HISTÓRIA DE PETRÓPOLIS

March 25, 2018 | Author: johnjohnrj | Category: City


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HISTÓRIA DE PETRÓPOLIS Autor: Antônio Eugênio Taulois Universidade Católica de Petrópolis Instituto Histórico de Petrópolis Fevereiro de 2007 SUMÁRIO: 1.0 1.1 1.2 1.3 2.0 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 ANTECEDENTES À FUNDAÇÃO O Caminho Novo As sesmarias e as antigas fazendas A Fazenda do Pe. Correia e Dom Pedro I A FUNDAÇÃO DE PETRÓPOLIS A Fazenda do Córrego Seco Dom Pedro II e o decreto de fundação O mordomo-real Paulo Barbosa O major Júlio Frederico Köeler Petrópolis cidade 3.0 A COLONIZAÇÃO 3.1 A colonização alemã 3.2 Outros colonizadores 4.0 5.0 6.0 PETRÓPOLIS NO IMPÉRIO PETRÓPOLIS NA REPÚBLICA OS VALORES PETROPOLITANOS 1.0 ANTECEDENTES À FUNDAÇÃO A Serra da Estrela, onde se encontra Petrópolis, era praticamente desconhecida pelos colonizadores portugueses nos primeiros 200 anos de colonização, salvo por alguma expedição exploratória para tomar posse de sesmarias. Isso, por causa do enorme paredão montanhoso de mais de 1000m de altura que tinha que ser vencido para se chegar até lá; e, também, pela presença dos bravios índios Coroados que habitavam serra acima. Ali não havia atividade econômica. Somente quando os bandeirantes paulistas descobriram ouro nas Minas Gerais é que foi aberto o Caminho Novo, em 1704, para facilitar a viagem até as vilas mineradoras. O caminho era “novo” porque havia um outro, o “velho”, desde meados dos anos 1600, muito longo e de difícil trânsito, aberto pelos próprios bandeirantes, constituído de trilhas e picadas até as minas de ouro. É impossível pensar Petrópolis, Juiz de Fora, Barbacena, São João Del Rei pessoas e mulas carregadas rolavam ribanceira abaixo. Goiás. subir e descer a Serra do Mar até Taubaté para encontrar o Caminho Velho e seguir adiante. depósito e escoamento de mercadorias. ia de São Paulo. Ocorre que. em Xerém. se propôs abrir uma nova subida da Serra por antiga trilha de índios em sua fazenda. onde é hoje a Praia de Mauá e que se tornou logo numa importante vila. era muito íngreme. que começou em 1724 quando Bernardo Soares de Proença abriu a variante do Caminho Novo. um rico fazendeiro da região. onde. um terço do tempo feito pelo Caminho Velho. passando pela fazenda do Córrego Seco. Dali os tropeiros tomavam a atual rua Silva Jardim até . Muitos desses caminhos eram antigas trilhas e veredas abertas pelos bandeirantes que se embrenhavam pelo sertão. atravessando a exuberante encosta da nossa Serra Velha. tinha de ir em uma embarcação até Paraty. à procura de ouro e pedras preciosas. Conhecer esses caminhos é conhecer 300 anos da nossa história. Também não dá para entender Petrópolis sem a subida da Serra Velha. passando por Juiz de Fora e Barbacena. onde muitas vezes. passando pelo alto da serra onde hoje está nossa cidade. para avaliar as possibilidades da exploração do ouro. que fez a viagem em 1699. Do Rio eram “99 dias de viagem. Rio de Janeiro. surgiria Petrópolis. o ouro extraído nas minas e fosse feito todo o suprimento das dezenas de arraiais e vilas que iam surgindo em torno da mineração. Aceita a proposta. passava por Marcos da Costa. Foi após essa viagem que ficou decidida a abertura de um caminho oficial por onde pudesse ser transportado sob controle. a Variante de Proença seguia em direção à área onde hoje está situada a Estação de Transbordo Imperatriz Leopoldina. (3. na direção de Minas Gerais e Goiás. Bernardo Proença.1 O CAMINHO NOVO O Caminho Novo faz parte de uma rede de importantes caminhos do Brasil Colonial aos quais era dado o nome de Estrada Real. Mas quem vinha da capital. 1. Paty do Alferes e Paraíba do Sul. Ele foi o início da variante do Caminho Novo por onde os tropeiros subiam a Serra do Mar. Esse porto com sua capela em louvor de Nossa Senhora Estrela dos Mares está hoje em ruínas. Depois de vinte anos de sofrimento. Jaguará. que deságua no fundo da baía da Guanabara. mas ainda pode ser visitado. passava por São João del Rey e ia para Vila Rica. Dali havia extensões para Tijuco (Diamantina). Proença construiu o Porto da Estrela no fundo da baía da Guanabara. subia a Serra do Mar na altura de Xerém. hoje Pirenópolis.e Ouro Preto sem antes pensar o Caminho Novo. Caetés. Chegando ao Alto. a subida do paredão da Serra do Mar. conforme descrição do Governador Geral Artur de Sá e Meneses. Sabará. por onde vieram os nossos pioneiros colonizadores. de Piratininga até Taubaté. conhecido como Caminho Velho. sendo 43 a pé ou a cavalo”. Ele iniciava num porto do rio Pilar. O mais antigo deles. até a região da Fazenda Meia Ponte. mais tarde. onde havia um Registro para a fiscalização colonial e seguia para as Minas Gerais. p175) O Caminho Novo foi aberto por Garcia Rodrigues Paes e levava vinte ou trinta dias de viagem. subia a Serra da Mantiqueira. como o Barão de Langsdorff. a cada dia. Nordeste e São Paulo. 8) Por ela também passaram os importantes viajantesnaturalistas dos anos 1800 como Spitz. Para chegar a Corrêas. pousos e vendas. de uma classe média mais sólida. ranchos. Segundo o Registro de Paraíba do Sul em 1824. monetarização da economia. Saint Hilaire. antes desses caminhos não existia como unidade geopolítica e administrativa. ao lado de outras como a dos mineradores.o Quissamã. sobre os antigos trechos da histórica trilha. Havia algumas feitorias explorando açúcar no litoral e outros núcleos urbanos na Bahia. O Brasil. von Martius. prosseguindo. enfim. Data daí. Mas devido à presença dos índios Coroados e das dificuldades de subir a . a criação dos “Registros” ao longo dos caminhos.2 AS SESMARIAS E ANTIGAS FAZENDAS DA REGIÃO As primeiras sesmarias distribuídas no “sertão de serra acima do Inhomirim” pelo governo português datam de 1686 a algumas pessoas que. Vinha depois Pedro do Rio. corregedores. então. com a criação da Casa da Moeda. p. no momento. comerciantes etc. o nome de uma rua no bairro do Itamarati e o de um conjunto habitacional em Corrêas. Garcia Rodrigues Paes é lembrado em um monumento em Paraíba do Sul. artesãos. promovendo uma unificação cultural e de esforços que resultou na ocupação e no desenvolvimento de uma vasta região onde se instalaram fazendas. Cebolas. os viajantes percorriam um trecho que até hoje tem o nome de Estrada Mineira. até a região das minas de ouro. administradores. Bernardo Proença recebe três homenagens em Petrópolis: um monumento próximo à Estação de Transbordo Imperatriz Leopoldina. Secretário. o início da nossa atividade administrativa pública organizada com o emprego de funcionários para controle da zona mineira. todo o desenvolvimento da nossa região teria acontecido no eixo Xerém-Paty do Alferes-Miguel Pereira-Paraíba do Sul. 1. Walsh. também. Outras sesmarias foram distribuídas ao longo do Caminho Novo e logo a região se desenvolveu muito. indo e vindo. passavam em média pelo Caminho Novo 153 mulas dos tropeiros e 77 pessoas. Se ele não tivesse aberto a Variante do Caminho Novo passando pelo Córrego Seco. Em Barbacena. das Casas de Fundição e a formação. até encontrar o Caminho Novo de Garcia Rodrigues Paes em Paraíba do Sul. uma sesmaria no Alto da Serra onde hoje está quase toda a cidade de Petrópolis. que era o traçado original daquela via feita por Garcia Rodrigues Paes. Bernardo Proença recebeu pelo seu trabalho. Esses caminhos ligaram o interior ao litoral. (4. Freireys e muitos outros que. 1o vol. também há hoje um bairro com o nome de Caminho Novo e uma rua Caminho Novo. se destacavam na vida política e na segurança da Colônia. meirinhos. queriam conhecer as riquezas do novo país para informar as possibilidades de exploração aos seus governos. como fiscais. · Fazenda das Pedras. Retiro de São Tomás e São Luiz. conforme descreve o Barão de Langsdorff no primeiro volume de seus diários. figos. passando a ser conhecido como o Padre Correia. · Fazenda Santo Antônio. Em 1829. cuja sede era onde hoje está o Ed. Como o clima era propício havia o cultivo de cravos. milho e maçãs e outras frutas de origem européia. Esse conjunto arquitetônico está preservado até hoje como um dos mais antigos e valiosos monumentos coloniais petropolitanos. Lá também.serra. Havia uma capela consagrada a Nossa Senhora do Amor Divino. CORREIA e D. · Fazenda do Córrego Seco. no Centro Histórico). em Pedro do Rio. Correia. que depois deram seus nomes aos bairros da cidade e dos distritos. filho de Manuel Correia da Silva. Na região onde seria fundado Petrópolis. já havia um grande número de fazendas e alguma atividade industrial entre a baia da Guanabara e Vila Rica. o viajante inglês Robert Walsh cita em seus diários que lá tomou um excelente suco de pêssego. o trânsito pelo Caminho Novo era muito grande. · Fazendas Quitandinha. A casa grande da fazenda era enorme. 1. uvas. as fazendas mais importantes eram: · Fazenda do Rio da Cidade. · Fazenda do Pe. cuja imagem está atualmente na igreja de Corrêas. Assim. na Estrada do Contorno. Transformou sua propriedade na mais progressiva fazenda da Variante do Caminho Novo. Pedro I esteve na fazenda em março de 1822 e retornou várias vezes passando a ter grande admiração por aquele . a atividade econômica desenvolveu a região. somente com o Caminho Novo e com a concessão de novas glebas a sesmeiros. jabuticabas. O Padre Correia foi um dos grandes senhores de terra da região petropolitana. Pio XII (Rua Marechal Deodoro. na Serra das Araras. Secretário. O Padre Correia criava gado mais para corte do que para o aproveitamento de leite. Refere-se também a plantações de café. estudou na Universidade de Coimbra e foi ordenado em 1783. Itamaraty. existiam muitos escravos.3 A FAZENDA DO Pe. na estrada Philúvio Cerqueira (Petrópolis – Teresópolis). onde hoje está a Estação de Transbordo de Corrêas. marmelos. em Itaipava. D. · Fazenda da Engenhoca. mostrando dessa forma a importância da fazenda. Samambaia. PEDRO I Antônio Tomás de Aquino Correia. Mas a principal atividade do Padre Correia era cultivo de milho e a fabricação de ferraduras para atender à enorme demanda exigida pelas dezenas de tropas diárias que pernoitavam na Fazenda. citada por todos os viajantes estrangeiros que por ali passaram quando o Brasil abriu seus portos ao comércio internacional. · Fazenda Sumidouro. pêssegos. Quando Petrópolis foi fundado 130 anos depois. com varanda na frente e muito bonita. · Fazenda Mangalarga e Fazenda das Arcas. em Corrêas. nasceu no Rio da Cidade em 1759. continuava a freqüentar a fazenda com Da Paula. Construir um palácio na fazenda do Padre Correia seria muito oportuno pelo excelente clima da região que agradaria aos visitantes estrangeiros. desejando que reinasse paz entre a Nação e o Trono. A escritura de compra foi assinada em 1830. D. incomodava também ao Imperador. herdado a fazenda. em Quitandinha e no Retiro. Encarregou o arquiteto real Pedro José Pezerat e o engenheiro francês Pierre Taulois de um projeto . Pedro I. Pedro I ainda adquiriu outras propriedades no entorno. para o tratamento de sua filha. Correia. Ela mesma. provavelmente problemas cardíacos. com 65 anos. Foi seu desejo então. Como enfrentava dificuldades políticas na capital. Arcângela Joaquina da Silva. Em 1828. Pediu. de passagem pelo Caminho do Ouro que o levaria às Minas Gerais. ficou encantado com a exuberância e amenidade do clima. Assim D.local. Paula. não concordou com a venda. então. irmã e herdeira do padre. residências muito mais luxuosas que os seus palácios. Arcângela. adquirir a propriedade para seu uso e.0 A FUNDAÇÃO DE PETRÓPOLIS A fundação da cidade de Petrópolis está intimamente ligada ao Imperador D. Consciente ou inconscientemente. A comitiva imperial nunca tinha menos de cinqüenta pessoas e Da. Princesa Dona Paula Mariana de cinco anos. Amélia sentiu que visitas tão avantajadas estavam trazendo muitos problemas para Da. sua filha a princesinha Da. Desde que o Imperador pernoitou na fazenda do padre. Arcângela. pertencente ao Sargento-Mór José Vieira Afonso. 2. vol 2. em especial. O Padre Correia faleceu em 1824. Amélia. pois recebia muitas visitas da Europa não habituadas ao calor tropical. a Dom Pedro que comprasse a Fazenda. mas Da. p88). 2. construindo um Palácio de Verão. Pedro I e ao Pe. tendo Da. Ele poderia afinal realizar seu sonho de 1822. Além disso. passou um verão na Fazenda do Padre Correia e se sentiu muito bem. Um palácio de verão serra acima poderia ser mais qualificado para a sua condição imperial. talvez querendo se ver livre das incômodas e freqüentes visitas reais indicou a Dom Pedro I uma fazenda vizinha que estava à venda. preço considerado muito alto para o valor real da fazenda. alegando questões familiares de herança. todos eles muito simples. agora com sua segunda esposa D.1 A FAZENDA DO CÓRREGO SECO E A FUNDAÇÃO DE PETRÓPOLIS Dom Pedro I sentia a necessidade de construir um palácio fora do Rio de Janeiro. onde pretendia construir um palácio. sua irmã. D. que tinha sérios problemas de saúde vindo a falecer prematuramente aos dez anos. de morte repentina. sempre muito doente e que se recuperou bem quando lá esteve. repetindo a estadia muitas vezes. a do Córrego Seco. ampliando a área de sua fazenda. O Imperador se entusiasmou com a idéia. passou a chamar o seu Córrego Seco de Fazenda da Concórdia. no Alto da Serra. Pedro comprou o Córrego Seco por vinte contos de réis (5. (5. com o “boom” do café.2 DOM PEDRO II E O DECRETO DE FUNDAÇÃO Com a abdicação e morte de seu pai em 1834. Teresa Cristina assinou o Decreto Imperial nº 155 que arrendava as terras da fazenda do Córrego Seco ao Major Köeler para a fundação da “Povoação-Palácio de Petrópolis”.que denominou Palácio da Concórdia. Mas a obra não foi realizada. incluindo as seguintes exigências: 1. (5. também. que passam por vários arrendamentos até que Paulo Barbosa da Silva. Mordomo da Casa Imperial. com o afastamento dos ingleses da nossa economia. o projeto do Palácio Imperial e. a 29 de junho. 3. criada por ele. na década 1840 -50. que estava com dezoito anos e recém-casado com Da. infelizmente sem referência quanto ao local da obra. para a execução de seus planos e projetos. colocou na Bolsa de Valores as ações da Companhia de Petrópolis. Paulo Barbosa e Köeler elaboraram um plano para fundar o que ele denominou “Povoação-Palácio de Petrópolis”. uma vez que o Caminho Novo era apenas para tropas de mulas. 6.Projeto e construção do Palácio Imperial.8) 2. 2. 15 e II p.Edificação de uma igreja em louvor a São Pedro de Alcântara. p. pois no dia 07 de abril de 1831.253) As ações da Companhia foram vendidas em quatro meses e dois meses após. Pedro II herda essas terras. Assim nasceu Petrópolis com a mentalidade de substituir o trabalho escravo pelo trabalho livre. simbolizando a harmonia entre a Nação e o ramo brasileiro da Casa dos Bragança que tanto desejava. 4. Era uma vultuosa empreitada que iria consumir consideráveis investimentos públicos e privados nos anos seguintes. de construir um palácio de verão no alto da serra da Estrela. principalmente. começaram a chegar os imigrantes alemães para se instalarem e começar o trabalho. O projeto do palácio e o orçamento da obra constam dos arquivos do Museu Imperial. seriam produtores agrícolas. que iriam não só levantar a nova povoação. I p. estava em boa condição financeira.Urbanização de uma Vila Imperial com Quarteirões Imperiais. O Major Köeler fez a planta geral da povoação-palácio. I.Expulsar terceiros das terras ocupadas ilegalmente.Construção de um cemitério. teve a iniciativa de retomar os planos de Pedro I. D.Com . com a proibição do tráfego negreiro que liberava capitais para investir e. que compreendia a doação de terras da fazenda imperial a colonos livres.Cobrar foros imperiais dos colonos moradores. 5. (6. p. em janeiro de 1845. o Imperador foi obrigado a abdicar para retornar a Portugal. 13 e 14) No dia 16 de março de 1843. mas o Império. o Imperador. mas. O Mordomo já tinha mandado o engenheiro alemão Júlio Frederico Köeler construir a Estrada Normal da Serra da Estrela para tornar possível o acesso de carruagens à Fazenda do Córrego Seco. sem motivo aparente. O palácio de verão era uma tradição das monarquias européias. na Alemanha. ambos em Sintra. Dom Pedro II não tinha muita simpatia nem pelo Convento nem pela Fazenda de Sta. O mordomo Paulo Barbosa. sem muito sucesso. na Áustria e na França. era contra a escravidão e prestou relevantes serviços ao Império. O monarca ficou desolado e tomou horror pelo Convento. em 1843. foi demitido de sua função diplomática. vol II. A Casa de Bragança em Portugal veraneava no Paço Real e no Palácio da Pena.4 O MAJOR JÚLIO FREDERICO KÖELER (1804-1847) Júlio Frederico Köeler era germânico da Mogúncia. deram integral apoio ao plano traçado pelo Mordomo Imperial e por Köeler. em 1810. no Rio de Janeiro. falecendo em 1868. o Mordomo da Casa Imperial. tutor do imperador. embarcou para a Europa em viagens de estudos. decidindo nunca mais ali voltar (5. quando. dominada na época pela França de Napoleão. A sua participação na fundação de Petrópolis foi decisiva quando mobilizou o seu companheiro de arma. tentando.224) Os hábitos e o refinamento franceses marcaram profundamente o temperamento do Mj Köeler e orientaram a sua atuação nos primeiros anos . por intermédio de uma nomeação. vol II. novamente como Mordomo da Casa Imperial. foi transferido para o Imperial Corpo de Engenheiros. a construção da povoação-palácio estava assegurada.253. passava seus verões no Convento Jesuíta de Sta Cruz. Aos quatorze anos era cadete e. com suas instituições que valorizavam o mérito e a riqueza em lugar das convenções e privilégios. No ano de 1825. 2. (7. especialmente preparada desde outubro de 1843 para recebêlo. quando esteve na Fábrica de Pólvora. Pedro II. 246 e 252) 2. Em 1845. foi promovido a alferes. o engenheiro Major Júlio Frederico Köeler. em 1851. p. em 1845. Retornou ao Brasil a chamado de D. o coronel Paulo Barbosa da Silva passou a ser. MG. Além disso. p. se livrar do calor do clima de São Cristóvão. a Família Imperial.recursos financeiros e mão-de-obra livre. No Brasil. em 1854. Dom Afonso. e Aureliano Coutinho. (5. primeiro filho do Imperador. função que ia desempenhar com grande desenvoltura. Como capitão. esteve hospedado com a imperatriz. desde de Dom João VI. Ele conheceu a Serra da Estrela em 1844. com seu espírito liberal e ecumênico. foi Ministro Plenipotenciário na Rússia.3 O MORDOMO-REAL PAULO BARBOSA DA SILVA (1790-1868) Paulo Barbosa nasceu em Sabará. Além disso. Em 1850. os governos provinciais de Caldas Vianna. Cruz. onde. no vale do rio Reno. tinha dois anos e a Família Imperial estava desde o Natal em Sta Cruz. 29 e 47). passando a se interessar pelo projeto do seu mordomo. p. o menino apareceu morto no seu berço. Com a queda de José Bonifácio. na casa-grande do Córrego Seco. foi elevado a município e cidade. realizou importantes obras públicas na província. Em 1857. Passou a aproveitar os cursos de água para traçar pelas suas margens as avenidas e as ruas que davam acesso aos bairros. sem passar pela condição de vila. depois de prestar rigorosos exames perante a Academia Militar do Rio de Janeiro.5 PETRÓPOLIS CIDADE Como todo povoado colonial. Ele inverteu o antigo estilo colonial português de construir as casas com o fundo para os rios que eram utilizados apenas como esgoto. impedindo que ele assumisse a presidência da Assembléia Legislativa de Petrópolis. subordinado a São José do Rio Preto e um ano depois. conseguiu aprovar o seu projeto “. Pedro II ficou enfurecido e retaliou. foi criada a Paróquia de São Pedro de Alcântara. em 1830. Afastado do Exército por questões políticas quando foram demitidos todos os oficiais estrangeiros não naturalizados. Em 1831. afastando-se da vida . Veiga retornasse ao Exército. chegando a alferes. de sua propriedade. Köeler faleceu num trágico acidente durante um torneio de tiro ao alvo. já naturalizado cidadão brasileiro. nos doze anos seguintes. Mas o Imperador não desejava essa mudança de status para sua Petrópolis. deputado na Assembléia Provincial. para a qual tinha sido o candidato mais votado nas primeiras eleições municipais. Casou-se. Köeler foi contratado como engenheiro civil na Província do Rio de Janeiro. Ainda jovem. Outro aspecto relevante no plano foi a preocupação com a preservação da natureza determinada pelo seu código de posturas municipais. revogando-se as leis em contrário. com D. Maria do Carmo Rebelo de Lamare.. depois de duas tentativas sem sucesso por interferência do próprio Imperador. aproveitando o curso dos rios. na ocasião. a cidade nasceu de um curato em 1845. na catedral de Niterói. ingressou no Exército prussiano. Veiga pediu a reforma do Exército. inédito.. vinculada à Vila da Estrela. pois sabia que nessa condição haveria uma administração municipal interferindo nas suas relações com a cidade. como na maioria das nossas cidades. na Chácara da Terra Santa. o que era. Em 1928. O Coronel Amaro Emílio da Veiga. retornou ao Exército e. Em 1843 arrendou a Fazenda Imperial e iniciou o seu trabalho na região. O plano urbanístico para Petrópolis era complexo porque a cidade deveria ser levantada entre montanhas. onze anos após. uma delas a construção da Estrada Normal da Estrela. 2. o Cel. que dava acesso a Petrópolis. Sua curta administração frente à colônia de Petrópolis foi decisiva para o que foi realizado nos anos posteriores.da fundação de Petrópolis.elevando a povoação de Petrópolis à categoria de cidade.” D. determinando que o Cel. foi contratado para servir no Exército Imperial. Desgostoso. depois foram para o Itamarati.0 3. para o Córrego Seco. região atualmente conhecida pelo nome de Hunsrück. ele dá nome a uma importante rua da cidade. localizada na confluência dos rios Reno e Mosel. . uma parte da população. aportou no Rio de Janeiro o navio Justine com 238 imigrantes alemães em viagem para a Austrália. estiveram primeiramente trabalhando no Meio da Serra. então. sob as ordens de Köeler. (Grão-Ducado de Hesse-Darmstadt e no Ducado de Nassau). o coração do aço alemão. Em 1837. o primeiro deles chegando ao porto de Niterói em 13 de junho e o último.pública.338 imigrantes. na Renânia e Westphália. 3. com escalas na Fábrica de Pólvora e no Meio da Serra. Treze navios deixaram Dunquerque com 2. seguiram viagem pela baía da Guanabara e pelo rio Inhomirim. que. ficando por lá alguns dias e. eles foram transferidos para o Arsenal de Guerra do Rio. mas eles acabaram em Petrópolis. exigindo-se que fossem artífices e artesãos com experiência. onde se acha hoje instalado o Museu Histórico Nacional. da Abolição da Escravatura e da Revolução Industrial. foi dada permissão aos colonos de desembarcarem no Rio de Janeiro. em 7 de novembro de 1845. mas continuou morando em Petrópolis até falecer alguns anos depois.1 A COLONIZAÇÃO A COLONIZAÇÃO ALEMÃ Na primeira metade dos anos 1800. o desemprego era grande no Rhur. Foram 600 casais de colonos alemães contratados em 1844. locando no terreno. A segunda leva de colonos foi planejada pelos presidentes da província João Caldas Viana e Aureliano Coutinho para trabalhar em obras na província. eles resolveram não seguir viagem. De lá. resultaram numa difícil condição de vida para os povos de língua alemão.(8. Salvo os que viviam da vinicultura.8) Acertados os trâmites legais. sendo os imigrantes alojados em barracões ao lado da igreja matriz. onde existiam ranchos para os viajantes. com muitos problemas nas minas de carvão. movida pela esperança de vida melhor. Estes. p. deixou tudo e partiu para as Américas. Hoje. as conseqüências sociais e econômicas da Revolução Francesa. Devido aos maus tratos sofridos a bordo. Assim. A maioria dos colonos que chegou a Petrópolis era natural de aldeias localizadas nos bispados de Treves e Mogúncia. foram a pé ou a cavalo. O Mj Köeler soube da ocorrência e se entendeu com a Sociedade Colonizadora do Rio de Janeiro para trazer os imigrantes para trabalhar na abertura da Estrada Normal da Estrela. o plano urbanístico traçado por Köeler. até o Porto da Estrela. pagando uma indenização ao capitão do navio. Ricos e pobres endividados. permanecendo no Rio de Janeiro. A população estava politicamente desiludida e havia discórdia por toda a parte. O Presidente da Província. Woerstadt. Para os alemães se sentirem à vontade e se lembrarem de sua terra. cada uma fechadas em suas famílias. afirma que 252 imigrantes morreram. homenageou as diversas nacionalidades de outros colonos. principalmente açorianos. dia de São Pedro de Alcântara. Ingelheim. os primeiros colonizadores. Darmstadt. 83) Vieram muito mais alemães católicos do que protestantes. compareceu a essa solenidade. Köeler repetiu os nomes das regiões de origem na Alemanha nos quarteirões da cidade como Mosela. tendo feito um grande elogio ao trabalho dos colonos. Outros. devido às agruras da viagem. Köeler planejou uma colônia agrícola em Petrópolis sem estudo prévio da geologia do terreno que resultou no fracasso do empreendimento. juntaram-se muitas nacionalidades num caldeirão étnico. Suíço e Brasileiro. Foram muitas as dificuldades iniciais. a princípio. Os portugueses. Auguste Ponthos. num altar ornamentado com flores silvestres. o Padre Luís Gonçalves Dias Correia celebrou uma missa para os católicos e o pastor Frederico AveLallemant professou um culto para os protestantes. O seu trabalho e a sua lembrança fazem parte da cidade. O progresso dos colonos alemães dinamizou Petrópolis. Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho. sendo 56 nos portos ou na viagem para Petrópolis. No dia 19 de outubro de 1845. 3. Siméria. alguns antes mesmos dos alemães. dando-lhes nomes nos quarteirões: Quarteirão Francês. Hoje. Logo que aqui chegaram foi necessária a compra de 200 cabras para alimentar as crianças.2 outros imigrantes COLONIZADORES Aos alemães. na praça Koblenz. em pedras de cantaria e comércio. vieram para trabalhar na construção da Estrada da Serra da Estrela. Westphalia. p. O diplomata belga. Palatinado. os descendentes dos colonos estão por toda a cidade e seus nomes de família podem ser encontrados no Obelisco do centro da cidade. Renânia. Bingen. especialmente crianças.Muitos dos colonos que deixaram Dunquerque não chegaram a Petrópolis em conseqüência do mau passadio a bordo e do surto de febres nos depósitos. retificando os rios. Castelânia Westphalia e Worms. Nassau. drenando os lodaçais e construindo os prédios da povoação. não resistiram à penosa subida da serra e foram enterrados pelo caminho. Os colonos abriram estradas. nos guias telefônicos e dão nomes a ruas e praças. se integrando como também aconteceu em todo o Brasil. já que suas mães não tinham leite. (8. em seu livro “Avaliação sobre o Brasil”. Além disso. mas pouco a pouco. derrubaram matas para a construção de residências e semearam suas hortas para consumo e foram utilizados nas obras públicas. Surgiram em torno da cidade . contribuindo para o seu desenvolvimento. grandes senhores e toda sua “entourage”. ela se tornava a capital do Império e centro da atenção nacional. hoje fazem parte do patrimônio arquitetônico do Centro Histórico da cidade. sempre lhe prestaram as maiores homenagens. os italianos trabalharam na Companhia Petropolitana de Tecidos. ricos negociantes e a intelectualidade da época se transferia para Petrópolis. por sua influência. Também merecem destaque os imigrantes suíços. Muitos desses palacetes.37) No início. a presença de D. belgas e libaneses.37) Os ingleses se destacaram em hotelaria e transportes. acima de qualquer outra personalidade. Proclamada a República. Pedro II em Petrópolis se destacou. somente nos anos difíceis da Guerra do Paraguai. a vilegiatura serrana do imperador foi interrompida. sua saúde se deteriorou com os diabetes. Vez em quando. pedia a quem o visitava no exílio. assim como a inscrição Petrópolis. E a cidade assumia um aspecto elegante. 4. formando uma comunidade com vida própria. cuja preservação é imprescindível para o desenvolvimento turístico e cultural de Petrópolis. Mas o protocolo da serra era simples. Desde 1848.(9. completando a formação cosmopolita do petropolitano. à jardinagem e à confecção de peças de serralheria como as cruzes da Catedral de São Pedro de Alcântara e da Capela de Finados. p. por força da presença do Imperador e de sua corte. A cidade se desenvolvia rapidamente. Palacetes eram construídos para morada dessa gente abonada. Atuaram também em panificação. entrava . a tutela imperial era transferida para Petrópolis. Na colonização. durante um semestre a cada ano. que receberam toda a proteção e simpatia do Imperador. assinalando o batismo de povoação. Com o Imperador na cidade. “Fale-me de Petrópolis”. podendo o Imperador ser encontrado circulando pela cidade de vitória ou mesmo a pé. pela constância da sua presença e do seu amor à cidade. com forte tendência aristocrática. de novembro a maio. Nos dois últimos anos do Império. Nobres. Os médicos e sua família procuraram mantê-lo em Petrópolis. nas temporadas do verão petropolitano. diplomatas.comunidades portuguesas de floricultores. políticos. chamando-o de “Unser Kaiser” (Nosso Imperador). Aos poucos foram se aproximando de outros grupos. Quem não tinha moradia se hospedava em hotéis e casas de família. quando então. pouco antes de falecer. (9 p. quase independente da cidade. foi em Petrópolis que ele recebeu a notícia de seu exílio. a ponto dele se retirar de um espetáculo que assistia no Hotel Bragança. distribuição de jornais e diversas outras. Os franceses não vieram todos juntos e foram chegando aos poucos e se dedicaram à alimentação. A temporada de verão na Serra da Estrela durava até seis meses.0 PETRÓPOLIS NO IMPÉRIO Durante todo o 2° Reinado. os alemães. Assim. o Calógeras. a cidade se modernizava. · Hotéis para veranistas e visitantes ilustres foram inaugurados. com participação ativa de Dom Pedro II. a Estrada para Paty do Alferes. criou a estrada de ferro e a linha de barcos a vapor. a princesa Isabel saindo de sua casa. notável obra de engenharia na época. onde hoje funciona a Universidade Católica de Petrópolis. que hospedou o Imperador Maximiliano do México. como as de Mme Dienes. a energia hidráulica e a mão-de-obra qualificada. em pequenos vapores muito confortáveis. Entre elas. ponto de reunião de colonos. do Porto de Mauá até Raiz da Serra usava-se a primeira estrada de ferro do Brasil. levando a grande vantagem de . Mme Taulois e Mme Geslin. no fundo da Baía da Guanabara. não esqueça a chave do portão!” (10 p. em diligências até Petrópolis pela Estrada Normal da Estrela. o Hotel Europa. a Companhia Petropolitana. foi inaugurada a Estrada de Ferro do Príncipe Grão-Pará. Isabel e a Cometa faziam de Petrópolis o mais importante pólo têxtil do país. Carolina Nabuco contava que sua mãe viu certa vez. a atualíssima Estrada Normal da Estrela que vinha do Porto da Estrela até Petrópolis (1843) e a União e Indústria que ia de Petrópolis para Juiz de Fora (1856). como o Hotel Suíço. o Barão de Mauá. em 1854. de bailes e um teatro. · Irineu Evangelista de Souza. a Aurora. · A construção do Hospital Santa Teresa. em frente a Catedral. · A indústria de tecidos encontrou fatores favoráveis na cidade como o clima úmido. a Santa Helena. inaugurado em 1876. acompanhando a tendência geral da segunda metade dos anos 1800. que substituía as diligências serra acima. a Da. o de Frederico Stroele. na Rua Barão do Amazonas. em 1848 e o Orleans. recomendando ao Conde d’Eu: “Gaston. e daí. O Hotel Bragança. · O renomado ensino de respeitados colégios como o Kopke.na sala de aula de uma escola e passava a fazer perguntas aos espantados alunos. A Imperial Fábrica de São Pedro de Alcântara. o NS de Sion. Alguns sinais dessa modernidade são descritos a seguir. com sua animada vida social. Essa viagem começava no Cais dos Mineiros do Rio e ia até o Porto de Mauá. a Werner. Mas havia outros. salões de festas. o Santa Isabel e as escolas de educadoras francesas. com orquestra e sala de refeições.31) Sem perder suas características de veraneio. Petrópolis competia com o Rio de Janeiro durante todo um semestre por ano. Em 1883. que ligava Petrópolis ao Rio de Janeiro. o João Meyer. que funcionou por quase 80 anos e foi derrubado para a abertura da rua Alencar Lima tinha noventa e dois quartos. · Construção de modernas estradas de rodagem que facilitavam o acesso à cidade. vencendo a Serra da Estrela em cremalheira. ... José Tomás Porciúncula era o governador e o retorno só aconteceu em 1902... Quando Petrópolis deixou de ser capital do Estado..0 PETRÓPOLIS NA REPÚBLICA Com a Proclamação da República em 1889 que resultou no banimento e o exílio da Família Imperial. Em 1893. já estava recebendo energia elétrica e duas surpreendentes modernidades ocorreram em 1896: bondes elétricos passaram a circular na cidade e aí ficaram até 1939.. Com a capital do estado ameaçada. situação que perdurou até 1916.. ao lado da sua vocação turística...... substituindo os antigos nomes imperiais pelos seus novos valores: Rua do Imperador. tentando se alinhar com as novas idéias e apagar as lembranças da Monarquia.. a primeira estrada de rodagem de montanha.. os políticos começaram a mudar os nomes das ruas.. temia-se que a cidade fosse ameaçada por retaliações republicanas e perdesse o seu prestígio. 7 de setembro Rua Princesa Isabel.. Francisca. p.. Mas isso não aconteceu.000 habitantes e até 35. O município tinha 29. movido a benzina e não tinha silencioso.Av. Ao contrário. o Ministério das Relações Exteriores praticamente funcionou .Rua Gen.oferecer um clima ameno aos seus visitantes... As funções administrativas passaram a ser exercidas por intendentes nomeados pelo governador do estado até 1892.. 5. De 1894 a 1903.. Quando surgia uma epidemia de febre amarela no Rio de Janeiro muitas pessoas se mudavam para Petrópolis. em 1894. 15 de novembro Rua da Imperatriz. tendo Oswaldo Cruz como seu primeiro prefeito. Rua de Joinville.. Osório Significativos para a cidade foram os oito anos em que ela se transformou na capital do Estado do Rio de Janeiro. em 1902.. que estava livre desses males pela salubridade do clima.. o primeiro automóvel subiu a serra. a primeira estrada macadamizada.. quando Petrópolis passou a ser governada pela sua Câmara. a cidade ostentava um grande número de primeiros lugares no Brasil. pensou-se novamente que a cidade perderia seu prestígio e ficaria esquecida.. depois Nelson de Sá Earp..Rua João Pessoa. quando foi criada a Prefeitura Municipal...34) Internamente..000 no verão. Em conseqüência.... a União e Indústria.. por muitos anos. o desenvolvimento foi mantido.. a primeira cidade totalmente planejada antes de ser iniciada a sua construção e o primeiro trem a subir uma montanha.. um “Decauville”. o governo foi transferido de Niterói para Petrópolis. como a Estrada Normal da Estrela. ocorreu a Revolta Armada em Niterói contra o governo do Marechal Floriano Peixoto e foram cortadas todas as comunicações entre o Rio de Janeiro e Niterói.Rua 13 de maio Rua de Bourbon.(11.Av..Rua Ipiranga Rua da. nomeado por Nilo Peçanha.... Os republicanos também se renderam aos encantos da Serra da Estrela. Joaquim Murtinho. uma das tradições petropolitanas. Nos anos seguintes. Pandiá Calógeras. todos os presidentes da República. Ruy Barbosa. Getúlio Vargas em Petrópolis. foi construída a primeira rodovia asfaltada do país que ligava o Rio a Petrópolis. de certa forma.qual uma nova princesa Isabel. desde Deodoro da Fonseca até Costa e Silva. O Museu Imperial e o Mausoléu dos Imperadores devem a ele a sua existência. aberto em 1944. mudanças sociais e tecnológicas como a explosão demográfica. o início do processo de industrialização do país. Errol Flynn e outros. Stefan Sweig. muitos ainda se lembram dele caminhando pelas ruas da cidade. Santos Dumont. Edson Passos.em Petrópolis. Em 1922. mas até hoje seu prédio. na visão de José Luiz Alquéres. Em 1928. em 1920. construiu o prédio do I° Batalhão de Caçadores. Com eles vinham também as notícias do dia. Depois da década de 50. com as mãos cruzadas nas costas. Tudo isso contribui para dar a Getúlio uma aura só superada pelo velho imperador.37) Essa nova “corte imperial” mudou a cidade. se tornou conhecido em todo o país e atraiu o jet-set internacional para Petrópolis. sua mulher Darcy e seus aparentados Amaral Peixoto. trazendo para a cidade a tropa do Exército. com as intensas migrações internas de populações . no início da noite. hoje 32°Batalhão de Infantaria. (1. Até hoje. O suntuoso Hotel-Cassino Quitandinha. conhecido como Palácio Quitandinha é atração na cidade. Talvez Getúlio Vargas tenha sido o presidente que mais se aproximou e se interessou por Petrópolis. com exceção de Floriano Peixoto. Joaquim Nabuco. a limitação dos espaços urbanos. João Goulart. Orson Welles. Hermes da Fonseca e sua mulher Nair de Teffé. repete a época imperial. inconscientemente ou não. p. Ficou preservado o seu ambiente culto. (10. repleta com as famílias esperando a chegada do “trem dos maridos”. como a filha Alzira . ele construiu o belo prédio dos Correios em arquitetura neoclássica. Henrique Lage. Durante o verão. uma homenagem ao presidente que teve essa importante iniciativa para a vida da cidade. a estação ferroviária se transformava num “point” social. com o qual. agora se tornava capital da República com presença de expressivas personalidades como Barão do Rio Branco. que recebeu o nome de Washington Luiz. veranearam em Petrópolis. decidindo questões vitais como a assinatura do Tratado de Petrópolis. pela afetividade do povo petropolitano com a família Vargas e pelo trânsito político que beneficiou seus parentes. Eugênio Gudin e tantas outras. aristocrático e refinado. nele se hospedaram. p. A cidade que antes se transformava em capital do Império. Celina e Moreira Franco. que anexou o Acre à Federação. Delfim Moreira e Castello Branco. o hotel perdeu o esplendor. procurou se identificar. Com a proibição legal do jogo em 1946. pela concentração e continuidade do poder central durante o Estado Novo. Conde Afonso Celso.53) Epitácio Pessoa. implacável e impiedosamente. Nos anos seguintes. Com apenas cinco artigos no seu decreto. nos últimos anos. em conjunto com os moradores. Casa Duriez. crescendo sempre o caráter suburbano de seus moradores. Confeitaria Copacabana. corajosos e vibrantes com sua cidade se movimentou em torno de entidades preservacionistas como a APANDE e sensibilizou o presidente João Figueiredo. que passam a dividir com outros locais o seu modo de vida. mudou a identidade social e cultural da cidade. A cada dia. em 1979. deixando-a sem vida própria. lojas e serviços de antiga tradição na cidade encerraram sua atividade. Casa Galo. Esses comércios foram sufocados pela dominação abusiva do mercado por redes nacionais de lojas de varejo que se instalaram em Petrópolis.0 OS VALORES PETROPOLITANOS A partir de 1960 a cidade não conseguiu os grandes investimentos que necessitava para se modernizar e poder enfrentar a concorrência comercial e industrial. E ele atribuiu à cidade o título de CIDADE IMPERIAL. a reestruturação da economia mundial com a globalização impuseram a Petrópolis a condição de subunidade do Grande Rio. capazes de atrair o interesse do visitante. para a sua tradição histórica e para a urbanização e arquitetura que ficaram de seu passado. A mudança da capital federal para Brasília em 1961 é uma data significativa para Petrópolis. Em conseqüência. um grupo de petropolitanos animados. Houve então a grande mudança de rumo na vida do petropolitano e da sua cidade. fossem ocupadas de modo inadequado. A Prefeitura de Petrópolis planejou e organizou o setor de turismo e cultura e uma extensa rede de facilidades foi sendo oferecida ao turista como informações. Figueiredo salvou o que restou da Petrópolis imperial. A modernidade inevitável e. conseguindo que fosse assinado o Decreto 80. impedindo demolições e construções que descaracterizavam o Centro Histórico. em 1981. a Câmara Municipal promulgou um bem elaborado código de posturas municipais que garantiu as tradições e os . Padaria Alemã e das Famílias e tantas outras. que se voltou cada vez mais. Mas. são saudosas lembranças para os petropolitanos. nos últimos anos. eventos. novas mansões e palácios abriam suas portas para visitação. Como conseqüência. a sua aparência e a qualidade de vida da população. restaurantes e outras atrações cheias de requinte e particularidades. o que modificou em profundidade o ambiente. a cidade se viu envolvida em um processo político populista que a descaracterizou e permitiu que diversas áreas. Esse patrimônio esteve em parte. seriamente ameaçado por incorporadores e construtores mais gananciosos do que desavisados. inclusive as encostas dos morros. Sapataria Schettini. Ótica Haack. Alfaiataria De Carolis. E para a beleza e preservação da sua natureza. ocorreu um violento crescimento da população sem um planejamento urbano e paisagístico que permitisse a manutenção das condições anteriores da cidade.marginalizadas. Isso evidentemente. cada vez maior. pousadas e hotéis. 6. Nossa cidade nasceu sob o patrocínio e com a proteção de Dom Pedro II. em particular a figura de D. na Bolívia. As outras cidades imperiais. Os Chefes do Executivo Fluminense. concedidas por decretos oficiais. Petrópolis se desenvolveu. Os alunos do nosso ensino fundamental público e privado. Os três caminhos para as Minas Gerais. Finalmente Dom Pedro II preferiu denominar nossa vizinha como Imperial Cidade de Niterói em 1841. porém. Especialmente a sua rica tradição ligada à Família Imperial brasileira. mas com todo o direito e o orgulho desse título de nobreza. MARTIM Enéas. In: AQUARELAS DO BRASIL. Dom Pedro I deu o título de Imperial à Cidade a São Paulo. Até a sua morte nosso Imperador nunca se desligou de sua cidade. é a que mais tem o direito de ostentar o título de Cidade Imperial apesar de não ter recebido esse galardão de um imperador. 500 anos de um Grande País. com ações diretas como investimentos na educação do povo. Para que esses valores histórico-culturais possam se transformar em riqueza para a cidade. sempre se destacaram nas avaliações oficiais. Tanto no Império como na República. Palácio Rio Negro. Rio de Janeiro: Ventura Cultural.L. na transformação da consciência dos que vivem em Petrópolis para que se sensibilizem com esses valores e recebam com toda atenção aqueles que vierem nos visitar. Entre as sete cidades imperiais das Américas. que foram as primeiras e receberam seus títulos concedidos por Carlos V.vol 1. estão sendo feitos grandes esforços pela iniciativa privada e pelo poder público.35-39. p. Todas essas concessões foram rigorosamente legais. no sul do Chile e a Vila Imperial de Potosi. In: . assim como na vida profissional. à Vila Rica. em terras da Família Imperial. na divulgação e principalmente.valores da cidade. LACOMBE L. Muitos deles estão sepultados em Petrópolis e foram incorporados ao patrimônio cultural de nossa cidade. Petrópolis: MEC. passou a ser um valor significativo para a cidade e um forte apelo para turismo cultural de maior grandeza. Petrópolis. Os regentes de 1831 chamaram uma pequena vila de Goiás de Vila do Porto Imperial. Ciudad Imperial. 2000 2. BIBLIOGRAFIA 1. A educação também é um expressivo valor petropolitano. Petrópolis é a que tem mais direito de usar esse honroso título. querendo consolidar a presença militar brasileira na Banda Oriental do Rio da Prata em 1825. Ouro Preto e a Montivideo. Petrópolis é cidade imperial oficiosa. Pedro II. 1973 3. entre todas essas. os estudantes do ensino superior representado pela Universidade Católica de Petrópolis e Faculdade de Medicina de Petrópolis. sempre estimulado pela presença de pessoas ilustres que amaram a cidade e aqui passaram boa parte de suas vidas. Conhecendo Petrópolis. Rio de Janeiro: Ed. Política e Eleições Municipais. História de Petrópolis. 4. SP: UNICAMP. 1963. Silva.Centro . 1992 7. DIÁRIOS DE LANGSDORFF. 1o vol. 1993. 1997. A República em Petrópolis. 8. Museu Imperial. SP: Banco Safra. Gráfica Serrana.24-2233-1200 . ALQUÉRES José Luiz. BANCO SAFRA. BADE e DURIEZ. Petrópolis. Gráfica Serrana. Petrópolis: Viana & Mosley. 1985.Centro de Cultura Raul de Leoni . RABAÇO Henrique José. Petrópolis : Universidade Católica de Petrópolis. MONTEIRO Ruy. 1916-1996. Trabalhos da Comissão do Centenário de Petrópolis. Fundação de Cultura e Turismo Petrópolis . 9. 2002. Anais do Congresso dos 200 anos da Transferência do Governo de Salvador para o Rio. 305 . Atlas da História Universal The Times. Globo. Petrópolis: Ed.Praça Visconde de Mauá.IHGB. 1995. Petrópolis: PMP. Petrópolis: Ed. 1942 6. 5. 1997. Museu Imperial. 10. Danusio Gil Bernardino da. SCARRE Chris.
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