GEOLOGIA DO MARANHÃO

April 2, 2018 | Author: Felix Ferreira | Category: Sedimentary Basin, Geomorphology, Earth & Life Sciences, Earth Sciences, Geology


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GEOLOGIA DO MARANHÃO IRetomamos a publicação dos textos do Atlas do Maranhão como havíamos feito anteriormente. A fonte é a mesma. Boa leitura. GEOLOGIA DO MARANHÃO A posição intracratônica do Meio-Norte (Maranhão – Piauí) favoreceu a formação de uma estrutura geológica sedimentar, constituindo vasta bacia cuja gênese está ligada as transgressões e regressões marinhas, combinadas com movimentos subsidentes e arqueamentos ocorridos desde o início do Paleozóico ao final do Mesozóico. Durante os movimentos negativos eram depositados sedimentos marinhos, acumulando-se arenitos, folhelhos e calcário, enquanto que durante os movimentos epirogênicos positivos depositaram-se sedimentos basálticos de origem continental. Aguiar (1969) estudando a área concluiu que a Bacia Piauí - Maranhão, teve sua origem a partir da subsidência do “craton” ao longo de três eixos principais: o eixo Marajó de direção SE, infletindo depois para leste a partir do centro do Estado do Maranhão; outro eixo com direção SE passando próximo a Floriano e Santa Filomena e um terceiro com direção NE. O ciclo de deposição marinha começou no Siluriano, continuando-se pelo Devoniano Inferior, Médio e Superior e terminou no Carbonífero Inferior com a Formação Poti que apresenta ao lado da fácies marinha, sedimentação continental. Essa parte da bacia sedimentar encontra-se em território piauiense, com muito pequena ocorrência da Formação Poti na região de Barão de Grajaú, no médio Parnaíba. A parte maranhense da bacia corresponde ao Carbonífero Superior de fácies mista (marinha, lacustre, fluvial), ao Permiano predominantemente de fácies continental muito variável (Formação Pedra de Fogo) e ao Mesozóico, cujos sedimentos apresentam espessura variável. No período Triássico os depósitos continentais denunciam climas áridos ou semi-áridos. No Juro-Cretáceo houve uma atividade ígnea ascenderam formando diques, derrames, “sills”, e pequenos lacolitos que deformaram localmente as camadas sedimentares. Ocorrem associados aos arenitos Sambaíba (Triássico) e se espalharam na parte central do geossinclinal, estendendo-se desde o oeste de Grajaú – Fortaleza do Nogueiras ao Tocantins. Tais ocorrências, por sua extensão, apresentam um interesse agrícola local devido à maior fertilidade de seus solos, quando comparada a dos demais do território maranhense. Depois do período de atividade ígnea a deposição continental prosseguiu no centro – sul da bacia e a marinha começou nas partes central e noroeste (Formação Grajaú), continuando no Cretáceo Superior em áreas baixas do centro da bacia (Formação Codó). Ainda durante o período Juro – Cretáceo movimentos tectônicos provocaram a formação de um “horst” de direção aproximada leste - oeste, denominado pelos geólogos Arco Ferrer- Urbano Santos, responsável pelos afloramentos de rochas pré-cambrianas, mais importantes na área do Gurupi, e pela fragmentação da grande bacia sedimentar, dando origem às bacias epicontinentais de São Luís e Barreirinhas. GEOMORFOLOGIA DO MARANHÃO II Este texto foi publicado no Atlas do Maranhão. todas as formações geológicas até os terrenos terciários de Barreiras. influindo localmente na direção dos rios. de modo geral. recobrindo algumas pequenas áreas do centro sul do Estado. pois não sofreu um tectonismo tão intenso.000 são submersos. principalmente.Humberto de Campos e por aluviões flúvio marinhos do golfo maranhense e do estuário do rio Turiaçu. As fraturas mais numerosas afetam. Boa leitura. correspondente às formações permianas e triássicas e obedece às direções NW e NE. reativaram antigas falhas originadas pelos movimentos responsáveis pela formação do Arco Ferrer – Urbano Santos. No território maranhense tem-se do período Cenozóico (Plioceno – Pleisteceno) a extensa deposição de sedimentos continentais (Formação Barreiras) sobretudo. se apresentam quase horizontais.A bacia de barreirinhas limita-se a oeste pelo “horst” de Rosário que a separa da bacia de São Luís. O sistema de falhas afeta. As camadas sedimentares. no nordeste do Estado e mantos detríticos areno-argilosos. originado uma topografia tabular ou subtabular. muito extensos na região de Barreirinhas . de forma indiscriminada. Oportunamente publicaremos outros textos desta preciosa fonte. Esperamos que nosso esforço para digitalização seja uma reparação do desaparecimento dos dois volumes que existiam no "Laboratório" de Geografia do CESC/UEMA. Na área do Gurupi também é constatado um sistema de falhas. dos quais 75. provavelmente. Seguem direções variadas. estendendo-se em seguida para o oceano> sua espessura máxima é de 7.000 metros e ocupa uma área de 85. seu limite sul é dado pelo Arco Ferrer-Urbano Santos. GEOMORFOLOGIA . O quaternário (Holoceno) é representado pelos depósitos litorâneos marinhos e depósitos eólicos. com declives insignificantes para o norte.000 quilômetros quadrados. onde os esforços epirogênicos. a área meridional da Bacia do Maranhão. editado pelo IBGE em 1984. É um sistema incipiente quando comparado ao da Bacia do Paraná. apresenta diversificações. 19:38 p. Superfície maranhense com testemunhos – corresponde a uma área aplainada durante a ciclo Velhas. derivado da compartimentação de uma superfície de uma pré-cretácea que foi parcialmente exumada. A sedimentação é favorecida pelo tipo de raízes características da vegetação de mangues. corresponde à área dos remanescentes da Superfície Sul-americana. BIBLIOGRAFIA AB’SABER. Lençóis maranhenses – corresponde às faixas litorânea e sublitorânea da porção oriental. posteriormente colmatada. a área que antecede o litoral propriamente dito. estendendo-se em direção ao litoral. constituídas por restingas. para oeste. 1960. A. lll (5): 35-45 Universidade Católica de Campinas. que se traduzem na feição do relevo. – Contribuição à Geomorfologia do Estado do Maranhão – Notícia Geomorfológica. as vagas. em parte. onde “rias” afogadas foram convertidas em planícies aluviais e são emolduradas externamente por pontões lodosos e ilhas que se formaram pela ação das marés. campos e deflação e dunas. que perde lentamente altitude em direção norte. que constituem obstáculos ao deslocamento do fluxo das marés. e pela formação de ilhas. ilhas. Para o interior. resultantes da dissecação da superfície de aplainamento. Constitui o coletor do principal sistema hidrográfico do Maranhão. Litoral em “rias”. As grandes unidades geomorfológicas que podem ser identificadas no espaço maranhense são: Chapadões chapadas e “cuestas” – ocupando quase toda a porção meridional.A ação do fluxo e refluxo das correntes de marés é responsável pela distribuição dos sedimentos que tendem a acentuar os pontões lodosos. Participação das superfícies aplainadas nas paisagens do Nordeste Brasileiro – Geomorfologia. como ao norte de Alcântara. solapando as rochas da Formação Itapecuru. Enquanto a leste da baia de Turiaçu predominam rochas cretáceas de Formação Itapecuru. – USP. .corresponde à porção ocidental. 1969. Golfão maranhense – área resultante do intenso trabalho da erosão fluvial do Quaternário antigo. Em alguns pontos do litoral. as quais sugerem uma origem ligada ao fracionamento daqueles por ocasião das marés equinociais. Instituto de Geografia. N. as rochas précambrianas do núcleo Gurupi originam um relevo colinoso. por testemunhos tabulares da superfície de cimeira. principalmente na porção central do Estado. __________. originando uma paisagem de planícies aluviais. litológicas. originando formas tabulares. que avançam pelo mar. lagoas rios divagantes. originaram escarpas que constituem verdadeiras falésias. dominada. São Paulo. 1977. – Relevo – Região Nordeste. 1970. REZENDE.F. et aliii – Geomorfologia – Projeto Cerrado l – Convênio IBGE – EMBRAPA. Rio de Janeiro. N. LOCZY. Blücher Ltda. P. e PAMPLONA. 1976.75 p. P. 1949.G.. de LADEIRA. PETROBRÁS 13 (1/2): 5-14. IBGE. Calcário – apresenta larga distribuição regional. W. CAMPBELL. GEOLOGIA DO MARANHÃO III II. Rio de Janeiro. KING. ouro.. Rio de Janeiro. – Rio de Janeiro. de – Bacia do Mearim l – Características físicas e condições de navegabilidade. F. Editora E. 1979. M. L. A. 1972.. L.Relatório do Projeto de cadastramento e investigação geológica de ocorrência minerais no Estado do Maranhão – Bacias dos rios Itapecuru e Mearim – Convênio SUDENE – CODEMINAS. gipsita. 2: 1-45 IBGE. – Boletim número 1. – A Geomorfologia do Brasil Oriental – Revista Brasileira de Geografia 18 (2): 3121. D. opala. CODEMINAS . 42 (4): 822-861. – Geologia estrutural e introdução à geotectônica. DNOS. A. destacando-se quatro grandes grupos de concentração: . A.. – Estratigrafia dos sedimentos da parte inferior da Região Nordeste do Brasil (Bacias de Tucano-Jatobá.P. bauxita. MOREIRA. 528 p. urânio. Jan-jun. Rio de Janeiro. Elsevier. Boletim Técnico. 1976. – Carta Tectônica do Brasil – Nota explicativa – D. N. jul-dez. Relatório inédito.Amisterdam. 1956. ____________ .. Rio de Janeiro.P. PRINCIPAIS OCORRÊNCIAS MINERAIS As ocorrências minerais do Estado do Maranhão são variadas. 1980.M. H. 3 a ed. 1976. Vol. jan/jun. R. 1966. A. P. DOMINGUES. Boletim número 1 – 150. S. A. Contribuição à Geomorfologia da Bahia – Revista Brasileira de Geografia. Rio de janeiro. e manganês. et aliii – Relatório sobre a geologia da Bacia do Maranhão. Boletim 236. no entanto apenas as que apresentam potencialidades econômicas serão referidas: calcário. W. SOUSA. Geografia do Brasil. E. M. 1978 e 53 (1 e 2): 12-21.N.. Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. J. B. 1980. D. O. São Luís. G.BRAUN.. diamante. Conselho Nacional de Petróleo. E. O. – Geological Time Table – Composição. São Paulo.Estudo do desenvolvimento do Arco Ferrer – Urbano Santos. 1975. . Mirandiba e Araripe). cobre. Divisão de Geologia e Mineralogia. FERREIRA. VAN EYSINGA. CNPq. Saneamento 52 ( 3 e 4): 102-126. Benedito Leite) e posicionando-se estratigraficamente no topo. por referências históricas e pelo grande número de garimpos outrora existentes. . Gipsita – apresenta uma ampla distribuição. nas proximidades do baixo rio Parnaíba. Não foram realizados estudos visando o conhecimento da potencialidade econômica dessa província aurífera.825 toneladas. -ocorrências do alto rio Balsas e Tocantins. Ouro . Os alinhamentos dessas ocorrências calcárias no Estado levam os pesquisadores a supor a existência de uma continuidade lateral desses depósitos. As ocorrências agrupamse desde a divisa de Goiás. são três os tipos de jazimento de ouro na região: filonianos ( associados a veios de quartzo.destacam-se os vales dos ros Turiaçu. A faixa de ocorrência deste metal apresenta uma direção grosseiramente NW – SE. mas acredita-se que seja uma das maiores do país. estendendo-se desde Montes Áureos até s serra dos Macacos ( proximidades da BR – 316).5 milhões de toneladas.-parte da divisa do Maranhão – Goiás com direção aproximada oeste – leste até a localidade de Presidente Dutra. As reservas da Ilha Trauíra atingem 8. As reservas medidas em 1977 eram de 9. Devido ao grande teor de fósforo existem projetos de aproveitamento industrial dessa bauxita em fertilizantes e suplementos minerais. em palio e em neo – aluviões. recoberta por um manto de chapéu de ferro com dois metros de espessura. -conjunto de ocorrências do sudeste do Estado. Bauxita Fosforosa – as reservas estão distribuídas na serra de Pirocaua (município de Godofredo Viana).82% de P2O5. daí inflete seguindo rumo nordeste. semelhante ao calcário. Cobre – são poucas as ocorrências registradas e estas estão relacionadas ao magmatismo básico. Oliveira calcula que a relação da área conhecida para a área mineralizada seja de cerca de 1/ 33. Segundo geólogos que estudaram a área. os quais se precipitaram em associação com limonita. relacionada aos diques e soleiras de diabásio e fraturas de arenito.000 km2. 855. até as proximidades da costa atlântica. Grajaú e Gurupi. e Ilha Trauíria (município de Cândido Mendes). aflorando em vários locais (Carolina. Urânio – poucas ocorrências disseminadas em arenitos grosseiros. até atingir o Atlântico. Diamante . Maracaçumé. sendo o teor médio de 11. concentrados em falhas onde as águas subterrâneas percolantes trouxeram sais solúveis de urânio. É encontrado também na Formação Pedra de Fogo. intercalada aos calcários existentes no topo dessa Formação. -faixa de ocorrência da costa atlântica.são encontrados nos conglomerados básicos cretáceos nos depósitos aluvionares terciários. com um teor médio de 16% de P2O5. Apenas algumas ocorrências esparsas são observadas ao norte. ocorrendo ao longo da bacia do Parnaíba. constituindo um exemplo de mineralização epigenética.as ocorrências da região do Gurupi – Maracaçumé são conhecidas desde o século XVIII e constituem uma possível província aurífera com áreas superior a 30. Opala – é encontrado nos estratos arenosos. que no Maranhão é considerada como facies de Formação Itapecuru. A distribuição no tempo dessas ocorrências e jazimentos é grande. É encontrado na Formação Codó. estendendo-se desde o Carbonífero (Formação Piauí) até o Mioceno Inferior (Formação Pirabas). daí seguindo os aluviões dos rios que compõem as bacias Gurupi – Maracaçumé. contendo os metassedimentos do Grupo Gurupi). sendo também constante nos sedimentos de Formação Pedra de Fogo. com espessura de 25 a 30 metros. estendendo-se como um jazimento uniforme. coluviões e placers. delimitado na periferia por taludes cobertos de densa vegetação. acompanhando aproximadamente o rio Parnaíba. a sudeste do Maranhão até a sua porção nordeste. próximo ao litoral. Na serra de Pirocaua o minério aflora em blocos de dimensões consideráveis. PLUMMER. Rio de Janeiros. et alii. PETROBRÁS – RENOR. – Estado do Maranhão e Piauí. Belém.Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais (CPRM). 4). 8. 1978. 1973 (Levantamento de Recursos Naturais. 87 – 134. – Projeto RADAM. Relatório do projeto Cadastramento e investigação Geológica de Ocorrências Minerais do Estado do Maranhão. 4. Solos. de – Bacia do Maranhão. Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Escala1:500.000. São Luís. 9.AGUIAR.Projeto RADAM. 3. F.000. Boletim nº 44.Mapa Metalogenético do Brasil. Vegetação e Uso Potencial da Terra. volumes I e II (inédito). 5. Geomorfologia. BIBLIOGRAFIA 1.Mapa Tectônico do Brasil. 1977. 1969 (Relatório técnico interno. 1971. 6. 2. Escala 1:000. B. 1974 (Levantamento de Recursos Naturais.Companhia Maranhense de pesquisa Mineral (CODEMINAS). 3. em razão da sua tipologia. Geomorfologia. Solos. . vol. 4). AS-23 São Luís: Geologia. Tocantins: Geologia.Maranhão. possibilidades de aproveitamento comercial. 1973. Folha SB-22 Araguaia e parte da folha SC-22. Folha AS-24 Fortaleza. 7. Ministério das Minas e Energia. 1948. geologia e possibilidades de petróleo. 1946.Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPN). Relatório do Conselho Nacional do Petróleo. Vegetação e Uso Potencial da Terra. – Estudo Global dos Recursos Minerais da Bacia Sedimentar do Parnaíba (inédito). Ministério das Minas e Energia. G.Manganês e Ferro – as ocorrências de manganês e ferro estão relacionadas a diabásios inclusos nos diversos estratos sedimentares paleozóicos e não apresentam. Integração Geológica Metalogenética Relatório Final da Etapa III. Avaliação Regional do Setor Mineral. 371).
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