Literatura - Apostila 1 - Seta

March 21, 2018 | Author: Muller_CAF | Category: Renaissance, Portugal, Love, Poetry, Philosophical Science


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37Literatura a partir de uma perspectiva histórica.R. possíveis simbologias e relações intertextuais e. Em nosso estudo de Literatura.A. ainda que limitadamente. se considerarmos as linhas anteriores. RESUMO . de todas as tradições e culturas. isto é. dificultar sua definição. Por isso. ela pode transmutar os homens e forjar neles um paradigma. e a esperança humilde como ave doméstica – eu vinha como um homem que vem e vai. em prosa ou em verso. mais como disciplina escolar do que propriamente como arte. estudo dos estilos de época e dos movimentos estéticos. e nesse momento em que a custo equilibramos todos os motivos de agir e de cruzar os braços. 3) conjunto de obras literárias. mas. mas nunca seu propósito. dos astecas. através de uma periodização da disciplina ou de uma lista específica de obras. acertando o relógio do meu pulso pelo grande relógio da estrada de ferro central do meu país. com o contexto e com a cultura que a concebem. de paletó e gravata. personalíssima e inigualável. de insistir e desesperar. e já teve noites de tormenta e madrugadas de seda. 2. é ancestral. logo percebemos que estamos diante da mais bela. Os vestibulares têm dado importância à Literatura. de indicar-lhe um caminho. Os concursos vestibulares. certamente. profunda e expressiva de todas as artes. além de avaliarmos seu poder de transformar o homem. ou assim como nos é apresentada na Arte poética. 4) conjunto de poetas e de escritores de um determinado país. e a cidade apareça estranhamente normal – eu vinha como um homem de quarenta anos que dispõe de regular saúde. mas nenhuma delas é capaz de traduzir as múltiplas sensações e os incontáveis estados de espírito que ela pode produzir na sensibilidade humana. de Aristóteles. culturais. envolverá. nas quais falamos da importância e da flexibilidade da Literatura. ou ela é produto de mero diletantismo e seu fim é a pura e simples contemplação de uma realidade estética. acertando a batida do meu pulso pelo ritmo da faina quotidiana – eu vinha. e ficamos quietos. no meio da banal viagem. seu alcance é bem maior e mais profundo. Mesmo assim podemos defini-la. estudo verticalizado das obras e dos autores. mas ainda não começou a levar em conta a faina da própria morte – 38 Q. estabelecendo entre eles as mais diversas relações de semelhança ou/e de oposição. seu exame crítico. sua relação com o contexto em que vivemos. cabe a leitura atenta e consciente de cada texto proposto. espalhados por todo o país. e com pequenas reservas para enfrentar eventualidades não muito excêntricas – e que cessou de fazer planos gratuitos para a vida. quer a Literatura seja estética. aos professores e aos estudantes de Literatura. Por esta razão. mas consideraremos todas as possibilidades interpretativas das obras. as conclusões plausíveis ao nosso entendimento.Literatura aula 1 definição de literatura e apresentação do curso LITERATURA Ao abordarmos a Literatura como arte. ante as exigências dos exames vestibulares. a Literatura exerce papel decisivo. a reflexão que o mesmo texto inspira. Eu vinha sem raiva nem desejo – no fundo do coração as feridas mal cicatrizadas. e me sentia como aquele que se vê nos cartões postais. De qualquer modo. são diversas as definições de Literatura. e está com suas letras nos bancos regularmente reformadas e seus negócios sentimentais aplacados de maneira cordial e se sente bem disposto para as tarefas da rotina. filosóficas ou científicas. portanto. Como se vê. a Literatura manifesta-se através de uma diversidade de veículos. uma interpretação à luz do contexto histórico e da cultura de quem o produziu. e é menos um homem que um transeunte. faz-se necessário um estudo mais aprofundado nos planos estético-estrutural e histórico-social. uma nova forma de ver e de aceitar a nós mesmos e também a realidade que validamos. dobrando uma esquina – eu vinha como um elemento altamente banal. sua importância nos exames vestibulares. como 1) a arte de se expressar com palavras. de criar nele um senso de responsabilidade e propor-lhe uma ética de atitudes. etc. Para se ter uma idéia de sua importância e de sua ancestralidade. ou ao longo deste extenso capítulo humano. de acordo. aspectos históricos. Leia o texto abaixo pautado e responda ao que se pede: No centro do dia cinzento. porque. Sua presença na História da Humanidade. têm abordado os estilos de época. mas tendo em mim a força da conformação. extremamente sem importância. de longe. devemos então concluir que uma abordagem adequada da disciplina. às vezes. de temas e de formas. 5) disciplina composta de estudos literários. 2) uso estético ou social da linguagem escrita. basta que nos reportemos à cultura dos assírios. remontando os primórdios de todas as civilizações. como arte magna e primeira. flexível e surpreendente. seguiremos o método acima referido. finalmente. dos essênios. Não discutiremos sobre a qualidade ou sobre a pertinência das listas propostas pelas universidades. além de exibir uma estética única. as charnecas de tédio atravessadas com a longa paciência dos pobres – eu vinha como um homem que faz parte da sua cidade. A multidisciplinaridade da Literatura pode. é claro. integrado no horário coletivo. neutros e presos ao mais medíocre equilíbrio – foi então que aconteceu. Diríamos que um estudo adequado e pertinente de Literatura envolve dois tipos de abordagem: 1. E por ser assim. sociais e estéticos. quer seja engajada. Em todas elas. da resistência e da inércia que faz com que um minuto depois das grandes revoluções e catástrofes o sapateiro volte a sentar na sua banca e o linotipista na sua máquina. ou então ela se manifesta como veículo de transformação humana e social. ou mesmo culturas mais conhecidas como a grecoromana e a hebraico-cristã. e dias vividos com todos os nervos e com toda a alma. estou tristinho.assim eu vinha. ou implicasse um novo programa de atividades. Não foi algo que tivesse qualquer conseqüência... na confusão do tráfego da rua estreita e rápida. a um arranco do carro. Por que se pode dizer que o poema em questão está ajustado aos modelos de literatura epistolar? Ilustre sua resposta com passagens do texto. Leia o texto abaixo transcrito e responda ao que se pede: Amor. propriamente. Na minha rua todos viram e falaram com seus tripulantes na língua misturada de carioca e de sinais verdes luminescentes que qualquer um entende. buraco na rua & outras evidências pedestres. tem a força de uma revelação. Com vento agitando árvores e derrubando flores. Nelida) ANOTAÇÕES 39 Literatura . Identifique essa relação. o cronista recorre sistematicamente a uma expressão cuja função é retardar a revelação do acontecimento. como quem ama as mulheres de seu país. às vezes. De que expressão se trata? 2. ao longo do texto. chamado não chamado insensível e cego sem ouvidos deixei passar a minha vez. Versiprosa) 1. além de uma linguagem bem simples. Não viu? Não vi. A crônica Visão está estruturada em apenas dois parágrafos.. sua força reside na fixação de um momento intenso e de uma emoção forte e inesquecível. já tive. Sou o pária.. um evento epifânico. Portanto. 3. que acabam pontuando o texto de passagens poéticas. Os melhores contos. Repare que. aquele que vê apenas caminhão QUESTÕES COMPLEMENTARES Para refletir: ‘‘Cada vez que escrevo uma linha. eu visse uma parede se abrir sobre uma paisagem úmida e brilhante de todos os sonhos de luz. estou tristonho por ser o só que nunca viu um disco voador hoje comum na Rua do Ouvidor.? . Isso me garantem meus vizinhos e eu. aparentemente banal. 155) cartaz de cinema. Posto isto. 3. identifique e retire exemplos de prosa poética utilizados por Rubem Braga nesta crônica. responda à questão: O que é a epifania e em que momento da crônica ela acontece? 1. que depois ainda moveu de leve os lábios como se fosse dizer alguma coisa – e se perdeu. talvez . sem dólares. Amor. amor. dentro de um grande carro negro. ( . sem dólares. No entanto. e o mar cantando ao sol. Olham-me com desprezo benévolo. as comidas de sua infância e as toalhas do seu lar – quando aconteceu. (Drummond . (BRAGA. por além sem necessidade de passaporte e certidão negativa de IR. Mas foi como se. Dele desceu ( parece ) um sujeitinho furta-cor gentil puxou-me pelo braço: Vamos ( ou: plnx ). uma figura de mulher que nesse instante me fitou e sorriu com seus grandes olhos de azul límpido e a boca fresca e viva. Voltaram cheios de notícias e de superioridade. Foi apenas um instante antes de se abrir um sinal numa esquina. No decorrer do poema Falta um disco. 2. estou triste porque sou o único brasileiro vivo que nunca viu um disco voador. como. ) Um passou bem perto ( contam ) quase a me roçar. Faça um breve comentário sobre a linguagem e sobre os versos utilizados por Carlos Drummond de Andrade na construção deste poema. nem uma revelação do Alto nem uma demonstração súbita e cruel da miséria de nossa condição. p. Rubem . Global. pois não? Entraram a bordo ( convidados ) voaram por aí por ali.Visão. esta linha me chama à realidade!’’ (PRINÕN.Falta um disco. deslocando-a para o final do texto. Drummond estabelece uma relação de oposição entre o eu-lírico e as pessoas de sua rua. preso na penumbra da mesma cela eternamente. O acontecimento. Literatura aula 2 linha do tempo das escolas literárias (Fonte: SOUSA. 1977) Os movimentos estéticos podem ser agrupados da seguinte maneira: 1. Ed. equilíbrio bondade. Tradição apolínea APOLO deus greco-romano deus da luz das artes personifica o sol Estéticas Renascimento ou Classicismo Arcadismo ou Neoclassicismo Realismo / Naturalismo Parnasianismo Características Racionalismo Objetivismo Harmonia Equilíbrio Clareza Simplicidade Coesão Coerência Ideal de perfeição Antropocentrismo classe. Sérgio Alberto de. Literatura Brasileira. Moderna. discernimento sobriedade disciplina 40 RESUMO . beleza. 2. arrebatada.A. Hans) 41 Literatura .R. Estéticas Trovadorismo Características Subjetivismo Emoção Sentimentalismo Sinuosidade Complexidade Desequilíbrio Incoerência Ilogismo Fé Ímpeto. Quais são as características genéricas dos estilos de época pertencentes à tradição clássica? 2. Mestre da máscara e do paradoxo. 1. Instinto desordenado Barroco Romantismo Simbolismo Q. vinho Sua natureza é agitada. Que movimentos estéticos constituem a Era Medieval? 3. Mencione os estilos de época pertencentes à tradição romântica. 2. Quais são as características dos estilos de época da tradição romântica? ANOTAÇÕES Para refletir: “É da realidade que moldamos nossas histórias de imaginação. Tradição dionisíaca DIONÍSIO deus greco-Baco para os romanos deus dos ciclos vitais: alegria. Rebeldia.” (ANDERSON. Desregramento. Quais estilos de época constituem o que se chama de Era Romântica? QUESTÕES COMPLEMENTARES 1. Que movimentos estéticos estão embutidos na Era Clássica? 3. Ricardo Coração de Leão. partindo-se: . meu bem. Dinis) 2. moiro d’ amor! Por que mentiu o perjurado. sutil. Ex. partem tão tristes meus olhos por vós. Felipe Augusto. A técnica de composição revela sua simplicidade: paralelismo e refrão. As cantigas eram compostas para bailar. moiro d’amor! (D. pois per si é falido. Em razão desse grande poder. madre. que nunca tão tristes vistes outros nenhuns por ninguém. incutia no homem medieval-feudal uma visão do mundo teocêntrica. As composições dos trovadores galego-portugueses achamse reunidas nos seguintes Cancioneiros: Cancioneiro da Ajuda Cancioneiro da Vaticana Cancioneiro da Biblioteca Nacional 3. foste-vos queixar que vos nunca louv’ en [o] meu cantar. O poeta se submete à vassalagem amorosa ao expressar a sua “coita d’amor” = sofrimento amoroso.: Cantiga [de João Roiz de Castel Branco]. Origem ibérica. A relação entre poeta e musa é de vassalo e suserana. musa. amante. Gêneros: — Lírico: manifestação sentimental do “eu-lírico” . A 2ª estrofe repete a primeira. da Inglaterra. irônica. madre. A Igreja concentrava um grande poder econômico. também. Ribeirinha.daí amor cortês. Ex.: E oj’ est’o prazo saído! Por que mentiu o desmentido? Ai. O trovadorismo iniciou-se no século XII e permaneceu até o século XIV. de autoria de Paio Soares dos Taveirós.: Ai. A extensão do termo amigo é ampla. Ai. Ex. A mulher. Trata-se de uma cantiga dedicada à Maria Pais Ribeiro.século XII) Senhora. de corte . a presença do refrão ou estribilho. Partem tão tristes os tristes. É de origem folclórica.poeta. daí “bailias”. em uma região chamada Provença. pesa-mi.Literatura aula 3 trovadorismo 1. AS CANTIGAS a) Amor: eu-lírico masculino. na época.: A cantiga de amor de mestria é mais elaborada do que a de amigo. situa-se na Baixa Idade Média e corresponde a uma fase de transição. b) Amigo: eu-lírico feminino. dona fea. O seu início coincidiu com a formação da Terceira Cruzada (1185). dirigida por Frederico Barba Ruiva. Há. daí sua simplicidade. denominada Cruzada dos Reis. em que ocorreu a desintegração das estruturas feudais e a formação das estruturas capitalistas. tão cansados. que nunca tão tristes vistes outros nenhuns por ninguém. é inatingível. crítica implícita ou explícita. social e cultural. político. da França. podendo ser o namorado. mudando-se apenas o final do verso para efeito de rima. madre. Ai. moiro d’amor! E oj’ est’ o prazo passado! Por que mentiu o perjurado? Ai. moiro d’ amor! Por que mentiu o desmentido. tão doentes da partida. ambígua. idealizada. — Escárnio e Maldizer. madre. ambiente palaciano. tão fora d’esperar bem. da morte mais desejosos cem mil vezes que a vida. pesa-mi. aos poetas.” (Estevão de Fongères . “Os clérigos devem por todos orar Os cavaleiros sem demora Devem defender e honrar E os camponeses sofrer. CONTEXTO HISTÓRICO Origem: Sul da França. A palavra trovadorismo tem sua origem no vocábulo trovador. Cavaleiros e clero sem falha Vivem de quem trabalha. pois mentiu a seu grado. Crítica indireta. (Amor e Amigo) — Satírico: malícia. c) Escárnio: eu-lírico masculino. tão saudosos. tão chorosos. nome que se dava. ORIGEM Do conflito de datas — 1185 ou 1198 — revela-se o primeiro documento artístico que marca o início do Trovadorismo em Portugal. Tão tristes. A vida amorosa da mulher está integrada à natureza. Historicamente. Origem provençal. marido. Vocabulário comum. e para cantar. 42 RESUMO Obs. da Alemanha. O poeta canta na voz de uma mulher e pergunta pelo amado. fiqu’end’afrontado ben por tecer dia .modificada) Nas cantigas de amor: a) o trovador expressa o amor à mulher amada. b) o trovador velada ou abertamente ironiza personagens da época. se Deus mi valha. ( FATEC) O paralelismo. em postura platônica. ocorreu a separação entre a poesia e a música. parcialmente transcrita. Dinis. mais ora já un bon cantar farei. se eu foder-vos podesse.quando.R. sempre com o acompanhamento de um coro. Q. en esta razon vos quero já loar toda via. nemigalha . escabrosa. apesar de serem escritas por homens.estás. a) O autor é Paio Soares de Taveirós. c) o eu-lírico é feminino. (UM .nada mais. Leia o texto abaixo transcrito e responda ao que se pede: Ay flores. O poeta pergunta pelo seu amigo. b) O autor é Nuno Fernandes Torneol. Aquel que mentiu do que nh’á iurado! Ay Deus. 2. Se sabedes novas do meu amigo! Ay Deus. pois fodo. c) apresentar as cantigas. d) Durante o Trovadorismo. há o reflexo do relacionamento entre senhor e vassalo na sociedade feudal: distância e extrema submissão. Em uma das alternativas indicadas acham-se todos os elementos que correspondem àquelas informações. uma técnica de construção literária nas cantigas trovadorescas. d) O autor é Fernando Pessoa.Dona fea. e. e) existe a expressão de um sentido feminino. e) pressupor que há sempre dois elementos paralelos que se digladiam verbalmente. b) Nas cantigas de amor. Se sabedes novas do meu amado! Ay Deus.fico dias afrontado.: Luzia Sanchez. O poeta espera que os pinheiros respondam à sua pergunta. e) O autor é Martim Códax. Crítica direta. Trata-se da teoria do fingimento. Destacam-se o paralelismo das estrofes. Destaca-se o ambiente campestre. c) A influência dos trovadores provençais é nítida nas cantigas de amor galego-portuguesas. pero muito trobei. Vocabulário de baixo calão. Luzia Sanchez. Se sabedes novas do meu amado. d) reduzir todo o refrão a um dístico. (João Soares Coelho) Jazedes . velha e sandia! d) Maldizer: eu-lírico masculino. contundente. pois avedes [a] tan gran coraçon que vos eu loe. foder-vos-ia. Trata-se de uma cantiga de amigo. podendo-se ainda descobrir o nome pelo qual composições idênticas são conhecidas. e hu é? Ay flores. o trovador escreve o poema do ponto de vista feminino. ay flores do verde pinho. pertence à lírica medieval da Península Ibérica. (MACKENZIE) Assinale a alternativa incorreta a respeito do Trovadorismo em Portugal. Destaca-se a alternância vocálica. que já existia no lirismo medieval.A. Aquel que mentiu do que pôs comigo! Ay Deus. 1. e hu é? Se sabedes novas do meu amigo. e direi-vos como vos loarei: dona fea. consistiu em: a) unir duas ou mais cantigas com temas paralelos e recitálas em simultaneidade. pois. c) O autor é el-rei D. Destacam-se o paralelismo das estrofes. 43 Literatura mais ora quero fazer um cantar en que vos loarei toda via. e) Muitas cantigas trovadorescas foram reunidas em livros ou coletâneas que receberam o nome de cancioneiros. e hu é? 3. velha e sandia! (João Garcia de Guilhade) Ex. Ela tem autor conhecido. ay flores do verde ramo. se Deus me perdon. nas festas da corte. . jazedes en gran falha comigo. a alternância vocálica e o refrão. en que vos loarei toda via. e vedes como vos quero loar: dona fea. e hu é? QUESTÕES COMPLEMENTARES 1. velha e sandia! Dona fea. a alternância vocálica e o refrão. b) um conjunto de estrofes ou um par de dísticos em que sempre se procura dizer a mesma idéia. Destaca-se o refrão como interpelação à natureza. pois . sendo por isso uma cantiga de amigo. que non fodo mais nemigalha dua vez. e vedes qual será a loaçon: dona fea. fiqu'end'afrontado ben por tecer dia Par Deus. d) o poeta pratica a vassalagem amorosa. Dona Luzia. expressando a saudade da ausência do amado. nunca vos eu loei en meu trobar. a) Nas cantigas de amigo. encarandoa como um objeto acessível a seus anseios. expressa seu amor à mulher amada. arte poética própria e características definidas do lirismo trovadoresco. (UNESP) A composição anterior. a) É uma cantiga satírica. Assinale a alternativa incorreta a respeito das cantigas de amor. e) Cantiga de amigo. e) A mulher é um ser superior. nele você está Ah se eu tivesse quem bem me quisesse Esse alguém me diria: "Desiste. Mas ora quero fazer um cantar em que vos loarei toda via. b) O trovador assume o eu-lírico masculino. d) Foi escrita durante o Humanismo (1418 . o texto acima transcrito guarda semelhanças com certas composições da literatura medieval portuguesa. jogando bilhar E nesse dia então vai dar na primeira edição: "Cenas de sangue num bar da Avenida São João. desencantada da vida O sonho alegria me dá. em todos os bares Você não está Volto pra casa abatida. c) Têm origem provençal ( sul de França )." (Paulo Vanzolini – Ronda) 3. b) Cantiga de amor. Eric) 44 ANOTAÇÕES . b) Foi o primeiro documento escrito em língua portuguesa. ou seja.1527). d) Cantiga de costumes. Leia o texto abaixo e responda ao que se pede: Ai dona Fea! foste-vos queixar porque vos nunca louv'em meu trobar. Leia o texto abaixo transcrito e responda ao que se pede: De noite eu rondo a cidade a te procurar Sem te encontrar No meio de olhares espio. com perfeita paciência volto a te buscar Hei de encontrar Bebendo com outras mulheres. identifique a cantiga cujas características aproximam-se da canção de Paulo Vanzolini. Rolando o dadinho. Posto isto.2. a) Cantiga de escárnio. e) Faz parte do Auto da Feira. o homem fala e deseja a mulher. normalmente pertencente a uma categoria social mais elevada que a do trovador. Para refletir: “O ato de escrever é uma forma de conversar com as pessoas” (NEPAMUCENO. E vedes como vos quero loar: Dona Fea. a) O ambiente é rural ou familiar. velha e sandia! * trobar = trovar * loarei = louvarei * loar = louvar * sandia = louca 4. c) Trata-se de uma cantiga de amigo. d) Expressam a coita amorosa do trovador. (MACKENZIE) Assinale a alternativa correta a respeito do trecho de Joan Garcia de Guilhade. c) Cantiga de maldizer. o sofrimento característico por amar uma dama inacessível. essa busca é inútil" Eu não desistia Porém. Embora tenha sido composto nos anos 70 do século XX. isto é. Manuel. para a rainha D. mas eu tenho na memória que para tão culta história nasceu mui baixo doutor e quer-se o demo meter. Leonor. mais sofisticada do que as cantigas trovadorescas. entre outros. popular. a filosofia.1533 Francisco de Sá de Miranda 1481 (?) . Os versos são de um ritmo espontâneo e a expressão torna-se fluente e natural.Florestas de Enganos. As suas crônicas representaram um salto qualitativo na prosa portuguesa. 1532 .Farsa de Inês Pereira. Gil Vicente a história. Conceito O humanismo foi um momento intelectual antecipador do Renascimento que se iniciou com o objetivo de revitalizar a cultura tradicional.O homem. c) O teatro de Gil Vicente (1465? 1537?) É envolvida em mistério a origem do principal poeta e dramaturgo do Humanismo português.Farsa Quem tem Farelos? 1508 .O Velho da Horta. 1512 . tornou-se a preocupação principal. tanto mundanas. 1536 . para a rainha D. com seus Sonetos à Laura. a idiossincrasia das classes sociais — clero. João III. 4. 1502 . Gil Vicente era um homem de seu tempo. com a Divina Comédia.Auto dos Reis Magos. Revelou. Deve ser lembrado que. 6. para D. o povo. A sua sátira social é inclemente. Tempo. 1503 .Auto da Lusitânia. O que se pode afirmar sobre o poeta é que legou a Portugal um acervo literário dramático excepcional. publicado em 1516. quanto religiosas. povo.1552 (?) Ludovico Ariosto 1474 . e Dante Alighieri. A sua concepção de crônica é crítica. Maria. fundamentada nos estudos humanísticos e no domínio das línguas clássicas latim e grego. Primeiramente foi um poeta. a trovar e escrever as portuguesas façanhas que só Deus sabe entender” A obra vicentina é um documento vivo de Portugal na primeira metade do século XVI (1502 . Peças nos idiomas português. ainda que se tenha desenvolvido em ambiente de corte. Ação Expressão: Medida velha . com coragem. Formas de expressão artística a) Poesia palaciana Mais elaborada. a despeito de suas violentas sátiras. Criou grandes tipos que se tornaram refletores da sociedade da época e que permanecem vivos até hoje. a poesia se separa da música. Fernão Lopes mudou a concepção da crônica. e que era orientador das festividades da corte. glória e fonte de energias ilimitadas. na câmara da rainha D. não perdoando qualquer classe: a fidalguia. Ilustres contemporâneos Leonardo da Vinci 1452 . 1517 .Auto da Visitação ou do Vaqueiro. Espaço. primitivo. b) Historiografia Considerado o mais importante cronista da época. em 1418. celebra o nascimento do príncipe D. É uma expressão teatral de moralidades. sem expressão crítica. de Garcia de Resende.versos redondilhos maiores e menores. que era baseada na compilação de fatos. a D. nobreza. para a rainha D.Auto da Barca do Inferno. 1509 . Fixou as tradições do povo português. Propôs um teatro alegórico. 1505 . os humanistas eram pessoas empenhadas numa reforma educacional.1558 2. Fixou em suas peças a transição entre a Era Medieval e o Renascimento que estava vivenciando. baseado nos estudos humanos que incluíam a poesia. Características O teatro de Gil Vicente é antes de tudo. Humanismo em Portugal Costuma-se associar o início do Humanismo em Portugal à nomeação de Fernão Lopes como Guarda-mor da Torre do Tombo. o clero. No entanto.Auto da Índia. rudimentar. em que as cenas são descontínuas. o tecelão das aranhas.Literatura aulas 4 e 5 humanismo SÉCULO XV INÍCIO DO SÉCULO XVI 1. Leonor. não deve ter conhecido a forma de expressão clássica do teatro. Leonor. Cronologia da representação de alguns de seus principais autos e farsas. espanhol e no dialeto popular saiaguês. geralmente justapostas entre si. não desprezava um elevado pensamento cristão. para a rainha mãe D. poeta dramático. Leonor. investigadora. Petrarca. 3. Manuel I. Neste período. Diz o poeta de si próprio no “Auto da Lusitânia” Licenciado: “— Gil Vicente o autor me fez seu embaixador. 45 RESUMO . mesmo sendo um homem atento ao seu tempo.1519 Bernardino Ribeiro 1482(?) . são dois grandes representantes desse movimento. 1523 .1536). Por conseqüência. a mais imparcial possível.Auto da Alma. possuidor da virtude. O conjunto dessas poesias nos chegou graças ao Cancioneiro Geral. Antropocentrismo . 5. outro na cama”. apesar de seu caráter satírico e hilariante. Narra a história de um velho. não fazendo referência a qualquer exemplo de valor positivo. da segunda. apesar das advertências: “Que peçonha Havei. A peça é fundamentada no seguinte mote: “Mais quero asno que me carregue. (FUVEST-modificada) Aponte a alternativa correta em relação a Gil Vicente. e lhe narra as dificuldades da viagem. d) A dramaturgia de Gil Vicente é o exemplo mais notável de teatro poético em língua portuguesa. que se apaixona por uma moça. mil choros. 2. que segue a conhecida lei das três unidades. capaz de recriar artisticamente a fala dos vários tipos que compunham o cotidiano lisboeta quinhentista. as mais ridicularizadas e as mais severamente punidas. Q. em que aparece um desfile de tipos característicos da sociedade da época: o fidalgo. de Gil Vicente. e) O teatro de Gil Vicente. com começo.” à falência através da esperteza e rapinagem de uma alcoviteira: Branca Gil. Todos os tipos sociais de Portugal quinhentista estão muito bem representados em suas peças que. c) Auto da Barca do Inferno Representado em 1517 (?). alegoricamente julgadas por um Anjo e o Diabo. escrita por nobres. d) Nele se inclui a prosa didática do século XV. pelo fato de: 46 . notase o espírito crítico próprio da mentalidade do Humanismo. e) Fernão Lopes foi o grande nome da historiografia portuguesa naquele período. deve ser visto como legítimo representante da mentalidade contra-reformista. metrificados e agrupados em estrofes têm a naturalidade e a espontaneidade da fala. a) É intricada a estruturação de suas cenas. d) A ênfase desta sátira recai sobre as personagens populares. 4. pelo moralismo cristão que o caracteriza. o frade. mil orações. a) Compôs peças de caráter sacro e satírico.7. má hora. O teatro de Gil Vicente é considerado rudimentar e primitivo. que antecipou as composições dramáticas de Luís Vaz de Camões. mas nos indivíduos que as tornam viciosas. capaz de recriar artisticamente a fala dos vários tipos que compunham o cotidiano lusitano quinhentista do campo e da cidade. O auto se define por ser um julgamento das almas após a morte. c) É complexa a crítica aos costumes da época. mulher adúltera. no Auto da barca do Inferno.. É enganado e lesado. 1.judeus casamenteiros 2. a) Gil Vicente é o primeiro e maior autor do teatro português. das mais bem estruturadas pelo autor. resgatando os ciclos dos cavaleiros medievais. São personagens principais: Inês Pereira Mãe Lianor Vaz . embora não tivesse a mesma habilidade quando se tratava da fala de personagens rurais. c) Nele se inclui o teatro vicentino. c) Escreveu novelas em prosa. entre outras coisas.. Quando o marido regressa. vergonha a cabo de sessenta anos que sedes já carantonha. Alguns dos seus principais autos e farsas a) Auto da Índia Representado em Almada. membros da justiça e representantes do povo. já que o autor é o primeiro a relativizar a distinção entre o Bem e o Mal. que cavalo que me derrube”. fazendo mil devoções. b) O moralismo vicentino localiza os vícios não nas instituições. embora derivadas de modelos formais medievais. b) Gil Vicente é o primeiro e maior autor do teatro português.” b) O Velho da Horta Esta farsa. a alcoviteira. Sua dramaturgia de molde clássico é composta em prosa brilhante.. e) Representa o melhor do teatro clássico português. por volta de sessenta anos. b) Produziu a poesia palaciana reunida no Cancioneiro Geral.A. desprezando o caldeamento de raças e de culturas de sua época. queimado pelo sol. obedecendo às leis das três unidades. c) O teatro de Gil Vicente apresenta as marcas da transição entre a cultura medieval e a renascentista. QUESTÕES COMPLEMENTARES 1. Seus versos rimados. e) A sátira é aqui demolidora e indiscriminada. publicado por Garcia de Resende. Gênero: sátira social.R. 3. que pende mais para a tradição clássica. que surpreendem o público com o inesperado de cada situação. Essa poesia já se encontra desvinculada da música. foi representada em 1512. Trata-se de um auto de moralidades. João III. Trai o marido sucessivamente com os rapazes “Um na rua. d) Escreveu peças exclusivamente em português. d) Farsa de Inês Pereira Representada em 1523. diante do rei D. Ama diz chorosamente: “e eu cá esmorecer. meio e fim. Assinale a alternativa incorreta sobre o Humanismo português: a) Caracterizou-se como uma fase de transição entre as tradições medieval e clássica. Ama. Da primeira. observa-se o uso de formas dramáticas como a do auto. engana seu marido enquanto este fez uma viagem à Índia.2º marido Latão e Vidal .alcoviteira Brás da Mata . em 1509..Escudeiro e 1º marido Pero Marques . b) Introduziu a lírica trovadoresca em Portugal. Sua dramaturgia de molde medieval é composta em prosa brilhante. Identifique personagens que. o agiota. apresentam a mentalidade crítica típica do Humanismo. (FUVEST) Indique a afirmação correta sobre o Auto da barca do Inferno. representam o maniqueísmo católico medieval e faça um breve comentário sobre o que representa cada uma delas. no Convento de Tamar. Assinale a alternativa correta sobre o teatro de Gil Vicente. desprezando os princípios da Idade Média. b) Seus personagens representam tipos de uma vasta galeria de estratos da sociedade portuguesa da época. são escritas no último momento de sua carreira. período de maturidade intelectual. . e) ter apresentado suas peças apenas para o povo. ANOTAÇÕES Para refletir: “Acredito que a técnica e a linguagem são instrumentos determinados pelo tema de um livro. c) Por viver em pleno Renascimento. b) ignorar a lei das três unidades. a) Sofre influência de Juan del Encina. apega-se aos valores greco-romanos. Gabriel Garcia) 47 Literatura a) apresentar linguagem mal-elaborada. como a Farsa de Inês Pereira. principalmente no teatro pastoril de sua primeira fase. início de sua carreira literária.’’ (MARQUES. sem pretensões poéticas. d) Um dos maiores valores de sua obra é ter contrabalançado uma sátira contundente com o pensamento cristão. (UM) Assinale a alternativa em que se encontra uma afirmação incorreta sobre a obra de Gil Vicente. c) desprezar a mímesis aristotélica. e) Suas obras-primas.3. d) utilizar apenas a farsa enquanto subgênero teatral. desleixada. de Luís Vaz de Camões. tais como Leonardo Da Vinci. ano da morte. É nesse ano também que Portugal passa ao domínio espanhol. o século XVI apresenta importantíssimos fatos históricos que colaboraram para a sua singularização na Era Cristã. Bernardim Ribeiro. pois nela se adotaram modelos artísticos da antiguidade greco-latina. distorcida. Acreditava-se que a época medieval não havia produzido nada de significativo em termos científicos e artísticos. trazendo consigo os novos ideais artísticos. – utilização de elementos da mitologia greco-latina. artísticas e históricas ocorridas no século XVI. fictícios). – uso da medida nova (é a expressão usada para se referir aos versos decassílabos que. Camões teria nadado para salvar os manuscritos de Os Lusíadas que trazia consigo a bordo. que escreveu Menina e moça. representa todo o povo português. que levariam a cultura européia a quase todos os cantos do mundo. – concepção do homem como medida de todas as coisas (antropocentrismo). ao final de oito anos sustentados por uma exígua pensão que o rei lhe dera. passando-se a traduzir inúmeras obras desse período. Michelangelo. explicada acima nas características clássicas. o bardo português De biografia um tanto incerta. destacando-se a Medicina. num hercúleo fôlego de 8. Estudou na última cidade. Apesar da injustiça do nome renascimento. quando esse afundou. Destaca-se o papel dos humanistas nesse processo. constituída de versos redondilhos menores . no mínimo.816 versos. Baseando-se num fato real (a viagem que o navegante lusitano fizera às Índias). Rafael Sanzio. Temos a Revolta Protestante. vale lembrar os nomes de Antônio Ferreira. foi lutar no norte da África. que nos deu os mais conhecidos artistas desse período. de que se livraria apenas em 1640. que se seguiu ao término da Idade Média (séculos VI-XV). Depois de curta vivência na corte. que representou um dos maiores cismas na existência da Igreja Católica. CLASSICISMO EM PORTUGAL Em 1527. lira. – imitação da Natureza (mimese). como fora comum na Idade Média. Temos as grandes navegações com a descoberta de novos continentes. No entanto.sete sílabas). onde perdeu o olho direito. o teatro de Gil Vicente. o poeta se envolveu com uma moça chinesa de nome Dinamene. LUÍS VAZ DE CAMÕES. podemos elencar as seguintes características clássicas: – predomínio da razão sobre a emoção. Fernão Mendes Pinto. liderada pelo religioso alemão Martinho Lutero. Conta-se que ambos estavam em um navio na foz do Rio Mekong. écloga. peça de acentuada inspiração clássica. autor da novela de cavalaria Palmeirim de Inglaterra. – retorno aos ideais clássicos greco-latinos. – valorização da vida em contato com a Natureza (bucolismo). etc. onde teria adquirido a vasta cultura que perpassa sua obra. – uso de formas clássicas (epopéia. Em 1570.Literatura aula 6 renascimento / classicismo CONCEITO E CONTEXTO HISTÓRICO Renascimento foi o nome dado ao conjunto de manifestações culturais. estudiosos que passaram a colocar o homem no centro de suas investigações. o nome renascimento cristalizou-se e virou uma convenção. Camões estava sendo tipicamente clássico ao escrever uma epopéia. Esquematicamente. Camões teria nascido por volta de 1525.102 estrofes em oitava rima (estrofes de oito versos com esquema rítmico ab ab ab cc). todos eles utilizando a medida nova. símbolo máximo da força guerreira do povo grego. Lembre-se das aventuras de Ulisses na Odisséia. o escritor Francisco Sá de Miranda retornou de uma viagem feita à Itália. em que se elaborou a filosofia tomista (São Tomás de Aquino). Além de Camões. em Portugal. Daí a origem do termo renascimento. maior autor renascentista português. talvez em Coimbra. Camões cria uma obra de excepcional valor. participando de várias expedições militares. Essa época também carrega a denominação de Classicismo. Durante o naufrágio. São 1. substituíram a medida velha.cinco sílabas e maiores . Donatello e Bramante.). Liberto. já está em Lisboa. gênero narrativo clássico que enaltece ou elogia a grandeza de um herói. o qual sempre representava um povo. ao qual mescla episódios míticos (e. protagonista de sua história. e não mais Deus. – paganismo (emprego de vários deuses como motivo artístico). pois Vasco da Gama. de Dante Alighieri. ode. O estudo do latim intensificou-se ainda mais. com a narrativa de viagens Peregrinação. o qual termina em 1580. autor de A Castro. como a Divina Comédia. que teria dado origem ao povo romano depois de fugir das ruínas de Tróia.OS LUSÍADAS Os Lusíadas são uma epopéia. Esse fato foi escolhido como o marco histórico para o início do movimento clássico em terras lusitanas. cantado pelos eternos versos de Virgílo. embrião da Química moderna. sendo que sua obra-prima seria publicada dois anos depois. No entanto. Nessa época. A POESIA ÉPICA DE CAMÕES . e em que se escreveram obras-primas da literatura. que ela fora uma “era de trevas”. 48 RESUMO . embarcou para as Índias. Foi preso em 1552 após brigar com um Camões funcionário real. sem se falar na arquitetura e pintura medievais. pois foi nessa época que surgiu a Alquimia. bem como nacionalista ao fazê-lo. ou então Enéias. essa visão da Idade Média é. e Francisco de Morais. Morreu em 1580. O berço de toda a revolução cultural do século XVI é a Itália. abrindo mão de sua curvilínea oriental. As ciências sofrem um grande avanço em termos de descobertas e invenções. portanto. talvez em Lisboa. Invocação (pedido de inspiração às musas Nereidas). CANTO III Vasco da Gama descreve a Europa e relata os acontecimentos dos reinados de Dom Henrique e Dom Afonso. bem como ao momento de afirmação histórica da cultura daquele povo. Leia a estrofe abaixo transcrita e responda ao que se pede: Cessem do sábio grego e do troiano As navegações grandes que fizeram. Traição do Catual (governador indiano). greco-romana. tal personagem representa os políticos conservadores do século XVI. a passagem pelo Cabo das Tormentas (em que surge o gigante Adamastor) e a passagem por Moçambique e Mombaça. Partida da ilha e chegada em Portugal. dentre as quais se destaca Tétis. CANTO VIII Paulo da Gama termina a explicação. A quem Netuno e Marte obedeceram. assim como em qualquer outra: – plano mítico: enfoca o diálogo e a discussão dos deuses no Olimpo (Vênus ajudando e Baco atrapalhando os portugueses). b) A expressão peito ilustre lusitano alude às tradições portuguesas. Considerações sobre o dinheiro e a ambição. o qual condenava a ambição desmedida dos lusitanos. o desembarque em Santa Helena. presente em Os Lusíadas. Cale-se de Alexandre e de Trajano A fama das vitórias que tiveram. – Velho da praia de Restelo (canto IV): ao partir de Portugal. que obriga os portugueses a lhe entregar peças de roupa que levavam a bordo. II e III. a morte de Dom João I. – plano histórico: viagem de Vasco da Gama. – Gigante Adamastor (canto V): representa os perigos do “mar tenebroso”. CANTO X Banquete às ninfas.Camões obedece à divisão clássica da epopéia: Proposição (apresentação do assunto). Gama termina seu relato. bem como o de Dom Dinis e Dom Afonso IV. é um recriação camoniana do ciclope Polifemo. Dedicatória (D. Súplica do capitão a Vênus para que essa acalme os mares. dada sua importância. num processo heróico de transcendência da natureza.A. Os Lusíadas constituem um dos maiores monumentos erigidos aos portugueses. onde os portugueses se encontram com as ninfas. Que outro valor mais alto se alevanta. CANTO VI Narração da festa aos portugueses oferecida em Melinde. passagem da frota por Moçambique e chegada em Mombaça. Narração (viagem) e Epílogo (conclusão). Chegada à Ilha dos Amores. esse episódio reflete a influência da Igreja Católica na escrita epopéia portuguesa. no verso 6. o capitão português relata a saída de Portugal. Destaca-se a história trágica de Inês de Castro e Dom Fernando. e é uma personificação do Cabo das Tormentas. A ilha é uma recompensa aos portugueses pelos seus feitos sublimes. O tripulante Veloso narra o episódio dos doze da Inglaterra.R. a batalha de Ourique. Sebastião. a invocação das musas e a dedicatória a D. o cerco de Guimarães. CANTO V Ainda narrando a história de seu país. espécie de globo que representa o sistema planetário segundo a visão ptolomaica (defendida então pela Igreja Católica). SÍNTESE DOS CANTOS CANTO I Temos a apresentação do assunto.. onde são bem recebidos. Profecia do futuro dos portugueses. que lança furiosa tempestade sobre a frota. Q. oposição de Baco e defesa de Vênus dos navegadores. 49 Literatura . Conclusão pessimista de Camões. que Ulisses cegou na A Odisséia. a navegação pela costa Oeste africana. Vasco da Gama é levado ao cimo de um monte. I – 3) 1. Sebastião). CANTO II Emboscada e perigo em Mombaça. e em que o rei pede a Vasco da Gama que conte a história de Portugal. literariamente. CANTO IV Vasco da Gama continua sua história com outros fatos de Portugal: a expedição a Ceuta. e de quem Camões não se esqueceu ao escrever sua obra-prima. é a união entre o homem (antropocentrismo) e a máquina (cientificismo). Episódios de destaque É bom que se destaquem alguns episódios de Os Lusíadas. avessos às conquistas ultramarinas. Descida de Baco ao mar para o congresso marinho. Partida de Mombaça e chegada em Melinde. Explicação de Paulo da Gama sobre as cores da bandeira portuguesa aos hindus. (Camões – Os Lusíadas. que vê sua pátria em decadência e lamenta o desprezo que o povo nutre pela arte. as conquistas na África. Desembarque e recepção do rei. Que eu canto o peito ilustre lusitano. e o episódio do velho da praia de Restelo. É importante perceber a existência de dois planos na epopéia de Camões. Cativeiro de alguns navegantes portugueses pelas mãos de maometanos. o capitão português recupera seus homens e suas fazendas de tecido. Maior epopéia da língua lusa. Sobre o texto acima transcrito. os desastres da guerra de Aragão. os lusitanos recebem uma má despedida de um estranho e nobre velho. que critica o abandono do país pelos seus homens. a qual na época defendia tal pensamento. Ajuda dos deuses. na saída da frota de Portugal. está incorreta a seguinte proposição: a) Um componente da cultura clássica. elevando sua obra ao nível das grandes epopéias da Antiguidade clássica. c) Ao mencionar Netuno e Marte. concílio dos deuses no Olimpo. Cesse tudo que a Musa antiga canta. e ainda os governos de Dom Sancho I. Descrição da Índia. CANTO IX Prendendo alguns mercadores hindus. o poeta evoca a mitologia greco-romana. – Ilha dos Amores (canto IX): a ninfa Tétis mostra a Vasco da Gama um simulacro do sistema planetário de que a Terra é o centro (teoria ptolomaica). CANTO VII Chegada a Calecute. bem como uma das maiores obras-primas da Humanidade. em que lhe é mostrada a “máquina do mundo”. ) Imitação dos autores clássicos. ) Relação de vassalagem entre o amante e a amada. O Classicismo português teve início. o esquema rimático da estrofe pautada. Camões pretendia eternizar o expansionismo ultramarino. sátiras e autos. onde havia estudado a cultura clássica. 3. como se sabe. Em Os Lusíadas. Assinale a alternativa incorreta sobre o Classicismo português. introduzindo suas características na literatura portuguesa. 2. Trata-se de: a) concepção da história nacional como uma seqüência de proezas de heróis aristocráticos e militares. c) cantar a pátria portuguesa é o centro de suas preocupações. é correto afirmar que: a) o verso utilizado para a composição dos sonetos é o heptassílabo. além de excelente dramaturgo. e) a mulher é vista em seus aspectos físicos. quando Sá de Miranda retornou da Itália. Uma dessas características está incorreta. realçando o orgulho humanista de autodeterminação e do avanço no domínio sobre a natureza. Humanismo (H) e Classicismo (C). (FUVEST-modificada) Sobre a poesia lírica de Camões. é AB AB AB CC. d) Camões é o grande poeta que representa esse momento histórico. em favor de uma ênfase mais objetiva na narração dos feitos lusitanos. sensuais. e) eliminação do pan-erotismo. e) Os versos utilizados por Luís de Camões são decassílabos. c) efabulação mitológica. isto é. despojada de espiritualidade. c) Produziu uma epopéia de relevo histórico: Os Lusíadas. b) Além de Camões. ) Poesia associada à música: cantiga.” (PESSOA. b) apologia dos poderes humanos. transformando os navegantes em heróis. sê inteiro: nada / Teu exagera ou exclui. têm dez sílabas poéticas e. ) Culto da beleza e da perfeição. 4. em 1527. 1. que afirmou Portugal como a grande potência européia do final século XII e início do século XIII. (VUNESP) Apontam-se a seguir algumas características atribuídas pela crítica à epopéia de Luís Vaz de Camões. ( ( ( ( ( ( ( ( ) Surgimento do teatro português. b) encontram-se sonetos. ) Resgate da epopéia como forma literária. ou seja. d) encontra-se uma fonte de inspiração de muitos poetas brasileiros do século XX. Os Lusíadas. como se vê. ele eterniza o expansionismo ultramarino português. existente em parte da lírica. 2. d) contraposição da experiência e da observação direta à ciência livresca da Antiguidade. aponte os itens que correspondam aos seguintes movimentos literários: Trovadorismo (T). QUESTÕES COMPLEMENTARES a) Teve início em 1527. Fernando.) 50 ANOTAÇÕES . contou com autores de qualidade como Bernardim Ribeiro e Bocage. odes.d) Ao mencionar as navegações perpetradas pelos portugueses. ) Presença da mitologia. e) Camões foi poeta lírico e épico. ) Valorização da historiografia. Da relação a seguir. A partir desta proposição. pergunta-se: a) Que acontecimento desse ano justifica o início desse movimento literário em Portugal? b) Aponte os gêneros literários predominantes nesse período. a redondilha maior. assim como das demais estrofes de Os Lusíadas. Para refletir: “Para ser grande. (FUVEST) Responda às seguintes questões sobre Os Lusíadas. defendendo os direitos de Inês. as falas de Inês de Castro e do Velho de Restelo têm em comum: Clássica. inseridos em Os Lusíadas. b) ambos são passagens históricas: o primeiro envolveu uma dama portuguesa e seu amor por um príncipe espanhol. 1. de Camões: a) Identifique o narrador do episódio no qual está inserida a fala do Velho de Restelo. favorável ao expansionismo. Q. b) representa as conquistas sociais e as transformações políticas implantadas por D. contemplava os laços diplomáticos e comerciais com países do Oriente. mas têm atitudes tão violentas e reprováveis. contrária ao expansionismo ultramarino. que também desejava a morte da espanhola. é possível afirmar que: a) o narrador em terceira pessoa interfere no relato e dá sua opinião favorável à morte de Inês. c) representa a classe conservadora de Portugal que. cumprindo os propósitos de modernização do país. c) são ambos referências míticas.Literatura aulas 7 e 8 exercícios – Camões – épico 1. Leia o texto abaixo transcrito e responda ao que se pede: Queria perdoar-lhe o Rei benigno. e) são ambos passagens históricas: o primeiro se verificou durante o reinado de D. 3. e) o narrador é imparcial e limita-se a relatar a morte de Inês. e) o emprego de uma linguagem simples e direta. e) representa o pensamento conservador de Portugal. pois essa era a vontade do povo. o segundo é uma alegoria da visão anacrônica da classe política portuguesa da época. Para ele. que custaria muitas vidas e exigiria um empreendimento financeiro significativo. adaptada pela imaginação lírico-religiosa do poeta. Manuel. ó peitos carniceiros. que pretendia satisfazer os portugueses ávidos de histórias de amor com desfecho trágico. Pedro. pela conhecida dinastia dos príncipes de Avis. b) o narrador refere-se à compaixão de D. Em seguida. d) o narrador emite sua opinião. foi o próprio amor que determinou o fim trágico da esposa de D. pode-se dizer que: a) o primeiro é uma passagem histórica que deixou marcas profundas na memória dos portugueses. pai de D. Contra ua dama. que não teve participação alguma na morte de Inês. Feros vos amostrais e cavaleiros? 2. foram criados a partir da tradição cultural ibérica como forma de divulgar o folclore português e firmar a alma lusitana diante dos demais países da Europa. no conjunto de Os Lusíadas. Afonso. cujo território essas personagens se recusavam a abandonar. o segundo é uma metáfora da politização da classe política da época. Seu ponto de vista fica claro. A respeito da estrofe que se acabou de ler. Movido das palavras que o magoam. Afonso. os principais valores que esse narrador representa. favorável ao expansionismo ultramarino. mas nada podia fazer. pois via em sua união com D. ao invés de conquistar o Oriente. Pedro uma possível aliança comercial entre Portugal e Espanha. De acordo com o que propõe Luís Vaz de Camões. que traria proventos para a coroa.R. o segundo é uma representação poética do pensamento conservador português. c) o narrador imprime sua visão regiocêntrica ao caracterizar o rei D. na significação geral de Os Lusíadas. quando alude aos portugueses como pertinaz povo. Mas o pertinaz povo e seu destino ( Que desta sorte o quis ) lhe não perdoam. Arrancam das espadas de aço fino Os que por bom tal feito ali apregoam. Pedro. em sua fala. que se contrapõe à solenidade do poema épico. contrário ao expansionismo ultramarino.A. apesar de ser contrário ao expansionismo ultramarino. isto é. enquanto o segundo é uma referência folclórica. aos valores definidos pelo Velho de Restelo. que também sofreu diante do drama de Inês. b) Compare. a) ausência de elementos de mitologia da Antiguidade QUESTÕES COMPLEMENTARES 51 . questiona os algozes que se mostram cavaleiros. Afonso como um homem benigno. d) representa o pensamento liberal português da época. d) o primeiro é uma criação dramática do poeta. d) a condenação enfática do heroísmo guerreiro e conquistador. contrário ao expansionismo ultramarino. resumidamente. pretendia focalizar sua capacidade diplomática e comercial em países do norte europeu. 2. o Velho de Restelo: a) representa o pensamento tradicional de Portugal que. c) a manifestação de apego a Portugal. Sobre os episódios de Inês de Castro e do Velho de Restelo. (FUVEST) Em Os Lusíadas. b) a presença de recursos expressivos de natureza oratória. onde lhe desvenda a máquina do mundo. ANOTAÇÕES Para refletir: ‘“Devemos ler não para compreender os outros. após o banquete. em 1102 estrofes. o mesmo esquema de rima. Tétis conduz o capitão ao ponto mais alto da ilha. portanto a meio da viagem. Emile) 52 .” (CIORAR. mas para entender a nós mesmo. musas do Rio Tejo. 4. é incorreto afirmar que: a) quando a ação do poema começa. c) na Ilha dos Amores. b) na invocação. o poeta dirige-se às Tágides. (MACKENZIE) Sobre Os Lusíadas. e) é composto em sonetos decassílabos. mantendo. Explique os dois planos de organização da matéria na estrutura de Os Lusíadas. as naus portuguesas estão navegando em pleno Oceano Índico.3. d) tem como núcleo narrativo a viagem de Vasco da Gama a fim de estabelecer contato marítimo com as Índias.
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