Geopolitica, Regionalização e Integração GRI

March 30, 2018 | Author: Bruño Braga | Category: Geopolitics, Geography, Power (Social And Political), State (Polity), Europe


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UNIP – CURSO DE RELAÇÕES INTERNACIONAISDisciplinas on line - Orientações para Estudos Disciplina: Geopolítica, Regionalização e Integração Caro Aluno Seja bem vindo. Nesta nossa disciplina estaremos tratando do papel da geopolítica como um conjunto de estratégias traçadas por um Estado, como uma forma de se conquistar diferentes objetivos em diferentes momentos históricos, a exemplo da expansão territorial ou, sendo mais atual, a busca de novos mercados com a redução das barreiras comerciais. A nossa expectativa é que você aprenda bastante. Considerando-se que será você quem administrará seu próprio tempo, nossa sugestão é que você dedique ao menos duas (02) horas por semana para esta disciplina, estudando os textos sugeridos e realizando os exercícios de auto avaliação. Uma boa forma de fazer isso é já ir planejando o que estudar, semana a semana. Para facilitar seu trabalho, apresentamos na tabela abaixo, os assuntos que deverão ser estudados e, para cada assunto, a leitura fundamental exigida e a leitura complementar sugerida. No mínimo você deverá buscar entender bastante bem o conteúdo da leitura fundamental, só que essa compreensão será maior, se você acompanhar, também, a leitura complementar. Você mesmo perceberá isso, ao longo dos estudos. 1. Conteúdos (assuntos) e leituras sugeridas Leituras Sugeridas Assuntos Fundamental Complementar Apresentação 1 - O Que É Geopolítica? E VESENTINI. J. W. O Que É · Texto disponível no módulo 1 Geografia Política? Geopolítica? E Geografia Política? 2 - As relações entre sociedade, FIORI, José L. A nova geopolítica das ·Texto disponível no módulo 2 estado, território e poder. nações. 3 - A evolução do pensamento ·Texto disponível no módulo 3 VESENTINI. J. W. Novas Geopolíticas em geopolítica. MACHADO DA FONSECA. Uma 4 - A Geopolítica clássica. · Texto disponível no módulo 4 introdução à geopolítica clássica: de Ratzel a Haushofer 5 - A Geopolítica ·Texto disponível no módulo 5 VESENTINI. J. W. Novas Geopolíticas Contemporânea. 6 - A nova política das nações e FIORI, J. L. A nova geopolítica das o lugar da China, Índia, Brasil ·e Texto disponível no módulo 6 nações: e o lugar da China, Índia, África do Sul. Brasil e África do Sul GOMES, E.B.; REIS, T.H. Globalização e o comércio 7 - Regionalização e integração. · Texto disponível no módulo 7 internacional no direito da integração. GOMES, E.B.; REIS, T.H. Globalização e o comércio 8 - Fases da Integração · Texto disponível no módulo 8 internacional no direito da integração. Nota: ver as referências bibliográficas, para maior detalhamento das fontes de consulta indicadas. 2. Avaliações Como é de seu conhecimento, você estará obrigado a realizar uma série de avaliações, cabendo a você tomar conhecimento do calendário dessas avaliações e da marcação das datas das suas provas, dentro dos períodos especificados. Por outro lado, é importante destacar que uma das formas de você se preparar para as avaliações é realizando os exercícios de auto avaliação, disponibilizados para você neste sistema de disciplinas on line. O que tem que ficar claro, entretanto, é que os exercícios que são requeridos em cada avaliação não são a repetições dos exercícios da auto avaliação. Para sua orientação, informamos na tabela a seguir, os assuntos que serão requeridos em cada uma das avaliações às quais você estará sujeito: Conteúdos a serem exigidos nas avaliações Avaliações Assuntos Exercícios de auto avaliação relacionados NP1 Do assunto 1 até o assunto 4 Exercícios de no. 1 a 10 NP2 Do assunto 5 até o assunto 8 Exercícios de no. 10 a 20 Substitutiva Toda a matéria Todos os exercícios Exame Toda a matéria Todos os exercícios 3. Referências bibliográficas · Livro: VESENTINI. J. W. Nova Ordem, Imperialismo e Geopolítica Global. Campinas: Papirus, 1987. VESENTINI, J.W. Novas Geopolíticas. São Paulo: Editora Contexto, 2007. GOMES, E.B.; REIS, T.H. Globalização e o Comércio Internacional no Direito da Integração. São Paulo: Editora Aduaneiras, 2005. · Outras referências: MACHADO DA FONSECA, Sandra R. Uma introdução à geopolítica clássica: de Ratzel a Haushofer. Disponível em: <http://www.ig.ufu.br/2srg/4/4-81.pdf> VESENTINI. J. W. O Que É Geopolítica? E Geografia Política? Disponível em: <http://www.geocritica.com.br/geopolitica.htm> FIORI, J. L. A nova geopolítica das nações: e o lugar da China, Índia, Brasil e África do Sul. Disponível em : <http://www.gritodosexcluidos.com.br/artigosSemanais/artSem148/ nova_geopolitica_das_nacoes_3.pdf> O QUE É GEOPOLÍTICA? E GEOGRAFIA POLÍTICA? Por: José Wiliam Vesentini É freqüente a confusão entre geografia política e geopolítica, que na verdade são imbricadas, se sobrepoem em grande parte, mas não se identificam totalmente. Existe uma história de cada um desses saberes que mostra suas origens, suas especificidades, embora em alguns momentos eles tenham se mesclado, se identificado. A expressão geografia política existe há séculos. Há inúmeros livros dos séculos XVII, XVIII e XIX com esse título. Mas considera-se que geografia política moderna, pelo menos tal como a entendemos hoje -- isto é, como um estudo geográfico da política, ou como o estudo das relações entre espaço e poder -- nasceu com a obra Politische Geographie [Geografia Política], de Friedrich RATZEL, publicada em 1897. Ratzel, na verdade, não criou o rótulo "geografia política"; ela apenas redefiniu o seu conteúdo, apontando para o que seria um verdadeiro estudo geográfico da política, uma concepção de política que muito deve à leitura de Maquiavel. Antes dele era comum encontrar em obras com esse título a descrição dos rios ou montanhas de tal ou qual Estado - ou seja, qualquer fenômeno ligado ao Estado (o ser político por excelência) era tido como assunto de geografia política. Ratzel mostrou que o estudo da geografia política só vai se preocupar com o meio ambiente - as características "naturais" do território, por exemplo (localização, formato, proximidade do mar, etc.) - desde que isso tenha relações com a vida política. Ele procurou estabelecer uma série de temas pertinentes à geografia política, que continuam a ser atuais (embora outros tenham surgido posteriormente): o que é o Estado e quais as suas relações com o território, soberania e território, o que é política territorial (uma expressão criada por ele), a questão das fronteiras, o que significa uma grande potência mundial, etc. Em síntese, esse geógrafo alemão não foi o primeiro autor a empregar esse rótulo, geografia política, nem mesmo o primeiro a escrever sobre o assunto - a questão do espaço geográfico na política. Essa análise a respeito da dimensão geográfica ou espacial da política é bastante antiga. Podemos encontrá-la em Aristóteles, em Maquiavel, em Montesquieu e em inúmeros outros filósolos da antiguidade, da Idade Média ou da época moderna. Mas normalmente essa preocupação com a dimensão espacial da política -- tal como, por exemplo, a respeito do tamanho e da localização do território de uma cidade-Estado, em Aristóteles; ou sobre a localização e a defesa da fortaleza do príncipe, em Maquiavel; ou a ênfase na importância da geografia (física e principalmente humana) para a compreensão do "espírito das Leis" de cada Estado, em Montesquieu -- era algo que surgia en passant, como um aspecto meio secundário da realidade, pois o essencial era entender a natureza do Estado ou das Leis, os tipos de governo ou as maneiras de alcançar e exercer eficazmente o poder. Com Ratzel inicia-se um estudo sistemático da dimensão geográfica da política, no qual a espacialidade ou a territorialidade do Estado era o principal objeto de preocupações. E com Ratzel a própria expressão "geografia política", que era comumente empregada nos estudos enciclopédicos dos séculos XVII, XVIII e mesmo XIX (as informações sobre tal ou qual Estado: sua população, contornos territoriais, rios, montanhas, climas, cidades principais, etc.), ganha um novo significado. Ela passa a ser entendida como o estudo geográfico ou espacial da política e não mais como um estudo genérico (em "todas" as suas características) dos Estados ou países. A palavra geopolítica, por sua vez, foi criada no início do século XX, mais precisamente em 1905, num artigo denominado "As grandes potências", escrito pelo jurista sueco Rudolf KJELLÉN. (Mas atenção: a palavra geopolítica é que foi criada por Kjellén, pois não há dúvida que essa temática é bem mais antiga, ou seja, as grandes preocupações geopolíticas não surgiram no início do século XX (preocupações sobre o que é e quem é uma potência mundial, como se dá a disputa mundial pelo poder entre os Estados, que estratégias seriam adequadas para tal ou qual Estado tornar-se a potência regional nesta ou naquela parte do globo, etc.). Isto é, já existia anteriormente juízos ou análises a respeito do poderio de cada Estado, das grandes potências mundiais ou regionais, com a importância ou o uso do espaço geográfico na guerra ou no exercício do poder estatal. Normalmente se afirma -- em quase todas as obras sobre "história da geopolítica" - - que os geopolíticos clássicos, ou os "grandes nomes da geopolítica", foram H.J. MacKinder, A.T. Mahan, R. Kjellén e K. Haushofer. Desses quatro nomes, dois deles (o geógrafo inglês Mackinder e o almirante norte-americano Mahan) tiveram as suas principais obras publicadas antes da criação dessa palavra geopolítica por Kjellén e, dessa forma, nunca fizeram uso dela. O outro autor, o general alemão Karl Haushofer, foi na realidade quem popularizou a geopolítica, devido às circunstâncias (ligações, embora problemáticas, com o nazismo e possível contribuição indireta para a obra Mein Kampf, de Hitler), tornando-a tristemente famosa nos anos 1930 e 40, em especial através da sua Revista de Geopolítica [Zeitschrift für Geopolitik], editada em Munique de 1924 a 44 e com uma tiragem mensal que começou com 3 mil e chegou a atingir a marca dos 30 mil exemplares, algo bastante expressivo para a época. A geopolítica, enfim, conheceu um período de grande expansão no pré-guerra, na primeira metade do século XX, tendo se eclipsado -- ou melhor, ficado no ostracismo -- depois de 1945. Ela sempre se preocupou com a chamada escala macro ou continental/planetária: a questão da disputa do poder mundial, que Estado (e por quê) é uma grande potência, qual a melhor estratégia espacial para se atingir esse status, etc. Existiram "escolas (nacionais) de geopolítica", em especial dos anos 1920 até os anos 1970, em algumas partes do mundo, inclusive no Brasil. Não escola no sentido físico (prédio e salas de aula), mas sim no sentido de corrente de pensamento, de autores -- mesmo que um tenha vivido distante do outro, no espaço ou às vezes até no tempo -- com uma certa identificação: no caso da geopolítica brasileira, ela consistiu principalmente no desenvolvimento de um projeto ("Brasil, grande potência") que se expressa como uma estratégia (geo)política e militar com uma clara dimensão espacial. A natureza pragmática, utilitarista (epara o Estado, único agente visto como legítimo) ou de "saber aplicável" sempre foi uma tônica marcante na geopolítica. Ela nunca se preocupou em firmar-se como um (mero?) "conhecimento" da realidade e sim como um "instrumento de ação", um guia para a atuação de tal ou qual Estado. A partir de meados dos anos 1970 a geopolítica sai do ostracismo. Ela volta a ser novamente estudada (a bem a verdade, ela nunca deixou de ser, mas de 1945 até por volta de 1975 esteve confinada em pequenos círculos, em especial militares). Só que agora, ao invés de ser vista como "uma ciência" (como pretendia Kjellén) ou como "uma técnica/arte a serviço do Estado" (como advogavam inúmeros geopolíticos, inclusive Haushofer), ela é cada vez mais entendida como "um campo de estudos", uma área interdisciplinar enfim (tal como, por exemplo, a questão ambiental). Em várias parte do globo criaram-se -- ou estão sendo criados -- institutos de estudos geopolíticos e/ou estratégicos, que via de regra congregam inúmeros especialistas: cientistas políticos, geógrafos, historiadores, militares ou teóricos estrategistas, sociólogos e, como não podia deixar de ser (na medida em que a "guerra" tecnológica-comercial hoje é mais importante que a militar) até mesmo economistas. Enfim, a palavra geopolítica não é uma simples contração de geografia política, como pensam alguns, mas sim algo que diz respeito às disputas de poder no espaço mundial e que, como a noção de PODER já o diz (poder implica em dominação, via Estado ou não, em relações de assimetria enfim, que podem ser culturais, sexuais, econômicas, repressivas e/ou militares, etc.), não é exclusivo da geografia. (Embora também seja algo por ela estudado). A geografia política, dessa forma, também se ocupa da geopolítica, embora seja uma ciência (ou melhor, uma modalidade da ciência geográfica) que estuda vários outros temas ou problemas. Exemplificando, podemos lembrar que a geografia também leva em conta a questão ambiental, embora esta não seja uma temática exclusivamente geográfica (outras ciências -- tais como a biologia, a geologia, a antropologia, a história, etc. - - também abordam essa questão). Mas a geografia -- da mesma forma que as outras ciências mencionadas -- não se identifica exclusivamente com essa questão, pois ela também procura explicar outras temáticas que não são rigorosamente ambientais tais como, por exemplo, a história do pensamento geográfico, a geografia eleitoral, os métodos cartográficos, etc. Esquematizando, podemos dizer que existiram ou existem várias interpretações diferentes sobre o que é geopolítica e as suas relações com a geografia política. Vamos resumir essas interpretações, que variaram muito no espaço e no tempo, em quatro visões: 1. "A geopolítica seria dinâmica (como um filme) e a geografia política estática (como uma fotografia)". Esta foi a interpretação de inúmeros geopolíticos anteriores à Segunda Guerra Mundial, dentre os quais, podemos mencionar Kjellén, Haushofer e vários outros colaboradores da Revista de Geopolítica, além do general Golbery do Couto e Silva e inúmeros outros militares no Brasil. Segundo eles, a geopolítica seria uma "nova ciência" (ou técnica, ou arte) que se ocuparia da política ao nível geográfico, mas com uma abordagem diferente da geografia: ela seria "mais dinâmica" e voltada principalmente para a ação. Eles viam a geografia como uma disciplina tradicional e descritiva e diziam que nela apenas colhiam algumas informações (sobre relevo, distâncias, latitude e longitude, características territoriais ou marítimas, populações e economias, etc.), mas que fundamentalmente estavam construindo um outro saber, que na realidade seria mais do que uma ciência ou um mero saber, seria um instrumento imprescindível para a estratégia, a atuação político/espacial do Estado. Como se percebe, foi uma visão adequada ao seu momento histórico -- não podemos esquecer que o mundo na primeira metade do século XX, antes da Grande Guerra, vivia uma ordem multipolar conflituosa, com uma situação de guerra latente entre as grandes potências mundiais -- e à legitimação da prática de quem fazia geopolítica naquele momento. Ela também foi coeva e tributária de todo um clima intelectual europeu - - especialmente alemão -- da época, que fustigava o conhecimento científico ( a "ciência real", que era contraposta a uma "ciência ideal" ou "novo saber", que deveria contribuir para um "mundo melhor") pela sua pretensa "desconsideração pela vida concreta, pelas emoções, pelos sentimentos". 2. "A geopolítica seria ideológica (um instrumento do nazi-fascismo ou dos Estados totalitários) e a geografia política seria uma ciência".Esta foi a interpretação de alguns poucos geógrafos nos anos 1930 e 40 (por exemplo: A. Hettner e Leo Waibel) e da quase totalidade deles (e também de inúmeros outros cientistas sociais) no pós-guerra. Um nome bastante representativo desta visão foi Pierre George, talvez o geógrafo francês mais conhecido dos anos 50 aos 70, que afirmava que a geopolítica seria uma "pseudo-ciência", uma caricatura da geografia política. Esta visão foi praticamente uma reação àquela anterior, que predominou anteriormente, no período pré-Segunda Guerra Mundial. Como toda forte reação, ela surgiu mais como uma forma de revalorizar a geografia. Não se trata tanto do que foi a geopolítica e sim do que ela representa atualmente. Existem trabalhos recentes sobre geopolítica.seria o mesmo que pretender deter a exclusividade das pesquisas ambientais! --.. a importância estratégica da verdadeira geografia. junto com o advento dos primeiro mapas. desclassificando completamente a geopolítica (da qual "nada se aproveita". Esta interpretação teve um certo fôlego -. etc. de historiadores (H. de Heródoto com os seus escritos (obra e autor que. O que teria surgido no século XIX seria apenas a "geografia dos professores".isso serve. Esta foi a interpretação que Yves Lacoste inaugurou com o seu famoso livro-panfleto A Geografia .existiria desde a antiguidade na estratégia espacial das cidades-Estado. Haushofer) e vários outros oriundos da história.revue de géographie et de géopolitique. Esta interpretação começa a predominar a partir do final dos anos 1980.)de militares. de Alexandre o Grande. Kjellén). enfim. e mesmo a atuação nela com vistas a um mundo mais justo. nessa leitura enviesada... já que com isso estaríamos desconhecendo a realidade. P. é algo muito mais importante do que as disputas corporativistas. teria sido um "representante do imperialismo ateniense"). E ninguém pode imaginar seriamente que num instituto ou centro de estudos estratégicos e/ou geopolíticos -. e mesmo de possibilidade de ser testada empiricamente (inclusive via documentos históricos) -. da geopolítica enfim. E mesmo se analisarmos quem fez geopolítica. como uma "cortina de fumaça". etc. ou apenas economistas ou juristas. oriundos de geógrafos. em primeiro lugar.. -. da engenharia.e. sendo quase um consenso nos dias atuais. para ocupar racionalmente a Amazônia. e que serviu como ideário para a revista Hérodote . tão questionada pelos revoltosos do maio de 1968.ou geografia dos Estados maiores. alguns ótimos.devam existir apenas geógrafos.. em grande parte se afastaram do restante da comunidade geográfica (ou mesmo científica) daquele país. militares (Mahan. Nessa visão. Kennedy. 4. a geografia acadêmica e que basicamente estaria preocupada em esconder ou encobrir. da economia. . na realidade. "A geopolítica (hoje) seria uma área ou campo de estudos interdisciplinar". mas sim na antiguidade. inclusive. ou apenas militares. O conhecimento da realidade. Existe uma visível falta de evidências nessa tese -. nos dizeres de inúmeros autores dos anos 50 e 60) e até mesmo se recusando a explicá-la de forma mais rigorosa.. Mais uma vez podemos fazer aqui uma ligação com o nosso tempo.de comprovações. o que já se fez e o que vem sendo feito na prática.onde se pesquise os rumos do Brasil (ou de qualquer outro Estado- nação. os "grandes nomes" que teriam contribuido para desenvolver esse saber. de sociólogos (Huntington. com o clima intelectual do final do século XX e inícios do XXI.). Kissinger. A geopolítica -. de cientistas políticos (Luttuak. as possibilidades de confrontos ou de crises político-diplomáticas ou econômicas.ela caminhou para o lado extremo do pêndulo. A palavra de ordem hoje é interdisciplinariedade (ou até transdisciplinariedade). por exemplo. para fazer a guerra. 3. geógrafos (Mackinder).no final dos anos 1970 e nos anos 80.ou melhor. a geografia de verdade (a "essencial" ou fundamental) não teria surgido no século XIX com Humboldt e Ritter. de 1976. Não tem nenhum sentido advogar o monopólio desse tipo de estudo -.). pois o real nunca é convenientemente explicado por apenas uma abordagem ou uma ciência específica. ou mesmo de um partido político) no século XXI. "A geopolítica seria a verdadeira (ou fundamental) geografia". normalmente por estudantes e de forma acrítica -. ou geografia fundamental -. foi reproduzida. da ciência política. mas acabou ficando confinada a um pequeno grupo de geógrafos franceses que. as estratégias para se tornar hegemônico no (sub)continente. tentando mostrar a sua importância estratégica e militar. vamos concluir que eles nunca provieram de uma única área do conhecimento: houve juristas (por exemplo. etc. refere-se à associação da territorialidade a uma identidade específica – seja de cunho cultural ou referente à proximidade geográfica –. 1990). para ser reconhecido como tal. Essa definição. costumes. Ele trouxe um impacto nas interfaces sociais. teoricamente. Assim.geocritica. no decorrer dos últimos 20 anos. e abordou uma vasta gama de questões pertinentes ao domínio físico e/ou simbólico de determinada área. 53). ter fronteiras definidas geograficamente. Dessa forma. econômico e cultural na conjuntura global. estado. território e poder A geopolítica é um tema contemporâneo que surgiu após o período da Guerra Fria e da subsequente transformação do paradigma das relações internacionais – de bipolaridade para multilateralidade. A diferença crucial entre o conceito de Estado e nação. ter uma população e ter um governo reconhecido por essa população e pelos demais Estados independentes. como a fragmentação e a regionalização. torna-se essencial compreender três elementos básicos de uma nação e sua inter-relação. ou seja. Assim.br/geopolitica. natural ou civil. observa-se a importância do território como expressão legal e moral de um Estado. sendo a união entre o solo e o povo que ali habita a constituição de uma sociedade. nota-se que esses conceitos foram se adaptando à realidade das nações e do mundo e deram origem à ideia de Estado-nação – apesar da diferença entre esses dois conceitos – e seu respectivo papel no ordenamento político. tanto do ponto de vista militar quanto econômico. como Hobbes. 2009). para compreender esse fenômeno. segue-se ainda a premissa de que um Estado. No decorrer das décadas. Thomas Hobbes foi possivelmente um dos primeiros dentre os demais filósofos políticos a enfatizar de uma maneira sistemática as questões relativas à origem da sociedade. Entretanto. Com sua obra Leviatã.htm As relações entre sociedade. os . ferramenta esta soberana e que possui o poder de decidir as condições e ideais aos quais se deve ou não submeter. que está intrinsecamente ligado ao processo de globalização. 1988. a sociedade era definida e associada à criação do Estado. denota-se que as fronteiras que separam os indivíduos no século XXI revelam uma pluralidade de diferenças que se estendem nas vertentes culturais. o estudo dos territórios serve como base para o entendimento de fenômenos do mundo moderno. Locke e Rousseau. Não obstante. mais amplo. de forma a não haver. são eles: sociedade. Dentre diversos pensadores das ciências sociais e da política. espaço e poder. que tem o uso de todos os poderes na dependência de sua vontade: é o caso do poder de um Estado (HOBBES. características que só seriam alteradas por meio do uso da força (RATZEL.com. visto que suas concepções advinham do pensamento e reflexão da natureza humana. p. o estudo dos territórios ganhou novamente importância devido ao fim da bipolarização. deve cumprir quatro condições básicas: ter uma base territorial. Atualmente. no alinhamento político e nas associações regionais entre as nações. Hobbes afirma que: O maior dos poderes humanos é aquele que é composto pelos poderes de vários homens. linguagem e história (MINGST. era fundamental distinguir o estado de natureza e a sociedade. e deu espaço para o desenvolvimento de novos acordos federativos que legitimam as novas políticas e as chamadas áreas de influência.Fonte: http://www. Entretanto. isso para que se justificasse a livre associação entre os homens em uma espécie de “acordo artificial”. A denominação Estado-nação se torna uma ferramenta de autodeterminação e criação da identidade nacional. Todavia. contradições internas a um determinado Estado. unidos por consentimento numa só pessoa. que seria fixo em tempo e espaço. Contudo. políticas e econômicas. dada por Friedrich Ratzel. portanto. essa concepção de território recebeu um sentido diferente. recai sob o fato de que a nação é representada por um grupo de indivíduos que compartilham do mesmo conjunto de características. · multipolaridade desequilibrada: há três ou mais Estados dentro da balança de Poder. O Estado é uma unidade funcional que assume várias responsabilidades importantes. Assim. há uma instabilidade e surgem descontinuidades na política entre os Estados. . aprofundando-se cada vez mais em debates que envolvem. multipolar equilibrada ou multipolar desequilibrada: · unipolar: quando uma potência hegemônica está presente. 2007). Também é a entidade que tem o monopólio legítimo do uso da violência dentro de uma sociedade. Quando nações agem e fazem uso do poder para impor seus interesses – a exemplo de medidas coercitivas – ou simplesmente se deixam ser influenciadas pelas outras. · multipolaridade equilibrada: três ou mais Estados dentro da balança de poder possuem poder relativamente semelhante. utilizados constantemente para explicar os acontecimentos e a dinâmica internacional. é possível dizer que: Entre outros conceitos de Estado. Dessa forma. 2009. No campo geopolítico internacional. figuram: o Estado é uma ordem normativa.. o cenário global vivencia uma constante redefinição e reposicionamento dos players no contexto socioeconômico e torna-se impossível compreender essas relações de poder sem ter conhecimento do real significado da palavra poder e de sua aplicação na geopolítica contemporânea. seja por litígios oriundos de problemas históricos. O estudo da geopolítica e das relações internacionais inevitavelmente envolve o estudo das relações de poder entre os Estados. mas são superiores aos demais que compõem o sistema. p. juntamente com o entendimento dos conceitos de realismo e idealismo. global ou sistêmica. mas somente um deles possui mais poder que os demais. necessariamente. implicitamente ou explicitamente. a priori.] (MINGST. No entanto. a balança de poder.Estados estão constantemente envolvidos em conflitos para (re)definirem questões territoriais. caracterizado por Kenneth Waltz como a tendência que as nações possuem de buscar o equilíbrio.. Uma das abordagens que define as questões de poder nas relações internacionais é a descrita como realismo defensivo. pode ser também unipolar. o mais importante a se compreender é que a quantidade de poder que uma nação possui não representa. temas como poder e manutenção do status quo (nas relações internacionais entre os Estados. Todavia. poder é uma palavra que pode ser usada em diversos contextos e de formas distintas. por tentativa de expansão territorial de seus domínios ou por interesses econômicos e estratégicos. dando origem ao termo balança de poder (VESENTINI. deve-se ressaltar. Dessa forma. quando um Estado possui mais poder perante os demais que compõem o sistema. numa perspectiva mais ampla. · bipolar: dois Estados detêm a mesma quantidade de poder. é possível reconhecer que a nova geopolítica das nações na virada do século XXI tem demonstrado um grande movimento de mobilização social e política a favor de transformações sociais e igualitárias de sociedades afetadas por alterações no sistema mundial. a relevância dos pensadores clássicos e sua abordagem no campo da ciência política. bipolar. sua política ou comportamento no cenário global. Há um confronto entre a manutenção do poder e o uso efetivo da força. seja ela regional. Depois dos anos 1990. ou seja. Portanto. o mundo passou por uma era de conflitos ideológicos seguidos de uma reafirmação do ideal liberal. o status quo define a manutenção da situação natural e/ou da posição favorável na qual uma nação se encontra naquele período) e da situação do sistema internacional. 96). centralizando-as e unificando-as [. um símbolo para uma sociedade particular e as crenças que unem o povo que vive dentro de suas fronteiras. Ao valer-se dos recursos minerais e naturais. para John Mearsheimer. o poder ou a falta dele determina tanto a habilidade de influenciar quanto de ser influenciado. no qual se destaca o poderio bélico. Por sua vez. pode-se dizer que o realismo e a estrutura de poder do sistema internacional contemporâneo são vistos como fenômenos e conceitos relativos aos interesses individuais de um determinado Estado-nação. Em conjunto. elas representam uma liderança. São Paulo: Nova Cultural. Assim. no caso de uma conquista territorial. teve início uma fase de compreensão da conjuntura e de redefinição da política internacional. a entrada de nações emergentes no contexto internacional e a mudança no paradigma das relações internacionais alteraram o pensamento geopolítico contemporâneo. ilustra o panorama contemporâneo repleto de intervenções militares e guerras regionais. As questões ideológicas e relacionadas ao poder só se fazem eficazes quando coincidem com as necessidades e interesses dos países do ponto de vista da segurança nacional e. Princípios de Relações Internacionais. sociais. Devido às circunstâncias. R. 1988. mas por aproximações e afinidades culturais. (org. 1990. A. visto que. . K. Logo. 2007 A evolução do pensamento em geopolítica Com o fim da Guerra Fria. em sua obra The tragedy of great power politics (2001). sendo a principal delas a terrestre. A segunda. que leva em conta os tamanhos da população e da riqueza do Estado em questão. Rio de Janeiro:Elsevier. mas sim sustenta e expande sua indústria para abranger e competir no mercado internacional. que vêm a ser os fatores que sustentarão as forças. J. a economia se torna uma das principais fontes de poder e sinônimo de liderança global. Desse modo. O mundo não era mais regido somente pelo poderio econômico ou militar das superpotências. ed. O poder na geopolítica é designado por meio de diversas interfaces. ocasionando uma perspectiva ainda mais para a análise do sistema internacional. Aqui. uma economia forte não investe necessariamente apenas em armamentos e desenvolvimento de tecnologias bélicas. Ratzel. F. RATZEL. na geopolítica atual a expansão territorial e o imperialismo dos séculos anteriores perdem lugar para o desenvolvimento intensivo da economia. Trad. esses países conseguem fazer frente ou ao menos se destacar perante os chamados hegemons. A primeira é relacionada ao poder potencial. W. ed. étnicas e regionais. visto que novos investimentos na indústria aumentam o poder de barganha do Estado e elevam seu status. sejam elas econômicas. MINGST. a ênfase é dada às forças armadas e às forças terrestres.). VESENTINI. 2009. Trad. Geografia do homem (antropogeografia). as revoluções no Leste europeu. do petróleo e da tecnologia – grande potencial e diferencial entre as nações que a detêm ou não –. T. 4. semelhanças culturais/sociais ou analogias históricas. O processo de descolonização de países africanos.Em um mundo globalizado. é ela que controlará e ocupará a região. Levitã. navais e aeronáuticas. Essas demonstrações de poder podem ser diferenciadas entre duas vertentes. A. In: MORAES. São Paulo: Ática. principalmente. do desenvolvimento econômico/social. Contudo. C. São Paulo: Contexto. Novas geopolíticas. Na geopolítica das nações. relacionada ao poder concreto. Arlete Simille Marques. não há espaço somente para alianças baseadas em médias estatísticas. esses interesses estão diretamente interligados às relações de poder. 4. a balança de poder funciona como um eixo que norteia as decisões. Fátima Murad. Esse eixo é composto por diversos países com pesos diferentes na política internacional. Conjugadas. Bibliografia do módulo: HOBBES. 4. ed. como a que há décadas é sustentada pelos Estados Unidos. políticas ou bélicas. há um processo de globalização e multipolarização política que fez com que o hiato no debate geopolítico decorrente do fim da Segunda Guerra Mundial acabasse. a explicação do significado de geopolítica e de seu objeto de estudo foi elaborada por Kjellén em sua obra mais notável. portanto. fato que acabou ocorrendo em 1905. ligada diretamente à tradição novecentista alemã de estudos geográficos e também à tradição histórica e nacionalista de Heinrich von Treitschke e Leopold Von Ranke. uma época extremamente conturbada na Alemanha do século XX. a geopolítica representa. é fácil notar que o neologismo geopolítica é um produto direto do contexto histórico do período de transição entre os séculos XIX e XX. Ele redigiu vários manuscritos (entre eles aquele no qual foi utilizada pela primeira vez a palavra geopolítica. Em 1924. como o era para muitos detratores e críticos. antes. especialistas em relações internacionais e analistas do cenário global da época (VESENTINI. econômica e social. que possuía características de um militar acadêmico. 2007). A germanização da geopolítica deveu-se ainda ao fato de que Kjéllen tinha uma intensa admiração pelo modelo imperial da Alemanha e. mas também entre o público alemão e o público austríaco. foi fundada a Zeitschrift für Geopolitik ou Revista de Geopolítica. visto que o neologismo criado foi lá introduzido pelos trabalhos de Robert Sieger no início do século XX. 2007). dessa forma. No entanto. uma verdadeira ciência autônoma que se utilizava de um objeto de estudo novo. também detinha credenciais acadêmicas significativas. Apesar de haver uma incerteza quanto à época de utilização desse termo. a geopolítica não era. ou seja. Assim. a principal contribuição e personalidade da revista era Karl Haushofer. políticos. escrita em 1916. que é visto da perspectiva de um organismo geográfico e analisado a partir de sua manifestação e interação como país. Percebe-se ainda que seu sucesso deve-se à sua experiência no exercício da carreira militar e do conhecimento prático de diversas regiões da Ásia e do Pacífico. vivido por Rudolf Kjéllen. 2007). Contudo. Para compreender a ideia expressa nos trabalhos de Haushofer. constituiria junto ao francês Joseph-Arthur e ao britânico Stewart Chamberlain o trio de pensadores não alemães que possuíam um alinhamento ao ideal (VESENTINI. no que ficou conhecido como Escola Alemã de Geopolítica ou até mesmo Escola de Munique. especialmente de países como o Japão. 2007). a geopolítica é apresentada como uma forma de ciência do Estado. Na época. Kjéllen representava um forte opositor da independência da Noruega. Contudo. o que fez seus livros e publicações de artigos tornarem-se populares no mundo rapidamente. . chamado Inledning till Sveriges Geografi) e praticou diversas intervenções políticas contra a dissolução em questão (VESENTINI. faz-se necessário compreender o contexto histórico da época e perceber que o período era de redefinição política. As ideias de Kjellén se tornaram mais populares principalmente no território germânico. Staten som Lifsform ou O Estado como forma e vida. destinada diretamente aos geógrafos profissionais e tendo em vista também a divulgação dos conteúdos escritos por diplomatas. Para Kjellén. além dos conhecimentos estratégicos inerentes à sua formação militar. a Suécia via-se dividida no debate referente à dissolução da União de Estados Suécia-Noruega. Porém. criada por Ratzel no século XIX. a criação da Revista de Geopolítica dinamizava e disseminava o tema. um simples neologismo de compreensão subjetiva e de interpretação duvidosa.Geopolítica clássica O termo geopolítica adveio de um neologismo utilizado por Rudolf Kjellén e se tornou uma expressão comum para explicar e sistematizar o pensamento contemporâneo relativo às relações entre os Estados e a relevância do território-nação. a geopolítica surgiu na Alemanha no decorrer da segunda década do século XX. resultado esse obtido pelo esforço e união de competências entre vários pensadores e importantes profissionais da área de política e geografia. onde já havia desempenhado funções de adido militar (VESENTINI. A repercussão do discurso conservador/autoritário/imperialista e do neologismo de Kjellén foi significativa não somente na Suécia. diferentemente da geografia política. essa nova “ciência” tinha como objeto de estudo constante o Estado unificado e almejava contribuir para o entendimento profundo de sua estrutura. jornalistas e industriais. Nela. território ou até mesmo como império. eles se tornavam ultrapassados para a época. Além desse posicionamento liderado por Kjellén. Juntamente a esse intenso debate. sem. ou Geopolítica das ideais continentalistas. as Filipinas. que tem como objetivo principal a atividade política de um determinado Estado num espaço natural (VESENTINI. desde os problemas territoriais de expansionismo – principalmente alemão – até as zonas de influência das grandes potências. 2011). pois. afirmavam e criticavam Kjellén por simplesmente ter adaptado parte da obra de Ratzel e a chamada antropogeografia para uma perspectiva mais ampla e adequada à realidade. clima e recursos) e a geopolítica em si. traçou-se uma distinção entre a geografia política. · segunda: recaía sobre questões políticas e era reflexo do ambiente global conturbado e dos problemas internos da Alemanha. que sustentava a necessidade de difundir o conhecimento da geopolítica como um saber estratégico tanto para a elite alemã e mundial quanto para a população. a Alemanha (Euro-África).É ainda relevante ressaltar que os trabalhos de Haushofer também foram influenciados pelo grande debate que teve início nos anos de 1924 e 1925 entre os geógrafos alemães e os defensores da geografia política clássica. Os Estados melhores posicionados para exercerem essa liderança seriam. a Pan-Rússia (a generalidade da ex-União Soviética. que resultou no debate entre geógrafos e geopolíticos. Assim. a Área de Co-prosperidade da grande Ásia (toda a área costeira da Índia e sudeste asiático. segundo Haushofer. Entretanto. ter criado uma “ciência” nova que merecesse uma desvinculação total da geografia já conhecida ou da geografia política. que possuía uma visão equivocada da perspectiva de Kjellén e afirmava que esta havia influenciado e causado parte da derrocada alemã por não contribuir nos assuntos relacionados à definição das fronteiras nacionais (TUNADER. que estuda a distribuição do poder estatal à superfície dos continentes e suas condições (solo. dotado de altos padrões econômicos e industriais e de uma posição geográfica que lhe permitisse exercer um efetivo domínio sobre os demais. pode-se encontrar ainda ideias e teses geopolíticas nos vastos trabalhos e publicações que auxiliam na compreensão do pensamento e contextualizam todas as questões relevantes da época. com grande população e recursos. na linha de Ratzel. em 1925. configuração. uma delas é Grenzen in iher Geographischen und Politischen Bedeutung. ou Geografia política e geopolítica. ou As fronteiras e o seu significado geográfico e político. o subcontinente indiano e o leste do Irã). 2007). para tal fazia-se necessário romper com a tradição da geografia clássica anteriormente proposta. que se referia às quatro grandes regiões mundiais: a Euro-África (toda a Europa. a Austrália e a generalidade das ilhas do Pacífico) e a Pan-América (todo o território desde o Alasca à Patagônia e algumas ilhas próximas do Atlântico e do Pacífico). Esta definiu um novo conceito chamado pan-região. dinâmico. Estreitamente ligada à tese das pan-regiões está a ideia dos Estados-diretores. a Rússia (Pan-Rússia). no entanto. que consistia na liderança de cada uma dessas áreas por um Estado forte. O debate teve seu início principalmente por duas razões: · primeira: a partir de questões acadêmicas. o Médio-Oriente e todo o continente africano). a Indonésia. o Japão (Área de Co-prosperidade da grande Ásia) e os EUA (Pan-América) (VESENTINI. embora o dualismo da geografia e os conceitos de Ratzel fossem estritamente importantes. . e a outra é Geopolitik der Pan-Ideen. o Japão. Karl Haushofer foi um dos principais protagonistas desse debate e publicou um famoso artigo intitulado Politische Erdkunde und Geopolitik. em sua essência. surgem duas publicações de Haushofer. 2007). na Eurásia da Antiguidade. B. Assim. Segundo seu discurso. Mackinder utilizava- se do seguinte raciocínio: “quem controla a Europa Oriental. que o poderio naval começaria a ser ameaçado pelo poderio terrestre. A teoria do Heartland provocaria uma transformação das relações de poder no mundo. ou seja. desenvolveu-se uma designação para essa área – Heartland (coração da Terra) ou Pivot Area (região pivô) – e sua inter-relação com a dominação e/ou desequilíbrio de poder no continente euroasiático. o domínio dessa região representaria o domínio do mundo. ao final da Segunda Guerra Mundial Halford Mackinder criou o discurso geopolítico em sua publicação chamadaThe Geographical Pivot of History. Embora sem mencionar a palavra geopolítica – vista por ele como um pensamento germânico –. Antología geopolítica. a partir da concepção de Mackinder. domina a Terra Central.Apesar desse pensamento de zonas de influência. visto que os territórios da Alemanha e da Rússia eram invulneráveis a uma invasão marítima. domina a Ilha Mundial. Mackinder pronunciou em 1904. e quem controla a Ilha Mundial. a teoria geopolítica contemporânea vem ao encontro do conceito de globalização e está interligada aos acontecimentos e jogos de poder entre os players que compõem o sistema internacional. . 1975. A. essa concepção permeou o pensamento das nações vencedoras da Segunda Guerra Mundial de tal modo que se buscou o equilíbrio de poder no continente por meio do isolamento da Alemanha e da Rússia e da vigília constante das ações desses dois países. Esse conceito de divisão do espaço geográfico e de influência das potências em territórios específicos começa a ser ainda mais estudado no decorrer dos anos 1950 e 1960. domina o mundo” (A tradução da conferência de Mackinder para o castelhano está presente em RATTENBACH. pp. quem controla a Terra Central. durante a conferência na Real Sociedade Geográfica de Londres. o estudioso analisava os acontecimentos históricos das principais áreas do mundo e afirmava que os mais decisivos e importantes da história universal haviam ocorrido na planície asiática. A partir desse pressuposto. 65-81). No decorrer das décadas. Buenos Aires: Pleamar. com/docs/art_acad_ geopolitica_rev. Acesso em: 2 fev. H. Noruega: International Peace Research Institute. 4. Instituto de Defesa Nacional. VESENTINI. J. p. 2003. no entanto. Geographical Journal. Novas geopolíticas. 2007 Geopolítica contemporânea Durante a Guerra Fria. P. Figura 2 MACKINDER. p. Disponível em: <http://www. Brasília. 1904. Colin Cinza e Zbigniew Brzezinski. 2012. 421-437. Tais argumentos e concepções foram fundamentados por estudiosos como Halford Mackinder. 105. T. O. Swedish geopolitics from Rudolf Kjellén to a swedish “dual state”. Nicholas Spykman. n. The geographical pivot of history.jptfernandes. Nação & Defesa. 23. 2011. Livros TUNADER. ed. J. A geopolítica clássica revisitada.pdf>. 232. São Paulo: Contexto. n. Fontes: Figura 1 FERNANDES. ao contrário do . T. W. A formulação da política de contenção e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) ao final da década de 1940 – e seu desenvolvimento nas últimas décadas – ao lado do desenvolvimento de novas tecnologias e da corrida armamentista nas décadas de 1970 e 1980 foram reflexos da estratégia adotada pelas potências por meio do estudo da geopolítica clássica e do desenvolvimento de uma análise complexa. a geopolítica desempenhou um papel central não somente no âmbito acadêmico. mas também na esfera político-militar. . Kjellén e os geopolíticos alemães ressaltaram não somente as relações entre o desenvolvimento tecnológico e seu impacto na geografia. Segundo Hobsbawn (1995): . assim como de Max Weber e Carl Schmitt. já que a análise geopolítica tem um profundo impacto nas decisões das nações. Tendo em vista a ameaça soviética e a possível aliança com os países do ocidente europeu – o que fortaleceria. o mundo presenciava uma luta incessante pelo domínio ideológico e político de duas grandes potências. políticas. Estados Unidos e URSS (União das Repúblicas Soviéticas). os conceitos do capitalismo –.. a URSS utilizou uma política de isolamento semelhante para aproximar as nações comunistas e protegê-las da invasão ideológica do capitalismo ocidental: era a Cortina de Ferro. O universalismo americano se opunha em termos ao culturalismo alemão ou contextualismo – visto da perspectiva de que o contexto ou a época influencia diretamente na construção do pensamento – e se mostrava mais voltado para a área estratégica. que utilizavam as zonas de influência como forma de proteção e disseminação de seus respectivos ideais. mas também a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).] Em sua competição entre si. mas também a conexão com as questões étnicas e políticas que impactavam no ambiente global. os EUA pretendiam abranger com o plano não só o ocidente europeu. os Estados Unidos da América idealizaram um plano capaz de suprir as necessidades das nações devastadas na Segunda Guerra Mundial: o Plano Marshall. Inicialmente. as divergências ideológicas não permitiram um acordo. a Europa necessitava de capital externo e investimentos que auxiliassem em sua reestruturação política e econômica. bem como instigações por propaganda e forma de coerção. o que determinou que o crédito seria concedido somente aos países europeus que compactuavam com as políticas americanas e com a Doutrina Truman. 2007). Contudo.. 2007). Com uma situação desfavorável e com a economia em ruínas. 261). 80 anos antes. Entretanto. No entanto. promover a divisão e defecções nas civilizações adversárias e empregar a combinação apropriada de ações diplomáticas. 1997. bem como na reintegração com os demais países. p. uma subdivisão advinda do final da Segunda Guerra Mundial e do acordo entre Estados Unidos da América e URSS.pensamento norte-americano. No período pós Segunda Guerra Mundial. A ciência política americana sem dúvidas herdou conceitos importantes da tradição alemã. mas os norte-americanos possuíam também uma estratégia política individual e construída em bases sólidas (VESENTINI. Contudo.. Samuel Huntington debate o choque das civilizações e afirma que a política se tornou muito mais próxima às ideias de Kjellén. Apesar disso. A linha de divisão geográfica que Huntington criou entre as civilizações do leste e do oeste é praticamente idêntica a que Kjellén. havia ressaltado ser a grande linha cultural entre a Rússia e a Europa (VESENTINI. por conseguinte. na verdade. a peculiaridade da Guerra Fria – ainda que houvesse o desentendimento entre as potências e a divisão do mundo – residia no fato de que não existia um perigo iminente ou uma ameaça definitiva de uma Terceira Guerra Mundial. Havia. fazer alianças com Estados de terceiras civilizações. particularmente de Hans Morgenthau. foi a geopolítica sueco-alemã cosmopolita que provou ser precisa na descrição do futuro da Europa contemporânea.] (HUNTINGTON. Como afirma Huntington (1997): [. Essa subdivisão apontava que esses países exerceriam influência sob suas respectivas áreas sem utilizar a força militar. que necessitava igualmente do auxílio. principalmente nos anos de reestruturação e redefinição do paradigma das relações internacionais. econômicas e clandestinas. para atingir seus objetivos [. Em contrapartida. os Estados-núcleos tentam congregar suas legiões civilizacionais. atualmente não se pode desvincular a análise geopolítica da interface étnica e cultural. 225). Entretanto. As divergências políticas. o que fez com que a então imponência do exército vermelho tivesse de ser mostrada novamente para que sua hegemonia regional fosse mantida. marcada por uma grande miscigenação e com mais de 50 países. a URSS – se vista por meio das mazelas sociais e das revoluções internas –. 21). via uma vasta oportunidade de manter sua hegemonia e domínio territorial.. A maior parte delas se encontrava em processo de reconstrução de sua política e economia.. . sofreu com a dificuldade de abranger politicamente todas as diferenças étnicas e culturais dentro de uma só nação. Durante a Guerra Fria. p. Devido à dissolução da União Soviética e à crise do comunismo no mundo. as mudanças provocadas pelas constantes evoluções tecnológicas se tornaram cada vez mais visíveis nas relações internacionais (como a Terceira Revolução Industrial). ricos e pobres. ao mesmo tempo em que seus problemas econômicos. a interdependência da economia mundial e a integração de várias esferas da sociedade. mas a África. os conflitos mais abrangentes..[. houve um constante desentendimento. a predominância do capitalismo como modelo econômico e a conjuntura internacional reacenderam o debate entre a década de 1980 e 1990. Contudo. essa nova era da geopolítica mundial. p. Pode-se afirmar. A superação de distâncias geográficas e temporais e a troca de informações e de conteúdo em tempo real permitiram o aprofundamento da globalização. 1997). Entretanto.. no qual uma ainda frágil potência. aproximavam-na mais de seu fim. faziam todo esforço para resolver disputas de demarcação sem um choque aberto entre suas Forças Armadas [. assim. visto que não havia mais uma rivalidade entre a maioria das grandes potências – principalmente entre as que foram derrotadas na Segunda Guerra Mundial. Nesse mundo.] (HUNTINGTON... ou entre outros grupos definidos em termos econômicos. Desse modo.] (HOBSBAWN. que perdurou de 1947 a 1991. 1997. Como afirmou Huntington (1997): A política mundial está sendo reconfigurada seguindo linhas culturais e civilizacionais. cada vez mais evidentes. 1995. a teoria de Huntington foi comprovada especialmente com relação às nações recém-independentes do continente africano – Saara Ocidental e Somália – e com nações comunistas do leste europeu. foi marcada por um hiato ou crise da produção e discussão acadêmica referente aos temas geopolíticos. não somente o leste-europeu. o que intensificou os processos e modificou a geopolítica global. importantes e perigosos não se darão entre classes sociais..] as duas superpotências aceitavam a divisão desigual do mundo. que houve um congelamento da política internacional e que as questões levantadas em épocas de guerra se viam abrandadas e inviáveis para serem colocadas em pauta novamente (HUNTINGTON. diplomáticas e culturais eram fatores indispensáveis para analisar esses conflitos e conseguir compreender a estrutura de cada província. As guerras tribais e os conflitos étnicos irão ocorrer no seio das civilizações [. quando o sistema internacional e as unidades que o compunham entraram em outro período de extensa crise política e econômica [. as mudanças políticas no contexto da Guerra Fria transformaram o panorama internacional. o processo de desenvolvimento. O termo coexistência pacífica definia esse período de incertezas e de redefinições do sistema internacional. mas sim entre povos pertencentes a diferentes entidades culturais.] A situação mundial se tornou razoavelmente estável pouco depois da guerra e permaneceu assim até meados da década de 1970. Porém. no decorrer das relações da Rússia com os países contíguos após a “desestalinização”.. 1997. P. “inflexões” e “tendências” a partir de uma teoria . mas principalmente às questões geoestratégicas. São Paulo: Companhia das Letras. a fim de conseguir compreender e analisar as relações entre os Estados e as questões referentes ao expansionismo. JOSÉ LUIS. ed. que permeiam o estudo das relações internacionais. Fonte: HOBSBAWM. O FATO E A TEORIA Toda análise do sistema internacional supõe alguma visão teórica. VESENTINI. com relação ao que havia acontecido nos séculos anteriores” *FIORI. essenciais para a manutenção da hegemonia das grandes potências. 1995. HUNTINGTON. 2007. Verdadeiras máquinas de acumulação de poder e riqueza que se expandiram a partir da Europa e através do mundo. A lógica das disputas está submetida hoje não somente às questões do comércio. “Foi a necessidade de financiamento das guerras que esteve na origem desta convergência entre o poder e a riqueza. econômica e cultural. O choque de civilizações. Rio de Janeiro: Objetiva. A globalização. juntamente com uma economia global dinâmica e a subsequente ascensão de novos atores (Estados e não Estados). Diante dessa crescente conectividade. numa velocidade e numa escala que permitem falar de um novo universo. o encontro dos “príncipes” com os “banqueiros” produziu um fenômeno absolutamente novo e revolucionário: o nascimento dos “estados-economias nacionais”. do espaço e do movimento da sua “massa histórica”. ao mesmo tempo. Desde Ratzel. p: 34 1. S. E. Índia. como os aspectos culturais. políticos e sociais. 4. Era dos extremos: o breve século XX (1914-1991). a respeito do tempo. Brasil e África do Sul. a geopolítica utiliza como ferramenta de estudo essas interfaces. à distribuição dos territórios e aos conceitos de regionalização e de integração política. está fundamentada nos conceitos de intercâmbio e interdependência entre as nações em aspectos mais abrangentes do que o econômico. Mas desta vez. Rio de Janeiro: Editora Vozes. São Paulo: Contexto. J. que se escondem e desvelam. verifica-se a emergência de um sistema internacional cada vez mais complexo. O Poder Americano. A NOVA GEOPOLÍTICA DAS NAÇÕES: e o lugar da China. 2. Só tem sentido falar de “grandes crises”. W. como a influência ideológica e a utilização do soft power. ed. Sem a teoria é impossível interpretar a conjuntura. Novas geopolíticas. 2004. portanto. e identificar os movimentos cíclicos e as “longas durações” estruturais. através dos acontecimentos imediatos do sistema mundial. o seu foco de observação. houve duas inflexões históricas muito importantes. existe uma teoria e algumas generalizações históricas. que agora atinge todos os tabuleiros regionais do sistema mundial. podem esconder-se interpretações completamente diferentes. o projeto de construção de um império global. Além disto. este sistema moderno de “estados- economias nacionais” alcançou sua máxima extensão e universalidade. e permitindo. ou do “sistema mundial moderno”. em 1991 e 2001. a partir da Europa.simultaneamente . que definiram suas fronteiras nacionais no mesmo momento em que se expandiram . 1. acerca da formação. com relação às transformações mundiais das últimas décadas. Mas. e da sua vitória dos anos 90. é muito comum falar de uma “crise da hegemonia americana”. um novo ciclo de crescimento da economia internacional. e se transformaram em impérios globais. vejamos as suas teses principais: ·O atual “sistema político mundial” que nasceu na Europa. e se consolidou nos séculos XVII e XVIII.para fora da Europa. Por isto. na década de 70. no século XVI. que relacione e hierarquize fatos e conflitos locais. globalizando a competição político-econômica das nações. dependendo do ponto de partida teórico de cada analista. Mas por trás deste consenso aparente. Foi uma criação do poder. não foi uma obra espontânea. explicitamente. é a teoria que define o “foco central” da análise e a sua “linha do tempo”. De forma sintética. e se universalizou nos últimos 500 anos. · as premissas teóricas Por trás da nossa hipótese. regionais e globais. e do seu cálculo geopolítico. e nas transformações estratégicas do poder global dos Estados Unidos. e reconhecer que depois disto. sobretudo depois da sua “crise” dos anos 70. e discutir o novo lugar da China. Índia. de forma sintética. Muitos analistas confundiram esta mudança com uma “crise terminal” do poder americano. sem perceber que neste início do século XXI. . para só depois analisar as mudanças recentes do sistema mundial. Por exemplo. e por ordem. O foco da análise e a sua tese central O foco da nossa análise se concentra no movimento de expansão. expansão e mudanças do sistema mundial que se formou no século XVI. a sua tese central e suas principais premissas teóricas. essa nossa análise da conjuntura internacional começa expondo. desta forma. nem diplomática. do poder conquistador de alguns estados territoriais europeus. este projeto atingiu seu limite teórico de expansão. dentro de um mesmo esquema de interpretação. Quando os Estados Unidos assumiram. e abriu portas – dialeticamente – para o reaparecimento e a universalização dos estados nacionais.1. logo em seguida. Brasil e África do Sul. e com os poderes imperiais. não foi uma obra exclusiva dos “mercados” ou do “capital em geral”. Foi um subproduto da expansão competitiva e conquistadora de algumas economias nacionais europeias que se internacionalizaram junto com seus respectivos “estados-economias“. e promovendo uma espécie de “integração destrutiva”. com isso. e de cada um de seus estados territoriais. e numa situação de permanente competição e guerra. imediatamente. depois da Guerra dos 30 anos. e depois seguiram sendo a atividade básica dos estados nacionais. todos os seus estados estavam obrigados a se expandir. em conjunto. ·Duas características distinguem a originalidade e explicam a força vitoriosa destes poderes europeus: primeiro. ·Desde o início desse sistema. até o limite teórico da monopolização absoluta e da constituição de um império político e econômico que teria uma abrangência mundial. segundo o sociólogo alemão Norbert Elias. um papel contraditório. ou de um mesmo sistema político. as guerras se transformaram na atividade principal dos primeiros poderes territoriais europeus. .·Da mesma forma que o “sistema econômico mundial” que também se constituiu. e se articularam. de territórios e regiões que tinham se mantido distantes e separadas. ·Dentro desse novo sistema político. a maneira em que estes “estados- economias nacionais” nasceram. a partir da Europa. de fora da Europa. à conquista de um poder cada vez mais global. neste mesmo período. em 1648. em impérios coloniais. e segundo. desde a formação mais incipiente do novo sistema. Por isto. suas unidades competidoras tinham que se propor. nessa competição permanente. simultaneamente. Por isto se pode falar de uma “compulsão expansiva” de todo o sistema. entre si. “quem não sobe. e das Guerras do Norte. atuando. de novas posições monopólicas de poder e de acumulação de riqueza. e da sua necessidade de conquista permanente. em última instância. as guerras acabaram cumprindo na Europa. para poder sobreviver. cai”. que se transformaram. e da Paz de Westfália. e que só passaram a fazer parte de uma mesma unidade. a maneira como os estados territoriais criaram. É neste sentido que se pode dizer que. E.os “estados-economias nacionais”. com suas economias nacionais. no início do século XVIII. absolutamente nova e explosiva . sobre territórios e populações cada vez mais amplos e unificados. até os séculos XVI e XVII. como uma força destrutiva e integradora. produzindo uma “máquina de acumulação” de poder e riqueza. E. com capacidade de imposição da sua soberania e do seu poder muito além de suas fronteiras nacionais. porque as mesmas forças que atuam na direção do poder global. Para ser mais preciso: a vitória e a constituição de um império mundial seria a vitória de algum estado nacional específico. desequilibrada e contínua. até o início do século XX. nas mãos de um pequeno grupo de estados que se transformaram nas Grandes Potências. Mas ao mesmo tempo. Às vezes predominou o conflito. complementaridade e até alianças e fusões. nesse sentido. essa tendência à centralização e à monopolização do poder e da riqueza. mas na hora da escassez de recursos essenciais aos estados e aos capitais privados. sempre mantiveram entre si relações complementares. ao lado da competição. E não se realizou. Além disto. estes estados sempre colocaram barreiras à entrada de novos “sócios” e. quando os Estados Unidos e o Japão ingressaram no “círculo governante” do mundo. Uma espécie de núcleo central do sistema. que nasce da competição dentro do sistema mundial nunca se realizou plenamente. houve sempre convivência. ·Essa contradição do sistema mundial. Daquele que tivesse sido capaz de monopolizar o poder. todos eles europeus. na direção do fortalecimento do poder e dos capitais nacionais. também entre os estados e os capitais nacionais competidores. nestes últimos 500 anos. sua aliança nacional se estreitou até o limite do enfrentamento conjunto das guerras. ·Os estados e seus capitais nacionais nem sempre andaram juntos nas suas competições econômicas e político-militares. mas foi esta “dialética” que permitiu a existência de períodos mais ou menos prolongados de paz e crescimento econômico convergente entre as Grandes Potências. E só em alguns momentos . o estado ganhador não teria como seguir aumentando o seu próprio poder. que nunca teve mais do que seis ou sete “sócios”. atuam.·Mas. também. como no caso da competição intercapitalista. impediu o nascimento de um império global. a destruição do mecanismo de acumulação de poder e riqueza que mantém o sistema mundial em estado de expansão desordenada. sem o prosseguimento da competição. dos conflitos e das guerras. até o limite do desaparecimento dos seus competidores. mas não impediu a oligopolização precoce do controle do poder e da propriedade da riqueza. Por sua vez. ao mesmo tempo. às vezes a complementaridade. apesar de suas relações competitivas e bélicas. se pode concluir que a vitória hipotética de um único “estado-economia nacional” significaria. o líder ou hegemon. dentro deste sistema mundial. a grande invenção dos europeus que foram os seus “estados-economias nacionais”. dando origem a várias estruturas políticas e econômicas regionais. o “sistema político mundial” se restringia aos estados europeus e seus impérios. iv) não existe a menor possibilidade de que a liderança da expansão econômica do capitalismo. porque. mesmo quando já tenham conquistado e se mantenham no topo das hierarquias de poder e riqueza do sistema mundial. nem tampouco de mercados equilibrados e estáveis. excepcionais. também. “quem não sobe. ·Concluindo. e. Mas sua conquista e colonização foi uma obra do . ii) não existe a possibilidade de que as Grandes Potências possam praticar. finalmente.das mãos dos “estados-economias nacionais” expansivos e conquistadores. Algo diferente aconteceu com o “sistema econômico mundial” que sempre incluiu as economias coloniais dentro da divisão internacional do trabalho definida pelas necessidades das metrópoles. O PODER GLOBAL DOS ESTADOS UNIDOS 2. é sempre desestabilizador da sua própria situação hegemônica. isto é. e sobre as perspectivas dos seus estados ou “potências emergentes”. que o sistema mundial universalizou. em geral depois de grandes guerras. dentro do grupo das Grandes Potências. iii) por isto. no século XX. os estados americanos. hegemonia e projeto imperial Os Estados Unidos foram o primeiro estado nacional que se formou fora da Europa. qualquer discussão sobre o futuro do atual sistema mundial. cai”. elas serão sempre expansionistas.1. deve partir de três convicções preliminares: i) no “universo em expansão” dos “estados-economias nacionais”. uma política só voltada para a preservação do status quo. 2. e com relação ao resto do mundo. expansão. e depois. permanentemente. do nosso ponto de vista. definitivamente. de forma permanente. e a multiplicação das lutas pela liderança ou hegemonia dentro destes subsistemas. os novos estados africanos e asiáticos. o sistema mundial se fragmentou. ·Até o fim do século XVIII. Mas com isto. Uma espécie de etapa prévia indispensável aos candidatos à luta pelo poder global. ·Foi só no final do século XX. é que a potência vencedora pôde exercer uma “hegemonia benevolente”. saia - alguma vez . aos quais se agregaram no século XIX. graças ao interesse comum na reconstrução do sistema recém-destruído. não há possibilidade lógica de uma “paz perpétua”. no México. de tipo colonial. assim como sua guerra de independência foi uma “guerra europeia”. Foi neste período de reconstrução da Europa. E seu nascimento foi – ao mesmo tempo – o primeiro passo do processo de universalização do sistema político interestatal. um ano apenas depois da assinatura do Tratado de Paz com a Grã Bretanha. e ao Japão. em 1776. e o Novo México e a Califórnia em 1848. na própria América. Grande Guerra que os norte-americanos ocuparam o lugar da Grã Bretanha dentro do sistema mundial. em 1906. no Panamá. os Estados Unidos se expandiram de forma contínua. Mas foi só depois da 2ª. os Estados Unidos tiveram uma participação decisiva para a vitória da Grã Bretanha e da França. Por fim. já assinavam ou impunham Tratados Comerciais. na Europa.expansionismo europeu. no norte da África. E no início do século XIX. em 1861. tuteladas pelos norte-americanos. em 1887. Por outro lado. em 1902. o governo norte- americano decidiu assumir plenamente o protetorado militar e financeiro da República Dominicana. os Estados Unidos. finalmente. Na 1ª. em 1917. Por fim. como aconteceu com todos os estados nacionais que já se haviam transformado em Grandes Potências. e confirmou a situação do Caribe e da América Central como sua “zona de influência” imediata e incontestável. e numa relação privilegiada dos . em 1905. E. de novo. para logo depois intervir no Haiti. com a União Soviética.até a década de 70 . no Oriente Médio. entre 1900 e 1914. conquistando Cuba. Porto Rico e Filipinas. o Texas em 1835. o Oregon em 1846. em 1867. inventado pelos europeus. e no Brasil. declararam e venceram a guerra com a Espanha. A engenharia deste novo sistema apoiou-se na bipolarização geopolítica do mundo. da Nicarágua. da Ásia e do próprio sistema político e econômico mundial. na República Dominicana. e. do Panamá e de Cuba. impondo sua hegemonia na Europa e na Ásia. onde seus navios bombardearam as cidades de Trípoli e Argel. e em Impérios Coloniais. na Venezuela. ao lado das Grandes Potencias econômicas europeias. em 1898. Além disso. os Estados Unidos já se consideravam com direito à hegemonia exclusiva em todo continente.uma experiência sem precedentes de “governança mundial” baseada em “regimes internacionais” e “instituições multilaterais”. que os Estados Unidos lideraram . do Haiti. depois da Crise de Suez. em 1893. os Estados Unidos anexaram a Flórida em 1819. quatro décadas depois da sua independência. no final do século XX. e meio século depois. em 1903. e um pouco mais a frente. em 1801 e 1815. à China. e que só se completaria. depois da independência das 13 Colônias. em 1912. em 1854. e nas decisões da Conferência de Paz de Versalhes. no Haiti. o governo dos Estados Unidos já havia ordenado duas “expedições punitivas”. em Cuba. já chegavam aos portos asiáticos os primeiros navios comerciais norte-americanos. Pelo caminho das guerras ou dos mercados. em 1844. em 1956. e executaram sua Doutrina Monroe intervindo em Santo Domingo. em 1784. Guerra Mundial. Guam. mas também na África. Foi quando se falou de uma “crise de hegemonia”. a perda de competitividade da economia norte- americana. na América Central. Foi este mesmo sucesso econômico. provocando uma avassaladora resposta conservadora. Guerra Mundial. a Ostpolitik. e muitos pensaram que fosse o final poder americano. sem consultar aos Estados Unidos. Existe uma interpretação dominante. no fim século XX. no Sudeste Asiático. que realça. Dando início à segunda movida geopolítica mais importante do início da década de 70. sobre esta “crise da hegemonia americana”. na década de 80. a subida do preço do petróleo. as derrotas militares e os fracassos diplomáticos dos Estados Unidos. Uma sucessão de acontecimentos que teriam fragilizado e desafiado o poder americano. no campo geopolítico. Guerra Mundial. o aumento do peso econômico e da competitividade mundial da . Essa mesma interpretação costuma destacar.dos Estados Unidos com o Japão e a Alemanha. Esse período de reconstrução do sistema mundial. depois do fim da 2ª. na Europa e no Sudeste Asiático. tiveram papel decisivo no funcionamento dessa nova “ordem regulada”: a unificação europeia. e a invasão soviética do Afeganistão. e do reaparecimento da Rússia no tabuleiro geopolítico europeu. Uma resposta que teria permitido a “retomada da hegemonia”. e pela Revolução Chinesa e as Guerras da Coréia e do Vietnã. a partir do processo da reconstrução do sistema mundial. em 1979. depois da reunificação da Alemanha. quando os Estados Unidos perderam a Guerra do Vietnã e abandonaram o regime monetário e financeiro internacional. e o consequente fortalecimento da Alemanha Ocidental que permitiu que o governo socialdemocrata de Willie Brandt tomasse a iniciativa de se aproximar da União Soviética. e teria dado origem às principais transformações do sistema mundial.Estados Unidos com a Grã Bretanha. criado sob sua liderança. Grande Guerra. Deste ponto vista. Por outro lado. que seria mantida e aprofundada.mais dialética . já no final da década. e a articulação econômica – original e virtuosa . no Vietnã .e seu “efeito dominó” no Laos e no Camboja . no Irã. induzida pela Guerra Fia. culminando com a a revolução xiita e a “crise dos reféns”. da década de 70. e da estratégia norte-americana de articulação preferencial da sua economia com as economias alemã e japonesa. depois da 2ª. dentro da Comunidade Europeia. Mas além disto. e com os “povos de língua inglesa”. e de “hegemonia benevolente” dos Estados Unidos. e do sucesso da hegemonia norte-americana. no final da 2ª. Mas existe outra maneira . durou até a década 70. o fim do “padrão dólar”. na Conferência de Bretton Woods. e a primeira grande recessão econômica mundial. e no Oriente Médio.de ler estes mesmos acontecimentos. sob proteção militar da OTAN. pelo lado econômico. o renascimento competitivo da Alemanha e do Japão foi uma consequência necessária do crescimento econômico capitalista da “era de ouro”. que foram transformados em “protetorados militares” norte-americanos e em líderes regionais do processo de acumulação capitalista. junto com o aumento dos gastos expansionistas dos Estados Unidos no Vietnã. já havia cerca de 200 estados nacionais independentes. recuperando sua liberdade de iniciativa monetária. cresceu o déficit orçamentário americano. no campo militar e espacial. Por isso. para justificar os massivos investimentos tecnológico-militares dos Estados Unidos. cai”. para manter sua dianteira. estabelecida em Bretton Woods. se pode dizer que o fortalecimento tecnológico da União Soviética. não foi um acidente nem foi uma derrota. que o sistema “interestatal” se universalizou. a “crise do dólar”. em 1973. que assustou os Estados Unidos na década de 70.Europa e do Japão. pelos setores financeiros. já havia se esgotado o espaço e o tempo da parceria virtuosa e da “hegemonia benevolente” dos Estados Unidos. renegociando a . Guerra Mundial. portanto. no início dos anos 70. feita com o objetivo de manter a autonomia da política econômica e preservar a liderança mundial da economia norte-americana. pelo menos em parte. dentro do sistema mundial. No final da 2ª. Depois de 1968. durante a descolonização africana. E foi exatamente no período da “ordem regulada”. Da mesma forma. que é incluída como parte da “crise dos 70”. Ela foi atropelada pelo seu próprio sucesso e suas contradições. foi o resultado de um período de sucesso econômico e foi também uma mudança planejada da estratégica econômica internacional dos Estados Unidos. também foi uma consequência inevitável da estratégia americana de contenção e de pressão militar e tecnológica contínua sobre a União Soviética. De vários pontos de vista. ao mesmo tempo. os primeiros desde a 2ª. Afinal. na Conferência de Bretton Woods. Por último. que “fugiu para frente” e redefiniu o seu projeto internacional. que apoiaram o processo da descolonização da África e da Ásia. criando uma nova realidade e um desafio à “governança mundial”. E foi com este objetivo que os Estados Unidos abandonaram o Sistema de Bretton Woods. “quem não sobe. se pode dizer que no final da década de 60. que começou a se manifestar de forma mais aguda. as autoridades monetárias americanas já vinham discutindo o problema. Guerra existia cerca de 60 estados nacionais. incluindo as teses “desregulacionistas” que haviam sido defendidas. Desse ponto de vista. ao lado da União Soviética. uma grande vitória geopolítica dos Estados Unidos. só poderiam acabar pressionando a paridade do dólar em ouro. e derrotadas transitoriamente. em todo o mundo. e os Estados Unidos começaram a apresentar déficits no seu balanço comercial. e no momento em que terminou a Guerra Fria. que serviu. como disse Norbert Elias. na década de 60. antes do momento da ruptura final do “padrão dólar”. na corrida pelo poder e pela riqueza. e foi modificada pelo poder de autotransformação do seu criador e hegemon. os Estados Unidos. e analisando as alternativas mais favoráveis aos interesses dos Estados Unidos. neste sistema. a chamada “insubordinação da periferia”. foi ao mesmo tempo. ou da “hegemonia benevolente” dos Estados Unidos. e abandonaram o Vietnã e se aproximaram da China. Assim mesmo. e que depois se transformou numa ferramenta importante do projeto imperial americano. a perspectiva de um modelo “regulado” de “governança global”. Foi assim que. depois do fim da União Soviética e da Guerra Fria. esta mesma mudança estratégica dos anos 70. bombas teledirigidas e equipamentos sob comando remoto. definitivamente. depois do fim da Guerra Fria. e devolvendo aos chineses os seus antigos “estados tributários” da Conchinchina. que segue em pleno curso. a grande transformação geopolítica do sistema mundial. Foi exatamente assim que começou. e no nascimento do novo sistema monetário “dólar-flexível”. a desregulação dos mercados teve um papel decisivo na “revolução financeira” dos anos 80/90. que mudou a concepção estratégica e logística da guerra. em 1945: definiu o poder e a hierarquia do sistema mundial. e investiram pesadamente na produção de novos vetores. a China e os Estados Unidos assumiram a reorganização conjunta do tabuleiro geopolítico do sudeste asiático. dos anos 90. criou-se um novo tipo de “território global”. submetido à senhoriagem do dólar. Uma nova tecnologia militar que foi experimentada na Guerra do Golfo. Da mesma forma que a “crise do dólar”. não houve um “acordo de paz”. em 1991. O limite do império Depois da queda do Muro de Berlim. e alcançou “velocidade cruzeiro” na década de 90. que também se transformaram em ferramentas de poder fundamentais para a “escalada americana”. e à velocidade de intervenção das forças militares americanas. dessa vez. não há duvida que a derrota no Vietnã teve um papel importante no início da “revolução militar”. e no .sua posição expansionista no sudeste asiático. e de “hegemonia benevolente”. o bombardeio de Bagdá. no fim do século XX. os Estados Unidos desenvolveram novos sistemas de informação. cumpriu um papel equivalente ao bombardeio atômico de Hiroshima e Nagasaki. Mas. sem que os norte-americanos abandonassem sua proteção militar do Japão. Foi o momento em que o sistema mundial deixou para trás. no período em que a China ainda digeria a sua própria mudança de estratégia econômica e geopolítica internacional. Mas depois.2. de Taiwan e da Coréia do Sul. no início do século XXI: num primeiro momento. acabou abrindo as portas e refazendo o mapa econômico do mundo. com a eliminação da concorrência soviética e com a ampliação do espaço desregulado da economia mundial. Depois de 1991. em 1970. e começou a experimentar o novo projeto imperial americano que começou a ser desenhado nos anos 70. com a construção do eixo entre a China e os Estados Unidos. que se transformou na locomotiva da economia mundial. em 1991. Depois da derrota. nas décadas seguintes. nem havia outra potência com capacidade de negociar ou limitar o poder unilateral dos Estados Unidos. 2. controle e comando dos campos de batalha. seguiu depois de 1993. e das fronteiras nacionais. Mas esta nova “situação imperial” ficou encoberta. Quando se olha a década e 90. num primeiro momento. a administração Clinton manteve um forte ativismo militar. nem as pressões concretas. a mesma orientação estratégica que vinha sendo adotada pelo governo Bush (pai). . “os Estados Unidos fizeram 48 intervenções militares. defendendo o direito unilateral dos Estados Unidos de fazer intervenções militares preventivas. muito mais do que em toda a Guerra Fria”. Depois de 2001. Neste período. com acordos de “apoio militar recíproco” com cerca de 130 países. com o controle soberano de todos os oceanos. olhando retrospectivamente. passou pela “pacificação” dos Bálcãs. Ao terminar a década. do ponto de vista desse projeto imperial. ambos convencidos de que o novo século deveria ser um “século americano”. Só no início do século XXI. em particular depois dos atentados de 11 de setembro de 2001. a Ucrânia e a Bielo-Rússia. pela comemoração coletiva da vitória “ocidental”. o mundo experimentou na década de 90. é que o projeto imperial americano ficou mais transparente. e pela força da ideologia da globalização. atravessou a Europa Central. muito antes dos ataques terroristas. e sobre a existência de um novo poder militar global. e chegou até a Ásia Central e ao Paquistão. e do seu expansionismo militar. declarada depois dos atentados do 11 de setembro. A despeito disto. a possibilidade real de um império global.auge da globalização financeira. dos seus dois mandatos. em qualquer ponto do espaço aéreo mundial. com o controle centralizado de uma infraestrutura mundial de poder. Mas mesmo nos seus momentos mais belicistas.que foi o auge da utopia globalitária . até 1991. separando a Alemanha da Rússia. e a Rússia da China. Durante os oito anos. depois do fim da Guerra do Golfo. mesmo contra o voto dos europeus. a nova administração Bush (filho) mudou a retórica da política externa americana e voltou a usar a linguagem militarista. para obter a abertura e desregulação de todos os mercados nacionais. com mais de 700 bases ao redor do mundo. e das próprias guerras. ampliando as fronteiras da OTAN. e com a capacidade de intervenção quase instantânea. que haviam estado sob influência soviética. a distribuição geopolítica das novas bases militares norte- americanas não deixa duvidas sobre a existência de um novo “cinturão sanitário”. se pode ver que o próprio período Clinton . segundo Andrew Bacevich. em nome da sua “guerra global ao terrorismo”. O movimento de ocupação começou pelo Báltico. apesar de sua retórica a favor da “convivência e integração pacífica dos mercados nacionais”. a administração Bush não abandonou o discurso a favor do liberalismo econômico. com sua crença no fim da história. se compreende melhor a rapidez e as intenções geopolíticas da ocupação americana dos territórios fronteiriços da Rússia. pela primeira vez na história. apesar de sua estrutura de poder global. não se trata de uma “crise final” do poder americano. as guerras aéreas não foram suficientes. e o arbítrio do seu Banco Central. de quase todos os governos do mundo. nem teriam mais como conceber um império mundial. Com certeza. dos anos 70. só com bases militares. E os títulos da dívida pública dos Estados Unidos haviam se transformado na base do novo sistema monetário. dentro as regras do atual sistema mundial. que não contasse pelo menos com uma parceira chinesa. os Estados Unidos não têm mais como frear a expansão econômica da China. No fim da década de 90. depois da constituição de governos locais tutelados. porque o atolamento militar americano no Oriente Médio. na forma em que vem sendo conduzida pelos Estados . o FED. também se compreende melhor a lógica expansiva da sua política de desregulação. do ponto de vista do projeto americano de construção de um “império financeiro mundial”. destruindo as forças militares iraquianas e destituindo o presidente Saddam Hussein. Por duas razões fundamentais: em primeiro lugar. estão provocando. conquistando Bagdá. as forças norte-americanas não conseguiram reconstruir os dois países. privatização e globalização financeira. já gerou uma nova realidade que lhe escapa ao controle e. esse projeto imperial começou a apresentar algumas dificuldades. o sucesso da estratégia “asiática” dos Estados Unidos. hoje. neste momento. e a conquista territorial militar não conseguiu dar conta da reconstrução nacional dos países derrotados. Mas estes foram apenas os dois últimos episódios. uma rápida fragmentação do sistema mundial. Suas intervenções militares não expandiram a democracia nem os mercados livres. em 2003. quando se olha para a década de 90. parece impossível de sustentar um império global sem colônias. Da mesma forma. Após suas duas vitórias. atuando como reserva e ativo financeiro. Mas. Mas logo depois. o que está acontecendo é que o projeto imperial dos Estados Unidos alcançou seu limite. e a velocidade gigantesca do expansionismo econômico chinês. Depois de vencer a Guerra do Afeganistão. em conjunto. Ninguém mais acredita na possibilidade de uma “vitória definitiva” na “guerra global” ao terrorismo. uma vez mais. de uma experiência política e militar imperial que não tem sido bem sucedida. entretanto. sem a conquista territorial. nem do apocalipse do sistema mundial. no início do século XXI. nem conseguiram definir com precisão seus objetivos de longo prazo. e os Estados Unidos não tem disposição nacional de arcar com os custos de um sistema colonial. do ponto de vista dos objetivos imediatos dos Estados Unidos. o quadro é bem mais complicado. em segundo lugar. e não tem como avançar mais. os Estados Unidos lideraram e venceram a Guerra do Iraque. e a volta da luta pelas supremacias regionais. sem ter o padrão de referência que não seja o próprio poder americano. o dólar havia se transformado na moeda do sistema monetário internacional. no território situado entre o Marrocos e o Paquistão. E não existe. neste momento. com repercussões em todos os os cantos do mundo. no Líbano. Jordânia. a social-democracia padece de anemia profunda e o nacionalismo está reaparecendo por todos os lados. em cada um dos “tabuleiros regionais” do sistema mundial i) Começando pelo Oriente Médio. na Palestina. mais nenhum projeto “ético”. legitimar as intervenções americanas. Com o aumento do poder dos xiitas na região. com Israel. é a guerra civil que ameaça estilhaçar o território do Iraque e que não tem perspectiva de conclusão. da segunda administração Bush. que se transformou no epicentro da conjuntura internacional. o Irã exerce hoje uma influência. ou agregar as principais potências. em todos os lados. O insucesso da intervenção militar. entretanto. com o aumento dos graus de incerteza e de liberdade de ação das velhas e novas potências. Unidos. no próprio Iraque. A utopia da globalização se converteu num lugar comum. desacreditou definitivamente o projeto do “Grande Médio Oriente”. o que se observa é uma diminuição da capacidade de intervenção unilateral dos Estados Unidos. e dentro de todos os grupos islâmicos mais resistentes ao poder de Israel e dos Estados Unidos. se desencadear uma corrida atômica na região. Enquanto isso. mas também com o Egito. Nem acredita que se possa parar. e perdeu sua capacidade de convencimento. corroeu a credibilidade das ameaças americanas de intervenção no Irã. e pode ter desdobramentos muito complicados.A VOLTA DAS NAÇÕES Resumindo: neste início do século XXI. Este aumento da influência iraniana acirrou a competição regional. que provocou uma reviravolta na correlação de poder regional. Muito mais grave do que isto. que se propunha implantar democracias e mercados livres. que se transformou no grande desafiante da hegemonia norte-americana no Oriente Médio. na Coréia do Norte ou em qualquer outro estado com alguma força militar e apoio internacional. ou ideologia capaz de mobilizar a opinião pública mundial. liderado pelo Irã. desde 2001. dentro dos Estados Unidos. Mas além disto. ao fortalecer o eixo de poder xiita. dentro da região. a crise expansiva do império americano está reacendendo a competição entre as nações e. com um projeto claro de mudança da sua atual estratégia internacional. estamos assistindo um retorno do sistema mundial à “geopolítica das nações” e à competição mercantilista entre as suas economias nacionais. sobretudo depois do fim da Guerra do Iraque. E não existe. e no principal símbolo das limitações atuais do projeto imperial americano. interromper ou desacelerar a “asiatificação” da economia mundial. neste momento. suficientemente poderosa. Os Estados Unidos seguirão tendo grande . Arábia Saudita. 3. cada vez maior. E o efeito paradoxal da ação norte-americana. nenhuma alternativa política. afetará radicalmente o futuro da União Europeia e de suas relações com os Estados Unidos. e em seguida. onde nunca existiu uma disputa hegemônica entre os seus próprios estados nacionais.influência no Oriente Médio. está cada vez mais dividida entre os projetos europeus de seus membros mais importantes. e vem promovendo uma forte expansão econômico-financeira. Uma divergência que não esconde a competição secular entre estes três países. mas a Europa vive. a situação é menos conflitiva. e não é improvável que traga de volta a competição geopolítica dos estados europeus que foram os fundadores do atual sistema mundial. além de ser a segunda maior potência atômica do mundo. ofuscando o papel da França e desafiando o “americanismo” da Grã Bretanha. até o início . atingiram fortemente o processo da unificação europeia. a Grã Bretanha e a Alemanha. e daqui para frente terão que conviver com a presença ativa da Rússia. “fronteira de expansão” ou “periferia” da economia europeia. Não é impossível uma aliança estratégica da Alemanha com a Rússia. que ficou adormecida depois da 2ª. o cenário é um pouco diferente. na direção da Europa Central e da Rússia. que é a maior fornecedora de energia da Alemanha e de toda a Europa. Guerra Mundial. e dos Estados Unidos. porque até hoje. Primeiro. ela foi colônia. Mas. no centro da Europa. até o fim do século XIX. se esta aliança existir. mas é indisfarçável o aumento da resistência ao unilateralismo norte-americano. e o ressurgimento da Rússia. A Alemanha fortaleceu sua posição como a maior potência demográfica e econômica do continente. e ao poder militar da OTAN. Uma estratégia que recolocou a Alemanha no epicentro da luta pela hegemonia dentro de toda a Europa. É indisfarçável o temor atual da França e da Grã Bretanha. e passou a ter uma política externa mais autônoma. iii)Na América Latina. neste momento. Pelo contrário. com a reunificação da Alemanha. mas reapareceu depois do fim da Guerra Fria. E. ao conjunto dos estados associados. frente ao fortalecimento da Alemanha. uma situação de paralisia estratégica e decisória. Depois da sua reunificação. e dentro da própria União Europeia. dentro da própria região. a França. E seu principal problema está cada vez mais visível: a União Europeia não dispõe de um poder central unificado e homogêneo. centrada nos seus próprios interesses nacionais. mas depois da sua independência. no cenário europeu. E não há dúvida que a reunificação da Alemanha. a América foi o único continente do sistema mundial. e o reaparecimento da velha Rússia. da China e de outros países com interesses nos recursos energéticos do Oriente Médio. Aumentou o tamanho da União Europeia e a extensão da OTAN. a Alemanha vem aprofundando a sua Ostpolitik dos anos 60. esteve sempre sob a égide anglo-saxônica: da Grã Bretanha. ii) Na Europa. com o desafio e a competição hegemônica com o Irã. sobretudo. mas perderam sua posição arbitral. capaz de definir e impor objetivos e prioridades estratégicas. depois da crise do Canal de Suez em 1956. Depois da Guerra Fria. nem tampouco se pode falar de uma economia regional integrada De fato. os governos sul-americanos se alinharam ao lado dos Estados Unidos. Como consequência. está vivendo uma grande mudança. como uma espécie de laboratório de experimentação do “imperialismo de livre comércio”. de estados e economias nacionais. Tratava-se de um continente que não interessaria às Grandes Potências. as lutas políticas e territoriais abaixo do Rio Grande. a América do Sul. do fracasso do golpe de estado na Venezuela. o atual sistema estatal africano foi criado pelas potências coloniais europeias e só se manteve “integrado”. onde não existe um verdadeiro sistema estatal competitivo. em 1975. em 2002. esquecida desde a derrota de Salvador Allende. e a África Central. nestes quase dois séculos de vida independente. na década de 60. depois da sua descolonização. Por outro lado. e seus quase 800 milhões de habitantes. ao mesmo tempo em que se expandia o MERCOSUL. se formava a Comunidade Sul-Americana de Nações e a ALBA. em 2005. que atingiu a África Setentrional. em particular. no início do século XXI. na reunião de Punta del Este. Depois da 2ª. e depois da Guerra Fria. a maioria dos governos da região aderiram às políticas e reformas neoliberais. como viria a ocorrer na Ásia. depois da independência de Angola e Moçambique. em 1993. Neste sentido. Tudo isto. 5 grandes regiões.do século XXI. que contou com a simpatia norte-americana. depois da moratória bem sucedida da Argentina. nunca atingiram a intensidade. com exceção de Cuba. e da rejeição do projeto norte-americano da ALCA. até 1991. e durante a Guerra Fria. com seus 53 estados. e depois do fracasso da “intervenção humanitária” dos Estados Unidos. com uma virada à esquerda da maioria dos seus governos que são críticos das políticas neoliberais e do “imperialismo norte-americano”. generalizou-se a convicção de que a África seria um continente “inviável” e marginal dentro do processo vitorioso da globalização econômica. na Somália. nem às suas corporações e bancos privados. depois do início da luta pela independência do Congo. o presidente Clinton visitou o continente africano. Sobretudo. em 1998. Um mosaico gigantesco e fragmentado de estados. graças à Guerra Fria e à sua disputa bipolar. os estados latino-americanos nunca ocuparam posição importante nas grandes disputas geopolíticas do sistema mundial. com os Estados Unidos. E tampouco se formou na América Latina um sistema integrado e competitivo. em 1973. nem tiveram os mesmos efeitos que na Europa. iv) Durante a década de 90. e finalmente. e ressurgia no continente a proposta de construção de um “socialismo do século XXI”. Guerra Mundial. Mas a África não é tão simples nem homogênea. em 2001. Mas agora. e funcionou durante todo o século XIX. é inegável que está em curso uma mudança no relacionamento da América do Sul. durante a década de 1990. e . a África Austral. preconizadas pelos Estados Unidos. não é improvável que. tudo indica que a velha Europa não tem mais “fôlego”.definiu a estratégia americana – de “baixo teor” . Nesse sentido. e os Estados Unidos não tem mais “capacidade instalada”. Guerra Mundial. a China. do Burundi e do Sudão. pela hegemonia regional. em que foi convocada a Conferência de São Francisco. Até os anos 30. recentemente. dentro da região. durante o primeiro governo republicano de George Bush (filho). à disputa das regiões petrolíferas e ao controle e repressão das forças islâmicas e dos grupos terroristas do Chifre da África. e depois. No início do século XXI. acabe surgindo uma luta hegemônica local. no leste asiático. e os Estados Unidos. Assim. Na nova configuração. da Serra Leoa. na década de 90. o Japão foi “reabilitado” e foi transformado em “protetorado militar” dos Estados Unidos. e com a vitória da Revolução Chinesa. E está cada vez . É a região de maior dinamismo econômico. proposto pelo presidente Mandela. ou que a nova presença econômica massiva da China e da Índia acabe se transformando num fator político importante. Poucos anos depois. Grande Guerra. ao mesmo tempo. e depois patrocinaram a inclusão da China no Conselho de Segurança das Nações Unidas. é onde está em curso a competição mais intensa e explícita. Mas de fato. que está na origem do atual sistema mundial. neste vácuo. o Japão e a Coréia. dentro do sistema mundial. mas também a Rússia. Envolvendo suas velhas potências imperiais. aumentando sua competição regional com o Japão. o velho modelo europeu de acumulação de poder e riqueza. a mudança da estratégia internacional dos Estados Unidos e sua reaproximação da China. seguida pelas Guerras da Coréia e do Vietnã. apesar dos gestos de boa vontade. dentro da hegemonia americana no sudeste asiático. o sistema regional de estados e economias nacionais. lembra. através dos mercados. do Congo. diminuiu sensivelmente sua capacidade de intervenção direta nos assuntos do leste asiático. alteraram essa arquitetura regional montada depois da 2ª. patrocinando sua participação na reunião tripartite de Moscou. com a primeira experiência nuclear da Coréia do Norte. Durante a 2ª. dos Estados Unidos até a invasão japonesa da China. da globalização e da democracia. e se envolveram no controle dos processos eleitorais das novas democracias. quase exclusivamente. da Libéria. e com sua “guerra global” ao terrorismo. o Japão foi o aliado principal da Grã Bretanha na região. os Estados Unidos participaram de várias negociações e forças de paz.para o continente negro: paz e crescimento econômico. também. com uma posição econômica muito importante. Mas. fortaleceu-se a posição chinesa. os Estados Unidos se opuseram à invasão japonesa e se aproximaram da China. que foi agravada. o envolvimento dos Estados Unidos com o Oriente Médio. em 1938. para cuidarem do projeto de “renascimento africano”. v) Por fim. a preocupação dos Estados Unidos com a África se restringe hoje. Com o começo da Guerra Fria. cada vez mais. a partir da década de 70. e. chama atenção a coincidência temporal desta retomada econômica. ao impulso da política econômica “hiper-ativa” do governo americano. depois dos atentados de 11 de setembro. entre os asiáticos e os europeus e seus descentes. praticada depois da crise financeira asiática de 1997. anunciando uma desaceleração cíclica. com a fusão dos interesses anglo-americanos. quando os chineses assimilaram as perdas necessárias à manutenção da . do século XV. entretanto. Até o momento. com a fusão dos interesses econômicos anglo-holandeses. Um quadro que pode complicar-se ainda mais. com o retorno da “geopolítica das nações”.dos europeus.mais claro que se aumentar o distanciamento americano da região. a grande novidade geopolítica da região e a grande incógnita sobre seu futuro estão ligadas à nova expansão global da China. o mais provável é que o Japão venha a ter o seu próprio arsenal atômico. E dentro desta perspectiva. houve uma reversão das expectativas. enfrentará a resistência e o poder anglo-americano. guerra e fusão entre europeus ou descendentes de europeus. Mas não existe uma explicação consensual para o que passou em 2001. Assim mesmo. Do ponto de vista geopolítico. com baixa inflação e sem maiores desequilíbrios nos balanços de pagamento. 4. e à sua região próxima do Pacífico. se a Coréia do Norte não interromper suas experiências atômicas. E. por sua própria decisão. se a Índia for obrigado a envolver-se nesta disputa hegemônica. que cumpriu a política econômica e monetária da China. o mais provável é que a China se restrinja à luta pela hegemonia no sudeste asiático. que foi basicamente diplomática e mercantil. se trataria de um retorno às relações e à competição que esteve no ponto de partida do sistema. à diferença da expansão bélica e mercantil - e depois capitalista . uma espécie de “ajuste de contas”. De qualquer maneira. para a primeira década do século XXI. o papel decisivo para a reversão econômica de 2001. com forte conotação nacionalista. Mas não está excluída a possibilidade de que se repita o que já ocorreu. ou por conta de uma aliança estratégica com os Estados Unidos. a economia mundial perdeu fôlego. haverá um rápido rearmamento japonês. Mas se a China seguir os caminhos de todas as Grandes Potências deste sistema mundial. e no século XX. UMA NOVA GEOMETRIA ECONÔMICA No final dos anos 90. terá que combinar sua expansão econômica. em algum momento. apesar de que muitos analistas atribuam o novo ciclo. entretanto. ela tem se mantido fiel ao modelo original da expansão chinesa. com uma expansão político-militar global. no século XVII. Mais do que isto. Depois de 2001. A grande novidade. neste caso. é que já não se trataria de uma relação de competição. e com o aumento da competição entre os estados e as economias nacionais. e a economia retomou o seu crescimento de forma generalizada e contínua. em que seu distanciamento é maior. para visualizar o mapa das disputas e das suas sinergias positivas. tanto para os estados como para os capitais privados. na África e na América Latina. Mas não há dúvida que a geopolítica e a economia andam quase juntas. no Vietnã e na Rússia. nem é universal. E essas importações atendem apenas um terço de suas necessidades internas. mas hoje é o segundo maior importador de óleo do mundo. do Irã. Por isso mesmo. no início deste trabalho. até 2020. Há momentos históricos. a China deverá aumentar em 150% o seu consumo energético e a Índia em 100%. puxada pelos Estados Unidos e a China. sua dependência do fornecimento externo de petróleo é ainda maior: nestes últimos quinze anos essa dependência aumentou de 70% para 85% do seu consumo interno.Já dissemos. Esta situação de carência coletiva e competitiva é que explica a aproximação recente. nas duas últimas décadas. Em conjunto. em particular a das suas Grandes Potências. para sustentar suas econômicas domésticas. de novo. a disputa mais violenta sempre se deu em torno do controle e monopolização das fontes energéticas indispensáveis ao funcionamento econômico do sistema mundial. Para complicar ainda mais o quadro da competição econômica e geopolítica na Ásia. 4. na Ásia Central. A China já foi exportadora de petróleo. Basta olhar para as duas pontas deste novo eixo – Ásia e EUA . e aceleraram seu gasto publico para manter o dinamismo de seu mercado interno liderando a retomada quase imediata da economia regional. não é permanente. Estados Unidos. a grande competição econômica. e setores econômicos. Além da participação conjunta . a despeito da forte oposição dos Estados Unidos. ao fazer seu Mapa do Futuro Global. o Conselho de Inteligência Nacional dos Estados Unidos previu que se forem mantidas as atuais taxas de crescimento das duas economias nacionais. E neste campo. que essa convergência entre a geopolítica e a acumulação do capital. com efeitos imediatos sobre a Índia. quando se trata da competição e da luta por recursos naturais escassos e estratégicos.estabilidade da sua moeda. No caso da Índia. de todos estes países asiáticos. Como agora. e de todas as suas economias nacionais.e para suas necessidades energéticas atuais e futuras. o Japão e a Coréia também dependem de suas importações de petróleo e de gás. e outros em que a convergência é muito grande. a uma taxa média entre 6% e 10% ao ano. como também. de petróleo ou de gás. através do mundo. a China e a Índia detêm um terço da população mundial e vêm crescendo. Mas nenhum dos dois países tem condições de atender suas necessidades através do aumento da produção doméstica. em 2005. E explica também a ofensiva diplomática e econômica da China e da Índia.1. e a grande disputa geopolítica está se dando em torno dos territórios e das regiões que dispõem dos excedentes energéticos para mover a nova “locomotiva” do crescimento mundial. China e Índia. com crescimento baixo e desequilíbrios externos. também. a um só tempo.%. China e América do Sul No caso da América do Sul. que superaram a crise e já alcançaram seus níveis de atividade anteriores à própria crise. que já conseguiram deslocar a maior parte do seu fornecimento de energia para dentro de sua zona imediata de segurança estratégica. situada no México e no Canadá. que vem crescendo . em todos os países do continente. em 2001 e 2003. incluindo a América do Sul e a África. na disputa com os Estados Unidos e com a Rússia. 4. sobretudo depois das crises da Argentina. complementar e competitivo. através de todo o mundo. na Ásia Central. Mas depois de 2002. os Estados Unidos vêm trabalhando ativamente para obter um acordo estratégico de longo prazo com a Rússia e têm avançado de forma agressiva e competitiva sobre os novos territórios petrolíferos situados na África Sub-Sahariana. os Estados Unidos estão disputando com a China. houve uma retomada do crescimento. além disto. enquanto o resto do continente está crescendo a taxas médias que variam entre 3. A estratégia de competição e expansão é seguida. de Londres. na Rússia e até nos Estados Unidos. e da Venezuela. Na outra ponta. Hoje a Arábia Saudita só atende a 16% da demanda interna dos Estados Unidos.5% e 5. crescendo a taxas médias. Estados Unidos. com a Índia. com a exceção mais notável do Brasil. pelo petróleo do Mar Cáspio. que está cumprindo uma função organizadora e dinamizadora de várias regiões e economias nacionais. e hoje operam no Irã. deste novo eixo dinâmico da economia mundial. seguidos pela Venezuela que é seu quarto principal fornecedor de petróleo. também ocorreu uma reversão das expectativas econômicas pessimistas. liderado – paradoxalmente – pelas economias da Argentina e da Venezuela. nestes últimos quatro anos. que continuam sendo os maiores consumidores de energia do mundo e que. a recente reestruturação da marinha militar da China e da Índia. Com impactos militares quase imediatos. e no Oriente Médio.da China e da Índia. Além disto. como diagnostica o “Instituto Internacional de Estudos Estratégicos”. que já saíram de sua zona tradicional de atuação. e pelos seus oleodutos alternativos de escoamento. Prognosticava-se um período de “vacas magras”. entre 7 e 9%. estão os Estados Unidos. que atribui a essa disputa energética.2. E esta competição está se transformando num novo triângulo econômico. Portanto. estão empenhados em diversificar suas fontes de fornecimento para diminuir sua dependência em relação aos países do Oriente Médio. na região do Mar Cáspio.5. pelas grandes corporações privadas chinesas e indianas. no início do século XXI. todos os territórios com excedentes energéticos atuais ou potenciais. e sua presença cada vez maior no Mar da Índia. além do comércio. já lhe permitiram atuar. Na década de 90. as vultosas reservas em moeda forte. que deve contribuir para o aprofundamento das relações materiais e políticas Sul-Sul. portanto. dentro do próprio continente. da Argentina e do Paraguai. De todos os pontos de vista. criando um novo tipo de relacionamento e integração absolutamente original. Mas não há duvida que esta “bonança” internacional. têm fortalecido a capacidade fiscal dos estados produtores. o Brasil já importou mais da Ásia do que de seus parceiros tradicionais. liderada pelos Estados Unidos e pela China tem contribuído para o surgimento de um triângulo econômico novo.há mais de duas décadas. e 15 anos depois. os novos preços internacionais dos minérios e da energia. e no auge da globalização financeira.3. as vendas chinesas cresceram 53%. No caso da África também ocorreu algo análogo. em 2006. competindo com as fontes tradicionais de capital de investimento na América do Sul. Agora. Em 2006. Os Estados Unidos seguem sendo a potência hegemônica na América do Sul.5%. China. Só para o Brasil. e estão servindo para financiar alguns projetos ambiciosos de integração física e energética. Além disto. e a China já superou o Brasil como maior fornecedor de produtos manufaturados. como investidor. de minérios. o . a China vem cumprindo um papel novo e fundamental na economia sul-americana. os Estados Unidos e a Europa. do ponto de vista interno da economia sul-americana. em particular da China. as economias exportadoras sul-americanas estão acompanhando o ciclo expansivo da economia mundial. para os países da América Latina. a China está ocupando um papel cada vez mais importante. energia e grãos. da Venezuela. como “emprestador em última instância”. neste novo ciclo de crescimento sul-americano: o peso decisivo das exportações. importações e investimentos asiáticos no continente. na história da América do Sul. o Brasil fornece 13% e a China já chegou a 12%. ao mesmo tempo. que tem sido a grande responsável pelo aumento das exportações sul-americanas. e para uma maior autonomia da política externa da América do Sul com relação aos seus centros tradicionais de poder econômico e político. agora de novo. enquanto a China fornecia 1%. E. duas vezes. e não é provável que os chineses se envolvam politicamente na região. o Brasil fornecia 10% das importações de manufaturados do Chile. suas exportações para a América Latina aumentaram 52%. Como em outros momentos da economia internacional. enquanto as exportações brasileiras para a China cresciam um 32% no mesmo ano. enquanto as dos Estados Unidos só aumentaram 20%. 4. Mas. Mas existe uma grande novidade. dentro da região. Só para que se tenha uma ideia da velocidade dessas mudanças. a uma taxa média aproximada de apenas 2. liderado pelos Estados Unidos e a China. basta dizer que em 1990. Índia e África. depois da Guerra Fria. na África Negra. vêm crescendo a 18% ao ano. A partir dos 70/80. até alcançar os níveis muito baixos da década de 90.5% em 2007 e 2008. e pela mudança de rumo do sistema econômico mundial. nas primeiras décadas da independência. entre 2000 e 2005. O crescimento econômico médio. com apenas 1% do PIB mundial. entretanto. %. No longo prazo. Um verdadeiro “desembarque econômico”. de Angola. uma vez mais.5. 16. a China e a Índia. concentrados em energia. a maioria das economias africanas depende das suas exportações de matérias primas e seu desempenho acompanha os ciclos da economia internacional. Este sucesso inicial. no ano 2000. pelo menos. hoje consomem 27%. mais de 800 companhias. onde vivem 35% da sua população. está em curso uma nova mudança do panorama econômico africano. entretanto.4% em 1990. Sudão. ainda que em menor escala.8% e Mauritânia. e o mesmo está acontecendo com os investimentos diretos chineses e indianos. veem crescendo a taxas superiores a 5. com 900 projetos de investimento e 80. nas primeiras décadas do século . uma vez mais. é o enorme crescimento dos dois gigantes asiáticos. de um continente inviável. econômicas e culturais com a África. reforçando a imagem muito difundida. 2% das transações comerciais globais e menos de 2% do investimento direto estrangeiro em todo o mundo. Enquanto que as exportações asiáticas para a África. A China e a Índia que consumiam 14 % das exportações africanas. minérios e infraestrutura.5%. Basta dizer que já existem no continente africano. e de aprofundamento das suas relações políticas. como no caso. por exemplo. política e demográfica – da China e da Índia. mas além disto.continente africano ficou praticamente à margem dos novos fluxos de comércio e de investimento. pelo governo e pelos capitais privados indianos que estão fazendo um movimento análogo de investimento massivo. como na América Latina. Com “estados falidos”. 16 países da região. Deste ponto de vista. liderado por empresas estatais que vem sendo seguidas.9%. todos os sinais estão apontando na mesma direção: a África Subsaariana está se transformando na grande fronteira de expansão econômica – e talvez. e alguns países produtores de petróleo a taxas “exorbitantes”. E é isto o que vem ocorrendo. também. com uma previsão de que chegue a 5. Assim mesmo. o mesmo que a Europa e os Estados Unidos. Desde a metade da década de 90. “genocídios” e grandes epidemias. 11. em particular na África Subsaariana. passou para 4. “guerras civis”. como na América do Sul. Por trás dessa transformação africana. foi atropelado pela crise econômica dos anos 70.000 trabalhadores chineses. alguns dos novos estados africanos tiveram crescimento econômico equiparável ao dos estados desenvolvimentistas mais bem sucedidos da Ásia e da América Latina. 17. Desde o final da década de 90. que era de 2. a economia africana experimentou um declínio contínuo. o que se esconde. alcançando a taxa de 5.3% em 2006.9%. e pode vir a ser a base material de algumas parcerias setoriais. de sua população. devido ao tamanho de seu território. Brasil e África do Sul. Deste ponto de vista. dentro do sistema mundial. e de sua economia. é o fato de que esses dois gigantes asiáticos possuem entre si 3. nas suas respectivas regiões. a África e a América Latina. com capacidade de gerar interesses concretos. VÁRIAS GEOMETRIAS POLÍTICAS Na geopolítica das nações. do ponto de vista do seu desenvolvimento e de sua segurança. Em síntese: a mudança das relações econômicas entre a Ásia. Quase no mesmo espaço onde floresceram. semelhanças sociológicas ou analogias históricas. China e Índia têm territórios em disputa. entre a China. . as relações “Sul-Sul” adquirem uma densidade material importante e expansiva. com o Butão e com Mianmá. é um fato novo e muito importante. Pela primeira vez. está se formando um novo triângulo geoeconômico envolvendo a China. Além disto. a Índia. i) China e Índia Ao contrário do Brasil e da África do Sul. sustente ou justifique uma aliança estratégica entre eles. entre China. no mundo do capital e do poder. é um fato de enorme importância no redesenho econômico do sistema mundial. Mas é muito pouco provável que. não há lugar para alianças baseadas apenas em médias estatísticas. a China e a Índia possuem civilizações milenares e um terço da população mundial. o Brasil e a África do Sul. Índia. de tipo geopolítico. e o movimento dos países não alinhados”. entre todos ou alguns destes quatro países. de perspectivas estratégicas e de capacidade de implementação autônoma de decisões. Mas não é provável que os Estados Unidos abandonem suas posições na região. no século XX . Mas mais importante do que isto. e de longo prazo. e os fazem ter fronteira com o Paquistão. e localizadas. Por isto. este simples nexo econômico.XXI. Mas não há nada que impeça que a África possa se transformar também num espaço privilegiado de negociação e fusão entre os interesses econômicos asiáticos e norte-americanos. a Índia e a África Negra. a formação de um espaço econômico unificado por grandes fluxos comerciais e financeiros. quando coincidem com as necessidades dos países. E as coincidências ideológicas só operam com eficácia. 5. deve partir do reconhecimento das diferenças existentes entre suas distintas inserções e interesses. sobretudo na luta pela sua “segurança energética”.200 quilômetros de fronteira comum. no campo internacional. Nesse sentido. às ideologias terceiro-mundistas. São quatro países que ocupam posição de destaque. lideradas pela China e pela Índia. Mas esta semelhança esconde diferenças muito grandes de interesses. a construção de uma agenda comum. na história do sistema econômico mundial. com o Nepal. A Índia. o projeto chinês é claramente hegemônico e competitivo. que até agora. e do seu próprio arsenal atômico. em 1964. em 1962. e apresenta quase todas as características das Grandes Potências que se formaram dentro do sistema mundial. a China teve um papel decisivo nas Guerras da Coréia e do Vietnã. fazem parte de uma estratégia de “cerco” da China. no século XVI. para a China. fora da Ásia. que a Índia abandonou o “idealismo prático” da política externa de Neruh. expectativas e desdobramentos que caracterizam uma relação muito próxima de competição territorial e bélica. o Paquistão.tecnologia que só tinham os Estados Unidos e a Rússia . Mas assim mesmo. o que caracteriza uma indiscutível preocupação de controle marítimo do Pacífico Sul. como um estado que foi obrigado a se armar para proteger e garantir sua segurança numa região de alta instabilidade. Além disto. fazem parte de uma estratégia chinesa de “cerco” da Índia e de expansão chinesa no Sul da Ásia.guerrearam entre si nas últimas décadas. foi só depois da sua derrota militar. desde suas origens européias. Assim mesmo. na luta para assegurar sua “segurança energética”. também do ponto de vista militar. e são potências atômicas.e que coloca a China em condições de destruir o nexo básico de controle da nova tecnologia de guerra norte-americana. em torno da supremacia no Sul e no Sudeste da Ásia. e da primeira explosão nuclear chinesa. China e Índia. Como no caso de sua frota submarina chinesa. Dentro deste xadrez geopolítico. por outro lado. e se comporta estrategicamente. no Oriente Médio e na África. e a sua nova parceira estratégica e atômica. onde sustenta uma disputa territorial e uma competição atômica com o seu vizinho. movida. . Com a diferença. Por sua vez. o expansionismo chinês. Afinal. os indianos consideram que as relações amistosas da China com o Paquistão. neste momento. simultaneamente. como já vimos. os chineses consideram que a aproximação recente entre os Estados Unidos e a Índia. Tudo isto. envolvendo Estados Unidos. ainda não tem características de uma potência expansiva. como no caso do seu sofisticado sistema balístico. a “zona de influência” imediata dos indianos. são fatos. ocupando a posição do adversário potencial necessário à organização e expansão do poder americano. desenvolve e controla tecnologia militar de ponta. na Ásia Central. e adotou a realpolitik do primeiro ministro Bahadur Shastri. E o mesmo se pode dizer do recente desenvolvimento do novo sistema chinês de ataque e destruição de satélites . Mas dentro da Ásia. como já vimos. logo antes da sua guerra com o Paquistão. Por outro lado. à energia diesel e à energia atômica. com Bangladesh e com o Siri Lanka. em 1965. e possui um dos exércitos mais bem treinados de toda a Ásia. A China investe hoje pesados recursos na modernização de suas forças armadas e dos seus arsenais. China e Índia também competem. tem sido quase estritamente diplomático e econômico. não é segredo para ninguém que a China ocupa hoje um lugar central dentro do planejamento estratégico dos Estados Unidos. com as explosões nucleares. não têm disputas territoriais com seus vizinhos. em 1996. na década de 90 e nos primeiros anos do século XXI. e do comércio interno e externo da América do Sul e da África. Depois da 2ª. e vem estreitando suas relações com a Rússia. a Índia estabeleceu com o Japão. a África do Sul enfrentou uma rebelião social e política interna quase permanente. Foi quando mudou a política externa da India. responsáveis por uma parte expressiva da população. Botsuana. Mas não têm fronteiras entre si. também chamados de “Países da Linha de Frente”. e da eleição de Nelson Mandela. em 1991. e passou a definir sua estratégia de inserção regional e internacional. com os países da Conferência de Coordenação para o Desenvolvimento da África Austral (SADCC). em particular no caso da África Negra e dos países da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC). reunindo os antigos inimigos. travou uma guerra regional. Guerra Mundial. Maurício. Tajiquistão e Uzbequistão. Cazaquistão. de mais longo prazo. exatamente no auge da “utopia da globalização”. em 1999. nesta região. A África do Sul viveu duas histórias importantes. ou . a questão da segurança interna e da inserção internacional da África do Sul mudaram radicalmente. além da própria África do Sul. foi objeto do boicote da comunidade internacional e. Mas depois do fim do apartheid e da eleição de Mandela. uma “Parceria Global para o século XXI”. na década de 80. ii) Brasil e África do Sul O Brasil e África do Sul compartem com a China e a Índia. que a Índia assumiu plenamente a condição de potência nuclear. Apesar de que. Foi naquele momento. e teve duas inserções internacionais absolutamente diferentes. do produto. na década de 60. a África do Sul envolveu-se em quase todas as ações e negociações de paz ocorridas dentro do continente negro. Quirquistão. na África e no Oriente Médio. o fato de serem os estados e as economias mais importantes de suas respectivas regiões. principalmente. criada em 1990. criada por sua iniciativa. a Índia luta hoje pelo acesso e controle de recursos energéticos. Namíbia. depois de sua independência. Por outro lado. em 1994. desde 2002. mas sem apresentar nenhum traço expansivo. antes e depois do fim doapartheid. de 1998. em torno a questões energéticas e estratégicas. junto com Rússia. Com esta nova perspectiva estratégica. depois que a África do Sul abandonou o seu programa nuclear. e durante o período do apartheid. Zimbábue e Tanzânia. e começou a ser montada a sua nova estratégia atômica de defesa nacional. e com o sucesso do míssil balístico indiano Agni II. entre 1948 e 1991. Fora desta “zona de influência” imediata. com base na expansão do seu poder econômico e militar. e já lidere a Organização de Cooperação de Shangai. que atingiu sua maturidade. mas também na Ásia Central. não enfrentam ameaças internas ou externas à sua segurança e não são poderes militares relevantes.que autorizou o início do programa nuclear indiano. a China tenha tomado a dianteira. com a Grã Bretanha ou com os Estados Unidos. foi quase sempre a de sócio auxiliar da hegemonia continental dos Estados Unidos. o chanceler Alfred Nzo. depois de 1870. da UNCTAD e do Grupo dos 77. aprofundando sua estratégia econômica desenvolvimentista. a “Declaração do Red Fort”. o tamanho de sua população e suas limitações militares. e assinando um acordo atômico com a Alemanha. Mas sua crise econômica dos anos 80 e o fim do regime militar desativaram este projeto. O estado brasileiro nunca teve características expansivas. do Fórum de Diálogo Índia. quando se aproximou da Ásia e da África. Sua relação com seus vizinhos da América do Sul. e depois da Guerra do Paraguai. o Brasil teve apenas uma participação pontual. A despeito disto. começou uma política externa mais autônoma e global. impedem que a África do Sul tenha qualquer tipo de pretensão à supremacia fora da sua região imediata. Brasil e África do Sul (IBSA). que foi completamente engavetando nos anos 90. Em 1998. para “fortalecer a voz do Sul nos foros internacionais”. um velho sonho norte- . Depois de 1850. o Brasil se propôs um projeto internacional de “potência intermediária”. na década de 1860. na Itália. o volume e o ritmo de crescimento do PIB sul-africano.disposição para uma luta hegemônica dentro da África. rompendo seu acordo militar com os Estados Unidos. desde o primeiro governo de Mandela. nem disputou jamais a hegemonia do seu próprio continente. assinou com a Índia. e algumas participações posteriores nas “forças de paz” das Nações Unidos. e dos países socialistas. Na década de 70. foi sempre pacífica e de pouca competitividade ou integração política e econômica. conectando os países da Ásia e América Latina. e teve uma participação ativa nas negociações para a criação da ALALC. talvez devido ao seu próprio passado racista e belicista. na África Austral. África e América Latina. estabelecer relações sólidas com os países chaves da conexão entre a Ásia. Em 1997. a África do Sul tem se proposto cumprir um papel de “Cabo da Boa Esperança”. durante a 2ª. quando o Brasil voltou a alinhar-se com os Estados Unidos e seu projeto de criação da ALCA. em particular no governo do General Ernesto Geisel. Pelo contrário. sua posição dentro do continente. Por outro lado. se acercou do Movimento dos Países Não-Alinhados. em 2003. e tentando ocupar um lugar importante dentro desta nova geometria econômica. onde propõem uma ação conjunta de aproximação da América Latina que contribui decisivamente para a criação. tem sido um país que se move com enorme cautela. Guerra Mundial. o Brasil não teve maior participação na Guerra Fria. a história regional e internacional do Brasil foi sempre mais tranquila e linear. a partir da década de 60. Depois da 2ª. ampliando suas relações afro-asiáticas. e definiu como objetivo estratégico da África do Sul. confirmou estas prioridades diante do parlamento sul-africano. e durante todo o século XX. Guerra Mundial. o Brasil não enfrentou mais guerras civis ou ameaças de divisão interna. No outro lado do Atlântico. mas apesar do seu alinhamento com os Estados Unidos. um “modelo de desenvolvimento” de sucesso a ser seguido pelo resto dos países do continente. as diferenças dinâmicas entre China. depois de 2002. além disto. e da sua desmontagem neoliberal. Brasil e África do Sul são enormes. em 1991. através do Mercosul e da Comunidade Sul- Americana de Nações. Mas a construção do mercado comum regional começou nos anos 60. devido à baixa capacidade de coordenação estratégica do estado brasileiro. entretanto. com a criação da Comunidade Andina. a África do Sul e a Índia . Por isto. O projeto da integração sul-americana remonta às ideias de Simon Bolívar. Índia. a integração sul-americana. e com a criação do Mercosul. O Brasil vem incentivando. os países do Pacto Andino e do Mercosul. assinaram a Declaração de Cuzco. e teve dois momentos decisivos. lançando as bases da Comunidade Sul- Americana de Nações. E. com a criação da Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC).hoje . e não de quem questiona a atual configuração de poder mundial. neste momento. que já vem atuando. como acontece com a China e a Índia. se projetaram dentro do sistema mundial como potências econômicas e militares. na primeira metade do século XIX. em 1969.e mesmo a China. . Por fim. dentro da Organização Mundial do Comércio. devido ao seu baixo crescimento econômico e sua baixa capacidade de investimentos públicos e privados. A China e a Índia. Nestas questões políticas e econômicas. nos últimos anos. e ocupam hoje uma posição geopolítica global absolutamente assimétrica com relação ao Brasil e à África do Sul. a Índia e a China. na Rodada de Doha. compartilham uma agenda reformista com relação ao Sistema das Nações Unidas. e uma relação mais estratégica com os países- chaves da África e da Ásia. em particular. depois dos anos 90. no dia 8 de dezembro de 2004. Daqui para frente. sobretudo. na década de 90. em vários momentos. mas enfrenta algumas limitações importantes. pode-se prever um afastamento progressivo da China.americano. com a postura de quem comparte. e na sua distribuição hierárquica e desigual do poder e da riqueza. iii) a rota da “boa esperança” Como se pode ver. têm claras pretensões hegemônicas nas suas respectivas regiões. Da mesma forma como compartem posições liberalizantes. depois da sua crise dos anos 80. ainda que seja por pouco tempo mais – ainda ocupam a posição comum dos “países ascendentes”. a política externa brasileira mudou uma vez mais de rumo e definiu como suas novas prioridades. Mas. Apesar disto. desde o fim do século XIX. porque o Brasil não é considerado . Mais recentemente. a África do Sul. o aprofundamento deste projeto de integração. formando o G20. no Sudeste e no Sul da Ásia. o Brasil. e à formação do seu Conselho de Segurança. tem tido pouca capacidade de atender às necessidades materiais dos seus vizinhos. entretanto. que sempre reinvindicam mudanças nas regras de “gestão” do sistema mundial. através dos salários. que acompanha. Só com a expansão do investimento público e privado. Índia. UMA AGENDA SOCIAL CONVERGENTE China. E por isto. própria das Grandes Potências. ou fizeram. o desenvolvimento capitalista. e apesar do apoio dos organismos internacionais e da ajuda solidária eventual das Grandes Potências e dos organismos não governamentais. do que com a China. a África do Sul se transformará num novo Cabo da Boa Esperança. Com graves problemas urbanos. e isto é rigorosamente inviável sem um crescimento econômico acelerado. será possível aumentar as taxas de crescimento econômico. entretanto.seu comportamento será cada vez mais o de uma Grande Potência. através do fornecimento barato de alimentos de consumo popular. parte do “círculo dirigente” do sistema mundial. no caso destes quatro países. e com grandes contingentes de população sem atendimento de suas necessidades básicas de saneamento. além do investimento público. da riqueza e do acesso aos direitos sociais básicos. Ambos. Do ponto de vista econômico. e da oferta de equipamentos e serviços públicos universais de saúde . Neste sentido. e com regiões rurais de baixa produtividade. energia e alimentação. Mas mesmo com relação à Índia. Nenhum dos dois demonstra vontade. o primeiro ponto da agenda social comum da China. Neste sentido. e só com altas taxas de crescimento é possível um controle social e uma política ousada de bloqueio do processo de polarização da riqueza. a resposta ao desafio da pobreza e da desigualdade. entre as “Índias” e a América: as duas pontas do expansionismo europeu que deu origem ao atual sistema mundial. segue sendo uma responsabilidade de cada um dos estados nacionais onde os “pobres do mundo estão “estocados”. Brasil e África do Sul é a multiplicação dos empregos e da renda da população. quando fica entregue às suas forças de mercado. Brasil e África do Sul compartem sociedades com altos níveis de desigualdade na distribuição da renda. e do “bom senso ético universal”. inevitavelmente. a nova geografia do comércio e dos investimentos dentro da região Sul-Sul deve aprofundar os nexos materiais entre estes quatro países e suas regiões. e onde se geram e acumulam os recursos capazes de alterar a distribuição do poder e da riqueza entre os grupos sociais”. são indispensáveis políticas ativas de redistribuição da riqueza. apesar da luta comum dos países mais pobres. porque o Brasil e a África do Sul devem se manter fiéis ao “idealismo pragmático” de suas atuais políticas externas. como todas as que fazem. sobretudo. devem se manter na sua posição atual de porta-vozes pacíficos dos “injustiçados” de todo mundo. nem dispõe das ferramentas de poder e dos desafios indispensáveis ao exercício da realpolitik. as convergências políticas deverão ser tópicas. mas. favelização e miséria. Índia. a África do Sul e o Brasil. Mas. e desta perspectiva. é de se esperar uma maior convergência de posições entre a Índia. por uma melhor redistribuição do poder e da riqueza mundial. de infraestrutura. à promoção da inclusão e da equidade social.6%. de defesa do meio ambiente. enquanto o Brasil e a África do Sul. dos diretos humanos e de proteção ao meio ambiente. vem mantendo uma taxa próxima dos 8%. com o combate a fome e a pobreza. e também com relação ao Brasil e África do Sul. Em todos estes campos. e de luta comum contra as grandes epidemias. presentes nestes quatro países. tenha havido também uma pequena diminuição nos índices de desigualdade social. no início da década de 80. em 2005. a despeito das diferenças de suas estratégias econômicas. E neste sentido. graças ao aumento do valor do seu salário. ações eficazes de combate a todo tipo de desigualdade. onde vive cerca de 60% da população indiana. esta hoje ainda está numa situação semelhante a da China. no campo científico e tecnológico. educação. onde a Índia. também é possível reconhecer que. conjuntamente. Com relação à Índia. a nova geopolítica das . e que cresce a uma taxa de 3. só depois de 2003.4%. E tem se ampliado o espaço de atuação das organizações não governamentais. nos últimos anos. por cima das taxas de inflação. do emprego.9%. do tipo da “gripe aviária” e do AIDS. E as perspectivas para os próximos anos.pública. A China cresce. na virada do século XXI. se pode dizer que existe uma agenda de preocupações sociais comuns. da saúde. energia. Mas existe uma convergência muito importante entre estes países. e nos seus documentos de trabalho posteriores. transportes e comunicação. da educação.5%. e esta diferença tem a ver com as taxas médias de crescimento de suas economias nas últimas décadas. entre estes países. a uma taxa aproximada de 2. vem se consolidando uma agenda comum e uma vontade política de cooperação intergovernamental. de 2003. saneamento. e o Brasil e África do Sul a uma taxa média entre 3% e 4%. são de que se mantenham estes diferenciais. constitutiva do Grupo IPSA. Saltando para uma perspectiva mais ampla. que é a prioridade que vem sendo atribuída pelos seus atuais governos. com a Ásia crescendo à uma média 8% a 9% ao ano. transformando a distribuição e a inclusão sociais numa conquista permanente e estrutural das sociedades civis. Deste ponto de vista. há 27 anos. e com a garantia da segurança alimentar. Apesar de que no Brasil. e seu boom econômico ainda não atingiu a agricultura. a uma taxa média de 9. e a Índia. A China realiza anualmente investimentos públicos e privados da ordem de 30% e até 40% do seu PIB. Uma vontade política que aparece de forma explícita na Declaração de Brasília. bem abaixo da média nacional de 8. A única forma de superar as políticas assistenciais de tipo transitório. enquanto no Brasil o investimento não passa de 20% do PIB. e com o grau de preocupação dos seus governos com a questão das desigualdades sociais. entre outras que já ameaçam transformar-se em pandemias. a África do Sul e o Brasil se propõem cooperar e promover. e graças também à suas políticas distributivistas do tipo assistencial ou emergencial. não há dúvida que existe hoje uma distância crescente entre os avanços sociais da China e da Índia. Karl Polanyi. o mundo viveu uma era de euforia liberal depois de 1990. da crise econômica da década de 1930. que havia sido vitoriosa e incontestável no século XIX. Fora da Europa e dos Estados Unidos. criando um grande consenso social a favor das políticas de crescimento econômico. raramente aconteceu de forma convergente. entretanto. pelo menos até o final do século XX. de tipo material e social. como acabamos de ver. nos anos recentes. relembra a tese clássica do economista austríaco. E todos os estudos internacionais reconhecem que o crescimento econômico da China e da Índia. A primeira delas seria “liberal-internacionalizante”. o governo do presidente Mandela tenha mantido a mesma política econômica do governo anterior.convergiram sob a pressão externa das duas Grandes Guerras Mundiais. depois da 1ª. O fim do apartheid e a democratização da África do Sul foi um momento emblemático dessa reversão. de “autoproteção das sociedades e das nações” contra os efeitos destrutivos dos mercados autorregulados. atuaria numa direção oposta. Numa perspectiva de longo prazo. E a segunda. e empurraria as economias e sociedades nacionais na direção da globalização. mas agora parece que está em curso uma nova era de convergência entre os movimentos de autoproteção nacional que questionem o status quo internacional. junto com a “questão nacional”. Segundo Polanyi. e depois. simultaneamente. mesmo que depois de 1994. estes dois movimentos de autoproteção – nacional e social . e os movimentos sociais que estão lutando contra a desigualdade. No caso dos países europeus. consideradas heréticas até então. que seriam movidas. na América do Sul e no Brasil. Este retorno da “questão social”. que ele chamou de “moinhos satânicos”. Como já vimos. por duas forças contraditórias. os seus novos governos de esquerda estão se propondo reagir contra as políticas neoliberais e estão querendo realizar políticas mais igualitárias de transformação social. da própria Guerra Fria. esta grande mudança da “civilização liberal”. aconteceu como consequência de uma tendência de todas as economias e sociedades liberais. este “duplo movimento” de autoproteção nacional e social. Guerra Mundial e da crise de 30. a favor de transformações sociais e igualitárias das sociedades mais afetadas pelas mudanças do sistema mundial. talvez porque estes países e regiões não tenham enfrentado os desafios externos . sobretudo no século XX. sobre as origens da “grande transformação” igualitária das sociedades mais desenvolvidas. dentro de cada um destes países e regiões. depois de 2001. entretanto. pleno emprego e bem estar social. de corte ortodoxo e neoliberal. mesmo quando as suas desigualdades sociais ainda sejam muito grandes. tem diminuído velozmente a miséria nestes dois países.nações tem trazido consigo uma grande mobilização social e política. da universalização dos mercados “autorregulados” e da desigualdade social. Por sua vez. a mudança na África do Sul representou o fim do colonialismo europeu e o ápice da luta de libertação da África Negra. pelos liberais. “O Processo Civiliador”.Tavares e J. “Polarização Mundial e Crescimento”.L. J. foi publicado no livro de J. cujo título é “Formação. 2004 É a linha central do argumento do nosso artigo “Globalização. Assim mesmo. Egon . até por uma razão de necessidade mútua. Karl Polanyi não previu a “restauração liberal-conservadora” dos mercados autorregulados. !939/1976. expansão e limites”. Willy Brandt sent his special emissary. acumulam-se as evidências de que está em curso um movimento. publicado pela Editora Vozes. do Brasil e da África do Sul. 1977 Como relata e comenta William Bundy. a África e a América. da Índia.L.Fiori (org). exatamente no momento em que conquistaram. 2004 Elias. Editora Vozes. “O Poder Americano”. se esta tendência se confirmar e se ampliar. dentro deste sistema mundial criado pelos europeus. Uma Economia Política da Globalização. que no início do século XXI. que ocorreu depois de 1980. entretanto.que acabaram solidarizando suas elites com suas populações nacionais.L. Hegemonia e império”. publicado pela Editora Vozes. a partir do século XVI. cujo título é “Sistema mundial: império e pauperização”. Por isto. Rio de Janeiro.Fiori (org) “O Poder Americano”. das duas décadas anteriores. depois de três décadas de supremacia incontrastável do mundo do capital.Fiori e C. não é impossível uma convergência entre as sociedades civis e os governos da China. para liderar um grande projeto de redistribuição mais igualitária do poder e da riqueza oligopolizados pelas Grandes Potências. DO INSTITUTO DE ECONOMIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO Estes conceitos e visão teórica aparecem desenvolvidos de forma mais extensa em dois outros artigos nossos: o primeiro. expansão e limites do Poder Global”. pudesse estar se generalizando uma reação contra os efeitos destrutivos e “desigualizantes” das políticas neoliberais. Notas * PROFESSOR TITULAR DE “ECONOMIA POLÍTICA INTERNACIONAL”. Nem poderia ter previsto. foi publicado no livro de J. N. publicado no livro. a favor da democracia e da igualdade social. p:134 Essa visão da história do expansionismo norte-americano aparece mais desenvolvida no meu artigo “O poder global dos Estados Unidos: formação. Petrópolis. portanto. publicada no livro de M. cada vez mais amplo e universal. Jorge Zahar Editor.. 1999. também publicado pela Editora Vozes. Uma espécie de retorno do mundo do trabalho e dos excluídos. o movimento de “autoproteção nacional e social” está começando pela periferia do sistema mundial. e está ocorrendo sem a existência prévia de guerras e destruições massivas. e o segundo.L Fiori (Org).C. Poder e Dinheiro. A grande novidade. “Having tidied his relations with his Western allies. submeteram e conectaram a Ásia. Petrópolis. é que neste início de século. Medeiros (org). but Lin Piao considered it seriously weakened and concluded that the right move was to collaborate with the Soviets to drive right out of East Asia. a longtime supporter of the Chinese regime. W. with devastating consequences. foi ao mesmo .Only a few observers pointed to the enormous possibilities arising from the complementary character of the Soviet and West Germany economies. In Bundy. to Moscow in May 1970 for ten days of intense and comprehensive secret talks. Ney York. and this opened the way for renewed feelers toward America…China´s resulting policy was signaled to America in a way that Kissinger concedes he completely failed to detect. Zhou´s moderate group finally prevailed. However. as he thought lijely. W. he set down his concerns in the draft private memorandum to Connaly early in 1971. “a Tangled Web.Bahr. or noted thatwith oil supplies becoming tighter worldwide. trade and liquidity positions. in Bundy. 1998.At a climatic Party meeting at Lushan in the late August and early September 1970. Walter.Bundy.. p:177 “But behind the scenes. Since the early 1970. Hill and Wang. the exchange of West German help in materials anf finance. in W. a change in the parity rate of the dollar would become necessary. ““The Making of Foreing Policy in the Nixon Presidencey” Hill and Wang. the image of the breakdown of the Bretton Woods due to the decline of American power is most misleading because it underestimates the continuity in the evolution of the international monetary system since the late 1950s. to appear on the plataform beside him ar the October 1 celebration of the National Day of the People´s Republic”. Paul Volcker in partyicular was becoming deeply concerned by the steady drop in U. A.S. gold stocks. in returnfor Soviet oil and natural gas. p: 165 Este ponto será desenvolvido. further displacing the elements of collective monetary management envisaged at Bretton Woods”. porque neste texto o foco é a formação do poder global dos Estados Unidos e suas repercussões nas várias regiões do sistema mundial. Mao invited the American journalist Edgar Snow. The Making of Foreign Policy in the Nixon Presidency”. 1993. sayong that if these trends continued.S. . separadamente. num próximo artigo. private capital markets have grown rapidly. Nossa tese é que a negociação de paz no Vietnã. p:190 “The year 1970 was one of ferment in the relations among major powers. official Sales from U. which in turn would be possible only if the “gold window”. Harvester Wheatsheaf. “World power and world money”.. London. this could be done only in the wider context of negotiating a major currency realingment. and by continuin adverse trends in the U. . IDEM. Knowing that any formal paper might leak. China and the United States…Zhou thought the United States was still a power and a balancer in Asia. could readily bond two in ways no American economic tie could match”. gold stocks was closed”. p:213 “In conclusion. New York.S. to less than half what they had been in 1960. . 2006. A Regionalização e Integração No mundo globalizado. 2001. p: 139. “American Empire”. no Le Monde de 13 de maio de 2005. em 1991. até o momento – em 1970 – em que a China enviou os primeiros sinais favoráveis às negociações com a dupla Nixon/Kissinger que estão na origem desta grande transformação que trouxe a Ásia e a China para o epicentro do sistema mundial inventado pelos europeus. paper IEUFRJ. ao mesmo tempo voltada a ampliar as relações de comércio e investimento da China na Ásia”. o poder imperial chinês entrou em declínio.A. essencialmente: . em 1842. pelas Guerras da Coréia e do Vietnã. Guerras e centralização de poder que se estende da Revolução Taiping na metade do século XIX. A. 60 Lições dos 90. numa reunião de cúpula de União Europeia. a primeira ministra inglesa.tempo. no século XVI. chegou a dizer para o presidente Françoise Mitterand. até o presente momento. Fiori. Rio de Janeiro: Editora Record. até a vitória da Revolução Comunista. com o movimento paralelo e mais lento..J. até a Revolução Republicana de 1912. que foi. “A China como um duplo polo na economia mundial e a recentralização da economia asiática”. no século XIX. a partir da sua derrota na 1º Guerra do Ópio. ao mesmo tempo. in Mdeitos. da China. desenvolveu-se uma guerra civil. “em síntese. do estado norte-americano. uma luta contra o imperialismo europeu.. J. Margareth Thatcher. é possível dizer que a preservação da estabilidade nominal do RMB ao mesmo tempo que mantém a expansão do mercado interno. que “a situação agora havia ficado mais perigosa. participar efetivamente das relações internacionais significa. e depois. Harvard University Press. imediatamente. porque a Alemanha já estava a caminho de reconstruir o seu império” cit. Bacevich. p: 143 No momento da reunificação alemã. quase crônica e secular. e “O controle dos fluxos de capitais externos e a magnitude de suas reservas permitiram a China responder à contração do ritmo do crescimento de suas exportações decorrentes da crise asiática com um elevado esforço de gastos públicos voltados à construção civil e infraestrutura”. 2002. C. contra o imperialismo japonês. mas. Como observou Carlos Medeiros.L. Depois da derrota. tem sido. o momento do encontro histórico entre o movimento expansivo e de longa duração. paralelamente. em 1949. uma estratégia a um tempo centrada nas prioridades nacionais e. Seguida. na primeira metade do século XX. página 12. Cambridge. p: 5 e 3. No século XX. A proliferação de acordos regionais marcou profundamente as relações internacionais a partir da segunda metade do século XX. aumentaram bruscamente suas tarifas aduaneiras. consequentemente. preferência esta que se dá por meio da redução das alíquotas do imposto de importação. como já mencionamos anteriormente.· manter um bom relacionamento comercial com os demais países ou blocos de países. Com o objetivo de reduzir as barreiras comerciais e aumentar a interdependência das nações. O período entre as guerras mundiais foi marcado por acentuado protecionismo e por deterioração das relações econômicas internacionais. Nas negociações de acordos comerciais. um país desvalorizava sua moeda. os países buscam ampliar o acesso aos mercados externos. A justificativa para a formação de blocos era a de propiciar maior liberdade de comércio. Os acordos regionais encontram apoio no art. mesmo que discriminatória. Esse fato levou seus parceiros comerciais a impor retaliações e a disseminar guerras comerciais acirradas. com vistas ao aproveitamento das vantagens comparativas recíprocas. toda essa problemática motivou. mesmo durante os conflitos. desastrosas para muitos povos. Assim. que dispõe sobre a criação e a formação das uniões aduaneiras e das zonas de livre comércio. Mas só isso não é suficiente. Acreditava-se que a integração contribuiria para gerar ganhos de comércio e. também desvalorizava sua moeda. o surgimento do GATT (Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio). XXIV do GATT. sobretudo no que diz respeito à elevação das margens de preferência para seus produtos. · estar sempre atualizado em relação às mudanças de comportamento dos diversos atores. Isso tornava mais caro o produto de outro país. o mundo passou por etapas de acirramento das práticas protecionistas. alguns ganham e outros perdem com a liberdade de comércio. e refletiu também no desenvolvimento do próprio Direito Internacional. que. os Estados intervêm publicamente para neutralizar os prejuízos resultantes das trocas internacionais e alavancar o desenvolvimento econômico. o princípio básico . para enfrentar um problema de balanço de pagamento. As consequências das decisões de uma nação sobre o comércio exterior naturalmente extrapolam os limites de seu território. Por exemplo. que após a Primeira Guerra Mundial emergiram como potência. tanto no campo econômico como no campo político. Aspectos teóricos e históricos de integração regional O livre comércio é considerado pelos clássicos como a melhor forma de usar eficientemente todos os recursos disponíveis para atingir o máximo de bem-estar mundial. pois. Os Estados Unidos. para recuperar a competitividade. aumento do bem-estar. · participar efetivamente das negociações de acordos comerciais dos mais variados moldes. a partir de Bretton Woods. como ocorre transferência de renda entre pessoas e nações. Como na realidade não existem mecanismos capazes de compensar as perdas dos que são prejudicados pelo livre comércio. Segundo Jacob (1950). pela integração. menor o grau de concentração industrial (formação de oligopólios e monopólios) e menores os preços para o consumidor final. menores preços e aumento do bem-estar dos consumidores. surgem as primeiras teorias sobre as uniões aduaneiras e as zonas de livre comércio. ou seja. Há desvio de comércio quando o produto socialmente mais barato em relação ao resto do mundo é preterido em favor daquele produzido pelo país-sócio. esse benefício seria automaticamente estendido aos demais membros. dado que. A união aduaneira. que possibilita também a complementaridade industrial. quanto maior é o mercado. que permite a cada membro proteger sua produção industrial com um custo menor do que se o fizesse isoladamente. a criação de comércio deve superar o desvio de comércio. O GATT mostrou sua maior fraqueza na questão da solução de controvérsia e desrespeito às regras por parte de seus signatários. mais barata devido à ausência de barreiras procedentes de um parceiro comercial. As vantagens dessa estratégia podem ser sintetizadas nos quatros argumentos a seguir: · maior aproveitamento das vantagens comparativas regionais: pode ser obtido pela especialização de cada país naqueles produtos cuja produção tenha menor custo unitário. mas se ele reduzisse suas barreiras à importação de determinado produto. seria melhor que nenhuma passou a fazer parte do discurso acerca da formação de blocos regionais. Além disso. no balanço. de modo que. entre eles. é possível explorar a escala proporcionada pelo mercado ampliado. mesmo que seletiva. Ele alertou para a possibilidade de se observar o saldo líquido negativo em decorrência da manutenção do protecionismo em relação aos países não signatários do acordo.do GATT era: nenhum país tinha obrigação de fazer concessões. menos eficiente. resulta na formação de um mercado maior. a oferta de produtos diferenciados e/ou sofisticados revela-se inviável porque implica a elevação de custos. Para que a união aduaneira possa beneficiar os participantes. Foi nesse período que o economista Jacob Viner (1950) publicou seus estudos centrados nas condições sob as quais a alocação dos recursos mundiais é melhorada pela criação de acordos regionais. · possibilidade de ofertar maior variedade de produtos: se o mercado é pequeno e protegido. nos quais se esperava maior eficiência na alocação de recursos e aumento de bem-estar. vigore o livre comércio. · criação de economias de escala: sabemos que há tamanhos mínimos de plantas industriais para reduzir eficientemente. pode ganhar muito em criação de comércio e perder pouco em desvio de comércio. enquanto uma economia multissetorial. Na passagem para a união aduaneira. o que pode contribuir para reduzir o custo unitário de produção. melhor a alocação de recursos. há criação de comércio quando a produção doméstica. a formação da união desloque fontes de suprimento para custos mais baixos mais do que para custos mais altos. · maior concorrência intrarregional: a integração amplia o mercado e. . comparativamente de alto custo. em um contexto de complexidade industrial. pode sofrer pesadas perdas em desvio de comércio e ganhar pouco em criação de comércio. Um país eficiente e altamente especializado. esses países precisariam também assumir o compromisso de não aumentar suas tarifas ou fazer outras restrições. pela especialização dentro da região. porém diversificado em seus padrões de consumo. maior a concorrência entre produtores. com ganhos para o conjunto. o que resulta em maior variedade. com custos unitários menores. A partir da década de 1950. A ocorrência de criação ou desvio de comércio depende dos preços dos produtos nos diferentes países e da dimensão das barreiras alfandegárias. A ideia de que alguma liberdade de comércio. é substituída pela importação. à ruína financeira e ao rebaixamento do nível de vida.Assim. onde muitos países tinham um regime de política comercial restritiva destinada a favorecer a industrialização para substituição de importações. a integração entre povos era realizada por invasões e conquistas e os exércitos eram o principal instrumento de persuasão. O resultado desse processo foi celebrado no Tratado de Maastricht (1992). são negociados acordos setoriais e concessões tarifárias ou não tarifárias para todos os participantes. o que resultaria na atual União Europeia. que reduziram a região economicamente eficiente a uma região limite entre duas esferas de influência: a dos Estados Unidos e a da União Soviética. algumas nações da Europa ocidental deram os primeiros passos em seu processo de integração. Geralmente. que deu início a um processo de integração que afetou paulatinamente diversos setores da economia europeia. o que seria alcançado em decorrência da implantação do modelo de substituição de importações. foi criada a Comunidade Econômica Europeia. Nessa parte do continente americano. nessa conjuntura. O aparente sucesso de integração europeia no campo econômico motivou a Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) a propor uma integração econômica da América Latina. com o objetivo final de desenvolver a região. a alternativa regional era vista sob a perspectiva de um mercado mais amplo. Além disso. a ideia de uma unidade política cresceu após os danosos efeitos da Segunda Guerra Mundial. Há diversos tipos de integração econômica que podem ser classificados segundo um grau crescente de interdependência: · zonas de preferência: são acordos estabelecidos por países geograficamente próximos. com estímulo à produção local de bens industriais anteriormente importados. o surgimento dessa comunidade abriu espaço para a criação de instituições supranacionais nas quais os Estados membros cederam parte de sua soberania sobre determinadas competências. que corresponderam à destruição do aparato industrial. que possibilitaria o aumento da competitividade no mercado mundial. o tamanho reduzido dos mercados domésticos foi considerado um obstáculo ao desenvolvimento da indústria e um fator limitador dos ganhos em eficiência das economias de escala. Na Europa. Diante disso. as nações independentes procuram se integrar por meio de acordos firmados em função de seus interesses recíprocos. Com o Tratado de Roma (1957). Fases da integração No passado. que criou a União Europeia. relacionando as mercadorias e as respectivas margens de preferência. Hoje. com o objetivo de promover desenvolvimento e aumento de suas produções interna e externa mediante mecanismos de incentivo ao comércio intrarregional. . o que consiste na união econômica e .· área de livre comércio: prevista no artigo XXIV do GATT. os produtos adquiridos de países externos devem ter livre circulação na união. mas buscam harmonizar políticas econômicas para que os agentes possam operar sob condições semelhantes nos países constituintes do bloco econômico. A União Europeia encontra-se atualmente nesse estágio de integração. ela consiste na eliminação das barreiras alfandegárias e outras restrições aos produtos produzidos dentro do grupo de dois ou mais países. serviços e fatores de produção. serviços e fatores de produção. os acordos não se limitam aos movimentos de bens. eliminada toda e qualquer forma de discriminação. · mercado comum: consiste numa união aduaneira na qual os participantes se obrigam a implementar a livre circulação de pessoas. A união aduaneira é consequência da eliminação de todos os obstáculos às trocas internacionais. além de completa igualdade de condições para os agentes econômicos. O Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte) é um exemplo desse modelo de integração regional. com consequente eliminação de tarifas aduaneiras e restrições ao comércio internacional dos países membros. Trata-se de um estágio de integração mais avançado do que a zona de preferência. podemos citar o Mercosul. · integração econômica total: esse estágio de integração implica livre deslocamento de bens. · união aduaneira: também definida no artigo XXIV do GATT. As comunidades europeias já passaram por esse estágio de integração. refere-se à substituição de dois ou mais territórios aduaneiros por um só. de bens. · união econômica: nessa fase de integração. Portanto. Como exemplo desse modelo de integração regional. de serviços. mantêm-se as políticas comerciais independentes em relação aos demais. Assim. porém. Os regulamentos aduaneiros dos participantes da união devem ser semelhantes em relação ao comércio exterior com países não participantes da união. de mercadorias. de capitais e de fatores produtivos. uma união aduaneira carece necessariamente da adoção de uma tarifa externa comum e de uma política comercial em relação a produtos originários de terceiros países. não terá como validar seus Estudos Disciplinares. Os exercícios do sistema de auto-avaliação poderão também ajudar em seus estudos. que consomem 14.3%). prestações em lojas (11.3% do dinheiro. fica a dica. fiscal etc.2% da renda das famílias da classe D. Apresentamos adiante exemplos de exercícios e procedimento para resposta: Exemplo 1 Quase 44% da renda dos brasileiros da classe D é gasta com despesas básicas.020. ambas administradas por autoridades supranacionais. Este módulo destina-se aos Estudos Disciplinares. comercial. são os gastos com cartão de crédito. administrativo. Lembre-se disto! Seu professor(a) somente terá condições de validar os exercícios respondidos por você desde que haja justificativa para a resposta. Estabelecerá prazo! Bem: você deverá inicialmente conhecer os vinte exercícios aqui apresentados – os vinte que estão indexados a este módulo – e aprofundar seus conhecimentos acerca dos assuntos propostos. aluguel e financiamento (11. Outras prioridades. Observe que. Ao todo. Os números são de pesquisa feita pela Quorum Brasil com 400 paulistanos com renda familiar de até R$ 1. Nele. como alimentação. Regionalização e Integração. que consomem 12. Procure por ele(a) para que possa melhor se informar. esses gastos secundários somam 47. Módulo 9 . Ainda no primeiro grupo de prioridades no direcionamento dos recursos da família estão as despesas com transporte.4% de sua renda.9%). luz. seus conhecimentos sobre o conteúdo da disciplina Geopolítica. Lhe auxiliará sobre quais e/ou quantos exercícios deverão ser respondidos. . além de indicar alternativa correta. Acertadamente. e consolidar. em sala de aula. Consulte a bibliografia básica e/ou complementar da disciplina que o ajudará nas respostas. depois dos gastos de primeira necessidade. você encontrará alguns exercícios para reforçar. A alimentação é o tipo de gasto que possui maior peso nas despesas dessas famílias.. A recomendação é a de que você leia atentamente os exercícios e não responda imediatamente. Do contrário. seguidos por moradia.Estudos Disciplinares Prezado(a) aluno(a). HÁ NECESSIDADE DE JUSTIFICATIVA para cada resposta apontada. Só depois responda aos exercícios. transporte e contas de consumo. telefone e gás.política e na unificação dos direitos civil. representando 15. para onde vai 13.7% do salário. o(a) professor(a) da disciplina já lhe explicou do que se trata. Em segundo lugar aparecem as contas de água.6%) e despesas com saúde e remédios (11.5% da renda. III e V. pode-se relacioná-la. E) I. em setembro de 2010. A Teoria da Firma procura estudar e responder como as empresas combinam a utilização dos fatores de produção necessários à criação de coisas úteis e o quanto gastam para produzir bens e serviços. A afirmativa IV também está correta dentre as apresentadas. IV. Selecione a alternativa que contém as afirmativas corretas: A) I. www. com as afirmativas: I. Resposta correta: alternativa B (você indicará no sistema a alternativa correta que o exercício solicitar) Justificativa para a resposta: A alternativa B é a correta. III. com o fim de obter os melhores resultados. com homens e mulheres entre 25 e 50 anos de idade que trabalham e têm renda de até dois salários mínimos. existem para satisfazer as necessidades de consumo da sociedade e. A tecnologia tem aumentado a independência do homem em relação à satisfação de suas necessidades. diretamente. Pode produzir carros e artigos de luxo enquanto uma grande quantidade de pessoas necessita de produtos mais urgentes e socialmente prioritários. Ao analisar a situação apresentada.uol. Transporte. Acesso em: 4 abr. D) I.2% do orçamento mensal. contribui significativamente para os gastos .br/ultimas-noticias/infomoney.com. II. Fonte: Adaptado de INFOMONEY. alocar de forma eficiente as suas categorias de despesas. consumindo. A pesquisa “A classe D e seus desejos e despesas” foi feita na cidade de São Paulo. C) III e V. As empresas. 2011. de forma a priorizar as necessidades primeiras. 9. II e III. alimentação e contas da casa consomem 44% da renda da classe D. em regimes capitalistas de produção. A sociedade nem sempre obtém êxito na alocação adequada de seus esforços. II.economia. O fato de a sociedade nem sempre obter êxito na alocação adequada de seus esforços. V. em segundo plano. Os recursos que as famílias têm para dar conta de todas as suas necessidades também são escassos e devem ser bem gerenciados. não priorizando suficientemente os bens de primeira necessidade. para valorizar o capital investido. II. Os consumidores precisam. dada sua renda escassa ou limitada. A afirmativa II está correta e atende à máxima econômica. em que a economia estuda o emprego de recursos escassos entre usos alternativos. IV e V. B) II e IV. As despesas com lazer e passeio aparecem apenas no terceiro grau de prioridade. segundo os entrevistados. todos buscam trabalhar.desproporcionais da classe D com alimentos e gêneros básicos para a sua sobrevivência.. depois. o egoísmo que move o homem para as trocas. busque o melhor para si e. assim.... e) cada ser humano deve se submeter ao interesse da coletividade. que é interpretado pelo Estado. primeiro na Europa Ocidental e... Assinale a alternativa correta. e suas ações para obtê-lo levam ao surgimento de condições que favorecem o bem-estar coletivo. Dentre os fundamentos para as propostas dos liberais clássicos. d) cada ser humano está essencialmente interessado em seu próprio bem- estar.. seu exercício não será validado)... como sistema econômico.. Exemplo 2 O capitalismo. de forma isolada.. c) cada ser humano busca equilíbrio entre sua razão e seus sentimentos.. Observações: o que não deve ocorrer no campo destinado à justificativa? Justificativa: .. . faz com que cada indivíduo. Justificativa: hfhfhfhfhfhfh (simplesmente colocar letras). (você não deve responder desta forma. b) o trabalho dignifica o Homem. Resposta correta: D Justificativa para a resposta: a alternativa D é a que corresponde ao enunciado. e. seu exercício não será validado)... por qual(is) motivo(s) escolheu determinada alternativa). Sobre esse capitalismo nascente escreveram os primeiros teóricos da Economia. notadamente de Adam Smith.. seu exercício não será validado). em um período de vários séculos. Isto faz parte dos fundamentos da escola clássica. conhecidos como liberais clássicos.. ou seja. em grande parte do mundo. O auto-interesse.. está a crença de que: a) cada ser humano tem seu comportamento determinados pelas instituições e relações sociais.. Justificativa: porque é alternativa que melhor se encaixa (você não deve responder desta forma.. político e social dominante surgiu muito lentamente. (você não deve responder desta forma.. portanto. o melhor para a coletividade será uma decorrência. o que aumenta a produção. (você deverá digitar sua justificativa de resposta. nas decisões de sua própria vida. (simplesmente colocar pontinhos). Desejamos bom trabalho e bons estudos. .Enfim: já é possível acessar seus Estudos Disciplinares.
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