(Parte 1 de 7) Manual carcinicultura CAMARÃO DA MALÁSIA” (Macrobrachium rosenbergii) 4.0 Espécies de Camarão de Água Doce de Potencial para Cultivo 14 5.0 Produção de Larvas (Larvicultura) 15 5.1 Escolha do Local 15 5.2 Condições FísicoQuímicas e Bacteriológicas da Água 16 5.3 Luminosidade 16 5.4 Higiene 16 5.5 Construção de Tanques 17 5.6 Produção de Larvas 20 5.7 Estocagem e Transporte de Pós-Larva 2 5.8 Abastecimento e Drenagem de Água 23 5.9 Equipamento 23 6.0 Características de Sistemas de Cultivo 25 7.0 Escolha do Local 27 8.0 Construção de Parque de Cultivo 28 8.1 Arranjo Físico 28 9.0 Tecnologia de Produção 32 2 9.1 Monitoramento de Qualidade de Água 32 9.1.1 Temperatura da Água de Cultivo 3 9.1.2 Transparência 34 9.1.3 Oxigênio Dissolvido – (O.D.) 35 9.1.4 Potencial de Hidrogeniônico (pH) 37 9.1.5 Alcalinidade Total 38 9.1.6 Dureza 38 9.1.7 Teor de Ferro 38 9.2 Manutenção e Preparação dos Viveiros 39 9.3 Transporte das pós-larvas e Povoamento dos Viveiros 40 9.4 Fertilização 41 9.5 Biometria 41 9.6 Despesca 41 9.7 Ração e Arraçoamento 42 9.7.1 Ração 42 9.7.2 Arraçoamento 43 9.8 Controle de Predadores e Competidores 45 10.0 Tecnologia Pós-Despesca 48 1.0 Análise de Riscos 51 12.0 Estudo de Mercado 52 13.0 Aspectos Financeiros 53 13.1 Sistema Semi-Intensivo 53 13.1.1 Custo de Produção 53 13.1.2 Custo Total da Produção 54 13.1.3 Custo Unitário da Produção 54 14.0 Fluxograma de Produção 5 15.0 Glossário 56 16.0 Referências Bibliográficas 58 Apresentação A carcinicultura de água doce, atualmente, pode ser considerada como uma atividade economicamente viável, ecologicamente equilibrada, tecnologicamente desenvolvida, geradora de emprego, importante meio de fixação do homem em áreas rurais e como um promissor aqüinegócio. A carcinicultura comercial no Brasil vem apresentando um rápido crescimento nos últimos anos, sustentada por tecnologias apropriadas à cadeia produtiva, pelos excelentes resultados de produção das fazendas e pela ótima aceitação no mercado consumidor. Este manual apresenta informações básicas e essenciais sobre a carcinicultura comercial em sistema tradicional. A maioria das informações práticas é fruto das ações desenvolvidas nas pequenas propriedades rurais do Espírito Santo, onde se implantou o cultivo de camarão de água doce, sobretudo pela utilização do camarão da Malásia (Macrobrachium rosenbergii). Com uma linguagem simples e direta este manual pode ser facilmente utilizado por técnicos, estudantes, produtores rurais e investidores em geral. Este é apenas um veículo de informação, atualização e estimulo à atividade de carcinicultura. É importante ressaltar que para a implantação de cultivos comerciais se faz necessário uma assistência técnica, por pessoal capacitado para que se obtenham resultados financeiros satisfatórios. A criação de camarão da Malásia é uma atividade relativamente nova no Brasil. As primeiras experiências com cultivo comercial foram feitas em 1978 pela Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária, com pós-larvas importada do Hawai. O cultivo dessa espécie de camarão desponta hoje como uma excelente alternativa econômica para pequenos e médios produtores rural. Aplicando-se as modernas tecnologias de manejo disponíveis no mercado, consegue-se chegar a altos índices de produtividade, garantindo, desta forma, um rápido retorno dos investimentos realizados. Atualmente, o camarão de água doce vem sendo cultivado nos estados litorâneos, principalmente no nordeste e sudeste e também alguns estados do interior do País. O Espírito Santo conta com aproximadamente 200 propriedades rurais produzindo camarão da Malásia, a maioria delas constituídas por pequenos produtores com área alagada de até 1.0 ha. A boa aceitação do produto no mercado consumidor e a baixa produção nacional garantem excelentes condições de comércio, sendo praticamente toda a produção alocada no mercado interno. Os governos Estaduais e sobretudo Federal vêm tentando implementar uma política arrojada de aumento de produção e da produtividade, mediante a criação de órgãos destinados ao acompanhamento das atividades especificas, como a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, e a disponibilização de linhas de crédito mais favoráveis aos produtores. 2.0 - FICHA TÉCNICA Carcinicultura de água doce (Criação de Camarões de água doce) Setor da economia Primário Ramo de atividade Aqüicultura Funcionários necessários 01 ou 02 Área mínima 5000 m2 Grau de risco Baixo Pré-requisitos Para esse empreendimento é desejável um terreno pouco acidentado e próximo de uma fonte de água doce (rio, nascente, poço ou córrego) para o cultivo em viveiros de terra. 3.0 - BIOLOGIA 3.1 Filogenia (*) e Classificação Crustáceos da Ordem Decápoda, apresentam cinco pares de apêndices locomotores, os camarões são descendentes dos malacostracos, grupo de crustáceos existentes desde o período cambriano, e portanto, com cerca de 90 milhões de anos. Os malacostracos abrangem dois grupos: os Peracarida e os Eucarida. Os camarões de água doce, embora próximos zoologicamente aos de água salgada, são da Sub-ordem Pleocyemata, diferindo daqueles da Sub-ordem Dendrobranchiata. O camarão de água doce pertence ao gênero Macrobrachium e à espécie Macrobrachium rosenbergii. Filo: Arthropoda Sub-filo:Crustacea Sua Classificação Zoológica é a seguinte: Sub-classe:Eumalacostraca Ordem: Decapoda Sub-ordem: Pleocyemata Infra-ordem: Caridea Super-família:Palaemonoidea Família: Palaemonidae Sub-família: Palemoninae Gênero: Macrobrachium Espécie: Macrobrachium rosenbergii Classe: Malacostraca Super-ordem: Eucarida 3 Morfologia Externa Os camarões apresentam o corpo dividido em duas partes: cefalotórax e abdômen. ao longo do qual se encontram estruturas dentadas em sua superfície superior e inferior. A extremidade anterior da carapaça apresenta um prolongamento em forma de espinho. (Extraído de Valenti. . desaparecendo na fase adulta. O cefalotórax é constituído por vários segmentos (6 cefálicos e 8 toráxicos) formando uma peça única. é constituído por seis segmentos seguidos de uma estrutura pontiaguda. Localizado inferiormente à base do rostro estão inseridos os pedúnculos oculares. o rostro. Algumas espécies necessitam da água salobra para fecharem seu ciclo de vida. a carapaça. vivendo basicamente na água doce. encontram-se definidos no glossário. que aparecem sublinhados no texto. achatado lateralmente e revestido por um exoesqueleto formado basicamente por quitina (carboidrato) e sais de cálcio. Dos segmentos cefálicos o primeiro só é visível nos estágios embrionários. 1998) 3. somitos e principais apêndices cefalotoráxicos e abdominais (Pe = pereiópodo.3. Figura 1 – Morfologia externa de M. trinta são encontradas no continente americano. Pl = pleópodo). rios. O corpo é alongado. Atualmente são conhecidas mais de 120 espécies e destas. outras não. Distribuem-se nas regiões tropicais e subtropicais. 1) Os termos como filogenia. Podem ser encontrados em lagos. pântanos e estuários. o telso. O abdômen. rosenbergii mostrando os tagmas.2 Distribuição Geográfica Os camarões de água doce do gênero Macrobrachium encontram-se amplamente distribuídos pelo mundo. Posteriormente.esôfago 3 estômago (dividido em duas câmaras: cardíaca e pilórica) 4 .ânus 7 . no hepatopâncreas ocorre a digestão de proteínas. a câmara pilórica.3 Sistema Respiratório A respiração é do tipo branquial. gorduras e carboidratos. localizado na base das antenas.4. conduzindo-o ao esôfago e posteriormente à câmara cardíaca. é bombeado para todas as partes do corpo.4.4.5 Sistema Nervoso e Órgãos Sensitivos . que se encontra dissolvida no plasma sanguíneo. 3.4 Morfologia Interna e Fisiologia 3. sendo conduzido até o 2º compartimento. uma corrente de água pelas brânquias oxigenando-as. As brânquias também são importantes no sentido de manter a osmorregulação destes animais. promove através de seus movimentos. As brânquias são estruturas sob a parede do corpo.4.intestino posterior 6 . posteriormente. onde será novamente triturado graças a ação de uma série de estruturas calcificadas que formam o moinho gástrico.3.glândulas digestivas (hepatopâncreas ) O animal captura o alimento. A absorção dos alimentos ocorre no próprio hepatopâncreas e no intestino médio. O pigmento que facilita e possibilita a respiração é a hemocianina. 3. Suas principais funções consistem em eliminar os restos metabólicos e atuar no controle da concentração de sais no seus fluidos orgânicos. O sangue flui por vasos sangüíneos e também em lacunas entre os tecidos. A maior parte da excreção de amônia também se faz pelas brânquias. 3.2 Sistema Circulatório À circulação é do tipo aberta ou lacunar. no estômago cardíaco o alimento é filtrado por cerdas.4 Sistema Excretor O sistema excretor é formado basicamente por um par de glândulas verdes ou antenais. o reduz a pequenos pedaços e o ingere.1 Sistema Digestivo O sistema digestivo é formado pelas seguintes estruturas básicas: 1 . A absorção de sais se realiza através de uma de suas estruturas denominada de canal nefridial. 3. O exopodito da 2º maxila em forma de remo. contendo vasos sangüíneos e estão sob a carapaça (o branquiostegito) numa região denominada câmara branquial. situada no estômago.intestino médio 5 .boca 2 . ou seja.4. O coração é curto e suspenso em um grande seio pericárdico por onde chega o sangue que penetra no coração e. o equilíbrio de sais nos líquidos internos em relação ao ambiente em que se encontram. Após passar pelo moinho gástrico. escafognatito. quelas mais desenvolvidas. responsável pelo equilíbrio e localizado na base da antênula.5 Dimorfismo Sexual Os camarões apresentam sexos separados.estatocisto.pêlos tácteis. . dois ovidutos que se abrem entre o 3º e o 4º par de pereiópodos.apêndice masculino localizado no 2º par de pleópodos. Os espermatozóides são desprovidos de cauda e apresentam forma de estrela.O sistema nervoso é do tipo ganglionar ventral.os olhos do tipo composto. característico dos arthropodos. É constituído por um gânglio amebóide ou supraesofágico localizado na cabeça. que se abrem externamente na base do 5º par de pereiópodos. Abaixo. . Os camarões são animais dotados de alta sensibilidade à luz e aos alimentos. são armazenados num saco denominado ampola do espermatóforo. . visão superior a 180º .6 Sistema Reprodutivo O sistema reprodutor masculino é formado por um par de testículos conectados a ductos espermáticos e glândulas androgênicas.4. . listamos algumas características dos machos que podem ser usadas para diferencialos das fêmeas: . sensíveis ao toque. os gânglios subesofágico e um cordão nervoso ventral duplo. . .pêlos antenulares. 3. são espécies dióicas. . O sistema reprodutor feminino é constituído por dois ovários e.maiores. 3.mais fortes. reconhecendo com extrema facilidade diferentes ambientes.excrescência no centro do primeiro somito abdominal. Podemos citar algumas estruturas de grande importância: . . responsáveis pelo paladar e olfato. As fêmeas têm o abdômen proporcionalmente mais largo que o macho. na maior parte do corpo. 3. Pré-ecdise. objetivando atrair o macho para o ato copulatório. Tais substâncias acredita-se sejam eliminadas pela fêmea após a muda. O fotoperíodo pode ser um fator de controle. Pré-ecdise .3. geralmente utilizado em condições de fuga. Consiste na substituição de um exoesqueleto antigo por um novo. quando agarrados por predadores. O macho inicia então o cortejo de acasalamento e utilizando de seus quelípodos abraça a fêmea. calcificação e endurecimento do esqueleto.O corpo do animal torna-se intumescido devido à grande absorção de água. É causada pela contração do músculo autotomizador. a de se regenerar. Logo após se inicia o ato copulatório a partir da . temperatura. recuperar partes perdidas. Outro fenômeno interessante é a autotomia ou auto-amputação de pereiópodos. Tende a diminuir na fase adulta. podendo levar vários meses para refazer um único apêndice perdido. reabsorção de cálcio (Ca++) da cutícula e pelo seu aumento no sangue e na atividade do hepatopâncreas.7 Regeneração e Autotomia Os camarões possuem uma interessante propriedade biológica.Caracteriza-se pelo acúmulo de reservas alimentares. O acasalamento se dá de três a seis horas após a fêmea ter completado sua muda. ou seja. Ocorre acúmulo de reservas alimentares para a próxima muda. e principalmente por ação de hormônios. ocorrendo em aproximadamente 90% de todos os crustáceos até hoje conhecidos.8 Reprodução e Comportamento Para o acasalamento destaca-se a importância dos ferormônios característicos de muitos decápodes aquáticos. A regulação destes hormônios depende de diferentes estímulos que atuam sobre o sistema nervoso central. A regeneração não é um fenômeno rápido. A intermuda é o período que se sucede entre duas mudas. O animal geralmente fica refugiado e alimenta-se pouco nesta fase. O animal então sai do exoesqueleto velho. Intermuda . subdividido em 4 estádios. 3. O fenômeno de muda e o processo de crescimento são controlados por fatores externos como luz. Pós-ecdise .6 Muda e Crescimento O fenômeno da muda é característico de quase todos os arthropodas. frequentemente esse processo se dá de forma rápida.Ocorre secreção da endocutícula.Estágio que pode ser longo ou curto dependendo do estádio ou desenvolvimento do camarão. Ecdise . que se forma abaixo daquele e pode ser definido como um evento fisiológico cíclico e continuo. Este período pode levar de dez a vinte minutos. Pós-ecdise e Intermuda. Ecdise. aptas à reprodução. A incubação ocorre no abdômen graças aos pleópodos. rosenbergii. passando a se locomover como camarões jovens e adultos. 4) agradável ao paladar. 2) comportamento não agressivo. período que leva aproximadamente vinte dias. um quarto encontra-se distribuída no Continente Americano. contendo o embrião. No momento da desova os óvulos ao passarem pelo espermatóforo são fecundados. Desta forma. . hábito de vida e distribuição geográfica. 5) resistência a doenças. que merecem mais atenção por parte dos pesquisadores e das instituições de pesquisa nacionais. Há uma grande variação quanto à morfologia.9 Ciclo de vida As larvas necessitam de água salobra com salinidade de 12 a 16‰ para se desenvolverem. aumentando assim a oferta deste produto e reduzindo. adultas e maturas sexualmente. Por sua vibração o macho introduz o espermatóforo no poro genital da fêmea e esta o carrega até o momento da sua desova. variando muito de acordo com as condições de temperatura.união dos poros genitais masculino e feminino. além de adotar novo comportamento. 4. morrendo em alguns dias se forem mantidas em água doce. a partir do desenvolvimento de novas tecnologias. dentre elas podemos citar: 1) taxa de crescimento relativamente rápida. de interesse comercial. então. tornando-se acinzentado ao longo do desenvolvimento embrionário.O ovo.0 Espécies de Camarões de Água Doce de Potencial para Cultivo Das cento e vinte espécies de camarões de água doce do gênero Macrobrachium. passem a participar mais ativamente do mercado. tornando-se. tem respondido bem a todas estas características. Eclosão . a pressão de captura sobre o ambiente natural. que através de suas cerdas formam uma verdadeira câmara incubadora. eclode a partir do rompimento da membrana que o envolve. Podemos considerar “a priori”. A desova ocorre em um período não superior a vinte e quatro horas. Entretanto. cabendo então à fêmea incubá-los até a eclosão. 3. com isso. após a eclosão. Durante este período são planctônicas e mantêm-se sempre com o ventre para cima. Os estádios larvais levam aproximadamente vinte e oito a trinta e cindo dias. 3) resistência às variações do meio. todas as espécies de camarões de maior porte. iniciam movimento de migração visando alcançar a água doce. não podemos deixar de considerar as espécies nativas. são levadas pela força da correnteza até o estuário. e portanto. para que. O ovo fecundado apresenta no início uma coloração alaranjada. A espécie exótica. Entretanto. zoea XI. M. Uma vez no estuário elas atingem a última fase. outras características devem ser levadas em consideração. Esta subdivide-se em onze estádios larvais. liberando uma larva denominada de zoea. sofrendo metamorfose e originando a pós-larva que. salinidade e alimentação. em hipótese alguma. com custos . estar previsto para área de preservação permanente ou para qualquer outra área legalmente impedida de sediar tal atividade. 2 . que funcionam como filtro biológico. Ela poderá ser instalada mesmo em região distante do litoral. O projeto não deverá. embora.Método de águas claras em sistema aberto . de igual interesse econômico. tanto de água salgada como de água doce. que através de bactérias aeróbicas e outros microorganismos metaboliza as substâncias tóxicas presentes.Consiste na recirculação da água de cultivo.Sistema fechado .Dentre estas espécies podemos citar: Macrobrachium carcinus (pitú). permitindo sua reutilização. a reprodução “artificial” desta espécie será efetuada em laboratório. o camarão da Malásia depende de água salobra para completar o seu ciclo de vida. 3 . A distância dos grandes centros urbanos e industriais e de uma fonte fornecedora de água podem se constituir uma garantia para o sucesso da larvicultura. camarão canela. no momento da escolha da área para instalação sejam levados em consideração a proximidade e a facilidade de abastecimento.0 Produção de Larvas (Larvicultura) No Brasil. Para a instalação de um laboratório de larvicultura devem-se ter com clareza uma estimativa de produção e seus objetivos.1 Escolha do local para Instalação da Larvicultura Como vários camarões do gênero Macrobrachium. sua quantidade e o não comprometimento por agentes poluidores. diminuindo desse modo as trocas de águas. 5. é importante que. 5. Há três formas diferentes de se produzirem larvas: 1 . Nos rios do oeste da América do Norte e Central encontra-se o Macrobrachium americanum. sendo este último o mais recomendado e utilizado atualmente. dependendo da região. e portanto. A atividade de produção de larvas denomina-se larvicultura.Método de águas verdes . e Macrobrachium amazonicum. conhecido como camarão canela ou também como pitú. Para tanto. No momento de projetá-la torna-se imprescindível o acompanhamento de um técnico ou de um profissional qualificado. A não disponibilidade de área próxima ao litoral não é fator que inviabilize um projeto de uma larvicultura. Este método é baseado na passagem da água por um filtro biológico. Macrobrachium acanthurs. o camarão da Malásia não é encontrado naturalmente em nossos rios. Pode ser dividido em dois tipos: Sistema Fechado Estático e o Sistema Fechado Dinâmico. lagos ou estuários.Consiste basicamente na substituição diária da metade a dois terços da água dos tanques de cultivo. por se tratar de uma espécie exótica.Consiste no cultivo das larvas associadas às algas verdes. pH. Para sua utilização.Coliformes fecais: ausência .3 Luminosidade . 4 e 8. ou seja.T ºC: 26. pois trabalhar-se-á em sistema fechado. o que implica na construção de tanques para filtração biológica e tanques para depósito de água salgada e água doce. o oxigênio é escasso nessas águas.02 mg/l . 4 .Dureza total entre 60 e 120 mg/l (CaCO3) . listamos alguns valores dos parâmetros físico-químicos e bacteriológicos da água recomendados para uma larvicultura: .Cloro (Cl) 40 mg/l . tornam-se também necessários a filtração e cloração como forma de tratamento. Em relação às águas subterrâneas deve-se registrar especial preocupação com os níveis de oxigênio nelas existentes. A água doce pode ser captada diretamente do manancial de superfície ou subterrânea.0 mg/l .NO2 < 0. entre 7.Salinidade entre 12 e 16‰ . ordinariamente. A água do mar pode ser coletada superficialmente ou a alguns metros de profundidade.0 a 30.NH3 < 0. Em qualquer hipótese a água coletada deverá ser filtrada e clorada. a partir de uma recirculação de água.0 .Cálcio (Ca) 12 mg/l .6 mg/l .1 mg/l .OD (oxigênio dissolvido) > 5.2 Condições Físico-Químicas e Bacteriológicas da Água A água a ser utilizada na larvicultura deve ser livre de agentes poluidores e deve ser coletada com alguns cuidados. e até mesmo da rede de abastecimento público. A seguir. em função do seu grande poder de oxidação. 5.operacionais mais elevados. O sistema de condução de água não deverá ser feito por encanamento de ferro. uma vez que.Sódio (Na) 30 mg/l .Ferro (Fe) 0.Magnésio (Mg) 10 mg/l 5. incluindo-se ai os gastos com o transporte da água salgada do litoral até o laboratório. Por isso aconselha-se fazer cobertura do local colocandose algumas telhas transparentes intercaladas com outras de amianto comum. 4 . 3 . . Os funcionários devem ser treinados sobre como manter todo ambiente limpo e livre de contaminação. Entretanto. objetivando adequar-se o melhor possível ao papel que vai desempenhar. de modo a proporcionar o fotoperíodo que se deseja. procurando-se eliminar qualquer resíduo alimentar ou restos de animais da estrutura que. assim como os equipamentos utilizados rotineiramente.tanque de estocagem das póslarvas. controlado com “timers”. direta ou indiretamente. Para desinfecção deve-se usar cloro granulado (hipoclorito de cálcio) ou cloro líquido (hipoclorito de sódio) em concentração apropriada.5 Construção de tanques Em um laboratório de larvicultura encontram-se tanques para as mais diversas funções e de acordo com elas podem apresentar diferenças em seu desenho. No entanto.tanque para armazenamento de água salgada. 6 .tanque de acasalamento. Neste contexto podemos citar: 1 . 5. O sistema de captação e drenagem de água deve ser bem monitorado. possam entrar em contato com as larvas. 7 .tanque de mistura e preparação de água salobra. devem-se levar em consideração alguns cuidados no desenho dos tanques. encanamento e outros que possam levar tempo para reparo. 2 . prevendo-se inclusive alguns contratempos como problemas na bomba de água. O sistema deverá estar equipado com lâmpadas. A construção de qualquer um dos tanques mencionados depende da função da capacidade de produção da larvicultura.É muito importante que haja a incidência de luz em uma larvicultura.4 Higiene A Higiene é fator de extrema importância para o sucesso de um laboratório de larvicultura. Os tanques para armazenamento de água doce e salgada devem ser construídos de maneira a estocar uma quantidade suficiente para suprir toda necessidade do laboratório.tanque para armazenamento de água doce. Todos os tanques e seus acessórios devem estar totalmente desinfetados. 5 tanque de eclosão. não deverá acontecer incidência de luz solar diretamente nos tanques com as larvas para que se evitem a cegueira e o desconforto delas. no sentido de se facilitar o manejo do cultivo bem como sua manutenção.tanque de desenvolvimento de larvas. 5. A salinidade.M. alguns cuidados são necessários. A construção do tanque de preparação de água salobra não é diferente da mesma usada nos tanques citados anteriormente. temperatura e o pH devem ser checados a cada troca de água mantendo-se os valores desejados. impermeabilizados e pintados com tinta atóxica epoxi. V. onde.Figura 2: Tanques de fibra (10.M.T. Entretanto. V. .A. Geralmente os tanques são de fibra de vidro ou construídos em alvenaria. Os volumes de água doce e marinha são calculados de acordo com a seguinte fórmula.T. x 14 / S.A. deve-se misturar água doce com água do mar.M= Volume de água do mar Vm = V.M. = Salinidade da água do mar Figura 3: Tanque de desenvolvimento larval acoplado a um filtro biológico.0 l) para estocagem de água doce e salgada. como a existência de aeração e sua boa distribuição ao longo de todo o tanque.M. Para se preparar água salobra a 14‰. pois esta tanque abastecerá diretamente o tanque de desenvolvimento larval. = Volume do tanque de mistura S. e em seu contato constante com a superfície refletora. preferencialmente de cor escura. Os parâmetros físicos e químicos devem ser monitorados diariamente. Os tanques de desenvolvimento larval não devem ser construídos com altura inferior a 1. . Devem ser revestidos por tinta epóxi. retangular. Estes tanques devem ser bem aerados com boa taxa de renovação de água. devem ser então sifonadas e distribuídas conforme concentração para os tanques de desenvolvimento larval. Estes tanques quando retangulares ou quadrados. Tanques de acasalamento podem ser montados com sistema de filtração biológica. deve-se ter o cuidado de revesti-los internamente com tinta epóxi preta. retangular. mantendo-se o nível da água em torno de 80 a 90 cm. Algumas larviculturas têm utilizado tanques para acasalamento. evitando-se com isto reflexão da luz incidente sobre a superfície interna do tanque. como circular. podem ocorrer pequenas lesões na carapaça. são colocadas fêmeas ovadas. cujos ovos encontramse próximo à eclosão. deve-se evitar a incidência de raios solares diretamente sobre os tanques. podendo ser construídos em alvenaria ou fibra de vidro. Podem ser em fibra de vidro ou alvenaria e apresentar formato circular. quadrado ou cônico. principalmente no rostro em formação. bactérias ou protozoários que podem debilitar as larvas ou até mesmo matá-las. Estes tanques são construídos geralmente em alvenaria ou fibra de vidro. as larvas são atraídas pela luz. Devido ao fototactismo positivo. fase que denominamos zoea. Estas lesões propiciam o aparecimento de patógenos como fungos. evitando a concentração das larvas nos cantos. Tanques para a eclosão de larvas podem apresentar diversas formas. Os tanques de estocagem de pós-larvas podem ser construídos de fibra de vidro ou em alvenaria. O revestimento interno deverá ser de tinta epóxi procurando-se utilizar cores mais escuras como o verde e o preto.2 m. As recém-eclodidas larvas. Como mencionado anteriormente.Figura 4: Detalhe de um filtro biológico. devem ser abaulados em seus vértices facilitando o movimento de circulação de água. quadrada ou cônica. Estes são bem menores. Neles. Principalmente nestes tanques. proporcionado por uma aeração direcionada. Os tamanhos da tela e da malha ajustados ao sistema de drenagem são fundamentais para não permitir que as larvas sejam levadas junto com a água no momento de sua renovação. sua densidade diminui para no máximo 120 indivíduos por litro. Assim que se complete o final do desenvolvimento da última larva ZOEA XI esta sofre uma metamorfose originando o que denominamos de fase de pós-larvas.6 Produção das larvas estádios de desenvolvimento (Zoea I. As larvas. Além da Artemia as larvas são alimentadas com uma ração à base de ovos. na fase I. pois consomem o próprio vitelo. Como mencionado anteriormente o desenvolvimento das larvas de Macrobrachium rosenbergii compreende 1 estágios de ZOEA. Zoea XI). nemátodos. A partir de 2 ou 3 dias (Zoea I) devem ser alimentadas com Artemia (microcrustáceo). devem ser mantidas com uma densidade entre 300 e 500 indivíduos por litro. Em laboratório. leite em pó. e assume características morfológicas muito próximas às de um camarão adulto. A Artemia é rica em proteínas e ácidos graxos que garantem um bom desenvolvimento das larvas.5. Esta fase apresenta onze correspondem aos estágios iniciais. Zoea I. assim como para não poluir a água. dentre outros). No caso de se preparar rações muito particuladas. As larvas são planctônicas e no ambiente natural alimentam-se basicamente de zooplâncton (larvas de insetos. O alimento deve ser bem dosado para evitar desperdício.. deve-se ter cuidado com o diâmetro da partícula em função do estágio de desenvolvimento em que se encontram as larvas. ou mesmo o momento em que se procederá a metamorfose pode variar em função do manejo da larvicultura. rotíferos. O período exato do tempo de desenvolvimento embrionário. na fase I As larvas recém nascidas são denominadas de zoea. Figura 5: Tanques de eclosão de Artemia. entre dez e doze dias. Uma vez atingindo o estágio de pós-larva. da densidade nos tanques e outros fatores. até a fase de Zoea I as larvas não devem ser alimentadas. da alimentação. A Artemia é vendida sobre a forma de cistos que devem ser eclodidos no próprio laboratório de larvicultura. durante sua fase de náuplios. carne de moluscos. posteriormente. peixe e outros constituintes. estes animais deixam de ser . Todos estes estágios levam aproximadamente 25 a 35 dias. 5. na proporção de 1/3 de água para 2/3 de oxigênio puro. A aclimatação dos animais para a água doce deve ser realizada adicionando-se água doce nos tanques de desenvolvimento larval. contendo gelo entre as paredes internas e os sacos plásticos. e sem furos. 21 . transformando-se em bentônicos. o tanque de estocagem deve ser totalmente de água doce. O saco plástico deve ser especial evitando-se aqueles que possam liberar resíduos tóxicos. Figura 6: Embalagem de pós-larvas para transporte. de forma gradativa.planctônicos. O material deverá ser acondicionado em caixas de isopor. Isto permitirá que a temperatura da água diminua o metabolismo das pós-larvas levando-as a um menor consumo de oxigênio. passando a nadar com sua região ventral para baixo e se locomovendo no substrato do fundo. evitando qualquer choque de salinidade. As pontas devem ser amarradas para evitar concentração de pós-larvas nos cantos. A salinidade deverá chegar a zero. ou seja. O transporte das pós-larvas deve ser efetuado com material adequado e preparado com antecedência. Deverão os tanques ter uma taxa de renovação não inferior a 50% diariamente e aeração continua. deve-se então iniciar a aclimatação dos animais para a água doce e transferi-las para os tanques de estocagem onde permanecerão por mais ou menos cinco dias para posterior comercialização.7 Estocagem e transporte de Pós-larvas Quando observado que mais de 90% das larvas já sofreram metamorfose e estão na fase de pós-larva. Deve-se evitar o transporte durante as horas mais quentes do dia. A manutenção da qualidade da água nos tanques de estocagem é fator primordial de sobrevivência das pós-larvas. Para transporte a grandes distâncias preparam-se os sacos plásticos com capacidade de 30 litros. balanças.termostatos./m2. Todo o encanamento. . . . o semi-intensivo e o intensivo.5.0 a 5. preferencialmente por gravidade.oxímetro.aquecedores. que variam de 1. .8 Abastecimento e Drenagem da Água O abastecimento de água doce numa larvicultura é executado por bombas. não são praticados o monitoramento da qualidade de água. . . Neste caso. pipetas. . basicamente.gerador. deverá ser filtrada. 5. com controle de qualidade de água. oferta . . em função do manejo utilizado. após armazenada nos tanques. .kits de NO2 e NH3.lupa.termômetro. T – Tanque de Larvicultura. a água doce ou salgada deve fluir.pHmetro.compressores. A partir dos tanques reservatórios.“timer”.liquidificador. A produtividade gira em torno de 300 kg/ha/ano. . e não se faz o controle de produção. .0 m2. deve ser à base de cano de PVC para evitar ferrugem e eliminação de metais na água.bombas de água. e outros. . placa de petri.Refratômetro ou Condutivímetro. tanto para água doce como para salgada. Dependendo do local onde está instalada a larvicultura o abastecimento poderá ser por gravidade. 6. . . sifonadores. diferenciados. F – Filtro Biológico.0 Características de Sistema de Cultivo Podemos destacar três tipos de sistemas de cultivo adotados para engorda do camarão da Malásia: o sistema extensivo.geladeira. A água./m2). P – Pedilúvio. utilizando uma densidade de até 10 ind. b) Sistema Semi-intensivo Neste tipo de sistema o cultivo é realizado em viveiros escavados no solo. . telas.freezer.Tanque de eclosão. com até dois indivíduos por metro quadrado (2 ind. béckers.9 Equipamento Alguns equipamentos indispensáveis à uma larvicultura são listados a seguir: Materiais diversos: Baldes. E .. (Extraído de Valenti. arraçoamento e a adubação da água. . 1998). Figura 7 – Leiaute simplificado de um laboratório de larvicultura que opera em sistema fechado dinâmico. a) Sistema Extensivo O cultivo é realizado em represas com baixa densidade de estocagem.microscópio. para o tanque de mistura e deste para o filtro e conseqüentemente para toda a larvicultura. /m2. densidade acima de 10 ind. Com cerca de 5 meses de cultivo faz-se a primeira despesca parcial.800 kg/ha/ano. Extensivo A .Riscos Figura 08 . permanecendo alagado por dois ou três anos. iniciando-se um novo cultivo. a seguir. O viveiro é totalmente drenado e reabastecido. sempre seguido de novos povoamentos.Custos intensivo T .Lucros O . A temperatura média da água do mês mais frio deve ser igual ou superior a 20°C. emprego de tecnologia de ponta.Produtividade de povoamentoartificial N . a partir do 4º ou 5º mês de engorda iniciam-se as despescas seletivas encerrando-se ao término do 6º ou 7º mês com a despesca total (final). a segunda safra.Aeração Tamanho de Alimento U . Método Tradicional: o povoamento é realizado com pós-larvas. utilização de rações balanceadas. característico desses camarões: o tradicional e o contínuo.200 a 1.A figura 08. . O ideal é que a temperatura se mantenha em torno dos 28ºC.Monitoramento viveiro natural Semi M do viveiro Densidade Alimentação intensivo E . com utilização principalmente de aeradores e a produtividade esperada é superior a 3. podendo a produtividade atingir de 1. É o método de cultivo mais recomendado.0 Escolha do Local A escolha do local para a instalação dos viveiros de criação deverá levar em consideração os seguintes aspectos: a) Temperatura: o local não deve apresentar grandes variações de temperatura. 7. caracteriza e diferencia os três tipos de sistema de cultivo descritos.de rações específicas para o camarão. realização de biometrias. e.Diagrama ilustrativo de sistemas de cultivo Para os cultivos semi-intensivo e intensivo existem dois métodos de criação em função do crescimento não uniforme. Este procedimento é repetido diversas vezes. a cada 20/30 dias. Em geral. recomenda-se uma manutenção dos viveiros a cada duas safras. c) Sistema Intensivo Caracteriza-se por apresentar um rigoroso controle de produção e qualidade de água. Método Contínuo: O viveiro não é drenado a cada despesca final. conforme será descrito posteriormente.0 kg/ha/ano. utilizando-se uma rede seletiva para capturar apenas os camarões de peso comercial. despescas seletivas e totais e controle de produção. possuindo. Suas principais características são: Profundidade: mínimo de 0. com uso de filtros a entrada de predadores e/ou competidores. geralmente retangulares. e a relação comprimento/largura poderá ser de 3:1 ou de 4:1. Com menos de 40% de argila. É extremamente importante que as características físico-químicas da água sejam analisadas antes do uso.pH entre 7. deve-se evitar. ou água subterrânea. . no entanto.8 e o máximo de 1. o solo apresentará baixo poder de retenção da água.Odor nenhum Os parâmetros físico-químicos recomendados são: . são construídos de maneira semelhante aos de engorda. o solo poderá apresentar rachaduras por ocasião de sua exposição ao sol para fins de assepsia. e) Localização: o local do cultivo deve dispor de boas vias que facilitem o acesso rápido e fácil escoamento da produção.0 ppm .Coliformes fecais: ausência c) Topografia: o terreno deve ser plano ou levemente ondulado. d) Solo: o solo ideal para construção de viveiros devem apresentar um teor de argila entre 20 e 70%.50 m. a qualidade e a quantidade (aproximadamente 16m³/ha/hora) são fatores primordiais ao cultivo de camarões. áreas menores variando de 500 a 1000 m². Recomendam-se paredes (taludes) inclinadas. açudes. num ângulo interno de 45° e cobertas por vegetação rasteira para protegê-las da erosão.OD > 5 ppm .4 . O fundo deve ser plano com uma pequena inclinação no sentido da drenagem. No primeiro caso.TºC entre 20 e 30ºC .0 ppm . de rios.0 e 8. Com mais de 70%. 8.b) Água: os viveiros podem ser abastecidos com água de superfície. 8.NO2 < 1. Os viveiros destinados para berçário. Área: variando entre 1000 e 5000 m². barragens. riachos.Fe < 2.0 Construção do Parque de Cultivo Os viveiros de engorda.1 Arranjo Físico .Dureza entre60 e 120 mg/l (CaCO3) . podem ser naturais ou escavados no solo. Figura 9: Detalhe da construção de um viveiro de engorda. o máximo possível. no entanto. 28 Figura 1: Planta Baixa e cortes de um viveiro padrão para o cultivo de camarão de água doce. por exigir o uso de laboratórios de alta tecnologia. Recomenda-se a colocação de uma tela plástica no inicio do canal de abastecimento para evitar a entrada de peixes ou outros animais que possam predar os camarões ou prejudicar a produção e a qualidade da água do viveiro. (Extraído de Valenti. 1998) 9.O viveiro deverá estar ligado a um canal de abastecimento de água e a uma canaleta de drenagem.1 Monitoramento da Qualidade de Água O monitoramento das características físicas. químicas e biológicas da água é imprescindível para que se proceda o controle da qualidade do cultivo. . A entrada de água no viveiro pode ser feita por tubos em PVC ou por uma comporta em alvenaria. pelo próprio governo. 9. o mesmo ocorrendo com o sistema de drenagem. a fase de criação dos jovens (pós-larvas) até o seu tamanho comercial. O fundo do canal de abastecimento deve ser construído acima do nível máximo de água do viveiro. o que refletirá diretamente na produção e produtividade do sistema de engorda. (Valenti. A produção de pós-larvas é uma atividade normalmente desempenhada apenas por grandes produtores. sem dúvida alguma. 1998) Figura 12: Modelo de comporta tipo monge.0 Tecnologia de Produção A fase da carcinicultura que mais desperta a atenção do investidor é. Figura 10: Vista geral de viveiros de engorda de camarão de água doce. ou ainda por empresas especializadas. . julho e agosto estiveram próximas a 22ºC. a faixa compreendida entre 25 e 30ºC é considerada ideal para o cultivo de camarões. é considerado uma variável de qualidade de água. como para o cultivo de organismos aquáticos. pH. é fundamental o conhecimento das características das águas. Figura 13: Análise de qualidade da água de cultivo (Oxigênio Dissolvido).CASTAGNOLLI (1992). oxigênio dissolvido (O. 9. Em relação à carcinicultura. tanto para a compreensão do ambiente. físico-químicas e biológicas que possam influir na sua utilização. entretanto. Diversos autores citam que temperaturas da água abaixo de 25 ou 26ºC estão aquém das condições térmicas consideradas ótimas para o crescimento satisfatório (NEW & SINGHOLKA. reduzindo o desenvolvimento em temperaturas menores que 24ºC e maiores que 31ºC. compostos nitrogenados. 1984. 1989). As principais variáveis de qualidade de água monitoradas junto aos viveiros de cultivo de camarão são: temperatura. corroborando portanto com a literatura. Existem inúmeras variáveis que concorrem para a melhoria da qualidade da água. NEW & SINGHOLKA (1994). Experimentos de cultivo. A redução no crescimento justifica-se na indisposição dos animais à alimentação.1. VALENTI. (1986). transparência. reprodução e comportamento dos camarões. (SEBRAE/ES. onde as temperaturas dos meses de junho. conduzidos pelo CTA (1994) no município de Guarapari/ES. o Carcinicultor deve concentrar sua atenção somente naquelas que podem ser controladas através de manejo adequado. alcalinidade. crescimento.D. dureza de Ca++ e Mg++ e teor de ferro. Deste modo. mostraram uma redução no crescimento esperado. 1992).).1 Temperatura da Água de Cultivo Segundo CAVALCANTI et al. comenta que em termos gerais. a qualidade de água inclui todas as características químicas. possa afetar a sobrevivência. qualquer característica da água que. de alguma forma. independente da finalidade que se pretende. 1986). 9. O monitoramento da transparência é uma das formas de controlar a qualidade de água do viveiro. as taxas de O.2 – Transparência A profundidade do desaparecimento do disco de Secchi é inversamente proporcional à quantidade de compostos orgânicos e inorgânicos no caminho ótico. como medida de segurança. Quando isso não é levado em consideração. pois estes refletem os pontos extremos da sua variação. e presença de macrófitas. A transparência é medida através do uso do disco de Secchi e os valores ótimos situam-se entre 25 e 50 cm abaixo da superfície da água.As medições de temperatura devem ser realizadas no início da manhã e da tarde.1. pintado alternadamente em preto e branco e preso a um cabo de madeira adequadamente graduado. podendo o viveiro receber mais adubo. (RODRIGUES et al. gerando prejuízos aos produtores. Em temperaturas menos quentes. Vale ressaltar que os custos com a aquisição de um disco de Secchi são mínimos. pois ela está diretamente relacionada a parâmetros como produtividade natural. deve-se suspender a fertilização e renovar a água para evitar queda do nível de oxigênio. pode haver um acúmulo de ração no viveiro. pH.D. Estes dados são importantes para se determinar a profundidade natural do viveiro. (PREISENDORFER. O monitoramento da temperatura da água de cultivo é de fundamental importância no cálculo de ração a ser oferecida aos animais. A transparência abaixo de 25cm de superfície indica alta concentração de plâncton e portanto. entre outros. comprometendo a qualidade da água de cultivo. RODRIGUES et al. 1991). Preconiza-se a mensuração de temperatura nestes horários. 1992. incidência luminosa. Os carcinicultores podem ainda adaptar um prato com 30 cm de diâmetro. A análise da transparência da água pode fornecer uma indicação da quantidade de plâncton e de material em suspensão presentes na coluna de água. 1991).. necessitando de uma quantidade menor de alimento. . Por outro lado. (SEBRAE/ES. acima de 50 cm indica que a produção planctônica ainda pode ser incrementada. o animal reduz seu metabolismo. possibilitando assim.0 mg/l por períodos prolongados são letais para camarões.3 – Oxigênio Dissolvido – (O. em menor escala. 9. Baixos índices de oxigênio têm sido responsáveis por grandes perdas no processo de criação. O oxigênio existente no meio líquido depende fundamentalmente da fotossíntese e. que a solubilidade do oxigênio é inversamente proporcional à temperatura. a assimilação da energia armazenada nos alimentos. SEBRAE/ES (1992). em pontos ótimos de desenvolvimento para os camarões.1. concentrações inferiores a 1.0 mg/l são consideradas satisfatórias. O oxigênio dissolvido varia nos viveiros cíclicamente. O fitoplâncton tem papel dominante na dinâmica do oxigênio nos viveiros. além da oxidação de íons metálicos como ferro e o manganês. atingindo seu ponto mínimo e mais crítico no fim da madrugada (5h). às perdas para a atmosfera. do percentual proveniente da atmosfera. e decorrente da pressão e da ação mecânica dos ventos. Pode-se afirmar que o oxigênio é a variável mais crítica para a manutenção da água. que a variação diária do oxigênio está ligada fundamentalmente ao processo de fotossíntese e respitração/ decomposição (TAVARES.Figura 14: Disco de Secchi utilizado para determinar a transparência da água. entre 1.0 e 5. Concentrações superiores a 5. no período de 24 horas.(linha vermelha =pH. Convém registrar ainda. coluna de água (figura 16) .) O oxigênio é fundamental para que todos os seres vivos aeróbios possam respirar. tendo seu ponto máximo ao final da tarde (17h) e diminuindo no início da noite.D. à decomposição da matéria orgânica. Convém salientar. linha azul = concentração de oxigênio dissolvido).0 mg/l não chegam a comprometer a vida dos animais. 1995). Figura 15: Gráfico ilustrativo das variações de pH e oxigênio ao longo do dia em viveiros de camarão. entretanto afetam seu crescimento. Segundo. O consumo está relacionado à respiração dos seres aeróbios. O teor de oxigênio dissolvido na água aumenta a partir do início da manhã. Esta variável resulta de um balanço contínuo entre os processos respiratórios e de fotossíntese das comunidades aquáticas. O pH está relacionado à decomposição dos detritos orgânicos e respiração dos organismos aquáticos. diminuindo com a fotossíntese e aumentando com a respiração (CASTAGNOLLI. Entretanto. que transporta nutrientes e calcários. devido as oscilações desta variável ocorridas ao longo do dia. e outros que são tóxicos aos organismos aquáticos. conforme o O. pelo fitoplâncton. NEW & SINGHOLKA. valores superiores a 7. metais pesados. faz com que o pH do dia se eleve. 1994). uma vez que depende da oscilação dos níveis de certos componentes como amônia. sendo sete o ponto neutro. Portanto o pH também apresenta um componente cíclico ao longo do dia. 9. variando em função do teor de dióxido de carbono (CO2) dissolvido na água.5. que o efeito do pH sobre os organismos geralmente é indireto.1. : Figura 16 . 1984. Ela comenta ainda. o pH diminui. é uma medida da concentração do íon hidrogênio e indica se a água está ácida. as águas dos viveiros localizados próximos às áreas agrícolas tendem ao aumento do pH. 1992. À noite. citam que o pH nunca deve .4 Potencial de Hidrogênio (pH) O potencial de hidrogênio. valores inferiores a 7 ou básica. Segundo TAVARES (1995).Freqüentemente. gás sulfídrico. principalmente durante a fotossíntese.5 a 9. com a produção de CO2 pelos animais e vegetais. é considerada satisfatória uma variação de 6. sobretudo em grandes cultivos.D.5 (TAVARES.0 a 8. A escala varia de zero a quatorze. ODUM. são utilizados aeradores para agitar a superfície liquida dos tanques e melhorar os índices de oxigênio na O consumo de oxigênio pelos camarões varia em função do tamanho do animal e da temperatura do ambiente. A faixa de pH ideal para cultivo de camarão da Malásia é de 7. 1985).Aerador de pás em atividade em área de cultivo. pH.. devido à erosão. A utilização do CO2. rosenbergii. técnica que consiste na adição de calcário calcítico ou dolomítico no viveiro de engorda. prefere água com dureza moderada. enquanto que. evitando alteração bruscas desta variável. A correção de pH pode ser feita através da calagem. indisponibilizará o fósforo. Quando o pH está fora da faixa ideal. HCO3. ele se combina com o fósforo. através de amostras de fundo. sendo geralmente expressas em mg/l de equivalente. Vale ressaltar que o mesmo efeito provocado pelo Ferro ocorre com o Cálcio em condições de águas alcalinas (> 9. importante nutriente ao fitoplâncton. Nestas condições. o produtor deve manter-se atento à necessidade da aplicação de calcário em viveiros. que são combinados ao carbonato e/ou bicarbonato (TAVARES.e CO3-. no entanto. Valores acima de 20 mg/l de CaCO3 indicam boas reservas alcalinas. 1995). junto com a dureza de magnésio. Segundo VALENTI (1989). Portanto. pois de uma forma indireta.ultrapassar a 9. a dureza total reflete a dureza de cálcio. geralmente. 9. 1995). impedindo a assimilação deste por parte do fitoplâncton. O Camarão de água doce.7 – Teor de Ferro O Ferro atua reduzindo o pH. dificultando o incremento da transparência e da produtividade natural do viveiro. a aplicação só deverá acontecer mediante a recomendação de especialistas. Em viveiros de criação de organismos aquáticos.são responsáveis por todas as medidas de alcalinidade (TAVARES. preferencialmente.1. M. As análises deverão ser realizadas.0). pode ocorrer precipitação do íon cálcio.6 . a partir de análises previamente realizadas.120 mg/l de CaCO3. ele irá dificultar a obtenção de uma boa transparência. de carbonato de cálcio (CaCO3). associada à alcalinidade.0. 9. coletadas com o auxílio da garrafa de Van Dorn ou com um becker no interior da comporta de escoamento do viveiro. em torno de 60 . no início da manhã ou no fim da tarde. bicarbonato (HCO3-) ou carbonato (CO3--). Portanto. em níveis superiores a 180 mg/l de CaCO3. Tanto a dureza quanto a alcalinidade podem ser corrigidas através da técnica de calagem. basicamente. A alcalinidade da água é importante para o tamponamento do pH.1. a dureza é uma variável.1. 9.Dureza O teor de Cálcio na água pode ser utilizado para a caracterização do grau de dureza. Reflete principalmente o teor de íons de Ca++ e Mg++.5 – Alcalinidade Total Esta variável refere-se à concentração total de bases na água. . causando a mortalidade dos camarões. obstruindo as brânquias. adiciona-se o fertilizante químico (superfosfato triplo ou simples) numa quantidade de 60 kg/ha. Neste período deve-se fazer um acompanhamento para verificar se o nível de água se mantêm. quando necessário. contendo o numero e metragem. e através da É conveniente que seja providenciado a construção de trapiches próximos ao monge e a identificação dos viveiros.2 Manutenção e Preparação dos Viveiros Após o término de cada cultivo. Quanto aos monges. dez dias. O fertilizante. adubação orgânica. deverá ser dissolvido num balde com água e lançado de forma homogênea por todo o viveiro. inicia-se o abastecimento. Procedimento: Com o viveiro ainda seco. iniciando-se logo a seguir a fertilização orgânica distribuindo-se ao longo do viveiro esterco de boi bem curtido. inicia-se a preparação do viveiro para um novo povoamento. e outros. processando-se a assepsia. espalham-se aproximadamente 500 kg/ha de calcário dolomítico.0 kg/ha. numa quantidade de 2. . utilização do disco de Secchi aferir os valores de transparência Ao se completar o nível de água do viveiro. monges. deve-se providenciar uma proteção com tela sombrite para evitar a fuga dos animais. Concluída esta etapa. bem como a execução de reparos em taludes. Quando o volume de água atingir aproximadamente 50% do volume total.9. interrompe-se o fluxo de entrada e de saída por mais ou menos. calagem. torná-se necessário a realização da manutenção dos viveiros de engorda. O povoamento deve ser feito no máximo dez dias após o início do abastecimento dos viveiros. abastecimento dos viveiros e adubação química. evitando-se com isto o desenvolvimento oportunista de predadores e competidores de pós-larvas de camarão. sistema de abastecimento. retirando-se os concentrados poluidores. Feito isso. que consiste basicamente na raspagem do fundo do viveiro. 3 Transporte das pós-larvas e Povoamento dos viveiros O transporte das pós-larvas deve ser realizado nos horários mais frescos do dia.2 g de peso médio. podem ser colocadas no viveiro berçário numa densidade de 50 – 100 indivíduos/m2. para sistema semi-intensivo ou 14 . que consiste em colocar os sacos plásticos na água do viveiro por um período de 20 a 30 minutos. permanecendo por aproximadamente 60 dias quando atingem 1. Posteriormente. Neste último caso há necessidade de se utilizar tecnologia especifica para operação. deve-se misturar lentamente a água destes com as do viveiro. As pós-larvas com 3 a 8 dias. Adubo orgânico (esterco curtido) Quantidade P/1 ha (kg) Boi 1. objetivando o equilíbrio térmico entre as águas de dentro e de fora do saco. sendo então transferidas ou colocadas diretamente nos viveiros de engorda.4 Fertilização O quadro a seguir apresenta alguns tipos de adubos orgânicos e químicos mais comumente utilizados na fertilização de viveiros e suas respectivas quantidades. Recomenda-se também colocar alguns cubos de gelo entre os sacos.500 a 2.0 Porco 200 a 300 Aves 100 a 200 . contendo as pós-larvas. 9. numa densidade de 5 . após a metamorfose.7 indivíduos/m2. tomando-se como base um hetare. evitandose assim possíveis choques. liberando cuidadosamente os animais. utilizando-se o caminho mais curto do laboratório à propriedade. Chegando a propriedade. 9.18 indivíduos/m2 para cultivo intensivo.Figura 17: Viveiro sendo drenado para iniciar as etapas de manutenção. as pós-larvas passam por um período de aclimatação. e a parede da caixa de isopor. tesoura.Realização das despescas nos horários frescos do dia. devem-se adotar as seguintes medidas: .0 kg/ha). baldes. a partir dos dados obtidos.5 Biometria A biometria. possibilitando a realização de dois ciclos de engorda por ano. com objetivo de incrementar o desenvolvimento de pequenas larvas de insetos e vermes aquáticos.6 Despesca Dependendo da época em que se encontra o ciclo de engorda. . além de pessoal suficiente para uma rápida despesca. técnica de acompanhamento de desenvolvimento de crescimento e engorda do camarão. variam basicamente em função da etapa de desenvolvimento do animal. que se constituirão como alimento natural para os camarões. caixas de pescado. entre outros.material para o tratamento pós-colheita (mesa. isopores. como. bandejas. for observada a presença de camarões de tamanho comercial. de acordo com os percentuais sobre a biomassa. 9. . Estes percentuais (2 a 5%). é possível atribuir à biometria o seu papel direto na economicidade do investimento.utilização de rede específica (malha de 15 a 20 m).Adubo químico Quantidade P/1 ha (kg) Superfosfato triplo ou simples 50 a 60 NPK 13: 20: 6 Os fertilizantes mais recomendados são: o superfosfato simples (50 a 60 kg/ha) para correção de transparência e o esterco de boi curtido (1. Estas despescas são fundamentais para que haja resultados satisfatórios de produção e consequentemente maior otimização da utilização dos viveiros de cultivo. pois. são efetuados os cálculos de biomassa instantânea e a oferta de ração. . são realizadas despescas seletivas e/ou totais. estratégia de engorda e temperatura da água. . durante a biometria. 9. .500 a 2. Para a prática de despesca. filme de PVC) e bem como local para estocagem do camarão.existência de utensílios de apoio.ausência de arraçoamento no dia anterior à despesca. Representando a ração aproximadamente 50% dos custos de produção do camarão.gelo suficiente para a realização de um eficiente choque térmico e solução de hipoclorito de sódio para a assepsia do produto. deve ser realizada pelo menos uma vez por mês. As despescas são realizadas sempre que. . e não tão somente o percentual utilizado. e com importante participação numa série de reações metabólicas do organismo. b . As proteínas representam a fração mais onerosa da ração e por isso são utilizadas com muito critério pelas indústrias de ração.1 Ração Um dos aspectos que garantem o sucesso da atividade é o emprego de alimento adequado à espécie que se pretende cultivar.apresentar boa estabilidade e granulometria. afunda com facilidade.é economicamente viável. isto é.7.Figura 18:Despesca seletiva. c .tem boa atratibilidade.7 Ração e Arraçoamento 9. d . indispensáveis à absorção de nutrientes. teores de proteínas. carboidratos e lipídeos. que consideram o perfil aminoacídico destas. Uma ração adequada é aquela que apresenta as seguintes exigências: a .imerge. 9. . A produção de peixes ou camarões depende do sistema de cultivo e da disponibilidade e tipo de alimento. além dos suplementos vitamínicos e minerais. O valor nutritivo da ração deve considerar os insumos utilizados. e .atende às exigências nutricionais conhecidas da espécie. Muitos destes fatores estão associados à contaminação dos alimentos por microorganismos patogênicos. balanceado e produzido com todos os cuidados.40% Gorduras entre 06 . a presença de fatores antinutricionais tem recebido atenção especial. um tipo de fungo que produz uma substância. Em cultivos intensivos a frequência alimentar pode chegar a quatro vezes ao dia. A ração deve ser espalhada ao longo de todo o viveiro. Por exemplo. evitando com isso desperdícios. O camarão da Malásia. devido a elevada concentração de fibras. apresentando valores baixos de oxigênio não se recomenda o arraçoamento até o restabelecimento por completo das condições adequadas de qualidade de água. Desta forma. A ração deve ser estocada sobre um estrado. por conseguinte dos nutrientes.Diversos estudos têm demonstrado os cuidados que devem ser tomados na produção de dietas artesanais. Outras restrições podem ser citadas para o farelo de trigo. por ser uma espécie tropical. 3 .08% Outros (Cinzas) entre 08 . não se alimenta adequadamente em temperaturas . através de seus níveis de gordura e cinzas. ossos e aves. altamente tóxica e encontrada principalmente nos cereais. O saco aberto não utilizado totalmente deve ser mantido bem fechado. para as farinhas de peixe.5 / 1 % 9. a freqüência alimentar recomendável é de duas refeições ao dia.densidade de estocagem. É conhecido o papel da temperatura no metabolismo de espécies aquáticas. seja devidamente utilizado.2 Arraçoamento A prática do arraçoamento é uma etapa que vem finalizar e garantir que o alimento. a aflatoxina. em ambiente fresco e ventilado.08% Fibras entre 06 . Recomenda-se que o arraçoamento seja realizado considerando os seguintes fatores: 1 .10% Umidade até 10 % Relação Ca/P entre 2. 2 . As vésperas de uma despesca também não se recomenda o arraçoamento. Entre estes estudos. prejuízos e deterioração da água de cultivo. carne. considerando a adoção do sistema de cultivo semi-intensivo. às 7h e às 18h. Em condições de águas turvas. Outros fatores referem-se aos níveis de utilização dos insumos e.7. Uma boa ração deve apresentar as seguintes características bromatológicas: Proteína bruta entre 25 . como por exemplo. deve ser utilizada com cuidado e não simplesmente como um substitutivo em potencial para os insumos protéicos de origem animal.qualidade da água de cultivo.idade dos animais.30% Carboidratos (açúcares) entre 30 . a soja que contém a sojina (fator antinutricional). 9. 1992).8 Controle de Predadores e Competidores A atividade de carcinicultura está sujeita a uma série de fatores. Neste caso. a coabitação de duas espécies pode ter sobre cada uma delas uma influência nula. apresenta os principais animais predadores e competidores possíveis de serem encontrados nos viveiros de carcinicultura e o tipo de interação deles com o camarão. Animais Nome popular Nome científico Tipo de interação Invertebrados lavadeira Odonata (ordem) 1 barata d’água Hemiptera (ordem) 1 caranguejo de água doce Trichodactilydae (família) 1 Anfíbios sapo Bufo spp. muitas vezes de caráter imprevisível e oportunista que podem influir negativamente na produtividade do viveiro (SEBRAE/ES. A tabela a seguir apresenta a quantidade diária de ração recomendada nos dois primeiros meses de cultivo. diminuindo para 4% no 5º mês e 3% no 6º mês. entretanto. deixando de se alimentar abaixo dos 18ºC. de posse dessas informações. principalmente por ração e espaço. Segundo DAJOZ (1983). Um destes fatores é a presença. 2 Peixes traíra Hoplias malabaricus 1 tilápia Tilápia rendalli . A tabela a seguir. de outros animais dentro ou ao redor dos viveiros de produção. deve-se evitar também a presença de competidores. a oferta de ração deverá sofrer ajustes dependendo da temperatura da água. juntamente com a depleção de oxigênio dissolvido. cita que os predadores. Tabela 01 Predadores ou competidores presentes nos viveiros de engorda do camarão da Malásia e suas interações. procedendo-se uma observação criteriosa. provocará prejuízos tanto maiores quanto mais intensa e direta forem a predação e competição. os maiores prejuízos são causados pelos predadores.abaixo de 22ºC. principalmente no inverno. Evidentemente que a presença de predadores e de outros seres que possam atuar como competidores com os camarões. sem dúvida. 2 rã Leptodactilus spp.10 kg/ha Após os dois primeiros meses de cultivo a oferta diária de ração passa a ser de 5% da biomassa total de camarões do viveiro.08 kg/ha 4ª quinzena . 1 e 2 perereca Hila spp.05 kg/ha 2ª quinzena . Assim. 1ª quinzena . tem sido responsáveis pelos maiores prejuízos na criação de camarão. favorável ou desfavorável.07 kg/ha 3ª quinzena . muitas vezes indesejável. SANDIFER (1983). Traíra (Hoplias malabaricus) . proporcionando a morte somente dos peixes nos viveiros. . como também sua eliminação quando os viveiros são drenados. pois tem o hábito de se enterrar na lama dificultando sua captura por redes. Recomenda-se utilizar no máximo de 20 a 40 Kg/ha. cita que a Rotenona é um veneno seletivo e age como inibidor do processo de respiração celular em peixes. Dos animais anteriormente citados. O método mais recomendado é o da instalação de telas e filtros de areia e brita. 1 e 2 Aves martim pescador Cerile sp.É carnívora e muito voraz. (1992). 2. A Rotenona vem sendo usada de maneira clandestina. nas formas adulta ou de ovo. Existem vários métodos para controle de entrada de peixes nos viveiros de cultivo. princípio ativo do timbó.Oreochromis nilotica 2 2 lambari/piaba Astyanax spp. quantidade esta não prejudicial aos camarões. deve-se realizar o povoamento no máximo dez dias após o início do abastecimento de viveiros. O uso de produtos químicos nestas canaletas não é aconselhável. neste caso. possue dentes pontiagudos capazes de abater peixes com ¼ do seu tamanho. pois o produto não teria registro junto aos órgãos . diminuindo consideravelmente a predação. SEBRAE/ES. se considerarmos que a fase mais vulnerável à predação é a que se segue de póslarva a juvenil. É encontrada na maioria dos rios brasileiros. o bagre (Rhandia sp) e o lambari (Astyanax ssp) que são comumente encontrados nos viveiros de engorda de camarão da Malásia. Em viveiros de camarão traz grandes prejuízos nas formas adulta e de ovo. 1 garça Casmerodus sp. os mais indesejáveis em viveiros de cultivo de camarão da Malásia são: .Competição por alimento. A Rotenona deve ser usada com cuidado para que não haja contaminação do ambiente externo ao cultivo. que tem poder ictiotóxico. tempo sobejamente suficiente para causar grandes prejuízos nos viveiros de camarão.Predação. Sua erradicação é muito difícil.Forma jovem e aquática da popularmente conhecida lavadeira ou libélula. principalmente de pós-larvas. O desenvolvimento das ninfas de odonatas (odonaiade) chega a durar de um a cinco anos. Além dela. Egretta thula 1 1 socó Butorides striatus 1 Mamíferos lontra Lutra longicaldis 1 1. Para se evitar a presença desses indesejáveis animais. 2 carpa comum Ciprinus carpio 2 carpa capim Ctenopharigodon idella 2 cará Geophagus brasiliensis 2 cará ferreira Ciclossoma facetum 2 barrigudinho Poecilia vivipara 2 bagre Rhandia sp. principalmente em berçários. as pós-larvas crescerão mais rápido que as ninfas da libélula. dada a alta sensibilidade dos camarões e o grande poder residual que alguns elementos tóxicos apresentam. com exceção do Rotenona.Ninfas de Odonata . existem mais duas espécies de peixes. São predadores implacáveis. nos canais de abastecimento e assepsia dos viveiros com cal virgem ou hidratada. pois. penetrando nos viveiros. sendo considerados respectivamente predadores e competidores por alimento (ração). pelo canal de abastecimento. juntamente com o CaO (50 . em caráter provisório. tornando-se o mesmo apto para a continuidade da preparação através da fertilização. A perda de textura (mushiness) em camarões Macrobrachium rosenbergii. é tóxico pelos altos níveis de amônia livre liberada com o aumento de pH. Este procedimento deve ser adotado com a capacidade de armazenamento de água do viveiro em 10 cm. bastante utilizado é a assepsia do viveiro antes do povoamento. deve antes. A morte imediata. utilizando-se preferencialmente gelo em escama. Recomenda-se que a quantidade de gelo mínima para o choque térmico deverá ser três vezes maior que o volume de camarão previsto a ser despescado. A velocidade de decomposição está diretamente relacionada à concentração da flora bacteriana decompositora. inclusive aqueles de menor tamanho.Realizar a despesca com mais objetividade possível. É importante destacar que a influência de fatores biológicos do animal vivo tem um impacto muito grande no comportamento da estrutura do colágeno. Caso o produtor se decida a usá-la. através da aplicação de cal virgem (CaO). autorização.200 Kg/ha). a 5 ppm. é procedimento indispensável. tem sido relatada em uma série de trabalhos. ou seja.60 g/m2). A água a ser utilizada no choque térmico deverá estar bem gelada. se for total deve-se drenar o viveiro e recolher todos os camarões. A sanidade dos produtos de origem aquática em função de sua elevada perecibilidade é fator fundamental para se alcançar êxito no mercado. Entre as principais ações técnicas adotadas. espalhado em toda a sua área. citamos: 1 . Recomendase adicionar à água. para assepsia. após a retirada do produto do viveiro. deve-se eliminar a água do viveiro. Decorridas vinte e quatro horas da assepsia. para o choque térmico. Em colheita seletiva ou parcial. deve-se adotar alguns cuidados especiais. que em altas concentrações. abastecimento e povoamento. 10. a começar pela despesca.competentes. uma vez que esta proteína tem participação importante na resistência mecânica do músculo cozido. proteína muscular. .0 Tecnologia Pós-Despesca Com o objetivo de manter a textura adequada do camarão por um maior período de tempo. solicitar ao IBAMA. solução de hipoclorito. Outro método. que se encontra na superfície corporal. através do choque térmico. Para maior eficiência recomenda-se a adição de sulfato de amônia (100 . estando a temperatura diretamente relacionada ao desenvolvimento e à taxa de decomposição que ocorre nos organismos mortos. tendo providenciado para isto caixas térmicas e gelo suficiente para a quantidade esperada. C.18 a . d . antenas e o ápice do espinho rostral. 25. Médias e grandes empresas dispõem de infraestrutura específica para beneficiamento do camarão. incluindo congelamento por nitrogênio ou amônia a temperaturas que variam de . o camarão sob resfriamento. 5 . e lacrada por uma etiqueta adesiva contendo informações sobre a origem do produto. e maior dificuldade na absorção dos temperos culinários.para produzilo em tempo menor. no dia anterior à despesca. 2 . 4 . ração. dentre os quais citamos: a . receitas culinárias. e outras. c . Estas medidas amenizam o estresse com a colheita. . devido aos mais diversos fatores. Realizando despescas seletivas já a partir do 4º mês de engorda. 35 e 45g. retirando-se as quelas. e não estendendo o tempo de cultivo. médio. Esta prática é decorrente de um esforço que as empresas camaroneiras de todo país fazem no sentido de não se comercializar animais deste porte. reduz-se substancialmente o volume de animais “gigantes”.após a toalete. 3 .o congelamento deve ser rápido e o armazenamento em câmaras frigoríficas a . tendo-se o cuidado de cobrir com eficiência o fundo e as margens do viveiro. supervisão técnica. envolvidas por um filme de P.após a despesca. os camarões são classificados segundo os tamanhos pequeno.V.exigência de maior tempo de cultivo aumentando da conversão alimentar.recomenda-se também a não oferta de alimentos. o trato digestivo cheio induz à deterioração mais rápida. grande e especial.18 ºC. visto que. o camarão deverá ser acondicionado em bandejas plásticas ou de poliestireno. recomendações de uso. tamanho. evitando a morte antecipada dos animais. com pesos médios de 20. b . conservação. passa por uma toalete.após a classificação. Pequenos produtores têm feito opção pela aquisição de refrigeradores com dispositivo “fast freezing”. respectivamente.maiores dificuldades em se alcançar tempo de cozimento satisfatório.estudos mostram que há alterações em textura e paladar.deve-se proceder à despesca com uma rede de malha seletiva passando-a no máximo duas vezes. haverá a necessidade de diminuir consideravelmente a densidade de estocagem acarretando baixas produtividades.40 ºC. 6 . além dos 7 meses. localizado no cefalotórax (cabeça). 49 .Figura 19: Lavagem. toalete e classificação do camarão da Malásia.