Leilão AmorLu Aluada (Luciana Zetum) Este e-book faz parte Projeto_Romances.
[email protected] de do Samuel Jeremiah Smith, não conseguia imaginar um lugar mais deprimente que aquela feira de variedades no porto. O cheiro de peixes, animais e peles não era nada comparado ao cheiro que sobrepujava a todos, o de gente imunda. Sam não gostava de coisas sujas, feias e mal organizadas e aquele lugar era tudo que mais odiava. Andou devagar entre as pessoas, não encarando ninguém, mas sabendo ser encarado. Percebia olhares de todos os tipos que iam desde a curiosidade até a repugnância total. Não era todo os dias que se via um homem do seu tamanho vestido com couro e tecido grosso, apropriado para montanhas e não para leste. E apesar das suas vestes pouco convencionais sabia que não era isso que chamava atenção das pessoas e sim seu rosto. Ou a falta dele. Um grande tecido cobria parte de sua face de cima em baixo. A parte mais afetada. O resto de sua face não se apresentava assim tão bem. Ele podia sentir as queimaduras repuxando sobre a pele a cada movimento de seu rosto. Por isso andava olhando para frente e sem expressão. Podia perceber, que, quando sorria ou quando movimentava seu rosto ganhava um aspecto horrível, além disso, sorrir se tornava bem dolorido aqueles últimos dias. — Mama! — uma criança, que devia ser filha de um vendedor apontou para ele — O homem… — Quieta. — a mãe olhou rapidamente em sua direção e virou o rosto. Samsuspirou. As cicatrizes eram recentes, era otimista o bastante para esperar até que o rosto desinchasse e a pele curtida de sol melhorasse o aspecto final das cicatrizes. Mas por enquanto nem ele conseguia se olhar duas vezes no espelho. Sua sobrinha também não. A lembrança o fez remeter a algumas horas atrás quando conversava com os avós dela. O Senhor e Senhora Culligan estavam mais do que satisfeitos em entregar a menina aos seus cuidados. De Sam, a mãe morrera há uma semana e fazia exatamente dois dias que ele estava na cidade. O telegrama o chamava as pressas e ficara mais do que surpreso ao saber da existência da menina. Seu irmão não lhe falara nada sobre a mulher. Só sabia que ele tinha tido um envolvimento sério em Virgínia e mais nada. Com o irmão morto a responsabilidade tinha sido passada para ele pelos avós que não queriam uma neta mestiça em seu meio. Tinha deixado Emily junto com Clinton, seu irmão mais novo. O motivo de estar naquela feira naquele instante. Podia se lembrar da conversa recente. — Você vai ter que arranjar alguém. — Uma babá? Olhavam para a pequena menina morena de dois anos que dormia depois de ter chorado durante quase três horas. — Uma esposa. Olhara para Clinton pasmo. — Uma esposa? — Que tipo de mulher vai aceitar um trabalho de babá em uma casa com três homens em meio as montanhas no Colorado? Isto era mais do que inteligente de se pensar. — Por que você não… ? — Eu só tenho vinte e um anos. Você tem vinte e cinco. — o rapaz encarava o irmão mais velho sério —E Tom está muito velho para se casar. — Eu não esperava isso — resmungou levantando-se. — Que tipo de esposa posso arranjar em poucas horas? Nosso trem partirá a tarde! — Quer ter que cuidar dessa menina o dia inteiro? Fazer comida? Dar banho? Pentear o cabelo?… —pausa — Ou poderíamos entregar ela para algum orfanato… — Não! — virou-se violento — Nem pense nisso! Mas sabia que o irmão não falara sério. A filha de Jeremiah Samuel não poderia ser criada por mais ninguém além deles. Sua família. — Mas… Não conheço mulheres aqui… — E nem lá… — Clinton riu baixinho olhando para a menina — Acho mesmo que você está precisando de uma esposa. Um homem não pode morrer sem conhecer certas coisas. — Eu não preciso de uma mulher — resmungou — Ela precisa. — apontou para a garotinha. — Podia ser um menino… — Precisaria de uma mãe do mesmo modo! — Clinton bateu de leve em suas costas de leve — Mas eu tenho a solução de seu problema. De nosso problema. — Como assim? — desconfiado ele encarou o irmão. Clinton e Tom pareciam ser as únicas pessoas que conseguiam olhar no rosto dele sem desviar o olhar. — Na feira do porto. Lá existem vários navios que chegam com mulheres que precisam arranja um marido ou um patrão… Ou ambas as coisas. Tanto Clinton quanto Jeremiah tinham passado certo tempo no leste quando mais jovens. Tinham estudado com parte do dinheiro que o pai tinham deixado para ambos e depois voltado para trabalhar junto a ele na madeireira. — Explique-me. — Os homens compram essas pessoas na Inglaterra e depois vendem aqui. Elas têm um contrato… — São escravas? — Isso — Clinton pareceu ficar embaraçado — Algumas tem reputação duvidosa. — Prostituas e ladra — conclui Sam suspirando — Não pode… — Mas nem sempre. Talvez consiga uma imigrante honesta que apenas quis fugir da Europa. Talvez uma viúva falida… — Sei… Olhando para o local agora, Sam não podia acreditar que conseguiria encontrar uma esposa no meio daquela imundice. Seu estômago revirava quando passava em barracas de comida. Nada poderia estar limpo naquele ambiente tão nojento! Observou mais adiante vários homens que pareciam animados e esticavam os pescoços. Alguns gritavam e outros riam. Aproximou-se até poder visualizar o tablado a sua frente. O navio estava logo atrás na bacia. Um palco de madeira tosca fora montado de qualquer maneira e em cima dele um homem muito gordo apontava mais de quinze mulheres que se encontravam amontoadas em seu centro. Apenas algumas eram visíveis e ele estremeceu de asco ao ver o estado que se encontravam. Sujas com vestidos velhos e imundos, alguns de tecidos quase transparentes. Não era o tipo de mulher que ele queria cuidando de sua sobrinha! Mas a curiosidade foi maior que a aversão e ele observou atentamente enquanto os homens davam lances por uma mulher branca e ruiva que sorria a acenava para os homens. Não eram caras, percebeu logo. Uma a uma as mulheres foram se postando a frente no palco e sendo arrebatadas. A maioria parecia mais do que satisfeita em encontrar alguém que pagasse alguns dólares por ela, outras choravam e pareciam aterrorizadas. Mas ele logo percebeu que isso fazia parte da estratégia que elas utilizavam. Alguns homens pareciam mais propensos a conseguir uma mulher hesitante e temerosa do que uma oferecida. A maioria não parecia querer exatamente casar com tais mulheres. Suspeitava que elas seriam aproveitadas em bordéis da região ou como empregada em alguma casa. Ia se afastando devagar quando viu a próxima mulher no tablado. Seu rosto estava baixo e usava o pior vestido que ele notara até aquele momento. Rasgos deixavam entrever a pele branca das pernas e colo. Ela segurava com uma das mãos o decote rasgado e ele pode perceber que era a única que usava correntes. O cabelos parecia ter sido cortado com faca e de maneira desordenada mexas de tamanhos diferentes caiam sobre o rosto e ombros encurvados. O gordo cuspiu no tablado e agarrou uma boa parte do cabelos sujo levantando o rosto da moça. Ele não podia ver direito sua face, pois estava tão sujo quanto o resto. Não se podia ver exatamente se era gorda ou magra por que o vestido era alguns números acima de seu tamanho e caia pelo corpo frouxo. Provavelmente era magrela como uma vassoura. — Essa mulher é nova e forte. Boa saúde e parece não falar muito — o homem sorriu — Percebemos que não gosta muito de tomar banho, mas nada que um homem forte não possa remediar. Alguns homens riram e se aproximaram. Quase sem perceber ele se aproximou do tablado também. — Nós a chamamos de princesa… — o homem ria e dava tapinhas no quadril da mulher que se afastou — Por que ela acha que é a melhor… Mais homens riram e os lances iniciaram. Não eram tão altos quanto os outros. A aparência da mulher não ajudava muito. Ela mantinha os lábios cerrados numa expressão séria sem demonstrar qualquer sentimento. Clinton lhe dissera que mulher nenhuma estava ali contra a vontade. Mas então por que as correntes naquela em especial? Agora estava quase encostado no tablado e podia ouvir que os lances ainda estavam baixos. O homem falou algo e puxou a saia da mulher que recuou com uma exclamação aborrecida. Isso pareceu incentivar os homens. Sem dúvida um grupo de homens em especial que gostavam de um pouco de emoção na cama. Um dos lances mais alto tinha sido feito por um homem velho que junto com mais três outros mais jovens juntavam e contavam o dinheiro na mão. Sabendo o que eles pretendiam fazer ele estremeceu e olhou para a moça. Ela nada prestava atenção. — Esta moça vale um pouco mais… — para comprovar ele tocou-a na altura do ventre e quase imediatamente a moça se debateu querendo afastar. — Pode dar muito trabalho na cama. — ele olhava de lado os homens percebendo a jogada que daria mais dinheiro para ele. A moça levantou o olhar e quase imediatamente ficou na altura do seu. Duas pedras azuladas o fitaram naquele momento sem ao menos desviar o olhar. Percebeu que ela corria os olhos pela parte encoberta de seu rosto e para as feridas recente da outra parte para depois voltar a encará-lo. Parecia chocada, confusa e temerosa. Este último sentimento não devia propriamente a ele… Simultaneamente ele notou que os lances estavam no fim e o gordo já estava satisfeito com o lance. Sem perder tempo ele deu um passo a frente e isso chamou atenção do homem que o fitou assustado e empalideceu. — Eu dobro — falou devagar e rapidamente contou algumas moedas que estavam em sua bolsa estendendo para o homem. Este sabendo que não conseguiria lance melhor aquele dia pegou ávido as moedas. — Solte as correntes que eu vou levá-la — disse brusco. — Ao fim das vendas… — começou o homem, mas ao notar seu olhar se tornar impaciente ele tateou em busca das chaves e em poucos instantes a mulher estava ao seu lado quase sendo jogada contra ele. Ela batia em seu peito de tão pequena e ele bufou impaciente dando um passo para trás e torcendo o nariz diante o cheiro que vinha dela. Além disso, parecia tão fraca e frágil quanto um potrinho recém nascido. Por que não esperara e procurara alguém mais forte e ágil? Com certeza aquela moça era nova e magra demais, percebia agora, para poder agüentar um dia nas montanha Ravena queria correr para longe. Mas sabia que isso não a ajudaria em nada neste momento. Sem dinheiro, sem comida e sem roupas ela não conseguiria sobreviver muito tempo. E ela sabia que não era seguro uma mulher vagar pelas ruas sozinha onde quer que estivesse. Maldito momento que ela resolvera vender-se como escrava para ir para o outro lado do mundo. Agora um homem corpulento e que tinha o rosto maldoso acabava de assinar seu nome como propriedade dele. No início esperava que alguém precisasse de uma lavadora de roupa ou faxineira… Mas logo tinha percebido que os propósitos das outras mulheres do navio eram muito diferentes dos seus. Eram prostitutas. E não houvera um momento no navio durante toda a viaje que tais mulheres a tinham feito esquecer dos deveres de tal profissão. Entregavam-se aos marinheiros em qualquer lugar em qualquer hora do dia. E riam dela quando se afastava e se negava a fazer as mesmas coisas. Iniciara a viagem com um vestido inteiro e cabelos longos. Terminara com outro muito maio e feio e sem boa parte dos cabelos. Mas devia ser agradecida e Deus de ter perdido Talvez a quisesse como uma empregada. Baixou os olhos e escolheu algumas peças íntimas além de dois chapéus e as botas. Talvez escrava de sua mulher. O curioso é que não parecia pertencer ao mesmo homem que a fitava sem expressão no rosto deformado. Ela se encantou com uma boneca e ele a comprou junto com outra. sabonetes e enfeites. Entregou um a ela. Escolha chapéus e sapatos como aqueles ali — o homem apontou para botas femininas de couro. Ou não? Olhava curiosa. sapatos e enfeites para uma criança de aproximadamente dois anos. Não parecia dono de um bordel. Devia ser casado. Rezava que não o fosse. — Venha comigo — a voz era sonoro e limpa. pois senão teria que fugir o quanto antes. Corando ela enrolou-o em torno da cabeça em silêncio. Sem saber o que levar ela hesitou. — Vamos — ele pareceu impaciente — Pode escolher a vontade. Além de qualquer outro tipo de roupa que precisar para usar debaixo do… vestido. Parecendo aborrecido por estar ali e ansioso por ir embora ele despiu o casaco de couro que usava e jogou sobre ela. Observou atenta enquanto o homem grande dobrava o papel que continha sua alma e guardava no bolso. E.apenas os cabelos e boa parte do orgulho. Ele parecia não saber ao certo o que comprar e comprava tudo o que podia imaginar uma mulher usando. O homem parou por duas vezes. bem como o grande homem calado que ainda não se apresentara a ela. Apostaria que não era. Ela não ousou desobedecer e logo caminhavam entre várias barracas de volta as ruas. Parecia não se importar muito com a questão de dinheiro… Seria a criança filha dele? Devia ser… Então uma esperança nasceu . Ele pagou tudo sem comentar o preço e logo paravam em frente de outra barraca. Ela pode perceber o embaraço naquelas palavras e ela mesma não conseguiu conter a vermelhidão que tomou conta de seu rosto. Uma para comprar dois vestidos e outra para comprar alguns lenços. Ravena saiu da feira com várias sacolas nas mãos. Observava-o enquanto ele escolhia junto com ela alguns perfumes. Antes de partirem dali ele ainda parou em outra barraca que vendia objetos infantis e comprou cinco vestidos. além disso. soava melhor do que as outras vozes com aquele inglês diferente do que ela se deparara na Inglaterra. e também jovem. Logo ele parou em frente de outra barraca que tinha vários adereços para mulheres. — Escolha algumas coisas — cruzando os braços ele esperava. Ele não fala coisa com coisa! — Pensei… Pensei… — gaguejou procurando palavras — Que eu ser… Seria — atrapalhou-se — Babá. Ravena franziu o cenho sem entender direito o que ele falava. Ela falava estranho? Parou o andar temerosa do que a aguardava. Ele parou e voltou-se para ela confuso. Ou com o significado das palavras. Uma alegria imensa tomou conta dela. Lá você poderá tomar banho e se arrumar. Deviam fazer um casal e tanto. — Nem sua idade? . É dela que você vai cuidar. Casaremos às três horas e partiremos para o Colorado as quatro. Talvez ele a quisesse como babá da menina… — É sua filha? — perguntou e viu que ele olhava surpreso para ela. Vai conhece-la e ao meu irmão. Não queria dizer que praticamente não se lembrava de nada da vida anterior a vida que tivera em Londres. Continuavam caminhando. Aquela gente era muito estranha se comprava esposas em cais! Olhou novamente para o homem e estremeceu. — De que parte da Inglaterra você é? — Não inglesa — falou tentando se lembrar de qual palavra era apropriada —… Nórdica.dentro dela. — Eu vivo a pouco tempo na Inglaterra. Então o que ele queria dela não era diferente do que os outros homens queriam daquelas mulheres. — Casar? — Sim… Você fala estranho… — ele voltou para ela franzindo o cenho. Então Deus ainda não a abandonara! — Vamos para o hotel. Fugira de um destino pior do que a morte para cair na mesma armadilha? — Não lembro de muita coisa… — baixou a cabeça escondendo o pesar de seus olhos. — Será minha esposa. Talvez não estivesse ainda acostumada com a pronúncia americana. Homens me encontraram em um povoado ao norte. Tinha sido di… dizimado… — gaguejou lembrando com horror o momento que aqueles homens a tinham encontrado e a amarrado dentro de uma carroça levando para o navio de onde ainda amarrada fora levada para Londres. Não ia contar os detalhes. Ele um corpulento homem vestido de couro fino e lustroso e ela uma pequena mal trapilha com um imenso casaco. — Minha sobrinha. Deixaria ele pensando que fora praticamente salva pelos homens. Ele indiferente aos olhares que se voltavam na direção deles e ela tentando aparentar uma tranqüilidade que não tinha. um lenço na cabeça e pés descalços. Era a primeira vez que abria boca para falar com ele. — Espero que tenha pelo menos dezessete anos. Esperava que não. não era ? A comprara. E também tinha outras particularidades que mulheres mais velhas tinham… Ele a levava firme pelas ruas enquanto olhava para frente sem desviar sua atenção em nenhuma direção. — Não é muito diferente… E difícil. Sabia que devia fazer mais perguntas. pedras de um tom rosado cobriam o chão frio. — Terá que tomar um longo banho… Mordeu o lábio para não responder que não era culpa sua se não tivera acomodações necessárias no navio. Parecia um homem sério e sereno. Mas nada seria pior do que o que acontecera durante aqueles últimos meses… O homem parecia estar confiante que se casaria com ele sem nenhuma reclamação… Mas era certo. Não sabia ao certo que idade tinha. Não parecia um homem dado a arroubos de paixão. Quando se aproximaram de um balcão de madeira escuro que parecia brilhar como jóia sentiu seus dedos dos pés afundarem no macio tapete e suspirou. quadros. Ravena nunca tinha visto tanto luxo em sua vida. — Eu… O homem ao seu lado se inclinou apenas um milímetro em direção . Olhou hesitante para a ela e depois para o homem que estava ao seu lado. Corou e baixou os olhos. E tudo que tinha que fazer era obedece-lo. Logo desviou o olhar parecendo pálido. As ruas estavam menos atoladas de gente naquela região e podiam respirar com mais tranqüilidade… Talvez não… pensou ao vêlo olhar de lado para ela fazer uma careta. tapeçaria. cuidar de sua sobrinha e só falar quando necessário! Lógico que como esposa teria que se deitar com ele… Olhou de esguelha para o grande homem que tinha ar autoritário e aparência rústica. Tapetes vermelhos.devia ser muito sortuda por conseguir um casamento com um homem que parecia ter dinheiro para gastar. Poderia fazer qualquer coisa com ela. Mas para que perder tempo com algo que ele não compreenderia? Ou não se importaria? Passaram por uma porta ostensiva de um grande hotel. mas não arriscou. como deixara claro as mulheres do navio várias vezes quando riam e debochavam de seu temor e pudor. Ele pareceu hesitar por um momento para depois suspirar. Fora sua primeira impressão dele.— Não. — Aprendeu muito bem o inglês. — Estamos quase chegando — ele mostrou a construção elegante logo ao fim de uma rua e dirigiu-se para lá. Mas achava que não era tão nova assim já que tinha regras. O homem atrás do magnífico balcão não pareceu tão contente quanto ela. Comparando ao que conseguira as outras mulheres. — Sim? O homem ficou vermelho. Havia tapetes e tapeçarias em todos os lugares. — Fique aqui. Sam não sabia o que falar com aquela estrangeira. O corrimão era tão lustroso quando o resto. Sim… Aquelas cicatrizes deformavam o rosto do grande homem. apesar da aparência de antiguidades que possuíam. Ela mal conseguia perceber se era jovem ou mais velho… Mas pelo porte e cabelos imaginava que ainda era novo. Tinha sido sua falta de atrativos que a mantivera fora de alguns problemas até aquele momento. Já . Ouvira diversas vezes essas palavras e só agradecia aos céus por esta benção.ao atendente. Entrou no quarto e suspirou ante tamanha beleza de lugar. Tudo brilhava e transparecia limpeza. Subiram escadas em silêncio. No mínimo ficara chocado ao vê-la entrando no impecável hotel e pisando nos tapetes que pareciam limpos e novos. A mulher vestindo um vestindo rosa estonteante e jóias que brilhava tanto que quase a cegavam olhou para ela quase como se visse uma barata e depois para o homem ao seu lado com tal horror que ela levantou o olhar para vê-lo de novo. Ele a acharia pequena e pouco atraente. — Nada senhor… — Então providencie um banho para minha noiva. — ele abriu a porta que não estava trancada e esperou ela entrar — Por favor. Um sotaque rouco e que parecia cadenciar as palavras como se fosse notas musicais… Ela falava devagar e baixo e a cada vez que ela abria a boca senta seu corpo enrijecer. A limpeza do local a fazia mais consciente de sua imundice e de como o homem evitava tocá-la mantendo uma distância segura. Sentiu-se mal outra vez. Passaram por um casal durante a subida. Ele era educado apesar de tudo. E espelhos. Mal podia ver a hora de tomar um longo banho… Venderia seu corpo naquele momento ao homem sem promessas de casamento apenas por um longo e quente banho… Corou ao ter pensamentos tão pouco adequados. Suspirou. Talvez não fosse má idéia arranjar uma esposa. Ficara no mínimo surpreso ao ouvi-la pela primeira vez. Espero que seja um excelente serviço e que enfim me esclareça por que cobram tão caro… — Sim senhor! O homem logo se afastou deixando claro para ela que tinha medo de seu futuro marido. Olhou apenas uma vez para um deles e desviou o olhar rapidamente. Irei chamar meu irmão. Talvez uns vinte e seis anos ou até menos… — Aqui. Já estava cansado das brincadeiras dos outros homens com quem mantinha amizade. — Você mandou-me esperar aqui. — Ora. Teria que levá-la ao médico… Não queria pegar doença nenhuma… Depois de banhá-la iria levá-la em algum local que fizessem exames ginecológicos e mandariam limpá-la bem! Percebeu onde seus pensamentos o levam e corou dando graças a Deus por ninguém está ali. Ela puxou mais o capote para se proteger. Corou novamente mal dizendo sua falta de tato para aquele tipo de coisas. — Por que não se sentou? — perguntou irritado. Este é Clinton meu irmão… e está é… — parou e corou… — Bem… O irmão olhou para ele e depois para a moça. Não era segredo de ninguém que ele nunca ia a cidade e preferia morar com o irmão e Tom no alto da montanha e só saia para ir a madeireira e voltar. Só não sabia como eles podiam ter tal sensação em meio a uma cama suja com mulheres sujas… — Sam… Já chegou? — o irmão sussurrava — Fale baixo por que Emily está dormindo… Por que está vermelho? — o irmão sorriu — Achou a moça… ? — Está na sala… Mas… — Tarde demais o irmão já corria em direção ao aposento. Era lógico imaginar que se tinha agora uma esposa podia manter relações com ela e calar a boca de seus amigos além de… Bem… saciar sua curiosidade por aquilo que os homens falavam ser a sensação mais maravilhosa do mundo. Segui-o de perto. mas eu… Deixa para lá. — ela arriscou um olhar indagador. O irmão não fechara a boca até o momento. era atarefado demais para ir para outra cidade… E prostitutas eram prostitutas em qualquer lugar… Isso o fazia mais furioso ainda por ter escolhido aquela mulher. Só então percebeu que ainda não tinha se apresentado para ela. Além disso. — Meu nome é Ravena. imunda e pálida que ainda estava em pé no mesmo lugar que deixara.tinha certa idade… Mais do que na hora de conhecer alguma mulher… E seria excelente que esta mulher fosse sua esposa. Mas o irmão já estava parado olhando pasmo para a pequena criatura magra. Clinton parecia a ponto de rir ou chorar. — Clinton espere. ele não conseguia definir. Não gostava daqueles quartos imundos do Saloon e nem das mulheres já muito usadas daquela pequena cidade. — Precisamos conversar — ele segurou seu braço e o levou para . Na verdade isso o deixava enojado. Nunca sentira nenhum impulso de correr a cidade e se deitar com uma prostituta. — Ela baixou o olhar como sempre fazia as pessoas que não conseguiam encará-lo. Praguejando em silêncio pelo comportamento do irmão e pela sua inabilidade com mulheres ele voltou o olhar. Posso arranjar-lhe uma esposa bem melhor do que esta moça… Sam ficou em silêncio por um momento e respirou fundo. Mas Sam nunca se importara muito com a opinião dos homens. Levava as brincadeiras dos amigos mais chegados. — Não sei… Deixe-a por ai… De um dinheiro para ela e pronto. O que podia fazer? Olhou para seus pés. Ela está chorando! — falou em tom contido. — Eu já a comprei! O que acha que eu vou fazer com ela? — perguntou por fim. mas não o tinham como exemplo. ele. .um outro canto da grande sala — Onde arranjou aquilo? — No porto. Mas queria esta moça. Chorava. Era uma escrava… — Mas… Ela nem sabe falar corretamente! — Ela fala corretamente. Percebeu que os ombros estavam mais curvados e que ela tremia. — Ela fede. como simples brincadeiras… Mas mesmas essas tinham praticamente sumido nestas últimas semanas. — Cale-se. mas tenho muito orgulho de você maninho… Sempre o defendo quando os homens passam do limite nas brincadeiras sobre sua seriedade e manias… — ele segurou seu ombro — Eu nunca imaginei que você fosse levar a sério àquilo que lhe falei… Sobre o porto e também não pensei que ficaria dois minutos no meio daquele povo. — Eu devia saber que você não entenderia uma brincadeira… — o irmão parecia triste — Vamos voltar a feira e devolve-la… Não quero você envolvido com este tipo de mulher… Exasperado pela proteção a que era submetido ele desviou o olhar para onde estava a moça ainda de pé. sério e pomposo demais. apenas não pronuncia de maneira adequada às palavras… — Mas — o irmão estava nervoso — Você vai casar com ela? Parece que tem quinze anos! — Nossa mãe casou com quatorze anos! — Mas… Clinton parecia apavorado. Mas a moça de aproximou e estendeu seu capote levantando o rosto banhado de lágrimas. — Eu posso voltar sozinha. Parecia que seu irmão mais novo estava preocupado com ele! — Clinton… — Eu nunca disse isso. Não sabia como explicar ao irmão. Você não gosta de sujeira… Sabia que os homens da madeireira consideravam o irmão do meio. Logo você que… Bem… Você nunca… Não gosta de… Qualquer mulher… Por um instante ele fitou o irmão surpreso. Obedeciam a suas ordens. que eram poucos. percebeu Sam curioso. Sendo ela uma prostituta ou não. — olhou para a moça — Tem algo contra isso? Droga! Não devia ter perguntado! Até aquele momento ele desviara a atenção da moça. A moça recuou. — Roubaram suas roupas? — Sam aproximou. Sempre era ele quem se escandalizava com o estado que os irmãos chegavam em casa depois de uma noitada… — Fique ai — ordenou e voltou para o irmão sem vê que e moça quase pulara assustada com seu tom. suja e desamparada demais para ter outra alternativa senão a aquela que parecia a única possível… E agora ele perguntava a ela se estava de acordo! E lógico que iria ouvir palavras desagradáveis ou falsas… Não precisava de fingimentos. A voz sussurrante. Não era o sonho de qualquer mulher casar-se com ele. — Do norte Parecia apavorada com sue irmão. — Como se você… — calou-se. Ele que era bem menor e mais apresentável que ele — E é assim que as prostitutas se vestem no norte? — Eu… Eles… Roubaram minhas roupas… Eu tive que pegar aquelas que as mulheres jogaram no lixo. Interessante. rouca e cheia de tons estava fazendo que ele tremesse dos pés a cabeça. — Não! — ela jogou a capa aos pés de ambos e arfou — Eu não preciso… Preciso de vocês… Eu posso… — Mas de que lugar você veio? — Clinton aproximou-se dela. — E você… Não quero mais ouvi nada contra Ravena e nem sobre levá-la daqui! Ela será minha esposa dentro de pouquíssimas horas e sua cunhada. Virou-se para o irmão. — Você fica! — Sam pegou o capote pela ponta dos dedos e estendeu a moça — Vista isso! E fique quieta ai! Ela calou-se para seu alívio. A moça recuou novamente. Simplesmente dissera que iriam de casar e esperara que ela não fizesse um escândalo por isso e nem ameaçasse fugir. — Sim! Elas… Cortaram meus cabelos e me sujaram… Não queriam que eu chamasse… a atenção… Clinton riu. Aquilo chamou a atenção.Clinton empalideceu mais ainda quando viu o estado da roupa dela. A moça parecia faminta. — Será uma honra casar com você — a voz sussurrante o fez arrepiar e congelar ao mesmo tempo — Não posso dizer o mesmo de ser cunhada deste homem… . Os olhos azuis estavam fixos e hesitantes.Clinton abriu a boa para falar e se calou. Mais um momento de silêncio e Clinton falava novamente. O pescoço delicado bem como boa parte do colo e ombros estavam expostos pelo vestido. — Eu… — Sam não sabia para onde olhar. A porta foi aberta devagar e logo eles olhavam para uma pequena mulher de cabelos tão loiros como ele nunca vira e de pele clara como neve. Sam também parou de andar e esperou. Não era uma menina… Devia ter mais de quinze anos sem dúvida. Tinha pressa! Logo teria uma esposa… Sam andava de um lado para o outro na sala esperando que a porta do quarto se abrisse. Ele vestira um casaco formal e convidara o casal do quarto ao lado. Os pés pequenos calçavam Sandálias delicadas. — Ela precisa ficar um dia de molho! — salientou Clinton. mas se calou ao sentir o olhar hostil do irmão. Ou não iria ter aquele corpo… Ou aquele olhar… Ou… Ou ser linda daquele jeito… Não era raro prostitutas serem crianças. Logo um baque na porta fazia-o lembrar o banho que ela tinha que tomar. Dois velhinhos. Depois o fitou pensativo. Isso se a noiva conseguisse terminar o banho! — Nem toda a água de Virgínia pode purificar o que ela… — Clinton calou-se ao ouvir a porta se abrindo. — E se ela tiver alguma doença?— Clinton parecia verdadeiramente preocupado. Emily ainda dormia no cesto de viagem e seu irmão parecia mais do que mal humorado. Os cabelos tinham sidos penteados e caiam em cachos irregulares pelos ombros. Para servirem de testemunhas. Mas . Fitou o irmão que parecia mal humorado e depois a jovem. Já estava farto do irmão tentar dissuadi-lo do casamento! Estava tudo pronto. — Irei cuidar disso. Ela apertava as mãos e esperava alguém falar. Franziu o cenho e a espiou por detrás das pálpebras cerradas parecendo pesar as palavras dela. — Agora entendo — Clinton franziu o cenho — Entendo por que as mulheres fizeram isto. Fazia isso a mais ou menos uma hora e estava impaciente. — Você não é… Experiente… E se você se deslumbrar com… Bem… Com… Com aquilo… e ela aproveitar-se de você… Fugir com nosso dinheiro… Silêncio. E o vestido numa tonalidade de azul semelhante aos olhos se ajustava a silhueta femininas fazendo sobressair a cintura fina e os seios altos e cheios. — Só quero ajeitar-lhe os cabelos! Mas ela estava assustada. — Sim… — sua voz saiu estrangulada e ele tentou de novo — Claro… — Onde está a sua sobrinha? — Aqui — ele apontou para o cesto e imediatamente os olhos dela brilharam e um sorriso iluminou seu rosto. Foi quase como um choque para Sam.definitivamente ela não era. — Você demorou. Mas duvidava que mais tensa do que ele. Era macio. Enfim quando o trabalho estava quase perfeito ele se afastou deixando a navalha cair. As mechas se amontoaram no chão e o rosto ficou emoldurado pelos cabelos agora pelo menos da mesma altura. — Então? Vamos a capela? — Clinton não aprecia satisfeito com o clima do aposento. Nunca tinha tocado em nada tão feminino antes! Segurou as mechas compridas e cortou de acordo com as mais curtas nivelando os cabelos loiros até uma altura que todos ficassem quase do mesmo tamanho. Será que tudo que ela fazia o excitava? — Ela é linda! — Vamos logo! Temos que ir ao médico antes — seu tom foi rude. — Não… — Clinton! O jovem bufou. Sim… Era linda. Era uma corça assustada. — Foi com uma navalha que os homens cortaram meus cabelos… — Não foi as mulheres? — Elas que pediram… — a moça corou e baixou o olhar novamente. Era… Fresca e limpa… Pelo menos naquele momento. Sim. Mais do que isso. Quero acertar meu cabelo. — Estava aproveitando o banho… — ela baixou os olhos. de pegar os cabelos que pareciam macios. Macio como seda. Ele enrijeceu o corpo esperando que o irmão não percebesse o quanto ficara excitado com aquele sorriso. Ela estava tensa. Atrapalhado pegou-a e entregou para Clinton sem olhar nos olhos do irmão. — Eu preciso… De uma tesoura. — Médico? — ela pareceu confusa. Ora. Era muito bonita. E aquilo o fez ficar mais irritado do que satisfeito. . — Me de a navalha — Sam tirou o objeto da mão de seu irmão e se aproximou — Não vai ficar pior do que já está… Ela sentou-se em uma cadeira rígida enquanto ele tomava coragem. Nunca tinha tocado em cabelos tão macios antes. Os cabelos… Lindos também… Clinton tirou uma navalha do bolso e ela recuou. E Sam parecia hesitar antes de começar a falar… — Ravena chegou hoje de um navio. Pretendo me casar com ela se não houver nada errado. — Como vai? Sou o Dr. Stenton. Parecia aliviado. Com Sam… Procurou os olhos dele Ele parecia surpreso com sua reação. — Entrem e sentem. Ela pareceu confusa. Por favor. Mas não se sentia mal… Apenas com fome. Sentaram nas cadeiras de madeira. O homem apenas fez um gesto afirmativo. A face transfigurada denotava confusão. Podia estar com alguma doença já que tinha vivido tanto tempo dentro daquele navio junto com aquelas pessoas estranhas. Não irei lhe ferir — ele falava pausadamente — Sente-se aqui e vamos conversar com seu noivo. Mas parecia simples demais. Ao que parecia o homem não ia se alimentar tão cedo e ela estavam com vergonha de pedir alimento como uma faminta. O irmão não. Achara lógico que ele a levasse ao médico. Uma coisa era saber que iria ter intimidades com seu marido. — Calma. Entraram no consultório que contava com uma mesa de exame e outra onde ele atendia os pacientes. Nunca! Levantou trêmula e deu alguns passos para trás. O médico parecia simpático enquanto lhe perguntavam sobre a vida. O médico levantou também parecendo nada surpreso com aquela reação. Ela é Ravena. — a voz dele a fez hesitar e por fim . Talvez no trem… Ou depois do casamento… O homem que apareceu era alto e magro. — Sente-se Ravena. Irritado com aquele ar de “Que bom que você seguiu meu conselho” ele deu as costas e se preparou para sair. Pálido e parecendo frágil ele se aproximou.— Sim… — não queria dar explicações na frente do irmão — Ele vai examiná-la par ver se não há nada de errado. — Samuel Smith. Percebia que Sam também estava tenso com o ambiente. A menina e Clinton tinham ficado na carruagem. Não que fosse sujo. — Não quero… — balançava a cabeça. Quero que a examine… — Não! Ravena percebia agora o que exatamente ele queria que fizesse. Ravena não conseguia para de olhar para o futuro marido enquanto esperavam o médico na pequena sala. Não quero… Ele pareceu hesitar olhando para suas mãos. Seus olhos encheram de lágrimas. — Venha. — ele parecia impaciente e exasperado — Temos que ir rápido ou não iremos conseguir casar e partir no próximo trem… — Não tenho nenhuma doença! Mas não devia ser isso apenas que eles queriam saber. Percebeu que ele evitava mostrar o rosto em demasia. — É para seu bem. Ele levantou seu rosto e observou seu rosto por um momento e depois saiu por uma porta lateral. Alguém se acostumava àquilo? Não podia acreditar em tamanho absurdo! Como ele podia falar com ela daquele modo? Mas sabia agora que era uma qualquer… Rebaixara-se a nível daquelas mulheres ao viajar junto a elas e ser vendida como uma delas. Começou a tremer sem parar… — Eu não posso… — Ravena… — Não posso! — mexia cabeça de um lado para o outro — Por que quer fazer isso comigo? — É o único jeito. Não estava preocupada com uma possível doença. E nem olhar no rosto do jovem médico. Faziam questão disso quando fora capturada. É para seu bem e meu também. Olhou para o médico e tremeu. — Não faça isso comigo — pediu pela primeira vez tocando nele. Se não tivesse conseguido fugir daquele lugar… Estremeceu. Depois as afastou. Não podia fazer aquilo. Pouco tempo depois voltava com material dentro de uma caixa contendo um líquido e um mulher com . — Qual é o problema Ravena? — Sam não virava de frente para ela. — Por favor. — Não vou machucá-la. Se estiver com algo vamos tratá-la. Segurou-lhe a mão — Por favor. Vou devagar até a mesa de exame.baixou a cabeça e sentou-se.… — tentou e mais uma vez mesmo sabendo que era uma luta perdida. E se não for possível… Vamos dar um jeito. — Pela sua profissão. Não… Nunca. Sam saiu logo depois e o médico continuou olhando para ela pensativo. — O médico vai examiná-la. Ela tentou falar mas não conseguiu. — Sente-se aqui e espere um minuto. — ele repetiu parecendo falar com uma criança. devia estar acostumada a se despir para homens. Por que sente tanto medo? Não podia contar. Os homens na Inglaterra queriam certificar que ela era virgem. Ela empalideceu e baixou os olhos. O outro homem… Ele a examinara… E a machucara… A tocara. — Você é o noivo de Ravena? — Sou. Vamos tirar seu vestido e vestir uma camisola. Mas o que podia fazer? Se arriscar? Seriam marido e mulher. Ela estava com medo e não sabia por que . — Venha aqui. Ia enfim bater quando esta foi aberta e Ravena apareceu. — Não! Ele não fez nada! A mulher se ajoelhou ao lado do médico e olhou-o com raiva. O exame demorava e ele não conhecia o Dr. Num gesto súbito socou-o diversas vezes no peito. mas não por que o seria para uma prostituta. Stenton. Sei que é horrível o exame. Sam foi atrás dele. — Pois volte até sua noiva e explique a ela por que você a fez vim aqui e fazer exames de doenças venéreas sendo ela virgem.um singelo vestido amarelo. — a mulher levantou e apontou o dedo para ele — Devia sentir-se envergonhado do que fez. Sam transpirava. À noite… Olhou novamente para a porta. Não conseguia tirar da cabeça o que aconteceria logo mais. Dormiriam juntos dali por diante! Era um sacrifício válido pela sua sobrinha. — Olá Ravena Meu marido me pediu para ficar aqui com você. olhou para ele cheia de ressentimento. — Sua noiva foi uma grande surpresa… Sam não sabia ao certo o porque fez aquilo. E se ele abusasse de Ravena? E se o medo dela tivesse fundamento? Talvez ela tivesse uma aversão por médicos… E se o homem não a tratasse com respeito? Podia imaginar que um exame daqueles era humilhante para uma jovem de boa família. Seu corpo reagiu diante do pensamento. — Nunca mais me force a isso! Prefiro morrer! E passou por ele indo a direção a saída. Os olhos cheios de lágrimas. mesmo jovem! Mesmo assim sentia remorso pelo modo que a forçara a fazêlo. — Não. Sam quase chamou o médico três vezes. O casamento. — O que você fez com ela?! — Eu… Sam estava preparando outro soco quando viu a mulher correr em sua direção. O médico veio logo atrás e tinha uma expressão mansa no rosto. Só lembrava da expressão de dor e sofrimento no rosto dela ao sair daquele lugar e na súplica dela para que não a deixasse ali. mas logo tudo vai acabar e irá para perto de seu noivo. Se sentia culpado. Algum problema? Os lábios dela tremeram. Mas o soco acertou o homem no meio do queixo o que o fez cair de encontro a porta e depois voltar para dentro da sala de exames. — Certo. — Por que não me disse? — perguntou por fim sentindo um idiota. — Você está bem? Novamente ela baixou a cabeça e fez que sim. Não com mulheres. Espero que me perdoe. O médico a machucara? Trauma? Seus pensamentos ainda tentavam se organizar quando quase tropeçou em Ravena. — Você não teria acreditado em mim e de qualquer maneira me faria vim aqui. — Desculpe-me — pediu devagar tocando o queixo pequenino e levantando o rosto. Assustou-me e eu tentei sair e… — ela baixou a cabeça. Simples assim.disso tudo. Sam tirou algumas notas do bolso e deixou sobre a mesa afastando-se como um sonâmbulo do local. Eu nunca teria feito você… Trazido-a aqui. — Um pouco. O padre deve estar querendo saber por . — Vamos para a capela. como você insinuou! — Mas… — ele abriu a boca e não conseguiu fechar. mas fez que sim com o rosto. Ravena hesitou e fez que não. O local estava sombrio o bastante para que ela não se chocasse por estar tão próxima de seu rosto. Virgem? Então ela não era uma prostituta. Que tipo de homem é você que traz a noiva aqui para ser… — Sinto muito. Ela levantou rápido limpando os olhos baixos e sem dizer uma palavra. Os olhos azuis profundos se encheram de lágrimas. Mas talvez isso a deixasse sem graça e procurou fazê-la relaxar. — Seu eu soubesse que era virgem… Que não era uma prostituta. — A moça falou que ele pode tê-la machucado. — mostrou a sala — Ela está confusa e traumatizada e meu marido talvez a tenha machucado por que achou que estava examinando uma prostituta. Ele também não estava acostumado com este tipo de conversa. Ela estremeceu e fungou num gesto típico de choros descontrolados. — Ele fez tudo o mais rápido que podia e ela só chorava. Na verdade não sabia como lidar com aquele pequeno problema em sua vida. Sentada no último degrau do local ela o esperava para ir a charrete. Logo descia devagar as escadas sem saber o que pensar. Sempre fora muito direto em suas conversas. Não gostava de falsidades ou de ficar brincando com palavras. — Fale a verdade — pediu levantando a face de novo. Dizia o que tinha para dizer e pronto. — Sinto muito. Ela deu os ombros frágeis e brancos. — Eu não sabia o que você queria que eu dissesse. Um idiota culpado. — Fez isso por que achou que ele tinha… — agarrando o braço dele o fez para em meio a calçada. Ele tinha batido no médico por sua causa. — Não faça isso — resmungou tentando ignorar o tremor que lhe sacudiu o corpo. O fazia lembrar das cicatrizes. Talvez a seriedade com que ele a expusera no início. Ela parecia cansada. Eu só pensei… — tentou se explicar — Não queria que… Mas ela o tocou no pescoço e com um movimento sutil o fez inclinar. E lentamente pressionou os lábios em sua face machucada com cuidado. Suspirando ele passou a mão pelo cabelo e fez que sim. Sam era tão forte! Tão másculo. Emily tinha acordado e chorado por meia hora antes de deitar-se de novo. Mas ela se voltou antes de chegarem na charrete. Mas ela ainda sorria quando se afastou e o seguiu para a charrete onde Clinton os esperava com uma expressão intrigada no rosto. — O que é isso? — Não é nada. O homem tinha sido cuidadoso. E depois Sam a tratara com consideração. Só aquilo fizera ela esquecer como ele tinha sido cruel forçando-a a se submeter aquele tipo de coisa. Tinha muito que explicar a Clinton e não queria embaraçar Ravena. Não gostava quando ela o fitava. Logo saiam e lá fora estava claro. — disse por fim fazendo-a ir na frente. O olhar dela procurou seu rosto. — falou afastando-se. Seu olhar encontrou novamente com o de Sam fazendo-o virar o rosto em outra direção.que nos atrasamos. — O que foi? Aquilo não foi grande coisa. Não sabia como não o temia. Corando apressou o passo. Claro o bastante para ela perceber as marcas vermelhas em suas mãos. Um sorriso lindo. Seu olhar indagador foi até Sam que apenas balançou a cabeça. Sam imediatamente recuou. mas ela quase morrera de humilhação naquela mesa. O modo firme . — Sim. — E bateu nele? Por minha causa? Ela sorriu. Para ele. Sem conseguir desviar o olhar do futuro marido ela esperava outro jovem casal terminar o casamento. Estavam atrasados e dali teriam que correr para o trem. — Não sabia por que você estava daquele jeito e pensei… Pensei que ele tinha abusado de você de algum modo. Pedira desculpas. — Não olhe para mim. — Você… Bateu nele? — ela perguntou por fim parecendo chocada. Mas algo a dizia que podia confiar nele. Também estava. mas ela o seguiu. Mas em vez de relaxar o homem pareceu mais tenso ainda. Ele trocara o lenço por uma touca que deixava amostra apenas um dos olhos. Logo entraram em pequeno corredor onde alguns homens deixaram parte da bagagem. Não percebeu o olhar magoado do cunhado em direção ao irmão. — Venha por esta porta — o marido a guiava enquanto homens iam à frente para guardar a bagagem. O padre os esperava parecendo entediado. — Está pronta? O cunhado aproximou-se pegando-a pela mão. — Clinton não vai machucá-la. mas isso podia mudar. Ela afastou-se dele imediatamente. E a timidez que ele revelava as vezes. Percebeu que Clinton ficaria em uma daquelas cabines. Ele pareceu perceber isso. Ela não podia comparar com outras. — Não gosto que me toquem — falou devagar tentando apagar lembranças ruins. Ele parecia ser um bom homem e protegia o irmão. Emily ainda soluçava quando os carregadores saíram. Era como se ele sentisse mais necessidade de se esconder dela a cada momento. Clinton resmungava algo sobre desconforto e demora atrás. Saíram as pressas do local em direção ao trem e Emily acordou chorando novamente quando chegaram a plataforma. Tinha percebido o gesto dela e hesitou um momento antes de pegá-la pela mão. Ravena a pegou no colo antes de subirem no vagão e a menina ficou soluçando enquanto procuravam o local que iam se acomodar. Percebeu que ele ficava tenso — Não você.de agir. — É um pouco de maçã ralada. Só não queria ser tocada por nenhum homem. pois não se lembrava da vida antes de ser levada do acampamento destruído. — Você deve estar com fome — parecendo embaraçado por não ter pensado em alimentá-la e ele afastou-se — Eu irei lá agora ver se consigo algo para você e Emily. Logo irei no restaurante para ver se há algo para comermos. Nenhum que não fosse Sam. — acrescentou em seguida estreitando-se de encontro ao braço dele. . E era este que ela percebia fitá-la em todo o momento. Está fria e ela gosta. Sentia frustrada por ele ter coberto quase todo o rosto quando entraram na charrete. Não gostava dela. O homem em questão se aproximou. Mas eles continuaram em frente até chegar em uma porta maior que foi aberta e suas bagagens acomodadas. A cerimônia foi rápida e sem sentimentalismo. — Vamos ficar aqui — o marido pegou um embrulho de dentro de uma das bolsas. Seu estômago agradeceria. Ela segurou-a firme e aconchegou-se sobre o braço forte. pensou aliviada. Logo as testemunhas rabiscavam o papel e este era entregue a Sam para que ele o guardasse. Não que não gostasse do jovem que iria ter como cunhado. — ela repetiu e sorriu estendendo a mãozinha cheia de maçã para ela. — Falar. Perguntaria ao marido depois se sentia alguma dificuldade de entendê-la. — Oi. Percebeu que a outra porta do vagão dava para uma pequena varanda e esta para fora. A resposta a deixou surpresa já que a menina não falara nada desde que acordara. Levando Emily no colo mostrou para a menina. Logo o trem dava um arranque barulhento. Hum… Será que era tão diferente assim? Ela não percebia esta diferença tão marcante. Num gesto instintivo ela virou-se retrocedendo assustada.— será que prejudicaria a dicção da menina seu modo de falar? Esperava que não. Ravena estava distraída quando sentiu o toque em seu ombro. O barulho ia se tornando constante e o vagão balançava mais suavemente. Não seria perigoso? Foi até lá e testou percebendo que esta quando fechada ficava bem vedada. — Oi Emily. — Mamãe? — a menina olhou para ela por um momento e fez um ar de tristeza. Então percebeu que a menina dizia que ela falava engraçado. Emily reclamou pelo aperto de seus braços em volta dela e afrouxou-o fechando os olhos e . Logo depois abriu delicadamente olhando para o espaço do outro lado. — Fala — a menina ria — Fala engraçado. Não muito aconchegante. Emily parou de brincar e a fitou com olhos arregalados. Ouviu um apito e depois vários gritos. — Viu? Estamos viajando! Sorriu para a criança que retribuiu parecendo ainda meio incerta. — Tcheen? — Trem. Mas o cunhado tinha dito a poucas horas que ela não sabia falar direito. — Tome este brinquedo Emily — pegou a boneca que estava dentro de mala\za das bolsas e entregou para a menina — Não é linda? A menina abriu um sorriso e estendeu as mãozinhas apanhando a boneca e apertando no corpo para depois batê-la diversas vezes na cama rindo. — Estamos em um trem. A velocidade do trem não era grande. — Então você sabe falar. Talvez a boneca não durasse muito tempo.Deixadas sozinhas ela se sentou na cama e observou a menina enquanto mastigava um pouco da maçã. Ficaram ainda mais alguns instantes ali olhando as casas que passavam e algumas pessoas que acenavam. — Não obrigada — respondeu fazendo uma careta — Prefiro esperar que Sam traga alguma coisa. — Estava olhando as casas. Ela comeu. — Acho que ela é bem grandinha… Sam virou-se. — O que é isto? — Um tipo de massa com recheio de carne — ele entregou a ela um e começou a comer outro. — Como você acabou naquele navio? Ela baixou os olhos corando ao se lembrar a cena deprimente no cais. Talvez em sua terra de origem tivesse muitos irmãos ou primos. — Eu precisava sair de lá… Fiquei sabendo que muitas mulheres conseguiam passagem de graça se assinassem uns documentos de trabalho. não é? Tola. escondia o rosto enquanto comia parecendo estar acostumado a tal processo — Coma. Não se lembrava de muita coisa. ela podia perceber. Sentia certa afinidade com os bebês. Ele mostrou um pacote grande. Chamei você. Mas pode perceber que ele a analisava por um momento grande demais. Imagens de infância. Não queria falar que não sabia que aquele documento a faria escrava e não apenas uma trabalhadora. Sam parecendo embaraçado tinha dado uma passo para trás. Ambos se se sentaram à mesa enquanto Emily brincava com a boneca sobre um tapete. Vinha a imagem de bosques… Neves… Um casal que sabia ser seus pais. Ainda tem mais e torta de sobremesa. Alguém anormal como tinham se referido a ela por muitas vezes. Tudo aqui é muito diferente.respirando fundo esperando que as batidas de seu coração voltassem ao normal. — Já cuidou de crianças? — Bem… Eu acho que sim. — Você não sabia exatamente o que estava fazendo. — Não tem certeza? — Cuidei dos meus irmãos — concluiu por fim e recebeu um sorriso Temia dizer que não se lembrava. Ela ficou observando enquanto Sam entregava pedacinhos nas mãos minúsculas. E ainda um pedaço da torta de pêssego fechando os olhos por fim. — Trouxe comida. Ravena que não estava acostumada com a comida local franziu o cenho. — ele pareceu irritado — Sabe o que aqueles homens podiam ter feito a você? . — Mastigue — ele observava enquanto a menina comia temendo que ela engasgasse. Podia ser taxada como louca. E mais dois depois. — Desculpe. mas parece que estava distraída. Emily mastigava um pedaço da massa e pedia mais. — O que ela quer? — Que a pegue em… — esqueceu momentaneamente a palavra — Seus braços. Como não podia ver suas feições imaginou se ele gostara de ouvi-la chamando-o de pai. Vira as cenas durante toda a viagem. Não pareceu soar violento ou como reprimenda. — Você fala de maneira diferente… . Não é? Houve um silêncio longo. Aquilo era embaraçoso. — Sam… Viu levantar a cabeça no mesmo momento e olhá-la assustado. — Levada. Voltava e analisava o cômodo com olhar critico. Viu quando ele prendeu a respiração e soltou-a devagar fazendo uma careta de nojo. — Vai ter que aprender a se cuidar melhor no lugar para onde vamos — o resmungo pareceu resignado — Eu não devia ter escolhido você. Eu disse na estação e repetir diversas vezes que quando eu voltasse queria minha cabine brilhando! Pelo menos os lençóis estão limpos… O marido parecia nervoso andando de um lado para o outro. Quase agradecera por as mulheres a terem cortados seus cabelos e estar tão suja. Emily parou para olhá-lo e riu. — Eu vou limpá-la! — Pegou Emily e levou até onde ficava a vasilha de água fresca limpando-a com um pano úmido. Já chorara demais! Logo o marido levantava-se e recolhia todo o lixo jogando no recipiente do lado de fora. Virou-se e viu o marido sentado na cama hesitante. — Isso não é seu trabalho. Viu Sam olhar para a menina e depois para ela. Apertou os dedos até sentir dor afim de não deixar as lágrimas descerem. — Eu posso limpá-lo… — ofereceu rápido levantando-se. — Pequena imundinha — e murmurou colocando o neném no chão.Lógico que sabia. Dois segundos depois Emily levava a mão cheia de massa grudada a camisa de Sam. — O que disse? — Falei seu nome… Sam. Sentia muito melhor agora que fizera uma refeição. Viu ele hesitar antes de pegar a menina quase como se temesse algo da parte dela. — Papai! — estendeu as mãozinhas magras para ele. Aquelas palavras a chocaram. Imagino se ele não queria descansar… Mudar de roupa. — Isto esta sempre cheio de poeira. A menina ria e ela não pode conter a risada também quando ela espirrou água sobre ela. Sentia que a menina não ia descansar tão cedo pois dormira quase todo o tempo que estivera com ela. Abriu a boca e depois fechou. Sorriu aliviada. Devia dar-lhe algum dinheiro e deixá-la no mundo. Além de excitado. magrela e mais inocente… Bem… não podia reclamar de tal coisa. Você fala mais correto do que algumas pessoas que convivemos e lá ela terá muito mais pessoas que falam como nós do que como você.— Desculpe… pode repeti-lo e tentarei falar da maneira correta. Sim.— aproveitou para dizer suas dúvidas — Tenho medo que Emily tenha dificuldades de fala devido a meu… Modo de falar. Por que. Deitou na cama lembrando do que sabia sobre ela. se vivera muito feliz e satisfeito com a vida solitária que tinha até aquele momento? Nunca se imaginara tão desesperado por uma mulher como alguns dos homens que trabalhavam para ele. — Como? O que quer dizer com…? — Não se preocupe. Ela franziu o cenho sem saber se ele falava sério ou era apenas uma brincadeira. Se ouvisse a voz dela mais dois segundos mandaria Emily para a Clinton e começaria sua noite de núpcias. Sempre fora comedido. Não saia do trem. Seria ótimo. A tola entregara sua liberdade nas mãos de um homem que contratava prostitutas! Que espécie de ingenuidade era aquela? Não duraria mais de dois dias nas montanhas. Sentia-se culpado a cada vez que ela abria a boca. Tinha que se casar com ela. Sam suspirou aliviado com o silêncio da cabine. Nunca se sentira excitado na vida! Muito menos por ver aquelas mulheres fáceis ou dondocas da cidade enfeitadas. Ou ela falara com eu… — Seria terrível para os futuros homens de Paradise. — Sim. Mas Sam não parecia um homem que brincava… Pegou Emily pela mão e a menina foi seguindo-a obediente com seus pequenos passinhos. O resmungo foi quase inaudível mas ela pode entender as palavras. Mas não. Por que então sentir isso por uma estrangeira baixinha. — Talvez eu deva dar uma volta com ela. — arriscou percebendo que ele se mexia incomodado na cama. Ele estava certo. Mas nunca embarcaria para uma viagem suicida! . Deus. Ele mesmo não tinha experiência. — Meu irmão sempre foi muito solitário… Não gosta de muitas pessoas e sua volta. — Não pense que vai ser tratada de maneira especial ou terá regalias naquela casa. estavam em evidência. — Olá Clinton. Sei do que elas são capazes. Estava deformado em volta e trazia um tom esbranquiçado em vez do negro. O olho atingido não mostrava nenhum sinal de visão. Mas a ardência ia embora e a dor diminuía. Sabia que ainda não podia esperar grades mudanças. Passou a pasta por todo o rosto fazendo uma careta. Dizendo a si mesmo que estava fazendo uma besteira ele pegou o espelho que trazia junto a sua bagagem.Num gesto cansado tirou a máscara que cobria seu rosto. Nem o menos experiente me relação às mulheres. — ficou nervosa por falar sobre aquilo. Mora comigo e com Tom na casa da montanha e trabalha parte do dia na madeireira. Fechou os olhos. mas ele tem a mim e ao Tom para guiá-lo. Fazia apenas algumas semanas. Agora com você lá não precisaremos mandar nossa roupa para lavar na cidade e nem comer junto com os homens na madeireira. O que fora a benção para Sam pois tal mistura aliviava a ardência e o desconforto que a pele repuxada lhe causava. Levantou e lavou ela diversas vezes antes de pegar a pasta que fora feita por Tom com plantas de região. A casa ficara a partir do . Sempre teve. Diversos tons de pele se sobressaiam e feridas que não tinham cicatrizado ainda. — Deve ter dado tudo certo no médico… Ou não estaria aqui não é? — Sim. A parte que fora mais atingida estava horrível. A pele queimada que cicatrizara estava parte enrugada e parte esticada demais em volta da boca o que o deixava o tempo todo com ela torta. Logo relaxava sobre a cama e dormia. E embaraçada. Odiava o cheiro e a consistência daquela pasta! Tinha que abrir todas as janelas de casa quando a passava e ali aquilo era impossível. Todos trabalham muito. Ravena quase sorriu do ar de adulto que o rapaz passava. — Bem… — ele continuava — Meu irmão pode às vezes ser muito ingênuo. Mesmo sendo mais novo. A pele ardia e incomodava. as mais fundas. E foi novamente a decepção e irritação que tomou conta dele ao ver seu rosto. Ele pareceu ficar pensativo por um momento. Tudo que ela não queria era encontrar o irmão do marido naquele vagão onde as pessoas conversavam e se sentavam em pequenas mesinhas. — Oi Ravena. Seria falta de educação levantar e ir embora apesar de já estar ali a mais de uma hora. Quase duas na verdade. Posso lhe chamar assim já que somos cunhados! — ele sorria mas parecia estudá-la. Ravena mordeu os lábios sem saber onde ele queria chegar. não sou o mais tolo. Mas o rapaz a observou e a Emily em seu colo que dormia profundamente e se aproximou. — Antes? — Ora Ravena. Para o bem dele. Vamos conversar como adultos! Você era uma prostituta e meu irmão não está acostumado com esse tipo de coisa. Mas Sam é que deixa tudo organizado nos intervalos. Não vá penar que pode envolvê-lo com… Brincadeiras na cama e nem com joguinhos de sedução. Sam vai parar de tentar manter aquela casa limpa e trabalhar mais tempo ma madeireira. Mas por que riria do marido? Ele percebeu que ela estava confusa. — levantou a mão para fazê-lo calar — Não acha que sendo uma mulher eu já não saiba quais são as minhas funções? Clinton cruzou os braços e sorriu de leve. não gosta de se sentir sujo. É o que você deve fazer também. Meu irmão pode ser tolo. chocada e admirada com o sentimento de proteção que ele tinha para com o irmão. Mas isso será sua função de agora em diante e… — Clinton. — Sam que limpa a casa? — perguntou surpresa com aquilo. — Mas sua funções antes eram muito diferentes das funções agora. Sam não tinha esclarecido nada para o irmão? Ele ainda pensava que ela era uma… mulher fácil. — Irei lhe dizer como deve se comportar com meu irmão. O rapaz cobriu a sobrinha com um lençol mais fino. mas não eu! Ravena estava aturdida. Corou e levantou o queixo. Colocarei Emily para dormir lá e conversaremos em particular. — ele baixou o tom e quase encostou nela na mesa — Venha até minha cabine. . A poeira e o pó e constante. — Não vou ofender seu irmão de maneira nenhuma! — Espero que não! O cunhado pareceu hesitar um momento para depois inclinar novamente na mesa. Ravena hesitou por um momento.dia que chegar por sua conta. — pausa — Sam não gosta de sujeira. — Uma mulher vai lá uma vez por semana limpar tudo. — o rapaz inclinou na mesa — E nem pense em ofendê-lo com nenhum homem daquela região! Eu estarei o tempo todo vigiando seus passos. E quem o conhecia mais do que o irmão? Querendo ouvir tudo que ele tinha para lhe dizer deixou que ele levasse Emily para a cabine e entrou logo depois dele. Todos. Mas ele tenta. Ela olhou para aquele rapaz entre revoltada. Se rir dele na cama ou fora dela por algum motivo… Juro que coloco você para fora deste trem na próxima parada! Quero que amanhã meu irmão esteja… Satisfeito… Entendeu? A voz dele era baixa e preocupada. pois fazia calor e a fez sentar na pequena cadeira sentando na ponta da cama. Toma banho todos os dias. — Outra coisa. Não vou dizer que ele não se suja no trabalho. Não tinha protestado quando o rapaz iniciara seu discurso por que queria saber sobre o marido. Vira um homem com pelos no peito uma vez… Ela e as amigas. Não sabia ao certo se aquilo que o irmão lhe dizia era verdade. Estava ansiosa por ser dele. Mas sabia que o conteúdo era no mínimo chocante! — Bem… Agora vá ter com ele. Sentiria vergonha em despir-se. Teriam filhos. -… Também acho que não deve fazer posições diferentes. pois achava nojento quando minha mãe e meu pai se beijavam. Pelo contrário. Ele nunca se interessou por prostitutas — olhou para ela irritado sabendo que não conseguia explicar o porquê o irmão a ter escolhido — Ele não deve gostar de beijos.— Irei direto ao assunto que me preocupa. — Sei que você deve ter muita experiência. Seus olhos a percorreram por um segundo e sorriu mostrando a falha do dente. Ele era forte protetor. Com seu corpo. A cama. Ravena fez força para não desviar o olhar. Ravena saiu da cabine do rapaz cansada e ansiosa. Posso lhe indicar algumas que ele talvez não fique chocado… Ravena fechou os olhos e se imaginou com o marido. O achara bonito… As lembranças de desvaneceram a deixando triste. mas não lhe causava medo este momento. E aquilo a deixava tão feliz que era capaz de fazer qualquer coisa pelo marido. Mas vai acordar chorando com fome amanhã. — Mas isso é há… — Quase dez anos — e continuou — Talvez não devesse tirar a roupa… Ravena também vagava em pensamentos sobre o momento que teriam que ficar a sós. Talvez um pouco. Não tinha medo de Sam. Por um momento sentiu de novo a excitação de ser uma menina nova olhando os homens escondidos com amigas… -… Espero que não ache que meu irmão é do tipo que fique gritando… Ravena estava impaciente. corar ou rir. Talvez com pelos. Hesitante foi andando devagar em direção ao fim do vagão quando uma porta abriu subitamente e um homem grandalhão e parecendo embriagado surgiu. Podia imaginar aqueles braços grossos em volta dela. Eram casados e ficariam para sempre juntos. Mordeu os lábios apreensiva. Do marido não ficar satisfeito com ela. Mas manteve séria. E Sam não — viu que ele parecia pensar um momento e hesitar — Sam é muito… Limpo. Parecia-lhe que ele tinha o peito vigoroso. Ficaria muito decepcionada se metade das coisas que o cunhado falara fossem verdade. Emily vai ficar aqui durante a noite — Clinton olhou para a menina com carinho — Ela não costuma acordar durante a noite. . O céu já estava escuro e ela só conseguia ouvir parte do que o rapaz lhe falava. Ela o fez sem questionar. Ela pode sentir a musculatura rija. Procurando um local para passar a noite? — Não… Estou indo para a cabine do meu marido — tentou passar por debaixo do braços do homem mas esse a enlaçou pela cintura firme. — Feche os olhos enquanto eu coloco a proteção. Ela o fez o olhou surpresa para o modo como ele se vestia. — Emily está com Clinton? — Sim. O homem tateou a parede e voltou para dentro da cabine mais branco do que ela se lembrava de ter visto alguém na vida. Lembrou dos conselhos do cunhado e tinha certeza que nenhuma era relacionando aos ferimentos que o marido tinha na face. Só então ela compreendeu que ele estava sem a proteção do lenço ou da máscara. — Venha comigo. Os olhos estavam arregalados e a boca abria e fechava. O rapaz parecia não achar aquilo muito importante. Ele parecia ter se banhado… e um cheiro . Entraram dentro da cabine com o corpo dela ainda encostado ao dele. mas ele apenas virou o corpo. Mas o marido parecia não ser da mesma opinião. — Por Deus… é o demônio… Não compreendendo o que ele queria dizer tentou se mover mas os braços a apertavam como barras de ferro. Ele estava estático.— Oi querida. Pensou que o marido iria soltá-la enfim. — Calma… Para que a pressa? Pode visitar a minha antes de ir para dele. Não me olhe. A voz de Sam a fez seu pânico sumir. Deixando-a mais a vontade de fitá-lo. mas ele a segurava firme. Onde quer que você esteja. Tenho certeza que seu marido não vai sentir sua falta… — Já sentiu. Sentiu quando as mãos do seu marido a retiraram dali e depois os braços nus em torno de seu corpo enlaçando-a logo abaixo dos seios. Olhou para o homem que antes tentara agarrá-la. Um tecido de tom vinho cobria novamente apenas parte de seu rosto. Mais tarde ela tentaria convencê-lo a não precisar se esconder dela. Era uma espécie de roupão com um tecido vermelho e leve. — Pode abrir. Os braços que tinham pelos grossos que roçavam em sua pele a cada movimento. Na verdade nem ela achava. Tentou virar-se. Mudo. — Volte para sua cabine e não tente tocar em mais nenhuma mulher desamparada… Ou vou encontrá-lo. Tinha que fazer alguma coisa. Percebeu que prendia a respiração e soltou-a de uma vez arfando. braços. — ele afastava para a porta parecendo sem saber como agir — Fique a vontade. pois o marido podia sentir frio lá fora tanto tempo. — Não… Mas eu já estou… Pronta. Os olhos azuis se desviaram dele para continuar penteando os cabelos por um momento e logo depois ela deixava a escova sobre a mesa parecendo sem saber o que fazer em seguida. Havia meia dúzia de lampiões espalhados pelo quarto. e pernas. Querendo ser rápida.de ervas tomava conta do lugar. A pele dela era muito branca e delicada. mas tinha seios perfeitos e rosados. Ventava. Sua boca estava seca e sua mão tremia quando ele empurrou a porta para entrar. — Posso fazer isso? Minha mãe lavava os pés de meu pai. Sentou-se na cama e pegou uma tigela que separara. Mas os olhos dela brilharam. Se possível ela não o veria nunca. Sam seguia todos os movimentos dela como um lince e percebeu que estava deixando incomodada. Naquele mesmo minuto. Ela correu nas suas coisas e pegou o perfume jogando um pouco dentro da bacia de água antes de tirar o vestido rapidamente pela cabeça e trocar as peças íntimas pela camisola de algodão macia. As pernas esguias se uniam num triângulo de pelos claros e pela primeira vez Sam sentiu o que era a dor de querer possuir uma mulher. A esposa que penteava os cabelos deu um pulo. O choque foi tão grande que ficou ali sem saber o que fazer. . Sam fechou a porta e inspirou o ar gelado. Nervosa pegou uma escova e penteou várias vezes o cabelos criando coragem para chamá-lo. Naquele exato momento. A porta da varanda foi fechada deixando tudo mais silencioso. — O que é isso? — Para lavar meus pés antes de deitar — explicou imaginando que ela iria rir das suas maluquices como Tom e seu irmão faziam. Passou o pano úmido e perfumado pelo rosto antes de correr pelo colo. Trouxeram água fresca. — Eu… — idiota — Pensei que tinha me chamado. Não a queria aterrorizada e cheia de nojo. — Eu vou para a varanda enquanto se refresca. pois a porta que dava para a varanda estava aberta. A única coisa que o impedira de socar aquele homem fora o risco que corria de Ravena ver sua face. Era magra. Não gostava nem que seu irmão o visse! Sem conter espiou pela fresta da porta e viu a esposa quando acabava de se despir e vestia a camisola. Como poderia não gostar? Não que tivesse experiência no assunto. Vestia um calção largo sobre o roupão com o qual dormia. Ela mantinha um sorriso nos lábios enquanto fazia a tarefa e terminou olhando para ele ansiosa. Não suportaria. Os dedos delicados correram por seus pés esfregando o pano e tocando-o com delicadeza. De qualquer forma. — Está… Bom… Chega — murmurou sem fôlego. — Eu quero. Com hesitação ele desenrolou o pano e colocou ele de lado. — Não toque meu rosto — pediu sério segurando a mão que queria explorá-lo. — Não vai tirar? O toque dela não deixava dúvidas que estava falando do pano que cobria seu rosto.Viu que ela franzia o cenho ao dizer aquilo e sorria logo depois. Limpando os pés também. Percebeu que era ele quem teria que tomar a iniciativa. Sua boca umedeceu como quando sua mãe lhe dizia que teria torta de amora para sobremesa. — Não… Quer dizer… Eu gosto. Mas ela apenas ficou parada esperando. — Clinton falou que talvez você não gostasse… De beijos. — Não… Precisa. O que esperava? Que ela é quem . Um pé e depois o outro. Estava embaraçado. Ela aproximou fazendo sua respiração acelerar e ajoelhou em sua frente pegando o pano úmido e a jarra de água. Em qualquer lugar. — Ei!— ouviu a voz dela risonha — Não consigo… A mão dela tocou seu rosto e ambos prenderam a respiração por um momento. Ele não arriscou ao tocar nos pés dela. mas nada parecia tão prazeroso nesse momento do que tocar Ravena. Sem saber bem por onde começar ele também ficou parado esperando alguma reação dela. E nenhum dos dois conseguiam naquele momento esconder e ereção que se formava. Ravena sorriu e sentou ao lado dele. Sam apertava o colchão com os dedos e mordia os lábios com força tentando se controlar. — Devo apagar os lampiões? — Sim… Ela levantou como uma pluma e apagou-os deixando que a escuridão tomasse conta do lugar. Não gostava? E o que Clinton andara falando com sua esposa? Na verdade sempre achara nojento ver os pais de beijando com toda aquela saliva… Seu corpo reagiu de imediato ao imaginar ele e Ravena trocando o tipo de beijo que seus pais trocavam. Ela parou e ficou imóvel. Um gemido alto saiu de seus lábios quando ela passou o dedo por toda extensão da planta de seu pé. Logo uma de suas mãos desceram para explorar o canto oculto do corpo feminino. — inspirou o ar lentamente. Sam tremia e a pouca luminosidade que atingia a cabine incidia sobre o seio rosado. — Nada. Nada. O corpo pequeno se encaixou sobre ele como um cobertor sob medida. — Seu peito… eu gosto de pêlos… — as mãos dela percorreram seu tórax parecendo serpentes a procura de uma presa e os olhos azuis brilhavam no escuro. A voz dela o fazia tremer e temia não conseguir de controlar. mas . Aquilo o deixou ressabiado por outro motivo. Suas mãos moveram para lá e tatearam-na parecendo encantado. — Não vai machucar? — Não. Voltaram a se beijar várias vezes e ele não sabia até onde ia seu limite. Seus gestos demonstravam receio e ansiedade. Pausa. A sensação de ter os lábios colados a ele era inebriante. Seu roupão se abriu revelando o tórax cobertos de pelos escuros. Logo voltou a beijá-la enquanto retirava seu robe e calção com pressa. Ouviu o gemido fraco que ela deu quando apertou seus braços e sentiu a língua dela de encontro a dele. Virou o corpo a fim de colocar ela por baixo dele. Esta não durou muito tempo.ditasse o jogo? Não soubera a apenas algumas horas atrás que ela era inocente? — Tudo bem… então vamos nos beijar — disse mal reconhecendo a voz que saia arfante. Seus lábios machucados não estavam respondendo de acordo. E em dois segundos ele invadia a boca quente com sua língua. — Não vai machucar você? — ela repetiu percebendo que ele imaginara que a pergunta tinha sido temor dela em relação a ela mesma. Sentia desconfortável para comer… e talvez as cicatrizes fossem sentidas pela pele dela quando se encostassem Mas queria se arriscar… ou então não sentiria o sabor… não saberia nunca como… Ela pareceu entender sua mente antes que ele respondesse pois os lábios delicados encostaram em sua boca com suavidade. — Acho melhor não falar… — Como?! — a face estava nublada e os olhos arregalados. Ravena ergueu o corpo para auxiliá-lo e o objeto caiu ao lado de ambos. Seus dedos passearam pelas laterais da camisola subindo e descendo. Nada no mundo o tinha preparado para aquilo. Seus corpos nus se colaram e o rapaz perdeu a respiração por um momento para depois arfar frenético. Segurou pelo pescoço e deitou na cama levando-a junto com ele. Percebiase a inexperiência nos toques rápidos e hesitantes. Fique tranqüila. Seus dedos procuraram a barra da camisola e a levantaram. As pernas que antes tinham tentado impedir seus avanços estavam afastadas permitindo a exploração dele mas seus dedos simplesmente não encontravam o que procuravam. — Você… Sentiu o corpo dela estremecer e imaginou se ela sentia a mesma coisa que ele naquele momento. As dobras e cantos ocultos. Sentia sua umidade agora entre os dedos mas não compreendia o significado disso. — Por Deus. — Onde? — perguntou arfante por fim sem conseguir conter-se. Impossível. não me toque! — gritou afastando-se. Seu corpo tremia e sentia a ponto de explodir. — Cuidado… — ela segurava seus ombros. Percebeu que ela imobilizou-se e os dedos relaxaram de encontro aos seus ombros. Sentiu-a tensa ao tocá-lo e ele fechou os olhos quase em agonia. Encaixou os quadris aos delas abrindo mais as pernas torneadas que responderam a sua pressão com submissão. apesar de estar ansioso e com dores de . — Você nunca… ? — ela parecia tão arfante quanto ele. E com certeza Ravena apenas se submetia por não ter outras escolha… Este pensamento quase o fez recuar mas o calor do corpo dela foi mais forte e ele pressionou seu corpo contra o dela rígido e ofegante. Ansioso e excitado demais para pensar em outra coisa há não ser como penetrá-la ele gemeu e balançou a cabeça. Pressionou-se contra ela excitado e pronto mas simplesmente não sabia onde… Parecia não existir um local que lhe coubesse naquele recanto úmido. Mulheres não sentiam tanto prazer na relação. Imediatamente. Mas estava nervoso e impaciente demais. Só queria se livrar daquela sensação poderosa que fazia seu corpo perder o nexo. — Não! Mas você sabe… no médico… ele — gaguejou sentindo-se afogueado demais para pensar nos sentimentos dela em relação aquele episódio. Só sabia que a queria. — Sam… — as mãos dela o puxaram pelo pescoço. — Não!— ela o segurou — Aqui… A mão dela segurou a dele com delicadeza e levou para seu corpo com uma confiança que. Ele a beijou novamente explorando com os dedos a feminilidade que até aquele momento era algo inimaginável para ele. Ravena gemia alto e seus lábios diziam palavras em uma língua desconhecida deixando-o a cada momento mais excitado. — Não… Excitado ele forçou a mão até encontrar o ninho de cabelos claros e tateá-lo como sentia vontade de fazer desde que vira nua.imediatamente as pernas se fecharam sobre ele. tensa. As mãos dela largaram os ombros e percorreram seu corpo até onde ele se pressionava contra ela ereto. Rápido. A sensação foi violenta distinta de todas as sensações que experimentara até aquele momento e sem conter gritou alto ao sentir a maciez e quentura que o aprendia por todos os lados. — Ravena… ? — tateou o rosto dela enquanto o corpo se encolhia entre os lençóis — Deus Ravena eu não pensei… não sabia que ia… doer para você… Quer dizer… eu sabia que para as mulheres não era tão confortável… mas eu nunca… Ele não sabia o que fazer e Ravena parecia pequena e frágil encolhida ali. — Não tem espaço. — Não pode ser ai — disse entre os dentes movendo a cabeça. E seus dedos o pressionavam de encontro a um orifício tão minúsculo que ele não pode acreditar que ela tivesse lhe dizendo a verdade. Sentia que estava perto. Tinha que ter mais dela. se intensificavam e ele respondeu instintivamente aumentando o ritmo e a potência de seus movimentos.desejo . o fez sentir-se protetor e poderoso perto daquele pequeno ser em sua frente. Seu corpo exaurido tombou sobre a esposa e Sam relaxou. — Todos os homens cabem em todas as mulheres. Percebia que estava perto. Seus movimentos eram ditados apenas pelo clamor do seu corpo e ele não notou o quanto tensa estava sua esposa. Suava e tremia sem conseguir parar de se mover. Quando ela falou a voz soou suave. Ela era tão delicada. Mas ele tremia e levantou tateando a chão até encontrar seu . Então com uma última e longa investida sentiu todo seu corpo se contrair na melhor sensação que tivera em toda sua vida. Foi só neste momento notou o tremor do corpo miúdo sobre ele. Apenas entre em mim e eu… Seu corpo sentiu o calor dela a as mãos que teimavam em puxá-lo. — Não se preocupe. meu senhor — o murmúrio foi sedutor a as mãos o faziam mover-se com se fossem fortes e ele apenas uma pena. ouviu os soluços baixinhos e experimentou o gosto de lágrimas quando tocou a face lisa com os lábios. O êxtase chegou para ele pleno e intenso. Queria mais. muito perto … As sensações aumentavam. Se conter-se ele avançou sua masculinidade contra ela pressionando e empurrando até que como por encanto arrebatador estava inteiro dentro dela. Seu coração que já se acalmava do mar turbulento de emoções voltou a bater forte e ele rolou para o lado ao mesmo tempo que sentia a umidade anormal no próprio corpo e lençol. Não percebeu as lágrimas que caiam pela face fresca e nem os gemidos que nada se pareciam com os seus altos e cheio de prazer inundando a quietude do quarto. — Você é grande… vai melhorar das próximas vezes. — Oh sim… Sentiu as pequenas mão lhe chamando de volta. — Não demoro. Seus olhos pareciam preocupados. — Venha aqui — passou os braços por baixo dela e levantou-a levando para o divã aveludado encostado no canto do vagão — Fique quietinha enquanto eu arrumo a cama. Aquilo tudo tinha sido dolorido e desconfortável. Com certeza ela não teria sofrido tanto se ele soubesse mais sobre o assunto. Seus lábios pressionaram um ao outro e ele mexeu a cabeça inconformado. Mas ela mentia. Como seu cavalo que montava as éguas se satisfazia e deixava-as lá. Não pensei… Estava tão… — Não se culpe. viera assombrá- . Mas a lembrança daqueles momentos terríveis que vivera. — Não se preocupe. Saiu da cabine e voltou logo depois com uma jarra de água fresca e outra fumegante. Acendeu dois lampiões e aproximou da cama apesar dos protestos da esposa. Eu não sabia que eu… — estava envergonhada e meio chocada ainda. Ficara tensa e atrapalhara tudo. Procurou algo em torno de si e franziu o cenho vestiu o roupão e voltou-se para ela. Sentou-se ao lado dela e seus dedos tremiam ao tocá-la no ombro. — Isso é chá. Isso acontece com todas as mulheres… Sam desviou o olhar da mancha avermelhada para os olhos azuis.lençol. — Não cubra os quadris — abaixou-se na frente ela com a tigela e o jarra de água. Ela não mais chorava. Pode ver no modo que ela mexeu desconfortável na cama. — serviu uma xícara e percebendo que ela ainda estava nua pegou a camisola e estendeu para ela esperando enquanto a esposa vestia. A mancha de sangue era grande e fez seu estômago revirar. Eu perdi a noção. — Não está sangrando mais. — Foi culpa minha. Com ele. — Desculpe —me. Ravena era definitivamente linda. Tinha certeza que se tivesse relaxado talvez não tivesse sido tudo tão embaraçoso e o marido não iria ficar tão assustado e preocupado como estava naquele momento. Despiu a cama de todos os lençóis e amontoou-os na extremidade da cabine pegando outra peça limpa arrumando a cama em poucos segundos com eficiência que denotava prática. Nem doendo. Sam foi rápido. O rosto muito pálido e os olhos ainda brilhando. Sentiase um animal. Ele que por nenhum momento do ato se preocupara com ela. Xingouse intimamente por não ter mais experiência com o sexo oposto. Ravena tinha a cabeça cheia de pensamentos caóticos e reprováveis. — Não machucou. — pausa— Também quero vê-la… tenho medo de tê-la… machucado muito. O marido a analisava em silêncio. — O que você vai fazer? O único olho visível dele a fitou. relaxante e aliviou aquela ardência. — Sinto muito — murmurou sabendo que tinha estragado tudo. Sentia-se mal por deixar aquela noite acabar tão mal. no franzir do cenho. Mas quando ele aproximou ainda o lampião ela recuou. Mas o que tinham feito era mais. Ravena fechou os olhos sentindo as batidas rítmicas do coração do . Apagou o lampião um pouco depois e deitou ao seu lado em silêncio. Bebericou o chá adocicado e tentou não demonstrar o embaraço que sentia por estar tão exposta. Ele estava ajoelhado em sua frente e com o lampião logo ao lado. Assustara-se com a dor súbita. Sabia que o marido tinha sentido prazer com seu corpo. — Mas… — ele parecia confuso — Você era tão… e eu… não tinha como… — Não fique assim… vai melhorar das outras vezes — repetiu com sinceridade e esperando que ele se tranqüilizasse. Ele lhe dissera que nunca tinha estado com uma mulher. Quando lhe disse para não cobris os quadris ela mexeu-se desconfortável. Mas talvez ele nem ao menos tinha estado perto de uma mulher. Tivera a sensação que ele a estava rasgando por dentro e aquilo e deixara chocada e trêmula. Observava atenta enquanto o marido pegava um pano limpo encharcava de água e o torcia. Talvez se sinta melhor. A sensação foi agradável. Mas percebia que ele ficara decepcionado com a reação dela. Gentilmente a pegou no colo e levou-a para cama. Era uma posição reveladora e íntima. No toque de leve. Sentiu a pressão dele para que afastasse as pernas e ela mordeu os lábios fazendo-lhe à vontade. Ficando quieta ela deixou que o marido afastasse suas pernas e passasse o pano úmido por seu ventre pernas e regiões íntimas com cuidados limpando-a. apesar de a região ainda parecer sensível quando se movimentava. — Não se culpe. com a invasão do corpo.la justamente no momento que menos esperava. Pelo modo que ele agia… — Vou limpá-la e… Refrescá-la. Mas logo ele ajeitou-a e guardou tudo que tinha usado depois de limpar deixando os panos úmidos junto com a roupa suja. Percebeu que ele suspirava e envolvia com os braços. Sentiu o toque dele na face e aproximou do corpo másculo abraçando-o pela cintura. Tinha mesma preocupação e ignorância que notara no olhar dele minutos antes. — Não vou machucá-la mais — a voz do marido soou perto do ouvido. Mas agora a dor diminuíra. Podia perceber a curiosidade dele em relação a ela. piscou várias vezes e depois olhou para ela. Clinton logo atrás a observava com olhar crítico. Ele sorriu o que a deixou eufórica. — Foi tudo bem? Ravena revirou os olhos sem olhá-lo. Como se percebesse que a encarava ele corou e desviou o olhar. Suspirou e aconchegou-se a ele. — Estou ótima — falou sincera. Dos braços fortes em volta dela. Talvez pelo marido nunca ter tido nada com uma mulher… Sorriu. Aquilo tinha as suas vantagens. — Ravena! A batida na porta fez mudar seus planos. Ravena suspirou imaginando o que poderia fazer para aquele menino sair do seu pé! . Não com Sam ao lado para protegê-la. — Bom dia — murmurou corando. E seu corpo era comum. Com certeza já estaria casado e feliz com alguém que te quisesse agora em vez de ficar dando conselhos para nós. O marido não desviava o olhar por nenhum momento. Abriu a porta e Clinton estava lá com Emily chorando no colo.homem até que adormeceu. — Bom dia. — Ela quer você — estendeu para ela e deu um suspiro aliviado — Ela acordou o vagão inteiro! — Já está quase dia mesmo — sorriu para a menina enquanto seguia para a lanchonete. terminado de se arrumar. — Sim. — Seguiu meus conselhos? — Não-ela sorriu de leve para ele — E você devia ter aulas de como tratar uma mulher com seu irmão. Abriu os olhos assustada com o barulho e percebeu que chegavam em uma estação. Parecia confuso. Clinton parou o passo deixando seguir na frente parecendo indignado e voltou para a cabine. Nunca mais ninguém a maltrataria. Percebeu que o marido acordava de súbito virando-se e tapando o rosto com o lenço ao lado da cama. — Está bem? — ele inclinou-se e tocou seu ombro com delicadeza — Se quiser pode continuar na cama enquanto eu… — Ravena! Emily está chorando! A voz de Clinton tornou-se desesperada e ela ergueu-se para vestir-se antes que ele arrombasse a porta. Sentiu-se dolorida mas esforçou-se para não deixá-lo perceber enquanto vestia as roupas. Ela podia jurar que ele estava fascinado por olhá-la. O calor que sentia era devido ao corpo do marido ao lado do seu. Sorriu. Mas ela não era nenhuma beldade de mulher. Ravena correu os dedos pelo encosto a murada da varanda da cabine e observou a cidade que ia se aproximando. Ele nada falava sobre aquilo e ela sentia-se tímida demais para pressioná-lo mais do que já fazia. Que estava bem. — Onde? — Cidade — abaixou-se e a segurou no colo afastando-se da beirada — Está vendo? — Cidade. Mas Sam se esquivara. Ravena levou a menina para dentro com uma careta. Num movimento rápido voltou-se para Sam — Papai! Ravena sorriu. mas nada parecia fazê-lo mudar de idéia. — Aquela é Paradise — a voz do marido parecia feliz e orgulhosa quando lhe apontou a cidade. O mais lento o possível para ver se ele reagia. por isso resolvera se calar e esperar. Emily estava agarrada a sua saia e Clinton ao lado parecendo tão contente quanto o irmão. Sentia excitada cada vez que ele a beijava. Seu marido parecia ignorar a hostilidade do irmão para com ela. Mas tentava obedece-lo a contento a . o que acontecia com menos freqüência do que ela desejava. Percebia como os olhos dele seguiam seus movimentos quando se despia ou vestia em sua frente e ela fizera isso vário vezes. — Tudo bem? A voz do marido a fez voltar e sorrir. Emily. O marido parecia ter necessidade de tocá-la. Não podia estar enganada quanto a primeira noite. Emily puxou sua saia tirando o dedo da boca. Percebia que ele estava querendo-a tanto quanto ela a ele. Desde a fatídica noite. Emily se acostumara rápido com os papéis que eles representavam em sua vida — Mamãe. dos tremores do corpo masculinos sobre ela e de quando ele gritara deixando cair o corpo trêmulo sobre ela. Os hábitos daquele país eram diferentes do seu… Seja lá com eram os seus! Sentiu os braços dele em torno de sua cintura e aconchegou-se a ele. Podia lembrar-se dos movimentos frenéticos dele. Mas Ravena não estava tão satisfeita assim. de vê-la. Mas o marido parecia se controlar quando os carinhos ficavam mais íntimos. — a menina repetiu devagar saboreando as palavras. O que ela também tentava fazer a maioria do tempo. Percebeu que Clinton franziu o cenho novamente ao ver a menina chamá-la de mãe. — Sim. sorria. dos gemidos. Fazia dias que viajavam. O marido era mandão demais para seu gosto. Ele tivera prazer. Ela chegara a dizer que o queria. — Vá lá para dentro se preparar para descer junto com Mamãe. o marido não tentara mais fazer amor com ela. Percebeu que ele devia ser índio como um que ela vira a poucas estações atrás. Não que ele não fosse gentil. O marido adentrou o recinto junto com o cunhado sorrindo. A única vez que o vira apertar as mãos e lançar um olhar ameaçador para alguém fora quando um homem murmurara com o colega sobre o que uma mulher como ela estava fazendo com um “cara feio daqueles”. Para cuidar de Emily. E ser chamada com tanta pompa a fez sorriu de leve.maioria das vezes. O que mais aborrecia ela era o controle sobre emoções que parecia ser eternamente presente em suas ações.Aquilo quase a fizera levantar e dar um soco na cara daquele homem. Meu outro nome é um pouco complicado e diferente. — Esposa? Você não disse… Prazer — o homem percebeu que estava sendo sem educação e virou-se para ela — Foi uma surpresa… Sra. — A comprei para que cassasse comigo. Não eram assuntos de tanta importância que valeriam uma discussão. “Vai ficar bom com o vestido rosado”. Não que se lembrasse. Preferia gastar seu discurso em algo mais lucrativo. Nem o olhar assustado das pessoas quando se deparavam com um homem daquela estatura cujo rosto estava horrivelmente ferido o fazia aborrecer-se. Tinha impressão que ele sabia de todas as suas roupas ou prestava atenção em tudo e em todos. queridas? Na estação o marido passou braço por sua cintura ajudando-a a caminhar. Apenas alguns homens mal encarados e uma mulher mais velha. tinha uma expressão diferente nos traços que ia à direção deles. Nada o fazia mudar a expressão. Smith. . Pudera perceber que a tratara com educação nata quando procurava uma comida menos intragável para o almoço ou quando comprara um broche de prata indígena em uma das paradas. Sentou-se na cama abraçada a Emily e tocou as tranças grossas. Era interessante ter um sobrenome. — Sam! Clinton — o índio parou perto deles e olhou para Emily — Esta deve ser nosso menina! — Sim Tom — Sam olhou rapidamente para si — E está e Ravena Smith. — Vamos lá. — Prazer é meu… Tom? Pode me chamar assim. E ela seria capaz! Percebeu que o trem diminuía a velocidade devagar e parava. Mas fizera isso de longe e não pudera ver os traços duros a angulosos talhados na face como percebia agora. Quase ninguém tinha descido naquela local. Minha esposa. Tinha uma memória incrível para as coisas… Ela nunca encontrara alguém assim na vida. O local estava quase vazio a não ser por um velho parecendo muito queimado de sol. Fazia dias que não tinha um. Teria o troco por seu comentário. ficar longe dela. Smith. Mal se continha em tocar seu corpo. Não resistia em trocar beijos longos e íntimos. ou de deixar ser beijada quando mulher nenhuma gostaria de tocar sua face maltratada pelo acidente. Par quem fazia caretas quando Rose e Simon de beijavam… — Isso foi há séculos! — resmungou indo na direção dos homens depositavam seus maleiros na carroça— Agora me ajude com essa bagagem e fique quieto! Em poucos minutos estavam a caminho da montanha. Não era fácil para ele. A surpresa que isso nos traz é infinitamente melhor que um grande e demorado noivado que quando se casam já estão tão cansados da cara um do outro que já começam brigando na lua de mel. Conhecia o homem. — Desculpe — falou novamente percebendo que aquela palavra que quase não usava estava ficando cada vez mais presente me seu vocabulário. Vejo que eles estão certos. Para não machucála de novo. — Ora. Não podia jogar em sua cara aquela condição para o resto da vida! Tom que se recuperara rápido riu.Um silêncio pesado seguiu aquele comentário de Sam ao que ele percebeu ter sido indelicado. Sempre fora direto e verdadeiro com seus amigos e irmãos e agora tinha que enfeitar as coisas! Estava tentando ser o melhor marido o possível para Ravena. agora conhecedor das sensações que se podia obter com a esposa. Oras. Apesar dela parecer não entender. mas agora era sua esposa e viveria com ele. Não podia simplesmente confiar no que ela dizia quando insinuara que podiam fazer toda aquela “coisa” novamente. E eu pensei que homens brancos não sabiam casar com inteligência! Está ai uma exceção!— Tom pegou delicadamente a mão da esposa — Sra. . E que linda mulher devo lhe dizer. — Ora Sam. Mas resistia bravamente por toda aquela viagem sem fazer amor. Que prazer era aquele que tinha as custas da dor da esposa? Sentia-se péssimo só de saber por quantas vezes se sentira tentado. Ainda estava se esforçando em aprender como se comportava perto de uma mulher. por ela. nada reclamava por fechar os olhos quando ele pedia. Obedecia a sua palavra. Ravena era boa demais para ele. Odiara ter se sentindo tão mal. Ravena fora comprada. Neste momento Tom olhou em seu olho e Sam sentiu gelar. Ótimo ter finalmente conseguido chegar perto de uma mulher. meus antepassados sempre foram espertos o bastante para comprarem suas esposas e isso continua até hoje. Não foi com surpresa que o logo se transformou em mais quase uma hora de viagem até que percebeu sinal de civilização. — Neva demais. A água vira gelo. O cheiro de comida. Uma fumaça branca sai da chaminé e dois cães pequenos correram para saldar. Tanto Tom quanto Clinton arregalaram os olhos e se fitara como se tivessem ouvido algo louco de se dizer. Era longe. Percebeu que Sam fazia uma cara de pouco entusiasmo. Mas ela balançou a cabeça. — Tom explicava — Helena é quem lava nossas roupas e de muitos homens que trabalham para gente. — Mas é bonito. — Aqui faz muito frio? — olhou para o homem moreno com curiosidade.— Nós podemos visitar a cidade dentro de alguns dias — murmurou para Ravena que estava quieta ao seu lado com Emily no colo — Você está bem? Percebeu a expressão de enfado e quase uma careta. Seus lábios se abriram para deixar escapar uma exclamação de surpresa ao ver a construção de madeira nobre de dois andares com uma grande varanda feita com capricho. Imediatamente ela desviou o olhar das árvores e céu para procurar de onde vinha o odor delicioso e encontrou a casa mais linda que ela nunca pudera imaginar. por isso agradeceu aos céus o frescor as sombras das grandes árvores. — Oh… ! — corou achando que tinha sido indiscreta. — Pare de me perguntar se estou bem! Estou ótima. — No inverno a maioria das vezes tem que parar o trabalho. Ela passa mais tempo na madeireira que na casa dela. Ravena estava suada e meio tonta quando entraram na mata . Era grande. — Logo estaremos lá. Nada consegue ser limpo. Percebia que ele não gostava de movimentar o rosto. que circundava todo o imóvel. — Pedi para Helena fazer comida para quando chegassem. Logo depois ela voltara para cidade. — Daqui a alguns meses estará reclamando de frio — Tom ria enquanto incitava os cavalos. Mas o marido sorriu de leve. — Neva? — bateu palmas — Eu me lembro da neve! Eu adoro neve. Tinha certeza que viveria em uma espécie de cabana. não naquele palácio. Só estou com um pouco de calor. Devia ter comprado uma sombrinha como aquelas que as mulheres usavam em Londres. O cheiro é horrível depois de alguns meses e a umidade toma conta de tudo. ao contrário que pensava. Talvez sentisse dores. Mas mora . Não havia cortinas. Sam estalou os lábios. Sam olhou para ela rapidamente e desviou o olhar. Ravena sorriu. mas logo ela olhou apalermada para Sam. — Deus Clinton ! Não acredito que finalmente você se casou! A mulher era no mínimo indiscreta e parecia ter intimidade com os homens pelo modo que sorria e gracejava. — Sam? Ravena não pode deixar de reparar que ela não conseguia encarar Sam de frente e aquilo a deixou aborrecida. Não que ela o tivesse visto em algumas dessas ocasiões. Ela com certeza adorava sentir a pele dele fresca… No trem ele apenas se lavara com toalhas úmidas. A mulher revirou os olhos e nada falou. Momentos depois ela pode compreender o que Helena quis dizer quando falara sobre falta de um toque feminino na casa. Smith. Era insípido demais tudo ali dentro. — Vamos lá para cima. E aquela ar de quem Sam era último homem que a mulher podia imaginar casado também não ajudou muito na sua primeira impressão da cozinheira. — Você não… Uma mulher gorda e na casa de cinqüenta anos apareceu na porta sorrindo e interrompendo o que o marido dizia. Não podia imaginar por que o hábito do marido de se banhar duas vezes ao dia era tão criticado. A casa era limpa e com poucos móveis. Era tão forte. — Posso lavar as suas roupas agora — disse sabendo que seu papel como esposa era bem maior do que apenas cuidar de Emily. — Mas o almoço… — Preciso de um banho antes. Precisamos deixar as malas em nossos quartos e tomar um banho. pensou ouvindo o marido suspirar. — Sra. Com um gesto ágil ele pulou da charrete e ajudou-a descer. O lugar precisa de um toque feminino. A resposta pareceu deixá-la confusa. Seus dedos circulavam sua cintura com facilidade. enfeites ou qualquer tipo de adereço nos móveis o na casa. Apesar dela não fazer questão de privacidade para seu banho o marido sempre a pedia .sozinha e sente falta de companhia. — É minha esposa Ravena Smith. Logo adiante uma mesa menor onde se encontrava um jarro e uma tigela.— e olhou para Sam meio de lado-Eu seria capaz de jurara que você nunca se aproximaria o bastante de uma mulher para casar com ela! Realmente a mulher era indiscreta. — a mulher baixou os olhos — É um prazer saber que enfim uma mulher irá cuidar desta casa. — Eu não. Logo avistou a carroça e seus olhos se arregalaram enquanto se aproximava. A sala onde estavam tinha apenas uma mesa e seis cadeiras. Estavam próximos. Como no trem… O olhar dele baixou-se para o chão. Sentimentos que até este momentos estavam ausentes e sua vida. Momento depois percebeu a eficiência do marido em seu próprio lar. — Sam… — aproximou devagar — Você disse lá na sala que eram quartos… O nosso e o de Clinton ? Parecendo surpreso ele a encarou. Ele escondia as marcas com certeza. Ele parecia sério e compenetrado. Acho que fica mais confortável se dormíssemos separados. logo ele a pressionava contra a parede aprofundando o beijo cada vez mais… — Isso é delicioso — o murmuro dele a fez sorrir enquanto os lábios do marido desciam pelo seu pescoço. Só tinha o que agradecer a Sam. Não era a primeira vez que ela num arroubo o tocava. — Tome banho e me chame quando terminar — Sam tocou a água também para medir a temperatura da água — Emily está dormindo e acho que vai dormir a tarde inteira como sempre. Ele parou e se virou quase imediatamente. paz e alegria. — Tome logo seu banho para que eu possa beijá-la sem sentir o gosto de poeira. Suas bocas se uniram par um beijo longo e molhado. O marido parou o que fazia e a fitou. Era um sentimento que não conseguia compreender ainda. — Mas… Eu pensei que… Nós íamos ficar no mesmo quarto. Foi quando percebeu que tinha. Sabia que ele ficava aborrecido com isso. o seu e de Emily e o de Clinton. Suas roupas estavam dentro do armário e a tina que ficavam em um compartimento separado da casa estavam cheias e exalando cheiros maravilhosos. Arriscando-se aproximou roçando os lábios no rosto dele. . Ravena sorriu aliviada. tocado seu rosto e deslocado um pouco o lenço. sem querer. — O meu. Percebendo-lhe o bom humor aproveitou para perguntar o que a estava deixando inquieta. — Não estou acostumado a dormir com alguém do lado. Seus braços rodearam-no para mantê-lo mais unido e seus dedos escorregaram pelos cabelos escuros. Elas lhe eram insignificantes perto do carinho que sentia por ele. Bobagem de ele imaginar que ela se importava com as marcas de seu corpo. Ele se ajeitou em silêncio e voltou o olhar em sua direção. — Sim… Claro… Se fica melhor para você… Ela ainda estava parada segundos depois que ele saiu em silêncio. A presença do marido lhe dava segurança.para sair da cabine. Água quente percebeu logo quer tocou a superfície. — Certo. Percebeu que a expressão de surpresa na parte visível do rosto. Mas o que podia fazer? Era virgem! Com o tempo ela se acostumaria com tudo.O que podia ter dado errado? Retirou as roupas pensativas e entrou no banho com os olhos marejados. era iniciado por ela? Que mensagens ambíguas eram aquelas que podia vislumbrar que ora era de desejo — como nos momentos que ela se despia e se beijavam — e ora de relutância — como a minutos atrás? Esfregou o corpo com vontade dos pés a cabeça e limpou os cabelos com cuidado sabendo que o marido gostava de sentir a pele fresca e limpa. Atrasei seu banho e o almoço. — Pode me dar licença? — perguntou usando o tom sério que ele utilizava. Sabia como fazer. Mas para que se ele mal se encostava a ela? Fechou os olhos e encostou a cabeça no encosto suspirando. secasse e que vestisse. Ela afundou e viu ele franzir o cenho. Se ao menos lembrasse de sua família. Ele ainda estava parado esperando que ela saísse. O marido saiu devagar do cômodo e ela secou-se rápida vestindo as roupas. De seus amigos. — Não se preocupe. eram esperadas. Sabia que fora instruída. apesar de desconhecidas. Tinha certeza que sabia a respeito de homens. -Já ?— Será que tinha adormecido? Bocejou e sorriu. na maioria das vezes. Mas como algo natural. — Você está ai há quase uma hora — parecia sério e não disfarçava sua atenção para os seios que estavam expostos sobre a borda da tina. Tinha certeza que em sua aldeia aquilo era tido com um ensinamento básico. Mas como isso poderia acontecer se ele não mais a tocava como aquela noite? Se os beijos. Aquelas sensações. Não vergonha. Seu rosto estava vermelho quando fitou o marido. Sabia o que fazer. . fora ensinada. Talvez não gostara dos momentos na cama que ela se portara como uma virgem. — Não percebi. — Mas… Você não… Eu… Parecia decepcionado. Aquela noite tinha sido apenas uma obrigação? Tivera ele que fazer alguns tipos de sacrifício para levá-la para cama? Mas o marido gostava de sues beijos. Se Sam lhe desse ma chance podia ser tão felizes na cama… — Ravena? Pulou como se acordasse naquele momento. Se ele não queria ser marido dela na cama também não tinha direito de vê-la nua! E nem de seus beijos! Aborrecida ela saiu pisando duro passando por ele no corredor sem nem perceber o olhar longo que ele lhe dava. Não se espantara com o sexo em si. Desculpe. Aquilo não o incomodara há uma semana atrás. ela proibira. A mulher nunca fora presença ali em sua casa. O resto: aquela noite na cabine. Fechou os olhos por um momento e respirou fundo. Ravena comia com vontade e ria conversando com Tom. Talvez encarasse isso apenas como dever de esposa. ela o fitava com uma expressão magoada por um momento para depois voltar ao normal… Mas os beijos pelo menos não a machucavam… E satisfaziam em parte seu desejo. Levou a carne de lá para cá no garfo. de Emily… Mexeu a cabeça fazendo um gesto negativo e engoliu um bom pedaço de carne que quase ficou retido na garganta. Não queria forçála a fazer nada que ela não quisesse. fora apenas algo que não conseguira resistir. Não em sua noção das coisas. Para cuidar de Emily. Já as mulheres… todas desviavam o olhar. Talvez por reclamar que ela estava com gosto de poeira? Mulheres deviam ser mais sensíveis do que os homens em relação às críticas. Como esposa. Não devia ser tão… honesto com ela. Talvez não gostasse que ele a beijasse. Por isso sentia tanto arrependimento. no mínimo. Ele apenas a contratara. que era poder olhá-la despida. A única . Nenhuma mulher na situação em que ela se encontrava negaria. E sabia também que se ele a quisesse naquela noite ela não o recusaria. Por que o fazia agora? Por que temia que sua esposa estivesse se arrependendo por ter se casado com um homem sem rosto? Olhou para Ravena. Não negaria os lábios para beijo não lhe negaria seu corpo. Mas toda vez que ia lhe dirigir a palavra era de maneira séria e quase forçada. Até aquilo que ele considerava uma das melhores coisas em se estar casado. Tomou o copo de água e passou as mãos no cabelo nervoso. Pessoas não podiam ser vendidas. Apesar de tudo ela era gentil e parecia quase feliz pelo casamento. da madeireira. Talvez por isso não tinha coragem para isso. Não entendia o que fizera de errado. Os homens eram mais fortes. e nem se negaria a de despir para ele. Ficara.Sam olhava para a esposa ao seu lado na mesa e remexia no prato. Ele sabia que tinha o direito e sabia que ela não o negaria. Mas o vira crescer e era quase a mãe da maioria dos rapazes. Sentiria-se um crápula se a obrigasse a alguma coisa e se sentia um idiota frustrado por não utilizar seus direitos! — Algo errado com a comida? — Helena tocou e seu braço rapidamente com os dedos. Ele a comprara! Será que não podia ter o prazer de pelo menos beijá-la e poder olhá-la? Recriminou-se pelos pensamentos. Gostara da casa. Helena e até com Clinton. Mas não era assim que a queria. Por isso aquele ar de tristeza a cada beijo que trocavam… Era sempre assim quando se afastava. Lógico. decepcionado. muitos jovens. Mas mal o olhava nessas últimas semanas. E quando ela estava viva ele ainda era muito novo. Ele baixou o olhar para as mãos pequenas e levantou para olhar nos olhos azuis. Os cabelos da mãe sempre estavam cheirosos e macios. Mas ela era diferente. Olhava nos olhos dela e comia quase sem perceber. Quando ela parou e olhou para o prato vazio ele endireitou-se na cadeira acordando. espantado de Helena e no sorriso que cobria o rosto de Tom ele comeu todo o conteúdo do prato de Ravena. Ela era tão linda e pequena. Tinha comido toda a comida que a esposa tinha no prato! — Acho que agora terei que comer a sua — sorrindo ela piscou. quer? Ravena cortou um pedaço de carne do prato dela e estendeu em sua direção. — Não está bom? — apontou para sua carne. Quase sem pensar ele abriu a boca mastigou e comeu. O toque em seu braço foi como uma carícia. Os do pai sem dúvida experimentando aquele prazer completo que conhecera dias atrás. Delicado. Aquele tom de voz que ela usava quando falava baixo só para ele o deixava desconcertado. pois a reforma tinha sido feita um ano antes da morte de ambos. talvez nem tanto. Os olhos dela captaram aquele o movimento e os ouvidos perceberam o gemido. ele podia ouvir seus gemidos no quarto ao lado. E de certa maneira era. Os da mãe… Será que eram de dor? Sempre achara que o pai amava sua mãe e que ela correspondia a este sentimento. Anna gostava de limpeza e isso era uma constante lembrança. Mas como se ele a machucava quase todas as noites a fim de obter prazer? Estremeceu ao pensar que sua mãe sofrera aqueles anos todos. Macio.mulher que ele conhecera de verdade fora sua mãe. — Sim estou. mas era assim que se sentia. Seu pai parecia não gostar de ficar longe dela. Sam franziu o cenho e gemeu ao sentir a dor na pele. por isso quando os pais estavam juntos a noite. — O meu pedaço está mais temperado. Ele era tão feio e grande… — Você está se sentindo bem? Ela parecia culpada. Aquela casa era menor na época. Por que aquele pedaço lhe parecera mais saboroso do que todas as carnes que ele já comera? — Quer mais? Sem reparar no olhar mal humorado de Clinton . Sam olhou para o prato e sem saber se ela aceitaria aquilo . — Sam? O toque agora fora diferente. Sempre os via juntos. Mais sábio do que ele nunca seria. Quando enfim esvaziou o prato estava trêmulo. Helena tinha sumido. Faria aquilo parecer um lar… Talvez tivesse que jogar um pouco de poeira pelos cantos… Riu rodando na cama. delicada e não tão… Tosca! Fez uma careta. para demorar. Na verdade o local ficava relativamente perto do trabalho do marido. Ficara mais do que surpresa se o marido ousasse olhar para ela na mesa novamente. uma mesinha menor. um penteadeira. Clinton afastava o prato e levantava parecendo amuado e Tom tomava um gole de uísque devagar olhando para ele. Gostava de cores.começou a alimentá-la como ela tinha feito com ele. Seu quarto era exatamente como o resto da casa. Faria Sam ficar horrorizado. uma pequena mesa e um armário de roupas. Helena não demorara muito a deixando sozinha. O jeito que ela vagarosamente percorria o utensílio com os lábios pressionados. Os lábios que se abriam para abocanhar a comida em seu garfo. O marido lhe falara sobre uma visita a cidade… Quem sabe fizesse isso o mais cedo possível? Apertou o travesseiro e sorriu. Podia usar pedaços de troncos… O marido não tinha uma madeireira? Pediria uma prateleira. . Por que tanto espaço para nada colocar? No outro dia ela começaria uma melhora geral na casa. Talvez pudesse conversar com ele sobre seu pequeno problema. Talvez o aspecto das mesas da cozinha e sala melhorasse de cobrisse todas com toalhas coloridas… O marido não tivera uma mãe? Sem dúvida devia ter algo em algum lugar feminino naquela casa! Virou o corpo abraçando o travesseiro. Só que em pedaços menores. Se prestasse atenção ela até podia ouvir o barulho das máquinas. Quem sabe existisse uma forma de… Seu olhar caiu sobre Ravena de novo… Rezava a Deus que existisse. Parecendo tomar consciência naquela hora da mesa em torno de si Sam quase franziu o cenho novamente e olhou espantado para seu lado. O modo como ela mastigava e depois passava a língua pelos lábios e esperava por ele. Ravena piscou percebendo a estratégia e riu balançando a cabeça de modo sedutor. Colchão de palha e pena. Talvez algo indígena ou alguma tapeçaria. coisas penduradas na parede. Precisavam de cortinas. Mais nada. Mais cedo ele se levantara e saíra dizendo ter muita coisa que fazer. Não esperava que aquele clima sensual se repetisse na mesa mais tarde. Não temia ficar sozinha naquela casa. Pelo que soubera estavam no fim da primavera. Ravena sentou na pequena cama e olhou em volta. Uma cama de madeira rústica. Helena tinha ido embora e deixado tudo pronto. Tapetes. Ela era inteira sedutora. O homem era sábio. mas tinha ainda muitas flores no caminho e em torno da casa. Logo jantariam. Deitou com a mente cheias de planos. seguido de Clinton e Tom. Esperava que a mulher fosse inteligente o suficiente para não ir para o meio da mata! Rabiscou de leve o papel e percebeu que escrevia o nome dela. Apenas Ravena. Nunca perguntara. E a poeira. Tudo parecia andar normalmente. Recostou-se na cadeira brincando com um pedra redonda que usava como peso de papel. Por duas vezes fizera Clinton ir na casa para ver se estava tudo bem e ele voltava apenas dizendo que a esposa parecia estar se distraindo. como sempre. Um grande armário. Quando terminou ficou um momento ali parada. Não era muito. Nada de galinhas para tirar ovos ou alimentar. O sol já sumia e ele tinha que voltar. Não senti mais sono e ninguém dava amostras de voltar. Riscou de leve o papel. Nada mais tinha que fazer ali. Nada de vacas. Cochilou algum minuto e acordou com o sol claro ainda. mas não conseguiu… — Schan… Sarrn… — O que você está fazendo? — Tom riu da porta percebendo o . Ali tinha pumas. cabelos loiros… o modo que ela sorria e piscava… O jeito de falar que era só dela… — Sam… — tentou falar seu nome como ela falava. A roupa Helena tinha levado para lavar apesar de seus protestos. Seu pensamento se perdeu por instantes e ele viu os olhos azuis. A casa realmente não tinha um grama de poeira. As janelas ficavam fechadas com uma cobertura de madeira não deixando que o calor do ambiente entrasse na casa. E não havia criações. Não se preocupara realmente pelo fato dela estar sozinha. Suspirando resolveu começar a colocar suas idéias em funcionamento antes do previsto… Sam enxugou o suor da testa e checou a papelada referente a dois clientes que lhe deviam dinheiro. A cozinha parecia o local de mais móveis de da casa. ursos e cobras. mas teria que mandar alguém cobrar. Como poderia impedir a mulher de ganhar seu sustento? Deu uma volta em todos os cômodos. Um fogão. Não devia ter sido muito fácil. Mas o argumento que aquele era seu ganha pão a tinha convencido. Nada de sobrenome. Já supervisionara as máquinas e dera uma boa olhada nas toras que estavam sendo levadas abaixo na montanha. ele sabia que aquelas montanhas não eram moradia de índios além de ser pouco freqüentada por qualquer pessoa que não fosse funcionário de sua madeireira. Duas grandes mesas e cadeiras.Lavava as vasilhas sujas cantarolando alegre. Não de lembrava da última vez que vira alguém estranho nas redondezas. que tinha ordens de não se aproximar da casa por medida de segurança. Apenas um cavalo que estava feliz e bem tratado e dois cães de caça que pareciam gostar de carinhos. Arrumou as malas e foi ver Emily dormindo. além disso. Tom era tão zeloso quanto ele no que se tratava daquela madeireira. ela parecia não querer falar muito sobre sua vida passada. prateleiras para todos os lados. Mas isso não queria dizer que estavam a salvo. Não sabia mais o que fazer. — Guerreros — Emily saltitava no chão e o modo que pronunciou as palavras se assemelhava ao modo que a esposa falava — Fadas. — Onde está ela? — Clinton entrou primeiro falando baixo sem perceber — Por que tudo está tão silencioso? Cadê Emily? Tenso ele foi até onde sabia estar os lampiões e foi acendendo um por um iluminando a casa enquanto subia as escadas com um deles na mão. — Os homens já estão se recolhendo… Não seria bom deixar sua esposa sozinha à noite em casa. Marido… Gostava daquilo. pensou. Era quase como se confessasse uma falta grave de caráter. — Ravena? Emily? — Papai! — o grito exultante de Emily quase o fez sorrir antes de entrar no quarto de Emily que também estava na penumbra. Ele era o marido! Parou de mexer com a pedra e deixou o lápis sobre a mesa. — Sam? De novo aquela voz… Ela apareceu do meio da escuridão parecendo aliviada e embaraçada. O sol já sumira e o interior da residência estava escuro. gnomos… — Sei… — na verdade ele não entendera muita coisa. Sam hesitou um instante antes de entrar na casa. — Eu sei “Marido” Como soava pomposo. vendo a expressão culpada dela. mas não sabia o que usar para acender. — Eu contava uma lenda da minha terra — Ravena parecia embaraçada. Você é o marido. Na verdade acho que devia ir lá você durante o dia em vez de mandar seu irmão. — Nada.“menino” ficar vermelho. Tentei. — Fique a vontade com Emily — ele mesmo não saberia o que contar para a sobrinha… — Mamãe… — a menina abraçou a esposa e depois estendeu os braços para ele — Papai! Parecia que Emily tinha perdido o medo se suas cicatrizes… . — Não soube acender os lampiões. Vou lhe ensinar mais tarde — prometeu acendendo também as lamparinas do quarto. — Não se preocupe com isso. — Papai! — ela repetiu agora andado e sua direção com passinhos incertos. Devia ter lhe mostrado antes de sair. — O que estavam fazendo? — Contando histórias! — ela sorriu mais tranqüila enquanto se aproximava instintivamente dele e ele instintivamente recuava. — Passou pela sala? Ela parecia ansiosa enquanto o seguia para o andar de baixo. — Você está cheirosa. Estava muito bonito… Mas… — Vai dar trabalho limpar isso tudo… — Não vai dar não… Tenho que lavar as cortinas… Mas quis colocar para você ver… — o rosto aprecia iluminado — Não ficou lindo? E encontrei também alguns objetos indígenas. Ravena parou de sorrir olhando para os três homens que fitavam tudo entre sérios e pensativos. — Perrrfume— lá estava aquele tom enrolado que se misturava com o tom infantil de modo que ficava engraçadinho de se ouvir… Nada comparado ao som que saiu dos lábios de Ravena. Como quando a mãe deles estava viva — Tom tirou o chapéu e sorriu — Será que devo perguntar da janta? Normalmente eles fariam algo para eles mesmos.Percebeu ao pegar a menina no colo. Chegaram na sala e ele não pode de deixar de notar a mesa arrumada com uma toalha vermelha que ele conhecia de muito tempo atrás. Sam não esperava que a esposa fizesse a janta… Mas era lógico… Era sua esposa… Talvez um dia entendesse essas coisas… — Helena deixou tudo pronto antes de ir… Mas não soube ligar o fogão para esquentar… Novamente aquela expressão desanimado e culpada na face. na cortina que parecia um pouco velha e nos tapetes. — Sim… — e pelo ar dela de expectativa devia ter percebido algo que não percebera. Era primavera. Todos os animais rondavam pela montanha com fome e afoitos. — Bem… — Você não reparou! — o olhar estava meio magoado meio divertido. Coloquei para enfeitas as paredes do quarto e aquele cantinho da sala… — apontava para o tal lugar — Tudo estava… — No sótão… Não devia ter subido lá sozinha… Podia ter encontrado algum bicho venenoso… — devia falar mais com ela sobre o que esperava naquele lugar. E só ai ele deu uma boa olhada em torno e reparou nas flores que enfeitam o cômodo. — Não ficou bom? — Está muito bonito senhora. — Na verdade não… — corou — Mas estava escuro e estávamos preocupados com a ausência de vocês. O cheiro de lavanda encheu suas narinas. criança. Além de reparar que ela trouxera mais uma mesa para sala forrando-a com uma tolha de rendas e colocando sobre elas pratarias que estavam há muito tempo guardadas. Estava enfeitada um imenso jarro de flores no meio. — Certo… Amanhã eu passo um tempo aqui lhe ensinando . além de algumas porcelanas e mais flores. Sam também não deixou de ouvir o comentário. — Aquilo não é verdade. Comeu sem olhar para Ravena. — Não pensei que fosse. a mãe dela era uma prostituta?! O olhar do cunhado se tornou cínico e ele cruzou os braços a encarando. — Oh . — Sabe que ela vai passar pelos mesmos problemas que Jeremiah passava… e no caso dela poderá ser muito pior… — Vamos pensar nisso depois… — Sam resmungou brincando com os pés da menina que ria. Só então ela percebeu o que ele quisera dizer. — Mamãe! Ravena sorriu e soprou um beijo. — Não seja tolo — Clinton a encarou — O fato dela ser mestiça e ter como mãe uma prostituta não vai ajudá-la em nada. — a pele morena não negava o fato dela ser mestiça como o irmão. Sam tomou um banho rápido. Tom parou de comer e olhou com carinho para a menina. Levantou como um raio deixando a menina de lado. — Ela se parece com Jeremiah… — Sim. — O que disse? — segurou o irmão pelo colarinho e o arrastou para a porta — Vamos ter uma conversa lá fora. Olhou para Tom trêmula. — Papai. Não era tolo em imaginar que todos veriam com bons olhos o fato deles estarem criando Emily. Sam não compraria uma prostituta — Tom . Mesmo sabendo que o tal beijo era para a menina ele corou e baixou o olhar. Não queria que ninguém lhe perguntasse sobre sua fome ou falta dela sendo assim raspou o prato e levantou. — O que quer dizer? — Ravena tinha parado de comer e olhava para Tom. Coisas de Ravena. Logo Tom e Clinton esquentavam o resto da comida e levavam para a mesa. Talvez se ela tivesse nascido com a pele branca da mãe… Mas os traços índios se sobressairiam com o seu crescimento e já podiam ser percebidos.algumas coisas… — Sam resmungou vendo o olhar critica de Tom. Corou baixando o olhar. Tom estreitou o olhar. Emily que estava sentada do seu outro lado estendeu as mãozinhas. — Eles vão brigar? — Não… Sam não costuma bater em Clinton… Mas não posso prometer nada! Ouve um longo silêncio onde Emily sentou em seu colo beliscando sua comida. Tomou-a no colo e sorriu para menina indo sentar numa cadeira que ele nem se lembrava de existir na sala. — Sam… Mas os dois homens saíram sem que ela pudesse argumentar contra aquilo. O marido gostava de tocar. Mas até este sentimento foi sumindo à medida que os minutos passaram. — Você… O impressionou… Pela primeira vez o velho parecia verdadeiramente surpreso e admirado. O índio deixou o prato de lado e olhou para ela por um tempo grande demais para seu sossego. . Aquilo foi muito instrutivo… Sam que não entendia sobre o que ela falava encarou o irmão com desconfiança e este apenas deu os ombros. quando já fizera Emily dormir e arrumara tudo lá embaixo ela deitou prestando atenção nos sons do quarto ao lado. O cunhado parecia meio chocado meio envergonhado quando sentou a sua frente. — Eu não sabia… — Do que vocês… ? — Não é nada — segurou a mão dele e sorriu ao vê-lo enrijecer o corpo. — Como? Mas você disse… — Ele não sabia que eu não era… me comprou como uma. não de ser tocado. Também percebera que o quarto de Sam era o colado ao seu com uma porta entre eles. — Desculpe. — Não por tudo. Revirou novamente na cama e encarou a porta como uma inimiga. Sabia que o cunhado dormia do outro lado do corredor e Tom ao lado dele. Mas logo acostumaria. — Mas ele comprou. Mas todos os quartos tinham uma porta de comunicação entre si. — não queria que houvesse indiretas a seu respeito e preferia que tudo estivesse às claras. Naquele instante Clinton e Sam voltavam lá de fora. Será que não voltariam nunca a se deitar juntos? Revirou-se na cama e suspirou abraçando o travesseiro macio e afundando a cabeça no tecido macio que o cobria. Por tudo. Ele devia estar se lembrando da conversa que tinham tido no trem… Sorriu piscando para ele. Ravena sorriu. Se fosse uma mulher mais experiente e corajosa ultrapassaria aquela porta e seduziria o marido. Momentos depois em seu quarto. então isso não queria dizer que o marido podia entrar a qualquer momento… Mas isso não a fazia sentir menos ansiosa.Tinha apenas que se levantar e abrir. E como Sam reagiria? A expulsaria do quarto ou acolheria sua iniciativa? Resmungou ante aquele indecisão e foi olhando fixamente para a porta que ela fechou as pálpebras e dormiu. pois pretendia tocá-lo muito e tantas vezes quanto fossem possíveis — Não incomode seu irmão.estava sério. — Você esqueceu o chapéu… A voz do marido a vez sobressaltar para olhar para trás e sorriu ao vê-lo sujo de cima a baixo com pó de madeira e poeira. mas a expressão de Sam era sempre tão intimidante… Nos últimos dois dias eles começaram a vim na hora do almoço. E sábio. Agora tinha uma espaço com banquinhos e mesa e uma espaço para Emily brincar com uma gangorra e balanço. mais do que o marido por certo. Depois de alguma ajuda por parte de alguns trabalhadores do marido e horas de esforço conseguiram levar pedras e madeiras para uma parte do terreno em volta da casa e fazer uma área aconchegante de lazer sob algumas árvores. Talvez pudessem murar e fazer um jardim como vira na Inglaterra. voltara da madeireira ficando alguns minuto na casa e ia embora. Essas visitas era silenciosas e geralmente ele passava por ela e se trancava no quarto. Não tentara mais vê-la a sós e os beijos tinham sido esquecidos. pois eram raras as ocasiões que o via não tão arrumado e limpo. A casa vinha a cada dia parecendo mais um lar. Ela imaginou que devia ter sido idéia dele para não deixá-la sozinha e tentar ajudar em sua relação. A única parte limpa era o rosto coberto com um lenço negro. ou Tom. talvez se sentindo culpado pelas coisas que tinha dito a seu respeito a estava tratando com mais afeição.Ravena olhou para a casa feliz. Sabia que isso queria dizer cicatrização. Até Clinton agora parecia menos irritante que antes. Tom a avisara que começariam a almoçar com ela na casa. Não fazia muito calor o que fazia daquele local perfeito para passar a tarde. Emily parecia concordar com ela. pois brincava com galhos e areia e. Naquela sua primeira semana na casa. naqueles dias que estavam juntos. Mas Sam tinha se tornado distante. Era ele que arranjava homens para trabalhar na decoração da casa e era Clinton quem . Parecia loucura mas o achava mais humano e menos pomposo e sério quando isso acontecia. mas não perguntara detalhes. Mas eram suas vindas que ela esperava com ansiedade. Tom era um bom homem. O marido voltara a comer sério e sem ao menos olhar em sua direção. Mas a estratégia não saíra como esperava. Ela o vira coçar várias vezes aquele lado do rosto. Mandava Clinton às vezes. Nunca conhecera um índio antes. parecendo incomodado. Esperava que o marido talvez falasse a respeito com ela. Ouvira falar algo sobre a tentativa de salvar o irmão do fogo. baixo da árvore mais frondosa. Ravena começava a se arrepender de tê-lo afastado totalmente esperando que reagisse de alguma maneira. mas se todos fossem como Tom não entendia por que tinham tanto medo deles. Queria ter coragem de se aproximar. O achava muito atraente quando voltava do serviço daquele jeito. — A senhora tem um jeito de falar encantador — o homem dissera um momento deixando-a corada pelo elogio e pelo embaraço. mas o marido parecendo perceber isso a fizera calar com um olhar e quando ao final do dia ela fora agradecer pela visita Sam a olhara com raiva. Uma penteadeira linda e baús antigos. — Sei que tenho ainda muitas falhas… — Oh. Precisa tomar banho. — Onde está Tom e Clinton ? Esperando mais um almoço trocando conversa com Clinton ou Tom e esperando que o silencioso marido se dignasse a olhar para ela.— tocou o alto de sua cabeça. comer e dormir um pouco. Até o quarto do marido fora redecorado com cortinas novas. Falavam sobre dois assaltos a diligência que levava ouro da mina que se situava bem ao sul da montanha. — Você está ficando vermelha. A única mostra que ele não lhe era indiferente fora há dois dias quando o xerife. mas sua voz é maravilhosa e o modo que fala deixa qualquer homem com inveja de não poder ouvi-la o dia inteiro… O marido que até aquele momento lia alguns papéis sentado da mesa que dividia subitamente e encarara o homem com frieza fazendo este corar e mudar de assunto. Por isso. John Stenbeck. Talvez até desgostasse que ela fizesse tais mudanças. — Eu sempre me esqueço. ficou surpresa em não ver os rapazes. como se fosse proibida de abrir a boca! E era quase sua única oportunidade em dias de poder falar com alguém diferente. O que a deixava frustrada. talvez. — De banho em Emily enquanto eu espero aqui… . tenha aparentado tanta surpresa ao ouvir sua voz e demorado alguns segundos antes de responder subitamente nervosa. Ela anuiu sem saber o que falar e se odiando por isso. fora visitá-los. mas nada dizia. — Venha querida. O homem ficara encantado com seu sotaque. almofadas e toalhas de mesinha Ao que parecia ele não se importava com aquilo. Não haveria trabalho na madeireira. Mas Clinton a animara com a notícia que amanhã seria Domingo e que passariam todo ele na casa. Ela mostrou o monte de areia na mão e deixou cair devagar rindo. Ele se aproximou e para sua surpresa e tensão segurou-lhe o braço com delicadeza. — Emily! — ele chamava a atenção da sobrinha agora.pedia tudo o que precisava da cidade. um homem alto muito branco e loiro quase como ela. Descanse um pouco e use um chapéu. Ela quase abrira a boca para falar algo. A menina olhou para ambos e veio correndo feliz. Apesar do sol está ameno o céu estava aberto e ela estivera longe das sombras. — Teerra. — Não virão hoje — ele pegou a menina no colo e todos entraram na casa. O rapaz até retirara do sótão tecidos e móveis esquecidos. O marido sempre demorava mais no banho o que deu tempo de alimentar Emily e colocá-la para dormir antes de arrumar a mesa e esperá-lo. — Eu estive pensando… Não podemos fazer aquilo de novo?— viu o olhar chocado dele e falou rápido para não perder o arroubo de coragem e deixar que o embaraço a impedisse — Eu queria um filho.— Por que não dá banho nela enquanto eu preparo a mesa e depois eu a busco e pode… O que foi? — Eu dar banho nela?! — o marido parecia chocado. — Vai ser melhor para você dessa vez — falou aproximando-se ao mesmo tempo em que o marido recuava na cadeira. Mas afastou as mãos nervosas de cima da mesa e as colocou no colo apertandoas uma contra as outras. — Va… Vai? O que havia com ele? — Sim. Sentou na cabeceira ao seu lado e serviu seu próprio prato em silêncio mastigando devagar a comida enquanto lançava-lhe olhares discretos. Ravena revirou os olhos e deu rapidamente o banho de Emily trocando seu próprio vestido logo depois. — O que é que tem? — Eu não poderia! Ela é minha filha! E é uma menina! Ela quase sorriu ao ouvi-lo dizer que era sua filha. — É um bebê! Estava divertida pelo embaraço dele. — Não. O homem parou na porta parecendo embaraçado por estar a sós com ela. Ravena sabia que esta era uma ótima oportunidade. Sem ao menos ele perceber. engoliu com dificuldade e afastou o prato. Não era isso que procurava há dias? Não poderia desperdiçá-la. Ele tinha deixado a palavra sair sem perceber. — Bem… Eu… Sim… Talvez… — gaguejou subitamente distraído com o garfo sobre a mesa. Não deseja ter filhos? Ele parou de mastigar. Queria pode dizer que ele poderia ter mais filhos se resolvesse entrar em seu quarto à noite. E não vou chorar — N… n… Não? — Não! Por que o marido estava cada vez mais pálido? Começava a achar que o que Clinton dissera certa vez sobre o marido ser muito tímido e inibido era verdade! . Juro. Um filho meu… Nosso. Eu vou me esforçar… — não podia decepcioná-lo desta vez. Vá você. — Me… Melhor? — Sim. — O que foi? — ele perguntou quase contra a vontade. mas apenas riu e apontou para Emily. — Sam… Ele deu um pulo da cadeira tenso e ela quase desistiu. Queria voltar a dormir ao lado do marido. Sam afastou-se agitado e pegou na gaveta um dentre seus vários lenços fazendo dobras e formando um venda grossa e larga que atou na cabeça feminina firme. Convenceria o marido que sexo não era tão ruim como fora da primeira vez! — Eu deixo você me tocar… e olhar para mim quanto tempo você quiser — sabia que aquilo iria interessar o marido. Podemos ir para seu quarto? O marido abriu a boca. pois a esposa continuava a beijá-lo sem parar. Se não fosse o fiasco daquela noite… Abruptamente o marido levantou da cadeira.— Podemos tentar mais algumas vezes… — Algumas?! -… E quem sabe conseguimos um bebê antes do inverno? Fora tão terrível assim a primeira vez para ele que nunca mais queria se aproximar dela? Tinha que fazê-lo mudar de idéia. Seus dedos tremiam enquanto tocava a pele delicado. — Sim? — Oh… Deus… Está bem. Estava sedento de vê-la novamente nua ao mesmo tempo sabia que não ficaria exposto naquela claridade. Fora ela que pedira! Falava consigo mesmo enquanto tentava conter sua excitação que chegava ao limite. Mas não por muito tempo. Olharam um para outro imaginado o que iam fazer. Ela riu e se jogou para ele beijando-o o rosto várias vezes. — Eu não me importo com suas cicatrizes… — Não… Não… Por enquanto… — em um gesto automático levou a mão ao lenço para se proteger. mas nenhum som saiu. O quarto estava muito claro. — Pegue seu lenço negro. Ela deve ter percebido seu impasse pois estendeu a mão fazendo-a retroceder. percebera isso. abraçá-lo beijá-lo e fazer tudo aquilo que fizera na cabine de novo e sabia que tudo daria certo dessa vez. os cabelos macios… . Seu estado era tão evidente que estava embaraçado quando entrou no quarto. Vende meus olhos — ela sorriu enquanto murmurava perto de seu ouvido. — Isso é ótimo. Ele gostava de olhar para ela e de tocá-la. — Eu… Nós… A mão dele tremia sobre a sua. — Agora? — Sim… Podemos? Sam mal podia respirar enquanto seguia a esposa para seu quarto. Na terceira tentativa conseguiu. — Se isso for tão importante para você… ter filhos… — Sim é! — segurou a mão dele que recuava parecendo aflito. O marido soltou-a na mesma hora. sua nunca. Ravena prendeu a respiração ao senti-lo tateá-la daquele modo. Lentamente se posicionou sobre ela. o prazer tinha cuidado para que essa desaparecesse. Não era tola para ignorar a respiração arfante e a excitação evidente pressionada no seu ventre. Seus lábios descolaram dos lábios dela e foram para o pescoço e colo.— Está bem? — Sim… Ela tateou seu rosto. Se tinha alguma vergonha. — Não faça isso… — Está bem! A esposa não parecia inibida quando começou a desabotoar sua blusa de cima a baixo e a retirou apressada. Com as pernas meio dobradas e ligeiramente afastadas era a coisa mais linda que ele já colocara os olhos. Agradecia por ela estar vendada. — Não! — segurou-lhe a mão devolvendo para o local de origem. mas imediatamente ele segurou suas mãos. A impediu de prosseguir e abaixou suas mãos. Deitou ao lado dela novamente ouvindo sua respiração rápida e iniciou um beijo que o deixou tonto. Mas não se apressou em penetrá-la. Os lábios colados enquanto ele a tentava impedir de tirar suas roupas ao mesmo tempo que arrancava as dela. Mas queria vê-la tocá-la antes de tudo. — Espere — murmurou rouco enquanto retirava o vestido com certa pressa enquanto a guiava para a cama. Os lábios femininos se abriram para recebe-lo do mesmo modo que o corpo se abria para ele. estava tão ereto que se embaraçou da própria reação. Sentia as mãos dela em seu pescoço. Aproveitaria os momentos que tinham antes do ato em si. quando finalmente se deitaram na cama ela estava nua e gloriosa em seu esplendor feminino. Ele gostava de tocá-la. Então por que a evitara tanto? Os dedos dele procuravam cada recanto dela com avidez e ela soltou uma exclamação abafada contorcendo o corpo sob ele. Talvez ela quisesse que tudo terminasse o mais rápido possível. Era a glória. Seus dedos logo encontraram o que procurava e era tão quente e sedoso como ele se lembrava. Nunca imaginara uma mulher ousada. A sensação era de uma prazer insuportável. pois quando se levantou e retirou totalmente a roupa. Não tinha nenhum pingo de vergonha? Como podia estar excitado para fazer algo que a fazeria sentir sofrimento? Mas seu corpo parecia ignorar tal coisa. apertando-o contra si e aquela sensação o punha quase louco. — Doeu? — o sussurro dele foi baixo e preocupado. pois pelo menos tinha certeza que assim não a machucava. Ele a desejava. Mas mal se . Num arroubo seu corpo explodiu num prazer supremo que a fez gritar no momento que o marido a apertava com força contra ele e se derretia dentro dela. — Você está bem? O toque na pele das nádegas e fez arrepiar. Sabia que ia. — Quero você— sua voz era um choramingo. — Podemos ficar aqui um pouquinho.— Por favor. pelo menos para ela tinha sido fantástico e faria de tudo para mudar-se aquela mesma noite para o quarto ao lado. Os movimentos se tornaram rápidos. Sentiu o toque dele entre as pernas e afastou-se surpresa. A boca procurava a dela ávida de seu calor. potentes e rápidos dele em seu corpo e ouvia o som de seus próprios gemidos misturado-se com os deles. Por um momento ficaram ambos parados em silêncio. Vivera com medo até então.conhecia. Suspirou e tentou ficar mais quieta afim dele não se assustar com sua reação. De olhos vendados Respirações ofegantes. E quando os dedos dele escorregaram em sua umidade ultrapassando o limite e entrando em seu corpo e os lábios encontraram o bico de seu seio ela arquejou inclinando o corpo e agarrando-se a ele. Sentia os movimentos firmes. Mas eras quase impossíveis. — Sim… Eu só preciso… Descansar… — sorriu de leve a cabeça ainda afundada no colchão. Gosto de dormir assim com você… — Gosta? — Claro… É muito bom ficar abraçado assim… — Está dizendo a verdade? Por que aquele tom de descrença? As mãos dele tocaram de leve novamente suas coxas e ela quase podia sentir os olhos dele . seu corpo tremia e ela soube que ia acontecer. Ouviu o suspiro aliviado dele e riu aconchegando-se a ele. Rápido. Sam. suas pernas entrelaçaram com a dela e seu corpo arqueou-se demonstrando com ações o que as palavras diziam. Ela virou de bruços com um gemido e afundou o rosto no colchão trêmula. O viu hesitar um momento antes de penetrá-la e a partir ela se entregou completamente às sensações agarrando-se na cabeceira da cama. Se aquilo não tivesse sido bom para o marido daquela vez. Como uma grande onda o prazer foi crescendo e crescendo ficando a beira do insuportável. — O que está fazendo? — Você não sangrou… — Claro que não… — tateou procurando e encontrou os ombros dele. Ravena ainda sentia tremores pelo corpo quando o marido se estendeu ao seu lado arfante. Lágrimas começaram escorrer dos olhos de Ravena sem ela perceber. Suas línguas duelavam no mesmo ritmo de seus corpos. depois que o jantar. respirava e ouvia o silêncio. Sam ficou olhando para ela por bom tempo. O homem aos poucos ficara amigo de seu pai. Como algo tão prazeroso para ele podia ser tão doloroso para ela? Ainda estremecia ao lembrar do grito de dor que ela deixara escapulir e dos gemidos baixinhos que ele pudera perceber. Talvez existisse algo que aliviasse essas dores. Era uma índia que vivia em uma reserva perto do Texas.admirando-a. Não falavam muito nela. quase morto ao local. Afastou relutante e foi até o quarto de Emily que ainda dormia. Seu corpo estremeceu com lembrança das sensações. que ficara um pouco atrasado devido ao sono de Ravena e ao fato que Emily acordara com ânimo para ficar acesa até tarde. numa dessas viagens do irmão. o qual ele vivera pouco tempo. No início desprezara o trabalho de derrubada de árvores. ele sabia muito mais sobre árvores e terra do que todos juntos. Ouviu-o prender a respiração. Aquela noite mesmo. Por diversas noites o índio saia a noite. O irmão mais velho criado em sua casa desde que se lembrava era filho da primeira mulher se seu pai. Jeremiah apresentara como seu tio. Vivia com ele a cerca de dez anos. corte de madeiras e transporte. Mas ele não a tocou e suavemente foi caindo em um sono restaurador. como às vezes fazia.— Você é linda. — Vai enjoar de tanto olhar para mim qualquer dia… — Nunca. Mas o irmão sempre estivera ao lado do pai. A menina devia ter brincado a manhã inteira! E a esposa também parecia cansada… E ele nada ajudara. Virou-se de frente e deitou-se de costas na cama. sem Jeremiah Tom seria o responsável por esta parte me sua educação. Mas nunca falara em sair de lá. chegara ferido. como ele mesmo descrevia o que fazia. Às vezes desconfiava que podia ter até mais de cem anos. O homem caminhava. de sua mãe e dele. . O tino para trabalhar na madeireira fora espontâneo. Não sabia ao certo sua idade. mesmo longe deles. Tom que tinha um nome impronunciado na língua indígena. até que percebeu o sol se esconder por detrás das montanhas mais adiantes. Talvez fosse importante para Emily saber sobre isso também. A voz dele estava rouca. Sam aproximou-se de Tom discretamente enquanto o homem se preparava para sair. Mais tarde perguntaria para Tom se ele conhecia tal produto. Chegara com Jeremiah uma vez. E levara o respeito por aquelas coisas a toda a família além de ensinar muito a Jeremiah sobre sua terra e seu povo. Até hoje não se afastava dali e ele se perguntava por que Tom não voltara para sua terra. Aquela noite. Era um crápula. nada mais. Sam seguiu o homem. — Concepção — o franzir de cenho do índio foi cômico — Está falando sobre o que vocês fazem no quarto? — Sim. O homem sempre falava de sua mulher com emoção. — Eu queria falar mesmo sobre Ravena… — É? — o velho o olhou de lado — Esses dias você se recusou a falar comigo quando eu lhe perguntei se tudo ia bem… — Talvez por que não ia — resmungou fechando os olhos — Ou vai… não sei ao certo… — Me pareceu hoje que Ravena estava alegre. — É sua esposa. — Lua cheia.— O rapaz está cheio de pensamentos. Não me sinto à vontade pata tirar o lenço… Nem eu gosto de me ver! — Você nunca foi bonito mesmo — resmungou o velho e riu da cara de indignação do homem — Não seja tolo. — Sim… — Tom o observou por um momento — As feridas já estão cicatrizando? Está passando a pomada? — Sim. — Não isso — tentou novamente — Está falando de… Concepção. E olhar o horizonte onde o clarão dos primeiros raios de luar douravam o céu. Não a nada melhor do que deixar um bela mulher cuidar de suas feridas. Isso — disse aliviado por conseguir o entendimento.— Você teve sorte. Sam debochava dele antes. A melhor parte da guerra era voltar para casa ferido e deixar minha esposa limpar os ferimentos. Andaram até uma encosta pouco alta mais o bastante para receber um vento fresco. — Já era hora — o velho bufou — Nunca dormir longe de minha mulher. — Mas… — como ia começar o assunto — Não acha que ter um filho requer muito sacrifício por parte da mulher? — Levar uma criança na barriga e ter um filho é uma dádiva para a mulher — Tom o encarou sério. Era impossível imaginar-se longe de Ravena. O toque suave… — Tom fechou os olhos e sentou ao seu lado. — Ela já viu seu rosto? — Não… Por que pergunta? — Sam sentou-se e passou os braços em torno das pernas encostando-se em uma pedra ali perto. agora podia entender a emoção contida nas palavras. Se ela não gosta do que vê não devia se casar com você… Mas pelo que me contou não restou muita escolha para ela — Tom riu a balançou a cabeça como sempre fazia quando lembrava do que os meninos lhe contaram. — Ela quer um filho — falou dando os ombros — Estava alegre por que concordei em dormimos no mesmo quarto. . — Sim… Mas não é ela que não quer ver meu rosto. Está perdendo a oportunidade. — A noite está propicia para pensamentos — resmungou olhando para cima vendo as estrelas pontilhando o céu. — Está tendo problemas? — Não… Sim… — fechou os olhos — Não sei como explicar… — Você nunca foi muito… hum… Interessado nisso. — Mas… Você não vai me dar nada para aliviar… — As dores? — o índio riu — Não… A mulher sente dores na primeira vez que faz isso. -Pois creio que agora me interesso muito pelo assunto — retrucou. na verdade ele jogou a cabeça para trás e riu muito fazendo o sentir um idiota. — Está tudo bem Sam. — Espere. — Não eu! Ravena. — Quando? — Quando nos casamos… E… Hoje — corou ao olhar do amigo — À tarde… Ela queria! — falou rápido sentindo o rosto quente. Se você fosse mais experiente talvez tivesse sido mais… Prazeroso. você não fez nada errado. A careta foi espontânea quando ele terminou. — O que foi? — Não era dor.— O que é que tem isso? — Tom parecia curioso e desconfiado. O velho olhou para longe no silêncio parecendo preocupado. — Bem Sam… — o homem tentou evitar que seu divertimento com a resposta transparecesse — Qual é problema? — Eu queria algo… Que aliviasse as dores… — disse por fim olhando o velho ansioso. Não quero fazer nada que cause esse tipo de desconforto nela e… — disse falando rapidamente. O resto você vai aprender com o tempo. — Quantas vezes vocês já estiveram juntos na cama? — Duas — disse sem hesitar. Quanto sobre hoje… O que leva a crer que ela sentiu dores? Sam descreveu a reação dela o Tom riu. Olhou para o chão e depois para Sam. menino — resmungou ele batendo de leve a mão . — Duas… Um sorriso delineou os lábios grossos do índio e ele riu. espere. mas as palavras o surpreenderam. — Ravena? — O homem pareceu ficar pensativo — Ela não me parece… — Mas ela quer um filho e parece não se importar com as dores… Mas eu não concordo. — Sei… — um riso fraco e um balanço de cabeça — E doeu de novo para ela? — Sim… — O que você faz? — Como?! — olhou embaraçado — Eu não… — mas suspirando descreveu sua primeira vez com ela ao olhar sério do amigo que apenas movimentava a cabeça concordava e franzindo cenho às vezes. — Dores? Você sente dores? — Tom parecia preocupado. Nada mais estimulante para um homem de sua idade do que lembrar dos velhos tempos de paixão ao lado de uma mulher! Ravena tinha ido dormir frustrada. — Você sente. Por fim deitara e cochilara para se acordada sentindo uma sensação maravilhosa. — Sim! Assim… — arquejou agarrando-se ao corpo masculino. — Prazer? Mulheres não sentem… sentem? — olhou curioso — Sentem? — Lógico. — Prazer… Sente prazer no que fazemos aqui? — Oh… Sim… — murmurou sorrindo — Mas você sabe… — Não… — Não? — abriu os olhos. Mas a escuridão não deixava ver muito. sua esposa parece uma mulher cheia de fogo como a minha… — o riso cessou — Tem sorte.— Fico tão… Excitado ao saber disso. Sam ficou em silêncio digerindo aquelas informações. — Calma. Surpresa mal notou quando sua camisola caiu ao lado da cama lhe deixando despida. O marido saíra logo após Emily dormir e não aparecera. — É bom? — Sam! — ela segurou os ombros fortes. não é mesmo? — a voz era meio que divertida. os olhos arregalados. — Percebo — mexeu o corpo de baixo dele ouvindo o gemido masculino em resposta. — Não me assuste assim! — falou baixinho percebendo agora que o marido desabotoava sua camisola — O que está fazendo? Estendeu as mãos e o descobriu nu.— a voz de o marido a vez gemer se alívio. mas fechou de novo ao senti-lo sobre ela roçando em seu corpo. Os corpos se encaixaram e em segundos ele estava dentro dela. Prazer? Ravena sentia prazer? Um prazer como o dele? Sentia aquela explosão de cores e sentidos? Só de pensar nisso seu corpo enrijecia. — Gosta assim? — o murmúrio dele a alcançou no enlevo que estava. Talvez tivesse que visitar aquela mexicana mais tarde na cidade.no braço do jovem — Era prazer. E você não precisa ser rápido por causa disto… bem… só se ela quiser… — ele ainda ria baixinho — Não disse que você aprendia com o tempo? Além disso. — É verdade que sentiu prazer hoje à tarde? — Como? — ela gemeu ao ser tocada nos seios com delicadeza. — Tom… Posso lhe fazer algumas perguntas? Os olhos do homem se reviraram. As pernas dela enlaçaram o quadril estreito trazendo-o para perto de si. Abriu os olhos. chocada e aliviada. Assustada recuou. Mas ao contrário das outras vezes ele estava sendo vagaroso. . Seus olhos se abriram devagar e pode perceber a sombra sobre ela. Mas logo os movimentos se tornaram mais rápidos e firmes os lábios do marido percorreram seu rosto para tomar os seios na boca. — Tudo bem… Mas da próxima vez pergunte a mim… Eu poderia ter lhe falado sobre o que eu sentia. mas era quase impossível ver sua face. Estava sem o lenço que cobria o rosto. As mãos grandes envolveram as nádegas macias trazendo de encontro dele no último e intenso movimento para por fim desabar o corpo sobre ela. — Mas… Porque? — Sua voz o excita. — e ficava possesso em ver como o homem olhava para a esposa — Não seja tolo. Mas prometo que vou falar o mínimo possível… — ela sorriu e beijou de leve — Minha voz o excita? — perguntou sussurrante bem perto do ouvido masculino. — Você falou com Tom sobre isso:?! — Eu… — percebendo que fizera uma tolice ele tentou se justificar — Eu pensei que sentisse dores e… — Dores? — suspirando deitou na cama — Deus… Nunca mais olharei para Tom! O que disse a ele? — Não muita coisa — mentiu não querendo faze-la se sentir embaraçada — Mas eu… Você sabe… Não sei… Nada… Sobre… Isso… O silêncio perdurou até ela virar-se para ele. Passado alguns momentos ela tateou em busca da camisola mas as mãos dele a impediram. E então falou devagar naquela língua que sabia ser de seus pais e do país de origem. — Quantas quisermos… — beijou de leve. Fique assim — apertou-a contra o corpo. — Tom me explicou que seus gemidos são de prazer… — Como?! Ela se sentou arregalando os olhos. percebeu . mas segurou as mãos pequeninas quando essas teimaram em acaricia-lo — Espere. Já que sou eu o objeto em questão! — Não fique assim… — Tudo bem… — pausa— O que Tom mais falou? — Sobre o que? — Bem… Sobre… Quantas vezes podemos fazer isso por noite — tinha um tom sedutor na voz dela o que o fez lembrar do xerife. Posso perceber isso. — Não. — Diga… — a impaciência na voz dela o fez sorrir. Falou . Tenho que falar algo. — O que? — ela riu — Quer que eu fique muda? — Sim — e estava falando sério. — Sobre o xerife… Aquele dia… — Sei… Mas tem que dizer isso logo agora? — Eu lembrei disso agora! — justificou emburrado e continuou — Ele vai vim aqui amanhã e não quero que fale nada com ele. — Ora não fique assim. — Espero que só fale para mim… — pausa —Sobre aquilo… — Aquilo… A visita do xerife foi relativamente rápida. mas o homem estava seriamente a fim de bancar o protetor. — Isso não é algo que você… . Ou quem sabe pelo fechar de punhos a cada vez que ela abria a boca para dizer algo. meu amor — bateu de leve no braço masculino — Eu não trocaria dois dele por você. O homem parecia hesitar ainda antes de ir embora olhando para ela e para o marido e quando por fim decidiu partir ainda falou alguns minutos com Clinton. — John não sabe de nada… — o resmungo do marido junto a ela e o braço passado por sua cintura denotava o quanto ele se aborrecia com o homem. Talvez pelos olhares que Sam lhe lançava quando por algum motivo ele se dirigia a ela. — Não sei por que continua com esta tolice! Era noite o marido tinha se lavado e agora esperava que ela de ausentasse para retirar o lenço protetor e passar um remédio no rosto. O cunhado voltou sorrindo para a casa. — John acha que você está sendo violento com Ravena… Tentei convencê-lo que não é o caso. — Acha que ela… ? O que disse… — Sam mordeu os lábios e corou — Bobagem… Clinton apenas aproximou e deu uma tapinha nos ombros do irmão.sobre o como se sentia quando ele a tocava e o quanto o amava… — O que… ?! — a voz do marido estava rouca e ele estremecia — Que língua é esta? — De minha terra — disse simplesmente passando os braços pelo pescoço dele. E de bom humor voltou-se para retirar a mesa nem percebendo o olhar espantado do marido e menos ainda o sorriso de Clinton . Arrebentei uma das janelas à noite e fugi correndo… Dali eu fiquei nas ruas… Depois soube do navio… O resto você sabe — deu os ombros — Não é tão horrível assim — tentou diminuir o fato — Mas não diga que sou frágil para agüentar certas coisas por que eu não sou! — Sinto por tudo o que passou. — É tudo tão feio… Contou para ele parte do que lembrava. querida — ele a abraçou — Mas eu não me sinto… á vontade para… — Certo — desistiu de vez contrariada. por exemplo… — resmungou cruzando os braços — Não sabe o que as pessoas faziam ao ar livre… E eles me despiram do vestido por que eu não queria fazer… Igual! Além disso. — Eu venho esperando que me conte sua vida… — Faz mais de dois meses que estamos casados e você… — o marido sentou na cama e passou o braço em torno dela — Quero que desabafe… — Eu… — fechou os olhos. Falou sobre o momento que acordara com os homens pilhando os restos da aldeia.-Você já as viu? — Não nos últimos dias — passara a evitar se olhar nos espelhos — … Não gosto de olhar no espelho… Estavam iluminados apenas por um lampião. — Eles me amarraram e me levaram ao navio. — E eu a forcei a ir naquele médico… Estremeceu ao se lembrar. da luta… Estremeceu. Um dos homens falou que iria me vender… ele… — parou e fechou os olhos — Ele fez como aquele médico… Queria saber se eu era virgem… Disse que ganharia um bom dinheiro com isso. Não era uma total recuperação. O instante que percebera que nada se lembrava de sua vida além de ter a certeza que se chamava Ravena e que vivia junto aquela gente. Mas se lembrava da infância e parte da vida jovem junto à mãe. Além disso. — Mas eu conseguir fugir do lugar que me levaram em Londres.— Bobagem… Já vi coisas piores! — Onde? — No navio. meu povo travou batalhas… — Seu povo? Ravena recuperava a memória à medida que os dia passavam. mas… Ficou em silêncio. Mas aquelas lembranças a deixavam tristes quando recordava que todos tinham morrido. . — O que foi? Sam aproximou-se afetuoso. Mas não quis aumentar o sofrimento de remorso do marido. não queria lembrar da guerra. — Não é nada… — Diga… — Eu… Não quero me lembrar. Já era o bastante o que tinha passado nas mãos daqueles homens. — Por que todos são mais bonitos do que eu — ele gracejou não sem algum ressentimento. — Meu traseiro?! O seu é mais… — ele retirou o lençol e a fez virar de bruços-Definitivamente o seu é mais bonito… . Segurou os cabelos negros e passou o dedo levemente pela face infantil. E a pomada alivia os repuxões na pele e aumenta a elasticidade… Pelo menos Tom assim diz. Estava contente e satisfeita e às vezes tinha até medo de tanta felicidade. — Eu já me acostumei com o cheiro — sorriu enquanto se esticava no lençol o corpo nu iluminado pelo lampião. — Mas eu te amo —murmurou beijando-o a face exposta perto do queixo. Aprendera a amar todos naquela casa… Sentada ao lado do berço pensou em como sua vida mudara em cerca de um mês de casamento. que até sua dicção mudara. — E fica excitada quando me vê? — Montando aquele cavalo… Sabia que seu traseiro é muito lindo? — O que?! Entre risadas eles caíram na cama. — Ravena… ? Acordou sobressalta com o marido cochichando ao seu lado. Isso quando Emily não estava acordada… A venda que ela usava já fazia parte das brincadeiras de ambos… — Pronto! Eu não quero sair… Colocarei a venda… — Querida. Vou usar por mais duas semanas ainda e talvez não precise mais. se você colocar a venda e se deitar deste modo na cama à última coisa que pensarei em fazer é passar este maldito remédio no rosto — ele a pegou pela mão e levou até o lado de fora — Vá ver Emily e volte daqui a alguns minutos… E assim ela vez observando o sono da menina. Sam adorava vê-la e por isso por diversas vezes ele voltava mais cedo do trabalho para pegar a claridade do dia e ter um tempo a sós com ela. Tinha certeza. — E não fico excitada quando vejo os homens… Só quando vejo você… — Ama? — sentiu o beijo de leve na fronte — Ama mesmo? — Tolinho — murmurou bocejando.— Mas elas pararam de doer e já estão cicatrizando. — O que? — Você dormiu… Enrolada no lençol ela sorriu e vagamente percebeu que o marido a levava para o quarto. apesar de Sam dizer que não. — Você está cansada… Isso que dá carregar pedras… Eu disse para trazer alguns rapazes para fazer este serviço… — Você vem de dois em dois minutos para fiscalizar quando rapazes estão aqui… — riu ar embaraçado dele. Sei que o cheiro não é agradável. Pareciam apressados.— Amo você. — Droga. mas não se sentia frustrada. Talvez ele repetisse o que tinha feito com ela há dois dias passados… Estremeceu e beijou-o de leve na face. Os dedos dele desceram para o calor entre suas pernas onde ele gostava de brincar. — Pensei que você não tivesse gostado… — Eu fiquei envergonhada… Mas… Foi muito bom — corada e desejosa ela abriu as pernas em um convite. Uma carroça que ela reconheceu como sendo uma das que pertencia a madeireira vinha com mais dois cavaleiros do lado. Exaurido ele rolou e fitou o teto. Com um grito misto de prazer e frustração ele deitou-se sobre seu corpo. Virou o corpo que ainda tremia pelo desejo insatisfeito. Ravena riu baixinho olhando-o de lado. O corpo vigoroso se deitou sobre ela cobrindo-a enquanto as mãos foram para os seios. Preocupada ela deixou tudo ali e foi se aproximando do veículo com o coração batendo forte a cada passo. se excitou de tal modo com a posição que atingiu o orgasmo mal a tinha penetrado. Emily ria e corria no pátio grande enquanto ela batia alguns tapetes e cortinas.Sentiu os beijos dele na sua nuca e as mordidelas de leve em seu pescoço. Dormindo não percebeu que a tapava com lençol e beijava sua fronte. E quando saciada ela relaxou no colchão seu corpo mal podia se mexer. Dedos que tinham ganhado uma habilidade esplendorosa naquelas últimas semanas… Ela abafou seus gemidos nos travesseiros — Vire-se… — Faça assim… Dobrou os joelhos e inclinou o corpo de modo que ele se moldou a ela e o membro pudesse ter passagem livre para o corpo feminino. Ravena sentia o membro endurecido em suas nádegas e gemeu. Já quase se arrependia de ter colocado tudo a vista. O marido faria caretas se visse o estado daquelas peças! Riu baixinho. E o marido não estava entre eles. O marido sorriu antecipando o prazer. — Espero que não tenham nos ouvido… — sorriu de leve e aconchegou-se ao corpo do marido. — Também te amo — o murmuro foi perto de seu ouvido mas Ravena estava muito entregue ao sono para perceber e apenas sorriu voltando ao sono. Agora tinha que lavar a pratearia e manter tudo aqueles enfeites limpos! — Mamãe? — Emily olhava para um ponto distante o que a fez virar. No fim quase corria em . Sam . — Posso te perdoar… Se fizer aquilo de novo… O marido abriu bem os olhos sabendo sobre o que ela dizia. Eu desmaiei um vez quando uma árvore caiu sobre mim e nada de mal aconteceu. Sentiu tudo escurecer por um momento e levou a mão à boca. Respondeu ao cumprimento sério e voltou para o marido. De tudo o que mais preocupava era a última informação. — Bem… — o homem parecia embaraçado — Acho que precisamos . — Por que ele não acorda? — Talvez não seja nada de grave. Queria cuidar dos ferimentos. Cortou o rosto. — Ravena? — Estou aqui… — segurou a face nas mãos com um enorme alívio transparecendo em suas feições — Olhe para mim… A mão morena levantou e tocou o rosto que expressou uma careta. — Ele… está respirando? — Sim! — Clinton a pegou no colo e levou até a charrete. Tocou o rosto ferido. senhora — um homem sério estava ao seu lado e ela desviou o para encará-lo. O movimento das pálpebras foi discreto. — O coloquem aqui… — puxou o lençol enquanto o homem ajeitava o corpo do marido sobre a cama— Onde está Clinton ? — Subiu a montanha com Tom… — o homem que logo dispensou os outros dois homens estendeu a mão — Sou Billy Hendally. Clinton adiantou-se em sua direção. — Por que essas coisas tem que acontecer? — Concordo com a senhora. — Acho que era o único lugar do meu rosto intacto ainda… — a piada de mal humor a fez olhar brava para ele. Primeiro o senhor fere o rosto quando tentava salvar o irmão… Agora isso. Mas se sentia inibida pelo fato do marido estar desacordado e não gostar do fato dela vê-lo. — O que aconteceu? Uma árvore? — Na verdade um dos instrumentos caiu sobre ele. — Fique quieto… — Claro querida… Os olhos dele se fecharam de novo e ele relaxou… Entraram no quarto às pressas. O homem rude e magro estava segurava o marido tentando mantê-lo imóvel. Não retirou o lenço por saber que ele não gostaria de ser exposto e tocou o rosto pálido. — Ele levou uma pancada.direção. Entrando no veículo que ia em direção a casa ela gemeu ao perceber que o rosto do marido sangrava logo acima da sobrancelha na face que ele não cobria. Não acordou. Olhou da janela vendo Clinton desmontar com rapidez e entrar na casa. Se sentia sozinha e inútil… — Devia ter mandado alguém a cidade buscar um médico! — se sentiu uma idiota por não ter pensado nisso… e eles nada tinham falado sobre o assunto… Mas tinha que fazer algo! Rapidamente retirou a roupa do marido. Limpou o ferimento na face menos atingida pelas cicatrizes várias vezes e procurou no armário um pouco daquela pasta fedorenta que o marido passava nas feridas. . — Como ele está? — Abre os olhos e geme fechado-os de novo — mordeu os lábios — Não sei o que mais fazer. Encontrou-a e passou no corte aberto para logo em seguida cobrir o rosto ferido do mesmo modo que antes com um lenço limpo. Cobriu-o com o lençol e foi dar uma olhada em Emily que brincava antes de sentar ao lado na grande cama. A musculatura tinha sido atingida… E a pele em torno do olho muito queimado… Parte dos lábios também… A sobrancelha parecia não mais existir na face distorcida. pelo menos não dor física… Molhou um lenço e o banhou imaginando que o marido quereria se sentir fresco ao acordar. Hesitou um segundo antes de retirar o lenço que cobria o rosto e sufocou o grito recuando. — Oh… Deus… — aproximou devagar e tocou nas marcas distorcidas de cicatrizes na face masculina. Logo ele entrava no quarto pálido. Até parte do couro cabeludo fora atingido dando uma falha ao cabelo negro… Tocou de leve… Pelo menos estava cicatrizada e não causava mais dor ao marido. — Tom irá saber o que fazer quando chegar… — murmurou acariciando a mão forte — E você vai ficar bem… O marido gemeu de leve fazendo-a suspirar preocupada. Três horas depois ouviu o tropel de cavalo.ir… Logo que o senhor Clinton e Tom chegarem avisarei… O homem parecia temer que ela retirasse a máscara do marido na sua frente! Sorriu polida enquanto Billy saia do quarto e voltava a charrete junto com o outro empregado. Ravena trancou o quarto e voltou para ao lado do marido. Emily apareceu na porta hesitante… — Papai? — Oh querida! Esquecera-se completamente de Emily! — Venha aqui… — pegou a menina — Vou levá-la para o quarto e prometa para mamãe que não vai sair de lá… Logo a menina se distraia brincando com a boneca. O alivio que sentiu foi grande. . Acordava a cada meia hora e tocava os lábios do marido esperando sentir a respiração compassada para poder fechar os olhos e dormir mais uma pouco.— O médico deve chegar a qualquer momento. Era um rapaz novo e parecendo já conhecer a casa. A maioria dos homens que costumam trabalhar muito dorme de exaustão quando acontece algo assim… Ravena corou se sentindo um pouco culpada pela exaustão do marido… Naquelas últimas noites ela o tinha mantido acordado por boa parte do tempo… Mais tarde o doutor já tinha ido e Tom chegara para preparar um tônico fortificante. Não nesta… — Clinton tocou a face do irmão — Você o viu? — Sei que foi covardia… — Não seria de outro modo. Nunca me importou a não ser pelo modo como isso atinge meu casamento… — Ele não vai gostar… — Eu sei… Momentos depois o médico chegava. Está desfigurado. Ravena demorou a dormir aquela noite. Quando a casa ficou silenciosa ela se deitou ao lado do marido abraçando-o com força. Logo examinava Sam e minutos após balançava a cabeça. — Ele vai melhorar… os reflexos dele estão bons… Talvez esteja um pouco cansado. Não há como melhorar muito… A surpresa do cunhado foi grande. — Uma concussão… Talvez ele fique tonto por alguns dias… Ou sinta náuseas ao acordar… Deixe ele na cama três dias ou mais se ele não melhorar. — O que? Pensou que eu ia dá uma de mentirosa? Não me importo com o rosto dele. Estava exausta pela tensão mas não conseguia dormir. Sam gemeu e abriu os olhos o que fez o médico sorrir. Ele mal abrira os olhos o dia inteiro! Mas mal ela se deitou os braços dele a envolveram e um suspiro profundo saiu da garganta masculina. Tiveram certa dificuldade em fazer o marido tomar o líquido bem como o caldo de carne que fizera… Emily estava irritada por ser mantida presa e Clinton a levou para fora para andar a cavalo antes de dormir. — Eu pensei que eles não chamariam… — O problema é que o médico mora em outra cidade. Ele nunca a mostraria para você… — Clinton a fitou — E o que achou? — Horrível. Os dedos dele limparam as lágrimas dela com delicadeza. estava ferido e eu não podia ficar ali só olhando! Tirei o lenço te limpei e fiz o curativo! Vi seu rosto. — Bom dia… Minha cabeça está doendo… — Sam! — levantou aliviada por ele estar falando — Você se acidentou ontem… — Ontem? — ele fechou os olhos — Acho que me lembro do rapazote que é doutor em Greenville. — Sou sua esposa e isso já estava demorando demais a acontecer. Franziu o cenho e abriu os olhos. Está muito ferido e se tem alguma esperança que fique melhor do que está agora devo dizer para não ficar muito ansioso! Arquejou e deu as costas para o homem deitado imóvel. — Venha aqui. — Quem fez? Ravena não disse nada imaginando que ele já sabia quem tinha feito o curativo. Acredite em mim quando falo isso. .— fez uma careta — E pelo gosto que sinto na boca Tom deve ter me dado uma daquelas poções índias para beber! — Ele de fato fez isso — sorriu e tocou na face machucada — Você se cortou… Ele tocou o machucado percebendo o curativo. Ele estendeu a mão e ela se deitou ao lado dele na cama observando a expressão dele. A mão dele tremia. Preocupada e insegura — Nem eu gosto de olhar para mim… duvido que seja uma visão agradável de se ter todo o tempo… Eu não ousaria mostrar meu rosto… — Não estou pedindo que tire a máscara… com as outras pessoas… Mas eu queria que quando estivéssemos… sozinhos… Eu pudesse te tocar.Acordou com um vento suave e quente no rosto. Passar aquela pasta fedorenta em você. O marido a observava. Respirou fundo três vezes e voltou o corpo. Entende? Eu não me sentiria completamente sua esposa enquanto você não se expusesse para mim. Eu queria conhecer você e não só aquilo que quer mostrar para mim. — Você não tinha o direito… — Não venha falar assim comigo! Levantou da cama pronta para atacar antes de se sentir culpada o bastante. — Além disso… eu… — seus olhos encheram— se de lágrimas — Eu te amo… Estava com tanto medo que você não mais acordasse… que morresse… e me deixasse aqui. Ficou sério. Não me venha falar sobre o que tenho ou não direito! Você estava sangrando. Seu irmão sabe como você está e eu não! Eu estava me sentindo muito mal com isso e agora estou muito… muito contente. — Eu não teria dinheiro — disse sincero. Especulavam quantos de dinheiro eu tinha oferecido para você se tornar minha mulher. — Deus! — ela sentou-se de frente para ele horrorizada — Você não disse a ninguém sobre… — Não! Eles não sabem… — Tocou o rosto dela levemente — Não foi tão caro… — ele parou percebendo que o comentário podia ser mal interpretado. já que eu a deixava sozinha durante quase todo o dia. Eu te conheço! O que mais eles falaram? — Eu não… — pausa — Falaram sobre nossa… Intimidade. — Ravena… — Droga! O que? — praguejou em dialeto vendo que os olhos dele sorriram do mesmo modo que ele sempre fazia quando a ouvia dizer palavras na língua estranha. — piscou. — Não seja tolo. — Por que você acha que falaram mais alguma coisa? Moveu a cabeça de um lado para outro em reprovação. — Você vai… Falaram sobre como você podia… Suportar… — ele corou — Me servir em sua cama a noite e… que… — o olhar dele se tornou escuro e ele a encarou sério — Disseram que logo você arrumaria uma amante entre eles para fazer visitas enquanto eu estivesse no meu trabalho. — Me disseram que você se distraiu e bateu em uma máquina que caiu sobre você… Ele pareceu sem graça. Não quero. — Eu sei… Valo muito mais.— Talvez eu não esteja preparado para olhar para você… me fitando. — O que mais eles disseram? O olhar escuro se desviou. — O que? — pressionou cruzando os braços. Eles falavam… Sobre como você era linda. — Oh… — riu — Só isso? Pensei coisas mais reveladoras… Como o modo que eu grito quando você me toca em certo lugar — beijou no rosto — Ou como eu gosto quando você me beija daquele jeito… Ah… O que eu tenho que suportar todas as noites e às vezes de dia… Tortura pura — Agora ela estava rindo. Mas ela pode notar que mais alguma coisa incomodava-o. Você é tão linda e eu… — pausa —Os homens estavam comentando… — Homens? Comentando o que? Sam fechou os olhos revivendo o momento Sentira tanto ódio e insegurança! — Havia alguns homens comentando que a tinham visto naquele dia que foi conhecer o local. — Eu estava apenas distraído com a conversa— disse por fim. Se ele achava que ela era uma tola para acreditar naquele desculpa iria ter uma surpresa. . Sinto-me mal com isso. E também fazer uma faxina no sótão… Talvez não fosse má idéia… — Tom quem insistiu — confessou Clinton parecendo meio culpado — Mas concordei com ele. Desconfiava que comer apenas as conservas e alimentos desidratados na despensa não era muito saudável. Para que eu precisaria de um amante?! Eu mal dou conta de você! — ria e ele a empurrou da cama parecendo um menino zangado — Ei! Está cama também é minha. Clinton não saberia dizer qual dos dois estava mais vermelho naquele instante. Os dois corpos paralisaram sobre a cama e Sam deu um pulo pegando o lençol e se tapando enquanto Ravena ajeitou a camisola. A expressão de Clinton era de puro espanto enquanto lia tal lista. Era difícil manter Emily sob seus olhos enquanto tinha que arrumar a casa e fazer a comida. Não tivera intenção de interromper. Por isso é melhor vestir as calças e soltá-la. — Cuidar desta casa não me cansa. Segundo ele não existia tipo de panela para os alimentos. Eram apenas panelas. Estivera preocupado durante a noite e apenas quisera dar uma espiada. Ela voltou para cama e se jogou ao lado dele que se virou prendendo seus pulsos. ajudá-la. — Oh… você está cheio de idéias… Vou ter que suportar você logo pela manhã?— ria quando o marido parecendo relaxar um pouco começou a beijá-la no pescoço — Hum… Você não está bem o bastante para isso. O sério Samuel Jeremiah com o traseiro nu virado em sua direção fora mais que ele conseguira resistir! — Eu tenho que cuidar de Emily e fazer o café… — gaguejou a esposa tentando arranjar um modo decente de sair da cama. — Outra coisa… Tom e eu decidimos trazer alguém para a casa. Além do que ela estava decidida a fazer um galinheiro em sua casa para ter ovos frescos e carne.— Não é brincadeira Ravena. O médico disse descanso… — Ouviu o que o médico e sua esposa disseram. mas não esperava que o irmão já tivesse tão recuperado assim pela manhã. meu irmão. Desse jeito vai ter mais tempo para cuidar de Emily. Iremos à cidade hoje comprar algumas coisas e procuraremos alguém. E . não seja bobo.— mas seria até útil um auxílio. Mais tarde os homens saiam levando consigo a carroça e uma lista de coisas que ela já vinha guardando há um tempo. O cobertor que o cobria caindo ao lado da cama. mas quando vira ambos iniciando um interlúdio amoroso sobre a cama e o irmão nu como viera ao mundo não conseguira resistir. Eles estavam insinuando quem seria o escolhido! — Querido. ir à madeireira ou ficar mais descansada. Parecia bem mais alegre do que momentos atrás quando acordara. — Clinton tem razão! Você precisa de alguém aqui com você. Sam estava junto a uma aparelho estranho cortando madeira enquanto ao lado já se podia perceber um tipo de casinha. — Usamos isso para construir galpões e casas daqui.Tom riu quando leu a necessidade de rendas e panos com detalhes coloridos e figuras. Sam devia estar descansando! — Sam? Devia estar descansando… Mas ele apenas suspirou e lhe lançou um olhar de impaciência. foi mais o susto do que a dor que o fez soltar a peça— Por que você não vai lá fora com Emily? E eu cuido de limpar a casa. — Me dá este tapete! — ele puxou mas ele resistiu — Sam! Largue este tapete agora! — Você não vai ter forças de batê-los como devem ser batidos e… — É o tapete que eu tirei do sótão e eu me responsabilizei por limpar esta casa— deu um tapa em sua mão. Aliviada ela terminou o serviço em duas horas e foi verificar o que o marido fazia. Surpresa com o barulho que ouvia aproximou devagar dos fundos da casa. — Só limpo ai dentro quando lavo tudo. Emily olhava fascinada para aquilo e Ravena aproximou-se curiosa e preocupada. Eu me sinto ótimo — ele fez uma careta ao balançar um dos tapetes. Descanso! Lembra-se do que o médico falou? — Bobagem. — Mamãe! — Emily levantou e rodou — Cachinha! — Casinha — explicou Sam. Riu e aproveitou estes momentos para limpar tudo. — O que você está fazendo? — Limpando! Ele esfregava o pano dentro do vaso e o pequeno tecido voltava cheio de poeira. Logo Emily esfregava uma bandeja com um paninho e Sam limpava um dos vasos. E nem reclamara ainda da poeira que acumulara nas mesinhas da sala. — O que é isso? Ele mostrou a serra que cortava a madeira com precisão. Com certeza os homens brigariam para ver quem não ia comprar aquelas coisas! Sam em pé na sala brincava com Emily sentado no chão depois de ficar mais de uma hora no banho. E falta uma semana para isso acontecer! — Mas está imundo!— ele franziu o cenho para o tecido que agora estava avermelhado de poeira. Ravena riu e balançou a cabeça. — Sam. A . — Sam… — revirou os olhos — Acho melhor não analisar muito estas coisas… Mas logo ele desviava sua atenção para as janelas e depois para os tapetes. A expressão dela era puro contentamento. Ravena ergueu as sobrancelhas e fitou Clinton que murmurou algo e fechou mais a cara. — É está menininha linda? Emily sorriu e estendeu os bracinhos para a moça. Galinha. Cheiro ruim… — Vai ficar distante da casa e bem protegido… — Não é simples construir isso aqui. lobo e cães. ao vê-la descer da charrete sem ajuda de ninguém. Além do que faz muito frio aqui no inverno… — Sam olhou para um canto — Talvez não seja má idéia… Podemos fazer no local onde mamãe criava porcos — ele fez uma careta — Espero que cheiro melhor do que eles cheiravam! Satisfeita ela ficou mais do que contente quando Clinton e Tom chegaram horas depois com sua compra e uma garota que parecia ter a sua idade. Vai ter que ficar bem protegido de raposa. A garota era ruiva de cabelos encaracolados e cheios de sardas pelo rosto. — falou meio que surpresa com aquilo — Não estava acostumada com tanta energia e jovialidade! — Meu nome é Henrrieta Margaret Pischon ! Mas pode me chamar de Holly. além de abrigar o cavalo e a carroça. Tom me disse que você estava precisando de alguém que ajudasse você no trabalho de casa e eu acabei de chegar na cidade. — Galinheiro? — Gostaria de fazer um… Pedirei a Clinton que arranje umas galinhas na cidade ou encomende. — Você deve ser Ravena! — Sou. — Oi Emily! Eu sou Holly! E minutos depois a garota já estava na cozinha a seu lado. Apesar da animação e jovialidade ela parecia gostar de trabalhar e ser bem . E era. Podia ouvir até o que Sam estava pensando.— Os rapazes irão trazer suas coisas e vou colocá-la no quarto ao lado de Emily. mas os filhos dela não me deixavam em paz. — Podemos fazer o galinheiro com ela. ou menos. percebeu. — Bem vinda — falou rápido pegando-a pelo braço. Clinton deu um soco em Cole quando ele tentava me beijar naquele beco — ea respirou e olhou para a pessoa mencionada — Ele é muito gentil. Meus irmãos já arranjaram trabalho na mina e na madeireira e eu estava trabalhando na casa dos Whinters. Sujeira. A ar jovial e alegre parecia ser constante na face jovem. — Ai Tom perguntou se eu não queria sair de lá… — continuava a menina parecendo que não ia parar nunca. O semblante de Clinton não era nada satisfeito e Tom parecia divertido. pendurada na charrete.aparelhagem está toda dentro daquele galpão ali— apontou para o galpão de ferramentas e onde estocavam lenha. Parecia magra e baixinha. Ken trabalha na madeireira e ficou sabendo. Você tem um sotaque diferente… — É nórdico — falou com mais noção do que falava agora que já se lembrava de quase toda sua infância. . — Como?! — Ele precisava de uma esposa para cuidar da casa e de Emily e me comprou em um cais no leste em um lugar que não sei o nome.prendada Em poucos minutos tinha feito cerca de dois pães e deixado duas massas prontas para biscoitos. na certa pedindo mais alguns detalhes na casinha. — Obrigada. — Ele apenas visita aquele lugar na cidade. Ainda mais que meu marido sofreu um pequeno acidente e vai ficar aqui um tempo.— confessou sorrindo.— pelo menos era o que esperava. — Sua filha é linda.— Clinton tem alguém? — Alguém? — parou de preparar a massa e olhou para Holly — Oh… — riu — Clinton ? Não… Acho que ele apenas… Como iria dizer isso? Deus os ombros. Mas era interessante que Holly não tivesse comentado a pele dourada da menina — Seus irmãos já sabem que você… — Ah sim. A menina pulava em torno dele . Mas eles estão muito ocupados para pensar nisso… — pela primeira vez o olhar feminino ficou anuviado. Na sua terra assuntos como estes não eram tabu. Era vim da Irlanda. A moça falante e alegre era a primeira mulher que ela tinha algum contato naquela terra e de nada parecia àquelas inglesas cheia de regras e enfadonhas. — Tom me disse que você está a pouco tempo na América. — Você é nórdica? — os olhos da menina se arregalaram-Você não é muito alta… — Isso sempre foram motivos de piadas. — sorriu sem negar a maternidade — Na verdade Emily agora era sua filha. — Pelo menos se eu conseguir faze-lo ficar aqui… — disse colocando em palavras seus pensamentos. faz três anos. — a moça apontou a janela por onde Sam ainda dava retoques na casinha de Emily. — Clinton vem para almoçar? — Quase sempre agora — não notou o olhar sonhador da menina — Todos almoçam aqui agora. A menina fez que sim pensativa e franziu o cenho. Gostava de Holly. Eu também. mas acho que ainda é pouco. Quer dizer. — Ele não me parece louco para voltar ao trabalho. — E você? Como conseguiu Sam? Logo ela iria saber mesmo… — Ele me comprou. — Ele não tem uma noiva? Alguém que ele esteja interessado? — Não… Holly parou de mexer a panela com ensopado. — E você ainda está se recuperando — deu um passo para trás ao vê-lo se aproximar com aquele brilho no olhar — Sam… Ela encostou-se na parede e ele se encostou a ela estendendo a mão e abrindo a porta ao lado deles que dava para seu quarto antigo. — Ele não… — Ravena? — Sam trazia Emily no colo. — Juro que só quero um beijo — murmurou enquanto beijava seu pescoço e a mão desabotoava o vestido com precisão. Clinton é gentil e bonito… Mas aquele homem nem me deu boas vindas. Era lógico que a menina o achava temível! — Acho que deve dar banho na menina e faze-la comer algo. — Uma hora dessas eu chegava mais cedo e você deixava o almoço de lado— ele olhava para ela com intenções óbvias. Mal humorado. Eu pensei que o amava… Mas se apenas está aqui por que ele a comprou… Ravena arregalou os olhos surpreendida pela enxurrada de frases e pelo atropelo de palavras. — Mas agora temos Holly. Não posso crer que seja forçada a ser esposa deste homem! Eu vi que ele não é nem bonito e nunca ri. As paredes desta casa são firmes e grossas. Os lábios . — Sam! — tentou afastar-se — Você disse que era apenas um beijo! — Não disse onde — respondeu ele rindo enquanto os lábios desciam pelo colo para tomar o seio na boca. E já estava na hora dela dormir e dos homens chegarem. Mal olhou para mim! Fugir? Forçada? Sofrendo? Ravena tinha os olhos arregalados de espanto. — Temos que tirá-la daqui. — Bobagem. Num gesto rápido ela estava deitada sobre o colchão com o vestido abaixado até a cintura. Só não riu por respeito à moça que parecia seriamente preocupada com ela. Deixando Holly com o serviço para terminar Sam e ela deu um banho rápido em Emily que já bocejava e alimentaram-na com mingau de milho. O corpo ficou tenso na hora e ela começou a tremer. Podemos fugir e… Eu nem imagino como você deve ter sofrido nas mão dele. — mas seu corpo dava amostras que tinha gostado da sugestão.— Mas… isso é horrível! — a moça estava pálida — Você está aqui contra sua vontade? Deus… e tem uma filha… — Não… Mas Holly já estava fazendo planos. — Muita animação logo cedo — murmurou enquanto a colocava no berço. O que aquela menina estava pesando? — Holly… — Posso tirá-la daqui. A expressão de cautela que tinha sempre que estava na presença de estranhos estava lá. Mal terminara o prato ela já dormia. Parece-me com sono. dele trabalhavam com eficiência em seu mamilo sugando-o com ímpeto e logo Ravena gemia agarrada ao lençóis. pensam que podem usar uma mulher quando bem querem e como quiser. Mas a garota olhava com ódio para Sam e tinha ele na mira. não! — debateu tentando afastar as mãos atrevidas. mas ele a agarrou pelo tornozelo e a puxou de volta. A moça parecia corajosa. Depois respirou fundo. Ela só queria me proteger — murmurou perto dele temendo que ele perdesse o controle. — Quem você pensa que é… — a raiva contida nas palavras assustou até ela. A mão dele começou a subir por suas pernas e ela percebeu que se não fizesse alguma coisa estava perdida. — Saia de cima dela — a voz de Holly não tinha nada daquele tom jovial enquanto falava essas palavras — Sai de cima dela ou arrebentarei sua cabeça. — Não! — sufocou a risada quando ele lhe levantou as saias. — Agora você é minha— ele disse por fim. — Sam.— Me largue seu brutamontes!— deu um gritinho quando ele mordeu sua perna. Sam abriu a boca e fechou-a sem saber exatamente o que falar. Ambos estavam ofegantes. Ajudado pelo seu peso e força ele posicionou-se sobre ela mantendo as pernas afastada e imóveis com o seu joelho e as mãos dela unidas e presas no alto da cabeça. Ambos se imobilizaram e devagar Sam começou a se virar em direção à voz. mas ao mesmo tempo assustada com . Esquecida do resto Ravena gritou tentando engatinhar. — Não faça assim… — pediu choramingando enquanto as mãos dele a alcançavam por debaixo do vestido — Não posso suportar isso… — Vai pedir misericórdia? —ele se afastou dela um pouco e riu quando ela tentou fugir. — Holly… O que você está fazendo?! — Ravena estava imóvel pelo choque. — Sam. — Vocês. Agarrou-a pela cintura antes que saísse da cama e ambos rolaram até o chão entre os tecidos do vestido que ela usava. Os dentes dele cravaram delicadamente no mamilo fazendo-a dar um gritinho. Ravena puxou o vestido e também olhou para a porta onde Holly estava segurando uma espingarda e parecia bem familiarizada com o utensílio. homens ordinários. E ele tinha razão neste ponto. — Holly… Não precisa se preocupar comigo. Sam nada falava sobre a intimidade que ele tinha com a esposa. estava tão vermelha que sentia a face quente. Ela gritara por socorro? Clinton olhou para dentro do quarto e viu a cunhada segurando o vestido sobre o corpo na frente do irmão e este com uma cara nada boa. . — Ela estava gritando por socorro! — Holly… — tentou Ravena novamente. Mas penso que o que fazemos . Não eram discretos. — Holly… Vamos sair daqui. Achava que era a segunda alternativa. — Sam? — tentou. — Mas… Você vai deixá-lo… — ela o olhou chocada e decepcionada. Como pode não respeitá-la? — Me de esta arma — bufou o marido estendendo a mão — Enquanto eu ainda estou com paciência e desculpando-a. pois acho que está protegendo minha esposa. Desconfiava que Holly era muito inocente e ainda teria que se acostumar com o ardor de seu irmão e da cunhada. Nem nas conversas quando o sexo era o foco principal do assunto. — O que aconteceu?! — Esse homem… — apontou para Sam — Como ele pode ser seu irmão? Ele estava atacando a senhora Ravena e… Ele estava agarrando ela e… — a menina gaguejava trêmula e a arma começou a tremer em sua mão. O irmão apenas estreitou o olhar sem nada comentar. — a voz da garota tremia tanto quanto a espingarda em sua mão — Ela é mãe de sua filha. Já cansara de pegá-los em situações embaraçosas. Isso já era de se esperar.Oh Deus. Eu não estava sendo vítima… — O que está acontecendo aqui?! Clinton rapidamente entrou no quarto de Emily tirando com facilidade a arma da mão de Holly. — A senhora é sua esposa e não deve tratá-la como uma mulher da vida qualquer a levando a esta hora do dia para a cama e fazendoa suportar essas carícias que fica claro que ela não gosta.aquele homem que olhava para ela. qualquer coisa que comentasse estaria falando sobre Ravena. Desconfiava que sendo antes virgem. Ravena assustada deu um pulo e postou na frente do marido. Depois de semanas convivendo na mesma casa ele já acostumara com alguns gritos óbvios e gemidos decorrentes da relação dos dois. quando e onde não é da sua conta! Mas Holly firmou a arma apontando direto para Sam. Mas ou pareciam não se importar com isso ou estavam tão distraídos um no outro que não reparavam o resto do mundo em sua volta. garota. Sabia que ele leva todo os dias esta cadeira lá para fora e se senta com Ravena no colo por alguns minutos à noite enquanto ficam vendo as estrelas? Por que ela trouxe esta cadeira lá de cima para Sam! — pausa— Ele odeia esta cadeira. — Sam não gosta de coisas… — Como? — Sam dizia que objetos. Achava-a coisa mais feia que ele já pusera os olhos. odeio quando alguém leva em consideração a aparência de meu irmão e o modo que ele trata estranhos com distância desconfiada. — Deu a entender que ele estava… — Ah! Diga de uma vez o que estava acontecendo. já que tem um bom motivo para isso — para acusá-lo de… Forçar a própria esposa a fazer algo que ela não quer! Meu irmão não é um monstro e espero que entenda isso que quer morar conosco! Ele está assim por que teve que combater o fogo tentando salvar nosso irmão. — O que você quer… — Sabe que ele detesta bolo de carne? E que gosta do pão sem muitos temperos… Sabe que Ravena faz bolo de carne todos os sábados e ele come dois pedaços? E que come o pão dela todos os dias que tem vários temperos— que todos gostam — mas que ele não aprecia. percebe cada item novo que ela colocou na sala. porcelanas… — Foi Ravena… Ele chegava a cada dia e tem mais coisas pela casa. Elogia como a casa está bonita. — Ela disse… — Não importa o que ela disse! — resmungou afastando-se pisando duro. E espero que depois de tudo que eu falei você tenha percebido que ele ama sua esposa e que ela ama meu irmão. Mas ele é o homem mais gentil e ingênuo que eu conheço e que jamais fui. quando ela ainda estava aqui em baixo. — Mas… — ela olhou para os cantos onde se via uma quantidade imensa de enfeites. enfeites. pelo menos. cortinas e tapetes só serviam para juntar poeira. Na sala ele a sentou na poltrona antiga. E penso que… Talvez você deve reavaliar a cena que viu lá em cima. — Eu… — a garota corou — Bem… É dia… E ele estava sobre ela… . E sabe o que ele faz? Elogia. E come lá no trabalho! Onde ele podia simplesmente dá para alguém ou jogar fora. um dos itens guardados que Ravena tirou no sótão. pratarias. — Eu acho que… — Sabe quando vi minha cunhada mais feliz? Quando ela conseguiu convencer meu irmão a deixar ela dormir em seu quarto!— apontou o dedo para a garota ruiva irritado-E definitivamente eu odeio. Odiava.Mas sem ligar para isso Clinton arrastou a garota dali maldizendo o momento que salvara ela naquele beco e que Tom o convencera de dar o emprego para ela. — O que importa? — perguntou sentando ao lado dele — Você sabe que não e eu sei que não… — Detesto que comentem sobre isso. Há dois dias acordava se sentindo mal e há quase uma semana não conseguia ter animo nem para dar um beijo no marido. — Brincar de beijos? — barganhou cruzando os braços. — sua própria voz rouca o fez levantar o olhar apressado.— viu o olhar dele se tornar mais animado — Podemos brincar… — sorriu sedutora. Levantou e deu três passos antes de pegar rápido a tigela e vomitar até sentir dores no estômago. — Mas… — Talvez quando você arranjar um homem saiba. Ravena fechou os olhos por um momento . Ela está mais do que satisfeita e pode ficar tranqüila com o que viu no quarto. Saiu rápido dali amaldiçoando meninas inquietas e nada inibidas que pareciam ter fogo brilhando nos olhos! Riu quando se lembrou da descrição dela. mas sobre as reações do corpo e coisas ditas neste momento. — Então vamos comer. Clinton pigarreou — Acho melhor Sam não saber que disse essas coisas para mim. Não foi um estupro. — Ravena? — o marido levantou e aproximou-se preocupado — Está se sentindo mal? — Imagine — respondeu irônica passando uma toalha úmida no rosto e respirando fundo. . — Vamos lá para baixo almoçar e depois podemos voltar para a cama. mas a náusea estava lá novamente.Estava… Mordendo — ela fez um gesto vago mostrando o decote do vestido sem perceber que o olhar masculino se tornava mais escuro ao fitar a parte em questão dela — Ela gritou e… Bem… As mãos dele estavam… Lá… E ela disse que… Não suportava… — Sei. Ao ver o olhar dela fitá-lo quase como um convite Clinton ajeitou-se rápido afastando-se rápido. Isso é que a deixava mais irritada. — Calma— pediu baixinho fazendo-o voltar para cama e sentandoo — Não vai mandá-la embora vai? Eu disse a ela sobre você ter… Comprado-me e ela achou que… — deu os ombros — Que você… — Que eu a estava forçando!— resmungou ele baixando a cabeça desanimada — Parece que é o que todos acreditam. Teria o quê implicar com o irmão o resto da semana. — Mas por enquanto tente manter-se longe de encrencas e não se preocupe com o bem estar de Ravena. Ravena suspirou quando viu o casal sair e olhou ansiosa para Sam. Muito pelo contrário. Ele tem muito… Ciúme… Da intimidade deles. — Do que você quiser. — Penso que deve ser a sol que pegou ontem… — Penso que deve ser você olhando para mim como se eu fosse morrer a qualquer momento! — retorquiu fechando os olhos diante do silêncio que se seguiu. — Desculpe-me. — Tudo bem… Mas o marido parecia triste quando se deitou novamente. Era Domingo. Desde que Holly morava ali eles ficavam até tarde na cama aproveitando o tempo para conversarem e a maioria das vezes se amarem mais uma vez antes de descer. Mas não se sentia com disposição para nada disso. Sentia a frustração de Sam, mas percebia também sua preocupação. Não o amava menos do que há uma semana atrás… apenas não se sentia… disposta! Talvez devesse ir chamar o médico… Não se sentia bem de negar algo a Sam e a primeira vez que fizera isso sem o motivo de sempre que eram suas regras, ele tinha ficado surpreso apenas. Mas já tinha passado cinco dias e ele parecia magoado. Escovou a boca e voltou para a cama aconchegando-se a ele. — Eu te amo — falou séria — Só não estou me sentindo bem… — Talvez devêssemos falar com Tom. — Só por quer você não consegue ficar alguns dias sem… — sentou-se furiosa. — Não por isso — ele acalmou-a parecendo assustado com aquelas reações violentas que ela estava tendo nos últimos dias — Por que você está… Irritada… Enjoada… Cansada… — só havia preocupação no olhar dele — E se tiver doente? Não quero… — ele estremecer — Não quero que morra. Aquilo foi dito com tanta seriedade que ela sorriu. — Não vou morrer. Só estou mal… — fechou os olhos e voltou a dormir. Quando acordou o jovem médico estava lá ao seu lado parecendo estar ali por algum tempo. — Olá senhora Smith. Dormiu bastante. Isso é bom. Estava cansada. — O que… ?! — levantou-se junto com o lençol, pois estava de camisola. — Calma — a voz de Sam veio ao seu lado e ela suspirou olhando para o marido que já estava vestido e sentando ao seu lado — Eu pedi para o doutor vim aqui amanhã, mas ele não tinha horário e só pode atender agora de manhã… Ele não quis acordá-la e disse para continuar de camisola por que ele quer… Examiná-la — Não! — aproximou-se do marido — Você prometeu que nunca… Sam fechou os olhos e suspirou. — Eu sei. Eu disse a ele que faria apenas o que você quisesse… O rapaz pareceu preocupado e sem graça. — Você pode estar com uma infecção… Já que… Bem… Reluta em… — Eu apenas estou cansada! — gritou tão alto e com tanta irritação que ambos os homens se afastarem. — Eu disse a ele que você fez um exame. E que não a risco nenhum de você ter contraído alguma doença comigo. Mas ele… — Não seja tolo! — ajeitou-se na cama e olhou o médico nos olhos. — Ele acha que estou inventado uma desculpa para você não me tocar… Ao ver o médico corar e depois empalidecer ela percebeu que acertara na mosca. Imediatamente Sam enrijeceu ao seu lado. — Bem… Algumas esposas… — ele gaguejava — Mas… Bem… Se você diz que não é… — Não é. — a voz de Sam foi clara e cheia de segurança. Ravena sorriu e os olhos delas encheram de lágrimas. Por que estava chorando? — Quais são especificamente seus sintomas? — Bem… Estou vomitando e… Cansada — ela deu os ombros — Talvez uma verminose. Não estou acostumada com a água daqui. Fiquei doente em Londres quando… Mas isso tinha que ter acontecido logo que cheguei… E não estou com… Distúrbios intestinais… — Seus olhos se encheram de lágrimas novamente — O que está acontecendo comigo? — quase gritou e não me olhe como se eu fosse louca! — Seu… Ciclo… Está atrasado? — Meu… Não sei… Acho que… Talvez sim. Faz um bom tempo que eu… Olhou para o marido. — Dois meses — Sam disse e quando o médico o olhou surpreso deu os ombros , mas nada comentou. Claro que sabia quando a esposa estava em seus períodos. Ela ficava irritada como agora e não podiam ir muitos além de algumas carícias durante quatro ou cinco dias. Nenhum homem esquece tanto tempo de frustração… Se bem que a última vez a esposa não deixara ele exatamente frustrado… — Sam? — O que? — voltou-se para a esposa que estava olhando para o médico, pálida. — O que foi? — Não ouviu?! — ela virou-se para ele a irritação nos olhos novamente junto com o choque — Ele disse que… Estou… Grávida. — É uma possibilidade muito certa. Algumas mulheres se sentem indispostas nos três primeiros meses para depois… — ele deu os ombros — Se sentirem melhores. Você já deve estar com quase três meses… Se quiser que eu a examine… — Não. — ela se encolheu contra o marido — Não quero. — Certo. Bem… o que eu posso dizer é que prefiro que não faça muito esforço e durma quando quiser dormir. Não tem problema em manter relações com o marido durante a gravidez , mas talvez se sinta desconfortável quando a barriga atingir um certo tamanho. Coma bastante e… Parabéns. — levantou e saiu sem mais nada acrescentar. — Oh Deus… — Ravena murmurou olhando para o marido que estava parado estático — Vamos ter um bebê. — Você… Está bem? — Claro! — riu jogando os lençóis para o lado — Vamos ter um bebê! Levantou na cama e saltitou pelo quarto. Sam a segurou parecendo sério. — Fique aqui. E saiu do aposento sem mais nada a dizer. Ravena ficou ali parada sem saber o que acontecera. Dai a alguns minutos o marido voltou parecendo talvez mais aliviado. — O que foi? — Nada… — mas ao ver o olhar dela contou-O doutor estava me falando sobre… O parto. — Falta muito! — Mas… Você é muito… — ele fez um gesto em sua direção — Seus quadris… Como uma vaca de quadris estreitos quando cruzada… — Ei! Está me comparando a uma vaca?! — Eu só fiquei preocupado! Mas ele me disse que não é sempre que filhos de homens grandes nascem grandes. — ele deu os ombros — Eu só… Não tinha pensado nisso quando… — Não se preocupe… — riu e o beijou longamente como há dias não beijava — Eu te amo! Vamos lá para baixo contar as novidades para todo mundo. Clinton ficou extasiado. Tanto que lhe beijou na frente do irmão rodando com ela até que Sam lhe tirasse dos braços com uma carranca e um que de divertimento. — Arranje uma mulher para beijar irmão. Ninguém percebeu quando o olhar de Clinton foi até Holly que sorriu e piscou fazendo o homem engasgar com o vinho que bebia. Tom sorriu de leve deus os parabéns dando impressão que já sabia há um tempo. O que ninguém duvidava. Emily quis por que quis encostar a orelha no ventre dela para ouvir o bebê. Gesto este que o marido repetiu mais tarde na cama. Apesar da alegria ela ainda se sentia indisposta para fazer amor e o marido a despiu apenas observando-a a acariciando-a de leve. — Eu já devia ter reparado que engordou um pouco. Seus seios… Estão cheios e seus mamilos mais escuros… Seu ventre está arredondado… — os dedos dele percorreram a região que falava enquanto os olhos dela quase se fechavam de sono. cheia de disposição e vontades. — O que… Mas ela não deu tempo dele falar envolvendo-o com os braços e o beijando profundamente apesar dele estar ainda estático. Os dedos dela encontraram abertura entre a camisa de couro e tocaram o tórax enroscando nos pelos abundantes sem descolar os lábios da boca masculina. Agora. Distraída conferindo todos os detalhes mal percebeu o som das botas na escada. Sam a apertou contra si com força e depois a soltou parecendo tentar se conter. Fazia dias que não se amavam e esperava poder compensar todo o tempo àquela noite. subisse aquelas escadas e… — Querida — Sam arquejou e segurou sua mão afastando-a parecendo envergonhado-O xerife… Ravena franziu o cenho . Ele parou o movimento de ultrapassar a porta ao meio e a encarou surpreso. E a mais urgente era a do marido. . A mesa com o jantar especial estava pronta e a velas enfeitavam todo o ambiente. O xerife Stenbeck olhava para baixo e examinava as botas. esperando o momento que ouviria o marido chegando. duas semanas depois que o médico lhe dissera está grávida. Mas ela não queria que ele se contivesse. O motivo de tudo é que ela acordara aquele dia. até que essa se abrisse e o marido apareceu do outro lado parecendo cansado. Rápida correu para a porta e esperou junto a ela.— disse entre um beijo e o outro— Fiz Holly ir para a cidade com Emily para ficarmos sozinhos… — Rav… Os lábios dela se colaram ao dele de novo que sem conter correspondeu ao beijo abraçando-a arfante. Vestira uma camisola linda e nova e mais nada. Andava de um lado para o outro ansiosa e excitada. Holly tinha levado Emily para passar a noite na cidade e os homens tinham sido intimados a dormir na madeireira aquela noite com uma desculpa qualquer para o marido. Os cabelos estavam soltos a lavara-se duas vezes com sais aromáticos além de penteá-los várias vezes até ficarem brilhantes e caírem ondulados pelas costas. Ravena tinha arrumado tudo. — Acho que… Vou seguir o conselho de seu irmão e dormir na madeireira… — Oh… Eu… — olhou para o marido que neste momento parecia mais interessado em fitar seu decote ela gaguejou — Se Sam… Ele desviou o olhar e encarou o xerife. — Quero você. Uma tossida discreta a fez arregalar o olhos e encostar-se no marido quase imediatamente a fim de proteger-se. tentando adivinhar sobre o que ele estava falando.— Durma… Ela mal ouviu as palavras. queria que ele a carregasse para dentro. — Deve estar morrendo de inveja — tinha um que de satisfação na voz de Sam enquanto ele subia as escadas. Não tinha idéia. Eles não são tolos — emendou e o marido fez uma careta jogando água sobre ela que ensaboava o cabelo dele. — Você devia se ver. — Deus! Ele deve estar pensando que sou uma… Louca. Não usava lenço protegendo a face. Quando afastou os olhos dela estavam nublados e não mais reclamou enquanto entravam no quarto. mas… Ele parou um momento e a beijou profundamente e intensamente. — Apesar de ter suas compensações… Ele estendeu a mão e pegou a toalha esfregando o cabelo e a face.— Sinto Stenbeck. Sentou-se na mesa em silêncio. — Desculpe-me.— Ei . Comeram com vontade já que tinham protelado a janta por quase . E seu olhar voltou-se novamente para a esposa. — Ei espere! Nosso jantar… Seu banho… Eu tinha tudo preparado para… — falava mesmo sabendo que o protesto era definitivamente falso.— disse franzindo o cenho. — Bobagem. Aquilo era decepcionante para ela. — Eu sei — ele respondeu apenas suspirando. Ainda muito embaraçada ela passou a mão no pescoço do marido. mas aliviada percebeu que ele apenas blefava — Eu não teria coragem. — Você falou “agora” lá embaixo… — Eu sei. porém insistira para que ela ficasse atrás dele enquanto se banhava. — Você se olhava quando estava pior. Apenas pedi para que dormissem na madeireira. — Oh… — olhou preocupada para ele.— afundou a cabeça na água fria e voltou sacudindo o rosto. Mas o homem já estava a meio do caminho do galpão. A voz dele estava rouca enquanto delicadamente a pegava no colo e a levava para dentro trancando a porta. Agora deve estar bem cicatrizado. — Clinton parecia querer fazer John ficar lá de qualquer jeito — riu — O que disse a eles? — Nada. sei que é corajoso. Parecia hesitante e ela não querendo forçar nada beijou no alto da cabeça e saiu do aposento esperando que ele se vestisse. pare com isso! — Acho que vou fazer eles dormirem lá daqui por diante. Desde que chegara do sul não via a própria face. — tocou a mão dele. — Acho que perdi a coragem. coitados! — Nem eu. Mais tarde ele ostentava um sorriso enquanto tomava banho. Depois de alguns minutos ele apareceu vestido e com o rosto coberto. Se todos os homens casados eram assim tão felizes. Nem o teto em sua cabeça. — Adoro ficar aqui com você à noite. Podia não ser verdade. Aqui. E por que então existiam homens solteiros no mundo. Parecia que ia vomitar a todo o momento. Ravena dizia que o amava. Na verdade ela só fizera isso uma vez. Abraçou-a com mais força. Eram tão pequenas em comparação a deles… Lembrou dos comentários dos homens da madeireira. — Bobagem. — Você gosta é de ficar me apalpando — acusou dando um tapa na mão que subia pela perna. Pensando na sorte que tinha. — o marido suspirou de encontro a sua nuca e ficou em silêncio por um longo momento. — Vejo. Mas pudera acreditar quando a vira abraçando aquele dia e insinuado que o queria. estou engordando. Fazia semanas que eu não tinha coragem nem de encostar-se a você. Deus. Sentira-se culpado por ser a causa do desconforto dela. De como vivia procurando nos olhos dela alguma coisa que lhe dissesse a verdade dos pensamentos da esposa. Rapidamente para conhecer o caminho. Mas o resultado tinha sido mais choro. teria ficado fascinado com ela como ficara aquele dia no porto. Mas o marido apenas sorriu. Não gostava quando ela aparecia lá. — fez um gesto com mão indicando em exagero o ventre. Que pensamento tolo de se ter aquele dia! Não combinara consigo mesmo de não pensar naquilo de novo? De como se sentia inseguro. A vira chorar umas três vezes e não soubera o que fazer. Em uma dessas vezes acordara com ela aos prantos e a abraçara. Momentos depois estavam sentados na varanda completando o céu. Mas ela não olharia duas vezes para ele… Não. — Não pode me culpar. Se tudo fosse diferente eles teriam se conhecido um dia. mas ele sentira falta daquelas palavras nos últimos dias. Recordou a conversa que . Estava apenas pensando. — Eu vomitava a todo o momento. Deu-lhe a carne nos lábios como a primeira refeição de ambos e ele sorriu repetindo o gesto. pois sua vida não dependeria disso. Mas estou bem melhor há uns dois dias. Tocou nas mãos brancas e macias. Pisava em ovos com ela há alguns dias. — Você está linda —encostado na cadeira a observava com olhar critico — Confesso que nunca a vi assim. Nem seu sustento.três horas. Temia o tempo todo que ela o tratasse diferente. Sentada no colo dele ela relaxava enquanto as mão dele brincavam distribuindo carícias ora aqui ora ali. — O que houve? — Nada. Mas os homens a tinham encarado com… pena? Desejo? Insinuantes. — Agradável… — ele fez uma careta — Eu estava com medo que eu tivesse machucado muito você.Temia aquele momento. — Eu te amo. — Você parecia uma criança curiosa. Mas a lembrança do parto o fez estremecer.— A esposa se enroscou em seu corpo. — Protegida — murmurou suspirando — Quando você me abraçou… — Ora Ravena. E quando eles insinuaram que Ravena logo arranjaria uma amante para compensar seus maus tratos… A amava tanto que seu coração chegava a doer ante o pensamento que poderia perde-la. Poderia matar o homem que ousasse tocá-la. E do modo que devia ser o relacionamento dos dois. — Não vai acabar nunca — respondeu levando as mãos dela até ele. eu machuquei você… Não gostava de lembrar daquela noite em especial. Era sua esposa e teriam um filho.— Sabe aquela noite? A primeira… Sam fez uma careta. — Pense em coisas boas — o murmúrio da esposa alcançou sua mente e ele a olhou — Você está me deixando tensa desse jeito. — sorriu sonhadora — Depois me limpou como se eu fosse um bebê. — Pensamentos tolos-sorriu e beijou a testa de leve — Você está feliz? — Hoje mais do que nuca — ela espreguiçou sobre ele como uma gata. Sam suspirou e relaxou o corpo acalentando aquelas palavras. Não se importava se talvez ela fossem ditadas por um sentimentos de gratidão ou um gostar mais profundo. — Adoro ficar assim com você. Os homens tinham tido pudores em falar de sua esposa. Foi tão… agradável. — Mas eu gosto de me lembrar! Você ficou todo excitado e confuso. Está tão sério. Parece triste. Pegou seus braços e colocou em torno de si — Já disse a você que adoro seus braços? — Oh sim… Já — falou sério. — Eu me sentir tão… — Dolorida? Insatisfeita? Aterrorizada? Sentiu o beliscão dela.o fizera ficar chocado de tal maneira que se acidentara na madeireira. — a esposa virou-se para ele — Até hoje parece que não acabou sua curiosidade. E a insinuação de sofrimento que infligia a esposa o fizera quase arrebentar os dois empregados. Algo que nunca lhe acontecera. Um suspiro profundo saiu da garganta de Ravena. Sabia que a esposa não o odiava e sabia que ela gostava de estar com ele. Fazia tudo que ela . quisesse afim de que isso não mudasse. Deu uma volta em torno de si quando já estava dentro do quarto. fitas e tecidos a fim de mandar fazerem mais vestidos e dois chapéus para que andasse com ele sempre que saísse de casa. — Você até que sabe escolher. No fim Sam comprara mais do que ela própria. Uma rosa leve. Quando vestia algo que lhe agradava aos olhos . Sam franzia o cenho para cada artigo que ela lhe mostrava na loja. Ela ainda descrevia algumas coisas que queria comprar para a casa quando começou a fechar os olhos e dormiu na metade da escada. Mal pode acreditar ao se olhar no espelho. Irá ter uma festa dessas de estação. Levaremos. porém vaporoso que era ornado com rendas e bordado. Ele deu os ombros. Depois disso ele ainda comprou alguns lenços. — Leve essa. Era tão pequenina. — Mas é muito caro! — Ficou lindo. — Preciso de uma sombrinha para me proteger do sol! Sam pegou uma cor de rosa com pequenos babados circundando o tecido fino. — Apenas olhei o preço — confessou e riu quando ela arregalou os olhos. O marido andou até a janela e espiou para fora onde várias . Com um expressão desdenhosa a jogou em sua direção. Sua expressão séria enganaria qualquer um que não o conhecesse já. Nem parecia ridícula com a sombrinha! Olhou para o marido surpresa. esses brilhavam e Ravena sorria e colocava o objeto de lado para levar. Os sapatos delicados deixaram sua aparência mais feminina. — Ei! — a mulher olhava para ele fingindo zanga —-Onde está minha resposta? — Eu te amo dez vezes mais — rindo esquecendo por algum tempo seus pensamentos ele levantou-a com ela no colo. — Estava pensando em ir a cidade amanhã… Quer ir junto? — Oh… — a esposa o olhou surpresa — Você sempre disse que não gostava muito se ir… — Mas podemos passar o dia lá amanhã. Lindo e jovial. Já que logo será Inverno e podemos fazer compras… Ir almoçar no hotel… — Claro que quero! Podemos pegar Emily já que ela e Holly estão lá. Critica olhou o objeto em questão Certo. Combinava com a cor do vestido que escolhera. — Como estou? — Linda. tecidos e colchas bordadas por todos os lados. Pessoas estranhas! Para que iria querer um quarto só dela? Não iria usá-lo! — Venha . Ravena riu quando a mulher insinuara que poderia arrumar um quarto individual se quisesse mais privacidade. Não que Sam falasse muito. Como odiava isso! Desceram para almoçar e Ravena deliciou-se com a comida que não era feita por ela. Ravena olhou para trás onde o marido acabava seu prato e este fez um movimento para que não se preocupasse sem levantar o olhar. Virou-se para a mulher concordando e a seguiu até um quarto feminino cheio de linhas . — As donas irão buscar esses hoje para a festa! — pausa-Meu nome é Annabelle. — São lindos!— aproximou-se para ver o trabalho de mais perto — Ah. Ravena em certo momento começara a responder aos olhares com um sorriso e um aceno. Vários dele pararam o que faziam ao vê-la atravessar a rua aquele dia quando se dirigiam para o hotel. os que você comprou também são meus.pessoas se dirigiam para o local que seria a festa. Mas não conseguia entender o que faziam as pessoas serem tão mesquinhas e maldosas. Sam era quem estava mais acostumado com aquilo. os de especulação ela evitava. mas talvez — sorriu ao lembrar da gravidez— Talvez eu precise de sua ajuda mais tarde. — Ainda vai levar tempo para a festa ficar animada. — Não se preocupe. vou lhe mostrar alguns dos meus bordados — uma mulher jovem que parecia ser nora da dono do hotel a tocou de leve no braço assim que o almoço acabou. Pelo que Clinton lhe falara ele não ia a cidade a já tinha fama de fechado e distante antes mesmo do acidente. eu devia ter visto eles antes de comprar os meus. Eu só vendo para o mercado. Todos a tratavam com respeito e pareciam quere-la protege-la de algo. o que fizera muitos desviarem embaraçados. Na verdade apenas quando o sol sumir as pessoas vão para o galpão. Tentara parecer alegre e descontraída o tempo que tinham passado ali. Elogiou a mulher dona do local e conversou com a filha que parecia se encolher a cada vez que o marido abria a boca para falar.— a mulher sorriu — Eles já fizeram novos pedidos por que você levou quase todos os que eu confeccionei. — Eles ficarão quase perfeitos. Se quiser que eu os arrume para modelarem melhor em seu corpo. mas os de piedade era os que mais a irritava. Um olhar para ela. outro para ele e logo um sorriso de escárnio distendia os lábios dos abutres. Olhares de curiosidades eram os que menos a incomodavam. Menos os dos homens. Os habitantes sabiam tudo sobre o dono da madeireira e do casamento. Pudera perceber a curiosidade das pessoas quando olhavam para o marido e para ela. Alguns vestidos estavam enfileirados. Não tinha muita esperança que os boatos não tivessem ficado cada vez piores. . — Sente? — as mulheres agiam assim naquela terra quando percebiam que a outra estava grávida? — Todos sentimos. Seus olhos encheram de lágrimas imediatamente. Eu não tenho vomitado mais e desmaiei apenas duas vezes. Ravena enxugou os olhos. — Oh… senhora… eu… — a mulher pareceu ficar perdida com aquilo e logo a abraçou — Sinto tanto pela senhora.É um absurdo o quê está passando. filho da Sra. — Olá querida. — Bem… — que tipo de conversa era aquela? — Nem tanto… A dona do estabelecimento entrou neste momento. mais claras agora. — Bem… obrigada — falou sem jeito enquanto remexia na cadeira. Vou encomendar alguns vestidos com vocês. — Ainda estão se conhecendo então. Sam já estava preocupado demais. Você não tem como saber mais é muito diferente — Annebelle deixou cair algumas lágrimas — Só quero que saiba que… nós estamos do seu lado. — lembrou das apresentações. pensou consigo mesmo.— Você é casada com Willian. — Oh… mas neste caso… — a mulher balançou a cabeça — É pior. havia muitas mulheres grávidas. fazendo troça de sua reação. Deve ser horrível para você. — tentou tranqüiliza-las sorrindo. — a moça corou — Casamos há uma semana. — Sim. Não era bom ele saber que continuava chorando quando pensava no bebê. Por que a mulher tentava deixá-la temerosa? — Ora por que? Pensei que era a mesma coisa para todas as mulheres… — Não. Seus olhos observaram a cena a sua frente e logo ela veio para junto de Ravena. — Oh Deus! — a mulher grande e robusta enxugou algumas lágrimas — Gostaríamos de fazer algo por você. Por que Ravena começava a se sentir desconfortável? Seria tão terrível assim ter um bebê? Em suas lembranças da infância e adolescência. — Não precisa se sentir embaraçada. A culpa é daquele homem. — olhou para um canto onde tinha um berço de bebê. Você é tão linda e delicada. Como era ridículo chorar daquele jeito na frente das pessoas. Bergman. — sentou na cadeira olhando os bordados — O trabalho é lindo. Você não tem culpa. Todas despreocupadas e felizes… Olhou para os lados. Ravena olhou-a assustada. . Mas ficava tão feliz e emocionada! — Eu sou mais forte que pareço e posso lidar com a dor. Comprei alguns tecidos acho que vocês irão fazer uso deles melhor do que eu. Será que aquela família era meio louca? Precisava voltar para seu marido! — Não precisam ficar preocupadas. Ravena sorriu. Elas nem devem saber sobre isso. — Você se importa? — Claro! Como pode rir?! Eles acham que você é um tipo de… sádico e eu a pobre coitadinha! — revoltada ela se levantou — Irei lá agora… — E dirá que gosta das atenções do seu marido? Não faça isso. — Você está rindo de mim?! — Oh querida… Só estou feliz por que… — parou e respirou fundo — Nem passou pela sua cabeça sobre o que na verdade elas estavam falando? — Da minha gravidez… Não? — Não. mas não conseguiu. Ravena franziu o cenho. chocada e demonstrava isso na expressão.— Podemos tentar ajudá-la — assegurou-se Annabelle apertando a sua mão. — Acho que são loucas. — Sam! Correu para cama e começou a das tapas no braço dele. — Me desculpe… preciso… — tentando ser natural e começou a se afastar devagar. — Mas se… O que elas… ?— olhou para eles os olhos começando a se arregalar — Oh! — Oh… — ele a imitou assentindo. — tocou os . Mas as mulheres o olhavam com estranheza. O marido apenas assentia. mas Sam apenas com largas passadas a acompanhou. — Mas eu disse… Oh! — Oh… — ele tentou manter-se sério. Já que não era costume dele soltar gargalhadas. — Eu sei… Estava ouvindo. olhou para o corredor e viu seu marido parado na porta — Sam! Estava aliviada. Como podem achar horrível o fato de eu estar grávida? E como elas sabiam? — Quem sabe? O marido acalentava no rosto um sorriso meio que divertido. Ravena gostava de vê-lo rindo. Mas agora lá estava ele deitado na cama e ria. No quarto trancou a porta e deixou o corpo recostar na madeira suspirando. Despediu-se rápida e subiu as escadas quase correndo. — Todos irão… Todos pensam… — estava estática. Parecia preocupado agora. O marido também parecia contente por tê-la lhe achado. — O que foi?! — Você é… — ele pareceu procurar as palavras e depois começou a rir. — Aquelas mulheres são estranhas! — cochichou baixinho. Eles não irão acreditar e pensarão que você tem medo. Ria tanto que gemia segurando a barriga. Ravena riu e olhou para Sam. — respondeu rindo ao que ele arregalou o olho. Mas no resto estava impecável. O chapéu que ostentava fez as mulheres a rodearem para admirá-lo. — Sam o escolheu — disse por fim ao que as mulheres pararam de rir — Como escolheu o vestido.— Não. Ravena não discordou. Ele tem um ótimo gosto para me vestir. — Papai irá comprar um pônei para você quando estiver maiorzinha para andar. Estou pensando em ficar no hotel durante os dois últimos meses de gravidez. Iria nevar muito como bem já tinha sido avisada na época do nascimento do bebê. Quase não conversa.lábios dela com carinho — Deixe para lá. Era quase noite quando ambos saíram do quarto. Meio culpada por fazer um dia que não via sua filhinha Ravena se aproximou e enterneceu com os bracinhos estendidos. — Não faço isso? — perguntou cheia de insinuações ao que o marido riu prendendo-a. Agora Holly vai lhe dar um banho e te colocar para dormir. — Só por isso vai ter que se submeter. Eu não quis dizer isso. Fica fechado. E ela devia pensar na criança e em sua saúde. — Não fica bonito de jeito nenhum. — Beijo papai — a menina estendeu os braços para Sam que olhou para os lados incomodado antes de pegar a menina no colo. Se aquelas pessoas achavam que o marido era um homem sádico e cheio de desejos agora eles tinham certeza. meu senhor. . E ela nada podia fazer para esconder os lábios inchados e o pescoço que ostentavam uma marca de um beijo afoito. como foi o passeio? — Eu vi cavalo pequenino — a menina sorria — Quero cavalinho. — Oh querida. Nem comigo! Não abre nem um sorriso. É por que você se inibe quando estamos com outras pessoas. — Oh… não pode escolher nem suas roupas? Ravena apertou os lábios e foi até seu marido que neste momento conversava com Holly que trazia Emily no colo.— beijou a face aveludada e recebeu outro beijo estalado. — Meu rosto não fica bonito quando sorriu. O marido a olhava num isto de susto e preocupação. — Você devia me tratar bem perto deles — ao ver como suas palavras soaram ela revirou o olhar. — murmurou baixinho. — Sou sua escrava . Eles vão se acostumar em nos ver juntos. Chame-me de “ meu senhor”… como aquela vez. — Ora… ora… senhora… é isso que eu ganho por meus elogios a sua beleza? Você é minha mulher e sua obrigação é me fazer sentir o homem mais feliz do mundo. — Ei espere. Achava isso uma atitude mal educada e sem propósito. Não que eu não goste da venda… — Ravena… — Morri de inveja de Emily quando ele o beijou. Os olhos dele se escureceram. Discretamente ele passou a mão pelo rosto e pigarreou antes de falar. — Clinton já a puxava pelo braço. Franzira o cenho algumas vezes quando algum homem demorava mais no cumprimento ou no olhar e fazia um gesto de reconhecimento comedido para algumas mulheres. ela podia perceber. — Me empreste sua esposa que irei ensinar a ela como se dança. Estavam alegres e tinham conversados com algumas pessoas. Sam parecia menos formal naqueles momentos quando cumprimentava algum conhecido mais antigo e a apresentava as esposas desses.— Beijo — a menina aproximou e beijou-o sonoramente sobre o lenço e depois do outro lado do rosto Enfim esperou pelo seu beijo que Sam deu-lhe rápido entregando Emily para Holly e saindo quase a carregando pela porta afora. meu senhor. não olhavam para o rosto do marido. Fingiam não perceber alguns olhares em sua direção e às vezes andavam pelo local falando com alguns conhecidos do marido. Cinco horas depois ambos bebiam ponche afastados dos demais. Quando Clinton apareceu mais tarde os encontrou tentando dançar depois que Ravena se interessou por uma quadrilha. Seu rosto me é proibido… — Rav… — Certo! — levantou as mãos rendidas — Tudo que quiser. E aquilo como sempre a fez ficar irritada. Mas como tentavam se divertir deixou aquele aborrecimento de lado. mas Sam também não sabia por isso estavam satisfeitos em apenas observar os casais dançando enquanto desfrutavam do clima ameno que estava fazendo. que apesar de não ir muito a cidade tinha negócios com quase todos os donos de comércio da região. — Emily é linda. Depois ela poderá ensinar a você. — olhou para ele — Sabe… eu me pergunto quando irei ter o privilégio de dormi com meu marido sem uma venda nos olhos ou estando ele no escuro. Annabelle estava ao seu lado com o marido e pareciam se divertir muito. — Sim é. Ravena não sabia dançar o tipo de música tocada. Este não é meu irmão tentando dançar! Sam fez uma careta e deu os ombros ante a insistência de Ravena em aprender a dançar aquele estilo. — Comporte-se. . Ravena mordeu os lábios e temeu fazer-se de tola em meio a salão. Essas. Ravena empalideceu e recuou procurando passar entre os casais na direção do marido. Logo riam enquanto rodavam animados pelo galpão. Tudo parecia rodar e ela tentava se livrar do que a impedia de prosseguir de encontro ao marido. Vamos lá fora. — o riso dele era maldoso — Ouvi falar de como o deixa satisfeito na cama. Mas infelizmente percebeu que ia acontecer . Mais o local estava cheio e de repente começou a se sentir mal. Ela tinha desmaiado duas vezes antes. Com o próprio marido! Mas logo esqueceu o embaraço e vez voltas em torno dos outros casais. Parou confusa e recuou. Não seja… Deus! — o homem a largou e ela foi de encontro ao corpo grande e sólido que ela conhecia e suspirou aliviada sem perceber que a música parou e todos ficaram em silêncio no exato momento que Sam desferiu um soco que fez o homem aterrissar a alguns metros deles com o nariz Sangrando e desacordado. mas longe do marido e fizera Holly prometer não contar. Clinton dança bem — incentivou o marido empurrando-a de leve. O homem sorriu de lado lançando um olhar atrevido. Corava quando se lembrava que o homem a apanhara numa situação comprometedora. — Viu? Você já está ótima! Clinton parou um momento e percebeu que o xerife batia de leve em suas costas. — Me solte. — Sam é um homem de sorte — observou o homem antes de afastar-se para dar o lugar para outro homem que ela não conhecia.— Vá. — Desculpe me… não conheço você. Mas não queria perturbar Sam e temia que ele chamasse novamente aquele médico metido para cuidar dela. Onde estava Sam? — Venha. Confusa olhou para o cunhado que piscou e se afastou. O homem a agarrou pelo braço. Podemos nos divertir um pouco antes que seu marido perceba. Ela mal sentiu os dedos cravando em sua pele. A florzinha de Sam que todos comentam. Logo estava dançando em meio às pessoas. A dança não era complicada e era muito alegre. — Ora querida. — Dance! Logo o xerife a conduzia um pouco menos habilidoso entre os casais. Tonta demais para prestar atenção em mais alguma coisa a não ser o corpo quente e sólido do marido se agarrou a ele. — Pois eu sei quem é você. Sabia que isso era comum. É comum algumas mulheres passarem mal depois de dançar… — Pelo amor de Deus vocês querem calar a boca e nos deixar em paz?! — gritou em plenos pulmões quando as mulheres invadiam o quarto — Fora! Vão embora! Quatro pares de olhos arregalados o fitaram e saíram do quarto rapidamente murmurando entre si. — Não sei o que seria… se você… Eu não poderia… — Não vou morrer! — falou com ênfase. — pausa — Você não chamou o médico! — Claro que eu… — Oh… — ela fechou os olhos — Eu não vou deixar ele… — Não se preocupe com isso agora. Seus . — Ravena… ? — Oh Deus.de novo. mas ele as ignorou e rápido chegou ao local subindo as escadas. — Chame o médico. Seu corpo gelou e deitou-a ela no centro do salão procurando sua respiração cadenciada. — Ravena! Sam desviou a atenção do homem para segurar a esposa desmaiada. Você não devia ter gritado assim com elas! — o murmuro fraco o fez suspirar aliviado — Minha cabeça está girando… — Eu não devia tê-la deixado dançar por tanto tempo. — Amo dez vezes mais… Ravena inclinou e o beijou suavemente no lenço escorregando os dedos para dentro do pano e tocando a pele cheia de cicatrizes. Ao encontrar pegou-a no colo e saiu rápido dali. Às vezes sinto esta tontura. Sentiu a pressão suave da palma feminina em seu braço e se virou rápido para esposa que parecia acordar. Eu não sei nada sobre eles! — Sabe os fazer muito bem. tudo ficou escuro e perdeu a consciência. — Sam o que… ? — Clinton apareceu correndo. — Espere! Deixe-a conosco. Algumas mulheres o seguiam e tentavam falar. Mas é normal. — Eu te amo tanto que… — Duvido que me ama mais do que eu a você… — brincou entrando no jogo que sempre faziam e ele sorriu. — Não seja tolo. com horror brilhando nos olhos. — Não quero médicos! — E quando for ter o bebê? — Você pode me ajudar… — Não seja tola. — o tom raivoso dele se dirigia a si próprio. Sam fechou os olhos e balançou a cabeça com desalento como se não soubesse mais o que fazer. Ela desmaiou — abraçou com cuidado a esposa enquanto a levava para o quarto de hotel. Com algumas perguntas e um aceno positivo a consulta estava feita. E chorando desceu as escadas. — Bem… bem… Tudo terminou melhor do que se esperava — murmurou enquanto o marido fechava a porta. — Estava bêbado — bocejou — Acho até que estou meio alta. — Quem era… ? — suspeitando logo. estava ótima. — O que?!— os dois falaram ao mesmo tempo. — Eu estava falando… — Do bebê. — Não preciso que me defenda. Ravena sorriu tentando afastar o embaraço e transmitir tranqüilidade. — Não para aquele homem. Ex — empregado a partir de agora. — Sam aproximou-se da janela olhando para fora preocupado — Vai demorar para que Clinton chegue com o… — Eu já estou tão melhor! — se enroscou nas cobertas e suspirou. — Posso ver — a mulher olhou rapidamente para Sam e voltou para ela — As meninas me pediram para subir por que acharam… que seu marido não tinha gostado de ver você com aquele homem e a tinha atingido. Fez uma careta ao ver o olhar compenetrado do marido. Mas logo acordou com o toque do homem em seus olhos. Eu sei — a mulher riu e balançou a cabeça — É que acreditamos nessas fofocas e pensamos… — enxugou uma lágrima — Vocês fazem um casal lindo. Imediatamente Ravena desceu da cama. — Um dos meus empregados. Como era de se esperar. — Estou bem. — Não precisa descer. E quero pedir desculpas ao Senhor — baixou os olhos num sinal não de repulsa e sim de humildade e vergonha-Eu… Enganei-me sobre certas coisas… Acho que nós… eu… levei suas palavras hoje cedo… de modo errado. Ele no mínimo iria faze-la engolir quilo de comida dali em diante. — Bebendo aquele ponche? Duvido. No café da manhã ele colocava pilhas de . Desmaios eram comuns a algumas mulheres durante a gravidez e ela devia comer mais. — Eu já vou falar… — Você vai ficar aqui. — Mas… elas pensam… — seus olhos encheram de lágrimas — Não quero que falem mal de você… Anna pigarreou.lábios escorregaram para os lábios dele por um momento… — Ah… posso entrar? Separaram-se rápidos e coraram enquanto Anna entrava no quarto parecendo sem graça. pois não estava engordando o suficiente. Eu falarei com as meninas. Nada estava mais certo.— o marido foi rápido em pegá-la no colo e colocá-la novamente na cama. Mas nada adiantou e quando quase de manhã Clinton chegou com o doutor ela estava dormindo. Cheio de amor. não seria. Eu te amo. Mais tarde na cama ela se virou para ele que ainda estava silencioso. — Se Clinton tivesse ido no meu lugar… acha que teria sido a mesma coisa? Ravena tinha os olhos pesados. — O que foi?— correu os dedos pelo braço musculoso e enroscou os cabelos de seu peito entre os dedos. não?— ele segurou sua mão sobre o peito com firmeza — Aquele dia.pães na sua frente que ela fingia ignorar e comia um biscoito lentamente. — Nada eu…— mas ele suspirou no escuro-Talvez fosse melhor irmos mais vezes na cidade. Te amo desde que socou aquele maldito médico! Amo você. sua voz saiu furiosa — Acho? Que. -Hum?— ela virou sonolenta para olhar seu rosto na escuridão. você quer dizer com acho? Se quiser saber . Um silêncio constrangido reinava no local e Emily que sentava no colo do pai sorria com os dedos lambuzados de mel. mas mesmo assim pode imaginar sua expressão séria. aquele dia do leilão. Riu baixinho sem conter imaginando a situação. e não acho!. — Não. — Bebê — concordou a menina batendo palmas. A filha já pegara o espírito da coisa. eu… eu nem sei o que faço com você! Mas Sam estava rindo. — Onde você aprendeu a falar assim? . — Mas… acha que iria amá-lo também? Como acha que me ama? Aquilo a vez despertar. — Mamãe — estendeu um pãozinho para ela no que Ravena riu. diabos . mas mesmo assim entendeu a pergunta. se fosse Clinton que tivesse me comprado aquele dia provavelmente eu fugiria dele na primeira oportunidade. Claro que não muita coisa e era isso que ele queria. mesmo sabendo que não respondera da maneira que ele queria. Ele ficou alguns segundos em silêncio e ela estava quase dormindo. — Obrigada Emily — sorriu e comeu o alimento devagar piscando para o marido-Mas agora acho que não poderei colocar mais nada no estômago ou não sobrará espaço para o bebê. mas ela nada falou até chegarem em casa. Mais tarde a caminho de casa Sam dirigia a charrete com um olhar meio perdido. Suas feições não disfarçavam a origem indígena e Ravena percebia que algumas pessoas no hotel a olhavam com verdadeira crítica. Até Sam não pode evitar o sorriso. — Acho?— ela levantou o corpo um pouco e rolou para cima dele . eu tenho certeza! E se você insinuar novamente que “acho” alguma coisa. Acariciou os cabelos negros e sorriu. mas as linhas grosseiras que cortavam seu rosto antes agora estavam atenuadas pelo tempo. — Sem sono? — o marido abraçou-a pela cintura — Quer um carinho? Riu baixinho. Se cabelo tinha crescido no local ferido. Olhava atentamente a pele deformada pelo fogo. — Você pode fazer… — Eu?! Hum… já está me dando idéias… — É sério… Ficaram em silêncio por alguns segundos. — Vai dar tudo certo — deitou de novo e se enroscou nele — Na verdade. Ravena riu. O marido prontamente a ajudou. Fazia sete dias que estavam no hotel. E que de tudo certo. Já o vi. mas estavam mais ansiosos por causa do bebê do que em qualquer outra coisa. — Diferente? O que? Espero que não seja nada que não possamos fazer. o que me mantém acordada é algo diferente. isso ele já reparara. .Ravena gemeu baixinho ao levantar da cama. Virou a acendeu o lampião sentando-se na beirada da cama. — O que houve? — Sem sono apenas. — Pronto. — O que foi? Já é hora… ?! — Não! Sorriu de leve enquanto se afastava para usar o urinol. — Você quer que eu veja meu rosto. Dê-me um espelho.— Quero que o bebê nasça logo! — Eu também. — Conheço você. Deitou-se na cama e suspirou. Quer que eu mostre meu rosto a você e… — Ah… Sam… — rolou o encarou. O pequeno espelho estava em suas mãos entes que ele imaginasse e os olhos masculinos fitaram o pequeno objeto por um momento e seus lábios crisparam. Alguns olhares ainda eram lançados para ambos e outros muito para ela.— fazia alguns dias que a ansiedade a fazia demorar em dormir. — Você quer… — Culpado — confessou ele beijando-a de leve na nuca. mas é você que… O marido se sentou retirando lenço num gesto irritado. Tocou-se lentamente e examinou a pele com cuidado. Ravena nem tentou disfarçar que era isso exatamente que queria. As marcas estavam mais lisas. Mas superficiais. O marido parecia pronto para a qualquer momento correr e chamar todas as parteiras da cidade. eu não quero… Ai! — gritou colocando as mãos sobre o ventre. A contração tinha vindo rápida e intensa. — Vamos fazer amor… — O doutor disse… — Disse que não devíamos exagerar… — deixou o espelho de lado e começou a beijá-lo por todo o rosto. — Deus Ravena. — Desculpe. mais do que ela esperava. Sam abocanhou um mamilo proeminente na boca e ficou surpreso ao sentir o gosto de leite. Acho que nunca vou voltar ao normal… — Linda — replicou ele teimoso fazendo-a rir. Mas ele se despiam com pressa. Sentia a pressão no baixo ventre e percebeu que o . Ele beijava seu ventre dilatado com carinho e paixão enquanto seus dedos a acariciavam intimamente. — Você disse isso há seis semanas atrás. Intensa demais. — Bobagem. — Não! — agarrou o braço dele — Não precisa. Riram e logo ela se revirava na cama vítima das carícias íntimas do marido. A última. — Sim é… — foi por trás dele e tocou a pele maltratada — Mas não é um monstro. Sentido a contração ceder um pouco Ravena virou-se para o lado e ascendeu a lamparina. — Não é. não podemos… — mas ela beijou-o profundamente fazendo-o gemer— Oh Deus. — Eu… acho que estou tendo o bebê… Aiiii — gemeu colocando as mãos nas costas — Acho que o bebê está vindo… Ambos olharam um para o outro em meio à escuridão do quarto quase sem saber o que fazer. esqueci —ela murmurou sentido que ficava quente pelo rubor— Desde de hoje de manhã eu percebi que estava saindo um pouco de leite e eu… — Não tem problema — ele beijou o mamilo úmido e sorriu— Mas não quero roubar o que é de meu filho. você está com quase nove meses.— Não está tão ruim quanto antes e vai estar melhor em mais alguns meses. Podemos fazer isso. — É horrível. — virou o espelho a fim de olhar para ela — Fica pior ao seu lado. — O que foi? — Sam parou o que fazia e arregalou os olhos quando sentiu o jorro de líquido quente em suas mãos. — Nós vamos… Ai… — parou o que ia dizer e arregalou os olhos.— ela repetiu o que o médico dissera a ela em uma de suas consultas em resposta a suas perguntas a respeito das queimaduras do marido. — Quase seis semanas— resmungou— Só dessa vez. Estou enxada e gorda e com marcas de gravidez pelo corpo todo. — Eu vou chamar… ! — Sam levantou da cama assustado. Faz muito tempo. Por que é muito bonita. não me deixe. está nascendo… — Não! Impeça! — ele correu até a porta e voltou para olhar para ela que gemia na cama. — Não… ele está vindo. A mulher deu uma olhada em sua direção e desviou-o para dentro do quarto para ver o bebê no colo da mãe chorando. O rosto vermelho e enrugado e vasta cabeleira loira. Tire essa .Posso sentir… — gritou e se retorceu. ele está aqui. Por que não chamou?! A mulher gritou para suas filhas trazerem panos. Cortar o cordão que ainda o prendia a ela…? Ele não teria coragem de… — Senhora? — a voz de Ema partiu do outro lado da porta e ele correu para abri-la aliviado. hesitou apenas um instante antes de se ajoelhar a sua frente e trazer a lamparina para próximo e aumentando a intensidade da iluminação. água quente para limpar o bebê e tesoura. Por um momento ficou ali sem saber o que fazer com a pequena criatura em seus braços e depois olhou para a esposa que se inclinava na cama parecendo aliviada e surpresa. Mulheres tem contrações leves durante parte do tempo e depois elas vão aumentando e… — Acho então que as dores nas costas eram contrações — disse sorrindo quase aliviada por aquilo está chegando ao fim. — Por Deus. Sam colocou o embrulho sobre a barriga dela sem saber o que mais devia fazer. — Venha aqui dá uma olhada em seu filho querido. O grito dela fez eco no do menino que tinha em seus braços. Mas em seguida outra contração a fez sentir que partia ao meio e gritou alto contraindo o corpo — Oh Deus. — Estou vendo… Oh Deus. — Oh Deus. Está nascendo! Ajudeme! Sam voltou para a cama parecendo perdido e nervoso. — Oh Deus… já veio? — parecendo aturdida ela relaxou e fechou os olhos — Traga ele para mim.bebê se posicionava rapidamente e pressionava sua saída. Ravena levantou o olhar e sorriu para ele. Suas mãos se contrariam. Ele vai nascer. que clareou todo o quarto. Espiou entre as pernas da esposa. — Deus! O que você está dizendo? Precisamos de um médico e… — Oh… — deitou na cama e gemeu quando uma contração forte a fez gritar — Acho que ele está vindo… — Como assim está vindo? — o marido gritava nervoso — Não é tão rápido. Sam. Mas você tem que esperar… Mas ela gritou quando um espasmo forte tomou conta do corpo e ele só teve tempo de segurar o pequeno ser que saiu de dentro da esposa. O quarto foi tomado por mais claridade vinda de mais lampiões e mulheres. Um cabeça de cabelos claros e molhados aparecia para ele. Devia mesmo está com uma expressão de idiota no rosto. E Ravena percebeu o exato momento que Sam se deu conta que estava sem o lenço protegendo a face. querida. Recuo parecendo perdido e ela o segurou próximo a eles com firmeza. — É nosso. Sentia que podia dançar e cantar pelo quarto. não? — Não… É lindo.Oh sim. Os olhos se encontraram. Fim . — É seu. — Fique aqui comigo.expressão de bobo do rosto. Ele se aproximou hesitante. Não se preocupe. Muito pelo contrário. Riu do pensamento. — Parabéns Sr. Smith. — Meu filho… — ajoelhou ao lado da mãe… — Vou chamá-lo de Jeremiah Samuel… — sorriu e piscou — Vai dar confusão na família. Não estava cansada. Anabelle estava próxima. Um suspiro longo e a cabeça dele se enroscou sobre seus cabelos.