Historia do Maranhao.pdf

May 7, 2018 | Author: Rod Júnior | Category: Brazil, Slavery


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HISTÓRIA DO MARANHÃOHISTÓRIA DO MARANHÃO Vaux, indo à França, provocou a vinda de Daniel de La Touche, mandado por Henrique IV numa viagem de reconhecimento do terreno. Não obstante ter sido o rei assassinado nesse meio-tempo, e entusiasmado La Touche com a terra, conseguiu com Maria de Medicis, regente na menoridade de Luís XIII, concessão para estabelecer uma colônia ao sul do Equador, 50 léguas para cada lado do forte a ser construído. A CAPITANIA DO MARANHÃO: OS LOTES DE JOÃO DE BARROS E FERNÃO ÁLVARES DE ANDRADE. Maranhão Colônia Ano de 1612 - A 26 de julho chega ao Maranhão a expedição de Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardiére, fundeando em Upaon-mirim (futura ilha deSaint’Ánne, e depois, Trindade, onde os sobreviventes do naufrágio de Aires da Cunha teriam fundado a cidade de Nazaré). Ano de 1500 – 22 de abril – Descobrimento do Brasil Assunto polêmico, que ainda hoje divide opiniões: acaso ou conhecimento prévio da existência de terras para o ocidente? [Pedro Álvares Cabral] não mantinha ciosamente guardado o manuscrito que lhe dera [Vasco da Gama], em [Lisboa], e não ouvira dele o conselho para que navegasse mais para oeste e escapasse das calmarias do [Golfo da Guiné]? E [Cristóvão Colombo] já não indicara o caminho, descobrira a [América], embora pensando ter chegado às [Índias]? Há, portanto, justificadas razões de suspeitas, reforçadas pelas velhas lendas da existência da [Atlântida], e de uma ilha misteriosa em meio do oceano, chamada Hy-Brasail. Por outro lado, havia o interesse de tomar posse das terras que couberam a [Portugal] no “testamento de Adão” (que era como [Francisco I], de França, chamava ironicamente o [Tratado de Tordesilhas], de [1494]), que dividia o mundo entre Portugal e Espanha. Assim, a [22 de abril] de [1500], capitão e tripulantes da esquadra de Pedro Álvares Cabral, depois de 15 dias de viagem, pois partira de Lisboa a [8 de março], avistaram um monte muito alto e redondo, a que deram o nome de [Monte Pascoal]. O Brasil havia sido “descoberto”. Descobriu-se o já sabido; Cabral voltou a Portugal e deu seu recado ensaiado: - Terra à vista! Vera Cruz! Santa Cruz! Brasil! 12 de agosto - Tendo os franceses passado à Ilha-grande, foi rezada a primeira missa e erguida uma cruz. 8 de setembro - Solenemente, fundaram a colônia, a França Equinocial, com a colaboração espontânea dos índios, tendo à frente o cacique Japiaçu e iniciaram a construção do forte, chamado de São Luís, em honra ao rei-menino, o qual “posto que feito de estacadas é forte por arte de grandes terraplenos, com seus baluartes altos e casamatas com fosso de quarenta palmos de largo e dez de alto. (Alexandre de Moura, “Relatório” de 1616). Haviam-se associado à empresa o rico Barão de Molle e Gros-Bois, Senhor de Sancy e François de Rasilly, Senhor de Aunelles e Rasilly, que financiaram a armação das naus “Regente” e “Charlotte” e o patacho “Saint’Anne”. -Integraram a expedição os padres franciscanos Yves d’Evreux, Claude d’Abbeville, Arsene de Paris e Ambroise d’Amiens, dando início ao culto católico, muito embora fosse La Ravardiére protestante e à catequese dos indígenas. Ano de 1549 – Governo Geral do Brasil É implantado o Governo Geral do Brasil e nomeado para exercê-lo Tomé de Sousa, que funda a cidade de Salvador. O regime que vigorou até 1640, quando o Brasil foi elevado à categoria de vice-reino. 1º. de novembro – Ao lado da cruz, colocaram as armas da França e franceses e índios, especialmente convocados de todas as aldeias, juraram fidelidade à Sua Majestade Cristianíssima, o Rei, dando-se à colônia recém-fundada uma constituição, a segunda do Brasil (Regimento dado a Tomé de Sousa, em 1549, quando da implantação do Governo Geral) e a primeira do Maranhão. Ano de 1565 – Expulsão dos franceses do Rio de Janeiro Mem de Sá, o terceiro governador-geral do Brasil, normalisou os costumes, (1557-1572), envia o seu sobrinho Estácio de Sá para expulsar os franceses de Nicolas Durand de Villegagnon da baía de Guanabara. Ano de 1613 – 16 de abril – A Colônia francesa Segundo a maioria dos historiadores, coube aos franceses a primazia da colonização do Maranhão, pois seu comércio, posto que incipiente, foi além dos produtos da indústria extrativa do pau-brasil e do âmbar, com o cultivo do algodão e do fumo, além da descoberta de minas de ouro, prata e enxofre. Por outro lado, foi essa ocupação do território que abriu os olhos à Coroa para a necessidade de promover a efetiva posse da Capitania, até então desprezada. Ano de 1612 – 8 de setembro – Fundação da França Equinocial Desde 1594 Jacques Riffault estabelecera em Upaonaçu (ilha de São Luís) uma feitoria, deixando-a a cargo de seu compatriota Charles dês Vaux, que havia conquistado a amizade dos silvícolas, e tinha inclusive o domínio da língua nativa. Dês Didatismo e Conhecimento 1 já no Brasil independente.Chegada dos portugueses Alexandre de Moura. Álvaro da Câmara. abatidos na luta. Iniciou-se assim. haja negociado. assumindo o comando de uma. No entanto foi daqueles que a História fez registro. que se estendeu até 1824. reagindo ao abandono que lhe votou ao governo francês. Capitão das entradas. 300 pessoas.Batalha de Guaxenduba. Apesar da inferioridade numérica. capitão Francisco Frias de Mesquita. alfaiates). tecelões. D. romperam-se as linhas gaulesas com o ataque de Diogo de Campos e a debandada foi geral.000 índios. fundidores. Sobre a vitória portuguesa criou-se a lenda do Milagre de Guaxenduba. Foram os primeiros religiosos portugueses a por os pés no Maranhão. Comandante do forte de São Felipe (o forte de São Luís teve o nome mudado para de São Felipe. a entrega do sonho da França Equinocial aos portugueses. 2 . inclusive gentis-homens. ou afogados na fuga. além dos astrólogos De Faus e Janet. inclusive a construção da residência dos governadores. o forte de São Luís. em honra a Felipe II de Espanha. muito embora seja provável a chegada de outros padres nas expedições de João de Barros/Aires da Cunha e a de Luís de Melo e Silva. Assume o governo da colônia Jerônimo de Albuquerque Maranhão (como passou a assinar) com o título de capitão-mor da Conquista. e outras providências. mandou Albuquerque tomar o forte de São Luís. submetendo o litígio à decisão dos governantes de seus países. retirando-se Alexandre de Moura. o governo dos Capitães-mor. Luís Madureira. canteiros. Estevão de Campos e Belchior Rangel. Capitão de Cumã. Minúcias de especialistas. com a derrota do exército lusitano do prior do Crato. bem como da disposição das ruas. de novembro – Expulsão dos franceses 26 de outubro . sob o comando do próprio La Ravardiére. Sardinha e Cahur. enquanto Diogo de Campos e Antônio de Albuquerque (filho de Jerônimo) acometia os franceses. Comandante do forte de São Francisco e Antônio de Albuquerque. primeiro presidente constitucional da Província do Maranhão. Didatismo e Conhecimento O Capitão-mor tratou da remodelação do forte principal. Data dessa época a construção dos fortes de Itapari. sem luta. deu a La Ravardiére o ultimato de evacuar a ilha. São dúvidas que permanecem na História. Sargento-mor. próximo da foz do rio Munim e dão início à construção do forte de Santa Maria. Há indícios de que La Ravardiére. atacaram. dentro de cinco meses. como era de praxe. obtiveram os portugueses retumbante vitória. Jerônimo. Ambrósio Soares. os padres Miguel Gomes e Diogo Nunes.HISTÓRIA DO MARANHÃO Chegam ao Maranhão. Jerônimo de Albuquerque e Diogo de Campos chegam a Guaxenduba. fundada pelos portugueses e não pelos franceses. que o padre José de Morais assim descreve: “Foi fama constante (e ainda hoje se conserva por tradição) que a Virgem Senhora fora vista entre os nossos batalhões. do forte de Itapari. sob o comando do capitão Madeira. Daí a discussão acadêmica acerca da cidade de São Luís. ou devorados pelos tubarões. Martin Soares Moreno. 19 de novembro .. por 2. de acordo com a planta do Engenheiro-mor do Brasil. para alguns. e aproveita a viagem para mover guerra aos guajajaras. Os cronistas portugueses dão apenas 10 mortos e 30 feridos como baixas. Capitão do mar.000 cruzados. Antônio). sapateiros. alvanéis (pedreiros). o nosso muito familiar Caúra. Quando os silvícolas. Ano de 1615 -31 de setembro – Rendição dos franceses 28 de outubro -200 franceses entregam. 300 franceses e 2. sem resultado. e entre os últimos. animando os soldados em todo o tempo de combate”. à frente de uma expedição de 600 soldados. Ano de 1616 – 9 de janeiro – Primeiro capitão-mor do Maranhão É rezada a primeira missa pelos portugueses. Antônio de Albuquerque. Salvador de Melo. com Du Pratz. cada uma com 70 soldados e 40 índios. com Jerônimo de Albuquerque. segundo o plano do mesmo engenheiro. São nomeados: Ouvidor e Auditor Geral. vindos com Albuquerque na «Jornada Milagrosa». e Humberto de Campos imortalizou no magnífico soneto “O Milagre de Guaxenduba”. Jerônimo de Albuquerque divide suas forças em duas colunas. devendo o vencido retirar-se do Estado dentro de dois meses. e 10 capuchinhos. serralheiros. os franceses perderam seu comandante Du Pezieux e mais de 100 combatentes. entrincheiram-se no outeiro defronte do forte lusitano. a partir de 1580. 24 de dezembro – Inauguração do Convento de São Francisco (Abbeville) Ano de 1614 – 1o. falando ao trato do armistício. oficiais de todos os ofícios mecânicos (carpinteiros. Bento Maciel Parente. Baltazar Álvares Pestana. a cujo reino estava sujeito Portugal. -Bento Maciel sobe o rio Pindaré à procura de minas. defronte de Ribamar. com a nomeação de Miguel Inácio dos Santos Freire e Bruce. na praia. com tal reforço de tropas. o Des Cahors dos franceses. 27 de novembro – Tratado de trégua Concordaram os adversários em suspender hostilidades e enviar representantes dos dois lados à Europa. sob as ordens de frei Arcângelo de Pembroch. A ocupação de Pedreiras aconteceu 10 anos depois. por falta de esclarecimento e conhecimento sobre o valor daquele material importante para a composição da história da cidade. esse intercâmbio promoveu a riqueza e o progresso da população do Médio Mearim. Em volta de Pedreiras. São Lourenço e para uma região de Grajaú. para a capital da Província. chamada Nazaré. O progresso comercial continuou a acontecer nas décadas de 1920. haviam muitas fazendas que usavam o trabalho escravo . se de facto existiu. Este movimento portuário deu ensejo à transferência de muitos habitantes das redondezas para o povoado. foi comprovada a fertilidade daquelas terras e para ali se deslocaram novas bandeiras. e o comprova Antônio Galvão. algodão e café. gente “que logo contraiu amizade com seus tapuias seus habitadores. como já foi citado. pela grande colheita de arroz. Bernardo Pereira de Berredo.conseqüência por hoje haver muitos remanescentes de quilombolas na região. para um porto existente no povoado. âmbar etc. 1976). em seguida. Seu antecessor. era EXPEDIÇÃO DE AIRES DA CUNHA. Franceses. O território pedreirense foi inicialmente.. Neste período a população quase dobrou. Contrariando essa versão. assim. as desordens internas. fizeram roças desde o Anjo da Guarda até o Porto Grande. bem como suas formas de relações. perseguidas pela seca. encontravam-se urnas. tradições . feijão. Quanto à Nazaré. “Capitães do Brasil”). o Presidente da Província. Igarapé Grande. de volta subiam os gêneros alimentícios que abasteciam a região. em que atualmente localizam-se os bairros de São Francisco e Diogo – segundo moradores até pouco tempo. para São Bernardo. Por ele desciam as produções agrícolas. Dividiu o território em 14 capitanias hereditárias. A capitania de João de Barros (intelectual. segundo a História. estranha que. que chefiadas pelo cearense Joaquim José de Oliveira. Manuel Severino de Faria. Paço de Dentro. (LAGO. por onde eram escoados os produtos. Aspectos Históricos da Cidade A região central do Estado do Maranhão só começou a ser explorada 220 anos após a fundação da Ilha de São Luís (1612). o aumento populacional do mesmo. O comércio era tão intenso que as autoridades da época viram que para facilitar o escoamento da produção gerada na cidade. João II. associando-se a Aires da Cunha. em botes e canoas. passando de 59 mil para 97 mil habitantes em apenas 10 anos (LAGO. a partir de 1835. Saudades e Matões. Com a aproximação dos civilizados. quando o desbravador Francisco Melo Uchôa chegou ao Município de Didatismo e Conhecimento 3 . Recursos. O ano de 1877 foi de grande importância para a povoação de Pedreiras. causando. Sete anos após a fundação. “Dez anos depois de criadas. um povoado integrante do município de São Luís Gonzaga. compreendeu a urgência de promover a colonização. Bom Jesus. O transporte da produção agrícola das fazendas para o porto era feito em carro de boi. esses indígenas retiraramse para o Morro dos Caboclos e. nos seus “Descobrimentos do Mundo. surgindo como um possível aproveitamento da cultura local desses habitantes. Olimpio Machado. visto que seria perigoso deixar o desguarnecido Brasil à cobiça de Holandeses.entre as quais destacavam-se. Os primeiros habitantes deste lugar foram os índios Tabajaras pertencentes à mesma família dos índios Pedras Verdes. PRIMITIVOS HABITANTES DA CAPITANIA. enquanto isso. esposando a tese de ter São Luís origem lusa e não francesa. segundo José de Sousa Gaioso. estes eram deliberadamente quebrados. não foi mais feliz e. empenhado o rei D. São Joaquim. O segundo donatário do Maranhão. Manuel I em dilatar suas conquistas no Oriente. em 1845. de cerca de 350 km de largura.HISTÓRIA DO MARANHÃO Barra do Corda. o que não impede que estudiosos do assunto afirmem ainda ser verídica sua existência. em “Compêndio Histórico-político dos Princípios da Lavoura do Maranhão”. a expedição de Jerônimo de Albuquerque não haja encontrado vestígios desse sítio. Luis de Melo e Silva. 1976). no ano de 1531”. interior a dentro. sem resultado. O rápido desenvolvimento comercial de Pedreiras aconteceu em virtude das terras férteis da região. através do rio Mearim. Ou seja. os franceses. Daí em diante. com a chegada de mais de cem famílias nordestinas. Trindade. fundada pelos sobreviventes do naufrágio. autor da “História da Índia” e”Décadas da Ásia”) não foi adiante. nos “Anais Históricos do Estado do Maranhão”. Ano de 1534 – Donatarias ou Capitanias hereditárias e a cidade de Nazaré Durante três décadas ficou ela esquecida. assim refere o chantre da Sé de Évora. defronte da ilha do Medo. até à linha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas. em meados de 1850. as lutas com os índios e a ameaçadora presença dos franceses acabaram provocando o colapso do sistema que o rei e seus conselheiros haviam optado por aplicar ao Brasil” (Eduardo Bueno. Eram lotes enormes. não vingou. confiando as do norte (as que aqui nos interessam) a João de Barros e Fernando Álvares de Andrade que. quando das construções de casas nos referidos bairros. D. ficou-nos a notícia da existência de uma cidade. perdeu-se nos baixios do Boqueirão. que habitavam o espaço físico. O rio Mearim foi o escoadouro natural das riquezas da região. porém. ingleses e holandeses estabeleciam nas costas abandonadas suas feitorias para o negócio do pau-brasil. denominado Porto Grande. Ingleses e Espanhois. 1940 e 1950. em discurso na Assembléia Legislativa afirma que nas redondezas da região já existiam pelo menos 700 fazendas produzindo gêneros agrícolas. intentaram apossar-se dela. São Francisco. com os índios. decorridos apenas oitenta anos. Nesta última década o desenvolvimento chegou ao seu mais alto estágio. na primeira tentativa toda a frota de 10 navios. as Fazendas de Santa Amália (atual Lima Campos ). utensílios e objetos utilizados por esses primeiros habitantes do município. Todas essas fazendas transportavam a produção de suas lavouras. Bernardo do Mearim. Logo no inicio da década de 1960 foram desmembrados quatro importantes povoados: Igarapé Grande. São Raimundo do Doca Bezerra. Chamada de França Antártica. Até o século XVIII. quando uma expedição comandada por Nicolau Durand de Villegaignon estabelece uma colônia na ilha de Serigipe (atual Villegaignon). mas que. no entanto. Os franceses organizam um arraial. No século XVI. São Roberto. 01 vila. resolveram na época que seria mais interessante a construção de uma rodovia. mesmo porque além do relativo desenvolvimento que apresenta. ficou existindo apenas 08 povoados. este é dividido em dois distritos (Sede e Marianópolis). os franceses tentam fundar colônias no Brasil. Lago dos Rodrigues. Com a emancipação de Trizidela do Vale. Didatismo e Conhecimento Pelo litoral brasileiro. constrói casas e igrejas e levanta o forte de São Luís. Em seguida tomam posição na baía e fundam a cidade do Rio de Janeiro. a França Equinocial. portanto. O governo francês apóia a atuação de corsários e piratas ao longo da costa brasileira e promove duas tentativas de fixação territorial. piratas e corsários. Poção de Pedras. FRANÇA EQUINOCIAL: EXPEDIÇÃO DE DANIEL DE LA TOUCHE. 4 . A França nega a validade do Tratado de Tordesilhas e defende o princípio do direito à posse da terra por quem a ocupasse. foi quem deu origem ao nome da cidade e. os franceses não abandonam a costa do país.2 Origem do nome do município O nome do município originou-se em virtude da existência de um bloco de pedras.Mesmo não conseguindo instalar-se no território brasileiro. juntamente com mais dezessete municípios. Diante do lucro obtido com o escambo. Estácio de Sá. na Baía de Guanabara. política desenvolvida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário. origem da cidade de São Luís do Maranhão. pois diariamente convergem para Pedreiras as populações desses municípios para relação de transações bancárias e comerciais. assediam e pilham constantemente povoados e engenhos. a partir de 1594. 1976. os franceses são atacados por forças portuguesas saídas de Pernambuco. constroem um forte e resistem por mais de dez anos às investidas portuguesas. como a do Rio de Janeiro. os aventureiros Jacques Riffault e Charles des Vaux estabelecem-se na região. mas atacam também cidades importantes. Destaca-se que o município está inserido no Programa Territórios da Cidadania. Trizidela do Vale. Igarapé Grande. Em 1612. 1. com menor ou maior ajuda oficial. Lago da Pedra e Lagoa Grande. quando as forças do governador-geral Mem de Sá e de seu sobrinho. navios forasteiros chegavam em busca da opulência das nossas matas ou das vilas primitivas constituídas pelos portugueses. conseguem quebrar a aliança entre os estrangeiros e os índios com o auxílio dos jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. No ano seguinte. Contudo. traçado o caminho e construído algumas pontes que hoje estão em ruínas pela estrada. invadida em 1710 e 1711 pelos corsários Du Clerc e Dugay-Trouen. p. Pedreiras. é destinada a abrigar protestantes calvinistas fugidos das guerras religiosas na Europa. a cidade permanece como referência. França Antártica A primeira invasão ocorre em 1555. que procuram sobreviver com a agricultura de subsistência e o escambo do pau-brasil com os indígenas da região. a relação comercial entre os municípios não perdeu o intercâmbio. pode-se observá-la. O alvo mais freqüente é o litoral nordestino. logo após o descobrimento pelos portugueses. pelo valor histórico à população pedreirense. uma das 15 Gerências Regionais do Estado. Reduzindo o município em mais de 70% do seu território. (LAGO. Lago do Junco. de seu cume. Lima Campos e Santo Antônio dos Lopes. permanece sob seus domínios. Sob os auspícios da Gerência de Pedreiras. Poção de Pedras. este bloco com 30 metros de altura. 35). entretanto a França ambicionava voar mais alto e durante mais de meio século preparou com esmero duas grandes expedições no intuito de tomar o litoral brasileiro. OS FRANCESES JACQUES RIFFAULT E CHARLES DES VAUX. situado praticamente no município de Trizidela do Vale (outrora um bairro de Pedreiras). e assim foi feito. É sede da Gerência de Estado de Desenvolvimento Regional de Pedreiras. Esperantinópolis. Localizado na margem esquerda do Rio Mearim. Na região. chegando a serem colocados alguns trilhos. sob o comando de Jerônimo de Albuquerque. Depois de naufragar na costa maranhense. fazendo um desvio no trecho original somente para carregar o trem com as mercadorias produzidas na cidade. Derrotados. São desalojados apenas em 1565. haviam 13 municípios: Lima Campos. em 1990. passando de 3. no Território da Cidadania do Médio Mearim I.120 km² para 815 km².HISTÓRIA DO MARANHÃO necessária a construção de uma linha de trem que ligasse Pedreiras a São Luís e á Teresina. Os países europeus não entendiam o porquê de somente Portugal ter o privilégio da posse do território brasileiro e perpetraram várias altercações acerca destes direitos portugueses. em decorrência da expansão do automobilismo. Os franceses são expulsos em 1567. uma expedição chefiada por Daniel de la Touche desembarca no Brasil centenas de colonos. conseguem o apoio do governo francês para a criação de uma colônia. França Equinocial A segunda tentativa de fixação territorial dos franceses no Brasil acontece no Maranhão. Apesar de o município perder esses territórios. estando. conhecido como Pedra Grande. 48 sítios e 56 localidades. os invasores deixam o Maranhão em 1615. localizava-se entre os núcleos portugueses de São Vicente e da Bahia. Em 1612. no dia 8 de setembro de 1612[8]. governante do trono francês.778. É a única cidade brasileira fundada por franceses. O Índice de Desenvolvimento Humano do município é de 0. e desse total 157. mas também por servir como porta de entrada por ser o maior e mais movimentado aeroporto próximo ao Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. seu litoral estrategicamente localizado bem mais próximo de grandes centros importadores de produtos brasileiros como Europa e Estados Unidos. com a conclusão da Ferrovia Norte-Sul. no Maranhão. o Rio Bacanga é o mais importante pois é muito útil para a pesca. desigual entre os dois países. Isso se deve ao fato de a cidade estar localizada próxima a Zona de Convergência Intertropical. quando o Brasil foi dividido em duas unidades administrativas — Estado do Maranhão e Estado do Brasil — São Luís foi a capital da primeira unidade administrativa. o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística contou a população em 1 014 837. e os Reis Católicos. Quando da 1ª invasão. sendo que. denominada França Antártica. passaram a ser perseguidos. Henrique IV. A França Antártica. conta com o Aeroporto Internacional Marechal Cunha Machado. Mem de Sá. Didatismo e Conhecimento 5 . a Rainha Maria de Médicis. os franceses edificaram o forte Coligny na ilha de Sergipe. Sua área é de 831.HISTÓRIA DO MARANHÃO A França não admite a existência do Tratado de Tordesilhas – estabelecido entre D. no Rio de Janeiro. À sua volta brota o povoado de mesmo nome – a atual cidade de São Luís –. que este pretendia fundar. Os protestantes franceses (conhecidos como huguenotes). no qual se determinou a divisão do mundo em duas regiões de influência. a França Equinocial. Em 1621. alto se comparado ao índice de desevolvimento humano do Maranhão. constituíram a França Antártica. entre as baías de São Marcos e São José de Ribamar. resolveu tocar adiante o projeto de invasão do Brasil. o que a torna o décimo-quinto município mais populoso do Brasil entre os 5 565 municípios brasileiros. na ilha de Sergipe. Esta tentativa de colonização foi erradicada militarmente pelo terceiro Governador Geral do Brasil. que seguiam a doutrina calvinista. e em 1612. malogra. as capitanias ao sul separaram-se das que ficavam ao norte do Rio de Janeiro. o que deu à região uma gênese bastante diversa. em uma empreitada que se desenrolou de 1565 a 1567. Há pequenas áreas de Floresta Amazônica que resistiram ao processo de urbanização da cidade. Em 2010. deu-se por parte do Rei da França. Localiza-se na ilha de Upaon-Açu. liderada por Jerônimo de Albuquerque. em Tordesilhas. por ar. os franceses chegam à costa norte do Brasil e fundam em uma ilha o Forte de São Luiz. A capital maranhense tem um desenvolvido setor industrial por conta de grandes corporações e empresas de diversos áreas que se instalaram na cidade pela sua privilegiada posição geográfica entre as regiões Norte e Nordeste do país. uma portuguesa e outra espanhola – e advoga o direito de posse do território brasileiro a quem primeiro atingisse o território em questão. sofisticados e bem estruturados para o comércio exterior no Brasil. Sem saída. o que permite economia de combustíveis e redução no prazo de entrega de mercadorias provenientes do Brasil pelo Porto de Itaqui que é o segundo mais profundo do mundo e um dos mais movimentados. O governo-geral aparelhou duas expedições para banir os franceses do Maranhão. a França passava pelo movimento da Reforma Protestante. e os que sobraram e procuraram abrigo nas tribos indígenas da região foram mortos por seu sobrinho. para se refugiarem na colônia. quando se deu a criação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.5656 km² estão em perímetro urbano. A primeira.7 km². o qual incumbiu Daniel de La Touche de organizar a viagem de travessia do oceano. a França Equinocial. Em seguida. com capacidade de atender mais de um milhão de passageiros por ano e que já opera com demanda quase saturada pelo movimento intenso de passageiros não somente da cidade de São Luís. Pequenos rios nascem na cidade: entre eles. Tocantins e Piauí o que facilita e barateia a escoação agrícola vinda do interior do país para o porto de Itaqui. João II. todas protegidas por parques ambientais[15]. rei de Portugal. A 2ª invasão. A cidade apresenta grande quantidade de coqueiros e muita vegetação litorânea. como ficou conhecida a colônia. localizadas a norte do estado do Maranhão. localizada na Baía de Guanabara. 13° entre as capitais. que os portugueses obtêm êxito. Por rodovia. Estácio de Sá. colocando em risco a exploração portuguesa da costa do Brasil. a ilha já é servida pela BR135. no Atlântico Sul. No ano de 1555. capital do Estado do Maranhão. O clima em São Luís é tropical e semiúmido. Assim que chegaram. o chefe almirante. concorda com o plano de Nicolau Durand de Villegaigno de vir para o Brasil. A diferença cultural também provocou um certo desconforto quanto ao aprendizado lingüístico e religioso. A cidade está ligada ao interior do estado por meio de uma linha férrea e também aos estados vizinhos do Pará. a qual provocou uma série de revoltas internas que mancharam o país de sangue. tendo sido posteriormente invadida por holandeses. no Brasil. Após o falecimento do rei. foi colonizada pelos portugueses. São Luís é um município e a capital do estado do Maranhão. É somente no segundo ataque. sendo esta a última vez que os franceses pensaram em invadir o Brasil. a cidade vai estar interligada a todas as regiões brasileiras por ferrovias. FUNDAÇÃO DE SÃO LUÍS. 4º da Região Nordeste do Brasil e 1° do Maranhão. O município faz parte da Mesorregião do Norte Maranhense e da Microrregião da Aglomeração Urbana de São Luís. que ficava entre os núcleos portugueses de São Vicente e da Bahia. na Batalha de Guaxenduba. a 07 de Junho de 1494. Gaspar de Coligny. A constância dos franceses na Baía de Guanabara provocou uma repartição territorial entre as colônias portuguesas. que a liga ao continente e. em homenagem prestada a Luís IX patrono da França. na região centro-oeste da ilha de São Luís. chegou à região em 1612 para fundar a França Equinocial e realizar o sonho francês de se instalar na região dos trópicos. O rei Luís IX ficou popular porque. Aqui. foi fundada a cidade de Nazaré. pois acredita-se que as populações que viviam na Amazônia migraram para a Região Nordeste do Brasil. provavelmente onde hoje é São Luís. Foi feito prisioneiro o governador da cidade o fidalgo português Bento Maciel Parente e também foi hasteada a bandeira holandesa. a divisão do país em capitanias hereditárias deu ao tesoureiro João de Barros a primeira oportunidade de colonizar a região. nomearam “São Luís” a nova cidade francesa. ficava a aldeia de Upaon-Açu. A cidade toda foi saqueada. Primeira tentativa de povoamento português Fim da Invasão holandesa São Luís Rei da França. que acabou sendo abandonada devido à resistência dos índios e a dificuldade de acesso à ilha. pesquisadores estão a procura de objetos arqueológicos provavelmente enterrados no Sambaqui do Bacanga. a França teve um excepcional poder político. amedrotaram os moradores o que fez a cidade ficar deserta.4’’. Os pesquisadores criaram trincheiras à procura de vestígios de novos artefatos que poderiam pertencer a populações pré-históricas.HISTÓRIA DO MARANHÃO Invasão Francesa BATALHA DE GUAXENDUBA. e ao rei francês da época Luís XIII.8’’ W 044º16’50. Assim. econômico. o lugar onde hoje está localizada a cidade de São Luís já era densamente habitado por povos indigenas. no início abrigava apenas ocas de madeira e palha e uma paisagem quase intocada. igrejas de templos foram roubados. Antes da invasão em São Luís. açucar. Recife e Olinda. O principal objetivo dos holandeses seria a expansão da industria açucareira na região. Querem também saber o perfil sócio-cultural dos humanos que habitaram essa região. Houve um grande desenvolvimento da justiça real. algodão. A produção da capitania era baseada na comercialização de tabaco. acompanhado de cerca de 500 homens vindos das cidades francesas de Cancale e Saint-Malo. Esses objetos provavelmente pertenciam a populações pescadoras–coletoras-caçadoras-ceramistas préhistóricas que viviam no sambaqui do Bacanga. coletando frutas. baunilha entre outros produtos. Uma missa rezada por capuchinhos e a construção de um forte nomeado de Saint-Louis (“São Luís”). a tropa lusitana expulsou os franceses em 1615 e Jerônimo de Albuquerque foi destacado para comandar a cidade. constando inclusive nos testamentos dos senhores mais abastados. cravo. pescando. habitava a etnia indígena dos potiguaras. azeite. Os portugueses estavam insatisfeitos. também chamado de “São Luís”. durante seu reinado. cerca de cinco mil arrobas de açucar foram roubados. Rolos de pano eram um dos objetos valorizados na época. Açorianos chegaram à cidade em 1620 e a plantação da cana para produção de açúcar e aguardente tornou-se então a principal atividade econômica na região. passando o monarca a representar o juiz supremo. O sambaqui do Bacanga localiza-se no Norte do Maranhão. Os índios foram usados como mão-de-obra na lavoura. como praticamente não circulava dinheiro na região. Etimologia O nome da cidade é uma homenagem dada pelos franceses ao rei da França Luís IX. conhecido como Senhor de La Ravardière. sob o comando do almirante Jan Cornelizoon Lichtardt e pelo coronel Koin Handerson. marcaram a data de fundação da nova cidade: 8 de Setembro. Didatismo e Conhecimento Após a expansão dos holandeses para o interior além da ilha de São Luís. foram em busca de do controle sobre outros engenhos maranhenses. sal. Isso tudo resultou numa paralisação da economia maranhense. os holandeses ja haviam invadido grande parte do nordeste brasileiro e tomado outras cidades como Salvador. Na década de 1550.entre 200 e 600. caçando. militar e cultural. Antes mesmo da chegada dos franceses. segundo cronistas franceses . com mais de mil militares. couro. História A capital maranhense. Logo se aliaram aos índios. Amazônia e Portugal. aportou em São Luís uma esquadra holandesa[29] formada por 18 embarcações. em homenagem a este rei. onde os índios tupinambás . aguardente. Os holandeses investiram contra São Luís.viviam da agricultura de subsistência (pequenas plantações de mandioca e batata doce) e das ofertas da natureza. A produção foi pequena durante todo o século XVII e. Invasão holandesa Pré-história Por volta de 1641. o que acabou por acontecer alguns anos depois. lembrada hoje pelo enorme casario de arquitetura portuguesa. no chamado “século de ouro de São Luís”. então iniciaram em 1642 os movimentos de revolta e de mobilização para tentar 6 . A descoberta poderá ser muito importante. pintura de El Greco São Luís do Maranhão em mapa de 1629 por Albernaz I Em 1535. Comandada por Alexandre de Moura. os excedentes eram trocados por produtos vindos do Pará. Atualmente. Nos arredores da atual cidade de São Luís. que foram fiéis companheiros na batalha contra portugueses vindos de Pernambuco decididos a reconquistar o território. localizado no Parque Estadual do Bacanga. os franceses. Suas coordenadas geográficas: S 02º34’41. farinha de mandioca. Daniel de La Touche. só voltando a se recuperar após a primeira metade do século XX. Se desde o final do século XVII novos elementos da civilização europeia já chegavam a São Luís por vias marítimas (com destaque para os religiosos carmelitas. Tecidos. devido à recuperação da produção norte-americana e a abolição da escravatura. sede do governo municipal (prefeitura). Em 1780. geraram conflitos nas elites que culminaram na Revolta de Beckman. jesuítas e franciscanos. passaram a educar a população). A Companhia. foi construída a Praça do Comércio. O grande fluxo comercial de algodão. puxada por cavalos brancos sem cabeça. Além de dar nome a uma lagoa que fica na parte nova da cidade. vice-prefeito e secretários municipais. encontrou mão de obra e mercado consumidor na região. Expansão econômica A criação da Companhia do Comércio do Estado do Maranhão. em dois pavimentos. integrou a região ao grande sistema comercial mantido por Portugal. centrada por uma caitela. Na segunda metade do século XVIII. As plantações de cana. que se tornou centro da ebulição econômica e cultural de São Luís. em 1644 os holandeses desocupam a cidade de São Luís. O Palácio La Ravardière. À frente. Cultura Faz parte do seu patrimônio cultural a riqueza de poemas e romances dos seus grandes escritores. do reggae e do bumbameu-boi. eram algumas das novidades vindas do velho continente. a bandeira e o hino. Os filhos dos senhores eram enviados para estudar no exterior. de propriedade da Vale é o segundo terminal portuário mais profundo do mundo e pode lidar com navios que possuem calado de mais de 20 metros. devido à Guerra de Independência. tornando viável a compra de escravos africanos. O movimento foi prontamente reprimido pelas forças governistas. como a construção da Estrada de Ferro Carajás e dos portos do Itaqui e Ponta da Madeira. longe da repressão da polícia e das elites. que chegou a fazer da capital maranhense a terceira cidade mais populosa do país (atrás apenas do Rio de Janeiro e Salvador). tais como Aluísio de Azevedo. São símbolos oficiais da cidade o brasão. cacau e tabaco eram agora voltadas para exportação. Este último. sobe muito o número de escravos negros. Durante o período pombalino (1755-1777). livros e produtos alimentícios. Cartão postal da Praça João Lisboa editado por volta de 1910 CAPITÃES-MORES DO MARANHÃO. Gonçalves Dias. a origem – Certidão terras de Cumã – Localizada Carta de Data de Sesmaria – Data Concedida a João Alves Pinheiro – O bairro Outra – Banda. Educação Tapuitapera. torturar e até matar seus escravos. os ritmos cadenciados transbordam alegria e sensualidade. Além da literatura. São Luís ficou isolada do resto do país. este processo de modernização aumentou no novo ciclo econômico. em 1682. entrou em decadência no fim do século XIX. Para o prefeito criar alguma lei. Com a proibição do uso de escravos indígenas e o aumento das plantações. os Estados Unidos interrompem sua produção de algodão e abrem espaço para que o Maranhão passe a fornecer a matéria-prima demandada pela Inglaterra. dando idéia de pequeno frontão. acontece a canalização da rede de água e esgotos e a construção de fontes pela cidade. tendo sido Casa da Câmara e Cadeia. como o azeite português e a cerveja da Inglaterra. A nova atividade colaborou para a expansão geográfica da cidade e surgimento de novos bairros na periferia. O alto preço fixado para produtos importados e discordâncias quanto ao modelo de produção. consideradas a primeira insurreição da colônia contra Portugal. estaria circulando ainda hoje pelas ruas escuras de São Luís. Esta matéria já foi tratada no primeiro tópico da matéria CARTA RÉGIA DE 1621. calçada de cantaria exibe busto de bronze de Daniel de La Touche. é preciso a aprovação do Poder Legislativo. foi construído originalmente por volta de 1689. Ana Jansen é também lembrada através de uma lenda [38]: sua carruagem. é fundada a Companhia Geral do Comércio do Grão Pará e o porto de São Luís ganha enorme movimento de chegada e saída de produtos. o que tornou a cidade conhecida como a Atenas Maranhense. decorada com concha e folhas de acanto estilizado. todo em estuque.HISTÓRIA DO MARANHÃO expulsar os holandeses das terras maranhenses. sendo este composto pela Câmara dos Vereadores. que também Didatismo e Conhecimento 7 . móveis. A produção agrícola foi aos poucos sendo suplantada pela indústria têxtil que. esculpido por Bibiano Silva. enquanto na periferia da cidade. Senhor de La Ravardière. dentre outros. de gestão privada. Começou então uma guerrilha que durou cerca de três anos e em consequência causou a destruição da cidade de São Luís. Com a decadência da indústria têxtil. passou a administrar os negócios na região em substituição à Câmara Municipal. com a aplicação de grandes investimentos. os escravos fermentavam uma das culturas negras mais ricas do país. conhecida por maltratar. trazendo benefícios urbanos para a cidade. De fachada simétrica. através do tambor-de-crioula. Graça Aranha. Entre as abastadas famílias de comerciantes estava a senhora Ana Jansen. além de matéria-prima. Em 1755. na Praia Grande. Finalmente após uma violenta batalha que levou a morte de muitas pessoas. Política O poder político em São Luís é representado pelo prefeito. como acima disse. Theodorico Teixeira. para em todo o tempo constar em como está feita esta mercê ao dito Antônio Coelho de Carvalho.” “E o que continha em a dita carta de doação e Sesmaria. Em virtude do que lhe mandei passar esta minha carta de doação e sesmaria. Passou de provisão de criação para igreja Matriz a 29 de agosto de 1815 e nessa provisão dizia-se que eles pretendiam com suas esmolas concorrer para a edificação. do translado da carta de doação da Capitania do Cumã. dizendo que já tinham designado o lugar em que pretendiam faze-la. com a condição de que dentre em dous annos primeiros seguintes manda confirmar esta carta de data.HISTÓRIA DO MARANHÃO Tapuitapera. Coube o governo de Cumã a Francisco Coelho de Carvalho. À vista de um requerimento deu-se licença 8 .” Pela carta régia de 13 junho de 1621. do Conselho de Capitanias. Familiar do Santo Officio no Reino de Portugal. Com a extinção da Capitania de Cumã. tornando-o. havendo respeito ao que na petição atrás escripta diz Antônio Coelho de Carvalho. porque a palavra. e a vista das causas que allegar. Escrivão das ditas demarcações das terras desta conquista. para della e nella facão que lhes parecer e estiver cousa sua própria. examinando o Livro de tombo do archivo da Camara Municipal desta cidade. huma Capitania na Costa do Maranhão. de inicio. pois servia então de Matriz umoratório. Inicialmente foi dado a estas plagas o nome de São Bento dos Perizes. E eu. digo dos Estados do Maranhão e Grão-Pará. que desde há d’hoje sempre. o donatário foi idealizado com terras transferidas ao ouvidor-mor da Capitania do Maranhão. resultou o povoamento do município. natural da então vila de Santo Antônio de Alcântara. e já havia alguns moradores habitando junto do lugar escolhido. e esta se registrará no L. em Lisboa. os primeiros povoadores do território do município. pois seus primeiros devassadores fixaram residência na região. Foi elevada à categoria de cidade pela lei estadual nº 361. fato passado do no dia 2 de junho de 1742. Didatismo e Conhecimento Mais hsitoria Segundo a tradição. é peri e não periz. que na língua tupi significa junco do campo. etc. salvo do dizimo a Deus Nosso Senhor dos fructos que della houve. Antônio Coelho d Carvalho. e a vila pela Resolução da Junta Governamentiva do Maranhão. “Caetano Candido Alves Martins. pescarias. encontrei. Atualmente predomina somente São Bento. adepto e pioneiro da chagada cancerígena do nepotismo fez. dedicando-se também à lavoura. Secretário da Câmara Municipal da Cidade de Alcântara. elle e seus herdeiros ascendentes e descendentes. “S. que se acha quase em fragmentos pela sua antiguidade. dar e doar deste dia para sempre e todo. edificando confortáveis casas de moradia. instituiu como patrimônio dela. começando a medir na barra do Rio Cumã para o norte cinqüenta léguas que á a repartição que Sua Majestade manda fazer das Capitanias do Brasil. em quinze de março do que dou fé. e outros. foi João Alves Pinheiro. desde o Periaçu até Ibacá (Viana). O Governador Francisco Coelho Carvalho. a Coroa portuguesa criou o Estado do Maranhão. no seu “Dicionário Histórico e Geográfico da Província do Maranhão”. confirmada pela lei provincial nº 7. como Sua Majestade me ordena em provisão que me passou para terras deste Estado do Maranhão. ilhas e todos as mais pertenços e logradouros dos quais não pagarão pensão nem tributo algun. sentindo a necessidade de a Câmara de Tapuitapera possuir renda própria. E mando aos Officiais a que pertencerem dêm posse e demarquem a dita Capintania ao dito Antônio Coelho Carvalho ou a quem seos poderes tiver para que a logrem a possuão. a folhas 40. E assim. César Marques. que recebeu orientação do Rei para doar terras. aldeia-cabeça. com Tapuitapera. cujo teor é o seguinte: “Francisco Coelho de Carvalho. feita pelo Governador Francisco Coelho de Carvalho á Antônio Coelho de Carvalho e confirmada pelo Rei de Portugal. fazenda de gado vacum. Matriz Os moradores da freguesia requereram ao Dr. separado do Estado do Brasil. Bento (Arraial. 22 de maio de 1874. Antonio Albuquerque de Carvalho. de 29 de abril do mesmo ano. pela carta régias de 1° de junho de 1754. a origem em doze de Junho de mil. todas as terras capazes de criar gado. sobre estar o livro quase em fragmentos pela antiguidade. herdou a Capitania de Cumã um de seus sobrinhos. Vigário Capitular Oliveira licença para edificarem a igreja Matriz. de 30 de março de 1905. Dada nesta cidade de Bethlem so o meo signal e sinete de minhas armas. Faço saber aos que esta minha carta de doação e sesmaria vierem que. Certidão Terras de Cumã Com a morte do primeiro donatário. freguesia e vila de). Da penetração aludida. Manoel Sarmento. dentre as quais a de Cumã. seiscentos e vinte e sete. com duas principais capitanias – O Maranhão e o Grão-Pará – e o subdividiu em outras secundárias. desembargador do Paço. assim. O referido é verdade Certifico que. com todos os salgados. pelo Conselho da Fazenda. porém rigorosamente devia ser dos Peris. Nome e etimologia São Bento dos Perizes assim chamam todos. Francisco Albuquerque Coelho de Carvalho. mais tarde conhecido por João Canaçu. De 1629. o terceiro donatário. hei bom bem e serviço de Sua Majestade. em virtude de grande quantidade de junco (peri) existente nos campos que circunvizinham a cidade. que manda se cumpra e guarde inteiramente como nella e em meo despacho se cometem. de 19 de abril de 1833. A freguesia de São Bento foi criada pela Provisão régia de 7 de novembro de 1805. carta de confirma esta que se acha no livro de Tombo da Câmara Municipal desta cidade em caracteres na maior parte ininteligíveis. de doação de sesmaria ao dito Antônio Coelho Carvalho para elle e para todos seus sucessores. uma generosa dádiva ao próprio irmão. a escrevi. que desentranei da extensa carta de confirmação feita pelo Rei de Portugal. das dattas dellas. e pelos poderes que desta tenho. apesar de seu irmão. A EXPULSÃO DOS HOLANDESES. a Companhia de Comércio do Grão-Pará e Maranhão incentivou as migrações de portugueses. pela resolução de 19-04-1833. José I nomeou a Primeiro-Ministro. fizeram com que entre os colonos se criasse um clima de hostilidade contra a Metrópole. A Companhia abusava nos preços e. de 31-12-1948. por vezes. Macapá e Palmeira. Tal fato fez com que o cultivo de arroz e algodão ganhasse força e logo colocou 9 . principalmente açorianos. pois a Companhia de Jesus era contra a escravidão indígena (principal fonte de mão-de-obra na época). Sob o comando de Maurício de Nassau. de 19-06-1935. de 31-03-1919. Além disso. Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937. Os revoltosos chegaram a aprisionar o Capitão-Mor de São Luís e outras autoridades. o município é constituído de 4 distritos: São Bento das Perizes. Em divisão administrativa referente ao ano de 1911. Pela lei municipal nº 2. Mas a estratégia não dera certo. o município se denomina de São Bento dos Peris é constituído do distrito sede. Com terras desmembradas de Cajapió. foi bento o corpo da igreja pelo Frade a 22 de fevereiro de 1817. Pelo decreto nº 539. foi por este Frade visitada e benta a capelamor no dia 20 de outubro de 1816. de 16-12-1933. permaneceram lá até serem expulsos em 1654. Nassau desenvolveu diversos trabalhos em Recife. Cajapió. de 30-03-1905. Manuel Beckman foi condenado à morte e enforcado em praça pública. expulsou os jesuítas e criou a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão cuja atuação desenvolveu a economia maranhense. promulgado a 28-07-1947. assim certifica o dito Frade Manoel Justino. O movimento conseguiu fazer com que a Companhia fosse extinta mas não foram atendidos sobre a expulsão dos jesuítas. confirmado pela lei provincial nº 7. modernizando a cidade. o Marquês de Pombal que teve importante papel na História do Maranhão. o município de São Bento dos Peris passou a denominar-se simplesmente São Bento. Elevados novamente à categoria de município. Pombal fundou o Estado do Grão-Pará e Maranhão com capital em Belém e subdivido em quatro capitanias (Maranhão. de 22-04-1931. Assim. o município de São Bento dos Perizes. Piauí. A 5 de outurbro de 1815. Pela lei estadual nº 269. em Portugal. Pelo decreto-lei estadual nº 45. começa uma revolta nativista conhecida como a Revolta de Beckman. Liderada por Manuel Beckman (Bequimão) em 1684. a Coroa Portuguesa decidiu criar a Companhia de Comércio do Maranhão. Tal Companhia tinha o dever de enviar ao Estado do Maranhão um navio por mês carregado de escravos e alimentos como azeite e vinho. Instalado 09-08-1833. de 09-05-1893. Portugal pretendia aumentar o comércio da região. Pelo decreto nº 75. são criados os distritos Macapá e Palmeiras anexados do município de São Bento dos Perizes. e aumentou o tráfico de escravos e produtos para a região. São José do Rio Negro e Grão-Pará). Os revoltosos queriam o fim da Companhia de Comércio do Maranhão e a expulsão dos jesuítas. Gentílico: são-bentoense Formação Administrativa Distrito criado com a denominação de São Bento dos Perizes. Elevado à categoria de município. os holandeses implantaram um governo em nosso território. Na fase pombalina. desmembra do município de São Bento dos Perizes o distrito de Macapá. desmembra do município de São Bento dos Perizes os distritos de Cajapió e Macapá. Sede na atual vila de São Bento dos Perizes. de 29-04-1835. o Nordeste brasileiro foi alvo de ataques e fixação de holandeses. Invasão Holandesa no Brasil Entre os anos de 1630 e 1654. Pelo decreto nº 855. A INVASÃO HOLANDESA. pela provisão Régia de 0711-1805. Elevado à condição de cidade com a denominação de São Bento dos Perizes. Isso somado às péssimas condições de vida na época. Pela lei nº 850. mas foram derrotados pelas forças da Coroa. Em divisão administrativa referente ao ano de 1933. D. foi lançada a primeira pedra e se deu princípio à obra da nova igreja. o município é constituído de 3 distritos: São Bento dos Perizes.HISTÓRIA DO MARANHÃO a 10 de julho de 1816 para se benzer a capela-mor (porque então ainda se achava em obras o corpo da igreja) e igualmente o corpo da igreja que quando estivesse acabado. pela lei estadual nº 361. Interessados no comércio de açúcar. desmembra do município de São Bento o distrito de São Bento de Bacurituba anexado ao município de Cajapió com a denominação Bacurituba. Por ato das disposições constitucionais transitórias do estado. atrasava os navios. e expulsaram os jesuítas. Palmeira e Macapá. adquiriu o extinto município de Macapá. Elevado à categoria de vila com a denominação de São Bento dos Perizes. Didatismo e Conhecimento Marquês de Pombal e o Maranhão Adotando ao modelo de déspota esclarecido. Não figurando o distrito de Palmeira. com as cerimônias do ritual romano. o município de São Bento dos Perizes adquiriu o extinto município de Cajapió. Tomás Beckman ter ido à Portugal para falar diretamente ao rei o motivo da revolta. Em 1682. é criado o distrito São Bento Bacurituba. de 29-03-1938. nos moldes da cultura portuguesa e das regras estabelecidas pelo Concílio de Trento (1545-1563). pois desde a expulsão dos Holandeses da Região Nordeste do Brasil a empresa açucareira regional não tinha condições de arcar com os altos custos de importação de escravos africanos. quase inexistindo relação comercial com o sul do país. ainda hoje não rompido. À época. A região era conservadora e avessa aos comandos vindos do Rio de Janeiro. o Maranhão era uma das mais ricas regiões do Brasil. implantou as bases da ação missionária na região: pregação. 10 sentiam-se prejudicados pelo . era permitido à Companhia recorrer à mão-de-obra indígena. sendo obrigada a aderir à Independência em 28 de julho de 1823. a bela capital e tradicional reduto português. desse modo. Neste contexto. Maria I que extinguiu a Companhia de comércio e muitas outras ações do Marquês na Colônia. sobrevivendo da coleta. com produtos locais. Os filhos dos comerciantes ricos estudavam em Portugal. Essa prosperidade econômica se refletiu no perfil urbano de São Luís. o pau-cravo e o tabaco. Em contrapartida. A Revolta de Beckman. seriam vendidos exclusivamente à Companhia. São Luís. também Revolta dos Irmãos Beckman ou Revolta de Bequimão. foi finalmente bloqueada por mar e ameaçada de bombardeio pela esquadra do Lord Cochrane. COMPANHIA DE COMÉRCIO DO MARANHÃO E GRÃOPARÁ. em 1621. na década de 1650. A região enriqueceu e ficou fortemente ligada à Metrópole. O sobrenome Beckman. onde o principal centro era a vila de Caxias. Esta foi a localidade escolhida pelo Major Fidié para se fortificar após a derrota definitiva na Batalha do Jenipapo. A maior parte da população vivia em condições de extrema pobreza. Estes indígenas. É tradicionalmente considerada como um movimento nativista pela historiografia em História do Brasil. Sem conseguir cumprir adequadamente os compromissos. as elites agrícolas e pecuaristas eram muito ligadas à Metrópole e a exemplo de outras províncias se recusaram a aderir à Independência do Brasil. Graças à intercessão do Governador Francisco de Sá de Meneses. Diante das agressões. tornava mais fácil o acesso e as trocas comerciais com Lisboa do que com o sul do país. a pecuária (para exportação de couros) e a coleta de cacau. que interveio e proibiu a escravização do indígena. da pesca e praticando uma agricultura de subsistência. com a obrigação de introduzir dez mil escravos africanos (à razão de quinhentos indivíduos por ano). a Companhia de Jesus recorreu à Coroa. as respectivas áreas de atuação das diversas ordens religiosas. a Coroa instituiu a Companhia do Comércio do Maranhão (1682). Mas os projetos do Marquês de Pombal foram abalados quando subiu ao trono D. apenas os jesuítas e franciscanos ficaram livres do monopólio exercido pela Companhia. teve importância a ação do padre Antônio Vieira (1608-1697) que. deveria fornecer tecidos manufaturados e outros gêneros europeus necessários à população local. Entre as suas atividades econômicas destacavam-se a lavoura de cana e a produção de açúcar. imposta pelas tropas brasileiras. Para obtenção da farinha de mandioca necessária à alimentação dos africanos escravizados. que partiu a iniciativa da repressão ao movimento da Independência no Piauí. O Estado do Maranhão foi criado à época da Dinastia Filipina. a preços tabelados. Fidié teve que capitular. delimitando. produzidos na região. os vinhos e a farinha de trigo. Para solucionar esta questão. A Junta controlava ainda a região produtora do vale do rio Itapecuru. compostas por contingentes oriundos do Piauí e do Ceará. compreendendo os atuais territórios do Maranhão. também é grafado em sua forma aportuguesada. remunerando-a de acordo com a legislação em vigor. constituíam a mão-de-obra utilizada pelos religiosos na atividade de coleta das chamadas drogas do sertão. justificado pela maior proximidade com a Europa. deveria enviar anualmente a Lisboa pelo menos um navio do Maranhão e outro do Grão-Pará. ocorreu no então Estado do Maranhão. o cultivo de tabaco. como por exemplo o bacalhau. por preços tabelados. batismo e educação. pois nessa época foi construída a maior parte dos casarões que compõem o Centro Histórico de São Luís que hoje é Patrimônio Mundial da Humanidade. Pará e Amazonas. o Estado do Maranhão enfrentava séria crise econômica. no Piauí. a baunilha. a Coroa determinava a abolição da escravidão indígena. em moldes semelhantes ao da Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649). evangelizados. onde foi recebido como herói. O ESTADO DO MARANHÃO E GRÃO-PARÁ: A REVOLTA DE BEQUIMÃO. Bequimão. diretamente à Coroa Didatismo e Conhecimento os comerciantes locais monopólio da Companhia. de origem germânica. Portuguesa. Posteriormente. os senhores de engenho locais organizaram tropas para invadir os aldeamentos organizados pelos Jesuítas e capturar indígenas como escravos. o abandono e descaso com a rica região levaram a um empobrecimento secular. em 1684. Desde meados do século XVII. mais adiante. Para contornar a questão de mão-de-obra. Essa região subordinava-se. sem qualquer exceção. CAUSAS. Os anos imperiais que seguiram foram vingativos com o Maranhão. a operação da Companhia agravou a crise econômica e fez crescer o descontentamento na região: Adesão do Maranhão à independência do Brasil No Maranhão. O cacau.HISTÓRIA DO MARANHÃO o Maranhão dentro do sistema agroexportador. OS OBJETIVOS DA REVOLTA. O intenso tráfego marítimo com a Metrópole. Foi da Junta Governativa da Capital. Pelo Regimento. comercializando-os a prazo. Piauí. a nova Companhia deteria o estanco (monopólio) de todo o comércio do Maranhão por um período de vinte anos. pela lei de 1º de abril de 1680. Ceará. Além do fornecimento destes escravos. uma vez que esta não trazia lucros para a Metrópole. São Luís. sendo preso em Caxias e depois mandado para Portugal. como Superior das Missões Jesuíticas no Estado do Maranhão. A Companhia passou a ser objeto de acusações de não fornecer anualmente o número de escravos estipulado pelo Regimento. Apontados como líderes. a deposição do Governador. com a adesão de outros proprietários. senhores de engenho na região. à frente de efetivos militares portugueses. anistiar a todos os envolvidos. obtendo a cobiçada recompensa. como que por mofa. entre outras medidas. que fugira.HISTÓRIA DO MARANHÃO os grandes proprietários rurais entendiam que os preços oferecidos pelos seus produtos eram insuficientes. arrependidos. com obrigações de fiel carcereira. somados às isenções concedida aos religiosos conduziria a uma revolta. uma Junta Geral de Governo. A última declaração de Manuel foi: “Morro feliz pelo povo do Maranhão!”. afilhado e protegido de Manuel. mas a multidão. As principais deliberações desta Junta foram: Consequências A situação de pobreza da população do Estado do Maranhão perdurou no decorrer das primeiras décadas do século XVIII. o movimento tivera várias defecções entre seus entusiastas: eram os descontentes. Aproveitando a ausência do Governador Francisco de Sá de Meneses.latifundiários. Registra o historiador maranhense João Francisco Lisboa que “Beckman intimou-lhe a voz de prisão e suspensão do cargo. A Junta Revolucionária A 25 de fevereiro a revolta de Beckman estava consolidada. Gomes Freire de Andrade. assim como o confisco de suas propriedades. os moderados e os que temiam as mudanças. os apresadores de indígenas. sendo dois representantes de cada segmento social . trai o padrinho e entrega-o preso. composta por seis membros. criou. e de Jorge de Sampaio de Carvalho. A Junta enviou emissários a Belém do Pará. oferecendo por sua captura o cargo de Capitão dos Ordenanças. foram expulsos do Maranhão os vinte e sete religiosos ali encontrados. a Junta enviou Tomás Beckman como emissário à Corte em Lisboa. A repressão ao movimento A Metrópole Portuguesa reagiu. Os demais envolvidos foram condenados à prisão perpétua. então. este oficial não encontrou resistência. que clamava por socorro. A proposta foi recusada. de usar pesos e medidas falsificados. Didatismo e Conhecimento 11 . contrariados em seus interesses. O Governador recebeu-os. com outros moradores arregimentados no trajeto. foi celebrado um Te Deum. visando convencer as autoridades metropolitanas que o movimento era procedente e justo. empossado. A administração pombalina. onde se encontrava o Governador deposto do Maranhão. a quem deixaram presos e incomunicáveis com guardas à vista. Lázaro de Melo. Baltasar Fernandes gritou que preferia a morte a tal afronta intolerável para um soldado. não o respeito dos comandados. Aproveitando-se a deposição do Capitão-mor.” Posteriormente à ocupação do Colégio dos Mascates em 1685. a extinção da Companhia de Comércio. Manuel Beckman e Jorge de Sampaio receberam como sentença a morte pela forca. organizando-se na Câmara Municipal. a revolta eclodiu na noite de 24 de fevereiro de 1684. em 15 de maio de 1685. Gomes Freire. Queixando-se disto ao governador. clero e comerciantes. Esses fatos. Gomes Freire arrematou-os todos e devolveu-os à viúva e filhas do revoltoso. assaltando os armazéns da Companhia. recebeu voz de prisão no Reino e foi trazido preso de volta ao Maranhão. Neste ano de revolta. Do mesmo modo. integrado por um oficial e cinco soldados. Para legitimá-la. que para tornar-lhe aquela mais suave o deixava em casa entregue à guarda da sua própria mulher. Eclosão da revolta Após alguns meses de preparação. segundo outras fontes). os seus comandados repudiaram-lhe o gesto vil. Já nas primeiras horas do dia seguinte os sediciosos tomaram o Corpo da Guarda em São Luís. cargos e verbas (4 mil cruzados) caso os revoltosos depusessem as armas. Partiram dali. ordenando a detenção e o julgamento dos envolvidos no movimento. recusando-se a obedecer-lhe as ordens. enviando um novo Governador para o Estado do Maranhão. dentro da política reformista adotada. e ainda honras. em visita a Belém do Pará. Manuel Beckman e Jorge Sampaio foram enforcados a 2 de novembro de 1685 (10 de novembro. objetivando a adesão dos colonos dali. Os emissários do novo governante logo tomaram conhecimento do estado das coisas. de comercializar gêneros alimentícios deteriorados e de praticar preços exorbitantes. reclamavam da aplicação das leis que proibiam a escravidão dos nativos. a expulsão dos Jesuítas. para ser julgado com os demais revoltosos. Entretanto. À chegada de Gomes Freire não se opusera Manuel: tencionava libertar o irmão Tomás. Sem sucesso. Os mais comprometidos com a revolta deliberaram pela fuga. restabeleceu as autoridades depostas. os comerciantes eram insatisfeitos com a guarda do governo. tomou dali para o Colégio dos Padres. sem fazer cabedal dos seus vãos clamores. a população protestava contra a irregularidade do abastecimento dos gêneros e os elevados preços dos produtos. afirmase que Gomes Freire teria lhe respondido que prometera o cargo. enquanto Beckman permaneceu. a abolição do estanco. um grupo de sessenta a oitenta homens mobilizou-se para a ação. a Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão. Expediu ordem de prisão contra Manuel Beckman. Sob a liderança dos irmãos Manuel e Tomás Beckman. Ao desembarcar em São Luís. prometendo-lhes abolir a Companhia do Comércio. para a residência do Capitão-mor Baltasar Fernandes. sem sucesso. durante as festividades de Nosso Senhor dos Passos. Na segunda metade desse século a administração do Marquês de Pombal (1750-1777) tentou encaminhar soluções para as graves questões da região. Tendo os seus bens ido a hasta pública. acrescentando. Mas o centro da disputa local ia além dessas motivações políticas e ideológicas. isto é o mesmo que neve e fogo. eram membros do Corpo de Comércio e Agricultura da cidade. Didatismo e Conhecimento 12 . Entre elas estavam os “homens de bem”: importantes fazendeiros e comerciantes que tinham relação próxima com o governo provincial. PERÍODO DO IMPÉRIO: ADESÃO DO MARANHÃO. Ao mesmo tempo. quem sabe. Localizado no extremo Norte. As suas antigas capitanias ficaram subordinadas ao Vice-rei do Brasil. Seria. menos simplista: o pedido de apoio ao Pará. um mapa pode ajudar.a Revolução Industrial que ocorria na Inglaterra e a Guerra da independência das treze Colônias inglesas na América . O que estava mesmo em jogo era a indicação para cargos públicos e a obtenção de privilégios. D. S. Costa Soares era um dos redatores do Conciliador. Na época. quando a Inglaterra reatou relações com a sua antiga Colônia. Brejo e Itapecuru – nem a incorporação de destacamentos portugueses à “causa brasileira” fizeram o jornal admitir a possibilidade da independência. Estas situações. o Rio de Janeiro. com sede no Rio de Janeiro. “que mata a liberdade das nações”. o Conciliador classificou-a como uma quebra do juramento de fidelidade ao rei português. a capital se viu cercada. o Maranhão vivia isolado da longínqua capital. mas também por laços econômicos e políticos. A população masculina. Pedro I governar o Brasil sem lei. na opinião de alguns historiadores. Em junho de 1823. o Maranhão enfrentou uma grande crise econômica e faltou mão de obra indígena para a lavoura. a serem instaurados no Rio de Janeiro. o jornal reforçava a idéia de resistir à emancipação do Brasil: “Se o Sul podia se separar de Portugal. Em sua maioria. A exportação do produto cresceu significativamente naquele contexto. era logo ali. Moderna. Pelo mar. por exemplo. Historiografia x visão economicista A classificação da Revolta de Beckman como nativista obedece antes a critérios de sistematização que propriamente a uma motivação verdadeiramente nativa. colaborando na vigilância da cidade. Criticava o fato de D. Segundo o jornal. claramente desencadeado por razões econômicas. E não sem resistência. entre outras dificuldades. Toda a imprensa agia em uníssono: o jornal e os folhetos impressos na única tipografia da cidade (controlada pelo governo) juntavam-se às publicações que chegavam de Lisboa e Londres nas denúncias contra o “separatismo das províncias do Centro-Sul”. 2ª ed. o príncipe regente chefiava uma “facção criminosa” e cercava-se de “aduladores e cortesãos” que queriam “levar o Brasil ao despotismo monárquico e. Nem as sucessivas vitórias das tropas do Ceará e do Piauí contra o exército português em regiões do interior do Maranhão – como Caxias. A iniciativa defendia a substituição de alguns comandantes. Lisboa. Francisco de Assis . Em setembro. em meados do século XVIII. estimulou o plantio do algodão no Maranhão. O principal deles foi a Legião Cívica de São Luís. A independência do Brasil foi feita aos poucos. a produção maranhense entrou em declínio. Assumiram também o comando de regimentos e criaram corpos de voluntários. Piauí e Maranhão contra o despotismo.a Companhia. pregando a união de Pará. ficava bem mais perto que o Sudeste. em outubro de 1822 e março do ano seguinte – invadiram o Maranhão com o objetivo de “libertá-lo” do domínio português. Bem depois do famoso Grito do Ipiranga. constituída dos “verdadeiros portugueses”. argumentava. São Luís tinha cerca de 30 mil habitantes. o governo provincial defendia que o Maranhão deveria permanecer unido a Portugal.HISTÓRIA DO MARANHÃO oportunamente de situações externas favoráveis . respectivamente. único jornal da capital.História do Brasil. Pedro era alvo de pesadas acusações. Os fatos. um movimento “isolado e não contestou a dominação metropolitana. Pedro I. Nos primeiros meses de 1823. e por vezes chegavam a ocupar cargos públicos. tropas organizadas a partir do Ceará e do Piauí –emancipados. já convertidas à independência. porém. repudiou os projetos de criação de um Conselho de Procuradores e de uma Assembleia Constituinte. promovida por Pombal. castigo imediato aos desertores e maior proteção à ilha onde fica a capital maranhense. o Norte poderia fazer o mesmo com o Sul”. a expulsão dos Jesuítas. fez desorganizar a atividade da coleta das drogas do sertão na Amazônia. à república”. ao contrário. confirmada a independência no Sul. Entretanto. e ainda assim não se registraram nas ruas sinais de apoio à emancipação da província. Pastos Bons. Encontraram uma população nada disposta a ser libertada. dão outra dimensão. Ainda em junho de 1822. e nos momentos de folga do trabalho cumpria seu papel na Legião Cívica. os maranhenses tinham motivos para resistir à incorporação de sua província às demais. e a própria declaração de Beckman. mas apenas um de seus aspectos: o monopólio” (SILVA. proposta em maio de 1823 pelo português Antônio Marques da Costa Soares. Com o início dos conflitos na divisa entre o Piauí e o Maranhão. O Maranhão foi uma das últimas províncias a aderir ao “chamado” de D. adulta e branca não chegava a quatro mil pessoas. Segundo o Conciliador. o Conciliador. Fiel à Corte lusa. um bom pedaço do país mantinha-se fiel ao Império português. Para se entender o que acontecia naqueles anos conturbados. influenciados pelo economicismo. levaram à extinção do Estado do Maranhão em 9 de julho de 1774. E praticamente não havia oposição a esta tese.). financiando esta atividade. Paulo. os “homens de bem” se organizaram para reunir fundos e arcar com as despesas da guerra. colocam efetivamente este movimento dentre os primeiros onde já se esboçava um verdadeiro sentimento nativista. essa perspectiva em nada entusiasmava a opinião pública de São Luís. Dois meses depois. E não só do ponto de vista geográfico. A partir de 1650. enquanto Portugal era regido por uma Constituição. antes. quando a Câmara Geral se preparava para discutir a adesão de São Luís à independência. João VI e D. O clima de tensão se agravou como nunca. o navio vinha da Bahia. saudaram a “Adesão ao Império Brasílico. Mesmo sem grandes manifestações públicas. A situação pendeu de vez para o lado da independência em 26 de julho. João VI havia restabelecido seus poderes absolutos em Portugal. a tensão que tomava conta de São Luís também se devia a outro fator. muito fugiram e aderiram às tropas pela independência. navios portugueses fugidos daquela província rumaram para a capital do Maranhão. Os principais membros do Corpo de Comércio de São Luís foram expulsos. entender que o 07 de setembro de 1822 não foi um ato isolado do príncipe D. Em seu diário. um dos membros da esquadra portuguesa recém-chegada da Bahia. Em meio às lembranças do tempo em que fora aluno do mestre em Coimbra. Em consequência. por sua vez. agora divididos em “brasileiros” e “portugueses”. A escassez do produto era provocada pelo cerco à cidade. Na Bahia. Mas a iniciativa foi em vão: no dia seguinte. Vários integrantes das tropas foram presos. As disputas em torno da administração pública estavam apenas começando. no romance A Setembrada (1931). Alguns “heróis da independência” apressaramse a enviar relatos de seu desempenho no conflito. O Processo de Independência do Brasil Em primeiro lugar. ambos fiéis a Portugal. “O Grito do Ipiranga”. os tenentes de 1ª linha Francisco Antônio da Costa Barradas. quando aportou em São Luís o navio Pedro I – cujo nome indica de que lado estava.HISTÓRIA DO MARANHÃO O cerco não esmoreceu a resistência dos “cidadãos de bem”. rasgando a Constituição. José Felix Pereira de Burgos (1780-1854) foi um deles. Do lado de fora do Palácio havia poucas pessoas. Pedro I. Um miliciano e um soldado da polícia. 200 homens desembarcaram na cidade e garantiram para o dia seguinte a proclamação da Independência. O percentual de “pretos livres”. Pedro. os negros chegaram a ser convocados para participar da política. faz alusão a um curioso episódio ocorrido às vésperas da proclamação. Seis tripulantes do navio se juntaram a 91 cidadãos. uma vez que o restante do Maranhão já havia sido incorporado. Era o que admitia Antonio Marques da Costa Soares no Conciliador. e os líderes fugiram para evitar a prisão. Pedro I. Tenentecoronel de 2ª linha que “aderiu à causa” em junho de 1823. Libertos compuseram as tropas responsáveis pela segurança da cidade. a demora no envio de tropas de Portugal em socorro do Maranhão e a falta de carne. que no dia 12 de julho receberam uma notícia surpreendente: D. “mulatos livres” e “mulatos cativos” era superior a 77% da população maranhense. se comparado às multidões que celebraram a incorporação da cidade à Revolução do Porto (1821) e o nascimento dos membros da família real. uma salva de Didatismo e Conhecimento tiros e o reconhecimento da “Bandeira Brasílica”. E eles ainda assumiram postos importantes no novo governo. Pedro. entre eles os membros da Junta de Governo e da Câmara e outras autoridades. No interior. pois seus credores haviam sido banidos da província. A medida favoreceu os maiores produtores de algodão e arroz do Maranhão. a independência havia chegado em 2 de julho. Ainda é muito comum a memória do estudante associar a independência do Brasil ao quadro de Pedro Américo. os homens “de cor” acreditavam que a independência poderia lhes trazer benefícios. Após a independência. participaram dos conflitos de rua. os negros participaram dos saques às lojas e das surras aplicadas aos cidadãos acusados de conspirar contra a emancipação. iniciada com as revoltas de emancipação no final do século XVIII. Antonio e Honório – gozassem de proteção real e fossem “contemplados conforme o justo”. especialmente por parte dos homens “de cor”. Foi a deixa para a Junta do Governo e da Câmara nomear uma comissão para negociar um armistício – para os líderes da província. A independência foi registrada com um simples repicar dos sinos. Festa e comoção popular? Nem sinal. tiveram destinos diversos. “pretos cativos”. pediu que seus irmãos – os militares Carlos. Na capital. No dia 27. renovando as esperanças de resistência. sob a acusação de financiarem a resistência. A reação do comando do Exército foi imediata. e Governo do Imperador. Para os escravos. pedindo cargos que recompensassem os “sacrifícios feitos em nome da pátria”. pacificamente. Para Joaquim José da Silva Maya (1811-1893). que se intensificava. José Cursino Raposo e o alferes Joaquim José dos Reis lideraram setores das tropas que se puseram à frente do largo do Palácio e tentaram proclamar a independência. Não se podia negar o avanço dos “brasileiros”. Agora chegava para consolidar a conquista do Maranhão. Muito pouco. que. Sob o comando do almirante britânico lorde Cochrane (1775-1860). 13 . seu futuro deveria ser decidido. ficaram feridos. na esperança de que lhes fosse assegurada a liberdade. que se livraram de suas dívidas. suprimindo as Cortes e abrindo a possibilidade de uma reaproximação com seu filho D. o Senhor Dom Pedro Primeiro”. Os brancos. Chegaram no dia 14. tornouse governador de Armas e encaminhou ofício a José Bonifácio relatando as “sucessivas fadigas” dele e de sua família para realizar o “projeto patriótico da independência”. Em vão. aliar-se aos “brasileiros” era uma promessa de liberdade. ele descreve o apoio crescente à independência. Alguns negros teriam tomado canoas e se dirigido ao navio Pedro I para pedir asilo ao almirante Cochrane. e sim um acontecimento que integra o processo de crise do Antigo Sistema Colonial. Foi uma cerimônia discreta. O escritor João Dunshee de Abranches Moura. A grande maioria dos funcionários da administração foi demitida e substituída por parentes e amigos dos membros da Junta que assumiu provisoriamente o governo. A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL. atribuindo o fato a três causas: o medo da população diante da iminência de um confronto. entre D. que personifica o acontecimento na figura de D. onde apoiara a independência daquela província. discretamente. Em meio à instabilidade vivida nos dezoito meses após a independência da província. restringiu-se à esfera política. juntamente com carta sua e de D. Independência ou morte. destacando-se a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana. Os que morrem achavam que valia a pena sacrificar-se para melhorar a situação do povo brasileiro. que representavam a manutenção dos privilégios aristocráticos. era na verdade.. que se manteve com as mesmas características do período colonial. que o apoiaria como imperador em troca da futura independência não alterar a realidade sócioeconômica colonial. monocultura e latifúndio). a independência foi imposta verticalmente. Gonçalves Ledo.. a aristocracia rural passa a viver sob um difícil dilema: conter a recolonização e ao mesmo tempo evitar que a ruptura com Portugal assumisse o caráter revolucionário-republicano que marcava a independência da América Espanhola. onde as leis portuguesas seriam obedecidas somente com o aval de D. Estamos separados de Portugal”. mas para todos os brasileiros. com a preocupação em manter a unidade nacional e conciliar as divergências existentes dentro da própria elite rural. que juntos formarão a base ideológica para a Independência dos Estados Unidos (1776) e para a Revolução Francesa (1789). As bases sócio-econômicas (trabalho escravo. após a leitura das cartas que chegaram em suas mãos. em São Paulo. o movimento de Didatismo e Conhecimento independência adquiriu um ritmo surpreendente com o cumpra-se. Pedro foi aclamado Imperador Constitucional do Brasil. As mudanças econômicas no Brasil: Depois da chegada da família real duas medidas de Dom João deram rápido impulso à economia brasileira: a abertura dos portos e a permissão de montar indústrias que haviam sido proibidas por Portugal anteriormente. Queriam uma vida melhor. Maria Leopoldina. nas quais muitos brasileiros perderam a vida. E não foi uma separação total. embora a coroação apenas se realizasse em primeiro de dezembro de 1822. essa crise foi marcada pelas rebeliões de emancipação. Chegando no Rio de Janeiro (14 de setembro de 1822). afastando os setores mais baixos da sociedade representados por escravos e trabalhadores pobres em geral. Pedro. perceber que a independência do Brasil. A aristocracia rural brasileira encaminhou a independência do Brasil com o cuidado de não afetar seus privilégios. como aconteceu em outros países da América que. Era preciso ganhar o apoio de D. o Dia do fico era mais um passo para o rompimento definitivo com Portugal. Desde as últimas décadas do século XVIII assinala-se na América Latina a crise do Antigo Sistema Colonial.. que era filho do rei de Portugal. João VI para Portugal e as exigências para que também o príncipe regente voltasse. D. para o Brasil. José Clemente Pereira e outros. com a abertura dos portos. significava uma recolonização. Esta situação de crise do antigo sistema colonial. que acabou aceitando o título de Defensor Perpétuo do Brasil (13 de maio de 1822). não só para eles. permaneceram inalteradas. Foram os primeiros movimentos sociais da história do Brasil a questionar o pacto colonial e assumir um caráter republicano. caso o príncipe não retornasse imediatamente. estou pronto. Pedro.. transmitiu a decisão portuguesa ao príncipe. O Brasil independente continuou sendo um reino. representados pelo latifúndio e escravismo. sendo expulso da província. Em 3 de junho foi convocada uma Assembleia Geral Constituinte e Legislativa e em primeiro de agosto considerouse inimigas as tropas portuguesas que tentassem desembarcar no Brasil. o que evidentemente ameaçaria seus privilégios. A Revolução do Porto comandada pela burguesia comercial da cidade do Porto. Pedro que se encontrava às margens do riacho Ipiranga. ao ficarem independentes. bradou: “É tempo. parte integrante da decadência do Antigo Regime europeu. D. assinalado pela passagem da idade moderna para a contemporânea. com ameaça de envio de tropas. a reação tornava-se radical. que já começara 14 anos atrás. tornaram-se repúblicas governadas por pessoas nascidas no país libertado. não alterando em nada a realidade sócio-econômica. Historicamente. pois sua partida poderia representar o esfacelamento do país. Era apenas o início do processo de independência política do Brasil. representada pela transição do capitalismo comercial para o industrial. A independência não marcou nenhuma ruptura com o processo de nossa história colonial. e seu primeiro imperador foi Dom Pedro I. Um abaixo assinado de oito mil assinaturas foi levado por José Clemente Pereira (presidente do Senado) a D. A maçonaria (reaberta no Rio de Janeiro com a loja maçônica Comércio e Artes) e a imprensa uniram suas forças contra a postura recolonizadora das Cortes. É claro que D. que ficara no Rio de Janeiro como regente. que se estende até 1822 com o “sete de setembro”. que foi um movimento que tinha características liberais para Portugal mas. D. Pedro em 9 de janeiro de 1822. Trata-se de um dos mais importantes movimentos de transição na História. debilitado pela Revolução Industrial na Inglaterra e principalmente pela difusão do liberalismo econômico e dos princípios iluministas. em torno do qual se concretizariam os interesses da aristocracia rural brasileira. Cedendo às pressões. pois Martim Francisco (vice-presidente da Junta Governativa de São Paulo) foi forçado a demitir-se. 14 . Pedro é sondado para ficar no Brasil. solicitando sua permanência no Brasil. No dia sete de setembro de 1822 D. Contudo. A vinda da família real fez a autonomia brasileira ter mais o aspecto de transição. José Bonifácio. Mas a Independência do Brasil só aconteceu em 1822. São Paulo vivia um clima de instabilidade para os irmãos Andradas. Pedro decidiu-se: “Como é para o bem de todos e felicidade geral da nação. Diga ao povo que fico”. Graças a homens como José Bonifácio de Andrada e Silva (patriarca da independência). Dessa forma. Pedro decidiu ficar bem menos pelo povo e bem mais pela aristocracia. Em Portugal. O “sete de setembro” foi apenas a consolidação de uma ruptura política. o processo da Independência do Brasil ocupou as três primeiras décadas do século XIX e foi marcado pela vinda da família real ao Brasil em 1808 e pelas medidas tomadas no período de Dom João. Era o início do Império.HISTÓRIA DO MARANHÃO Em segundo lugar. No Brasil. oferecido pela maçonaria e pelo Senado. Ocorreram muitas revoltas pela libertação do Brasil. O processo da independência foi bastante acelerado pelo que ocorreu em Portugal em 1820. Com a volta de D. reconheceram oficialmente a Independência e o Império do Brasil. Foram introduzidos no país novas espécies vegetais. pela Constituição outorgada de 1824. tiveram que lutar pela sua liberdade. Ocorreram muitas lutas internas e muitos perderam a sua vida para tentar tornar seu país livre e independente de Portugal. e Dom João VI obteve ainda o direito de usar o título de Imperador do Brasil. a chegada da família real ao Brasil também causou um reboliço cultural e educacional. foram criadas escolas como a Academia Real Militar. Os portos foram melhorados. Política e ideologicamente foi uma aliança entre o Absolutismo ibérico e a Contra-Reforma religiosa. Foi um período de grande progresso e desenvolvimento. Neste período surgiu o café. Também foi inaugurado o Real Teatro de São João e o Jardim Botânico. Uma atitude muito importante de dom João foi a criação da Imprensa Régia. dominadas ainda por tropas de Portugal. a esquadra de Cochrane. O Brasil. Do Maranhão um dos navios de Cochrane continuou até o extremo norte. Sitiados por terra e por mar. Portugal. Após a vitória na Bahia. (Independência dos EUA) O reconhecimento por parte das nações europeia foi mais difícil porque os principais países da Europa. Cisplatina. pois os norte-americanos eram a favor da independência de todas as colônias da América. O açúcar e o algodão. A produção agrícola voltou a crescer. representada primeiramente pelos jesuítas. mas também no Piauí. no Congresso de Viena em 1815. No extremo Sul. e a Igreja Católica. por último. Naturalmente que transcorrido mais de 450 anos do lançamento dos seus fundamentos. a Academia da Marinha. as tropas portuguesas tiveram finalmente que se render em 02 de julho de 1823. fixando-se as bases do reconhecimento. teve que pagar a Portugal uma indenização de dois milhões de libra esterlinas. passaram a ser primeiro e segundo lugar nas exportações. sitiada por terra e bloqueada por uma esquadra brasileira no rio do Prata teve de se entregar. contestada por oficiais lusitanos (general Madeira) e por líderes populares do Nordeste (Frei Caneca). mas nem todas as províncias do Brasil puderam reconhecer o governo do Rio de Janeiro e unir-se ao Império sem pegar em armas. entre eles Portugal. Enquanto o Brasil era colônia de Portugal. a defender o absolutismo. do Maranhão. até fins de 1823. o Observatório Astronômico e a Biblioteca Real. uma a uma. Bom resultado teve. A transformação seguinte será a do Estado Imperial brasileiro. Didatismo e Conhecimento O Estado Brasileiro: o Estado no Brasil resultou de uma enorme operação de conquista e ocupação de parte do Novo Mundo. mas não progrediram por causa da concorrência dos tecidos ingleses. legalizada depois da proclamação da independência. os franceses e os holandeses. o colonialismo e a combater as ideias de liberdade. Entre as primeiras nações europeias apenas uma foi favorável ao reconhecimento do Brasil independente: a Inglaterra. que logo passou do terceiro lugar para o primeiro lugar nas exportações brasileira.HISTÓRIA DO MARANHÃO O Reconhecimento da Independência Abriram-se fábricas. D. novo produto. a produção de ferro com a criação da Usina de Ipanema nas províncias de São Paulo e Minas Gerais. Unidas todas as províncias e firmado dentro do território brasileiro o Império. Outras medidas de Dom João estimularam as atividades econômicas do Brasil como: Construção de estradas. Foi graças à sua intervenção e às demoradas conversações mantidas junto aos governos de Lisboa e do Rio de Janeiro que Dom João VI acabou aceitando a Independência do Brasil. A seguir as demais nações europeias.Pedro I dedica-se a obter a legitimidade. a expulsão dos portugueses só foi possível quando Dom Pedro I enviou para lá uma forte esquadra comandada pelo almirante Cochrane. através do embaixador inglês que o representava. Artes e Ofícios. facilitou a rendição dos portugueses no Grão-Pará. a cidade de Montevidéu. para bloquear Salvador. e. o Brasil enfrentou com bravura e venceu os piratas. Nessa época. a Escola de Comércio. A primeira nação estrangeira a reconhecer a Independência do Brasil foram os Estados Unidos em maio de 1824. a Escola Real de Ciências. no início do século XIX. As Províncias da Bahia. seguindo para o norte. cujo acervo era composto por muitos livros e documentos trazidos de Portugal. Promoveu a vinda de colonos europeus. ameaçando a cidade de Belém. era necessário obter o reconhecimento da Independência por parte das nações estrangeiras. Na Bahia. do Piauí. a Academia de Belas-Artes e dois Colégios de Medicina e Cirurgia. sob o governo de Dom Pedro I. preocupada com a posse do território recém descoberto e com a conversão dos nativos ao cristianismo. o Estado brasileiro assumiu formas diversas. haviam-se comprometido. através dos seus agentes. manufaturas de tecidos começaram a surgir. porém. Foram fundados o Museu Nacional. Em 1826 estava firmada a posição do Brasil no cenário internacional. O processo da Independência foi muito longo e por ironia do destino foi um português que a proclamou. assinou o Tratado luso-brasileiro de reconhecimento. como o chá. porém qualquer direito sobre a antiga colônia. nem prejudicar seu comércio com o Brasil. sendo gradativamente nacionalizado e colocado a serviço do desenvolvimento econômico e social. em 1822. Esse bloqueio apressou a derrota dos portugueses não só no Maranhão. firmando assim o Império Brasileiro. Com o reconhecimento da Independência pela Cisplatina completou-se a união de todas as províncias. Essa luta durou mais de trezentos anos. Medidas de incentivo à Cultura: Além das mudanças comerciais. Ela editou obras de vários escritores e traduções de obras científicas. empreendimento no qual se associaram a Coroa portuguesa. As Guerras pela Independência A Independência havia sido proclamada. do Grão-Pará e. A 29 de agosto de 1825 Portugal. que não queria nem romper com seu antigo aliado. A 15 . Não houve dificuldades. que não lhe dava. bloqueou a cidade de São Luís. um no Rio de Janeiro e outro em Salvador. entretanto. que se estendeu até 1889. encarregadas de manter o norte da excolônia fiel à Coroa Portuguesa. reconheceu que a Independência do Brasil era impossível de conter-se. Mas. Foi uma das mais marcantes e sangrentas Batalhas travadas na guerra da independência do Brasil. João VI. em 1822. de grande riqueza em gado bovino. não consta nos livros de História e poucos sabem do ocorrido. podem ser determinados pela: a) consolidação da autoridade imperial sobre todo o território brasileiro. Dom Pedro I. e um conservador que apoiava um regime político centralizado nas mãos de Dom Pedro. executivo-legislativo-judiciário. Uma das mais delicadas questões que envolvia as leis elaboradas pela Assembleia. 16 . O primeiro anteprojeto da Constituição tendia a estabelecer limites ao poder de ação política do imperador. o imperador resolveu nomear um Conselho de Estado composto por dez membros portugueses. motivando rebeliões de natureza separatista. a formulação de uma carta constituinte tornou-se uma das grandes questões do Primeiro Reinado. a qual foi decisiva para a Independência do Brasil e consolidação do território nacional. essa medida liberal. Constituição da Mandioca (1824): figurando um passo fundamental para a consolidação da independência nacional. não com armas de guerra. Este. Durante as comemorações e reflexões do dia 13 de março o município de Campo Maior faz a entrega da Medalha do Mérito Heróis do Jenipapo e o(a) Governador(a) do Piauí. historiadores e da população. O cargo senatorial era vitalício e só poderia ser pleiteado por indivíduos com renda superior a 800 mil-réis. além dos poderes tradicionais. a data foi acrescida à bandeira do Piauí e está em curso a implantação do estudo da Batalha do Jenipapo na disciplina de História. a relação entre o rei e os constituintes não seria nada tranquila. fazia referência à definição dos poderes de Dom Pedro I. defendendo a limitação dos poderes imperiais e dando maior autonomia às províncias. b) manutenção do regime escravista.HISTÓRIA DO MARANHÃO Carta determinou. que era o comandante das tropas portuguesas. Maranhão e Piauí. sem consultar nenhum outro poder. a implantação de um poder moderador (que de fato tornou-se uma sobreposição da autoridade do imperador). no dia 25 de março de 1824. Os membros do clero católico estavam diretamente subordinados ao Estado. O governo foi dividido em três poderes: Legislativo. As províncias não possuíam nenhum tipo de autonomia política. Caso o Major continuasse a marchar para Oeiras. Perderam a batalha. Desejava preservar o norte do país. após alguns movimentos por parte de políticos. a primeira constituição apoiou um governo centralizado que. o rei poderia anular qualquer decisão tomada pelos outros poderes. Somente a população masculina. Os objetivos gerais do Estado Imperial. A partir de então. ameaçou a unidade territorial e política do Brasil. não tinham experiência. o texto constitucional abrigava características de orientação liberal e autoritária. A Igreja Católica foi apontada como religião oficial do Estado. Mediante tantas restrições. Em pouco tempo. Logo em seguida. Ressalta-se que os brasileiros lutaram com instrumentos simples. a constituição de 1824 perfilou a criação de um Estado de natureza autoritária em meio a instituições de aparência liberal. então Capital do Piauí. Essa ação política sinalizava o predomínio da orientação absolutista e a aproximação do nosso governante junto os portugueses. Dom Pedro I já havia articulado. a formação de uma Assembleia Constituinte imbuída da missão de discutir as leis máximas da nação. Didatismo e Conhecimento CAUSAS DA NÃO ADESÃO: A BATALHA DO JENIPAPO. outorgou a primeira constituição brasileira. ou seja. empossado a 9 de agosto de 1822. exclusivamente exercido por Dom Pedro I. maior de 25 anos e portadora de uma renda mínima de 100 mil-réis anuais teriam direito ao voto. maranhenses e cearenses contra as tropas do Major João José da Cunha Fidié. como colônia portuguesa. mas fizeram com que a tropa desviasse seu destino. Para o comando das armas em Oeiras. as demais confissões religiosas poderiam ser praticadas em território nacional. Esses primeiros votavam em um corpo eleitoral incumbido de votar nos candidatos a senador e deputado. No entanto. o rei nomeou o militar português João José da Cunha Fidié. Dessa maneira. eles partiram para o combate. a Ordem do Mérito Renascença do Piauí. inclusive ao sul. Consistiu na luta de piauienses. Infelizmente a data é esquecida. ao retornar a Portugal em 1821. poderia cortar o suprimento de carne a outras regiões brasileiras. Essa primeira assembleia convocou oitenta deputados de catorze províncias. talvez não encontrasse resistência e cumpriria com seu objetivo. sendo o imperador responsável por nomear o presidente e o Conselho Geral de cada uma das províncias. Contraditoriamente. mesmo no Piauí. Executivo e Judiciário. por vezes. os constituintes formaram dois grupos políticos visíveis: um liberal. Dom Pedro I resolveu dissolver a primeira Assembleia Constituinte do Brasil. convivia com uma orientação elitista que defendia a criação de um sistema eleitoral fundado no voto censitário. A Batalha do Jenipapo ocorreu às margens do riacho de mesmo nome no dia 13 de março de 1823. onde ocorreu a batalha. Dessa maneira. D. O Poder Legislativo era dividido em duas câmaras onde se agrupavam o Senado e a Câmara de Deputados. Mesmo antes de dar fim aos laços coloniais. O sistema eleitoral era organizado de forma indireta. logo em seguida. Outro artigo desse primeiro ensaio da Constituição estabelecia que os deputados não poderiam ser punidos pelo imperador. Em contrapartida. mesmo sabendo da condição de luta. I. c) preservação da paz interna e do reconhecimento internacional. oportunidade em que o mesmo usa a faixa governamental. A contradição do período acabou excluindo a grande maioria da população ao direito de participação política e. Com isso. Pará. reunido. sendo esse incumbido de nomear os membros da Igreja e fornecer a devida remuneração aos integrantes dela. Através do Poder Moderador. então capital. entretanto não ignorava que tinha de enfrentar matutos sem disciplina nem instruções militar. A fuzilaria inimiga arrasava o campo. os filhos. O caminho dos patriotas se bifurcava. eis que a Assembléia Legislativa. a Bandeira e o Brasão do Piauí foram aprovados pela Assembléia Legislativa do Piauí. bem armadas. Perdeu parte de sua bagagem de guerra. Disponha de 11 peças de artilharia e o seu exército se aumentara de contingentes do brigue Infante Dom Miguel e da guarnição de Carnaubeiras. a notícia dos sucessos na Capital. Aqui foi preservada a unidade nacional. e daí passou a aquartelar-se em Caxias. As outras datas que marcaram a Independência do Piauí. VI. nessa ocasião. Poucos dias depois.”. que aderira à Independência a 2 de fevereiro de 1823. escolheu posição. tem-se verificado que a utilização da nova bandeira não vem sendo aplicada de maneira global. desde as primeiras proclamações. o Algodão. VII. logo se alvejaram os brasileiros por peças de artilharia. O combate durou até as 2 horas da tarde. Pedro a 19 de outubro de 1822. proclama a Independência e assume a presidência da Junta do Governo do Piauí. facões e velhas espingardas de caça. chucos. João Luís Ferreira e por seu secretário de Obras e Viação Pública. Houve tentativa. Com o objetivo de sufocar o levante. Escreve João Cândido de Deus e Silva: “As próprias mulheres não ficavam indiferentes: mandavam os maridos. margens do rio Jenipapo se compõe de vegetação baixa. dia da Batalha do Jenipapo. a que se juntaram 500 cearenses. um dia se positivou neste Monumento do Jenipapo. Na viagem de volta. a Cana-de-açúcar e o Buriti. sob a alegação de que em bandeira nenhuma no mundo existia a indicação de data. O recurso estava em atacar os portugueses ao mesmo tempo de todos os lados e separá-los. sabendo que o centro das forças nacionalistas estava em Campo Maior. Fidié conquistou vitória aparente. O veto foi derrubado pela Assembléia e a data foi incluída na bandeira do Piauí. Pedro proclama a Independência do Brasil. de autoria do deputado Homero Castelo Branco (PFL) a partir de relatos do escritor Adrião Neto. A bandeira constituía-se das mesmas cores da bandeira brasileira e a estrela corresponde ao Piauí como um estado da Nação. o Príncipe Regente D. com tropa e armamento em seu auxílio. mais de mil. em São Paulo. na bandeira do Piauí. Em 1922. futuro Visconde da Parnaíba. No entanto. se mais nada tinham a vender. A expectativa daqueles que lutaram para a modificação do símbolo estadual é de que a inscrição na bandeira desperte a curiosidade das pessoas. Pedro Francisco Martins e Simplício José da Silva. dispôs os seus homens. rechaçada. o reconhecimento da data e de sua importância com relação à Independência do Brasil. Apenas algumas toscas pedras marcavam o lugar das sepulturas com restos desses valentes. Constituíam-se de elementos que representavam a riqueza do estado e a composição de elementos nativos do Piauí. no Maranhão. ocorrida em 7 de setembro de 1822 às margens do Rio Ipiranga. A última. à frente dos quais João Candido de Deus e Silva e Simplício Dias da Silva. O mato à. Foram criados por iniciativa do então governador do Estado. Já a data da Batalha do Jenipapo. houve veto do governador Wellington Dias (PT). já tiveram destaque. com grandes perdas de vidas. mortos sem que deixassem à posteridade ao menos os modestos nomes. Ainda assim. mas Fidié atravessou o Jenipapo. e que elas busquem maior informação sobre o ocorrido e tenham consciência da vitalidade da Batalha do Jenipapo. às 9 horas. Em Parnaíba. hoje União. Outros ataques se deram.”. o militar português. desde a aprovação dos símbolos originais. Apenas em cerimônias oficiais nota-se a nova bandeira. Fidié desconhecia o número das forças inimigas. marca a adesão do Piauí à Independência do Brasil. A mulher piauiense mostrou. corresponde a um anseio antigo da comunidade de historiadora e da população conhecedora do fato. o ânimo varonil de lendárias heroínas. uns e outros mal armados de foices. Glória aos vaqueiros e roceiros humildes. Salvador Cardoso de Oliveira. como a Carnaúba. Ao receber. João da Costa Alecrim. A primeira. Luiz Mendes Ribeiro Gonçalves. Na vila. a grande fortaleza. partiu no rumo do Estanhado. Francisco Inácio da Costa. o Babaçu. Era 13 de março de 1823. V. Alguns afirmam que houve 200 brasileiros entre mortos e feridos. no comando de mais de 1100 homens. Outros registram 400. que lutaram sob o comando dos bravos Luís Rodrigues Chaves. Alimentava o propósito de castigar os revolucionários de Oeiras. IV. o capitão Luís Rodrigues Chaves convocou os piauienses. 19 de outubro de 1822 e 24 de janeiro de 1823. A 7 de setembro de 1822. considerada por muitos a mais importante das três. cerca de 700 quilômetros distante. espadas. para aqui segui em macha forçada. Assim se fez a Independência em Didatismo e Conhecimento 17 . a 28 de fevereiro de 1823. independência em Oeiras. onde piauienses e cearenses o cercaram e fizeram que ele se rendesse a 31 de julho de 1823. na fazenda Tombador. Manuel de Sousa Martins. Transcorridos 83 anos. Em Oeiras.o lugar mais sagrado da história. O comandante João da Costa Alecrim e seus comandados tomaram à direita e pela esquerda seguiram o comandante Luís Rodrigues Chaves e os seus soldados. Fidié delibera regressar. Foi inexcedível de amor pelo triunfo completo da Independência que abraçara. Acampou a um quilômetro de Campo Maior. Alexandre Nery Pereira Nereu. às margens do Ipiranga. O projeto. lá chegando em 18 de dezembro de 1822. mas dispostos a morrer pela causa da Independência. Diz Abdias Neves: “E só a loucura patriótica explica a cegueira desses homens que iam partir ao encontro de Fidié quase desarmados. com tropas de linha. Os chefes da revolta refugiaram-se em Granja no Ceará. os irmãos para a guerra e a fim de que levassem munições e armas vendiam as jóias. no Maranhão. Eles permaneceram durante muitos anos no esquecimento. vindo do Maranhão. declara sua adesão à causa da Independência e aclama Imperador o Príncipe D. III. no ano de 2005 aprova.HISTÓRIA DO MARANHÃO II. a 24 de janeiro de 1823. por unanimidade. Fidié marcha para Parnaíba. A gratidão dos piauienses. na campina formosa . porém. esteve esquecida até ao início da discussão do projeto. um grupo de patriotas. foi agraciada com a inclusão no Brasão Estadual. O primeiro encontro foi fortemente repelido pelos patriotas. Encontrou a vila guardada pelo brigue Infante Dom Miguel. a inclusão da data 13 de março de 1823. teve destaque ao ser condecorada como dia do Piauí. Major Fidié: o comandante das tropas portuguesas terras piauienses. Minas Gerais. Pedro I. sendo afastados definitivamente das terras brasileiras. a abertura da Escola de Belas Artes. Foi no Piauí. O Piauí como província Até o final do século XVIII. João VI deixou o Brasil e foi para Portugal. 18 . do jornal Gazeta do Rio de Janeiro (em 10 de setembro de 1808). Ao que apoiavam D. estava sujeitos ao Maranhão. O dinheiro que ficava no Piauí pagava os gastos com atividades militares e preservava a carrancuda máquina administrativa. apesar de o Brasil ser uma colônia lusitana. que deu outros rumos ao destino do Brasil. a Inconfidência Carioca de 1794 e a Inconfidência Baiana de 1798. a capital imperial do Piauí. que era o Norte. O Piauí compunha a nação portuguesa. Para se ter um quadro mais revelador dessa situação. Assim. às margens do Rio Jenipapo. a elevação do País a Reino Unido. que chegou em Oeiras no segundo semestre de 1822. Mato Grosso e Goiás deviam obediência e lealdade a Portugal. que os portugueses perderam a esperança de ter uma colônia na América. Sendo assim. a criação da Imprensa Oficial e a edição Didatismo e Conhecimento Piauí era visto como Portugal em plena caatinga Do outro lado. a responsabilidade pelo destino do Brasil ficou a cargo de D. arrancou os laços que uniam o Brasil a Portugal com o grito “Independência ou Morte”. luta e glória do povo piauiense. A comitiva. Maria I. e o Piauí. Pedro I e os setores favoráveis às cortes portuguesas mergulharam num vai-e-vem de interesses sem precedentes na história política do País. não intimidou o animo emancipador dos mafrenses. não houve derramamento de sangue. A Batalha do Jenipapo Quando Dom Pedro I. entretanto. para tão poucos habitantes. A terra de Mafrense¹ era muito grande. A partir de então consignou-se o sentimento de liberdade que culminaria de um modo mais intenso com a participação popular na Revolução Pernambucana de 1817. O reconhecimento dos direitos naturais e imprescritíveis da pessoa humana estava na ordem do dia. na cidade de Campo Maior. A independência caminhava lenta e gradualmente. Portugal voltou-se para a parte mais rica da nação. levou muitas províncias a se rebelarem. às margens do Riacho Ipiranga. no bojo da qual se admitia a volta do Brasil à condição de colônia portuguesa. A atividade agropecuária crescia vertiginosamente. a Rainha Louca. Portugal não dava a mínima importância para o Piauí. em ocasiões em que não demandam diretamente dos governos e até em órgãos governamentais percebe-se que não estão sendo aplicadas as modificações. o comércio de algodão era considerado o melhor do Brasil. como a Bahia. Em abril de 1821. era infestada de portugueses que queriam a todo custo ficar com a parte mais rica do Brasil. territorialmente falando. Oeiras. mas não havia escola. pelo lado administrativo e religioso. Oeiras. o ossário de D. todo o dinheiro dos cofres do Brasil. segundo as quais a soberania reside na vontade do povo. isto é. D. assegurou a unidade territorial do Brasil. com a administração ligada diretamente à Lisboa. apesar do isolamento e da distancia em relação ao Rio de Janeiro. Ceará e Bahia. tinha pouco mais de mil habitantes e era a capital imperial do Piauí. às margens do Ipiranga. Era uma espécie de Portugal em plena caatinga piauiense. a perceptividade da inclusão do 13 de março de 1823 na bandeira do Piauí fica comprometida. A Batalha do Jenipapo. somente em 1715 foi criada a Capitania de São José do Piauí. Rio Grande do Norte e Ceará. Com a independência brasileira levada a efeito em São Paulo. a inauguração do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. não sequer uma única escola regular. São Paulo. Quinze mil bois eram abatidos em Parnaíba para abastecer de carnes os mercados do Maranhão. Piauí. a fundação do Colégio de Medicina e Cirurgia e da Escola de Comércio. ricos comerciantes portugueses e outras autoridades. o sentimento de independência no Brasil teve inicio no século XVIII com a chamada Conjuração Mineira de 1789. Em âmbito nacional. Pernambuco. A presença militar lusitana em terras piauienses. por essa época. O gado era mais importante do que o ser humano. de quatro mil pessoas. e 50 milhões em cruzados. Em 1808. mas com passos firmes e decisivos rumo à liberdade. Maranhão. não ficou dessa epopéia libertária. em 1821. nos livros didáticos. No Piauí. Até as três primeiras décadas do século XIX. Alagoas. Parnaíba dava os primeiros passos com o comércio de exportação de carnes e de algodão. apenas as mais altas autoridades ligadas à administração. era formada principalmente por membros da realeza. D. com o Brasil se tornando a sede da Coroa Portuguesa e com os desdobramentos desse fato: a abertura do porto às nações amigas. a chegada da família real ao Brasil marcou definitivamente esse sentimento de nacionalidade. a noticia chegou no dia 30 de setembro. E foi justamente para efetivar essa posse que os portugueses mandaram para o Piauí o oficial graduado João José da Cunha Fidié. no dia 7 de setembro de 1822. A província era subordinada à Bahia pelo lado jurídico e. todas imbuídas numa causa comum que girava em torno de idéias liberais. Com a volta da família real para a Europa. A questão internacional provocada pela Revolução do Porto (1820). A província foi entregue a exploradores maranhenses e baianos. Ao contrário da situação dos dias atuais. Saber ler e escrever era um privilégio de poucas pessoas. a fundação do Banco do Brasil. Paraíba. Havia comunicação postal. o quadro financeiro do Piauí. Pedro I. era considerado bom.HISTÓRIA DO MARANHÃO Nos meios de comunicação em geral. na liberdade de expressão e de culto. Muito embora a Freguesia da Mocha tenha sido instalada em 1697 sob a invocação de Nossa Senhora da Vitória. Sergipe. deu o grito de independência. Pará. Cerca de 50% da renda bruta das numerosas fazendas de gado do Piauí ia parar nos cofres das cortes portuguesas. não obstante já existisse desde 1770 um serviço postal ligando os mais distantes rincões do território. além do fumo. cana-de-açúcar e outros produtos. dividido entre as pretensões dos brasileiros que queriam a independência e a dos portugueses que desejavam continuar com a política colonialista. os parnaibanos reconheciam a autoridade de D. chegando em Campo Maior no dia 1º de março de 1823. um militar de alta patente. A 17 de setembro de 1822. capital imperial do Piauí. mesmo com o Grito do Ipiranga. Corroborando o boato de que Portugal queria ficar com o norte do Brasil. Isso foi aceito como convite à ação libertadora e um não à presença militar portuguesa em terras piauienses. Ao saber da aproximação de Fidié. Os portugueses ainda contavam com o apoio de navios e barcos instalados na costa parnaibana para ajuda no caso de uma emergência. missas e até fogos de artifício. O mesmo Leonardo também proclamou a independência de Campo Maior. além de milicianos que serviam de artilheiros para as peças de campanha. Fidié O general desloca-se para Parnaíba Quando Fidié soube da proclamação da independência feita pelos parnaíbanos em 19 de outubro de 1822. Em Piracuruca. desta vez composta por 1. se chegasse a Oeiras. Diferentemente dos parnaibanos. rompendo os laços que uniam o Piauí a Portugal. sem a presença dos líderes que tinham proclamado a independência do Piauí. com perdas apara ambos os lados. em Oeiras. começava também o movimento separatista. convocou novamente a tropa. ele não encontrou qualquer resistência. senão sufocar militarmente o levante revolucionário no litoral e. os soldados teriam de fazer o trajeto a pé. Didatismo e Conhecimento 19 . Governador das Armas do Piauí.100 homens. Fidié passou treze dias acampado em Campo Maior antes de seguir para o litoral. A concretização da liberdade aflorava no coração dos piauienses. Como o objetivo de Fidié era prender os insurretos parnaibanos e restabelecer o império português no litoral. alguns passaram a dar vivas ao imperador D. ele possuía uma fábrica de pólvora que seria usada num possível ato revolucionário. Cerca de 660 quilômetros. Nesta sessão estavam presentes os líderes Simplício Dias da Silva. Apesar de certo alinhamento às cortes portuguesas. Fidié já era herói quinze anos antes de vir para o Piauí defender a última esperança portuguesa de ter uma colônia lusitana nas Américas. onde a partir dessa data declarou os piauienses como inimigos de Portugal. Em Piracuruca a independência tinha sido declarada em 22 de janeiro por Leonardo Castelo Branco. ficou enfurecido. o Defensor Perpétuo do Brasil. depois de onze dias de marcha acelerada. com a chegada do mesmo e de toda sua tropa tudo mudou. Logo na sua chegada houve festas. Antes da chegada de Fidié em Campo Maior o clima na cidade era de alegria. de onde ele partira para sufocar o levante libertário em Parnaíba. Após isso os portugueses marchavam com mais cautela. Uma plateia lotava as dependências da Câmara. cem granadeiros e alguns instrumentos bélicos. tomou a decisão de marchar com quase todo o efetivo militar rumo a Parnaíba com o objetivo de manter a dominação portuguesa sobre o Piauí e sufocar o movimento libertador. No caminho de volta ocorre um pequeno confronto na Lagoa do Jacaré entre os independentes piauienses e o exército português. o precursor da independência no Piauí. No dia 28 de fevereiro de 1823. A preocupação meio de Fidié era fazer nas “terras dos carnaubais” um foco de resistência portuguesa diante do sentimento nacionalista dos campo-maiorenses. Manoel de Sousa Martins age em Oeiras Enquanto Fidié vivia as delícias do litoral piauiense. ver in loco a situação explosiva em Campo Maior. tendo à frente o brigadeiro Manoel de Sousa Martins. em sessão solene. com destino a Parnaíba. Campo Maior era também um caldeirão de idéias libertadoras. destituído desde 19 de outubro. sendo que estes que passaram a festejar eram lusitanos ali residentes. Considerou uma grande traição. o Maranhão e o Pará. Em 24 de janeiro de 1823. que era a porção mais rica da província. alem da vinda de Fidié a Oeiras como Governador das Armas. sendo que estes últimos temiam represálias. rompendo os laços que mantinha com Portugal. foi enviado ao Piauí devido ele já ser considerado um herói em Portugal quando ele lutou contra os exércitos napoleônicos quando a França invadiu Portugal em 1807. Fora o grupo de oficiais que iam a cavalo. ao mesmo tempo. Essas idéias entravam no Piauí por Parnaíba. a junta governista chamou a Oeiras Lourenço de Araújo Barbosa. Pedro de Alcântara. Quando Fidié soube do ocorrido em Oeiras. Estados Unidos e França. Segundo informações dos espiões oeirenses infiltrados em Campo Maior. Fidié chega a Campo Maior em 24 de novembro. para prestar esclarecimentos a respeito dos boatos sobre atividades emancipacionistas. reconheceu a independência do Brasil. em 5 de março de 1823. Fidié partiu no dia 13 de novembro de 1822. o que constituía uma tarefa das mais árduas. que na época compreendia o Piauí. Oeiras declarou-se independente. Fidié se sentia o próprio rei. que agiram por impulso. Leonardo das Dores Castelo Branco e o juiz Cândido de Deus e Silva. ele partiu para Parnaíba em 8 de dezembro de 1822 deixando Campo Maior sob a responsabilidade do tenente-coronel João da Cunha Rebelo com cem praças. João VI e a Portugal. Fidié chegou em Parnaíba no dia 18 de dezembro de 1822.HISTÓRIA DO MARANHÃO As idéias revolucionárias desenvolvidas por piauienses ilustres vinham de Portugal. não restou outra alternativa a Fidié. Em 19 de outubro de 1822 a Câmara Provincial de Parnaíba. lutou bravamente na defesa de Portugal contra as forças francesas do general Junot. O exército de Fidié era composto por seis mil homens. que a cada dia se tornava mais urgente. alguns colaboradores e uma pequena parte do povo. o brigadeiro trabalhava silenciosamente a causa da independência do Piauí. Com muito júbilo partiu de Parnaíba numa viagem de volta para Oeiras. Fidié. Para mostrar sua força. Com a declaração parnaibana de independência em relação a Portugal. os portugueses enviaram para o Piauí uma quantidade enorme de armas por volta de 1820. Fidié tinha de ser barrado em Campo Maior de qualquer jeito porque. passando por Campo Maior. De Oeiras para Parnaíba a distância era muito grande para os padrões da época. os independentes parnaibanos fogem para o estado vizinho Ceará. mesmo para um exército bem treinado e disciplinado.de Oeiras. a independência seria jogada por “água à baixo” e assim os portugueses consolidariam uma colônia portuguesa no norte do Brasil. com várzeas imensas. no Maranhão. chuços. Dezenas de corpos caíram pelas balas do exercito português. os homens da cidade e das redondezas foram arregimentados. seguiu em frente deixando para trás uma cidade fantasma. A fuzilaria e os tiros de canhão dos portugueses varriam o campo de luta de um lado para o outro. os piauienses chegaram às margens do Rio Jenipapo . Saíram das trincheiras na qual utilizavam como posição defensiva e precitadamente foram pela estrada da direita atrás do inimigo. com grande destemor não temendo nada contra a vida e sim pela pátria em tremenda representação de amor pela mesma. Os combatentes piauienses. E ficaram esperando o exercito português. Com essa demonstração de amor pela pátria e de bravura que os piauienses tinham. houve uma apresentação com a banda de música na qual houve um desfile militar. parentes e amigos. de onde pretendiam impedir a passagem de Fidié. fez com que os portugueses ficassem assustados. fundada por Afonso Henriques em 1162. ousadia e coragem. Meses depois Fidié foi preso em Caxias. Cerca de dois mil homens marcharam para o combate. que cujas perdas foram estimadas em 116 mortos e 60 feridos. Campo Maior os portugueses estrada adentro. arrumaram o que puderam. sem nenhum sinal de vida. onde eles acabaram recuando. Do Rio ele foi mandado de volta para Portugal. tinha de passar por ali. onde foi recebido com honras militares pelos serviços prestados à Coroa Portuguesa. distribuiu o armamento pesado. composta de comida. Logo após às oito horas. Na noite de 12 de março. os libertadores retiraram-se em desordem. Só que estavam em dúvidas em qual dos caminhos vinha Fidié. sendo surpreendidos. mesmo sabendo que já tinham derrotado a eles. facas e foices. De onde estavam dava para ver quando os portugueses se aproximassem do palco da luta porque o terreno era bem plano. A certeza da morte não tirou o ânimo dos que iam morrer pela pátria. Os portugueses espantaramse com a coragem e com a bravura dos piauienses. abertas sem amparo algum. Os combatentes piauienses e cearenses não vestiam fardas. machados. 200 mortos e feridos. foram pela estrada da direita encontrando-se com a cavalaria portuguesa. organizou os atiradores em posição de frente de combate (em linha) nas trincheiras onde antes estavam os piauienses e esperou que eles voltassem para lá. Sem nenhuma experiência em guerras. de lá levado para Oeiras de onde foi mandado para o Rio de Janeiro. Fidié ao saber do ocorrido atravessou o rio Jenipapo pela estrada da esquerda. No primeiro instante do combate houve muitas baixas por parte dos piauienses. enquanto a outra parte se escondeu nas moitas de mato ralo perto da ribanceira. atacar Fidié ao mesmo tempo e em todas as direções ao longo das margens do rio. para encontrar-se com Fidié. acharam que o confronto havia começado. líder dos combatentes brasileiros. Monumento do Jenipapo. Era um ano em que a seca castigava a nordestino. algumas armas e até mesmo um pequeno tesouro que Fidié trazia do saque que havia feito na cidade de Parnaíba. à cerca de um quilômetro de Campo Maior. Na saída da cidade. só que as tropas portuguesas não se encontravam mais ali. Só recebia essa comenda o soldado que demonstrasse extrema valentia. Neste momento os piauienses perseguiram Didatismo e Conhecimento 20 .O povo com espírito de tornar-se independente estava entrincheirado e sabiam que à frente deles havia uma estrada que se dividia em duas. Fidié e seu exército caiam de cansaço. Ao sinal de comando. Antes os piauienses estavam em posição favorável agora tudo se reverteu. Os cearenses do Capitão Nereu na hora da retirada levaram a maior parte da bagagem dos portugueses. o capitão Rodrigues Chaves mandou uma patrulha sondar o lugar onde seria travada a batalha. se mobilizou com intuito de impedi-lo de continuar viagem. sem saber da divisão que Fidié tinha feito no seu contigente. No local onde houve a Batalha foi erguido um Monumento em memória aos piauienses que ali morreram pela independência de nosso O confronto A população de Campo Maior. Fidié. No dia 16 de março de 1823. Os poucos que conseguiram atravessar a linha de fogo deram o último suspiro à boca dos canhões. venderam suas jóias. Às duas horas da tarde. Fidié passou dois dias na cidade de Campo Maior enterrando os seus mortos. com certeza. No meio-dia. Sem ter com quem lutar. todos os homens se reuniram em frente à Igreja de Santo Antônio. construiu de forma apressada umas barricadas. os piauienses estavam cansados e certos de que não venceriam os portugueses. estacionou na fazenda Tombador. Fidié ao chegar no local onde a estrada se dividia resolveu mandar uma metade do exercito por um lado e outra metade pelo outro lado. Os sucessivos ataques dos piauienses tinha como resultado muitos mortos pelo chão. deixando 542 prisioneiros. ao saber que Fidié vinha de Parnaíba com destino a Oeiras e passaria ali. todos estavam empenhados a se unirem em só ideal: lutar. Os mesmos avançaram bravamente contra a cavalaria. a maioria dos patriotas ocultou-se no próprio leito do riacho. a mais antiga condecoração militar portuguesa. Como o riacho estava quase seco. Mesmo sem acertarem os passos eles levavam consigo a chama da liberdade queimando no peito. As mulheres estimularam os seus maridos. O amanhecer do dia 13 de março de 1823 prenunciava um dia claro. ouvindo o tiroteio. O sol escaldante e o medo da valentia dos piauienses não permitiram que as tropas portuguesas os perseguissem.HISTÓRIA DO MARANHÃO encontrou a cidade abandonada. saiu da cidade indo para o Estanhado. Entre os títulos recebeu o de comendador da Ordem de Avis. A massa de combatentes que iam lutar pelo Brasil saiu exultante ao som dos tambores. Os independentes. Quando os piauienses viram a situação adversa só encontraram uma alternativa. com poucas nuvens e muito calor. busto de Leonardo Castelo Branco. que. paus e pedras e algumas espingardas usadas. As armas que eles usaram foram espadas velhas. Os que conseguiam passar pelo bloqueio de fogo conseguiam lutar corpo a corpo com os portugueses. Todos queriam lutar para livrar o Piauí do domínio português. Ele foi junto com uma das metades pela esquerda e a cavalaria foi pela direita. água. Os habitantes tinham fugido na noite anterior. uma pela direita e outra pela esquerda. devido eles nunca terem visto tanta audácia em nenhum lugar do mundo. depois de cinco horas de combate. neste momento já não lutavam mais se rastejavam ao encontro com a morte. Um processo travado entre jesuítas e um criador de gado. na opinião até mesmo do Dr. A historia Eclesiática do Maranhão. Essas peças pertenciam ao antigo Museu do Couro que para lá foi transferido. que. segundo alguns. até que ali se formara um arraial. grafa Cachias. O Norte era autêntico satélite de Portugal. com 608 pessoas de comunhão. veio a se transformar.Em Pastos Bons a criação de gado foi a origem da povoação que. O Pe. no ano de 1741. Situado à margem esquerda do rio é. nas colheitas. Gabriel Malagrida fundara “pequenas escolas em Caxias e Parnaiba. fome e peste. centenas de aldeias indígenas que haviam sido escorraçados pelas tropas portuguesas para o médio e alto Itapecuru. Disse-se.e o seminário encontravase na povoação batizada por Tresidela. Ainda dois jesuítas vindos do sertão da Bahia. Em meados do século XVIII (1750 em diante) criava-se a paróquia das Aldeias Altas. na verdade. sendo o primeiro nome de Caxias “São José das Aldeias Altas”. que percorrera os sertões do Maranhão entre o Itapecuru e o Parnaíba. o produto de seu trabalho. como a pastagem era farta e boa para criação de gado. imortalizou-os no poema “Cemitérios” (In Fazendeiro do Ar. pois provém. A iniciativa coube ao Coronel Simplício Dias da Silva. deixamos por não servir à verdade histórica. é sabido que os sertanistas que partiram do sul e leste do Brasil penetravam fundo nos sertões do Piauí atravessando o Parnaiba e atingiram fundo nas imediações de Caxias. Campo Maior): “No cemitério de Batalhão os mortos do Jenipapo / Não sofrem chuva nem solo telheiro os protege / Asa imóvel na ruína campeira”. O nome Aldeias Altas vem. estabeleceramse nelas no século XVIII e edificavam uma igreja.flor do arbusto chamado “ corona christi 21 .e que em torno da fazenda foram se aglomerando as pessoas que demandavam a localidade. grafava-se antigamente com CH: Cachias. encerrou suas atividades em 1760. na direção do litoral. Felipe Conduru. refere que o Pe. Os paióis. Encerrado o ciclo produtivo levantavam tenda. o mesmo ocorrendo com Caxias. Esses pousos eram casebres construídos de folhas de palmeiras geralmente tapados de palhas. No norte. governou a aldeia até o ano de 1758. deixou forte lacuna para quem desejasse fazer estudo mais profundo sobre primórdios históricos da povoação. via de regra à margem dos rios. Ora. que em princípios do século XVIII existiam à margem do Itapecuru. Antônio Dias. do bispo D. Segundo documentos. nas parte alta do rio. Antônio Dias. nas três aldeias existentes. edifica-se a unidade da pátria. item II. fizera erigir em Aldeias Altas uma escola para ensino de primeiras letras a índios e filhos de colonos. do nome cachia ( como se pode ver no excelente dicionário de Morais) . Sª da Didatismo e Conhecimento Caxias e a queda dos topônimos Esse é um episódio pouco conhecido no que diz respeito ao topônimo Caxias. O Professor Basílio de Magalhães. a partir dos 30 primeiros anos do século XVIII (1730). mais tarde. ali se instalaram. precisamente na outra margem do rio. O poeta Carlos Drummond de Andrade. da Companhia de Jesus. Como tal assunto parece cair no domínio da lenda. No Sul. terá derivado dessas três aldeias. rico e viajado. originada dos pousos e panóis e do aglomerados de lavradores e criadores da região. espalhadas por 30 fazendas. um grande atrativo turístico e no local também se encontra uma parte do acervo bélico usado pelos combatentes. em 1742”. que jamais fora fundada. seria elevada a vila. nasceram em consequência dos chamados “pousos” ou “paióis”. e serviam aos tocadores de gado que provinham da bacia do São Francisco. nos pontos mais altos daquele vale ribeirinho. senão que.HISTÓRIA DO MARANHÃO país. naturalmente em contraposição às primeiras já estabelecidas no baixo Itapecuru. num dia e hora certos. O que se sabe ao certo é que o Padre Antônio Dias. Consequências da batalha A luta no Piauí decidiria a unidade brasileira. assim. uma vez extraviado. sem dúvida. desse conglomerado de aldeias. a 15 jornadas da boca do Itapecuru”. em reconhecimento à bravura dos combatentes independentes. teriam sido eles os primeiros europeus a pisar em solo caxiense. assinala: “ocupadas pelos portugueses as suas primeiras habitações.sendo ele uma rudimentar construção de casa de palha. diz que “chegou a vez da fundação das Aldeias Altas. A Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Quase que sem exceção. A verdadeira origem da cidade de Caxias. José Coelho de Souza. onde armazenavam. Antonio Gonçalves Dias. notadamente para São Luis. pelo Pe. O Pe. a de N. sangue e morticínio. para queimada de novas matas e construção de novos rosados. ali que “ é melhor grafia do topônimo. como já o haviam feito na região de Pastos Bons. Jenipapo foi o retrato da bravura de um povo em luta pela sua liberdade. foi construída a capela de São José. eram depósitos provisórios construídos pelos lavradores de cultivo intenso da terra. as cidades ribeirinhas do norte do Brasil. da chegada de dois padres jesuítas nas Aldeias Altas.no arraial que foi o núcleo da atual cidade de Caxias. feijão e principalmente algodão. dando à nova povoação o nome de “Aldeias Altas”. apoiado por vários historiadores. por volta de 1730. em anotações à obra de Spix e Martius. Sobre os destroços da sua riqueza. de que se destacavam as tribos chamadas Guanarés. A ser verdadeira a teoria de César Marques. publicação do Governo federal. à “esponja” . em fins do século XVI. A ADESÃO DE CAXIAS À INDEPENDÊNCIA DO BRASIL. embora se saiba sem contestações evidentes. milho. Contam que a origem da povoação terá sido o estabelecimento de uma fazenda de gado no local. o curso do médio Itapecuru. de forma que a palavra ‘Tresidela’. Conceição. A obra de Simplício foi gigantesca. a Independência foi aplausos e festas. até porque a região se prestava largamente ao cultivo de arroz. operada em 1741. única via de acesso para escoamento da produção. além do que era berço de muitos brasileiros ilustres. nas seguintes condições: Comarca Fluminense. a 24-11-1943. em termos energéticos. O Embaixador Macedo Soares. Nova resposta. depois de nos dirigirmos aos Diretórios de Geografia dos Estados que tinham localidades com os mesmos nomes. pois era evidente que havia truncamento em seu despacho telegráfico. que alguns querem que signifique “ do outro lado “. Dr. que não cessaram em seus processos de reação pela mudança do nome da cidade maranhense. o pedido de apoio onde declarou que a Comissão Revisora maranhense era contra a mudança. pois caxias é que dera ao Coronel Luis Alves de Lima o título de Barão então este dera à cidade essa toponímia. respondeu ao Embaixador Macedo Soares. O notável Maranhense. José Eduardo de Abranches Moura. Segundo vosso telegrama cidade maranhense chamou-se Barão de Caxias. revelava que Caxias do Maranhão era igualmente um centro de alta importância econômica. Além disso a lista definitiva dos nomes de cidades e vilas enviadas pelo conselho de Geografia declarou permanecer à Comarca maranhense nome Caxias. endereçou novo telegrama ao Dr.. também telegráfica. Comarca gaúcha. Muito me sensibilizou o telegrama 403. Depois de marchas e contramarchas no Rio de Janeiro e dos esgares dos habitantes de Caxias do Sul. um alentador. que não de caixa. que data de 1811 e tem imensas tradições a zelar”. do Sul. pois ali não havia dito que o nome da cidade era Barão de Caxias. de 2-3-1938 (Estado Novo). A batalha travada por Abranches Moura não fora das mais fáceis. Abranches Moura fez uma minuciosa pesquisa em todo o Estado. segundo a opinião de Gonçalves Dias. Abranches Moura. vimos. em face das numerosas representações que estão chegando. apenas a cidade existente naquele estado sulista. desenvolvimento e tradição”. Nessas condições a Comissão Revisora organizou decreto e respectivos anexos. quando dos altos escalões da Comissão Nacional recebeu o telegrama de nº 192 (1-11-1943). na época Presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Preparava o Dr. É de se crer que o primitivo lugar fosse o hoje chamado TRESIDELA. fazendo com que os índios timbiras. Albuquerque Alencar. alegando entre outras coisas que havia sido a cidade maranhense que dera o título de Barão de Caxias ao Patrono do Exército.° 311. após consultar vários colegas. como Caxias. a 1611-43. sustentou o Dr. As autoridades do Conselho Nacional de Geografia oficiaram à Comissão Regional de Geografia no Maranhão na época presidida pelo Dr. assunto que provocou reações vigorosas no Rio Grande do Sul e Maranhão. foi passada para o Rio de Janeiro. mas lacônico telegrama do Rio de Janeiro ao Maranhão dizia que “Caso Caxias deve ser resolvido harmoniosamente. encarecendo-lhe “ o valioso apoio caso nome Caxias. onde nasceu o grande brasileiro . O telegrama do embaixador Macedo Soares foi mostrado pelo interventor interino do Maranhão. foi tentada a mudança do nome secular de Caxias das Aldeias Altas. nome que nos era caro pela sua antiguidade. para outra que desfizesse a coincidência de três cidades no Brasil com o mesmo nome.ficaria Duque de Caxias. onde se deu reação muito forte que pode criar embaraços à Campanha Nacional de revisão territorial e toponímica que estamos superiormente realizando olhos vistos tão-somente nos interesses do Brasil”. Didatismo e Conhecimento Alarmou-se o intelectual maranhense Abranches Moura. Moura informa que houve má interpretação dos seus telegramas anteriores. mas que. elaborou uma monografia das mais ilustrativas sobre a história caxiense. pois com a tentativa de alteração da antiga denominação dada a Caxias. vem até hoje. o que mais concorda com os fatos”. Entrando em vigor o Decreto n. peço permissão solicitar seja examinada restauração tal nome o que vem facilitar este Instituto promover atendimento pedido Caxias R. No que tangia à importância da Comarca. vê-se que foi feita justiça ao Maranhão. Essa denominação. em virtude do acendramento da reação gaúcha. Moura adverte que “tínhamos por dever sustentar a conservação do nome de Caxias à nossa Princesa do Sertão. continuaria apenas Caxias e Comarca do Maranhão mudaria para Marechal Caxias ou Caxias do Norte. e este tratou imediatamente de rebater a insinuação. Não se conformara a Comissão Nacional de Geografia. não é mais do que uma corrupção de TREZE ALDEIAS. que proibia mais de uma cidade brasileira com o mesmo topônimo. o Governo do Maranhão recebeu este telegrama sobre a querela dos topônimos : “ Nº 20440 de 11-111943 -. cujos direitos foram reconhecidos. Abranches Moura. 22 . No final do telegrama. ao Dr. começando por afirmar que “ no Século XVII era enorme a invasão dos portugueses que entravam no interior da Província. que “ sendo a prioridade dada pela antiguidade e categoria. pelo telégrafo.Exª ao Interventor devo esclarecer o seguinte: O DIREGEO disse em seu telegrama de 16 que a cidade maranhense foi que deu nome Barão de Caxias ao Coronel Alves Lima.HISTÓRIA DO MARANHÃO “. Por fim. vasado nesses termos: “nº 20438 de 11-11-1943. respondendo ao Embaixador nestes termos: “ Tendo conhecimento do telegrama de V. ai ficando tal qual e no Rio Grande do Sul passando a Caxias do Sul”. Abranches Moura. No seu Relatório declara. entre outras coisas. que a qualquer preço queria modificar o nome da cidade maranhense para permanecer. Peço permissão insistir. consulto se então se não satisfaria restaurar tal nome”. Cidade maranhense sempre teve o nome de Caxias. como sabido. já aprovados pelo Conselho Administrativo”. Em seu ultimo telegrama ele afirma “. pois no Rio Grande do Sul a reação é muito grande e pode criar embaraços ao nosso CNG. de grande importância econômica.Acuso telegrama 16 e agradeço informações. Num dos pontos do rio Itapecuru esses índios escolheram um lugar a “ aí fundaram diversas aldeias. Em seu relatório o Dr. Abranches Moura: “Maranhão tem fortes razões para pleitear conservação nome Caxias à cidade maranhense. Pois bem. que aí habitavam. exarada na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro. se refugiassem para o meio das florestas. Dr. a fim de fugirem às suas perseguições”. G. como DIREGEO daí telegrafou dizendo que cidade maranhense chamou-se Barão de Caxias. que apenas teríamos de mudar a denominação de oito cidades de duas vilas”.. Nesse despacho o Dr. Abranches os novos mapas. O Dr. encontrando no Maranhão 27 cidades e 3 vilas. faz um resumo dos principais fatos históricos de Caxias e conclui com uma relação de vários nomes ilustres da Princesa do Sertão. Ao lado se sua luta. Caxias resistia. publicada em 2005. Os liberais divulgam uma campanha para retirar o total controle das eleições dos prefeitos. O ato foi uma convocação da: “Exmª Junta da Delegação Expedicionária do Ceará. em face da delicadeza do problema. Caxias. Raimundo Gomes. A Capital São Luis aderiu à Independência do Brasil em 28 de Julho de 1823.Passos. Mas algumas províncias como a do Maranhão. o Clero. berço de Vespasiano Ramos. mas para ele isso ainda não era o suficiente. afirma o historiador Milson Coutinho. O dia 1º de Agosto de 1823. que indignado com tal ato invadiu a cadeia pública do povoado e libertou seu irmão em dezembro de 1838. D. Otávio Passos.Pedro I decretou a Independência do Brasil. elaborou um rápido mais excelente trabalho sobre a matéria. Foi pelo Morro do Alecrim ou Morro das Tabocas que as tropas brasileiras invadiram Caxias e pela Rua 1º de Agosto. traz relatos que ratificam o contexto histórico acima descrito. das mãos dos conservadores. a Prefeitura de Caxias continua comemorando a data como aniversário da cidade. na época prefeito de Caxias. 2ª edição. o então general Luís Alves de Lima e Silva escolheu o nome da cidade invicta. A Balaiada nasce da disputa de poder entre eles e pela alta pobreza na região. chamada de caminho dos jesuítas. é uma alusão a Adesão de Caxias à Independência do Brasil. Pedro II. Mais uma vez. não é justo que uma simples superioridade financeira. algumas regiões do país eram disputadas entre brasileiros e portugueses. poetas e escritores caxienses tentam lembrar aos administradores da cidade. que retrata justamente o dia em que Caxias foi elevada à categoria de cidade em 1836. ninguém concordou com a mudança do nome da cidade. não aderiram a princípio. ainda era chamada na época de Caxias das Aldeias Altas e nessa reunião estavam presentes representantes da Câmara Municipal. a disputa se torna intensa e envolve muitos escravos e pobres que também tinham interesse em mudar a sua atual situação de pobreza. José Pereira Filgueiras que: “em cumprimento dos decretos e Ordens de S. ex-escravo e o próprio Balaio (Manuel Francisco dos Anjos Ferreira) o apoiou para espalhar a revolta e o direito dos liberais pelo Maranhão. tecendo considerações históricas sobre o topônimo Caxias. 13 anos antes. contou com a decidida atuação do Dr. Por tudo isso. e Pihahuhi”. a região na época era muito conhecida por ser uma das principais responsáveis pela exportação de algodão no Brasil. Cosme Bento. Nesse momento os ânimos já estavam tensos e não precisou de muito para se iniciar a revolta. Esse ato é marcado principalmente por uma reunião. Por fim. ou o orgulho que o exalta. pelo cunho patriótico em que foi lavrado. O historiador afirmar que apesar da entrada das tropas brasileiras em Caxias ter ocorrido no dia 1º de Agosto de 1823. no sentido da mudança de nome da cidade. para que nenhuma alteração sofresse o nome de Caxias. Didatismo e Conhecimento 23 . A BALAIADA: CARACTERIZAÇÃO E CAUSAS DO MOVIMENTO. deve aqui figurar in verbis: “ Quando de volta do Rio de Janeiro. Na política havia uma disputa entre os liberais (bem-te-vis) e os conservadores (cabanos). somente no dia 7 de Agosto de 1823 Caxias adere de fato à Independência do Brasil no papel. que recebera iguais telegramas de Macedo Soares. de 5 de julho. Foi no Maranhão o último foco de resistência. Não é de hoje que muitos jornalistas. Caxias. pela Lei nº 24. como consta em Auto de Juramento à Independência Prestado na Matriz da Villa de Caxias. O avanço das tropas brasileiras foi constante conseguindo consolidar num breve espaço de tempo muitas terras nacionais aos domínios do Brasil. após brilhante desempenho da missão pacificadora que o trouxe a este Estado. e elevada a cidade em 1836. a quem a cidade ainda deve um melhor estudo de sua vida e obra (possui uma praça em Caxias com seu nome). ocorrida na Igreja da Matriz da cidade. Resistiu enquanto pôde. A escolha honrosa do grande soldado deveria bastar. Majestade Imperial e Defensor Perpétuo do Brazil…Dom Pedro Primeiro”. sobre as comemorações a cerca desta data. os soldados chegaram até a Igreja da Matriz. que representa o Auto de Juramento à Independência. como a alegada. pela cidade rio-grandense. LORDE COCHRANE E A ADESÃO DE SÃO LUÍS À INDEPENDÊNCIA DO BRASIL. Essa resistência tinha um nome: O tenente português João José da Cunha Fidié. Com essa campanha. Nobreza e o Pôvo (palavra ainda escrita com o uso do acento circunflexo). Ante o exposto. entrou em entendimento com os notáveis da cidade. e não querendo ceder à pressão dos gaúchos. A obra: Caxias das Aldeias Altas (subsídios para sua história) de Milson Coutinho.HISTÓRIA DO MARANHÃO Arremata a Alvará Régio de 31-10-1811. Pelo menos até 1823. O movimento cresceu adquirindo Em 7 de Setembro de 1822 D. Terminava assim a resistência de quase um ano ao governo de Dom Pedro I. pelo qual o Arraial foi elevado a Vila e declara que fora esta instalada a 24-1-1812. de ter seu nome imorredouramente ligado ao nome da maior glória do Exercito Nacional’. O ponto de partida para a Balaiada foi a detenção de um irmão de um dos liberais. 188 anos de Adesão a Independência do Brasil. ilustrada figura dos meios culturais caxienses. quando na realidade se devia comemorar o 5 de Julho por ser essa data. Entre 1838 e 1841 o Maranhão passava por uma crise econômica peculiar. por exemplo. enquanto isso. Neste ato foi dito ainda na presença do Comandante em Chefe do Exército. para o título nobiliárquico com que o agraciou o monarca brasileiro. supere as glórias que Caxias conquistou. Coelho Neto e Gonçalves Dias completa hoje 1º de Agosto de 2011. O professor Nereu Bittencourt. O Dr. O final do seu estudo. Caxias foi um dos maiores focos de resistência portuguesa no Maranhão. a época da Regência de Pedro de Araújo Lima. Algumas vitórias foram realizadas pelos balaios. dispersouse e estendeu-se para a vizinha província do Piauí. Pouco após o fim da revolta. Em paralelo. boas partes dos balaios se renderam diante da anistia. a atividade pecuária absorvia grande parte da mão-deobra livre nessa região. Raimundo Gomes conseguiu o apoio de Cosme Bento. Com o resultado da opressão ao movimento e sua diluição. tradicional apoio dos bem-te-vis. Destes últimos. debilitar ainda mais estes últimos pela contratação dos serviços de vaqueiros. aos poucos. nomeado Presidente da Província. após uma tentativa frustrada de invasão da capital da província. Presidente da Província. nomeado Presidente da Província. Barão de Caxias. por um lado. luta por um governo centralizador. Conjugando a pacificação política com uma bem sucedida ofensiva militar. tentando. D. também Sousa Martins recebeu um título. Os líderes balaios. rendeuse. obteve a pacificação da Província em 1841. Mas o primeiro presidente. invadiu o edifício da cadeia pública da povoação e libertou-o. Para combatê-los foi nomeado Presidente e Comandante das Armas da Província o coronel Luís Alves de Lima e Silva. como ocorrido quando da promulgação do Código de Processo Criminal de 1832 e do Ato Adicional de 1834. foram mortos em batalha ou capturados. com Prudente de Morais. O motivo era a disputa pelo controle do poder local. O movimento. envolvendo as camadas populares. no Piauí dominava Manuel de Sousa Martins. com o apoio de um contingente da Guarda Nacional. um dos principais chefes dos balaios. e alcançou a vizinha província do Piauí. Esses fatores explicam o envolvimento de escravos e de homens livres de baixa renda no movimento. líder conservador. dispersou-se após repressão sofrida de um destacamento da Guarda Nacional. A definitiva pacificação só foi conseguida com a anistia concedida pelo imperador aos revoltosos sobreviventes. as elites locais se aproximaram em busca de estratégias para derrotar os revoltosos. ex-escravo à frente de três mil africanos evadidos. Pela sua atuação na Província do Maranhão. em uma sucessão de confrontos vitoriosos obtida pela concessão de anistia aos chefes revoltosos que auxiliassem a repressão aos rebelados. Raimundo Gomes. fugitivos e prisioneiros. como a tomada de Caxias e a organização de uma Junta Provisória. Foi feita por pobres da região. dando às classes dominantes locais um maior dinamismo político. Por isso foi promovido a General e recebeu o seu primeiro título de nobreza . os liberais (bem-te-vis) e os conservadores (cabanos). Os líderes balaios foram mortos em batalha ou capturados. e inicia aí a sua fase de O Pacificador. consolidando24 . destacandose por sua excepcional ajuda em reprimir a adesão à Balaiada na província. No campo político ocorria uma disputa no seio da classe dominante pelo poder. Foi auxiliado no Piauí por Manuel de Sousa Martins. o governo formou um grupo com a finalidade de dissolver essa crescente força. o movimento adquiriu feição própria. Preocupado com isso. provocando o chamado regresso conservador. e conhecido repressor de movimentos liberais ocorridos em toda a província. o governo regencial enviou tropas sob o comando do então Coronel Luís Alves de Lima e Silva. Diante da proporção alcançada. A causa foi a miséria promovida pela crise do algodão. conservador. Didatismo e Conhecimento PERÍODO REPUBLICANO: ADESÃO DO MARANHÃO À REPÚBLICA. após a sua morte o ex-escravo Cosme. em dezembro de 1838. passava por uma grave crise econômica. em 1840. Em uma das batalhas o comandante dos balaios. que saiu fortalecido com a Lei dos Prefeitos e estimulou a revolta de seus conterrâneos liberais que almejavam ganhar mais poder político. A Formação do Estado Republicano e a ascensão dos Maranhão ao poder A Proclamação da República em 1889 traz o fim da monarquia. com poderes plenos. o de Visconde da Parnaíba. devido à concorrência com os Estados Unidos da America. Contestando a detenção do irmão. A repressão A REPRESSÃO: CAXIAS E A BALAIADA. Esse grupo formado pela elite tinha como comandante o Coronel Luis Alves de Lima e Silva. Lima e Silva é designado como Barão de Caxias. no Brasil. que se refletia no Maranhão opondo. São Luís. ocorrida entre 1838 e 1841 no interior da então Província do Maranhão. assumiu a liderança do movimento. Em 1894. saindo de controle. ao mesmo tempo. o grupo da descentralização chega ao poder. e de Manuel Francisco dos Anjos Ferreira. À mesma época. Apesar das tentativas de manipulação por parte dos bemte-vis. região exportadora de algodão. A Balaiada foi uma revolta de caráter popular.HISTÓRIA DO MARANHÃO O movimento cada vez mais adeptos da classe populares. por enforcamento. Deodoro da Fonseca. Em seguida. Lima e Silva recebeu o título de Barão de Caxias.e que após a tentativa de invasão de São Luís. como Cosme Bento. O evento que deu início à revolta foi a detenção do irmão do vaqueiro Raimundo Gomes. por determinação do sub-prefeito da Vila da Manga (atual Nina Rodrigues). que venceu os revoltosos na Vila de Caxias. os cabanos maranhenses aproveitaram a oportunidade para aliar-se aos bem-te-vis. escravos. Antecedentes Durante o Período regencial brasileiro o Maranhão. Diante desse esforço. da fazenda do padre Inácio Mendes (bem-te-vi). Pedro II. Consequentemente a força foi diminuindo até que. Raimundo Gomes. José Egito (cabano). alguns foram julgados e executados. Por outro lado. e nos pequenos acontece a união entre os coronéis locais para os comandos estaduais. o Partido Republicano e o Partido Libertador tinham chegado a um relativo acordo. Até a implantação da República não existia o Partido Republicano no RN. o que justifica a sua deposição por Deodoro. não foi aceita por Antônio Carlos Ribeiro de Andrade. rompe posteriormente com os Maranhão. Ocorre que Didatismo e Conhecimento Fatores da Revolução de 1930 • A dissidência regional: a indicação de Júlio Prestes pelo presidente Washington Luís como candidato do go­verno à Presidência na eleição de 1930. define-se a política de descentralização. No fim da década de 1920. que ainda criou o jornal “A República”. grandes latifundiários do agreste e os coronéis do Seridó. Assim. Mesmo tendo Chaves contribuindo para o desenvolvimento do Seridó. José da Penha denuncia fraudes no governo do Estado mas. A ascensão de Chaves demonstra que o poder político do RN. em Natal. candidato de Chaves. pa­ra que sua política de estabilização financeira não fosse interrompida. o que fortalecia o Estado no plano nacional. uma oportunidade abrir-se-ia para esses setores: uma nova divergência entre as oligarquias regionais e o golpe sofri­do pelo setor cafeeiro com a crise mundial de 1929. A REVOLUÇÃO DE 1930 NO MARANHÃO. por sua vez. pois corre risco de vida. onde grandes Estados se unem para comandar o país. José da Penha. apenas focos isolados. a oligarquia algodoeira passa a valorizar os intelectuais da região tornando o Seridó uma região forte e respeitada na política do nosso Estado. acadêmico de Direito em PE e filho seridoense. a implantação do partido. e os ex-presidentes Epitácio Pessoa. após vários insucessos. no entanto. Mas. contrariando seus aliados logo ao escolher seu secretariado. O declínio da oligarquia Maranhão e a ascensão do “Sistema” Político do Seridó Com o objetivo de se manter no poder. reorganizam o sistema no Seridó. o que não é aceito pela oligarquia do Estado e é. Todavia. esta. até 1914. que era potiguar de nascença e deputado pelo Ceará. A ascensão José Augusto/Lamartine coroa a oligarquia algodoeira/pecuária. A 1ª Guerra Mundial contribuiu para a preeminência da cotonicultura. grupo representante da descentralização. Foram lançadas as candidaturas de Getúlio Vargas para presidente e de João Pessoa para vice. Em 1923. Mas. (ver O Movimento Republicano no Rio Grande do Norte Pioneirismo Seridoense). destacando Caicó. impedindo candidaturas de parentes até o 3º grau. Pedro Velho é escolhido Governador do Estado. contribuindo assim para o predomínio da família Maranhão no governo do Estado. com a renúncia de Deodoro e a ascensão de Floriano. pretendendo voltar ao poder nas eleições seguintes. em 1914. A base de seu governo seria de políticos tradicionais. contestado pelo Presidente da República Hermes da Fonseca. Chaves impõe um nome para lhes suceder. e à Paraíba. Antônio Carlos. as classes médias urbanas não tinham autonomia para se organizar. Como o Partido Republicano assume o poder nacional. estavam marginalizados ou no exí1io. Rom­pia-se a Política do Café-com-Leite. Em 1919. mas são derrotados por Antônio de Souza. começa a despencar. realizou uma aliança com o Rio Grande do Sul e a Pa­raíba. Joaquim Ferreira Chaves é o nome indicado pelo Seridó. Nesse processo intervêm o Catete que reconhecesse as lideranças de José Augusto e Juvenal Lamartine. ao que parece. o Seridó começa a tecer sua hegemonia baseada no algodão/ pecuária. A reforma da constituição enfraquece mais ainda os Maranhão. Na política federal. os Maranhão buscam lançar ao governo alguém de sua confiança da família. presidente do Estado de Minas Gerais. a convenção do PRF aponta Chaves como candidato a governador do RN o que não é aceito pelos coronéis do Seridó. Pedro Velho é reconduzido ao governo do RN. A descentralização contribuiu para o surgimento das primeiras oligarquias republicanas. os correligionários de Chaves. que era o pai de Leônidas. tirando-lhes o monopólio do sal e da carne verde. Este é obrigado a sair do Estado. Ao Rio Gran­de do Sul foi oferecida a candidatura à Presidência. No Rio Grande do Sul. dando origem a uma coligação denomi­ nada Aliança Liberal (1929). o de Campos Sales. este representante do centralismo.HISTÓRIA DO MARANHÃO se nas eleições seguintes. Chaves torna-se o novo chefe político do RN. lançam José Augusto ao governo. Chaves rompem com Tavares de Lira e Alberto Maranhão. devido o nome de Paulo Maranhão não compor a chapa de deputados do RN. desde 1886. O Partido Republicano só foi oficialmente fundado no RN no início de 1889.que era representada pelo presidente do legislativo . a candidatura à Vice-Presidência. a fim de enfrentar o governo federal. querem apontar outro nome. Pedro Velho não convida aliados republicanos (deste partido chama apenas alguns familiares seus). Pedro Velho se associa ao PRP paulista. tentava. fortalecendo a máquina arrecadadora do Estado. impedindo que José da Penha se articule no RN. Dela faziam parte velhos políticos como Borges de Medeiros e Antônio Carlos Ribeiro de Andrade. (ver A Instauração da República no RN: Centralização x Descentralização). Chaves é eleito governador do RN. com Pedro Velho. os setores que contesta­vam as instituições da República Velha não tinham possi­bilidade de êxito: os tenentes. 25 .e reduzindo o mandato do governador para quatro anos. para divulgação partidária. seguros do suporte político conseguido. José Augusto e Juvenal Lamartine. onde Januário da Nóbrega. No governo seguinte. Os nomes apontados são contestados pelos coronéis do Seridó que. pautado no complexo açucareiror/têxtil. O Maranhão apresenta outro nome. indica Leônidas Hermes da Fonseca ao governo do Estado. hegemonia esta que contribuiu para o aumento e diversificação das atividades econômicas de exportação. inclusive. criando também a vice-governadoria . Os Maranhão recorrem ao Rio de Janeiro para consultar a cúpula federal. apóia o nome de Chaves. Juntaram-se a eles o Partido Democrático de São Paulo e outras oposi­ções dos Estados. sem sucesso. Artur Bernardes e Venceslau Brás. que vence as eleições. por um grupo de altos oficiais das Forças Armadas. sob a chefia de Juarez Távora. a participação do Po­ der Judiciário no processo eleitoral. e poucas resistiram. Em 1930. em agosto do mesmo ano. o que provo­ cou seu esfriamento. Os grupos dominantes de São Paulo. Quando se esperava um choque de grandes proporções entre as tropas que vinham do Sul e as de São Paulo. Em vários Estados os governantes puseram-se em fuga. A conspiração sofreu várias oscilações por causa da posição conciliatória dos velhos oligarcas da Aliança Li­ beral. Lin­dolfo Collor. embora tivessem marchado com a candidatura de Júlio Prestes. Flores da Cunha. como Juarez Távora. aproximaram-se dos tenentes. NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX. o beneficiamento do porto do Itaqui. várias aderiram ao movimento.pretenderam compor-se com os vitoriosos. Portanto. ECONÔMICOS E SOCIAIS OCORRIDOS NO MARANHÃO. um fator externo . quebrando a Política dos Governadores e pelo assassinato de João Pessoa (julho de 1930) em Re­cife. cujas valorizações prejudicavam fi­nanceiramente o País. a Junta passou o poder para Getúlio Vargas no dia 3 de novembro. Das tropas do Exército. mas. no Nordeste. pois a grande maioria dos Estados alinhava-se com o presidente Washington Luís. Portanto. • A crise de 1929: embora seja certo que a crise mun­dial repercutiu com mais intensidade no Brasil em 1931.como Borges de Medeiros . mas a chefia militar coube ao tenente-co­ronel Góis Monteiro. Para a região amazônica a grande estratégia consistia num projeto de integração econômica a partir da exploração dos recursos minerais da região de Carajás. Virgílio de Melo Franco e Francisco Campos) que não se conforma­va com uma situação na qual sua ascensão política per­manecia dependente. e pelo almirante Isaías Noronha. integrada pelos generais Mena Barreto e Tasso Fragoso. Este novo momento é esperado como a grande possibilidade de enfim redimir o Maranhão e superar o quadro delineado no filme de Glauber Rocha. o setor cafeeiro era atingido pelos primeiros efeitos da Crise de 1929 e se distanciava do Governo Federal. pretendendo sensibili­zar as classes médias urbanas. o descontentamen­to militar ganhava novo alento. A Lei de Terras Mas. o voto secreto. O movimento Com a derrota eleitoral. leis trabalhistas e anistia política. O setor cafeeiro continuou representando o papel fun­ damental na economia do País. intenção de exercer um papel moderador. mas ex­plorado politicamente pelos conspiradores.a Crise Mundial de 1929 combinou-se com o agravamento de contradições inter­ nas. por motivos ligados a problemas locais. Formou-se uma Junta Governativa Provisória. que tinham a Didatismo e Conhecimento O governo de Sarney ocorre quando o projeto dos militares para o país ainda está sendo arquitetado. Mas existia na Aliança uma ala de políticos jovens (Maurício Cardoso. com a derrota. constituíam um amplo setor de apoio. o programa defendia as li­berdades individuais. que nele viram uma oportunidade de derrubá-la. João Neves. Porém.PGC (saiba mais aqui). os velhos políticos da Alian­ ça Liberal . insatisfeitas. e não somente o café. que antes atendia ao Maranhão). Os tenentes foram aproveitados por sua experiência revolucionária. e no dia seguinte. a construção da estrada de ferro ligando Parauapebas a capital do Maranhão e a integração energética do Maranhão com a usina de Tucuruí no Pará através da vinda da Eletronorte (em substituição à Chesf. A implantação da Vale (que na época chamava-se Vale do Rio Doce) e da Alumar. é preciso considerar que seus efeitos iniciais já abalavam o setor cafeeiro. O PGC era para o Maranhão uma repetição da experiência do sonho industrial do fim do século XIX. intitulada Junta Pacificadora. Dela participavam tropas das milícias estaduais e forças arregimentadas por “coronéis”. como geralmente acontecia na República Velha. foi alentada pela “degola” de deputados federais eleitos por Minas Gerais e Paraíba (maio de 1930). os candidatos da Aliança Liberal foram derrotados. o governo de José Sarney é importante para a formação do Maranhão e da São Luís que temos hoje em dia em função da 26 . OS PRINCIPAIS FATOS POÍTICOS. per­deu a hegemonia política. e pela adesão do gaúcho Borges de Medeiros. O projeto ficou conhecido como Grande Carajás . A usina de Tucuruí também foi construída para atender ao PGC. e sim apenas uma acomo­dação de interesses e uma atualização de instituições. Ricardo Hall e João Alberto. não estavam dispostos a uma luta armada. a crise que se configurara ao longo da dé­cada atingiu sua culminância: as oligarquias regionais dissidentes optavam pela luta armada. o presidente Washington Luís foi deposto. inclusive do próprio Getúlio Vargas. ao proclamar que todos os produtos nacionais deveriam ser incentivados. O novo sonho vai se desenhando especialmente a partir da década de 70.HISTÓRIA DO MARANHÃO O programa da Aliança Liberal satisfazia as aspira­ções dos setores opostos ao cafeeiro. no dia 24. A Revolução levou a uma nova composição de equi­líbrio entre setores da classe dominante. Outrossim. no Pará. Nesse momento. Esse fato foi percebido pelos adversários da oligarquia cafeicultora. Nos anos 80 a Vale e a Alumar passam a funcionar em São Luís. Não houve uma ruptura no processo histórico. elemento de confiança dos políticos gaúchos. Após algumas hesitações. No dia 3 de outubro eclodiu a revolta no Rio Grande do Sul. para isso. Daí a possibilidade de vitória de uma revolução. Apesar da grande repercussão de sua campanha nos centros urbanos. o setor cafeeiro e o governo federal estavam distanciados por este ter recusado auxílio no iní­cio da crise. algumas mantiveram-se neutras. optaram eles pela via ar­mada e. além da preparação política de integração do Maranhão ao PGC. O Maranhão e especialmente São Luís foram beneficiados pelo PGC. Osvaldo Aranha. as classes médias urbanas. Por outro lado. Todas as cidades do Maranhão começaram a crescer a partir dos anos 70. d) a favor do monopólio real sobre a exploração dos produtos da região. além da estrada de ferro ligando o porto às minas no Pará. c) a favor da catequização dos indígenas realizada pelos jesuítas. E tem que se virar nas cidades. de uma hora para outra foram informados que não eram donos da terra onde seus ancestrais sempre viveram e que tinham que sair dali. Nos anos 70 muitos grupos de camponeses e de quilombolas pelo interior do Maranhão. Os revoltosos posicionaram-se: a) contra o monopólio da companhia de comércio e contra os jesuítas. é do tempo do Império!) estabeleceu o Direito Agrário brasileiro de modo a disciplinar as regras da propriedade de terra.979. e) contra a expulsão dos jesuítas determinada pela coroa portuguesa. de 17 de julho de 1969). por vários motivos muitos brasileiros se instalaram pelo interior do país. ou seja. às vezes. Estas oportunidades estavam disponíveis a muitos trabalhadores de baixa qualificação – pedreiros. Depois de algumas décadas. mestres de obra. que defendia o pacto colonial entre Portugal e Brasil. Esta lei concretizava um plano para modernizar a agricultura do Estado e vendia terras para grupos empresariais a preços muito atraentes. alguns destes grupos foram questionados por outros que tinham documentos das terras. Isto acontece porque as duas estratégias de desenvolvimento implantadas se mostram frustradas. b) decisivo para consolidá-la a independência e a configuração geográfica do Brasil. Na capital o PGC resultou na implantação de duas grandes plantas industriais. QUESTÕES 01 . e) promovido pelos estados do Nordeste que pretendiam se separar do Brasil. e na implantação do porto do Itaqui. Estes eventos e a instauração de uma expulsão das populações camponesas no campo resultaram no aumento espetacular da população da cidade a partir dos ano 70. A implantação de todos estes projetos resultou na criação de um grande volume de oportunidades de trabalho. O resultado foi um vigoroso processo de expulsão de moradores de suas terras. O “festival” adesionista foi tamanho 27 . O projeto agrícola fale sistematicamente e só nos anos 90 ressurge através da expansão do complexo da soja implantado principalmente por agricultores gaúchos e paranaenses. na vinda da Eletronorte que melhorou e muito a qualidade do fornecimento de energia elétrica. a Vale e a Alumar. O problema é que estas pessoas não possuem as devidas qualificações para a competição em um mercado de trabalho moderno urbanoindustrial. De outro lado a industrialização cria um pico de oportunidades que não é capaz de manter após a fase de implantação – quando é maior a demanda de trabalhadores. quando a economia e a sociedade brasileira foram se interiorizando. Didatismo e Conhecimento 02 . conhecida por Revolta de Bequimão. conforme podemos ver no gráfico abaixo. Se levarmos em conta o modo de colonização do país. Esta lei ficou conhecida como Lei Sarney de Terras. nem todos verdadeiros. O que interessa para nossa discussão é que a lei de terras do Maranhão repetiu esta história.A Batalha do Jenipapo foi um movimento a) contra as forças nacionalistas que lutavam pela independência política do Brasil. A lei 601 de 1850 (veja. mas a capital teve um crescimento especialmente acentuado. A nova industrialização ou os novos problemas? Esses moradores que foram expulso do interior do Maranhão procuravam os centros urbanos. veremos que os brasileiros se estabeleceram pelo litoral. Para entender o que de fato esta lei significou para o Maranhão é importante lembrar que houve uma lei nacional que também ficou conhecida como Lei de Terras. que também tem seus problemas pois repete o processo de expulsão de camponeses. Todavia a população que se mudou para as cidades não pode simplesmente voltar para o interior ou para a agricultura. c) organizado pelos portugueses para resistir ao processo de independência do Brasil. etc. seja por fugas – caso clássico das comunidade quilombolas. progresso. De um lado a modernização econômica não cria raízes no interior. Os empresários agrícolas teriam acesso a financiamento de projetos via Sudene e Banco do Nordeste. Tivemos crescimento econômico. Todavia estamos em 2010 e o impacto econômico do PGC sobre o Maranhão não pode ser confundido com Desenvolvimento (lembre-se do nosso conceito). ou. eclodiu uma revolta de proprietários de terra no Maranhão. Fizeram isto seja através dos movimentos de entradas bandeiras e outros que fizeram a exploração econômica do interior do país. d) idealizado pela burguesia. b) contra a escravidão dos africanos e dos indígenas maranhenses. Todavia. aquilo que nós chamamos de periferia urbana. Segundo esta lei só poderia ser dono de terras quem comprovasse que havia comprado a propriedade – o que envolveria a posse de um documento de propriedade. É importante lembrar que este momento do Maranhão nos anos 70 é extremamente semelhante ao do fim do século XIX. um século. A idéia era implantar um padrão moderno de manejo agrícola e pecuário.Em 1684.Os chamados “republicanos de 16 de novembro” acabaram roubando a cena política dos republicanos históricos na maior parte dos estados brasileiros. na linguagem do século XIX. Este encontro de moradores e empresário rurais aconteceu mediado por pistoleiros e teve a forma de conflitos fundiários (briga por terra). e isto tinham muito a ver com os projetos industriais do Programa Grande Carajás – PGC.HISTÓRIA DO MARANHÃO (Lei nº 2. 03 . São estas pessoas que fizeram a expansão das cidades através de bairros improvisados e sem infra-estrutura. A implantação dos projetos do PGC de fato alterou a estrutura da economia maranhense. uema. e) os monarquistas maranhenses não tiveram receio em aderir ao novo regime. b) os “republicanos de 16 de novembro” proclamaram a República no Maranhão. (Luis Alberto Ferreira. d) os republicanos maranhenses condenaram os monarquistas ao exílio político. em 18 de novembro de 1889. ANOTAÇÕES —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— Gabarito: 1 – A 2 – B —————————————————————————— 3–B —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— ANOTAÇÕES —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— —————————————————————————— Didatismo e Conhecimento —————————————————————————— 28 .HISTÓRIA DO MARANHÃO que deixou incomodado um conjunto de republicanos idealistas. tornou-se difícil encontrar monarquistas no Maranhão. O editorial de 18 de novembro de 1891 do jornal “Pacotilha”. c) os maranhenses republicanos demitiram os monarquistas dos cargos políticos.outrostempos.br) A análise do texto permite afirmar que: a) não havia políticos monarquistas na província do Maranhão antes do novo regime. In: www. ao fazer a avaliação dos dois primeiros anos de República afirma que tão logo fora nomeada a Junta Govemativa. HISTÓRIA DO MARANHÃO ANOTAÇÕES ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— Didatismo e Conhecimento 29 . HISTÓRIA DO MARANHÃO ANOTAÇÕES ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— ——————————————————————————————————————————————————————— Didatismo e Conhecimento 30 .
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