Influencia Da Culinaria Alema No Brasil

March 29, 2018 | Author: silviolc | Category: Germany, Cuisine, Cheese, Potato, Brazil


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Chef Heiko GrabolleChef alemão Pular para o conteúdo  Início  Cozinha alemã  Food Stylist  Minhas receitas alemãs  O chef alemão ← Receita alemã: batata na frigideira Receita alemã: repolho roxo a moda alemã → Culinária dos imigrantes alemães faz parte da gastronomia brasileira Publicado em 9. junho 2012 | 22 Comentários Há mais de 180 anos que os alemães iniciaram a imigração ao Brasil. E na bagagem, além de poucos pertences trouxeram hábitos e receitas que podemos provar hoje em algumas cidades como Pomerode, Blumenau, Santa Cruz do Sul e Campos do Jordão, por exemplo. o marreco recheado.Culinária dos imigrantes alemãs faz parte da gastronomia brasileira. Eu celebro isso! Acredito que o principal desafio era cultivar e adaptar as receitas a oferta de novos produtos. Hoje esta evolução faz parte da culinária brasileira listando. o macarrão caseiro (Spätzle). o leitão assado. joelho à pururuca. sofrendo assim algumas alterações. as diversas cucas com frutas ou cremes. etc…. truta com pinhão. diversos tipos de linguiças e salsichas como Bock. as ricas tortas como a Floresta Negra e Torta Alemã. o peixe em conserva (Rollmops). por exemplo. a batata recheada. Weiss e lingüiça tipo Blumenau. É fácil de ver a técnica da receita misturada com os ingredientes brasileiros. . cor e aroma. Eu fico muito contente de ver como estas receitas se fixaram e se adaptaram neste país cheio de sabor. rocambole de maçã (Apfelstrudel). bacon. pois era o tipo de alimentação típica para o clima alemão: frio rigoroso com pouco sol. Algumas receitas sofreram adaptação com o clima no Brasil que ofereceu ingredientes leves. como bananas. conservas. carambola. manteiga. pêssego. etc. queijos. . chamada Bratwurst em alemão. E claro. coco.Salsicha branca. etc. muitos miúdos. Encontramos hoje muitas ofertas e diversos sabores de cerveja no Brasil. abacaxi. Com a tradição a culinária dos imigrantes alemães no Brasil manteve-se ligada a preparações de receitas que carregam nata.. não podemos nos esquecer da cerveja que é a bebida nacional do Brasil. a exemplo das cucas que receberam outras frutas além das maçãs e cerejas. embutidos. Com o crescimento gastronômico houve uma valorização da lei de pureza fazendo surgir novas marcas e a degustação virou alvo da gastronomia. carne de porco. panqueca fria com salmão defumado ou filé Schwarzwald – bife da floresta negra com molho de ervas e aspargo branco. eu gosto de usar. por exemplo: lingüiça cozida no chucrute. Hoje com a evolução da gastronomia no Brasil todas as culturas de imigrantes estão sofrendo transformações e redefinindo suas receitas. Cardápio típico alemão: salsichas e joelho de porco. waffles alemães com sorvete ao .As culturas de imigrantes estão sofrendo transformações. tulipa de pato. maçã verde caramelada com alfavaca. molho de ervilha. além dos pratos tradicionais citados acima o cliente pode optar hoje pelas novas criações como bolinho de batata em crosta de tapioca com farofa de bacon. Nas minhas produções. filé de linguado ao molho de cerveja. O imigrante alemão difundiu no Brasil a religião protestante e a arquitetura germânica. Chef alemão Heiko Grabolle. Abraços. . a paisagem físico-social brasileira. em suma. contribuiu para o desenvolvimento urbano e da agricultura familiar. Na colonização alemã. No domínio religioso. Podemos afirmar.molho de quentão. a arquitetura das cidades e. não se pode negar. Várias igrejas luteranas foram implantadas com a chegada dos imigrantes e o próprio ritual católico adquiriu certas especificidades nas comunidades alemãs. entre outras. contudo que a cozinha brasileira está evoluindo e entrando no mercado internacional levando seus ingredientes e carregando a influência dos imigrantes. em grande parte. há de se reconhecer a influência dos pastores. tendo influenciado. marcado fortemente com traços da cultura camponesa da Europa Central. introduziu no país o cultivo do trigo e a criação de suínos. está a origem da formação de um campesinato típico. território brasileiro e povoamento»alemães» a contribuição alemã para a formação da cultura brasileira A imigração e a colonização alemã no Brasil tiveram um importante papel no processo de diversificação da agricultura e no processo de urbanização e de industrialização. padres e religiosos descendentes de alemães. mini-barreado de galeto e feno. que hoje também pode ser encontrada em versões salgadas e com outras frutas. encenações teatrais típicas. De acordo com o historiador Luís da Câmara Cascudo. © 2016 IBGE . a música. porém. a gastronomia. a língua alemãs. a festa da cerveja em Blumenau A cerveja é outra contribuição dos alemães.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Home / Entretenimento / Gastronomia / A influência alemã A influência alemã Autor: Pedro Marques Embora tenham chegado somente a partir de 1850. surgiu como uma forma de manifestação contra as atitudes tomadas pelo Estado Novo ao proibir atividades culturais que identificassem a germanidade. especialmente no que diz respeito a certos hábitos alimentares. ela é uma festa que simboliza a alegria alemã. É certo que os portugueses foram os responsáveis por trazer a cerveja ao Brasil. Foram eles que trouxeram ao Brasil o gosto por embutidos como as salsichas e salsichões. espécie de torta folhada de maçã. Exemplo caracterstico é a Oktoberfest. chucrute (repolho em conserva). corais de igrejas. os imigrantes alemães deixaram uma marca importante na culinária do Sul brasileiro. .A vida cultural dos imigrantes também teve um papel importante na formação da cultura brasileira. a salada de batata. carnes defumadas e sobremesas como o apfelstrudel. tendo incorporado. bandas de música e assim por diante. Hoje. os alemães apenas reforçaram o consumo de produtos que já faziam parte de seus cardápios. que. a princípio. com adaptações e modificações. Oktoberfest Oktobersfest. mas os alemães foram responsáveis por expandir seu consumo em terras tropicais. Seus pratos típicos não conseguiram ganhar força e se espalhar para muito além das regiões onde esses imigrantes se fixaram. carnes e temperos. A festa da cerveja. Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo Naquele início de novembro de 1989.Apesar de a influência alemã ser maior na culinária do sul. por quase três décadas. e é uma cópia da que acontece anualmente na Alemanha. a Oktoberfest é famosa em todo país. No Bar do Alemão é servido com legumes em prato chamado Colorido. atrai milhares de turistas. Santa Catarina. que desde sempre viveu sob fogo .70. fragmentara a bela capital alemã. Foi só mais um capítulo na longa história de reconstruções do país. que acontece em Blumenau. uma imagem corria e emocionava o mundo: centenas de milhares de pessoas destruíam um imenso paredão de concreto que. Cozinha alemã: criatividade aliada à funcionalidade por Carlos Coelho A culinária clássica do país de Nietzsche revela a força de um povo que venceu adversidades e deixou rastros na cozinha de boa parte do mundo. inclusive dos brasileiros O sülze é preparado com o colágeno do eisbein. Custa R$ 45. é claro. mas onde mais os alemães exerceram influência. ervas e temperos são alimentos práticos e duradouros que. a culinária germânica é uma aula. completos. Durante muito tempo o Muro de Berlim separou dois povos. Nunca foi capaz. no entanto. dois clássicos da região de Berlim e da Baviera (ao sul do país). eram ideais para a sobrevivência. mais de 1. rotulando-os como comunistas orientais e capitalistas ocidentais. A carne de porco é o alimento do dia a dia. E boa parte deles sobrevive não apenas em seu país de origem. O invólucro tradicional é comestível e feito da pele do intestino de animais. “Há em Berlim um museu inteiramente dedicado a ele. entra na conta. dois tipos de salsichas trazidos pelos imigrantes ainda hoje são famosos. Hoje. Curitiba. “Os molhos básicos são a mostarda o curry. que é a comida de rua mais tradicional do país. a história de qualquer país pode ser escrita com a tinta de seus traços culturais e gastronômicos. Este último dá origem ao currywurst. que comanda a barraca de comida alemã Currytiba Wurst.cruzado – da ocupação da França napoleônica. explica Gerson Jourdani. Do animal. Um currywurst pode ser servido com batatas ou até no pão. Um dos grandes símbolos desse “racionalismo gastronômico” são as salsichas. como se fosse um cachorro-quente. São apreciadas grelhadas. são parte fundamental da alimentação do país. de quebrar um sentimento que une os alemães do leste e do oeste: a racionalidade.5 mil tipos em toda a Alemanha. embora já se admita (e use com muita frequência) materiais sintéticos. no entanto. fazem sucesso também no Brasil. claro. Os embutidos feitos de carne bovina ou suína crua (curada ou defumada). “Por muito tempo era costume guardar quantidades de joelhos de porco defumados para preparar nos meses de frio intenso. o prato é um dos carroschefes de seu negócio. Como o nome denuncia. Neste campo. ainda no século 19. Tudo contribuiu para que o país buscasse alimentos práticos. pois as pessoas . A tradução da palavra eisbein (“perna gelada”) indica sua posição na história. conta Jourdani. Há. gordura. fritas. De fato. o Currywurst Museum”. à Guerra Fria. a bratwurst (acinzentada) e a bockwurst (avermelhada e defumada). cruas ou como acompanhamento em outros pratos. No Brasil. o kassler e o eisbein. Os alemães sofreram com a escassez de produtos e ingredientes imposta pelas batalhas constantes e agravada por um inimigo ainda mais difícil de superar: o inverno rigoroso (as temperaturas chegam aos – 20 graus C em muitas regiões). no passado. nas feiras livres de Curitiba. Trata-se da salsicha cortada em rodelas e temperada com o molho curry”. fáceis de conservar e. obviamente. leva carne moída em vez de picada). diz Alessandro Schimmel. . que libera muito colágeno. Na receita clássica. Na hora do preparo. um repolho azedo que ajuda na digestão da gordura. frio e com broas”. E não se admite desperdício. Podem ser assadas. A carne de porco é servida pelos alemães até mesmo crua. têm variações de preparos. garante Selma. O acompanhamento mais comum é o purê de maçã. Por aqui. o sülze. o clássico é o famoso chucrute. O primeiro é feito de repolho branco deixado na salmoura por semanas. Há também a versão deste prato com carne bovina. Tudo é pensado de forma complementar na cozinha clássica alemã. explica a chef Selma Tonatto do Prado. Aqui no Brasil. comum na Baviera. chef e proprietário do Bar Schimmel. Na hora de comer. A gordura abundante deste corte garante energia. da mesma forma. os brasileiros preferiram. até ficar azedo. E não é mera semelhança: o hackepeter alemão é filho do steak tartare francês e pai da curitibaníssima carne de onça (que. chamada de hackepeter. ensina a chef do Bar do Alemão. mas que se assemelham na verdade à batata suíça – ela é ralada e frita. que podem ser traduzidas como panqueca de batata. popularizar a segunda versão. fundamental para a queima durante o rigoroso inverno. É o kassler. e depois cozido. Do cozimento do eisbein. “Ele é temperado com páprica. azeite. Como acompanhamento. conhaque. que serve um dos hackepeters mais respeitados de Curitiba. feito com o colágeno misturado a carnes e temperos. preferimos fazer sem a gema crua. “É servido de entrada. Da mesma forma que o eisben. O prato é uma espécie de patê (lembra o mocotó). que não é um complemento muito comum para as pessoas”. bastava grelhar rapidamente e servir. mistura-se tudo para dar liga. salteadas ou servidas nas tradicionais kartofellpuffer. que aliviam a sensação de estufamento. e as batatas. o hackepeter leva uma gema de ovo crua por cima.não queriam sair de casa na neve atrás de alimentos”. Já as batatas são encontradas em diferentes tipos e. diferentemente da versão alemã. as bistecas suínas eram defumadas e guardadas. o joelho é cozido por cerca de duas ou três horas até desmanchar. O chucrute e a batata são acompanhamentos tão comuns na cozinha alemã por serem elementos abundantes. surge uma outra receita. Na hora do preparo. neta de alemães que estudou as receitas servidas no país para aplicar ao cardápio do Bar do Alemão. em receitas como o mett – picada e misturada a temperos fortes. em uma combinação agridoce bastante apreciada pelos alemães. 50.As kartoffelpuffer (panquecas de batata) são opções de entrada no Bar Schimmel. custa R$ 29. A porção. Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo . com purê de maçã. É servido sobre broas. maçã e nata. Foto: Alexandre Mazzo Confeitaria . No Bar do Alemão.O hering é um aperitivo feito de peixe arenque (típico dos mares alemães). custa R$ 47 (uma porção generosa) a versão com sardinha. mas seus frutos são doces”. explica Erika Zeilinger. onde os preparos são longos e saborosos. torta de maçã surgida na Áustria e popularizada na Alemanha. lebkuchen (ao centro) e a torta apfelstrudel – todos elaborados pela Erika Biscoitos. de tão fina que deve ser. a massa é trabalhada até que fique bem fininha.Na imagem. Não é a receita clássica”. confeitaria dedicada à pâtisserie alemã. o que é uma adaptação. Certamente o intelectual se referia a questões existenciais mais profundas. proprietária e doceira da Erika Biscoitos Artesanais. Aqui no Brasil as pessoas fazem com massa folhada. “Os alemães dizem que é preciso poder ler o jornal através da massa. porém (com toda a licença filosófica) cabe bem à cuidadosa e deliciosa confeitaria alemã. Foto: Alexandre Mazzo/Gazeta do Povo Uma frase atribuída ao filósofo prussiano Immanuel Kant diz que “a paciência é amarga. um mix da confeitaria alemã: bolachas. . Na clássica apfelstrudel. 27/07/2004 . Ficaram pelo sul do país.Paulo Confira abaixo abaixo trecho de "História da Alimentação no Brasil". Começaram chegando para S. assim como o pão de mel. cidade importante da Baviera. para os habitantes da península. cebola. Os recheios mais comuns são amêndoas. os biscoitos. clássico de Câmara Cascudo recentemente reeditado pela Global Editora (960 págs. As cifras totais são controvertidas. Para o resto do Brasil. O bolo é uma das tradições herdadas no Brasil dos imigrantes alemães. as frutas cítricas. nesse particular. um sabor anterior ao domínio mouro que o detestava. os alemães foram os primeiros a vir em quantidades apreciáveis. . verberado por Avé-Lallemant. damascos.Da mesma forma. tão comuns na gastronomia de lá. avelãs. O Norte e Nordeste não lhes pareceu zona de conforto e vieram derramando ocupação sensível até o Espírito Santo. são bem trabalhados em formatos e sabor. nozes e frutas como ameixas pretas. O livro foi citado na seção "Leituras Cruzadas" no Sinapse de julho de 2004. diz Erika. com os problemas da adaptação psicológica que Emílio Willems (514) estudou e Graça Aranha transfigurou liricamente no Chanaan (1902). R$ 98). No Brasil. notadamente a presença de alemães e italianos. “A diferença é uma base de farinha e água que sustenta o bolinho de mel na sua versão alemã”. um bolinho macio surgido em Nuremberg. enfrentado a terra. os alemães fizeram ato de notificação e não de permanência. O porco era. alho. Nunca se puderam medir. tem influência da culinária brasileira? A participação espanhola e a portuguesa até certo ponto se confunde na semelhança cozinheira. no incontido processo adensador das colmeias. o arroz.03h44 Leia trecho de "História da Alimentação no Brasil" da Folha de S. Leopoldo (RS) em 1824 e até a primeira década do século XX talvez atingissem os 100 mil. Ambos tiveram o árabe e com ele a devoção do azeite de oliveira. fundando colônias. as papas de cereais. que tem sua origem no lebkuchen. posterior ao fracasso de Mucuri. Fora peça de caça montesa e depois de criação desvelada. Alemães e Italianos Influíram? E a contribuição dos imigrantes. maçãs e cereja – esta última imortalizada na receita da torta Floresta Negra. da Renânia à Prússia Oriental. como o mate-chimarrão. mereceu um hino de simpatia calorosa de Avé-Lallemant (517): "Tudo o que em nossa civilização se compreende como amor. servi-lo e tomá-lo em comum. As várias cozinhas existentes na Alemanha. não somente conquistar os alemães do Rio Grande do Sul. Poderia guardar mais nitidamente a fisionomia nativa.com os italianos e espanhóis no império. o mate. em alguns casos pelo menos. com não se pratica em nenhuma paragem da Europa. não oferecem uma frente única defensiva ao amavio aculturativo. como tornar-se apreciada em sua maneira de servir-se. Desde que a cachaça podia satisfazer ao inevitável Morgenschnaps. Mas a força da penetração ambiental foi bem maior que a coesão psicológica alemã. É o mate a saudação da chegada. Gernhard observou. o símbolo da hospitalidade. poderoso no fator da necessidade. o gole matinal. num núcleo fechado e denso como o alemão. em sua simplicidade unitária e secular."A importação de certos produtos parece haver substituído. Emílio Willems indica que os possíveis 280 mil indivíduos chegados ao Brasil entre 1886-1936 não se compararão aos 250. é menos penetrável e mais irradiante. Para mim o mais surpreendente foi uma bebida estranha. os artigos que a agricultura local não podia fornecer. o chimarrão. O coeficiente de atração brasileiro foi alucinadamente inferior ao norte-americano. estima e sacrifício. Essa bombilha seria o possível elemento negativo para sua integração no círculo familiar germânico. o mate amargo. . a cachaça acrescentou-se. Escreve o prof. tudo está entretecido e entrelaçado com o ato de preparar o mate.. mais depressa brasileiros na alimentação que os italianos ou os sírios e libaneses. do coração. abria-se larga frincha na porta d'água. chimarrão na cuia. Emílio Willems (514): — "Como no campo também nos centros urbanos. tudo o que é elevado e profundo e com impulso da alma humana. A batatinha estava sendo importada. Ficaram. percentagem notável.. os diversos tipos de cozinha da Alemanha rural". E ainda: . da Baviera às terras bálticas. mesmo com as concessões indispensáveis à pressão maior que a coesão ecológica. Não podia verificar-se vantagem no nucleamento teutônico. A cozinha portuguesa. a cozinha integrou traços germânicos e brasileiros contando com uma fartura e variedade de pratos que superam. Santa Catarina e Paraná. chupando através da bombilha comum. Quanto às bebidas. o sinal reconciliação". ou com os sírios e os libaneses na República. de muito. Contra toda a lógica. em sabor e forma de consumo. usos e costumes. pela volta do século. equivalendo ou superando o prestígio influencial da dispersão italiana. à cerveja que cada região produz". que em Joinville se comia como na Alemanha para logo acrescentar que também 'pratos nacionais brasileiros' haviam sido aceitos.630 entrados nos EUA apenas em 1882. por toda a parte. taioba. botas curtas. Também comiam hortaliças. uma disponibilidade de maior ou menor eficiência de assimilação ao ambiente que separa o inglês imóvel do holandês que deu o Afrikander na África do Sul. Os portugueses tiveram e resolveram o mesmo problema. A predileção portuguesa pelo porco é conhecida e secularíssima. ante a farinha de mandioca. Bücklinger. que. cará. massas de farinha de trigo. pão de milho. alemães e galegos caem em puro êxtase. Deverá existir. aliás justificado. no leste e região do Báltico. mas "incorporaram no seu patrimônio cultural" os produtos amerabas. Porco do Natal. Rollmops. Será. ficam nessa classe. Willems pensa na dolorosa adaptação. minhotos. a lingüiça de fígado. italianos do norte. como os alemães conservaram as salsichas. caneca de cerveja. Kartoffelsalat. o queijo de porco.6 quilos de carne de porco. dos colonos habituados às batatinhas. semelhança com certos trajes alemães da Pomerânia. franceses do Sul. Schwarzbrot etc. por exemplo. cada alemão consumia anualmente 29. mas eu tenho sorte. calções largos. Diante de um lombo assado de porco. o arenque enrolado em escabeche. Ich habe Schwein não se traduz eu tenho um porco. um potencial íntimo. também usam botas e chapéu amplo. Os italianos estavam mais próximos dos costumes e do contato histórico . o toucinho de vitela ou carneiro. Seria mais difícil o contágio em povo ignorado essas vestimentas. el cerdo es como un miembro de la familia que se cria de parigual con los chicos. mas reforço ao consumo de certas espécies utilizadas pelos portugueses desde o século XVI. Leberwurst. diz Júlio Camba. O alemão não trouxe para o Brasil influência na alimentação. A cachaça foi o gabado Ersatz da forte aguardente que se bebe por toda a Alemanha. o mocotó de porco. para la mayoria de nuestros campesinos. assado ou frito. mantendo alguns próprios. carnes salgadas e fumadas. Um porquinho de marfim é valiosa mascotte. frutas de pomar e bebiam vinho. de um legítimo Schweine Braten. Sauerkraut. Schwartemagen. As comidas alemãs mais típicas não se espalharam: . o pão negro. carnes defumadas. hortaliças. arroz. Antes de 1939. O porco faz a festa. com orgulho e garbo. Não há alimento mais elogiado nem material que forneça maior número de pratos. A cerveja. ainda insusceptível de exposição probatória.Lembro ainda o prestígio aliciante e aculturador da indumentária gaúcha. o Palatinado. salada de beterrabas Zuckerruebesalat. de couro. carne-seca. como fazem normandos e bretões na França. pão de centeio. toucinho fumado. Na Espanha. mortadela. Os alemães rezam pela mesma cartilha. as carnes salgadas ou fumadas. O prof. pão de centeio. Blutwurst. aceitação pela convergência. feijão preto. pela manhã. penso. o arenque defumado. batatinha. coincidentemente. Cassler Rippchen. chucrute. envergada pelo alemão e seus descendentes. a lingüiça de sangue. sobrevivência biológica. antes do trabalho.salada de batatas. Eissbein. chapelão. modificado em sua fórmula oriental. Já no princípio do século XX. o macarrão estava no almoço domingueiro de certos fazendeiros do sertão quanto atualmente é visto na marmita operária. conserva-se macarrão. nas cidades e vilas industriais.. a valorização do queijo. em todas as classes. O português deu-nos o fundamento da nossa cozinha graças à maleabilidade da adaptação inicial. e teimando no azeite doce e banha de porco contra o dendê e o leite de coco. Debret. acompanhando carne ou peixe. Com a massa de tomates. as polentas capitosas. o gnocchi. o arroz gorduroso.. Mas. mas essencial. com os molhos espessos e condimentadores. ravioli. Com o queijo ralado. residindo no Rio de Janeiro de 1816 a 1831. E o colorau. as casas comerciais de comestíveis europeus mais delicados e finos e. Francioni foi uma glória nas festas cariocas. feitos em sopas grossas. o clima brasileiro tão caluniado. Divulgaram o sorvete. Em Paris. a sopa de macarrão figurava no jantar abastado no Rio de Janeiro. mas não um elemento autônomo e suficiente. a pasta italiana. confeitos. . gulodices no plano do vient de paraître. Trouxeram para a culinária nacional o gosto das massas de farinha de trigo. A extensão dos seus recursos é mais de inteligência criadora que de elementos de formação disponíveis.brasileiro. Apenas a massa. Macarrão fará da se. notou a operosidade italiana na Rua do Rosário. concorre com a farofa. desembarcaram 974 mil. sorbetto. Em 1852. No Brasil. Na Itália. arroz. do vermicelli fininho ao grosso strozzapreti. aceitando apenas o sulamericano tomate. constituindo uma iguaria no Brasil. as massas com a variedade estonteante. Impuseram sua alimentação ao brasileiro. em vez da concorrência áspera. o italiano pode defender sua alimentação nacional. primeiro ano republicano. É um colaborador saboroso. a pizza napolitana. O prato italiano veio para as mãos da cozinheira nativa indeformado e manteve-se na integridade sápida. mas colorante. vencendo o clima. Ninguém modificou o acepipe italiano que se infiltrou pela população de todas as paragens. transformado num delicioso doce gelado. o macarrão é servido isolado ou reduzido a ser garniture ao porco e ao carneiro. feijão. De 1860 a 1890. não tanto tempero. lasagne. em todas as economias aquisitivas. é um conduto. na legitimidade do gosto. não eram numerosos. fornecedor dos doces. Até 1860. risotto. unidos pela cooperação mais fraternal. as doiradas minestras. que não podia ser engolido facilmente pelos padres. resistindo às seduções da pimenta. Com a base nutritiva em cereais. Não complementar. pastasciutta. o macarrão é uma refeição. O italiano portou-se como um aliado comandando tropas pessoais sem miscigenar-se na panela brasileira. quando um Sauerkraut ou um joint de carneiro. Quando. e que vinha de Roma. nas fazendas de fortuna mediana em diante. porque de muitos anos para cá. los platos italianos están al alcance de todas las fortunas y de todas las capacidades. sem que careça do auxílio de outra espécie. Mas outra razão é óbvia para essa permanência e efeitos sociais."Ao contrário das províncias do Sul.81 kg (515). Apenas mineiros e sertanejos nordestinos. o suprema di frango alla parmigiana. o rizotto alla milanesa ou a doce cassata alla siciliana. Para o português. Ary Machado Guimarães que essa nutrição de massa cozida. mas também a fabricação geral. comiam. . exigen una primera materia muy difícil de obtener y una técnica muy difícil de conseguir. per capita. adicionando a todos os pratos de massa. em 1925 o consumo de carne. aqui quase não se come a banana com o queijo nacional. Não admite diferenciação técnica para o Sumo Pontífice ou para o mais humilde lazzarone. comem o queijo solitário. vinho. É idêntico para todos. alemã. tão comum e regular que von Martius admirava-se de sua ausência no Belém do Pará de 1819: . com vinho tinto. foi de 18. constitui acepipe independente. o primeiro na Alemanha e o segundo na Inglaterra. Melhor dizer. tanto quanto os universais spaghetti al sugo ou o taglioni alla bolognese. O estrangeiro ainda pode comer o queijo e depois beber o copo de vinho. Com um bom ou pobre molho. quase sempre. Não se divulgam no país onde o italiano se estabelece algumas glórias regionais de sua cozinha: .O segredo da aceitação natural talvez resida na unidade elementar do material utilizado. de Nápoles.12 kg. Lembra o sr. ao inverso da francesa. No Brasil. o queijo associou-se formalmente aos doces. que. saboreado com farofa de ovos duros. uso vulgar na Europa. alimento tão agradável. queijo e bananas. Creio ainda uma influência italiana a valorização do queijo. comedora e compradora de todos os queijos coloniais. que nos trouxe o queijo. Queijo com vinho como sobremesa ou queijo com pão. sal. especialmente o de cabra. assado e.escalope di vitello alla pizzaiola. como refeição. quanto adequado ao clima". Queijo e bananas tornaram-se prato "nacional". inglesa. liberta parcialmente o italiano da ditadura do açougue. o argentino devorou 89. são antes de tudo obrasprimas da ciência culinária e não intrinsecamente do carneiro ou da couve fermentada. spaghetti é sempre spaghetti. O sabor da cozinha italiana independente da intensidade e volume dos adubos. do ciclo pastoril. servido sozinho. os ossibuchi alla milanesa. no admitiendo términos medios. manteiga da terra. Mas no sertão o queijo era. Al revés de los platos franceses. meio insossa. pão. de Parma. ainda espanto na Europa quando um brasileiro alude saudosamente ao companheiro do queijo. o queijo pede complemento direto e não pode constituir oração completa. Um bom brasileiro jamais o fará. lembra Júlio Camba (300). goiabada. Há mesmo o mineiro com botas. O telefone toca e Peretti foi atender. integrou-se na alimentação normal brasileira. Não mencionou uma única iguaria de sua pátria. impossível e grave. obedecia aos olhares e gestos discretos do anfitrião. Pusemos um pedaço no prato. sisudo. sopas. E brasileiramente não dispensamos de comer o queijo com o pé-de-moleque e Bourgogne. Portugal. dizia Napoleão em 1819 ao dr. e ergue lentamente os braços para o alto. Estavam presentes D. médicos e eu. O criado. Serviço de velha porcelana brasonada. massas de farinha de trigo. e vê nos nossos pratos o queijo e o "pé-de-moleque". Prisioneiro em Santa Helena. alto. Um episódo verídico comprovará a impossibilidade de um brasileiro do povo admitir que o queijo possa ser comido sem acompanhamento. Não compreendia queijo sem mais alguma coisa. Rimos o resto da tarde. olhou-nos com surpresa e. devemo-la ao italiano. Até prova expressa em contrário. sem vacilar. Antommarchi seus pratos favoritos. oficial e querida. . o básico macarrão e parentes na espécie. com seu ar de gentil-homem apressado. A cozinha da Itália. Bandeja com infinidade de queijos da França. nos seus pratos mais populares e tradicionais. João Peretti dava-me uma merenda em sua casa de Caxangá. conjunto delicado de coisas deliciosas. não é portuguesa.Essa presença do queijo ralado em doces. O corso de Ajaccio vencia o Imperador dos Franceses. serviu-nos de uma vasta tora do "pé-de-moleque" junto ao mais aristocrático dos queijos franceses. no Recife (516). vinhos franceses. O criado. desconhecedores do queijo. Por volta de 1940. João Peretti avisou-nos haver um famoso pé-de-moleque. de Gênova. Córsega. feito com os rigores da tradição pernambucana. Milão. cristais da Boêmia. Eram todos italianos. Públio Dias e Guilherme Áuler. Volta Peretti. e não podia ter vindo de indígenas e negros africanos. negro. hurlaient de se trower ensemble. num mudo desespero irreprimível. Holanda. caminhando sempre para uma maior expansão no gosto coletivo. Itália. João de Orleans e Bragança.
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