LARA Eugenio - Sobre o Pseudonimo de Denizard Rivail - XXI Congresso Da CEPA - 2012

March 26, 2018 | Author: Eugenio Lara | Category: Spiritism, Mediumship, Celts, Reincarnation, Druid


Comments



Description

XXI Congresso Espírita Pan-americanoSantos-SP – Brasil – 5 a 9 de setembro de 2012 Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail Eugenio Lara Julho de 2012 Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail - Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano - Santos-SP - 2012 Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail Eugenio Lara 1. Introdução Já perdi a conta das vezes que me perguntaram, no dia da palestra em centros espíritas, sobre a origem do pseudônimo Allan Kardec, adotado pelo grande pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail (1804-1869) na assinatura de sua obra espírita. Teria sido mesmo ele um druida em alguma existência anterior? Em que época viveu? Por que Denizard Rivail adotou esse estranho pseudônimo? Tais perguntas são frequentes. Trata-se de um tema controverso, principalmente devido à carência de fontes. Não se trata meramente de uma questão de fé. Os espíritas aceitam que Allan Kardec foi uma das encarnações de Denizard Rivail, mais pela tradição oral, pelo argumento de autoridade do que pela escrita, pela documentação. O primeiro biógrafo de Rivail, Henri Sausse (1851-1923), afirmou em conferência comemorativa da desencarnação de Kardec, em 1896, que este teria tido uma encarnação entre os celtas, ao tempo dos druidas, segundo revelação de seu guia, daí a origem do pseudônimo. Sausse não cita a fonte dessa informação e nem afirma explicitamente que Denizard Rivail teria sido um druida. Muito provavelmente ele teve acesso a dados biográficos compartilhados por contemporâneos e amigos mais íntimos do fundador do Espiritismo, à sua correspondência e seus manuscritos, ainda intactos, mas que seriam destruídos em sua quase totalidade durante a II Guerra Mundial pelos nazistas, quando invadiram a França e depredaram a Maison des Spirites , em Paris. Todavia, Sausse não é a única fonte. Se formos confrontá-la com outras disponíveis, a compreensão torna-se mais obscura ainda, controversa, deixando o tema em aberto. A fim de lançar algumas reflexões sobre essa temática tão polêmica, desenvolveremos um estudo introdutório sobre as origens do pseudônimo de Denizard Rivail, do ponto de vista biográfico e etimológico. E, na sequência, elencaremos as fontes existentes para que o próprio leitor possa ter uma visão geral e tirar suas próprias conclusões. 2 Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail - Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano - Santos-SP - 2012 2. Pseudônimo ou Heterônimo? Pseudônimo (pseudónymos) é uma palavra constituída pelos componentes gregos pséudos (falso) e ônoma (nome), cuja acepção tem o sentido de ocultação da real personalidade do autor. Trata-se de um recurso normalmente usado por literatos, artistas e pessoas públicas. O uso de pseudônimo está associado à reputação e à posteridade, à preservação da identidade do autor. O compositor brasileiro Chico Buarque, por exemplo, para driblar a censura nos anos negros da ditadura militar, usou o pseudônimo Julinho Adelaide. E o escritor francês George Sand, assim como o “outro” George, a inglesa Eliot, eram mulheres, apesar do pseudônimo masculino. Muito provavelmente não teriam tanto sucesso literário se assinassem com seu nome civil. No século 19, a literatura era de domínio quase exclusivo dos homens. O grande escritor carioca Machado de Assis, quando escrevia crônicas de teor político mais arrojado para sua época, se escondia por trás de pseudônimos. Muitos textos que redigiu contra a abolição somente foram descobertos, como sendo de sua autoria, cerca de 40 anos após a publicação. Até então, ninguém sabia que o autor de Dom Casmurro era quem escrevia aqueles textos de sabor panfletário, assinados como “Boa Noite”. O pseudônimo se constitui, amiúde, numa identidade secreta. Isto não significa que seja semelhante a anônimo, onde não há a identificação de uma personalidade, de alguma pessoa ou autor, como é também o caso do ghost-writer (escritor fantasma), aquele que escreve biografias, artigos e ensaios sem que seu nome apareça como autor, sem que receba os créditos. Políticos que não sabem escrever normalmente se servem de ghost-writers, para proferir seus discursos políticos e publicar artigos em jornais diários. Pode também ser o pseudônimo um nome artístico, seja porque o nome civil, o ortônimo, soa desagradável ao ser pronunciado ou porque o nome alternativo mostra-se mais compatível com a atividade desempenhada ou com algum esquema numerológico, simbólico, como é o caso do cantor Jorge Ben Jor (Jorge Duílio Lima Meneses). José de Lima Sobrinho & Durval de Lima dificilmente fariam sucesso como dupla sertaneja se não adotassem o nome artístico Chitãozinho & Xororó. Do mesmo modo, o cantor e compositor britânico Elton John (Reginald Kenneth Dwight), o cantor brasileiro de rap Mano Brown (Pedro Paulo Soares Pereira) e o ex-beatle Ringo Starr (Richard Starkey), dentre outros. Normalmente o pseudônimo é uma criação, uma invenção do autor, apenas um nome diferente de seu nome civil, não existente na vida real. Já o heterônimo designa outra personalidade distinta e independente, com uma biografia inventada. É um personagem fictício, 3 O apelido de Gabi. é um autêntico hipocorístico. concedida a Allan Kardec. nas chamadas redes sociais. Todavia. normalmente no meio familiar. Seria um epíteto. Pela abrangência de seu significado. Max (Bezerra de Menezes). Aplicada em chats. talvez a expressão mais adequada às características do pseudônimo Allan Kardec seja o atual termo nickname (apelido. No meio espírita. o uso de pseudônimo é bastante comum: Irmão Saulo (Herculano Pires). Karl W. personalidade que teria vivido entre os celtas. Devido à sua origem. Em sua obra literária. é assim que se caracteriza. que pululam e poluem a interface dos chats no Orkut. de um cognome. o grande poeta po rtuguês lançou mão de dezenas de heterônimos para expressar a multiplicidade de sua produção poética. porque possui características verossímeis à personalidade de Denizard Rivail. No caso de Denizard Rivail. designa um druida. que haveria um fio de continuidade existencial. Também conhecido como apodo ou antonomásia. o que dota o nome. por exemplo. a expressão Druida de Lyon. Fortúnio (Joaquim Carlos Travassos). mas que também pode representar uma forma de exaltação. 4 . segundo a tradição aceita pelos espíritas.2012 como eram os heterônimos de Fernando Pessoa. obviamente. o nome Allan Kardec é mesmo um pseudônimo. considerando-se no caso. França. possui uma biografia. Facebook. não surgiu de sua imaginação. poderíamos classificá-lo como semi-heterônimo. essa palavra inglesa é usada para identificar os internautas entre si. normalmente com sentido pejorativo. nas relações interpessoais. de um personagem que supostamente teria existido. com as características de um heterônimo. O termo heterônimo surge e se consagra com Fernando Pessoa. É um nome real. dado por Denizard Rivail a sua esposa. Golstein (Hernani Guimarães Andrade). em 3 de outubro de 1804. O pseudônimo pode surgir de um apelido. reencarnado em Lyon. de certo modo. num heterônimo. portanto. em salas de bate-papo na internet. alcunha). tem vida própria. Vinícius (Pedro Camargo). por ele inventada. Normalmente o nick é cheio de caracteres estranhos.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . Horácio (Jaci Regis). Amélie Boudet. termo este que caracterizaria. Mínimus (Antônio Wantuil de Freitas) etc. é curioso observar que o nome Allan Kardec. não foi inventado. palingenética entre o suposto druida Allan Kardec e o pedagogo Hippolyte Léon Denizard Rivail. no Messenger (MSN). Se tem sentido afetivo. ao contrário dos pseudônimos normais. O nome Allan Kardec. ao tempo de Júlio César na conquista da Gália. alcunha ou codinome. ou seja. podendo se constituir.Santos-SP . cada qual com biografia própria. Foi emprestado de uma de suas supostas existências.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . é denominado de hipocorístico. 19. que lhe proporcionavam um vasto currículo como intelectual.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . Na ausência de documentos que provassem. 307 e 308. passou-se a confiar na tradição oral. Interessante lembrar que Denizard Rivail teve grande resistência na aceitação da reencarnação: “Sobre este ponto. ele trouxera nos tempos dos druidas. defendemos a nossa opinião. Se assinasse com seu nome civil haveria muitas implicações. Revista Espírita (1858). Combatemos. Allan KARDEC. 39. (Allan Kardec) Uma grande dúvida deve ter pairado na mente de Denizard Rivail quando estava prestes a lançar a obra síntese da filosofia espírita. No diálogo simulado com o Crítico. ao menos. Rivail admite que levou um razoável tempo para admitir os fenômenos mediúnicos: “Foi-me preciso mais de um ano de trabalho para convencer a mim mesmo. a origem desse dado. poderiam causar uma certa confusão entre os atuais e futuros leitores. de autoria dos espíritos: “temos muitos motivos para não aceitar levianamente 1 2 3 Henri SAUSSE. nas afirmações transmitidas de geração a geração. em 1857.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . “que conforme seu guia lhe revelara.) E não é tudo. o que lhe prova que aquilo que consegui não foi apenas superficialmente. 5 . p. afirma que ele preferiu a sugestão de assinar suas obras com o pseudônimo de Allan Kardec. Biografia de Allan Kardec. primeiro biógrafo do fundador do espiritismo. levantamos objeções e só nos rendemos ante a evidência quando notamos a insuficiência de nossos si stemas para resolver todas as questões levantadas por esta matéria”. em O Que é o Espiritismo. Seus trabalhos científicos e pedagógicos. publicada na Revista Espírita (maio de 1869) ou mesmo em Obras Póstumas (1890). O Druida de Lyon O pseudônimo Allan Kardec guarda uma certa significação.” 3 Rivail reafirmará essa opinião ao analisar criticamente a Teoria da Incrustação Planetária. p. p.. Allan KARDEC.2 Somente após muito debate com os espíritos é que ele se convenceu da veracidade deste princípio.2012 3. (. O Que é o Espiritismo.. em função de seu status nos meios acadêmicos e culturais de Paris. porque derrubou as nossas próprias ideias. a doutrina dos espíritos nos surpreendeu. nós não cedemos ao primeiro choque. O Livro dos Espíritos.” 1 Em toda a kardequiana não há referências explícitas a essa informação. diremos mais: ela nos contrariou. podendo eu reivindicá-lo como próprio em nome da Doutrina.Santos-SP . Henri Sausse. seja na biografia póstuma de Rivail. se resolve todas as dificuldades. sede do Departamento de Ain. a nós e a muitos outros. se dá conta de tudo. sem nos deixar fascinar pelo brilho de nomes pomposos. Segundo dicionários etimológicos. um descendente dos vikings. A escritora.Santos-SP . sua reação deve ter sido bem cética e prudente ao ser informado que fora um sacerdote druida em uma existência anterior. (1860) p. embora vinda dos Espíritos. senão após haver reconhecido que ela só.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . de 1875. 6 . foi sempre objeto de profunda admiração”.2012 todas as teorias dadas pelos Espíritos. segundo suas próprias palavras. traça um perfil biográfico do fundador do espiritismo. examinamo-la como se emanasse de um simples mortal e vemos se é racional. Verteu O Livro dos Espíritos para o inglês e. Anna Blackwell frequentava as reuniões da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE) e foi correspondente de Allan Kardec em Londres. É bem provável que ele teria sido. Foi assim que procedemos com a doutrina da reencarnação. jornalista e médium inglesa Anna Blackwell (1816-1900) 5 conheceu Denizard Rivail pessoalmente. outras na Gália. há divergências acerca da encarnação de Denizard Rivail como druida.” 4 Pelo visto. Tornou-se amiga do casal Kardec e foi a primeira tradutora inglesa de O Livro dos Espíritos. a mãe de Denizard Rivail. “a devotada esposa de Allan Kardec”. Chegou a receber uma comunicação sua em 4 de outubro de 1869. na verdade. Isto confirma a informação de que ela teria tido antepassados na antiga Bretanha. e isso abstração feita das provas materiais que diariamente são dadas. limitamo-nos ao papel de observador. e só ela. na apresentação. Quando surge uma. Atitude objetiva que sempre adotou desde jovem nos estudos de magnetismo. talentosa. conforme a descrição de Anna Blackwell. As fontes históricas não são unânimes. Contudo. sustenta Anna que ele teve sua origem em uma existência na antiga Bretanha: “Um antigo nome Bretão da família de sua mãe.” Jeanne Louise Duhamel.” 6 O parapsicólogo italiano Massimo Inardi. invadida pelos normandos. Algumas situam a existência do druida Allan Kardec especificamente na antiga Bretanha. que foi presidente do Centro de Estudos Parapsicológicos de Bolonha. nasceu em Bourg-en- Bresse.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . “Extraordinariamente bela. o sobrenome Duhamel é de origem anglo-normanda. que não tínhamos adotado. em seu livro A História da Parapsicologia. fazemos abstração de sua origem espírita. A tradução. elegante e amável. dos normandos. 6 No original: “An old Briton name in his mother's family. Em relação ao seu pseudônimo. aproximadamente sete meses após a desencarnação. afirma que foi através 4 5 Idem. podia resolver aquilo que nenhuma filosofia jamais havia resolvido. 172 e 173. Ou que os nomes Allan e Kardec corresponderiam a duas existências distintas entre os gauleses ou na antiga Bretanha. é dedicada a Amelie Boudet. Ele deixou de se apresentar apenas como “Z” e passou a adotar este nome. p. Allan Kardec.cap. (grifo meu). assistido por espíritos superiores. O Livro dos Espíritos . Em mensagens posteriores apresentava-se apenas como Zéfiro. nunca se soube nada acerca da identidade desse espírito. dirigindo-se a ele lhe revelou tê-lo conhecido numa outra vida anterior. “Não era um espírito muito adiantado. jamais foi transmitida.Santos-SP . p. As comunicações eram feitas por intermédio da médium Srta. X. ajudou-me nas minhas primeiras obras. 222). 8 9 Massimo INARDI. Anuncio a próxima descida dos eflúvios celestes que a VERDADE irradiará pelo Mundo. III.Prolegômenos. Japhet. porém. admite que o seu pseudônimo era o “ex-nome dele próprio em pretérita existência. Allan KARDEC. tinha um outro nome: chamava-se Allan Kardec e era muito amigo da entidade em presença. (Minha Primeira Iniciação no Espiritismo. 10 11 12 7 . Canuto ABREU. ao tempo de Júlio César. nas Gálias. Allan KARDEC. vol. para te ajudarmos nos teus trabalhos. 220.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . Isso acontecera numa floresta bretã da antiga Gália e Rivail era então um druida. mais tarde. que se tornou espírito protetor de Rivail. p. no entanto. 83. 99. como druida. porquanto esta é apenas uma parte da missão que te está confiada e que já um de nós te revelou”.10 Este “um de nós” era o Zéfiro. Rivail refere-se a ele como um espírito não muito elevado. um sacerdote inspirado e muito poderoso que. (grifo meu). Zéfiro (ou Zephyr) foi o apelido dado por Clementine Baudin. que era sonâmbula. Zeus WANTUIL & Francisco THIESEN.” 11 A revelação de que Rivail teria tido uma encarnação nas Gálias é corroborada por vários espíritas estudiosos e eruditos. O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária . na volumosa biografia do fundador do espiritismo. A História da Parapsicologia. Obras Póstumas. cuja identidade. o vento vindo do Oeste: “Chamam-me pelo que sou: O Zéfiro da VERDADE.2012 da médium Japhet 7 que Rivail soube de uma de suas existências anteriores: “apresentou-se a Rivail uma entidade que declarou chamar-se ‘Z’ e que. um bardo. referência ao deus do vento.” 12 O escritor Carlos Imbassahy confirma esse dado: 7 Essa revelação ocorreu no início de 1856. conforme afirma Rivail em Obras Póstumas: “frequentei ao mesmo tempo as reuniões espíritas que se faziam à Rua Tiquetone. Japhet. p. porém. benévolo.” 9 No Prolegômenos há uma referência discreta a esse espírito: “Estaremos contigo sempre que o pedires. na mitologia grega. O historiador espírita Zeus Wantuil. Roustan e da Srta. com o auxílio da cesta de bico”.” 8 Realmente.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . Eram reuniões sérias e com muita ordem. mãe das meninasmédium Julie e Caroline Baudin. em casa do Sr. na época dos Druidas. sonâmbula. 8 . quando invadiram a França. Caroline Baudin. Imbassahy também cita uma enciclopédia inglesa: “His pseudonym originated in mediunistic comunications.” 14 Esclarece Imbassahy que “as fontes preciosíssimas” são os manuscritos do escritor espírita e erudito Silvino Canuto Abreu (1892-1980). a de ter sido João Huss veio em 1857. A médium. foi em 1857 que Rivail obteve tal informação de Zéfiro. Só mais tarde seria utilizada a psicografia. Leymarie. No entanto.43. conclui-se que a reunião onde se sucedeu o diálogo entre Rivail e Zéfiro foi realizada na casa do sr. precursor da Reforma Protestante no catolicismo. Segundo a tradição aceita pelos espíritas. Vida e Obra de Allan Kardec. 14 15 Ibid. viviam juntos nas Gálias. 66.” 13 “A notícia de que Allan Kardec tivera uma existência ao tempo de Júlio César data de 1856. certa noite. A comunicação foi obtida por meio de uma corbelha. Émile-Charles Baudin. por via mediúnica. A Missão de Allan Kardec. em 1940. Canuto Abreu copiou a quase totalidade dos documentos e cartas. vivera na Gália. tinha 16 anos. em poder de sua família. conforme revelação do espírito Zéfiro. o seu Espírito protetor ‘Z’ lhe dá uma comunicação toda pessoal: informa-lhe que o conheceu numa existência anterior. em dezembro de 1855.” 15 Essa afirmação é do biógrafo André Moreil. Huss foi excomungado em 1410 e queimado vivo pela Inquisição. onde se chamara Allan Kardec. e não em 1856. cesta de bico. arquivos até então desconhecidos. quando. provavelmente baseada em Henri Sausse. Allan Kardec. na livraria de Paul G. Huss teria sido a encarnação anterior de Denizard Rivail. Lá. Daí a proveniência do pseudônimo que adotou.Santos-SP . amigo de Rivail.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . Both Allan and Kardec were said to have been his names in previous incarnations” (Seu pseudônimo é originado de comunicações medianímicas.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . André MOREIL. Para ele. Jan Huss (1369-1415) foi um reformador e ativista religioso tcheco. então. O Espírito protetor lhe diz que o seu nome era. pelos nazistas na II Guerra Mundial. p. “Ora.2012 “Revelaram os espíritos que Denizard Rivail. 13 Carlos IMBASSAHY. Diz-se que Allan e Kardec foram os seus nomes em encarnações anteriores). como afirma Imbassahy. Liderou um movimento religioso baseado nas ideias do teólogo inglês John Wycliffe. Em nova encarnação fora o infortunado João Huss. Em 1925 foram transferidos para a Mansão dos Espíritas e posteriormente destruídos. p. em encarnações anteriores. Em 1921 ele esteve em Paris. conforme as declarações de Denizard Rivail acerca de sua iniciação no espiritismo. a qual se prestou com a melhor boa vontade e o mais completo desinteresse a todas as exigências dos Espíritos. posteriormente. começou a se comunicar. 17 Rivail. de Canuto ABREU. É possível.2012 A médium Ruth Celina Japhet. assim como a médium Ermance Dufaux. por mais de uma vez. juntou-se às duas irmãs Baudin 16 e participou ativamente da revisão final de O Livro dos Espíritos . por costumeira discrição.17. Denizard Rivail travou muitos diálogos com Zéfiro. em Paris. tendose feita. citada por Inardi.” A base inicial de O Livro dos Espíritos foram 50 cadernos ofertados pelo grande dramaturgo francês Victorien Sardou a Rivail. nessa explicação sobre a origem do livro. que se tornou protetor de Allan Kardec. Mais tarde os Espíritos recomendaram uma revisão completa em sessões particulares. todas as adições e correções julgadas necessárias. Na época. filhas do sr. Émile-Charles Baudin e da sra.Santos-SP . cap. quem anunciou que Rivail teria de reencarnar novamente a fim de concluir sua obra espírita.. então. Clémentine Baudin. que tanto Inardi como Moreil e Imbassahy estejam corretos.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail .Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . inclusive. o espírito Zéfiro dialogou com Rivail acerca de suas existências anteri ores. omite o nome das meninas médiuns. em 1856. Baudin. elas tinham respectivamente 15 e 18 anos. onde o espírito Zéfiro. 9 . V. em cuja residência. 16 As irmãs Baudin foram. druidisas. portanto. localizada na costa oriental da África. em uma existência anterior.. Provavelmente. Esta parte essencial do trabalho foi feita com o concurso da Senhorita Japhet. conforme revelação do espírito Zéfiro. A participação da médium Japhet. cuja boa vontade jamais nos faltou. futuro protetor de Rivail. um detalhe essencial não mencionado por ele. ao menos até 1857. O livro foi quase todo escrito por seu intermédio e em presença de numeroso público que assistia às sessões. em 1858: “Os primeiros médiuns que concorreram para o nosso trabalho foram as senhoritas B. a família Baudin realizava essas reuniões na colônia francesa da Ilha da Reunião. eram realizadas as reuniões mediúnicas. Desde 1853. ou Zephyr. A resistência de Rivail em aceitar a reencarnação certamente foi um dos motivos para que esses diálogos se repetissem e versassem sobre o mesmo tema. Ver O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária. porque eram eles que marcavam dia e hora para suas lições. De 1855 a 1857 e. As reuniões continuavam a ser realizadas na residência do sr. próxima à ilha de Madagascar. na elaboração da primeira edição de O Livro dos Espíritos. segundo revelação dos espíritos São Luís (o seu guia) e Joana D’Arc. é explicada por Rivail no primeiro número da Revista Espírita. nas quais tinha o mais vivo interesse. Foi ele. as senhoritas Julie Baudin e Caroline Baudin. mas confirmada pelo biógrafo Henri Sausse. através de vários médiuns. amigo de Rivail. as reuniões começavam com a formação de uma corrente. sob o 18 Zeus WANTUIL & Francisco THIESEN. onde presenciou vários fenômenos mediúnicos. por Saint-René Taillandier. 19 Atendendo aos pedidos do grupo. Aline Carlotti. que rodeava a médium Japhet. outros membros do grupo solicitaram a Rivail. do sr. da Academia das Ciências. foi o primeiro a informar-lhe da existência do curioso fenômeno das mesas girantes. Segundo o biógrafo Henri Sausse. principalmente dos Estados Unidos. oriunda de várias partes do mundo. do filósofo holandês Tiedeman-Marthàse e pelo grande amigo de Rivail. o editor Diddier e o pai de Victorien Sardou. Ramón de la Sagia e o sr. em 12 de junho de 1856 (ver Obras Póstumas. que seria o futuro membro da Academia Francesa. por um grupo composto de vários intelectuais.21 jovem médium. Rivail decide aceitar a tarefa de analisar os cadernos. Tierry. Sua filha. 232). sr. na Rua dos Mártires. É oportuno mencionar que a amizade de cerca de 25 anos entre ele e Carlotti pesou bastante na decisão do futuro fundador do espiritismo. ele recebeu vasta documentação relacionada aos fenômenos mediúnicos. a aptidão que faltava aos membros do grupo. p 71. O Espiritismo. Roustan. Posteriormente. conforme o padrão norte-americano.Santos-SP . e que acabou tornando-se padrão nas suas pesquisas mediúnicas. Rivail também iria adotar tal prática durante a elaboração do espiritismo. em um artigo por ele escrito e publicado no periódico londrino “The Spiritualist Newspaper”. dentre outros. guia espiritual de Rivail.20 Carlotti. sr. De início. do livreiro e editor da Academia. bem como o incentivo de sua esposa. esse círculo de experiências mediúnicas contou também com a participação de Abbé Chatel. II. Tillman. O fato se deu numa reunião realizada na casa do sr. Além de Sardou. O grupo começou suas atividades em 1849. esse grupo de intelectuais era formado pelo seu pai. A maior parte das comunicações foram obtidas por meio desse novo procedimento. Antoine Léandre Sardou. Eles se reuniam uma vez por semana na casa da médium Celina Japhet. Taillandier. aprimorada por Japhet. esta prática arcaica foi abandonada e o grupo optou pela psicografia.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . De acordo com o depoimento da médium Celina Japhet ao pesquisador russo Alexandre Aksakof. enérgico. 58. conforme a descrição de Denizard Rivail em Obras Póstumas. anteriormente anunciada por alguns espíritos. 19 20 Jacques LANTIER. São eles: René Taillandier.2012 O conteúdo dos cadernos foi obtido através de reuniões mediúnicas. que analisasse os 50 cadernos. do qual Sardou era membro e cuja médium principal era a senhorita Celina Japhet. p. p. 46. dos três Demoiselles Bauvrais. Carlotti. 18 Afirma Lantier que a fama de Rivail nos meios universitários como homem de síntese era notória. especialmente do amigo Carlotti. inicialmente sem muito interesse. Pierre-Paul Didier. em 1875. Carlotti. Além dos cadernos. confirma a sua missão. Amélie-Gabrielli Boudet. fez parte do grupo de médiuns que. Mais tarde. que havia retornado recentemente da América. o filósofo holandês Tiedeman-Manthèse. corso e de temperamento entusiasta. o professor e lexicógrafo Antoine Léandre Sardou. o sr. por iniciativa da senhora d'Abnour. Allan Kardec vol. 21 Foi através da jovem médium Aline Carlotti que O Espírito de Verdade. realizadas ao longo de cinco anos. 10 .Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . sob a forma de uma ferradura. além de Carlotti. sr. provavelmente em deze mbro de 1855. apenas de vista. o sr. em função de dificuldades financeiras. foi justamente nas reuniões realizadas na Rua dos Mártires. a afirmação do parapsicólogo e escritor Massimo Inardi de que foi através de Japhet que ele teria tido a informação acerca de sua encarnação como druida não é destituída de verdade. Neste mesmo ano Rivail passa a frequentar as reuniões mediúnicas promovidas pelo sr. quando as reuniões mediún icas passaram a ter um planejamento e controle rigoroso de Rivail. prestando serviços como guarda-livros. A fonte da afirmação de Massimo Inardi encontra-se. a menina Japhet. a informação de que Denizard Rivail teria sido um druida chamado Allan Kardec foi obtida pela revelação do espírito Zéfiro. foi neste grupo mediúnico que Rivail privou da convivência com o célebre dramaturgo. em sua residência.Santos-SP . Carlotti. E em janeiro de 1856.2012 princípio kardequiano da concordância universal. no artigo escrito pelo grande pesquisador russo dos fenômenos medianímicos. Quem apresentou a médium Japhet a Denizard Rivail foi Sardou. que viria a se tornar um importante médium nas reuniões da vindoura Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE). Grande parte do conteúdo daqueles 50 cadernos foi obtida mediante o concurso da jovem médium e sonâmbula Celine Japhet. Como vimos. Portanto. surgiu inevitavelmente a questão da encarnação do fundador do espiritismo como druida. certamente. No primeiro contato com Zéfiro. que obtinha comunicações mediúnicas por meio da cesta de bico. Aliás.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . o tema deve ter vindo à tona com mais detalhes. Alexandre Aksakof. Mas. e obviamente com a presença da sua filha. pois. e com a presença de Japhet. que ele pôde conhecer melhor o dramaturgo. res idência de outro amigo do fundador do Espiritismo. intitul ado Researches on the Historical Origin of the Reincarnation Speculations of French Spir itualists (Pesquisas Sobre a Origem Histórica das Especulações Reencarnacionistas dos 11 .Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . É possível que Denizard Rivail conhecesse Victorien Sardou anteriormente. viúvo e guarda-livros. ele trabalhou por alguns anos em um teatro. Japhet. se prestou a comunicações mediúnicas fundamentais para a elaboração do espiritismo. Roustan. URL: http://www. Kardec.2012 Espiritualistas Franceses). a revelação mediúnica da origem do pseudônimo adotado por Denizard Rivail foi obtida por ela e também pelo médium Roze. posteriormente refutadas pela médium inglesa Anna Blackwell e pelo então editor da Revista Espírita.Santos-SP .23 a despeito do boato de sua suposta desencarnação. vol. considerando-a mais como dogma do que fruto da investigação. com críticas contundentes.com 23 Segundo Aksakof. por motivos familiares. ela torna-se sonâmbula profissional e. Um destes nomes era Allan — revelado a ele pela senhora Japhet. he published his book under the names which he Espíritas.11November08. que muito auxiliou Rivail em seus trabalhos de pesquisa na Sociedade Parisiense de Estudos No original: “As he was also attached to an important journal. 24 O médium citado é M. 4 . Pierre Gaëtan Leymarie. Roze. o pesquisador russo encontra pessoalmente a médium Ruth Celina Japhet. cujo depoimento foi bastante esclarecedor ao tema que estamos analisando. Para sua grata surpresa. Aksakof. contendo o texto original e também uma tradução feita por Vital Cruvinel. 24 Isto se deu em 1856. Ele pode ser conferido no periódico londrino de estudos psíquicos Psypionner em sua edição de novembro de 2008. “Vivinha da Silva” e residindo em Paris.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . Emma Hardinge Britten. L' Univers. Segundo Celina Japhet. Japhet tinha 20 anos de idade. One of these names was Allan — a fact revealed to him by Madame Japhet. foram publicadas muitas mensagens mediúnicas por ele recebidas.” (Tradução de Vital Cruvinel). o verdadeiro nome dessa importante médium era Ruth Celina Bequet. ele [Rivail] publicou seu livro com os nomes que ele teria tido em suas duas existências anteriores.woodlandway. assim se expressa Aksakof: “Como ele [O Livro dos Espíritos] também foi anexado a um jornal importante. Na Revista Espírita. também publicou esse artigo.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . 22 No referido artigo. 12 . em 1875. URL: http://decodificando-livro-espiritos. Japhet contava com quase 40 anos de idade.pdf O blog Decodificando O Livro dos Espíritos . 25 had borne in his two previous existences.org/PDF/PP4. lançado em 1884 e disponível somente em inglês. e o outro nome. fala de Allan Kardec e do espiritismo. analisa o surgimento da teoria reencarnacionista em solo francês. Ela estava sim. originalmente publicado no periódico londrino “The Spiritualist Newspaper”. Aksakof consegue uma entrevista inédita com ela.nº 11. Nesta época. intitulado Nineteenth Century Miracles Or Spirits and Their Work in Every Country of the Earth. Ao comentar o lançamento de O Livro dos Espíritos. como se diz.blogspot. dirigido por Vital Cruvinel e Leopoldo Daré. Sob a orientação do sr. o L’Univers. foi revelado a ele pelo médium Roze.” 25 22 Esse artigo de Alexandre Aksakof foi incluído no livro da escritora norte-americana e pesquisadora do espiritualismo. and the other name of Kardec was revealed to him by the medium Roze. passa a se chamar Ruth Celina Japhet. em 18 de abril de 1997.Santos-SP . Não temos. especificamente. Revista Espírita . na falta de informações mais precisas.” 26 A tradição diz que Denizard Rivail teria sido um druida. comparada. O túmulo de Rivail foi construído no formato de um dólmen. Rivail teria tido então duas existências. cuja filosofia se assemelha à espírita. aos celtas e gauleses. Enquanto que para Anna. Esta. a questão fica. conferida. em que pesem as fontes contrárias a tal informação. o que foi dito pelo biógrafo Henry Sausse e pela médium e tradutora inglesa Anna Blackwell. Quem estará com a razão? Denizard Rivail foi um druida numa existência anterior. Os herdeiros. em sua totalidade. provavelmente um arquidruida. não é totalmente destituída de verdade. este foi o nome de um antepassado bretão da mãe do fundador do espiritismo. em aberto. na Bretanha antiga. nunca vieram a lume. e não uma como o druida Allan Kardec. monumento associado diretamente ao druidismo. segundo afirmou Sausse. revelações sobre vidas passadas. De um modo geral. 26 Allan KARDEC.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . De acordo com Japhet. Eles fornecem a informação. a nossa função. por enquanto.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . feitas pelos espíritos. fontes confirmam sua encarnação como druida. Infelizmente. viu nele “a mais perfeita expressão do caráter do homem e da obra que se tratava de simbolizar. p. Com a fundação do Museu Espírita de São Paulo. aparentemente. sem muita precisão histórica. 13 . Todavia. foi da junção do nome de duas existências anteriores de Rivail que teria surgido o nome Allan Kardec. O período em que viveu é que não sabemos. Quanto a isto parece não haver dúvida. acesso aos manuscritos de Canuto Abreu. tornar-se acessíveis. no caso das vidas passadas de Denizard Rivail. Como vimos. portanto descendente de vikings. que precisa ser analisada. uma com o nome de Allan e outra com o nome de Kardec. A comissão encarregada de erigi-lo. por enquanto. 174. Essa contradição toda. é possível que tais manuscritos possam.julho de 1869. Quem tem que se preocupar com o rigor acadêmico somos nós e não os espíritos. Por sua vez. na Gália ou. a hipótese de que ele teria tido uma encarnação como normando.2012 Esta informação contradiz. segundo a expressão de seu espírito protetor. parece que guardam a sete chaves esses preciosos e “secretos” documentos. ocorre em função da falta de documentação histórica sobre o assunto. sob a direção de sua esposa. o “chefe druida”. Zéfiro. Amélie Boudet. quase sempre se apresentam de forma nebulosa. não sabemos exatamente o motivo. como veremos a seguir. Denizard Rivail nunca esclareceu em suas obras a verdadeira origem de seu pseudônimo. jamais afirmou que teria sido um druida e nem entrou em detalhes acerca da origem do pseudônimo que adotou. Ele preferiu adotar outro nome. No entanto. mas sob o pseudônimo de Allan Kardec”. Seu primeiro biógrafo. espírito) Reza a tradição oral no espiritismo. é confirmada por vários biógrafos. 27 A reprodução desta afirmação imperativa dos espíritos. Manteve sempre a discrição. Tradução de Myrian de Domênico Rodrigues. como fazem muitos escritores. feita por quem conheceu o casal Rivail e privou de sua intimidade. logo um celta. por ela traduzido e lançado na Inglaterra em 1875. Allan Kardec: Celta ou Viking? Há no celta. ao sustentar que por ser “o seu nome muito conhecido do mundo científico. “você dará. não com seu próprio nome. o título de ‘O Livro dos Espíritos’. talvez mesmo prejudicar o êxito do empreendimento. na ausência de documentação mais precisa. científica e cultural com a então inusitada posição de investigador dos fenômenos medianímicos. A médium e tradutora inglesa Anna Blackwell (1816-1900). faz uma citação deveras interessante e esclarecedora acerca do uso do pseudônimo de Denizard Rivail: “Para o livro no qual você irá incorporar nossas instruções”. Henri Sausse. uma nota explicativa sobre a procedência bretã do nome próprio Allan Kardec. ele ado- 27 Prefácio de Anna BLACKWELL in The Spirit’s Book. por ser nosso trabalho mais do que o seu. duas origens: a origem normanda e anglo-normanda. apenas para não causar algum tipo de ambiguidade ou qualquer ambivalência. em virtude dos seus trabalhos anteriores. que seria oriundo de um antepassado bretão de sua mãe. todos os biógrafos são unânimes em afirmar que Rivail assim agiu a fim de não confundir sua notória atividade pedagógica. na fundação de uma inovadora e singular filosofia espiritualista. do ponto de vista humano. Nesta passagem há.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . confirma esta sua atitude. 14 . um nome então socialmente consagrado em toda a França. a sua personalidade como Hippolyte Léon Denizard Rivail. como vimos. de que o druida Allan Kardec era oriundo da antiga Bretanha. ao tempo do imperador romano Júlio César. de modo a preservar a sua privacidade. como lhe era habitual. no prefácio da edição inglesa de O Livro dos Espíritos. e podendo originar uma confusão. (Allan Kardec.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail .Santos-SP . que o nome Allan Kardec — pseudônimo adotado por Denizard Rivail — refere-se a um druida “bretão”. merece uma análise. Esta informação. E você o publicará.2012 4. continuaram as inteligências comunicantes. no original. Em público. Anna Blackwell não faz qualquer menção a sua possível encarnação como druida. curiosamente.Santos-SP . No original: “Quant au choix de son pseudonyme. fugidos da Ilha da Bretanha (atual Grã-Bretanha) que.. caso existisse. Biografia de Allan Kardec. em função da invasão anglo-saxônica. par les esprits. essa origem bretã do nome Allan Kardec. et que même. desta vez pelos normandos. diz ele. conhecida como parte da Armórica. URL: http://www. Il lui avait été révélé. 7. foi chefe de um clã bretão no século XII”. Cabe lembrar que a Bretanha. 29 28 29 Henri SAUSSE.” 28 Apesar da aparente imposição das “inteligências comunicantes”.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano .” In Dictionnaire des Pseudonymes. foi Rivail quem tomou essa decisão. com a geografia e não com a sua origem étnica.C. de autoria de Georges D’Heilly. era uma região da Gália antiga. relançado em 1869. os romanos conquistaram essa região seis anos depois da vitória sobre os gauleses. como sempre fez ao longo de seu trabalho de elaboração do espiritismo. que já haviam tomado a futura Normandia. dit-il. Em 58 a. que dans une incarnation bien antérieure à la vie présente il se nommait réellement ainsi. que numa encarnação bem anterior à vida presente. segundo lhe revelara o guia. Ele seria originário de algumas daquelas tribos célticas. devido obviamente aos imigrantes bretões. somente após consultar diversos espíritos. recueillis par Georges D'Heilly. o druida “bretão” Allan Kardec. Carlos III. antes da subjugação da Gália por Júlio César. em 52 a. como tal. apenas do nome e não do druida. Portanto.C. No século 10 sofre nova invasão. il avait été au XIIº siècle chef d'un clan breton. Todavia. ao contrário do biógrafo Henri Sausse. p.org/stream/dictionnairedes00heylgoog#page/n181/mode/1up 15 . chamava-se realmente assim. Quanto à origem de seu pseudônimo. Várias tribos célticas habitavam esse lugar. Tinha-lhe sido revelado.C. e também.archive.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . teria sua origem naquela região. comme tel. il en a raconté lui-même l'origine. é confirmada no Dicionário de Pseudônimos. segundo a descrição de Anna Blackwell. Ela somente passou a ter o nome de Bretanha (Britannia Minor) por volta de 500 d. aí se estabeleceram. no caso. Refere-se apenas à origem genealógica e geográfica do nome Allan Kardec. Bretão está entre aspas apenas para ressaltar que esse qualificativo. diz o verbete: “Quanto à escolha de seu pseudônimo. Denizard Rivail ainda estava encarnado. ele tivera ao tempo dos Druidas. pelos espíritos. oriunda da antiga Bretanha. tem a ver apenas com a região. região cedida a estes invasores pelo rei da França.2012 tou o alvitre de o assinar com o nome de Allan Kardec que. um território peninsular a oeste da atual França. Sobre o pseudônimo. ele próprio [Rivail] contou sua origem. não necessariamente na Bretanha. entre as neblinas melancólicas do Norte. conforme indicação de seus guias.2012 Esta informação de Rivail ter sido um bretão em alguma encarnação anterior é confirmada também por seu amigo e grande colaborador. por ocasião do aniversário de seu passamento. Alexandrina Delanne.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . ele dá o interessante testemunho: “Há ainda um outro detalhe que temos do próprio autor [Kardec]. de colaborador. a sra. 30 O verbete de Georges D’Heilly e esta referência contida no artigo de Alexandre Delanne confirmam a informação revelada por Anna Blackwell de que o nome Allan Kardec era de origem bretã. 57. lorsque tu habitais la vieille Armorique. que nous te donnons. tu l'as déjà porté très pseudonyme dant il devait signer ses écrits: dignement dans une incarnation précédente. Ainda hoje a tradição céltica paira sobre os lagos e os montes. como vemos. mas na Escócia. Gabriel Delanne. antes ou depois da imigração dos bretões? Na Escócia ou na 30 No original: “Ajou ons encore un détail que nous tenons de l'auteurméme. um dos países onde a cultura celta sobreviveu. Alexandre Delanne. 31 O desencontro de informações.” O periódico bimensal Le Spiritisme começou a ser publicado em março de 1883. cuidava da parte administrativa e das assinaturas. convém observar que esse chefe de um clã bretão não poderia ser um druida. Não se preocupe com isto. Voici de quelle maniêre on lui indiqua le “Tu prendras le nom de: Allan Kardec. 31 Léon DENIS. VI. fundou e dirigiu o periódico Le Spiritisme. No discurso na tumba de Rivail. il est le tien. O Mundo Invisível e a Guerra. quando vivia na antiga Armórica”. o filósofo espírita Léon Denis aceitava a hipótese de que Rivail teria encarnado como druida. Todavia. passou a redator da revista. 16 . Veja como ele apresenta o pseudônimo que haveria de assinar seus escritos:” “Você tomará o nome de Allan Kardec. Na edição de maio de 1888. Teria tido Rivail uma encarnação na Bretanha. Ne crains rien a ce sujet. no Père-Lachaise. quando se refere aos monumentos megalíticos. Denis afirma: “Nessas profundas fontes Allan Kardec ilustrou seu espírito e em ambientes idênticos ele outrora viveu. p. cap. que nós te damos. em função da época em que viveu. mais conhecido como o pai do grande pensador e pesquisador espírita Gabriel Delanne.Santos-SP . Talvez não na Bretanha.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . mas sim na Escócia. Junto com seu filho e esposa. tornando-se um de seus redutos culturais após a subjugação romana. você já propiciou muita dignidade em uma encarnação anterior. ele é seu. é razoavelmente grande. Por sua vez. O trabalho era feito em família. que foi médium da SPEE. em 31 de março de 1916. Alexandre Delanne também produzia artigos e sua esposa. A Escócia era habitada pela mesma raça e ali os monumentos megalíticos são numerosos. em artigo sobre a relação de Allan Kardec com o espiritismo. principalmente no caso. e não somente eles autorizaram esta medida. II. ao menos em parte. O problema mesmo é saber exatamente quando. 17 . Kardex seria. Ele hesitou em apoiar o empreendimento imaginando. como também a aprovaram”. Da mesma forma que os celtibéricos (Península Ibérica). é forçoso observar que a morfologia e a etimologia de seu nome não estão em conformidade com as línguas gaulesas. Ver Obras Póstumas . Tiedeman. a grafia provavelmente deveria ser Anam Karderix ou Alan Karderix. parte do acervo de propriedade do historiador espírita Canuto Abreu. com a só diferença de que a maior parte toma apelidos de pura fantasia. algo bastante 32 Antes de lançar a Revista Espírita. segundo o biógrafo André Moreil — destinatário desta carta. uma vez que nada faço sem lhes ouvir a opinião. A rigor. 33 Zeus WANTUIL e Francisco THIESEN. Digo mais: ele engloba todo um ensinamento cujo conhecimento por parte do público reservo me o direito de protelar. Direi primeiramente que neste assunto lancei mão de um artifício. o barão Tiedeman. que seria comprometedor ou então. Um espírito (possivelmente São Luís). sob qual nome. aconselhou Denizard Rivail a investir sozinho na primeira edição. corresponde a alguma encarnação como druida? Tudo leva a crer que não. uma vez que dentre 100 escritores há sempre 3/4 que não são conhecidos por seus nomes verdadeiros. obviamente. 32 Esta carta. no artigo analisado no capítulo anterior? Entre os estudiosos e biógrafos do fundador do espiritismo. ainda. de Allan Kardec – Minha Primeira Iniciação no Espiritismo. p.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano .2012 Gália antiga? Que duas encarnações foram aquelas reveladas por Celine Japhet a Aksakof. em diálogo obtido através da médium Ermance Defaux. já que os gauleses são uma das muitas variantes étnicas dos povos celtas. E esse nome. uma corruptela de Kardecs.Santos-SP . onde e. fosse esse nome de origem gaulesa. no caso. nas informações provavelmente passadas ao escritor Georges D’Heilly e em uma carta endereçada a seu amigo e empresário sr. E isto o fiz por diversas vezes e através de diferentes médiuns.. Allan Kardec – vol.. um fracasso editorial. 33 Supondo ainda que o druida Allan Kardec tenha existido.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . — “amigo seu e dos espíritas”. 76. Somente Denizard Rivail poderia esclarecer toda e qualquer dúvida acerca do uso de seu pseudônimo. certamente arrependido. não se concebe a dúvida de que ele tenha sido um druida. Isto ele o fez. tivesse aceitado o risco de investir no lançamento da revista. nem com as línguas protoceltas. um motivo que a tudo orienta: não tomei esta atitude sem consultar os Espíritos. em 15 de novembro de 1857. possibilitando a Rivail uma independência editorial e econômica que não seria possível caso o sr. os bretões (Bretanha francesa) e os celtas galeses (País de Gales). podendo eu reivindicá-lo como próprio em nome da Doutrina. Existe. Rivail procurou um investidor. Tiedeman. diz o seguinte: “Duas palavras ainda a propósito do pseudônimo. O lançamento do mensário foi um sucesso de vendagem. enquanto que o pseudônimo Allan Kardec guarda uma certa significação. baterista do grupo inglês de rock progressivo Yes e Alan Parsons. território francês localizado ao noroeste. quando tinha 18 anos. este nome passou a ser empregado a partir do século 9. tenha realmente sua origem no gaélico. é uma variação de Alan. consultaram linguistas e 34 O célebre escritor norte-americano Edgar Allan Poe (1809-1849) foi contemporâneo de Rivail. Alana ou mesmo Lana como de origem celta. de Portugal. Um fato irônico tanto quanto curioso. apõe-se o sufixo rix a Karde. A exemplo. tendo sido vendido ao clube Benfica. o nome Allan foi acrescentado ao patronímico do escritor. Outra origem do nome Allan seria também britânica. existiam entre os povos celtas. como nome próprio. É possível que derivem de anam. o nome original.C. também inglesa. outros falam que é de origem germânica. No céltico irlandês é rí. após a invasão da Normandia. com dois “eles”. principalmente na Escócia. o Gaulês. e seus tutores.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . teria o nome mais correto do que o próprio Kardec. que a palavra alan. mais por erro na grafia do que por rigor linguístico.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . Outro bem conhecido.34 Allan. Rivail deve ter lido seu livro Histórias Extraordinárias. essa é a que se aproxima da grafia allan. de Albert Uderzo e René Goscinny. como o do grande líder gaulês Vercingetórix. Supondo. E no caso de “Kardec”. apesar de não ser inglês. Atuou pelo Santos F. na Grã-Bretanha.Santos-SP . a palavra alan. Há várias personalidades conhecidas com o nome Allan: Alan White. que foi engenheiro de som da banda psicodélica Pink Floyd. católico. bem como de sua expressão fonética. logicamente foi herdado de seu pai. 18 . As palavras alan e alam. Rix tem correspondência com rex. Podemos observar esse fato nos personagens da história em quadrinhos Asterix. ele foi revelado pelo clube carioca Vasco da Gama em 2007.35 revelado pelo clube carioca Vasco da Gama e que atuou no Santos F. ou melhor. Eles fizeram uma ampla pesquisa. pelos seus tutores ou por ele mesmo. Segundo vários dicionários etimológicos. Justamente por isso que os nomes próprios gauleses sempre são acompanhados do sufixo rix. vertido para o francês pelo poeta Baudelaire. cujo avô paterno era espírita. Nascido em 12 de janeiro. sempre com um “ele”. também no gaélico (sublíngua céltica das Ilhas Britânicas). deveria ser então Alan.2012 improvável. que também significa rei. A consoante “k” também era usual nas línguas celtas.C. Seus temas inspirados em fatos enigmáticos e sobrenaturais certamente atraíram sua atenção. E de todas as palavras célticas. de origem escocesa. apenas com um “ele”. mais por influência dos normandos.. Anam era a palavra utilizada pelos celtas para designar alma. no latim. o jogador de futebol Alan Kardec. gaélica. Há. Karderix. Edgar Poe era órfão de pai (vivo) e mãe (morta). Curiosamente. E no caso do pseudônimo de Rivail. tinham Allan como sobrenome. pois seu nome possui somente um “ele”. em 2009. 35 O nome do jogador de futebol Alan Kardec de Souza Pereira Júnior. é o célebre poeta e escritor norte-americano Edgard Allan Poe. Tornou-se um nome bastante comum na Inglaterra e outros países do Reino Unido. é claro. entretanto. em 2011/2012. Muitos dicionários populares da origem de nomes apontam Alan. Segundo ele. Sobre o pseudônimo. parceiro de Asterix. o réu condenado. do nobre senhor. normalmente um magistrado. o sociólogo francês Jacques Lantier cita uma fonte extremamente consistente. respectivamente. em uma edição lisboeta lançada pela “Edições 70”. do duque. 38 Jacques LANTIER. obeliscos. Panorarix e Oberix. é aquele gordão que carrega menires. teve um filho que foi curado por um chefe de comunidade37 que se chamava Allan Kardec”. deveriam ser. no célebre “Processo dos Espíritas” (1875). o resultado de sua origem etimológica nos obrigaria a descartar o nome Allan Kardec como sendo de origem gaulesa ou “bretã”. Há uma tradução para o português. médium. herdeiro de Pierre-Gaëtan Leymarie. fez-me saber que possuía um documento manuscrito de Allan Kardec. Geriatrix. especialmente na Gália franca. era “a coisa do rei”.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . inspirado em Vercingetórix. 38 Este dado é corroborado pelos escritores Hubert Larcher e Patrick Ravignant. primeiro duque dos Normandos. Uma pesquisa mais rigorosa no campo da linguística diacrônica. daí o nome Obelix. Todavia. baseada nas línguas protocélticas. A começar por Asterix. já que o sufixo lix. se formos considerar outras fontes para a origem do pseudônimo de Denizard Rivail. Mesmo assim. não é usual.2012 historiadores na criação de seus personagens. Na Idade Média. na rua Saint-Jacques nº 32. 19 . Diz ele: “O Sr. era um agente do rei. nos daria uma amostragem mais precisa da arqueologia linguística desse nome. um dos pioneiros do espiritismo. Muito provavelmente. no século IX. que nomeava seus agentes feudais para administrá-la.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . O chefe de comunidade (chef de la communauté). Leymarie era filho de Pierre-Gaëtan Leymarie (1827-1901). os autores preferiram Obelix. editor e livreiro. Paul Leymarie. onde afirmam que “os espíritos levaram-no [Rivail] a 36 Paul G. uma espécie de ministro ou secretário de Estado. na Roma antiga). do gaulês e do gaélico. em sua obra Os Domínios da Parapsicologia. Isto pode ser conferido em seu interessante livro Le Spiritism (O Espiritismo). O Espiritismo. 62. (grifo meu). o druida) e Obelix. Esse personagem. p. no qual este explica a “verdadeira” origem do seu pseudônimo: Rollon.36 o qual conheceu pessoalmente. de 1971. este estudo ganha outros contornos. Panoramix (do francês panoramique. Leymarie. líder espírita e grande amigo de Denizard Rivail. como final patronímico. 37 A separação entre público e privado só viria a se solidificar com o advento da burguesia. amiúde versado em várias áreas do conhecimento. Temos também o bardo Chatotorix e o mais idoso do clã. que depois do passamento do mestre lionês. a coisa pública (o publicus. até hoje inédito. em 1980. possuía um manuscrito de Rivail onde este esclarece a origem do nome Allan Kardec. o “senhor de um lugar”. Esta obra nos traz informações novas acerca da história do espiritismo europeu. assumiu a gerência da Revista Espírita e tornou-se o personagem central.Santos-SP . Esta informação consta da nota 58 do cap. Os autores.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . Com o advento do cristianismo. Leymarie e os documentos de Rivail. no século 9 não existiam mais druidas na Europa Central. item 11 do volume II da biografia Allan Kardec. Na região irlandesa. tomou o nome Allan Kardec de um antepassado bretão de sua 39 40 Hubert LARCHER & Patrick RAVIGNANT. publicaram apenas esse pequeno trecho do manuscrito. dentre outros. que passou para a história como um rei fracote e conciliador. países que se tornaram redutos celtas depois de Júlio César ter subjugado os gauleses e destroçado sua cultura. I.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . de po uca fibra. inexplicavelmente. certamente. 122. 20 . também viking. Esse documento de Paul Leymarie. Kardec. Carlos III era um monarca entreguista. convertido ao cristianismo como parte deste acordo com Carlos III. cuja totalidade desconhecemos. provavelmente o historiador espírita Canuto Abreu copiou.Santos-SP . povo pagão segundo os cânones da Igreja Católica. nem na Bretanha. e companheiro do chefe Rolão”. no País de Gales ou mesmo na Escócia. como se deu o contato pessoal com Paul G. mas talvez na Irlanda. nórdico. o grande líder saxão ou o lendário viking Eric. normanda. lançada pela FEB em três volumes. foram varridos do mapa. o Simples. pois devido ao pavor em ver a França invadida pelos bárbaros. os cristãos dizimaram ou assimilaram ao longo do tempo. de origem viking. o Vermelho. como ele mesmo declarou a Francisco Thiesen. pela grafia e fonética. É possível que o fundador do espiritismo tenha criado esse pseudônimo da junção de Allan. da língua nórdica. com Kardec. que invadiu a França. de Zeus Wantuil e Francisco Thiesen. muito menos em toda a França. Provavelmente nunca existiu um druida com este nome. A história diz que a região da Normandia foi cedida em 911 pelo então rei Carlos III. O que sobrou dessa esplendorosa cultura. já que os normandos eram um povo bárbaro. Se houvesse algum. o que parece ser mais provável. não seria nessa região. 40 Tal fato nos leva a outras considerações. Isto significa que Allan Kardec não é o nome de um druida. os celtas. p. fez acordo com um deles: Rollon. em um acordo vergonhoso. alterado e derivado do gaélico. aproxima-se mais das línguas nórdicas. O nome próprio Kardec é. 39 Ora. Ou então. confirmando assim a declaração da médium Japhet. Os Domínios da Parapsicologia.2012 escrever um livro no qual apôs a assinatura de ‘Allan Kardec’ – nome de um dos seus antepassados. muitos druidas foram forçados a se converter ao cristianismo e tornaram-se monges cristãos. Canuto Abreu explica. de origem viking. de 1975 a 1990. através de carta a Francisco Thiesen. Daí a origem do nome do território da Normandia. como os nomes Cerdic. que passou a ser administrada pelo líder normando Rollon ou Rolão. que foi presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB). Mensagens Devidas aos Invisíveis. 41 O argumento de autoridade. Por conseguinte. histórico. um fato que merece ser considerado é o da conquista da Inglaterra.2012 mãe. a tese de que Allan Kardec tenha sido o nome de algum druida cai definitivamente por terra. Ele tornou-se rei da Inglaterra e inaugurou uma dinastia vinculada genealogicamente aos vikings normandos. de argumentum magister dixit ou argumentum ad verecundiam.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . tanto quanto da cultura inglesa. druidisas (ou druidesas). Se for comprovada a existência histórica daquele “chefe de comunidade”. sem sombra de dúvida. o espírito Zéfiro. É um componente histórico que confirma o surgimento do nome Allan na terra dos bretões (atual Grã-Bretanha). em função das fontes existentes.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . Isto não quer dizer que Denizard Rivail não tenha sido um druida. num processo definidor do futuro idioma inglês. Rivail e Léon Denis foram druidas. Trata-se da mensagem nº 4. cujo conteúdo é uma enquete a ele proposta por Léon Denis. houve com isto uma natural predominância da cultura normanda e o surgimento. linguístico e. em filosofia e na jurisprudência. cap. Esta hipótese conclusiva confirma a epígrafe42 deste capítulo. Ela não se fundamenta em fatos. segundo Georges D’Heilly. É oportuno reafirmar que em existências anteriores. portanto vikings. Os normandos assimilaram o idioma francês e o levaram ao novo país conquistado. é a proposição de uma suposta verdade. como chefe de comunidade no século 9. Com a consequente decadência da cultura anglo-saxônica.Santos-SP . por Guilherme. a concluir em definitivo que o nome Allan Kardec nunca poderia ser estritamente de origem céltico-gaulesa. bem como pelo chamado argumento de autoridade 41 de seus biógrafos. segundo biógrafos e pesquisadores da história do espiritismo. e segundo Lantier. ao todo). Isto nos leva. 21 . nas artes e em toda a produção cultural. A autenticidade desta e de outras mensagens mediúnicas. Neste contexto. segundo Georges D’Heilly. advindo das tradições nórdicas. no caso. XIII. ditadas pelo espírito do fundador do espiritismo (treze. intitulada Celtas e Atlantas. quando explica que a fonte mediúnica era “uma pequena criança procedente de pais modestos. o Conquistador. tanto pela morfologia como pela sua etimologia. Ver O Gênio Céltico e o Mundo Invisível. como chefe de um clã bretão no século 12. Trata-se de um nome de origem normanda ou anglo-normanda. tanto quanto pela similaridade filosófica que há entre o espiritismo e o celtismo. em 22 de maio de 1926. baseada na credibilidade do autor. Esse antepassado teria sido ele mesmo. é quase impossível que tenha existido algum druida na face da Terra com o nome Allan Kardec. em 1066. bisneto de Rollon. As consequências culturais deste fato histórico se deram primeiramente na língua. do ponto de vista etimológico. são confirmadas por Denis. conforme a citação de Lantier ou mesmo do “chefe do clã bretão”. tudo ignorando sobre o espiritismo”. É denominada. em latim. do que se convencionou chamar de cultura anglonormanda. mas na opinião e na declaração de alguém considerado probo e acima de qualquer suspeita. 42 Essa epígrafe foi extraída de uma mensagem psicofônica atribuída ao espírito de Allan Kardec. e as irmãs Baudin e Ermance Dufaux. ele adotou o alvitre de o assinar com o nome de Allan Kardec que. Ele usava. talvez mesmo prejudicar o êxito do empreendimento. também. para as respostas. 22 . se com o seu nome — Denizard-Hippolyte-Léon Rivail. o autor ficou muito embaraçado em resolver como o assinaria. então. tê-lo conhecido em uma existência anterior.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . quando vivia na antiga Armórica. as fontes primárias disponíveis. ambos viviam nas Gálias. segundo lhe revelara o guia.Santos-SP . como continuamente aumentava a amizade que lhe guardara. Armórica era o nome de uma região da lendária Gália. o leitor poderá apreciar a seguir um panorama das fontes existentes. procedentes dos mais diversos pontos. quando.” “Assim. se deu a respeito do seu pseudônimo. localizada a oeste da atual França. que nós te damos. em frente. em duas colunas. você já propiciou muita dignidade em uma encarnação anterior. vieram reafirmar e corroborar a primeira comunicação obtida a esse respeito.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . ou com um pseudônimo. “Esse livro [O Livro dos Espíritos] era em formato grande. 43 Na Antiguidade. esse Espírito prometia-lhe auxiliá-lo na tarefa importantíssima a que ele era solicitado. em virtude dos seus trabalhos anteriores. seu Espírito protetor deu-lhe uma comunicação toda pessoal. maio de 1888 – grifo meu).2012 5. ele é seu. Não se preocupe com isto. Numerosas comunicações. uma para as perguntas e outra.” 43 (Le Spiritism. e que com muita facilidade empreenderia”. ele tivera ao tempo dos Druidas. Henri Sausse “Uma noite. território dos celtas gauleses. tradução de Torrieri Guimarães – grifo meu).” (Biografia de Allan Kardec . Alexandre Delanne “Há ainda um outro detalhe que temos do próprio autor [Kardec]. em que lhe dizia. através de um médium. e podendo originar uma confusão.Lake. de permeio a outras coisas. ao tempo dos Druidas. Sendo o seu nome muito conhecido do mundo científico. Veja como ele apresenta o pseudônimo que haveria de assinar seus escritos: Você tomará o nome de Allan Kardec. No momento de publicá-lo. As Fontes Disponíveis A fim de facilitar o entendimento. in-4. o nome de Allan Kardec e. que incluía a península da Bretanha. prezado filho’. no tempo de Júlio CÉSAR.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . mas antes na Escócia. a um verdadeiro pontífice. três vezes salve!’. Nosso Guia os recebeu amistosamente. caro Pontífice. Léon Denis (1846-1927). todos rimos..Processo dos Espíritas . ZEPHYR estava pilheriando. cap. pois RIVAIL havia sido.” 23 . tudo. (Mme. Léon Denis O continuador da obra kardequiana. respondeu ter feito uma saudação respeitosa. que voltou a esta Gália para despertar a fé extinta e fazer reviver nas almas o sentimento da imortalidade.FEB).Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . Leymarie . até este dólmen erigido no seu túmulo por sua expressa vontade. foi com meios idênticos que ele viveu outrora. Papai. Não na Bretanha.) Até o nome de Allan Kardec. Nova risada geral. que escolheu. saudando o professor com estas palavras: — ‘Salve.Santos-SP . Em resposta à insinuação do promotor público de que Rivail teria retirado o pseudônimo Allan Kardec de um manual de magia negra. Meu marido jamais pilhou coisa alguma”.Ed. O próprio D enis considerava-se um druida reencarnado. explicou ao Professor o costume do Espírito Familiar apelidar quase todos os visitantes. a saudação. lembra o homem do visco do carvalho.” (O Mundo Invisível e a Guerra. sustenta que Allan Kardec não teria encarnado como druida na Bretanha. então. Para nós.. Silvino Canuto Abreu “Uma noite veio o Professor com Madame RIVAIL. O senhor RIVAIL não se agastou e respondeu ao Guia.” “(. ZEPHYR. CELD). mas sim na Escócia.2012 Amélie Boudet “— Todos os literatos – responde Madame Kardec – adotam pseudônimos. digo eu. porém.” “Kardec ali aprendeu a filosofia dos Druidas. chamado por Arthur Conan Doyle de “O Druida de Lorena”: “Foi nessas profundas fontes que Allan Kardec ilustrara seu espírito. em voz alta. VI . talvez. um chefe druídico. sorrindo — ‘Minha bênção apostólica. Lida. segundo a indicação de seus guias. preparava-se no estudo e na meditação para as grandes empresas futuras. LFU – grifo meu). onde critica a formulação do conceito de reencarnação na França. Kardec. ele próprio [Rivail] contou sua origem. Roze. Tradução de Vital Cruvinel – grifo meu).Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . 7 [1869]. foi revelado a ele pelo médium Roze. ele publicou seu livro com os nomes que teria tido em suas duas existências anteriores.” (Dictionnaire des Pseudonymes. disse-nos ZEPHYR: — Vocês irão brevemente para Paris. procurarei contato com um velho amigo e chefe desde o ‘nosso’ tempo de Druidas. republicado em 1869: “Quanto à escolha de seu pseudônimo. O médium citado.” (O Livro dos Espíritos e Sua Tradição Histórica e Lendária . artigo originalmente publicado no periódico londrino “The Spiritualist Newspaper”. tradução de Eugenio Lara).Santos-SP . com adições e correções nos originais da primeira obra espírita: “Como ele [Rivail] também estava vinculado a um jornal importante. médium colaboradora de Kardec. Tinha-lhe sido revelado. e o outro nome. recueillis par Georges D’Heilly. como tal. Emile entrará na Escola Naval. encontrarão seus noivos. Editado por ocasião do lançamento da tradução inglesa de O Livro dos Espíritos.Ed. Pierre Gaëtan Leymarie e Anna Blackwell contestaram Aksakof de forma contundente. p. ZEPHYR. por Anna Blackwell.. que numa encarnação bem anterior à vida presente. BAUDIN arrumará os seus negócios. o artigo causou. o L’Univers.2012 “— UMA NOITE. era membro da SPEE e a médium Celina Japhet colaborou na revisão completa. e também.” (Pesquisas Sobre a Origem Histórica das Especulações Reencarnacionistas dos Espiritualistas Franceses. foi chefe de um clã bretão no século XII. Um destes nomes era Allan — revelado a ele pela senhora Japhet. e eu.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . diz ele.. em 1875. INESPERADAMENTE. 24 . chamava-se realmente assim. Caroline e Julie tomarão professoras mais competentes e. o pesquisador russo Alexandre Aksakof (1832-1903) publica um artigo em 1875. Georges D’Heilly O escritor francês Georges D’Heilly afirma que o próprio Rivail revelou a origem de seu codinome em seu livro Dicionário de Pseudônimos. Alexandre Aksakof A partir de depoimentos pessoais de Ruth Celina Japhet. muita celeuma. pelos espíritos. na época. (Prefácio à tradução inglesa. Pelo fato de seu nome civil ser muito notório e reconhecido nos meios culturais e científicos franceses. o fundador do espiritismo sempre foi bastante discreto quanto à sua origem. Boa parte do patrimônio kardequiano encontra-se em poder da família de Canuto Abreu. localizado na Lapa. o fundador do Espiritismo preferiu assinar com outro nome. não com seu próprio nome. para todos os trabalhos que você terá no desempenho da missão que. mas tome e guarde o nome que agora lhe demos para o livro que você irá publicar sob nossa ordem. temos acesso a uma carta de Rivail ao barão e empresário Tiedeman. a exemplo de escritores e literatos. de Anna Blackwell em The Spirit’s Book . lhe foi confiada pela Providência e que será gradualmente aberto a você na medida em que prosseguir nele. (*) “Um antigo nome Bretão da família de sua mãe”. mas sob o pseudônimo de Allan Kardec (*). Grande São Paulo. como já dissemos. fundado e dirigido por Paulo Toledo Machado. doado pela família. E como sempre fazia. seu guia espiritual.Santos-SP . sob nossa orientação”. “amigo seu e dos espíritas”.2012 Anna Blackwell “E você o publicará [ O Livro dos Espíritos]. consultou os espíritos. a fim de não causar confusão. O Museu Espírita de São Paulo. No entanto. uma vez que dentre 100 escritores há sempre ¾ que 25 . segundo o biógrafo André Moreil.FEB. o que não foi destruído também não é divulgado. certamente seu espírito protetor Zéfiro e O Espírito de Verdade. O ideal mesmo seria termos acesso à correspondência e manuscritos de Rivail. tradução de Myrian de Domênico Rodrigues).Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . um pseudônimo. Como vimos. Do acervo. que hesitou em investir no projeto da Revista Espírita: “Duas palavras ainda a propósito do pseudônimo.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . expõe uma pequena parte desse patrimônio. Entretanto. e em geral. Allan Kardec Não haveria fonte mais convincente do que ouvir do próprio Denizard Rivail o que ele teria a dizer sobre seu pseudônimo. Todos os biógrafos de Kardec são unânimes quanto a esse seu procedimento básico. Guarde seu próprio nome Rivail para seus próprios livros já publicados. Direi primeiramente que neste assunto lancei mão de um artifício. nada consta em sua obra publicada. Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano .Santos-SP .Edições 70 – grifo meu). Jacques Lantier O sociólogo francês realizou.. um motivo que a tudo orienta: não tomei esta atitude sem consultar os Espíritos. Em nova encarnação fora o infortunado Jean Huss. E isto o fiz por diversas vezes e através de diferentes médiuns. vivera na Gália. até hoje inédito. ainda. 76). com a só diferença de que a maior parte toma apelidos de pura fantasia.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . . um dos pioneiros do espiritismo. onde cita trecho de uma carta redigida por Allan Kardec sobre seu pseudônimo: “O Sr. no qual este explica a “verdadeira” origem do seu pseudônimo: Rollon. o qual teve acesso. 71. Leymarie. fez-me saber que possuía um documento manuscrito de Allan Kardec. Daí a proveniência do pseudônimo que adotou. no século IX. Allan Kardec . herdeiro de PierreGaëtan Leymarie. Digo mais: ele engloba todo um ensinamento cujo conhecimento por parte do público reservo-me o direito de protelar. a última por psicografia de Ermance Dufaux. não por ser uma fonte primária. como também a aprovaram. editor e livreiro. em 1971. ambas por via medianímica: a primeira pela cestinha escrevente de Baudin. em encarnações anteriores. Existe. podendo eu reivindicá-lo como próprio em nome da Doutrina.2012 não são conhecidos por seus nomes verdadeiros. na rua Saint-Jacques nº 32. um interessante e abrangente estudo históricosociológico sobre o Espiritismo. p. que corrobora a existência do misterioso acervo kardequiano. enquanto que o pseudônimo Allan Kardec guarda uma certa significação.” (Zeus WANTUIL e Francisco THIESEN. uma vez que nada faço sem lhes ouvir a opinião. II. em função da amizade com Canuto Abreu: “Revelaram os Espíritos que Denizard Rivail. Carlos Imbassahy Citamos o grande escritor espírita brasileiro Carlos Imbassahy (1883-1969). como um argumento de autoridade. A notícia de que Allan Kardec tivera uma existência ao tempo de Júlio César data de 1856 e a de ter sido Jean Huss veio em 1857. p. e não somente eles autorizaram esta medida.. (O Espiritismo. onde se chamara Allan Kardec.vol. mas porque seu depoimento é imprescindível neste caso.” 26 . com a médium Caroline. teve um filho que foi curado por um chefe de comunidade que se chamava Allan Kardec. primeiro duque dos Normandos. onde os alemães.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano .” “Zéfiro teria contado que. Rodrigues Finalizamos as citações e este ensaio com o escritor espírita capixaba Wallace Leal Valentin Rodrigues (1924-1988). — talvez o 27 . Era um sacerdote druida do culto ao carvalho. quando o professor Rivail fora um druida.Ed. Canuto Abreu – estavam. como Allan Kardec. Wallace Leal V. “Seu pseudônimo é originado de comunicações medianímicas. onde estão fechados em caixa-forte. das quais as perguntas do professor Rivail e as respostas e explicações dos espíritos superiores.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . documentos e manuscritos de Denizard Rivail que nunca foram divulgados. em 1921. em Paris. pois a entidade era uma das mais expeditas no assessoramento às sessões. — seu relógio de bolso etc. A sugestão foi acatada.” “Mas. Depois foram levados. Outros ficaram com o sr. No correr do Congresso Espírita de 1925. reafirmando o argumento de autoridade quanto à veracidade da existência de objetos. Consta que parte deles veio ter ao Brasil. decorrida nas Gálias.Santos-SP . Esses papéis não foram publicados. deram nascimento ao conjunto de obras de onde nasceu o Espiritismo. sabe-se que muito mais o espírito Zéfiro narrou a Kardec.2012 “As fontes preciosíssimas – esclarece o Dr. onde ele as copiara na sua quase totalidade. o conhecera na encarnação em que assim se chamara. o professor vivera ao tempo da invasão das Gálias por César. Diz-se que Allan e Kardec foram os seus nomes em encarnações anteriores. recentemente vendida.” Carlos Imbassahy ainda cita uma enciclopédia inglesa que consideramos oportuno transcrever: “His pseudonym originated in mediumistic communications. “Todos sabem que foi Zéfiro. Leymarie. um dos espíritos-protetores do professor Rivail. Passaram em 1925 para o arquivo da Maison des Spirites. Ele. que corrobora as afirmações de Carlos Imbassahy. com alguns pertences de Kardec. — mais particularmente em sua livraria.” (A Missão de Allan Kardec . quem lhe sugeriu a adoção do pseudônimo de Allan Kardec. FEP). Zéfiro. — para a Maison des Spirites. na Livraria de Leymarie. durante a invasão de Paris. as destruíram em 1940. — do qual vou me ocupar nesta tomada de vista. Both Allan and Kardec were said to have been his names in previous incarnations”. além dessa sugestão. sei (por haver encontrado na estante de Cairbar Schutel uma relação do que estava exposto) que esse relógio. 1ª ed. Allan Kardec. São Paulo-SP. artigo in Abertura . . 7ª ed. Paris foi ocupada pelos nazistas e as portas da Maison foram abertas a fim de que soldados ali se abrigassem. Rio de Janeiro-RJ. Compreende-se que os alemães tenham alimentado as lareiras da Maison com os livros de sua biblioteca.Santos-SP . L. Répertoire du Spiritisme. Rio de Janeiro-RJ. AKSAKOF. Uma Luz Sobre Avallon . 1ª ed. França [1888]. Arthur Conan. URL: http://www. Júlio. 2ª ed.artigo in “Anuário Espírita 1973”). Pensamento [1993]. 2ª ed. 1ª edição digital do site PENSE.” “A Maison fora pillé pelos alemães. DOYLE. Londres. São Paulo-SP [2000]. Editora Abril.” (João Huss na História do Espiritismo . Mercuryo [1994]. Rio de Janeiro-RJ. Rio de Janeiro-RJ. Depois veio a Segunda Grande Guerra. Maria Raquel dos Santos. Anna Blackwell . Léon. 1ª ed. Biografia de Allan Kardec. 28 . História do Espiritismo. Edições CELD [1995]. Edições LFU [1996]. GOIDA. J. trad. FERNANDES. outros objetos e papéis.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . março de 2008. trad. Silvino Canuto. GRAIEB Carlos. ABREU Fº. DENIS. Researches on the Historical Origin of the Reincarnation Speculations of French Spiritualists. DUMAS. artigo in The Spiritualist Newspaper.pdf . maio de 1888 – Paris. sua Vida e sua Obra. O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária . Inglaterra [1875]. edição 1657. outubro. Bibliografia ABREU. DELANNE. Alexandre. GRIJÓ.Jornal de Cultura Espírita.Último acesso em 6 de julho de 2012. Gláucio Coelho.com/pense/down/ANDRE_DUMAS__Allan_Kardec_Sua_Vida_e_Sua_Obra_-_PENSE. Edições CELD [1995]. BARROS. Kardec.Celtas & Druidas. São Vicente-SP [2009].Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . Rio de Janeiro-RJ. trad. O Gênio Céltico e o Mundo Invisível. P. ainda existiam e eram conservados.artigo in revista Reformador. Júlio Abreu Fº. Translator's Preface. trad. in Principiante Espírita. Comment Allan-Kardec . São Paulo-SP. Porto Alegre-RS. André.2012 mais importante da História do Espiritismo. 5ª ed. 1ª ed. FEB [1978]. Enciclopédia dos Quadrinhos. tudo isto fica para o pesquisador que chegar a Paris com tempo e dinheiro para as buscas necessárias. FEB [1986]. Washington Luiz. Todavia. Alexandre. Myrian de Domênico Rodrigues. Sujeito Oculto. L&PM [1990].viasantos. O Pensamento [1960]. Anna. O Mundo Invisível e a Guerra. in The Spirits'Book. trad. Maria Nazareth Alvim de. 1ª ed. São Paulo-SP. Cícero Pimentel. 12/07/2000. artigo in revista Veja. Santos-SP . artigo in Le Spiritisme. CROUZET. José Jorge. BLACKWELL. Os Druidas e o Espiritismo. São Paulo-SP. FEB [2008].Licespe [1995]. mas é incrível que as preciosidades ali existentes tenham sido largadas para trás.fut amené à s'occuper de spiritisme. FEB [1982]. nº 2178. 18/06/2009. Clóvis. 1ª ed. Canuto Abreu. Francisco. São Paulo-SP. João Huss na História do Espiritismo. Allan Kardec (o Druida Reencarnado). Órgão do Instituto de Difusão Espírita de Araras-SP. Biografia de Allan Kardec. São Paulo-SP.Edições 70 [1972]. A História da Parapsicologia. LAKE [1979]. Revista Espírita . Os Druidas. Eugenio. artigo in edição nº 89 do jornal bimensal A Voz do Espírito. Os Domínios da Parapsicologia – 1ª ed. artigo in Jus Navigandi. Rio de Janeiro-RJ. trad. 1ª ed. São Paulo . MONTEIRO. Ed. Evandro Noleto Bezerra. introdução e notas de José Herculano Pires. POWEL. H. São Paulo-SP. Índice Geral Remissivo da Revista Espírita. QUINTELLA. trad. 1ª ed. Wallace Leal Valentin. Vida e Obra de Allan Kardec. Henri. trad. Lisboa. trad. António José Massano. Margarida Schiappa e Francisco Agarez. O Nome Civil da Pessoa Natural . Patrick. Le Livre des Esprits. 3 vols. André. Miguel Maillet. Allan Kardec . RUTHERFORD. trad.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail . 2ª ed. Rio de Janeiro-RJ. A. 1ª ed. Le Livre des Esprits. trad. Edicel [1977]. KARDEC. 1ª ed. Edições CELD [1989]. IDE . T.SP Ed. Masdras [2003]. Gaston. Eldorado/EME [1996]. 1ª ed. Miguel. trad.br/revista/texto/13015 Último acesso em 6 de julho de 2012. Allan. Union Spirite Française et Francophone [1860]. Obras Póstumas. O Espiritismo. 1ª ed. D'Arbois de . Mauro. Portugal . trad. MOREIL. O Primeiro Livro dos Espíritos de Allan Kardec. Historia Mundi. Rio de Janeiro-RJ. vol. págs. Capivari-SP. E. Editorial Verbo [1965]. artigo in Anuário Espírita 1973. janeiro/fevereiro [1998]. Lisboa.ano X . INARDI. Portugal. . 2ª ed. São Paulo-SP. LARCHER. trad. 2ª ed. o Chefe Druida. Ed. Santos-SP. trad. Lisboa. Júlio Abreu Filho.J. Jacques.2012 GRISOLIA. MENDES. 1ª ed. . Eduardo Carvalho.Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano .Edições 70 [1979]. col. Ribeiro. Torrieri Guimarães. 2ª ed.Santos-SP .Os Druidas: Os Deuses Celtas com Formas de Animais. . 12 vols. . 2ª ed. Companhia Editora Ismael [1957]. trad. trad. Paris-França. . Paris-França. G. Allan Kardec. 1ª ed. 1ª ed. 75 a 85. À Guisa de Introdução: Os Celtas e o Espiritismo in Anais do V Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita. WANTUIL. 4ª ed.Jornal de Estudos Psicológicos. 1ª ed.nº 10. Rio de Janeiro-RJ. Lisboa-Portugal. o Apóstolo do Espiritismo . São Paulo-SP. Licespe [1997]. Ed. José Jorge. JUBAINVILLE. Zeus.com. LANTIER. Massimo. 1ª ed. FEB [1978]. LAKE [1975]. URL: http://jus. 1ª ed. Os Celtas. São Paulo-SP. Rodrigo Machado. 29 . Edicel [1985].Pesquisa Bibliográfica e Ensaios de Interpretação. Zeus e THIESEN.P. As Mesas Girantes e o Espiritismo. Edições 70 [1980]. ano 14. Hubert & RAVIGNANT. SAUSSE. Dentu Librarie [1857]. 1.Direito da Personalidade e Hipóteses de Retificação . Teresina-PI. São Paulo-SP. Sylvia Mele Pereira da Silva. Julia Vidili. LUCE. Pensamento [1956]. trad. José Antonio Ceschin. WANTUIL. Portugal . Léon Denis. LARA. O Livro dos Espíritos. Ward. Mercuryo [1992]. FEB [2004]. RODRIGUES. França . Libraire-Éditeur.s/ed. França . Archéologie celtique et gauloise .woodlandway. Fontemoing [1899]. Dictionnaire des Pseudonymes. DOTTIN.houseofnames. JUBAINVILLE. D'HEILLY. de Santos-SP. Théodore Hersart de La.com URL: http://www. França . Paris. La Religion des Celtes . Os Celtas e o Espiritismo. VILLEMARQUÉ.org URL: http://decodificando-livro-espiritos.s/ed.org ● House of Names – Dicionário etimológico ● Psypionner . LE SAINT. 2ª ed. Cours de Littérature Celtique . Paris.net ● Behind the Name .com URL: http://www. PELLOUTIER. Alahate Paris. Histoire des Celtes. 2ª ed.Grupo de Estudos Celtas e Germânicos URL: http://www.Pensamento Social Espírita [www.fr BERTRAND. Eugéne Ardant .Librairie Bloud & Cie. s/ed. arquiteto e designer gráfico.com/pense]. expositor do ICKS .s/ed.1ª ed.Pensamento Social Espírita URL: http://www. Georges. França [1740].França [1847].com 30 .cpdocespirita. Articulista dos jornais Opinião.Sobre o Pseudônimo de Denizard Rivail .Eugenio Lara XXI Congresso Espírita Pan-Americano . França .Librairie Acadêmique [1876]. de Porto Alegre-RS e do jornal de cultura espírita Abertura. Salomon.bnf.viasantos.cjb. Dans les Valles du Pô et du Danube . Alexandre e REINACH.brathair. H.com. et particulierement des Gaulois et des Germains.Centro de Pesquisa e Documentação Espírita [www.blogspot. de Santos-SP.A Enciclopédia Livre URL: http://wikipedia.Les Celtes et L'Expansion Celtique Jusqu'a L'Époque de la Tène .Instituto Cultural Kardecista de Santos e do Centro Espírita Allan Kardec. Paris. Sites Consultados ● Brathair .br].La Renaissance du Livre [1932]. E-mail: eugenlara@hotmail. Paris . reside em São Vicente-SP. [1904].ed.revista de estudos psíquicos in Woodlands Sanctuary Foundation ● PENSE . Alexandre. Paris. Libraire de la Société des Gens de Lettres . 1ª ed. HUBERT.URL: http://gallica.La Civilisation des Celtes et Celle de l'Epopée Homérique .The Etymology and History of First Names URL: http://www.2012 Edições Digitais da Biblioteca Nacional da França .França [1883]. d'Arbois de. L. Milenarismo e Espiritismo.com/pense ● Decodificando O Livro dos Espíritos ● Wikipédia . Amélie Boudet. BERTRAND. Ernest Leroux [1894].Santos-SP . uma Mulher de Verdade .A. La Bretagne Ancienne et Moderne.com Eugenio Lara. Dentu.mémoires et documents relatifs aux premiers temps de notre histoire nationale. Prud'Homme. Simon. Limoges Ed. membro-fundador do CPDoc .behindthename. E.viasantos. é autor dos seguintes livros em edição digital: Racismo e Espiritismo. Henri . Fundador e editor do site PENSE . Georges. L.Paris-França [1869]. Paris. França . Essai Sur L'Histoire de la Langue Bretonne des Idiomes Bretons et Gaëls .Ensaio Biográfico e Conceito Espírita de Evolução.1ª ed. Les Celtes.
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.