História da língua portuguesa

May 27, 2018 | Author: María | Category: Latin, Iberian Peninsula, Ancient Rome, Languages


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             HISTÓRIA DA   LÍNGUA     PORTUGUESA                                           HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA    MARIA CRISTINA DE ASSIS    Introdução Neste  curso,  vamos  abordar  a  língua  portuguesa  sob  uma  perspectiva  histórica,  partindo  de  sua  origem latina na Península Ibérica. Compreendemos que a mudança linguística está relacionada ao processo  de modificação sociocultural de um povo, isto é, a história de uma língua está ligada à história do seu povo,  aos acontecimentos de natureza política e social.   A  preocupação  em  explicar  as  alterações  ocorridas  nas  línguas  pertence  ao  domínio  da  Linguística  Histórica,  disciplina  que  busca  investigar  mudanças  –  fônicas,  mórficas,  sintáticas  e  semântico‐lexicais  –  ao  longo  do  tempo  histórico,  em  que  uma  língua  ou  família  de  línguas  é  utilizada  por  seus  falantes  em  determinado  espaço  geográfico  e  em  determinável  território,  não  necessariamente  contínuo.  Estão  relacionados a essa área dois tipos de estudos linguísticos: Em sentido amplo (Lato sensu) – os que se baseiam  em dados contextualizados, isto é, datados e localizados (quando sabemos onde e quando foram produzidos).  Em  sentido  estrito  (Strictu  sensu)  –  os  que  investigam  as  mudanças  que  ocorreram  nas  línguas  através  do  tempo,  levando  em  consideração  fatores  intralinguísticos  ou  estruturais  e  fatores  extralinguísticos  ou  sócio‐ históricos.  Nesse  sentido,  é  possível  estudar  a  história  de  várias  línguas  ou  apenas  de  uma  língua.  Ivo  Castro  conceitua História da Língua como o estudo das relações estabelecidas entre uma língua e a comunidade que a  fala, ao longo da história dessa comunidade. Em geral, apontam‐se duas perspectivas de estudo de história da  língua:  história  externa  –  abrange  acontecimentos  políticos,  sociais  e  culturais,  que  repercutem  na  língua;  história interna – descreve a evolução fonética, morfológica, sintática e semântica da língua.  Nem sempre é possível explicar como ocorrem determinadas mudanças linguísticas. Nas escolas de  ensino  fundamental  e  médio,  o  estudo  da  língua  numa  perspectiva  sincrônica  adotada  pelas  gramáticas  tradicionais  favorece  o  surgimento  de  regras  e  exceções,  fazendo  com  que  o  aluno  sinta  dificuldades  para  entender alguns fatos da língua. Vejamos alguns dos questionamentos que podem surgir, ao estudar a língua  portuguesa:   ƒ Como explicar o número reduzido de palavras proparoxítonas no léxico da língua portuguesa?  ƒ Se a gramática ensina que na língua portuguesa temos apenas os gêneros masculino e feminino, por  que os pronomes isto, isso, aquilo são classificados como pertencentes ao gênero neutro?  ƒ Qual a relação entre palavras como mácula e mancha, cátedra e cadeira, solitário e solteiro?  ƒ Por que achamos tão parecido o português e o espanhol?    Respostas  para  essas  e  outras  perguntas  podem  ser  encontradas  analisando‐se  a  língua  numa  perspectiva histórica. É o que veremos a seguir.  UNIDADE I DAS ORIGENS À FORMAÇÃO DO GALEGO-PORTUGUÊS   Antes dos romanos   Substrato linguístico é a A língua  portuguesa pertence ao grupo das línguas românicas,  influência da língua de um povo também  chamadas  de  neolatinas,  resultado  das  transformações  que  vencido sobre a qual se sobrepõe a língua do vencedor. aconteceram no latim vulgar levado à Península Ibérica. O  latim  nasceu  na Itália, numa região chamada Lácio, pequeno distrito à margem do rio  Superstrato - a língua do povo vencedor deixa marcas na língua Tibre e foi levado ao território ibérico pelas legiões romanas.   do povo vencido, permanecendo  Antes  do  estabelecimento  do  domínio  romano  na  região,  os  esta última. povos  que  habitavam  a  Península  eram  numerosos  e  apresentavam  língua  e  cultura  bastante  diversificadas.  Havia  duas  camadas  de  Adstrato - Toda língua que vigora ao lado de outra, num território população  muito  diferenciadas:  a  mais  antiga  ‐  Ibérica  ‐  e  outra  mais  dado e que nela interfere como recente  ‐  os  Celtas,  que  tinham  o  seu  centro  de  expansão  nas  Gálias.  manancial permanente de Muito  pouco  se  conservou  das  línguas  pré‐romanas.  Outros  povos  empréstimo. (Mattoso Camara) haviam‐se  fixado  na  Península  Ibérica:  iberos,  celtas,  fenícios,  gregos  e    cartagineses.  A  partir  do  século  VIII  a.C.,  os  celtas  começaram  a  invadir  a  Península  Ibérica.  Embora  o  domínio  céltico não tenha se exercido pacificamente, tiveram uma influência profunda que perdurou mais ou menos  até a conquista romana. Com o correr dos séculos, os celtas mesclaram‐se com os iberos, dando origem aos  povos  celtiberos.  Mais  tarde,  outros  povos,  os  fenícios,  os  gregos  e  os  cartagineses  formaram  colônias  comerciais em vários pontos da península.   Como  os  cartagineses  pretendessem  apoderar‐se  do  território  peninsular,  os  celtiberos  chamaram  em socorro os romanos. Por esse motivo, no século III a.C., os romanos invadiram o território, com o objetivo  de deter a expansão dos cartagineses.  Com as Guerras Púnicas — luta entre romanos e cartagineses —, a Península Ibérica passou para o  domínio de Roma. Embora a invasão tenha ocorrido no século III a.C., a anexação como província só ocorreu  no ano de 197 a.C. Entre os habitantes da península, os lusitanos, povo de origem céltica chefiados por Viriato,  resistiram aos romanos. Depois do seu assassinato (cerca 140 AC), Decius Junius Brutus pôde marchar para o  norte,  através  do  centro  de  Portugal,  atravessou  o  rio  Douro  e  subjugou  a  Galiza.  Os  celtiberos  terminaram  adotando  a  língua  e  os  costumes  dos  romanos.  Os  romanos  encontraram  a  Península  muito  desunida,  pois,  além  da  variedade  étnica,  a  difícil  estrutura  geográfica  contribuía  para  a  fragmentação.  São  de  origem  celtibérica:  Camisa,  saia,  cabana  (cappana),  cerveja  (cerevisia),  légua  (leuca),  carro  (carrus),  manteiga  (mantica), gato (cattus) etc     a língua e  os  costumes  romanos  foram  progressivamente  assimilados.  uma  fase  intermediária  de  marginalidade..C. entre  hispânicos  e  romanos  pode  ser  dividido  em  três  fases.  O  território  ocupado  pelos  romanos  em  sua  expansão.  basicamente  no  vocabulário.   Sudoeste da Europa.  na  Península  Ibérica.  modificando  o  menos  possível  as  unidades  territoriais  que  encontravam.  A implantação do latim na Península Ibérica constituiu um fator decisivo para a formação da língua  portuguesa. sarna. todas integradas na unidade imperial até o século V d.  todos  os  povos  da  Península  adotaram  o  latim como língua e se cristianizaram. passou a servir de veículo a uma cultura mais avançada.  fez  desaparecer. ‐orro.  Esta  última  sofreu  nova  divisão  em  duas  outras províncias. A influência céltica é  .  em  duas  grandes  províncias. O território da Península Ibérica (século I a.  Os  vestígios  da  língua  ibérica  no  vocabulário  português  são  poucos:  bezerro.  constituía‐se  de  diversas  províncias:  a  Hispânia.  e  ocorreu  no  século  II  a.  a  Península  Ibérica  estava  totalmente  latinizada  (no  século  I  d.  a  România. nos atos oficiais.A romanização da Península Ibérica   Os  romanos  implantaram  habilmente  sua  civilização  na  Península  Ibérica. além dos sufixos  ‐arra.  Com  exceção  dos  bascos.  que  consistem  em  um  momento  inicial  de  expectativa. a vitória da cultura romana.  implantaram  o  serviço  militar  e  construíram  escolas. mesclado de elementos celtas  e  ibéricos..  fase  de  bilinguismo.).  conquistaram  a  Hispânia  e  impuseram  a  sua  civilização.  de  maneira  que  a  Península  Ibérica  chegou  ao  século  V  d.  enquanto durou o apogeu do Império Romano. a Gallaecia. É formada por A romanização foi condicionada por fatores diferentes. baía.  em  que  as  diferentes  culturas  se  confrontam.) foi dividido.C.  ou  seja.  as  línguas  nativas  dos  primitivos  habitantes  e  passou  a  sofrer  o  influxo  dos  A Península Ibérica está situada no substratos céltico.  a  Gália. inicialmente. a Dácia. o latim apresentava feições particulares.  organizaram  comércio  e  serviço  de  correio.  completamente  romanizada.  Além  disso. a Bética e a Lusitânia.  imposto  como  idioma  oficial  nas  transações  comerciais.  mas  gradativamente. fazendo praticamente desaparecer as línguas nativas.  a  Itália.   O  Latim  Vulgar.  depois  de  longas  lutas.  utilizado  nas  diversas  regiões  conquistadas     pelos  romanos. Dessa forma.  Quando  ocorreu  a  queda  do  Império  Romano.  O  latim.C.  Há vestígios  apenas na área do vocabulário.  A  romanização  da  Península  não  se  deu  de  maneira  uniforme. cama. arroio.  Hispânia  Citerior  e  Hispânia  Ulterior. esquerdo. ‐erro.C. como  Portugal e Espanha. Nesse quadro de mistura étnica. ibérico e ligúrico. por último.  o  latim  foi‐se  impondo. além do território ultramarino de Gibraltar cuja o prestígio de Roma e a dispersão das tribos.C. em que ocorre a  romanização.  politicamente  pertencendo  ao  Império  Romano  e  linguisticamente  falando  a  língua  de Roma — o latim.  em  que  há  participação  nas  duas  culturas.  ‐urro. Esse período do contato  soberania pertence ao Reino Unido. onde se estendia uma antiga província romana.  quando  as  legiões  de  Roma.   cola.  palavras  transmitidas  através  do  árabe.  alambique. longobardos. esmeril.  crisma. os visigodos conquistaram e incorporaram o território a  partir de 585 até 711.  Fundaram  um  reino  muito  extenso.  raça.  governar.  como  esmeralda  (provençal).  trégua (triggwa).  Moçárabes – termo que alcaparra.  Figura 1‐ Reinos bárbaros  defendendo  a  religião  cristã. os árabes invadiram a Europa. como também eram chamados. farol.  o  reino  suevo  reduziu‐se  à  Gallecia  a  aos  bispados lusitanos de Viseu e Conimbriga (Coimbra). francos.  resistindo  por  muito  tempo  aos  visigodos. Além disso.  no  século  V.  tendo  como  língua  o  latim  vulgar  na  sua  Fonte:  http://4. mas dos incorporaram‐se  ao  idioma  através  da  Ciência  e  da  Tecnologia:  telefone.  de  acordo  com  o  ingresso  ao  léxico  português:  palavras  da  época  anterior  aos  romanos.  fundiram‐se  com  a  população  românica.  lutou  até  711  contra  a  invasão  árabe. casa. mapa. bico.  os  visigodos  romanizaram‐se.  o  último  rei  godo. palavras que. normandos.  Outros  povos  bárbaros.  na  colonização  grega  (perderam‐se  ou  se  confundiram  com  as  latinas):  bolsa.  quais receberam profundas fonema.  palavras  que  ingressaram  no  vocabulário. não conseguiram impor‐se aos povos  . homeopatia. Coimbra  (Conimbriga).  a  unidade  romana  rompeu‐se  totalmente.  costumes exceto na religião.  sem adotarem língua.  Os  vocábulos  gregos  podem  ser  divididos  em  quatro  grupos. vindos do Norte da África.  quilate.bp.C.  cara.maior na fonética do que no vocabulário: brio.  a partir do século XVI.  como    acelga.  bíblia.  palavras  de  origem  medieval.  espora  (spaura). touca e os topônimos Bragança. VIII d. légua.  viviam subjugados aos árabes.  Por  outro  lado.  e  também  assentaram  domínios  na  península. pois continuavam cristãos.  possivelmente  incorporadas  ao  léxico  latino.  ou  seja.blogspot.  Em  570. alamanos.  fugindo  dos  hunos.  elmo  (helms). A contribuição de vocábulos fenícios ao  influências na linguagem e nos vocabulário português é mínima: saco (fenícia).  costumes  e  religião  diferentes dos peninsulares.  monge  (provençal). (púnico).  loja  (laubja).  Os  suevos  e  os  visigodos  estabeleceram‐se  na  península:  os  suevos  implantaram‐se.bmp  bérbaros:  guerra  (wuerra). a religião e os costumes.  diabo.  Posteriormente  vieram  os  visigodos  e  os  alanos. Os mouros. branco (blank) etc   No séc. saxões.    Rodrigo.  Com  o  domínio  visigótico.  apóstolo.  Tratava‐se  de  um  povo  de  cultura. pelo estreito de Gibraltar. contribuíram a dissolução do império  romano  e  provocaram  a  diversificação  do  latim  falado  (o  escrito  permaneceu  como  língua  de  cultura). raio.  que  ingressaram  por  intermédio  designa os povos cristãos que das  línguas  românicas. guitarra e finalmente.   Invasões dos bárbaros e dos árabes     Já estava o latim bastante modificado quando os bárbaros  germânicos  invadiram  a  Península  Ibérica. fresco (frisk).  espalharam‐se por todo o Império Romano: burgundos.  Os  primeiros  que  chegaram  foram  os  suevos  e  os  vândalos.  adotaram  o  cristianismo  como  religião  e  assimilaram  o  latim  vulgar.. microscópio.  Algumas  contribuições  das  línguas  dos  /S8t5Cgt404I/AAAAAAAAADQ/tAv2gTQbi ew/s1600/REINOS+BARBAROS+495.  com  o  advento  do  Cristianismo:  anjo.com/_0hasQbYINU8 feição  hispano‐românica. malha.  adaga. Em Alcama.  pode‐se  dizer  que  houve  tolerância entre mouros e moçárabes.  Raimundo  governador  do  condado  da  Galiza  e  ofereceu‐lhe  em  casamento a filha D. aldeia. Afonso  Para recompensá‐los pelos serviços prestados na conquista. nobres de diferentes regiões  participaram  da  guerra  santa. a viúva envolveu‐se com um fidalgo galego D.  D.  arroz. azeite.  zero.  Figura 2 Mapa da Reconquista  cristã do território de Portugal  almoxarife.  D. ou terra dos castelos. nas Astúrias.  (711  a  1492).  onde  levantaram  castelos  que  deram  origem  ao  reino de “Castilla”. o árabe é adotado como língua  oficial. alicate. Fernão Peres  .  distinguiram‐se  nessas  lutas. exceto na religião.  tampouco  absorveram  a  cultura  cristã. os muçulmanos.  algarismo. território desmembrado  da  Galiza.  Do  ponto  de  vista  cultural. bem como a definição do território português. Urraca. Anos após a morte do conde. pois continuavam cristãos. azulejo.  Esse  movimento  foi  alastrando‐se  para  o  sul. por isso. Afonso VI. D. mas nenhuma integração. matemática.  apesar  de  todas  as  influências  sofridas  por  parte  dos  vários  povos.  cuscus.  Tareja  (Teresa). nas regiões conquistadas.  alcova.  do  qual  era  dependente. corcel. alcachofra. Henrique deu o governo do Condado Portucalense.  Raimundo  e  D. que haveria de ser o fundador e o  primeiro rei de Portugal.  Figura 3‐D. alface. rei de Leão e  Henriques  Castela  nomeou  D. comércio e indústria.  junto  ao  rio  Douro.  Muçulmanos  e  cristãos  desencadeiam  uma  guerra  religiosa  durante  sete  séculos  de  ocupação. açude. da Península Ibérica ‐.  Tiveram  quatro filhos. alazão. dos quais apenas um era varão. .  alface.  álgebra. receberam maior influência dos árabes  na linguagem e nos costumes.  das  artes  e  das  letras:  filosofia.  Castela  e  Aragão.  Entretanto. agricultura. algodão.  continuou sendo a língua oficial. chamado Afonso Henriques.  a  língua  latina.  e  a  mão  da  outra  filha.  alcaide. refém e inúmeras outras. açúcar.  alfinete.  descendentes  dos  reis  da  França.   Desde 711. Algumas contribuições árabes ao vocabulário  português atual são arroz.  alvará. o rei visigodo Pelágio derrotou os árabes  dando  o  início  à  Reconquista.  No  reinado  dos  reis  católicos  da  Espanha.   Dom Afonso Henriques tinha apenas três anos quando seu pai morreu e. recuperando os territórios  perdidos  que  originaram  os  reinos  de  Leão. alferes.  no  ano  de  718. A D.  Fernando  e  Isabel.    A Reconquista e a Formação do Reino de Portugal   Os  cristãos  refugiaram‐se  no  norte  da  península.  através  das  cruzadas – lutas para expulsar os mouros.  conde  de  Borgonha.  Nas  regiões  dominadas pelos árabes viviam os moçárabes.subjugados.   No período da dominação árabe.  mas  a  população  continuou  a  falar  o  romance.    encerrou‐se  o  período  de  dominação  dos  árabes  e  teve  o  importante  papel  de  desencadear  a  formação  de  Portugal como Estado monárquico. a península passou por um surto de  desenvolvimento  nos  campos  da  ciência. alfândega. sua mãe assumiu o  governo do condado. história. almofada.  Dois  nobres  franceses.  Henrique.   Com a finalidade de libertar o território ibérico.  medicina.  o latim vulgar veio a fracionar‐se em diferentes dialetos.  afirmando a independência portuguesa face à Galiza.  conservadora  e  resistente  às  inovações.  Revestiu‐se de dois aspectos que. numa luta conhecida como a Batalha de S.  observando‐se  as  evoluções  características  de  cada uma é possível reconstruir o étimo latino.  Era  uma  Cartórios. a forma original comum a todas elas.  a  exemplo  do  que  ocorre  com  todas  as  línguas. Outra maneira de  conhecer o latim vulgar é através de algumas atestações escritas como os graffiti de Pompeia.  chamado  pelos  romanos  de  sermo  urbanus.  como  Cícero. na região central  e  leste  da  Península. ou seja. conde de Borgonha. absorvendo os demais falares itálicos. sagrou‐se rei de Portugal.  caracterizava‐se  pelo  apuro  do  vocabulário  e  pela  elegância  do  estilo. Afonso Henriques lutou contra as tropas de sua mãe.  sem  preocupação  com  a  correção  gramatical.  Conhecida  como  uma  língua  artificial  e  rígida. exclusivamente língua  era  praticada  por  uma  elite  e  usada  nas  escolas  e  nas  obras  dos  escrito.  Sinônimo  de  prestígio.   O  estudo  do  latim  vulgar  pode  ser  feito  de  duas  maneiras.  isto  é. colonos e funcionários romanos a todas as regiões  porque era mesclado de do Império Romano.  era  a  língua  literária.  porém  polida  e  requintada. Mistura das formas variedade  falada  que  servia  de  instrumento  de  comunicação  diária. era o latim dos tabeliães grandes  escritores  latinos. Era  escrituras. essas terras viriam a se tornar território do Estado espanhol. com o passar do tempo.  correção  das  formas  errôneas  usuais  pelos  gramáticos  (Appendix  Probi).  os  leoneses  e  os  castelhanos  avançavam  para  o  sul.     O  idioma. originando o território português.  por  meio  da  retratação  de  personagens  populares  (Satiricon). os grupos populacionais  do norte foram‐se instalando mais a sul.  principalmente  dos  últimos  tempos  (escritores  da  decadência  romana. Inicialmente o latim era uma língua tosca e rude. o que resultou. foi  forma embrionária das línguas românicas. o jovem  D.  escritores  pagãos).  com  latinas com formas romances – finalidades práticas e comerciais. D. expressão latim vulgar refere‐se à língua com todas as suas variedades. Sujeito a influências locais de costumes.  não  era  rigorosamente  uniforme.  vulgarismos  em  obras  de  comediógrafos. ‐ Em 1139. Também chamado de sermo vulgaris. depois de ter definitivamente expulsado os  mouros na Batalha de Ourique.  César.  ocupando  as  terras  até  então  dominadas pelos árabes. logo a seguir. que tinha a intenção de submeter ao controle da Galiza o Condado Portucalense. clima  vocábulos romances e e outros fatores.  Uma  delas  é  a  reconstrução  linguística. Em 1128.  A  e copistas da Idade Média.  Virgílio  e  Horácio.  da  comparação  entre  as  diferentes  línguas  românicas. usado nos documentos públicos. o que significa dizer  que é o próprio latim diversificado de suas origens. mas foi. tornaram‐se cada vez mais distintos: o clássico e o  vulgar.  que  buscava  a  correção  gramatical  e  estilística. cartas pessoais. à medida que o Império Romano se expandia.  provinciais.  À medida que as batalhas aconteciam e novas terras eram reconquistadas.  erros  ocasionais  dos  próprios  escritores  cultos.  gradativamente. nos Fóruns e usado  pelo  povo.  a  O latim bárbaro. nas línguas românicas.  inscrições  em  lousas  confeccionadas  por  artistas  plebeus. Mamede. raças.    Mudanças linguísticas do latim ao galego-português     Dissemos anteriormente que a língua portuguesa é uma língua neolatina. Mais tarde. Do mesmo modo. Afonso Henriques.  O  latim  clássico.  Alguns  documentos  também  atestam  .de Trava. Chamava-se bárbaro levado pelos soldados.   as  glosas:  espécie  de  dicionário  (glossário)  para  leitura  dos  autores  latinos. V. ă  a  a prātu > prado. ĭ  ê (fechado)  ê (fechado)  cēra> cera. as diferenças de duração foram‐se associando às de timbre.  uma  tendência  para  as  vogais  átonas  caírem. da Bíblia por São  Jerônimo).essa variedade do latim: Perigrinatio ad loca sancta (Sancta Aetereae) – séc. IV.        áquila > águia ĕ  é (aberto)  é (aberto)  mĕlle>mel. De Architetura ‐ Séc.  Embora  se  tratasse  da  mesma  língua.     bŭcca>boca  ū  u  u  pūro > puro.  É  importante  ressaltar  que  algumas  características  existiam  também  no  latim  clássico.  alacrem  (latim  clássico)  >  alacrem  (latim  vulgar)  >  alegre  (português).  enquanto  pōpulum  (ô  longo)  significava  choupo. O latim  clássico  caracterizava‐se  pela  existência  de  cinco  vogais.  lŭto  (u  breve)  significava lodo enquanto lūto (u longo) significava lodo.  na  morfologia.  no  latim  vulgar.    Eis o quadro comparativo das vogais tônicas no latim clássico e vulgar:    Latim clássico Latim vulgar Português Exemplos ā. De Medicam pecorum – séc.  sendo  que  cada  uma  dessas  vogais  podia  ser  longa  ou  breve. como ocorre nos exemplos a seguir: conducere (latim clássico) > conducere (latim  vulgar)  =  conduzir  (português).  e  essa  distinção  fonológica  estava  aliada  a  uma  diferença  no  significado  das  palavras:  pŏpulum  (ó  breve)  significava  povo.  mas  se  acentuaram no latim vulgar. IV.          nĕbulam > névoa  ē. Vulgata (Trad.             rīvum > rio  ŏ  ó (aberto)  ó (aberto)  prŏba > prova.  no  léxico  e  na  sintaxe  e  a  presença  de  características  de  uma  ou  de  outra variedade atesta a origem das línguas românicas. Mulomediinz Chironis (Tratado  de veterinária) – séc.  As  palavras  desconhecidas do povo aparecem nessas glosas acompanhadas das formas correspondentes semânticas mais  familiares e tomadas à língua viva da época. São algumas das particularidades do latim vulgar em relação ao latim clássico:     a)   Em relação à fonética.           pĭra > pêra  ī  i  i  f ī lu > fio. uma mudança importante foi a perda das oposições de quantidade.  evitando  o  uso  de  palavras  proparoxítonas. ŭ  ô (fechado)  ô (fechado)  amōre > amor.  as  variedades  clássica  e  vulgar  do  latim  apresentavam  diferenças  na  fonética.     ā ē ī ō ū = fechadas ă ĕ ĭ ŏ ŭ = abertas   No latim vulgar.     pāce > paz    ăqua > água. de modo que o timbre  passou a ser distintivo e a diferença de duração de na pronúncia das vogais desapareceu.  .         secūrum > seguro  Quadro 1: Quadro comparativo das vogais tônicas no latim clássico e vulgar      b) Havia. I.      rŏtam > roda  ō.   havia  predominância  de  uso  de  vocábulos  mais  populares  e  afetivos  com  sufixos  diminutivos. rosæ    nominativo ‐ sujeito e nome predicativo  2ª declinação lupus. fructus.  o  latim  clássico  caracterizava‐se  por  um  vasto  sistema  de  flexão  (cinco declinações e seis casos) que se reduziram a três no latim vulgar. parentes: pai ou mãe ( latim  clássico).  Enquanto  o  latim  clássico  usava  a  palavra  equus  (cavalo  de  montaria). comprar (latim vulgar)    f) Do  ponto  de  vista  morfológico. amicos. cantus                    acusativo ‐ objeto direto  5ª declinação dies.  embora  originalmente  essa  palavra tivesse outra significação (cavalo de lavoura).  Como  o  plural  dos  nomes  masculinos  e  femininos  terminava    com  s  em  qualquer  das  declinações. lupi    vocativo ‐ chamamento   3ª declinação ovis.     i) Decorrente da redução das declinações.   Latim vulgar     Latim clássico    Português  apprendere      discere      aprender  bucca      os      boca  casa      domus      casa     d) Outra  característica  do  latim  vulgar  que  permaneceu  no  português  foi  a  preferência  pelas  palavras  compostas.  vinus  (vinho).  g)   Declinações        Casos  1ª declinação rosa. amores. houve o desaparecimento do gênero neutro e masculino e  feminino  passaram  a  ser  indicados  por  o  e  a. no lugar das palavras simples usadas no latim clássico:     Latim clássico    Latim vulgar    Português    ovis                →   ovicula         ovelha    spes                →  *sperantia     esperança     cor                         →  *coratio                      coração    e) Algumas palavras do latim clássico recebiam uma significação especial no latim vulgar:  • parens. ovis                     genitivo ‐ adj.  este se tornou o sinal da desinência do plural: rosas. dies.  no  sentido  de  cavalo.  o  latim  vulgar  preferia  utilizar  caballus    com  o  mesmo  sentido. restritivo  4ª declinação cantus.  respectivamente:  caelus  (céu).  fatus  . diei                    dativo ‐ objeto indireto                           ablativo‐ complemento circunstancial  e agente da passiva    h) Terminação  s  como  marca  de  número  plural. viagem (latim vulgar)  • comparare: preparar ( latim clássico). O português adotou a palavra cavalo do latim  vulgar.  O  plural  português  originou‐se  do  acusativo  latino. parentes (latim vulgar)  • viaticum: provisão (latim clássico). c) No  léxico.   enquanto  ligna  (linha).      Latim clássico    Latim vulgar       Português    liber                    illu libru ou unu libru                   o livro ou um livro    O latim clássico formava os comparativos e superlativos através de sufixos.  intermediário  entre  o  clássico  e  o  vulgar. com tema em a passaram a feminino).    j) Analitismo:  o  latim  clássico  não  possuía  artigos.  surgindo  no  latim  vulgar  a  forma  analítica  ou  composta.  o  latim  clássico  era  uma  língua  sintética. enquanto o latim vulgar  utilizava formas analíticas na formação dos graus dos adjetivos.  Hominem diligit Deus.  enquanto  o  latim  vulgar  apresentava  pronomes  demonstrativos e o numeral unus com o valor de determinativo (artigo definido e indefinido).  A  frase portuguesa Deus ama o homem poderia ser dita em latim clássico das seguintes maneiras:     Deus hominem diligit.  opera  (obra)  milia  (milha).  Diligit Deus hominem.  Além  de  latim  clássico  e  vulgar. como consequência da redução dos casos.  do  gênero  neutro  passaram  para  o  masculino).  havia  outras  modalidades  do  latim.  com  tendência  à  ordem  inversa.  como  o  baixo‐latim. A variante familiar era usada nas conversações e nas cartas das pessoas instruídas. isto é.  o  latim  vulgar  usava‐as  com  maior  frequência.  Nessa  variante  foram  escritos  os  trechos  bíblicos  e  em  que  foi  divulgada a doutrina cristã.    Latim clássico    Latim vulgar    Português      dulcior      magis ( plus) dulce                  mais doce      dulcissimus    multu dulce    muito doce (dulcíssimo)    Do  mesmo  modo.    k) Na  sintaxe.      l) Enquanto  no  latim  clássico  as  preposições  eram  poucas.   .  enquanto  o  latim  vulgar era analítico.            Petri liber (latim clássico)  Liber de Petro (latim vulgar)     Como  resultado  desses  traços  acima.  Hominem Deus diligit. (fato).  as  formas  simples  substituídas  por  formas  perifrásticas:  cantabo>cantare habeo.  nos  verbos. mediante advérbios magis (na Península  Ibérica  e  na  Romênia)  e  plus  (na  Gália  e  na  Itália)  antepostos  ao  adjetivo.  A  forma  passiva  sintética  do  comparativo  e  superlativo  do  latim  clássico  desapareceu.  havia  liberdade  de  colocação  das  palavras  na  frase. Muitas dessas características apresentadas foram herdadas nas línguas românicas.   São  documentos  públicos.  testamentos.  falada  a  princípio  na  região noroeste da Península Ibérica e levada. A Pedro Gonçalves. et meum lectum cum almuzala et cum mea manta nova. documentos escritos em latim bárbaro atestam a existência de palavras e expressões  do  romanço  galaico‐português. completo e com tudo o que  lhe pertence.  estropiado. mālum (maçã)  b) Monotongação de æ e œ: cælum> céu.  conelio  (coelho. A Maria.  Souto.   a) Generalização do acento de intensidade e perda da oposição quantitativa das vogais: regină (nom. para o sul. Até o fim do  período imperial.  leis  forais.  doações.  contratos  de  compra  e  venda  e  também  documentos  jurídicos.  I  capra  et  II  quartarios  de  pan  et  I  arca    et  I  telega  de  pan  in  quocumque  anno.  mas.   Nessa época.  posteriormente.  como  cartas.  algumas  das  principais  mudanças  que  ocorreram  no  latim  falado  à  época do Império estendem‐se às demais línguas românicas. Ismael Coutinho  e Carolina Michäelis. Diversos autores. e bem assim o meu leito com a coberta e a minha manta nova.  apenas  falado:  estrata  (estrada.  localizada  em  Braga. meu abade.  Ad  gafos  de  Vimarais  et  de  Bragaa  et  de  Barcelos  singulas  telegas.  Vejamos  um  testamento  escrito  em  1177. como Leite  de Vasconcelos. meum abbatem. A Maria Plágia deixo  1 ovelha e uma cabra com a sua cria.  Ad  Sanctum  Martinum  de  Candaosu  II  morabitinos de hereditate de Portela de Lectões.  Guimarães.) > regina (rainha). todos escritos em cartórios.  numa  forma  pseudolatina.  em  que  Dona  Urraca  Pedro  deixa  alguns  bens  à  Igreja  do  antigo  Mosteiro  de  São  Salvador  do  Souto.  mistura  de  formulários  tabeliônicos  com  locuções  e  vocábulos  do  romanço. pretensiosamente gramatical.  na  verdade. Ordeno que Pedro Pelágio viva até à morte nas próprias  casas em que mora. 1 ovelha.  Ad  Mariam  Pelagiz  I  ovelia. o latim falado no Oeste da Península Ibérica conhece as evoluções gerais do mundo romano. deixo 1 ovelha e 1 cabra. Urraca Pedro.  lat.  inquirições  sobre  propriedades. Martinho de Candosa 2 morabitinos ( antiga moeda gótica)  da herança da Portela de Leitões.  Acentuaram‐se  as  características  distintivas  dos  romances peninsulares:     a) Algumas das principais transformações do latim imperial da península ibérica aos falares românicos.  lat.) reginā (abl. outras são exclusivas do português.  ovicula).  c) Síncope das vogais mediais (tendência a evitar proparoxítonas): ocŭlum>oclu= olho. no qual morou Mendo Luz. Ad Petrum Gunsalviz.  inorgânico.  donec  habeat  virum.   . A S. Aos gafos (leprosos) de Guimarães. Mando ut Petrus Pelagiz teneat in vita sua ipsas casas in quibus morat.    Do  ponto  de  vista  linguístico. mălum (mal). e 1 cabra e 2 quarteiros de pão ( cerca de 32  alqueires) e 1 arca e 1 teiga de pão todos os anos.    Em português de hoje:  Eu. filha de Pedro Calvo. in quo moravit Menendus Luz.  língua  corrente. calĭdum > caldu  = caldo.  ovelia  (ovelha.  lat.  artigulo  (artigo. depois. lego ao mosteiro de São Salvador do Souto o meu corpo e o meu próprio casal. tabelionário. naquele latim bárbaro.    Mando ego Horraca Petri meum corpus ad monasterium Sancti Salvatoris de Sauto et ipsum meum casalem de Rial integrum  cum omnibus que ad illum pertinent.  vai  adquirindo  características  próprias. de Braga e  de Barcelos deixo 1 teiga  (antiga medida de cereais) a cada. e  voc.  via). até que se case. com o movimento da Reconquista. I ovelia  et  I  capra. estabelecem  o  século  IX  como  o  estágio  de  definição  do  romanço  galaico‐português.  cuniculum).  lat  articulum).    e.        .   c.  hodie  (hoje). p. ŏ (port. essencialmente falada ao longo dos séculos nas diferentes regiões  do Império Romano. explicando se as afirmativas são verdadeiras ou falsas e justifique sua resposta.  teneo (tenho). ge. questiona‐se:  a.  4) Escolha duas alternativas abaixo.  nos  territórios  ocupados  por  Roma. Em que se distinguia do latim literário?  2) Apresente  evidências  lexicais  que  confirmem  a  afirmação:  “É  no  latim  vulgar  que  têm  origem  as  línguas  românicas”.>it. centum (cento > cem).  filium (filho). d) Consonantização de semivogais latinas I e U: iocu > jogo. rŭssĕum (roxo)  g) Queda do n antes de s: ansa (asa)  h) Evolução do grupo consonantal ci (port.  −     O período de abrangência.>ch): nocte > *noyte > noite (português) e > noche (castelhano)  j) Ditongação/não ditongação de ĕ. ci.    3) Quais as ações dos romanos para impor sua cultura e sua língua aos territórios conquistados? Cite duas delas. e.  − O aspecto cultural.  6) Explique a origem do morfema “a” como característica do feminino em português.  5)  Explique de que modo a Reconquista contribuiu para a expansão do galego‐português em território português. > eu. As  características  distintivas  dos  romances  se  acentuaram  de  maneira  mais  acentuada  durante  o  domínio  dos  árabes.  pretium  (preço). gi. como também lingüisticamente. focalizando:  − O aspecto lingüístico. o.  d. Os árabes conseguiram dominar a Península Ibérica não só politicamente. Quando os bárbaros invadiram a Península Ibérica.  platea  (praça)  .  a.   b. uacca > vaca  e) Sonorização das consoantes surdas: lŭpu > lobo (influência dos germânicos). ss: ciuitātem (cidade).  (CARDEIRA 2006. cast. ni. Durante  as  conquistas. Podemos afirmar que o Latim Clássico e o Latim Vulgar eram duas línguas distintas.  7) Fale sobre a invasão dos árabes na Península Ibérica. cast.  f) Palatalização dos grupos ce.  seniorem (senhor). regina  (rainha).>lh. impuseram sua língua como oficial da região.  facio  (faço).    frigidum  (frio). cast. uo)    EXERCÍCIOS    1) Sabe‐se que o chamado latim vulgar era uma língua viva. De que maneira podemos conhecer esse latim?  b.  − A relação dos mouros com os peninsulares. le. >j): auricŭla> orec’la> orelha (português) e >oreja  (castelhano)  i) Evolução do grupo ct (port. 21).  vídeo  (vejo).  spongia (esponja). ly.  a  língua  latina  foi  imediatamente  adotada  pelos  vencidos.  No período iniciado a partir do século V. UNIDADE II O GALEGO-PORTUGUÊS AO PORTUGUÊS MODERNO: origens.  que  trazem  consigo  o  galego‐português. ocorre a grande diferenciação do  latim na multiciplicidade de falares. (Afonso I).   . A expansão territorial amplia‐se em direção ao sul com a  Tomada  de  Faro. os Romanços (ou romances). Portugal vai estendendo os limites do  reino de Portugal através de lutas contra os árabes. incluindo o Português. características e expansão     Os fatos históricos   Após a batalha de São Mamede.  A  capital  do  reino  se  desloca  de  Guimarães. A partir do início do século IX. 1255).  define‐se a fronteira ao norte e o reino português separa‐se da Galiza.  fixam‐se  os  limites  atuais  de  Portugal. Esse fato tornou bastante inovadora a variedade do latim vulgar levado para o noroeste da  Península. para Coimbra (libertada em 1064) até fixar‐se em Lisboa (Afonso III. denominação dada aos idiomas de transição  entre o latim e as línguas românicas.  os  territórios  ocupados  passam  a  ser  habitados  por  colonos  do  norte. Dom Afonso Henriques proclama‐se como primeiro rei de Portugal.  À  medida  que  o  território  português  se  desenvolve  em  direção  ao  sul.      Aclamação de Afonso Henriques    Na  Península  Ibérica. conhecido como latim Lusitânico.  vocábulos  das  diferentes  línguas  preexistentes  ao  latim  incorporaram‐se  ao  vocabulário latino. termos germânicos e árabes incorporaram‐se ao  vocabulário latino.  1249  e.  finalmente.  com  a  conquista  do  Algarve.  autores galegos e portugueses e até leoneses e castelhanos. Vejamos.  Descoberto em 1878. há composições de todos os gêneros. Entre as suas 1.   • Cancioneiro  da  Biblioteca  Nacional  de  Lisboa  (antigo  Colocci‐Brancuti)  –  copiado  na  Itália.  fixou  os  limites  atuais  de  Portugal.  quando  a  chancelaria  régia  adota  o  português  como  língua  escrita. por vezes com traços populares. há composições de todos os gêneros. Ao se separar da Galiza.  rei  de  Castela  e  de  Leão  a  partir  de  1252.    Nos cancioneiros.  mais  antigo  códice  de  poesia  profana. Em galego‐português são escritos os primeiros documentos oficiais e textos literários não  latinos da região.  Dinis. na biblioteca do conde Paulo  Brancutti do Cagli.  o  sábio  (1221‐1284). IX. Outros  documentos  dão  testemunho  como  o  Testamento  de  Afonso  II  e  a  Notícia  de  Torto. em peças de utilidades.  fato explicável por serem desertas as terras reconquistadas e repovoadas por colonos vindos da Galiza. onde se encontra desde  1924.   A  poesia  lírica  floresce  entre  finais  do  século  XIII  a  meados  do  século  XIV. em Ancona.  provavelmente nos primeiros anos do século XVI.  ou em monumentos.  também  conhecido  como  galaico‐português  ou  português  antigo. muitos apresentam influência de línguas do norte (leonês).  Simultaneamente ao avanço dos cristãos para o sul.  Cantigas  d’escarnho  e  de  maldizer  –  poemas satíricos.  . foi adquirido pela Biblioteca Nacional de Lisboa. Portugal foi estendendo os seus limites através de lutas contra os árabes e. Cancioneiro da Ajuda ‐. escritas numa língua complexa baseada nos falares da Galiza e no norte de Portugal: presença de  arcaísmos. são inspiradas nas muwaššahas.  as  cantigas  foram  conservadas  em  compilações. as poesias coletadas encontram‐se em três categorias: Cantigas d’amigo – poemas  de amor.  O  romanço  galego‐português. além das cantigas de Santa Maria:    • Cancioneiro  da  Ajuda  –  organizado  ao  tempo  dos  trovadores  (copiado  em  fins  do  século  XIII  ou  princípios  do  século  XIV‐  na  época  ainda  não  havia  imprensa).  de  frequente  inspiração  provençal.  além  de  testamentos.   • Cancioneiro da Vaticana – copiado na Itália. documentos.  vem  se  efetivar com a expulsão dos mouros em 1249 e com a derrota em 1385 dos castelhanos que tentaram anexar  o país. poemas dos  séculos  XI  e  XII. Encontra‐se na Biblioteca  da Ajuda.  Trazem  uma  língua  mais  espontânea e diversificada que a dos Cancioneiros.  Os documentos no português antigo começam a surgir por volta do século XIII.  como  os  cancioneiros  (coletâneas  de  poemas  medievais). começando o processo de diferenciação do português em relação ao galego‐português. em que fala a mulher. não raro extremamente grosseiros. quase todas são de amor.   As primeiras palavras portuguesas surgem por volta do séc.  escritos  em  hebraico  ou  em  árabe.  nos  quais  é  o  homem  quem  fala  e.664 cantigas.205 cantigas.  consolidou‐se  como  língua  falada  e  escrita  da  Lusitânia. no início do reinado  de  D.  que  começou  com  a  independência  de  Portugal  (1185).  Escritas  em  galego‐ português.  finalmente.  de  1214. provavelmente nos primeiros anos do século XVI. em Lisboa. Entre  as suas 1. O galego absorvido pela unidade castelhana e o português tornando‐se língua nacional de Portugal.  menos rico quanto ao número de textos conservados. foros. A  separação  entre  o  galego  e  o  português. Das suas 310 cantigas. os dialetos do norte interagem com os dialetos  moçárabes do sul.    • Cantigas  de  Santa  Maria  –  de  Afonso  X. títulos de venda.  com  a  conquista  do  Algarve.  Cantigas  d’amor  –  poemas  mais  eruditos.    mia senhor branca e vermelha. recordar  quando vos eu vi em saia!         Mao dia que me levantei. é  considerada um dos mais antigo texto escritos em galego‐português (1189 ou 1198). apelidada "A Ribeirinha". e ben vos semelha   E.    E. viu a mais bela). Maria  Paes Ribeiro.    "No mundo nom me sei parelha. de precioso  de vós ouve nem ei       valia d'ua correa". / quereis que eu vos descreva (retrate)  / quanto eu vos vi sem manto (saia: roupa íntima) / Maldito dia! me  levantei / que não vos vi feia (ou seja. o primeiro documento real datado e escrito em  português. Aqui significa de valioso. de Paio Soares de Taveirós de Paio Soares de Taveirós.   Parelha: do latim paricula (coisa alguma.. amante do rei D. Foi dedicada a D. Pertence ao Cancioneiro da Ajuda. mia senhor. Afonso II    Vejamos a seguir o Testamento de d. Sancho I. filha de don Pai / Moniz. temporal (enquanto)  ca  ja moiro por vos ‐ e ai   Ca: do latim quia>ca. ai / tudo me foi muito mal / e vós. semelhante)     mentre me for' como me vai. O texto é de 27 de junho de 1214.    . filha de don Paai     Moniz. manto   pois eu..    Mentre: conj. minha senhora.      guarvaya: peça de vestuário. A cantiga a seguir. Afonso II (séc.   Mia > mĩa>minha      queredes que vos retraia   Queredes> quereis.semelha: O sentido é “e a vós bem vos parece”    d'aver eu por vós guarvaia.    Valia d’ua Correa =sem valor            No mundo ninguém se assemelha a mim / enquanto a minha vida continuar como vai / porque morro por ti e ai / minha senhora de  pele alva e faces rosadas. capa. XIII). mesmo que  sem valor. minha senhora. Moiro: Depoente de orio>moiro. mia senhor. Significa porque.       que vos enton nom vi fea! "  fea: do latim foeda  não vi feia (Litote – Ele a viu linda)        "E. como mimo (ou prova de amor) de vós nunca recebi / algo. desde aquele dia. des aquel di' .        Muin: do latim multu>muito  e vós. ai!  me  Senhor: senhora  foi a mim muin mal. d'alfaia nunca  D’alfaia – do árabe: bens de valor. a Cantiga da Ribeirinha.  Retraia: latim retrahere>retrair= retratar. e bem vos parece / de ter eu por vós  guarvaia (guarvaia: roupas luxuosas) / pois eu.      Figura 4 Testamento de D.   d) conffusão entre as ggrafias (indistin nção entre i – u.  g) orização do t em sono m d. EE ssi este forr/morto senn  semmeel. s (intervo ocálico) e z. ch e x. P P(ri)meiram m(en)te mãd do q(ue) meu u filio infante don Sanccho  q(ue) ei da raina ddona Orraca a agia meu rreino entegg(ra)m(en)tee e en paz. além do uso o da consoante nasal: razõ. O português arcaico utilizava alfab beto com lettras  simples do  alfabeto latiino (menos o o k) e as gem minadas ss e rr. separação e abreviação dee palavras. nas orden ns religiosas. a a saude de m mia alma e a a proe de mmia molier ra aina dona O Orraca e de  me(us) filios e de m me(us) uasssalos e de to odo meu reiino fiz mia m mãda p(er) q(ue) de/po os mia mortte  mia mo olier e me(u us) filios e m meu reino e mme(us) uasssalos e todaas aq(ue)lass cousas q(u ue) De(us) m mi  deu en poder sten en paz e en n folgãcia.  com  raaras  escritass  etimológiccas.  a  grafia  era  essencialmente  fonética.  a proe: (lat.   Temẽte: tem mendo mãd da: testamentto glossário glossário l ái Saude: salvaçção n: (de estare>  stent) estejam sten m Molier: (lat. razzom.  f) troca do nn por nh e l por lh.: consssa  . n nas cortes..: barette (barrete).. Observva‐se a distinção o de  sonss s e ç. con nsoante diferen nte do [š]‐ ao qual se aplica a ggrafia x: Sancho o.   i) emp prego de r simples com valor d de geminado:  ex. a leitura eraa feita oralm mente e os livvros  eram ditado os para serem m copiados.. semin nem) semente e.  c) Uso do til (~) como o sinal de nasalização das vogaais. razon. A língua  era escrita p para ser ouvvida.. chus. e j – v)  e) emp prego arbitrário o do y. velh ha.  descendência     Característiccas do galego-português   No o  galego‐po ortuguês. Eu rei don n Afonso peela gracia de Deus rei dde Portugal. aas cantigas erram recitadaas. E ssi  filio barrõ nõ ouuerrmos.  h) junçção. Para se  ter  uma ideia. folllicare) descanso.  1.p prode>proe) proveito tran nquilidade sem mel: (lat. A partir d da segunda m bservou‐se o estabelecim metade do sééculo XIII. a maiior filia q(uee) ouuuermos agia'o .  a) Uso de ch para a affricada [tš].  decorrendo o daí grafias  diferentes p para as mesm mas palavrass. terra (terra)  j) emp prego do ss com m som de z:  ex. o maior ffilio q(ue) ou uuer da rainna dona Orrraca agia o reino enteggram(en)te e en paz.: ch so z so oava como dz: ccozer (codzer)  x so oava como ch: lluxo > luxo  ç so oava como ts: p paço (patso)  b) Uso  da grafia das ggrafias de origeem provençal n nh e lh para o [[n] palatal e o  [l] palatal só começam a ser  usadas a partir de  1250 0: gaanhar. seendo san no e saluo..  temẽtee o dia de mmia morte. M Muliere) mulh her folg gãcia: (lat.  oava como tch: chuva (tchuva))  ex. ob mento de certtas tradiçõess gráficas. En'o noome de Deus.  poer.: smeralda. matarom  d) formas terminadas em ‐eo que hoje corresponde a  ‐eio  ex.:creer.: uez (vez). Na morfologia e na sintaxe. aver.: creo. tela> te‐a. doer. coor  c) formas verbais com terminação ‐om corresponde a ao:  ex. hoje. veo. k) emprego de li por lh e ni por nh:  ex. Moderno).    4.  b) /dz/ ‐ prezar  (hoje /z/). meestre.: sex (seis).:filia (filha). vinu> vĩ‐o.: pudiam  n) como g (brando) soava o i ou o j:  ex. As terminações latinas –ANU.    SINGULAR  PLURAL  SINGULAR  PLURAL  ANTIGO  ANTIGO  MODERNO  MODERNO  MANU  Mão  Mãos Mão Mãos  PANE  Pã  Pães Pão Pães  CORATIONE  coraçõ  corações Coração corações    5. quando no final do vocábulo. manu>mã‐o.: traie  o) o h inicial comumente não se grafava:  ex. tinha o som de eis:  ex. no port. cem. feo  . vidi> vi‐i. observou‐se a criação de fonemas novos do galego‐português  a) /ts/  ‐ cidade. teer.: omem. ‐ANT. omilde  p) eram de uso muito frequente as palavras iniciadas por grupos consonantais:  ex. meo.  perdiçon. faço (hoje /s/). tenio (tenho)  l) emprego de e no lugar de i quando se seguia um o:  ex. ‐ONE e –UNT evoluíram para –ao.: peor (pior)  m) o o surdo grafava‐se u  ex. esponja (hoje /ž/). lex (leis).   f) /nh/ ‐ senhor.   e) /lh/ ‐ filho.     Ex. solo> so‐o. tenho (sem mod.:  vierom.  ‐ã e –ô.  d) /š/ ‐ roxo (ssy.  c) /dž/  ‐ gente. Da perspectiva fonética. Abundância de sequências hiáticas resultantes da síncope das oclusivas sonoras e de N e L intervocálicos. observam‐se as seguintes características  a) inúmeros substantivos e adjetivos com a terminação ‐on que corresponde hoje a –ão:  ex:. sse) – sem modo no port. vejo. caualgar (cavalgar)    2. praça. ‐ANE. leer. preço. spargir. star  q) o x.    3. Moderno). rex (reis)  r) o u representava o v no começo ou no meio da palavra:  ex. coraçon  b) grafia e pronúncia de vogais que hoje são craseadas:  ex.  manteúdo.: e começarom de fugir  começou hir em pos ella  outro caminho conven a buscar  x) as formas tônicas dos pronomes pessoais: mi ou mim. o verbo podia estar no singular:  ex. concordando com o objeto direto. ourívezes.. tribo. a infante   l) flexão de número: muitos hoje invariáveis eram flexionados antigamente.: Cujo filho és?  . regente. ‐or.: amades. Constituíam exceções as palavras cortês e montês.: correspondudo.: sinal   sinaes         cruel  cruees  v) quando o sujeito era um coletino no plural. aquesto ( isto). ti.: defeso ( defendido).: colheito ( colhido) coseito. : senhor (masc..  E Judas dezia a Josef que tomasse ele per servo.: al ( outra coisa).: quem vus ouve.: como se não a tivera merecida  r) pleonasmos nas frases negativas:  ex. ouvinte  q) particípio passado da ativa. alferezes  m) mudança de gênero:  ex.  ex. aquello ( aquilo). credes.  Ex. agente.:  fim. e ‐ês uniformes quanto ao gênero.  ex. mar planeta e cometa eram femininos. vós.  ex. si.  que eram biformes:  ex. coragem e linguagem eram masculinos                                            n) tempos verbais hoje inteiramente desconhecidos  ex. eles e elas podiam ter a função de objeto  direto  ex.e) desinência da 2ª pessoa do plural em ‐des  ex.: e hi moreo grandes gentes  w) infinitivo regido de preposição. devedes.: cada dia se negavam nesta casa per as irmãs solteiros e outras coisas.: ao mercador ali distante. sabudo. min ouve. ( maltratado)  g) particípios em ‐eso também correspondentes aos terminados em ‐ido. maltreito.: como teve feita a petiçon  o) particípios presentes no desempenho de sua função própria. mas cai no plural:  ex.   f) particípios verbais em ‐eito correspondentes aos terminados em ‐ido  ex. após certos verbos quer transitivos quer intransitivos:  ex.  s) emprego da preposição para assinalar ideia de partitivo:  t) passiva pronominal com agente expresso:  ex.) língua português. nós. prendudo  i) verbos terminados em ‐er correspondentes hoje aos terminados em ‐ir  ex. ofeso ( ofendido)  h) particípios em ‐udo  igualmente correspondentes aos terminados em ‐ido  ex.  u) nomes terminados por –l‐: o l mantém‐se no singular.   k) nomes terminados em ‐nte. caer  j) emprego de formas pronominais hoje completamente fora de uso  ex.: aquela nocte toda nenhũa irmã non dormyo.  y) orações interrogativas diretas e indiretas podiam principiar pelo pronome cujo. e fem.: confunder.  ex. entendudo. e ainda ele. (estando)  p) e assim também se empregavam as formas:  amante.  a fome e a guerra que devastou a Europa. trouve (trouxe).  . e viesse reinar pessoalmente em Portugal.  ende  (inde‐  daí.   Os deslocamentos da Universidade em Lisboa (1288/1290) no eixo  Lisboa‐Coimbra  e.: doma (semana)  ardileza (valentia)  fuiza (confiança)    esguardar (olhar)  dultar (recear)    pestinença (peste)  dividos(parentes)    lavrar (costurar)  aficar (teimar)                           leixar  (deixar)  c) emprego de termos hoje completamente desaparecidos:   ex. encerrando vários  conflitos  contra  aquele  reino.  como  o  Mosteiro  de  Alcobaça  e  o  Mosteiro  de  Santa  Cruz  de  Coimbra. em 14 de agosto de 1384. casara‐se com o rei de Castela. o português. sua única  filha D.  A  Casa  de  Avis  promove  o  surgimento  de  inovações  sociais  e  culturais  em  Portugal.  São  criadas  algumas  instituições.  o  declínio  das  zonas  rurais  e  o  crescimento  da  burguesia  urbana  somam‐se à peste.  asinha  (depressa). João I.  como  a  criação  de  escolas  e  bibliotecas.  a  viúva  de  D. Na Batalha de Aljubarrota.  passou  a  governar  o  reino  como  regente até que um filho de D.   Ao morrer D. Fernando I.  mentre  (enquanto).    Do português Médio ao Clássico   No começo do século XV. peró (porisso). Beatriz completasse 14 anos.  letrados  e  professores  nas  cortes  e  residências  dos  burgueses  mais  ricos. descendente de Dom Afonso Henriques. o eixo do domínio da  língua  portuguesa. Do ponto de vista lexical.  a  contratação  de  escrivães. antes moçárabe.  que  desempenham importante papel cultural. o Mestre de Avis é aclamado rei de  Portugal.  disso). o Mestre de Avis  do rei em Lisboa tornam essa região. Beatriz deveria sucedê‐lo. dando origem a uma nova dinastia.  D.  a  depressão  econômica. estende‐se a todos os  ramos do pensamento. estê (esteja). D. outras mudanças ocorrem na nação portuguesa.  Há necessidade de afirmação nacional e de consolidação da nova  monarquia.  Fernando.  além  da  residência  Figura 5 ‐D. Acontecimentos como a  crise  da  dinastia. A linguagem vulgar.  Leonor  Teles. João I. ainda criança. observam‐se as particularidades a seguir:    a) emprego da palavra homem com sentido de alguém  b) emprego de muitos vocábulos desusados nas épocas subsequentes e hoje   totalmente desaparecidos:  ex. da Dinastia de Borgonha. ou seja. D. Beatriz. Isso  provocou revoltas populares  e apoio dos burgueses ao Mestre de Avis contra a antiga nobreza que apoiava  Castela.  As  inovações  que  surgem  na  língua  portuguesa    apresentam características do sul e se constituem a norma a ser seguida e  Lisboa torna‐se modelo urbano e linguístico.  definitivamente  em  Coimbra  (1537).    Em  consequência  dos  descobrimentos  e  das  conquistas  ultramarinas.  o  Sábio.  o  Navegante.  João  I  escreveu  o  Leal  Conselheiro  e  o  Livro  da  Ensinança  de  Bem  Cavalgar  Toda  Sella  e  incentivou  a  expansão  de  Portugal  e  a  exploração  marítima.  colonizando‐os  no  século  seguinte.    No final do século XIV. como consequência.  Em  1415. D.  Vasco  da  Gama  chegou  à  Índia  em  1498  e.  conde  de  Barcelos. de origem chinesa. do Séc.  kesu  (queijo).  durante  o  reinado  de  D. além da esfera eclesiástica. A composição das obras em língua portuguesa deixa o latim  limitado a tratados de filosofia.  D.  novas  gentes. o Livro das horas de  Santa  Maria.  a  poesia  palaciana.  Extinta  a  escola  literária  galego‐portuguesa.  Henrique.  os  nobres  valorizam a cultura e interessam‐se pela tradução e pela leitura de novelas de cavalaria.  aconteceu  a  Tomada  de  Ceuta.  e  o  Livro  de  Linhagens. e chá.  Entre  os  séculos  XIV  e  XVI.  . A literatura passa a envolver outras áreas.  filho  de  D.  publicado pela Revista de Língua Portuguesa em 1921. a  língua  portuguesa  deixou  marcas  em  outros  idiomas.  Duarte  (o  Rei  Eloquente. Por outro lado.  de  origem malaia.  de  dom  Pedro.  Figura 6 Viagens de Vasco da Gama  cresceu  o  número  de  italianismos  e  palavras  eruditas  derivadas  das  gregas. comentado pelo filólogo Sousa da Silveira.  rei  Filósofo). embora os mosteiros de Santa  Cruz  de  Coimbra  e  de  Alcobaça  ainda  se  mantenham  como  centros  de  cultura.  kamija  (camisa). paralelamente à prosa.    Vejamos a seguir um trecho do Livro de Esopo.  o  império  português  de  ultramar  foi  construído.  os  Salmos  certos  para  finados.   O surgimento da imprensa permitiu maior difusão e acessibilidade de livros e.  aconteceu  o  Descobrimento  do  Brasil  e  de  outras regiões em Malaca.  Pedro.  no  japonês.  Na  literatura.  lugares  e  animais  exóticos. Dom João promoveu a  Tradução do Novo Testamento e escreveu o Livro de Montaria. que trata da caça ao javali.  Portugal  passou  a  ser  a  ponte  entre  a  Europa  e  a  novas  culturas.  Seguiu‐se  um  período  de  normalização  e  elaboração  da  língua  portuguesa.  Além  disso.  como:  no  malaio  encontram‐se  as  palavras  kadera  (de  cadeira). com a Crônica  Geral  de  Espanha  (1344).  Ele  escreveu  um  pequeno  tratado  de  teologia. a historiografia florescimento e cria‐ se o cargo de cronista‐mor do reino (Fernão Lopes).  Bartolomeu  Dias  dobrou  o  Cabo  da  Boa  Esperança. China e Japão.  seu  irmão.  Por  outro  lado.  redigida  por  ordem  de  Afonso  X.  com  o  Renascimento. entre outros.  D.  bisukettu  (biscoito). teologia ou científicos.  como  consequência  de  uma  crescente valorização aos modelos gregos e latinos.  em  1500.XIV.  Duarte. Nesse tempo.  uma  nova  atividade  poética.  furasuko  (frasco). tem início o desenvolvimento da prosa literária em português.  estabeleceu‐se  na  vila  marítima  de  Sagres  para  dirigir  as  navegações.  Essas  descobertas  acabaram  por  se  refletir  no  ingresso  ao  vocabulário  de  novos  termos.  os  portugueses  já  haviam  descoberto  os  arquipélagos  de  Madeira  e  dos  Açores.  a  língua  portuguesa  recebeu  influências  das  línguas  dos  locais  para  onde  foi  levada. surge na corte. o  aumento  da  produção  literária. escreveu o Livro da virtuosa benfeitoria.  como  jangada.  no  quicongo  (língua  da  África).  centrada no eixo centro‐meridional: características linguísticas arcaicas se extinguiram e mudanças linguísticas  iniciadas nos séculos anteriores se concretizaram.  lozo  (arroz).  Em  1488.  No  século  XIV.  habitante de vila. ou. E levou‐a a sua casa e mandou fazer  (12)  mui  grande  fogo  e  tirou  a  serpente  do  seo  (11)  e  pose‐a  (13)  acerca  dele  e  aqueentava‐(14)a  o  milhor (15) que ele podia. ao lado.  potionis  =  acção  de  beber.  como  fez  esta  coobra  (28). potione > poção (= beberagem medicinal).  que  deu  mao  galardon  aaquel  (29)  que a  livrou do perigoo da morte.  bebida.    Comentário  (1) fremoso = fermoso. sign. dócil.   (24) estoria = história.  castelhanismo. por  que a via assi (10) morta de frio.  lat.   (9) doo = dó (pena. v. A conservação do ‐l‐ intervocálico mostra que a palavra é um latinismo.   (15) milhor. veendo (20) esto (21).   (16) foi (= ficou). pose‐a = pô‐la.   (11) seo (=seio). a contracta tão é que hoje se empregaria aqui. Em latim há o verbo potare (= beber).  potio. e tomou‐a e meteu‐a no seo (11).  (12) fazer. Sinu.   (5) non sabia de si parte = não dava acordo de si. E o  vilão. port.  o  radical  cal‐  vê‐se  em  calor. vio a dita serpente muito fremosa con muitas diversas colores (8) e ouve doo (9) dela.  sempre  deles  averemos  maos  merecimentos.  calere  =  estar  quente.   Conta‐se que no tempo do inverno una serpente mui fremosa (1) jazia a riba (2) duna auga (3) corrente  e jazia tanto (4) fria con o regelado. do lat. que non sabia de si parte.  escaldar. forma antiga = melhor. pôr). inteiramente sem  vontade. deitando contra ele peçonha (18) pela boca (19). ripa.   (18) peçonha = veneno.  cálido. talvez. a riba = à margem.   (22) ataa = até. forma activa.  caldeira.   (2) riba < lat. preposição = por. ao pé   (3) auga < lat.  se  algunu  ben  lhe  fazemos.   .   (6) vilão < villanu.   (10) assi = assim. (6) passando per (7) o  dito ribeiro. aprumou‐se. do lat.  potável  (água  potável. contrapõe‐se à ideia  acima expressa por jazia e sem saber de si parte: há pouco era uma coisa inerte. levantou‐se em pee = levantou‐se. e queria‐o morder. cujo radical pot‐ se mostra no adj.  En aquesta (23) estoria (24) o doutor nus (25) ensina que non devemos ajudar os maos omenes (26)  quando  os  veemos  (20)  en  algunus  perigoos  (27). Ouve (= houve) doo = teve pena.  rescaldo. já mostra a sua intenção perversa. quando a serpente foi (16) bem queente (14). vio‐se poderosa e levantou‐ se em pee (17) contra o vilão.  O  lat. ataa (22) que a lançou fóra de casa con gran trabalho.   (8) colores = cores. compaixão). camponês. bebida com veneno. ergueu‐se. auga = água. videre > veer > ver.   (19) boca < lat.   (13) pose (= pôs.   (14)  aqueentava  =  aquentava.   (4) tanto: forma plena. e.  O  subst.   (21) esto = isto. mas significação passiva: ser feito.   (7) per.  beberagem medicinal. formosu.   (20) veendo = vendo. Significa margem.  isto  é.   (17) pee (< pede) = pé. bucca. aqua.  boa  para  beber).   (23) aquesta = esta. (5) E unu vilão. fez quanto pôde.  por  que. agora já se levanta.  observa‐se  aqui  o  hiato  ee  resultante  de  queda  de  consoante  intervocálica.   mas a oposição entre os dois pares de fonemas continuava a manter‐se. as duas africadas /ts/ e /dz/ tinham perdido o seu elemento oclusivo inicial. quando as dentais perdem o elemento oclusivo inicial. e c antes de e e i:   ex. ex.   (29) aaquel = àquele.: senu>s ‐o: seio    c) Encontros  vocálicos  provindos  da  queda  de  –d‐  nas  desinências  verbais  (2ª  pessoa  do  plural):  amades>  ama‐es>amais    d) Sistema  de  redução  das  consoantes  sibilantes. assim. forma normal tirada do plural homines (hómenes). Desde então.  a  que  correspondiam  os  grafemas[c.    Evolução fonética do português europeu do período Médio ao Clássico   a) Redução  do  sistema  das  africadas. ex.    b) Eliminação dos encontros vocálicos  • Desenvolvimento de uma consoante entre duas vogais: Ex.  constituídas    por  consoante  dental  [t]  ou  velar[k]  e  elemento  vocálico  palatal  .    e) Unificação  dos  substantivos  singulares  anteriormente  em  –ã‐o. periculu > perígoo > perigo.z]. Por volta de 1500.porque o seu ponto de articulação não  era o mesmo.  as  sibilantes  surdas  e  sonoras  apicoalveolares.: sardina>sardĩ‐a>sardinha  • Contração das duas vogais numa vogal única: Ex.ss]  e  se  opunham  às  predorsodentais.  ‐an  e  –on:  Os  nomes  portugueses  terminados em – ão têm origem em palavras latinas de diferentes terminações:  .: paço e passo confundidos.   (26) omenes = homens. ex.  No  sistema  arcaico.a distinção torna‐se menos clara.  herdadas  do  sistema  latino  eram  grafadas  [s. em posição intervocálica:      Pre‐dorsodentais  Apico‐alveolares Surdas  /s/ escrito c. idênticas as do Frances.: passo      Sonoras  /z/ escrito z: ex. Mas o sistema evolui no sentido  do desafricamento e. ex. Tínhamos.  o  português  comum  reduziu  a  dois  os  quatro  fonemas.  No  Português  Antigo. colubra.  — Uma predorsodental sonora /z/.   (27) Do lat. do lat.  e  essa  redução  fez‐se  em  favor das predorsodentais.: paço /ś/ escrito s‐ e ss.:coser    No  final  do  século  XVI.ç.: credo> cre‐o>creio  • Contração de uma vogal nasal e de uma vogal oral em ditongo nasal: Ex. (25) nus = nos.   (28) coobra = cobra.  em  que  as  apicais  eram  fricativas  e  as  dentais  africadas.: cozer  /ź/ escrito –s.: lana> lã‐a>lã  • Contração de duas vogais orais num ditongo oral: Ex.: cozer e coser confundidos. a correspondência entre grafia e etimologia era quase sistemática. os dois fonemas seguintes:  — Uma predorsodental surda /s/. .   e  ainda  aos  dialetos arcaizantes do português   No teatro.  Esses  estudiosos  –  gramáticos. ainda no ano de 1536.  em  geral.  descrito  em  suas  características.  modificando  as  estruturas  culturais  portuguesas. faz frio). foi representado o último ato de  Gil  Vicente  (Floresta  de  enganos). entre o Português Médio e         o Clássico.   A língua já não era encarada apenas como um meio de transmitir uma mensagem.     Do português Clássico ao Moderno   A  produção  escrita  ampliou  a  reflexão  sobre  a  língua  portuguesa. e  vem  juntar‐se  aos  documentos  literários  e  não  literários.  estudado.  ortógrafos  e  os  pedagogos  representam o testemunho direto para o conhecimento da língua falada. a sonora [ž] diante de uma consoante sonora (ex. também representante da literatura  Figura 7 ‐ Grammatica da lingoagem  portuguesa de João de Barros  pré‐clássica. e morria Garcia de Resende. o que significa que se trata de duas realizações fonéticas de um único fonema. cabo e cavo  g) Pronúncia  chiante  de  s  e  z  implosivos.: vista.  Essas  gramáticas  trazem  informações  sobre  a  construção  das  palavras  e  das  frases  e  servem  de  fontes  para  o  estudo  da  língua  através  de  informantes  que  refletem  sobre  mudanças  linguísticas.  Como  podemos  ver.    tornando‐se o foco principal do Humanismo português.  no  português  europeu  normal  atual. todos os s e todos os z implosivos — ou seja.  Conforme  Paul  Teyssier. O ensino.  passou  a  ser  analisado.  então.  O  português.:  atrás.  ‐anu  > ‐ão  ‐one > ‐om> ão  – ane > ‐ã > ‐ão –udine > ‐om  > ‐ão  s – manu  > mão  s – leone > leom > leão  s – cane > cã > cão s – multitudine > multidom >   multidão       p – manos > mãos  p – leones > leões  p – canes > cães p – multitudines > multidões       f) Permanência da distinção entre /b/ e /v/ no português comum: bala e vala.  Gramática  da  Língua  Portuguesa  (1540).  A  Universidade  instala‐se  definitivamente  em  Coimbra. em posição final de sílaba — são pronunciados como  chiantes ([š] ou [ž]).  favorecem  o  surgimento  das  primeiras gramáticas do português: a Grammatica da linguagem portuguesa de Fernão de Oliveira (1536) e a  de  João  de  Barros.  que  representava  a  transição  entre  a  cultura e as línguas medievais e o Renascimento.  estava  nas  mãos  dos  jesuítas  e  o  desenvolvimento  cultural  condicionado  pela  censura. A  regra  de  repartição  é  a  seguinte:  a  surda  [š]  em  final  absoluta  (ex.: mesmo.  uma  vez)  ou  diante  de  uma  consoante surda (ex. em 1555.  lexicógrafos. mas como objeto  de  estudo  em  si.  inúmeros  e  importantes  acontecimentos  ocorreram  neste  momento. A realização surda ([š]) ou sonora ([ž]) da chiante é automaticamente determinada pela  posição desta consoante. atrás dele).    LETRAS |  77    .   tinha  características  bastante  peculiares  e  caracterizava‐se  pela  presença de lusismos no léxico.  Ressalte‐se  que  esse  bilinguismo  não  era  encarado  como  traição  para  com  o  seu  país. a confusão entre v e b (vós>bos.  Portugal  e  Espanha  se  unem  em  decorrência  de  casamentos  entre  reis  portugueses  e  princesas  espanholas.  vocabulários. vida>bida). O interesse dos gramáticos em fixar uma norma da língua  para ser ensinada poderia representar o nacionalismo e o ideal unificador e expansionista que vigoravam em  Portugal. entre eles. entre os quais bobo. de Luis de Camões (1572). em 1576. podemos  citar  Gil  Vicente. André de Resende. em valorizá‐la e louvá‐ la como instrumento de consolidação do império. moreno. como já vimos. apesar de não fazer parte da norma.  Além do interesse linguístico.  a  descoberta  do  ouro  no  Brasil  faz  com que  milhares de portugueses emigrem para a colônia.    A visão humanista do mundo chegou a Portugal através de Sá de Miranda. a língua entrou na sua fase  clássica do período moderno: em Os Lusíadas. caudilho.  a  importação  de  produtos  manufaturados.  Luís  de  Camões. tanto na estrutura  da frase quanto na morfologia. são estas que se seguem.  a  dominação espanhola resultou em um interesse cada vez maior na língua e literatura castelhana.    Nos  meados  do  século  XV  a  fins  do  século  XVII. isto é. como um traço dialetal. Essa nova visão possibilitou a criação de novos gêneros literários e a utilização da língua cada vez mais  elaborada.s. Durante esse período. na morfologia e na sintaxe.  Do  ponto  de  vista  linguístico  e  literário.  do  crescimento  da  nobreza  e  da  alta  burguesia  que  monopolizavam  o  comércio.z.  mas  foi  durante  o  Renascimento  que  muitos  empréstimos  eruditos  foram  extraídos  de  obras  de  LETRAS | 78      . permitindo o  ingresso de inúmeros vocábulos castelhanos. gado. o português já é.  entre  outros  fatores.  a  valorização  ao  modelo  clássico  fez  retomar‐se  o  modelo  frasal  latino. castanhola.   Por  outro  lado. convem a saber: c. havia também o interesse em divulgar a língua.  Basta  citar  a  Ortographia  da  Língua  Portuguesa de Nunes Leão que.  em  relação  à  subordinação  e  ao  léxico. muitos autores portugueses são bilíngues.e isto nace de não saberem muitos a  diferença que há de hũas as outras na pronunciação. Em regras que ensinam  a Maneira de Escrever a Orthographia da Lingua Portuguesa (1574). entre  outros. muito próximo do atual. arquétipo. A base lexical do português é. já apresentava o betacismo. pandeiro.  pelo  contrário.  Nesse  contexto. hemisfério.   Diversas mudanças linguísticas ocorridas na língua podem ser encontradas em textos dos séculos XIV  e XV.  dicionários  e  gramáticas.  Portugal  havia  se  transformado  em  um  dos  mais  prestigiados  Estados  europeus. bolero. e em que se cometem mais vícios nesta  nossa linguagem.  galã.  No  início  do  século  XVI.  inserindo  inúmeros  latinismos  no  acervo  vocabular português: indômito. Magalhães de Gândavo afirma. referindo‐ se à redução do sis/tema de sibilantes do português antigo:    As letras que se costumam muitas vezes trocar huas por outras.  vosso>bosso.  Sá  de  Miranda.  principalmente  a  sintaxe. de origem  latina. granizo.  mas  logo  as  despesas  com  tornam‐se  maiores  que  as  receitas.  decorrentes  dos  custos  em  defesa  império. A morfologia e a sintaxe da língua definiram‐se com as primeiras gramáticas.através  de  cartinhas  (cartilhas).   gramáticas. silêncio / seenço. Como consequência.  o  português  é  uma  língua  que  se  encontra  ainda  em  expansão  e  com  o  padrão  linguístico  firmado  por  literatura.  mas  só foi  definitivamente  instalada  em  Coimbra  em  1537.    LETRAS |  79    .  O  documento  designa  D.  É  o  reflexo  das  profundas  transformações  na  sociedade  e  na  mentalidade  do  povo  lusitano.    Texto: 1537    1º de março:  Eu elRey ffaço saber a vos lemtes officiaes  e estudantes da vniversidade dos meus estudos de Coimbra  que  eu  ey  por  bem  que  emquanto  não  for  elegido  Reitor  para  Reger  eses  estudos  segº  forma  dos  estatutos delles ou por minha provisam tenha o dito cargo  do Rector Dom garçia dalmeida noteficovollo   asy e mandovos que o ajaes por Rector desa vniversidade e lhe obedeçaes  em todo o que no dito cargo  de Reitor toca nas cousas do Regimento e governança desa vniversidade somente porquanto no que toca  aos colegios de sancta cruz entendera o padre frey bras de braga governador do dito mosteiro comprio  asy  posto que esto não pase pela chancelaria amRq da mota o fez em evª ao primeiro dia de março de  mil bj XXX bij anos. cães e leões). áureo / ouro. há hoje no português  uma  série  de  adjetivos  com  radical  distinto  do  respectivo  substantivo:  ocular  /  olho. joelho / geolho ). assim como o feminino dos adjetivos em ao.  no  texto  seguinte.  moldada  pelo  Renascimento. minto. a mais antiga do país.   Vemos. do século XIV ao XVI.:  são ‐ sã. daí por diante.  b) Na morfologia do verbo. Em outros casos.  digital  /  dedo. ex.escritores romanos.  um  documento  de  D. pouco variarão.  capilar  /  cabelo. ardo.  pelos  Descobrimentos e pela Inquisição. Esse processo é responsável pela coexistência de raízes distintas para  termos do mesmo campo semântico.  ortografias  e  dicionários.  o  idioma  nacional.  c) As primeiras pessoas do tipo senco.  Nesse período. ocorreu a substituição de muitos termos populares por  termos eruditos (palácio / paaço. pluvial / chuva). os paradigmas simplificam‐se sob o efeito da analogia. ex.  d)  Os particípios passados em udo da segunda conjugação cedem lugar a ido.                              Rey”    O português sofreu. arço são substituídas por sinto. uma série de transformações que fixaram a morfologia e a  sintaxe de tal modo que. fixa‐se o modelo linguístico ‐ a norma –.  em  1290.  representando  a  expressão  do  sentimento de nacionalidade. O conteúdo do texto é perfeitamente inteligível. com  o  nome  de  Estudos  Gerais.  João  III. apesar de o texto ser do século VI. A Universidade de Coimbra. formoso / fremoso.   Ao  final  do  século  XVII.  em vez de se partir do termo popular português correspondente. Citaremos algumas das transformações apontadas por  Teyssier (1994):  a) A  morfologia  do  nome e  do  adjetivo  absorve as  consequências das  evoluções  fonéticas:  os  plurais  dos nomes em ao são fixados (tipo mãos. Por esse caminho que se desenvolveu um processo de derivar palavras do latim literário.  rei  de  Portugal. louvar / loar. menço.  Dinis.: perdudo > perdido.  Garcia de Almeida reitor da Universidade. foi fundada pelo  rei  D. ao mesmo tempo  em  que  se  torna  o  modelo  de  uma  instituição  social.     Do  período  clássico  ao  moderno.  LETRAS | 80      .  o  português  tornou‐se  instrumento  de  comunicação  de  mais  de  duzentos milhões de pessoas.  h) O emprego do homem.: quero do pão. foram criados o Colégio dos Nobres.  ampliando  o  interesse  de  autores  como  Luís  Caetano  de  Lima. ta. intelectual.  eficacia.   O  programa  do  Colégio  dos  Nobres  promovia  o  ensino  de  português  e  das  línguas  modernas.  f) Sao eliminadas as formas átonas dos possessivos femininos (ma. e) Plurais dos substantivos e adjetivos em ‐l.  com  suas  riquezas agrícolas e minerais. o contato com outros povos e com outras  culturas  resultou  em  uma  grande  diversidade  de  falares.  Portugal  encontrava‐se  dividido  entre  o  Brasil. Com a expulsão dos jesuítas. infruencia. com as inovações tecnológicas  que promoviam o avanço do conhecimento científico.   O  período  Moderno  da  língua  portuguesa  tem  início  século  XVIII. mas em combinação com o artigo definido e pelo que suplanta polo. desaparece  i) durante o mesmo período. ex. Em Portugal. plural sois (escrito então soes).  responsável  pela  publicação  de  documentos  medievais  importantes. promove um saber de  cunho  racionalista  e  apoia  a  pesquisa  científica.apropriar. plural crueis  (escrito cruees ou crueis). fez o português  metropolitano afastar‐se do que era falado nas colônias.  Além  disso. a Impressão Régia. Das reformas pombalinas resultou o avanço da alfabetização.  possibilitaram  as  reformas impostas pelo Marquês de Pombal. sa).  Jerônimo  Contador  de  Argote  entre  outros. cruel.  entrepretar. na periodização proposta por muitos autores atuais. com o sentido do “on” Frances. por. infinito. asiáticos e americanos. a etimologia e a realidade fonética.  circostancia.   Diversas  personalidades.  como  Rafael  Bluteau  e  Luís  António  Figura 8 ‐ Marquês de Pombal  Verney destacaram‐se pelo desenvolvimento de métodos experimentais  para  ensino  de  português  e  sobre  seus  estudos  sobre  a  língua  portuguesa.  j) A  volta  ao  latim  ‐  abstinência. os Estudos Menores e a  Academia Real das Ciências.  encorrer.  Monte  Carmelo. letradura.fugitivo. ex. A transplantação para outros países. por sua vez.  O  tema  da  ortografia  dividia‐se  entre a tradição gráfica.  pelas  questões  gramaticais  e  ortográficas. africanos. A  influência francesa.  o espanhol é substituído pelo francês como segunda língua de cultura.  embora  não  tenha  impedido  a  intercomunicação  entre os falantes europeus. insensibilidade. o  crescimento no número de mestres de ler e escrever.  Em  1759.  circonspecto. e a Europa.  g) Os anafóricos em e (h)i desaparecem como palavras independentes.: sol.  Madureira  Feijó. sentida principalmente em Portugal. assim como o partitivo. A Academia. As duas preposições per e por  reduzem‐se a uma única.  a  Companhia  de  Jesus  foi  expulsa  de  Portugal. evidente. a fundação de uma tipografia oficial.  encerrando  um  longo  período  de  dominação  dos  jesuítas no ensino.  abranger.  ditongo nasal que aparece em posição final nas palavras em –em ou ‐ens  (ex. que tem Gonçalves Viana como um dos integrantes da comissão. O grande  número  de  novos  termos  estimula  a  criação  de  uma  comissão  composta  por  representantes  dos  países  de  língua portuguesa. a partir do século XIX.  Na  segunda  metade  do  século  XIX. Nessa reforma desaparecem o grupo  das  consoantes  dobradas  (abbate=abade/  vacca=vaca/  allgumas=algumas/  flamma=flama)  o  grupo  ph  (pharmácia= farmácia) e alguns exageros pseudos‐etimológicos.  Em  1911  o  governo  nomeia  uma  comissão  para  estabelecer  a  ortografia  a  usar  nas  publicações  oficiais.  Os  jornais  e  as  revistas  chegam  a  um  público  cada vez mais vasto. perturbações políticas e sociais sacudiram a Europa. enquanto.  que  traz  um  panorama  da  nova  ciência da linguística.: bem. dando início a uma série de conflitos que resultará no fim do antigo regime.  No século XIX.  A  partir  de  1880. os ingleses combatem os franceses.  Intelectuais como Almeida Garret e Alexandre Herculano apoiam a revolução liberal e se empenham  na  difusão  da  literatura  popular  e  verdadeiramente  nacional. tens.  ao  ensino  da  língua  portuguesa  alia‐se  o  propósito  de  compreender e descrever o funcionamento da língua. ao vocabulário português integram‐se novos termos de origem latina e  grega.  check‐up  e  software). homens)  b)  [  ] tônico > [a] diante de consoante palatal: ex. em Estrematura. As invasões francesas provocam a  fuga da corte portuguesa para o Brasil.   Nem sempre o ingresso de novos termos no vocabulário é percebido como algo positivo. A língua portuguesa. correm.  em  registros  formais. em todos os distritos foi criado um Liceu. Pronúncia  uvular  do  /r/  forte  –  em  Portugal. mesmo em final de sílaba no interior da palavra é pronunciado [r] (r brando de caro. ‐ [e] > [a] antes de iode ou consoante palatal  a) ei ([ey]) > [ay] ditongo oral. e em ([ěŷ]) [aŷ]. já se aproximando da ortografia de hoje. Vejamos algumas delas:  1. em Portugal.  Inovações fonéticas do século XIX   Poucas são as inovações fonéticas na língua portuguesa. em 1807. abrangendo toda a classe média e.  esses  termos  designam  avanços  tecnológicos  da  época  (como  automóvel  e  televisão)  e  termos  técnicos  em  inglês  em  ramos  como  as  ciências  médicas  e  a  informática  (por  exemplo.  o  r  intervocálico  é  brando.  Tem início uma revolução liberal para recolocar o centro da decisão política em Lisboa e instituir um regime  constitucional.  A partir dos séculos XIX e XX. como o trabalho de Adolfo Coelho. O  crescimento  do  ensino  e  da  imprensa  e  o  crescimento  econômico  e  demográfico  trouxeram  um  grande  empenho  no  estudo  da  língua  portuguesa  e  na  fixação  e  divulgação  da  norma  culta.  todos  esses  estudos  são  publicados  pela  Revista  Lusitana. espelho ([ispalhu]).       LETRAS |  81    . vejo ([važu])    2.  nas  outras  posições. tem.  para  o  que  foi  eleita a variedade linguística falada na especialmente na Corte.: venho ([vanhu]). para uniformizar o vocabulário técnico e evitar o agravamento do fenômeno de  introdução de termos diferentes para os mesmos objetos.  como  em  carro.  Em  geral. em 1990. em 1837.  pronunciam‐se [aŷ] e nao [ĕŷ]. Compreende:  a) Lusitânia  Antiga  –  Portugal  (berço  da  língua  portuguesa). mais ou menos distanciada em relação  Provérbio guineense à norma europeia.  línguas indígenas. baseando‐se no conceito de  România.  em  Portugal.  primeiro  ou  primero). as relações entre colonizadores portugueses e populações locais.    Koca fichadu ka ta ientra moska (em Dos fatores acima citados resultam duas situações diferentes: a  boca fechada não entra mosca). a quantidade de falantes portugueses que foram para um mesmo destino.    LETRAS | 82      .  terceira  Crioulos – variedades linguísticas de entre as línguas ocidentais. em trabalho sobre a língua portuguesa no mundo. após o inglês e o castelhano. como nas palavras lei e primeiro.  no  período  das  grandes  Navegações. Em outros.    A língua portuguesa no mundo Como  vimos  anteriormente.  Madeira  (arquipélago  descoberto  oficialmente  pelos  portugueses  em  1419‐1420) e Açores (1431 é tradicionalmente considerado como o do descobrimento). Vejamos essa classificação:  Por Lusitânia – espaço geolinguístico ocupado pela língua portuguesa.  O  português  é  a  oitava  língua  mais  falada  do  planeta. e. é hoje avaliado entre 200 e 240 milhões de  pessoas. Guiné‐Bissau. com estrutura gramatical muito simplificada que que  as  consequências  linguísticas  decorrentes  da  exportação  do  irá se complexificando à medida das português para outros territórios dependem de diferentes fatores:  necessidades comunicativas de seus   falantes. tornada língua oficial. Muitos países da África ainda conservam seus crioulos.  c.  base portuguesa com influência das É  importante  ainda  ressaltar.  a  língua  portuguesa  foi  levada  a  diversos continentes: Ásia.  exploração. a. Moçambique.  correm  [corrâŷ]. no conjunto de sua unidade e  variedades.  conforme  alerta  Castro  (1991). Tendências atuais da evolução   • No Brasil.  esses  ditongos  tendem  a  pronunciar‐se  como  bem  [bâŷ].   e) Lusitânia  Dispersa  –  comunidades  de  fala  portuguesa  espalhadas  pelo  mundo  não  lusófono.  Silva Elia (1989).  (Esperança Cardeira). Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.) influenciava na variedade do português. para o ditongo ei. b. porém. convivendo em maior  ou menor grau com a língua portuguesa. os crioulos praticamente já  desapareceram como o crioulo indo‐português nas costas da Índia. faz uma classificação dos países de língua portuguesa.  tem  [sâŷ]. conserva‐se a pronúncia de [ey] ou algumas vezes monotonga‐ se  (ê):  lei. África América.  d) Lusitânia Perdida ‐ regiões da Ásia ou da Oceania onde já não há esperança de sobrevivência para a língua portuguesa. língua  portuguesa  afirma‐se.  comércio  etc. o  interesse  dos  falantes  em  relação  às  regiões  (colonização. Há dois aspectos a serem considerados: O mundo lusófono. 3. Línguas de emergência tornadas línguas maternas. ou seja.   b) Lusitânia Nova ‐ Brasil  c) Lusitânia Novíssima – cinco nações africanas constituídas em consequência do processo de “descolonização”  e que adotaram  o  português como língua oficial: Angola.  em  consequência  do  afluxo  de  correntes imigratórias.  o povo que fala português.  suplantando  as  línguas  nativas  e  a  criação  de crioulos de base portuguesa.      b) Língua materna – é a língua de nascimento dos portugueses.  aicaná  ou  mundé.  Em  decorrência desse caráter. fundador da  Universidade Portuguesa (1290). nhambiquara.  não  encontrado  em  nenhuma das outras faces da Lusitânia.  No  Brasil.  pano.   Os  espanhois  e  portugueses  usavam  a  expressão  língua  geral  para  qualificar  línguas  indígenas  de  grande  difusão  numa  área:  quéchua  (Peru.  mura. nas cátedras.  a    LETRAS |  83    .observatorio‐lp.    c) Língua oficial – adotada nos atos e documentos públicos desde o reinado de D.  auaquê.   Figura 9 ‐ Países de língua portuguesa  Fonte: http://www.  guarani  (Paraguai.  É  traço  exclusivo  do  falar  europeu. O Professor Aryon Rodrigues distingue as línguas entre troncos (Tupi e Macro‐Jê).  d) Língua nacional – falada em toda a extensão do Portugal continental e insular.  século  XVII). entre outras) e línguas isoladas. Apresenta grande unidade. o carajá.  século  XVI).  e) Língua  de  cultura  –  ostenta  um  dos  mais  ricos  patrimônios  literários  do  mundo  ocidental.      Lusitânia Nova   A língua falada no Brasil apresenta os mesmos traços sociolinguísticos que os do português europeu. na verdade falares.  Em  seu  lugar  será  colocado  o  de  língua  transplantada.  famílias (Caribe.  com  exceção  de  língua‐berço. Aruaque/Arauá e famílias menores ao sul do Amazonas (guaicuru.  catuquina)  e  famílias  menores  ao  norte  do  Rio  Amazonas  (tucano. Dinis. pouco diferem entre si. txapacura.  Na  época  do  Descobrimento. já que os  chamados dialetos. tornou‐se língua padrão: é ensinada nas escolas e à que recorrem as pessoas  cultas em situações formais (no púlpito. utilizada em  editoriais da grande imprensa.  o  coaiá. os portugueses encontraram a terra brasileira povoada de tribos indígenas que falavam cerca  de 350 línguas diferentes.sapo. na tribuna parlamentar ou judiciária).pt/pt    Lusitânia Antiga   A língua falada no português europeu apresenta os seguintes traços sociolinguísticos:  a) Língua‐berço  ‐  fonte  de  todos  os  falares.  por algum tempo.  de  origem  banto  (Rio  de  Janeiro. ou amazônica (nheengatu). trazidas pelos escravos negros também foram sendo absorvidas pela língua portuguesa.  falada  nas  áreas  mais  afastadas do centro administrativo da Colônia (Bahia).  que  servem  de  fato  como  instrumento  de  comunicação  no  cotidiano. podendo dizer‐se que abrange somente o léxico  local.  o  Brasil  recebeu  novos  contingentes  imigratórios.  Nas  situações  da  vida  cotidiana  são  utilizadas  também  LETRAS | 84      .  A  variedade  oficial  da  língua  assemelha‐se  ao  modelo  europeu.  em  geral  arcaísmos ou dialectalismos lusitanos semelhantes aos encontrados no Brasil.  As  línguas  africanas. no  ensino.  principalmente  após  a  Independência  (1822). em língua  geral  dos  negros).  Minas  Gerais:  quimbundo). ainda. da terceira geração em diante.denominação que se firmou foi a de língua brasílica (século XVII). Amazonas e Brasília.   Aos poucos.  outra.  Distinguiram‐se  na  agricultura  e  na  criação  de  centros  urbanos. espanhois e alemães. onde o português se implantou mais fortemente como língua falada. a do Norte ainda resistia na região amazônica durante o século XIX. bilíngues a princípio.  ao  Sul. da imprensa. Mato Grosso.  permaneceram  inicialmente  no  Rio  de  Janeiro. para designar a língua popular. sobretudo italianos.  alemães. vão se tornando falantes do português. de procedência sudanesa (Bahia: nagô ou iorubá – que se converteu.  na  região  de  Petrópolis.     Posteriormente. Os japoneses destacam‐se na agricultura. da conversa do dia‐a‐dia.  ao Norte. vestígios de antigos crioulos de escravos. faladas por imigrantes. há cerca de 170 línguas  índias e. Eram duas as principais correntes de afluxo africano para o Brasil: uma. e a língua geral do Norte.   Castro (1991) lembra que a rigor a população brasileira não é monolíngue em português: há outras  línguas europeias. à medida  que se integram aos novos costumes. Ainda segundo Elia (1989:29). ao  lado  de  numerosas  línguas  nativas.  a aculturação entra num ritmo mais rápido e decisivo.  As línguas gerais foram progressivamente sendo substituídas pelo português. que proibia o uso da língua geral nas  escolas. A partir da  segunda  metade  do  século  XVIII  foi‐se  acentuado  o  predomínio  do  idioma  português.  o  português  concorreu  com  as  línguas  dos  africanos de diferentes grupos étnicos. A influência das línguas negras  sobre o português de Angola e Moçambique foi muito leve.  e  os  seguintes. que tem no português a língua das escolas.  deslocaram‐se  para  o  Sul. Paraná. à nova pátria. de 3 de maio de 1757.  na  imprensa  e  nas  relações  internacionais.  comum  a  índios  missionados  e  aculturados  e  não‐índios.  da literatura.  Os  primeiros  imigrantes. Nos demais países africanos de língua oficial portuguesa.  processo  oficializado  pela “Lei do Diretório”. A do Sul deve ter desaparecido  no decorrer do século XVIII. com base na  língua  dos  índios  tupis. Aryon Rodrigues salienta a existência de duas línguas  gerais: a língua geral do Sul. ou Paulista (abanheenga). encontrando‐se hoje  principalmente em São Paulo. originando um notável surto industrial e a  plantação de vinhedos no Rio Grande do Sul.  embora  com  alguns  traços  próprios.    Lusitânia Novíssima   Em Angola e Moçambique. Os italianos fixaram‐se em São Paulo e na serra Gaúcha. do rádio. Pará. esses imigrantes.  Além  da  língua  geral  e  das  inúmeras  línguas  indígenas. do Marquês de Pombal. o português é utilizado na administração.   ao  sul  (Santiago.  É  a  língua  de  comunicação  usada  pelo  Governo  e  utilizada  na  alfabetização  de  adultos.  Segundo  Castro (19. o crioulo da  Guiné. raciais e  culturais  com  o  Brasil...  Do  ponto  de  vista  de  suas  línguas  nativas  —  quase  todas  da  família  banto  —  é  uma  nação  plurilíngue. mas no interior a hegemonia pertence aos falares nativos. mas a necessidade de intercomunicação entre as diferentes  etnias dentro do mesmo território colonial português levou à formação de um falar de intercâmbio.  A  língua  portuguesa  foi  se  consolidando  como  língua  de  cultura  e  se  tornou  língua  oficial.  no  ensino e precariamente na informação escrita. é a que tem mais ligações históricas. todas ágrafas. particularmente solenes      Guiné Bissau Por conta da ocupação precária na Guiné. ao norte (ilhas de S.     Moçambique O  português  é  a  língua  oficial  falada  por  25%  da  população.  Brava).  Presente  em  obras  literárias.  60%  dos  moradores  declaram  que  o  português  é  sua  língua  materna.  língua  do  colonizador. ainda ágrafa.     Cabo Verde Em  Cabo  Verde  fala‐se  um  crioulo  que  mescla  o  português  arcaico  a  línguas  africanas.  predominando  nas  zonas  urbanas ou urbanizadas.  discursos.  Os  países  africanos  de  língua  oficial  portuguesa apresentam as seguintes características:  Angola De todas as nações africanas de expressão portuguesa.  o  ovibundo  e  o  quibundo.2%  a  considera  como  língua  materna. que veio a ser uma língua veicular. Vicente e Santo Antão) e  o  de  Sotavento.  é  usado  como  forma  de  comunicação. há pelo menos dois grupos crioulos: o de Barlavento.  ‐ um português rudimentar.línguas  nacionais  ou  crioulos  de  origem  portuguesa.  ‐ um português regional correto mas polvilhado de modismos e regionalismos.  O  português  é  a  língua  oficial  e  a  língua  de  ensino  no  país. o português é não criou raízes no solo guineense.  Podem‐se encontrar diferentes níveis do seu uso:  ‐ um  português  vernáculo  falado  e  escrito  por  determinada  camada  culta  da  população.  entre  falantes  das  línguas  nativas.  o  chacue. falado por camadas populares em determinados momentos.  Em  1983.  Fogo.  Essa  convivência  com  línguas  locais  vem  causando  um  distanciamento  entre  o  português  regional  desses  países  e  a  língua  portuguesa  falada  na  Europa. a situação normal do falante guineense é o ser bilíngue: fala a sua língua materna e fala o    LETRAS |  85    .  O  português.  aproximando‐se  em  muitos  casos  do  português  falado  no  Brasil.  como  ‘língua  veicular”. Segundo Elia. mas maioria da população fala línguas do grupo banto.  revistas. espécie de  denominador comum entre várias dessas línguas. Há uma  predominância de línguas nativas.  mas  apenas  1.  A  língua  oficial  convive  com  o  bacongo.  outrora bastante  numerosos.  o  porrtuguês  foi  largamente  utilizado  no os  portos  daa  Índia  e  su udeste  da  Ásia.  por  opeu. na Malásia. território sob adm ministração porttuguesa até 1975. éé a mais falad da. on nde dentre aas línguas esttrangeiras.    Lusitânia Peerdida   Nos  sécculos  XVI  e  XVII. como línguaa oficial e dee instrução. de Macau.   São Tomé e Príncipe A  maio oria  da  popu ulação  fala  as  a línguas  lo ocais  forro  e  e moncó.  aléém  de  línguaas  de  Angola. Um ma minoria faala e escreve o portuguêss.  como exemplo. possessão portuguessa até 1961.   • no eestado indiano  de Goa.    Lusitânia Diispersa   pós a fase co Ap olonizadora d das Grandes Navegaçõess.  Á entretanto atualmente ele só sobreevive na sua fforma padrão em alguns pontos isolaados:    • em  Macau. na Índia.  o ao  lado o  do  chinês.  o  idioma  português  p dispersou‐se  pelo  mundo o  não  lusófo ono. Jaipur  e Diu.  territó ório  chinês  sob  administração o  portuguesa  até  1999. com a miggração da forrça de traballho portugueesa. na Indonéssia (em algum mas  des ou regiões há tambéém grupos qu dessas cidad ue utilizam o o português).crioulo. do Timor. e de Java. 11 1% o português  e o restantee inúmeras líínguas africaanas.   • no TTimor leste. mas só é uttilizado pela adm ministração e falado por uma parte minoritária da populaçãão. do Sri‐Lankka.   os crioulos d Do da Ásia e Oceeania.  subsistem aapenas os de e Damão..  A lín ngua local é o teetum.  O  po ortuguês  é  umaa  das  línguas  oficiais.      Agora é  com  Faça um ma paráfrasee do texto segguinte: você       LETRAS | 86 6      . 4 44% da popu ulação fala um crioulo. de Málaaca. Em 1983.  americano  ou  euro o  a  França. quando foi invadido e aneexado ilegalmen nte pela Indonéésia.  O  português  existe em siituação de bilinguismo (ssem falantess exclusivos). on nde vem sendo o substituído peelo konkani (lín ngua oficial) e p pelo  inglêês. mas umaa parcela da pop pulação dominaa o português.  E casou a filha mayor com o duque de  Cornoalha. Mas ella.              LETRAS |  87    .  8) Explique o conceito de línguas crioulas. com exemplos.LENDA DO REI LEIR     Este rrey Leyr nõ ouue filho. filharom‐lhe seus gemrros a terra e foy mallandamte e ouue a tornar aa  merçee delrrey de Framça e de sa filha.  disse  a  outra  que  o  amaua  tanto  como  ssy  meesma. E elle  quis‐lhe mall por em e por esto nõ lhe quis dar parte no rreyno. e nom curou da meor. que o amaua tanto como deue d’amar filha a padre.  2) Como explicar a origem do plural dos nomes em –ão  em língua portuguesa?  3) Qual a importância de Luís de Verney e Rafael Bluteau para o estudo da língua portuguesa?  4) Qual o principal interesse dos estudos sobre a língua portuguesa no século XVII?  5) Qual a maior contribuição da dinastia dos Avis para a língua portuguesa?   6) Cite. e casou a outra com rrey de Scocia. mas ouue tres filhas muy fermosas e amaua‐as mujto. casou‐ sse melhor que neẽhuũa das outras. Disse a mayor que  nõ  auia  cousa  no  mumdo  que  tãto  amasse  como  elle. e disse a terçeira. duas principais inovações lingüísticas no galego‐português. E elles receberõ‐no  muy beẽ derom‐lhe todas as cousas que lhe forom mester e homrrarõ‐no. a que nõ quis dar parte do rreyno. E depois  seu padre della. E huũ dia ouuve sas  rrazõoes com ellas e disse‐lhes que lhe dissessem uerdade quall dellas o amaua mais. em sa velhice. mentre foy uiuo e merreo em  seu poder.     1) Reveja as características linguísticas do texto anterior e aponte a que período da língua ele pertence.  7) Fale sobre os  objetivos portugueses para empreender as grandes navegações. por sua vemtujra. que era a meor.  9) Discuta a influência do português     10) Pesquise e fale sobre a situação atual do português no mundo. a meor. ca se pagou della elrrey de Framça e filhou‐a por molher.  com a fundação de São Paulo. começou a entrada para o interior. e posteriormente Rio de  Janeiro  preencheram  apenas  as  funções  políticas  e  administrativas.  tanto  entre  o  português  e  as  línguas  indígenas  quanto  entre  as  línguas  africanas.  b) a  estrutura  social  da  comunidade  falante  do  português  no  Brasil. Além disso.  d) o  papel  desempenhado  pelos  agentes  promotores  da  normativização  linguística.  devido  à  grande  extensão  territorial.  De início.  sintático  e  lexical  (Guy.  as  classes trabalhadoras e a [população]rural e urbana de classes baixas que falam as variedades não padrão.  No  século  XVII.  completamente  distinta  da  de  Portugal.  destacando‐se  a  figura  dos  primeiros  colonizadores.  o  que  é  previsível.  num  determinado  lugar.79).  a  fim  de  caracterizar  o  comportamento linguístico dos portugueses e de seus descendentes e o dos aloglotas.  p. o português popular do Brasil. No momento atual.  1995). tomando posse em nome do  rei  D.  No  entanto.  desde  as  primeiras  manifestações  sobre  a  natureza  da  língua  do  Brasil.  no  Brasil. o Brasil permaneceu um país essencialmente rural: suas capitais.  inúmeras  polêmicas  sobre  a  existência  ou  não  de  uma  nova  língua. já que o país não tinha universidade nem topografia.  A língua portuguesa transplantada para o Brasil no século XVI foi aos poucos assumindo uma feição  peculiar face ao português de Portugal.  é  consenso  entre  os  estudiosos  da  língua  portuguesa  que  a  diferença  linguística  em  função  da  classe  social  é  mais  evidente  que  a  variação  dialetal.  mas  a  colonização  só  começa  em1532  com  a  atribuição  das  15  capitanias  hereditárias. só o litoral é colonizado. isto  é.  favorecendo o surgimento de estudos que focalizam principalmente os tópicos:    a) a  transplantação  do  português  para  o  Brasil.  A  feição  peculiar  que  a  língua  portuguesa  vem  adquirindo  em  relação  ao  português  europeu  tem  provocado.  ainda  no  século  XIX. Pedro Álvares Cabral chega às costas do Brasil. investiga‐se a possível formação de pidgins e crioulos.  c) o  contato  linguístico.  LETRAS | 88      . o país apresenta diversidade em relação a dialetos  regionais  e  diferenças  urbano‐rurais.  o  estado  de  Minas  Gerais  foi  ocupado.” Quando se comparam o dialeto padrão das classes média e alta com o dialeto popular de falantes das  classes  trabalhadoras  e  as  de  classe  mais  baixa  em  uma  única  cidade  brasileira.  Durante  o  período  colonial.  percebe‐se  que  são  encontradas  fortes  diferenças  nos  níveis  fonológico.  que  ressalta:  “As  diferenças  na  maneira  de  falar  são  maiores.  para determinar quem foram e qual a região de Portugal de que vieram.  Manuel  de  Portugal. enquanto os falantes do padrão culto são minoria. UNIDADE III O PORTUGUÊS NO BRASIL      A 22 de Abril de 1500.  Além  disso.  entre  um  homem  culto  e  o  vizinho  analfabeto  que  entre  dois  brasileiros  do  mesmo  nível  cultural  originários  de  duas  regiões  distantes  uma  da  outra.  devido  à  exploração  do  ouro.  especialmente  a  escola. formam a maioria. Salvador.  já  que  intelectual  e  culturalmente  seu  papel era limitado.  Esse  é  o  pensamento  de  Teyssier  (1994.  como o espanhol.  Castilho  (1992) destaca a existência de alguns fenômenos fonéticos que apontam para uma suposta predominância do  português meridional. De acordo com Teyssier (1994).  Atualmente  distribuem‐se  em  dois  troncos  (Tupi  e  Macro‐Jê)  e  em  diversas  famílias  (Caribe. quanto pela  concorrência de outras línguas europeias.  habitantes  do  litoral. permitindo o surgimento cada vez maior  de núcleos em que se praticava a criação do gado de corte.  mais  de  um  milhão  deles que apresentavam.  que  não  reflete  a  diversidade  desses  povos.  1988)  Outros  defendem  a  predominância  de  falares  do  Sul  (ANTENOR  NASCENTES). tanto por causa da indianização do colonizador português. outros núcleos são formados com a  descoberta do ouro nas Minas Gerais e a ação dos bandeirantes (TEYSSIER. APUD ELIA:1989). SILVA NETO. foi aumentando a penetração em direção ao interior. vindos de todas as regiões  da metrópole.  foram  os  que  mais  conviveram com os brancos. algo em torno de 350 línguas  diferentes. uma espécie de segunda língua para os  não  tupis. Finalmente. o francês e o holandês (Villalta.  bem  mais  complexas que o tupi e conservadas por muitos deles. 1997).    Os  tupis. Eles falavam principalmente o tupi. das províncias ou dos campos foi crescendo.  os  portugueses  encontraram  a  terra  povoada  de  índios. os colonos  portugueses  elaboraram  uma  koiné  por  eliminação  de  todos  os  traços  marcados  dos  falares  portugueses  do  Norte e por generalização das maneiras não marcadas do Centro‐Sul    Os índios   Na  chegada  ao  Brasil. ao chegarem ao Brasil. famílias menores ao sul e ao norte do Amazonas) (RODRIGUES. com a implantação das capitanias hereditárias.  Esses  últimos  eram  conhecidos  como  Tapuias  ou  Nheengaíbas  (língua  ruim).  E  alerta  para  a  existência  de  fortes  evidências  demográficas  e  linguísticas  sustentando  a  influência  açoriana  no  povoamento  de  Santa  Catarina  e  do  Rio  Grande do Sul. do ponto de vista linguístico.  1988). Muitos estudiosos consideram que a língua falada  pelos colonizadores era uma língua comum. o que  tem  contribuído  para  rejeitar  a  hipótese  meridionalista. O processo  de colonização do Brasil se deu efetivamente a partir de 1532. com a devastação das matas litorâneas para produzir cana‐de‐açúcar  e extrair lenha.  denominados  genericamente  de  Tupinambás. desde as décadas iniciais do século XVI. 1994. sem predomínio de um falar regional  (SILVA  NETO. em que  quase ficou relegada ao esquecimento. que ocorreu depois de 1550.  Aruaque/Arauá. CASTRO. 1991.       LETRAS |  89    .  iniciando‐se pelo litoral. mas afirma que foi constatada em Portugal a irradiação de falares meridionais.  Eram  línguas  travadas. nivelada por fatos históricos. Posteriormente.  A transplantação: os portugueses   A língua portuguesa percorreu um caminho longo. uma grande diversidade.  O número de colonizadores que se transportavam para o novo continente.  denominação  atribuída  pelos  jesuítas. A  comunicação  entre  as  diversas  tribos  era  feita  através  de  uma  espécie  de  língua  franca.  a  do  Sul. proibindo o uso da língua geral e obrigando o uso oficial da  língua portuguesa.    A descoberta do ouro nas Minas Gerais favoreceu o desenvolvimento da vida urbana.  Castilho  (1992)  aponta  como  uma das causas dessa substituição a extrema fragmentação do quadro linguístico. é fundamental o estudo de Aryon Rodrigues (1986: 99‐109). Surgiu então  a  expressão  língua  geral1. apresenta uma caracterização  diatópica e diacrônica das línguas gerais.  onde  sofreu  uma  evolução.107). em contraste  com  a  economia  açucareira.  “fácil.  a  dificuldade  está  em  ter  muitas  composições”  (RODRIGUES.  e  mesmo  usada  por  grupos  falantes  de  outros  idiomas..  provocou  a  intensificação  das  correntes  migratórias. sobretudo. enquanto na costa. Teyssier (1994) acrescenta  outras causas para a decadência da língua geral:    • A chegada de imigrantes portugueses. a paulista e a amazônica (MATTOS E SILVA.  tanto  externa  quanto  internamente.  A  língua  geral  predominava. em que.  Aryon Rodrigues (apud ELIA.  O  tupi  era  utilizado  pelos  bandeirantes. heterogeneidade que se tornará mais complexa ao longo da diacronia da colonização(.  fixada  em  catecismos. com precisão.  em  17  de  agosto  de  1758.1977.  se  estenderam. penalidades que variavam  de acordo com o grupo social a que pertenciam. 286)  LETRAS | 90      . o português  se impunha.  de  base  tupi. em 1759.  a  todo  o  Brasil. O tupi dos jesuítas. que se implantou no Norte do  Brasil.  mas  para  os  jesuítas. a língua geral perdia seus principais protetores.  p.  • O Diretório do Marquês de Pombal. As decisões do Diretório se aplicaram primeiro ao Pará e ao  Maranhão  e.  é  conhecida  como  nheengatu.  1983.  um  tupi  simplificado.  1975).  que  passou  a  ser  encarada  pelos  conquistadores  como  “invenção  verdadeiramente  abominável  e  diabólica”.  e.  O  alvará  do  Marquês  de  Pombal  proibia  o  uso  da  língua  geral..  p.  os  jesuítas  procuraram  aprender  o  tupi.  despojado  de  seus  traços  fonológicos  e  gramaticais  mais  típicos.  e  copiosa. 1997).  que  serviu  de  veículo  escrito  à  literatura. em São Paulo e no Amazonas.  Os  contatos iniciais dos mercadores e exploradores com os gentios ocorriam através de “um jargão de base tupi”.  ainda.  Por  considerarem  que  a  variedade  de  línguas  impedia  a  conversão. Para a compreensão do que  se chama genericamente língua geral.  Essa  língua  foi  estudada. 1989) aponta para a existência de duas línguas gerais: a língua geral do  Sul (ou paulista) e a língua geral do Norte (ou amazônica).  a  pregação  deveria  ser  feita  na  língua  daquele  a  converter  (ROSA.                                                               1  A denominação..23). p.  e  elegante.  Com  a  expulsão  dos  jesuítas.  pelas  famílias  de  portugueses  e  índios.  decidia  que  tipos  de  penalidades deveriam ser aplicados aos que permanecessem falando a língua geral.  Progressivamente  as  línguas  gerais  foram  sendo  substituídas  pelo  português.).  • A expulsão dos Jesuítas.  que  indicava  a  língua  de  uso  mais  extenso  numa  região. ensinado nas escolas. caracterizada pelo isolamento rural (PESSOA.  “para  se  adaptar  à  consciência  linguística  dos  brancos  (CÂMARA  JR.  em  seguida.  e  que  durante  muito  tempo  viveu  lado  a  lado  com  a  língua  portuguesa. genérica e no singular recobre uma grande diversidade.  dicionários e gramáticas e institucionalizada como língua de contato entre colonizadores e índios.  e  suave. já no plural. conforme alerta Mattos e Silva: só podemos idealizar essa língua geral como  heterogênea desde o século XVI. abanheenga  Até  o  século  XVIII  ocorreu  uma  situação  de  bilinguismo  e  um  número  maior  de  indígenas. 2001. ). ‐mirim. Zema. representados pelos Moçambiques.  aragonês.    LETRAS |  91    . (1975) considera que as contribuições que o tupi missionário trouxe para o português do  Brasil restringem‐se a empréstimos lexicais que se adaptaram à fonologia e à gramática portuguesa. originados principalmente da Guiné.    Também simplificações na morfologia nominal e verbal portuguesa são atribuídas por alguns autores  aos indígenas e por outros. são apontados pelos africanistas como influência dos escravos. pelos Tapa.  c) bantos  do  grupo  angola  (Cassabges.  b) muçulmanos  ou  malês. Pessoa (1997.  Ijêsha  etc.  ocorre também em francês. em menor número. As terminações –açu.  Dembos). essa influência parece ter‐se exercido mais em extensão do que  em  intensidade. aos africanos.  Pernambuco e Alagoas.  baseando‐se em Ventura. Segundo as autoras.  d) bantos da Costa Oriental.  Inbangalas. em Portugal.   Castilho  (1992)  indica.  italiano  central e meridional. ‐guaçu. Câmara Jr.  apresentados  como  prova  pelos  tupinólogos. provençal.  Minas  Gerais.  já  que  não  conseguem  alterar  a  constituição  morfológica  e  fonética  da  palavra  a  que  se  unem.  Maranhão. galego.(sinhô). e os sudaneses ‐ que se estabeleceram principalmente na Bahia. Tais fenômenos podem obedecer  simplesmente a tendências latentes na língua tronco ou tratar‐se de arcaísmos e traços dialetais conservados  só  em  algum  rincão  pouco  estudado  ainda  em  Portugal.  já  que  alguns  fenômenos  de  pronúncia  ou  de  sintaxe. como sufixos tupis.  18  milhões  de  escravos  negros  vindos  para  o  Brasil. de origem tupi. em dialetos crioulos portugueses.  e  que  muitos  se  encontram  em  línguas  e  dialetos  românicos europeus. Gurunsi. a exemplo de Ismael Coutinho (1974). etc.  entre  1538  e  1855. Timim.  Bengalas. que consideram a influência do tupi na fala brasileira foi  exagerada em demasia. classificadas  por alguns autores.  São  Paulo. que desde o início foram trazidos ao Brasil.  sendo  portanto  o  seu  papel  o  de  simples  adjetivos:  mesa‐açu  ‘mesa  grande’.  Agni. andaluz. e.  • ieísmo (famiya) – ocorre no francês. Costa da Mina.  representados  sobretudo  pelos  Peuhls. Para  Elia  (1989a  Lei  do  Diretório  apenas  acelerou  um  processo  que  já  se  manifestava  irreversível. classifica os grupos linguísticos que ingressaram no Brasil no período da escravidão  em:  a) sudaneses.  entre  outros.  pelo  grupo  Fanti‐Ashanti.  integrantes  de  duas  culturas:  ‐  os  bantos  fixaram‐se  no  Rio  de  Janeiro.  oriundos  do  norte  de  Benin.  e  pelos  grupos  de  Kroumans  .  chamado  à  época  colonial  Mina. E exemplificam:    • O ensurdecimento e queda do r final de palavra na língua popular de todo o Brasil e no Nordeste. na opinião de Chaves de Melo  (1981:64)  não  podem  ser  assim  consideradas.  • nasalação  de  qualquer  vogal  tônica  seguida  de  m  ou  n  que  não  trava  sílaba  (fãma  por  fama)  –  ocorria no português arcaico e conserva‐se em alguns dialetos peninsulares.  pelos  Congos  ou  Cabindas  e  pelos Benguela. Bornu.  • redução  de  nd  a  n  nos  gerúndios  (  assobiano)  –  efetuou‐se  no  catalão  antigo. o português concorreu com as línguas dos  africanos de diferentes grupos étnicos.  Os negro   Além das línguas gerais e das inúmeras línguas indígenas. representados pelos Yoruba (Nagô. p.  Semelhante ponto de vista têm Cuesta e Luz (1983).43). ”   Naro (1993.  para  o  Nordeste.  pelo  fato  de  já  existirem    outras  línguas  gerais  de  bases  não  europeias.  Segundo Castro.. adquiriam conhecimentos da língua geral ou  do  português.   LETRAS | 92      .  adaptando‐se a esse idioma sob a forma de um falar crioulo.67).  Com  o  decréscimo da população negra provocado em parte pelo o fim do contrabando de escravos e em outra. embora os falares do tipo quimbundo tenham sido os mais difundidos no  Sul do país. onde os nagôs assumiram a liderança cultural. os boçais.441) descarta a existência de uma língua pidgin ou crioula de base lexical portuguesa  associada  predominantemente  com  a  etnia  afro‐brasileira  ou  ameríndia.  as  maiores  levas  de  escravos  desembarcados  no  Brasil  ocorreram  durante  os  séculos  XVI  e  XVII. Entre eles.  Conforme  Rodrigues  (1983). p. a alta  taxa de mortalidade dos negros. 1983).  que  necessitavam  aprender  para  falar  com  os  seus  senhores.  a  diferença  entre  a  língua  geral  indígena  e  a  geral  africana  é  que  a  primeira  foi  criada  pelos  jesuítas. e outros falavam um pidgin de base  portuguesa  que  aprendiam  na  costa  da  África.  O  uso  dos  falares  africanos  foi  gradativamente  perdendo  terreno  pela  expansão  da  língua  portuguesa. impusesse às demais os seus traços culturais.  no  Rio  de  Janeiro  e  em  Minas.  ou  com  os  negros crioulos.  Para Sílvio Elia (1989.  como  os  rituais  religiosos. com maior ou menor dificuldade.  a configuração étnica  do Brasil começa a mudar. e na primeira metade do século XIX até 1850.  e  a  última  foi  criada  por  eles  mesmos.  Os  portugueses  procuravam  misturar  grupos  dialetais  diferentes. A esse “dialeto das senzalas” teria sucedido um ‘dialeto português rural’.  Dessa forma buscavam mantê‐los submissos e forçavam‐nos a aprender a língua portuguesa. para. as línguas banto tiveram grande importância na formação. uma espécie de koiné.     Os  primeiros  africanos  que  vieram  ao  Brasil  apresentavam  grande  complexidade  linguística  (RODRIGUES.  desaparecendo a estrutura morfológica do banto. na Bahia  e  o  quimbundo.  tenham  influenciado no desenvolvimento do português brasileiro”. não chegaram a constituir uma língua geral africana com base quimbundo. face aos maltratos e doenças a que eram submetidos. após o século XVII.  com  a  descoberta  do  ouro..  cânticos.  danças  populares. uns não falavam o português.   Para alguns autores. Segundo  Pessoa  (1997.  a  importação  é  cerca de três vezes maior do que nos primeiros séculos.  com  o  aumento  do  aportuguesamento  dos  africanos  e  da  entrada  de  africanismos  no  português. através da diversidade étnica e linguística. p. a partir  de quando o tráfico é definitivamente proibido.  p.26).  restringindo‐se  aos  domínios  especializados.  Desse  contato. Isso se deu  ao Norte.   Ao desembarcarem.  mas  considera  possível  que  a    “pidginização  em  si. de um ‘dialeto  das senzalas’. impedir que se unissem. que não se entendessem. foram duas línguas principais adotadas como gerais: o nagô ou iorubá.  com  os  mestiços. pelo prestígio.  estima‐se que aproximadamente 300 palavras africanas ingressaram ao léxico da língua portuguesa no Brasil.  no  século  XVIII. particularmente a língua. por falta de uma elite  negra que.  Brancos  e  negros  mantiveram  um  contato  mais  direto  do  que  brancos  e  índios.  vão se tornando falantes do português.  Com  a  Independência. que tem no português a língua das escolas.  passou  a  ser  valorizado  tudo  o  que  a  diferenciava  da  metrópole:  muitos  traços  da  oralidade  e  Figura 10 Visão estrangeira do cortejo real na ponte do  palavras.  não  se  deu  de  forma  tão  pacífica  ou  tão fácil.  Para  poder  acolher  a  família  real  e  cerca  de  quinze  mil  portugueses    que  fugiam  da  invasão  francesa. Os japoneses destacam‐se na agricultura. como a abertura dos portos e a criação de novas instituições.  em  especial  no  Rio  de  Janeiro.  na  região  de  Petrópolis.  num  permanente  estado  de  guerra  cultural  e  linguística.  contribuem para  a  ‘relusitanização’  do  português  falado  no  Brasil. mas custou esforços. da terceira geração em diante.  da literatura. a exemplo da imprensa.  a  língua  portuguesa  começa  a  prevalecer  sobre  as  demais. à medida  que se integram aos novos costumes. no começo do século XIX.   Os  primeiros  imigrantes.  fatos  novos. Os italianos fixaram‐se em São Paulo e na serra Gaúcha. a língua falada  no Brasil “ou era muito lusitanizada  nos meios brancos das grandes cidades costeiras. a chegada do príncipe regente provocou profundas mudanças políticas e sociais no Brasil. à nova pátria.  segundo  este  autor. Paraná. originando um notável surto industrial e a  plantação de vinhedos no Rio Grande do Sul. Em 1808.  permaneceram  inicialmente  no  Rio  de  Janeiro. Amazonas e Brasília. da conversa do dia‐a‐dia.     LETRAS |  93    .  alemães. Mato Grosso.  e  os  seguintes. ou ainda sofria deficiências na aprendizagem oral que negros  e  índios  revelavam”.  Distinguiram‐se  na  agricultura  e  na  criação  de  centros  urbanos. sangue.  buscando  autonomia  literária.  que  se  tornou  a  capital  do  “Reino Unido do Brasil. vidas. bilíngues a princípio.  Na  segunda  metade  do  século  XVIII. Portugal e Algarve”.  deslocaram‐se  para  o  Sul. do rádio.  Já  nos  século  XVIII. esses imigrantes.  a aculturação entra num ritmo mais rápido e decisivo. novos contingentes migratórios vieram  ao Brasil. a partir da Independência. lembra Elia (1989).   Aos poucos. timidamente no Primeiro Reinado e mais fluentemente no Segundo Reinado e efetivamente com a  República. Ainda segundo Elia (1989:29). Pará.    Os imigrantes   No século XIX.  a  literatura  romântica  começou  a  registrar  as  peculiaridades  do  português  do  Brasil. antes tidos como ‘provincianismos’ e passaram a  Maracanã  documentados com  maior frequência.  Segundo Rodrigues (1983:37). encontrando‐se hoje  principalmente em São Paulo. da imprensa.  A  “vitória”  da  língua  portuguesa.  amável. e o seguidas  de uma consoante nasal: ocorre.  Há  também os que consideram as mudanças decorrentes da deriva.  mas  é  consenso  entre  os  estudiosos  da  língua  portuguesa  que  a  diferença  linguística  em  função  da  classe  social  é  mais evidente (CASTRO. a crioulística e a  internalista:    a  hipótese  evolucionista. p. [sów]. lhe.  Ex. das tendências próprias ao sistema. apenas o timbre fechado. de. para explicar a dimensão  histórica do PB (português brasileiro). o Brasil apresenta diversidade em relação a  dialetos  regionais  e  diferenças  urbano‐rurais.  Para  explicar  essas  mudanças.   LETRAS | 94      .  Outros  mostram  as  diferenças  como  originadas  dos  índios  ou  dos  escravos  africanos. fálu (falo)  c) Proclíticos e enclíticos em ‐e — São pronunciados com [i] no Brasil. isto é. espanhois e alemães.  ex. etc. a língua portuguesa foi adquirindo uma feição peculiar face ao português de Portugal. e  ainda  os  que  apontam  para  uma  conjunção  de  fatores. sol e pronuncia‐se [animąw].  os  pesquisadores  baseiam‐se em hipóteses diferentes.  a  hipótese  crioulística.  que  defende  a  existência  de  uma  “língua  brasileira”. ou seja. [brasiw]. A distinção  entre mal (advérbio) e mau (adjetivo) desaparece. Castro (1991) lembra que a rigor a população brasileira não é monolíngue  em português: há outras  línguas europeias.  que  acentua  a  importância  dos  contactos  linguísticos  no  Brasil‐Colônia. vestígios de antigos crioulos de escravos.: fali (fale).  b) Fechamento da vogal média átona final (e>i. TEYSSIER. se.  que  acentua a importância da deriva. 1992.    Características do português brasileiro Características fonéticas   a) Em geral.: me.: cantamos com [â] no pretérito perfeito ou presente do indicativo.   Diferentes  teorias  explicam  a  origem  das  particularidades  apresentadas  pelo  português  do  Brasil. de tendências próprias ao sistema. (CASTILHO. Brasil.241). No momento atual. faladas por imigrantes. ou seja. há cerca de 170 línguas  índias e.    A mudança no português brasileiro   Aos poucos. 1991. o>u):  Ex.  o  que  é  previsível  devido  à  grande  extensão  territorial.  constituindo o chamado português brasileiro. ainda. 1994). que. nesse caso. sobretudo italianos.  e  a  hipótese  internalista. pela região de  onde vieram. No extremo sul do país a antiga distinção ainda se mantém. resumidos por Castilho (1992) em três: a evolucionista. não existe no português do Brasil a oposição entre os timbres abertos e fechados das vogais tônicas a. te. ressaltando as semelhanças entre o português brasileiro e o português falado por habitantes do  Sul  de  Portugal.  Alguns estudiosos justificam as mudanças ocorridas pela origem dos primeiros colonos.  d) Vocalização de [ł] velar‐ Escreve‐se animal.[amavęw].   mas  não  no  português  europeu  atual. oraçõesinfinitivas que tem por sujeito mim e não eu (ex.  pentear. a sua passagem a r.  Ex.  advogado.  ex. pediu.: está escrevendo. Construções desse tipo  são  normais  no  português  clássico. e as que pertencem a registros nitidamente vulgares e são  consideradas “incorretas”. da atual norma portuguesa europeia. obisservar. ou de um e: adimirar. Essas peculiaridades podem ser classificadas em duas categorias: as que pertencem à língua normal  e são vistas. vem sistematicamente ligado a  eles. vorta (volta). e não “João levantou‐se”.: tio. emprego de feito no sentido de como: ex.    LETRAS |  95    .: generá (general). Luís [luyš]. na frente de (a frente de).  quatorze  ao  lado  de  catorze.  ocorre o rotacismo. hoje. vou  na cidade (a cidade). fazê (fazer).  psicologia.   f) A  pronúncia  chiante  de  ‐s  e  ‐z  em  final  de  palavras  provoca.: meu carro. ou mesmo sei não.    Morfologia e sintaxe   Na morfologia e na sintaxe existem aspectos conservadores e os aspectos inovadores do português  do Brasil. diferença. frases negativas do tipo não sei não.: Pode me dizer? e não pode‐me dizer?    2) Brasileirismo pertencentes a registros familiares ou sentidos como vulgares:  a.: arto (alto). ex.  h) Em algumas regiões do Brasil.: o pobre homem chorava feito uma criança.  ritimo. nos grupos ti e di.  o  aparecimento  de  um  iode. Quando fecha sílabas internas. as oclusivas [t] e [d] são geralmente palatalizadas. com frequência. de um gerúndio ou de um particípio. de La.(Brasil) Está a escrever.  • No início de frase (Me parece que.  no lugar de estar a + infinitivo. em lugar de e para eu comer).  e)  Emprego da locução todo o mundo ao lado de toda a gente.  ritmo) são eliminados pelo aparecimento de um i.  dezesseis  por  dezasseis.   f) Emprego de em em expressões como está na janela (a janela).  ou  da  locução  pois  não  com  valor  afirmativo  (—  Pode  me  dar  uma  informação? — Pois não. coroné (coronel).  g) Os  grupos  consonantais  que  ocorrem  em  certas  palavras  de  origem  erudita  (ex.  Esses  exemplos  são  casos  evidentes  de  conservadorismo.   c. Ouve‐se [ty] e [dy] e mesmo [tš] e [dž] em certos locutores.  pés  pronunciados como atrás [atrayš].  luz.   i) Em certos registros familiares e vulgares.: doutô (doutor). dito.    1)  Brasileirismos pertencentes à língua normal  a) Preferência pelo uso de estar + gerúndio. dezessete por dezassete.:  admirar.  não  raro. (Portugal)  b) Uso dos possessivos sem artigo: ex. me diga uma coisa)  • Quando o o pronome e complemento de um infinitivo. mentiu.  pegá (pegar). adivogado ou adevogado. já chegou ao Brasil (ao Brasil).: e p’ra mim comer. pés [pęyš].   b. ex. sentir. ex.)  h) A colocação de pessoais átonos que o “brasileiro” se distancia.  observar. ex.:  atrás. pissicologia.  d) Os  seguintes  brasileirismos  são  igualmente  normais:  conosco  por  conosco. te vejo.   g) Emprego  impessoal  do  verbo  ter  no  sentido  de  haver. o português do Brasil tende a suprimir o r no final das palavras.  c) Colocação do pronome átono em posição proclítica: Ex. “João se levantou”. como brasileiras mas “corretas”. e) Supressão do l desaparece em posição final absoluta: ex.   bu uriti.  molaambo.   b) neollogismos: meia (abreviação dee meia dúzia) p por seis.topo onímia. estar dee tocaia. virar po or tornar‐se.  minggau. molequee. Carioca. sentidos com mo “incorretos””. vaatapá.   f.  demonstratiivos. etc.: vi ele (vi‐o)). abará. por issso. acarajé e o quim mbundo (falado o em Angola): e ex.  curumim  ou  culumim.). estess boi. Guanabara. co om orientações teóricas  diversas. cafu uné.  tem  t nvolvimento  de  projetoss.  cap pivara. Aracaju.  seminárioss. qu ue têm entre e suas preocupações cen ntrais a reesccrita da histó ória  da  língua  portuguesa. do português  brasileiro.  a esp pátula (Brasil) aa faca de cortarr papel ou cortaa‐papel (Portuggal).  cunha.  tatu.  d) Vocaabulário  de  oriigem  africana.       LETRAS | 96 6      . fauna.   a aeromoça (Brasil)) a hospedera (Portugal).  nos  n nomes  e adjetivos.  O vocabulárrio  a) Desiignações de objjetos e noções peculiares ao m mundo moderno em seus aspeectos científicoss.     No o momento  atual. não conheço ela (não a conh heço).  moque eca.  marrca  do  plural.  carnaúba. Outross brasileirismoss são mais marccados e. andar na pindaíba.  programas  e  pesquisaas  individuaiis  e  provocaado.  quati. elees deve).: as casa. Quantto  à  flexão  verbal.  ela  pode  ser  s muito  simp plificada:  não  emprego  e do  futuro.  t sagu ui. caadê (< que e dee) em interrogações do tipo “ccade  o chapeu  c)  Voccabulário de origem tupi. Tijucaa.  quaanto  à  história  geral  da a  língua  porrtuguesa    ain nda  não  forram  concluídas.  do  condiicional  e  do  inffinitivo  flexionaado.  guri.  possesssivos. Qual aa importânciaa linguística da vinda da família real p para o Brasil? Expliquue as princip pais hipótesees para expliccar as mudan nças na língu ua portuguessa  no Braasil.   o autocarro em Lisb boa e ônibus no o Rio de Janeiro o. ele deve e..   EXERC CÍCIOS Qual aa situação linguística do B Brasil na épo oca em que o os portugueses chegaram m? Que coonsequênciaa teve o alvarrá do Marquês de Pombaal para o uso o da língua  portugguesa no Braasil? Quem eram os boççais? ma das estraatégias dos p Cite um portugueses p para impedirr rebeliões dos escravos  negross.  p udiosos  interressados  em Muitos  estu m  reconstruirr  a  história  d da  língua  co onstataram  que  q tanto  a  hisstória    do  po ortuguês  bra asileiro. cup pim. nos deve.  algumas  vindas  diretamente  da  África  e  ou utras  introduzid das  no  país  pelos  portuguesees:  o  ioruba (falado atuaalmente na Niggéria):  orixá.  reduçãão ao extremo do paradigma d dos tempos (eu u devo. meus amiigo. reprresentando a fllora. ex. mil cruzeiro o. cair na arataca.   o terrno (Brasil) ao ffato (Portugal).: caçula. Apreseente e comente três peculiaridades d do portuguêss brasileiro faace ao  portugguês europeu u. o inteeresse pela h história da lín ngua portuguesa e nela.  caninana. palavraas de origem tu upi em locuçõe es .  e  conservá‐los  apenas  nos  determinantes  (artigo os.  o  desen coletivas. técnicos ou ssociais:   o comboio em Porttugal e o trem n no Brasil.   e.  caatinga. : capim. Supresssão  da  ‐s.  abacaxi. E o caso do eemprego das fo ormas tônicas ele(s)  e ela(ss) como objeto direto em vez d das formas átonas o(s) e a(s): ex. em especial. d.   Ataliba  T. Gladstone Chaves. Iniciação à Filologia e à Linguística.  Gregory  R.  Vol. Sel. Rio de Janeiro: Livraria Acadêmica. História da língua portuguesa: século XV e meados do século XVI. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro. Ivo. São Paulo: Melhoramentos. Vol.437‐454  NUNES. 1991.pt/cvc/hlp  CASTRO.E. l992. Maria Albertina Mendes da. Joaquim Mattoso.  pp. O português do Brasil. 1978. . 4. de.  PINTO.  São  Paulo:  Ática. 1991.  ELIA. Rio de Janeiro: Padrão.  IN:  Estudios  sobre  Espanhor  de  America  y  Linguistica Afroamericana. 1978. In http://www.  CASTRO. 1983  ELIA.2 ed. Sílvio. 1995).  NARO. (org.  História  da  Língua  Portuguesa. Ivo et alii.  IN:  D. Lisboa: Universidade Aberta. Rodolfo. Formação de uma variedade urbana e semi‐oralidade na primeira metade do século XIX. In: ILARI.  Coleção: O  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