Literatura na escola - 7º ano: Crônicas de Luís Fernando VeríssimoEnvie por email Imprima Introdução Esta é a quinta de uma série de 16 sequências didáticas que formam um programa de leitura literária para o Ensino Fundamental II. Veja, ao lado, o conteúdo completo. Objetivos Estimular o gosto pela leitura; Desenvolver a competência leitora; Desenvolver a sensibilidade estética, a imaginação, a criatividade e o senso crítico; Estabelecer relações entre o lido/vivido ou conhecido (conhecimento de mundo); Revelar o diálogo entre literatura e tradição cultural; Perceber as particularidades do gênero Crônica. Conteúdos Forma literária; Paráfrase, análise e interpretação; Alienação, Personificação e Coisificação; Ditadura Militar no Brasil. Tempo estimado Cinco aulas. Ano 7º ano Material necessário - Livro O Nariz e Outras Crônicas. Luís Fernando Veríssimo, 112 págs, Editora Ática, Coleção Para Gostar de Ler, tel (11) 3990-1612, preço 26,90 - Se possível, um computador ligado à Internet. Desenvolvimento 1ª etapa: Sondagem oral Pergunte se os alunos já ouviram falar do cronista Luís Fernando Veríssimo. Conhecem alguma obra que ele publicou? E sobre Crônica, já ouviram falar? A partir desta primeira sondagem, inicie sua aula, apresentando à turma o escritor, bem como o gênero crônica. Se julgar necessário, entregue aos alunos o texto do boxe abaixo. Luís Fernando Veríssimo e o gênero Crônica Luís Fernando Veríssimo se firmou como escritor por meio da profissão de jornalista. A partir de 1970, começou a escrever crônicas para o jornal Folha da Manhã e logo se consagrou como escritor. A definição do gênero Crônica até hoje é uma questão polêmica. Segundo o autor Jorge de Sá, no livro A Crônica, a aparência de simplicidade "decorre do fato de que a crônica surge primeiro no jornal, herdando a sua precariedade, esse seu lado efêmero de quem nasce no começo de uma leitura e morre antes que se acabe o dia, no instante em que o leitor transforma as páginas em papel de embrulho, ou guarda os recortes que mais lhe interessam no arquivo pessoal. O jornal, portanto, nasce, envelhece e morre a cada 24 horas. Nesse contexto, a crônica também assume sua transitoriedade, dirigindo-se inicialmente a leitores apressados, que leem nos pequenos intervalos da luta diária, no transporte ou no raro momento de trégua que a televisão lhes permite. Sua elaboração também se prende a essa urgência: o cronista dispõe de pouco tempo para datilografar o seu texto, criando-o, muitas vezes, na sala enfumaçada de uma redação. Mesmo quando trabalha no conforto e no silêncio de sua casa, ele é premiado pela correria com que se faz um jornal, o que acontece mesmo com suplementos semanais, sempre diagramados com certa antecedência. À pressa de escrever, junta-se a de viver. Os acontecimentos são extremamente rápidos, e o cronista precisa de um ritmo ágil para poder acompanhá-los. Por isso a sua sintaxe lembra alguma coisa desestruturada, solta, mais próxima da conversa entre dois amigos do que propriamente do texto escrito. Dessa forma, há uma proximidade maior entre as normas da língua escrita e da oralidade, sem que o narrador caia no equívoco de compor frases frouxas, sem a magicidade da elaboração, pois ele não perde de vista o fato de que o real não é meramente copiado, mas recriado. O coloquialismo, portanto, deixa de ser a Pergunte aos estudantes se entenderam essas referências. mas muitas narrativas fazem referências a questões políticas e sociais do Brasil que devem ser explicadas. A turma certamente terá dificuldade em entender alguns fatos. o que era o Sheik de Agadir . por exemplo. a contextualização para a classe e apresente as questões político/históricas do Brasil na década de 1970 (saiba mais no texto abaixo). as ideias que tinham a respeito do significado do título "Ela" se mantiveram ou foram alteradas? Justifique. Em seguida pergunte se. não apresenta grandes desafios do ponto de vista da linguagem.transcriação exata de uma frase ouvida na rua. conforme os alunos se aproximam do Ensino Médio. "O Nariz". Peça que os alunos anotem individualmente suas ideias a respeito deste título. de Luis Fernando Veríssimo. para ser a elaboração de um diálogo entre o cronista e o leitor. a partir do qual a aparência simplória ganha sua dimensão exata. No livro "O Nariz". Década de 1970 . Se possível. se sabem. há uma crônica intitulada "Ela". seja porque o livro pertence a uma época cujas referências o estudante desconhece. após a leitura. por ser uma coletânea de crônicas. então. Lembre-se que. Cabe ao professor fornecer o repertório e os esclarecimentos necessários para que a leitura se torne acessível ao aluno. Peça para a moçada elencar todas as referências a fatos históricos e os títulos de programações de televisão que aparecem na crônica. O que ele deve significar? 2ª etapa: leitura compartilhada do conto "Ela" e contextualização da obra: a década de 70 no Brasil Leia com a turma o conto "Ela" e peça que os alunos comentem suas impressões gerais.título de uma novela da década de 1960 . seja por uma linguagem mais elaborada do ponto de vista estético. convide o professor de História para ajudar nessa segunda etapa. a tendência é a escola trabalhar mais com aqueles livros que o adolescente não conseguiria ler por conta própria. Faça.citado na crônica. surgiam slogans e canções ufanistas como "Brasil. o Brasil ainda vivia sob o peso da ditadura militar e do Ato Institucional No 5. ame-o ou deixe-o" e "pra frente Brasil" . Não havia liberdade de imprensa e os opositores ao regime eram perseguidos e torturados.zip.net Na década de 1970.antesdachuva. Sob interesse dos governos militares e aproveitando o milagre econômico e a vitória da seleção brasileira em 1970. Finalizada a leitura compartilhada. por isso deve ser curta e objetiva. obedecendo aos procedimentos de análise literária organizados abaixo: 1) Paráfrase: A paráfrase é a primeira parte da análise.nem seria possível . Confirme se a sala está de posse dessa compreensão mínima. Cada obra literária tem inúmeros elementos que. Quais? A análise deve construir argumentos que sustentem a interpretação. . um "contar a história com as suas próprias palavras". Ela é um resumo do enredo. Toda criação artística que escapasse à censura era submetida a um forte esquema comercial. a constituem. retome a leitura compartilhada. é verificar quais são as partes que o compõe e como elas se articulam. 3ª etapa: análise da crônica "Ela" Em aulas expositivas dialogadas. deve resumir-se apenas ao essencial. articulados. pergunte aos alunos do que fala o texto? Exemplo: A crônica "Ela" conta a história da influência crescente da televisão na vida de uma família brasileira. Em 1978. 2) Análise: Analisar é "desmontar" o texto. A ideia não é investigar todos . Caso não esteja. analise a crônica "Ela" com a turma. a novela Dancin`Days fazia sucesso com uma trilha sonora e figurinos baseados na Disco Music norte americana. É ela que vai conduzir o leitor através do seu raciocínio.mas apenas alguns. da publicidade e dos meios de comunicação de massa.Foi também um tempo de expansão da indústria televisiva. entre as décadas de 1960 e 1970. é preciso ressaltar a contribuição que alguns aspectos formais possam vir a ter na economia da crônica. Retomemos o tema depois. por ser um pronome pessoal. o fato de a crônica "Ela" possuir inúmeras referências históricas não pode passar despercebido. forma é conteúdo.ficou maravilhado com ela. desde o título. em sua forma. . é fácil perceber algo que. Existem inúmeros elementos passíveis de análise em uma boa obra literária. Tão pequenininha! Foi uma festa. então já será possível traçar um caminho seguro pelo qual nossa análise pode seguir. em arte. devemos acreditar que tais referências contribuem para o sentido do texto. O tipo de narrador. Outro elemento formal que chama atenção é o fato de o pronome pessoal "ela" sugerir. Ao observar a crônica escolhida. um animalzinho de estimação: "Botamos ela num quartinho dos fundos. Isso não só é possível como geralmente é muito útil. O que são aspectos formais? São elementos que se referem menos diretamente a o que está sendo dito e mais ao como está sendo dito. Exemplo de análise O título da crônica "Ela". Era um custo tirá-lo da frente dela para ir dormir.naquele tempo só tínhamos o mais velho . Por isso." Note que foram usadas citações de trechos da crônica. Tal personificação. Por exemplo. uma personificação do objeto televisor. o espaço e o tipo de discurso são alguns dos elementos formais que podem ser fundamentais para desvendar mistérios. na verdade. sugere que a narrativa vai falar de uma pessoa do sexo feminino. também é produtora de sentido. Quanto mais sua análise der voz ao texto. Partindo do princípio que o escritor Luís Fernando Veríssimo domina plenamente a sua arte. Nosso filho . melhor. temos a impressão de que "Ela" é. o tempo. Se tivermos um olhar atento no que se refere à forma. a caracterização de algum personagem. lhe chame a atenção. que se intensifica ao longo do texto.Não podemos nos esquecer também que." Em seguida. Tal sugestão é intensificada nas primeiras frases: "Ainda me lembro do dia em que ela chegou lá em casa. Então a crônica realiza uma primeira quebra de expectativa com efeito de humor: percebemos que se trata de um aparelho de TV.") e podemos deduzir que os acontecimentos narrados têm início antes do Golpe e o narrador fala ao garçom ainda durante a repressão.. ou política. as tendências estéticas de seu tempo. Só pra ver um futebol. Jantávamos com ela ligada. porque tinha um programa que o garoto não queria perder. Temos também. (. o momento histórico. faz parte do tecido social em que está inserida.Eu não ligava muito pra ela. Noites Cariocas. Note que ele jamais deixa de personificar a televisão: "Aí ela já estava mais crescidinha. a popularização dos desfiles de carnaval marcou o início da ascensão do samba-enredo e o declínio da marchinha e dos blocos." A partir do trecho acima. Minha mulher também não via muito. José Roberto Kelly. ". apesar de sua relativa autonomia.) A empregada também gostava de dar uma espiada. a alusão a um programa televisivo de 1961: "Noites Cariocas". Só encarando-a assim teremos elementos para avaliar o significado da maneira mais completa possível (que é sempre incompleta. Um programa humorístico.. Nessa crônica as referências à história do Brasil são de fundamental importância para a compreensão do leitor. Naquele tempo tinha política. Como explica Antonio Candido no livro Na sala de aula: caderno de análise literária.. José Roberto Kelly foi um dos últimos compositores que brilharam .. Temos uma referência ao golpe militar de 1964 ("Naquele tempo tinha política. 4) Continuação da análise: A partir de então o narrador conta que a família comprou um aparelho maior e o mudou para a copa. 3) Comentário: O comentário se faz necessário no momento em que a análise solicita informações externas à obra literária para elucidar seu sentido profundo. O senhor vai querer mais alguma coisa. interferindo nos hábitos da família. Vagamente. apesar de tudo)". as "circunstâncias de sua composição. Isso porque a Literatura." Aqui vale recorrer novamente ao comentário: Na entrada dos anos 60. completando a referência temporal. de vez em quando. provavelmente. a crônica de Luís Fernando Veríssimo diz a que veio: temos a percepção de que o narrador-personagem narra sua história em diálogo com um interlocutor que. a vida do autor.Lembro. o gênero literário. é um garçom que não parece muito disposto a escutá-lo. etc. Lembra de Noites Cariocas?. de 1968." "Agora todos jantam na sala para acompanhá-la. mas a família responde com um terrível silêncio. Eu. mas autoritária." A situação chega ao limite com a novela Dancin´Days. vai se tornando cada vez mais objetificada: "Minha mulher sucumbiu às novelas." Então a crônica entra no registro da fantasia.O Sheik de Agadir. Ela podia estar blefando. A narrativa continua contando como a televisão muda os hábitos da casa do narrador. O narrador passa a marcar o tempo em função das telenovelas: ".." "Ninguém conversava dentro de casa. a TV avança da copa para a sala de visitas. antes do Ato Institucional no 5. com Cabeleira do Zezé e Mulata Iê-Iê-Iê. se quisesse. à medida em que aumenta a influência do televisor. Uma voz feminina. você morre".no gênero. o recurso à personificação o torna cada vez mais humano e imperativo. Quanto mais ele deseja contar sua história. Sabe quem foi? . com pressa de fechar o bar: "_ Está bem. quando a esposa muda a decoração da sala para combinar com a maquiagem de Júlia -a atriz Sônia Braga. por sua vez. não saía da frente dela.. Não queria mais sair de casa. com o pai de família tentando desligar a televisão como quem comete um assassinato." Note que. enquanto a família. Foi praticamente criado por ela.Nosso filho menor. "Foi então que surgiu um personagem novo nas nossas vidas que iria mudar tudo. assim como os da família brasileira: sua mulher começa a seguir apaixonadamente as telenovelas. dura.Quem? . "Se tocar em mim. mas podia não estar. o que nasceu depois do Sheik de Agadir. poderia processar o Sheik de Agadir. interferindo na vida social do casal." . Mas agora vá para casa que precisamos fechar. menos seu interlocutor deseja escutá-lo. Já está quase clareando o dia." Conforme o tempo passa e as novelas despertam interesse da família. Ele arruinou meu lar. Tremi.. O narrador/personagem pede à família que escolha entre ele e a TV. de 1978. Avaliação Peça aos alunos que busquem as referências de alienação e cultura de massas no conto "Auto-Entrevista". o que se origina da relação íntima entre forma e conteúdo. tornase gente. . Se na análise desmontamos o texto em partes. na interpretação temos de reorganizá-lo como um todo. Veríssimo mostra como a população brasileira se aliena diante da cultura de massa televisiva. as inúmeras referências históricas presentes na crônica permitem traçar um paralelo entre a família do narrador e a família brasileira. O humor crítico de L. do que fala a crônica de Luís Fernando Veríssimo? Exemplo de interpretação "Ela" narra a influência desagregadora da televisão na vida de uma família entre as décadas de 60 e 80. . Pode ser um trabalho para casa.Não posso." 6) Interpretação: A interpretação corresponde à questão "do que fala o texto?".Finalmente a crônica termina com a narrativa do fracasso do homem em se livrar do terrível aparelho. nas entrelinhas. Vá para casa. Afinal.Por quê? . Mais que isso. Mas preciso fechar. queremos saber o que está dito por meio dos silêncios. É ele que estamos buscando desde o início. Quando analisamos. . ". um todo de sentido capaz de reunir forma e conteúdo.Muito bem. F. Ela é a exposição do sentido profundo da obra literária. tornando-se coisa. Crônica: gênero entre o jornalismo e a literatura Envie por email Imprima Aproveite o centenário do cronista Rubem Braga (1913-1990) para discutir com a turma as características do gênero que o consagrou. personificada.Ela me proibiu de voltar lá. enquanto a televisão. estimulando a leitura e a produção de textos Veja aqui como adaptar este plano de aula para seus alunos com deficiência Objetivos . humorísticas.Produzir crônicas a partir dos estudos realizados Conteúdos .Ler crônicas de autores consagrados .Gêneros literários e jornalísticos: crônica Tempo estimado Seis aulas Anos 8° e 9° anos .Observar as reflexões e digressões líricas.Identificar as características da crônica como gênero híbrido entre o jornalismo e a literatura . sociais e políticas contidas nas crônicas . de Carlos Heitor Cony (Ed..90 reais. o caráter mais breve e informal do gênero permitiu que ele fosse utilizado como espaço de exercício para grandes autores como José de Alencar. entre outros do século 20. Fernão Lopes (1380?. tinha o papel de registrar e arquivar a cronologia dos reinados e de toda a história das dinastias portuguesas. Clarice Lispector. João do Rio. o autor mantinha-se distante e neutro em relação aos fatos. O gênero tinha. Fernando Sabino. Lopes foi o primeiro a produzir textos com características modernas: a autoridade das informações advinha da referência documental. Manuel Antonio de Almeida. de Manuel Bandeira (Ed. Lima Barreto. Destes. 21/2199-7824): "Agulhas de Hiroshima" Introdução O nascimento da crônica moderna se deu entre os séculos 14 e 15.21/38828200): "Candomblé" Do livro 200 Crônicas Escolhidas.Caderno e papel. e Teto Azul" e "Buchada de Carneiro" Do livro Crônicas para Ler na Escola. Manuel Bandeira. grandes escritores tiveram seu talento reconhecido por conta de textos do gênero que publicavam nas páginas de jornais e revistas.Cópias das seguintes crônicas: Do livro Seleta de Prosa. como Luís Fernando Veríssimo. 490 págs.Materiais necessários . 37.. 35. Nelson Rodrigues. Carlos Heitor Cony e Mário Prata. 21/2585-2000): "Moscas. publicado ao longo de sua vida em diversos jornais. em Portugal. um viés historiográfico. 592 págs. buscando narrar a realidade afastado das emoções e subjetividades. Nova Fronteira. comentando temas próximos aos leitores de jornal. acabou por elevar a crônica ao patamar de grande literatura. . Raul Pompéia e Machado de Assis no século 10 e Carlos Drummond de Andrade.1460?). A partir do século 19.. Como cronista real. Seu trabalho. Rubem Braga (1913-1990) é o principal representante. Entretanto. Objetiva. O centenário do autor pode ser uma boa . através de sua difusão no meio jornalístico. guarda-mor da Torre do Tombo em Portugal. compilações e antologias. No Brasil. Record. os autores passam a utilizar a crônica como meio de análise subjetivos de acontecimentos cotidianos. então. 160 págs. de Rubem Braga (Ed.90 reais. No gênero. a subjetividade e a elaboração da linguagem. com planos de aula. e Teto Azul". o lirismo. reportagens e vídeos Especial | Rubem Braga Vídeo | Rubem Braga no Museu da Língua Portuguesa Leitura Literária | Crônicas Desenvolvimento 1ª etapa Procure descobrir o que os alunos já sabem sobre o gênero e como se relacionam com ele. . a aproximação com o leitor e o embasamento em fatos cotidianos. como a ironia. o autor trata de grandes temas como amor. como cronograma. vida e morte. Conclua a apresentação do gênero. essa relação com o tempo se mostra tanto na brevidade dos textos quanto no fato de ele se basear em acontecimentos cotidianos. O principal traço a ser destacado é a forma breve . Chame a atenção para palavras que possuem a mesma raiz. cronômetro e cronologia. Especial | Produção de Texto. De um. quando o narrador questiona quem teria sido o descobridor deste "delicadíssimo segredo da construção civil" (o fato de moscas não gostarem de azul) e permeia todo o texto. estimulando os alunos a notarem algumas das principais características do gênero e que estão presentes. o humor. o lirismo e a subjetividade.utilizada para refletir sobre acontecimentos comuns: a partir da sugestão de pintar seu teto de azul.oportunidade para explorar com a turma as principais características do gênero. ele herda a brevidade.mas não superficial . Esse recurso se apresenta logo no início do texto. Pergunte se costumam ler textos desse tipo. 2ª etapa Leia com os alunos a crônica "Moscas. Discuta o texto. Explique que a origem da palavra crônica está ligada à noção de tempo. retirada do livro 200 Crônicas Escolhidas. se reconhecem algumas de suas características e se conhecem alguns autores. Do outro. estimulando a produção de textos. Outro elemento a ser destacado é o uso de ironia. destacando sua aproximação tanto de textos jornalísticos quanto da literatura. Note. Isso fica expresso na passagem em que o narrador se dirige diretamente a quem está lendo: assume estar falando "bobagens". Após os comentários. Finalize a aula orientando que os alunos desenvolvam uma crônica a partir do parágrafo narrativo criado em sala. Explique que essa característica aproxima a crônica atual da sua função inicial. detalhista e bem humorada. culmina de forma resignada falando da própria morte e comparando-se a uma mosca que recua diante de um teto pintado de azul.A aproximação do leitor é outro ponto que deve ser notado. Antes de pedir a leitura. 3ª etapa A seguir. de maneira peculiar. por exemplo. voluntariamente. peça que os alunos relembrem um fato aparentemente banal e cotidiano que eles tenham vivido e que possam servir como mote para uma crônica. Lembre-os da importância de usar as características discutidas em sala e de dar um título criativo ao texto. escrito por Rubem Braga e presente . diante dos acontecimentos. Peça que os próprios autores e a turma comentem as produções. a visita que ele e outros três amigos fazem a um ritual. a produzir um parágrafo de tom narrativo. peça que alguns alunos leiam para a classe o que produziram e estimule a classe a comentar os trechos lidos. distribua para os alunos a crônica "Candomblé" do livro Seleta de Prosa. como a brevidade e a ironia. retome algumas características observadas anteriormente. apresente algumas informações sobre o texto: ele trata. Inicie a aula seguinte pedindo que alguns alunos. Oriente-os. na historiografia: descrever um evento social que possa servir para analisar a sociedade que o pratica. que é estrangeiro. Depois da leitura. leiam a crônica produzida. se os alunos utilizaram o evento cotidiano listado anteriormente como ponto de partida para uma reflexão. 4ª etapa A seguir. Dê atenção especial ao nível de detalhamento dado pelo autor tanto às reações do colega quanto às condições em que ele acontece. questiona se é possível prender um amor como quem prende um passarinho. então. distribua o texto "Buchada de Carneiro". usando alguma das ideias listadas. Destaque a descrição feita pelo autor do espanto de um dos amigos. Peça que registrem em seus cadernos as possibilidades e temas em que pensaram. Ao final. que permeia o texto como um todo. justificando o teor da narrativa por conta de ser ele um "repórter fiel" que precisa contar tudo. Sobrevivente da bomba atômica. Carlos Heitor Cony conta seu encontro inesperado com o acupunturista Tada. e "Imigração". sugerindo maior atenção aos imigrantes pobres que vêm para o Brasil. Lembre-os que o acontecimento pode ser algo que eles vivenciaram ou presenciaram. como no texto de Bandeira. peça que eles utilizem manifestações recentes como gancho para a produção de uma crônica de tom político. Como tarefa para casa. 5ª etapa Explique aos alunos que as crônicas não são apenas reflexões sobre o cotidiano. dando a oportunidade para que as reescrevam.também no livro 200 Crônicas Escolhidas. que recebe milhares de imigrantes em situação semelhante à narrada no texto de Braga. a ser produzida como trabalho de casa. Observe se os elementos do humor. como política. Observe a presença da ironia. em seguida. Peça que a turma leia silenciosamente e. a rica descrição dos acontecimentos. sua reflexão continua pertinente no Brasil de hoje. Destaque novamente como o narrador se dirige diretamente a uma leitora. Distribua então os textos "Agulhas de Hiroshima". que culmina em um sutil humor-negro. Oriente-os a produzir textos com riqueza de detalhes. Em "Imigração". mas que deve conter uma reflexão que possa ser compartilhada com outros leitores. o japonês radicado no Brasil narra a tragédia de Hiroshima sob a lembrança de uma criança de seis anos que viu "o Sol nascer da terra" (uma referência à explosão da bomba) e matar todos os que estavam ao seu redor. O oriental conclui que a causa da tragédia e da tristeza é a política. Peça aos alunos que comentem e comparem os dois textos. o tema é a política oficial de imigração vista sob uma perspectiva crítica. de Rubem Braga. proponha uma discussão sobre quais elementos já estudados estão presentes. da ironia. Inicie a aula seguinte com a leitura de alguns textos pela turma. do detalhismo e da narrativa estão presentes nas produções e comente com os autores. . Em seguida. Apesar de ter sido escrito em 1952. da reflexão. Finalize orientando seus alunos a planejarem um esboço de uma crônica narrativa. Em "Agulhas de Hiroshima". e também. e também que procurem usar da ironia e humor como recursos para a produção do texto. de Carlos Heitor Cony. mas também podem tratar de temas graves. opinião compartilhada com o cronista. listem em grupo alguns dos elementos característicos do gênero que estejam presentes nos textos. compreender as características reflexivas. que podem comentar as produções. 200 págs. Ed. Ed. Ed. como as características típicas do gênero crônica e as relações com o jornalismo e a literatura. Ed. Finalize o trabalho. digressivas.Na aula seguinte... pedindo o auxílio da turma para listar os conteúdos estudados. 592 págs. 21/2585-2000) Crônicas para Ler na Escola (Carlos Heitor Cony.90 reais. 37. sociais. peça que alguns alunos compartilhem seu trabalho com os colegas. 21/21997824 ) Comédias para se ler na escola (Luís Fernando Veríssimo. Quer saber mais? Coletâneas de crônicas Contos e Crônicas para ler na escola (João Ubaldo Ribeiro. Objetiva. 21/21997824 ) Seleta de Prosa (Manuel Bandeira. 490 págs. contextualizar a evolução do gênero. Objetiva. analisar a obra de autores consagrados e produzir crônicas cada vez melhores a partir das leituras e dos estudos realizados.90 reais.90 reais. Objetiva. 148 págs. Algumas ferramentas que permitem a publicação gratuita de conteúdo na internet são o Wordpress. 36. Produto final Com a produção dos alunos. humorísticas. Record. políticas encontradas nas crônicas.... 35. 160 págs. 36. Avaliação A partir dos textos produzidos e do debate realizado em sala. líricas. Ed.com. de suas origens à produção contemporânea. 21/2199-782 O que é jornalismo literário? Envie por email Imprima . produza um fanzine ou publique-os em um blog. historiográficas. o Blogger e o Tumblr.21/3882-8200) 200 Crônicas Escolhidas (Rubem Braga. observe se os alunos foram capazes de compreender a crônica como gênero híbrido entre o jornalismo e a literatura.90 reais. Nova Fronteira. Compreender o que é o jornalismo literário e quais são suas características mais marcantes .Apresente aos estudantes obras que misturam literatura e jornalismo como "Os Sertões" de Euclides da Cunha .Comparar textos literários e jornalísticos Conteúdos .Aspectos do textos literários de não ficção . produzam um texto narrativo a partir de uma notícia de jornal Veja aqui como adaptar este plano de aula para seus alunos com deficiência Objetivos .Observar a importância do genêro para uma visão mais ampla e aprofundada dos temas jornalísticos .Gêneros textuais: notícia e textos literários de não ficção .e peça que. após conhecerem o gênero. Introdução Veja publica a resenha do livro "Brasil em movimento". "A alma encantadora das ruas" de João do Rio.Tempo estipulado Duas aulas Materiais necessários .pessoas públicas e lugares privados" e "A sangue frio" de Truman Capote. Utilize a reportagem como ponto de partida para uma aula sobre jornalismo literário e oriente seus alunos a lerem e produzirem textos deste gênero. qualidade textual.Como trabalhar as definições de literatura em sala de aula Desenvolvimento Selecione trechos de algumas obras de autores associados ao jornalismo literário. Você também pode escolher exemplares estrageiros como "Hell’s Angels". do americano John dos Passos. de Hunter Thompson ou "A sangue frio". ou "A Lapa acordada para morrer". de João Antonio. Neto de portugueses. "A alma encantadora das ruas". ele expõe os aspectos históricos. são bons pontos de partida. "Os cães ladram . de Truman Capote. . personagens mais profundos) com outras mais recorrentes no jornalismo (objetividade. políticos e culturais do nosso país em um texto jornalístico de fôlego. de Euclides da Cunha. edição 2307.Trechos selecionados de livros classificados como jornalismo literário. narração de fatos que realmente aconteceram e não foram inventados e pluralidade de fontes). (Veja.Cópias do texto "As origens da grande reportagem". "Os sertões". 6 de fevereiro de 2013). Leia mais . box da reportagem "O homem certo no lugar errado". .Tudo sobre leitura literária Leia mais . "Os sertões" de Euclides da Cunha. de João do Rio e "A lapa acordada para morrer" de João Antonio. É importante que você selecione obras que aliem características típicas da literatura (descrição detalhada. Algumas sugestões: "Hell’s Angels" de Hunter Thompson. Anote no quadro as respostas dos alunos. Logo após. mostrando o ponto de vista de todos os envolvidos e com o maior número de explicações possível. portanto. 2º etapa Pergunte se alguém conhece o termo "jornalismo literário" e se sabe do que se trata. Em que essas duas áreas se parecem? Em que são diferentes? Anote no quadro os comentários. porque o corpo do texto e da narrativa são deliberadamente mais aprofundados e apresentam marcas de autoria mais claras do . Lembre aos adolescentes que as relações entre o jornalismo e a literatura sempre foram muito próximas. Já a literatura é marcada pela subjetividade e não tem a obrigação de narrar fatos que realmente se realizaram. os diários de viajantes como Marco Polo. As narrativas de Hans Staden sobre seu cativeiro entre os Tupinambás no Brasil.1ª etapa Comece perguntando aos alunos se eles acham que há semelhanças entre jornalismo e literatura. o texto jornalístico e o texto literário influenciaram-se mutuamente desde as origens da imprensa. Nesse momento.a fórmula clássica da pauta jornalística fundamentada em seis perguntas relacionadas a um fato ou acontecimento: o quê? Quem? Quando? Onde? Como? Por quê? A necessidade de ultrapassar a visão objetiva e superficial de divulgar fatos levou a uma tendência que ampliou os conceitos e recursos do texto jornalístico. Conte que o termo consagrou-se a partir das décadas de 1960-70. explorações e descobertas. prepare uma exposição sobre o tema. apresentam características do texto descritivo e noticioso do jornalismo. a carta de Pero Vaz de Caminha são alguns exemplos. Algumas obras que se tornaram clássicos da literatura mundial. O jornalismo literário é assim chamado. como descrições de viagens. que se tornaram vozes tão importantes quanto especialistas e acadêmicos que toda a sociedade assume como autoridades em um determinado assunto. Muitos escritores conhecidos também foram jornalistas e trabalharam em grandes redações. que pretende narrar como algo aconteceu com objetividade. Hunter Thompson e Norman Mailer publicaram reportagens que ultrapassavam os limites da objetividade imposta pelo chamado "lide" . você também pode citar algumas diferenças e lembrar que o jornalismo na mídia impressa é um texto informativo. Truman Capote. quando autores como Tom Wolfe. mas também as pessoas anônimas. Os autores procuravam romper os limites da mera descrição de acontecimentos cotidianos e pretendiam fazer análises mais profundas da realidade e das motivações dos fatos. Também valorizavam não apenas as fontes oficiais. Gêneros narrativos por excelência. botânicos e antropológicos para apresentar uma análise do conflito sob a perspectiva do jornalista. os autores não escondem suas opiniões sobre os fatos. neste gênero. a subjetividade. Distribua aos estudantes cópias do texto "As origens da grande reportagem". 3º etapa Agora é a hora de apresentar autores e obras. Observe a presença dos elementos narrativos e descritivos e a presença pessoal na forma de narrar dos autores. 4º etapa Solicite que a turma analise jornais e revistas de grande circulação e proponha que selecionem textos que possam se enquadrar no gênero estudado. A leitura vai ajudar a turma a compreender ainda melhor as origens do gênero estudado. no Brasil. o posicionamento ético e a comparação entre versões seja deixada de lado. e "Senhor" "O Cruzeiro". Vale lembrar que ele também está presente em revistas e que celebrizou-se como gênero de grande penetração por meio de revistas como "The New Yorker". "Vanity Fair". a revista "Piauí". . Mostre que. 6 de feveriro de 2013). edição 2307. Peça aos alunos que pesquisem sobre autores ou obras que possam ser classificados como "jornalismo-literário". (Veja. box da reportagem "O homem certo no lugar errado". e mais recentemente. Você pode escolher alguns de sua preferência ou seguir as sugestões presentes no desenvolvimento deste plano. a apuração. "Realidade". Isso. escrito por Euclides da Cunha quando foi enviado para retratar a Guerra de Canudos como correspondente do jornal O Estado de S. relacionando-os e comparando-os sem deixar de lado a interpretação do autor. nos Estados Unidos. Paulo. morfológicos. Um exemplo é o livro "Os Sertões". a riqueza de detalhes e as emoções provocadas pelo texto. Lembre-se de ler trechos com os estudantes e de estimular que comentem. entre os anos 1950 e 1970. Peça que apresentem os resultados e questione se é possível encontrar reportagens relacionadas à literatura nos grandes veículos. A diferença é que ele apresenta a necessidade de contextualizar os fatos de maneira ampla. O texto final não somente retrata o movimento como também mostra os aspectos geográficos.que uma reportagem factual. entretanto. como as que lemos nos jornais. não significa que os princípios jornalísticos como a observação meticulosa. Procure deixar claro os aspectos que atraíram a atenção de leitores para essas obras como a aproximação do leitor das experiências vividas pelos autores. A partir desse trabalho. Lembre como é importante uma descrição detalhada. Avaliação Para a produção de textos. E enfatize. Temas como política. peça que os alunos criem um texto do gênero jornalismo literário a partir de uma notícia de jornal ou revista. o jornalismo literário e a literatura.Aproveite também para sugerir aos estudantes que leiam. uma das obras citadas na bibliografia deste plano. que o jornalismo literário tem um compromisso em relatar a realidade. que leve o leitor a "mergulhar" no ambiente retratado. esporte ou assuntos do cotidiano podem ser boas inspirações. e também das discussões feitas em sala. observe se os estudantes compreenderam as diferenças e pontos em comum entre os textos do jornalismo informativo. sempre. como complemento. Alerte à turma para a necessidade de uma pesquisa bem elaborada sobre as características dos personagens e dos ambientes. .