+ülvaro Cardoso Gomes - O Simbolismo
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http://br.groups.yahoo.com/group/digital_source/ O SIMBOLISMO PRINCÍPIOS Álvaro Cardoso Gomes Professor-associado de Literatura Portuguesa na Universidade de São Paulo Sumário 1. Origens Marco inicial Crise do fim do século Espírito da decadência Influências românticas 2. Uma revolução poética A teoria das correspondências _ O poeta, um vidente O mistério, a sugestão, a evocação O símbolo O Simbolismo e a música A busca do novo entre os simbolistas 3. Cronologia e expansão Anos de grandes polêmicas O fortalecimento do Simbolismo em seu berço, a França O Simbolismo no resto da Europa e nas Américas O Simbolismo nos países de língua portuguesa 4. Índice de autores simbolistas 5. Vocabulário crítico 6. Bibliografia comentada 1 Origens Marco inicial O Simbolismo surge no fim do século XIX, mais precisamente em 1857, quando o poeta Charles Baudelaire publica sua obra As flores do mal. Essa obra provocou o maior escândalo na época, porque não só mexeu com temas-tabus em poesia, como também procurou criar um novo tipo de poesia. Devido ao escândalo, Baudelaire chegou, inclusive, a ser processado por obscenidade. Por que um título tão estranho para uma obra poética? Num dos prefácios desse livro, Baudelaire assim o explica: Poetas ilustres tinham dividido há muito tempo as províncias floridas do domínio poético. Pareceu-me prazeroso, e tanto mais agradável, porque a tarefa era mais difícil, extrair a beleza do mal. (Les fleurs du mal. Paris, Garnier, 1961. p. 248.) Com base nessa poesia, Baudelaire compõe um livro cheio de imagens alucinantes. Tendo como pano de fundo a Paris do século XIX, o poeta fala do tédio que os tempos modernos lhe inspiram, da solidão existencial do homem, de amores fracassados e, sobretudo, de coisas sórdidas, repugnantes, como acontece, por exemplo, no poema "Uma carcaça": As moscas zumbiam sob este ventre pútrido, De onde saíam negros batalhões De larvas, que escorriam como um líquido espesso Ao longo dos vivos rasgões. ("Une charogne", ibidem, p. 34) Por que essa atração pelo mal, por aquilo que convencionalmente não seria objeto de interesse para um poeta? Ainda: como extrair beleza do mal? Na realidade, Baudelaire estava criando uma nova concepção de poesia. No passado, durante as eras clássicas e românticas, a arte era ligada, de modo geral, ao bem, e a beleza era entendida como algo que fosse harmonioso, que provocasse sensações agradáveis nos leitores. Baudelaire evidentemente se insurge contra esse conceito de poesia e, por conseqüência, de belo; daí sua intenção de extrair beleza também do que é sórdido, do que é feio. Com isso, o poeta francês pretendia causar um choque no leitor passivo, acostumado com o convencional: Leitor pacífico e bucólico, Sóbrio e ingênuo homem de bem, Joga fora este livro saturniano, Orgíaco e melancólico. Se não aprendeste tua retórica Com Satã, o astucioso deão, Joga-o! tu não compreenderás nada, Ou acreditarás que sou histérico. Mas se, sem se deixar encantar, Teu olho souber mergulhar nos abismos, Leia-me, para aprender a me amar; Alma curiosa que sofres E vais procurando teu paraíso, Lastima-me!... senão, te maldigo! ("Epígrafe para um livro condenado", ibidem, p. 177.) quando houve. para que se torne mais sugestiva. na realidade. para que evite o derramamento emotivo. pois elas serão responsáveis pelos inventos que terão . que se deixa guiar quase que exclusivamente pela razão. está aliado ao científico. contudo. o homem buscou explicar os fenômenos através de uma postura científica.Mas não é só com o sórdido. Crise do fim do século Tanto a obra de Baudelaire quanto o Simbolismo surgem dentro da crise social. com isso. portanto. em busca de melhores salários nos centros urbanos. graças à velocidade dos meios de locomoção. se não houvesse nesse período um desenvolvimento espetacular das ciências. Aliás. existencial e cultural do fim do século XIX. somada à crença na onipotência do homem. As grandes cidades começam a crescer cada vez mais. dará início ao Simbolismo. A linguagem também é trabalhada. com a produção em massa de mercadorias e com a crescente automatização das indústrias. jamais poderíamos pensar em Revolução Industrial. A era moderna parece nascer aí: crescem a produção e o consumo dos bens manufaturados. culturalmente. Esse caráter revolucionário de As flores do mal. o feio. o arauto desse desconforto com um estado de coisas e. e os camponeses abandonam o campo. reflete a tentativa de Baudelaire de registrar ao nível poético um descontentamento contra um modo de pensar o mundo e contra um modo de conceber a poesia e a arte em geral. mas só atinge seu auge no século seguinte. Para que a entendamos. economicamente. O resultado dessa obsessão com o progresso é a intensa euforia. que Baudelaire se propõe a modificar a atitude do leitor diante do mundo. o repugnante. Baudelaire será. Baudelaire procurará fazer com que as palavras tenham um valor essencialmente musical e que sejam capazes de evocar as mais diversas sensações. temos de regressar aos meados do século XIX. por sua vez. A Revolução Industrial inicia-se nos fins do século XVIII. O intenso desenvolvimento industrial. grande desenvolvimento industrial e. e o homem cria a ilusão de que o mundo se tornou menor. contudo. objetiva da realidade. da produção em massa de objetos. Como se verifica. fundados em pressupostos experimentalistas. pelas grandes descobertas científicas. buscam conhecer o homem a partir das teorias evolucionistas. limitado e por isso mesmo acarretará sofrimento ao homem: . é algo impossível. O mais importante deles foi Auguste Comte. tenta explicar o universo à luz de determinantes fixos (a raça. uma geração de intelectuais que despreza a metafísica. inclusive os critérios de gosto e de arte. pela produção desenfreada de novidades. Darwin e Lamarck se apóiam num conhecimento eminentemente racionalista do real. em sua obra O mundo como vontade e representação (1819). paradoxalmente acabaria por levar a séria crise. ao contrário do que acreditavam os positivistas. criador do Positivismo. mais ricos. mostra o outro lado da moeda. A obsessão pelo consumo. leva ao modismo. em determinado instante. expõem. por sua vez. por causa disso. tanto Comte quanto Taine. A euforia provocada pela crença no progresso. com o Determinismo. A Revolução Industrial. Seguindo os postulados de Comte. que desprezam os métodos de abordagem do real. Em conseqüência. ao criar a fantasia do paraíso material do consumismo. a miséria dos aglomerados humanos dos bairros de lata. O ato de conhecer. concebe a realidade como mera "representação". Quanto à geração da "Razão Triunfante". passam a ser consumidos vorazmente e. teoria científica. como as mercadorias. ao mesmo tempo. ao princípio de que tudo é transitório. portanto inacessível à abordagem positiva e experimental. tem seu paralelo numa concepção científica e materialista das coisas. Cientistas como Darwin e Lamarck. tem suas certezas abaladas por novas concepções de mundo. que leva à produção de manufaturados em série. A automatização. que defendia a aproximação positiva. Mas a relação entre a Revolução Industrial e as ciências não se restringe tão-só à invenção por parte destas de um melhor maquinado para o desenvolvimento das indústrias. baseada na sociologia. o meio e o momento histórico). Os objetos artísticos.imediata aplicação nas indústrias. O progresso industrial. Arthur Schopenhauer. têm curta duração. Taine. Durante a vigência da Revolução Industrial surge. ilusão de nossos sentidos. o homem passa a ter a sensação de que vive num mundo fragmentário e de valores efêmeros. que trouxe inegáveis benefícios à humanidade. Os centros urbanos tornam-se mais agitados. transforma o operário numa engrenagem da máquina. portanto. que procurava explicar o sentido do universo quase que exclusivamente através da razão. em nome do conhecimento experimental da realidade. nos procedimentos racionais e sobrevaloriza a passividade. p. Nicolau von Hartmann. Brasil Ed. eis toda sua essência (do homem). daria explicação aos fenômenos. ed. Concebendo desse modo a realidade e o ser. Espécie de divindade oculta e indiferente ao destino do ser. resulta daí que nada há que conquistar: Querer e aspirar. como queriam os positivistas) impulsionar cegamente o homem à conquista do mundo. é a dor. Discípulo de Schopenhauer. 1963. (Ibidem. será outro dos tópicos fundamentais da poesia do fim do século XIX. Schopenhauer rejeita a crença eufórica no progresso. o filósofo alemão contraria frontalmente a um Taine e a seus princípios deterministas.. cria a idéia do Inconsciente. O sentimento de impotência diante do enigma do universo. estreita-mente igual a uma sede que nada pode mitigar. assim expressará seu pessimismo frente à incógnita em que se transformou o universo. 80). Um poeta como o português Antero de Quental. O pessimismo schopenhauriano fará escola dentro do Simbolismo. e é neste ponto tanto mais violento quanto melhor é o homem dotado de lucidez do conhecimento. Mas como a realidade é mera ilusão. o sofrimento cresce. 77. segundo Hartmann. Mas a base de cada querer é uma falta. regido pela força desconhecida do "inconsciente": . que começou sua carreira literária dentro do Realismo. entidade desconhecida que existe por detrás de tudo e que é totalmente inacessível. quanto mais excelsa a sua inteligência: aquele em que está o gênio. principalmente no que diz respeito ao culto da dor e da atitude passiva diante da vida. São Paulo. é uma indigência. em sua Filosofia do innconsciente (1869). é sempre aquele que maiormente sofre. mas essa explicação não chegaria ao conhecimento do homem. chegando no homem ao grau supremo.).À medida que o conhecimento se torna mais claro e que a consciência aumenta. Desse modo. p. Isto se dá pelo fato de a vontade (e não a razão. o Inconsciente. de acordo com as teorias de Hartmann. o abandono de qualquer ambição. (3. vagamente. p. força obscura? Em volta de que idéia gravitais?. 320. cismando. Massaud.... A literatura portuguesa através dos textos. esse lamento Que saía das cousas.). Que inquieto desejo vos tortura. Mas na imensa extensão. . onde se esconde O inconsciente imortal.... que erguia gravemente A trágica voz rouca. um queixume. só me responde Um bramido. (Oceano nox. E interroguei. inquieto e intermitente. Apud MOISÉS.Junto do mar. São Paulo. Olhando o céu pesado e nevoento. s. Junto do mar sentei-me tristemente. Cultrix. e nada mais. Seres elementares.d. enquanto o vento Passava como o vôo dum pensamento Que busca e hesita. O homem que acreditava ter acesso aos segredos do universo. instauraram de vez a crise que estava latente no ar. como se desejasse que os valores da civilização ocidental caíssem por terra: Eu sou o Império no fim da decadência. O simbolista Verlaine. surge nessa época um tipo de homem que volta às costas à sociedade materialista e que procura cultivar dentro de si as sensações mais refinadas. conhecido como decadente.Espírito da decadência Os malefícios advindos da Revolução Industrial (o inchamento das grandes cidades. fechase em sua torre de marfim e só na orgulhosa solidão é que parece encontrar conforto para o sofrimento proveniente do desconforto com o mundo grosseiro e hostil. de votos tão lentos. somados à dúvida quanto à eficácia dos métodos científicos para compreender o real. um sentimento de prazer mórbido. Esse sentimento leva-o à descrença. oh não poder morrer um pouco! Ah! tudo foi bebido! Bathylle. num poema como "Langor". a obsessão com as modas). . que o universo é regido por forças incontroláveis que ele desconhece completamente. A alma solitária sofre no coração de um denso tédio. Refletindo o pessimismo do período. Esse homem. expõe um sentimento de decadência. doentio. da operosidade. vê de repente que tudo não passa de ilusão. ao desalento e faz com que adote uma postura de desprezo em relação a tudo que lembra o mundo burguês da luta. da conquista. sendo tão frágil. Além se diz que é por causa de grandes combates sangrentos Oh não ser capaz disso. terminaste de rir? Ah! tudo foi bebido. via razão e via progresso. Que olha passar os grandes Bárbaros brancos Compondo acrósticos indolentes Num estilo de ouro onde o langor do sol dança. os bairros de lata. Oh não querer florir um pouco esta existência! Oh não querer. dos meados do século XIX. Essa obra. um aristocrata. etc. tranca-se. 1965. isola-se e passa o tempo cultuando as coisas que mais ama: a leitora de velhos livros do tempo da decadência latina. como o odor de especiarias e perfumes. Gallimard. compreendeu enfim que o mundo se compõe. [. é possível dizer que o homem ativo. na maior parte.-] . a personagem principal de Às avessas (1884). nenhuma esperança de acasalar-se com uma inteligência que se comprazesse. desse modo. numa estudiosa decrepitude. tudo que é contrário à opinião comum: Seu desprezo pela humanidade aumentou. p. Paris. os poentas malditos modernos. Decididamente. cede lugar ao homem de sentidos refinados.) Dessa maneira. que cultiva prazeres extravagantes e que manifesta o maior desprezo pela vida social. estranho romance de Joris-Karl Huysmans. a visão de plantas exóticas. Somente um tédio por não se saber o que vos aflige! (O Euvres poétiques completes. Somente um escravo um pouco libertino que vos negligencia. o espaço reservado para o gozo de tudo que é artificial. as sensações extravagantes. amante do progresso.tudo foi comido! Nada mais a dizer! Somente um poema um pouco simplório que se lança ao fogo. de um escritor ou de um letrado. nenhuma esperança de associar-se a um espírito penetrante e torneado como o seu. Lá. Sua casa torna-se. de sacripantas e imbecis. trata de um nobre que resolve abandonar a sociedade burguesa materialista e se refugia numa propriedade no campo. como a sua. praticamente sem enredo. não tinha nenhuma esperança de descobrir em outrem as mesmas aspirações e os mesmos rancores. O melhor exemplo desse anti-herói do fim do século é Des Esseintes. 370-1. de tal maneira que Des Esseintes transformouse no protótipo do homem do fim do século. (São Paulo. o Naturalismo e o Parnasianismo. no suicídio. a estética romântica teve um momento em que os escritores procuraram levar às últimas conseqüências o culto da noite. O romance de Huysmans fez escola. em sua fase mais extremada. As semelhanças que encontramos nos anti-heróis dos dois movimentos literários talvez expliquem as relações mais profundas entre Romantismo e Simbolismo. Entre o poeta transtornado do "mal do século". o decadente. aquele que recusa a luta e a ação para se dedicar a uma vida artificial. num certo sentido. das Letras.].).A essa altura. p. os parnasianos [. Influências românticas Esse homem típico do fim do século. dos prazeres doentios. longe do incessante dilúvio da parvoíce humana. assim se manifesta a respeito do assunto: Pode-se notar com alguma razão que os poetas que nos antecederam imediatamente. É o que se convencionou chamar de "mal do século". a estética simbolista tem íntima relação com a romântica. muito caro aos românticos e aos simbolistas. num deserto confortável. o espiritualismo deste. tinha sido inventado durante a vigência do Romantismo. Não é à toa que muitos simbolistas passam a criticar o Realismo. Como se sabe. um lenitivo para a existência. numa entrevista dada a Geles Bret. o dandy. Cia. com uma arcada imóvel e tépida onde ele se refugiaria. por vezes. produto do delírio ou de uma imaginação exaltada. que procura a morte para aliviar a dor de viver. 36-7. 1987. porque esses movimentos negavam o sentido de mistério. na realidade. que ama a vida boêmia. padeceram da falta de . Mas há também diferenças flagrantes. O primeiro é todo emotivo e. Já o segundo é frio. um poeta grego radicado na França. dos sentimentos. a começar que aquele movimento recupera o idealismo. ou ainda a estética simbolista tem raízes dentro do movimento romântico.. racional e mesmo cínico: despreza o amor e vive artificialmente. procura na mulher.. e o decadente do Simbolismo há evidente parentesco. Jean Moeras. De fato. já sonhava com uma refinada tebaida. que ainda tratam seus temas à maneira dos velhos filósofos e dos velhos retóricos.símbolo: consideraram as idéias. "a poesia se apropriou do terreno do místico como uma espécie de sucedâneo da religião: os românticos buscavam analogias ou imitações do infinito". ao espiritualizar o concreto. de desprezar o senso do mistério: Os jovens estão mais próximos do ideal poético do que os parnasianos. De coelo et de inferno (Sobre o céu e o inferno) (1758) é uma obra de caráter místico que tenta explicar as complexas relações entre o mundo celeste e os terrenos. o natural. Durante o Romantismo. Esse escritor sueco. portanto. (OEuvres completes. que viveu durante o século XVIII (1688-1772). por sua vez. segundo Ana Balakian. Apoiando-se no princípio das correspondências. o romântico privilegiou o sujeito. Apud Les premières armes du Symbo-lisme.). os sentimentos. o fato particular. p. 1891. o romântico sonhava em pautar a vida terrestre pela celeste. Mallarmé também criticará nos parnasianos a mania de falar diretamente das coisas. O simbolista. o Simbolismo tenta recuperar o idealismo do movimento romântico. Gallimard.). 1973. a História. apoiava-se nos princípios esotéricos de Emmanuel Swedenborg. autora de O move-mento simbolista. Esse idealismo romântico. Fundamentalmente. Paris. p. Texte presente et annoté par Michael Pakenham. como existente em si poeticamente. em princípio. (Entrevista a Geles Bret. Negando o cientificismo e procurando recuperar a essência do Cristianismo. 1945. o espírito. Também é preciso assinalar que o Simbolismo irá recuperar e intensificar a idéia romântica de que a essência misteriosa das coisas só é possível de ser captada pela palavra educadora. lixo de Paris. escreveu um livro que acabaria por se tornar a Bíblia tanto dos ·românticos quanto dos simbolistas. para alcançar a plenitude junto a Deus. 868. seguiu por esse mesmo caminho — em conseqüência disso. Swedenborg será novamente retomado no fim do século XIX. apresentando os objetos diretamente. 68. enquanto recusava o mundo material. pela palavra que supera a limitação da linguagem comumente utilizada pelos . University of Exeter. a vida material pela espiritual ou ainda tentava anular uma em detrimento da outra. o mítico. A essas relações Swedenborg denominava "correspondências". capazes de conduzir ao mundo do mistério. este poema de per .). descobriríamos imediatamente ali que. o segundo dedicou-lhe um soneto "O túmulo de Edgar Allan Poe". diz-se. Trad. e que ela não visa a nenhum fim moral.homens. Ao dizer isso. se nos permitíssemos olhar para dentro de nossas próprias almas. bras. São Paulo. nem existe nem pode existir qualquer trabalho mais inteiramente dignificado. o poeta alemão acreditava que a prática poética tinha algo a ver com a prática mística. mais supremamente nobre do que este mesmo poema. O primeiro traduziu-lhe a obra. que o objetivo último de toda a poesia é a Verdade. O romântico Novalis dizia: A Noite tornou-se o portentoso âmago das revelações — para onde os deuses retornaram e adormecem.. no controle quase que absoluto dos meios de expressão. O mesmo se pode dizer do senso do mistério. Essas características causaram tanto fascínio sobre Baudelaire e Mallarmé que ambos procuraram por todos os meios divulgá-lo na França. o culto da música e da beleza e a crença na construção do poema. o que mais interessou os simbolistas na poética de Poe foram a busca da poesia pura. Mas o poeta romântico que exercerá influência fundamental nos simbolistas será sem dúvida nenhuma Edgar Allan Poe. o misterioso. Mas por que tais características exercerão tanta influencia nos dois principais poetas do Simbolismo francês? Em primeiro lugar. Poe difundirá a idéia de que a poesia tem um fim em si mesma. tão caro aos simbolistas. Ao conceber complexas teorias sobre o verso. Num tempo voltado para o progresso. o invisível. Contudo.. como vem expresso no seguinte fragmento: Tem-se suposto tácita e manifestamente. Todo poema. e por esta moral é que deve ser julgado o mérito poético do trabalho. para o utilitarismo. 1987.. (Hinos à noite. vale a pena discutir a questão da poesia pura.] Metemos em nossas cabeças que escrever simplesmente um poema pelo poema e confessar que tal foi o nosso desígnio seria confessar-nos radicalmente carentes de verdadeira dignidade e força poéticas: mas o simples fato é que. direta e indireta-mente. no sentido de que ajudaria a traduzir o desconhecido. deveria inculcar uma moral. através da manipulação dos efeitos musicais e da criação de sugestivas atmosferas poéticas. o poeta norte-americano revolucionou a poesia romântica. sob o sol. [. Esfinge Ed. buscarão fazer com que a linguagem poética se aproxime da linguagem vaga e imprecisa da música. este poema que é um poema e nada mais. dizer que os melhores poemas eram "puros soluços". 105. ai.). um dos expoentes máximos do Romantismo francês. só se dá através da música. os românticos defendiam a arte espontânea.se. ele nos mostra rigorosamente como concebeu seu famoso poema "O corvo".). In: Poemas e ensaios. Seu romantismo sui generis. através da poesia liberta de tudo que seja matéria narrativa. ou daquela verdade que é a satisfação da Razão. por exemplo. que jorrasse do coração. Se a poesia. Globo. Poe acreditava firme-mente que se deviam evitar as paixões do coração: A Aspiração Humana pela beleza suprema. sua tendência é antes para degradar que para elevar a Alma. natural. ou seja.) A conquista da beleza. p. Talvez por isso é que Poe tenha causado tanta admiração entre os simbolistas. a manifestação do Princípio é sempre encontrada em uma exalante emoção da alma. (Ibidem. seria atingir a suprema beleza: É na música. o último aspecto da teoria poética de Poe que interessará aos simbolistas dirá respeito à paradoxal intenção do poeta norte-americano de construir os poemas pelo controle da emoção. não visa traduzir valor moral algum. Porque a respeito da paixão. de tudo que seja secundário. 1987. etc. talvez. quando inspirada pelo Sentimento Poético — a criação da suprema beleza. (Ibidem. 89. (O princípio poético. completamente Independente daquela paixão que é a embriaguez do Coração. além de conter certos característicos fundamentais do . 87. p. O desprezo da paixão faz com que Poe leve às últimas conseqüências o sistemático planejamento do poema. por sua vez. como veremos adiante. este poema escrito por ele mesmo. No ensaio "Filosofia da composição". qual seria mais propriamente seu fim? Segundo ele. do metro. como se sabe. do refrão. 2. desde a escolha do tema. Rio de Janeiro. que. Essa atração pela arte musical será então retomada pelos simbolistas. Por fim. ed. Paradoxal porque. que mais de perto a alma atinge o grande fim pelo qual luta. a ponto de Lamartine. p. segundo Poe. existe e subsiste graças ao . pedra de toque do Simbolismo. A razão para que sejam correspondências reside no fato de que o mundo natural. Devido a isso. Com base no que vimos até agora. o passionalismo. não cairá nas armadilhas das emoções superficiais. Uma revolução poética A teoria das correspondências Em síntese. verifica-se que o Simbolismo aproveita do Romantismo algumas características fundamentais. a musicalidade da expressão e o idealismo de origem platônica. são correspondências. por conseqüência. como o senso do mistério. sobretudo. como vimos. o Simbolismo implicará uma revolução poética em relação ao movimento romântico.Simbolismo — como a sugestão do mistério. como se poderá verificar neste fragmento de sua obra: Todas as coisas que existem na natureza. de Emma-nuel Swedenborg. para tanto. Mas. eis as características simbolistas que alguns românticos (e por vezes mesmo alguns parnasianos) anteciparam: a capacidade sugestiva. origina-se. na medida em que aprofundará alguns aspectos desse movimento e. desde o que há de menor ao que há de maior. tudo na natureza teria um sentido simbólico e tudo manteria estreita correspondência com o mundo celeste. através da prática do que se convencionou chamar de "símbolo". as manifestações poéticas grandiloqüentes. Para o místico sueco. as manifestações subjetivas exageradas e. o culto da musicalidade e da poesia pura —. Esta última. mas rejeita o sentimentalismo. será necessário que reinvente a metáfora poética. com tudo o que contém. evitou o exagero sentimental. além disso. o espiritualismo. na realidade. que se insurgiu contra os pressupostos materialistas e positivistas. o simbolista. Swedenborg descarta a idéia de que os objetos do real tenham um sentido em si. Essa temática. fazia do mundo terminal a sua morada. o visível. E. No âmago de tudo.. Ao desprezar o aparente. (Almas cativas. da Divindade. não passam eles de símbolos do mundo espiritual. Quando o poeta açoriano Roberto de Mesquita diz no poema "Universalidade II" que tudo é animado por um ente invisível: Enquanto se detém o vosso olhar À tona dos aspectos. e ambos os mundos graças à Divindade. porém. 1973. impotente. é pois o núcleo da estética simbolista. Assim. 64 ) Esses princípios esotéricos satisfizeram os românticos devido à sua íntima relação com os princípios cristãos. Jung-Trenttel. este espiritualismo.1872. dá a entender. Eu descubro um espírito a cismar. como se pode ver na seguinte passagem: . Ática. daquilo que constitui a essência das coisas. Paris. (Du ciel et de l'enfer. enquanto o romântico deseja abandonar a Terra para encobrir Deus. p. Concebendo assim o mundo. que esse espírito está agregado às coisas e pertence ao plano de experiência do homem. Lisboa.mundo espiritual. Entre os simbolistas. o "evangelho das correspondências". de modo a recuperar uma tonalidade perdida. claramente. que precisa desenvolver sua capacidade de vidência para apreen-dêlo. pág. circunscreveu-se aos limites da natureza terrena. 30.). o simbolista parte em busca do que se oculta atrás das aparências. contudo. o simbolista almeja encontrar a unidade do material e do espiritual aqui na Terra mesmo. Aí uma distinção fundamental: enquanto o romântico sonhava em ascender a um paraíso. via de regra. embora também espiritualista. ) Cabe. às afeições boas. o almíscar. O homem aí passa através das florestas de símbolos Que o observam com olhares familiares. Que cantam os transportes do espírito e dos sentidos. 67. 13. Os perfumes.). os que são dóceis e úteis. Há perfumes frescos como carnes de crianças. ricos e triunfantes. (Les fleurs du mal. com um soneto sintomaticamente intitulado "Correspondências": A Natureza é um templo onde vivos pilares Deixam às vezes sair confusas palavras. Doces como os oboés. Charles Baudelaire poetizou esse tema. Vasta como a noite e a claridade. — E outros corrompidos. o benjoim e o incenso. para que possa descobrir as "correspondências" entre as coisas.Os animais da terra em geral correspondem às afeições. p. portanto. . ao homem decifrar os símbolos da realidade terrena. Como o âmbar. os que são selvagens e inúteis. a perfeita unidade entre tudo o que existe. às afeições más. (Du ciel et de l'enfer. as cores e os sons se correspondem. verdes como as pradarias. p. Como os longos ecos que de longe se confundem Numa tenebrosa e profunda unidade. Tendo a expansão das coisas infinitas. assim. tudo o que existe é regido por uma harmonia universal. de riqueza e de triunfo. auditivo e visual. que a fusão dos sentidos não se dá em cadeia. alcançar a totalidade em seu exterior e interior. O templo é uma construção diferente das demais. porque remete ao verdor das pradarias. inacessível. por isso. ponto de encontro e de integração de todos os seres. Em outras palavras. porém. táctil. Neles se fala das correspondência e/ou fusão dos diferentes sentidos. por onde. para poder participar do ritual no templo da natureza. Além disso. oloroso. O homem deveria. tudo se corresponde. porque o homem que passa não as entende. Na natureza tudo é animado: as árvores transfiguramse. o mesmo não se dá com o mundo natural. a linguagem da natureza soa a seus ouvidos como um conjunto de signos estranhos. . pois os perfumes despertam sensações de corrupção. às vezes. que não tem acesso à realidade mágica. vale a pena assinalar que o mundo espiritual também é convocado. Assim. no templo natural. Ressalta-se. O primeiro terceto. visando a um estado ideal para o homem. somente poderá ter acesso ao sentido das "confusas palavras" aquele que mostrar em si a unidade entre os sentidos e entre os sentidos e o espírito. lembrando o tom grave dos oboés. no sentido de que simboliza um local sagrado. Confusas. portanto. o que implica o reconhecimento amoroso do homem por parte da natureza. Contudo. o perfume que é captado pelo olfato torna-se táctil como a carne fresca das crianças. Ora. As florestas de símbolos observam o homem "com olhares familiares". Se os objetos do mundo sensível se correspondem e se o mundo natural corresponde ao espiritual. pois. numa seqüência temporal. Esse passante involuntário é o ser alienado. como se o perfume fosse. e visual. se para o homem a linguagem da natureza é indecifrável. escapam confusas palavras.A imagem inicial do templo é bem significativa. ou mesmo de ser um sinal de uma realidade misteriosa. Baudelaire deseja esta totalidade do "espírito e dos sentidos". sua função é a de unir o profano ao sagrado. também é auditivo. depois de compreender e decifrar a esotérica linguagem que lhe é oferecida. faz referências à fusão das diferentes sensações físicas e das sensações físicas com as espirituais. pelo contrario. de que precisa o homem para intuir tais relações? A resposta a tal questão está nos tercetos do poema. realiza-se num só instante. assemelhando-se a pilares vivos. a um só tempo. portanto. o grande mal-dito — e o supremo Sábio! — Pois atinge o desconhecido! (OEuvres complètes. 1077. em seguida. ou seja. o discípulo de Baudelaire. a boa vontade ou a clarividência nativa das almas. o que é um poeta (tomo esta palavra na acepção mais ampla) senão um tradutor. dessa perspectiva. Passo a vida a fazer e a desfazer quimeras. imenso e racional desregramento de todos os sentidos. O Poeta se faz vidente através de um longo. Paris. o grande criminoso. Inefável tortura.). Enquanto o mar produz o monstro azulejado . Todas as formas de amor. um Vidente. 1951. o grande enfermo. conforme a pureza. a figura do poeta sofre uma alteração fundamental. Ora. ele procura a si próprio. que procura decifrar o sentido simbólico do mundo. p. Baudelaire chama de "decifrador" e. Gallimard. de sofrimento. de toda a força sobre-humana. p. em sua famosa Carta ao vidente": Eu quero dizer que é preciso ser vidente. através da qual se torna. 254-5. revelá-lo aos homens comuns através da palavra poética. Paris.O Poeta. A esse indivíduo capaz de decifrar o enigma da natureza. Dentro do Simbolismo. Gallimard. ele se torna agora um visionário. extrai de si todos os venenos para guardar apenas as quintessências. fazer-se vidente. O português pré-simbolista Gomes Leal assim expressa essa idéia do poeta visionário em "O visionário ou som e cor": Eu sou um visionário. concebe um novo papel para o poeta: Sabemos que os símbolos só são obscuros de um modo relativo. contra a qual necessita de toda a fé. para. de loucura. o segredo das correspondências. Mais do que simples ser inspirado. como entre os românticos. um decifrador? (OEuvres complètes. 1951. dentre todos.). Algo equivalente expressará Rimbaud. um sábio apedrejado. Talvez por um contrato irônico lavrado Que fiz e já não sei noutras sutis esferas. A literatura portuguesa através dos textos. E obedecendo ainda a meus velhos amores. Procuro em toda a parte a música das cores.. a sugestão. em cima. ela doa assim autenticidade à nossa vida na terra e constitui a única tarefa espiritual. pela linguagem humana que retoma seu ritmo essencial. — E nas tintas da flor achei a Melodia.). p. do sentido misterioso dos aspectos da existência. o austero Pensamento. A espada da Teoria. Massaud. Sobre o mundo onde estou encontro-me isolado. Embriagam-me o Sol e os cânticos do dia. . a evocação O princípio de que há um mistério oculto sob as aparências. será caracterizado dessa maneira por Mallarmé: A poesia é a expressão. (La Vogue. E erro como estrangeiro ou homem de outras eras. Não mataram em mim o antigo sentimento. O mistério. faz as verdes Primaveras.E Deus. 301-2.. (Apud MOISÉS. o ponto de chegada para toda a especulação poética. Num poeta como Camilo Pessanha. ou a utilizar o mundo dos fenômenos como um meio de chegar ao espírito. Apud MICHAUD. como vem expresso no poema "Crepuscular": Há no ambiente um murmúrio de queixume. femininos. Uma ternura esparsa de balidos. delicados. qual seria o mistério a que se referiam os simbolistas? Na realidade. Os teus olhos tão meigos de tristeza.) É isso que leva os poetas simbolistas a rejeitar o mundo dos fenômenos. 1945. Nizet. Mas.. Ática.. pode assumir diferentes caracterizações. afinal. — É este enlanguescer da natureza. — Tenho entre as mãos as tuas mãos pequenas. O meu olhar no teu olhar suave.. mero apêndice do da essência. Tem delíquios de gozo e de cansaço.. 715. Nervosos. As madressilvas murcham nos silvados E o aroma que exalam pelo espaço. 1965. Lisboa. dependendo do poeta. d'ais comprimidos. Paris. Este vago sofrer do fim do dia. mínimas. As tuas mãos tão brancas d'anemia. o mistério é a designação de algo indecifrável. é um estado de alma indefinível. p. fim último da poesia que. De desejos de amor. Guy.. serenas.. Inapreensíveis.) . ao mistério. Message poétique du Symbolisme. Sentem-se espasmos.. p. Sente-se esmorecer como um perfume. 213-4. agonias d'ave..18 de abril de 1886. (Clepsidra e outros poemas. .. Tout suffocant Et blême. é o sentimento provocado pela audição de um instrumento musical que o leva a compor um poema em que a sonoridade é tão importante que se torna quase impossível traduzi-lo: Les sanglots longs Des violons De l'automne Blessent mon caeur D'une langueur Monotonne. (Antífona. Rio de Janeiro. brancas. mas também em toda a atmosfera ambiente.) Em Verlaine. Formas do Amor... o mistério é representado por entidades vagas. fluidas. que inspiram a criação do poema: Ó Formas alvas. p. suscitada pelo crepúsculo que se manifesta não só no ser humano..O sentimento do poeta é provocado por uma dor espiritual desconhecida.. De Virgens e de Santas vaporosas.. cristalinas. de neve. mádidas frescuras E dolências de lírios e de rosas.. Agir. Incensos dos turíbulos das aras.. 1975. 16-8. quand Sonne . In: Poesia. de neblinas!. Formas claras De luares. Brilhos errantes.. Ó Formas vagas. Em Cruz e Sousa. constelarmente puras. //E eu vou/Ao vento mau/Que me carrega/ Daqui. É o que vem expresso nos versos de "Brisa marinha": A carne é triste. ai!. delà. (Canção do outono. 72-3. e eu li todos os livros.) [Os soluços/Longos dos violinos/Do outono/Ferem meu coração/De um langor/Monótono//Todo sufocado/E pálido. nem os velhos jardins refletidos pelos olhos Não reterá este coração que no mar se umedece Ó Noites! nem a claridade deserta de minha lâmpada . o mistério.l'heure. à esterilidade criativa. Et je m'en vais Au vent mauvais Qui m'emporte Deçà. etc./Eu me lembro/Dos dias antigos/E eu choro . Je me souviens Des jours anciens Et je pleure. quando/Soa a hora. dali/ Parecido com/ Uma folha morta. Pareil à Ia Feuille morte. OEuvres poétiques complètes. um problema metafísico relativo ao vazio da existência.] Por fim. como na poesia complexa de Mallarmé. é representado por uma idéia. Fugir! para o além fugir! Sinto que os pássaros são ébrios De estar no meio da espuma desconhecida e dos céus! Nada. em casos mais extremos. p. eis o sonho.] que. ou inversamente. Mas seja qual for a imagem do fim último da poesia simbolista. o seu mistério. pela imagem da lâmpada deserta e pela brancura do papel). os jovens estão mais próximos do ideal poético do que os parnasianos. se traduz como algo que não pode ser expresso por si mesmo. A contemplação dos objetos.) . escolher um objeto e extrair dele um estado de alma. {OEuvres complètes. nos mais diferentes poetas. evocado. É o que Mallarmé expõe no seguinte fragmento: Creio [. indefinido. refere-se ao anseio de absoluto (representado pelo desejo de voar como os pássaros para o desconhecido) e à esterilidade da criação poética (representada pela negatividade. 868. mas apenas sugerido. parece que. carecem de mistério. A conseqüência disso é que esse algo nunca deverá ser dito ou revelado. no fundo. a imagem alçando vôo dos sonhos por eles mesmos suscitados. apresentando os objetos diretamente. É a perfeita utilização desse mistério que constitui o símbolo: evocar pouco a pouco um objeto pra mostrar um estado de alma. sob pena de perder sua contingência de mistério. tiram dos espíritos essa alegria deliciosa de acreditar que estão criando. já os parnasianos tomam a coisa e mostram-na inteiramente: com isso. 38.. Penso ser preciso. através de uma série de adivinhas. o sentimento vago.. Nomear um objeto é suprimir três quartos do prazer do poema. (OEuvres complètes. que ainda tratam seus temas à maneira dos velhos filósofos e dos velhos retóricos.) Neste caso. que consiste em ir adivinhando pouco a pouco: sugerir. p. que haja somente alusão.Sobre o papel vazio que a brancura protege. ao contrário. são o canto. p. É por isso que eles provocam uma revolução na linguagem poética. 107. o céu comparecem no poema não para compor uma paisagem. indecisa. não interessam à poesia senão como elementos que servem para trazer à mente a imagem do mistério ou da idéia. p. cria a ilusão de que também participa do processo criativo. que merece necessariamente uma forma de expressão condizente com ela. está diretamente ligada à capacidade de evocar. Dessa perspectiva. mas para suscitar determinado estado de espírito. a descrição dos objetos. os seres e objetos devem permanecer à distância. a clareza. fazer poesia implica a tentativa de expressar a sensação fugidia. que eram pobres em mistério. os estados de espírito perfeitamente identificáveis. num poema altamente sugestivo. algo abstrato. 1968. recusar o anedótico. também vaga. a mugir crepúsculos de leite E roxos cardeais e amarelos e azuis! (Poentes de França. Traduzir as sensações absolutamente originais. aludir. . o poente.Fazer poesia implica. sugerir e não mostrar os objetos diretamente como era o costume dos parnasianos. Mallarmé dá a entender que a pobreza da poesia sem mistério corres-ponde a uma limitação do trabalho do leitor que. Tavares Martins. In Só. os seres e objetos do mundo sensível. que não seria jamais enunciado. a trovoada. velado. Com isso. que criam imagens poéticas alucinadas. ou seja. sob pena de perder sua condição de coisa misteriosa.) Os dados concretos da realidade. Esse tipo de evocação é bem evidente num poeta como Antônio Nobre: — Ó poentes verde-mar! ó pôr-do-sol de azeite! Ó longe de trovoadas! ó céu dos ventos suis! Vaca no ar. assim. recuperar a essência do poético. por sua vez. como constituem apenas a vestimenta da idéia ou do mistério. portanto. de maneira que se extraia deles a essência. ou mesmo para auxiliar na composição das sensações visuais e auditivas. A capacidade de sugerir. Lisboa. Para os simbolistas. as paixões excessivas e as formas banais do lirismo amoroso foram os traços marcantes da geração simbolista. que designa o objeto mesa. O símbolo da justiça. sendo motivado. o lingüista Saussure os distinguiu com base na arbitrariedade do primeiro e na motivação (ou não arbitrariedade) do segundo: O símbolo tem como característica não ser jamais completamente arbitrário. table. ainda não é a esse tipo de símbolo que os simbolistas se referiam. na motivação e. Esse simbolismo difere inclusive de um simbolismo como o de Dante. em inglês). p. na medida em que permite uma decifração muito fácil. em outras línguas. 1969. Cultrix. Para evitar a confusão entre signo e símbolo. na medida em que é unívoco. O símbolo. O signo. o objeto mesa.) A base na distinção entre símbolo e signo reside. São Paulo. a balança. se refere ao objeto de madeira cruz e à religião que inspirou. Mas neste caso a relação entre uma coisa e outra é sempre arbitrária. o sinal vermelho que significa "pare". lógico. 82. Pois o tipo familiar do simbolismo é convencional e fixo.O símbolo Da sugestão e da evocação chegamos finalmente ao símbolo que constitui o núcleo da linguagem poética idealizada pelos simbolistas. Por exemplo: a palavra "mesa". (Curso de lingüística geral. na sua denominação mais simples. portanto. caracteriza-se pela conotação ("cruz". é representado por um conjunto diferente de sinais (por exemplo. um carro por exemplo. com uma coisa que representa a outra. ele não está vazio. Contudo. na conotação. não poderia ser substituído por um objeto qualquer. existe um rudimento de vínculo natural entre o significante e o significado. o símbolo é muito mais do que isso: Os símbolos do Simbolismo têm de ser definidos de maneira algo diversa do sentido dos símbolos comuns — o sentido de que a Cruz é o símbolo da Cristandade ou as Estrelas e as Listras o símbolo dos Estados Unidos. via de . com o sacrifício de Cristo). Mas os símbolos da escola simbolista são. é essencialmente denotativo ("mesa" representa mesa e nada mais). por exemplo. por exemplo. por não possuir motivação alguma. direta. por conseqüência. pode ser confundido com o signo. preciso. o simbolismo da Divina Comédia é convencional. o símbolo. Para o crítico Edmundo Wilson. regra. elas se aglutinam. as palavras nada valem quando vistas isoladamente — na realidade. p. OEuvres poétiques complètes. pelo contrário. arbitrariamente escolhidos pelo poeta para representar suas idéias. são uma espécie de disfarce de tais idéias. o símbolo deixa de ser apenas uma palavra ou uma coisa significando outra. (Luar. Que faz sonhar os pássaros nas árvores E soluçar de êxtase os chafarizes. os simbolistas pretendiam encontrar as perfeitas correspondências entre o mundo sensível e o mundo abstrato. Os grandes chafarizes esbeltos no meio dos mármores. O poema não procura.) Concebendo o símbolo como um "disfarce das idéias". 107. Parecem não acreditar em sua felicidade E sua canção se mescla ao luar. misto de ternura e sofrimento frente à hora difusa. banhada pelo clarão da lua. Ao calmo luar triste e belo. p. formando uma rede complexa de sons e significados. Cantando tudo no modo menor O amor vencedor e a vida oportuna. é uma palavra ou um conjunto de palavras que serve para evocar um estado de espírito indefinido e cuja tradução jamais é imediata. (O castelo de Axel. mais que isso. o símbolo é elaborado com vistas a imitar a continuidade e a infinitude de movimentos que existem na alma de um ser. através de palavras isoladas. Em muitos casos.) O sentimento que o poeta quer expressar no poema é um sentimento agridoce. A expressão do estado de alma é sugerida pelo uso da comparação: . como acontece neste poema de Verlaine: Vossa alma é uma paisagem escolhida Que as máscaras e as bergamáscaras vão encantando Tocando o alaúde e dançando e quase Tristes sob seus mascaramentos fantásticos. representar indiretamente uma outra coisa. Desse modo. 21. Mas o sentimento não é jamais dito diretamente. "vossa alma é uma paisagem". sistros. celestial girassol. A vantagem desse processo é que a sensação. E as cantilenas de serenos sons amenos Fogem fluidas. objetos do mundo concreto. O Simbolismo e a música A busca do impreciso. . o poeta descreve uma paisagem noturna. tornada difusa... do vago. diga o que lhe vai dentro da alma. não têm valor simbólico em si. Ao compor a paisagem simbolicamente. sonolentos.. Nos casos mais extremos. esmorece. que enlourece. às vezes até incomunicável. de triste nostalgia. Em suaves. Suaves. o poeta provoca no leitor um sentimento difuso... o luar. O sol. cítaras. As danças. As estrelas em seus halos Brilham com brilhos sinistros. lentos lamentos De acentos Graves. Cítolas. ela se transforma num espaço em que o poeta trabalha com a sonoridade pura. Sonolentos e suaves. como acontece nestes versos de Eugênio de Castro: Na messe. do indizível fez com que os simbolistas procurassem renovar essencialmente a linguagem poética. o alaúde. estremece a quermesse. em nenhum momento. no instante em que exige do leitor um envolvimento maior com o poema. Com o Simbolismo. tem a capacidade de durar por mais tempo. para falar dos sentimentos e sensações. os pássaros. os chafarizes. Por outro lado. sem que. evocados no poema. a poesia torna-se mais fechada.. Cornamusas e crotalos. ou seja. eles têm às vezes o peso equivalente ao da sonoridade que também é muito importante — no original francês. Esses objetos somente são evocados para que a emoção do poeta (que não é explicita) se prolongue ao máximo. Soam suaves. fluindo à fina flor dos fenos. o verso "qui fait rêver les oiseaux dans les arbres" chama a atenção pelo acúmulo de sibilantes. Mas por que tal aproximação entre artes aparentemente tão distintas? A música. em cada ouvinte/leitor.Suaves. Pereira. as relações entre a poesia. obras poéticas.e a música mereceram diferentes interpretações. de Cruz e Sousa: Vozes veladas. tanto na referência explícita a instrumentos musicais — a flauta. vulcanizadas. 1968. Poesia. Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos. o poema atinge um grau máximo de subjetividade. sensações diferentes. uma melodia. vãos. o poema todo. Para tanto. Daí sua universalidade. 38. veludosas vozes.) Ou mesmo nestes. a partir dos estímulos sonoros. p. a agrupação de fonemas.. em que houve variedade de interpretações quanto a seu conceito. vivos. de modo idêntico. Reduzindo o problema a seus denominadores mais comuns. É possível dizer. vozes veladas. Os fonemas imitam sons musicais. portanto. Parceria A. como foi possível verificar tanto no poema de Eugênio de Castro quanto no de Cruz e Sousa. é preciso refletir sobre o seguinte: assim como o símbolo. é a que revela uma aproximação entre poesia e música de modo mais literal. porque não visa jamais representar imitativamente os objetos. na realidade. o violoncelo. p. v. A primeira delas.) O acúmulo da vibrante "vê" junto à sibilante e a alternância das vogais "a" e "o" criam a ilusão de uma continuidade sonora. como se o poema devesse se dirigir mais aos ouvidos que à mente. M. O poeta imita o som de um violão ou de um conjunto de notas musicais. I. a música visa sempre atingir o espírito. Contudo. 58. além de . distinguem-se duas linhas fundamentais dentro do move-mento simbolista. Conseqüentemente. Volúpia dos violões. (Oaristos. a viola — como também na apropriação de recursos tipicamente musicais. que o Simbolismo foi um movimento literário em que os poetas sonharam em elevar a poesia à condição de música. é a mais subjetiva das artes. (Violões que choram. de maneira que ao leitor interessa mais o som que o sentido. frases musicais. o violino. não no sentido de que o poema precisa provocar. Explica-se assim a grande obsessão dos simbolistas com a música.. como na música. explorada por Verlaine e seguidores. Lisboa. do eco. um som de flauta chora. os poetas dessa corrente simbolista fazem da repetição um recurso estilístico dos mais eficazes. grácil. ele procurou organizar os fonemas como as notas numa pauta. Em seu experimento mais radical. um som de flauta chora.. ou seja. Quem há-de remi-la? Quem sabe a dor que sem razão deplora? Só. em que a variação gráfica. Dispondo o verso "Un coup de dés n'abolira jamais l'hasard" em fragmentos ao longo de todo o texto. na escuridão tranqüila. Só. fora. de onde surgirão as variações. Cauta. (Clepsidra e outros poemas. incessante. palavras soltas. dispondo as palavras de acordo com a lógica das sensações ou da idéia motriz de todo o poema. incessante. É o caso de Camilo Pessanha. na escuridão tranqüila. — Festões de som dissimulando a hora. o que levou um poeta como Mallarmé a pensar numa relação mais complexa entre ambos. 239-40. imita os movimentos de uma melodia. incessante. Desprezando a sonoridade pura.. E a orquestra? E os beijos? Tudo a noite. em "Ao longe os barcos de flores".. a busca da pura sonoridade. com a repetição de um mesmo tema e de suas variações: Só. detém. Só modulada trila A flauta flébil.. Com isso. — Perdida voz que de entre as mais se exila. p.. Viúva. um som de flauta chora. etc. "Um lance de dados jamais eliminará o acaso". como no fragmento abaixo.recorrerem ao uso da aliteração. ou um tema musical. grácil. ao longe. o poeta encontra similaridade entre a estrutura do poema e uma sinfonia. Na orgia. que. Viúva. tornou-se quase um lugar-comum entre os simbolistas. conseguiu maior liberdade para os teremos que se libertam dos nexos lógicos e sintáticos.) Essa relação entre a poesia e a música. do carmim desflora.. a disposição das palavras e o espaço em branco adquirem também sentido: . que se dispõem na folha de modo idêntico aos segmentos musicais. branca. que em clarões cintila E os lábios. da assonância. o poeta o concebe como um núcleo. assume diferentes aspectos. os símbolos caracterizar-se-ão. Ora. os símbolos correspondentes devem ser totalmente diferentes daqueles utilizados pela tradição poética. 35. o que implicará o hermetismo e a conseqüente dificuldade de o leitor penetrar num mundo fechado. às vezes. só acessível ao iniciado. dos conteúdos filosóficos. que. do símbolo e da musicalidade visou explicitar o caráter específico da poesia simbolista. da declamação. independente do hermetismo. da sugestão. A revelação dos sentimentos e sensações privadas. tornam-se apenas o espaço onde se movimentam imagens soltas. como vimos. Os simbolistas assim se tornam inimigos da revelação direta dos sentimentos. esse mascaramento da expressão confere à poesia simbolista uma dupla dimensão.) [Seja/que/o Abismo/embranquecido/se revele/furioso/sob uma inclinação/plana desesperadamente/ de asa] A busca do novo entre os simbolistas Toda essa discussão em torno das correspondências. os poemas. pela absoluta arbitrariedade. dá-se somente através do símbolo. como o poeta procura traduzir estados indefiníveis da alma. que se tornam universais graças às correspondências. nos fins do século XIX. perdida ao longo dos tempos. da evocação. De outro lado. pela sua novidade. íntimas. mutáveis a cada instante. por tentarem registrar instantâneos de duração. ou do caos do mundo interior.SOIT que 1'Abime blanchi étale furieux sons une inclinaison plane désespérément d'aile (OEuvres complètes. de recuperar a essência da poesia. Conclui-se disso tudo que o Simbolismo representou um esforço. p. que se . De um lado. por recusarem os nexos mais claros. se a pensarmos da perspectiva não do criador mas da do leitor. em que se travaram grandes polêmicas. Verlaine com "Mon rêve familier" [Meu sonho familiar] e Mallarmé com "Les fenêtres" [As janelas]. como já vimos. que deverá se entregar a um ritmo semelhante ao da música. quando Mallarmé é homenageado num jantar a que comparecem as figuras literárias mais importantes da época. Cronologicamente o Simbolismo se inicia. E para isso prefere o Ímpar Mais vago e solúvel no ar. é seguido da publicação de Parnasse contemporain. e consolida-se em 1891. mas por nexos pura-mente emotivos. de Charles Baudelaire. em 1866. poema que faz a apologia da musicalidade e da sugestão em poesia: A Música antes de tudo. em 1857. divisor de águas da poesia francesa. O aparecimento de As flores do mal. Apesar de o título se referir ao "Parnaso". o crítico Paul Bourget publica um artigo intitulado "Théorie de la décadence" e utiliza-se pela primeira vez do termo "decadência" para designar a "situação da sociedade que produz um grande número de indivíduos incapazes de achar seu próprio lugar na faina do mundo".: Em 1881. Em 1882. .agregam não por nexos lógicos. atinge o auge em 1886. com As flores do mal. Sem nada nele que pese ou que pouse. com as polêmicas travadas entre Jean Moréas e René Ghil. Verlaine publica "Art poétique". Cronologia e expansão Anos de grandes polêmicas Antes de o Simbolismo difundir-se pela Europa e pela América. passou por fases de conflito. a coletânea traz entre seus colaboradores poetas que antecipam novidades simbolistas: Baudelaire com "Madrigal triste". A conseqüência disso é que essa poesia abolirá o discurso lógico e exigirá um leitor atento à melodia das palavras. até poder-se firmar definitivamente como movimento literário respeitável. inspirado pela sátira de Vicaire e Beauclair. Paul Bourde. o melífluo decadente cuja íntima perversidade. Poetes maudits. talvez a mais importante tenha sido a paródia Les déliquescences d'adoré Floupette (1885). aparece na Bélgica a revista La Wallonie. Yale University Press. p. Em resposta a Paul Bourde. Por sua vez J. aquele saberá bem. publica "Les décadents". de autoria de Henri Beauclair e Gabriel Vicaire. porém. Neste mesmo ano. utilizando-se do termo "decadentes" para nomear os poetas dessa geração. que se confundissem os poetas com simples neuróticos ou excêntricos. tão vagamente obscura e no entanto tão clara. propõe a designação "simbolistas" em vez de "decadentes". imitador de Veraine e Mallarmé. que influenciará toda uma geração. que não só foi comentado em artigos. tiveram. The symbolist movement. onde refrescar o ouro imaculado de suas Dolências. Huysmans publica A rebours [Às avessas]. Dentre elas. Floressas Des Esseintes. New Haven. que divulga os principais escritores do Simbolismo desse país. de um cinza tão azul e de um azul tão cinza. Kenneth. Já estabelecido como "moda". No poema a seguir é possível detectar a paródia dos temas e do estilo de alguns dos principais poetas da época: Mas o iniciado apaixonado pela boa canção azul e cinza. (Apud CORNELL. como também chegou a criar escola. 1951. entre outras coisas.-K. romance poético em que esboça o perfil do decadente. 37. o mérito de imaginar um poeta decadente.) Verlaine também publica. supõe-se. em 1884.É preciso também que não vás Escolher tuas palavras sem algum desprezo: Não há nada mais caro do que a canção cinzenta Onde o Indeciso ao Preciso se une. p. Poetas medíocres. para evitar.) No mesmo ano. (OEuvres poétiques completes. como uma virgem enterrada na lama confina ao milagre. 326. contestando-o. . o movimento passa a sofrer críticas da imprensa especializada. ensaios que divulgam os poetas Tristan Corbière e Mallarmé. Jean Moréas. ed. do outro. Seghers. o crítico Anatole Baju polemiza em jornais. O poeta René Ghil publica o seu Tratado do verbo. de um lado. mas que. criando a subescola instrumenta-lista. notam-se os primeiros sinais de desgaste do movimento. Bonner. Paris. 27. (Le Figaro. da falsa sensibilidade. da descrição objetiva. simplicidade. da declamação. pois o caráter essencial da arte simbólica consiste em nunca conceber a Idéia em si. negando que os decadentes cheguem a formar uma escola propriamente dita. da linguagem simbólica: Inimiga do ensino. em que propõe para a poesia a curiosa relação entre os sons dos fonemas. o encontro serviu para referendar o triunfo definitivo do movimento. chegando. Les manifestes littéraires de Ia belle époque. p. em que reavalia os princípios do Simbolismo. anotados e comentados por Tiziana Gorupi. os simbolistas se reúnem. por sua vez. a poesia simbolista procura: revestir a Idéia de uma forma sensível que não seja um fim em si mesma. O crítico Brunetière escreve uma série de artigos comentando a notória influência de Baudelaire nos novos poetas. — Instinto de ser. états sucessifs.) Ainda em 1886. inclusive. 172.Em 1886. Observe-se o seguinte exemplo: Monotonia. ao servir para exprimir a Idéia. dúvida. 2. não se deve se ver privada das suntuosas amarras das analogias exteriores.) Em 1888. Em 1891. de Jean Moréas. 1978. (Traité du verbe. a ela permaneça submissa. Textos apresentados. de viver. o som de instrumentos musicais. a descrer de "muitas das coisas que pregava três anos antes". Jean Moréas. as cores e os sentimentos. logo após a efervescência dos anos anteriores. p. Nizet. para homenagear Mallarmé. 1966. publica o panfleto Les premières armes du Symbo-lisme. Apud MITCHEL. que tanto batalhara pela instauração do Simbolismo. Paris. Se. A Idéia. algumas . Mas o ensaio mais importante que surge nesse ano é "Le symbolisme". as polêmicas em torno do Simbolismo chegam ao auge. em que pela primeira vez se procura determinar a essência do símbolo. sangue cuspido. paz das rugas Que a alquimia imprime a grandes frontes eruditas. O azul: vogais. O fortalecimento do Simbolismo em seu berço. Silêncios atravessados dos Mundos e dos Anjos — O.deserções apontam para a exaustão da escola simbolista. Durante a vigência do Simbolismo na França. Neste mesmo ano. riso de lábios belos Em cólera ou bebedeiras penitentes. negro espartilho veludo das moscas ruidosas Que voltejam ao redor de maus cheiros cruéis. ciclos. os bate-bocas através dos periódicos. como já vimos. reis brancos. arrepios de umbelas. as polemicas. seu maior batalhador. e. vibrações divinas dos mares viridentes. I vermelho. supremo Clarão pleno de insólitas estridências. Verlaine e Mallarmé. raio violeta de Seus Olhos! (OEuvres complètes. os grandes escritores travavam uma batalha um pouco mais silenciosa com o texto. Ômega. Paz dos pastos semeados de animais. abalou seus contemporâneos com a poesia grotesca. sombria de As flores do mal. U verde. O. é o criador de uma poesia alucinada. declara encerrado o Simbolismo e propõe a fundação da "Escola Romana". 104. Lanças de geleiras orgulhosas. I. rompeu com a tradição poética francesa. desse modo. Eu falarei um dia de suas florescências latentes: A. U. Rimbaud. Jean Moréas. a França Enquanto se travavam as batalhas literárias. Rimbaud. p. púrpuras. seu discípulo. destacaram-se os seguintes poetas: Baudelaire. feita a partir do "desregramento de todos os sentidos" e voltada para a invenção de uma nova linguagem que buscasse integrar os diversos tipos de sensações. como no famoso poema "Vogais": A negro.) . Golfos de sombra. O primeiro. E branco. canduras dos vapores e das tendas. E. Não é à toa que Mallarmé se constituirá num dos mais importantes precursores da poesia moderna. tudo é sugestão. símbolo da esterilidade poética. Guido Gozzano. sob influência dos decadentistas franceses. Mais intelectualizado do que ambos. Nele.) expressam. . No plano da prosa. criando um mundo aristocrático. verifica-se uma revolução espiritual e poética que se funde à renovação política. Seu autor tenta resgatar a poesia italiana do Classicismo. altamente melodiosa. é o poeta dos meios-tons.-K. a dor de viver e a melancolia frente à existência. um misticismo anarquista. vale a pena referir os nomes de J. a decadência da pátria. no protesto da geração de 1898. dos sentimentos vagos. de Gabriele D'Annunzio. nem sempre accessível ao leitor.Verlaine. onde se manifestam sensações mórbidas e sensuais. em que o autor expõe a filosofia decadentista da inutilidade da ação. através da temática simbolista. O Simbolismo no resto da Europa e nas Américas O Simbolismo inicia-se na Itália por volta de 1889. de um lado. Herdeiros de D'Annunzio. evocação de uma nostalgia indefinida. etc. mas já dentro do século XX. com o romance poético Il piacere. Preocupado em atingir a essência do poético. Mallarmé levará às últimas conseqüências a exploração da linguagem simbólica. Acima destes dois está Antonio Machado. O primeiro é o autor de Às avessas. misto de tristeza e preguiça sensual. o poeta às vezes chega ao Nada. com a invenção da típica figura do decadente e de uma linguagem plástica sugestiva. romance que põe por terra o modelo da prosa narrativa dos realistas e naturalistas. O segundo escreveu os Contos cruéis (1883). criando uma poesia hermética. Na Espanha. Huysmans e Villiers de L'Isle-Adam. Revelando. os "crepuscolari" (Sergio Corazzini. através da importação de novidades decadentistas. difusos. Também é digno de nota seu drama estático Axel (1890). em tons verlainianos. diferentemente. manifestar a angústia frente à morte e. Unamuno e Valle-Inclán viriam. de outro. uma das maiores vozes líricas do pré-modernismo espanhol. dando impulso ao poético na narrativa curta. expressos numa linguagem sutil. surge Rilke. Quando muito. cuja imensa obra se prende à tentativa de recuperar o passado. Nos países da América Latina. não houve um movimento simbolista perfeitamente caracterizado na Inglaterra. transformando-se mais tarde em arte revolucionária. formada por escritores como Emerson. há outros nomes dignos de nota: o cubano José Martí. criando um clima de decadência e morte. Hawthorne. formado por Rossetti. cuja simbologia mágica. surge o grupo dos "pré-rafaelistas". sobretudo. pode-se falar na geração dos "transcendentalistas". sem sentido. o uruguaio Herrera y Reissig e a chilena Gabriela Mistral. Na Áustria. Por volta de 1884. Oscar Wilde escreve uma obra em que valoriza. em que o autor cria uma personagem decadente. Responsável pela divulgação do Simbolismo na Alemanha. seguidor da sutileza musical de Verlaine. o trabalho artístico em detrimento da existência. nos dá a exata medida do caminho percorrido pelos simbolistas russos. que se apegaram ao misticismo medieval. embora tenhamos visto que Poe foi um dos precursores da estética. Também nos Estados Unidos não houve um movimento simbolista. ao visionarismo utópico e ao culto da beleza. o Simbolismo criou raízes e se expandiu. Sua figura mais importante é Alexander Blok. de Huysmans. inspirada com certeza no Des Esseintes. Fortemente influenciado pelo Decadentismo francês. Ruskin e Morris. salienta-se Hofmannsthal. Sua figura mais representativa talvez seja o nicaragüense Rubén Darío. A rigor. Melville. diferentemente. que receberam notória influência de Swedenborg. .O Simbolismo acontece na Rússia somente no início do século XX e termina abruptamente com a Revolução Comunista de 1917. autor de Elegias de Duíno (1923). que sempre sofreu forte influência alemã. escreverá uma poesia rica de nuanças. o argentino Leopoldo Lugones. que explora as relações íntimas entre o sonho e o sentimento de morte. Além dele. Já no início do Modernismo. Sua obra mais famosa é o romance The picture of Dorian Gray [O retrato de Dorian Gray] (1891). considerada vazia. A figura mais representativa do Simbolismo alemão é Stefan George. o poeta liberta a poesia portuguesa do artificialismo. só recuperável pela palavra evocativa. Sua obra poética exalta em cores fortes as sensações relativas a um tempo de totalidade. Mais autêntico que Eugênio de Castro é o sensível poeta de Só (1892). as palavras exóticas. que. a pureza das figuras femininas. Antônio Nobre. Para comprovar sua teoria. de um lado. Assim. Não é à toa que. chegou até a influenciar Fernando Pessoa. mas com os ouvidos atentos para a música das coisas. Antônio Nobre canta os anos da infância perdida. os poemas exploram à exaustão os principais recursos da estética simbolista. no final de sua carreira. o ritmo e o vocabulário. Eugênio de Castro evoluiria para um não disfarçado parnasianismo. com Eugênio de Castro. arcadas Do violoncelo! Convulsionadas . sinestésico. etc. o então jovem poeta procurou difundir as novidades simbolistas francesas em seu país com sua obra Oaristos. Pessanha é o legítimo herdeiro de Verlaine. tais como a aliteração. da convencionalidade. com isso criando uma poesia absolutamente artificial. com seus versos musicais que exploram as íntimas relações entre as sonoridades e os estados de alma mais íntimos. Mais importante que os poemas é o prefácio onde o autor propõe os rumos da nova estética. ao contrário de Eugênio de Castro. Volitado quase que exclusivamente para a terra natal. para o passado.O Simbolismo nos países de língua portuguesa O Simbolismo foi introduzido em Portugal em 1890. Eugênio de Castro acabou por enveredar por discussões sobre a rima. Isso porque. como vem expresso em seu poema "Violoncelo": Chorai. Preocupado sobretudo com os aspectos formais do movimento. das "virgens" que passam "ao sol poente". Mas de todos os poetas simbolistas do período o mais importante foi mesmo Camilo Pessanha. com sua única obra poética Clepsidra (1920). as rimas estranhas. pelo verso musical. por exemplo. soube como levar às últimas conseqüências a revolução simbolista em Portugal. a beleza dos campos. Herdando o modo coloquial de falar dos românticos. Voltando de uma viagem à França. . Por baixo passam. De que esvoaçam. Se despedaçam.. Do violoncelo.. o rio. os barcos. o lago..... 237-8.) sugere os diversos movimentos de uma ... — Lemes e mastros. p. arcadas. — Chorai. Despedaçadas.. os arcos. os caudais de choro. E os alabastros Dos balaústres! Urnas quebradas! Blocos de gelo.. No rio.Pontes aladas De pesadelo... o gelo. o poema equivale ao violoncelo.. cada imagem (o choro. ou melhor. Trêmulos astros.. (Clepsidra e outros poemas. no sentido de que cada estrofe. Fundas soluçam Caudais de choro. Que sorvedouro.. Solidões lacustres. Que ruínas (ouçam)! Se se debruçam.) Como se pode verificar. Brancos. etc. (Clepsidra e outros poemas. afetou a expansão desse movimento por aqui (como certa- . manifestando em sua poesia o sentimento de uma dor cósmica.melodia que. em termos gerais. precisamos refletir sobre um problema que. antes de tudo. do outro lado. não me levais? Sem vós o que são os meus olhos abertos? — O espelho inútil.. — Por que ides sem mim. E o vago medo angustioso domina.. Flexão casual de meus dedos incertos. p. explorada em todas as suas nuanças. evocam diferentes estados de alma. por sua vez. E Estranha sombra em movimentos vãos. meus olhos pagãos! Aridez de sucessivos desertos. Mas. Camilo Pessanha é também o poeta que expressa o sofremento frente à brevidade da vida. Quanto ao Simbolismo brasileiro. sombra das minhas mãos. silente de juncais... por que não vos fixais? Que passais como a água cristalina Por uma fonte para nunca mais!. ) Poeta refinado. Fica sequer. a incapacidade do homem de captar o que quer que seja da realidade circundante: Imagens que passais pela retina Dos meus olhos. 207-8. Camilo Pessanha soube dar como ninguém intensa força à palavra poética. Ou para o lago escuro onde termina Vosso curso. apesar de seus muitos poetas. Na dolência de todos os ascetas?! Nessa esfera em que andais. mais precisa-mente em Santa Catarina. Almas de melancólicos poetas. Atormentado por dívidas. Parece mesmo que o vago. criado pelo antigo amo. Que agonias titânicas são essas?! . criou uma obra que evolui das pesquisas formais de Broqueis para a expressão do sentimento profundo de dor nos Últimos sonetos: Almas ansiosas. Que dor fatal e que emoções secretas Vos tornam sempre assim desconsoladas. com o sol a pino. Como é então que o Simbolismo havia de se fixar num país ainda agrícola e tropical? Com efeito. Talvez por isso mesmo é que o poeta simbolista brasileiro mais importante. Fugitivas abelhas delicadas Das colméias de luz das alvoradas. os estados imprecisos de alma.mente deve ter também afetado nos países da América Lati-na). melancólicos. o Simbolismo brasileiro instalou-se timidamente aqui e teve curta duração. Filho de escravos libertos. com a paisagem recortada nitidamente no horizonte. ainda viu a mulher morrer tuberculosa. que sofreu grande influência européia. Cruz e Sousa. sempre indecisas. Que tormento cruel vos nirvaniza. Tanto é assim que seus membros mais ilustres não só fizeram a apologia do artificial em arte. Na pungência de todas as espadas. não é à toa que. trêmulas. o poeta levou uma vida extremamente atribulada e curta (1862-1898). Apesar disso tudo. não coadunavam muito bem com o esplendor da terra tropical. como também elegeram o Outono (de preferência) e o Inverno como as estações preferidas para expressar os estados de alma lânguidos. tenha nascido no sul do país. inquietas. região fria. num espaço restrito de tempo. as evocações sutis de entidades misteriosas. Acontece que o Simbolismo foi uma estética altamente refinada. o indeciso. oriunda dos países industrializados e frios. 441-2. O primeiro deles procurou instalar ou mesmo transferir o Simbolismo europeu para a realidade brasileira. fazendo com que ele se transformasse no mais representativo poeta simbolista brasileiro. (Apud MURICY. Para seguir-te o vulto em toda a parte.Por que não vindes. Panorama do movimento simbolista brasileiro.. da temática do Simbolismo europeu às condições da realidade brasileira. falando sempre em surdina. foi a mescla de altos anseios espirituais ("as virgens vaporosas") com uma forte sensualidade (presente numa imagem como "tinhorão lascivo"). mais do que Cruz e Sousa. 1973. Ainda importantes dentro do Simbolismo brasileiro são Alphonsus de Guimaraens (pseudônimo de Afonso Henriques da Costa Guimarães). Brasília. sel.) Mas o que marcou de maneira definitiva a poesia de Cruz e Sousa. imortais Promessas?! (Almas indecisas. O curioso contraste entre a alta espiritualidade e a forte sensualidade nos versos de Cruz e Sousa é responsável pela novidade desse poeta que. Senhora. em dor imersos.. conseguiu transplantar de maneira bastante evidente o Simbolismo . Alphonsus de Guimaraens. e int. Augusto dos Anjos e Pedro Kilkerry. dessa maneira. criou um simbolismo todo seu. Poesia. almas imprevistas. atento às pulsações da natureza tropical e quem sabe mesmo às da própria raça. o que fica bem patente com seu livro Pauvre lire. 75. em que a alta espiritualidade. Para a missão das límpidas conquistas E das augustas.) Poeta de fina sensibilidade. estes meus versos E a minha Alma aos teus pés para cantar-te: E os meus olhos mortais. org. p. Conselho Federal de Cultura/INL. totalmente escrito em francês e nos versos de poemas como "Primeira dor de Nossa Senhora". p. os anseios religiosos lhe dão um cunho eminente-mente universal: Em teu louvor. Andrade. 2 v. Essa mescla representará uma adaptação do estilo. ed. é o melhor exemplo. cai num espiritualismo extremado. Já Bandeira. Já Kilkerry escreveu muito pouco. 16. São Paulo. Mas por isso mesmo é que sua poesia perde em tensão para a do autor de Broqueis. criam um simbolismo todo especial. os vocábulos "carbono". como Tasso da Silveira. O primeiro mistura princípios deterministas. na primeira fase de sua carreira.para as terras brasileiras. Sofro. Apud MOISÉS. (Psicologia de um vencido. Concluindo. A influência má dos signos do zodíaco. Não bastasse isso. pela politização de uma atmosfera rarefeita. monocórdica. de que "Ismália". 312. já nos limites da modernidade. evolucionistas com as tendências espiritualistas da época e acaba por montar uma obra sincrética. que faz lembrar um Verlaine. que chama a atenção às vezes pelo vocabulário esdrúxulo. Monstro de escuridão e rutilância. com suas bruscas rupturas sintáticas. Manuel Bandeira e Augusto Frederico Schmidt. mostra muita afinidade com certa paisagem outoniça ou mesmo com a expressão de estados de espírito indefinidos. desde a epigênese da infância. 1991. por sua vez.) Utilizados de forma irônica. filho do carbono e do amoníaco. típicos do Simbolismo. podemos dizer que se o Simbolismo não teve tanta importância no Brasil como o Romantismo. Cecília Meireles. mais expressiva a obra de poetas como Olavo Bilac e Raimundo Correia. por exemplo. fica patente a herança simbolista no seu gosto pela música. "amoníaco" e "epigênese" servem para denunciar a falibilidade da ciência frente ao destino miserável do homem. seu mais conhecido poema. Augusto dos Anjos e Pedro Kilkerry. o Simbolismo também teve uma influência expressiva nos poetas da geração modernista. Em Cecília Meireles. mas seus estranhos versos prenunciam a vinda do Modernismo. A literatura brasileira através dos textos. por exemplo. pelo menos serviu para atenuar o impacto da instalação do Parnasianismo entre nós e mesmo para tornar mais maleável. p. pelos símbolos. Cultrix. mais próprio das ciências exatas: Eu. Massaud. . Crítico francês. autor de Eu (1912). Co-autor da mistificação Les déliquescences d'adoré Floupette (1885). BAJU. entre outras obras. autor de II piacere (1889). Ensaísta francês da época simbolista. Sergio (1887-1907). Charles (1821-1867). pertencente à geração dos "crepuscolari" e autor de L'amaro cálice [O cálice amargo] (1905). de Baudelaire. O mais importante escritor do Simbolismo italiano. João da (1862-1898). Um dos mais ferozes críticos do Simbolismo e. Tristan (1845-1875). CRUZ E SOUSA. com a obra Oaristos (1890). BOURGET. autor de Essais de psychologie contemporaine (1883/1885). Poesias russas (1915).Índice de autores simbolistas ANJOS. Anatole. BAUDELAIRE. BLOK. CORBIÈRE. Broqueis (1893) e Últimos sonetos (1905). Simbolista italiano. D'ANNUNZIO. Rubén (1867-1916). sobretudo. Alexander Alexandrovitch (1880-1921). CASTRO. responsável pela introdução do Simbolismo em Portugal. Poeta simbolista brasileiro. // triunfo de Ia morte (1894). etc. etc. O mais importante simbolista russo. Ferdinand (1849-1906). Eugênio de (1869-1944). Les fleurs du mal (1857). Poeta decadente francês. ardente defensor do Decadentismo. Paul (1852-1935). autor de Évolution de Ia poésie lyrique (1894). etc. Henri (1860-1900). BEAUCLAIR. Poeta simbolista nicaragüense. Les paradis artificieis (1860). BRUNETIÈRE. Gabriele (pseudônimo de Gaetano Rapagnetta) (1863-1938). autor de Azul (1888). . autor de Les amours jaunes [Os amores amarelos] (1873). DARÍO. autor de Versos da bela dama (1905). autor de Missal (1893). Poeta português. Autor de L'école décadente (1887). CORAZZINI. Augusto dos (1884-1914). Escreveu. O mais importante poeta simbolista brasileiro. O introdutor da poesia simbolista na França e um dos mais importantes poetas da modernidade. GEORGE. autor de A rebours (1884). GOZZANO. Poeta e pensador norte-americano. LUGONES. Nathaniel (1804-1864). Stéphane (1842-1898). Romancista francês. precursor das modernas tendências poéticas. O sétimo anel (1907).EMERSON. Hugo von (1874-1929). Kyriale (1902). autor de Essays (1841). HAWTHORNE. The house of seven gables [A casa dos sete patamares] (1851). Pedro Militão (1885-1917). Júlio (1875-1910). autor de Traité du verbe (1886). Simbolista argentino. René (1862-1925). GUIMARAENS. Simbolista italiano. Transcendentalista americano. Simbolista brasileiro. MALLARMÉ. Joris-Karl (1848-1907). Maurice (1862-1949). HOFMANNSTHAL. HERRERA Y REISSIG. Simbolista alemão. autor de La via dei refugio (1906). também pertencente à geração dos "crepuscolari". HUYSMANS. etc. etc. MARTÍ. autor de Lunario sentimental (1909). Stefan (1868-1933). autor de O cavaleiro e a rosa (1911). cuja obra esparsa foi reunida por Augusto de Campos em Revisão de Kilkerry (1970). Simbolista cubano. etc. autor de Los pianos crepusculares (1910). autor de Versos sencillos [Versos sinceros] (1891). Um dos mais importantes poetas simbolistas. Poeta simbolista francês. Poeta simbolista uruguaio. Leopoldo (1874-1938). autor de Setenário das dores de Nossa Senhora (1899). Guido (1883-1916). etc. etc. Là-Bas [Além] (1891). . L'oiseau bleu (1909). autor de The scarlet letter (1850). KILKERRY. José (1853-1895). Simbolista brasileiro. etc. Escreveu L'après-midi d'un faune [A sesta de um fauno] (1897). MAETERLINCK. autor de Pélleas et Mélisande (1892). autor de Algabal (1890/1892). Ralph Waldo (1803-1882). Poeta e dramaturgo austríaco. Alphonsus de (pseudônimo de Afonso Henriques da Costa Guimarães) (1870-1921). GHIL. Poeta e dramaturgo belga. etc. Romancista americano. Poeta simbolista alemão. Roberto de (1871-1923). Poeta. Poeta simbolista francês. RILKE. . Elegias de Duíno (1923). autor de Del sentimiento trágico de Ia vida (1913). Les illuminations (1886). MORÉAS. Poeta e romancista do Simbolismo espanhol. Émile (1855-1916). Dante Gabriel (1828-1882). William (1834-1896). Arthur (1854-1891). RUSKIN. Antônio (1867-1900). autor de The seven lamps of architecture (1849). pertencente à geração dos transcendentalistas. Simbolista belga. Georges (1855-1898). ROSSETTI. Poeta simbolista grego. Poeta simbolista chilena. MESQUITA. O mais importante poeta simbolista de língua portuguesa. autor de Les moines [Os monges] (1886). VALLE-INCLÁN. Jean (pseudônimo de Joannis Papadiamantopoulos) (1856-1910). autor de Defense of Guenever and other poems (1858). autor de Só (1892). romancista e filósofo espanhol. RIMBAUD. John (1819-1900). PESSANHA. Poeta pré-rafaelita inglês. Poeta simbolista açoriano. RODENBACH. autor de Ballads and sonnets (1881). Escreveu Moby Dick (1851). Camilo d'Almeida (1867-1926). MISTRAL. radicado na França. autor de Une saison en enfer (1873). Miguel de (1864-1937).MELVILLE. Poeta pré-rafaelita inglês. UNAMUNO. Poeta e romancista do Simbolismo belga. etc. autora de Desolación (1922). autor de Tirano Banderas (1926). VERHAEREN. autor de Bruges-la-Morte (1892). MORRIS. Esteta inglês ligado aos pré-rafaelitas. Herman (1819-1891). Rainer Maria (1875-1926). Gabriela (pseudônimo de Lucila Godoy) (1889-1957). um dos mais importantes divulgadores do moviento. Escreveu Les certes (1884). autor de Sonetos a Orfeu (1923). autor de Almas cativas (1931). NOBRE. Escreveu Clepsidra (1920). Poeta simbolista português. Ramón Maria del (1869-1936). Romance sans parole (1874). VILLIERS DE L'ISLE-ADAM. etc. romancista e poeta inglês. Dramaturgo. William Butler (1865-1939). Philippe Auguste (1840-1889). VICAIRE. YEATS.VERLAINE. . Poeta simbolista irlandês. Gabriel (1849-1900). etc. Paul (1844-1896). Poeta simbolista francês. etc. autor de The Wind among the reeds [O vento entre os caniços] (1899). Oscar (1856-1900). WILDE. autor de Fêtes galantes (1869). Salomé (1894). Um dos mais importantes poetas do Simbolismo francês. co-autor da mistificação Les déliquescences d'adoré Floupette. autor de Contes cruels (1883) e Axel (1890). Prosador simbolista francês e dramaturgo. La bonne chanson (1870). autor de The picture of Dorian Gray (1891). Decadentismo: denominação de movimento literário que antecede ao Simbolismo e que tem como características básicas a criação de um mundo artificial. fluindo à fina flor dos fenos" (Oaristos). as chamadas "correspondências" seriam as relações existentes entre as coisas do mundo natural e as do mundo espiritual: "assim. pela passividade frente à vida ativa e pelo culto de prazeres refinados. é chamada Correspondente". por exemplo. designa o estado da sociedade européia nos fins do século XIX. Entre os simbolistas. São exemplares típicos do decadente as personagens Des Esseintes. devido a seu caráter difuso. Huysmans e Dorian Gray.-K. Decadente: designa o artista típico do fim do século. por exemplo). contudo. como. de J. . a partir mesmo de Baudelaire que compôs seu famoso soneto intitulado ' 'Correspondências “. Dandy: palavra de origem inglesa que designa o decadente.Vocabulário crítico Aliteração: recurso estilístico que se caracteriza pela repetição de uma consoante no início de cada palavra de um mesmo verso. onde vivem seres que se entregam a prazeres mórbidos. em distanciar-se da vulgaridade do mundo burguês. o homem refinado do fim do século. de Oscar Wilde. do romance A rebours. Decadência: termo com que se designam vários estágios da história da humanidade (a do Império Romano. que se compraz em cultivar prazeres extravagantes. neste poema de Eugênio de Castro: "Fogem fluidas. marcados pela anarquia moral e social. autor de De coelo et de inferno (1758). no Mundo natural. do romance O retrato de Dorian Gray. Mais especificamente. Crepúsculo: momento do dia preferido pelos simbolistas. de sensações mórbidas. doentias. existe em conformidade com uma coisa espiritual. que se caracteriza pelos nervos superexcitados. Analogia: no sentido comum. Correspondências: termo que se origina da filosofia mística de Emmanuel Swedenborg (1688-1772). tendo como ponto de partida a teoria esotérica de Swedenborg. refere-se ao princípio das correspondências. refere-se a alguma coisa que tem semelhança com outra. Essa concepção de que tudo que existe sobre a Terra corresponde a algo espiritual servirá de base para a estética simbolista. cada coisa que. Segundo o escritor sueco. para liberar dele um estado de espírito". p. no sentido de que cabia a ele "decifrar" o sentido das correspondências. chamar. diz respeito à capacidade de suscitar um estado de espírito através da referência a um determinado objeto ("Evocar pouco a pouco um objeto. que propunha um retorno aos valores poéticos greco-latinos. observa Mallarmé numa entrevista concedida a Jules Huret.. Evangelho das correspondências: metáfora com que se designava o conjunto de preceitos das chamadas "correspondências". além de seu sentido histórico. Por exemplo: "na messe que enlourece. Eco: recurso estilístico que tem como princípio a repetição de sílabas no final das palavras de um mesmo verso. Baseado em princípios históricos. a capacidade de interpretar os símbolos da realidade ("O Poeta se faz vidente através de um longo. estremece a quermesse" (Eugênio de Castro. tem também um sentido mais propriamente social e estético. o Determinismo se dispunha a conhecer o homem através dos determinantes fixos da raça. essa doutrina exerceu grande influência na época. e refere-se à provocada anarquização dos sentidos. Desregramento: o termo surge de modo específico na famosa "Carta ao vidente". para se atingir a vidência. Evocação: de evocar.] senão um decifrador" (L'art romantique. do meio e do momento histórico. Devido ao caráter peculiar desse período de tempo.Decifrador: termo através do qual Baudelaire designava o poeta: "ora o que é um poeta [. imenso e racional desregramento de todos os sentidos"). que Rimbaud escreveu ao amigo Paul Demeny. Fim do século: final do século XIX. 267). sociológicos e antropológicos. Oaristos). Entre os simbolistas. em 1871. Determinismo: doutrina influenciada pelo Positivismo de Auguste Comte e desenvolvida por Hippolyte Taine. sobretudo no chamado romance realista/naturalista.. Escola Romana: subescola criada por Jean Moréas. . Idealismo: corrente filosófica que predomina durante o fim do século e que tem como base a valorização da Idéia sobre a matéria. Assim concebida. Para Mallarmé. por exemplo. As aproximações entre a linguagem poética e a musical podem ser entendidas de duas maneiras. expressar o mistério seria a tarefa de todo poeta: "a poesia é a expressão. outra. como Rimbaud. Mal do século: submovimento do século XIX que leva às últimas conseqüências certas características básicas do Romantismo. diz-se do signo que possui uma relação natural entre significante e significado. do sentido misterioso dos aspectos da existência. algo que devia ser decifrado pelo poeta vidente. que supõe que as palavras tenham a mesma liberdade que as notas musicais. indireta. algo abstrato que não podia ser revelado. Inconsciente: parte da mente humana não controlada pela consciência e que. de Cruz e Sousa. segundo a teoria filosófica de Hartmann. Essa última compreensão das relações entre poesia e música. Entre a representação e a religião que representa há um sentido natural: o Cristianismo é representado pela cruz. o termo está direta-mente relacionado com a entidade que governa o universo e que é inacessível ao homem. por exemplo). deveria ser a fonte da criação poética. Mais próprio da prosa do . ela doa assim autenticidade à nossa vida na terra e constitui a única tarefa espiritual". veludosas vozes". que representa o Cristianismo. Uma. etc. o fim último da poesia simbolista. pela linguagem humana que retoma seu ritmo essencial. mas não revelado. porque a cruz foi o instrumento de suplício de Jesus Cristo. Num sentido mais restrito (e acrescido do adjetivo "imortal"). direta. tais como a hereditariedade. Mistério: junto com a Idéia. segundo alguns simbolistas. levada a cabo principalmente por Mallarmé. por isso mesmo. sob pena de perder sua aura de mistério. o culto da morte. acabaram por ter como parâmetro a linguagem musical (a música é a mais subjetiva das artes). como no sinal t. a força do meio social. Naturalismo: movimento literário do século XIX. que supõe que os fonemas devam imitar as notas numa pauta ("Vozes veladas. os excessos sentimentais. Música: devido ao fato de os simbolistas darem tanta importância à expressão vaga. supunha que as palavras deveriam se organizar no verso de uma forma menos rígida. que se baseia em pressupostos científicos. etc. como a subjetividade.Idéia: termo genérico com o qual se denominava o fim último de toda a poesia simbolista. sutil dos sentimentos e sensações. Motivação: na teoria lingüística de Saussure. Parnasianismo: movimento poético do século XIX. Razão triunfante: expressão com que se designa a supremacia da razão no século XVIII e nos meados do século XIX. Realismo: no sentido geral. Schopenhauer acabou por desmistificar os positivistas e deterministas. por seu caráter vago. Outono: a estação predileta dos simbolistas. O mundo como vontade e representação. Aluísio Azevedo (O cortiço) e Júlio Ribeiro (A carne). A palavra parnasianismo vem de Parnaso. refere-se ao movimento literário do século XIX. caracterizado por uma poesia fria. Positivismo: doutrina de base sociológica. Mallarmé e Valéry). região da Grécia onde viviam os pastores cuidando de seu rebanho. . Essa concepção poética foi cultivada principalmente pelos românticos (Coleridge e Edgar Allan Poe). exterior. impessoal e que propõe um retorno ao mundo clássico. Pessimismo: sentimento geral do artista do fim do século. Representação: segundo termo do título da obra de Schopenhauer (O mundo como vontade e representação). no sentido específico. que acreditavam ser possível captar o real. contemporâneo do Realismo. Poesia pura: expressão com que se designa um tipo de poesia que não visa a nenhum fim senão o culto da beleza. ilusão de nossos sentidos. objetiva da realidade.que da poesia. o escritor alemão dava a entender que a realidade não existe em si. pelos parnasianos e sobretudo pelos simbolistas (Baudelaire. através da observação e da análise. que ela é mera "representação". implica o interesse pelo real objetivo. no Brasil. O Positivismo influenciou decididamente o movimento realista. greco-latino. o Naturalismo teve como seu expoente máximo na França o escritor Émile Zola (A besta humana) e. por sua indefinição. suscitado pela descrença no progresso e no otimismo nascidos da Revolução Industrial e da valorização das ciências nos meados do século XIX. se propunha a captar o real. Tal sentimento foi divulgado principalmente pela obra de Arthur Schopenhauer. Com essa palavra. Ao conceber a idéia da "representação". que. desenvolvida por Auguste Comte e que tem por base a crença numa aproximação positiva. sob influência do Positivismo. entre outras coisas. Signo motivado: diz-se do signo em que a relação entre o significante e o significado não é totalmente arbitrária.Revolução Industrial: expressão que designa o espetacular desenvolvimento das indústrias. a sugestão foi bastante praticada pelos simbolistas. como o meio mais adequado do poeta para poder atingir as correspondências entre os sentidos: "Há perfumes frescos como carnes de crianças. principalmente na Inglaterra. o mesmo que signo motivado. verdes como as pradarias". uma forma de expressão que visa sugerir estados de alma ou que visa expressar o mistério ou a Idéia sem revelá-los. Romantismo: movimento literário que marca o início da modernidade e que teve origem no final do século XVIII na Inglaterra e na Alemanha. da valorização do subjetivo. notadamente o Simbolismo e o Surrealismo. através dela. visual e táctil). no sentido mais amplo. inacessível. O Simbolismo tem como princípio. que se originou na França e cujas raízes se encontram no Romantismo. a fumaça é índice do fogo). o Romantismo. Sinestesia: espécie de metáfora que se caracteriza pela fusão de duas ou mais sensações. Simbolismo: movimento literário do fim do século XIX./Doces como os oboés. O símbolo caracteriza-se pela plurissignificação. influenciou muitos dos movimentos literários da modernidade. para expressar complexas intuições de uma realidade oculta. uma forma indireta de dizer as coisas. Quando naturais. nos fins do século XVIII e nos meados do século XIX. Simbolista: diz-se do poeta ou prosador que pertence ao movimento simbolista. os signos são conhecidos como "índices" (por exemplo. enquanto o signo. Sugestão: como a evocação. pela denotação. ao fazer a apologia da liberdade artística. Símbolo: no sentido mais restrito. da expressão indireta dos estados de espírito e das correspondências. na medida em que existe algum tipo de motivação entre ambos. É o que Mallarmé propõe. que procuravam. Signo: uma coisa que representa a outra. . da supremacia da emoção sobre a razão. o uso do símbolo. como nessa imagem de Antonio Nobre "canção ardente" (o poeta funde as sensações auditiva. Entrando século XIX adentro. o resultado de uma convenção instituída pelo homem (a palavra "cadeira" que representa um determinado objeto). As sinestesias foram celebrizadas por Baudelaire em seu soneto "Correspondências". Teorias evolucionistas: teorias científicas em voga no século XIX. para fugir do bulício de Paris.ao fazer referência ao procedimento alusivo. ao se inspirar na imagem do decifrador. fruto das especulações de Darwin e Lamarck. pelo sentimento de dor.. que impele os seres à conquista. Tais teorias tinham como pressuposto que o homem era o resultado de longa evolução desde os primórdios de sua existência na Terra. tal força. primária. ainda segundo o filósofo alemão. tanto pode ser a casa real em que Des Esseintes se recolhe em Fontenay. A torre de marfim. para onde sua alma exilada tenta fugir. do cotidiano. . quanto o mundo espiritual criado por Mallarmé. é a responsável pelo sofrimento.] que haja somente alusão". Assim.. o poeta se torna vidente pelo "desregramento de todos os sentidos". Vontade: um dos termos cunhados por Schopenhauer em sua famosa obra O mundo como vontade e representação. inventada por Baudelaire. para designar a força cega instintiva. desse modo. distanciado da realidade brutal. Vidente: é como Rimbaud chama o poeta. Torre de marfim: expressão metafórica que designa o recolhimento do poeta simbolista num espaço físico ou mental. neste fragmento: "penso ser preciso [. Devido a isso. The heritage of Symbolism. p. . 6. O Simbolismo. Charles. Rilke. Há também na obra estudos acerca dos estilemas e tópicos simbolistas. Lon-don. Estudo que detecta as raízes místicas do movimento na linha esotérica do sueco Emmanuel Swedenborg e que tenta explicitar as diferenças essenciais entre o idealismo romântico e o simbolista. Chiari rastreia as origens místicas e/ou idealistas da estética finissecular.. Na "Introdução". Trad. Ana. Fundamental este estudo não só pelas informações concernentes ao Simbolismo. Valioso o estudo pela interpretação da obra dos principais escritores do Simbolismo. C. 8 v. Amplo panorama do movimento simbolista. CHIARI. v. além de um panorama da herança do movimento na modernidade. esp. Breve estudo centrado no idealismo do movimento. Corp. Blok e Yeats. Otto Maria.M. O Cruzeiro. compreendendo suas ramificações na Europa e nas Américas.. A obra apresenta bibliografia comentada no final. 1969. 1943. Partindo do pressuposto de que Mallarmé é a "conclusão e coroamento do movimento simbolista" e de que Poe constitui o embasamento do Simbolismo. BOWRA. CARPEAUX.Bibliografia comentada BALAKIAN. Macmillan. Guadarrama. Lysia. Trad. procurando estabelecer a ponte entre os aspectos pessoais e os transcendentais da estética. El movimiento simbolista. Rio de Janeiro. Symbolism. o Autor busca determinar a relação entre ambos os poetas. Rocklift Pub. Depois de breve introdução acerca do Simbolismo. Joseph. 1975. from Poe to Mallarmé. Madrid. a obra debruça-se entre os autores da geração seguinte: Valéry. 1959. 1956. London. como também por explorar a idéia de ruptura com a tradição que o movimento instaurou. CHADWICK. port. História da literatura ocidental. Stefan George. 2573-758. Lisboa. Bélgica e Portugal. há uma lista das revistas e periódicos. G. o Autor manipula grande massa informativa e procura aclarar preconceitos e determinar a ideologia dessa geração. Arnold. em parte provocado pela Revolução Industrial. v.CORNELL. Lehmann trata. Considerando o "clima da intensa discussão. LOTE. The symbolist aesthetic in France (1885-1895). GOMES. Trad. 1951. 200-69. 708-29. G. New Haven. Georges. No final. Basil Blackwell. também o Autor se refere à expansão do Simbolismo em países como Alemanha. Yale University Press. nesta obra. com seus colaboradores. 357-71. Guadarrama. Paris. A obra reúne e estuda os textos teóricos do movimento. Madrid. A. Da perspectiva do Autor. incerteza e relativa incoerência" da época. HAUSER. Revue des Caeurs et Conférences. a tentativa de apreensão do instantâneo. que compreende o Simbolismo dentro de um fenômeno muito mais amplo denominado "Impressionismo". 679-87. das raízes do Simbolismo europeu. The symbolist movement. com seu levantamento minucioso de periódicos e obras que provocaram as grandes polêmicas e trans-formações do movimento na França. há bibliografia comentada. São Paulo. 1969. 503-13. "A intuição e o símbolo". La poétique du Symbolisme. de sua cronologia e de sua divulgação na Europa e nas Américas. compreendendo os seguintes tópicos: "As tendências gerais". o Autor trata das origens do Simbolismo. A estética simbolista. Fundamental o estudo no que concerne à compreensão das amplas forças sociais que colaboraram para a eclosão das tendências culturais na Europa. 1934. o culto do vago e a busca da poesia pura são o resultado de um "mal-estar da cultura". 1950. 108-26. 30 avr. "O valor sinestésico dos timbres vocais de René Ghil" e "A sensibilidade verbal e o . A. No final.. Estudo de cunho sociológico. mais precisamente das da primeira geração simbolista. Cultrix. Na "Introdução". Série de ensaios sobre o Simbolismo francês. 55: 385-408. "Poesia e música". 1985. Álvaro Cardoso. esp. Historia social de Ia literatura y el arte. LEHMANN. p. Talvez a mais bem documentada obra acerca do Simbolismo. "O problema do conhecimento e da verdade mística". Kenneth. de suas características. Em breves pinceladas. Oxford. 3. 3 v. esta obra é fundamental para o estudo do Simbolismo. os aspectos plásticos da poesia. Brasília. São Paulo. que estuda os temas e os métodos expressivos do movimento. Palais des Académies. Decadentismo e Simbolismo na poesia portuguesa. este panorama conta também com uma introdução que investiga os traços fundamentais. O Simbolismo. principalmente no que concerne à compreensão de aspectos formais do movimento. bem como a transcrição dos documentos fundamentais da estética simbolista recomendam bastante a obra. José Carlos Seabra. Mockel por Michel Otten. 1969. Levantamento minucioso do que se produziu durante a fase do Simbolismo em nosso país. Coimbra Ed. Obra que procura. Caminhos do Decadentismo francês. estabelecer a diferença fundamental entre Decadentismo e Simbolismo e. situá-los em Portugal. Fúlvia M. estuda os antecedentes de ambos os "ismos" e seu ulterior . Panorama do movimento simbolista brasileiro. Perspectiva. Propos de littérature. Message poétique du Symbolisme. em seguida. a crítica e os gêneros do Simbolismo. tratando das características da estética e seus limites cronológicos em geral e no Brasil. Coimbra. Também indispensáveis os estudos finais acerca de poesia e idealidade e poesia e música. L. com "Introdução" dividida em cinco partes. Imprescindível pela visão teórica e crítica do movimento simbolista e pelas informações concernentes às suas principais figuras.. Nizet. ed. como o símbolo. MOCKEL. Andrade. Minucioso estudo do Simbolismo brasileiro. MORETTO. Fundamental pelo levantamento dos recursos estilísticos próprios do Simbolismo no último capítulo da série.estilo". 1962. MURICY. Obra clássica do gênero. Cultrix. a sugestão. São Paulo. Paris. MOISÉS. A obra tem uma breve introdução sobre o Decadentismo e reúne material iconográfico e textos doutrinários sobre o movimento decadentista. em primeira instância. A compreensão global e ampla do Simbolismo. 1967. INL. Albert. "La révolution poétique". dividida em três partes ("L'aventure poétique". 2. Neste particular. Guy. Massaud. "L'univers poétique"). 1962. PEREIRA. Além dos textos antologiados. MICHAUD. Publicada originariamente em 1894. 1989. Precedido de um estudo sobre A. 1975. a musicalidade. Bruxelas. etc. Villiers de L'Isle-Adam e Rimbaud. Moréas. Gertrude Stein. Khan". Verlaine e Mallarmé até chegar à herança do Simbolismo dentro e fora da França. 1967. No final. Paris. porém pertinente. e americanos. Henri. 1971. Proust. Cleanth. dentro da história da critica. Encontram-se nesta obra também sugestivas idéias acerca das fontes do movimento e da interpretação da palavra "símbolo". Trad. p. Rimbaud. Trad. Estudo introdutório do Simbolismo. 1974. Qu'est-ce que le Symbolisme? Paris. Paris. Edmund. WILSON. Philippe.desenvolvimento. como forma de idealismo cujas raízes se encontram nos românticos ingleses. 243-64. WIMSATT. PUF. . 1969. Crítica literária. como Emerson. constituído por uma Introdução geral e ensaios sobre Yeats. Obra que situa o Simbolismo. bras. prejudicado pela concepção de que Baudelaire. Por isso. Valéry. Tomando de empréstimo o título da obra de Villiers de L'Isle-Adam (Axel). "Claudel e Valéry doctrinaires". Percuciente estudo do Simbolismo. Lisboa. O castelo de Axel. p. port. & BROOKS. Verlaine e Mallarmé são precursores. Cultrix. théoricien de l'art". a obra traz minuciosa bibliografia comentada. VAN TIEGHEN. PUF. PUF. William K. 692-723.-M. capítulo a capítulo. Rimbaud. Melville e Poe. Ghil. Sucinta. "Les théories symbolistes: Mallarmé. São Paulo. Obra fundamental pelas achegas bibliográficas e pelo levantamento de temas da poesia decadente e simbolista em Portugal. Joyce. Partindo de uma "Introdução" em que caracteriza a palavra símbolo. o Autor passa pelas quatro grandes figuras do movimento simbolista: Baudelaire. In: Les grandes doctrines littéraires en France. dentro de uma perspectiva histórica da literatura francesa. La littérature symboliste. Eliot. Fundação Gulbenkian. SCHMIDT. "Baudelaire. o Autor procura esboçar as características fundamentais do Simbolismo. PEYRE. como Coleridge. porque nela aparecem de maneira evidente os traços do que se convencionou chamar de espírito decadente. a obra acaba por dar excessivo destaque a figuras de segunda plana do movimento simbolista. 1974. interpretação do Simbolismo. A. na qual o autor procura detectar os "grandes cumes do pensamento crítico na França". Documents Similar To +ülvaro Cardoso Gomes - O SimbolismoSkip carouselcarousel previouscarousel nextSZONDI, Peter. Teoria Do Drama BurguêsRoberto Schwarz - As Ideias Fora Do LugarKayser Wolfgang Analise e Interpretacao Da Obra Literaria Coimbra 1963BALAKIAN, Anna. O Simbolismo. 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