manguezais

March 29, 2018 | Author: cetaceo | Category: Mangrove, Lesson, Natural Environment, Conservation Biology, Learning


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Resumo: A educação ambiental enfatiza as regularidades e busca manter o respeito pelos diferentes ecossistemas e culturas na terra.A população está cada vez mais envolvida com as novas tecnologias, com cenários urbanos, perdendo desta maneira a relação natural que tinha com a terra e sua cultura. A degradação e poluição dos ecossistemas, como por exemplo, o manguezal, é um tema em grande discussão atualmente, e com base nesses argumentos surgiu uma preocupação de ser realizar uma pesquisa de investigação-intervenção na comunidade São Lourenço, localizada às margens do manguezal, na cidade de Bayeux no Estado da Paraíba, com o objetivo de desenvolver um trabalho pedagógico para relatar a importância da manutenção e conservação do meio ambiente. Neste trabalho utilizaram-se pressupostos da pesquisa qualitativa, onde as informações partiram por meio de diálogos e relatos orais dos grupos focais de moradores. Foram desenvolvidas algumas palestras e oficinas para reverter este quadro, onde obtivemos êxitos com relação à confiança dos moradores, que se mostraram perseverantes e apoiaram este trabalho, colaborando com as informações necessárias durante o período da coleta de dados, participando das oficinas nas quais os mesmos (as) reconheceram que estavam contribuindo para o aumento da degradação do mangue o qual eles (as) habitam, mas mostraram-se dispostos a tentar mudar esta situação. Para o grupo pesquisador, este trabalho trouxe uma experiência positiva com relação ao conhecimento científico e popular, pois durante o trabalho de campo foi percebida a importância da pesquisa no ambiente acadêmico, porque proporcionou uma visão nítida da relação integradora entre a teoria e prática. Palavras-chave: Educação ambiental, Meio ambiente, Manguezal, Comunidade, moradores. O AMBIENTE MANGUEZAL O Manguezal é um ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, característico de regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés. É constituído de espécies vegetais lenhosas típicas (angiospermas), além de micro e macroalgas (criptogamas), adaptadas à flutuação de salinidade e caracterizadas por colonizarem sedimentos predominantemente lodosos, com baixos teores de oxigênio (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995). O ecossistema ocupa regiões tipicamente inundadas pela maré tais como: estuários, lagoas costeiras, baías e deltas (ALVES, 2001). No Brasil os manguezais ocorrem em quase todo o seu litoral, tendo importantes ocorrências no Nordeste, principalmente no estado do Maranhão e Bahia. Os manguezais são ecossistemas altamente produtivos, devido ao acúmulo de substâncias alóctones e a queda e degradação de folhas e outros substratos autóctones (SCHAEFFERNOVELLI, 1995). Esta alta produção de matéria orgânica é fundamental nos processos de reciclagem de nutrientes, que influencia a rica cadeia alimentar presente nestes ecossistemas. Por possuir uma grande riqueza de recursos naturais, os manguezais constituem-se há tempos em áreas de grande importância para a população humana. Este ambiente, porém, vem ao longo dos anos sofrendo agressões que contribuem para a sua degradação constante e crescente, quer seja na exploração desenfreada e não planejada de seus recursos, quer seja nos aterros que vem sofrendo ou nos aportes de poluição de esgotos domésticos e industriais que recebe (ROSADO, 2006). EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO MANGUEZAL A Educação Ambiental (EA) constitui-se numa forma abrangente de educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, por meio de um processo pedagógico participativo permanente, que procura incutir no indivíduo uma consciência crítica sobe uma problemática ambiental (GUERRA & ABÍLIO, 2006), compreendendo-se como crítica a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais. A incorporação da questão ambiental no cotidiano das pessoas pode propiciar uma nova percepção nas relações entre o Ser Humano, Sociedade e Natureza (ABÍLIO, 2008), promover uma reavaliação de valores e atitudes na convivência coletiva e individual, assim como, reforçar a necessidade de ser e agir como cidadão na busca de soluções para problemas ambientais locais e nacionais que prejudiquem a qualidade de vida (DIAS, 2003; SATO, 2001). Nesse sentido, cabe destacar que a EA assume cada vez mais uma função transformadora, onde a coresponsabilização dos indivíduos torna-se um objetivo essencial para promover um novo tipo de desenvolvimento, o desenvolvimento sustentável (JACOBI, 2003).Este trabalho foi desenvolvido no ambiente manguezal, pelo fato do mesmo exercer uma enorme importância na manutenção do ciclo da vida ambiental e da sustentabilidade humana. "Os manguezais são fontes de elevada produtividades biológica, comparáveis somente as boas terras de cultivos, transformando-se em habitat's potenciaispara a produção de atividades humanas como: aqüicultura,apicultura, eco-turismo e a pesca a artesanal, entre a captura do caranguejo-uçáe de mariscos responsáveis pala colocação de um terço de proteína animal consumida no Brasil." Nordi (1995) Os mangues são enormes amortecedores que protegem os continentes das ondas e tempestades, aos fatores determinantes para defesa da manutenção do ecossistema manguezal são os benefícios indiretos, como da fundamental retenção de sentimentos continentais trazidos por rios e pelos escorrimentos pluviais, os quais contribuem significativamente para melhoria das águas, como se existisse um filtro natural para diluir as águas poluídas. Estima-se que um hectare de estuário de maré represente o equivalente a uma economia de cento e cinqüenta mil dólares nos custos do tratamento de resíduos, segundo contabilidade ambiental (NORDI, 1995). Percebendo que a comunidade São Lourenço está localizada as margens do manguezal Bayeuxense, e por não haver uma devida preocupação dos órgãos públicos em relação a um desenvolvimento estrutural urbano-industrial, por isso o ecossistema está submetido ao desequilíbrio ambiental, devido às aglomerações residenciais, industriais, hospitalares e outros, as quais poluem o mangue sem nenhuma preocupação com a degradação e extinção de algumas espécies que ali habitam. A norma constitucional preceituada no Art.225, § 3º (...)descreve a obrigação imposta às pessoas físicas ou jurídicas de direito público e privado quando, ao praticarem condutas ou atividades que causam lesões ao meio ambiente e especificamente ao manguezal, estarão passíveis de sofrer sanções administrativas, civis e penais (CABRAL, 2003). E neste contexto surge à preocupação de desenvolver um trabalho pedagógico junto à comunidade São Lourenço, com isso levar o conhecimento científico para que possam refletir sobre a degradação e poluição do ambiente em que estão inseridos. "O ecossistema manguezal está submetido a fortes estresses antrópicos, em nível crescente, causados pelo rápido e intenso processo de degradação proveniente da ocupação urbano industrial" (CABRAL, 2003, p. 37). O uso do ecossistema manguezal deve ter como objeto principal a sua preservação, com gestão de usos múltiplos que significa o aproveitamento de recursos disponíveis oferecidos pela natureza, descobertos e utilizados pelo homem, mas não de forma irresponsável, convertendo-se em outros usos sem a devida ciência das aplicações daquele recurso e adequabilidades. CARACTERIZAÇÃO DA COMUNIDADE A comunidade São Lourenço localizada as margens do manguezal (Figura 01), na cidade de Bayeux, Estado da Paraíba, foi fundada na década de 80 (oitenta). Aproximadamente quatro anos após sua fundação, foi formada uma cooperativa com a participação de uma freira italiana conhecida como irmã Blandina e o arcebispo da Paraíba daquela época Don José Maria Pires e alguns moradores, com o objetivo de apoiar os moradores prejudicados por uma enchente no local, algum tempo depois a mesma foi extinta por falta de recursos financeiros. A comunidade é composta por 2.000 mil habitantes, a faixa etária é de 0 a 60 anos com predominância de crianças (Figura 02). Figura 01 Aspectos do Mangue da Comunidade São Lourenço, Bayeux - PB Figura 02 Números de habitantes, por classe etária, da Comunidade São Lourenço, Bayeux - PB A profissão dominante é a pesqueira (Figura 03 ), a renda média gira em torno de um salário mínimo, com exceção de algumas famílias que sobrevivem apenas da bolsa família. Figura 03 Principais atividades desenvolvidas pelos moradores da Comunidade São Lourenço, Bayeux PB O grau de instrução é preocupante por predominar o analfabetismo em vários níveis (Figura 04). Analfabetos puros ou absolutos são aqueles que não conhecem os códigos do idioma ou os manejam precariamente. No entanto, os analfabetos por desusos são aqueles que alcançaram um manejo das habilidades de leitura e escrita, mas que, ao não praticá-las, esqueceram-nas, regressando a qualidade de analfabetos absolutos. Já os analfabetos funcionais são aqueles que possuem habilidades funcionais de leitura e escrita, porém insuficientes para se desenvolver no meio letrado (CHAVES, 2003). No grupo estudado, alguns concluíram o ensino fundamental básico não havendo continuação por parte deles (as), por estarem acomodados (as) com a situação em que se encontram trabalhando o dia todo e à noite já estarem cansados para enfrentar o cotidiano escolar, acreditando que o estudo não mudará sua vida. Alguns adultos entrevistados relataram que, estão com idade avançada para estarem em sala de aula, pensamentos negativos arraigados em alguns grupos sociais, contribuindo para que estas pessoas continuem fora da sala de aula. criação de animais em locais inadequados e o contato direto com o mangue (Figura 06). Figura 04 Níveis de escolaridade dos moradores da Comunidade São Lourenço. com passeios de barcos em canoas que saem de da comunidade São Lourenço percorrendo do rio Sanhauá a Cabedelo. Bayeux PB Mediante a pesquisa de campo. A capacidade de aprender. ainda existem muitas pessoas que resistem à idéia de que um adulto possa aprender a ler e escrever (CHAVES. não apenas para nos adaptar. Na área de lazer. para todos os moradores daquela localidade. PRINCIPAIS PROBLEMAS DETECTADOS NA COMUNIDADE SÃO LOURENÇO (BAYEUX PB) E SUGESTÕES PARA AMENIZÁ-LOS Os principais problemas observados na comunidade foram: a falta de interesse de alguns moradores da comunidade pela preservação do meio ambiente. as casas estão construídas à margem do mangue. Porém nem todos concordam que os adultos aprendam. recriando-a. Mas é sabido que há aulas da EJA no salão comunitário (Figura 06) e na Escola Estadual de Ensino fundamental Frei Caneca. para nela intervir. Figura 05 . como também o acúmulo de lixo e grandes quantidades de conchas de moluscos (mariscos) (Figura 05). sobretudo para transformar a realidade.PB As condições de vida são precárias. . como por exemplo. mas. ginecológico.1997). hospitalares e fabris. O lazer também está presente no manguezal. 2003). fala de nossa educabilidade a um nível distinto do nível do adestramento dos outros animais ou do cultivo das plantas (FREIRE.PB Há na comunidade um posto de saúde da família (PSF) no qual há atendimentos odontológico. Figura 06 .Pescadoras no quintal de suas casas na comunidade São Lourenço. onde há piscinas infantis e adultos. um quiosque. Embora você ache que a afirmação que acabou de ser feita sobre a condição dos adultos seja absurda.Esgoto a céu aberto e grandes quantidades de conchas de mariscos na comunidade São Lourenço. clínico geral e pré-natal. música ao vivo nos finais de semana e feriados.Bayeux .A maioria das pessoas acredita que os jovens são capazes da aprender. devido à falta de infra-estrutura. sendo o ambiente prejudicado pelo escoamento dos esgotos residenciais. foi percebida na comunidade a ausência de saneamento básico. pois os mesmos acreditam que os recursos naturais não irão acabar. Bayeux . única escola localizada na comunidade. esgotos a céu aberto (Figura 05). é destacado o Balneário Santa Bárbara. 1996). Para amenizar a acomodação dos moradores. p. falta de um trabalho incentivador junto à comunidade. cola. Ao detectar a falta de um trabalho incentivador junto à comunidade. Com o advento do capítulo do meio ambiente no ordenamento constitucional brasileiro. surge a proteção jurídica de preservar os ecossistemas mais importantes do país.415. envolve o uso de métodos. pincel. como patrimônio nacional. para que possa orientar e desenvolver trabalhos artesanais na comunidade. daí o seu cunho gnosiológico. ensinando. utilizando: carcaças de moluscos (mariscos). (CONAMA) Conselho Nacional do Meio Ambiente. utopias. reaproveitando-se os materiais em sua forma original. ensina. falta de confiança dos moradores nos órgãos públicos. como a corrupção e falta de continuidade administrativa nos níveis municipal. aprende. pelo qual o comando constitucional elencou. madeira. ou passando o produto por um processo de transformação (reciclagem) (MAIA. massa de modelar. artesanais e a reutilização do lixo com um trabalho de reciclagem. Que implícita e genericamente pode ser incluído o manguezal (CABRAL. tinta para tecido. órgãos responsáveis pela proteção e conservação do meio ambiente. . 2001). ideais (FREIRE.415. 2001). p. tesoura. A partir destas considerações. é necessário a realização de palestras com especialistas da área de Educação Ambiental.A disseminação cada vez mais intensa da poluição é um problema que nos afeta e deve interessar a todos nós (MAIA. foi visto a importância de um profissional com conhecimentos na área de reciclagem. A reutilização do lixo gerado pode ser feita de duas formas diferentes. Foi percebido a importância do desenvolvimento de um trabalho pedagógico de intervenção junto aos moradores com base em suas vivências pesqueiras.415. implica. A falta de preocupação com os assuntos comunitários. verniz. precisamente no seu artigo 225. estadual e federal (MAIA. ausência de uma organização estrutural-urbano no local. acúmulo de lixo e carcaças de crustáceos e moluscos a céu aberto. a mudança de hábitos de consumo e o desenvolvimento industrial. objetivo. p. aprendendo. entre outros a zona costeira brasileira. e por fatores políticos. latas e outros). O tratamento e a disposição desses resíduos tem se tornado um problema crescente devido a fatores quantitativos. um que. 2003). papelão. quenga de coco. materiais recicláveis (garrafa plástica. outro que. de técnicas. dando ênfase ao manguezal. em função do seu caráter diretivo. (SISNAMA) Sistema Nacional do Meio Ambiente. percebe-se que toda prática educativa demanda a existência de sujeitos. por exemplo: (IBAMA) Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis. 2001). § 4°. como também dos órgãos responsáveis pela preservação do meio ambiente. como o aumento da população em áreas urbanas. sonhos. buscando o equilíbrio da humanidade com a natureza (SATO. 2001). com alto índice nas crianças devido à proliferação de bactérias. contaminando-os. o bicho é muito feio. "O pai do mangue apareceu para mim. unhade-velho. por exemplo: "o pai do mangue. de uma sociedade sustentável. lagosta. 2001). Além disso. p. Tatuí e outros). Em relação à educação ambiental. O folclore é a sabedoria popular transmitida no decorrer dos anos. foi então que percebemos que há vários tipos de pesca. Lucinaldo. Foi questionado pelos moradores a descrença nos órgãos públicos. Os pescadores também relataram algumas lendas existentes no mangue como. pois a mesma tem conhecimento que a prefeitura disponibiliza um transporte três vezes semanal para o recolhimento do lixo na comunidade. ostra e outros) e peixes. O primeiro contato com os moradores da comunidade aconteceu no salão comunitário fomos bem acolhidos pelos mesmos. os quais estão assoreando o mangue e provocando doenças aos moradores. as pessoas terão que ser sensibilizadas com os problemas de caráter sócioambiental.afim de reivindicar soluções para alguns problemas comunitários e com isso gradativamente poderão adquirir vínculo e confiança aos órgãos públicos. morador e pescador da comunidade . não conseguia falar direito nem correr. ou seja. a vovó do mangue. onde iniciamos um debate sobre a pesca e sua modalidade. Moluscos (marisco. p. quando eu estava pescando.Sua prática permanece sobretudo entre as classes populares(MAIA. todas as vezes que vou pescar fico com medo que ele apareça novamente. deve ser valorizado e incentivado. mas logo foi sugerido pelo grupo pesquisador que os mesmos participem das reuniões ocorridas semanalmente na Câmara Municipal de Bayeux. EDUCAÇÃO E A CONSERVAÇÃO DO MANGUEZAL A educação tem como principal tarefa formar cidadãos. insetos e roedores. fiquei todo arrepiado. impossibilitando o seu uso para abastecimento e prejudicando a fauna e flora (MAIA. Dona florzinha. a cobra sucuri e outros". 1997). Para solucionar tal problema foi debatido junto a comunidade a importância de coletores de lixo nos principais pontos da comunidade. camarão. mesmo assim alguns moradores ainda jogam lixo nas ruas e no mangue. a decomposição da matéria orgânica resulta em um liquido denominado chorume que pode ser absorvido pelo solo e atingir os lençóis d'água. com o intuito de se estabelecer uma nova lógica social. .415. através de um trabalho de conscientização. Como afirma o Sr. tô falando a verdade".415. Alguns são pescadores de Crustáceos (caranguejo. devido à diversificação de pescadores no local reunidos.O que chamou mais atenção do grupo pesquisador foi o acúmulo de lixo e carcaças de crustáceos e moluscos. Bayeux-PB. participativo e crítico para o surgimento de uma nova Ética. Pernambuco com o objetivo de detectar o grau de degradação e poluição desse manguezal em relação ao mangue da comunidade São Lourenço em Bayeux. poucos têm envolvimento com a comunidade.O segundo contato foi realizado nas residências dos moradores. Moradores questionaram sobre a "Caiçara" existente na comunidade (Figura 07). esta vinculada e condicionada à mudança de valores. confrontando a prática com a teoria e avançando na construção coletiva do saber. pois os próprios moradores não contribuem. outros por não acreditarem em mudanças. em sua fala: "Não gosto de participar da comunidade. dificultando o trabalho. onde procuramos conhecer o cotidiano e a participação de cada um nos assuntos comunitários. Houve . onde foi exposto um vídeo do manguezal da cidade do Recife. além da conservação que é feita em isopor. muitos querem tirar proveitos e cobram do (a) presidente muitas coisas e quando ele (a) não serve. OFICINAS PEDAGÓGICAS DE SENSIBILIZAÇÃO AMBIENTAL NA COMUNIDADE As oficinas pedagógicas. pois além de pescar temos que ir á feira para vender. 2008). Algumas das práticas coletivas para contribuir com o processo interativo. atitudes e práticas individuais e coletivas (ABÍLIO. produção coletiva comprometimento e desenvolvimento de competências. se caracterizam como uma prática peculiar por apresentar os seguintes elementos: reflexão e troca de experiência. devido à falta de estímulos. como afirma a dona de casa moradora da comunidade Veronice Fernandes. os dirigentes não conseguem administrar. mas que não é disponível para todos os pescadores acomodarem seus produtos de pesca. segundo Ferreira (2001). participativo e crítico seria os moradores participarem juntos da coleta seletiva e reuniões comunitárias onde irão discutir problemas relacionados à comunidade." Figura 07 "Caiçara" de pescadores da comunidade São Lourenço. isso acarretaria numa atividade coletiva. contribuindo com a diminuição da poluição e degradação do meio ambiente (mangue). por exemplo: cada morador selecionaria seu lixo em sacolas plásticas e depositá-lo-ia em locais adequados para seu devido recolhimento. que pode pôr a perder a qualidade. corre o risco até de sofrer violência. pois não tenho freezer. se tivesse um programa de revendo ajudaria muito. alguns por comodismo. A primeira oficina realizada aconteceu na casa de uma moradora da comunidade. confronto de experiências e criando estratégias descoberta de alternativas de solução para os impasses fundamentados na necessidade de transformar a realidade educacional. como afirma seu Antônio José pescador e morador da comunidade: "Sinto a necessidade de uma cooperativa para dá apoio na conservação do produto. Para a surpresa do grupo pesquisador. vejo muita desunião das pessoas que participam da associação." A Educação Ambiental vem contribuir em um processo interativo. é visível o aumento de desrespeitos aos ecossistemas como. é tudo dentro da maré". foi sugerido também a distribuição de panfletos educativos na comunidade.debate e os mesmos especificaram as diferenças e as semelhanças entre os manguezais como especifica Dona Maria em sua fala abaixo: "O mangue é tudo igual. alumínio e óleo. a oficina foi encerrada com a exposição de uma música do grupo Cantarolama (Meu Manguezal Brasileiro). madeira.. é cavalo. com isso são estudadas alternativas para amenização dos efeitos agressivos. para que os educandos comecem a entender a importância da conservação do meio ambiente para uma melhor qualidade de vida. monitoramento. necessariamente inter-relacionadas: educação ambiental no ensino formal e não-formal. é galinha. quem é que não tem dificuldades nessa fase. tecido. pano. plástico. A segunda oficina realizada aconteceu no Salão Comunitário da comunidade. explicando o tempo de decomposição dos mesmos. "Dificuldades todos nós temos. mobilização social. percebe-se a necessidade de se trabalhar este tema nas séries iniciais. queimadas. As campanhas educativas de conservação ao meio ambiente aumentam a cada dia.. no papel vai fazer o que estão falando. mas o de lá tem menos que aqui. poluições. supervisão e avaliação das ações.". especificamente o manguezal.. produção e divulgação de material educativo. com exposição de materiais que são lançados ao meio ambiente. Embora um dos participantes não acredite que estas ações venham amenizar o acúmulo do lixo naquela localidade. pesquisas e experimentações. onde todos cantaram e refletiram em debate a letra da música. nylon. gestão da informação ambiental.. por exemplo. Segundo Brasil (1999) as atividades vinculadas à Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) devem ser desenvolvidas nas seguintes linhas de atuação. é igual ao de lá. Devido aos problemas ambientais que a cada dia se agravam. formação de recursos humanos. Na comunidade. por exemplo: a realização de mutirões para recolher o lixo acumulado na comunidade e no mangue. Após as amostras houve debates sobre o lixo acumulado no manguezal. e etc. chiclete. fragmentação e destruição. pois com as pesquisas realizadas atualmente. é gato. alguns moradores especificaram algumas soluções como. As pesquisas e as experimentações ajudarão nas descobertas dos avanços ou diminuições das agressões ambientais. Os materiais expostos foram: vidro. aqui tem cachorro morto na maré. desmatamentos. pra mais de dez anos vocês têm que fazer um abaixo assinado com os pescadores porque ai. desenvolvimento de estudos. mesmo que tenha um pessoal dessa universidade para ajudar. papel. como palestras sobre a degradação e poluição do meio ambiente. MEU MANGUEZAL BRASILEIRO (autorChiquinho) Meu manguezal brasileiro . trabalho com reciclagem. uma vez que esta depende do ambiente e de seus recursos. deveria ser uma das ações prioritárias para a diminuição da degradação e poluição do manguezal. Um trabalho significativo e uma mobilização da comunidade para a coleta seletiva. pois o mesmo tem a capacidade de proteger o litoral das tempestades marítimas. O investimento de políticas públicas na comunidade São Lourenço. devemos preservá-lo e conservá-lo adequadamente.Vai pra você essa canção Sustento de um povo em comunhão Estuário região onde uma vida vai brotar Pra outras vidas alimentar Tu és o berçário desse mar. enfatizadas pela população local. vermelho ou saraíba Dá de tudo nesse mangue onda há Mangue há vida Seja mangue sapateiro. Por isso e outros motivos. . noções de higiene pessoal e comunitário deve ser uma das prioridades. resultando em uma vida mais saudável e segura a esta comunidade. como sua importância social. bem como a sociedade em geral. não só para os moradores que habitam às margens do mangue e dependem dele para sua sobrevivência. Manguezal Ele vai do Amapá até Santa Catarina Esse cinturão verde essa lama que é vida Seja preto seja branco. Siriba ou botão O manguezal brasileiro mora no meu coração Meu manguezal brasileiro Vai pra você essa canção (bis) TECENDO ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir das informações aqui levantadas é importante desenvolver ações integradas na comunidade sobre a importância do manguezal e sua biodiversidade para que com isso venha melhorar a situação existente no local. Este trabalho nos trouxe novos conhecimentos relacionados ao manguezal. CHAVES.Cadernos de Pesquisa. João Pessoa: Editora Universitária/ UFPB. Pedagogia da autonomia: saberes necessários á prática educativa. Cidadania e Educação Ambiental. MAIA. 353p. O Direito do Mangue. Rio de Janeiro: FEMAR: SEMADS. p.M. M. Michèle. São Paulo: DCL. São Paulo: Paz e Terra. Oficina Pedagógica: recurso mediador da atividade deaprender. & Ferreira. 2001. Revista Nordestina de Biologia.São Paulo: Gaia. Pesquisa-Ação: princípios e métodos. R. 2003. Lei nº 9. Bahia. RICHARDSON. Natal: EDUFRN. ALVES. Relatório de planejamento e estado da arte. Projeto: Avaliação de diferentes estratégias para biorremediação do manguezal da Refinaria Landulpho Alves Mataripe (RLAM). Educação. PB: Editora Universitária da UFPB. SATO. Suely Lima. Meio Ambiente e Desenvolvimento: bases para uma formação interdisciplinar. ROSADO. Gutemberg José da Costa Marques. M. 2001. Teoria e Prática.G.Passo a Passo: no caminho do saber. Cidadania e Sustentabilidade. 2003. (Orgs. 2006. João Pessoa: Sal da Terra. In: Ribeiro. Jarry Roberto (Org). Ariosvaldo Alves Gomes. . 5º Série/ Bayeux 2005. João Pessoa. P.S.). Paulo.REFERÊNCIAS. Alexandre Soares. Aspectos Naturais e aspectos HistóricosEnsino Fundamental. 2003. 2001. 9-14. 2001. Política Nacional de Educação Ambiental(PNEA). Educação Ambiental: princípios e práticas.. Nivaldo. GONÇALO.795 de abril de 1999. Guia de Formação. Maria Salonilde. FERREIRA. Francisco José Pegado Abílio. vol. ABÍLIO.). Rio de Janeiro: Copyright. 96p. Oficina Pedagógica: uma estratégia de ensino-aprendizagem. In: Andrade. 2008. OLIVEIRA. JACOBI. CABRAL. O processo de comercialização do caranguejo-uçá e seus reflexos nas atitudes de coleta. FREIRE. DIAS. Ética. Apaixonadamente pesquisadora em Educação Ambiental. 118: 1-19. Maristela Oliveira (Org. Edielson. Genebaldo Freire. Manguezais: educar para proteger. BRASIL. 10. 2003. 1996. (Org. Jorge Rogério Pereira (Org. Educação Ambiental. (Coleção Leitura). 16/17: 24-35. NORDI.).). 1995. 2003. Podemos atender no máximo até 60 participantes incluindo acompanhantes e professores por vez. . podendo ser no período matutino ou vespertino em qualquer dia da semana a qualquer hora do dia entre 08:00 he 14:00 h. São Paulo/Caribbean Ecological Research. . Michèle.Restaurante servindo lanches e refeições diariamente (grupos agendamento). caso queira estar a frente do repasse das informações pré programadas. PROJETO MANGUEZAL Educação Ambiental no Manguezal Resumo O objetivo do "Projeto Manguezal" visa o desenvolvimento de uma consciência de cidadania e de responsabilidade ambiental e social focando a preservação do meio ambiente e do ecossistema manguezal. O agenciador tem a opção de trazer seus próprios monitores. Tese de Doutorado. somente mediante . 1997.Embarcações a Remo com capacidade para 6 pessoas com todo material de salvatagem necessário para a segurança dos passageiros.(acompanha monitor) 2.SATO. São Paulo. Educação para o ambiente amazônico. Passeio de Barco a Motor = Conhecimento e observação dos impactos ambientais causados pela poluição nas águas e pela ocupação desordenada nas margens dos rios que circundam o município.Embarcação Motorizada com condutor habilitado e todo material de salvatagem necessário para a segurança dos passageiros. Os orçamentos deverão ser solicitados por e-mail. podendo atender até dois grupos por dia. 1995. Manguezal ecossistema entre a terra e o mar. cujo município Cubatão esta geograficamente inserido. O conteúdo do programa terá a duração aproximada de 3 horas. sendo necessário a divisão do grupo em dois. aumentando sua intervenção para proteção da natureza. SCHEFFER-NOVELLI. Dois monitores acompanharão os grupos e passarão as respectivas informações de cada atividade. Yara. O projeto tem um novo formato e a realização esta composta de duas atividades práticas e dinâmicas: 1. Passeio de Barco a Remo = estudo do ecossistema manguezal “in loco” enfatizando sua importância como berçário da vida marinha e como filtro entre o continente e o oceano onde todos os participantes remam. valores éticos e postura critica com relação a suas ações e respeito ao planeta Terra. Após 6 anos de experiência no desenvolvimento do Projeto Manguezal verificamos mudanças concretas no comportamento do aluno. (acompanha monitor / remadores) Todas as atividades serão realizadas na Empresa Náutica da Ilha sob nossa supervisão. Recursos Utilizados . Destacamos que na atividade Remo haverá a obrigatoriedade da utilização de salva vidas para a segurança e que um remador acompanha cada barco. UFSC. formal e/ou não-formal.E-mail: [email protected] RESUMO O presente artigo relata atividades voltadas para a educação ambiental relacionada ao ecossistema manguezal.edu. em Biodiversidade e Conservação / CVT Estaleiro Escola do Maranhão. as quais ocorreram no CVT Estaleiro Escola do Maranhão.Telefone e Fax: (13) 3363-2161 . atingindo um total de 225 pessoas (. 5 Bacharel em Ciências Aquáticas. Fone: (99) 3669-3000 E-mail: ana.Embasamento Legal Conforme Lei No 9795 sancionada pelo Presidente da República. Ciência e Tecnologia do Maranhão – Campus Codó. as quais ocorreram no CVT Estaleiro Escola do Maranhão. em Engenharia Ambiental / Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia do Maranhão.) EDUCAÇÃO AMBIENTAL SOBRE O ECOSSISTEMA MANGUEZAL JUNTO A UMA COMUNIDADE DO MUNICÍPIO DE SÃO LUÍS – MA Ana Luiza Privado Martins 1 Izabel Cristina Silva Almeida Funo 2 Hellen Cristine Alves Vinhote 3 Mirella Nascimento Giusti da Costa 4 Cristian Cristine Teófilo Durans 5 1 Bióloga.Duração: a combinar . Esp. no município de São Luís. MSc.400-000. como orientam os Artigos 205 e 225 da Constituição Federal”. em 27 de abril de 1999 sobre a Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA. MSc.Agendamento: 10 dias de antecedência. Contatos . tem-se: “A Lei reconhece a educação ambiental como um componente essencial e permanente em todo processo educativo. S/N-Zona Rural – Codó-Ma/CEP: 65. “A Política de Educação Ambiental legaliza a obrigatoriedade de trabalhar o tema ambiental de forma transversal. em Sustentabilidade de Ecossistemas / CVT Estaleiro Escola do Maranhão. 4 Bióloga. 2 Bacharel em Ciências Aquáticas. MSc. Informações Adicionais .lpm@ifma. . MSc. em Engenharia de Pesca / Instituto Federal de Educação.. Ciência e Tecnologia do Maranhão – Campus Maracanã.Local de Atendimento: Cubatão / SP. durante 21 meses (agosto/2007 a maio/2009). 3 Bacharel em Ciências Aquáticas. em Sustentabilidade de Ecossistemas / Instituto Federal de Educação..com. durante 21 meses . conforme foi proposto pelos Parâmetros e Diretrizes Curriculares Nacionais”. no município de São Luís.br Educação ambiental sobre o ecossistema Manguezal junto a uma comunidade do município de São Luís – MA O presente artigo relata atividades voltadas para a educação ambiental relacionada ao ecossistema manguezal. Endereço: Povoado Poraquê.Idealizador do Projeto: Daniel Ravanelli Losada . pelo Golfão Maranhense e pelas reentrâncias do litoral ocidental (REBÊLO-MOCHEL. fornecimento de produção primária. Nesse ecossistema é característico o solo lamoso. 2002). pouco oxigênio e odor característico (MOCHEL & MEDEIROS. a falta de conhecimento sobre a importância desse ambiente é um dos maiores entraves para sua preservação e conservação (ALARCON & PANITZ.. 2005). de maneira contextualizada e participativa. dinâmicas de grupo. Em vista da elevada degradação dos manguezais no estado do Maranhão e.000 hectares. Durante o processo ensino-aprendizagem. atingindo um total de 225 pessoas. faz-se necessário o entendimento desse ecossistema. Palavras-chave: Manguezal. Ações Educativas. O público alvo da ação educativa foi constituído por moradores das comunidades circunvizinhas à escola. ele continua sofrendo destruição por meio de processos urbano-industriais de ocupação do litoral. situado no Sítio Tamancão. O trabalho educativo faz parte do curso de Educação Ambiental para as comunidades circunvizinhas ao estaleiro. manutenção da biodiversidade. salobro e formado por depósitos de silte. Educação Ambiental. Esse local é margeado pelo estuário do rio Bacanga e por extenso manguezal. na área Itaqui-Bacanga do município de São Luís. no geral. 1988). constituição de berçário e área de refúgio para muitas espécies (BENFIELD et al.. sendo típico de regiões tropicais e subtropicais (BENFIELD et al. este trabalho teve como objetivo proporcionar a uma comunidade de São Luís (Maranhão) a compreensão. com muita matéria orgânica em decomposição.. Forma uma unidade faunística e florística de muita importância. 1998). O Brasil possui uma das maiores extensões de manguezais do mundo. Dessa forma. atividades ludo pedagógicas e aulas de campo. com cerca de 500. foram realizadas aulas expositivas dialogadas. os quais possuíam a partir de 15 anos de idade e haviam concluído o ensino fundamental. INTRODUÇÃO O manguezal é um ecossistema de transição entre os ambientes terrestre e marinho. As funções fundamentais do manguezal estão relacionadas à fixação do sedimento. conseqüentemente para o homem. O litoral maranhense é o que apresenta a maior área de manguezais do país. METODOLOGIA Ambiente de Trabalho e Público Alvo As atividades de educação ambiental ocorreram no CVT Estaleiro Escola do Maranhão. da importância do manguezal. econômica e ambiental. até o estado de Santa Catarina (KRUG et al. 2005). Além da delicada situação em que se encontra o manguezal. 2007. o encontro das águas de rios com as águas do mar. SCHAEFFER-NOVELLI. estendendo-se do estado do Amapá. distribuídos pela costa oriental. levando-se em consideração a sua extrema importância social. Apesar de toda importância desse ecossistema para o equilíbrio ecológico e. levando à conclusão de que o processo foi eficiente para construir o conhecimento sobre o manguezal junto ao público-alvo.(agosto/2007 a maio/2009). 1989). representada por um grupo típico de animais e plantas (VANNUCCI. A técnica do “survey” foi utilizada para comparar o entendimento dos alunos antes da ação educativa com o adquirido após a realização das atividades. incentivando sua utilização de forma sustentável e promovendo uma educação ambiental para a transformação. 1995). As atividades tratadas aqui . onde ocorre. ocorreram durante 21 meses (agosto/2007 a maio/2009). foi utilizado em função de temas específicos. data show. “Errada” e “Não Respondeu”. Legislação Ambiental e Uso Sustentável do Manguezal. Descrição das Atividades Sabendo-se que este trabalho foi realizado em quatro turmas e que cada uma delas reagiu de forma diferenciada às atividades aplicadas. foi adquirido através da disciplina intitulada Ecossistema Manguezal. lápis de cor. Relação entre Sociedade e Manguezal (Importância e Impactos Ambientais). computador. Os temas abordados foram os seguintes: Introdução ao Estudo sobre Manguezais (Ecossistemas Costeiros. utilizandose o diálogo como mediador do trabalho em sala de aula. Durante esse tempo. Para ministrar as aulas foram utilizados diversos recursos. O questionário constava das seguintes perguntas: 1. Qual a importância do ecossistema manguezal? 2. O conhecimento. e não simplesmente um mero receptor de informações pré-estabelecidas. para que se tivesse uma visão do conhecimento das mesmas sobre o manguezal. Durante as aulas sempre era feito um levantamento do conhecimento prévio dos alunos a respeito da temática a ser tratada. a fim de impulsionar ou restringir práticas. Aplicação de questionários Para o desenvolvimento deste trabalho. sendo que o período de aprendizagem para cada uma delas foi de cinco meses. atingindo um total de 225 pessoas. Quais os principais impactos ocorrentes no manguezal de São Luís? As respostas dadas foram classificadas em “Correta”. Origem e Distribuição do Manguezal). conhecida como “survey” (levantamento). foram formadas quatro turmas do curso. Biodiversidade do Manguezal (Fauna e Flora). como elaboração de cartazes e cartilhas. tesouras. no presente contexto. quadro e pincel. foi primeiramente realizada uma avaliação do entendimento dos alunos sobre o ecossistema manguezal. permite investigar e descrever uma situação. “Parcialmente Correta”. (2004): Essa técnica. neste artigo estão descritas apenas algumas das ferramentas utilizadas e alguns dos resultados obtidos. Características. Essa mesma ação também foi realizada ao fim das atividades. como cartolina. com objetivos concretos e aplicado de acordo com a realidade dos alunos. foram aplicados previamente questionários às pessoas que participariam das atividades educativas. réguas e cola. Para que esse mecanismo servisse como ferramenta eficiente. vídeos. dentre outras. partindo-se do princípio de que o educando é um construtor do conhecimento. Dessa forma. como uma forma de avaliação do conhecimento adquirido pelos envolvidos no processo. foram usados pelos próprios alunos para realização de atividades propostas em sala de aula. sendo um procedimento no qual a informação é sistematicamente coletada de uma população ou amostra pertencente à mesma. para identificar fatores predisponentes a determinadas motivações de um indivíduo. Aulas expositivas dialogadas Ao longo do processo educativo foram ministradas aulas. Outros materiais. como televisão. Segundo CANDIANI et al. antes de uma interferência educativa. possuindo esta um total de 40 h/aula/turma. . em alguns dias. pois consiste em uma técnica que promove maior interesse por parte dos educandos. Além disso. 348). era observado se o objetivo da mesma havia sido alcançado. Esse tipo de atividade facilita a aprendizagem. afetos e condutas (PILON. Sabendo-se disso. Ocorreram também aulas de campo em um ecossistema de manguezal próximo ao Estaleiro Escola. pois este ponto é base para a aprendizagem significativa pretendida. como elaboração de textos e cartazes. Portanto. em termos de tarefas e processos que minimizem as ameaças ao "ego" e desenvolvam formas de interação compatíveis com uma ampliação quantitativa e qualitativa de cognições. O aluno. tem a oportunidade de assimilar os conteúdos com maior prazer. possibilitando maior entrosamento do grupo como um todo. ao final de cada aula. dessa forma. pois se sabe que as mesmas promovem maior concentração nos alunos. que mostravam a problemática ambiental como um todo. mediante experiências reconstrutivas. consistindo em recursos bastante atrativos. p. A participação em sala de aula também foi amplamente explorada. aprendendo. com intuito de conscientizar os alunos sobre a preservação ambiental. os educandos sempre falavam sobre a realidade do local onde vivem. portanto. através de jogos.Realizaram-se também amostras de vídeo. As avaliações realizadas no decorrer da disciplina foram feitas em cada aula através de atividades. Avaliação Sabe-se que o processo avaliativo se faz bastante necessário para o processo ensino-aprendizagem. Dinâmicas de Grupo As dinâmicas de grupo também são consideradas ferramentas que possibilitam a criação e recriação do conhecimento. em que desconfianças. Esse método é facilitado quando se leva em consideração o conhecimento prévio dos alunos. gerando um processo de aprendizagem libertador. Técnicas ludo pedagógicas A atividade ludo pedagógica ajuda o aluno no aprimoramento de determinadas competências essenciais ao seu desenvolvimento. Conhecer a percepção prévia é fundamental para obtenção de resultados satisfatórios. Desenvolver relações humanas com base em dinâmica de grupo significa criar um espaço psicossocial alternativo. começava-se a aula com alguma técnica de “quebra-gelo”. facilitando sua participação e assimilação. Algumas outras dinâmicas também sempre eram utilizadas com o objetivo de facilitar o aprendizado por parte dos alunos. 1987. era avaliada a aquisição de conhecimentos dos alunos. que é significativo levar em consideração a experiência vivida pelo aluno. Cabe dizer. a busca . ou seja. por exemplo. Por morarem em áreas próximas ao manguezal. pois este muitas vezes possui um conhecimento anterior acerca do assunto a ser tratado em sala. principalmente da World Wild Fund (WWF) Brasil. formação de grupos de discussão e apresentação de trabalhos. temores e conflitos possam ser aceitos e trabalhados. RESULTADOS E DISCUSSÃO As análises das aulas revelaram que os alunos detinham algum entendimento prévio sobre os assuntos abordados em sala. Foram apresentados filmes. formando uma “grade” humana. importante em termos socioeconômicos e ambientais para essas áreas. Caso a equipe errasse. dentre outros. e a aprendizagem repercute-se também globalmente na pessoa. O assunto “Ecossistemas Costeiros” foi abordado gerando sempre grandes debates devido ao fato de que os empreendimentos imobiliários. deveria propor um projeto alternativo viável. sociais e econômicos a longo prazo. a qual impedia a passagem dos outros alunos. que além . por isso. p. das suas aprendizagens e dos problemas que têm de superar (GOLVEIA & VALADARES. (2003) acredita que um jogo bem elaborado pode contribuir para que o processo de ensinoaprendizagem se torne mais eficiente e. O objetivo dessa atividade era incentivar o poder de argumentação e questionamento por parte dos alunos. a dica passaria ao outro grupo. cada vez mais presentes nesses ambientes. Outros cinco deveriam ficar no centro da roda e tentar ultrapassar a barreira formada pelos outros alunos em círculo. têm destruído. 2004. Na aula sobre “Fauna e Flora do Manguezal” foi enfatizado que as espécies típicas desse ecossistema têm adaptações que possibilitam sua permanência no mesmo. A cada rodada era escolhido um representante de cada grupo. A barreira formada pelos alunos representou o mangue. Alguns termos são de difícil assimilação pelos alunos. mas principalmente demonstrar a importância do manguezal como protetor da linha costeira. Um ambiente construtivista deverá propiciar o máximo envolvimento por parte dos alunos e proporcionar-lhes o tempo necessário para pensarem e refletirem acerca das suas idéias e dos seus procedimentos. mais motivante para os alunos. destaca-se a realização de uma dinâmica intitulada “A grade”. o representante do grupo pagaria uma prenda. a turma. o ecossistema manguezal. sendo possível aproximar os aspectos lúdicos dos cognitivos. O jogo chamado “Dica” foi utilizado para exploração dos termos vistos em aula. Para sua execução. a turma foi dividida em duas equipes. Se a resposta desse último fosse errada. Este teria que dar dicas ao seu grupo de outras palavras que lembrassem a que havia sido sorteada. 202). pois o professor não é o único detentor do saber. propícios a uma aprendizagem com significado pelos estudantes. Para tratar sobre a “Importância dos Manguezais”. dividida em grupos. no que ela sabe. na sua forma de ver a si própria e aos outros. através de uma propaganda. Durante as apresentações. Uma perspectiva construtivista do ensino desafia os professores a criarem ambientes inovadores. Essa dinâmica tinha o objetivo de descontrair os educandos. como lenticelas e pneumatóforos presentes na vegetação. a turma pôde aprender de maneira divertida uma das grandes importâncias desse ecossistema. Para realização do mesmo. que estavam representando as ondas. jogos que relembrem as novas palavras vistas durante a aula são sempre muito importantes para facilitar a aprendizagem. Um ambiente construtivista considera que quem aprende é a pessoa na sua globalidade. subjacentes às estratégias construtivistas e investigativas. Os alunos se empenharam bastante para realizarem uma boa apresentação. pediu-se que os alunos fizessem um círculo de mãos dadas em pé. com confecção de maquete por uma das equipes. o qual sorteava uma palavra vista durante a aula. funcionando como um obstáculo contra a ação de ondas. Dessa forma. LUDKA et al. houve discussões sobre qual seria o projeto mais viável em termos ambientais. ao mesmo tempo.da participação permite a construção do conhecimento. Para finalizar esse tema. Os “empresários” tentavam convencer o público com seus argumentos de melhoria da qualidade de vida da população: Nosso Shopping Bacanga proporcionará um futuro melhor para a comunidade do Itaqui-Bacanga. Comunidades Atingidas e Secretaria de Meio Ambiente) para realização de uma “Audiência Pública Simulada”. a turma foi dividida em 3 equipes (Empresários. iniciando-se com um breve histórico do surgimento das leis ambientais no país. Desmatamentos. As equipes elaboraram alguns cartazes para essa atividade. Posteriormente. o grupo das comunidades atingidas pelo projeto teria a oportunidade de protestar. aterros. 2008) É importante dizer que para que haja preservação dos ecossistemas é importante que se conheçam as leis sobre o meio ambiente. além de outros problemas também foram discutidos durante essa aula. derramamento de óleo. Para que não falte seu direito Preservar é necessário Este maravilhoso santuário Se não houver sensibilização O que será da nossa nação? O que será do futuro Com a eliminação de tudo? Com a destruição do nosso manguezal Isso nos causaria um grande mal Sem alimento e conhecimento Só haveria lamento Se pensamos em destruições Isso será fruto de nossas ações Agindo de maneira desprezível Vamos contribuir para a possível destruição Através de nossa não conscientização (DAYANNA MICHELLE SOARES SANTOS. esgotos. Mostraram-se ainda alguns vídeos da WWF revelando impactos ambientais em ecossistemas costeiros. não conseguiam desamassá-la por completo. destaca-se a seguinte poesia: Área inigualável De valor imensurável Preserve-a com respeito. Foi pedido que os alunos elaborassem uma redação a respeito do que viram. distribuiu-se uma folha de revista para os alunos. lixo. Posteriormente. pode destruí-lo de tal forma que o mesmo não conseguirá voltar a ser como antes.de proteger a linha de costa. por mais que tentassem. filtro biológico e local rico em nutrientes. Porém. pois garantirá grande número de empregos. pedindo que cada um amassasse a sua. desrespeito ao período de defeso do caranguejo. levantando argumentos contra a construção do Shopping. dentre outras coisas. em específico ao ecossistema manguezal. carcinicultura. Através dessa atividade os participantes puderam perceber que uma atitude de desrespeito ao meio ambiente como um impacto ambiental. A equipe dos empresários deveria criar um projeto de construção de um Shopping Center na área Itaqui-Bacanga. funciona como berçário natural. Para realização da mesma. falou-se em sala de aula sobre a “Legislação Ambiental Brasileira”. Devido a isso. e a equipe da Secretaria de Meio Ambiente deveria estar respaldada em leis e em estudos ambientais para dar o veredicto final. . A aula “Impactos Ambientais no Manguezal” foi iniciada com uma dinâmica de grupo intitulada “A folha”. pediu-se que eles desamassassem a folha. Dentre o que foi elaborado pela turma. . A gente vive aqui desde criança. Cabe citar também que o uso de materiais ilustrativos permitiu aumentar o interesse dos alunos pela ação educativa.. pois se deve levar em consideração que a escola não serve apenas para prepará-lo para o mercado de trabalho. Nossos pais estão enterrados aqui. para vivenciar o ecossistema manguezal do entorno do estaleiro escola. a turma foi dividida em três equipes para elaboração de um projeto sustentável hipotético para uma área de manguezal. pescadores. e agora vai ter que deixar esse local. que é área de criação dos nossos peixes. Um dos que se destacou foi o “Turismo Sustentável no Manguezal”. A área que vocês moram se tornará valorizada. foram mostrados alguns trabalhos no Brasil que fazem uso desse ecossistema sustentavelmente.. Atividades de discussão são sempre muito importantes para a formação do aluno. dentre outros benefícios. TRAJBER & COSTA (2001) consideram de fundamental importância que o educador utilize todos os materiais didáticos para trabalhar além dos conteúdos. parque. A atividade final foi uma aula de campo. que se pronunciaram respaldados em leis. o qual tinha o objetivo de mostrar aos turistas a importância dos manguezais na cidade de São Luís. diminuição da produtividade pesqueira. como também para formar o aluno-cidadão. Por outro lado. causando dentre outras coisas. Posteriormente. Para falar sobre a “Utilização Sustentável do Manguezal”. como vamos pescar?. Não queremos shopping nenhum aqui! Mesmo com argumentos de capacitação profissional para a comunidade atingida. Um dos relatos merece destaque: A gente só sabe pescar. relatando um parecer no qual se posicionaram contra a construção do empreendimento. como vai ficar nossa situação se o manguezal. Isso não é justo!. Essa atividade gerou uma discussão sobre qual projeto proposto seria mais viável para esse ecossistema em termos socioeconômicos e ambientais. A gente não tem dinheiro para pagar entrada de cinema. Ofereceremos restaurantes. A turma foi dividida em equipes. As atividades envolveriam palestras e saídas para conhecimento do ecossistema. os empresários não conseguiram convencer os representantes da “Secretaria de Meio Ambiente”. pronto a interferir como agente de mudança no meio em que vive. Para os nossos filhos não vai restar nada. promovendo conscientização ambiental e lazer. e sei que tudo é só para os ricos. áreas de lazer. revelando a contribuição dessa estratégia para o processo de ensino. Os alunos fizeram um estudo de . a “comunidade atingida” rebatia com argumentos que demonstravam um declínio da qualidade socioambiental caso houvesse a construção do empreendimento. principalmente por causa da destruição das áreas de manguezal do local. É importante dizer que atividades como a acima descrita constituem situações problemáticas. numa das áreas que vai ser aterrada. elas saíram ao redor do estaleiro para observar o manguezal.. vai ser destruído? O restaurante que vende frutos do mar depende de nós. Mas se o manguezal for aterrado. Os alunos revelaram muita criatividade durante a elaboração dos projetos. para maior dinamicidade durante o trabalho. cinemas. Ouvi dizer que vai ter parque nesse shopping. Mas já estou acostumada com essas promessas. competências para a formação do espírito crítico e do desenvolvimento do pensamento hipotético e dedutivo. Em seguida. as quais estimulam o raciocínio dos educandos. nem o rio que é o lazer natural deles.A população terá acesso fácil e rápido a lazer e entretenimento para toda a família. 3. o percentual de acertos aumentou consideravelmente. a exploração de um ambiente natural é um importante recurso didático para várias disciplinas e se adéqua a vários níveis de escolaridade. enquanto os erros diminuíram. Com relação aos questionários aplicados aos alunos para avaliação do conhecimento adquirido pelos mesmos ao longo das aulas. com ênfase nos seguintes pontos: 1. pode-se dizer que a aprendizagem foi bastante significativa. esta atividade pode ser utilizada também na educação ambiental. e 25% responderam de forma completamente errada. devido à necessidade de trabalho. os quais descreveram muito bem o que foi visto no manguezal em estudo. antes das aulas. o resultado foi satisfatório. econômicos e ambientais. dentre outros problemas. pois muitos alunos tinham dificuldade em se fazerem presentes em todas as aulas. através da observação e do reconhecimento das espécies. de seus hábitos e suas relações ecológicas. 78% responderam corretamente à pergunta na última avaliação. Posteriormente. 6. Segundo FARRAPEIRA & PINTO (2005). Apesar disso. levando-se em consideração os fatores sociais. Nota-se que quando o aluno visualiza na prática o que é visto na teoria. 4. enquanto ao fim da mesma. 7. Observa-se que antes do início da disciplina. Impactos ambientais verificados no ecossistema local. onde trabalharam em grupos para elaboração dos relatórios da aula prática. alcançando apenas 4%. 5. CONCLUSÕES . chegando a 80%. Com relação à segunda pergunta (quais os principais impactos ocorrentes no manguezal de São Luís). portanto. Elaboração de um desenho esquemático do ambiente observado. 22% dos alunos responderam-na de forma correta. Elementos da flora observados. É importante. Após a ministração das aulas. constituindo-se uma oportunidade para desenvolver vínculos afetivos dos alunos com o ecossistema e os seres vivos. pois provê meios de percepção de fatores que interagem no tempo e no espaço. a aprendizagem se torna muito mais significativa. para modelar o meio ambiente. apenas 6% responderam errado. relacionando o que estava sendo visto com o que haviam aprendido em sala de aula. apenas 10% haviam acertado. Levando-se em consideração a área carente da cidade de São Luís em que as ações educativas se realizaram. a maioria deles adquiriu grandes conhecimentos a respeito do manguezal. Elaboração de uma proposta para que o manguezal observado seja um ecossistema sustentável. Responsáveis pelos impactos. fauna e flora. Tipo de solo em que a vegetação está crescendo. Elementos da fauna observados. as equipes voltaram para a sala de aula. metade dos alunos (50%) respondeu à primeira pergunta (qual a importância do ecossistema manguezal) de forma errada. enquanto na primeira. fazendo diversas perguntas sobre o ecossistema. 2.caso na área. Os desenhos esquemáticos do manguezal observado pelos grupos foram muito bem confeccionados. relacionar a teoria com a prática. Além disso. A turma se animou bastante por entender melhor a dinâmica do manguezal. Isso foi observado nos relatórios das aulas de campo. Para DIAS (2004). CANDIANI. pelo financiamento do projeto. A ação educacional interativa. DIAS. levando à ampliação do olhar crítico dos educandos. L. n. FARRAPEIRA. S. de um modo geral. Fundamentos de educação ambiental. ao utilizar recursos visuais múltiplos sobre o manguezal e verificar o conhecimento anterior dos estudantes. 1998. em especial com relação a um ecossistema tão dinâmico e cheio de vida como o manguezal. 1998. PANITZ. Revista Eletrônica do Mestrado de Educação Ambiental. tornando-se mais conscientes sobre a problemática ambiental.. desta forma. As atividades permitiram um estímulo à participação. 75-88.. entendendo assim. Durante a visita ao ambiente natural. G. C. os alunos puderam colocar em prática os conhecimentos adquiridos e se familiarizar mais com o ecossistema. II. 12. social e econômica. AGRADECIMENTOS À Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia e à Universidade Virtual do Maranhão. S. eficiência na abordagem dos conceitos bioecológicos desse ecossistema. C. Eles. Acesso em: 21 ago. 263-276.. p. BENFIELD. Dessa forma. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALARCON. São Carlos. N. espera-se que os alunos continuem a agir em suas comunidades como multiplicadores da educação ambiental. F. PINTO. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos. G. et al. demonstrou. Rio Grande do Sul. Brasília: Universa. tomou uma postura diferente diante das problemáticas relacionadas ao manguezal. 2009.remea. Estudo comparativo da percepção ambiental de dois manguezais submetidos a diferentes condições ambientais e de ocupação urbana.l].br/>. 2005.Os alunos se mostraram muito participativos ao longo da disciplina Ecossistema Manguezal. seu conhecimento prévio sobre o mesmo demonstrava basicamente entendimento sobre a utilização de seus recursos. adquiriram um novo olhar sobre o manguezal. 2004. H../jun. R. pois com o passar das aulas. Educação ambiental: Percepção e práticas sobre meio ambiente de estudantes do ensino fundamental e médio. a importância desse ambiente para si e para sua comunidade. Recife: Universidade Federal Rural de Pernambuco. J. G. sendo incentivados continuamente a interferirem no meio em que vivem para a preservação do mesmo. continuamente chegavam com questionamentos a respeito desse ecossistema. MAIR. Práticas e metodologias do ensino de Zoologia. p. 13. G. . Disponível em <http://www. GUZMAN. Pelo fato de a maioria dos estudantes morarem próximo ao ambiente em questão. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ETNOBIOLOGIA E ETNOECOLOGIA. M. [S. M. Journal of Environmental Management. jan. Temporal mangrove dynamics in relation to coastal development in Pacific Panama. 76. mudando seu comportamento perante a sociedade e se tornando multiplicadores do conhecimento adquirido.. v. Pôde-se perceber que a turma. como um todo. pela infra-estrutura e apoio concedido. e ao Centro Vocacional Tecnológico Estaleiro Escola do Maranhão. L.furg. mas principalmente de levar o público ao entendimento da sua importância ecológica. p. Resumos. 2005. v. 2004. Todas as ações realizadas tinham o propósito não somente de divulgar as características do ecossistema. 3.. M. M. ufrgs. Anais.br/ienci/artigos/Artigo_ID115/v9_n2_a2004. n. 47. T. O projeto SOS manguezais é uma iniciativa do Instituto COMAR que visa fazer um levantamento preliminar das condições de conservação dos ecossistemas de manguezais nos bairros de grande adensamento urbano em Joinville. É nessa etapa que haverá uma seleção dos bairros e das escolas que participarão das próximas etapas do projeto.. L. São Paulo: Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 1995. 1995. COSTA. LEÃO. 2007. B. 2003. indicando regiões que necessitem ações prioritárias para educação e conservação no município. uma escola em cada bairro selecionado. MOCHEL. R. M. São Luís: EDUFMA. 2009. Acesso em: 23 ago. A.if. Investigações em Ensino de Ciências. A seleção será feita de acordo com os resultados do diagnóstico. M. p. São Luís.. VANNUCCI. São Paulo. L. Saúde Pública. Manguezais frontais da costa do Pará-Maranhão: razões da proteção integrada. V. 1987. 2003... . onde serão registrados o panorama atual dos manguezais nessas regiões. Anais. TRAJBER. ago. F. Cartilha do Mangue. 2002. ago. n.. 2004. C. Florianópolis. p. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará. Porto Alegre. Rev. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO. p. p. v. 2001. In: CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL. Os manguezais e nós: Uma síntese de percepções. Disponível em <http://www. Ao todo serão selecionadas 5 escolas para se efetivar as ações do projeto.. 199-220.. J. S. 2753-2760. Para isso as atividades propostas basicamente são visitas técnicas a esses bairros. A. 348-352. REBÊLO-MOCHEL. Perfil dos ecossistemas litorâneos brasileiros. 15-16. Avaliando a educação ambiental no Brasil: Materiais áudio-visuais. todos que tenham um alto adensamento populacional e de influência direta sobre os manguezais. LUDKA.. 21. v. MEDEIROS.. A idéia é fazer um diagnóstico geral dos principais problemas socioambientais encontrados nessas regiões. 1998. Fortaleza.. Manguezais do Maranhão: proteção e desenvolvimento. R. F. Relações humanas com base em dinâmica de grupo em uma instituição de prestação de serviços. 599600. C. Florianópolis: INPE. KRUG. 2. AMARAL. XIII. documentadas com rico registro fotográfico. PILON.GOLVEIA. VI. com especial ênfase sobre o ecossistema manguezal. Dominó ecológico: uma nova ferramenta lúdica para o ensino de ecologia. 4. F. et al. SCHAEFFER-NOVELLI. Petrópolis: Instituto Ecoar para a Cidadania. C. 1989. In: REUNIÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA.. A aprendizagem em ambientes construtivistas: uma pesquisa relacionada com o tema ácido – base. Anais. Y. As visitas serão realizadas em vários bairros. 9. São Luís: EDUFMA. VALADARES. p. Dinâmica espaço-temporal de manguezais no Complexo Estuarino de Paranaguá e relação entre decréscimo de áreas de manguezal e dados sócio-econômicos da região urbana do município de Paranaguá – Paraná.pdf>. 2007. webnode. através da elaboração de uma cartilha educativa. • Disseminar informações sobre a biodiversidade encontrada nos manguezais.Selecionados os participantes parte-se para a etapa de capacitação do público alvo. Serão elaboradas cartilhas. as quais serão distribuídas nas escolas participantes do projeto.webnode. dos manguezais. pretende-se fomentar a conservação dos ecossistemas de manguezais no município de Joinville através de ações direcionadas de Educação Ambiental em áreas de adensamento urbano.br/projetos/em-andamento/so-s-manguezais/ Create your own website for free: http://www. Em cada escola serão realizados encontros com os alunos.com . formando multiplicadores e defensores da causa ambiental. através de ações de educação ambiental.com. bem como nos bairros visitados durante o diagnóstico. • Estimular o compartilhamento de conhecimentos que contribuem para a inclusão social e o exercício da cidadania. Essas informações serão dispostas em uma Cartilha Educativa. Dessa forma. Read more: http://comardobrasil. Objetivo Específico • Diagnosticar os problemas ambientais relacionados aos manguezais em regiões de alto adensamento populacional. A idéia é fomentar o espírito conservacionista nos adolescentes. ricamente ilustrada por fotos que retratam a realidade regional. em especial. Objetivo Geral O objetivo geral do projeto baseia-se em Conhecer para Conservar. • Promover a formação de multiplicadores de ações conservacionistas voltadas a esse ecossistema em específico. O município de Joinville carece de materiais de qualidade referente a manguezais e de ações educativas voltadas a esse ecossistema. a próxima etapa do projeto consiste na disseminação de informações referente a importância dos ecossistemas de manguezais para o município. indicando áreas prioritárias para ações de educação e conservação. • Promover a divulgação e conhecimento público dos problemas socioambientais municipais relacionados aos manguezais. Pensando nisso. localizado no bairro da Ilha do Governador. A partir de pesquisa bibliográfica e com suporte de pesquisa de campo de caráter qualitativo. Esp.com Rua Antonio Basílio n.sanchez@hotmail.. INTRODUÇÃO A Lei nº 6938/81 dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente os seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Ecologia Social e Dr. Rio de Janeiro – RJ CEP-20511. No Art. uma comunidade que sofre as conseqüências da perda da qualidade ambiental e que através de mobilização social vêm procurando implementar ações de educação ambiental contextualizadas as demandas locais.Educação Ambiental na APARU (Área De Proteção Ambiental Recuperação Urbana) do Manguezal do Jequiá – Rio de Janeiro Este tem como objetivo analisar a importância da educação ambiental no contexto do Centro de Educação Ambiental (CEA) de uma unidade de conservação urbana da cidade do Rio de Janeiro: a Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana (APARU) do Manguezal do Jequiá.162/COB Tijuca. 2º. objetivando capacitá-la para a participação ativa na defesa do meio .] Educação Ambiental na APARU (Área De Proteção Ambiental Recuperação Urbana) do Manguezal do Jequiá – Rio de Janeiro Rosa Maria Lopes Ferreira Robertson Educadora. declara em seu décimo princípio: “Educação Ambiental a todos os níveis do ensino. inclusive a educação da comunidade.. 1. Educação celso. buscou-se recolher subsídios que permitissem a compreensão da participação do CEA e sua programação de educação ambiental para a recuperação ambiental de uma área degradada de manguezal onde está situada a primeira colônia de pescadores do país. MSc.190 Tel-021-7852-2725 Resumo: Este tem como objetivo analisar a importância da educação ambiental no contexto do Centro de Educação Ambiental (CEA) de uma unidade de conservação urbana da cidade do Rio de Janeiro: a Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana (APARU) do Manguezal do Jequiá. localizado no bairro da Ilha do Governador [. Educação Ambiental PUC-Rio Celso Sánchez Biólogo. Observa-se que a legislação brasileira apresenta os direitos aos cidadãos. O Decreto nº 5758 aprovado em 2006. mas não é o suficiente para garantir estes direitos. buscando permanentemente o desenvolvimento social. pela oposição da natureza à cultura. O histórico de unidades de conservação nos faz reconhecer a sempre presente dicotomia sociedade x natureza que ao ser importada para o Brasil se manteve e formou um paradigma transportado para o sistema de gestão das mesmas. em sua proposta de 1992. instituiu o Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP). dificultando o próprio processo de conservação e agravando a exclusão social (DIEGUES.ambiente”. da inclusão social e do exercício da cidadania na gestão das áreas protegidas. o apoio financeiro. A busca é pela transformação para que as Políticas Públicas brasileiras sejam efetivos instrumentos de inclusão social. Existe uma série de fatores que interferem em sua implementação.118). uma mais integradora. 2004). 2004. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). 2004). trazendo outra perspectiva sobre a questão sociedade x natureza.” (LOUREIRO. fez com que permanecesse por muito tempo ausente na gestão dessas unidades territoriais temas como cidadania. Na prática. “O fato de atribuir significado a remanescentes das áreas naturais. a Educação Ambiental (EA) sofre de dificuldades como a falta de profissionais. . Como exemplo de uma das diretrizes do plano: “XX – promoção da participação. 2006). como é o caso de Unidades de Conservação. visa a implantação do SNUC. É preciso superarmos esta dicotomia e buscarmos a sustentabilidade e a democracia nos processos de conservação da natureza. especialmente para as populações do interior e do entorno das áreas protegidas”. p. refletia mais uma vez uma visão conservadora estando aquém do que estava em debate em outros países para resolver o caso das populações tradicionais residindo no entorno ou em áreas de proteção (DIEGUES. participação. a falta de trabalhos que fazendo a análise do que está sendo realizado permitam a sistematização do processo no caminho de uma produção contínua e em busca de aprimoramento (PEDRINI. Tendo em vista a problemática local questiona-se: houve a participação da comunidade de pescadores na criação da área de preservação ambiental? Qual o principal público alvo das práticas de EA ali realizadas: visitantes ou a comunidade? Quais as características das atividades de EA que eram praticadas? Como o CEA colabora com a recuperação ambiental de uma unidade de conservação urbana? . além de fazer fronteira com uma área de Mata Atlântica e abrigar espécies de mangue e outras. Neste sentido. possui 145.CEA Jequiá que foi criado pela Secretaria de Meio Ambiente do Rio de Janeiro – SMAC. a primeira colônia de pesca a ser fundada no Brasil. em 1920. este trabalho também procura analisar as práticas educativas realizadas neste espaço a fim de recolher subsídios para entender a importância dos CEAs na consolidação de programas de EA voltados a recuperação ambiental. A área de 4200 metros quadrados de manguezal é local de trabalho de pescadores. Assim. Ali está localizado o Centro de Educação Ambiental da APARU do Jequiá . atingindo o ecossistema e prejudicando a atividade de pesca da comunidade. A APARU do Jequiá. com um Centro de Educação Ambiental (CEA) que procura desenvolver atividades educativas com programação regular para a comunidade do entorno. foi criada pelo Decreto Municipal nº 12250 de 31/08/1993. o complexo florestal do Morro do Matoso e as áreas ocupadas pela colônia de pesca Z-10. Vale ressaltar que esta unidade de conservação conta desde 1999. o manguezal do Jequiá deve sua importância a dois fatores: a grande riqueza de biodiversidade e a comunidade que o cerca. aterro de algumas áreas. tem hoje uma comunidade de aproximadamente quatro mil pessoas. A área de estudo é formada pelo estuário do Rio Jequiá e sua microbacia. o objetivo deste trabalho é procurar compreender as possibilidades e desafios a implementação da EA em uma unidade de conservação urbana no município do Rio de Janeiro. está situada na Ilha do Governador.O presente trabalho procura analisar as atividades de EA encontradas na Área de Preservação Ambiental e Recuperação Urbana do Jequiá – APARU do Jequiá. seus agentes (educadores ambientais) e seus produtos. Apesar de não ser dos maiores da Baía de Guanabara. bem como para as escolas da região e das redondezas.34 ha. pela marinha e seu entorno. desde sua criação. A área sofreu vários impactos ambientais como lançamento de esgoto e de lixo. em 1920.Tomazello (2000) ressalta em seu trabalho as dificuldades encontradas por diversos autores em determinar quais as repercussões causadas por atividades de EA por serem os processos educativos bastante diversos e pela abrangência de temas e objetivos. vale ressaltar que PEDRINI (2006) comenta como são escassos os trabalhos de análise e/ ou avaliação de práticas de EA ligados a unidades de conservação e recuperação ambiental. A presença das bases da marinha e aeronáutica. do aeroporto antes Galeão. o complexo florestal do Morro do Matoso e as áreas ocupadas pela colônia de pesca Z-10 e pela Marinha do Brasil. hoje Tom Jobim. Assim sendo. Apesar de não ser dos maiores da Baía de Guanabara. À SMAC estão vinculadas as Fundações RIO ZOO e Parques e Jardins. com questões como as ligadas às comunidades do entorno e sua inclusão. o uso das áreas pelos visitantes. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC). no sentido de constituir um programa consistente de recuperação ambiental através da EA. é o órgão central do Sistema Municipal de Gestão Ambiental. fauna abundante e grande piscosidade.APARU DO JEQUIÁ APARU é categoria exclusiva do Município do Rio de Janeiro. 2006. idealizado pelas classes médias e altas como um bairro nobre do Rio de Janeiro. p. Atualmente é . mantém importantes características como áreas protegidas. o manguezal do Jequiá deve sua importância a dois fatores: a grande riqueza de biodiversidade e a comunidade que o cerca. Com matas. criada pela Lei Complementar 16/92 (Plano Diretor da Cidade). A APARU do Jequiá está situada na Ilha do Governador. a importância deste trabalho está em ao analisar as atividades de EA especificamente na APARU do Jequiá buscando relacionar os produtos ditos de EA. Conforme o autor: “esta idéia naturalista falha por não provocar a mudança de opiniões. A colônia de pescadores Z-10 é a primeira a ser fundada no Brasil. Estas características foram preservadas por mais tempo porque não havia ponte ligando a Ilha ao continente. era um local privilegiado para a prática da caça e belas praias até os anos 70 do século XX. tem hoje uma comunidade de cerca de quatro mil pessoas. Tinha valor econômico. Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana .13). No século XVIII a Ilha do Governador passou a ser assim chamada por servir como refúgio para o Governador Geral da província. sendo constituída pelo manguezal e estuário do Rio Jequiá e sua microbacia. Neste sentido. 2. hábitos e condutas nos visitantes de modo geral” (PEDRINI. . É o rio mais expressivo da Ilha e auxiliava na drenagem das águas na época das chuvas das regiões mais baixas...) Nesse sentido. p. comunidades carentes. 2007).15). Esse texto destaca uma concepção marcadamente formal da EA e praticamente desconsidera as experiências educação não formal no campo da EA. 1992. .) para otimização dos recursos materiais.. a idéia dessa proposta pedagógica do Centro de Educação Ambiental seria utilizar o programa curricular oficial e transcender o banco escolar.2 CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL (CEA) Pode-se afirmar que ainda são escassos os trabalhos com referência temática sobre os Centros de Educação Ambiental (CEAs) no Brasil. quer dizer. O nome Jequiá tem origem Tupi e quer dizer “armadilha para peixe”.. As primeiras publicações oficiais seriam do Ministério de Educação e Cultura sobre as propostas de fundamentação e as diretrizes para a implantação de CEAs no Brasil: “Os centros de educação ambiental não seriam escolas ecológicas..) A proposta é (. Envolvendo o saber popular e o saber científico.. humanos e financeiros. envolver o saber popular e complementar com a proposta curricular. p. Em trabalho da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo. o centro seria catalisador e difusor desses conhecimentos” ( BRASIL.representante de uma ocupação complexa: convivem num mesmo espaço militares.. portanto. p. 2004.. como um instrumento de ação e mecanismo para o fluxo de informações ambientais” (SÃO PAULO. configurando-se..) utilizar o ensino formal que já temos. intitulado “Programas Núcleos Regionais de Educação Ambiental” (1998). 2. tendo em vista o desenvolvimento de projetos e ações de EA que estimulem o exercício da cidadania.) para envolver a comunidade (. funcionários públicos (BORGES. (. não criar nenhuma disciplina com uma abordagem inter ou multidisciplinar e abrir a porta da escola (. Ao longo dos anos seu leito foi refeito com laje de concreto em alguns pontos e. apud SILVA. 15). A partir de 1999 a APARU do Jequiá conta com um Centro de Educação Ambiental criado por decreto pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro. A nascente do rio Jequiá é no interior da Ilha numa área de nome Guarabu e desemboca no saco do Jequiá. 1998. p. canalizado de forma fechada em vários outros.92. pescadores. os concebe: “como fóruns de integração e participação (. mas sim centros geradores ou captadores de idéias e propostas. 4 apud SILVA. A quarta e talvez a mais complexa seja a estratégia da sustentabilidade por se relacionar com diversos campos do conhecimento: conceitual. desenvolvem programas específicos de educação ambiental relacionados com o entorno onde se localizam” (2003. A primeira denominada Fase Fundacional que vai de 1971 a 1986. Viola (1992) apud SILVA (2004. A segunda no caso de um projeto deve antever como deve ser formada a equipe. uma área degradada ou “mesmo distante de uma área natural seja capaz de perceber um espaço em seu entorno rico do ponto de vista pedagógico e “vivo” do ponto de vista socioambiental”. social e político. equipe educativa. e pelos esforços em articular a problemática da proteção ambiental com a do desenvolvimento econômico. Utilizando o trabalho citado e dialogando com outras informações ele subdivide o histórico dos CEA’s no Brasil em quatro fases. se há a necessidade de um chefe. se multidisciplinar. 73. projeto político pedagógico e estratégia de sustentabilidade. A primeira refere-se às instalações físicas. administrativo (gestão e planejamento). caracterizada pela denúncia e criação de consciência pública sobre os problemas de deterioração socioambiental.16). política. com quantos elementos. A primeira indo de 1976 a 1987 seria . contando com instalações próprias ou cedidas e equipes pedagógicas especializadas. caracterizada pela ação multissetorial. social e cultural. A terceira o Projeto político Pedagógico deveria ser mais do que um documento norteador com planejamento e informações sobre o CEA deveria ser encarado como um processo em permanente construção. De um documento intitulado de Estratégia Andaluzia de CEA ele destaca o trecho que sintetiza as características destes espaços: “Sob o termo CEA’s se englobam todas aquelas iniciativas que. a possibilidade de ter salas para vídeos. com que autonomia. 26) subdivide o ambientalismo no Brasil em duas fases. econômica. p. p.Em seu trabalho SILVA (op. apud SILVA p. A segunda seria a Fase Recente indo de 1988 a 1991.cit) utilizou trabalhos e projetos de CEAs da Espanha para defini-los. O autor chega a uma concepção de CEA como sendo composta de quatro dimensões importantes: espaço e equipamentos do entorno. apresentações e a área do entorno que pode ser uma área natural preservada. pelo processo de institucionalização dos grupos ambientalistas. Deve explicitar ainda as estratégias que vai utilizar para que os seus objetivos sejam alcançados nas suas diferentes dimensões: ecológica. estas estavam centradas na instituição de CEAs a nível nacional e que oito destes eram distantes das grandes cidades a dificuldade.(SILVA. 2001. a primeira versão do Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA) em 1994.45 – 47). com o Primeiro Encontro Nacional de Centros de Educação Ambiental promovido pelo MEC em Foz do Iguaçu no Paraná em 1992. O autor cita novamente o trabalho de Viola para quem existia uma dicotomia. p. Verifica-se uma explosão de novas iniciativas de CEAs.41).a Fase Fundacional. 2004. seguida da Fase Atual de 1998 a 2003. e os desdobramentos advindos da ECO-92. As mudanças a nível temático não são muito mencionadas. p. Iniciando realmente com as discussões a cerca da aprovação de uma Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA 9795/99) no Congresso Nacional. A Fase Fundacional coincide com a fase em que no Brasil está ocorrendo o “surgimento de um campo ambiental” como descreve Carvalho ao comentar sobre o ambiente político da EA na época (CARVALHO. com a Nova Constituição. A terceira de 1993 a 1997 seria a Fase de Efetivação. entre o setor público e o civil representado pelas ONGs e Associações. Na Fase de “Efetivação” surgem as cobranças de outros setores da sociedade civil como o empresarial e o industrial (multissetorialismo) no final da década de 80 e início da de 90. . propostos no ano anterior (provavelmente um dos desdobramentos da ECO-92). qual seria a EA que fariam? A provocação colocada por PEDRINI encontra respaldo por não se encontrar na literatura referências a esses projetos pilotos (SILVA. A Fase de “Oficialização” inicia com o parecer 226/87 do MEC citado no início deste trabalho. Servem como marcos dessa fase a formalização dos projetos piloto de CEAs em 1993. o III e IV Fórum de EA em 1994 e 1997 respectivamente. p. Nos documentos as propostas de oficialização dos CEAs aparecem referindose a projetos pilotos e Silva utiliza-se de uma citação de PEDRINI na qual este questiona que o MEC ao apresentar suas propostas de EA (política de ação). seguida da Fase de “Oficialização” de 1988 a 1992. um bissetorialismo. porém as de nível organizacional e prático. 2004. A Fase Atual começa a ser delineada com a instituição e lançamento do Programa de Núcleos Regionais de EA (NREAs) do estado de São Paulo em 1998.146). Os CEAs passam a ser um importante elo nas redes de EA regionais e estaduais. O trabalho foi dividido em três etapas conforme orienta MINAYO (2007. partidária ou não. como aconteceu na evolução da EA no Brasil. A quarta fala da importância do “significado” dado às coisas pelas pessoas e a vida são os focos de atenção do pesquisador.26). sobre as dificuldades para o seu funcionamento serviram de fio condutor entre os objetivos pretendidos. E a última seria que a análise dos dados segue um processo indutivo. . Utilizou-se o sistema de diário de atividades. Foram feitas visitas ao local procurando observar a realização de algumas das atividades. compreender o envolvimento da comunidade procurando analisar a sua participação. entrevistas encontradas em documentos. qual a finalidade. e da articulação social com viés emancipatório. 3.14). os projetos e ações realizados. na conservação da área. METODOLOGIA A metodologia escolhida por este trabalho segue a opção por uma pesquisa qualitativa dentro da pesquisa social cuja abordagem se aprofunda nos significados como definido por MINAYO (2007. A terceira é que o processo é mais importante do que o produto. O principal aporte que pode ser considerado foi no campo dos embates e denúncias de degradadores ambientais até alcançar a dimensão da luta política. A seguir a criação do CEA do Jequiá. Identificar quais as pessoas. A primeira é que a fonte direta de dados é o ambiente natural. quais os reflexos na sua qualidade de vida. Essas informações colhidas sobre o funcionamento da APARU do Jequiá. Bogdan e Biklen (1982) apud Lüdke e André (1986) apresentam as características básicas que devem estar contidas na pesquisa qualitativa. A fase exploratória foi a primeira e consistiu em fazer um levantamento dos conceitos teóricos envolvidos. A fase seguinte foi o trabalho de campo que se constituiu de uma pesquisa sobre notícias. A segunda refere-se à coleta de dados que é predominantemente descritiva. Depois quais as práticas de EA que foram realizadas e vem sendo realizadas. o ambientalismo caminhou junto com o campo da EA. p. anotando as observações feitas nas visitas.No histórico dos CEAs. que relatassem como foi criada a APARU do Jequiá e os atores envolvidos. o relacionamento com os visitantes quais as práticas direcionadas para estes. A terceira foi a fase de análise e tratamento de dados procurando relacionar as atividades de EA ao momento vivido pela comunidade. gestores envolvidos. p. As visitas foram acompanhadas das exposições de cada um dos participantes da APARU. procurando identificar se o foco era a conservação ambiental e em quais deles ocorria a preocupação com a comunidade local e quando esta iniciou. a SMAC vem desenvolvendo ações importantes visando sua recuperação ambiental. EA e recuperação da ponte que liga o mangue à colônia Z-10. assim dar continuidade ao trabalho. Em 2002 a Comissão Gestora do Fundo de Conservação Ambiental da SMAC (67ª reunião) se reuniu para decidir entre outros itens se o programa de EA da APARU do Jequiá seria mantido ou seria extinto. entre outras. em 1995. O sucesso do projeto realizado pela Associação Amigos do Manguezal do Jequiá com apoio da Estação Rádio da Marinha do Brasil e da ONG Mundo da Lama. A busca e seleção das informações tiveram por base os trabalhos ditos de EA. da primeira estufa para produção de mudas de mangue. No trabalho de BORGES (2007). tais como o Mutirão Reflorestamento. também foram plantadas 100 mil mudas de mangue e foi construído um inédito muro de pneus para evitar o progressivo assoreamento do local. sem uma formulação premeditada de questões para entrevista. Sinalização Ecológica. No Jequiá. 4. considerada atualmente a maior da América Latina dirigida à recuperação de áreas de manguezais.1. Apenas o tema era provocado e deixado que discorressem sobre ele da forma desejada. Uma das maneiras encontradas pela própria comunidade para frear a destruição e proteger seu patrimônio natural foi a criação. A proposta levantada foi a de consultar a empresa para a possibilidade de prorrogação do contrato e. Acrescentando alguma questão para adquirir alguma informação mais específica que não havia sido comentada. em agosto de 2001. pois. destaca-se que o início das obras para a construção do CEA foi em 1999 e que não houve a preocupação com a cultura do local para a escolha do lugar onde deveria ser construído e nem a consulta para que a . ANÁLISES 4. o contrato com o patrocinador que mantinha o programa a título de medida compensatória estava expirando. O resultado foi a inauguração. levou à sua própria ampliação. de uma nova e mais completa estufa. CONHECENDO A APARU DO JEQUIÁ Desde 1993. a escola pública mais próxima. diminuindo muito a pesca e aumentando a proliferação de mosquitos que levou os moradores.14).construção tivesse arquitetura parecida com as das residências existentes. o que não seria possível sendo adiada a inauguração. Então a prefeitura permitiu que a associação de moradores utilizasse o espaço como forma de conservá-lo. PERSPECTIVAS PARA A EDUCAÇÂO AMBIENTAL NO CEA JEQUIÁ Pelos levantamentos realizados observa-se que a atenção para a área surgiu com os problemas provenientes pela degradação do ambiente. Foi o assoreamento provocado por aterros. UERJ. Desta forma quando a SMAC resolveu terceirizar o trabalho do CEA através de licitação pública exigindo que os trabalhos começassem em dezembro daquele ano. exposições. Em dezembro de 2003. Aos poucos foram surgindo às parcerias. quando chega para assumir o novo coordenador encontra o prédio lacrado e todo o material havia sido remetido para um depósito. As implicações contratuais e exigências eram muitas.2. . obras e despejo de esgotos. seria necessário atrair as pessoas para um lugar que por ser pobre era considerado inseguro. Houve conflito para a desocupação das casas existentes e depois de inaugurado nenhum trabalho foi realizado na comunidade. 2007. Na quadra da associação ocorria um trabalho com apoio da prefeitura era o MEL – Movimento Esporte e Lazer. (BORGES. Aos poucos a participação da comunidade foi crescendo em torno da importância da área e chegando a evitar a duplicação planejada da Estrada Rio Jequiá. p. Outros projetos ganharam corpo e novas parcerias com a UFRJ. Aos poucos as dificuldades encontradas para levar para as escolas públicas da Ilha do Governador a possibilidade de utilizar o espaço como um acréscimo às aulas foi sendo superado. foi proposto que o coordenador do projeto levasse as crianças até o CEA para ver filmes. Segundo a BORGES (2007) as políticas públicas mudaram e o secretário do Meio Ambiente relegou para segundo plano o meio ambiente dando prioridade aos preparativos para os Jogos Pan-Americanos. ONGs entre outros foram ocorrendo. suas associações e alguns órgãos públicos ligados a saúde e saneamento a iniciarem campanhas de limpeza do local. e participar de outras atividades. trabalhos com a Escola Cuba. por não haver outras atividades lúdicas na colônia. 4. visitas orientadas. somado ao descarte de lixo. Com a criação da APARU do Jequiá iniciou-se uma valorização da área. sessões de vídeos. 5. As dificuldades encontradas para a aceitação da CEA advêm de motivos políticos: quando é interessante falar de meio ambiente.despertando para a importância da mesma devido a sua biodiversidade para a atividade pesqueira. Trabalhos começaram a serem desenvolvidos buscando a participação da comunidade para que possua informações que a tornem capaz de tomar decisões e fazer opções de forma consciente. do crescimento populacional e do desenvolvimento econômico. da colonização. Nesse início as propostas de EA estavam voltadas para uma visão mais ecológica. Dar continuidade a projetos e parcerias é tarefa árdua e deve ser realizada em paralelo com as atividades do CEA. Com a criação do CEA iniciou-se a preocupação com a cultura da comunidade da colônia de pesca e uma maior integração dos projetos ligando a unidade de conservação e a população vizinha e os visitantes. praticados até então valorizavam a parte de conservação da natureza e sua recuperação e com as diretrizes do SNUC. favorecendo parcerias e criando condições para a ampliação dos trabalhos e o início de trabalhos com EA. A criação da APARU do Jequiá trouxe a atenção de órgãos do governo e de empresas o que impulsionou alguns trabalhos que vinham iniciando. de entidades do governo. Os trabalhos neste campo. Esses trabalhos iniciais foram relevantes para que o ecossistema de mangue fosse reconhecido como importante. A criação da APARU do Jequiá tornou conhecidas iniciativas de reflorestamento do mangue atraindo a atenção de empresas. com uma valorização da natureza demonstrando a dicotomia entre o homem e a natureza. CONSIDERAÇÕES FINAIS A atenção inicial para a área da APARU do Jequiá veio com as dificuldades enfrentadas pela degradação ambiental ali ocorrida e de igual forma em outras áreas da Baía por motivos culturais. A própria comunidade reunida em associações assumiu posições em defesa da área de forma a minimizar os problemas já existentes. As cobranças burocráticas são diversas sobre a equipe que atua e o número de participantes muitas das vezes é pequeno frente aos trabalhos necessários. este assunto está em alta os projetos recebem apoio. . Conseguiram envolver grupos escolares importantes e trazer a atenção de parceiros para projetos realizados na área. mesmo não sendo considerada “área de beleza cênica”. UFRGS.A. Do nascimento ao ocaso de Unidade de Conservação: Área de proteção ambiental e recuperação urbana – APARU Jequiá. O foco voltou para a valorização cultural da comunidade residente. e LÜDKE. possibilidades.X. C. passem a buscar as soluções mais adequadas para os problemas vivenciados.br/encontro_anual/encontro2/GT/GT07/cristina_b orges. A procura por uma integração do CEA com a área protegida e a comunidade residente e que esta reconhecesse seu próprio valor. B. importância e capacidade de atuar. O reconhecimento do CEA como ponto de apoio e de atuação confiável pode trazer como resposta a maior participação da comunidade para a sua manutenção e garantindo a sua importância de tal forma que sua existência não esteja tão à mercê das variações políticas ocorridas no governo. alternativas. 2001. A Invenção ecológica: narrativas e trajetórias da educação ambiental no Brasil. Revista Brasileira de Educação Ambiental. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. sua história. A construção da sede atual buscou criar elos. 2004. Participar e Transformar em Educação Ambiental. BIBLIOGRAFIA ANDRÉ. Os trabalhos atuais acompanhados demonstram que a EA pretendida é a emancipatória.anppas. DIEGUES. possuindo mais informações sobre seus direitos. São Paulo: Hucitec.Acessado em 07/09/2007. nº 0. . Educar. 2004. Disponívelem:http://www. 1986. O mito moderno da natureza intocada. São Paulo: EPU.org. ano 1.A primeira tentativa de implantação do CEA cometeu o erro de ser algo imposto.C. F. CARVALHO. M. laços que garantissem o funcionamento da CEA com a participação da comunidade. de tal forma que os moradores da comunidade se reconheçam como cidadãos e cidadãs e. BORGES.C. Porto Alegre Ed. LOUREIRO.pdf. vindo do governo para a comunidade. M. I. Brasília. suas necessidades. A. não houve a preocupação nem de reconhecer a comunidade moradora nem das atividades de EA e outras que já ocorriam.M. C. n. 2004. M. PEDRINI A.I. 20 p. Ensinar e conscientizar estudantes de escolas públicas fazendo oficinas e dando palestras acerca da preservação ambiental . jan. 2006. materiais educativos e outros instrumentos para a disseminação da educação ambiental. F.795 de abril de 1999.R. oficinas. M. T. Educação Ambiental em Ação.C. 17. D. ESALQ/USP. MINAYO. Pesquisa Social – Teoria.. TOMAZELLO. Educação Ambiental para o desenvolvimento ou sociedade sustentável?Uma breve reflexão para a América Latina. método e criatividade. v. Petrópolis. Gestão em Ação. Educação Ambiental: Que Critérios Adotar Para Avaliar A Adequação Pedagógica De Seus Projetos? Disponívelem:http://www2. RJ: Vozes. Dissertação de Mestrado.G. & FERREIRA.7. palestras. exposições temáticas e promover ações integradas de Educação Ambiental. Objetivos: Desenvolver ações de Educação Ambiental em áreas de manguezais. 2007./abr.unesp.___________ Educação ambiental e gestão participativa na explicitação e resolução de conflitos. SILVA.G. Realizar cursos.S.fc.php? id=354&article=104&mode=pdf.C.br/cienciaeeducacao/include/getdoc.org. Histórico. Classificação e Análise de Centros de Educação Ambiental. Promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas sobre metodologias. beneficiando comunidades tradicionais (pesqueiras e ribeirinhas) fundamentadas no Art. nº 1. 1o da Lei no 9.Acessado em 07/09/2007. & BRITO M. C. 2004. Salvador.
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