Hector Bruit o Imperialismo (Final)

March 26, 2018 | Author: Camila Krieger | Category: Egypt, Europe, France, Morocco, Capitalism


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Dados de Catalogação na Publicação (CIP) Internacional (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) B916i 2.ed. Bruit, Héctor H. 0 imperialismo / Héctor H. Bruit. - 2. ed. - São Paulo: Atual; Campinas, SP: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1987. (Discutindo a história) Bibliografia, 1. Imperialismo 2. Imperialismo - História I. Título. II. Série. ' e 87-0269 CDD-325.32 -352.3209 índices para catálogo sistemático: 1. Imperialismo: Ciência política325.32 2. Imperialismo: História: Ciência política325.3209 Obra em co-edição com a EDITORA DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS (UNICAMP) Reitor: Paulo Renato Costa Souza Coordenador Geral da Universidade: Carlos Vogt CONSELHO EDITORIAL: Alfredo Miguel Ozório de Almeida, Attílio José Giarola, Aryon DallTgna Rodrigues (Presidente), Eduardo Roberto Junqueira Guimarães, Fernando Galembeck, Humberto de Araújo Rangel, Michael MacDonald Hall, Jayme Antunes Maciel Jr., Ubiratan D'Ambrósio. Diretor Executivo: Eduardo Roberto Junqueira Guimarães Rua Cecílio Feltrin, 253 Cidade Universitária - Barão Geraldo Fone: (0192) 39-1301 (ramal 2585) 13083 CAMPINAS - SP discutindo a história o imperialismo héctor h. bruit 2 . edição a coord.: jaime pinsky S ã o . Rua José Antônio Coelho. Bruit Todos os direitos reservados à ATUAL EDITORA LTDA. de Souza Reis Copyright© Héctor H.Capa: Sylvio Ulhoa Cintra Filho Fotos da Capa e miolo: Filó Mapas: Maria Azevedo Pesquisa iconográfica: Letícia V. Presidente Outra.S P Este livro foi impresso pela llK-* t f i í l c fUMU S/cU Rod. 785 Fone: 575-1544 04011 .km 214 Fone: 912-1388 GuarulhOS LUYLNVI 2 4 6 8 109 7 5 3 NOS PEDIDOS TELEGRÃFICOS BASTA CITAR O CÓDIGO ANCH0125L . A América latina Entra em Cena 5. Desprezo e Miséria Bibliografia Cronologia Discutindo o Texto 1 5 14 30 44 58 72 75 78 . O legado: Sangue.sumário Bate-papo com o Autor 1. O Imperialismo na África 3. O que é imperialismo? 2. O Imperialismo na Ásia 4. Primeiro trabalhou durante três anos como operário de uma fábrica de papel fotográfico e depois notificou protestos de duplicatas como funcionário de um cartório. é justamente uma forma de enfrentar o excesso de racionalismo que alimenta o mundo moderno: "A dança é para mim uma verdadeira terapia. ser professor também implica realizar "aquelas aspirações que não puderam concretizar-se. "talvez porque". e menos elitista do que a profissão de intelectual". . que é um de seus hobbies. formas de expressão corporal que de alguma forma o professor pratica a um nível mais modesto". Bruit é autor dos livros Acumulação Capitalista na América Latina e Estado e Burguesia Nacional na América Latina (este ainda no prelo). marcante e transformadora. diz ele. E a dança moderna. me liberta das teorias alienantes. Pós-graduado em História da América pela Universidade do Chile e Doutor pela USP. Bruit hoje em dia sente-se mais um professor do que um intelectual. "eu sempre tenha acreditado que a prática pedagógica também é uma forma de militância política renovadora. fez o curso secundário à noite e. Já lecionou em Marüia. ela me desintoxica do intelectualismo asfixiante. como docente da Universidade do Chile — onde se licenciara quatro anos antes. a partir de 1968. aspirações estéticas como o teatro e a dança." Além de inúmeros artigos e comentários críticos.bate-papo com o autor Héctor Hernán Bruit é chileno. Segundo filho de uma família de sete. mas adotou o Brasil há vários anos. Para Bruit. durante esse período. do qual é também organizador. desempenhou funções bastante distantes do intelectual que acabou se tornando. Tupi e em Santa Catarina — entre outras cidades — e atualmente é professor junto ao Departamento de História da UNICAMP. centrada na ação das empresas multinacionais. vive e se alimenta com uma força demolidora. Seu tema é o imperialismo. vital e político com o tema. R. o sentido da política internacional tem outras características. e bem mereceria um título nesta coleção. o que não deixa de ser um pouco pretensioso. os países colonizados pelo imperialismo clássico fizeram sua independência. a história do mundo é outra. chileno de origem. espoliadas pelos banqueiros e FMs da vida. A luta contra o imperialismo se dá ao nível da estrutura de classe.A seguir. as forças em ação são diferentes. P. Isto não significa que o fenômeno imperialista tenha acabado. tem uma cronologia definida. Hernán Bruit responde a cinco questões: P. ajustadas ao contexto histórico que as define. na estruturação de um sistema econômico mundial. ou a partilha física do mundo. usando e abusando de seus próprios métodos imperialistas. o assunto foi encarado muito mais historicamente que politicamente. Brasileiro por adoção. As nações não se juntam para lutar contra o imperialismo porque as nações não são mais que abstrações. mas nada vimos sobre a espoliação atual de que são vítimas as nações latino-americanas. Alguns autores chamam tudo isto de "ultra-imperialismo". compreender a história dramática dos povos submetidos e empunhar a única bandeira de luta possível: o socialismo. qual sua relação pessoal com o tema deste livro? R. particularmente no mundo atual. Por que nações oprimidas não se juntam para lutar contra o imperialismo ? Afinal. Muito pelo contrário. onde os antigos imperialistas europeus não são mais que apêndices do imperialismo norte-americano. Ou isso não é uma manifestação imperialista? R. era necessário delimitar o tema a partir de suas próprias determinantes ideológicas. cinqüenta ou sessenta anos que se estendem entre fins do século passado e início do atual. e esta prática permite pensar o continente como uma unidade social e política dentro do capitalismo mundial. Este processo. Então. implica um envolvimento total. muitos fracos podem ter mais força que alguns fortes. quer dizer. Desse modo. Agora existe o mundo socialista dominado pelos soviéticos. descrever aquele processo que os historiadores chamaram de "época do imperialismo". forma parte da . Escrever sobre o imperialismo é aproximar-se da história mundial. + P. o imperialismo atual merece uma abordagem diferente. ele persiste. que poderíamos chamar de "imperialismo clássico". Entretanto. numa guerra fria cada vez mais quente.. a China construiu seu socialismo. nos últimos quarenta anos. Não há dúvida de que ser latino-americano significa ser antiimperialista. O fato de ser latino-americano. O fato de não avançar para a época atual tem uma razão técnica: o limitado espaço disponível da própria coleção.. e a América Latina foi remexida pela revolução cubana e nicaragüense. de viver o continente como experiência individual e pensá-lo teoricamente. nada fizeram. quando o imperialismo impunha. Em outras palavras. os grupos burgueses que ainda acreditam melancolicamente num capitalismo nacional e independente. que colocou dúvidas no general Marshall e nas forças armadas. os trabalhadores com interesses que os colocam em confronto com os dois primeiros.luta entre os que defendem o sistema capitalista e os que o combatem. porque as multinacionais internacionalizaram a produção industrial: o sudeste asiático. teríamos que indicar a doutrina Truman de 1947. existem os grupos burgueses internacionalizados que marcham ao lado das multinacionais. Primeiro. El Salvador? R. desde então. No interior de qualquer país latino-americano. A mesma coisa com o governo Nixon para justificar a intervenção no Vietnã. É uma hipocrisia armar uma guerra contra a Nicarágua em nome da democracia. A doutrina Monroe (América para os americanos) é o pretexto da intervenção estadunidense na Nicarágua. no Chile. Se fosse necessária uma doutrina para essa paranóia. A paranóia anticomunista. nem sequer uma voz de protesto. como ficou dito numa resposta anterior. e ainda outros grupos sociais perdidos no tecido cotidiano da história. Esta doutrina foi o caldo de cultivo que permitiu a aparição desse pitoresco político chamado McCarthy. Pelo contrário. está centrado na ação das multinacionais que criaram um sistema econômico mundial. Mas a luta não pode ser a mesma de trinta anos atrás. o intervencionismo ianque está fundado na defesa das instituições e valores norte-americanos ameaçados pelo comunismo internacional. nos países periféricos. em 1954. que declarou guerra ao comunismo supostamente infiltrado em todas as instituições norte-americanas. certas áreas da África e América Latina são regiões privilegiadas pelo investimento industrial das multinacionais. toda a política internacional dos Estados Unidos. porque jamais os Estados Unidos se importaram com a democracia na América Latina. P. contra o genocídio praticado pelos generais na Argentina. pois os custos são muito baixos como . O imperialismo atual não é mais aquele definido por Lênin. a importação de produtos industriais e exportava capitais para equilibrar o balanço de pagamentos. porque o imperialismo atual. Eisenhower ordenou a intervenção na Guatemala. etc. porque este país estava infestado de comunistas. apoiaram todas as ditaduras hediondas que se instalaram nestes países. o medo doentio de que a União Soviética destruiria o mundo ocidental orientou. A campanha eleitoral de Kennedy esteve fundada num verdadeiro terror psicológico de que os Estados Unidos seriam destruídos pelos comunistas. Desde a Segunda Guerra Mundial. Evidentemente que sim. a monoprodução de matérias-primas. Granada. Lutar contra multinacionais é uma forma de enfrentar o imperialismo? R. a união das nações oprimidas passa necessariamente pela revolução político-social. P. e nada dizem sobre a massacrante ditadura no Chile. A doutrina Monroe não é mais lembrada. na medida em que elas também atuam em alguns países da Europa Oriental.. Entretanto. entre economias capitalistas e socialistas. países da Europa etc. Tudo começou no conflito entre Cuba e as empresas de petróleo que operavam neste país. os imperialistas. mas de mercados financeiros como Brasil. da América Latina. O significativo de tudo isto é que as multinacionais apresentam um tal grau de autonomia. com graus de desenvolvimento diferentes. . mesmo. Isto significa que existem movimentos de fundos das filiais de países pouco desenvolvidos para as filiais de países desenvolvidos. porque os investimentos no Exterior. O governo de Fidel respondeu com a nacionalização. particularmente no caso dos Estados Unidos. As empresas negaram-se a refinar o óleo cru importado a baixos preços da URSS.conseqüência da abundante e barata mão-de-obra. pelo menos. entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos e. não saem deste país. Em segundo lugar. pois de alguma forma exportamos capitais. todas integradas na mesma empresa. a colocar em risco o poder do Estado-nação. Se usarmos a definição de Lênin podemos dizer que somos nós. com regimes políticos e sociais distintos. O fato de que as multinacionais fazem seus investimentos em regiões diversas. que são capazes de desenvolver estruturas de gestão em escala mundial e de alguma forma começam a superar ou. que levou à invasão da baía dos Porcos e ao problema dos mísseis.. o governo dos Estados Unidos tem usado o poder das multinacionais como instrumento de política externa. Basta lembrar a crise de 1960. cria uma base econômica comum e consegue a integração mundial que rompe as fronteiras tradicionais entre nacional e internacional. A média de expansão territorial. A conquista militar e política de milhões de seres humanos de outras raças e culturas era induzida pela exportação de capitais que não rendiam juros suficientes na Europa. o desenvolvimento capitalista destes países. a grande distância dos demais. Contudo. o aumento na produção de artigos industriais ia ampliando a necessidade de mercados exteriores que consumissem os excedentes. foi de 560. ao mesmo tempo. unidos a um crescimento demográfico que se processava desde o século XVIII. econômica e cultural da África.000 km por ano. na medida em que foi o comércio das matérias-primas. cuja produção na Europa havia diminuído pelo êxodo rural ou simplesmente porque se tornara mais barato comprá-los em mercados externos. todas se relacionam com o desenvolvimento do capitalismo industrial nos países imperialistas. o que é imperialismo? Entre 1870 e 1914. comandado por poderosos monopólios de banqueiros. investidores e industriais.1. O desenvolvimento industrial ampliou a demanda de matérias-primas. o economista inglês John A. durante este período. a Europa Ocidental e os Estados Unidos arquitetaram a conquista política. e. o crescimento das populações urbanas fez aumentar a demanda de aumentos. A este conjunto de processos denominou-se imperialismo comercial. Por outro lado. do imperialismo é a influência que tem nos investimentos. Hobson abria o jogo ao escrever: "O fator econômico mais importante. muitas das quais se produziam em condições mais vantajosas fora da Europa e Estados Unidos. Oceania e América Latina. Repartiram o mundo entre si e organizaram poderosos impérios coloniais que só tinham em comum o desenvolvimento da acumulação capitalista. Em 1902. No entanto. Este período ficou conhecido como imperialista e as causas desta expansão foram diversas. controlar e dominar vastas regiões do mundo. significou uma transformação acelerada na estrutura econômica e nos hábitos sociais destes países. o imperialismo tinha outras máscaras e razões mais sutis e menos transparentes. alimentos e bens manufaturados que estimulou os países industrializados a penetrar. Ásia. Esta forma de penetração é conhecida como imperialismo financeiro. Efetivamente. O crescente cos2 . 6 Cartaz alemão de 1919 com os seguintes dizeres: "Sem nossas colônias. não teríamos matéria-prima." . Em 1914. O Imperialismo. Que esta política leve consigo o governo direto dos arquipé- . Grã-Bretanha. na Grã-Bretanha e 'rança. em um famoso livro publicado em 1916. outros autores retomaram as idéias de Hobson e tornaram-nas mais precisas. de forma menos intensa. Além do mais.659 milhões. quando se iniciou a partilha do mundo pelos trustes internacionais e terminou a repartição de toda a terra entre os países capitalistas mais importantes".681 milhões de libras esterlinas. a magnitude de suas operações e suas ramificações organizativas espalhadas por todo o mundo convertem-nos em elementos decisivos e fundamentais na marcha da política imperial. quando tomou corpo a dominação dos monopólios e do capital financeiro. mas não teme sê-lo se isso significa que os Estados Unidos defenderão seu direito a mercados livres em todos os velhos países que estão se abrindo para os recursos excedentes dos países capitalistas e obtendo por isto os benefícios da civilização moderna. em países estrangeiros ou em colônias. Alemanha e Estados Unidos — haviam colocado no exterior 2. e. pelos mercados externos e melhores condições para arrancar lucros maiores. e de receber uma renda cada vez mais alta por este investimento". Todas as nações industrialmente desenvolvidas trataram de colocar uma grande parte de seu capital fora dos 7 limites de sua própria área política. os grandes trustes internacionais. Isto significava prognosticar um período de guerras e revoluções como conseqüência da luta entre os países imperialistas.mopolitismo do capital constituiu-se na mudança econômica mais notável que se registrou nas últimas gerações. Um empresário americano. entre os monopólios internacionais. Etapa Superior do Capitalismo. nasceram em fins do século XDC. existiam 122 trustes de origem americana. Particularmente. E mais adiante arremata: "A riqueza destes grupos financeiros. em todos esses países existia um grande excedente de apitais para ser exportado. em 1898. Têm mais interesses do que ninguém nas atividades imperialistas e os maiores meios de impor sua vontade às decisões políticas nas nações". definia este processo histórico da seguinte forma: "O imperialismo é um capitalismo na fase de desenvolvimento. França. 60 ingleses e 167 franceses. quando ganhou significativa importância a exportação de capitais. De fato. Em 1885. os quatro maiores investidores mundiais — em ordem de importância. dizia: "Quem escreve isto não é um advogado do imperialismo por sentimentalismo. muitos dos quais dariam origem às grandes empresas multinacionais de hoje em dia. alemães e suíços. Lênin. os monopólios que associavam grandes industriais e poderosos bancos foram um fenômeno característico da economia americana e alemã dessa época. esta cifra foi para 7. Antes de 1914. Anos depois. esteve muito presente na expansão britânica sobre a índia. para muitos governantes. mas também se vinculou ao pensamento político de certos governantes. A idéia de que um país deve transformar-se em uma potência mundial não só está ligada à própria natureza do capitalismo como sistema mundial. a formação de um império colonial por parte de um país foi vista como instrumento de força e prestígio que podia romper o equilíbrio entre as potências. não apenas dos governos desses lugares. estabelecem alianças para evitar o isolamento. a condição de potência mundial estava ligada à possibilidade de controlar matérias estratégicas tais como cobre. grupos de intelectuais e políticos nacionalistas em geral. Enfim. empregando capitais e empresas norte-americanas nestes países. Os Estados. única forma de proteger os co-nacionais." Além destes fatores de ordem econômica.. como também da ação das outras potências ocidentais. que se transformou em Tríplice Aliança em 1882. de alguma forma. neste período. de poder. Finalmente o acordo anglo-russo de 1907 fez surgir a Entente Cordiale. com a qual firmou uma aliança em 1894. buscou seus próprios aliados: primeiro a Rússia.lagos semi-selvagens pode ser objeto de discussão. levados a uma concorrência política crescente com os vizinhos. Este elemento. estimulava a conquista de uma fronteira mais extensa. grandes blocos de poder. Desde 1870. mais adiante. O temor de que uma potência estrangeira ameaçasse uma possessão colonial. como veremos mais adiante. a concorrência internacional e as relações entre os países haviam se tornado mais complexas.. totalmente isolada. A primeira aliança internacional foi a austro-alemã de 1879. em 1904. outros de natureza político-estratégica. Neste sentido. detalhadamente. a Grã-Bretanha. mas do ponto de vista econômico só há uma opção: entrar. ferro. políticos e militares a condição de potência implicava a necessidade de ter colônias. borracha. Por outro lado. A França. prejudicaria o vizinho. dentro e fora da Europa. Também é necessário lembrar outras motivações que. petróleo etc. quando a Itália e a Alemanha acabavam de unificar-se politicamente. e em seguida. protetorados. foi a disputa do Egito entre Grã-Bretanha e França. . bases navais em todos os continentes. Um exemplo claro disto. Esta idéia de potência mundial tinha muito a ver com o prestígio da nação. que alguns historiadores chamaram de um "acumulativo processo preventivo". com o ingresso da Itália. Este jogo político significou que qualquer mudança de posição. parcialmente. o equilíbrio político europeu e a influência que a nação podia e devia exercer no mundo. na competição. diplomática e nacionalista intervém na expansão imperialista. como será visto. Os blocos beligerantes da I Guerra Mundial estavam formados. Surgem. foi notória a visão de que a colonização era uma missão civilizadora de uma raça superior. uma luta semelhante se produzia entre as raças humanas e as nações com idênticos resultados. o que lhe outorga direitos indiscutíveis para dominar as raças de cor evidentemente inferiores: "Provavelmente todo mundo estará de acordo que um inglês tem direito a considerar que sua forma de entender o mundo e a vida é melhor que a de um hotentote ou um maori e ninguém se oporá. do mais forte era demonstrada pela forma criativa dos gigantes da indústria que engoliam os competidores mais fracos. Ao mesmo tempo. a seleção natural não era nada além da livre troca dos produtos entre os homens. que justificava a conquista e destruição de sociedades inferiores. sua superioridade. escrevendo sobre o conflito com os boêres da região do Cabo. Em outras palavras. A luta pela sobrevivência entre os animais correspondia à concorrência capitalista. Edmond Desmolins. a sobrevivência do mais capaz. na África.. O sucesso dos negócios demonstrava habilidade superior de adaptação às mudanças. Assim como existia uma seleção natural entre as espécies. Escrevendo sobre a vida e façanhas de Hubert Hervey. era feita em nome do progresso. e particularmente o inglês. em seu caminho para o enriquecimento.9 dade que o europeu e o americano viam em suas instituições políticas. como a elaborada pelo filósofo inglês H. Um autor da época. esta imagem era estimulada por doutrinas marcadamente racistas. Spencer. Esta dura concorrência em âmbito internacional. a branca. Afirmei que esta lei é a única que explica a história da raça humana e as revoluções dos impérios e que. chega um momento em que fica estabelecida oficialmente. Segundo essa filosofia. e todo o processo de nosso desenvolvimento colonial". além disso. se a luta pela existência resultava na sobrevivência e predomínio dos animais e plantas mais capazes. seja pela força das armas. na organização da sociedade. Por estas razões. de modo inevitável. o fracasso indicava capacidade inferior. formula a questão da seguinte forma: "Quando uma raça se mostra superior a outra nas manifestações da vida nacional. de modo permanente. Esta convicção baseava-se na superiori. ela também existia na sociedade. é o único que sabe governar.constituem outras tantas explicações do processo de colonização mundial. esclarece e justifica a apropriação. alto funcionário da British South African Chartered Co. termina por dominar a vida política e impor. Seja que esta superioridade se reafirme por meios pacíficos. do territórios da Ásia. África e Oceania. em . no desenvolvimento industrial. Assim. já que interrompia o processo pelo qual a natureza impessoal premiava o forte e eliminava o fraco. a Teoria da Evolução de Darwin podia ser aplicada perfeitamente à evolução da sociedade. conhecida por "darwinismo social". a intervenção do Estado era prejudicial. o conde Grey acaba concluindo que o branco. como afirmara Darwin. pelos europeus. " No entanto. no Congo de Leopoldo II... Há alguma probabilidade. posto que são melhores e mais eleva10 dos. a que a Inglaterra faça o possível para impor a estes selvagens os critérios e modos de pensar ingleses. .princípio. por remota que seja. como os darwinistas sociais estabeleceram. não só o Mulheres africanas acorrentadas. de que num futuro previsível possa desaparecer o abismo que agora separa os brancos dos negros? Pode haver alguma dúvida de que o homem branco deve impor e imporá sua civilização superior sobre as raças de cor?. a . a preguiça dos povos selvagens deixem indefinidamente sem emprego as riquezas que Deus lhes confiou. particularmente o da "guerra justa". Sarrault expôs seus argumentos com fria e cega convicção. Apesar de alguns perigos e de algumas servidões que a Europa deve suportar e de algumas compulsões para abdicar que recebe. Este princípio é usado em nome da humanidade e não 11 se discutem os meios. tanto para a Europa como para meu país. Poder-se-ia pensar que estas idéias não passavam de simples curiosidades arqueológicas européias. Eu nego com todas minhas forças e repudio com toda a energia de meu coração todas as tendências que procuram. Folliet. é direito das sociedades — prejudicadas por esta administração defeituosa — tomar o lugar destes administradores incapazes e explorar. esta injustiça não pode ser admitida. mas. com a missão de utilizá-las para o bem de todos. nem pode aceitar mais que a incapacidade. Albert Sarrault. A natureza foi injusta porque repartiu de forma desigual os recursos. não deve desertar de sua linha colonial. o despejo da tutela ocidental nas colônias". Grandeza y servidumbres colonia- les. sua autoridade colonial. pois a teologia espanhola do século XVI formulou toda uma teoria para justificar a conquista da América. deixando em mãos de povos inferiores riquezas que os povos mais capacitados não podem aproveitar. respondendo que. doutor em filosofia tomista: "A humanidade não deve. A desigualdade criada pela natureza deve ser eliminada em nome da humanidade. J.branco é superior ao homem de cor. em benefício de todos. É justo que tal estado de coisas se prolongue indefinidamente? Esta é a pergunta que se formula um dos mais intransigentes defensores do imperialismo francês. agente da civilização. transcritas por um católico defensor do imperialismo francês. Ali. o índio e o amarelo não sabem usar convenientemente. a negligência. Age-se. A Europa não abandonará. a visão racista da colonização foi alimento nacional. a colonização. Alguns dos princípios formulados por Francisco de Vitoria em Relecciones teológicas. Representantes da Igreja defenderam este princípio de "direito de colonização" que na realidade é um "direito à violência" contra o mais fraco. Por exemplo. em um país tão novo como os Estados Unidos. para o bem de todos. absolutamente. assim. E isto não é surpreendente. deverá tomar a seu encargo a valorização e a circulação das riquezas que possuidores fracos detenham sem benefício para eles próprios e para os demais. serão retomados por leigos e eclesiásticos da época do imperialismo moderno. os bens dos quais eles não sabem tirar partido". Vejamos alguns trechos: "Em nome do direito de viver da humanidade. ainda que isto crie a desigualdade entre os homens. como tem o direito indiscutível de apoderar-se de tudo o que o negro. as seguintes palavras do reverendo padre Müller. em nome da humanidade. Se forem encontrados territórios mal-administrados por seus proprietários. Ela está no comando e no comando deve permanecer. Em um livro publicado em 1931. O historiador John Fiske endossava essas idéias em um ensaio intitulado Manifest Destiny. Em 1885. Os anglo-saxões deviam estender-se sobre toda a superfície terrestre. este princípio racial da expansão colonial foi levado à prática pelo aventureiro norte-americano William Walker . América Central e do Sul. serviu para justificar todo o expansionismo do século XIX. A doutrina era uma espécie de sentimento com vistas a um objetivo final. depois para construir um império econômico e político no ultramar. primeiro contra os índios para conquistar as terras do Oeste. Como veremos mais adiante. de 1885. começando pelo México. sobre a África e sobre todo o mundo. o pastor Josiah Strong escreveu que os anglo-saxões estavam encarregados pela divindade de ser os guardiães da espécie humana e que Deus os havia preparado para a guerra final entre as raças. com a proteção da Divina Providência.Exótica decoração de um teatro ao ar livre francês no início do século XX. doutrina do Destino Manifesto. inspirada do darwinismo social. Walker fundamentou sua saga com as seguintes palavras tomadas de seus escritos doentios: "Só 13 os néscios falam de estabelecer relações duráveis sem o emprego da força entre a raça americana pura. . políticos. em 1855. tal como se encontra no México e na América Central. conquistou a Nicarágua. comerciante ou simples turista. como soldado. Poder-se-á dizer que uma minoria trabalhou com essas idéias e que a maioria dos europeus e americanos lhes foi indiferente. Ásia e América Latina constitui a prova mais irrefutável de que aqueles teóricos interpretaram acertadamente o sentir cotidiano de qualquer branco que vivia em Londres. racistas etc. Como veremos mais adiante. o imperialismo aglutinou todos estes elementos econômicos. Honduras e El Salvador para cumprir os desígnios ou o destino de uma raça superior.que. Bastou que alguma dessas personagens chegasse a estes continentes. para sentir-se interpretado por aquelas extravagantesteorias. tal como existe nos Estados Unidos. Paris ou Nova Iorque. A história do mundo não oferece uma visão tão utópica como a de uma raça inferior submetendo-se mansa e pacificamente à influência dominadora de um povo superior". funcionário. mas o que o imperialismo fez na África. e a raça mestiça hispano-índia. porém em todos os casos o • que estava por trás era a expansão a nível mundial das relações capitalistas de produção. como aconteceu em algumas áreas. o continente que mais sofreu com a devastadora ação do imperialismo. O imperialismo na África . a resistência que opôs significou um esmagamento maior. provavelmente. talvez porque fosse o mais débil ou. Em todo o caso.2. o imperialismo na áfrica A África foi. foi o único continente a ser dividido sem que se respeitasse a unidade lingüística e cultural de seus povos. a penetração imperialista tem de ser examinada por partes ou áreas de conquista. ao contrário. Por estas razões. Estas duas cidades serão unidas por estrada de ferro em 1889.A Caverna de Aladim A penetração européia np mundo muçulmano. Em 1830. por 21 linhas marítimas. Em 1869. Desde 1834. ao Iraque pelo golfo Pérsico. Outro elemento importante era o estado de organização social e po- . influenciar o sistema político. realizou-se a convenção comercial com o Império Otomano. que cancelou os monopólios do sultão e outorgou grandes benefícios e liberdades aos comerciantes ingleses. era de grande importância para a Inglaterra e para a França. entre as quais a mais decisiva. o Tigre e o Eufrates. foi iniciada gradualmente desde o começo do século XIX. na índia. Em 1869. desequilibrar a economia doméstica. Itália e Inglaterra. por várias razões. A primeira grande estrada do Oriente Médio construída por uma companhia francesa é inaugurada em 1863 e faz a ligação entre Damasco e Beirute. de Jerusalém a Jafa. o norte da África exerceu grande atração sobre os europeus. com o canal de Suez. Em 1845. os franceses obtiveram um tratado de comércio com a Tunísia. seja por via marítima. países que acabaram dominando a região. inaugura-se outra. permitiu ao capitalismo europeu extrair desses países os produtos necessários à indústria. Em 1910. no Egito. através do Mediterrâneo e. uma linha de navegação inglesa unia Suez. os ingleses conseguem um tratado semelhante com o Marrocos. à França. A navegação a vapor ganha os rios. a Bombaim. constrói-se a ferrovia Damasco-Medina. Dentro do mundo muçulmano. A proximidade com a Europa. entre Damasco e Beirute. O sistema dos tratados de comércio. De 1900 a 1908. O mesmo farão os franceses. Em 1838. Em 1856. Outro instrumento de penetração e domínio foi a política de melhorar as comunicações desses países. o que permitia aplicar os capitais excedentes da Europa. são navegados por quatro vapores ingleses.500 navios que transportam mais de 16 milhões de toneladas de mercadorias. é inaugurado o canal de Suez.486 navios navegam pelo canal. no Iraque. são 4. Em 1870. Desde 1839. fluvial ou terrestre. que unia esse mar ao mar Vermelho e ao oceano Índico. norte da África e Oriente Próximo. pelo Bósforo e mar Negro. era o caráter estratégico dessa região na política mundial. o Egito estava unido a Constantinopla pelo Mediterrâneo e o estreito dos Dardanelos. para logo transformá-los em colônias. Em 1872. garantias diplomáticas etc. através de tratados comerciais com as sociedades árabes. a Odessa. à índia e à China pelo mar Vermelho e oceano Indico. Em primeiro lugar. desde 1869. outra companhia de navegação une Alexandria e Constantinopla. das quais 17 eram européias. fundado pelo sultão Osmã no início do século XIV. eram províncias do império. os outros países. entre as quais se destaca a guerra liderada por Abd-el-Kader. depois do esplendor e poder que o levaram a conquistar a península Balcânica. Se para os russos era importante destruir o império para obter uma saída para o Mediterrâneo. Evidentemente que existiam outros velhos motivos como a pirataria. Na verdade. Isto permitiu a instalação dos europeus. que perturbavam o comércio francês no Mediterrâneo. Argélia e Egito. passou a merecer o título de "homem doente". entre 1834 e 1847. e para os europeus estava claro que os demais seguiriam o mesmo caminho. a conquista foi decidida por esses acidentes que não se adaptam a nenhuma teoria: uma bofetada no rosto do cônsul francês. caiu na mais profunda decadência durante o século XIX. não poderia suportar tal injúria. sediada em Argel. pois foi conquistada pelos franceses em 1830. . mais por razões de política interna francesa que por interesses econômicos. As potências foram destruindo o Império Otomano aos poucos. A Argélia constitui um caso especial. fraco demais para exercer qualquer autoridade efetiva sobre essas regiões. e no século XVI o norte da África. O prestígio político do reino de Carlos X. para fazer o comércio. Trípoli. por dominar a região dos estreitos entre os Bálcãs e a Ásia Menor. para os ingleses e austríacos era importante mantê-lo para frustrar a política russa. devido ao nome da dinastia reinante. Tunísia. também conhecido por Otomano. As sucessivas insurreições que colocavam em perigo as fronteiras da colônia obrigaram a França a conquistar a Tunísia em 1881 e o Marrocos em 1911. Grécia. O Império Turco. depois as províncias africanas. a conquista da Argélia permitiu aos franceses orientar toda a política imperialista sobre o norte da África e o interior do Saara. Desde 1830 os franceses tiveram que enfrentar uma resistência constante das populações árabes. dado pelos russos. emprestar dinheiro e construir ferrovias. Esta perspectiva permitiu aos banqueiros facilitar o dinheiro necessário para a independência. Desde 1847 o Egito conseguira sua independência formal.lítica bastante superior ao resto da África. sem grandes dificuldades. Bulgária etc. na Europa (1354-1453). Com exceção do Marrocos. De qualquer forma. desmembrando primeiro as partes européias. denotado com o esforço de um exército de mais de 100 mil soldados. Sérvia. dada pelo governante árabe. Apesar de sua importância. por causa de uma dívida de 13 milhões de francos da França para com o país árabe. muito deteriorado e estando próximo de uma revolução. os países credores. sem menosprezar o interesse estratégico. reunido para discutir a questão dos Bálcãs criada pela guerra russo-turca. não apenas por se situar na fronteira oriental da Argélia. explorou as diferenças entre as potências. Quanto à França. Os dois países estavam de acordo em que a França deveria ocupar a Tunísia para compensá-la — mantendo o equilíbrio de forças — pela aquisição do Chipre pelos ingleses — arrancado da Turquia — e pela Alsácia-Lorena que os alemães haviam tirado dos franceses ao final da guerra franco-prussiana de 1870. e em 1867 a dívida chegava a 160 milhões. o prestígio internacional fundado sobre as glórias do exército. Não é menos importante o fato de que o próprio governo tunisiano. Quando o governo tunisiano percebeu que não tinha nenhuma condição para pagar sequer os juros atrasados. Grã-Bretanha e Alemanha também tinham interesses no país. a 17 Argélia representou também o que se denominou de imperialismo militar.000 hec- . isto é. Assim. era de 28 milhões. no Congresso de Berlim de 1878. A Itália não só tinha interesses econômicos. como um interesse sentimental que não pode ser desprezado: a antiga Cartago havia sido parte do Império Romano. Em 1859. França. Alemanha e Grã-Bretanha decidiram que a França deveria ocupar a Tunísia. a questão financeira em primeiro lugar. quando em 1880. porém. Apontemos apenas alguns deles. Itália e Inglaterra organizaram uma comissão internacional para administrar a dívida e as rendas do país. Da mesma forma que se repartiam brindes. de 35 milhões. o governo real passou às mãos dos europeus. em 1862. Vejamos.É importante assinalar que além dos interesses econômicos o imperialismo da França foi dinamizado por uma política preventiva que resistia a qualquer ameaça mais séria a suas possessões coloniais. como fizeram outros países em vias de ser transformados em colônias. em 1863. às vezes com uma finalidade estritamente mercantil de algum de seus ministros. A conquista da Tunísia pelos franceses representa um bom exemplo de imperialismo financeiro. O governo tunisiano havia contratado empréstimos sobre empréstimos para pagar os juros e amortizações dos antigos. como porque a Itália. Nesse sentido. ainda que formalmente o país continuasse independente. Evidentemente havia uma infinidade de outras razões que faziam do país árabe um objeto de política internacional. Os intrincados meandros do jogo diplomático não podem ser expostos em todos os detalhes. O país interessava à Alemanha e à Grã-Bretanha porque viam nele um ponto de equilíbrio do sistema internacional. a dívida pública tunisiana era de 12 milhões de francos. um grupo financeiro francês decidiu comprar uma fazenda de 90. Este foi o mecanismo mais transparente do imperialismo. a posição geográfica da Tunísia era fundamental para a estratégia política no Mediterrâneo e a segurança da Argélia. De fato. O Tratado de La Marsa. A não ser alguns tratados comerciais muito limitados. em 1904. assinado em 1883. mais precisamente 1887. O Marrocos era outro país árabe que interessava às potências por razões estratégicas — uma provável influência sobre o estreito de Gibraltar por razões comerciais e financeiras. Em 1905. ficou em segundo plano. a revolta tunisiana de 1881 deu motivo à ocupação militar. No entanto. quando o chanceler alemão apoiou os "acordos mediterrâneos" entre Inglaterra. regulamentava os conflitos coloniais. o primeiro-ministro tunisiano tentou benefícios ilícitos atraindo os italianos e colocando obstáculos à compra francesa. com interesses no país desde o século XVI. na época do imperialismo moderno a Espanha não era uma potên- . opôs forte resistência a qualquer tipo de contato com os infiéis. o imperador Guilherme II. não fez mais do que enfrentar uma dura luta diplomática contra franceses e italianos. os europeus nada conseguiram do país. entre outras coisas. Algo semelhante ocorreu com o monopólio ferroviário. Este fato exasperou a diplomacia francesa que considerou abalado seu prestígio no país. Finalmente. especialmente sobre o Marrocos. A conquista do Marrocos colocou em conflito França e Alemanha. declarou que a Alemanha daria proteção à independência do Marrocos. através de uma política duvidosa. Além do mais. Um ano antes do discurso de Guilherme II em Tânger. Contudo. enquanto a Espanha. Itália. em um discurso pronunciado em Tânger. Esta política remontava à época de Bismarck. pois em 1894 assinava-se o tratado franco-russo. Os interesses espanhóis no Marrocos remontam ao século XVI. a Grã-Bretanha e a França assinaram a Entente Cordiale que. a política agressiva da Alemanha na China e o desenvolvimento industrial separaram-na definitivamente da Grã-Bretanha. e a Inglaterra aceitava apoiar um protetorado francês no Marrocos. A França tinha um interesse especial porque este país era vizinho ocidental da Argélia e abrigava os movimentos de insurreição contra o colonialismo francês. pois este Estado islâmico. O governo árabe. Só no começo do século XX é que se apoderam do Marrocos. independente e bem organizado. Áustria e Espanha para manter o status quo neste mar e com isto impedir a expansão francesa na área.tares para especular com a terra e o crédito agrícola. a política alemã de manter isolada a França não daria os resultados esperados. A França renunciou definitivamente a qualquer pretensão sobre o Egito. tornou o país um protetorado francês. justamente porque podia ou pretendia com esta política obter vantagens. A Alemanha se opunha a um protetorado francês ou de qualquer outra potência. Ali a penetração européia foi muito difícil. A corrida para o Marrocos. A Alemanha se valeu deste fato para enviar um navio de guerra a Tânger e forçou a França a um acordo segundo o qual a Alemanha aceitava o protetorado francês sobre o Marrocos. Em 1904 assinou com a França. um tratado que lhe deu o controle da parte norte marroquina. Em 1911. foi assinado o Tratado de Algeciras entre o governo do Marrocos. cia mundial. Paris. em 1906. Estas palavras encerravam uma admiração e uma curiosidade científicas que bem poderiam resumir o que mais tarde se transformaria nos "interesses culturais" franceses por este país. França e Espanha. a mal-sucedida conquista napoleônica — pois a destruição da esquadra francesa pelos ingleses deixou Napoleão preso em . a França rompeu este acordo ao ter que intervir no interior do país. logo após a ocupação do Egito (1798-1801). em troca de uma parte do Congo francês. que permitia aos países europeus manter uma polícia militar nos portos para combater a pirataria. "Do alto destas pirâmides cinco mil anos os contemplam" Palavras de Napoleão a seus soldados acampados junto às pirâmides de Gizé. De fato. Em 1906. e por isso teve que se conformar com alguns acordos que lhe permitiam manter suas antigas possessões. Em 1912 o sultão do Marrocos aceitou o protetorado francês. Biblioteca Nacional. acolhendo pedido do governo marroquino. segundo o chargista Assus. com a condição de que o interior do país continuasse sob as ordens dos soldados árabes. "a verdadeira intenção do plano em conjunto era claramente política. melhorou-se o sistema de recolhimento de impostos. que era o dobro do normal. que fiscalizariam as finanças e que. de fato. passariam a governar o país. estimularam-se as exportações. estabeleceu-se o poder egípcio sobre o Sudão Oriental e o mar Vermelho. cada momento da intensa luta diplomática pelo país. Como definiu um historiador importante.000 km de canais de irrigação. sistema bancário e melhoria dos serviços públicos. Sábios franceses como Berthollet. Sua função era utilizar os fundos proporcionados pelos interventores para pagar os juros e liquidar a dívida. No ano seguinte. Para evitá-la. em separado. durante o século XIX. Além disso criou-se a Comissão Internacional de Liquidação da Dívida.(N. A Alexandria e o Cairo eram centros de civilização européia.500 km de vias férreas. Mariotte etc. Além do mais. em conjunto e. Sob este governo iniciou-se a modernização do país: ampliaram-se as comunicações. um alemão.000 km de telégrafos e 13. iniciadores da egiptologia. Novamente os interesses culturais. As inversões de capital europeu adotaram em sua maior parte a forma de empréstimos ao governo a juros de 12%. políticos. Antes da ocupação britânica de 1882. determinando. A Grã-Bretanha e a França podiam controlar o governo Quediva: título próprio do vice-rei do Egito. o Egito era uma província do Império Turco que havia conseguido a independência virtual sob o reinado de Muhammed Ali. Em 1875. dois franceses. Em 1880 essa dívida era de 90 milhões de übras egípcias e seus juros consumiam totalmente as rendas públicas. que governou entre 1811 e 1847.) . uma série de estudos e escavações sobre o passado milenar da civilização egípcia.000 europeus dedicados ao comércio. enquanto o quediva\ fingiria governar através de um gabinete formado exclusivamente por egípcios. resgates através de bônus e obrigações que constituíram a dívida pública egípcia. do T. Até 1860 o Egito era considerado na Europa como um integrante do sistema econômico europeu.sua própria conquista — serviu para desencadear. criaram nos franceses e no mundo do século XIX este interesse pelas coisas do Egito. um austríaco e um italiano. O país contava com 1. formada por dois britânicos. a falência era iminente. Naquela época. estratégicos e econômicos estiveram estreitamente misturados. Sem dúvida. o governo teve que vender suas ações no canal de Suez para poder pagar parte da dívida atrasada. às vezes. 8. a Grã-Bretanha e a França criaram o "Controle Dual" formado por um interventor inglês e outro francês. o desastre financeiro egípcio comandou os momentos decisivos. Champollion. havia no país cerca de 100. Disraeli comprando do quediva as ações da Sociedade do Canal de Suez. conseqüentemente. Punch. egípcio por meio dos interventores e dominar a Comissão da Dívida graças à sua maioria de quatro membros contra três". sobre o Egito. Suez e. Os interesses franceses no Egito eram financeiros e culturais. Engenheiros franceses haviam construído o canal. pressionada pelos investidores franceses. A política britânica no Mediterrâneo Oriental e os fortes interesses no oceano Índico projetaram essa política sobre o mar Vermelho. ao temor do governo inglês de que a França ocupasse o país. basicamente. 26 de fevereiro de 1876. o Egito era um objetivo político-estratégico. A ocupação militar do Egito pelos britânicos deveu-se. destituindo os funcionários europeus que administravam a dívida pública. Isto desagradou a França e assustou os acionistas. a maioria das obrigações financeiras egípcias estava em mãos dos investidores franceses e o comércio com Marselha havia se desenvolvido desde o século XVIII. Com efeito. Foi neste momento que a Grã-Bretanha pressentiu a interven- . A influência da cultura e tecnologia francesas remontavam à época em que Napoleão invadiu o país. as dificuldades financeiras levaram o governo egípcio a reorganizar a administração. o que asseguraria o controle inglês sobre a rota da índia. Para os britânicos. Foi justamente este domínio que induziu os ingleses a comprar as ações egípcias no canal e foi a justificativa do primeiro-ministro Disraeli perante o Parlamento: o canal tinha muito mais importância política que financeira para o Império Britânico. Este projeto foi-se concretizando paulatinamente. Para o primeiro-ministro alemão Bismarck. Em 1883. ao Cairo. o país começava a ser agitado pelos nacionalistas que resistiam ao poder estrangeiro. que não tinha interesse especial no país. O movimento dirigido por Arabi recebeu apoio de todos os setores do país e organizou levantamentos populares no Cairo e Alexandria. Esta última cidade foi bombardeada pela frota anglo-francesa em 1881 para conter a revolta. adquiriu importância inusitada. guerras cruentas com as populações autóctones. estalou em Alexandria um violento motim popular que deixou como saldo o assassinato de 46 europeus. o saneamento das finanças. pois os obstáculos políticos e militares foram muito maiores que os imaginados pelos visionários. A África Oriental era a chave do Alto Nilo. mas nunca exigiu a saída dos estrangeiros do país. o avanço de norte a sul e de sul a norte simultaneamente não foi coisa fácil. contra os pesados impostos. no campo. Em 15 de julho. na África do Sul. De fato. através da Câmara de Notáveis composta por 65 latifundiários árabes. era Arabi quem governava o país. foi provavelmente um grande sonho estratégico dos ingleses. A organização de um novo governo. os britânicos ocuparam Alexandria e em 13 de setembro. bosquímanos. à medida que era induzido por outros fatos construídos pelo próprio imperialismo. no norte da África. mas não chegou a propor uma nova constituição. Na África Oriental. Contudo. Do Cabo ao Cairo Unir a colônia do Cabo. no exército. O movimento nacionalista foi liderado por um grupo de oficiais egípcios dirigidos pelo coronel Arabi. a pacificação da população não foram tarefas fáceis. A conquista do Egito foi um fato fundamental para a orientação do imperialismo britânico na África Oriental. mas nunca propôs a suspensão do pagamento da dívida externa. o exército de Arabi era derrotado em Tell-el-Kabir.ção. ho- . que começava a expulsar e destruir a ocupação egípcia. Era um movimento que não tinha uma ideologia política definida: era xenófobo. a situação era grave e era necessária uma intervenção coletiva que pudesse conter os franceses. reclamava contra a situação econômica. Dentro da administração a luta era contra os funcionários europeus. região sobre a qual os ingleses não tinham interesses definidos. Cecil Rhodes. especialmente do conquistador da África do Sul. Além do mais. os ingleses teriam que enfrentar a ameaça militar do movimento nacionalista do Sudão. como já foi dito aqui. logo após a ocupação militar do Egito. contra os oficiais turcos que tinham o comando. pedia reformas políticas. até 1881. Em 11 de junho de 1882. No Sul. Por outro lado. . as rebeliões sudanesas. ocupada pelos holandeses desde o século XVII. como. Rhodes já era um personagem famoso na Europa pela imensa fortuna conseguida na exploração de diamantes em Kimberley. pois assegurava as comunicações oceânicas com a Índia. de. com autonomia política desde 1872. A empresa e os projetos deste aventureiro satisfaziam as aspirações dos ingleses do Cabo. por exemplo. Para colonizar a região do Zambeze. cujo monopólio de venda era concedido a particulares — como os Nóbel — com a obrigação de entregar ao Estado uma parte dos benefícios. O Estado também cobrava elevados impostos sobre os lucros. no coração da África Oriental. exercer um domínio até o norte. A pretensão de ampliar a influência da colônia do Cabo até o norte se chocou frontalmente com as repúblicas bôeres. bantus. dos portugueses de Angola e das repúblicas bôeres. que com o tempo tornaram-se Rodésia do Sul e do Norte. como o próprio poder britânico em toda essa região. na fronteira de Orange. como costumava fazer. o governo de Transvaal exercia um estreito controle sobre a exploração. Até rheados da década de 80. emigraram para o norte. dando início a uma guerra que começou em 1899 e terminou em 1902. a dinamite. o eterno temor da influência francesa sobre o Alto Nilo. e. isto é. através do sistema de monopólio sobre certos instrumentos necessários à produção. Em 1815 o Congresso de Viena ratificou o domínio britânico sobre a região e os. que estava na mira dos alemães. entregou a um particular. permitia o acesso à África Central na região da Becuanalândia. uma sangrenta guerra de dois anos com os boêres.holandeses. mais conhecidas com o nome de repúblicas bôeres. o domínio sobre esta região. como uma delicada situação política que afetava tanto a estabilidade da colônia inglesa. As causas da guerra dos bôeres eram complexas pois não só estavam em jogo milhões de libras investidas na exploração do ouro. uma carta de privilégio real para ocupar e governar as regiões da órbita do rio Zambeze. O interesse dos ingleses pelo Cabo era fundamentalmente estratégico. abrindo uma passagem através dos territórios reivindicados pelos portugueses.tentotes. Satisfaziam também as aspirações do governo britânico de neutralizar a influência alemã e portuguesa na África Central e administrar Becuanalândia sem gastos para o contribuinte inglês. Além do mais. região do Transvaal. a disputa com os alemães que afinal impediram a tão sonhada comunicação. transporte ferroviário etc. onde instalaram dois Estados independentes: a República Livre de Orange e a República de Transvaal. Rhodes fundou a British Sudafrican Company. O governo britânico. e de ouro em Rand. No Norte. Os ingleses estavam na região do Cabo desde 1806. Cecil Rhodes. o governo bôer apoiou a construção de uma linha férrea que comunicasse Pretória com a baía de Delagoa em Moçambique. impedindo qualquer apoio internacional. a pequena república bôer. . no governo de Transvaal. que assegurava as comunicações oceânicas com a Índia. Posteriormente construiu-se outra linha até Natal. pois era uma forma de quebrar o predomínio britânico na região.Esta situação foi criando fortes tensões entre as companhias e o governo bôer. As razões políticas da guerra ficaram evidentes como conseqüência dos contatos econômicos dos bôeres com os portugueses de Moçambique. 6 de janeiro de 1900. o eixo comercial de Transvaal se deslocou para uma região que não estava controlada pelos britânicos do Cabo. Primeiro. situada em território virtualmente controlado pelos britânicos. atra24 vés dos direitos políticos. colônia inglesa ao sul de Delagoa. Outro elemento que ajudou a crise foi o transporte do metal precioso. As companhias julgavam ter direito a uma participação. passava a dominar economicamente toda a região e punha em perigo a independência do Cabo. O imperialismo britânico devia neutralizar politicamente os bôeres. Isto significava uma dependência dos bôeres aos ingleses do Cabo. Para romper essa dependência das exportações. Desta forma. Becuanalândia. Até 1890. Essa aproximação foi abertamente estimulada pelos alemães. o único meio de transporte era a ferrovia que unia Pretória ao Cabo. terminada em 1894. Além disso. a Grã-Bretanha já havia conseguido pôr-se de acordo com os ale- Cavalaria bôer durante a Guerra do Transvaal. Como veremos mais adiante. L'Illustration. cobertos de sangue e miséria. situada entre o Egito ao norte. políticos e estratégicos é tão clara como água. baseada no poderio naval. e não desejava. Como os ingleses não aceitaram esta última condição. nem a Inglaterra nem a . a l i de outubro de 1899 os comandos bôeres iniciaram a guerra que os ingleses acabaram ganhando.mies na África Oriental. foi repartida entre Inglaterra. como já dissemos. por todo o oceano Índico. Com os alemães as coisas foram diferentes. Os interesses privados das companhias se sobrepõem aos interesses políticos e fiscais dos dois pequenos Estados de origem européia e arrastam a nação imperialista à guerra. A África Oriental. A bem da verdade. Desde 1815. a Grã-Bretanha interviera nesta região para convencer o sultão de Zanzibar a pôr fim ao tráfico de escravos negros para a Arábia. apesar de já ter sofrido uma divisão provisória entre a Inglaterra e a Alemanha. desde os Estados islâmicos do golfo Pérsico até o cabo da Boa Esperança. Alemanha e Itália. A guerra bôer mostra bem a natureza e os interesses do imperialismo: a interação dos fatores econômicos. o que conseguiu finalmente em 1873. porque entenderam rapidamente as pretensões inglesas. pois os portugueses não quiseram vender a baía de Delagoa e abriram créditos na França. A França ficava excluída desta região. projetava-se sobre a África Oriental. em troca do reconhecimento. Madagascar ao sul e o vale do Nilo a oeste. cobrariam das colônias portuguesas. e entregar um quarto das cadeiras no Parlamento aos distritos mineiros. o outro caminho do imperialismo foi estimular os ingleses que viviam em Transvaal a exigir os direitos políticos. De fato. o imperialismo britânico se frustraria. por parte da Grã-Bretanha. A Alemanha se comprometia a não intervir na questão bôer e a não permitir a intervenção de outra potência. antes da década de 80. a Grã-Bretanha era a potência com maiores interesses nesta região. de abrir um corredor de comunicação entre o Cabo e o Cairo. justificada por razões estratégicas. Conseguiram eliminar a França que. Em 1898 assinaram um acordo segundo o qual ambos os países facilitariam empréstimos a Portugal. O governo bôer aceitou dar o direito de voto aos ingleses com residência de cinco anos. isto é. da soberania das duas pequenas repúblicas. Firmou-se um acordo em 1862 que obrigava os dois países a respeitar a independência do sultão de Zanzibar e de seus territórios na costa oriental da África. Como supunham que estes empréstimos não seriam pagos. depois de 1884. À sombra do imperialismo ficaram os povos e a terra africana. Contudo. que estava em situação econômica delicada. dominando Madagascar.a influência de outra potência. Assim. estendera sua influência política. Sem grandes interesses comerciais. em 1866. Bismarck apoiou resolutamente a iniciativa de Peters. só havia algumas feitorias européias na costa do Senegal. O amendoim era produzido em abundância em Gâmbia e no Senegal. Livingstone. O conhecimento do interior se devia. Gallieni vai do Senegal a Niger por ordem do rei Amadu e ali pára por dez meses. mais alguns portos comerciais ingleses e holandeses na Costa do Ouro. uma alemã e outra inglesa. o governo inglês estabeleceu oficialmente o protetorado sobre Uganda. os alemães renunciavam a qualquer influência no Alto Nilo. Gâmbia e Serra Leoa. a companhia inglesa pressionou o governo britânico a adotar uma postura oficial. que permitira a união por ferrovia entre o Cabo e o Cairo. Em 1894.Alemanha tinham um interesse oficial na África Oriental. Até 1830. Em troca. Em conseqüência. e nenhuma das duas recebeu apoio oficial até então. muitas das quais viviam do comércio de escravos. O branco trocou a Bíblia pela terra A penetração e a conquista da África Ocidental e equatorial lembra a conquista da América. Stanley. dedicadas à especulação com terra. abatido pela disenteria que o deixa prostrado. Os dois países chegaram a um acordo em 1890: criava-se oficialmente a África Oriental alemã. No entanto. o lago Alberto e o Sudão egípcio. organizou uma companhia de exploração que negociou vários tratados com o sultão de Zanzibar. na medida em que o governo alemão passava a administrar e governar a colônia — funções anteriormente exercidas pela companhia de Peters. Gallieni. após grandes dificuldades conseguiram alguns acordos com os reis negros. aos missionários e aos expedicionários como Brazza. A região era explorada por duas companhias privadas. Por sua vez. A primeira linha . apesar da frustração. quando a iniciativa de capitalistas alemães. O desenvolvimento crescente do comércio desses produtos estimulou o desenvolvimento das marinhas mercantes européias. O maior obstáculo foi o geográfico: climas inóspitos. selvas impenetráveis. a organização das sociedades africanas. que. Conta-se que Savorgnan de Brazza andou perdido 4. o governo alemão se interessou oficialmente pela região. e o azeite-de-palma na Costa do Ouro e no delta do Niger. os ingleses renunciavam ao corredor entre o lago de Niassa e Uganda. O interesse dos europeus pela África Ocidental nasceu pela produção e exportação do azeite vegetal que servia para a fabricação de sabão e para usos industriais. O segundo. os britânicos estavam livres para ocupar uma vasta região compreendida entre a costa. em grande parte. Só a partir de 1884.000 km antes de chegar ao Congo. liderados por Carl Peters. Niger médio etc. eliminando-se os intermediários africanos. A transformação desta região em colônias européias ocorreu paulatinamente por meio de controles oficiosos. L'Illustration. Os franceses. na Nigéria. Dez anos depois já ocupavam boa parte da Costa do Ouro. foram ocupando todas as áreas vizinhas do Senegal. registrada durante a viagem de Savorgnan de Brazza na direção do Congo. que aceitou o protetorado da França. Recepção do rei Makoko. da mesma forma. Os britânicos ocuparam Lagos.regular de vapores foi estabelecida pelos ingleses em 1852. protetorados. Costa do Marfim. Daí para a frente. . áreas de influência etc. A^perietração pelos rios até o interior colocou os comerciantes europeus em contato direto com os produtores. holandesas e francesas passaram a percorrer o trajeto. em 1861. 1882. outras linhas escandinavas. que não é possível expô-los aqui.Por volta de 1880. os estudiosos da questão admitem que aqui se desenvolveu o imperialismo em sua forma mais pura. Fieldhouse. Bamaco no Niger. Por outro lado. O grande projeto francês era controlar o vasto triângulo que se estende entre Saint-Louis. Até meados da década de 1890 o comércio foi o critério da política e de maneira significativa os interesses comerciais levaram consigo muito pouca ampliação em termos de territórios. a conquista se orientou para o sul e sudeste em uma campanha militar na qual os comandantes. tornaram-se heróis para os franceses e bandidos para os africanos.) Foi justamente depois de 1880 que os franceses lançaram-se decididamente à conquista de grande parte da África Ocidental e equatorial. Estabelecida uma linha norte que unia Senegal. no Senegal. que proporcionaria acesso direto ao delta do Niger e uma união. Neste sentido. Os ingleses se apressaram a declarar protetorado sobre toda a costa desde Lagos ao rio dei Rei. O frenético avanço francês intimidou as outras potências. "Uma breve revisão do papel da Grã-Bretanha na repartição sugere que desde o princípio até o final as considerações econômicas ditaram a política. Contudo. com um poder quase independente de Paris. em que os interesses econômicos e as políticas oficiais se entrecruzam de forma complexa. tais como a do Egito. estruturado por alguns dos governadores da colônia. já se discutia em Paris a construção do transariano que uniria a Argélia ao Senegal. via Tombuctu. o subimperialismo do Senegal. Para esta grande conquista organizou-se um exército especial que foi abrindo o interior aos comerciantes. Até 1897.La Expansion de Europa. A Alemanha rapidamente declarou o protetorado sobre o Camerum (atual República Unida do Camarão) e Togo em 1884. todo o interior da costa oeste até o Niger médio fora conquistado. A guerra entre as companhias comerciais no interior da África Ocidental está tão cheia de detalhes intrincados. não apenas a partir do Senegal. assemelhava-se ao dos ingleses do Egito e da índia. Deixemos um historiador autorizado concluir sobre o que aconteceu nesta região africana. a rivalidade franco-britânica pelo comércio do azeite vegetal chegou a um ponto particularmente delicado no norte de Serra Leoa. Niger e Chad. Entre 1889 e 1891. 1830-1914. Este projeto se tornaria mais ambicioso à medida que o imperialismo francês se projetava até o Sudão Ocidental. na região ocidental de Lagos e no Niger. com a Argélia." (David K. virtualmente não compreendendo considerações de prestígio nacional ou estratégia e só marginalmente afetado por outros aspectos da situação africana. e Serra Leoa. Era o imperialismo econômico em sua forma mais pura. no limite ocidental da colônia alemã. sendo precisamente o Senegal o ponto de partida. Economia e Império . mas também da Argélia. os ingleses forçaram acordos com os franceses e . tratava-se de um projeto estritamente econômico para explorar as supostas riquezas da região do rio Congo. sem qualquer apoio do governo belga. devido à expansão francesa no limite norte do Congo. reconheceu a colônia belga como propriedade do rei. Contudo. Em 1884. a região passou a ser governada pela Associação Internacional do Congo e o país passou a chamar-se Estado Livre do Congo. em 1898. Alemanha e Grã-Bretanha. O avanço francês em direção ao Sudão Ocidental foi detido pelos britânicos em Codoc. tratados que lhe outorgavam a plena soberania política desses territórios.alemães para delimitar as fronteiras da Costa do Ouro. que sancionou a partilha da África. A Conferência de Berlim de 1885. Desde então. Nessa divisão e luta por colônias na África. que conseguiu evitar a conquista italiana. Em teoria. colônia constituída como uma empresa privada do rei Leopoldo II. especialmente o interior ameaçado pela expansão francesa e alemã no Alto Volta. cuja independência em relação aos Estados Unidos era problemática. na costa ocidental. conseguiu dos soberanos africanos. pois isso evitava um confronto perigoso entre França. As duas potências estiveram a um passo de um confronto bélico. . Leopoldo viu-se na necessidade de completar seu projeto com a possessão política do território. e a Etiópia (Abissínia). só dois países permaneceram livres: a Libéria. mas preferiram chegar a um acordo razoável. No interior da África equatorial nasceu o Congo belga. que já possuíam territórios antes de 1830.3. Potências menores também estavam instaladas no continente desde o século XVI: a Espanha nas Filipinas.] Possessões alemãs Possessões norte-americanas Possessões holandesas Possessões inglesas TASMÂNIA NOVA ZELÂNDIA O imperialismo na Ásia . Portugal em Macau (China). quatro potências européias desenvolveram políticas imperialistas na Ásia: Inglaterra. o imperialismo na ásia Entre 1830 e 1880. Rússia e Holanda. e a França que iria adquiri-los a partir desta época. nas ilhas TURQUESTÃO COREI Jj JAPÃO O O Hong Kong l i n ÁSIA BETE handernagor(Fr.) ^ § FORMOSA INDOCHINA £*:•:•%! Possessões japonesas Possessões francesas | . a Grã-Bretanha conseguiu um tratado satisfatório com o Sião. Os portos da China se abriram aos poucos. pois não havia nenhuma proteção para as mercadorias e para as pessoas. a China só possibilitava aos estrangeiros comerciar diretamente com Cantão e todo este comércio sofria o monopólio de uma associação oficial de comerciantes chineses. persuasão e acerto de acordos comerciais foi lento. como veremos adiante. A China era outro mercado excelente para os tecidos de algodão e um grande produtor de chá. Goa. o Co-hong. Enquanto os governos asiáticos se dispuseram a fazer essas concessões. as relações se agravaram. Esta última exigência. Durante o século XIX e. o direito de os estrangeiros serem julgados por tribunais e leis de seu país de origem. o comércio era realizado em condições muito difíceis para os ocidentais. O Japão só permitia o comércio com os portugueses. Na verdade. direito de estabelecer empresas comerciais no interior. particularmente desde a segunda metade. a Ásia proporcionava 13. Em 1855. índia. Até 1842. as palavras e os tiros de canhões se alternaram como argumentos. China e Singapura eram os principais clientes. transformou certas cidades asiáticas em redutos ocidentais. As exigências ocidentais aos governos asiáticos eram basicamente as seguintes: liberdade comercial em maior número de portos. Por volta da década de 80. seda e outros produtos primários. os interesses comerciais do Ocidente no continente asiático eram importantes. Além do interesse comercial e das enormes possibilidades de investimentos. maior liberdade de movimentos em direção ao interior. No caso de outros Estados como Anã. Damão e Diu (na índia).5% do total de importações britânicas e recebia 16. uma nova potência ingressou ativamente no concerto imperialista: os Estados Unidos. a expansão imperialista foi estimulada pelos obstáculos colocados pelos governos asiáticos. a França acertou um acordo com Anã. O processo de penetração. quando novas exigências deixaram de ser aceitas. A China e o Japão não permitiram o acesso direto a seus portos e muito menos aos mercados internos. logo após as guerras intermitentes entre 1839 e 1880. Depois da primeira metade do século XIX. as relações foram pacíficas. A índia constituía um mercado vital para o algodão e as exportações metalúrgicas britânicas. onde as autoridades e as leis do país não tinham ação. Sião e Birmânia.Timor (Indonésia). Em 1862. O Japão se rendeu à ameaça naval americana em 1854. Por volta de 1860. melhores condições para os residentes estrangeiros. autorização para construir ferrovias e serviços públicos. neste longo processo. os problemas haviam se acumulado peri- . isto é. No entanto.4% do total de suas exportações desse país. que em termos jurídicos era o direito de extraterritorialidade. 2 2 Sipaio . através do rio Mekong. Em grande parte. No entanto. A China mostrou-se irredutível em não permitir a construção de ferrovias e o acesso de comerciantes para o interior. única forma de estruturar solidamente o vasto império que se estendia pelo Egito. África Oriental. E as fronteiras da índia sempre estiveram ameaçadas por algum Estado expansionista asiático e pelas potências européias. surgia a necessidade imperiosa de dominar todo o oceano Índico. Para Londres. desde a chegada de Vasco da Gama a Calicute. uma praça fortificada de pouco mais de 1 km . que foi o pretexto para o governo inglês tomar em mãos o governo da colônia. Madras. De 1750 a 1858. o subimperialismo de Calcutá. do T. alistado ao serviço europeu. A necessidade de proteger a fronteira norte da índia fez com que os ingleses conquistassem as regiões do Sind (184243). A terra do desejo Assim o filósofo Hegel chamou a delia. Calcultá.) . Maé e Chandernagor. tentassem a anexação do Afeganistão duas vezes — em 1839-1842 e em 1878-1880 — sempre ameaçados pelos russos e.soldado hindu. acertassem a divisão do Irã em duas esferas de influência. em 1887. uma inglesa e outra russa. que efetivamente conquistou grande parte do país. (N. controlando as comunicações oceânicas e os mares e golfos interiores. O governo despótico. os franceses tinham um entreposto em Pondichéry e as pequenas feitorias de Carical. Damão e Diu e os holandeses em Conchim. Neste sentido. Sudão. a Guerra dos Sipaio* em 1858. A índia era uma incrustração na alma dos ingleses e assim como os russos possuíam territórios nacionais na Ásia. desde cedo. Bengala e Bombaim. a colônia foi administrada pela Companhia das índias Orientais.gosamente. em 1498 na costa sudoeste. foi esta ameaça que estimulou. Cabo. Os franceses fracassaram em sua tentativa de unir Tonquim com o sul da China. De forma geral até 1880 só a Grã-Bretanha e a Rússia tinham na Ásia interesses nacionais. por último. E foi realmente o desejo dos europeus. até o começo do século XIX. no sul da China. Dentre todos esses países foi a Grã-Bretanha que fez da índia sua colônia principal. para os ingleses a índia era um prolongamento asiático do território nacional. A Birmânia também colocou obstáculos à construção da ferrovia que uniria o rio Irawadi e a província de Iunã. manter com segurança as fronteiras era objetivo de uma política nacional. o banditismo administrativo e a exploração sem limites originaram a primeira grande rebelião hindu. os ingleses estavam bem instalados em Surrate. Pundjab (1846-49). os europeus só haviam conseguido instalar-se em pequenas feitorias comerciais com direito apenas a exercer o comércio: os portugueses em Goa. os ingleses aceitaram sem temores a ocupação francesa da Cochinchina (1867). Desde o final do século XVIII. na Malásia. em 1802. de todo o Império de Anã e parte do Camboja. Apesar disto. Anã conquistara os reinos inimigos. os missionários haviam estabelecido boas relações com o governo de Anã. A conquista definitiva da parte norte deste país em 1886 foi conseqüência do medo da penetração francesa em Tonquim e da necessidade de defender os interesses comerciais no sul da China. 1824-26 e 1852. Assam e Sião. . mais tarde. quando os franceses se apoderaram de Tonquim (1884). A Cochinchina dos almirantes As causas políticas e econômicas não são suficientemente claras para explicar a ocupação da Cochinchina em 1858-62 e. Anã solicitou ajuda ao governo de Luís XVI. Ali adotou-se a política de "portas abertas" e igualdade de oportunidades para o desenvolvimento comercial.33 ras. equilibrava a influência inglesa. os ingleses se apoderaram da Birmânia. No entanto. Embora os governos franceses nunca tivessem dado um apoio real e efetivo a essas missões. que se preparava para iniciar uma guerra com os reinos vizinhos e hostis de Tonquim e Camboja. encarava-as como uma forma de manifestar concretamente a presença francesa no Oriente. para facilitar sua penetração no mercado da China. A ocupação de Saigon coincidiu com a terceira guerra do ópio (1858) em que a França aliou-se à Grã-Bretanha. o que. de alguma forma. o interesse pela Cochinchina parece ter sido produto da necessidade francesa de possuir uma base naval no Oriente. ocupando-a em 1886. Sem descartar os interesses econômicos. em 1885. os interesses britânicos eram menos definidos do ponto de vista da índia. Por intermédio das missões religiosas. Conseqüentes com esta política. conquistas que colocaram em perigo a região de Bengala. A leste de Singapura. talvez os sucessivos governos anamitas tenham instaurado uma política hostil às missões. Pelo fato de não terem recebido ajuda francesa. Após duas guer. onde o Estado expansionista da Birmânia foi ocupando sucessivamente Aracã. a Grã-Bretanha considerou a Alta Birmânia ameaçada e com ela a índia. As guerras com a China orientaram-se neste sentido. até se conseguir a anexação de Hong Kong pelo Tratado de Nanquim de 1842. Parece que o imperialismo francês de meados do século XIX dinamizou-se como uma resposta à frustação de haver perdido definitivamente a índia para o imperialismo britânico. Outro aspecto importante para explicar as origens do imperialismo na Indochina relaciona-se com as missões religiosas que atuam na península desde o século XVIII. que não chegou a concretizar-se devido à revolução que irrompeu em 1789.Algo semelhante aconteceu na fronteira nordeste. A ocupação de Tonquim (1883). pois até 1880 não tinha dívida pública. Para evitar uma possível conquista por parte do Sião. Eram os ingleses. agredido pelo imperialismo. um mercado consumidor imenso para as manufaturas européias e um campo inimaginável para investimentos. como ponto inicial para a penetração em Iunã. Estabelecidos primeiro no extremo sul. O primeiro-ministro francês.A proteção aos católicos. Lion. no estilo africano. principal centro têxtil. nem possuía indústrias e serviços públicos modernos. Esta região era importantíssima. Como os ingleses na Índia. através do Rio Mekong. Jules Ferry. A ocupação do Laos se completaria em 1893. Fazia-se necessário que os industriais franceses obtivessem a matéria diretamente daquele país. pois Anã se considerava um feudo da China. não tinha nenhuma ferrovia. principalmente com relação à China. sofreu ameaças. os franceses foram conquistando a península como solução para os problemas que surgiram na própria Indochina. Em compensação. mais que qualquer outro. que comercializavam a seda chinesa. em verdadeiros bordéis internacionais. foi iniciada por um comerciante que vendia armas européias na China. Japão e Sião) que. A essa motivação religiosa. os franceses estabeleceram o protetorado sobre o Camboja em 1867. devido à enfermidade que tomara conta do bicho-da-seda. foi o pretexto para os almirantes que governavam a Cocltínchina fizessem ostensivas demonstrações navais frente a Tourane. bombardeios e humilhações. seu povo foi submetido à destruição lenta pelos traficantes de drogas e suas cidades mais importantes foram transformadas. no extremo norte. quando este reino pediu ajuda contra o reino do Sião. que podia fornecer seda para a indústria têxtil francesa quase paralisada em meados do século XIX. fossem franceses ou anamitas. pelos ocidentais. para evitar o intermediário. província meridional da China. teve que procurar outras fontes produtoras. e por ele os católicos receberiam proteção das autoridades deste país. na Europa. para intimidar o governo anamita e obrigá-lo a aceitar as disposições do Tratado de Whampoa. O assalto ao Dragão A China foi um dos poucos Estados (os outros foram Turquia. Isto exigia uma política agressiva na Indochina. em 1847 e 1858. discursando na Câmara de . Saigon e Cochinchina. pôde evitar a divisão. juntou-se o interesse comercial. importante ponto de penetração no sul da China. Este tratado fora firmado com a China em 1844. avançaram até o Camboja. Este país de história milenar e de 500 milhões de habitantes oferecia. como trampolim para a China meridional. com seu subsolo cheio de jazidas de carvão de pedra de mais de 700. uma mescla de despotismo burocrático e militar no qual o imperador. Esses ministros tinham. Justiça. dividido em 18 províncias. toda uma hierarquia de mandarins. A administração central estava a cargo de colégios ministeriais compostos de um presidente. um vice e diversos membros. via as potencialidades da China para o imperialismo da forma mais otimista: "De todas as direções convergem os interesses ou a cobiça pela China. de primeira.000 km de superfície. suas ferrovias e seu fornecimento metálico. "Filho do Céu". com seu imenso mercado de 400 a 500 milhões de consumidores. Deputados em 1883. governava assistido por diversos mandarins que formavam o Conselho Privado. com filões minerais inesgotáveis. o imperador tinha autoridade sobre ou2 . tesouro do Pacífico. Rituais. Journal des voyages. sob suas ordens. No entanto. seu domínio privilegiado". Guerra e Trabalhos Públicos. sonho e aspiração de muitos. a velha e prodigiosa China. residentes em prefeituras e subprefeituras. Como já foi dito. 20 de novembro de 1886. Foi na China que chegaram primeiro os concorrentes europeus em busca do Eldorado para garantir sua zona de influência. Finanças. Existiam seis ministérios: Interior.Primeira estrada de ferro francesa na China: inauguração da linha de Tien-Tsin à Tsching-Yang. gigantescas províncias que esperam seu equipamento industrial. a China de todos os cálculos e de todas as esperanças. segunda e terceira classes. Esta organização se estendia por todo o país. a penetração dos ocidentais foi difícil devido à posição irredutível do Império Manchu. grandes prêmios aos navios qua se dirigissem à China naquele ano. A população camponesa e os artesãos não tinham direitos políticos. era um comércio lucrativo e permitia equilibrar a balança comercial. Em 1833. Para os ingleses. Turquestão e Tibete. Os efeitos desastrosos que a droga produzia na população obrigaram as autoridades a proibir esse comércio e a confiscar o ópio introduzido no país. mas de fato eram os mandarins que mandavam nas províncias. Manchúria. As autoridades chinesas solicitaram à rainha Vitória que proibisse seus súditos de fazer esse comércio: "Pensamos que essa substância perniciosa é fabricada clandestinamente por artificiosos maquinadores que dependem de vossa nação. publicamente. o imperialismo inglês e francês utilizou o comércio do ópio. Honrada Soberana. Seguramente. A burocracia chinesa era absolutista. presidido por um membro do Gabinete. expondo os outros ao seu poder maléfico?". Em 1818. como poderíeis procurar obter lucros. controla completamente a Companhia das índias Orientais e tem toda a liberdade de impedir o que ela não aprova.. através dos relatórios minuciosos entregues pelo Comitê da London East índia and China Association. quando constatamos que as comissões da Câmara dos Lordes e da Câmara dos Comuns interessaram-se minuciosamente pela cultura do ópio. sabemos que o Ministério da índia. pelo total das rendas que ela trazia para a índia e que. Mongólia. .. Vós não haveis ordenado a cultura e a venda dessa planta. A droga era cultivada na índia pela Companhia das índias Orientais e introduzida em contrabando na China. sabendo perfeitamente qual era sua destinação final. ainda mais. Contudo. devemos confessar que seria mais que injusto lançar a censura ou o desprezo ligados ao comércio do ópio sobre os mercadores cuja atividade tinha a sanção direta e indireta das mais altas autoridades". Para dobrar este "Império do Centro". Um desses relatórios dizia: "Quando vemos que a cultura do ópio rios territórios da Companhia das índias Orientais é um monopólio estrito. as exportações de ópio para a China representavam apenas 17% da exportação total. o governo inglês e a soberana estavam perfeitamente conscientes desse comércio criminoso. Os funcionários estavam investidos de poder de controle. que a droga é vendida pelo Governo da índia nos mercados públicos e que sua destinação é tão conhecida que em 1837 o Conselho Diretor da Companhia das índias Orientais prometeu. censura etc. não hesitaram em concluir que não parecia conveniente abandonar uma fonte de rendas tão importante. produto proibido no país. Se é reconhecido ser tão nociva. Quando.tras regiões com regime especial como Anã. significavam 50%. Contudo. esse país mostrou-se irredutível em aceitar a penetração dos ocidentais. A China está derrotada.O imperialismo assumia toda sua pureza. Um novo tratado foi assinado em 1857. o Japão. Os negócios não poderiam ser prejudicados pela decisão de algumas autoridades que não entendem de negócios.. por um paradoxo histórico. enquanto bastariam para resolver a pendência alguns barcos de guerra ancorados ao largo da cidade e algumas descargas de morteiro. O surpreendente foi que este milenar império feudal não dormiu so- . Em 1858 os japoneses reconheciam aos americanos o direito de extraterritorialidade. segundo o qual ela abria cinco portos ao comércio estrangeiro e entregava Hong Kong à Inglaterra. o país é invadido pelo ópio. Em seguida. Os japoneses assinaram um tratado que abria dois portos aos americanos e permitia a instalação de representantes diplomáticos. não sem resistência e agitações populares antiocidentais. terceira guerra do ópio. Os chineses são obrigados a abrir onze portos ao comércio europeu. O exército europeu saqueia Pequim e para impressionar o imperador destrói o Palácio de Verão. A China foi derrotada e obrigada a assinar o Tratado de Nanquim. Não pode haver dúvida quanto ao desfecho de uma guerra com a China.É necessário que aprendam pela força. mas pelo surgimento de uma nova potência imperialista no Oriente.. em Nagasaki. Assim como a China. o exército anglo-francês marcha sobre Pequim. o imperialismo inicia a segunda guerra do ópio. Os negócios devem ter o respaldo militar. Esta era a opinião dos negociantes ingleses que agiam na China e foi manifestada publicamente em artigo do jornal China Repository: "É absolutamente inconcebível que nosso comércio e lucros que interessam tanto à índia quanto à Grã-Bretanha. Em 1860. autorizando os americanos a residir nesses portos. A esquadra anglo-francesa bombardeia Cantão. a pagar vultosa indenização de guerra e a permitir o estabelecimento de relações diplomáticas com o Ocidente. Oficiais consulares eram autorizados a residir nesses portos. comandada pelo comodoro Perry. Os americanos obtiveram concessões semelhantes pelo Tratado de Wanghia (1844) e os franceses pelo Tratado de Whampoa (1844). a debilidade do Império Manchu não ficou totalmente em evidência por causa do vendaval imperialista do Ocidente. a aceitar a livre navegação do rio Iangtsé. A sorte da população está selada. No ano seguinte." O recado foi entendido rapidamente pelas potências imperialistas que lançaram a primeira guerra do ópio a qual durou dois anos (1840-42). o Japão assinou tratados da mesma espécie com outras potências. fiquem assim à mercê de um capricho. mas teve que se render perante o ultimato da esquadra americana. que nada sabem da importância dos lucros nem dos riscos dos investimentos. Em 1857. transformou radicalmente a estrutura política do país. A eterna rivalidade entre os dois países asiáticos foi o estímulo para a nova potência que nascia no Oriente ocupar militarmente a Coréia — o que desencadeou a guerra de 1895. Sem dúvida. No fundo. de uma indenização de guerra de 150 milhões de dólares que. Controlava 39% das obrigações da dívida externa do país em 1902. tudo o que poderia desejar seria manter a integridade territorial do país e a igualdade de oportunidades. calculados em 150 milhões de dólares. na qual a China sofreu uma derrota desastrosa. os japoneses desejavam conquistar a Manchúria. Os interesses franceses estavam limitados às províncias meridionais. como parte de seu domínio sobre a Indochina. sempre e quando a parte que cada potência recebesse fosse melhor que a dos outros. Detinham 28% das obrigações do governo chinês e o investimento direto de 17% em 1902. Saigo Takamori.bre antigas glórias. e 30% dos investimentos diretos. Concorriam. ocupavam o terceiro lugar depois dos russos e ingleses. pois controlava 70% do comércio ultramarino da China. conseguiu-se que estes organizassem um moderno exército e uma esquadra e comprassem armamento ocidental. abriu os olhos e compreendeu que para evi38 tar a conquista e as humilhações seria necessário imitar as potências ocidentais. apesar do atraso com que entraram na partilha colonial. o país com mais interesses econômicos era a Grã-Bretanha. os alemães. haviam conseguido firmar solidamente seu comércio e os investimentos. O líder da revolução. ao contrário: com o primeiro embate do imperialismo e passada a primeira impressão. com sucesso. estava convencido de que um grande país se constrói através do expansionismo e da conquista militar. Para os britânicos. evidentemente. o imperialismo oscilou entre dois desejos embriagadores: dividir a China. no vale do rio Iangtsé e os ban- . O concerto das potências ocidentais impediu as reinvindicações territoriais japonesas. que quer dizer. a China não poderia pagar a não ser pedindo dinheiro ao Ocidente. a manutenção do status quo era um grande benefício. para salvar os interesses já criados por cada potência. De fato. A revolução de Meiji (era das luzes) de 1867-68. As palavras de ordem eram: fukoku kyohei. "país rico e exército forte" — e começou a transformação. em troca. Enquanto a França conseguisse boas concessões minerais e ferroviárias nessa região. entre outras coisas. Com a diplomacia aprendida dos ocidentais. Além disso. Por seu lado. essas duas tendências acabaram equilibrando-se e o país apenas foi dividido em esferas de influência. porque nenhuma delas sabia com certeza se essa divisão serviria ou prejudicaria seus interesses. ou manter a integridade territorial sobre o princípio de "portas abertas". A crise de 1895 deixou claro que as potências não desejavam a divisão territorial da China. os interesses americanos eram bastante insignificantes na China. Sua participação na crise que antecedeu à guerra russo-japonesa foi secundária. Em 1898 haviam conseguido a concessão para construir duas ferrovias em Chaotung. o direito de explorar minas num raio de 17 quilômetros de 39 cada lado destas ferrovias. capital e materiais ao governo chinês. apoiando a integridade territorial do país. Até 1880. o fez para compensar a base britânica de Hong Kong. O expansionismo russo para leste do mar Cáspio. . para qualquer finalidade na província de Chaotung. das investidas bélicas dos povos das estepes. Este in- Diplornacia armada: chefes de delegações estrangeiras em Pequim no inicio do século XX. pois os Estados Unidos estavam envolvidos na guerra com a Espanha pela questão de Cuba. na região do Turquestão. Os russos não só tinham grande interesse na China. Também conseguiram o arrendamento do porto de Kiaustschau por 99 anos. para reprimir o assassinato de missionários alemães.queiros alemães agiam em estreita colaboração com os banqueiros ingleses. mas tendiam a crescer. os americanos insistiram na política de "portas abertas". teve o objetivo de proteger os colonos instalados nesta área. Para a Alemanha era importante conservar a integridade do país e quando decidiu ocupar militarmente este porto em 1897. como a Ásia era um assunto de política nacional. Em todo caso. e a prioridade para fornecer conhecimentos práticos. teresse nacional refletiu-se também na crença de que a Grã-Bretanha avançaria pelo Indistão. a fundação de Vladivostoque (1858-60) pelo conde Nicolás Muraviev. o grande visionário do espaço nacional russo. No Extremo-Oriente. Assim. ainda que essa extensa região não tivesse para o império czarista nenhum interesse econômico. Era . a ocupação de toda essa região se transformou em política oficial do Império Russo.40 Caricatura do final do século XIX acerca da demolição em curso da velha China: o Japão e os Estados Unidos dão as mãos aos europeus. buscando uma saída para a Sibéria. realizava a grande aspiração de saída para o Pacífico. A política russa na Ásia remonta ao século XVII. Em 1707.. a Russian American Co. uma companhia. Quando se iniciou a era do imperialismo moderno. E na medida em que os ingleses.41 do de Mertchinsk com a China deu aos russos uma base no Pacífico e toda a Sibéria situada ao norte dos montes Stanovoi. franceses e americanos conseguiram abrir novos portos para o comércio. de abastecer a Sibéria. . os russos só estavam autorizados a comerciar com os chineses através de um local. Em 1797. ao sul do lago Baical e a leste de Ircutsqui. Kiajta. praticamente a única naquela época. particularmente sob o pretexto de um interesse econômico cada vez maior. A ampliação do comércio com a China era uma forma. Sem dúvida o velho imperialismo russo na Ásia se viu renovado no século XIX. que se estende dos Urais ao Pacífico. a Rússia já havia projetado sua influência sobre toda a região asiática. Em 1689. os russos se sentiram com os mesmos direitos. recebeu o monopólio comercial e a responsabilidade de administrar toda essa região. as ilhas Curilas.basicamente o interesse nacional que cresceria no final do século devido às pretensões japonesas na região.naval. as Aleutas e o Alasca. Dali os comerciantes russos exploraram o estreito de Bering. Era sumamente claro que o desenvolvimento comercial dependia das concessões chinesas. Até a primeira guerra do ópio. o Trata. os russos ocuparam a península de Kamchatka onde construíram uma base . na teoria. o imperialismo russo sobre a Ásia Oriental tinha um caráter político-estratégico marcante. só que nesta época o país não tinha condições para isto. ainda que os interesses econômicos fossem bastante fortes. Junto a isto surgiu a necessidade de sair para o Pacífico. No entanto. desmoralizado na década de 50 pela denota da Criméia frente aos turcos. o prestígio que satisfazia aos grupos mais nacionalistas. estimulava o esforço de São Petersburgo para não perder uma influência sobre a China. Considerava que toda esta região deveria estar sob a influência cultural e econômica da Rússia. não era conveniente para os russos a divisão da China. tanto na fronteira da Sibéria. o que dava ao império. o ideal da política russa era evitar a influência das outras potências na Ásia Oriental. porque o Império Czarista se sentia fraco frente às outras potências. A penetração acelerou-se depois do Tratado de Nanquim de 1842.Por outro lado. Em 1867 a Rússia renunciou ao Alasca que passou para o poder dos Estados Unidos. que em russo significa "domínio sobre o Oriente". onde os russos fundaram o porto de Vladivostoque. ao qual já nos referimos. elevando consideravelmente os direitos aduaneiros russos. cujo crescimento foi estimado em 350% entre 1824 e 1854. que considerava como perfeitamente natural. para sempre. sendo a indústria têxtil a responsável pela maior parte do crescimento. O imperialismo britânico assustava os russos e. a ampliação do comércio com a China era produto do próprio desenvolvimento industrial russo. os resultados da guerra britânica na China e a expansão de seu poder marítimo nos mares destas regiões terão efeitos cada vez mais prejudiciais. como para nosso domínio real sobre estes remotos países e poderão pôr. o comércio através de Kiajta aumentou em mais de sete vezes. A segunda guerra do ópio serviu aos russos para obrigar os chineses a reconhecer a ocupação de Amur e Ussuri. fazia-se necessário conseguir maior liberdade comercial. ao mesmo tempo. Nesta primeira metade do século XIX. Muraviev escrevia: "Se não tomarmos medidas especiais no oceano oriental. Também conseguiram que Pequim autorizasse o comércio por sete portos e em um ponto qualquer da Sibéria. cedida pelos japoneses em troca das ilhas Curilas. A ocupação de Amur foi a resposta ao medo de alguns setores de São Petersburgo de que essa região pudesse ser ocupada pela Grã-Bretanha. O desenvolvimento econô- . Em 1853. Assim. Até final do século XIX. Alguns anos mais tarde. um impedimento às futuras aspirações da Rússia nessa região". a China reconheceu a soberania russa sobre a região de Amur. como no Pacífico. Os russos anexaram toda a região banhada pelos rios Amur e Ussuri. Em resumo. ocupou a ilha Sacalina. Em 1875. não só para nosso comércio com a China. condicionado pela possibilidade de que a China se transformasse em um grande mercado para os produtos industriais russos. Estas dissimuladas intenções do imperialismo russo ficaram evidentes quando os alemães ocuparam o porto de Kiaustschau. a Rússia decidiu ocupar Port Arthur e toda a Manchúria. que somente foi iniciado em 1891.mico era. desta vez a diplomacia fracassou e a integridade do velho país foi conservada à força. não reconheceu a ocupação russa e os derrotou na guerra de 1904-5. Biblioteca Nacional. A Batalha de Tsushima (27-28 de maio de 1905) vista pelo Graphic: em primeiro plano. Como compensação. barram o Tà esquadra de Rojdestvenski. alentado pela Grã-Bretanha. da construção do transiberiano. Na realidade. Pará. . O Japão. não apenas a drenagem rápida dos produtos. os couraçados do almirante Togo que cortam a rota. 0 transiberiano permitiria. como uma fácil mobilização das tropas. Apesar dos esforços britânicos para convencer os russos a abandonar a política de ocupação efetiva da China. em parte.43 cionais russos. na opinião dos estrategistas interna. tudo iria depender. Desta forma. deveu-se ao fato — é preciso reconhecê-lo — de ter tido. o Brasil recebeu 140 milhões. pois dependiam da importância de cada país em termos de produção de matérias-primas necessárias ao mercado mundial. o que constituía a quinta parte de todo o seu investimento no mundo. sem que houvesse solicitado. Desde o começo do século XIX. Os investimentos britânicos. Os ingleses. Uruguai 40. optaram pela conquista econômica. Estes investimentos estavam distribuídos de forma desigual pelo continente. Os franceses. quando este tutor se transformou em grande potência. Pelos caminhos do capital A penetração do imperialismo no continente se deu por via comercial e financeira. que já tinham algumas pequenas possessões. Se a América Latina não foi esquartejada como a África. já havia outros candidatos a substituí-los. não teve forças nem prestígio suficiente para levá-la a cabo. num momento em que apenas tinha a ilusão de ser uma potência. mudou de discurso e gritou que era dono. A Espanha manteve a idéia da reconquista até meados do século XIX. Um tutor ousado porque se atreveu a dizer que a América era para os americanos. A França se lançou à conquista de um território sonhando com a criação de um império realmente latinoamericano. vias de comunicação. 100 milhões. para explorar minas.4. No entanto. o México. nesta época. foram estimados em 740 milhões de libras esterlinas. americanos e alemães também aplicaram maciçamente neste antigo Eldorado. a América Latina já absorvia 20% dos investimentos totais do mundo. um "tutor". Chile 60. e desde a metade deste século. Peru 30 etc. agricultura. 310 milhões foram aplicados na Argentina. portos etc. 50% dos investimentos estavam representados por títulos e emprésti- . o capital britânico esteve presente para financiar o comércio exterior. Ao iniciar-se o século XX. a américa latina entra em cena Quando a América Latina se separou dos antigos impérios coloniais. No entanto. " "É necessário que o senhor saiba que havíamos ingressado em uma época em que era tanta a ambição de aparentar.. o lucro fácil. o capital transtornou muitos latino-americanos. em uma palavra. ". A ferrovia atingiu o interior para transportar os produtos exportáveis e arruinar a manufatura tradicional que não pôde competir com os manufaturados europeus. tivesse cinqüenta mil pesos.. teríamos hoje esses três ou quatro milhões de habitantes que o senhor acha de menos. minas e uns 4% em atividades industriais. quarenta milhões que se tivessem sido destinados a fomentar o país. enfim. trazendo imigrantes.. 0 comércio exterior tornou-se significativo para os países do continente a partir da segunda metade do século passado e. A rede bancária que passou a controlar a economia do continente foi organizada." Na medida em que a dívida externa cresceu e passou a consumir mais de 60% dos saldos positivos da balança comercial. das alfândegas e do transporte urbano às companhias estrangeiras.. Entre centenas de testemunhos dessa transformação.hámais de quarenta milhões investidos em tanta opulência. as atividades especulativas com qualquer coisa. o mais rico do mundo. decorá-lo-ia com ricas tapeçarias.. as sociedades de capital destinadas a financiar qualquer projeto. em sua maior parte. os governos foram obrigados a entregar ps lucros da exploração das ferrovias. o futuro era o último em que se pensava. isto é. compraria cavalos. este comércio esteve dominado pela Grã-Bretanha. compraria um terreno. A terra encareceu insuportavelmente e a especulação imobiliária irrompeu como o grande negócio da América. E esta era a máxima do dia: somos um pais rico. o continente passou a ser gerenciado pelo capital. o empório da América do Sul. apesar de sua aparência de independência política. que retrata bem o que estava acontecendo por volta de 1880.mos aos governos.. serviços públicos. Desta forma. Em grande parte. examinemos apenas um. que hoje apenas representam a décima parte de seu valor. sem pensar que para sustentar tanta opulência seria preciso uma belíssima renda. Para proteger essa conquista econômica... teriam se triplicado.. que um indivíduo que. As velhas cidades se modernizaram. O impacto do capital transformou o continente. sem se lembrar do dia seguinte. por exemplo. este país seria o que está destinado a ser. 45% eram aplicações na construção de ferrovias. pelos europeus. tratando-se da América do Sul. enfim. A corda estava colocada no pescoço. hoje seríamos todos ricos e esses quarenta milhões. investiria tudo para impressionar os outros. carruagens e libre. A improvisação. as potências projetaram . eliminando a maioria que aspirava à propriedade. as loucuras financeiras de qualquer espécie nasceram um dia e morreram no dia seguinte. mandava construir um palacete confortável. assim que elas forem embora tornarão a ser humilhados e escarnecidos.. invasão francesa..46 uma política intervencionista. Novo México e Califórnia pelos americanos (1845-48). no entanto." A técnica do bloqueio marítimo ou simplesmente o bombardeio dos portos mais importantes foi aplicada com certa freqüência. porque na completa desmoralização que reina aqui só a presença de meios coercitivos pode manter estes governos na linha do dever. tentativa de instaurar um protetorado italiano sobre o Uruguai (1863). no entanto. as mais inquietantes e desastrosas foram as seguintes: a conquista do Texas. sinto nossos direitos garantidos. os países do continente tiveram que enfrentar desde projetos de protetorado até a conquista militar pura e simples. Durante o século XDÍ. uma tentativa de instaurar o protetorado americano sobre as ilhas Galápagos no Equador (1854). A lista das intervenções indiretas ou diretas é comprida demais para ser detalhada aqui. Na correspondência de um cônsul europeu consta o seguinte: "Enquanto existirem forças marítimas espanholas no rio da Prata. com apoio da Ingla- O imperialismo norte-americano . Evidentemente os Estados latino-americanos eram responsabilizados quando um investidor se sentia prejudicado por uma revolta ou quando se suspendia o pagamento da dívida. a prosperidade da América não pode ser indiferente para a Europa. do México (1862-67). Assim o presidente Grant afirmou que "nossa política americana de- . Guerra de Reconquista Espanhola em São Domingos (1866). Temos interesse em que a República dos Estados Unidos seja feliz e próspera. a idéia fixa e obstinada de que o continente latino-americano pertencia ao ianque. a Guerra do Paraguai (1865-70) e a Guerra do Pacífico (1879-83). para não estimular nem apoiar qualquer pretensão de reconquista sobre qualquer território americano. Em 1835." Na verdade. nem domine.terra e Espanha. ocorrida entre 1845 e 1848. de portas fechadas para qualquer outra potência que não fossem os Estados Unidos. a política seria de "América para os norte-americanos". Aí vêm os ianques! O imperialismo norte-americano desdobrou-se em duas doutrinas opostas: na Ásia usou a política de "portas abertas". Contudo. No estado atual da civilização. escritas ao general Forey: "Não faltará quem lhes pergunte por que dissipamos nosso dinheiro no estabelecimento de um governo regular no México. intervenção espanhola no Perue no Chile (1864). o que se pretendia era explorar as minas e o algodão mexicano. a doutrina foi invocada novamente sobre a idéia fixa da pertinência e com um sentido que não encobria o objetivo imperialista. a Doutrina Monroe era invocada para justificar a anexação do Texas e anos depois do Novo México e da Califórnia. formulada em 1823 como advertência às potências européias nascidas no Congresso de Viena de 1815. no decorrer da história das relações entre os Estados Unidos e a América Latina. a partir dali. porque é ela que aumenta nossas manufaturas e dá vida a nosso comércio. Além disso. as Antilhas e a América do Sul. esta doutrina mostrou. um passo através do istmo. na América Latina. porém não se apodere de todo o golfo mexicano. De todos esses fatos. que de alguma forma incorporaram interesses econômicos e políticos das potências imperialistas. isto é. A partir de 1870. o que demonstrou melhor o apetite imperialista foi a conquista de uma parte do México pelos franceses e nada melhor para demonstrar isto que as próprias palavras de Napoleão III. todas as potências têm os mesmos direitos de participar comercial e financeiramente. Esta política foi um derivado da Doutrina Monroe. fato consumado após a guerra vitoriosa contra o México. isto é. uma saída para o Pacífico para ter acesso ao comércio do Oriente. é necessário acrescentar a Guerra de Independência de 47 Cuba em 1866. e se torne o único distribuidor dos produtos do Novo Mundo. em relação à Nicarágua. em casos de flagrante desordem ou de impotência. No entanto. os privilégios e vantagens que Monroe. A isto se chamou diplomacia do dólar que. As próprias palavras do presidente Coolidge.ve modelar-se de tal forma que una os interesses comerciais dos Estados hispano-americanos mais intimamente com os nossos. Durante a presidência de Theodore Roosevelt (1901-1909) a Doutrina Monroe adquiriu um objetivo claro e preciso que não conseguia esconder mais a finalidade imperialista. Assim se consagrou claramente a doutrina de que os governos tinham a missão de fomentar e salvaguardar os investimentos e atividades comerciais. sem dúvida. uma desordem crônica ou uma impotência resultante do relaxamento geral dos laços da sociedade poderiam exigir na América. um poder de polícia internacional". decência administrativa. aos Estados Unidos que protejam seus interesses". não passava de uma pitoresca doutrina que permitia castigar as repúblicas latino-americanas por seu mau comportamento. não deverá temer intervenções dos Estados Unidos. mais conhecida como Corolário Roosevelt. No hemisfério ocidental. a Doutrina Monroe pode obrigar os Estados Unidos. pedirão. outorgando assim. se continuar a revolução. Adam e Cly haviam previsto". confirmam isso: "Não há dúvida de que. os investimentos e os interesses mercantis norteamericanos seriam muito afetados. Em 1895. Se uma nação se mostrar capaz de atuar com eficiência e decência do ponto de vista social e político. aos Estados Unidos. como em qualquer outra parte. senão destruídos. Todo Estado cujo povo se conduza bem pode contar com nossa cordial amizade. Contudo. se mantém a ordem pública e cumpre com suas obrigações. o secretário de Estado Richard Olney escreveu ao governo inglês: "Hoje em dia os Estados Unidos são praticamente soberanos neste continente e suas decisões sobre assuntos confiados à sua mediação são lei". tanto norte-americano como de outras nações. a doutrina da América para os americanos abriu algumas exceções quando os Estados Unidos permitiram a intervenção de potências . um golpe de Estado ou uma revolução pusesse em perigo os interesses econômicos das empresas e cidadãos norte-americanos. a intervenção de uma nação civilizada. embora contra a vontade. A moeda que agora está a par desvalorizará. orientava-se no sentido de substituir os investidores europeus na América Latina. além de tudo. O próprio presidente afirmou: "Tudo o que este país deseja é ver que nos países vizinhos reina a estabilidade. quando os Estados Unidos arbitraram o problema de limites entre a Venezuela e a Guiana inglesa. A isto se chamava um bom comportamento. A interpretação dada. a ordem e a prosperidade. a exercer. Não havia dúvida de que a intervenção militar do imperialismo ianque ocorreria em qualquer lugar onde uma desordem. Os proprietários de bônus. foi . essas potências enviaram uma expedição militar que atuou de dezembro de 1902 a março de 1903. Não foi o caso da intervenção inglesa. no entanto. européias no continente. Ex° receberá a 'Ordem' de Monroe". a Guerra Civil americana impediu uma atitude mais agressiva. justamente na era Roosevelt? Podem ser invocadas várias razões. tratando-se de imperialismo. Já se mencionou as do século XIX. quando este país suspendeu os juros da dívida externa. alemã e italiana na Venezuela em 1902. afundaram três canhoneiras e se apoderaram de quatro. nestes casos. alusiva à passagem de Epitácio Pessoa pelos EUA: "nos Estados Unidos S. Careta. A Venezuela foi humilhada como nunca antes se humilhara um país latino-americano. bombardearam Porto Cabello. bloquearam os cinco portos mais importantes do país. Com a permissão dos Estados Unidos. especialmente as que se processaram entre 1860 e 1870. Após afastar os ministros de Caracas.Caricatura brasileira de J. Carlos. Por que os supostos "donos" do continente consentiram nessa ação no "quintal" de sua casa. mas o que interessa aqui. 21-6-1919. Em 1916. Em resumo. Contribuí para que Honduras seguisse uma política 'apropriada' para as companhias bananeiras norteamericanas em 1903. Como isto nem sempre era possível. servi na China para que a Standard Oil seguisse seu caminho sem ser perturbada. Entre 1900 e 1933. Os governos latino-americanos não apenas deveriam cumprir religiosamente suas obrigações financeiras. publicadas em uma revista americana em 1935: "Dediquei trinta e três anos e quatro meses ao serviço ativo de nossa força militar mais ágil: a Infantaria de Marinha.. Durante todo este período dediquei a maior parte do meu tempo a servir aos interesses dos Grandes Negócios.. Ajudei também a Nicarágua a cumprir seus compromissos com a casa bancária internacional de Brown Brothers em 1919-1922.. os Estados Unidos intervieram militarmente 40 vezes. chantagem econômica. fui um pistoleiro às ordens do capitalismo. que precisou de milhares de anos para viajar do Eufrates para o Tâmisa e o Sena. Estava nascendo uma nova potência imperialista. Em 1927. dir-se-ia que vem ao Hudson entre o amanhecer e o crepúsculo". brandindo o garrote em uma das mãos e os dólares na outra. a Wall Street e aos banqueiros. Ascendi do posto de segundo-tenente até o posto de major-general. mas fazer uma política que protegesse os interesses econômicos das empresas norte-americanas. "falar manso com um garrote na mão". os vilões chegaram. facilitei os interesses açucareiros norte-americanos na República Dominicana.que o bloco anglo-alemão e a mediação norte-americana serviram para que o presidente americano pusesse em ordem suas idéias sobre a América Latina e para que os europeus reconhecessem definitivamente a Doutrina Monroe. Nada pode ser mais patético e convincente que as famosas declarações do major general Smedley D. Butler. Ajudei o Haiti e Cuba a se tomarem um lugar seguro para os rapazes do National City Bank efetuarem suas cobranças. declarou com otimismo: "A nação devedora converteu-se em principal credor. O próprio secretário de Estado. isto é. comeram o anzol e apareceu a polícia para exibir sua função e poder de fogo. advertências e ameaças dissimuladas. a política do garrote se abateu devastadoramente sobre toda a área do Caribe e ameaçou todo o continente. John Hay. além de fazerem pressões diplomáticas." ." "Contribuí para converter o México e especialmente Tampico em um lugar seguro para os interesses petrolíferos dos norte-americanos em 1914. como aconselhava o próprio presidente. Em resumo. O centro financeiro do mundo.. A política do Big Stick O Corolário Roosevelt inaugurava a política do Big Stick. Onze governos se sucederam. que não concordou com o tratado que o governo e o Congresso americanos lhe propuseram. medalhas e promoções. como o que ela deixou por herança política: as tenebrosas ditaduras de pistoleiros profissionais. e durante 19 anos os Estados Unidos governaram o país. como disseram os 'rapazes'. dirigidos por Fernando de Lesseps. de magníficas prebendas. a diplomacia do dólar apoiou o golpe de Estado que colocou no poder o tristemente famoso Rafael Leônidas Trujillo. Este tratado feria a soberania colombiana. pois o Panamá pertencia à Colômbia. o país ficou ocupado novamente pelos matinês. penso que até poderia ter dado alguns conselhos para Al Capone. no máximo. até a chegada ao poder do feiticeiro maníaco François Duvalier em 1957. que saqueou o país até seu assassinato em 1956. mas logo abandonou o projeto por falta de recursos e propôs sua venda ao governo dos Estados Unidos. Uma república inventada em três semanas A invenção da República do Panamá é um dos fatos mais caricaturais do imperialismo ianque. Fora também projetado um canal que passava pela Nicarágua. com dois golpes de Estado e o governo de uma junta militar. Fui premiado com honrarias. O governo Roosevelt decidiu forçar as coisas. Em muitos desses casos não apenas foi deplorável a intervenção com seus atropelos e humilhações a países desarmados. de 1916 a 1924.El Tacho. desenvolvendo uma po- . o controle e a proteção do canal ficariam nas mãos dos Estados Unidos. o construtor do canal de Suez. projetaram a construção de um canal no istmo do Panamá. que governou o país até seu assassinato em 1961. estudado por engenheiros americanos. à medida que a propriedade. Alguns anos depois. para obrigar o governo a pagar as dívidas."Durante todos estes anos desfrutei. Olhando para trás. O Haiti foi ocupado em 1915. Surgiu um problema. A companhia francesa havia iniciado os trabalhos por volta de 1888. quando colocaram no poder o tenebroso pistoleiro Anastasio Somozn. em seguida. os matinês desembarcaram em 1912 e só saíram em 1933. Ele. nós matinês operávamos em três continentes. já que cada fato mencionado constitui uma boa parte da história contemporânea dos países citados. Na Nicarágua. financistas franceses. pôde operar seus negócios sujos em três distritos da cidade de Chicago." Comentar estas declarações encheria um livro de centenas de páginas. por 40 milhões de dólares. A República Dominicana foi um triste exemplo: os matinês intervieram em 1905. Desde o final do século XTX. fanáticos religiosos e psicóticos sanguinários. o debate avançava e o canal também avançava. em três semanas. prestou-se a servir de trampolim para a política ianque. Em 10 de outubro de 1903. e organizouse rapidamente um governo provisório que foi reconhecido imediatamente pelos americanos.52 lítica de intriga internacional. A insurreição triunfou. em novembro de 1903. Enquanto os franceses estimulavam a insurreição interna. Desta forma. Quando a rebelião começou. O canal não teria sido jamais construído se eu não tivesse procedido como procedi". Roosevelt escrevia: "Ficaria encantado de ver o Panamá converterse em um Estado independente". os Estados Unidos enviavam navios de guerra. ladeado pelo presidente desse pais. declarou a independência. . discursa às tropas norte-americanas para lá enviadas. administrada pelos Estados Unidos. Roosevelt afirmou então: "Apoderei-me da zona do canal e deixei que o Congresso discutisse. o Panamá foi arrancado da Colômbia e transformado em uma república dependente da zona do canal. Roosevelt no Panamá. Como a companhia francesa estava interessada em que os americanos comprassem os direitos. a esquadra americana impediu a entrada das tropas colombianas. onde tudo era válido. o que caracteriza bem a natureza do imperialismo. de Boston. A penetração americana na produção açucareira se deu por via financeira. os investimentos americanos na produção de açúcar e mineral alcançaram níveis extraordinários: 50 milhões de dólares. em 1848. porta de entrada para o mar do Caribe. a importância militar da ilha para proteger a zona do canal. foi porque era uma colônia espanhola e em tal condição era melhor esperar que o vínculo colonial se desfizesse por si mesmo. Contudo. O cinismo imperialista chegou ao auge na Terceira Conferência Panamericana do Rio de Janeiro de 1906. Não aspiramos a outra soberania que a soberania sobre nós próprios. Atkin. comandado por Bethlehem Steel. acrescentar nossa riqueza. que explorava o engenho Soledad. os excelentes portos que podem servir a uma potência inimiga para ameaçar a costa Atlântica dos Estados Unidos. Se os americanos não se apoderaram de Cuba no século XIX. manganês e níquel. quando o secretário de Estado americano. enfim. Consideramos a independência e a igualdade de direitos do menor e mais fraco membro da família das nações com os mesmos títulos de respeito que o maior dos impérios. Em 1895. Cuba. processo que se prolongou durante toda a segunda metade do século passado. Foi o caso da família Sarriá. a proximidade da costa americana. No entanto. Elihu Root. Até final do século passado. Quando foi necessário modernizar a produção. que havia sido colaborador direto de Roosevelt no Panamá. lançaram-se na guer- . Os interesses econômicos também eram antigos. de 13 mil acres. os cubanos. nem mais território que o nosso. obrigou muitos produtores a pagar seus compromissos com os próprios engenhos. O volume do comércio era significativo. a começar pela segunda metade do século XIX. 23 moinhos e uma ferrovia própria. aplicaram mais 110 milhões. O capital americano. Queremos aumentar nossa prosperidade. O engenho passou para as mãos de uma firma americana. declarou: "Não queremos outras vitórias que as da paz. a Academia Sueca distinguiu o presidente do garrote com o Prêmio Nobel da Paz. liderados por José Marti. estender nosso tráfico. em consciência e em verdade". Entre 1898 e 1906. os Estados Unidos tentaram comprar a ilha por 100 milhões de dólares com todos os cubanos dentro.Em 1906. também havia penetrado na produção do ferro. a ilha fascinante Os interesses americanos por Cuba são muito antigos. os grandes produtores cubanos procuraram financiamentos nos Estados Unidos. particularmente devido à posição estratégica da ilha. a queda do preço internacional do açúcar. como conseqüência da concorrência do açúcar de beterraba. assim o quiseram. o lucro é do pescador" e.E Depois? A Espanha ao Tio Sam: "Bem. 27 de agosto de 1898). O armistício havia sido assinado a 12 de agosto. . Só faltava um bom motivo para intervir na guerra. simpatizavam com o mais fraco. Os ianques podiam dizer que "em rio de águas re54 voltas. assim o têm! Desejo-lhes que se divirtam!" (Tunch. ancorado no porto de Havana. A explosão do barco de guerra americano. Foram três anos de devastaJ ção social e econômica. O presidente McKinley justificava a intervenção "pelos graves prejuízos ao comércio. em fevereiro de 1898. evidentemente.ra para tornar-se independentes da Espanha. indústria e negócios de nossos cidadãos". Maine. A Pai! . serviu de pretexto para a declaração de guerra à Espanha. 19241933. com o nome de Emenda Platt. passou para a condição de colônia americana. mas ficou sob o domínio militar americano até 1902. de El Carnicero." "Artigo VII — Para permitir aos Estados Unidos a manutenção da independência de Cuba e para proteger o povo. incompetentes. que deveriam ser incluídos na nova Constituição. Porto Rico de colônia espanhola se transformou em colônia americana. e do sargento Fulgêncio Batista. que subiu ao poder em 1933 e foi expulso pela revolução de Fidel Castro em 1959. e novamente em 1912 e em 1917. político e econômico para Cuba? Uma série de governos corruptos. Em seguida. segundo a conveniência dos Estados Unidos. a manutençaão de um governo adequado para a proteção das vidas. Entre eles é necessário mencionar o governo de nove anos. propriedades e liberdades individuais e para absolver os Estados Unidos das obrigações que o Tratado de Paris lhes impôs com relação a Cuba. despóticos e sanguinários. que esteve em vigor até 1934." Quando os soldados americanos deixaram a ilha. sob as ordens do general Wood. Em nome da Emenda Platt. com o título cômico de República Livre Associada.A Espanha foi derrotada em três meses pelo gigante imperialista. O que significou esse domínio militar. em maio de 1902. para esmagar o movimento revolucionário encabeçado pelo liberal Alfredo Zayas. o general Gerardo Machado. depois que os matinês esmagaram o movimento popular que lutava contra os espanhóis. o governo dos Estados Unidos havia arrendado por 2 mil dólares anuais a baía de Guantânamo. ponto importante para o desenvolvimento do imperialismo na Ásia. Dois dos artigos mais importantes dizem o seguinte: "Artigo III — O Governo de Cuba consente que os Estados Unidos possam exercitar o direito de intervir para a preservação da independência de Cuba. as tropas ianques invadiram a ilha em 1902. convocou-se a Assembléia Constituinte para discutir a Constituição Política do país. Cuba foi declarada independente. as quais agora serão assumidas pelo Governo de Cuba. A Emenda. Na terra de Rubén Darío A Nicarágua foi sempre "objeto" do desejo imperialista por causa de um acidente geográfico: um canal natural formado pelo lago Nicarágua e . e as Filipinas. onde permanecem até hoje. significou uma profunda limitação da soberania cubana. Os delegados foram forçados a aceitar uma^érie de artigos redigidos pelo Congresso norte-americano. nomeado governador militar da ilha. em lugares específicos. o Governo de Cuba venderá ou alugará aos Estados Unidos a terra necessária para o estabelecimento de bases navais. assim como para sua própria defesa. as duas potências. sem se importar com a soberania do país. Arrendariam por 99 anos as ilhas Gayo Grande e Gayo Chico. Esta farsa eleitoral e a humilhação nacional levaram César Augusto Sandino a organizar a revolta armada. os Estados Unidos impuseram um tratado. O destino da Nicarágua estava selado: seria sempre uma espécie de protetorado para o imperialismo. A opinião internacional condenou a guerra contra o povo nicaragüense e o I Congresso Antiimperialista reunido em Frankfurt chamou Sandino de "general de homens livres". não seria desembolsado um centavo. que não conseguiam justificar a presença dos matinês na Nicarágua. promovendo uma guerra bárbara. Foi cobiçado por ingleses e norte-americanos. Em 1850. nlo aprovaram o projeto e armaram os conservadores para derrubarem o governo. Os Estados Unidos.56 o rio San Juan. As sucessivas vitórias criaram uma grave polêmica entre o Congresso e o governo americanos. Depois deste episódio trágico chegaram as companhias bananeiras. e uma base naval no golfo de Fonseca. chegara à América Central para concretizar o princípio que o guiava: as raças inferiores só podiam e deviam viver na escravidão. Os matinês intervieram e permaneceram no país até 1933. o novo títere colocado no govemo da Nicarágua pelos . assinado em 1914. Em 1912. assinaram üm tratado segundo o qual a construção de um canal interoceânico estaria sob controle conjunto de ingleses e norte-americanos. Nas eleições de 1926. sob intervenção militar. os liberais chegaram ao poder e se propuseram à construir o canal interoceânico. Em 1893. que transformaram o país em um lugar adequado para os investimentos. Para evitar qualquer tentativa de construção de um canal. Entre 1855 e 1857. que só terminou quando foi fuzilado. que podia unir perfeitamente o Atlântico ao Pacífico. os liberais tentaram conquistar o poder através de um movimento revolucionário. Walker instalou um governo na Nicarágua e dali iniciou a conquista dos outros países. O movimento sandinista estendeu-se rapidamente por todo o país e pôs em apertos as forças do governo e os soldados americanos. para servir ao branco. já mencionado. de aspecto elegante e carismático. a Nicarágua foi transformada em um campo de batalha pelo aventureiro americano William Walker. Este dinheiro correspondia à dívida do país com os banqueiros norte-americanos. triunfou o candidato apoiado por Washington. como gostava de se definir. isto é. Os americanos dariam à Nicarágua 3 milhões de dólares pela cessão do canal natural entre o lago e o rio San Juan. Só em 1934. já interessados no Panamá. Este "predestinado de olhos azuis". logo depois. Outros trustes. conseguiu assassinar.. conquistam definitivamente o continente. .7% das exportações latino-americanas vão para os Estados Unidos e 34% das importações procedem desse país. Acontece o mesmo com os minerais nâo-ferrosos. Colômbia e Peru. o líder popular. O poder dos grupos econômicos cresce. assim. Em 1929. cobre. tabaco. onde a Anaconda exerce um domínio absoluto sobre as minas mexicanas. o City Bank já dispunha de sete filiais implantadas no Rio. à traição. Em 1920. A luta pelo petróleo entre a Royal Dutch Shell e a Standard Oil americana é vencida por esta última no México. A rede bancária americana substitui a britânica. Em 1925. São Paulo. Sandino havia dito que "o homem que exige de sua pátria nada mais do que um pedaço de terra para sua sepultura merece ser ouvido e também respeitado". Nova Iorque está unida a Santiago por uma linha regular de navegação. Santiago e Caracas. como a American Smelting Co. alcançaram todo o continente. a dívida externa do continente com os Estados Unidos era de pouco menos de 2 bilhões de dólares. mas não o processo histórico da libertação. os investimentos americanos na América Latina haviam se hmitado ao México e ao Caribe. Venezuela. petróleo. Por volta de 1930. peruanas e chilenas. Desde 1917. Santos. um capítulo da resistência. Montevidéu. Os tentáculos do dólar Até 1914. 38. Encerrava-se. dominados pelos grandes bancos como o National City Bank. Buenos Aires. açúcar.Estados Unidos Tacho Somoza. e no decorrer dos dez anos seguintes as linhas se expandem até o Brasil e á Argentina. controlam a produção de chumbo e zinco. controlam 90% da produção do cobre sul-americano. 70% das transações comerciais do continente são contratadas em Nova Iorque. através do canal do Panamá. Os grandes trustes das frutas. Junto com Kennecott. estanho. Não somente vos recusais a nos tratar em pé de igualdade.. Chegou como um vendaval.5. que o desprezo social. quando o vencido está de joelhos? É a angústia do desprezo o que revela o seguinte texto procedente da Indochina: "Aos vossos olhos. . como temeis até a nossa aproximação. O dinheiro capitalista sobrevive quando se apossa do trabalho onde quer que ele exista. somos selvagens. e ao mesmo tempo esmagador. o legado: sangue. destruindo sociedades milenares e construindo um mundo de angústias sobre as ruínas de milhões de seres humanos. como se fôssemos objetos de asco. incapazes de distinguir entre o Bem e o Mal. quan- O colinialismo francês na África é denunciado por Steinlenem L'Assiette au Beurre.. Pode haver algo mais sutil. desprezo e miséria 0 imperialismo não só deixou um sabor amargo onde se instalou. 26 de fevereiro de 1902. Para o dinheiro não existem as barreiras emotivas. Nosso coração se enche de tristeza e de vergonha. sem se importar que isto possa significar a destruição física ou psíquica do trabalhador. animais obscuros. como instrumento de dominação. como também queimou como ácido e perfumou como enxofre três continentes. o sentimento nacional nem a dignidade da espécie. foi a dossipaiosque durou 15meses(185758) e sublevou toda a índia. Presos a uma máquina que mina nossa energia. A conquista da índia custou aos ingleses mais de cem anos de guerras. levantaram-se para resistir e lavar com sangue a condição e dignidade humanas. os povos. estamos reduzidos à impotência. até os mais humildes e desarmados. entre as quais. explorá-los e asfixiá-los." Contudo.Caricatura alemã: Leopoldo II (colonizador do Congo belga) cercado de crânios e dinheiro. A conquista da Argélia custou aos franceses 40 anos de guerras que s . de tanto humilhá-los. A maioria não disse amém quando o imperialismo chegou. do à noite repassamos todas as humilhações que sofremos durante o dia. a mais violenta. Por isso é que só os mendigos ousam apresentar-se nos escritórios dos franceses. organizada pela sociedade dos Hai Ho Tuan. russos. Entre maio e agosto de 1900 irrompeu a Rebelião dos Boxers. proi- Propaganda boxer: numa cena fictícia. Adb-elKrim. o imperialismo foi obrigado a organizar um exército internacional com soldados franceses. Entre estes movimentos está o Tai-Ping que estremeceu toda a China Central entre 1851 e 1864. lutam contra os grandes proprietários e são partidários de uma reforma agrária radical. A repressão do movimento custou ao povo chinês centenas de milhares de mortos. os chineses levam os europeus a julgamento. porque considerava que os Manchus eram aliados dos ocidentais. ingleses. americanos. que significa "Os Punhos da Harmonia Justa". exigiu um ' exército de 300 mil soldados para derrotar o líder da insurreição. austríacos. a China foi obrigada a aceitar uma paz humilhante: uma indenização de guerra de cerca de milhões de libras. Todo o Norte do país revoltou-se e apesar da curta duração. . Isto custou ao povo argelino um milhão e meio de mortos. Na China. Apoderaram-se de Nanquim onde instalaram uma dinastia dissidente e chegaram a controlar todo o vale do Iangtsé. A pacificação do Marrocos. alemães. que abalaram todo o país. O movimento era antidinástico. Fora os milhares de mortos. que se prolongaria até 1934. italianos e japoneses.exigiram a presença de um exército permanente de 100 mil soldados. o descontentamento social contra a dominação estrangeira deu origem a poderosas insurreições. A conquista de Madagascar pelos franceses vitimou 100 mil pessoas. também destruirá Kana inteiramente. Nas cartas de Mariscai de Saint-Arnaud. na região da Guiné. "o coronel Dodds não se propõe a permanecer em Abomey depois de tomar a cidade para ocupá-la." Segundo notícias do Le Journal de 1892.. essa manufatura exportava um excedente que concorria com os tecidos europeus até que os ingleses e franceses proibiram a exportação. Seu plano consiste em queimá-la completamente. mas eu os rechacei porque não queria uma submissão geral. Surgem os grandes pro- . que desde muito antes da chegada dos ingleses havia desenvolvido uma manufatura têxtil a que satisfazia às necessidades internas. são destruídas sob os efeitos das relações de produção capitalistas... por isso comecei a queimar. Um escritor inglês da primeira metade do século XIX. Glasgow etc. os produtos dos teares mecânicos de Lancashire. Alguns tentaram aceitar a submissão. as aldeias e as casas. os ingleses puderam penetrar no país e conquistá-lo. pode-se ler com pesar: "O país dos Reni-Menasser é lindo e um dos mais ricos que vi na África. Mais tarde. Dois testemunhos europeus bastarão para registrá-lo.bicão de importar armas. proibição de que os chineses residissem nos bairros onde se localizavam as legações estrangeiras etc. conquistador da Argélia. O imperialismo não deixou por menos: usou e abusou da violência mais cruel para reprimir e intimidar. Um bom exemplo ocorreu na Índia. Através desses comerciantes..61 ras de resistência. de linda contextura e muito resistente... enquanto a exportação para a Inglaterra. A conquista da África negra esteve pontilhada de duras e longas guer. foi a força corrosiva do capital. já em contato com os europeus. Nós queimamos e destruímos tudo. O mesmo aconteceu com a agricultura. de manufaturas de Bengala e Behar.. No entanto. verdadeiras unidades econômico-sociais auto-sustentadas. foram taxadas com direitos quase que proibitivos". arrasará as aldeias e territórios das tribos que se declararam inimigas. o que levou à destruição. Yorkshire. muito mais do que a força destruidora das armas. de forma a que sofram um castigo do qual conservem uma recordação inesquecível". Ao se retirar. A classe dos comerciantes e fabricantes hindus tinha alcançado um notável desenvolvimento que foi reforçado no contato com os comerciantes ingleses. comentava este fato assim: "Apelando para os princípios do livre comércio. As comunidades de aldeias.. A importação maciça e o consumo forçado de tecidos e produtos ingleses arruinaram as manufaturas do país e desarticularam totalmente a economia agrária. a Inglaterra obrigou os hindus a aceitarem praticamente sem direitos de importação. Uma família indiana sofre em conseqüência de uma epidemia de fome na índia. café. A primeira grande fome registrou-se entre os anos 1800 e 1825 e matou um milhão e quatrocentas mil pessoas. prietários e uma maioria de camponeses sem terra e de pequenos proprietários miseráveis. no início do século XX. em detrimento dos cultivos de subsistência. 0 sistema de impostos monetários e a política de forçar os cultivos que serviam ao mercado capitalista. cereais. corantes. destruiu a antiga agricultura. algodão. chá. 0 efeito foi demolidor e a fome assassinou milhões de pessoas. De 1827 a 1850 morreram de fome 5 mi- . onde o imperialismo encontrou culturas mais frágeis. e em Pundjab. em 1900. dilacerado. a situação desesperadora dos que haviam sido obrigados a emigrar para os centros fabris de Bombaim. foi o cemitério de milhões de africanos. Povos inteiros foram castigados. pelo sistema do capital. a grua. Um observador escreveu: "Aqui vi construir ferrovias. ferrovias. A situação miserável de milhões de camponeses sem terra. Entre 1875 e 1900. em 1875.A expropriação das terras. maltratados pelos capatazes. Na África do Norte. pelos trabalhos forçados e humilhantes. a abolição do tráfico negreiro coincide com o começo do imperialismo. dizimados. Empurrados. O material se encontrava sobre as pedreiras. Era necessário substituir os mortos. originou movimentos de revolta em Decan. a destruição pela guerra. A expropriação era o castigo imposto às tribos que resistiam.. o continente foi cortado. os negros morriam em massa. estradas. para as minas de ferro e carvão. Desta forma. pelo sistema de impostos em dinheiro. Em 1918. Na África. passaram às represálias. Um continente já sangrado durante 400 anos. sofrerá um impacto maior. A modernização da África com a construção de portos.lhões de pessoas. depois dois mil.. o sistema colonial se fundamentou neste processo. A construção de uma ferrovia de 140 km matou 17 mil trabalhadores negros em Brazzaville. Os que opuseram resistência foram massacrados. Como foi assinalado anteriormente. Camerum. Muitos fugiam do recrutamento militar ou das construções de estradas e ferrovias. que deram origem ao proletariado industrial. parcelado. Quantos negros havia ali! O negro substituía a máquina. quatro. o caminhão. Algo semelhante aconteceu na Indonésia. enfim. Povos da mesma origem e da mesma língua foram divididos e repartidos entre as grandes potências. Aqui. houve mais de 8 milhões de mortos por desnutrição e gripe. Os mecanismos podem ser resumidos em quatro: 1 . Como os indígenas resistiam ao recrutamento. Costa do Marfim.. A insurreição argelina de 1871 foi castigada com a ex- .. 600 mil foram para a Costa do Ouro. transformouse em um genocídio. logo após a conquista holandesa. Na África do Sul. abundante contingente de força de trabalho foi forçada a entrar no mercado de trabalho capitalista. A fome dizimou a população das ilhas. Dos 8 mil homens não restaram mais que cinco." A penetração européia no continente negro significou a total ruptura do sistema de vida. o sistema das expropriações foi o mais freqüente como instrumento de dominação. no Quênia. As migrações forçadas dizimaram povos inteiros: 2 milhões de africanos emigraram para a Nigéria em 1928. a fndia sofreu 18 grandes epidemias de fome que mataram 26 milhões de pessoas. ali se trabalhava e se morria todos os dias porque as condições de trabalho assalariado eram um risco de mor- . impondo seus próprios laços ao trabalhador. 1905-1912. a quebra do sistema de vida tradicional originou a revolta: 1896 em Serra Leoa. elevou-se nas ilhas do lago Vitória a 420 mil. O assalariamento. Na América Latina foi a mesma coisa: as expropriações. os trabalhos forçados. Não existia a liberdade de mudar de trabalho quando as condições não satisfaziam bem como a alternativa de morrer de fome sem trabalhar. Também o foi na América Latina. onde Cecil Rhodes lutava para desenraizar o africano do sistema tradicional de sobrevivência. seja o assalariamento ou uma variante desse sistema. lutou para aprisionar a força de trabalho nos centros produtores. 3 — Cultivos obrigatórios destinados à exportação. Tanganica. os cultivos forçados para a exportação.propriação de 568 mil hectares. Este imposto eqüivalia a três meses de salário o que obrigava o africano a assalariar-se. 4 — Trabalhos forçados para a administração colonial. Este fato ficou claro na África do Sul. fome e excesso de trabalho. No Senegal aplicou-se desde 1860. pago em dinheiro e não em espécie. via sistema de plantações. Costa do Marfim. Desta forma. as companhias inglesas submeteram os trabalhadores assalariados a um sistema de coação física e moral de incrível brutalidade. um vínculo puramente monetário. na época do imperialismo. sem se importar se para isto era necessário submeter toda uma sociedade a uma nova escravidão. no entanto. Nas províncias salitreiras do norte chileno. através de sistemas que iam da prisão por dívidas — o chamado enganche. trabalhos públicos. Por toda parte. o capitalismo destruiu os antigos vínculos pessoais como a escravidão e a servidão. 1905. o censo da África equatorial registrou entre 4 e 7 milhões de africanos. pois a coação física e moral foi a ferramenta principal. 1904. onde o capital mundial. •2 — Foi instituído e tornado obrigatório o imposto pessoal. isto é. isto é. Foi também a morte. Os maus-tratos. Em 1912. a agricultura de subsistência foi quase que totalmente ehminada. A mortalidade por enfermidades. mineração. O princípio que norteou toda a expansão mundial das relações de produção capitalista foi: todas as pessoas trabalhando para o capital. Revolta Zulu etc. Ao contrário. Em 1921 chegavam apenas a 2 milhões e 800 mil. Tribos inteiras desapareceram e os que sobreviveram foram expulsos para regiões do deserto. nunca teve a pureza que desejariam os teóricos. amplamente usado na África — até o assalariamento puro e' simples. os trabalhos forçados para os serviços públicos que recaíam especialmente sobre as populações indígenas. Changai possuía também as mais caras casas de tolerância. promovendo o "desenvolvimento" e a fome. Por que não se cobrem estes fornos com uma tampa. fora dos limites da cidade. em outros por indolência criminosa. . por seus clubes internacionais. inúmeras casas de fumar ópio e todas as riquezas civüizadoras que se encontram nos grandes portos marítimos". em alguns lugares. o maior do mundo. sob a jurisdição dos cônsules estrangeiros. como sobre toda a sociedade.(N. o Railways Times de Londres publicou um editorial com o título "O Fundo de Suborno e Corrupção das Ferrovias Sa3 4 3 4 Grande caldeira de ferio onde se fazia o cozimento da pedra para extrair o salitre. fazia o controle sanitário e organizava a força policial que perseguia. O Conselho Municipal organizado pelos ingleses recolhia impostos. que passa sobre os fornos que fervem com 115 graus de calor. ladrões e criminosos comuns." O sistema do capital não só recaiu sobre os trabalhadores. do Org. Changai foi um exemplo deslumbrante.) Terra que sobra depois de retirado o salitre.te cotidiana — e que morte! Um testemunho de 1910 esboçou o seguinte quadro: "Onde se vê mais palpável a iniqüidade dos magnatas salitreiros é no desprezo pela vida do trabalhador. As grandes cidades dos países colonizados foram transformadas em centros de diversão para os ocidentais.(N. Havana foi descrita como o maior prostíbulo internacional antes da revolução de Castro. pois vi as grades de madeira destinadas a cobri-los e não são usadas porque para a colocação requer tempo e o tempo é ouro entre os ingleses e deve ser economizado. os mais luxuosos. que ofereciam no Oriente os suntuosos prazeres da Europa e da América. Os cachuchos têm sido particularmente contestados pelo enorme número de vítimas que têm feito. um pedaço de caliça que caia e faça trepidar a vagoneta. do T. A 1? de janeiro de 1898. os revolucionários.. um anel que se afrouxe. Um historiador oriental descreve assim esta cidade: "Changai era famosa por seu bar. por seu gigantesco hipódromo.). Há muitos anos que se sente um contínuo clamor porque nas fábricas não se tomam as medidas mais elementares de providência para evitar os acidentes de trabalho. um passo em falso. prostituindo mulheres e políticos. como já foi pedido até o cansaço? Por economia. ali as autoridades do país não tinham poder.. estes protestos justíssimos têm sido abafados a tiros de canhão e ainda pode-se ver — como eu vi — os trabalhadores correndo e empurrando uma vagoneta cheia de caliça por um caminho de sessenta centímetros de largura. introduzindo o luxo e a corrupção. o mais agradável. e um operário poderá cair e ter a morte mais espantosa. O suborno de políticos e funcionários foi usado largamente. que a maior parte deste dinheiro não era para ele. Interrogaróriq a Sir Ashmead-Bartlett.litreiras". mas creio que muitos membros do Senado.. Resposta: — Além de outros emolumentos.. depois de ouvir as pessoas que conheciam aquilo — a opinião do coronel North e outros — de que não teríamos possibilidades de sucesso em nossas legítimas aspirações. Pergunta: — Alguma vez o senhor manifestou sua opinião a respeito da correção destes pagamentos? Resposta: — Tivemos muitas discussões a respeito. que uma enorme soma foi paga ao senhor Z.. muito corrompida e como éramos atacados de todos os modos. Não digo que seja necessário subornar juizes. O senhor deve ter entendido que o modo de proceder da justiça no Chile não está baseado no alto padrão de pureza que existe neste país. além disso.Alguma vez vocês receberam do coronel North alguma justificativa desses grandes desembolsos? .. A companhia que controlava a ferrovia salitreira no Chile submeteu a um severo julgamento vários diretores. que não seja segredo para ninguém. A administração pública no Chile é. Pergunta: — A mesma observação se aplica às várias somas elevadas que vejo que foram pagas ao senhor Z. O dinheiro serviu também para impedir que o governo se negasse por completo a ouvir nossos protestos e reclamações. Pergunta: — Para que eram necessárias estas grandes entregas de dinheiro? Resposta: — Para que ele defendesse as contendas da companhia e porque afirmava que gastando essas somas conseguiria atrair influências que nos assegurariam o êxito. Smith. que parte do dinheiro era dado a pessoas no Chile que poderiam ser úteis à ferrovia.J. membro do Parlamento britânico.. mas chegamos à conclusão. como o senhor sabe. ter merecido um honorário fixo de mu e quinhentas libras esterlinas ao ano. mas para ser distribuído entre pessoas de influência no Chile. para esclarecer as enormes somas de dinheiro gastas nessa empresa.. além de seu honorário fixo de mil e quinhentas libras esterlinas ao ano? Resposta: — Creio.. supõe-se. 28 de maio de 1897: Pergunta: — Poderia fomecer-me detalhes desta grande soma investida? Resposta: — Não poderia separar exatamente o que se pode chamar de gastos legais legítimos e gastos legais de caráter privado.. Interrogatório feito a J. de poucos recursos.que parece. 25 de maio de 1897: Pergunta: — Aparece nos atos do diretório. Interrogatório a Robert Harvey. embora não esteja seguro. 22 de maio de 1897: Pergunta: .. ficarão com parte deste dinheiro em troca de seus votos. a menos que nos curvássemos a estes gastos. nos aconselharam a fazer este gasto para resguardar os direitos da ferrovia. Albert Sarrault escrevia a este respeito: "Toda a obra de colonização. ferrovias. seja férrea.. a necessidade de conservar e aumentar o capital humano para poder fazer trabalhar e frutificar o capital monetário. A tudo isto é preciso acrescentar a profunda distorção das economias coloniais.. 85% no Egito. os resultados foram evidentemente muito pobres." Apesar de querer melhorar a mão-de-obra através da instrução.. a educação foi distribuída pelos missionários e teve um forte caráter paternalista.. Em termos gerais. 73% na Guatemala etc. Em uma palavra. Se é verdade que o imperialismo levou às colônias hospitais.. toda a necessidade de criação de riqueza está dominada nas colônias pela questão da mão-de-obra. 90% no Haiti. segundo estatísticas da ONU (Organização das Nações Unidas). estes são colocados em segundo plano na administração colonial e seus direitos são hmitados. o analfabetismo era imenso nos países submetidos ao imperialismo: 99% no Sudão.. O número de estudantes sempre permaneceu baixo.Resposta: — Creio que não. 94% no Iraque." As políticas de saneamento básico e de saúde tinham também como objetivo a valorização do capital. solidificar a dominação e incrementar os lucros. Os colonizadores formaram nas colônias uma nova elite que substituiu a antiga. as epidemias e os flagelos de toda sorte que dizimam terrivelmente as populações nativas da África. Sempre foram postergados em relação aos funcionários europeus. 90% na África do Sul. não é menos certo que esses instrumentos também tinham por finalidade aumentar a exploração. Até 1940. como também no primário e secundário. . Daí a necessidade de organizar a luta enérgica contra as enfermidades. que vá de um ponto da costa do Senegal ou da Guiné francesa até algum lugar do Niger. ou férrea e fluvial. O ministro francês Delcassé dizia a este respeito na Câmara dos Deputados em 1885: "No dia em que se construir uma estrada. À medida que são formados os novos quadros de funcionários e profissionais. Foram indivíduos saídos desta elite de segundo escalão os que iniciaram movimentos políticos mais modernos contra o imperialismo. não só no ensino superior.. escolas. 92% na índia. Este processo foi realizado por intermédio de uma educação distribuída a certos grupos e orientadas para os interesses dos brancos.. esse dia não somente vós estareis seguros de tornar impossível qualquer revolta como também de transportar até a costa a maior parte do tráfico para o comércio francês. todas elas dependentes da produção de um ou dois produtos. Creio que devem ser qualificados como dinheiro gasto em serviços secretos. Essa situação alimentou o rancor e o nacionalismo do colonizado. 85% no Vietnã. não posso deixar de ver que o governo democrático. vice-rei da índia. Hobson. nem o deseja. . opinião da maioria e tudo o mais. que ao desenvolvimento das instituições representativas. em 1903. Encontro do lorde Curzon. No entanto. Houve outros que foram mais sinceros e puseram a culpa nos próprios colonizados. não foi levada às colônias. diziam estes críticos. Lorde Milner.68 Para muitos críticos europeus do imperialismo. tal como o entendemos. a civilização ocidental. de que dotamos o país em 1883. representação popular. 1903. descubro-me anti tudo que seja sufrágio universal. os resultados políticos do imperialismo foram totalmente nulos do ponto de vista da democracia. usada como justificativa pelos que o defendiam... Por exemplo. Se se queria sinceramente civilizar." De fato.. como assinalou Hobson.. "(. não é possível no Egito durante um período mais longo do que podemos prever no momento. como observador da situação atual da sociedade egípcia. alto funcionário britânico no Egito: "No que diz respeito ao futuro imediato do Egito. A população do país nem compreende o governo democrático.) A esmagadora maioria dos súditos britânicos carecem de liberdade política autêntica e verdadeira liberdade cívica (. com o marajá de Patiala... Houve defensores que diziam que "o império britânico é uma galáxia dos Estados livres". era necessário começar pela instalação de regimes políticos modernos.) ". Como autêntico britânico que sou por nascimento. concedo muito maior importância ao aperfeiçoamento do caráter e à inteligência dos funcionários. parlamento. O direito de voto e os demais direitos humanos que caracterizam a democracia seguem sendo praticamente um privilégio dos brancos nas chamadas colônias autogovernadas. A esmagadora maioria dos súditos britânicos carece de liberdade po. por volta de 1886. quer dizer. Por essa razão é que formamos uma organização. por operários e camponeses." Os movimentos nacionalistas organizados pela pequena burguesia intelectual. podemos ler o seguinte: "Tendo a oportunidade de estudar novos livros e novas doutrinas eu. Igualmente na China.. mas quando seu inspirador morreu. Tentou-se isso na Indochina. muitos dos quais foram enviados pelos próprios colonizadores para estudar ou trabalhar na metrópole — como foi o caso de Gandhi na índia e o de Chou En-lai na China — prepararam-se para lutar por seus direitos democráticos e pela independência nacional. o colonizado se alimentou e aprendeu a usar as ferramentas do colonizador..69 lítica autêntica e verdadeira liberdade cívica... em termos de legislação e administração. foram fonte alimentadora de uma resistência perene. sob os princípios de independência.. a profunda injustiça social. e funda a república. descobri numa história recente do Japão como este país foi capaz de vencer os europeus impotentes. No Egito. Houve governantes coloniais que puderam ver este fato e tentaram uma política que permitia aos colonizados maior participação na gestão do governo. Kemal Ataturk funda o movimento renovador dos "jovens turcos". Em 1885 funda-se o Congresso Nacional Hindu e em 1920 o Ali índias Trades Union Congress que organizará novos sindicatos de trabalhadores. . obscuro estudante. a desigualdade enorme entre o colonizador e o colonizado. como método para quebrar a resistência do povo anamita. Em um panfleto político procedente da Indochina. soberania e bem-estar derruba a dinastia reinante..tem fora desta ilha. O despotismo é a crisálida da Überdade e os franceses puderam entendê-lo em maio de 1954. um em cada 34.. Em 1908. Passaram-se vários anos sem que os franceses tenham tido conhecimento de nosso movimento. desfrutam de algum tipo de autogoverno. Sun-Yat-Sen organiza o movimento republicano "jovem China". nosso único objetivo é preparar a população para o futuro. Ali onde o imperialismo semeou a cultura do branco. vosso humilde servidor.." A ausência de direitos políticos. Escolhemos os mais enérgicos e os mais corajosos dos jovens anamitas para mandá-los estudar no Japão. não mais de 11 milhões. na arrasadora derrota de Dien Bien Phu. o movimento nacionalista é dirigido por Zaglul Pachá. que com a revolta de 1911.. os novos funcionários voltaram às práticas despóticas de governo.. que não têm um palmo de terra para semear e cuja existência deveria despertar a compaixão se não houvesse tantos corações de pedra. a 500 mil operários do campo que moram em cabanas miseráveis. da miséria e do desprezo colonialista. esse direito. com palavras lapidares de "A História me Absolverá". esse imperativo ético de todos os povos massacrados pelo imperialismo. onde se luta para resistir ao desmembramento planejado pelas potências no México (1910-1917). "Nós chamamos povo. marcham em direção à cidade do México. aos 400 mil operários industriais e braçais cujos retiros estão desfalcados. (1919-1922). Fidel Castro sintetizou em 1953. Em 1907 nasce o partido dos "jovens tunisianos". aos 600 mil cubanos que estão sem trabalho. que trabalham quatro meses e passam fome o resto do ano compartilhando com seus filhos a miséria. cujas conquistas . como os métodos de violência e terror com os quais o imperialismo havia dominado o mundo. O mundo colonial começava a esfacelar-se e os povos submetidos não só aprendem o idioma da potência imperialista. desejando ganhar o pão honradamente sem ter que emigrar de sua pátria em busca de sustento.Zapata (ao centro) e Villa (de uniforme militar). Os terroristas de então levantam a voz para condenar a violência revolucionária e reclamar os direitos que conquistaram a ferro e fogo. O direito revolucionário nasceu nas entranhas do terror. na Turquia. Afeganistão etc. seguidos por companheiros. se se trata de luta. Os movimentos revolucionários estouram na Pérsia (1905-1911). Este é o povo. cujos salários passam das mãos do patrão para as do algoz. advogados. para morrer sem chegar a possuí-la. dentistas. jornalistas. arruinados pela crise e assoberbados por uma praga de funcionários venais. engenheiros. cujo futuro é o rebaixamento e o despojamento. cujas casas são infernais. nem embelezá-la. desejosos de luta e cheios de esperança para encontrar-se em um túnel sem saída. veterinários." . nem melhorá-la. tão sacrificados e necessários para o destino das futuras gerações e que são tão maltratados e tão mal pagos. uma parte de seus produtos. aos 10 mil profissionais jovens: médicos. mas 'aqui tens. plantar um cedro ou uma laranjeira porque ignoram em que dia virá um oficial de justiça com a guarda rural para expulsá-los. aos 71 100 mil agricultores pequenos que vivem e morrem trabalhando uma terra que não é sua. aos 20 mil pequenos comerciantes.. cujos caminhos e angústias estão cheios de enganos e falsas promessas. cobertos de dívidas. que não podem amá-la. A este povo.. farmacêuticos. cuja vida é o trabalho perene e cujo descanso é o caixão. todas as portas fechadas. que saem da escola com seus títulos. que têm que pagar por suas parcelas como servos feudais. portanto. pedagogos. contemplando-a sempre tristemente como Moisés a terra prometida. luta agora com todas tuas forças para que sejam tuas a liberdade e a felicidade. o que sofre todas as desgraças e é. surdas ao clamor e à súplica. escultores etc. não vamos dizer: 'te vamos dar'. pintores. aos 30 mil professores tão abnegados. capaz de lutar com toda a coragem.lhes estão sendo arrebatadas. Publicado em 1916. de Hobson. Publicado em 1915. Abril Cultural. Influenciou notoriamente os trabalhos marxistas. Desconhecemos qualquer tradução para o português. N. SCHUMPETER. e Lenin reconheceu que a obra era "uma descrição muito boa e Completa dos principais traços econômicos e políticos específicos do imperialismo". Zahar. fato que propiciou desenvolvimento ao capitalismo. São Paulo. HILFERDIN. BUKHARIN. o autor visualiza. JOHN A. . da Alianza Editora. a configuração de um sistema econômico mundial. etapa superior dei Capitalismo. R. LENIN. 1961. constituindo um documento vivo do imperialismo britânico. muitos trabalhos importantes usados na preparação do presente livro não foram citados por terem sido publicados em inglês ou francês. — El Imperialismo. especialmente. formulou a tese da concentração do capital em mãos de grupos reduzidos de grandes banqueiros e industriais. V.Imperialismo e Classes Sociais. ainda que o critério de seleção não tenha menosprezado a qualidade. Buenos Aires. Publicado em 1910. 1984. Esta obraé pioneira na análise do imperialismo. Nestes idiomas só selecionamos os trabalhos considerados clássicos e que não poderiam estar ausentes desta lista.A. J. o autor retoma as teses dos dois primeiros e. s/d. Desta forma. Londres.I. A Study.O Capital Financeiro. precursoramente. Existe tradução em espanhol. e define o imperialismo pela exportação de capitais.bibliografia Apresente bibliografia não pretende ser exaustiva e. . mas na parte histórica. 1902. De fato. A primeira versão deste trabalho data de 1919 e leva o título de The Sociolo- . Entre os trabalhos não marxistas que foram publicados na época do imperialismo. Editora Melso. Polemica. pretendemos também usar o critério do acesso do leitor brasileiro ao livro.Imperialism. 1974. não apenas na parte teórica. Rio de Janeiro. destacam-se dois: HOBSON. Rio de Janeiro. Trabalhos teóricos Entre estes trabalhos se destacam os fundamentados na teoria de Marx.O Imperialismo e a Economia Mundial. . . as teses de Hilferdin e Lenin já estão adiantadas no livro de Hobson. George Allen &Unwin. W. RONDO E. campo de investimento etc. Resumo crítico completo das teorias racistas do imperialismo. Análise séria e detalhada que confronta as teses sobre o imperialismo com os processos históricos na África. Este livro e o anterior são dois clássicos na análise da inversão de capitais no exterior. .Ásia e ilhas do Pacífico. •• O. 1955. Cambridge University Press.M. 1953.L. Para estudar a inversão de capitais desde o começo do século. BRUNSCHWIG.World Commerce and Governments.gy of Imperialism.Francia y el desarrollo econômico de Europa. J. eW. 1974.Expansión europea y descolonización de 1870 a nuestros dias. Minneapolis.The Diplomacy of Imperialism. D. A. Para o comércio da América Latina no século XIX. Apesar do título.C. CAMERON. Londres. sociais e psicológicos do imperialismo.H. Harvard University Press.A Dominação Ocidental na Ásia. . . O autor retoma a tese de Schumpeter. 1870-1913. 1800-1914.comércio internacional. B. 1959. CHESNEAUX. Esta obra. Labor. e compara seus próprios cálculos com os de outros autores. CAIRNCROSS. 1975. Perspectiva.A Partilha da África Negra. 1960. 1958. K. Ed. Excelente resumo estatístico da produção mundial. . Siglo XXI. 1970.A Ásia Oriental nos Séculos XIX e XX.Imperialism and Social Reform: English Social Imperial Thought 1895-1914. 1967. F. Importante para o estudo da inversão em países do continente.N. Trabalhos relativos ao comércio e aos investimentos mundiais: WOYTINSKY E. MIÈGE. NY. Barcelona. escrita por um grande especialista em questões orientais. 1977. Harvard University Press. Rio de Janeiro. 1950. IMLAH.. do que foi o imperialismo na Ásia. MATTHEW . Analista especialmente os mecanismos políticos e diplomáticos do imperialismo. . navegação etc. . Cambridge. Obra de síntese.M..S.. analisam-se nesta obra os componentes econômicos.K. . ALBERT M. São Paulo. Estudos históricos e ensaios sobre o imperialismo: PANIKHAR. SIMON.U. escrita por um historiador hindu. Importante pela visão de conjunto da ação imperialista e a luta dos colonizados. . 3? ed. SEMMEL. é a visão e a experiência sincera. Para este autor. La expansión de Europa.) Capital Movements and Economic Development. Paz e Terra. . Madrid. Analisa a exportação de capitais britânicos por regiões. Tecnos. México.Home andForeign Investments. .Economic Elements in the Pax Britannica. no fundamental.Latin America andBritish Trade. NY. . Pioneira. FIELDHOUSE. DAVID K.Economia e Império. Fundamental. o imperialismo era produto de uma sobrevivência feudal que acompanha o capitalismo burguês e lhe transmite seu apetite pelo poder da conquista. Foi amplamente utilizado na preparação do presente livro.S. JEAN-LOUIS . 1976. RIPPY."The Pattern of New British Portofolio Foreign Investment 1865-1914" in J.. New York. Adler (ed. 1822-1949. Mass.British investment in Latin America. . 1955. . University of Minnesota Press. . 1978.Foreign Capital in Latin America. LANGER. especialmente para uma análise da inversão francesa no exterior. PLATT. 18301914. 2? ed. Trends and Outlook. H. São Paulo. . Cambridge. . 1971. 1957. FABELA. Buenos Aires.Democracias y Tiranias en el Caribe. 1956. FERRO. 1960. Uma obra clássica. Publicações Europa-América Ltda. Há tradução em espanhol. Buenos Aires. W.E. RIPPY. e SOOTHIL. KEPNER. ISIDRO . Ed. Excelente para ver como o colonizador e o colonizado ensinam uma história ideológica.MEMMI.Os Condenados da Terra. Rio de Janeiro. Buenos Aires. FEURLEIN. Aguilar. Portugal s/d. A. e FREEMAN. Ed.Las Doctrinas Monroe y Drago. Vida Nueva. Ed. PERKINS. .Dólares en la América Latina. F. 1957. S. WILLIAM . Triângulo. A inversão americana e os problemas da dívida do continente até a II Guerra Mundial. 1947. escrito por um jornalista americano. Meridión.Fábula dei Tiburón y Ias Sardinas.C.H. muito bem documentada e fundamental para o estudo da política americana na América Central desde Roosevelt até Wilson. J. Escrito em relação à guerra de libertação da Argélia. e HANNAN. G. Argumentos. Ensaio crítico de um ex-presidente da Guatemala sobre o imperialismo ianque na América Central. México. 1978.Retrato do Colonizado. México. SELSER. 1954. Rio de Janeiro. Santiago. há em suas páginas a visão dramática da guerra imperialista.. Paralelo.The United State and the Caribean. 1960. Buenos Aires. que repudiava as intervenções militares no continente por dívidas não saldadas. Londres. MAC . político e diplomático entre as duas potências. . . Um estudo clássica sobre as atividades da United Fruit na América Central. Rio de Janeiro. Paz e Terra. DEXTER . ARÉVALO. FRANTZ . . FANON. EDUARDO . Civilização Brasileira.La diplomacia dei dólar. Ed. . . 1978. JUAN J. Ed. pelo ministro argentino. CH. Oxford University Press. . Escritor tunisiano que tem a intenção de testemunhar a violência do colonizador. NEERING. Universitária..La rivalidad entre Estados Unidos y Gran Bretana por América Latina (1808-1930).As Veias Abertas da América Latina. Confronto inteligente entre a doutrina que justificava a intervenção e a formulada em 1902. Garrote y Dólares en América Latina. Ed. .El Império dei Banano. F. 1944. Precedido do Retrato do Colonizador. Madrid. Ensaio muito bem documentado.Diplomacia. Paz e Terra. 1967. GALEANO. O confronto econômico. S. E. KREHM.Falsificações da História. Inglaterra. França e Rússia Ocupação francesa da Cochinchina 1861 Lagos torna-se colônia inglesa . EUA.cronologia Data 1830 1839 1843 184042 1845 184549 África Tomada da Argélia pela França Ásia A Latina Conquista do Sind pelos ingleses A Inglaterra anexa a Costa do Ouro Primeira guerra do ópio na China Natal torna-se colônia britânica Conquista de Pundjab pelos ingleses Anexação do Texas. Novo México e Califórnia pelos Estados Unidos 1851 1852-54 A Inglaterra reconhece a autonomia das repúblicas bôeres Início da sublevação Tai-Ping na China Conquista inglesa da Birmânia do Sul Ultimato de Perry ao Japão Segunda guerra do ópio Tratados entre Japão. 1863 76 1862-68 Conquista de GabSo pelos franceses 1864-66 Protetorado francês no Camboja. Anexação da Cochinchina Ocidental pelos franceses Invasão francesa do México Intervenção espanhola no Peru, Chile e São Domingos 1868 No Japão, sobe ao poder o imperador Mutsuhito; início da era Meiji Guerra guai Condomínio franco-britânico sobre o Egito Guerra do Pacífico entre o Chile, Peru-Bolívia do Para- 1865-70 1819 1879-83 1880-98 Conquista do Sudão ocidental pela França 1881 Protetorado francês sobre a Tunísia 1882 Ocupação militar do Egito pelos ingleses 1882-85 Protetorado francês no Tonquim e Vietnã Central (Anã) Congresso de Berlim para discutir os problemas da partilha da África. Nasce o Estado livre do Congo Os britânicos tomam a Birmânia do Norte Sun Yat-sen funda a Associação para o Renascimento da China Guerra sino-japonesa Incidente de Fachoda Guerra entre Estados Unidos e Espanha pela questão de Cuba Intervenção americana nas Filipinas Fundação da República do Panamá Intervenção angloalemã na Venezuela 1884-85 1885 1894 1894-95 1898 1900 1899-02 1903 Guerra dos Bôeres Tomada de pelos boxers Pequim 1904-05 Guerra russo-japonesa 1906 Tratado de Algeciras entre Espanha, França e Marrocos 1910 Intervenção americana na República Dominicana Nova ocupação de Cuba pelos americanos Inicia-se a Revolução mexicana Intervenção americana na Nicarágua 77 1911 Protetorado francês sobre o Marrocos Insurreição republicana na China Sun Yat-sen funda a República George V se proclama imperador da fndia Terceira ocupação militar de Cuba pelos americanos Tropas americanas desembarcam em Veracruz Inaugura-se o canal do Panamá 1912 1914 discutindo o texto \ 1 1. Há várias razões de ordem política, econômica, ideológica etc. que explicam a expansão imperialista. No entanto, qual o significado maior do imperialismo, ao qual subordinam-se todos aqueles elementos? 2. Analise a importância de um país tornar-se uma potência mundial, no século XLX. 3. De que maneira a doutrina do "darwinismo social"de Spencer serviu aos interesses dos colonizadores? Cite exemplos. 4. Quais os interesses e os instrumentos de penetração do capitalismo europeu no mundo muçulmano? 5. O imperialismo francês na África muçulmana submeteu a Argélia, o Marrocos e a Tunísia. Analise o caso tunisiano ou marroquino, incluindo observações a respeito do jogo diplomático da política internacional. 6. Enuncie os interesses do imperialismo francês e inglês no Egito e aponte as formas de penetração do capital europeu naquele país. 7. O imperialismo britânico na África Oriental teve frustrada sua pretensão de unir o Cabo ao Cairo, principalmente em virtude da guerra dos bôeres. Explicite a interação dos fatores econômicos, políticos e estratégicos verificada nesta guerra (1899-1902). 8. Em 1880 era grande a rivalidade franco-britânica pelo comércio do azeite vegetal na África Ocidental e equatorial. Como evoluiu a política imperialista naquelas regiões, após a investida francesa de ocupação da área? 9. Como os ingleses garantiram as fronteiras da índia, que era considerada pelos britânicos como um prolongamento asiático do território nacional? 10. Explique as origens do imperialismo francês na Indochina. 11. A China do Império Manchu constituía um mercado consumidor e um 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. campo de investimentos imensos para os europeus. Cite as principais conseqüências das três guerras do ópio (1840-42, 1857, 1858-60), no que respeita à soberania chinesa. Discuta a atitude japonesa em relação à penetração do imperialismo ocidental. Os países imperialistas, envolvidos em maior ou menor grau com a China, desejavam a manutenção da integridade territorial chinesa. Elucide as razões que tinham para tanto os ingleses, franceses, alemães, norte-americanos e russos, respectivamente. Procure discutir a seguinte colocação:"(...) o imperialismo russo sobre a Ásia Oriental tinha um caráter político-estratégico marcante, ainda que os interesses econômicos fossem bastante fortes." Explique como a penetração do capital na América Latina acabou por submeter os países, convertendo-os em conquistas econômicas européias a serem resguardadas, inclusive militarmente. Comente o caráter que assumiu a Doutrina Monroe (1835), a partir do presidente Theodore Roosevelt (1901-1909). Caracterize os interesses e a atuação norte-americanos na independência do Panamá. Analise a Emenda Platt, imposta pelo imperialismo norte-americano aos cubanos. O imperialismo submeteu as populações da Ásia, África e América pela força das armas e do capital. Caracterize a resistência popular às conquistas e o aniquilamento do sistema de produção tradicional na índia e na África. Faça uma reflexão acerca da afirmação de Fidel Castro em .4 História me Absolverá no que respeita ao direito revolucionário dos povos subjugados pelo imperialismo: "(...) não vamos dizer: 'te vamos dar' mas 'aqui tens, luta agora com todas tuas forças para que sejam tuas a liberdade e a felicidade'." a ATUAL EDITORA apresenta a coleção DISCUTINDO A HISTÓRIA. e de modo analítico. deve se caracterizar pelo bom nível de informação. Cada um dos autores/ especialista e com vivência de sala de aula em sua área. Das primeiras civilizações à Guerra Fria. por ser teoricamente definido e de leitura agradável. um tema de fundamental importância para o processo histórico.DISCUTINDO A HISTÓRIA FOI FEITA PARA V O C Ê Um livro*didático. na área de História. que se propõe a funcionar como material de conhecimento e discussão do processo histórico. Para enfrentar estas questões. os temas são tratados de forma a permitir ao professor e aos alunos. bem como aberto à discussão. CO E D I Ç Ã O COM A E D I T O R A DA U N I C A M P . com fartura de informações e ao mesmo tempo com simplicidade. escreveu um livro em que apresenta. da Antigüidade ao presente. um ponto de partida para um conhecimento histórico sério e participante. para a China sobreviver com dignidade e humanismo. humilhada.Leia também. País superpovpado. hoje a China. de seus bens e rendas. que hoje consome a Terra. da Série discutindo a história A REVOLUÇÃO CHINESA Holien G. mas a pobreza e a simplicidade de um povo que ainda acredita nos valores humanos. era repartir. por via de seu novo regime. eliminando a pobreza. a saída única. não a opulência de alguns privilegiados do capitalismo.admiração mundial: lá se faz adistribuição igualitária de suas riquezas. não só um aprendizado objetivo e seguro. EXCELENTE PARA O TRABALHO EM CLASSE . nesta coleção exemplar. Bezerra Antes miserável. ma^s também dando-lhe uma diretriz de esperança e dignidade da espécie humana. As c o n tradições entre os muito ricos e os muito pobres acabaram. ofendida. proporcionando ao jovem leitor brasileiro. e citada pelos teóricos do regime. A Revolução Chinesa é mais um mundo de estudo e sabedoria. térrea.
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