Securicórdia Mediadora quer 300 Santas Casas até 2010Em Acção Pág. 14 Em Foco Deficiência Centro João Paulo II acolhe 192 pessoas Pág. 15 Terceira Idade Residências Privacidade e liberdade na Golegã Pag. 8 VOZDAS MISERICÓRDIAS director: Paulo Moreira | ano: XXVI | dezembro 2010 | publicação mensal União das Misericórdias Portuguesas Protocolo com Estado atento à qualidade Não haverá aumentos nas comparticipações, mas protocolo de cooperação com Estado contempla medidas que visam assegurar a qualidade e a sustentabilidade das instituições O sector social não só é importante para a economia social, mas é também essencial para a melhoria das condições de igualdade em Portugal. A afirmação foi feita pelo primeiro-ministro José Sócrates durante a cerimónia de assinatura do protocolo anual de cooperação entre Ministério do Trabalho e Solidariedade Social, União das Misericórdias Portuguesas, a União das Mutualidades e a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social. O documento abrange mais de 500 mil pessoas e foi assinado a 21 de Dezembro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Apesar de não haver aumentos nas comparticipações aos utentes, estão consagradas diversas medidas que visam assegurar a qualidade e a sustentabilidade das instituições. Para José Sócrates, a parceria entre Estado e as organizações do sector social faz todo o sentido porque representa a melhor via de prossecução das políticas de solidariedade. “Estas instituições garantem uma gestão de proximidade descentralizada, que asseguram melhorias de eficiência e eficácia. Mas é também uma gestão assente no factor humano, onde o amor e o desprendimento buscam um objectivo altruísta”, destacou o chefe de governo. Em Acção, 8 e 9 Natal Festas sem maus-tratos Património Inventário da UMP galardoado A União das Misericórdias Portuguesas foi uma das entidades galardoadas com os prémios da Associação Portuguesa de Museologia 2010. O prémio deve-se ao projecto de inventariação do espólio das Santas Casas. A menção honrosa da categoria Inovação e Criatividade foi recebida no Museu do Oriente, em Lisboa, a 13 de Dezembro. Iniciado em Setembro de 2006, o projecto já contemplou 62 Santas Casas, às quais se juntaram recentemente outras 20 da região do Alentejo. Ao todo, este projecto já produziu mais de 14 mil fichas. Em Acção, 13 Deficiência Inclusão é palavra de ordem A 3 de Dezembro comemora-se o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Por isso fomos assistir a uma iniciativa da Santa Casa da Misericórdia de Vila do Conde e, por estarmos a comemorar a quadra natalícia, também fomos a congénere de Alvorge assistir a uma festa em que a diferença esteve no centro das atenções. Reportagem, 16 e 17 Natal junto daqueles que amamos é um privilégio que não está ao alcance de todos. Para marcar a data, o Voz das Misericórdias foi saber como são vividas as festividades natalícias numa casa-abrigo para mulheres vítimas de violência e num lar residencial para crianças e jovens em perigo. Em Acção, 4 a 7 2 vm dezembro 2010 www.ump.pt PANORAMA A FOTOGRAFIA EsPAço sénIoR CONCURSO LITERáRIO Surgiu, assim, o Prémio Literário Engenheiro Quadros Martins que, englobando as modalidades de Conto e de Poesia, foi devidamente regulamentado, tendo o respectivo Regulamento sido publicado no número de Junho de O Mocho CresCeu aCtividade agríCola O Rendimento da Actividade Agrícola em Portugal, por unidade de trabalho, deverá ter crescido 6,8%, em termos reais, relativamente a 2009, de acordo com o Instituto Nacional de Estatística. A subir PAlácio De belém Crato Colabora Com exposição Maria Cavaco Silva inaugurou, recentemente, no Palácio de Belém, a exposição “Ó Meu Menino Jesus” – que inclui peças da colecção de presépios de Canha da Silva e da colecção de escultura e pintura da Casa Museu Padre Belo, da Santa Casa da Misericórdia do Crato. Na ocasião, foi também inaugurada a árvore de Natal do Palácio, numa apresentação que este ano resultou da reciclagem de materiais decorativos utilizados em projectos anteriores, e de que foi responsável a decoradora Nini Andrade Silva. A exposição estará aberta ao público até 6 de Janeiro de 2011. Ver página 28 O NúmeRO Jovens desoCupados Cerca de 314 mil jovens (16%), entre os 15 e os 30 anos, não trabalha, nem estuda, segundo o Instituto Nacional de Estatística. É o valor mais alto de sempre e a tendência é para aumentar. A Descer 500 O CAsO VilA VerDe um euro para os CarenCiados mil desempregados O número de desempregados inscritos em Novembro nos centros de emprego diminuiu 0,7% face a Outubro, com a fasquia a situar-se nos 546.926 desempregados, informou o Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). A FrAse Carlos pinto Coelho Jornalista 1944 - 2010 “E assim, acontece” Boas Festas! Manuela Garcia Academia de Cultura e Cooperação da UMP
[email protected] A Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde criou, recentemente, o banco solidário. Para o efeito, todos os trabalhadores da instituição decidiram colaborar no combate à crise, doando 1 euro do seu vencimento para aquele banco. Segundo o provedor da Misericórdia de Vila Verde, a iniciativa tem como objectivo servir a população mais carenciada, que funcionará em instalações da Santa Casa junto ao antigo Quartel dos Bombeiros. “Será um espaço onde serão colocados à disposição da população carenciada equipamentos, géneros alimentares, mobiliário, roupa, electrodomésticos, e funcionará em regime de voluntariado, sendo que para tanto, contámos, com a participação da população local”, referiu Bento Morais. “Neste seguimento, e cientes de que a pobreza e as dificuldades dos mais necessitados são problemas que dizem respeito a todos e que afectam, na actualidade, muitas famílias, todos os trabalhadores desta instituição, numa atitude altruísta e de profunda generosidade, decidiram colaborar no combate à crise e carência, doando 1 euro do seu vencimento para o Banco Solidário”. Além do esforço dos colaboradores, Bento Morais afirmou que o corpo clínico e os órgãos sociais da Misericórdia de Vila Verde darão o seu contributo nesta iniciativa. “Em conjunto contámos perfazer um montante significativo que servirá para a criação e distribuição de cabazes às famílias mais carenciadas do concelho”. Os cabazes serão compostos de acordo com as necessidades de cada um, e serão distribuídos pelos serviços do departamento de acção social da instituição em conjunto com as equipas de apoio ao domicílio. PresiDÊNciA DA rePúblicA C onforme aqui noticiámos, no final do passado ano lectivo o Conselho Directivo da Academia de Cultura e Cooperação transmitiu à Redacção de O Mocho a ideia de realizar um Concurso Literário dirigido aos Associados da ACC. Esta ideia foi aceite com entusiasmo. Com ela seria possível atingir, não só objectivos inerentes à função da nossa Academia, mas também alguns objectivos específicos da Redacção: estava a aproximar-se o décimo aniversário do seu Jornal e era mais uma oportunidade de homenagear o seu fundador – na época Professor de Informática – Engenheiro Quadros Martins; por outro lado, era uma nova forma de dinamizar a tão desejada participação dos Associados num trabalho que, embora modesto, é feito a pensar neles e para eles. Surgiu, assim, o Prémio Literário Engenheiro Quadros Martins que, englobando as modalidades de Conto e de Poesia, foi devidamente regulamentado, tendo o respectivo Regulamento sido publicado no número de Junho de O Mocho. No primeiro dos seus seis artigos era, de imediato, enunciado um dos referidos objectivos: “… estimular o gosto pela escrita e a participação dos Associados da Academia no seu jornal…”. Os seguintes tratavam de vários aspectos relacionados com as categorias, formas de apresentação dos trabalhos, atribuição de prémios, etc. Terminado o prazo estipulado, o Júri, de acordo com o Regulamento constituído por três elementos – um representante do Concelho Directivo, um de O Mocho e um do Corpo Docente - procedeu às tarefas que lhe haviam sido atribuídas. As conclusões finais, incluindo a identidade dos concorrentes vencedores em cada modalidade – Conto e Poesia – foram publicadas no número de Dezembro de O Mocho. Os prémios previstos para os três primeiros classificados em cada categoria foram atribuídos, entre fartos aplausos, na Festa de Natal da Academia. Apesar de ter sido desejável a apresentação de um maior número de trabalhos no Concurso, pensamos que ele terá contribuído para aumentar, no futuro, o desejo de participar. Há muitas pessoas, na ACC, cheias de talento! Esperamos pelo seu contributo! www.ump.pt dezembro 2010 vm 3 RADAR ON-LINe oPInIão CONTRIBUIR PARA A QUALIFICAçãO Escola profissional da Misericórdia de Angra do Heroísmo foi criada para a formação de indivíduos em áreas que se consideram mais carenciadas em termos de mão-de-obra ou estratégicas para o desenvolvimento regional iNiciAtiVA Formação sobre direito laboral Arcos de Valdevez foi anfitriã de uma formação que reuniu várias Misericórdias que integram ou integraram o projecto gestão sustentável, nas suas duas fases. A iniciativa, que teve lugar a 3 e 4 de Dezembro, dedicada a direito laboral foi organizada face ao interesse manifestado pelas Santas Casas sobre o assunto. Segundo a equipa da UMP responsável pelo projecto, outras sessões semelhantes já foram solicitadas e estão a ser agendadas. A Escola Profissional da Misericórdia de Angra do Heroísmo foi fundada em 1995 mediante assinatura de Contrato Programa com a então Secretaria Regional da Educação e Cultura (SREC). À semelhança das demais escolas profissionais dos Açores, também esta foi criada para a formação em áreas que se consideram mais carenciadas de mão-de-obra ou estratégicas para o desenvolvimento regional. O seu objectivo principal é responder a uma procura crescente, por parte da população jovem, de uma modalidade de formação que, constituindo uma alternativa ao ensino oficial normal, os prepare convenientemente para o mercado de trabalho. Os cursos destinam-se a jovens que, tendo concluído o 9º ano de escolaridade ou equivalente, optem por uma formação orientada para o mercado de trabalho. Contudo, esta escola abre-se também à população em risco de exclusão social visando a sua integração social e profissional. Neste âmbito, actua no domínio do Programa REACTIVAR, destinado a indivíduos em situação de desemprego. Neste momento, a escola funciona com 8 cursos Nível III da UE, nas áreas do turismo; higiene e segurança no trabalho e ambiente; gestão e programação de sistemas informáticos; electrónica e telecomunicações; sistemas de informação geográfica; electrónica, automação e computadores; vendas e serviços jurídicos. Decorrem ainda, no âmbito do Programa REACTIVAR, os cursos agente em geriatria, empregado comercial, empregado de andares e mecânico de serviços rápidos. A escola mobiliza, neste momento, cerca de 200 formandos, 60 formadores certificados e 12 funcionários. A escola recorre ainda a parcerias diversas com entidades, empresas e outras forças vivas da comunidade para efeitos de colocação dos formandos em formação prática em contexto de trabalho e/ou tendo em vista a realização de projectos – factor manifestamente importante não apenas para viabilizar a formação prática mas também para criação de emprego para os futuros técnicos. A estrutura de apoio integra 9 salas de aulas e 5 laboratórios, para além de biblioteca, serviços administrativos, bar, reprografia, gabinetes da direcção e instalações sanitárias. A escola já foi alvo de duas ampliações, cujos custos foram integralmente suportados pela Santa Casa. Um olhar retrospectivo permite-nos constatar a tendência expansionista da escola, a diversificação da oferta formativa e um lugar conquistado no sistema educativo regional bem como um estatuto social considerável como instrumento ao serviço do desenvolvimento local e regional. Com efeito, da nossa escola saíram 371 técnicos diplomados dos quais uma percentagem considerável se encontra no mercado de trabalho. Numa conjuntura de crise generalizada e de alguma indefinição do futuro do ensino profissional nos Açores, acreditamos que o futuro próximo da nossa escola passará pela sua conversão em Fundação – figura jurídica que lhe dará maior consistência financeira, também pelo envolvimento activo de outros parceiros locais –; articulação com o Governo Regional no sentido de contribuir para a qualificação da população açoriana em função de necessidades concretas e envolvimento em projectos europeus que possam trazer mais-valias para a população escolar, para a escola e para a comunidade em que se insere. eFemériDe merCedárias há 25 anos no lar As irmãs mercedárias estão a celebrar 25 anos de bem-fazer no lar de idosos Virgílio Lopes, da União das Misericórdias Portuguesas (UMP). A chegada foi exactamente a 14 de Dezembro de 1984, altura em que o presidente da UMP era o padre Virgílio, e a comunidade era então composta pelas irmãs Luísa Roldan, Francisca Cano e Ana Rivas. A Congregação das Irmãs Mercedárias da caridade foi fundada pelo beato João Nepomuceno Zegri y Moreno. comPutADores eriCeira promove aulas de inFormátiCa A Santa Casa da Misericórdia da Ericeira, no concelho de Mafra, está a promover aulas de informática para a comunidade. Através do seu centro de estudos gerais, a instituição está a facultar aulas a quem esteja interessado em aprender a trabalhar ou apenas divertir-se com o computador, cuja indispensabilidade é incontornável nos dias de hoje. As aulas decorrem ao ritmo da aprendizagem dos alunos e há os níveis básico e avançado. exPosição Fundão mostra presépios do mundo A Santa Casa da Misericórdia do Fundão vai levar a efeito uma exposição de Presépios do Mundo. A inauguração está marcada para 19 de Dezembro. O certame estará patente até dia 6 de Janeiro na Sala do Despacho, junto à Igreja da Misericórdia. Também a Santa Casa da Misericórdia do Crato está envolvida numa exposição marcada pelos símbolos natalícios. Ver página ao lado. sLIDesHOW oliVeirA Do bAirro CorteJo por unidade de saúde A Santa Casa da Misericórdia de Oliveira do Bairro organizou, a 8 de Dezembro, um cortejo de oferendas para angariar fundos para a construção da unidade de cuidados continuados integrados. Com capacidade para 28 pessoas, espera-se que o equipamento esteja concluído em Abril do próximo ano. Ao todo, serão criados 22 novos postos de trabalho. O primeiro cortejo da Misericórdia realizou-se em Setembro de 1941 e foi organizado para beneficiar o hospital da instituição, que foi, à época, uma obra de grande importância para o concelho. António Marcos Provedor da Misericórdia de Angra do Heroísmo DESTAQUE 4 vm dezembro 2010 www.ump.pt Natal feliz sem violência Natal junto daqueles que amamos é um privilégio que não está ao alcance de todos. mas uma noite especial, associada ao espírito natalício, alegrou o ambiente numa casa abrigo que acolhe mulheres vítimas de violência doméstica Adriana Mello Afinal, festejar o nascimento do menino Jesus acompanhado por familiares e por todos aqueles que amamos e queremos bem é um privilégio que não está ao alcance de todos. A coragem de denunciar uma situação de violência doméstica, de pedir ajuda e de trocar uma vida gasta e sufocante por um novo modo de ser e de viver, implica fazer renúncias e deixar para trás não só o agressor, mas também mudar o local de residência e deixar (ainda que temporariamente) os familiares e amigos. Mas, nas Misericórdias, aqueles a quem o infortúnio bateu à porta não são esquecidos. Assim, numa casa abrigo cuja localização não será revelada ao longo desta reportagem de forma a salvaguardar o sigilo necessário a segurança das utentes, o Natal foi celebrado com alegria e num ambiente de familiar. Nesta casa abrigo que acolhe, actualmente, catorze utentes e os seus filhos as histórias de vidas dila- ceradas não faltam. Traumatizadas, encontraram nesta casa um novo lar. E o recomeçar uma nova etapa nem sempre é fácil. Para a Ana (os nomes dos testemunhos foram alterados por razões de segurança), de 33 anos e cinco filhos, a vida nunca foi fácil. Com lágrimas nos olhos, fala-nos da sua adolescência complicada e do grave problema oncológico que ainda está a superar. No entanto, agora, passado um mês de estadia na casa abrigo já está “mais forte, Para a Ana, de 33 anos e cinco filhos, a vida nunca foi fácil. seu maior desejo é ter condições para poder ter novamente os filhos ao pé de si com mais disposição para enfrentar o futuro” e o seu maior desejo é ter condições para poder ter novamente os seus filhos ao pé de si. Laura, imigrante de 43 anos, já está na casa há três meses e agora os seus dias são de esperança. A viver em Portugal há aproximadamente oito anos, com uma filha pequena, www.ump.pt CAbAzEs DE nATAl EM AnGRA Do HERoísMo A Misericórdia de Angra do Heroísmo, à semelhança do que vem acontecendo desde há alguns anos a esta parte, procedeu à entrega, a todos os seus colaboradores, de 260 cabazes de Natal. dezembro 2010 vm 5 noite especial alegrou casa abrigo para mulheres vítimas de violência Laura começou a estranhar o comportamento possessivo do seu marido: “eu não podia falar ao telemóvel, nem ter amigos”. Os maus-tratos a perseguiram durante anos. Agora Laura só quer uma nova oportunidade para ser feliz. Como a maior parte dos imigrantes, Laura diz que nesta altura do ano, as emoções estão à flor da pele e afirma que não gosta da quadra natalícia: “é uma época muito triste pois estou longe de todos os meus familiares.” Apesar de estar acompanhada por sentimentos de solidão e desamparo, esta imigrante não desanima: “quero começar tudo do zero” e já começa a fazer planos para o futuro. Este é um local de passagem. De facto, a casa abrigo tem como finalidade recuperar as pessoas e reinseri-las na vida social. Para tanto, a casa conta com uma equipa composta por um assessor jurídico, uma directora e uma psicóloga. Todos contribuíram, de uma forma ou outra, para a concretização desta festa de Natal. Um dos espaços mais concorridos na casa abrigo, neste dia festivo, Depoimentos “A violência não faz sentido: é um acto consequente de um comportamento desviante e aquilo que eu gostaria que acontecesse é que não houvesse nunca mais nenhum Natal com violência. Assim, o mundo seria outro. isto, se calhar é um ideal difícil de atingir. mas, o ideal comanda o sonho. e, se nós não sonhamos, não criamos” Provedor “é um espaço de partilha que valoriza as pessoas e ajuda a manter a auto-estima. o facto de as utentes poderem contribuir na elaboração da ementa, como no caso de uma sobremesa, que muitas vezes é uma receita de família, e de poderem proporcionar um dia diferente aos seus filhos é importante” Directora técnica foi justamente a sala de reifeições. Com a árvore de Natal como pano de fundo a encher de cor a ampla sala, crianças e adultos foram contagiados pelo espírito natalício, num ambiente familiar e de aconchego. A ceia foi farta. O jantar começou com múltiplas entradas – desde enchidos e queijos até aos patês e tostas. A canja quente aqueceu os corações. Mas não é tudo! Ainda foi possível saborear um excelente prato de bacalhau, seguido por um cabrito assado. “Hoje nós vamos receber prendas?” perguntavam as crianças ao longo do jantar. E, num misto de alegria e admiração os meninos e meninas residentes na casa receberam, por volta das 22 horas, a presença mais esperada da noite: o Pai Natal que se fez acompanhar por um saco recheado de presentes especialmente destinados aos mais novos. Muitas destas prendas, que fizeram a alegria dos mais pequenos, foram oferecidas pela comunidade local que se associaram ao espírito da festa e contribuíram de livre vontade. As padarias e pastelarias locais também tiveram um papel relevante: ofereceram doces iguarias. Mais uma prova de que o trabalho desenvolvido nesta casa abrigo está a ser bem visto pela comunidade. Segundo uma das técnicas da instituição (que também prefere manter o anonimato) este tipo de iniciativa é muito relevante: “É um espaço de partilha que valoriza as pessoas e ajuda a manter a auto-estima. O facto de as utentes poderem contribuir na elaboração da ementa, laura, imigrante de 43 anos, já está na casa há três meses e agora os seus dias são de esperança. os maus-tratos perseguiram-na durante anos como no caso de uma sobremesa (que muitas vezes é uma receita de família) e de poderem proporcionar um dia diferente aos seus filhos é importante” São estes pormenores que marcam a diferença e podem contribuir para fazer alguém nascer de novo, mudar de vida. Afinal é Natal! Época de sonhos, de esperanças renovadas e aqui ficam registados os votos da equipa técnica da casa que todos os dias procura criar ferramentas que contribuam para que estas mulheres se automatizem. A directora espera “que as pessoas possam viver as suas vidas em paz e com a dignidade que merecem”. A psicóloga da instituição partilha, igualmente, do mesmo desejo e espera que “todas as pessoas possam ter Natais felizes, sem violência”. Da parte das Misericórdias, o provedor responsável por aquela instituição também expressou a sua vontade de assistir a melhores tempos: “Que não houvesse mais violência. Afinal, a violência não faz sentido: é um acto consequente de um comportamento desviante e aquilo que eu gostaria que acontecesse é que não houvesse nunca mais nenhum Natal com violência. Assim, o mundo seria outro. Isto, se calhar é um ideal difícil de atingir. Mas, o ideal comanda o sonho. E, se nós não sonhamos, não criamos”. DESTAQUE 6 vm dezembro 2010 www.ump.pt Fazer acontecer o Natal Na santa casa da misericórdia de Peso da régua, reforçar laços entre jovens e familiares é um desígnio que se estende para além do Natal Patrícia Posse Se na rua caem chuviscos frios, dentro de portas, hasteiam-se sorrisos quentes. A 19 de Dezembro, o alvoroço tomou conta das 27 crianças e adolescentes da Casa da Criança, equipamento da Santa Casa da Misericórdia do Peso da Régua que acolhe crianças retiradas das famílias no âmbito de processos de protecção. Em mãos tinham a tarefa messiânica de protagonizar a Festa de Natal para os seus familiares. “Como as meninas têm situações complicadas, relacionadas com a falta de afecto ou a gestão dos mesmos, pretende-se reforçar os momentos em família. É importante para elas saber que os familiares querem vir, daí que se dediquem tanto”, refere a directora técnica, Vera Moutinho. Ao final da tarde, só as figuras do presépio assistem serenas à roda-viva das jovens. Ora correm para serem maquilhadas, ora se preocupam com os penteados, ora duvidam da sua capacidade em palco. É que ter a atenção dos familiares gera um acréscimo de tensão. “Não querem fazer má figura, não quererem desiludir”, salienta. A festa de Natal com as famílias tornou-se um ritual desde 2006 e, em termos de participação, a resposta tem sido “globalmente positiva”. “Se alguns não vêm será mais fruto da disfuncionalidade que levou ao internamento”, justifica o provedor Manuel Mesquita. Este ano, reuniu aproximadamente uma centena de pessoas. “As famílias vêm sempre, mas a postura é um bocado distante, porque não se sentem familiarizados com esta dinâmica. Depois, até gostam de ver os filhos terem protagonismo”, confirma Vera Moutinho. Para delinear o figurino da festa há uma reunião onde se discutem ideias. Durante um mês, há ensaios diários depois da escola e, pelo meio, desistências, reticências e regressos voluntários. Embora este ano, os estagiários tivessem dado um apoio na organização, o esforço é muito delas, sobretudo para “fazer acontecer o Natal”. Na sala utilizada para ocasiões especiais, há mesas, com nomes alusivos à quadra, cobertas por toalhas verdes de rebordo vermelho, onde reinam os tons dourados. Nas pausas do jantar, decorre o espectáculo com música, dança e teatro, que arranca aplausos vigorosos e fartas gargalhadas. Apoio essencial Ana Santos (todos os nomes são fictícios para proteger a identidade das jovens), 15 anos, foi uma das apresentadoras de serviço, mas já “natal é altura de perdão e solidariedade. Eu estou cá há pouco tempo, mas recebo mais amor e atenção do que aquilo que tinha” na mesa, o registo foi mais intimista. “Sou um bocado envergonhada, embora conheça as pessoas. Mas sinto-me melhor do que se a minha mãe não estivesse aqui, é um apoio diferente tê-la cá.” O zelo em torno da irmã Madalena, de 8 anos, é prioritário e enquanto a pequena não termina a sopa, Ana não arreda pé, adiando a subida ao palco. Depois de um abraço apertado, segue até mais confiante. “Ensaiei toda a manhã, mas os textos para apresentar só os tive há bocado”, revela. Fernanda Santos, a mãe, não omite o que sente: “um bocadinho triste, porque não é o lugar apropriado. Gostava que ela estivesse ao pé de mim”. O Natal vai ser passado em Vila Real com a família e o desejo www.ump.pt HosPITAl DE bEjA VAI sER REAbIlITADo O Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Beja, edifício do século XV, vai ser reabilitado. As obras, orçadas em 377 mil euros, deverão arrancar brevemente e durarão cerca de 10 meses dezembro 2010 vm 7 oPInIão Para terminar esta série de artigos, gostaria, mais uma vez, de agradecer as inúmeras mensagens de apoio que fui recebendo, bem como a participação interessada de muitos Senhores Provedores e Irmãos de Misericórdias que, genuinamente, me colocaram dúvidas e reflexões sobre o relacionamento das Misericórdias Portuguesas com a Hierarquia da Igreja Católica. No fundo e em grandes linhas, o que todos me transmitiram foi o seguinte: “É claro que somos Instituições de Igreja, que queremos colaborar com a Hierarquia da Igreja mas, também temos relações com o Estado e na administração dos bens terrenos queremos ser autónomos. Essa é que é a imagem secular das Misericórdias Portuguesas e achamos bem que isso fique escrito num Compromisso que tenha força legal”. Tenho-me esforçado por dizer a todos que esse é também o objectivo da UMP. Só que o Decreto Geral da CEP nos termos em que está redigido o impede, pelo que com transparência e lealdade só há duas formas de ultrapassar a questão: ou a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) revoga o Decreto, o que entendo não seja fácil, ou a CEP dá força de Decreto Geral a esse Compromisso de Cooperação, o que me parece completamente razoável. É claro que há ainda um terceiro caminho, que é o de ninguém fazer nada: nem a CEP faz qualquer movimento, nem as Misericórdias cumprem o Decreto. Inevitavelmente conduzirá a conflitos esporádicos e à intervenção do Estado Português e dos Tribunais Portugueses. Parece-me obviamente um caminho que não satisfaz a ninguém, pois vai gerar graves situações de desigualdade e, a prazo, vai mesmo pôr em risco a natureza e identidade das Misericórdias. Sou por natureza optimista, mas não sou cego, nem ingénuo, nem irresponsável. Tenho a certeza que as Misericórdias também o não são. A esmagadora e inequívoca votação e o entusiasmo dos Senhores Provedores na Assembleia-Geral de 27 de Novembro, é uma prova extraordinária e fantástica de coragem, de lucidez, de unidade e de determinação. Devo dizer que, no meio de toda esta questão, um aspecto me espanta de sobremaneira. Alguns Senhores Bispos com quem falei manifestaram o seu desagrado por alguns Senhores Provedores e os Órgãos Sociais da UMP terem salientado que o que sobressai no Decreto Geral é a questão da propriedade e da administração dos bens. Os Senhores Bispos que me desculpem, mas o Decreto do que trata é disso. O Decreto não tem uma palavra sobre a actividade pastoral da Igreja, o Decreto não tem uma palavra sobre a Missão das Misericórdias, o Decreto não tem uma palavra sobre os pobres e os mais desfavorecidos. O que o Decreto diz é que os bens das Misericórdias são eclesiásticos, que os Senhores Bispos têm de fazer uma aprovação prévia dos Órgãos Sociais das Misericórdias e depois confirmar os eleitos (em bom português isso chama-se escolher e decidir sobre quem pode ou não pode ser membro dos Órgãos Sociais das Misericórdias), que podem extinguir Misericórdias e pouco mais. Não penso que dizer isto a quem assim legislou, seja ofender quem quer que seja ou sequer manifestar menor respeito e consideração pelos Senhores Bispos. Factos são factos! E o facto é que o Decreto Geral revela alguma inabilidade, porque se não era isso que queriam dizer, então deviam dizê-lo de outro modo. Por isso e porque penso assim, apesar do Decreto e, apesar da recomendação do Conselho Nacional, ousando interpretar o sentimento dos Irmãos das Misericórdias Portuguesas, avancei para a ideia do tal Compromisso. E é óbvio que, se o ideal é construir um documento melhor (e estamos todos disponíveis para isso), acredito que as bases de compromisso que aprovámos e que a CEP aprovou são capazes de constituir um entendimento razoável para os próximos 25 anos. Apenas falta, e isso falta, que a CEP leve o seu raciocínio até ao fim e dê força de Decreto Geral ao texto que ela própria aprovou. Repito, eventualmente melhorando-o; eventualmente referindo o Decreto Geral em sede de considerando, como um instrumento importante para permitir o aprofundamento do relacionamento entre as Misericórdias de Portugal e as respectivas Dioceses. Mas como simples confirmação do Decreto Geral é que não! Se tiver servido para isso, todos reconheceremos o seu papel decisivo e pela parte da União das Misericórdias Portuguesas todos acreditaremos na bondade desta solução. O que não podemos aceitar, repito, é que se considere que o Decreto Geral esteja em vigor e depois subscrever um Compromisso para o regulamentar dizendo em alguns artigos exactamente o contrário do Decreto Geral. Estaremos então todos a patrocinar um enorme equívoco que custará caro a todos os católicos portugueses e a toda a sociedade portuguesa e que será motivo das mais apaixonadas disputas jurídicas que apenas aproveitarão a uns tantos fundamentalistas de um lado e de outro, que se revêem no deleite intelectual do direito mas para quem os que sofrem, os doentes, os necessitados e os pobres e os generosos solidários que nelas pensam, não são pessoas concretas mas apenas palavras de um qualquer léxico. Manuel de lemos Presidente da UMP O DEVER DA VERDADE 3 É claro que somos Instituições de Igreja, que queremos colaborar com a Hierarquia da Igreja mas, também temos relações com o Estado e na administração dos bens terrenos queremos ser autónomos para 2011 é simples: “que não houvesse crise e as coisas melhorassem para toda a gente”. Há quem, embevecida, apresente os pequenos familiares, quem ensine o caminho da casa-de-banho à mãe ou quem comente que a avó nem a reconhecia pela mudança da cor do cabelo. Vive-se também a expectativa de ver chegar quem se atrasou e quando chega o momento de ir abrir a porta, não se perde um minuto. Uma das jovens, Vânia Dias, vestiu-se de Pai Natal e distribuiu os presentes pelas colegas, desembrulhando muitos sorrisos. “Gostamos de fazer a festa, porque é bom ter cá a família”, diz a jovem de 17 anos. Sentadas à mesa do Menino Jesus, estão a mãe e uma irmã. “Claro que fica contente, foi ela que nos convidou”, diz Maria do Carmo Dias, 62 anos. “Ela passa a vida a rir-se”, acrescenta a irmã. Quando atingiu a maioridade, Joana Azevedo deixou a Santa Casa, coisas correm aqui em casa, como se comportam, quais as meninas que são novas”, acrescenta. Presença circunstancial Manuel Mesquita não se coibiu de lembrar aos familiares que a sua presença não se devia circunscrever àquela data festiva. “Espero que seja constante ao longo do ano e mais activa. Não podemos nem queremos substituir-nos aos pais, porque só com este modelo de aliança (entre família, Santa Casa e técnicos) podemos levar a bom porto a nossa tarefa.” Mesmo que o projecto de vida não passe pela reintegração, mas pela autonomia, a maioria das jovens mantém o contacto com as famílias em “muitos momentos”. A equipa técnica tem um papel de mediação, obrigando os familiares a “viver os problemas e a vida que as crianças têm na instituição”. A Santa Casa recebe crianças desde os 18 meses aos 18 anos, responsabilizando-se mesmo depois dessa idade, quando não está ainda definido um projecto de vida. “É nosso dever proteger, educar estas crianças e criar um projecto de vida para que quando saiam da instituição sejam cidadãs de pleno direito”, frisa. Com capacidade para 30 utentes, a Casa da Criança tem actualmente 27, sendo que a lotação poderá ficar completa, uma vez que estão em curso processos de ingresso. Antes do findar da festa, uma jovem, recém-chegada à instituição reguense, sobe ao palco e solta o que lhe vai no coração: “Natal é altura de perdão e solidariedade e é por isso que fizemos esta festinha. Eu estou cá há pouco tempo, mas recebo mais amor e atenção do que aquilo que tinha”. No Natal nenhuma das meninas fica na instituição. Dessa forma, cumprem-se as palavras do poeta David Mourão-Ferreira que “de mãos dadas talvez o fogo nasça / talvez seja Natal e não Dezembro / talvez universal a consoada”. Festa de natal com as famílias tornou-se um ritual desde 2006 e, em termos de participação, a resposta tem sido “globalmente positiva” onde ficaram as duas irmãs mais novas. Hoje, com 21 anos, casada e com uma filha pequena, regressa àquele que um dia foi o seu lar. “É diferente. Quando estava cá, sabia que tinha que fazer actuações e era sempre aquele nervosismo.” Para as irmãs, de 11 e 15 anos, o significado da sua presença é quase inefável. “Gosto muito que esteja cá, porque sinto a falta dela”, confessa Justina. Inês acaba por partilhar do mesmo estado de espírito: “é bom, porque não estou com ela todos os dias”. “Ficam contentes, porque é especial ter uma pessoa da família junto delas”, conclui Joana. À volta da mesa do Anjo, a ocasião é aproveitada ainda para as actualizações. “Falam de como as só há duas formas de ultrapassar a questão: ou a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) revoga o Decreto, o que entendo não seja fácil, ou a CEP dá força de Decreto Geral a esse Compromisso de Cooperação, o que me parece completamente razoável o que não podemos aceitar, repito, é que se considere que o Decreto Geral esteja em vigor e depois subscrever um Compromisso para o regulamentar dizendo em alguns artigos exactamente o contrário do Decreto Geral A esmagadora e inequívoca votação e o entusiasmo dos senhores Provedores na Assembleia-Geral de 27 de novembro, é uma prova extraordinária e fantástica de coragem, de lucidez, de unidade e de determinação EM ACçãO 8 vm dezembro 2010 www.ump.pt Protocolo atento à qualidade e sustentabilidade umP assinou protocolo de cooperação com Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social. Apesar de não haver aumentos nas comparticipações, estão consagradas diversas medidas que visam assegurar a qualidade e a sustentabilidade das instituições bethania Pagin O sector social não só é importante para a economia social, mas é também essencial para a melhoria das condições de igualdade em Portugal. A afirmação foi feita pelo primeiro-ministro José Sócrates durante a cerimónia de assinatura do protocolo anual de cooperação entre Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social, União das Misericórdias Portuguesas, a União das Mutualidades e a Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Social. O documento abrange mais de 500 mil pessoas e foi assinado a 21 de Dezembro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Apesar de não haver aumentos nas comparticipações, estão consagradas diversas medidas que visam assegurar a qualidade e a sustentabilidade das instituições. Para José Sócrates, a parceria entre Estado e as organizações do sector social representa a melhor via de prossecução das políticas de solidariedade. “Estas instituições garantem uma gestão de proximidade descentralizada, que asseguram melhorias de eficiência e eficácia. Mas é também uma gestão assente no factor humano, onde o amor e o desprendimento buscam um objectivo altruísta”. Por isso, continuou, faz todo o sentido que o Estado coopere com quem está no terreno para responder melhor às famílias portuguesas. “Queremos melhorar o que já existe e responder às necessidades da população”, acrescentou, lembrando que o Estado vai investir 21,5 por cento da sua riqueza na área social, que representam cerca 1200 milhões de euros, “um número muito europeu”, destacou. peito às comparticipações, não se registam aumentos, mas o protocolo contempla uma série de medidas que poderão assegurar a qualidade e a sustentabilidade das instituições (ver caixas). Também presente na cerimónia, a ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, Helena André, destacou que “não foi nada fácil chegar a este acordo”, mas que este “resulta de um consenso entre parceiros e vai ajudar a melhorar a forma como a população é tratada”. Consenso este que vai abranger cerca de 15 mil acordos de cooperação que abrangem mais de meio milhão de pessoas em todo o território nacional, mas que não foi fácil de se obter. A medida referente ao IVA das organizações do sector social foi um dos aspectos a dificultar as negociações (ver texto na página ao lado). Para o presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel de Lemos, o protocolo é um “sinal político de responsabilidade pública” que contém “virtualidades que urge potenciar, nomeadamente em matéria da qualidade e em matéria da utilização partilhada de recursos”. Actualizações de 0,4 por cento o protocolo de cooperação contempla actualização extraordinária de 0,4% das comparticipações. em causa está a entrada em vigor do novo Código Contributivo e a medida visa compensar as instituições dos encargos decorrentes do aumento gradual da taxa social única. a medida deverá manter-se durante o período em que se verifique a actualização da taxa contributiva e as instituições deverão entregar os elementos demonstrativos do montante efectivo de encargo decorrente do aumento da taxa contributiva no ano anterior, bem como do montante de comparticipação financeira da segurança social correspondente à actualização extraordinária de 0,4% durante o mesmo período. Comparticipações e frequências o pagamento da comparticipação financeira da segurança social será feito mediante o controlo das frequências mensais, tendo por base a comunicação mensal obrigatória com a identificação unívoca dos utentes e segundo um modelo operacional a definir na Comissão nacional de acompanhamento e avaliação dos protocolos e acordos de Cooperação durante o primeiro trimestre de 2011. Contudo, por causa da sua natureza, algumas respostas sociais serão dispensadas desta obrigação. as cantinas sociais, pelo seu carácter de utilização pontual ou esporádica, e as casas-abrigo, por motivos de confidencialidade necessária para garantir a integridade física dos utentes, são dois exemplos. o sector social não só é importante para a economia social, mas é também essencial para a melhoria das condições de igualdade em Portugal O primeiro-ministro fez uma analogia com o ano de 2005, ano em que o governo investiu nesta área cerca de 17,5 por cento da sua riqueza, o que representa seis mil milhões de euros a menos em relação ao que será investido este ano. Este aumento está directamente relacionado com a construção de novos equipamentos sociais, no âmbito do PARES e do POPH. No que diz res- www.ump.pt VEnDA DE nATAl nA ERICEIRA A Santa Casa da Misericórdia da Ericeira promoveu uma venda de Natal. Os fundos angariados através da iniciativa serão utilizados na desparatização do museu e da igreja da instituição. dezembro 2010 vm 9 BREVES Protocolo MTss 2010 Inalterados os valores de 2009 mantêm-se inalterados os valores da comparticipação financeira da segurança social, praticando-se os montantes acordados para 2009, sem prejuízo de novos mecanismos e iniciativas previstos no presente protocolo. Acesso dos mais carenciados Foram revistos os limites de comparticipação familiar nos lares de idosos, mantendo-se o equilíbrio e reforçando o acesso dos mais carenciados a estes equipamentos, num quadro de sustentabilidade das instituições. Obras de requalificação Aos equipamentos sociais com acordos de cooperação que sofram obras de requalificação e que legalmente não necessitem licença camarária, não é exigida a celebração de novos acordos, mas tão só a actualização quanto à capacidade. Consagrada reserva de vagas consagra-se neste protocolo a reserva de vagas em acordos de cooperação celebrados para novos equipamentos, com vista à colocação de idosos indicados pelos serviços competentes da segurança social. Protocolo foi assinado na presença de josé sócrates IVA social é principal preocupação para 2011 mudanças no código contributivo e no iVA social. estas são as principais áreas de preocupação do presidente da união das misericórdias bethania Pagin Mudanças no código contributivo e no IVA social. Estas são as principais áreas de preocupação do presidente do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas. O receio é igualmente partilhado pelos presidentes da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade e da União das Mutualidades. De acordo com Manuel de Lemos, “é essencial manter em Portugal o Estado Social que, com dignidade e com qualidade, acolhe os que precisam, independentemente do seu credo, cor, rendimento ou origem”. Por essa razão, continuou, “as Misericórdias se dispuseram a celebrar o presente protocolo para o ano de 2010, quando alguns achavam que a sua assinatura em 21 de Dezembro já não fazia sentido, nomeadamente desde logo, porque dele não resulta, directa e imediatamente, qualquer aumento de comparticipação do Estado aos utentes das Misericórdias”. Além disso, “ainda ninguém conseguiu explicar a alteração da legislação sobre o IVA para o sector social”. Para Manuel de Lemos, “não faz sentido penalizar as instituições que, pelo recurso a fundos próprios, promovem a cooperação com o Estado lançando obras, criando empregos, directos e indirectos, a montante e a jusante, e desenvolvendo respostas sociais. De facto, não há crise que explique este tipo de medidas. Ou talvez seja por causa deste tipo de medidas que a crise tem a dimensão que tem”. Para o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, o padre Lino Maia, apesar da data em que é assinado, este protocolo não pode ser encarado como “uma prenda de Natal”, já que “seria um mau sinal” entrar em 2011 “com dúvidas acrescidas” na cooperação entre governo e instituições privadas de solidariedade social. Quanto à controvérsia em torno do IVA social, o padre Lino Maia defendeu um novo enquadramento legal para estas instituições: “O que se passou recentemente em relação ao reembolso do IVA vem demonstrar que o sector da economia social talvez careça de um novo enquadramento legal”. Críticas apoiadas também pelo presidente da União das Mutualidades, Alberto Ramalheira. 10% dos idosos para RNCCI Protocolo contempla admissão de utentes de lares de idosos em unidades da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados bethania Pagin Apesar de não contemplar aumentos nas comparticipações, o protocolo anual de cooperação assinado com o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social contempla medidas que visam assegurar a sustentabilidade e a qualidade das instituições. Entre outras novidades (ver caixas ao lado), será prioritária a admissão de utentes provenientes de lares de idosos, até ao máximo de 10% da capacidade das unidades de internamento de longa duração e manutenção da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Em causa está o elevado grau de dependência dos utentes dos lares de idosos das Misericórdias, explicou o Gabinete de Acção Social da UMP. Ainda segundo aqueles responsáveis, no que respeita à terceira idade, serão revistos os requisitos legais em vigor tendo em vista, “designadamente, a harmonização das condições previstas para as estruturas residenciais de maior dimensão, em particular no que respeita à percentagem de quartos individuais”. Quanto a novos acordos de cooperação, quando se trate de respostas sociais objecto de comparticipação pública na sua construção, são garantidas 20% das vagas para colocação de utentes pelos serviços competentes da segurança social. Em casos onde não tenha havido comparticipação, serão garantidas, progressivamente e por consenso, 10% das vagas. As vagas reservadas e não preenchidas são mantidas por dois meses e pagas neste período pelo valor da comparticipação mensal, podendo ao fim desse prazo serem preenchidas pela instituição, obrigando-se esta, no entanto, a comunicar à segurança social a vaga que ocorra imediatamente a seguir. Em 2011 também será revista a Circular Normativa nº 3 de 2 de Maio de 1997, com o fim de adequar o esforço das famílias à sua situação social. “Para o cálculo da comparticipação do utente e da comparticipação familiar, a prova de rendimentos é relativa aos agregados familiares dos utentes e respectivos Maior capacidade em creche Vai ser revisto normativo relativo às creches, no prazo de 30 dias após a assinatura do protocolo. este normativo contemplará o aumento da capacidade nas salas de creche salvaguardando sempre as condições técnicas do equipamento. Sistemas de qualidade As instituições podem optar pela implementação de outros sistemas de qualidade (sem ser os manuais de Qualidade do iss), cuja certificação seja atribuída por uma entidade acreditada no âmbito do sistema Português de Qualidade. Sustentabilidade energética o ministério da economia, da inovação e do Desenvolvimento vai criar, num prazo de nove meses, um plafond específico de potência reservado a projectos apresentados por instituições Particulares de segurança social. Lar de crianças e jovens relativamente ao lar de crianças e jovens, será analisado pela comissão Nacional de Acompanhamento e Avaliação dos Protocolos e Acordos de cooperação, no decorrer do ano de 2011, um novo modelo de cooperação. Em causa está o elevado grau de dependência dos utentes dos lares de idosos das Misericórdias, explicou o Gabinete de Acção social da UMP descendentes em primeiro grau”, refere aquele gabinete, destacando que perante a recusa na entrega desta documentação, será legítimo aplicar a comparticipação máxima relativa ao utente e não serão considerados os encargos com rendas e prestações com habitação no cálculo do rendimento per capita do utente quando na habitação ou residência não permaneça mais nenhum idoso. 10 vm dezembro 2010 www.ump.pt EM ACçãO Centro comunitário é maior obra de Ponte de Lima Apoio domiciliário, lar de idosos, centro de dia, cuidados continuados e creche. são estas as respostas do futuro centro comunitário susana Ramos Martins João e José estão encostados a um carro parado. Olham em frente para um terreno cheio de lama e de gente, onde uma grande pedra é o centro de todas as atenções. É a primeira pedra do Centro Comunitário de Arcozelo, em Ponte de Lima. É também o primeiro passo para a concretização de um sonho da Santa Casa da Misericórdia local: a construção de uma infra-estrutura capaz de dar apoio a “uma franja da população mais vulnerável: os idosos e as crianças”. José, de 64 anos, ainda quer usufruir do centro. João, de 70 anos, aplaude a iniciativa, mas espera que Deus lhe dê saúde para “andar” na sua vidinha e ir-se “remediando lá por casa”. João ainda tem dois anos para mudar de ideias. O início da construção do Centro Comunitário de Arcozelo arrancou a 8 de Dezembro, com a cerimónia do lançamento da primeira pedra. No Natal de 2012, o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima, António Veloso, conta fazer a inauguração do equipamento, construído na base do miradouro de Santo Ovídeo, na vila de Arcozelo. Apoio domiciliário para 50 pessoas, lar de idosos para 40 utentes, centro de dia para 30 utentes, cuidados continuados com 30 camas e uma creche para 30 crianças. São estas as respostas do futuro Centro Comunitário, orçado em quase 4,5 milhões de euros. “Este empreendimento é o maior investimento na área social que a Mi- VOLTAAPORTUGAL Gondomar entrega cabazes de Natal A câmara municipal de Gondomar entregou recentemente, em colaboração com a santa casa da misericórdia de Vera cruz, cabazes de Natal a cerca de 1000 famílias carenciadas daquele concelho. “em Gondomar não acordamos agora para a solidariedade social, já a praticamos desde há vários anos”, afirmou o presidente da autarquia, Valentim loureiro, durante a cerimónia. Óbidos celebra 500 anos o cardeal Patriarca de lisboa, D. José Policarpo, presidiu à missa solene que marcou o arranque das comemorações dos 500 anos da santa casa da misericórdia de Óbidos. A iniciativa teve lugar a 19 de Dezembro. A próxima iniciativa será a inauguração da creche, que já se encontra a funcionar desde setembro com 33 crianças com idades dos quatro meses aos três anos. Equipamento vai custar 4,5 milhões de euros sericórdia de Ponte de Lima realiza nos últimos 60 anos, depois do hospital Conde de Bertiandos, inaugurado em 1958, e do lar de idosos Cândido Barbosa Correia, que abriu portas em 1993”, lembrou, durante a cerimónia, o provedor. António Veloso frisou que, contudo, tal só foi possível graças à união de esforços de várias entidades: Junta de Freguesia, que cedeu o terreno com 20 mil metros quadrados, e Câmara Municipal, que disponibilizou recursos técnicos e humanos para acompanhamento e execução da obra e “uma comparticipação para a sua construção”. Um “acto de coragem”, um “momento histórico”. Palavras usadas pelo presidente da Câmara de Ponte de Lima para classificar a obra. Vitor Mendes fez questão de lembrar que “estamos a fazer história com um equipamento social que é, seguramente, o maior e o melhor do concelho. “A Santa Casa percebeu que este é um equipamento que faz falta não só na freguesia de Arcozelo, que é a mais populosa do nosso concelho, mas faz muita falta no concelho de Ponte de Lima”, sublinhou. O autarca aplaudiu a coragem da irmandade ao avançar com um empreendimento que ainda só têm o financiamento garantido para creche e cuidados continuados. O lar, o centro de dia e o apoio domiciliário ainda não foram objecto de financiamento comunitário. Apoio certo é o da Junta de Freguesia de Arcozelo que, em 2007, ajudou a dar os primeiros passos para a construção do equipamento ao estabelecer um “protocolo de intenções” com a Misericórdia limiana. A actividade da Santa Casa da Misericórdia de Ponte de Lima foi bastante elogiada por Bernardo Reis, representante do Secretariado Nacional da União das Misericórdias Portuguesas, que marcou presença no lançamento da primeira pedra do Centro Comunitário de Arcozelo. “A Misericórdia de Ponte de Lima tem desenvolvido um trabalho notável com reflexos na comunidade, resultando daqui uma mais-valia solidária para a população”, enfatizou Bernardo Reis, para quem as Misericórdias vão ter um papel importante nestes tempos de crise. 50% Portugueses cansados emprego, falta de exercício e má alimentação deixam portugueses com falta de energia, revela estudo europeu. Braga vai abrir cantina social A misericórdia de braga vai abrir, no primeiro trimestre de 2011, uma cantina social. “A cantina vai funcionar num edifício, propriedade da santa casa, na freguesia de s. Vicente”, revelaram ao correio do minho, Gastão sequeira e irene montenegro, da mesa administrativa da instituição. os responsáveis sublinharam que ainda não está definido o número de refeições a servir. Equilíbrio entre vida pessoal e trabalho um estudo realizado em 14 países Da união europeia revela que Portugal é o país onde há maior dificuldade em equilibrar vida profissional e pessoal, seguido da espanha, Grécia e Holanda. o estudo indica, também, que 40% pretende passar mais tempo com família e amigos, 36% dedicar mais tempo a si próprio e ao parceiro e 32% participar em mais actividades de lazer. Menos indiferença face à exclusão social iniciativas promovidas pelas santas casas no âmbito do Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social aumentaram consciência do problema As iniciativas promovidas pelas Misericórdias no âmbito do Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social (AECPES) trouxeram maior consciencialização da problemática e o factor “indiferença” deu lugar a um conhecimento mais alargado do fenómeno em termos macro e conhecimento mais específico sobre as especificidades do fenómeno da pobreza e exclusão social em Portugal e na Europa. A conclusão é do Gabinete de Acção Social da União das Misericórdias Portuguesas (UMP). Segundo aqueles responsáveis, a UMP envolveu-se no AECPES através de iniciativas próprias como organização de cúpula representativa de 398 Misericórdias, mas também através das iniciativas realizadas localmente. Entre outras, a Santa Casa de Tarouca organizou, em conjunto com os parceiros locais, um colóquio sobre o tema “Luta contra a pobreza e Exclusão social: uma realidade para todos, uma responsabilidade de cada um”. “Para dar outro exemplo, agora na zona sul do país, também o Gabinete de Acção Social, durante uma sessão do Secretariado Regional de Évora, levou a cabo uma sessão de esclarecimento sobre os factores de exclusão social e pobreza e o papel das Misericórdias no seu combate, onde também distribuiu o material de divulgação do AECPES.” Contudo, algumas actividades ficaram por realizar, por falta de meios humanos e financeiros: o projecto do microcrédito e o levantamento assimétrico-geográfico da pobreza a nível local em Portugal. “Mas é intenção da UMP tentar reunir as condições para a eventual concretização do projecto de levantamento de dados locais específicos sobre o fenómeno da pobreza”. 12 vm dezembro 2010 www.ump.pt EM ACçãO RECEITAS NAS MISERICÓRDIAS Sopa de feijão com poejos à moda de Redondo Inventário da União premiado pela APOM A união das misericórdias Portuguesas foi uma das entidades galardoadas com os prémios da Associação Portuguesa de Museologia 2010 bethania Pagin A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) foi uma das entidades galardoadas com os prémios da Associação Portuguesa de Museologia 2010. O prémio deve-se ao projecto de inventariação do espólio das Santas Casas. A menção honrosa da categoria Inovação e Criatividade foi recebida pelo membro do Secretariado Nacional, Carlos Andrade, no Museu do Oriente a 13 de Dezembro. Iniciado em Setembro de 2006, o projecto já contemplou 62 Santas Casas, às quais se juntaram recentemente outras 20 da região do Alentejo. Ao todo, este projecto já produziu mais de 14 mil fichas, muitas delas disponíveis na internet através do site da UMP. Contudo, destacam os responsáveis pelo Gabinete do Património Cultural (GPC) da UMP, o inventário é apenas o primeiro passo para a conservação do espólio. Ainda segundo aqueles responsáveis, a menção honrosa deve-se ao facto de ser o primeiro inventário sistemático e em larga escala do espólio artístico das Misericórdias. Recorde-se que o inventário permite conhecer em pormenor as peças. Cada ficha contém dados como dimensão, data, material utilizado, peso, estado de conservação etc. Além de facilitar um possível traba- Inventário da UMP foi reconhecido INGREDIENtES 1/2 litro de feijão manteiga 4 postas de bacalhau 2 cebolas 1 cabeça de alhos 6 colheres de sopa de azeite 2 folhas de louro 1 bom molho de poejos sal q.b. Pão MODO DE PREPARAçãO: Depois de demolhado coze-se o feijão aproveitando-se o caldo. Faz-se um refogado com o azeite, as cebolas e os alhos bem picados, as folhas de louro e os poejos devidamente arranjados. Deixa-se apurar bem durante algum tempo. em seguida junta-se ao refogado o feijão cozido com o respectivo caldo da cozedura. introduzem-se as postas de bacalhau e deixa-se cozer bem. Verifica-se o sal. Deixa-se ferver mais um pouco. Numa terrina migam-se sopas de pão, sobre as quais se verte a sopa a ferver, estando pronto a comer. Acompanha-se com umas boas azeitonas da região. lho de restauro, as fichas representam um documento de segurança em caso de furtos. Daí que o inventário seja apenas um primeiro passo. De maneira a conservar o espólio centenário, as Misericórdias estão a apostar em melhores condições de preservação e também em restauro. Numa fase seguinte, as exposições temáticas podem ser uma boa maneira de divulgar a história dessas instituições. Contudo, as novidades recentes na área do património não se ficam por aqui. As Santas Casas da Misericórdia de Abrantes, Lourinhã, Setúbal e Tomar emprestaram peças do seu espólio artístico para a exposição “Pri- mitivos Portugueses (1450-1550): O Século de Nuno Gonçalves”, patente no Museu Nacional de Arte Antiga e no Museu de Évora. O certame teve início a 11 de Novembro e estará aberto ao público até 27 de Fevereiro. Reunindo e colocando em confronto mais de 160 pinturas dos séculos XV e XVI, reconstituindo alguns dos mais belos retábulos portugueses desse período, esta exposição ensaia um panorama crítico, actualizado e de grande dimensão, acerca dos chamados Primitivos Portugueses e visa demonstrar como o estudo técnico e material desse património contribui decisivamente para renovar e aprofundar o seu conhecimento. Serpa promove recolha de mantas Misericórdia de Serpa está a promover, durante todo o mês de Dezembro, uma recolha de mantas e agasalhos INfORMAçãO NutRICIONAL: 906,25 Kcal 65,8g Proteínas 137,5g Hidratos de carbono 15,25g Gordura PREçO: A Santa Casa da Misericórdia de Serpa está a promover, durante todo o mês de Dezembro, uma recolha de mantas e agasalhos. “Mimos de Natal” é o nome da iniciativa que visa apoiar a população mais carenciada. Em declarações ao Voz das Misericórdias, a provedora da Santa Casa de Serpa explicou que há vários pontos de recolha espalhados pela cidade, sendo que a comunicação social da região tem apoiado a divulgação da iniciativa. “De dois em dois dias procedemos à recolha e depois de uma triagem, as roupas são disponibilizadas na loja da Misericórdia, que fica no centro da vila”, afirmou Maria Ana Pires. Além de agasalhos, para crianças e adultos, a Misericórdia de Serpa está a recolher também outros artigos têxteis como lençóis, mantas e cobertores. Ainda de acordo com Maria Ana Pires, as pessoas que neste momento estão a passar as maiores dificuldade são os estrangeiros — especialmente provenientes da Roménia — que vieram a Serpa para a apanha da azeitona e ainda se encontram na localidade. Para a provedora daquela instituição alentejana, estas iniciativas são importantes na medida em que as Misericórdias devem estar servir as comunidades onde estão inseridas, procurando ir de encontro aos mais diversos tipos de necessidades. Recorde-se que também a União das Misericórdias Portuguesas está empenhada em recolher mantas e agasalhos durante a época natalícia. A iniciativa decorre em parceria com as lojas a AKI e já vai na segunda edição. “Vamos distribuir calor neste Natal” é o mote da campanha. €€€€€ DIfICuDADE: ,,,,, 14 vm dezembro 2010 www.ump.pt EM ACçãO Securicórdia com 300 Santas Casas até 2012 securicórdia é agora composta exclusivamente por capital social da União das Misericórdias. em carteira, esta participada tem 120 santas casas bethania Pagin A Securicórdia é agora composta exclusivamente por capital social da União das Misericórdias Portuguesas (UMP). Em carteira, esta participada tem 120 Santas Casas, mas espera poder mediar os seguros de muitas mais. O objectivo é, até 2012, alcançar 75 por cento dessas instituições. A alteração estatutária teve lugar a 3 de Novembro e, segundo o presidente do Conselho de Gerência, “é de primordial importância para a mediadora ao nível da sua natureza e da sua relação com as Misericórdias”. Para Vasco Fernandes, que também é provedor da Santa Casa da Misericórdia de Torres Vedras, a nova estratégia de intervenção da Securicórdia deve fazer prevalecer a atitude de servir em detrimento do interesse puramente comercial, embora sempre no quadro de uma gestão criteriosa e cuidada. Assim, “2011 será o ano em que a Securicórdia se apresentará no mercado, com uma nova face determinada, exclusivamente, pelos interesses das Misericórdias em matéria de seguros, e corporizando a estratégia e os objectivos definidos pela UMP, enquanto sua única proprietária, detentora de 100% do seu capital social”, referiu o responsável. Neste momento, os seguros mais procurados pelas Santas Casas são os acidentes de trabalho, acidentes pessoais, automóvel, multi-riscos, responsabilidade civil e ainda seguros de vida e do voluntário. Ao todo, são 120 Misericórdias. “Em 2004 eram 81”, recorda o presidente do Conselho de Gerência, destacando que, naquela altura, o total de prémio rondava os 500 mil euros e actualmente este valor duplicou, rondado o milhão de euros. Criada em 1993, a Securicórdia nasceu para ser a mediadora das Santas Casas, mas registam-se ainda algumas dificuldades junto destas instituições. “Registamos fraca receptividade das Misericórdias e alguma lentidão na resposta às nossas pro- Nova estratégia de intervenção da mediadora Securicórdia deve fazer prevalecer a atitude de servir em detrimento do interesse puramente comercial “ População activa caiu 0,8% em 2009 postas. Além disso, há os mediadores locais, com quem já há seguros e para os quais os mesários algumas vezes, têm dificuldade em cessar contratos”. Contudo, continua Vasco Fernandes, a Securicórdia gostaria que os provedores pelo menos conhecessem as suas ofertas de seguros. “Além de taxas e condições competitivas, somos capazes de assegurar uma assistência de proximidade e personalizada”, destacou, lembrando que, especialmente agora, a mediadora é das Santas Casas e foi criada justamente para apoiá-las, entre outros aspectos, através da criação de produtos adequados às suas exigências específicas. Com a saída do outro accionista — a Partisagres, que detinha 45 por cento do capital social —, o Conselho de Gerência da Securicórdia passou a ser constituído por três provedores: Vasco Fernandes, da Santa Casa de Torres Vedras, Fernando Cardoso Ferreira, de Setúbal, e Aníbal Rodrigues da Silva, de Mafra. Está em avaliação a possibilidade deste conselho ser alargado, passando a contar com a presença de cinco representantes das Misericórdias portuguesas. A população activa diminuiu em cerca de 42 mil indivíduos, contrariando a tendência de aumento verificada ao longo dos dez anos terminados em 2008 A população activa em Portugal diminuiu em cerca de 42 mil indivíduos (-0,8%) no ano passado, contrariando a tendência de aumento verificada ao longo dos dez anos terminados em 2008, indica o Instituto Nacional de Estatística (INE). Entre 1998 e 2009 a população activa aumentou cerca de 9,6%. Para este crescimento terão contribuído o aumento da população feminina no mercado de trabalho, o adiamento da reforma e a dinâmica dos fluxos migratórios. O INE destaca também o incremento na qualificação da força de trabalho, a avaliar pelo grau de escolaridade: a um aumento da população activa total na ordem de 487 mil indivíduos correspondeu um aumento de cerca de 785 mil indivíduos tendo pelo menos o ensino secundário concluído. Braga e Barcelos distribuem cabazes misericórdias de braga e barcelos distribuíram cabazes de Natal às famílias mais carenciadas da comunidade em que estão inseridas Ainda não eram 15 horas e muitas das famílias que receberam um cabaz de produtos alimentares já esperavam à porta da Basílica dos Congregados. Mas algumas famílias pediram para os entregar em casa, outras foram antes ou depois da hora marcada e houve ainda outras que nem chegaram a pedir. Simplesmente por vergonha. Todos os anos, a Equipa Sócio-Caritativa da Basílica dos Congregados ajuda a famílias carenciadas do concelho na altura do Natal e este ano contou com a colaboração da Santa Casa da Misericórdia de Braga. Foram entregues 91 cabazes. A coordenadora da equipa, Bernardete Sepúlveda, estava feliz: “Com a ajuda da Misericórdia conseguimos entregar mais cabazes e bem mais completos”. Gastão Sequeira e Irene Montenegro, da Santa Casa, estavam presentes no momento de entrega dos cabazes à maior parte das famílias. “Preocupa-nos o aumento da pobreza encapotada e escondida”, confidenciaram ao Correio do Minho. A Santa Casa da Misericórdia de Barcelos também procedeu à entrega de cabazes de Natal, a 21 de Dezembro. O provedor, António Pedras, explicou que “a Misericórdia, que tem vindo a acompanhar a situação de crise do país, entendeu que era altura de começar a fazer alguma coisa em prol daqueles que mais necessitam em termos de refeições sendo o primeiro passo a entrega de cabazes de Natal. Evidentemente que o ideal é que cabazes desses fossem dados todo o ano, mas não sendo possível, pensamos através deste gesto simbólico dar algum apoio às famílias dos nossos utentes mais carenciados e também a familiares dos nossos funcionários. No próximo ano, procuraremos alargar iniciativa a outras famílias do concelho.” www.ump.pt dezembro 2010 vm 15 EM FOCO Lugar de pequenas grandes vitórias centro João Paulo ii acolhe 192 residentes. Naquela casa, todos os dias, acontecem “pequenas grandes vitórias” bethania Pagin Uma casa onde todos os dias acontecem “pequenas grandes vitórias”. É assim que o presidente do Conselho de Administração, Manuel Cálem, define o Centro João Paulo II. Naquele local, a União das Misericórdias Portuguesas alberga há mais de 20 anos 192 pessoas portadoras de deficiência profunda. Quem lá entra não consegue deixar de perceber que tudo se faz para que “lar” seja não só uma palavra ou um título, mas sim uma realidade. Os residentes têm idades que variam entre os três e 65 anos. Entre os mais velhos, Rita, Piedade e Orlando vivem beneméritos em tempo de crise muito do trabalho realizado no Centro João paulo ii deve-se aos beneméritos que, ao longo dos anos, têm apoiado a instituição. mas também aqui se faz sentir a crise. segundo manuel Cálem, há alguns anos eram muitos os pequenos donativos entre 10 e 50 euros, mas actualmente os beneméritos são da classe alta e das empresas. também o santuário de Fátima desempenha um papel fundamental para o equilíbrio das contas do centro. ali desde a inauguração, 21 anos atrás. O trabalho é heterogéneo. Entre os 192 residentes, as necessidades e capacidades variam muito e para fazer face a tudo, 212 colaboradores fazem, passe a expressão, das tripas coração para que tudo corra bem. E correr bem, naquele centro, significa conquistar “pequenas grandes vitórias”. “Só quem os acompanha todos os dias é que consegue perceber e valorizar essas pequenas vitórias”, disse ao VM Manuel Cálem, destacando a importância do trabalho de reabilitação que se tem desenvolvido ali. E aqui ganha especial importância aquele ditado popular: “é de pequenino que se torce o pepino”. No Centro João Paulo II, os residentes mais jovens são acompanhados desde a primeira infância e por isso são visíveis algumas “pequenas vitórias” em termos de mobilidade — conseguir andar — ou de comunicação — conseguir falar. Em relação aos mais velhos, o trabalho de reabilitação não obtém tantas conquistas quanto com os mais jovens, mas é facto que ali os residentes gozam de boa saúde, razão pela qual alguns têm alcançado os sessenta e muitos anos. Daí que seja fundamental o papel da Escola Os Moinhos, continuou aquele responsável. “Na escola, a missão não é ensinar a ler ou escrever, mas sim potenciar algumas capacidades que estejam retraídas”. Recorde-se que muitos dos residentes frequentam o ensino normal, sendo que a Escola Os Moinhos apenas recebe aqueles cujas necessidades não encontram resposta nos estabelecimentos de ensino formal. Mas para que se possa falar em lar é preciso que haja afecto e, infelizmente, são poucos os residentes que recebem visitas dos familiares. “A percentagem é mínima”, desabafou Manuel Cálem, lembrando que as ajudantes de lar — 126 no total — é que acabam voluntariamente por desempenhar esse papel. “Se a capacidade profissional é elevada, a dedicação afectiva em relação aos residentes é inexcedível”. Além dos 212 colaboradores, o Centro João Paulo II recebe, durante os meses de Verão, diversos grupos de voluntários, muitos deles provenientes de Espanha e alguns já visitam o centro há mais de dez anos. O trabalho dos voluntários passa por assegurar necessidades básicas dos residentes, como higiene e alimentação, e actividades lúdicas. “Os residentes adoram”, concluiu Manuel Cálem. Recorde-se que a União das Misericórdias Portuguesas tem ainda outro equipamento de apoio a pessoas com deficiência: o Centro S. Estevão, em Viseu. Além disso, prepara-se a construção de uma terceira resposta social deste tipo. O novo centro vai funcionar em Borba, no Alentejo, e vai receber 122 pessoas em lar de internamento e centro de actividades ocupacionais. BREVES Residentes o centro João Paulo ii tem a sua capacidade sempre esgotada. Ao todo, recebe 192 residentes. A lista de espera é grande e raramente há vagas. 192 212 Colaboradores o centro João Paulo ii conta com 212 colaboradores. entre eles, 126 são ajudantes de lar que diariamente asseguram aos residentes cuidados e muito afecto. Dos 3 aos 65 anos os residentes daquele centro têm idades entre os três e 65 anos. o trabalho desenvolvido tem em atenção a idade, mas também as necessidades específicas de cada um. 21 3 Anos de existência o centro João Paulo ii comemorou 20 anos de existência em 2010. Para celebrar, está a decorrer o processo de certificação da qualidade. Residentes são três os residentes que vivem no centro João Paulo ii desde a primeira hora. Piedade, rita e orlando têm acompanhado as mudanças ao longo dos tempos. Rodas dançantes o centro tem um grupo de dança inclusiva. o projecto, da responsabilidade da técnica lídia saramago, começou internamente, mas o grupo tem feito actuações em lisboa e no Porto. 16 vm dezembro 2010 www.ump.pt REPORTAGEM Inclusão é palavra-chave para A 3 de Dezembro comemorou-se o Dia internacional da Pessoa com Deficiência, uma data que o Voz das misericórdias não quis deixar passar em branco. Além das duas respostas residenciais da união das misericórdias Portuguesas (umP), o centro João Paulo ii em Fátima (ver página 15), e de santo estêvão em Viseu, as santas casas, por todo o território nacional, auxiliam quase 1700 pessoas portadoras de deficiência, segundo dados do último inquérito realizado pela umP. inclusão é a palavra-chave para quem trabalha com essas pessoas e por isso fomos assistir a uma Vila do Conde encena origem das Misericórdias Utentes portadores de deficiência mostraram talentos e capacidades de representação durante a peça de teatro sobre a origem das misericórdias no passado dia 3 de Dezembro, no auditório municipal de Vila do Conde, pelos utentes do Centro de Apoio e Reabilitação para Pessoas com Deficiência, em Touguinha, da Misericórdia vilacondense. O João, apesar da sua paralisia cerebral, não teve dificuldade em contar a moral da história: “é necessário ajudar, colaborar e sermos amigos uns dos outros”, que é basicamente o fundamento das Misericórdias portuguesas. Esta “grande produção” contou com um elenco composto por 30 “actores”, a maioria dos quais pessoas portadores de deficiência e utentes do centro da Touguinha. A peça de teatro foi mais uma iniciativa integrada nas comemorações dos 500 anos da Santa Casa de Vila do Conde e aconteceu também no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Foi feita uma viagem no tempo, com coreografia e cenários da responsabilidade dos utentes, e além de se ilustrar a fundação destas instituições também foi representada a criação da Misericórdia de Vila do Conde. Foi recriado o ambiente de uma corte medieval, com o rei e a rainha, com condes e condessas, bobos, trovadores, camponeses pobres e excluídos, todos devidamente trajados, com as vestes cedidas pelo Museu de Etnografia e História da Póvoa de Varzim O Luís Ramos foi outro dos actores, representando o papel de cocheiro. No final manifestou ao Voz das Misericórdias a sua alegria: “Foi uma peça muito maravilhosa, feita por todos os colegas. Estamos muito contentes”. Já o Jorge Pereira, apesar de utente, é a voz do centro da Touginha, pois é quem atende o telefone. Desta vez não subiu ao palco, ficando na plateia e no final deixou o desafio de que “deve ser novamente representada”. Esta peça “foi vivida com muito entusiasmo”, manifestou, por seu lado o provedor Arlindo Maia, feliz com mais um evento marcante a evocar os 500 anos da Misericórdia a que preside, salientando que apesar de serem pessoas com deficiência, apresentaram-se “desinibidos, conscientes do que estavam a fazer”. “Estas pessoas acabam por surpreender”, avançou por seu lado Sérgio Pinto, responsável pelo centro da Touginha, sendo que a peça de teatro apenas veio “confirmar essa tese”, basta ter ao seu lado pessoas “que puxem pelas suas capacidades”. “Os 500 anos seria uma data que lhes passaria ao lado, mas com esta peça vivem a efeméride”, evidenciou Sérgio Pinto que salienta ainda a necessidade de “dar um pedaço de felicidade a estas pessoas todos os dias”, e estamos a falar de 97 internos, 115 em actividades ocupacionais e mais 26 com apoio domiciliário. A ocasião foi ainda aproveitada para oferecer aos presentes um exemplar da segunda edição do livro «A Rainha da Misericórdia», escrito por João Ribeiro e ilustrado por Sandra Nascimento. Uma edição da Santa Casa de Vila do Conde. A Celso Campos pesar da cadeira de rodas, o João Paulo Silva foi rei durante 35 minutos, representando o papel de marido da Rainha D. Leonor, fundadora das Misericórdias, corria o ano de 1498. Este foi um dos papéis que compôs a peça de teatro inédita “A origem das Misericórdias”, levada a cena www.ump.pt dezembro 2010 vm 17 lidar com deficiência iniciativa da misericórdia de Vila do conde. Naquela instituição, os utentes do centro de Apoio e reabilitação foram os responsáveis por uma peça de teatro inédita sobre a origem das misericórdias. o João, apesar da sua paralisia cerebral, não teve dificuldade em contar a moral da história: “é necessário ajudar, colaborar e sermos amigos uns dos outros”. e por estarmos no Natal, também fomos a Alvorge assistir a uma festa em que os protagonistas foram os utentes do lar para pessoas portadoras de deficiência. mas participam todos, inclusive funcionários e dirigentes. Chuva de estrelas no Natal de Alvorge os protagonistas da festa de Natal da santa casa da misericórdia de Alvorge são os utentes do lar para pessoas portadoras de deficiência Cristina está a cantar em playback “Momento”, de Pedro Abrunhosa perante as cerca de 200 pessoas que estão à assistir a festa de Natal da Santa Casa da Misericórdia do Alvorge. Com ela, estão André, sentado a frente de um piano improvisado no papel do cantor português, e Paulo, a acompanhar a encenação como guitarrista. “Quando cá chegou em Fevereiro, não falava com ninguém. E se aparecessem pessoas, escondia-se delas”, conta ao Voz das Misericórdias Júlio Bacalhau, vice-provedor da instituição. “É o fruto do trabalho de integração”, realça aquele dirigente. É de facto o resultado do trabalho desempenhado pela directora técnica do lar residencial para pessoas portadoras de deficiências da Misericórdia de Alvorge, Solange Ferreira, psicóloga de formação. Naquele dia, 17 de Dezembro, ela é Catarina Furtado e apresenta o “Chuva de Estrelas”. A paródia do conhecido programa televisivo é um dos temas do espectáculo de Natal. No tapete vermelho que delimita o palco, está agora uma bateria. São chamados quatro outros utentes do lar que passam os seus dias no centro de actividades ocupacionais. O “x” vermelho dentro de um círculo não deixa dúvida: é a vez dos Xutos e Pontapés entrarem em cena. Ao som de “A Minha Casinha”, a assistência deixa-se levar e acompanha a performance com palmas. Algumas pessoas do público levantam-se das suas cadeiras para poder dançar e pular, à semelhança do que acontece em cena. Entra a seguir para o palco, uma magistral Amália Rodrigues. Novamente o público fica empolgado pela interpretação teatral proporcionada pela Luísa da “Casa da Mariquinhas”. As palmas que acompanham a encenação tornam-se por fim palmas, mas em cada representação nunca param. Para a realização da festa da Santa Casa da Misericórdia do Alvorge todos participam. E o ingrediente principal é a música. Este ano pela primeira vez, os idosos do lar residencial da Santa Casa do Alvorge prepararam uma actuação. No papel de um chefe de orquestra, a animadora Goreti Correia transformou os exercícios de ginástica praticados pelos idosos num espectáculo musical. Os meninos do ATL da instituição também integram o espectáculo. Se no início as crianças vestiram-se de anjinhos para entoar cantos de Natal, depois fez-se lugar para um pequeno Quim Barreiros de bigodes grandes. Para cantar o “Mestre da Culinária”, o “acordeonista” não dispensou a companhia de bailarinos que envergam a panóplia de um verdadeiro cozinheiro. Até na peça de teatro onde a Alexandrina, utente do lar, interpreta a Carochinha, tudo acaba em bailarico depois do Pai Natal ter salvo o João Ratão de se afogar na sopa. O ponto alto foi o coro das funcionárias. Por fim, Jaime Laim, provedor, com tanta comoção, acabou por desistir de ler o seu discurso. O suzana Marto vestido escolhido cobre-lhe apenas o ombro direito, o cabelo vai solto e os olhos estão pintados com um risco preto, ao estilo de uma rock star. No centro do palco, os movimentos do seu corpo marcam o ritmo da música, o micro firme entre seus dedos, os lábios mexem-se sem emitir um som. TERCEIRA IDADE www.ump.pt dezembro 2010 vm 19 Albertina Roque e António barreto fizeram 66 anos de casados em outubro Liberdade e privacidade nas residências da Golegã Vivendas assistidas da misericórdia da Golegã acolhem 32 pessoas e são sucesso há uma década. instituição pretende expandir equipamento onde uma das palavras-chave é humanização Filipe Mendes Albertina Roque e António Barreto fizeram 66 anos de casados em Outubro. Uma vida longa de convivência e partilha, que não apaga o afecto e a cumplicidade entre o casal. É com entusiasmo e um brilho especial nos olhos que António, 92 anos, fala da mulher e lhe gaba as qualidades: “coragem, curiosidade e determinação”. Para trás, ficou uma vida de trabalho no campo, feita de jornas de sol a sol, e caminhadas de dez quilómetros para vender, na praça de Torres Novas, os produtos retirados da terra. Não tiveram filhos, mas há quatro anos encontraram nas funcionárias da Misericórdia da Golegã uma família, quando decidiram mudar-se para uma das Vivendas Assistidas, instaladas no complexo Rodrigo da Cunha Franco, que lhes proporciona os cuidados de um Lar na privacidade de uma residência. No distrito de Santarém, este foi um projecto-piloto, iniciado em 2000, e havia “algum receio quanto ao seu êxito”, como confidenciou ao Voz das Misericórdias António Martins Lopes, provedor da instituição. Contudo, dez anos depois, o sucesso desta iniciativa justifica, já para o ano, a construção de oito novas habitações deste tipo, que se somam às 16 já existentes. “Há aqui uma perspectiva de humanização do envelhecimento”, explica o responsável. “Os seniores estão nas suas casas e têm toda a autonomia para organizarem o seu dia da forma como entenderem”. E na altura em que começarem a ter necessidade, por razões várias, de apoio por parte da instituição, dispõem-no “de imediato e em toda a linha”. “Há uma panóplia de serviços, desde a saúde à alimentação, que lhes permite viver com grande tranquilidade e segurança, e alcançar efectivamente bons níveis de qualidade de vida e conforto”, assegura o provedor. Neste momento, existem 32 pessoas, na sua maioria casais, a habitar estas vivendas térreas com climatização, compostos por quarto, sala, kitchinette e casas de banho adaptadas às necessidades dos mais idosos. Inicialmente, a Misericórdia pensou em mobilar as casas, mas cedo percebeu que os utentes preferiam fazê-lo a seu gosto. E de facto, trazem consigo os seus objectos que são, de certa forma, a afirmação da sua identidade. Na casa de Albertina Roque e António Barreto há inúmeras molduras nas paredes que testemunham a sua longa vida em comum. E de entre elas, destaca-se a fotografia tirada em 1934 no antigo Teatro Dona Elisa Bonacho da Golegã. Albertina, então com dez anos, participou na peça “Belezas da Minha Terra”, e o ‘bichinho’ da representação permaneceu. Hoje, na Santa Casa da Golegã, participa activamente nas actividades da instituição e já teve a oportunidade de subir ao palco diversas vezes. Nesta geografia de afectos, “há a preocupação de proporcionar o maior grau de autonomia possível, no sentido de desenvolvimento do projecto pessoal de cada um”, disse ao VM Fernanda Oliveira, directora técnica da instituição. “Começámos por funcionar numa vertente integrada no apoio domiciliário. Agora, temos três funcionárias afectas a esta resposta social que asseguram um horário alargado de 12 horas, desde as 08h às 20h, todos os dias da semana”, explica a responsável, acrescentando que durante a noite, basta levantar o auscultador do telefone para haver resposta do lado de lá da linha. Conceição Ferreira e Janete Vieira são as duas funcionárias de serviço. Tiveram experiências profissionais anteriores em áreas que não tinham a ver com o terceiro sector, mas afirmam sentir-se plenamente realizadas. E percebe-se que há laços que ultrapassam a amizade entre elas e estes utentes. José Pereira Figueiredo mudou-se para este pólo há três anos, e tem o carro estacionado no parque. Está pronto para sair. Mas antes, aceita mostrar-nos as miniaturas das alfaias artesanais que lhe têm ocupado o tempo. Para além do artesanato, tem dinamizado, em conjunto com os seus ‘vizinhos’ uma “horta de cheiros”: ervas aromáticas para temperar algumas refeições. “Privacidade e liberdade são os valores fundamentais deste equipamento”, reforça Fernanda Oliveira, para quem os factores de vizinhança que aqui se criam, e as cumplicidades que se geram, são “extremamente positivas”. “ “Há aqui uma perspectiva de humanização do envelhecimento. Os seniores estão nas suas casas e têm toda a autonomia para organizarem o seu dia da forma como entenderem” Martins lopes Provedor 20 vm dezembro 2010 www.ump.pt TERCEIRA IDADE Póvoa de Lanhoso investe em equipamento Para melhorar condições de acolhimento, santa casa da misericórdia da Póvoa de lanhoso acaba de adquirir 48 camas articuladas para o Lar de São José A Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso acaba de adquirir 48 camas articuladas para o Lar de São José. “Queremos dar melhores condições e uma vida com mais qualidade aos nossos idosos. Mais do que isso, temos a obrigação moral de, dentro da Instituição, nivelarmos a qualidade de vida dos nossos utentes, comparada com a de que beneficiam os utentes da Unidade de Convalescença e da Unidade de Longa Duração. Se temos nestas duas Unidades, tidas como de referência nacional, 57 camas, no lar temos 50”, refere o provedor da Instituição, Humberto Carneiro. Melhorar as condições e a qualidade do serviço prestado aos utentes do Lar de S. José é, portanto, o objectivo desta medida, que representa um investimento superior a 35 mil euros, que vai permitir que todos os quartos passem a estar dotados deste equipamento. Ainda de forma a melhorar a qualidade de vida dos cerca de 50 utentes do Lar de São José, a Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Aveiro vai construir complexo social Tratando-se de um edifício classificado, e dadas as exigências da Segurança Social e ao seu actual estado de degradação, o provedor acredita que será uma intervenção delicada, “de modo a não comprometer a sua identidade”. Lacerda Pais especifica que será preciso remendar tectos, paredes e chão, que estão severamente danificados. Contribuíram, de igual forma para o estado de degradação, actos de vandalismo contra o imóvel, inclusive com tentativas de incêndio. A conversão do edifício em centro de dia — que funcionará a par com um serviço de apoio domiciliário para 60 utentes, proporcionando a criação de 22 empregos — implicará ainda a construção de um anexo no quintal para acolher uma cozinha e um refeitório. O projecto prevê também a preservação de um muro construído com recurso a formas de açúcar, peças cerâmicas cónicas de fabrico local dantes usadas no ciclo de produção do açúcar atlântico, servindo para a modelação dos pães de açúcar e para a purga do melaço. Como não tinham saída comercial, acabaram por ser utilizados na construção de muros de quintais. Dada a actual escassez dessas estruturas em Aveiro, a Casa do Seixal é muito procurada por estudiosos. A Capela da Madre de Deus, em frente à Casa do Seixal, será igualmente requalificada. O edifício religioso está igualmente muito deteriorado. Os três altares em talha dourada irão merecer uma atenção especial, estando a sua recuperação confiada ao Laboratório de Restauro e Conservação da Santa Casa. VOLTAAPORTUGAL Obras em Santa Cruz da Graciosa o governo regional dos Açores vai comparticipar a obra de remodelação e adaptação do interior do lar de idosos da santa casa da misericórdia da Vila de santa cruz da Graciosa até ao montante de 903.207,75 euros. Nos termos de um acordo celebrado entre a secretaria regional do trabalho e da solidariedade social e a misericórdia, o apoio governamental será repartido pelos anos de 2010 e 2011. Cuidados especiais em Castelo Branco os utentes do centro social Dr. Adriano Godinho, da misericórdia de castelo branco, receberam nove formandos da belalbi, um centro de formação profissional de cabeleireiro. Ao longo de um dia cerca de 40 pessoas tiveram direito a corte e brushing, feito por formandos do curso oficial de cabeleireiro, que possuem a carteira profissional de cabeleireiro de senhoras. santa casa da misericórdia de Aveiro prepara-se para arrancar, no início do próximo ano, com a intervenção na Casa do Seixal Vera Campos A Misericórdia de Aveiro prepara-se para arrancar, no início do próximo ano, com a intervenção na Casa do Seixal. Um edifício classificado pelo Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico e que será convertido em centro de dia. Adquirida pela Santa Casa em 2000, a Casa do Seixal encontra-se num estado de degradação avançado. Em declarações ao VM, o provedor Lacerda Pais lembrou algumas dificuldades. “Foram sete anos de novo equipamento representou investimento de 35 mil euros. As camas antigas foram cedidas ao banco de Voluntariado da Póvoa de lanhoso Lanhoso adquiriu oito cadeiras de rodas normais; duas cadeiras de rodas para obesos; seis colchões de pressão alterna; e 10 andarilhos. “Temos que intervir no lar, a nível das acessibilidades, da segurança, da inovação. Também vamos investir a nível de equipamentos, como as camas, que queremos que sejam idênticas às da unidade de longa duração, com as mesmas funcionalidades, e vamos substituir grande parte das camas existentes, dando mais conforto aos utentes. Pretendemos igualmente remodelar as acessibilidades, criar outras condições de segurança, aumentar a capacidade para camas e remodelar os quartos existentes”, refere o provedor, revelando que esta é uma intervenção a ser realizada por fases, de acordo com as disponibilidades da Misericórdia. As camas antigas foram cedidas ao Banco de Voluntariado da Póvoa de Lanhoso. luta, por se tratar de um edifício classificado, mas no início de 2011 arrancarão as obras”. O investimento rondará o milhão de euros, sendo que a instituição “conta com um apoio de 50 por cento no âmbito do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais e com o resultado da venda de um terreno doado pela Câmara de Aveiro”. Localizado numa área com população predominantemente idosa, a Misericórdia pretende transformar a Casa do Seixal num complexo social de assistência à população carenciada. “Teremos em atenção a nossa população, idosa e com algumas dificuldades financeiras”, que poderão integrar o centro de dia, com capacidade para 30 utentes, e usufruir do serviço de apoio domiciliário. Lacerda Pais acredita a obra possa ficar concluída em 2012. Diário De AVeiro Casa do seixal vai ser reabilitada 65% Chumbam renovação maioria das pessoas com mais de 65 anos chumbam os testes para renovação da carta de condução, segundo o imtt. Araucária iluminada no lar de Gaia No passado dia 1 de Dezembro, o lar José tavares bastos e a freguesia da madalena ficaram mais iluminados. A Junta de Freguesia da madalena associou-se à santa casa da misericórdia de Gaia para iluminar a Araucária, presente naquele equipamento e que, com mais de 30 metros, é visível em quase toda a freguesia. D. manuel clemente visitou o lar para apreciar a iniciativa. Sempre em férias com Inatel sempre em Férias é o nome da nova iniciativa para reformados que o inatel vai criar no próximo ano. Programa pretende ser uma alternativa à institucionalização dos idosos, que assim têm a oportunidade de passar três meses em cada uma das unidades hoteleiras da fundação, usufruindo de cuidados médicos, alojamento, alimentação e programas culturais e de entretenimento. Provedor de Góis homenageado Nome de José Cabeças foi dado ao centro de reabilitação e bem-estar da santa casa O nome de José Cabeças ficará para sempre associado à Santa Casa da Misericórdia de Góis depois de, a 15 de Dezembro, ter sido atribuído o seu nome ao Centro de Reabilitação e Bem-Estar inaugurado em Vila Nova do Ceira. Segundo o Diário As Beiras, pretendendo ser esta uma homenagem ao provedor que dirigiu a Santa Casa desde 1989, quando teve início o processo de reactivação da Misericórdia, a presidente da Câmara de Góis anunciou a atribuição da medalha de ouro do concelho, “o maior galardão do município”, como forma de reconhecimento pelo trabalho que o homenageado, neste momento afectado por problemas de saúde, desenvolveu enquanto médico, presidente da direcção da Associação de Desenvolvimento Integrado da Beira Serra (ADIBER), antigo presidente da câmara e ex-presidente da Administração Regional de Saúde. Na inauguração do Centro de Reabilitação e Bem-Estar – Dr. José Domingos da Ascensão Cabeças, um investimento de 100 mil euros, o vice-provedor da Misericórdia afirmou que, assim, foi concretizado mais um objectivo da Santa Casa, aproveitando a ocasião para se prestar, “de forma sentida e reconhecida”, uma homenagem a José Cabeças. “É graças à sua determinação e perseverança que esta casa se afirma como uma referência na prestação de cuidados à população idosa”, lembrou. A inauguração é “o concretizar de um sonho”, disse José Serra, lembrando que José Cabeças “desde cedo elegeu como prioridade a criação de uma estrutura desta natureza e acautelou um espaço que permitisse a sua criação”. SAúDE Misericórdias na Rede nacional de Cuidados Continuados Integrados 4610 22 vm dezembro 2010 www.ump.pt rede das ScM por região Participação das Misericórdias na rNcci, dezembro 2010; (Nº camas; %) SitUAção ActUAl 2335 PóS ModelAr 2ª fASe misericórdias 4517 212 118 131 76 66% 34% 2335 nº de Camas nº de unidades nº de sCm rnCCi intervenção das Misericórdias na rNcci, Nº de camas por tipologia, dezembro 2010 2199 intervenção dos três sectores na rNcci, Nº de camas por tipologia, dezembro 2010 Sector SociAl Sector PrivAdo MiSericórdiAS rNcci 2951 Sector Público 1558 4517 1478 1309 2335 423 1092 1143 839 641 682 386 287 187 158 81 0 ConvalesCença mder ldem paliativos ConvalesCença 682 314 109 14 35 0 mder 1478 0 ldem 2199 paliativos 158 www.ump.pt CEnTRo DE PARAMIloIDosE nA RnCCI Está concluído o processo de reconversão do Centro de Estudos e Apoio à Paramiloidose, ou doença dos pezinhos, da Misericórdia da Póvoa de Varzim, numa unidade de cuidados continuados integrados. dezembro 2010 vm 23 Nº de camas por tipologia - Situação actual Região de saúde Norte (ScM=32) ceNtro (ScM=22) 921 740 Presença maioritária obriga à excelência santas casas detêm 66% da Rede Nacional de Cuidados Continuados, uma presença que obriga a uma cada vez maior preocupação com excelência As Santas Casas são responsáveis por 66% da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, uma presença maioritária que obriga a uma cada vez maior preocupação com a excelência dos cuidados e na qualidade da organização das unidades. Por isso, 2010 foi um ano repleto de actividades. Uma delas foi a criação de núcleos de trabalho específicos, que visam apoiar os profissionais das Santas Casas no desenvolvimento e consolidação de boas práticas. Conforme explicou o vogal da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) para a saúde, Manuel Caldas de Almeida, esses núcleos trabalham no sentido de desenvolver conteúdos técnicos, de promover a sua adopção e de apoiar as Misericórdias na sua implementação. Os grupos são constituídos por profissionais de saúde, mas contam também com a participação de peritos. Por exemplo, continuou o dirigente, no grupo sobre feridas, “contamos com a colaboração do Grupo Associativo de Investigação em Feridas”. “Em 2010 avançámos com a organização de núcleos técnicos centrais nas áreas de controlo de infecção, feridas, boas práticas de cuidados e processo clínico”, lembrou o dirigente, destacando que este último grupo está a finalizar a consulta a várias empresas para a construção do processo clínico electrónico. “É muito importante que as Misericórdias adoptem o processo clínico que constituirá a nossa imagem de marca e qualidade e a negociação em curso para a aquisição do software pretende obter um melhor preço de mercado e responder às exigências da plataforma de Unidade de Missão”. Ainda na área da qualidade, a UMP apresentou, em 2010, candidaturas ao QREN-POPH. O objectivo dos processos de certificação e acreditação é, assegura Caldas de Almeida, “promover elevados níveis de qualidade dos cuidados e a segurança dos utentes, mas a dinâmica que lhes está subjacente repercute-se também na motivação e satisfação dos colaboradores, bem como no prestígio da instituição junto da comunidade que serve”. 278 lvt (ScM=7) 251 145 AleNtejo (ScM=10) AlgArve (ScM=5) 477 415 337 289 193 107 36 25 0 19 mder 839 102 85 26 124 100 0 0 0 0 0 ConvalesCença 187 lder 1309 paliativos 0 Nº de camas por tipologia - Pós modelar - 2ª fase 1660 Região de saúde Norte (ScM=49) ceNtro (ScM=39) lvt (ScM=20) 1402 841 1058 511 AleNtejo (ScM=16) AlgArve (ScM=7) 874 196 486 492 492 369 310 106 36 39 30 ConvalesCença 230 112 19 mder 1426 151 26 lder 2944 10 0 0 0 0 paliativos 10 EDUCAçãO www.ump.pt dezembro 2010 vm 25 Vendas Novas inaugura creche para 58 crianças NÚMEROS 781 Mil euros A nova resposta social da santa casa da misericórdia de Vendas Novas teve um custo global contratual de 781 mil euros e contou com diversos apoios. 345 58 Mil euros Através do Programa de Alargamento da rede de equipamentos sociais, a creche foi comparticipada em 345 mil euros. A autarquia colaborou com 83.500 euros. Crianças o equipamento vai receber 58 crianças e para o seu funcionamento foi assinado um acordo de cooperação com o centro Distrital da segurança social. 800 Equipamento vai receber 58 crianças Equipamentos o governo socialista espera construir mais de 800 equipamentos financiados pelo Programa de Alargamento da rede de equipamentos sociais. 83 misericórdia de Vendas Novas inaugurou creche “Lydia Maia Cabeça” com a presença de governantes e amigos bethania Pagin A Santa Casa da Misericórdia de Torres Novas inaugurou uma nova creche. A cerimónia que abriu oficialmente a Creche “Lydia Maia Cabeça” teve lugar a 16 de Novembro e contou com a presença da ministra do Trabalho e Solidariedade Social, Helena André, e do ministro da Agricultura, Desenvolvimento Regional e Pescas, António Serrano. O novo equipamento social tem capacidade para 58 crianças. A obra, segundo o provedor Artur Aleixo Pais, teve um custo global contratual de 781 mil euros, “que só foi possível concretizar-se graças aos apoios do Estado, através do Programa de Alargamento da Rede de Equipamentos Sociais (PARES) no montante de 345 mil euros e da Câmara Municipal de Vendas Novas, no valor de 83.500 euros”, entre outros apoios que, além da construção, possibilitaram também a aquisição de material. “A Fundação Calouste Gulbenkian concedeu um apoio significativo destinado a equipamento móvel”, revelou aquele dirigente. Após o descerramento da placa pelos dois governantes presentes, padre José Carlos Patrão, representando o arcebispo de Évora, procedeu à bênção das instalações. Depois de uma visita pela creche, onde os convidados puderam conhecer colaboradores e crianças, teve lugar a sessão de assinatura do acordo de cooperação para o funcionamento daquela resposta social de creche. O documento foi assinado entre a Santa Casa e o Centro Distrital da Segurança Social de Évora, tendo sido depois confirmado pela ministra do Trabalho e da Solidariedade Social. Numa das salas da creche foi depois servido aos membros do governo e restantes entidades, um “Alentejo de Honra”. Entre as entidades convidadas estava o Governo Civil do Distrito de Évora, câmara e assembleia munici- pais de Vendas Novas, o Centro Distrital de Segurança Social de Évora, a Escola Prática de Artilharia, a União das Misericórdias Portuguesas, bem como provedores de outras Misericórdias do distrito de Évora, instituições e colectividades locais dedicadas à acção social, entre muitos irmãos da Santa Casa de Vendas Novas. O nome atribuído à nova creche, “Lydia Maia Cabeça”, homenageia uma ilustre senhora, viúva do vendasnovense Custódio Cabeça. Ambos foram grandes beneméritos da Novamente no interior do edifício, os visitantes tiveram oportunidade de apreciar uma pequena mas notável exposição de peças de cortiça portuguesa, bem demonstrativas da qualidade de excepção deste produto nacional. O Sr. Arquimínio, autor da exposição – a pessoa que cuida do “chaparro” centenário – e um perito com uma longa prática de assuntos relacionados com cortiça, falou à comitiva sobre as peças ali expostas. 800 equipamentos Durante aquela visita ao Alentejo, Helena André também inaugurou a ampliação do centro de dia da Associação de Reformados, Pensionistas e Idosos de Igrejinha. Em declarações à Lusa, a ministra garantiu que, mesmo que o governo não cumpra a legislatura, a construção de mais de 800 equipamentos financiada pelo PARES e pelo Programa Operacional Potencial Humano (POPH) está salvaguardada. “Quando falamos dos 841 equipamentos, isto é uma realidade, não é um número virtual. É tudo aquilo que está contratualizado. Alguns deles estão em obra, alguns deles já estão acabados e o futuro está assegurado, independentemente de não estarem todos construídos”. Mil e quinhentos euros A câmara municipal de Vendas Novas também apoiou a construção do novo equipamento da misericórdia da localidade. A autarquia comparticipou 83500 euros Chaparro centenário no espaço de recreio da nova creche, ergue-se um “chaparro” centenário. um “verdadeiro ex-libris da instituição”, afiançou o provedor artur aleixo pais. Entre outros apoios, a Fundação Calouste Gulbenkian concedeu um apoio significativo destinado a equipamento móvel Misericórdia de Vendas Novas. O nome “transita” da anterior creche substituída por acusar os seus longos anos de utilização. Durante a visita, que incidiu essencialmente sobre as áreas destinadas às crianças, como sala de refeições, berçário, salas de actividades e no exterior espaços de recreio, os onde se ergue um “chaparro” centenário: verdadeiro ex-libris da instituição, afiançou o provedor. 26 vm dezembro 2010 www.ump.pt EM ACçãO Creche de Alpalhão com novas instalações santa casa de Alpalhão estreou as novas instalações da creche. Um investimento de cerca de 190 mil euros a pensar no futuro das crianças Patrícia leitão Depois de vários anos a funcionar em locais provisórios, a creche da Santa Casa da Misericórdia de Alpalhão conseguiu finalmente ter as suas próprias instalações, o que representa o concretizar de um sonho que vinha sendo alimentado desde que a instituição assumiu a responsabilidade de gerir esta resposta social. O edifício da antiga Escola Primária, que está agora totalmente remodelado e adaptado às necessidades das crianças, foi escolhido como sendo o local ideal para instalar definitivamente a creche, não só porque se tratava de um importante edifício da freguesia que estava a ficar devoluto, uma vez que a sua utilização era esporádica, e que desta forma foi recuperado, mas também devido à sua própria estrutura. Embora tenha dois pisos, a sua área térrea foi suficiente para construir duas salas, para distribuir as crianças de acordo com a idade, um berçário, um espaçoso refeitório, bem como as restantes divisões que são indispensáveis ao funcionamento da creche. No exterior do edifício, as crianças têm ainda um terraço onde foram colocados escorregas e caixas de areia, para que nos dias em que o tempo permitir possam brincar ao ar livre. Para o provedor daquela Miseri- Atrair casais para região Criar condições para jovens o provedor da santa casa da misericórdia de Alpalhão, José baião, diz ter a convicção de que é preciso criar condições para que jovens casais queiram viver nestas freguesias. Condições para educar filhos se «sentirem que têm condições para aqui educar os seus filhos, sem dúvida que isso será mais um incentivo para que essas pessoas venham viver para cá», sublinha o provedor. Creche a pensar no futuro Para o provedor José baião, investimento na creche foi «feito a pensar no futuro e para o futuro que são as nossas crianças». A capacidade é de 30 vagas. córdia, José Baião, esta é sem dúvida «uma conquista que nos enche de alegria», sobretudo porque «a Misericórdia está bastante satisfeita por poder dar às crianças umas instalações como elas merecem», sublinha. José Baião explica que, até ao momento, a Câmara Municipal de Nisa apoiava a creche através de um subsídio com o qual «nós conseguíamos pagar às funcionárias». No entanto, e uma vez que a responsabilidade da gestão do equipamento social é da Misericórdia, «temos a partir de agora um acordo com a Segurança Social, pelo que a Câmara deixa de estar ligada», esclareceu, sem no entanto deixar de enaltecer a preocupação que a autarquia teve de também ajudar no financiamento das novas instalações que tiveram um custo total de cerca de 190 mil euros, dos quais 58 mil e 800 foram comparticipadas pelo Programa PARES, 80 mil pela Câmara de Nisa, e o restante montante foi suportado pela Misericórdia. O provedor refere que a estreia das novas instalações foi feita já com 16 crianças, avançando ainda que já tem cinco inscrições para o berçário. «Contamos ter no início do ano pelo menos umas 20 crianças a frequentar a creche», entre as quais «estão incluídas algumas crianças de Tolosa», o que para José Baião serve de exemplo de como esta resposta social com as instalações adequadas, que agora já tem, pode ser útil para todo o concelho e não se limitar apenas às crianças da freguesia de Alpalhão. «Nós temos capacidade para receber até 30 crianças e estou convencido de que depressa teremos a creche lotada», assume o provedor. Cantinas do1º ciclo abertas nas férias muitas escolas do primeiro ciclo vão manter as cantinas abertas durante as férias de Natal para assegurar refeições às crianças mais carenciadas Muitas escolas vão manter as cantinas abertas durante as férias de Natal para servir refeições às crianças mais carenciadas. De acordo com o jornal Público, as situações de pobreza de alguns alunos levaram as autarquias a pensar numa solução. João Grancho, presidente da Associação Nacional de Professores, disse ao jornal que a detecção destes casos nem sempre é fácil pelo facto de nem as crianças nem os pais comunicarem a “alteração da situação familiar, que normalmente resulta do desemprego de um ou mesmo de ambos os adultos”. A gravidade da situação, já levou alguns professores a juntarem-se para pagar o lanche a alguns alunos. “As verbas destinadas a vários tipos de apoio social são usadas para adquirir suplementos alimentares”, disse Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares. Sangalhos festeja Natal dos mais pequenos misericórdia de sangalhos festejou o Natal dos mais pequeninos, a 11 de Dezembro. estiveram presentes cerca de 400 pessoas A Comunidade Educativa Centro de Bem Estar Infantil e Centro de ATL da Misericórdia de Sangalhos festejaram o Natal, a 11 de Dezembro, no Salão do Centro Paroquial de Sangalhos. Estiveram presentes cerca de 400 pessoas. Além das características apresentações em que os mais pequenos são os protagonistas, durante os intervalos, foi possível visualizar vídeos em que as crianças falavam sobre a época do Natal: qual o significado do presépio, que prendas esperavam receber, o que há especial no Natal em termos de decoração e de Alimentação e para quem gostariam de mandar beijinhos. As famílias adoraram estas curtas-metragens, contou a técnica responsável, Helena Barros. No final do Espectáculo o provedor e alguns elementos da equipa técnica leram a história que as crianças do Pré-Escolar inventaram. 28 vm dezembro 2010 www.ump.pt PATRIMÓNIO Crato tem maior acervo de Meninos Jesus Apesar do seu falecimento em 2008, a colecção do Padre belo não pára de aumentar ARTE nAs MIsERICÓRDIAs ADORAçãO DOS MAGOS sCmse 0316 JORGE AfONSO 1519-1530 santa casa da misericórdia de setúbal Pintura a óleo sobre madeira de carvalho representando a Adoração dos magos. No lado direito da composição está representada a Virgem, sentada, segurando o menino com ambas as mãos. À sua frente encontram-se os três reis magos em adoração. o edifício arruinado que serve de fundo à cena apresenta-se como estrutura de dois andares à qual se encontra anexado um telheiro improvisado sob o qual se abriga uma vaca. No lado direito, em plano recuado, vêem-se quatro homens conversando, perto da base de uma coluna. mais atrás vislumbra-se, encostada à margem direita do painel, elevação de terreno com árvores e arbustos, a que se sucedem outras, em direcção a fundo esfumado. Pairando sobre a Virgem e o menino vê-se a estrela que guiou os reis magos. Padre Belo conseguiu, ao longo de anos e com sacrifícios, reunir a maior colecção de imagens de meninos Jesus alguma vez vista em Portugal Patrícia leitão Situada na Rua do Convento, na vila de Crato, a Casa Museu da Santa Casa da Misericórdia guarda um património de valor incalculável que resulta de uma grande sensibilidade de quem entendia a arte sacra como fruto de inspiração divina e uma forma de louvar a Deus, o Padre Francisco Belo. Na Casa Museu Padre Belo encontra-se um acervo extraordinário de colecções reunidas pelo sacerdote ao longo de muitos anos e com muitos sacrifícios. Entre a grande variedade de arte sacra, os ferros forjados, as faianças, e até uma colecção de latas que também faz parte deste espólio notável, destaca-se aquela que é a maior colecção de representações de Meninos Jesus exposta ao público em Portugal. A paixão do Padre Belo pelas imagens do nascimento e da infância de Jesus está na origem desta colecção que reúne mais de 900 imagens, e que o sacerdote doou, ainda em vida, à Misericórdia do Crato, juntamente com a sua residência, hoje a Casa Museu Padre Belo. É uma colecção que surpreende e não deixa ninguém indiferente, não só pela sua dimensão e diversidade, mas sobretudo por ser bem represen- tativa da veneração que o Padre Belo tinha por Jesus Menino. Conforme nos conta Mariano Cabaço, director da Casa Museu, o interesse do Padre Belo pelas figurações do Menino Jesus começou bem cedo, assim como a sua vocação para o sacerdócio. «O Padre Belo contava que tinha quatro anos quando lhe foi oferecida a primeira peça, e foi a partir dai que passou a reunir todas as imagens do Menino Jesus e de tudo o que tivesse a ver com a infância», elucida o responsável. Mariano Cabaço explica que «o Padre Belo dedicava-se muito à recolha de imagens para aumentar a sua colecção e que, embora tenha reunido peças de várias tipologias e de várias épocas, tinha o cuidado de valorizá-las com fatos e com adereços que ele próprio também recolhia», realça, acrescentando que o que torna A paixão do Padre belo pelas imagens do nascimento e da infância de jesus está na origem desta colecção que reúne mais de 900 imagens esta colecção «tão especial» e a «diferencia» de qualquer outra «é a carga emotiva e a devoção com que o Padre Belo cuidava de cada peça». O Padre Belo acreditava que todas as peças de arte de temática religiosa, para além da habilidade do autor e do artista, eram fruto de uma inspiração divina, e que por isso também a arte é uma forma de Deus. Convicto de que ter uma colecção desta qualidade sem que esta pudesse ser apreciada pelo público «não fazia sentido», o Padre Belo decide também doar uma parcela de tão valiosa colecção de Meninos Jesus ao Museu da Consolata, em Fátima. «Ele achava que Fátima, por diversas razões, seria o local ideal para que muitos milhares de pessoas pudessem ver aquelas peças de arte», constata Mariano Cabaço. Salientando que nunca percebeu que o Padre Belo tivesse uma peça preferida, Mariano Cabaço confessa que o sacerdote tinha «uma particular atenção» por uma peça que lhe foi oferecida e que havia sido encontrada no lixo. Trata-se de uma imagem francesa dos finais do século XIX, existente no escritório da casa, que já só tem um braço com a mão a apontar para o coração, e que possui a legenda, em francês, que diz “se Me amais, imitai-Me”. «Ele ficou muito magoado por saber que a peça estava no lixo e por isso ficou com um carinho especial por ela», explica Mariano Cabaço. Apesar do seu falecimento em 2008, a colecção do Padre Belo não pára de aumentar, por um lado devido às doações que as pessoas continuam a fazer à Casa Museu, e por outro, porque a Misericórdia do Crato faz questão de proceder a algumas aquisições de imagens de Meninos Jesus todos os anos, respeitando desta forma o pedido feito pelo sacerdote. Uma colecção que sem dúvida merece ser visitada, apreciada e, porque não, amada com a serenidade que o Padre Francisco Belo no-la legou a todos. VIRGEM DA CONCEIçãO sCmvCo 0117 século xViii santa casa da misericórdia de Vila do conde escultura de vulto em madeira policromada e estofada, representando a Virgem da conceição. A imagem encontra-se frontalizada, de pé sobre um globo terrestre azul com estrelas douradas, envolvido por uma serpente. Pousa os pés sobre duas cabeças de anjo relevadas. Veste túnica vermelha, com decoração floral dourada e azul. A cabeça encontra-se coberta por manto azul com debrum e decoração vegetalista dourada, o qual cai em pregas largas até aos pés. sob o manto exterior, ostenta na cabeça uma coifa branca até ao pescoço, formando uma gola drapeada na horizontal, a qual cai pelo peito até à zona do ventre. De olhar distante, apresenta expressão serena. As duas mãos estão postas em posição de oração. tem as mãos e a face com carnações. Apontamentos do inventário promovido pela UMP, Ver mais em http://matriz.softlimits.com/ump/ Errata Na última edição, por lapso, publicamos as fotos das fichas trocadas. www.ump.pt dezembro 2010 vm 29 ESTANTE Investigação publicada em livro os resultados da investigação em Viana do castelo são agora publicados em livro. “uma brisa holandesa na foz do lima”, de Pedro Raimundo No princípio de Maio de 2007, durante a campanha de inventariação do património artístico móvel e integrado da Misericórdia de Viana do Castelo, levada a cabo pela equipa do Gabinete do Património Cultural da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) no âmbito de um projecto que incluía o levantamento do espólio de 27 Santas Casas, foi inventariada uma pintura seiscentista que, pela invulgar qualidade artística que evidenciava, despertou especial atenção. A pintura, uma Adoração dos Pastores, encontrava-se assinada, mas o nome do pintor, que só mais tarde foi identificado, era ainda desconhecido. Teve então início uma investigação em duas frentes: centrada por um lado no retábulo que continha a tela, com o fito de tentar por essa via esclarecer a datação da pintura e a forma pela qual tinha chegado à igreja da Misericórdia, e, por outro lado, focada no nome do pintor. Os resultados desta investigação são agora publicados em livro. “Uma brisa holandesa na foz do Lima”, de Pedro Raimundo, é uma publicação da UMP. A investigação desenvolvida em torno do retábulo que contém a Adoração dos Pastores, efectuada em grande parte no Arquivo Histórico da Misericórdia, fundo que se encontra depositado no Arquivo Distrital de Viana do Castelo, revelou-se muitas vezes frustrante, dada a míngua de informações claras que foi possível extrair da documentação prospectada. Segundo Pedro Raimundo, o encadeamento das pistas a pouco e pouco afloradas conduziu no final a um resultado satisfatório, “na medida em que conseguimos - na nossa opinião sem grande margem para dúvidas - comprovar a identificação do encomendante, as circunstâncias em que o retábulo terá sido erguido e a datação aproximada para a sua execução”. “Esta datação permitiu, por sua vez, conhecer a da pintura, apesar de os pormenores da encomenda permanecerem ainda uma incógnita. Um olhar mais demorado e descritivo sobre o retábulo e a pintura nele contida, com vista a um conhecimento mais aprofundado das mesmas, integram também a primeira parte deste trabalho.” A informação publicada sobre Cornelis de Beer não é abundante e encontra-se dispersa, continua o autor, destacando que esta edição “foi uma tentativa de colmatar esta lacuna que nos propusemos escrever a segunda parte deste trabalho, embora conscientes que o estado actual do conhecimento da biografia desse artista apenas possibilitaria um primeiro esboço de uma monografia mais completa e mais correcta. lIsTA DE lIVRos ERA uMA VEz Fernando mendes esfera dos livros, 2010 o capuchinho Vermelho e o lobo mau, a pobre da Gata borralheira, o espertalhão do Gato das botas, o coitado do Príncipe mais as suas malfadadas orelhas de burro, a veloz lebre e a ainda mais rápida tartaruga, a cigarra cantante e a Formiga trabalhadora, entre muitas outras histórias que fazem parte da nossa infância reúnem-se no novo livro de Fernando mendes. Depois do sucesso de Petiscos de Fazer crescer água na boca, o conhecido apresentador de televisão escolheu 30 dos seus contos tradicionais favoritos e recriou estas magníficas histórias, ao sabor da sua imaginação, dando-lhe um toque pessoal de humor e emoção. uMA BRISA hOLANDESA NA fOz DO LIMA pedro raimundo umP, Novembro 2010 30 vm dezembro 2010 www.ump.pt VOZ ACTIVA EDIToRIAl VM VOZ DAS MISERICÓRDIAS Órgão noticioso das Misericórdias em Portugal e no mundo Propriedade: união das misericórdias Portuguesas Contribuinte: 501 295 097 Redacção e Administração: rua de entrecampos, 9, 1000-151 lisboa tels: 218 110 540 218 103 016 fax: 218 110 545 e-mail:
[email protected] tiragem do n.º anterior: 13.550 ex. Registo: 110636 Depósito legal n.º: 55200/92 Assinatura Anual: Normal - €10 benemérita – €20 fundador: Dr. manuel Ferreira da silva Director: Paulo moreira Editor: bethania Pagin Design e Composição: mário Henriques Publicidade: Paulo lemos Colaboradores: Adriana melo celso campos Filipe mendes Patrícia leitão Patricia Posse susana martins suzana marto Vera campos Assinantes: sofia oliveira Impressão: Diário do minho – rua de santa margarida, 4 A 4710-306 braga tel.: 253 609 460 oPInIão As Misericórdias Portuguesas nasceram em Lisboa em 1498, pela mão da Rainha D. Leonor, vindo a pouco e pouco a proliferar pelo país. São as Misericórdias e as IPSS que hoje realizam a grande se não a totalidade do serviço social que competia ao Estado realizar, é verdade que esta prestação de serviços é comparticipada, mas estas verbas não cobrem os valores reais dos custos das Instituições, mas com a força de vontade, o desejo de ajudar o outro, vai encontrando soluções para subsistir no dia-a-dia. Se a situação destas Instituições que prestam serviço social, Misericórdias, Centros Paroquiais e outras congéneres tem sido difícil, devido às muitas exigências da Segurança Social, às poucas comparticipações e dificuldades económicas das famílias, a partir de 2011 as dificuldades vão ser agravadas em grande escala. A Segurança Social não realiza novos acordos, corta alguns já existentes e não efectuam aumentos, as famílias vivem cada vez com mais dificuldades, as despesas aumentam, e para agravamento da situação o governo corta um benefício que estas Instituições usufruíam, nomeadamente o reembolso do IVA relativo a obras destinadas à prossecução dos fins. Sempre com dificuldades, mas com algum esforço as administrações iam conseguindo conservar o património ou construindo um novo espaço necessário às respostas exigidas pela sociedade, sempre se recebia o valor do IVA cobrado na facturação, agora para além de não ser ressarcido esse valor a percentagem cobrada ainda vai aumentar. Como tudo que é pequeno, ou seja não é Departamento de Estado, Fundação ou Instituto Publico, fica sem voz, torna-se invisível, apenas mais um com obrigações, sem direitos sem visibilidade, assim se estagna uma sociedade, assim não se pode apoiar, a nós só nos é dado o direito de contribuir enquanto nos é exigido o cumprimento das leis, das obrigações fiscais e ainda servir o outro, que é obrigação de um Estado que empurra as suas obrigações sociais para a sociedade civil. A partir de 2011 quem vai apoiar o Idoso com reformas de fome, a quem aumentaram os medicamentos, a luz, a água, o pão, a quem tudo o que sobra é o vazio, quem vai apoiar as famílias com crianças cujo rendimento familiar acabou, porque o desemprego bateu á porta, porque o subsídio terminou, pelas mil e umas razões que nasceram neste país, onde hoje a fome é o pão-nosso de cada dia em muitos lares, onde a miséria alastra nos sem abrigo que surgem a cada esquina? São as Misericórdias e as IPSS deste país? E Onde vão elas buscar recursos para realizar o milagre das rosas? Hoje as Instituições vivem sufocadas de problemas, de exigências, enfraquecidas no ânimo de não conseguir dar ao próximo o que ele precisa, o que ele merece, é assim que se transforma uma energia de trabalho em desânimo. Paulo Moreira
[email protected] Vasco Fernandes Provedor da Mis. de torres vedras CIDADANIA EMPENHADA Passamos 2010 a invocar o combate à pobreza, em muitos casos com manifestações e iniciativas mais ou menos folclóricas e, que se saiba, de concreto pouco ou nada se fez para atacar de facto o fenómeno IVA PARA AS SANTAS CASAS EM 2011 C hegados ao fim de 2010, é tempo de fazermos o balanço. Encerra-se o Ano Europeu de Luta Contra a Pobreza e a Exclusão Social. Sucederamse um pouco por todo o espaço europeu e em Portugal, diversas iniciativas sobre as quais importa reflectir um pouco. Por cá, as verbas alocadas a esta iniciativa, foram sobretudo canalizadas para publicidade na rádio e televisão e para a produção de t-shirts, sacos, autocolantes, canetas e outros materiais publicitários. Fizeram-se marchas, jornadas de sensibilização ou reflexão e iniciativas semelhantes. Houve lugar a alguns seminários no espaço europeu e assistimos à intervenção, mais ou menos inflamada, de várias personalidades nacionais e estrangeiras, reclamando a necessidade urgente de financiar estudos e projectos de investigação sobre a pobreza nas suas várias vertentes. Que eu saiba, há já várias estantes cheias de estudos para todos os gostos sobre esta temática, faltando realmente passar à prática para construir respostas concretas que combatam este problema. Passamos o ano de 2010 a invocar o combate à pobreza, em muitos casos com manifestações e iniciativas mais ou menos folclóricas e, que se saiba, de concreto pouco ou nada se fez para atacar de facto o fenómeno. Resta-me a satisfação de poder assinalar diversas iniciativas concretas e discretas de solidariedade efectiva e actuante levadas a cabo por algumas instituições da sociedade civil nas quais me apraz contar com muitas Santas Casas. Trabalho que vem sendo feito há muitos anos, independentemente de ser ou não o ano dedicado a este fim. Espero que, em 2011, o Ano Europeu do Voluntariado tenha outra dinâmica e resultados mais palpáveis, permitindo a construção de uma verdadeira rede de voluntários, afirmando e construindo assim uma cidadania empenhada e participativa. Desejo, por último, em nome do Jornal e no meu próprio, a todos os leitores e colaboradores um Santo Natal e um 2011 à medida dos nossos sonhos! Instituições vivem sufocadas de problemas, de exigências, enfraquecidas no ânimo de não conseguir dar ao próximo o que ele precisa, o que ele merece CoRREIo VM Lugares de beleza Ao estender a toalha recém engomada e ao recontar novamente os convivas, ressoam na minha memória umas palavras de Bento XVI, em Lisboa, no Centro Cultural de Belém: “Fazei coisas belas, mas sobretudo fazei das vossas vidas lugares de beleza”. Pôr a mesa, e em particular a mesa de Natal, pode constituir uma forma gráfica de criar um lugar de beleza, um acto de cultura, uma forma de arte. Efémeros, é certo; mas não são efémeras a maioria das obras de arte mais surpreendentes e imprescindíveis? Uma gota de chuva, um pôr-do-sol, uma flor? Conjugo as cores da toalha, dos guardanapos, dos pratos, do centro de mesa. Coloco cada prato pensando na pessoa da família que se vai sentar nesse lugar. Tem que ter espaço, embora a família seja grande e ficar onde possa conversar. As crianças, o mais juntas possível, para ser mais fácil servi-las e ver o que comem. O centro de mesa é uma coroa do Advento cujas 4 velas a criança mais nova foi acendendo, uma a uma, nos almoços dos 4 domingos anteriores ao Natal. Acto de cultura é a disposição dos talheres. Não é indiferente. Não é preciso colher de sopa, porque na noite de consoada não se come sopa. (Aleluia!!! Dirão aqueles que não gostam deste prato da dieta mediterrânica.) Talheres de peixe, porque hoje é bacalhau. Antigamente, na véspera das festas fazia-se abstinência – esse sacrifício de não comer carne. Comer peixe continua a ser coisa difícil para muita gente, em especial com os talheres específicos. Bacalhau não constitui uma refeição pobre, mas os sinais de contenção, de sobriedade, vão aparecendo no meio da festa: batatas e couves, doces feitos de pão duro disfarçado com mel e frutos secos, os restos aproveitados para a “roupa velha”… Apontamentos semi-ocultos que vão recordando que o Menino também nasceu em circunstâncias de crise. Encontro lugar para os copos e todos os talheres de sobremesa. União das Misericórdias Portuguesas www.ump.pt dezembro 2010 vm 31 REFlEXão O ser humano conseguiu maiores ganhos na sua própria longevidade nos últimos 60 anos do que em toda a sua anterior evolução de centenas de milhares da anos. A esperança média de vida que durante milénios andava pelos 30 a 40 anos e que nos anos 50 do século passado pouco ultrapassava os 50 anos ganhou de 1950 para hoje mais de 30 anos. Quer isto dizer que todos os Portugueses passaram em média de uma esperança de vida de 50 anos para mais de 80 anos. É evidente que esta mudança radical no tempo de vida de cada indivíduo implicou mudanças radicais na pirâmide etária e na estrutura demográfica nacional e internacional, com enorme crescimento do número de pessoas mais velhas, e profundas alterações nas necessidades sociais, ambientais e de saúde. Assistimos assim ao crescimento de novas necessidades sociais e de saúde e também da interdisciplinaridade destas duas áreas, com a prevalência crescente de doenças crónicas em que a componente clínica e a socioeconómicas andam a par. As Misericórdias demonstraram mais uma vez a sua enorme capacidade de adaptação e vontade de apoiar as necessidades das suas populações, desenvolvendo primeiro uma ampla resposta nacional de lares e centros de dia, depois no serviço de apoio domiciliário, e nos últimos anos na área dos cuidados continuados. Foi assim necessário dotarem-se de recursos materiais e humanos com novas capacidades e competências capazes de construir com qualidade estruras de gerontologia e geriatria generalistas. Começa agora a tornar-se evidente que, na área da geriatria e gerontologia, ou seja, no apoio social e de saúde às pessoas idosas, surgem duas especialidades: os cuidados paliativos e os cuidados à pessoa com demência, ambos com características próprias e justificando competências especializadas. Tanto para os cuidados paliativos como para as demências, o País precisa de unidades especializadas com arquitectura, ambiente e pessoal diferenciado onde pessoas com esta necessidade de cuidados os possam receber. No entanto, todos reconhecemos que muitas pessoas continuarão a morrer e a viver os seus últimos dias nos Lares e em casa com apoio domiciliário. Assim como todos sabemos que uma percentagem elevada (cerca de 30%) dos utentes dos Lares das Misericórdias tem demência e que inevitavelmente a maioria dos doentes com demência viverão nas suas casas ou em lares, estando reservado para casos especiais ou para determinados períodos o recurso a internamento em unidade especializada (casos de períodos de agitação, alterações psiquiátricas, necessidades de intervenção especializada diagnóstica ou terapêutica). As pessoas com demência e as pessoas com necessidades paliativas podem e devem ter recurso a apoio em unidades especializadas em determinado período da sua doença, mas receberão maioritariamente (felizmente) cuidados nos seus domicílios ou nos lares onde devem no entanto ter também acesso a cuidados competentes para as suas necessidades específicas. Quer isto dizer que as unidades de cuidados continuados, os lares e serviços de apoio domiciliário que cuidem estas pessoas têm de ter competência de recursos arquitectónicos materiais e humanos na área da demência ou da atenção paliativa respectivamente. Não basta portanto dizer que qualquer unidade recebe pessoas com demência ou paliativos será necessario qualificar os serviços em qualquer dos níveis referidos em recursos materiais e humanos e reconhecer técnica e contratualmente o esforço e os custos desta qualificação. Manuel Caldas de Almeida Membro do Secretariado Nacional da UMP 30% DOS UTENTES TEM DEMêNCIA Maioria dos doentes com demência viverá nas suas casas ou em lares, estando reservado para casos especiais o recurso a internamento em unidade especializada Como Contactar-nos Correio rua de entre campos, 9, 1000-151 lisboa Fax 218 110 545 email
[email protected] As cartas devem ser identificadas com morada e número de telefone. O Voz das Misericórdias reserva-se o direito de seleccionar as partes que considera mais importantes. os originais não solicitados não serão devolvidos Primeiro a colher, pois virão mexidos vários, porque cada casa tem a sua variante e a aletria da tia é sempre melhor e mais amarelinha. Depois, o garfo e faca virados um para o outro, para as rabanadas ou a fruta. O aroma a mel e canela rescende das travessas antigas, herdadas dos avós. Dos avós herdámos também todas as receitas, os sabores, os rituais, a fé num Deus que nasceu numa família como a nossa. Não significa isso que na nossa mesa não haja Coca-Cola e gomas ao lado dos pinhões e das nozes. Importa sim que cada um note e saboreie que é festa, que lhe entre por todos os sentidos o passado e o futuro, as tradições e o carinho de família, a alegria de ver encarnado, tangível nos olhos dos outros, o Deus-Amor que dorme no presépio. Maria Amélia Freitas
[email protected] Decretos que geram incertezas Algumas coisas parecem ser tão óbvias que temos tendência a aceitá-las sem reservas, mas há outras que nos deixam cada vez mais tristes e com um sentimento de injustiça dentro de nós. É triste constatar que nem nesta quadra os homens não se entendem. Nunca me dediquei a ser voluntária (pelo menos de nome), talvez pelo medo de assumir um compromisso que depois poderia não ser capaz de cumprir e vir a trazer consequências para as pessoas que necessitavam de uma palavra amiga e de uma esperança. Cada vez me questiono mais se um dos principais objectivos da Igreja (sim porque esta instituição tem um compromisso com o ser humano) não deveria de ser ajudar, ensinar a amar o próximo, levar conforto em vez de andar com Decretos que só conseguem gerar o pânico e incertezas entre os que mais precisam? Maria do Céu Horta Beja Terceira Idade Nesta altura do ano em que cada vez mais as pessoas só se dedi- cam às compras, às decorações de Natal, enfim ao consumismo em massa, quero-vos agradecer por não se deixarem influenciar e darem oportunidade a todos os assinantes do VM de terem consciência do que se passa na sociedade actual (se bem que a maioria das pessoas prefere não ver). Talvez a minha carta seja mais um desabafo mas a vossa reportagem “rostos que iluminam um sorriso” fez-me reflectir sobre como se pode fazer alguém feliz, quando nada parece sorrir à sua volta. A sociedade actual tem tendência a ver os mais idosos como um fardo e uma despesa, mas não nos podemos esquecer que foram essas mesmas pessoas as responsáveis por estarmos aqui. Nós tivemos a nossa avó num lar e claro as despesas eram mais que muitas: pagar mensalidade, fraldas, medicamentos fora as despesas inesperadas. Mas sentimos as nossas consciências tranquilas por termos o nosso dever cumprido, mas muitas vezes, em conversas com amigos e familiares questionávamo-nos se como seria o dia-a-dia dos “avozinhos” que não tem ninguém e, para ser sincera, embora tivesse conhecimento dos apoios aos idosos nunca pensei que fossem tão bem feitos, tendo por vezes chegado mesmo a duvidar do carinho que era dado a essas pessoas. Antónia Machado Sátão Crato Maior acervo de Meninos Jesus Património Pág. 28 Equipamento Vendas Novas inaugurou creche para 58 Educação Pág. 26 misericórdias 4517 66% 34% 2335 rnCCi saúde Cuidados continuados Santas Casas detêm 66% da Rede Págs. 22 e 23 www.ump.pt 10 12 O Voz das Misericórdias deseja a todos os seus leitores, assinantes e colaboradores um santo Natal e um 2011 repleto de realizações Descubra a Misericórdia na sua terra Abrantes Águeda Aguiar da Beira Alandroal Albergaria-a-Velha Albufeira Alcácer do Sal Alcáçovas Alcafozes Alcanede Alcantarilha Alcobaça Alcochete Alcoutim Aldeia Galega da Merceana Alegrete Alenquer Alfaiates Alfândega da Fé Alfeizerão Algoso Alhandra Alhos Vedros Alijó Aljezur Aljubarrota Aljustrel Almada Almeida Almeirim Almodovar Alpalhão Alpedrinha Altares Alter do Chão Alvaiázere Álvaro Alverca da Beira Alverca Alvito Alvor Alvorge Amadora Amarante Amares Amieira do Tejo Anadia Angra do Heroísmo Ansião Arcos de Valdevez Arez Arganil Armação de Pera Armamar Arouca Arraiolos Arronches Arruda dos Vinhos Atouguia da Baleia Aveiro Avis Azambuja Azaruja Azeitão Azinhaga Azinhoso Azurara Baião Barcelos Barreiro Batalha Beja Belmonte Benavente Benedita Boliqueime Bombarral Borba Boticas Braga Bragança Buarcos CabeçãoCabeço de Vide Cabrela Cadaval Caldas da Rainha Calheta/Açores Calheta/Madeira Caminha Campo Maior Canas de Senhorim Canha Cano Cantanhede Cardigos Carrazeda de Ansiães Carregal do Sal Cartaxo Cascais Castanheira de Pera Castelo Branco Castelo de Paiva Castelo de Vide Castro Daire Castro Marim Celorico da Beira Cerva Chamusca Chaves Cinfães Coimbra Condeixa-a-Nova Constância Coruche Corvo Covilhã Crato Cuba Elvas Entradas Entroncamento Ericeira Espinho Esposende Estarreja Estombar Estremoz Évora Évoramonte Fafe Fão Faro Fátima/Ourém Felgueiras Ferreira do Alentejo Ferreira do Zêzere Figueira de Castelo Rodrigo Figueiró dos Vinhos Fornos de Algodres Freamunde Freixo de Espada à Cinta Fronteira Funchal Fundão Gáfete Galizes Gavião Góis Golegã Gondomar Gouveia Grândola Guarda Guimarães Horta Idanha-a-Nova Ílhavo Ladoeiro Lages das Flores Lages do Pico Lagoa Lagoa/Açores Lagos Lamego LavreLeiria Linhares da Beira Loulé Loures Louriçal Lourinhã Lousã Lousada Mação Macedo de Cavaleiros Machico Madalena Mafra Maia/Açores Maia/Porto Mangualde Manteigas Marco de Canaveses Marinha Grande Marteleira Marvão Matosinhos Mealhada Meda Medelim Melgaço Melo Mértola Mesão Frio Messejana Mexilhoeira Grande Miranda do Corvo Miranda do Douro Mirandela Mogadouro Moimenta da Beira Monção Moncarapacho Monchique Mondim de Basto Monforte Monsanto Monsaraz Montalegre Montalvão Montargil Montemor-o-Novo Montemor-o-Velho Montijo Mora Mortágua Moscavide Moura Mourão Murça Murtosa Nazaré Nisa Nordeste Obra da Figueira Odemira Oeiras Oleiros Olhão Oliveira de Azeméis Oliveira de Frades Oliveira do Bairro Ourique Ovar Paços de Ferreira Palmela Pampilhosa da Serra Paredes de Coura Paredes Pavia Pedrogão Grande Pedrogão Pequeno Penacova Penafiel Penalva do Castelo Penamacor Penela da Beira Penela Peniche Pernes Peso da Régua Pinhel Pombal Ponta Delgada Ponte da Barca Ponte de Lima Ponte de Sor Portalegre Portel Portimão Porto de Mós Porto Santo Porto Póvoa de Lanhoso Póvoa de Santo Adrião Póvoa de Varzim Povoação Praia da Vitória Proença-a-Nova Proença-a-Velha Redinha Redondo Reguengos de Monsaraz Resende Riba de Ave Ribeira de Pena Ribeira Grande Rio Maior Rosmaninhal S. 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