectivo ouvido em correspondência com o mecanismo de percussão que servia cada cano. a prender-se no segundo numa posição que está quase a libertar-se dele.Distribuição: operação pela qual. a prisão entre o dente do armador e o entalhe de armar é mínima. . II-6-2) que corresponde a encostar também à caixa da culatra a Fig. II-6-4 .Carregamento: colocação de um certo número de cartuchos no depósito da arma. Foi um sistema muito divulgado nas primeiras armas de fogo. o atirador ao apontar. Algumas armas de precisão utilizam com o mesmo fim dois gatilhos: um de segurança e outro de tiro.de modo que. A alimentação duma arma compreende um ciclo composto pelas seguintes operações: . deve primeiro “tirar a folga ao gatilho” (Fig. o primeiro leva o armador. Generalidades Dá se o nome de mecanismo de repetição ao conjunto de peças de uma arma que permite ao atirador executar o carregamento e o disparo de vários tiros. as armas podem classificar-se: (1) Armas de canos múltiplos. Sistema de alimentação Conforme a sua organização para a alimentação. II-6-2 segunda curva do gatilho ou corcova posterior (8).Introdução: colocação do cartucho na câmara. O movimento de rotação do tambor coloca as câmaras. Ex. Revólver Americano 7. sucessivamente. 2. II-6-4). Ex: Esp Berdan I 10. A metralhadora Gatling M861 (USA) (Fig. II-6-6 (3) Armas de depósito É o sistema hoje usado em todas as espingardas. Compreendem dois sub-grupos: 1. Aceleradores (Fig. II-6-8). por Fig. dada a sua semelhança com os moinhos pimenteiros domésticos da altura. usava também um sistema de rotação manual de 10 canos. Podem classificar-se em dois grupos: (a) Depósitos independentes Fig. Ex: Pistola Mariette Pepperbox 1837 de seis canos (GBR).Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO chamadas de pimenteiros (pepperbox) (Fig. Actualmente. II-6-7 São transportados nas cartucheiras e só no momento oportuno se juntam à arma. este sistema tem aplicação nas armas de caça. Consistiam essencialmente. apesar da sua elevada cadência de tiro. II-6-9). em colocar a cartucheira próximo da câmara da arma. uma arma ordinária de repetição. com capacidade para 12 Fig. II-6-7) Não suprimem nenhuma operação de carregamento mas simplificam a mais morosa que é a de tirar o cartucho da cartucheira e introduzi-la na arma. sendo. Carregadores automáticos Exigem para a sua adopção. (b) Depósitos fixos II . modificações nas armas que com a sua adaptação se transformam em armas de repetição funcionando de forma que a introdução do cartucho é feita automaticamente.65 mm Fig. II-6-5). em correspondência com o cano. Consiste num único cano sem câmara e na retaguarda um tambor.65 mm M/868 (RUS). II-6-9 cartuchos e os carregadores Lee com capacidade para 8 cartuchos (Fig. utilizou como acelerador. Como exemplos citam-se os carregadores Lowe (Fig. II-6-6) Este sistema acha-se limitado aos revólveres. com várias câmaras. a cartucheira Kruka com capacidade par 10 cartuchos.31 . com 2 a 4 canos sobrepostos e/ou justapostos. (2) Armas de câmaras múltiplas (Fig. II-6-8 meio de um dispositivo apropriado. além dos inconvenientes relativos à morosidade de qualquer sistema de carregamento sucessivo. a cucharra dispõe de um dente (8) e uma lingueta (10) contra os quais vem bater um entalhe da culatra. vulgarmente chamada detentor (7) executa a distribuição impedindo que.8 mm 1873) ou pela própria culatra.32 . A alavanca que dá o movimento ao elevador. II-6-10) Consiste num ou em dois tubos encaixados no fuste. . Ex: Esp Kropatcheck 8 mm M/886. saia mais do que um cartucho do depósito. 63). tem mais os seguintes: . II-6-10 transporte. Uma mola (1) e um êmbolo (2) constituindo um impulsor. colocados respectivamente. que vai introduzir o cartucho na câmara executando. executam o Fig.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Este sistema que o cartucho metálico permitiu desenvolver. impelem os cartuchos para o elevador colocado à entrada do depósito. Uma peça especial. Os elevadores podem ser: a.Exige uma organização complexa do mecanismo de repetição. cujos movimentos são comandados pela culatra. ou por baixo e paralelamente ao cano. que superiormente tem um cavado para receber o cartucho. isto é. pode ser accionada pela alavanca de manobra (Ex: Carabina Winchester 10.Desloca o centro de gravidade da arma provocando fadiga ao atirador. e inferiormente está ligado a uma alavanca que lhe dá o movimento. no movimento em que se fecha. elevando-se quando esta abre e baixando quando a culatra fecha (Fig. portanto. de cada vez.Torna as armas demasiado pesadas. a introdução. fazendo a apresentação e é a culatra móvel. O sistema de depósito no fuste .Origina variações no equilíbrio da arma produzindo irregularidade no tiro. de modo que a base do cartucho anterior assenta sobre a ponta do cartucho seguinte. De Gaveta São um espécie de bloco de forma prismática. . . Os depósitos fixos classificam-se. O elevador (5) coloca o cartucho no caminho da culatra (4). em: 1. II . é de origem americana tal como as primeiras armas de repetição. Para o efeito. por forma a ficar na posição superior quando a culatra está aberta. Neste tubo ou tubos se introduzem os cartuchos. ou num lado e outro do cano. Depósito no fuste (Fig. b. segundo a sua posição em relação à arma. De Cucharra Constam duma espécie de colher móvel em torno de um eixo horizontal perpendicular ao eixo do cano. 9 mm Fig. vão descendo de forma a ocupar o lugar dos que se vão gastando. para aumentar o número de cartuchos. numa caixa metálica. Depósito no couce (Fig. .Sistema Mauser (Ex: Esp Mauser 7. onde se introduzem os cartuchos. constituído por um dente saliente na parede do depósito. têm o couce inteiramente cavado alojando-se os cartuchos longitudinalmente. por Fig. II-6-12). II-6-11 acção duma mola. executa o transporte e a apresentação. obriga a subir levando os cartuchos até à altura da câmara.Aquece os cartuchos devido à proximidade do cano.(Ex: Carabina Mannlicher 6. Depósito central ou sob a caixa da culatra Foi Mannlicher.Não permite o emprego de cartuchos com projéctil pontiagudo. ou soltos . II-6-13 sistema de molas apoiadas no fundo do depósito.5 mm M/896) (Fig. Dentro do depósito há um elevador que consta de uma peça – o transportador – onde se apoiam inferiormente os cartuchos e que uma mola ou Fig. em 1888 que realizou o depósito fixo na caixa da culatra. Para que os cartuchos não saiam do depósito e para garantir a distribuição. no tubo que conduz à caixa da culatra. II-6-13). à altura da câmara. aplicada ao fuste da arma numa cavidade inferior à caixa da culatra. um fixador. isto é. ou colocados num carregador . II-6-11) Consiste num tubo embutido no couce em todo o comprimento deste e que se abre anteriormente na caixa da culatra. Consiste o sistema de depósito central.Sistema Mannlicher .33 . os quais. quando os cartuchos entram no depósito com o carregador.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO . II-6-12 M/937-A) (Fig. uns sobre os outros. há ainda o detentor que ou é uma espera móvel colocada na parte superior do depósito [Ex: Esp II . para carregamento simultâneo. Algumas armas. fixa o carregador na devida posição. O depósito pode estar recolhido no fuste ou ser saliente. 3. 2. 5 mm M/903 (AUT)] (Fig. Este último. quando o depósito está vazio. por intermédio de transportadores que na Mauser se chamam lâminas carregadoras (Fig.9 mm M/937-A). depois de aberta a culatra móvel. Cada lâmina leva cinco cartuchos e entra no chanfro de carregamento existente na caixa da culatra. II-6-16). Os cartuchos entram para o depósito por pressão exercida sobre eles com os dedos e a culatra ao fechar ejecta automaticamente a lâmina. Fig. Nas armas em que o carregador entra no depósito – Sistema Mannlicher – o detentor é constituído pela dobragem dos bordos do carregador aos quais se dá o nome de orelhas do carregador. Geralmente. era muito dispendioso e complexo.5 mm (NOR) (Fig. II-6-17).34 . não podendo fechar. II-6-15 Alguns modelos de depósitos centrais utilizavam um sistema rotativo.5 mm M/903 (AUT)] ou um estrangulamento das paredes superiores do depósito (Ex: Esp Mauser 7. No sistema Mannlicher. Os cartuchos são levados para a câmara – introdução – pela culatra móvel. II-6-14). O avisador de carregamento mais simples é o utilizado na Mauser que consiste numa nervura colocada no transportador do elevador e contra a qual a culatra móvel vai bater. há modelos em que o carregamento do depósito é feito com a culatra fechada tendo neste caso uma abertura lateral. apesar de bastante eficiente.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Mannlicher-Schönauer 6. Ex: Esp Krag-Jorgensen M/894 6. O carregamento faz-se geralmente pela parte superior do depósito. II-6-17 II . II-6-15) ou com um alojamento em espiral [Ex: Esp MannlicherSchönauer 6. encontram-se na caixa da culatra ou na entrada da câmara. rampas ou planos inclinados que os guiam. O sistema mais utilizado é o depósito central fixo de carregamento simultâneo. como se disse. depois de aberta a culatra móvel. o carregamento se fazer geralmente pela parte superior do depósito. apenas sendo adoptado em Fig. II-6-16 pequenas quantidades pelo exército grego. É de toda a vantagem que os mecanismos de repetição tenham Fig. com alvéolos individuais [Ex: Esp Steyr-Spitalsky M/879 (AUT)] (Fig. para que a introdução dos cartuchos na câmara seja facilitada. Fig. II-6-14 um dispositivo destinado a avisar que não existem mais cartuchos no depósito. Não obstante. o depósito é aberto no fundo o que permite a queda do carregador logo que consumido o último cartucho. As coronhas de plástico moldado por injecção são também muito comercializadas. sem nenhum tipo de nó. a arma contra o ombro do atirador e para o apoio da arma no solo. II-7-1): 5 4 a. c. kevlar. além evitar empenamentos por acção da humidade e defeitos internos. menores alterações à chuva e à humidade. b. a 1 6 3 caixa da culatra e os vários Fig. precisas e inalteráveis às condições meteorológicas. Couce (5) O couce serve para apoiar. cuja a finalidade é dar bom apoio à mão do atirador e superiormente. para o que tem na parte superior um cavado destinado ao cano e várias montagens destinadas às outras peças. A sua forma exterior deve permitir o manejo da espingarda como arma de mão de estocada ou ponta. para ganhar resistência. é resistente e leve. DIVISÃO As coronhas dividem-se em três partes (Fig. Fuste (1) 2 É a parte que aloja o cano. são muito mais dispendiosas. São em geral de madeira de boa qualidade . adoptam-se também coronhas de materiais compósitos. porque embora cara. de haste e facilitar a pontaria dando boa pega à mão esquerda. fibras de carbono. que permite o emprego de madeiras mais baratas e leves. 2. oferecendo menores pesos. O ângulo que o eixo do delgado faz com o eixo do cano. resinas epoxídicas. a espuma de poliuretano. GENERALIDADES A coronha é a parte da espingarda destinada a alojar e a proteger todas as peças que a constituem. II . É a parte mais reforçada da coronha. entre outros. chama-se ângulo de coronha. São muito leves. Usam-se geralmente em armas de precisão para tiro desportivo e franco-atiradores. a custos inferiores às coronhas de madeira. II-7-1 mecanismos a esta ligados. Actualmente. necessitando igualmente de “esqueletos” internos de alumínio ou outros metais.35 .Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 7 CORONHA 1. permitindo ao mesmo tempo o seu fácil manejo. apesar de se alterar com a humidade. a par de uma boa resistência e durabilidade. terminando posteriormente por uma face de grande superfície chamada soleira (6). como sejam a fibra de vidro. Na parte que o separa do couce deve ter inferiormente uma saliência a que se dá o nome de corcova (3). com firmeza. a que se chama dedeira (4). Delgado (2) Serve para segurar a arma com a mão direita. um ressalto para o apoio do dedo polegar. alteram-se com elevadas temperaturas e são menos estéticas. Todavia. mais demoradas de elaborar e mais frágeis. sendo a de nogueira a preferida. sendo em geral de secção oval. Uma boa alternativa são as coronhas de madeira laminada e colada depois com resinas epoxídicas. Todavia. podem também ser constituídas por duas partes distintas.Permitir um bom manejo da arma. Ex: Esp Lee-Enfield 7. .Permitir uma pontaria fácil. .7 mm M/917. tanto como arma de fogo como arma de estocada. em que a caixa da culatra separa o fuste do resto da coronha.Atenuar o efeito do recuo. 3. CONDIÇÕES As coronhas devem satisfazer as seguintes condições: . As coronhas são geralmente feitas de uma só peça. Carabina Winchester 10.8 mm 1873 (USA). II . o que as torna mais económicas e facilita o seu fabrico e montagem.Serem robustas sem ser pesadas. destinados ao serviço de limpeza e conservação.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO O couce pode ser cavado interiormente para alojamento de alguns acessórios da arma.36 . . Todavia. como por exemplo. fazem estes parafusos a ligação da arma à coronha. com a função adicional de amortecer parte da força de recuo que chega ao ombro do atirador. g.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 8 GUARNIÇÕES E ACESSÓRIOS 1. Chapa do couce Serve para reforçar e proteger a soleira da coronha. Os furos da coronha por onde passam os parafusos devem ser revestidos de pequenos tubos metálicos para protecção da madeira e fixação das partes aparafusadas. Ex: Carabina Springfield 7. além dos dois zarelhos para a bandoleira. A Esp 7. para armar ou desarmar a culatra. dispõe de dois zarelhos. entalham-se no fuste umas molas chamadas esperas das braçadeiras. 2. um lateral e outro axial. Braçadeiras Destinam-se a ligar o cano ao fuste. a soleira pode ser serrilhada. Geralmente são anéis de aço. ou nas faces laterais. Para evitar que as braçadeiras saiam do seu lugar. GUARNIÇÕES Guarnições duma arma são todas as peças secundárias que completam a sua constituição e que a sua utilização faz aumentar o rendimento da arma. encontrando-se na parte inferior e no plano simétrico da arma. destinada a servir de apoio ao percutor.c e. b. Protector do ponto de mira Destina-se a proteger o ponto de mira. A Esp Mauser 7. possui um terceiro para permitir o ensarilhar das armas. c.65 mm M/926. A sua forma é variável conforme os modelos das armas mas geralmente tem um revestimento na parte superior chamado frente. o que implica a existência de um parafuso para maior ou menor aperto. podendo ser de couro ou de tela. combinados com duas pastilhas existentes no couce da coronha permitem duas posições de transporte da arma utilizando a bandoleira. Para dar um melhor apoio ao ombro. d. muitas espingardas caçadeiras. fechados para não alterar as vibrações do cano. embutida na coronha. Zarelhos Servem para a fixação da bandoleira. fixos à braçadeira inferior. impedindo que parta nos choques inevitáveis no solo. a sua posição é variável. f. possuem uma chapa de couce em borracha ventilada. depois a soleira que termina pelo bico. As principais guarnições nas armas ordinárias são as seguintes: a. o talão.7 mm Lee-Enfield M/917. Parafusos de fixação da caixa da culatra ao fuste Conjuntamente com as braçadeiras. Algumas armas. Apoio de desarmar Em certas armas existe uma cavidade metálica.37 . ACESSÓRIOS II . segue-se uma parte curva.9 mm M/937-A. Podem também ser de charneira. Bandoleira É destinada a facilitar o transporte da arma. um em cerdas para a lubrificação e outro de cerdas e arame de latão para a limpeza. A vareta Destina-se.38 Fig. Protector de boca Destina-se a tapar a boca do cano quando a arma não está em serviço. 65 gases. a extrair um invólucro detonado. nos silenciosos de válvula (Fig. que tapa o orifício de saída. Pode ser metálico. c. estudaram-se várias soluções tendentes ao enfraquecimento daquele choque. de lona ou mesmo de couro. pelos orifícios que existem no corpo do aparelho. limpeza. II-8-1 d. que serve para a limpeza interior da caixa da culatra e também para re tirar e pôr o fundo do depósito. Fig.9 mm M/937-A. II-8-1). Estojo de limpeza Consta em geral de: (1) Uma espátula em aço. ou cartucho que o extractor não conseguiu retirar da câmara. logo que o projéctil P abandona o dispositivo. havendo necessidade de reunir duas armas para se obter uma vareta completa. A outra extremidade chama-se cabeça e tem um calibre quase igual ao do cano. b. 66 . II . (5) Quatro mechas de limpeza. (2) Uma almotolia em aço e contendo óleo. emprega só meia vareta. os Fig. No sistema de câmaras há várias modalidades. conservação e manutenção das armas e ainda as ferramentas indispensáveis para montar e desmontar a arma. são apenas usadas quando a estanquicidade não esteja garantida. possuem um protector amovível de ponto de mira e de boca. Capa da culatra De lona ou de couro.9 mm M/937 (Fig. Silencioso Destina-se a diminuir o efeito sonoro produzido pela detonação.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO São os objectos destinados ao serviço. Os principais são: a. (3) Uma corrente de limpeza formada por elos de aço destinada a fazer passar pelo interior do cano os escovilhões ou mecha de limpeza. Nela está aberta uma fenda para facilitar o seu desenroscamento. Algumas armas que não possuem protector do ponto de mira fixo. II-8-2). (4) Dois escovilhões. Constituindo a detonação uma consequência do choque violento dos gases da pólvora à saída da boca do cano com o ar. lentamente. de materiais polímeros ou resinosos. actuam sobre o mecanismo M que está ligado a uma válvula V. Assim. É o caso da Esp Mauser 7. normalmente usam-se varetas feitas de vários pedaços que se aparafusam uns aos outros. e. Os gases escapam-se então. A Esp Mauser 7. Uma das extremidades da vareta chama-se cauda e tem aberta uma rosca para a sua fixação ao fundo do canal do fuste. Não permitirem o armar da baioneta. Um dos silenciosos. considerado mais perfeito. diminuindo progressivamente a sua tensão. .Provocarem o desequilíbrio da arma. em que o movimento rectilíneo dos gases é transformado em movimento de rotação. que combinam as características dos silenciosos e dos tapa chamas. h. não se generalizou a todas as armas portáteis devido aos seguintes inconvenientes: . nomeadamente “coices” bastantes mais fracos e por isso menor fadiga do atirador. criando-se verdadeiros remoinhos dentro de cada uma das câmaras para que ao escapar-se da última. . Freio de boca Destina-se a atenuar o recuo da arma. seja pelo clarão à boca. em que além das câmaras há também orifícios de escape. Ex: Silencioso Borreson (Fig. seja pelo som. f. a sua velocidade e capacidade de dilatação são fracas. II-8-1). aumentando assim as suas condições de precisão.Difícil conservação.39 . onde os gases se vão expandindo. é o Maxim. Apresentam contudo algumas vantagens importantes. só com câmaras. g.Produzirem fenómenos de refrangibilidade devido ao ar quente em volta do aparelho. Outras. onde se torna especialmente importante não revelar a sua posição. resultante do encontro dos gases que se formam no interior do cano com a atmosfera. Supressores combinados Acessórios recentemente concebidos. fazendo-se suavemente a mistura com o ar. Tapa chamas Atenua a formação do clarão à boca da arma. Os freios de boca foram inventados com a finalidade de se obterem menores velocidades de recuo da arma.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Umas. . II . A sua aplicação. São utilizados nas armas de precisão dos atiradores especiais. retirou protagonismo a este tipo de armas. Este novo tipo de arma. produzindo a sua detonação e posterior inflamação da carga do projéctil. destinados a fazer fogo instintivamente a curtas distâncias. não obstante serem atribuídas a estes algumas vantagens como arma de defesa pessoal.início do século XVII. a um conjunto de câmaras abertas num cilindro móvel colocado numa posição paralela ao eixo do cano para que. 1818. em sentido contrário ao que este assumia durante a fase do disparo. apesar de manter os grandes inconvenientes dos fechos de pederneira. das câmaras com o cano. de Boston. na prática. é o ano onde pela primeira vez se da o emprego do primeiro revólver com sistema de rotação de cilindro de forma não Fig. no combate próximo. se rodava o cilindro. II-9-1). foi uma importantíssima fonte de inspiração para Samuel Colt desenvolver o primeiro revólver de tambor com rotação automática e fecho de percussão.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 9 REVÓLVERES 1. no final do século XIX. confunde-se com outra. nesse instante. através de um mecanismo simples. quase todos os países preferem as pistolas aos revólveres. armas de repetição do sistema de câmaras múltiplas. Os primeiros revólveres que se conhecem surgem no final do século XVI . GENERALIDADES Os revólveres são. No momento de armar o cão martelo o cilindro rodava automaticamente procedendo ao Fig. Fig. numa fase inicial.40 . II-9-2 manual. II . Para se realizar o tiro exige-se que o cilindro móvel gire mas que pare no momento preciso em que se faz a coincidência do eixo da câmara a disparar com o do cano para que. o cão efectue a percussão sobre a escorva. que justificam uma análise mais pormenorizada. para uma arma de fogo que combinava um só cano com várias câmaras permitindo uma sucessão de disparos com um só carregamento (Fig. que obteve em 1818 a patente inglesa nº 4315. empregando um grande poder derrubante. A rotação do cilindro era conseguida por meio de uma mola que estava ligada a este e que ficava em tensão quando. denominada de pepperbox (pimenteiro) (Fig. válida por catorze anos. O aparecimento das pistolas semi-automáticas. as mesmas (câmaras) sejam colocadas em concordância com a alma do cano. II-9-1 O funcionamento do revólver resume-se. 5. produzidos na região do actual Sul da Alemanha. Este sistema. com capacidade de repetição. No entanto. O seu inventor foi o americano Elisha Collier. que dote o combatente. com fechos de roda (Fig. portátil e ligeira. como vimos. 6 ou mais canos). de forma sucessiva. Presentemente. O revólver nasce com a necessidade de criar uma arma de projecção de fogo. II-9-3 alinhamento. de forma manual. CLASSIFICAÇÃO DOS REVÓLVERES Os revólveres podem classificar-se quanto ao sistema de percussão e ao sistema de funcionamento. II-9-3). caracterizada por alguma capacidade de repetição através de canos múltiplos rotativos (4. 2. II-9-2) e pederneira. em simultâneo. Continua a ser utilizado um cão martelo que actua II . No revólver de percussão lateral a percussão é obtida Fig. EUA foi o primeiro revolver com este sistema. (b) Carregamento dos projécteis nas câmaras.41 .Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO a. origina a deflagração da carga propulsora. II-9-7). Segundo o sistema de percussão. alojada no rebordo ou garganta do cartucho. que ao golpear a cápsula fulminante alojada no interior da base do cartucho. Com a adopção dos cartuchos completos em cartão canelado. os revólveres podem ser de : (1) Cápsula fulminante Este tipo de revólver nasce com a generalização dos fechos de percussão nas armas de fogo ligeiras. colocar a cápsula na chaminé. (3) Cartucho metálico de percussão anelar. O carregamento dos revólveres deste tipo comporta três fases: (a) Carregamento das câmaras com pólvora através de um polverim. o sistema de percussão tinha menor custo e menor sujeição aos agentes atmosféricos. possuindo o cilindro com seis câmaras de antecarga. com as respectivas chaminés para colocação das cápsulas fulminantes. quer a utilização do projéctil tradicional esférico. evita a percussão lateral e seus inconvenientes. Fig. O sistema de carregamento leva cerca de 1 minuto. A acção da haste é garantida pelo cão que se abate sobre ela depois de accionado o gatilho. II-9-4) patenteado em 1836 por Samuel Colt em New Jersey. Entre 1840 e 1850 todos os principais exércitos adoptam. II-9-5) em 1853. por ser necessário com alguma precisão. II-9-4 Esta arma embora de fabrico e funcionamento complexo é a primeira em que a rotação do cilindro se dá pelo movimento de armar o cão não sendo necessária a armação manual do mesmo. patenteado pela primeira vez em 1857. como já vimos. oficialmente. com apoio da alavanca de carregamento. pelas suas especificidades obrigam. (2) Cartucho metálico de percussão lateral. Este tipo de revolver é caracterizado por uma acção lateral do cão sobre o cartucho metálico completo. (c) Colocação das cápsulas nas chaminés do cilindro. Estes cartuchos. Este sistema de percussão permite quer a utilização de cilindro ogival. O Colt Paterson (Fig. criou o famoso revólver Lefaucheux (Fig. II-9-5 mediante uma haste (Fig. II-9-6 da arma. o sistema de percussão. essa acção de carregamento passa para cerca de 20 segundos. a algum cuidado no processo de carregamento Fig. na primeira metade do século XIX. Este tipo de revolver. com o Smith & Wesson Model 1 (Fig. um a um. Apesar duma operação de carregamento mais longa que nas armas de pederneira. além de uma particular atenção no seu manuseamento. inventado pelo francês Casimir Lefaucheux que. II-9-6). finas. (b) Disparar. II-9-9). o cão arma. A imobilização do cilindro para a execução do tiro. os revólveres podem ser de : Na execução do tiro de repetição com revólver é necessário armar o cão e girar em simultâneo o cilindro. até que o eixo de uma das câmaras fique no prolongamento do eixo da alma do cano. aparecido pela primeira vez em 1873. é dotado de um cão percutor em vez de cão martelo. b. Fig. O cão ao ser armado comprime a mola real (9). O cão é retido pelo armador (5) que por sua vez é accionado pelo gatilho (6).42 . com o Colt Peacemaker (Fig. até a câmara coincidir com o cano. Ao exercer uma pressão manual retrógrada sobre o teiró (9). apresenta o Fig. Apesar dessa vantagem que facilita e acelera o 1 2 carregamento. II-9-8) (1). Segundo o sistema de funcionamento. Hoje equipa parte substancial dos revólveres em uso. após a descoberta da percussão central. O cartucho de percussão central (Fig.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO sobre o rebordo saliente da base da munição. Estas operações podem ser organizadas de três maneiras: (1) Tiro intermitente ou simples (Fig. O cão (1). é obtida por meio de um dente chamado a espera do cilindro (7) existente no gatilho que encosta a uns batentes (8) existentes no cilindro. inventado por Hiram Berdan em 1866. II-9-10). Depois. necessariamente. ao mesmo tempo que o cilindro gira automaticamente até ficar imobilizado. II-9-8 (4) Cartucho metálico de percussão central Este tipo de tipo de revólver. romperiam com cargas propulsoras mais fortes. II9-8) (2). põe em movimento uma haste chamada impulsor (2) que engrena numa cremalheira (3) Fig. Fig. II-9-10 existente no cilindro (4) fazendo-o girar. II . O cartucho adopta uma cápsula fulminante que passa a ocupar todo o espaço do rebordo ou garganta do cartucho (Fig. II-9-7 inconveniente de não poder ser utilizado em munições demasiado potentes pois as paredes do rebordo sendo. é necessário premir o gatilho. podendo adoptar diferentes calibres e comprimentos. imobilizando-se então o cilindro até que o cão se abata sobre a cápsula fulminante. Nestes revólveres as operações a efectuar manualmente são: (a) Armar o cão. II-9-9 mantém-se perfeitamente actual. na generalidade. São os revólveres mais usados pois reúnem as vantagens dos dois primeiros. abandonado pelo gatilho. Cano O cano (1) é um tubo de aço fundido. ferir a cápsula fulminante. de forma que o recuo do gatilho provoque o recuo do cão. ORGANIZAÇÃO DOS REVÓLVERES Normalmente um revólver apresenta as seguintes partes principais (Fig.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Ex : Revólver Nagant Brevete (2) Tiro contínuo (Fig. II-9-11 O cão ao chegar à sua posição mais recuada. o que se consegue por meio da alavanca ou de um tirante chamado peça de armar (9). accionando simplesmente o gatilho. A alma é estriada. comprimindo a mola real (10). em que a Fig. II-9-11) Estes revólveres exigem um só movimento: Disparar. como no anterior a espera do cilindro (7). II-9-13): a. e a precisão obtida pelo tiro simples contra alvos mais distantes. vai. o qual possui. por meio de um dispositivo especial. II-9-12 pontaria deve ser executada com cuidado. Fig. que se obtém com o emprego de projécteis de chumbo macio e de II . sob a acção da mola real.43 4 7 1 6 3 9 5 2 8 10 Fig. II-9-12) Nestes revólveres podem executar-se as duas espécies de tiro: Simples. está também articulado com o gatilho. sendo variável o número de estrias. com cerca de 15 calibres de comprimento. revólveres de tiro contínuo a que se juntou um armador. II-9-13 11 . O que se pretende obter com os revólveres é um grande poder derrubante. poligonal. O impulsor (2) que faz girar o cilindro. Ex: Revólver Abadie Brevete 3. etc. favorecendo a rapidez obtida pelo tiro contínuo contra os alvos próximos. Do movimento do gatilho depende o do cão.) tendo posteriormente uma parte roscada para a sua ligação à carcaça e anteriormente o ponto de mira. armando o cão manualmente. Contínuo. (3) Duplo movimento ou sistema misto (Fig. com formas externas muito variadas (cilíndrica. como não há armador e é. São. dispostos simetricamente em torno do seu eixo. Nos revólveres de extractor sucessivo. (1) Caixilho O caixilho (3) é a parte anterior onde se rosca o cano e dentro do qual se move o cilindro. II . A sua face esquerda é. mola da peça de armar (6). mas é aí. é també m condicionada pela manejabilidade. gatilho (7) e mola do gatilho. Cilindro (Fig. em geral móvel e chama-se chapa de cobertura. c. (2) Caixa dos mecanismos A caixa dos mecanismos (9) é a parte que fica entre o caixilho e a armação do punho e onde se encontram alojados quase todos os mecanismos. mola de armador (4). o calibre 9 mm. O calibre mínimo geralmente adoptado é. frente ao anterior (6) e espalda ao posterior (7). tem um número variável de furos ligeiramente tronco-cónicos. Tem a forma rectangular dando-se o nome de faixa ao lado superior (4). II-9-14 d. Carcaça A carcaça (2) é a parte que reúne todas as outras e que corresponde à coronha das espingardas. A velocidade inicial que depende das pressões desenvolvidas e do comprimento do cano. nesta existe uma fenda (8) para a passagem da espera do cilindro. Aparelho inflamador e impulsor (Fig. (2) O Mecanismo de disparar compõe-se de armador (3). Tem no seu ramo superior uma corcova (11) para apoio da forquilha do cão. Fig. uma parte da espalda é móvel para deixar a descoberto a entrada de uma das câmaras. (3) Armação do punho A armação do punho (10) é a parte onde se fixam as platinas. laminar e apoia-se por um dos extremos na armação do punho e pelo outro. peça de armar (5). variando entre 200 a 350 m/s. É nesta parte que vários modelos apresentam maiores diferenças. Na face anterior do cilindro e em torno do orifício central para o eixo. sobre os quais actua o impulsor. A faixa não existe em todos os modelos. que constituem as câmaras.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO grande calibre (superior a 8 mm).44 . II-9-14) É de aço. O armador e a sua mola servem para o tiro intermitente (tiro a tiro). com tantos dentes quantas câmaras. no cão. em forma de dentes de serra. que frequentemente se encontra aberta a ranhura de mira. A peça de armar e a sua mola para o tiro contínuo. 69) Este aparelho compõe-se do mecanismo de percussão e do mecanismo de disparar. 2 Na superfície cilíndrica estão abertos uns entalhes (2) – os 1 batentes – onde entra a espera do cilindro para o imobilizar. permitindo o carregamento e a extracção e à qual se dá o nome de porta carregamento. (1) O Mecanismo de percussão compõe-se de cão-percutor (1) e mola real (2). animados de uma velocidade inicial não muito elevada. Esta é em geral. por razões de manejabilidade. É de aço fundido e pode considerar-se dividida em três partes. soleira ao inferior (5). b. O gatilho é montado na soleira. há uma cremalheira (1). Perpendicular ao eixo do cilindro (Fig. (c) Cilindro. Segundo o modo de se obter esse afastamento.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO É ao gatilho que em geral. 73) Fig. poucos revólveres têm o mecanismo de segurança bem definido e independente do resto dos mecanismos. têm movimento no Fig. (3) Através de uma chave imobilizadora que pode actuar no cão. se liga o impulsor (8).45 . f. e. (1) Extractor sucessivo: É o mais simples. II . É constituído por uma vareta montada num alojamento apropriado paralelo ao eixo do cano. Ex: Revólver Nagant Brevette. destinado a dar movimento ao cilindro por intermédio de um dente de que dispõe no seu extremo superior e que vai engrenar na cremalheira. (2) Através de uma peça especial entre o cão e a câmara: (a) Presente (ou seja. que pode ser colocado em frente a uma das câmaras da arma. pode aparecer de quatro maneiras: (1) Através de um comutador ou alavanca que imobiliza o: (a) Cão.38 Este é o sistema de extracção utilizado nos revólveres actuais. Paralelo ao eixo do cilindro (Fig. o cilindro e o extractor. ligado a um tubo que 1 penetra no eixo do cilindro. Extractor Os extractores podem ser sucessivos ou simultâneos. Mecanismo de segurança Sendo armas extremamente fiáveis. Como neste sistema os invólucros não eram ejectados. (b) Gatilho. 74) Ex: Revólver Colt . 73 Ex: Revólver Smith & Wesson . (2) Extractor simultâneo: Obriga a um sistema que afaste o cilindro da espalda.32 2. por acção de uma alavanca que serve igualmente de guarda-mato (2). no caixilho ou na carcaça). Fig. temos dois grupos de extractores: (a) De Translação (Fig. 72 sentido do eixo do cano. bloqueante da acção do cão). 74 Ainda assim. 2 O cano. 72) É constituído por um disco (1) de pequena espessura. (b) De Rotação No sistema de rotação o extractor é também de disco ou de estrela mas o movimento é feito em torno de um eixo: 1. com o mesmo diâmetro que o cilindro e com um número de furos igual ao das câmaras. há modelos em que o disco foi substituído por uma estrela que entra num entalhe aberto na parte posterior do cilindro. (b) Ausente (que age como placa de transferência entre o cão e a cápsula fulminante). Guarnições e Acessórios (1) As guarnições constam de essencialmente do guarda-mato e da argola de suspensão. II . na parte anterior do cano e de uma ranhura de mira situada na faixa.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO (4) Através de uma posição intermédia do cão. semelhante à já referida para outras armas ordinárias. No punho há a considerar a armação e as platinas. h. o coldre e fiador. além de dispositivos aceleradores de carregamento: carregadores rápidos e clipes. Ex: Revolver Lefaucheux 9 mm (FRA). ou ainda no cão. Aparelho de pontaria Consta de um ponto de mira. no prolongamento do cano. Punho Corresponde ao couce das espingardas mas é muito mais curvo para facilitar o manejo.46 . (2) Os acessórios mais importantes englobam o conjunto de limpeza. i. g. em especial.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO PARTE III ARMAS AUTOMÁTICAS CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO 1. III . Durante a Guerra-Fria. Hiram Maxim (1840-1915). A Primeira Guerra Mundial viu generalizar-se o emprego da metralhadora como arma de apoio à infantaria e como armamento das aeronaves de combate e dos primeiros carros de combate . A evolução das armas automáticas ligeiras (pistolas. Entre os muitos criadores que contribuíram para a entrada na era das armas automáticas. armar o percutor. O exército norte-americano dota a totalidade da sua Infantaria com a espingarda semi-automática M1 Garand. as primeiras armas automáticas. as operações de destravar. sem intervenção do atirador. a pistola-metralhadora passa a ser a arma individual de grande parte das tropas beligerantes. navios e embarcações. de serviço e de fabrico. permitindo o tiro automático e semi-automático. iii. uma vez carregadas e disparado o primeiro tiro pela acção do dedo sobre o gatilho. abrir a culatra. fazendo assim recuar a culatra. introduzir novo cartucho na câmara. da primeira metralhadora com um sistema de automatismo baseado na actuação directa dos gases num êmbolo. Daí para a actualidade. o cérebro mais fértil de todos os desenhistas de armas norteamericanos. podem considerar-se três deles. John Browning (1855-1926). como vimos. apareceram na segunda metade do século XIX. todos norte-americanos por sinal. de calibre 7. GENERALIDADES Com o aperfeiçoamento das armas de repetição. nasceu nos construtores a ânsia de obter uma arma que num curto espaço de tempo fizesse um elevado número de tiros. Armas automáticas são armas nas quais. se sucedem rápida e regularmente para cada um dos tiros seguintes. No início. pistolas-metralhadoras. bem como das pistolas semi-automáticas. procurando satisfazer necessidades crescentes relativas às já abordadas condições de tiro. de func ionamento mecânico e com vários canos evoluindo depois para o funcionamento automático e com um só cano. fechar e travar a culatra. passa a generalizar-se a espingarda de assalto como arma padrão da Infantaria. como os mais marcantes: i. ii. Na Segunda Guerra Mundial.1 . em 1861. Generalizam-se os canhões de tiro automático para equipar viaturas pesadas. tendo concorrido para o seu desenvolvimento os grandes conflitos bélicos do século XX. E assim.62 mm. as duas guerras mundiais. aeronaves. pela autoria de uma metralhadora de accionamento manual com elevado poder de fogo. espingardas automáticas e metralhadoras) continua nos dias de hoje. extrair e ejectar o cartucho. o progresso das armas portáteis automáticas tem sido contínuo. como o criador em 1883 da primeira metralhadora de funcionamento totalmente automático. apenas pelo aproveitamento da acção dos gases da carga. Richard Gatling (1818-1903). a quem se deve a paternidade em 1892. é o número de tiros que na prática. uma arma realiza num minuto.2 . . obrigando-a a recuar. do cano. nas armas automáticas a energia desenvolvida pelos gases da pólvora não é só aproveitada para impulsionar o projéctil como também para possibilitar o funcionamento da arma. Regime de tiro. Velocidade prática de tiro. Resumidamente. durante um minuto. durante um minuto. devem conhecer-se algumas definições indispensáveis para uma melhor compreensão da matéria: Cadência de tiro ou velocidade de funcionamento. da resolução expedita de avarias. Acção directa de gases – Uma arma diz-se de acção directa de gases quando os gases resultantes da percussão da munição actuam directamente sobre a culatra. o processo geral de funcionamento das armas automáticas é o constante do quadro seguinte: AGENTE MOTOR Pressão dos gases Mola recuperadora MOVIMENTO EFECTUADO OPERAÇÕES EXECUTADAS Recuo das partes móveis . considerando as pausas provenientes da substituição de carregadores. . . III . DEFINIÇÕES Antes de iniciarmos propriamente o estudo das armas automáticas.Compressão. Avanço das partes móveis (recuperação) . Para isso. . é a relação entre o tempo realmente utilizado nas rajadas e o tempo de repouso da arma. que armazenam a energia necessária para o completo funcionamento automático.Armar do percutor. das rectificações de pontaria. ou em molas.Introdução de um novo cartucho. . .Transporte e apresentação do novo cartucho. distensão ou enrolamento da mola recuperadora.. em funcionamento consecutivo.Destravamento e desobturação. é o número máximo de tiros que se pode obter duma arma.Obturação da câmara e travamento da culatra. regra geral através de um êmbolo ligado a esta.Percussão (nas armas de tiro automático) 2.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Assim.Extracção e ejecção do invólucro. a força de expansão dos gases é aplicada em determinadas partes do mecanismo da arma. etc. Acção indirecta de gases – Uma arma diz-se de acção indirecta de gases quando os gases resultantes da percussão da munição actuam sobre o invólucro que por sua vez vai actuar sobre a culatra. 8 mm modelo 1973. III-2-1 Fig. III-2-1).Sistema em que recua só a culatra. verifica-se assim que as duas categorias de armas têm um ponto comum que é o modo de carregamento. por intermédio da alavanca. além de complexo. faz com que o projéctil abandone o cano antes da abertura da câmara. as armas automáticas compreendem as de carregamento automático e as de tiro automático. distende-se e a arma avança. ao mesmo tempo que a mola de recuperação era comprimida. a chapa de couce (1) é separada da coronha (2) e ligada por uma haste (3) e uma mola (4) a uma alavanca (5) que põe em movimento a culatra (6). diferindo essencialmente.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 2 SISTEMAS DE AUTOMATISMO Como se disse.Sistema em que recua o cano e a culatra. a mola recuperadora que fora anteriormente comprimida. A inércia. SISTEMA EM QUE RECUA TODA A ARMA Este sistema foi concebido por Hiram Maxim. toda a arma recua vindo a coronha chocar com a chapa do couce que se encontra apoiada no ombro do atirador. No momento do disparo. Logo em seguida.Sistema em que recua toda a arma. Este sistema. ficando a arma pronta para novo disparo. Nestas armas (Fig. no mecanismo de disparar uma vez que as primeiras só podem executar o tiro simples (tiro a tiro). exigia muitos III . Uma mola recuperadora conserva a chapa do couce separada da coronha. executando-se a extracção e a ejecção do invólucro do cartucho e armando-se o percutor. A haste. III-2-2 . Estas armas funcionam sob a acção indirecta dos gases. . 1. que o patenteou em 1884. . realizando-se a introdução do cartucho e a obturação. Obedecendo as duas categorias ao mesmo processo geral de funcionamento. faz recuar a culatra. mantendo-se firmes as restantes peças .Sistema em que o cano avança. em que a acção da alavanca era substituída por uma haste articulada ligada à soleira e accionada quando a arma recuava. podem classificar-se as armas automáticas quanto aos sistemas de automatismo em: . devido ao peso da arma. Consistia basicamente numa espingarda de repetição Winchester 10. Como estas últimas são também de carregamento automático.3 Fig. . III-2-3) Nas armas deste tipo. não se tendo. forçando a cabeça da culatra a destravar. a obturação e o travamento. a mola de inércia descomprime-se. SISTEMA EM QUE RECUA O CANO E A CULATRA Nas armas que utilizam este sistema. Neste sistema (Fig. pela acção indirecta dos gases. A culatra destrava-se antes do final do movimento do cano para a retaguarda. Armas de curto recuo do cano (Fig. fazendo a introdução do novo cartucho. o cano e a culatra recuam inicialmente juntos. recuam solidários e só se desligam quando o projéctil abandona a alma. chamada “mola de inércia” (5). A mola recuperadora que durante este movimento foi comprimida (distendida ou enrolada). Ao mesmo tempo. efectuando-se em seguida a abertura da câmara. baseada na 1ª lei de Newton. desobturar e a recuar com o corpo da culatra. a empresa Benelli. uma mola (3). auxiliada por uma guia basculante. distende-se (comprime-se ou desenrola-se) fazendo avançar o cano e a culatra. a ejecção e o armar do percutor. III-2-3 a. Ex: Esp Maxim M/1884. o movimento retrógrado do cano é inferior ao comprimento do cartucho. volta à posição de tiro enquanto a culatra. Assim podem classificar-se em dois tipos: Fig.4 . forçando a culatra a voltar a entrar em bateria. III-2-2). Assim. toda a arma recua inevitavelmente (1+3). patenteou um sistema de automatismo para espingardas caçadeiras semiautomáticas. com excepção do corpo da culatra (2) que.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO cuidados especiais. a culatra (1) é ligada ao cano (2) por qualquer sistema de travamento. o que torna necessário acelerar o movimento da culatra em relação ao do cano afim de poderem ser executadas as operações de extracção. quando se dá o disparo. a pressão dos gases ao mesmo tempo que impele o projéctil para a frente impele também a culatra e o cano para a retaguarda. sob a acção da sua mola. Estes. realizando então a extracção. introduzindo novo cartucho e obturando a câmara. comprime uma mola. comprimida entretanto pelo recuo do corpo da culatra. III . Em 1968. Seguidamente o cano. Nessa altura dão-se as operações de extracção e ejecção do cartucho detonado e de transporte e apresentação da nova munição. distende-se. a extracção. encostando à armadura (10) é detido. 2. reforçando o travamento da cabeça da culatra (4). já destravada e devido à força viva de que vai animada. que antes do tiro se encontravam intimamente ligados. tende a ficar no mesmo sítio. pela inércia da sua massa. a ejecção do invólucro e o armar do percutor. ou um seu prolongamento (4). cujo ponto fixo está na armadura da arma. a culatra destrava-se e o cano. Quando o recuo da arma cessa. Sob a acção dos gases. generalizado em armas de guerra. Durante o recuo. A mola recuperadora. Este sistema. como aproveita a pressão que os gases exercem sobre a culatra caracteriza-se como o sistema anterior. ao dar-se o disparo. distendendo (ou comprimindo) aquele. ejecção e alimentação da arma. em que recua toda a arma. continua o seu recuo. por isso. o cano acha-se ligado à armadura. completar a acção indirecta dos gases (acção Fig. 14 O reforçador de recuo também pode existir em armas de curto recuo do cano. a culatra vai de encontro ao cano introduzindo novo cartucho. o cano liberta uma peça.62 mm M G3 M/962. dando-se durante este movimento a extracção. indo o dente da mesma peça (6) fixar a culatra por um dente (5). a Pistola Parabellum 9 mm M/943 e a Pistola 9 mm Glock 17 (AUT). ejecção e armar do percutor. b. obturando a câmara e se a arma for de tiro automático. a Metralhadora Ligeira Dreyse 7. III-2-5). logo que ela chega ao fim do seu movimento retrógrado.9 mm M/930. Ex: Met Lig CSRG 8 mm Mle 1915 (FRA). 3. termina à frente por um estrangulamento. Depois. impelida por uma mola ou por outro sistema qualquer. por meio de um impulso suplementar. impelida pela sua mola (3). como por ex: Met Pes 7. faz baixar o dente (6) e liberta desta forma a culatra. Sob a acção dos Fig. ligada à armadura (8). actuando na face anterior do cano (2) que para o efeito é ampliada. SISTEMA EM QUE RECUA SÓ A CULATRA Neste sistema. atirando-o para a retaguarda. actuando com a cauda (7) sobre a peça especial. Armas de longo recuo do cano (Fig.5 . III .Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Finalmente a culatra. a percussão.7 mm Vickers M/917. Com o recuo. Nestas armas a culatra (1) é por qualquer sistema de travamento.9 mm M/938. Met Lig 7. III-2-4) Nestas armas o recuo é superior ao comprimento de um cartucho e o destravamento e desobturação só se efectuam após o total recuo do cano e culatra. que pela acção de uma mola sobe. Por fim. Utilizam este sistema armas tão distintas entre si como sejam a Metralhadora Pesada Browning 12. ligado ao cano (2). avança ligando-se ao cano. obturando a câmara e se a arma é de tiro automático.7 mm M/951. Met Lig Madsen 7. sob a acção da sua mola (4) o cano volta à sua posição anterior. Tal dispositivo. fazendo a percussão. constituindo-se uma câmara (1) onde os gases se expandem. realizando a introdução do novo cartucho. III-2-4 gases o cano e a culatra recuam juntos comprimindo cada um a sua mola (4) e (3) cujos pontos de apoio fixos estão na armadura da arma. mas no momento do disparo só a culatra retrocede. O cano ao chegar à sua posição de tiro. fixo à manga que envolve o cano e anteposto à boca deste (Fig. III-2-5 de recuo). Para que a força viva do recuo seja suficientemente forte para fazer mover o conjunto cano-culatra. para. pode aproveitarse a acção directa dos gases sobre um dispositivo chamado reforçador do recuo14 . (1) Tomada de gases num ponto do cano (com êmbolo): Nestas armas (Fig. no interior do qual se move um êmbolo (4) ligado à culatra (5) por uma haste (6). b. Ao dar-se a inflamação da pólvora a pressão dos gases actua ao mesmo tempo e com a mesma impulsão. imprimindo a cada um. Este sistema. duas em que os gases são captados num ponto da alma . empurra o êmbolo para a frente. Ao dar-se o tiro. Este furo (2) comunica com um cilindro Fig. usada na pistola Roth M/96. para além de não confirmada. ou pela acção indirecta ou pela acção directa dos gases. o travamento da culatra e se a arma é de tiro automático. o funcionamento da arma seria brusco e 15 Armando Paschoa. III . e uma terceira. a ejecção e o armar do percutor ao mesmo tempo que a mola recuperadora do êmbolo é comprimida. Esta variante. velocidades na razão inversa das massas respectivas.6 . que comanda a culatra. Funcionamento pela acção indirecta dos gases: Nestas armas (Fig. III-2-7 chamado câmara de gases (3) que por sua vez está em comunicação com um tubo. III-2-6 O recuo da culatra pode obter-se por dois modos completamente distintos. Dá-se então a extracção. deve ser bem estudada. revela-se extremamente inverosímil de ap licação prát ica. achando-se ligada ao cano e travada. Logo que isso acontece uma parte dos gases entra na câmara dos gases e actua directamente sobre a cabeça do êmbolo. a culatra (1) está apenas fortemente encostada ao cano pela acção da mola recuperadora (2) que tem o seu ponto fixo na armadura. muito generalizado. a culatra. o mesmo sucedendo à culatra depois de destravada. com ou sem êmbolo. o principal problema a resolver nas armas que adoptam este sistema. Uma mola recuperadora (7) cujo ponto fixo está na armadura. pois se ficar muito perto da câmara. na sua obra Armamento (1951) refere u ma variante com tomada de gases à entrada da câmara. A posição do furo de passagem dos gases no cano. a. dando-se a introdução do novo cartucho. de um lado sobre o projéctil e do outro sobre o conjunto invólucro-culatra. não se desloca até o projéctil ultrapassar o furo. III-2-6). III-2-7) o cano (1) é furado na parte inferior. é conseguir que ao dar-se o disparo. apresenta algumas variantes. como as pressões são muito elevadas. Seguidamente a mola recuperadora leva o êmbolo à frente. Assim. Existem três variantes15 diferentes. sobre uma peça especial chamada êmbolo. o movimento de recuo da culatra só se inicie quando o projéctil abandona o cano. a percussão. mais frequentemente. e este arrasta a culatra.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Fig. Funcionamento pela acção directa dos gases As armas deste subgrupo aproveitam uma parte dos gases fazendo-os actuar directamente sobre a culatra ou. forçando o seu recuo e consequentemente da culatra. motivo pela qual deixa de ser considerada na cadeira. obrigando-o a recuar. à boca do cano. por intermédio de um cartucho especial em que a cápsula fulminante era projectada de encontro ao percutor. o sistema apresenta vários inconvenientes nomeadamente: . a qual produz uma sucção no cano. Nas armas em que o tubo é todo fechado. III-2-10). Para esse efeito.Acréscimo de peso constituído pelo conjunto êmbolo-haste .62 mm M/961. a pressão dos gases poderá já ser insuficiente para o funcionamento da arma a não ser que as peças móveis sejam de peso reduzido. conforme a pressão aumentar ou diminuir. a obturação é completa porque. seja pelo aquecimento do uso da arma. III-2-8) Fig. Nestas armas. de forma a deixar escapar para o exterior maior ou menor quantidade de gases. tornando-se por isso necessário regular a pressão dos gases sobre a cabeça do êmbolo. a inércia do conjunto êmbolo-culatra dá tempo ao projéctil para sair do cano antes da desobturação. III-2-9 Há necessidade de expulsar os gases do tubo. depois de exercerem a sua acção sobre o êmbolo. III-2-8 Ex: Met Hotchkiss 7. Se ficar muito perto da boca.7 mm M/917. seja pelo emprego de outra munição.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO dificilmente se conseguiria a obturação durante o tempo que o projéctil percorre a alma. estando já o projéctil próximo da boca quando os gases actuam sobre o êmbolo.56 mm M/94 e a Met Lig Lewis 7.7 mm (b) Abrindo na câmara de gases. Para que o furo não tenha interferência no movimento do projéctil. Fig. as Esp Aut AKM Kalashnikov 7. Porém.7 .Funcionamento brusco em virtude do tempo restrito em que os gases actuam sobre o êmbolo . (c) Regulando as dimensões do orifício de comunicação da câmara de gases com o tubo do êmbolo (Fig.62 mm (RUS).Impossibilidade de empregar o sistema em armas pequenas onde o orifício de passagem dos gases teria também que ser pequeno e por isso facilmente obstruído pelos resíduos dos gases . todos III .Possibilidade de fractura de algumas peças devido às elevadas pressões e temperaturas a que são sujeitas. A regulação exigida. é essencial que seja aberto no fundo de uma estria evitando-se assim. III-2-10 Para que o funcionamento das armas não seja prejudicado. além de outras armas. possíveis arestas vivas que poderiam originar depósitos de metal da camisa do projéctil. esta expulsão é obtida pela expansão dos gases à boca da arma. um canal de derivação de diâmetro variável. III-2-9) Ex: Esp Aut FN FAL 7. logo que efectuada qualquer sessão de tiro devem ser cuidadosamente limpos. Esp Aut Galil 5. no ponto onde fica a cabeça do êmbolo na sua posição mais à retaguarda. (Fig. obtém-se por vários processos. Utilizam este sistema. Fig. algumas armas apresentam uns orifícios abertos no próprio tubo. a saber: (a) Aumentando ou diminuindo o volume da câmara de gases à medida que a temperatura e a pressão aumentam ou diminuem (Fig. bem como a redução do peso. As espingardas semi-automáticas MAS 40 7. O corpo da culatra. afim de evitar a acumulação de resíduos. embatendo directamente num alojamento (3) existente no corpo da culatra (4). As principais vantagens são a simplicidade do mecanismo com a ausência do êmbolo. III . etc. a qual tem ainda um valor apreciável (Fig. o corpo e a cabeça da culatra recuam juntos. III-2-12 sair do cano. dando-se a abertura da culatra.. que o aplicou nas espingardas automáticas ArmaLite AR-10 7. obrigando a destravar a cabeça da culatra (5) por rotação. distendese. Esta última. (3) Tomada de gases à boca do cano É um sistema pouco generalizado.62 mm e AR-15 5. III-2-11 Stoner em 1956. é forçado a recuar. as cabeças dos êmbolos e os respectivos tubos. o qual está ligado por uma haste (2) a uma alavanca interfixa (3). a mola recuperadora (4) que no tempo anterior foi comprimida. Depois. A primeira consiste na rápida acumulação de detritos provenientes da condensação dos gases. Seguidamente. Este sistema foi melhorado por Eugene Fig. em que não existe êmbolo.5 mm m/42 (SWE) em 1942 foram as primeiras armas com este tipo de automatismo.5 mm (FRA) em 1940 e Ag 6. se a arma for de tiro automático. a obturação mantém-se até o projéctil Fig. podendo gerar a secagem do lubrificante e a destêmpera do corpo e da cabeça da culatra. posteriormente adquirida pela Colt e fabricada com a designação M16. o travamento da culatra e a percussão. que comanda a culatra. a partir de 1961. a ser produzidas em série. Estas armas aproveitavam a pressão dos gases à saída da boca.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO os furos de passagens dos gases. tem duas desvantagens consideráveis. Ao dar-se o tiro. À boca do cano adopta-se um cone (1) móvel.8 . III-2-12). caixa da culatra e câmara. Todavia. a ejecção e o armar do percutor. do extractor e sua mola. passou a ser a espingarda padrão do exército americano. III-2-11) é uma variante simplificada do anterior. Logo que os gases se projectam de encontro ao disco obrigam-no a avançar. com um orifício de diâmetro ligeiramente superior ao do projéctil para permitir a sua passagem. (2) Tomada de gases num ponto do cano (sem êmbolo): Este sistema (Fig. as câmaras dos gases.56 mm. a extracção. actuando como êmbolo. com a consequente ruína prematura das mesmas. A segunda desvantagem consiste no aquecimento anormal que as partes móveis sofrem. mas apenas um estreito canal (2) por onde os gases fluem desde a tomada de gases (1). dando-se a introdução do novo cartucho. solidários. na cabeça da culatra e nos mecanismos primários de operação. gerando encravamentos da culatra e obrigando a uma frequente e rigorosa limpeza das partes móveis. que precedeu o sistema de tomada de gases num ponto do cano. Ex: Pistola Schwarzlose 7. III-2-14 Não têm estas armas vantagens apreciáveis. os movimentos repetidos do disco prejudicam a estabilidade da arma em virtude das sacudidelas que provocam e contribuem para um maior aquecimento do cano de que resulta um aumento de pressão.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Algumas armas possuem uma roda dentada ligada a cremalheiras na haste do cone e na culatra em vez da Fig. ligado à armadura. leva o cano de novo à retaguarda. III-2-13 alavanca (Fig. III . o obturador (1) é uma espécie de contra-forte. enquanto que o ejector é de alavanca. Esp Semi-automática G41 7. Ao dar-se o tiro. O cano está fortemente encostado ao obturador. o projéctil experimenta uma resistência ao seu avanço provocado pelo forçamento e pelo travamento.9 mm m/941 (GER).62 mm m/922 (USA). sendo a velocidade inicial aumentada em virtude do disco funcionar como um prolongamento do cano. Nestas armas. tal como nas armas de acção indirecta de gases em que recua só a culatra. Pistola Steyr Mannlicher 7. dando-se a introdução do cartucho que o alimentador apresentou. comandado pelo movimento do cano.65 mm M1894 (AUT). Assim (Fig. Fig. não existe travamento. contra o qual o cano se apoia por acção da mola recuperadora (2).9 . ou culatra fixa. o forçamento faz avançar o cano separandoo da culatra. ficando o invólucro fixo a esta. III-2-14). Neste sistema. Model 1908 (AUT). Ex: Esp Semi-automática Bang 7. O extractor está geralmente ligado à manga que envolve o cano.65 mm. a obturação é perfeita. sendo a seguir ejectado. A mola recuperadora que foi comprimida. mercê da força da mola recuperadora. exercendo sobre as paredes do cano um impulso para a frente. Porém. por acção de uma forte mola recuperadora. que exerce assim um retardamento na desobturação por inércia. SISTEMA EM QUE AVANÇA SÓ O CANO Durante o seu trajecto no cano. III-2-13). antes enfermando de um recuo demasiado forte para munições semelhantes. razão pela qual se deixaram de fabricar. 4. De percussão. os canos têm menor duração do que as restantes partes das armas. o seu arrefecimento. Normalmente. De carregamento e alimentação. Coronha. Para minimizar este problema lubrificavam-se as Fig.62 mm . Mecanismos: De extracção. o que se deve à necessidade de lhes aumentar a sua superfície externa para facilitar. III-3-1 III .4 estrias Esp Aut COLT M16 5. devido à natureza especial do tiro das armas automáticas. Culatra móvel. De disparar.56 mm . Esp Aut AKM 7. que se vão substituindo à medida que for necessário. Guarnições e acessórios. podemos considerar numa arma de fogo automática as seguintes partes principais: Cano. dificultando a extracção que não é progressiva. pouco há a acrescentar ao que já foi dito relativamente às armas de fogo ordinárias. É porém de referir que geralmente. Aparelho de pontaria. De detenção. Sistemas de refrigeração dos canos Sistemas de armazenar energia Órgãos de apoio. ORGANIZAÇÃO Duma maneira geral.10 .6 estrias O tiro automático prolongado vai gerar um crescente aumento de temperatura no cano e da câmara. Caixa da culatra. o que leva a atribuir a cada arma um ou mais canos de reserva.56 mm . especialmente nas armas de acção indirecta de gases em que recua só a culatra. Os canos são geralmente estriados com 4 ou 6 estrias no sentido dextrorsum.6 estrias Esp Aut GALIL 5. CANO Em relação ao cano. 2. como veremos. Também o metal.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 3 ORGANIZAÇÃO DA ARMA AUTOMÁTICA 1. De segurança. deve ser cuidadosamente escolhido e trabalhado. De ejecção. os canos das armas automáticas são mais espessos e de perfis variados. Daqui resultam necessidades de pontarias a maiores distâncias. Nalgumas armas automáticas não existe caixa da culatra mas em sua substituição aparece-nos a caixa dos mecanismos. Ex: Met Lig Dreyse 7. existe a armadura. são constituídos por níveis móveis que permitem dar às metralhadoras. aparelhos de pontaria independentes. seja indirecto.7 mm M/951. a derivação é corrigida pela construção da arma. III-3-1).7 mm M/951. 4. Para contrariar a acção do vento. possuem as metralhadoras pesadas. São adequados para efectuar tiro mascarado e referenciado. com correcções laterais. a estas alças chamam-se alças deriváveis. geralmente classificados da seguinte forma: a. usa-se um dispositivo que permite deslocar lateralmente a ranhura de mira. Porém. qualquer desvio angular. com o auxílio de limitadores. 3. Actualmente é comum o estriamento longitudinal da câmara.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO munições com óleo. para o qual se registam previamente os elementos numa carta de tiro. Geralmente. deslocando o ponto de mira de modo a fazer-se a correcção para uma distância média. Para satisfazer estas necessidades distintas. seja contra alvos muito móveis. (1) Limbos Os limbos. CAIXA DA CULATRA As caixas da culatra variam conforme o tipo da arma. Aparelhos de pontaria para tiro indirecto. referenciado e mascarado. no caso da Esp Semi-automática Pedersen 7 mm 1923 (USA). a caixa dos mecanismos destina-se a alojar a armadura e normalmente.11 . seja no sentido horizontal (sector de direcção) seja no vertical (arco de elevação). conceberam-se aparelhos de pontaria específicos. APARELHO DE PONTARIA De um modo geral. Nas Espingardas automáticas são algo semelhantes às das armas de fogo ordinárias.9 mm M/938. no tiro indirecto. são constituídos por sectores graduados ligados aos reparos que permitem. Alças deriváveis Nalgumas armas automáticas destinadas a fazer fogo a distâncias maiores. referenciado e mascarado Para o tiro indirecto. como acontece com as metralhadoras pesadas. o ângulo de tiro preciso para atingir o alvo que se quer bater. em relação a um plano de referência. como o da derivação e o da acção do vento. constituídos por limbos. de maior complexidade. o mecanismo de disparar e o sistema de recuperação. inúmeras armas automáticas são concebidas para ser utilizadas de modo bem diferente das armas ordinárias já estudadas. III . clinómetros e alças goniométricas . Ex: Met Pes Browning M2 HB 12. Nestas armas. por vezes completamente estanques. (2) Clinómetros Os clinómetros. em condições de visibilidade adversas e em regimes de tiro distinto. como era o caso da Met Pes Schwarzlose 8 mm /907 (AUT) ou com cera. para guiar os movimentos da culatra. b. as armas automáticas utilizam os mesmos aparelhos de pontaria que as armas de fogo ordinárias. Assim. usando a pressão dos gases para impedir que o invólucro se “cole” à câmara (Fig. surge a necessidade de correcção de desvios. normalmente. dar às armas. Nas Metralhadoras têm o aspecto de verdadeiras caixas. Ex: Met Pes Browning 12. Quanto à forma.12 . são aparelhos constituídos fundamentalmente por um limbo de direcção. as suas condições de tiro melhoram. sob a acção da mola recuperadora o êmbolo avança. Aparelhos de pontaria ópticos e optrónicos (1) Alças telescópicas Já referimos as alças telescópicas quando analisámos as armas ordinárias. utilizado na metralhadora Breda 7. Aqui aparece então a necessidade de apontar com rigor para além dos limites impostos à vista humana. (3) Alças goniométricas As alças goniométricas.9 mm M/938. Aparelhos de pontaria com feixe laser e. cuja parte anterior é recta e cuja parte posterior é curva. um clinómetro e um colimador ou um óculo. Aparelhos de pontaria para tiro contra alvos em movimento 5. III-3-2) o percutor (1) está montado num embasamento (2) existente na parte posterior do êmbolo (3). em virtude da pressão que o embasamento continua a exercer III . a. Os movimentos da culatra estão intimamente ligados com o travamento que estudaremos seguidamente.7 mm M/917 (Fig. com a evolução das armas ligeiras automáticas. c. vai encostar ao cano ficando nesta altura os seus travadores em frente dos respectivos alojamentos. O tipo mais usado. Sistemas de travamento Os vários sistemas ou processos utilizados nas armas automáticas podem reunir-se formando os seguintes grupos mais comuns: (1) Travamento por transformação do movimento Consiste este processo em transformar o movimento Fig. arrasta consigo a culatra. de cilindro e de bloco. o embasamento então alojado na parte curva da fenda da culatra. assim arrastada. A culatra. quanto ao movimento. CULATRA MÓVEL A culatra tem as mesmas funções já enunciadas para as armas de fogo ordinárias mas como os movimentos de abrir e de fechar são muito mais rápidos. (2) Alças reflexivas (3) Alças holográficas (4) Alças de visão nocturna (5) Alças combinadas (6) Alças digitais d. Quando. possibilitando a sua utilização para tiro de precisão. que não pode rodar por os seus travadores (6) se acharem alojados nas guias respectivas da caixa da culatra. ou transformar o movimento de translação da culatra em movimento de rotação de uma peça especial (Ex: Met Francesa M915). igualmente. Obviamente que. podem ser. Então.56 mm. III-3-2 de translação do êmbolo em movimento de rotação da culatra (Ex: Esp Aut Colt M16 5.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Ex: Clinómetro M/932. é o de escorregamento simples.7 mm M/917). Este embasamento move-se dentro duma fenda (4) existente na culatra (5). Met Lig Lewis 7. Na Met Lig Lewis 7. ficando assim travada. fica preso por dois ressaltos existentes na caixa dos mecanismos e assim. atinge a rampa de travamento ao mesmo tempo que o seu perno encontra as rampas dos destravadores. III-34). Fig. Na posição de levantado. que a obrigam a descer. soltando-se destes. efectua-se o destravamento. na parte posterior da culatra (5). de apresentar os travadores na parte posterior do ferrolho. Este processo é assim igual ao obtido na maioria das armas de repetição – culatra de escorregamento e rotação. o Fig. dá-se primeiramente a rotação do travador e depois a translação da culatra. pelo deslizar do seu perno (4) na ranhura (3). saindo do seu alojamento na culatra e soltando esta. Deste modo o destravamento é suave e III . III-3-3 movimento de translação do êmbolo (1) é transformado em movimento de rotação de um travador articulado (2) existente inferiormente. É o movimento de avanço do êmbolo que produz primeiro o avanço da culatra e em seguida a rotação do travador. originado por movimentos inversos aos que acabamos de descrever. É um travamento bilateral e simétrico com o inconveniente. Na Met Lig Hotchkiss 8 mm M/909 (Fig. com o recuo do êmbolo. III-3-4 Quando o conjunto cano e armadura vai à frente (Fig. o Fig. Para evitar que a culatra se solte bruscamente da armadura. a culatra travada. a culatra mantémse travada devido ao deslizar da lingueta de travamento sobre o ressalto da rampa do bloco de travamento. Durante o restante movimento para a frente. (2) Travamento por lingueta É o processo usado nas Met Pes Browning 7.7 mm M/51. esta é forçada a rodar introduzindo-se os travadores nos alojamentos respectivos. na Metralhadora Lewis. ao mesmo tempo que a lingueta (2) é obrigada a subir ao encontrar a rampa do bloco de travamento (3) situada na parte inferior da caixa dos mecanismos. tornando-se a culatra solidária com cano e a armadura. III-3-3). Ao dar-se o recuo. Inversamente.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO na fenda da culatra. III-3-5). Neste momento. o embasamento leva o percutor a ferir a cápsula fulminante. parte rectilínea e parte helicoidal.62 mm M1919A4 M/52 e Met Pes Browning M2 HB 12. a lingueta tem a sua aresta superior anterior cortada em rampa. No final da primeira fase do recuo (Fig. e que também o faz levantar ou baixar. O movimento de rotação do travador é obtido. o perno da lingueta de travamento (5) é libertado pelo recuo dos destravadores (4). III-3-5 que poderia provocar a rotura do invólucro.13 . a lingueta que deslizou sobre o ressalto de travamento. Continuando o seu movimento dentro da parte recta da fenda. a culatra (1) tem o seu cavado para a lingueta (8) em correspondência com esta que por sua vez se introduz no cavado. só se realizando o destravamento quando a parte posterior do travador sobe ao encontrar a rampa do bloco do fundo da caixa dos mecanismos. em forma de rampa (6). Logo após o destravamento. Em determinado momento. Durante a recuperação. cujo travamento se efectua por um travador articulado. III-3-7 (4) transmite-se pela ligação da culatra à biela anterior e pela ligação entre elas à biela posterior e ao cano. o que não é possível por se achar encostado a uma peça fixa (5) existente na caixa da culatra. sobre um prolongamento do cano.9 mm M/938. Enquanto a cauda da armadura. 4 5 Quando a arma está pronta para o tiro. (5) Travamento por inclinação da culatra Consiste este sistema (Fig. III-3-8). ligadas ao obturador por um eixo.14 . permite que a culatra se separe do cano. que é forçada a rodar para retaguarda devido à acção da armadura sobre a sua parte anterior. a culatra recurá deste modo mais 15 cm. obriga a ligação média a subir (ou a descer) e modificando as posições relativas dos três eixos das bielas. o choque sofrido pela culatra Fig. a culatra sofre um impulso do acelerador (7) uma alavanca dupla em forma de “orelhas de martelo”. Este mantém-se durante a primeira fase do recuo. em fazer subir ou descer o extremo posterior da culatra (4) na altura em que se liga ao cano. arrastando este. (4) Travamento por bielas articuladas 3 1 Este sistema consiste no emprego de duas 2 bielas articuladas (1) (2) entre si e articuladas igualmente. É o sistema usado. efectuando-se assim o travamento. ao mesmo tempo que o freio recuperador do cano é totalmente comprimido. O eixo intermédio tem tendência a baixar (ou a subir). a parte anterior do travador.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO progressivo. Ao dar-se o tiro. a intervenção de uma peça especial. o que faz baixar a parte anterior do travador. libertando a culatra. III . por exemplo. achando-se o eixo da sua articulação (3) 6 ligeiramente abaixo (ou acima) da linha recta que une os eixos de ligação de cada uma com o cano e com a culatra (Fig. indo o seu ressalto superior apoiar-se na parte posterior da culatra. desliza sobre a sua rampa de apoio existente na caixa dos mecanismos e é forçada a subir. O travador é mantido nessa posição por estar assente no apoio do travador da caixa dos mecanismos. III-3-7).7 mm M/917 e na Pistola Parabellum 9 mm M/943. as duas bielas estão no prolongamento uma da outra. na Met Vickers-Maxim 7. Utiliza este sistema a Met Lig Dreyse 7. libertada da acção do respectivo detentor. de forma a apoiar parte da sua parede posterior num alojamento especial (5) existente na caixa da culatra. ligada ao cano é detida. uma contra a outra. (3) Travamento por travadores articulados Este sistema consiste em apoiar na caixa da culatra uma ou duas cunhas ou alavancas móveis. arrastando-o consigo para a retaguarda. na realização do travamento por meio de uma peça da culatra. Ao dar-se o tiro. a culatra baixa.15 . é também empregue nas armas de cano fixo com tomada de gases num ponto do cano. Utiliza este sistema a Met Pes Breda 7. a Met Lig Bren. 97). cujo esquema se indica nas Fig. Consiste (Fig.7 mm M/943 e a Esp Aut FN FAL 7. tem o inconveniente próprio dos sistemas de travamento oblíquos e unilaterais. o cano e a culatra continuam unidos mas logo que entra no ramo ascendente a cabeça da culatra levanta-se. Como entretanto tem sido comprimida a mola. esta Fig. depois de esta ter encostado ao cano. Um perno da culatra é obrigado a deslizar numas guias de forma especial abertas numa placa.62 mm M/961. Dado o tiro. fixa na arma. a culatra move-se em torno de um eixo colocado no prolongamento do cano e perpendicular a este. hoje muito usado.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO O êmbolo (1) ao arrastar a culatra (2) no seu movimento de avanço. junto à câmara do cano.9 mm M/938. (7) Travamento por oscilação da culatra É o processo usado na Met Lig Madsen 7.9 mm M/930. entrando o perno na ranhura vertical e indo nesta altura o cano encostar à armadura. 99 e 100. 98.7 mm M/931. Utilizam este sistema a Met Lig Vickers Berthier 7. Como ele. embora muito simples. que é comandado nos seus movimentos de elevação e descida. o que a obriga a subir. 7. abrindo a câmara e dando-se a extracção e a ejecção do invólucro. passando o prolongamento (3) para a retaguarda da culatra o que permite que ela baixe. o êmbolo recua. III-3-9 longitudinal de avanço e recuo do êmbolo. III-3-8 (6) Travamento por elevação da culatra Este sistema é um variante do anterior. III-3-10 leva agora o cano novamente à frente que por sua vez III . Fig. devido ao peso e à acção de uma mola. continua ainda a avançar de forma a colocar debaixo dela o prolongamento (3). O processo de inclinação da culatra. só depois recuando o conjunto. Chegada ao fim da ranhura superior. Enquanto o perno caminha no ramo horizontal dessa ranhura. pelo movimento Fig. o bloco. Por acção resistente da base do percutor (3). denominadas roletes de travamento. III-3-12 Fig. por acção da parte central dos roletes (1). Quando o 4 cano e a corrediça avançam. Depois do disparo. os roletes mantêm-se pressionados para fora. O cano entra. como a Met Lig MG3 7. (9) Travamento por bloco de travamento Este sistema. o talão (2) . que encaixa no canhão de travamento (2) até o projéctil abandonar a alma do cano. durante a primeira fase do recuo. Em determinado momento deste recuo. os roletes de travamento são obrigados a percorrer as rampas de destravamento (4) das placas da caixa dos mecanismos. (8) Travamento por roletes Este sistema é caracterizado pela 1 3 utilização de duas peças especiais. No movimento de fechar. III-3-14 5 cano (3) impedindo a corrediça de recuar. III-3-11 Quando entra no ramo ascendente. a culatra fecha de modo que quando o cano entra no seu lugar já a introdução e a obturação estão feitas.16 . III-3-13 em forma de cunha . até que uma cavilha (4) na sua parte posterior embate na 3 1 2 4 5 III . através de dois dentes laterais. III-3-13). Ao dar-se o tiro (Fig . usado em algumas pistolas (Fig . dá-se a introdução do cartucho.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO arrasta a culatra. mais larga. consiste no emprego de uma peça encaixada no cano. III-33 14).a parte 2 inferior e posterior do bloco . solidário com a base do percutor. forçando a base do percutor a recuar e permitindo assim a separação da culatra e do cano. saem dos alojamentos respectivos no canhão de travamento e entram nos alojamentos da cabeça da culatra. Enquanto o perno escorrega ao longo da ranhura inferior. que força os roletes de travamento a sair e entrar nos alojamentos do canhão de travamento.92 mm (GER) e derivadas. Fig. a culatra mantém-se solidária com o cano. o cano é forçado a recuar. o bloco da culatra avança. que fixa a corrediça àquele.é forçado a subir para cima. o bloco de travamento (1). enquanto a culatra continua a recuar. Fig. então. por 2 4 acção indirecta dos gases. Os dentes laterais obstruem as guias do Fig. em bateria.62 mm M/962. devido à rampa existente na parte anterior que o precede. por acção da mola recuperadora. É o sistema utilizado pela Met Lig M42 7. Browning em 1906 ( Fig . Nesta altura já o projéctil saiu à boca.9 mm M/944. Em 1982. Consiste na rotação independente 1 da cabeça da culatra (Fig. o mesmo John 2 Browning.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Fig. bascule e liberte então a culatra. A corrediça pode então continuar o recuo. forçando o bloco a descer e a alinhar os seus dentes com as guias do cano (5). Esta pistola mantém a guia oblíqua (3) para forçar a inclinação do cano. Variantes: Em 1926. permitindo à corrediça recuar. por falta de um apoio inferior.62 mm (RUS). que fica travada quando ambos vão à frente. ao substituir os ressaltos travadores por uma parte posterior do cano mais saliente (1) que se aloja e trava na própria janela de ejecção (2). Utilizam este sistema as pistolas Colt M1911 11. Este sistema. ligado à carcaça através de uma biela. (11) Travamento por rotação da cabeça da culatra. Este sistema foi usado na Met Lig MG34 7.43 mm (USA) e Tokarev TT-33 7. a FN Browning Hi-Power 9 mm (BEL). ao serviço da Fabrique National. até que essa mesma peça. o cano. III-3-18 a culatra avança. liberta do cano. Em todos estes casos a semelhança consiste na existência de uma peça que bloqueia o recuo da culatra. (10) Travamento por inclinação do cano. em que substitui a biela por um excêntrico e uma guia oblíqua 3 Fig. deslizam nas rampas curvas III . III-3-18) (1). III-3-16). 1 2 3 que encaixam em alojamentos no interior da corrediça. Fig. é forçado a recuar até que essa biela o obriga a inclinar. por acção de dois roletes opostos (2) que. III-3-15 carcaça e avança. obrigando ao recuo do cano. foi concebido por John M. Consiste na aplicação de dois travadores em forma de ressaltos existentes na parte posterior do cano. quando 3 2 Fig.17 . 1 alterando ligeiramente o seu sistema de travamento. III-3-17 na parte posterior do cano. na parte superior da corrediça. a empresa Glock patenteia a pistola 9mm Glock 17 (AUT) que simplifica ainda mais este sistema (Fig. Depois do disparo. III-3-16 rebatendo a parte posterior e libertando os travadores dos respectivos alojamentos na corrediça. Variantes deste sistema são usados na Pistola Mauser C-96 e Esp Aut Fedorov M1916 ( Fig . Utilizam este sistema a Pistolas Walther 9 mm M/961 e Beretta F-92 9 mm. concebe uma nova pistola. III-315). III-3-17). a força da mola recuperadora ou ambas.18 . enquanto o cano recupera. b. obtida como no caso anterior. tanto mais comprido pode ser o cano e melhor será portanto a utilização das pressões. o cano e a corrediça são forçados a recuar até que o dente avance na guia e force o cano a rodar 90º no sentido retrógrado. Sistemas de retardamento na desobturação Como já vimos. rodando o cano ao invés da cabeça da culatra. as armas que funcionam sob acção indirecta dos gases. até que a munição saia à boca do cano. Este sistema foi usado na pistola Roth-Steyr 8mm M1907 (AUT). Ex: Pist Met Steyr 9 mm M/942. que o emprega. cm dois travadores ligados à corrediça. O cano. por meio de um sistema de duas alavancas ligadas uma à culatra e III . não têm as culatras travadas. A obturação é então garantida por um processo de retardamento da abertura da culatra. UZI 9 mm M/961. O travamento mantém-se até ao final do recuo cano. Pist Met FBP 9 mm M/963. Este retardamento na abertura da culatra obtém-se por vários processos que podem agrupar-se da seguinte forma: (1) Por inércia Utilizando o princípio da inércia. No seu final está encaixado um dente saliente dum bloco inserto na retaguarda da guia da mola recuperadora. a corrediça separa-se e continua o recuo. auxiliada ou não pela resistência à compressão de molas e outros factores. III-3-19). Maiores serão a velocidade inicial. na pistola Beretta Px4 Storm 9mm Fig. os dois travadores de cada lado (3). entre outras. localizados à frente dos roletes. tem uma guia oblíqua terminada por uma secção frontal. forçando a cabeça da culatra a rodar e os travadores a sair dos seus alojamentos. o alcance e a penetração. (b) Utilizando um sistema de alavancas Fig. III-3-19 (ITA) (Fig. Nessa altura. Quanto mais pesada for a culatra e mais forte for a mola. podemos considerar três processos: (a) Aumentando a massa da culatra. Quando se dá o disparo.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO do canhão de travamento existente no final do cano. No final desse movimento de rotação. Dá-se então o destravamento quando os roletes exteriores deslizam nas rampas curvas da caixa dos mecanismos e os roletes interiores deslizam nas rampas curvas do canhão de travamento. que irá ser detido na sua parte posterior pelos topos das placas de apoio da caixa dos mecanismos. Pist Met. no canhão de travamento. III-3-20 Auxiliando a resistência ao movimento. (12) Travamento por rotação do cano. Funciona de modo algo semelhante ao/do sistema anterior. entram nos respectivos alojamentos. sendo recuperado pela casa Beretta. III-3-22 (quando o projéctil chega junto da boca) a força de aderência desaparece e a cunha (2) começa a subir libertando o conjunto invólucro-culatra que pode deslocar-se para a retaguarda. imobiliza completamente a culatra garantindo a obturação. levando depois consigo a culatra. Ex: Met Schwarzlose 8 mm M/07 (AUT). o ângulo entre as duas alavancas aumenta e a resistência encontrada pela culatra diminui.45 (USA). leva seguidamente todo o sistema ao seu lugar. quando a culatra está fechada. para a retaguarda. uma grande porção da força do recuo é transmitida ao eixo (5) da alavanca anterior que se encontra ligado à armadura (2) da arma. Ex: Pist Remington Model 51 7. continua o seu movimento de recuo obrigando o travador a subir o seu plano inclinado (5). Ao dar-se o tiro. III-3-23) III . A culatra (1) é envolvida por uma manga (2) sobre a qual actua a mola recuperadora (3). a qual pode ter movimento vertical dentro de um alojamento próprio existente na caixa da culatra. III-3-20). III-3-22). (3) Por lançamento da culatra (Fig.65 mm (USA). mas a primeira é detida por um travador (4) de forma especial. Ex: Pist Met Thompson . o invólucro arrasta a culatra e a manga. O movimento retrógrado da culatra (1) obriga o eixo das duas alavancas (4) e (5) a descrever o arco CC1. a força de aderência entre estas superfícies inclinadas. o movimento retrógrado da culatra continua mas depois de absorvida a principal força do recuo.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO outra à armadura e ainda ligadas entre si de forma que a sua articulação se encontre quase no ponto morto (Fig. É uma aplicação do princípio da mecânica que diz que o coeficiente de atrito aumenta com a pressão. A mola (3) que foi comprimida. Este processo ficou conhecido pelo nome de travamento Blish. devido à inércia. A culatra (1) tem um cavado inclinado onde se encaixa uma cunha (2) com uma face também inclinada. nome do Oficial da Armada dos USA que em 1915 concebeu a pistola-metralhadora Thompson (Fig.19 . III-3-21 (2) Por atrito Vejamos como a demora na abertura da culatra é obtida por atrito. Assim. (c) Aproveitando a inércia duma peça especial (Fig. Mas sob uma pressão fraca Fig. III-3-21. Sob a acção duma pressão elevada. Fig. A manga. Devido ao pequeno ângulo existente entre elas. À medida que o eixo se levanta. apesar da resistência oferecida pela mola recuperadora (3). 7 mm M/917.56 mm M16 (USA). III-324). a fixar a cabeça da culatra. são dum modo geral.56 mm (FRA) III . mas também por acção resistente do detentor. Met Lig FN Minimi 5. Os tipos de extractores que encontramos nas armas automáticas. Ex: Pist Met Bergman 9 mm M/918. duplicação desta peça. e por acção da mola recuperadora.20 .Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Nestas armas. (4) Por acção dos gases Pistola HK P7 9 mm (GER) (5) Por roletes de retardamento Na Espingarda Automática G-3 7. nestas armas encontramos. (b) Com mola : Esp Aut.9 mm M/930-41.62 mm M/961. por acção Fig. por vezes.56 mm (FRA) Pist Metr Danuvia 43M 9 mm (HUN) b. G3 7. (2) De alavanca: Met Madsen 7. sendo parte da energia de recuo absorvida pela quantidade de movimento que possui a culatra. a obturação é assegurada pela imobilização da cabeça da culatra. em pleno movimento de avanço.62 mm M/961. sendo de uso bastante frequente o extractor de garra com mola (Fig. permite que o projéctil percorra e abandone a alma. (3) Duplos (3) De dupla calha: Met Browning M2 HB 12.7 mm M/951 (4) De dupla garra: Met Lig Lewis 7. salientes por se encontrarem apoiados à parte superior das rampas da peça de comando de travamento e alojados no do canhão de travamento. por acção da inércia (devido à grande massa da culatra).9 mm M/938. em virtude da rapidez do movimento de recuo da culatra. a percussão é efectuada antes de fechada a culatra. Esp Aut Colt 5. O retardamento da desobturação assim obtido. Met Lig Fig. Extracção Nas armas automáticas.56 mm (BEL).62 mm M/961. III-3-24 Dreyse 7. Esp Aut FN FAL 7. Devido ao esforço que se pede ao extractor. Tipos de extractores (1) De garra (a) De mola: Pist Met FBP 9 mm M/963. (6) Por acção de uma alavanca Esp Aut FAMAS 5. III-3-23 conjunta. semelhantes aos que já estudámos nas armas de fogo ordinárias. FAMAS F1 5. a extracção não é progressiva como nas armas ordinárias. não só dos roletes de retardamento. Detenção Como as armas automáticas têm as caixas da culatra. bastando actuar no detentor para que a culatra vá à frente e faça a introdução do cartucho apresentado. O gatilho é ligado ao armador por uma forma tal que uma vez a culatra liberta. É o que acontece com a Esp Aut G3 7. Funciona assim como avisador de carregamento. O detentor da culatra das armas automáticas tem por fim aumentar a velocidade de tiro. Esp Aut AKM 7. conforme aqueles que são de carregamento automático ou de tiro automático. o atirador não teria tempo para abandonar o gatilho antes do cão.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO c. (2) Ejector de alavanca. quando se esvazia o carregador. (3) Abandono do invólucro.56 mm Colt M/16 (USA). no seu avanço poder ficar preso no armador. detendo a culatra à retaguarda com a câmara na posição de aberta. Ex: Esp Aut FN FAL 7. Algumas armas automáticas possuem um órgão a que se dá o nome de detentor da culatra que no entanto tem uma missão diferente da do detentor das espingardas ordinárias. Se estes mecanismos fossem como os das armas ordinárias. Esp Aut 5. mas sim. fechadas pela retaguarda. Met Vickers-Berthier 7. 5.21 .56 mm M/94. ou dos mecanismos.62 mm. Ejecção A ejecção nas armas automáticas pode fazer-se pelo lado ou pelo fundo da caixa da culatra (ou dos mecanismos) e pode obter-se por: (1) Ejector fixo. d. Ex: Met Lig Lewis 7. sendo o movimento de recuo limitado pelo choque da culatra com a parte posterior daquelas caixas. Ex: Met Lig MG3 7. ligado à caixa ou à armadura da culatra. móvel na caixa de culatra. III .62 mm M/961 que não dispõe propriamente de detentor da culatra. Esp Aut G3 7. Ex: Met Pes Browning M2 HB 12. dando-se sempre. Ex: Pist Met FBP 9 mm M/963. não existe detenção análoga às armas de fogo ordinárias. MECANISMO DE DISPARAR Os mecanismos de disparar diferem. Armas de Carregamento Automático Nestas armas a acção do dedo sobre o gatilho deve determinar a partida de um só tiro. a saída pelo fundo. cujo movimento é comandado pela culatra. há necessidade de puxá-la à retaguarda para carregar de novo. dando-se portanto outro tiro e funcionando a arma como em tiro automático.62 mm M/63.62 mm M/92. a. de um detentor da cabeça da culatra com vista à obturação e travamento daquela.7 mm M/951.7 mm M/931. não havendo necessidade de trazer a culatra à retaguarda para substituir o carregador.7 mm M/917. Esp Aut Galil 5.62 mm M/961. Nas armas que permitem que a culatra vá à frente com o carregador vazio. sendo preciso abandonar o gatilho para que elas novamente se liguem. aquelas duas peças se separam. (4) Ejector móvel na culatra. atendendo a que os movimentos de recuo e avanço da culatra são muito rápidos. Fig.22 . ficando o armador novamente livre. b. Fig. o bloco (5). de modo que a culatra no seu avanço é novamente detida pela mola. levantando-se a cauda do armador. O travamento da culatra. MECANISMO DE PERCUSSÃO Para que as caixas da culatra não sejam muito compridas. escapa-se (Fig. Actualmente a maioria das armas de tiro automático está organizada de maneira a poder efectuar-se tanto o tiro automático como o tiro semi-automático. voltando à sua posição primitiva. são então funções que nas armas de tiro automático. Fig. Nestas condições a percussão é comandada: (1) Por uma acção exterior (dedo sobre o gatilho) para o 1º tiro. ou a obturação do cano e a chegada deste à sua posição de tiro. entre outras armas. para os tiros seguintes. recua quando se abre a culatra. sob a acção da sua mola. devem comandar ou permitir a percussão. Tirando-se o dedo do gatilho. Vejamos alguns casos típicos da realização da percussão nas armas automáticas: a. III-3-27 6. Logo que o dente (7) baixa. porque um tiro só deve partir depois da culatra estar travada. O percutor (1) (Fig. III-3-25) o gatilho (1) tem um dente (2) e é actuado por uma mola própria (3). este. (2) Pela própria arma. partindo o Fig. III-3-27). Armas de tiro automático Nestas armas este mecanismo tem que ser organizado de forma diferente.7 mm M/917 e na Hotchkiss M/909. volta à posição inicial. montado sobre o êmbolo (2). ou nas armas em que não há travamento. na Met Lewis 7. III-3-26 ficando de novo em condições de fazer fogo. dispondo para isso. III-3-28). tem movimento dentro dum canal (3) aberto na culatra (4). a percussão nas armas automáticas obtém-se de maneira diferente da das armas de fogo ordinárias onde o percutor (haste de grande comprimento) é prolongado pelo cão que para o armar. III-3-35 tiro. III-3-26). devido à sua forma e sob a acção da mola (6). o dente (2) deste vai encostar-se ao bloco (5) (Fig. só depois de assegurar a obturação e naquelas que o cano é móvel só depois deste ter chegado ao seu lugar. Quando o atirador actua sobre o gatilho. comprimindo a mola (6) e baixando consequentemente o dente (7) que liberta a culatra. de um comutador de tiro.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Assim (Fig. III-3-28 III . É o sistema utilizado. Não tem mola especial. O armador (4) termina por um bloco (5) de forma especial que uma mola (6) obriga a manter-se apoiada na cauda do armador e a ter saliente o dente (7) deste no fundo da caixa da culatra. sendo a própria mola recuperadora (5) que desempenha o papel de mola do percutor. MECANISMO DE SEGURANÇA A segurança tem. (3) De um ressalto do êmbolo. d. achando-se a ponta permanentemente recolhida em virtude da acção duma mola (3) que o veste. A maioria das armas actuais tem este tipo de segurança.62 mm d. e. mas os indicados são os mais generalizados. A percussão é determinada pelo choque na cauda (4) do percutor: (1) De uma peça ligada ao êmbolo. Podemos considerar os seguintes sistemas de segurança: a.65 mm M/915 entre outras. III-3-29 tem dentro desta um movimento muito limitado.7 mm M/917. girando dentro de um canal (2) aberto na culatra (3). O percutor (1) (Fig. e. O percutor (1) (Fig. Ex: Met Pes Browning M2 HB 12. Savage 7.65 mm M/908. É o sistema mais generalizado e usado e temos como exemplo as Met Lig MG3 7. (2) De um cão martelo.23 . Por imobilização do percutor Ex: Pist Walther 9 mm M/961 (também possui indicador de carregamento) 8. as mesmas funções a que já nos referimos no estudo das armas de fogo ordinárias. Met Lig M60 7. c. Pist Met FBP 9 mm M/963. Ex: Met Pes Breda 7. nas armas de fogo automáticas. c. Este sistema que só se emprega nas armas de tiro semiautomático. Ex: Pist Met UZI 9 mm M/961. Por imobilização da culatra Ex: P ist Met Steyr 9 mm M/942. III-3-30 M/938. Esp Aut G3 7. Por imobilização do mecanismo de disparar Ex: Met Lig Dreyse 7.62 mm M/961.9 mm M/938 (imobilização do armador) b. comandado por uma alavanca. Fig. fica seguro pelo armador (5).7 mm M/951 Outros sistemas podem ser ainda utilizados. Pist Met UZI 9 mm M/961. MECANISMO DE CARREGAMENTO E ALIMENTAÇÃO III . Pist Met Vigneron 9 mm M/961 etc. Ex: Met Vickers Berthier 7. 7. tem na parte inferior um dente (4) que na altura em que a culatra avança.7 mm M/931. III-3-30) alojado na culatra (2).9 mm Fig.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO b. é utilizado pelas Pistolas Automáticas Parabellum 7. comprimindo a mola do percutor (6).62 mm M/961 etc. Por imobilização do gatilho Ex: Esp Aut FN FAL 7. O percutor é móvel dentro de um caixilho. FBP 9 mm M/963.62 mm. III-3-29).62 mm M/92 e a Esp Aut AKM 7. Por imobilização do manipulo ou manobrador Ex: Met Lewis 7. O percutor é fixo e saliente na parte anterior da culatra. é o próprio punho da arma.. do tipo de relógio. executando portanto o transporte. o processo porque se realiza o carregamento é um pouco diferente utilizando-se: (1) Carregadores externos de grande capacidade . são tiras rectangulares de aço com capacidade de 15 a 30 cartuchos. Neste caso os cartuchos são levados à posição de apresentação por uma mola interna. faz a distribuição dos cartuchos. Este movimento é obtido por transformação do movimento longitudinal da culatra ou do êmbolo. Armas de tiro semi-automático: Usam carregadores amovíveis cuja capacidade não excede normalmente 10 cartuchos. Estes carregadores são metálicos e de forma paralelepipédica (Fig. Exige este sistema que as armas possuam um organismo especial . III3-31). o qual executa a distribuição. Este sistema satisfaz. a que se dá corda quando se faz o carregamento do tambor. no interior dos quais se encontra uma mola encimada por uma lâmina.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Este sistema compreende nas armas automáticas os mesmos órgãos que nas armas ordinárias e a alimentação tem o mesmo ciclo de operações. constituindo ambas o transportador. A distribuição é feita pela própria lâmina e a introdução pela culatra.24 . A dobragem (arredondamento) das paredes laterais do carregador na sua parte superior formando orelhas. se o combatente transportar consigo vários carregadores que são rapidamente colocados e extraídos da arma. nas quais estes se fixam por meio de urnas. ou ser fixos. Nalgumas espingardas e na grande maioria das pistolas. entram completamente no depósito que nas pistolas. a apresentação e a distribuição dos cartuchos. Armas de tiro automático Devido à sua grande velocidade de tiro. que podem ter movimento de rotação . Nas espingardas é organizado como o das armas de repetição. III-3-31 Esta variedade de carregadores.que é dado por uma alavanca manobrada pela própria arma . se a arma emprega o transportador ou só as duas primeiras operações se a arma emprega carregador. ficando horizontal e perpendicular ao eixo do cano e onde recebe automaticamente movimento de translação (transversal) para que se realize o transporte e a apresentação sucessiva dos cartuchos. (b) Tambores São depósitos de forma circular. O depósito é quase sempre central. a distribuição e a apresentação dos cartuchos. o depósito é uma simples caixa que dispõe de um órgão para fixar o carregador (fixador) organizada de forma a executar o transporte. levantadas da própria lâmina. a.onde a lâmina seja introduzida.15 a 50 cartuchos Os carregadores fazem parte do próprio mecanismo da arma e desempenham um papel activo na alimentação. b. Fig. (c) Carregadores propriamente ditos III . Têm formas muito variadas mas podem agrupar-se da seguinte maneira: (a) Lâminas As lâminas.o alimentador . de forma a constituírem uns pequenos alvéolos onde se introduzem os cartuchos.56 mm (USA) . permitirem a queda fácil dos cartuchos. sendo a sua introdução e extracção facilitadas por meio de fechos especiais. para evitar que fique pendurada na arma a parte da fita vazia. frágeis e difíceis de extrair da arma. e em que este desempenha o papel de eixo da articulação. na maioria dos casos. uma mola e uma lâmina – o transportador – destinadas a executar o transporte e a apresentação dos cartuchos. inferior ou lateralmente. é feita pelo próprio carregador por meio das suas orelhas. o imediato é levado automaticamente à posição de carregamento. A sua capacidade varia de 20 a 30 cartuchos. em geral. o que torna difícil a extracção do cartucho da fita. III . A sua forma deriva do cartucho utilizado. em geral. a culatra. (d) Caixas: São carregadores múltiplos organizados de modo que quando se esvazia um deles. São pouco utilizadas pelo que o seu estudo não se reveste de interesse. (b) Metálicas As fitas metálicas ou rígidas são formadas por pedaços de lâminas metálicas articuladas. se o cartucho tem ainda um perfil tronco-cónico pouco acentuado mas é de rebordo. então o carregador é curvilíneo. ou de se alargarem ao fim de um curto tempo de uso. descarregando-se a fita. Por este motivo. que se introduzem em montagens feitas no alojamento na caixa da culatra. pelo contrário. Têm porém o inconveniente de os alvéolos encolherem com a humidade. emprega-se. ou. como nos carregadores das pistolas.25 . alguns construtores apresentam tecidos plásticos. fazendo com que eles sejam intermutáveis entre as diversas armas. mas sempre no caminho da peça destinada à introdução que é. em vez destas fitas a que podemos chamar contínuas. não causando portanto embaraço. razões porque o seu emprego. sendo porém fraca a curvatura. provocando demoras nas mudanças de posição. a lâmina fica livre e cai. Podem ser colocados superior.20 Cartuchos Esp Aut AKM 7. Os carregadores fixam-se à arma por meio de dentes existentes nas suas faces externas.30 Cartuchos Nota: Actualmente existe uma norma OTAN que normaliza os carregadores.62 mm (RUS) . não se tem generalizado. (2) Fitas (a) De tecido São geralmente formadas por duas tiras de linho forte sobreposto de espaço a espaço por uma pequena chapa de metal. A distribuição. Em geral são enroladas e contidas em cunhetes – no caso de funcionamento da arma como Met Ligeira – ou em carregadores com a forma de tambor – no caso de funcionamento da arma como Met Pesada. de modo que uma vez extraído. onde o espaço disponível é sempre fraco. Ex: Esp Aut Colt M16 5. apesar de ensaiado em todos os Exércitos. Se o cartucho tem um perfil tronco-cónico acentuado e é de garganta. o inconveniente de ser pesadas. A bordo dos aviões e dos carros de combate. outras formadas por lâminas para um só cartucho. Apresentam estas fitas. dentro de uma caixa ou saco devidamente disposto para esse fim debaixo da arma. o carregador é rectilíneo.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO São caixas metálicas de secção rectangular ou trapezoidal dentro das quais se encontra. Por substituição do cano. As armas que utilizam este meio de refrigeração devem normalmente fazer o tiro por pequenas rajadas e excepcionalmente. Outras.9 mm M/938.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO A estas fitas dá-se o nome de fita de elos. aumentando a massa do cano. armazenar muito calor. como acontece na Met Hotchkiss 7. É o que se passa na Met Lig Lewis 7. III-3-32 mostra quatro tipos de fita desta natureza.Por renovação do ar junto ao cano. A figura Fig. Quando envolvido em água. abrindo no cano caneluras transversais que lhe dão o aspecto de estar envolvido por discos.7 mm M/951 usa também cunhetes metálicos com 120 cartuchos em fita de elos. Estes podem ser em pequeno número mas muito largos. A Met Pes Browning M2 HB 12. a. tem inconvenientes vários. Refrigeração por substituição dos canos Este processo. A partir deste ponto até aos 600 tiros. executar tiro contínuo. designadamente: III . Seguidamente esse aumento de temperatura passa a ser menos rápido. Combater o aquecimento é pois.Por diminuição da cadência de tiro.Por irradiação. Aumenta-se essa superfície. procura-se retardá-lo por vários processos que na prática se agrupam conforme as armas.7 mm M/931 e Madsen 7. um aumento de Fig. . Refrigeração por irradiação Este processo consiste em aumentar a superfície de arrefecimento do cano. tal como nos canos das Metralhadoras Vickers Berthier 7. . dando-lhe uma espessura superior à exigida pela curva das pressões.Por aumento da massa do cano.9 mm M/930-41. Presentemente todas as armas fazem o arrefecimento por irradiação pelo ar. ainda. para os primeiros 300 tiros. Têm o inconveniente de ser difícil a sua introdução. isto é. os canos sofrem em média. mas por outro lado apresentam a vantagem de capacidade ilimitada. . em vez de as terem abertas no cano têm-nas numa manga. o aumento é de 1 grau por cada dois tiros. mas que podemos distinguir: . 9. No primeiro caso essa superfície limita-se quase à câmara. constituída de um metal leve e muito bom condutor de calor. Ex: Met Pes Breda 7.26 . que à primeira vista parece seduzir. Refrigeração por aumento da massa do cano Aumenta-se também a superfície de arrefecimento. b. c. no segundo estende-se a todo o cano como acontece na Pist Met Vigneron 9 mm M/961.7 mm ou em grande número mas pouco profundos e muito juntos. Algumas armas apresentam as caneluras no sentido longitudinal. a temperatura do cano não sobe além de 150 graus. MEIOS DE REFRIGERAÇÃO DOS CANOS No tiro contínuo.7 mm M/917. imperioso e como não é possível actuar sobre a quantidade de calor que à partida de cada tiro é comunicada ao cano. o que lhe permite. que o veste. III-3-23 temperatura de 1 grau por tiro. . d. podendo. além da possibilidade de serem reguláveis.hastes.Dificuldade de executar a substituição dos canos nas primeiras linhas. este sistema é o mais vulgar. Para as levar às suas posições iniciais utilizam-se normalmente. . poderem descobrir o pessoal.9 mm M/930-41. e em virtude do seu peso elevado. dobradas ou enroladas. as molas aquecem. mesmo simples. sendo corrente porém. Presentemente encontra-se generalizado o uso do bipé. MEIOS DE ARMAZENAR ENERGIA Como já vimos. pelo que as metralhadoras dispõem geralmente de um ou mais canos de reserva. o aparecimento da temperatura crítica. porque os movimentos efectuados. Refrigeração por diminuição da cadência de tiro Consiste em executar correctamente a regulação do funcionamento das armas de forma a fazer baixar a sua cadência de tiro. A sua organização depende do peso da arma e das suas características próprias. uma ou mais molas que para o efeito. Reparos móveis São destinados às armas pesadas. Devido ao seu reduzido peso não impedem que a arma seja transportada por um só homem.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO . . Devido ao trabalho intenso que se lhes exige. são transportados separados da arma. Servem apenas para o tiro terrestre. podemos classificá-los da seguinte forma: a. distendidas.bipés. no tempo. perfil correcto e tratamentos térmicos especiais. . ÓRGÃOS DE APOIO Os órgãos de apoio das armas automáticas desempenham um papel importantíssimo na execução do tiro. a utilização de mais do que um sistema. o que exige bons aços. retardando. Subdividem-se nos seguintes tipos: III .tripés.Dificuldade em aumentar o número de canos que acompanham a arma. em caso de necessidade. Ex: Met Pes Browning 12. b. 11. . Subdividem-se em: .7 mm É o sistema de refrigeração utilizado pela maior parte das metralhadoras. armazenam uma parte da energia desenvolvida pelos gases da pólvora e que durante o recuo. Para a execução do tiro terrestre. 10. e. Refrigeração por renovação do ar junto do cano Consiste no emprego de uma manga. podem ser comprimidas. que envolve o cano da arma Ex: Met Lig Dreyse 7. Assim.27 .berços. Met Lig Madsen 7. com furos de ventilação. Não obstante os inconvenientes apontados. Suportes ligeiros São destinados às armas ligeiras às quais andam permanentemente ligados. . os gases desenvolvidos pela carga do cartucho são o agente motor que movimenta as partes móveis. por a capacidade de transporte da respectiva guarnição ser limitada. podendo mesmo chegar a perder elasticidade. ser transportados juntamente com elas mas exigindo para isso dois ou mais homens.Demora no arrefecimento do cano substituído em comparação com o aquecimento do cano utilizado.9 mm M/938. Subdividem-se nos seguintes tipos: . bem como suspensos de ambas (Ex: Helicóptero Boeing AH-64 Apache. CORONHA As espingardas automáticas têm coronhas semelhantes às das ordinárias. .tetrapés.de trincheira. (Ex: Bombardeiro Boeing B-17G Flying Fortress). todavia.ligeiros. etc. entrincheiramentos. ou das asas. Reparos de posição Destinados ao tiro terrestre e à utilização da arma em posições fixas. . permitindo a redução do seu comprimento para um transporte mais fácil e dissimulado. . f. coronhas metálicas. .Reparos antiaéreos. f. h. d.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO .de posição.reparos de suspensão universal e boleados. Algumas aeronaves do tipo helicóptero podem também permitir a montagem em reparos de pedestal (Ex: Helicóptero Bell UH-1D Iroquois Gunship). Reparos de aeronave São utilizados em aeronaves de combate. Subdividem-se em dois tipos: . . . 12.tripés.berços. . Reparos navais Utilizados em navios e embarcações. São comuns. obedecendo às mesmas condições. As metralhadoras ligeiras empregam sempre coronha limitada ao couce. . Podiam ser montados em diversos tipos de torres. nos aviões mais antigos.pedestais. navios.cónicos.reparos rodados. retrácteis. Actualmente podem ser montados em alguma parte da fuselagem.pesados. Subdividem-se nos seguintes tipos: . Podem ser guarnecidos directamente por um apontador ou por controlo remoto. c. Reparos de viatura Utilizados em viaturas tácticas e viaturas de combate Subdividem-se nos seguintes tipos: . como fortes. ligandose por meio duma armação metálica à caixa da culatra.de elipse. ou ao delgado e couce. Reparos anti-aéreos São destinados ao tiro anti-aéreo. Caça Boeing F/A-18E/F Super Hornet). .Reparos para tiro de superfície.28 . III .reparos de anel. . Umas têm em seu lugar uma empunhadura dupla (Met Pes Browning M2 HB 12. por cima ou nos lados da caixa da culatra. com a parte posterior coincidindo com a caixa da culatra e mecanismos [Met Pes M85 12. empunhaduras. diminuindo assim a câmara de explosão.7 mm) permitindo a pontaria de um reparo pesado. Outras. 14. Actualmente estão generalizados dois tipos de calhas. Usam-se calhas com ranhuras de medidas padrão. que permitirão a fixação simples e rápida de diversos equipamentos como sejam. III . manobradas remotamente. uma vez que o projéctil simulado se volatiliza quase completamente no momento do tiro. lhes possam adicionar dispositivos de fixação adequados a estas medidas. 13. bipés. III-3-27 telescópicas.29 . de forma a que os construtores dos diversos acessórios a ser utilizados. etc. Utilizam cartuchos simulados em manobras de tempo de paz e servem para facilitar a instrução. São aparelhos que se aplicam na extremidade do cano afim de diminuir o seu calibre. reflexivas ou de visão nocturna.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Algumas metralhadoras pesadas ou destinadas a fazer fogo de viaturas ou aeronaves não possuem coronha. são apenas montadas nos seus reparos de viatura ou aeronave. de calhas com ranhuras transversais. Aparelhos de tiro simulado ou batentes de instrução São indispensáveis para dar a ilusão de fogos reais. Consiste na fixação à arma. lanternas tácticas. baionetas. Para evitar desastres. no aplicável. ACESSÓRIOS Entre os variadíssimos acessórios destas armas merecem menção especial os seguintea. b. semelhantes mas de medidas diferentes: o tipo Picatinny (Fig. alças Fig. do fuste ou do cano. GUARNIÇÕES O estudo das guarnições feito nas armas ordinárias mantém-se válido. de uma maneira rápida e segura e padronizada. obedecem às exigências de normalização aprovadas pelos países da NATO. têm normalmente um aspecto exterior muito diferente dos tapa-chamas ou reforçadores de recuo. para além dos já referidos no capítulo das armas ordinárias : a.7 mm (USA). As calhas Picatinny mais generalizadas. III-3-27) e o tipo Weaver. montada em berço na cúpula da torre do carro de combate M60A3TTS]. para armas automáticas. lasers. Calhas para montagem de dispositivos extra e acessórios As também chamadas calhas tácticas são acessórios que permitem a fixação às armas de diversos dispositivos acessórios e extraordinários. sendo por isso uma arma inferior ao revólver. “Dreyse”. são armas de grande calibre e de grande poder derrubante. Em 1893 surge a Pist “Brochardt”. Este sistema foi posto de parte devido ao pequeno comprimento do cano. o processo de funcionamento mais empregue é: . A.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO IV PISTOLAS 1. em que o cano era levado à frente pelo forçamento do projéctil nas estrias do cano. Em 1900 surgem as Pistolas “Brochardt-Luger” também conhecida por “Parabellum”. Em 1898 surge a Pist “Mauser” que podia ser utilizada como pistola ou como carabina. sendo de difícil manejo. III . Em 1908 surge a Pist “Parabellum” 9 mm. PROCESSO DE FUNCIONAMENTO As pistolas classificam-se no seu processo geral de funcionamento. Surge o depósito no fuste e depois central. 2ª Fase Inicia-se o destravamento da culatra/corrediça do cano. surgiu a pistola de canos múltiplos e posteriormente o sistema de depósito. impondo ainda dimensões reduzidas ao cartucho. embora manifeste já alguma das características das armas actuais.45 mm e cujo cano era ligado a um tubo onde trabalhava um êmbolo que por acção dos gases da pólvora captados num ponto do cano. Em 1894 surge a Pist “Mannlicher”. Para a obtenção de pistolas com mecanismos de repetição.Curto recuo cano Este processo é usado nas pistolas de maior calibre. Nesse mesmo ano aparece a Pist “Bergmann” e em 1897 a Pist “Charola-anitua” e a Pist “Simplex”. por acção indirecta dos gases Dentro destes. arma bastante curiosa. “Roth”. 2. Compressão da mola recuperadora da culatra. etc. realizava a ejecção do invólucro. dentro dos seguintes sistemas de automatismo: a. As pistolas. Compressão das molas recuperadoras. Em 1903 a fábrica “Colt” apresenta a “Browning” de algibeira de grande categoria técnica devido às suas reduzidas dimensões. predecessora da Pist “Parabellum” com sistema complicado e inconveniente pela sua delicadeza. Foi uma pistola de calibre 11. utilizadas a curtas distâncias. A primeira pistola com este princípio surgiu em 1893. “Mannlicher”. As pistolas primitivas funcionavam por acção do guarda-mato ou do percutor. Três anos depois surge a Pist “Clair” com o mesmo sistema de tomada de gases num ponto do cano. Funcionamento 1ª Fase Recua o cano solidário com a corrediça/culatra. O princípio de automatismo aplicado às pistolas constituiu um notável aperfeiçoamento. Sistema em que recua cano e culatra. Em 1911 surge a Pist “Colt” nos E. BREVE HISTÓRIA E EVOLUÇÃO A pistola acompanhou a evolução das espingardas.30 . com carregadores internos e externos. utilizadas como armas de defesa pessoal. U. Ex: Pistola 7.65 mm Schwarzlose. (5) Por rotação do cano. Ex: Pist 9 mm Walther M/961. Ex: Pist Beretta Px4 Storm 9 mm (ITA). foi um sistema experimentado aquando do aparecimento da pistola semi-automática. Pistola 7. em que o excepcionalmente elevado recuo inviabiliza um sistema por acção indirecta de gases. III . Ex: Pist Walther 9 mm M/61. No tocante à segurança do atirador.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Extracção e Ejecção. 3.65 mm (GER).43 mm (USA). b. Cada arma terá o seu próprio sistema de segurança. Imobilização do percutor Ex: Pistola 9 mm Walther Existem pistolas com um indicador de carregamento que indica que existe uma munição introduzida na câmara.65 mm c. Imobilização da corrediça b.7 mm Desert Eagle (ISR). Ex: Pist CZ-52 7. Sistema em avança o cano Como já vimos.62 mm (CZE). As armas com este sistema utilizam cargas moderadas e por isso o peso da culatra e a força da mola recuperadora são suficientes para impedir a abertura da câmara antes da saída do projéctil do cano.31 . o mecanismo consiste regra geral num botão ou alavanca que imobiliza o gatilho ou o separa do armador e que é facilmente manejável pelo polegar direito. (3) Por roletes de travamento.65 mm Steyr Mannlicher M1894 (AUT). 3ª Fase Avanço da culatra/corrediça. contudo os mais importantes são: a. (4) Por bloco de travamento. Ex: Pistola 12. b. antes enfermando de um recuo demasiado forte para munições semelhantes. Ex: Pist Parabellum 9 mm M/943. em finais do século XIX. É apenas usado em pistolas de grande calibre. Ex: Pistola 7. O travamento é por inércia através de um retardamento na desobturação. Imobilização do gatilho Ex: Pistola Browning 9 mm HP M3 d. Pist Borchardt C-93 7. Foi abandonado por não trazerem armas vantagens apreciáveis. As armas que funcionam por este sistema utilizam culatras travadas. são: (1) Por bielas articuladas. as pistolas têm sido objecto de vários aperfeiçoamentos que as tornam mais complexas. inícios do século XX. Model 1908 (AUT). introdução de nova munição Travamento da culatra/corrediça. Sistema em que recua só a culatra (1) Por acção indirecta de gases É usado nas pistolas de menor calibre que funcionam por acção indirecta de gases. Os sistemas de travamento mais comuns. Imobilização do cão Ex: Pistola Star 7. Ex: Pist Glock 9 mm (AUT). Pist Colt M1911 11. SEGURANÇA DE FUNCIONAMENTO Para aumentar a segurança de funcionamento. Imobilização do armador Ex: Pistola 9 mm Parabellum e. dadas as reduzidas dimensões das pistolas e a complexidade de montagem de com canal com êmbolo.65 mm Savage M/915. Pist Beretta 92F 9 mm (USA). (1) Por acção directa de gases De difícil aplicação. (2) Por inclinação do cano. já descritos. funcionando como sistemas auxiliares de segurança. porém. Ejecção Os ejectores mais usados nas pistolas são: (1) Ejector fixo. Mecanismo de carregamento e alimentação As pistolas usam carregadores amovíveis cuja capacidade não excedem normalmente 15 munições. sendo estriado num número que geralmente vai de 4 a 6 estrias. ligado à corrediça. e. O depósito é quase sempre central. Culatra Como já sabemos. ELEMENTOS DE ARMAMENTO ORGANIZAÇÃO DAS PISTOLAS a. Extracção Os extractores mais usados são de garra com mola. Percussão A percussão. Algumas pistolas. após o disparo. contudo existem pistolas com extractores de garra de mola. Têm normalmente a alça regulada para distâncias inferiores a 50m. cujo movimento é comandado pela corrediça/culatra. (2) Ejector da alavanca. g. A tendência actual é para a manutenção dos calibres estandardizados. f. Caixa da culatra A caixa da culatra destina-se a alojar. para ter uma maior resistência à ruptura. c. A maioria das pistolas actuais utiliza um calibre entre os 7.32 . O cano é no entanto agora mais espesso devido à maior velocidade de tiro. III . estando o ejector colocado do lado oposto à janela de ejecção. A ejecção é quase sempre lateral. Aparelho de pontaria As pistolas têm um aparelho de pontaria de mira ordinária e possuem normalmente uma única linha de mira pois as alças que utiliza são alças de ranhuras simples fixas. mercê dos requisitos de munições padronizadas para as forças armadas e de segurança que as adquirem e também para o mercado civil. mola do percutor. faz com que as mesmas sejam envoltas numa manga. Nas pistolas. percutor. O cano O cano das pistolas é semelhante aos canos das armas ordinárias pois tem o mesmo fim. Normalmente nas pistolas tem o nome de corrediça.Manual do Aluno 4. aliada à dificuldade de as manobrar. encaminhar o projéctil na sua trajectória. que também cobre parcialmente o cano. a corrediça. é efectuada pelo mecanismo de disparar e é composto pelo gatilho. cão e armador. movendo-se sempre juntas. A culatra e a corrediça são solidárias. a reduzida massa que as culatras têm. A percussão nas pistolas realiza-se quando o percutor uma vez armado sofre o choque do cão. a travar a culatra móvel e a facilitar e guiar os seus movimentos pelo que se subordina à forma desta. d. na maioria das pistolas. b. a culatra móvel é o agrupamento de peças destinado a fechar o cano pela parte posterior e a obter conjuntamente com o invólucro uma obturação completa e perfeita. que é solto quando se prime o gatilho.65 mm e os 9 mm. O cano nas pistolas não ultrapassa os 16 cm de comprimento. possuem uma culatra realmente móvel dentro da corrediça. fazendo esta as vezes da caixa da culatra como nas espingardas automáticas e de manobrador manual. h. porque. em especial a introdução. não deixando estes porém. como a segurança de funcionamento das pistolas é quase igual à dos revólveres.maior simplicidade.os cartuchos podem ser recolhidos pelo atirador (não fica referenciado o local dos disparos). não havendo descontinuidade entre a alma do cano e a câmara. . de ter grande número de admiradores. É por este facto que algumas pessoas preferem o revólver. a pistola fica incapaz durante alguns segundos enquanto o revólver pode efectuar novo tiro em meio segundo).maior segurança no funcionamento (se um cartucho falha. . afirmando que mais vale ter uma arma que garanta a execução de seis tiros (carga normal do revólver). Estes projécteis são indispensáveis também nas pistolas por causa das operações de alimentação.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 5 ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PISTOLAS E REVÓLVERES Ao longo do tempo as pistolas tiveram que competir com os revólveres pelo que uns defendiam/defendem as pistolas e outros os revólveres.menor esforço na execução do tiro (cerca de 4Kg. a preferência vem.melhor continuidade de tiro (caso se disponha de novo carregador). a segurança de funcionamento deve ser a condição a atender em primeiro lugar. Que conclusões se podem tirar desta comparação? A arma de defesa individual é uma arma de oportunidade que se utiliza em caso de emergência e.maior velocidade inicial do projéctil. portanto. Vantagens das pistolas: . não há fuga de gases e consequentemente não há perda de velocidade se utilizados projécteis encamisados. exigem cerca de 7Kg – actualmente há revólveres que se aproximam dos valores das pistolas). . . do que dispor de outra carregada com o dobro dos cartuchos mas cujo funcionamento seja duvidoso. que é sempre brusca e deformaria o projéctil se o mesmo não fosse revestido. . Justifica-se por isso. Actualmente.maior velocidade de tiro. para a rotação do cão e do tambor. O automatismo aplicado às pistolas veio dar-lhes uma grande supremacia sobre os revólveres. não exigindo tantos cuidados. sendo dada àquelas.maior poder derrubante (em igualdade de calibre e de carga. .33 . usando projéctil uni-metal). III . enquanto os revólveres. Vantagens dos revólveres: . uma breve comparação das vantagens e inconvenientes entre estas duas armas individuais. Analisando as condições de carácter balístico não há dúvida de que as pistolas são superiores aos revólveres. cada vez mais. Como as velocidades práticas a empregar são reduzidas (50/60 t. O calibre é geralmente 9 mm. Era um modelo constituído por duas pistolas acopladas..5 kg e empregam o cartucho das pistolas. as pistolas-metralhadoras aliavam a uma boa manejabilidade uma grande cadência de tiro. em média). Neste mesmo ano Hugo Schmeisser consegue a sua Pistola-metralhadora (Bergman Mushete M/18-I). que pelo tratado de Versailles. utilizando o cartucho “Parabellum”.30 adaptado à Springfield. o que vem facilitar o remuniciamento devido ao fraco peso da munição. . Não foi. Devido às velocidades serem pequenas (V 0 -360m/s em média) e os canos curtos (25 cm aproximadamente). sendo somente permitida à polícia mas em número reduzido. Tratava-se de uma arma automática de cano fixo. Assim.34 .em tiro-a-tiro . Tratava-se de uma arma automática. III . não foi preciso criar qualquer sistema de arrefecimento. Estava assim lançada a semente para futuros estudos de aperfeiçoamento e para a generalidade do seu uso em todos os Exércitos do Mundo. de cano fixo. no Exército Italiano (Fiat M/915). Em 1917 o Exército alemão é dotado da “Parabellum” com cano comprido e coronha. porém feliz porque não resultou na prática.p.m. foi imposta a proibição do seu uso pela Reichswehr. E de tal forma o valor prático das Pistolas-metralhadoras era considerado. têm um peso aproximado de 3. Colocadas entre as armas ordinárias e as metralhadoras.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 6 PISTOLAS-METRALHADORAS 1. Petersen consegue realizar um novo tipo de Pistola Metralhadora à custa dum dispositivo de calibre . ligadas anteriormente por um travessão e posteriormente por uma coronha única. Em 1918. É uma arma ideal para utilização no assalto. adoptou-se para o automatismo o princípio da acção indirecta dos gases com culatra não travada.m. BREVE EVOLUÇÃO HISTÓRICA As pistolas-metralhadoras aparecem pela 1ª vez em fins de 1916 durante a 1ª Guerra Mundial. podendo disparar independente ou simultaneamente.para uma cadência de tiro de 600 t. mas a execução do disparo automático não dá resultados.p. Os franco-atiradores alemães “forçaram” o Exército Britânico a empregar as mesmas técnicas e. O termo sniper teve origem no século XIX. o Exército Britânico defrontou-se com atiradores alemães peritos equipados com espingardas especiais e aparelhos telescópicos. à medida que os avanços no armamento. no equipamento e nas técnicas foram surgindo. pequeno e rápido. que rapidamente se transformou num jogo favorito entre determinadas elites. alvo extremamente Fig. e killer). Contudo. os soviéticos já tinham IV . Por conseguinte. com o Exército Britânico. São duas descobertas que mantêm a sua vigência até aos nossos dias. foi organizado um curso de sniper (a primeira escola do exército de sniper. Contudo. A palavra anglo-saxónica sniper. Durante muitos anos. IV-1-1 difícil para qualquer caçador. Esta “caça” transformou-se num jogo. Depois da I Guerra Mundial. os sistemas de pontaria permaneceram inalterados. o sistema de miras abertas foi o único equipamento de pontaria que o atirador dispunha. correspondente à expressão portuguesa de franco-atirador é a designação mais comum internacionalmente . Em 1930. O atirador para lhe acertar. Enquanto as armas de fogo evoluíram com grande rapidez.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO PARTE IV OUTRAS ARMAS DE FOGO LIGEIRAS CAPÍTULO 1 ARMAS DE FRANCO-ATIRADOR 1. sob liderança do Major Hesketh Pritchard. Todavia.1 . na Índia. O caçador de snipe de sucesso era um perito no tiro e proficiente noutras artes de caça. Na II Guerra Mundial. Irá desenvolver armas que lançam o projéctil à distância a par da utilização de camuflagem. onde existia um pássaro. excepto na União Soviética. com o desenvolvimento do armamento. Como consequência começaram a aparecer atiradores que conseguiam acertar com precisão no alvo a grandes distâncias. tinha que ser realmente muito bom e aqueles que conseguiam eram chamados de snipers (forma contraída de snipe. a narceja (snipe) (Fig. a proficiência do franco-atirador militar desenvolveu-se mais como uma arte. Observação e Exploração). Na I Guerra Mundial. O termo “sniper” foi-lhe aplicado e popularizado. IV-1-1) de pequena cauda e bico longo que se alimentava de insectos. URSS começou a treinar e equipar franco-atiradores. No início as distâncias a que se matava a caça eram pequenas (apenas alguns metros). o termo sniper apareceu a significar aquele que possuía todas as capacidades de um caçador de snipe de sucesso. GENERALIDADES Desde os tempos mais primitivos. a ênfase dada ao franco-atirador decresce. o ser humano teve de lutar e caçar para sobreviver. havia necessidade de não só atirar mais longe mas também com maior precisão. ele irá conseguir caçar a maiores distâncias. Um franco-atirador deve ser altamente treinado em tiro de longo alcance e técnicas de combate. A redução de fogos dessas posições era essencial para o sucesso da missão e ilustra a importância do emprego do franco-atirador. obrigatoriamente. e em todas as forças do Mundo. pois. A mentalização da formação dos comandantes é vital para assegurar o uso correcto de um sniper. A perfeição deve ser atingida antes de se tomar parte em operações de combate. Como resultado em 1955. natureza móvel ou visibilidade. Um franco-atirador deve ser um atirador nato. os Americanos chegaram a algumas conclusões entre as quais a necessidade de centralizar escolas de franco-atiradores. não pode ser efectuado com sucesso por um atirador normal. Durante a II Guerra Mundial. bem com os respectivos resultados e efeitos diferiam entre comandantes e unidades. Um franco-atirador deve ser altamente treinado nas técnicas individuais de combate. Actualmente. um franco-atirador. aptidões. Cada franco-atirador sabia exactamente para onde ir e o que fazer. o treino incompleto e a falta de doutrina inibe o uso de francoatiradores. o Exército Americano armou unidades de atiradores especiais com a finalidade de conduzir actividades de sniper. IV . local. Uma lição específica apreendida no emprego de franco-atiradores foi a de que a utilização dum francoatirador não é só um factor de oportunidade: um atirador típico não pode ser arbitrariamente designado para uma missão superior crítica. durante a operação “Fúria Urgente”. v. A “arte de franco-atirador” requer o desenvolvimento das aptidões básicas de Infantaria a um alto nível de perfeição. Em 1983. ii. os Rangers do Exército Americano empregaram francoatiradores em Granada. Com a Guerra da Coreia. O seu treino engloba uma grande variedade de matérias com o objectivo de aumentar o seu valor como força multiplicadora e de assegurar a sua sobrevivência no campo de batalha. o franco-atirador é visto como uma peça fundamental no campo de batalha. a fim de assegurar uma máxima probabilidade de sucesso e o mínimo risco de detecção. mas todo o franco-atirador é. As capacidades requeridas a um franco-atirador devem ser superiores a um atirador médio. iii. O sucesso foi enorme na eliminação de alvos inimigos em posições de morteiros a distâncias superiores a 800 metros. um bom atirador. A sua função é a de executar discriminadamente tiro com alta precisão contra alvos inimigos que devido ao alcance. Todo o bom atirador não é obrigatoriamente. tamanho. O programa reiterava: i. A inexistência de uma estrutura. Um franco-atirador tem. iv. É intenção de treino do franco-atirador de produzir atiradores especialistas que actuem isolados ou em grupo por bastante tempo.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO cuidadosamente integrado tácticas de franco-atirador no seio da sua doutrina táctica e os seus atiradores especiais podiam operar em equipas bem preparada. O seu emprego efectivo. com uma arma especial. treino e equipamentos especiais. O seu domínio requer uma prática de aprendizagem e repetição dessas matérias até absoluto domínio das mesmas. de flexibilizar a organização de franco-atiradores e de treinar comandantes sobre a utilização correcta das capacidades dos franco-atiradores. à Escola Prática de Infantaria dos Estados Unidos foi dada a missão de organizar uma escola de franco-atiradores.2 . os conflitos da Bósnia-Herzgovina e da Chechénia.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Os franco-atiradores do Exército são formados no Centro de Operações Especiais (COE) em Lamego. a. enquanto que os franco-atiradores da Marinha são formados no Destacamento de Acções Especiais (DAE) do Corpo de Fuzileiros. (Battlefield Optical Surveillance System) “Boss”. operadores de transmissões. b. LUTA ANTI SNIPER No moderno campo de batalha o franco-atirador. (3) Em equipas de composição variável (em áreas urbanas e missões de segurança de área ou de protecção a altas entidades.Detecção do franco-atirador. Assim. . Aquisição de alvos e estimativas de alcances. c. Estas unidades são responsáveis por gerar equipas de franco-atiradores para emprego táctico e operacional. IV . (2) Um alvo de tamanho de um tronco humano a 600 m. Um franco-atirador deve poder bater: (1) Um alvo de tamanho de uma cabeça a 400 m. alto nível de treino. resistência. É um sistema montado e operado num veículo que detecta armas de franco-atirador que utilizem sistemas ópticos. os franco-atiradores saem claramente beneficiados. o combate anti-sniper apresenta as seguintes formas: . c. Camuflagem e disfarce. b. paciência e perspicácia. oficiais. . (2) Em parelhas (preferencialmente e o mais usual). 3. comandantes. O franco-atirador bate preferencialmente: franco-atiradores. Utilização do terreno de forma eficaz.Protecção do atirador. pois o seu “modus operandi” adapta-se perfeitamente a este tipo de conflito. guarnições de armas pesadas. Com os conflitos mundiais a ficarem cada vez mais reduzidos a focos de instabilidade regional. Para desenvolver estas qualidades o treino deve ter em especial atenção: a. adquire uma importância vital. os exércitos estão cada vez mais a tomar consciência deste aspecto e estão a encontrar formas de o combater. Preocupação na escolha da posição. CARACTERÍSTICAS DO FRANCO-ATIRADOR Poder de concentração. Temos como exemplo num “passado-recente”.3 . Os franco-atiradores actuam: (1) Isolados. PRINCÍPIOS DE EMPREGO TÁCTICO E OPERACIONAL a.Detecção e localização do franco-atirador após o disparo. observadores avançados. Detecção do franco-atirador Pode ser utilizado um sistema de vigilância óptica do Campo de Batalha. 2. d. (3) Um alvo de tamanho de um homem de pé a 1000 m. agilidade física e mental. como foi visto no capítulo anterior. determinação. Presentemente. 4. Os franco-atiradores das Forças de Segurança são formados e empregues pelo Centro de Operações Especiais (COE) da Polícia de Segurança Pública. (c) Não detectar todos os disparos efectuados a distâncias superiores a 500 m. testes efectuados com este colete provam que à mesma distância conseguem proteger contra a penetração das munições.Velocidade do projéctil Este sistema tem uma alta taxa de detecção. Protecção do atirador É um colete Anti-bala usado por baixo do fardamento. Emprega um sistema passivo de infravermelhos. antes do disparo. que fornece as seguintes informações: . Apresenta como limitações: (a) Baixa performance em áreas edificadas. mas fazendo face ao grande poder penetrante das espingardas.62 mm Remington.Ângulos de direcção e elevação do projéctil em relação ao sensor . b. Já foram testados com resultados positivos nas espingardas de franco-atirador 5. (b) Não detectar armas com silenciador.4 . Adquire o alvo através de retro-reflexão do aparelho óptico do sniper.Trajectória do projéctil em relação ao sensor . com um processador de sinais. (2) Onda de choque É baseada na medição da onda de choque do projéctil. Enquanto os modelos actuais só protegem contra fragmentos. É um sistema ainda em estudo. Tem um peso de 6 a 8 libras. ligado a um computador. Foi redesenhado a partir dos coletes Anti-Balas normais. IV .56 mm M16 e 7. Tem um alcance efectivo de 1500 m. com uma composição de titânio. (3) Forma humana (4) Canos quentes das armas sniper (5) Aparelhos ópticos usados pelos franco-atiradores c.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Utiliza a energia do veículo no qual está montada. Detecção e localização do franco-atirador após disparo. Explora os seguintes parâmetros: (1) Velocidade acústica do projéctil É composto por um aparelho com microfones localizados de uma maneira precisa. é de fácil aceitação. Sistemas electromagnéticos Os sistemas electromagnéticos são responsáveis pelas armas laser. de ambas sobre militares e civis. à partida sugere que as primeiras tenham consequências menos gravosas que as segundas. Sistemas Acústicos e Ópticos Utilizam sons de baixa frequência. Comandante-chefe das forças da ONU na Somália. V. bem como todas as armas que dependem de sensores electrónicos. Esta operação constitui. até aos dias de hoje o melhor teste no terreno. Agentes Biológicos e Químicos Utilizam uma grande variedade de agentes químicos e biológicos. uma vez que a sua utilização. b. podendo penetrar facilmente em edifícios e viaturas. Segundo a OTAN. O desenvolvimento destas armas tem sido baseado em algumas tecnologias das quais se salientam: a. se comparado com as armas letais convencionais. c.1 . Arma não Letal é definida como: ― Arma especificamente concebida e empregue de forma a incapacitar pessoal ou material com baixa probabilidade de causar morte ou danos graves e com o mínimo de efeitos colaterais ou impactos no meio ambiente ‖. Não é simples definir o que são Armas não Letais. quando conotado com um determinado tipo de armas. O termo não letal.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO PARTE V ARMAS DE LETALIDADE REDUZIDA CAPÍTULO 1 GENERALIDADES ― A importância das Armas não Letais é crítica nos conflitos de baixa intensidade‖ Esta é a opinião do General Anthony Zinni do Corpo de Marines dos USA. capaz de inutilizar dispositivos electrónicos que não estejam protegidos. mesmo indiscriminada. afectando o comando e controlo. Podem ainda utilizar a emissão de microondas com grande potência. deste tipo de armamento. São balas de borracha cujo objectivo é causar dor ou derrubar o adversário. Os reparos mais comuns ao emprego desta arma prendem-se com o sofrimento desnecessário que poderão causar com o uso indiscriminado da sua aplicação. (e) Sons de Alta Intensidade Provocam nas suas vítimas desorientação. dor e inclusive morte. (b) Bastões Eléctricos. (i) Marcadores São produtos químicos que podem ser aplicados num homem (na pele ou na roupa) para posterior detecção. É utilizado para dispersar multidões. a sua aplicação pode ser localizada. em que o seu efeito se fará sentir de forma inversa ao da distância. a parte do corpo atingida e a roupa que a pessoa veste. A sua área de aplicação mais provável será a interdição do acesso a determinadas zonas.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 2 TIPOS DE ARMAS DE LETALIDADE REDUZIDA Existem diversos tipos de Armas não Letais. (d) Projécteis não penetrantes Há já alguns anos que têm sido usados pelas Forças de Segurança. como a maior distância. V. São usados para prevenir ataques de franco-atiradores. Podem ser de vários tipos: (a) Lasers de encadeamento Lasers emitindo na parte visível do espectro. uma vez que são direccionais e reguláveis. São particularmente importantes na dispersão de multidões. São as Forças de Segurança que mais utilizam estes meios para restabelecer a ordem. (g) Odor Actuam pelo sentido do cheiro. através de aparelhos detectores. Tem velocidades iniciais na ordem dos 50 a 100 m/s. Anti-pessoal Afectam exclusivamente o homem. como o Taser. Se for utilizado muito perto do alvo pode tornar-se letal. O efeito depende de vários factores. Vamos classificá-las em função do destino. forçar condutores de viaturas a parar ou deter possíveis agressores. Contudo são difíceis de controlar em espaços abertos. são usados no adversário. Estes dispositivos podem ser empregues quer a curta distância. em função do seu destino (anti-pessoal / anti-material) em função da tecnologia utilizada ou por grupos funcionais. tais como a distância a que se encontra o alvo. cegando-o momentaneamente. (h) Espuma colante Líquido espesso que prende e imobiliza o alvo. Armas de Atordoamento e Taser’s São exemplos do emprego desta tecnologia. Assim podem ser: a. (c) Canhões de Água Esta arma utiliza um jacto de água muito forte. espasmos. que provocam nas vítimas. até queimaduras eléctricas resultantes de aplicações contínuas. contracções musculares involuntárias.2 . As formas como podem ser agrupados são várias. (f) Os Infra Sons Podem atravessar edifícios e viaturas. como as primeiras duas referidas. os choques eléctricos de grande voltagem e baixa amperagem. que fecham por exemplo a saída de uma janela. c.3 . (b) Dispositivos imobilizadores Vários dispositivos como redes. Podem afectar também o cérebro. (d) Anti-pneus Agentes químicos que consomem rapidamente a borracha dos pneus. V. uma porta. arames. impedindo a sua utilização. Anti-material/Anti-pessoal (a) Armas de Microondas Podem interromper a funcionalidade de aparelhos electrónicos. controlo e coordenação dos equipamentos informáticos actuais. Anti-material (a) Vírus informático A introdução de vírus em sistemas informáticos é por todos conhecida como possível e com implicações gravíssimas. (c) Agentes Anti-tracção Agentes químicos que impeçam a tracção dificultando a mobilidade dos veículos. super-cola.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO b. no funcionamento. (b) Modificadores de combustíveis Agentes químicos que modificam a combustão. (e) Lasers Anti-sensores Lasers que actuam no espectro de modo a tornar inoperacionais os sensores. destruindo o sistema propulsor das viaturas. Tumultos/controlo de multidões Existem diversos cenários em que as Armas não Letais poderão ser empregues. por traficantes de droga ou terroristas. permitindo uma intervenção eficaz das forças da ordem. como a destruição de fábricas de armas químicas ou capturar armas nucleares. c. que atacasse pneus e borrachas. Situações como a referida. impossibilitando a fuga ou reforços das forças hostis. Incursões militares A realização de operações secretas.4 . criando o tempo necessário para conversações e libertação dos reféns. como por exemplo. aumentaria o efeito do bloqueio. que um ataque com armas letais provocaria. O emprego das referidas armas poderia isolar uma área. Intervenção num conflito O emprego destas armas antes ou durante um conflito entre dois países. f. Este tipo de intervenção terá melhor aceitação não só por parte dos países envolvidos como pela própria opinião pública. Um Estado beligerante pode ser desencorajado nos seus intentos. em países onde se pretende obter informações ou atingir um objectivo único.Prisões . que detivessem as lanchas rápidas que transportam o narcotráfico de embarcações em águas internacionais para o continente. mas de forma a que seja possível reutilizar as suas instalações.Paióis . g. poderíamos referir o emprego de redes especiais lançadas por avião. Resgate de reféns É desejável e possível a utilização de Armas não Letais. impedindo que as forças locais possam actuar em tempo. Interdição de recursos táctico/estratégicos É possível diminuir a capacidade de sustentar ou provocar um conflito por parte de um adversário com emprego de Armas não Letais. em situações onde se pretende neutralizar forças hostis misturadas entre civis ou forças amigas. sem grandes obras de reconstrução. ocorrem nas operações realizadas na Somália e no Kuwait. Operações militares em áreas urbanizadas V. como negar o acesso a instalações criticas: . Sanções O emprego integrado destas armas com sanções a um determinado país. d. uma vez que as alternativas por meios terrestres seriam escassas. Operações Anti-terrorista e Anti-droga O emprego de aeronaves ou viaturas.Instalações nucleares b. poderá ser monitorizada por sensores e o emprego de um produto nessas áreas imobilizaria os aparelhos. Como outro exemplo. em regiões remotas e isoladas.Embaixadas . evitará a mobilização de esforço de guerra por parte dos contentores e permitirá o ganho de tempo necessário para negociações. h. e. um bloqueio económico associado ao emprego de um produto. através da inutilização da sua capacidade industrial.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 3 EMPREGO DE ARMAS DE LETALIDADE REDUZIDA a. permitem um bom emprego das Armas não Letais. Estas armas virão a desempenhar um papel importante e fundamental na conduta das futuras operações. a estes meios.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Neste tipo de áreas. reservas de petróleo e lubrificantes. As experiências na Bósnia. afectará de forma decisiva. podem encurtar ou impedir a realização de um conflito. assim como. como instalações eléctricas. dando maior flexibilidade ao comandante. o emprego de espumas para isolar determinados locais. o emprego destes equipamentos poderá ser direccionado para duas vertentes. complementando o potencial de combate. V. O crescimento populacional que se prevê.5 . impedindo reforços ou canalizando forças. Os combates serão efectuados em grandes zonas urbanas. gás lacrimogéneo. Não existem medidas de controlo para este tipo de armamento. O aproveitamento que as Forças de Segurança poderão dar. Este facto aumentou a selectividade dos alvos. com o possível emprego. que alguns regimes poderão fazer na repressão de civis. No entanto. sobretudo se pensarmos que poderão existir reféns ou feridos envolvidos. A introdução de vírus nos sistemas informáticos. o comando e controlo do adversário. Verificamos que em termos operacionais. Os princípios do direito internacional. apostando no seu desenvolvimento e investigação de uma forma coordenada. com as ameaças internacionais. projécteis não penetrantes. ou seja. Super ácidos. super colas e muitos outros produtos químicos que poderiam ser considerados no grupo das Armas não Letais. Somália e o conflito no Golfo comprovam este facto. onde militares e civis estarão presentes. contribui para que se minimize o emprego de meios que possam colocar em perigo as vidas de civis ou forças amigas. onde a alternativa dada por estas armas poderá ser útil. a inutilização dos sistemas de comunicação. aliada à natural propensão para a concentração em grandes áreas urbanas irá condicionar as zonas de acção em que os conflitos se irão realizar. têm vindo a revelar-se cada vez mais importantes. menos escrupuloso. a Convenção de Armas Químicas e a Convenção de Armas Biológicas contém algumas limitações que poderão ser alargadas a algumas Armas não Letais. Manutenção da ordem pública Através dos canhões de água. Operações convencionais A inutilização de recursos estratégicos vitais. estão a infringir os objectivos e determinações das referidas convenções. estando os Exércitos atentos à sua evolução. limitando-as no seu desenvolvimento e utilização. não podem ser batidos indiscriminadamente o que conduziria a um elevado número de baixas civis. Um aspecto preocupante na utilização destas armas. em que existem diversos obstáculos e esconderijos. como o terrorismo e o crime organizado. i. estará relacionado. j. a vocação já referida para Missões de Apoio à Paz (armas com características para a manutenção da ordem pública) e o apoio às missões convencionais. está relacionado. para além da manutenção da segurança interna. Compõe-se o cartucho de quatro partes (Fig. c) Teatfire (tipo teta). GENERALIDADES Para se estudar devidamente uma arma portátil deve examinar-se primeiramente os seus projécteis. a quantidade da carga e a força viva do projéctil tomam o nome de qualidades dinâmicas da bala e serão estudadas na área da balística. .º Cartuchos de papel. algumas das quais se obtinham graças aos elementos constitutivos da sua munição. mas também da organização da bala e da carga empregue.As qualidades estáticas do projéctil. dissemos que uma arma para ser eficaz tinha de satisfazer um certo número de condições de carácter balístico.º Cartucho completo (com espoleta iniciadora já montada). Estes.As qualidades dinâmicas do projéctil. cápsula ou fulminante.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO PARTE VI MUNIÇÕES DAS ARMAS PORTÁTEIS CAPÍTULO I MUNIÇÕES DAS ARMAS LIGEIRAS 1. VI-1-1): Fig.º Cartucho completo com sistemas patenteados de ignição: a) Pinfire (tipo pino) – Lefaucheaux (1920).A bala ou projéctil. 2. . ii.1 . Boxer – (a bigorna é uma peça independente da escorva). estojo ou caixa. Na realidade.º Cartuchos não combustíveis com iniciação externa (armas de agulha – “needle guns” .O invólucro. b) Lipfire (tipo lábio). 4. 2. Berdan – (a bigorna faz parte da escorva).1850). BALA (ou PROJÉCTIL) Ao fazermos o estudo das condições a que deviam satisfazer as armas de fogo. variando com: . tiveram a evolução que a seguir se apresenta: 1. d) Rimfire (ignição circular). 3.A escorva. porque a sua organização é orientada no sentido de poder utilizar uma determinada munição que tem (desde 1860) o nome de cartucho. A natureza. a tensão da trajectória e precisão do tiro são dependentes não só da organização balística da arma. e) Centerfire (ignição central): i. VI-1-1 . o alcance. . 5. .A carga. VI .º Cartuchos de papel combustível. Com o fim de diminuir a resistência do ar e aumentar o alcance. de cobre ou de latão. Composição (1) O metal da bala deve ser: . Forma A forma foi sujeita a grandes evoluções (Fig. O problema só teve solução perfeita com a adopção da camisa metálica completa. suficientemente espessa para evitar a fusão do núcleo e pouco dura para não deteriorar as estrias. acompanhando estes.Infusível para não se fundir com o atrito na alma. ao passo que a externa destinada a revestir o núcleo. Este sistema não evitava a chumbagem e tinha o inconveniente de levar a humidade ao interior do estojo pelo que a camisa de papel foi substituída por outra metálica. chumbando os canos. com a VI . a essencial. Quando as velocidades iniciais ultrapassaram os 400 m/s.2 . um dos maiores progressos do projéctil que passou a ser conhecido por bala bi-metal. a ogiva passou a ser muito afilada dando origem às chamadas balas pontiagudas (2). VI-1-2). Os metais hoje mais empregues são o cobre. Nas armas estriadas.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Trataremos agora das qualidades estáticas. Fig. A ogiva terminava em geral por uma calote esférica com um calibre de altura. executados primeiramente em França e em seguida na Alemanha. (3) A camisa deve ser resistente para não se rasgar.Pouco deformável para possuir um bom poder vulnerante. também chamada de “cauda de barco”. . o metal primitivamente usado foi o chumbo puro. cobre. teve de ser posto de parte porque os projécteis fundiam à superfície e amoleciam numa grande espessura. . encherem as estrias de chumbo. o aço e o maillechort (liga de cobre e níquel). voltaram a dar-se estes fenómenos. tendo-se então passado a usar o chumbo ligado a um outro metal mais duro: zinco. b. com a mesma forma. arsénio ou bismuto. VI-1-2 alguns países.Denso para facilmente adquirir grande energia. Devido à sua densidade. Resolveu-se o problema revestindo a parte cilíndrica do projéctil com um invólucro de papel engordurado na parte anterior. Com o aumento das velocidades iniciais. o que obrigou a comprimir os projécteis para se tornarem mais densos e homogéneos. estanho. isto é. ou de aço mas por razões de preço e peso prefere -se o primeiro que no entanto é quase sempre endurecido ligando-o com estanho ou antimónio. (2) O núcleo pode ser de chumbo. Depois de alguns estudos e experiências. A sua espessura varia de 0. A parte interna. de bronze. terminado à retaguarda por um plano e à frente por uma ogiva. abandonaram a forma cilindro-ogival para adoptarem a forma bi-ogival (3). para se obter uma maior homogeneidade e densidade deve ser introduzido por compressão dentro da camisa. que se dividem da seguinte forma: a. tem o nome de camisa.: Até 1898 a forma universalmente adoptada foi a cilindro1 2 3 ogival (1) Era um corpo cilíndrico. mas que também não deu resultado porque não evitava a chumbagem. havia também o dos projécteis saltarem sobre as estrias.55 mm. não havia só o inconveniente da fusão. O núcleo.45 a 0. tem o nome de núcleo. Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO parte anterior em ogiva muito afilada, a posterior de forma tronco-cónica ou ogival e a parte média cilíndrica para dar uma boa fixação ao invólucro e impedir a fuga de gases. Consegue-se assim obter maiores alcances por ser diminuída em grande proporção a resistência do ar, isto é, com melhores condições aerodinâmicas. Hoje todos os países empregam projécteis desta natureza, entre eles Portugal. Comparados com os cilindro-ogivais, os projécteis bi-ogivais apresentam as seguintes vantagens: - Melhor conservação da velocidade inicial, devido à redução de peso; - Diminuição da resistência devido ao forçamento e ao travamento, por se ter reduzido a zona destinada à acção das estrias; - Maior poder derrubante; - Uma força mais própria para se compensar em parte a diminuição do coeficiente balístico. c. Comprimento De forma a maximizar as suas condições balísticas, em termos de alcance e justeza, o comprimento da bala está relacionado com dois factores, o seu peso e o passo das estrias a que é sujeito, durante o disparo. Actualmente, nas modernas armas automáticas de guerra de calibres ligeiros, o comprimento máximo da bala não ultrapassa os cinco calibres. d. Peso Um projéctil leve terá uma trajectória muito tensa às pequenas distâncias. Um projéctil pesado tê-la-á às grandes, porque em igualdade nas outras condições, o projéctil mais leve tem maior velocidade inicial mas sofre um retardamento maior. Assim, o ideal seria ter dois tipos de projéctil: um leve, animado de grande velocidade inicial para as pequenas distâncias; um outro pesado, e de forma adequada para obter maiores alcances. Mas como esta solução acarretaria uma dificuldade importante, a do municiamento, é-se obrigado a adoptar um projéctil único, de peso intermédio, que concilie as duas condições contraditórias, obtendo ao mesmo tempo as duas vantagens. Assim, tem-se adoptado um projéctil com um peso variável entre 9 e 13 gramas com o qual se conseguem trajectórias aceitáveis a todas as distâncias. e. Calibre O calibre está estreitamente ligado com o peso. O diâmetro dos projécteis deve ser de 0,20 a 0,30 mm superior ao diâmetro da alma do cano medido no fundo das estrias, para que se dê o forçamento inicial, razão porque o conjunto núcleo-camisa deve apresentar um certo grau de elasticidade. Tem sido ultimamente dedicado particular estudo aos projécteis das armas portáteis, não só quanto ao calibre, como quanto à forma e natureza dos materiais empregues (metais e plásticos), na intenção duma profunda e generalizada reforma da munição das mesmas armas. Reconheceu-se que as tradicionais munições 7,62 mm Nato e 7,62 mm Pacto de Varsóvia das armas ligeiras eram demasiadamente potentes para as distâncias do combate, concluindo-se que poderia pois, ser reduzida essa potência, dentro é claro, de certa medida. Por outro lado, o emprego generalizado das armas automáticas e as exigências do combate moderno, atendendo-se ao peso que o homem tem que transportar e ainda ao problema do remuniciamento, encaminharam os estudos no sentido dum aligeiramento que de facto se impunha. Depois de vários anos de experiências as munições 7,62 mm Nato e Pacto de Varsóvia, foram substituídas pelas 5,56 mm e 5,45 mm respectivamente, com os ganhos que a seguir se discriminam: VI - 3 Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO NATO Pacto Varsóvia 7,62 mm 838 m/s 5,56 mm 1005 m/s 7,62 mm 710 m/s 5,45 mm 900 m/s 3276 J 1798 J 1993 J 1383 J Comprimento 71 mm 57 mm 56 mm 57 mm Peso Munição 24,3 g 11,7 g 16,64 g ~6g Como se constata houve uma melhoria significativa. Aumentou a velocidade inicial, diminuiu a força viva à boca do cano, mas ainda suficiente para no moderno campo de batalha garantir um bom poder vulnerante e derrubante e diminuiu o comprimento e o peso do cartucho. Estes avanços melhoram as condições de tiro. Resumindo as considerações que temos vindo a fazer, podemos estabelecer que o projéctil das armas portáteis deve satisfazer às seguintes condições: - Ter grande densidade transversal; - Ser bi-metal; - Possuir um núcleo muito denso mas maleável, uma camisa inoxidável e suficientemente dura para resistir à pressão das estrias, mas não tão dura que danifique a alma do cano, entrando nas estrias apenas o suficiente para assegurar o movimento de rotação e evitar fugas de gases entre o projéctil e a alma, sendo bem unida ao núcleo e não deixando pedaços ou rastos nas paredes da alma; - Possuir uma forma oblonga que conserve bem a velocidade e seja apta à penetração, desenvolvendo uma potência vulnerante tal que o alvo atingido seja imediatamente posto fora de combate; - Ser de fabrico fácil e de baixo custo. 3. INVÓLUCRO Os invólucros modernos das armas portáteis são metálicos e constituídos por uma só peça que se obtém por sucessivas estiragens (diminuição de espessura) e estampagens (aumento de espessura) que obrigam uma rodela de metal a tomar a forma do cartucho e por isso se lhes dá o nome de invólucros estirados. Como a obturação se faz por expansão do invólucro, é preciso que a diferença entre o diâmetro da câmara e do invólucro seja pequeníssima – 0,1 mm – para que não seja excedido o limite de elasticidade do metal, nem se dificulte a extracção. Para que o invólucro possa reunir todas as condições que lhe são exigidas é preciso atender principalmente, ao metal e à forma. a. O metal Para que o invólucro se adapte bem às paredes da câmara é preciso que o metal seja maleável. Para que não rebente sob a acção dos gases da pólvora é necessário que seja resistente. Para retomar depois do tiro as suas dimensões primitivas de forma a tornar fácil a sua extracção, é preciso que seja muito elástico. Para facilitar a sua conservação é conveniente ainda que o metal seja inoxidável. Os metais empregues têm sido o latão, o cobre, o bronze e o ferro. b. A forma A densidade de carregamento (relação entre o peso da carga e a capacidade do estojo) influi na forma interna do invólucro. Este, uma vez determinada a densidade de carregamento, pode ser curto e largo ou comprido e estreito. Um invólucro comprido exige uma câmara da caixa da culatra grande o que aumenta o peso da arma. O invólucro largo tem o inconveniente de se apoiar sobre a cabeça do obturador numa grande superfície e de exigir uma forma difícil de fabricar para se ligar ao projéctil. VI - 4 Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO A forma exterior influi na alimentação e na organização dos diferentes dispositivos de reunião dos cartuchos. A forma interna do invólucro acompanha a externa, mas a espessura das paredes diminui da base para o colo, devendo ser calculada de maneira a evitar a possibilidade de rotura, especialmente na ligação entre o colo e o corpo. No invólucro actual distinguem-se o colo, a concordância, o corpo e a base (Fig. VI-1-3). O colo é a parte anterior, mais estreita, onde se fixa o projéctil. Esta fixação pode obter-se por várias maneiras. O colo é, em geral cilíndrico, tanto interior como exteriormente. A ligação, de perfil geralmente curvo, que une o colo ao corpo e a que se chama a concordância, facilita a acção dos gases quando o projéctil entra em movimento. O corpo encerra a carga. O seu traçado é tronco-cónico para facilitar a introdução do invólucro na câmara e a sua extracção depois do tiro. Fig. VI-1-3 A forma do corpo tem grande importância, principalmente na alimentação das armas. A base, de maior espessura, apresenta sempre um dispositivo para permitir a extracção e a reunião dos cartuchos. Esse dispositivo pode tomar duas formas: rebordo ou garganta. Se o invólucro é de rebordo, a base tem um diâmetro superior ao do corpo, formando a diferença do diâmetro um ressalto o rebordo - para ficar preso à garra do extractor (Fig. VI-1-4). Fig. VI-1-4 Se o invólucro é de garganta, a base tem o mesmo diâmetro do que o corpo, sendo o rebordo substituído por uma canelura anelar perto da base (Fig. VI-1-5). Actualmente a maioria dos países emprega o sistema de garganta. No centro da base encontra-se o Fig. VI-1-5 alojamento da escorva que tem no fundo dois furos para a passagem da chama que se chamam os canais de inflamação. 4. ESCORVA A escorva, cápsula fulminante, ou apenas fulminante , é o nome dado ao artifício destinado a produzir a inflamação da carga e consta de um pequeno vaso metálico chamado cápsula que contendo uma substância explosiva que detona pelo choque, dá origem à inflamação da carga. Nalguns cartuchos, uma outra cápsula de maiores dimensões preserva a cápsula-fulminante e por isso se chama guarda-cápsula. A cápsula é de cobre ou de latão suficientemente dúctil para poder ser esmagada pelo percutor e com a rijeza bastante para resistir à perfuração, devendo ainda poder dilatar de modo a obturar completamente o alojamento da escorva no momento da detonação, impedindo a saída de gases para retaguarda. Tem a forma cilíndrica, raras vezes cónica e é colocada no alojamento, aberto no centro da base do invólucro, em frente à bigorna contra a qual se esmaga sob a acção do percutor. Os canais abertos aos lados ou no centro da bigorna permitem a inflamação da carga colocada no interior do invólucro. A guarda-cápsula de emprego actual muito raro, justificava-se nas armas de depósito no fuste, pois o seu fim era tornar a escorva menos sensível. VI - 5 05 a 0. Os canos das armas têm uma tendência grande para enferrujar depois de terem feito fogo. CARGA Carga é o nome que se dá à porção de substância explosiva que se introduz no invólucro para dar movimento ao projéctil. o que é falso. neste caso. A bigorna é uma pequena peça de latão achatada com a forma de mitra e contra a qual se esmaga a composição fulminante. pois as restantes. acompanhado de enérgicas acções mecânicas. enxugando-se depois cuidadosamente. Ao fenómeno originado pelo desenvolvimento muito rápido e violento de uma grande quantidade de gases ou de corpos no estado gasoso. dá-se o nome de explosão. A contra cápsula é uma caixa cilíndrica. em geral. a cápsula fulminante. são reunidas por goma-arábica. Atribui-se muitas vezes o facto aos gases produzidos pela combustão da carga. forma a bigorna (Berdan). pouco prático. No fundo estão abertos os canais da inflamação. solúveis na água. Sobre a matéria detonante. As substâncias explosivas. enxofre ou outras substâncias e ainda vidro moído. no alojamento respectivo. de latão prateado (espessura de 0. para lhe diminuir a sensibilidade e facilitar o esmagamento. de estanho. é uma cápsula vulgar que se introduz. A escorva compreende a contra cápsula. líquidas ou gasosas. lavar o cano com água. sendo forçada até a bigorna se encostar ao fundo deste. fechada anteriormente e aberta posteriormente. Em alguns modelos o próprio fundo da contra cápsula. de modo que um dos melhores processos de evitar a ferrugem consiste em. Em geral. A cápsula. 5. a bigorna. Nas armas de fogo só se empregam as primeiras.04 g. juntamente com a bigorna. de uma liga de estanho e chumbo (espessura de 0. formando uma massa com o peso total de aproximadamente 0. pois é devido aos produtos da combustão da matéria detonante que se depositam no cano. tornam o seu uso. Estes produtos são. com elevada temperatura e num espaço relativamente pequeno. nem dê origem ao fenómeno da combustão lenta.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO A matéria detonante deve ser tal que não se altere com o tempo. que deve ser comprimida contra as paredes da cápsula. e aumentar a segurança. que absorvem a humidade e originam a oxidação do metal adjacente. Todas estas substâncias. recurvado. devido às fortes pressões que os gases exercem sobre as paredes das câmaras que os contém e sobre os corpos vizinhos. segundo a sua aplicação podem ser: VI . VI-1-6). cujas proporções variam à vontade dos fabricantes. emprega-se o fulminato de mercúrio ou o cloreto de potássio ou ainda uma mistura destes dois explosivos. após o tiro. não devendo ainda atacar o metal da cápsula. coloca-se um disco.07 mm) ou mesmo de papel. a guarda cápsula e a matéria detonante (Fig. que é mantido no seu lugar por meio de goma-laca. onde forma um rebordo Fig. VI-1-6 para se adaptar num rebaixo do seu alojamento na base do cartucho. Este disco tem por fim proteger a matéria fulminante da influência da humidade atmosférica evitando as falhas. Às vezes junta-se à substância detonante uma pequena dose de sulfureto de antimónio. devido aos grandes volumes que ocupam e dos cuidados que o seu emprego exige. Tem dois ressaltos que se apoiam nos bordos da cápsula (Boxer) de forma que a ponta fique afastada da matéria detonante.03 mm).6 . As substâncias explosivas podem ser sólidas. utilizados na confecção de vários artifícios (escorvas.Detonantes. descoberto em 1845 por Schonbein. . As suas características gerais são: sob um volume igual e um peso sensivelmente menor. Quando se reconheceu a necessidade de diminuir o calibre e aumentar a velocidade inicial. para o centro. .ter grande potência balística.ser de combustão progressiva. era uma substância compacta. . . . VI . verificou-se que as pólvoras negras produziam pressões demasiadas e um recuo insuportável.não dar origem nem a fumos nem a resíduos. . empregues no carregamento das granadas. isto é. etc.).não ser higroscópica. fornece uma quantidade de gases muito maior. não deixando resíduos. .ser de conservação fácil. O fumo é muito ténue e quase invisível. e hoje. .possuir fraco poder corrosivo e não originar gases deletérios. todos possuem pólvoras sem fumo. É pouco higrométrica e arde completamente. manuseamento e transporte. .ser seguro o seu emprego. o engenheiro químico francês Vieille (1884) apresentou um explosivo cuja base era o algodão pólvora. . Adoptada esta pólvora pela França. foi a pólvora negra composta de salitre. . capaz de arder do exterior. patenteado como ―pólvora B‖.Explosivos propriamente ditos.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO . Com ela conseguem-se grandes e constantes velocidades e pressões regulares. mas como a variabilidade dos efeitos obtidos tornava o seu emprego perigoso nas armas de guerra e alguns desastres se deram. em 1886. das quais algumas se contrariam e que são: . todos os outros países se lançaram ao estudo destes explosivos. não apresentando perigos no seu fabrico.ser de fácil fabrico. que servem para constituir as cargas propulsoras dos projécteis. .ser estável. carvão e enxofre. . . Este explosivo.ter uma fraca força expansiva. . A pólvora primitivamente empregue e que se conservou até 1886.dar lugar a pressões e velocidades regulares e iguais. Todos deram velocidades superiores. O desenvolvimento de gases pode dar-se gradualmente durante todo o tempo da passagem do projéctil através do cano.funcionar a uma temperatura relativamente pouco elevada. não se alterar sob a acção do clima. dos corpos ou metais com que está habitualmente em contacto.Pólvoras. Quando se trabalhava no aperfeiçoamento desta pólvora. foram postas de parte. camada por camada. espoletas.poder ser transportada sem perigo. A carga propulsiva dos projécteis deve satisfazer a um conjunto de condições. depois de longas e cuidadosas experiências. e portanto produz uma distribuição mais uniforme de pressão e é pequeno o seu ruído. sem poros.ser de fraco custo e utilizar ingredientes que se possam obter sem dificuldade em tempo de guerra.ser de inflamação rápida e segura. sendo por isso já numerosíssima a relação deles.7 . sendo necessário recorrer a um outro explosivo. Como não dava origem a fumos ficou conhecido pelo nome de pólvora sem fumo. e depois os cloratos e os picratos. . mas sem o aspecto fibroso deste. químico alemão. Experimentou-se primeiramente o algodão pólvora. têm maior velocidade específica de combustão. quer para tornar a pólvora menos higroscópica. é costume classificá-las em dois grupos.Pólvoras nitroglicéricas – aquelas que contêm além de nitrocelulose.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Praticamente todas as modernas pólvoras sem fumo contêm nitrocelulose. têm maior densidade. São menos higroscópicas. uma certa proporção de nitroglicerina. têm maior energia potencial. quer ainda para evitar a aderência dos grãos. quer para reduzir o calor desenvolvido na explosão.Pólvoras nitrocelulósicas – aquelas que não contêm nitroglicerina. em relação às nitrocelulósicas. nitrocelulósicas = 2300º) e principalmente porque o seu poder erosivo é muito maior. são de combustão mais regular e completa. são de fabrico fácil. mas mais perigoso. são mais estáveis. . Apesar de todas estas vantagens dá-se a preferência às pólvoras nitrocelulósicas porque as nitroglicéricas têm uma temperatura de deflagração muito superior (nitroglicéricas = 2800º. quer para aumentar a estabilidade do explosivo. a saber: . VI . quer para diminuir a velocidade de combustão.8 . são mais homogéneas. são de custo menos elevado. Outros ingredientes se juntam. As pólvoras nitroglicéricas. Cartucho sem bala (dilagrama). .. .Cartucho com bala luminosa.para tiro reduzido. Como as condições a que devem satisfazer estas armas (grandes velocidades iniciais. leveza. pensou-se. Como o peso só pode ser aumentado dando ao núcleo o maior diâ metro possível. aviões.Cartucho com bala mista (luminosa e perfurante). Era.Cartucho com bala perfurante. etc. simplicidade. tornou-se necessário o desenvolvimento das munições de modo a que pudessem penetrar nas respectivas blindagens. dando meios de defesa a todos os combatentes.simulada. . 2. Cartuchos especiais de guerra: (1) Cartucho com bala perfurante Com o aperfeiçoamento das blindagens das viaturas de transporte de pessoal e dos C.Cartucho com bala: . razão porque a sua utilização deve ser o mais limitada possível. criando projécteis adequados à luta contra aqueles novos meios. Assim apareceram as munições com balas perfurantes. concluímos que o emprego desta munição provoca um desgaste maior da arma. GENERALIDADES O aparecimento de novos meios ofensivos. sujeitando portanto a arma.Cartucho simulado. obrigou ao estudo de meios de dureza que anulassem a protecção daqueles.Cartucho de salva.) se encontram nas armas ligeiras. em aproveitar estas armas. pelo menos.Cartucho com bala explosiva. tais como viaturas blindadas.Cartucho com bala expansiva. com protecção suficiente para lutar contra as armas portáteis. Tendo-se reconhecido que o poder de penetração do projéctil perfurante dependia quase inteiramente da energia de choque do núcleo de aço.. a um trabalho muito mais violento. dando origem às armas anti-carro. Cartuchos especiais para instrução: . antiaéreas. no intuito de simplificar o armamento e a instrução. . VI . .Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO II MUNIÇÕES ESPECIAIS 1. etc.Cartucho com bala incendiária. o que força a reduzir ao mínimo a camada de substância plástica que o reveste e como a velocidade só pode ser aumentada à custa de um aumento de pressão. . o máximo peso e velocidade possíveis.reduzida. trajectórias rasantes. CLASSIFICAÇÃO a. procurou-se dar a este.9 . . .C. os quais constituem o municiamento especial das armas portáteis: Cartuchos especiais de guerra: . uma solução económica e por isso se adoptaram os seguintes cartuchos. . . etc. provocando consequentemente feridas muito largas.10 . onde lateralmente se nota um orifício coberto com solda Darcet que funde a 94º. um projéctil muito aguçado penetra mais se a incidência for normal. devido às reduzidas dimensões das partes sensíveis dos referidos objectos. conquanto este. Erradamente tem sido muitas vezes aplicado o adjectivo explosivo a estes projécteis.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Reconheceu-se ainda que o poder de penetração dependia também da forma do núcleo. de chumbo e com caneluras. quer revestindo-as incompletamente. que à saída se oxida e arde. Projécteis explosivos são apenas aqueles que contêm uma substância explosiva que actua na ocasião de ferir o alvo.65 gramas de fósforo branco e um pequeno bloco livre. Ao dar-se o choque este bloco por inércia. não seja utilizado a mais de 400 metros. Quanto à forma externa do projéctil. em geral. perfurante e tracejante. as balas luminosas deixam um rasto luminoso à sua retaguarda. a variação brusca da velocidade origina a expansão do núcleo. Na parte anterior contém 0. (3) Cartucho com bala mista Como o poder vulnerante das balas luminosas é muito fraco. vai continuamente diminuindo de peso. em combiná-las com as balas perfurantes formando uma bala única. desenhando perfeitamente no ar a sua trajectória. (2) Cartucho com bala luminosa Concebidas para facilitar a pontaria contra alvos móveis animados de grande velocidade. pensou-se para as tornar mais eficazes. O rasto é obtido enchendo a base do projéctil com uma composição que arda durante o trajecto. de modo que ao dar-se o choque do projéctil contra qualquer obstáculo. mas se esta for oblíqua. quer enfraquecendo-lhe a camisa em alguns pontos. cuja verdadeira designação é a de expansivos. pensou-se na criação de um projéctil que produzisse efeitos apreciáveis em qualquer parte do alvo. (5) Cartucho com bala explosiva Como o tiro contra objectos aéreos é difícil. mesmo pouco resistente. é projectado para a frente da bala. Com os projécteis maciços pode obter-se o mesmo resultado cavando-lhes um canal na sua parte anterior. (4) Cartuchos com bala incendiária A bala com núcleo de chumbo só na parte inferior. tem camisa vulgar. razão porque também lhes dão o nome de tracejantes. uma ponta achatada dará melhor resultado e assim tem de se adoptar uma forma intermédia. e cujo poder derrubante é muito grande. as trajectórias das balas ordinárias e perfurantes diferem bastante das da luminosa e portanto as indicações que estas dão não são de grande confiança. b. A característica mais importante destes projécteis é a sua extrema sensibilidade. Cartuchos especiais para instrução (1) Cartucho com bala (a) Para tiro reduzido VI . e a que se deu o nome de bala mista. de forma que ao dar-se o tiro se abra. que sofra um mínimo de perda de velocidade sob a acção da resistência do ar. activando a projecção do fósforo no espaço. deve ser tal. Porém. para que a explosão se dê antes de se ter atravessado o objectivo completamente. devido à grande velocidade dos mesmos e como os efeitos dos projécteis ordinários ou mesmo perfurantes são muito limitados. (6) Cartucho com bala expansiva Há ainda uns projécteis que têm tido emprego nas armas de caça. O resultado é que o projéctil desde a saída da boca da arma até que a composição luminosa esteja consumida. o que deu origem às balas explosivas. Este poder é obtido pela expansão do núcleo das balas bi-metais. extrair e ejectar e ainda para o treino do movimento de disparar.62x51. É também usual dizer-se de uma dada arma que “é de calibre tal” empregando-se então para designar o calibre. sendo que as especificações dimensionais do invólucro de cada calibre nominal. sem projéctil. de um invólucro com falsa escorva. (c) Simulada Estas munições utilizam balas de madeira ou de papel comprimido que se destroem antes de sair do cano.380. 30. 7.11 . são dadas em termos do seu calibre especificado. cada calibre especificado é conhecido por um nome que é o seu calibre nominal. (2) Cartucho simulado Para o treino dos soldados nos movimentos de carregar. Do que foi dito pode-se. o calibre nominal da munição usada. A identificação dos cartuchos (munições).38 special). No mesmo calibre nominal as munições só têm de ter em comum as características e dimensões do invólucro. grosso modo. Ou seja. Calibre nominal é a designação por que são conhecidas internacionalmente as munições a usar num dado sistema de arma. com o mesmo Fig. de peso muito reduzido. chamado de salva. Este tiro deve ser suficientemente preciso até 50 metros pelo menos. Podem empregar-se para este tiro as próprias armas de guerra utilizando munições especiais. sem prejuízo para a arma. é claro. . envoltos em socos destacáveis. com projécteis facilmente deformáveis (Fig. são indispensáveis cartuchos completamente inertes mas semelhantes aos de guerra. Não têm carga. Compõe-se este cartucho em geral.62x39. IDENTIFICAÇÃO Na descrição de munições.06 ou 40L70. por exemplo. se pode usar cargas de pólvora diferentes e projécteis de diferentes configurações e/ou pesos mas todos os seus invólucros têm de ser rigorosamente iguais. suficiente para designar sem ambiguidades a munição a que se aplica. o diâmetro dos seus projécteis mas aqui quer se trate de munições destinadas a sistemas de arma de cano estriado ou destinadas a sistemas de arma de cano liso.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Para ser possível a execução frequente e sem grande despesa de exercícios de pontaria e de tiro. mesmo que inclua projécteis sub-calibrados. (b) Reduzida Para tornar a instrução de tiro mais económica empregamse estas munições semelhantes às reais. (3) Cartucho de salva Para o treino das tropas utiliza-se um cartucho. VI-1-7 invólucro e escorva mas em que a carga é de menor peso e a bala descamisada. o calibre designa sempre o diâmetro máximo do corpo do projéctil. 3. inferir que nas munições de cada calibre nominal. 30-06. o termo calibre exprime. 7. VI-1-7). Essa designação pode ser numérica ou alfanumérica (por exemplo: . emprega-se o que se chama o tiro reduzido. Sistema Americano (em polegadas) VI . aparece-nos segundo dois grandes sistemas: a. quando em calibres muito conhecidos: (1) 7. VI . Existem ainda atiradores que fabricam as próprias munições.22 BB (Bullet Breech). (3) Fabricantes: (a) . (c) B – Belted (Cinturado). (b) SR – Smirimmed (Smirebordo). (c) .62 – calibre x 51 mm – comprimento do invólucro) Base: (1) Sem letras: Sem rebordo ou garganta – “Rimless” (2) Com letras: (a) R – Rimmed (C/ rebordo).250-3000 Savage (V0 = 3000pes/seg). Aparece ainda vulgarmente. (b) .270 Winchester.5x54 mm Mannlicher Schoenauer. (4) Armas a que se destinam: (a) . (4) 6. (d) . (b) .65 mm Parabellum.357 Magnum.218 Bee. Sistema Europeu – continental (em milímetros) Ex.45 AR (Auto Rim).62x51 mm (7.303 savage. (8) Características técnicas: . (7) Ano de adopção: . (2) 6. (6) Publicitárias + fabricante: (a) .32 ACP (Automatic Colt Pistol). (5) Puramente publicitárias: (a) . (c) .22 Long Rifle. (c) . (e) .Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO (1) Uso de letras: (a) .30 Mauser. b.30 Luger.357 Maximum. (2) Tamanho: (a) . (b) .22 Long.5x58 mm Mauser Vergueiro.30-03 (calibre oficial adoptado pelos USA em 1903).5 mm Mannlicher Carcano. (d) . ou por não existirem os calibres à venda no mercado ou por querem alterar as características normais das que vulgarmente existem.22 Remington Jet. que vulgarmente se denominam por WILDCATS. (b) .223 Remington. (c) .221 Remington Fire-Bull. (b) . (3) 6. (c) . (b) . (f) .22 CB (Comical Bullet).300 Weatherby Magnum.219 Hornet. (d) .: 7.38 S&W Special.12 .32 Colt New Special.22 Short. (d) RB – Rebated (Rebatido).44 S&W Russian. 3. Misto retardador (4). sopro ou clarão .Carga de rebentamento (2) .Especial.Moral. utilizáveis no campo de batalha e realizáveis em série.1 . isto é devem ser eficazes contra o adversário. Cápsula fulminante (3). (b) De percussão: se o artifício de fogo da granada é organizado de forma que só é posto a funcionar no momento em que esta embata contra qualquer corpo resistente provocando a imediata explosão da granada. ORGANIZAÇÃO Na organização das granadas há a considerar os seguintes aspectos (Fig. VII-1-1): . como todas as armas.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO PARTE VII GRANADAS DE MÃO E DE ESPINGARDA CAPÍTULO 1 ORGANIZAÇÃO DAS GRANADAS DE MÃO 1. através do som. através da utilização de determinados produtos químicos. previamente determinado. (2) Um artifício de fogo de tempos (Fig. podem dividir-se em dois grandes grupos. VII-1-1 certo tempo. 2. As granadas.Corpo da granada (3) 1 a. Actua por efeito: . 2. destinada a bater ângulos mortos. correspondente à duração do trajecto. VII-1-2) compõe-se geralmente de: (a) Espoleta com: 1. devem obedecer às condições enumeradas na Secção I. GENERALIDADES Granada de mão é definida como uma arma de arremesso de tiro curvo. através dos estilhaços . Detonador (5).Artifício de fogo (1) .Material. que dão o seu nome à granada: (a) De tempos: se o artifício de fogo da granada é 2 posto a funcionar imediatamente antes do lançamento desta ou no próprio momento em que é 3 lançada e vai funcionando durante o trajecto da mesma. dando-se a explosão desta passado um Fig. Artifício de fogo (1) Os artifícios de fogo encarados sob o ponto de vista do seu funcionamento. VII . os estilhaços não têm nunca alcances superiores a 15 metros. Cavilha de segurança (7). ovóide.2 . não excede 15 metros e que actuam principalmente pelo efeito moral através do som. Corpo da granada (9) Refere-se a toda a estrutura da granada. possuindo linhas de rotura que tanto podem ser interiores como exteriores. ou do choque violento do ar sobre os seres animados que alcança (sopro). Pode ter várias formas: cilíndrica. a fim de evitar fugas de gases. caso mais geral. o aço e a gusa acerosa (mistura de gusa e aço). Emprego táctico Podem ser: (1) Ofensivas São granadas de fraco raio de acção que em geral. artifício de fogo e efeitos (tipo de carga). c. Empregam-se quando as tropas que as lançam se encontram a descoberto. projectando os fragmentos com maior ou menor violência. Os materiais mais empregues são o ferro fundido. O corpo pode ser organizado de forma a facilitar a sua fragmentação em pedaços de Fig. Os sulcos podem ser anulares ou quadriculares e de forma a darem um número variável de estilhaços conforme o seu número. esférica. Alavanca de segurança (6). (d) Mecanismo de segurança com: 1.M. como ainda simultaneamente internas e externas. As linhas de roturas internas são preferíveis nas granadas cujo lançamento normal seja feito por meio de lança granadas. Carga de rebentamento (8) Destina-se a quebrar o corpo da granada.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO (c) Mecanismo de inflamação com: 1. a. A carga da granada é o elemento fornecedor de energia para a actuação da mesma. de folha de ferro ou de zinco ou de plástico. 3. de modo que devido ao seu reduzido peso. finalidade. b. Percutor (2). Mola do percutor (1). Ex: G. O seu corpo é sempre de muito fraca espessura. 2. as externas convêm às granadas de mão para facilitar a sua conservação na mão até ao momento do lançamento. etc. 2. Of. CLASSIFICAÇÃO As granadas podem classificar-se quanto ao emprego táctico. M/962. (2) Defensivas VII . VII-1-2 tamanho determinado. idênticas às de guerra no peso. M. VII . etc. (2) De instrução São destinadas à familiarização do método de introduzir o detonador. Semelhantes a estas. Os tipos são. Destinam-se a ser empregues quando as tropas que as lançam se encontram abrigadas de obstáculos que as defendam dos efeitos da própria granada. m/962 (3) Inertes As granadas inertes propriamente ditas são exclusivamente destinadas a ensinar a prática de manejo das granadas de mão ofensivas de guerra. Ex: G. Instr. que se fricciona numa lixa própria. como é de calcular. como acontece. Artifício de fogo (1) Tempos (a) Inflamação directa (Fig.) que é possível obter. a qual é substituída por uma tara de areia que lhes dá o mesmo peso daquelas. com os elementos de que dispõem. as de circunstância. comunicando-se-lhe o fogo directamente com um objecto em ignição. M.3 . Não possuem. M/962 b. não possuindo cápsula fulminante. ou por meio de uma cabeça fosfórica ligada à parte anterior da mecha. As de fabrico são as regulamentares. Ex: G. Embora se trate de granadas inertes. Finalidade Podem ser: (1) De guerra São as que respondem às necessidades da realidade da guerra e só se utilizam em campanha ou em exercícios com fogo reais. há que considerar uma remota possibilidade de haver projecção de fragmentos de pedras ou de componentes do artifício de fogo pelo que é conveniente guardar-se. carga. de retirar a cavilha de segurança e efectuar lançamentos. Of. c. forma e artifício de fogo. diferindo delas apenas na espoleta que é também inerte. A mecha é um pavio vulgar. M. pelas forças em operações. improvisadas ou auxiliares. 122) O artifício de tempos de inflamação directa. muito embora o raio de acção eficaz não ultrapasse 20 metros e que actuam fundamentalmente pela acção dos estilhaços do próprio corpo que é em geral espesso e feito de ferro ou aço e pela acção de fragmentos que se encontram no seu interior. de todos o mais simples e mais antigo. também chamadas de fortuna. uma distância de segurança que não deverá ser inferior a 20 metros. são iguais às granadas de instrução no que respeita à carga de rebentamento. Ex: G. Of. consiste numa espoleta formada apenas de dois elementos: a mecha e o detonador. Inerte m/962. São em princípio. são em geral preparadas em pequena escala. como acontece na maioria dos modelos de circunstância. Def. Podem ser de fabrico ou de circunstância. muito variados e dependem da abundância de meios (recipientes.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO São granadas cujo raio de acção perigoso pode atingir cerca de 200 metros. como medida de precaução. artifício de fogo. misto retardador e detonador. qualquer carga de rebentamento. 4 . Porém. espanhola. e que é posto a funcionar pela mecha. (2) Percussão VII . No outro extremo. um detonador. A escorva é então. 188) Nestas granadas o artifício de fogo é em tudo idêntico às de percussão prévia mecânica excepto na detonação da escorva. no meio da qual se encontra embutido um ferro torcido ou dois pedaços de arame enrolado um no outro e a que se dá o nome de frictor. bastando-lhe retirar a tampa de segurança. na granada m/918. (b) Fricção prévia mecânica (Fig. começando a funcionar só depois desta se ter abandonado. Faz-se detonar a escorva mecanicamente. que existe na parte superior da granada. a escorva. a sua escorva é diferente porque não funciona pelo choque mas por fricção. O detonador é formado por uma cápsula cheia de explosivo de grande poder detonante que se encontra em contacto com a carga e que está ligado a um extremo da mecha. a escorva é detonada automaticamente libertando um percutor ou porta cápsula fulminante no momento em que a granada abandona a mão do atirador. uma mecha vulgar ligada à escorva e que recebe o fogo desta. num percutor. (d) Percussão prévia mecânica (Fig. 123) O artifício de tempos de fricção prévia mecânica emprega uma espoleta com os mesmos três elementos do artifício de percussão prévia mecânica. inflama-se sem ser necessário o atirador puxar o frictor. com a diferença de que nesta. uma escorva constituída por uma cápsula fulminante.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO por exemplo. 125) O artifício de tempos de percussão prévia mecânica emprega uma espoleta na qual se encontram três elementos. o tubo é ligado à mecha. (e) Percussão prévia automática (Fig. (c) Fricção prévia automática (Fig. O granadeiro actua sobre o frictor. 124) Idêntica à anterior. formada por um tubo metálico cheio de uma substância que se inflama quando friccionada. que tem a duração de 7 segundos. caracterizam-se pelo facto de serem inteiramente inertes enquanto se conservam na mão do lançador. igual ao do artifício de inflamação directa. Este tipo de granadas é usado actualmente. O frictor sai do tubo formando uma argola por onde se puxa quando se quer fazer friccionar a escorva. Estas granadas estão obsoletas. As de percussão prévia automática. directamente antes do lançamento. por meio de uma pancada dada sobre qualquer corpo duro. Nestas. 1. uma cápsula fulminante e um detonador transmitindo-se a chama daquela directamente a este. como por exemplo. no momento da explosão. coração. quando contém partículas metálicas que entram em fusão. correspondem a um fim especial e por isso se denominam granadas especiais. (2) Especiais Estas possuem uma carga não explosiva. Incendiárias Projectam estas granadas. 2. porém escolhidos os gases que exercendo acção sobre as glândulas lacrimais. serve apenas para provocar a rotura do invólucro. Podem ser de dois tipos. os brometos de benzilo e de xililo. Podem ser ofensivas ou defensivas. Nas granadas de percussão não há misto retardador. por a permanência nas imediações do ponto de explosão se tornar impossível. compondo-se o seu artifício de fogo. d. o artifício de fogo é posto a funcionar quando a granada embate em qualquer corpo resistente. a difenilcrinarsina. permitindo a livre saída da carga especial.5 . como o cianeto de bromobenzilo. São pouco empregues como granadas de mão. não têm acção mortífera sobre os pulmões. causando fadiga e dores que impossibilitam o homem para o combate. Em seu lugar dispõem de uma carga que de harmonia com o fim a que se destinam.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Nestas. Os efeitos são passageiros e raramente duram mais de uma hora. no momento do seu emprego e cuja temperatura tem intensidade suficiente para fundir os objectos sobre os quais caem. as acetonas bromadas e a cloropicrina. produtos inflamados muito perigosos para o pessoal e também para o material. Efeitos (tipo de carga) (1) Explosivas São as granadas que utilizam na carga substâncias explosivas. 3. a difenilamino-cloroarsina. Actualmente estas granadas têm grande aplicação na manutenção da ordem pública. Esternutatórias As granadas esternutatórias são carregadas com gases irritantes das terminações nervosas da mucosa respiratória. etc. Sob a acção dos gases. sendo. Asfixiantes Destinam-se a forçar o inimigo a evacuar determinadas posições ou lugares. as cloroacetofenonas. (b) Não Vulnerantes VII . A carga explosiva quando existe. Estas granadas estão obsoletas. na sua forma mais simples. Irritantes a. (a) Vulnerantes Destinam-se a provocar baixas ao adversário ou deteriorar o seu material. Lacrimogéneas São carregadas com tóxicos irritantes das terminações nervosas externas da conjuntiva. Os gases produzidos por estas granadas causam intensa irritação dos olhos e em tempo quente podem irritar a pele. difenilcloroarsina. de um percutor. b. a pessoa atingida deve retirar-se para o ar puro enfrentando o vento e nunca esfregar os olhos. 1. Servem para distrair a atenção do inimigo e ocultar-lhe os movimentos próprios. 3. Iluminantes Têm por fim iluminar o campo de batalha.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Destinam-se a obedecer a uma função táctica não vulnerante. VII .6 . Fumígenas Têm como fim principal a formação de cortinas de fumos densos e opacos que impeçam a visibilidade. 2. Caloríferas São formadas em geral. Ignífugas São usadas contra incêndios. 4. por um corpo de cartão que encerra uma carga produtora de grande quantidade de calor. N. Características gerais Peso total: Carga: Raio de acção: Alcances: Espoleta: 310 gramas 190 gramas de T.T. Verde azeitona Pintura: c.5s 0. batendo ângulos mortos. 126) a.5s o que perfaz 4 a 5s. Duração de combustão do misto retardador 4. 10 a 15 metros Variam com a potência do braço do atirador De tempos. c Carga base VII . cavilha. Organização (1) Artifício de fogo De tempos e percussão prévia automática (a) Dispositivo de inflamação É constituído pelo conjunto do percutor. de percussão prévia automática. eixo do percutor e mola do percutor. b. (b) Espoleta 1 Porta cápsula 2 Cápsula fulminante 3 Misto retardador 4 Detonador No detonador encontramos: a Carga ignidora Tem como função criar à carga iniciadora a temperatura necessária para esta detonar. destinada ao combate próximo. GRANADA DE MÃO OFENSIVA DE GUERRA M/62 (Fig.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO II GRANADAS DE MÃO EM USO NO EXÉRCITO PORTUGUÊS 1. que actua por efeito moral (grande estrondo) e por acção de sopro (deslocação do ar). de tiro curvo. Destino É uma arma de arremesso.7 1-Alavanca de segurança 2-Cavilha de segurança 3-Argola de segurança 4-Corpo do detonador 5-Detonador 6-Corpo da granada 7-Cápsula 8-Porta cápsula 9-Carga de atraso 10-Cavilha do percutor 11-Mola do percutor 12-Percutor 13-Suporte do percutor 14-Anilha 15-Tampa . Por sua vez o conjunto do percutor é constituído pelo percutor propriamente dito e pelo suporte do percutor. b Carga iniciadora A sua função é detonar a carga base. que simultaneamente obriga o percutor a rodar em torno da sua cavilha eixo e a ferir a cápsula fulminante. d. O corpo da granada tem a mesma forma da granada ofensiva de guerra M/62 diferindo apenas na cor. É constituída por 190 g de T. destinada ao treino de lançamento em exercícios. VII .3 g. de tiro curvo.T. Não possui qualquer carga de rebentamento sendo os estilhaços provocados pelo efeito do detonador. b. Características principais Idênticas à da granada de mão ofensiva de guerra M/62 diferindo apenas na carga. com cerca de 10 cm de altura por 1. Descrição e nomenclatura Idêntica à da granada de mão ofensiva de guerra M/62. Uma vez lançada a granada a alavanca de segurança salta devido à acção da mola do percutor.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO É através da sua detonação que rebenta a carga.N. Carga: Côr: Raio de acção: não tem azul claro não tem c. GRANADA OFENSIVA DE INSTRUÇÃO M/62 a. comprimido o qual está dividido em três cilindros iguais de 63. (3) Corpo da granada O corpo da granada é de plástico com cor verde azeitona. 2. Funcionamento Retirada a cavilha de segurança a qual se destina a evitar o deslocamento do conjunto do percutor este fica imobilizado apenas pela alavanca de segurança. É essencialmente constituído por duas partes: (a) Uma exterior O corpo propriamente dito. Nesse momento inicia-se a combustão do misto retardador o qual provoca a explosão do detonador passados 4 a 5 segundos e por simpatia o rebentamento da carga da granada.5 cm de base. enquanto a granada estiver na mão do atirador.8 . Em vez da carga possui o mesmo peso (190 g) de areia o que faz que a granada pese o mesmo que a ofensiva M/62. (c) Dispositivo de segurança 1 Alavanca de segurança 2 Cavilha de segurança (2) Carga de rebentamento A carga da granada é o elemento fornecedor de energia para actuação da mesma. O artifício de fogo é o da granada de mão ofensiva M/62. cor e raio de acção. Destino É uma arma de arremesso. é cilíndrico. (b) Outra interior Também cilíndrica e coaxial com cerca de 5cm de altura por 1cm de base a que se chama bainha. T.9 . limpeza de abrigos. portanto. 1-Alavanca de segurança 2-Cavilha de segurança 3-Argola de segurança 4-Corpo do detonador 5-Detonador 6-Anilha 7-Cápsula 8-Porta cápsula 9-Carga de atraso 10-Cavilha do percutor 11-Mola do percutor 12-Percutor 13-Suporte do percutor 14-Corpo da granada 15.N. (2) Carga de rebentamento VII . d. de tiro curvo. 10 m 185 m Grandes efeitos materiais. Organização (1) Artifício de fogo: O artifício de fogo é igual ao da granada de mão ofensiva de guerra m/62 considerando-se. etc. 127) a.Baínha b. É empregue contra pessoal. 3. Destino É uma arma de arremesso. como válido tudo quanto foi dito em 1. c. Funcionamento Idêntico ao da granada de mão ofensiva de guerra M/62 diferindo apenas no seguinte: O rebentamento do corpo da granada é provocado apenas pelo detonador uma vez que não possui carga de rebentamento. Peso total: Carga: Raio de acção eficaz: Raio de acção perigoso: 517 g 60 g de T.(1) da referida granada. destinada ao combate próximo. GRANADA DEFENSIVA DE GUERRA M/62 (Fig.c.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO Embora se trate de uma granada inerte deverá considerar-se uma remota possibilidade de haver projecção de fragmentos de pedra ou de componentes do artifício de fogo. batendo ângulos mortos. Características principais Anotamos apenas as diferenças existentes entre esta e as da granada de mão ofensiva M/62. Assim. deverá guardar-se como medida de precaução uma distância de segurança de 30 metros (sensivelmente a mesma que para a granada real).. actuando por estilhaços provenientes do próprio corpo. ninhos de metralhadoras. (3) Corpo da granada O corpo da granada tem a forma de barril e é constituída essencialmente pelas seguintes partes: (a) Corpo metálico O corpo metálico divide-se em dois copos iguais que se ligam a meio da granada. pelo que atendendo a que o alcance normal do atirador é 35 m. A carga enche totalmente o corpo da granada o que está dividido em septos separando a mesma. Funcionamento Idêntico ao da granada ofensiva de guerra M/62. Características principais Anotamos apenas as diferenças dos da granada de mão ofensiva M/62. obrigará que o lançamento se faça com as necessárias precauções. Tem a cor verde azeitona e as marcas identificadoras são a amarelo vivo. Tem a forma de pinha. Organização A granada de mão é essencialmente constituída por: (1) Artifício de fogo O artifício de fogo é igual ao da granada de mão ofensiva de guerra M/62.N. em palhetas. A carga está comprimida e em forma de barril. fazendo um rebordo no corpo da mesma. d. b. É constituída por 60 g de T. (b) Bainha A bainha tem forma cilíndrica. 128) a. VII . GRANADA DEFENSIVA DE GUERRA M/63 (Fig. É empregue contra pessoal. com sulcos de fragmentação. O raio da zona perigosa é no entanto da ordem dos 185 metros (podendo acidentalmente haver estilhaços ou fragmentos de corpos duros que atingem distâncias superiores a 185m). Peso total: 455 g Carga: 156 g de composição B Raio de acção eficaz: 15 m Raio de acção perigoso: 185 m c. etc. (3) Corpo da granada O corpo da granada é de ferro fundido. estando estas no corpo da granada.10 . Actuando por estilhaços do corpo provenientes de uma espiral de fragmentação. É constituída por 156 gramas de composição B. Está ligada ao copo superior da granada e constitui o alojamento do detonador. limpeza de abrigos. 4. ninho de metralhadoras.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO A carga da granada é o elemento fornecedor de energia para a actuação da mesma.T. com um raio de acção eficaz de 10m. (2) Carga de rebentamento A carga da granada é o elemento fornecedor de energia para a actuação da mesma. Como o corpo da granada é de ferro fundido dá origem a estilhaços. Destino É uma arma de arremesso e de tiro curvo destinada ao combate próximo. batendo ângulos mortos. 129) 1-Espoleta 2-Cavilha de segurança 3-Alavanca de segurança 4-Detonador 5-Espiral de fragmentação 6-Corpo metálico 7-Explosivo (Comp. 5.Cavilha de segurança seja mais fácil a sua divisão em 3.Carga de atraso Esta espiral de fragmentação dá 7.0 Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO (c) Espiral de fragmentação A espiral de fragmentação é constituída por uma mola de aço em forma de barril de dimensões pouco inferiores às do corpo da granada.Alavanca de segurança A mola está segmentada para que 2.Copo Podendo acidentalmente haver 14.Mola do percutor origem a estilhaços com um raio 9. quando do 5.Porta cápsula rebentamento da carga. B) 8-Tampão VII . d. O 10.Bucha estilhaços ou fragmentos de 15.Reforço o alcance normal do lançamento 19.Tampa é de cerca de 35 metros. obrigará a que o lançamento se faça com as necessárias precauções.Percutor de acção eficaz de 15 metros. Funcionamento O mesmo que se disse para a granada de mão ofensiva de guerra m/62. Estes estilhaços são bastantes mais perigosos que os da granada de mão defensiva de guerra M/62.Detonador 12.Suporte do percutor raio da zona perigosa é da ordem 11. GRANADA DE MÃO DEFENSIVA M312 (Fig. atendendo a que 18. 6.Argola de segurança 4.Espiral de fragmentação distâncias superiores a 185 17.Cápsula pequenos pedaços.Bainha corpos duros que atinjam 16.Copo inferior metros pelo que.Cavilha do percutor 8.Anilha de 185 metros.11 . 13. 1.Disco base 20. 5 m 30 m ESPOLETA Designação: Atraso: C131 4 A 5s VII .12 .Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CARACTERÍSTICAS Origem: Tipo: Cor de código: Peso: Comprimento: Carga explosiva: Espiral de fragmentação: Portugal (SPEL) Explosiva de fragmentação Verde com marcas a amarelo 450 g 109 mm 150 g de COMP. B Raio eficaz: Raio de segurança: 150 g ( 900 Fragmentos) 10. no mesmo apoio. sendo possível o seu emprego contra tropas abrigadas. em que a curvatura superior desempenha a função de garra para adaptação à parte superior da saliência existente no meio da granada. O Dilagrama permite bater ângulos mortos. A fixação do apoio tronco cónico é feita por intermédio de três abas metálicas resultantes do corte rectangular feito. GENERALIDADES O Dilagrama é um dispositivo que conjuntamente com a granada de mão defensiva M/63 ao qual se fixa.13 . evitando que estes oscilem. Assim se garante uma perfeita fixação desta ao Dilagrama. um anel exterior e três aletas (2) ou empenagens propriamente ditas (o M/974 não as possui). (3) Grampo de armar (F) É um arco em aço e pode percorrer todo o ramo exterior do braço fixador mais comprido. fechado na parte anterior e ao qual se fixam o adaptador e a empenagem. O grampo de armar é impedido de se mover pelo papel Kraft (J). (4) Parafusos de fixação Estes parafusos prendem os braços fixadores e o apoio tronco cónico ao tubo cilíndrico. Vem com a respectiva munição (1). 2. c. (2) Três braços fixadores (E) São constituídos por molas de aço curvilíneas. Segurança VII . Adaptador da granada É constituído por (1) Apoio tronco cónico para a granada (A) Adapta-se perfeitamente à parte inferior da granada.utilizando a Espingarda Automática G3 . 3. formando um anel interior que envolve o extremo posterior do tubo cilíndrico (fixo por soldagem). Apresenta três cortes rectangulares e três fendas no bordo superior onde passam os braços fixadores.alcances superiores aqueles conseguidos pelo combatente. Empenagem (C) É metálica e constituída por três partes iguais ligadas nos seus extremos. CARACTERÍSTICAS a. b. Tubo cilíndrico (B) É um tubo liso. ORGANIZAÇÃO O dilagrama é constituído por três partes (Fig.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO CAPÍTULO 3 DILAGRAMA M/965 1. diminuindo assim o perigo para as nossas tropas. 130): a. permite obter . Um dos braços é mais comprido e tem cravado um ramo exterior (H) onde desliza o grampo de armar. o qual termina por um retentor (I). Em virtude da inércia. em virtude da duração do trajecto ser superior ao tempo gasto pela combustão do misto retardador. fragmenta-se.14 . o grampo de armar recua. o binómio Dilagrama – granada é projectado pela acção dos gases que actuam no topo anterior do tubo. Às distâncias maiores. O Dilagrama que se mantém solidário com a granada ao longo da trajectória. Cartucho propulsor O cartucho propulsor sem bala. FUNCIONAMENTO Colocada a granada no Dilagrama e colocado este na arma quando se prime o gatilho.2 gramas de uma mistura pólvora esférica e pólvora tipo 1. normalmente. parte o retentor e solta a alavanca de segurança da granada. a explosão dá-se alguns metros acima do solo. VII . momento em que começa a funcionar a espoleta. 4. Não se pode empregar qualquer outro tipo de cartucho.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO É garantida por dois sistemas: Cavilha de segurança da granada Grampo de armar b. Velocidade inicial A velocidade inicial é de aproximadamente 50m/s c. tem uma carga de 2. quando da explosão daquela. todo o contentor portátil de gases comprimidos cujo destino seja unicamente o de produzir descargas de gases momentaneamente neutralizantes da capacidade agressora. obteve características que lhe permitem funcionar como arma de fogo. tendo uma culatra móvel. de tipos e em quantidades que não sejam destinados a fins profiláctic os de protecção ou outro de carácter pacífico e que se mostrem nocivos ou letais para a vida. destinada a lançar projéctil metálico. ou corto-contundente. Arma de fogo transformada o dispositivo que. mediante uma única acção sobre o gatilho ou disparador. pela sua apresentação e características. Arco .o dispositivo portátil destinado a lançar gases por um cano. f. Arma eléctrica todo o sistema portátil alimentado por fonte energética e destinado unicamente a produzir descarga eléctrica momentaneamente neutralizante da capacidade motora humana. não podendo pela sua apresentação e características ser confundido com outras armas ou dissimular o fim a que se destina. ~ h. d. Arma de acção simples . Arma de ar comprimido a arma accionada por ar ou outro gás comprimido.a arma de fogo que é disparada mediante duas operações constituídas pelo armar manual do mecanismo de disparo e pelo accionar do gatilho. Arma de fogo todo o engenho ou mecanismo portátil destinado a provocar a deflagração de uma carga propulsora geradora de uma massa de gases cuja expansão impele um ou mais projécteis. G. bem como toxinas. faz uma série contínua de vários disparos.a arma branca destinada a lançar flechas mediante o uso da força muscular. c.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO GLOSSÁRIO DE DEFINIÇÕES LEGAIS 1 . l. Arma automática a arma de fogo que. Arma de acção dupla . nas armas equipadas com tambor. sendo o sistema de ignição colocado separadamente no exterior da câmara. n. com cano de alma lisa ou estriada. Arma lançadora de gases . b. no caso das armas de um ou mais canos. não podendo. i.1 . e. as facas borboleta. considerando-se equiparadas às de carregamento pela boca as armas que. m.o engenho susceptível de libertar ou de provocar contaminação por agentes microbiológicos ou outros agentes biológicos. as facas de arremesso. Arma branca todo o objecto ou instrumento portátil dotado de uma lâmina ou outra superfície cortante. Arma de antecarga a arma de fogo em que a culatra não pode ser aberta manualmente e o carregamento da carga propulsora e do projéctil só podem ser efectuados pela boca do cano. ser confundida com outras armas ou dissimular o fim a que se destina. flec has ou virotões. de comprimento igual ou superior a 10 cm e. as facas de abertura automática ou de ponta e mola. independentemente das suas dimensões. mediante uma intervenção mecânica modificadora.a arma de fogo que pode ser disparada efectuando apenas a operação de accionar o gatilho. Aerossol de defesa . Tipos de armas: a. seja qual for a sua origem ou modo de produção. não podem disparar senão cartucho combustível. j.o dispositivo com a configuração de uma arma de fogo destinado unicamente a produzir um efeito sonoro semelhante ao produzido por aquela no momento do disparo. k. Arma de alarme ou salva . os estiletes com lâmina ou haste e todos os objectos destinados a lançar lâminas. Arma biológica . perfurante. e pela boca das câmaras. g. composta por uma haste perfurante sem gumes e por um punho. Arma de sinalização . estriada ou de alma lisa. Arma submarina .o engenho ou qualquer equipamento.o mecanismo portátil com a configuração de uma arma de fogo. Besta . é recarregada pela acção do atirador sobre um mecanismo que transporta e introduz na c âmara nova munição. uma espingarda é u ma arma de fogo ligeira de cano longo. G. Es pingarda . cujas características excluem a conversão para o tiro de qualquer outro tipo de projéctil. rígido ou flexível.o engenho ou produto susceptível de provocar uma explosão por fissão ou fusão nuclear ou libertação de partículas radioactivas ou ainda susceptível de.a arma de fogo longa com cano de alma lisa 17 .o mecanismo portátil com a configuração de arma de fogo destinado a lançar um dispositivo pirotécnico de sinalização. uma carabina é u ma arma de fogo ligeira de cano mais curto que a espingarda.a arma branca. após cada disparo. ou instrumento com configuração de arma branca. Arma semiautomática .a arma eléctrica com a forma de um bastão.a arma de fogo sem depósito ou carregador.a arma branca. ab. y. q. retirada do depósito ou do carregador ou que posiciona a câmara para ser disparada a munição que contém.2 . aa. r. 17 Nas Forças Armadas Portuguesas. munição ou dispositivo especificamente concebido para libertar produtos tóxicos e seus precursores que pela sua acção química sobre os processos vitais possa causar a morte ou lesões em seres vivos. Carabina . Arma de tiro a tiro .o mecanismo portátil com a configuração de uma arma de fogo destinado unicamente a disparar projéctil de injecção de anestésicos ou outros produtos veterinários sobre animais. estriada ou de alma lisa.a arma branca dotada de mecanismo de disparo que se destina exclusivamente a lançar virotão. ad. Boxer . Arma veterinária .Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO o. Arma de repetição . v. Bastão eléctrico . t. destinado unicamente a lançar linha ou cabo. w. z.a arma branca destinada unicamente a disparar arpão quando submersa em água. por outra forma.a arma de fogo longa com cano de alma estriada 16 . destinado a ser empunhado como meio de agressão ou defesa. ac. ou instrumento com configuração de arma branca. Bastão extensível . após cada disparo. difundir tal tipo de partículas. tendo geralmente u m co mprimento de cano acima dos 25 calibres. mediante uma única acção sobre o gatilho. Estrela de lançar . ab. que é carregada mediante a introdução manual de uma munição em cada câmara ou câmaras ou em compartimento situado à entrada destas. tendo geralmente um co mprimento de cano abaixo dos 25 calib res. p.a arma de fogo com depósito fixo ou com carregador amovível que.o instrumento metálico ou de outro material duro destinado a ser empunhado e a ampliar o efeito resultante de uma agressão. em forma de estrela com pontas cortantes que se destina a ser arremessada manualmente. Arma lança-cabos . 16 Nas Forças Armadas Portuguesas.Estilete . x.a arma de fogo com depósito fixo ou com carregador amovível que. fazer mais de um disparo. u.o instrumento portátil telescópico. se carrega automaticamente e que não pode. de um ou mais canos. s. Arma química . Arma radioactiva ou susceptível de explosão nuclear . Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO ae. Faca de arremesso - a arma branca, ou instrumento com configuração de arma branca, composta por uma lâmina integrando uma zona de corte e perfuração e outra destinada a ser empunhada ou a servir de contrapeso com vista a ser lançada manualmente; af. Faca de borboleta - a arma branca, ou instrumento com configuração de arma branca, composta por uma lâmina articulada num cabo ou empunhadura dividido longitudinalmente em duas partes também articuladas entre si, de tal forma que a abertura da lâmina pode ser obtida instantaneamente por um movimento rápido de uma só mão; ag. Faca de abertura automática ou faca de ponta e mola - a arma branca, ou instrumento com configuração de arma branca, composta por um cabo ou empunhadura que encerra uma lâmina, cuja disponibilidade pode ser obtida instantaneamente por acção de uma mola sob tensão ou outro sistema equivalente; ah. Pistola - a arma de fogo curta, de tiro a tiro, de repetição ou semiautomática; ai. Pistola-metralhadora - a arma de fogo automática, compacta, que utiliza munições para arma de fogo curta; aj. Revólver - a arma de fogo curta, de repetição, com depósito constituído por tambor contendo várias câmaras; al. Arma de starter - o dispositivo tecnicamente não susceptível de ser transformado em arma de fogo, com a configuração de arma de fogo, destinado unicamente a produzir um efeito sonoro, para ser utilizado em actividades desportivas e treinos de caça; 2. Partes das armas de fogo: a. Alma do cano - a superfície interior do cano entre a câmara e a boca; b. Alma estriada - a superfície interior do cano com sulcos helicoidais ou outra configuração em espiral, que permite conferir rotação ao projéctil, dotando-o de estabilidade giroscópica; c. Alma lisa - a superfície interior do cano não dotada de qualquer dispositivo destinado a imprimir movimento de rotação ao projéctil; d. Báscula - parte da arma de fogo em que se articula o cano ou canos e que obtura a câmara ou câmaras fazendo o efeito de culatra; e. Boca do cano - a extremidade da alma do cano por onde sai o projéctil; f. Caixa da culatra - a parte da arma onde está contida e se movimenta a culatra; g. Câmara - a parte do cano ou, nos revólveres, a cavidade do tambor onde se introduz a munição; h. Cano - a parte da arma constituída por um tubo destinado a guiar o projéctil no momento do disparo; i. Cão - a peça de um mecanismo de percussão que contém ou bate no percutor com vista ao disparo da munição; j. Carcaça - a parte da arma curta de que faz parte ou onde se fixa o punho e que encerra o mecanismo de disparo; l. Carregador - o contentor amovível onde estão alojadas as munições numa arma de fogo; m. Coronha - a parte de uma arma de fogo que se destina a permitir o seu apoio no ombro do atirador; n. Corrediça - a parte da arma automática ou semiautomática que integra a culatra e que se movimenta em calhas sobre a carcaça; o. Culatra - a parte da arma de fogo que obtura a extremidade do cano onde se localiza a câmara; p. Depósito - o compartimento inamovível de uma arma de fogo onde estão alojadas as munições; G- 3 Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO q. Gatilho ou cauda do gatilho - a peça do mecanismo de disparo que, quando accionada pelo atirador, provoca o disparo; r. Guarda-mato - a peça que protege o gatilho de accionamento acidental; s. Mecanismo de disparo - o sistema mecânico ou outro que, quando accionado através do gatilho, provoca o disparo; t. Mecanismo de travamento - o conjunto de peças destinado a bloquear a culatra móvel na posição de obturação da câmara; u. Partes essenciais da arma de fogo - nos revólveres, o cano, o tambor e a carcaça, nas restantes armas de fogo, o cano, a culatra, a caixa da culatra ou corrediça, a báscula e a carcaça; v. Percutor - a peça de um mecanismo de disparo que acciona a munição, por impacte na escorva ou fulminante; x. Punho - a parte da arma de fogo que é agarrada pela mão que dispara; z. Silenciador - o acessório que se aplica sobre a boca do cano de uma arma destinado a eliminar ou reduzir o ruído resultante do disparo; aa. Tambor - a parte de um revólver constituída por um conjunto de câmaras que formam um depósito rotativo de munições; ab. Sistema de segurança de arma - mecanismo da arma que pode ser accionado pelo atirador, destinado a impedir o seu disparo quando actuado o gatilho. 3. Munições das armas de fogo e seus componentes : a. Bala ou projéctil - a parte componente de uma munição ou carregamento que se destina a ser lançada através do cano pelos gases resultantes da deflagração de uma carga propulsora ou outro sistema de propulsão; b. Calibre da arma - a denominação da munição para que a arma é fabricada; c. Calibre do cano - o diâmetro interior do cano, expresso em milímetros ou polegadas, correspondendo, nos canos de alma estriada, ao diâmetro de brocagem antes de abertas as estrias, ou equivalente a este diâmetro no caso de outros processos de fabrico; d. Carga propulsora ou carga de pólvora - a carga de composto químico usada para carregar as munições ou a carga de pólvora preta ou substância similar usada para carregar as armas de carregamento pela boca; e. Cartucho - o recipiente metálico, plástico ou de vários materiais, que se destina a conter o fulminante, a carga propulsora, a bucha e a carga de múltiplos projécteis, ou o projéctil único, para utilização em armas de fogo com cano de alma lisa; f. Bucha - a parte componente de uma munição em plástico ou outro material, destinada a separar a carga propulsora do projéctil ou múltiplos projécteis, podendo também incorporar um recipiente que contém projécteis; g. Cartucho carregado - a munição para arma de fogo com cano de alma lisa contendo todos os seus componentes em condições de ser disparado; h. Cartucho vazio - o cartucho para arma de fogo com cano de alma lisa não contendo nenhum dos componentes necessários ao disparo; i. Cartucho de letalidade reduzida - o cartucho carregado com projéctil ou carga de projéctil não metálicos com vista a não ser letal; G- 4 Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO j. Cartucho carregado com bala - a munição carregada com projéctil único, para arma com cano de alma lisa, ou arma com cano raiado para utilização de munições para arma com cano de alma lisa; l. Chumbos de caça - os projécteis, com diâmetro até 4,5 mm, com que se carregam os cartuchos de caça; m. Componentes para recarga - os cartuchos, invólucros, fulminantes ou escorvas, carga propulsora e projécteis para munições de armas de fogo; n. Fulminante ou escorva - o componente da munição composto por uma cápsula que contém mistura explosiva, a qual, quando deflagrada, provoca uma chama intensa destinada a inflamar a carga propulsora da munição, não fazendo parte da munição nas armas de carregamento pela boca; o. Invólucro - o recipiente metálico, de plástico ou de outro material, que se destina a conter o fulminante, a carga propulsora e o projéctil para utilização em armas com cano de alma estriada; p. Munição de arma de fogo - o cartucho ou invólucro ou outro dispositivo contendo o conjunto de componentes que permitem o disparo do projéctil ou de múltiplos projécteis, quando introduzidos numa arma de fogo; q. Munição com projéctil desintegrável18 - a munição cujo projéctil é fabricado com o objectivo de se desintegrar no impacte com qualquer superfície ou objecto duro; r. Munição com projéctil expansivo - a munição cujo projéctil é fabricado com o objectivo de expandir no impacte com um corpo sólido; s. Munição com projéctil explosivo - a munição com projéctil contendo uma carga que explode no momento do impacte; t. Munição com projéctil incendiário - a munição com projéctil contendo um composto químico que se inflama em contacto com o ar ou no momento do impacte; u. Munição com projéctil encamisado - a munição com projéctil designado internacionalmente como full metal jacket (FMJ), com camisa metálica que cobre o núcleo em toda a sua extensão, com excepção, ou não, da base; v. Munição com projéctil perfurante - a munição com projéctil destinado a perfurar alvos duros e resistentes; x. Munição com projéctil tracejante - a munição com projéctil que contém uma substância pirotécnica destinada a produzir chama, ou chama e fumo, de forma a tornar visível a sua trajectória; z. Munição com projéctil cilíndrico - a munição designada internacionalmente como wadcutter de projéctil cilíndrico ou de ponta achatada, destinada a ser usada em tiro desportivo, provocando no alvo um orifício de contorno bem definido; aa. Munição obsoleta - a munição de fabrico anterior a 1 de Janeiro de 1891, ou posterior a essa data, que tenha deixado de ser produzida industrialmente e que não é comercializada há pelo menos 40 anos; ab. Percussão anelar ou lateral - o sistema de ignição de uma munição em que o percutor actua sobre um ponto periférico relativamente ao centro da base da mesma; ac. Percussão central - o sistema de ignição de uma munição em que o percutor actua sobre a escorva ou fulminante aplicado no centro da base do invólucro; ad. Zagalotes - os projécteis, com diâmetro superior a 4,5 mm, que fazem parte de um conjunto de múltiplos projécteis para serem disparados em armas de fogo com cano de alma lisa; 18 Conhecida co mo munição frangível. G- 5 a corrediça ou a báscula de uma arma se encontra de forma que a câmara não esteja obturada. e. Munição de salva ou alarme . produtos ou substâncias fabricados para fins militares e utilizados pelas Forças Armadas e forças e serviços de segurança. ou com paredes. Carreira de tiro . Casa forte ou fortificada .o acto voluntário de disparar uma arma apontada para zona livre de pessoas e bens. Outras definições: a. f. engenhos. Campo de tiro . compra e venda ou reparação de armas de fogo e suas munições. caso existam.qualquer pessoa singular ou colectiva cuja actividade profissional consista. c.o acto de pressionar o gatilho. o facto de ter em seu poder ou na sua esfera de disponibilidade uma arma. b. corrediça ou báscula de uma arma se encontra de forma a obturar a câmara. no fabrico. sendo em todos os casos dotado de porta de segurança com fec hadura de trancas e. h. Culatra fechada . g. para que este se sirva dela durante certo período. e.a construção ou compartimento de uso exclusivo do portador ou detentor. 5. accionando o mecanismo de disparo da arma. f. Disparar . Armeiro . funcional e exclus ivamente destinada à prática de tiro com arma de fogo carregada com munição de projéctil único.a munição sem projéctil e destinada unicamente a produzir um efeito sonoro no momento do disparo.o conjunto de operações realizadas sequencialmente que ocorrem durante o funcionamento das armas de fogo de carregar pela culatra.a posição em que a culatra. G. Arma de fogo carregada . Culatra aberta .Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO ae.o ano em que a arma foi produzida ou. Arma de fogo municiada . saindo a arma da esfera de disponibilidade do seu proprietário. meios militares e material de guerra .a entrega de arma a terceiro. b. i. Ciclo de fogo . instrumentos.a arma de fogo que tenha uma munição introduzida na câmara e a arma de carregar pela boca em que seja introduzida carga propulsora. Detenção de arma -.a posição em que a culatra. 4. quando iniciada a sua produção. de forma a provocar o lançamento do projéctil. d. Data de fabrico de arma . d. com a obrigação de a restituir findo o mesmo. integralmente edificada em betão. janelas com grades metálicas. sendo desconhecido. Cedência a título de empréstimo . ou alvenaria.a arma de fogo com pelo menos uma munição introduzida no seu depósito ou carregador. soalho e tecto reforçados com malha ou estrutura metálica. Disparo de advertência . armas. Equipamentos. c.a instalação interior ou exterior.os equipamentos. total ou parcialmente. fulminante e projéctil na câmara ou câmaras. Arma de fogo com segurança accionada -. a arma de fogo em que está accionado o mecanismo que impede o disparo pela pressão no gatilho.a instalação exterior funcional e exclus ivamente destinada à pratica de tiro com arma de fogo carregada com munição de projécteis múltiplos. Funcionamento das armas de fogo: a.6 . g. bem como demais características técnicas de armas pelo director nacional da PSP. Cadeado de gatilho . Engenho explosivo civil . de forma a não ser susceptível de uso imediato. Transporte de arma . definida pela autoridade pública. de quaisquer bens oriundos de país terceiro e que se destinam a exportação ou transferência para outro Estado. nela se podendo incluir os trajectos. comércio.todos aqueles que utilizem substâncias ou produtos explosivos ou incendiários de fabrico artesanal não autorizado. transferência. s.a aprovação de marca. r. Explosivo civil . estações ferroviárias. construídos ou adaptados para o efeito. onde se concentrem assistentes ou apoiantes desse evento. Estabelecimento de diversão nocturna . o. áreas e outros espaços públicos.a entrada ou introdução nos limites fiscais do território nacional. l. m. Homologação de armas e munições . ou a saída de quaisquer bens de Portugal tendo como destino final Estados membros da União Europeia. z. quando provenientes de países terceiros à União Europeia. de quaisquer bens. u. x. fabrico e comercialização está sujeito a autorização concedida pela autoridade competente. dele envolventes ou não. Uso de arma . apontar ou disparar uma arma. v. ab. Exportação .a zona de controlo da circulação pedestre ou viária. bem como a sua permanência em estância alfandegária ou zona internacional. n.o acto de trazer consigo uma arma branca ou uma arma municiada ou carregada ou em condições de o ser para uso imediato. dotado de lugares permanentes e reservados a assistentes. Engenho explosivo ou incendiário improvisado . p.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO j. estradas. Porte de arma . todos os locais públicos ou privados.o dispositivo aplicado ou fazendo parte da arma que impede o accionamento do gatilho e o disparo da arma. accionamento de mecanismo ou remoção de peça que impossibilite disparar a mesma. q.a entrada em território nacional de quaisquer bens previstos na presente lei.o acto de depositar a arma.a passagem por território nacional. no domicílio ou outro local autorizado. Guarda de arma .os artefactos que utilizem produtos explosivos cuja importação. G. Trânsito . modelo.entre as 0 e as 9 horas. discotecas e similares. bem como a aplicação de cadeado. a aguardar os procedimentos legais aduaneiros. com vigência temporal determinada. importação e utilização estejam sujeitos a autorização concedida pela autoridade competente.7 . Importação .o acto de empunhar. bem como a sua permanência em estância alfandegária ou zona internacional a aguardar os procedimentos legais aduaneiros. Recinto desportivo .o espaço criado exclusivamente para a prática de desporto. t. Zona de exclusão . quando provenientes de Estados membros da União Europeia tendo Portugal como destino final.o acto de transferência de uma arma descarregada e desmuniciada ou desmontada de um local para outro.a saída dos limites fiscais do território nacional de quaisquer bens com destino a país terceiro à União Europeia. após o último controlo de entrada.todas as substâncias ou produtos explosivos cujo fabrico. que se encontrem a funcionar essencialmente como bares. em cofre ou armário de segurança não portáteis. na sequência ou não de um processo de licenciamento municipal. a aguardar os procedimentos legais aduaneiros. Transferência . aa. com carácter fixo e com estruturas de construção que lhe garantam essa afectação e funcionalidade. salas de jogos eléctricos ou manuais e feiras de diversão. fluviais ou de camionagem com ligação ou a servirem o acesso a recintos desportivos. casa-forte ou fortificada. G. Arma de aquisição condicionada . ad.8 .a informação emitida pela Direcção Nacional da PSP destinada a comunicar instrução técnica ou procedimental aos titulares de licenças e alvarás emitidos ao abrigo da presente lei.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO ac.a arma que só pode ser adquirida por quem tenha licença habilitante e autorização da Direcção Nacional da PSP. ae. Ornamentação .a exposição de arma em local a indicar pelo requerente e identificado na correspondente licença F. Norma técnica . GUEDES.. Feltham. 1999. 2004. 1993. As armas em 1000 fotografias.B e S MITH. Lisboa : Morais Editora. Viaturas Blindadas e Tiro . 1962. ISBN 978-1857531046. Brasil : Livros e Livros. 1971. ISBN 972-8378-12-2.l. Éric e PIETRARU. London : Brassey's UK. Handguns & Rifles . MACIEIRA. London : Parkgate Books. Lourenço. ISBN 0710617976. Jean-J acques. ISBN 972-8816-43-X. Brassey's New Battlefield Weapons Systems and Technology Series in the 21st Century. 1962. PASCHOA. Terry J. 1962. 1951. DAEHNHARDT.Armas e Armaduras. 1999. Historia da Arma de Fogo Portatil. Les Armes Blanches Modernes.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO BIBLIOGRAFIA MONOGRAFIAS ALLSOP.1ª Parte. Homens. TELO. CANB Y. Courtl and. Henry. LDA. MARDEL. Lubomir. Derek [ed. Lisboa : Ministério do Exército. Espadas e Tomates. 1995. ISBN 1857531078.]. Armamento. Armamento. 1966. 1971. Arma mento. I . Brassey's Essential Guide to Military Small Arms. Pollard's History of Firearms. 1994-95.] e POPELINS KY. Lisboa : Imp rensa Nacional. 1996. Ian. Armas Portáteis e Engenhos de Acompanhamento. DOD-2600-6408-93. 1965. ISBN 0600331547 . TAVARD. UNITED NATIONS PROTECTION FORCE (UNPROFOR).The Finest Weapons from Around the World. England : Country Life Books. BLAIR.H. 1996. Coulsdon. 1999. BONDOUX. Lisboa : Editorial Verbo. Luiz. Washington D. HOGG. et al. B-1 . W. 1997.C : Do D USA. Lisboa : Academia M ilitar. 1995. ISBN 1902616456. Lisboa : Academia Militar. Coulsdon. 2ª Ed ição. London : Brassey's UK. 1997. J oseph E. 1962.. 1999. Vol. Armando. Former Yugoslavia Handbook. Arma mento do Exército Português. 1966. Small Arms of the World. 9789722211055. I. s. Cannons . 1994. Vo l. 1999. 1996. ALLSOP. Edg ar. DEPARTMENT OF DEFENS E OF US. Jane's Infantry Weapons. Jane's Infantry Weapons. 1997-98.Arma mento Ligeiro. 1983. 1994. 1993. Florianópolis. Rainer. Surrey : Jane's Information Group. ISBN: 0710611595.Land Warfare. Lisboa : Academia M ilitar. London : BAe Defense. 1997. PA : Stackpole Books. —. Mário. Claude et al. GANDER. 2004. Carl os e MARTINS. 1951. [ed. ROYAL ORDENANCE DIVIS ION . —. Mine Date. Enciclopédia Visual . Harrisburg. Antóni o e ÁLVARES. Lisboa : Prefácio.B RITIS H AEROSPACE DEFENS E. História Do Armamento. 1993. SMITH. 1993. 1965. : Publicações Quipu. Michele. 1887. M iddlesex. B YAM. 1983. New York : Un ited Nations. 1887. 1996. GANDER. Surrey : Jane's Informat ion Group. Derek. Terry. Mortar 81 mm L16A2. 1997. Paris : Balland. 1999. Sancho Manuel. nº 906 de Mar98. Alexandria. US : M ilwau kee Public Museum. Cristóvão de Gama. ASIN B0007EX6BE. D. D. 1963. Francisco de Almeida. TILD do CEM 97/98 TRABALHOS DE GRUPO NO ÂMBITO DA DISCIPLINA DE ARMAMENTO DOS 3º ANOS DE INF/CAV/GNR DOS CURSOS: D. Miguel Pereira Forjaz. Concepção e Emprego de Armas não Letais no Futuro Campo de Batalha. 1958. Milwaukee WI. Série IV nº 01. nº 06 de 11Fev98 nº 08 de 25Fev98 nº 09 de 04Mar98 PONTO DE ENCONTRO. nº 954 de Mar97. Revista de informação das Tropas Aerotransportadas. nº 930 de Mar95. El don. Battlefield Interoperability in Areas Under the responsability of the NAAG. nº 967 de Abr98 TESES.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO US ARMY MATERIAL COMMAND. VA : US Army Materiel Co mmand. DISSERTAÇÕES E PROVAS ACADÉMICAS VIEIRA. CIOE. Luis de Meneses. nº 65 a 80 JANE’S DEFENSE WEEKLY. nº965 de Fev98. nº 937 de Out95. Maj Ramos. nº 919 de Abr94 . 1997 B-2 . Paiva Couceiro e General Sebastião de Sousa Telles RELATÓRIOS CIENTÍFICOS E TÉCNICOS NORTH ATLANTIC TREATY ORGANIZATION. 1958. 1995 REVISTA DO EXÉRCITO BRASILEIRO. Duarte de Almeida. Volume 29. Air Guns. nº 909 de Jul93. WOLFF. 1963. António da Silveira. 1º Trimeste de 1997 SIENCE ET VIE. Volume 28. Fuzing System Safety design . nº 927 de Dec94. D. Infantry Small Arms ( post 2000). Volume 134.. Gen de Divisão Fontes Pereira de Melo. O Mundo da Arma Ligeira. Elements of Armament Engineering Weapon Systems and Components. nº 181 Abr/Jul97 ARMAS E MUNIÇÕES. PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS BOINA VERDE. Revista Bimestral de informação sobre Armas e Munições GUN. D. 1996 NORTH ATLANTIC TREATY ORGANIZATION. nº 23 de 10Dec97. 1992 NORTH ATLANTIC TREATY ORGANIZATION. Sniper Detection Technology. Insensitive Munitions. Standard Small Arms Ammunition. 1997 NORTH ATLANTIC TREATY ORGANIZATION. 1997 B-3 . Non-Lethal Weapons. 1996 NORTH ATLANTIC TREATY ORGANIZATION. 1996 NORTH ATLANTIC TREATY ORGANIZATION. Mission Need Document on NATO Soldiers Modernization Plan. 1991 NORTH ATLANTIC TREATY ORGANIZATION. Small Arms Ammunition – Operational Interchangeability. 1997 NORTH ATLANTIC TREATY ORGANIZATION.Manual do Aluno ELEMENTOS DE ARMAMENTO NORTH ATLANTIC TREATY ORGANIZATION.