LARA Eugenio - Anaílise Interpretativa do Prolegomenos de O Livro dos Esp¡ritos - XXI Congresso da CEPA

April 4, 2018 | Author: Eugenio Lara | Category: Spiritism, Book Of Genesis, Printing, Citation, Wine


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XXI Congresso Espírita Pan-americanoSantos-SP – Brasil – 5 a 9 de setembro de 2012 Análise Interpretativa do PROLEGÔMENOS de O Livro dos Espíritos Eugenio Lara Julho de 2012 1. PALAVRAS INICIAIS Eu sou a videira verdadeira e meu Pai, o viticultor. (João 15:1). No início dos anos 1980, em um dos polêmicos e agradáveis debates doutrinários com um amigo e companheiro espírita vinculado à Aliança Espírita Evangélica,1 discutíamos a simbologia existente nos cultos religiosos e esotéricos, especialmente o trevo, símbolo usado na lapela pelos dirigentes da Aliança para se identificarem. Em resposta às minhas críticas a esse estranho hábito no meio espírita, o companheiro referiu -se ao símbolo do espiritismo, a cepa, como exemplo de que há também uma simbologia adotada pelos espíritos, o que justificaria o procedimento da Aliança. O argumento não me pareceu convincente, mantive-me contrário ao uso de simbologia no espiritismo, mas o fato citado despertou meu olhar para detalhes e diversos significados contidos no Prolegômenos que ainda não havia percebido. Desde então, comecei a reler e a buscar nesse texto, dentre outros, vários aspectos interpretativos, detalhes aparentemente insignificantes, mas prenhes de significado. Mais ou menos nessa época, quando tomei contato com a 1ª edição de O Livro dos Espíritos, passei a compará-la com a 2ª edição definitiva. Isso abriu um grande leque de descobertas e reflexões, o que resultou para mim, a partir da leitura comparativa, numa grande surpresa ao perceber que o papel de Allan Kardec, na estruturação da doutrina espírita, fora muito maior do que eu pudera imaginar. O presente ensaio é, portanto, o resultado desse estudo analítico, interpretativo e dirigido de um dos textos mais importantes da história do espiritismo: o Prolegômenos. Com título estranho, aparentemente arcaico e numa linguagem elegante, doutrinária em tom solene, esse texto representa algo mais do que apenas o prólogo de transição entre a introdução e os capítulos do livro síntese da filosofia espírita. Pois é justamente esse “algo mais”, contido naquele singelo texto, que o presente ensaio pretende abordar — sem receio de errar ou mesmo delirar, tanto na interpretação comparativa de seu conteúdo como nos aspectos formais. De todo modo, se esse modesto ensaio servir para que os espíritas iniciantes e simpatizantes do espiritismo despertem o seu interesse em conhecer esse texto-síntese, ele terá atingido seu objetivo. 1 De orientação religiosa, a Aliança Espírita Evangélica - Fraternidade dos Discípulos de Jesus, fundada em 1973 pelo escritor e líder espírita Edgar Armond (1894-1982), é uma dissidência da Federação Espírita do Estado de São Paulo (Feesp). 2. O ESPÍRITO DA FILOSOFIA ESPÍRITA Identificamos n’O Livro dos Espíritos uma concepção de Deus não-antropomórfica que divide o espaço com uma visão próxima da teologia cristã. O livro começa com uma concepção de Deus radicalmente contrária a essa teologia. Deus não é um ser, esse é o pressuposto básico. Na primeira questão, Rivail não pergunta “quem é Deus”, mas sim, “o que é Deus”.2 Todavia, nas Leis Morais e mesmo na exposição de seus supostos atributos, a partir do que Deus não poderia deixar de ser, a influência cristã é evidente. E torna-se definitiva quando o fundador do Espiritismo toma para si a pretensão de interpretar os textos evangélicos e tentar adequar os princípios da teologia cristã, especialmente a católica, ao espiritismo. Daí a sequência de obras interpretativas da filosofia cristã: O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. O contexto histórico, a formação religiosa de Rivail e a orientação dos espíritos contribuíram para a sua decisão editorial. Ele agiu como um editor/escritor que era. Filtrou o existente para, segundo sua concepção de mundo e a orientação dos espíritos, editar e lançar esses livros, sem que se tenha em conta algum tipo de concessão ao cristianismo. Ele não quis agradar a Igreja. Fosse assim, teria sido bem mais polido e condescendente com o Ab ade Chesnel, em sua polêmica acerca da natureza do espiritismo. Renegar essas obras, especialmente O Céu e o Inferno, seria uma burrice cavalar. Todas elas oferecem ideias atualíssimas, extremamente críticas e essenciais à compreensão do mundo físico e extrafísico. Elas foram elaboradas não porque “estava escrito nas estrelas”, mas em função de sua realidade existencial, histórica, situada no tempo e no espaço. Por sua vez, sustentar que essas obras tenham que ser aceitas sem nenhum questionamento só por serem parte da doutrina dos espíritos, a Terceira Revelação, uma coisa transcendental e metafísica, sem correspondência direta com o trabalho intelectual humano, legítimo, é uma ofensa à nossa inteligência, à nossa razão. O espiritismo não é uma fábrica de crentes sectários e dogmáticos, mas sim, de livres-pensadores, de humanistas, de indivíduos comprometidos com a sua proposta ética, bem semelhante aos ensinamentos morais de Jesus de Nazaré, Krishna e Buda. Como se vê, um estudo comparativo entre a primeira e a segunda edição de O Livro dos Espíritos pode resultar em teses e mais teses, em muitas reflexões, pois apesar de homônimas, são obras extremamente diferentes, não somente em sua estrutura, na edição, mas principalmente no conteúdo. 2 A expressão “Qu’est-ce que Dieu?” tem sido traduzida no Brasil por “O que é Deus?”. A exceção é a tradução de que nos servimos, feita pelo escritor, tradutor e erudito Júlio Abreu Filho, que preferiu a tradução “Quem é Deus?”. Há uma rara edição brasileira bilíngue do primeiro O Livro dos Espíritos, publicada no centenário do espiritismo (1957), traduzida e editada pelo historiador espírita Silvino Canuto Abreu. É dela que nos servimos nesse estudo sobre o Prolegômenos. A 2ª edição, usada neste ensaio, foi traduzida por Júlio Abreu Filho e lançada pela editora Pensamento. A edição original utilizada foi a publicada pela União Espírita Francesa e Francofônica, em 1998, com a nota completa do Prolegômenos que havia sido retirada por Kardec a partir da 10ª edição, de 1863. Apesar de ter adotado a forma de pergunta e resposta, critério didático também bastante utilizado pelos movimentos de esquerda, por filósofos e em obras pedagógicas, Denizard Rivail manteve o formato de texto corrido. Ao lado das perguntas e respostas, pode-se consultar também o texto direto, no formato tradicional: fluente, literário e filosófico. 3 Pela linguagem e o conteúdo, percebe-se logo que não basta somente ler e escrever para entender essa obra. Ela exige certa dose de cultura geral, de erudição. Tanto que o movimento surgido em torno do seu estudo, o nascente espiritismo, era composto por pessoas da elite, intelectuais, profissionais liberais, magistrados, empresários, enfim, a nata da sociedade francesa. É uma obra de caráter filosófico, mesmo não possuindo o rigor técnico de um tratado de filosofia. O formato tête-à-tête, pergunta/resposta, de característica marcadamente dialógica, foi não somente um recurso pedagógico, mas, sobretudo, a expressão da forma como o livro foi elaborado, fruto do diálogo dos espíritos com Rivail, da humanidade extrafísica com a humanidade física.4 Nesse sentido, a visão de José Herculano Pires é extremamente esclarecedora: “Algumas pessoas estranham a forma dialogada desse livro, e os filósofos e estudantes de Filosofia, em geral, costumam colocá-lo à parte, não o considerando obra filosófica. Por que acontece isso? Porque O Livro dos Espíritos, como já anteriormente aconteceu com os Evangelhos, não está escrito na linguagem técnica da Filosofia. Mas a sua estrutura é a de um tratado, os seus problemas são essencialmente filosóficos e, como se verifica nos seus prolegômenos, a intenção de Kardec não foi oferecer ao mundo um tratado sistemático, mas uma Filosofia racional, livre dos prejuízos do espírito de sistema . Esse é o espírito da Filosofia Espírita (...).” (José Herculano Pires - O Infinito e o Finito, cap. XVI, grifo meu). 3 O opúsculo Princípios Básicos do Comunismo (1846), que serviu de base para o Manifesto Comunista (1848), foi escrito por Friedrich Engels no formato de pergunta/resposta. Esse padrão também foi adotado pelo fundador do positivismo, Auguste Comte, no Catecismo Positivista (1852). Podemos também observar critério semelhante na obra A Verdade, escrita pelo filósofo medieval Santo Anselmo de Cantuária, composta por diálogos entre mestre e discípulo, bem como nos diálogos de Platão. No opúsculo O Que é o Espiritismo, Allan Kardec também adotou o mesmo padrão dialógico. 4 O formato dialógico adotado em O Livro dos Espíritos tem a ver com um formato consagrado na filosofia e nas religiões, tipo um manual, um catecismo ou uma cartilha. O texto corrido, árido, é fragmentado de modo didático na forma de pergunta/resposta, principalmente por ter "a feição das entrevistas espíritas", como bem salientou Allan Kardec na nota explicativa do primeiro Prolegômenos. 3. JOIA RARA Uma joia rara é aquela que sempre nos oferece um brilho diferente, um novo e belo visual, até então imperceptível aos nossos olhos e mentes. Há pessoas que são como joias raras. E há também obras de arte, da literatura e filosofia, que são verdadeiras raridades, obras-primas. O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, é uma dessas joias raras e exuberantes, uma obra-prima da cultura espiritualista, sempre a nos oferecer novos olhares, novas percepções e conceitos. Talvez seja uma das obras que mais li e reli, dentre tantas outras. É livro de cabeceira, para consulta, estudo e pesquisa permanentes. Se tivesse que salvar um único livro de minha biblioteca em chamas ou corroída por cupins, certamente seria esse. Pois foi numa dessas leituras e releituras que fui me deparando com outro olhar sobre o Prolegômenos, texto intermediário entre a introdução e o livro propriamente dito. Poucos talvez tenham se dado conta da importância desse texto, espremido entre a apresentação de Rivail e a primeira questão sobre Deus. Prolegômenos, na grafia brasileira, é palavra de origem grega (proleghômena), normalmente usada em filosofia, na literatura ou em teologia. Sua função é demonstrar os objetivos de determinada obra, sua finalidade e princípios gerais. Contém as noções preliminares, fundamentais para a total compreensão de determinados pressupostos, das ideias básicas e de toda a argumentação que o leitor irá se deparar ao longo da leitura. Trata-se de um termo erudito, sinônimo de prefácio, introdução ou prólogo, muito usual em tratados de filosofia, como na célebre obra de Imanuel Kant, Prolegômenos a Toda a Metafísica Futura. Na teologia, notadamente a cristã, é quase sinônimo de teologia fundamental, introdutória à compreensão das verdades cristãs a respeito de Deus. Na literatura, prolegômenos tem a mesma função aplicada na filosofia, de inserir o leitor no universo literário, poético ou mesmo apologético que o autor pretenda expor. Portanto, não foi à toa que Rivail e os espíritos preferiram prolegômenos a prólogo, prefácio ou introito, dentre outras expressões aplicadas na apresentação de qualquer obra. No caso, uma obra de caráter filosófico, moral e também teológico. Longe de ser arcaica e desatualizada, prolegômenos, apesar de inusual, é palavra precisa, exata. Sintetiza todas as ideias compiladas, organizadas e estruturadas por Rivail e os espíritos, anunciando assim ao leitor o conteúdo vindouro da obra kardequiana. c’est le grain. l’âme. cuja metáfora Rivail. c’est la liqueur. os bagos e as folhas de parreira logo no frontispício da página do Prolegômenos. (1) A cepa que se vê acima é o “fac-símile” da que foi desenhada pelos Espíritos. O homem quintessencia o espírito pelo trabalho. l’esprit. bem como a interpretação de seu significado. a alma ou o espírito.” 5 Como se vê. Trata-se de um símbolo repleto de significados. conforme vemos abaixo. tous les principes matériels qui peuvent le mieux représenter le corps et l’esprit s’y trouvent réunis: le corps. pois é o emblema do trabalho do Criador. aborda no comentário às questões 196 e 196-a de O Livro dos Espíritos. Na tradução de Júlio Abreu Filho. pequeno clichê tipográfico. como podemos ver a seguir: 5 No original: “Tu mettras en tête du livre le cep de vigne que nous t’avons dessiné (1). provavelmente recebida pelo dramaturgo e médium da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Ao contrário de filosofias esotéricas e religiosas. Todavia. e sabes que só pelo trabalho do corpo o espírito adquire conhecimentos. o espírito é o licor. ou l’esprit unis à la matière. Preferimos manter a grafia original. Victorien Sardou. et tu sais que ce n’est que par le travail du corps que l’esprit acquiert des connaissances. surpreende. esse desenho. O desenho desempenha a função de logotipo. CEPA: O SÍMBOLO DO ESPIRITISMO O simpático e singelo desenho de uma cepa. o trademark dessa nova filosofia espiritualista.4. todos os princípios materiais que podem melhor representar o corpo e o espírito aí estão reunidos: o corpo é a cepa. unido à matéria é a baga. de logomarca. L’homme quintessencie l’esprit par le travail. sob o pseudônimo de Allan Kardec. a orientação para se colocar no cabeçalho da página o célebre fac-símile partiu dos espíritos.” (1) Le cep ci -dessus est le fac-similé de celui qui a été dessiné par les Esprits. c’est le cep. um ramo de uva com as frutinhas. em letras minúsculas (caixa baixa). a palavra esprit (espírito) foi grafada em maiúscula (caixa alta e baixa). . o espiritismo dispensa símbolos e paramentos. parce qu’il est l’emblème du travail du Créateur. dissecados pelos próprios autores desse fac-símile decorativo. talvez seja a primeira psicopictoriografia da história do espiritismo. na segunda edição (1860): “Porás no cabeçalho do livro a cepa de vinha que te desenhamos. ” foi a interpretação dada a esse símbolo pelos espíritos. O primeiro milagre de Jesus de Nazaré se deu nas bodas de Canaã. a produção de etanol.. e não da destilação. São levedos. à chacune desquelles elle se dépouille de quelque impureté. mais explicativa do que na 1ª edição: “O corpo é a cepa. Mesmo tratando-se de um símbolo material. que segundo a teologia cristã. unido à matéria é a baga. de superação das injunções físicas na busca de sua autorrealização intelecto-moral e psíquica. a alma ou o espírito. tornando-o assim cada vez mais livre das impurezas materiais. Ele contém o licor chamado espírito ou álcool. do cristianismo. bebida destilada do vinho. por exemplo. O ENTRELAÇAMENTO DE CULTURAS Uva. E não nos esqueçamos do milagre da transubstanciação. também utilizado na produção de cerveja. então libertos de sua ingenuidade intelecto-moral. enfraquecido por uma porção de matérias estranhas que lhe alteram a essência. o que ocorre é a fermentação. por exemplo. como os bolores e cogumelos. na medida em que se aproxima da perfeição. De todo modo. As matérias estranhas são como o perispírito. Trata-se de um fermento natural. ao operar a transformação da água em vinho.” (Tradução de Júlio Abreu Filho). a metáfora permanece com seu sentido didático inicial. 6 Interessante observar que Allan Kardec não considera o fato de que “o licor chamado espírito ou álcool” é obtido através da fermentação. mais affaiblie par une foule de matières étrangères qui en altèrent l’essence.” “(. a folha da uva. Adão e Eva. o significado da cepa designa o sentido evolucionista do espírito. .) O corpo é a cepa. Segundo o mito bíblico. em que pese o desconhecimento demonstrado por Kardec dos processos de fermentação.“Achamos uma comparação material dos vários graus de depuração da alma no suco da vinha. e só chega à pureza absoluta após várias destilações. 5. após degustarem o fruto proibido da árvore da sabedoria. é a conversão do vinho no sangue do 6 No original: “Nous trouvons une comparaison matérielle des différents degrés de l’épuration de l’âme dans le suc de la vigne. Il contient la liqueur appelée esprit ou alcool. à medida que o Espírito se aproxima da perfeição. escondem sua nudez com a parreira. a alma é o bago. espécie de fungos cultivados em destilarias para. que se depura por si mesmo. o espírito é o licor. parreira e vinho são símbolos da cultura cristã.. O alambique é o corpo no qual deve entrar para se depurar. se depure. que é mostrar a necessidade da existência corpórea a fim de que o espírito evolua. No caso do vinho. Senão teríamos. repurificando o perispírito. a fim de garantir a alegria dos convidados. devido à ação de microrganismos. o conhaque (do francês cognac). ele n’arrive à la pureté absolue qu’après plusieurs distillations. em cada uma das quais se liberta de umas tantas impurezas. L’alambic est le corps dans lequel elle doit entrer pour s’épurer. o espírito é o licor”. les matières étrangères sont comme le périsprit qui s’épure luimême à mesure que l’Esprit approche de la perfection. cada uma delas em dias intercalados e engravidam. desde o Rei Arthur aos Templários. E conforme a descrição do profeta Isaías. há o incesto entre Ló e suas duas filhas. à celebração. o corpo do Cristo. 7 Depois da destruição de Sodoma e Gomorra. com divãs. dizem: Não o desperdices. o grande patriarca hebreu (Gênesis 14:18-20). rei de Salem. . A lenda céltica dos amantes Tristão e Isolda. E os simpósios.8 Os filósofos recomendavam e também ministravam o vinho como remédio. cobriram a nudez do pai que. Por outro lado. Preocupadas com a descendência da família. Tais símbolos também possuem representações de grande valor na cultura celta. assim farei por amor de meus servos e não os destruirei a todos”. (Gênesis 19:31-36). Sem e Jafé. na Bíblia. que inspirou Shakespeare em Romeu e Julieta. deitam-se com ele. (Gênesis 9:20-25). E o cálice do Santo Graal. a menção ao vinho nem sempre está vinculada à alegria. Os outros dois irmãos. abençoou Abraão. por ser lavrador. uma das bebidas mais antigas da história da humanidade. com o objetivo de relembrar a sua memória. Os arquidruidas utilizavam o vinho em seus rituais. A bebedeira de Noé talvez tenha sido o primeiro grande porre da história. foi com uma taça de vinho que o sacerdote Melquisedeque. Deus abençoou essa bebida como vemos nesta passagem: “Assim diz o SENHOR: Como quando se acha vinho num cacho de uvas. eram reuniões para se beber vinho em salas apropriadas. tem sido objeto de mitos e lendas. Na Antiguidade. associados ao sexo e a excessos de todo tipo. Curiosamente. Há também casos de perversão. cujo significado literal é “beber em comunhão”. através do vinho e da hóstia. Todavia. ritual de consagração ainda hoje celebrado em toda missa católica. onde o alegre convívio e a conversação gira7 8 As citações bíblicas foram traduzidas por João Ferreira de ALMEIDA. começa com uma poção de amor depositada em uma taça de vinho. logo em seguida ao pacto celebrado com Deus após o dilúvio. Dessa união incestuosa nascem Moabe e Bem-Ami. (Isaías 65:8). Cordeiro de Deus. pois há bênção nele. da Última Ceia do Cristo e os apóstolos.Cristo. Na cultura grega o vinho tinha um valor tão importante que havia um deus a ele consagrado: Dionísio (Baco para os romanos). que ficou furioso quando soube que ele viu sua nudez provocada pelo consumo de vinho em excesso. havia plantado a vinha de onde produziu o vinho. Canaã era o nome do filho de Cam. a Grécia foi um dos maiores produtores e exportadores de vinho. as duas embebedam o pai com vinho. amaldiçoado por Noé. demonstrando um lado místico de sua devoção a essa bebida. monumento megalítico usado pelos druidas para seus rituais. O Livro dos Espíritos foi a 9 O Simpósio Brasileiro do Pensamento Espírita. consideravam que a filosofia havia nascido entre os celtas. sustenta. As irmãs Baudin e Ermance Dufaux consideravam-se druidisas reencarnadas. 107). pág. Kardec considera Sócrates e Platão como precursores do Espiritismo. costuma-se servir vinho branco. possui um símbolo: a videira. precursoras do espiritismo. como Aristóteles. curiosamente.9 Na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo. de modo categórico. realizado desde 1989. mas com um design mais arrojado.10 Ela sintetiza três grandes correntes históricas do pensamento filosófico. como raiz para a árvore conceitual da filosofia kardecista: a cultura céltica. E Léon Denis. na medida em que novas edições iam sendo lançadas. todas elas. provavelmente na antiga Bretanha. Normalmente. como se fossem versículos. Sem dúvida alguma. não por acaso. obtido graças às escavações arqueológicas intensificadas no século 20. Nem a Revista Espírita escapou de seu perfeccionismo. no coquetel de abertura do evento. podemos observar a extraordinária afinidade da filosofia céltica com a filosofia espírita. OS TRÊS PROLEGÔMENOS Rivail era minucioso. surgido em Santos-SP. certamente incluiria também esse antigo povo como um dos precursores do Espiritismo. aquela mesma que aparece nos Prolegômenos. substrato. protetor de Kardec. aforismos e máximas sempre em três frases.” (O Espiritismo. Os túmulos de Kardec e Pierre Gaëtan Leymarie têm o formato de um dólmen. Antigos historiadores e pensadores gregos. o tripé. 6. não foge ao caráter primordial desse costume grego. em sua obra derradeira O Gênio Céltico e o Mundo Invisível (1927). a abreviatura CEPA nos remete àquele singelo desenho feito pelos espíritos. ao debate e à reflexão no contexto da cultura espírita. revelou que ambos foram druidas. 10 É oportuno lembrar que a Confederação Espírita Pan-Americana (CEPA) tem como símbolo a videira. Segundo o sociólogo francês Jacques Lantier. mesmo não adotando simbologias esotéricas para a compreensão de seus princípios e do entendimento do homem e do mundo. pois é um evento voltado ao diálogo. E. que o espiritismo é a ressurreição da doutrina céltica. por filósofos e pensadores. Tivesse ele acesso ao conhecimento histórico sobre os celtas. realizou várias alterações em seus livros. E ainda acrescentaríamos: na tradição grega (Sócrates e Platão).vam em torno de temas filosóficos. Até pouco antes de desencarnar. a grega e a cristã. “os espíritas refugiam-se de bom grado por detrás da tradição celta” e “fundam a sua doutrina simultaneamente na tradição celta e na tradição cristã. metódico e organizado. . O espírito Zéfiro. Léon Denis e Allan Kardec são considerados druidas reencarnados. Tais eventos eram constituídos por homens nobres e sábios. a trípode doutrinária que serviu como húmus. Nas tríades célticas. por iniciativa do escritor espírita Jaci Regis (1932-2010). O espiritismo. mostra-se mais agradável à leitura de pessoas que não possuem formação acadêmica. na assinatura do novo Prolegômenos. ao afirmar que o livro foi o resultado de uma série de mensagens. a nota explicativa foi excluída por Allan Kardec sem nenhuma justificativa. os espíritos Napoleão Primeiro e Hahnemann não são citados. Kardec adotou esse critério editorial com o objetivo de também atingir um público mais exigente. Santo Agostinho. E Kardec ainda acrescenta outros. ainda mais se formos comparar a primeira com a segunda edição da obra síntese do pensamento espírita. No caso. na outra coluna. acostumado com textos filosóficos. saint Vincent de Paul. os demais habitam Esferas elevadas e.obra que ele mais modificou. 11 Interessante notar que esse formato de edição foi aplicado somente no prim eiro livro. 12 No original: “Multiples esprits ont concouru simultanément à ces instructions auxquelles tous assistaient.” A tradução é de Silvino Canuto ABREU. tomando alternadamente a palavra e falando um em nome de todos. O primeiro Prolegômenos (1857) não é assinado e contém uma nota explicativa em seu final justificando o critério editorial adotado: numa coluna. de perguntas e respostas. SWEDENBORG e NAPOLEÃO PRIMEIRO.. perguntas e respostas. ou n’y ont paru qu’à une époque immémoriale. o Prolegômenos não é assinado. a nota XVII. apesar de não ser assinado. Entre os que animaram personagens conhecidas citaremos JOÃO EVANGELISTA. . ele queria atingir tanto o doutor como o trabalhador. o texto corrido. FÉNELON. apesar de homônimas. São Vicente de Paulo. Swedenborg. Não dá para saber quem é o autor desse texto.. Parmi ceux qui ont animé des personnages connus. FRANKLIN. nous citerons Jean l’Évangéliste. Ele mesmo esclarece isso. e subentende-se. E no terceiro Prolegômenos (1863). eles são diferentes nos detalhes. Franklin. às quais assistiam. Nessa edição. quase definitiva. VICENTE DE PAULO. de diálogos e de contato permanente com os espíritos encarregados de sua elaboração na dimensão extrafísica. SÓCRATES. conteúdo e finalidade da obra. d’autres habitent les sphères les plus élevées et n’ont jamais vécu sur la terre. A começar pela evidente diferença entre a 1ª edição (18 de abril de 1857) e a 2ª (18 de março de 1860). Napoléon Ier.)” Na segunda edição. já que o formato “ping -pong”. Obviamente. na segunda e a partir da 13ª edição. Dos cinco primeiros subscritores. Hannemann. et l’un d’eux parlant au nom de tous. ou nunca viveram 12 na Terra ou aqui apareceram em época imemorável. São Luiz e O Espírito de Verdade. São praticamente duas obras distintas. Socrate. E conseguiu. Na primeira edição.11 O segundo Prolegômenos (1860) contém a assinatura de dez espíritos e vem com uma nota explicativa reformulada. o que nos interessa é o Prolegômenos e as alterações que esse texto sofreu ao longo do tempo. A primeira diferença que salta aos olhos é quanto à assinatura. dez espíritos assinam essa mensagem síntese da origem. Ou seja. Na primeira edição. ele foi escrito pelos espíritos que ditaram a obra a Rivail. de onde extraímos o parágrafo final: “Vários Espíritos concorreram simultaneamente a estas instruções. dos quatro que compunham a primeira edição de O Livro dos Espíritos. HAHNEMANN. (. Pode-se dizer que há três Prolegômenos. há uma nota bem esclarecedora no final da primeira edição de O Livro dos Espíritos. quase todos têm evidente ligação com o cristianismo: São João Evangelista. Certamente. Fénelon. prenant tour à tour la parole. Todavia. notamos a prudência e o critério editorial do fundador do espiritismo. mais laica. como no conteúdo das ideias. É. sacerdote ou coisa do tipo. apesar de sua formação calvinista. Até hoje existem igrejas fundadas em seu nome. Sob um olhar mais apurado. Ainda que seja um texto de no máximo duas laudas. hoje conhecida como Amorc (Antiga e Mística Ordem Rosacruz). formada por livres-pensadores. Santo Agostinho é considerado um dos pais da Igreja e um dos maiores filósofos da Idade Média. com a maçonaria e a ordem Rosacruz. ou se preferirem. portanto. teve mais ligações com o iluminismo e o esoterismo.. Os outros cinco espíritos são. não somente na linguagem. Uma bem religiosa e outra. rompeu com a estrutura do cristianismo católico e passou a adotar uma postura contrária à Igreja. pela ordem: Sócrates. não-cristã ou não necessariamente cristã. Platão. Mas.que assinaram assim. a cristã e a não-cristã. Com exceção de Fénelon. A outra. clérigo francês. que adotam sua doutrina. estadista. pensador político e. evidente a existência na equipe d’O Espírito de Verdade de duas facções. ou melhor. Franklin e Swedenborg. nenhum deles teve ligação tão direta assim com o cristianismo. Emanuel Swedenborg foi um clarividente sueco e precursor do espiritismo. grande mentor da Escolástica. uma incógnita. São. do êxtase medianímico. Muitos detalhes importantes e curiosos podem ser observados quando comparamos o Prolegômenos da 1ª edição com o da 2ª edição de O Livro dos Espíritos. Platão e Sócrates. portanto. Desde sua origem há. ao fazermos esse estudo comparado. Franklin. Benjamim Franklin. quatro santos e um que. Fénelon. é uma das personalidades mais veneradas entre os cristãos e São Luís. a expressão dessas duas correntes. DETALHES TÃO PEQUENOS. nenhum deles foi santo. vinculada diretamente ao cristianismo. foi canonizado pela Igreja. São João Evangelista foi apóstolo de Jesus. quando encarnado. São Vicente de Paulo. A assinatura do Prolegômenos evidencia essa tese. foi inventor. mártir cristão. Apesar da identidade d’O Espírito de Verdade ser um mistério. caso fosse Jesus. Quanto aos outros. não necessariamente religiosa. Uma. seria “o santo dos santos”.. 7. o rei Luís IX da França. Fénelon. obviamente por uma questão histórica. duas falanges diferenciadas de espíritos. muitos aspectos formais e conceituais emergem de . livrepensadora. pelo conteúdo e a linguagem dos textos que assina na Kardequiana. não há como ter dúvida de sua adesão ao pensamento cristão. Todos os quatro primeiros se mostram como personalidades conhecidas dos cristãos. tanto quanto seu perfeccionismo e a clareza na exposição das ideias. nessa ordem. foi teólogo cristão e literato. obtida a partir de suas visões. no espiritismo. foi escrito por ordem e sob o d itado de espíritos superiores para estabelecer os fundamentos da verdadeira doutrina espírita. em função desse aspecto de sua personalidade. Obviamente. ele preferiu excluir. Na 2ª edição.blogspot. dégagée des erreurs et des préjugés”. estranho plural que aparece somente na 1ª edição. isenta dos preconceitos do espírito de sistema.com/2008/11/prolegmenos. aparentemente insignificantes.sua leitura. foi deslocada para o antepenúltimo parágrafo: 1ª Edição – “Compreendeste bem tua missão. Enumeraremos a seguir alguns desses detalhes. Creia em Deus e marche com confiança!”. definição básica da doutrina espírita. A frase final. URL: http://decodificando-livro-espiritos.html . ■ 2. “Tu as bien compris ta mission. il a été écrit par l'ordre et sous la dictée d'Esprits supérieurs pour établir les fondements d'une philosophie rationnelle. A primeira diferença evidente está no título “Os Livros dos Espíritos” (Les Livres des Esprits). editado por Vital Cruvinel. Estudo sobre o mesmo tema pode ser conferido no blog Decodificando o Livro dos Espíritos . na 2ª edição do Prolegômenos. foi escrito por ordem e sob o ditado de Espíritos superiores para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional. a partir das traduções de Silvino Canuto Abreu (1ª edição) e Júlio Abreu Filho (2ª edição). 2ª Edição – “Este livro é a compilação de seus ensinamentos. esse título esquisito foi suprimido. il a été écrit par l'ordre et sous la dictée d'esprits supérieurs pour établir les fondements de la véritable doctrine spirite. estamos contentes contigo. pode-se ler: Filosofia Espiritualista. Continue et nous ne te quitterons jamais. no frontispício. isenta dos erros e dos preconceitos”. o parágrafo onde os espíritos o elogiam.13 ■ 1. Leis Morais e Esperanças e Consolações. também citada na introdução. 13 Os textos citados são uma tradução livre de Eugenio Lara. Ficou apenas Prolegômenos (Prolégomènes). está assim por ser uma referência aos três livros que compunham a primeira edição: Doutrina Espírita. “Ce livre est le recueil de leurs enseignements. Kardec alterou a redação do Prolegômenos em relação à definição do espiritismo: 1ª Edição – “Este livro é a compilação de seus ensinamentos.” “Ce livre est le recueil de leurs enseignements. Os originais e tradução estão em Anexos. dégagée des préjugés de l'esprit de système”. ■ 3. Provavelmente. Na página de rosto. Na 2ª edição. A modéstia e a humildade de Allan Kardec eram qualidades exaltadas por todos seus biógrafos e pessoas que com ele conviveram. no final deste ensaio. Crois en Dieu et marche avec confiance!”. “Creia em Deus e marche com confiança”. Continue e nós não te deixaremos jamais. nous sommes contents de toi. mas que servem para uma compreensão mais clara desse importante texto do pensamento espírita. uma novidade. Esse acréscimo deve ter sido motivado pelo sucesso do lançamento da primeira edição. vendo a doutrina propagar-se e ser bem compreendida.” ■ 5. Le plaisir que tu éprouveras en voyant la doctrine se propager et bien comprise te sera une récompense dont tu connaîtras toute la valeur. 1ª Edição – “Estaremos contigo todas as vezes que tu o pedires. e tu estarás também às nossas ordens sempre que te chamarmos”. conserve la confiance: avec la confiance tu parviendras au but. no final.. ils se retirent de l'orgueilleux et de l'ambitieux.” “Lembra-te que os Bons Espíritos só assistem aos que servem a Deus com humildade e desinteressadamente e que eles repudiam os que buscam no caminho do céu um degrau para as coisas terrenas. O orgulho e a ambição serão sempre uma barreira entre o homem e Deus: é um véu lançado sobre as claridades celestes e Deus não se pode servir do cego para fazer compreender a luz. mantém a confiança. “É com a perseverança que conseguirás colher o fruto de teus trabalhos. Allan Kardec excluiu o trecho onde parece que haveria uma relação autoritária de controle sobre ele. et tu mériteras d'être toujours aidé. ser-te-á uma recompensa. peut-être plus dans l'avenir que dans le présent. eles se afastam do orgulhoso e do ambicioso.. dois parágrafos que não existiam na 1ª edição do Prolegômenos.” “C'est avec la persévérance que tu parviendras à recueillir le fruit de tes travaux. cujo valor completo talvez reconheças mais no futuro do que no presente. a base sob a qual seriam erguidos os alicerces e a estrutura do . et Dieu ne peut se servir de l'aveugle pour faire comprendre la lumière.” ■ 6. para te ajudar nos outros trabalhos (. mais de colaboração.. Allan Kardec reafirma o caráter d’O Livro dos Espíritos como a síntese do pensamento espírita. ao invés de parecer que ele seria teleguiado pelos espíritos.■ 4. inclusive na Bélgica e na Suíça.). São palavras de ufanismo e de incentivo contra os maus e os incrédulos. O prazer que experimentarás. fato que resultou nas várias visitas doutrinárias aos pioneiros grupos espíritas que Allan Kardec realizou a partir desta data por toda a França. a fundação. o movimento espírita francês estava em franco e vertiginoso crescimento. “Nous serons avec toi toutes les fois que tu le demanderas. os orgulhosos e os ambiciosos. et tu seras à nos ordres chaque fois que nous t'appellerons”. et qu'ils répudient quiconque cherche dans la voie du ciel un marchepied pour les choses de la terre . “Nous serons avec toi toutes les fois que tu le demanderas et pour t'aider dans tes autres travaux (. três anos atrás. 2ª Edição – “Estaremos contigo todas as vezes que tu o pedires. Na 2ª edição foram acrescentados. L'orgueil et l'ambition seront toujours une barrière entre l'homme et Dieu. Ne t'inquiète donc pas des ronces et des pierres que des incrédules ou des méchants sèmeront sur ta route. c'est un voile jeté sur les célestes clartés. Em 18 de março de 1860.)”. Reformulou o texto dando outro sentido. de interação. com ela chegarás ao fim e merecerás sempre a ajuda.. Souviens-toi que les Bons Esprits n'assistent que ceux qui servent Dieu avec humilité et désintéressement. data de publicação da 2ª edição de O Livro dos Espíritos. Não te inquietem os espinhos e as pedras que incrédulos e maus semearão em teu caminho. ce travail est aussi le nôtre. este livro também é nosso. La seconde renferme l'énoncé de la doctrine sous une forme courante. obviamente sem as justificativas acerca do critério editorial. como de instruções dadas por eles espontaneamente sobre as matérias que contém. tanto de respostas dos espíritos a perguntas diretas que lhes foram propostas. mais. aplicado somente no primeiro livro. de pergunta/resposta. La première colonne contient les questions proposées suivies des réponses textuelles. Nota. Esclarece também que todo o livro foi “cuidadosamente revisto e reiteradas vezes corrigido pelos próprios espíritos. com texto corrido em uma coluna e pergunta/resposta em outra. no acréscimo que faz logo no primeiro parágrafo da mensagem assinada pelos espíritos. com comentários de Allan Kardec e ensaios teóricos. pois o livro todo foi totalmente redigido no formato dialógico.edifício doutrinário espírita. A segunda contém o enunciado da doutrina sob uma forma fluente... 1ª Edição – “Ocupa-te com zelo e perseverança do trabalho que empreendeste com a nossa colaboração. Nous y avons posé les bases du nouvel édifice qui s'élève et doit un jour réunir tous les hommes dans un même sentiment d'amour et de charité (. Kardec justifica o critério editorial adotado.. Nous le reverrons ensemble afin qu'il ne renferme rien qui ne soit l'expression de notre pensée et de la vérité. Na primeira.). sobretudo quando a obra estiver terminada (.. Tudo foi coordenado de modo a formar um conjunto regular e metódico. Há diferenças de redação entre as duas notas explicativas.. estritamente falando.).. contém às vezes uma e outra pensamentos especiais que. quando não são propriamente o resultado de perguntas diretas. Embora o assunto versado em cada coluna seja o mesmo. Reproduzimos abaixo a íntegra das duas notas: 1ª Edição Nota — Os princípios contidos neste livro são o resultado. soit des instructions données par eux spontanément sur les matières qu'il renferme. Teremos de revê-lo juntos a fim de que não contenha nada que não seja a expressão de nosso pensamento e da verdade.. não constituem menos o produto das lições dadas pelos espíritos.” ■ 7.” 2ª Edição – “Ocupa-te com zelo e perseverança do trabalho que empreendeste com a nossa colaboração. Doutrina Espírita. Nele estabelecemos as bases do novo edifício que se eleva e que um dia deverá reunir todos os homens num mesmo sentimento de amor e de caridade (.. a nota explicativa foi refeita. duas redações ou duas formas diferentes do mesmo tema: uma tem a vantagem de mostrar de certo modo a feição das entrevistas espíritas.” “Occupe-toi avec zèle et persévérance du travail que tu as entrepris avec notre concours. A primeira coluna contém as questões propostas e as respostas textuais. surtout quand l'oeuvre sera terminée (.” “Occupe-toi avec zèle et persévérance du travail que tu as entrepris avec notre concours . — Les principes contenus dans ce livre résultent. e só foi entregue ao público após ter sido cuidadosamente revisto várias vezes e corrigido pelos próprios espíritos. et n'a été livré à la publicité qu'après avoir été soigneusement revu à plusieurs reprises et corrigé par les esprits eux-mêmes.” Na 2ª edição. visto que não há nenhuma que não seja a expressão de seus pensamentos.). porque este trabalho é nosso. outra a de permitir uma leitura contínua. car ce travail est le nôtre. São ambas. Ce sont à proprement parler deux rédactions sur . soit des réponses faites par les esprits aux questions directes qui leur ont été proposées. Le tout a été coordonné de manière à présenter un ensemble régulier et méthodique.). Bien que le sujet traité dans chaque colonne soit le même. na introdução d’O Evangelho Segundo o Espiritismo e em textos esparsos publicados no Obras Póstumas. comprend les remarques ou développements ajoutés par l'auteur. Essa nota explicativa foi suprimida por Allan Kardec a partir da 10ª edição. Tudo foi coordenado de modo a formar um conjunto regular e metódico. a nota também foi excluída porque as traduções se basearam em edições posteriores a 1863. soit des instructions données par eux spontanément à nous ou à d'autres personnes sur les matières qu'il renferme. l'autre de permettre une lecture suivie. Tema que será abordado na Revista Espírita. Cette seconde édition a pareillement été de leur part l'objet d'un nouvel et minutieux examen. Tal questão. seja de instruções que espontaneamente nos deram ou a outras pessoas acerca dos temas que ele aborda. car il n'en est aucune qui ne soit l'expression de leur pensée. A hipótese mais plausível é de que. de certo modo obscuras. O que está entre aspas após as questões é a resposta textual dada pelos Espíritos. dentre outras. et n'a été livré à la publicité qu'après avoir été soigneusement revu à plusieurs reprises et corrigé par les Esprits eux-mêmes. os critérios e o método por ele adotados na feitura do livro. Esta segunda edição também foi objeto de novo e minucioso exame. em 1998. seja de respostas dos Espíritos às perguntas diretas que lhes foram propostas em diversas oportunidades e por intermédio de um grande número de médiuns. e que passaram igualmente pelo controle dos Espíritos. senão teria sido corrigido em edições posteriores a de 1863. — Les principes contenus dans ce livre résultent. somente poderiam ser esclarecidas em um estudo mais aprofundado sobre a história d’O Livro dos Espíritos. O que está indicado por um outro caractere. de modo muito sintético. ou destacado de uma maneira especial a este efeito. Le tout a été coordonné de manière à présenter un ensemble régulier et méthodique. elles renferment souvent l'une et l'autre des pensées spéciales qui. n'en sont pas moins le produit des instructions données par les esprits.un même sujet sous deux formes différentes : l'une a l'avantage de présenter en quelque sorte la physionomie des entretiens spirites. cedido pela Federação Espí- . Kardec decidiu retirar a nota porque ela expressa. A União Espírita Francesa e Francofônica lançou uma edição completa e definitiva de O Livro dos Espíritos. O fundador do espiritismo realizou alterações em suas obras até 1868. Ce qui est entre guillemets à la suite des questions est la réponse textuelle donnée par les Esprits. não foi por acaso e muito menos por algum erro de revisão. de 1863. Não sabemos exatamente qual o real motivo de Kardec ter tomado tal decisão. Nas edições brasileiras. e só foi entregue ao público após ter sido cuidadosamente revisto várias vezes e corrigido pelos próprios Espíritos. — Os princípios contidos neste livro são o resultado. pouco antes de desencarnar. ou désigné d'une manière spéciale à cet effet. et qui ont également subi le contrôle des Esprits. lorsqu'elles ne sont pas le résultat de questions directes. NOTA. Ce qui est marqué par un autre caractère. 2ª Edição NOTA. soit des réponses faites par les Esprits aux questions directes qui leur ont été proposées à diverses époques et par l'entremise d'un grand nombre de médiums. a fim de evitar confusões ou especulações desnecessárias. Certamente. compreende as observações ou desdobramentos adicionados pelo autor. a partir do raro original de 1860. foi feita a partir da segunda impressão da 2ª edição francesa. O linotipo só seria inventado no final do século 19. quatro folhas de parreira em um pequeno ramo. A nota explicativa do Prolegômenos foi reincorporada. A escala do desenho foi. ampliada. além de algumas alterações feitas por Alla Kardec. exclusões e alterações feitas por Kardec até a 12ª edição. a exemplo da edição da União Espírita Francesa. com fotolitos e chapas de impressão. decepada. do ramo de videira. técnica conhecida como impressão . no sesquicentenário de seu lançamento. ■ 8. A primeira folha de parreira. mas de uva: A imagem publicada na 2ª edição é a mesma. de 1864. a FEB publicou uma edição especial de O Livro dos Espíritos. A imagem que aparece em grande parte das traduções brasileiras é a que foi publicada na 1ª edição. foi suprimida. portanto. de Evandro Noleto Bezerra. A tradução. tipo um ramalhete. de 1860. Allan Kardec não somente suprimiu a nota explicativa como também alterou a imagem da cepa. No Brasil. em 2007. No tempo de Kardec ainda não existia a impressão em ofsete. A matriz de impressão era composta por tipos de chumbo. montados manualmente. com um cacho de uva. Foram incorporados acréscimos. mas foi cortada.rita Brasileira (FEB). à esquerda. ETC. FÉNELON. expressão também latina que significa “e outros”. O uso do etcetera é um recurso didático. Teriam as três folhas da parreira a representação simbólica de ciência. “e outras coisas mais”.de tipos móveis. filosofia e moral? 8. o etcetera tornou-se de uso comum no século 19.. SOCRATE. tanto para pessoas como objetos. pode parecer um detalhe insignificante. na enumeração de uma série de coisas. Eram obtidas através de clichês. seguida de dois etceteras ao final do texto. compostos junto com os tipos móveis. SAINT AUGUSTIN. temos de considerar que não é comum o uso de tal recurso em um livro de caráter filosófico. na enumeração de pessoas há outro recurso semelhante. no uso do chamado “latim científico”. PLATON. SAINT VINCENT DE PAUL. DUAS FALANGES. se deter14 Cláudio MORENO. cansativa. Trata-se de uma locução conjuntiva.” Usada normalmente para objetos. de fotos e ilustrações não tinha a mesma facilidade da impressão mediante fotomecânica. no entanto. normalmente de zinco. ETC. vários dicionários de inglês e francês reafirmam sua dupla aplicação. Segundo o linguista e gramático Cláudio Moreno. FRANKLIN. Considerando essa condição técnica. Ou então. muito utilizada em citações bibliográficas. A forma abreviada surgiu na Idade Moderna. Outros consideram correta sua aplicação na enumeração de pessoas. com uma base de madeira. DOIS ETCETERAS A ordem de citação dos espíritos que subscrevem o Prolegômenos. um livro de contos. não é unânime. Na prática. Pontuação do etc. pequena matriz feita em metal. Entretanto. o etcetera tornou-se de uso comum tanto para pessoas como para coisas.14 Todavia. Fosse um romance. doutrinário. É palavra de origem latina ( et cetera ou et coetera) e significa “e outras coisas da mesma espécie”. por achar que o desenho ampliado ficaria esteticamente melhor do que o original. SAINT LOUIS. L'ESPRIT DE VÉRITÉ. . é possível que o clichê original tenha sido parcialmente danificado e. “e o resto”.) limita a citação de objetos. crônicas. conforme saiu na segunda edição. O uso do etcetera. Há quem defenda que sua aplicação deveria se restringir a coisas. cuja abreviação (etc. menos ainda da impressão digital. Eis o original. foi reaproveitado. normalmente usada ao final de uma frase. uma obra de literatura. trivial. o et alii. foi refeito mesmo por decisão de Kardec. aí sim. apesar disso. A inclusão de imagens. sem o qual a leitura da citação tornar-se-ia exaustiva. com os nomes em versalete: “SAINT JEAN L'EVANGÉLISTE. não é o caso. SWEDENBORG. a fim de ocultar aquilo que poderia ter sido citado. declaração pública. Normalmente subscritos e apesar de serem mais conhecidos pela sua natureza política. não foi por acaso. A abreviatura é et al. pode-se observar em vários campos do conhecimento manifestos das mais distintas características. de uma referência autoral. manifesto é uma declaração trazida a público para fins diversos. isso não tinha nenhuma importância para o fundador do Espiritismo. Segundo o dicionário Caldas Aulete. Curiosamente. posteriormente excluído. Ele mesmo reafirmou diversas vezes que os espíritos eram para ele objetos de informação. aplicado normalmente a coisas. Assim como não foi por acaso que o Mestre de Lyon colocou. como reação aos modelos vigentes. na 2ª edição de O Livro dos Espíritos. outros poderiam estar ali representados.Associação Brasileira de Normas Técnicas. uma crítica ao establishment. Hahnemann.minada obra citada for de autoria de várias pessoas. Em nosso entender. ao longo da história. MANIFESTO ESPIRITUALISTA Os manifestos surgem. Allan Kardec deveria ter usado et al ao invés de etcetera. Como seria enfadonho colocar toda a equipe do Espírito de Verdade. manifesto é uma declaração formal de intenções ou expressão pública (geralmente por escrito) de ideias políticas. uma mensagem tão importante como essa. O primeiro da lista seria Zéfiro. E no dicionário Houaiss. apesar de agora assinada. De modo que. ciclano de tal. nada mais. Se ele decidiu. na 2ª edição. quando se quer ocultar o sobrenome. ou seja. É por isso que no idioma inglês a palavra all significa tudo ou todos. Afinal. Significado semelhante observamos no dicionário Aurélio: declaração pública ou solene das razões que justificam certos atos ou em que se fundamentam certos direitos. além dos que subscrevem. quem foi o médium? Não sabemos. programa político. estético etc. se Kardec usou etcetera. . Vem daí o uso coloquial na referência a pessoas: fulano de tal. segundo ele. A rigor. religioso. estéticas etc. fontes informativas. o uso de et al no final do texto seria mais conveniente. Seu uso é regido pela ABNT . ao final do Prolegômenos. ao status quo. Afinal. Lamennais e Voltaire. assinar o Prolegômenos. bem como Galileu. na poesia ou na literatura. as irmãs Caroline e Julie Baudin. a origem de determinado indivíduo. seja nas artes. aplica-se tanto a pessoas quanto a objetos. optou-se por dez subscritores. Se o espírito comunicante foi ou não alguém ilustre. não traz informação alguma do autor mediúnico. 9. dois etceteras: um etcetera para cada falange de espíritos. poderia também subscrever a mensagem. Muito provavelmente. o que importava mesmo era o conteúdo das ideias e não a sua procedência. não deixa de ser uma citação. pois. Todavia. et qui t’a déjà été révélée par l’un de nous. no discurso contundente e transformador. Não é a confirmação de alguma anunciação teológica. para te ajudar em teus trabalhos. um novo paradigma no campo do conhecimento ao qual se dispõem a transformar. uma ameaça àqueles que procuram manter as coisas como estão. a fim de controlar todos os detalhes. em suas pregações filosóficas nas ágoras gregas. que também nada escreveu. grupo religioso. Normalmente a linguagem é contundente e iconoclasta. Futurista (1909). porque este trabalho é nosso. na oratória. ” 15 15 No original: “Occupe-toi avec zèle et persévérance du travail que tu as entrepris avec notre concours. car ce n’est là qu’une pa rtie de la mission qui t’est confiée. Não chega a ser um sermão ou homilia. enviado pelo Cristo. afixadas na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg. Segundo Canuto Abreu. um governo. de artistas etc. o Manifesto Antropofágico (1928) dos modernistas brasileiros.” “Nous serons avec toi toutes les fois que tu le demanderas et pour t’aider dans tes autres travaux. partido político. insurgem-se criticamente contra padrões vigentes. o primeiro espírito da equipe d’O Espírito de Verdade a se c omunicar com o fundador do espiritismo. que assinava como “Z”. porque isto é apenas uma parte da missão que te é confiada e que já te foi revelada por um de nós. tipo aquela do Consolador prometido por Jesus. do Paracleto. um dos subscritores dessa mensagem chama-se O Espírito de Verdade. protetor de Rivail. O texto é dirigido a Kardec. expõe determinada decisão. em suas 95 Teses (1517). meio prospectiva. Surrealista (1924). os últimos três anos de sua vida foram um manifesto de transformação moral. afin d’en contrôler tous les détails. assim como o foi a vida do filósofo grego Sócrates. como foi o manifesto-denúncia de Lutero contra as indulgências e os desvios doutrinários da Igreja Católica. nem sempre o manifesto se expressa através de textos. Coincidentemente. como foi o caso de Jesus. nous le reverrons ensemble. mediante ação do Espírito de Verdade. como se fosse um aviso. como se fosse o cumprimento de alguma profecia. foi ele quem fez a revelação das encarnações anteriores de Rivail como druida e como o reformador tcheco Jan Huss (1369-1415). muito menos um édito ou mesmo um edital público. ” “Estaremos contigo sempre que precisares. revolucionar ou mesmo reformar. que naquele momento representava toda a humanidade: “Ocupa-te com zelo e perseverança no trabalho que empreendeste com o nosso concurso. Nous y avons posé les bases du nouvel édifice qui s’élève et doit un jour réunir tous les hommes dans un même sent iment d’amour et de charité . Nele estabelecemos a base do novo edifício que se eleva e que um dia deverá reunir todos os homens no mesmo sentimento de amor e de caridade. na qual uma pessoa. Os manifestos Comunista (1848). Apesar de nada ter escrito.” O “um de nós” (l’um de nous) a que os subscritores da mensagem se referem é o espírito Zéfiro. mais avant de le répandre. Propõem uma nova visão. mas antes de o espalhar. . que iria restabelecer todas as coisas e relembrar o que estava esquecido. mas sim de atitudes. precursor do movimento protestante. A linguagem adotada nesse texto é um pouco intimidadora. de ações coordenadas.frequentemente solene. programa ou concepção. e tantos outros. posição. sobrenatural. revê-loemos em conjunto. Dadaísta (1918). car ce travail est le nôtre. um novo olhar. na Alemanha. ao iniciante. clisteres (lavagem intesti16 No original. de modo incorreto. O certo é Hahnemann. Hahnemann aprendeu várias línguas (francês. Não sabemos qual o motivo dos espíritos de Hahnemann e Napoleão Primeiro terem sido excluídos. livre dos preconceitos do espírito de sistema”. De todos os espíritos mencionados. que se constitui na abertura de uma nova era para a regeneração da humanidade. Prolegômenos. A seguir. que o Prolegômenos. Napoleão Primeiro é o que destoa dos demais. QUEM É QUEM. assinado pelos espíritos e apresentado por Allan Kardec. totalizando dez espíritos. vomitórios. . Platão. nasceu na Alemanha. Todavia. com uma retórica próxima dos manifestos literários e políticos. Ao mesmo tempo em que sintetiza e apresenta as ideias ao leitor.. grego. Como já vimos. Swedenborg e Napoleão Primeiro. Ao se formar. Supomos que a decisão de assinar a mensagem tenha partido dos espíritos. melhor ainda. o pai o incentivou a estudar. Santo Agostinho e São Luís. devido ao fato de não sabermos sua verdadeira identidade.Pode-se considerar. Esse texto poderia ter o título de Manifesto Espiritualista ou. italiano. no primeiro Prolegômenos. Foram acrescentados mais quatro subscritores: O Espírito de Verdade. Na medicina de seu tempo era comum a prática de sangrias. foi estudar medicina em Leipzig. “uma filosofia racional. que denominou de alopática. transfere-se para Viena. sem sombra de dúvida. Fénelon. conforme a nota XVII ao final da primeira edição de O Livro dos Espíritos. pois se constitui num manifesto. o termo adotado. latim. inglês. Franklin. também se mostra como uma nova proposta. Apesar da origem humilde. Além de estudar profundamente a etiologia das enfermidades. Na segunda edição. foi grafado Hannemann. Sócrates. A partir de 1796 passa a publicar artigos em jornais de medicina prática com críticas aos absurdos e erros da medicina ortodoxa.. por sugestão de Rivail. Assim como destoa também a presença d’O Espírito de Verdade. Depois de terminar os estudos básicos. que saiu sem assinatura. Napoleão Primeiro e Hahnemann são excluídos. 10. atende perfeitamente às intenções e ao conteúdo da mensagem dos espíritos. de Manifesto Espírita. um perfil biobibliográfico de cada um dos autores do Prolegômenos: HAHNEMANN – Christian Friedrich Samuel Hahnemann (1755-1843). árabe e sírio) e custeou seus estudos traduzindo livros médicos do inglês para o alemão. fundador da homeopatia. interessou-se especialmente pelo vitalismo e o organicismo. do total de doze. oito espíritos são citados como autores da mensagem dirigida a Kardec. onde atua como médico particular e bibliotecário do governador da Transilvânia. Hahnemann16. São Vicente de Paulo. Trata-se de um manifesto espiritualista. São eles: João Evangelista. é muito mais do que um simples abaixo-assinado. Um caso em que a Homeopatia nos parece particularmente aplicável com sucesso é o da loucura patológica. publica três obras onde fundamenta suas teorias: o célebre Organon. mas contestamos enfaticamente seus resultados permanentes e. francês e o português João Vicente Martins introduziram a homeopatia no país. que invadem o organismo e causam os sintomas da doença. notadamente em relação à suposta influência moral dos medicamentos homeopáticos. tão universais. que reagiu de forma virulenta. incluiu uma mensagem psicografada de autoria de Hahnemann sobre loucura e obsessão. beladona etc. 17 Allan Kardec era tão simpático à homeopatia quanto crítico. capaz de se adaptar a causas internas e externas. depressivo. Ambos aplicavam passes no tratamento terapêutico e tinham por divisa “Deus. era adepto da homeopatia. Ainda assim. Hahnemann partiu do pressuposto teórico de que todo ser humano possui energia vital. Mure. Por conta disso. porque aqui a desordem moral é 17 Na década de 1840. D. O patriarca da Independência. os neoespiritualistas e homeopatas Bento Mure.nal) e o uso de medicamentos tóxicos (mercúrio. quando é testado em voluntários saudáveis. também denominada de potencialização. Com a homeopatia. No final do século 19 e início do século 20. adepto da homeopatia. Ver o livro de Silvino Canuto Abreu. O médico Adolpho Bezerra de Menezes. em 1810. antes do espiritismo aportar no Brasil. segundo uma série de procedimentos. Suas obras causaram grande impacto na corporação médica. entrava em transe mediúnico. em A Loucura Sob um Novo Prisma (FEB). Foi Martins quem introduziu as irmãs de caridade e os princípios vicentinos em terras brasileiras. continuou a dedicar-se à tradução de livros e tratados médicos para sobreviver. a propósito da resposta de um espírita homeopata a um artigo que ele havia publicado sobre o tema: “não contestamos que certos medicamentos — e os homeopáticos mais que qualquer outros — produzem alguns dos efeitos [morais] indicados. .Subsídios para a História do Espiritismo no Brasil até o ano de 1895 [Feesp]. a homeopatia consagra-se na França e se espalha pelo mundo. Depois de seis anos de intensas pesquisas e experimentos. O trabalho desses dois pioneiros da homeopatia deu origem ao primeiro círculo homeopático disseminado por todo o país. O mesmo remédio pode tanto curar como provocar as mesmas condições mórbidas da doença. como podemos observar nesta passagem da Revista Espírita (jun. trinário adotado mais tarde pela Federação Espírita Brasileira. As primeiras experiências com mesas girantes no país foram feitas por adeptos da homeopatia. Os medicamentos homeopáticos são preparados mediante um processo que consiste na diluição sucessiva da substância terapêutica. pode atrair miasmas (emanação malcheirosa). Matéria Médica Pura. baseada no princípio da semelhança de Hipócrates. Um estado mental negativo. o Pai da Medicina. as ligações históricas e filosóficas entre homeopatia e espiritismo são muito grandes. clarividente. com sucussão (manual ou mecânica) e dinamização. um clássico da história da medicina. A base conceitual da homeopatia guarda muitas semelhanças com a filosofia espírita. José Bonifácio de Andrada e Silva. A obra foi lançada em 1920. a maioria dos homeopatas era simpatizante do espiritismo. Bezerra de Menezes .) para o tratamento terapêutico. notadamente no Brasil. do princípio ativo. similia similibus curantur (“os semelhantes curam -se pelos semelhantes”). chegou a abandonar a medicina. Pedro II se correspondia com Hahnemann. Samuel Hahnemann criou uma terapia alternativa à alopatia. em 1828. sobretudo. Apesar da perseguição das academias de medicina. em seis volumes. publicada de 1811 a 1821 e o Tratado de Doenças Crônicas. Pois foi justamente no decorrer desse trabalho de tradução que Hahnemann percebeu a identidade entre a doença e a droga ingerida. Cristo e a Caridade”. 1867). Martins era médium psicógrafo. arsênico. Por conta disso. como pretendem algumas pessoas. Um Caso de Possessão (jan. pág. aqui. que foi a essência do caráter de HAHNEMANN. cap. 7 de maio de 1856. não se desmente em sua nova situação. A Caminho da Luz. quanto age principalmente pela natureza espiritualizada de seus medicamentos. 1863). Hahnemann é citado como subscritor do prolegômenos na nota XVII. Emmanuel/Chico “pegam pesado” com Napoleão: “Assediado pelo sonho de domínio absoluto. que apresenta papel preponderante nesta afecção. do alívio da Humanidade. muitos animaram.” ● O Evangelho Segundo o Espiritismo – A Cólera (mensagem). 192. 1864). – Jean Reynaud e os Precursores do Espiritismo (ago. embora entre si pouco de acordo quando aqui. No entanto. mas ficou por alguns meses até ser exilado na Ilha de Sta. IX.consequência da desordem física (. fora outros.. é sempre a mesma benevolência e solicitude 18 pelos que empreende curar. ● Revista Espírita – Correspondência (jan. A bondade. O espírito Emmanuel.” (Grifo nosso). Adotou o nome de Napoleão I como imperador autoproclamado da França. A ação da Homeopatia pode ser aqui tanto mais eficaz. onde reinou no período de 1804 a 1814. – O Livro dos Espíritos (diálogo). A nota X. XXII . 1860). Napoleão foi uma espécie de Maomet transviado. e entre estes últimos citaremos. de preferência a quaisquer outras coisas. ● Obras Póstumas – Minha Missão (diálogo). NA KARDEQUIANA – O espírito de Hahnemann participou ativamente da estruturação do Espiritismo. onde viveu os últimos anos de sua vida. se entendem às maravilhas no Mundo dos Espíritos e se unem de bom grado quando há bem a fazer. NAPOLEÃO PRIMEIRO – Uma das grandes personalidades da história da humanidade. através da psicografia de Francisco Cândido Xavier. 1863). excepcional estrategista. Assim como o profeta 19 18 19 Tradução de Silvino Canuto ABREU. Grã-Bretanha. e os resultados que obtém tocam mu ita vez a raia do prodígio. 10 de junho de 1856. ilustres médicos da Antiguidade e dos Tempos Modernos. Voltou ao poder em 1815. Podemos observar referências e diversas mensagens ditadas por ele em toda a obra de Allan Kardec: ● O Livro dos Espíritos (1857) – Notas X e XVII. da França do liberalismo. . Napoleão Bonaparte (1769-1821) foi um dos maiores líderes militares de todos os tempos e o maior herói que a França já teve. considera Napoleão Bonaparte um missionário que reencarnou com o objetivo de liderar “a organização social do século XIX”.A Revolução Francesa. com uma sorte de predileção.). devido ao orgulho e ânsia de poder. HAHNEMANN e DUPUYTREN que. “o humilde soldado corso não soube compreender as finalidades de sua grandiosa missão”. sobre o perispírito. – Medicina Homeopática (ago. cap. Helena. vale a pena transcrever: “Entre os Espíritos que se ocupam.. sobre a reencarnação: “nada liga Carlos Magno a seus descendentes. No campo do direito. Somente em João encontram-se registros do diálogo de Jesus com o membro do sinédrio Nicodemos. a França conquistou sua hegemonia política frente às grandes potências europeias graças ao gênio militar e político de Napoleão Bonaparte nas Guerras Napoleônicas.C. 1862).. promoveu a modernização da França e a criação de instituições administrativas. houve tantos homens nulos e indignos.) E. que a sua ação deveria validar. diferenciando-se dos outros três (Mateus. demonstrando que a sua personalidade de general manteve-se oscilante entre as forças do mal e do bem. com a samaritana. XXXI). então. (. Teria degenerado após a morte.” Compreendendo ou não “sua grandiosa missão”. Foi um dos doze apóstolos e testemunha ocular da vida de Jesus. de maneira ao mesmo tempo simples. Sua história está igualmente cheia de traços brilhantes e escuros. no artigo Genealogia Espírita. Marcos e Lucas).C. João nasceu em Betsaida. tornando-se verboso e burlesco? Esta comunicação pode ser de algum soldado que se chamava Napoleão. Era filho de Zebedeu. visto dar a razão de tudo. Kardec publica uma mensagem supostamente de autoria de Napoleão. em um estudo sobre comunicações apócrifas (cap. o primeiro milagre nas bodas de Canaã. tornando-se uma referência para outros países.” SÃO JOÃO EVANGELISTA – O único dos evangelistas que conviveu com Jesus de Nazaré. certamente a França não teria a importância cultural que teve no século 19 e Paris não viria a ser conhecida como a Cidade das Luzes. em vida. Todos conhecem o seu estilo breve e conciso. entre os seus descendentes. Reformulou a universidade francesa e realizou várias obras urbanísticas. descrito pelo filólogo e historiador francês Ernest Renan como um pescador bem estabelecido e proprietá- . da ressurreição de Lázaro e a célebre cerimônia do lava-pés. lógica e completa.do Islã pouco se aproximara do Evangelho. NA KARDEQUIANA – Kardec faz referência a Napoleão na Revista Espírita (mar. provavelmente entre os anos 8 d. o quarto e último. um homem grave e sério como poucos. Se não fosse ele. e por que Napoleão é um gênio maior do que os seus obscuros antepassados? Façam o que quiserem: sem a reencarnação nós nos chocamos a cada passo contra dificuldades insolúveis. a aprovação do Código Napoleônico (1804) implementou importantes reformas legislativas. pequeno povoado de pescadores a nordeste do mar da Galileia. A observação crítica e bem-humorada do fundador do Espiritismo é bastante interessante: “Napoleão era. também as atividades de Napoleão pouco se aproximaram das ideias generosas que haviam conduzido o povo francês à revolução. como explicar por que. Longevo. jurídicas e financeiras. considerados sinóticos. Durante o período em que esteve no poder. Seu evangelho. viveu quase 100 anos. que só a preexistência da alma resolve. é considerado pelos estudiosos e exegetas o mais intimista e teológico.” N’O Livro dos Médiuns. devido às semelhanças históricas e descritivas. e 105 d.. um à sua direita e outro à sua esquerda. aproveitando a situação. pede a Jesus que no seu Reino cada um dos seus filhos. por milagre. a irmã dela. 20 Foi o mais novo dos apóstolos. João era um homem extraordinário: sua juventude. cheio de graça e de verdade. o que fazia aumentar ainda mais a fé e o idealismo dos primeiros cristãos. João e Tiago Maior. e quem quiser ser o primeiro entre vós. Mesmo sendo um dos quatro evangelistas. e o Verbo estava com Deus. por conta dis20 Ernest RENAN. Os dois eram chamados por Jesus de “filhos do trovão”. e vimos a sua glória. João e Pedro foram presos várias vezes e condenados a açoites. de uma caldeira de azeite fervente. para aqueles a quem está preparado por meu Pai”. fervor e a exaltada imaginação faziam dele um dos apóstolos mais encantadores. é. O pedido provocou indignação e ciúme entre os demais apóstolos. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. . dirigidas ao grupo de familiares ao pé da cruz.” (João. Sua mãe. Salomé. Segundo Renan. O evangelista também ficou conhecido por uma curiosa passagem evangélica em que sua mãe. também conhecido como o “apóstolo do amor”. Após a desencarnação de Jesus. pouco antes de desencarnar. cap. E Jesus. será esse o que vos sirva. desempenha importante papel na criação e orientação de várias comunidades cristãs. e Maria. mas o assentar-se à minha direita e à minha esquerda não me compete concedê-lo. João. Com pouco mais de 20 anos. e o Verbo era Deus”.” (Mat 20:20 a 28). Jesus consentiu.” (João 1: 1-14). em sua epístola aos Gálatas (Gl 2:9). Como se vê nessas derradeiras pal avras de Jesus. Segundo a tradição cristã. foi o principal sustentáculo da primitiva comunidade cristã de Jerusalém. devido à sua personalidade explosiva e enérgica. segundo a própria descrição de João: “E junto à cruz estavam a mãe de Jesus. deixa um ensinamento que vale para todos: “Quem quiser tornar-se grande entre vós. mãe de Jesus. tal como o Filho do Homem. no que poderíamos denominar de uma autêntica metafísica teológica: “No princípio era o Verbo.) “E o Verbo se fez carne. que não veio para ser servido. No Ato dos Apóstolos. Foi o único dos apóstolos que não foi martirizado. uniu-se ao grupo de apóstolos. Ao lado de Pedro. chamados por Paulo de “colunas da Igreja”. Dessa hora em diante o discípulo a tomou para casa. grifo meu). 19: 25 a 27. castigo que era infligido aos heréticos. Salomé. glória como do unigênito do Pai. porém. e junto a ela o discípulo amado. o “discípulo bem -amado”. João faz uma descrição poética de Jesus. resistindo às tentativas de sufocar o nascente movimento cristão. seu irmão e P edro formavam o trio dos discípulos prediletos e mais íntimos de Jesus. João nunca deixou de ser judeu. junto do único irmão. mas advertiu: “Bebereis o meu cálice. Vendo Jesus sua mãe. João escapou. apóstolos de Jesus. mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.rio de várias embarcações. apesar de cristão. Tiago Maior. e Maria Madalena. Era parceiro de pesca dos irmãos André e Pedro. Acusado de feitiçaria. será vosso servo. e o único que acompanhou Jesus até o fim da crucificação.Os discípulos de Jesus. era irmã de Maria. Segundo Renan. (.. se assentassem. em seus primeiros capítulos. Vida de Jesus. mulher de Clopas.. Logo no início de seu evangelho. IX . e habitou entre nós. eis aí o teu filho. disse: Mulher. podemos observar que os dois eram amigos e companheiros inseparáveis. (set.21 Além do quarto evangelho e do Apocalipse. dirigida às comunidades cristãs da Ásia Menor (antiga região da atual Turquia). (. onde se estabeleceu e viveu os últimos de seus longos dias. Caos e o Mundo que Virá.1ª edição) – Nota XVII. – Os Mortos Sairão de Seus Túmulos. repetidamente: “toma e lê. 1866). Em seguida. este era mais judeu do que cristão. VIII.. (Norman COHN. A primeira. Todos os cristãos aceitam essa obra e consideram João Evangelista como seu autor.2ª edição) – Prolegômenos. fundada por Paulo. – Citado em O Espiritismo só pede para ser conhecido. de modo impulsivo. justamente em uma epístola de Paulo sobre os prazeres mundanos: “Não 21 Apesar da afeição especial de Jesus por João. João é autor de três epístolas. Agostinho ouve uma voz infantil que entoava uma canção que dizia. ● O Livro dos Espíritos (1860 . Os originais foram redigidos em “grego estranho e pouco gramatical”. onde escreveu o último livro da Bíblia. ● O Livro dos Espíritos (1857 . Cosmos. obra provavelmente escrita por volta de 95-96 d. toma e lê” (tolle.C. na África. somente comparável a São Tomás de Aquino. atual Argélia. Na busca de um sentido para a própria vida. à “senhora eleita e aos seus filhos” e a terceira tem como destinatário o “amado Gaio”. – Citado na Sessão Comemorativa na Sociedade de Paris (dez. dirigiu várias comunidades cristãs. cap. 1864). 1868). antes de seguir a carreira eclesiástica Agostinho teve um passado considerado mundano. lege. . mensagem (fev. 276). no final do reinado do imperador Domiciano. NA KARDEQUIANA – O espírito João Evangelista é um dos oito citados por Allan Kardec na primeira edição de O Livro dos Espíritos e o primeiro subscritor do Prolegômenos. o Apocalipse. ● O Evangelho Segundo o Espiritismo – Deixai vir a mim os pequeninos.cap. Reencarnou como Aurélio Agostinho (354-430). SANTO AGOSTINHO – Foi um dos membros mais ativos da equipe d’O Espírito de Verdade. em Tagaste. ● Revista Espírita – A Esposa de Remone. toma a bíblia e abre aleatoriamente. provavelmente um dos líderes de alguma comunidade cristã da Ásia Menor. 1862). mensagem . tolle.. dentre elas a de Éfeso. a autoria dessa obra é “certamente falsa”. Para Norma Cohen. João teve destacada atuação na Ásia Menor. mensagem (abril 1864). lege). 1863). – Aos Operários. cheio de prazeres e aventuras amorosas. segundo o historiador inglês Norman Cohn: “Seu autor é claramente um cristão de origem judaica e palestina. se vê diante de uma experiência mística no jardim de sua casa. 12. o “discípulo amado”. mensagem (jul. diálogo e Jacques Noulin.. diálogo (nov. em sua segunda edição. Teve um filho com apenas 19 anos.so foi exilado pelo tirânico imperador romano Domiciano por quatro anos na Ilha de Patmos (ao leste do mar Egeu). Podemos observar isto na leitura de Ato dos Apóstolos e na linguagem empregada no Apocalipse. a segunda. – O Arrependimento. pág. em Milão.) que costumava pensar em h ebraico ou aramaico”. Considerado um dos maiores teólogos do cristianismo. Converteu-se ao cristianismo aos 32 anos em meio a uma crise existencial. mundana e profana à Cidade de Deus.caminheis em glutonerias e embriaguez. passa a seguir um rumo todo próprio. mensagem. NA KARDEQUIANA – Desde o início. Deixou uma vasta obra. Combateu com veemência as chamadas her esias que surgiram em sua época. onde nota-se a nítida influência do pensamento de Platão. de alimentação frugal. Na obra Sobre o Livre-Arbítrio (De Libero Arbitrio). que é a própria personificação do bem. segundo sua vontade. nem em contendas e rixas. Entre as principais obras de Agostinho. que havia sido preparado por sua mãe. o mal não poderia vir de Deus. Agostinho pertencia a uma “vigorosa falange dos Pais da Igreja”. Do Livre Arbítrio (388-395). Era um homem de hábitos simples.2ª edição) – Prolegômenos. vindo a morrer em seguida. A Cidade de Deus. Foi o principal teórico da doutrina do pecado original e exerceu grande influência no pensamento de Tomás de Aquino e Calvino. quinhentos sermões sobre os mais variados temas de caráter teológico. da perfeição. aos 76 anos. De Magistro (389). Solilóquios (387). Confissões (400). a comunidade cristã devota a Deus e aos princípios cristãos. Segundo o espírito Erasto. Segundo ele. Seu pensamento teológico e filosófico influenciou por vários séculos todo o período medieval. até pouco antes da desencarnação de Kardec. Desse dia em diante. Assim que os vândalos invadem Hipona. A Cidade de Deus (413-426) e as Retratações (413-426). (Rm 13:13-14). Se inicialmente fora influenciado pelo maniqueísmo e o neoplatonismo de Plotino. avesso a maledicências e bastante parcimonioso na administração dos bens da Igreja. que consistia basicamente na conciliação da fé cristã com a filosofia grega. o espírito Santo Agostinho teve ativa participação na elaboração do espiritismo. Sua origem está no livre-arbítrio. É autor de uma das primeiras utopias. Agostinho adoece. na capacidade que o homem tem de exercer o bem ou o mal. Espírito e Letra (412). Dissertações Espíritas . deixando uma extensa obra que iria definir por vários séculos os par âmetros do pensamento cristão medieval. corrente de pensamento dominante no medievo. base de seu pensamento onde contrapõe a Cidade dos Homens. com o pensamento racional. Santo Agostinho aborda a questão da origem do mal. questões 495. torna-se um verdadeiro cristão. Desenvolveu estudos sobre o evangelho de São João e os Salmos. da fé e a razão. Em 391 é ordenado sacerdote em Hipona (região da atual Argélia) por aclamação. XXXI. temos: Contra os Acadêmicos (386). com amplas reflexões sobre a questão da graça. A obra de Santo Agostinho se constituiu num dos pilares do desenvolvimento da Escolástica. trilhando um caminho singular. do livre-arbítrio. mensagem e ditado sobre uma fórmula de invocação geral. mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não procureis a satisfação da carne com seus apetites”. ● O Livro dos Espíritos (1860 . filosófico e hermenêutico. A filosofia cristã surge com Santo Agostinho.Sobre o Espiritismo. nem em desonestidades e dissoluções. Conclusão. item XVI. item IX. 919 e 1009. ● O Livro dos Médiuns – Cap. do bem e do mal. . Sobre as sociedades espíritas. cargo que ocupou até sua morte. com mais de cem trabalhos escritos. 1866). seu navio é atacado por piratas turcos que o aprisionam e o vendem. – Cap. estudo moral (jun. 1859). publicada n’O Livro dos Espíritos (q. – A vinha do Senhor (mar. 1864). como escravo a um pescador. 1862). – Mensagem sobre as férias da Sociedade Espírita de Paris (set. – O Espiritismo é provado por milagres? (fev. 1862). – O trabalho (jun. – Sobre os espíritos que ainda se julgam vivos (nov. – O verdadeiro espírito das tradições (nov. item 12 (Paris. – Mensagem para a Sociedade Espírita de Constantina (ago. – Cap. França. Mundos regeneradores. 1862). 1862). XXVII. . Felicidade que a prece proporciona (Paris. 495). – Duplo suicídio por amor e dever. – Mundos intermediários ou transitórios. Vicente retoma suas funções eclesiásticas e o fazendeiro torna-se monge. VIII. O mal e o remédio (Paris. 1863). depois para um alquimista e por último. – Mensagem sobre o valor da prece (ago. V. ● O Céu e o Inferno – 2ª parte. Mundo de expiações e provas (Paris. Com apenas 19 anos. Por ocasião de uma viagem marítima a Marselha. recém-convertido à fé muçulmana. 1862) e item 15 (Bordéus. XIV. Segue o caminho eclesiástico e conclui seus estudos teológicos na Universidade de Toulose. XII. 1862). Seu nome está sempre associado a ações sociais de caridade. Em sua vida atribulada. III. teve de enfrentar uma série de dificuldades físicas e financeiras. – Cap. Desde cedo manifesta grande inteligência e muita fé nos princípios cristãos. 1863). 1861). De origem camponesa. 1862). o fazendeiro segue com ele para a França. ● Revista Espírita – Os Anjos da guarda (jan. – Cap.● O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. – Comunicação na sessão comemorativa da Sociedade de Paris (dez. 1862). Progressão dos mundos (Paris. Arrependido. 1862). Perseguição (abril 1862). a um fazendeiro ex-cristão. – Mensagem aos membros da SPEE que partem para a Rússia (maio 1862). Vicente de Paulo (1581-1660) nasceu em Landes. A ingratidão dos filhos e os laços de família (Paris. (Paris. SÃO VICENTE DE PAULO – Um dos santos mais venerados pelos cris- tãos. 1861) sobre os duelos. cap. – Os mártires do Espiritismo. é ordenado sacerdote. 1863). 1862). – Os dois Voltaires (maio 1862). O contato com Vicente de Paulo resulta na reavaliação de sua fé. – Sobre as comunicações dos espíritos (jun. 1864). Instruções do guia do médium. – Comunicação sobre Jean Reynaud (ago. 1862). na Tunísia. 1863). diálogo (maio 1859). sem precisar de algum investidor. os Servos dos Pobres e as Filhas da Caridade. Desenvolve grande variedade de obras sociais e funda várias congregações no seio da Igreja. XIII. foi ele quem aconselhou Kardec a assumir sozinho a empreitada de lançamento da Revista Espírita. ● Revista Espírita – A caridade (ago. A . – Perseguições. XXXI. Ditada por Ele Mesmo (1854). XIII. tendo sido nomeado pelo papa Leão XIII como o Patrono dos Serviços Sociais. itens XIX. Médium excepcional. – Parábola (abril 1860). como a Confraria das Damas de Caridade. de maior profundidade. cap. da qual é uma das fundadoras. XXIX e XXX. – Comunicação espontânea (dez. É canonizado pelo papa Clemente XII em 1737.1ª edição) – Nota XVII. 888-a. em 1885. 1859). diálogo (dez. sempre com o apoio moral e político da mãe. Provavelmente. cujo guia era o próprio São Luís. Questões doutrinárias mais espinhosas. Seu exemplo de ação caridosa inspirou um grupo de católicos leigos na fundação da célebre Sociedade São Vicente de Paulo. 1858). 1859). Promoveu grandes mudanças políticas e jurídicas na França. ● O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. levando consigo toda sua experiência na vivência da caridade. tornou-se conhecido pelo epíteto de A Consciência do Reino. a Congregação dos Padres da Missão (Lazaristas). São Luís era provavelmente o mais preparado. comentário (set. com a função de gerenciar todos os projetos assistenciais da França. Ermance tomou parte ativa na revisão da 2ª edição de O Livro dos Espíritos e na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE). NA KARDEQUIANA – O espírito São Vicente de Paulo se integrou à equipe d’O Esp í- rito de Verdade. entidade com várias filiais em todo o mundo. O primeiro contato do fundador do Espiritismo com esse espírito se deu através da médium Ermance Dufaux. consagrado monarca desde os doze anos.2ª edição) – Prolegômenos e q. 1862). que atuou como atenta conselheira até o fim de sua vida. em 1883. Branca de Castela. item 12. censurada por Napoleão III. Dedica sua vida à assistência dos pobres e oprimidos. psicografou A História de Luís IX. ● O Livro dos Médiuns – Cap. ● O Livro dos Espíritos (1857 . Entre os católicos. a Confraria do Rosário. voltado à prática da solidariedade ao ponto de ser nomeado pelo rei Luís XIII como Ministro da Caridade. na França. publicada n’O Evangelho. eram respondidas por ele. ● O Livro dos Espíritos (1860 . de Paris. – Os Convulsionários de Saint-Médard. item 12.Vicente de Paulo ganha notoriedade com seu ativismo social. mas lançada posteriormente pela revista La Verité. Desencarna aos 85 anos. XXVI. SÃO LUÍS – De todos os espíritos que participaram da equipe d’O Espírito de Verdade. Reencarnou como o rei Luís IX (1214-1270). resultando na derrota de seu poderoso exército. mas principalmente da finalidade comercial e mercantilista que estava por trás desse empreendimento bélico e proselitista. Quando interrogado por Kardec. Era ele quem coordenava as pesquisas e as reuniões mediúnicas da sociedade. O espírito São Luís era o guia. mesmo com uma frota de 100 navios e 35 mil soldados. o novo desastre custou-lhe a vida. fato que pode ser conferido nas edições da Revista Espírita. principalmente na Revista Espírita. que hoje seriam chamados de poltergeist. metáforas. apesar de todas essas qualidades. um dos maiores responsáveis foi o espírito São Luís. dentre outros territórios usurpados e ordenou a estruturação de uma comissão judiciária. tentou outra cruzada. destoa radicalmente de muitas comunicações mediúnicas cheias de enfeites e florilégios moralistas. recheados de adjetivos. virtudes morais e reto pensar. e aprovou a sua canonização. era um monarca respeitadíssimo pela sua integridade. patrono. Em conflitos internacionais.Universidade de Sorbonne surgiu por sua iniciativa. em função da perseguição aos judeus durante o seu reinado e da capacidade política na manipulação dessa imagem e da religião cristã. . era sempre requisitado para atuar como árbitro. em 1269. Foi o intelectual mais prolífico da equipe d’O Espírito de Verdade. tão reverenciado. Há historiadores que descartam o caráter mítico de Luís IX como o rei cristão. usando-as a seu favor como soberano. tão popular. bem antes da Igreja canonizálo.22 A Igreja examinou a vida de rei Luís IX. como santo. finalizando o centenário conflito com a Inglaterra. em Paris. Há um episódio curioso n’ O Livro dos Médiuns que demonstra sua popularidade. Um espírito traquinas e debochado tinha por hábito “jogar pedras” nas pess oas da Rua Noyers. inclusive no papel que desempenhou na política externa. o diretor espiritual (ou presidente espiritual) da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE). O rei Luís IX. na feliz expressão do tradutor e erudito Júlio Abreu Filho. com a final idade de se compreender como ele produzia aqueles fenômenos. que se deu em 1287 pelo papa Bonifácio VIII. o mito do rei-santo. o culto popular que surgiu em torno de sua figura mítica. fruto de seu religiosismo exacerbado. que a Igreja o canonizou alguns anos depois de sua desencarnação. também derrotada pela mesma epidemia. 22 O rei Luís IX era tão respeitado e. Assinou o Tratado de Paris (1259). a oitava. sem floreios. o rei Luís IX se deu mal quando liderou a Sétima Cruzada (1248). inclusive no mundo extrafísico. esse espírito atendeu a várias questões formuladas por Kardec. na Tunísia. Essas qualidades morais fizeram dele uma figura muito carismática. adorada pelo povo francês. Foi guindado à condição de mito. a linguagem objetiva. Desta vez. extremamente religioso. o espírito referiu-se ao diretor espiritual da SPEE como “O Bom Rei Luís”. A perseguição aos judeus e desapropriação de seus bens também serviram para angariar recursos no financiamento de seu projeto de retomar as Cruzadas. em 1º de abril de 1858. desde sua fundação. Sob a orientação de São Luís. Foram todos surpreendidos por uma epidemia de tifo no Egito. a tal ponto pelo povo francês. o espírito São Luís nos legou vários estudos de natureza moral. Os diálogos com Allan Kardec. O fato é que. a precisão e profundidade de seus ensinamentos. recuperou a Normandia. Se a Revista Espírita tornou-se o laboratório de ideias de Kardec. Saiu da prisão depois do pagamento de um resgate. 17 anos após sua desencarnação. um rei-santo. NA KARDEQUIANA – Além de sua profunda contribuição intelectual. por excelência. que o via como santo. que viria a ser o embrião do futuro parlamento francês. Ainda assim. – Comentário sobre a raça negra (jun. Metades eternas e Morte de Luís IX manuscritos de Ermance Defaux (maio 1858). XXIII. item 128. 1858). XIII. – A fatalidade e os pressentimentos (mar. 1861). XXXI. – Processo para afastar os espíritos maus (set. – Estudos na SPEE. cap. – Perguntas sobre o avarento Pai Crépin (out. cap. item 74. cap. IV. 1859). 1859). ● Revista Espírita – A avareza (fev. – Sensações dos espíritos e A Bela Cordoeira (dez. cap. V. 1859). XVIII. 1858). X. XXIV. comunicação (dez. itens 28 a 31. 1859). Problemas morais. IV. item 15. O trapeiro da Rua des Noyers (ago. O suicida da Samaritana e Confissões de Luís IX (jun. 1860).1ª edição) – Prolegômenos. – Sessão particular da SPEE e O espírito de um idiota (jun. XVI. 1858). 1860). 1860).túmulo. itens 19 a 21. V. . 1859). – Sessão geral na SPEE. O guia da senhora Mally (ago. – Sobre o gênio das flores (mar. 1860). – A rainha de Oude. 1858). comentário (mar. XVII. item 266. 1859). 664. – O espírito batedor do Aube (jan.● O Livro dos Espíritos (1860 . 1858). – O mal do medo (out. – Questões e problemas diversos e Ano de 1861 (fev. – O orgulho. XIX. 1006 a 1008. – Sobre os animais (jul. – Conversas familiares de além-túmulo (abril 1858). itens VI. 1858). cap. cap. – Mobiliário de além-túmulo. – História de um danado (fev. 1860). 1859). cap. – A inveja (jul. – Os talismãs e Suicídio por amor (set. ● O Livro dos Médiuns – Cap. VIII. cap. ● O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. 1858). 1010 e 1019. 1004. 1858). – Sobre o suicídio (nov. XXV. – Teoria das manifestações físicas. – Estudo sobre os médiuns e Fenômeno de transfiguração (mar. item 94. item 279. – Os agêneres (fev. A preguiça. Conversas familiares de além. – Os anjos da guarda (jan. Questões 495. itens 24 e 25. cap. 1860). 1858). 1861). item 20. O ESPÍRITO DE VERDADE – Não sabemos sua identidade. Após a ressurreição. da qual era o guia espiritual. os 23 Os cristãos são unânimes em considerar o Espírito de Verdade. baseados em análises interpretativas do evangelho de João. – O anjo da cólera (maio 1861). – Comunicação coletiva (mar. O Cristo é o verbo que se fez carne. 1867). 1868). Apesar de não ter sido identificado. um autêntico “três -em-um”: Pai. Filho e Espírito Santo. ● Obras Póstumas – Diálogo sobre a Revista Espírita na casa do sr. 1865). Todas elas apontam para a identificação desse espírito como sendo Jesus de Nazaré. 1863). Ou seja. Enquanto que O Espírito de Verdade. – Mediunidade mental (mar. O Evangelho Segundo o Espiritismo e na Revista Espírita. certamente é o espírito São Luís. – Sessão anual comemorativa do Dia dos Mortos (dez. Ele foi Sócrates ou Jesus? Há quem sustente que tenha sido Jesus. entre os apóstolos. – Festa de Natal (abril 1863). apesar de. – Hereditariedade moral (jul. Ermance Dufaux. – Cura moral dos encarnados e Sobre a morte dos espíritas (jul. – Os messias do Espiritismo e Apreciação da obra A Gênese (fev. o Cristo e o Espírito de Verdade são distintos. sinônimo de Espírito Santo. na fase inicial do movimento cristão. 1866).– Sobre Alfred Leroy. o Paracleto. . Dufaux. através do Espírito Santo. – Os adeuses (out. – Comunicação providencial dos espíritos (fev. 23 Normalmente. 1867). há também sólidos argumentos contrários. – A nova Torre de Babel (nov. em 15/11/1857. 1862). – O camponês filósofo (dez. 1865). – Estudo sobre os possessos de Morzine (maio 1863). suicida (abril 1861). 1867). de uma mesma substância na trindade divina. o Consolador Prometido pelo Cristo como a manifestação sobrenatural de Deus. 1868). – O Espiritismo obriga (maio 1866). pela linguagem e a médium. – Perseguições (ago. na teologia cristã. 1868). Todavia. o Espírito Santo manifesta-se no Pentecostes. Existem pistas acerca de sua origem em O Livro dos Médiuns. foi enviado pelo próprio Cristo para restabelecer todas as coisas e relembrar a mensagem do Reino. serem parte de uma mesma pessoa. Ele usa termos típicos do discurso evangélico: “Venho. grifo meu). abusar de uma pobre mãe ao fingir-se o filho por ela chorado. para vos instruir e vos dizer estas boas palavras: Eis-me aqui. Isto aqui não seria possível entender de uma individualidade encarnada que não possa d emorar eternamente conosco (. E completa: “Estas palavras me tocaram vivamente. protetor da Terra’). publicada na Revista Espírita (jun. no pensamento de Jesus. Jean-Baptiste Roustaing (1805-1879). e me perguntava: ‘Mas onde está. 104. venho a vós.. o Espiritismo é esse Consolador anunciado po r Jesus: “O Espiritismo realiza. A tese de que O Espírito de Verdade é o próprio Cristo se encaixa perfeitamente nessa vinculação. 26 Allan KARDEC. ele argumenta: “com que fim o Espírito da Verdade viria nos enganar sob falsas aparências.” 26 24 A profecia da vinda do Consolador (João 14:15-17 e 26) é analisada por Kardec em A Gênese (cap. Após. autor da obra apócrifa Os Quatro Evangelhos (1866). 1861). como outrora. XVII. item 48. entre os filhos desgarr ados de Israel”. O Consolador é. caso O Espírito de Verdade fosse mesmo o Cristo. para a propagação e o sucesso do Espiritismo. a personificação de uma doutrina soberanamente consoladora onde o inspirador deva ser o Espírito Verdade. e sereis aliviados e consolados. O Evangelho Segundo o Espiritismo. (Grifo meu). IV. 25 Quando Kardec tece críticas ao sistema uniespírita ou mono-espírita (‘crença de que um único espírito se comunica com os homens e que esse espírito é o Cristo. teria dito: ‘Voltarei para completar o que vos tenho ensinado’. itens 35 a 42): “Jesus dizendo: ‘Rogarei a meu pai e Ele vos enviará um outro Consolador’ indica claramente que este não é ele próprio. como tem demonstrado. ficaria estranho imaginá-lo enviando ele próprio. . ele junta: A fim de que ele demore eternamente convosco e ele estará em vós’. de que após a subida aos céus o Cristo iria enviar o Consolador Prometido para relembrar sua mensagem. 24 Algo bastante confuso. pois.). “não mistureis o joio ao bom grão”. em carta enviada a Kardec. improvável.” Na visão de Kardec. A razão se recusa a admitir que o Espírito mais santo de todos venha a representar semelhante comédia. pág. através do Espiritismo: escutai-o.” (item 40). E além do mais. no entanto.. como critério para a análise da identidade na comunicação espírita.” (O Livro dos Médiuns. Cristo e o Espiritismo.) a mim. todos vós que sofreis e que estais carregados. segundo a expressão do Espírito de Marius. Então.” Indícios dessa tese podemos observar em O Livro dos Médiuns. Invocai -O do fundo do coração. Deus dirige aos vossos corações um apelo supremo. Roustaing chama o Espiritismo de “terceira explosão da bondade divina”. porque o mundo é impotente para dá-las. bispo das primeiras idades da Igreja. Outros acham mais admissível que ele e o Cristo sejam duas individualidades distintas.espíritas de mentalidade mais religiosa são partidários da tese de que O Espírito de Verdade seja o Cristo. essa ideia deve ter seduzido Allan Kardec como podemos observar nas referências que faz a ele. pois. A vinculação à tradição judaico-cristã é evidente. VI. todas as condições do Consolador prometido por Jesus. cap... o Cristo em missão sobre a Terra?’ A Verdade comanda. Em O Evangelho Segundo o Espiritismo . O primeiro a aceitar e divulgar tal tese foi o advogado de Bordéus. Ele vos enviará o seu Filho bem-amado. porque me chamastes!” “Vinde (. Considerando a profecia evangélica. Kardec aderiu à tese das Três Revelações: Moisés. Sede dóceis aos Espíritos do Senhor.25 E a suspeita de que O Espírito de Verdade seja o Cristo surge também em função da linguagem empregada. “Não temais nada! O Cristo (chamado por eles Espírito de Verdade). essa falange de Espíritos enviados por Deus em missão sobre a Terra. Não procureis alhures a força e a consolação. a Verdade é o primeiro e o mais santo missionário das ideias espíritas”. cap. há passagens bem sugestivas: “Amai e orai. “Eu sou o grande médico das almas”. do contrário. 27 Além da linguagem evangélica e das referências a si mesmo.. 28 São poucas as diferenças de redação. Allan Kardec. o primeiro sentimento do médium modesto é o da dúvida. 30 Com inicial S também temos os filósofos Sêneca. por outros Espíritos. Na mesma mensagem também afirma: “Há muitas moradas na casa de meu Pai. na mensagem A Propósito da Imitação do Evangelho. há algum tempo.” (Manifestações Espontâneas.LAKE). o orgulho de julgar-se infalível e intérprete privilegiado dos Espíritos puros. porque é digna dele.. isto. . intitulada Advento do Espírito de Verdade. no Instruções Práticas: “Tendo eu interrogado esse Espírito. A referência como S. E a que foi republicada. está n’O Evangelho Segundo o Espiritismo. Kardec revela que O Espírito de Verdade teria sido um conhecido filósofo da Antiguidade. Z. pág. quando não. – Quando. O Espiritismo veio tornar compreensíveis estas palavras”. 228).. À vista desses nomes venerados. Baudin: “P. pela primeira vez.). ( Obras Póstumas . tem uma mensagem assinada pelo Espírito de Verdade n’ O Evangelho Segundo o Espiritismo . E mais. Instruções dos Espíritos. Revista Espírita (dez. assinada pelo Espírito de Verdade. O Espírito de Verdade afirma que “há dezoito séculos. Provavelmente. Será que foi intencional? Foi erro de revisão. revela que O Espírito de Verdade. cap. mistificações ridículas e por desgraças reais nesta vida. pág. cuja prolixidade.) Para nós. para identificá -lo está no diálogo intitulado Meu Espírito Protetor. – Se o quiseres. 535. e lhe perguntamos se ele poderia ser o Espírito protetor de um de nós. por ordem de meu Pai. Kardec nunca soube. evocamos S.’ Julgas-me digno desse favor? R. 1864). traem a origem apócrifa aos olhos dos menos clarividentes.” Nesse mesmo diálogo. 27 28 Allan KARDEC. po rque não se julga digno de tal favor. dizemos que pode ser do Espírito de Verdade. pág. nada mais saberás a respeito. vô-lo dirá. Não garantimos mais esta assinatura do que muitas outras.30 Esse espírito. foi “um homem justo e sábio”. Só uma fascinação completa pode explicar a cegueira dos que se deixam apanhar. que também se identificava como A Verdade. orgulho sempre punido. ele se deu a conhecer sob um nome alegórico (eu soube depois. é bem prudente: “Sabe-se que não levamos em consideração o nome dos seres que se comunicam. enquanto temos visto massas assinadas por este nome venerado ou o de Jesus. Na observação a essa mensagem. ele respondeu: ‘Se um de vós se mostrar digno. mais cedo ou mais tarde. muito semelhante a outra publicada em O Livro dos Médiuns. disse-lhes eu há dezoito séculos. nenhum deles tão célebre quanto Sócrates. pelas decepções. em 11 de dezembro de 1855. para ti. XXXI.Minha Primeira Iniciação no Espiritismo. vulgaridade. (. eu com ele estarei. como sempre. verborragia. A mensagem assinada por Jesus de Nazaré pode ser conferida no cap. a quem Kardec imaginava ser o seu guia espiritual. sobretudo os que se apresentam sob nomes venerandos . 1864). 29 O Espírito de Verdade é mencionado por Kardec. com certeza. quem realmente foi ele. seu nome teria o S como inicial. na casa do sr. evitou identificar-se ao ser questionado.. quando viveu na Terra. lapso de Kardec? Em Instruções Práticas Sobre as Manifestações Espíritas (1858). o espírito Zéfiro ou Zéphyr. Simplício e Skoitenós (cognome de Heráclito). mas assinada por Jesus de Nazaré. item IX de O Livro dos Médiuns. limitando-nos a entregar esta comunicação à apreciação de todo espírita esclarecido. (Grifo meu). sou a Verdade. entre Kardec e o espírito Zéfiro (que assinava Z. quer dizer discrição. apelidado de Roc pela mãe das irmãs Baudin.29 O que inevitavelmente nos faz reportar a Sócrates. vim trazer a palavra de Deus aos homens de boa vontade”. item 5.Na Revista Espírita (dez. VI. por vezes mesmo a trivialidade das ideias.” (Obras Póstumas A Minha Primeira Iniciação no Espiritismo . 223). também.” (Grifo meu). para ti. E exigiu discrição: “Já te disse que. que fora o de um ilustre filósofo da antiguidade). muito bem representada na pessoa de Allan Kardec. O fundador do espiritismo. 32 31 32 Ver O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária . e preparar o cumprimento das coisas futuras. conforme este mesmo lhe revelou. 31 Descobriu. dispensável. durante a elaboração de O Evangelho Segundo o Espiritismo . refere-se a ele como “nosso bem -amado mestre” e “mestre de todos nós”. O espírito de Hahnemann considerava-o como o espírito “que dirige este globo”. Apesar do Mestre de Lyon nunca ter feito nenhuma declaração explícita quanto à identidade desse espírito. O editor Didier somente ficou sabendo dela quando Kardec mostrou-lhe os originais no início de 1864. discípulo de São Paulo quando encarnado. inspirados na visão de Roustaing. Segundo o próprio Kardec. Hahnemann e do próprio Kardec. tudo leva a crer que ele considerava plausível a hipótese de que ele fosse Jesus. Kardec comenta a passagem evangélica sobre a lei e os profetas: “Da mesma maneira que disse o Cristo: ‘Eu não venho destruir a lei. Jesus e O Espírito de Verdade são duas individualidades distintas. Ele deixou de lado a extrema modéstia ao se colocar como o fundador da teoria espírita. como coordenador no mundo extrafísico de todo o processo de intercâmbio dos espíritos com a humanidade. muitos espíritas acreditam piamente que o Cristo seja o governador do planeta. contrariando tudo o que havia dito a respeito. mas dar-lhe cumprimento’. mas o desenvolve. cap. que Sócrates fosse seu guia espiritual. de início Rivail pensava que O Espírito de Verdade fosse um filósofo da Antiguidade. de Silvino Canuto ABREU. N’O Evangelho Segundo o Espiritismo (capítulo I. . out/nov. NA KARDEQUIANA – O Espírito de Verdade é um dos espíritos mais citados. é uma incógnita. sob o título inicial de Imitação do Evangelho . Mas convenhamos. jan. imaginava. que o preside.” (item 7). no processo de estruturação do espiritismo. completa e explica.Como vimos. o espírito de Sócrates e O Espírito de Verdade são também subscritores. Proferiu diversas dissertações na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. 1864). ele trabalhou nessa obra à surdina. Em nosso entender. As especulações em torno da identidade d’O Espírito de Verdade não alt eram em nada a estrutura doutrinária do espiritismo. essa é uma questão bizantina. obra do Cristo. duas individualidades distintas. portanto. assim como preside ao que igualmente anunciou: a regeneração que se opera e que prepara o Reino de Deus sobre a terra. Causa divergências desnecessárias. Kardec mudou de opinião pouco antes de desencarnar. E no segundo Prolegômenos. 5. em termos claros para todos. como podemos observar em Obras Póstumas. bem antes do lançamento de O Livro dos Espíritos . (Revista Espírita. Ele revela isto a partir de informações dos espíritos em Instruções Práticas Sobre as Manifestações Espíritas . 1861). inclusive. que seu guia espiritual era O Espírito de Verdade. na época predita. com vá- rias referências. E no estudo que faz sobre a natureza de Jesus. portanto. mas dar-lhe cumprimento’. o que o Cristo anunciou. Quanto à verdadeira identidade desse espírito. nas duas epístolas aos espíritas de Lyon e de Bordéus. posteriormente. Provavelmente. O que importa é a função destacada que ele teve. em nenhum m omento faz referência ao Espírito de Verdade. Ele é. Ele vem cumprir. também diz o Espiritismo: ‘Eu não venho destruir a lei cristã. O espírito Erasto. ( Revista Espírita. Ele nada ensina contrário ao ensinamento do Cristo. Não Vim Destruir a Lei). Provavelmente. A adesão à tese de que O Espírito de Verdade e Jesus são uma e a mesma pessoa certamente surgiu em 1863. principalmente em função do teor das mens agens desse espírito publicadas n’ O Evangelho . o que foi dito sob forma alegórica. ● O Evangelho Segundo o Espiritismo – Prefácio. ● Obras Póstumas – A Minha Primeira Iniciação no Espiritismo: Meu Guia Espiritual.399 a. encontram -se igualmente na sua doutrina os princípios fundamentais do Espiritismo. seguiu a profissão de seu pai: escultor. ● O Livro dos Médiuns – Cap. Auto de Fé em Barcelona. XX. Herá33 Allan Kardec: “se Sócrates e Platão pressentiram as ideias cristãs. . praticado ginástica. Jobard. Minha volta. representa a tradição filosófica grega no processo de construção do espiritismo. o centro comercial da antiga Atenas. – Comunicação sobre o sr. 12/05/1856. 17/06/1856. 1862).C. O Livro dos Espíritos. (nov. um filósofo. Baudin. apenas citações das mensagens por ele assinadas. como A Verdade (mar. SÓCRATES – O mais célebre e ilustre membro da equipe d’O Es- pírito da Verdade. Sócrates foi aluno de Anaxágoras. foram precursores da filosofia espírita. item IV . 25/03/1856. – A Propósito da Imitação do Evangelho (dez. ● Revista Espírita – Conselhos (abril 1860). – A Telha (jul. Minha Missão. Na juventude. mas nunca deixou de ser o que sempre foi.33 Como Jesus. Duração dos meus trabalhos. 1861).C. teve Crítias como professor.Seria enfadonho expor todas as referências a esse espírito. A formação educacional de Sócrates não foi diferente da de outros cidadãos gregos.) vem principalmente do filósofo Platão. 12/06/1856. 1860) – Prolegômenos. segundo Allan Kardec. 21/09/1861. com quem teve três filhos. Destacou-se por bravura na Guerra do Peloponeso. uma obra à parte. Acontecimentos. item 7 e cap. adquirido noções de luta e defesa pessoal. Casou com Xantipas. a seguir. no mínimo. 1864). Ambos. mulher irascível e explosiva. Diálogo na casa do sr. um livro. . Precursores da Doutrina Cristã e do Espiritismo). ao lado de Platão. e aprendido a venerar os mitos e os deuses. em toda a Kardequiana: ● O Livro dos Espíritos (2ª edição. nada escreveu. VI. Enumeramos.Sócrates e Platão. seu discípulo mais emérito. Introdução. cap. certamente o maior e mais carismático de todos os tempos. Os Obreiros do Senhor. contra Esparta. item XV. cuja presença. Preferia perambular pela ágora.” (O Evangelho Segundo o Espiritismo. – Mensagem citada por Allan Kardec no seu discurso aos espíritas de Bordéus. De início. Conheceu Parmênides pessoalmente. Deve ter conhecido Homero. 1862). debatendo filosofia com os cidadãos. quatro mensagens e cap. mensagem Os Obreiros do Senhor. 10/06/1860. escravos e estrangeiros. pensador jônico que trouxe a filosofia para Atenas. republicada em O Evangelho Segundo o Espiritismo. XXVII. XXXI. cuja contribuição para ser totalmente abarcada demandaria. Hesíodo. O que sabemos do pensamento de Sócrates (469 a. 9/04/1856. 24/01/1860. concreto. não tinha medo da morte e estava plenamente preparado para morrer. Atenas era a cidade-estado mais importante. provavelmente a mais bela de seu tempo. É nesse contexto que Sócrates emerge como um pensador polêmico e inovador.clito e o grande sofista Protágoras também influenciaram seu pensamento. eternizado nos diálogos de Platão. por ter introduzido novas divindades. mas na incessante tendência ao aperfeiçoamento do nosso p róprio ser. segundo a máxima “conhece -te a ti mesmo”. Inspirado na profissão de sua mãe. separado de todo dogma e de toda tradição. Idem. pág. Sócrates desenvolveu sua atividade como filósofo numa época em que o mito era dominante na Grécia. A Formação do Homem Grego. sem outro governo além daquele da sua própria pessoa e obediente apenas aos ditames da voz interior da sua consciência. o evangelista da nova religião terrena e de um conceito de bem-aventurança atingível nesta vida mercê da força interior do homem e baseada. Para o filósofo. que também foi aluno de Anaxágoras. Sempre sob a orientação do “daimon” (demônio). mágico. segundo Sócrates. chamou de maiêutica (ciência ou arte do parto) a busca da verdade. com o aprimoramento da poesia e da tragédia gregas. que viu inscrita no templo do Oráculo de Delfos. o verdadeiro eu de um indivíduo. Submeteu-se à lei grega sem protestar. pois ela surge como um dom de Deus à criatura. Na visão de Werner Jaeger. não na graça. seu guia espiritual. Partia do princípio de que todo ser humano tem uma alma.” 35 NA KARDEQUIANA – Sócrates. que era parteira. 512. É considerado o fundador da filosofia e da pedagogia grega. 493. demonstrando que. o pensamento racional. o apóstolo da liberdade moral. era tornar as pessoas felizes. . pág. a mais desenvolvida e civilizada. a virtude não pode ser ensinada. os quais considerava uma espécie de “vendilhões da filosofia”. segundo Allan Kardec. “Sócrates é o mais espantoso fenômeno pedagógico da história do Ocidente”. corrompendo assim a juventude ateniense. é um dos espíritos que estava mais preparado e “mais apto do que outros” a compreender os sublimes ensinos de Jesus de 34 35 Werner JAEGER. 34 A vitória da Grécia sobre os persas. Desenvolveu um método de reflexão denominado dialética. Tornou-se bastante popular entre os jovens atenienses. abstrato em oposição ao pensamento mítico. cuja transformação moral pelo desenvolvimento das virtudes. Segundo o filólogo alemão Werner Jaeger. a era de Péricles. provocando a ira dos poderosos de seu tempo. S ócrates enfrentou com argúcia e serenidade seus inimigos. Foi condenado a beber cicuta (veneno) devido às injustas acusações de desrespeito aos deuses. adotando-a como base de seu pensamento. Nesse período. Desencarnou cercado pelos discípulos. a democracia ateniense se consolida. ao urbanismo e à escultura. como filósofo. tanto quanto ao teatro. Ele contrapôs o logos ao mito. devido à arquitetura. “Sócrates torna -se o guia de todo o Iluminismo e de toda a filosofia moderna. Combateu o relativismo dos sofistas. A finalidade da filosofia. inaugurou um período áureo do ponto de vista político e cultural. lhe aproximaria de Deus. nas chamadas Guerras Médicas. escreveu tragédias na juventude. que aparece como personagem central em muitos diálogos.Nazaré. Em alguns momentos. 187. – A ingratidão (mar.) como o maior filósofo da Antiguidade. e sua mãe tinha parentesco com o grande legislador grego Sólon. A cronologia e a autenticidade são os maiores desafios dos filósofos especialistas no estudo de sua obra. Introdução . itens 186. 197 e 198. portanto. a cidade-estado perfeita. nascido em Atenas. A República. discípulo de Heráclito. 36 diálogos divididos em nove tetralogias. famoso por seus feitos em competições olímpicas. ● O Livro dos Médiuns – Cap. ● O Evangelho Segundo o Espiritismo – Introdução. é bastante difícil separar seu pensamento do de Sócrates. XVI. . é o mais citado. podendo assim “participar hoje da grande plêiade de Espíritos enc arregados de vir ensinar aos homens as mesmas verdades. Antes de tomar contato com Sócrates. Sem dúvida. Platão recebeu ensinamentos de Crátilo. a primeira instituição filosófica da Grécia. 1861). Seu pai. devastada pela intriga. os ombros e testa largos. o que faz dele o primeiro filósofoescritor. fato que iria influenciar decisivamente suas futuras reflexões no campo da ética e da política. destacou-se como grande atleta. na ilha de Egina. plano). Platão funda a Academia. Aristo. recebeu o apelido de Platão (largo. PLATÃO – Muitos estudiosos consideram Platão (428-7 .item XI. dedica-se ao seu trabalho como filósofo. Após várias tentativas frustradas de influenciar eticamente políticos de seu tempo. fato raro em se tratando de um filósofo da Antiguidade. Cresceu. em um ambiente político. Codro. chegou até nós. por volta dos 20 anos de idade. ● O Livro dos Espíritos (1860 . Na juventude. ● Revista Espírita – A fantasia. – Comunicação coletiva (mar. comentário (jun. Seu nome era Arístocles. muitos jovens e pessoas ávidas de conhecimento. com a finalidade de reconstrução de uma Grécia derrotada por Esparta.2ª edição) – Prolegômenos. em uma família de políticos consagrados.1ª edição) – Nota XVII. a corrup36 Allan KARDEC. na escritura dos diálogos. Formulou a primeira utopia da história. O Evangelho Segundo o Espiritismo.” 36 ● O Livro dos Espíritos (1857 . Foi bastante influenciado pelo filósofo e matemático grego Pitágoras. Depois da morte do mestre Sócrates. mas as queimou depois que passou a se dedicar à investigação filosófica no grupo de discípulos de Sócrates.C. Essa experiência como dramaturgo Platão colocou a serviço da filosofia. adquirindo grande prestígio e atraindo homens sérios. 1867). tanto pelas respostas às questões que abordou quanto pelo fato de ter registrado seu pensamento em textos. Toda sua obra. 1860). era descendente do último rei ateniense. Segundo a tradição. Devido ao porte atlético.348-7 a. na Academia. em vez de instrumentos de sua corrupção contínua. O pensamento platônico possui muitas afinidades com a filosofia espírita. o reino do saber. um reflexo daquele.ção. Allan Kardec mostra sua concepção de poder. E a República Filosófica. . baseada nos princípios espíritas. uma realidade suprafísica. principalmente na Revista Espírita. a aristocracia se fundamenta no saber e na virtude. ao privilegiar a aristocracia intelecto-moral como aquela dotada de plenas condições para governar. e por isso mesmo a única verdadeira. o domínio luminoso do Bem e da Justiça. que considera o espiritismo “como um dos mais fortes precursores da aristocracia do futuro. Nessa concepção de Allan Kardec. Seu pensamento. Para o filósofo grego. Os Filósofos. Suas ideias atravessaram os séculos. não corrompida. eternizando-o como um dos maiores filósofos de todos os tempos. Nesta obra ele formula o célebre Mito da Caverna. Aristocracia vem do grego aristokratía e significa o governo. resquício do pensamento mítico pitagórico. cabendo aos sábios. na forma do neoplatonismo medieval. A polis ideal. As outras aristocracias. 1ª parte. do nascimento. No texto As Aristocracias. uma minoria dominante. pág.” 37 O filósofo espírita Herculano Pires sintetiza de modo esclarecedor o papel que a República de Platão teria no exercício do poder: “é o inverso da falsa democracia ateniense. em relação à interpretação das penas eternas.” 38 Platão desencarnou dormindo. permanecem atuais e influentes. A reencarnação é também outro conceito desenvolvido por Platão. da força bruta. responsável pela morte do “mais sábio e o mais justo dos homens”. N’O Livro dos Espíritos assina uma contundente mensagem sobre o que ele denominou de “guerras de palavras”. em que o ser se recorda daquilo que conhecia no mundo das ideias. 111. Na obtenção do conhecimento desenvolveu a tese das reminiscências. de um Deus-artífice. ainda muito aquém de oferecer à sociedade uma forma justa e caridosa de exercício do poder. que antecede o mundo sensível. de Platão. Obras Póstumas. como Sócrates. pág. não deixa de ser um genérico. antes de nascer. uma forma de organização política em que o poder é exercido por uma elite. utópica. além da inteligência. observamos a nítida influência da República. isto é. em que prevalecem as paixões e os apetites das almas inferiores. a existência da alma imortal e do corpo. os homens deverão ser educados para o exercício da razão. simples aparência. Platão propôs na Teoria das Ideias. onde a Educação e a Política serão meios de salvaguarda da natureza humana. por ser animada. que representa a possibilidade de se libertar da escuridão do mundo sensível em busca da luz no mundo das ideias. NA KARDEQUIANA – Platão é bastante citado. aos filósofos a direção do Estado em direção ao bem comum. Ideia semelhante é desenvolvida por Allan Kardec. pelos sentimentos de justiça e caridade. o poder dos melhores. durante uma festa na Academia. Admitia. Nela [na República]. Platão e Aristóteles. de Santo Agostinho. a dos patriarcas. o mundo das ideias. da aristocracia intelecto-moral. foi a base filosófica da Escolástica. 37 38 Allan KARDEC. uma interpretação cristã da República. natural. José Herculano PIRES. do dinheiro e da inteligência refletem a condição moral e evolutiva do planeta. A Cidade de Deus. 194. segundo os especialistas. aos 81 anos. físico. o Demiurgo. e somente os que mais desenvolv erem a alma racional assumirão os postos dirigentes. Filósofo. Obviamente que a Igreja. orador vibrante e eloquente. Seguiu a carreira eclesiástica. IV. – Filosofia (abril 1860). foi desenvolvida pelo teólogo espanhol Miguel de Molinos (1628-1696). nas colônias norte-americanas. tornando-se prelado. no Chateau de Fénelon. Tornou-se uma celebridade. escritor. mas somente através do amor a Deus e da meditação. que teve bastante influência entre os quackers e os pietistas. Seu nome verdadeiro era François de Salignac de La Mothe. Encomendada pela duquesa de Beauviller para a educação de suas filhas. ● O Evangelho Segundo o Espiritismo – Introdução. França. considerada herética pela Igreja. Fénelon é considerado um dos pioneiros da educação feminina. Além de verter o célebre livro para o alemão.2ª edição) – Prolegômenos e questão 1009. sem palavras. Sua primeira obra. poeta. ● Revista Espírita – Platão: Doutrina da Escolha das Provas (set. 1867). não iria aceitar tal doutrina. extremamente elegante. latim. . Até hoje sua obra é reeditada e estudada na França. sem sacramentos ou orações. O Inferno. Atingiu altos postos na hierarquia católica. adepta das ideias do teólogo e místico espanhol Miguel de Molinos. Teve bastante influência na Itália e na França. estudou filosofia e teologia. agradável. conciso e sempre inspirado nos grandes autores clássicos. Guyon era a melhor amiga da esposa de Luís XIV. grande pedagogo. As Aventuras de Telêmaco (1699)39. o livro é fruto de sua experiência como educador de moças protestantes. colocou-o em maus lençóis quando o “Rei Sol” percebeu que muitas ideias ali contidas eram contrárias a ele e ao seu reinado. Sua obra mais famosa. FÉNELON – Um mestre na arte de escrever. com seu estilo suave. – Comunicação coletiva (mar. com toda a sua estrutura formal e sacerdotal. castelo da família. foi muito bem recebida pelos meios intelectuais e eclesiásticos. Esse era Fénelon. entrou em conflito com a Igreja devido à adesão ao quietismo. Os dirigentes da Igreja já não estavam muito sati s39 Allan Kardec era grande admirador da obra de Fénelon. em todo o mundo. doutrina teológica e metafísica. Não bastasse isso. 40 ideologia considerada herética que adotou a partir do contato com Madame Guyon. As Aventuras de Telêmaco foi um livro pioneiro no campo da literatura infantil. Até os doze anos foi educado em casa por um preceptor desconhecido. Ambos trocavam correspondência. recém-convertidas ao catolicismo. Aprendeu grego. 40 O quietismo.● O Livro dos Espíritos (1860 . teólogo. graças à adesão de Madame Guyon e Fénelon. Essa doutrina se caracteriza pela busca da quietude da alma a partir da passividade interior. escrita quando era o preceptor do filho de Luís XIV. A candura e a benevolência dos textos desse espírito na Kardequiana encantam qualquer leitor. da contemplação e da presença direta de Deus na vida do crente através da graça divina. como exemplo para aqueles que desejam aprender as regras da escritura. vem daí o pseudônimo. item 9). A qualidade da publicação das obras posteriores garantiu-lhe uma cadeira na Academia Francesa de Letras. do mais exigente ao menos preparado intelectualmente. Tratado de Educação das Moças (1687). sem aparatos. 1858). citou várias passagens dele em O Céu e o Inferno (cap. acessou os clássicos da literatura. título equivalente ao de bispo. o Duque de Fénelon (1651-1715) reencarnou em Périgord. achavam que a estética contemporânea era autossuficiente e não precisava se inspirar nos clássicos. A editora Camille Flammarion publicou-a no Brasil com o título Irradiações da Vida Espiritual. Mesmo assim. com ele. Pernault é hoje considerado o Pai da Literatura Infantil. Nessa obra. iniciou-se no final do século 17 e permaneceu vivo por todo o século 18. Os modernos. Segundo Miranda.Science et Morale de la Philosophie Spirite (1876). leu esse livro. ● O Livro dos Espíritos (1860 . 1981). Fénelon escreveu uma interessante obra intitulada Tratado da Existência e dos Atributos de Deus (1705). Fénelon manteve-se firme ao lado dos antigos. homem conservador. continuou a se comunicar em Bordéus. 42 Essa famosa prece foi publicada no livro Rayonnements de la Vie spirituelle . Tanto n’O Livro dos Espíritos. Diálogos sobre a Eloquência (1718). em suas comunicações. desde o lançamento de A Memória e o Tempo (Edicel.1ª edição) – Nota XVII. entre os ancies (antigos) e os modernes (modernos). o escritor espírita Hermínio Corrêa de Miranda lançou o livro As Sete Vidas de Fénelon (Lachâtre. daqueles que cultuavam a estética clássica. Desencarnou aos 63 anos. de Espinosa. o espírito Fénelon. ou seja. Esse conflito estético. helênica e latina. assumiu uma posição considerada hoje conservadora em meio aos movime ntos literários de seu tempo. Curiosamente. podemos encontrar algumas mensagens do espírito Fénelon. O autor baseou-se em comunicações mediúnicas e em estudos sobre regressão da memória. no grupo da médium Madame W. culto. ● O Livro dos Espíritos (1857 . greco-romana. político e religioso.2ª edição) – Prolegômenos e questão 917. 41 Certamente. O resultado foi a exclusão. 42 NA KARDEQUIANA – As mensagens morais do espírito Fénelon dão um colorido especi- al na exposição dos fundamentos da ética espírita. em uma de suas existências.feitos com o conteúdo de suas ideias e a sua exagerada tolerância para com os protestantes “hereges”. a perda de seus direitos como clérigo e o ostracismo. Também publicou os seguintes títulos: Diálogo dos Mortos (1700). Pode-se dizer que Fénelon foi um grande humanista. 43 A equipe d’O Espírito de Verdade. a delicadeza e o carinho junto com a precisão. Na chamada Querela Entre Antigos e Modernos ( Querelle des Anciens et des Modernes ). bem como a Ética. além da SPEE. 43 Estimulado pelo resultado de suas pesquisas sobre a reencarnação.41 onde procura demonstrar a existência de Deus com uma argumentação bem embasada. o que lhe rendeu um conflito aberto com o bispo Jacques-Bénigne Bossuet. O quietismo foi a gota d’água para o seu banimento. Depois da desencarnação de Allan Kardec. 1998). o espírito Fénelon reencarnou como o filósofo e teólogo suíço Johann Lavater (1741-1801). É considerado um dos pioneiros no emprego da literatura na educação infantil. Krell. Fábulas (1712). Exame da Consciência de um Rei (1734). ficou ainda mais iluminada. . quase inigualável em seu estilo literário. como em O Evangelho Segundo o Espiritismo. Allan Kardec que foi tradutor de Fénelon. dentre outros. obras que também serviram como referência na elaboração do primeiro capítulo de O Livro dos Espíritos. o que vemos é a caridade e a benevolência. entre correntes de pensamento lit erário divergentes. liderados por Charles Pernault. que se tornou famosa por ter recebido a conhecida prece de Cáritas. não deixou de escrever e de publicar seus livros. onde analisa as várias reencarnações desse espírito. de muito prestígio na Igreja e na corte. na Itália. compuseram o que poderíamos denominar de Falange ou Segmento dos Cientistas na equipe d’O Espírito de Verdade. matando centenas de pessoas. ● O Evangelho Segundo o Espiritismo – Cap. uma supercarga elétrica. 1867). cap. item 10. Instalou a primeira biblioteca pública nos Estados Unidos e fundou a Universidade da Pensilvânia. o cateter flexível. – A prece (jul. 1861). por considerar que eram de domínio público. Benjamin Franklin também inventou o óculos bifocal. XVI. grande enxadrista etc. mas era um homem de ciência. quando um raio atingiu uma igreja próxima de Veneza. abolicionista. cap.● O Livro dos Médiuns – Prolegômenos e questão 917. 1868). Em vida. qualquer torre de igreja tem um para-raios. as previsões meteorológicas. com suas observações minuciosas. jornalista. editor. que condenou na época suas experiências. publicada em O Evangelho Segundo o Espiritismo. item 9. Interessou-se por diversas áreas do saber. XI. como diriam os espíritos. – Os messias do Espiritismo (fev. – Comunicação coletiva (mar. cap. o espírito de Benjamin Franklin (1706-1790) é o único cientista. político. um instrumento musical denominado glass harmonica (harmônica de vidro) e reformulou. I. cap. inventor. O corpo de bombeiros também foi criação sua. 1861). um aquecedor que levou seu nome. 1865). Muitos de seus inventos não foram patenteados. o relâmpago é apenas um fenômeno elétrico. itens 22 e 23. V. Assinou e ajudou a redigir a Declaração da Independência dos Estados Uni- . Filósofo. outros espíritos como Galileu e Pascal. Autodidata. cap. Mais conhecido como o inventor do para-raios. ● Revista Espírita – A imortalidade (abril 1860). com a famosa experiência da pipa de papel (1752). 1863). – Comunicação no Círculo Espírita de Tours (fev. escritor. em função da “força das coisas”. empinada por um fio de metal preso a uma chave metálica. item 22. item 10. A Igreja somente de ixou o inventor em paz em 1769. gráfico. XII. dentre outros. por considerar o relâmpago como a expressão da “fúria divina”. não foi propriamente um cientista. reverenciado pela sua enorme cultura. Fato curioso foi a ridícula resistência da Igreja. FRANKLIN – Da equipe que assina o Prolegômenos. que o raio. a benevolência e suas invenções. item 13. algo que o homem não deveria se imiscuir.. Benjamin Franklin foi um autêntico polímata. teve destacada atuação como um de seus ideólogos e articuladores. Ao seu lado. filantropo. V. – Se fosse um homem de bem teria morrido (out. Franklin é uma das grandes glórias da cultura norte-americana. Benjamin Franklin provou. sem formação acadêmica. Hoje. Na Revolução Americana de 1776. diplomata. tornou-se uma celebridade mundial. o “homem dos sete instrumentos”. – Comunicação na Sociedade Espírita de Antuérpia (jan. Apesar de seu nome estar historicamente associado à Rosacruz. Franklin era deísta. em comparação com outros espíritos que assinam o Prolegômenos. “não perder tempo. maçom. pondo fim à Guerra dos Sete Anos. O tratado. Autobiography of Benjamin Franklin. Algumas fontes afirmam que quando ele esteve na França. ● O Livro dos Espíritos (1857 . onde tornou-se grão-mestre e também da franco-maçonaria. Toda sua atuação política foi pautada pelo humanismo e o reto pensar. um misto de memórias. ao lado de John Adams e John Jay. 44 45 John BIGELOW. item 15. Lá. apontamentos pessoais e aconselhamentos éticos. teve Benjamim Franklin como um dos representantes norte-americanos. II. Franklin enumera 13 preceitos morais que procurou seguir desde os 26 anos: “não comer em demasia e não beber até se embriagar”. Nesta obra. para ele. eliminando assim todas as tarefas desnecessárias”. “não dizer nada além daquilo que beneficie outros ou você mesmo. O apoio material e logístico da França. demonstrando que era um lídimo representante do iluminismo. o primeiro americano da história. Benjamin Franklin foi o primeiro cidadão estadunidense. Autobiografia de Benjamin Franklin. Planeta Especial. 216. vencida pelos colonos norte-americanos. pág. como emissário dos Estados Unidos. Além de extremamente culto. também vinculado à Rosacruz. Franklin escreveu a primeira parte dirigida a seu filho. Franklin é mais conhecido como uma das primeiras personalidades norte-americanas da Maçonaria. foi instruído pelo míst ico e lendário conde de Saint-Germain. de Paris. que se identificava como Fran- klin. . assinado em 3 de setembro de 1783. em forma de memórias. quando residiu na França. permanecendo sempre ocupado com algo útil. no verdadeiro sentido dessa palavra.1ª edição) – Nota XVII.dos. evite conversas tolas” etc. Abolicionista radical. Grandes Mestres do Espírito. Seu livro inacabado. pág. ● O Livro dos Médiuns – Citado no cap. A segunda parte não pôde ser concluída em função de sua ativa participação na Revolução Americana. Foi membro da primeira loja estabelecida no estado da Filadélfia.2ª edição) – Prolegômenos. Quando estava na Inglaterra. 44 Apesar de sua formação calvinista. junto com Thomas Jefferson. com o Tratado de Paris. ● O Livro dos Espíritos (1860 . 157. em 1730. um filantropo. estudou o ocultismo e o magnetismo. é um exemplo de que a literatura de autoajuda pode ter alguma utilidade quando bem elaborada. Foi aprovada em 4 de julho. Seu 13º preceito intitulou de Humildade: “imite Jesus Cristo e Sócrates”. era um homem muito bondoso. obtido pela atuação diplomática de Franklin. um dos pais fundadores dos Estados Unidos. na roupa ou na habitação”. um indivíduo de mentalidade laica e secular. teve atuação aparentemente discreta.45 NA KARDEQUIANA – O espírito Benjamin Franklin. “não tolerar sujeira no corpo. fato que foi somente reconhecido pelo Reino Unido sete anos depois. foi decisivo para a vitória contra os ingleses. Teve atuação destacada na célebre loja franco-maçônica Des Neufs Soeurs . a escravidão era um comércio “pestilento e detestável”. por sua paixão pela liberdade e o bem-estar social. por ser o filho mais velho. fitologia e diversos idiomas. 1859). Nesta fase. Aprende anatomia.46 afirmou o grande escritor argentino Jorge Luís Borges. assessor no Colégio Real de Minas. Elaborou desenhos de máquinas submarinas e aéreas. no segundo. Forma-se engenheiro de minas. 34. (dez. SWEDENBORG – “É o primeiro explorador do outro mundo. tornando-se poliglota. obtém o grau de Doutor de Filosofia. zeloso pela educação do filho. História do Espiritismo. tendo coordenado todo o processo de mineralogia do país. o explo- rador que devemos levar a sério”. mineralogia e hidráulica. Era filho do dr. Jesper Swedberg.● Revista Espírita – Citado no artigo Uma Questão de Prioridade a Respeito do Espiritismo. Antecipou também várias teorias como a hipótese nebular sobre a 46 47 Jorge Luís BORGES. onde obtém a cátedra de Matemática. – Citado no artigo Os Milagres (out. Jesper desencarnou. 47 Emanuel Swedenborg reencarnou em Estocolmo. I. bispo luterano. coloca-o na Universidade de Upsala. Arthur Conan DOYLE. a fim de aprim orar seus conhecimentos técnicos e científicos. Sua mãe. Swedenborg. o teólogo. dominava várias áreas do saber. – Manifestações Americanas (ago. Projetou e construiu um maquinário para transportar navios por terra. Swedenborg destacou-se em diversas áreas do conhecimento. 1858). parte numa turnê de cinco anos por vários países da Europa. cuja vida dividiu em exatos três períodos. Em 1709. Borges Oral. No primeiro período. segundo suas observações como testemunha ocular do mundo dos espíritos. como engenheiro militar assessorou os empreendimentos bélicos do rei Carlos XII. temos o presbítero estudioso. Em seguida. Suécia. passando a assumir o sobrenome de Swedenborg. zoologia. voltado para especulações metafísicas e teológicas. decano e professor de Teologia em Upsala. sobre as Irmãs Fox. a 29 de março de 1772. graças aos serviços prestados por ele à corte. O pai. era polímata. pág. o engenheiro de minas e espírito empreendedor e no terceiro. afirmou o escritor e espiritualista inglês Arthur Conan Doyle. Depois que o dr. Sarah Behm. Homem prático e dinâmico. era filha de Albrecht Behm. em 29 de janeiro de 1688 e desencarnou em Londres. tornando-se uma autoridade em geologia. célebre autor de Sherlock Holmes. dedica-se com muito entusiasmo ao estudo da matemática e das ciências físicas. pregador na corte do rei Charles XI. Exerceu o cargo de Assessor do Conselho Real de Mineração. “Nunca se viu tamanho amontoado de conhecimentos”. antecipando a invenção do avião e do submarino. fato que permitiu a Emanuel ocupar uma cadeira no parlamento sueco. . grande admirador de Swedenborg. cap. A exemplo de Benjamin Franklin. a família recebe um título de nobreza da rainha Ulrica Leonora. 1861). revelatório e profético. No livro As Religiões do Rio. onde especializa-se em diversos ofícios: carpintaria. álgebra. de modo atento e minucioso. Doutrina da Escritura Santa (1763). ele teria a permissão de adentrar no mundo dos espíritos. tradutor e teatrólogo carioca. o Criador do mundo. Os seguidores das ideias de Swedenborg fundaram a Igreja Swedenborgiana. A Nova Jerusalém (1758). pseudônimo de Paulo Barreto. Inglaterra. bem como sua volumosa obra. já havia escrito quase 30 livros sobre geometria. João do Rio (1881-1921). resultado de suas investigações. Sua posição foi favorável. que lhe segue até sua casa e o aborda. Para isso. Estudou vários casos. Volta-se para o estudo da Bíblia. As Religiões do Rio. a teoria atômica. O Juízo Final (1758). julgou serem fruto da imaginação. Apocalipse Revelado (1766). a Bíblia. 48 e Laplace. Verdadeira Religião Cristã (1771). um sucesso editorial. não quis criar nenhuma igreja ou confraria. em outros. afirmando que era “o Senhor Deus. Provavelmente. A obra. A partir de suas observações minuciosas do mundo dos espíritos. quando retornasse. A Nova Jerusalém. Em vida. renovando assim o cristianismo. todas escritas em latim. uma nova fase na vida de Swedenborg. reunidas em formato de livro no início do século 20. As descrições do mundo dos espíritos são em linguagem clara. decide morar em Londres. vendeu mais de 8 mil exemplares em seis anos. características comuns do discurso místico. 49 Jornalista-escritor. o Redentor”. toda dedicada à especulação teológica e metafísica. 49 48 O célebre filósofo alemão Imanuel Kant (1724-1804) estava com cerca de 40 anos quando se interessou pelos fenômenos psíquicos produzidos por Emanuel Swedenborg. objetiva. . Depois de muito viajar e de serviços prestados ao seu país. até o fim da vida. interpreta o Apocalipse. sem base racional.origem do Universo. como um cientista. constrói uma exegese bíblica. com o objetivo de colher ensinamentos na criação da terceira igreja. marmoraria. O estranho revela que Swede nborg tinha a missão de renovar sua igreja. realizou uma série de reportagens no campo do jornalismo investigativo sobre o perfil das religiões do Rio de Janeiro. a cristã. Desencarna aos 84 anos. da religião de Swedenborg. a fim de ler as escrituras no original. anatomia. do diálogo com “anjos” e “demônios”. Por dois anos estuda o hebraico. Segundo Borges. é como se ele tivesse ido à Índia ou à China e. aforismos ou subterfúgios. então. pois. Swedenborg abandona seus estudos técnico-científicos e dedica-se “às coisas do espírito. o jornalista e escritor carioca João do Rio fala da “Nova Jerusalém”. o filósofo da razão pura publicou anonimamente Sonhos de um Vidente de Fantasmas (Dreams of a Ghost Seer). de Kant. Suas principais obras na fase teológica são: Arcanos Celestes (1749). Mas. Em 1766. de tom velado. a quem muito admirava. o que lá viu e experimentou. aos 56 anos. tipografia. passasse a descrever. O Céu e o Inferno (1759). Inicia-se. elabora uma obra teológica. além de excelente organista. assim como Lutero renovou a Igreja católica. relojoaria. que contava no início do século 20 com cerca de 120 mil adeptos. lendas. para sua surpresa. a teoria ondulatória e hipóteses sobre a mente. sem metáforas. João do RIO. filosofia. Amor Conjugal (1768). a Igreja da Nova Jerusalém e ainda contam com milhares de adeptos em todo o mundo. 143. astronomia. mineralogia. Torna-se ebanista (marceneiro) e lutier. Até os 55 anos. Swedenborg tenta um contato pessoal frustrado com o grande físico inglês Sir Isaac Newton. geologia etc. bem antes de Freud conceber o inconsciente. ele teria a missão de criar a Igreja de Nova Jerusalém. sobre as quais o Senhor me ordenou a escrever”. acaba tomando contato mesmo é com um estranho homem. pág. dentre outras. em grande parte dos fenômenos psíquicos produzidos pelo clarividente sueco. Desde então. foi o primeiro caso na história de pesquisa séria e rigorosa dos fenômenos psíquicos. ourivesaria. ao lado do espírito de Galeno. de uma nova concepção da vida e do mundo. Balzac também escreveu o romance místico-filosófico Seráfita. esse número diminuiu consideravelmente. o dramaturgo inglês Bernard Shaw aborda aspectos de seu pensamento na peça Homem e Super-Homem (Men and Superman). s egundo o entendeu Conan Doyle. HINNELLS. no seio de uma nebulosa. Dicionário das Religiões. o magnetizador Louis Alphonse Cahagnet (1809-1885). 9. O médium norte-americano. Uma verdade ira nebulosa doutrinária. José Herculano PIRES.” 53 Assim como Kardec.Por certo. sua obra espiritualista tem servido de inspiração e influenciado muita gente. Sem mencioná-lo. Certamente. O filósofo José Herculano Pires sintetiza muito bem o significado de sua obra: “O Espiritismo formou -se. por isso me smo.51 Outro pioneiro. É parte de uma verdadeira galáxia. os membros da Igreja Swedenborgiana são pouco numerosos. a partir dos mundos inferiores. a grande escritora norte-americana. do qual foi um dos primeiros e mais zelosos fomentadores.52 Sobre a importância do clarividente sueco. Seu nome está no Index do Vaticano. que se estende pelo infinito. 124. “Malgrado os e rros de seu sistema. vol. o “Allan Ka rdec norte-americano” tinha Swedenborg como guia espiritual. é a doutrina de Emmanuel Swedenborg. na verdade. toda a complexidade de doutrinas e teorias que precederam o Espiritismo. O Espírito e o Tempo. pág. . Filosofia Harmônica é. em que os elementos em fusão nos aturdem. Posteriormente. Jackson Davis recebe dele a obra Filosofia Harmônica. mas de cujo seio partem os primeiros ra ios. nos perderíamos. Esse foco. o grupo prossegue suas atividades sob outro nome: Sociedade dos Estudantes Swedenborgianos. 93. no início de sua trajetória mediúnica. Os cristãos rejeitam sua obra. IV Antecipações Doutrinárias. se quiséssemos examinar toda a extensão da galáxia. por sugestão do espírito de Swedenborg. afirma Allan Kardec. O Moderno Espiritualismo norte-americano e britânico bebeu na sua fonte. resolve fundar um pioneiro grupo de magnetizadores. nov. o nome dado ao conjunto de 30 obras ditadas ao médium norte-americano Andrew Jackson Davis pelo espírito Swedenborg. cega e surda. procurando o foco mais próximo da sua elaboração. o grupo se aproximaria do espiritismo kardecista. tendo se apresentado a ele. 131. pág. a partir de experiências com a médium sonâmbula Adèle Maginot. nítidos e incisivos. Allan Kardec. Andrew Jackson Davis. em 1852. Em que pese a exegese bíblica e sua hermenêutica complicada. Na década de 1980 eram uns três mil na Grã-Bretanha e cerca de sete mil nos Estados Unidos.” ( Revista Espírita . 1859). Swedenborg não deixa de ser uma dessas grandes figuras cuja lembrança ficará ligada à história do Espiritismo. Hinnells. II. a limitar a nossa ambição. contemporâneo de Allan Kardec.50 O espírito de Swedenborg teve decisiva participação no movimento espiritualista que antecedeu o espiritismo. pág. 52 53 Zeus WANTUIL e Francisco THIESEN. até os mais elev ados. por considerarem-no um falso profeta. Em 27 de dezembro de 1848 surge a Sociedade dos Magnetizadores Espiritualistas. O ocultista Eliphas Lévi tinha simpatias por suas ideias. todo 50 51 John R. Hellen Keller. Swedenborg não é muito bem visto pelos esotéricos. em sua homenagem. Somos forçados. Segundo o antropólogo inglês John R. cap. escreveu o livro Luz em Minha Escuridão. como uma estrela. herética. cap. Mais tarde. 1859). – Jean Reynaud e os Precursores do Espiritismo. Apenas si llamaba por sus nombres/Secretos a los ángeles./ Apenas se chamava por seus nomes/ Secretos aos anjos. Surpreso. ● Revista Espírita – Uma Questão de Prioridade a Respeito do Espiritismo. citado pelo espírito Lamartine (abril 1869). citação (fev. que os dias/ Do tempo são espelhos do Eterno. 1862). artigo sobre vida e obra./ Sabia que a Glória e o Inferno/ Em tua alma estão e suas mitologias.1ª edição) – Nota XVII. citado pelo sr. En árido latín fue registrando/Últimas cosas sin por qué ni cuándo. o cristalino/ Edifício de Deus e o redemoinho/ Sórdido dos gozos infernais. El Mismo in Obras Completas de Jorge Luís Borges 1923-1972. quando o evoca em uma sessão particular da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. – Dissertações Espíritas. 1865). – Uma Lembrança de Existências Passadas. — É verdade. não vos conheço senão pelos vossos escritos. – Alucinação nos Animais nos Sintomas da Raiva. Sabía. – Evocação em sessão particular da SPEE (out. ● O Livro dos Espíritos (1860 . Miraba Lo que no ven los ojos terrenales:/La ardiente geometría. caminaba/Aquel hombre lejano entre los hombres. como o grego. 55 Allan KARDEC. Baudelaire. 1858). comunicação e diálogo (nov. 54 NA KARDEQUIANA – “— Falai. meu velho amigo”./ Em árido latim foi registrando/ Últimas coisas sem porquê nem quando. Sabia que la Gloria y el Averno/En tu alma están y sus mitologías. – Swedenborg. o grande poeta francês. – Genealogia Espírita. que los días/Del tiempo son espejos del Eterno. – Conferências Sobre a Alma. Alexandre Chaseray. 1859).inspirado nas visões de Swedenborg e podemos vê-lo citado nos ensaios do filósofo e escritor francês Paul Valéry. citação (set. Enxergava/ O que não veem os olhos terrenos:/ A ardente geometria. 1859). como el griego. no entanto. 1864). estamos longe de ser contemporâneos. Borges admirava tanto Swedenborg que dedicou-lhe este poema: Emanuel Swedenborg Más alto que los otros. Tradução livre de Eugenio Lara. . ● Catálogo Racional: Obras para se Fundar uma Biblioteca Espírita – Citação da biografia e obra. 1868). citação de suas teorias. el cristalino Edificio de Dios y el remolino/Sórdido de los goces infernales. 54 Mais empinado que os outros caminhava/ Aquele homem distante entre os homens. citação (nov. Renard (dez. foi a saudação do espírito Sweden- borg a Allan Kardec. Kardec responde: “— Honrais-me com o título de vosso velho amigo e.2ª edição) – Prolegômenos. Ch.” 55 ● O Livro dos Espíritos (1857 . – Notas Bibliográficas sobre o romance espírita Mireta. (mar./ Sabia. ● Instruções Práticas Sobre as Manifestações Espíritas – Citado no vocabulário espírita. Revista Espírita (out. 1867). tinha muita estima por sua obra e o grande místico e pintor inglês William Blake foi seguidor de suas ideias. Jorge Luís BORGES. citado pelo sr. 1863). (set. citação (ago. mas eu vos conheço há muito tempo. El Otro. E laico é o estado cubano. que nos faz imersos na perfectibilidade evolutiva. tão importantes quanto ele. Krishna ou Confúcio. Talvez póscristão. até o início de sua juventude. apesar de ter uma vinculação insidiosa com o cristianismo. pois o laicismo é insuficiente para se abarcar a totalidade do pensamento kardecista. equivocadamente considerados como de natureza exclusivamente religiosa. portanto. preexistente a tudo e a todos. Não diria laico. de uma práxis contrária a sua própria axiologia. ainda que o adjetivo laico para qualificá-lo seja. leis universais que regem o comportamento pessoal e interpessoal. Hippolyte Léon Denizard Rivail. a propostas de revivescência dessa religião monoteísta anacrônica. O código de conduta ensinado por Jesus de Nazaré nos aproxima do que o espiritismo denomina de leis morais. Essa filosofia se pretende universal. ainda que relativa. sórdido. no mundo ocidental e. temos de meditar bem e agir com bom senso. ter nascido em berço católico. refém de uma ideologia. na Suíça. às novas gerações estabelecer um novo olhar. vincular o espiritismo ao cristianismo. segundo a proposta lançada pelo grande escritor espírita Jaci Regis. mas sem qualquer tipo de hegemonia. numa França também católica e. é entrar num labirinto ou num beco sem saída. a doutrina espírita é histórica. látrica. notadamente os ligados à transcendência. a nazista e tantos outros estados laicos. O LUGAR DE DENIZARD RIVAIL É preciso recolocar Rivail em seu devido lugar. num certo sentido. portanto. Isto também implica. Cabe. O laicismo também tem o seu lado pérfido. livre por natureza. Buda. posteriormente. de menosprezo ou despeito a outros mestres do Oriente como Maomé. todo seu conteúdo. por não dar conta de fenômenos que se inserem fora do âmbito de uma cultura estritamente secular. por exemplo. mas necessita ser tão universal quanto Krishna ou Buda. educado nos princípios do calvinismo. Longe de ser uma obra de origem metafísica. O pensamento filosófico espírita. mas um pensar isento dos prejuízos causados pela herança cristã. necessariamente. sem refletir.11. na recolocação de Jesus de Nazaré em seu devido lugar. como mestre de todos nós. a começar pelo fato de seu fundador. uma redundância. à teologia. o lu- . a processos intuitivos. É necessário sim um olhar não-cristão. na famosa escola de Pestalozzi. E não diria anticristão. bem como a ditadura stalinista. Por sua vez. como o verdadeiro fundador do espiritismo. de modo que antes de denominarmos o espiritismo de laico. Do mesmo modo. a influência tenaz do cristianismo impregna. de modo inevitável. pós-cristão. estruturada no tempo e no espaço. Ele é o nosso modelo de virtude. ficaria aprisionado. que expeliu o espiritismo de Cuba. CHALLAYE. Ed. o maestro. como o grande protagonista.C. Félicien. artigo in Portal do Espírito. 1ª ed. Chez Jacques Lecoffre Libraires. Autobiography of Benjamin Franklin. Edições LFU [1996]. a Propósito de Swedenborg. URL: http://www. Julio Cesar de Siqueira.edu/ojs/index. 2ª ed. de 1857 a 1868. URL: http://revista-iberoamericana. Londres. vol. História da Revolução Francesa. evidentes. Lippincott & Co. Emanuel Swedenborg. John. tendem a reafirmar o seu verdadeiro papel de protagonista de todo o processo de elaboração doutrinária. Histoire de Fénelon. BEAUMONT.com/site/ligahomeopatiamedunicamp/biblioteca/acervo-digital BARROS. Último acesso em setembro de 2011. trad. Universidade de Sevilha. artigo in edição digital da Revista Ibero-Americana. Espanha [1990].B. s/ed. 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Nelson Ltd. Inglaterra [1868]. crítico e analítico de outros textos. José A.. sua função como editor e definidor do conteúdo doutrinário final são proeminentes. um viés necessário para compreendermos com mais clareza a obra de Allan Kardec. Campinas-SP. nº 151.espirito. BIGELOW.br/kardec1. Último acesso em setembro de 2011. 3ª ed.1. & E.A.php/Iberoamericana/article/view/4729/4891 BARBOSA NETO. Antônio Ruas. de. Edição digital da Liga de Homeopatia .org. Ed. Paris. L. O estudo comparativo. o Prolegômenos. J.B. pudemos observar o quanto seu poder de decisão. artigo in site Criticando Kardec. Sílvio Seno.A. Uma Luz Sobre Avallon .pitt. 1ª ed.criticandokardec. & Sons Ltd. URL: https://sites.com. abril-Junho de 1990. São Paulo-SP. Jack/T. URL: http://www. Apenas no estudo de um único texto. BIBLIOGRAFIA ABREU.Medicina Unicamp [2006]. Ruy Madsen.google. Maria Rosinda Ramos da Silva. Edições Melhoramentos [1962]. LVI. trad. 4 vols. Ibrasa [1962]. BAUSSET. Maria Nazareth Alvim de. 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