Digitalizado porEditado por Tradução Degmar Ribas Júnior CB4D Rio de Janeiro T TAÂ 1. Um dos filhos de Efraim e ancestral epônimo dos taanitas, um dos clãs da tribo de Efraim (Nm 26.35). 2. Um dos antepassados de Josué, o filho de Num (1 Cr 7.25). TAANAQUE Uma cidade cananita nos montes, ao sul do vale de Jezreel, situada em Tell Ta‘annak. Sua posição elevada sobre uma das entradas para o vaie ocasionou seu primeiro aparecimento nos registros históricos. Os comandantes de Tutmósis III sugeriram sua passagem como uma abordagem alternativa para atacar Megido, oito quilômetros a noroeste (ANET, p. 235), Mais tarde, ela aparece como uma das cidades conquistadas por Tutmósis (N"42, ANET, p. 243) e na lista deguerreiros em carros recebendo rações no Egito. Muros maciços do período do Início da Idade do Bronze em Taanaque, JR Doze tábuas cuneiformes no idioma acádio foram encontradas por Sellin em 1903-04 em Tell Ta‘annak. Duas delas são cartas de um certo Amenotep instruindo o governante de Taanaque a enviar homens e suprimentos, primeiro para Gaza, e então para Megido, Seu texto e sua linguagem sugerem fortemente uma data iniciai no reinado de Amenotep II. Uma carta de Amama testifica que os homens de uma cidade, que alguns estudiosos lêem como Taanaque, haviam roubado e saqueado um rei vizinho (EA 248.14). O rei de Taanaque foi derrotado por Josué (Js 12.21). Embora ela ficasse na herança de Issacar, seu território foi transferido para Manassés (Js 17.11; 1 Cr 7.29), que falhou em conquistar a cidade até algum tempo depois (Jz 1.27; cf. 5.19), Os ievitas coatitas fixaram residência na própria cidade (Js 21.25), o que pode explicar porque ela tornou-se um centro importante no quinto distrito administrativo de Salomão (1 Rs 4.12). Sisaque do Egito citou Taanaque (N® 14) como uma das cidades conquistadas por ele em sua passagem pelo vale de Jezreel, em aprox. 926 a.C. A. F. R. O professor Ernest Sellin de Viena conduziu três campanhas arqueológicas neste local (1902-04), encontrando várias ruínas cananitas e israelitas. Mas este trabalho foi feito antes dos dias da arqueologia científica. Começando em 1963, uma série de três campanhas (também 1966,1968) foi empreendida por uma equipe conjunta de Coneérdia-ASOR, dirigida por Paul W, Lapp. As escavações mostram que a ocupação começou em Taanaque com uma cidade bem planejada e grandemente fortificada na Idade do Bronze Inicial. Foi uma cidade ativa e próspera de 2700 até, talvez, 2400 a.C. Taanaque tornou-se próspera novamente durante o período hieso dos séculos XVII a XVI a.C. Ela possuía típicas fortificações hícsas inclinadas, e uma grande casa de um homem nobre (o Edifício Oeste) medindo 23 por 20 metros com muros de 1,3 metros de espessura. A ocupação continuou provavelmente até a época de Tutmósis III, quando a cidade parece ter sido destruída (em aprox. 1479 a.C.). Os cananeus, porém, reconstruíram-na sem demora, e é a este período que pertencem as tábuas cuneiformes. Uma tábua adicional foi descoberta em 1968. O local parece ter tido pouca importância durante a era Amama (meados do século XIV) até o século XII a.C. Algumas descobertas muito interessantes foram feitas em conexão com uma construção do século X, a qual Lapp chama de “Estrutura Sectária” ou “Altar'". Aqui Sellin havia desenterrado uma plataforma de terracota com aprox. 90 cm ae altura contendo figuras de animais, uma cobra e uma árvore da vida em relevo ornamental. Ele a chamou de altar de incenso. Mas um altar semelhante encontrado em 1968 (BASOR #195, fig. 29) não mostra qualquer evidência de fogo ou incenso; portanto Lapp acredita que estes altares tennam sido utilizados para libações. A sua expedição também descobriu 108 estatuetas antropomórfieas de barro, muitas do tipo Astarte, tanto do século XV como do século XII a.C. A cidade foi evidentemente destruída uma vez mais pelo exército de Sisaque em sua campanha de 926 a.C. Depois disso, ela foi parcialmente povoada durante a monarquia israelita e os períodos persas, A sua história de ocupação por todo o AT é um paralelo muito próximo à ocupação de Megido. ' 869 TAANAQIIE Bibliografia. Albert E. Glock, “A New Ta‘annek Tablet”, BASOR #204 (1971), pp. 17 30. Carl Graesser, Jr., “Taanach”, BW, pp. 556563. Paul W. Lapp, “The 1963 Excavation at Ta‘annek”, BASOR #173 (1964), pp. 4-44; “The 1966 Excavations.BASOR#185 (1967), pp. 2-39; “The 1968 Excavations...”,BASOR#195 (1969), pp. 2-49; “Taanach by the Waters of Megiddo”, BA, XXX (1967), 1-27, J. R. TAANATE-SILÓ Uma cidade ou região situada na fronteira nordeste de Eframi, entre Micmetate e Janoa (Js 16.6). A sua identificação mais antiga é encontrada no Talmude (Zebahím 1186), que interpreta a frase como “lamentação de Siló”, e a considera como uma faixa do território efraimita que se estendia até Benjamim e incluía Siló. Por outro lado, tanto Eusébio como Jerônimo a consideravam uma cidade chamada Tena, dezesseis quilômetros a leste de Neápolis (Nabulus) na estrada para o Jordão. Plínio também menciona uma cidade chamada Tena em Samaria. Desse modo, o local tem sido identificado como a moderna Khirbet Ta‘nah el-Foqa, onze quilômetros a sudeste de Siquém. Ela está situada sobre uma montanha que poderia ter servido como uma fortaleza guardando a cidade de Siquém, Este nome pode significar “aproximação a Siló”. TAAS O terceiro filho de Reumá, a concubina de Naor, irmão de Abraão (Gn 22.24). TAATE 1. Um levita, o filho de Assir, que é mencionado entre os descendentes de Coate (1 Cr 6.24,37). 2 e 3. Dois dos descendentes de Efraim. Se a passagem em 1 Crônicas 7.20ss. for entendida como uma genealogia de Josué, então Taate é filho de Berede e avô de uma pessoa que tem o mesmo nome, Se esta passagem for tratada como uma lista dos filhos de Efraim, então a segunda menção de Taate é aparentemente uma repetição. De modo geral, a primeira parece preferível. 4. Um dos acampamentos durante a peregrinação de Israel no deserto (Nm 33.26ss.), cuja localização é atualmente desconhecida. TAJBAOTE O líder de uma família de servidores do Templo que retornaram do exílio com Zorobabel (Ed 2.43; Ne 7.46). TABATE Um lugar na rota da perseguição de Gideão aos mídianitas depois de sua vitoriosa estratégia em Jezreel (Jz 7,22). Ela tem sido identificada com Ras Abu Tabat em Gileade, oito quilômetros a leste do Jordão, e 16 quilômetros a norte de Sucote. TABEALO nome aramaico Tabeal pode ser traduzido como “Deus é bom”. As versões que 1870 TABEBNÁOJLO trazem o termo Tabeal (Is 7.6) refletem a anotação masorética, mudando o significado para “não é bom”, uma tradução limitada ao primeiro dos dois que possuíram este nome. 1. O “filho de Tabeal" fez parte do contexto da guerra siro-efraimita contra Judá. Os aliados, Peca de Israel e Rezim da Síria, haviam se unido a outros para formar uma frente comum contra a grande ameaça daqueles dias, a Assíria, Para fortalecer sua posição, eles desejaram acrescentar Judá à aliança, mas Acaz, rei de Judá, recusou. Ele já havia determinado salvar a si mesmo e sua nação fazendo um acordo com os assírios. A fim de forçar Judá a entrar na aliança, Israel e Síria foram à guerra contra Acaz, planejando, quando tivessem conquistado o país, colocar o “filho de Tabeal” sobre o trono como uma marionete voluntária. O plano fracassou e o filho de Tabeal desapareceu da história (Is 7.1-6). Não há uma identificação precisa deste homem. Alguns têm suposto que ele seja Zicri, um efraimita que matou o filho de Acaz na batalha (2 Cr 28.7), embora não pareça haver qualquer razão para tal conjectura. Pelo fato de uma carta assíria (de aprox. 730 a.C.) de Calá mencionar um pequeno distrito de Tabel (Tabilaya) no norte aa Transjordânia ou no sul da Síria, tem sido sugerido que ele pode ter sido o fdlio de Uzias e de uma princesa de Tabel, e assim teria uma certa legitimidade para ser rei (W. F. Albright, BASOR #140 [1955], pp. 34ss.). Porém, Tabel teria sido o nome de uma província na administração assíria da Transjordânia conquistada, e não a de um estado político independente. É provável que ela tenna tomado este nome da família de Tabeal que, anteriormente, havia governado a região sob a autoridade do rei Uzias de Judá (B. Oded, “Assyrian Rule in Transjordan”, JNES, XXIX [1970], 180). 2. Um oficial persa na Palestina que tentou parar a reedífieação do Templo. Com outros, ele escreveu uma carta ao rei Artaxerxes acusando os judeus de rebelião, o que levou a uma ordem real de suspender o trabalho (Ed 4.7). P.C.J. TABERA Um local desconhecido no itinerário dos israelitas logo após terem deixado o monte Sinai em sua viagem para Cades. Como um juízo contra o povo, por terem murmurado a respeito de seus infortúnios, é dito que o fogo do Senhor desceu entre eles e consumiu algumas partes distantes do arraial. O lugar foi consequentemente chamado de Taberá (“queima”) porque o fogo do Senhor ardeu entre eles (Nm ll.lss.). Taberá é mencionada em uma associação com Massá e QuibroteHataavá no segundo discurso de Moisés como lugares em que os israelitas provocaram a ira do Senhor (Dt 9.22), No entanto, ele é omitido do itinerário em Números 33. TABERNÁCULO O Tabemáculo (heb. ohel TABERNÁCULO TABERNÁCULO Modelo de Shick do Tabemáculo, MPS e míshkan ) era o lugar onde o Senhor habitava e se encontrava com seu povo depois do êxodo do Egito, Ele posteriormente se tomou 0 protótipo dos templos judeus subseqüentes, A fonte de informação mais completa sobre o Tabemáculo é Êxodo 25-28, onde estão prescritas, nos mínimos detalhes, instruções para a construção do santuário e sua mobília. O texto em Exodo 35-40 descreve a execução da tarefa de construir a estrutura. Uma vez que o Tabemáculo era o modelo para os templos subseqüentes, as especificações dadas em 1 Reis 6; 2 Crônicas 3^1 são uma ajuda para que se entenda sua função e certos detalhes, bem como Ezequiel 41—43. Fora das Escrituras, a principal fonte de informação é Josefo, que em sua descrição dos edifícios sagrados dos judeus iAnt. iii. 6.2-7,7) repete, essencialmente, as afirmações do AT, Estrutura O plano térreo do Tabemáculo mosaico pode ser entendido com razoável certeza. As principais características eram as seguintes: O átrio. O átrio era um espaço fechado de 100 por 50 côvados em tomo ao Tabemáculo, que ficava na metade oeste do pátio. Os ladps maiores estavam diante do norte e do sul (Ex 27.9-19; 38.9-20), Este espaço ficava fechado por uma cerca cuja estrutura consistia de pilares de madeira de acácia com cinco côvados de altura (Êx 27.18). A parte inferior era presa por bases ou placas de bronze, evidentemente deitadas sobre o solo. Estas bases tinham um furo para receber o encaixe que fi- cava na extremidade inferior de cada coluna. As colunas eram estabilizadas por cordas e pinos, e possuíam ganchos revestidos com prata, e braçadeiras de prata, chamadas de vergas, faixas ou molduras, em volta do istmo. Sobre esta cerca eram penduradas cortinas de “linho fino torcido”, costuradas extremidade com extremidade de modo a formar uma tela contínua desde a porta de entrada, contornando todos os cantos e chegando novamente até à porta. A cortina para a porta ficava no meio da extremidade oriental. Seu tamanho era de cinco côvados de altura e 20 côvados de comprimento. Entrava-se no átrio levantando esta cortina pela parte de baixo. Na metade leste do átrio ficava um altar, chamado altar de “bronze” (ou cobre), por causa do material de revestimento, ou de altar das ofertas queimadas, por causa do tipo principal de sacrifício que nele se oferecia (Ex 27.1-8; 38.1-6). Veja Altar. Entre o altar e a porta do Tabemáculo ficava a pia de bronze (Êx 30.17-21; 38.8; 40.30-32). Quando no arraial, o Tabemáculo era cercado por duas séries de tendas. Os levitas compunham a primeira, e as 12 tribos a segunda, três tribos acampando em cada lado (Nm 2.1-3.39). O Tabemáculo. O Tabemáculo era composto por duas partes, o Tabemáculo em si (heb. mishkan, referindo-se à armação de madeira e às cortinas de linho) e a tenda (heb. ’ohel, que algumas versòes.chamam de “tenda sobre o Tabemáculo”, Êxodo 26.7). O Tabemáculo propriamente dito era feito 1871 TABERNÁCULO de placas ou tábuas de madeira de acácia, com dez côvados de comprimento e um côvado e meio.de largura, revestido com folhas de ouro (Êx 26.16), Cada parede lateral consistia de 20 tábuas, e cada tábua possuía dois encaixes em sua parte inferior para se ajustar à base. Oito placas formavam a parte de trás; seis eram idênticas em tamanho àquelas dos lados, e duas tinham um côvado e meio de largura. A fim de manter estas tábuas no lugar, três séries de travessas (ou barras), feitas de acácia revestida com ouro, passavam através de argolas posicionadas do lado de fora das tábuas (Ex 26.26-29; 36.31-34). Uma outra opinião da construção do edifício do Tabemáculo, defendida por A. R. S. Kennedy, vê a armação de madeira como consistindo de painéis de armação ou estruturas abertas, e não tábuas sólidas. Uma vez que as árvores de acácia usadas para a madeira não crescem em abundância na península do Sinai, não seria possível obter nenhuma tábua com 27 polegadas (um côvado e meio) de largura. Mas painéis abertos poderíam ser facilmente feitos. Eles permitiríam que as cortinas de linho com seus querubins bordados fossem vistas ao serem drapejadas sobre a estrutura. Um exemplo de construção de um painel como este pode ser encontrado na parte mais interior de quatro santuários funerários concêntricos de madeira enfeitada sobre os sarcófagos do Faraó Tutancamom (de aprox. 1390 a.C.). Ele era feito de um conjunto de painéis de madeira desmontáveis, com pinos móveis mantê-los juntos. Um véu ou dossel de Íiara inho decorado com minúsculas rosáceas de ouro cobria o segundo santuário. Algumas versões (Ex 26.15-25, “armações” ou “tábuas”) adotaram esta explicação, que é aceita por D. W. Gooding e E. Laird Harris (“Archaeology and the Wilderness Tabernacle”, Bulletin of the Near East Arckaeological Society, VII [1964], 3-4). E bastante provável que a estrutura fosse mantida com cordas, sendo que uma extremidade era presa aos botões de cobre usados em ligação com o pano da tenda, e a outra extremidade era presa aos pinos que eram fixados no chão. O telhado consistia de uma cobertura interna de lonas de pêlos de cabra. O material era tecido em 11 pedaços, cada um com 30 côvados de comprimento e quatro côvados de largura (Êx 26.7-13; 36.14-18). A tenda estendia-se or um côvado sobre os lados, permitindo uma obra extra na parte dianteira e sobrepondo a parte de trás (Êx 26.9,12). De acordo com Êxodo 26.14 e 36.19, coberturas adicionais para a tenda foram feitas de peles de carneiro tingidas de vermelho e de peles de doninha on dugongo {veja Animais V.4). O telhado era erguiao por postes, sendo que um deles era a extensão da ombreira central da porta. 1872 TABERNÁCULO A entrada para o Tabemáculo era parecida com a do átrio. Era fechada por uma tela que era apoiada por cinco colunas cobertas com ouro (Êx 26.36,37; 36.37,38). O interior do Tabemáculo era decorado com cortinas. Uma dignidade em especial era conferida a estas dez cortinas de linho fino torcido, sobre as cortinas da porta, por sua bordadura de “querubins... de obra esmerada” (Êx 26.1; 36.8) ao invés do simples rendilhado das cortinas da porta. O Tabernáculo em si era dividido em dois compartimentos, o Lugar Santo e o Santo dos Santos. Se as proporções destas áreas eram análogas no Tabemáculo e no Templo, então o Santo dos Santos era quadrado, e o Santo Lugar era duas vezes mais longo que sua largura. Estes dois compartimentos eram separados or um véu (heb. paroket). O véu era feito os mesmos materiais da tela da entrada, exceto por ser bordado com querubins. Geralmente acredita-se que havia dois com suas asas estendidas tocando um no outro (Êx 26.31-33; 36.35,36). A mobília. A mobília era colocada tanto dentro do átrio como do Tabernáculo. As peças eram as seguintes; 1. O altar aas ofertas queimadas encontrava-se na metade leste do átrio (Êx 27.1-8; 38.17). Ele era uma estrutura oca de madeira de acácia, quadrado em sua base, de cinco côvados de cada lado, e três côvados de altura. Era revestido de cobre ou bronze. Cada um dos cantos superiores possuía uma extensão triangular no formato de um chifre. A meio caminho do altar havia uma saliência (“rebordo” ou “cercadura”). Abaixo dela, havia uma grelha de bronze em forma de rede ao redor dos quatro lados, que permitia que o sangue do sacrifício fosse derramado e aspergido ou salpicado contra a base do altar através da rede (Êx 29,12,16). Por meio de uma argola em cada um dos quatro cantos da grelha, o altar poderia ser transportado utilizando-se varais. Aparentemente, o altar não possuía uma parte de rima, porque esta não é mencionada, ao passo que a tampa do altar de ouro é especificamente mencionada. Consequentemente, alguns têm sugerido que a estrutura oca era preenchida com terra. A outra alternativa é presumir que o sacrifício era queimado no solo, dentro do altar, que funcionava como uma espécie de incinerador. Os utensílios usados no serviço do altar eram feitos de bronze ou cobre e incluíam recipientes e pás para remover as cinzas, bacias para o sangue do sacrifício, garfos e braseiros nos quais o fogo era carregado quando o arraial estava de mudança. Nunca era permitido que o fogo neste altar se apagasse. 2. Entre o altar e a porta do Tabemáculo era colocada uma bacia (ou pia) de cobre ou bronze (Êx 30.17-21; 38.8; 40.30-32). Era uma TABERNÁCULO grande bacia sobre um “suporte” ou “base” de cobre. A bacia era feita dos espelhos de bronze das mulheres que ministravam (Êx 38.8; veja Espelho). Ela continha água para as abluções dos sacerdotes. As Escrituras não nos contam nada sobre seu tamanho ou forma, Na verdade, ela também é omitida das instruções de marcha descritas no texto hebraico de Números 4, mas é mencionada na LXX. A omissão provavelmente não tem nenhuma importância, já que todas as outras partes do Tabernáculo possuem instruções detalhadas para o transporte. 3. A mesa da proposição ÍNm 4.7; 2 Cr 29.18) ficava no Lugar Santo (Êx 25.23-30; 37.1016). Ela era colocada no norte ou à direita de quem entrava, e ficava em frente ao castiçal (Êx 40.22). A mesa era feita de madeira de acácia coberta de ouro puro, e tinha dois côvados de comprimento, um côvado de largura, e um côvado e meio de altura. A parte superior da mesa descansava sobre uma armação, e em volta dela havia uma “coroa5' ou “moldura” de ouro, projetando-se sobre a parte de cima para impedir que os objetos caíssem dela. Havia argolas em cada canto para possibilitar seu transporte. Sobre a mesa eram colocados os pães feitos de flor de farinha (sem fermento) - 12 pães ou bolos assados, cada um contendo um quinto de efa de farinha. Estes bolos eram renovados todo sábado para serem consumidos apenas pelos sacerdotes (somente no santuário). A tarefa da preparação dos pães foi atribuída aos levitas (1 Cr 9.32). Para cada pilha de bolos era adicionado incenso, muito provavelmente em travessas que eram colocadas ao lado dos pães, “por oferta memorial; oferta queimada é ao Senhor” (Lv 24.5-9). Veja Pão da Proposição. Na ministração da mesa da proposição, eram usados três tipos de utensílios de ouro: pratos rasos, que provavelmente eram empregados para carregar os pães para a mesa e para retornar dela, e possivelmente para conter os pães enquanto estavam na mesa; colheres, ou talvez taças, provavelmente para o incenso (Lv 24.7); e jarras e travessas, talvez para o vinho. 4. O castiçal ou candelabro (heb. minora) encontrava-se ao sul ou do lado esquerdo do Lugar Santo, diretamente do lado oposto à mesa da proposição (Êx 40.24). Os detalhes da construçãovcom exceção de seu tamanho, são dados em Êxodo 25.31-40; 37.17-24. Um talento inteiro de ouro puro foi usado na construção do castiçal e seus utensílios. As diferentes partes eram de “obra batida55, isto é, folhas marteladas. Ele consistia de um pedestal, uma haste e três tubos que se projetavam de cada lado da haste. A haste e os tubos acabavam em bases dentro das quais sete lâmpadas eram colocadas. A decoração do castiçal era bastanto elaborada. O castiçal de sete tubos do Templo de Herodes foi TABERNÁCULO aparentemente feito de forma a lembrar o do Tabernáculo, como mostrado no relevo no Arco de Tito em Roma, onde foi tomado como um troféu de guerra depois de 70 d.C. A forma do castiçal de ouro visto por Zacarias em visão era bem diferente (Zc 4.2). Um vaso no topo fornecia azeite para as suas sete lâmpadas, cada uma das quais possuía sete bicos de pavio conforme o padrão das lâmpadas de cerâmica com sete bordas encontradas nas tumbas do segundo milênio a.C. em Dotã e em outros lugares. Veja Lâmpada. As lâmpadas eram abastecidas com azeite puro batido (Êx 27.20). Elas eram acesas na hora do sacrifício da noite (Êx 30.8), e apagadas, preparadas e enchidas na hora do sacrifício matinal (Êx 30.7; 1 Sm 3.3). Espevitadeiras e apagadores eram os utensílios pertencentes ao serviço do castiçal (Éx 25.38) . Estes também foram feitos do mesmo ouro usado na construção do castiçal (Êx 25.38) . As espevitadeiras ou pinças eram usadas para ajustar o pavio e para segurá-lo enquanto se soprava para acender a lâmpada. Os apagadores eram bandejas para conter as espevitadeiras e pedaços de pavio aparados, tais como os braseíços usados para carregar as brasas do altar (Êx 27,3; Lv 16.12). 5. O altar do incenso ocupava o espaço central no Lugar Santo, próximo e em frente ao véu que levava ao Santo dos Santos (Êx 30.16; 37.25-28; 40.5; Lv 16.18). No entanto, era contado como pertencendo ao Santo dos Santos (1 Rs 6.22; Hb 9.4), talvez por conta de sua grande santidade. Era uma caixa simples de madeira de acácia com dois côvados de altura, um côvado de largura e um côvado de comprimento, com umaparte superior semelhante à do altar das ofertas queimadas (os cantos superiores tinham cnifres que se projetavam). O altar inteiro era coberto de ouro. Possuía uma bordadura em volta da parte superior, e argolas e varais para que fosse transportado. Nenhum utensílio especial era usado em sua ministraçâo. Nenhum sacrifício era oferecido nele, sendo reservado exclusivamente para queimar incenso a cada manhã e a cada anoitecer. Veja Incenso. 6. A arca, às vezes chamada de arca da aliança, arca do eopcerto (Nm 10.33) ou arca do testemunho (Êx 25.22), era a única peça de mobília que se encontrava no Santo dos Santos. A arca era feita de madeira de acácia com dois côvados e meio de comprimento, um côvado e meio de largura e um côvado e meio de altura, e revestida de ouro puro por dentro e por fora. Havia também uma borda de ouro que se estendia sobre a parte superior da arca para impedir que a tampa se movesse. A arca possuía argolas de ouro em cada lado para que pudesse ser transportada. Veja Arca da Aliança. A arca tinha uma tampa chamada de propiciatório ou cobertura (Êx 25.20,22). Ela era 1873 TABERNÁCULO TABERNÁCULO idêntica em comprimento e largura à arca, e era de madeira de acácia coberta com ouro. Veja Propiciatório. Nas extremidades da tampa estavam colocados dois querubins, provavelmente de ouro batido como era o castiçal. Estes querubins (q.u.) muito provavelmente tinham uma forma humana, com a exceção de suas asas, embora alguns estudiosos entendam Ezequiel 1,5-14 como uma descrição geral de sua aparência. Eles são sempre retratados como estando em pé (2 Cr 3.13), e com as faces voltadas um para o outro, olhando para o propieiatójio com as suas asas estendidas por cima (Êx 25.20; Dt 32.11). Era entre estes querubins que habitava a glória do Senhor (Êx 25.22; cf. Êx 40.34,35; Lv 16.2). Esta era uma manifestação visível da presença do Senhor entre seu povo. Pelo fato da arca ser o lugar da habitação divina, nenhum homem comum podia comparecer diante do propiciatório, e nem mesmo o sumo sacerdote podia comparecer diante da arca por sua própria conta ou sem o sangue do sacrifício. A penalidade por fazê-lo era a morte. Dentro da arca eram mantidas as duas tábuas de pedra sobre as quais Moisés copiou os De2 Mandamentos (Ex 31.18; 34.29; Dt 9.10,11; 10.1-5); uma cópia da lei escrita por Moisés, provavelmente contendo todo o Pentateuco - talvez aquele que foi reencontrado nos dias de Josias (2 Rs 22.8); um vaso de ouro cqm o maná miracul os amente preservado (Ex 16.33,34); e “a vara de Arâo, que tinha florescido” (Hb 9.4; cf. Nm 17.10). O Cuidado com o Tabernáculo As instruções para o cuidado do Tabemáeulo são dadas em Números 3.25-4.33; 7.3-9; 10.17,21. Quando o Tabernáculo tinha que ser ajustado para ser transportado, os levitas coatitas eram encarregados da tarefa de desmontar a estrutura. Eles deveriam cobrir a mobília com peles de texugo (Nm 4.6) ou doninha. A única peça de mobília nâo mencionada é a bacia de bronze, talvez porque ela era carresem a cobertura. fada 'endo terminado as preparações, os coatitas carregavam a mobília, enquanto os gersonitas tinham a atribuição da tapeçaria do Tabemáculo. Os meraritas eram encarregados do cuidado das travessas, colunas, bases, pinos e cordas do Tabernáculo. História A data para a introdução do Tabernáculo variará com a data que se aceita para o êxodo (veja Êxodo, O). O Tabernáculo foi montado no Sinai no primeiro dia do primeiro mês do segundo ano (Êx 40.2,17), isto é, 14 dias antes da celebração da Páscoa no primeiro aniversário do Êxodo. Quando os israelitas recomeçaram sua viagem, seis carros carrega1874 ram todas as coisas exceto a arca e os dois altares (Nm 7). Antes de deixar o Sinai, o altar da oferta queimada e os utensílios de ouro e prata foram consagrados. O Tabernáculo havia permanecido levantado no Sinai por 50 dias (Nm 10.11). Do Sinai até Canaã se passaram mais 39 anos. Destes, quase 38 anos foram passados em Cades. Os sacrifícios comuns não foram oferecidos durante este período (Am 5.25). Pouco está registrado a respeito destes anos, e poucas menções são feitas com relação ao Tabernáculo, exceto que a arca da aliança precedeu a multidão de Israel quando marchou (Nm 10.33-36). Quando Israel finalmente entrou na terra de Canaã, uma das primeiras considerações foi encontrar um lugar de descanso para o Tabemáculo. Este deveria ser um lugar que não houvesse sido habitado e que estivesse livre da contaminação das sepulturas humanas. Tal lugar foi encontrado em Gilgal (Js 4.19; 5.10; 9.6; 10.6,43). Gilgal, porém, nunca foi considerado um local permanente. A questão de um local permanente foi uma questão de ciúme intertribal, e foi enfim fixado pela remoção do Tabernáculo para Siló (Js 18.1). Siló ficava no território de Efraim, e estava convenientemente localizada para o comparecimento dos adultos do sexo masculino nas três festividades anuais. Enquanto permaneceu em Siló, o Tabernáculo parece ter ganho alguns acessórios mais permanentes, como por exemplo pilares (1 Sm 1.9), que o levaram a ser chamado de “templo” (1 Sm 1.9; 3.3). Durante os primeiros anos de Samuel, rompeu novamente a guerra com os filisteus. Em um conselho de guerra foi proposto que a arca da aliança fosse levada para a zona de guerra, em uma tentativa de assegurar a vitória. Os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias, carregaram a arca, e ela chegou ao arraial com gritos que foram ouvidos no arraial do inimigo. Nâo era mais no Senhor que os israelitas estavam confiando para alcançar a vitória, mas em uma arca material que se tornara a esperança de Israel. O episódio terminou em um desastre. A arca foi capturada, os filhos de Eli foram mortos, e Israel foi disperso (1 Sm 4.1-11). O Tabernáculo, porém, não parece ter sido tomado, e não se conhece ao certo a data da destruição de Siló (veja Siló). A arca logo foi restituída a Israel pelos filisteus, e permaneceu em Quiriate-Jearim por vários anos. O Tabernáculo foi transferido para Nobe (1 Sm 21.1ssJ, e ali permaneceu até o massacre dos sumos sacerdotes de Nobe por Saul (1 Sm 22.1ss.). Subseqüen tem ente, ele foi transferido para Gibeão (1 Cr 16.39; 21.29). Gibeão ficava a 10 quilômetros de Jerusalém e a 11 quilômetros de Betei. Depois que Davi conquistou Jerusalém, ele TABERNÁCULO TABERNACULO preparou um lugar para a arca de Deus e armou uma tenda em Sião para imitar o Tabernáeulo em Gibeão (2 Sm 6.17ss.; 1 Cr 16.1), Ali deve ter havido um altar, visto que ofertas queimadas e ofertas pacíficas sào registradas. Enquanto isso, a arca foi trazida de Quiriate-Jearim. Ela permaneceu por três meses na casa de Obede-Edom. A arca foi então carregada para dentro do Tabernáeulo davídico, de forma que havia agora dois tabernáculos, um com o Tabernáeulo e o altar originais, e um outro com a arca original, Ambos, porém, foram suplantados pelo Templo de Salomão. De todos os materiais no Tabernáeulo original, apenas a arca foi incorporada ao Templo. O Tabernáeulo foi finalmente levado para Jerusalém, e mantido como uma relíquia no Templo (1 Rs 8.4). Ao todo, o Tabernáeulo teve uma história de aproximadamente 500 anos (1 Rs 6.1). Importância Falando com bastante franqueza, a exata natureza da importância do Tabernáeulo é um assunto discutido. Anteriormente, alguns haviam argumentado que cada detalhe, até mesmo os pinos usados para segurar a tenda da congregação, eram da máxima importância. Em resposta a esta excessiva tipologia, o pêndulo pendeu para a outra direção. Tanto um extremo quanto o outro parecem estar incorretos, pois o NT claramente ensina que o Tabernáeulo fala tipologicamente de Cristo (Hb 9.23,24). O Tabernáeulo, então, é significativo sob os seguintes aspectos: 1. Ele era um retrato da realidade celestial (Hb 9.23,24). 2. O Tabernáeulo era a tipificação da Igreja, que é a “morada de Deus no Espírito” (Ex 25.9; Ef 2.19-22). 3. O Tabernáeulo era a tipificação de cada crente individualmente, que é “o templo do Espírito Santo" (1 Co 6.19; 2 Co 6.16). 4. A santidade de Deus foi vividamente retratada no Tabernáeulo. Todo o serviço deveria ter mostrado ao israelita piedoso que o Senhor existe e está totalmente separado da pecaminosidade do homem, e que só era possível aproximar-se dele depois das preparações mais elaboradas, Além disso, ao sumo sacerdote não era permitido entrar no Santo dos Santos, que era o lugar onde Deus habitava entre seu povo, exceto uma vez ao ano, e somente portando o sangue sacrificial. 5. O Tabernáeulo era, ao mesmo tempo, uma demonstração da graça de Deus. Quando se contempla a grandeza de Deus e a pecaminosidade do homem, certamente é de surpreender que Deus tenha se dignado a habitar com os homens. 6. A principal importância do Tabernáeulo pertence à teologia da encarnação (q.v.). No NT, a idéia da presença divina culmina na pessoa do Senhor Jesus Cristo: “O Verbo se fez carne, e habitou [lit., tabernaculou] entre nós" (Jo 1.14), e “foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse” (Cl 1.19; cf. 2.9). O Tabernáeulo foi, então, uma ponte principal entre o AT e a encarnação. A mobília do átrio simbolizava a aproximação do homem a Deus. O homem precisa lidar com seu problema relacionado ao pecado. No altar havia o perdão dos pecados através do sacrifício (Hb 9.22), e na bacia com água, a purificação da impureza cotidiana (Jo 13.2-10). Por outro lado, a mobília do Santo dos Santos falava da aproximação de Deus ao homem. Aqui a santidade, a graça e a soberania de Deus foram demonstradas na provisão de Deus. O Senhor Jesus Cristo, como nosso Sumo Sacerdote, tomou o sangue de seu próprio sacrifício e o aspergiu sobre a lei que infringimos, para que pudéssemos ser considerados perfeitos aos olhos de Deus (Hb 9.11-15; 10.19). A mobília do Lugar Santo retratava a obra de Cristo como Mediador entre Deus e o homem. A mesa dos pães da proposição simbolizava Cristo como o pão da vida (João 6.2938; 12.24-33). Pelo castiçal de ouro, Cristo é mostrado como a luz do mundo (Jo 8.12), bem como a luz “que alumia a todo homem que vem ao mundo” (Jo 1.9), no sentido de que Ele é a revelação final e definitiva de Deus (Hb 1.1,2). Finalmente, o altar do incenso retratava Cristo como o nosso Intercessor (Jo 17.126; Hb 7.25). E através dele que as nossas orações sobem à presença do Deus Santo (Hb 13.15). Problemas Existem alguns problemas literários e históricos em torno do Tabernáeulo. No entanto, eles fazem parte de um problema muito maior do AT, e, como tal, não seria possível desenvolver uma discussão completa aqui, quanto mais expressar sua solução. Entretanto, podemos fazer algumas observações sobre as características mais proeminentes, 1. Alguns têm alegado que as instruções dadas para a confecção do Tabernáeulo sâo impraticáveis, e que esta seria a obra de um idealista. A atitude de aceitar ou rejeitar esta opinião dependerá grandemente de como se entende o propósito de Deus ao incluir tal registro nas Escrituras. Certamente, o principal propósito deve ter sido o nosso aprendizado. Além disso, é sabido que durante o mesmo período, no Egito, estavam em uso santuários portáteis bastante semelhantes ao Tabernáeulo no tocante às técnicas de construção. Um pavilhão portátil da rainha Hetepe-Heres (de aprox. 2600 a.C.), grande o bastante para uma cadeira e uma cama adornadas, consistia de uma estrutura de madeira enfeitada com ganchos em todos os lados para que se pendurassem as cortinas. As vigas e as hastes eram encaixadas em 1875 TABERNÁCULO bases para que a estrutura pudesse ser facilmente levantada e desmontada. Um baixo-relevo de Ramsós II (de aprox. 1285 a.C.) mostra a tenda do rei divino colocada no centro do acampamento militar egípcio (Harrison, IOT, pp. 404ss.). Portanto, é certo que estruturas como o Tabemáculo não só podiam ser construídas, mas eram de fato construídas (K. A. Kitchen, “Some Egyptian Background to the Old Testament”, Tyndale House Bulletin). 2. No texto hebraico, o altar do incenso e a bacia de bronze aparecem em Êxodo 30 ao invés do que poderia ser esperado, ou seja, Êxodo 25 e 27. Alguns pensam qne isto mostra que Êxodo 30 é um acréscimo posterior aos manuscritos P, que por sua vez já são posteriores. No entanto, isto não é garantido pelo contexto. Na verdade, há boas razões para se aceitar a ordem como deliberada e original (veja o tópico “Tabernáculo" na obra de A. H. Finn, “The Tabernacle Chapters”, JTS, XVI (1915), pp. 449-482, e Westminster Dictionary of the Bible). 3. Existe uma ampla divergência entre a Septuaginta (LXX) e o texto hebraico nos últimos capítulos do Êxodo. Portanto, tem sido argumentado por alguns que os últimos capítulos ainda não haviam alcançado sua forma hebraica final, e que a Septuaginta foi traduzida a partir de uma outra tradição hebraica que nada sabia sobre o altar de incenso. Estas conclusões são infundadas (veja a obra de D. W. Gooding, The Account ofthe Tabernacle, 1959). 4. Finalmente, alguns afirmam que no Pentateuco que temos existe um conflito e discrepância entre a primitiva “tenda da congregação” encontrada na fonte oriental, e o Tabernáculo ornado e não histórico das fontes P posteriores. Aqui a conclusão é novamente injustificada (veja a obra de J. Orr, The Problem of the Old Testament, 1906, pp. 165-73, e a obra de A. H. Finn, The Üftity ofthe Pentateueh, 1917, pp. 25585). Bibliografia. “Tabernacle, Ark and Cherubim”, CornPBE, pp. 673-677. G. Henton Davies, “Tabernacle”, IDB, IV, 498506, D. W. Gooding, “Tabernacle”, NBD, pp. 1231-1234. R. K, Harrison, hitroduction to the Old Testament, Grand Rapids, Eerdmans, 1969, pp. 403-408. A. R. S. Kennedy, “Tabernacle”, HDB, IV, 653-668. K. A. Kitchen, “Some Egyptian Background to the Old Testament”, Tyndale House Bulletin, Nos. 5, 6 (1960), pp. 7-13, W. Michaelis, “Skene etc,”, TDNT, VII, 368-394. Marten H. Woudstra, “The Tabernacle in Biblical-Theological Perspective”, NPOT, pp. 88-103, P. D. F. TABERNÁCULOS, FESTA DOS Veja Festividades. 1876 TABOR, MONTE TABITA Uma palavra aramaica que Lucas, o escritor de Atos, traduziu como “Dorcas" no texto grego (At 9.36). Ele o fez aparentemente visando o benefício dos leitores. O nome significa “gazela”, um nome feminino de tratamento carinhoso tanto entre os judeus como entre os gregos, e assim um nome apropriado para a mulner a quem Pedro ressuscitou dos mortos, Este foi um milagre digno de nota, visto ter sido a primeira ressurreição realizada por um apóstolo (cf.. Mt 10.8; At 20.9,10). A notícia deste milagre espalhou-se por toda Jope e, como resultado, muitos creram no Senhor Jesus (At 9.42). Nada se conhece sobre Tabita, exceto o que é expresso em Atos 9.36-42. Ela é chamada de “discípula” (mathetria, a forma feminina usada somente aqui no NT), isto é, uma cristã, uma verdadeira crente em Jesus Cristo. Sua bondade e presteza haviam tocado as vidas de muitas pessoas à sua volta. Quando ela morreu, houve uma tristeza generalizada e um sentimento de grande perda. Pedro, que havia curado Enéias em Lida, 16 quilômetros a sudeste, foi chamado pelos amigos consternados da falecida Tabita. Não se sabe exatamente porque eles levaram o apóstolo até Jope, se como um consolo ou em busca de um milagre. Mas Pedro respondeu ao seu apelo. Eles o conduziram ao cenáculo onde o corpo jazia; depois de fazer sair os amigos, e ajoelhando-se para orar, ele se voltou para o corpo e disse, ‘Tabita, levanta-te”. Êla abriu os olhos e se sentou. As viúvas a quem Dorcas havia ajudado dando-lhes túnicas e vestidos, assim como os outros crentes, se regozijaram. H. E. Fi. TABOR, MONTE Um monte com a forma de domo na Galiléia conhecido em árabe como Jebel et-Tor. Isolado de outras montanhas, ele permanece como sentinela na parte noroeste da planície de Jezreel, 19 quilômetros ao norte do monte Gilboa. Está situado a aprox. 19 quilômetros a sudeste de Nazaré, e a aprox. 19 quilômetros a sudoeste do mar da Galiléia. A sua maior elevação é de 600 metros acima do nível do mar, e está a 445 metros acima da planície de Jezreel. Suas laterais são íngremes, e o acesso é geralmente feito por sua parte oeste. O cume é mais ou menos plano e elíptico, estendendo-se por cerca de 800 metros de leste a oeste e 400 metros de norte a snl. Alguns supõem que este seja o monte de Deuteronômio 33.19, onde nm antigo santuário deveria estar localizado. Ele é mencionado pela primeira vez pelo nome na época da divisão da terra entre as tribos de Israel (Js 19.12,22) como o local de encontro dos territórios de Issacar, Naftali e Zebulom. Baraque reuniu aqui 10.000 homens de Issacar e Zebulom a fim de envolver Sísera TABOR, MONTE e os cananeus nas proximidades de Megido (Jz 4.6,12,14). Os irmãos de Gideão foram mortos por Zeba e Salmuna no monte Tabor (Jz 8.18,19). Na época dos profetas, este era um santuário dedicado à idolatria (Os 5.1). Dominando duas estradas importantes, a rota norte-sul de Jezreel até o mar da Galiléia e a rota leste-oeste vindo do norte de Megido a partir do monte Carmelo e da baía de Aco (a moderna Haifa), Tabor era freqüentemente uma cidade fortificada. Em 218 a.C., Antíoeo o Grande capturou uma cidade que havia sido construída em seu cume, e fortificou sua parte superior. Durante a rebelião judaica, Josefo também cercou o topo com um muro. O líder muçulmano Saladin fortificou a área no século XII d.C. Tabor é principalmente lembrado como o local tradicional da transfiguração do Senhor Jesus Cristo. Helena, mãe do imperador Constantino, construiu uma igreja ali em 326 d.C., e subsequentemente santuários foram dedicados a Moisés e Elias. Como o local da transfiguração não é citado nos Evangelhos (Mt 17.1-8; Mc 9.2-8; Lc 9.28-36), este local tradicionalmente aceito pode ser questionado. As duas principais dificuldades são: a distância de Cesaréia de Filipe e a probabilidade de que uma cidade ocupasse o topo do Tabor nos tempos do NT. O convento frandscano no monte Tabor. IIS TABUA Este cume está atualmente ocupado por uma igreja ortodoxa grega e um mosteiro franciscano, além das ruínas das estruturas anteriormente mencionadas. H. L. D. TABRIMOM Um governante sírio em Damasco durante o último quarto do século X a.C. Em 1 Reis 15.18, ele aparece como o filho de Heziom e o pai de Ben-Hadade (I), o rei da Síria. Uma aliança entre Tabrimom e Roboão e/ou Abias é mencionada na proposta inicial de Asa a Ben-Hadade (v. 19). Antiga mente, pensava-se que a esteia aramaica Melkart (ANEP #499), de aprox, 850 a.C., encontrada perto de Alepo, havia sido erigida pelo Ben-Hadade mencionado acima, “o filho de Tabrimom, filho de Heziom” (ANET, p. 501; W. F. Albright, BASOR #87 [1942], pp. 23-29). Um estudo adicional de Frank M. Cross indica que a esteia foi lida de forma errada, e que ela foi na realidade erigida por um certo Ben-Hadade (III), que foi coroado príncipe e co-regente com seu pai Ben-Hadade (II), um contemporâneo do rei Acabe e inimigo de Salmaneser III (BASOR #205 [1972], 36-42). J.R. TÁBUA 1, Na parte baixa do vale do Tigre-Eufrates, onde o barro é abundante, as tábuas de barro (ou argila) tornaram-se o material de escrita (q.u.) mais comum (e talvez o mais antigo). Milhares de tábuas inscritas sobreviveram desde a Antiguidade, dando um panorama da vida cotidiana antiga, contendo recibos, obras literárias, documentos de negócios, testamentos, processos judiciais, cartas, listas de palavras etc. Algumas destas tábuas cuneiformes, como as de Nuzu (q.v. ) e Mari (q.v.), têm uma relação direta com a narrativa patriarcal. Veja Cuneiforme. 2. Tradução correta de palavras hebraicas e gregas traduzidas impropriamente como “mesa” em Isaías 30.8; Provérbios 3.3; Habacuque 2.2; Lucas 1,63. Sabe-se que tábuas de madeira para escrita, com uma camada de cera que pode ri a ser facilmente inscrita, são conhecidas na Assíria antes da éuoca TÁBUA TAFNES Vista do templo de Be], Palmira de Isaías. Tábuas de calcário também foram encontradas em Israel (por exemplo, o calendário Gozei*, de aprox. 950 a.C.), e as duas “tábuas” (Ex 24,12; eí al.) sobre as quais os Dez Mandamentos foram inscritos eram de pedra. „ 3. A tradução do termo heb. kumaz (Ex 35.22; Nm 31.50) é considerada por alguns como imprecisa. Ele indica aquelas peças de ouro na forma de contas que eram usadas como pingentes em torno do pescoço ou em braceletes. 4. A tradução do termo heb. bet nephesh (Is 3.20) pode se referir a um pequeno frasco de perfume usado em torno ao pescoço . H. F. V. TAÇA Um recipiente em forma de tigela ou bacia. Em Cantares 7.2, compara-se o umbigo ou a pélvis da amada a uma taça. A mesma palavra hebraica, 'aggan, é utilizada em Êxodo 24.6 como “bacia” e em Isaías 22.24 como “canecas” ou “taças”. TADEU Um dos Doze, mencionado apenas em Mateus 10.3 e Marcos 3.18. O nome “Judas, filho de Tiago” aparece nas listas correspondentes em Lucas 6.16 e Atos 1.13. E possível que Mateus eMarcos tenham usado o outro nome por causa da provável confusão com Judas Iseariotes, o traidor. Em João 14.22, ele é descrito como “Judas {não o Iseariotes)" também mostrando, portanto, a distinção. A questão que ele propôs em sua última passagem mostrou a falta de entendimento que tinha sobre a natureza da manifestação prometida pelo próprio Senhor Jesus. Na prática, ele estava rogando que o Senhor Jesus aparecesse em público, de forma dramática. Para conhecer uma história dentre as soluções que foram tentadas veja E. Nestle, “Thaddaeus,” HDB, IV. 741-42. 1878 TADMOR Uma cidade oásis no deserto da Síria, aprox. 216 quilômetros a nordeste de Damasco, a meio caminho entre o vale do Orontes e o Eufrates. Nos tempos patriarcais ela ficava em uma antiga rota de caravanas que ia de Harã até Damasco, e também à região sudoeste. Ela também era um grande centro de comércio que se movia tanto no sentido norte-sul quanto no sentido leste-oeste. Tadmor é mencionada pela primeira vez nos textos assírios da Capadócia (século XIX a.C.), novamente nas tábuas de Mari (século XVIII a.C.), e então por TiglatePileser I (em aprox. 1100 a.C.). Seguindo as guerras vitoriosas de Davi contra Hamate e Zobá na Síria (2 Sm 8), Salomão incluiu Tadmor em seu império (2 Cr 8.4). A melhor era de Tadmor (renomeada como Palmira pelos gregos) começou com a queda de Petra, capital aos nabateus, em 105 d.C. e atingiu seu ápice sob o governo de Odenato (falecido em 267 d.C.) e ae sua viúva, a rainha Zenóbia. Após o assassinato de seu marido, ela assumiu o papel de líder. Seu séquito da corte incluía o filósofo grego Longino, e supõe-se que ela tenha sido fluente em no mínimo cinco idiomas. Zenóbia tentou libertar Tadmor da influência romana, mas foi derrotada em 273 d.C. por Aureliano. Ele destruiu completamente o local como uma vingança pelo massacre de uma guarnição romana postada ali, logo depois de uma rendição aos romanos. Entre as suas muitas ruínas permanecem hoje o templo ao Sol, uma série de colunas romanas, um aqueduto, e restos de um muro construído por Justiniano. Várias tumbas romanas pontilham a área ao redor de Tadmor, e um oleoduto que vai do Iraque até Trípoli passa perto da antiga cidade. O termo Tamar, que algumas versões trazem em 1 Reis 9.18, era pronunciado pelos massoretas judeus como Tadmor. Alguns estudiosos pensam que este local estava situado na estrada de Hebrom até Elate, e foi fortificado por Salomão para proteger a rota de comércio do sul da arábia via Elate até Jerusalém. Veja Tamar 5. F. E. Y. TAFATE A filha de Salomão que foi casada com Ben-Abinadabe, o oficial encarregado das receitas reais do distrito de Nafate-Dor (1 Rs 4.11). TAFNES 1. Tafnes é encontrada em Jeremias 2.16; 43.7,8,9; 44.1; 46.14; Ez 30.18, Trata-se de uma cidade egípcia situada no Delta, a leste-sudeste de Tanis. Era a grega Dafnaí (Heródoto II. 30), e hoje é conhecida como Tell Defenneh, “monte dos eavadores de sepulturas”. O remanescente judeu fugiu para esta cidade após o assassinato de Gedalias (Jr 43.7) , Jeremias foi levado juntamente com TAFNES estes refugiados, e em Tafnes o Senhor lhe mandou que profetizasse uma invasão do Egito por Nabucodonosor. Ele também deveria encaixar grandes pedras na argamassa do pavimento da entrada do palácio, e ali Nabucodonosor estendería seu pavilhão real sobre elas (43.8-10). Sir W. M. Flinders Petvie conduziu escavações em Tell Defenneh em 1883-84 e encontrou uma fortaleza que é, provavelmente, o edifício mencionado em Jeremias 43.9. O nome da colina da fortaleza, Kasr el Yehudi (“o palácio da filha do judeu”), foi considerado por Petrie como um resquício da habitação judaica (Egypt and Israel, Londres. SPCK, 1923, pp. 84-90). Em Jeremias 44.1,2, Tafnes e várias outras cidades egípcias são citadas como residências de judeus deslocados, contra quem uma profecia é dirigida. O texto em Ezequiel 30.18 se refere à cidade em uma passagem que declara juízos sobre as principais cidades do Egito. C. E. D. 2. Uma rainha do Egito que viveu durante a época de Davi e Salomão (1 Rs 11.19,20). O nome não aparece nos registros históricos do Egito. Seu marido é mencionado apenas pelo título (“Faraó, rei do Egito”), mas, de acordo com a cronologia, ele deve ter sido um rei da 21a Dinastia do Egito (BASOR #140 [1955], p. 32), Quando Hadade, que tinha uma descendência real edomita, fugiu para o Egito solicitando asilo político dos israelitas, o Faraó lhe deu a irmã de Tafnes como sua esposa. Esta teve um filho, Genubate, que foi desmamado por Tafnes e criado na casa real entre os filhos do rei. TALENTO O talento era o maior peso usado pelos hebreus. Era utilizado para quantificar ouro (1 Rs 9.14), prata (2 Rs 5.22) , chumbo (Zc 5.7), ferro (1 Cr 29.7) e cobre (Ex 38.29). Não se sabe com certeza se o talento era o mesmo em cada um destes casos, embora Êxodo 38.24-29 parecería suerir isto. No AT, o peso de um talento era e 3.000 siclos (Éx 38.25,26) e, portanto, o equivalente a aprox. 34 kg. A descoberta de vários pesos rotulados na Babilônia revelou que havia um talento pesado de aproximadamente 60 quilos e um talento leve de aproximadamente 30 quilos. Sabendo qual destes pesos estava sendo usado, o valor na moeda moderna pode ser calculado a partir do valor contemporâneo do ouro ou da prata. Veja Pesos, Medidas e Moedas. No NT, o talento como um peso era igual a 125 librae, ou libras romanas de 12 onças cada, o que equivale a aproximadamente 42 quilos. Este seria um peso imenso para uma edra de saraiva (Ap 16,21; cf. a paráfrase a versão RSV em inglês, “pesada como o peso de cem”). Como unidade de moeda, seu valor diferia consideravelmente de lugar para lugar, mas era sempre comparativa- f TALMA1 mente alto. O talento de prata de Egina valia aprox. 1.625 dólares americanos, enquanto o talento da Síria valia apenas aprox, 250 dólares americanos (Amdt, p. 811), Os “dez mil talentos” de Mateus 18.24 obviamente representam uma dívida extremamente alta, que nenhum homem jamais podería pagar; uma ilustração da dívida relacionada ao pecado que todo ser humano tem para com Deus. A parábola dos talentos (Mt 25.14-30) fala de um número variado de talentos que sáo dados por um senhor aos seus servos, a cada um de acordo com sua própria capacidade ou potencial pessoal (gr. dynamís). O talento proporcionava a seu proprietário uma estabilidade financeira considerável. Com esta quantia, os servos deveríam negociar administrando e investindo durante a ausência do senhor. Talentos representam dons espirituais e oportunidades que são dadas ao crente, levando em consideração as suas habilidades naturais, intelecto e formação. Os “talentos” são uma demonstração da confiança sagrada a ser empregada na obra de nosso Senhor Jesus Cristo, e trazem uma grande recompensa àqueles que forem servos fiéis. Veja Parábolas de Jesus. J. R. TALHA Veja Pesos, Medidas e Moedas. TALHADEIRA Tradução do termo hebraico haris em 2 Samuel 12.31 e 1 Crônicas 20.3. Era um instrumento cortante feito de ferro. Pode ter sido uma espécie de instrumento para debulhar (cf. harus, Is 28.27; 41.15; Am 1.3) ou um implemento agrícola como uma enxada ou picareta arrastada sobre a terra para nivelá-la e quebrar os torrões antes de plantar e cobrir as sementes já plantadas. Uma palavra diferente (sadad) usada em Jó 39.10; Isaías 28.24; Oséias 10.11 expressa a ruptura de torrões ou de terrenos incultos, mas existem dúvidas se este equipamento corresponde ou não ao moderno rastelo. TALITA CUMI Uma expressão avamaica encontrada em Marcos 5.41 significando “jovem (ou menina), levanta-te”. Os manuscritos mais confiáveis deixam claro que kum (imperativo masculino) ao invés de kumí (imperativo feminino) foi a leitura original; portanto, a versão NASB traz a expressão “Talita kum!” Estas palavras gentis ditas à filha de Jairo fornecem uma boa evidência de que o idioma normal do Senhor Jesus era o avamaico. TALMAI 1. Um dos três filhos de Anaque que habitavam em Hebrom. Sua gigantesca estatura atemorizava os israelitas, mas pela fé Calebe se levantou contra eles e expulsou os três irmãos (Nm 13.22; Js 15.14; Jz 1.10). Uma 1879 TALMA1 TALMUDE raça de elevada estatura e de pele clara chamada Tamau, retratada nos monumentos egípcios, foi considerada por alguns como esta família. 2. O rei de Gesur, um pequeno reino siro a nordeste do mar da Galiléia. Ele foi o pai de Maaca, a mulher de Davi e mãe de Absalão. Absalâo fugiu para a corte de Gesur depois do assassinato de Amnom (2 Sm 3.3; 13.37; 1 Cr 3.2). TALMOM O ancestral epônimo de uma família levítica que estava associada ao ofício dos porteiros do Templo, e que retornou com Zorobabel a Jerusalém (1 Cr 9.17; Ed 2.42; Ne 7.45; 12.25), onde deu continuidade a este ministério nos tempos pós-exílicos (Ne 11.19). TALMUDE O termo hebraico talmud é derivado de lamad, “estudar”, “aprender”. É aplicado à segunda maior realização literária em hebraico e aramaico depois da Bíblia, e é uma interpretação da lei, bem como o repositório de um vasto cabedal de conselhos sábios, cobrindo o período de Esdras (450 a.C.) até aprox. 500 d.C. Desenvolvimento dos Materiais Tradicionais Tradicionais Antes que o período profético pós-exílico terminasse, houve a instituição e o desenvolvimento de uma nova força entre o povo judeu. Esdras veio da Babilônia em 458 a.C. com o ideal de dirigir a ocupação judaica reorganizada em Israel com base nos princípios e instituições da Tora (a Lei). Esdras marca o início do movimento dos Soplvrim (os escribas, q.v., a liderança religiosa), que popularizou o conhecimento e a apreciação das Escrituras. As leituras públicas foram instituídas, das quais Neemias 8 foi um exemplo inicial. Este foi o início da transmissão oral do Targumim (“interpretações”, as transliterações e paráfrases das Escrituras), especialmente do Pentateuco. O desenvolvimento do Targumim e da Lei Oral foi possível por causa do Midrash (q.v.), um extenso comentário sobre o texto bíblico, provavelmente iniciado por Esdras e seus companheiros. O Midrash cobre um amplo escopo, não apenas incluindo assuntos legais, mas também assuntos de ética e teologia. Quando tratava de assuntos legais, o Midrash era conhecido como Midrash Halakah (do heb. halak, “andar”, portanto, andar dentro da lei); nas outras áreas ele era Midrash Haggadak (a segunda palavra, ’agada, significando “narração”). Ao desenvolverem as tradições, as gerações de mestres não chegaram às suas decisões por um impulso individual. Assim como Esdras tinha um grupo em torno de si, em cada geração seguinte existiram corporações que deliberaram e agiram em uníssono. Tais 1880 corporações sucessivas funcionaram durante os tempos dos Sopherim. Não há nenhum material sobrevivente destas seções e nào há nenhuma informação importante sobre qualquer de seus membros, exceto fragmentos de asserções na escrita de uma época posterior, especialmente o material de Pirke ’Abot (“Palavras dos Patriarcas”). Os Sopk‘rim estabeleceram a base para as coleções literárias posteriores do judaísmo. Os SopheHm continuaram até aprox. 180 a.C, e foram sucedidos pelos Hasidim (“Piedosos”) da Idade Macabeana, e então, por sua vez, pelo grupo fariseu. Da época dos Hasidim até Hillel (falecido em 10 a.C.) e Samai, houve cinco pares de líderes; assim, este período é conhecido como os Zugot (“pares”). Estes pares de líderes executavam o trabalho da tradição, acrescentando novos conceitos de interpretação. Os mestres Zugot desenvolveram um novo método de instrução rivalizando com o Midrash. A Lei Oral era agora ensinada sem se referir às Escrituras, embora fosse afirmado que as Escrituras apoiavam o ensino das tradições, Com uma massa crescente de tradições, foi mais fácil lidar com os vários tópicos, quando necessário, ao invés de seguir a ordem supostamente entediante das Escrituras. Através deste estudo tópico, o trabalho do ensino e da memória foi feito através de uma contínua repetição, e o nome Mishna (do heb. shana, “repetir”) foi aplicado ao novo método de ensino. Começando no final do século I a.C,, especialmente com as escolas de Hillel e Samai, e prosseguindo até 200 d.C., os mestres que ensinavam por este novo método foram chamados de Tanncum (do aramaico ten’a, e do hebraico shana, “ensinar oralmente”). O estudo do Midrash, porém, nào foi deixado de lado pela aproximação do Mishna. Continuou a ser usado na área haggadak, bem como na área halakah de ensino, lado a lado com o método Mishna. A partir de Hillel, e talvez até mesmo antes deste, houve um processo de organização e codificação na massa crescente de halakah, de acordo com o método do Mishna. Uma importante coleção foi feita por Akiba (martinzado em 135 d.C.), e continuada por seu discípulo Meir. Os trabalhos de Judah HaNasi, e o desenvolvimento final da coleção Mishna por sua vez, foram colocados na forma escrita no hebraico pós-bíblico em aprox. 200 d.C. Este Mishna faz uso de muitas das decisões halakah, de forma que ele é uma síntese do trabalho de estudiosos dos períodos dos Soph‘rim, Hasidim, Zugot e Tannaim, O trabalho se tornou a base aa autoridade sobre as tradições judaicas durante vários séculos seguintes, e foi uma das principais peças da literatura para estudo e pesquisa nas academias nas terras de Israel e da Babilônia. TALMUDE TAMAR Judah HaNasi, porém, nâo incluiu toda a coleção Mishna e a coleção halakot (pl, de halakah) de seus dias. Como os estudiosos continuaram a acrescentar explicações e interpretações ao Mishna no período seguinte (aprox. 200-500 d.C.), eles usaram o material adicional, Tosefta (aramaico tusefTa, “adições”) e Bara.ita (aramaico barefa, ou halakot individual), juntamente com as suas próprias opiniões, Muitas fontes haggadah bem como Midrash também foram usadas. Os estudiosos que continuaram com estes estudos nas academias eram chamados de Amoraim (“intérpretes”). Seu trabalho foi necessário para que o Mishna pudesse ser adequadamente explicado, para que muitos antigos halakot fossem reforçados, e para que muitos novos halakot fossem formulados para os novos problemas com que o judaísmo se dearou em suas sempre mutantes situações istóricas e culturais. Em aramaico, o trabalho destes estudiosos é chamado de Gemara (aram. gemara\ “término'’). A combinação do texto Mishna de HaNasi com o Gera ara é designado como Tahnude. Duas Versões do Talmude Havia duas escolas ativas no período dos Amoraim na terra de Israel, bem como nas cidades da Babilônia. Estes dois grupos de estudiosos trabalharam com o Mishna de Judali HaNasi para produzir duas versões de Gemara; portanto, há duas versões do Talmude, Uma é o Y‘rushalmi, ou “Jerusalemita’’, de Israel, e a outra é conhecida como o Talmude Babilônico. Esta segunda é três vezes mais longa, pois os judeus babilônios possuíam maior liberdade e menos perseguições do que sua contraparte em Israel para produzir um trabalho que refletisse todo o conhecimento secular e religioso do período nos sucessivos halakah e haggadah. A Y‘rushalmi no aramaico ocidental foi terminada pouco depois de 425 d.C., e a redação fmal do Talmude Babilônico de maior autoridade no aramaico oriental foi finalmente redigida por volta de 500 d.C. Ordens de Divisão O Mishna é dividido em seis ordens. Como o Gemara é o comentário sobre o Mishna, o comentário também segue esta divisão. Cada ordem é posteriormente subdividida em tratados, formando um total de 63 tratados, 10 a 11 tratados para cada ordem. Cada tratado é ainda posteriormente dividido em capítulos, Quando são feitas referências ao material no Talmude, elas são designadas por tratados seguidos pelo capítulo e versículo ou pelo número da página. As ordens são: (1) Zeraím, ou “sementes”, as leis da agricultura; (2) Mo‘ed, ou “festividades”, os regulamentos dos sábados; (3) Nashim, ou “mulheres", leis que dizem respeito às mulheres, casamento e divórcio; (4) N’zikim, ou “prejuízos”, a lei civil e criminal; (5) Qodashim, ou “coisas santificadas”, leis que tratam do santuário e rituais sacrificiais; e (6) Tohorot, ou “pureza”, leis da pureza levítica. Valor e Influência As duas versões do Talmude foram concluídas em aprox. 450-500 d.C. Elas se tornaram o guia da principal corrente do judaísmo durante a Idade Média, especificamente na Europa, quando o estudo secular tornouse virtualmente inexistente. Neste período, quando a atividade missionária judaica cessou, e a dedicação dos judeus se voltou ao seu próprio interior, eles tiveram um repositório da literatura para satisfazer às suas necessidades religiosas e intelectuais. Desta forma, eles tiveram um escape do mundo ao seu redor com seu ódio e perseguição brutais. O Talmude também teve sua influência sobre o Renascimento, e através do novo impulso da busca intelectual o Talmude ajudou a moldar estes novos valores exercendo, em última instância, um impacto sobre a era moderna. Finalmente, o Talmude fornece aos estudiosos cristãos o meio para entender a prática do judaísmo, e também para ter acesso aos antigos conhecimentos judaicos na exegese e prática bíblicas. O Mishna, em particular, fornece um grande conhecimento sobre a crença e a prática judaicas do século I d.C., como por exemplo, a vida e a prática no Templo. Bibliografia. Tradução do Talmude para o Inglês. I. Epstein, ed., The Babylonian Taimud wíth índices, 18 vol., Londres. Soncino Press, 1961. Tradução do Mishna para o Inglês. H. Danby, trad., The Mishnah, Oxford. Univ. Press, 1950, J. Bowker, The Targums and Rahbinic Literature and Introduction to Jewish Interpretation of Scriptitre, Nova York. Cambridge Univ. Press, 1961, I. Epstein, Judaism, Baltimore. Penguin, 1959; “The Rabbinic Tradition”, The Jewish Heritage, Washington, D.C.; Bnai Brit Adult Jewish Education, 1955, pp, 51-69. J. Kaplan, The Redaction of the Babylonian Talmud, Nova York, Bloch, 1933. S. M. Lehrman, The World of the Midrash, Cranbury, N.J.: A, S. Bames, 1961. G, F. Moore, Ju- daism in the First Centuríes ofthe Christían Era, Vol. I, Cambridge. Harvard Univ. Press, 1927. H. L. Strack, Introduction to Talmud and Midrash, Filadélfia. Jewish Publication Society, 1931. M. Waxman, A Bistory of Jewish Literature, Vol. I, Nova York. Thomas Yoseloff, 1960. L, Go. TAMA Veja Tema ou Temá. TAMAR 1. Nora de Judá, filho de Jacó, e viúva de Er, filho de Judá. Quando o irmão de Er, 1881 TAMAR TANQUE,LAGOA TAMBOR ou TAMBORIL Veja Música. TAMBORIL Veja Música. TAMBORIM ou TAMBORIL Veja Música. TAMUZ Veja Falsos deuses. Um dos assim chamados tanques de Salomão, que data do século I d.C. Onã, recusou-se a ser o marido de Tamar e morreu, Tamar retomou ao seu lar cananita com a promessa de Judá de que seria dada a seu terceiro filho, Selá, quando este tivesse idade suficiente para se casar. Esta promessa não foi cumprida. Quando a mulher de Judá morreu, Tamar seduziu Judá ocultando sua identidade e fingindo ser uma meretriz da religião pagã. Ela ficou grávida. Quando Judá decidiu mandar matá-la, Tamar revelou que havia concebido do próprio Judá. Ela mostrou os penhores que Judá lhe havia deixado. Judá foi condenado pelo que havia feito a esta mulher, e ela foi poupada. Um dos gêmeos nascidos de Tamar foi Perez (ou Farés), que através de Judá está na linhagem direta da genealogia de Davi, e consequentemente do Senhor Jesus Cristo (Gn 38; Mt 1.36; Lc 3.31-33). 2. Uma filha formosa de Davi, que sofreu abuso sexual por parte de seu meio-irmão Amnom através de uma trama enganadora. Ele se sentiu profundamente apaixonado por Tamar antes de tal violência; mas depois sentiu grande aversão por ela. O irmão de Tamar, Absalão, então, a protegeu recebendo-a em sua casa (2 Sm 13.20) e por vingança assassinou Amnom depois de dois anos (2 Sm 13). 3. Uma filha formosa de Absalão, que possivelmente recebeu este nome em homenagem à sua amada irmã (2 Sm 14.27). 4. Uma cidade de localização desconhecida, perto da fronteira de Judá e Edom, no extremo sul do mar Morto. Mencionada por Ezequiel como um lugar da futura fronteira da nação de Israel restaurada (Ez 47.19; 48.28), 5. Um lugar no deserto de Judá fortificado por Salomão (1 Rs 9.18, também chamado de Tadmor), talvez a mesma cidade mencionada em 4, ou Hazazom-Tamar iq.v.). Várias versões trazem o nome Tadmor (cf. 2 Cr 8.4), seguindo a sugestão dos massoretas judeus, N. B. B. TAMARGUEIRA Veja Plantas. 1882 TANAAQUE Veja Taanaque. TANQUE, LAGOA No AT, essas palavras correspondem à tradução de três palavras hebraicas: (1) ‘agam, “tanque”, na verdade charcos lamacentos ou piscinas estagnadas formadas pelo transbordamento de um rio, como por exemplo, o Nilo (Êx 7.19; 8.5; Is 14.23; 19.10; 42.15); (2) bereka, “uma piscina” ou “um tanque” (2 Sm 2.13; 4.12), da raiz barak, “dobrar o joelho” ou “ajoelhar”; tanque artificial onde, por exemplo, os camelos se ajoelhavam para beber; e (3) mikuieh, “uma reunião” ou “coleção de águas" (Gn 1.10; Êx 7,19; Lv 11.36). A palavra correspondente do NT é kolumbethra, que significa “piscina” ou “lugar para mergulhar’ (Jo 5.2,4,7; 9.7,11). Os tanques (b‘rekoth) eram grandes receptáculos alimentados por riachos ou pela água da chuva. Eram geralmente escavados na rocha natural ou fechados por muros de tijolos, ou ambos. Nesse caso eles eram cuidadosamente revestidos com cimento ou gesso tratado com cal para conservar a água. No caso das cisternas, uma fenda na parede, provocada por um terremoto ou por outras Um tanque ou cisterna com degraus em Qumran TANQUE, LAGOA causas que levassem à perda de água, era considerada uma grande calamidade (Jr 2.13) . Outros tanques eram formados por reservatórios construídos em vales estreitos, e eram muito parecidos com o sistema usado pelos fazendeiros norte-americanos. Isso era praticado especialmente pelos habitantes do vale do Neguebe, como os nabateus (q.v.), onde era essencial conservar a água das enchentes repentinas. Embora tfreka fosse um tanque artificial, ele era diferente do bor, ou cisterna, no sentido de ser uma grande construção, escavada até uma profundidade considerável para o uso de toda a população, enquanto bor era na verdade um pequeno tanque doméstico associado à casa das pessoas. Um bom exemplo dos primeiros são os três assim chamados tanques de Salomão, nas proximidades de Belém. Eles foram construídos em uma colina íngreme, um abaixo do outro, a fim de absorver qualquer transbordamento de água, e eram ligados por canos de drenagem. Essas grandes piscinas retangulares, ainda utilizadas atualmente, e com uma capacidade avaliada em aprox. 167 milhões de litros, faziam parte do sistema de Pôncio Pílatos para levar água a Jerusalém através de um sistema de aquedutos (q.v.). As grandes cidades fortificadas tinham muitas vezes um tanque subterrâneo, ou um reservatório, para abastecer a cidade principal. Eles eram alimentados através de um túnel que chegava a um rio localizado fora das muralhas, a fim de assegurar o abastecimento durante os períodos em que estivessem sitiadas. Chegava-se até eles através de uma passagem inclinada, ou degraus, que levavam a um túnel, como na Jerusalém jebusita e na cananéia Gezer, ou por uma escada em caracol escavada em um poço aberto, como em Gibeão, ou pela combinação de ambos, como em Megido e Hazor. Na época do NT, muitas vezes os tanques eram enfeitados com belos pórticos ou alpendres, come por exemplo, o tanque de Betesda (Jo 5.2). Os tanques das Escrituras que aparecem com seus respectivos nomes são o tanque de Samaria (1 Rs 22.38), o tanque de Hebrom (2 Sm 4.12), o tanque de Gibeão (2 Sm 2.13), o açude ou viveiro de Selá (Ne 3.15) , os viveiros ou piscinas de Hesbom (Ct 7.4) e o tanque de Siloé (Jo 9,7). Veja os nomes específicos de tanques; Água. R. V. U. TANUMETE Pai de Seraías, que foi um dos comandantes militares em apoio a Gedalias, o governador de Judá nomeado por Nabucodonosor. Em 2 Reis 25.23, Tanumete é um netofatita (isto é, de Netofa, uma aldeia a meio caminho entre Belém e Teeoa). No entanto, a inserção das palavras “os filhos de Efai” depois de Tanumete em Jeremias 40.8 TARDIO faz com que o termo netofatita se refira não a Tanumete, mas a Efai. TAPUA 1. Um dos filhos de Hebrom (1 Cr 2.43), um descendente de Calebe. 2. Uma cidade mencionada em Josué 15.34 como estando na Sefelá, a oeste de Jerusalém. Seu local não foi identificado com certeza, mas situa-se no grupo de cidades que inclui Jarmute, Adulão, Soeó e Azeca, todas situadas nos contrafortes que separam a planície marítima da região montanhosa da Judéia. 3. Uma cidade na fronteira norte de Efraim, que pertencia a Efraim, mas seu território estava na área de Manasses (Js 16.8; 17.8). Seu. rei estava entre os muitos governantes eananeus mortos por Josué (Js 12.17). A sua localização é próxima do ribeiro de Caná, que deságua no Mediterrâneo. Ela tem sido identificada com a grande Tell Sheikh Abu Zarad, aprox. 16 quilômetros a sul-sudoeste de Siquém e 8 quilômetros a noroeste de Siló. Ela talvez seja a Tifsa que foi saqueada por Menaém (2 Rs 15.16). Veja En-Tapua. G. A. T. TAQUEMONITA Há versões que trazem a expressão filho de Taquemoni. O termo taquemonita é um epíteto gentílico ligado ao primeiro herói mencionado por seu nome na lista dos 30 valentes de Davi (2 Sm 23.8). A julgar por uma passagem paralela em 1 Crônicas 11.11, o termo taquemonita parece ser uma variante de “haemonita” ou “(filho de) Hacmoni” (1 Cr 27.32). TARALA Uma das 14 cidades na terra de Canaã destinada à tribo de Benjamim (Js 18.27) . Dentre outras cidades na lista, ela parece estar na região montanhosa, a noroeste de Jerusalém. Père Abel localiza a aldeia nos arredores de Khirbet Erha, abaixo do monte er-Ram a sudoeste, onde reservatórios e uma grande cisterna, assim como evidências de ocupação dos tempos israelitas através do período romano foram descobertas (Géographie de la Palestine, Paris. Gabalda, 1933-1938, II, 480). TARDIO Há duas interpretações desta palavra no Antigo Testamento, e duas no Novo. 1. A palavra hebraica ’erek, derivada da palavra que significa “demorar-se”, “prolongar", “continuar”. A frase “Tardio em irar-se” é usada como uma referência à paciência ou ao domínio próprio. Como um atributo divino, é, às vezes, usado em série com os adjetivos “benévolo”, “misericordioso” e “de grande compaixão” (veja Ne 9.17; SI 103.8; 145.8; Jl 2.13; Jn 4.2; Na 1.3). Em relações humanas, uma pessoa “longânima” (ou “tardia em irar-se”) é aquela que possuí grande entendimento (Pv 14.29); é aquela que aplaca as 1883 TARDIO contendas (Pv 15.18); é classificada como alguém mellior do que o valente (Pv 16.32). 2. A palavra hebraica kabed, que significa “peso’’ ou “pesado". Moisés era pesado de boca e pesado de língua (Êx 4.10). Ele tinha dificuldade para falar. 3. A palavra grega argos, “inativo”, “inútil”. Paulo menciona que os eretenses tinham a fama de possuir “ventres preguiçosos” (Tt 1.12; ou de serem “glutões preguiçosos"). 4. A palavra grega bradys, “pesado", “tardio”, “preguiçoso . A expressão “tardos de coração” (Lc 24.25) é uma descrição do coração descrente, sem receptividade. “Tardio para falar” e “tardio para se irar" (Tg 1.19) são partes de uma exortação relativa à vida daqueles que são tementes e obedientes ao Senhor. H. E. Fi TARÉLA Um membro da linhagem real benjamita cujo pai, Mica, foi neto de Jônatas, o filho de Sanl (1 Cr 8.35; 9.41). TARGUM Veja Talmude; Versões, Antiga e Medieval. TARPELITAS Um dos grupos oficiais ou étnicos associados com Reum, o comandante ou chanceler persa, e Sinsai, o escrivão, na redação de uma carta difamatória para Artaxerxes I (465-425 a.C.) contra as atividades de reedificação dos exilados que haviam retomado (Ed 4.9). TARSIS Este termo tem um uso quádruplo nas Escrituras. 1. Um “filho” ou descendente(s) de Javã, neto de Jafé e bisneto de Noé (Gn 10.4; 1 Cr 1.7), provavelmente também se referindo à terra (veja 4). 2. Filho de Bilã, neto de Benjamim (1 Cr 7.10). 3. Um dos sete príncipes nobres de Assuero, governante da Pérsia (Et 1.14). 4. Um lugar na região ocidental mediterrânea que muitos consideram (Heródoto IV, 152) como tendo sido identificado com Tartesso, uma antiga cidade ou região situada ao longo do rio Guadalquivir perto da costa sudoeste da Espanha (q.v.), a oeste de Gibraltar. Pelo fato de várias das referências do AT dizerem respeito a negociantes, comércio e navios (1 Rs 10.22; Jn 1.3), foi sugerido que Társis era uma terra que margeava o mar (também Is 60.9; 66.19). A terra era rica em metais como prata, ferro, estanho e chumbo (Jr 10.9; Ez 27.12). Era o lugar para o qual Jonas pretendia fugir saindo de Jope, na costa mediterrânea da Palestina, quando estava tentando fugir de Deus (Jn 1.3; 4.12). A palavra Társis é um termo fenício derivado de uma palavra ac adi a na que significa “derreter ou estar fundido”; desse modo, 1884 TARSO a forma substantiva seria “uma indústria de fundição ou refinaria”. Com base neste significado da palavra, William F. Albright sugeriu que o termo Társis podería referirse a qualquer terra que contivesse minerais naturais, ou qualquer lugar onde as operações de mineração e fundição fossem executadas (BASOR #83 [19411, pp. 21-22). No entanto, uma terra na área mediterrânea ocidental possuindo bons depósitos de minerais seria uma identificação muito boa. Parece evidente que a riqueza mineral da Espanha atraiu os fenícios, que ali encontraram colônias já nos séculos X ou IX a.C. Rio Tinto, 136 quilômetros ao norte de Cadiz na Espanha, é o distrito de mineração mais rico em torno do Mediterrâneo. Hoje, um milhão de toneladas de minério de prata, ouro e cobre são anualmente extraídas deste local. Um cemitério do século VIII a.C., com objetos fenícios, foi escavado neste local (AJA, LXXI [1967], 183). Uma inscrição feníeia conhecida como a Esteia Nora, datando do século IX a.C., parece falai da captura de Társis, um local de fundição na ilha da Sardenha, que também está situada no Mediterrâneo ocidental. Evidentemente, então, Társis era o nome de pelo menos duas cidades mineradoras fenícias. O termo “frota" ou “naus de Társis” parece se referir aos grandes navios usados no comércio de Társis que transportavam metais fundidos do porto d,e Salomão em EziomGeber, no golfo de Acaba, para terras distantes (1 Rs 10.22; 22.48; 2 Cr 9.21). Através do trabalho de Nelson Glueck em EziomGeber (q.v.) foi descoberto um extenso armazém neste porto marítimo que Salomão utilizou como base para sua marinha de Társis. Os navios de Társis foram assim identificados com o transporte de minerais, e vieram a se tomar símbolos de riqueza e poder (Ez 27.25). Eles também eram usados como ilustrações de orgulhosas invenções humanas recebendo juízo divino e destruição no passado e no dia futuro do Senhor (SI 48.7; Is 2.16; 23.1). Veja Navios. Bibliografia. Frank M. Cross, “An Interpretation of the Nora Stone”, BASOR #208 (1972), pp. 13-19. David Neiman, “Phoenician Place Names”, JNES, XXIV (1965), 113-115. J. M. Sola-Sole, “Semitic Elements in Ancient Hispania”, CBQ, XXIX (1967), 487-494. P. S. H. TARSO A cidade de Tarso está situada nas proximidades do rio Cidno na Cilícia, cerca de 16 quilômetros do Mediterrâneo, 26 metros acima no nível do mar. Normalmente a atmosfera opressiva de um lugar como este seria destrutiva em sua maior parte da vigorosa vida municipal e comercial. Mas cerca de 3 quilômetros ao norte da cidade as TARSO colinas começam a se erguer suavemente e se estendem em desfiladeiros ondulados até encontrarem as montanhas Taurus. Cerca de 16 quilômetros ao norte da cidade baixa, surgiu uma segunda Taurus. Sendo parcialmente uma residência de verão, ela servia uma considerável população como um lar durante o ano todo. O clima mais estimulante da cidade alta compensava o clima desconfortável da região mais baixa. Cerca de 30 quilômetros ao norte da cidade alta encontravam-se os Portões da Cilícia, uma foz estreita através da qual passava a única boa rota de comércio entre a Síria e a Ásia Menor. A sua localização nesta rota trouxe grande riqueza para Tarso. Embora o Cidno fosse navegável para navios leves que subiam atê a metade de Tarso nos tempos romanos, a maioria dos navios ancorava no porto, que ficava 8 ou 9 quilômetros ao sul, da cidade. Naquele ponto havia o lago Regma, alimentado pela nascente, cercado por todos os lados, exceto pelo lado sul, pelo porto da cidade e pelas instalações do cais. Grande habilidade e diligência devem ter sido empreendidas para manter o canal do Cidno e o porto. Em séculos posteriores, foi necessário um canal auxiliar para reduzir a inundação. O corte para o leste da cidade ( feito por Justiniano, 527-563 d.C.) com o passar do tempo se tornou o leito principal do rio e assim permanece até hoje. Com uma história continua de seis milênios, Tarso é uma das cidades mais antigas do mundo. Ela foi provavelmente a capital de Kizzuwatna, a antiga Cilícia, nos tempos heteus. Salmaneser III capturou a cidade em 832 a.C., e em 696 a.C. ela foi saqueada por Senaqueribe. Mercadores gregos estabeleceram uma colônia ali no início do séc. VII a.C, para ficarem mais prõximos dos recursos de prata e ferro de alta qualidade das montanhas Taurus (JNES, XXX [1971], 99-109], Alexandre salvou a cidade da destruição pelas mãos dos persas, que se retiraram. Tarso se tornou uma cidade autogovernada no período selêucida, mas Pompeu a anexou a Roma em 64 a.C. Antônio concedeu a Tarso a condição de cidade livre em 41 a.C. e a isentou de impostos. Durante o século I d.C., Tarso foi a capital e a única cidade grande da Cilícia. Juntamente com sua riqueza comercial e agrícola, ela se vangloriava de uma graude universidade e era colocava na mesma posição de Atenas e Alexandria como um centro intelectual. A cidade tinha numerosos eruditos: Atencdoro, o Estóico, foi o companheiro de Cato, o Jovem; Atenodoro Cananeu foi tutor e conselheiro de Augusto; Nestor ensinou o sobrinho de Augusto, Marcelo, e se reportava a Tibério; e Antipater era o diretor da uma escola em Atenas. O apóstolo Paulo nasceu em Tarso, e era um cidadão romano. Parece evidente que muitos TATENA1 Um arco romano em Tarso. HFV cidadãos de Tarso receberam a cidadania romana das mãos de Pompeu, Júlio César, Antônio e Augusto. Os antepassados de Paulo podem ter estado entre eles. As escavações foram até agora incapazes de recriar a cidade dos dias de Paulo, que j az debaixo da cidade moderna e fazendas adjacentes. H. F. V. TARTÃ (Heb. tartan do assírio turtanu ou tartanu.) Título de um general do exército assírio ('‘comandante-em-chefe", conforme algumas versões em Isaías 20.1), uma posição possuída por dois indivíduos mencionados na Bíblia. Um deles, servindo sob Sargão II, capturou Asdode (aprox. 711 a.C., Isaías 20.1); o outro foi destacado por Senaqueribe (em 701 a.C.) com dois outros oficiais assírios de alta patente para exigir de Ezequias a rendição de Jerusalém (2 Rs 18.17). TARTAQUE Veja Falsos deuses. TARTARUGA Veja Animais: Lagarto IV.18. TATENAI O governador persa do distrito de Samaria que interrompeu a reedificação do Templo sob a liderança de Zorobabel (Ed 5.3,6) até que ele tivesse o assunto da permissão de Ciro aos judeus investigada nos arquivos de Dario (Ed 6.6-13). Ele foi identificado como o sátrapa sobre a Babilônia e a Trans-Eufratia, Ustanu (Hystanes), por ' exemplo, no volume ICC sobre Esdras (1913), até que Olmstead em 1944 apontou a identificação correta. Em um documento datado de 5 de junho de 502 a.C., ele é citado especificamente como ‘Ta-at-tan-nr, o pahatu ou governador subordinado ao sátrapa sobre Ebir-Nari. Desse modo ele agiu como o deputado de Ustanu no oeste, visto que as duas satrapias eram muito grandes para que fossem administradas com êxito por um único homem. A frase completa corresponde exatamente à frase hebraica “governador deste lado do rio”, qne é traduzida em algumas versões como “governador daquém do rio" ou 1885 TATENA1 “governador além do rio”. Ebir-Nari deveria ser traduzida como “do outro lado do rio”, isto é, Samaria vista do leste. Bibliografia. A. T. Olmstead, “Tattenai, Govemor of ‘Across the River’*, JNES, III (1944), 46. E.M.Y. TATIM-HODCHI A frase “terra de TatimHodchi” que algumas versões trazem em 2 Samuel 24.6 é uma transliteração do hebraico e supõe uma localidade ao norte, em alguma parte entre Gileade e Dã, e que deve ser incluída no censo davídico. Seguindo a revisão Luciana do texto grego do AT, propõe-se a tradução: “Até Cades, na terra dos heteus”. Porém, esta conjectura possui uma dificuldade, uma vez que Cades é admitidamente muito longe, ao norte. Outros emendam este texto difícil, lendo “até a terra abaixo de Hermom”. TATUAGEM Uma marca indelével sobre a superfície do corpo causada pela inserção de pigmentos sob a pele. A palavra “tatuagem” (heb. qa‘aqa‘, “incisão”) só ocorre na versão RSV em inglês (cf. NEB, NASB) em Levítico 19.28 e está intimamente relacionada com a proibição de ferir a própria carne. “Ferir a carne” neste contexto é uma referência aos costumes de chorar pela morte de alguém, e a tatuagem não parece fazer parte de tal prática. Certamente o ato de “retalhar” (Jr 41.5; 47.5; 48.37), “ferir a carne” ou “dar golpes na carne” (Lv 19.28a; Lv 21.5; Dt 14.1), e a mutilação (Êx 21.6) devem ser diferenciadas da tatuagem. A palavra acima para “incisão” só ocorre em outra passagem no hebraico mais recente. A prática da tatuagem pode ser compreendida por uma passagem no Mishna: “Se um homem escreveu [sobre sua pele] palavras com instrumento pontiagudo [ele é culpável], Se ele escreveu, mas não marcou com instrumento pontiagudo, ou marcou, mas não escreveu, ele não é culpável, mas somente se escrever e marcar com tinta ou algo que deixe uma marca duradoura. R. Simeon b. Judah diz em nome de R, Simeon: ele não é culpável a menos que escreva ali o nome [de um deus], pois está escrito, Não fareis marca nenhuma sobre vós. Eu sou o Senhor" (Makkoth 3, 6). No antigo Oriente Próximo, a tatuagem e a colocação de marcas eram largamente praticadas. Os escravos tinham marcas colocadas sobre si para indicar suas posições e seus donos (Código de Hamurabi, 226-227, ANET, p. 176; Breasted, Ancient Records of Egypt, iii.414; iv.405). Do uso secular o costume migrou para as pessoas nas religiões, que são ocasionalmente mencionadas como recebendo estigmas sobre a cabeça, rosto ou braços para indicar sua posição em relação ao seu deus. Assim, elas devem ser vistas como es- 1886 TEATRO cravas ou propriedade do deus de cujo nome ou marca são portadoras (cf. Heródoto 11.113; Luciano, The Syrian Goddess, 59; III Mac 2.29). Porém, a marcação e a imposição de marcas indeléveis, talvez, também servissem como penalidades por um crime (cf. Código de Hamurabi #146, ANET, p. 172); seu uso em todas as passagens bíblicas é ritual. Em seu sentido literal esta prática é citada em Levítico 19.286, onde existe a proibição da impressão ou tatuagem de qualquer marca sobre a pessoa; em Gênesis 4.15, onde o Senhor coloca uma marca em Caim; e em 1 Reis 20.41, onde o profeta parece ter revelado ao rei uma marca peculiar ao seu ofício. Em um sentido figurado, que pressupõe o çostume real, o costume é mencionado em Êxodo 13.9,16, onde a festa de Mazote e a redenção do primogênito devem ser uma marca na mão e um memorial ou faixas entre os olhos (cf. Dt 6.8; 11.18; 14.1). Ezequiel, em uma visão, contempla uma marca de inviolabilidade colocada na testa daqueles que gemiam por causa das abominações de Judá (Ez 9.4; cf, Ap 7.3-8). Em Apocalipse 13.16, a marca da besta é definida como seu nome ou o número do seu nome. Em Isaías 44.5, o profeta prevê a resposta voluntária ao Senhor por parte daqueles que escreverão em suas mãos: “Eu sou do Senhor”. O próprio Senhor garante aos desanimados que Ele os gravou nas palmas das suas mãos (Is 49.16). Paulo declara que ele mesmo carrega em seu corpo as marcas (gr. sttgmata) do Senhor Jesus (G1 6.17). Veja Marca (sinal). Bibliografia. Otto Betz, “Stigma”, TDNT, VII, 657-664. E. R. D. TAU A 19a letra do alfabeto grego. Os gregos tomaram seu alfabeto emprestado dos feníeios, presumivelmente em alguma época no século VIII a.C.; conseqüentemente, a 22a ou a última letra do alfabeto hebraico, iate, é geralmente relacionada com a letra grega tau. Originalmente, a letra taw semita era representada por uma cruz reta ou oblíqua (cf. Ez 9.4,6). Os gregos transmutaram um pouco a letra, preferindo a forma reta, mas apagando a projeção na linha vertical sobre a transversal - conseqüentemente a forma T. TAVERNA Veja Praça de Ápio; Estalagem. TEATRO 1. Local onde produções dramáticas eram encenadas. Inicialmente as exibições de dramatizações aconteciam em nome do deus Dionísio nos dias de seus festivais. As ruínas dos teatros antigos possuem dois tipos de estruturas, uma construída inicialmente para o drama, e aquelas que foram construídas para outros propósitos e usadas para TEATRO peças de teatro. Como regra geral, o teatro era o maior prédio que havia nas cidades. Portanto, era uma prática comum entre os gregos utilizar o teatro para assembléias públicas e reuniões de interesse público (como em Atos 19.29,31). As assembléias gregas eram conhecidas por sua forma de demonstração. Uma nota em Éfeso menciona uma assembléia civil realizada no teatro. Josefo iAnt. xix.8.2) relata que os eventos de Atos 12.20-23 aconteceram no recentemente escavado teatro herodiano, em Cesaréia (q. v. I. Ele também relata que Herodes o Grande construiu um teatro e um anfiteatro em Jerusalém iAnt. xv.8.1). O teatro grego era constituído por três partes. A orchestra era uma pista de dança redonda para os atores e corais, com um altar no centro. A origem do drama é geralmente encontrada nos ninos que celebram os feitos de Dionísio, acompanhados por flautas e danças ao redor do altar. O theatron, ou auditório, era um local para os espectadores, estendendo-se ao redor da orquestra em dois terços ou mais. Os assentos eram feitos de placas de pedra, exceto aqueles que tinham pedras naturais cortadas para se fazer a base para assentos de madeira. Os assentos eram dispostos uns acima dos outros em fileiras concêntricas, freqüentemente construídas de forma a aproveitar a inclinação natural de um monte. O skene (lit., “tenda”, “cabine"), ou palco, foi posteriormente adicionado à margem do círculo, do lado oposto aos assentos, como uma sala de descanso para os atores e como um pano de fundo para a atuação. O skene passou a ser um palco elevado do lado do público que compartilhou a atuação com a orquestra. O último teatro helenístico deu ímpeto ao teatro romano; mas o antigo trazia o espírito romano em sua construção original. O teatro romano, ao invés de ser construído na encosta de um monte, era reto como um prédio sem sustentação, apoiado por uma construção arqueada. O auditório e a cena ou palco foram interligados entre si, transformando tudo em uma só estrutura coberta com telhas, contrastando com os teatros gregos que ficavam ao ar livre. O auditório formava somente um semicírculo, com espaço para os assentos, no qual a orquestra estava incluída; e assim, todas as atuações aconteciam na plataforma do palco. Apesar dos gregos reservarem somente alguns assentos especiais para magistrados e dignidades, os romanos (pelo menos aqueles da época de Augusto) faziam uma classificação elaborada dos assentos por sexo, idade, profissão e nível social. Os romanos também construíram anfiteatros com arenas para campeonatos atléticos e gladiadores. Os combates profissionais são mencionados pela primeira vez em aprox. 30 a.C. Nâo se cobrava ingresso. TEBES Teatro de Dionísio* Atenas. HFV O teatro de Éfeso iq.v.) mencionado em Atos 19 estava localizado na inclinação oeste do monte Pion, de onde se avistava o porto com o qual estava conectado por uma rua principal. Ele foi construído por Lisímaco no início do século III a.C,, e estima-se ter agrupado mais de 24.000 pessoas. A construção era de pedra. 2. A palavra grega também se referia ao próprio show, um “espetáculo”, e é utilizada de forma figurativa por Paulo, quando diz que os apóstolos eram feitos “espetáculo” ao mundo, aos anjos e aos homens (1 Co 4.9). E. F. TEBA Um dos filhos de Naor, o irmão de Abraão, a quem Reumá, sua concubina, deu à luz (Gn 22.24). É sugerido por estudiosos modernos que Betá (2 Sm 8.8), que aparece como Tibate na passagem paralela em 1 Crônicas 18.8, deve ser lido como Teba. Assim, o patrimônio de Teba seria identificado com uma cidade de Hadadezer, rei de Arâ-Zobá, situada na região do Anti-Líbano, e mencionada nas cartas Amarna e em fontes egípcias. Veja Tibate. TEBALIAS Um dos filhos de Hosa, um merarita, que foi escolhido para servir como porteiro do Templo na organização davídiea dos levitas (1 Cr 26.11). TEBAS Veja Nô ou Nô-Amom. TEBES Cidade fortificada no território de Manassés, na estrada de Siquém para BeteSeã, mencionada em conexão com Abimeleque, filho de Gideão, que estava procurando se tornar rei de Israel (Jz 9.50-57). Tebes recusou-se a se sujeitar a Abimeleque. A cidade foi conquistada, com exceção de uma torre forte para onde muitos habitantes haviam fugido em busca de refúgio, subindo ao seu telhado. Abimeleque, durante o período de sítio, de forma descuidada se aproximou demais da torre; uma mulher lançou a pedra da parte superior de um moinho, que o 1887 TEBES TEÍSMO uma igreja memorial dedicada ao profeta. O objeto mais interessante nas ruínas é uma fonte batismal octogonal lavrada a partir de um único bloco de calcário de coloração rosaavermelhada. A última ocupação do local ocorreu, aparentemente, no século XII. A altitude de Tecoa, superior a 900 metros acima do nível do mar, levou ao seu desenvolvimento como uma estação para sinais com toque de trombeta (Jr 6.1), e foi fortificada pelo rei Roboão para proteger Jerusalém (2 Cr 11.6). Os tecoítas ajudaram a reedificar os muros de Jerusalém sob a liderança de Neemias (Ne 3.5,27). Fonte batismal octogonal pertencente a uma igreja bizantina em Tecoa. HFV atingiu na cabeça, causando uma fratura de crânio, Para evitar o vexame de morrer pelas mãos de uma mulher, Abimeleque persuadiu seu pagem de armas a feri-lo à espada, Esta história parece ter sido bem conhecida, uma vez que Davi a relembrou cerca de 200 anos mais tarde (2 Sm 11.21). Este local é agora representado por Tuba, que fica a aprox. 16 quilômetros a noroeste de Siquém, onde as estradas de Siquém e Dotà convergem em uma única estrada para o vale do Jordão. R. L. D. TEBETE O décimo mês do calendário sagrado hebraico, correspondendo geral mente a dezembro-janeiro do nosso calendário, e equivalente ao mês babilônio Tebitu (Et 2.16) . No período pré-exílico os meses eram denominados de acordo com o calendário cananeu (cf. Êx 13.4; 23.15; 34.18; Dt 16.1; 1 Rs 6.1,37ss.; 8.2), porém os judeus passaram a adotar cada vez mais os nomes aos meses do calendário babilônio. Veja Calendário. TECOA A versão KJV em inglês menciona Tecoa em 2 Samuel 14.2,4,9. Tecoa era uma cidade em Judá (1 Cr 2.24; 4.5), localizada dez quilômetros ao sul de Belém e dezesseis quilômetros ao sul de Jerusalém, em uma colina na área do deserto de Tecoa (2 Cr 20.20) . Foi o local de nascimento do profeta Amós (Am 1.1) e o lar da mulher sábia que Joabe enviou a Davi para que o coração deste se inclinasse para Absalão(2 Sm 14.1-24). Ela é identificada com Khirbet Taqu‘a, cujas ruínas cobrem quatro ou cinco acres. As escavações iniciadas em 1968 pelo Wheaton College descobriram tumbas usadas na Idade do Ferro I e II, como também no período romano, indicando que a ocupação ao local começou em 1200 a.C. O local acabou sendo ocupado por uma comunidade cristã. Um complexo da igreja bizantina e as ruínas de um mosteiro sem dúvida alguma representam o Propheteum de Amós, 1888 Bibliografia. Martin H. Heicksen, “Tekoa. Historical and Cultural Profile”, JETS, XIII (1970), 81-90. A. C. S, TECOÍTA Alguém que era residente ou cujos antecedentes eram da aldeia de Tecoa (q.v.). Tecoíta é a forma gentílica de Tecoa, e é usada deste modo com relação à mulher sábia (2 Sm 14.4,9), ou de Ira, filho de Iques (2 Sm 23.26; 1 Cr 11.28; 27.9), e como um substantivo descrevendo aqueles que ajudaram na restauração do muro de Jerusalém (Ne 3.5,27). TEIA Veja Animais: Aranha IV. 1; Bordador. TEINA Um dos descendentes de Judá e pai de Ir-Naás, ou o pai (fundador) da cidade de Naás (1 Cr 4.12). TEÍSMO Definido por Charles Hodge como “a doutrina de um Deus extraterreno, pessoal, o criador, preservador e governador do mundo” (Systematic Theology, 1,205). Engloba o estudo dos argumentos racionais e aas razões para crenças na realidade de Deus, assim como as provas para sua existência como um Deus Trino e Uno. Os argumentos teístas. Na história do pensamento cristão, certas provas teístas utilizadas para apoiar a crença na existência de Deus apareceram bastante cedo. Anselmo foi quem iniciou o argumento ontológico: que aquilo que existe na verdade é maior do que aquilo que existe simplesmente na mente. Por exemplo, temos uma idéia de um ser infinitamente perfeito. Mas, uma vez que a existência real é incluída no ser perfeito, se Deus, nâo existe de fato, então devemos considerar um ser ainda maior do que Deus. Tomás de Aquino é destacado por cinco argumentos: (1) A ação requer um primeiro movimentador, e isto é Deus. (2) O mundo como um efeito requer uma causa suficiente, e esta é Deus. (3) O mundo, como contingente, demanda uma causa de auto-existência, e esta é Deus. (4) No mundo existem graus de perfeição, que requerem algo que seja absolutamente perfeito, e este é Deus. (5) Resultados TEÍSMO propositais demandam uma causa proposital inteligente, e esta causa é Deus. A Apologética moderna utiliza os argumentos ontológicos, cosmológicos, teleológicos e morais. De todos estes, o ontológieo é o mais fraco, porque a idéia de um ser perfeito não é mais uma prova igual à idéia de um reino perfeito, tal como Atlântida, que é a prova de sua existência. Este argumento, tal qual é apontado, só parece convincente àqueles que consideram a existência de Deus como o mais evidente de todos os fatos. Calvino falou da “semente da religião", ou seja, que o homem natural mente entende a existência de Deus, acredita nele e só pode ter no ateísmo um refúgio temporário. Esta é provavelmente umahase mais sadia da prova, uma vez que se baseia no fenômeno da crença na Divindade que observamos em toda a história da raça humana. O argumento eosmológico é aquele em que todo efeito requer uma causa suficiente. O mundo é um efeito, portanto o mundo deve ser o resultado de uma cansa externa suficiente e responsável por sua existência: este deve ser Dens. Este argumento é legítimo em sua essência, no entanto é insuficiente, como geralmente expressado, pois é limitado às explanações do mundo físico. Ele é muito melhor quando expresso da seguinte forma: Tudo que existe requer uma causa suficiente. O mundo e os seres racionais chamados de homens existem. Portanto, deve existir uma causa adequada para estes, ou seja, um Deus racional, pessoal. O argumento teleológico é aquele que diz que qualquer coisa que revele propósito e ordem exige um planejador. O mundo, incluindo o homem, revela propósitos e ordens. Portanto, deve existir um Deus inteligente, uma causa proposital. Esta causa é Deus. O argumento moral diz que aquele que possui uma natureza moral, ou seja, a habilidade para distinguir entre o bem e mal, requer, antes de qualquer coisa, uma causa moral. O homem possui uma natureza moral; portanto, o homem deve ser o produto de uma causa moral e pessoal - Deus. O valor dos argumentos teístas. As opiniões variam muito quanto aos valores dos argumentos teístas. Immanuel Kant, por exemplo, atacou violentamente os argumentos ontológicos e cosmológicos. Ele insistiu no fato de que o argumento eosmológico era, em sua essência, apenas uma extensão do ontológieo. No entanto, ele aceitou o argumento teleológico e também favoreceu o argumento moral. Os cristãos ortodoxos nào defendem simplesmente estes argumentos individualmente, e sim por uma causa suficienteraente boa para supri-los e explicar um universo no qual a teologia se manifesta, e também para trazer explicações sobre os homens, os quais revelam, em sna constituição, duas naturezas: a TEÍSMO de propósito e a moral. Isto envolve uma combinação de argumentos cosmológicos, teleológicos e morais que formam o grande argumento para a existência de Dens. Este conjunto deve ser chamado de “argumento cosmo-teleo-moral”. Alguns teólogos ortodoxos se curvaram aos ataques de Kant, em maior ou menor grau, e, como resultado, consideram os argumentos como válidos ou não somente para um homem que já é cristão. Outra razão para uma desvalorização destes argumentos é a ênfase exagerada qne a Igreja Católica Romana lhes atribui. Ela reivindica que eles são suficientes para provar a existência de Deus, e que por meio deles é possível conhecer a Deus. A Igreja Católica Romana entende que a teologia natural que resulta destes conceitos é suficiente para salvar o homem. No entanto, ela imediatamente qualifica esta afirmação, dizendo que aqueles que são mental mente sadios para conhecer a Deus desta forma são geralmente preguiçosos demais para fazê-lo, e os demais são excessivamente néscios ou insensíveis; portanto, Deus se revela através da revelação especial encontrada nas Escrituras. Os evangélicos mostram que o homem pode, para sua satisfação racional, provar que Deus existe; mas que esta convicção, sozinha, não pode salvá-lo. Mesmo que o homem possa formar uma teologia natural com os argumentos, pelo fato de ser um pecador e estar caído ele deve obrigatoriamente ter um Salvador. O homem só poderá conhecer seu Salvador e o plano da salvação através da revelação. Com base nos argumentos, crer em um Deus pessoal não é apenas razoável, mas o Senhor Deus considera o homem como o responsável por chegar a esta conclusão. O texto em Romanos 1.19,20 relata: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto seu eterno poder como sua divindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis". A mente do homem é tão bem formada que, quando este olha o universo, é capaz de chegar à conclusão de que este é o resultado da força onipotente de um ser moral e pessoal, ou seja, Deus. Caso o homem não o enxergue, é considerado inescusável por parte de Deus. Prova do teísmo da natureza trina e una de Deus. O teísmo apresenta argumentos para a natureza trina e nna de Deus, e prova que esta é a visão de Deus expressa na Bíblia Sagrada. Se Deus fosse unitário em natureza e existisse na eternidade como um indivíduo ou pessoa unitária, Ele só teria experimentado os três grandes relacionamentos pessoais - o Eu-Isto, o Eu-Você e o Nós-Você - depois de ter criado o mundo e o homem. Como uma única pessoa, Deus teria adieio- 1889 TEÍSMO nado a si mesmo o relacionamento Eu-Isto ao criar o mundo, o Eu-Voeê ao criar o homem, e o relacionamento social Nós-Você ao cooperar com Adão e Eva na procriaçâo de seu primeiro filho. Até Aristóteles, o filósofo pagão, foi capaz de enxergar os problemas contidos nesta visão. Por isso ele posicionou seu “Movedor Imóvel” como se estivesse em uma cápsula espacial, e fechou as janelas para que Ele não aprendesse sobre a existência e o desenvolvimento do mundo. Tal crescimento em conhecimento teria destruído seu Deus por lhe fazer adições. Ele viu que uma pessoa unitária precisaria do mundo e do homem, no entanto deixaria de ser infinito quando estes três relacionamentos fossem adicionados como resultado da existência e do desenvolvimento do universo e do homem. A doutrina cristã de que Deus é trino e uno, or si só já preenche os requisitos para um 'eus infinito e auto-suficiente. O Filho é um objeto para Pai e, portanto, o relacionamento Eu-Isto existiu para Deus desde a eternidade. O Filho e o Pai, assim como o Espírito Santo, comunicam-se em um relacionamento Eu-Você; o Pai e o Filho se unem para ministrar ao Espírito, e assim todos os três relacionamentos pessoais sempre existiram no Deus da Bíblia. O mundo, portanto, não adiciona nada a Deus. O “Maometismo” (ou o Islamismo), o Judaísmo e todas as visões unitárias de Deus naufragam neste problema e terminam tendo a visão de um Deus finito. O Eu-Isto, ou relacionamento sujeito-objeto na Divindade, é revelado em passagens das Escrituras comoHebreus 1.13, “E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minna destra, até que ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés?” (cf. SI 110.1; Hb 1.68) . O Eu-Você, ou o encontro pessoal, é revelado quando na eternidade o Filho discute sobre sua morte sacrificial na cruz, o que é mencionado no Salmo 40.5-8 (cf. Hb 10.5-13). O Nós-Você, ou o relacionamento social, é Ê Escavações no monte da Jericò do Novo Testamento. J\ L, Kelso 1890 TEL provado quando Deus diz, em Gênesis 1,26, “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”, e novamente em Gênesis 11.7: “Desçamos e confundamos ali sua língua, para que não entenda um a língua do outro”. Além disso, todas as provas das Escrituras para a divindade de Cristo e do Espírito Santo defendem a doutrina da Trindade. Vejo Trindade; Cristo, divindade de; Deus; Espírito Santo. Bibliografia. J. Oliver Buswell, Jr., Systematic Theology, Grand Rapids. Eerdmans, 1962, I, 72-126. John E. Carnell, An Introduction to Christian Apologetics, Grand Rapids. Eerdmans, 1950. Stuart C. Hackett, The Resurrectíon ofTheism, Chicago. Moody Press, 1956. Charles Hodge, Systematic Theology, Grand Rapids. Eerdmans, 1952, I, 191-240. R. A. K. TEL Uma palavra árabe significando “montão de uma cidade destruída”, relacionada com o termo babilônio tíl e o siríaco telala, e correspondendo ao persa tepe e ao turco huyuk. Na Bíblia Sagrada, o termo hebraico tel é usado em relação ao “monte” de uma cidade destruída (Dt 13.16; Js 8.28, a ruína de Ai; Js 11.13; Jr 30.18; Jr 49.2, “montão”). Esta palavra faz parte do nome de várias cidades bíblicas: Tel-Assai no norte da Mesopotâmia, Tel-Abibe, Tel-Harsa e Tel-Melá (todas três na Babilônia). O típico monte no Oriente Próximo é um monte que tem o topo plano e as laterais inclinadas, como um cone truncado. Ele pode ser composto pelas ruínas de uma ou mais camadas de ocupação. Tell el-Husn (a BeteSeã bíblica) possui 18 camadas sucessivas, totalizando 23 metros de espessura. O nível mais antigo está naturalmente na parte de baixo e o mais recente no topo. Os tamanhos dos montes variam não só em altura, mas também em área: Tel el-Hesy (a Eglom bíblica) cobre dois acres e meio e Tell el-Qedah (a Hazor bíblica), 40 acres. As características conhecidas de determinados montes têm ajudado os arqueólogos a localizar muitas cidades bíblicas. Em 1890, enquanto escavava Tell el-Hesy no sul da Palestina, W. M. F. Petríe elaborou uma cronologia baseada na cerâmica. Ele observou vários tipos de cerâmica característicos nos vários níveis de ocupação do local. A alguns deles poderíam se atribuir datas porque foram encontrados em associação com objetos especificamente datados. Pareceu razoável que estes mesmos tipos de cerâmica tivessem datas similares se encontrados em outros montes. Assim Petrie elaborou uma cronologia da cerâmica útil para datar muitos achados na Palestina. Estes princípios foram aplicados para elaborar cro- m nologias de cerâmica para outras terras do Oriente Próximo. Bibliografia. W. F. Albright, The Archaeology of Palestíne, ed. rev., Londres. Penguin, 1960, pp. 16-18. K M. Kenyon, Beginning in Archaeology, Londres. Phoenix, 1953, pp. 98- 107. G. E. Wright, “Cities Standing on Their Tells”, BA, II (1939), 11-12; Biblical Archaeology, Filadélfia. Westminster, 1957, pp, 23-24. J. A. T. TELA Filho de Resefe e pai de Taã, um descendente de Efraim e ancestral de Josué (1 Cr 7.25). TEL-ABIBE Uma cidade às margens do canal de Qnebar (rio Quebar), que fluía para o rio ao sul da Babilônia, Aqui Ezequiel viveu com seus companheiros exilados de Judá (Ez 3.15) . O nome da maior cidade da moderna Israel, Tel-Aviv, é derivada deste nome. TELAIM Uma cidade no Neguebe de Judá perto de Zife, onde Saul convocou e numerou o povo em sua preparação para a campanha contra os amalequitas (1 Sm 15.4). Alguns manuscritos cursivos gregos da LXX apoiam a idéia de que a frase “porque antigamente” em 1 Sm 27.8 (Texto Massorético) deva ser lida “desde Telém”. Telaim foi identificada por alguns estudiosos com a Telém mencionada em Josué 15.24. TELARSA Veja Tel-Harsa. TELASSAR Uma das cidades ao nort,e da Mesopotâmia habitada pelo povo do Éden (heb. b‘nê Eden, abreviatura de bené-BethEden; cf. Amós 1.5; Ezequiel 27.23), mencionada na carta de Senaqueribe a Ezequias falando da conquista dos reis assírios anteriores (Is 37.12; 2 Rs 19.12). Na área do acadiano Bit-Adini (Bete-Éden) ao longo do meio do Eufrates estava situada Til Ashúri, “colina de Asur”, mencionada nas inscrições de Tiglate-Pileser III. TELÉM 1. Uma cidade da tribo de Judá no Neguebe, na direção da fronteira de Edom (Js 15.24). Alguns estudiosos a identificaram com Telaim {q.v.\ 1 Sm 15.4). 2. Um dos porteiros que dispensou sua mulher estrangeira de acordo com a política instituída por Esdras (Ed 10.24). TELHA, LADRILHO 1. Em hebraico Tbena, “tijolo” ou “cerâmica” (Ez 4.1). Essa palavra também foi traduzida em outras passagens como “tijolo” (q.v.). Ezequiel foi instruído a escrever o nome de Jerusalém em um tijolo de barro e sitiá-lo. O objetivo era enfatizar sua pregação de que Jerusalém seria capturada por TEMA, TEMA causa dos pecados de Israel (4.4ss.). Mapas e ilustrações feitos em tijolos de barro foram encontrados na Mesopotâmia (veja ANEP, #260), dando suporte às evidências da influência babilônica nessa forma de comunicação do profeta. Cerâmicas, no sentido de tijolos esmaltados, também eram conhecidas no mundo do AT. Tijolos esmaltados foram usados para revestir a porta de Ishtar da Babilônia (ANEP, #760-762). Em Qantis, no Delta do Egito, Ramsés II mandou cobrir sua tenda com telhas esmaltadas de cor azul (W. C. Hayes, Glazed Tiles from a Palace of Rameses II at Kantir, Nova York. Metropolitan Museum of Art, 1937). Assim, elas podem ser comparadas à “pavimentação de pedra de safira” ou à “obra de pedra de safira” que Moisés e os 70 anciãos de Israel viram sob os pés de Deus (Êx 24.10). 2. Em grego keramos, “cerâmica” (material cozido). Em Lucas 5.19, trata-se de telhas usadas para cobrir o telhado. Os telhados dos templos greco-romanos eram cobertos de telhas. Lucas é bastante específico quanto ao método pelo qual foi feita uma abertura no telhado pelos quatro amigos do paralítico, com a finalidade de baixá-lo à presença do Senhor Jesus. Geralmente, as telhas não eram usadas nos telhados planos da Palestina. Mas um judeu, influenciado pela cultura helenista podia, entretanto, mandar cobrir o telhado normal feito de grossas camadas de argila sobre vigas de madeira. Por outro lado, poderia haver um telhado levemente inclinado sobre o pátio da casa. Esse arranjo seria suficiente para permitir aos homens o acesso a um ponto acima do local onde o Senhor Jesus estava sentado abrigando-se do calor do sol. H. G. S. TELHADO Veja Casa. TEL-HARSA Uma cidade babilônica da qual certos judeus retornaram para Jerusalém depois do exílio, mas foram incapazes de estabelecer sua identidade israelita (Ed 2.59; Ne 7.61). A localização exata da cidade é atualmente desconhecida. TEL-MELA Uma cidade babilônica cuja localização é atualmente desconhecida, da qual certos judeus retornaram para Jerusalém depois do exílio, mas foram incapazes de estabelecer sua identidade israelita (Ed 2.59; Ne 7.61). TELL EL-AMARNA Veja Amarna, Tell El. TEMA, TEMÁ O nono fdho de Ismael, que foi subseqüentemente considerado um dos 12 príncipes de Ismael, e cujo nome identificou a aldeia e o acampamento de seus descendentes (Gn 25.15; 1 Cr 1,30). A residência 1891 TEMA, TEMÁ TEMOR da. As advertências proféticas de juízo sobre Temã (Jr 49,20; Ez 25.13; Am 1.12; Ob 9) foram cumpridas, pois sequer se conhece com precisão sua localização. Glueck a identifica com Tawilan, cerca de oito quilômetros a leste de Petra. Abel dá preferência a Shôbek, que está a aprox. 40 quilômetros ao norte de Petra. Bibliografia. Nelson Glueck, “Explorations in Eastern Palestine, 11", AASOR, XV (1935), 82-83. F. M. Abel, Géographie de la Palestine, 2 vols., Paris. Gabalda, 1933, 1938, I, 284; II, 479-480. O chamado templo de Vesta, perto do rio Tibre cm Roma, HFV do clã deve ser identificada com a moderna Teima, um oásis de hospedarias para caravanas na região noroeste da Arábia, aprox, 400 quilômetros a sudeste de Eziom-Geber (Jò 6.19). Esta cidade está situada na rota de caravanas entre a região de especiarias e incenso no sul da Arábia, e os países ao norte como Egito, Israel e Síria. Em um oráculo referente à Arábia, os habitantes da terra de Tema foram exortados a socorrer os dedanitas e quedaritas que logo iriam fugir de uma turba esmagadora (Is 21.14), talvez uma referência à campanha de Tiglate-Pileser III, que afirmou ter recebido tributo dos habitantes de Tema (ANET, pp, 283ss.). Em Jeremias 25.23, Tema é contada entre os povos que beberiam da taça de vinho da ira das mãos do Senhor, o que, aparentemente, se refere às conquistas de Nabucodonosor. Nabonido, o último rei da Babilônia, viveu em Tema durante uma década (ANET, P. 306), construindo ali seu palácio, e embelezando e fortificando a cidade com a finalidade de rivalizar com a própria Babilônia (ANET, pp. 313ss.). E. R, D. TEMA O ancestral epônimo de uma família de servidores do Templo que retomou da Babilônia com Zorobabel (Ed 2.53; Ne 7.55). O nome Tama (Ne 7.55) é uma variação de Temá. TEMÃ Um nome edomita que significa “à direita, ao sul”. 1. Um filho de Elifaz e neto de Esaú (Gn 36.11) chamado, no v.15, de edomita '‘chefe” ou “príncipe”. 2. Uma importante cidade em Edom. Husão, um rei de Edom, era um temanita (Gn 36.34). Os temanitas eram famosos por sua sabedoria (Jr 49.7; Baruque 3.23), e Elifaz, o mais sábio dos consoladores de Jó, era um temanita (Jó 2.11). Habacuque (3.3) vê o Senhor vindo de Temã, lembrando os atos de Deus naquela área durante a jornada para a terra prometi- 1892 TEMENI Um descendente de Judá cujo pai foi Asur e cuja mãe foi Naara (1 Cr 4.6). TEMOR Um termo usado tanto no AT como no NT de várias maneiras muito significativas. As Escrituras falam dos seguintes tipos de temor. 1. Um temor santo (heb. yir’a; gr. phobos) que significa ter grande temor ou respeito pela majestade e santidade de Deus, uma reverência piedosa (Gn 20.11; SI 34.11; At 9.31; Rm 3.18). Davi fala deste temor como sendo limpo e pnro (SI 19.9); Jó e o salmista se referem ao temor como a base ou o início de toda a verdadeira sabedoria (Jó 28.28; Pv 1.7; SI 111.10). Este temor é dado por Deus e permite que o homem respeite a autoridade de Deus, obedeça aos seus mandamentos, se desvie do mal (1 Sm 12.14,20-25; SI 2.11; Pv 8.13; 16.6) e busque constantemente a santidade (2 Co 7.1; Fp2.12). Os gentios convertidos ao judaísmo, que criam em Deus, eram chamados de tementes a Deus (At 10.2,22; 13.26). Veja Adoração. 2. Um temor filial (Lv 19.3) baseado na reverência correta dos filhos de Deus por seu Pai celestial (SI 33.18; 34.6-11; Pv 14.26,27; 2 Co 6.17-7.1). 3. Um temor pelo pecado imperdoável que é cansado pela obra da lei escrita no coração (Rm 2.15) e o conhecimento da Palavra de Deus; por exemplo, o temor de Adão quando pecou (Gn 3.10; cf. Pv 28.1); o medo de Félix ao ouvir Paulo pregar (At 24.25); o medo dos homens que rejeitam a pregação do evangelho (Hb 10.27-31). 4. Um medo, temor ou terror (heb. pahad) da santidade de Deus por parte dos ímpios na vinda do Senhor (SI 14.5; Is 2.10,19; Ap 11.11; 18.10,15) . Juntamente com isto, podemos considerar o medo que Deus coloca nos corações dos ímpios em relação ao seu povo, para proteger os seus (Dt 11.25; 2 Cr 20.29,30). 5. Um temor do homem também é mencionado nas Escrituras. Este pode ser um respeito correto por aqueles que têm autoridade (Rm 13.7; 1 Pe 2.18), ou um terror sem sentido (Nm 14.9; Is 8.12). 6. Um temor por outros, bem como do perigo no qual eles estão (1 Co 2.3; 2 Co 11.3; 12, 20,21). TEMPLO TEMCTR 7. Um sentimento de terror em relaçáo àquilo que é desconhecido (Lc 21.26) ou misterioso (Jó 4.14-16). 8. Um sentimento de covardia ou timidez (gr. deilia), como nas frases “o espírito de temor” (2 Tm 1.7), e “não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (Jo 14.27; cf. Mt 8.26; Mc 4.40; Ap 21.8). As vezes se presume erroneamente que o temor é a origem da religião; mas apenas o medo, no sentido do terror, não é a força positiva que atrai os homens a Deus com uma atitude de reverência, adoração e respeito. 0 conceito kierkegaardiano de Angst zum tode, esta ansiedade que persegue o homem por toda vida até sua morte, cai sob a terceira classificação acima, uma vez que expressa a ansiedade perturbadora que ataca o nãosalvo. Este temor, e o sentimento de terror por ter que comparecer diante de um Deus santo, é eliminado (ou deveria ser) na vida dos crentes (1 Jo 4.18; cf. Em 8.1,33,84), embora o temor que consiste em reverência e respeito pela autoridade permaneça. R. A. K. TEMPERANÇA A palavra grega egkrateia significa moderação, contenção ou autocontrole, especialmente contendo os próprios impulsos com o objetivo de alcançar fins mais elevados (1 Co 7.9; cf. 7.5). O termo “temperança” ocorre apenas no NT, apesar de que leitores dos provérbios de Salomão já teriam se familiarizado com a idéia há algum tempo. Paulo, quando argumentava com Félix, enfatizava o autocontrole junto com justiça e juízo futuro (At 24.25). Em Tito, ele a lista entre as características requeridas de um líder da igreja (1.7,8) e a ordena para os homens de mais idade (2.2). Ela advém da obra do Espírito no crente (G1 5.22,23), deve ser ativamente buscada pelos cristãos (2 Pe 1.5ss), e é essencial no ministério cristão (1 Co 9.25-27). O uso bíblico do termo sugere autocrucifieação e uma submissão ao controle exercido pelo Espírito, que habita em cada crente, mais do que uma autonegação espartana. TEMPLO A principal palavra hebraica p ara “templo” éhekal, “palácio, edifício grande’’ (cf. 1 Rs 21.1; SI 45.8,15; Is 39.7). É uma palavra estrangeira incorporada do acádio ekallu, por sua vez importada do sumério E-GAL, “casa grande”. Além de suas referências ao Templo em Jerusalém, a palavra é usada para o santuário de Siló (1 Sm 1.9; 3.3), para a morada de Deus nos céus (2 Sm 22.7; SI 11.4; 18.6; Is 6.1), e para templos pagãos (J1 3.5). O termo heb. bayith, “casa”, é também frequentemente usado para templo, tanto para o templo de uma divindade pagã (Jz 9.46; 2 Rs 10.21 etc.) como para o Templo de Deus em Jerusalém (1 Rs 6.2-10; 2 Cr 35.20 etc.). Em contraste com um “lugar alto” (ç.u.) ao ar livre, um templo era considerado principalmente a “casa" ou local de morada de uma divindade, e apenas secundariamente um local de adoração. Assim sendo, o santuário mais interno, onde a imagem do deus (ou a arca de aliança do Senhor) era colocada, era geralmente uma pequena sala separada do povo. Em grego, há 2 termos que significam “templo”. O mais genérico é hieron, o local do sacerdote, que se aplicava a todo o complexo do Templo com todos os seus átrios e prédios auxiliares. O mais específico é naos, “santuário, templo”, o próprio prédio principal do Templo. O uso bíblico desses termos é principalmente em referência ao santuário nacional dos judeus em Jerusalém, localizado no monte Moriá. Templos Pagãos O AT ocasionalmente menciona templos da população não israelita de Canaã, assim como os templos da Babilônia (2 Cr 36,7; Ed 5.14) e do Egito (Jr 43.12,13). Na Palestina, vários templos e santuários cananeus foram escavados, revelando a típica planta baixa de um santuário pagão. Em geral eles consistiam de três cômodos principais: uma antecâmara ou terraço dando entrada ao santuário principal, cuja entrada era, às vezes, ladeada com colunas; o santuário, geralmeiite com postes para sustentar as vigas do telhado e bancos de pedra contra uma ou mais paredes, e frequentemente com um altar para as ofertas; e mais adentro, o santo dos santos ou santuário, comumente em uma plataforma elevada cujo acesso se dava através de degraus, contendo um pedestal ou nicho para a imagem de uma divindade. O templo de El-Berite (Jz 9.46) em Siquém (q.u.) foi escavado e parece ter sido um grande templo-fortaleza (heb. migdal) com um pilar sagrado (heb. masseba) no pátio. O tem- Recoiistruçao do templo de Vênus em Baalbek. Museu Nacional, Beirute 1893 Modelo de Howland-Garber do Templo de Salomão. E. G. Howland Interior do modelo de Howland-Garber. E. G. Howland 1894 TEMPLO TEMPLO Reconstrução de Shick do Templo de Salomão. MPS plo de Dagom em Asdode (1 Sm 5.2-4) era provavelmente similar ao templo de Dagom (1 Cr 10.10) e de Astarote (1 Sm 31.10) em Bete-Seà; essa últimas estruturas eram provavelmente os templos gêmeos encontrados no Nível V, datando do século XI a.C. Santuários Israelitas nas Fronteiras Em várias localidades israelitas do período da monarquia dividida foram encontradas evidências da presença de templos. Amós denunciou a adoração em Berseba e Gigal, e a comparou com templos que Jeroboão I construiu em Dã e Betei, nas fronteiras sul e norte de seu reino (Am 5.5; 8.14). Os muros (que tinham de 6 a 20 metros de largura) que formavam um cercado para um lugar alto israelita em Dã foram descobertos (IEJ, XXII [1972], 165), mas até o momento nenhum prédio de templo foi localizado. Escavações iniciadas em 1969 em Tell Berseba desenterraram um grande prédio com quatro ou cinco cômodos nos quais muitos objetos de culto em estilo egípcio e assíriobabilônico foram encontrados. Em uma casa róxima foi encontrada uma jarra da Idade o Ferro com a inscrição entalhada em heb. q-d-sh, “santidade”. O arqueólogo encarregado, Yohanan Aharoni, acredita que nâo tenha havido algum santuário israelita em Berseba que tenha sido corrompido pela influência paga (“Excavations at Tell Beersheba”, BA, XXXV [1972], 123-127). Um reexame por parte de Aharoni do assim chamado “santuário solar” em Laquis indi- ca que provavelmente havia uma série de templos judeus nessa importante fortaleza da fronteira fdistéia. Baixos-relevos de Senaqueribe da captura de Laquis mostram dois grandes incensários carregados como parte dos despojos da cidade (VBW, II, 286 arte inferior). Um culto semelhante em aquis pode ter sido mencionado por Miquéias; “ó moradora de Laquis; foste o princípio do pecado para a filha de Sião, porque em ti se acharam as transgressões de Israel” (1.13, versão RA). Pequenas estátuas de cerâmica da deusa máe do tempo do rei Josias e mais de 150 altares de incenso do período persa, um deles gravado com uma dedicatória a Yah(weh), foram encontrados em tumbas e cavernas em Laquis. O “santuário solar” em si data do período helenístico e, assim, é contemporâneo do templo de Onias em Leontópolis, no Baixo Egito (Josefo,Aní. xiii.3.1-3; Wars vii. 10.3,4), e tem uma notável semelhança com o santuário israelita mais antigo em Arade (Y. Aharoni, “Trial Excavation in the ‘Solar Shrine’ at Lachish”, IEJ, XVIII [1968], 157-164). Na década de 1960, em Tell Arade, cerca de 30 quilômetros a leste de Berseba, Aharoni dirigiu escavações da cidadela inicialmente construída no período de Salomão. Uma fortaleza quadrada de aprox. 54 por 54 metros uardava a principal rota de comércio que escia para Arabá e Edom. No canto noroeste dessa fortaleza real do século X a.C. foi encontrado um templo como uma parte integrante e proeminente dela. Ele foi cons- 1895 TEMPLO TEMPLO truído sobre um alto anterior, talvez o dos queneus, que se mudaram para o Neguebe de Arade na época dos juizes (Jz 1.16), e foi reconstruído muitas vezes junto com a cidadela antecedendo o movimento reformador do rei Josias. Como o Tabernáculo e o Templo de Salomão, o santuário de Arade tinha uma entrada no lado leste, com o santo dos santos voltado para o oeste. No pátio ficava o altar de terra e pedras não lavradas (cf. Êx 20.25) para as ofertas queimadas. Ladeando a entrada para o interior da sala principal (heb. kekal), ficavam bases de pedra para os pilares, fazendo vir à mente a Jaquim bíblica (q.v.) e Boaz. O hekal era uma sala ampla (cerca de 3 por 10 metros) ao invés de uma sala comprida, e o santuário interno (heb. d‘bir) era um pequeno cômodo que se projetava no centro do lado ocidental, precedido por três degraus. Dentro do debir havia um pilar circular bem acabado, e de caráter religioso (heb. masseba). Tanto sua história arquitetônica quanto escritos antigos (ôstraco) encontrados em Arade indicam que esse santuário era um templo genuinamente israelita. Vários escritos hebraicos antigos mencionam nomes de famílias sacerdotais, de modo que Arade deve ter sido uma de várias fortalezas reais fronteiriças com um altar e/ou santuário para dar autoridade divina e real à fronteira nacional (cf. Js 22.11,25; Is 19.19-21). Essas foram aparentemente construídas por reis apóstatas de Judá, como Salomão no final de seu reinado e Roboão depois da campanha devastadora de Si saque. Ezequias removeu os lugares altos e os altares (2 Rs 18.22) , e Josias destruiu “os altos em que os sacerdotes incensavam, desde Geba até Berseba” (2 Rs 23.8) assim como as “casas” dos lugares altos nas cidades de Samaria (v.19; cf. 1 Rs 12.31; 13.32). Veja Y. Aharoni, “Arad. Its Inseriptions and Temple”, BA XXXI (1968), 1-32; “The Israelite Sanctuary at Arad”, New Dírections in Biblical Archaeology, ed. por D. N. Freedman e J. C. Greenfield, Garden City. Doubleday, 1969, pp. 25-39. O Templo de Salomão No local sagrado na memória judaica onde Abraão mostrou-se disposto a sacrificar Isaque teve início em abril/maio de 967 a.C. a construção do Templo que estava destinado a levar o nome do rei Salomão. O prédio foi terminado em out/nov de 960 a.C., após sete anos e meio de construção (1 Rs 6.1, 37ss.). A origem .dessa casa de adoração é creditada a Davi. E notado em 1 Crônicas 28 que o Espírito sugeriu a ele a necessidade de substituir o Tabernáculo por um edifício permanente. Apesar de Davi ter sido impedido de construir essa casa por ser um guerreiro e ter derramado sangue (v.3), ele comprou o terreno (2 Sm 24.18-24), armazenou muitos 1896 dos materiais a serem usados na sua construção (1 Cr 22.2-16), e confiou a tarefa a seu filho Salomão (1 Cr 28.1-29.19). A planta dessa edificação era similar à do Tabernáculo; mas as dimensões eram em dobro, e a altura correspondia, ao triplo da altura do santuário anterior. E bem provável que Josefo (Ant. viii.3.2.) dê as dimensões externas, 60 côvados de altura assim como de comprimento, e 20 côvados de largura, com um segundo andar de planta baixa igual, embora o livro de Reis mencione uma altura interna (30 côvados) de cada andar (1 Rs 6.2). Provavelmente o côvado real de 20,9 polegadas tenha sido usado, de acordo com o paarão antigo (2 Cr 3.3). As paredes de pedra eram forradas com cedro entalhado, que era recoberto com ouro (1 Rs 6.22); os tetos e até o piso também eram cobertos com ouro. A divisória separando o Santo dos Santos do Lugar Santo aparentemente também era de madeira de cedro coberta com ouro (1 Rs 6.16,20). A entrada para o Santo dos Santos consistia em uma porta dupla de madeira de oliveira com entalhes, e era folhada a ouro (1 Rs 6.31,32). Essa porta permanecia aberta, mas era coberta com um véu de um material semelhante ao do Tabernáculo, evidentemente mantido no local com correntes de ouro em frente à divisória (6.21). Veja Véu. No Santo dos Santos ou santuário interno (heb. dcbir) foi posta a arca da aliança, cuja tampa (ou topo) era chamada de propiciatório. Ela permanecia entre dois querubins que tinham dez côvados de altura, feitos de madeira de oliveira coberta com ouro. Acredita-se que eles pareciam-se com esfinges aladas com corpos de leão e rostos humanos. As asas dos querubins estavam abertas e se tocavam sobre a arca (1 Rs 6.23-28; 2 Cr 3.10-13). Aqui Deus manifestava a sua resença de maneira especial na glória hekinah. No lugar santo ou nave (heb. hêkal) ficavam o altar de incenso, dez castiçais de ouro (com sete lâmpadas em cada castiçal) e dez mesas para o pão da proposição. Cinco dos castiçais e mesas ficavam em cada lado do Santo dos Santos. O lugar santo, sendo mais alto que as câmaras laterais, tinha janelas no alto como um clerestório (1 Rs 6.4,5). Se o Templo se localizava em uma plataforma elevada (cf Ez 41.8), então um lance de degraus levaria acima a partir do pátio interno para o terraço ou vestíbulo (heb. 'idam). O terraço era igual em comprimento à largura do Templo e tinha dez côvados de largura diante da frente do prédio (1 Rs 6.3). A sua altura é alvo de controvérsia porque a medida de 120 côvados em 2 Crônicas 3.4 parece excessivamente grande. Nenhuma torre ou pilar, comum na entrada dos templos egípcios, é mencionada em qualquer parte ao AT. Ladeando a entrada do terraço TEMPLO TEMPLO havia um par de enormes pilares isolados em bronze com grandes capitéis. Eles tinham os nomes de Jaquim U/.e.) e Boaz (1 Rs 7.15-22; 2 Cr 3.15,17; Jr 52.21,23), talvez as palavras iniciais de inscrições em hebraico entalhadas nos pilares. Tais colunas isoladas eram uma característica comum em templos do antigo Oriente Próximo. Havia dois pátios (2 Rs 23.12), um pátio interno que cercava a área sagrada, que era reservada para uso exclusivo dos sacerdotes (1 Rs 6.36; 2 Cr 4.9), e um pátio externo ou “pátio grande” (2 Cr 4.9), que era para uso do povo. O pátio interno era chamado de átrio “superior” ou “pátio de cima” (Jr 36.10), e aqui se encontravam a enorme bacia chamada de mar de fundição e o altar de sacrifício em bronze, assim como itens menores de equipamento, incluindo dez pias. Acreditase que o pátio interno teria pelo menos 100 cóvados de largura e 200 côvados de comprimento, enquanto o pátio externo ou “de baixo”, para o povo, teria ao menos 400 côvados de comprimento e 200 côvados de largura. Essa magnífica edificação foi dedicada em uma cerimônia de uma semana de agradecimento solene e orações. Quando Salomão orou consagrando o prédio diante do altar, desceu fogo do céu e consumiu os holocaustos (2 Cr 6.13-7.1). Quando Jerusalém foi destruída pela Babilônia em 586 a.C., o Templo de Salomão teve seus tesouros saqueados e o prédio foi completamente queimado {2 Rs 25.9ss.; Jr 52.13ss). Contudo, saques periódicos haviam ocorrido anteriormente, como por exemplo, nos dias da invasão de Sisaque, em aprox, 925 a.C. (1 Rs 14.25-28). O Templo de Ezequiel O Templo que o profeta Ezequiel contemplou em visão (Ez 40.2-47.2) aparentemente pertence à era escatológica que vem depois da destruição de Gogue e suas hostes (Ez 3839). Portanto, os intérpretes pré-milenialistas das Escrituras geralmente acreditam que esse será um templo literal, construído para a adoração durante o reino milenar de Cristo (veja Ezequiel, Livro de). Em suas características essenciais, o Temlo de Ezequiel era baseado no Templo de alomão. Os portões, descritos em grande detalhe (Ez 40.6-44), correspondem quase exatamente aos portões da cidade construídos pelos arquitetos de Salomão, os quais os arqueólogos escavaram em Megido, Hazor e Gezer. Carl G. Howie reconstruiu a planta do Portão Leste (w,6-16) e notou a incrível semelhança entre este e o portão salomônico em Megido, do nível IVB. Ambos têm o mesmo número de pilares e câmaras adjacentes; ambos têm um duplo vestíbulo ou terraço, e de maneira geral as medidas são semelhantes (“The East Gate of EzekieTs Temple Enclosure and Solomonic Gateway of Megjddo”, BASOR #117 [1950], pp. 13-19). Conjeetura-se então que, quando jovem, Ezeuiel havia conhecido o próprio Templo de alomão antes de ter siao levado cativo de Jerusalém. A principal característica do Templo de Ezequiel é sua perfeita simetria geral. O recinto todo, de 500 côvados quadrados (42.1520) está voltado para o leste. Talvez a maior diferença em relação ao Templo de Salomão seja a ausência do grande “mar” ou pia (cf. 1 EÍs 7.23-26). Seu lugar parece ter sido 1897 TEMPLO TEMPLO tomado pelo rio de águas vivas que corriam dos limites do Templo para o leste, em direção ao mar Morto, tornando as suas águas frescas e trazendo vida a áreas des árticas (47.1-12). O Segundo Templo Josefo é a principal fonte de informações a respeito deste edifício. De fato, exceto por referências ocasionais no Talmude e na imagem pouco definida dessa estrutura no contexto do NT, não há outras informações a seu respeito. Os alicerces foram iniciados em 535 a.C., o segundo ano após o retomo inicial dos exilados vindos da Babilônia (Ed 3.8-12), mas Zorobabel e Jesua, o sacerdote, encontraram tanta oposição por parte dos adversários locais que os trabalhos foram paralisados. A reconstrução do Templo foi retomada em 520 a.C. sob a exortação dos profetas Ageu e Zacarias e por decreto do próprio rei persa (Ed 5-6). A reconstrução foi concluída (Ed 6.15) no terceiro dia do mês de Adar, no sexto ano de Dario I (mar., 516 a.C.), apesar da observação de Josefo de que a reconstrução levou sete anos. Esse segundo prédio não poderia ser comparado, em esplendor, com o de Salomão, mas ocupava o mesmo local e foi construído, de forma geral, utilizando a mesma planta. Deduz-se de Zacarias 6.9ss. que esse trabalho foi apoiado de forma generosa por aqueles que haviam permanecido na Babilônia. Esse Templo, às vezes chamado de Templo de Zorobabel de acordo com o Talmude, carecia de cinco itens que havia no Templo de Salomão. Estes eram a arca da aliança, o fogo sagrado para consumir a oferta queimada inicial e os sacrifícios, a glória Shekinah, o Espírito Santo, e o Urim e Tumim. De acordo com Josefo, não havia nada no Santo dos Santos, onde a arca da afiança havia estado. Uma pedra foi colocada a li para uso do sumo sacerdote, mas não havia nenhum móvel. Nessa pedra o sangue da expiação era aspergido no Dia da Expiação, ao invés de no propiciatório da arca, como no Templo anterior. É evidente que, por mais de uma vez, o Templo sofreu estragos nos anos que seguiram sua reconstrução. Provavelmente os edifícios do Templo também foram danificados durante a supressão da rebelião de 351 a.C. por Artaxerxes III. O Templo também foi sem dúvida danificado quando Ptolomeu I trouxe uma severa destruição a Jerusalém em 312 a.C. Durante a época de Antíoco IV (175163 a.C.), esses edifícios receberam os seus mais sérios golpes. Pompeu também rompeu seus muros em 63 a.C., depois de um cerco de três meses. Crasso pilhou o Templo em 54 a.C,, e seus prédios também sofreram muito quando Herodes atacou a cidade de Jerusalém em 37 a.C., auxiliado pelo general romano Sósio da Síria. 1898 Consideráveis adições foram feitas ao complexo do Templo durante esses séculos, e ele foi renovado no tempo de Simeon benJochanan, que também o fortificou e construiu um imenso reservatório para a água necessária nos serviços religiosos (aprox. 223-187 a.C,). Depois que esse Templo foi profanado por Antíoco IV, ele foi restaurado por Judas Macabeu (1 Mac 4.36); este evento proporcionou a ocasião para a Festa Anual Judaica da Dedicação (cf. Jo 10.22). Em anos posteriores outras fortificações foram adicionadas aos prédios do Templo por Jônatas Macabeu, e também por João Hircano (134-103 a.C.), que foi o primeiro dos reissacerdotes asmonianos. O consenso geral é de que Hircano construiu a grande ponte que cruzava o vale Tiropeano na parte sudoeste do monte Moriá e ligava ao pátio dos gentios. Alexandre Janeu (101-75 a.C.) fez com que fosse construída a separação entre o pátio dos sacerdotes e o pátio de Israel. O Templo de Herodes Em Janeiro do ano 19 a.C. Herodes iniciou a reconstrução do Templo, que subseqiientemente ficou conhecido pelo seu nome. Seu interesse por essa estrutura tem sido explicado de muitas formas, mas de nenhuma que parecesse ter sido religioso. Ele era por temperamento um construtor; esse era também um santuário nacional que deve ter sofrido muito desde o exílio e assim trazia pouca glória para aquela terra. As vezes tem sido sugerido que esse foi o modo de Herodes apaziguar o povo judeu, mas a verdade é que ele começou o trabalho enfrentando uma forte oposição. De fato, sua proposta de reconstrução do Templo deparou-se com tão forte oposição que, para conciliar os judeus, ele fez com que 1.000 sacerdotes fossem treinados como talhadores de pedra, carpinteiros e decoradores, certificando-se de que nenhuma mão profana tocaria o local sagrado. O trabalho no santuário foi completado em 18 meses, mas o resto do edifício estava ainda sendo reconstruído no tempo de Jesus (cf. Jo 2.20) e não foi concluído até 64 d.C., e só permaneceu por mais 6 anos em sua forma acabada. A área em que o Templo foi construído não era grande o suficiente para acomodar a planta que Herodes planejou executar. Rochas foram afastadas para se preencher um vale profundo, criando uma área de aproximadamente 35 acres dentro do complexo do Templo. Apesar das dimensões exatas da nova estrutura ainda serem alvo de discussão, parece provável que ela era 351 jardas ao norte, 309 jardas ao sul, 518 jardas a leste e 536 jardas a oeste. Essa área acrescida foi construída com duras rochas brancas de grande dimensão; esses blocos gigantescos de rocha calcária podem ser vistos hoje no Muro das Lamentações ou no atual muro oci- TEMPLO dental, que era nina parte do muro de arrimo ocidental de Herodes. Na parte mais elevada dessa área ficava o santuário em si, dividido como era nos dias de Salomão e construído nas mesmas dimensões. Agora ele estava, porém, coberto com placas de ouro, e em geral mais ricamente decorado do que era possível no tempo da reconstrução que se seguiu ao cativeiro. O santuário, contendo o Santo dos Santos e o Lugar Santo, estava situado na metade norte do pátio dos gentios, e voltado para o oeste ao invés de para o leste dessa área. Doze degraus abaixo, no segundo nível, estava o pátio dos sacerdotes. Esse pátio continha a grande pia e o altar para as ofertas queimadas. Três lances de degraus abaixo ficava o pátio dos israelitas, que parece ter sido dividido de modo que a parte leste era designada como pátio das mulheres, enquanto a parte oeste era para os homens. Em torno desse pátio ficavam as residências dos sacerdotes, vários escritórios do Templo e a sala do Sinédrio. Adjacente à parede do pátio das mulheres havia treze caixas. Nove delas eram para receber o que era legalmente devido pelos adoradores; as outras quatro eram para ofertas estritamente voluntárias (Lc 21.1-4). O uso específico de cada uma era cuidadosamente demarcado. Quatorze degraus abaixo estava o pátio dos gentios, que era aberto a todos, judeus ou gentios, exceto àqueles que viessem a estar cerimonial mente impuros. Ao redor do Templo propriamente dito havia um balaústre, a meia altura, entalhado em mármore, com quatro portões no norte e sul, um no leste, e nenhum no lado oeste. Em cada portão havia um aviso, gravado em pedra, em latim e grego; “Que nenhum estrangeiro ultrapasse a barreira entrando no pátio que cerca o Templo. Todo intruso que for pego será responsável por sua própria morte, que lhe será imposta como pena”. A porta do leste era conhecida como Formosa (At 3.2) ou Portão de Nicanor. Três dos quatro portões restantes, tanto no norte quanto no sul, abriam-se diretamente para o pátio de Israel, enquanto que o quarto em cada lado dava para o pátio das mulheres. O pátio dos gentios era de especial interesse para Herodes; aqui ele realmente aplicou seu gosto, dando-lhe toda sua atenção pessoal. Ele aumentou tanto esse pátio que ele se tornou o dobro do que havia sido. Ao redor de todo esse pátio navia uma magnífica colunata de pilares de mármore branco, colunas coríntias, cada uma feita de um bloco único, com três colunas de profundidade em três dos lados e quatro no lado sul. O teto desse claustro forrado com madeira se ligava por uma passagem à fortaleza de Antônia no canto noroeste do complexo do Templo, que também estava ligado ao nível térreo do pátio dos gentios por duas escadarias. Todo o TEMPLO pátio dos gentios era pavimentado com mármore de muitas cores elegantes. Os pórticos em três lados tinham cerca de 15 metros de largura. Dentro da parte mais larga ao sul, que era comumentê chamada de “pórtico real", encontrava-se o mercado do Templo. Entre alguns desses pilares ficavam tendas permanentes, enquanto outros espaços na área eram ocupados apenas temporariamente. Aqueles que faziam câmbio de dinheiro e os negociantes de animais para os sacrifícios poderiam ser encontrados neste local (Mc 11.15-18; Jo 2.14-16). O pórtico do leste era chamado de Pórtico de Salomão (Jo 10.23; At 3.11; 5.12). Aqui os professores discursavam; qualquer ensinador podia se sentar com as costas para ura dos pilares e instruir as pessoas sentadas à sua frente em um círculo. O pórtico leste terminava em uma torre conhecida como Torre do Pináculo, na extremidade sudeste (cf. Mt 4.5), As sólidas paredes que circundavam todo o Templo eram abertas em quatro portões no oeste; dois deles levavam aos subúrbios da cidade, o terceiro à ponte Tiropeana, e o quarto aos degraus que desciam para o vale em si. Havia dois portões adicionais na parede sul, conhecidos pelo nome de Hulda. O Susã ou Porta Dourada ficava na parede leste (Ez 10.19; 11.1; 43.1), e Josefo menciona um outro na parede norte (Ware vi.4.1). Parece qne a “ponte” (talvez uma escadaria monumental, incorporando o “Arco de Robinson”) acima do vale Tiropeano era a entrada mais usada para a área do Templo. Um adorador normal mente, entrando pelo oeste e saindo pelo leste, cruzava a ponte que levava direto para o interior do palácio real ao longo do lado sul do pátio externo do Templo. A seguir, o pátio dos gentios era atravessado diagonalmente; e, depois de uma virada quase total à esquerda, o adorador estaria em frente à Porta Formosa, que levava ao pátio das mulheres. Quatorze funcionários constituíam o conselho permanente do Templo que regulava tudo aquilo que era concernente aos seus assuntos e serviços. Seus membros também eram chamados de “anciãos dos sacerdotes” ou “os conselheiros”. O conselho era formado pelo sumo sacerdote, um sacerdote subordinado, dois supervisores ou tesoureiros, sete encarregados dos portões e três sub tesoureiros. A seguir, na hierarquia, após os membros do conselho estavam os cabeças de cada turno dos sacerdotes. Muitos outros oficiais e subordinados serviam como instrutores, examinadores de sacrifícios, artífices e assistentes dos sacerdotes. A destruição desses prédios se deu pelas mãos dos romanos no ano de 70 d.C., liderados por Tito. Os judeus usavam o Templo como uma fortaleza e eles mesmos foram os responsáveis pelo fogo nos recintos externos. A área do santuário foi queimada pelos ro- 1899 TEMPLO manos, que também demoliram as suas paredes. O triunfante Arco de Tito em Roma mostra em entalhes soldados romanos retirando o mobiliário do Templo. O imperador Adriano fez com que um templo dedicado a Júpiter Capitolino fosse construído no mesmo local do Templo judeu no ano 136 d,C, No ano 691 d.C., os muçulmanos construíram nessa mesma área a Cúpula da Rocha, às vezes erroneamente chamada de Mesquita de Ornar; é essa estrutura, construída pelo Califa Omar, que atualmente ocupa o antigo local do Templo e santuário judeu. Veja Arquitetura; Igreja; Jerusalém; Santuário; Tabemáculo; Adoração. Bibliografia. Georges A. Barrois, “Temples", ÍDB, IV, 560-568. E. F. Campbell, Jr„ e G, E. Wright, “Tribal League Snrines in Amman and Shechem", BA, XXXII (1969), 104-116. CornPBE, “Temple”, pp. 680-687. Alfred Edersheim, The Temple, Nova York. Revell, 1874 (reimpresso por Eerdmans, 1950). Paul L. Garber, “Reconstructing Solomon’s Temple”, BA, XIV (1951), 1-24. Siegfried H. Hom, “Temple", SDABD, pp. 1069-1080. R. J. McKelvey, “Temple’ in the New Testament" NBD, pp. 1247-1250. The New Temple, the Churcn in the New Testament, Londres. Oxford, 1969. Otto Michel, “Naos”, TDNT, IV, 880-890. André Parrot, The Temple of Jerusalem, Londres. SCM Press, 1957. Gottlob Schrenk, “Hieron etc.”, TDNT, III, 221-283. Emil Schürer, A History of the Jewish People in the Time of Jesus Christ, Edinburgh. T. & T. Clark, 1885. W, F. Stinespring, “Temple, Jerusalem", IDB, IV, 534-560. Roland de Vaux, Ancient Israel. Its life and Instítutíons, trad. por John McHugh, Nova York. McGraw-HiO, 1961, pp. 271-344. G, E. Wright, Biblical Archaeology, ed. rev., Filadélfia. Westminster, 1962, pp. 137-146. G. R. H. Wright, “Temples at Shechem”, ZAW, LXXX (1968), 1-34. H. L. D. e J, R. TEMPO Existem inúmeras palavras hebraicas e gregas na Bíblia que denotam os vários aspectos do tempo. Os termos mais importantes são os hebraicos yom, dia, tempo, e 'eth, tempo; e os gregos kairos, tempo, tempo fixo ou ponto no tempo; e chronos, tempo, tempo estendido. As palavras gregas mostram, definítivamente, uma certa distinção entre o tempo de uma forma pontual ou momentos precisos no tempo (kaíroi), e o tempo como um intervalo que tem uma duração (chronos). Cristo usou essas duas palavras quando disse aos seus discípulos; “Não vos pertence saber os tempos [chrouows] ou as estações [kairousY (Atos 1.7), e parece que estava fazendo a distinção entre períodos de tempo, como a Era da Igreja e o Milênio, e ocasiões 1900 TEMPO puntuais, como seu retorno e o dia do juízo. Deus e o tempo. Na Bíblia, Deus é revelado como o Criador do tempo, e como alguém que age no tempo. Ele criou o mundo em seis dias e descansou no sétimo. Mesmo antes da criação o tempo aparece como se Ele e o Filho tivessem planejado nossa redenção e a registrado em seu livro (SI 40.7), Depois da segunda vinda de Cristo o tempo irá continuar e os redimidos estarão vivendo e reinando eternamente com Deus, literalmente, “para todo o sempre” (Ap 11.15; 22.5). O uso do termo “dia”, para cada um dos seis passos da criação, não vai contra a aplicação do tempo a Deus e suas ações, mesmo sabendo que “um dia para o Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia” (2 Pe 3.8; SI 90.4). Deus pode estender nosso tempo e examinar meticulosamente cada momento (da mesma maneira como podemos escrever um livro sobre a experiência de um momento) ou comprimi-lo de tal forma que mil anos pareça um dia (como podemos resumir um milênio em uma sentença). Porém, isso não nega a existência do tempo; serve apenas para revelar sua importância. A filosofia e o tempo. Aristóteles lutou com o problema do tempo. Afim de expressar a passagem do tempo, ele argumentava: “Devemos usar números”. Será que os números e o ato de contar vêm antes on depois dos objetos contáveis? Podemos ter aritmética sem coisas para contar, sem a criação? De outro modo nâo poderiamos ter o próprio tempo, pois ele mesmo deve ser “contado”. Aristóteles decidiu, portanto, que a contagem, a matemática e o tempo são números finitos que não existiam antes da criação. Ele não percebeu que o ato de contar e a matemática também são possíveis, assim como a teórica possibilidade de contar, e que o tempo, portanto, pode ser uma mera possibilidade do antes e depois e que sua sucessão é inteiramente separada dos números finitos da criação. Immanuel Kant complicou o quadro filosófico quando argumentou, de outro ângulo, contra a existência eterna do tempo. Deus é infinito. Se o tempo e o espaço também são infinitos - como devem ser se são eternos então temos três infinitos. Mas isso seria impossível porque duas ou mais coisas não poaem ser todas infinitas. Logo, Deus deve ser infinito, e o tempo e o espaço, finitos. Segue-se então que não existe tempo ou espaço para Deus. O tempo e o espaço são categorias finitas, e tudo aquilo que conhecemos em termos de tempo e espaço representam conhecimento finito. Como Deus é atemporal e infinito, não estando limitado ao espaço, e o homem conhece as coisas apenas segundo sua categoria de tempo e espaço, de acordo com Kant segue-se que Deus não poderá nunca ser conhecido porque existe uma separação completa entre seu reino de conhecimento e o nosso. TEMPO A teologia e o tempo. Existem três opiniões teológicas relacionadas ao tempo. (1) O temo não existe para Deus, no entanto Ele traalha e se revela no tempo. Agostinho e muitos teólogos reformados aceitam esse conceito. Ele significa simplesmente que o tempo não existe para Deus apenas com respeito à sua essência, pois conhecemos a Ele no tempo e Ele tratou com os homens dentro do tempo. Como não conhecemos os nossos melhores amigos em sua essência, certamente nunca conheceremos a Deus em sua essência. Só pudemos conhecê-lo quando Ele se revelou, e isso só aconteceu em determinado tempo. Sendo assim, podemos dizer que não existe tempo para Deus, embora outros possam dizer que sim; no entanto, devemos concordar que isso realmente não faz diferença ao nosso conceito de revelação, pois tudo que Ele fez e revelou tem chegado até nós em termos de tempo e espaço. (2) Para Deus não existe tempo em qualquer sentido. Ele é atemporal e ilimitado (S. Kierkegaard, Karl Barth e outros teólogos neo-ortodoxos, e também Paul Tillich). Como Deus é atemporal e ilimitado, e o homem só pode conhecer as coisas no tempo e em determinado espaço, Deus não pode se comunicar diretamente com o homem. A revelação deverá ser feita sob a forma de mitos, símbolos ou sagas e irá exigir a “desmitologizaçâo” e a interpretação (Rudolph Bultmann e Paul Tillich). Veja Mito ou Mitologia. (3) O tempo existe para Deus. Essa opinião foi sustentada por J. O. Buswell, Jr., um teólogo reformado. Ele argumenta que a definição dada por Aristóteles sobre o tempo está errada, pois foi baseada em um conceito mal interpretado sobre o ato de contar e a matemática. O tempo (cf. ato de contar) representa a mera possibilidade de existir um antes e um depois, “a mera possibilidade abstrata de relacionamentos em seqüêneia” (J. O. Buswell, Jr., Thomas and the Bible, p. 68). Da mesma forma, o espaço é a mera possibilidade de um relacionamento entre objetos. Com essa definição, nem o tempo, nem o espaço limitam a Deus. Eles só existem como relacionamentos. Mas então, o que dizer sobre a acusação de Kant de que eles ainda sâo infinitos e, portanto, limitam a Deus? Nem todos os infinitos são mutuamente excludentes. Podemos ter um número infinito de linhas infinitas. Além disso, a onisciência de Deus supera qualquer aspecto limitante do tempo, assina como sua onipresença supera o do espaço. Na definição de um Deus onipotente, onisciente e onipresente, a infinidade do tempo e do espaço não teria sido abrangida no sentido de existirem como relacionamentos que já fazem parte dEle, mesmo antes de serem manifestados em sua criação? Da mesma forma, falamos a res- TEMPO peito de Deus como um ser eterno (SI 102.24-27; Jr 10.10) que habita na eternidade (Is 57.15). O tempo e a eternidade não se opõem, porque a eternidade (“de eternidade a eternidade”, Salmos 90.2) deve incluir o tempo. Conclusão. O tempo se tornou um problema muito sério para os teólogos de nossos dias. Aristóteles e Kant levantaram as dificuldades filosóficas; Agostinho, Kierkegaard e também outros teólogos neo-ortodoxos levantaram as dificuldades teológicas. Está sendo necessária uma definição do ato de contar, da matemática e do tempo que seja sufi ciente mente abrangente para se estender a um período anterior à eternidade (anterior à criação), assim como à criação e à eternidade que ainda estão por vir. Se o tempo e a matemática são relacionamentos que sempre existiram em Deus, então o problema está resolvido e a neo-ortodoxia está refutada. Por outro lado, se o tempo e o espaço existem apenas como resultado da criação de Deus - uma vez que Deus certamente já conhecia estes relacionamentos antes mesmo da criação - alguém poderia dizer que o mundo e o homem acrescentaram estes elementos a Deus. Logo, Deus conheceu o tempo e o espaço por causa da criação. Assim Ele passou a ter algo que não tinha antes. Ele precisava da criação para ser completamente Deus! Esse é um pensamento perigoso por significar que experimentamos relacionamentos que Deus não tinha até o momento em que passamos a existir. Nesse aspecto, seríamos superiores, ou pelo menos iguais a Ele. A única resposta segura será um novo exame do relacionamento bíblico entre Deus e o tempo, e a elaboração de uma definição qne seja adequada à revelação. Quando o tempo e o espaço são eliminados do reino da criação, e vistos como relacionamentos existentes em Deus antes da criação, esses problemas ficam resolvidos. Veja Aeon; Calendário; Eternidade; Existencialismo; Neo-ortodoxia; Teologia; Tempo, Divisões do. Bibliografia. James Barr, Biblical Words for Time, rev., Londres. SCM Press, 1969. J. Oliver Buswell, Jr., Being and Knowing, Grand Rapids. Zondervan, 1960, pp, 41-45; Systematic Theology, Grand Rapids. Zondervan, 1963,1,45-48, 127; Thomas and the Bible (mimeografado), St. Louis. Covenant Theological Seminary, s.d. Oscar Cullmann, Christ and Time, Londres. SCM Press, 1951. Gerhard Delling, “Hemera”, TDNT, II, 943-953. Carl F. H. Henry, “Time”, BDT, pp. 523-525. E. Jenni, “Time”, IDB, IV, 642-649. John R. Wilch, Time and Event, Leiden. Brill, 1969 (um estudo exegético do uso do termo‘eth no AT), R. A. K. 1901 TEMPO DE SEMEAR TEMPO DE SEMEAR Veja Agricultura. TEMPO, DIVISÕES DO A atitude de várias culturas em relação ao tempo é extremamente variada. Por essa razão, os estudiosos ainda não foram capazes de explicar plenamente o emprego exato do sistema de tempos da língua hebraica clássica. Os hebreus não eram ávidos perseguidores de causas impessoais, e o tempo, por ser um conceito abstrato, estava fora de seus interesses. Entretanto, eles realmente mostraram um interesse, de certa forma rústico, pela medida do tempo. 1. Dia. O dia era a unidade básica do tempo por ser a mais óbvia. Como todos os povos da Antiguidade, os israelitas observavam o movimento do sol (e da sombra) como sinal da passagem do dia. Eles contavam os dias, meses e anos e dividiam a noite em três vigílias (Jz 7.19; SI 90.4; 119.148; Jr 51.12; Hc 2.1). Até onde sabemos, a divisão do dia não era feita em horas exatas, e a designação usual era noite, manhã, meio-dia e madrugada. Em 2 Reis 20.9 (cf. Is 38.8) é feita referência ao chamado mostrador do sol de Acaz ou “relógio de sol de Acaz”. A cuidadosa leitura dos textos hebraicos revela que o mostrador do sol representava os passos (ma alot) sobre os as sombras se moviam. Embora não Íjuais osse um verdadeiro mostrador, ainda assim o passar do dia podia ser grosseiramente medido através do número de passos que a sombra havia se movido. 2. Hora. Os babilônios dividiam seu dia em 12 beru (em grego hora, em port. “hora1’). Esta medida correspondia a duas de nossas horas em duração, pois um certo astrólogo babilônio informa que por ocasião do equinócio os seis bere ao dia e os seis da noite eram exatamente iguais (CAH, III, 239). Não existem provas no AT de que a hora tivesse sido bem estabelecida e que os bere haviam se tomado horas únicas, 12 para o dia e 12 para a noite (Jo 11.9). A divisão original do dia em 12 partes vem do sistema sexagésimo de numeração sumériobabilônico que, segundo alguns acreditam, se originou das 12 lunações óbvias da lua através de cada ciclo sazonal. Curiosamente, esse sistema perdura até os nossos dias, não só para medir o dia em horas, mas a hora em minutos e os minutos em segundos. 'd.Semana. A próxima divisão do tempo, a semana (shabua\ que significa sete dias) foi usada através de todo o mundo bíblico desde tempos imemoriais. No entanto, ela não tem nenhuma relação com os fenômenos astrológicos. O registro bíblico ensina claramente que a origem da semana se deve diretamente à soberana decisão de Deus de criar todas as coisas em seis dias e de cessar sua obra criativa no sétimo, e em seu subseqüente mandamento ao homem de seguir este exemplo ao fazer suas próprias obras. 1902 TEMPO, DIVISÕES DO Portanto a semana, como um divisor do tempo, era estritamente um assunto religioso sem qualquer outra base. No NT, o período de sábado a sábado era chamado de sabbaton (Mt 28.1), uma palavra que deriva do hebraico shabbat, que significa “repouso", e não sheba‘ t que significa “sete”. Os israelitas tinham outros períodos de tempo em seu calendário religioso baseados em um ciclo de sete, como os sete sábados do Dia da Expiação até a Festa de Pentecostes (Lv 23.15,16), e o conjunto de sete anos que media o tempo do ano do jubileu, quando as dívidas eram perdoadas e os escravos eram libertados (Lv 25.8ss.). 4. Mês. A palavra hebraica comum para “mês” era kodesh, que se referia à renovação da lua. Observando cuidadosamente o primeiro sinal da renovação da lua, os israelitas celebravam o começo de cada mês com o tocar de trombetas (Nm 10.10; 29.1). Portanto, o mês dos hebreus era totalmente lunar. Isso significa que havia uma fração de mais de 29 dias em cada mês que formava 12 meses mais alguns dias extras em cada ano solar. Como eram dedicados à agricultura, os israelitas reconheciam essa discrepância e procuravam corrigi-la fazendo uma intercalacão, isto é, adicionando um mês extra quando necessário. Atualmente, os judeus ainda fazem uma intercalação em seu calendário religioso com o segundo mês de Adar em intervalos regulares. Os egípcios foram os pioneiros dos meses não lunares, que nós herdamos através dos romanos. Os nomes dos meses do calendário hebraico foram emprestados dos babilônios depois do exílio. Antes disto, os meses eram geralmente enumerados, embora durante a construção do Templo de Salomão tenham sido usados nomes aos meses fenícios (zive, etanim e bul, 1 Reis 6.1,38; 8.2) por causa dos artesãos fenícios encarregados de executar as obras. Nos tempos da Antiguidade, não hã dúvida de que os hebreus tinham vários menológios (listas dos nomes dos meses) agrícolas. Abibe, o primeiro mês do ano, era na primavera e marcava o tempo da Páscoa. Depois os judeus adotaram o sistema babilônico, e o primeiro mês do ano passou a ser no outono. A pequena inscrição encontrada em Gezer, em 1908, representa um menológio agrícola local de 12 meses usado pelo povo mais simples para marcar a passagem das várias estações de colheita. Veia Calendário. 5. Ano. Assim como o nome hebraico para mês se originou da Tenovação da lua, parece que a palavra para ano derivou da mudança das estações (BDB, p. 1039). Ao contrário dos egípcios, que tinham um ano solar baseado na observação da estrela Sirius, os hebreus, com sua simplicidade agrícola, observavam a mutação sazonal para manter corretamente seu ano lunar, fazendo as intercalações necessárias. TEMPO, DIVISÕES DO Para períodos mais longos, a Bíblia não faz divisões em décadas ou séculos, mas usa termos comuns da cultura do Oriente Próximo. Por exemplo, o período usado para medir um longo período de serviço ou servidão é 40 anos (Jz 3.11; 1 Sm 4.18; Inscrição de Mesa, linha 8, ANET, p. 320). Daniel, em um contexto profético, usa um conjunto de sete anos e setenta semanas para dividir o tempo em períodos antes da consumação dos tempos (Dn 9.24-27). No Apocalipse, João fala sobre o reino final de mil anos de Cristo depois do último conjunto de sete anos de Daniel (Ap 20.4) . Esse período de mil anos tem uma antiga tradição literária (SI 90.4), embora não existam provas de que os hebreus alguma vez se preocuparam com eras tão longas em sua prática diária. A passagem de longos períodos de tempo era muitas vezes medida em gerações (Dt 32.7; veja Geração). Somar geração com geração era a maneira hebraica (dor wador) de expressar uma medida de eternidade de tempo. Tais medidas expressavam o conceito de eternidade no NT (gr. aionios) e no AT (heb. ‘olam). O salmista compara mil gerações a um ‘olam (SI 105.8). Sem dúvida, isso significa “sempre”, pois está se referindo à fidelidade de Deus. E. B. S. Outros termos e expressões. “Amanhecer” ou “aurora” significa o começo do dia, quando se iniciam todas as atividades (Js 6.15), literalmente “ao amanhecer” (Gn 19.15 etc.). A palavra hebraica shahar, traduzida na versão KJV em inglês como “manhã”, podería ser traduzida como “alva”, como em Neemias 4.21; Salmos 139.9; Isaías 58.8; Joel 3.2 etc. “Entardecer, noite, anoitecer” são traduções da palavra hebraica 'ereb e das gregas opse ou opsia e hespera. Esses termos têm vários significados; (1) a tarde, quando as sombras se estendem (Jr6.4) e as mulheres vão ao poço (Gn 24.11); (2) o pôr-do-sol (Lv 22.6-7), quando começava o dia dos judeus; e (3) o crepúsculo, o período entre o pór-do-sol e a noite (Pv 7.9; Gn 29.23). Esse último era evidentemente o significado original da expressão hebraica “entre as duas tardes”, o momento de acender as lâmpadas do Tabemáculo (Êx 30.8) e matar o cordeiro da Páscoa (Ex 12.6). De acordo com Deuteronômio 16.6, isso acontecia no entardecer, quando o sol se punha. Por outro lado, o fato do sacrifício da Páscoa ocorrer no 14° dia do mês, antes do pór-do-sol que começava o 15° dia, levou os rabinos a interpretar posteriormente essa expressão como entre o declínio do sol e o pôr-do-sol. De acordo com essa exegese, o tempo era prolongado a fim de permitir que fossem celebradas as várias cerimônias, assim como o oferecimento do cordeiro, desde a 9a até à 11a hora, aprox. das três às cinco horas da tarde (Josefo, Ant,, xiv.4.3; Wars vi, 9.3.). TEMPO, DIVISÕES DO “Meio-dia” é uma forma alternativa de tarde (Ne 8.3). Um termo hebraico, sohorayim, com sua forma dupla, significa “brilho duplo” (1 Rs 18.29) e foi geralmente traduzido como “tarde" (veja abaixo). Saulo de Tarso se converteu ao meio-dia, a hora mais brilhante do dia, quando foi envolvido por uma grande luz do céu (At 26.13; ef. 22.6,11). “Meia-noite” (heb. hasi hallayla) .significa literalmente “a metade da noite” (Ex 12.29; Jz 16.3; Rt 3.8). Os povos da Antiguidade consideravam a meia-noite mais como a metade da noite (1 Rs 3.20) do que uma hora exata (24 horas). O Senhor feriu todos os primogênitos do Egito por volta da “meianoite” (Êx 11.4), e o salmista se levantava à meia-noite para louvar a Deus (SI 119.62). A palavra grega mesonuktion talvez fosse a mais precisa ao se referir à vigília da meianoite (Mc 13.35). Em Trôade, Paulo continuou a pregar até à meia-noite (At 20.7). “Momento” é a tradução de várias palavras hebraicas e gregas usadas para designar um intervalo de tempo muito pequeno. Esta palavra não indica uma medida de tempo; simplesmente implica que ele está passando rapidamente. A palavra hebraica rega‘ significa “piscar de olhos” e é usada para descrever a repentina chegada de Deus para o juízo (Êx 33.5), ou a brevidade do triunfo dos iníquos (Jó 21.13). Também foi usada como uma referência à tristeza dos justos (SI 30.5; Is 26.20) e ao incessante cuidado, momento a momento, de Deus por seus filhos (Is 27.3). No NT, o termo grego é semelhante. O termo stigme corresponde a um instante no tempo, à súbita visão dos reinos da terra que Satanás mostrou ao Senhor Jesus Cristo (Lc 4.5), Em 2 Coríntios 4.17, Paulo diz que as nossas atuais aflições são “leves tribulações”, e as classifica como momentâneas (parautika). O Senhor retomará, e em um instante seremos transformados (átomos, “indivisíveis”); este fato acontecerá em um momento tão curto que não pode ser mensurado (1 Co 15.51,52). Veja Piscar de Olhos. “Manhã” é a tradução da palavra hebraica boqer (que aparece mais de 200 vezes no AT), e das gregas proios, “cedo”, e orthros, “aurora, de manhã bem cedo”. Sabemos que o Senhor Jesus levantava cedo, muito antes do dia raiar, para sair e orar sozinho (Mc 1.35). De manhã bem cedo o céu aparecia vermelho em um dia de tempestade (Mt 16.3). Tanto o Senhor Jesus como os apóstolos ensinavam no Templo de manhã bem cedo (Lc 21.38; At 5.21). O Sinédrio não podia iniciar uma reunião formal antes do amanhecer (Mc 15.1). O Senhor Jesus já havia ressuscitado quando as mulheres vieram ao túmulo de manhã bem cedo, logo depois do nascer do sol (Mc 16.2), O Cristo ressuscitado apareceu na praia da Galiléia de manhã, tão cedo que os homens que pescavam à noite não conseguiram discernir as suas feições (Jo 1903 TEMPO, DIVISÕES DO 21.4) . Nossa idéia sobre o meio da manhã é indicada pela expressão “em aquecendo o soP (1 Sm 11.9; Ne 7.3). “Noite” (heb. layla, gr. nyx) é o período entre o pôr-do-sol e o nascer do sol, especialmente as horas de trevas. A alternância do dia e da noite foi divinamente ordenada (Gn 1.5,14,16; Jr 33.20,25). Geralmente, o tempo era contado através de tantos dias e tantas noites (Gn 7.4,12; Ex 24.18; 1 Sm 30.12; 1 Rs 19.8; Jó 2,13; Jn 1.17). O início da noite era chamado de “tarde”, e seu final de “amanhecer” (veja acima); “crepúsculo” (em hebraico neshep) era o período de semi-escuridão que vinna depois do pôr-do-sol (1 Sm 30.17; 2 Rs 7.5,7; Jó 3.9; 24.15) e antes da aurora (Jó 7.4, “até à alva”; Salmo 119,147, literalmente, “Eu me levanto para [te] encontrar no crepúsculo antes da aurora”). A noite era dividida em vigílias (SI 63.6; 90.4; 119.148; Lm 2.19; Lc 12.38; cf. Is 21.11,12). Aparentemente, os israelitas tinham três vigílias (“a vigília da noite”, “da meia noite”, Juizes 7.19, e a “vigília da manhã”, Ex 14.24; 1 Sm 11.11), e o sistema greco-romano tinha quatro vigílias (Josefo, Aní. xviii. 9.6; Mateus 14.25; cf. os quatro grupos de soldados que guardavam Pedro, Atos 12.4) assim denominadas: anoitecer, meia-noite, cantar do galo e manhã (Mc 13.35). Os oficiais do exército romano também dividiam a noite em horas (At 23.23). Ao “meio dia” (heb. sohar) não era apenas um momento, mas um período de tempo, como está indicado em Isaías 16.3, “no pino do meio-dia”. Esse período era conhecido como “o calor do dia”, a hora do repouso do meio-dia (2 Sm 4.5; 1 Rs 20,16; cf. Gn 18.1; 1 Sm 11.11), que provavelmente durava aprox, das 10 horas da manhã até às 2 horas da tarde, e acontecia entre a “manhã” e a hora do sacrifício da tarde (1 Rs 18.26-29). Era um tempo de repouso para os rebanhos (Ct 1.7) e a nora de uma das três orações do dia (SI 55,17; At 10.9; Dn 6.10; cf. oração da manhã, Salmos 5.3; 88.13; oração da tarde, Atos 3.1; 10.30). A palavra “estação” foi usada na Bíblia tanto para as divisões climáticas do ano e os períodos da colheita como para períodos mais curtos e definidos de tempo, ao contrário das “eras”, que eram mais longas {veja Tempo). Nesse último sentido, Deus governa as estações através do sol e da lua (Gn 1.14-16; SI 104.19) e falou com Jó a respeito da “estação” ou do período zodíaco de uma constelação (Jó 38.32). As estações climáticas da Palestina são principalmente a estação das chuvas (novembroabril) e a estação da seca (maio-outubro). As primeiras chuvas (J12.23; Tg 5.7; Jr 5.24) amolecem o solo esturricado pelo sol, e permitem a aragem da terra e a semeadura, enquanto as ultimas chuvas (fevereiro-março) amadurecem os grãos antes da colheita 1904 TEMPOS DOS GENTIOS de cereais na primavera (Dt 11.14). Dens prometeu que mandaria essas chuvas na estação própria (Lv 26.4; Ez 34.26). Portanto, as safras eram colhidas em estações regulares (Jó 5.26; SI 1.3; Os 2.9; Mt 21.41; At 14.17; G1 6.9). E cada festa judaica era celebrada a seu tempo (heb. mo‘ed; por exemplo, Números 9.2,3). Veja Calendário; Festividades. No NT, a frase “os tempos e as estações” (gr. hoi chronoi kai hoi kairoi) tem um sentido escatológico porque se refere a acontecimentos que devem ser cumpridos antes do segundo advento de Cristo e da restauração do reino de Israel (1 Ts 5.1; At 1.7). Essa expressão pode ter se originado em Daniel 2.21. D. Edmond Hiebert acredita que a palavra “tempos” (chronoi) está designando períodos cronológicos que podem se interpor antes da volta de Cristo, enquanto a palavra “estações” (kairoi) indica a natureza crítica das ocorrências que distinguem esses “tempos”; portanto sua tradução seria “as eras e as crises” (The Thessalonian Epistles. Chicago. Moody, 1971, pp. 208ss.). Veja Tempos dos Gentios. Nas passagens proféticas da Bíblia Sagrada, a palavra “tempo” parece ser equivalente a “ano”. Nas passagens do Apocalipse encontramos a expressão “um tempo, e tempos, e metade de um tempo” (Ap 12,14; Dn 7.25; 12.7). Ela significa o período escatológico de 1+2+14 = 3lí anos durante os quais o Antícristo reinará sobre a terra, A prova de qne devemos entender esse período como sendo de três anos e meio é que ele foi igualado aos 42 meses de Apocalipse 11.2; 13.5, e aos 1260 dias (42 meses de 30 dias cada) de Apocalipse 11.3; 12.6. Em outras passagens, um “dia” pode ser designado para representar um ano literal (Nm 14.34; Ez 4.6), e em Daniel 9.24-27 uma semana representa nm período de sete anos. Para “crepúsculo” e 'Vigílias” veja o comentário acima sobre “Noite”. Veja Tempo; Calendário. Para períodos históricos de tempo, veja Cronologia do Antigo Testamento; Cronologia do Novo Testamento. Bibliografia. Roger T. Beckwith, “The Day, Its Divisions and Its Limits in Biblical Thought”, EQ, XLIII (1971), 218-227. Jack Finegan, Light from the Ancient Past, 2a ed., Princeton, Prineeton Univ. Press, 1959, pp, 552-598. J. R. TEMPO DO FIM Veja Escatologia. TEMPOS DOS GENTIOS Período da história mencionado por Cristo em Lucas 21.24 no qual os gentios terão a supremacia. Durante esse período, Deus irá tratar judeus e gentios da mesma maneira, em tudo que diz respeito à salvação, porque a parede da se- TEMPOS DOS GENTIOS TENDA paração foi abolida e existe apenas uma Igreja formada por aqueles que foram salvos pela graça através da fé (Ef 2.13-15). Mas, durante esse período, os gentios serão os grandes administradores do mundo. Os estudiosos dizem, de várias maneiras, que esse período se estende desde a queda de Jerusalém em 586 a.C., ou desde sua última destruição em 70 a.C., até a completa restauração aa cidade sob o governo do Messias. Paulo diz: “até que a plenitude dos gentios tenha entrado”, mencionando que o tempo da supremacia dos gentios será completado “e todo Israel será salvo” (Rm 11.25,26). Zacarias descreve o arrependimento de Israel por ocasião do segundo advento de Cristo (Zc 12.10,11), e Isaías pergunta: “Poderse-ia fazer nascer uma terra em um só dia? Nascería uma nação de uma só vez?” (66.8). Depois do retorno de Cristo, a nação regenerada e os santos ressuscitados que Cristo trará consigo reinarão junto com Ele, como seu Salvador e Rei (Dn 7.22,27; Zc 14.5; Mt 19.28; 1 Ts 3.13; Jd 14; Ap20.4-6). R. A. K. TEMPOS, Magia. OBSERVADOR DOS Veja TEMPORAL Veja Chuva. TENAZ Tradução da palavra heb. malqahayim, um substantivo duplo que vem do verbo laqah, “pegar” ou “apanhar”. Denotava um instrumento usado no altar do Templo para apanhar objetos como, por exemplo, uma brasa viva (Is 6.6). TENDA1 Um abrigo feito de varas ou ramos, utilizado para abrigar uma pessoa temporariamente (Jo 4.5). E geralmente utilizada por soldados (2 Sm. 11.11; 1 Rs 20.12) e ceifeiros (Lv 23.33ss.). Jó (27.18) utilizou uma cabana de guarda como um símbolo de falta de permanência. Veja Festividades: Festa dos Tabernáculos. TENDA2 A tenda (heb. ’ahel, gr. skene) era a habitação característica entre os criadores de gado das raças nômades, das quais Jabal era o pai (Gn 4.20). As tribos pastorais de Rúben, Gade e a meia-tribo de Manassés, na sua maior parte, mantiveram o estilo de vida em tendas a leste do Jordão (Js 22.4-8). Jacó foi caracterizado como um “varão simples, habitando em tendas” (Gn 25.27) , Os israelitas que se fixaram preservaram lembranças de sua vida nômade anterior em frases como “ir à sua tenda” para se dizer “ir para sua casa” (Jz 20.8), e no vocativo “às vossas tendas [ou seja, para suas casas], ó Israel” (1 Rs 12.16). A agricultura era, às vezes, associada à vida em tendas, como no caso de Isaque (Gn 26.12,25). Após se estabelecerem em Canaã, os israe- litas retornariam às suas tendas na época das colheitas, acampando perto de suas lavouras. A tenda típica de nômades semitas era feita costurando faixas ou cortinas (Jr 49.29) de tecido feito com o pêlo da cabra negra locai (Ct 1.5), como as que os beduínos ainda usam na Palestina. Postes eram colocados sob essa coberta a certos intervalos para suspendê-la do chão. E ela era mantida suspensa entre os postes por cordas de pêlos de cabra ou de linho (Is 54.2; Jr 10.20). As pontas soltas das cordas eram fixadas com pinos de madeira dura fincados no solo com grandes marretas de madeira (Jz 4.21; 5.26). Algumas tendas eram circulares e apoiadas em um poste central. A tenda comum era alongada e sustentada por nove postes, que tinliam de 2 a 2,30 metros de altura, dispostos em três fileiras de três. A tenda era dividida por uma cortina - a divisão da frente aberta e de livre acesso a todos, a dos fundos fechada e reservada para mulheres e a privacidade da vida doméstica (Gn 18.9). A parte das mulheres era chamada de harem (“proibida” a outros homens). Os patriarcas eram abastados o suficiente para poderem ter tendas separadas para suas mulheres (Gn 24.67; 31.33). Nos tempos antigos era costumeiro armar-se uma tenda especial para os recém-casados (SI 19.5; J1 2.16; ef. 2 Sm 16.22), da mesma maneira que ainda se faz entre os árabes. A cobertura sob a qual os casais judeus se casam hoje é uma alegoria ao antigo kuppa (tenda da noiva). A tenda (heb. qubba) de Números 25.8 era provavelmente uma tenda-santuário dos midianitas nômades (JBL, XC [1971], 200-206). O equipamento para a vida nômade era escasso. O fogão ou forno consistia de umas poucas pedras colocadas na entrada da tenda ou simplesmente um buraco no chão. Os objetos eram facilmente escondidos sob a poeira do solo da tenda, mesmo que com o conhecimento dos membros da família, como no caso de Acã (Js 7.20-25). Tapetes de palha rústica serviam como camas que poderi- Uma típica tenda beduína na Palestina 1905 TENTAÇÃO DE CRISTO TENDA Tradicional monte da Tentação próximo a Jerícó, com seu mosteiro Ortodoxo Grego. HFV am ser enroladas durante o dia. A mesa era um pedaço de couro posto sobre o solo (SI 23.5; Is 21.5). Sacos ae pele de cabra, potes de cerâmica, vasilhas, jarras de água, duas pedras de moer para uma moenda de grãos, lâmpadas simples de cerâmica ou tochas, e uns outros poucos instrumentos toscos completavam as posses dos habitantes de tendas. A melhor descrição da vida em tendas nos tempos dos patriarcas encontra-se em Gênesis 18. O habitante de tendas geralmente procurava um grupo de árvores de carvalho para desfrutar sua sombra, como em Manre, perto de Hebrom, e este seria um lugar especialmente bom se houvesse uma fonte de água nas proximidades (Is 13.20). Aqüila e Priscila, assim como o apóstolo Paulo, eram fabricantes de tendas (ueja Ocupações: Fabricante de Tendas). A facilidade e a rapidez com que as tendas eram derrubadas, deixando seus ocupantes sem cobertura no solitário deserto, é a imagem utilizada por Paulo da rápida dissolução do nosso corpo mortal, que é a preparação para vivermos em nosso corpo ressurrecto (2 Co 5.11). Veja Tabernáculo. Bibliografia. Wilhelm Michaelis, etc.”, TDNT, VII, 368-394. “Skene R. L. D. TENTAÇÃO DE CRISTO Essa expressão é freqüentemente usada para se referir unicamente à tentação sofrida pelo nosso Senhor logo após seu batismo (Mt 4.1-11; Mc 1.12,13; 1906 Lc 4.1-13), mas na verdade ela se estendeu por toda sua vida. O Diabo apenas “ausentou-se dele por algum tempo” (Lc 4.13), e, assim sendo, Cristo disse na última ceia: “Vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas tentações” (Lc 22.28). A tentação que Cristo suportou logo após seu batismo é, contudo, de tal importância, que merece uma atenção especial. A partir da sua experiência fica claro que a tentação em si não é pecado, já que Cristo foi levado à sua tentação pelo Espírito Santo. “Então, foi conduzido Jesus pelo Espirito [Santo] ao deserto, para ser tentado pelo diabo” (Mt 4.1). O pecado não consiste no fato de ser tentado (cf. Adão e Eva, Gênesis 3.1ss.), mas em ceder à tentação. Apesar de Deus poder nos levar a uma situação de teste (Mt 6.13; cf. Tg 1.2-12), Ele próprio não nos tenta. Nós somos tentados pelo Diabo, por nossa natureza decaída e pelas nossas próprias concupiscências (1 Pe 5.8; Tg 1.14,15). Foram levantadas algumas perguntas, O diabo realmente elevou o Senhor Jesus Cristo até o pináculo do Templo? E ele realmente levou o Senhor a uma alta montanha e lhe mostrou os reinos desse mundo? Essas experiências devem ser interpretadas de forma figurada, como exemplos imaginários comuns no Oriente, ou literalmente? Aparentemente temos aqui uma combinação do figurativo com o literal. O Diabo desafiou o Senhor Jesus Cristo a subir ao pináculo do Templo e também a subir à montanha e olhar para uma parte do mundo, e Cristo o fez. Ele TENTAÇÃO DE CRISTO rejeitou tanto a tentação de dar um salto fantástico quanto a de adorar ao Diabo através da citação da Palavra de Deus (Mt 4.4, 7,10). Mesmo que a tentação seja tratada como visão ou alegoria, como por Calvino, ainda assim o adversário era o Diabo e a tentação era real. Mas não há razão para tratála de uma outra forma que não seja a literal. Devemos de fato considerá-la assim como foi registrada na Palavra de Deus. A natureza da tentação tríplice de Cristo. A ordem das tentações específicas varia em Mateus e Lucas, mas isso não é de real importância. A duração do jejum do Senhor Jesus Cristo, literalmente 40 dias, apesar de enfatizada por infiéis antigamente, não é mais considerada um problema. A questão mais importante reside na natureza das três tentações. Se o Senhor Jesus Cristo tivesse transformado pedras em pão, Ele teria usado seu poder miraculoso para escapar do sofrimento e suprir sua própria necessidade. Assim Eie não teria mais agido como o homem perfeito enfrentando as provas e a tentação como o último Adão. Ele não teria sido alguém que “como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 4.15). Seu poder miraculoso deveria ser utilizado para ajudar a outros, e não a si mesmo (veja Humilhação de Cristo; Kenosis). A tentação de exibir sua divindade saltando do Templo foi uma armadilha para abusar de Deus com uma confiança descabida, em contraste com a primeira tentação, que foi a de desconfiar de sua habilidade de resistir à fome. Ela o teria levado a se afastar do caminho do dever. Nela o diabo citou a Escritura, mas apenas de forma fragmentada: “Aos seus anjos dará ordens a teu respeito” (Mt 4.6; cf. Lc 4,10). O tentador omitiu as palavras “para te guardarem em todos os teus caminhos” (SI 91.11). Ai está a mentira do Diabo, pois ele é um mentiroso desde o princípio (Jo 8.44; cf. Gn 3.4,5). A tentação de se garantir domínio e poder imediatos curvando-se ao Diabo é o argumento do interesse próprio; faça o mal e o bem virá — nesse caso, mais rápido. Cristo foi divinamente decretado o Rei de todos os confins da terra (SI 2), e esta era uma tentação para tomar um atalho para sua soberania de direito. O propósito das provas e tentações. Deus sempre testou todas as ordens de seres racionais que Ele criou. Esse teste consiste em uma prova de confiança e obediência totais. Um teste em si não é causa de pecado. Apenas a ação do testado pode transformar o teste em uma ocasião para pecar. Os anjos eram a primeira ordem. Aqueles qne criam em Deus e o obedeciam foram confirmados em justiça e se tornaram os anjos santos; aqueles que desobedeceram e se rebelaram junto com Satanás caíram. Adão e Eva se depararam TENTAÇAO DE CRISTO com um teste de obediência; desobedeceram e caíram. Cristo, para poder redimir os homens, enfrentou testes e saiu vitorioso (Hb 5,7-9). Assim como pela desobediência do primeiro Adão todos caíram, também pela obediência do último Adão a salvação foi oferecida a todos que crerem nele como Salvador pessoal (Rm 5.19). A natureza da santidade de Cristo-Ele nunca pecou. Tem havido muitos debates teoló- gicos sobre a capacidade de Cristo de pecar, posse peccare, e a respeito de três possibilidades: (1) Cristo podería ter pecado, mas não o fez; (2) Cristo tinha a capacidade de não pecar; (3) Cristo era incapaz de pecar. O ponto essencial e o coração do debate centra-se no que constitui uma tentação real. Se Cristo não poderia ter pecado, então Ele de fato alguma vez enfrentou uma tentação genuína? Se, por outro lado, para tornar a tentação verdadeira, Ele poderia ter pecado, isto não seria blasfêmia? Como Cristo poderia ter pecado se Ele é Deus? Mesmo que escolhamos a segunda alternativa e digamos que Cristo tinha a capacidade de não pecar, será que não subentendemos ainda assim que Ele era também capaz de pecar, e desse modo também impugnamos sua santidade inerente? O dilema pode ser resolvido se primeiro reconhecermos que, embora devido à natureza humana nenhum homem tenha o poder de não pecar, a natureza humana de Cristo junto com sua divina pertence à pessoa divina e é governada por essa pessoa. È a pessoa divina de Cristo que odiava o pecado e não podia aprová-lo em sua natureza divina, que por anos sofreu tentações em todos os pontos como nós sem sucumbir ao pecado (Hb 4.15). Em sua natureza humana, Cristo poderia ter pecado, mas devido à sua pessoa divina Ele não poderia fazê-lo. Assim sendo, não dizemos nem que Cristo era capaz de pecar, nem que Ele tinha o poder de não pecar, mas que Cristo não poderia pecar. Abraham Kuyper escreveu: “Mas como Jesus não assumiu uma pessoa humana, um ‘homo’, mas sim a natureza humana, e como não havia nele um ego humano (para realizar essa possibilitas), mas, pelo contrário, a natureza numana permaneceu eternamente unida à segunda pessoa da Trindade, de modo que o controle dessa pessoa divina faz com que seja absolutamente impossível que essa possibilitas se torne realidade” (Loci III, Cap., III, par. 6. p. 11, citado por G.C. Berkouwer, The Person of Ckrist, Grand Rapids. Eedermans, 1955, p. 259). Berkouwer coloca a questão em termos mais existenciais quando escreve; “A incapacidade de pecar é da sua pessoa, de seu total e inviolável desejo de fazer a vontade do Pai, É a incapacidade de desistir de seu amor que Ele leva até o final, até sua realização e consumação” top. cit262). Pode-se concluir que Cristo experimentou 1907 TENTAÇAO DE CRISTO irovas e tentações reais, equiparáveis àque- Ías que são requeridas de seres racionais, mas que Ele foi vitorioso em todas as áreas de tentação. Foi o fato de Ele ser uma pessoa divina que o fez incapaz de pecar, apesar do fato de que Ele assumiu uma natureza humana, que podería de outra forma ter pecado. Veja Cristo, Pureza de, R. A. K. TENTAÇÃO DE JESUS Veja Cristo, Paixão de; Jesus Cristo. TENTAR, TENTAÇÃO Os termos heb. e gr. para “tentar7’ (heb. massa, gr. peira20, ekpeirazo) e “tentação” (heb. nasa, gr. peirasmos) podem, às vezes, ter o significado de “induzir ao pecado”, que tâo fortemente colore nossas palavras em português “tentar” e “tentação”, Mas seu principal e predominante significado é o de “testar o valor e o caráter de homens” e, às vezes, os de Deus. Nesse sentido, os cristãos devem se examinar para se certificarem de que suas palavras e ações evidenciam que eles são crentes genuínos (2 Co 13.5; cf. 2 Pe 1.10). Semelhantemente, Deus testa, no AT, a veracidade da confiança que seu povo tem nele, como no caso de Abraão (Gn 22.1), Israel (Êx 15.25; 16.4), a tribo de Levi (Dt 33.8), Ezequias (2 Cr 32.31) e o salmista (SI 26.2). O NT diz que Deus (ou Cristo) provou a fé de Filipe (Jo 6,6) e de Abraão (Hb 11. 17; cf. Gn 22.1). Na sua providência, Deus usa os eventos da vida cotidiana para testar a professada fé e o caráter dos cristãos. O teste pode resultar em severos tormentos, tanto físicos quanto espirituais (Hb 11.37; 1 Pe 4.12). Deus usou severos fenômenos naturais (Êx 20.18-20), as dificuldades das peregrinações pelo deserto (D t 8.2), e a opressão das tribos cananéias para testar Israel (Jz 2,21,22). Aos cristãos não é prometida a ausência de provas, mas a força necessária para suportá-las (1 Co 10.13; 2 Pe 2.9; cf. 1 Pe 4.1,12-16). O próprio Cristo, ao se tornar humano, passou por toda sorte de testes mentais e físicos (Hb 2.18; 4.15). Crê-se que até mesmo coisas são testadas ou provadas, como por exemplo uma espada (1 Sm 17.38), uma reputação (1 Rs 10,1; 2 Cr 9.1) e convicções (Dn 1.12,14). Tanto a palavra heb, quanto a gr., às vezes, têm o significado de tentar fazer algo. Em uma pergunta retórica, Deus questiona: “...ou se um deus intentou ir tomar para si um povo...” (Dt 4.34). Os homens tentam se comunicar (Jó 4.2) ou se juntar a outros (At 9.26). Os termos gregos e hebraicos traduzidos como “tentar” e “tentação” também aparecem no mau sentido de “induzir ao pecado”. O Diabo é acusado de ser o instigador de tais provas (Mt 4.3; 1 Ts 3.5,6). Até mesmo na vida dos cristãos ele exerce grande pressão para o pe- 1908 TENTAR, TENTAÇÃO cado (1 Co 7.5; 1 Ts 3.5; Ap 2.10). Sucumbira tais tentações pode demonstrar que a profissão do cristão nào é sincera (Lc 8.13). A tentação para pecar frequentemente se origina de pensamentos malignos e da concupiscência (Tg 1.14); provocações às quais um forte desejo por riquezas bem pode se juntar (1 Tm 6.9). Contudo, a tentação para pecar nunca vem de Deus (Tg 1.13). O cristão deve orar por libertação de todas essas tentações (Mt 6.13; Lc 11.4). A tentação, no mau sentido, também pode tomar a forma de testar o outro na esperança de expor seus pontos fracos, e usá-los contra a própria pessoa. Os inimigos de Cristo frequentemente tentaram empregar essa tática contra Ele (cf. Mt 16.1; 19.3; 22.35; Lc 20.23). Algumas vezes a Bíblia fala de homens testando ou tentando a Deus. Por exemplo, Israel tentou a Deus no deserto (Êx 17.2,7; Nm 14.22; SI 95.8,9; 1 Co 10.9), e os fariseus e saduceus tentaram a Jesus (Mt 16.1; Mc 8.11; 10.2). Além disso, os cristãos professos podem tentar a Deus. Ananias e Safira o fizeram ao mentir (At 5.9). Cristãos judeus o fizeram, trazendo empecilhos aos crentes gentios (At 15.10). Paulo advertiu os coríntios a respeito da incredulidade, da idolatria, do modo de vida ímpio, da atitude de tentar a Cristo e da murmuração (1 Co 10.710; cf, Nm 21.4-9), Quando confrontado pelas tentações, o cristão tira o encorajamento necessário do conhecimento de que ele não os enfrenta sozinho. Deus já removeu o crente do domínio de Satanás e o colocou em seu próprio reino e família (Cl 1.12,13). As tentações que Satanás traz estão sempre dentro dos limites permitidos por Deus (Jó 1.8-12; 2.3-6). Além disso, o cristão tem o exemplo da vitória de Cristo sobre o pecado (Hb 4.15) e a promessa da sua ajuda (Hb 2.18). Mesmo quando o cristão sucumbe à tentação e ao pecado, ele ainda tem a promessa e perdão disponível através da contínua, eficaz e redentora graça de Cristo (Hb 4.1416; 1 Jo 2.1). A recompensa dos cristãos por sua fiel resistência a todos os tipos de tentação é a coroa de vida (Ap 2.10). Os exemplos mais conhecidos de tentação nas Escrituras são a indução de Adão e Eva ao pecado no jardim do Eden por Satanás (Gn 3.1-7; 1 Tm 2.13,14) e a tentação de Cristo no deserto (Mt 4.1-11; Mc 1.12,13; Lc 4.1-13). Comparando-se essas tentações, nota-se que Eva (em comum acordo com Adão) sucumbiu à tentação por dar atenção excessiva aos desejos físicos (por exemplo, a comida) e às posses materiais dessa vida (o belo fruto que ela desejava), e por se entregar a um orgulho precipitado (supunha-se que o fruto traria sabedoria). Se por um lado Cristo, o se- TENTAR, TENTAÇAO TEOFAN1A gundo Adão (Rm 5.12-21; 1 Co 15.22) sentiu todo o peso do teste, por outro Ele superou completamente a tentação em cada uma dessas áreas (por exemplo, a tentação de transformar pedras em pães; de desejar obter para si os reinos do mundo; e, com um orgulho presunçoso, se atirar do Templo). Por ter experimentado e triunfado sobre essas e outras tentações, o Senhor Jesus Cristo é capaz de se compadecer e ajudar seu povo nas tentações que enfrenta. Bibliografia. H. TDNT, VI, 23-26. Seeseman, “Peíra etc.”, W. H. M. TEOCRACIA Este termo, significando “o governo de Deus”, geralmente se refere ao governo literal de Deus, ou a um estado governado de uma forma agradável a Ele. A palavra não é de origem bíblica, mas a idéia de Deus sendo o governante do seu povo é básica no pensamento do AT. Josefo parece ter sido o primeiro a utilizar o termo. Ele contrastou a teocracia com outras formas de governo, como por exemplo, a oligarquia, a monarquia e a república (Contra Apion 11.16). Teoricamente, a teocracia seria um estado sob o qual Deus governa diretamente sem a mediação do homem ou de representantes, Israel nunca foi uma verdadeira teocracia, no sentido literal do termo. Embora Israel tenha sempre se considerado como estando sob o governo de Deus, este governo sempre foi mediado por um juiz, um rei ou um sacerdote. No sentido político, uma teocracia só seria possível durante os tempos de independência de Israel. Quando Israel se tomava um estado escravizado ou uma província de alguma potência estrangeira, como o Egito, a Assíria, a Babilônia, a Pérsia, a Grécia ou Roma, o governo de Deus só podería ser espiritual. O mais longo período de independência de Israel foi o da conquista de Canaã, no tempo de Josué, até a queda de Jerusalém (em aprox. 586 a.C.). Durante estes anos, Israel teve duas formas de governo: o anfietione (ou anfictião) ou a liga tribal; e a monarquia. Durante o período anfictião, Deus levantou governantes carismáticos (espirituais) chamados de ‘juizes” para livrar seu povo da opressão. No entanto, neste período, grande parte do governo foi literalmente deixado a cargo dos anciãos de cada tribo. No período da monarquia, o governo de Deus era desempenhado através do papel do rei. O ofício de rei em Israel era um ofício sagrado (cf. A. R. Johnson, Soera/ Kingship in Ancient Israel, Cardiff, 1955). O rei era o ungido de Deus; ele era o representante de Deus. Embora a forma de governo de Israel tenha sido uma monarquia durante vários séculos, ela também era teoricamente considerada uma teocracia. Tbdo o conceito do relacionamento básico entre Israel e Deus, que é visto na aliança, está de fato relacionado à idéia da teocracia, Um dos principais elementos da aliança entre Deus e Israel é a soberania de Deus. Este fato tem sido explicado e enfatizado nos últimos anos pela descoberta de algumas semelhanças entre a escravidão hitita, ou tratados de suserania, e a aliança de Israel com Deus (veja Meredith Kline, Treaty ofthe Great King, Eerdmans, 1963). No NT, a idéia do governo de Deus é tirada da esfera política, e se torna um sinônimo do reino de Deus, que é constituído pelo governo de Deus entre os cristãos (e dentro de cada cristão), mas que só poderá ser completamente desfrutado no final, quando Jesus Cristo retornar para inaugurar o reino milenial. Veja Aliança; Rei; Reino de Deus. Bibliografia. CornPBE, “Government, Authority, and Kingship”, p. 354-369. R. L. S. TEOFANIA A palavra teofania combina duas palavras gregas, theos, “Deus”, e phaineín, “mostrar, manifestar”, significando, portanto, “manifestação de Deus”. A partir desta definição geral, no entanto, devem ser aplicadas algumas limitações: (1) Deve haver uma indicação de que a passagem bíblica lida com a verdadeira manifestação de Deus, e não simplesmente com um antropomorfismo. (2) A necessidade da manifestação não aparece em forma humana, mas pode aparecer em uma forma simbólica, (3) Também pode aparecer em sonhos ou visões, assim como aos olhos, fisicamente. (4) A manifestação deve ser identificada com Deus, seja por auto-afirmação ou por identificação do receptor da teofania, ou através da interpretação do evento por algum escritor bíblico. (5) A manifestação existe para fazer com que a vontade divina se tome conhecida pelo receptor. Uma teofania é, então, uma manifestação de Deus para o homem, ocorrer tanto sob uma forma simbóÍiodendo ica como humana, e tem a finalidade de transmitir o conhecimento da vontade de Deus para aquela pessoa. Com base nessas definições, uma teofania pode ser manifestada sob uma forma humana ou sob uma forma simbólica. A forma humana é caracterizada por uma das duas descrições a seguir: (1) É caracterizada pelo uso do verbo “aparecer”, tendo o Senhor como sujeito. O verbo é a forma Niphal (passivo) de ra’a, “ver”, e significa literalmente “ele se deixa ser visto”. Tais aparições são, geralmente, limitadas aos patriarcas em Gênesis 12; 17; 18; 26; 28; 35, embora a expressão também seja usada como uma referência a Salomão (1 Rs 9.2; 2 Cr 7.12). (2) Uma teofania sob forma humana também pode ser caracterizada pelos termos maVak Yahiveh, “O Anjo de Jeová”, ou mal’ak ’elohim, “o Anjo de Deus”. Em vários casos, o anjo nas Escri1909 TEOFANIA turas é um ser criado, mas, em algumas ocasiões, o anjo é teofânico. Quatro testes podem ser aplicados para determinar se um anjo é teofânico; (1) “Ele se identifica explicitamente com o Senhor em várias ocasiões. (2) Aqueles a quem Ele torna sua presença conhecida o reconhecem como divino. (3) Os escritores bíblicos o chamam de Jeová” (H. C. Leupold, Exposition ofGenesis. p. 5001. (4) Ele também se faz distinto de Jeová. Deste modo, o Anjo teofânico aparece em passagens como Gênesis 16; 21; 32 (cf. Os 12.4); Ex 3.1-6; 23.20-23 (ef. Is 63.89) ; Js 5.13-15; Jz 6,12-23; 13.2-23; Malaquias 3.1 etc. Veja Anjo do Senhor. A forma simbólica da teofania deve ser entendida em termos de presença real, através de um símbolo usado para expressar tal resença real. Em Gênesis 15 a forma simólica, “um forno de fumaça e uma tocha de fogo” (v.17), é, contudo, permeada por uma presença reah Uma forma simbóhca mais permanente é a nuvem da “glória”, chamada de Shekinah nos tempos pós-AT. Esta é igualada à coluna de nuvem e à coluna de fogo (Êx 13.21,22), à glória que apareceu no monte Sinai (Ex 24.16), à nuvem que entrou no Tabernáculo (Ex 40.34-38; Lv 16.2), e que também entrou no Templo de Salomão (1 Rs 8.11). O valor permanente da aparição teofãnica é tríplice: (1) É escatológica. As revelações teofanicas contêm uma esperança que encontra seu cumprimento na bênção universal que se origina na primeira vinda do Messias. (2) É redentora. As aparições teofanicas não estão relacionadas apenas com a redenção daqueles que a recebem (Gn 48.16), mas com a redenção manifestada no período escatológico. (3) E cristológica. A teofania permanente do AT - a teofania dos Anjos e da Shekinah encontra sua consumação em Jesus Cristo. Portanto, estas teofanias são aparições préencamadas do Senhor Jesus Cristo. H. E. H. TEÓFILO O homem a quem os livros de Lucas e Atos são endereçados (Lc 1.3; At 1.1). Houve muitas conjecturas a respeito da identidade de Teófilo. Foi sugerido que a palavra Teófilo, que significa “amigo de Deus”, refere-se aos cristãos em geral, e não a um indivíduo específico. Dessa forma, os livros de Lucas e Atos teriam sido escritos a todos os cristãos. Por outro lado, existem boas evidências que mostram que Teófilo era uma pessoa real. O nome era comum tanto entre gregos como entre judeus nos tempos do NT. Além disso, Teófilo está endereçado como “excelentíssimo” (gr. kratiste), um termo de importância singular que dificilmente seria aplicado a uma figura imaginária. A maneira como Lucas utiliza o termo “excelentíssimo” para designar governadores (At 23.26; 24.2; 26.25), e o fato de que o termo é quase 1910 TEOLOGIA sempre aplicado a membros da classe dos equitadores, faz de Teófilo um provável homem distinto, talvez um oficial romano. Se ele era uma pessoa real, então o que mais se sabe sobre Teófilo? Além de várias teorias e suposições fantásticas, pode-se dizer que Teófilo era um amigo de Lucas que havia recebido instruções sobre o caminno cristão (Lc 1.4). Não se pode determinar ao certo se ele era ou não um cristão quando Lucas lhe escreveu. N. R. L. TEOLOGIA Definição O termo teologia se origina de duas palavras gregas: theos, “Deus”, e logos, “palavra”, e quando composto significa o estudo ou ciência de Deus. No entanto, este é um significado bastante restrito do termo, uma vez que é geralmente usado para abranger não somente o estudo de Deus, de sua natureza, existência, planos e ações revelados, como também sua relação e maneira de lidar com o mundo e com o homem. Na mesma linha de pensamento, J. O. Buswell a define de forma simples e clara como “o estudo que trata diretamente de Deus e de sua relação com o mundo e com o homem” (A Systematic Theology of tke Christian Religion, 1,13). O termo teologia pode ser usado tanto para abranger um estudo dogmático de uma parte das Escrituras, como do todo. Dessa forma, é correto falar da teologia do AT, como por exemplo a obra de J. Barton Payne, The Theology of tke Older Testament (Zondervan, 1962); ou da teologia do NT, como por exemplo a obra de C. C. Ryrie, Biblical Theology ofthe New Testament (Chicago. Moody Press, 1959); ou ainda a teologia Joanina. Neste artigo, o termo é considerado em seu sentido mais amplo, ou seja, tem a finalidade de cobrir todo o conteúdo do ensino das Escrituras que o homem pode vir a conhecer em relação a Deus, e também o relacionamento de Deus com tudo o que Ele criou. É difícil encontrar uma boa e abrangente definição para a teologia, pois praticamente todas elas são, ou simples demais, ou tendem a dar mais importância a uma das fontes de uma teologia totalmente desenvolvida, excluindo outras. Uma observação rápida das sete possíveis fontes de teologia discutidas abaixo, antes de algumas definições específicas serem consideradas, pode trazer uma boa elucidação deste tópicç. Na Enciclopédia de Religião e Ética (edição de 1924 em inglês), a teologia é definida da seguinte forma: “A teologia pode ser brevemente definida como a ciência que fida, de acordo com o método científico, com os fatos e fenômenos da religião, e culmina em uma síntese abrangente ou filosófica da religião, que procura expor, de modo sistemático, tudo TEOLOGIA o que pode ser conhecido em relação à base objetiva da crença da religião” (XII, 293). Se as palavras “ciência” e “método científico” devem ser entendidas em sen sentido mais estrito, esta definição reforça uma abordagem fenomenológica, ou seja, uma abordagem que admite, como o conteúdo da teologia, aomente aquilo que aparece sob alguma forma ou modo material. Uma vez que isto reforça a posição tomada pelos filósofos positivistas e seus sucessores — os positivistas lógicos - deve-se essencialmente rejeitar o sobrenatural, particularmente no que tange à revelação. Um teólogo presbiteriano, Charles Hodge, expressa uma definição bastante diferente ao responder à questão: “O que é teologia?” “Se a ciência natural se preocupa com os fatos e as leis da natureza, a teologia se preocupa com os fatos e os princípios da Bíblia Sagrada. Se o objetivo da ciência natural for o arranjo e a sistematização dos fatos do mundo externo, e a averiguação das leis pelas quais eles são determinados, o objetivo da teologia é sistematizar os fatos da Bíblia e averiguar os princípios ou verdades gerais que aqueles fatos envolvem” (Systematic Theology, I, 18). Nesta definição, toda a ênfase é colocada sobre a Bíblia como a fonte de conteúdo de teologia. Lewis Sperry Chafer oferece a seguinte definição: “A Teologia Sistemática pode ser definida como a coleta, o arranjo científico, a comparação, a exibição, e a defesa de todos os fatos de toda e qualquer fonte relacionada a Deus e às suas obras. Ela é dogmática, pois segue uma forma de tese humanamente desenvolvida, e apresenta e verifica a verdade como verdade” (Systematic Theology, 1,6). Esta definição amplia a fonte para incluir “todos os fatos de todas as fontes a respeito de Deus e de suas obras”. Se for consistentemente aplicada, ela incluirá materiais pertinentes que podem ser coletados de cada fonte do desenvolvimento histórico enfatizada na teologia descrita abaixo. Na prática, no entanto, Hodge chegou mais perto da definição de Chafer, e vice-versa, uma vez que Chafer delimitou sua teologia à teologia bíblica apresentada de forma sistemática, enquanto Hodge, embora tenha dedicado várias seções à teologia bíblica, não hesitou em se aventurar pela história e pela filosofia, utilizando a psicologia em seu conceito de bom senso do homem. Antes de ir mais adiante, é importante esclarecer um possível mal-entendido que poderá surgir quanto aos termos da teologia bíblica e da teologia em geral. Uma teologia bíblica estrita seria aquela que é totalmente baseada em estudos indutivos das Escrituras, ou seja, um estudo que coleta e organiza os fatos doutrinários na Bíblia Sagrada. É possível que o volume oito da Teologia Sistemática de Chafer esteja mais perto de TEOLOGIA ser um exemplo sobrevivente perfeito. O termo teologia bíblica refere-se à fonte dos materiais. No entanto, uma vez que as doutrinas deduzidas das Escrituras apresentam um desenvolvimento ordenado e revelam uma relação lógica umas com as outras, é necessário elaborar uma apresentação sistemática. Isto nos leva à preparação daquilo que chamamos de teologia sistemática. Toda ciência apresenta seus fatos de maneira ordenada, e a teologia, como um tipo de ciência especial, também deve ser assim. Por um lado, uma boa teologia não pode ser convincente se não for baseada em uma teologia bíblica apresentada cuidadosamente e de forma bem ensada, e, por outro, ela deve ser organizaa e desenvolvida de uma forma progressiva e lógica. Cada uma destas características deve complementar a outra, e não excluí-la. Sob a mesma perspectiva das conclusões acima, e em antecipação ao que se segue, a teologia sistemática pode ser definida aa seguinte forma: Um estudo metódico de Deus, de quem Ele é, das provas de sua existência, e sua relação com o mundo e com o homem, que reúne seu material indutivamente a partir da Bíblia Sagrada, dos fatos da ciência, da psicologia, da história, de outras ciências e da filosofia, e examina, avalia e organiza tudo sob a perspectiva da Bíblia Sagrada, como as leis da verdade de Deus reveladas. Esta definição é ampla o bastante para permitir a inclusão de todas as contribuições da ciência e da filosofia para a teologia, e ainda expressa a revelação divina, como encontrada na Bíblia, seu local de direito, e atribui à teologia bíblica sua função adequada. O Conteúdo da Teologia Para que seja possível entender o que se exige de uma boa teologia, deve-se determinar as fontes dos fatos sobre os quais ela é construída, junto com seu conteúdo correto. A história do crescimento da teologia e os movimentos aos quais ela se sujeitou se encontram em ordem. Ao mesmo tempo, é importante considerar cuidadosamente os motivos que governaram sua história. Ambos podem ser combinados através de um estudo cronológico sobre as grandes ênfases evidentes na teologia em diferentes períodos, e uma descrição dos motivos ou influências que estão por trás de cada uma. Esta organização pode ser classificada sob os sete títulos mencionados a seguir: (1) A Bíblia e a teologia bíblica. (2) Tradição. (3) Os credos e teologia confessional. (4) Filosofia e teologias filosóficas. (5) Ciência e teologia liberal. (6) História das religiões e religião comparativa. (7) Psicologia e a abordagem psicológica. Deve-se notar que cada tópico enfoca uma fonte diferente, e acrescenta um conteúdo adicional para a teologia. Ao mesmo tempo, 1911 TEOLOGIA deve ser reconhecido que estes tópicos não se excluem, necessariamente, exceto por aqueles extremistas que escolhem fazer com que uma ou mais fontes excluam as outras. Várias delas são geral mente encontradas combinadas nos trabalhos teológicos ou nos sistemas teológicos. Na construção de um sistema ortodoxo sadio, deve ser notado que até mesmo se algum ponto de partida, como, por exemplo, uma filosofia em particular, for destrutivo para algum ponto que é chave para todas as outras (a saber, a Bíblia Sagrada como a norma que nos foi dada por Deus), ele ainda pode ser importante mesmo que contribua de forma negativa para uma teologia mais desenvolvida, Como estes erros são expostos através de uma análise profunda, e a resposta revelada da Bíblia por si só já seja amplamente e comprovada mente adequada, a valorização e o respeito pela revelação de Deus nas Escrituras aumentam, 1. A Bíblia e a teologia bíblica. As igrejas cristãs mais antigas tinham como conteúdo de sua teologia o AT, o discurso dos apóstolos, e um número gradualmente crescente de livros que seriam finalmente separados como o cânon do NT. Elas aceitaram o AT como a divina e infalível revelação do Senhor, e o guia e a norma para aquilo que era pregado e escrito. Esta podería ser perfeitamente chamada de era da teologia bíblica. Considerando que todos os esforços para retornar ao ensino e à teologia da igreja do NT enfatizam a necessidade ae basear a teologia na Bíblia Sagrada, estas atitudes são louváveis. Ao mesmo tempo, no entanto, devemos enxergar que até os apóstolos tinham problemas filosóficos. Por exemplo, os ensinos em Colossenses, 1 João e 2 João lidam com os erros do Gnosticismo, um sistema filosófico que era baseado na teoria das emanações, e que não pode ser totalmente compreendido de forma separada do conhecimento desta. Isto nos leva a reconhecer que qualquer teologia que possamos desenvolver com a finalidade de seguir o exemplo bíblico, deve considerar as visões filosóficas de seus dias, e seu relacionamento com a teologia e a doutrina. 2. Tradição. Este tópico podería ser considerado sob o aspecto da Bíblia e da teologia bíblica, exceto pelo fato de que, assim como a filosofia, oferece apenas uma contribuição negativa à teologia. A Igreja Católica Romana coloca a igreja acima das Escrituras ao invés de sujeitá-la a elas, como no Protestantismo. Os católicos afirmam que a Igreja Católica nos deu a Bíblia. Eles alegam que as Escrituras, no entanto, não contém todos os ensinos dos apóstolos, nem desenvolvem muitas doutrinas que são apresentadas apenas de uma forma embrionária. Algumas doutrinas foram transmitidas pela tradição, algumas foram desenvolvidas a partir de sua 1912 TEOLOGIA forma embrionária pelos patriarcas da Igreja^ outras ainda estão sendo trabalhadas. Alguns exemplos das doutrinas que são baseadas na tradição são: o purgatório, as orações pelos mortos, a adoração a Maria, as indulgências, e o próprio Papado. Alguns exemplos de doutrinas que foram desenvolvidas a partir de sua forma embrionária pela Igreja Católica Romana são: a imaculada concepção de Maria, sua trasladação diretamente ao céu, e a declaração de sua mediação entre Deus e o homem. O Concilio de Trento declarou em 1546 que a Palavra de Deus contida na Bíblia e nas tradições possuem a mesma autoridade. 3. Os credos e a teologia confessional, Embora todos os fatos da revelação divina possam ser encontrados em Escrituras do AT e do NT, em pouco tempo a Igreja Cristã descobriu que eram necessários muitos estudos e cuidadosas considerações para que os fundamentos de fé não fossem destruídos por deduções errôneas. Em primeiro lugar, surgiram as questões relacionadas à Pessoa de Cristo. Ele era realmente Deus no mesmo sentido de Deus, o Pai, ou Ele era somente o mais supremo dentre os seres criados? No Concilio de Nicéia (325), onde Atanásio ficou inicialmente quase sozinho contra o mundo, e particularmente contra Ari o, a Igreja decidiu que Jesus Cristo era “a essência de Deus”, e feito da mesma substância do Pai. No Concilio de Calcedônia (451) foi determinado o relacionamento que existe entre as duas naturezas de Cristo. Cada natureza é real, mas as duas existem de tal forma que mesmo estando juntas como se fossem indivisíveis e inseparáveis, contudo jamais se misturam nem se modificam. No século II d.C., o Credo dos Apóstolos se desenvolveu lentamente a partir daquilo que pode ter sido apenas uma confissão de fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo. Ele é atualmente repetido pelas congregações cristãs, em várias igrejas ortodoxas, todos os domingos. Porém, embora o movimento confessional tenha começado com os grandes credos dos seis primeiros séculos - Credo de Nicéia em 325, de Calcedônia em 451, e o Credo Atanasiano em aprox. 500 - na verdade ele recebeu seu maior impulso das confissões que foram redigidas como resultado da Reforma Protestante. As mais importantes de todas, que ainda estão em uso, são a de Augsburgo (1530), a Genovesa (1549), a Confissão Belga (1561), o Catecismo Heidelberg (1563), os 39 Artigos, a Confissão de Fé de Westminster, e os Catecismos Maior e Menor (1648). A tendência de se estabelecer uma teologia que esteja fortemente baseada nos credos e confissões tem sido mais forte na Europa Continental do que em países de língua inglesa. Como resultado, os teólogos luteranos e os cristãos reformados enfatizam o catecismo e os ensinos catequétieos muito mais do que TEOLOGIA os presbiterianos. Os batistas e os metodistas praticamente ignoram as confissões, exceto or aplicarem-nas como uma verificarão das outrmas aceitas pela cristandade. Mesmo assim, os liberais, e, em particular, os neoortodoxos na Europa, demonstram grande respeito pelos credos e confissões, especialmente em suas pregações. Como resultado, parece haver freqüentes discrepâncias entre o que alguns europeus pregam e ensinam, e o que escrevem sobre os credos e confissões, e também entre 0 que expressam em suas palestras. O valor dos credos e das confissões em escritos e ensinos da teologia é certamente muito elevado. Eles expressam de forma sucinta e clara a fé e a doutrina cridas tanto pelos conselhos de igrejas como por um grande númeTO de estudiosos cristãos e teólogos, e aceitas pelas maiores denominações protestantes, As teologias escritas por teólogos de língua inglesa e não confessionais tendem a demonstrar uma verdadeira deficiência, que se deve ao fato de não utilizarem os credos de forma completa. 4. Filosofia e teologias filosóficas. Desde muito cedo na história da Igreja Cristã, a filosofia tem sido de grande influência na formulação da teologia. Até mesmo as epístolas do NT, como já vimos anteriormente, são, em parte, o resultado de alguns ensinos filosóficos daqueles dias. A filosofia pode influenciar a teologia negativa mente, como fez o Gnosticismo ao evocar as respostas dadas em Efésios, Colossenses, e 1 e 2 João, ou pode influenciar positiva mente. Esta última situação ocorre quando é feita uma síntese entre a teologia e a filosofia. A primeira tentativa importante na síntese, mas que não provou ser tão perigosa, foi feita por Agostinho, em uma tentativa de ajustar o Platonismo ao Cristianismo. Uma síntese bem mais séria foi consumada quando, com o uso das cartas pseudo-dionisianas (que mesmo questionadas há muito tempo, só tiveram as suas falsificações finalmente comprovadas no período da Reforma),o Cristianismo e o Neo-platonismo foram mesclados, Até o presente, a Igreja Católica Romana reflete os resultados destas questões em seus ensinos sobre os níveis dos seres, e sobre a teoria conclusiva, que é uma deficiência relacionada à falta do ser que compõe o material (ou seja, o corpo do homem e o universo) e que torna este ser inerentemente iníquo. A visão romana sobre pecado, salvação, celibato e purificação é afetada por estes erros filosóficos. Tomás de Aquino tentou elaborar uma outra grande síntese. Nela, ele retém a influência plotiniana em sua teoria dos níveis dos seres, mas adicionou o método de Aristóteles e a filosofia para formar o que agora é conhecido como Tomismo. Isto se tornou a base filosófica da teologia da Igreja Católica Ro- TEOLOGIA mana. Como uma filosofia, esta opinião reinou até pouco tempo quase que de forma suprema nas instituições católico-romanas, e recebeu um forte apoio até mesmo de algumas universidades seculares. Hegel foi muito além do que qualquer outro antes dele na verdadeira imposição da filosofia sobre a teologia. Neste sistema, uma filosofia racionaíista se tornou a única fonte de teologia. Ele estabeleceu a tríade ou a dialética de três pontos: (1) tese, Deus é um Ser; (2) antítese ou tese contraditória, NãoSer\ (3) síntese, ou a contradição da contradição, Tornando-se. Hegel então explicou a criação e o desenvolvimento do homem sob uma base similar. De acordo com Hegel e com os teólogos hegelianos, Deus, a criação, a queda, Cristo e a salvação devem ser explicados com as tríades da dialética. Harnack aplicou as tríades à história da igreja primitiva, e à formulação do dogma. Paul TiÜich seguiu Hegel até mais de perto. Ele viu Deus como alguém desenvolvido a partir do Ser, o “Movedor Imóvel” de Aristóteles, até o Ser Criativo através de uma tríade do Ser, Não-Ser e Poder de Ser. Nâo satisfeito, ao invés de parar neste ponto ele continuou a fim de transformar o Poder de Ser no Pai, e então colocou isto como a nova tese, como uma antítese ao Logos, de onde vem uma síntese, o Espírito. O Espírito representa Deus como um Ser criativo e não ambíguo. Três sistemas filosóficos foram mencionados, dentre os quais os dois últimos têm uma influência muito perigosa sobre a teologia. O quarto provou ser, talvez, ainda mais importante. Trata-se do sistema de Immanuel Kant. Ele ensinou que o homem não pode ter um conhecimento real do Ding-an-zick, da coisa em si, e que, portanto, não pode existir um verdadeiro conhecimento de Deus. Esta visão nos leva a duas principais reações filosóficas que entraram na teologia sistemática e podem ser observadas: (1) naqueles que não viram saídas para conhecer a Deus e conhecer algo a respeito dele por revelação e mudaram completamente da revelação à psicologia e os sentimentos; (2) naqueles que ficaram impressionados pelas causas dos problemas epistemológicos atuais colocados por Kant e que se empenharam para superá-las através da teoria da revelação. Uma vez que os teólogos que mudaram para a psicologia serão tratados pela Psicologia, no tópico 7, trataremos somente os outros aqui. Sõren Kierkegaard argumentou que os problemas com os quais o homem se depara ao receber a revelação de Deus surgem porque ele nâo possui categorias para receber a verdade que não está limitada pelo tempo e pelo espaço. Assim como Kant, mas utilizando outra terminologia, ele argumentou que a verdade, uma vez vindo ae Deus, é isenta de tempo e espaço e, portanto, não 1913 TEOLOGIA pode ser captada pelo homem finito. O homem, portanto, força a revelação divina a se adequar às suas próprias categorias de tempo e espaço, resultando no aparecimento da mesma vestida em trajes de espaço, como se tivesse um local, e estendida no tempo contínuo, como se levasse um tempo determinado para ocorrer. Para explicar a apresentação da Bíblia nas categorias do tempo-espaço de seu conteúdo e dos ensinamentos a respeito do pecado original, milagres, céu e inferno, Kierkegaard inventou conceitos como comunicação indireta (por Deus não poder revelar a Si mesmo diretamente em discurso e palavras), mito, símbolo e saga. Ele acreditava que a revelação pode vir somente nestas formas literais peculiares porque o homem não tem um local em sua mente para receber a verdade que não está limitada ao tempo e ao espaço, A interpretação do mito, símbolo e saga foi chamada de desmitologização por Rudoft Bultmann e Paul Tillich. Os “mitos” nas Escrituras devem ser reconhecidos e então decifrados. Veja Mito ou Mitologia. A visão de Kierkegaard foi reestruturada e adotada por Karl Barth e pelos teólogos neoortodoxos. Para Barth, a revelação é algo que acontece à medida que a pessoa lê a Bíblia, ou ouve a Palavra de. Deus em uma proclamação ou pregação. E um evento no qual a Palavra de Deus supostamente falível, a Bíblia, torna-se a verdadeira Palavra de Deus, ou de Cristo, em um momento no tempo. Emil Brunner concorda com Barth neste ponto, e Tillich, embora mais à esquerda, difere somente no fato de ter o mesmo ponto de vista, porém dentro de seu próprio sistema ontolóco hegeliano. lugar da filosofia na teologia sistemática é amplamente negativo, no sentido de que uma boa teologia considera a filosofia e suas idéias filosóficas por detrás das visões errôneas da doutrina, principalmente com a finalidade de refutá-las. Esta discute a filosofia mostrando quão boa e pobre ela é como uma filosofia, e depois mostra como concorda ou discorda dos ensinos da Bíblia. Geralmente uma teoria baseada na filosofia pode se mostrar instável sem seu próprio campo antes de se mostrar em conflito com os ensinamentos das Escrituras. Se uma teologia sistemática se recusar a entrar nas listas de combate com a filosofia, assim como em seu próprio campo, ela provará ser inadequada para fazer frente às filosofias mundanas de seus próprios dias e de outros tempos. As teologias sistemáticas escritas por homens como Charles Hodge, Herman Bavinck, Louis Berkhof e J. O. Buswell, Jr., junto com a teologia bíblica de B. B. Warfield são notáveis por suas habilidades neste campo de trabalho. Sua maneira de lidar com a filosofia popular nos dias em que foram escri- 1914 TEOLOGIA tas, faz com que sejam oportunas e de valor para sua própria época. 5. Ciência e teologia liberal. Desde os tempos de Copérnico e Galileu, a Igreja tem se debatido com a questão da teologia e da ciência negarem-se ou poderem ser reconciliadas. As leis e a física excluem os milagres? A questão nega a metafísica? O materialismo tem constantemente se levantado para desafiar o teísmo. A teoria da evolução em articular tem sido usada para desafiar as escrições de Gênesis sobre a revelação, e a descoberta de resquícios antropológicos, para contestar os registros de Gênesis sobre a criação do homem e a queda. Os métodos da ciência aparecem para negar a possibilidade da teologia se basear em fatos que podem ser comprovados. O positivismo filosófico insiste em limitar o conhecimento ao fenômeno ou fatos conhecidos da existência, e o positivismo lógico vai além e questiona o próprio significado de afirmações a respeito de Deus, alegando que elas são baseadas em idéias que não podem ser comprovadas como um fenômeno físico através de testes de laboratório. Portanto, as duas filosofias negam a realidade de Deus e a veracidade da teologia. Isto significa que devem ser extraídas considerações adequadas de descobertas científicas, e deve-se apresentar uma visão do espiritual e transcendente que não confunda a esfera física com aquela que é mais elevada, a do universo imaterial e espiritual. Quando a Bíblia diz que Deus é Espírito, e que Ele é onipresente, ela adverte os teólogos a não confundirem seus conceitos de Deus com os da dimensão espiritual e material. Argumentos contra o Deus cristão “aqui” ou “acolá” por Tillich e sua escola, e repetidos na obra Honest to God do bispo Robinson, levaram o cristão a enxergar que Deus transcende o espaço e habita, ae acordo com as Escrituras, em uma esfera completamente diferente da do homem. Alguns sugeriram que a esfera espiritual é tão diferente que pode até interpenetrar a física. Sob uma abordagem científica, embora seja uma questão de ser ou não ser verdadeiramente científica, devem ser levados em conta os ataques da chamada Alta Crítica contra a Bíblia. A teoria do AT de Graf-Wellhausen, a teoria JEDP das fontes do Pentateuco e a teoria de Isaías-Deuteronômio, juntamente com a Crítica da Forma dos Evangelhos, levaram a um estudo intensivo do AT e do NT e suas origens. Os métodos utilizados pelos críticos, embora uma vez aplicados até às peças de Shakespeare, são agora totalmente descartados nos estudos de outras literaturas. Estes também perderam o apoio como aplicado pela Bíblia. Foram produzidas, e publicadas pelos evangélicos, defesas adequadas contra cada teoria crítica mencionada acima. A Baixa Crítica, ou o estudo TEOLOGIA dos textos e do conteúdo da Bíblia, recebeu um grande estímulo com a descoberta dos Rolos do Mar Morto e dos papiros, e a autenticidade dos textos da Bíblia foi confirmada de uma forma maravilhosa. A teologia sistemática não ignora a ciência ou o método científico. Ela aceita os fatos provados pela ciência, embora questione todas as teorias que não estejam de acordo com as Escrituras. A teologia sistemática sustenta que os métodos que utiliza ao reunir o conteúdo de sua doutrina são aqueles que se adequam a ela, e que são apropriados para seu campo, e assim são, neste sentido, verdadeiramente científicos. 6. História das religiões e religião compara- tiva. Aqueles que usam estas fontes ensinam que a cristandade é resultado de uma longa evolução da religião, a partir de um estado primitivo através do politeísmo e do monoteísmo até à presente forma. Os críticos alegam que um estudo comparativo de religiões mostra que existe na cristandade uma falta de distinções e valores absolutos e exclusivos. Esta visão se desenvolveu da seguinte maneira. O desenvolvimento histórico da cristandade foi enfatizado por homens como Otto Pfeiderer, na Alemanha, e por alguns que fazem parte da Escola Leiden de Teologia, na Holanda. Os compêndios de religião comparativa elaborados por Cornelius Petrus Tiele e P. D. Chantepie de la Saussage, e a obra Godsdiensten Der Wereld de G. van der Leeuw, adicionaram um rico material a respeito de todos os principais movimentos religiosos no mundo. Isto leva alguns a concluir que o cristianismo é o resultado de um longo processo de desenvolvimento do puro paganismo à sna forma atual. Alguns, como Ernst TVoeltsch, chegaram à conclusão de que a cristandade não possui uma qualidade real distinta que possa colocá-la acima das outras religiões. Na teologia de Paul Tillich são encontradas muitas passagens que ilustram a teoria histórico-religiosa da origem e natureza da cristandade. Em uma boa teologia sistemática, as referências aos ensinos das religiões pagãs têm seus lugares quando usadas para ilustrar a luta do AT contra a idolatria, as diferenças entre a verdade revelada e as práticas pagãs que o homem tem desenvolvido para substituir a verdadeira adoração a Deus (Rm 1.23). 7, Psicologia e a abordagem psicológica. Kant disse que tudo que o homem podia conhecer era a aparência das coisas, ou o fenômeno. Tudo que a mente humana pode acessar está gravado nela, como uma carta no correio, através do formato exterior da mente (o espaço), e do formato interior (o tempo). Uma vez que o formato interior (tempo) está dentro da mente, até o que é concebido como dentro da mente é suspeito, visto que ela está marcada pelo tempo, Ainda assim, o homem TEOLOGIA não pode saber o nome, a coisa em si, quer seja pelo raciocínio teórico (ou seja, o raciocínio que é conhecido a partir da realidade exterior), quer seja pelo puro raciocínio (ou seja, o eonhecimento concebido dentro da mente). Kant prossegue, dizendo que Deus, que não é limitado pelo tempo e pelo espaço, certamente não pode ser conhecido. Ele cai na categoria do “noumenon”. Como então pode o homem ter uma fé religiosa? Kant replica dizendo que cada homem encontra dentro de si um imperativo categórico, um Du solst, um Vós-deveis, que o leva à formulação da regra ou Imperativo Categório, “Aja como se o máximo de tua ação fosse se tornar, através da tua vontade, uma lei universal ou natural”. Houve duas reações por parte daqueles que aceitaram os argumentos de Kant Alguns, como mencionado adma, desenvolveram soluções para o problema filosófico-epistemológico, o problema de conhecer a Deus se Ele está na categoria do “noumenon”. Kierkegaard e os neo-ortodoxos defenderam esta abordagem. Outros se voltaram, como Kant havia feito, ao próprio homem e tentaram resolver o problema através de uma psicologia da experiência religiosa, O imperativo categórico de Kant é, na verdade, uma, reestruturação do vocabulário da Regra Áurea (Mt 7.12), mas falta-lhe a segunda, uma vez que ela só oferece conceitos sem conteúdo, enquanto a lei de Cristo é dada como consumação e sumário do conteúdo da segunda lista das leis de Deus (cf. Mt 5.21,27,43). Para preencher o vazio no conhecimento de Deus causado pela visão de Kant, Sehleiermacher levou adiante a teoria de que a cristandade e a religião são baseadas não somente em uma ordem Du solst, mas também em um sentimento inerente de dependência no homem, que clama pelo evangelho. Esta é a base da consciência religiosa pela qual devemos começar. Ritsehl tomou o desafio de Kant para estabelecer a religião sobre a experiência subjetiva, mas escolheu outra origem. O objetivo do homem é o reino de Deus na terra, mas isto deveria ser baseado nos julgamentos dos valores, ou seja, os valores que o homem obtém tomando suas próprias decisões a respeito de Deus. A visão de Schleiermacher naufragou pelo fato dele entender que o homem pode estabelecer uma religião pagã da mesma forma que a cristandade o faz em seu desejo de expressar os seus sentimentos de dependência de uma força superior; como Ritsehl, que pensa que, se este julgamento de valores for verdadeiro, uma criança pode também ser salva por acreditar em Papai Noel tanto quanto em Jesus Cristo. As tentativas para basear a teologia no que pode ser encontrado na psicologia da experiência religiosa falharam. Todavia, a psicologia tem informações valiosas a oferecer na formulação de uma boa teologia. Os senti- 1915 TEOLOGIA mentos do homem ao estranhar os seus semelhantes e a Deus, a ansiedade persistente que o assombra até a morte, e seu sentimento de culpa são todos testemunhas do pecado e da depvavação do coração humano. Eles revelam a categoria existencial para a uai uma teologia sadia e biblicamente funamentada deve dar as respostas. A Teologia Moderna A teologia moderna deve ser distinguida da teologia evangélica e ortodoxa que se atém à infalibilidade da Bíblia nos escritos originais. A teologia moderna é uma questão multidimensional. Talvez ela possa ser mais bem entendida primeiramente através da sinalização de alguns de seus denominadores comuns, e então considerando suas variantes mais significativas. Em todo caso, ela é marcada em maior ou menor grau pela sua aceitação das teorias radicais da Alta Critica dos dois últimos séculos. Os neo-ortodoxos não se preocupam com o seu desenvolvimento ou consequências da mesma forma que os liberais, porque eles ensinam que o homem recebe a verdadeira Palavra de Deus quando a Bíblia falível se torna a Palavra de Deus, de forma subjetiva, porém inefável, então chamada de “evento da revelação”. Eles geralmente só mostram as suas atitudes sob uma aceitação tácita das teorias críticas. Ambos são fortemente opostos ao sobrenaturalísmo e à crença em milagres, e ensinam que as Escrituras estão repletas de contradições, erros e paradoxos. Existem três correntes principais: os liberais fora de moda, cujo exponente de maior presença é Nels Ferré, os neo-ortodoxos, e uma síntese americana híbrida de liberalismo e neo-ortodoxia. A escola liberal é uma continuação do antigo liberalismo alemão. Os neoortodoxos são os seguidores de Karl Barth, embora a maioria seja separada dele devido a certos detalhes e particularidades. Tbdo neoortodoxo baseia sua teologia mais ou menos no existeneialismo de Kierkegaard (por exemplo, Barth e Brunner em particular), e seu desenvolvimento em um existeneialismo recente, como o de Heidegger (por exemplo, Bnltmann e Tillieh). A escola americana da síntese é centrada no Seminário Teológico da União, e teve por muitos anos como seus líderes mais importantes Reínhold Niebuhr e Paul Tillieh. Este foi tão além do liberalismo ou neo-ortodoxismo que se tornou o fundador de uma nova escola de teologia, on seja, a teologia ontológica. Ele apresentou um sistema baseado na síntese da visão que Hegel tinha de Deus, do mundo e do homem, e na evolvente pirâmide de Aristóteles da atualidade-potencialidade, iniciando com o ser potencial e seguindo através de dimensões diferentes - inorgânicas, orgânicas, psicológicas, espirituais - até o Novo Ser, e a atualização 1916 TEOLOGIA de todas as potencialidades essenciais, e então retomando a Deus ou ao Poder de Ser para desfrutar a “vida eterna”. Há um desafio e uma tarefa da teologia sistemática de nossos dias: expor os fundamentos filosóficos das teologias modernas, mostrar os erros em suas filosofias e então apresentar as doutrinas bíblicas sobre o mesmo assunto, apontando o caminho no qual as doutrinas reveladas das Escrituras respondem a erros filosóficos da teologia moderna, e, assim, escapar de suas consequências devastadoras. Conclusão Pede-se uma apresentação da teologia que seja baseada em uma completa teologia bíblica, e que tire proveito dos grandes credos e confissões das igrejas ortodoxas e dos conseqüentes desenvolvimentos doutrinários. Para que seja efetiva nos tempos atuais, a teologia precisa considerar a filosofia que está por trás de todas as variantes e visões equivocadas. Assim, a filosofia se torna uma fonte negativa da teologia. A tradição, da maneira que é usada na formulação eatólico-romana de seus dogmas, é classificada em uma categoria negativa, mas demanda atenção adequada a fim de que os erros de Boma sejam expostos. Os fatos provados da ciência demandam um lugar, mas os que são apenas teorias devem ser examinados mais cuidadosa mente (por exemplo, a evolução). A história e os dados de religiões primitivas e pagas devem ser considerados e explicados biblicamente. Finalmente, a psicologia apresenta o teólogo com um dilema existencial do homem com seus sentimentos sobre aquilo qne lhe parece “estranho”, seu “complexo de culpa , sua angst zum tode (“medo da morte”), sua inerente “necessidade de religião”, e seu inato “imperativo categórico”. Os problemas psicológicos do homem propõem questões existenciais para as quais somente uma completa teologia sistemática pode dar respostas teológicas completas. Veja Existeneialismo; Teologia “Deus Está Morto”; Liberalismo; Neo-Ortodoxia. Bibliografia. L, Berkhof, Systematie Theology, Grand Rapids. Eerdmans, 1941. J. O. Buswell, Jr., A Systematic Theology of the Christian Religion, Grand Rapids. Zondervan, 1962. Lewis Sperry Chafer. Sys- tematic Theology, 8 vols., Dallas. Dallas Seminary Press, 1947-57, D. S. Clark, A Syllabus of Systematic Theology, Filadélfia. Presbyterian and Reformed, s.a. A. A. Hodge, Outlines of Theology, Londres. Hodder e Stoughton, 1878. Charles Hodge, Systematic Theology, Nova York. Scribneris Sons, 1872-1902. F. L. Patton, A Summary of Christian Docírine, Filadélfia. Westminster Press, 1916. William G. T. Shedd, Dogmatio TEOLOGIA "DEUS ESTÁ MORTO TEOLOGIA Theology, Nova York. Seribners Sons, 1889. A. H. Strong, Systemaüc Theology, rev., Westwood, N. J.: Revell, 1963. TEOLOGIA “DEUS ESTÁ MORTO” Este ponto de vista foi apresentado nos anos 60 por uma nova escola de teologia chamada Movimento de Teologia Radical. Ele surgiu pelo despertamento das teologias de Paul Tillieli e Rudolf B ultmann. O movimento era composto por teólogos que tinham pontos de vista consideravelmente variados, mas estavam unidos pelo mesmo tema: “Deus está morto1’. De maneira genérica, eles são conhecidos como os teólogos “Deus está morto”. Eles apresentam grande variação quanto ao significado desse slogan, e se mantêm unidos por outros fatores comuns, assim como pelo seu princípio essncial. Diferentes Aspectos da Teologia “Deus está Morto” 1. Nunca houve um Deus e agora a própria idéia morreu. Esta era a opinião de um ateu como Nietzsche, quando falava da “morte de Deus” e sua obra “Louco” clamava: “Nós não ouvimos nada além do ruído dos coveiros que estão enterrando Deus? Náo sentimos nenhum cheiro além do da decomposição de Deus? Deuses também se decompõem. Deus está morto” (The Madman). Esta visão atéia foi apresentada sob outra forma, posteriormente, por Feuerbach na obra Essence of Christianity em 1841 ao falar de religião, e da religião cristã em especial, como uma mera projeção do espirito humano. Albert Camus, em seu famoso livro The Rebel, definiu toda a história do ateísmo como um movimento. 2. Deus morreu de verdade. T. J. J, Altizer, professor associado de Bíblia e Religião na Universidade Emory, em Atlanta, na Geórgia, E. U, A., escreveu em Radical Theology and the Death of God: “Devemos perceber que a morte de Deus é um evento histórico, que Deus morreu no nosso cosmos, na nossa história, na nossa existenz [existência]” (p. 11). Em um livro posterior, The Gospei of Christian Atheism, Altizer explicou com detalhes sua teoria de como Deus morreu e morreu várias vezes, para aparecer cada vez em uma outra “epifania” ou aparição. A encarnação de Jesus Cristo e sua crucificação devem ser vistas como uma dialética da trindade hegeliana, segundo a qual o Deus da epifania do Antigo Testamento, um Deus imóvel, estático (de acordo com sua tese), negou-se se tornar encarnado ou a fazer-se carne como Jesus Cristo (como a antítese), e assim Jesus negou-se se tomar espírito, ao passo que Deus Pai novamente negou-se a se tornar carne. Deus Pai, agora carne, uniu-se a Jesus, agora espírito, ua tese, para formar “a grande humanidade divina”, ou “a união fi- nal de Deus e do homem” (p. 107). Esta dialética da trindade é o processo da morte de Deus. E ainda a morte de Deus acontece muitas vezes como um processo contínuo para que “possamos dizer que Deus morre, de certo modo, onde quer que Ele esteja presente ou verdadeiro no mundo, porque Deus se atualiza pela negação das suas expressões originais ou assumidas" (p. 105). Altizer fala da sua posição que “é uma visão atéia, mas com uma diferença" (Radical Theology, p. x). 3. O antigo conceito de Deus está morto, O antigo conceito bíblico de um Deus pessoal está fora de moda, e deve ser descartado, dizem esses teólogos radicais. O homem moderno, com seu ponto de vista moderno, não pode aceitar a visão de um Deus que esteja “logo ali”. Paul Tillich falou da necessidade, talvez, de esquecer o nome de Deus por uma geração (The Skaking ofthe Foundations, p. 57) para que possamos estabelecer uma nova visão de Deus como “o Deus acima de Deus” {The Cowage to Be, pp. 182, 186) que está presente como o Poder de Ser em todas as coisas, embora estando ausente. O bispo John A. T. Robinson também fala algo do mesmo estilo em sua obra Honest to God (p. 7). Deus não é uma pessoa ou um objeto, mas o Poder de Ser em tudo o que existe. 4. A própria palavra “Deus" não tem um sentido lógico. O analista linguístico argumen- ta que a palavra “Deus" não corresponde a nenhuma realidade que possa ser testada e provada de uma maneira empírica, e, portanto, é inteiramente sem sentido. Paul van Buren argumentou assim em seu livro The Secular Meaning of the Gospei. Podemos falar de Jesus Cristo com sentido, porque Ele foi uma pessoa histórica e pelo menos existem evidências empíricas da sua existência, mas não “desta entidade literalmente sem sentido que se chama ‘Deus’" (p. 84). “Hoje não podemos nem mesmo entender a frase de Nietzshe - ‘Deus está morto’ - porque se isso fosse verdade, como poderiamos saber? Não, o problema agora é que a palavra ‘Deus’ está morta” (p. 103). B. Vários outros pontos de vista. Para alguns, Deus é meramente um eclipse (cf. Martin Buber); para outros, o Deus que julgavamos ser um solueionador de problemas é agora o Deus que lida com o homem não mais como uma criança, mas, sim, amadurecido (cf! a idéia da “chegada do amadurecimento” da humanidade, de Bonhoeffer). Novamente, para um homem como William Hamilton, Deus agora é silencioso, oculto, ausente, de modo que devemos falar da morte de Deus; mas esse período irá, sem dúvida, passar. Características Unificadoras 1. Ativismo revolucionário. Os teólogos radi- cais vêem a ação revolucionária como necessária nos nossos dias. 1917 TEOLOGIA “DEUS ESTÁ MORTO 2. Otimismo uersws pessimismo. O movimento é uma reação claramente americana ao pessimismo e ao subjetivismo do existencialismo europeu. Sem dúvida, seu otimismo é parcialmente um resultado da prosperidade econômica que se vive tanto na Europa quanto nos Estados Unidos hoje em dia. 3. Ação social. A grande ênfase está na ação social em geral, em contraste com a renovação espiritual corporativa ou individual. Os aspectos social, econômico e político da vida impedem totalmente o moral e o espiritual. 4. O refrão “Deus está morto”. Embora isto possa ser explicado de todas as diversas maneiras mencionadas, ainda assim o refrão indica, para muitos, que o Deus do Antigo Testamento deixou de existir. Deus pode ser conhecido somente quando Ele se une à humanidade universal, isto é, a Jesus como a humanidade universal. 5. A humanidade universal. De acordo com esses teólogos, Deus pôs de lado a humanidade pecadora, mas Jesus Cristo se uniu a ela, e pode ser tocado em cada mão humana e visto em cada rosto humano. 6. O cristianismo secularizado. O homem se tornou completamente secularizado. Bonhoeffer falou do “amadurecimento do homem” ao longo do tempo, O homem é agora auto-suficiente e não precisa de Deus. Harvey Cox, na obra The Secular City, destaca a sociedade dos nossos dias como totalmente secularizada, e propõe um evangelho secular para satisfazer as necessidades do homem. Bonhoeffer falou de um “cristianismo sem religião* e de como se deveria falar aos homens em termos totalmente seculares; Cox explicou isto para os nossos dias. O cristão deve trabalhar juntamente com o homem do mundo, em seus esforços políticos, econômicos e sociais. Ele não deve se aproximar dos seus companheiros para os ajudar com princípios revelados ou regras, mas deve vir, simplesmente, de homem para homem, para desvendar, pouco a pouco, as respostas que tiveram sucesso porque mostraram que funcionam. 7. Ética da situação. A maioria dos teólogos radicais está claramente rebelada contra os padrões éticos revelados e as leis morais apresentadas na Bíblia, Eles afirmam que todas as decisões éticas podem variar de acordo com as circunstâncias particulares nas quais um homem se encontra quando ele aplica o princípio do amor. Relações pré-conjugais, adultério, mentira e roubo, tudo pode ser julgado correto sob determinadas circunstâncias (cf. Joseph Fletcher, Situation Ethics). 8. A queda da Igreja. Segundo esta opinião, a Igreja deixou e continua deixando de alcançar as massas, especialmente hoje. A sua visão de Deus está ultrapassada para um mundo científico moderno. A Igreja deve se mesclar com o mundo e entrar em seus problemas sociais, econômicos e políticos com 1918 TEOLOGIA “DEUS ESTÁ MORTO um novo evangelho secular. O evangelho secular deve substituir o evangelho salvador de almas. Contexto Histórico A origem do movimento "Deus está morto” pode vir desde o humanismo antigo, por meio do poeta William Blake até Nietzsche, e por meio de Feuerbach até o presente. O humanismo cristão de Erasmo floresceu na confiança do movimento de que o homem é perfeitamente capaz de passar sem Deus, porque ele pode encontrar a liberdade radical e absoluta de todas as leis morais em um Cristo que se tornou unido à humanidade pecadora. Nietzsche não suportava ter um Deus que pudesse ver o interior do seu coração pecador, e, portanto, escreveu: “Ele tinha que morrer; Ele olhava com olhos que viam tudo... a sua piedade não conhecia a moderação; Ele rastejava até os meus cantos mais imundos... eu tinha que me vingar de uma testemunha assim... o Deus que via tudo e todos os homens tinha que morrer!” Com sua obra, Louco, Nietzsche tentou matar Deus de uma maneira literária. No final, foi o próprio Nietzsche que sucumbiu mentalmente à pressão e morreu louco. Altizer se apóia fortemente em Nietzsche, em sua argumentação de que Deus morreu, e outros do movimento também o citam. Depois que Karl Bar th não conseguiu encontrar uma maneira de conseguir a revelação proposicional de Deus com sua teoria kierkegaardiana da revelação (veja Neo-ortodoxia), e Bultmann tentou esvaziar completamente os ensinos das Escrituras com sua desmistíficação, os teólogos radicais se voltaram para Nietzsche com sua afirmação “Deus esta morto” e deram à expressão os seus significados particulares. Bonhoeffer lhes deu alguma inspiração com sua sugestão de um “cristianismo sem religião” e uma completa apresentação secular do evangelho, mas como ele continuou a acreditar na existência de Deus Pai e em um cristianismo confessional até a ocasião de sua morte, a visão de que Deus está morto não lhe pode ser atribuída. Os homens mais importantes no movimento americano são Thomas J. J. Altizer, William Hamilton, Paul van Buren e Harvey Cox, Análise e Avaliação Os teólogos da linha “Deus está morto”, com sua teologia radical e seu ativismo revolucionário, estão desafiando a verdadeira Igreja evangélica a considerar a responsabilidade do cristão em relação às necessidades seculares do homem nas áreas da economia, da política, além das necessidades sociais do homem. Deus deu ao homem a tarefa de dominar e governar o mundo (Gn 1.28) e esta tarefa nunca foi revogada. Este é o inundo de Deus, e, portanto, é o mundo cristão, mesmo que TEOLOGIA “DEUS ESTÁ MORTO Satanás tenha usurpado o lugar de Deus no coração dos homens pecadores. Portanto, é obrigação do cristão fazer tudo o que possa para dominar o mundo economicamente, socialmente e politicamente. Este era o conceito de Abraham Kuyper que foi trabalhado com detalhes pela Free University. Kuyper foi um importante colaborador na fundação desta entidade. A visão reformista é a de que o cristão tem como seu dever a tarefa de aplicar às necessidades do mundo os princípios revelados da justiça, da democracia e da moralidade encontrados na Bíblia. No entanto, esses teólogos radicais pensam que podem mudar o mundo e ao mesmo tempo negar os princípios divinamente revelados. O cristão evangélico descobre que a teologia “Deus está morto'’ é uma farsa pelas seguintes razões: 1. O movimento é essencialmente uma rebelião contra a lei e os princípios morais dados por Deus, O homem sempre desejou a liberdade absoluta e radical, e esses homens estão dispostos a destruir Deus à sua própria maneira, assim como Nietzsche tentou fãzer em sua época, para obter tal liberdade. 2. Esses homens sustentam que nós vivemos em uma era científica e que o homem moderno precisa basear toda a sua vida no método científico. O homem descobre na ciência as leis físicas através da experimentação. Se ele quebrar a lei física, então a lei o destruirá imediatamente. Existem também, no entanto, leis morais. Se ele as quebrar, elas por sua vez poderão destruí-lo; entretanto, elas não reagirão, necessariamente, imediatamente. Elas poderão puni-lo em sua velhice ou punir os seus netos. Isto faz com que o homem pense que tais leis não existem, A diferença entre as leis físicas e as leis morais é que as primeiras podem ser descobertas pelo homem por meio do funcionalismo, ao passo que as últimas só podem ser descobertas por meio da revelação! A razão pela qual o funcionalismo fracassa nesse ponto, é que o homem, como pecador, não pode pensar corretamente sobre assuntos morais. A sua depravaçâo total o incapacita e até mesmo lhe causa preconceitos contra a lei moral revelada. 3. Todos os argumentos apresentados para a morte de Deus são baseados, finalmente, em uma recusa a se aceitar a Jesus Cristo da maneira como Ele mesmo se avaliou. Ele falava de Deus como seu Pai, como sendo uma pessoa, e como ouvindo e atendendo tanto às suas orações como às daqueles que são os seus filhos. Ele afirmava que era o Filho de Deus e indicava que Ele perdoava os pecados porque era Deus. Portanto, qualquer tentativa de considerar Cristo somente parcialmente é uma negação de quem e do que Ele é. 4. Os teólogos da linha “Deus está morto” não são cristãos de maneira nenhuma. São simplesmente humanistas. TERAF1NS Bibliografia. T. J. J, Altizer, The Gospel of Christian Atheism, Filadélfia. Westminster, 1966. Altizer e William Hamilton, Radical Theology and the Death of God, Nova York, Bobbs-Merrill, 1966. Harvey Cox, The Secular City, Nova York. Macmillan, 8a ed., 1966. Joseph Fletcher, Situation Ethics, Filadélfia. Wetsminster, 1966. Kenneth Hamilton, God is Dead, Grand Rapids. Eerdmans, 1966. K. Hamilton, Revolt Against Heaven, Grand Rapids. Eerdmans, 1965. William Hamilton, The New Essence of Christianity, Nova York. Association Press, 1961. Gabriel Vahanian, The Death of God, Nova York. George Braziller, 1957. Paul M. Van Buren, The Secular Meaning of the Gospel, Nova York. Macmillan, 1963. R.A.K. TEQUEL Veja Mene, Mene, Tequel e Parsim. TERA1 Um acampamento não identificado dos israelitas na área de Cades-Baméia durante os 38 anos de peregrinação (Nm 33.27ss.). TERA1 1. Pai de Abraão, Naor e Harã (Gn 11.26). A família de Tera se fixou em Harã na Mesopotâmia após imigrar de Ur. Mais tarde Abraão, com seu sobrinho Ló, seguiram migrando até Canaà. A partir dos textos em Gênesis 11.31; 24; 31.53; Josué 24.2; Atos 7,2,3 podemos entender que a experiência religiosa de Abraão foi a razão pela qual a família se mudou da politeísta e idólatra Ur para Harã. Tera evidentemente se tomou um adorador de Jeová. O nome da antiga cidade de Til Turahi, localizada nas cercanias de Harã, de acordo com as tábuas euneiformes mesopotâmieas, pode ter sido dado em sua homenagem. 2. Uma estação deserta (Nm 33.27,28; “Tàra” em algumas versões, é “Tera” em outras), TERAFINS O substantivo plural heb. Frapim (uma palavra de derivação desconhecida) aparece sete vezes como “imagens”, uma vez como “ídolos”, outra como “idolatria”, enquanto que em seis passagens ela é simplesmente transliterada como “terafim”, na versão KJV em inglês. As imagens de terafms da antiga nação de Israel eram ídolos domiciliares (cf. Gn 31.19 com 31.30,32; Jz 18,17 com 18.24) cuja função primária no elemento apóstata da população de Israel parece ter sido a adivinhação (q.v.; 1 Sm 15.23; 2 Rs 23.24; Ez 21.21; Zc 10.2). Observe a conexão deles com o éfode em Juizes 17.5; 18.14,17,18,20; Oséias 3.4. Eles provavelmente tinham uma origem mesopotâmica (Gn 31,19-21; Ez 21.21), e eram frequentemente condenados pelos profetas (1 Sm 15.23; 2 Rs 23.24; Zc 10.2). Veja Amuleto. Estudos acadêmicos recentes afirmam, com 1919 TERAF1NS base em certos textos de Nuzu (ANET, pp. 219 se.), que Raquel roubou os terafms de Labão {Gn 31.17-50) para garantir o direito de posse de Jacó sobre as terras de Labão, quando Labão morresse. A lei de Nuzu, contudo, implica em que a legação, mais do que a mera posse dos deuses do lar, determinava os direitos de herança da família, E assim, talvez seja melhor assumir que Raquel, não totalmente separada de sua herança politeísta, levou as imagens com propósitos religiosos e de adivinhação. Josefo (Ant. xviii.9.5) afirma que era costumeiro, até mesmo em tempos bem mais posteriores, que os habitantes da Mesopotâmia carregassem os seus deuses do lar consigo par onde quer que viajassem (cf. M. Greenberg em JBL, LXXXI [1962], 239-248). Harry A. Hoffher, Jr., modifica a opinião de que os terafms eram objetos de adoração, mostrando, a partir de um termo paralelo hitita, que estes eram instrumentos considerados proféticos, e utilizados para indagação em cultos (“Hittite Tarpis and Hebrew Teraphim”, JNES, XXVII [1968], 61-68). E pouco provável que os terafms em 1 Samuel 19.11-17 fossem divindades domésticas, pois os arqueólogos não encontraram tais imagens com as dimensões de um homem adulto (cf. W. F. Albright, Arckaeology and the Religion of Israel, 4a ed., p.114; cf. também Gênesis 31.34). Deste modo, tem sido sugerido (Albright, op. cit,, p, 207, n. 63) que os terafms de Mical não passavam de “velhos trapos”. R. Y. TERCIO O escriba de Paulo que redigiu a carta aos Romanos, e adicionou sua própria saudação pessoal à igreja que estava em Roma (Rm 16.22). TEREBINTINA Resina extraída através da incisão feita no tronco da árvore do terebinto. A essência da terebintina é conhecida como aguarrás. Veja Plantas: Terebinto. TEREBINTO Veja Plantas. TERES Um dos eunucos desleais do rei Assuero, incumbido de guardar a entrada do palácio, que planejou o assassinato do rei. Mardoqueu expôs o plano, e os conspiradores foram enforcados. Esse serviço meritório de Mardoqueu foi relevado por um tempo; entretanto, mais tarde se tornou a causa de sua singular exaltação (Et 2.2123; 6.2). TERRA Esta palavra tem vários significados na Bíblia. 1. O nome característico para o nosso planeta (Jó 1.7). 2. A matéria sólida do globo em contraste com a água e o ar (Gn 1.10). 1920 TERRA E PROPRIEDADE 3. O solo; o mesmo a que um fazendeiro se referiría (2 Rs 5.17). 4. Os habitantes do globo terrestre (Gn 11.1). 5. O mundo que iaz no maligno; e assim “as coisas... que são aa terra” são os pecados, e o oposto daquilo que é celestial e espiritual (Cl 3.2,5; cf. Fp 3.19). As principais palavras heb. traduzidas como terra são (a) ‘adama, que significa o solo vermelho ou chão (cf. heb. ‘aaorn, “vermelho”), do qual o corpo do homem foi feito, e do qual se originou o nome que foi dado ao primeiro homem, 'adam, “homem” ou “Adão” (Gn 2.7; 3.19); e (b) 'eres, que não é apenas traduzido como “terra”, mas como “território”, denotando assim um país (Gn 21.21). Uma vez que esta palavra significa a terra toda ou apenas parte dela, em algumas passagens consta o termo “terra”, e em outras, “solo” (cf. Is 10.23) . Veja Agricultura. No Novo Testamento, a palavra grega comum é ge, traduzida como “terra”, com seus vários significados, ou “terreno”, referindose especialmente à terra da Judeia (Mt 27.45). Veja o texto em Lucas 23.44 como um relatório paralelo. Nas versões em inglês, o termo “terra” ê usado na KJV e “terreno” na ASV. Uma outra palavra, oikoumene, denota especialmente toda a terra habitada (Lucas 21,26) e, particularmente, o Império Romano na época do Novo Testamento (Lucas 2.1, “mundo”). Veja Mundo; Criação, C. J. W. TERRA E PROPRIEDADE Os padrões de posse de terra, como refletidos na Bíblia, podem geralmente ser divididos em três períodos: a era patriarcal, a era da confederação tribal, e a era posterior ao estabelecimento da monarquia em Israel. Era Patriarcal A partir de dois exemplos nas narrativas patriarcais, observamos que a terra era diretamente comprada, e assim permanentemente tomada do antigo dono. Abraão comprou terra de um morador heteu local a fim de providenciar uma sepultura para Sara (Gn 23), e Jacó comprou a porção de um campo dos siquemitas (Gn 33.19). O contrato fundamental para tal venda era meramente verbal, feito diante de uma testemunha (Gn 23.17,18). Alguns paralelos têm sido traçados entre a compra de Abraão dos heteus e certos costumes de troca de terras observada no código heteu de leis (Manfred R. Lehman, “Abraham’s Purchase of Machpelah and Hittite Law”, BASOR #129 [1953), pp. 15-17). A opinião de que a alienação permanente de terra através da venda era uma característica comum da vida cananéia na Palestina, apesar de apenas dois exemplos das narrativas patriarcais, pode ser reforçada pela comparação com as fontes cananitas da vizinha Síria, Tábuas de Alalakh (ou Alalah) datando do século XVHI TERRA E PROPRIEDADE a.C. documentam várias vendas ou compras de terras por cidadãos, bem como por membros da casa real (D. J. Wiseman, The Alalakh Tablets, Instituto Britânico de Arqueologia em Ancara, 1953, p. 103, et passim). Muitos documentos de venda de Ugarit, embora originários dos séculos XIV e XIII a.C., podem ser considerados para mostrar que a venda permanente de terra era comum. A posse de propriedade por herança é melhor entendida pela comparação com os costumes mesopotâmios pertinentes. Apenas aqueles que possuíam a condição legal de filhos eram legítimos para receber a propriedade da terra. Esposas e filhas obtinham algum grau de segurança econômica, como refletido no Código de Humurabi (par. 138-150, ANET, p. 172), mas apenas os filhos homens eram considerados como herdeiros das propriedades. A condição legal de filiação era extremamente importante nesta questão. Os parágrafos 170-171 do Código de Hamurabi regulam a distribuição da propriedade do pai falecido entre os seus filhos sobreviventes. Cada filho de sua esposa deveria receber uma parte. Se o pai também tivesse gerado filhos homens de uma mulher escrava ou concubina, e se alguma vez os tivesse legitimado através de uma declaração formal ae sua filiação, então os filhos da mulher escrava e os filhos da esposa compartilhavam igualmente a herança, exceto que o primogênito da esposa recebia uma parte preferencial. Se os filhos da mulher escrava jamais tivessem sido legitimados, eles não tinham a permissão de compartilhar a propriedade paterna. O aspecto legal é enfatizado na Bíblia com respeito à sucessão de Abraão. Abraão teve um filho de uma mulher escrava, Agar, a quem ele nunca legitimou formalmente, embora pareça ter expressado uma disposição para fazêlo (Gn 17.18). Aos filhos de Abraão com Quetura, da mesma forma, foi negada a filiação e foram igualmente enviados para longe com presentes de propriedades móveis, enquanto que a terra foi deixada apenas para Isaque (Gn 25.1-6). É enfatizado em Gênesis 22.12 que Isaque era o único reivindicador da herança, e foi chamado de filho único de Abraão (yahiã). A herança de propriedade era, às vezes, concedida por meio aa adoção. Documentos mesopotâmicos mostram que este método de transmitir a propriedade era utilizado por aqueles que não tinham filhos próprios para cuidar deles na velhice; assim, procuravam garantir por este meio um apoio para a época de sua idade avançada. O adotado era obrigado a atender às necessidades daquele qne o adotava durante o período de sua vida (Ephraim A. Speiser, “New Kirkuk Documents Relating to Family Law”, AASOR, X [19301, 36ss.). Alguns poucos textos bíblicos ilustram este meio de transmitir a propriedade. Abraão parece sugerir que seu escravo herdaria sua TERRA E PROPRIEDADE propriedade através da adoção, a menos que um filho natural lhe nascesse (Gn 15.2-4). Jacó adotou dois netos, os dois primeiros filhos de José, como seus próprios filhos (Gn 48.5,6). Jacó reivindicou Efraim e Manassés de forma exclusiva; qualquer outro filho de José deveria suceder Efraim e Manassés na herança. Esta situação explica por que os dois filhos de José são contados entre os filhos de Jacó como cabeças das tribos. Um tratamento preferencial do filho primogênito na herança era normalmente vigente. Embora uma declaração clara de que uma porção dobrada pertencia ao primogênito não tenha sido expressada até Deuteronômio 21.15-17, as variações deste padrão notadas nas narrativas patriarcais mostram que o costume era geralmente observado. A venda queEsaúfez de sua primogenitura para Jacó (Gn25.29-34), e a subseqüente obtenção, por Jacó, da bênção de Isaque através do engano (Gn 27), significou que Jacó havia se tornado o “primogênito” no que dizia respeito à herança e privilégios. Jacó, por sua vez, separou Rúben, seu primogênito, e lhe negou a preeminência (Gn 49.3,4). Ele colocou José neste lugar (1 Cr 5.1,2) e assim lhe deu uma herança especial de terra em preferência a seus irmãos (Gn 48.22). Os filhos de José, da mesma forma, tiveram a experiência do mais novo substituir o mais velho, passando a ter uma posição preferencial (Gn 48.13-20). O texto deixa claro que isto era contrário á norma; José protestou diante da atitude de Jacó, pois o mais velho deveria ter a posição mais proeminente. O tratamento preferencial de José pode ser atribuído ao fato de que ele era o primeiro filho da esposa favorita de Jacó. Tal prática é comparada com um documento redigido em uma placa de barro de Alalakh, na Síria, que registra um contrato de casamento. A tábua declara que uma mulher chamada Naidu está noiva de um certo nobre da eidade. Caso Naidu não gere um filho, uma segunda esposa é especificada para o nobre. Se a segunda esposa gerar um filho e, depois disso, Naidu também gerar um filho, o filho de Naidu será superior. Assim, a posição da esposa traria a preferência a seu filho, em detrimento dos filhos do marido com outra esposa, mesmo que tivessem nascido primeiro (Wiseman, Alalakh Tablets, No. 92, pp. 54ss.). Evidências abundantes da Mesopotâmia e da Síria mostram que o tratamento preferencial ao primogênito era usual, mas que ocorriam exceções. A Lei de Moisés O sistema de posse de terra estabelecido por Moisés, e que persistiu ao longo do período dos juizes, tinha as suas próprias características distintivas; no entanto, lembrava os costumes da Mesopotâmia mais do que os de outras regiões do Oriente Próximo. A terra 1921 TERRA E PROPRIEDADE apropriada por Israel através de conquista era distribuída proporcionalmente de acordo com dois princípios: deveria ser por sorte (concessões de terra foram feitas lançando sortes em Nnzu), evidentemente para manter a imparcialidade; e deveria ser de acordo com a força numérica da unidade da tribo on família (Nm 26.53-56; Js 18.2-19.48). Dentro das unidades da tribo e clã, distribuições individuais, ou “porções”, eram dadas para cada homem de idade e capacidade militar. Os regulamentos de herança foram criados para evitar que a terra passasse para fora do controle da tribo para a qual havia sido destinada. Na maioria dos casos, nenhum problema surgiría, uma vez que normalmente apenas os filhos participavam na divisão da propriedade de terra. Porém, as filhas podiam herdar terras no caso de não haver filhos homens (Nm 27.1-11). No entanto, a fim de ter este direito, tais filhas deveríam casar-se dentro de sua própria tribo (Nm 36.3-11). O costume do casamento levirato (Dt 25,510) também parece ser nsado para manter a terra entre os descendentes da tribo. Uma viúva evidentemente não herdava a propriedade de seu falecido marido, mas seus filhos eram contados como herdeiros. Se ela não tivesse filhos nem filhas, os irmãos de seu falecido marido herdariam a propriedade (Nm 27.9). No entanto, um costume obrigava que um irmão do falecido marido a tomasse como sua esposa e que gerasse um filho através dela; este filho herdaria a propriedade em nome de sen falecido marido (cf. Dt 25.7 com Rt 4.5,10). O direito de remissão também considerava a posse da terra dentro da estrutura da propriedade tribal. Se nm homem empobrecido fosse forçado pelas circunstâncias a vender uma terra de lavoura, ele ou um parente tinham o direito de remi-la (Lv 25.24-34). Na verdade, somente o uso da terra era vendido ou arrendado pelo número de anos até o jubileu, quando ela voltava a pertencer àquele que a vendeu ou aos seus herdeiros (Lv 25.10,13-16). Ao remir a terra, o remidor restituía o que equivalia ao aluguel rateado de acordo com o número de anos restantes até o próximo jubileu, O principal propósito do costume era manter a terra dentro ao controle da tribo e da família. O Senhor dirigiu Jeremias a seguir esta lei com relação ao campo de seu primo em Anatote. O profeta comprou a terra e tinha uma cópia selada e outra aberta da escritura da compra assinada na presença de testemunhas (Jr 32.6-15). Paralelos mesopotâmicos ao costume são bem estabelecidos (por exemplo, “The Laws of Eshnunna”, No. 39, ANET, p. 163). As casas em cidades muradas não-levíticas não eram consideradas como estando intimamente ligadas à terra. Se um homem vendesse tal casa e não a remisse dentro de um ano inteiro, ela se tomaria perpetuamente 1922 TERRA E PROPRIEDADE do comprador (Lv 25.29-34). A posse de toda a terra israelita pelo Senhor como o dono principal era a característica mais significativa aa posse da terra sob a administração mosaica. Embora Deus tenha “dado” a terra aos israelitas (Js 1.2; 23.15; et ai.), reteve o título definitivo e supremo para si (Lv 25.23). A posse contínua pelas tribos estava condicionada ao fiel cumprimento das obrigações da aliança (Lv 26.2735; Dt 4.25,26; 11.13-17,22-25; 30.16-18). Uma vez que Deus era o proprietário supremo, um israelita não deveria alienar sua terra. Ele poderia vender o produto da terra, e podería vender o nso da terra por um número limitado de anos, mas não poderia vender a terra defmitivamente (Lv 25.23). Paralelos a este conceito de inalienabilidade da terra são conhecidos da comunidade mesopotâmica de Nuzu, onde vários documentos registram adoções como uma espécie de artifício legal para driblar a regra contrária à venda (Speiser, AASOR, X, 14-17). A relação do israelita com sua terra era a de um possuidor de feudo em relação ao seu rei. 0 Senhor era seu rei e o dono supremo de sua terra. O israelita poderia usar a terra e tirar dela seu sustento, poderia passá-la adiante para os seus herdeiros homens, mas não poderia se desfazer dela. Uma condição para possuir terras era a disposição para o serviço militar de conquistar a terra, e a partir daí defendê-la (Nm 32.5,6,16-33; Dt 3.18-20; Js 1.12-15). As listas dos censos de Números 1 e 26 mostram qne somente os homens de idade e capacidade militar eram contados, e era entre estes que a terra era posteriormente repartida (Nm 26.52-56). Algumas similaridades com estes conceitos são vistas na Mesopotâmia. Em Larsa, o território pertencente à Coroa, e repartido entre os soldados, não poderia ser vendido, mas era herdado por herdeiros homens, e vinculado ao desempenho militar ou a outros serviços (F. Thureau-Dangin, “La correspondance de Hammurapi avec Sarnas-Hasir", RA, XXI [1924], 3-4; cf. Código de Hamurabi, par. 27-41, ANET, pp. 167ss.). Em Mari, cartas administrativas discutem o censo das tropas e a destinação da terra a estas pelo rei ou por seu vice-rei (Archives royules de Mari, I, Nos. 91, 7, 6; III, 21; IV, 4; et al.). A lei do jubileu de Israel também estava relacionada à posse suprema da terra pelo Senhor, e a vassalagem do proprietário da terra em relação a ele (Lv 25.8-55). Um proprietário de terras tinha permissão para vender o nso de sua terra até o próximo jubileu, um evento que deveria fazer voltar a situação anterior em intervalos de 50 anos. O acordo poderia ser visto como uma espécie de empréstimo ou cessão sem juros, visto que o comprador (credor) tinha o uso e a custódia da propriedade, e a produção da propriedade substituía os pagamentos de juros e tam- TERRA E PROPRIEDADE bém constituía uma amortização gradual do principal. Na época do jubileu, o credor era evidentemente restituído, uma vez que a quantia paga pelo campo era sempre ajustada na época da venda de acordo com o número de anos restantes até o jubileu. O mesmo é sugerido pela maneira como o preço da remissão era calculado. Costumes comparáveis ao do jubileu na Mesopotâmia do segundo milênio a.C. são conhecidos de Nuzu, Hana e Babilônia (Julius Lewy, Eretz Israel, V, 21-31; J. J. Finkelstein, Journal of Cuneiform Studies, XV, 91-104; Speiser, AASOR, X, 9, 12). De uma maneira geral, pode-se dizer que a posse de terra no Pentateuco reflete o ambiente amorreu não-urbanizado como refletido nas tábuas de Mari, Nuzu, Hana etc., do segundo milênio a.C. - mas não da Babilônia, que era uma grande cidade. As leis de propriedade mosaicas não refletem o passado aa monarquia ou do período pós-exílico. O Período dos Reis Israelitas O estabelecimento da monarquia trouxe importantes mudanças na vida sócio-econômica de Israel, e um rompimento dos padrões mosaicos da posse de terra. Samuel previu que o rei acabaria usurpando as prerrogativas de Deus ao tratar a terra como sendo sua, dispondo dela conforme sua vontade, e concedendo-a como feudos aos seus vassalos (1 Sm 8.4-17). Bastava olhar para os estados cananeus vizinhos para entender as condições que se desenvolveríam (I. Mendelsohn, “Samuefs Denunciation of Kingship in the Light of the Akkadian Documents from Ugarit”, BASOR #143 [1956], pp. 17-22). Saul antecipou esta possibilidade, caso o passasse para Davi (1 Sm 22.7,8). governo >avi, evidentemente, assumiu o controle das propriedades de Saul ao sucedê-lo (2 Sm 12.8), e sentiu-se livre para dispor dela como bem lhe aprouve. Ele restaurou a propriedade a Mefibosete, descendente de Saul, como um ato de graça, não de direito (2 Sm 9.7-10), e posteriormente deu a mesma propriedade a Ziba, servo de Mefibosete (16.14). Ainda mais tarde, ele dividiu a propriedade entre os dois (19.24-30). Suas ações deixaram claro que a terra concedida deste modo dependia da lealdade que tivessem para com ele. Davi parece ter acumulado um grande número de bens (1 Cr 27.25-31) através de confisco, conquista, compra ou de algum outro modo. De acordo com os documentos de Alalakh, houve compra e venda de um grande número de aldeias pela Coroa. Salomão deu ao rei Hirão de Tiro 20 “cidades” na terra da Galíléia em troca de 120 talentos de ouro (1 Rs 9.10-14). Quando Salomão se casou com uma princesa egípcia, o Faraó lhe deu a cidade de Gezercomo um dote (1 Rs 9.16), que equivalia ao dote de sete cidades que Agamenon, TERRA PROMETIDA rei de Micenas, ofereceu a sua filha (Ilíada, 9.149-152). O papel do rei de Israel como um senhor feudal concedendo terras aos seus subordinados fiéis pode ser inferido pelo desenvolvimento de forças equipadas com carros de guerra em Israel, como uma imitação e competição com os povos vizinhos. Salomão tinha 1.400 carros (1 Rs 10.26), e é relatado que Acabe enviou 2.000 carros para a batalha contra Salmaneser III em Qarqar (ANET, p. 279), Os nobres que manejavam e mantinham os carros eram, sem dúvida, apoiados como eram nos estados cananeus, com concessões e privilégios especiais. O desenvolvimento de uma aristocracia da terra e a redução da classe de lavradores são documentados pela ressoante denúncia dos profetas. Isaías proclamou a desgraça para aqueles que juntassem terra com terra e campo com campo (Is 5.8); para aqueles que consumissem as vinhas e roubassem os pobres, que esmagassem o povo, moendo a face dos pobres (3.14,15). Miquéias denunciou aqueles que exploravam os pobres e se apropriavam da porção da herança de um homem simplesmente por terem o poder econômico para fazê-lo (Mq 2.1,2), Elias condenou a ação de Acabe e Jezabel (1 Rs 21.17-24) quando conspiraram para matar Nabote e confiscar sua vinha, a qual ele havia se recusado a vender, tentando aderir à antiga tradição da inalienabilidade de sua herança (21.1-15). A legislação mosaica, de forma ideal, teria estabelecido uma sociedade de livres agropecuaristas, possuidores de terra, que não estariam sujeitos a ninguém, além do Senhor que lhes teria concedido a terra. A monarquia viu o abandono deste ideal e a assimilação dos costumes cananeus da posse da terra, que permitiam a alienação permanente da propriedade e o crescimento de uma aristocracia da terra. O texto em Neemias 5 mostra que houve um breve esforço na era pós-exílica para reverter a tendência e voltar às antigas tradições, mas o esforço foi evidentemente eficaz apenas por pouco tempo. A agricultura de arrendamento era desconhecida de Israel nos tempos do AT. Mateus (21.33-41) faz a primeira referência ao aluguel de terras na parábola proferida pelo Senhor Jesus sobre a vinha e seus arrendatários maus. Veja Agricultura; Festividades; Jubileu; Herança. Bibliografia, “Property, Land, and Its Conveyance”, CornPBE, pp. 607-610. Roland de Vaux, Ancient Israel, trad. por John McHugh, Nova York. McGraw-Hill, 1961, pp. 68-74, 164-177. S. H. B. TERRA PROMETIDA Veja Canaã; Josué, Livro de. 1923 TERRA SECA TÊRTULO (4) quando Elias estava no monte Horebe (1 Rs 19.11); 15) quando Uzias era o rei de Judá (Am 1.1; Zc 14.5); (6) quando Jesus morreu (Mt 27,51) e ressuscitou dos mortos (Mt 28.2); (7) quando Paulo e. Silas foram presos em Filipos (At 16.26). As vezes, os terremotos estão associados ao juízo divino (Ap 6.12; 8.5; 11. 13,19). Eles precederão a segunda vinda do Senhor (Mt 24,7). O maior terremoto de todos os tempos ainda está por vir (Ap 16.18). Vista dos limites dos campos dos Pastores, Belém. HPV TERRA SECA Palavra hebraica, usada em Isaías 35.7, parecida com a palavra árabe que significa miragem. Ela retrata uma terra tão queimada pelo calor do sol que se produz o efeito ondulante de uma miragem. Isaías usou um admirável contraste, retirado do fenômeno do deserto, para apresentar sua confiança no dia em que os ideais da justiça e da paz, que são agora apenas esperanças vislumbradas, iriam chegar em uma era dourada e se tornariam realidades plenamente satisfatórias. TERRAÇO O termo heb. me3illa aparece no plural em 2 Crônicas 9.11 e é traduzido em algumas versões como “terraços”, e em outras como “degraus”, o que está de acordo com a leitura tradicional. A palavra é normal mente traduzida como “estrada” em 20 de suas 28 ocorrências, mas a nuança precisa de seu uso em 2 Crônicas 9.11 é ilusória. O termo heb. da passagem paralela em 1 Reis 10.12 é mís‘ad, “escorar” ou “apoiar”, e é traduzido como “pilares” na versão KJV em inglês, e como balaústres e corrimãos em outras versões. Mas aqui ela aparece no singular. Duas coisas são evidentes: o objeto era feito de uma madeira cara, de ébano odorífero, e representava as idéias de apoio e elevação. Assim sendo, parece que a melhor tradução deste termo é “balaústre” (Moffatt) ou “gradil” (Rudolph), pois estas palavras incluem as duas idéias (Anchor Bible, XIII, 53). TERREMOTO Uma vibração da terra causada às vezes por uma racnadura em alguma rocha em seu interior, ou por algum deslocamento sob a superfície. Existem dois tipos mais importantes, o vulcânico e o tectônico. A Bíblia menciona alguns. Por exemplo: (I) quando a lei foi dada pelo Senhor no monte Sinai (Êx 19.18; Hb 12,26); (2) quando a terra “tragou" Corá, Data, e Abirão (Nm 16.31,32); (3) quando Jônatas atacou a guarnição dos filisteus em Gibeá (1 Sm 14.15); 1924 TERROR Vários termos hebraicos e seus sinônimos gregos, como pkobos, sâo usados para expressar o conceito de terror, medo, receio, consternação, ou susto. Os termos mais importantes do AT são híttit, “terror”, que ocorre somente em Ezequie! e geralmente se refere ao terror causado pelas grandes nações e reis pagãos (Ez 26.17; 32.27) . O termo heb. ’ema frequentemente significa o terror ou o espanto que são inspirados pelos inimigos humanos (Js 2.9; Is 33.18), ou por Deus: “...e não me espante o teu terror” (Jó 13.21; cf. Êx 15.16; 23.27; SI 88.15) , ou se refere, de forma figurada, a ídolos (lit., “terrores”, ou seja, coisas aterradoras, Jeremias 50.38). O termo ballaha expressa figurati vam ente a idéia da morte, “sentem os pavores da sombra da morte: “(Jó 24.17; cí! 18.14), ou da destruição, como quando a ruína de Tiro foi profetizada: “Farei de ti um grande espanto" (isto é, uma desolação, Ez 26.21). O temor, no sentido de reverência ou respeito santo para com Deus, é expresso pelo termo yir’a (por exemplo, Gênesis 20.11; Sí 2.11;5.7; Pv 1.7). No NT, o termo grego phobos é traduzido três vezes como “terror: (1) em Romanos 13.3, “Porque os magistrados não são terror para as boas obras”; (2) em 2 Cortntios 5.11, falando do temor que o cristão tem em relação ao Senhor devido ao juízo vindouro; e (3) em 1 Pedro 3.14, exortando os crentes a não terem medo do terror ou da intimidação de seus perseguidores. Veja Medo, H. E. Fr. TÉRTULO Um orador (advogado constituído) contratado pelos membros do Sinédrio para acusar Paulo perante Félix (procurador da Judéia). Veja Orador. O nome, que ocorre no NT apenas em Atos 24.1,2, era comum, uma forma diminutiva grega do latim Tertius. Não se sabe se ele era judeu, grego ou romano. Os versículos 2 e 5, que contêm expressões traduzidas em algumas versões como “nessa nação” e “os judeus", respectivamente, podem indicar que ele não era judeu; porém os versículos 3,4 e 6 (“nós”, em algumas versões) são interpretados como se ele fosse judeu (apesar de que este pronome nestes textos possa simplesmente indicar uma identificação profissional de Tértulo com os seus clientes). O final do versículo 6, “conforme a nossa lei, o quisemos julgar”, é TERTULO TESSALÔN1CA possivelmente o mais forte dos argumentos daqueles que defendem a opinião de que ele era judeu. Algumas versões em inglês, como a ASV, a RSV e a NASB, trazem notas a este respeito junto com o versículo 7 e parte do 8. Estas versões baseiam os seus comentários em manuscritos posteriores. TESOUREIRO Veja Ocupações: Tesoureiro. TESOURO O termo “tesouro” é a tradução de várias palavras hebraicas e gregas, das quais osar e thesauros são as principais. Ele se refere a um acúmulo valioso de dinheiro ou outras formas de riqueza como pedras roupas ricas, ou metais preciosos. P reciosas, oderia ser o tesouro dos reis (Is 39.2), do Templo (1 Rs 14.25,26), ou de um homem rico (Lc 12.21), A palavra pode ser usada de forma figurada, onde Israel é o tesouro de Deus (Êx 19.5; SI 135.4), ou ainda como uma referência ao tesouro celestial, que é a salvação, a virtude de uma pessoa (Mt 6.19-21; Lc 12.33), o evangelho (2 Co 4.7), ou a qualidade do coração de alguém (Lc 6.45). Os termos gregos e hebraicos mencionados acima também podem significar o lugar onde o tesouro é guardado. Os “tesouros” que os magos abriram na presença do menino Jesus e de Maria eram provavelmente alguns orta-jóias (Mt 2.11). Tanto o Templo de alomão como o palácio real tinham locais especiais onde eram guardados os tesouros, os vasos sagrados, e todas as coisas que eram consideradas valiosas (1 Cr 28.11-13; 2 Cr 32.27,28). O tesouro do Templo de Herodes, onde o povo trazia suas ofertas em dinheiro, ficava no Pátio das Mulheres (Mc 12.41-44; Jo 8.20). Pitom e Uamessés eram “cidades de tesouros”, ou cidades onde estgva armazenada a provisão para o Faraó (Ex 1.11). Veja Depósitos; Ocupações: Tesoureiro. N. B. B. TESOURO, CIDADE DE Veja Cidade do Tesouro; Cidade Armazém. TESSALÔNICA Cassandro deu este nome Um púlpito de pedra de uma igreja do século V em Tessalônica, Museu de Istambul O templo de Saturno no Fórum romano era um dos antigos tesouros públicos romanos. HKV à cidade em homenagem a sua esposa, que era meia irmã de Alexandre o Grande, quando agrupou as vilas da área em 315 a.C. Mas existia nas redondezas uma colonização bem mais antiga, chamada Terma (devido às fontes quentes adjacentes). As duas parecem ter continuado a existir lado a lado (Plínio refere-se a elas como se coexistissem, Natural History, iv. 17). Mas Tessalônica finalmente absorveu o centro mais antigo, Ela está localizada em uma posição estratégica na ponta do Golfo Termaico, aproximadamente na metade do caminho entre o Helesponto e o mar Adriático, e junto às rotas de negócios. Seu porto é excelente e, portanto, tem sido, durante séculos, o porto natural para os negócios da Macedônia. No período romano, ele sempre foi importante. Os romanos transforma ram-na primeiramente na capital de uma das quatro partes da Macedônia e, quando as reorganizaram em uma única província, Tessalônica passou a ser sua capital. Pompeu fez dela sua base durante a primeira guerra civil, mas, na segunda, ela apoiou Otaviano, e sua vitória a elevou à condição de cidade livre. Lucas conta em Atos 17.6 que seus governantes (em número de cinco ou seis) foram chamados de politarchoi (“magistrados da cidade” ou “autoridades”), um termo que também é encontrado em várias inscrições. A cidade era basicamente grega, embora tivesse um elemento romano no século I, e um número suficiente de judeus para ter uma sinagoga, Uma igreja estabelecida em tal centro podería influenciar toda uma província. Paulo ministrou ali em sua segunda viagem missionária, e alcançou um sucesso considerável. Uma “grande multidão” de prosélitos do judaísmo se tornou cristã durante a estada dos apóstolos neste local (At 17.4). Mais tarde, Paulo escreveu duas epístolas àquela igreja. Quase não há, em Tessalônica, ruínas visíveis que datam do século I. Não é possível fazer escavações, pois a cidade moderna cobre a cidade antiga. Estima-se que a popu- 1925 TESSALÔNICA TESSALON1CENSES, PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS Avia Egnátia, principal estradada antiga Grécia, atravessa a moderna Tessalimka sobre o mesmo leito da estrada dos tempos antigos. HFV lação atual, de aprox. 400.000 pessoas, seja o dobro da população que havia ali no tempo do NT. L. M. TESSALONICENSES, PRIMEIRA EPÍSEPÍSTOLA AOS Data Esta epístola foi escrita em 50 d.C. ou aproximadamente nesta data. Com a possível exceção de Gálatas, 1 Tessalonicenses foi a carta mais antiga de Paulo. Autenticidade Sua autenticidade não é seriamente disputada. É possível que tenha sido escrita por Paulo (em conjunto com Silvano e Timóteo, porém todos concordam com o fato de que eles poderíam ter tido uma pequena participação na composição da carta). O livro está incluído no cânon das Sagradas Escrituras cristãs aceitas por Marcion (aprox. 140 d.C.), e no Fragmento Mnratoriano. Irineu, no final do século II, o mencionou pelo nome, e depois disto foi universal mente aceito. Parece não haver razões para sua composição a não ser que seja uma genuína carta do apóstolo. Ocasião da Escrita O relatório trazido por Timóteo e Silvano (At 18.5; 1 Ts 3.6) ocasionou a escrita desta epístola. Atos 16 e 17 revelam que Paulo tinha sido forçado a deixar Filipos, Tessalônica (q.o.) e Beréia devido à oposição dos judeus fanáticos, depois de um trabalho inicial promissor em cada uma destas cidades. Mais tarde, em Atenas, ele não teve muito sucesso. Existe um pensamento pouco aceito de que o apóstolo tenha ido a Corinto devido à sua “fraqueza, temor, e grande tremor” (1 Co 2.3). Aqui ele estava claramente em dúvida quanto à sua missão. Mas, logo depois, Paulo recebeu notícias de Silas e Timóteo dizendo que seus convertidos de Tessalônica 1926 continuavam firmes. Esta epístola foi escrita em meio a um grande sentimento de alívio. A carta foi destinada a suprir as necessidades dos convertidos de Paulo, conforme revelado por seus mensageiros. Fica claro que Paulo estava sendo difamado por seus oponentes, que procuravam minar seu trabalho tentando fazer com que os seus motivos caíssem em descrédito. Por esta razão, ele utilizou este espaço para lembrar os seus leitores da maneira como os pregadores se comportaram quando estabeleceram a igreja em Tessalônica. Eles haviam trabalhado e se recusado a aceitar que os tessalonicenses lhes fornecessem seu sustento. Era importante que não se permitisse algo que viesse a prejudicar o proveito de sua pregação inicial. Panio também encorajou os tessalonicenses a encarar a oposição que estavam encontrando. Ele continuou a enfatizar a importância de uma vida cristã, pois era importante que não aceitassem o baixo padrão dos pagãos. O apóstolo então passou às questões relacionadas à segunda vinda do Senhor Jesus. Parece que alguns deixaram de trabalhar para conseguir seu sustento, à espera de um breve retomo de Cristo. Paulo solicitou que trabalhassem. Outros aparentemente pensaram que todos os cristãos permaneceríam vivos até a segunda vinda do Senhor. Quando alguns morreram, aqueles que permaneceram vivos chegaram a pensar que estes perderíam sua parte nos acontecimentos do grande dia. Paulo lhes assegurou que aqueles que morreram em Cristo ressuscitariam primeiro. O apóstolo os exortou à vigilância, e então passou às exortações de caráter geral sobre diversos aspectos da vida cristã. Esboço I. A Igreja Missionária Exemplar, 1.1-10 II. O Bom Missionário, 2.1-20 III. O Amor e a Preocupação do Bom Missionário, 3.1-13 IV. Admoestações e Exortações aos Crentes, 4.1-12 V. A Vinda de Cristo para os Crentes, 4.1318 VI. Mais Admoestações Relacionadas à Vida Cristã, 5.1-22 VII. Palavras de Encerramento, 5.23-28 Bibliografia. F. F, Bruce, 'The Epistles to the Thessalonians,” NBC, pp.1052-1062. D. Edmond Hiebert, The Thessalonian Epistles, Chicago. Moody, 1971 (com uma bibliografia completa). C. F. Hogg e W. E. Vine, The Epistles of Paul the Apostle to the Thessalonians, reimpressão, Grand Rapids. Kregel, 1959, George Milligan, St. Pauis Epistles to the Thessalonians, reimpressão, Grand Rapids. Eerdmans, 1952. Leon Morris, The Epistles of Paul to the Thessalonians, TNTC, Grand Rapids. Eerdmans, 1957; The First TESSALONICENSES, PRIMEIRA EPÍSTOLA AOS and Second Epistles to the Thessalonians, NIC, Grand Rapids. Eerdmans, 1959. Alfred Plummer, A Commentary on St. PauTs First Epistle to the Thessalonians,. ..Second Epistle to the Thessalonians, Londres. Robert Scott, 1918. Charles C. Ryrie, First and Second Thessalonians, EBC, Chicago. Moody, 1959. L. M. TESSALONICENSES, SEGUNDA EPÍSTOLA AOS Esta carta é uma continuação de 1 Tessalonicenses. Parece que alguns aspectos dos ensinos da primeira carta não foram totalmente compreendidos, por isso Paulo escreveu novamente. O intervalo não deve ter sido longo, no máximo alguns meses, porém é mais provável que tenha sido de apenas algumas semanas. Ocasião Na maior parte da epístola, Paulo discute novamente as questões que foram levantadas na primeira epístola. A parte mais importante da epístola, depois de sua oração de abertura, fala sobre a segunda vinda de Cristo. Alguns dos tessalonicenses haviam evidentemente chegado à conclusão de que o dia do Senhor já havia acontecido (ou talvez que estivesse prestes a acontecer). Paulo lhes mostra que este dia não podería chegar até que “o homem do pecado* (ou “da iniqüidade ■) fosse revelado. Ele dá informações sobre o tipo de rebelião que este homem liderará, e lembra seus convertidos de que isto ainda não podería acontecer. O apóstolo prossegue agradecendo pelos seus convertidos, e os encoraja a permanecer firmes. Ele os lembra da fidelidade a Deus, e a carta chega ao final com algumas exortações sobre a disciplina em temor e obediência ao Senhor. A parte mais importante desta seção lida com os desobedientes e com os desordenados, aqueles que tinham começado a se abster do trabalho devido à suposta proximidade da volta do Senhor. Autenticidade A carta é amplamente aceita como genuína. Ela foi atestada há muito tempo. Folicarpo, Inácio e Justino parecem ter sabido disso. Ela faz parte do Cânon Marcionita e do Fragmento Muratoriano. É mencionada pelo nome por Irineu e por escritores posteriores. A própria carta registra que foi escrita por Paulo (2 Ts 3.17 trazendo sua assinatura). O seu estilo e sua linguagem são paulinos. No entanto, alguns estudiosos levantaram algumas questões: (1) Existe o problema da semelhança e das diferenças com 1 Tessalonicenses. Sugere-se que um homem como Paulo não teria repetido seus escritos, e que existem diferenças, por exemplo, em termos de escatologia. A inferência é que alguém estivesse deliberadamente imitando o apóstolo. Mas as semelhanças podem ser inten- TESTA sificadas, e, de qualquer modo, a maioria dos estudiosos sente que estas semelhanças são mais bem explicadas de uma forma natural, quando o mesmo homem escreve sobre os mesmos assuntos após um intervalo de algumas semanas. Quanto às diferenças, veja a próxima seção. (2) Alguns acreditam que a escatologia seja diferente daquela que está contida em 1 Tessalonicenses, uma vez que na segunda epístola a parousia acontece somente após os sinais, enquanto na primeira epístola ela é repentina. Mas esta combinação de idéias é geralmente encontrada, e esta não é uma prova de divergência de autoria. (3) Alguns alegam que o tom das duas epístolas é diferente, mas este argumento não prova nada de extraordinário, ainda que seja aceito. Não há uma razão real para se duvidar da autenticidade desta epístola. I. Esboço O Conforto Durante as Tribulações, 1.1- 12 II. O Dia do Senhor e o Homem do Pecado, 2.1-12 III. Exortações e Instruções, 2.13-3.15 IV. Bênção e Palavras de Encerramento, 3.16-18 Bibliografia. Veja Tessalonicenses, Primei- ra Epístola aos. TESTA Este termo é usado frequentemente em seu sentido literal. Arão e os sacerdotes depois dele usavam em suas testas uma lâmina de ouro (Êx 28.36,38). A condição da testa ajudava o sacerdote a determinar a lepra (Lv 13.42,43; 2 Cr 26.20). Davi atingiu a testa de Golias com uma pedra (1 Sm 17.49). Embora fosse proibido cortar o corpo (Lv 19.28) , marcas de propriedade eram colocadas nas testas dos escravos ou devotos de uma divindade. Tal propriedade por parte de Jeová é vista em Ezequiel 9.4,6, onde a palavra “marca” é a última letra do alfabeto Antigos muros de Tessalíiníca 1927 TESTA heb. (que nos tempos antigos tinha a forma de uma cruz). No NT, as testas dos justos (Ap 7.3; 9.4; 14.1; 22.4) e as dos seguidores pecadores de Satanás (Ap 13.16,17; 14.9; 17.5; 20.4) estão marcadas. Em Ezequiel 16.12, algumas versões mencionam a jóia como uma argola usada no nariz, enquanto outras mencionam um ornamento na testa. De forma figurada, a testa é usada como um símbolo de obstinação (Ez 3,7-9) e vergonha (Jr 3.3). E. C. J, TESTAMENTO O substantivo grego diatheke é traduzido como “testamento” 13 vezes no NT, apesar de que em algumas passagens ele também é traduzido como “aliança”. O substantivo em si é a tradução que a Septuaginta traz do termo hebraico b‘rit, significando a obrigação auto-imposta por Deus à reconciliação dos pecadores consigo mesmo (Gn 17.7; Dt 7.6-8; Sl 89.3,4). A Septuaginta evitou aqui o termo grego comum para aliança, syntneke (“colocar junto” de forma mútua), como impróprio para a atividade soberana de Deus, e substituiu por diatheke (um arranjo, lit., “levar a cabo”), cujo sentido principal é “uma disposição de propriedade por meio de um testamento”. O termo parece ter sido providencialmente escolhido, porque a salvação historicamente vem de uma forma específica de aliança, a saber, por nm legado. “Porque, onde há testamento, necessário é que intervenha a morte do testador” (Hb 9.16); e só a morte de Cristo trouxe a redenção, tanto para nós como para as “transgressões que havia debaixo do primeiro testamento” (Ho 9.15; cf. Hb 11.40; Jo 14,6; J. B. Payne, Theology of tke Older Testament, pp. 78-87). O testamento constitui, deste modo, o âmago da revelação redentora de Deus, e a Escritura consiste do “Antigo Testamento” e do “Novo testamento”. Se por um lado pode haver somente um testamento (uma morte: “o sangue do Novo Testamento”, Mateus 26.28, de acordo com os melhores manuscritos), por outro a revelação ainda se organiza sob o testamento mais antigo, com seus símbolos antecipatórios do sacrifício de Cristo (2 Co 3.14; Jr 31.32), e sob o testamento mais novo, que comemora o cumprimento da expiação (2 Cor 3.6; Jr 31.31). A estrutura testamentária de Deus contém os seguintes elementos; um testador, Deus o Filho, o “Mediador” (Hb 9.15); herdeiros, “os chamados” (9,15); um método objetivo de efetuação, ou seja, uma herança de graça (9.16); as condições subjetivas pelas quais os herdeiros se qualificam para a herança, pelo comprometimento com Cnsto (9.28); e uma herança de reconciliação, a “salvação eterna” (9.15,28). Sua efetuação objetiva é sempre marcada por: monergismo, “um realizador”, Deus exercendo sua pura graça (Gn 15.17; Êx 19.4; Jr 31.2,3), sem o auxílio das obras do homem (Ef 2.8,9); a morte do testador (Êx 24.8; Hb 1928 TESTEI R AS 9.18-22); a promessa, “E eu serei seu Deus, e eles serão o meu povo” (Gn 17.7 até Ap 21.3); a eternidade (Sl 105,8-10; cf. Lv 2.13, “o sal [preservação eterna] do testamento”); e um sinal confirmatório, como o arco-íris para Noé (Gn 9.12,13), o êxodo para Moisés (Êx 20.2), ou a ressurreição de Cristo para nós (Rm 1.4). A apropriação subjetiva do testamento é da mesma forma marcada por características imutáveis da resposta humana: fé (Gn 15.6; Dt 6.5; Hb 11.6) e obediência, tanto moral (Gn 17.1; Mt7.24; Ef 2.10) quanto cerimonial (Gn 17.10-14; At 22.16; 1 Co 11.24) ; pois a fé genuína deve ser demonstrada por meio de obras (Tg 2.14-26). Por outro lado, as revelações que Deus concedeu sobre seu testamento também exibem uma progressão histórica (testamentos, plural, Romanos 9.4. Algumas versões trazem os termos concertos e alianças). Sob o testamento mais antigo, aparece o testamento do Éden (Gn 3.15), o de Noé (9.9), o de Abraão (15.18), o do Sinai (Êx 19.5,6), o Levítico (Nm 25.12,13), e o de Davi (2 Sm 23.5). Cada um deles antecipou a mesma morte redentora; mas as diferenças aparecem, particularmente, na resposta cerimonial de cada um. Até mesmo o nosso testamento mais recente exibe desse modo dois estágios: o novo testamento em Cristo, no presente (Jr 31.33,34; Hb 8.6-13), e sna cerimônia, a Ceia, exibindo “a morte do Senhor, até que ele venha” (1 Co 11.26). As Escrituras também falam de um testamento futuro de paz entre todas as nações (Ez 34.25-31), quando a comunhão espiritual com Cristo se tornará uma realidade desfrutada “face a face” (Ez 37.27; 39.29). Bibliografia. Meredith G. Klme, “Dynastic Covenant”, WTJ, XXIII (1960), 1-15, John Murray, The Covenant of Grace, Londres. Tyndale Press, 1954. J. B. P. TESTEIRAS Foi dito a Israel que a grande redenção realizada por Deus a seu favor uo Egito, e a palavra de Deus que lhes fora revelada por Moisés, deveríam ser colocadas em seus corações e almas. Nunca deveríam ser esquecidas, mas deveríam estar sempre diante deles, como “festeiras”, isto é, uma faixa ou fita sobre a cabeça e entre os olhos (Êx 13.16; Dt 6.8; 11.18; a tradução JerusB traz o termo “diadema”). Posteriormente, esta representação simbólica foi tomada literalmente pelos judeus. Faixas de pergaminho ou de papiro eram inscritas com passagens das Escrituras, colocadas em uma pequena caixa de couro e amarradas com correias à testa (Mt 23.5). Vejo Filaetérios. Devido a esta observação literal e exterior, a grande necessidade e obrigação espiritual era negligenciada, e a Palavra de Deus perdeu seu lugar próprio no coração de Israel. Veja Vestuário. TESTEMUNHA TESTEMUNHA Aquele que dá seu testemunho às ações e palavras de outro(s) e a eventos, até mesmo tornando-se um mártir. A uíaão bíblica. De acordo com a visão bíblica, os escritores das Escrituras fizeram seus registros sob a direção do Espírito Santo, para que seus escritos originais fossem infalíveis tanto em palavras como em ações. Como testemunhas verdadeiras, eles registraram as próprias palavras de Deus. A visão neo-ortodoxa. Os modernistas, e os estudiosos neo-ortodoxos em particular, vêm os escritos da Bíblia como um mero testemunho da experiência da revelação na vida dos personagens e escritores bíblicos. Insistindo que Deus não possui tempo e espaço, e que a verdade com Ele é contemporânea isto é, passado, presente e futuro são um agora eterno homogêneo - eles não podem admitir a comunicação direta entre Deus e o homem em nenhuma forma verbalizada. Eles, portanto, rejeitam toda revelação preposicional, isto é, a revelação da verdade na forma de afirmações ou proposições verbalizadas. Quando esta opinião é adotada, o testemunho do homem só pode ser a uma experiência inefável, inexprimível e subjetiva. Isto faz com que se tome impossível aceitar as palavras, “Assim disse o Senhor”, em qualquer sentido real ou literal. Diferentes tipos de testemunhas 1. Coisas podem ser testemunhas, tais como a presença de um monte de pedras (Gn 31.4452}, uma pedra em particular que “ouviu” Deus falar (Js 24.27), um altar erigido na fronteira do Egito (Is 19.19,20), uma testemunha literária tal como um cântico (Dt 31.19-21; SI 78), ou a lei de Deus (Dt 31.26). 2. Uma testemunha no Tabemáculo, que testifica da presença de Deus (Nm 17.7,8; 2 Cr 24.6). A palavra para testemunha Cedut) é geralmente traduzida ramo “testemunho”, e se refere (por exemplo, Ex 25.16; 31.18) às duas tábuas de pedra do decálogo, o testemunho escrito da aliança entre o Senhor e Israel. 3. Pessoas são testemunhas. O testemunho de duas ou mais pessoas era exigido em procedimentos legais (Dt 19.15; Mt 18.16; 2 Co 13.1; 1 Tm 5,19; Hb 10.28), e na transferência de propriedade (Jr 32.6-25,44; cf. Rt 4.9-11). 4. Pessoas como testemunhas de Deus (Is 43.10,12; 44.8; Lc 24.48; Jo 1.7; 5.31-35; At 1.8) . As testemunhas mais importantes do NT foram os apóstolos (Jo 15.27; At 1.21,22; 3.15; 5.32; 1 Ts 2.10; 1 Pe 5.1; 1 Jo 1.2), e particularmente Paulo (At 22.15; 26.16). Tbdos os crentes também devem ser testemunhas do Senhor (At 1.8; 13.31; Mt 28.19,20). Veja Comissão, A Grande; Evangelista; Mártir. 5. O Espírito Santo dá um testemunho interior ao cristão de que ele é um filho de Deus (Rm 8.16; 1 Jo 3.24; 4.13; 5.10). Veja Testemunho do Espírito. O Espírito dá continuamente testemunho de Cristo nesta era presente (Jo 15.26; 1 Jo 5.6,8), Isto ocorre fre- TESTEMUNHO DO ESPÍRITO qüentemente através da Palavra (Hb 10.1517). Além disso, ele pode testemunhar por meio dos dons espirituais (cf. At 4.31,33; 20.23; Hb 2.4). Veja Bernard Ramm, The Witness of the Spirit, Grand Rapids. Eerdmans, 1960. Testemunho verdadeiro e falso. Dar um falso testemunho era uma atitude condenada no AT (Êx 20.16; 23.1; Dt 5.20), e deveria ser punida com a mesma punição do crime em relação ao qual o testemunho foi dado (Dt 19.16-19; cf. Pv 14.5). Bibliografia. R. Kenneth Strachan, The Inescapable Calling, Grand Rapids. Eerdmans, 1968. H. Strathmann, “Martys etc”., TDNT, IV, 474-514, R. A. K. TESTEMUNHO DO ESPÍRITO O texto chave para este assunto é Romanos 8.15,16. É sngerida a tradução a seguir: “Pelo fato de clamarmos ‘Pai’ em um idioma familiar [lit., ‘Aba, Pai], o próprio Espírito dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus” (sugerido na margem da obra de Nestle). E um fato observável que, em oração, uma pessoa novamente nascida fala com Deus não como a um Juiz, cujas penalidades são as sanções da lei, mas como a seu Pai, em cujo amor misericordioso ela confia. Se um filho de Deus se encontra em pecado, seu pensamento não é “Estou sujeito à penalidade”, mas “Ofendi a meu Pai!" O fato de que espontaneamente clamamos a Deus como ao nosso Pai é a evidência do Espírito Santo de que somos filhos de Deus. O mesmo ensino é trazido em Gálatas 4.6, “E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama. Aba, Pai!” (trad. orig.). João apresenta o mesmo pensamento com palavras diferentes: “Quem crê no Filho de Deus em si mesmo tem o testemunho” (1 Jo 5.10a). A natureza deste testemunho é revelada nos versículos anteriores: “O Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade” (v.6). O simbolismo da água e do sangue não envolve testemunhos separados, porque os três são um (v,7). O Espírito não dá testemunho em um vácuo, nem meramente em nossa experiência subjetiva, mas em fatos históricos e símbolos espirituais exteriores (água e sangue). No entanto, é o testemunho interior do Espírito em nossos corações que torna significativas essas questões históricas exteriores. Este testemunho do Espírito é a “unção” citada em 1 João 2.20,21,27 (cf. Jo 16.13). Uma palavra de advertência é necessária na leitura dessas promessas. Não recebemos a onisciência, mas recebemos a verdade. Por exemplo, 1 João 2.20,21 não diz “conheceis todas as coisas” (panta), mas diz “todos (pantes) tendes conhecimento... da verdade”. 1929 TESTEMUNHO DO ESPÍRITO TEXUGO O “entendimento” que nos foi dado (1 Jo 5.20) vem deste mesmo testemunho do Espirito. “Sabemos que o Filho de Deus é vindo e nos tem dado entendimento [discernimento] para conhecermos o verdadeiro” (conforme a versão NASB em inglês), O testemunho do Espírito é expresso nas Escrituras. As palavras “E também o Espírito Santo no-lo testifica..." (Hb 10.15) introduzem uma citação do AT, e a frase “diz o Espírito Santo...” é usada de forma semelhante (Hb 3.7). O testemunho do Espírito na Palavra foi enfatizado pelos religiosos de Westminster em 1646: “Nossa... certeza da verdade infalível [da Bíblia]... é proveniente da obra interior do Espírito Santo que dá testemunho pela Palavra e com a Palavra em nossos corações”. E mais, “O Supremo Juiz... não pode ser outro além do Espírito Santo falando nas Escrituras” (Confession I.V, X). O Espírito Santo não só dá testemunho nos corações dos filhos de Deus, mas a presença manifesta do Espírito é um testemunho da sua fé genuína. A citação de que pela fé os antigos “alcançaram testemunho”, literalmente significa “eles foram atestados por meio do testemunho" (Hb 11.2,39). O Espírito Santo na vida dos filhos de Deus dá “fruto” (G1 5.22,23), e constitui um “selo”, ou evidência, ou atestado da nossa regeneração (Ef 1.13; 4.30; 2 Co 1.22). Veja Espínto Santo. Bibliografia. Bemard Ramm, The Wítness ofthe Spirit, Grand Rapids, Eerdmans, 1959. J. O, B. TETHA nona letra do alfabeto hebraico que pode ser considerada como um som explosivo palatal, de forma geral com um som de í, porém com uma articulação mais firme e produzida pressionando a língua contra o céu da boca. Ela consta em várias versões como o cabeçalho de um trecho do Salmo 119 (versículos 65-72). TETO Veja Arquitetura: Casas Particulares. TETRARCA É originalmente o governante de um quarto de uma região. O termo pode ser usado neste sentido para Herodes Antipas, o tetrarca da Galiléia(Mt 14.1; Lc 3.1,19; 9.7; At 13.1), e para Herodes Filipe, tetrarca da Ituréia e Traconites (Lc 3.1), ambos filhos de Herodes o Grande; cada um deles herdou um quarto do reino de seu pai (Josefo, Ant. xvii.11.4; Wars ii.6.3). O título passou a ser livremente empregado para qualquer governante de distritos pequenos. Por exemplo, o distrito de Lisânias, o tetrarca de Abilene (Lc 3.1). No entanto, o título “Tetrarca” pode também ter sido aplicado a Antipas (também intitulado “rei” em Mateus 14.9; Marcos 6.14) em um sentido geral, pelo fato de seus pais terem recebido o mesmo título (Josefo, Wars i.12.5). Um terceiro irmão, Arquelau, para o 1930 qual foram designadas a Judéia, a Samaria e a Iduméia, recebeu o título superior de “Etnarca”. Veja Herodes. TEUDAS O líder de uma insurreição mal sucedida contra os romanos. Ele é citado junto com Judas, o galileu, outro revolucionário, no discurso de Gamaliel registrado em Atos 5.36, no qual este pede que o Sinédrio deixe o movimento cristão em paz. Josefo (Ant. xx.5.1) também menciona um certo Teudas, um charlatão que liderou uma revolta fingindo ser capaz de separar a Jordânia, mas foi decapitado por Fado. Se o Teudas de Atos e o Teudas de Josefo são a mesma pessoa, alguns poderão acusar Lucas de ser culpado por um anacronismo. Uma vez que a revolta liderada por Judas - a quem Lucas posiciona em uma data posterior a Teudas - aconteceu em 6 d.C., o discurso de Gamaliel entre 30 e 37 d.C., e a procuradoria de Fado entre 44 e 46 d.C., parece que Lucas estaria fazendo com çjue Gamaliel dissesse algo que só aconteceria mais tarde; alguns ainda poderíam dizer que ele estaria invertendo a ordem das duas revoltas, e antecipando o episódio de Teudas em aprox. 40 anos. Esta dificuldade foi percebida por Orígenes (185-254 d.C.). Blass sugeriu que um revisor teria cometido estes enganos mais tarde. Holtzmann, em 1873, sugeriu que Lucas teria lido os escritos de Josefo de forma errônea. A solução mais simples oferecida na mesma época de Orígenes é que existiram dois homens com o nome de Teudas; um mais antigo (Atos) e um mais recente (Josefo). Em um período de 40 anos, houve quatro homens chamados Simão, e em 10 anos existiram três Judas qne foram líderes de insurreições. É difícil enxergar como Lucas pode ter cometido erros tão grosseiros em relação ao discurso de Gamaliel, tendo consigo um ex-alu,no deste renomado rabi, o apóstolo Paulo. E também muito difícil acreaitar que o livro de Atos tenha sido escrito depois da obra Antiquities (93 d.C.) ou que Lucas tenha dependido de Josefo, não obstante as semelhanças superficiais (cf. Theodore Zahn, Introduetion to the NT, III, 132ss.). Finalmente, o Teudas de Josefo foi decapitado, nm fato que anularia a razão da citação de Gamaliel, que mostrava que o Sinédrio não deveria punir os líderes cristãos. Bibliografia. W. M. Ramsay, Was Christ Bom at Bethlehem? Nova York. Putnam’s, 1898, pp. 252ss. Joseph W. Swain, “Gamaliers Speecn and Caligula’s Statue”, HTR, XXXVH (1944), 341-349. E. Y. TEXTO DA BÍBLIA Veja Manuscritos da Bíblia; Versões, Antiga e Medieval. TEXUGO Veja Dugongo V.4. TIAGO TIAGO Pelo menos quatro homens mencionados no Novo Testamento têm este nome (gr. lakobos, heb. ya‘aqob, Jacó, q.iO. Dois estavam entre os doze apóstolos, um era meioirmão de Jesus, e outro era o pai de Judas, um dos Doze. Provavelmente Tiago, o líder da Igreja de Jerusalém, e Tiago, o autor da epístola, tenham sido a mesma pessoa, e um dos quatro homens mencionados acima. Tiago, o menor (Mc 15.40), pode ou não ter sido um dos homens mencionados acima. 1. Um dos filhos de Zebedeu (Mt 4.21; Mc 1.19; Lc 5.10) e Salomé (cf. Mt 20.20; Mc 15.40; 16.1), e o irmão mais velho de João, o apóstolo (Tiago é quase sempre mencionado primeiro, como por exemplo em Marcos 5.37), Veja João, o apóstolo. Ele era um pescador, junto com seu irmão João; eles pescavam no mar da Galiléia e trabalhavam no barco de seu pai, Zebedeu (Mt 4.18-22; Mc 1.16-20). Uma ve2 que Zebedeu havia contratado empregados (Mc 1.20), e João era conhecido do sumo sacerdote em Jerusalém, e pôde entrar na casa deste de forma inconteste na noite da traição de Jesus (Jo 18.16), pode ser concluído que Zebedeu e seus filhos eram prósperos e tinham uma posição social privilegiada. Tiago se tomou um dos “três discípulos mais próximos”, especialmente favorecidos por Cristo, aparentemente porque compreenderam de modo mais completo a pessoa e a obra de Jesus durante seu ministério (Mc 5.37; 9.2; 14.33; cf 13.33; Pedro, Tiago e João também são mencionados primeiro entre os doze, Marcos 3.16-19). O epíteto Boanerges (q.v.), significando “filhos do trovão” (Mc 3.17) , evidente mente caracterizou Tiago e João como impetuosos e como pessoas que se ressentiam e se ofendiam com rapidez (Lc 9.54,55). Eles ofenderam os outros discípulos por quererem uma posição de chefia no reino de Jesus (Mc 10.35-41). Tiago foi o primeiro dos apóstolos a sofrer o martírio, e foi executado sob a ordem de Herodes Agripa I em aproximadamente 44 d.C. (At 12.1,2). Tiago, de forma figurada, bebeu o cálice do sofrimento que ele e João declararam tempestuosamente que eram capazes de beber (Mc 10.38,39). 2. Filho de Alfeu, um dos Doze (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13). Nada mais é conhecido a seu respeito. Levi (Mateus) também era conhecido como filho de Alfeu (Mc 2.14), de forma que Tiago e Mateus podem ter sido irmãos. 3. O autor aa Epístola de Tiago se identifica somente como “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Crister (Tg 1.1). Ele não podería ser filho de Zebedeu e irmão de João (Mt 4.21; 10.2) porque tal Tiago havia sido martirizado antes da epístola ter sido escrita (At 12.2). Isto faz com que Tiago, que presidia sobre a Igreja de Jerusalém, seja sem dúvida o autor (At 15.13). O fato de ele ser chamado de “Tiago, irmão do Senhor” (G1 1.19), torna indefensável o TIAGO ponto de vista de que ele era o filho de Alfeu (Mt 10.3). O Salmo 69.8 deixa claro que a mãe do Senhor Jesus teve outros filhos após o nascimento virginal, e um destes se chamava Tiago (Mt 13.55; Mc 6.3). Os itens biográficos relativos a Tiago são ricos no Novo Testamento, embora não haja nenhum destes na epístola em si. Presumese a partir de 1 Coríntios 9.5 que ele era um homem casado. Ele não era um dos doze (Mt 10.2-4). Não era crente no início (Jo 7.5), e mais tarde provavelmente tenha sido incluído, como um dos irmãos de Jesus, junto com aqueles que esperavam pelo Pentecostes no eenáculo (At 1.13,14). (Esta passagem faz uma distinção entre o Tiago que era irmão do Senhor Jesus, e os dois apóstolos, Tiago e Tiago filho de Alfeu.) O Salvador ressurrecto apareceu para ele pessoalmente após sua primeira aparição para os doze (1 Co 15.5,7). Em sua capacidade como líder do conselho dos apóstolos e anciãos de Jerusalém, Tiago anunciou seu julgamento (que demonstrava autoridade) quando a discussão havia terminado (At 15.13,19). Há uma coincidência não intencional no fato de que, quando a decisão de Tiago foi enviada por meio de uma carta do conselho, ele nsou a palavra grega traduzida como “saudações” ou “saúde” ao cumprimentar os destinatários (At 15.23). Esta forma de saudação só aparece em uma epístola do Novo Testamento, a saber, na saudação contida em Tiago 1.1. Pedro, depois de ser milagrosamente libertado da prisão, instruiu os familiares de João Marcos a reportarem o evento a Tiago (At 12.17) . Paulo reconheceu “Tiago, Cefas e João” como as colunas da Igreja em Jerusalém (G1 2.9). Obviamente, Tiago era o líder, porque os representantes que vinham daquela igreja para Antioquia diziam ter sido enviados por Tiago (G12.12). Em Atos 21.18,19, Paulo relatou a Tiago as coisas que Deus havia feito em meio aos gentios durante sua terceira viagem missionária. A tradição descreve Tiago como sendo muito zeloso em relação à lei, combinando a inte- Túmulu tradicional de São Tiago (ao centro em primeiro piano) no vale de Cedrom, Jerusalém 1931 TIAGO gridade do Antigo Testamento com a fé evangélica. E dito que ele se absteve das bebidas fortes e parou de cortar seu cabelo, como um nazíreu iq. v.). Como um homem de grande virtude, ele era chamado de “Tiago o Justo”. Por ter passado tanto tempo em oração, ele era descrito como tendo a pele dos joelhos “dura como a dos camelos”. Sua epístola revela que ele falava com ar de autoridade patriarcal, porque as suas páginas são repletas de advertências rigorosas e severas; além disso, Tiago era fervoroso de espírito. Veja Tiago, Epístola de. A morte de Tiago é mencionada por Josefo (Ant. xx. 9.1), e é descrita por Hegesippus (Eusébio II.23), um cristão judeu que escreveu na metade do segundo século. Algum tempo antes da destruição de Jerusalém em 70 d.C., os fariseus o expulsaram do Templo, o apedrejaram e então o espancaram com uma clava por ter testemunhado de modo fiel a favor de seu Salvador. Diz-se que ele morreu orando da seguinte maneira: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”. 4. O pai de Judas (não o Iscariotes), que era um dos Doze (Lc 6.16). 5. Tiago, o Menor (Mc 15.40; menor em estatura ou em idade), é mencionado como filho de uma certa Maria (veja Maria 3) e irmão de José (também Mt 27.56; Lc 24.10). Tiago, irmão de nosso Senhor, também tinha um irmão chamado José (Mc 6.3; Mt 13.55), portanto este Tiago podería ser a mesma pessoa mencionada no item 3 acima. Mas parecería estranho que Maria, mãe de Jesus, fosse identificada apenas como a mãe de Tiago e de José no momento em que estava perto da cruz, especialmente pelo fato de Cristo ter falado diretamente com ela, e pedido ao discípulo amado que cuidasse dela (Jo 19.25-27). Alguns identificaram Tiago, o menor, com o Tiago filho de Alfeu, mencionado no item 2 acima; de qualquer forma, não há provas disso. S. M. C. TIAGO, EPÍSTOLA DE Esta é a mais an- tiga das epístolas do Novo Testamento, e é a primeira entre as Epístolas Gerais. Eusébio colocou Tiago e Judas no quarto século, possivelmente devido a seu conteúdo geral ou a seu público leitor. Autor, O escritor desta epístola é geralmente considerado como sendo Tiago, irmão de nosso Senhor (veja Tiago 3). Uma vez que Tiago é Jacó no texto original, esta pode ser chamada de Epístola de Jacó às doze tribos (1.1). Tema. O livro trata da fé demonstrada, provada e aperfeiçoada pelas obras. Esta tem sido chamada de epístola do viver santo, do cristianismo prático, da ética cristã e da eristandade de uma forma geral. Estilo. O estilo é elegante, vivido, abundante em aforismos, e antitético. Uma vez que muitos pensamentos são agrupados em curtas expressões proverbiais, esta epístola é 1932 TIAGO, EPÍSTOLA DE considerada como os Provérbios do Novo Testamento. As imagens utilizadas por Tiago são extraídas da natureza, ao contrário ae Paulo, que as extrai das atividades humanas, Alguns dos termos usados descrevem de forma adequada o local onde o autor vivia (1.6), com fontes de água salgada (3.12); um lugar onde havia oliveiras, videiras e figueiras (3.12); sol quente e seca (1.11); chuva temporâ e serôdia (5.7); um local onde havia sinagogas (2.2). Há um uso duplo incomum das palavras (cf, paciência, perfeito, 1,3,4), e um contraste de declarações positivas e negativas (cf. “perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma”, 1.4). Características. Tiago inicia e termina abruptamente, omitindo assim os dados autobiográficos como Paulo faz; contém mais referências à natureza do que as epístolas de Paulo, e mais paralelos aos discursos de Cristo do que qualquer outra parte do Novo Testamento. Há surpreendentes semelhanças com o Sermão da Montanha, cf. Mateus 5.34-37; 6.19; 7.1 com Tiago 5.12; 5.2; 4.11,12,0 estilo de Tiago é mais semelhante ao de Pedro do que ao ae Paulo. Para as semelhanças de 1 Pedro compare 1 Pedro 1.7; 1.24; 1.23; 2.11; 5.5,6 com Tiago 1.3,11,18; 4.1; 4.6-10. Tiago não contém nenhuma bênção apostólica, talvez porque condene severamente os leitores nâo-cristâos (4.4; 5.1-6). Embora tenha sido criticado pela falta do uso de termos do Novo Testamento como evangelho, redenção, encarnação, ressurreição, ascensão, ele fala do Senhor Jesus Cristo (1.1; 2,1), do novo nascimento (1,18), da fé (2.14-26), e da volta do Senhor (5.7-8). Sua epístola é claramente endereçada aos judeus (1.1; 2.1,21), trazendo ao leitor a lembrança do Evangelho de Mateus, que é considerado o evangelho ‘judeu”. Tiago é, às vezes, chamado de “judeu”, mas revela uma notável ausência de elementos judaicos que foram suprimidos em Cristo: os sacrifícios, a circuncisão, o sacerdócio, os dias de festas e a guarda do sáhado. Em contraste, ele fala de mçstres e anciãos na igreja (3.1; 5,14). Esboço. E difícil fazer um esboço devido a uma aparente falta de ordem lógica. Todavia, a estrutura é claramente evidente. 1. Os Crentes e as Circunstâncias Exteriores, 1.1-12 2. Os Crentes e os Desejos Interiores, 1.1316 3. Os Crentes e a Palavra de Deus, 1.1727 4. Os Crentes e os Seus Vizinhos, 2.1-13 5. A Fé e as Obras do Crente, 2,14-26 6. A Língua do Crente, 3.1-12 7. A Sabedoria que Vem do Céu, 3.13-18 8. O Mundo, a Carne e o Diabo, 4.1-7 9. Deu^ e Sua Lei, 4.8-17 10. Os Últimos Dias, 5.1-9 11. A Paciência e a Oração em meio às Provações, 5.10-20 Tiago começa e termina sua epístola com TIAGO, EPÍSTOLA DE uma discussão sobre as provações, a paciência e a oração da fé. Certas palavras ocorrem com aproximadamente a mesma intensidade em relação às finalidades da epístola (cf. Escrituras, riqueza, adultério, língua). O âmago da Epístola de Tiago é sua notável declaração em 3.2, que diz que um homem perfeito é aquele que pode controlar sua língua. Assim como um antigo médico de família diagnostica uma doença fazendo com que o paciente coloque a língua para fora, Tiago diagnostica as enfermidades espirituais examinando a língua e as suas manifestações. Este é o tema mais proeminente da epístola. Ensinos proeminentes. Oração: pedindo sabedoria (1.5-7), não respondidas (4.2,3), de fé (5.13-18). Palavra: gerados pela Palavra (1.18) , recebendo a Palavra (1.21), obedecendo a Palavra (1.25). Três testes de religião: domínio próprio, amor, pureza (1.26,27). As provações trazem a perfeição no presente (1.14), a coroa na vida porvir (1.12). Como fazer com que o Diabo se afaste, e Deus se aproxime (4,7,8). Ema definição de pecado (4.17). A acusação de que Tiago 2.24 contradiz Romanos 3.28 cai diante do fato de que Tiago refere-se à justificação diante dos homens (2.18) , enquanto Paulo refere-se à justificação diante de Deus (Rm 4.2). Tiago censura aquela fé que um homem pode dizer que possui, enquanto faltam, porém, as obras para demonstrar que ela é genuína (2.20). Bibliografia. F. J. A. Hort, The Epistle ofSt. James 1.1 -4.7, Londres. Macmillian, 1909. Richard J. Knowling, The Epistle ofSt. James, WC, 2‘ ed., Londres. Methuen, 1910. José B. Mayor, The Epistle of St. James, 3a ed., Londres. Macmillan 1913. C. L. Mitton, The Epistle of James, Grand Rapids. Eerdmans, 1966. James H. Ropes, The Epistle of James, ICC, Nova York. Scribners, 1916. Alexander Ross, The Epistles of James and John, NIC, Grand Rapids. Eerdmans, 1954. M. H, Shepherd, Jr, “Tne Epistle of James and the Gospel of Matthew”, JBL, LXXV (1956), 40-51. R. V. G. Tasker, The General Epistle of James, TNTC, Grand Rapids. Eerdmans, 1956. S. M. C. TIARA 1. Tradução de faixas ou cintas em volta da cintura (Is 3.20). A mesma palavra (qishshurim) é traduzida como “enfeite” em Jeremias 2,32. 2. Em Isaías 3.18, este termo é traduzido como toucas ou redezinhas. Provavelmente se tratasse de um ornamento de ouro ou prata para os cabelos. Veja Vestuário. TIATIRA A cidade de Tiatira estava localizada a 83 quilômetros a nordeste de Esmima, em uma estrada principal que ligava os vales dos rios Caicus e Hermus. Era uma grande TIBERÍADES cidade comercial que alcançou sua proeminência em aprox. 100 d.C. Existem provas de que ah existiu um grande número de corporações comerciais, maior do que em qualquer outra cidade da Ásia, Lídia, uma vendedora de púrpura de Tiatira, provavelmente representava sua corporação em Filipos (At 16.14). A púrpura que ela vendia talvez fosse feita nessa região, que também produzia a conhecida tinta vermelha da Turquia, obtida da raiz de uma planta chamada garança. E possível que essa cidade tenha sido evangelizada a partir de Efeso. João se dirigiu à igreja que ali estava (Ap 2.18-29), censurando-a por sua demasiada conformidade com as práticas e costumes pagãos daquela época. TIBATE Cidade de Hadadezer, do poderoso rei arameu de Zobá, que foi conquistada por Davi e da qual ele retirou muito bronze (1 Cr 18.8). A passagem paralela em 2 Samuel 8.8 chama essa cidade de Betá, sem dúvida uma variação de Tibate (cf. LXX Metebac). Tibate foi identificada com a cidade de Tubihi, mencionada nas cartas Tell el-Amarna, e com a cidade egípcia d-b-h (ANET, p.477), e devia estar localizada em algum lugar do vale entre as montanhas do Líbano e do Anti-Líbano. Alguns estudiosos sugerem que o nome dessa cidade deveria ser Teba (q.ió, de acordo com Gênesis 22.24. TIBERÍADES A cidade de Tiberíades se encontra na margem ocidental do mar da Galiléia, cerca de 20 quilômetros ao sul do ponto onde o rio Jordão desemboca no mar. Sua localização, a mais de 220 metros abaixo do nível do mar, é capaz de proporcionar um agradável clima no inverno que, no entanto, toma-se bastante desagradável no verão. Na época do AT, a cidade de Racate estava situada nesse local, e ela foi uma das cidades muradas destinadas à tribo de Naftali (Js 19.35). No ano 20 d.C. (talvez 18 d.C.), Herodes Antipas (q.v.) deu início à construção de uma nova cidade à qual deu o nome do imperador reinante, Tibério (14-37 d.C.). Herodes fez de Tiberíades sua capital para a administração de Galiléia e Peréia, e esse nome também foi dado ao mar (da Galiléia, 1933 TIBERÍADES Tiberíades e o mar da Galiléia. ISS Jo 6.1; 21.1). Apesar de sua importância, ela é mencionada apenas uma vez no NT (Jo 6.23). Aparentemente, ela não recebeu a visita do Senhor Jesus Cristo durante seu ministério, e isso talvez se deva ao fato de Herodes ter precisado remover muitos túmulos para abnr espaço para a nova cidade. Portanto, os judeus mais rigorosos evitavam ir até lá. Depois da destruição de Jerusalém no ano 70 d.C., Tiberíades se transformou em um centro de ensino rabínico, onde o Mishna foi terminado em aprox. 200 d.C., e o Talmude de Jerusalém por volta do ano 400. Foi também o lugar onde se originou o sistema de marcação das vogais e, mais tarde, a escrita hebraica pontuada dos massoretas. Destruída durante as Cruzadas do século XII d.C., a cidade foi reconstruída no século XVI. Destruída por um terremoto em 1837, ela foi novamente reconstruída e, atualmente, é um centro bastante próspero. Nela podem ser vistos túmulos de vários rabinos famosos, inclusive Maimonides, Yohanan Ben Zakkai, Eliezer o Grande, e Akiva. H. F. V. TIBERÍADES, MAR DE Outro nome para o mar da Galiléia (veja Galiléia, Mar da), como foi explicado por João em seu Evangelho (6.1; 21,1). Corresponde ao nome do imperador romano Tibério, e se originou da cidade de Tiberíades, construída por Herodes Antipas para homenagear este imperador. Seu nome moderno é Bahr Tabariyeh. TIBÉRIO Tibério Cláudio Nero (42 a.C.- 37 d.C.) foi o segundo imperador de Roma (1437 d.C.). Filho de Tibério Cláudio Nero e Lívia Drusila, foi adotado por César Augusto quando esse último casou-se com sua mãe. Dessa forma, o jovem Tibério tornou-se enteado de Augusto, que fez dele seu herdeiro no ano 4 d.C. Tibério ocupou o trono imperial no ano 14 d.C, Ele só é mencionado especifícamente nas Escrituras em Lucas 3.1, onde está registrado que João Batista iniciou seu ministério no décimo quinto ano do reinado de Tibério. Essa nota cronológica foi 1934 T1CVA muito útil para estabelecer a cronologia da vida e do ministério do Senhor Jesus. Tibério era o César mencionado na narrativa do ministério do Senhor, e foi durante seu reinado que Ele foi crucificado. Tibério nomeou Pilatos procurador da Judéia em 26 d.C., e o exonerou dessa função em 36 d.C. Na avaliação do reinado de Tibério, feita pelo historiador Tácito, como “uma obra prima de malícia e alusões indiretas”, o imperador foi totalmente condenado. Entretanto, tornou-se claro nos últimos anos que no papel de partidário dos senadores (e membro de um grupo que não mantinha boas relações com o imperador), Tácito exagerou na ênfase dada aos erros de Tibério e, atualmente, esse imperador é considerado um governador consciente, muito prudente em seus gastos, e excelente na administração civil e imperial. H. F. V. TTBNI Filho de Ginate e um dos três pretendentes ao trono de Israel depois do assassinato do rei de Elá (em aprox. 886 a.C.). Na guerra civil que se seguiu, Onri, comandante do exército, prontamente liquidou Zinri e durante três anos prevaleceu gradualmente sobre o inquestionável poder das forças que estavam sob o comando de Tibni (1 Rs 16.21ss.). Aparentemente, Tibni e seu irmão Jorão (de acordo com a LXX) morreram depois da derrota. TIÇÃO1 Três palavras hebraicas são usadas em relação a essa expressão: (1) ’udr ou “vara dobrada” usada para atiçar o fogo (Am 4.11; Zc 3.2), também “tição fúmegante” (Is 7.4); (2) lappid, uma tocha tremulante semelhante a um clarão de luz (Jz 15.4,5); (3) ziqqim, “faíscas, flechas e mortandades” (Pv 26.18; Is 50.11). TIÇÃO2 Um graveto em brasa tirado do fogo. A palavra “tição” pode, especifica mente, designar um graveto para agitar o fogo, um projétil de fogo, ou uma tocha feita de um graveto com material inflamável preso na ponta. E usado simbolicamente com relação a uma nação quase consumida, porém misericordios amente resgatada da destruição, “um tição arrebatado da fogueira (ou do incêndio)” (Am 4.11; Zc 3.2). Os reis de Israel e da Síria são tratados desdenhosamente como “dois pedaços de tições fumegantes” (Is 7.4). Tições (ou faíscas, cf. Is 50.11) estão entre os objetos arremessados por um louco (Pv 26.18). Em um acesso de ira, San são amarrou tições ou tochas nos rabos das raposas e as soltou nos campos dos fílísteus (Jz 15.3-6). TICVA 1. Filho de Harás (2 Cr 34.22) e pai de Salum, responsável pelo guarda-roupas (2 Rs 22.14). T1CVA Salum era marido de Hulda, a profetisa que se destacou na época de Josias. Ticva é chamado de Tocate em 2 Crônicas 34.22. 2. Pai de Jazeías que se opôs ao édito de Esdras em relação à expulsão das esposas estrangeiras (Ed 10.15). TIC VATE Tradução do nome Tocate em várias versões em 2 Crônicas 34.22. Como sugere a ortografia marginal do Texto Massorêtico, e como indica a passagem paralela em 2 Rs 22.14, esse nome deveria ser igual a Ticva. TIDAL Último dos quatro reis que, sob a liderança de Querdorlaomer (q. v.) invadiu a Palestina, em aprox. 2000 a.C. (Gn 14.1,9). Veja Abraão. Os estudiosos concordam, em geral, que Tidal (em hebraico tid‘al) representa a forma cuneiforme de Tudhaliya, nome de quatro ou cinco reis hititas dos séculos XVIII a XIII a.C. Tudhaliya I reinou em aprox. 1740 a.C., uma época não muito posterior à época de Abraão (que viveu no início do segundo milênio a.C.), Esse nome vem da época da Anatôlia pré-hitita, e talvez sejahatiano ou proto-hitita ao invés de estritamente hitita. O título “rei das nações” (em hebraicogoyim) não especifica qual país ele governava (porém algumas versões trazem a expressão “rei de Goim”). Entretanto, existe um título semelhante nas tábuas de Mari (q.v.) no qual a palavra gaiim significa “grupo” ou “bando”, sugerindo que Tidal governava uma tribo nômade que ainda não havia se estabelecido como reino. Eles eram os bárbaros Umman-Manda (em acádio, “povo Manda”) que inicialmente destruiram o império acadiano e que, posteriormente, foram nominalmente citados no código hitita. Assim sendo, Tidal pode ter sido um primitivo Tudhaliya, que governava um grupo indoeuropeu, talvez no processo de migração do norte do Cáucaso, nos limites do norte da Síria e do sudeste da Ásia Menor, tendo, final mente, se dirigido para a futura terra natal dos hititas na Anatôlia. Bibliografia, K. A. Kitehen, “Tidal”, NBD, p. 1276; Ancient Orient and Old Testament, Chicago. Inter-Varsity, 1966, p. 44. E. A. Speiser, Genesis, Anchor Bible, Garden City. Doubleday, 1964, pp. 107ss. J. R. TTFSA 1. Cidade localizada na margem direita do Eufrates, cerca de 64 quilômetros a oeste de sua confluência com o rio Balikh, e que constitui a extremidade nordeste da fronteira do reino de Salomão (1 Rs 4.24). Mais tarde foi chamada de Thapsaeus, e guardava um importante ponto de cruzamento desse rio, onde Ciro o Jovem, e Alexandre atravessaram o rio Eufrates com seus exércitos. T1GLATE -PI LESER 2. Cidade saqueada pelo rei israelita Menaém (2 Rs 15.16). Como está claramente associada a Tirza, no território de Manassés, ela não deve ser identificada com a cidade que fica no Eufrates. Entretanto, as variadas ortografias desse nome nas versões gregas, e também a singularidade de sua referência, levaram algumas versões a adotar a ortografia Luciãnica, isto é, Taphoe, e identificar seu nome com Tapua, uma cidade ao norte de Efraim, não muito distante de Siló (cf. Js 16.8; 17.7ss.). TIGELA Recipiente raso, de fundo côncavo, como uma bacia ou xícara. Veja Prato. A palavra tigela é usada para traduzir uma variedade de palavras hebraicas. As tigelas eram feitas de barro, metal ou madeira. Veja Cerâmica. Gideào extraiu água do velo dentro de uma tigela ou taça (Jz 6.38). Tigelas como xícaras, com a forma de amêndoas, decoravam o castiçal do Tabernáculo (Êx 37.17-20). Tigelas maiores de ouro e prata eram usadas nos serviços dos rituais do Templo (1 Cr 28.17). Os libertinos dissolutos de Israel bebiam vinho em tigelas preciosas (Am 6.6). A palavra “tigela” ou “taça" é usada em lugar de “salva” nas versões revisadas do livro de Apocalipse (por exemplo, Apocalipse 16.1ss.). TIGLATE-PILESER Três reis da Assíria tinham o nome real de Tukultí-apil-Esharra, isto é, “Minha confiança está no Primogênito de Esharra” (nome de um famoso templo da Mesopotâmia). A carreira de Tiglate-Pileser I (aprox. 1114-1076 a.C.) coincidiu com o auge do poder assírio no século XII a.C. Ele conquistou a Babilônia, desenvolveu campanhas no norte em direção à Armênia e Anatôlia e a oeste, em direção ã costa norte da Fenícia. Ao final de seu reinado, a Assíria pode ter entrado em um declínio gradual, em parte por causa do ascendente poder dos arameus. A Assíria atingiu seu nível mais crítico sob o governo do inepto Tiglate-Pileser II (aprox. 966-935 a.C.), que se mostrou incapaz de evitar que outras nações do Crescente Fértil tentassem alcançar os seus objetivos, A era de expansão de Israel - durante os reinados de Davi e Salomão - coincidiu, providencialmente, com um período de impotência na história da Assíria, que não eonseguiu recuperar o vale do Eufrates Superior até o ano 875 a.C. Talvez o mais competente dos reis Assírios tenha sido Tiglate-Pileser III (745-727 a.C.), o único dos três governantes cujo nome é mencionado no AT. Em 2 Reis ele é chamado de Tiglate-Pileser (em hebraico Tiglat-piVeser, 15.29; 16.10; Tiglat-pHeser, 16.7), enquanto em Crônicas existe uma variante posterior do dialeto como Tilgath-pilneser (q. v.; heb. Tillegat-piln‘’eser, 1 Crônicas 5.6; 2 Crônicas 1935 TI GL ATE -PI LESER 28.20; Tülegat-pümser, 1 Crônicas 5.26). Ele foi mencionado como Pul (em hebraico Pul, 2 Reis 15.19; 1 Crônicas 5.26; em acádio Pulu\ e Poros no Canon Ptolemaico) pelos babilônios cujo trono veio a ocupar no final de seu reinado (cf. abaixo). O texto em 1 Crônicas 5.26 aparentemente faz a distinção entre Pul e Tilgate-Pilneser, mas como o verbo que acompanha o pronome está no singular (“ele os levou”), somos obrigados a traduzir “o espírito de Pul rei da Assíria” como “o espírito de Tilgate-Pileser rei da Assíria” (cf. tradução semelhante na versão RSV em inglês), demonstrando assim que a suposta distinção é mais superficial do que real. A história do reinado de Tiglate-Pileser III não é perfeitamente conhecida por causa da natureza fragmentada das inscrições que foram encontradas nas ruínas; a maioria foi encontrada em escavações feitas em Calá (q.v.), a moderna Nimrud, por Austen Henry Layard há mais de um século, e por M. E. L. Mallowan em 1949-61. Esse era o local do palácio, do qual foram recuperados baixorelevos retratando o rei e suas campanhas militares. Entretanto, apesar do precário estado de conservação das inscrições, o principal esboço de sua carreira foi registrado na lista epônima da Assíria. Na época da ascensão de Tiglate-Pileser III ao trono da Assíria, em 745 a.C., uma significativa série de acontecimentos teve lugar no Reino do Norte de Israel. Jeroboão II, seu rei mais poderoso, havia morrido e Israel tinha uma urgente necessidade de um outro rei tão forte quanto ele. Entretanto, não havia nenhum em perspectiva. Portanto, a nação entrou em um período de anarquia e de lutas civis. Zacarias, filho de Jeroboão, foi assassinado pelo usurpador Sal um depois de ter reinado apenas seis meses, e o próprio Salum reinou apenas durante um mês, pois foi, por sua vez, assassinado por Menaém que, em seguida, se apossou do trono. Essa era a situação de Israel quando TiglatePileser ascendeu ao trono da Assíria, O monarca assírio cobiçava os territórios da Síria e da Palestina, não só pela sua riqueza (principalmente, madeira e minérios), mas também pelo fato de constituírem um corredor através do qual os seus exércitos seriam capazes de marchar até a Anatóha e o Egito. Depois de assumir o trono da Assíria, ele logo dominou a Babilônia (embora só tenha efetivamente ocupado o trono da Babilônia em 729 a.C.), protegendo dessa forma o flanco sudeste de seu reino. Em seguida, voltou sua atenção para o ocidente e invadiu a Síria em 743 a.C., derrotando um aliado daquela nação, Sarduri II, de Urartu (Ararate, q.v.), pelo caminho. Depois da capitulação de Sarduri, TiglatePileser combateu Arpade (no norte da Síria) e na Armênia, dirigindo-se depois para o sul da Síria para esmagar uma revolta instigada por Azriya’u (provavelmente, Azarias 1936 TI G LATE-P1LE SER [Uzias], q.v.) de Ya’udu (provavelmente Judá, ANET, p. 2825; para uma recente discussão sobre o problema de identificação, cf. H. Tadmor, “Azriyau of Yaudi”, Scripta Híerosolymitana, VIII, 232-271; cf. 2 Crônicas 26.6-15 para o relato bíblico da habilidade militar ae Uzias}. Tiglate-Pileser destruiu a confederação Síria em 738 a.C., se não antes (cf. Edwin R. Thiele, The Mysterious Numbers of Hebrew Kings, pp. 57-98). Menaém (em assírio Menihimmu), que havia usurpado o trono de Israel, evitou a captura do reino do norte entregando um enorme tributo (ANET, p. 283a). Calcuía-se que Menaém tenha extorquido 50 siclos de prata de cerca de 60.000 homens “poderosos e ricos” para levantar os fundos necessários para apaziguar Tiglate-Pileser (2 Rs 15.19,20) . Um monolito recém descoberto de Tiglate-Pileser III indica que esse tributo foi pago em 737 a.C. (BASOR, #206 11972), pp. 40-42; veja Menaém). Menaém foi sucedido por seu filho Pecaías, que mais tarde foi assassinado por Peca, que usurpou o trono (2 Rs 15.23-25). Seu nome foi apresentado por Isaías como “Peca, filho de Remalias” (Is 7.1), e em consistentes e desdenhosas menções e referências subsequentes foi simplesmente chamado de “filho de Remalias” (por exemplo, 7.4). Pecaías, assim como seu pai, também pagara tributos aos assírios. Peca, ao contrário, e juntamente com Rezim de Damasco, tomouse o principal instigador de uma coalizão destinada a se opor a Tiglate-Pileser. Parece que primeiramente (2 Rs 15.37) pediram ajuda a Jotão (que reinava em Judá junto com seu pai enfermo Uzias, acometido de lepra pelo Senhor por ter se apropriado de prerrogativas sacerdotais; cf. 2 Rs 15.1-5; 2 Cr 26.1621), e também a seu co-regente Acaz com a finalidade de assegurar o sucesso de seu empreendimento. Tendo sua decisão apoiada pelo profeta Isaías, Acaz, em 734 a.C., se recusou a participar da aliança siro-efraimita. Peca e Rezim invadiram Judá e sitiaram Jerusalém (2 Rs 16.5; 2 Cr 28.5-15) em uma tentativa de forçar a questão e colocar no trono um sírio, o filho ae Tabeal (Is 7.6), no lugar de Acaz, caso esse último se negasse a capitular. Acaz, naturalmente, ficou alarmado (Is 7.2) pelo ataque de seus vizinhos do norte. Isaías procurou acalmar seus temores insistindo que ele evitasse se envolver em alianças, e confiasse no Senhor, afirmando que toda ocupação de Israel e Damasco logo chegaria ao fim (7.4). Entretanto, dessa vez Acaz se recusou a obedecer ao profeta (7.12) e decidiu tomar um novo curso de ação. Ele solicitou a ajuda de Tiglate-Pileser contra Rezim e Peca oferecendo um imenso tributo (2 Rs 16.7,8; 2 Cr 28,16; 20,21). Isaías tentou dissuadir Acaz de fazer uma aliança entre Judá e a Assíria, mas esforçou-se em Tt G LATE- P1LESER Tiglate-Pileser III em uma carruagem âe guerra. BM vão. Agora Tiglate-Pileser tinha a desculpa necessária para colocar em prática um plano já formulado, e Acaz seria, de fato, o patrocinador da aventura. O resultado imediato da submissão de Acaz foi que em aprox. 733 a.C, Tiglate-Pileser desceu a costa do Mediterrâneo e invadiu a Filístia, isolando dessa forma Israel e a Síria de qualquer ajuda que poderíam, eventualmente, esperar obter do Egito. As cidades de Asquelom e Gaza foram rapidamente subjugadas (ANET, p. 2836) e, em seguida, Tiglate-Pileser atacou Queen Samsí, na Arábia, obrigando sua população afugir para o interior (ANET, p. 284a). Seu próximo estratagema foi dirigir-se para o norte, para a própria nação de Israel, onde capturou Ijom, Abel-Bete-Maaca, Janoa, Quedes, Hazor, Gileade, Galiléia, e toda a terra de Naftali, e levou os seus habitantes como prisioneiros para a Assíria (2 Rs 15.29). Essa passagem serve como exemplo de uma das distintas políticas administrativas inauguradas por ele na Assíria a fim de estabelecer um indiscutível controle sobre os estados dependentes; ela consistia em deportar para outras terras os segmentos mais proeminentes e influentes da população nativa. Outros governantes nativos dos estados conuistados foram, então, normalmente suceidos por administradores assírios que, por sua vez, eram mantidos no poder através de um elaborado sistema de controle e equilíbrio, enquanto eram importados elementos estrangeiros para a repopulaçâo da terra como par- TI G L ATE-P1LESER te de uma política destinada a evitar rebeliões e assegurar a ausência de resistência (E. Oded, “Observa tions on Methods of Assyrian Rule in Transjordanía After the Campaign of Tiglate-Pileser III”, JNES, XXDÍ [19701,177186; para sua conquista de Astartu, a Astarote bíblica em Basâ, veja ANEP #366). Depois da incursão de Tiglate-Pileser contra Israel, o usurpador Oséias conspirou contra Peca, “o matou, e reinou em seu lugar” (2 Rs 15.30). Em seus registros, TiglatePileser atribui a si mesmo o crédito por ter colocado AusVu (Oséias) no trono depois da ueda de Paqahu (Peca), provavelmente inicando que tal ascensão não teria ocorrido sem sua aprovação (ANET, p. 284a), Portanto, na visão de Tiglate-Pileser, Oséias não assava de um fantoche no trono de Israel, omente a morte de Peca, o tenaz inimigo dos assírios, evitou a completa destruição de Israel nessa época. Em 733 a.C., TiglatePileser anexou partes do reino do norte criando as províncias de Megido, Dor e Gileade (que aproximadamente correspondem em extensão ao quarto, quinto e sétimo distritos administrativos do reino de Salomão, dois séculos antes daquela época). Damasco, que se encontrava desprovida de aliados, tornou-se o próximo objetivo de Tiglate-Pileser. Em 732 a.C., ele atacou e destruiu a cidade, matou Rezim (2 Rs 16.9), e assim o antigo reino da Síria deixou de existir, Como vassalo da Assíria, Acaz foi então chamado a Damasco para prestar sua lealdade política a Tiglate-Pileser. Entretanto, ele logo percebeu que também exigiam sua lealdade religiosa, pois ao retornar a Jerusalém viu-se obrigado a oferecer sacrifícios em uma réplica de altar assírio que ele havia visto em Damasco. Ele aparentemente deu ordens para que esse altar fosse instalado no lugar do altar do Senhor, no Templo de Jerusalém, que foi removido para uma posição secundária (2 Rs 16.10-18). Nessa época, Acaz havia se transformado em um completo apóstata, substituindo o único e verdadeiro Deus de seus pais por deuses estranhos (cf. também 16.3,4; 2 Cr 28.1-4,2225). Como Tiglate-Pileser refere-se a Acaz em suas inscrições como Ya’uhazu (ANET, p. 282a), parece que seu nome completo era Jeoacaz e que os eseribas hebreus abandonaram o prefixo divino para exprimir seu protesto pela infeliz memória deste homem. Ele foi enterrado em uma sepultura comum, longe dos túmulos reais (2 Cr 28.27). Assim, Israel e Judá tornaram-se tributários do Império Assírio que havia então atingido o ápice de seu poder e prestígio. Assim como seu grande homônimo de quatro séculos antes daquela época, Tiglate-Pileser III continuou a ser o senhor de tudo aquilo que havia dominado até o dia de sua morte. Veja Assíria. R. F Y TIGRE TIJOLO Rio Tigre em Bagdá. JR TIGRE O rio Tigre deriva seu nome do termo grego Tigris e do persa antigo Tigra. Seu nome árabe moderno é Dijlah, que vem do nome sumeriano original para rio (Idigna), traduzido para o assírio e babilônico como Idiqlut e para o hebraico como hiddeqel. O Tigre tem duas nascentes: a ocidental, que vem das encostas ao sul das montanhas annênias Anti-Taurus, perto de Diarbekr, e a oriental (Bitlis Chai e Bohtan Chai), que vem do sul do lago de Van. Depois que essas duas correntes se juntam ao norte das colinas do Kurdistão, o rio corre rapidamente na direção leste-sudeste para se juntar ao Eufrates nos pântanos, aprox 65 quilômetros ao norte do Golfo Pérsico. Na Antiguidade, ele terminava nessa área. Na época das en- chentes, de março a maio, provocada pelo degelo da neve em suas origens, ou na de seus principais afluentes (os rios Zab Maior e Menor, Adhem e Diyala), esse rio cujo comprimento atinge mais de 1.800 qnilômetros torna-se navegável até a moderna cidade de Mosul. As antigas capitais assírias estão localizadas em seu curso superior, isto é, Nínive na margem esquerda oposta a Mosul, a cidade de Calá, situada 40 quilômetros rio abaixo perto da junção do Zab Maior, e Assur na margem direita oposta ao Zab Menor. Dessa forma, o Tigre é mais bem descrito como um dos quatro rios que fluem do Éden para o leste da Assíria (ou de Assur, Gênesis 2.14) . Seu rio gêmeo (daí a palavra Mesopotâmia, “a terra dos dois rios” ou “a terra entre-rios”) é o Eufrates no lado ocidental. Em sua vazante, quando chega ao nível do solo, o Tigre é chamado de “grande rio" (Dn 10.4) . Nessas margens foram construídas várias capitais, entre elas a famosa Selêucia (helenística), Ctesifonte (Pártia), do outro lado do rio, na margem oriental, e Bagdá (islâmica ou árabe, capital do moderno Iraque), 32 quilômetros rio acima, na junção do Diyala. D. J. W. TIJOLO Os primeiros tijolos de que se tem registro estavam na cidade e na torre de Babel (Gn 11.3). Ruínas de casas da Mesopotâmia revelam o emprego de barro amassado e de tijolos em suas fundações desde, aproximadamente, o ano 4000 a.C. (Joseph Fabricação de tijolos ao longo do Nilo, A argila úmida é colocada em um quadro de madeira, que então é retirado e usado para repetição do processo. HFV 1938 TIJOLO 38). As antigas nações da Babilônia, Egito e Assíria, e até da Palestina, consideravam que o tijolo era um material barato e conveniente para as construções, especialmente em lugares onde havia escassez de pedras ou onde era muito difícil usá-las. É muito difícil traçar a correta extensão desse uso porque, depois que as casas e paredes caem, os tijolos crus formam, gradualmente, um monte de terra e se toma impossível distingui-los do solo circunvizinho. No Egito, os tijolos eram, invariavelmente, crus ou não queimados. Quando tijolos cosidos em forno são encontrados sabe-se que pertenciam ao período romano. Tijolos crus eram feitos com terra preta argilosa, ou barro, que era cuidadosamente “deslizado” ou misturado e colocado em uma caixa sem fundo, que depois era retirada para deixar o tijolo queimar ao sol. As vezes, o tijolo se tornava tão duro que era preciso o golpe de um machado para quebrá-lo. Para aumentar sua coesão, lhe acrescentavam palha picada ou restolho (Éx 5.7-18). (Veja Ibid., pp. 91-92 para confirmar a ação de coesão da palha e até da água com a qual a palha estava ensopada.) Quando havia escassez de alimentos, a palha era consumida pelos animais. Isso contribuía muito para a dificuldade dos oleiros que precisavam coletar restolho ou trabalhar com grande desvantagepn. Escavações modernas, feitas em Pitom (Êx 1,11), mostram que a maioria dos tijolos da cidade de armazenamento eram feitos de barro e palha e, depois, cozidos ao sol (provavelmente este fosse o trabalho dos escravos hebreus). Em algumas ocasiões, os juncos foram substituídos por palha, e havia ainda outros tijolos que não continham nenhum material fibroso. Os tijolos egípcios mediam, geralmente, cerca de 40 x 20 x 15 centímetros. No caso das paredes, eles eram colocados de comprido. Para os arcos, eram colocados de lado. Frequentemente, os lados eram gravados com hieróglifos com o nome do Faraó ou de algum edifício que lhe pertencia. Os tijolos que sobreviveram, desde os primórdios do Egito, parece terem sido feitos sob algum monopólio governamental. Os governantes entregavam as tarefas insalubres e desagradáveis aos estrangeiros cativos da Ásia e, entre eles, estavam os israelitas. Na tumba do grãovizír Rekh-mi-Re, na cidade de Tebas, existe um quadro muito conhecido onde podemos ver alguns escravos de tez clara (possivelmente escravos hebreus) sendo utilizados para transportar água, cavar argila, místurã-la, pressioná-la em moldes, carregar e empilhar os tijolos para serem usados. O quadro está completo com a presença de chicotes, aguilhões e do oficial supervisor. Na Palestina e na Síria, esses métodos eram usados muitas vezes. Quando havia escassez de pedras para os edifícios, as casas eram feitas com tijolos cozidos ao sol. Depois que TtL os tijolos eram colocados, revestiam as casas por dentro e por fora com o mesmo material, e elas eram caiadas ou pintadas com terra cinza ou amarela. O revestimento externo precisava ser renovado de ano em ano. Isaías 9,10 refere-se à superioridade da pedra lavrada sobre o tijolo. A antiga Babilônia usava tijolos cozidos em fornos e, freqüentemente, estes tinham sua adesão aumentada pela adição de betume aquecido (Gn 11.3). Em geral, esses tijolos mediam 30 x 30 x 9 centímetros e eram gravados com caracteres cuneiformes. Muitos milhares deles traziam o nome de Nabucodonosor, Era muito comum o uso de tijolos vitrificados de várias cores. Os assírios usavam mais generosamente tijolos cozidos ao sol embora também empregassem tijolos cozidos em fornos para revestir os pisos ou pavimentar pátios ou palácios. Também foram encontrados tijolos pintados, esmaltados e até dourados em Nínive e em outras cidades assírias. Veja Arquitetura: Edfícios. W, T. D. TIL Segundo as inflexões de Mateus 5.18 e Lucas 16.17, a palavra grega heraia, “pequeno chifre”, significa um pequeno traço, desenho ou gancho que serve como ornamento a algumas letras do alfabeto hebraico, como um traço fino. Nas fontes rabmteas ele é de- T1L signado como “espinho" (qos, qosa), “coroa” (keter) e “ponto” (rfquda). As características eculiares aue o diferenciam, isto é, daleth e resh, betn de kaph, não são consideradas como tal (cf. SBK in loco cit.). O jota (letra hebraica yodh) e o til em Mateus 5.18 são usados metaforicamente para declarar que o mais ínfimo detalhe da Torá tem um caráter imortal que aguarda seu cumprimento. Veja Jota. TILGATETILGATE-PILNESER Forma alternativa de Tiglate-Pileser Uj.t'.) que aparece em 1 Crônicas 5.6 e 2 Crônicas 28.20. A mudança das letras g e / foi sem dúvida feita de acordo com o interesse da eufonia hebraica, um caminho seguido pela Septuaginta e pela Vulgata, enquanto o n de pilrNeser representa o acádio ina, significando “in”, encontrado em uma ortografia desse nome: Tukultiapil-ina-Esarra. A forma Tilgate-Pilneser encontrada em 1 Crônicas 5.26 omite completamente a letra aleph (cf. Monolito Zenjirli, linha 16), TÍLIA Veja Plantas: Azinheira. TILOM Um descendente de Judá mencionado entre os filhos de Simeão (1 Cr 4.20). TIMÃO Um dos sete homens escolhidos pela Igreja de Jerusalém, consagrado pelos apóstolos para a supervisão de uma distribuição mais justa das provisões diárias. A julgar pelo aspecto grego de seu nome, não ná dúvida de que era um helenista, isto é, um judeu que falava grego. Timão possuía uma ótima reputação junto aos demais cooperadores, e é descrito como um homem cheio do Espírito Santo e de sabedoria (At 6.5). TTMEU Pai de um mendigo cego de Jerico (Mc 10.46). Nas passagens paralelas (Mt 20.29-34; Lc 18.35-43) não se menciona seu nome. Marcos identifica o mendigo simplesmente como Bartimeu (ç.a.) cujo nome ele traduz para seus leitores como “filho de Timeu”. TIMNA 1. Filha de Seir, o horeu, e irmã de Lotâ (Gn 36.22; 1 Cr 1.39). Ela se tomou concubina de Elifaz, filho de Esaú, e lhe deu um filho chamado Amaleque (Gn 36.12). 2. Filho de Elifaz (1 Crônicas 1.36) e comandante de Edom (Gn 36.40; 1 Cr 1.51). A capital de Qataban, no sul da Arábia, era chamada de Timna', talvez uma reminiscência de um nome tribal recebido desse personagem bíblico, O local onde havia algumas minas de cobre em 2.000 a,C. também é chamado de Timna. Ele está situado 24 quiômetros ao norte de Eziom-Geber, e é provável que seu nome também se origine de um líder e d omita. 1940 T1MNATE-SERA 3. Cidade próxima a Bete-Semes na fronteira norte de Judá (Js 15.10), agora identificada com Tell el-Batashi no vale de Soreque (Y. Aharoni, “The Northern Boundary of Judah”, PEQ, XC [1958], 27-31). Algumas formas desse nome são Timnate e Timnata. Essa cidade foi designada à tribo de Dâ como sua residência (Js 19.43), mas é evidente que não conseguiram conquistá-la (cf. Jz 1.34). Na época de Sansão, ela era ocupada pelos filisteus (Jz 14.2). Foi ali que Sansão se casou pela primeira vez, e propôs seu famoso enigma sobre o lefio e o mel (Jz 14.1ss.). Sem dúvida, Timna foi incorporada a Judá depois das vitórias de Davi, Quando Acaz estava sendo pressionado por Samaria e Damasco, os filisteus aproveitaram a oportunidade para recapturar Timna e várias cidades vizinhas (2 Cr 28.18). Ezequias pode ter conseguido recuperá-la, mas ela foi capturada por Senaqueribe em 701 a.C. (ANET, p. 228). 4. Cidade da região montanhosa de Judá (Js 15.57), provavelmente Khirbet at-Tabbana, dezesseis quilômetros a oeste de Belém, caso essa última possa ser associada à Timna (ou Timnate) de Gênesis 38.12-14, que é mencionada em conexão com Adulão e Enaim. Esta era provavelmente uma das cidades fortificadas por Bacchides para pacificar a Judéia (1 Mac 9.50; veja Tímnate-Sera) 5. Ortografia discutível do nome de um chefe de Edom (Gn 36.40; 1 Cr 1.51, Timna 2). A. F. R. TIMNATE Veja Timna. TIMNATE--HERES Veja Timnate-Sera. TIMNATE TIMNATE--SERA Cidade na região montaTIMNATE nhosa de Efaim, provavelmente Khirbet Tibna, que Josué recebeu por herança (Js 19.50) e onde ele foi sepultado (Js 24.30). Tibna está situada na antiga estrada romana que vai de Cesaréia a Jerusalém, aprox. 20 quilômetros a nordeste de Lida (Lode) e 20 quilômetros a sudoeste de Siló. Foi mencionada como Timnate-Heres; o segundo elemento deste nome foi provavelmente escrito ao contrário (Jz 2.9). Nos últimos dias da independência judaica, antes que a Judéia passasse a ser totalmente dominada por Roma, ela havia se tornado o centro administrativo de uma monarquia superior (Plínio, Natural History, v.70; Josefo, Wars iii.3.5; Ant. xiv.11.2), substituindo o antigo centro de Aramatha (1 Mac 11.34). Ela foi anteriormente identificada com a cidade de Thamna, fortificada por Bacchides, juntamente com várias outras cidades da Judéia (1 Mac 9.50). Entretanto, Michael Avi-Yonah mostrou que esta era provavelmente a cidade de Timna mencionada no tópico 4 (q,v,\ Histórica! Geography ofPalestine, Jerusalém. Bialik Inst., 1962, pp. 36-37 [Hebraico]}. A. F. R. T1MN1TA TIMNITA Epíteto gentílico usado pelos filisteus para designar o sogro de Sansáo (Jz 15.6), provavelmente derivado de Timna, local de sua residência (ou Timnata, Juizes 14.1,2,5). Antigamente, era uma vila danita na fronteira norte de Judá, perto de BeteSemes (Js 15.10; 19.43), e tem sido identificada com Tell el-Batashi no Uádi es-Sarar, TIMÓTEO Pela fbrma carinhosa como Paulo lhe escreve, parece que Timóteo era seu discípulo favorito. Seu pai era grego, mas sua mãe Eunice e sua avó Lóide eram judias (2 Tm 1.5). Eles provavelmente se converteram durante a primeira visita de Paulo a Derbe e Listra (At 14.6-22). De uma forma geral, aceita-se que Timóteo nasceu em Listra (At 16.1,2). Quando Paulo retomou a essa região depois de alguns anos, durante sua segunda viagem missionária, ele ficou tão impressionado com o jovem Timóteo que resolveu leválo consigo, provavelmente como um substituto de João Marcos. Timóteo recebeu um excelente treinamento espiritual de sua mãe e de sua avó, e dele “davam bom testemunho os irmãos que estavam em Listra £ em Icônio” (At 16.1,2; 2 Tm 1.5; 3.14,15). E bastante estranho o fato dele nunca ter sido circuncidado, talvez porque seu pai fosse grego. Mas o pai teve pouca influência na educação religiosa de seu filho, e pode até mesmo ter morrido muito cedo. Havia certas indicações proféticas de que esse jovem estava destinado a realizar um importante trabalho a favor da causa do Senhor Jesus Cristo (1 Tm 1.18; 4.14). Quando Paulo se juntou aos anciãos locais e impôs as mãos sobre Timóteo, este último recebeu um dom espiritual, provavelmente para capacitá-lo para seu ministério como evangelista (2 Tm 1.6; 4.5). Todavia, antes de sua consagração ele foi circuncidado pelo apóstolo, pois iria trabalhar em regiões onde moravam muitos judeus. Normalmente, Paulo possuía uma forte convicção de que a circuncisão era desnecessária para o cristão, e se opunha fervorosamente às exigências dos adeptos da religião judaica de que os gentios deveríam ser circuncidados antes de sua admissão como membros da igreja. Neste caso, entretanto, Paulo fez com que Timóteo se submetesse a esse rito para não causar qualquer preconceito desnecessário entre os inúmeros judeus a quem ele iria proclamar o evangelho. Paulo, Silvano e Timóteo viajaram em direção norte-noroeste através do elevado planalto da Ásia Menor, e desceram a Trôade, onde Paulo teve uma significativa visão de “um varão da Macedônia” que lhe rogava, dizendo; “Passa à Macedônia e ajuda-nos!” (At 16,9). Era um chamado para evangelizar a Europa. Lucas se juntou a eles, e assim se apressaram a atravessar o mar Egeu até Neápolis. Não existe qualquer menção a Timóteo em TIMÓTEO relação aos acontecimentos subseqüentes em Filipos e Tessalônica, mas é virtual mente certo que ele estava nessa companhia. Em seguida, ele é encontrado em Beréia, onde Paulo o deixou para continuar seu trabalho (At 17,10-14). Mais tarde, Timóteo seguiu Paulo até Atenas e de lá foi enviado de volta a Tessalônica para ajudar os irmãos. Tendo completado sua missão, Timóteo juntou-se a Paulo em Corinto levando-lhe boas notícias (lTs 3.6,7). Como o nome de Timóteo aparece nas duas saudações das Epístolas aos Tessalonicenses, escritas em Corinto, e como ele pregou durante muito tempo nessa cidade (2 Co 1.19), fica bem claro que ele trabalhou junto com Paulo durante algum tempo. A próxima menção a Timóteo no livro de Atos está relacionada com seu ministério junto a Paulo, durante a longa permanência do apóstolo em Éfeso em sna terceira viagem missionária (At 19.22), Como não existe nenhum registro sobre seu ministério durante esse intervalo em alguma outra passagem, é provável que Timóteo tenha acompanhado Panlo de Corinto até Éfeso e, mais tarde, por navio, até Cesaréia na viagem para Jerusalém, como está registrado em Atos 18.18-23. Depois de retornar a Éfeso, junto com Paulo, Timóteo foi enviado em uma missão especial através do mar Egeu, levando a primeira Epístola de Paulo à Igreja de Corinto (1 Co 4.17; 16.10,11), Evidentemente, ele realmente retornou a Éfeso conforme planejado (1 Co 16.11) e em seguida foi enviado à Macedônia, junto com Erasto, para preparar o caminho para um novo estágio da terceira viagem de Paulo (At 19.22; 1 Co 16.5). Timóteo estava com Paulo na Macedônia quando foi escrita a segunda Epístola aos Coríntios (1,1), e estava novamente ao lado do apóstolo em Corinto quando foi escrita a Epístola aos Romanos (16.21). Depois, juntamente com outros, Timóteo precedeu Paulo quan- Timóteo estava ministrando à igreja em Éfeso quando Paulo escreveu-lhe a primeira carta. Aqui está a rua principal da antiga Éfeso, que ctrv.V'-.-':, a Agora grega à esquerda e o teatro è direita. Foto Esat Balim 1941 T1M0TE0 do o apóstolo voltou através da Macedônia para Jerusalém, aguardando-o em Trôade (At 20.4,5). Nada sabemos sobre Timóteo entre a prisão de Paulo em Jerusalém e sua chegada a Roma, mas ele estava com o apóstolo nessa cidade quando as Epístolas aos Colossenses, Filipenses e Filemon foram escritas (Cl 1.1; Fp 1.1; Fm 1). Paulo revelou sua intenção de enviar Timóteo a Filipos a fim de expressar a preocupação que sentia pelos crentes daquela cidade (Fp 2.19-23). Durante o período em que esteve livre, depois de sua primeira prisão, Paulo deixou Timóteo em Efeso para atender às necessidades daquela igreja (1 Tm 1,3). A tradição que diz que Timóteo foi o primeiro bispo de Efeso não deve ser verídica, pois sua permanência naquela cidade foi apenas temporária. Como o apóstolo João logo depois passou a residir permanentemente nesta cidade, Timóteo não poderia ter sido o ancião ou o bispo responsável. Durante sua última prisão em Roma, Paulo sentia uma carinhosa necessidade de ver Timóteo e insistiu para que ele fosse até lá “antes do inverno”. Não sabemos onde Timóteo estava nessa ocasião, nem se ele chegou antes do apóstolo ter sido martirizado (2 Tm 4.6-9). As numerosas exortações e determinações que Timóteo recebeu levaram muitos a crer que ele era tímido (cf. também 1 Coríntios 16.10,11) e que precisava do apoio de Paulo. Os tempos perigosos do reinado de Nero exigiam uma exortação à constância, especialmente porque Timóteo, apesar de ser jovem, não tinha uma saúde forte (1 Tm 4.12; 5.23). Por outro lado, nenhum dos colaboradores de Paulo era mais ativo do que ele, e a nenhum deles o apóstolo agraciou com mais confiança e amor (Fp 2.19-22). A tradição diz que Timóteo, assim como Paulo, sofreu o martírio. A. M. R, TIMÓTEO, PRIMEIRA EPÍSTOLA A As Epístolas a Timóteo e Tito são classificadas como Epístolas Pastorais. Os assuntos introdutórios relacionados às três cartas foram considerados em conjunto. Veja também Pastorais, Epístolas. Autenticidade A autenticidade das Epístolas a Timóteo e Tito recebeu forte apoio das evidências externas. Os testemunhos foram dados pela Peshita (Siríaeo) do século II d.C., pela Antiga Versão Latina (século II), pelo Fragmento Muratoriano (170 d.C.), por Teófilo de Antioquia (181 d.C.), por Irineu (178 d.C.), por Clemente de Roma (93-95 d.C.), por Clemente de Alexandria (194 d.C.), por Tertuliano (200 a.C.}, e por muitos outros. O fato de esses livros terem sido rejeitados pelos gnósticos hereges não prova nada, pois a 1942 TIMÓTEO, PRIMEIRA EPÍSTOLA A política que estabeleceram era eliminar todas as Escrituras que fossem contrárias às suas próprias opiniões. Somente no início do século XIX, a opinião universal da Igreja foi desafiada em relação à autoria e à autenticidade paulina desses livros. Schmidt e Schleiermacher iniciaram o ataque, seguidos por Eichhom, De Wette e F. C. Baur. Depois vieram H. J. Holtzmann, P. N. Harrison e M. Dibelius. As objeções apresentadas foram: 1. Que o vocabulário e o estilo são diferentes das outras epístolas de Paulo e que, por exemplo, elas contêm 165 palavras clássicas gregas não encontradas em nenhuma outra obra de Paulo. Mas nenhum escritor exaure todo o seu vocabulário de uma vez, e este é sempre ampliado com o passar do tempo. Quando esteve em Roma, Paulo deve ter recebido a visita de gregos de alta cultura, e pode ter aumentado seu conhecimento sobre os autores clássicos. Além disso, Paulo estava escrevendo a amigos íntimos com profundo conhecimento do grego. Mudanças no vocabulário e no estilo não são de admirar; por exemplo, depois do sucesso de Karl Barth na Europa, o estilo e a terminologia de muitos teólogos mudaram drasticamente. Por que negar ao apóstolo o direito de variar um pouco seu estilo? Entretanto, o tom geral e o sentimento expresso nas Pastorais, assim como suas palavras, permaneceram marcadamente semelhantes aos das epístolas anteriores. 2. Que as referências feitas às heresias nas Pastorais provam que as cartas devem pertencer à metade ou ao final do século II. Estes críticos alegam que passagens como 1 Timóteo 1.4 e 6.20 estariam referindo-se ao gnosticismo (q.v.), mas sabemos que as primeiras manifestações dessa seita são anteriores a essas datas. Alguns cristãos nominais de origem judaica estavam tornando-se muito degenerados em relação à moral. Ao mesmo tempo, tendências gnósticas estavam desenvolvendo-se, e as admoestações de Paulo contra os falsos mestres estavam perfeitamente de acordo com tal situação. 3. Que a organização eclesiástica nas Pastorais é muito posterior à Era Apostólica. Na realidade, a organização da igreja era primitiva, Os termos bispo e presbítero (ou ancião) ainda eram intercambiáveis. Não havia bispos diocesanos antes do final do século II. W. F. Albright (New Horizons in Biblical Research, Londres. Oxford, 1966, p. 49) mostrou que, de acordo com os Rolos do Mar Morto (q.u.), a função de governar do ancião do NT acompanha de perto a do m‘baqqer que presidia a comunidade Qumran. 4. Que os dados das Pastorais não estão de acordo com a narrativa de Atos. Mas, Filemom (v.22) e Filipenses (2.24) mostram que Paulo tinha uma grande esperança de ser libertado de sua primeira prisão em Roma. TIMÓTEO, PRIMEIRA EPÍSTOLA A Clemente de Roma (95 d.C.), o Fragmento Muratoriano (171 d.C.), e Eusébio são unânimes em dizer que isso realmente aconteceu. Antigas tradições dizem que o apóstolo foi à Espanha, e as Pastorais indicam com segurança que Paulo viajou posteriormente para o oriente como pretendia (1 Tm 1.3; Tt 1.5). Ele esperava passar o inverno em Nicópolís (Tt 3.12), mas ao invés disto foi para Roma, provavelmente como prisioneiro. As Pastorais transmitem exortações urgentes que Paulo, ao chegar ao final de sua vida, desejava enviar a seus amados auxiliares que estivessem vivendo situações de perigo. Nenhum falsificador podería ter inventado os íntimos toques pessoais que estão contidos nestas epístolas. Data As Pastorais mostram fortes evidências de terem sido escritas durante o reinado de Nero, com pequenos intervalos entre elas, provavelmente entre os anos 62 e 65 d.C. Esboço I. Saudação, 1.1,2 II. Ordens de Paulo a Timóteo, 1.3-20 A. Ensinar apenas a sã doutrina, 1.311 B. Observar Paulo como o padrão de Deus, 1.12-17 C. Como ser vitorioso em uma guerra, 1. 18-20 III. Exortação à Ordem Adequada no Culto Público, 2.1-15 A. Orações por todas as pessoas e pelos governantes, 2.1-8 B. Conduta das mulheres, 2.9-15 IV. Requisitos para os Oficiais da Igreja, 3.1-13 A. Para os anciãos, 3.1-7 B. Para os diáconos e diaconisas, 3.8-1 V. Conduta Ministerial Adequadana Igreja, 3.14-6.19 A. Porque a igreja é a coluna e o baluarte da verdade, 3.14-16 B. Por causa das doutrinas inspiradas pelo Diabo, 4.1-5 C. Disciplinando-se para uma vida de temor e obediência ao Senhor, 4.6-12 D. Dedicar atenção ao ministério público e aos ensinos, 4.13-16 E. Instruções aos homens e mulheres, especialmente às viúvas, na igreja, 5.1-16 F. A recompensa, a disciplina e a consagração dos anciãos, 5.17-25 G. Instruções aos servos e escravos cristãos, 6.1,2 H. Advertências sobre o amor ao dinheiro, 6.3-19 VI. Exortação Final para que se Evite a “Falsa Ciência” (Gnosis), 6.20,21 Bibliografia. J. H. Bernard, “The Pastoral TIMÓTEO, SEGUNDA EPÍSTOLA A Epistles” (1899), Cambridge Greek Testament, Cambridge. Univ. Press, 1922 (reimnresso). B. S. Easton, The Pastoral Epistles, Nova York. Scribneris, 1948. Donald Guthrie, The Pastoral Epistles, TNTC, Grand Rapids. Eerdmans, 1957. P. N. Harrison, The Problem of the Pastoral Epistles, Oxford. Univ. Press, 1921. William Hendriksen, Exposition ofthe Pastoral Epistles, NTC, Grand Rapids. Baker, 1957. D. Edmond Hiebert, First Timothy, EBC, Chicago. Moody, 1957; Seeond Timothy, 1958; Titus and Phílemon, 1957. H. A. Kent, Jr., The Pastoral Epistles, Chicago. Moody, 1958. H. P. Liddon, Explanatory Analysis of St. Pauis First Epístle to Timothy, Londres. Longmans, Green, 1897. Walter Loek, A Criticai and Exegetical Commentary on the Pastoral Epistles, ICC, Nova York. Scribneris, 1924; reimpresso em 1936. E. K. Simpson, The Pastoral Epistles, Grand Rapids, Eerdmans, 1954. Theodor Zahn, Introduction to the New Testament, Vol.II, traduzido em 1909, Grand Rapids. Kregel, 1953, reimpresso. A. M. R. TIMÓTEO, SEGUNDA EPÍSTOLA A Essa epístola foi escrita de Roma, onde Paulo estava preso. Ele sabia que seu fim estava próximo (2 Tm 4.6,7), e insistiu que seu amado Timóteo se apressasse para ficar ao seu lado. Nas perseguições de Nero, muitos cristãos eram levados às pressas para sofrer os tipos de morte mais brutais que se podia inventar. Ao escrever 1 Timóteo e a carta a Tito, Paulo deveria ter conhecimento do caráter de Nero e dos perigos a que os líderes cristãos estariam expostos por parte de tal soberano. Escritas sob tais circunstâncias, era natural que as Pastorais tivessem um aspecto de urgência e de súplica, e que fossem bastante objetivas. Eram, portanto, pedidos prementes a Timóteo para ser um bom soldado de Cristo. Naqueles tempos horríveis, ele deveria se esforçar ao máximo no bom combate. Não é necessário presumir, como muitos o fizeram, que todas essas exortações estavam implicando uma definitiva fraqueza ou timidez de Timóteo, embora tudo leve a crer que ele tivesse alguma tendência nesse sentido (veja Timóteo). Fica bastante claro, a partir das Pastorais, que Paulo havia recentemente visitado a Grécia, Mileto, Trôade, Macedônia e também Corinto, de onde uma curta viagem o levou a Nicópolis, em Epiro, onde convocou Tito (Tt 3.12). Paulo pode ter sido preso nessa cidade no início da perseguição de Nero, no ano 64 d.C. Ao chegar a Roma, Paulo foi abandonado pelos falsos amigos e somente Lucas permaneceu ao seu lado (2 Tm 4.11). Nas horas de perigo e da possibilidade de ser morto, o apóstolo sentia falta da companhia do fiel Timóteo (2 Tm 4.9). 1943 TIMÓTEO, SEGUMDA EPÍSTOLA A TI R AC A Sabe-se que Paulo sofreu o martírio em Roma, provavelmente no ano 65 d.C. Timóteo também foi preso, mas depois libertado (Hb 13.23). Naua mais se sabe a respeito deste homem de Deus. I. Esboço Saudações e Ação de Graças para Timóteo, 1.1-5 H. Acusação de Paulo aos Desavergonhados, 1.6-18 A. A vinda do Espírito Santo, 1.6,7 B. O exemplo do sofrimento e do com prometimento de Paulo, 1.8-14 C. A firmeza de Onesíforo em meio às deserções, 1.15-18 III. A Exortação a ser Forte, 2.1-13 A. Como ensinador, 2.2 B. Como soldado, 2.3,4 C. Como um atleta, 2.5 D. Como lavrador, 2.6,7 E. Por causa de Jesus Cristo, 2.8-13 IV. Exortação a Resistir ao Falso Ensino, 2.14-3.17 A. Pelo correto manuseio da Palavra da Verdade, 2.14-18 B. Abstendo-se da contaminação do erro, 2.19-22 C. Recusando as especulações fúteis, 2.23 D. Corrigindo os outros com bondade e mansidão, 2.24-26 E. Evitando os apóstatas dos últimos dias, 3.1-9 F. Imitando o comportamento do apóstolo durante as perseguições, 3.1013 G. Permanecendo nas Escrituras inspiradas, 3.14-17 V. Exortação a Pregar a Palavra, 4.1-8 A. Porque muitos não mais tolerarão a sã doutrina, 4.1-4 B. Porque Paulo está prestes a partir, 4.5-8 VT. Instruções Pessoais a Timóteo e Conclusão, 4.9-22 Bibliografia. Veja Timóteo, Primeira Epístola a, A. M. R. TINIR 1. O verbo nominal hebraico ‘akas é derivado do substantivo ‘ekes ou “anel do tornozelo”, “pulseira” (Is 3.18) e representa o som produzido pelo contato dos metais usados nos tornozelos quando as mulheres caminhavam. Isaías está censurando esse tipo de comportamento sugestivo praticado pelas mulheres devassas de Jerusalém (Is 3.16). 2, O particípio grego alalazon, “estrondo”, “ressoar”, modifica os címbalos em 1 Coríntios 13.1 (cf. SI 150.5), onde o dom de línguas sem amor é comparado ao barulho do badalo de um sino, ou do ressoar de um metal. 1944 TINTA A tinta já era usada no Egito em 2500 a.C. Uma referência do AT diz que Baruque escreveu as profecias de Jeremias “com tinta” (Jr 36.18). A palavra tinta ocorre no NT em 2 Coríntios 3.3; 2 João 12; 3 João 13 como a tradução do termo grego melan (preto), provavelmente se referindo ao negro-de-fumo ou fuligem misturado com goma (três partes para uma) e água para fazê-la aderir e ter algum brilho. A massa era moldada em hastes e posteriormente cortada quando necessário, e umedecida para o uso. A neutralidade química do carbono mantinha a tinta preta por séculos conforme demonstrado pelas ostracas da época dos profetas do AT, encontradas em Laquis e Samaria. Uma tinta marrom-ferrugem de nozes-de-galha em pó e sulfato de ferro foi usada em alguns manuscritos, como no Códice Vatieanus e no Códice Bezae. Vários papiros egípcios usaram uma tinta vermelha feita de minerais pulverizados. Veja Escrita. TINTEIRO DE CHIFRE Também chamado de tinteiro de escrivão (ou de escrevente), ou ainda estojo de escrevedor. Por muitos séculos os escribas carregaram em seus cintos um longo tubo ou estojo no qual mantinham as suas penas (juncos), com um pequeno copo ou frasco para tinta ligado à extremidade superior. E chamado em heb. qeset.k e é traduzido como “tinteiro de chifre”. Este termo ocorre em Ezequiel 9.2,3,11, e é traduzido como “estojo de escrevedor” em várias versões. Os escribas egípcios e sírios usavam uma paleta (egip., gsty), um estreito quadro de madeira retangular com um longo sulco para segurar penas de junco e concavidades circulares para as massas de tinta vermelha e preta. Para as ilustrações destas paletas veja ANEP, Nos. 232-234,460. Veja Tinta; Escrita. TINTUREIROS Veja Ocupações: Tingidor TIQUICO Um dos companheiros e representantes mais mencionados por Paulo (At 20.4; Ef 6.21; Cl 4.7; 2 Tm 4.12; Tt 3.12). Ele era um asiático (efósio?) que provavelmente acompanhou Paulo quanao levou a coleta dos santos à Igreja que estava em Jerusalém (1 Co 16.1-4), Muitos elogios lhe foram feitos pelo apóstolo; “irmão amado, e fiel ministro, e conservo no Senhor” (Cl 4.7; cf. Ef 6.21). Juntamente com Onésimo, ele foi enviado por Paulo (na prisão) à Igreja de Colossos (e, possivelmente, a uma igreja em Éfeso) para entregar as cartas do apóstolo e informar aos crentes sobre sua situação. De acordo com Tito 3.12, Tíquico seria um possível substituto para Tito em Creta, pois Paulo desejava que Tito fosse juntar-se a ele durante sua permanência em Nicópolis. TIRACA Este termo se refere ao egípcio T1RANÁ TIRACA Antigo equipamento de escrita do Egito. Em uma extremidade do estojo da pena havia um tinteiro. BM Taharka, terceiro rei (etíope) da 25a Dinastia do Egito. Foi mencionado primeiramente como “Tiraca, rei da Etiópia” ou “Tiraca, rei de Cuxe”, que liderou as forças egípcias contra Senaqueribe (2 Rs 19.9). Esse último afirmava que havia derrotado a cavalaria e as bigas do Egito em Elteque, em 701 a.C. (ANET, pp. 287ss,), enquanto Jerusalém estava sendo sitiada. Dados coletados no monolito Apis indicam que Tiraca começou a reinar em 689 a.C. e continuou até 664 a.C. Cinco grandes monolitos escavados em Kawa, no Sudão, serviram para esclarecer um outro monólito quebrado relativo a ele. Sabe-se agora com certeza que ele tinha 20 anos de idade quando seu irmão, o Faraó Shebitku (701-690 a.C.), o convocou para ir de Núbia a Tebas para ajudá-lo, e não que tinha 20 anos quando se tornou rei (Alan Gardiner, Egypt of the Pharaohs, Oxford. Clarendon Press, 1961, pp. 342ss.). Dessa forma, ele tinha idade suficiente para chefiar o exército do Egito como representante de seu irmão, o rei Shebitku, em 701 a.C, Antigos escritores orientais, e também modernos, freqiientemente se referem às pessoas pelos títulos conquistados posteriormente ao período que está sendo descrito (K. A. Kitchen, Ancient Orient and Old Testament, Chicago. Inter-Varsity, 1966, pp. 82-84). Em 670 a.C., Esar-Hadom, filho de Senaqueribe, liderou um exército até o Egito. Ele se vangloriava de ter conquistado o Egito, ferido seu rei Tiraca cinco vezes com suas flechas, e governado sobre todas as suas terras (ANET, p. 290). Quando Esar-Hadom morreu, Tiraca retornou ao Egito, Assurbanipal enfrentou seu exército em Kar-Baniti, no Delta, e o derrotou. Em seguida, Tiraca, que havia permanecido em Mênfis, fugiu para Tebas. Depois do insucesso de sua conspiração com alguns governantes egípcios, para se revoltarem contra a Assíria, Tiraca retirou-se para a Etiópia. R. E, H. TIRADORES DE ÁGUA Uma das classes mais inferiores de servos (Dt 29.11). Contudo, tal serviço era preferido à morte pelos gibeonitas, que, por medo, se submeteram aos israelitas invasores (Js 9.21,23,27). Mulheres (Gn 24.11) e homens jovens (Rt 2.9) tiravam água do poço como parte de suas tarefas cotidianas; mas, como uma ocupação fixa, este trabalho era desprezado. Até pouco tempo, os homens faziam seu comércio ambulante de água no Oriente Médio utilizando bolsas de pele de cabra em suas costas. TIRANÁ Filho de Calebe com sua concubina Maaca (1 Cr 2.48). 1945 TIRANO Uma rua romana da cidade-ilha de Tiro, HFV TIRANO Além de Atos 19.9, não há nenhuma outra menção desse homem, A frase “na escola Sgv, sehoíe] de um certo Tirano” é ambígua. Será que ele ensinou no salão da sinagoga? Ou será que era seu proprietário? Qualquer dessas hipóteses seria possível. O texto do grego Ocidental (Codex Bezae) de Atos acrescenta várias palavras ao final do versículo 9: “...de um (ou, um certo) Tirano, da quinta à décima hora” (Tyrannou tinos apo horas e heos dekates). Se essa adição for aceita, Paulo teria usado esse saláo entre as 11 horas da manhã e as 4 da tarde, um período do dia em que as pessoas não estavam trabalhando. Dessa forma, ele serviría ao mesmo propósito da casa de Tito Justo em Corinto (cf. At 18.6,7 com 19.8,9). Isto continuou durante dois anos de uma forma bem sucedida (19.10). TIRAS Um dos descendentes de Jafé, filho de Noé (Gn 10.2; 1 Cr 1.5). Seu epônimo parece estar se referindo a um povo do mar Egeu, na costa ocidental da Ásia Menor, que foi plausivelmente identificado com o nome Tursha (Tw-rw-s3), mencionado nas inscrições egípcias do século XIII a.C. Foi relacionado por Ramsés III como um dos Povos do Mar que invadiu a Síria e a Palestina em sua jornada para atacar o Egito. Eles eram os tirsenios (mais tarde, tirrenos) de fontes regas (Homero; Heródoto 1.57.94), onde são escritos como piratas do mar Egeu. Isso está de acordo com a observação do livro do Jubileu (9.13) de que a nação de Tiras abrangia quatro grandes ilhas no meio do mar. Veja Nações. TIRATITAS Família de escribas originada dos queneus, e que residia em Jabez (1 Cr 2.55). TTRIA Um dos filhos de Jealelel pertencente à família de Calebe em Judá (1 Cr 4.16). TIRO Antiga cidade-estado fenícia, no Me- 1946 TIRO diterrâneo, entre Acre e Sidom. Controlando a única planície de Tiro (com cerca de 24 quilômetros de comprimento e três de largura) da Antiguidade, essa cidade chegou a se tornar líder de todas as cidades da costa fenícia, mas sem conseguir reuni-las em uma única nação. As origens de Tiro podem ser traçadas desde os primeiros tempos, provavelmente no 3° milênio a.C. Durante a Era Amaina (em aprox. 1400-1360 a.C.), a cidade foi sitiada por Sidom, que desde então manteve sobre ela uma ascendência. O templo de Aserá, em Tiro, era muito conhecido dos povos da antiga Ugarite (ANET, p. 145). Quando os invasores vindos do mar abandonaram Sidom quase totalmente em ruínas por volta de 1200 a.C., muitos de seus habitantes migraram para Tiro, contribuindo ainda mais com a ascendência mencionada acima. Portanto, podemos dizer que Tiro era a “filha de Sidom” (Is 23.12). A história do período da independência fenícia (aprox. 1200-870 a.C.) é, em grande parte, a história da expansão de Tiro. Parece que seu grande período de progresso foi alcançado com Hirão I (q.tO logo depois de 1000 a.C. As datas de seu reinado foram recentemente estabelecidas por Frank M, Cross (BASOR, #208 [1972], p. 17), Parece que ele deu início à colônia de Társis (q.v.) na distante Espanha. Naquela época, Tiro consistia de duas pequenas ilhas na costa da Fenícia (não se sabe ao certo se havia uma cidade de Tiro no continente). Hirão uniu as duas ilhas e, presumivelmente, dirigiu sua atenção às fortificações e também às baías. Existia uma baía de Sidom ao norte e uma baía egípcia no sul. Os hebreus e os habitantes de Tiro haviam estabelecido relações mútuas de amizade, Hirão forneceu carpinteiros, pedreiros e madeira para a construção do palácio de Davi (2 Sm 5.11,12; 1 Cr 14.1,2), e também homens e materiais para a construção do Templo (2 Cr 2; 1 Rs 5.1-12). Hirão e Salomão também participaram de empreendimentos comerciais conjuntos (1 Rs 9.26-28). Porém, a linhagem de Hirão chegou ao fim no início do século IX com a revolta de um sacerdote chamado Etbaal, que assumiu o trono e casou sua filha Jezabel com Acabe de Israel (1 Rs 16,31). Foi dessa maneira que a adoração a Baal foi introduzida em Israel. A independência fenícia terminou com o reinado ae Assurnasirpal II (883-859 a.C.) da Assíria. Em 876, ele recebia tributos de Tiro, assim como de outras cidades fenícias. Segundo a tradição, mais tarde, nesse mesmo século, Pigmalião (831-785 a.C.) fundou Cartago, no sétimo ano de seu reinado. Tiro atingiu o apogeu de sua prosperidade durante o século VIII, sob o domínio assírio, provavelmente porque o poder assírio trouxe um elevadq nível de paz e segurança ao comércio da Ásia ocidente!. Mas durante esse período, a histó- TIRO TIRZA ria de Tiro foi pontilhada por diversas rebeliões contra os dominadores estrangeiros. Com o declínio da Assíria, após a metade do século VII a.C., Tiro alcançou sua independência, e conseguiu conservá-la durante cerca de 40 anos. Ezequiel, que viveu durante estas décadas de independência, fez uma notável descrição das conquistas de Tiro (Ezequiel 27). Mas ele também previu sua destruição (26,321). O primeiro estágio dessa destruição aconteceu com Nabucodonosor da Babilônia, que sitiou a cidade do continente durante 13 anos (585-572 a.C.), e no final ela foi totalmente destruída. Como não dispunha de uma frota, ele não podia tomar a cidade localizada nas ilhas, no entanto elas se renderam sob condições favoráveis. Porém, os dias de glória de Tiro haviam terminado. Seu comércio havia sido arruinado pelo cerco babilônico, e também pelo fato de mercadores gregos terem conquistado o comércio fenício no nordeste do Mediterrâneo e, em certo sentido, também em toda parte. Seu papel no comércio internacional foi posteriormente usurpado em terra por mercadores sírios (ou arameus), e no mar pelos cartagineses. O segundo estágio do cumprimento da profecia de Ezequiel aconteceu em 332 a.C., quando Alexandre o Grande sitiou a cidade que estava na ilha durante sete meses até conquistá-la, depois de construir uma passarela com as ruínas da capital continental e deixar a área tão exposta quanto a “penha descalvada”. A maior parte da população foi morta ou vendida como escrava. Embora a cidade tenha sido reconstruída e se tornado bastante próspera por volta de 315 a.C., seus colonizadores eram principalmente carianos, e não fenícios. Portanto, havia pouca ligação étnica com a antiga cidade de Tiro. Durante o período romano, ela alcançou um certo grau de prosperidade, pois a púrpura que produzia era muito procurada {veja Púrpura). Uma colônia romana se estabeleceu na cidade que, posterior mente, se tornou amplamente helenizada. Ao final O grande circo romano, ou hipódromo, da cidade de Tiro no continente. HFV de sua terceira viagem missionária, Paulo permaneceu durante uma semana em Tiro (At 21,3,4). Tiro sofreu muitos ataques, foi parcialmente destruída nos séculos seguintes e quase completamente arrasada pelos muçulmanos em 1291, tendo, a partir de entào, permanecido em ruínas durante séculos. A moderna cidade de Tiro tem uma população de cerca de 12.000 habitantes. O governo do Líbano tem continuado a fazer escavações nas ruínas locais. Veja Fenícia; Sidom; Líbano. H. F. V. TIRO DE ARCO Uma forma de indicar a distância (somente em Gênesis 21.16) entre o arqueiro e seu alvo, isto é, cerca de 45 metros. TIRSATA Transliteraçào da palavra hebraica tirshatha, título honorífico do governador de uma província persa, dado a Zorobabet (Ed 2,63) e Neemias (Ne 7.65,70; 8.9; 10.1) como governadores de Judá. Sua origem é a palavra persa tarskta, que significa “aquele que é temido”, e equivale a “sua excelência”, TIRZA 1. A mais jovem das cinco filhas de Zelofeade, da tribo de Manasses (Nm 26.33; 27.1; 36.11; Js 17,3), 2. Cidade real dos cananeus entre as 31 cidades que foram conquistadas por Josué (Js 12.24) . Situada no território tribal ocidental de Manassés, ela substituiu Siquém como capital do Reino do Norte (1 Rs 14.17) e se tornou a residência real dos reis de Israel desde Jeroboâo até Onrí. Depois que Onri transferiu a capital para Samaria, Tirza perdeu sua importância, apesar de sua beleza e dos encantos de sua localização. Sua última referência está relacionada à época de Menaém, em aprox. 752 a.C. (2 Rs 15.14-16), A palavra Tirza, pode significar “encanto”. Esse lugar deve ter sido notável por sua beleza, pois Salomão comparou sua bela mulher Sulamita à beleza de Tirza (Ct 6.4). Em Tirza, reinaram Jeroboâo I, seu filho Nadabe, Baasa, Elá e Zinri (1 Rs 14.17,20; 15.21,33; 16.6-9,15). Este foi o lugar onde Baasa foi sepultado e Elá foi assassinado enquanto “se embriagava” na casa de seu servo. E provável que ele também tenha sido sepultado nesse mesmo local. Lá também Zinri foi sitiado por Onri e preferiu morrer nas chamas de seu palácio a se entregar nas mãos de seu desafeto. Assim Tirza conservou sua liderança durante mais de 40 auos para, ao final, ser suplantada por Samaria. Atualmente, sua localização é incerta, embora evidências arqueológicas pareçam favorecer a cidade de Tell el-Far‘ah ao norte, cerca de onze quilômetros a nordeste de Nabulus e Siquém. Localizada no Uádi Far ah, fértil e 1947 T1RZA TITO das em antigos escritores judeus e cristãos, alguns estudiosos preferiram situá-la no moderno local de Lisdib (também chamado el-Istib), um pouco a leste e ao sul de JabesGileade. Nesse local, as ruínas de uma igreja cristã e de um convento têm o nome de Mar Ilyas. Nelson Glueck suspeita que tenha havido um erro de escrituração e conclui que realmente se trata de “Elias, o jabesita de Jabes-Gileade”. Veja Elias, Ruínas de uma casa da época de Onri em Tell el Far’ ah, provável Tirza.HFV bem servido de águas, é a única passagem bastante ampla que leva desde o vale do Jordão (perto de Sucote) até o interior de Canaã. Este certamente foi o caminho que Abraão e Jacó escolheram quando viajaram da Mesopotâmia até Siquém. Escavações feitas em Tell el-Far‘ah durante nove estações, entre 1946 e 1960, desenterraram ruínas bem conservadas do Início da Idade do Bronze (Calcolítico) e da Idade do Ferro. No nível israelita da época de Salomão, Jeroboio I e Baasa (em aprox. 950-885 a.C.}, as casas tinham um tamanho bastante uniforme, mostrando que não havia uma grande desigualdade social entre os seus habitantes. Esse nível (Estrato III) havia sido violentam ente destruído pelo fogo, e corresponde à morte de Zinri no incêndio de seu palácio (1 Rs 16.18). Um estrato intermediário revelou as paredes de novos edifícios e também que havia sido iniciada uma grande estrutura que nunca se elevou acima das fundações e do nível do solo. De Vaux sugere que ali se encontrava um palácio que Onri nunca terminou, pois transferiu sua capital para Samaria e abandonou Tirza. O nível do século VIII a.C. tinha um grande edifício de dois andares perto da porta da cidade, talvez a residência de Menaém, caso ele tenha sido o governador de Tirza. Essa cidade foi destruída ua época da invasão assíria e seu último período revelou uma cidade pobre, sem fortificações, fmalmente abandonada por volta de 600 a.C. (R, de Vaux, “Tirza”, TAOTS, pp. 371-383), R. L. D. e J. R. TISBITA Foi dito que o profeta Elias era um tisbita de Gileade (1 Rs 17.1; 21.17,28; 2 Rs 1.3,8; 9.36). Em 1 Reis 17.1, várias versões acompanham a Septuaginta, registrando “de Tisbé, na região de Gileade” ao invés de os “moradores de Gileade” de outras versões. A localização de Tisbé em Gileade é desconhecida. Baseando-se em evidências encontra- 1948 TISRI Nome do sétimo mês do calendário hebraico depois do exílio. Correspondia ao rimeiro mês do ano civil, e nele eram celeradas as festas da Expiação e dos Tabernáculos, sendo que o Dia da Expiação ocorria no décimo dia. Este mês coincide com partes de setembro e outubro do atual calendário internacional. Veja Calendário. TITO Ajudante e amigo extremamente querido de Paulo, e provavelmente um de seus convertidos (Tt 1.4). Embora tenha sido muito ativo na obra de Cristo, ele não é mencionado em Atos, mas está presente em 2 Coríntios, Gálatas, 2 Timóteo e Tito. Ele acompanhou Paulo e Barnabé em sua visita a Jerusalém para discutir com os apóstolos e os anciãos as obrigações do cristão em relação à lei mosaica (At 15; G1 2.1-4). Paulo resistiu energicamente aos adeptos do judaísmo cuja pretensão era que os gentios convertidos fossem circuncidados e observassem outros ritos judaicos. O caso de Tito (um gentio) era um verdadeiro teste e Paulo conquistou uma completa vitória no Concilio. A Igreja não deveria sujeitar-se a regulamentos judaicos, e o evangelho deveria ser livremente pregado tanto a judeus como a gentios (At 15.13-19). Tito havia realizado um importante trabalho em Corinto. Ele é mencionado 8 vezes em 2 Coríntios, e o apóstolo refere-se a ele como “meu companheiro e cooperador” (2 Co 8.23) . A situação em Corinto não era satisfatória, pois havia não só uma certa discórdia, como também uma grosseira imoralidade. Enviado a esse centro como portador de uma carta de Paulo, Tito conquistou um magnífico sucesso. Ele e os coríntios tomaram-se muito unidos, e as boas notícias que enviou trouxeram grande conforto a Paulo, que estava preocupado e ansioso. Parece que Tito esteve três vezes em Corinto, tendo supervisionado em duas delas a coleta para os irmãos pobres de Jerusalém (2 Co 8.6,10,11, 22-24). Juntamente com outro irmão cristão, ele foi o portador da segunda Epístola aos Coríntios (2 Co 8.18). Tito desaparece do cenário até a elaboração da epístola que traz seu nome. Depois de sua primeira prisão, Paulo levou-o a Creta e, quando precisou partir dessa ilha, deixou Tito para trás a fim de completar sua obra, organizar a igreja, e designar presbíteros em T1T0 TOBE cada cidade (Tt 1.5). Sua posição eclesiástica em Creta era muito semelhante à de Timóteo em Éfeso. Veja Tito, Epístola a. O firme e decidido Tito era a pessoa certa para trabalhar entre os cretenses pagãos, Paulo pediu que fosse encontrá-lo em Nicópolis e, provavelmente, foi a partir dali que ele viajou para a vizinha Dalmácia (2 Tm 4,10). Bibliografia. Veja Timóteo, Espístola a. Primeira A. M. R. TITO, EPÍSTOLA A Uma das três Epístolas Pastorais (q.iO de Paulo no NT. A carta a Tito (veja Tito) foi escrita antes de 2 Timóteo e nela o apóstolo escreve sobre o trabalho do qual Tito fora incumbido em Creta (Tt 1.5). Ele deveria “estabelecer” ou “constituir” presbíteros em cada cidade. Está claro que para ele os termos presbítero (presbyteros) e bispo (episkopos) eram intercambiáveis porque, ao descrever as qualificações exigidas de um presbítero, ele diz: “Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus,,.” etc, (Tt 1,5-9). O apóstolo hayia anteriormente dito aos presbíteros de Éfeso: “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus...” (At 20.28). Isso parece confirmar a argumentação do Bispo Lightfoot, de que na igreja primitiva esses termos eram sinônimos. Tito era um obreiro em Creta da mesma maneira que Timóteo o era em Éfeso. Nos dois casos a permanência de ambos era temporária (cf. Tt 3.12). Eles eram representantes do apóstolo Paulo, e estavam fazendo a obra que lhes havia sido designada. Seu trabalho exigia sabedoria, bondade e fortaleza, pois os cretenses eram então um povo rude e licencioso, como seu próprio poeta Epimenides declarou (Tt 1,12). Entre eles existiam estranhas aberrações judaicas e discussões estúpidas sobre a falsa ciência e as “genealogias” (Tt 3.9), que indicavam o início do gnosticismo. Conteúdo A maior parte dessa epístola consiste de instruções pessoais a Tito. Entretanto, ela contém muitas observações que são relevantes a todos os cristãos, O evangelho é a verdade e traz a vida eterna. Paulo prescreve qualificações para os presbíteros da igreja: reputação irrepreensível, lares bem disciplinados, moderação, autocontrole e hospitalidade, e os atos dos falsos mestres deveríam receber rigorosa censura (capítulo 1), Em seguida, Paulo ensina que Tito deve dar o exemplo da sã doutrina e das boas obras, pois, sem este, o ensino torna-se inútil (capítulo 2). Os frutos da misericórdia de Deus devem ser reproduzidos na boa conduta, pois, de outra forma, a profissão de fé do cristão tornar-se-á reprovável. Tito deveria evitar disputas inúteis com os hereges a respeito de assuntos sem sentido, e os hereges incorrigíveis deveríam ser rejeitados pelos membros da igreja (3.1-11). Podemos certamente acreditar que Tito repetiu em Creta o sucesso que teve em Corínto {veja Tito). Paulo insistiu para que fosse ao seu encontro em Nicópolis (Tt 3,12). Esboço I. Saudação, 1.1-4 II. O Temor e a Obediência a Deus dos Líderes da Igreja, 1.5-16 A. Qualificações dos presbíteros, 1.5-9 B. Necessidade de presbíteros virtuosos para combater ensinadores desordenados, 1.10-16 III. O Temor e a Obediência a Deus na Família Cristã, 2.1-15 A. Adornando a sã doutrina nos lares, 2.1-10 B. A graça como a base de toda a conduta cristã, 2.11-15 IV. O Temor e a Obediência a Deus no Mundo, 3.1-11 A. Submissão aos governantes e consideração para com todos os homens, 3.1-7 B. Praticar boas obras e afastar-se de discussões tolas, 3.8-11 V. Conclusão, 3.12-15 Bibliografia. Veja Timóteo, Primeira Epístola a. A. M. R. TIZITA Nome gentílieo acrescentado a Joá, um dos poderosos de Davi (1 Cr 11.45). TOÁ Bisavô do profeta Samuel (1 Cr 6.34). Esse nome aparece em outras passagens como Naate (1 Cr 6.26) e como Toú (1 Sm 1.1), TOALHAO pano de bnho (gr. lention, uma palavra emprestada do latim linteum) com o qual o Senhor Jesus cingiu-se, quando tirou suas vestes externas e enxugou os pés dos discípulos depois de tê-los lavado na última ceia (Jo 13.4,5). TOBE Região situada a leste do rio Jordão onde Jefté exilou-se depois da morte de seu pai e de ter sido repudiado por seus irmãos (Jz 11.3-5). Mais tarde, os anciãos foram procurálo e, tomados de desespero, insistiram para que assumisse o comando do exército. Hmium, o rei de Amom, recrutou soldados dessa área para com eles lutar contra Davi (2 Sm 10.6). Isso pode sugerir que esse local estivesse situado fora das fronteiras de Israel, provavelmente a nordeste do distrito de Gileade. Esse nome aparece nos registros egípcios como Tíi-by (#22 da lista de Tutmósis III) e 1949 TOBE nas cartas Amama (#205) como Dubu. Sua melhor identificação é com et-Taiyibeh, mais de dezesseis quilômetros a leste de Edrei e Ramote-GUeade, perto das cabeceiras do rio Jarmuque. No AT, Tobe parece ser o distrito de Tobias de 1 Mac 5.13 e 2 Mac 12.17, mencionado em conexão com a campanha de Judas Macabeu em Gileade. H. A. Han. TOBE-ADON1AS Um dos levitas que Josafá enviou a todas as cidades de Judá em uma missão itinerante de instrução (2 Cr 17.8). Entretanto, esse nome pouco comum parece ser uma variação ocasionada pelos nomes precedentes, Tobias e Adonias. TOBIAS 1. Chefe de uma família que retornou do cativeiro da Babilônia, mas não pôde comprovar sua descendência (Ed2.60,62; Ne 7.62,64). Ele pode ter algum parentesco com a família de Tobias mencionada abaixo, mas nenhum relacionamento definido pode ser comprovado. 2. Governador judeu-amonita que uniu suas forças com Sambalate (q.v.) na tentativa de evitar que Neemias e os israelitas reconstruíssem o muro (Ne 2.10; 6.1-19). Quando Neemias se ausentou de Jerusalém, Tobias foi agraciado com um quarto na área do Templo, usado anteriormente como depósito, pois tinha um parente entre os sacerdotes (6.17,18; 13.6). Evidentemente, gozava de boas relações de amizade com os sacerdotes e os nobres de Jerusalém. Ao retornar, Neemias lançou fora os pertences de Tobias, mandou limpar e purificar o quarto e, novamente voltou a usá-lo como depósito de vasos, incenso e das ofertas de manjares (13.69). A maioria dos estudiosos da Bíblia Sagrada acredita que ele era um ancestral da casa de Tobias que no século III havia se tornado rival da casa de Onias quanto ao sumo sacerdócio judeu na Palestina (2 Mac 3.11). De acordo com W. F. Albright (The Archaeology ofPalestine, Baltimore. Penguin, 1960, pp. 149ss.), o mausoléu da família Tobias representa a ruína mais interessante do período selêucida, pois tem uma inscrição onde o nome Tobias foi talhado em caracteres aramaicos profundos do século III a.C. (veja a foro em VBW, IV, 237). Este era evidentemente um descendente do inimigo de Neemias. Perto do túmulo em ‘Araq el-Emiv, 24 quilômetros a oeste-sudoeste de Amâ na Transjordãnia, existe uma estrutura que os arqueólogos acreditam pertencer à época em que Hircanus, o último dos Tobias, estava tomando parte na revolta dos Macabeus. Acredita-se que os Tobias eram coletores de impostos. Depois do saque da Palestina feito por Antíoco Epifânio da Síria, essa família desapareceu das páginas da história. Houve um outro homem chamado Tobias, 1950 TOCAR que era um dos exilados judeus, de quem o profeta Zacarias recebeu uma oferta de ouro e prata para fazer uma coroa ornamentada para Josué, o sumo sacerdote (Zc 6.10,14). A. W. W. TOCAR O principal verbo do AT traduzido como “tocar” é o hebraico naga‘, “tocar, alcançar, golpear”. A mulher disse à serpente que ela não deveria nem sequer tocar no fruto proibido no jardim do Èden (Gn 3.3). A palavra é usada em relação a várias situações: ao afago ou à relação sexual (Gn 20.6; 26.11; Rt 2.9; Pv 6.29); a entrar em contato com qualquer coisa cerimonialmente impura, seja a carcaça de um animal imundo (Lv 5.2; 11.8), um cadáver humano (Nm 19.11,13; 31.19), fluxos do corpo (Lv 15), roupas sujas de sangue (Lm 4.14,15), ou um leproso (Lv 22.4); e ao castigo divino (Jó 19.21), ou ainda a algum ataque satânico (Jó 1.11; 2.5). Também pode significar ferir alguém (SI 105.15; Zc 2.8) ou reavivamento espiritual (1 Sm 10.26). A palavra comumente usada no NT é o termo grego haptomai, “tocar, pegar, segurar”. A Septuaginta geralmente traduz nega' como este verbo; consequentemente, ela possui a grande variedade de significados mencionada acima. E usada para a relação sexual (1 Co 7.1), para o contato com as coisas impuras (2 Co 6.17; Cl 2.21), e para o dano produzido pelo Diabo (1 Jo 5.18). O Senhor Jesus Cristo, ressuscitado, ordenou que Maria Madalena não o detivesse (Jo 20.17), o que evideatemente significava que ela não deveria segurá-lo. A íntima comunhão espiritual que ela almejava com o Senhor teve que esperar até que Ele ascendesse ao céu, e enviasse o precioso Espírito Santo. Em outras passagens do NT, a palavra “tocar” é usada nos Evangelhos Sinóticos para a obra de cura realizada pelo Senhor Jesus Cristo, e para a atitude do povo em busca de sua ajuda. Aqui também o verbo sugere segurar a pessoa, e não um leve toque. Ao estender sua mão ao leproso, o Senhor Jesus deve ter segurado o homem sem pressa de soltá-lo (Mt 8.3), e assim também segurou a mão da sogra febril de Pedro (Mt 8.15). Ele segurou, e não apenas tocou o esquife do filho da viúva (Lc 7.14) , e abraçou as crianças pequenas ao abençoá-las (Lc 18.15), de forma que estes toques não foram atitudes distantes. Tudo isto sugere que o Senhor Jesus, transfigurado, veio abraçar seus três discípulos que estavam tomados de temor, com a finalidade de encorajá-los (Mt 17.7). Semelhantemente, a mulher acometida do fluxo de sangue, e outras pessoas enfermas, seguraram firmemente suas vestes (Mc 5.2731; Mt 14.36), ou agarraram o próprio Senhor Jesus (Mc 3.10; Lc 6.19), talvez de um modo semelhante à mulher que veio ungir seus pés (Lc 7.39). J. R . TOCATE TOCATE Veja Ticva. TOCO Palavra usada apenas em Daniel 4.15,23,26 para descrevei figuradamente o colapso mental de sete anos do rei. TOCHA Uma lua flamejante produzida por alguma substância altamente inflamável, como madeira resinosa ou estopa fixada na extremidade de um bastão e embebida em sebo ou óleo, geralmente carregada na mão. A palavra hebraica lappid ocorre em Gênesis 15.17, onde a “tocha de fogo” passou entre as partes cortadas do sacrifício da aliança; em Êxodo 20.18, onde ela é uniformemente traduzida como “relâmpagos”; em Juizes 7.16,20, onde as 'tochas” faziam parte da estratégia militar de Gideão; e em Juizes 15.4,5, onde fachos ou tições faziam parte do estratagema de Sansâo. O termo “tocha” é usado como uma símile da chama entre os querubins (Ez 1.13), dos olhos do anjo (Dn 10.6), dos brilhos refletidos dos carros que corriam (Na 2.3ss.), do vapor de água cintilante expelido pelo resfõlego do crocodilo (ou leviatã; Jó 41.19), do livramento de Sião (Is 62,1), e do poder vitorioso das famílias de Judá (Zc 12.6). Em João 18.3, as tochas são mencionadas com lanternas fornecendo luz para Judas e as pessoas que o acompanhavam durante a prisão do Senhor Jesus. A leitura marginal da versão ASV em inglês do texto de Mateus 25.1,3,4,7 e 8 sugere “tochas”, mas ela é mais corretamente traduzida como “lâmpadas”. Em Apocalipse 4.5, sete tochas de fogo ardem diante do trono divino, enquanto em Apocalipse 8,10 a grande estrela que cai do céu é descrita como “ardendo como tocha”. Veja Lâmpada. E.R. D. TODO-PODEROSO Expressão usada no Antigo Testamento (60 vezes na versão RC), das quais 31 estão no livro de Jó, como tradução do termo hebraico shaddai. Veja Deus, Nomes e Títulos; El. TOFEL Mencionada uma vez (Dt 1.1), aparentemente situada no Arabá, sendo o limite norte - e Para o extremo snl - da fronteira geral (o termo heb. suph pode significar “extremidade”, “fronteira”) da região oposta à qual Moisés dirigiu a palavra a todo o Israel que estava “dalém do Jordão". Ela tem sido identificada com et-Tafileh, uma moderna aldeia árabe cerca de 24 quilômetros a sudeste do mar Morto, na estrada de Kerak até Petra. A consoante dental inicial do árabe (í) é um som enfático e não corresponde à consoante dental simples do heb. (f). A identificação é, portanto, questionada em termos de uma base linguística, e também sob uma base contextual. Parece que ela deve ser identificada mais adequadamente como um local em alguma parte na planície de Moabe, do lado oposto TOGARMA de Jericó. Ela pode ser uma escrita alternativa do termo de área hebraico diblatkaim (cf. Nm 33.46ss.; Jr 48.22), e pode referir-se a um território em uma carta cuneiforme enviada ao rei assírio em Calá, falando de um mensageiro de Moabe como um “Dabilita” (Henri Cazelles, “Tophel", Essavs in Honour of Miller Burrows, Leiden. Brill, 1959, pp. 76-79), H. E. Fi. TOFETE Uma área no vale de Hinom, ao sul de Jerusalém, onde eram feitos sacrifícios de crianças para a suposta divindade chamada de Moloque (2 Rs 23.10; Jr 7.31). O significado e a etimologia do nome são incertos. Alguns a identificam com a raiz que significa “saliva”, enquanto outros a explicam com base na raiz aramaica t-ph-t, “queimar”, significando, portanto, “um lugar de queima e sepultamento de corpos mortos” (cf. Is 30.33). Este nome só ocorre no AT. Tofete não é a própria Hinom, mas era uma área de sacrifícios situada no vale de Hinom. Os altos de Baal são mencionados em conexão com Tofete (Jr 19.5), e ali a divindade pagâ, Moloque (Jr 32.35}, era adorada pelos antigos cananens, e mais tarde pelos israelitas idólatras. Acaz e Manassés foram especialmente notados nesta seita trágica e assassina, pois fizeram com que os seus filhos passassem pelo fogo (2 Rs 16.3; 21.6). Esta prática impiedosa foi uma abominação em Israel e provocou a ira do Senhor. No distrito ae Tânita, em Cartago, foram encontradas evidências de sacrifícios de crianças, que devem ter ocorrido por volta do século XIÍ1 a.C. Um antigo santuário púnico estava cercado por milhares de umas contendo ossos cremados de crianças pequenas, algumas de até 12 anos de idade, mas em sua maior parte de crianças abaixo de dois anos. Outros santuários ou distritos de sacrifício fenícios foram descobertos na Sicília e na Sardenha, e em vários lugares no norte da África, um deles com uma cova de cremação cheia de material queimado (Donald Harden, The Phoenicians, Londres. Thames & Hudson, 1962, pp. 94-104; W. F. Albright, Yahweh and the tíods ofCanaan, Garden City. Doubleday, 1968, pp. 237ss.). Veja Sacrifício Humano, Jeremias predisse que o nome Tofete seria mudado para “vale da matança”, porque muitas pessoas seriam mortas ali (Jr 7.32,33; 19.6). Os bons reis de Judá, como Josias (2 Rs 23.10), destruíram o lugar derrubando os altares e altos para que não mais pudessem ser usados para as práticas idólatras. Adestruição foi tão completa, que não há nenhuma indicação clara do seu local exato. P. S. H. TOGARMA Terceiro filho de Gomer, irmão de Asquenaz, o progenitor citiano (Gn 10.3; 1 Cr 1.6; Ez 38.6). (Bete)-Togarma era uma 1951 TO G ARMA das nações longínquas que negociavam com Tiro (Ez 27.14), fornecendo cavalos, mulas e soldados para Gogue (q, v. ; Ez 38.6). Ela era conhecida por Mursilis II, o rei hitita, como Tegarama, situada entre Carquemis e Harã. Era conhecida pelos assírios como Tilgarimanu, de acordo com os registros de Sargão e Senanqueribe, sendo que esse último a conquistou em 695 a.C. Na Antiguidade clássica, era conhecida como Gauraena (a moderna Gurun), aproximadamente 110 quilômetros a oeste de Malátia. Os armênios traçam os seus ancestrais até Haik, filho de Torgom; dessa forma, eles podem ser descendentes dos antigos habitantes de Togarma. TOÍ Rei de Hamate (2 Sm 8.9,10; Toú, 1 Cr 18.9,10), provavelmente um hitita {veja Heteus) que enviou seu filho Hadorão (Hadadrâol?]; Jorão, 2 Samuel 8.10) com presentes de ouro, prata e bronze para congratular ou fcacitamente reconhecer a soberania de Davi depois desse último ter derrotado, de forma completa, Hadadezer, o rei sírio de Zobá e inimigo perpétuo de Toí, TOLA 1. Filho de Issacar (Gn 46.13; 1 Cr 7.1,2) e chefe ancestral da família dos toíaítas (Nm 26.23). 2. Juiz que pertencia à linhagem de Issacar. O nome de seu pai era Puá, filho de Dodô (Jz 10.1) . Tola viveu e foi sepultado em Samir, na região montanhosa de Efraim. Depois da época de Gideão e Abimeleque, Tola ascendeu à liderança e serviu como juiz durante 23 anos. Não existe menção de alguma opressão por parte de algum inimigo ou de libertação. Alguns estudiosos sugerem que o local desconhecido de Samir pode ter se localizado nas proximidades de Samaria, TOLADE Cidade da tribo de Simeão, no extremo sul em direção à fronteira de Edom, mencionada com Ezém, Ziclague, Horma e outras cidades que os simeonitas herdaram dentro do território de Judá (1 Cr 4.29; em outras passagens aparece como Eltolade, q.v. \ Js 15.30; 19.4). F. M. Abel a identificou com Khirbet Erqa Saqra (Geograpkie de la Palestine, Paris. 1938, II, 314), TOLAÍTAS Uma família que descendeu de Tola (q.o.), um dos filhos de Issacar (Nm 26.23) . TOLERÂNCIA Este substantivo traduz o termo gr. anoche em suas duas ocorrências no NT. A palavra significa literalmente “reter”, “parar” (especialmente no caso de hostilidades), e assim era frequentemente usada para um armistício ou trégua. Em Romanos 2.4, a demora de um Deus justo em infringir a ira ou o castigo sobre o pecador é explicada pela verdade da sua bondade, paciência e longanimidade. Esta demora tem a finalida- 1952 TONINHA de de dar oportunidade e levar o pecador ao arrependimento. Em Romanos 3.25, foi declarado que Deus suportou os pecados durante a(s) antiga(s) dispensaçâo(Ões) em sua tolerância divina até que o sacrifício substitutivo perfeito fosse oferecido por seu Filho Jesus Cristo. Este conceito da tolerância de Deus também é encontrado em Neemias 9.30. O verbo relacionado, anechomai, é traduzido como “suportar” em Efésios 4.2; Cl 3.13, onde é ordenado aos cristãos que suportem uns aos outros em amor, que tenham consideração uns pelos outros, porque o amor “cobre multidão de pecados” (1 Pe 4.8). Outros verbos gr. eheb. traduzidos como “suportar” têm o sentido de “parar”, “cessar”, “abster-se de”. Veja Longanimidade. J. R. TOLICE Veja Loucura; Louco. TOME Um dos 12 apóstolos (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13), também chamado de Dídimo, significando “gêmeo”, em João 11.16; 20.24; 21.2. Era pessimista, mas estava realmente preparado para morrer com Jesus quando o Senhor pretendeu ir à Judéia, mesmo sabendo que enfrentaria a ameaça de apedrejamento (Jo 11.8,16). Mais tarde, Tomé teve dúvidas sobre o significado das palavras do Senhor; ele fez sua indagação quando o Senhor Jesus disse que iria partir, e que os discípulos sabiam para onde Ele iria (Jo 14.5). Tomé foi cético sobre a ressurreição do Senhor Jesus, quando os outros discípulos lhe informaram que Jesus havia estado com eles durante sua ausência. Ele exigiu uma evidência tangível para que pudesse crer neles. Mas, quando o Senhor Jesus apareceu novamente a todos, e convidou Tomé a tocar suas feridas, este exclamou em uma profunda declaração de fé: “Senhor meu, e Deus meu!” (Jo 20,24-28). Tomé estava em um barco, pescando no mar da Galiléia com outros seis discípulos, quando o Senhor Jesus novamente se revelou (Jo 21.1ss.). A tradição conta que Tomé evangelizou a Pártia e a índia. Uma comunidade cristã dos dias atuais, na índia, reivindica ter se originado dele. O Evangelho Apócrifo de Tomé é atribuído a este servo de Deus, porém não se pode ter certeza de que ele seja ae fato seu autor. N. B. B. TONEL O termo tonel de vinho é, muitas vezes, sinônimo de lagar. Era uma cova redonda ou quadrada que tinha a finalidade de guardar o suco das uvas ou o azeite das oliveiras (Nm 18.27; Mc 12.1). Onde não havia rochas junto à superfície, covas eram abertas na terra e forradas com pedras impermeabilizadas com piche ou gesso. Veja Lagar, TONINHA Tradução da palavra hebraica takash (Ex 25.5; Nm 4.6; et ai, várias ver- TONINHA sões a traduzem como “texugo”). Vejo Animais: Dugongo V.4. TOPÁZIO Veja Jóias. TOQUEM Uma das cidades simeonitas no sul de Judá (1 Cr 4.32), porém não identificada. Na relação paralela de Josué 19.7, esse nome foi omitido no Texto Massorétieo, mas aparece na LXXB . E possível que Toquém (1 Cr 4.32) possa ser equiparada a Eter (Js 19.7), pois nessas relações ambas estão precedidas e seguidas pelos nomes das mesmas cidades. TORA A palavra hebraica para “lei” talvez venha da forma ca usa ti va do verbo.vam, “lançar", “atirar (flechas)”; de qualquer maneira, a forma verbal Hiph‘il hora significa “apontar, guiar, instruir, ensinar”. Conseqüentemente, a orientação que possui autoridade é lei. O substantivo tom consta 215 vezes no AT. O termo Torá é usado no singular 172 vezes para se referir a toda a lei de Deus ou de Moisés, e no plural 11 vezes com o mesmo significado. É usada em Levítico 15 vezes, em Números 7 vezes, e em outras passagens 26 vezes para se referir a uma lei específica no código. Em Provérbios, ela é usada seis vezes para se referir às leis ou regras dos pais (1.8; 3.1) , ou aos traços de caráter, como, por exemplo, a bondade (31.26). Assim, devido ao seu extraordinário uso para se referir à lei do Senhor que foi dada a Israel através de Moisés, a Torá tornou-se o nome para o Pentateuco, O termo Torá, às vezes, referia-se a todo o AT (em João 10.34 o Senhor Jesus referiu-se ao Salmo 82.6 como a “vossa lei”; cf. também João 12.34) e, às vezes, era até aplicado a toda a antiga literatura judaica, tanto escrita quanto oral. No entanto, ainda é principalmente usado como uma referência ao Pentateuco. A expressão “o livro da lei” indica claramente sua forma escrita. De acordo com o Talmude, o Pentateuco hebraico foi dividido em 154 seções para uma leitura sistemática da Torá em cultos de adoração semanais. Através deste sistema, ele seria lido totalmente uma vez a cada três anos. Veja Cânon das Escrituras - AT; Lei. R. B. D. TORRE A torre bíblica, erguida livremente ou colocada sobre um muro ou outro edifício, servia para propósitos de vigilância (cf. Is 5.2; Mt 21.33) e/ou para defesa (cf. 2 Cr 26.9, et al.). O termo heb. migdal é a palavra mais comum do AT para “torre”, e é derivada em última instância não da raiz heb. gdl, “ser grande” (como os léxicos), mas, antes, pela metátese da raiz dgl, “ver, olhar, cuidar” (é sempre assim no cananeu Amarna; cf. também o acadiano madgalul madgaltu, “vigiar”, e a nota hebraica mispeh, ou “torre de vigia”, de sapa, “observar”), A TORRE DE S1LOÉ palavra bahon, traduzida como “torre” em Jeremias 6.27, é melhor traduzida como “acrisolador”. As torres de defesa desempenhavam um papel impOTtante nas fortificações do antigo Oriente Próximo desde os períodos mais antigos até o período do NT. Desde aprox. 7000 a.C., Jericójá se vangloriava de uma grande torre de pedra como parte de suas defesas, enquanto os muros da cidade, de períodos posteriores, possuíam torres em intervalos regulares para fortificá-los. Até mesmo o pequeno castelo de Saul na colina em Gibeá aparentemente possuía uma torre em cada um dos seus quatro cantos. No período helenístico inicial, as torres tornaram-se cada vez mais populares e bem construídas, enquanto as três torres margeando o palácio de Herodes em Jerusalém, ao norte, foram descritas em termos brilhantes por Josefo (ÍTars v.4.3,4). As ruínas de um edifício construído de forma imponente, encontradas no interior do muro da cidade de Balatah pode ser a torre de Siquém mencionada em Juizes 9.46-49 (veja Siquém). A “torre [gr. pyrgos] de Sifoé” (Lc 13.4) talvez deva ser comparada com as ruínas de uma grande torre redonda colocada do lado oposto da aldeia de Silwan (veja Siloé, Torre ae). O termo “torre” é usado de forma figurada no Salmo 61.3; Pv 18.10; Ct 4.4; 7.4; 8.10. Veja Babel, Torre de; Porte, Fortificação, Fortaleza; Porta; Muro. R. Y. TORRE DE BABEL Veja Babel, Torre de. TORRE DE SILOÉ Veja Siloé, Torre de. Torre na orla da encrad» rr, iiiixs ií Acrõpoí^ d«- P'’-rín-: TORRE DE VIGIA TORRE DE VIGIA Em heb. mispeh, que significa “torre de vigia”. A estrutura de pedra, frequentemente construída em vinhedos ou ao longo das fronteiras, que serviu como a base para que Isaías falasse sobre estar continuamente em pé sobre a torre de vigia (Is 21.8; veja também 2 Cr 20.24). Veja Guarda; Torre; Vigiar, Observar, Prestar Atenção. TOSQUIA Como o período da colheita, a tosquia na primavera era um momento de grande festividade e alegria em Israel. Parentes e amigos eram convidados, e vários dias eram gastos não só com a tosquia, mas com banquetes e divertimentos (Gn 31.19; 38.12ss.; 1 Sm 25.2-11,36; 2 Sm 13,23-28a). Quando uma ovelha está sendo tosquiada, geralmente as patas dianteiras são amarradas pelo pastor para impedir qne ela pule, mas ela não emite nenhum som (Is 53.7; At 8.32). Os primogênitos do rebanho tinham que ser consagrados ao Senhor e, portanto, não eram tosquiados (Dt 15.19). TOSQUIAR Veja Tosquia. TOÚ Um dos ancestrais de Samuel (1 Sm 1.1) . Esse nome aparece em uma outra passagem como Toá (1 Cr 6.34) e Naate (1 Cr 6.26). Veja Toí. TOUCA Veja Vestuário: A roupa das mulheres. TOUPEIRA Veja Animais: Ratazana IV.27. TOURO Veja Animais 1.15. TRABALHADOR Adão, como guardador do jardim do Éden, foi, desde o princípio, um trabalhador, lutando para preservar e aumentar aquilo que foi confiado aos sens cuidados. Deus fez do trabalho do homem, durante sua vida, uma mordomia das coisas valiosas que fossem encontradas na terra, sendo os produtos físicos e espirituais a recompensa, e a morte física e espiritual o resultado de seu mau uso (Gn 2.9-17). Quando Caim e Abel ofereceram os produtos de seu trabalho como dádivas para Deus, eles foram aceitos somente quando oferecidos pela fé (Gn 4.3-5; Hb 11.4). As Escrituras revelam a supervisão divina de todo o trabalho humano (Tg 5.4). Quando Labão arbitraríamente mudou o salário de Jacó muitas vezes, Deus interviu para proteger Jacó (Gn 31.29,42). Depois que a lei mosaica foi entregue, os direitos dos trabalhadores em Israel foram protegidos de muitas maneiras. Para um escravo, foi dada a oportunidade de ganhar a completa liberdade ou ao menos um exercício de escolha (Èx 21.2-6). A opressão a um trabalhador contratado era severamente proibida (Dt 24, 1954 TRABALHO 14,15) , e os profetas clamavam continuamente contra ela. A parábola da vinha, proferida pelo Senhor Jesns (Mt 20.1,2), e sua declaração de que o “trabalhador” é digno de seu salário (Lc 10.7), transformou o cumprimento do acordo sobre salários em um princípio. Paulo censurou aqueles que andavam “desordenadamente, não trabalhando, antes, fazendo coisas vãs”, e os exortou a trabalhar “com sossego”, e a comerem “seu próprio pão” (2 Ts 3.10-12). Veja Trabalho; Ocupações. J. W. W. TRABALHADOR ou OBREIRO Todas as diversas palavras usadas para um trabalhador (ou obreiro) denotam o trabalho árduo com as mãos, uma ocupação ativa ao executar uma tarefa ou produzir um produto (1 Cr 22.15; Jr 10.3; 2 Cr 24.13). Este uso ativo e energético também é aplicado aos qne “praticam a iniquidade”, também chamados, em algumas versões, de “obreiros da iniqüidade” (SI 6.8; 14.4; Lc 13.27), e ao homem de Deus que trabalha com afinco, trabalhando na Palavra para mostrar a si mesmo aprovado ao seu Mestre (2 Tm 2.15). Veja Ocupações. TRABALHO A tradução de uma variedade de palavras gregas e hebraicas usadas para indicar uma variedade ainda maior de funções (físicas, mentais, espirituais). Todas são, porém, de alguma forma relacionadas à atividade regular (tanto no sentido de manutenção como de produtividade) de se cumprir o propósito da existência de algo. A ênfase nâo está na atividade que é difícil, pesada ou necessária, mas naquela que é real, produtiva e valiosa. O conceito bíblico do trabalho do homem no mundo é predito na declaração da obra de Deus ao criar e sustentar o mundo e o homem nele. A atividade criadora de Deus é mencionada como “toda sua obra que tinha feito [na criação]” (Gn 2.2,3). Enquanto descansava de seu trabalho de criação iniciai que estava então “terminado”, Deus é citado como ainda trabalhando criativamente nâo só na sustentação ativa de sua criação (Hb 1.3), mas em sua responsabilidade providencial para a qualidade dinâmica da autopropagação com a qual Ele dotou sua criação (SI 19.1ss.; 104.24; Is 61.11). Depois de Deus ter criado o universo, foi observado que “não havia homem para lavrar a terra” (Gn 2.5), e assim “plantou o Senhor Deus um jardim no Éden... e pós ali o homem que tinha formado” (v.8) “para o lavrar e o guardar” (v.15). É importante notar que este compromisso do homem com o trabalho assemeüia-se à sua criação; e esta, por sua vez, está diretamente relacionada com a necessidade do trabalho. Não só o homem é necessário para completar a criação, mas o trabalho do homem também é TORRE DE VIGIA TORRE DE VIGIA Em heb. mispeh, que significa “torre de vigia”. A estrutura de pedra, frequentemente construída em vinhedos ou ao longo das fronteiras, que serviu como a base para que Isaías falasse sobre estar continuamente em pé sobre a torre de vigia (Is 21,8; veja também 2 Cr 20.24), Veja Guarda; Torre; Vigiar, Observar, Prestar Atenção. TOSQUIA Como o período da colheita, a tosquia na primavera era um momento de grande festividade e alegria em Israel. Parentes e amigos eram convidados, e vários dias eram gastos não só com a tosquia, mas com banquetes e divertimentos (Gn 31,19; 38.12ss.; 1 Sm 25.2-11,36; 2 Sm 13.23-28a). Quando uma ovelha está sendo tosquiada, geralmente as patas dianteiras são amarradas pelo pastor para impedir que ela pule, mas ela não emite nenhum som (Is 53.7; At 8.32). Os primogênitos do rebanho tinham que ser consagrados ao Senhor e, portanto, não eram tosquiados (Dt 15.19). TOSQUIAR Veja Tosquia. TOU Um dos ancestrais de Samuel (1 Sm 1.1) . Esse nome aparece em uma outra passagem como Toá (1 Cr 6.34) e Naate (1 Cr 6.26). Vejo Toí. TOUCA Veja Vestuário: A roupa das mu- lheres. TOUPEIRA Vejo Animais: Ratazana IV.27. TOURO Vejo Animais 1.15. TRABALHADOR Adão, como guardador do jardim do Éden, foi, desde o princípio, um trabalhador, lutando para preservar e aumentar aquilo que foi confiado aos seus cuidados. Deus fez do trabalho do homem, durante sua vida, uma mordomia das coisas valiosas que fossem encontradas na terra, sendo os produtos físicos e espirituais a recompensa, e a morte física e espiritual o resultado de seu mau uso (Gn 2.9-17). Quando Caim e Abel ofereceram os produtos de seu trabalho como dádivas para Deus, eles foram aceitos somente quando oferecidos pela fé (Gn 4.3-5; Hb 11.4). As Escrituras revelam a supervisão divina de todo o trabalho humano (Tg 5.4). Quando Labão arbitrariam ente mudou o salário de Jacó muitas vezes, Deus interviu para proteger Jacó (Gn 31.29,42). Depois que a lei mosaica foi entregue, os direitos dos trabalhadores em Israel foram protegidos de muitas maneiras. Para um escravo, foi dada a oportunidade de ganhar a completa liberdade ou ao menos um exercício de escolha (Éx 21,2-6). A opressão a um trabalhador contratado era severamente proibida (Dt 24. 1954 TRABALHO 14,15) , e os profetas clamavam continuamente contra ela. A parábola da vinha, proferida pelo Senhor Jesus (Mt 20.1,2), e sua declaração de que o “trabalhador” é digno de seu salário (Lc 10.7), transformou o cumprimento do acordo sobre salários em um princípio, Paulo censurou aqueles que andavam “desordenadamente, não trabalhando, antes, fazendo coisas vãs”, e os exortou a trabalhar “com sossego", e a comerem “seu próprio pão” (2 Ts 3.10-12). Veja Trabalho; Ocupações. J. W. W. TRABALHADOR ou OBREIRO Todas as diversas palavras usadas para um trabalhador (ou obreiro) denotam o trabalho árduo com as mãos, uma ocupação ativa ao executar uma tarefa ou produzir um produto (1 Cr 22.15; Jr 10.3; 2 Cr 24.13). Este uso ativo e energético também é aplicado aos que “praticam a iniqüidade", também chamados, em algumas versões, de “obreiros da iniquidade" (SI 6.8; 14.4; Lc 13.27), e ao homem de Deus que trabalha com afinco, trabalhando na Palavra para mostrar a si mesmo aprovado ao seu Mestre (2 Tm 2.15). Veja Ocupações. TRABALHO A tradução de uma variedade de palavras gregas e hebraicas usadas para indicar uma variedade ainda maior de funções (físicas, mentais, espirituais). Todas são, porém, de alguma forma relacionadas à atividade regular (tanto no sentido de manutenção como de produtividade) de se cumprir o propósito da existência de algo. A ênfase não está na atividade que é difícil, pesada ou necessária, mas naquela que é real, produtiva e valiosa. O conceito bíblico do trabalho do homem no inundo é predito na declaração da obra de Deus ao criar e sustentar o mundo e o homem nele. A atividade criadora de Deus é mencionada como ‘toda sua obra que tinha feito [na criação]” (Gn 2.2,3). Enquanto descansava de seu trabalho de criação inicial que estava então “terminado”, Deus é citado como ainda trabalhando criativamente não só na sustentação ativa de sua criação (Hb 1.3), mas em sua responsabilidade providencial para a qualidade dinâmica da autopropagação com a qual Ele dotou sua criação (SI 19.1ss.; 104.24; Is 61.11). Depois de Deus ter criado o universo, foi observado que “não havia homem para lavrar a terra” (Gn 2.5), e assim “plantou o Senhor Deus um jardim no Éden... e pôs ali o homem que tinha formado",(v.8) “para o lavrar e o guardar” (v.15). E importante notar que este compromisso do homem com o trabalho assemelha-se à sua criação; e esta, por sua vez, está diretamente relacionada com a necessidade do trabalho. Não só o homem é necessário para completar a criação, mas o trabalho do homem também é TRABALHO necessário. Seu trabalho é tào reflexivo e derivado do trabalho de Deus quanto é seu ser e, por esta razão, é tão importante e digno. Visto que o trabalho é um elemento integral da constituição de Deus do homem como o administrador de sua criação, o trabalho é o resultado da criação e nào do pecado, O homem pecou quando procurou fugir do trabalho humano, e obter a posição de Deus. O efeito do pecado sobre o trabalho não foi criá-lo (pois ele havia sido dado antes da queda), mas frustrar seu desempenho e empobrecer as suas recompensas. O homem que deveria lavrar a terra e guardá-la (Gn 2.15) é agora informado de que, “maldita é a terra" por causa dele; e com dor comeria dela (3.17) e “no suor do rosto” comeria seu pão (v.19). A essência do trabalho, então, torna-se sobrecarregada por acidentes trazidos pelo pecado. A palavra “trabalho” é usada em todos estes sentidos: heb. aseb (Is 58.3) e ‘eseb (Pv 5.10) são fardos penosos, e ‘amai (Dt 26,7; 20 vezes em Eclesiastes etc.) é uma atividade pesada. O termo heb. ygia' (Jó 39.11; Ag 1.11) é o produto do trabmho, ou a propriedade adquirida; ma‘aseh (Ex 23.16) é o trabalho feito. O termo heb. mela’ka (Ne 4.22; que consta mais de 120 vezes como “trabalho”) é a ocupação, negócio ou trabalho de uma pessoa; ‘aboda (Ex 1.14; 39.32; Lv 23.7; SI 104.23) é o trabalho escravo ou a tarefa diária de uma pessoa. O termo heb. p!‘üla (Pv 10.16; Ez 29.20) é geralmente encontrado no plural como “realizações” ou “paga”. A LXX usa o termo gr. kopos para traduzir ‘amai, e o NT o usa para expressar as obras dos justos ao realizarem a vontade de Deus (Jo 4,38; Hb 6.10). Este é um termo caracteristicamente palestino (1 Co 3.8; 15.58 etc.). Aqueles que trabalham excessivamente a ponto de chegarem à exaustão (kopiao} para carregarem o jugo da lei e atenderem às suas exigências são convidados pelo Senhor Jesus a virem a Ele (Mt 11.28). O NT também usa o termo grego geral para trabalho ou negócio (ergon) neste sentido especial do trabalho ou da obra de um homem (1 Co 3.13-15). Os hebreus sempre tinham o trabalho em elevada consideração (Pv 22.29) e, ao contrário dos gregos e romanos, respeitavam o trabalho manual: “Quem a ajunta pelo trabalho [lit. pelas mãos] terá aumento" (Pv 13.11). No Talmude existem provérbios como os que se seguem: “Aquele que não ensina a seu filho um oficio é como se o guiasse para o roubo”; e “O trabalho deve ser grandemente premiado, pois ele exalta o trabalhador, e o sustenta”. Os apóstolos trabalhavam com as próprias mãos (At 18.3), e ensinavam que os cristãos deveríam fazer o mesmo (1 Ts 4.11; 2 Ts 3.10ss.). Veja Trabalhador; Ocupações; Serviço; Salário. W. A. TRADIÇÃO TRAÇA Veja Animais IV.33. TRACONITES Significando “áspero” ou “montanhoso”, este termo é um adjetivo grego aplicado ao território localizado 40 quilômetros a sudeste de Damasco que é mencionado em Lucas 3.1 juntamente com alturéia, formando a tetrarquia de Filipe, filho de Herodes o Grande e irmão de Herodes Antipas. Ela é às vezes citada como Tracom, o que simplesmente transforma o adjetivo em um substantivo. Na verdade, Strabo, o geógrafo da Antiguidade, usa o substantivo no plural, falando de dois distritos (Strabo, xvi.2.20). A extensa massa de rocha vulcânica, basalto negro, que cobre aproximadamente 900 quilômetros quadrados, é a característica peculiar do distrito. E entendida como sendo uma porção do antigo território conhecido no AT como Basã (Dt 3.4), e que é agora chamado de Haurã. Josefo observa que este era um esconderijo para ladrões e criminosos. As ruínas da área indicam que na Antiguidade ela abrigava uma população considerada maior do que aquela que ela possui agora. Parece ter havido alguma agricultura, pequenas plantações de cereais e vinhas, mas o pastoreio de ovelhas e cabras era especialmente adequado para o terreno. O imperador Augusto deu Traconites a Herodes o Grande, que por sua vez a deixou para seu filho Filipe em 4 a.C. Filipe governou este território por aprox. 40 anos. Depois de sua morte, em 34 d.C., ela foi absorvida pela província romana da Síria (Josefo, Ant. xviii.4.6). Em 37 d.C., o imperador Calígula a transferiu para Herodes Agripa I, que a governou até 44 d.C. Os oficiais romanos mais uma vez a governaram após Herodes Agripa, até que ela se tornou uma parte do reino de Herodes Agripa II em 53 d.C., e assim permaneceu até 100 d.C., quando foi devolvida à província da Síria. Em 106 d.C., o imperador Trajano fez de Traconites uma parte da nova província da Arábia. H. L. D. TRADIÇÃO A palavra grega paradosis ocorre 13 vezes no NT e é usada no sentido de um ensino que é transmitido de uma pessoa ou grupo para uma outra pessoa ou grupo. No NT, o termo tem dois significados gerais. É usado para se referir à interpretação oral do AT, particularmente da lei de Moisés, e aos ensinos dos anciãos e rabis judeus. A tradição era chamada de Halakah na literatura judaica, e foi mais tarde escrita e preservada no Mishna e no Talmude (q.v.). Estas tradições eram ffeqüentemente consideradas como tendo a mesma autoridade das Escrituras do AT. O Senhor Jesus censurou severamente os fariseus por esta atitude em relação à tradição; eles haviam abandonado os mandamentos de Deus a fim de seguirem suas próprias 1955 TRAD1ÇA0 tradições, a “tradição dos homens” (Mc 7.3ss.; Mt lS.lss.). A “tradição dos anciãos (ou dos antigos) cegava os homens para suas necessidades espirituais básicas. E fazia da observância de muitas formas externas a qualificação essencial para que alguém pudesse ser aceito por Deus. Esta palavra também é encontrada em Colossenses 2.8 em sentido um pouco mais amplo, que inclui todo o ensino meramente humano. Em três ocasiões, Paulo usa a palavra para denotar seus ensinos (1 Co 11.2; 2 Ts 2.15; 3.6). As tradições eram ensinos de um apóstolo inspirado e que deveríam ser recebidos e mantidos porque a autoridade do céu estava por trás deles. Na igreja primitiva, a tradição oral de testemunhas oculares dos atos e ensinos de Jesus era considerada autêntica e de grande importância (Hb 2.3,4). Lucas fez uso de tal tradição, que foi “transmitida” (do gr. paradidomi, e o verbo correspondendo a paradosis) na escrita de seu Evangelho (Lc 1.2). N. R. L. TRADUÇÕES DA BÍBLIA INGLESA Veja Bíblias, Versões em Língua Inglesa. TRAIÇÃO As palavras gregas subjacentes significam “entregar”. Isto é precisamente o que Judas fez ao trair a Cristo (Mt 26.1416,47-50; Mc 14.10,11,43-46; Lc 22.3-6,47,48; Jo 18.3-5), e representa a maioria das ocorrências desta palavra nas traduções da Bíblia Sagrada. A traição se mostra ainda mais hedionda e pungente pela citação que o Senhor fez do Salmo 41.9; Aquele “que comia do meu pão, levantou contra mim seu calcanhar”. As circunstâncias da traição de Judas e os resultados terríveis para si mesmo, marcaram-no para sempre como um “diabo” (Jo 6.70) e o “filho da perdição” (Jo 17.12). A motivação de Judas para seu ato de traição tem sido revelada como ambição, cobiça e inveja, A ambição frustrante o levou à traição quando ele não encontrou em Cristo as vantagens terrenas que desejava. A cobiça e a inveja foram manifestas em sua reação à unção de Jesus e à subsequente censura que recebeu do Senhor quando, de forma hipócrita, lamentou aquele “desperdício” (Jo 12.18). Frank Morison, em sua obra Who Aíoved the Stone? (pp. 30-39), mostra que Judas estava em uma posição muito favorável para colocar em prática sua decisão de trair a Cristo. Veja Judas. W. B. W. TRAMA 1. Palavra usada para a grade de latão em volta do altar das ofertas queimadas, que era afixada através de quatro anéis de latão em cada um de seus cantos. Sua exata posição e finalidade ainda são incertas (Êx 27.4; 38.4). Veja Altar. 1956 TRANSFIGURAÇÃO DE CRISTO 2. Termo aplicado ao metal trançado que circundava Jaquim e Boaz, os dois pilares do pátio do Templo, feitos por Hirão de Tiro e destruídos por Nabucoaonosor (1 Rs 7.13, 18,20,41,42). 3. Nome genérico dos tecidos de algodão, ou dos diferentes tipos de tecidos de linho feitos no Egito (Is 19.9). Veja Algodão. TRANÇA Veja Cabelo. TRANSFIGURAÇÃO DE CRISTO A pa lavra transfiguração é derivada do termo em latim usado para traduzir o grego metamorphoo, “mudar, passando a ter outra forma”. A transfiguração de Cristo é mencionada em todos os Evangelhos Sinóticos e também por Pedro em sua segunda carta (Mt 17.1ss.; Mc 9.2ss.; Lc 9.28ss.; 2 Pe 1.16-18). Quatro possíveis locais têm sido sugeridos: monte das Oliveiras, monte Tabor, monte Hermom e Jebel Jarmuk. Para alguns, o monte Hermom parece ser o mais provável por causa de sua grande altitude (3.046 metros) e sua proximidade com Cesaréia de Filipe, que é mencionada imediatamente antes do episódio (Mt 16.13; Mc 8.27). Tanto o monte das Oliveiras como o monte Tabor parecem ter sido povoados demais para um evento que requeresse tal privacidade e tranqüilidade como a transfiguração. Jebel Jermaq (1.300 metros de altitude), a montanha mais alta na Galiléia Superior, é sugerida por W. Ewing (ISBE, V, 3006). Ele argumenta que o Hermom fica fora da Palestina, e que portanto era improvável que o fato tivesse ocorrido ali. Além disso, visto que o Senhor Jesus Cristo subiu ao monte para orar (Lc 9.28) e desceu no dia seguinte para se encontrar com uma multidão (Lc 9.37), o Hermom parece ser excessivamente inacessível para ter sido o local do fato. Por outro lado, o Senhor pode ter subido o monte Hermom até certo ponto, sem subir até o cume (“e os conduziu em particular a um alto monte”, Mateus 17.1). Cristo levou os seus três discípulos mais íntimos - Pedro, Tiago e João - consigo nesta ocasião. A transfiguração ocorreu enquanto Ele estava orando (Lc 9.29). Os discípulos, que estavam sonolentos (Lc 9.32), despertaram e viram Cristo transformado. Seu rosto reluzia com um brilho semelhante ao brilho do sol, da mesma forma que iria brilhar após sua ascensão e glorificação, como revelado no livro de Apocalipse, e as suas vestes estavam brancas como a neve (cf. Ap 1,14-16). A glória que o Filho de Deus possuía por seu próprio direito retomou por um momento para cobri-lo (cf. Jo 17.5). A voz celestial que disse: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; escutai-o” (Mt 17.5) era a mesma que foi ouvida na ocasião do batismo de Jesus (Mt 3.16,17). A voz identificou Jesus nâo só como o Messias, mas também como o TR AN SFi GUR AÇ AO DE CRISTO TRASLADAR Profeta de Deuteronômio 18.15-19, aquele que estava verdadeiramente proclamando que o Messias deveria sofrer a morte, e que a cruz era a vontade de Deus. A transfiguração marca uma etapa importante no ministério e revelação de Jesus Cristo. Nela, os dois maiores representantes do AT, um da lei, isto é, Moisés, e um dos profetas, isto é, Elias, se juntaram a Cristo na consumação do plano da morte expiatória, sepultamento e ressurreição de Cristo - seu êxodo (Lc 9.31, gr. êxodos). Assim foi predito que sua paixão seria o meio de redenção de seu povo, como foi tipificada pelo êxodo do Egito no AT. Moisés e Elias foram semelhantes no sentido de que cada um deles havia tido uma visão de Deus em uma montanha; Moisés no Sinai (Êx 24.15ss.), e Elias no Horebe (1 Rs 19.8ss.). Não se sabe o destino final de seus corpos, pois não se conhece o local de sepultamento de Moisés, e Elias foi levado vivo ao céu (Dt 34.6; 2 Rs 2.11). Ambos foram mencionados nos versículos finais do AT (Ml 4,4-6). Alguns pensam que eles devem aparecer novamente na terra no fim dos tempos (Ap 11). A transfiguração é considerada pelo Senhor Jesus Cristo como uma revelação da vinda de seu reino (Mt 16.28; Mc 9.1; Lc 9.27). Bibliografia. E. F. Harrison, “Transfiguration”, BDT, pp. 528ss. A. M. Ramsey, The Glory of God and the Transfiguration of Christ, Londres. Longmans, Green, 1949. R. A. K. TRANSFORMAR A palavra grega usada em Filipenses 3.21; 2 Coríntios 11.13-15; 1 Coríntios 4.6 é metaschematizo. Ela significa “mudar a aparência exterior daquilo que em si permanece o mesmo”, ou “assumir a aparência de outro”. O termo grego metamorpkoo é usado em Mateus 17.2; parcos 9.2; Romanos 12.2; 2 Coríntios 3.18. E usado nas últimas duas passagens como uma referência à mudança do caráter moral para melhor, através da renovação da natureza mais interior, porém se referindo sempre a uma transformação que é visível. Em Filipenses 2.6-8, o termo grego morphe, “forma", é contrastado com scftema, “modo”, como aquilo que é “intrínseco e essencial em contraste com aquilo que é acidental e exterior” (Lightfoot, Philippians, p. 131). O uso de morphe refere-se à expressão visível do caráter ou da essência das coisas (vv.6,7); schema refere-se à aparência transitória das coisas, seu “modo" (v.8; 1 Co 7.31). Veja Kenosis. Bibliografia. J. Behm, TDNT, IV, 742-759. “Morphe etc.”, TRANSGRESSÃO Uma transgressão (heb. ma‘al, um ato de traição ou de má fé; ou pesha1, uma transgressão) é um pecado co- metido contra DeusjNm 31.16) ou contra o homem (Gn 31.36; Êx 22.9; Nm 5.12,27). Além da expiaçâo necessária para o culpado envolvido, o sistema levítico requeria um reembolso ou restituição quando um homem transgredia contra outros (Lv 5,15-6.7; 7.110). Esta oferta (heb/as/iam) tipificava o pagamento feito por Cristo por nossos pecados (Is 53.10ss.). Veia Sacrifícios. A contrapartida espiritual do ritual do AT é exemplificada na restituição e reconciliação exigida dos cristãos antes que as suas transgressões sejam perdoadas (Mt 6.14ss,; 18,1517,21-35; Ef 4.32). Joabe alertou o rei Davi a não se tornar causa de transgressão ou culpa para Israel (1 Cr 21.3). Em outras ocasiões, tribos ou nações inteiras foram advertidas a não agirem de má fé e aumentarem a culpa (Js 22.16,20; 2 Cr 28.12ss.) de suas transgressões. Os líderes são especialmente responsáveis por suas transgressões ou infidelidade (2 Cr 33.19; Ed 9.2,6ss.). Todas as transgressões trazem a ira do Senhor (2 Cr 24.18; Ez 14.13ss.). Os homens estão, por natureza, mortos em suas transgressões (Ef 2.1). Somente Deus pode perdoá-los (Cl 2.13) e tomá-los justos em Cristo ao não mais contabilizar suas transgressões contra eles (2 Co 5.19-21). Veja Pecado. W. B. TRANSJORDÂNIA Veja Amom; Basâ; Edom; Gileade; Haurâ; Jordão; Moabe; Palestina. II.B.4. TRASLADAR As palavras gregas e hebraicas que aparecem como “trasladar” sugerem a idéia de mudança de algo ou alguém de uma condição para outra. Geralmente a mudança é muito clara, determinada e drástica. Foi dito que tanto Enoque como Elias foram trasladados. Estes dois santos do AT escaparam da morte através do traslado. Enoque (Gn 5.24; Hb 11.5) eElias (2 Rs 2.11) foram subitamente transformados por Deus de um estado não glorificado para um estado glorificado. Ao crerem, os pecadores, que não fazem nada mais do que colocar sua fé em Cristo como aquele que se fez pecado por nós, são citados como sendo “trasladados” do reino de Satanás para o reino do Salvador (Cl 1.13). Esta mudança resulta no perdão de pecados e ua mudança de cidadania da terra para o céu. Tal traslado é de natureza espiritual. Há também um traslado físico e final dos crentes. Frequentemente se fala deste grande evento como o arrebatamento da Igreja. Quando Cristo voltar para a Igreja, que é seu corpo (Jo 14.1-3; 1 Ts 4.13-18), os membros deste corpo experimentarão uma mudança completa (1 Co 15.51-57). Paulo chama de “mistério” este traslado ou transformação 1957 TRASLADAR daqueles que estiverem “em Cristo” e vivos quando o Senhor voltar. Deste modo, o apóstolo indica que a verdade do traslado dos santos vivos, na volta do Senhor, não foi revelado no AT. R. P. L. TRATADO Veja Aliança. TRAVE ou VIGA Uma palavra usada para traduzir vários termos hebraicos e gregos que se referem a grandes vigas na construção de pisos, tetos e telhados de edifícios (1 Rs 6.9; 7.2,3; 2 Rs 6.2,5), A palavra também se refere a uma grande barra cujo arqueamento poderia ocorrer de forma indistinta, podendo ser chamada de “eixo do tecelão” (Jz 16.14; 1 Sm 17.7; 1 Cr 11.23). Em 1 Reis 6.36; 7.12, faz-se referência a um tipo que era comum no Oriente Próximo durante o segundo milênio a.C., o uso de um vigamento de traves de madeira para fortalecer um muro sobre um alicerce de pedras com a finalidade de mantê-lo firme caso ocorressem terremotos. O termo foi usado por Jesus em um sentido figurado em contraste com um argueiro (q. o.) ou partícula (Mt 7.3). TRAVESSEIRO1 Esta palavra é a tradução de algumas palavras hebraicas e gregas. 1. Palavra hebraica m''ra’ashot (de ro’sh, “cabeça”), que literalmente significa o “lugar da cabeça”, como em Gênesis 28.11,18. Esse termo também ocorre em 1 Samuel 19.13,16; 26.7,11,12,16; 1 Reis 19.6, referindo-se ao local em torno daquele em que um homem deita a cabeça para dormir. 2. Da palavra hebraica k‘sathot (do acádio kasu, “ligar"), ou laços mágicos de pulso (Ez 13.18,20) . 3. Da palavra hebraica kebir, provavelmente uma colcha tecida ou xale feito com o pêlo de uma cabra preta (1 Sm 19.13,16). Mical dobrou um xale e o enrolou para simular a cabeça de um homem, mostrando um pouco de seu pêlo negro. 4. Da palavra grega proskephalaion, o travesseiro coberto de couro do marinheiro ou do remador sobre o qual o Senhor Jesus adormeceu na popa do barco (Mc 4.38). TRAVESSEIRO2 Veja Cama TREINAR, TREINO Uma palavra hebraica, hanak, que anteriormente se pensava ter o significado de "encher a boca”. Ela veio a ser usada para encher a mente, instruir ou educar (Gn 14.14; Pv 22.6). S, C. Reif recentemente argumentou a favor do significado básico de “iniciar” para todas as passagens onde a palavra hebraica ocorre (também Dt 20.5; 1 Rs 8.63; 2 Cr 7.5); em Provérbios 22.6, ele sugere que o sentido do texto é: “Inicie um menino no caminho certo” (VT, XXII [19721, 495-501). De acordo com W. F. 1958 TREVAS Albright, em Gênesis 14.14 a palavra pode ter uma origem egípcia, com o sentido de “retentor” (BASOR, #94 [1944], p. 24, n. 87), P. C. J. TREPADEIRA Qualquer planta com um caule longo e fino que caminha ou se arrasta pelo chão ou sobe se enroscando em um suporte com a ajuda de gavinhas ou grampos. A trepadeira mais comum da Bíblia era a videira, embora outras trepadeiras como a cabaça (2 Rs 4.39), pepino e melão (Nm 11.5) também sejam mencionados. O solo e o clima da Palestina eram favoráveis às uvas, e elas eram cultivadas há muito tempo em Canaã (Gn 14.18). As videiras de Escol, na região montanhosa de Judá, produziam excelentes frutas (Nm 13.23). Veja Agricultura; Plantas. TRÊS VENDAS Veja Praça de Ápio. TRÊS Veja Número. TREVAS Nome expresso em 11 palavras hebraicas, sendo que a mais comum delas é hoshek, além de várias formas de ’opeT, e em grego por skotm, skotos, “trevas”, e zophos, “tristeza" ou “escuridão”. Trevas físicos. Essa expressão é particularmente mencionada em quatro ocasiões na Bíblia. 1. No momento da criação, quando “havia trevas sobre a face do abismo'’ (Gn 1.2). Ela foi dispersa quando Deus criou a luz e deu início ao processo da criação que está relatado em Gênesis 1,1—2.6, e terminou na criação do homem (2,7-25). 2. As trevas de três dias de duração que constituíram o nono castigo sobre o Egito, “trevas que se apalpem” (Ex 10.21-23). 3. As trevas no momento da crucificação (Mt 27.45) e que continuaram por três horas, da hora sexta até a nona, enquanto Deus escondia, do mundo ímpio, a agonia de seu Filho sobre a cruz. Essas trevas foram um dentre a série de milagres que aconteceram naquela ocasião; terremoto (v.51), trevas (v.45j, rompimento do véu do Templo de alto a baixo (v.51) e ressurreição do corpo de alguns santos (w.52,53). 4. Trevas no segundo advento de Cristo. Essas trevas foram previstas, além do próprio Senhor Jesus Cristo, por Isaías, Joel e João (Is 13.9,10; J1 2.31; 3.15; Mt 24.29; Ap 6.12). Elas serão diferentes da segunda e terceira, embora também acompanharão e significarão juízo. Enquanto as outras parecem ter tido um caráter local, essas irão cobrir toda a terra, pois o sol, a lua e as estrelas estarão escurecidos. Trevas espirituais. A palavra trevas também foi usada em sentido figurado para designar a ignorância e a cegueira espiritual (Ec 2.14; 5,17; Is 9.2; 29.18; 42.7; Jo 1.5; 8.12; 1 Jo 2.11) TREVAS em contraste com a luz (Jo 1.5,9; Is 49.6), O dia da calamidade e do sofrimento é chamado de dia de trevas (Is 8.22; J1 2.2; 1 Jo 2.8) . O desespero dos perdidos é como as trevas (Mt 4.16; 6.23). Como as trevas oferecem a necessária cobertura para o mal, a expressão “as obras das trevas" (Rm 13.12; Ef 5.11) às vezes é usada. A palavra trevas também é usada para expressar a condição da morte longe aa luz do evangelho (Jó 10.21,22; 18.18; Cl 1;13; 1 Pe 2.9) ; dos anjos caídos mantidos em cadeias (2 Pe 2.4; Jd 6); e a condição fmal dos perdidos (Mt 22.13; 25.30; Jd 13). R. A. K. TRIÂNGULOS Uma das duas leituras marginais sugeridas pelas versões ASV e RSV em inglês para a tradução do termo hebraico shalísh em 1 Samuel 18.6. Outras versões traduzem os seus textos como “instrumentos de música” e concordam em acrescentar a tradução alternativa de “instrumentos de três cordas”. O termo hebraico é, definitivamente, ligado com shalosh, “três”, mas seu significado preciso é desconhecido. O que pode ser inferido, com certeza, é que o instrumento era tocado por mulheres em ocasiões de grande alegria para acompanhar canções alegres e danças. Tentou-se identificálo com um alaúde de três cordas (Kolari) ou um xilofone (trad. Americana). Veja. Música. TRIBO A unidade normal de organização social entre os nômades e seminômades semitas. O cajado simbolizava a autoridade do líder. Portanto, as duas palavras hebraicas para bastão denotam, regularmente, uma tribo (matteh, “cajado, bastão”; shebet, “cajado, cetro"). A palavra grega no NT é phyle (por exemplo, Lucas 2.36; Hb 7.13). O texto em Josué 7.14 mostra o esqueleto da tribo israelita. Em ordem decrescente, era composta pelo elâ (heb, mishpahah -, cf. Êxodo 6,14; Juizes 9,1), a casa ou família (heb. bayií) e o indivíduo (heb. geber). Algumas vezes o termo hebraico 'elep (milhar) também tem o significado de “clã’’ (cf. Jz 6.15; 1 Sm 10.19; Mq §.2). O clã ou grupo de famílias (cf Rúben em Êxodo 6.14) era um meio termo entre a unidade tribal maior e as unidades familiares. O termo bet-’abot (“casas de seus pais", Êxodo 6.14) no sentido de famílias patriarcais era ambíguo, referindo-se desde os grupos de uma tribo (Nm 1.4) a um clã (Nm 3.24), uma unidade doméstica (Êx 12.3). Irmãos casados, com poucos fühos, podiam, juntos, ser reconhecidos como formando uma “casa de seus pais” (1 Cr 23.11). Embora grande, incluindo os servos e todos os residentes “nascidos em casa”, como em Gênesis 14.14, a casa existia em tomo de um patriarca ou sheik como Abraão ou Jaeó, e o acompanhava em suas peregrinações (Gn 12.1; 31.17,18). TRIBO A posse de convicções religiosas similares, ancestrais e objetivos econômicos e militares comuns contribuíam para a unidade tribal. Grupos de tribos podiam ser unidos sob um pacto federativo, como os estados na antiga Grécia, em Delfos, e as 12 tribos de Israel em Silú (Js 18.1; 21.2; 1 Sm 1.3). No caso de Israel, a aliança com Jeová foi inicialmente estabelecida na terra prometida em Siquém (Js 8.30-35), e ah foi renovada quando seu líder, Josué, se aproximava da morte (Js 24.1-28). Veja Aliança. Na época do Êxodo, a estrutura tribal israelita incluía um conselho de anciãos (Êx 3.16; 34.31). Veja Ancião. O líder de cada tribo era chamado de príncipe (Nm 34.18). Os “príncipes das tribos”, “os chefes de milhares”, ajudaram Moisés e Arão a contar o povo (Nm 1.416). No período compreendido em Juizes, a descentrahzaçâo, e com ela a ausência da lei, se impuseram. Juizes individuais periodicamente exerceram a autoridade centralizada (cf. Jz 3.15; 4.6; 13.2, 24,25). Samuel, o juizprofeta, (1 Sm 3.20; 7.15) solidificou as tribos precedendo o início do reino sob Saul (1 Sm 9.27-10.1; 11.15). Davi e Salomão, entretanto, como outros monarcas do Oriente Próximo, deliberadamente minaram as bases tribais a fim de fortalecer o nacionalismo. A memória das divisões tribais se manteve viva na história posterior do AT (cf. 2 Cr 5.2; Zc 9.1). Mesmo posteriormente, o NT identifica os indivíduos com suas tribos (cf. Lc 2.36; At 4.36; Fp 3.5; Hb 7.14), e se refere às 12 tribos (Mt 19.28; Tg 1.1; At 26.7; Ap 7.1-4). Os registros da genealogia judaica foram, em grande parte, destruídos no incêndio do Templo em 70 d.C., de tal forma que os judeus modernos não podem ter certeza sobre sua tribo ancestral. Conceitualmente, a tribo está ligada a um antigo progenitor, de forma que no tempo do NT os judeus ainda se consideravam filhos de Abraão, Isaque e Jacó (Jo 8.33; At 3.13). Paulo associa os crentes do NT ao patriarca Abraão, o “pai de todos os que creem" (Rm 4.11-16; Gl 3.6,7,16-29). Assim, todos os cristãos pertencem à mesma “família da fé", uma família espiritual (Gl 6.10; cf. Hb 3.6; 1 Pe 2.5). 0 AT geralmente menciona as 12 tribos de Israel (por exemplo, Gn 35.22-26; Dt 27.12,13; 1 Cr 2.1,2; Ez 48.1ss.). Às vezes, Levi (a tribo sacerdotal e especial) é excluída, e os dois filhos de José aparecem separadamente (Nm 1.20-47). Quando os três são mencionados, a contagem chega a 13 (Gn 46.8-24). O AT contém evidências do antigo padrão tribal de alguns povos nào israelitas, como por exemplo, os edomitas em Gênesis 36.119; os seminômades midianitas em Números 25.15; 31.7-10; os ismaelitas em Gênesis 25.12-18; e os árabes em Gênesis 25.1-3. Estes últimos ilustram a mudança de chefes tribais para reis e governadores ao se assen- 1959 1960 TRIBOS, TERRITÓRIOS DAS TRIBO tarem e se voltarem para a agricultura e o comércio (2 Cr 9.14; Ez 27.20-22). Este colapso da organização tribal também ocorreu com as tribos dos amorreus, quando entraram em contato com a civilização de Mari (q.iO no início do 2o milênio a.C. Veja Família; Casa, Menbros da; Domésticos; Israel; Tribos, Territórios das. W. H. M. TRIBOS, TERRITÓRIOS DAS Os territórios das tribos de Israel não representam áreas fixas com fronteiras permanentes. Ao contrário, elas estiveram sujeitas a frequentes mudanças desde a época da conquista de Canaã, sob o comando ae Josué, até o reinado do rei Davi, As Fronteiras Ideais de Israel A fronteira norte da terra de Canaã para a qual as tribos de Israel migraram é delimitada pelo monte Hor (provavelmente um pico proeminente da serra libanesa, próximo à costa do Mediterrâneo ao norte de Biblos), Afeca na fronteira dos amorreus, Lebo-Hamate, Zedade, Zifrom e Hazar-Enã. De Hazar-Enã, localizada a aproximadamente 160 quilômetros a leste da costa Mediterrânea, a fronteira ideal volta-se ao sul para Sepham e Ribla, locais até hoje não identificados. É de aceitação geral, que a fronteira ao longo do deserto Sírio vira a leste próximo à latitude de Bete-Seâ, e prossegue a oeste-noroeste até o mar da Galiléia em Aim. A fronteira oriental continua para o sul através do vale do Jordão e do mar de Sal (mar Morto). No extremo sul do mar Morto, a fronteira é adjacente à fronteira de Edom, e virase a oeste para Hazar-Adar e Cades-Barnéia, e finalmente para o ribeiro do Egito. O Mediterrâneo serve como a fronteira ocidental. Estas são, de forma geral, as marcas qne definem as fronteiras externas da terra de Israel (Nm 34.1-12; Gn 15,18-21; Js 15.1-5; Ez 47.13-21; 48. 28), Deve-se notar, entretanto, qne estas nunca foram as fronteiras reais. Fases da Colonização Nos anos iniciais da colonização israelita, as fronteiras reais eram um tanto incertas e bastante flexíveis. O termo “terra de Israel”, que começou a ser utilizado durante a colonização israelita em Canaã, referia-se, inicialmente, apenas aos setores israelitas da ocupação, em contraste com os setores dos cananeus, e de outros povos (cf. 1 Sm 13.19). Durante os estágios iniciais da colonização, o território tribal não era constituído por províncias com grandes territórios, mas por cidades ou grupos de cidades e suas terras adjacentes. Alguns desses domínios eram isolados de outros domínios da mesma tribo. As primeiras tribos a possuírem seu território foram Gade, Rúben e Manassés na Transjordânia. Gade ocupou a terra de Ja- zer, a terra de Gileade e a terra de Dibom (Nm 21.32; 32.1,34-36; 33.45,46; Js 13.2428). Rúben ocupou a terra de Hesbom e várias cidades próximas (Nm 32.37,38; Js 13.15-23; 1 Cr 5,8-10). Portanto, os territórios das duas tribos se sobrepunham. O clã Maquir da tribo de Manassés ocupou partes de Gileade e Basâ no norte da Transjordânia (Nm 32.33,39-42). Na Cisjordânia, apenas aquelas regiões sem uma forte presença da colonização cananéia foram inicialmente ocupadas e controladas pelos israelitas. Essas regiões se localizavam nas montanhas e no interior (Js 17.18; Jz 1.19). A colonização israelita, principalmente nas montanhas, as manteve longe dos centros administrativos egípcios em Canaã, Esse isolamento nas montanhas explica, em parte, a ausência na Bíblia Sagrada de menções a nm certo número de uest&es externas que conhecemos a partir e arquivos extrabíblicos como as cartas de Amarna (q.v.). A coalizão Judá-Simeâo fixou-se nas montanhas e no deserto a oeste do mar Morto. A fronteira ao norte se estendia ao norte de Belém e Bete-Semes. A fronteira ocidental ia para o sul através da Sefelã, para o Neguebe e até, aproximadamente, a latitude da margem sul do mar Morto. A tribo de Benjamim foi concedida a terra que estava na região montanhosa ao norte de Jebus (Jerusalém). As tribos de José ocuparam a maioria das montanhas ao norte de Benjamim até o monte Gilboa. Manassés, como mencionado acima, também ocupava áreas na Transjordânia. Na Cisjordânia, esta tribo colonizou a seção norte do “monte de Efraim” e a região ao longo da costa de Sarom, de Aser até Dor, do sul do monte Carmelo até Micmetate, do lado oposto a Siquém, cerca de 13 quilômetros ao norte da Tel-Aviv (Js 17.2-10). A tribo de Efraim ocupou, primeiramente, as montanhas ao snl da região que mais tarde foi chamada de Samaria, embora a colonização tenha se mesclado com a de Manassés (Js 17.9,10). Aser, Naftali, Zebulom e Is sacar colonizaram a região da Galiléia (veja o mapa). À medida que algumas das tribos e clãs cresceram além de suas áreas originais, eles se expandiram derrubando florestas e expulsando os cananeus (Js 17.14-18). Outras tribos, como Dã, foram para novas regiões por falharem em se apossar dos territórios que lhes foram designados (Jz 17,18). Clãs ou partes deles mudaram de local, de maneira que alguns tinham representantes em mais de uma tribo (ef. Tola, um homem de Issacar que vivia na montanha de Efraim, Jnízes 10.1; Gn 46.13; Nm 26.23; ef. também os clãs deAcã, Hezrom e Bela). Então, mesmo após a reunião da liga tribal em Siló, seu novo centro religioso (Js 18.1; 21.1,2), para distribuir terras entre as sete tribos restantes 1961 TRIBOS, TERRITÓRIOS DAS (Js 18,1-10) lançando sortes, a geografia política foi extensivamente alterada. Durante as fases posteriores da colonização, no período dos juizes, as fronteiras designadas permaneceram as mesmas. Entretanto, as guerras locais descritas no livro de Juizes parecem indicar que essas fronteiras não eram seguras. A Designação Designação das Fronteiras Tribais Os registros das fronteiras delineadas, preservadas para nós em Josué 13-22, variam bastante nos detalhes, O registro contém dois tipos de listas. Um tipo aponta os pontos de referência das delimitações das fronteiras (por exemplo, Js 15.1-12; 16.1-3,5-8; 17.7-9). Este método de descrição de fronteiras — partindo da cidade para a montanha, para a cidade, para o rio etc. - é bastante similar àquele que é utilizado nos arquivos ugaríticos do acordo fronteiriço entre o rei hitita e Niqmadu, soberano da cidade-estado vassala de Ugarite (WBC, p. 223ss.). O segundo tipo é simplesmente uma lista de cidades que serve como uma descrição da herança tribal (por exemplo, Josué 19.1-9, eí al.). Isto, obviamente, torna mais difícil uma precisa reconstituição das fronteiras. Além disso, apenas a herança de sete tribos está listada com a descrição de suas respectivas fronteiras. Como anteriormente mencionado, os domínios das tribos ou clãs se entrelaçavam. Ocasionalmente, uma cidade pertencia a uma tribo, enquanto as terras anteriormente pertencentes a essa cidade, no período cananeu, haviam se tornado de propriedade de outra tribo. O arranjo das fronteiras se adequava aos requisitos da economia agro-pastoril da Palestina, de tal forma que uma tribo não era dependente somente de um ou dois tipos de lavoura. Quase sem exceção, a tribo possuía alguns vales on planícies férteis onde se podia cultivar grãos, algum morro apropriado para pomares e vinhedos, e uma área restante para pastorear seus rebanhos e manadas. Assim, seu bem estar não era comprometido pelo fracasso de um tipo de produto agrícola. As Fronteiras do Reino de Davi Os textos em Juizes 1 e Josué 13.1-6 descrevem a terra que permaneceu nas mãos dos cananeus, amorreus e filisteus. Esta área, fora os bolsões de colonização “estrangeira” que existiam dentro da ocupação israelita, era formada pela planície filistéia ao longo da costa do Mediterrâneo, se estendendo ao sul do rio Yarkon, e a área ao norte de Alabe (Jz 1.31) junto a Misrefote-Maim (Js 11.8; 13.6) na costa de Sidom, e se estendendo para o leste, em direção a Damasco. Os conflitos continuaram de maneira mais ou menos constante até as guerras de Davi, quando ele subjugou os filisteus e expandiu 1962 TR1BULAÇAO grandemente o território de seu reino. No reinado de Salomão, as fronteiras de Israel se expandiram ao norte para incluir Hamate e Tadmor, chegando ao rio Eufrates. Ao sul, elas alcançavam o mar Vermelho. A leste, Israel englobava os sírios, amonitas, moabitas e edomitas, chegando, assim, ao deserto árabe (2 Sm 8.1-14; 1 Rs 4.24; 9.26). Tanto Davi como Salomão utilizaram a instituição tribal fundamental como a base para a administração dos seus territórios (1 Cr 27; 1 Rs 4.7-19). Bibliografia. Y. Aharoni, The Land of the Bible, Londres. Bums and Oates, 1966. Karl Elliger, “Tribes, Territories of’, IDB, IV, 701710. John Rea, “Joshua”, WBC, pp. 205-231. G. A. Smith, The Histórica! Geography of the Holy Land, Londres. Hodder & Stougliton, 1931. P. W. F. TRIBULAÇÃO Esta palavra ocorre três vezes na versão KJV em inglês do AT, e é a tradução de sar, em Deuteronômio 4.30, e do cognato sara, em Juizes 10.14 e 1 Samuel 26.24, A forma plural deste último é traduzida como “tribulações” na KJV em 1 Samuel 10.19. A noção básica nestes termos é a sensação desagradável de claustrofobia, que ocorre quando se é confinado em um lugar apertado. Os dois termos hebraicos derivados da raiz s-r-r, “estar apertado, estreito”, significam “estreito” ou “apertado”. Adicionalmente, a versão RSV em inglês usa o termo “tribulação” (que a versão KJV traz como “dores do parto”) em Lamentações 3.5 como a tradução do termo hebraico tHa’a, “aborrecimento, opressão”, embora o texto apresente algumas dificuldades. A versão inglesa do NT usa o termo “tribulaçâo” como uma tradução do grego thlipsis, de thlibo, que tem a mesma conotação geral do heb. sar, sara; e frequentemente fornece esses termos na Septuaginta (LXX). O termo grego thlipsis ocorre cerca de 45 vezes no NT, e é traduzido na KJV como: “tribulação” (21 vezes), “aflição” (17 vezes), “problema" (3 vezes), “perseguição” (1 vez), “angústia” (1 vez), “estar aflito” (1 vez) e “sobrecarregado” (I vez). Apalayra é encontrada em associação COnrTwrseguição” (Mt 13.21; 2 Ts 1.4), “angústia” ou “aflição” (Rm 2.9), com “angústia, perseguição, fome, nudez, perigo e espada” (Rm 8.35); e com “aflições” junto com “necessidades, angústias, açoites, prisões, e tumultos” (2 Co 6.4ss). Embora a “tribulação” ou a “aflição” no NT possam ter causas naturais, como viuvez (Tg 1.27), parto (Jo 16.21), fome (At 7.10) e tribulações na carne (1 Co 7.28, “angústia”), seu uso está predominantemente relacionado à tribulação que o cristão encontra no mundo por causa da Palavra de Deus (Mt 13.21; ef Mc 4.17; 1 Ts 1.6; Jo 17.14) e por TRIBULAÇÃO amor ao nome do Senhor Jesus Cristo (Mt. 24.9; Jo 15.21; 2 Co 12.10; Ap 1.9). A tribuiaçâo é identificável com “levar a própria cruz” (cf. Mt 10.34-38; 16.24; G16.12) ou com o antagonismo que se transfere ao cristão como resultado da tensão entre o evangelho e o mundo. Esta não é a tribulação, em seu sentido geral, mas a tribulação específica decorrente da identificação do crente com Cristo (2 Tm 3.12). Ela vem como decorrência lógica da natureza do evangelho, como disse nosso Senhor Jesus Cristo: “No mundo tereis aflições” (Jo 16.33; cf. 1 Ts 3.4) . Paulo alertou o fiel de que “por muitas tribulações” nos importa entrar no reino de Deus (At 14.22; cf. Lc 14.27-33; Hb 10.32ss). O apóstolo sentia que havia recebido uma sentença de morte (2 Co 1.8), e lembrou aos tessalonicenses que neste mundo sofremos tribulações (1 Ts 3.3). A inevitável tribulação do cristão é vista, entretanto, como sua identificação com o sofrimento de Cristo. Paulo considerava a tribulação como uma participação nos sofrimentos de Cristo (2 Co 1.4ss.), como carregar no corpo, de forma perene, a morte de nosso Senhor (2 Co 4.8ss.; cf. Rm 8.35), e um complemento de suas aflições pela Igreja (Cl 1.24). Esta tribulação deve ser pacientemente suportada (Rm 12.12; Ap 1.9; Ef 3.13; cf. Hb 12.7; 2 Ts 1.4), pois escapar dela é uma atitude que priva o cristão de seu verdadeiro desenvolvimento. A tribulação separa os verdadeiros seguidores dos falsos (Mt 13.21; 1 Ts 1.6); ela recomenda ao mundo a verdadeira natureza da fé, através da provação (2 Co 6.4; 8.2; Ap 2.10). Além disso, se o cristão carrega em seu corpo a morte do Senhor Jesus, ele paradoxalmente descobre que a vida de Jesus se mapifesta em sua carne mortal (2 Co 4.10ss.). A medida que o cristão compartilha com abundância os sofrimentos de Cristo, ele compartilha com abundância o consolo que vem através de Cristo (2 Co 1.5). Enquanto descreve sua tribulação como uma “sentença de morte”, Paulo indica seu propósito didático: que ele não deveria confiar em si mesmo, mas em Deus, que ressuscita os mortos (2 Co 1.8,9). A tribulação inevitável, que o crente deve suportar pacientementç, o identifica com a ordem eterna de Deus. E assegurado ao cristão que a leve e momentânea tribulação de sua época contará em seu favor em termos de uma glória ainda muito maior (2 Co 4.17). Se ele é tratado pelo mundo como um impostor, um desconhecido, moribundo, castigado, infeliz e sem posses, ele se descobre, paradoxalmente, honesto, bem conhecido, vivo, indestrutível, cheio de alegria, rico e possuidor de todas as coisas na ordem eterna. Ele sabe que nada pode separá-lo do amor de Deus - nem mesmo a tribulação - e que nenhuma tribulação pode lhe fazer outra TRIBULAÇÃO, GRANDE coisa que não seja aumentar sua jubilosa esperança (Rm 5.3; cf. Ap 2.9). Ele pode ter tribulações no mundo, mas em Cristo ele tem paz e é encorajado a crer que participará do triunfo do seu Senhor sobre o mundo (Jo 16.33; cf. 16.21ss.). A presente ambiguidade envolvida na tribulação do cristão será definitivamente resolvida (Rm 2,9; 2 Ts 1.6; cf. Ap 2.22), Em linguagem apocalíptica, o Sermão do Monte descreve a tensão final entre o mundo e o reino de Deus como a causadora da grande tribulação (Mt 24.21), mas a chegada do Filho do Homem libertará os eleitos finalmente e para sempre (Mt 24.29ss.; Mc 13.24ss.; cf. Ap 7.14). Veja Tribulação, Grande; Aflição; Perseguição; Sofrimento. Bibliografia. Heinrich etc.”, TDNT, III, 139-148. Schlier, “Thlibo E. R. D. TRIBULAÇÃO, GRANDE A Tribulação será um período de sete anos que ocorrerá entre o arrebatamento da Igreja e o, segundo advento de Jesus Cristo na terra. E o período conclusivo da profecia das 70 semanas de Daniel (Dn 9.24-27). Os sete anos são divididos em dois períodos iguais, o segundo chamado de Grande Tribulação (Mt 24.21). O caráter do período é claramente revelado nas Escrituras. É um tempo de “ira” (Sf 1.1518; lTs 1.10; 5.9; Ap 6.16,17; 11.18; 14.10,19; 15.1,7; 19.2); “indignação” (Is 26.20,21; 34.13); “tentação” (Ap 3.10); “angústia” (Jr 30.7; Sf 1,14,15; Dn 12,1); “destruição” (J1 1.15; 1 Ts 5.3); “trevas” (J1 2.2; Am 5.18; Sf 1.1418); “desolação” (Dn 9.27; Sf 1.14,15); “transtorno” (Is 24.1-4,19-21); “punição” (Is 24.20,21) , Veja Tribulação. A tribulação tem dois propósitos principais: (1) Deus preparará um pequeno grupo de fiéis sobreviventes na nação de Israel a quem o Messias virá, aos quais todas as promessas serão cumpridas. O evangelho do reino, a boa nova de que o Rei está chegando, será pregada universalmente (Mt 24.14) e multidões aceitarão, pela fé, a salvação oferecida. Deus fará novamente por Israel o que Ele fez através de João Batista em sua primeira vinda (Mt 3.1-10; Lc 3.3-14; cf. Ml 4.5,6). (2) Deus derramará o julgamento sobre os homens e as nações que não creem (Ap 3.10; Jr 25.32,33; Is 24.1; 2 Ts 2.12). Esses julgamentos virão de dnas maneiras: diretamente de Deus, e indiretamente através de homens e exércitos. A septuagésima semana da profecia de Daniel começa oficial mente quando a última cabeça do quarto império mundial (Roma) faz uma aliança com Israel, garantindo-lhe seus direitos na Palestina e a retomada dos sacrifícios (Dn 9.27). Esta aliança é quebrada após três anos e meio, e a Grande Tribulação sobrevêm à terra. 1963 I TRIBULAÇÃO, GRANDE Os eventos do período da Tribulação estão expostos em grandes detalhes nas Escrituras. As nações originárias do Império Romano serão novamente reunidas sob uma potência mundial (Dn 2 e 7; cf. Ap 17.12,16,171. A cabeça do império é conhecida como a ponta pequena (Dn 7.8}, a abominação da desolação (Mt 24.15), o homem do pecado (2 Ts 2.3), o Anticristo (1 Jo 2.18) e a besta (Ap 13.1-10). Este soberano político fará uma aliança com Israel (Dn 9.27). O rei do norte, também conhecido como Gogue (Ez 38) se oporá a ele (Dn 11.40), mas será destruído pelo Senhor ao invadir a Palestina (Ez 39). Tendo sido removido este forte poderio, o Anticristo será capaz de controlar o governo mundial. Um grande sistema religioso centrado na adoração a esta figura política - será promovido pelo falso profeta (Ap 13.11-18), e passará a ter um alcance mundial. Por ocasião da volta do Senhor Jesus Cristo, este sistema político-religioso será destruído (Ap 19.20). Durante a Tribulação, Deus derramará seu juízo na terra através da abertura dos selos (Ap 6), do toque das trombetas (Ap 8-11), e do derramamento das taças (Ap 16). Através da pregação das 144.000 testemunhas seladas (Ap 7.1-8), o evangelho será proclamado aos confins da terra, e multidões se voltarão ao Senhor (Ap 7.9,10). A Tribulação terminará por ocasião da segunda vinaa do Senhor Jesus Cristo à terra (Mt 24.22,29,30; Ap 19.11-16; cf. Zc 14.1-7). Veja Anticristo; Cristo, Vinda de; Escatologia; Arrebatamento. J, D. P. TRIBUNA, BASE ou PLATAFORMA A plataforma de bronze na qual Salomão subiu e ajoelhou-se (2 Cr 6.13). Como no heb. o termo kiyyor geralmente significa uma tigela de cozinha ou bacia, a plataforma era provavelmente Tedonda. TRIBUNAL Um lugar elevado; uma tribuna ou palanque para oradores. Designava o assento ou cadeira oficial de um juiz nos tribunais gregos e romanos. A palavra gr. bema aparece 12 vezes no NT, e em muitas versões é traduzida como ‘‘tribunal” em dez delas (Mt 27.19; Jo 19.13; At 18.12,16,17; 25.6,10,17; Rm 14.10; 2 Co 5.10). Geralmente a palavra designa o assento oficial (tribunal, banco judicial) de um juiz, que era, freqüentemente, o governador ou o procurador romano (embora tenhamos exceções como: At 25.10, “de César”; Rm 14.10, “de Deus”; 2 Co 5.10, “de Cristo”). No entanto, Atos 12.21 refere-se ao trono de Herodes Agripa em Cesaréia, que era semelhante à plataforma de um orador. Para o Tribunal de Cristo, veja Julgamento: Juízos de Deus 2, c. TRIBUNO Esta palavra consta em várias 1964 TRIBUTÁRIO, TRIBUTO versões no texto que está em Atos 21.31 como o oficial responsável por uma corte romana, geralmente constituída por cerca de 600 homens. O termo grego chiliarchos significa, literalmente, “comandante de mil”; ele também é encontrado em João 18.12 como uma referência ao capitão que prendeu e algemou o Senhor Jesus, É utilizado na alta hierarquia militar, em um sentido geral, em Marcos 6.21; Apocalipse 6.15; 19.18. O termo latino tribunus, “chefe de uma tribo”, originou-se da designação de comandantes de alguns pelotões fornecidos ao exército romano por tribos aborígines. Vinte e quatro tribunos - número suficiente para comandar quatro legiões - eram escolhidos por voto popular, e o restante por cônsules. Havia também tribunos responsáveis pela administração da lei e do governo. Por exemplo, havia dez tribunos de Roma designados para este propósito, e que tinham, inclusive, um poder de veto que costumavam exercer integralmente nas ocasiões em que os Césares mostravam-se fracos. Veja Capitão. R. A. K. TRIBUTÁRIO, TRIBUTO Um tributário (heb. mas1 era um povo ou nação sujeito a outro a quem pagava tributos, impostos ou taxas compulsórias como sinal da relação entre eles (Dt 20.11; Jz 1.30,33,35; Lm 1,1). O tributo tinha dois objetivos: manter uma nação subjugada, e enriquecer o conquistador e fornecer recursos necessários (Et 10.1; Rm 13.6,7). As cidades da planície que foram entregues a Abraão foram tributárias por 13 anos e depois se rebelaram (Gn 14.1-5). O rei Jeú de Israel foi tributário de Salmaneser III; Menaém, de Tiglate-Pileser (2 Rs 15.19); Israel, de Sargão; Manassés, rei de Judá, de Esar-Hadom. Os reis assírios se gabavam dos tributos que extorquiam de Israel e de outros povos conquistados (ANET, pp. 275301; ANEP # 305-356). Por causa de sua posição na linha de combate entre as grandes potências do Egito e da Babilônia, e sua pequenez, a nação de Israel estava sujeita a se tornar tributária. Por outro lado, quando Israel tornava-se forte, seus reis recebiam tributos de príncipes e povos estrangeiros. Depois de Davi ter estabelecido guarnições em Damasco, e em outros locais, os sírios tornaram-se vassalos e lhe trouxeram “presentes” (ou “tributos”; 2 Samuel 8.6). Todos os reis, do Eufrates ao Egito, traziam “presentes” ou tributos a Salomão (1 Rs 4.21; cf. 2 Cr 8.7,8). Josafá recebeu tributo dos filisteus e dos árabes (2 Cr 17.11), e Uzias dos amonitas (2 Cr 26.8). Além de prata, ouro e gado, o tributo podia ser pago na forma de trabalhos forçados ou de um imposto (q.v.) em mão de obra. Veja. também Imposto. TRIBUTÁRIO, TRIBUTO Quanto ao tributo em dinheiro pago a César (Mt 22.17,19), veja Pesos, Medidas e Moedas. R. A. K. TRIBUTO Taxas ou serviços impostos ao povo pelo governo. A palavra hebraica mas foi traduzida cinco vezes como “imposto” na versão KJV em inglês (1 Rs 5.13 [duas vezes], 14; 9.15,21). Também foi freqüentemente traduzida como “tributo”, “tributável” e “trabalho forçado” em outras versões. Todas as referência citadas abaixo contêm a palavra mas. Elas também são encontradas nas versões ASV e RSV em inglês. O tributo sobre os conscritos ou o trabalho escravo é visto nas seguintes ocasiões: (1) Israel no Egito sob o Faraó (Ex 1.11; os “capatazes” eram literalmente “diretores dos operários e das tarefas, ou grupos de escravos”); (2) os povos cananeus conquistados (Dt 20.11; Js 16.10; 17.13; Jz 1.28,30,33,35); (3) o departamento de “trabalhos forçados” de Davi (2 Sm 20.24); (4) os israelitas conscritos de Salomão U Rs 5.13,14; cf. 11.28; 15.22) e o “imposto forçado de escravos” exigido dos povos conquistados (1 Rs 9.15,21; 2 Cr 8,8). Samuel advertiu que os futuros reis de Israel exigiríam serviços gratuitos por parte do povo (1 Sm 8.10-18). Muitas vezes esse tipo de trabalho é chamado de “corvéia”, isto é, o período gratuito de trabalho exigido de um vassalo pelo senhor feudal, que é diferente de uma escravidão permanente. Nas cartas Amarnaíç.u.), e em TRILHAR outras tábuas de AlalaMi e Ugarite, existem referências ao trabalho sob o regime de corvéia para o rei local. Um fragmento de louça escavado em 1960 ao sul de Jope representava uma carta do século VII a.C. escrita em hebraico ao governador de um distrito do reino de Josias, de Judá, por um camponês nascido livre. Ele se queixava de que, embora tivesse cumprido a quota que lhe havia sido imposta no trabalho de sega da propriedade real, o supervisor havia confiscado suas vestes, provavelmente para punilo por causa de uma suspeita de ociosidade (BASOR #167 [1962], pp. 3L35). Paradoxal mente, o povo que iniciou sua vida nacional na condição de trabalhadores forçados no Egito (Êx 1.11), e que também forçou os seus inimigos derrotados a esse mesmo estilo de vida (1 Rs 9.15,20,21), encerrou sua vida como nação tendo sua principal cidade descrita como “tributária” (Lm 1.1). Veja Imposto; Tributário, Tributo; Publicano. W. B. TREFENA Uma mulher que trabalhou com Trifosa em Roma, a quem Paulo enviou saudações (Rm 16.12). Trifena era, também, o nome de uma rainha da Trácia que se tomou amiga da heroína Tecla no apócrifo Atos de Paulo e Tecla. Os dois nomes foram encontrados em epitáfios em um cemitério usado, principalmente, para serviçais da casa real (cf. Fp 4.22). Como o nome Trifosa vem da mesma palavra grega raiz (significando “luxuriante”), supõe-se que ambas fossem irmãs, talvez gêmeas, “pois era comum designar membros da mesma família por derivações da mesma raiz” (Lightfoot, Philippiam, pg 175). TRIFOSA Veja Trifena. TRIGO Veja Plantas. Obelisco Negro de Salmaneser da Assíria, O detalhe mostra Jeú de Israel prostrado diante de Salmaneser trazendo seu tributo, BM TRILHAR O processo de separar o grão comestível da casca e armazená-lo. Algumas safras deviam ser arrancadas pelas raízes e trilhadas onde estavam, mas geralmente os cereais eram cortados com uma foice e amarrados em feixes que seriam levados para uma eira (q.v.). Ali, uma safra pequena podería ser batida com varas ou debulhada (Is 28.275). Os feixes de uma colheita maior seriam espalhados e um boi seria levado para frente e para trás por cima delas (Dt 25.4). Outra opção era um par de animais puxar uma tábua por cima dos grãos. O lado de baixo da tábua se tornava rugosa por meio do acoplamento de grossos pedaços de pedras ou ferro (2 Sm 24.22). Instrumentos mais elaborados para trilhar tinham pedras ou rodas com dentes de ferro suportando uma plataforma que podería ser dirigida pelo sen condutor (Is 28.27,28; 41.15). Veja Instrumento de Trilhar. Durante a trilha, os feixes eram freqüen- 1965 TRILHAR TRINDADE Cena de uma joeira de grãos nas proximidades de Siquém. JR temente virados por um tipo de garfo. Uma brisa refrescante ajudava a retirar a casca leve ou a palha, especialmente quando o material era lançado ao ar (cf. SI 1.4; Is 41.16) . No último caso, o grão mais pesado caía, já completamente separado. O ato de lançar o grão ao ar, com este propósito, é chamado de joeirar ou padejar (Rt 3.2). Veja Agricultura. TRINCHEIRA Uma vala ou escavação estreita. E usada para traduzir os seguintes termos: 1.0 heb. ma‘gal. Em 1 Samuel 17.20 e 26,5,7, várias versões traduzem o termo como “trincheira* (ou acampamento). Algumas versões trazem um comentário marginal que diz que o termo tem o sentido de “lugar de carruagens” (“em meio aos seus carros”, 1 Samuel 26.5). Aversão AS V em inglês o traduz como o “lugar dos carros" com uma leitura marginal de “barricada”, enquanto a versão RSV em inglês usa a palavra “acampamento”. A raiz do termo ‘-g-l pode concebível mente ser relacionada com ‘agala, “carro ou carroça”, e significa a formação de carros circundando o exército israelita como uma barricada de proteção. Mas a mesma raiz pode mais apropriadamente ser utilizada com o significado de “redondo” (cf. seu uso na Septuaginta: gr. stroggylosin, “uma circunferência”), e geralmente se refere ao acampamento em sua forma circular. Além disso, a palavra “trincheira” cria uma impressão errada na mente do leitor; conseqüentemente, a palavra “acampamento” ou “círculo do acampamento" é preferível. 2. O heb. hei. Na versão KJV em inglês, no texto em 2 Samuel 20.15, Joabe e seus homens, no cerco da cidade de Abel-Bete-Maaca levantaram contra a cidade “um montão da altura do muro". Embora algumas versões em inglês (ASV, RSV e NASB) traduzam o termo como “defesa”, é mais correto concebêlo como um pequeno muro externo (JerusB) ou ante-fortificacão. 3. O heb, t‘‘ala. Em 1 Reis 18,32,35,38, Elias ordenou que uma grande vala (ou rego) fos- 1966 se feita ao redor do altar, e ela logo depois foi cheia com a água dos 12 cântaros que foram derramados sobre o sacrifício. 4. O termo heb. gebim. Em 2 Reis 3.16, várias versões traduzem este termo (que ocorre várias vezes) como muitas covas. Uma tradução literal do oráculo divino é: “Fazei neste vale muitas covas". As covas serviam para a coleta antecipada de água para os exércitos sedentos. No NT, a cidade de Jerusalém é representada como sendo cercada por trincheiras (ou “rampas de ataque") que foram levantadas contra ela por seus inimigos (Lc 19.43). O termo gr. charax é usado aqui em um sentido militar de uma paliçada ou cerca de estacas que impede a entrada ou a saída da cidade sitiada. E. R. D. TRINDADE A igreja primitiva, oposta ao politeísmo, com o AT ensinando que há um só Deus, foi logo forçada a questionar: Quem é Jesus Cristo? Era Ele apenas um homem? E Ele um anjo? Ou é Ele um Deus? E se Ele é um Deus, existem dois Deuses? Próximo ao início do século IV, um forte grupo na Igreja, sob a liderança de Ario, afirmava que Cristo era um anjo criado. Atanásio comandava a ortodoxia e garantiu a condenação do Arianismo no Concilio de Nicéia em 325 d.C. A decisão foi repetida e o Credo de Nicéia recebeu sua forma final no Concilio de Constantinopla em 381 d.C. O debate no concilio centrou-se no significado do título Filho de Deus. Os arianos sustentaram que o Filho nem sempre tinha existido; o Filho ou Palavra é uma criatura, uma obra, não o mesmo, em essência, com o Pai e, portanto, não era o verdadeiro Deus. Atanásio, ao contrário, criou uma distinção entre a filiação moral, no sentido de que todo crente é um filho de Deus, e uma filiação natural, como Isaque era filho de Abraão. Então, se Cristo fosse Filho apenas no sentido moral, Ele não seria diferente de nós e não seria o único Filho de Deus. A isso, os arianos respondiam que Cristo é o único Filho de Deus porque Ele veio a ser unicamente através do Pai, encjuanto todos os outros são gerados pelo Pai através do Filho. Mas essa construção, alegava Atanásio, nos tornaria filhos de Cristo ao invés de filhos de Deus. Cristo, então, nos separaria de Deus ao invés de nos unir a Ele. O debate se aprofundou em detalhes. Ário usou Provérbios 8.22, “O Senhor Deus me criou antes de tudo, antes das suas obras mais antigas" (RSV), para provar que Cristo era uma criatura. Atanásio referenciou o verso à natureza humana de Cristo. Q concilio, por fim, rejeitou a afirmativa de Ario de que o Filho é como o Pai, assim como o estanho se assemelha à prata, e adotou o TRINDADE Credo de Nicéia para o qual o Filho é dito ser um em essência com o Pai. Alguns críticos ridicularizam a teologia e o concilio por ter discutido tão violentamente a respeito da importância da letra “i”. O ponto em debate era se Jesus Cristo era da “mesma essência” (homoousios) do Pai (e, portanto, Deus por inteiro) ou de “essência similar" (homoiousios) ao Pai (e, portanto, alguém menor do que Deus). A diferença que a letra “i” faz é bem maior do que a existente entre prata e estanho; é a diferença entre Deus e uma criatura. A doutrina da Trindade também é acusada de ter introduzido na cristandade temas pagãos da filosofia grega. Nada podería estar mais longe da verdade. Em primeiro lugar, os argumentos de Atanásio não utilizam nem a linguagem, tampouco os conceitos da filosofia grega; eles são completamente bíblicos. Segundo, foi Ario e não Atanásio quem utilizou argumentos pagãos ao permitir que honras fossem prestadas a um ser que ele considerava inferior a Deus. E terceiro, o Credo de Nicéia removeu elementos pagãos que haviam aparecido em Orígenes e outros teólogos anteriores. A doutrina da eterna geração do Filho, por exemplo, indicada nas palavras do Credo de Nicéia, “Unigênito de Seu Pai antes de todos os mundos”, evita o erro de que o Logos, ao invés de ser um Filho eterno seja uma criação voluntária pela qual Deus se isola da contaminação da criação do mundo. Como a ênfase na eterna geração evita esse erro, a ênfase na geração eterna mostra que o Pilho não é um passo em uma série descendente de emanações, e que embora a filiação por geração seja uma relação necessária, a criação é um ato voluntáno. Para os cristãos ativos hoje, a questão da Trindade muitas vezes toma a forma da defesa da divindade de Cristo e a da personalidade do Espírito Santo. Esta defesa é requerida em dois casos. A teologia liberal tende a um Cristo puramente humano e as Testemunhas de Jeová ressuscitam o arianismo ao fazer de Cristo um anjo criado. O material escriturai é o mesmo, independente de qual grupo seja considerado, embora as Testemunhas de Jeová sejam mais propensas a dar atenção às Escrituras do que os liberais. O primeiro versículo do Evangelho de João é frequentemente citado pelas Testemunhas de Jeová, Elas inevitavelmente sustentam que a tradução correta é: “No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era um deus”. A resposta do cristão começa com o próprio versículo. Aqui encontramos uma expressão idiomática grega particular, o uso anarthous do nome, isto é, o uso do nome sem o artigo definido. Em grego, quando o narrador queria indicar ou designar uma pessoa ou objeto, ele usava o artigo; mas TRINDADE quando queria reforçar uma qualidade ou natureza dos mesmos, ele excluía o artigo. Portanto, a tradução literal de João 1.1 seria: “E o Verbo era da mesma natureza ou qualidade de Deus” (cf. a mesma expressão idiomática em Hebreus 1.2, onde algumas versões trazem corretamente a expressão “seu Filho”, embora o texto grego traga simplesmente o termo “filho”). A evidência adicional para provar que João não podería ter ensinado que Cristo era uma criatura a quem foi concedido o título honorífico de “Deus" é claramente encontrada nos versos imediatamente seguintes a João 1.1. Outras passagens declaram direta mente a divindade de Cristo, como Hebreus 1.5-8, “A qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho?... Mas, do Filho, diz: 0 Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos” (cf. Tt 2.13). Outro verso nesse sentido, cujas duas partes os liberais tentaram separar, inserindo um ponto final entre eles é: “Cristo... o qual é sobre todos, Deus bendito etemamente” (Rm 9.5). Outras bem conhecidas afirmações da divindade de Cristo estão contidas na bênção apostólica (2 Co 13.13 e 13.14 em algumas versões) e na fórmula batismal (Mt 28.19). Referências adicionais selecionadas entre um grande número de referências disponíveis são: Mateus 11.27; João 5.23; Atos 10.36; 20.28; Romanos 10.9; Colossenses 2.9; 1 Tessalonicenses 3.11; 1 Pedro 1.2. O fato de o termo Senhor ser a tradução, em grego, do termo Jeová utilizado no AT é, em si mesmo, uma evidência da divindade de Cristo e também nos convida a comparar passagens do AT e do NT; por exemplo, Isaías 40.3 com Mateus 3.3; Salmo 24.7,10 com 1 Coríntios 2.8; Jeremias 23.5,6 com 1 Coríntios 1.30; e Provérbios 16.4 com Colossenses 1.16. Pode-se também supor que o AT autecipa a doutrina da Trindade ao utilizar um termo no plural, Elohim, em Gênesis 1.26, e mais claramente quando se trata do Anjo do Senhor em Gênesis 16; 18; 19. No caso do Espírito Santo, não é tanto sua divindade que é questionada, mas sua personalidade distinta. O Espírito Santo é uma pessoa; este é um fato que pode ser plenamente entendido. Embora o nome Espírito seja do gênero neutro em grego, os pronomes relativos ao Espírito são masculinos (ao contrário da tradução de Romanos 8.16 na versão KJV em inglês). Vários textos deixam bastante claro qne Ele é uma pessoa distinta tanto do Pai como do Filho: Mateus 3.16; Lucas 4.18; João 15.26; 16.7; Atos 5.32; Hebreus 9.14 etc. Alguns, às vezes, rejeitam a doutrina da Trindade por pensar que ela não está explicitamente declarada nas Escrituras (1 Jo 5.7 não consta em alguns textos gregos). Mas esta doutrina está claramente implícita no 1967 TRINDADE testemunho dado pelas Escrituras quanto à verdadeira e completa divindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo, mantendo uma distinção de pessoas; em outras palavras, há três pessoas em um único Deus. Veja Cristo, Divindade de; Deus; Espírito Santo; Eu Sou; Jesus Cristo. Bibliografia. Edward H. Biekersteth, The Rock of Ages, ed. rev., Nova York. The Bible Scholar, s.d, Loraine Boettner, Studies in Theology, Grand Rapids. Eerdmans, 1947, pp. 79-139. Richard N. Davies, Doctrine of the Trinity, Cincinnati. Cranston & Stowe, 1891. Leonard Hogsden, The Doctrine ofthe Trinity, Londres. Nisbet. George A. F. Knight, A Biblical Approach to the Doctrine of the Trinity, Edinourgh. Oliver & Boyd, 1953. A. H. Strong, Systematic Theology, Filadélfia. Judson Press, 1956. Arthur W. Wainwright, The Trinity in the New Testa ■ ment, Londres. S.P.C.K., 1962. G. H. C.,S. G.,R. A. K. TRINTA, OS Veja Valente. TRISTEZA Uma emoção comum à raça humana que é mencionada na Bíblia Sagrada por meio de inúmeras palavras hebraicas e gregas, cujo significado primário abrange vários termos: trabalho, aflição, desespero, tribulação, melancolia, pesar e mal. Veja Pesar; Sofrimento. Embora geralmente desagradável, a tristeza pode variar em causa, intensidade e efeito. Em 2 Coríntios 7.10, fala-se de uma tristeza segundo Deus que Arco triunfal de Tito, o imperador romano que destruiu Jerusalém e o Templo. HFV 1968 TRIUNFO resulta em arrependimento e salvação, ao passo que, em 1 Tessalonicenses 4.13-18, se faz uma distinção entre a tristeza do cristão e a daquele que não tem fé e vivência a morte de um ente querido. A tristeza do cristão é suavizada pela esperança garantida do retorno do Senhor e da conseqüente ressurreição. Para a expressão ou a demonstração da tristeza, veja Lamentar ou Luto. Bibliografia. R. Bnltmann, TDNT, IV, 313-324. “Lype etc.”, TRIUNFO A tradução de sete palavras gregas e hebraicas. No AT, o pensamento de gritar ou exultar predomina sobre o pensamento do próprio triunfo ou vitória, representando a atitude do vitorioso. Os reis das antigas nações do Egito e da Assíria, e posteriormente Roma, celebravam suas vitórias com magníficas procissões nas quais mostravam seus prisioneiros e os despojos, culminando em uma solene cerimônia religiosa de ação de graças e sacrifício a seus deuses. A mais antiga canção de vitória da Bíblia Sagrada é a de Moisés e Miriã, que lideraram os cânticos do povo de Israel após a destruição do exército do Faraó (Ex 15.1-18), acompanhados pela música de um pequeno tambor, celebrando o julgamento do perverso rei por Deus. O hino de Débora e Baraque (Jz 5) e o de Miriã (Êx 15.20,21) são esplêndidos exemplos de hinos triunfais. Em Êxodo 15.1,21, o termo gn’tt, “triunfou” ou “exaltou”, expressa a exaltação de Jeová sobre o Egito, sobre seu rei e os seus deuses. Em Juizes 5.3, a exultaçâo pela vitória é expressa através de cânticos de adoração ao Senhor, com os versos seguintes detalhando o papel desempenhado pelas tribos etc. Seguindo a linha de anunciar a vitória através de brados, Davi ora para que o perverso não consiga gritar (“triunfar”) sobre ele em uma situação de vitória {‘alaz, SI 25.2); o fato do inimigo não triunfar (ruaj “gritar”, Salmo 41.11) sobre ele é um sinal do favor do Senhor. A expressão comum antiga mente consistia em colocar o pé sobre o pescoço do cativo (Js 10.24) e, em muitos casos, proferir um grito de guerra como um sinal da completa sujeição do inimigo (cf. SI 110.1, “eseabelo”; Isaías 60.14, “plantas dos teus pés”; 1 Coríntios 15.25, “debaixo de seus pés”). Nos dias dos sucessores de Alexandre, os triunfos eram simbolizados pelo uso de mantos que traziam bordados com o símbolo da palmeira. João usa uma adaptação deste símbolo ao falar dos mártires que tinham “palmas nas suas mãos” (Ap 7.9). Os romanos, mais recentemente do que os egípcios, foram notáveis ao expressar a importância do triunfo, Eles tomavam um grande cuidado para honrar o vitorioso durante TRIUNFO TROGÍLIO a parada triunfal, de forma que pudesse ser abertamente reconhecido como tal, ou seja, reconhecido como o vitorioso de fato. Da mesma maneira, Cristo é o líder homenageado na passeata da vitória, pois levou cativos os principados e potestades hostis do reino espiritual. Ele os desarmou e os expôs publicamente, triunfando (do grego tkriambeuo) sobre eles por meio da cruz (Cl 2.151. Além da execução dos inimigos, os bens eram tomados pelo vitorioso; os cativos também faziam parte deste desfile. Este aspecto pode ser visto em Efésios 4.8, que fala sobre Cristo conduzindo um exército de cativos não para a escravatura ou a morte, mas para a liberdade e a vida nele. Falando do evangelho, sua divulgação pelos seguidores de Cristo é um “triunfo” (2 Co 2.14161, pois a vitória de Cristo traz a libertação para o pecador. Final mente, atestando sua Realeza e sua suprema vitória, aquele que nasceu na condição de Rei dos Judeus, o Senhor Jesus Cristo, fez sua entrada “triunfal” em Jerusalém. Folhas de palmeiras foram usadas para saudá-lo, enfatizando sua dignidade real e sua vitória (Mt 21.1-9). Veja Entrada Triunfal. Em uma vitoriosa conquista final, Ele lançará Satanás no inferno (Ap 20.10) e enxugará toda lágrima, tragando na vitória a morte que, até então, estará ligada aos homens. Bibliografia. H. S. Versnel, Triumphus, An Inquiry into the Origin, Development, and Meaning of the Roman Triumph, Leiden. Brill, 1970. H. G. S. TRÔADE Este nome ocorre em quatro passagens do NT (At 16.8,11; 20.5,6; 2 Co 2.12; 2 Trn 4.13), todas ligadas à vida e às viagens de Paulo. Uma cidade portuária em Mísia (q.v.) fundada no século IV a.C. por Antígono; estava localizada cerca de 16 quilômetros ao sul do antigo Helesponto (Dardanelos). Elevada è condição de colônia romana por Augusto, era um centro proeminente, tendo inclusive sido objeto de rumores de que Júlio César “pretendia mudar a sede do governo para Tróia ou Alexandria” (Suetônio, The Twelue Caesars, “Julius Caesar”, p. 79). Ruínas de um muro de dez quilômetros de perímetro, um teatro e um aqueduto ainda são visíveis. No NT, Trôade era um ponto central nas viagens de Paulo. Daqui ele seguiu para o oeste (Europa), depois de ter tentado entrar nas províncias romanas da Ásia e Bitínia (At 16. 6-8), e foi desta vez que, pela primeira vez, Lucas se juntou ao grupo missionário (At 16.10, observe o termo “nós”). Após esta longa estadia em Éfeso (At 19), Paulo se dirigiu para o norte aguardando o retomo de Tito, de Corinto. Ele foi a Trôade e teve a oportunidade de evangelizar, porém Painel do arco de Tito mostrando o candeeiro de sete braços e as trombetas de prata do Templo sendo exibidos no desfile triunfal de Tito ali ficou somente por pouco tempo (2 Co 2.12,13). Depois de uma visita à Grécia, ele retornou (At 20.2,3) e visitou a igreja durante sete dias (20.6). Foi nesta ocasiã.o que aconteceu o incidente envolvendo Eutico (q.v.; 20.9-12). Trôade estava situada cerca de 16 quilômetros a sudoeste de Hissarlik, as ruínas da antiga Tróia, que se tornaram famosas através aa Híada de Homero. As escavações iniciadas em 1870 por Heinrich Schliemann descobriram pelo menos nove cidades ali. As ruínas da época de Homero estavam no quarto nível de cima para baixo. W. M. D. TRÓFIMO Um cristão efésio e companheiro de Paulo em sua viagem da Grécia a Trôade (At 20.1-6). Mais tarde, ele foi visto com Paulo em Jerusalém (21.29) e os judeus acusaram Paulo de profanar o Templo ao trazer um gentio ao pátio de Israel, ato proibido pelas autoridades do Templo. Um aviso (escrito em grego e latim), agora preservado em um museu em Istambul, diz: “Que nenhum estrangeiro ultrapasse o anteparo e a clausura que circundam o santuário. Quem for apanhado fazendo isso será responsável por sua própria morte” (esta é a tradução que consta na obra de A. Deissmann, Light from the Ancient Easí, 2a ed.,1927, p. 80). O tumulto resultante levou Paulo a ser tomado em custódia pelos soldados romanos, e por fim ele foi levado a Roma para ser julgado. Paulo foi liberado de seu primeiro aprisionamento em Roma e deixou TVófimo doente em Mileto (2 Tm 4.20), presumivelmente pouco antes de sua última viagem a Roma, onde deve ter sido executado. TROGÍLIO Um ponto de parada na viagem de Paulo de Trôade a Mileto (At 20.15). Ficava cerca de um quilômetro e meio do lado oposto a Samos. William M. Ramsay (St. 1969 TR0GÍL10 TR0\O Paul the Traveller and the Roman Citizen, pp. 293-94) sugere que o navio passava a noite neste local aguardando a calmaria. TROMBETAS, FESTA DAS Veja Festividades. TRONCO OU CEPO Esse termo tem várias interpretações. 1. A base de uma árvore (Is 40.24; Jó 14.8). 2. A genealogia de uma família (Lv 25.47; Fp 3.5). 3. Um instrumento de punição nas prisões comparado aos grilhões (Jó 13.27), Veja Cepos. TRONO 1. Este termo corresponde à palavra hebraica kisse', ou cadeira comum; quando aplicada ao assento público do rei, significa “trono”. Ele representa o símbolo da autoridade (Gn 41.40; Dt 17.18) e da perpétua supremacia da linhagem de Davi sobre as demais (2 Sm 3.10; 7.13; 1 Rs 2.45; Is 9.7). A sua continuidade na linhagem de Davi havia sido sob a condição da obediência às Íirofetizada eis de Deus (1 Rs 8.25; 9.4,5); portanto, ele era chamado de trono do Senhor (1 Cr 29.23). O assento do governador também era designado como trono (Ne 3,7). O trono de Jeová, em seu Templo celestial (Is 6.1), é a fonte do julgamento para o povo (SI 9.4; 97.2 etc.), pois Ele é santo (Si 47.8), Jerusalém será seu trono (Jr 3.17), isto é, o lugar de onde o Se- Trono de Tutancamom, LL 1970 nhor governará a terra. 2. A palavra aramaica korse’ significa “trono” (Dn 5.20; 7.9). 3. A palavra grega bema, isto é, a cadeira portátil sobre a qual Herodes Agripa I se sentava no teatro de Cesaréia (At 12.21 ç foi traduzida em algumas passagens como “tribunal” (q.v,). 4. A palavra grega thronos é o lugar de onde Cristo governará a terra (Mt 19.28; 25,31). Ele representa o último lugar pelo qual se garante uma promessa ou juramento (Mt 23.22). Cristo herda o trono de Davi (Lc 1.32; At 2.30). Estar sentado à mão direita do trono de Deus significa uma completa aprovação (Hb 8.1; 12.2). Ele é o símbolo do direito de Deus de julgar os homens e de reinar sobre o mundo (Ap 4.2ss.), e da futura autoridade dos discípulos de Cristo (Mt 19.28; Ap 20.4). O trono real de Salomão estava colocado em uma sala especial chamada pórtico ou sala do julgamento (1 Rs 7.7, veja Palácio). Feito de marfim e revestido de ouro, ele estava colocado sobre uma plataforma com seis degraus e era ladeado com figuras de leões (1 Rs 10.18-20). Tinha amplos suportes para os braços e um encosto onde estava esculpida a cabeça de um touro, antigo símbolo de força e poder. Várias representações de tronos, que foram vistas em antigos monumentos, mostram características semelhantes. Uma placa de marfim encontrada em Megido, datada do século XIII a.C., mostra um rei ou príncipe sentado em ura trono, em cujos lados está a figura de um leão alado com cabeça humana (ANEP #332). Sua decoração consiste de variedades de ouro, marfim e lápislazúli, freqüentemente trabalhadas em intrincados padrões que mostram figuras humanas ou de animais em uma tentativa de glorificar seu ocupante. O trono de madeira de Tutancamom, descoberto intacto em seu túmulo, é revestido com placas de ouro. Suas pernas têm um formato felino, e na parte superior tem cabeças de íeào. Na parte interior, no encosto, aparece uma cena da família feita em baixo-relevo, mostrando o rei sentado usando uma coroa composta por diferentes materiais, e a rainha à sua frente (ANEP, #415-417). Para a representação do rei Airão, de Biblos, sentado em seu trono de esfinge com os pés descansando sobre um escabelo, veja ANEP #458. Também há ilustrações de Acabe e Josafá sentados em seus tronos, fora de Samaria, planejando uma campanha militar (1 Rs 22.10); um baixo-relevo ao palácio de Senaqueribe, em Nínive, retrata esse último rei sentado em um alto e decorado trono portátil de frente para Laquis, recebendo os prisioneiros e o espólio da cidade de Judá (ANEP, #371). Um baixo relevo de Persépolis mostra o rei Dario 1 da Pérsia sentado em um elaborado trono entalhado com seus pés des- TRONO TROPA cansando sobre um escabelo (ANEP #463). Veja Estrado/Escabelo. Bibliografia. Otto TDNT, III, 160-167. Schmitz, “Thronos”, H. G. S. TROPA Uma reunião de pessoas, uma companhia; portanto, o coletivo de soldados, uma força armada, geralmente no plural. A seguir estão alguns termos hebraicos traduzidos como ‘'tropa” em várias versões da Bíblia Sagrada. 1. O substantivõjgmi. Em Gênesis 30.11, algumas versões traduzem esta palavra como tropa ou turba, e acrescentam à margem uma observação dizendo que o nome Gade significa “uma tropa” ou “companhia”, indicando assim o jogo de palavras que envolve os dois termos, No entanto, outras versões traduzem o termo como “afortunada!”, trazendo como observação as expressões “com sorte” e “a foi’tuna chegou”. Há ainda outras versões que a traduzem como “boa fortuna” ou “que sorte”. Parece que a raiz semita g~d significava “fortuna” e que se associava ao deus fenieio da fortuna. Assim, em Isaías 65.11, o termo gad é traduzido como “Fortuna”, indicando, portanto, a divindade pagã a quem os judeus apóstatas adoravam, o qual está em justaposição com outra divindade desse tipo, chamada de “Destino” (heb. meni ). Embora algumas versões traduzam o termo gad como “tropa ou turba” nesta referência, elas fornecem o termo “Gade” como uma observação. Veja Gade 1; Falsos deuses. 2. O substantivo gedud, “bando”, “tropa”. Em 2 Samuel 22.30 (cf. SI 18.29) e Jó 19.12, o termo é uniformemente traduzido como “tropa”, como uma referência às tropas de um exército. Em 1 Crônicas 12.18, os termos “bando”, “tropas” e “exército” são utilizados nas diversas versões da Bíblia Sagrada (cf, 1 Cr 7.4; 2 Cr 25.9,10,13; 26.11). O termo também pode se referir a um grupo de saqueadores, como por exemplo o dos amalequitas (1 Sm 30.8,15,23), ou àquele que era liderado por Rezom (1 Rs 11.24), ou ainda a um grupo ou bando de ladrões (Os 6.9; 7.1). Em 2 Samuel 3.22, a versão KJV em inglês traduz o termo como tropa; a versão AS V em inglês - embora anotando na margem o significado hebraico do termo como “tropa” usa o epíteto “incursão”. O termo hebraico é traduzido como “exército” em Jó 29.25 em algumas versões, mas como “tropas” na RSV em inglês. No jogo de palavras relacionado ao nome Gade em Gênesis 49.19, algumas versões traduzem o termo hebraico como “tropa”, enquanto outras o traduzem como “assaltantes”, anotando na margem que se trata de “uma tropa de assalto” ou um “bando”, Em Miquéias 5.1, algumas versões utilizam a frase “O filha de tropas”; a versão RSV em inglês, entretanto, a traduz de for- ma diferente com base em um texto conjectural, utilizando o termo “esquadrões”. 3. O verbo gadad tem o sentido de “agruparse em tropas” em Miquéias 5.1. Em Jeremias 5.7, o verbo é traduzido em algumas versões como “ajuntaram-se em bandos", enquanto outras trazem a expressão “ajuntaram-se em tropas”. 4. O substantivo 'agudda” , “bando” , é traduzido em algumas versões em 2 Samuel 2.25 como “tropa”, enquanto outras trazem o substantivo “batalhão”. O mesmo termo é traduzido como “tropa” (ou “feixe”) na versão KJV em inglês em Amós 9.6, enquanto outras versões o traduzem como “abóboda”, indicando um agrupamento. 5. O substantivo ’orah, “caminho”, e por metonímia, “viajante”, é traduzido como “tropas” na versão KJV em inglês, mas como “caravanas” nas versões ASV e RSV em inglês (Jó 6.19). A versão RSV difere das versões KJV e ASV em inglês no uso adicional de “tropa” em cerca Baal do Trovão, de Ugarite, LM 1971 TROPA de 15 passagens, ao traduzir vários termos hebraicos. Este procedimento é justificado, geralmente, como a maneira de se ressaltar o aspecto militar contido nas passagens. No NT, várias versões traduzem o termo grego stratesmata em Mateus 22.7 e Apocalipse 9.16 como “exército”, enquanto outras versões utilizam o termo “tropas” nestes dois casos. Veja Exército. E, R. D. TROUXA Também chamada de saquitel, era uma bolsa que podia ser fechada e usada especialmente para itens de valor (por exemplo, dinheiro, Gênesis 42.35; Pv 7.20), e destinada a ser colocada junto à pessoa para que seu conteúdo fosse resguardado. Seus conceitos essenciais são os de segurança e valor. Em Agen 1.6, as bolsas que têm furos representam a vida sem Deus, desprovida de todo valor, até mesmo material. A suprema e íntima preciosidade daquele que ama (Ct 1.13) estão expressas na trouxa que contém um caro perfume, que está junto ao peito. Abigail diz a Davi que ele está atado “no feixe dos que vivem com o Senhor” (1 Sm 25.29) , literalmente, “com o Senhor teu Deus”. Deus viu valor em Davi e tomou-se seu íntimo associado, e a garantia de sua segurança (cf. o conceito de estar registrado no “Livro da Vida”, SI 69.28; Ex 32.32,33; Dn 12.1). TROVÃO Tradução de duas palavras hebraicas, qoi e ra‘am, e de uma palavra grega, bronte. Era ouvido muitas vezes na Palestina e nas áreas vizinhas durante a primavera e o outono, porém sua ocorrência era tão rara no verto qne Samuel precisou invocá-lo para transmitir a desaprovação de Deus a Israel (1 Sm 12.17,18). Os trovões aparecem várias vezes no AT como o acompanhamento literal de tempestades repletas de descargas elétricas, e acrescenta um efeito violento à sétima praga do Egito, quando a terra foi severamente golpeada pela saraiva que matou homens e animais (Êx 9.22-34). Pouco tempo depois, os trovões e os relâmpagos acompanharam a entrega das leis no Sinai (Ex 19.16-18; 20.18). Essas ocorrências eram, aparentemente, fenômenos naturais controlados pelo Senhor (Jó 28.26; 38.25) . Veja Relâmpago; Raio Acompanhado por Trovão, De forma figurada, o trovão era explicado como a “voz (qoi) de Jeová”, especialmente nos livros poéticos (Jó 37.2-5; 40.9; SI 18.13; 29.3-9). Dessa forma, ele simbolizava o poder e a vingança divinos (1 Sm 2.10; 2 Sm 22.14; Is 30.30,31). No NT, o Senhor Jesus descreve Tiago e João como “filhos do trovão” (Mc 3,17) justamente por causa do temeram ento espontâneo e impetuoso destes ois homens (Lc 9.54,55). 1972 TUFÃO, REDEMOINHO TROW (CRER) Palavra areaica usada em Lucas 17.9 (na versão KJV em inglês) significando “pensar”, “acreditar” ou “supor”; cf, o termo alemão trauen. No entanto, as palavras gregas ou doko (“eu não creio”) são claramente uma interpolação de um copista, pois elas não ocorrem nos manuscritos gregos mais antigos, e consequentemente são corretamente omitidas pela versão ASV, e por outras. TRUNFO, TROMBETA Veja Música. TSADE ou TSADÊ. Décima oitava letra do alfabeto hebraico. Veja Alfabeto. Essa letra foi usada na versão KJV em inglês como título da 18" seção do Salmo 119 (vv.137-144), onde cada um dos versículos se inicia com ela. Seu valor numérico é 90. TSADÊ Veja Tsade. TUBAL O quinto filho de Jafé (Gn 10.2; 1 Cr 1.5). Veja Nações. O país negociou escravos e bronze com Tiro (Ez 27.13). Durante certo tempo, Gogue governou Tubal (Ez 38.2.3) e Meseque (39.1). Isaías (66.19) declarou que este país ouviria falar da graça do Senhor. É a Tabali das inscrições assírias. O país estava localizado na região da Capadócia, na Ásia Menor. Salmaneser III (859-824 a.C.) recebeu presentes de 24 reis de Tubal. No século seguinte, Uassurme uniu o país, mas foi destronado pelos assírios em 732 a.C. Sargâo se refere aos preciosos vasos de metal de Tubal. Uma rebelião contra Sargão liderada por Ambaris, envolvendo os Mushki (Meseque) e Ararate, foi derrotada. TUBALCA1M Filho de Lameque, um descendente de Caim por sua esposa Zilá (Gn 4.22). O nome significa “Tubal, o ferreiro”, e ele é chamado de “mestre de toda obra de cobre e de ferro”, o primeiro homem a aprender a fundir e usar metais. TUFÃO, REDEMOINHO Uma massa de ar girando rapidamente em turbilhão em volta de um eixo mais ou menos vertical (Is 17.13), e tendo ao mesmo tempo um movimento progressivo sobre a superfície da terra ou do mar (2 Rs 2.11). Porém, o violento tornado com sua nuvem em forma de funil não é comum na Palestina, A maioria das referências bíblicas ao tufão não implica necessariamente um movimento circular, mas designa vários tipos diferentes de vento e tempestade. O tufão retratava a força e o poder de Deus (Na 1.3) e foi usado pelo Senhor como um meio de comunicação com Jó (Jó 38.1). A maioria dos usos bíblicos é figurativa, e nestes o tufão retrata a destruição (SI 58.9; Pv 1.27; 10.25; Os 13.3); a rapidez (Is 5.28; 66.15; Jr 4.13); a ira de Deus (Jr 23.19); e a punição dos ímpios (Jr 30.23). TUIA TUMULO TUIA Veja Plantas. TUMIM Veja Urim e Tumim. TUMOR Veja Doença. TÚMULO Local de sepulfcamento, maior e mais complexo em planta e em estrutura do que um simples jazigo cavado na terra. Os sepulcros geral mente estão associados ao locai de enterro de pessoas de posição elevada ou que sejam abastadas, com a finalidade de servir como monumento ou memorial para o falecido. Na Bíblia Sagrada, inúmeras palavras hebraicas e gregas referem-se a esses lugares; elas podem se encontrar sobrepostas, como sinônimos ou ter significados complementares. As expressões túmulo, sepulcro, jazigo, enterro, cemitério e monumento em português aparecem muitas vezes fazendo referência a um mesmo lugar. Na Palestina, eram usados túmulos feitos em grutas naturais ou escavados em rochas, Abraão comprou a cova (ou caverna) de Macpela para enterrar Sara (Gn 23.9). Pela falta de espaço nas cidades muradas, e pela possibilidade de contaminação cerimonial, geralmente os túmulos eram agrupados em um cemitério fora dos muros da cidade. Muitas vezes eles são encontrados mais distantes, nas encostas das colinas de uma cidade e em fortificações da época de sua primeira utilização. Às vezes, também estavam associados a um jardim (2 Rs 21.18,26; Jo 19.41). Os túmulos dos reis de Judá, em Jerusalém (2 Cr 21.20; 24.25; 28.27; 32.33; 35.24), ainda não foram identificados com segurança, embora alguns, saqueados há muito tempo e tendo parte de suas pedras roubadas no período romano, estejam localizados na colina a sudeste de Jerusalém, onde ficava a cidade de Davi. Durante o período 4o Império Egípcio, reis, rainhas e nobres eram sepultados em túmulos escavados nos rochedos ao redor de Tebas. Em primeiro plano está o túmulo de Tutancamom, atrás do qual está o túmulo da Ramsés VI Antigos sarcófagos fonícios em Gebal. HFV Os israelitas conheciam e respeitavam os túmulos de outras épocas. O túmulo de Raquel, perto de Belém, era conhecido pelo escritor de Gênesis (Gn 35.20), e o mesmo ocorria nos dias de Saul (1 Sm 10.2). O túmulo de Davi era bem conhecido na época do NT (At 2.29; Josefo, Ant. vii.15.3; xiii.8.4; xvi.7.1). No NT, lemos sobre os endemoninhados que viviam em sepulcros (Mt 8,28; Mc 5.25; Lc 8.27). Sepulcros são mencionados nas pregações do Senhor Jesus (Mt 23,27,29) como censura aos escribas e fariseus por serem “sepulcros caiados”, porque por fora eram realmente bonitos, mas por dentro estavam contaminados. O Senhor os acusou de terem construído os túmulos dos profetas e enfeitado os monumentos dos justos com hipocrisia. Existem mais informações a respeito do sepulcro (ou túmulo) de Jesus do que sobre qualquer outro mencionado na Bíblia. Ele estava localizado em um jardim perto do Gólgota (Jo 19.42) e havia sido escavado na rocha (Mt 27.60; Mc 15.46; Lc 23.53), Ninguém jamais havia sido sepultado ali (Lc 23.53; Jo 19.41), pois fora construído por José de Arimatéia para seu próprio sepultamento (Mt 27,60), Â entrada era fechada por uma grande rocha, que era rolada impedindo eompletamente o acesso (Mt 27.60; Mc 15.46; cf, Mc 16.3). Na ocasião da ressurreição do Senhor Jesus o túmulo ficou vazio (Mt 28.6; Mc 16.6; Lc 24.3,6,12; Jo 20.1-8). Um grande número de pesquisas tem procurado estabelecer a localização exata desse sepulcro, mas esse problema ainda permanece sem conclusão. O chamado Jardim do Sepulcro ao norte da atual cidade murada, uma localização defendida pelo general Charles Gordon, não tem a seu favor nenhuma evidência histórica ou arqueológica. O local tradicional, dentro da antiga igreja do Santo Sepulcro, ainda permanece como a localização mais plausível para o túmulo do Senhor Jesus. Veja Funeral; Caixão; Sepultura; Lamentar, Bibliografia. L. E. Cox Evans. ~T'ee He Sepulehre'. PEQ. C11968.112-136. Ka-Jrieer. TÚMULO Kenyon, Digging Up Jerieho, Londres. Benn, 1957. Robert H. Smith, “The Tomb of Jesus”, BA, XXX (1967), 74-90. C. E. D. TÚNICA Veja Vestuário. TURBANTE Veja Vestuário; Mitra, TURNOS DOS SACERDOTES E LEVITAS As 24 divisões ou classes de sacerdotes e 1 evitas que realizavam as tarefas diárias no Templo de Jerusalém, cada um durante uma semana. Cada divisão disposta por Davi (1 Cr 24) era denominada conforme um mem- 1974 ULA1 bro proeminente da familia, e estava sujeita a seu presidente. Zacarias, pai de João Batista, pertencia à oitava divisão, a de Abias (Lc 1.5). Em 1962, enquanto escavavam uma sinagoga em Cesaréia, os arqueólogos descobriram fragmentos de uma inscrição em mármore que originalmente nomeou 24 turnos sacerdotais e a cidade para onde se mudaram depois da destruição do Templo de Jerusalém, em 70 d.C. Nazaré está relacionada como a cidade do 18“ turno, sendo esta a primeira menção da cidade fora do NT (IEJ, XII, 137ss.). TURQUESA Veja Jóias.