Geology of Oecusse Enclave (Leme & Coelho)

March 18, 2018 | Author: VítorSousa-Vicente | Category: Basalt, Minerals, Volcano, Types Of Volcanic Eruptions, Geology


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GEOLOGY OF OECUSSE ENCLAVE(Leme J.A., Coelho A.V.P., 1962, Geologia do Encrave de Ocússi (Provincia de Timor), Gracía de Orta, Lisboa) I. Triásico superior os terrenos deste sistema estao escassamente representados em Ocussi. Constituem duas pequenas manchas na area de oessilo, situadas entre este posto e a fronteira leste. Compreendem bancadas bem estratificados de calcarios de radiolarios, cinzentos, atingido espessuras de 25 cm ou mais e, normalemente, separadas entre si por intercalacoes finas de argilas. Aparecem tambem algumas assentadas de xistos e gres argilosos. Nos calcarios e comum observarem-se fenomenos avancados de silicificacao a formar bandas escuras. Toda a serie foi sujeita a fortes movimentos tectonicos, pelo que se encontra sempre muito dobrada e fracturada. Origina um relevo forte revestido de vegetacao. Os fosseis sao muitissimos raros; apenas se encontraram vestigios de Halobia. Esta formação está largamente representada no Timor Oriental, tendo sido atribuída ao Triásico superior. II. Formação eruptiva ocidental ou de Nítibe Dentro da área de Nítibe, na parte ocidental de Ocússi, existem vários afloramentos de rochas eruptivas intermédias, formando relevos importantes, como a montanha do Mano Leo, que ultrapassa 1000 m, e a cadeia de picos entre Nítibe e Batomera. As rochas estão quase sempre muito alteradas, apresentado, por vezes, disjunção esferoidal ou prismática. Não foram observadas contactos das rochas de Nítibe senão com o Complexo argiloso (Miocénico médio), que as cobriu e fossilizou, ficando a aflorar, em geral, nos pontos elevados. Deste modo, não se possuem elementos que permitam datá-las com rigor. Inclinamo-nos a que sejam oligocénicas por comparação com afloramentos semelhantes, desta idade, do Timor Oriental. Em Oe Catapa, 2 km a SW de Batomera, cortando a linha de costa e desaparecendo, do lado de terra, por baixo dos terrenos do complexo argiloso, existe um filão eruptivo com cerca de 200 m de espessura. As rochas que o compõem são lamprófiros gabróides e andesitos, contendo intercaladas algumas faixas estreitas de jaspes vermelhos e de calcários metamorfizados, ainda com a estratificação bem conservada e que devem corresponder aos calcários do Mesozóico inferior, atrás referidos. Quanto á idade deste filão, muito pouco se pode dizer; sòmente que é pós-triásico e antemiocénico. Provávelmente será também oligocénico. Em Ocússi repousa sobre os calcários do Triásico e sobre a Formação eruptiva de Nítibe (possívelmente oligocénica). Subsistem grandes dúvidas sobre a verdadeira génese desta complexa formação. Na parte oriental de Timor o Complexo argiloso está datado como Miocénico médio. parece ter passado despercibida à maioria dos geólogos. no decorrer de um período de muito forte orogenia que terá abalado toda a região de Timor antes da última emersão desta ilha. estão representadas todas as formações timorenses. no esboço geológico de Ocússi. conforme a predominancia do material alóctone que continham. e deve-se ao geólogo I. rochas calco-siliciosas do Cretácico e calcários de fato do Miocénico inferior. correspondem na realidade a esta nova formação. da autoria de Lemoine. apresentando-se normalmente muito compactos e endurecidos quando secos. como sejam xistos metamórficos de Díli. xistos argilosos e calcários do Triásico-Jurássico. de idade já quaternária. Estes terrenos eram incluídos em sistemas diferentes. . Entre os elementos. com vegetação escassa do tipo savana. bem como os pequenos afloramentos de calcários de fato e xistos cristalinos. os terrenos do Complexo argiloso são pobres. Freytag. Admite-se que se tenham formado correntes turbilhonares. é recoberto pela Formação de Viqueque (Pliocénico) e mostra-se metamorfizado junto do contacto com o maciço eruptivo do canto nordeste. Complexo argiloso Grande parte da encrave de Ocússi está coberta por um formaçao preenche as bacias situadas entre os maiores relevos.III. sob o nome de Tuca River Block Clay. desde as mais antigas até ao Miocénico inferior. a quase totalidade das áreas marcadas como Triásico e Pérmico. sendo por consequencia difíceis de trabalhar. Assim. alguns de consideráveis dimensões. Até então. pelo menos como entidade geológica bem individualizada. Pela sua distribuição e arranjo caótico dos seus constituintes. dá a impressão de se tratar de depósitos acumulados em áreas submarinas. grés. as quais terão exercido papel preponderante no transporte e acumulação destes materiais.B. apesar de possuir características muito particulares e de ocupar larguíssimas zonas de Timor. Data de 1959 a primeira definiçao deste formação. Do ponto de vista agrícola e florestal. calcários com crinóides do Pérmico. Os solos são de textura pesada. o caso de tantas estradas traçadas sobre esta formação e que todos os anos se torna necessário reconstruir. onde se estão a desmoronar lentamente os edifícios. que se dispõem em bancadas de espessura variável. em apertado anticlinal falhado segundo o plano sagital. segue o leito da ribeira Lifau. onde se localizou o possantíssimo filão eruptivo de Noe Nito. quartzo microcristalino. devido a repetidos deslizamentos. na proximidade desta encontra-se muito dobrada e cortada por pequenas falhas. A formação está mais bem representada junto à costa. Achamo-nos no dever de citar o que está acontecendo. cujo enchimento inclui. aqui. Sempre que possível. devem evitar-se obras de engenharia nestas zonas. Por tal motivo. Enquanto o flanco de nordeste deste sinclinal repousa de encontro a grande instursão eruptiva. fragmentos vulcanicos. de uma pasta semivítrea. na época das chuvas e. Pertencem a uma formação também bastante representada na parte oriental da ilha. alguns acabados de construir. piroxena. à vila de Bobonaro. a erosão. friáveis. de direcçao NW-SE. no Timor Oriental. As camadas dispõem-sem. Formação de Viqueque Existe também em Ocússi uma série de rochas margosas e sílico-argilosas. Tula Ica e Tono. com imensa propriedade. merece referencia. com restos organicos de globigerinas e possíveis radiolários. os nativos denominam estes terrenos por terras podres (rai dodok). . junto dos contactos com as rochas ígneas. de cor branco-acinzentada ou amarelada. como estradas ou edifícios pesados de alvenaria. cujo eixo. numa mancha triangular compreendida entre as localidades de Pante Macassar. com grande facilidade cava fundas ravinas e provoca grandes escorregamentos. mais ou menos rica de calcite. No encrave esta formação foi atingida por fortes movimentos. por vezes. também. provocados pelas instrusões ígneas que originaram a Formação eruptiva oriental. Ao microscópico as rochas compõem-se.Devido à natureza mal consolidada e ao forte teor de argilas da formação em si. o flanco de sudoeste apresenta-se levantado e dobrado na extremidade. nomeadamente na área de Viqueque. Contem também grande número de cristais de feldspato. zircão e magnetite. quase exclusivamente. nas regiões mais acidentadas e menos protegidas de vegetação. subretudo. por exemplo. IV. em largo sinclinal. com algum quartzo. A presença de depósitos idênticos na bacia central do Timor Indonésio. e forma os relevos mais escarpados e eminentes do encrave. Como dissemos. e com a Formação de Viqueque. que é posterior ao Complexo argiloso. E atravessando a meio pela pequena ribeira Neo Nito. parece ajustar-se perfeitamente com a do arco interno. do qual é adjacente. Esta formação é por conseguinte pós-pliocénica. o que aliás parece comprovado por recentes determinações da microfauna de rochas da mesma formação do Timor Oriental. que cortou e separou. entre Pássabe e Nítibe. conforme se verá na parte II deste trabalho. Situa-se ao longo do plano sagital de um apertado anticlinal da Formação de Viqueque. muito fracturado e que deve ter sido destacado e lavantado aquando da grande intrusão ígnea. que metamorfiza. A petrografia. fazendo. com segurança. pois repousa sobre ele. que escavou nele . Foi encontrado também um pequeno retalho da formáção nas montanhas eruptivas do nordeste de Ocússi. de tipo basáltico. As camadas dispõem-se horizontais ou levemente inclinadas para norte. Constituído por rochas da mesma família das maciço vulcânico do canto nordeste. de longe. V. vulcânico. junto da fronteira. lembrar um nível de terraço. Com excepção das aluviões. das ilhas de Sonda. conhecidos por montanhas de Ocússi. devendo localizar-se no princípio de Quaternario. deve sugerir a mesma idade para as formações de Ocússi. e imediatamente anterior à Formação eruptiva oriental. na garganta entre os picos de Fafe Teife e Cua Tete.A cerca de 800 m de altitude existem outros afloramentos de margas calcárias. do Quaternário inferior. é esta a formação mais recente da área que vimos estudando. metamorfizado. contacta com o Complexo argiloso. apenas pode dizer-se. Sobre a idade de Formação de Viqueque. onde a fauna fóssil de moluscos permitiu atribuir-lhes idade pliocénica. cujos sedimentos afectou e metamorfizou também intensamente. a aflorar cerca de 9 km. pelo que se observa em Ocússi e visto que a fauna encontrada é rara e incaracterística. encontra-se em Ocússi um outro filão muito espesso que se prolonga para NW desde a garganta de Tono. Constituem-na rochas vulcânicas vesiculares com disjunção esferoidal. Formação eruptiva oriental Compreende um grande afloramento no canto nordeste de Ocússi e o extenso filão de Noe Nito. calcárias. onde representa antigo delta da ribeira Noe Bessi. alguns vulcões de lama. elevada 2 m a 3 m em relação ao nível actual do oceano. fazendo fronteira com a Indonésia. apresentam-se sempre largos e planos. Vulcão de lama de Oessilo Os vulcões de lama. Durante a epóca das chuvas. a ponto de nas margens dos cursos se depositarem argilas moles. a sul de Viqueque. na região do Suai. Existem em Timor. Por este motivo. as ribeiras. onde se formou pequena planície interior. Alarga-se no extremo ocidental do território. VII. em grande abundância. transformam-se em correntes caudalosas e invadem as margens. ao aproximarem-se da foz. e outro em Ocússi.profunda garganta e onde se podem ver. como sejam o de Bibiluto. cujas dimensões vão diminuindo lateralmente. Quinloc e Ecate. no interior do filão. sao aparelhos que. Tive oportunidade de visitar todos os localizados em território português. os leitos. hoje abandonado. Grande acumulação de limo e argilas foi também depositada na planície marginal da ribeira Lifau e na confluência com esta das três ribeiras de Nai Meco. que podem atingir grande violência. A origem é porém diversa da daqueles e está geralmente relacionada com jazigos de petróleo em vias de degradação. irregulas e interceptada nalguns pontos por relevos eruptivos ou sedimentares. a qual ainda há poucos anos desaguava. pelo ramo Noe Mano. junto a caminho que deste posto sai para Pássabe. cratera e cone de detritos e têm erupções periódicas. porquanto são constituídos por chaminé. ou salsas. antes da garganta de Tono. VI. que na outra metade do ano estão secas ou são percorridas por diminuto fio de água. a sul de Oessilo. E constituída por depósitos finos ou grosseiros. Planícies costeiras e fluviais Ao longo da costa norte. embora sempre de reduzidas dimensões. dois em Cúlit. . têm largas semelhanças com os vulcões verdadeiros. provocando forte erosão lateral. também. ocupados na linha média por enormíssima acumulação de calhaus rolados. estende-se uma estreita planície. rolados trazidos do interior por inúmeras ribeiras e retomados pelo mar. belos aspectos de disjunção esferoidal. as rochas eruptivas. nomeadamente argilas. havia grande acumulação de materias expelidos por antigas erupções. de 200 m de comprimento e uns 30 m de largo.Pela área que ocupam e intensidade das erupções. muito fluida e bolhas gasosas. quer eruptivas. etc. Análises que esperamos efectuar à água. Filiaos entre os fenómenos de origem sedimentar derivados particularmente da degradação de jazigos de petróleo. cinzenta. Quando nos deslocámos ali ainda conservava alguma actividade. rejeita a ideia defendida por alguns autores que os consideram como reperesentantes de uma fase decadente de actividade vulcânica. cuja existência é conhecida nesta ilha. O maior. PARTE II PETROGRAFIA DAS FORMAÇÕES ERUPTIVAS 1. dispersas numa área aplanada. Esta lama espraia-se em delgados mantos fendas poligonais provocadas pelo fenómeno da contracçao das argilas. no conjunto. Carlos Teixeira. cuja altura raramente ultrapassa 1 m. o primeiro e o último são os mais importantes e em todos se encontra uma grande e mesma diversidade de rochas expulsas. xisto argiloso. Na antevéspera do dia em que visitámos o de Oessilo tinha-se produzido uma erupção violenta cujo ruído se ouviu a alguns quilómetros de distància. muito esbatido e ao qual corresponderá talvez a chaminé principal do vulcão. certamente nos darão indicações de muito interesse nomeadamente do ponto de vista genético. marcada por lenta expulsão de lama fria. não obstante. Esta diversidade de rochas é em tudo idêntica à que se observa no Complexo argiloso que aflora em volta. A lama ao ser expulsa constrói pequenos cones. fragmentos de grés micáceo. calcários cinzentos. rochas eruptivas alterada. medem muitas dezenas ou algumas centenas de . ocupam áreas que. mas muito remexida. no seu trabalho Os Vulcões de Lama Timor (9). quer de natureza sedimentar. O Prof. teria cerca de 3 m. numa grande extensão. não só por numerosas exsudações naturais de nafta ou emanações de gases inflamáveis. através de cerca de 40 crateras pequenas. ao analisar a génese destes aparelhos. caracteristícas gerais e quimismo das rochas eruptivas Se bem que a maior extensão do encrave de Ocússi seja constituída por terrenos sedimentares. de que colhemos amostras e de cujos resultados daremos conta em trabalho próximo. como tivemos ocasião de salientar. argilas e gases expulsos por estes vulcões. Em volta. como por sondagens de prospecçao. tendo os caracteres ópticos da andesina com cerca de 40 % moléculas de anortite. A divisão nas duas formações – ocidental e oriental – atrás referida não é apenas geográfica. 84 BT2.quilómetros quadrados. A textura é intersectal-porfírica a hialopilíticaporfírica. monstrando-se muitos destes cristais parcial ou totalmente alterados em biotite. Rocha afanítica acinzentada. 1 DT e 3 DT. formação eruptiva ocidental ou de Nítibe É constituída por diversos afloramentos situados no interior do encrave e junto ao litoral. frequentes. bem como exsudação de limonite e de goetite. mas corresponde também à diversidade da composição mineralógica. A piroxena. . a composição de oligoclase. esbranquiçados. da qual se destacam cristais diminutos. A plagioclase e a piroxena constituem os minerais essenciais da rocha. o que confere á rocha a coloração amarelo-acastanhada. de matriz com cristalizaçao mal definida. Os minerais essenciais presentes são: plagioclase. 86BT1. Classificámos em princípio esta rocha como: Dacito piroxénico (augite e pigeonite) Amostra no. tendo sido efectuadas análises químicas de três deles: no 84 BT1. é do tipo augítico. identificados como augite e augite pigeonítica. incluindo o enorme filão de Oe Catapa. provenientes de três afloramentos. 84BT2 – Monte de Nítibe. geralmente estreitos e alongados. Textura ofítica a subofítica.1. Grânulos muito insistentes de óxidos negros. O feldspato mostra um grau de alteração tal que torna precário o seu estudo com vista a um diagnóstico seguro. A sua localização exacta pode ver-se no esboço anexo (Est. preenchendo pequenos interstícios. em princípio. No entanto. I). nota-se também a presença de amígdalas. 1. CARACTERES PETROGRÁFICOS GERAIS : Amostra no. São cinco os exemplares estudados. piroxenas em microfenocristais subeuédricos e euédricos. amarelo-esverdeado-pálidos. A sílica aparece sob a forma de quartzo. os dados que obtivemos levam-nos a atribuir-lhe. por sua vez. Também se vê quartzo ocupando com frequência os interespaços dos outros minerais. preenchidas por calcedónia. 84 BT1 – Montanha de Mano Leo. limonite e goetite. de grãó fino. mostra-se pan-idiomórfica porfiróide. Assinala-se ainda a presença de outro mineral secundário. ou associados à clorite. Observada ao microscópio. que é uma anfibola verde de tipo uralítico. Amostra no. Este exemplar corresponde. Entre os cristais estreitos e alongados da plagioclase aparecem os de uma piroxena. 3BT – Filão de Oe Catapa. Textura subofítica de grão fino. A cloritização aparece um pouco por todo este fundo feldspático. levemente pleocróica. geralmente esqueletais. dada a sua avançada alteração. A observação deste exemplar leva-nos a associá-lo ao anterior. a: Andesito piroxénico. com clorite e calcite. . é indeterminável pelo exame óptico. cinzento-acastanhados. alterado. uns e outros abundantes. Rocha mesomelanocrata. A rocha mostrase alterada de modo a não permitir análise química. constitúida por cristais negros e esbranquiçados. holocristalina. esta revelada pelo ângulo óptico muito baixo ou quase nulo. Há também a assinalar a presença de algum quartzo em pequeninos cristais intersticiais. formada por cristais euédricos de plagioclase caulinizada e cloritizada e por macrofenocristais de augite titanífera. com as características de augite e de pigeonite. de composição andesínica (cerca de 30% moleculas de anortite). Amostra no. 86BT1 – Filão de Oe Catapa. portanto.Classificaçao: Microdiorito piroxénico (augítico) Amostra no. com augite titanífera (próxima de Odinito). A origem filoniana desta rocha. clorite e calcite. A plagioclase. castanho-violácea. tendo como elemento predominante uma plagioclase. estes em cristais muito insistentes e desenvolvidos. Sao produtos dessa alteraçao: serpentina. 1DT – Filão de Oe Catapa. vendo-se ainda alguma biotite. aegirina e óxidos negros de ferro. Os dois tempos de cristalizaçao são representados por uma pasta de textura ofítica. bem como a sua textura levam-nos a classificála como: Lamprófiro gabróide. mostram ser grande a semelhança das respectivas rochas. A composição é sensìvelmente a mesma da rocha anterior: plagioclase básica acercando-se de bitownite com cerca de 70% moléculas de anortite.2. e leucaugite. 79BT4 e 70BT (maciço) . Amostra no. e ainda os produtos de alteração. Rocha de textura predominantemente intersertal. alterado. incluindo a presença de pigeonite. 88BT (filão). Formação eruptiva oriental É representada por um grande afloramento no canto nordeste de Ocússi e pelo extenso filão adjacente. igualmente. com cerca de 72% moléculas de anortite. Os locais de colheita estão também assinalados no esboço anexo. É ainda de assinalar a presença de quartzo em cristais que aparecem com certa insistência nos interespaços dos micrólitos de plagioclase. a amarelada ou esverdeada muito pálida. CARACTERES PETROGRÁFICOS GERAIS: Amostra no. com quartzo intersticial. de Noe Nito. Por sua vez. Óxidos negros de ferro e um pouco de biotite completam parecem ser. que aparenta ser a dominante. pelo que se classifica esta. com clorite e calcite. Rocha de textura ofítica a microgranular. 1. 79BT1 – Montanhas de Ocússi. resultantes da alteração das piroxenas. em luz natural. as piroxenas são de dois tipos: hiperstena fracamente pleocróica. em parte. no. constituída por plagioclase básica e piroxenas como elementos essenciais.Não só a textura como a composição mineralógica. Consideramos portanto este exemplar representativo de: Dolerito hipersténico. 77BT1 – Montanhas de Ocússi. O feldspato tem os caracteres ópticos de bitownite. 77BT1. Nota-se nalguns campos do microscópio tendência para textura microgranular. como: Andesito piroxénico. que deve considerar-se também elemento abundante. augite quase incolor. de cristalização . Estudaram-se quatro exemplares de rochas provenientes de maciço e um do filão: no. com abundante pasta semivítrea nos interespaços dos cristais. incolor em luz paralela. parece ser mais abundante do que a parte cristalina. e alguma calcite de alteração. A classificação desta rocha será. enstatite. nota-se a presença de quartzo intersticial na pasta. confundível por vezes. neste exemplar. passando a augite pigeonítica. Considerações finais As conclusões a seguir formuladas baseiam-se no estudo de escassas amostras. Classificamos a rocha como: Dolerito. com augite pigeonítica. sendo os vacúolos de pequenas dimensões e extremamente numerosos. a piroxena. este tipo pertográfico como: Basalto vesicular toleíticom. labrador básico e piroxenas de dois tipos – leucaugite e enstatite. . é augite. quanto à cor. A pasta. Rocha de textura hialopilítica-vesicular. 2. igualmente vesicular e constituído essencialmente pelos mesmos minerais. Classificamos. 88BT – Filão de Noe Nito. é de cor acastanhada e muito abundante. mas deve notar-se que a matriz vítrea ocupa. Amostra no. como enstatite. isto é. portanto: Basalto vesicular toleítico. com a piroxena monoclínica. É um tipo petrográfico muito semelhante ao anterior. vítrea ou semivítrea. devendo. tomando alguns aspectos texturais que se aproximam dos micropegmatíticos. que julgamos representativas dos maciços onde foram colhidas. em grânulos insistentes. Utilizando maiores ampliações (e mesmo sem elas). com enstatite e quartzo intersticial. Magnetite. em princípio.subeuédrica. Minerais essenciais presentes: aproximadamente os mesmos de exemplar anterior. raramente euédrica. por consequência. 70BT – Montanhas de Ocússi. Amostra no. Não assinalámos a presença de sílica livre. em quantidade discreta. formada por micrólitos e microfenocristais. muito maior extensão do campo microscópico do que nos anteriores. A plagioclase acusa os caracteres de bitownite ácida. semivítrea. Por sua vez. A pasta. com cerca de 70-72% moléculas de anortite. como uma tentativa de classificação das principais formações eruptivas de Ocússi. Vamos referir-nos ràpidamente às rochas que constituem o enchimento do filão de Oe Catapa (no. P. além dos minais do diópsido. ao passo que a plagioclase tem carácter mais ácido ajustado a oligoclase com 22. notávelmente uniforme. 84BT2. I.5% moléculas de anortite. apenas. embora em percentagem muito modesta. A primeira amostra observada proveniente da montanha de Mano Leo (no. W. A composição virtual da primeira (no. Estamos em presença de um tipo dacitóide e outro microdiorítico. que totalizam cerca de 18 %. segundo os elementos dos exemplares estudados. 86BT1. 1D e 3D) e que. dada a enorme espessura deste. por andesito piroxénico. Comparando entre si os exemplares estudados. a no.ser interpretadas. Na norma aparece ilmenite em percentagem elevada (13. Na parte central parece ser formado pelo lamprófiro gabróide. o que está de acordo com as observações das lâminas delgadas. Quanto aos barilitos que figuram nas respectivas normas. e. Os parâmetros de Lacroix e C. porquanto se revelam indícios de contaminação de sílica por efeito de acções posteriores à consolidação magmática. aparece também olivina.7 – e presença de plagioclase de composição andesínica. Revela-se mineralògicamente diferente: o quartzo aparece em proporção modesta – 5. ao contrário do observado na formação oriental. no qual uma piroxena titanífera se constituiu em conspícuos fenocristais. 86BT1) assinala a presença de plagioclase de composição labradorítica ácida. É possivel que existe . A formação ocidental é constituída por rochas que revelam diversidade de composição. A quantidade de TiO2 que figura na análise química confirma o carácter titanífero da augite verificado na observação ao microscópio. Patenteiam as divergências e analogias observadas. nas faixas laterais.17 -. Por sua vez. Não podemos assegurar que o carácter sobressaturado do primeiro resulte apenas de quartzo primário.28). como resultado da existência do titânio na piroxena. acusam lateralmente diversidade petrográfica. verifica-se certa analogia das duas rochas em questão. 84BT1) corresponde a dacito piroxénico com elevada percentagem de quartzo normativo – 24. colhida no monte de Nítibe. verifica-se que existem divergências de carácter petrográfico justificativas dos dois tipos de formações eruptivas consideradas anteriormente. 68% e 11. mas em quantidade modesta. No quadro 1 figuram os resultados da análise química do sacalavito de Ataúro. A mesma identidade mineralógica se deduz do confronto das descrições resultantes do estudo ao microscópio destas rochas básicas quártzicas. somas de valores muito semelhantes. filiação magmática comum para os afloramentos eruptivos orientais: albite e anortite em percentagens quase iguais nos quatro exemplares estudados.3%). nota-se ainda a presença de nefelina normativa. dando. As fórmulas magmáticas de Lacroix. o que corresponde a plagioclase supreendentemente uniforme: labrador básico (69. gabro e noritos quártzicos). ou seja sacalavito.a divisão. inferior à que é normal no magma gabróide. não obstante o carácter básico da formação. . família C (dioritos. O quartzo normativo oscila entre 7. como resultado da modesta quantidade de cal feldspatizável. É curioso notar a estreita analogia entre os basaltos com quartzo da parte oriental de Ocússi e um exemplar do mesmo tipo proveniente da ilha de Átauro (n. Apenas o parametro r se não ajusta exactamente. embora pouco acentuado. Quanto às rochas estudadas oriundas da formação oriental. Esta rocha filia-se no magma gabróide de Niggli de tipo dominantemente pacífico – Série calco-alcalina – conforme se conclui da observação das fórmulas magmáticas C. com leves variações locais. de Azeredo Leme e J. verifica-se. A estreita analogia mineralógical estende-se a todos os elementos constituintes. deve considerar-se homólogo de basalto. visto ser 3 (4) em vez de 4. pelos quais se vê a perfeita igualdade de quimismo deste tipo petrográfico existente nas duas ilhas. pela observação não só das lâminas delgadas. como se depreende das descrições sumárias anteriormente apresentadas.4%) a bitownite ácida (72. cuja percentagem é insignificante. os minais do diópsido e da hiperstena mostram apenas ligeiras oscilações. que se enquadra na 1. W. no seu conjunto. de J. I. são concordes no carácter quártzico. Estamos em presença de um tipo petrográfico único. de acordo com a presença deste mineral assinalada no exame óptico. Pela forma microlítica. Bailim Pissarra (11). com toda a evidência.o 90BT2) que figura no trabalho Notas sobre a Geologia e a Petrologia da Ilha de Ataúro.70%. P. grande uniformidade de composição mineralógica e química. como também dos resultados das análises químicas e ainda das composições virtuais.realmente algum titanato de ferro sob a forma de ilmenite. As composições virtuais patenteiam. por sua vez. variado ligeiramente entre si. e Lacroix. os arcos insulares revelaram uma grande diversidade de tipos litológicas. definida pela chamada linha andesítica que coincide com o rebordo externo dos arcos insulares e estabelece o verdadeiro limite da bacia pacífica. <uma grande diversidade de tipos litológicos> pertencentes a diversas famílias magmáticas: basaltos toleíticos (sacalavitos) e basaltos olivínicos. não permite concluir que se trate de uma raridade. No Timor Português. no seu trabalho Notas sobre a Geologia e a Tectónica de Timor (8). no conjunto. que. As rochas eruptivas de Ocússi por nós estudadas e incluídas nesta comunicação vêm confirmar. pertencentes as duas famílias magmáticas. enquanto que do lado continental da linha referida a composição petrográfica das rochas vulcânicas parece implicar a existência da matéria siálica – vulcanismo predominantemente andesítico -. passando a quartzo-dioirítica. do lado da bacia pacífica as rochas vulcânicas indicam invariàvelmente um fundo oceânico simàtico. A estes factos há que associar a existência de uma autêntica fronteira petrográfica. falhas vivas ou falhas em movimento. até hoje. Deste modo. chama a atenção para as ideias perfilhadas pelos autores modernos que estudaram as ilhas de Sonda e afirma a p.O Prof. que no Pacífico a separação do domínio oceânico e do domíno continental coincide com estas. Verifica-se. assim. Carlos Teixeira. pelo contrario. Com efeito. . em contraste com a uniformidade dos basaltos do Pacífico. 62: Pode dizer-se. sói dizer-se. Assinala-se. dacitos. por ser a única deste tipo encontrada. não se verifica a uniformidade dos basaltos característica da bacia pacífica. as conclusões a que se refere o Prof. etc. na parte oriental do Timor Português. que os arcos insulares se localizam no limite de regiões de diferente composição da crusta. Noutra comunicaçaão por nós apresentada (sobre uma rocha granitóide da parte oriental da ilha de timor) noticiámos a existência de uma rocha granodiorítica. incluindo a circunscrição de Ocússi e a ilha de Ataúro. Pelo contrário. lógicamente. andesitos. a juntar às básicas de há muito conhecidas. bem como riolitos. somos levados a admitir a presença naquele território de rochas ácidas. Carlos Teixeira. desprovido de cobertura siàlica – vulcanismo predominantemente basáltico.
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