Fundamentos Da Escola Do Trabalho- Moisey Mikhaylovich Pistrak

March 20, 2018 | Author: Fer Nanda | Category: Sociology, Science, Pedagogy, Marxism, Schools


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Pistrak, Moisey Mikhaylovich. Fundamentos da Escola do Trabalho. São Paulo: Brasiliense, 1981, 170 p.Tradução de Daniel Aarão Reis Filho. # A visão educacional de Pistrak é concomitante ao período de ascenso das massas na Revolução Russa, a qual exigia a formação de homens vinculados ao presente, desalienados, mais preocupados em criar o futuro do que em cultuar o passado, e cuja busca do bem comum superasse o individualismo e o egoísmo. Através de Pistrak, temse o projeto da revolução soviética no plano da educação, especialmente no nível do ensino primário e secundário. Pg.8 # Para fugir dos hibridismos e acomodações, Pistrak preferiu optar pela criação da nova instituição no lugar da transformação da velha estrutura. Para isso, utilizou os meios de que dispunha: a ênfase nas leis gerais que regem o conhecimento do mundo natural e social, a preocupação com o atual, as leis do trabalho humano, os dados sobre a estrutura psicofísica dos educandos, o método dialético que atua como uma força organizadora do mundo. pg. 9 # Seu objetivo não era o de formular uma teoria comunista da educação, mas estruturar os enunciados surgidos no contexto da prática escolar à luz do método dialético. Procurou ele introduzir a dimensão política no trabalho pedagógico, em consonância com os objetivos centrais da Revolução Russa no plano sócio-econômico. Pg.9 # A Escola do Trabalho fundamenta-se no estudo das relações do homem com a realidade atual e na auto-organização dos alunos. Uma vez que a realidade atual se dá na forma de luta de classes, trata-se de penetrar essa realidade e viver nela – daí a necessidade de a escola educar os jovens conforme a realidade do momento histórico, adaptando-se a ela e, por sua vez, reorganizando-a. pg.10 # Para Pistrak estudar a realidade histórica, o atual, significa situar o espaço do adolescente na luta que se trava no mundo. Nesse sentido, a finalidade do conteúdo do ensino consiste em armar o educando para a luta e a criação de uma nova sociedade. O trabalho na escola, enquanto base da educação, deve estar ligado ao trabalho social, a produção real, a uma atividade socialmente útil. pg. 10-11 # É necessário saber quando é preciso mandar ou obedecer, e isto se consegue através da auto-organização dos educandos, em que “ todos na medida do possível, ocupem sucessivamente todos os lugares, tanto as funções dirigentes como as funções subordinadas.”(pg.41) Conhecimento do real e auto-organização são as chaves da nova escola, inserida na luta pela criação de novas relações sociais. pg.11 # Para Pistrak, o objetivo da escola é o de formar crianças para serem trabalhadores completos, daí a necessidade de ela fornecer uma formação básica técnica e social que possibilite o educando a orientar-se na vida real. pg. 14 # Na nova escola, a ciência deve ser ensinada como meio para conhecer e transformar a realidade, no quadro de seus amplos objetivos, isto é, como conhecimentos científicos cuja necessidade seja incontestável, que ajudem os alunos “ a se apropriarem solidamente dos métodos científicos fundamentais para analisar as manifestações da vida” (pg.95) pg. 17 # A organização do programa de ensino, segundo Pistrak, deve orientar-se através dos “complexos”, cujo tema é escolhido segundo os objetivos da escola. O critério para seleção dos temas do complexo deve ser procurado no plano social e não no plano meramente pedagógico. pg. 17-18 # O estudo pelo sistema de complexo só é produtivo se estiver vinculado ao trabalho real dos alunos e à sua auto-organização na atividade social prática interna e externa à escola. Pistrak enfatiza a necessidade de estruturar complexos geradores de ação. Uma ação determinada pode ser a razão de um complexo. Pg. 19 herdado da antiga escola. contra o que lutar e por que meios. senão. deve estar ligado ao trabalho social. a todo o custo.30 A escola do trabalho na fase de transição # Na base da escola do trabalho da atual fase devem encontrar-se os seguintes dois princípios: relações com a realidade atual e auto-organização dos alunos. sem teoria pedagógica revolucionária. Pg. a aptidão para a criatividade pedagógica. e nos capacita a abandonar impiedosamente toda uma série de disciplinas. sem o que perderia seu valor essencial.35 # A primeira dedução relaciona-se com o objeto da educação: nossa concepção da realidade atual obriga-nos a rever o objeto do ensino tradicional. Pg. ou aspectos dos cursos. Pg. A escola deve explicar a cada um os objetivos da luta. È por isso que a escola deve educar a criança no espírito marxista. com o conhecimento dos fenômenos atuais em suas relações e dinâmica recíprocas. não somente o método de análise para compreender a essência dos fenômenos sociais em suas relações recíprocas. da concentração do ensino por complexos. mas que procura. Pg. afastando-se das noções essenciais sem as quais não se poderia compreender a realidade atual. 38 # O trabalho na escola. com a concepção marxista da pedagogia. Pg. caso a caso. trata-se de uma questão que se relaciona com a essência do problema pedagógico. Assim a questão do ensino unificado. tudo o que se agrupa em torno da revolução social vitoriosa e que serve à organização de uma vida nova.O objetivo que os alunos devem atingir é não somente estudar a realidade atual. pela prática educativa. mas também o método de ação eficaz para transformar a ordem existente no sentido determinado pela análise. torna-se uma questão candente. e não na base de concepções sociais bem determinadas. será impossível criar a nova escola.23 # Primeiramente. 29 # Um bom método para uma escola seria talvez. para quem a educação é também uma forma de ação político-social. A auto-organização surfe como uma ação que responde ao concreto. à aquisição de algumas normas .# Auto-organização dos alunos: é aqui que Pistrak define uma característica fundamental da escola. reduzindo-se. devendo fazer o necessário para que o aluno perceba organicamente o método marxista e também o sentido de sua ação. a questão do método que agora se coloca não é simplesmente a questão de uma assimilação melhor e mais completa destes ou daqueles estudos. de um lado. adaptando-se a ela e reorganizando-a ativamente – isto nos permite formular certas deduções a respeito do caráter do ensino compreendido como um estudo da realidade atual. a uma atividade concreta socialmente útil. Pg. à produção real. isto é. Pg. desenvolver uma ação transformadora do real.34 # A escola deve viver no seio da realidade atual. o que cada aluno deve criar e construir e como. seu aspecto social.36 # A terceira dedução refere-se a educação em geral. está destinado a viver e a se desenvolver. Pg. 37 # O marxismo não nos dá apenas a análise das relações sociais. mas também se deixar impregnar por ela. Pg. não poderá haver prática pedagógica revolucionária.20-21 # Pistrak insere-se na linha dos grandes educadores. Todo o mundo está de acordo que é impossível separar a educação primária da educação em geral. enquanto base da educação. que não se limita a interpretar o mundo. portanto. mau para uma outra: é preciso. desenvolver no professor. Pg. Sem uma teoria de pedagogia social. sempre e quando tornem difícil a compreensão da realidade atual.34 # A realidade atual é tudo o que na vida social da nossa época. nossa prática levará a uma acrobacia sem finalidade social e utilizada para resolver os problemas pedagógicos na base das inspirações do momento. pg. 35 # A segunda dedução refere-se a métodos de trabalho. perderia sua base ideológica. O método se baseava na concepção segundo a qual. 45-46 # O trabalho é um elemento integrante da relação da escola com a realidade atual. 44 # Em ambos os casos substituía-se a relação entre o trabalho e a ciência pela relação dos diferentes cursos com o trabalho da oficina. 46 . era o trabalho manual. a procedimentos metodológicos capazes de ilustrar este ou aquele detalhe de um curso sistemático. do princípio da escola do trabalho? Pg. 43-44 # A segunda corrente era mais audaciosa: colocava na base do trabalho escolar um trabalho manual qualquer tomado em sua integridade. e que só será possível e benéfica na condição em que cada membro da sociedade compreenda o que é preciso construir e como é preciso construir. Pg. aptidão para analisar cada problema novo como organizador. 45 # Os resultados colhidos pelas três correntes não permitiram resolver o problema e seu fracasso produziu uma quarta corrente: nossa escola se restabelece e se fortalece. com a diferença de que . O corpo docente. Pg. O que importava na escola era o programa de estudos. aptidão para criar as formas eficazes de organização. 38-39 # Tomando a realidade atual como referência. Pg. de outro. 43 # A primeira corrente pedagógica tomou emprestado a solução do problema de certos pedagogos reformistas burgueses. 41 # O trabalho se encontra no centro da questão. o trabalho se tornaria anêmico. o trabalho se subordinava e se adaptava a ele. Tentativas feitas em vários lugares. que dominava. porque nem mesmo quer resolver o problema do trabalho e da ciência na escola. Pg.técnicas. 45 # A terceira corrente. 42 O trabalho na escola # Como se colocou a questão do trabalho desde a proclamação. permitindo resolver os problemas de pura educação. que é a mais difundida. no último caso. mas estuda apenas a parte referente ao ensino. é também a mais simples. A teoria é bem simples: o trabalho. Assim. procurando identificar os trabalhos manuais correspondentes aos vários cursos. Pg. entre nós. e neste nível há fusão completa entre ensino e educação. realizado nas oficinas. encontramos a direção perfeitamente determinada com base na qual devemos conformar as preocupações da criança. um ofício ao qual se adaptava ao programa de ensino. mas de torná-los duas partes orgânicas da vida escolar. pg. qualquer trabalho. Pg. Trata-se antes de tudo de um problema de metodologia. mas que não deram bons resultados em parte alguma. introduzindo-se na escola como um elemento de importância social e sociopedagógica destinado a unificar em torno de si todo o processo de educação e de formação.40 # A questão da realidade atual está intimamente ligada à da auto-organização das crianças (ou auto-direção). 40 # A fase em que vivemos é uma fase de luta e de construção. subordinando o programa de ensino e adaptando-o a si mesmo. da vida social das crianças. construção que se faz por baixo. isto é. é uma base excelente na educação. em sua melhor parte. Pg. Pg. para assimilar o curso. estuda decididamente os novos programas. A solução do problema exige a presença e o desenvolvimento das três seguintes qualidades: aptidão para trabalhar coletivamente e para encontrar espaço num trabalho coletivo. era necessário ilustrar pelo trabalho o maior número possível de momentos de uma determinada disciplina. e. Não se trata de estabelecer uma relação mecânica entre o trabalho e a ciência. de baixo para cima. tentando mesmo demonstrar sua inexistência. Pg. Pg. mas até o momento o trabalho ainda desempenha nela um papel muito pequeno. mas não os problemas de ensino. que todas as tarefas domésticas úteis e que podem ser feitas pelas crianças sejam organizadas do ponto de vista de sua utilidade e necessidade sociais. Qual é a relação existente entre esta ou aquela forma do trabalho executado na escola e o trabalho dos adultos em geral. Pode ser considerada como uma ampliação das tarefas domésticas. Pg. porque supõe. a oficina escolar aparece também como o ponto de partida de uma teia de fios que leva à produção real. Pg. entretanto. por outro lado. portanto. de um problema muito difícil. e o estudo da participação das crianças no trabalho. Quais métodos gerais de educação devem ser observados no trabalho? Pg.60 O trabalho agrícola . ou seja. quais as finalidades sociais de um trabalho escolar determinado? 4. e como poderíamos tornar estas fases do trabalho mais fáceis. mais higiênicas? Pg. 51 # É preciso que cada cidadão considere a escola como um centro cultural capaz de participar nesta ou naquela atividade social. Pg. 50 # É grande a importância das tarefas domésticas na escola. Que forma e que tipo de trabalho podemos identificar para esta ou aquela idade? 2. mas como um campo imediato de experiência e de comparações. 58 # Trata-se. ou seja. por um lado. varremos. Lavamos. possibilitando cultivar nas crianças uma atitude ativa em relação à produção.# Na base do trabalho escolar devem estar o estudo do trabalho humano. por sua vez determina a sua organização e o programa dos trabalhos executados na oficina. a escola deve conquistar o direito de controle social neste ou naquele campo. mas será que perguntamos por que fazemos isto. Pg. Pg. Pg. e. Pg. a obrigação de a escola tornar-se um órgão de produção sério. 53 # A oficina aparece. 52 As oficinas # Em função da aquisição de certos hábitos no contexto da oficina. 54 # O trabalho na oficina escolar deve ser produtivo. 47 # A vida coletiva ainda é uma coisa de realização bastante difícil para nós. é claro que esta aptidão é agora particularmente necessária porque significa não apenas uma melhoria das condições atuais de vida. o direito e o dever de dizer sua palavra em relação a este ou aquele acontecimento. influenciando talvez a família por intermédio das crianças. Pg. portanto. Em que aspecto de um certo tipo de trabalho será necessário concentrar a atenção? Qual é o valor relativo dos diferentes aspectos do trabalho? 3. Entretanto. uma unidade de produção no sentido mais completo da expressão. 50 # É preciso. uma organização de oficinas escolares especiais. Pg. como realizar a síntese entre o ensino e a educação? 5. e esta obrigação. mas também a possibilidade de começar um novo modo de vida. Pg. a participação nesta ou naquela forma de trabalho. não como uma etapa inferior no caminho da grande indústria.58 # Tudo o que a oficina faz está a serviço do estudo do trabalho. limpamos. Como harmonizar o trabalho e o programa escolar. e o dever de modificar a vida numa direção determinada. 47 Os trabalhos domésticos # Revisão de novos programas: 1. e a oficina não produz objetos sem utilidade prática. na medida em que podemos utilizá-las para transmitir às crianças certos hábitos socialmente úteis.51 Os trabalhos sociais que não exigem conhecimentos especiais # É a segunda forma de trabalho que a escola pode executar. melhores do que as existentes na região. Ela deve assumir antes de tudo um caráter prático a fim de facilitar ao aluno a transição entre escola e a realidade integral da existência. Pg. 67 # O trabalho principal da escola é tornar compreensíveis ao aluno todos os nós e todos os fios que se ligam à fábrica. È preciso imaginar a fábrica como o centro de uma ampla e sólida teia de aranha. no campo. Pg. mas na qualidade de trabalhador que tenta compreender praticamente o trabalho fabril – apenas um contato semelhante. Pg. no sentido de se chegar à compreensão do rumo e da importância de nossa luta por formas de trabalho aperfeiçoadas. São o trabalho do funcionário do Estado ou das instituições sociais.64 # A escola urbana não tem grande importância como centro cultural. a demonstrar iniciativa na busca de soluções. da economia rural e das condições de vida do camponês.75 #1. com o operário. com o aprendiz – e desde que o aluno venha à fábrica.76 #3. Pg. enquanto.a armadura de toda a realidade atual.# O trabalho social principal do professor e da escola deve consistir na melhoria constante da agricultura. pg. 76 O problema da organização científica do trabalho . não na qualidade de espectador ou de excursionista. ensinando-lhe a se elevar do problema prático à concepção geral teórica. Pg. o trabalho deve ser feito com a ajuda da escola e através dela. A escola deve dar aos alunos uma formação básica social e técnica suficiente para permitir uma boa orientação prática na vida. pode provocar as emoções necessárias à educação social. 71-72 # A escola não tem o direito de conceber esta formação de uma forma estreita. 61 # O trabalho agrícola se tornará um fator de educação social quando for tomado como ponto de partida fazendo-se comparação com o trabalho análogo realizado em outros lugares. o imenso domínio da cooperação sob todas as suas formas. pagando à vida um tributo mínimo pelo aprendizado. Pg. Ela deve acostumá-lo a analisar e a explicar seu trabalho de forma científica. obscurecida no contexto de outros centros. È assim que se deve imaginar a exploração e o trabalho racionais da área escolar: a escola deve preparar os organizadores da sociedade de amanhã. o objetivo central da atenção de nossa escola. num prazo breve. 64 A fábrica # A participação da escola no trabalho da fábrica é o problema cardeal da educação da juventude contemporânea.72 # O objetivo da escola é formar as crianças para que possam. adquirir a experiência necessária para se tornarem trabalhadores completos. a escola com sua exploração rural é o centro cultural mais importante. o trabalho sanitário e médico sob todas as suas formas. 68 O trabalho improdutivo # Trata-se de formas de atividade que não produzem valores materiais. o trabalho do educador. Pg. Pg. com um gasto mínimo de energia e de força. 65 # É preciso analisar a fábrica como um fenômeno típico da realidade atual. Pg. reafirmamos. Pg. a fim de capacitá-lo a compreender seu meio e a se dirigir autonomamente. Pg. Esta teia é o esqueleto. tomando-a em suas relações amplas e complexas com a vida ambiente. Pg. limitando-se a inculcar em seus alunos alguns hábitos técnicos que lhes permitam ganhar a vida. Pg. de onde partem inumeráveis fios ligados entre si de maneira a formar os nós múltiplos da vida. 65 # Toda a realidade atual desemboca na fábrica.75 #2.68 # Apenas o contato direto e Constant com a fábrica em sua vida cotidiana. com base nas formulações necessariamente esquemáticas dos programas e das diretrizes gerais definidas pela instituição central. Devem ser programas e planos de educação. conhecimentos que correspondam aos objetivos principais da escola. 86 # E para solidificar a base das educação comunista. ou. tornando-se parte integrante das preocupações das crianças e dos objetivos que elas pretendem alcançar. de entusiasmo e de impetuosidade revolucionárias. claramente. não basta levar as crianças a estudar o esforço realizado pela atividade humana. é necessário. a terceira precisa as relações entre a ciência e o trabalho. estabelecer o seguinte princípio: o objeto do ensino não é a ciência pura. socialmente esclarecida: assim nascerá um conjunto de impulsos interiores. entre nós. 2. Pg. 100 # Em resumo. Pg. “planos de vida”. a segunda trata do papel cultural da escola do trabalho. diariamente. 96 Programa de Estudos e “Plano de Vida Escolar” # Os programas que devem ser utilizados imediatamente pela escola não devem ser apenas programas de ensino. as diretrizes essenciais e. o que ela fornecer não passará de um esquema. Pg. sejam convencidas de sua importância e de sua utilidade. organicamente. 101 # È necessário executar três realizações: 1. a assimilar e a levar à prática as idéias compreendidas sob o nome de organização científica do trabalho. Pg. é preciso ao mesmo tempo adaptar esta atividade às forças de sua idade. Em segundo lugar: é claro também que cada escola deve adaptar os programas e planos da administração central a suas condições específicas. 83 Conclusões: lugar e papel do trabalho na escola soviética # O trabalho na escola não pode ser concebido sem que se considerem os objetivos gerais da educação. Pg. que ela impregne toda a vida escolar. Pg.# Para obter resultados positivos em termos de organização científica do trabalho. incentivar as próprias massas trabalhadoras. na maior medida possível. cuja necessidade seja incontestável aos olhos das crianças. concorrendo para a realização de seus objetivos. 100 # A instituição central pode apenas fornecer a linha geral. os programas devem englobar toda a vida escolar. Pg. 87 # Três conclusões surgem de nossa atitude em relação ao trabalho: a primeira diz respeito à natureza da educação. 95 # O trabalho científico subjetivo do pesquisador tem por objetivo a ciência pura.82 # É incontestavelmente necessário que as crianças vivam. a ciência em si mesma. ligada a sua vida e a seus hábitos cotidianos. É preciso obrigar todas as escolas a elaborarem. formando um feixe das diversas formas de atividade. Pg. Pg. de forma consciente. planos detalhados de trabalho. 95 # Devemos oferecer na escola apenas conhecimentos científicos que não sejam esquecidos e que se gravem profundamente. é preciso orientar as crianças para que participem no trabalho social de forma ativa. 87 O ensino O objeto e o caráter do ensino # É preciso então. “planos de produção”. transposta para a escola e adaptada à idade da criança. Pg. portanto. . enquanto na escola a ciência deve ser ensinada apenas como meio de conhecer e de transformar a realidade de acordo com os objetivos gerais da escola. para usar o termo da moda. dos programas aos planos de vida. pg. um tal tipo de emoções que influenciarão a transformação do estudo passivo das coisas bonitas num método definido como indispensável para levar à prática convicções pessoais cheias de energia. ligadas entre si pelos objetivos gerais da educação. É preciso passar do ensino à educação. a forma de estudar cada tema de complexo. na realidade. substituindo-o por um outro sistema que não exige muito tempo do professor. atualmente. isto é. consideramos cada aluno como responsável por seu trabalho individual. pg.Parkhurst. se a unidade das crianças é apenas o resultado de sua reunião fortuita num lugar de ensino.106 # Aqui se coloca uma série de questões de ordem prática: a escolha do objeto do complexo. Pg. antes de tudo. estudá-la do ponto de vista dinâmico e não estático. é a situação material do educador. comentando o plano Dalton. é que o plano Dalton elimina o sistema dos deveres escolares que tanto desagrada a todo o mundo. 109 # Nossa tarefa fundamental é tornar o ensino escolar plenamente efetivo. o sistema do complexo deixa de ser para nós simplesmente uma boa técnica de ensino. de fato. o trabalho social da escola e o ensino propriamente dito. 125 # É preciso desenvolver o hábito da desconfiança e da crítica em relação a todos os produtos que têm a marca registrada da burguesia e são importados por nossas escolas.120 A organização do trabalho das crianças e o plano Dalton # Os três obstáculos no caminho da nova escola eram o programa. Pg. devendo servir para compreender a realidade atual. entendemos por trabalho coletivo a responsabilidade coletiva do trabalho. Pg. O complexo deve ser importante. É o que há de mais difícil. A organização do tempo é uma verdadeira maldição para a criança. 125 # Um dos aspectos incontestavelmente negativos do plano Dalton é o egocentrismo do ensino.3. 106 # O critério necessário para a seleção dos temas deve ser procurado no plano social e não na pedagogia ‘pura’. 106 # Daí deriva a necessidade de organizar as disciplinas do programa em complexos. Pg. mas é o problema pedagógico mais atual. renunciando o antigo método puramente intelectual. A abolição da organização do tempo é. mas exatamente seu egocentrismo. E. É indispensável que a instituição central oficial generalize e sintetize a experiência. encadeado por múltiplas relações a toda uma série de outros fenômenos não menos importantes. 124 # O plano Dalton é. 108 # Cada complexo pode ser analisado de duas formas: ou como um assunto preciso. para ser um sistema de organização do programa justificado pelos objetivos da escola. a organização do trabalho das crianças para o estudo dos temas segundo o sistema dos complexos. Essa crítica deve-se basear em nossos princípios de pedagogia social. delimitado. não sua individualização. Pg. Pg. Ordinariamente. Enfrentamos um problema que nos é imposto pela unidade de objetivo característica da educação: é por isso que somos levados a encadear o trabalho técnico. se uma classe não representa um coletivo compacto. o primeiro passo no sentido da libertação do aluno”. 101 O complexo # O objetivo do esquema de programa oficial é ajudar o aluno a compreender a realidade atual de um ponto de vista marxista. o assunto que está mais na moda. Pg. 122 # Enfim. pg. a nosso ver. Pg. na medida em que este é o único sistema que garante uma compreensão da realidade atual de acordo com o método dialético. do ponto de vista social. A partir desta compreensão. Pg. Pg. a responsabilidade coletiva na relaidade significará uma falta total de responsabilidade. ou como um assunto principal. talvez seja a causa essencial. sem dúvida. 121 # Uma das causas que entravam as inovações. promovendo-a em grande escala. o manual e os deveres escolares. afirma: “ O método de laboratório de Dalton destrói sem piedade a organização do tempo. a organização do ensino segundo o sistema dos complexos. A causa essencial. Cada aluno . a auto-organização das crianças. e a ordem estabelecida. reduzindo-se simplesmente à “influência” educativa do pedagogo sobre uma determinada criança. em condições originais criadas pela intensidade de nossa vida. 126-127 # Anteriormente. pelo próprio fato de existir. que oferecem à burguesia a possibilidade de manter sua dominação. uma divisão deste tipo é nociva. Pg.responde apenas por si e pelo seu trabalho. na medida em que o próprio aluno deve fazer quase tudo. um mau manual e um professor. Pg. mas em virtude de sua importância. 133 # Quais são as necessidades de nosso sistema soviético atual no que se refere a autoorganização escolar? Em que nosso regime político se diferencia do regime estabelecido nos Estados burgueses e democráticos? A característica própria e essencial do regime soviético é a participação absolutamente indispensável das massas na organização do Estado. de índices que se encontrem no próprio método. 125-126 # O segundo defeito do plano Dalton é o desmembramento do programa através de uma distribuição mensal. nossa reconstrução da vida e pela construção do novo regime. baseada em sua iniciativa pessoal. a organização começam a rachar aqui e ali. Pg. Pg. destinada a salvaguardar uma determinada ordem escolar. Pg. sua participação direta. dos quais tem consciência e que lhes são próximos. 137 # A escola deve transformar os interesses individuais. 135 O coletivo infantil # As crianças e também os homens em geral formam um “coletivo” quando estão unidos por determinados interesses. Pg. nós nem chegaremos a dizer que ela deve ser o lugar de sua formação. 138 # A auto-organização tornou-se algo estranho para a criança. a iniciativa coletiva. 134 # Essa particularidade do regime soviético – a iniciativa pessoal e a atividade das massas desenvolve-se. sem nenhuma ajuda. mas desaparecimento do professor. Ora. 128 # Antes de introduzir o plano Dalton. a auto-organização. Pg. 139 . cada vez mais. devemos reforçar na escola uma série de disposições que suas necessidades estão indicando: o trabalho técnico. através do sistema de complexos. 128 A auto-organização dos alunos O passado e o presente # O objetivo da auto-organização dos alunos nas escolas burguesas é. ajudar o professor a manter sua autoridade. 128 #Reconhecemos no plano Dalton três aspectos positivos: a independência do trabalho. uma aula. Pg. a responsabilidade correspondente à sua atividade. na maioria dos casos. Pg. o martelo e a punição saem das mãos do professor. graças ao progresso da civilização e são substituídos por uma distribuição de funções. as emoções das crianças em fatos sociais. o sistema dos complexos e a auto-organização dos alunos. A necessidade do coletivo infantil deriva da necessidade fundamental de inculcar nas crianças a atividade. cimentando com base nisso o coletivo infantil. Pg. tínhamos uma classe. e não apenas o lugar de sua formação. influem nas formas e na natureza da auto-organização onde ela existe. O coletivo de crianças criará. persistência do mesmo manual. porque o tema de um complexo não deve ser escolhido em função de seu tempo de duração. o plano Dalton significa entre nós: substituição da classe por um laboratório. Pg. Pg. o resultado e a possibilidade de passar ao método experimental. se esta palavra não exprimir a ajuda que se deve dar às crianças para que cresçam e assuma sua própria educação.137 # A escola só permitirá um amplo desenvolvimento e uma coesão intima do coletivo das crianças no momento em que for o lugar da vida infantil. 132 # Estas características do regime burguês. Pg. Ausência de qualquer índice de trabalho coletivo. o programa oficial. Basta que o professor abandone por um curto tempo as rédeas que segura. Permite. Pg. 140 # O pedagogo não deve ser estranho à vida das crianças. as diretivas dadas a diversas instituições. As discussões da assembléia geral das crianças educam e desenvolvem o sentimento coletivo. 143 # A justiça infantil pode servir de meio de ação do pedagogo. que pode ser mudado em cada momento. Em segundo lugar. inabaláveis. 143 # Quais são as vantagens da justiça infantil? Em primeiro lugar. possibilitando às próprias crianças a procura das formas de realização. mas é mais seguro e. As decisões de justiça. o regime determinado é apoiado pelas próprias crianças. quando sua ação pessoal se tornar impotente. em grande medida. Pg. em todo o caso. 142 # Uma das conseqüências do tipo de constituição que defendemos é a existência da justiça infantil. levar as crianças a participar na criação de um regime que seja seu. não se limitando a observá-la. desenvolvê-las. dirigindo-a completamente. somos levados à seguinte observação: o regime escolar. a organização escolar são imutáveis. ou seja. comportamento. o caráter das punições inflingidas justiça. evitar intromissões na vida das crianças: graças a justiça infantil. nem de parcialidade na solução de determinada questão. responde aos objetivos da educação soviética. fortalecer o coletivo infantil. A justiça ajuda ainda a formar o sentimento de responsabilidade. enfim.# Deve-se organizar o trabalho de modo que o ensino seja compreendido pelo espírito das crianças como uma ação importante para sua vida. 145 Punições e meios de ação # Se analisarmos atentamente a prática. Uma constituição desse tipo deve ser imaginada como um plano de atividade autônomo. A atenção é concentrada nas ações infantis e não nos pontos fracos do regime. auxiliar. quando as circunstâncias assim o exigirem. Pg. colocado sob responsabilidade das crianças. 146 # Esta é a linha de ação justa: em primeiro lugar. Pg. Pg. não podendo ser acusada nem de subjetivismo. Pg. pg. 140 # A auto-organização baseada no desenvolvimento do coletivo infantil é um caminho mais difícil de trilhar. tudo isto pode ser chamado de constituição. esmagando-as sua autoridade e poder. exige do professor um esforço maior. Analisamos acima bastante detidamente os . tudo isso se tornará um meio de realizar as perspectivas do professor que dirige a vida escolar. esclarecê-las. enfrenta mais dificuldades. a liquidar seus conflitos entre si. estabelecidos de cima para baixo pelo pedagogo. riscos. As formas de organização # Tudo o que diz respeito à organização do trabalho deve ser. que seja razoável e que corresponda ao sistema geral da educação soviética. 141 Constituições infantis e justiça infantil # Os esquemas de autonomia produzidos pela busca das melhores formas de organização pelas crianças. Pg. às vezes. o caráter dos assuntos tratados na justiça. Assume-se a tarefa de adaptar as crianças ao regime estabelecido. elevam a consciência das crianças num alto nível. Pg. dirigir e desenvolver as preocupações das crianças. sem nenhuma participação ou com muito pouca participação das crianças. e não “desagregam os ambientes infantis”. inspirando-lhe o sentido o sentido da atividade social. mas de outro não deve se intrometer na vida das crianças. conselheiro. as crianças aprendem a tratar de seus problemas umas com as outras. É preciso suscitar nas crianças preocupações carregadas de sentido social. formar. 149 As tarefas do coletivo escolar. reservando para o educador um papel de companheiro mais velho. partindo de um ponto de vista social determinado. Pg. A sanção tenta liquidar o delito sem atingir o próprio regime. 144 # A assembléia geral é a expressão mais alta do coletivo infantil. ampliá-las. mais reflexão. assim como as questões relativas ao ensino. é um papel muito importante. Só se pode esperar o resultado pedagógico desejado com a participação direta das crianças na organização e na direção do trabalho na escola. O papel que o professor pode desempenhar não é apenas honrável. 154 O movimento comunista entre as crianças # É evidente que. Quase nunca nos referimos ao papel da Juventude Comunista e à importância de sua colaboração. na realidade. . que pode ser definida como a compreensão clara dos objetivos gerais da educação.problemas de trabalho na escola. 153 # O problema do ensino por complexos se relaciona com a participação das crianças no trabalho do Conselho escolar e de todas as comissões. . Ela deve não só considerar o movimento como um fator pedagógico da mais alta importância. Juventude Comunista.154 # A participação das crianças no trabalho pedagógico se manifestará também no momento da recepção dos novos alunos. ou sobretudo as que se relacionam com a auto-organização. é também a característica de nosso regime soviético. no sentido amplo da palavra. 153 #As crianças devem participar do Conselho escolar para tomar parte do trabalho orgânico da administração da escola. pg. Pg. profundamente autoritária.O professor se tornará apenas o amigo. mas. correrá o risco de se tornar definitivamente desinteressante. Pg. na medida em que é parte integrante do trabalho dos pioneiros. Todos os problemas da vida escolar interessam normalmente a Juventude Comunista e nenhum poderá ser realmente resolvido de forma correta sem sua participação. o leitor verá facilmente que o trabalho na escola não pode ser organizado sem a colaboração do coletivo autônomo das crianças. ou seja. Pg. . ativa e criativa da juventude na construção das instituições escolares. 167 A juventude comunista # Se considerarmos o fenômeno do ponto de vista da escola. Ainda que não tenhamos dado indicações diretas sobre o assunto. pode-se dizer que o movimento dos pioneiros tem um grande futuro diante de si.A auto-organização. o companheiro mais velho. Pg. 166 # O desenvolvimento da autonomia se realizará observando três princípios: . 153 # O mesmo ocorre em relação as tentativas de organizar o trabalho sem deveres escolares (adaptações do plano Dalton). se a escola não assumir plenamente o movimento das crianças. Pg. não poderiam ser resolvidas sem a participação da. mas também adaptarse a ele na prática do seu trabalho.A autonomia será verdadeiramente. 164 # De forma geral. . Pg. ou abstraindo-se a. Verificamos aqui uma antítese total da escola burguesa. do ponto de vista pedagógico. realizada pelas próprias forças das crianças.A base sólida e única da autonomia será a cooperação infantil consciente. Pg. percebemos que se trata de um fato novo na história da escola: a “autoorganização”. a participação independente. e a característica desta auto-organização. mas é evidente que os problemas relativos ao trabalho técnico na escola. 152 # A participação das crianças no trabalho pedagógico deve ainda ser considerada como uma tarefa da auto-organização. aparentemente democrática. Pg. coletiva. para intervir em todos os problemas pedagógicos. porque analisamos as questões que nos interessavam de um ponto de vista pedagógico. o colaborador mais experiente e mais instruído. 168 # O corpo docente tem como tarefa trabalhar para a criação da escola nova em íntima ligação com a Juventude Comunista. Pg.
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