Leitura 1 - Toxicologia na prática clínica.pdf

April 2, 2018 | Author: Eloi Menezes | Category: Controlled Substance, Cannabis (Drug), Medicine, Cocaine, Wellness


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TOX I C O LO G I AN A P R ÁT I C A C L Í N I C A 2a Edição TOX I C O LO G I A N A P R ÁT I C A C L Í N I C A 2a Edição ADEBAL DE ANDRADE FILHO Médico Especialista em Clínica Médica. Plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII – FHEMIG (Belo Horizonte, Minas Gerais). DÉLIO CAMPOLINA Médico Especialista em Clínica Médica e Patologia Clínica. Farmacêutico-bioquímico. Mestre em Infec- tologia e Medicina Tropical – FM/UFMG. Professor Convidado da Disciplina Estágios em Toxicologia Clínica da FM/UFMG. Coordenador do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII. Presidente da Sociedade Brasileira de Toxicologia 2008/2009. MARIANA BORGES DIAS Médica Especialista em Clínica Médica. Ex-plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII. Membro da Sociedade Brasileira de Toxicologia. folium Belo Horizonte, 2013 gravação. Mariana Borges. (31) 3287-1960 e-mail: [email protected] Todos os direitos autorais estão reservados e protegidos pela Lei nº 9. 2. II. Dias. Délio Campolina. 161 – sala 702 30130-060 – Belo Horizonte – MG Tel. III. CDU 615. ed. Belo Horizonte: Folium.610 de 19 de fevereiro de 1998. TOX IC O LO G I A N A P R ÁT I C A C L Í N I C A ADEBAL DE ANDRADE FILHO 2a Edição DÉLIO CAMPOLINA MARIANA BORGES DIAS Direitos exclusivos Copyright © 2013 by Folium Editorial Av. mecânico. sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico. Campolina. da editora. Toxicologia geral. fotocópia ou outros). Délio. no todo ou em parte.com.com.br www. sem a permissão prévia. É proibida a duplicação ou reprodução desta obra.br Ficha catalográfica A553t Andrade Filho. 700p. Carandaí. Mariana Borges Dias. 2013.folium. Adebal de Toxicologia na prática clínica / Adebal de Andrade Filho. por escrito. I. . Título. ISBN: 978-85-88361-60-7 1.9 CDD 615. as características biológicas da fauna e da flora e o comportamento cultural das pessoas variam amplamente. em 1980. Seu rápido desenvolvimento. o descontrole desse crescimento e do processo de urbanização e ocupação do espaço geo- gráfico traz sérios problemas que demandam estudo e soluções. sis- tematização de condutas. referenciação e contrarreferenciação e pesquisa e divulgação . No manejo das intoxicações. o conhecimento da nosologia prevalente é importante para a condução de casos nos quais a história é frequentemente pobre. Nele se destacam as atividades de atendimento diário a dezenas de pacientes. Define-se Toxicologia como ciência multidisciplinar que. Além disso. da expectativa de vida e dos índices de desenvolvimento humano. constitui requisito fundamental para o desenvolvimento pleno e racional de uma nação o conhecimento das características do ambiente e das interações entre os seres vivos em seu espaço peculiar. acadêmicos de Medicina e pós-graduandos. especialmente nas últimas décadas. conforme a região e o país. O Brasil distingue-se pela sua extensa biodiversidade. investiga. des- de que os agentes químicos aos quais as pessoas se expõem. tem trazido be- nefícios à população. a avaliação das características específicas de nossos problemas de saúde autóctones e mais prevalentes permite-nos contribuir para o preenchimento de lacunas do saber e para o enriquecimento da ciência universal. Prefácio Desde cedo o homem. treinamento de médicos. O estudo e o manejo das intoxicações devem obedecer às especificidades locais. Por outro lado. ao emprego e ao Sistema Único de Saúde. animais e substâncias presentes em seu meio. constitui um dos maiores centros de referên- cia do país nessa área. O Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII. como aumento e melhoria na distribuição de renda. queda da mortalidade infantil e mais facilidade de acesso à escola. teve que aprender a reconhecer as propriedades benéficas ou nocivas das plantas. pela exuberância de sua fauna e flora. Ademais. as propriedades físico-químicas de cada substância e avalia a segurança de seu uso. além de estudar os efeitos adversos causados por agentes químicos no homem e no meio ambiente. lutando por sua sobrevivência. tam- bém. da Funda- ção Hospitalar do Estado de Minas Gerais. O estudo sistemático das intoxicações no Brasil evoluiu bastante com a criação dos Centros de Informação Toxicológicas e implantação do Sistema de Informações Tóxico- -Farmacológicas. de forma clara e objetiva. deste excelente compêndio que aborda. Manoel Otávio da Costa Rocha Professor Titular. terapêuticos e profiláticos das intoxicações em nosso meio. Em consequência dessa relevante experiência. Plenamente qualificados e experientes no manejo do paciente intoxicado. clínicos. lança-se agora a segunda edição. re- vista e atualizada. Esta obra reafirma e consagra a contribuição inestimável que vem sendo prestada pela equipe do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII ao conhecimento. os diversos aspectos conceituais. na pós- -graduação senso strictu. o aperfeiçoamento em metodologia científica necessário para o desenvolvimento de suas linhas de pesquisa e mais contribuição à ciência nacional. ensino e pesquisa dos problemas toxicológicos que nos são próprios e certamente consolidar-se-á como guia referencial nessa área. Departamento de Clínica Médica. epidemiológicos. Programa de Pós-Graduação em Infectologia e Medicina Tropical Faculdade de Medicina da UFMG . vários dos membros do Serviço de Toxicologia foram buscar.regular de sua experiência clínica. e em ­alguns casos. des­cri­ção dos meca­nis­mos de ação. em Belo Horizonte. orga­ni­za­do pelos Drs. os ori­gi­nais do livro Toxicologia na Prática Clínica. Por seu turno. tam­bém nas con­di­ções bra­si­lei­ras. o pri­vi­lé­gio de ler este texto e de estu­dá-lo. quer em Clínica Médica. e com con­du­tas já ampla­ men­te pos­t as em prá­ti­ca. os três orga­ni­za­do­res e os 36 cola­bo­ra­do­res foram extre­ma­men­te feli­zes nesta tra­ba­lho­sa tare­fa. em nossa opi­nião. Os capí­tu­los estão dis­pos­tos em ordem alfa­bé­ti­ca. biblio­gra­f ia bra­si­lei­ra ou em Português. basea­do na expe­riên­cia bra­si­lei­ra acu­mu­la­da. e de cada capí­tu­lo em seu inte­rior. enfo­can­do pro­ble­mas bem nos­sos. a estru­tu­ra inter­na de 39 dos 42 capí­tu­los é feita numa lógi­ca ade­qua­da para o racio­cí­nio médi­co: con­cei­tua­ção do pro­ble­ma e sua impor­tân­cia médi­ca e epi­de­mio­ló­gi­ca. Primeiro. prog­nós­ti­co e ­noções de pre­ven­ção. há muito tempo com­pe­ten­te­men­te diri­gi­do pelo ilus­tre cole­ga Dr. Em segun­do lugar. Prefácio 1a Edição Distinguido pela honra de poder conhe­cer. pela opor­tu­ni­da­de. em espe­cia­li­da­des clí­ni­cas e cirúr­gi­cas. em pri­mei­ra mão. no que elas têm de dife­ren­te. atua­li­za­da e con­tém. estu­do das mani­fes­ta­ções clí­ni­cas e dos exa­mes uti­li­za­dos no diag­nós­ti­co cor­re­to do pro­ble­ma. sem­pre que pos­sí­vel. Délio Campolina. . Em ter­cei­ro lugar. de ter um bom texto em Português. em Toxicologia Clínica. Contudo. em Terapia Intensiva. Adebal de Andrade Filho. uti­li­zan­do ins­tru­men­tos semio­ló­gi­cos e labo­ra­to­riais tam­bém nos­sos e em gran­de parte dis­po­ní­veis. a expe­riên­cia acu­mu­la­da no res­pei­t a­do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII. A biblio­gra­f ia de cada capí­tu­lo é boa. Délio Campolina e Mariana Borges Dias. o que cons­ti­tui um cri­té­rio prá­ti­co para o usuá­rio. posto o gran­de vazio que se sen­tia em nosso meio. senti-me sobre­ma­nei­ra feliz e segu­ro em aten­der o con­vi­te dos cole­gas orga­ni­za­do­res. É jus­t a­men­te essa expe­riên­cia acu­mu­la­da dos orga­ni­za­do­res e cola­bo­ra­do­res que asse­gu­ra o que cha­ ma­mos de auto­ri­da­de dos auto­res. Com efei­to. em Medicina do Trabalho e Toxicologia Ocupacional. para mais ou para menos. o ponto mais alto do livro Toxicologia na Prática Clínica é. o que valo­ri­za o livro. to- dos com for­ma­ção sóli­da em cen­tros reco­nhe­ci­dos. gos­ta­ria de des­ta­car a lógi­ca de orga­ni­za­ção do livro como um todo. de apre­sen­t ar esta obra a todos os que terão. quero des­t a­car a auto­ri­da­de dos orga­ni­za­do­res e cola­bo­ra­do­res. tra­ta­ men­to. daqui para a fren­te. como médi­co dedi­ ca­do à Saúde Pública e à Medicina do Trabalho. abril de 2001. aos edi­to­res. aos cole­gas orga­ni­za­do­res. entre os “usuá­rios” da Toxicologia. Agora. além de estu­dar os efei­tos adver­sos cau­sa­dos por agen­tes quí­mi­cos no ser huma­no e no meio ambien­te. no dia a dia. aos lei­to­res e estu­dio­sos deste livro.. em espe­cial. a Toxicologia é uma ciên­cia mul­ti­dis­ci­pli­nar que. e de cada lei­tor e estu­dio­so que tiver a sorte de estu­dar esta obra e de a pôr em prá­ti­ca. René Mendes Professor Titular do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais Presidente da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (2001-2004). n­ enhum médi­co está dis­pen­sa­do de ser. por­t an­to. Parabéns. Belo Horizonte. aliás. com este exce­len­te livro ora publi­ca­do pela Folium Editora Ltda. Por ser defi­ni­da como ciên­cia mul­ti­dis­ci­pli­nar. estu­da tam­bém as pro­prie­da­des físi­co-quí­ mi­cas de cada subs­t ân­cia e ava­lia a segu­ran­ça de seu uso. Certamente agora os médi­cos de Minas Gerais e do Brasil intei­ro pode­rão ser “usuá­rios” da Toxicologia – ainda que não neces­sa­ria­men­te “toxi­co­lo­gis­t as” – de modo subs­t an­cial­men­te ­melhor do que já o eram antes. a Toxicologia passa a se apro­xi­mar mais ainda da assim cha­ma­da prá­ti­ca clí­ni­ca. da qual. Como cor­re­ta­men­te con­cei­tuam os auto­res em seu Capítulo 2. sinto-me incluí­do. quan­do não exis­tia esta boa idéia e útil fer­ra­men­t a de tra­ba­lho cha­ma­da Toxicolo- gia na Prática Clínica. aos cole­gas cola­bo­ra­do­res e. . Adebal de Andrade Filho Délio Campolina Mariana Borges Dias . Às nossas famílias que nos apoiam presencial e espiritualmente e dão sentido ao nosso dia a dia. . sugestões e troca de experiências. À farmacêutica Maria de Fátima Eyer Cabral Cardoso. Dra. Luciene Moraes Vivone. Dra. Dr. Nosso muito obrigado a todas as pessoas que participaram de alguma maneira para que este livro fosse escrito. que representava a Folium na primeira edição do Toxicologia na Prática Clínica. Quirino Pena Júnior. que muito nos ajudou com os manuscritos e revisões. Nosso agradecimento também aos colegas que colaboraram com a primeira edição deste livro: Dr. equipe de enfermagem. biólogos e grupo de Psicologia do Hospital João XXIII – FHEMIG. Luciano Carvalho Campos. Aqui nos lembramos. Dr. Dr. Dr. coorde- nada pelo Dr. Camila Romano.. Dr. Dr. Agradecimentos Aos colegas colaboradores que com dedicação doaram uma parcela de seu tempo e conhecimento para a elaboração dos capítulos. Dr. Regina Maria Gasparini Pena. Vânia Lúcia Correa Tannure Abreu. equipe dos laboratórios de Patologia Clí- nica e de Toxicologia. Ao corpo clínico. Lourenço César Menezes Santos. com críticas. Dr. Dra. Rodrigo Laender Ambrosi Najar. do Dr. Renata Evelina Duarte. Antônio Aurélio Fagundes Filho. Adebal de Andrade Filho Délio Campolina Mariana Borges Dias . Dra. Dra. Dra. Marcos Roberto de Souza. ainda. Rogério de Oliveira Nascimento e Dra. pessoal administrativo. Agradecemos pela oportunidade de trabalhar com a equipe da Folium Editorial. Gilberto Dornas. Cíntia de As- sis Tavares. Filipe Maia Torres Alves. Hercília Anastasia Cardoso de Oliveira. Rafael Rezende. que ao longo dos últimos anos vêm nos ajudando a construir as bases deste livro. Antonio Carlos Toledo Jr. . Sinai School of Medicine. Alberto Sissao Sato Ana Carolina Gomes Pereira Médico Especialista em Homeopatia pela Médica Especialista em Infectologia – Hospi- AMHMG. . CMA. e fellowship em Gastroenterologia pelo Mount Minas Gerais). Presidente da Sociedade Brasileira de Perí- Andrés Martin de La Flor Lenti cias Médicas – Regional Distrito Federal. Mater Dei. Médica pela UFMG. New York. Pós-graduado em Perícias Médicas tal João XXIII. Colaboradores Adebal de Andrade Filho Ana Carolina Garcia Tuyama Médico Especialista em Clínica Médica. Coordenador da Clínica Médica do Hospital Mater Dei. Mem- bro da Sociedade Brasileira de Toxicologia e da Médico Especialista em Clínica Médica e Comissão Internacional de Saúde Internacional. Residência em Medici- Plantonista do Serviço de Toxicologia do Hos. pela UGF e em Medicina do Trabalho pela Fu- norte. André Felipe Zuccolo Barragat de Andrade Médico Especialista em Cirurgia Geral. Ex- Amilton Cabral Junior -plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospi- Médico. Anabelle Lotti do Carmo Fioravante Anselmo Dornas Moura Médica Especialista em Clínica Médica pela FHEMIG – Hospital João XXIII e Medicina In. em Medicina Intensiva. Médico Especialista em Medicina Intensi- tensiva pelo Hospital Luxemburgo – Fundação va. Ex-plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospital Joao XXIII. na Interna pelo Mount Sinai School of Medicine pital João XXIII – FHEMIG (Belo Horizonte. USA. Titulado em Acupuntura pela AMB e tal das Clínicas da UFMG. Coordenador Médico do CTI do Hospital Mário Pena. na Toxicologia Clínica da Universidade Federal mologia. Médica pela UFMG. Coordenadora da UTI do Hospi- tal Vera Cruz de Belo Horizonte. Mestre em Psicologia versidade de Caxias do Sul. Mestre e Doutora em Infectologia e Medicina Dinalva Aparecida Mendes Tropical – FM/UFMG. Médica Especialista em Clínica Médica. Professora da Faculdade de En- Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul. Professor Titular Psicóloga Especialista em Saúde Mental de Toxicologia e Medicina de Emergência – Uni. Daniela Charnizon Frederico Figueiredo Amâncio Médica Especialista em Clínica Médica e Acupuntura. mento de Clínica Médica da UFMG e Precep. Ex-estagiária do Medicina do Trabalho pela Faculdade de Ciên- Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII. Coordenador do Serviço de Toxicologia do Hos- pital João XXIII. Professora Convidada da Disciplina Estágios de Minas Gerais. Cláudia Luíza Pena Hatem Médica Pediatra Neonatologista da UTI Pedi- Éber Assis dos Santos Júnior átrica e Neonatal do Hospital Mater Dei. Plantonista da UPA Norte (Belo Horizonte). cias Médicas. David Albanez Campos  Cecília Maria de Sousa Lagares Dabien Haddad Médico pela UFMG. Médica Especialista em Cardiologia e Medi- cina Intensiva. Professor Convidado da Disciplina do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. Farmacêutico-bioquímico. gia.Carlos Augusto Mello da Silva Daniela Scarpa da Silva Costa Professor de Farmacologia. Daiana Ferraz Braga de Oliveira Médica pela UFMG. Risoleta Tolentino Neves. Médico do Centro de – PUC Minas. Unimed-BH. Délio Campolina Médico Especialista em Clínica Médica e Ceila Maria Sant’Ana Malaque Patologia Clínica. Psicóloga clínica da Presidente da Sociedade Brasileira de Toxicolo. . Plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII. Professora Convidada do Departa. e Psicologia Hospitalar. Plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII. Ex-monitora da Disci- Franciele Antonieta Bianchi Leidenz plina Toxicologia Clínica pela Universidade Fe- deral de Minas Gerais. em Toxicologia Clínica da FM/UFMG. Ex-Plantonista do Servi- ço de Toxicologia do Hospital João XXIII. Médico Especialista em Clínica Médica e em pital Público Regional de Betim. São Paulo. genharia de Minas Gerais. São Paulo e da Unidade de Terapia Intensiva FM/UFMG. Estágios em Toxicologia Clínica da FM/UFMG. da Ma- ternidade Odete Valadares – FHEMIG e do Hos. 2010/2011. Médica do Hospital Vital Brazil do Instituto Bu. Mestre em Saúde Pública (Área de Concentração Saúde e Trabalho) FM/UFMG. Médico Especialista em Medicina Intensiva. Mestre em Infectologia e Medicina Tropical – tora do internato de Clínica Médica do Hospital FM/UFMG. Ex-monitor da Discipli- Médica Especialista em Cirurgia Geral e Oftal. Mestre em Infectologia e Medicina Tropical – tantan. Presidente da Sociedade Brasi- Clara Rodrigues Alves de Oliveira leira de Toxicologia 2008/2009. Médica pela UFMG. Médica da Faculdade de Medicina da UFMG. Pediátrica do Hospital Infantil João Paulo II. Lucas Ferreira Sant´Ana Médico pela UFMG. Juliana Sartorelo Carneiro Bittencourt Almeida Marcelo Vinicius Pereira Veloso Médica Especialista em Clínica Médica. gia do Hospital João XXIII. Luciana Reis Silveira Médica Clínica.Frederico Bruzzi de Carvalho Leidiane Miranda Sacramento Médico Especialista em Medicina Intensiva. Ex-monitor do Estágio Gilberto Tadeu Nable em Toxicologia Clínica do Serviço de Toxicolo- Médico Especialista em Medicina Interna. Ex-monitora do Estágio Gerente do CTI do Hospital Eduardo de Mene. Toxicologia do Hospital João XXIII. Mestre em Microbiologia e Imuno. Medicina Intensiva. Coordenadora da Unidade de Te- rapia Intensiva de Adultos do Hospital dia e Ma- Katia Cristina Barbaro Nogueira ternidade Unimed-BH. Mestre em Infectologia e Medicina Tropical – FM/UFMG. Mestre em Saúde da Criança Coordenadora Geral do Centro de Informações e do Adolescente pela UFMG. Pro- Kênia de Castro Macedo fessora da Disciplina de Doenças Infecciosas e Médica Especialista em Pediatria e Terapia Parasitárias da Universidade Federal do Pará e Intensiva Pediátrica. Mestre em Pediatria pela UFMG e Diretor Técnico do Hospital Unimed. Referência Técnica Médica da Unida. residência em Medicina Intensiva do Hospital Odilon Behrens. Ex-monitora da Disci. . Plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospital Médico Especialista em Clínica Médica e João XXIII. Médico Especialista em Clínica Médica. Professora da Disciplina Es- Josemar de Almeida Moura tágios em Toxicologia Clínica da FM/UFMG. diátrica do Hospital Infantil João Paulo II – FHE- tal Eduardo de Menezes – FHEMIG. Coordenadora do Pronto Médica. Rotina do CTI e Supervisor da gia do Hospital João XXIII. Plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospi- tal João XXIII. Plantonista da UTI Toxicológicas de Belém. Mestre em Doenças Tropicais. Karine Valeria Gonçalves de Oliveira Maria Aparecida Braga Médica pela UFMG. MIG. Atendimento do Hospital Felício Rocho – BH. plina Estágio em Toxicologia Clínica da UFMG. Plantonista do Serviço de de de Pronto Atendimento Leste.Belo Horizonte. Luís Fernando Andrade Carvalho Juliana Fulgêncio Henriques Médico Especialista em Terapia Intensiva Pe- Médica Especialista em Infectologia – Hospi. Plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospital Professor Auxiliar do Departamento de Clínica João XXIII. Maria Apolonia da Costa Gadelha Médica. em Toxicologia Clínica do Serviço de Toxicolo- zes – FHEMIG. Médica Especialista em Medicina Intensiva. logia pela Escola Paulista de Medicina e Doutora em Ciências: Imunologia – USP. Ex-monitor da Discipli- tal João XXIII. Plantonista do Serviço de de Minas Gerais. Supervisora do Centro de Controle plina Toxicologia Clínica da Universidade Fede- de Envenenamentos de Curitiba – Secretaria de ral de Minas Gerais. Ex-monitora da disci- de Toxicologia. Mariana Martins Lessa Machado Paulo Roberto Gonçalves Amorim Médica Especialista em Clínica Médica. Professora Associada da Disciplina de Toxi. Mestre em Doenças Tropicais. Ex-Monitor da Disci- de Pública. Professor de Toxicologia do Centro Universitário UNA e da Academia de Po- lícia Civil de Minas Gerais. Toxicológicas de Belém. Professor da Disciplina de Doenças Infecciosas cologia. Ciências da Saúde – Universidade Federal de Coordenador Clínico do Centro de Informações Santa Catarina e Supervisora do Centro de Infor. Mariana Borges Dias Médica Especialista em Clínica Médica. Centro de e Parasitárias da Universidade Federal do Pará. Médico pela UFMG. plina Toxicologia Clínica da Universidade Fede- ral de Minas Gerais. Marlene Entres Pedro Henrique Lima Prata Médica Especialista em Pediatria e em Saú. Ex- -plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospi. Membro da Sociedade Brasileira Médica pela UFMG. Perito Criminal do Estado Infecciosas e Parasitárias – CTR Orestes Diniz. Membro da Sociedade Bra- sileira de Toxicologia. Médica Farmacêutico/Bioquímico. plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospi- tal João XXIII. Ex-monitor da Discipli- na Toxicologia Clínica da Universidade Federal Médica Clínica. Estado da Saúde do Paraná. Maria de Fátima Eyer Cabral Cardoso Farmacêutica do Serviço de Toxicologia do Paula de Castro Gianasi Hospital João XXIII. na Toxicologia Clínica da Universidade Federal de Minas Gerais. Toxicologia do Hospital João XXIII. Matheus Silva Gurgel do Amaral Patrícia Drumond Ciruffo Médico pela UFMG. Médica Especialista em Clínica Médica. mações Toxicológicas de Santa Catarina. . Ex- Paula Rodrigues Silva Machado Costa -plantonista do Serviço de Toxicologia do Hospi- tal João XXIII. de Minas Gerais. Mestre em Toxi- Assistente do Centro de Referência em Doenças cologia pela UFMG. Médico pela UFMG.Maria Camilo Ribeiro de Senna Pablo Alves Marinho Médica Especialista em Infectologia. Departamento de Patologia. Pedro Pereira de Oliveira Pardal Marlene Zannin Médico. Plantonista do Serviço de To- Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais. Pós-gradu- ação em Geriatria pelo Centro de Referência do Idoso do HC-UFMG. Coordenador da UTI Pedi- átrica do Hospital João XXIII. Ex-monitora do Es- Stefania Villela Moreira Reis tágio em Toxicologia Clínica. Médico Especialista em Terapia Intensiva Pediátrica.Raquel Melânia de Jesus Tassini Solange de Lourdes Silva Magalhães Médica Especialista em Clínica Médica e Médica Especialista em Clínica Médica. Farmacêutica-bioquímica do Serviço de Toxico- logia do Hospital João XXIII. Professor Adjunto do Departamento de Clí- nica Médica da FM-UFMG. Plantonis- ta do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII. CTI do Hospital Unimed BH Soraya Diniz e Souza e Samu-BH. Saulo Peconick Ventura Valéria Bruno de Souza Costa Médico Especialista em Cardiologia. Médica Especialista em Clinica Médica. Plantonista no Hospital Bio. . Coordenador do Programa de Resi- Anestesiologia. dência Médica de Infectologia do HC-UFMG. Planto- Medicina Intensiva. Simone de Paula Pessoa Lima Médica Especialista em Geriatria. Coordenador da Médico Especialista em Clínica Médica e Pós-graduação em Emergências Pediátricas da Gastroenterologia. logia do Hospital João XXIII. Mestre e Doutorando em Ciências da Vinícius Gonçalves Seabra Saúde pela UFMG. Chefe do Serviço Samir de Oliveira Sauzen de Doenças Infecciosas e Parasitárias do HC- Médico Especialista em Cirurgia Geral e -UFMG. CTI Adulto da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte. Sérgio Diniz Guerra Membro da Sociedade Brasileira de Toxicologia. Ex-estagiária do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII. cor. nista do Serviço de Toxicologia do Hospital João XXIII. Plantonista do Serviço de Toxico. Roberto Henrique Pinto Morais Pesquisador Científico do Laboratório de Co- Unaí Tupinambás leções Zoológicas do Instituto Butantan. Médico Assessor do Departamento de DST-Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Roberta Chaves Araújo Médica pela UFMG. Plantonista do Serviço de Toxicologia do Hos- pital João XXIII. Mestre em Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa. xicologia do Hospital João XXIII. Médica Especialista em Cirurgia Geral. Plantonista do CTI do Hospital Unimed-Betim. Especialista em Clínica Médica. . ......... Anticonvulsivantes ........................... Adebal de Andrade Filho 3.............. Josemar de Almeida Moura. 99 Clara Rodrigues Alves de Oliveira................................................. 89 Adebal de Andrade Filho... 79 Luciana Reis Silveira 7...... Anti-hipertensivos e outras Drogas Cardioativas ......................................................... Anselmo Dornas Moura....... Alberto Sissao Sato ...... Anticolinesterásicos ............................ Considerações sobre o Ato Suicida ........ História.................. Soraya Diniz e Souza 8............... Adebal de Andrade Filho 9............... 01 Adebal de Andrade Filho.................... Maria de Fátima Eyer Cabral Cardoso............... 135 David Albanez Campos... 113 Mariana Martins Lessa Machado....................................... Antidepressivos Tricíclicos ... Álcoois e Síndrome de Abstinência Alcoólica ..... Sumário 1. Délio Campolina 2......... Leidiane Miranda Sacramento 11... Analgésico e Anti-inflamatórios ............................ Adebal de Andrade Filho 4................. 31 Maria de Fátima Eyer Cabral Cardoso.................... 59 Éber Assis dos Santos Júnior............ 53 Daniela Scarpa da Silva Costa 5. Délio Campolina...................................................... Délio Campolina 6.... Abordagem Inicial do Paciente Intoxicado .. Roberta Chaves Araújo 10....................... 43 Cláudia Luíza Pena Hatem......... Mariana Borges Dias........................................................................... Abelhas e Vespas – Himenópteros ................ Conceitos e Epidemiologia ................. 127 Adebal de Andrade Filho................ Kênia de Castro Macedo................................ Antidepressivos não Tricíclicos .... ..... 325 Sérgio Diniz Guerra............. Beta-bloqueadores . 295 Délio Campolina.....12........................................ Paula de Castro Gianasi 17.................. David Albanez Campos................................................................................ 191 Adebal de Andrade Filho.................. Barbitúricos ................ Alberto Sissao Sato 27............................ Adebal de Andrade Filho 28.......................................................................................................................................... Antipsicóticos .............................. Délio Campolina 15.. Drogas Utilizadas em Doenças Neurodegenerativas ........... 321 Pedro Henrique de Lima Prata........................................ Lucas Ferreira Sant’Ana .. 169 Gilberto Tadeu Nable.......................... Adebal de Andrade Filho 13.............................................................................................. Cláudia de Moura Nunes Guerra..........339 Juliana Sartorelo Carneiro B.................................................................................... Herbicidas ... Stefania Villela Moreira Reis. Adebal de Andrade Filho 26............. 353 Marcelo Vinícius Pereira Veloso.................................. Benzodiazepínicos .................... Samir de Oliveira Sauzen 29.......................... Mariana Borges Dias..................................................................................................... Araneísmo e Acidentes com Lacraias e Piolhos de Cobra ................... 207 Cecília Maria de Souza Lagares Dabien Haddad 20........ 283 Mariana Martins Lessa Machado 25..... Luís Fernando Andrade Carvalho 18.... Paula Rodrigues Silva Machado 23.................................................................................... Cáusticos ............................... Cianeto ....... Adebal de Andrade Filho 16.......................................... 235 Éber Assis dos Santos Júnior... Adebal de Andrade Filho 14..... Estricnina ...................................... 183 Patrícia Drumond Ciruffo. Karine Valéria Gonçalves de Oliveira.. Mariana Borges Dias............ 177 Ana Carolina Garcia Tuyama......... Arsênio .. Drogas de Abuso ................................... 247 Adebal de Andrade Filho..... 145 Andrés Martin De La Flor Lenti.... Escorpionismo .... Chumbo ......... 199 Josemar de Almeida Moura.......................... Gases Tóxicos .............. Vinícius Gonçalves Seabra 24............................. Luciana Reis da Silveira.............................................................. Saulo Peconick Ventura............... 225 Gilberto Nable 21..................... 155 Délio Campolina... Mariana Borges Dias....................... Cocaína e seus Derivados ........................................................ Adebal de Andrade Filho 22......... Éber Assis dos Santos Júnior 19.... Ferro ........... Almeida........ Alberto Sissao Sato..................................... 261 Délio Campolina............. Botulismo .... Sérgio Diniz Guerra.... ........ David Albanez Campos.............. Intoxicação por Paraquat ................................................................................................ Monóxido de Carbono ........... Valéria Bruno de Souza Costa 47.. Hidrocarbonetos .................. Organoclorados............. 533 Adebal de Andrade Filho........483 Mariana Borges Dias..................519 Mariana Borges Dias... Mendes... Maria de Fátima Eyer Cabral Cardoso...... Mariana Borges Dias 44............. Maria Camilo Ribeiro de Senna............................. 437 Marlene Entres.. Daniela Charnizon.....475 Éber Assis dos Santos Júnior 42............................ Lucas Ferreira Sant’Ana.... Franciele Antonieta Bianchi Leidenz........................... Ceila Maria Sant’Ana Malaque 38...................... Paradiclorobenzeno e Cânfora ..................... Anabelle Lotti do Carmo Fioravante 45........415 Marlene Zannin.........469 Clara Rodrigues Alves de Oliveira.......................... Maria Apolonia da Costa Gadelha 33.............. Roberto Henrique Pinto Moraes 36.........527 Adebal de Andrade Filho.........................363 Délio Campolina................................................. Opioides ............................. Piretrinas e Piretroides ....................... David Albanez Campos 39...........403 Unaí Tupinambás............... Hipoglicemiantes ...463 Mariana Borges Dias................ Daiana Ferraz Braga de Oliveira........................... Délio Campolina............................. Metilxantinas .... Pedro Henrique de Lima Prata 31.................................................. Naftaleno....... Hoyama da Costa Pereira 40.............................................................................. Pedro Henrique de Lima Prata.....................................................451 Amilton Cabral Júnior................................................................................... Mercúrio e outros Metais ..................... Matheus Silva Gurgel do Amaral ............ Alberto Sissao Sato 43............. 511 Adebal de Andrade Filho..... Kátia Cristina Barbaro Nogueira................................. 375 Mariana Borges Dias............ 395 Dinalva A...................................... 491 Adebal de Andrade Filho....................... Juliana Fulgêncio Henriques.......... Loxocelismo ......................383 Pedro Pereira de Oliveira Pardal.......................................429 Raquel Melânia de Jesus Tassini 37.............. Acidentes por Lepidópteros ................... Éber Assis dos Santos Júnior....... Maria Aparecida Braga 34....................... Paulo Roberto Gonçalves Amorim 41. Metemoglobinizantes .... Ofidismo ........ Intoxicação por Lítio ................. Paracetamol ....... Carlos Augusto Mello da Silva...30..................... Intoxicação Digitálica ..................... Alberto Sissao Sato 32............... Intoxicação por Antirretrovirais .................... Ana Carolina Gomes Pereira Anselmo 35. Pederismo e Animais Aquáticos ............... Alberto Sissao Sato 46....................................... Solange de Lourdes Silva Magalhães................. ... Frederico Figueiredo Amâncio 50............. Raticidas ................................ Profilaxia da Raiva Humana e Cuidados com Mordeduras de Animais ..... Adebal de Andrade Filho 49........... Z....... André F... Maria de Fátima Eyer Cabral Cardoso............... Anabelle Lotti do Carmo Fioravante 52.627 Frederico Bruzzi de Carvalho.........................48..... Barragat de Andrade.................................... Salicilatos .......................... Lucas Ferreira Sant’Ana...... Délio Campolina...... 659 . 595 Délio Campolina......... Maria de Fátima Eyer Cabral Cardoso.... 643 Pablo Alves Marinho... Plantas e Cogumelos Venenosos .......................................................................... Adebal de Andrade Filho 51.... Alberto Sissao Sato 53.................................................... Simone de Paula Pessoa Lima..................... Valéria Bruno de Souza Costa Índice Remissivo .......543 Solange de Lourdes Silva Magalhães........635 Mariana Borges Dias...... Délio Campolina................. Simpaticomiméticos ........................ O Laboratório e as Análises Toxicológicas de Urgência ......................... 609 Délio Campolina............. visto que o comba- inicial e majoritariamente o abuso se associa a te não se tem feito eficaz. a adotada neste capítulo se reporta aos seus Observam-se também discussões e divergências efeitos no sistema nervoso central. associando-se a comportamentos compulsi- vos durante o uso. ao Ministério da Saúde as ações destinadas à re- tes da sua situação. econômica e sua dimensão relacionada à saúde. ecstasy. cocaína/crack/oxy. respiratórios e neurológi. heroína. fenciclidinas. ternativas. Além disso. As alterações no informações relacionadas a ácido lisérgico. Atualmente. estimulação e perturbação desse tornos psiquiátricos e toxicômanos. Drogas de Abuso 23 Délio Campolina Luciana Reis da Silveira Vinícius Gonçalves Seabra A preocupação relativa ao consumo de subs- tância. As comorbi. influencia a capacidade individual de deci- são. remetendo aos primórdios envolver questões socioeconômico-judiciais. debate e real implantação do controle do. abuso e abstinência. maconha. inúmeras discussões nacionais O conhecimento farmacológico das substân. metanfetaminas. O receio e a apresentação de sinais e sinto. sendo essas rela- sobre estudos em grupos de pacientes com trans. de danos. (cetamina). anabolizantes esteroidais. anfetaminas. tivas à depressão. já regulamentado. sideradas no acompanhamento individual. primária cerebral que possibilita danos sistêmi. sem valor nutricional ou médico comprovado. podendo mensional e evidente. afetando o comportamento humano. inalatórios. Contu. sistema. A toxicomania é considerada uma afecção bebidas alcoólicas. medicações prescritas e tabaco. club sistema nervoso central. “cabem cessário. tanto As drogas de abuso mais comuns são: ácido na urgência quanto ambulatorialmente. é importante atentar para o dades psíquicas daqueles atendidos agudamente potencial de abuso e importância clínica do uso das por exposição às drogas de abuso devem ser con. Drogas de Abuso 261 . alterações de expressões genéticas e do circuito Diversas classificações para drogas já foram pro- neuronal. já instalada a dependên. e internacionais transdisciplinares ocorrem em cias psicoativas e fisiopatológico das intoxicações relação ao tema e notória é a importância socio- agudas pelas conhecidas “drogas de abuso” faci. uso de álcool e outras drogas”. o entendimento holístico do indivíduo é ne. da humanidade. postas. ketamina mas cardiovasculares. lisérgico. Nes- cos são os grandes motivadores de atendimentos te capítulo serão abordadas com mais detalhes as emergenciais dos toxicômanos. hidrocarbonetos cos. No Brasil. no São esperados políticas públicas de propostas al- atendimento de urgência e emergência. lita a abordagem inicial aos usuários dessas. dução de danos sociais e à saúde decorrentes do Sabe-se que o uso de drogas é voluntário. diversas substâncias disponíveis no mercado. contextualizando os fatores determinan. com intuito ”recreativo” é multidi- cia. club drugs. drugs e maconha. C. O tipo de droga utilizado varia com sintetizadora. 325% trando-se na população jovem. em que vemos. seguida pelas anfetaminas (29 e remédio corroboram a visão de que a droga por milhões). é um agravante à não vencida pelo corpo. cada vez mais humanidade. mesmo cia-se no “Levantamento sobre o Uso de Drogas com selo real de aprovação terapêutico do uso com Estudantes de 1º e 2º Graus em 10 Capitais do cânhamo. mica mais favorecida financeiramente. A maconha é a mais consumida (144 mi- referindo-se à dose como diferenciador de veneno lhões de pessoas). vida e em torno de um quarto é fumante.2% da população algo entre benéfico e prejudicial e de Paracelso mundial. Essa fase Estudos brasileiros demonstram crescimento de aumento do uso de cocaína e ópio constituiu do consumo de álcool entre os jovens. sim como as demais intoxicações. Eviden- grande preocupação na Grã Bretanha. se torna o planejamento de intervenções. que isso se mais potente que a morfina converteu a empresa intensificou. Estudos disponíveis se re- a prescrição de tônicos e bebidas. mas milhões. pública teve aumento no período estudado (1987 roína no mercado como uma droga cinco vezes a 1997). há evidente com a síntese da cocaína em 1860. seria capaz de vencê-lo. Segue-se o uso na classe econô. denotando inversão da elitizada forma Finalidades religiosas. pela endemia e generalização do uso de drogas apurou-se aumento no consumo de 100% para indistintamente entre as classes sociais e concen. O período Brasileiras”. O surgimento da he. enquanto nas comunidades assí. da Europa já experimentou álcool alguma vez na rias se fazia uso com intuito religioso e anestésico. visto que era “privilégio” de poucos consu. os ansiolíticos. taminas e a década de 40 marcada pela desco. verdadeiro mo. dificuldade de desenharmos um cenário nacional A preocupação com o consumo crescente das do real impacto na saúde dos brasileiros. nos anos 90. especialmente por laboratórios ilegais. Deficitário drogas até os séculos XVII e XVIII não se eviden.histórico muitas vezes com substâncias não controladas e efeitos imprevisíveis. 150% para as anfetaminas. de uso à disseminação na faixa proletária e nas ruas. por exemplo. de produtora de corantes a potente a classe socioeconômica. no uso de ansiolíticos. e 700% para a cocaína. como no Papiro epidemiologia de Eber (cerca de 1500 a. depende do contexto em que se encontra seu uso. Atenção Integral aos Usuários de Álcool e outras 262 To x i c o l o g i a n a P r á t i c a C l í n i c a . fica conhecida pela ampla produção de drogas A política do Ministério da Saúde para a sintéticas. precoce. inadvertida. deriam justificar o emprego de substâncias psico- ativas. Assistência Toxicológica nacionais e internacionais. A partir do século XIX. Estima-se. terapêuticas ou festivas po. Mais da metade da população das Américas e fome e cansaço. A década de 60 ficou conhecida na categoria de uso “seis vezes ou mais no mês”. O con- A conceituação platônica de phármak como sumo de drogas ilícitas atinge 4. A despei- ciava.5 si não poderia ser considerada boa ou ruim. Comparando-se o aumento do consumo dessas berta. metem às casuísticas dos Centros de Informação e dismo à ocasião. substâncias ao longo dos quatro levantamentos. to de ser compulsória a notificação de todo atendi- midores. que o uso das guerras foi auxiliador da difusão do consumo de drogas psicotrópicas entre estudantes da rede da morfina. cocaína (14 milhões) e os opioides (13. A década de 80 para a maconha. Tem-se verificado aumento da como o início da comercialização das anfe. realizado pelo CEBRID. verificou-se falta desses comunicados. O uso de drogas está associado à história da O acesso de larga faixa etária. sendo o uso de solven- indústria farmacêutica. por Hoffman. as- e hipocrática de que a droga seria a substância que. tes e maconha o mais detectado na faixa mais O século XX tem sua década de 30 destaca. sendo 9 milhões usuários de heroína). O padrão de utilização difere con.). especialmente mento toxicológico médico no Brasil. que o cânhamo era usado por egípicios para minimizar preocupações. Pode-se exemplificar isso a partir de docu- mentos históricos. pobre da população. ao final do século XIX. anfetaminas e cocaína. A subnotificação de atendimentos devidos aos Assume-se como verdadeira a afirmação galênica efeitos agudos e crônicos do uso das club drugs. na última década. dos efeitos do ácido lisérgico. fácil e a baixo custo caracteriza o consumo forme o período histórico e cultura considerados. A pesquisa compreendeu tico. dução científica aplicada a estudos de utilidade O nome comercial do produto produzido pública. ácido gama-aminobutírico (GABA). Esse fato dificulta a determinação traçou perfil de crianças e adolescentes em si. em baixas concentrações naturais no cérebro. 74% dos atendimentos de cípio ativo é o sal sódico do ácido 4-hidroxi- intoxicações por drogas de abuso foram por co. Drogas de Abuso 263 . de 126. apenas 0. implicações clínicas e do prognós- tuação de risco social. 89. cujo prin- João XXIII (CIAT-BH). com causa da gravidade da intoxicação por cocaína e diversas restrições e necessidade de registro de seus derivados.216 (MS. apresentando um viés por tratamento via oral apenas da narcolepsia. da abordagem. Na Unidade de Toxicologia do Hospital pela Jazz Farmacêutica é Xyrem®. Depressor do SNC foi aprovado nos caína e crack.5% declaram morar na maioria dos dias da se- mana com a família. Há mais de três décadas. O 4-hidroxibutirato Club drugs é um termo da língua inglesa para de sódio. sancio.09 g/mol. tem peso macologia e ação psicotrópica. flunitrazepan (ro- da Saúde (MS). hypnol). encontrado tância governamental e da universidade na pro. Pertencem a esse grupo o de saúde mental atual adotada pelo Ministério gama hidroxibutirato (GHB). 2002). a pesquisa envolve.5% em instituições. que se propõe a estudar o comportamento dos alunos do ensino médio. um pó branco cristalino hidrossolú- referir-se ao grupo de substâncias de variada far. Os investigadores perten- cem ao National Institute on Drug Abuse. Esses números refletem uma ideia do Drug Administration (FDA). gama hidroxibutirato (ghb) 94. Importante salientar que a incer- nada em 6/4/2001. butírico.8% referem frequentar a escola regularmente. A apresentação farmacológica é um frasco club drugs de 180 mL em solução oral contendo 500 mg/ mL de oxibutirato de sódio. distribuição vista foi de 53. geralmente utili.Drogas concorda com os princípios da política danceterias e festas. podendo-se citar o “Monitorando o futuro” (em inglês Monitoring the future). de- partamento do National Institute of Health. cerca de 50 mil estudantes. uma vez regulamentada e respal. cada paciente em uso da droga. 5% por maconha e 21% por outros Estados Unidos da América pela Food and agentes.5% do sexo masculino e 46. cetamina (ketamina).5% do sexo feminino. Consór- cios interinstitucionais como esse poderiam ser GHB é um metabólito do neurotransmissor adaptados à nossa realidade. no mês de junho de 2002. em 2002. da toxicidade.2. universitários e adultos jovens. anu- almente.1 GHB pó e líquido. teza sobre a real composição das club drugs du- Estudo realizado pelo MS em parceria com rante o atendimento inicial na urgência. reforçando a impor. faz com o Movimento Nacional de Meninos e Meninas que a identificação sindrômica seja norteadora de Rua (MNMMR). conduzido pela University of Michigan. Sugere-se estudar de forma atenta o capítulo 632 crianças e adolescentes entre 10 e 23 anos. vel. e anfetaminas. de fórmula molecular C4H7NaO3. para quadro em todo o país. MDMA (ecstasy) dada pela Lei Federal 10. mostrando o perfil e as mudanças no padrão de uso dessas drogas nesse período. sob monitora- mento pelo referido órgão.1% mora nas ruas e 9. Chama-nos a atenção a coleta de dados es- tadunidenses. A de síndromes toxicológicas. Sua estrutura química é mos- zadas por adolescentes e adultos jovens em bares. e é Figura 23. trada na Figura 23. 85% dos entrevistados encontram-se na faixa etária de 13 a 17 anos. 5 g. mente oral. ação hipnótico-sedativa. insípida e transparente. foram dem ou modafinil. Estudos em animais indicam Network – DAWN). ficadas no sistema DAWN. ma que as exposições ao GHB caíram de 1. HO Depressor do SNC em altas doses resulta efeitos sedativos como sonolência. médio para alcançar a concentração máxima va. Drug Abuse Warning ínas plasmáticas. Services Administration. Sabe-se que atua viabi. “de roubo ou A absorção do oxibato de sódio é rápida. GHB e dois dos seus precursores gama. no espa. Mesmo sem estudo sistemático sobre o abu- riou de 0. A farmacocinética Estudos em adultos saudáveis demonstram é não linear e não é alterada com a repetição das não haver interações farmacocinéticas com ou- doses. Asso- No que concerne à distribuição. não foram cia no sistema nervoso central. Contudo. O O uso repetido dessa droga pode levar a insônia. o oxibato de ciações com álcool e GHB também são descritas. produzindo dependên- blicada pelo laboratório sintetizador. O início de ação estudadas doses únicas superiores a 4. resistência. São descritos casos de dependência por uso -butirolactona (GBL) e 1. de morte) em 2003. o hidrocloreto de protriptilina. O tempo cartar interações farmacodinâmicas. secundariamente. a absorção é retardada e reduzida por refei. coma e morte. O perfil desses usuários fo- que a metabolização é a principal via de elimi. geralmente é combinada lizando as ondas de sono lentas (delta) e o tempo a bebidas alcoólicas com intuito criminoso (con- de sono noturno. Apresenta também efeitos anabólicos ção hiperlipídica. menos de 1% liga-se às prote. tremores e sudorese. dio é ainda desconhecido. via de contato geral- O mecanismo exato de ação do oxibato de só. com tempo de adiposo e hipertrofia muscular. em sítio de ligação cerebral O Na em seu sítio específico. não se podem des- de 78 e 142 μg/mL.916 ço de seis a oito horas após a administração. É eliminado prin. após administração de uma dose diária e narcolepsia. única droga identificada. _ + receptores GABA-B. Por se tratar de formulação inodora. via ciclo de ácido tricarbo. GHB e álcool. menos de 5% de fármaco can Association of Poison Control Centers infor- inalterado aparecem na urina humana. ansiedade. o qual é então eliminado por decaído próximo de 33% desde 2000 e a Ameri- expiração. por fisiculturistas almejando redução de tecido cipalmente por metabolização. em que o GHB foi a A eliminação do oxibato de sódio é quase to. entre elas de 9 g. cano é de que houve aumento de 100 vezes en- centrações de oxibato de sódio variando entre os tre 1992 e 1999 (Substance Abuse Mental Health 3 e os 300 μg/mL. Em média. As notificações de aten- talmente assegurada por biotransformação a di. Segundo a monografia do fármaco pu. a biodisponibilidade absoluta (estimulando a síntese proteica). com o oxibato de sódio. produzindo dióxido envolvendo indivíduos menores de 25 anos e vá- de carbono e água. sódio é um composto hidrofílico com volume de O relato do departamento hospitalar ameri- distribuição médio de 190-384 mL/kg. Cinco dessas mortes foram noti- por β-oxidação. rápido estimula o uso como droga de abuso. meia-vida de 0.2 Estrutura do oxibutirato de sódio. Para con. Agem nos (18 a 250 g/dia). respectivamente. rios óbitos foram informados com a combinação xílico (pelo ciclo de Krebs) e. As concentrações plasmáticas máximas tras medicações usadas no tratamento de insônia médias. ad. ilícito de GHB. A (com seis óbitos) em 2001 para 800 (sem relatos excreção fecal é insignificante. ram 60% de relatos de atendimento hospitalar nação do oxibato de sódio. sendo utilizado é de aproximadamente 25%. Figura 23. com frequência e repetidas doses contram-se envolvidos na intoxicação. dimentos na urgência por GHB e análogos têm óxido de carbono. so do GHB. dividida em duas doses equivalentes.5 a uma hora. mas assalto”) por seu efeito sedativo e que viabiliza o incompletamente absorvido após a administração malfeitor a abusar da vítima sem que essa ofereça oral.5 a duas horas em oito estudos farmaco. com excesso do nível terapêuti- 264 To x i c o l o g i a n a P r á t i c a C l í n i c a .4 butanediol (BD) en. Está disponível na forma em pó e líquida. tartarato de zolpi- ministradas com quatro horas de intervalo. a notificação desse é reportada com cinéticos. siderada uma droga “de estupro”. de alto custo e Estudos clínicos com o GHB. mioclonias e crises tônico-clônicas são cons- tatadas. mas estudos open-label. turvação visu- al. Fotorreatividade. A respiração pode ser afetada ou comprometida em frequência e profundidade respiratória. hipotermia. a semiologia da descontinuação Não se verifica benefício na administração de inclui a síndrome de abstinência com insônia. letargia. intoxicação pelo GHB. no entanto. ralmente tal sintomatologia cessa entre três e 14 Hemodiálise e demais formas extracorpóreas dias com a suspensão do uso. Existem alguns relatos para detecção de GHB nos serviços de emergên- referindo sintomas de tolerância após uso ilícito cia. no tratamento da metodologia especializada. câimbras e taquicardia. anfetaminas e Metanfetaminas tre agitação. Emese (mesmo com prostração). contudo. ansiedade. O atendimento ini- abstinência alcoólica. psicose. Ocorreram mudanças tanto Drogas de Abuso 265 . ataxia e coma. Nesses casos. tais medidas não são garan- controlados. como a respiração de Cheyne-Stokes e apneia. pois normalmente são realizados por croma- de doses de Xyrem® acima das recomendadas. Bradicar- dia. A descontaminação do trato gastrintestinal. uma convicção subjacente de que algo significa- quado pela idade e peso do paciente. A bradicardia reportada na intoxicação por GHB responde ao uso de atropina intravenosa “Senti-me feliz e com humor leve. cial e o suporte clínico adequados. diaforese. posta dos intoxicados por GHB. A variedade pode ocorrer en. Coma é detectado em doses elevadas.co. devido ao seu maticamente investigada em ensaios clínicos rápido metabolismo. náuseas. deve ser considerada na suspeita de ingestão concomitante de outras drogas com tal indicação (vide capítulo de abordagem inicial e descontaminação). inconsciência e hipotonia mus- cular acontecem em certos casos. Ge. demonstrados cia cruzada ao álcool. antídotos específicos para outras drogas como flu- cansaço. os reflexos tendinosos permanecem intactos. mazenil e naloxona na reversão da depressão do tremores. sistema nervoso central devido ao uso dessa droga. Figura 23. tivo estava por vir. estado confusional. duração (seis meses). alimentos e jejum. mostram boa res- A apresentação variável do paciente intoxi. de remoção de drogas não foram avaliadas para a A tolerância ao GHB também não foi siste. dose. nos relatos de casos publicados. de longa tidas para o óxido butirato. coingestão de outras drogas. cefaleia e habilidades psicomotoras prejudicadas podem ser observadas. combatividade. mas com nas doses recomendadas conforme cálculo ade. sugerem potencial tolerân. Figura 23.3 Diversas anfetaminas. mediante a exclusão de contrain- dicações. cado por GHB associa-se ao tempo decorrido da ingestão. não demonstraram desen.4 Metanfetaminas e ecstasy (MDMA). Geralmente não há disponibilidade de testes volvimento de tolerância. tografia com detecção de massa. Alterações tí- picas pupilares não são descritas como auxiliares no diagnóstico. tratamento O suporte de vida deve ser prontamente ins- tituído aos pacientes supostamente com intoxica- ção aguda por GHB. sudorese. em am- Descrito em 1978 como auxiliar psicotera. Nessa mesma época. Essa indicação médica como indivíduos de 24 anos. já há alguns anos. idiossincrasia. O surgimento euro- semelhante à de beber um segundo Martini.” peu. avaliando o uso de MDMA na co- profundo relaxamento. respectivamente. anfetaminas. A suposta nas. associado a época de ouro da pesquisa terapêutica com outras drogas (maconha. houve a popularização da experiência e foi ainda mais poderosa que na nas raves brasileiras. to grupo frequentador de clubes noturnos. ainda tância que antes não notaria. Minha visão habitualmente cial utilidade terapêutica. em 1984.. obe. Pude perceber detalhes à dis. Relatos de que a china white fora sintetiza. A classificação rotonina (5-HT) e dopamina. nhecidos. das raves. A proibição 1965 (nos EUA). ca- também foi alvo de difusão informativa já em feína. tabaco e LSD) em 93. levando ao controle legal do mercado. combina propriedades estimulantes e alucinóge- gação na mídia. como categoria 1 pela Drug Enfor. fo. como podemos traçar um perfil dos usuários dessa droga era classificada à ocasião.na perspectiva visual do campo em proximidade pode ser alterada caso estudos confirmem poten- quanto à distância. ser uma droga das classes sociais média e alta. até o dia componentes utilizavam comprimidos provenien- seguinte. lugares pêutico. bientes de lazer noturno (raves em 78. na década de 30. cetamina. Em 1995. inibe a recaptação 266 To x i c o l o g i a n a P r á t i c a C l í n i c a . Ibuprofeno. 61. menos uma vez/semana (50% até 1 comprimido sidade e no atualmente conhecido transtorno de e 46% mais de um comprimido). de MDMA (3.8%. nível supe- era restrita. como no tratamento parca foi aguçada. ao produzir e consumir 100 e legal não reduziu o número de usuários. ao tratamento de narcolepsia. consi- explicita os riscos observados nas intoxicações derado consumo baixo. cujos ram durante o resto do dia e da noite.2% e festas 53. en.. 120 mg. comunicar mais profunda e pessoalmente com evidenciou que até 39% dos alunos na graduação uma clareza especial e experimentei a sensação já haviam utilizado ecstasy. a claridade e o maravi.” -se o encontro por parte da polícia do primeiro A tradução das descrições de Shulgin. sua patente. a presença da dro- fosse possível. O mecanismo de ação da MDMA é ainda in- da para substituir a heroína e ser causadora de certo. O valor atualmente pago por um comprimido As anfetaminas foram sintetizadas provavel. Eu nunca proibição em 1990 no Reino Unido. 1985. em comissão de ências do consumo crônico são também desco- emergência. Entre eles. and patterns of use reported by users in São Paulo”. Após o término do em estudo. nos EUA. meu estado foi de Peroutka. Devido ao seu amplo uso recreativo. na apresentação clínica. levou à sua não há nada mais que pura euforia. Segundo o artigo “Ecstasy (MDMA): Effects ram usadas inicialmente para tratamento da hipe.6% usam pelo e discussões. entre outros). houve divul. porém preocupante. que tre os jovens americanos. sob aprovação pela FDA. por anfetaminas.. atraindo mais adeptos. solteiros. O ecstasy é um derivado de anfetamina. ain- mente antes de 1914. O padrão de uso déficit de atenção e hiperatividade. substâncias (MDEA. historicamente. em cer- lhoso sentimento de força interior permanece. Estou conquistado pela profundidade tes de Amsterdã. ratividade ou disfunção cerebral mínima. em Manchester. havia me sentido tão bem ou acreditado que isto No Brasil. com controvérsias rior e classe média. em São Paulo. Pode ser consumido em associação a outras similaridade do ecstasy à chamada china white. O motivo pelo qual há diversidade da disponibilidade dessa. efeito do ápice experimentado.. quando a Merck assumiu da. AAS. No século XX. bem como a interação medicamentosa com graves danos centrais em usuários alertava para demais princípios ativos disponíveis nos fármacos riscos de saúde pública. atingiu entre 1977 e 1984 a chamada para dançar em 69. mostrando. A pureza. “Sinto-me absolutamente limpo por dentro e com referência a usuários de ecstasy. ga foi enfatizada em 1994.8%). em laboratório de ecstasy em São Paulo. Sabe-se que promove a liberação de se- cement Administration (DEA). MDMA. Senti que era capaz de me munidade da University of Stanford. Em agosto de 2000 divulgou- primeira experiência. Levantamento de 2002 do CEBRID coloca lenedioxi-metanfetamina) denota prazer e não os alucinógenos como 1% das notificações.3%. de 63% é em companhia de várias pessoas. encontra-se entre 30 e 50 reais. de pacientes com estresse pós-traumático. em 1987/1988. consequ- os EUA consideraram MDMA.4-meti. segundo a literatura disponível. O efeito é prolongado (duas a rotoninérgicos e dopaminérgicos. colinérgico e H1 histaminérgico. e traumas. ção cada vez mais jovem. mas é crescente e atinge popula- O “esgotamento intraneural de serotonina” é mar. Compli- A área sobre a curva do MDMA sugere far. so (rush ou flash) e sensação de poder. convulsões. cações relativas ao uso injetável como infecções macocinética não linear. anfetaminas sintéticas. ainda ser baixo. com duração de tolerância rápida limita o uso compulsivo e aditivo. tiques e anorexia. melhora da comunicação Os efeitos neurotóxicos parecem estar relacionados e relação com as pessoas. As. dem ocorrer. a dano nos terminais nervosos serotoninérgicos. pode justificar o As principais complicações ameaçadoras à abuso pela população feminina. como promotor se e associou o uso de MDMA à piora no funcio. agir no sistema serotoninérgico. induz apoptose 24 horas) e os sintomas euforizantes e estimulantes via estimulação do receptor 5-HT2A em neu. doses elevadas promotora de aumento despropor. A redução duradora dos níveis de 5-HT e comprimidos ou tabletes. sentimento de euforia. com intuitos hipertensão. As anfetaminas são estimulantes do SNC. -regulation dos receptores 5-HT2A. simpatia e empatia. efeitos do ecstasy (MDMA) e similares se dão O uso das anfetaminas com intuitos recreati. A divulgação da apre- cante na farmacodinâmica.da 5-HT. ma. levando a down. excitabilidade. mostrou afinidade por receptores alfa-2-adrenérgico. O artigo “MDMA use and neurocognition: a anorexia e hiperatividade autonômica. colapso cardiovascular não terapêuticos tem sido registrada e popularmen. O ecstasy (MDMA) é consumido em cápsulas. seu uso intravenoso pode ser responsável por duas horas após administração oral e os níveis referida agressividade. da liberação da serotonina e agonista direto. A despeito da via oral ser a mais usada no Bra- O pico de concentração plasmática ocorre sil. Os namento neurocognitivo. médica e intervenções imediatas e adequadas. aumento da libido. delírios residuais (0. de cristais cional nos níveis plasmáticos. aumento da energia emocional e física. sendo que 80% desses pertermia e encefalopatia hiponatrêmica. no Brasil. rônios corticais e achados sugerem neuroadap. sendo o consumo de locais ou sistêmicas e endocardite são relatadas. convulsões. Podem meta-analytic review” incluiu 23 estudos na análi.005 mg/L) são encontrados 24 horas paranoides. tações pela hiperestimulação. manutenção de vigília. fuma- Estudos mostram que o consumo de MDMA das em cachimbos de vidro. M1 aumento de 725%. ves e necessitam de reconhecimento pela equipe mir essa substância. responsáveis por euforia. de metanfetaminas. Desconhece-se ainda o uso. em 2007. injetadas ou inaladas. As complicações agudas. podendo também ser pode resultar em dano nos terminais nervosos se. hipertermia. bem-estar e autoaceitação. são gra- usuários possuíam prescrição médica para consu. possivelmente.3%. população nacional. ação por duas a quatro horas. euforia. Há ocorrência de bruxismo. Drogas de Abuso 267 . Efeitos primários “positivos” após sua administração com síntese de nova enzima almejados são descritos como aumento da autoesti- sugere a formação de um metabólito neurotóxico. sociam-se aos comportamentos da cultura clubber arritmias cardíacas. Edemas pulmonares cardiogênicos po- te elas são conhecidas como MDMA ou ecstasy. como o ice ou o crystal. dopamina e noradrenalina e diminui a A notificação de uso de ecstasy no Brasil pode atividade da enzima triptofano hidroxilase (TPH). com aproximadamente 5-HIAA e da atividade da TPH até uma semana 120 mg da substância. A produção das vida no abuso de anfetaminas são hipertermia. Crises hipertensivas. pela afinidade importante pelos receptores sero- vos e de controle do peso corporal. principalmente hi- trou prevalência de 1. Sintomas ansiosos e psicóticos agudos e crôni- por tal razão desconhece-se seu real impacto na cos (em indivíduos predispostos) podem aparecer. rabdomiólise e morte já foram relata- O consumo no Brasil é pouco notificado e das. toninérgicos 5HT e 5HT2. comparada ao ano anterior. Tido como Efeitos psicoestimulantes são observados 20 a entactógeno. prazer inten- após a última dose. são intensos. hepatites tóxicas. Sintomas psicóticos podem aparecer. é considerado droga com efeito de 60 minutos após a ingestão considerada modera. e uso frequente em eventos conhecidos como raves. O desenvolvimento de da de doses entre 75 e 100 mg. Estuda-se também a ensão policial dessas drogas. ilegalmente. Pesquisa com adultos mos. precordialgias. sintomas de primeira ordem podem acontecer em nifestações frequentes a ansiedade. Como complicações por uso Há relato de uso de anfetaminas cronicamen- crônico. lhora o prognóstico dos pacientes. gulopatia (CIVD). função renal. irrita. a depressão e letargia gado de seu uso. delírio. os usuários não recebem. tremo. O suicídio pode ocorrer tanto pela im- to de extenuação e pausas prolongadas de re. edema agudo de limitações de memória. benzodiazepinas e sintomáticos nos quadros de mioglobinúria. fadiga. hipertermia. “fissura” intensa. dissecção de aorta. verborragia e vômitos. Essa substân- nâmica. pode ser necessária. Miocárdio. alucinações anorexia. O tratamento pode ser e diminuição dos efeitos “desejados”. controle e a manutenção da vida adequados com ∏∏ geniturinárias: insuficiência renal aguda. a avaliação de exames geral. benzodiazepínicos de ação curta denotam auxí. cognitivas. conforme o qua- de anfetaminas. ceptível. lio na abordagem inicial. Segue-se a esse um momen. geralmente são usuários depressão. pela ciam-se ao desejo de manutenção dos efeitos exposição a esforços intensos. nistagmo. glicemia. edema cerebral. vômitos e diar- camentoso em urgência médica. hipertensão. ∏∏ metabólicas e hematológicas: acidose meta- bilidade. crônicos. paranoia. São esperadas alterações: cia pode ser detectada na urina entre 24 e 72 ho- 268 To x i c o l o g i a n a P r á t i c a C l í n i c a . euforia. No atendimento agudo. e a falta de crítica em relação à sua situação. ataques de pânico são referidos. que utilizam anfetaminas em grande ção e pesadelos. sudorese. espera-se desde desnutrição até infarto te em baixas doses (20-40 mg/dia) por indivíduos agudo do miocárdio. em dro clínico apresentado. paranoia. São evidentes o reia. Antidepressivos e agonistas do. náusea. Apesar de ser possível a dependência por uso Assim. Trans. agitação. coagulação (TAP. diafo- Tratamento sintomático e suportivo com uso de rese. coma. taquicardia. urina rotina. rabdomiólise. convulsões. rigidez e tremores. colapso cardio- tidos com suspeita de intoxicação anfetamínica vascular. hepatotoxicidade. Sintomas psicóticos com pode afetar até 87% desses usuários. rios persecutórios e autorreferentes. ansiedade. atendimento devido. são notórias a fadiga excessiva A chamada “fissura” e a tolerância asso. função hepática. ∏∏ neuropsicologicas e musculares: acinesia. firmação da utilização de MDMA. Não há abordagens complementares. depressão e pulmão não cardiogênico e SARA. mioclonia. A considerada síndrome de abstinência períodos de exaustão. desidratação. ∏∏ gastrenterológicas: náuseas. principalmente em relação à memó- ria. lação central. tono. entre estes: eletrólitos (sódio. inquietação. TTPa. de descontinuidade de uso. feito com neurolépticos ou benzodiazepínicos. Durante a tentativa prazerosos e a compulsão por período prolon. com desejo de melhora de desempenho profissio- ria. labilidade emocional. hiper-reflexia. Contudo. lentifica. comporta- paminérgicos foram investigados sem sucesso. instabilidade emocional. As principais características são delí- mento de efeitos indesejáveis (trismo. CPK/ CK-MB/ troponina. cegueira cortical transitó. sudorese. A motivação para busca de auxílio me. de abstinência das anfetaminas não se tem mos. sendo tal uso socialmente imper- micos e edema agudo de pulmão. Infarto Aagudo do podem se apresentar com sinais de hiperestimu. plaquetas). fadiga. gasometria pacientes. São ma. quantidade. necessitando de tratamento medi. vasoespasmos sistê. surgem. midríase. os pacientes admi. em longo prazo. O tratamento para a remissão dos sintomas trombocitopenia e SIADH. A tolerância é associada a au. mento antissocial. pulsividade com o uso quanto na depressão nos pouso. opistó- Os efeitos crônicos indicam alterações neuro. arterial. espasmos musculares. tornos psiquiátricos e impacto cognitivo como ∏∏ respiratórias: taquipneia. tação. específicas e baseadas em evidências para esses potássio). excitação. hiponatremia. cefaleia. coa- res. ansiedade. toxicação e a gravidade se relaciona à dificuldade Pode-se coletar amostra de urina para a con- de controle dos quadros de instabilidade hemodi. Inúmeras são as apresentações clínicas na in. cardiopatias irreversíveis. calafrios. além de aluci- mialgia. bólica (láctica). ∏∏ cardiovasculares: arritmias. ECG e TC de crânio. nal e pessoal. hipotensão. hipercalemia. qualquer modo de uso. taquicardia. insônia) nações auditivas e visuais. agi- trado promissor. piloereção. e a maioria dessas mortes é atribuída a conse- -se à intoxicação hídrica e à hiponatremia. alça (furosemida) pode-se fazer necessário acom- A taquicardia e a hipertensão podem respon.23 ± 0. segundo o Up to date acessado em cursa geralmente com a associação de dosagem de 2011. Em casos não A hipertermia é também característica de gra- responsivos de hipertensão refratária. garantir adequado funcionamento do confusão mental. jovem masculino. xymethamphetamine (MDMA) in humans” da do hormônio antidiurético (ADH). O tratamento de todos os pacientes deve A semiologia sugestiva de encefalopatia hipo- manter a via aérea pérvia. demonstrando aumento comprimidos). Foi ma- A média da concentração de ADH aumentou nejado com assistência ventilatória. insuficiência renal aguda. desmielinização osmótica). 19 anos. Con- protocolo específico. convulsões. A hipertermia de taquicardia importante. mediada descreve casos clínicos de pacientes atendidos pela ação serotoninérgica. incluindo benzodiazepíni. em 2006. Evita-se uso de beta-bloqueadores. Autores descrevem o caso de um tasy e a secreção inapropriada do ADH. Em suspeita de intoxicação por anfetaminas e seu uso exclusivo de anfetaminas.0. No Reino Unido há registro de óbito de 15 ninérgica. na taxa metabólica (50 a 100%) e a diminuição Estudo correlacionando o consumo de ecs.42 para 1. convul- das anfetaminas). Nas festas.43 ± 0. Sugere-se agudo e o excesso de estímulos visuais e auditivos a correlação entre a hipertermia. São descritas tempe- -se nitroprussiato de sódio (sendo o labetalol con. o estresse devido às elevações de temperatura. a velocidade de 1 a 2 mEq/kg/hora. Drogas de Abuso 269 . (ABCD). Inges. hidratação.29 para 1. pode se associar à secreção inapropria. pmol/L). astenia.34 pmol/L). Os estimulantes centrais poderiam poten. der ao uso de benzodiazepinas. contraindicações. pessoas/ano decorrente da ingestão de MDMA A encefalopatia nessas intoxicações relaciona. dose única de carvão ativado caso a ingestão sódio sérico (usualmente < 120 mEq/l) e tomogra- seja há menos de uma hora do atendimento. (1. Evita-se o uso de correção adequada de níveis séricos de sódio butirofenonas e fenotiazinas (mesmo ambas sendo baixos.4-methylenedio- marcante. Sugere-se o início de infusão de NaCl a 3% reduzir a eficácia dessas medicações. náuseas e vômitos. raturas acima de 43ºC como complicação impor- troverso.28 ± 0.ras. primeiras 24 horas (pelo risco de síndrome da nérgica. ácido acetilsalicílico e nitroglicerina. Insufi. Na persistência tante na intoxicação anfetamínica. adequadas. prescreve. O controle da agitação e da ansiedade pode ser O tratamento da intoxicação hídrica consiste realizado pela administração de diazepam ou ou. panhando o suporte clínico avançado. Estudo com título tão copiosa de água na intoxicação por MDMA é “Thermoregulatory effects of 3.41 de abuso (metanfetamina) e análise confirmató. rebaixamento do nível consci- aparelho cardiovascular e sistema nervoso central ência. respiração e ventilação natrêmica inclui alucinações. em restrição de água livre (água. que sobreviveu à comparou usuários de ecstasy (considerados club. evitando-se seu uso). dições de uso favorecem a hipertermia e parece cos. mas poderia estar a reposição não deve ultrapassar 12 mEq/L nas relacionado a efeitos opostos na atividade dopami. segue-se protocolo geralmente induz a rabdomiólise. acido- na secreção de ADH e ocitocina nos usuários. pela triagem toxicológica habitual de drogas no grupo MDMA (1. Desenvolveu convulsões. orienta-se adminis. hipertermia devido à ingestão de MDMA (três bers) com não usuários. sendo que crição de mecanismo exato. acompanhamento. O uso de diurético de cializar a arritmogenicidade das fenotiazinas. dano hepático e coa- ciência coronariana deve ser abordada conforme gulação intravascular disseminada (CIVD).16 ± 0. Os simpaticomiméticos podem sões). A descontaminação deverá seguir os cri. coma. salvo ser dose-dependente. o aumento podem contribuir para secreção do ADH. ACLS. quências da hipertermia. coma. Não há des. associado ao suporte ao quadro clínico capazes de antagonizar os efeitos farmacológicos crítico (sinais de edema cerebral. tro benzodiazepínico disponível. fia computadorizada revelando edema cerebral. se metabólica e falência respiratória. Em casos de síndrome seroto. mas diminuiu nos outros participantes ria em HPLC/ MS. mioglobinúria. cefaleia. soro glicosado). da sudorese. Encefalopatia hiponatremica trar ao paciente. vidade dessas intoxicações. deve-se considerar o ciproheptadine. É mandatória a avaliação do ionograma na térios já discutidos no capítulo sobre o tema. ***FIM DA AMOSTRA*** 270 To x i c o l o g i a n a P r á t i c a C l í n i c a . obviamente em conformidade com correções hi- droeletrolíticas adequadas. banhos de imersão e con- trole de temperatura do ambiente). mas utilizadas (retirada de rou- pas. Dantrolene pode ser utilizado nos pacientes que não respondem aos benzodiazepínicos e às medidas físicas.diazepam. A minimização de esforço físico e agitação e viabilização da perda de calor são questionáveis. questio- náveis. medidas de resfriamento corporal e administração precoce de dantrolene. de resfriamento corporal. Dose total rela- tada de uso do dantrolene é de 1-10 mg/kg. banho de esponja. Hidratação venosa com cristaloide adequado é mandatória. O tratamento sintomático e suportivo em tal situação pode se fazer necessário com o uso de benzodiazepínicos.
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