Governamentalidade, a invenção politica das estatisticas

March 29, 2018 | Author: Rone Santos | Category: Michel Foucault, State (Polity), Power (Social And Political), Economics, Liberalism


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88INFORLV1ARE - Cadernos do Prografllú de lDÔ5-G!~odu{Jção eln Ciência da Inforrr~fç;_~(_) _ GOVERlvAMENTALIDADE, A I!VVENÇ/-lU POLÍTICA DAS ESTATÍSTICAS 1 Nelson de Castro Senra Pesquisador, IBGE Doutorando em Ciência da Informação (CNPq/IBICT - UFRJ/ECO) Resumo Procura-se mostrar, por meioda.idéiadegovernamentaHdade,desenvolvida porFoucault, como se formou.um olhar político. sobre as estatísticas; Passa-se deum Estado atento aoterrÍtório aumEstadoatento àpopulação,comnovos c objetivos, •novos problemas, novas técnicas. Sob o liberalismo, •• ritica-se intensamente a idéia de ... governo, emergindo a •idéia.de •sociedade. Neste contexto, as estatísticas assumem um papeldedestaqlle, acabando por se tornar o instrumentO maior da nova racionalidadegovernamental. Palavras-Chave Governamentalidade Racionalidade Governamental Governo dos Homens - Sociedade População - Economia Política Liberalismo - Aritmética Política - Estatísticas "Bref, le passage d'un ar1 de gouvemer à ul/e science politique, le passage d'un régime dominé par les structures de souveraineté à 1m régill1e dominé par les techlliques de gouvemement se font au XVllh silxle autour de Ia populatioll et, par conséquent, autour de Ia naissance de I'économie politique. " Michel Foucault 1 Introdução invenção política das estatísticas é um acontecimento relativamente recente, teve início quando muito em meados do século XVII, talvez mais apropriadamente no século XVIILIsto não significa, em absoluto, Um resumo deste texto foi publicado nos Anais do I Encontro de Pesquisa da Pós-Graduação de 1995, promovido pelo CNPq!1B[CT - UFRJ/ECO em Ciência da Infom1ação, realizado em 9 de agosto INFORMARE - Cad, Prog. Pós-Grad, Ci, Inf. Rio de Janeiro. \ ,2. n, 1. p, 88-95, janJjun, 1996 ordenando o recenseamento de todo o mundo habitado. o resultado do processo pelo qual o Estado de justiça da Idade Média. Em suma. (FOUCAULT. novas técnicas. \. análises e reflexões. novamente seguirl. pela posição central que ocupa neste texto. Enquanto lá estavam. e ela deu à luz o seu filho primogénito. que tem por alvo principal a população. disciplina.do Foucault. sobretudo o primeiro. acabou por não fazê-Io. o desenvolvimento de toda uma série de aparelhos específicos de governo e. acabando por se tomar o instrumento maior da nova racionalidade governamental. como tecnologia de governo. que estava grávida. Passa-se de um Estado atento ao telTitório a um Estado atento à população. por forma dominante de saber a economia política e por instrumentos técnicos essenciais os dispositivos de segurança". Enfim. Antes de prosseguir. Em seguida. em todo o Ocidente. só ontem. na Galiléia. o que exige tempo.1994b. Finalmente. constituindo-se num saber específico e muito especial. Foucault lançou um tríplice olhar que mais tarde passaria por ajustes finos. Pós-Grado Cio lnL Rio de Janeiro. a partir da superação do século XVI. p.ljun. os conceitos formados. as estatísticas assumem papel de destaque. Longe disso. os sujeitos posicionados. completaram-se os dias para o parto. foi pouco a pouco 'governamentalizado' ". jan. na cidade de Davi. navega-se por mares desconhecidos. can10 1'01dito. Esse recenseamento foi o primeiro enquanto Quirino era governador da Síria. M. a linha de que. em seus últimos dez anos de vida. vale dizer. ganhou culrrÜnância no século XVIII e chegou ao século XIX. lançando mão de um neologismo. cada um na própria cidade. naturalmente sem perda da essência. do que uma abordagem final do problema. Constitui-se um saber político que coloca a noção de população no centro de suas preocupações. provocando. enfim. conceito que passou por sucessivos ajustes nos textos finais de Foucault. com novos objetivos. por ser da casa e da farrulia de Davi. chamada Belém. desde longa data. de outro lado. antes. tratandose do "governo do Estado". chamou de governamentalidade. infelizmente. O objetivo deste texto é revelar o gesto que instaurou essa sensibilidade às estatísticas. novos problemas. iniciado no século XVII.2. não cessou de conduzir. sobre todos os outros: soberania. Prog. de um lado. tratar do instante em que os desejos foram constituídos. a estatística passou a ser vista como instrumento de uma racionalidade governamental. Assim. obras 2 Este texlO. à proeminência desse tipo de poder que se pode chalnar de ~ governo'. ele anunciou que escreveria uma história da governamentalidade. afirmando.sempre a sugerir novas reflexões. p. razão porque apenas as suas obras estão citadas na bibliografia. sua mulher.1994a. com base nas idéias e nos conceitos desenvolvidos por Foucault. sobre a idéia de govemamentalidade: Primeiro: "entendo o conjunto constituído pelas instituições. configurando-se assim um governo dos homens. como as idéias no entorno das estatísticas terão se realizado. a política das estatísticas 89 dizer que a produção das estatísticas tenha começado apenas nessa época. conforn1c o Evangelho segundo São Lucas: "Naqueles dias. porque não havia um lugar para eles na sala. procedimentos. E todos iam se alistar. E\FORiVIARE . apareceu um edito de César Augusto. Em algum momento. sendo então este texto mais uma aproximação. está centrado na obra de Foucault de outros autores poderiam ler sido relacionadas. para a Judéia. Segundo: "entendo a tendência. Entretamo.Got'erncunenralidade. M. envolveu-o com faixas e reclinou-o numa manjedoura. aquilo que Foucault. creio que é possível entender ° processo ou. pretende-se observar como um olhar político sobre as estatísticas terá se tomado possível. o que teria sido excelente mas. Terceiro: "por governamentalidade. 1996 . cálculos e táticas que permitem exercer essa forma tão específica. p. por assim dizer. ela está presente no início da própria história da cristandade. para se inscrever com Maria. 1-7) Entretanto. não raro turbulentos. o desenvolvimento de toda uma série de saberes". 719) Isto posto. será destacada a questão das estatísticas-. Neste contexto. 88-95. 1. da idéia de mais e mais governo. convém que se discuta a idéia de governamentalidade. primeiramente serão abordados acontecimentos ocorridos nos séculos XVII e XVIII. a partir dessa contextualização histórica. "eLe 2. (FOUCAUL T. fazendo surgir procedimentos e meios capazes de assegurar sua regulação. n. quanto complexa de poder. serão abordados os séculos XIX e XX.655) Trata-se de um processo que. tornado nos séculos XV e XVI Estado administrativo.Cad. visualizando o estado do governo sob intensa crítica. Também José subiu da cidade de Nazaré. com o liberalismo afirmando que sempre há governo demais c fazendo emergir a idéia de sociedade. 636) Na verdade. M. 1994b. 720) vasta "literatura anti-Maquiavel". 645 . Mas todos estão dentro de um Estado. que é vista aqui em termos de singularidade. às riquezas. uma forma de vigilância. o nascimento de novas formas de relações econômicas e sociais. ou ainda. :vI. das riquezas no interior de uma fan1l1ia. p. são indagações que começam a ser feitas ao longo do século XVI. e tantos outros. As novas rotas comerciais afetam profunda e positivamente a vida européia. Daí que forças contrárias. O comércio mediterrâneo torna-se difícil. (FOUCAULT. sempre na forma de "conselhos ao Príncipe". vindas de fora ou de dentro. 150 e FOUCAUL T. (FOUCAUL T.90 Govemamentalidade. governar é dispor corretamente as coisas. 88-95. 1. Prog.Cad. surge uma Como se governar. Trata-se de saber como introduzir a economia (até então ligada à gestão correta dos indi víduos. 638-639) T. mas de dispor as coisas. p. com os preços das especiarias baixando fortemente. M. o governo do Estado. expressa bem a idéia de governo então dominante. como ser governado. torna-se ocidental. mais exatamente europeu. vi ve-se a pluralidade nas formas de governo e a imanência em suas práticas. l". com a queda de Constantinopla. da qual se falará adiantê. O Estado se constitui e se quer forte. p. INFORMARE . muita gente governa: o superior de um convento. de como manter.com o cuidado de estabelecer uma continuidade ascendente e descendente entre as diferentes formas de governo. como fazer para ser o melhor governante possível. é preciso que ele desenvolva forte habilidade para manter seu principado. 11. p. podem ameaçar sua autoridade./jun. que até então se pautava pelo Oriente. As monarquias emergentes buscam formas e formas de se tomarem poderosas perante seus vizinhos. Sobremodo. aos comportamentos individuais e coletivos. ampliando a arte náutica. o governo é exercido sobre o território. de controle. 1996 . mas também do navio. ant('""'e singular e transcendente. Duas novidades são introduzidas: a idéiadecoisa (não mais essencialmente o território. à exceção da Alemanha e da Itália. mas um conjunto de homens e coisas) e a idéia de haver uma finalidade para a ação de governo. como. governar um Estado significará estabelecer a economia ao nível geral do Estado. 1994b. a das estatísticas UI11aarte de governar. 641 . vale dizer. com relação ao Estado. porque aceitar ser governado. o governo da fan1l1ia. da carga: governar um Considerada como arte. (FOUCAUL T. que questiona a idéia de governo. de conduzir e de se conduzir acompanha. significati vamente chamado de Novo Mundo. dos bens. Os Estados vivem sob intenso relacionamento comercial. 816).o longo dos séculos XVII e XVIII. por exemplo. apresentada por Foucault. p.2. ter em relação aos habitantes. além de novas estruturas políticas. exterioridadee transcendência. configurando-se o tempo do mercantHismo. assumindo-se o encargo de conduzi-Ias a um fim conveniente. colocando a existência do Príncipe em permanente sobressalto. Pós-Grado Cio InL Rio de Janeiro. é bastante esc!arecedora. A arte de governar estará associada principalmente a uma razão de Estado. as leis seriam usadas como táticas. M. dentre tantas modalidades. Nunca antes o continente europeu fora tão poderoso. M. 2 O governo do estado: trop peu 011 gouverne 1994b p. tão atenta quanto a do pai de farrulia. p. (FOUCAULT. sempre de modo a dispor con venientemente coisas. 1994e. no sentido de ser uma técnica que se conforn1a a certas regras (FOUCAUL T. M. isto é. aquilo que se pode chamar governo do Estado. ao invés de leis. Assim. Maquiavel.640) Nesse q~adro. O que é governar um navio') É certamente se ocupar dos marinheiros. 1994a. sua soberania é considerada acima de qualquer outra coisa. reveste-se de uma certa especificidade. Percebe-se que a atuação do Príncipe sobre o Estado é apenas uma das formas de governo.642) Por essa época. diz-se. o que não quer dizer que ele possua A metáfora do navio. como seria o PrínL"~ Maquiavel. Vive-se um movimento de concentração estatal. em O Príncipe.1994b. Na verdade. táticas seriam utilizadas. (FOUCAULT. As grandes navegações portuguesas. descobre-se o continente americano. p. os últimos resquícios do feudalismo são superados. inquirir sobre a forma de governar e de se governar. Não se trataria de impor uma lei aos homens. e ao mesmo tempo. 1994b. Os Estados nacionais se consolidam. p. procurou-se constituir uma arte de governarJ. Entretanto. ao fim do feudalismo. 1994j. cuja riqueza muda a face do planeta. o chefe de uma farrulia. abrem novos caminhos para o Oriente. ]'vI. em sua forma política. publicado em 1513. reforçar e proteger sua relação com o principado. ou seja. aquelas apresentadas numa tipologia de época: o governo de si mesmo. v. Portanto. M. como governar os outros.646) as o mundo. jan. Assim. cuja unificação nacional só se dará mais tarde. por seu chefe) ao nível da gestão de um Estado. 1994b. Aqui entram as estatísticas. XVIII ao séc. à sua natureza e racionalidade próprias. ocorre no século XVIII. n. vai se tornar instrumento privilegiado para o governo da população. o governo só é possível na medida em que se conhece a força do Estado. teria tudo a ver com a noção de "administração". mas específica. trata de tudo aquilo que tende a afirmar e aumentar o poder do Estado. asoberania e adiscipHnanão foram eliminadas como problemas de análise. um saber que lhe revele a potência de 4 maneira concreta e precisa. 820) Entretanto. deeconomia política. ao aumento da produção agrícola. Igualmente interessante é a metáfora da casa: governar uma farmlia. 644) alianças. Mecanismos racionais.. Pós-Grado Cio rof. sabedoria. 722). o desbloqueio da arte de governar esteve ligado à emergência do problema da população. 1994b. lança mão de certos mecanismos racionais com vistas ao pleno exercício de seu poder. sua riqueza. a bloqueava. a politica --------------------------~~----_. distinto do saber jurídico./jul1. 818) diligência. não de uma racionalidade geral. foi formulada sob duas doutrinas: a doutrina da razão de Estado e a doutrina da polícia. como por exemplo. ademais. como ventos. conseqüentemente. o homem que vai dirigir os outros será um político. b o relacioentre tudo isto (os marinheiros. 88-95. a falllilia. 1994b. p. 648-649) desbloqueio da arte de governar Vira no rastro da expansão demo ~ gráfica ocorrida no século 6 XVIII. que lhe dê uma medida. M. A passagem de uma arte de governo para uma ciência política. mas ao Estado mesmo. constituído como organização política. \. é levar em conta os acontecimentos que podem afetá-Ia: mortes. Enfim. e a carga. M. que tanto in!1uenciou os Estados europeus. os as tempestades.não uma instituição ou um mecanismo funcionando no interior do Estado. que é preciso Levar em perfeito estado ao porto. O governante não mais deverá se limitar a princípios gerais de paciência. que se deve navio.Cacto Prog. tornaram-se ainda mais agudos. a arte de governar marcou passo. 722. 1994j. XIX. p. p. mas o fazia no interior de uma estrutura institucional e mental da soberania que. Na verdade. p. não é essencialmente salvar suas propriedades. 1994b. prudência. com significações de caráter positivo. INFORMARE . na seção 4. 1994b. ainda que o mercantilismo tenha sido a primeira racionalização do exercício do poder como prática de governo. namento salvar. (FOUCAULT. passa a segundo plano._-------------------~------~------- das estatísticas o / . J navio é aneciJes. p. Assim. como elemento no interior da população. 1994j. que se deve salvaguardar. p. na segunda metade do séc. 652) T. que vem do alemão. o igualmente levar em conta os ventos. em torno da população e. (FOUCAULT. mas sim ter como aI vo os indivíduos que a compõem. (FOUCAULT. a família. 19940.1994a. (FOUCAULT. No a vida é o objeto da polícia: seja o indispensável. nascimentos. de modelo quimérico para o bom governante. sua prosperidade. as intempéries. Deve-se compreender as coisas não em termos de substituição de uma sociedade de soberania por uma sociedade disciplinar. Conforme Foucault. além dos acontecimentos da natureza. a racional idade do exercício do poder pelo Estado. Na verdade. mais precisamente.. p. ao contrário do que ocorre atualmente. (FOUCAUL M. ao longo dos séculos XVII e XVIII. a França napoleônica (FOUCAl:L T. seja o útil. 153.expressa a natureza dos objetivos d? Estado e a forma geral dos instrumentos que emprega-. M. seja o supérfluo. arrecifes. ao mesmo tempo. esse mercantilismo procurava introduzir as possibilidades oferecidas por uma arte refletida de governar. assunto que será abordado adiante. o o A polícia . a idéia de "polícia". limitada pelas idéias mercantilistas. através da manutenção da ordem.Governanzentafidade. M. (FOUCAULT. M. ao contrário. do nascimento da economia política. p. Rio de JaneiíO. de um regime dominado pela estrutura da soberania para um regime dorrÚnado pelas técnicas de governo. Estado. ligada à abundância monetária e por sua vez. daquilo que chamamos. da dos regulamentos. Em relação à população. tempestades) que caracteriza o governo de um navio. jan. No seio do Estado. 1994e. Em suma. quando se lhes associa um caráter eminentemente negativo. 150) A razão de Estado não se reporta à sabedoria de Deus nem à razão do Príncipe. t. M. XVIII. procurando a felicidade de seus habitantes. Seu desbloqueio só se dará a partir da emergência de fatos novos. Consciente de sua singularidade.2. (FOUCAULT. p. que deverá se apoiar em um saber político específico. Essa abundância monetária pode ser associada ao ouro de Minas Gerais. Pela primeira vez. surge um elo entre a política como prática e a política como um saber. próprias do Estado . como modelo de governo. 653) Entretanto. fazendo bom emprego de 4 5 6 A constituição de um saber de governo é absolutamente indissociável da constituição de um saber sobre todos os processos referentes à população em sentido lato. p. p. :<'1. suas forças. do final do séc. mas um conjunto bem específico de técnicas de governo. 1996 . Portanto. cada vez mais racionais e econômicos. reforçando ainda mais a idéia dcoum duplo olhar sobre a população e sobre o indivíduo.Cad. 1994i. !. Assim. mas também . Em suma. cujo perfil (inclusive ou sobretudo numérico) os legisladores deveriam se interessar por conhecer atcontamente. jogos estratégicos que tomam instáveis e reversíveis as relações de poder que elas devem assegurar. em boa síntese. administração e atores.(FOUCAULT. procedimentos e instrumentos técnicos. nem o mito do poder. Na expressão de Foucault.de onde claramente Foucault derivou o neologismo "gOln-'enwmenlalité" . ainda que possam sofrer ajustes.com o desenvolvimento dos Estados modernos e a 3 O estado do governo: on gouverne toujours trop Em suas análises da governamental idade. como governamental. em diferentes domínios. que tem na população seu alvo principal e nos dispositivos de segurança seus mecanismos essenciais. entre as ati vidades produti vas e as redes de comunicação. Foucault acentua. como governo de si mesmo pela própria pessoa na articulação das relações com o outro. . Este novo saber é."'1 1994g. p. tal estudo não será abordado neste texto.. 582 . cuja trajetória vem do Oriente.l994b. M. governar é agir no detalhe. 213. o governo se distancia do simples aplicar coerciti vo 8 de um corpo de leis e toma-se positivo. de uma triangulação: soberania . Rio de Janeiro. M. de um lado.2. em outras três oportunidades.só entra na língua francesa em 1801. Foucault se propunha a fazer uma crítica. desde Kant. vale dizer. Por opção.gestão governamental. o homem do século XIX não cessa de se perguntar se a razão não estaria se tomando demasiado poderosa. encontra-se uma complexa e variada combinação de técnicas indi vidualizadoras e de procedimentos totalizadores. especialmente da sociedade hebraica. A propósito.l994g: p. p. jan. Por conseguinte. As disciplinas mantêm sua atualidade e importância. cujos princípios e domínios são próprios do Estado.583. permitindo-lhes viver. O autor passava a pensá10 como um domínio de relações estratégicas entre indivíduos ou grupos (relações que têm por campo a conduta do outro ou dos outros). permanente. Trata-se do poder pastoral. formas racionais. antes.disciplina . segundo a qual o governante governa os homens.~ 9 dutas. Na verdade. 230 . a idéia de governamentalidade. Parece-me que aí está uma nova forma de conceituar governamentalidade. através dos quais ela se exerce. globalizante e quantitativo no referent~o à população e analítico quanto ao indivíduo . o pensamento ocidental não cessa de trabalhar e criticar o papel da razão (ou a falta de razão) nas estruturas políticas. a seu ver necessária. enfim. Constituise uma racionalidade governamental. p. Esse poder emerge como se fosse um novo poder pastoral. Trata-se. Porém. joga-se com ajustamentos mais e mais controlados. de ultrapassar os limites do que é dado pela experiência. por Foucault (FOUCAULT. baseada nas virtudes tradicionais e nas habilidades humanas. absolutamente racional. IN'FORtvlARE . 654) Assim. idéia de indivíduo. o papel da filosofia seria não apenas o de impedir a razão de exceder. Pós-Grado Cio Inf. p. Portanto. consumir. e até mesmo morrer. ainda que sob nova forma política. (FOUCAULT. resultante da assimilação. a política das estatísticas e desta por uma sociedade de governo. 785) No interior do Estado moderno. 1994h./jun. as kis deveriam ser expressão dos interesses da maioria. às concepções correntes de poder (confusamente pensado como um sistema unitário. que a palana "goll\'unemem" como açao de governar entra na língua francesa em l190.1994[ p. Desde então.230). 88-95. trabalhar. na minúcia: 20vernar os indivíduos é conduzir suas COD. ao mesmo tempo. (FOUCAUL T. sob outro ângulo. ressalte-se que a emergência da idéia de população não significa em absoluto o abandono da 7 Considere-se. p. passa-se de uma arte de governar. conviria retomar a obra de Jeremy Benthan. para quem governar scoria promover a felicidade da maioria. Isso implica colocar no centro da análise não o princípio geral da lei. a preocupação da vida individual torna-se~ desde o final do século mais e mais um dever de Estado. Esta supõe. que podf' ser vista como o encontro entre as técnicas de { ção exercidas sobre os outros e as técnicas w. produzir. aquilo que Foucault chamou de governamentalidade. O conceito de poder pastoral é expresso.231) Intensificam-se as relações de poder. ao passo que a palavra f "allx" . com um novo saber sobre o homem. 229 . de outro. v. mas as práticas complexas e múltiplas de uma governamentalidade. dominação de si próprio ou ainda. entrando no Ocidente através do cristianismo. Trata-se de uma nova matriz de radonalidade. de uma velha técnica de poder. n.92 Govemamentalidade. promovendo a felicidade dos homens. aquilo que trata do governo . 8 por curiosidade. "gollvememenw/" 9 10 O estudo das disciplinas podco ser concontrado notadamente em "Vigiar e punir" e em "A vontade de saber" (primeiro volume da História da Sexualidade). organizado em torno de um centro). a uma outra. o Estado deve conjugar esforços no sentido de velar por sua população. com renovados objetivos. criando 7 um neologismo . M. Prog. !996 . essa -governamental idade se concretiza sob um 11 olhar questionador quanto à existência do Estado (FOUCAULT. começa a aparecer claramente uma dimensão política frente ao problema da população. a população pode abranger intervenções concertadas por intermédio das leis. De outro lado. assim. p. 721 .826) A biopolítica. Ela é analisada como um conjunto de elementos que. Prog. a produção e a exportação. 224) A dobradinha riqueza-população foi. higiene. Emerge. 88-95. escassez. A população não é vista como um conjunto de pessoas de direito. e de prover exércitos fortes e numerosos. submetendo-se De um Estado que dizia de si próprio estar sempre governando demasia. 825 . nem como um simples conjunto de braços destinados ao trabalho. seria uma variável dependente de di versos fatores que poderiam ser artificialmente modificados. Assim. a noção de governamentalidade. ociosidade. atravessam o século XIX. que tenderia a aumentar a população pelo incremento das riquezas. p. desde suas origens. M. se prende ao regime geral dos seres vivos fazendo parte da "espécie humana" (noção nova naquela época e que deve ser distinguida do "gênero humano"). Do enriquecimento pelo comércio surge a possibilidade de aumentar a população. p. jan. Pós-Grado Cio Inf. soma que seria o resultado de cada um ter filhos ou de uma legislação que favorecesse ou desfavorecesse os nascimentos.opolítica das estatísticas organização política das sociedades . influenciadas estas por "campanhas". raça.2. o que Foucault chama de uma biopolítica. como a de saúde pública. à época do mercantilismo e do cameralismo. p. então. a racionalização libera! parte do princípio de que o governo (não a instituição propriamente dita. procurando maximizar seu benefício. A intervenção permanente do Estado na vida social é característica da política moderna. mas a atividade que consiste em reger a conduta dos homens num quadro e com instrumentos estatais) não teria em si mesmo sua razão de ser./jun. entendida desde o século XVIII como a forma de racionalizar os problemas postos à ação governamental pelos fenômenos próprios da população. M. I. M.1994a. mendicância. num sistema preocupado com os sujeitos de direito e com a liberdade de iniciati 'Ia dos indivíduos.o de vigiar os poderes excessivos (ou os abusos de poder) da racionalidade política. Esta discussão se processa em tomo do liberalismo desde o século XVIII. M. a mão-de-obra. Assim. de um lado. Em nome de que e segundo que regras poder-se-ia considerar tal fenômeno. precisamente. que apresenta traços biológicos e patológicos particulares. muito pouco. (FOUCAULT. !ongevidade. p. mas antes como uma prática. Assim.<'FORMARE .1994e. resultando na formação de saberes e de tecnologias específicas. que se auto-denominaram economistas. Aos fisiocratas. sob diferentes expressões (como fiscalização. convém não perder de vista que as idéias econômicas e liberais estão intimamente associadas. p. sempre pela via do fortalecimento do Estado. a circulação. posicionada por Foucault ao final do século XVIII e início do século XIX como um exercício de gestão da população. além de muitos outros. chegando até nossos dias. Sob o liberalismo.. vagabundagem). Rio de Janeiro. (FOUCAULT. 818) Entenda-se o liberalismo não como uma teoria ou ideologia (menos ainda como uma maneira da sociedade se representar). Sobremodo. como o sistema de impostos. 1996 . princípio e método de racionalização do exercício de governo. a população não se apresentava como a simples soma das pessoas que habitavam um território. n. desenvolve-se no quadro do liberalismo. v. natalidade. 135.Govemamentalidade. que trata a população como um conjunto de seres vivos e conviventes. Uma das condições de elaboração da economia política é. traz em si mesma um fortalecimento do Estado. passou-se a ver um Estado do qual se dizia estar governando em If. sob a égide da economia política. 1994g. A propósito. rompe com a razão de Estado. o tratamento do problema populaçãoriqueza. constituindo-se nossa problemática política. ao menor custo possível. o objeto privilegiado da nova razão governamental. por trás da permanente suspeita de que há governo em demasia. aparentemente posimas também preocupante. com seus efeitos e problemas específicos. A economia política se desenvolve assim que se percebe que a gestão da relação riqueza-população não poderia mais passar exaustivamente por um sistema regulamentar e coerciti '10. eis a grande questão. vale dizer. O liberalismo. como saúde. tornase uma questão-chave a consideração do fenômeno da população. a repartição dos ganhos.1994d. de mudanças de atitude. não teria em si seu fim. em seu esforço de justificar uma govemamentalidade crescente. Ao contrário.Cad. Paradoxalmente.1994j.723) 11 Um novo tempo tem início. a !I1ve'w:a. despovoamento. (FOUCAUL T. Tais problemas. 1. Foucault distingue duas vias históricas de desenvolvimento do liberalismo: uma representada pela Escola de Freibourg e outra pela Escola de Chicago. 651) Portanto. (FOUCAULT. Haveria uma incompatibilidade de prinClplOs entre o desenrolar otimizante do processo econômico e uma maximização dos procedimentos governamentais.Cad. ao longo de todo o século XIX.1994d. no qual a regulação. acaba por se tornar um dos principais fatores técnicos do desbloqueio da arte de governar. tendo como princípio uma forte suspeita de ser "muito" e estar "em excesso". restrito aos interesses administrativos das monarquias. nova ao início do século XIX e apresentada como condição e fim último do governo. p. Esta é formalizada como ciência a partir do final do século XVIII. onde podem ser observados os efeitos dos eventuais excessos de 11 o saber uso estatísticas governamentalidade 821 ) . muito se valeu da estatística como seu principal instrumento técnico. a constituição de um saber de governo é absolutamente indissociável da constituição de um saber sobre todos os processos referentes à população. que a população. socialista c keynesiana. as grandes epidemias. pouco a pouco. seja pela via da "doutrina da razão de Estado". p. por seus deslocamentos. nos diversos fatores de sua forca ou potência. O mercado poderia ser visto como o lugar privilegiado de experiência. aparece como um instrumento eficaz. quantificando o momento em que a população 12 A propÓsito. tem efeitos econômicos específicos. a política das estatisticas sua atividade a intensa crítica. Daí pode-se desenvolver uma tecnologia particular de governo. Ao contrário. constituindo-se numa forma de reflexão crítica sobre a prática governamental via política. a estatística revela . ao tempo do mercantilismo. por exemplo. embora não planificada ou dirigida. há um questionamcnto ainda mais forte e radical: deveria ou não haver governo? Disso resulta a idéia de sociedade. tendo sido praticada no pós-guerra pelos alemães. por suas atividades. No liberalismo. (FOUCAULT. Como vl"c~ anteriormente. mais do que a sabedoria ou a moderação dos governantes. havia tido um emprego limitado.manifestaria uma crença irrestrita nos mecanismos de mercado. M. o número de mortos.1994b. entendida como ciência do Estado.648) A estatística que. dentre outros./jun. razão porque. E finalmente. que a população tem características próprias.Essencialmente. a arte de governar encontra os princípios de sua racionalidade naquilo que constitui a realidade específica do Estado. Por sua importância. M. A primeira significa uma economia social de mercado: organizada. a constituição da economia política. As estatísticas cumprem precisamente o papel de instrumentalizar essa racionalidade. Prog Pós-Grado Cio InI.94 Govemarnentalidade. na elaboração da lei teria que haver mecanismos de participação de toda a sociedade. a mortalidade endémica. A seu turno.2.antepondo-se ao keynesianismo do New Deal. M. ainda.em seus diferentes domínios e dimensões. regularidade de acidentes.. o que merece oportuno aprofundarnento. de doentes. na forma da lei. em seu todo. 1996 . tanto se discutiu a formação do sistema parlamentar. a espiral do trabalho e da riqueza. INFORMARE . Rio de Janeiro. o liberalismo pode ser visto como um esquema regulador da prática governamental. retomando-se o pensamemo de Bemard de :Ylandeville e de Adam Smith e recuperando O pensamemo de Thomas Malthus e Alfred Marshall sobre a formação do capital humdno. por exemplo. Indica. n. Desde o século XVI. sob um certo quadro institucional. e sobretudo a partir do século XVII. Seria uma alternativa às soluções soviética. revela que a população. mas igualmente em suas outras manifestações ao longo do tempo . (FOUCAUL T. jan. que funcionavam nos moldes da soberania. tem características próprias e que seus fenômenos são irredutíveis aos da família. Assim. p. seja pela via da "doutrina de polícia".1994b. por suas maneiras de agir. garantida e limitada por leis. daquilo que se chamou precisamente de "economia política". 647 . \. Assim. como bem atestam as obras de seus pais fundadores. a teoria da arte de governar esteve ligada a todoum cor~untode al1álises saberes. Daí sairia o neoliberalismo. por exemplo. dentre outros. desempenham importante papel. configura aquilo que se chamou de " tica". p. 88-95. inclusive em suas relações contínuas e múltiplas com o território e a riqueza. o liberalismo de Chicago . valeria discutir a questão da ~tica e da moral no çvolver da id~ia de mercado. o mercado como realidade e a economia política como teoria.o e conhecimento do Estado. ao ser capaz de dar forma à população. \ia expressão de Michel Serres. Paris: Éditions Gallimard.1988.Préface à l'Histoire de Ia sexualité. et vérité. v. p. Dits et écrits: 1954 . 4: 1980-1988. _. a estatística cria um plano abstrato de integraçâo. p. estabelecendo sua govemarnentalidade. Paris: Éditions Gallimard. jan. M. 1994b. promovendo sua regulação. Dits et écrits: 1954 . we arrive to a State attentive to its population. _.213-218.GOl'e rn[unentalidade. new techniques.La technologie v. politique des individus. Paris: Éditions Gallimard. v. A vontade de saber. Bibliografia FO U CA UL T.578-584. territoire et population. p. t. sob a noção de govemamentalidade.História da sexualidade: I. A população é constittlída singularmente pelo olhar do Estado. p. Prog. the statistics become more and more outstanding. Paris: Éditions Gallimard.1994e. como já visto. p. et singulatim'.La 5cience el1 actiol1. Paris: Éditions Gallimard. v.1988. Dits et écrits: 1954 .818-825. 1979. 515 -623. 1995. onde a pertença ao Estado parece perder sua ciareza.1988. ln: _.Les techniques p. Dits et écrits: 1954 . 4: 1980-1988. From a State aware of its territory.783-813. 1994f. 'Omnes p. 1994d.) INFORMARE . Paris: Éditions Gallimard. 1976-1979. constituindo-se num olhar com foros de ciência. v. "a reróTica do poder perdeu suas !erras para ganhar números. Vigiar e punir: nascimento da prisão.222-243. a 95 exatamente. zelando por sua felicidade. La politique de Ia santé au XVIII~ siecle. entendida.Naissancede Ia biopolitique. devidamente revelada. and tums to be the major instrument of the new govemmental rationality. acaba por se constituir mais Abstract Through the idea of govemmentality developed by Foucault. p. the idea of govemment is intensely questioned.1988. 1994j.Cad. Dits et écrits: 1954 . em seu uso político. _.4: 1980-1988. Dits et écrits: 1954 . ln: _. 1987 . ln: ln: _. n. próprio ao Estado. v . ]996 . 135). Por outro lado. 4: 1980-1988. v.813-828. Paris: Éditions Gallimard. 1994g. A população. 1nf. Assim.134-16L _. p. Michel.719-723. new problems.635-657. v. 1994e. which has new goals. 3: 1976- _.1988. Paris: Éditions Gallimard. Dás et écrits: 1954 . se torna () f1m e o instrumento do governq'J conformando a governamentaHzação do Estado . p.. í Li\ TOUK Bruno.2.1988.Sécurité.cience en aClÍon. 13 14 . 3: 1976- 1979. de soi. pode ser encontrado em Bruno Latour em La .Under the liberalism. v. trazem naturalmente a marca do 14 Estado. amplia os usos dos documentos. ln: _. Pós-Grado Ci. Rio de Janeiro: GraaL 1988. como uma ação sobre a população. ln: _. as estatísticas. ao mesmo tempo em que constitui a população com seu olhar. ln: _. 1994h.719-723.La Dits et écrits: 1954 . the author intends to demonstrate how a political view about statistics was bom.1988. Um contraponto. a partir do saber da economia política e do fazer da estatística. O olhar do Estado se faz na palavra e no registro. In:_. v. 1994i. 1994a. sobretudo no capítulo 6 "Les centres de calcul". Assim. Paris: Éditions Gallimard. On this context. In: _. 160) ganha sua objetivação. 3: p. Dits etécrits: 1954 . ln: o _. Paris: Éditions Gallimard. liames: uma filosofia das ciências.1988. _.1988. Rio de Janeiro. 1994c. 'gouvemamentalité'. 4: 1980-1988." (SERRES. and the idea of society emerges. 88-95. . v. _. 3: 1976-1979.1988. Dits et écrits: 1954 . p. (FOUCAULT. 1990.Le sujet et le pouvoir. 4: 1980-1988./jun. _. a ser aprofundado.Subjectivité p. p. . Petrópolis: Vozes. Rio de Janeiro: Edições GraaJ. M. Paris: Gallimard. 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