Lendas de Exu

June 8, 2018 | Author: djanaina9258 | Category: Devil, Religion And Belief


Comments



Description

riïreduçãel)u her.o.i cgugfafifes tue vKê c.o.tüece Você já ouviu falar de heróis vigaristas ou de deuses astuciosos? Eles aparecem no folclore de muitos povos. Nosso Saci Pererê é um bom exemplo. O povo da roça tem muito trabalho com ele. O Saci vive aprontando trapalhadas nas casas das pessoas: faz o leite derramar, queima a comida na panela, não deixa os pintinhos se criarem nos ovos, assusta os animais. Mas o Saci não é malvado; ele só gosta muito de brincar. E também faz coisas boas: quando não está se divertindo às custas das pessoas, ele está tomando conta dos seres das matas. Adotado por muitos como símbolo da cultura popular brasileira, o Saci já foi personâgpm de livros, revistas em quadrinhos e até séries de televisão Na África Ocidental, o homem-aranha Anansi inventa muitas malandragens. Algumas são boas, outras nem tanto. Anansi criou o Sol, a Lua e as estrelas. Ele enganou o leopardo e conseguiu passear montado nele só para se gabar diante dos outros animais; em compensação, roubou o fogo dos deuses e o deu para os humanos. Muito estimado pelos afrodescendentes nos Estados Unidos, Anansi já apareceu em desenhos animados e romances com temas folclóricos. Outro vigarista africano, o coelho, foi levado pelos escravos para a América do Norte e tornou-se um dos personagens mais famosos do folclore dos Estados Unidos. Em 1938, o estúdio cinematográfico Warner Bros. criou Bugs Bunny, o protagonista da série Looney Tunes. Pernalonga, como o coelho é conhecido no Brasil, e hoje uma estrela internacional dos desenhos animados. Leri@sdeEXu arheio... Tanto no Brasir quanto na África, o jabuti é o herói esperto de uma infínidade de aventuras. venceu a rebre em uma corrida apesar de sua rentidão; enganou a onça que tentava comê-ro; ganhou seu sustento às custas do trabarho o jabuti e nosso verho conhecido. Tambem foi trazido da África, onde figura como um dos grandes marandros do forcrore de vários povos' o jabuti conseguiu ir à festa no céu embora não possa voar; v,ìÍìtiìgens às custas de algucm; mas algumas vezes exagerava e acabava causando morte e destruição. Os portugueses trouxeram para o Brasíl o espertalhão Pedro Malasartes. Antigo herói popular da Península lbérica, Malasartes pôs água para ferver sobre um braseiro enterrado no chão e vendeu a panela do-o tra ba ha r .", :: ï " <lt' Aporo' mas conseguiu engamberar o deus, que trocou os bois por rrrr instrumento musicar feito com um casco de tartaruga. E esta foi 'rl)('lìrls uma de suas trapaças. Graças a elas, Hermes era o patrono dos ( ('rì{'r( i'rntes e dos radrôes. Mas era também o mensageiro dos deuses, o (f rr,r rkrs mortos para o mundo dos espírítos €, por ser muito esperto, p,tltorro rkls estudiosos. A rrrrtol<tgia dos povos germánicos (do centro_norte da Europa) tanrllrl'r rr'rÌì \0u vigarista. Lokí, um gigante do fogo, era companheiro de avt'rrrrrr'r.' n r o I i m po, ma nda mais interessar acabou criando as doenças e a morte. aos humanos muitas coisas úteis, como os cavalos. Na Grécia' o grande trapaceiro foi o deus Hermes (conhecido em Roma como Mercúrio). Dizem que Hermes, quando ainda era criança, tantas fez, que seu pai Zeus (o rei dos d, o forcrore dos índios norte-americanos tambem tem vigaristas famosos como o Coiote que, nos desenhos animados, sempre tenta pegar (sem sucesso) o veloz cuco do deserto (que conhecemos pelo nome de paparéguas). coiote foi um deus que, com suas brincadeiras, tentava tornar o mundo que "cozinhava sem fogo"; de outra vez, escondido, viu o que urna senhora guardava no armário e depois vendeu um urubu que "falava e adivinhava coisas" (fingindo que o urubu lhe dissera o que havia no armário). Aprontou muitas outras malandragens, às vezes em proveito próprio, mas outras vezes para dar uma lição a alguém ou para ajudar uma pessoa. O "herói sem caráter" é tão famoso em nosso país que foi personagem de livros de cordel e até de um filme estrelado pelo ator, iliilïff:;::#:ïïï; diretor e produtor Mazzaropi (1960). O macaco é o grande heróitrapaceiro do Oriente.O Ramaiana (antigo poema hindu que conta aventuras mitológicas) fala do macaco Hanumã, chefe do exército que o Rei Macaco enviou para ajudar o deus Rama na luta contra um demônio. Até hoje, Hanumã é um grande herói na Índia. Na mitologia chinesa, o Rei Macaco Wukong vivia se metendo em o.::t:;ïïï',:j#J j; confusões. A maior delas foi roubar os pêssegos da imortalidade que cresciam no jardim do palácio do lmperador de Jade (o rei do céu). Em compensação, o Rei Macaco acompanhou um peregrino chinês à Índia, em busca de escrituras sagradas. Suas aventuras foram contadas na obra Jornada para o oeste e fazem parte do repertório do teatro chinês tradicional. Desde a década de 1970, Wukong (cujo nome japonês é Son r Ere ajudava os dt'rr.,r,,, ( ()ntrcì seus inimigos; o probÍema é gue seus planos mirab'r'rrrrr"' rrril.rs vezes produziam uma confusão ainda maior. As vezes' r''rrrr,rrr, l.ki não resistia à tentação de se divertir ou rrs deuses do trovão (Thor) e da guerra (odim). Goku)foi o herói de diversas séries para a televisão, animes (animaçoes) e mangás (histórias em quadrinhos), como a chinesa Jornada para o oesfe e as japonesa s Saiyuki e Dragon Ball, alem de aparecer em vários videojogos. Todos esses personagens nos levam ao herói das histórias deste livro. Exu e "irmão" de todos eles. Como Hermes, Exu é filho do pai de conseguir lz A4ilsrdi'llrr{lr.; l-eri(as de E{u l3 [<ltJos os rlt,uscs aborrecimen,", ",iï::ï::;JJl"ï'to como Loki, Exu sosra de sair em turburento' que vivia dando Conro diversos heróis trapalhóes, Exu está ligado à vida e à morte, ao caminho dos humanos ao longo da existência, à vitalidade, à alegria, à saúde e à espontaneidade das emoçoes. Como outros espertinhos de Também como ere, gosta de fazer brincadeiras de mau-gosto, embora sempre ajude os outros deuses nas horas de apêrto _ desde que seu senso de justiça seja satisfeíto. #ïffi1:il':iïï;:ïJ:1 que falamos ainda há pouco, ele é o guia, o dono dos caminhos neste Como pedro Malasartes, Exu procura tirar proveito das situaçÕes e conseguir o que rhe convém' Mas exige que suas reis sejam respeitadas, e usa suas habiridades para infrigir castigos exemprares aos que ignoram essas regras. Como o Coiote, Exu cria leis para governar a vida das pessoas e cuida para que elas sejam cumpridas. como o Rei Macaco e o jabuti, questÍona regras e urtrapassa rimites, mas se empenha quando está convencido de que algo deve ser feito. mundo e no outro, e o fiscal das fronteiras entre eles. Também é o guardião das leis da natureza, ensinando que existem tempo, jeito e lugar certos para que as coisas aconteçam. Mas, ao contrário de seus "irmãos" da Confraria dos Espertos, Exu sempre foi mal-entendido. Por quê? A resposta está na imagem errada que os europeus fizeram dos deuses africanos. Nenhum deles teve uma vida fácil no Novo Mundo. Pertenciam à cultura de povos desterrados e escravizados, que precisavam Como o Saci pererê, Exu cria problemas para aqueles que não seguem as regras (pois existem regras, naturais e mágicas, para que as coisas sejam feitas corrprâmanro corretamente' sem perigo -^_ nem erro). Mas quem conseguir dominá_l aprender as coisas "cultas" e "superiores" e esquecer suas "crendices". Foi necessária muita luta para que nossa herança cultural africana começasse a ser respeitada. Além disso, por causa de alguns detalhes, como as cores da roupa e certos objetos que usa, e por causa do comportamento alegre e até meío anarquizado de Exu, os europeus pensaram que ele se parecia com o diabo cristão... e então decidiram que ele "é" o diabo! Por causa dessa confusão, a situação de Exu ficou pior que a de todos os outros personagens mitológicos africanos. E, enquanto pensarem assim, as pessoas estarão perdendo a oportunidade de conhecer um sujeito que tem muita alegria e sabedoria para nos oferecer. Em Lendas de Exu, Adilson Martíns está contribuindo para mudar essa situação. Como bom pesquisador que é, reuniu mais de quarenta enfir que possa p,";,ai.a,.nu própria cabeça, ao acaso: ele mesmo criou) para desviar para si um pouco do pagamento dado ao trabarho arheio. No mundo humano' Exu ensina normas de conduta sociar. Ere testa a capacidade de entendímento e cooperação das pessoas, protege e auxilia as que agem corretamente e castiga as que são ,,reprovadas,, em seus testes' No fím das contas, ere estaberece regras destinadas a evitar gue as pessoas mintam e enganem os outros, que procurem vencer pela violência _ o,":;ï :: ::ïJ ::[ ïi: ï,: ]"ïlïï ;1i:: ï:1ï indispensávelcomo ajudante, aproveita N o mund e a situação (que :n:il::i.o;ï:"' como tipo de comportamento as grandes reis que eres criaram para gue porta_"".;:"r::ïï ï;ï:ffiï: histórias sobre Exu. Algumas são conhecidas no Brasil; outras vêm diretamente da África. Todas são muito bem recontadas pelo autor. São uma leitura agradável, alem de ser uma grande fonte de conhecimentos sobre nossa herança cultural. o mundo possa funcionar- Adílserf t{arfíüs Leri(asdeQ(u ls 2003, a rei número Lssa cclleçáo de lendas surgiu em mc ,1,;.;;:::,::'l tornou cultura afro_brasileil0.639 -"L"nto bem oportuno. Desde obrigatório o ensino da história e da ú, ao asradáve ? ;ï::ï:ï;ï1".'0" E grande herói traparhão? por que não uprundu,. com ere a ,,se virar,, neste onde a sente precisa ser um mestre marabarista ü:ïi:#:.1ïï:lfï:ï"ïï:ï;::; talvez _ quem sabe _, daquí a algum tempo, Exu seja descoberto como o embaixador brasireiro no mundo das aventuras eretrônÍcas, animadas e quadrinizadas. Tarvez arguém que hoje lê suas rendas se torne um criador de jogos e animes epossa erevar nosso amigo esperto à posição que ele merece entre seus irmaÕs heróis! c.oJil.o. âiu $rrg.gu ofu,ü. wtilâ a çgrri? Cet - I tie cgqida Exu, que não queria saber de trabalho, vivía pedindo de tudo a orunmilá' um dia era um etú, no outro um preá e às vezes, até mesmo, um cabrito, sempre sob a aregação de que sentia muita fome e precisava se alimentar. o tempo foi passando e a situação tornou-se de tar forma desagradável que orunmilá, sentindo-se explorado, decidiu não dar mais nada para o sustento de Exu. No entanto, Oxun, que na época era esposa de Orunmilá, aconse_ lhou-o a continuar a sustentar o vadio. "Afinal de contas, Exu sempre fora um amigo fiel e muito prestativo", argumentava oxun. orunmirá, porém, permaneceu irredutível em sua decisão, não daria mais nada a Exu e, se este quisesse coÍner, que providenciasse o próprio sustento. t6 Adils*f llarfíiis 111i, , Leü(os dc Ê*u Documents Similar To Lendas de ExuSkip carouselcarousel previouscarousel nextAs variedades de Ebóuploaded by Alexandre SouzaCanclini O patrimônio cultural e a construção imaginária do nacionaluploaded by Amanda FaráEBÓuploaded by Vinny Max Pachecoipori_4uploaded by João Oliveira60 Assentamentos de Exúuploaded by bruno2706Ebouploaded by candombleencolombiaBoriuploaded by Everton Limaconteúdo mitologia Yorubáuploaded by josé_obergassentamentos de obaluaê seu okutasuploaded by Jf CoelhoEKOSuploaded by Veronica de OyaPontos Riscados 1° Curso de Dirigentes da Fraternidade do Grande Coração A6677d01uploaded by Luiz Chiele16654601 Esu a Pedra Primordial Da Teologia Yoruba Apostila Completa1uploaded by fabianabrEbós para todas as finalidadesuploaded by eduardoadvLendas de Exúuploaded by su_eliExu Traduzidouploaded by Paulo AlvarengaEXU DENTRO DA UMBANDAuploaded by Flávio MacielxELEGUNuploaded by Rodrigo Corrêa Awo Ifágbémi OdùgbaiyomiEbós Oriundos Do Candomblé(1)uploaded by CrochetsurgeonUmbanda: manifestação cultural pós-modernauploaded by Cultura de Paz, Saúde Integral e (Re)envolvimento HumanoRubens Saraceni - A AtuaÇÃo Dos OrixÁsuploaded by api-26815208Pontos Cantados de Umbandauploaded by api-26371936Ebóuploaded by Eliezer Gualthier Berenstein41074514 as Caidas Dos Buziosuploaded by TATITIUMBANDA- ÚNICA RELIGIÃO AUTENTICAMENTE BRASILEIRA - Eduardo Parrauploaded by Maycon RockLendas Africanas dos Orixásuploaded by wuumingAssentamento de Exú e Pombo Girauploaded by Júnior FoMô2 Curso Completo Buzios Merindilogunuploaded by Emerson de Araujo256 odusuploaded by Denise Saraiva!!Jose Maria Bittencourt No Reino Dos Exusuploaded by Alexander EscuroFooter MenuBack To TopAboutAbout ScribdPressOur blogJoin our team!Contact UsJoin todayInvite FriendsGiftsSupportHelp / FAQAccessibilityPurchase helpAdChoicesPublishersLegalTermsPrivacyCopyrightSocial MediaCopyright © 2018 Scribd Inc. .Browse Books.Site Directory.Site Language: English中文EspañolالعربيةPortuguês日本語DeutschFrançaisTurkceРусский языкTiếng việtJęzyk polskiBahasa indonesiaYou're Reading a Free PreviewDownloadClose DialogAre you sure?This action might not be possible to undo. Are you sure you want to continue?CANCELOK
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.