Livro Mims Microbiologia Médica

March 29, 2018 | Author: EvelineStolz | Category: Malaria, Infection, Public Health, Hiv/Aids, Virus


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Outros títulos da Elsevierem Imunologia: Imunologia Básica 4a edição Imunologia Celular e Molecular 7a edição Compreenda todos os conceitos sobre microbiologia e imunologia básica que você precisa para seus cursos e exames! A abordagem clinicamente relevante baseada em sistemas e com numerosas ilustrações coloridas tornam este assunto complexo fácil de entender e lembrar. • Aprenda sobre as infecções no contexto dos principais sistemas corporais e entenda por que estes são ambientes nos quais os microrganismos podem se estabelecer, multiplicar e dar origem a alterações patológicas. Esta abordagem da microbiologia baseada em sistemas emprega conhecimentos integrados e fundamentados em casos que colocam os diversos microrganismos em um contexto clínico. • Analise de forma eficaz os assuntos em cursos baseados em problemas com a ajuda da introdução dos capítulos e das caixas de texto “Lições em Microbiologia” que enfatizam a relevância clínica do material e oferecem fácil acesso aos principais conceitos através de ferramentas de revisão valiosas. • Aprofunde seus conhecimentos sobre a epidemiologia e o importante papel que ela desempenha no fornecimento da identificação baseada em evidências dos principais fatores de risco de doença e dos alvos para a medicina preventiva. Um capítulo completamente reescrito sobre esse assunto fornece uma atualização sobre as mais recentes descobertas. • Entenda e fixe facilmente os principais conceitos graças ao formato em cores, útil para o usuário, ao texto sucinto, às caixas de principais conceitos e às ilustrações dinâmicas. Este livro tem conteúdo extra e gratuito em inglês no site www.studentconsult.com. Registre o código que está no verso da capa dentro deste livro e conheça uma nova maneira de aprender: - visualize o banco de imagens do livro para uso em seus estudos; - estude de forma dirigida com perguntas e respostas comentadas em inglês - acesse os links integrados, que relacionam o conteúdo deste livro com partes de conteúdos de outros livros que tratam sobre o assunto. A aquisição desta obra habilita o acesso ao site www.studentconsult.com até o lançamento da próxima edição em inglês e/ou português, ou até que esta edição em inglês e/ou português não esteja mais disponível para venda pela Elsevier, o que ocorrer primeiro. BA MSc PhD, Professor and Chair Department of Medical Microbiology and Immunology, Creighton University Medical Center, School of Medicine Omaha, Nebraska USA Hazel M. Dockrell BA (Mod) PhD, Professor of Immunology, Department of Infectious and Tropical Diseases, London School of Hygiene & Tropical Medicine, London, UK Mims Mark Zuckerman Microbiologia Médica Goering • Dockrell • Zuckerman • Roitt • Chiodini Goering • Dockrell Zuckerman • Roitt • Chiodini • Desenvolva seu aprendizado e absorva informações complexas de uma maneira interativa e dinâmica com a Lista de Patógenos – um glossário sobre vírus, bactérias e fungos. Richard V. Goering 5a edição • Abordagem da microbiologia por sistema corporal ou por patógeno, através da seção de referência cruzada “Lista de Patógenos”. OS AUTORES W W W. S T U D E N TC O N S U LT. C O M Microbiologia Médica Abul K. Abbas Andrew H. Lichtman Shiv Pillai Microbiologia Médica W W W. S T U D E N T C O N S U LT. C O M Mims Abul K. Abbas Andrew H. Lichtman Shiv Pillai Mims 5a edição BSc (Hons) MBBS MRCP MSc FRCPath, Consultant Virologist and Honorary Senior Lecturer, South London Specialist Virology Centre, King’s College Hospital NHS Foundation Trust, King’s College London School of Medicine, London, UK Ivan M Roitt DSc HonFRCP FRCPath FRS, Hon Director, Middlesex Centre for Investigative & Diagnostic Oncology, School of Health & Social Sciences, Middlesex University, London, UK Peter L Chiodini BSc MBBS PhD FRCP FRCPath FFTM RCPS (Glas), Consultant Parasitologist, Hospital for Tropical Diseases, London Honorary Professor, London School of Hygiene & Tropical Medicine, London, UK Classificação de Arquivo Recomendada Microbiologia Médica www.elsevier.com.br/medicina AF_Goering2.indd 1 Tradução da 5a edição 25/10/13 12:42 . indd i 17/10/13 1:56 PM .Mims Microbiologia Médica C0210. C0210.indd ii 17/10/13 1:56 PM . Hon Director. UK Hazel M Dockrell. School of Medicine Omaha. King's College London School of Medicine. UK BSc (Hons) MBBS MRCP MSc FRCPath. BA (Mod) PhD.Mims Microbiologia Médica 5ª Edição Richard V Goering. DSc HonFRCP FRCPath FRS. London School of Hygiene & Tropical Medicine. King's College Hospital NHS Foundation Trust. London School of Hygiene & Tropical Medicine. Nebraska USA BSc MBBS PhD FRCP FRCPath FFTM RCPS (Glas). Peter L Chiodini. Ivan M Roitt. UK Mark Zuckerman. London Honorary Professor. Middlesex University. Department of Infectious and Tropical Diseases. BA MSc PhD. Professor of Immunology. Consultant Parasitologist.indd iii 17/10/13 1:56 PM . Consultant Virologist and Honorary Senior Lecturer. South London Specialist Virology Centre. School of Health & Social Sciences. Creighton University Medical Center. Hospital for Tropical Diseases. London. London. London. UK C0210. London. Professor and Chair Department of Medical Microbiology and Immunology. Middlesex Centre for Investigative & Diagnostic Oncology. Com relação a qualquer fármaco ou produto farmacêutico especificado. OEditor CIP-BRASIL. . devem ser criteriosos com relação a sua própria segurança ou a segurança de outras pessoas.610 de 19/02/1998.indd iv CDD: 616. Goering . Peter L. 2. Dockrell. Ao utilizar qualquer informação ou método. poderá ser reproduzida ou transmitida sejam quais forem os meios empregados: eletrônicos. Capa: Studio Creamcraker Editoração Eletrônica: Thomson Digital Elsevier Editora Ltda. nem tradutores. Berlim. aconselha-se o leitor a cercar-se da mais atual informação fornecida (i) a respeito dos procedimentos descritos. : il. Tradução de: Mim’s Medical Microbiology Inclui bibliografia e índice Lista de Patógenos ISBN 978-85-352-6682-5 1. nem editores. os últimos lançamentos e os serviços exclusivos no site www. Chiodini and Ivan M. gravação ou quaisquer outros. de produtos. [tradução Alcir Costa Fernandes]. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9. pode haver necessidade de alteração dos métodos de pesquisa. nem revisores ou colaboradores. assumem qualquer responsabilidade por qualquer efeito danoso e/ou malefício a pessoas ou propriedades envolvendo responsabilidade. Roitt is published by arrangement with Elsevier Ltd. e adotar todas as precauções de segurança apropriadas. ISBN: 978-0-7234-3601-0 Imagem da capa – Cortesia do Dr.elsevier. É responsabilidade do médico. ou (ii) pelo fabricante de cada produto a ser administrado. métodos. 1998. Mark Zuckerman. an imprint of Elsevier Ltd. n° 753 – 8° andar 04569-011 – Brooklin – São Paulo – SP Serviço de Atendimento ao Cliente 0800 026 53 40 atendimento1@elsevier. Goering. Nenhuma parte deste livro. negligência etc. Volker Brinkmann. instruções ou ideias contidos no material aqui publicado. fotográficos. Doenças transmissíveis .Patogênse I. nem autor es. de modo a certificar-se sobre a dose recomendada ou a fórmula. 2004. 538 p. ed. . mecânicos.] .9041 CDU: 579. determinar as posologias e o melhor tratamento para cada paciente individualmente. 1993 by Saunders.com Consulte nosso catálogo completo. This edition of Mims’ Medical Microbiology 5th edition by Richard V. e as contraindicações. o método e a duração da administração. 27 cm. Tanto médicos quanto pesquisadores devem sempre basear-se em sua própria experiência e conhecimento para avaliar e empregar quaisquer informações. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS. ISBN: 978-85-352-6682-5 ISBN (versão eletrônica): 978-85-352-6908-6 ISBN (plataformas digitais): 978-85-352-6686-3 Copyright © 2013. Título. Richard V.61 21/10/13 8:49 AM .[5. Tradução autorizada do idioma inglês da edição publicada por Saunders – um selo editorial Elsevier Inc. Microbiologia médica. ou advindos de qualquer uso ou emprego de quaisquer métodos. sem autorização prévia por escrito da editora. 2014. substâncias ou experimentos descritos neste texto.br NOTA Como as novas pesquisas e a experiência ampliam o nosso conhecimento. Fernandes. 13-05613 C0215. Conhecimento sem Fronteiras Rua Sete de Setembro. Hazel M. RJ G542m Goering.com. Microbiologia Médica de Mims / Richard V. incluindo aquelas sobr e as quais tenham responsabilidade profissional. nem a Editora. produtos. das práticas profissionais ou do tratamento médico. com base em sua experiência pessoal e no conhecimento de seus pacientes. Para todos os efeitos legais. II. Alcir Costa .Rio de Janeiro : Elsevier. Max Planck – Institut für Infektionsbiologie. 2008.© 2014 Elsevier Editora Ltda. n° 111 – 16° andar 20050-006 – Centro – Rio de Janeiro – RJ Rua Quintana. Imunologia e Parasitologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro Ana Cláudia de Paula Rosa Ignácio ( caps. 36) Doutorado em Microbiologia Professor Associado do Departamento de Microbiologia. Imunologia e Parasitologia da UERJ Arnaldo Feitosa Braga de Andrade ( caps.6 e 29 ) Doutora em Ciências (Microbiologia) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Professora Adjunta do Departamento de Microbiologia. Graduado (Bacharel) em Ciências Biológicas pela UERJ Mestre em Bacteriologia Clínica pela UERJ Doutorado em Ciências (Microbiologia) pela UFRJ Professor Adjunto do Departamento de Microbiologia e Parasitologia (MIP) da Universidade Federal Fluminense (UFF) José Augusto Adler Pereira (cap. 19. Imunologia e Parasitologia da FCM/UERJ Maria das Graças de Luna Gomes ( caps. Imunologia e Parasitologia da FCM/UERJ Doutor em Ciências (Microbiologia) pela UFRJ Felipe Piedade Gonçalves Neves ( caps.indd v 21/10/13 9:36 AM .21 e 23 ). 25 e 32 ) Professora Adjunta do Departamento de Microbiologia.8 e 22 ) Graduada em Ciências Biológicas pela UFRJ Mestra e Doutora em Microbiologia pelo Instituto de Microbiologia Paulo de Góes. MA. UFRJ Professora Adjunta do Departamento de Microbiologia. 34 e 35 ) Professor Associado da FCM/UERJ Coordenador Geral de Pós-Graduação da FCM/UERJ Pós-Doutorado em Imunologia pela Tufts University.7. EUA Doutor e Mestre em Ciências (Microbiologia e Imunologia) pela UFRJ Graduação em Medicina pela Universidade Federal do Ceará (UFC) Elizabeth de Andrade Marques (cap. Imunologia e Parasitologia da FCM/UERJ Mara Lucia Penna Queiroz ( caps.12.3 e 18 ) Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) Doutora em Microbiologia pelo Instituto de Microbiologia Paulo de Góes. FCM/UERJ ) Ângela Correa de Freitas Almeida ( caps. UFRJ Professora Associada do Departamento de Microbiologia.10. 31) Professor Associado de Microbiologia do Departamento de Microbiologia. Imunologia e Parasitologia da FCM/UERJ Maria Cristina Maciel Plotkowski (cap.27 e 30 Professora Associada e Pesquisadora PhD em Ciências (Microbiologia). Imunologia e Parasitologia da FCM/UERJ Lucimar Gonçalves Milagres ( caps.4 e 5 ) Professora Associada do Departamento de Microbiologia. Boston. 24 e 28 ) Professora Associada do Departamento de Microbiologia. Imunologia e Parasitologia da FCM/UERJ Ana Luíza de Mattos Guaraldi ( caps.Revisores Científicos e Tradução REVISORES CIENTÍFICOS Alessandra Mattos Saliba ( caps. Imunologia e Parasitologia da FCM/UERJ v C0235. 11. 9) Professora Associada do Departamento de Microbiologia. vi C0235.14. 33) Graduada em Biologia pela UERJ Mestre em Microbiologia pela UERJ Doutora em Ciências Médicas pela UERJ Vânia Lúcia Careira ( caps.13 e 15 ) Doutora em Ciências (Microbiologia) Professora Associada do Departamento de Microbiologia. Imunologia e Parasitologia da UERJ Mestra e Doutora em Ciências (Imunologia) pelo Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da UFRJ Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) TRADUÇÃO Ez2Translater Tecnologia e Serviço Ltda. Imunologia e Parasitologia da UERJ Wânia Ferraz Pereira Manfro ( caps.1 e 2 ) Graduado em Odontologia pela UFF Mestre e Doutor em Ciências (Microbiologia) pelo Instituto de Microbiologia da UFRJ Professor Adjunto da Disciplina de Microbiologia e Imunologia do Departamento de Micr obiologia.20 e 26 ) Professor Adjunto do Departamento de Microbiologia. 16 e 17 ) Professora Visitante do Departamento de Microbiologia. Imunologia e Parasitologia da FCM/UERJ Rachel Leite Ribeiro (cap.indd vi 21/10/13 9:36 AM .Revisores Científicos e Tradução Raphael Hirata Junior ( caps. Imunologia e Parasitologia da FCM/UERJ Robson de Souza Leão ( caps. Agradecemos ao Wellcome Institute for the History of Medicine por disponibilizar as fotografias utilizadas nos perfis históricos. que foram de indubitáveis ajuda e eficiência. novamente expressamos nossa sincera gratidão a muitos colegas que ajudaram de diver sas maneiras na produção deste material. Qualquer erro remanescente é de inteira responsabilidade dos autores. garantindo o máximo de precisão e clareza possível. Também gostaríamos de agradecer ao editorial e à equipe de produção da Elsevier. vii C0225. HMD. Katharina Kranzer Department of Clinical Research Faculty of Infectious and Tropical Diseases London School of Hygiene & Tropical Medicine London. Outros colegas responderam pacientemente às nossas perguntas e nos deram conselhos valiosos. UK. especialmente a Mel Smith. MZ. Aqueles que gentilmente nos permitiram o uso de seu material ilustrativo são devidamente cr editados nas legendas das fi guras. RVG. IMR Colaboradora Dra. PLC.indd vii 21/10/13 9:25 AM .Agradecimentos Como nas edições anteriores. Henderson.Alunos Consultores Alison Bell Michael Cheng Elizabeth Carr Matthew Crowson Queens’University Belfast. Belfast. USA Anode Graduação 2013 Bernard Ho St George’s University of London. Hanover. St Andrews. Nevada.indd viii 21/10/13 12:35 PM . UK Anode Graduação 2012 viii C0230. Los Angeles. New Hampshire. USA Anode Graduação 2012 DartmouthMedical School. UK Anode Graduação 2015 Terry Chen Touro University Nevada College of Osteopathic Medicine. California. London. UK Anode Graduação 2013 University of St Andrews School of Medicine. USA Anode Graduação 2014 David Geffen School of Medicine at UCLA. Epidemiologia e Controle de Doenças Infecciosas.Prefácio A quinta edição de Mims Microbiologia Médica dá continuidade à abordagem anterior bem-sucedida ao empregar os pontos de vista da ciência básica e da aplicação clínica com base no sistema para apresentar o conflito entre a doença infecciosa e a resposta do hospedeiro.indd ix 21/10/13 9:07 AM . agentes antimi- crobianos e quimioterapia.HazelM Dockrell . PeterL Chiodinie IvanM Roitt ix C0220. O Capítulo 32. O desafio é incorporar essa riqueza de informações a uma abordagem lógica e unificada ao tema que seja legível. r econhecendo a contribuição fundamental de Cedric Mims a esta obra. que foi responsável por grande parte das edições anteriores. tabelas. renunciou à função de autor principal e reconhecemos gratamente sua contribuição. representa uma revisão total do texto anteriormente intitulado Estratégias para Controle. Derek Wakelin. O título continua o mesmo. MarkZuckerman . a detecção e o diagnóstico da infecção. defesa imune. figuras e Lista de Patógenos foram todos atualizados. empolgante e informativa. Esta edição continua com as ilustrações descritivas de “Conflitos” nos capítulos introdutórios. A contribuição das abordagens moleculares à nossa compreensão da interação patógeno-resposta do hospedeiro nunca foi tão grande. Richard V Goering . A discussão sobre a genômica microbiana. bem como das “Lições de Microbiologia” específicas do capítulo e dos resumos “Principais Conceitos”. Acreditamos que é isso que o aluno encontrará nesta nova edição de Mims Microbiologia Médica. C0220.indd x 21/10/13 9:07 AM . indd xi Organismos como parasitos 3 A diversidade dos organismos Vida no interior ou fora das células Sistemas de classificação 3 4 5 Bactérias Estrutura Nutrição Crescimento e divisão Expressão gênica Sobrevivência em condições adversas Elementos genéticos móveis Mutação e transferência genética A genômica das bactérias clinicamente importantes 7 7 9 10 11 16 16 20 23 Vírus 27 Infecção das células hospedeiras Replicação Resultado da infecção viral Principais grupos de vírus 27 29 31 33 Fungos Principais grupos de fungos causadores de doenças 37 37 Protozoários Helmintos e artrópodes 41 43 Helmintos Artrópodes 43 46 Príons 49 Patogênese da “proteína infecciosa” Desenvolvimento.Sumário Agradecimentos vii Colaboradores vii Alunos consultores viii Prefácio ix Uma abordagem contemporânea à microbiologia xv Introdução xv Micróbios e parasitos xv O contexto para a microbiologia médica contemporânea xv Passado. saída e transmissão Portas de entrada Saída e transmissão Tipos de transmissão entre humanos Transmissão por animais 14 As defesas imunes em ação Complemento Proteínas de fase aguda e receptores de reconhecimento de padrão Febre Células natural killer Fagocitose Citocinas Imunidade mediada por anticorpos Imunidade mediada por células Recuperação da infecção 15 Propagação e replicação Características das infecções superficiais e sistêmicas 111 111 115 117 119 119 125 127 132 137 137 137 139 139 139 142 144 146 150 153 153 xi 21/10/13 10:00 AM . presente e futuro da microbiologia xvi A abordagem adotada neste livro xviii SEÇÃO 1 OS ADVERSÁRIOS – MICRORGANISMOS 1 2 3 4 5 6 7 8 C0240. transmissão e diagnóstico de doenças por príon Prevenção e tratamento de doenças por príon 49 50 51 A relação parasito-hospedeiro 53 A microbiota normal Associações simbióticas As características do parasitismo A evolução do parasitismo 53 56 58 59 SEÇÃO 2 OS ADVERSÁRIOS – AS DEFESAS DO HOSPEDEIRO 9 As defesas inatas do organismo hospedeiro Defesas contra a entrada de patógenos no corpo Defesas após a penetração do microrganismo no corpo 67 67 68 10 As respostas adaptativas proporcionam um “salto quantitativo” na defesa efetiva 83 O papel dos anticorpos O papel dos linfócitos T Ataque extracelular aos grandes agentes infecciosos Defesas locais nas superfícies das mucosas 83 86 89 90 11 A base celular das respostas imunes adaptativas 95 Receptores de células B e T Expansão clonal dos linfócitos O papel das células de memória Estimulação dos linfócitos Citocinas Mecanismos reguladores Mecanismos de tolerância 98 98 99 100 102 105 106 SEÇÃO 3 OS CONFLITOS 12 Principais aspectos das doenças infecciosas Relação parasito-hospedeiro Causas das doenças infecciosas O gradiente da resposta biológica 13 Entrada. músculos e sistemas associados 335 Infecções bacterianas da pele. tecidos moles e músculos Doenças micobacterianas da pele Infecções fúngicas de pele Infecções parasíticas da pele Lesões mucocutâneas causadas por vírus Varíola Sarampo 329 337 343 345 350 351 358 358 21/10/13 10:00 AM .indd xii Laringite e traqueíte Difteria Coqueluche Bronquite aguda Exacerbações agudas da bronquite crônica Bronquiolite Infecção pelo vírus respiratório sincicial Síndrome pulmonar por hantavírus (SPH) Pneumonia Pneumonia bacteriana Pneumonia viral Infecção pelo vírus parainfluenza Infecção pelo adenovírus Metapneumovírus humano Bocavírus humano Infecção pelo influenzavírus Infecção por coronavírus associada à síndrome respiratória severa aguda Sarampo Infecções pelo citomegalovírus Tuberculose Fibrose cística Abscesso pulmonar Infecções por fungos Infecções parasitárias 197 199 199 200 208 209 210 210 213 213 213 214 215 216 216 216 217 217 218 221 221 223 223 223 223 228 229 230 230 233 233 234 235 20 Infecções do trato urinário Aquisição e etiologia Patogênese Manifestações clínicas e complicações Diagnóstico laboratorial Tratamento Prevenção 21 Doenças sexualmente transmissíveis (DST) DST e comportamento sexual Sífilis Gonorreia Infecção por clamídia Outras causas de linfadenopatia inguinal Micoplasmas e uretrite não gonocócica Outras causas de vaginite e uretrite Herpes genital Infecção por papilomavírus humano Vírus da imunodeficiência humana DST oportunistas Infestações por artrópodes 22 Infecções do trato gastrointestinal Doenças diarreicas causadas por infecção bacteriana ou viral Intoxicação alimentar Helicobacter pylori e úlceras gástricas Parasitos e o trato gastrointestinal Infecções sistêmicas iniciadas no trato gastrointestinal 23 Infecções obstétricas e perinatais 237 237 238 240 241 242 243 245 245 245 249 251 253 255 255 256 257 257 267 267 269 270 283 284 284 291 303 Infecções durante a gestação Infecções congênitas Infecções que ocorrem próximo ao nascimento 303 303 24 Infecções do sistema nervoso central 311 Invasão do sistema nervoso central A resposta do corpo à invasão Meningite Encefalite Doenças neurológicas de possível etiologia viral Encefalopatias espongiformes provocadas por agentes tipo scrapie Doença do SNC causada por parasitos Abscessos cerebrais Tétano e botulismo 25 Infecções oculares 308 311 311 313 319 324 324 324 325 326 329 Conjuntivite Infecções das camadas mais profundas do olho 332 26 Infecções de pele. tecidos moles.Sumário Mecanismos de propagação no organismo Determinantes genéticos de propagação e replicação Outros fatores que afetam a propagação e a replicação 16 Estratégias de sobrevivência dos parasitos e infecções persistentes Estratégias de sobrevivência dos parasitos Variação antigênica Imunossupressão Infecções persistentes 17 As consequências patológicas da infecção Patologia provocada diretamente por microrganismo Diarreia Ativação patológica dos mecanismos imunes naturais Consequências patológicas da resposta imune Erupções cutâneas Vírus e câncer 155 158 159 163 164 169 171 173 179 179 183 183 187 191 192 SEÇÃO 4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO DE INFECÇÕES SEGUNDO A LOCALIZAÇÃO Introdução da Seção 4: As manifestações clínicas da infecção 18 Infecções do trato respiratório superior Rinite Faringites e amigdalites Parotidite Otite e sinusite Epiglotite aguda Infecções da cavidade oral 19 Infecções do trato respiratório inferior xii C0240. um vírus transmitido por carrapatos Febre Q Antraz Peste Infecção por Yersinia enterocolitica Tularemia Infecção por Pasteurella multocida Leptospirose Febre da mordedura do rato Brucelose Infecções por helmintos 29 Febre de origem indeterminada 360 361 361 361 362 363 365 367 367 369 373 375 380 383 383 385 385 385 386 386 387 388 388 389 389 390 391 392 395 Definições de febre de origem indeterminada Causas de FOI Investigação da FOI clássica Tratamento da FOI FOI em grupos específicos de pacientes Endocardite infecciosa 395 395 396 400 400 400 O hospedeiro comprometido Infecções do hospedeiro com imunidade inata deficiente devido a fatores físicos Infecções associadas à imunodeficiência adaptativa secundária Outros patógenos oportunistas importantes 403 30 Infecções em indivíduos imunocomprometidos 403 406 408 410 SEÇÃO 5 DIAGNÓSTICO E CONTROLE 31 Diagnóstico de infecção e avaliação de mecanismos de defesa do hospedeiro Objetivos do laboratório de microbiologia clínica Processamento de espécime Técnicas que não empregam cultura para o diagnóstico laboratorial de infecção O cultivo (cultura) de microrganismos Identificação de microrganismos desenvolvidos em meio de cultura Métodos de detecção de anticorpos para o diagnóstico de infecção C0240.Sumário Rubéola Outras infecções que produzem lesões cutâneas Síndrome de Kawasaki Infecções virais dos músculos Infecções parasíticas do músculo Infecções articulares e ósseas Infecções no sistema hematopoiético 27 Infecções transmitidas por vetores Infecções por arbovírus Infecções causadas por riquétsias Infecções por Borrelia Infecções por protozoários Infecções por helmintos 28 Zoonoses multissistêmicas Infecções por arenavírus Febre hemorrágica com síndrome renal (FHSR) Febres hemorrágicas Marburg e Ebola Febre hemorrágica da Crimeia-Congo.indd xiii 419 419 420 421 428 429 432 Avaliação dos sistemas de defesa do hospedeiro 433 Reunindo todos os elementos: detecção. diagnóstico e epidemiologia 437 32 Epidemiologia e controle de doenças infecciosas 439 Avaliação dos resultados Tipos de estudos epidemiológicos Transmissão de doença infecciosa Eficácia da vacina 439 439 444 446 Toxicidade seletiva Descoberta e desenho de substâncias antimicrobianas Classificação de substâncias antibacterianas Resistência às substâncias antibacterianas Classes de substâncias antibacterianas Inibidores da síntese da parede celular Inibidores da síntese de proteínas Inibidores da síntese de ácido nucleico Antimetabólitos que afetam a síntese de ácido nucleico Outras substâncias que afetam o DNA Inibidores da função da membrana citoplasmática Antissépticos do trato urinário Agentes antituberculose Agentes antibacterianos na prática Ensaios com antibióticos Terapia antiviral Agentes antifúngicos Agentes antiparasitários Controle por quimioterapia versus vacinação Controle versus erradicação Uso e aplicação inapropriada de agentes antimicrobianos 447 33 Atacando o inimigo: agentes antimicrobianos e quimioterapia 447 34 Protegendo o hospedeiro: vacinação Vacinação – uma história de 400 anos Objetivos da vacinação As vacinas podem ser de tipos diferentes 35 Imunoterapia passiva e inespecífica Imunização passiva com anticorpos Imunoestimulação celular inespecífica Correção de imunodeficiência do hospedeiro Probióticos 36 Infecção hospitalar. esterilização e desinfecção Infecções hospitalares mais comuns Causas importantes da infecção hospitalar Fontes e vias de disseminação de infecção hospitalar Fatores do hospedeiro e infecção hospitalar Consequências da infecção hospitalar Prevenção de infecção hospitalar Investigando a infecção associada aos cuidados de saúde Esterilização e desinfecção Lista de patógenos Referências Índice remissivo 447 448 449 452 452 458 465 467 469 469 470 470 471 473 473 481 483 483 487 487 491 491 491 493 505 505 508 509 510 511 511 511 513 514 515 517 521 526 531 579 587 xiii 21/10/13 10:00 AM . indd xiv 21/10/13 10:00 AM .C0240. Há muitas razões para termos chegado a essa conclusão. Outrossim. xv C0245.1). vermes e parasitos artrópodes) é essencialmente arbitrária. O CONTEXTO PARA A MICROBIOLOGIA MÉDICA CONTEMPORÂNEA Muitos textos sobre microbiologia tratam os organismos infecciosos como agentes de doença de forma isolada. a microbiologia clínica tem se preocupado com aqueles organismos responsáveis pelas principais doenças infecciosas em seres humanos. Trichinella spiralis foi inicialmente identificado em 1835 e relacionado como agente causal da doença triquinelose nos anos 1860. A resposta do hospedeiro é o resultado da interação complexa entre o hospedeiro e o parasito A resposta do hospedeiro pode ser discutida em termos de sinais e sintomas patológicos e em termos de controle imune. Os fungos e parasitos protozoários são incluídos como agentes de importância relativamente menor.Umaabordagem contemporânea à microbiologia INTRODUÇÃO Micróbios e parasitos A distinção convencional entre “micróbios” e “parasitos” é essencialmente arbitrária A microbiologia é algumas vezes definida como a biologia dos organismos microscópicos. mas. eles foram abor dados como temas de outras disciplinas (micologia e parasitologia). Desse modo. Nossa atual compreensão dos meios pelos quais esses mecanismos são estimulados e das formas em que eles atuam é bastante sofisticada. que. separados tanto de outros organismos infecciosos como do contexto biológico em que eles vivem e em que a doença é causada. são invisíveis a olho nu. e que esses mecanismos são expressos independentemente da natureza e da identidade do patógeno envolvido. Compr eender por que a maioria dos contatos hospedeiro–micróbio não resulta em doença e o que muda para que a doença apar eça é tão importante quanto a identificação dos organismos infecciosos e o conhecimento dos meios pelos quais eles podem ser controlados. não é de se surpreender que os organismos incluídos reflitam aqueles responsáveis por doenças que foram (ou continuam sendo) de grande impor tância naqueles países onde as disciplinas de microbiologia se desenvolveram. Simplesmente não é verdade que “micróbio + hospedeiro = doença”. é essencial compreender a base dessa interação hospedeiro-patógeno para que os processos da doença e do controle da doença sejam interpretados corretamente. sem essa dimensão ocorre uma visão distorcida da doença infecciosa. os patógenos mais importantes. em geral. tanto em relação aos organismos que podem ser considerados em um livro didático como também em relação aos contextos em que eles e as doenças que causam são discutidos. Intro. cujos estágios larvais são visíveis a olho nu (embora a microscopia seja necessária para uma identificação segura). envolvendo os mecanismos de imunidade inata e adquirida. os vírus e as bactérias compreendem apenas pouco mais da metade de todas as espécies patogênicas para seres humanos (Tabela Intro.indd xv 21/10/13 10:19 AM . • sabe-se agora que a resposta do hospedeiro à infecção é uma interação coordenada e sutil. As doenças emergentes ou reemergentes continuam a apresentar novos problemas microbiológicos Três outros fatores ajudaram a formar nossa opinião de que uma visão mais ampla da microbiologia é necessária para oferecer uma base sólida para a prática clínica e científica. Portanto continuamos a acreditar que nossa abordagem à microbiologia. Talvez devêssemos lembrar que o primeiro “micróbio” a ser associado a uma condição clínica específica foi um parasito helminto – o nematoide Trichinella spiralis –. por causa do seu tamanho. mundialmente. Tradicionalmente. sendo o seu tema os “micróbios”. O termo “micróbios” normalmente é empregado de modo restrito essencialmente aos vírus e às bactérias. sobretudo porque o critério da visibilidade microscópica não pode ser aplicado rigorosamente (Fig. sendo que o resultado (resistência ou doença) depende criticamente das interações moleculares. especialmente Europa e EUA. porém essa abordagem gera uma representação estática do que é uma r elação dinâmica entre o organismo e seu hospedeiro. sendo as mais impor tantes as seguintes: • atualmenteexiste um entendimento abrangente em nível molecular da biologia dos agentes infecciosos e das interações hospedeiro-parasito que levam a infecção e doença.1 ). a distinção convencional entre eles como “micróbios” e outros agentes infecciosos (fungos. Embora não haja argumentos de que os vírus e as bactérias sejam. É importante que os alunos estejam cientes desse entendimento de modo que possam compreender as conexões entre infecção e doença nos indivíduos e nas comunidades e sejam capazes de aplicar esse conhecimento em situações clínicas novas e em constante mudança. porém é mais bem tratada como resultado da interação complexa entre dois organismos – hospedeiro e parasito. Agora podemos ver que a infecção é um conflito entre dois organismos. Novamente. protozoários. Certamente é conveniente listar e abordar os organismos por grupo para resumir as doenças que eles causam e analisar as formas de controle disponíveis. oferece uma representação mais informativa e mais interessante dessas inter-relações dinâmicas. e os clínicos estão bem cientes disso. é claro. • cerca de 3-4 milhões de pessoas carregam o vírus da hepatite C e aproximadamente 12.1 Tamanhos relativos dos organismos abordados neste livro. a AIDS. de que as doenças eram causadas por agentes infecciosos deu origem à disciplina da micr obiologia. Os clínicos observam muitos turistas que foram expostos a espectros bem diferentes de agentes infecciosos encontrados em países tropicais (pelo menos 80 milhões de pessoas viajam de países desenvolvidos para países em desenvolvimento anualmente) e os microbiologistas podem ser chamados para identificar e aconselhar a respeito desses organismos. PASSADO. Os indivíduos de regiões mais ricas do mundo aprenderam a não temer a doença infecciosa e acreditavam que tais infecções desapareceriam com o tempo. Embora essas descobertas iniciais tenham envolvido infecções parasitárias tropicais. 41:231–250.Uma abordagem contemporânea à microbiologia 1m Tênia olho nu Nematoide intestinal vermes 10–2 Esquistossomo adulto Trichinella adulto 10–3 Larva microscópio óptico protozoários Plasmódio bactérias Staphylococcus Poxvírus Vírus influenza vírus microscópio eletrônico 10–8 Poliovírus Figura Intro. no século XIX. K.000 ao ano. Encorajada pela erradicação da varíola durante os anos 1970 e pelo sucesso das vacinas contra a pólio. assim como as doenças que comprometem o sistema imunológico – notavelmente. assim como as infecções transmitidas por alimentos e as infecções associadas aos cuidados de saúde. em 1978. Ecol. C0245. 183 são consideradas patógenos emergentes ou reemergentes. as doenças infecciosas causam mais de 20% de todas as mortes e matam um número cada vez maior tanto nas regiões mais ricas quanto nas regiões mais pobres. programas para obter “Saúde para Todos” (“Health for All”. Há também uma conscientização acerca dos problemas de saúde das regiões mais pobres. muitas doenças infantis familiares tornaram-se incomuns e aquelas de origem bacteriana foram facilmente controladas por antibióticos.407 espécies identificadas como patogênicas para os seres humanos. Doenças infecciosas ainda matam nos países desenvolvidos Mundialmente. sendo que os vírus.000 em 1995. PRESENTE E FUTURO DA MICROBIOLOGIA Ameba Tripanossoma 10–6 • Osagentes de doenças recém-emergentes continuam sendo identificados e as doenças antigas. correspondem a quase metade dessas espécies (Tabela Intro. os microbiologistas concentraram-se nessas últimas. Evol. • Asinfecções tropicais apresentam atualmente um interesse muito maior. supostamente sob controle. No entanto esse quadro otimista teve de ser reavaliado. & Guegan. mas ainda excedem 15.1 Distribuição de 1.F. Rev. alguns de origem animal. que se baseie nas abordagens do passado. • o bacilo da tuberculose (TB) resistente aos medicamentos é uma grande causa de preocupação. isso aconteceu. Ann. estendendo posteriormente seus interesses às infecções virais recém-descobertas. xvi • Há crescente prevalência de uma grande variedade de infecções oportunistas em pacientes hospitalizados ou imunossuprimidos.indd xvi Portanto é necessária uma visão mais abrangente da microbiologia.407 espécies de patógenos humanos entre os principais grupos de organismos (exceto os artrópodes) Grupo % do total Vírus e príons 14–15 Bactérias 38–41 Fungos 22–23 Protozoários 4–5 Helmintos 20 Dados da média de diversos estudos resumidos por Smith. Das 1. Nos EUA (e o quadro é semelhante na Europa): • as mortes por HIV atingiram o pico de 50. mas que seja voltada para os problemas do presente e do futuro. J-F. Tabela Intro. a Or ganização das Nações Unidas (ONU) anunciou. 21/10/13 10:19 AM .000 desenvolvem doença hepática crônica potencialmente fatal. bem como infecções bacterianas comuns na Europa e nos EUA. Até certo ponto. • ainfluenza com problemas respiratórios e circulatórios subjacentes resulta em 15. A demonstração. As terapias imunossupressoras são atualmente mais comuns. ressurgem causando preocupação. por intermédio da vacinação.000 mortes por ano e afeta milhões. O desenvolvimento de agentes antimicrobianos e vacinas revolucionou o tratamento dessas doenças e aumentou as esperanças para a eventual eliminação de muitas doenças que assolaram a raça humana por séculos. no original) até o ano 2000. (2010) Changing geographic distributions of human pathogens.1). aproximadamente 40% das despesas em saúde pública são consumidos. estáveis ou pessimistas. coli O157. social e político. como. enfraqueceu os serviços médicos e aumentou os efeitos da pobreza e desnutrição. • aevolução das bactérias resistentes a múltiplas drogas. Crianças com idade inferior a 5 anos apresentam risco mais elevado para o desenvolvimento de doenças infecciosas. Helicobacter. Das 8. A erradicação bem-sucedida poderia. Em 2009. incluindo: • novospadrões de viagem e comércio (sobretudo mercadorias alimentícias). Cyclospora 2000–atualmente Coronavírus associado ao SARS. algumas doenças familiares. aliado aos avanços socioeconômicos e médicos. como MRSA. estima-se que o custo total durante a vida. E. vírus Nipah.5 Tuberculose 1. e uma pesquisa feita em sete países africanos revelou que 20%90% dos medicamentos antimaláricos estavam abaixo do padrão. Por exemplo.3 Doenças emergentes – exemplos de novos agentes infecciosos desde os anos 1970 Década Organismos 1980–1989 HTLV-1. HTLV-3. vCJD. doença variante de Creutzfeldt–Jakob. influenza aviária epizoótica H5N1. sendo o HIV o mais importante. nos países em desenvolvimento. incluindo perda de produtividade. Borrelia burgdorferi. vírus linfotrópico da célula T humana. Certamente a prevalência e a importância das doenças infecciosas nos países em desenvolvimento estão dir etamente ligadas à pobreza. Em 2006. vírus Hendra. C0245. • a quebra dos sistemas econômico. herpesvírus humano 8. vírus da imunodeficiência humana. essa r egião apresenta 67% dos casos de AIDS e a maioria das mortes r elacionadas a essa doença. vCJD. HIV. ação parcial.1 milhões de mortes nesta faixa etária r egistradas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) durante o ano de 2009. A questão da resistência antimicrobiana é composta. sobretudo em crianças A carga das doenças infecciosas nessas regiões está aumentando em uma taxa alarmante. no mundo. as maiores taxas de coinfecção HIV-TB e a maior parte da carga de malária do mundo. intervenções médicas e uso excessivo de antibióticos. com o envelhecimento da população. TB e HIV-AIDS são de enorme importância no sudeste da Ásia e no Pacífico. e. hepatite. vários agentes infecciosos novos foram identificados (Tabela Intro. pelo menos metade se deveu à infecção. para os norte-americanos diagnosticados com AIDS seja maior que US$ 30 bilhões. o que possibilita que os micróbios cruzem barreiras geográficas. HTLV-2. A viagem aérea moderna movimenta um grande número de pessoas mais rápida e extensivamente. síndrome respiratória aguda grave. 10% dos antimicrobianos (25% nos países em desenvolvimento) são falsificados. A maioria dessas mortes ocorreu na África. economizar quantias enormes. no caso da erradicação da varíola. Para muitas doenças novas não há tratamento eficaz e o seu custo econômico é enorme. por exemplo.indd xvii Número estimado de mortes (em milhões) Tabela Intro. herpesvírus humano 6. portanto. novas práticas agrícolas. a OMS lançou uma nova iniciativa para combater o negócio lucrativo de falsificação de produtos médicos. reemergiram como importantes infecções.Uma abordagem contemporânea à microbiologia As doenças infecciosas são um grande problema nos países em desenvolvimento. e sua frequência tanto no cenário dos cuidados em saúde quanto na comunidade tornaram-se grandes problemas. onde o agente da malária resistente a medicamentos também é comum.7 milhão de pessoas morr eram de TB. especialmente na África subsaariana e no sudeste da Ásia.2 . 1. Tabela Intro. aureus produtor de toxina 1990–1999 Hantavírus.04 2. entre 1940 e 2004. e em países onde a prevalência da malária é alta. SARS. incluindo antibióticos e vacinas.7 HIV/AIDS 2. malária. Cryptosporidium. mais recentemente.1 Doenças diarreicas 2.5 *Dados da OMS (2008). O que será do futuro? Prognósticos baseados em informações das Nações Unidas e da OMS oferecem a possibilidade de escolha entr e cenários otimistas. como parece ter acontecido com a TB. HIV. HTLV-4. A pandemia da influenza espanhola em 1918 propagou-se pelas estradas de ferro e conexões marítimas. sobretudo nos países em desenvolvimento. pela incapacidade ou falta de vontade em completar os programas de tratamento. devem-se observar uma queda nos problemas representados por doenças infecciosas e uma redução nas mortes provenientes dessas causas de 34% do total mundial em 1990 para 15% em 2020.2 Mortes relacionadas às principais doenças infecciosas no mundo * Causa Percentual do total de mortes Infecções do trato respiratório inferior 4. Embora a África subsaariana r epresente apenas cerca de10% da população mundial. hepatite C. e pelo uso de medicamentos falsificados com. estimada em US$ 20 bilhões.3). A OMS estima que. Vibrio cholerae O139.16 3.18 7. As doenças infecciosas de maior importância mundial são mostradas na Tabela Intro. S. O potencial de propagação do vírus SARS da Ásia para a Europa e América do Norte propiciou uma advertência salutar desses perigos. hepatite E-G. no sudeste da Ásia e no Mediterrâneo Oriental. As infecções continuam a emergir ou reemergir Em uma base mundial. comportamento sexual alterado. no máximo. das xvii 21/10/13 10:19 AM . • o grande aumento das viagens aéreas nas últimas décadas facilitou a disseminação da infecção e aumentou a ameaça de novas pandemias. Do ponto de vista otimista. 335 doenças infecciosas emergiram na população humana pela primeira vez. cólera e dengue. contudo o HIV e a TB ainda serão responsáveis pela maioria das mortes por infecção.46 2. incluindo TB. vírus relacionado ao MuLV xenotrópico HTLV. Estilos de vida modernos e desenvolvimentos técnicos facilitam a transmissão da doença As razões para o reaparecimento das doenças infecciosas são diversas. tal como infecção respiratória aguda e doenças diarreicas. Desde os anos 1970. xviii C0245. A propagação deliberada de antraz pelo sistema de correio dos EUA em 2002 aumentou a possibilidade assustadora de que infecções anteriormente raras. Uma coisa é certa: seja o cenário otimista ou o pessimista que se comprove verdadeiro. Mesmo em países desenvolvidos. a crescente resistência a drogas e uma desaceleração no desenvolvimento de novos antimicrobianos e vacinas criarão problemas no controle das doenças infecciosas. A visão pessimista é que o crescimento populacional nos países em desenvolvimento. • mudançaclimática. podem ser propagadas deliberadamente para populações humanas sem imunidade adquirida ou histórico de vacinação. controle de doença e epidemiologia. apesar de agora estar extinta. A ABORDAGEM ADOTADA NESTE LIVRO Os fatores destacados anteriormente indicam a necessidade de um texto com uma função dupla: 1. a distância crescente entre os países ricos e pobres e as constantes mudanças no estilo de vida r esultarão em surtos de doença infecciosa. como o sistema r espiratório. Esperamos que esta abordagem proporcione aos leitores uma visão dinâmica das interações hospedeir opatógeno e permita o desenvolvimento de um entendimento mais criativo da infecção e da doença. como uma nova cepa do vírus influenza ou uma nova infecção de origem selvagem. • As doenças causadas por patógenos microbianos serão colocadas no contexto do conflito que existe entre elas e as defesas inatas e adaptativas de seus hospedeiros. olhamos sobre como esses conflitos descritos podem ser controlados ou eliminados. Em vez de pegar cada or ganismo ou cada manifestação de doença por vez. Os organismos que invadem e se estabelecem em cada um desses sítios são examinados em r elação às respostas patológicas que eles provocam.Uma abordagem contemporânea à microbiologia quais 24% eram HIV-positivos. porém potencialmente fatais. organismos geneticamente modificados ou organismos como a varíola. O resultado dos conflitos entre os dois é. • As infecções serão descritas e discutidas em relação aos maiores sistemas do corpo. há três fatores adicionais: • emergência de novas infecções humanas. deve-seoferecer um tratamento abrangente dos organismos responsáveis pelas doenças infecciosas.indd xviii 21/10/13 10:19 AM . Inicialmente descrevemos os adversários: os organismos infecciosos de um lado e os mecanismos de defesa adaptativa do hospedeiro de outro. nós olhamos os principais ambientes disponíveis para os or ganismos infecciosos no corpo humano. A abordagem que adotamos neste livro é a de olhar para a microbiologia do ponto de vista dos conflitos inerentes a todas as relações hospedeiro-patógeno. Além desses. • aameaça de bioterrorismo. A variedade de organismos que poderiam ser utilizados dessa forma inclui vírus exóticos (p. aabordagem puramente clínica/laboratorial à microbiologia deve ser substituída por uma que reforce o contexto biológico em que os estudos clínicos/ laboratoriais devem ser realizados. o trato gastrointestinal.8 milhão de mortes em indivíduos HIV-positivos ocorreram em decorrência da TB. especialmente nas populações urbanas. com possível propagação deliberada de infecções virais e bacterianas. ampliado e discutido sistema por sistema. aqueles que causam febres hemorrágicas e encefalite). PRINCIPAIS CONCEITOS • Nossa abordagem é oferecer uma descrição abrangente dos organismos que provocam doenças infecciosas em seres humanos.. então. e abordar as bases biológicas da infecção. dos vírus aos vermes. multiplicar-se e dar origem às alterações patológicas. doença. 2. e 22% de 1. tanto no nível do paciente individual quanto no da comunidade. tratando estes como ambientes onde os micróbios podem se estabelecer. aliada a incidência de infecção transmitida por vetores. com aumento de temperaturas e chuvas alteradas. o trato urinário. Finalmente. interações hospedeiro-patógeno. ex. o sangue e o sistema nervoso central. a microbiologia permanecerá como uma disciplina médica crítica para o futuro previsível. O Cryptosporidium é excepcional por se reproduzir de forma assexuada ou sexuada em humanos. músculo). Toxoplasma). As espécies extracelulares alimentam-se pela incorporação direta de nutrientes ou pela ingestão das células hospedeiras. o rompimento das células vermelhas na malária). As espécies intracelulares obtêm nutrientes a partir da célula hospedeira pela incorporação dir eta ou pela ingestão do citoplasma. Toxoplasma nos fetos e nos neonatos). que é transmitido pelos alimentos e pela água. células epiteliais. que podem. em número. podendo causar doença particularmente grave em indivíduos imunocomprometidos. alguns protozoários são muito patogênicos em pacientes muito jovens (p. Normalmente SNC amebas malária Toxoplasma tripanossomas sangue malária tripanossomas fígado Entamoeba Leishmania trato geniturinário Trichomonas pele Leishmania intestino Cryptosporidium Entamoeba Giardia Cyclospora Microsporidia* Figura 5. Isospora e membros da Microsporídia. • Asamebas podem consumir complemento na superfície celular. A sobrevivência no interior das células. particularmente quando os mecanismos de defesa do hospedeiro estão comprometidos. Os protozoários podem causar doença diretamente (p. Muitas espécies são de vida livre. ex. provoca diarreia e foi reconhecido no início dos anos 1990. então. a patologia é causada pela resposta do hospedeiro.5 milhão de pessoas ao ano. ser um alvo para os efetores citotóxicos. Por esta razão.SEÇÃO UM • Os adversários — microrganism mos Protozoários 5 ntrodução I Os protozoários são animais unicelulares cujo tamanho varia de 2 a 100 nm. algumas espécies de vida livre podem contaminar os humanos de maneira oportunista. As espécies intracelulares evadem dos mecanismos de defesa do hospedeiro. Os protozoários desenvolveram muitas estratégias sofisticadas para evitar as respostas do hospedeiro As espécies extracelulares escapam do reconhecimento imunológico de sua membrana plasmática. o da malária representa o maior e o mais grave problema mundial e mata > 1. mas também ocorrem em regiões temperadas. mais frequentemente. Embora os estágios intracelulares não estejam em contato direto com os anticorpos. A interface entre o hospedeiro e o protozoário extracelular é a membrana plasmática do parasito. como Cryptosporidium. cérebro. A reprodução dos protozoários em seres humanos é normalmente assexuada. seus antígenos podem ser expressos na superfície da célula hospedeira. • parasitosextracelulares no sangue. 41 27/09/13 8:53 AM . A reprodução assexuada potencializa o crescimento rápido. por exemplo. Cyclospora cayetanensis. Os protozoários podem infectar todos os principais tecidos e órgãos do corpo Os protozoários infectam os tecidos e órgãos do organismo como: • parasitosintracelulares em uma grande variedade de células (células vermelhas. a seguir listamos alguns exemplos de estratégias usadas para evitar o reconhecimento imune desta superfície: • Ostripanossomas sofrem repetidas variações antigênicas em seus antígenos de superfície. As localizações das espécies de maior importância são mostradas na Figura 5. mas outras são parasitos importantes dos humanos.. complemento e fagócitos.. ou ocorre durante o ciclo de vida do parasito no inseto vetor. De todos os parasitos. macrófagos.1 Ocorrência de parasitos protozoários no organismo. ex. As infecções por protozoários são mais prevalentes nas regiões tropicais e subtropicais. quando existente.1. Novos parasitos continuam a surgir. principalmente crianças pequenas. SNC. • Osparasitos da malária mostram polimorfismo nos antígenos de superfície dominantes. intestino ou sistema geniturinário. porém. Os protozoários continuam a multiplicar-se em seu hospedeiro até serem controlados por sua resposta imune ou por tratamento. sistema nervoso central. A epidemia de AIDS tem chamado a atenção para vários pr otozoários que causam infecções oportunistas em indivíduos imunocomprometidos. particularmente no interior dos macrófagos (Leishmania. envolve uma variedade de artifícios para evadir ou para inativar os efeitos prejudiciais de enzimas intracelulares ou metabólitos reativos do oxigênio e do nitrogênio.indd 41 não há reprodução sexual. C0025. por divisão binária ou divisão múltipla dos estágios de crescimento (trofozoítos). *Também pode ocorrer em outros locais. se eles forem administrados muito tarde.. Viannia braziliensis Flebótomo Plasmodium spp. As principais espécies intracelulares – Plasmodium e Leishmania – também são transmitidas por insetos. adepto à variação antigênica. tropica. embora um hospedeiro morto não seja mais útil para ele. Ademais. Poucas são transmitidas da mãe para o feto. outro exemplo de alvo em movimento. P. Isospora belli Cyclospora cayetanensis Microsporidia } Amebíase Giardíase Criptosporidíase Isosporíase Ciclosporíase Microsporidíase Trato urogenital Trichomonas vaginalis Sexual Tricomoníase Sangue e tecido Trypanosoma spp. rhodesiense Triatomíneos Mosca tsé-tsé Tripanossomíase. Uma parte significativa da patologia associada à malária é. P. Ambos podem causar doença no homem. ex. • A doença mais importante causada por protozoários é a malária. Toxoplasma) podem ser adquiridas pela ingestão de alimentos ou transmitidas no útero da mãe para o feto (Tabela 5. o parasito da malária é hábil em desenvolver resistência ao medicamento. vivax. L. • Os protozoários vivem tanto no interior como no exterior das células e possuem mecanismos complexos para evitar as respostas dos hospedeiros. Ambas são estratégias arriscadas. L. Ele pode destruir o parasito dentro da célula ao produzir mediadores tóxicos ou pode tentar destruir o parasito e a célula juntos ao se ligar a anticorpos específicos para os antígenos do parasito que são expressos na superfície da hemácia. o parasito da malária passa todo o seu tempo dentro da hemácia. contato com solo contaminado com fezes de gato Os protozoários utilizam uma variedade de rotas para infectar os seres humanos Muitos protozoários extracelulares são transmitidos pela ingestão de alimentos ou água contaminados com formas de transmissão. portanto. A destruição das hemácias pode contribuir para a anemia. ou via insetos vetores. falciparum. Os mediadores tóxicos podem afetar o hospedeiro e os parasitos. Complexo de L. mas outras (p. mexicana L. como os cistos. 27/09/13 8:53 AM . T. o parasito vence o conflito ao esconder-se dentro de uma célula.1 ). como na malária falciparum. Ele cresce. não nucleada.indd 42 Leishmaniose visceral (kala-azar) Leishmaniose cutânea Leishmaniose da mucosa Toxoplasmose CONFLITOS A malária representa um bom exemplo do conflito homem–protozoário. transmissão e doenças causadas por parasitos protozoários Características de protozoários clinicamente importantes Localização Espécies Modo de transmissão Doença Trato intestinal Entamoeba histolytica Giardia intestinalis Cryptosporidium spp. embora o parasito se apresente como um alvo em movimento. independente da eliminação dos parasitos do sangue. e os subprodutos da destruição também podem ser tóxicos. • A maioria das infecções é adquirida pela ingestão de água e alimentos contaminados. major. Ainda que o tratamento com antimaláricos possa ser altamente eficaz. malariae P. caso do P. o sacrifício do hospedeiro para se defender – a vitória é do parasito. 42 C0025. Como o hospedeiro pode proteger-se imunologicamente? Há inúmeras escolhas difíceis. Doença de Chagas Doença do sono Ingestão de cistos no alimento ou na água Leishmania spp. T. Nesse estágio. ovale. P. donovani L. especialmente se.knowlesi Mosquito Anófeles Toxoplasma gondii Malária Ingestão de cistos na carne crua. as células infectadas pelo parasito estiverem alojadas dento dos capilares de órgãos vitais. o paciente ainda pode sucumbir em decorrência das complicações.1 Resumo da localização. a qual causa mais de 1. divide-se e libera novos parasitos pelo rompimento da hemácia. e os tripanossomas. PRINCIPAIS CONCEITOS • Os protozoários são animais unicelulares. P. falciparum. gambiense. cruzi T. o Trichomonas vaginalis é transmitido pela atividade sexual. que existem tanto como organismos de vida livre quanto como parasitos. pelos insetos vetores. Após um período no fígado.5 milhão de mortes a cada ano. que não pode responder de maneira defensiva.5 C CAPÍTULO Protozoários Tabela 5. Porém. a memória imunológica por eles adquirida apresenta uma considerável especificidade para o patógeno em questão. uma r esposta particularmente eficaz entra em cena. Oorganismo humano possui mecanismos de defesa imune “inata” e “adaptativa” Quando um patógeno infecta um organismo. como ocorre nas queimaduras. a doença não ocorre porque o indivíduo terá adquirido imunidade contra o agente infeccioso (6). o desenvolvimento da doença. Porém. Estes podem ser suficientes para impedir a doença (1). 9. a espermina e o zinco no sêmen. caso ocorra uma infecção subsequente pelo mesmo agente. secr eções nasais e saliva. há o armazenamento da memória específica da infecção. os sistemas de defesa já existentes podem ser suficientes para conter a replicação e a disseminação do agente infeccioso. Quando o fazem. C0045. nesta última. pr esentes no suor e nas secreções sebáceas.1. a tosse e o espirr o. a lactoperoxidase no leite e a lisozima nas lágrimas. então. 67 30/09/13 11:24 AM . por exemplo. Por exemplo. As membranas que revestem as superfícies internas do corpo secretam muco. da saliva e da urina é uma outra estratégia mecânica que auxilia na proteção das superfícies epiteliais. quando a imunidade inata é insuficiente para bloquear a invasão pelos agentes infecciosos o chamado sistema imune “adaptativo” entra em ação. como lisozima e complemento. contribuem para o sistema imune inato. desse modo. Uma das mais importantes dessas barreiras é a pele que. A principal característica que distingue as respostas imunes inata e adaptativa é que. a infecção se torna um problema sério. Entretanto. No presente capítulo. serão discutidas as maneiras pelas quais o organismo hospedeiro procura se defender contra infecções por esses microrganismos. 9. Muitas bactérias não conseguem sobreviver muito tempo na pele devido aos efeitos inibidores diretos do ácido lático e dos ácidos graxos. normalmente. impedindo. O fluxo das lágrimas. como a da rubéola. como o ácido no suco gástrico. É importante enfatizar. Os contrastes entre esses dois sistemas de defesa estão esquematizados na Tabela 9. embora os mecanismos efetor es da imunidade adaptativa levem algum tempo para atingir sua eficiência máxima ( Fig. seu acesso aos tecidos hospedeiros. Fatores solúveis. Em caso de reinfecção com o mesmo agente.1 Imunidades inata e adaptativa. Além disso. a eficiência da resposta imune inata. ativado (3) para garantir a recuperação (4) e a geração de uma memória imunológica específica (5). de modo que. Microrganismos e partículas estranhas retidas nesse muco adesivo podem ser removidos por meios mecânicos. em caso negativo. DEFESAS CONTRA A ENTRADA DE PATÓGENOS NO CORPO Várias barreiras bioquímicas e físicas atuam nas superfícies corporais Para que um agente infeccioso possa penetrar no or ganismo hospedeiro precisa vencer as barreiras bioquímicas e físicas que atuam nas superfícies corporais. quando há perda da integridade da pele.2). foram delineadas algumas das características dos muitos tipos de micro e macroparasitos que podem infectar o organismo humano. a infecção pelo vírus do sarampo induz uma memória específica para este vírus.1). entretanto. que existe um estreito sinergismo entre os dois sistemas de defesa e que os mecanis- Infecção 3 imunidade inata 1 reinfecção 2 doença imunidade adaptativa 4 recuperação 5 memória imunológica específica 6 sem doença Figura 9. Entretanto. Um agente infeccioso inicialmente se defronta com elementos do sistema imune inato. muitos dos fluidos corporais secretados contêm fatores microbicidas. Os linfócitos proporcionam maior resistência após contatos repetidos com um determinado agente infeccioso. em curto intervalo de tempo. evitando. O sistema imune adaptativo é. que atua como uma barreira protetora que inibe a aderência das bactérias às células epiteliais. e à redução do pH produzida por esses elementos (Fig. Mecanismos previamente estabelecidos são constituintes do sistema imune “inato”. como a ação dos cílios de células epiteliais. bem como as células fagocíticas. a doença pode-se manifestar (2). é impermeável à maioria dos agentes infecciosos. significativamente. desse modo. geralmente há eliminação dos agentes infectantes.indd 67 mos adaptativos potencializam e melhoram. permitindo a r ecuperação da doença. enquanto os mecanismos decorrentes da atividade de linfócitos produtores de anticorpos e dos linfócitos T são os principais elementos do sistema imune adaptativo.SEÇÃO DOIS • Os adversários — as defesas do hospedeeiro As defesas inatas do organismo hospedeiro 9 ntrodução I Nos capítulos anteriores. e não para um outro. Quando isso ocorre. que são denominados. Grosso modo. mas. “natural”. em muitas ocasiões agentes patogênicos penetram com sucesso nos or ganismos hospedeiros. O primeiro contato com o antígeno ativa tanto a resposta adaptativa quanto a não adaptativa. menores que os macrófagos. que dão origem aos monócitos sanguíneos circulantes (Fig. de “sistema fagocítico mononuclear” (Fig. • osgranulócitos polimorfonucleares. sem memória imunológica Específico.9 C CAPÍTULO As defesas inatas do organismo hospedeiro Tabela 9. na persistência do antígeno ou em um encontro subsequente com o mesmo antígeno. complemento.3 ): • osgrandes macrófagos. geralmente conhecidos como polimorfonucleares ou neutrófilos porque seus grânulos citoplasmáticos não se coram com hematoxilina e eosina. resultante de fatores solúveis. memória Resistência não melhorada pelo contato repetido Resistência melhorada pelo contato repetido A imunidade inata é denominada. A maioria dos agentes infecciosos encontrados por um indivíduo é impedida de penetrar no organismo humano por uma variedade de barreiras bioquímicas e físicas. Os organismos comensais suprimem o crescimento de muitas bactérias e fungos potencialmente patogênicos. que mata pela destruição do potencial de energia da célula. 9. a resposta imune específica é muito acentuada. • o efeito destrutivo de fatores químicos solúveis. O corpo humano tolera uma quantidade de microrganismos comensais que competem eficientemente com muitos patógenos potenciais. um zoólogo russo (Quadro 9. pode-se dizer que os polimorfonucleares proporcionam a principal defesa contra as bactérias piogênicas (formadoras de pus). DEFESAS APÓS A PENETRAÇÃO DO MICRORGANISMO NO CORPO Apesar da eficiência geral das várias barreiras. enquanto os macrófagos são considerados mais eficazes no combate a microrganismos capazes de sobreviver dentro das células do hospedeiro. proteínas de fase aguda (como a proteína C-reativa). algumas vezes. e a adaptativa é chamada de “adquirida”. encontrados em todos os tecidos. Estes pertencem a duas famílias celulares principais. contrasta com a imunidade mediada por células. secreções nasais e saliva secreções da glândula sebácea organismos comensais no intestino e na vagina químico e físico muco cílios que revestem a traqueia ácido no estômago pele espermina no sêmen Figura 9. transformam-se em macrófagos maduros. os “fagócitos profissionais”.1 Comparação entre os sistemas imunes inato e adaptativo Sistema imune inato Sistema imune adaptativo Fatores solúveis Lisozima. como ácido ou colicinas. Também favorecem a eliminação de microrganismos que não fazem parte da microbiota normal de um determinado sítio anatômico a competição por nutrientes essenciais e a pr odução de substâncias inibidoras.indd 68 O fenômeno do antagonismo microbiano está associado à microbiota bacteriana normal do corpo hospedeiro. 68 C0045. como as enzimas bactericidas. Os dois tipos de fagócitos profissionais Talvez devido à crença de que profissionais executam melhor um trabalho que amadores. por terem sido os primeiros a ocupar um determinado nicho ecológico nas superfícies epiteliais. entram em cena duas estratégias de defesa principais: • omecanismo da fagocitose. inicialmente em virtude de sua vantagem física.4 )e. finalmente. bioquímico lisozima nas lágrimas. coletivamente. envolvendo a internalização e a morte dos microrganismos por células especializadas. as células que detêm a maior r esponsabilidade por nossa defesa fagocítica foram denominadas “fagócitos profissionais”.Fig. identificadas por Elie Metchnikoff. 9. interferon Anticorpo Células Fagócitos Células natural killer Linfócitos T Primeiro contato + ++ Segundo contato + ++++ Elementos principais Resposta à infecção microbiana Não específico. Ocorre uma interação considerável entre os dois sistemas.5 ). Os macrófagos estão amplamente distribuídos por todos os tecidos Os macrófagos são produzidos na medula óssea como promonócitos. Estas últimas são uma classe de bactericidinas que se ligam à superfície negativamente carregada de bactérias e formam um canal voltagem-dependente na membrana. 30/09/13 11:24 AM .1 . A imunidade “humoral”.2 Defesas externas. 9. 4 Células fagocitárias. Estão particularmente concentrados nos pulmões (macrófagos alveolares).1 Lições de Microbiologia A B ElieMetchnikoff (1845–1916) Este zoólogo russo perceptivo pode ser legitimamente reconhecido como o pai do conceito da imunidade celular – aquela em que certas células especializadas medeiam a defesa contra as infecções microbianas. particularmente dos anticorpos e do complemento. originam-se de uma célula-tronco hematopoética precursora comum a outros elementos celulares do sangue. macrófagos alveolares 7. Em geral. Outros exemplos de macrófagos são a micróglia no cérebro. presentes em todo o tecido conjuntivo. ingerido por células). 69 30/09/13 11:24 AM . estas foram cercadas pelas células móveis. Interessado no comportamento de células móveis de larvas de estrelas-do-mar transparentes.8). células de Kupffer hepáticas 3. e mostrou a capacidade dos mesmos de englobar microrganismos. as células mesangiais no rim. com um núcleo segmentado e citoplasma caracterizado pela presença de vários grânulos. (Os números se correlacionam aos da Figura 9. fagócitos mesangiais renais 8. observou que. relacionado com a formidável gama de diferentes proteínas secretoras por elas geradas. senão o único. Ele descreveu a existência de dois tipos de fagócitos circulantes: o leucócito polimorfonuclear. são células de vida longa que dependem das mitocôndrias para seu metabolismo energético e apresentam elementos de retículo endoplas- C0045.6). (A) Monócito sanguíneo e (B) neutrófilo polimorfonuclear. Embora Metchnikoff acreditasse que a imunidade celular decorrente da fagocitose fosse o principal.3 Elie Metchnikoff (1845–1916). (Cortesia de P. Portanto. macrófagos esplênicos 1. um processo por ele denominado “fagocitose” (literalmente. Como esse processo de fagocitose mostrou ser mais eficaz em animais que se recuperavam de um episódio infeccioso. London. hoje sabemos que a eficiência do sistema fagocítico é muito incrementada pela cooperação de fatores humorais.M. e um fagócito maior. estão também associados à membrana basal de pequenos vasos sanguíneos. 9. (Cortesia da Wellcome Institute Library. Metchnikoff incluiu. histiócitos do tecido conjuntivo precursores na medula óssea células sinoviais A osteoclastos Figura 9. Os polimorfonucleares possuem uma variedade de grânulos contendo enzimas Os polimorfonucleares são os leucócitos predominantes na corrente sanguínea. Lydyard. Os polimorfonucleares são células de vida curta.5 O sistema mononuclear fagocitário. 9. no fígado (células de Kupffer) e no revestimento dos seios medulares dos linfonodos e sinusoides esplênicos (Fig.) Figura 9. macrófagos residentes e recirculantes dos linfonodos 5. Os macrófagos teciduais são derivados dos monócitos sanguíneos. onde estão estrategicamente localizados para filtrar e eliminar material estranho carreado pelo sangue e/ou linfa ( Fig.indd 69 mático rugoso (Fig.SEÇÃO DOIS • Os adversários — as defesas do hospedeiro Quadro 9. o estudo de leucócitos de mamíferos. Metchnikoff chegou à conclusão de que a fagocitose conferiu a principal defesa contra a infecção. e. ambos derivados de células-tronco da medula óssea. a glicólise permite que essas células funcionem em condições anaeróbicas.7). mas usam seus abundantes estoques de glicogênio citoplasmático para suas necessidades energéticas. como aquelas encontradas nos focos inflamatórios.6.9 . que são ilustrados na Figura 9. produzidos na medula óssea. as células sinoviais A e os osteoclastos nos ossos. algumas horas após a introdução de espinhos de rosa nas larvas. assim como o macrófago.) 6. 9. em suas investigações. mecanismo de defesa contra microrganismos infecciosos. Figura 9. monócitos sanguíneos 2. células microgliais cerebrais 4. que não se dividem. Não possuem mitocôndrias. denominado “macrófago”.) Esses macrófagos. que foi denominado “micrófago”. Lydyard.indd 70 Figura 9. com núcleo em “ferradura” (N). (Cortesia de B.) Figura 9. © Rockefeller University Press. fígado (V).9 C CAPÍTULO As defesas inatas do organismo hospedeiro 1 monócito sanguíneo circulante 2 3 células de Kupffer no fígado células mesangiais intraglomerulares do rim 4 pneumócito tipo II Membrana basal espaço sinusoidal hepatócito macrófago Macrófago mesangial célula de célula Kupffer endotelial espaço aéreo endotélio podócito membrana basal células endoteliais capilares 5 histiócitos do tecido conjuntivo macrófagos alveolares no pulmão pneumócito tipo I 6 7 micróglia cerebral 8 macrófagos do seio esplênico capilar macrófagos do seio linfonodal mesotélio membrana basal fibras reticulares epêndima macrófago macrófago célula microglial eritrócitos macrófagos capilar capilar célula nervosa endotélio do seio membrana basal célula endotelial Figura 9. Vesículas fagocítica e pinocítica (P). (Direita) Um camundongo foi injetado com partículas finas de carbono e sacrificado após 5 minutos. baço (S) e áreas da parede intestinal (G). grânulos lisossômicos (L). (Cortesia de P.000).6 Localização tecidual dos fagócitos mononucleares. Nichols.M.) 30/09/13 11:24 AM . O carbono se acumulou nos órgãos ricos em fagócitos mononucleares: pulmões (L). mitocôndrias (M) e elementos isolados do retículo endoplasmático rugoso (E) são evidentes. N P NORMAL INJETADO E L V G S M L 70 C0045.8 Monócito (× 8.7 Localização de partículas injetadas por via intravenosa no sistema mononuclear fagocitário. não injetado. (Esquerda) Cor normal dos órgãos mostrada em um camundongo-controle. LARINGITE E TRAQUEÍTE Vírus parainfluenza são causas comuns de laringite As infecções virais do trato respiratório superior podem-se estender inferiormente. entr etanto. DIFTERIA A difteria é causada por cepas produtoras de toxinas do Corynebacterium diphteriae e pode causar obstrução respiratória fatal Atualmente. 2) deve estar presente para haver doença. porque a toxina é menos bem absorvida nesse local. o influenzavírus ou o adenovírus. As cepas não toxigênicas ocorrem normalmente na faringe. o nariz e.1 e Fig. O edema da membrana da mucosa pode levar à tosse seca e ao estridor inspiratório. A difteria (ver a seguir) pode envolver a laringe ou a traqueia. A toxina da difteria pode causar insuficiência cardíaca fatal e polineurite A toxina ( Quadro 19. conhecido como crupe. (Cortesia de Norman Begg. em decorrência de uma desmielinização. 19.) A difteria nasofaríngea é a forma mais grave da doença. a infecção da laringe (laringite) e da traqueia causa rouquidão e uma queimação retroesternal. Bactérias. e são facilmente obstruídas nas crianças por causa de suas passagens estreitas. Característica “falsa membrana” da difteria em uma criança. o trato genital. Em geral. mas a bactéria produtora de uma toxina extracelular (exotoxina.1 Difteria faríngea. levando à hospitalização. e os linfonodos cervicais podem estar aumentados. Nos adultos.indd 213 Figura 19. e ocorre um sangramento caso se tente removê-la. Há inflamação e edema extensos (Fig. A laringe e a traqueia têm anéis de cartilagem não expansíveis em sua parede. C0095. O microorganismo pode colonizar a faringe (sobretudo as regiões das amídalas). e uma secreção nasal pode ser o sintoma principal. sem invadir os tecidos mais profundos nem se disseminar pelo organismo. Isso pode. como estreptococos do grupo A. e pode ocorrer insuficiência cardíaca. podendo salvar vidas. Haemophilus influenzae e Staphylococcus aureus. em geral nas primeiras duas semanas. Cap. com inflamação local.SEÇÃO QUATRO • Manifestações clínicas e diagnóstico de infecções segundo a localizaçção Infecções do trato respiratório inferior 19 ntrodução I Apesar de o trato respiratório ser contínuo do nariz aos alvéolos. O paciente será. e a opção pela terapia antimicrobiana apropriada é importante. A bactéria multiplica-se localmente. Quando a laringe está envolvida. A toxina destrói as células epiteliais e polimorfonucleares e forma uma úlcera que é coberta com um exsudato necrótico. Esta se torna logo escurecida e fétida. são causas menos comuns de laringite e traqueíte. que pode ocorrer após o início da doença. A colonização da pele ocorre nos trópicos ou em pessoas indigentes com condições de higiene precárias. a causa é o vírus parainfluenza. gerando uma aparência de “pescoço de touro”. discutiremos as infecções do trato respiratório inferior. palidez. mesmo que os microorganismos possam estar implicados em infecções de ambos os segmentos. envolvendo a laringe e a traqueia. e tem vários efeitos: • Sintomasconstitucionais. Aqui. 19. por exemplo. altamente infectante. mas ainda é comum em países em desenvolvimento. afetar o nono nervo craniano. é normal a recuperação completa. Estas infecções tendem a ser mais graves do que as infecções do trato respiratório superior. Uma difteria nasal anterior é uma forma leve da doença que ocorr e por si só. a laringe. A aderência é mediada por pilos ou fimbrias covalentemente ligadas à parede celular bacteriana. é conveniente fazer uma distinção entre as infecções do trato respiratório superior e inferior. As alterações eletrocardiográficas são comuns. ocasionalmente. mas algumas vezes é o RSV. resultando em paralisia do palato mole e regurgitação dos fluidos. a difteria é rara em países desenvolvidos devido à ampla imunização com toxoide (Cap. isso pode r esultar em uma obstrução respiratória fatal.1). formando uma “falsa membrana”. 213 27/09/13 3:49 AM . Se não é letal. com febre. As infecções do trato respiratório superior e das estruturas associadas são o assunto do Capítulo 18. exaustão. • Polineurite. • Miocardite.2) é absorvida pelo sistema linfático e pelo sangue. 34). desempenham um importante papel na fixação específica ao epitélio respiratório. São eles: • Toxina pertussis. A antitoxina é produzida em cavalos.000. que é o fragmento tóxico. Em 1990. O teste de PCR pode ser feito em alguns laboratórios de referência para detectar o gene tox responsável pela produção da toxina. mas a toxina provavelmente também apresenta outros efeitos na superfície da célula.indd 214 Os contactantes podem precisar de quimioprofilaxia ou imunização Os contactantes dos pacientes de difteria podem ser testados para saber se são portadores do C. que catalisa a transferência da ADP-ribose da nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD) para as proteínas da célula do hospedeiro. por volta de 1994. a toxina entra na célula s s toxina B intacta A s s toxina clivada por protease e doador de sulfidrila contém enzima ribosilante A + A s s + A nicotinamida NAD adenina dinucleotídeo – NAD EF-2 – NAD EF-2 é ADP-ribosilado em um único terminal de aminoácido a síntese proteica (crescimento da cadeia de polipeptídeos) cessa Figura 19. 857 casos foram relatados.vez que a molécula apresenta uma subunidade ativa (A) ligada a uma subunidade (B) de ligação ao receptor. A subunidade A é uma difosfato de adenosina (ADP)-ribosil transferase. de 27 a 32/100. A penicilina ou eritromicina também é administrada. 34). 535 aminoácidos) constituído por: • • fragmento B (binding. epidemias ocorr eram na Federação Russa. Entretanto. Estônia. em 2009. A C0095. que se assemelha à toxina da difteria e a outras toxinas (Caps. a Organização Mundial de Saúde estimou a incidência de 5. 19. o paciente é isolado para reduzir o risco de a cepa toxigênica se disseminar para outros indivíduos susceptíveis. diphteriae toxinogênico e. todos os 15 países recém-independentes da antiga União Soviética estavam envolvidos. e o fragmento tóxico é tão estável que uma única molécula pode matar uma célula. fator de alongamento-2. com 157. EF-2. Uma única bactéria pode produzir 5. As sínteses proteicas procariótica e mitocondrial não são afetadas devido ao envolvimento de um fator EF diferente. Geórgia e Turcomenistão. e o tratamento com antitoxina é iniciado. sendo transmitida de pessoa a pessoa através de gotículas do trato r espiratório. pertussis está associada à produção de uma variedade de fatores tóxicos Alguns destes fatores tóxicos afetam processos inflamatórios.19 C CAPÍTULO Infecções do trato respiratório inferior Quadro 19. se necessário. O fragmento tóxico A só é formado por clivagem por protease e redução das pontes dissulfeto após captação celular da toxina.5 a 1/100. ligação) na extremidade carboxiterminal. Lituânia e Usbequistão. pode ser feita a quimioprofilaxia ou imunização. onde se multiplica. que liga a toxina à célula hospedeira (ou a qualquer célula eucariótica). como a hemaglutinina filamentosa e os aglutinogênios fimbriais.A Bordetella pertussis é confinada a humanos. Componentes da superfície. a doença reaparece quando a imunização é negligenciada. é uma doença grave da infância. portanto. A bactéria toxinogênica pode ser portada e transmitida por convalescentes assintomáticos ou por indivíduos aparentemente saudáveis. O site da Or ganização Mundial de Saúde (OMS) informou em 201 1 que a incidência de difteria ia de 0.000 na Rússia e no Tajiquistão. inibe a síntese proteica (Fig. Não se sabe por que as células miocárdicas e dos nervos periféricos são particularmente susceptíveis. e. ADP. A infecção pela B. A consequência funcional é o bloqueio da transdução do sinal da célula afetada. fragmento A (ativo) na extremidade amina.000 mortes e.000 casos relatados até 1997.000 moléculas de toxina por hora. o fragmento B liga a toxina à célula. em 2004. difosfato de adenosina. mas não invade estruturas mais profundas. e seu diagnóstico clínico é de extrema urgência. A difteria é controlada pelo tratamento imediato com antitoxina e antibiótico A difteria é uma doença potencialmente fatal. Tão cedo o diagnóstico seja suspeitado.2 O mecanismo de ação da toxina da difteria. durante a fase lisogênica. B a toxina catalisa a ligação do componente ADP da NAD ao EF-2 e a transferência da ADP-ribose 214 difteria laríngea pode resultar em uma via respiratória obstruída e requerer uma traqueostomia para auxiliar na respiração. O diagnóstico é confirmado em laboratório por isolamento e identificação do organismo (Cap.000 pessoas naArmênia. O fragmento A inativa o fator de alongamento 2 (EF-2) por ribosilação do difosfato de adenosina (ADP) e. Os índices de casos fatais iam de 2 a 3% na Rússia a 17 a 23% no Azerbaijão. • Toxina adenilato ciclase. A toxina é um polipeptídeo (peso molecular de 62. enquanto outros danificam o epitélio ciliar. e testes de hipersensibilidades ao soro do cavalo podem ser realizados. ou pertussis. 17 e 18 uma).2). 32) e pela demonstração da produção da toxina por reação de imunoprecipitação em gel (teste Elek). O organismo se prende à mucosa respiratória ciliada. Mundialmente.1 Lições de Microbiologia Atoxina diftérica Os genes que codificam a toxina diftérica estão presentes em um bacteriófago temperado que. A difteria é prevenida por imunização A difteria está quase erradicada dos países desenvolvidos como resultado da imunização de crianças com uma vacina toxoide efetiva segura (Cap. é integrado ao cromossomo bacteriano. COQUELUCHE A coqueluche é causada pela bactéria Bordetella pertussis A coqueluche. que é um peptídeo único capaz de penetrar nas células do hospedeiro e acarretar um 27/09/13 3:49 AM . como para difteria. pertussis. adenovírus e Mycoplasma pneumoniae. • Nainfecção pelo M. 19. exaustão e pneumonia secundária pela invasão do trato respiratório danificado por outros patógenos. As vacinas acelulares contêm toxoide de pertussis e outros componentes bacterianos. que também infectam o trato respiratório superior. a reduzir a infectividade do paciente e o risco de infecções secundárias. e a coqueluche levou a cerca de 195. Para que o tratamento antibacteriano específico seja eficaz. que é um som característico. mas são fastidiosos. ver adiante). Há um ciclo endêmico a cada quatro anos que normalmente ocorre dois anos após os Jogos Olímpicos. 32).A. e encefalopatia e sequelas neurológicas permanentes associadas à vacinação. O quadro clínico inicial é inespecífico. Estes incluíam febre. e a internação hospitalar deve ser considerada para as crianças com menos de 1 ano de idade. a fixação específica do organismo aos receptores no epitélio da mucosa brônquica (Fig.001%). fagocitose e ação bactericida. podendo ocorrer o colapso lobar ou segmentar dos pulmões (Fig. Apesar de o tratamento geralmente ser iniciado somente após o reconhecimento da doença na fase paroxística. acompanhado de um “estridor”. Este quadro é seguido por uma tosse seca não produtiva. componente da parede celular derivado do peptidoglicano da B. pneumoniae. Lactentes apresentam grande risco de complicações.000 vacinações (< 0. (Cortesia de J. • Citotoxinatraqueal. A preocupação com os efeitos colaterais levou a uma acentuada diminuição na administração da vacina e. com níveis bastante reduzidos de endotoxina em comparação com vacinas de células inteiras. e são administradas em combinação com outras vacinas. As complicações incluem anóxia do sistema nervoso central (SNC). consideradas associadas à vacina em cerca de 0. A profilaxia com antibióticos macrolídeos para os contatos íntimos de casos ativos é útil no contr ole da disseminação da infecção.000 mortes naquele ano. incluindo hemaglutinina filamentosa e fímbrias. isto resulta em uma inibição das funções de defesa. pertussis manifesta-se inicialmente na forma de uma doença catarral difícil de distinguir de outras infecções do trato r espiratório superior.) C0095.000 mortes na infância. Depois de um período de incubação de 7 a 10 dias (varia de 5 a 21 dias).3). mal-estar e dor no local da aplicação em até 20% dos lactentes. A coqueluche é tratada de forma sintomática e com eritromicina O tratamento sintomático é de grande importância. 19.4) e a liberação de substâncias tóxicas pelo organismo resultam na degradação das células afetadas. cerca de 82% de todos os lactentes de todo o mundo receberam três doses de vacina contra coqueluche. ele parece reduzir a gravidade e a duração da patologia. Nos neutrófilos. O grau de dano do epitélio respiratório varia com o agente infectante: Figura 19. Esta toxina também pode ser responsável pelas propriedades hemolíticas da B. pertussis era usada. poliomielite e Haemophilus influenzae tipo B.indd 215 • Ainfecção pelo vírus influenza pode ser extensa e deixar o hospedeiro propenso a uma invasão bacteriana secundária (pneumonia pós-influenza. ajudando. uma vez que ofer eciam a mesma proteção ou maior contra a coqueluche e causavam menos efeitos colaterais por serem altamente purificadas.Apesar de se tratar de uma vacina eficaz. O tratamento também reduz a carga bacteriana na garganta. produzido pela inspiração do ar. com uma taxa estimada de 1 em 100. que se torna paroxística. 2). ao aumento na incidência de coqueluche (Cap. A infecção pela B. Os microrganismos podem ser isolados em meio adequado a partir de esfregaços da orofaringe ou em “placas da tosse” ( Cap. 31). como os influenzavírus. subsequentemente. ele deve alcançar a mucosa respiratória e inibir ou matar o organismo infectante.SEÇÃO QUATRO • Manifestações clínicas e diagnóstico de infecções segundo a localização aumento da monofosfato de adenosina cíclico (AMPc) para níveis suprafisiológicos. A OMS estimou que a imunização global contra a coqueluche preveniu por volta de 687. é recomendado. assim. como quimiotaxia. em combinação com toxoides diftéricos e tetânicos purificados e administrada como a vacina “DPT” ou “tríplice”. não sobrevivendo bem fora do ambiente do hospedeiro. A infecção bacteriana secundária com Streptococcus pneumoniae e Haemophilus influenzae também desempenha um papel na patogênese. Innes. • Endotoxina. pertussis que mata especificamente as células epiteliais da traqueia (Cap. mas que possui similaridades funcionais e pode desempenhar um papel na patogênese da infecção. claritromicina ou azitromicina. BRONQUITEAGUDA A bronquite aguda é uma condição inflamatória da árvore traqueobrônquica.5% dos vacinados. tétano. As vacinas acelulares contra a coqueluche tornaram-se a preparação de vacina dominante. Noventa e cinco por cento ocorreram em países em desenvolvimento. como eritromicina. havia preocupações importantes a respeito dos efeitos colaterais. O tratamento com antibióticos macrolídeos. uma vacina de células inteiras compreendendo uma suspensão de células mortas de B. A coqueluche pode ser evitada por meio de uma imunização ativa Por muitos anos. A despeito da gravidade da tosse. 215 27/09/13 3:49 AM . e o diagnóstico verdadeiro pode não ser suspeitado até a fase paroxística. os sintomas ficam confinados ao trato respiratório. em geral causada por infecção Os agentes causais incluem os rinovírus e os coronavírus. e que cerca de 16 milhões de casos de coqueluche ocorreram em todo o mundo. e patógenos do trato respiratório inferior. que difere da clássica endotoxina de outras cepas Gram-negativas. pertussis é caracterizada por paroxismos de tosse acompanhados de um “estridor”. convulsões. a infecção pela B.3 Radiografia de tórax demonstrando uma consolidação esparsa e colapso do lobo médio direito em um caso de coqueluche. Em 2008. O paroxismo é caracterizado por uma série de tosses curtas com produção copiosa de muco. SEÇÃO QUATRO • Manifestações clínicas e diagnóstico de infecções segundo a localização adquiridos em hospitais adquiridos na comunidade Strep. Legionella. pneumophila sul da Califórnia Vale de San Joaquin sudoeste do Texas. A despeito dos vários patógenos possíveis. Nocardia M. aeruginosa exposição a animais exposição ocupacional aerossóis de torres de resfriamento. um tratamento antibiótico eficaz para a infecção pneumocócica. Klebsiella. não secundário a uma infecção por influenza.2 Causas comuns de pneumonia em estudos baseados em comunidades de três países Patógeno Streptococcus pneumoniae Legionella pneumophila Mycoplasma e Chlamydia Haemophilus influenzae Moraxella catarrhalis Staphylococcus aureus Causa viral (não especificada) Porcentagema de casos para os quais um patógeno foi identificado Suécia Dinamarca Canadá 66 4 9 13 3 0 15 26 30 8 32 0 7 13 11 5 10 8 1 6 21 a Note que mais de uma possível causa foi isolada de alguns pacientes. coloniza o trato respiratório superior de pacientes com bronquite (ver acima). sul do Arizona Novo México Coccidioides immitis abatedores fazendeiros. As causas da pneumonia atípica incluem Mycoplasma pneumoniae. em muitos casos. Américas do Sul e Central Pseudomonas pseudomallei bactérias Gram-negativas p. Tabela 19. Os idosos apresentam uma maior probabilidade de ser infectados. como por Mycoplasma e Legionella. Chlamydia) pneumoniae e Chlamydophila (no passado. S..indd 219 respondeu a esse tratamento foi denominada ”pneumonia atípica primária“. Uma variedade de bactérias causa pneumonia atípica primária Quando a penicilina. portanto.s e S.) influenzae cause entre 5 a 15% dos casos. Haemophilus. sendo esta pneumonia não responsiva ao tratamento com penicilina ou ampicilina. Staphylococcus. pneumoniae H. veterinários Coxiella burnetii Brucella spp Índias Ocidentais. e tendem a apresentar uma doença mais grave do que adultos jovens. sistemas de ar condicionado L. classificadores de lã Coxiella burnetii Bacillus anthracis aves infectadas Chlamydophila psittaci ovinos. Coxiella.. em vez de serem adquiridas na comunidade ou em ambientes hospitalares. Austrália Guam. com sintomas gerais e respiratórios. mas a incidência verdadeira é de difícil determinação porque este organismo.S. (Dados de T. caprinos bovinos infectados C.7 Muitos patógenos são capazes de causar pneumonia em adultos... pneumoniae K. L. ”Primária“ diz respeito a uma pneumonia que ocorre como um evento novo. Aureus em todo o mundo a partir de ar condicionado de hotéis L.. tornou-se amplamente disponível. tuberculosis fibrose cística Staph. Mycobacterium spp. como a exposição a patógenos no trabalho. morcegos e excrementos de morcegos Histoplasma capsulatum Figura 19. Aspergillus. Strep. Marrie et all. tuberculosis exposição em viagens condição subjacente requerendo ventilação assistida infecção viral do trato respiratório Strep. pneumoniae Mycoplasma pneumoniae Chlamydophila pneumoniae Influenzavírus doença do trato respiratório subjacente doença obstrutiva das vias aéreas crônica Strep. totais > 100%. Pneumocystis jirovecii. Mycobacterium. aeruginosa CMV. Klebsiella. C. viagens e o contato com animais. *Estas infecções geralmente são infecções endógenas reativadas. Pseudomonas. e a etiologia está relacionada com fatores de risco. a grande maioria das infecções é causada por poucos. sudeste da Ásia. Chlamydia) psittaci. P.J. Strep. e ”atípica“ pelo fato de não se isolar o Strep.. pneumoniae M... Serratia P. K. Legionella pneumophila 219 27/09/13 3:49 AM . M. citomegalovírus. influenza HIV positivos* não existem fatores predisponentes conhecidos transmissão entre humanos alcoolistas e moradores de rua importadores clandestinos de animais. aureus H. ex. influenzae P. burnetii Brucella spp. O Streptococcus pneumoniae é a causa clássica da pneumonia lobar.. pneumoniae no escarro desses pacientes. H. uma significativa proporção de casos de pneumonia que não C0095. Streptococcus. Chlamydophila (anteriormente. CMV. Pederson. pós-transplante de órgão* CMV. pneumoniae Staph. pneumophila imunocomprometidos p. mas sua incidência está diminuindo nos últimos anos em comparação com a incidência das também chamadas causas atípicas de pneumonia. ex. representando. . ex. sinusoides drenantes das lesões actinomicóticas ou infecção anaeróbica necrosante por sepse intra-abdominal). as defesas do hospedeiro são mobilizadas..1 • • • • • • Fatores que Controlam a Carga Microbiana da Pele quantidade ilimitada de umidade presente pH ácido da pele normal temperatura da superfície ideal para muitos patógenos A doença da pele de etiologia microbiana pode resultar de qualquer uma das três linhas de ataque suorsalgado Estas linhas de ataque são: substâncias químicas excretadas. Nas ár eas mais úmidas. cir urgia). exposição prolongada à umidade) perturbam o equilíbrio ecológico da microbiota comensal e predispõem à infecção. Alterações nestes fatores (p. mas não se sabe por que os coxsackievírus ou Trichinella spiralis invadem os músculos. úlceras de decúbito e inserções de cateteres intravenosos). febre escarlate. na defesa da superfície de “invasores estranhos”. as células epidérmicas de Langerhans elaboram citosinas. nas articulações ou no sistema hematopoético. como a virilha e as axilas. ex.1. Quadro 26. ex. As áreas relativamente áridas do antebraço e do dorso são colonizadas por um número menor de organismos.. permitindo a entrada de organismos infecciosos. juntamente com as lesões mucocutâneas que resultam de certas infecções virais sistêmicas. A invasão destes locais geralmente ocorre pela via hematogênica. consideraremos as infecções primárias da pele e dos tecidos moles subjacentes.1 . mas o motivo para a localização em determinados tecidos quase sempre é obscuro. Inf ecções da pele Além de ser uma barreira estrutural... músculos e sistemas associados 26 ntrodução I A pele íntegra saudável protege os tecidos subjacentes e proporciona uma excelente defesa contra os microrganismos invasores A carga microbiana da pele normal é mantida por diversos fatores. 26. predominantemente bactérias Gram-positivas e leveduras. • manifestaçõescutâneas de infecções sistêmicas. concorrência entre diferente espécies da flora normal. ex. alguns vírus infectam uma determinada célula-alvo. os organismos são mais numerosos e incluem bactérias Gram-negativas. os neutrófilos são atraídos para o local de invasão e o complemento é ativado pela via alternativa. lacerações ou queimaduras) ou intencional (p.1). A sequência de eventos na patogênese das lesões mucocutâneas provocadas por infecções bacterianas.. mas ela também precisa ser mantida sob controle. 36). O estudo da estrutura da pele ajuda na compreensão dos diferentes tipos de infecção aos quais a pele e os tecidos subjacentes C0130. que podem se infectar (Cap.SEÇÃO QUATRO • Manifestações clínicas e diagnóstico de infecções segundo a localizaçção Infecções de pele. As rupturas na pele variam de microscópicas a um trauma maior. que pode ser acidental (p. como sebo. assim como a microbiota normal em outros locais do corpo. ácidos graxo e ureia • rupturas da pele íntegra. como a axila e a virilha. Por outro lado. ex. A microbiota normal da pele desempenha um papel importante. como mostrado no Quadro 26. O número de bactérias na pele varia de algumas centenas/cm2 nas superfícies secas do antebraço e dorso a 10 mil/cm2 nas áreas mais úmidas. Os pacientes hospitalizados estão propensos a outros tipos de ruptura da pele (p.indd 335 estão propensos (Fig. tecidos moles. e os plasmódios invadem os eritrócitos porque possuem locais específicos de ligação a estas células. Os microrganismos circulantes tendem a se localizar nos ossos em crescimento ou danificados (osteomielite aguda) e nas articulações danificadas. síndrome do choque tóxico). Esta flora normal desempenha um importante papel na prevenção da colonização da pele por organismos “estranhos”. são discutidas no Capítulo 30. • lesão da pele mediada por toxinas microbianas em outro local do corpo (p. que podem surgir como consequência da disseminação hematogênica desde o foco infectado até a pele ou por extensão direta (p. As infecções bacterianas e fúngicas sistêmicas que causam lesões mucocutâneas estão r esumidas na Tabela 26.ex. 335 27/09/13 10:35 AM . Se o organismo rompe o estrato córneo. Aqui. Um pequeno número de microrganismos causa doenças no músculo. a pele é colonizada por uma gama de organismos que formam sua microbiota normal. fúngicas e virais é destacada na Figura 26. As infecções dos indivíduos comprometidos. como os pacientes com queimaduras.2. o ponto inicial (a chegada do microrganismo. HSV. o microrganismo é eliminado com as células epiteliais (verruga) pápula (elevada.1 A infecção da pele e dos tecidos moles pode estar relacionada com a anatomia da pele.26 C CAPÍTULO Infecções de pele..indd 336 27/09/13 10:36 AM . o microrganismo é descarregado – HSV. vesícula serão diferentes). Os patógenos em geral penetram nas camadas inferiores da epiderme e da derme somente depois que a superfície da pele é danificada. Em diferentes infecções. ex.ex. ex. músculos e sistemas associados poro da glândula sudorípara Epiderme camada córnea (estrato córneo) camada granular camada de células espinhosas camada da célula basal contendo melanócitos Figura 26. célula de Langerhans terminação nervosa livre músculo eretor dos pelos Derme glândula sebácea eixo do cabelo veia artéria Subcutâneo glândula sudorípara tecido adiposo Músculo chegada do microrganismo circulante chegada da toxina circulante (p. febre escarlatina) ou complexo imunológico (p. avermelhada) inflamação mais acentuada (invasão do tecido vizinho) vesícula (bolha pequena) o microrganismo invade o epitélio – HSV. C0130. bouba Figura 26.. hepatite B) os microrganismos saem do vaso sanguíneo ± invasão das células dérmicas vizinhas mácula (plana.2 Patogênese das lesões mucocutâneas. vírus do herpes simples. VZV. o que prolifera. VZV úlcera o epitélio se rompe. vírus da varicela-zóster. VZV. exantema maculopapular. da toxina ou do complexo imune) e o quadro final (p. avermelhada) inflamação focal resposta imunológica leucócitos infiltrantes 336 introdução direta do microrganismo no epitélio papiloma o microrganismo cresce no epitélio. tecidos moles.. Salmonella schottmuelleri Febre entérica “Manchas róseas” contendo bactérias Neisseria meningitidis Septicemia. normalmente infecções mistas Clostridium perfringens (e outros clostrídios) Staph. apesar de algumas infecções poderem envolver vários componentes dos tecidos moles: • Formação de abscesso. graves e potencialmente letais. é a apresentação usual. normalmente no rosto ou no pescoço Exantema macular ou hemorrágico As lesões cutâneas geralmente estão associadas a infecções sistêmicas por determinadas bactérias e fungos. INFECÇÕES BACTERIANAS DA PELE. uma forma difusa de inflamação aguda. A infecção pode ser seguida por gangrena ou mionecrose em associação com isquemia da camada muscular.indd 337 337 27/09/13 10:36 AM . quase sempre com uma rapidez alarmante. O impetigo limita-se à epiderme e apresenta-se na forma de uma erupção bolhosa. geralmente na face. Epidermophyton e Microsporum) Epiderme Impetigo Streptococcus pyogenes e/ou Staphylococcus aureus Derme Erisipelas Strep. Se o foco da infecção está localizado na gordura subcutânea. As erisipelas envolvem o bloqueio dos vasos linfáticos da derme e se apresentam na forma de uma inflamação eritematosa bem definida. lesão cutânea patognômica em caso de infecção por esse organismo Treponema pallidum Treponema pertenue Sífilis Bouba infeccioso disseminado observado na fase secundária da doença. encrustada ou pustular da pele.1 Manifestações cutâneas das infecções sistêmicas provocadas por bactérias e fungos Organismo Doença Manifestação cutânea Salmonella typhi. como as tinhas. a celulite.. Os organismos causativos comuns são mostrados na Tabela 26. } Exantema 2 a 3 meses após a infecção Rickettsia prowazekii Rickettsia typhi Rickettsia rickettsii Tifo } Febres maculosas } Streptococcus pyogenes Febre escarlatina Erupção eritematosa provocada por toxina eritrogênica Staphylococcus aureus Síndrome do choque tóxico Erupção e descamação em função da toxina Blastomyces dermatitidis Blastomicose A pápula ou pústula desenvolve-se em lesões do granuloma contendo organismos Cryptococcus neoformans Criptococose Pápula ou pústula. gangrena Anaeróbicos e microaerófilos. O gás resultante do metabolismo fermentativo dos organismos anaeróbicos pode ser palpável nos tecidos (gangrena gasosa). A fasciite corresponde à resposta inflamatória à infecção dos tecidos moles abaixo da derme. Streptococcus pyogenes) podem causar diferentes infecções em diferentes camadas da pele e dos tecidos moles. Poucas espécies estão envolvidas nas infecções comuns. Observe que alguns patógenos (p. ao longo dos planos fasciais. • Infecções disseminadas. pyogenes Folículos pilosos Foliculite Furúnculos Carbúnculos } Gordura subcutânea Celulite Strep.2 Entrada direta na pele de bactérias e fungos Estrutura envolvida Infecção Causa comum Epitélio queratinizado Tinha Fungos dermatófitos (Trichophyton. causando a interrupção do suprimento sanguíneo. podendo ser acompanhadas de dor e febre. até as infecções agudas. meningite Lesões petequiais ou maculopapulares contendo bactérias Pseudomonas aeruginosa Septicemia Ectima gangrenoso. elas são um local do qual os organismos são eliminados. TECIDOS MOLES E MÚSCULOS Estas infecções podem ser classificadas em uma base anatômica A classificação depende das camadas de pele e tecidos moles envolvidos.SEÇÃO QUATRO • Manifestações clínicas e diagnóstico de infecções segundo a localização Tabela 26. geralmente crônicas.2. aureus A introdução direta da bactéria ou fungo na pele é a via mais comum de infecção cutânea. como a fasciite e a gangrena. As lesões podem fornecer auxílios diagnósticos úteis. nas pernas ou nos pés. C0130. Por vezes. pyogenes Fáscia Músculo Fasciite necrosante Mionecrose. As infecções variam de brandas. Tabela 26. A infecção progride. • Infecções necrosantes.ex. Furúnculos e carbúnculos são resultantes da infecção e inflamação dos folículos pilosos na pele (foliculite). . . Lichtman Shiv Pillai Mims 5a edição BSc (Hons) MBBS MRCP MSc FRCPath. multiplicar e dar origem a alterações patológicas. Abbas Andrew H. Goering 5a edição • Abordagem da microbiologia por sistema corporal ou por patógeno. School of Medicine Omaha. BA MSc PhD. Middlesex University. S T U D E N TC O N S U LT.com.studentconsult.elsevier. • Analise de forma eficaz os assuntos em cursos baseados em problemas com a ajuda da introdução dos capítulos e das caixas de texto “Lições em Microbiologia” que enfatizam a relevância clínica do material e oferecem fácil acesso aos principais conceitos através de ferramentas de revisão valiosas.acesse os links integrados. • Entenda e fixe facilmente os principais conceitos graças ao formato em cores. . UK Ivan M Roitt DSc HonFRCP FRCPath FRS. Dockrell BA (Mod) PhD. Abbas Andrew H. • Aprofunde seus conhecimentos sobre a epidemiologia e o importante papel que ela desempenha no fornecimento da identificação baseada em evidências dos principais fatores de risco de doença e dos alvos para a medicina preventiva. útil para o usuário. através da seção de referência cruzada “Lista de Patógenos”. ou até que esta edição em inglês e/ou português não esteja mais disponível para venda pela Elsevier. UK Peter L Chiodini BSc MBBS PhD FRCP FRCPath FFTM RCPS (Glas).visualize o banco de imagens do livro para uso em seus estudos. King’s College London School of Medicine.com até o lançamento da próxima edição em inglês e/ou português. London. S T U D E N T C O N S U LT. London School of Hygiene & Tropical Medicine. Consultant Virologist and Honorary Senior Lecturer. Registre o código que está no verso da capa dentro deste livro e conheça uma nova maneira de aprender: . London. Middlesex Centre for Investigative & Diagnostic Oncology. bactérias e fungos. às caixas de principais conceitos e às ilustrações dinâmicas. A aquisição desta obra habilita o acesso ao site www.estude de forma dirigida com perguntas e respostas comentadas em inglês . Department of Infectious and Tropical Diseases. UK Classificação de Arquivo Recomendada Microbiologia Médica www. Lichtman Shiv Pillai Microbiologia Médica W W W. Esta abordagem da microbiologia baseada em sistemas emprega conhecimentos integrados e fundamentados em casos que colocam os diversos microrganismos em um contexto clínico. que relacionam o conteúdo deste livro com partes de conteúdos de outros livros que tratam sobre o assunto. London. King’s College Hospital NHS Foundation Trust. South London Specialist Virology Centre. Hon Director. London School of Hygiene & Tropical Medicine. Este livro tem conteúdo extra e gratuito em inglês no site www. Creighton University Medical Center. C O M Mims Abul K. • Aprenda sobre as infecções no contexto dos principais sistemas corporais e entenda por que estes são ambientes nos quais os microrganismos podem se estabelecer. London. London Honorary Professor. Consultant Parasitologist. Um capítulo completamente reescrito sobre esse assunto fornece uma atualização sobre as mais recentes descobertas. School of Health & Social Sciences. OS AUTORES W W W.com. o que ocorrer primeiro. Professor of Immunology. Nebraska USA Hazel M. Professor and Chair Department of Medical Microbiology and Immunology. C O M Microbiologia Médica Abul K.studentconsult.indd 1 Tradução da 5a edição 25/10/13 12:42 . Hospital for Tropical Diseases. Richard V. UK Mims Mark Zuckerman Microbiologia Médica Goering • Dockrell • Zuckerman • Roitt • Chiodini Goering • Dockrell Zuckerman • Roitt • Chiodini • Desenvolva seu aprendizado e absorva informações complexas de uma maneira interativa e dinâmica com a Lista de Patógenos – um glossário sobre vírus. ao texto sucinto.Outros títulos da Elsevier em Imunologia: Imunologia Básica 4a edição Imunologia Celular e Molecular 7a edição Compreenda todos os conceitos sobre microbiologia e imunologia básica que você precisa para seus cursos e exames! A abordagem clinicamente relevante baseada em sistemas e com numerosas ilustrações coloridas tornam este assunto complexo fácil de entender e lembrar.br/medicina AF_Goering2.
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