O Jornal das Boas NotíciasNo princípio desta semana, quando enviava o 2.º Jornal das Boas Notícias, escrevia que não é fácil escrever um. A dificuldade começa por decidir o que é uma boa notícia e, também, o que não pode ser incluído na categoria das boas notícias. Nem tudo é notícia, pelo menos no deturpado sentido que a palavra tem hoje em dia. Todos já ouvimos a humorada, mas ao mesmo tempo triste - porque retrata uma deformação de interesse - definição de notícia que usa um homem e um cão; há notícia quando o homem morde o cão, apenas porque é fora do comum, anormal, portanto. O Jornal das Boas Notícias não limita as notícias à anormalidade ou àquilo que faz virar a cabeça quando passamos. Notícia não é só novidade. É também conhecimento, memória e anúncio. Por outro lado, o que é uma boa notícia e uma má notícia? O mal não existe! É apenas ausência. Ausência de bem. O Jornal das Boas Notícias pretende preencher esta ausência. No mundo acontecem todos os dias muitas coisas boas em que não reparamos, ou que não sabemos terem acontecido porque não são “notícia”. Por isso, durante esta semana procurei com mais atenção lugares onde o bem não estivesse ausente. Não é tão difícil como parecia. Salpicados no meio de “notícias” que se justificam a si mesmo, apenas porque qualquer coisa vai mal ou corre mal, encontramos o desejo de que “o Sol não se ponha sobre a nossa ira” (p.2) e o reconhecimento de que há pessoas que espalham a paz à sua volta (p.12). O prémio jornalismo 2000 não foi atribuído às televisões ou aos gigantes da imprensa escrita, mas a duas revistas de missionários combonianos – Audácia e Além-Mar – pelo seu papel na defesa da dignidade do homem. Evidência de que o bem não está só ausente é o presente que a família de Rosita – a bebé moçambicana que nasceu numa árvore no meio das cheias de ano passado – recebeu e cuja história é contada pela Audácia. Mesmo nas revistas técnicas encontramos a presença do bem. A história de Bill Hewlett, fundador da HewlettPackard é um exemplo da presença do bem num ambiente tão ferozmente competitivo como é a indústria informática de Sillicon Valley. Ao mesmo tempo, para estarmos atentos à presença do bem é preciso, muitas vezes, denunciar o mal. Mas denunciar o mal, não apenas porque é mal, mas porque o bem não está lá presente. É o que fazem os Juntos Pela Vida, cuja luta pela defesa e promoção da vida humana exige a denúncia de uma cultura desumana. (p.2). Nesta semana também foram notícia dois acontecimentos contraditórios: no mesmo dia em que a Universidade Católica assina com o Estado um protocolo de cooperação na linha de acções já realizadas em Angola e Timor, é-lhe retirado um apoio financeiro importante e acentuam-se a pressões de controlo estadual do ensino universitário não estatal. A defesa do direito fundamental de liberdade de ensino exige que nos mantenhamos informados não só sobre a existência de um problema para a qual nem todos estamos despertos, como também sobre o desempenho dos vários estabelecimentos de ensino para percebermos a razão do sucesso de alguns e para podermos livremente exercer o direito de livre escolha. A mensagem do Papa João Paulo II para a Celebração do 34.º dia das Comunicações Sociais “Anunciai-o do cima dos telhados” vem, nesta semana, apontar o caminho de um Jornal de Boas Notícias, salientando em particular o dever que é também o privilégio de declarar a verdade. O cardeal Ratzinger, numa conferência proferida em Berlim sobre o futuro da Europa, também denuncia este esconder do bem. A Carta de Direitos Fundamentais recentemente assinada revela uma Europa que parece envergonhada daquilo que é grande e puro no seu passado histórico. Só o bem existe. O mal é ausência. n.º3 20010126 Pedro Aguiar Pinto As coisas acabam por correr melhor àqueles que tiram o melhor partido de como as coisas correm Art Linkletter Governo ameaça Universidade Católica__________3 Na Defesa e promoção da vida humana __________ 2 Pela Avaliação das Escolas ____________________3 Que o Sol não se ponha... _____________________ 3 Católica e Estado assinam protocolo de cooperação _ 3 O que são e o que fazem os Cardeais? ____________5 Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 1 George W. Bush Corta Financiamentos a Grupos Que Apoiam Aborto _____________________________ 7 Bill Hewlett, 1913-2001 O Mais Bondoso Pioneiro do Silicon Valley ______________________________ 7 O Fisco e a Família _________________________ 9 Sentinela da manhã _________________________ 9 Uma prenda para Rosita_____________________ 10 Reter os melhores __________________________ 10 Reticências _______________________________ 10 O futuro da missão está na Ásia _______________ 11 Grito de alarme ecológico____________________ 11 Paz interior_______________________________ 12 Anunciai-o do cimo dos telhados ______________ 13 Ratzinger. A Europa difícil___________________ 14 Na Defesa e promoção da vida humana In: Agência Ecclesia, 2001.01.18 Voz de Domingo. Algarve Entrevista ao Padre Nuno Serras Pereira O padre Nuno A. Serras Pereira é uma das principais vozes em Portugal na defesa e promoção da vida humana, denunciando e combatendo a cultura da morte e degradação da vida humana. Tem trabalhado juntamente com vários movimentos pró-vida, nomeadamente o "Juntos Pela Vida". O padre Nuno A. Serras Pereira é uma das principais vozes em Portugal na defesa e promoção da vida humana, denunciando e combatendo a cultura da morte e degradação da vida humana. Tem trabalhado juntamente com vários movimentos pró-vida, nomeadamente o "Juntos Pela Vida". No passado dia 3 esteve no Seminário, em Faro, juntamente com um casal do daquele movimento, para participar numa conferência sobre a experiência americana de 25 anos de liberalização do aborto, proferida pelo Pe Peter West. Folha do Domingo – A Igreja em Portugal está, de alguns anos a esta parte, nomeadamente desde o referendo de 98, mais sensibilizada para este problema? Padre Nuno Serras Pereira – Julgo que a Igreja sempre esteve, e está cada vez mais sensibilizada. O que talvez nós possamos fazer, é organizarmo -nos melhor de modo a sermos mais efectivos no nosso trabalho. Talvez fosse interessante a Igreja pensar na possibilidade de criar uma equipa a nível nacional - um padre com alguns leigos – que, a tempo inteiro, possa organizar um trabalho a nível das dioceses e dos movimentos religiosos. P – Acha necessário que também as dioceses se organizassem no sentido de haver em cada uma delas uma equipa directamente responsável por estas questões? R – Na minha opinião devia haver, como disse, uma equipa nacional dedicada a tempo inteiro a estas questões. Mas julgo também que cada diocese devia ter um padre, um diácono e um secretariado com alguns leigos – como existe nos EUA – que se pudesse dedicar a tempo inteiro à defesa e à promoção da vida humana. P – Pensa que a Igreja deveria apoiar mais os movimentos Pró-Vida? R – É sempre bom mais ter mais apoio, mas julgo que devemos uma palavra de gratidão aos nossos bispos, que têm visto sempre com muito carinho e com grande alegria, todos os esforços que vamos fazendo. Têm-nos entusiasmado e dado o seu apoio com a sua oração, a sua palavra e o seu exemplo. Portanto estamos gratos aos nossos bispos por tudo o que têm feito por nós. P – Os cristãos em geral e enquanto membros de associações e movimentos, poderiam ter uma intervenção mais efectiva nesta matéria? R – Há muita intervenção escondida que não chega ao grande público e que não é publicitada. No entanto julgo que teríamos muito a ganhar dando a conhecer essas iniciativas e organizando-as entre si, de modo a não haver dispersão de esforços mas convergência. P – Existem em Portugal organizações pró-aborto de forma tão organizada como nos EUA? R – Para lhe responder a isso teríamos uma conserva longa. Julgo que em Portugal talvez o caso mais preocupante seja a APF (Associação para o Planeamento da Família) que é uma filial da IPPF, uma Organização Internacional Não-Governamental, – a segunda maior do mundo, a seguir à Cruz Vermelha – que é a maior promotora da esterilização, da contracepção e do aborto em todo o mu ndo. Estranhamente, esta associação tem tido o apoio de governos sucessivos, o que não se consegue explicar. De facto, o governo existe para defender o bem comum, isto é o bem de todos e de cada um, desde o momento da concepção até à morte natural. Não se entende como é que os governos patrocinam esta organização que tem uma filosofia hedonista, individualista e utilitarista, que degrada o ser humano, a sua dignidade e atenta contra a vida dos mais fracos e vulneráveis P – Como tem conhecimento a Diocese do Algarve, vai levar a cabo a construção de uma Obra para acolher mães em risco, cuja primeira pedra será benzida na celebração de Encerramento do Ano Jubilar no próximo Domingo em Faro. Que comentários lhe merece esta iniciativa? R – Bem, é uma notícia que me dá uma alegria imensa. Acho que é um exemplo formidável a seguir por todo o país e espero que estas iniciativas se multipliquem de modo a acolher toda a gente que necessite. P – Tendo em conta a sua experiência, qual pensa ser o contributo que a imprensa de inspiração cristã pode prestar nesta matéria? R – Julgo que seria importante, nos vossos jornais, haver sempre contactos para alguém que tivesse necessidade, poder telefonar, dirigir-se ao sítio certo, saber a quem recorrer. Mas julgo também que seria importante que em cada número do jornal houvesse sempre algum artigo, mesmo que pequeno, ou notícia denunciando a Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 2 cultura da morte e favorecendo e promovendo a cultura da vida. [18-01-2001 18:10:52] [Entrevistas] [4403 caracteres] [Grátis] [ Voz do Domingo ] Católica e Estado assinam protocolo de cooperação Dia 24 de Janeiro, na Reitoria da UCP. Luís Pedro de Sousa Que o Sol não se ponha... ...sobre a nossa ira! Que não passe um dia sequer sobre a nossa zanga. Que ninguém se deite sem ter reparado o mal que fez. E que o sol não se levante de novo sem que tudo esteja em paz. In: Xis, 20010120 Laurinda Alves Que o sol não se ponha sobre a nossa ira é uma frase bíblica e, porventura, uma das frases de que mais gosto. Sábia e eloquente, poderia ser uma espécie de mandamento dos tempos modernos. Bastava sermos capazes de o cumprir para tudo ser infinitamente mais fácil. E pacífico. Não deixar que o sol se ponha sobre a nossa ira é uma imagem bonita e poderosa. Urgente também, pois obriga a lutar contra as nossas próprias resistências interiores, impõe um limite de tempo ao nosso rancor, estabelece um deadline imperioso para baixar as armas e conceder tréguas. Que bom seria se fosse possível aplicar este "mandamento" à escala mundial. É uma utopia, bem sei, mas apetece sonhar com um tempo em que bastava a noite cair para desfazer todas as guerras e estabelecer a paz. Enquanto esse tempo não chega podemos abreviar o processo de paz, partindo de uma escala individual (que, na verdade, é de onde partem as grandes mudanças: de dentro de cada um de nós) tratando de pôr um fim às nossas guerras pessoais, aos nossos ódios d e estimação e aos rancores que acumulamos de dia para dia. Esta ideia de não adormecer sem ter pedido desculpa a quem ofendemos ou magoámos era um princípio muito em uso no tempo dos meus avós. Lá em casa existia como regra primordial, como lei fundamental que ninguém se atrevia a transgredir. Todos (e eram muitos) tinham tudo em dia: as contas, os deveres, os direitos e, até, as zangas. Ninguém se deitava zangado com um irmão, com o pai, a mãe ou um amigo. O tempo do arrependimento e do pedido de desculpas eram momentos solenes e observados por todos, sem excepção. Quando o sol se punha estava tudo em ordem e era nessa ordem que todos acordavam no dia seguinte. E que bom que era este ritual, que aconchego havia naquela realidade real de haver um tempo para tudo mas, especialmente para desfazer o que ficara mal feito, de "dar o braço a torcer", de emendar e fazer de novo. Guardo esta sabedoria dos meus avós (que, aliás, davam o exemplo começando por aplicar o princípio a eles próprios, pais de treze filhos) como um tesouro precioso. Como parte de uma herança que recebi e tem um valor incalculável. Mais do que quaisquer bens materiais valorizo os bons princípios herdados. Este de não adormecer zangado parece-me um dos melhores conselhos que já alguma vez recebi. Nem sempre é fácil pô-lo em prática mas nunca é tarde para começar a tentar. O Instituto de Cooperação Portuguesa (ICP) e o Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa (CEPCEP), organismo da Universidade Católica Portuguesa, assinam dia 24 de Janeiro, na Reitoria da UCP, um protocolo que prevê a realização conjunta de conferências, acções de formação, programação de acções de investigação e desenvolvimento e programação de iniciativas de índole pedagógica, cientifica e cultural. Um curso de Formação de cooperantes para Timor Leste ou apoio ao planeamento e arranque da Universidade Católica de Angola, são exemplos de algumas acções que têm sido levadas a cabo pelo CEPCEP em colaboração com o ICEP. [22-01-2001 13:40:36] [Nacional] [704 caracteres] [Grátis] [ Luís Pedro de Sousa ] Governo ameaça Universidade Católica Nuno Tavares In: Agência Ecclesia, 2001-01-24 "Inesperadamente e quase pela calada, multiplicaram-se nos últimos tempos os ataques do Governo à Universidade Católica". A denúncia foi feita pela Rádio Renascença (RR) na Nota de Abertura dos dias 24 e 25 de Janeiro. Neste âmbito, salienta que estes 'ataques' são feitos através de subsídios que são retirados a esta instituição e através da "ameaça de fragmentar a Universidade Católica em universidades locais, sem ligação entre si". Deste modo, a RR denúncia que o governo pretende "encarar a Universidade Católica como uma qualquer outra universidade privada, regida pelo lucro, quando se trata de uma universidade sem fim lucrativo". Salientando o reconhecimento que esta instituição tem merecido de personalidades insuspeitas, como é o Dr. Mário Soares, a RR alerta para o perigo deste património ser destruído uma vez que vivemos um tempo em que "o conhecimento e o ensino são o grande factor de desenvolvimento dos povos. E recorda que se tais ameaças se concretizarem, o principal prejudicado nem sequer é a Universidade Católica, mas "a grande vítima será o povo português, que ficará mais pobre". [24-01-2001 18:37:27] [Nacional] [1157 caracteres] [Grátis] [ Nuno Tavares] Pela Avaliação das Escolas Por JOAQUIM AZEVEDO In: PÚBLICO, Sábado, 20 de Janeiro de 2001 O debate que surgiu nestas páginas a propósito da divulgação dos resultados das provas de aferição deve ser prosseguido. Concordo com a publicação da "lista das cem ou das quinhentas escolas que apresentam os melhores resultados" nas provas de aferição, como propôs Marçal Grilo, e que se "procure perceber quais são as Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 3 causas do bom desempenho dessas escolas". Mas, já agora, que se publique também anualmente a lista das escolas secundárias e C+S cujos alunos obtêm os m elhores resultados nos exames nacionais do 12º ano. E, aproveitando a maré, não se fique por aqui. Que se avaliem as escolas que melhor funcionam, que se estudem os factores que induzem a qualidade nas escolas públicas e que se divulguem amplamente os resultados obtidos. Mas que não se fique por aqui. Podemos e devemos ir um pouco mais longe, no sentido de semear e fazer frutificar uma cultura de avaliação no sistema educativo. A instituição social que mais avalia, todos os dias e a todas as horas é uma das que mais recusa ser avaliada. Não será por acaso. De facto, avaliar instituições educativas tão diversas como as que conhecemos não é tarefa fácil, sobretudo se não queremos ficar boquiabertos a olhar para listas ordenadas e "ilegíveis" de escolas, emitindo os mais variados palpites, sem as referências mínimas sobre o objecto que se pretende avaliar, nem sobre o como e o para quê da avaliação. Proponho uma visita muito breve ao que se passou em França, entre 1981 e a actualidade, para melhor apresentar o meu ponto de vista. O jornal "Le Monde de l'éducation", no início da década de oitenta, tomou a iniciativa de exigir a publicação de um palmarés das escolas secundárias, com base na taxa bruta de sucesso dos alunos nos exames finais do secundário e de acesso ao ensino superior (o Bac) e iniciou a divulgação de alguns dados que eram recolhidos pelo próprio jornal, de escola em escola. Diante da pressão social, a DEP-Direcção da Avaliação e da Prospectiva do ME, criada em 1987, iniciou um processo de fundamentação da "avaliação" das escolas. Para fugir às fragilidades de uma mera enumeração de taxas brutas de aproveitamento, este departamento construiu um conjunto de indicadores para facilitar a avaliação e, sobretudo, para permitir à escola a sua auto-avaliação. O dispositivo base compreende três tipos de indicadores: (i) a taxa de sucesso no Bac; (i) a taxa de acesso ao exame final dos alunos que entraram no 10º ano, o que mede, por escola, a probabilidade de se obter um curso e aceder ao Bac, ao fim dos três anos previstos para o curso, ou em mais anos (se uma escola tudo faz para eliminar os alunos mais fracos, terá uma fraca taxa de acesso e a taxa de sucesso será elevada); (iii) a proporção de alunos que abandonam a escola no 12º ano, sinal de fuga ao Bac. Além disso, o ME calcula, com base no nível sócio-profissional dos pais, o tipo de alunos de cada escola (criando quatro categorias), o que permite estabelecer comparações entre escolas e criar médias nacionais para cada um dos tipos de escola (em função da sua população), determinando-se ao mesmo tempo as chamadas "taxas esperadas" de desempenho para cada escola. O diferencial obtido entre as taxas esperadas e as taxas observadas conduz ao "valor acrescentado" de cada escola (positivo ou "negativo"). Os resultados desta avaliação de cada escola são enviados anualmente ao seu director. O ME difundiu publicamente, em 1994, os "indicadores de desempenho das escolas secundárias", em termos genéricos, mas o "L'Express", em Dezembro de 1993, editou uma "classificação secreta do ministério" em que se estabelecia um "ranking" das escolas. Este episódio obrigou o Ministro F. Bayrou a acelerar um processo "irrecusável" de elaboração de indicadores, que conduziria à difusão anual e oficial dos resultados, o que ainda hoje se faz, havendo vários jornais e revistas que editam suplementos especiais sobre esta matéria. Estes resultados são muito diferenciados, o que provoca uma imensidade de interpretações e de leituras. Tudo isto mobiliza as pessoas e enriquece a vida escolar. Umas vezes aprofunda-se a análise dos porquês, outras alarga-se a análise a outras variáveis, como a taxa de sucesso e de acesso por curso, o tipo de gestão pedagógica e administrativa praticado na escola ou o nível profissional dos docentes. Os usos destes indicadores podem ser imensos e, como diz Claude Thélot, director do DEP durante vários anos, as escolas compreendem melhor o que nelas se passa e, como são organizações bastante flexíveis, procuram melhorar o seu desempenho. Divulgar dados de avaliação das escolas pode ser muito importante. Porquê? Por muitas razões. Sublinho quatro: (i) para informar os cidadãos, nomeadamente os pais e encarregados de educação, acerca do desempenho social das instituições escolares, que constituem um serviço público que a todos diz respeito; (ii) para dar mais meios às escolas para se auto-avaliarem, induzindo novas práticas de transparência e de exigência; (iii) para ajudar cada escola a melhor estabelecer os seus contratos de autonomia com a administração educacional; (iv) para envolver muito mais activamente toda a comunidade educativa - pais, professores, alunos, pessoal auxiliar, autarcas e representantes dos sectores culturais e económicos - na melhoria do desempenho de cada escola. É verdade que de nada adianta divulgar dados isolados que apenas conduzem a visões simplistas de problemas complexos. Também é certo que a mera divulgação de resultados de desempenho de instituições educativas públicas não as melhora, por magia. Mas também é verdade que o ME, ao fechar-se sobre si próprio, escondendo os "rankings" e os dados mais ou menos elaborados que possui, não cumpre a sua função social de informar os cidadãos, que não só querem uma boa educação para os seus filhos, como pagam integralmente o funcionamento do sistema. Neste caso, mais vale publicar alguma informação do que adiar anos e anos a sua difusão, apenas porque os elementos são sempre incompletos e induzem sempre leituras erradas das situações. O erro maior já está a ser cometido, ano após ano. Registem-se ainda alguns esforços recentes que já apontam para a (muito lenta) instalação de uma cultura de avaliação e de rigor no sistema escolar (no ensino nãosuperior) e que não são habitualmente referidas. A Inspecção Geral de Educação iniciou um processo de avaliação das escolas, que ainda vai no segundo ano (só no terceiro chegará a todas as escolas), bastante completo, e que se mantém como uma dinâmica interna ao sistema. O resultado é devolvido apenas à direcção da escola. A Associação dos Estabelecimentos do Ensino Particular está a dar início a um processo complexo de avaliação das escolas suas associadas. A Fundação M anuel Leão (V. N. de Gaia), com o apoio da Fundação Gu lbenkian, está a promover uma nova modalidade de avaliação externa das escolas, públicas e privadas, também Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 4 bastante completa, sendo os resultados devolvidos apenas à direcção de cada escola. No deserto da avaliação, há que assinalar e acompanhar a evolução destas importantes iniciativas. Mas tudo isto é ainda muito pouco e, em nenhum caso, se divulgam publicamente os resultados de todas as escolas. Por onde prosseguir? O ME deve proceder à divulgação de um conjunto de indicadores por escola? Deve fazê-lo o Conselho Nacional de Educação, lugar por excelência do diálogo social sobre esta área de serviço público? Deve fazê-lo o PÚBLICO, fruto de alguma listagem oficial esquecida num taxi? Valia a pena que alguém o começasse a fazer, em nome do rigor e da transparência, por uma cultura de exigência na gestão da 'res publica'. *ex-Secretário de Estado da Educação e membro do Conselho Nacional de Educação que a partir do ano de 1150 é constituído como tal tendo a presidi-lo um Decano e um Vice-Decano. Este Colégio é visto como o Senado do Papa que além de o eleger e aconselhar para a Igreja de Roma o aconselha para toda a Igreja. OS CONSISTÓRIOS COM JOÃO PAULO II Existindo praticamente desde a constituição do Colégio Cardinalício, os Consistórios como método papal de consulta aos Cardeais, tiveram mais ou menos vitalidade conforme os diversos Pontífices. Assim até João Paulo II. Foi uma surpresa a ressurreição dos consistórios em 1979 como um método papal de consulta ao Colégio dos Cardeais. Pensava-se que o Sínodo dos Bispos assumira este papel consultivo, e alguns propuseram que o Sínodo assumisse o papel eleitoral dos Cardeais. Após a sua eleição em 1978, João Paulo II disse aos Cardeais no Conclave que gostaria de se reunir com eles e consultá-los periodicamente. Em 1979, João Paulo II explica a diferença entre as questões consideradas pelo Sínodo dos Bispos e as atribuídas ao Colégio dos Cardeais. As questões a serem consideradas pelos Cardeais são importantes, disse ele: "Elas parecem estar mais estreitamente ligadas ao ministério do Bispo de Roma do que as questões a serem submetidas ao Sínodo dos Bispos." O Papa acrescenta: "É óbvio que aqui não se pode falar de qualquer demarcação absoluta." Três anos mais tarde, descrevia as reuniões dos Cardeais como "o instrumento através do qual - embora num breve espaço de tempo - são discutidos importantes assuntos que exigem prudência e que têm a ver com a acção apostólica actual para o povo universal de Deus". O Código de Direito Canónico de 1983 (cânone 353) faz uma distinção entre Consistórios ordinários e e xtraordinários. Para um consis tório extraordinário, o Papa convoca todos os Cardeais. Para um consistório ordinário pode convocar todos os Cardeais ou só os presentes em Roma. O Código distingue também dois tipos de consistórios ordinários. O mais comum é para "certos actos muito solenes", tais como canonizações, a concessão do pálio para Arcebispos ou a criação de novos Cardeais. Cerca dos finais de 1994, João Paulo II convocara seis consistórios ordinários. Parte destas cerimónias é celebrada normalmente em público. De acordo com o cânone 353, os consistórios ordinários também são convocados para que os Cardeais possam "ser consultados sobre certos assuntos graves. O Consistório extraordinário é descrito no Código como o que é convocado "quando as necessidades especiais da Igreja ou a conduta de assuntos mais graves sugere que deve ter lugar". João Paulo convocou o seu primeiro consistório extraordinário um ano após a sua eleição. A cronologia e os temas dos consistórios extraordinários foram os seguintes: 5 a 9 de Novembro de 1979: A reforma da Cúria Romana; a Igreja e a cultura; as finanças da Santa Sé"'. 23 de Novembro de 1982: A organização da Cúria Romana; as finanças do Vaticano, com especial atenção O que são e o que fazem os Cardeais? Origem, etapas mais significativas, aparecimento do Colégio Cardinalício, os Cardeais portugueses na História A origem do Colégio dos Cardeais perde-se nos tempos recuados da história da Igreja Católica. Originalmente o termo "Cardeal" referia-se em qualquer diocese a um clérigo (diácono, padre ou bispo) que fosse elevado a uma posição diferente daquela para que fora ordenado. Em Roma, os Cardeais -Diáconos eram diáconos que tinham sido deslocados e encarregados de serviços sociais para as dezoito regiões de Roma; os Cardeais Presbíteros eram padres temporariamente incumbidos de certos Santuários ou Basílicas para serviços litúrgicos especiais. O mesmo era verdadeiro para os Bispos das sete Dioceses em redor de Roma quando vinham a Roma por causa de serviços litúrgicos especiais em S. João de Latrão, a Catedral de Roma. Eram os Cardeais Bispos. Dado que normalmente era aos mais talentosos ou de mais confiança que se atribuiam estes deveres, são estes os clérigos que se tornam os principais conselheiros do Papa. Enquanto o trabalho social dos Cardeais -Diáconos foi entretanto atribuído a outros, os Cardeais -Presbíteros tornaram-se permanentemente responsáveis pelas suas Igrejas em Roma e os Cardeais -Bispos passaram a trabalhar para o Papa em Roma, mas continuaram a ser pastoralmente responsáveis pelas suas Dioceses até 1962, altura em que João XXIII os libertou de qualquer jurisdição sobre as suas dioceses. Já no século XI, Leão IX (1049-1054) começou a nomear Cardeais os Prelados de terras distantes. A tais Cardeais pedia-se-lhes habitualmente que resignassem às suas Sés e tomassem assento junto do Papa. Dada a sua posição como principal clerezia de Roma com certas responsabilidades litúrgicas, foi um desenvolvimento lógico os Cardeais tornarem-se os principais conselheiros do Papa. Parece ter sido este o caso a partir do Pontificado de Leão IX. O seu papel como conselheiros foi fortalecido quando se tornaram nos únicos eleitores do Papa, em 1059. Vão decrescendo os concílios provinciais e crescendo o lugar do Colégio Cardinalício Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 5 para o Banco do Vaticano; a revisão do Código de Direito Canónico. 21 a 23 de Novembro de 1985: Reforma da Cúria Romana. 4 a 7 de Abril de 1991: Ameaças à vida humana, especialmente o aborto; o problema das novas seitas religiosas". 13 a 14 de Junho de 1994: Preparação para a celebração do ano 2000; um relatório sobre as relações ecuménicas; o Ano Internacional da Família; a melhor utilização dos bispos aposentados. Todos os Cardeais são convidados para um consistório extraordinário, mesmo os que tenham mais de 80 anos de idade. O número que efectivamente comparece temse situado entre os noventa e sete e os cento e vinte e dois. As reuniões são mais curtas que as do Sínodo. A primeira reunião em 1979 durou cinco dias; as restantes foram ainda mais breves. O formato das reuniões varia. Começam normalmente com uma intervenção do Papa, seguida de uma apresentação dos vários cardeais sobre os temas específicos das reuniões. foram Cardeais -Bispos e Cardeais -Diáconos. Homens que não eram nem diáconos, nem padres, nem bispos, que foram feitos Cardeais (não eram porém, leigos, eram clérigos pois a passagem ao estado clérical dava-se com a primeira tonsura, hoje já não existente). Embora o nome destas "ordens" ainda seja utilizado, o Papa João XXIII fez de todos os Cardeais Bispos para que tivessem precedência relativamente aos Patriarcas no Concílio Vaticano II. Hoje, os actuais Cardeais devem ser ordenados Bispos. Actualmente, os Cardeais Diáconos são funcionários da Cúria; os Cardeais Bispos são funcionários superiores da Cúria; e os Cardeais -Presbíteros são os Bispos Diocesanos, e consequentemente vivem nas suas dioceses por todo o mundo. Os Cardeais Bispos e Diáconos são os Prefeitos das Congregações Romanas e Presidentes dos Conselhos Pontíficios. Funções segundo o Direito Canónico 1- Desde 1059 são os eleitores exclusivos do Papa. Esta função eleitoral está determinada na Constituição Apostólica Romano Pontifici Eligendo, de 1.10.1975. Na referida Constituição é definido que o número de eleitores não deve ultrapassar os 120. 2- Os Cardeais são conselheiros privilegiados do Papa, quer em forma de Colégio, de modo particular no Consistório, ou ainda em outros conselhos, e de forma individual na presidência dos principais Dicastérios e Conselhos da Cúria, e ainda da forma em que o Santo Padre os deseje consultar. 3- São membros do Consistório, no qual o limite de idade de 80 anos não é tido em conta. 4- Como já se disse anteriormente é aos Cardeais que o Papa confia a presidência dos Dicastérios, Conselhos e Comissões. Se não são Cardeais, normalmente são-no no Consistório seguinte à sua nomeação. Até à nomeação de D. José Saraiva Martins (português), como Prefeito da Congregação da Causa dos Santos, se era nomeado, como ele, um Prefeito não Cardeal, tinha a categoria de Pró-Prefeito até ser feito Cardeal. Com este Arcebispo português foi alterada a prática, tendo sido ele e todos os Prefeitos posteriores não Cardeais, designados Prefeitos. CARDEAIS E COLÉGIO CARDINALÍCIO Número actual de Cardeais O número de Cardeais flutuou ao longo dos tempos. No século XII em Roma havia três posições para 28 Cardeais -Presbíteros, 18 Cardeais -Diáconos e 7 Cardeais Bispos para um total de 53. O número efectivo situavase entre os 20 e 30, embora durante algum tempo tenha descido abaixo dos dez. Em 1586, Sisto V estabeleceu o número máximo de Cardeais em setenta, evocando os setenta anciãos escolhidos por Moisés (Êxodo 24,1). De 1586 a 1958, o número efectivo de Cardeais situou-se geralmente entre sessenta e setenta, embora à morte de Pio XII houvesse apenas cinquenta e cinco. João XXIII ignorou este limite, e o Colégio cresceu para mais de oitenta Cardeais. Em 1970, Paulo VI reformou o Colégio dos Cardeais aumentando-lhes o número de eleitores para 120, sem contar os com mais de 80 anos de idade que já não podem ser eleitores. No Consistório de 1998 João Paulo II derrogou o limite, nomeando mais 2 ou 3 Cardeais para além dos 120 eleitores. Neste momento existem 143 Cardeais, dos quais 45 deixam de ser eleitores até ao dia 22 de Fevereiro de 2001, cerca de cinco deixarão de ser eleitores entre 22 de Fevereiro e Dezemb ro de 2001. Há 22 vagas no Colégio Cardinalício para eleitores. Não podemos esquecer que em 1998 foram nomeados dois Cardeais "in pectore". Como não sabemos a idade, não sabemos se são eleitores. O Papa pode ainda derrogar o limite dos 120 nomeando alguns outros como fez em 1998. Cardeais Portugueses não Patriarcas: 1- Mestre Gil, princípios do Séc.º XIII 2- D. Paio Galvão, 1206 3- D. Pedro Julião (Pedro Hispano), 1273 4- D. Ordonho Álvares , 1278 5- D. Pedro da Fonseca, 1409 6- D. João Afonso de Azambuja, 1411 7- D. Antão Martins de Chaves, 1439 8- D. Jaime de Portugal, 1456 9- D. Jorge da Costa, 1476 10- Infante D. Afonso, 1517 11- D. Miguel da Silva, 1541 12- Infante D. Henrique, 1545 13- D. Veríssimo de Lencastre, 1680 14- D. Luís de So usa, 1697 15- D. Nuno da Cunha e Ataíde, 1712 16- D. José Pereira de Lacerda, 1719 17- D. João da Mota e Silva. 1727 18- D. Paulo de Carvalho e Mendonça, 1770 19- D. João Cosme da Cunha, 1770 Divisão geográfica Os Cardeais estão geograficamente assim distribuídos: Europa – 69 América - 42 África – 15 Ásia - 14 Oceânia - 3 Categorias A distinção entre os três níveis de Cardeais tornou-se mais honorífica do que real. Bispos houve que foram Cardeais -Presbíteros e Cardeais -Diáconos, e padres que Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 6 20- D. Miguel José de Noronha e Abra nches, 1803 21- D. Pedro Paulo de F. da Cunha e Melo, 1850 22- D. Américo Ferreira dos Santos Silva, 1879 23- D. Teodósio Clemente de Gouveia, 1946 24- D. José da Costa Nunes, 1962 Cardeais Portugueses Patriarcas (1) 1- D. Tomás de Almeida, 1737 2- D. José I Manuel da Câmara, 1747 3- D. Francisco I de Saldanha, 1756 4- D. Fernando de Sousa e Silva, 1779 5- D. José II Francisco Miguel António de Mendonça, 1788 6- D. Carlos da Cunha Meneses, 1819 7- D. Fr. Patrício da Silva, 1824 8- D. Fr. Francisco II de S. Luís, 1843 9- D. Gulherme Henriques de Carvalho, 1846 10- D. Manuel I Bento Rodrigues, 1858 11- D. Inácio do Nascimento Morais Cardoso, 1873 12- D. José III Sebastião Neto, 1884 13- D. António I Mendes Belo, 1919 14- D. Manuel II Gonçalves Cerejeira, 1929 15- D. António II Ribeiro, 1973 (1)- Pela Bula áurea "In Supremo Apostolatus Solio", expedida a 7 de Novembro de 1716, Clemente XI elevou à dign idade de Igreja e Basílica Patriarcal a Real Capela com o título de S. Tomé na Cidade de Lisboa. O mesmo Papa, pela Bula "Inter Praecipuas" de 17 de Dezembro de 1737 concedeu de moto próprio e em nome de seus sucessores ao Patriarca de Lisboa, que de futuro, uma vez eleito, seja criado Cardeal no Consistório seguinte. num assunto extremamente delicado, que divide os americanos, e que poderá dificultar as suas relações com os democratas. Entretanto, foi também anunciado ontem que a primeira viagem ao estrangeiro do novo Presidente será ao México, já no dia 16 de Fevereiro. Bush vai encontrar-se com o seu homólogo mexicano, Vicente Fox, mostrando assim a atenção que a sua Administração quer dar à América Latina. Bill Hewlett, 1913-2001 O Mais Bondoso Pioneiro do Silicon Valley Por RUI JORGE CRUZ E PAUL SWART (SVNS) IN: Público, egunda-feira, 22 de Janeiro de 2001 (Informações do Gabinete do Patriarca de Lisboa) [21-01-2001 14:08:55] [Nacional] [11857 caracteres] [Grátis] [ ] George W. Bush Corta Financiamentos a Grupos Que Apoiam Aborto In; Público, 20010123 O novo Presidente norte-americano, George W. Bush, anunciou ontem que vai cortar em breve toda a assistência financeira americana a grupos internacionais de planeamento familiar que encorajem o aborto. "Tenciono fazê-lo", respondeu Bush aos jornalistas que lhe perguntavam se iria anular um decreto assinado pelo seu antecessor, Bill Clinton, que autorizava a atribuição de fundos federais a organismos que apoiam o aborto como meio de planeamento familiar nos países do terceiro mundo. Com esta decisão, Bush segue as pisadas de Ronald Reagan, que em 1984 pela primeira vez suspendeu este tipo de assistência, e do seu pai George Bush. A assistência foi retomada quando Clinton chegou ao poder, mas o dinheiro deixou de ser distribuído devido à oposição da maioria republicana no Congresso. Segundo o diário espanhol "El Mundo", Bush vai também assinar uma ordem para retirar os apoios estatais a clínicas que realizem abortos. O Presidente enviou uma mensagem de apoio aos militantes anti-aborto que ontem se manifestavam em Washington e noutras cidades americanas no 28º aniversário da decisão do Supremo Tribunal conhecida como "Roe contra Wade", que legalizou o aborto nos EUA. Os analistas sublinham que ao tomar esta posição três dias depois de chegar à Presidência, Bush está a entrar William Hewlett, um dos primeiros pioneiros do Silicon Valley e da sua indústria de tecnologias de informação, faleceu pacificamente durante o sono no passado dia 12 de Janeiro. David Packard, o seu companheiro de sempre nas lides tecnológicas e empresariais mo rrera já em 1996. Ambos fundaram a empresa Hewlett-Packard (HP) numa pequena garagem das traseiras da casa onde moravam, em Palo Alto, na Califórnia (EUA), em 1938, com um i vestimento de 538 dólares. Assim começan ram um empreendimento que viria a transformar-se num empório da informática e da electrónica de precisão com um valor em bolsa na ordem dos 50 mil milhões de dólares. Mas mais importante para ambos do que o notável êxito empresarial e a decorrente riqueza pessoal que ele lhes proporcionou foi o facto de a HP se ter tornado numa das empresas mais respeitadas do mu ndo. A cultura de empresa que eles definiram e construíram com as pessoas que com eles trabalharam perdurou para além de si próprios, tendo constituído um modelo para muitas das empresas do Valley ( não só) que surg iram depois. e David Packard expôs pormenorizadamente essa cultura d e empresa no livro "The HP Way" (HarperBusiness, 1995), onde descreveu as diversas etapas e peripécias da sua amizade e dos projectos com Bill Hewlett, desde a Universidade de Stanford, na Calfórnia - onde ambos estudaram engenharia nos anos 30 - à garagem, e desta ao gigante que hoje conhecemos. O HP Way tornou-se assim numa coroa de glória para Hewlett e Packard, e, naqueles tempos áureos do taylorismo na América, numa confirmação das suas ideias fundamentais acerca da gestão de uma empresa: desprezo pela hierarquia formal e estrita, consideração pela inciativa e a critividade individuais, e confiança nos seus empregados. Tudo isto imbuído de conceitos como o grande respeito pelo indivíduo, a inovação, o trabalho em equipa, a integridade e a consideração pelo cliente. "Creio que aquilo de que mais me orgulho é que nós, realmente, criámos uma forma de trabalhar com os em- Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 7 pregados, deixámo -los partilhar os lucros e não deixámos de controlar a empresa. Quando eu nasci, não havia dinheiro; por isso, dissemos que não queríamos dinheiro emprestado - quem pedia dinheiro emprestado só arranjava problemas. E também dissemos que não queríamos um empreendimento de contrata-e-despede, m uma as empresa assente numa força de trabalho leal e dedicada", afirmara Bill Hewlett, numa entrevista publicada no "site" na Web do San Jose Tech Museum, o museu de tecnologia que ele e David Packard ajudaram a fundar no coração do Silicon Valley. "A Apple Computer inspirou-se no HP Way", disse Steve Jobs, um dos fundadores da empresa e que, antes disso, num Verão, trabalhou na HP após ter telefonado para casa de Bill Hewlett. "O que eu aprendi nesse Verão na empresa de Bill e de Dave acabou por ser a matriz que usámos para a Apple. O dia de hoje marca o fim de uma era mas o seu espírito está vivo em cada uma das empresas deste vale." É interminável o número de histórias em torno de Hewlett e da sua permanente disponibilidade para ajudar os seus engenheiros a resolver os problemas com que se deparavam. "Bill tinha a fama de entrar no gabinete de um qualquer jovem engenheiro, sentar-se, apoiar os pés em cima da secretária e perguntar: 'Diga-me lá o que é que está a fazer e também o que nós devíamos fazer para o ajudar'", disse Jerry Porras, professor na Stanford Graduate School of Business. E o HP Way foi mantido, embora, nos anos 90 - período em que a competitividade conheceu níveis inéditos no sector das tecnologias de informação - tenha registado uma considerável erosão. Como Packard diria, "o problema do HP Way é que ele pode significar tudo aquilo que as pessoas quiserem". E, em Dezembro de 1999, Carly Fiorina, a recémnomeada "chief executive officer" (CEO) e presidente da HP, reescreveu o HP Way, tornando-o numa doutrina intitulada "As Regras da Garagem". Fiorina queria que os empregados da HP efectuassem um retorno ao espírito com que Hewlett e Packard haviam fundado a empresa: "O HP Way transformou-se num conjunto de maus hábitos - no hábito de ser lento, por exemplo. E, nos anos 90, ele passou a significar: 'Não podemos fazer nada enquanto não estivermos todos de acordo." Dos dois, Hewlett era mais o engenheiro bondoso e de palavras cordatas, que raramente vestia outra coisa que não fossem as suas camisas de manga curta. Despretensioso, aquilo de que mais gostava era de trabalhar nos novos produtos lado a lado com os seus empregados ou de com eles jogar póquer ao tostão nos intervalos. "Bill Hewlett era um homem grande e gentil. Nós, depositários da sua herança, nutrimos o maior carinho e apreço pelo brilhante espírito de invenção de Bill, relembrando e celebrando o rico legado que ele e Dave nos deixaram" - afirmou Fiorina após saber da morte do fundador da HP. Hoje, a CEO da empresa, à imagem dos próprios fundadores, continua a sentar-se todos os dias no seu cubículo em espaço aberto, e não num amplo gabinete, como é uso nas outras empresas. Por seu lado, Lewis Platt, o anterior CEO e presidente da HP, declarou: "Bill era um dos verdadeiros pioneiros e gigantes da indústria electrónica. Ele tinha uma com- binação de curiosidade, criatividade, pensamento claro e bondade que raramente se encontra numa única pessoa. Sentiremos decerto a sua falta mas ele deixa -nos um legado que não será esquecido tão cedo." Desde o início que Hewlett deu mostras de uma grande capacidade para compreender como é que as novas tecnologias poderiam transformar-se num produto de sucesso no mercado. Em 1968, por exemplo, após a HP ter lançado no mercado uma calculadora científica de secretária, Bill Hewlett pediu aos engenheiros da HP que projectassem uma outra calculadora que fosse suficientemente pequena para que ele pudesse trazê-la no bolso da camisa. O resultado foi a HP-35, a primeira calculadora científica de bolso, que seria lançada em 1972 e desde logo tornou obsoleta a conhecida régua de cálculo. William Redington Hewlett nasceu em 20 de Maio de 1913, em Ann Arbor, no estado norte-americano do Michigan. Com três anos, no entanto, a família mudouse para a Califórnia, onde o pai era professor de Medicina na Universidade de Stanford. E seria nesta universidade - que muitos consideram o cadinho onde foram moldados os espíritos e as mentalidades dos pioneiros do Silicon Valley - que ele viria a conhecer e a tornar-se amigo de David Packard, seu colega nos estudos de engenharia, que ambos concluíram em 1934. Foram então ambos para a Costa Leste: Packard foi trabalhar para a General Electric, em Nova Iorque, e Hewlett foi fazer um mestrado no conceituado Massachusetts Institute of Technology (MIT). Alguns anos depois, ambos estavam de volta a Palo Alto, onde o seu antigo professor Frederick Terman os encorajou a constituírem a sua própria empresa. Hewlett e Packard formalizaram o seu projecto no dia de Ano Novo de 1939, tendo lançado uma moeda ao ar para saber qual o nome que viria primeiro - e se Packard tivesse ganho, PH seria hoje o nome da empresa que bem conhecemos na indústria e no consumo de tecnologias de informação. Tudo começou numa modesta garagem, por detrás da casa onde ambos viviam - David e Lucile Packard no rés-do-chão, Bill Hewlett e a mulher em cima. "Éramos um par de jovens, acabados de sair de Stanford. Achávamos que éramos bastante espertos e que podíamos dar um contributo." E o seu primeiro produto foi um oscilador electrónico concebido para testar equipamentos de som, e que se baseou na tese de licenciatura de Hewlett - um trabalho sobre as aplicações práticas das novas tecnologias electrónicas do "feedback negativo". O primeiro cliente foi a empresa de Walt Disney, que viria a usar oito destes osciladores electrónicos na produção de "Fantasia", um filme de animação. Outros se lhe seguiram, como um sensor electrónico para pistas de "bowling", um picador automático para legumes e uma máquina para emagrecimento através de choques eléctricos. "Nessa altura, fazíamos qualquer coisa que nos pudesse render algum dinheiro. Tínhamos um sensor para as linhas do 'bowling' e outro para fazer correr a água automaticamente num urinol quando se Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 8 aproximasse uma pessoa", lembraria Hewlett mais tarde. No seu primeiro ano, contudo, os dois empreendedores conseguiram fazer um lucro modesto - e a empresa não deixaria de apresentar lucro em cada um dos 61 anos que se seguiram. Com o tempo, a HP viria a produzir de quase tudo, das calculadoras a instrumentos para diagnóstico médico, dos simples díodos a impressoras para computadores pessoais. Mas, quando as pessoas lhes faziam perguntas sobre o seu humilde começo, Packard e Hewlett referiam-se muitas vezes à velha garagem como "aquele barracão imprestável". E Hewlett, depois de ela ter sido declarada monumento estadual, queixavase, alto e bom som, de que, a partir desse momento, já não seria possível deitá-la abaixo. A Segunda Grande Guerra veio interromper o trabalho de Hewlett na HP, pois ele foi mobilizado como oficial de comunicações pelas forças armadas norteamericanas. Voltou à empresa em 1947, onde passou a ser seu vice-presidente; em 1957, passou a vicepresidente executivo, a presidente em 1964 e a CEO em 1969. Em 1977, obedecendo à estrita regra do HP Way da reforma aos 65 anos, deixou a presidência e, no ano seguinte, abandonou a responsabilidade executiva. Entretanto, ao longo da sua vida, Hewlett detivera cargos importantes de gestão nas mais variadas empresas e instituições: foi membro dos conselhos de direccção da Chrysler, do Chase Manhattan Bank, da FMC e do Overseas Development Council. Nos anos 60, na Administração do Presidente Lyndon Johnson, foi membro do comité de conselheiros para os programas de ajuda internacional e da comissão de conselheiros para a ciência. E foi ainda um dos fundadores da American Electronics Association. Hewlett era um ávido amante da vida ao ar livre, tendo mesmo comprado um rancho a meias com Packard na Califórnia e, mais tarde, no Idaho - onde ambos trabalhavam nas suas horas livres e nas mais variadas tarefas, desde a simples "bricolage" à remoção de terras com um "caterpillar". Adorava esquiar, o montanhismo, a caça e a pesca. Nos últimos anos da sua vida, dedicou-se ainda à botânica, à fotografia e à História. Em 1985, o Presidente Ronald Reagan concedeu-lhe a Medalha Nacional de Ciência, o mais alto galardão científico dos EUA. o dobro da dos casados. A dedução por casados já é bastante inferior à de solteiros e a dedução por cada filho é perfeitamente ridícula, bem inferior à que se obtém se se comprar um computador... Como é evidente, a forte penalização a que os casados são sujeitos não tem nada a ver com a Concordata, e só por mera distracção se pode atribuir à existência da Concordata o facto de jovens se irem casar a Espanha. Outros, simplesmente não se casam... O que há que mudar é a totalmente disparatada política familiar (?) do Estado português, que parece ver no casamento uma ameaça à segurança nacional, tratando como idiotas os 75% de casais que teimam em não alinhar nas "modernas" e fiscalmente incentivadas tendências para a dissolução de famílias. Num país que vê aumentar o consumo de droga, a incidência de doenças sexualmente transmissíveis, da delinquência juvenil e de tantos outros fenómenos que todos reconhecem publicamente como resultado directo do enfraquecimento das famílias, é no mínimo criminoso ver o Estado, através dos seus representantes políticos, a alinhar em políticas contra a família, que levam os jovens a terem medo de se casar e os menos jovens a não honrarem o compromisso que livremente assumiram. É, no mínimo, chocante ver o ar angélico com que responsáveis políticos emitem declarações de preocupação sobre estes fenómenos quando são eles os principais, se não os únicos, responsáveis pela degradação das famílias (...). Sentinela da manhã In: Audácia, 2001-01-23 A Audácia está de parabéns. Juntamente com a sua irmã mais velha, Além-M a r , foi galardoada com o Prémio de Jornalismo/2000 pelos seus trabalhos na área dos Direitos Humanos. O Fisco e a Família Por FERNANDO CASTRO (PRESIDENTE DA APFN), S. Domingos de Rana - Cascais Terça-feira, 23 de Janeiro de 2001 In: Público de 20010123 Publicou o PÚBLICO [edição de 7/1] um excelente artigo em que alerta para que muitos jovens se têm casado em Espanha para "fugirem ao fisco" e responsabiliza a Concordata por tal facto. A responsabilidade da situação é apenas do Estado, que penaliza fortemente quem se casa, e muito mais quem tem filhos, tanto mais quanto maior o seu número. A APFN [Associação Portuguesa de Famílias Numerosas] tem vindo a alertar para esta situação totalmente injusta e disparatada (...), agravada na actual revisão fiscal, ao criar-se uma dedução para "monoparentais" que é quase JOSÉ REBELO A distinção assume maior relevo pelo facto de o júri ter optado por não atribuir qualquer prémio aos meios de comunicação de maior impacte, a rádio e a televisão. As revistas combonianas bateram-se sempre pela defesa dos direitos das pessoas e dos povos, sobretudo dos mais pobres, entre os quais os missionários trabalham. É, desde o início, um dos seus princípios inspiradores. O prémio distingue, contudo, os textos publicados ao longo do ano passado, em que os direitos humanos mereceram um particular destaque. O galardão significa antes de mais o reconhecimento pela dedicação, criatividade e trabalho desenvolvido pela equipa da Redacção e pelos seus dedicados colaboradores, com uma mente aberta ao mundo e um coração missionário, que pulsa com os anseios de paz, justiça e fraternidade para todos. Mas estende-se também aos mais de 90 mil participativos assinantes das revistas, de quem recebemos excepcional apoio e coragem. A Audácia não vai dormir sobre os louros. Sente um novo dinamismo e quer ser cada vez mais estimulante e criativa, para ajudar os leitores a serem, nas palavras do Papa João Paulo II, «sentinelas da manhã»: jovens vigilantes, que desejam a luz, para reconhecerem em cada Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 9 ser humano uma pessoa digna de ser amada e em cada irmão o rosto de Deus. [23-01-2001 10:47:41] [A Abrir] [1297 caracteres] [Grátis] [ JOSÉ REBELO ] Uma prenda para Rosita In: Audácia, 2001-01-23 Quem não se lembra das imagens da criança que nasceu em cima de uma árvore, Rosita de seu nome, durante as cheias de Moçambique de Fevereiro de 2000 e que correram mundo? Agora, com um ano, recebeu uma prenda para si e para a sua família: uma casa. Depois de viver vários meses no quarto de uma pensão em Maputo, e de ter viajado para os Estados Unidos a fim de sensibilizar a comunidade internacional para a catástrofe que se abateu sobre Moçambique, Rosita e seus pais receberam agora uma habitação condigna para recomeçarem a vida e a sua actividade. A árvore em que Rosita nasceu foi preservada e ainda conserva o estrado de madeira que serviu de leito para a mãe ter a criança. [23-01-2001 10:52:27] [Satélite] [511 caracteres] [Grátis] [ Redacção ] Reter os melhores In: Audácia, 2001-01-23 O primeiro-ministro australiano, John Howard, quer que os seus cidadãos e os emigrantes sejam os melhores e os mais brilhantes do mundo: «Temos de travar a partida de homens e mulheres deste país e convencer os que partiram a voltar. Queremos não só que os melhores e os mais brilhantes continuem aqui como que os melhores e mais brilhantes no mundo venham instalar-se no nosso país.» Com essa finalidade, vão ser implementadas medidas que favoreçam a vinda das pessoas mais capacitadas para as necessidades da Austrália e refreiem a saída dos melhores elementos locais. [23-01-2001 10:56:35] [Satélite] [433 caracteres] [Grátis] [ Redacção ] Reticências In: Audácia, 2001-01-23 A droga, de uma forma ou outra, está presente em todos os tipos de degradação... A situação das crianças em África, sobretudo na África ocidental e na central, é a mais difícil em todo o mundo. Só nestas duas zonas, 22 milhões de menores nunca frequentaram uma escola e 50 milhões vivem sem qualquer espécie de apoio... Ainda nas mesmas regiões, a falta de água potável, de nutrição, saúde e educação, a sida, a cólera e outras epidemias já originaram mais de 12 milhões de órfãos... O tráfico de crianças e o seu recrutamento para a guerra moveu campanhas internacionais que levaram à desmobilização de seis mil menores. Mais de 14 mil estão mobilizadas em guerras, lutam e transportam armas... Na Ásia, milhões de meninas são vendidas para a prostituição, utilizadas em turismo sexual, muito dele com origem no Ocidente, e outras representam mão-de-obra barata, numa exploração que já ninguém consegue quantificar... De um total de 625 milhões de crianças do mundo em idade escolar, 110 milhões nunca foram à escola e, destas, dois terços são raparigas. A pobreza, as tradições e práticas religiosas, os preconceitos e os custos da educação fazem com que os pais mandem os filhos à escola, pressupondo que é a estes que compete sustentar os lares. As filhas, destinadas a casar, não recebem qualquer instrução. E isto quando não são assassinadas à nascença por representarem mais «bocas a sustentar»... Em muitos países, as jovens que e ngravidam ou têm filhos são banidas do sistema de ensino... No Médio Oriente, em dois meses foram mortas cerca de 90 crianças. Muitas perderam a vida no regresso das escolas, quando fugiam com os pais ou se encontravam refugiadas nos telhados de suas casas, fugindo da violência... No último ano, a guerra entre israelitas e palestinianos feriu oito mil crianças, ficando 300 com incapacidade permanente. A guerra já atingiu 1,3 milhões de rapazes e raparigas que apresentam graves problemas psicológicos decorrentes da violência... Na América Latina, há milhões de crianças assassinadas, na prostituição, seviciadas e torturadas. Muitos milhões de outras morrem de fome... Na Europa e nos Estados Unidos da América, onde o panorama parece ser menos dramático e as tragédias mais encapotadas, existem milhões de crianças que sustentam as famílias com o trabalho infantil e a prostituição. A violência doméstica atinge números verdadeiramente assustadores e as violações sucedem-se, tantas vezes cometidas por quem tinha obrigação de proteger. A droga, de uma forma ou outra, está presente em todos os tipos de degradação... As máfias, em todo o mundo, utilizam o rapto, a tortura e a morte de crianças como formas de retaliação e até mesmo os regimes ditatoriais as atingem... Mais de 80 por cento das mulheres grávidas e seropositivas têm filhos já condenados à morte... Os governos de todo o mundo continuam a gastar milhões de contos em armamento. Na maioria dos casos, os Orçamentos de Estado continuam a destinar mais dinheiro à defesa (ou ao ataque, como se preferir) do que à saúde e à educação. Países há que gastam em armas o equivalente ao orçamento de Estado de outras nações... Fomentam-se guerras para dar saídas às armas fabricadas, muitas vezes, com o trabalho escravo de crianças... Estes são dados oficiais. São alguns números conhecidos, das muitas situações identificadas um pouco por todo o mundo. Mas todos os organismos reconhecem que ficam muito aquém da realidade. Os compromissos no sentido de alterar todas estas situações t êm-se sucedido. Tal como os discursos e as manifestações de boas intenções. Mas não restam dúvidas sobre a ineficácia do combate que tem sido desenvolvido e o aumento do número de vítimas... Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 10 Existem frases feitas que dizem que «as crianças são o futuro da humanidade», ou «o melhor que há no mu ndo»... Século XXI. Ano 2001. Janeiro, mês mundialmente dedicado à paz... [04-01-2001 16:04:22] [Direitos Humanos] [3795 caracteres] [Grátis] [ Redacção ] O futuro da missão está na Ásia In: Audácia, 2001-01-23 No passado mês de Novembro, ao visitar pela primeira vez alguns países da Ásia, fiquei com a impressão de que este continente irá ter uma palavra a dizer no futuro da missão e do cristianismo. ABEL DIAS A primeira recordação que guardo são as pessoas: sempre mu itas, sempre das mais diversas fisionomias. Aonde quer que fosse, tinha sempre a sensação de estar rodeado por multidões. Realmente, na Ásia vive a maior parte da população mundial: só a imensa China ultrapassa os mil milhões de habitantes. No pequeno mas frenético Japão, até parece que as pessoas vivem em cima umas das outras, e quase somos tentados a pensar que os japoneses são pequeninos para caberem lá todos. Há ainda a Índia das castas, onde os pobres são uma multidão e muitos vivem e também morrem nas ruas, sem os passantes sequer se d arem conta, onde os hindus se purificam no sagrado rio Ganges e onde, ao morrerem, ricos e pobres são cremados em grandes fogueiras. Nas Filipinas, país muito católico e de muitas ilhas, a população também é numerosa e os contrastes são igualmente grandes: uma minoria bastante rica e com muitos recursos coabita com uma maioria de escassos recursos que faz um pouco de tudo para tentar sobreviver. A segunda recordação que guardo é o encontro com um continente de ricas tradições religiosas. A Ásia é o berço do Islamismo, Budismo, Xintoís-mo, Hinduísmo, Confucianismo e outras religiões muito antigas que privilegiam a interiorização e o consequente contacto com Deus através da oração e outras técnicas de ascética. Em Macau visitei um templo budista. Vi pessoas a fazerem as suas orações e a queimarem incenso. Também elas preocupadas em viverem e cultivarem a sua relação com o sagrado. Mas, apesar da riqueza religiosa deste continente, o cristianismo permanece uma religião estrangeira e minoritária: é seguido apenas por uns dois por cento dos 3,5 mil milhões de asiáticos. É caso para nos perguntarmos: porquê? O que é que correu mal? O que pode ainda ser feito e como é que deve ser feito? Da minha passagem por aquelas terras ficou-me a impressão de uma rápida transformação que está a provocar graves desequilíbrios sociais. Parece-me que a Ásia está a tomar a dianteira em termos de desenvolvimento económico, mas está também a pagar um preço muito elevado: um número crescente de marginalizados e explorados. São numerosos os investimentos, mas as empresas que apostam neste continente são sobretudo atraídas pela abundância de mão-de-obra mal paga e pelos baixos custos de produção. Mas também pelos paraí- sos fiscais, onde os impostos, as regalias dos trabalhadores e as contrapartidas dadas ao Estado são muito reduzidos. Os investidores “exploram” a massa operária como muito bem entendem: conheci raparigas chinesas que trabalhavam em fábricas de brinquedos de Macau umas dez a 15 horas por dia sem receberem mais por isso, e que, se se atreviam a reclamar, eram recambiadas para a China com as mãos a abanar. Quando há muita gente à procura de trabalho é difícil haver justiça e é fácil cair na tentação de explorar os outros. Há razões mais que suficientes para que a Igreja se envolva e aposte mais neste continente. Chegou o momento de pensarmos que o futuro da missão está na Ásia, tal como o Papa João Paulo II disse na encíclica Redemptoris Missio. A Ásia será o campo de missão privilegiado para o terceiro milénio, mas irá desafiar-nos também a encontrarum novo modelo de missão. Primeiramente, uma missão que será protagonizada, não por vocações vindas da Europa, onde aliás estas geralmente escasseiam, mas pelos missionários asiáticos que estão a nascer nas comunidades eclesiais existentes nas Filipinas, na Índia, na Coreia do Sul. Por outro lado, a missão na Ásia irá levar os missionários, desprovidos de complexos de superioridade ou de pretensões de prestígio, aos caminhos do diálogo, à comunhão de vida e fé. T eremos todos que percorrer o caminho da oração, da contemplação, da mística e da gratuitidade. A Ásia será um grande desafio. Não só por nos fazer mudar de estratégia, de prioridades e de metodologia, mas sobretudo por nos obrigar a mudar o olhar, a mente e o coração para sermos testemunhas do Invis ível, do Eterno, anunciadores de um Evangelho que é mais que palavras, construtores de um Reino que é mais que o fruto das nossas mãos. A Ásia será a missão do futuro. Já te deste conta deste grande desafio missionário? Já pensaste que é no continente onde vive a maior parte da população mundial que o Evangelho é mais desconhecido? Não sentes que também tu poderias dar uma ajuda? Olha que ainda há muita gente à espera do anúncio libertador de Jesus Cristo. Ignorar isto é fechar os nossos corações à voz do Espírito que nos desinstala e nos desafia a percorrermos os novos caminhos da evangelização. Grito de alarme ecológico Na audiência geral, o Papa denunciou que “o homem, sem hesitações, devastou planícies, vales e bosques, poluiu águas, deformou o habitat terrestre, tornou o ar irrespirável, afectou os sistemas hidrológicos e atmosféricos, desertificou espaços verdes, desenvolveu uma industrialização selvagem, hum ilhando a terra, nossa morada”. In: ecclesiaInt, 2001-01-23 Encontrou grande eco na opinião pública, o “grito de alarme ecológico” lançado por João Paulo II na audiência geral da passada quarta-feira, dia 18, depois de os recentes discursos ao Corpo Diplomático creditado junto da Santa Sé, da Carta Apostólica conclusiva do Ano Santo e do Jubileu dos Agricultores terem causado o mesmo efeito. Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 11 Na audiência geral, o Papa denunciou que “o homem, sem hesitações, devastou planícies, vales e bosques, poluiu águas, deformou o habitat terrestre, tornou o ar irrespirável, afectou os sistemas hidrológicos e atmosféricos, desertificou espaços verdes, desenvolveu uma industrialização selvagem, humilhando a terra, nossa morada”. Daqui, o Papa lançou um apelo a uma “conversão ecológica”, única solução - disse - para sustar a devastação dos homens e encontrar a harmonia com a natureza e consigo próprios. Um caminho que deve respeitar uma divisão igualitária dos recursos e ter uma especial atenção à qualidade de vida no quadro de uma ecologia não apenas física mas também humana. Uma ecologia prosseguiu - que torne dignos os seres humanos protegendo os bens essenciais da vida em todas as suas manifestações, preparando para as gerações futuras um ambiente que se aproxime dos projectos do Criador”. Refira-se que não é novidade nos ensinamentos de João Paulo II, mas note-se a sua insistência sobre a questão ecológica: a recente intervenção junto do corpo diplomático, no passado dia 13 advertindo que “se o homem atinge os equilíbrios da Criação esquecendo a sua responsabilidade perante os irmãos e não cuida do amb iente que o Criador lhe confiou, este mundo, assim programado estritamente segundo os nossos interesses, poderá tornar-se irrespirável”. Na Carta Apostólica já mencionada considera ser este um dos maiores desafios modernos a par dos problemas da paz e da questão dos direitos humanos, classificando estas problemáticas como urgências às quais a alma humana não pode ficar insensível. E, olhando as tomadas de posição do Pontífice, não podemos esquecer a sua intervenção aquando do Jubileu dos Agricultores: “a terra foi confiada ao homem para que este a cultivasse e a tratasse. Esquecendo este princípio, tornamo -nos tiranos e indiferentes, e esta, cedo ou tarde, se rebelará”. [23-01-2001 13:17:30] [Internacional] [2274 caracteres] [Grátis] [ ecclesiaInt ] Paz interior In: JN, 20010124 Luís Portela (*) Alguns conflitos mais ou menos armados têm perdurado nos últimos anos entre países vizinhos ou entre grupos opositores em diversas regiões do globo. A concertação entre as partes tem-se revelado muitas vezes difícil, apesar dos esforços que nesse sentido têm sido feitos. Os conflitos emergem de desejos mal aplicados, n omeadamente quando duas entidades pretendem a mesma coisa. E isto acontece entre duas pessoas, entre dois grupos ou entre dois países. Enquanto os homens não souberem, a título individual, dirigir m elhor os seus desejos, não estarão em condições apropriadas de o fazer colectivamente. Haverá, então, que atentar na paz que irradia do olhar sereno de alguns seres humanos das mais diversas classes sociais, raças, idades ou culturas, transparecendo uma iniludível paz interior. Esses homens ou mulheres parece usufruírem de uma autêntica liberdade, fruto de um desprendimento material, provavelmente baseado em profunda convicção espiritual. São seres sem medo, que não precisam de nada e que parece viverem em harmonia com as leis universais. A sua perspectiva de vida leva-os a não temer perder seja o que for, a não se sentir infelizes por não possuírem, a não ter medo de serem incapazes de conseguir ter isto ou aquilo, a não invejar quem ostenta o que entende possuir. Em verdade são seres que não possuem; apenas se sentem administradores temporários, assumindo o desprendimento de quem não possui, a responsabilidade de quem administra, a autenticidade de quem é. Não se perturbam quando vêem os outros fazer o que entendem ser inconveniente, porque sabem permitir-lhes o usufruto da sua liberdade e sentem a responsabilidade de os ajudar construtivamente, dentro dos limites das suas possibilidades. Não se revoltam quando alguém é indelicado, porque não precisam que os outros lhes sejam amáveis. Desviam-se de quem os procura agredir. Por um lado, sabem desculpar-lhes as fragilidades. Por outro, não querem prejudicá-los, consentindo-lhes práticas incorrectas. Comportam-se com a serenidade de quem está seguro de que, na realidade, não pode ser prejudicado, a não ser por si próprio (sempre que tome atitudes de que venha a arrepender-se). São seres que não temem a presença ou a ausência de qualquer pessoa, lugar ou coisa, condição, circunstância ou situação. São homens e mulheres que nada temem nem a própria morte física. Sabem que são responsáveis pelos seus pensamentos, pelas suas palavras e pelas suas atitudes. Evitam deixarse envolver pelo revolutear de situações-ambiente. Assumem a responsabilidade do seu estado de espírito e da sua experiência de ser. Isto não quer dizer que um indivíduo que viva em paz consigo próprio rejeite forçosamente as coisas físicas, menospreze o seu corpo ou procure viver numa redoma. Pelo contrário, experimenta com natural simplicidade as sensações do mundo físico, com satisfação e não para satisfazer frustrações ou situações viciosas. E compartilha saudavelmente as suas experiências, por opção e não por obrigação. Estes seres iluminados são capazes de se manter serenos e construtivamente actuantes, mesmo nos momentos das maiores tragédias. O seu pensamento mantém a perspectiva do todo. Os seus raciocínios continuam a seguir uma lógica global. As suas palavras e as suas atitudes servem os mais elevados interesses; do todo portanto, também seus. A paz interior parece ser a única alavanca capaz de soerguer a paz mundial. Esta começa em cada um de nós. A paz mundial é, afinal, uma questão individual. Atentando nos bonitos exemplos que de facto nos rodeiam, poderemos concluir que não é necessária uma mudança de circunstâncias, mas uma mudança de consciência. (*) Médico e Administrador de empresas, escreve no JN, quinzenalmente, às quartas-feiras Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 12 Anunciai-o do cimo dos telhados In: Agência Ecclesia, 2001-01-24 Mensagem do Santo Padre para a celebração do 34° dia Mundial das Comunicações Sociais Tema:“ Anunciai-o do cimo dos telhados”: o Evangelho na era da comunicação global. 27 Maio 2001 Tema:“Anunciai-o do cimo dos telhados”: o Evangelho na era da comunicação global 1. O tema que escolhi para o Dia Mundial das Comunicações de 2001 reflecte as palavras do próprio Jesus. Não podia ser de outra forma, dado que é Jesus mesmo que anunciamos. Recordamos as suas palavras aos seus primeiros discípulos: «O que vos digo na escuridão, repito-o à luz do dia, e o que escutais em segredo, proclamai-o sobre os telhados» (Mt 10, 27). No segredo do nosso coração, escutamos a verdade de Jesus; agora, devemos proclamar esta verdade sobre os telhados. No mundo hodierno, os telhados são quase sempre caracterizados por uma floresta de transmissores e de antenas que enviam e recebem mensagens de todos os tipos, para e dos quatro recantos da terra. É vitalmente importante assegurar que entre estas inúmeras mensagens a palavra de Deus seja escutada. Proclamar hoje a fé sobre os telhados significa anunciar a palavra de Jesus no e através do mundo dinâmico das comunicações. 2. Em todas as culturas e em todos os tempos – certamente no meio das transformações globais de hoje – as pessoas apresentam os mesmos interrogativos acerca do significado da vida: Quem sou eu? De onde venho e aonde vou? Onde está o mal? O que é que existe depois desta vida? (cf. Fides et ratio, 1). E em cada época a Igreja oferece a única resposta que, em última análise, satisfaz as profundas interrogações do coração humano – o próprio Jesus Cristo, que «manifesta perfeitamente o homem ao próprio homem e lhe descobre a sublimidade da sua vocação» (Gaudium et spes, 22). Por conseguinte, a voz dos cristãos nunca pode silenciar, uma vez que o Senhor nos confiou a palavra da salvação, à qual cada coração aspira. O Evangelho oferece a pérola inestimável que todos nós estamos a procurar (cf. Mt 13, 45-46). Portanto, a Igreja não pode deixar de estar cada vez mais profundamente comprometida no nascente mundo das comunicações. A rede global das comunicações está a crescer e a tornar-se cada vez mais complexa, e os mass media têm um efeito sempre mais visível sobre a cultura e a sua transmissão. E nquanto outrora eram os mass media que apresentavam os eventos, agora os acontecimentos são com frequência modelados a fim de corresponder aos requisitos dos meios de comunicação. Assim, a relação entre a realidade e os mass media tornou-se mais complicada, e este é um fenómeno profundamente ambivalente. Por um lado, ele pode matizar a distinção entre verdade e ilusão; mas, por outro, pode criar oportunidades sem precedentes para tornar a verdade mais vastamente acessível a um maior número de pessoas. A tarefa da Igreja consiste em assegurar que é a segunda eventualidade que realmente se verifica. 3. Às vezes o mundo dos mass media pode parecer indiferente e até mesmo hostil à fé e à moral cristãs. É assim em parte porque a cultura dos meios de comunicação está imbuída de maneira tão profunda de um sentido tipicamente pós-moderno, que a única verdade absoluta é a aquela segundo a qual não existem verdades absolutas ou que, se elas existissem, seriam inacessíveis à razão humana e portanto se tornariam irrelevantes. Desta forma, o que importa não é a verdade, mas a «história»; se algo é digno de notícia ou divertido, a tentação de deixar de parte as c onsiderações da verdade torna-se quase irresistível. Por conseguinte, às vezes o mundo dos mass m edia pode parecer um ambiente não mais amistoso para a evangelização do que o mundo pagão do tempo dos Apóstolos. Mas do mesmo modo que as primeiras testemunhas da Boa Nova não se retiraram quando se encontraram diante de oposições, assim também os seguidores de Cristo não o deviam fazer hoje. O brado de São Paulo ainda ecoa entre nós: «Ai de mim se eu não evangelizar!» (1 Cor 9, 16). Contudo, por mais que o mu ndo dos mass media possa às vezes parecer separado da mensagem cristã, ele também oferece oportunidades singulares para a proclamação da verdade salvífica de Cristo à inteira família humana. Considerem-se, por exemplo, as transmissões satelitares das cerimónias religiosas que com frequência atingem um auditório global, ou as capacidades positivas da Internet de transmitir informações religiosas e ensinamentos para além de todas as barreiras e fronteiras. Um auditório tão vasto estaria além das imaginações mais ousadas daqueles que anunciaram o Evangelho antes de nós. Portanto, no nosso tempo é necessário que a Igreja se empenhe de maneira activa e criativa nos mass m edia. Os católicos não deveriam ter medo de abrir as portas da comunicação social a Cristo, de tal forma que a sua Boa Nova possa ser ouvida sobre os telhados do mundo! 4. No início deste novo milénio é também vital considerarmos a missão ad gentes, que Cristo confiou à Igreja. Julga-se que dois terços dos seis biliões de habitantes do mundo não conhecem Jesus Cristo em qualquer sentido real; e muitas deles vivem em países de antigas raízes cristãs, em que inteiros grupos de baptizados perderam o sentido vivo da fé, ou já não se consideram membros da Igreja e vivem a própria vida distante do Senhor e do seu Evangelho (cf. Redemptoris missio, 33). Sem dúvida, uma resposta efectiva a esta situação compromete não só os meios de comunicação; contudo, ao lutarem para enfrentar este desafio, os cristãos não podem absolutamente ignorar o mundo das comunicações sociais. Com efeito, os mass media de todos os tipos podem desempenhar um papel essencial na evangelização directa e na transmissão aos povos das verdades e dos valores que salvaguardam e enobrecem a dignidade humana. A presença da Igreja nos mass media é efectivamente um importante aspecto da inculturação do Evangelho, exigida pela nova evangelização, para a qual o Espírito Santo está a exortar a Igreja no mundo inteiro. Enquanto toda a Igreja procura prestar atenção ao chamamento do Espírito, os comunicadores cristãos têm «uma tarefa profética, uma vocação: falar contra os falsos deuses e ídolos do nosso tempo – materialismo, he- Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 13 donismo, nacionalismo exasperado, etc...» (Ética nas Comunicações, n. 31). Sobretudo, eles têm o dever e o privilégio de declarar a verdade – a verdade gloriosa acerca da vida humana e do destino do homem, revelado no Verbo que se fez homem. Oxalá os católicos comprometidos no mundo das comunicações sociais anunciem a verdade de Jesus cada vez mais corajosa e imp avidamente sobre os telhados, de tal maneira que todos os homens e mulheres possam ouvir falar do amor que está na autocomunicação de Deus em Jesus Cristo, o mesmo ontem, hoje e para toda a eternidade (cf. Hb 13, 8). Vaticano, 24 de Janeiro de 2001, solenidade de São Franscisco de Sales JOANNES PAULUS II [24-01-2001 16:07:49] [Documentos] [6751 caracteres] [Gr átis] [ ] Ratzinger. A Europa difícil O Prefeito da Congregação para a doutrina da fé interveio em Berlim sobre a situação do continente europeu. Depois de Nice e da assinatura da Carta dos direitos fundamentais De GUIDO HORST Qual será o futuro da Europa? "Não o sabemos", afirmou sinteticamente o cardeal Ratzinger no fim da sua intervenção sobre os fundamentos espirituais da Europa . In: http://www.comunioneliberazione.org/ARTICOLO/1/ rat zingerit.htm A representação da Baviera junto do governo federal alemão em Berlim convidou no fim de Novembro o Perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé a expor o seu diagnostico sobre a situação do continente europeu e a conferencia foi participada por centenas de personalidades do mundo económico e politico, reunidos para escutar, mais uma vez, um alto representante da Igreja Romana numa Berlim já amplamente secularizada. Ratzinger citou o historiador britânico Arnold Toynbee e a sua tese sobre a crise do secularismo no Ocidente. O Perfeito exprimiu a sua perplexidade sobre a hipótese que, como terapia, seja suficiente reintroduzir simplesmente "O momento religioso" na cultura europeia - como proposto por Toynbee - sobretudo quando o momento religioso consiste numa síntese de resíduos do cristianismo e do património religioso da humanidade em geral. Toynbee foi todavia justo - prosseguiu Ratzinger - afirmando que o destino de uma sociedade depende sempre da "minoria criativa". Para o Cardeal isto significa que os fieis cristãos são considerados como uma minoria criativa e deverão contribuir para fazer com que a Europa recupere o melhor do seu património hereditário. O nome ausente Na sua intervenção o Cardeal analisou a situação concreta da Europa a respeito da sua hereditariedade espiritual e religiosa, com base na Carta dos direitos fundamentais proclamada solenemente pelos representantes dos governos da União Europeia por ocasião da cimeira de Nice. Particularmente importante - sublinhou Ratzinger - é o segundo paragrafo do preambulo: "Consciente do seu património espiritual e moral, a União funda-se sobre os valores indivisíveis e universais da dignidade humana, de liberdade, de igualdade e de solidariedade". O Cardeal prosseguiu deplorando que, todavia, na Carta não se nomeie expressamente Deus. É importante todavia a necessidade de salvaguardar a dignidade e os direitos do homem como valores que estão acima de qualquer ordenamento jurídico. Este valor da dignidade humana que precede qualquer acção política remete ultimamente ao Criador: "Só ele pode estabelecer leis radicadas na própria essência do homem e não instrumentalizadas por ninguém". Para Ratzinger, portanto, na Carta dos direitos fundamentais mantém-se um traço característico da identidade cristã: " Que existam valores não manipuláveis por ninguém, este é o verdadeiro segredo do Criador e do homem construído à Sua imagem e semelhança. Assim esta frase da Carta dos direitos fundamentais protege um elemento essencial da identidade cristã europeia numa formulação compreensível mesmo para os não crentes". Depois desta apreciação positiva, todavia o Cardeal não evitou algumas criticas, relevando que em alguns Depois desta apreciação positiva, todavia, o Cardeal não evitou lançar algumas críticas, relevando que em alguns pontos a Carta é demasiado vaga, falta-lhe um claro reconhecimento dos valores concretos da Europa. Ratzinger citou dois exe mplos: antes de tudo "o matrimónio monogâmico como modelo ordenador f undamental da relação entre homem e mulher e ao mesmo tempo como célula do tecido social do Estado". Tal valor é plasmado evidentemente da fé da Bíblia. Mas sobre este mesmo tema falta uma palavra clara da Carta com respeito às ameaças contra a instituição do matrimónio: de um lado, a crescente erosão do valor da indissolubilidade, de outro, a pretensão dos casais homossexuais de reivindicar uma forma jurídica análoga ao m atrimónio para a sua convivência. "Com esta tendência o homem põe-se de fora de toda a história m oral da humanidade", disse o Cardeal. Se as uniões homossexuais são consideradas cada vez mais equivalentes ao matrimónio, "encontramo-nos na soleira da porta da dissolução da figura humana" que a Carta defende expressamente no segundo parágrafo do preâmbulo. Abertura e identidade Como segundo exemplo do carácter muito genérico da Carta dos direitos fundamentais Ratzinger citou a garantia da liberdade de consciência e religião. Os Estados da União europeia declaram-se neutrais nos confrontos das religiões, sem todavia considerar que existem "traços característicos da identidade da nossa cultura" que necessitam de uma salvaguarda particular, por exemplo as grandes festividades como o Natal, a Páscoa, o Pentecostes ou o domingo. A tolerância, continuou Ratzinger, tem um limite: não será o caso das comunidades religiosas que descuidam os valores garantidos na Carta dos direitos fundamentais, como a própria liberdade religiosa ou a renúncia substancial ao uso da violência? Uma coisa, segundo o Cardeal, não devia faltar na Carta dos direitos: "O respeito pelo que para outro é sagrado e a reverência perante o sagrado em geral, diante de Deus, é uma coisa razoável para todos, mesmo para aqueles que pessoalmente não crêem em Deus". Aqui o Cardeal constata como "o Ocidente mo stra uma auto-mutilação do todo singular que só se pode definir como patológi- Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 14 ca; de facto, esforça-se louvavelmente por abrir-se a valores que lhe são estranhos, mas não tem estima por si mesmo e na sua própria história vê só os aspectos mais atrozes e destrutivos, enquanto não é capaz de aproveitar aquilo que é grande e puro". Graças a Deus, prosseguiu Ratzinger, na nossa sociedade é punido aquele que escarnece a fé de Israel, e é também punido o que lança descrédito sobre o Corão e sobre o Islão, "mas quando se trata da vez de Cristo e dos valores sagrados dos cristãos, a liberdade de opinião parece ser o valor supremo". A Europa, conclui Ratzinger, "deve aprender novamente a aceitar-se", em vez de renunciar ao que é seu e evitálo. "Certamente que nós podemos e devemos aprender os valores sagrados dos outros, mas precis amente diante dos outros e pelos outros temos a obrigação de alimentar em nós mesmos a reverência diante do sagrado e de mostrar o rosto de Deus que se nos mo strou, o Deus que cuida dos pobres e dos indefesos, das viúvas e dos ó rfãos, dos estrangeiros, um Deus que é tão humano a ponto de Ele próprio ter querido tornar-se homem, que sofrendo connosco, até à dor confere dignidade e esperança". Jornal das Boas Notícias Sexta-feira, 26 de Janeiro de 2001 pág. 15