Herberto Helder e a Poesia Surrealista Portuguesa: Aproximações Da Arte Da Performance « Performatus

March 31, 2018 | Author: Adriano Pequeno | Category: Surrealism, Poetry, Performance Art, Time, Life


Comments



Description

Herberto Helder e a Poesia Surrealista Portuguesa: Aproximações da Arte da Performance « Performatus06/01/15 14:01 Performatus Linha editorial Quem somos Edições Projetos Links Contato Buscar Herberto Helder e a Poesia Surrealista Portuguesa: Aproximações da Arte da Performance Ana Cristina Joaquim http://performatus.net/herberto-helder/ Página 1 de 12 uk) Pensar a poesia de Herberto Helder em relação à poesia surrealista portuguesa pode apresentar algum risco. em sua poesia. mais além. além desmitificar a corrente: “Nunca há surrealismo. Embora ausente do movimento. acrílico sobre papel. [3] Desse modo. Vale citar ainda a breve participação de Herberto Helder em encontros do grupo surrealista que entre 1956 e 1959 se reúne no café Gelo em Lisboa. a fotografia) e. por meio de semelhanças na visão de mundo que apresentam. Consideraremos também. 0. a música. Trata-se assim de buscar na linguagem performática diretrizes de análise para os textos selecionados. é conveniente fazer algumas ressalvas: dado que a arte da performance é de domínio multidisciplinar (uma vez que engloba os mais variados meios de realização. não servirá para traçar um vínculo entre a sua poesia e a poesia surrealista portuguesa. O surrealismo faz parte dessa merda. a transposição desta linguagem para a linguagem verbal/poética implicará numa eleição de determinados eixos (importa dizer: o corpo.co. “as determinantes surrealistas se diluem nas intensidades de um impressionante personalismo lírico” [1]. do qual Herberto Helder. bem como o seu nome entre os “autores ligados ao Surrealismo nas suas sucessivas reaparições.Herberto Helder e a Poesia Surrealista Portuguesa: Aproximações da Arte da Performance « Performatus 06/01/15 14:01 Frederico Penteado: Herberto Helder (2010). o público/leitor. o vínculo entre as duas poéticas será traçado por meio de semelhanças estéticas e. tomamos emprestadas as reflexões apresentadas por Rose Lee Goldberg em A arte da performance: do futurismo ao presente. por Renato Cohen em Performance como linguagem. como um movimento. com a ressalva que. dado que implica numa relação imediata com o público. no entanto.21 x 0. além http://performatus. que nunca admitiu o rótulo de surrealista. pensar ambas do ponto de vista das respectivas estruturações estéticas e temáticas. mas. como aponta Perfecto Cuadrado. de forma diversa. de olhar para poesia de Herberto Helder sob o prisma da poesia surrealista. com mais contundência: Põe-se uma vaca a ruminar a estrela de Arcturus. tendo como material a literatura. ressurreições e reencarnações em Portugal” [2]. se manteve de fora. em que o autor apresenta a complexidade envolvida na linguagem performática. convém enfatizar. reconhecidas.29 m Cortesia do artista (http://www. a relação vida e arte – melhor especificados adiante). Segundo Natália Correia.fpenteado. a dança. Para tanto. mas apenas para apresentar uma aproximação circunstancial. inclusive. porque o surrealismo será sempre uma ‘descrição do mundo’ (Juan Matus). em que a autora propõe um apanhado histórico das diversas manifestações performáticas.net/herberto-helder/ Página 2 de 12 . as artes plásticas. apesar de contemporâneo. o tempo. desse modo. Não se trata. Herberto Helder faria parte daqueles escritores fortemente influenciados pelo surrealismo. as diferenças implicadas nesta comparação. e o terrorismo angélico – enquanto os contemporâneos comem do que nem podem e cagam-se nas cadeiras terrestres. a obra de Herberto Helder apresenta algumas características comuns à poesia surrealista. isto é o tempo de sua execução coincide com o tempo de sua exposição e recepção (características ausentes no registro escrito) [4]. Sobre este aspecto. o teatro. por grande parte da crítica. o que será feito mediante a transposição de alguns eixos relevantes da linguagem da performance. há as fibras transparentes da morte. Mas há um nevoeiro luminoso que ninguém toca. o espaço. que comporta uma experiência de interação entre performer e espectador nas esferas espacial e temporal. Tal participação. logo desfeita pelo poeta. passando inclusive pelo dadaísmo e pelo surrealismo. se considerarmos que o surrealismo em Portugal se estabeleceu. o cinema. em que se implica um preconceito gradual ou termométrico da realidade” e. ainda que de forma bastante conturbada. por Jorge Glusberg em A arte da performance. segundo Natália Correia. no caso de Herberto Helder. O poeta. essa união entre modo de pensar poesia e modo de viver poesia e por isso insistimos no seu teor performático. nos textos em questão. O “Texto 2”. o referente não está em relação direta com o mundo quotidiano ou científico. Torna-se necessário. assim. Também Flash. Helder não utilizar comparações: o discurso não é como a insinuação [7] de um gesto. que defendia. então. Trata-se. depende dela e busca nela. pode-se afirmar a hibridez dos gêneros. no caso do poema. com alguma ênfase para os autores que. pormenorizar os eixos que. se converte no ato pelo qual a carne humana é devorada. 4) da reivindicação da presença do leitor e 5) da relação vida e arte. embora o meio de sua realização se limite ao registro escrito. Artur do Cruzeiro Seixas e Antonio Maria Lisboa. 2) da relação com o tempo e 3) com o espaço. que se confunde. Nesses termos acreditamos estar a poética de H. como já advertimos há pouco. a saber: Mário Cesariny. a escrita. trata-se de uma única coisa. não é como o bailarino a dançar. comporiam a trilogia cupular [5] do surrealismo português. as figurações do corpo. nele aparece de forma exaustiva a temática espaço-temporal: características próprias à arte da performance ocorrem em Photomaton & Vox unicamente por meio do recurso verbal. mas é ele próprio “a insinuação de um gesto uma temperatura”. do leitor (este convocado à cena em outros poemas do autor. A poesia é apresentada. faz-se notável essa premência do corpo mesclada com uma reflexão sobre a linguagem. como dissemos resumidamente acima. ao escrever. Trata-se de “imagem de respiração/ imagem de digestão/ imagem de dilatação/ imagem de movimentação”. retomando: 1) das figurações do corpo (que permitem pensar numa escrita ‘encarnada’). de Antropofagias [6].net/herberto-helder/ Página 3 de 12 . a referência que lhe atribui sentido e lhe confere realidade. mas assume significação plena na situação poética. o que aqui denominaremos de ‘escrita encarnada’. ora a um roteiro cinematográfico. poema dedicado ao surrealista Cruzeiro Seixas. importa citar os “Texto 1” e “Texto 3”. mais que em qualquer outro lugar. versos que nos remetem imediatamente para o trecho de Octavio Paz: “Pensar é respirar (…) porque pensamento e vida não são universos separados e sim vasos comunicantes: isto é aquilo” [8]. abordaremos alguns dos textos desta série de forma mais detalhada. como veremos mais detalhadamente adiante). atualiza outro eixo muito comum na performance: o corpo – no seu movimento. de Herberto Helder. apresentam algum diálogo com a arte da performance. ora ao gênero jornalístico. Photomaton & Vox. já que a poesia se define como (re)criação da realidade. se apresenta. Nos doze textos que compõem a série Antropofagias. Logo adiante. transitaremos pelos diversos nomes atuantes no movimento. é elucidativo desse caráter performático presente nos anteriores. como livro multidisciplinar. não se restringe a ele. H. como uma temperatura. com a própria existência física: do escritor. do medo. que podem ser definidos como “metapoéticos”. Dessa maneira. como que dotada de organicidade.Herberto Helder e a Poesia Surrealista Portuguesa: Aproximações da Arte da Performance « Performatus 06/01/15 14:01 chamar atenção para a já citada multidisciplinaridade (ou hibridez dos gêneros). é um livro composto de fragmentos que se assemelham ora ao gênero ensaístico. antes de tudo. assim. também “metapoético”. a dança não é como a poesia: do modo como ele nos apresenta. da materialidade. mais que metalinguísticos. Helder expressa nos seguintes versos: “indagam que ‘acção de surpresa e sacralidade’ (se há)/ o que houver ‘e vê-se pela pressa’ é uma/ espécie de vivacidade ou uma turbulência íntima/ e ao mesmo tempo cautela por serena destreza/ de ‘chamar’ de dentro do pavor e ‘unir’ por cima/ do pavor/ agora estamos a fazer força para afastar o excesso/ de planos multiplicidades antropofagias para os lados todos/ que http://performatus. ora ao gênero prosaico. aqui. Herberto Helder chama-nos a atenção para o ato da escrita. Dos surrealistas. o que fica ainda mais evidente no fato de. se manifesta como movimento e existência da escrita. ora ao gênero poético. Para além disso. isto é. ao lado da poética surrealista. trata-se do movimento. Como indicado no próprio título: a linguagem. Quanto ao primeiro eixo. na sua existência – que. isto é. dotada de interminabilidade. A palavra é corpo. as palavras impossíveis de escrever. adiante. a escrita é dotada de uma materialidade orgânica. ou. como diremos em outro momento. no seu poder interventivo de que é dotada. que sugere grande mobilidade (há hélices que andam). como destino e finalidade – se é que este termo está adequado em relação à ideia de metamorfose. por assim dizer. de todo o amplexo do ar do mundo. limitação orgânica: carecemos de cordas de violino. um único princípio. isto é. na penúltima estrofe. “Texto 6”: “Não se esqueçam de uma energia bruta e de uma certa/ maneira delicada de colocá-la no <<espaço>>/ ponham-na a andar a correr a saber/ sobre linhas curvas e linhas rectas <<fulminantes>>/ ponham-na sobre patins com o stique e a bola como/ <<ponto de referência>> ou como <<pretexto espaço-tempo>>/ para aplicação da <<dança>>/ experimentem uma ou duas vezes ou três reter determinada/ <<imagem>> e metam-na <<para dentro>> assim imóvel/ e fiquem parados <<aí>> com a imagem parada talvez brilhando/ (…)/a bola põe-se a <<caligrafar>> todo um sistema de planos/ intensos leves/ <<metáfora>> decerto minuto a minuto destruída pela pergunta/ <<que jogo é este para o entendimento dos olhos>>?/ a resposta <<alegria>> tudo esgota/ (…)/ de imagem em imagem se transfere o corpo/ sempre à beira de <<ser>> e parando e continuando/ e ainda <<apagando e recomeçando>> como se continuamente/ bebesse de si e tivesse o ar pequeno para demonstrar/ a grandeza de si a si mesmo/ (…)/ destreza porque sim forma porque sim aplicação porque sim/ de tudo em tudo/ de nada em http://performatus. E. e por outro. adquire entre eles um caráter performático./ Mãos que gota a gota transportam colheres de prata/ através de trémulas fronteiras/ para sempre/ se diluíram na palavra”. que supõe uma interminabilidade e. também presente de modo exaustivo entre os surrealistas.net/herberto-helder/ Página 4 de 12 .Herberto Helder e a Poesia Surrealista Portuguesa: Aproximações da Arte da Performance « Performatus 06/01/15 14:01 andam/ ‘procuram um centro? ’sim ‘uma razão de razões’/ uma zona suficiente leve fixa como que ‘interminabilidade’” [9]. isto é. seja do ponto de vista das estruturas conceituais do pensamento. dos seus braços e na sugestão do enlaçamento. seja do ponto de vista ontológico./ Assim alcançam novos mares no seu sonho/ vencem barreiras/ muralhas falésias cristais que levantaste no caminho/ e onde o próprio vento inexoravelmente/ sangra. portanto. cabe citar um poema de Cruzeiro Seixas: “Animais como cadeiras/ devorando-se entre si/ assinam o espaço livre. de todo o sangue do mundo. E. no entanto. poema de Mário Cesariny: “Entre nós e as palavras há metal fundente/ entre nós e as palavras há hélices que andam/ e podem dar-nos morte violar-nos tirar/ do mais fundo de nós o mais útil segredo/ entre nós e as palavras há perfis ardentes/ espaços cheios de gentes de costas/ altas flores venenosas portas por abrir/ e escadas e ponteiros e crianças sentadas/ à espera de seu tempo e do seu precipício/ (…)/ palavras impossíveis de escrever/ por não termos connosco cordas de violinos/ nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar/ e os braços dos amantes escrevem muito alto/ muito além do azul onde oxidados morrem/ palavras maternais só sombra só soluço/ só espasmo só amor só solidão desfeita/ (…)”. O primeiro verso do poema já patenteia essa relação orgânica entre humanidade e palavras: são fundidos por metal. como teleologia. enquanto motivo de apreciação estética não tem interesse algum para os surrealistas. seja do ponto de vista moral. E um poema de Herberto Helder. uma vez que a poesia. bem como no caso de Helder. a organicidade das palavras tem seu ponto alto na figura dos amantes. expressão a um só tempo da atividade poética e de uma postura diante do mundo. O diálogo promovido não deixa dúvidas: eles indagam. eles procuram um centro. do abraço que alcança alto. isto é. performance. conclusão em aberto que aponta para a metamorfose como uma espécie de princípio fundador. Essa “metapoesia”. uma busca de sentido. e a imagem carregada de fixidez é logo suavizada no verso seguinte. e o ato da escrita. A título de exemplo. ao que Helder responde: uma zona fixa. uma ausência de fins. Isto que é evidenciado em “You are welcome to Elsinore” [10]. residindo o seu interesse. por si só é um desvalor. procuramos enfatizar a maneira como estes aparecem lexicalizados no poema assumindo diversas conotações contribuindo assim. para a criação de um universo de escrita. uma razão das razões. Quanto ao segundo e ao terceiro eixos. por um lado (vide a constância com que aparece em sua poesia o ato criador como movimento cíclico e renovador). da série Antropofagias. novamente. só o são dado a nossa insuficiência. de fato. ainda. quanto ao tempo e ao espaço. sem delimitação alguma. E que desce os dedos/ sobre. assim como na arte da performance. Relativa/ à minha pedra. o poema em interação com o escrevente ou com o leitor. portanto. em ambos os casos. que simula essa duratividade. desacelerado: ‘experimentem uma ou duas vezes ou três reter determinada/ <<imagem>> e metam-na <<para dentro>> assim imóvel/ e fiquem parados <<aí>>’. como em Cruzeiro Seixas. de forma a ultrapassar as delimitações (‘vencem barreiras muralhas/ falésias cristais’). O espaço. temos. De acordo com Renato Cohen. passa então a leitor. como apontamos no item anterior. Pedra/ do leitor.net/herberto-helder/ Página 5 de 12 . Devagar. o mês arroz dealbado sobre a pedra/ em orelhas. novamente. poema de Herberto Helder: “Volto minha existência derredor para. é/ de. isto é. por fim. o ‘atuante’. acelerado: ‘ponham-na a andar a correr’./ Minha pedra pensada com a forma/ de. Em Herberto Helder. Bem como o tempo há também. além da referência à palavra que. Meus dedos pelo ar. com base na psicanálise. a seguir. num primeiro momento. As mãos/ espalmadas. desde o início. finalmente. As costas/ das. a participação do espectador é característica daquilo que ele nomeia. uma vez que o poeta indica a experiência de andar e correr e patinar por linhas retas e curvas). o tempo aparece. A hipótese que lançamos portanto é que. juntamente com o performer. e 2) o espaço interior ( meter a imagem para dentro): é. O leitor. o escritor (sobre isso falaremos no item a seguir. Essa continuidade no tempo deve ser lida. Em Cruzeiro Seixas. e o espaço ficcional criado ou tematizado pelo poeta. e o ‘espectador’./ Torna-se a infiltrada cor da. cujo eixo é a relação vida e arte). Essa relação é o ponto central de “Para o leitor ler de/ vagar”. como em Cruzeiro Seixas. já que ao espectador caberia compor o ato. a relação intrínseca entre as noções de tempo/espaço como elementos fundadores do universo poético./ Leitor que espera uma flor atravancada. passa a ser. esse distanciamento não é claro – eu entro na obra. um esforço de situar-se no espaço (‘como cadeiras’). como a relação mítica: Na relação mítica. dilui fronteiras espaciais). pedra sem boca. e o tempo ficcional da sua fruição. um tempo contínuo. E toca e passa./ Pelas pálpebras paradas. como se verifica na expressão ‘estar a ser’. redobrado leitor moroso. explicitado pelo poeta como o ‘Lugar’ do poema (para fazer referência a outro poema seu) é. o tempo e o espaço da escritura. num ato criativo imediatamente conferido à escrita (a referência às mãos – parte do corpo que atualiza a escrita – cuja ação seria a de transportar – poderíamos dizer. com velocidade irregular: ‘sempre à beira de <<ser>> e parando e continuando’./ E cai com seus dedos em meus dedos. Ora é evidente. pois que nos fala em caligrafia do movimento e da metáfora. além da recorrência da metáfora corporal em designação à escrita.Herberto Helder e a Poesia Surrealista Portuguesa: Aproximações da Arte da Performance « Performatus 06/01/15 14:01 nada pelo gozo <<básico>> de <<estar a ser>>” [11]. em conjunção com um espaço interior e./ (…)/ ― Todo o leitor é de safira./ E a vida executada. aparece a necessidade de situar-se no espaço. Turquesa. Também para a performance a presença do espectador é diversas vezes imprescindível. transportar palavras no espaço. dois espaços: o espaço objetivo da disposição das palavras na página. O tempo está próximo de um contínuo ‘atemporal’. Uma lenta vida elementar. em dois movimentos: 1) o espaço exterior (e aqui também. é experienciado mediante duas categorias temporais: o tempo objetivo de sua criação (escrevente) ou leitura (leitor)./ balouçando http://performatus. Mãos. a marca desta atemporalidade dá-se no predomínio do tempo presente (omnitemporal) e da expressão final ‘para sempre’./ E espera devagar./ Que entende o relato sem poros. eu faço parte dela – isto sendo válido tanto para o espectador que fica na situação de participante do rito e não mero assistente (…) tanto para o atuante que ‘vive’ o papel e não ‘representa’. Leitor: eu sou lento./ Leitor acentuado./ Volto para essa pedra absoluta. Segue-se o quarto eixo que representa a forma pela qual o leitor é inserido no poema. se transposto para a cena poética. Em “Animais como cadeiras…”. entretanto. Pelos/ cerrados lábios até às raízes. [12] Ora. a relevância da participação do leitor para que o projeto poético se atualize. Mais do que isso. em alguma medida./ 3./ Ou um livro e um Deus com ondas de um mar/ mais pacientes. também a ele. as diferenças entre poeta e leitor. a ênfase de Herberto Helder é direcionada para o tempo da ação (da leitura): devagar./ (…)/ ― Todo o leitor é de safira./ Eterno./ Tente permanecer/ e cantar. “Que outro nome se deverá dar…”). em primeiríssima instância. já como personagem. em alguma medida. Olhe a palidez dos rostos côncavos. do ponto de vista intelectual e moral. a onda/ alague: A noite caída em cima de teus dedos. Quanto à relação escritor/ leitor. uma crise de consciência de espécie mais geral e mais séria (…)” [13]./ Aderentes fechadas. mas atitude moral e./ De encontro à cor de encontro à. stricto sensu. a paciência. poema de Cruzeiro Seixas. Herberto Helder opera com uma inversão./ Saque da viola para violar/ e cante. e o leitor. Diga-nos o que é um poema/ que coisa é a mão do homem que o escreve/ como se chama o animal que então fala nele/ como se chama o sítio onde/ o homem ou o poeta/ pousa os pés. estrelas. deve responder inclusive às questões que seriam./ Diga-nos como se chama aí o vento/ como se chama a porta/ o retrato a carta o relógio/ o livro ou o leito. Também aqui a presença do leitor é reivindicada pelo poeta pois. pois se apresenta enquanto uma concepção do homem e uma visão do mundo. é/ de. Em “Inquérito”. Diga/ se é possível amar esse espaço/ se é possível amar nesse espaço. O poeta evidencia assim. Achado o seu mundo/ verifique/ engrenagem por engrenagem/ a diferença que vai desse para outro qualquer. Quase como numa didascália. é a ele. embora o leitor não seja nomeado (diferentemente do que ocorre no poema de Herberto Helder). O tempo leitor de um. ontológica e metafísica. O leitor. De acordo com Breton: “(…) há que se admitir. então. Ora.Herberto Helder e a Poesia Surrealista Portuguesa: Aproximações da Arte da Performance « Performatus 06/01/15 14:01 baixa/ sobre./ Para eu batê-las durante o tempo. Por fora/ leves às vezes. Inversão semelhante parece ocorrer também neste poema. Autor. morosa.net/herberto-helder/ Página 6 de 12 . o tempo. a função de nomear. convocado a todas as respostas. sendo./4. a poesia passa a ter como matéria a própria existência (tópico melhor desenvolvido a seguir)./ Atraia mesmo assim a multidão. de forma que o escrevente passa a espectador da cena desempenhada pelo leitor (“Volto minha existência derredor para. uma vez que o leitor. ―/ Ondas do que um leitor devagar”. que são direcionadas as questões (o ato da leitura comprova-o…). passa a ser o objeto de observação do escritor. cabendo. por sua vez é lançado para o universo do fazer poético. A hipótese que lançamos./ 2. instaurando uma ambiguidade nessa relação: o leitor. Turquesa. Espere a passagem de um automóvel como um mar/ abra uma a uma as mil gavetas que o compõem. afinal./ (…)/ Volto para essa pedra absoluta. Este livro apertado nas estrelas/ da boca. Um livro que vai morrer depressa. à relação entre vida e arte. Diga-nos o que é uma coisa/ o que é uma pessoa/ o que é um gesto sonhado/ o que é um animal/ o que é uma coisa qualquer que ainda não tem nome /e exista./ Verifique depois as poses lascivas dos móveis dourados/ ou do pão duro/ abandonado como uma bomba/ à porta do palácio. o papel de leitor. o leitor é conduzido ao seu modo de ação. e ainda: “A nós (…) compete procurar http://performatus./ Diga-nos depois de que lado está o mar”. diz respeito ao estatuto do fazer poético: anuladas. com base nessas rápidas interpretações. explicitada a ação que lhe cabe: o ato da leitura. presas. o leitor é lançado para o poema de tal modo que assume o papel de um personagem. Que a onda venha. / (…)/ Leitor: volto/ para ti. “Diga-nos como se chama…”. os surrealistas portugueses incorporaram o preceito bretoniano de que o surrealismo não é escola literária ou.”). artística. simultaneamente. Dessa maneira ocorre que o poeta assume. que o surrealismo não teve outra intenção senão a de provocar./ Depressa antes. ocorre um procedimento semelhante: “1./ Diga-nos se ouve os gritos estridentes das sereias/ que se aproximam. No que diz respeito ao quinto eixo. Paragem/ da cor. De uma onda maior que o nosso/ tempo./ 6. que implica a espera. de modo mais geral. da alçada do poeta: (“Diga-nos o que é…”. ou seja./ Que outro nome se deverá dar/ aos manuscritos rasgados por si/ ou aos livros queimados na praça pública./ Tente fugir. cabe ressaltar que logo no início do poema./ 5. mas. mas de uma aproximação mediada pela escritura que é. que o trabalho com a palavra se confunde com o trabalho de criação de um mundo – com tempo. em que a estética é apenas o resultado dessa deflagração contra os parâmetros de pensamento usuais e a existência social no ocidente racionalista. jamais fixadas. como dissemos há pouco. da aversão que ele sempre nutriu em relação aos média. levaram-nos ao corte definitivo não só com o naturalismo e respectivo cortejo de interpretacionistas. operam com uma noção de ‘arte viva’. primeiro. Muito se diz da insistente recusa do poeta em aparecer publicamente. mas com toda a expressão unicamente interpretativa (estilizante) do <<real>>. O meio artístico de sua manifestação resulta. de facto. poesia e vida do poeta. de uma intervenção surrealista criadora de uma nova visão de mundo e manifestação humana. Novamente. Nas palavras de Mário Cesariny: (…) a Literatura nunca nos ocupará demasiado. em alguma medida. Nessas duas citações fica evidente o papel da literatura entre os participantes do grupo surrealista português: não se trata da elaboração de um movimento literário. o funcionamento da sociedade estariam “aprisionados”. não se faz possível a redução à convencional associação entre vida e obra. manifestos e outras formas de divulgação. a nossa aceitação de certos postulados do surrealismo. O que nos chama a atenção. Nesse sentido. é também aquele que escreve o poema. é a imagem do escritor: a figura do homem que lida com as palavras. sendo Herberto Helder o poeta. No caso dos surrealistas. há uma aproximação que procede: o artista/escritor sendo figurado no poema. No caso de Herberto Helder essa relação vida/arte ocorre de forma bastante peculiar. uma vez que. promotoras de um estado de deslumbramento semelhante àquele do universo infantil e da loucura (temas que aparecem de forma incisiva na poesia surrealista portuguesa. bem como na poesia de Herberto Helder). diferentemente. assim. que este mundo seria o mundo habitado pelo poeta. entre os surrealistas bastante exposto por meio de entrevistas. e o tema de sua poesia. no qual os mecanismos do pensamento humano. à maneira dos românticos. Até onde sabemos há apenas seis entrevistas concedidas pelo poeta ao longo de sete décadas de escrita (considerando que seu primeiro poema foi publicado em 1958 e o último em 2009) [17]. espaço e corpo próprios – pode-se pensar.net/herberto-helder/ Página 7 de 12 . e depois a prática consciente e apaixonada. da arte da performance. é porque. para os surrealistas a noção de vida está bem distante da noção de emotividade e história pessoal. por mais de uma vez. o ato por excelência do poeta. Também por esse motivo podemos afirmar o vínculo estreito entre poesia e vida e. [15] E também Mário Henrique Leiria e Henrique Risques Pereira: “Quando. já que.Herberto Helder e a Poesia Surrealista Portuguesa: Aproximações da Arte da Performance « Performatus 06/01/15 14:01 aperceber sempre mais claramente o que se trama sem o homem saber. a criação de um universo a partir da reelaboração linguística é tema constante de seus poemas. neste caso específico. e por consequência. mas refere-se de maneira incisiva a uma constante experimentação e descoberta. não se trata de uma aproximação entre vida e obra. a poesia seriam as formas mais propícias de burlar o império da lógica. como no caso dos surrealistas. dissemos que nada tínhamos a ver com a literatura e respectivo cortejo de quinquilharias. De acordo com Renato Cohen: http://performatus. tal como a concebiam os românticos. é também Herberto Helder. vale ainda falar sobre alguns métodos de criação que se aproximam. No entanto. nada tínhamos” [16]. além de chamarem a atenção para o procedimento de criação. desse modo. entretanto. da idéia de que as artes e. Considerando. desse modo. a um só tempo. dizendo Literatura somos percebidos –. nas profundezas de seu espírito (…)” [14]. lá de dentro do aquário. Era a lei da metamorfose. ao perceber a inusitada mudança de cor que o peixe começa por sofrer (efetuar?). pretendia fazer notar que existia apenas uma lei que abrange tanto o mundo das coisas como o da imaginação. e que. no seu fazer poético. todos os outros jogos têm a sua vertente coletiva. como em “Actuação escrita”.net/herberto-helder/ Página 8 de 12 . o natural. fonemas. A live art é um movimento de ruptura que visa dessacralizar a arte. a esta lei – e aqui a ênfase na aproximação com os surrealistas –. tirando-a de ‘espaços mortos’. Além do cadáver esquisito. e a manipulação de textos tradicionais que consiste no estabelecimento de regras prévias de modificação de poemas e textos da literatura (alterações de palavras. [19] A metamorfose. intitulada cadáver esquisito. a live art. texto situado em Os passos em volta (publicação brasileira de 2005). efetuando um número de mágica. de metamorfose: em “Teoria das cores”. galerias. procedimento que deixa agir o acaso. elitista. em que se estimula o espontâneo. tirando-a de sua função meramente estética. mas revela uma adesão do próprio poeta. uma vez que este mesmo trecho do texto. que se resumem nas seguintes práticas: a escrita automática – uma das formas mais conhecidas da escrita automática é sua versão coletiva. modificadora. do ensaiado. realizando o seu número de prestidigitação. o pintor supôs que o peixe. entretanto. [18] Essa concepção de arte é patente em alguns exercícios e jogos praticados pelos surrealistas. uma maneira de se encarar a arte. apresenta a seguinte versão: Ao meditar acerca das razões por que o peixe mudara de cor precisamente na hora em que o pintor assentava na sua fidelidade. mostrava que existia apenas uma lei abrangendo tanto o mundo das coisas como o da imaginação. em detrimento do elaborado.Herberto Helder e a Poesia Surrealista Portuguesa: Aproximações da Arte da Performance « Performatus 06/01/15 14:01 A performance está ontologicamente ligada a um movimento maior. o peixe. etc). idiomas. É uma forma de se ver arte em que se procura uma aproximação direta com a vida. A aproximação que poderíamos fazer entre a poesia de Herberto Helder e os jogos e exercícios surrealistas recai sobre uma ideia. do vermelho para o preto. não figura apenas como um tema recorrente em sua obra. ele pensou que. cujo procedimento já foi explicitado anteriormente. o que confere à criação poética um estatuto diferente daquele da genialidade autoral. Essa lei seria a metamorfose. essas modificações http://performatus. teatros. e colocando-a numa posição ‘viva’. A live art é a arte ao vivo e também a arte viva. datado de 1963 e publicado em Vocação animal. a colagem (aleatória ou combinada) de palavras ou imagens recortadas de textos diversos. de Pedro Oom. A ideia é resgatar a característica ritual da arte. por haver compreendido esta outra espécie de fidelidade: Ao meditar sobre as razões da mudança exatamente quando assentava na sua fidelidade. deparamo-nos com a narrativa de um pintor desejoso de retratar com fidelidade um peixe num aquário. Em verdade. insistentemente trabalhada pelo poeta. decide então pintá-lo de amarelo. como museus. [20] Vê-se que o próprio texto sofreu uma metamorfose de 1963 a 2005. o inventário que consiste na repetição no início de cada frase ou verso de uma palavra ou expressão seguida de frases que representam a desarticulação de uma dada realidade. ainda não encerrado.introduzir fazer penetrar no ânimo. Lisboa: Assírio & Alvim. não fixado nas miragens da autoria e da cultura. http://performatus. uma vez que sua totalização está sendo revista e repensada em função do conjunto e de suas conjunções no tempo.net/herberto-helder/ Página 9 de 12 .. um procedimento semelhante ao dos surrealistas. ao efetuar a manipulação de textos: textos próprios ou alheios: como o próprio poeta faz questão de frisar a respeito de suas traduções. 2002. em Helder há grande clareza a respeito do inacabamento da linguagem [21]. Photomaton & Vox. no coração. [7] Insinuar: do lat. Poemas ameríndios. 2002. Lisboa: Frenesi. insinuare “meter no seio”. O surrealismo na poesia portuguesa. alguém pintando esse quadro. contínuo e incessante. Oulof). na sua própria razão de ser. De acordo com Rose Lee Goldberg. pág. uma vez que entre eles predomina a seguinte concepção: “Para nós. Renato. São Paulo: Perspectiva. São Paulo: A Girafa Editora. sempre a ser reunido. Ora. convém notar. portanto. estendendo a definição ao lado de H. HERLDER. (Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa).H. 2006. 2006. em toute direction” [23]. próprio de uma não obra (poderia pontuar Blanchot). a performance é antes de tudo uma expressão cênica: um quadro sendo exibido para uma platéia não caracteriza uma performance. “Uma divagação final (mais) abjectamente académica: notas sobre a poesia surrealista (portuguesa)” In: A única real tradição viva. [6] Cf. 429. encontra paralelo na arte da performance. procurar escapar de rótulos e definições. Notas [1] CORREIA.271-276. sinônimo do ato de mudar. 430. Em Oulof. a compreensão. poemas mudados para o português (Doze nós numa corda. a pintura dos futuristas pode ser justificada como um ato performático. págs. pág. pág. Essa noção de movimento. modificar. 430.Herberto Helder e a Poesia Surrealista Portuguesa: Aproximações da Arte da Performance « Performatus 06/01/15 14:01 textuais são bastante comuns em H. o gesto não será um momento fixo de dinamismo universal: será definitivamente a sensação dinâmica eternizada” [24]. Performance como linguagem. Herberto. Perfecto Cuadrado). persuadir (…). [3] HELDER. [2] CUADRADO. Herberto. Et tout est traduction à tout niveau. págs. O surrealismo na poesia portuguesa.H. e ainda: o elemento de autoposição do escrito como trabalho em continuidade. metamorfosear: o movimento compreensivo é. deste ponto de vista. 64. é sinônimo do ato de traduzir e. (COHEN. Lisboa: Frenesi. 64. Natália. (org. pág. já poderia caracterizá-la. ao vivo. CORREIA. [4] “Apesar de sua característica anárquica e de. Perfecto E. Ou o poema contínuo. Lisboa: Assírio & Alvim. [5] Cf. Natália. Helder inicia com uma epígrafe do poeta belga Henri Michaux que diz o seguinte: “Saisir: traduir.28). Como bem aponta Maurício Salles. 1998. 2011. [22] Herberto Helder aplica assim. 2006. <http://cvc. 1998. 199. http://performatus. pág. 90. pág. Os passos em volta. 1997. “Coleção Cadernos de Poesia”.instituto-camoes. págs. Vocação Animal. 1997. como as de James Joyce que em Ulisses. Mário. São Paulo: Editora Brasiliense. Rose Lee.Herberto Helder e a Poesia Surrealista Portuguesa: Aproximações da Arte da Performance « Performatus 06/01/15 14:01 [8] PAZ. o fluxo e não a construção formal. págs.42. Lisboa: Assírio & Alvim. pág. São Paulo: FFLCH-USP. Lisboa: Assírio & Alvim. 39. Herberto. Herberto. em que vale o jorro. 11. Maurício Salles. Manifestos do surrealismo. 2010.net/herberto-helder/ Página 10 de 12 . A intervenção surrealista. André. 38. pág. Mário Henrique & PEREIRA.pt/bdc/revistas/textosepretextos/vol1/bibliografia. Lisboa: assírio & Alvim. [18] COHEN. pág. [22] Idem. pág. 4. São Paulo: Martins Fontes. 1971. quanto experiências altamente elaboradas. [19] HELDER. como a proposta surrealista da escrita automática. “A imagem” in: Signos em rotação. 281-282. 1985. 271-276. São Paulo: A Girafa Editora. In: CESARINY. Espiral terra – poéticas contemporâneas de língua portuguesa. 1997. A intervenção surrealista. Vale frisar. Renato. 2005.12. São Paulo: Perspectiva. [13] BRETON. procura reproduzir o fluxo vital da emoção e do pensamento (…)”. 2006. 135. Herberto. 7. pág. São Paulo: A Girafa Editora. [24] GOLDBERG. Herberto. “Segundo manifesto do surrealismo” In: BRETON. [12] COHEN. Doze nós numa corda – poemas mudados para o português. A arte da performance: do futurismo ao presente. 2011. “Antropofagias” In: Ou o poema contínuo. 179. 1996. (org. [21] Cf. pág. São Paulo: Perspectiva. Mário. 122. “Mais um cadáver”. Mário. p. Lisboa: Publicações Dom Quixote. Tese de livre-docência. “Antropofagias” In: Ou o poema contínuo. págs. André. [20] HELDER. Idem. Lisboa: Assírio & Alvim. p. VASONCELOS. “1. [9] HELDER. 22. 21. [14] Idem. Performance como linguagem. [16] LEIRIA. Henrique Risques. São Paulo: Azougue Editorial. Herberto. [17] Cf. In: A única real tradição viva. 2011. págs. por exemplo. Performance como linguagem. pág. Perfecto Cuadrado). São Paulo: Editora Perspectiva. [23] HELDER. pág. 89. 97. pág. 89. [15] CESARINY. In: CESARINY. Mário. que o próprio autor chama atenção para essa prática no surrealismo: “Na literatura pode se mencionar tanto experiências empíricas. [11] HELDER. Renato. [10] CESARINY. Sem título”. 2006. Octavio.pdf>. Lisboa: Publicações Dom Quixote. São Paulo. Vocação Animal.instituto-camoes. 2006. 2006. __________. Ou o poema contínuo. Os passos em volta. Obra poética vol. © 2013 eRevista Performatus e o autor Texto completo: PDF Ed. “Coleção Cadernos de Poesia”. CUADRADO. SEIXAS. André. 2010. II. Espiral terra – poéticas contemporâneas de língua portuguesa.Herberto Helder e a Poesia Surrealista Portuguesa: Aproximações da Arte da Performance « Performatus 06/01/15 14:01 Bibliografia BRETON. __________. Mário. Lisboa: Assírio & Alvim. Performance como linguagem. 1971.net/herberto-helder/ Página 11 de 12 . __________. Herberto. Obra poética vol. São Paulo: FFLCH-USP. 1998. VASCONCELOS. 1985. 1997. __________.pdf> PAZ. Editora Perspectiva: 1996. Manifestos do surrealismo. Obra poética vol. Vila Nova de Famalicão: Quase Edições. A única real tradição viva. III. São Paulo: A Girafa Editora. 2011. Artur Cruzeiro. GOLDBERG. Doze nós numa corda – poemas mudados para o português. São Paulo: Azougue Editorial. Octavio. 1997. 2005. Lisboa: assírio & Alvim. Tese de livre-docência. CORREIA. Lisboa: Frenesi. __________. 2003. I. 2002. CESARINY. Rose Lee. __________. São Paulo: Editora Brasiliense. 2006. A intervenção surrealista. Lisboa: Assírio & Alvim. Signos em rotação. COHEN. 2004. <http://cvc. São Paulo: Martins Fontes. 2002.pt/bdc/revistas/textosepretextos/vol1/bibliografia. Renato. São Paulo: Perspectiva. O surrealismo na poesia portuguesa. Maurício Salles. Vila Nova de Famalicão: Quase Edições. HELDER. Vila Nova de Famalicão: Quase Edições. A arte da performance: do futurismo ao presente. Photomaton & Vox. Perfecto E. 2 http://performatus. Lisboa: Assírio & Alvim. Natália. net/herberto-helder/ Página 12 de 12 .Herberto Helder e a Poesia Surrealista Portuguesa: Aproximações da Arte da Performance « Performatus 06/01/15 14:01 Ano 1 | Nº 2 | Jan 2013 Voltar para o topo Facebook Vimeo Twitter http://performatus.
Copyright © 2024 DOKUMEN.SITE Inc.