Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar.CADERNO 1 FUNDAMENTOS DE ERGONOMIA Grupo Ergo&Ação/UFSCar Junho de 2003 Capa: Katarzyna Smogorzewska, Krzystof Kokalski Terceiro premiado no Concuros de Posters Mistério do Trabalho e Política Social Polônia, 2000 1 Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. Sumário 1 Ergonomia 1.1. Definição e especialidades 1.2. Limites e recortes no campo do trabalho 1.3. Considerações Finais Fundamentos Conceituais para a AET 2.1. Ergonomia e Trabalho 2.1.1. Trabalho prescrito 2.1.2. Trabalho real 2.1.3. Confrontação do trabalho prescrito e do trabalho real 2.2. Variabilidade 2.3. Carga de trabalho 2.4. Regulação e modo operatório 2.5. Considerações Finais Método de ação ergonômica 3.1. Análise da demanda 3.2. Análise da tarefa 3.3. Análise da atividade 3.4. Diagnóstico 3.6. Considerações finais Bibliografia Fundamental 4 4 5 7 8 8 10 13 15 15 17 19 22 22 23 25 27 29 30 30 2 3 4. 2 Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. 1. Ergonomia Para estabelecer um sentido comum do que é ergonomia será utilizado como referência a definição e os domínios de especializações estabelecidos pela Associação Internacional de Ergonomia (IEA)1. Na seqüência serão estabelecidos limites para a delimitação da ação ergonômica no campo do trabalho. 1.1. Definição e especialidades Ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina científica interessada com a compreensão das interações entre os humanos e outros elementos de um sistema, e a profissão que aplica teoria, princípios, dados e métodos para projetar para aperfeiçoar o bem-estar humano e o desempenho do sistema global. Ergonomistas contribuem na concepção e avaliação de tarefas, trabalhos, produtos, ambientes e sistemas para os fazer compatível com as necessidades, habilidades e limitações das pessoas. Derivada dos termos gregos ergon (trabalho) e nomos (leis), denotando a ciência do trabalho, a ergonomia é uma disciplina sistêmica que na atualidade se estende por todos os aspectos de atividade humana. Ergonomistas praticantes têm que ter uma compreensão global da extensão da disciplina. Quer dizer, a ergonomia promove uma aproximação holística na qual são levadas em conta considerações de fatores pertinentes aos aspectos físicos, cognitivos, sociais, organizacionais, ambientais e outros. Ergonomistas trabalham freqüentemente em setores econômicos ou domínios de aplicação particulares. Domínios de aplicação não são mutuamente exclusivos e eles constantemente evoluem; são criados novos e velho assumem novas perspectivas. Existem domínios de especialização dentro da disciplina que representam competências aprofundas em atributos humanos específicos ou características da interação humana. Domínios de especialização dentro da disciplina de ergonomia são amplamente caracterizados como os segue. Ergonomia física está preocupada com características humanas anatômicas, antropométricas, fisiológicas e biomecânicas e como estas relacionam-se com as atividades físicas. Tópicos pertinentes incluem posturas, manuseios de materiais, movimentos repetitivos, Desordens muscoesqueléticas relacionadas ao trabalho, layout dos postos de trabalho, segurança e saúde. Ergonomia cognitiva está relacionada aos processos mentais, como percepção, memória, raciocínio, e resposta motora, como eles afetam interações entre os humanos e outros elementos de um sistema. Tópicos pertinentes incluem carga de trabalho mental, tomada de decisão, qualificação, interação homemcomputador, confiabilidade, stress e treinando, integrando-os na concepção da relação homem-sistema. 1 http://www.iea.cc/ 3 As diversas escolas dentro da ergonomia podem ser explicadas e entendidas a partir da consideração de duas correntes distintas: uma corrente de origem anglo– saxônica (abordagem clássica). e administração de qualidade. A definição e os domínios estabelecido pela IEA são amplos e devem ser compreendidos à luz das diferentes especialidades e correntes metodológicas que estão reunidas no interior da associação. organizações virtuais. incluindo suas estruturas organizacionais. Assumindo a perspectiva da AET. destaca-se que as situações de trabalho são únicas e socialmente contextualizadas. O ponto de partida é a situação de trabalho. englobando o conjunto de abordagens teóricas e práticas que hoje constituem a ergonomia mundial. Ergonomia organizacional está relacionada com a otimização do sistema sociotécnico. políticas. condição sine qua non para a implementação de mudanças positivas no trabalho. projeto do trabalho. a ergonomia surge nos anos 40. administração de recursos. os conhecimentos acerca do homem são colocados num primeiro plano e a situação de trabalho num plano secundário. novos paradigmas de trabalho. centrada na Análise da Atividade e fundamentada no estudo de situações de trabalho singulares e socialmente situadas. recorrendo-se posteriormente aos conhecimentos acerca do homem no trabalho. uma corrente francofônica (abordagem situada) associada à Análise Ergonômica do Trabalho. a situação específica de trabalho é colocada em destaque. trabalho cooperativo. e. preceito este vigente no período do surgimento da ergonomia e presente ainda hoje em algumas abordagens de áreas do conhecimento que atuam sobre o trabalho. jornada de trabalho. ergonomia de comunidades.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. No primeiro caso. 1. No que pese tal diversidade. Assim. existe uma convergência entre os ergonomistas em dois pontos fundamentas: a) a busca da adaptação do trabalho ao homem em contraposição à adaptação do homem ao trabalho. Limites e recortes no campo do trabalho No sentido atual do termo. ao recorrer aos conhecimentos acerca do homem em atividade a ergonomia transforma estes conhecimentos adaptando-os a uma realidade específica. onde os conhecimentos gerados acerca do ser humano são disponibilizados para aplicação na concepção de produtos e postos de trabalho. No segundo caso. e. b) a ergonomia integra conhecimentos acerca do homem e utiliza tais conhecimentos agindo sobre a relação homem-trabalho. de natureza experimental. Tópicos pertinentes incluem comunicação. 4 . e processos. A partir da compreensão da situação e da confrontação das diferentes interpretações dos atores sociais envolvidos. reunindo em seu escopo uma diversidade de escolas com diferentes abordagens tanto no campo da pesquisa como da ação. os ergonomistas buscam construir um novo consenso acerca da realidade em estudo.2. trabalho em equipe. projeto participativo. teletrabalho. A atividade de trabalho representa a intercessão destas três dimensões sendo irredutível a uma ou outra. indicando a necessidade de uma mobilização do corpo biológico do sujeito. e pode dar elementos para se fazer telas menos ofuscantes. citado por ABRAHÃO. Este 2 Montmollin. uma dimensão organizacional. de forma mais ou menos independente da situação de trabalho em questão. Em outras palavras. interpreta informações que aparecem na tela. Observe um trabalhador sentado em uma cadeira diante da tela e do teclado de um terminal de computador. 1986. resolve problemas e talvez cometa erros. comporta uma dimensão física. uma dimensão cognitiva. Logo. inserido numa relação de interdependência com outras atividades. considere a Figura 1. p. toda atividade de trabalho. Ele executa uma atividade. O mesmo trabalhador queixa-se de dor de cabeça.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. A tela do vídeo reflete a luz e tem pouco contraste. que em última instância representam diferentes dimensões de uma situação de trabalho. associada aos conhecimentos e raciocínios necessários para o desempenho do trabalho. pode contribuir para melhor organizar os horários e as pausas. Há quatro horas ele trabalha diante do seu terminal e ele não é mais tão jovem. Dentro da perspectiva clássica. O ergonomista detém conhecimentos dos efeitos de duração do trabalho sobre o organismo humano.2. O trabalhador apresenta sinais de fadiga. podendo ajudar na melhor formulação dos problemas e do treinamento. O ergonomista sabe muitas coisas sobre o raciocínio desse trabalhador. e. Para melhor entendimento. 1981. o ponto de partida é o da existência de conhecimentos generalizáveis acerca do homem. caracterizando o caráter social do trabalho. Nela estão representados os três campos de especialidade da ergonomia. Este trabalhador não está sentado sem fazer nada. Ele sente dor nas costas. Considere o exemplo que segue 2. O ergonomista conhece bem os problemas relacionados com a coluna e pode ajudar na concepção de cadeiras melhores adaptadas. A ITIV GN CO 5 . FÍSICA O RG AN IZ AC ION AL Figura 1: Campos de especialização da ergonomia. com as quais interage e se complementa. O ergonomista sabe muitas coisas sobre os olhos e a visão. Assim. Como tais sistemas normalmente são complexos. uma queixa acerca de um instrumento de trabalho. Nada nos garante que. confrontando as diferentes dimensões e construindo uma nova representação para a situação global. tanto técnicos como econômicos e sociais. envolvendo diferentes perspectivas. e portanto mais eficaz. forjando uma resposta pontual. Dentro da perspectiva da ergonomia situada. frente a uma demanda. considera-se que as atividades de trabalho não são determinadas unicamente por critérios ergonômicos. uma resposta parcial. Este princípio baseia-se na decomposição da situação de trabalho em apreciações de dimensões parciais e a sua recomposição posterior. pois para cada variável específica. cognitivas e organizacionais. a prática da ergonomia consiste em emitir juízos de valor sobre o desempenho global de determinados sistemas homem–trabalho. trabalhador considera seu trabalho repetitivo e isolado. buscar a formulação de respostas às demandas que surgem no interior das situações produtivas. determinadas por outros fatores. Em ergonomia a análise é sempre parcial. 1. por exemplo. buscando compreendê-la. no conjunto. da medicina do trabalho e da engenharia ocupacional. O ergonomista detém conhecimentos sobre o interesse das tarefas e as comunicações na equipe. ou seja. como a da produção. a implantação de sistemas de produção são. procura-se apoiar a avaliação sobre o desempenho global no princípio de análise/síntese. Assim. 6 . É a partir desta compreensão que ele decompõe a atividade em dimensões parciais e produz suas análises. Significa também reconhecer as outras racionalidades presentes. dependendo da forma de condução da ação. produzir um consenso negociado acerca das ações a serem realizadas. No entanto. o ergonomista deve resistir ao instinto de usar os seus conhecimentos de imediato. Ele pode ajudar a conceber uma organização mais satisfatória. Considerações Assumir a perspectiva da AET significa colocar a atividade de trabalho no centro da análise e a partir da compreensão desta.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. a resposta deve ser global. a partir dos conhecimentos acerca do homem no trabalho. integrando variáveis e respondendo para aquela situação específica. Compreender a situação de trabalho significa analisá-la detalhadamente em suas dimensões físicas. a concepção de máquinas e ferramentas. A organização do trabalho. sobre variáveis identificadas e isoladas. e ao confrontá-las. Todas as questões apontadas na relação de um sujeito e o computador são importantes e a ações sugeridas pelo ergonomistas irão contribuir para a melhoria de qualquer situação de trabalho deste tipo. tais soluções parciais não sejam conflitantes. para cada condicionante.3. quais são os elementos determinantes. porém. Ele deve abstrair estes conhecimentos e olhar para a atividade de trabalho como um todo. pode ser gerada. o processo não teria fim. por exemplo. também. O terceiro pressuposto trata do conceito de carga de trabalho.23. Estes conceitos serão apresentados em maior profundidade na seqüência. Fundamentos conceituais para a AET Como já estabelecido a ergonomia integra conhecimentos de diferentes especialidades. que têm validade histórica. aquilo que o sujeito realmente faz para atingir os objetivos prescritos. às características da empresa. Ergonomia e Trabalho Enquanto disciplina a ergonomia tem necessariamente que estabelecer um conceito para o termo trabalho. O segundo pressuposto está associado ao conceito de variabilidade. para o trabalho. São quatro os conceitos básicos a serem compreendidos. Os fundamentos ou pressupostos conceituais da ergonomia caracterizam aquilo que é próprio desta disciplina.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. O conceito de técnica é assumido enquanto um Ato Tradicional Eficaz. o sentido do trabalho se altera e modifica no decorrer da história humana. 1934. O esclarecimento destes termos leva necessariamente ao conceito de trabalho e sua relação com a ergonomia. 1997. no sentido que estabelece uma compreensão para o significado dos artefatos de uso e de trabalho. Este está associado as diferentes dimensões humanas mobilizadas pelo o sujeito que trabalha. Maus 3 propões conceitos para a técnica e derivado desta. os outros sujeitos com que nos relacionamos (outro) e o mundo. englobando sua dimensão biológica. cognitiva e subjetiva.p. 7 . 2. Considere a figura 2. Na figura os três pólos do triângulo representam o sujeito (ego). Dentro de uma perspectiva antropológica. O primeiro termo da definição (ato) nos 3 Mauss. Tarefa é aquilo que a organização do trabalho estabelece ou prescreve para o trabalho a ser realizado. enquanto construção social. O primeiro deles trata da distinção entre tarefa e atividade. cenário e contexto desta relação (Real). citado por Dejours. Trata-se de reconhecer a diversidade no interior das situações produtivas. aquilo que constitui o olhar da ergonomia e orienta tanto a pesquisa como a aplicação. A atividade.1. Esta é associada tanto às características e condutas do homem que trabalha. Finalmente o conceito de modo operatório que decorre dos conceitos anteriores e representa a resposta individual às determinantes de uma situação de trabalho. Esta é uma tarefa difícil na medida que. bem como. Ao final será apresentada uma síntese conclusiva da perspectiva da ergonomia sobre o estudo do trabalho. 2. REAL Atividade Útil EGO Coordenada Figura 3: Conceito de trabalho. um isqueiro um pedaço de giz. o trabalho sempre se dá pela interação dos sujeitos e pressupõe uma divisão tarefas. que de uma forma ou de outra. Um artefato é reconhecido enquanto técnica pela incorporação de sua pertença a uma cultura e a um contexto social. segundo critérios de eficácia. condição para o seu reconhecimento no interior de uma cultura. necessitamos recorrer ao que nos diz o terceiro termo da definição (eficaz).Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. no mesmo triângulo e pólos. julgam este atos. Nela está representado o conceito de trabalho. Estes atos assumem significado para os outros. O segundo termo (tradicional) trata da inserção social do artefato. ato este que faz parte de uma cultura. Isto pode ser facilmente compreendido se olhamos para artefatos simples como uma caneta. A eficácia de um artefato. REAL Ato Eficaz EGO Tradicional OUTRO Figura 2: Conceito de técnica. OUTRO 8 . Disto resulta que a atividade será sempre condicionada por prescrições que a integram no conjunto de outras tarefas interrelacionas. passa necessariamente por um julgamento. estão embutidas ações humanas sem as quais os efeitos esperados do uso não seriam possíveis. Para que haja tal reconhecimento. O conceito estabelece que na relação do sujeito com o mundo interpõem-se artefatos. Em todos eles. nos quais estão pressupostos atos do corpo humano. Ou seja. Considere a agora a figura 3. indica que todo artefato pressupõe um ato do corpo. que pode ser em consonância ou dissonância com a tradição. A utilidade social do trabalho implica a necessidade de coordenação. O conceito de trabalho é definido enquanto Atividade Coordenada Útil e pode ser compreendido como uma categoria mais restrita da técnica. O que distingue é que o trabalho sempre estará inscrito sob o julgamento da sua utilidade social. Observe na Foto dos remos indígenas. Assumir tal definição é útil para a ergonomia por possibilitar esclarecer a distinção entre trabalho prescrito (tarefa) e trabalho real (atividade). quanto o trabalho contemporâneo. posto que uma arma mal confeccionada com a qual não se podia agir com suficiente eficácia. assim como é provável que tais homens pré-históricos fabricassem instrumentos para o uso próprio. Não é absurdo supor que existisse ali algum nível de especialização e de divisão de tarefas. a comodidade e a correspondência exata dos instrumentos de trabalho às necessidades do homem eram questão de vida ou morte.34 milhões de anos. denota-se 4 5 Na Folha de São Paulo. 9 .1. fabricados no local por homens pré-históricos tem cerca de 2. O trabalho real. Munipov. está inserido num contexto social e os seus resultados são julgados segundo critérios de utilidade. Conceituar trabalho desta maneira é importante porque a partir de tal definição pode-se compreender tanto um grupo pré-histórico caçando. A mais antiga fábrica de ferramentas do mundo4 foi encontrada no sítio aqueológico de Lokalalei. Trabalho prescrito Os achados históricos e arqueológicos atestam que os homens primitivos criavam ferramentas muitas bem adaptadas para o seu próprio uso. nos tempos pré-históricos. em 09 de Maio de 1999. no interior da própria definição de trabalho. prescritos em termos de uma tarefa. Como ironizou o ergonomista Munipov5. É muito tempo quando comparamos com o tempo histórico. 1985.1. O trabalho prescrito é aquilo que resulta das características de coordenação e dos critérios de utilidade adotados. significava ao mundo. o trabalho constitui-se de uma atividade realizada sob um conjunto de prescrições. o diâmetro dos cabos. perto do lago Turkana no Quênia. aquilo que o sujeito realiza a fim de atender aos objetivos das prescrições. a forma das pás e a harmonia estética do conjunto. Foto 1: Remos de tribos amazônicas pré-colombianas. 2.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. Tanto lá quanto cá. como as pegas com ressaltos aumentam a área de contato e proporcionam uma melhor empunhadura. Instrumentos de pedra lascada. Com isto. a perda de um mal designer. A partir XI destaca-se um processo de desenvolvimento técnico. 10 . bem como. trabalho e vida pessoal. Deu-se início um processo de normalização técnica dos produtos. em particular suas idéias associadas às técnicas de padronização do trabalho e dos modos operatórios. A vinculação entre o sujeito e o objeto se estabelece a partir do projeto do trabalho. com o crescimento da indústria. no que se refere à eficácia. Ao faze-lo. do tipo one best way. já no do século XV. onde a coordenação adquire o status de disciplina científica por meio da Administração e Engenharia de Produção. Zilbovicius. Primeiro porque. Isto é o que se chama Modelo Taylorista. Sejam nas sociedades agrárias. vigentes no final do século XIX. sejam nas comunidades artesãs. que se processam transformação importante no sentido do trabalho. As mudanças das relações entre sujeitos. produto da ação do engenheiro. Princípios da Administração Científica. até meados do século XVIII. a forma de organizar o trabalho. 1978. reivindicando-se do método científico. 1981. incluindo o trabalho . ou da sua coordenação. hoje superado em sua essência8. o julgamento de utilidade e as atividades de trabalho configuravam-se enquanto deliberações do grupo. Durante um longo período a coordenação. tanto do ponto de vista da fabricação quanto da qualidade. com a expansão do uso de moinhos. 1999. O homem sempre buscou melhorar suas ferramentas. engendram novas formas de coordenação. aparecimento da roda d’água e das prensas à parafusos. trabalho e cultura. configura-se a passagem do reino das ferramentas ao reino das máquinas6.o engenheiro. Nas palavras de Zilbovicvius. Além do modelo. A dissociação entre sujeito e objeto (promovida por Taylor) é absolutamente coerente com o paradigma e o método científico positivista. o objeto . ainda era muito diferente de como se estruturam as situações produtivas nos diais atuais. É a partir da metade do século XVIII. trabalho e moradia. F.deve estar completamente separado do sujeito . citado por Santos et al. confere à coordenação do trabalho e por conseqüência às prescrições.os fatores de produção. Para a aplicação (do método). O legado de Frederick Taylor7 é bastante conhecido. o caráter de conhecimento científico. não se estabelecia uma separação entre tempo de trabalho e de ócio. tanto no sentido estético e de conforto. aperfeiçoamento dos tornos. Taylor. artefatos e a forma de julgamento da utilidade do trabalho. os artefatos de trabalho definitivamente já não estão mais sobre o controle de quem os usam. É na metade do século XIX. quando emerge a indústria como a conhecemos hoje. a importância dos instrumentos de trabalho no desenvolvimento técnico e cultural da humanidade. No que pese o distanciamento que começa a se estabelecer entre concepção e uso dos artefatos de trabalho. a mais importante construção abstrata de Taylor. Atlas.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. Segundo porque o julgamento utilidade do trabalho passa pela intermediação do salário. foi a separação promovida por ele entre sujeito (planejador) e o objeto (produção). dentro de um modelo de racionalidade produtiva. 1995. O 6 7 8 Guille. Ao final deste processo. O conjunto das prescrições passa a ser integrado. os métodos que orientam a ação dos planejadores na concepção e na coordenação das situações produtivas. em grande parte. isto é. Pressupondo portanto. é reconhecida uma certa Engenharia do Cotidiano à qual é delegada a resolução das questões não previstas. as situações produtivas passam a operar segundo modelos de racionalidade produtiva. Nas palavras de Taylor9. consiste em preparar e fazer cumprir essas tarefas. realiza a fabricação. dentro de uma certa racionalidade. O trabalho. Taylor não é o inventor do trabalho prescrito. p. 2000. estuda-se cada movimento. bem como uma certa lógica de coordenação. abstratas. enquanto atividade originalmente social. a partir das prescrições geradas pelos primeiros. um analista (planejador) define a partir das diferentes formas que uma atividade é executada aquilo que seria a melhor maneira de realiza-la. decompõe-se a atividade em movimentos elementares. instruções escritas completas que minudenciam a tarefa de que é encarregado e os meios usados para realiza-la. Salerno. A idéia da tarefa é o mais importante elemento da administração científica. Assim. Fica estabelecida uma divisão no interior do processo de produção. estabelecendo seu ótimo. decorre das novas exigências de flexibilidade e de uma compreensão que a eficiência da produção se daria da mobilização dos sujeitos para agirem sobre a variabilidade das situações. 9 10 Taylor.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. sempre comportou uma divisão social e uma divisão técnica. A tarefa emerge da recomposição dos estudos elementares. buscava iguala-la à atividade. O recuo que se dá no sentido das prescrições ou da noção de tarefa 10. tiveram sua importância reduzida dentro da racionalidade produtiva atual. na maioria dos casos. Seja na sua forma original (modelo japonês) seja na versão ocidentalizada (produção enxuta). manifestos nas prescrições que irão condicionar as atividades de trabalho. com um dia de antecedência e cada homem recebe. citado pro Salerno. das ações a serem executadas. 1978. Estas práticas. dentro deste modelo. o trabalho dos indivíduos que operam com variáveis simbólicas. O trabalho de cada operário é completamente planejado pela direção. a possibilidade de um sujeito externo ao trabalho conhecer a priori. 2000. e o trabalho que. 54. assumindo o status de modelo otimizado e universal. entre o trabalho de geração de projetos. 11 . articuladas segundo uma abordagem teórico/científica. A partir de então. Posteriormente. o conjunto de condicionantes de uma situação de execução. projeto é um instrumento de prescrição. Na tarefa é especificado o que deve ser feito e também como faze-lo. A administração científica. coube a ele legitimar do ponto de vista da racionalidade científica. senão superadas. englobando critérios de julgamento de utilidade. àqueles que executam o trabalho direto. No entanto. pelo menos.A noção de tarefa dentro da perspectiva de Taylor. além do tempo exato concebido para a execução. Engloba tanto as condições materiais do trabalho. exigindo novas práticas. propondo um relacionamento triangular entre: modelos. É por isto que não se deve confundir o método de Taylor com o seu modelo. (1999). Extraída de Zilbovícius. os modelos constituem acima de tudo. prática e modelo. bem como. que se altera quando o ambiente se modifica. No nível geral. 1994. Dentro da perspectiva representada na figura. 2. Constitui-se naquilo que o sujeito faz para atingir os objetivos da tarefa. A figura 4.2. Segundo. Trabalho real O trabalho real é a antítese do trabalho prescrito e não necessariamente o seu contrário. Existe uma razão fundamental para a distinção destes conceitos11. Na gênese de um modelo encontram-se as técnicas e práticas que têm origem no interior das situações produtivas e cujos resultados são valorizados. os aspectos imateriais. práticas e ambiente. dará legitimidade para os modelos e reforço às práticas. aspectos significativos da tarefa estão previstos e inscritos nos 11 Obredame & Faverge. em particular a organização prescrita do trabalho. Independente de qual modelo de racionalidade produtiva se adota. Das considerações. representações que orientam as práticas do engenheiro.1. envolvendo o ambiente e os dispositivos de produção. Figura 4: Relacionamento entre ambiente. Enquanto o modelo foi paulatinamente sendo questionado e criticado frente aos conhecimentos acumulados sobre o homem no trabalho. os modelos têm sua vida determinada pela representação da eficácia produtiva. em dado contexto ou ambientes. social e cultural. representa o processo de institucionalização dos modelos de racionalidade produtiva. Tal valoração contextualizada da eficácia produtiva em um ambiente econômico. 12 . as quais deverão ser geradas no interior das situações produtivas.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. citado por Wisner. o que resulta deste modelo é um conjunto de prescrições. identifica-se em primeiro lugar que as práticas constituem as bases para a construção de modelos. o método continua sendo referencial para a teoria e prática das ciências da administração. o trabalho prescrito constitui-se de tudo aquilo que é estabelecido a priori para que uma atividade de trabalho aconteça. Se por um lado. o sucesso do saber e o revés ocasionado pelo real. o sujeito sempre descobre coisas novas. que não estão previstos e sujeitos à descoberta do trabalhador. nunca podemos conhecê-lo em sua plenitude. O real. uma vantagem e um sofrimento. Numa dada atividade de trabalho. seja do homem seja dos dispositivos técnicos e organizacionais de produção. ensinamentos da formação e no treinamento profissional. À inteligência mobilizada no trabalho. engendra novas formas de execução que. A realidade é um estado de coisas. Toda atividade. um enigma a decifrar. em número indefinido. via de regra. é sempre um convite a prosseguir no trabalho de investigação e de descoberta. Nas palavras de Dejours. Sofrimento. falta ao achado técnico o julgamento pelo outro. Vantagem porque o sujeito. 13 . 12 13 Dejours. p. O imprevisto decorre em parte. vantajosas. é o que chamamos de macetes de ofício e que irão constituir o saber fazer próprio.. cuja conseqüência seria estudar o trabalho real para incorporar os achados na prescrição da tarefa. qualquer que seja.1997. por sua vez. A constatação da existência de elementos no trabalho não previstos na tarefa levará a ergonomia a uma construção conceitual que distingue o trabalho prescrito (tarefa) e o trabalho real (atividade). de certa forma.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. Estas descobertas que o sujeito faz e incorpora ao seu trabalho. outra alternativa senão tornar público os seus achados. a partir das suas descobertas. então. então. ou seja o real no mundo das coisas e no mundo social12 é aquilo que no mundo se faz conhecer por sua resistência ao domínio técnico e ao conhecimento científico. das manifestações do real. de uma profissão. a nova situação faz surgir novos limites de aplicação e de validade. deve-se proceder à distinção conceitual entre real e realidade. os gregos.é aquilo no mundo que nos escapa e se torna. significando astúcia ou inteligência da prática. Sem a publicidade. Para compreender a mobilização necessária nas atividades de trabalho. Tal distinção não pode ser entendida com uma falta de prescrição ou debilidade na formulação da tarefa. no sentido que reduzem a carga de trabalho necessária para atingir o objetivo da tarefa. da variabilidade. ou seja. tácito. Isto significa ao mesmo tempo. De outra parte. Pelo contrário a identificação da distância entre tarefa e atividade assinala para a ergonomia a necessidade de evidenciar a mobilização subjetiva do sujeito que trabalha. designavam métis. porque encerra na solidão o sujeito que trabalha. assim como novos desafios ao conhecimento e ao saber. a atividade condensa. e sobretudo. Não resta ao sujeito que trabalha. outros há. 41 a 51. o que é o trabalho real ou atividade? A atividade condensa aquilo que no trabalho é apreendido. Idem. O real é a parte da realidade que resiste à simbolização. leva ao reconhecimento de um paradoxo no interior das situações de trabalho. Se o real é inatingível. porque o novo sempre se manifesta nas interações entre um sujeito e o real da sua situação de trabalho. implica uma execução fora da tradição e fora da norma13. Assumir a existência de uma inteligência da prática. em um compromisso que contém uma dimensão de imaginação. inovação e invenção. Mas tão logo dominada pelo conhecimento. a responsabilidade pesa apenas sobre uma cabeça como também.. A Figura 5 expressa esta relação. Variabilidade A variabilidade está presente nas situações produtivas e decorre tanto dos sujeitos como do dispositivo técnico e organizacional. as questões postas pelo ponto de vista da atividade produzem uma tensão com a lógica de racionalidade produtiva ao disputar o espaço de articulação entre os bens e serviços produzidos e as atividades de trabalho necessárias para a sua realização. aquele sem o qual o achado fica condenado a manter-se fora da tradição e não ser reconhecido como parte integrante do ato técnico. decorrente dos reveses da situação. ou aquilo que não foi previsto. Em última instância esta disputa se dá em torno de qual será a organização prescrita do trabalho. os mecanismos de coordenação e os dispositivos técnicos e organizacionais que irão atuar no interior das situações produtivas. coloca de um lado a lógica do trabalho prescrito derivada de um modelo de racionalidade produtiva e estabelecida a priori pela organização prescrita do trabalho. que condensam questões determinadas pelo que é produzido e as condições técnicas e organizacionais para a sua realização. manifesto dentro das situações produtivas.1. O reconhecimento e a conceituação teórica destas duas categorias de racionalidades impõe para a ergonomia a necessidade de estuda-las separadamente para posteriormente confronta-las. Bens e Serviços Ponto de Vista da Atividade Processos de Trabalho Figura 5: Tensão entre o ponto de vista da atividade e a racionalidade produtiva. compreender 14 . de seu talento ou de sua engenhosidade. e decorrente da mobilização subjetiva dos sujeitos e em particular do uso da inteligência da prática.2. de seu savoirfaire.3. O estudo de suas fontes e os seus efeitos sobre as situações de trabalho busca por meio da AET.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. de sua habilidade. a lógica da atividade. Conceitualmente a variabilidade está associada ao imponderável. aquilo que faz o sujeito perder o benefício do reconhecimento e de suas competências. o que resulta numa organização real do trabalho. 2. e de outro. ou seja. Confrontação do trabalho prescrito e do trabalho real O itinerário percorrido até o momento. Racionalidade Produtiva 2. Dado o caráter integrador das atividades de trabalho. Ela implica para o ergonomista estabelecimento tipologias e a definição de um conjunto de características representativas das situações de trabalho deste tipo. Quanto mais experiências ele experimenta mais ele desenvolve a sua competência. No tocante à variabilidade da empresa. Eles desenvolvem competências especificas (inter-individual). 1991. e a variabilidade incidental. Iida. destacam-se duas categorias: a variabilidade normal17.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. A consideração da variabilidade no projeto do trabalho do ponto de vista físico. a ergonomia classifica uma variabilidade intra-individual. a ergonomia trata da variabilidade por meio do conceito de espaço de regulação. porque peças fabricadas no mesmo molde apresentam porosidades diferentes e implicam em cargas de trabalho totalmente distintas. 1992 Gerin. tanto em termos de duração como de conteúdo? A investigação de fatos deste tipo pode nos remeter para nos remeter para o intrincado relacionamento entre tarefas e setores produtivos. se dá por meio de princípios de projeto como o projeto para indivíduos extremos16. No referente à variabilidade dos sujeitos. dois sujeitos com o mesmo tempo de trabalho não necessariamente realizam suas atividades da mesma forma. que busca atender às variações antropométricas e biomecânicas por meio da utilização dos valores mínimos e máximos das variáveis em questão. Santos et al. que considera as diferenças biocognitivas e histórias de vida de cada um. a solução proposta. como os trabalhadores enfrentam as diversidades e as variações de situações e quais conseqüências elas acarretam para a saúde e para a produção14. No campo cognitivo e psíquico. relacionada aos materiais. Por exemplo. com diferentes tamanhos e graus de complexidade é uma variabilidade normal. que exigem investigações mais detalhadas. Por exemplo. et al. a existência de um conjunto de moldes. Pode ser que nada se possa fazer. decorrente de eventos aleatórios e desconhecidos antes da sua revelação pelo revés. reconhecer a ocorrência de tais variações implicará em buscar responde-las na formulação de soluções do tipo ergonômica. no entanto. o tempo de serviço numa dada atividade provoca mudanças na forma que um sujeito realiza o seu trabalho (intra-individual).. Por exemplo. para uma dada faixa da população. equipamentos e organização. Por outro lado. 14 15 16 17 Gerin et al. 1991. e a variabilidade inter-individual15. que busca considerar as alterações que o indivíduo sofre ao longo do tempo. buscando dar margem à manifestação de diferentes modos operatórios e reconhecendo as habilidades tácitas postas em jogo no trabalho. decorrente das características intrínsecas do trabalho executado e que podem ser do tipo sazonal ou periódica. posteriormente. 1997. Por outro lado existem variabilidades incidentais. em contraposição ao uso das médias. A escolha aleatória de uma atividade pode implicar na desconsideração de aspectos significativos que inviabilizarão. 15 . A forma clássica.3. Uma primeira que descreve a atividade como rotineira e situada no campo da resolução de problemas. 1998 Millot. No que se refere ao planejamento da produção. o reconhecimento da variabilidade implica na necessidade reconhecer a instabilidade implícita. sendo a última subdividida em cognitiva e psíquica. de tratar a variabilidade é através dos índices de desempenho. No tocante à AET. o modelo de racionalidade produtiva em voga denomina Engenharia do Cotidiano. estabelece duas diferentes representações para a atividade dos planejadores. na Engenharia Industrial.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. 1988 16 . A atividade assim como o homem é um ser único. O conhecimento de suas fontes não permite a eliminação global das mesmas. Tal distinção nas representações revela de fato a existências de dois diferentes níveis de planejamento: o planejamento que estabelece os meios e metas de produção a serem atingidas (planejamento agregado e planejamento mestre). bem como. e a sua reelaboração no chão de fábrica. a carga de trabalho é dividida em uma parcela física e outra mental. por meio da Para efeitos de análise. Carga de Trabalho O conceito de carga de trabalho está capacidade de trabalho que o operador um modelo de homem com capacidade carga de trabalho. Crawford. no planejamento da produção. no sistema homem-trabalho. Outro aspecto fundamental da variabilidade é a existência de diferentes níveis de percepção que os atores presentes no processo produtivo têm das suas manifestações. 2. Os efeitos da variabilidade sobre a carga de trabalho implicam na sua elevação ou diminuição e determina a necessidade de uma reelaboração constante pelos trabalhadores do seu modo operatório. Esta divisão da carga de trabalho em dimensões é puramente teórica. do estudo de tempos médios de execução e do rendimento de fábrica. os quais mascaram as flutuações e os aspectos desconhecidos da realidade da atividade. o rebite. dentro dos limites da modificação do seu modo operatório. pergunta-se: seria a carga de trabalho 18 19 Crawford et al. associado em ergonomia à fração da investe na tarefa 19. com um caráter formal e estruturado e normalmente relacionado a uma dimensão temporal de médio e longo prazo. É fácil compreender isto considerando. porém a síntese conclusiva do que é a carga de trabalho em uma atividade deve ser global. Podemos analisar individualmente cada uma destas dimensões. Normalmente a variabilidade é pouco considerada ou subestimada nos processos de projeto de situações produtivas18. um sujeito unindo peças com rebites e usando um martelete pneumático. Se considerados constantes. Tal idéia pressupõe de trabalho limitada. não podendo ser reduzido a uma ou outra dimensão. e outra que revela um comportamento baseado no conhecimento e nas habilidades tácitas. porém permite introduzir tal conhecimento na concepção dos dispositivos técnicos de produção e na organização do trabalho. A isto. por exemplo. o qual regula sua sua capacidade disponível. o instrumento e uma determinada postura. cujo caráter desestruturado é condicionado pelas diferentes fontes de variabilidade envolvidas. funciona como um regulador que pode atuar no sentido do aumento ou da diminuição da carga de trabalho. Psíquica Situação 1 Cognitiva Física Carga de trabalho global Física Cognitiva Situação 2 Psíquica Negativa Acréscimo na capacidade de realizar trabalho. o que altera as demandas físicas.. Isto pode ser decorrente de uma divisão mais intensa de tarefas. expresso por sua vez. em uma situação de carga psíquica negativa. A situação 1 é representada com carga psíquica positiva. aspectos decorrentes da organização do trabalho. não advém só da ausência de funcionamento. de um livre funcionamento. em matéria de carga psíquica.. maior serão as exigências em termos de raciocínio e de atenção. são demonstrados pelo autor com estudos sobre pilotos de caça. Dejours20 apresenta um modelo quantitativo que o denomina de abordagem econômica do funcionamento psíquico. 1994. como a possibilidade realizar trabalho se amplifica21. Para o autor o trabalho torna-se perigoso para o aparelho psíquico quando ele se opõe a sua livre atividade. Numa junção crítica o sujeito intuitivamente realizará movimentos mas refinados e precisos. Na realidade industrial. dos relacionamentos conflituosos entre chefia e operadores. Na figura estão representadas duas situações de trabalho. Ele mostra que dado as 17 . a tentativa de uma quantificação absoluta para a carga de trabalho. é apresentada uma situação hipotética de carga psíquica negativa. esbarra no setor da carga psíquica. decorrendo da vivência e portanto. mas pelo contrário. o modelo regulador indica que. articulado dialeticamente com o conteúdo da tarefa. física a mesma para qualquer situação deste tipo? A resposta é não. Dependendo da relevância da união específica em execução a carga cognitiva se altera. 20 21 Dejours. não só é liberado espaço para uma maior carga física e cognitiva. Ainda. Tal componente é sobretudo qualitativa e socialmente contextualizado. da percepção subjetiva do sujeito. diretamente associada e determinada pela organização do trabalho. A figura 6 representa este modelo. Figura 6: Setores da Carga de Trabalho e regulação psíquica. enfim. Dentro deste modelo a parcela correspondente à parte psíquica. O bem estar. inexistem situações deste tipo. na própria tarefa e revigorado por ela. Considerando que o sujeito tem uma capacidade limitada para a realização da sua carga de trabalho. Quanto maior a importância relativa da tarefa. O conceito de carga psíquica negativa e a conseqüente amplificação na capacidade de realizar trabalho.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. Na situação 2. sexo. sob o ponto de vista da ergonomia.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. O resultado da carga de trabalho realizada por sua vez. baseiam-se na identificação dos aspectos físicos e cognitivos presentes na atividade. sua vida pessoal.No modelo é considerado de um lado a empresa. eles retornam de suas missões num estado físico e mental superior ou melhor daquele do início da missão. a empresa também impõe suas condicionantes: as exigências cognitivas da tarefa. os movimentos e posturas pressupostos. a solução do tipo ergonômica só poderá ser efetiva se equacionar os dois lados do modelo. A carga de trabalho constitui-se na síntese que resulta da confrontação destes dois níveis de condicionantes. Normalmente é este retorno que se dá sobre o sujeito e sobre a empresa que está na origem de uma demanda para a intervenção de ergonomia. dentro de uma situação produtiva específica. hierarquia e o regime de trabalho. as máquinas. De um lado a empresa com a tarefa e de outro o trabalhador com a atividade. o que se manifesta em termos de produção e produtividade. de outro o trabalhador. Considere a figura 7. Qualquer quantificação da carga de trabalho. e. ferramentas e o meio ambiente. Nela é apresentado o modelo integrador da atividade de trabalho. e. Esta relação é intermediada por um contrato de trabalho. e não a busca de valores absolutos. Retorna sobre o trabalhador o que se manifesta sobre seu estado de saúde. retorna sobre ambos. O trabalhador impõe uma série de condicionantes para a realização da atividade: suas características físicas. 18 . seu estado momentâneo. A isto chama-se trabalho estruturante. No que pesem as dificuldades de serem estabelecidos valores absolutos para a carga de trabalho. sob um contexto organizacional que condiciona a carga psíquica. Portanto. Tais indicadores. retorna sobre a empresa. idade. é entendida como a busca de indicadores. sua qualificação e experiência e competência. Por outro lado. o estabelecimento do que constitui a carga de trabalho e os seus determinantes ocupa lugar central na AET. a divisão de tarefas. características estes sujeitos e do seu trabalho. A isto se chama em ergonomia de caráter operante dos seus modelos. Numa situação de trabalho. a carga de trabalho é resultante das condicionantes humanas e daquelas advindas da empresa. Trabalhador Contrato Empresa Tarefa Dados do Sujeito Nível de Fromação Estado instantâneo Vida fora do trabalho Complexidade da tarefa Exigências físicas Organização do trabalho Dispositivos técnicos Atividade Carga de trabalho Saúde Física Cognitiva Psíquica Produtividade Figura 7: Modelo integrador da situação de trabalho. 2. os meios disponibilizados. transformando as compressões dos efeitos da carga de trabalho sobre a saúde e sobre a produção. 1996.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. Em 22 23 adaptada de Guerin et al. com a apresentação do conceito de regulação e modo operatório. Para a compreensão destes conceitos. como apresentado no exemplo do homem com um computador. considere o apresentado na Figura 822. decorrente da variabilidade do homem e das condições técnicas e organizacionais. onde é apresentado o Modelo Operante 23 da ergonomia. Capacidade de revelar os aspectos obscuros de uma atividade de trabalho e indicar rumos para a ação. Finalmente. os determinantes da situação. a partir da AET. Regulação e modo operatório Os conceitos apresentados até o momento demonstraram a existência de uma distância irredutível entre o trabalho prescrito e trabalho real e uma instabilidade no funcionamento das situações produtivas. e frente a um dado contexto onde estão fixados os objetivos e disponibilizados os meios. qual constrói seu modo operatório. Daniellou. e o estado interno do sujeito. sejam físicos. 1991.4. Faz-se necessário estabelecer. Nela está representado que toda atividade comporta uma confrontação entre: os objetivos da tarefa. cognitivos ou psíquicos e integra-los numa solução do tipo ergonômica. o sujeito elabora uma representação da situação e a partir desta. 187. 19 . Demonstrou-se ainda que uma situação qualquer. p. pretende-se demonstrar como é garantida a eficácia no trabalho. os resultados obtidos pela realização da atividade. É por isso que frente a um conjunto de condicionantes a ergonomia não pode agir indistintamente sobre as mesmas. portanto. do puro e simples respeito às instruções mas sim graças à capacidade de regulação da atividade desenvolvidas pelos sujeitos atuantes. deriva de uma representação da situação das possibilidades de regulação que ela apresenta e de uma competência. Ele está usando uma determinada espátula (meios) e percebe que não consegue acessar uma certa parte do molde o que resulta na não aderência das camadas ( esultado).. Tal competência. Modo operatório é um termo próprio da ergonomia que visa caracterizar as diferentes maneiras de se executar uma mesma tarefa. A escolha pelo sujeito de um modo operatório específico. a um metier. p. Numa situação idealizada. A eficácia do trabalho não provém. p. decorrência deste.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. Imagine um sujeito laminando uma peça (objetivo). Ele pensa (estado). 1996. 1997. 89. que o sujeito direciona a sua ação. A exposição ficará mais clara a partir do exemplo que segue. citado por Santos et al. resultados são alcançados e o sujeito assume um determinado estado. Resultados Objetivos Regulação Modo Operatório Meios Estado Figura 8: Modelo Operante. envolve também as habilidades tácitas que não são sempre simbolizadas. para fazer face às exigências da tarefa em curso. Dejours. se por um lado deriva da formação do sujeito e da sua preparação para o trabalho. Tais habilidades representam aquilo que não pode ser ensinado e que não deriva do conhecimento formal. 341. É portanto a partir de uma representação da realidade ou de um estado das coisas. o sujeito constrói uma nova representação e define um novo modo operatório. considerando os resultados obtidos e o estado em que se encontra. 44 20 . Terssac & Maggi.1997. O conceito de representação24 define uma construção mental circunstanciada. a inteligência do corpo e do pensamento engajada nessas atividades muitas vezes antecipa-se à consciência e à simbolização desses atos práticos26. Elas são inerentes a uma profissão. se eu r 24 25 26 Richard. p. feita num contexto particular e com fins específicos.. de uma parte para gerenciar as variações das condições externas e internas da atividade e de outra para levar em conta os efeitos da atividade25. e frente ao revés da situação. Considere que depois de alguns minutos o sujeito passa a sentir um desconforto no punho (estado): a) ele gira o molde (regulação) e passa a laminar em uma nova posição (modo operatório). pensa: se eu girar o punho. Considere que ele não disponha de uma ferramenta mais apropriada. A situação exemplificada é hipotética e visou apenas firmar os conceitos de regulação e modo operatório. Ele gira o punho (regulação) e por conseguinte a ferramenta. 2. Ele executará os mesmos passos.5. e passa a executar a operação nesta condição (modo operatório). A situação como descrita representa uma situação ideal de trabalho. A Figura 9 apresenta o Modelo operante para a segunda situação. posso acessar aquela porção (representação). b) ele não pode girar o molde (regulação) e mantém a mesma postura na operação (modo operatório degradado). ele pode trocar de ferramenta ( egulação) e escolhe uma espátula que lhe permite movimentos r mais finos (modo operatório). O sujeito pode regular sua carga de trabalho escolhendo sua ferramenta e adotou um novo modo operatório. e. Entre uma situação onde o sujeito possui amplos espaços de regulação e outra extrema. Uma pequena modificação pode nos levar a outro resultado. onde os condicionantes são tais que comprimem os espaços de regulação e a possibilidade de reelaboração dos modos operatórios. pode-se estabelecer o que significa o sucesso de uma intervenção de ergonomia. Considerações finais Os conceitos apresentados são fundamentais para a compreensão da AET e irão constituir a base da linguagem a ser adotada no decorrer da Análise Ergonômica do Trabalho das situações em estudo. Nela observase que o estado do sujeito não alimenta o mecanismo de regulação. Considerando tais conceitos. Pode-se imaginar dois desfechos para esta história. trocar de espátula poço acessar aquela porção (representação). São dois 21 . Resultados Objetivos Regulação Modo Operatório Degradado Meios Estado Figura 9: Modelo Operante em estado degradado.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. existirá um conjunto de possibilidades que só a análise da situação de trabalho em seu contexto irá nos revelar. Ele passa a adotar modos operatórios degradados por conta da falta de um espaço de regulação. Método para Análise Ergonômica do trabalho Nos itens anteriores foram apresentados os fundamentos e os objetivos da ergonomia. O Segundo. novos conhecimentos acerca de homem no trabalho. Ao contrário. O primeiro representa a fase de análise subdividida em três etapas: análise da demanda. b) redução da carga de trabalho. 3. Considera-se portanto. é a partir da realidade da atividade e das hipóteses explicativas da carga de trabalho contextualizadas numa situação específica. surgem hipóteses que irão direcionar o prosseguimento do estudo. e. que no desenho do trabalho deve-se buscar ampliar as possibilidades de adoção dos distintos modos operatórios frente às circunstâncias da situação de trabalho. em primeira instância. análise da tarefa e análise da atividade. Como apresentado na Figura 10a. a fase de síntese. na proposição de mudanças na situação em estudo. O resultado de uma ação ergonômica desemboca. Na seqüência é apresentado o método de Análise Ergonômica do Trabalho (AET). em segunda instância. Na seqüência será explicitado o método de como faze-lo. um método significa um conjunto de procedimentos que orientam um pesquisador ou um prático na condução do seu trabalho. De uma forma geral. 22 . Desta confrontação. o método AET configura-se em dois grandes blocos. O método deve conferir racionalidade ao conjunto de procedimentos adotados. Em cada uma destas etapas.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. subdividida nas etapas de diagnóstico e de implementação. o ergonomista colhe dados da situação sob investigação e confronta com os conhecimentos acerca do homem no trabalho. os critérios: a) ampliação dos espaços de regulação. que a ergonomia buscará por meio da sua base conceitual revelar as representação dos diferentes atores envolvidos e negociar ações que objetivam fundamentalmente adequar a situação produtiva ao homem. Porém tal ampliação deve significar concomitantemente uma redução da carga de trabalho. Frente a tais objetivos a ergonomia não parte de um modelo definido a priori para o desenho das situações de trabalho. expressa em um quadro institucional. Ao contrário. Assim. definido a partir da formulação da demanda. A demanda. a demanda deve ser devidamente analisada. as principais técnicas utilizadas. por um mais dos atores sociais envolvidos com a situação de trabalho. Isto não quer dizer que não existam conhecimentos válidos e generalizáveis sobre o homem no trabalho. eles são até contraditórios. Considera-se que numa situação específica.1. é uma demanda social. a análise da 23 . coerentes. necessariamente. Análise da Demanda O ponto de partida de toda intervenção ergonômica é a delimitação do objeto de estudo. seja ele um pesquisador ou um profissional vinculado à empresa. Situação de Trabalho ANÁLISE ERGONÔMICA DO TRABALHO Análise Análise da Demanda: Contexto Análise da Tarefa: Hipóteses Dados Condicionantes Análise da Atividade: Hipóteses Dados Determinantes Hipóteses Dados Pesquisa Bibliográfia: Conhecimento acerca do homem no trabalho Diagnóstico: Modelo Operante Implementação: Caderno de Encargos Hipóteses Dados Síntese Figura 10a: Meto de Análise Ergonômica do trabalho. No entendimento da AET este é um processo que se dá de forma conjunta. O método como estabelecido. Independente da relação que o ergonomista tenha com a situação em estudo. não faz a distinção clássica entre teoria e aplicação. para evidenciar todas as dimensões de um mesmo problema. em ergonomia. às vezes. cujos pontos de vistas não são. bem como. 3. Na seqüência serão apresentados em linhas gerais os conteúdos de cada etapa. mas sim que.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. os conhecimentos acerca do homem não podem ser aplicados de forma direta e passam necessariamente por uma reinterpretação. é a situação de trabalho quem condiciona a aplicação destes. as quais.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. trabalhadores e suas organizações). de fato. Ainda. definir as técnicas a serem utilizados no processo de análise/síntese. as soluções que serão propostas. econômicos e sociais da empresa. 24 . dos trabalhadores e das organizações destes. é preciso conhecer a tecnologia que os homens operam e a linguagem correspondente que adotam. São fundamentais nesta fase os dados do serviço médico e os indicadores gerais de produção. o ergonomista deve estudar. Deve-se consultar as revistas e periódicos especializados. tanto do analista. indispensável para realizar uma boa análise das atividades. c) esclarecer as respectivas responsabilidades. o grau de escolaridade e as condições gerais de vida. na media que o estudo avança. irão orientar o prosseguimento do estudo. com os aspectos técnicos. supervisores. A análise da demanda no seu contexto social e organizacional constitui-se numa fase preliminar onde o analista de ergonomia confronta os conhecimentos adquiridos sobre a situação concreta de trabalho com aqueles que possui sobre o homem em atividade. gerências. Paralelamente. Na realidade em cada fase da análise estas hipóteses irão sendo refinadas e aprofundadas. relatórios de trabalhos anteriores realizados em situações próximas ou análogas e na atualidade. a abordagem de qualquer situação exige. a realização de uma revisão bibliográfica a respeito do objeto em estudo. durante a análise da demanda. quanto da direção da empresa. bem como. Para não se afastar da realidade da situação de trabalho. por parte do analista. serviços funcionais. em parte. b) obter a aceitação dos trabalhadores que ocupam o posto (ou postos) a ser estudado. ou seja. Para julgar a pertinência das variáveis e ajudar na interpretação dos resultados. dentro do contexto da situação de trabalho a ser analisada. Via de regra a demanda surge de questões relacionadas com a saúde ou com a produtividade. permite estabelecer as possibilidades e limites para a intervenção. considerar os fatores econômicos que delimitarão. Estas informações serão importantes para situar os problemas formulados pela demanda. produtividade e absenteísmo. em particular em empresas do setor. os ergonomistas buscam construir as condições ideais que deveriam ser alcançadas para a condução da análise: a) discutir os objetivos do estudo com o conjunto das pessoas envolvidas (direção da empresa. explorar as informações disponibilizadas na internet. Finalmente deve-se levar em conta os dados sociais: a caracterização da população de trabalhadores. e. os livros clássicos e atuais da área. A Formulação da demanda. o tempo de serviço na profissão. identificados os problemas no campo da ergonomia que deverão ser estudados. em relação ao desenvolvimento do estudo e da utilização dos resultados. A participação destes trabalhadores é. É necessário igualmente. Desta confrontação surge um certo número de hipóteses explicativas para a carga de trabalho. Para compreender a demanda. ou estar familiarizado. demanda deve ser realizada. Rotatividade. Nível de formação. Tecnologia utilizada. neste projeto. que visa captar a percepção dos trabalhadores acerca dos problemas na execução da tarefa. Importância sócio-econômica. médio e longo prazo. Condições organizacionais de trabalho. Afastamentos médicos. realiza-se uma descrição o mais precisa possível da situação. Categoria Empresa Dados Setores de Atividade.2. serão utilizados os instrumentos apresentados nas figuras 11 e 12. Modo de gestão do pessoal. O quadro 1 apresenta os principais dados requeridos. Particularmente. Condições ambientais de trabalho. A análise da tarefa encerra-se com o refinamento de hipóteses acerca das condicionantes do trabalho. Dois tipos de instrumentos são fundamentais nesta etapa. Tempo de serviço na empresa e no posto. Sistema Produtivo Estrutura e funcionamento do processo global de produção. População Efetivo Repartição por idade e sexo. a população de trabalhadores envolvida e a situação de trabalho. Nesta fase. orienta a pesquisa bibliográfica a ser realizada em paralelo. Situação de Trabalho Posição da situação dentro do sistema global de produção. bem como. gestores. O instrumento apresentado na Figura 11 é um protocolo desenvolvido pelo Instituo Finlandês de Saúde Ocupacional e objetiva uma primeira aproximação do 25 . observações e medidas sistemáticas de variáveis. Outro. gerentes). Indicadores de saúde e Índices de produção e produtividade. Ao final da análise da demanda. Um primeiro. as interações se dão fundamentalmente entre os analistas de ergonomia e o corpo técnico e gerencial da empresa (supervisores. Análise da Tarefa A análise da tarefa é o estudo daquilo que o trabalhador deve realizar e as condições ambientais. A análise da demanda é uma análise global. Ela indica para o prosseguimento do estudo quais as situações que deverão ser priorizadas. Quadro 1: Dados a serem levantados na análise da demanda. 3. Objetivos no curto. o sistema produtivo. englobando a empresa. Nível de qualificação. Produtividade Absenteísmo. Interações e inter-relações entre os sub-sistemas. é fundamental conhecer como o trabalho é organizado e prescrito no interior da organização pela engenharia de métodos. o ergonomista deverá ter reunido dados acerca da situação englobando. indicando as situações onde o estudo deverá ser aprofundado e quais variáveis deverão ser investigas com maior rigor. técnicas e organizacionais desta realização.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. visando conhecer o trabalho prescrito e as condicionantes para a sua realização. Também. O ponto de partida é uma descrição detalhada da tarefa. bem como a possibilidade de serem introduzidas novas variáveis em função das circunstâncias da situação em estudo. Figura 11: EWA. Ergonomics workplace analisys. Trata-se de considerar o que o trabalhador considera penoso do ponto de vista físico. cognitivo e/ou psíquico. O instrumento busca estabelecer com maior precisão as tarefas executadas pelos operadores e o tempo dedicado a elas. são identificadas as variáveis presentes e subjetivamente. Na realidade existe uma infinidade de instrumentos deste tipo. A partir desta. A escolha do EWA deve-se a sua amplitude.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. 26 . O ponto de partida do instrumento é a descrição da tarefa desenvolvida no EWA. ergonomista com a situação em estudo. Num segundo momento o instrumento capta a percepção dos operadores acerca das exigências das tarefas. O instrumento apresentado nas figuras 12a a 12c. foi desenvolvido pelo grupo Ergo&Ação em projetos anteriores de ergonomia. TEMPO (em minutos) ATIVIDADE Não Até 5 Participa +5 até 30 +30 até 60 +60 até 8 horas Em pé POSIÇÃO Sentado Andando Agachado Recepção e descarregamento caixas com as amostras Abertura das caixas e identificação Separação dos lotes e inspeção das amostras Colocar as amostras na estufa Ensaio de determinação da resistência à abrasão: preparação das amostras ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? Figura 12 a: Tarefas e tempo de execução. o ergonomista faz uma análise de aproximação de risco. 27 . m. direção do olhar. O que se realiza na etapa de análise da atividade.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. gestos. et al. Análise da atividade A análise da atividade. 09 – Braço Direito 10 – Braço Esquerdo 11 – Cotovelo Dir. temperatura. 3. e. estratégias. níveis de iluminação. sobre o meio ambiente (dimensões do espaço e do local de trabalho. efetivamente.. Finalmente o instrumento procura correlacionar as queixas com os diferentes seguimentos corporais. A confrontação entre a percepção dos trabalhadores. é o que o trabalhador. sejam sobre as atividades desenvolvidas (variação dos modos e dos tempos operativos). assinale 2 (duas) que sejam mais pesadas ou cansativas fisicamente: ? 01 ? 14 ? 27 ? 02 ? 15 ? 28 ? 03 ? 16 ? 29 ? 04 ? 17 ? 30 ? 05 ? 18 ? 31 ? 06 ? 19 ? 32 ? 07 ? 20 ? 33 ? 08 ? 21 ? 34 ? 09 ? 22 ? 35 ? 10 ? 23 ? 36 ? 11 ? 24 ? 37 ? 12 ? 25 ? 13 ? 26 Figura 12 b: Queixas associadas às tarefas executadas. ruído. Isto é feito por meio de um boneco adaptado do meto de Corlet27. as variáveis identificas pelos ergonomistas e a revisão da literatura. 12 – Cotovelo Esq. resolução de problemas. 15 – Punho Direito 16 – Punho Esquerdo 17 – Mão Direita 18 – Mão Esquerda 19 – Coxa Direita 20 – Coxa Esquerda 21 – Joelho Direito 22 – Joelho Esquerdo 23 – Perna Direita 24 – Perna Esquerda 25 – Pé Direito 26 – Pé Esquerdo TIPO DE DESCONFORTO Pes FormigaAguDor o mento lhada ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? GRAU DE INTENSIDADE Leve 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 Moderado 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 Forte 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 8 Insupor -tável 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 9 10 Figura 12 c: Desconfortos e graus de intensidade nas tarefas.3. 13 – Antebraço Dir. Questão 2: Das atividades que você marcou na questão 1. verbalizações. sejam sobre as pessoas que trabalham (medidas fisiológicas do esforço). possibilita ao final desta etapa estabelecer quais tarefas deverão analisadas com maior profundidade. 14 – Antebraço Esq. No geral são avaliadas as posturas. realiza para executar a tarefa. Assim como na fase anterior. Medidas devem ser realizadas. deve-se proceder a uma descrição o mais detalhada possível das atividades de trabalho. É a análise das condições reais de execução e das condutas do homem no trabalho. REGIÃO 01 – Cabeça 02 – Pescoço 03 – Ombro Direito 04 – Ombro Esquerdo 05 – Coluna Alta 06 – Coluna Baixa 07 – Nádega Direita 08 – Nádega Esq. comunicações. raciocínios. sejam. 1976. ações. vibração). ainda. movimentos. 27 Corlett. Uma voltada para estabelecer as diferenças entre o trabalho prescrito e o trabalho real. as causas destas distinções e os seus efeitos. os As quantidades de Balanceamento da carga responsáveis pela veículos entregam encomendas e de trabalho. depende da quantidade desses carteiros estarem entra mais cedo (8:15) e Pode ocorrer de outro de objetos que tem para sobrecarregados. entra mais cedo” A composição das As pessoas permanecem Dificuldade por falta de Algumas atividades são equipes deve ser por muito tempo em tempo para treinar um muito desgastantes. enfim. Alguns veículos são Conforme o caso . registrados que entram (escaneamento) dos atividades simultâneas e permitindo adiantar o na unidade devem ser objetos contidos nas volume imprevisível de trabalho no registrado e conferidos. Real Prescrição Causas Os objetos chegam Pode chegar misturado Economia de espaço nos separados em containers em um mesmo container veículos por categoria. daquele trecho. Todos os objetos Não é feito o registro Grande diversidade de Economiza t empo. no telegramas. análises cinesiológicas e biomecânicas das atividades são realizadas. as atividades realizadas. tudo que possa ser observado ou inferido das condutas dos indivíduos. mesmo dia haveria outros pela entrega de motoristas se organizam alguns motoristas super malote e encomendas. Os resultados destas entrevistas devem ser retornados aos mesmos. objetos registrados. antes de serem transferidas para os setores correspondentes. Do ponto de vista instrumental são duas as principais técnicas u tilizadas nesta fase. simples e malotes desde que facilmente identificáveis. r alizando o que se chama em e ergonomia de autoconfrontação. A figura 14 ilustra a técnica. tal descrição é obtida a partir da interação com os operadores. S fosse e entrega de malotes e qualquer coisa dentro do telegramas variam muito seguido o prescrito. verificando se a descrição realizada pelo analista corresponde à representação que os operadores possuem da atividade de trabalho. 28 .Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. Outra para aprofundar as análises do ponto de vista fisiológico e biomecânico. Tais análises consistem em descrições detalhadas das posturas assumidas pelos sujeitos e das exigências sobre os seguimentos corpóreos em termos de cargas e posturas. uma vez que as cargas desses containers são separadas. liberar pessoal para consiste em confrontar a ajudar nas atividades quantidade recebida dos outros setores. saem mais cedo (17:15). enquanto seu percurso. Ainda. desbalanceamento entre distritos. A preparação dos DAs Muitos carteiros Essa atitude é justificada Esse fato pode ser um deve preceder o ordenam todos os pelo fato de haver muito dos responsáveis pelo ordenamento do resto objetos antes de “gato” em função da atraso da entrega dos dos objetos. em entrevistas pessoais ou coletivas. A figura 13 ilustra os resultados obtidos com a técnica de entrevistas coletivas. com a registrada na LR. Os de um dia para outro. Para cada tarefa. A novo funcionário na Alguns f ncionários u tempos. A conferência objetos a serem tratados. equipe de função. Paralelamente. são identificados as prescrições. “Não gostaria de fazer tarde ter menos carga e parte da equipe que sair mais cedo. para dividir melhor a ocupados enquanto carga de trabalho dentre outros estariam ociosos eles. Efeitos Isso exige uma atividade a mais.. prepararem os DAs. alterada de tempos em uma mesma equipe. malas. carteiro que entrou mais entregar. podem estar Figura 13: Confrontação do trabalho prescrito e do trabalho real. A equipe encarregada Nem sempre quem entra O horário de saída Há a possibilidade do descarregamento mais cedo saí mais cedo. mau elaboração dos DAs nos locais pré CEPs e do estabelecidos . modos operativos. ocasionando um retrabalho. transportadores. pode Uma vantagem de ocorrer do carteiro já ter colecionar tudo primeiro preparado o DA e só é conseguir visualizar depois chegarem cartas melhor a quantidade. sobre os sujeitos e sobre os indicadores de produção. Assim. 3.4. seja em ambientes virtuais. Posição neutra Figura 14: Análise cinesiológica e biomecânica. Diagnóstico A etapa de síntese da análise ergonômica do trabalho.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. Os dados colhidos devem ser confrontados.3 e Figura 7. Extensão Extensão Pinça Pega Punho Esq. com as diferentes interpretações identificadas no interior da organização acerca da situação de trabalho em estudo. em termos mais gerais. com os conhecimentos científicos. utiliza-se o Modelo Integrador da Atividade de Trabalho. Os dados levantados nas análises anteriores servirão nesta fase como argumentos a serem confrontados e integrados numa síntese que reflita os aspectos determinantes da situação de trabalho. O diagnóstico representa a recomposição das análises parciais realizadas. segundo. corrroborando ou refutando as hipóteses anteriores. equacionando os critérios de saúde e produtividade. e encaminhando a análise para uma discussão ampla entre os atores envolvidos no estudo. A análise da atividade é encerrada com a formulação de uma explicação global para a atividade de trabalho. Segmento corporal ETAPA 1: pega do objeto simples Pescoço Tronco Ombro Dir. Utiliza-se para tanto o Modelo Operante. devem conduzir e orientar modificações para melhorar as condições de trabalho em específico e da situação de trabalho. Cotovelo Dir. Flexão 20 graus Flexão 10 graus e inclinação lateral Abdução 40 graus e rotação medial Posição neutra Flexão 20 graus e pronação do antebraço Flexão 70 graus posição neutra antebraço Posição neutra ETAPA 2: leitura do ETAPA 3. 3.4 e na Figura 8. para a qual. atuando sobre os pontos críticos que foram evidenciados. os analistas refinam as hipóteses explicativas da carga de trabalho. apresentadas na forma de hipóteses para a ação. derivados das ciências que se debruçam sobre o estudo do homem no trabalho. apresentado no item 2. Ao final da análise da atividade. apresentado no item 2. e de outro lado. sob o ponto de vista dos trabalhadores e dos gestores envolvidos. Para tanto são utilizadas as mesmas técnicas apresentadas na Figura 14 do item 3. As conclusões de uma análise ergonômica. seja na forma de protótipos. Ombro Esq. Pega ampla Mãos e Dedos Esq. de um lado. 29 . A aprovação de uma solução deve obedecer dois critérios. Dever ser adequada à atividade.1: objeto simples escaninho lateral Alto Flexão 30 graus Rotação 50 graus Ereto Ereto Flexão 50 graus Posição neutra Flexão 100 graus e pronação do antebraço Flexão 110 graus e supinação do antebraço Flexão 10 graus e desvio radial Extensão 10 graus Pinça Pega Abdução 90 graus Posição neutra Flexão 30 graus e supinação do antebraço Flexão 90 graus Cotovelo Esq. inicia-se com o diagnóstico da situação de trabalho que fundamentará o caderno de encargos de recomendações ergonômicas. sobre critérios ergonômicos. Posição neutra Mãos e Dedos Dir. As soluções apontadas no diagnóstico deverão ser testadas. Punho Dir. como qualquer outra disciplina. Bibliografia Fundamental ABRAHÃO. No decorrer do projeto. uma listagem dos princípios que orientam o projeto do trabalho no setor. serão aprofundados os conteúdos técnicas a serem utilizadas. SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ERGONOMIA. bem como. (1993).. DEJOURS. 331 a 336.. Org. A Carga Psíquica do Trabalho in Psicodinâmica do Trabalho. Editora Fundação Getúlio Vargas. MACCARTHY. Ergonomia. how can we Know?.. 6. C. S. 25 p. Brasília: Universidade de Brasília. 30 . B. no geral deverão conter: a) b) c) d) e) uma descrição geral do setor ao qual se destina. S.5. Considerações Finais A apresentação geral do método AET e das principais técnicas a serem utilizadas no decorrer do projeto visa estabelecer um referencial comum no interior da rede de relacionamentos necessária para o sucesso do estudo.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. O Fator Humano.. Netherlands.. (1994a). F. Manufacturing Planners and Schedulers: How do they work. uma descrição dos principais problemas encontrados no setor. Os cadernos de encargos. p.183-200. Editora Elsevier.6. DANIELLOU. passam a constituir um caderno de encargos. 2. 4. WILSON. J. I. os dispositivos técnicos e organizacionais recomendados para cada atividade. tornando-se referência para projetos futuros e das práticas cotidianos no posto (postos) estudados. L’ergonomie en quête de ses principes: debats épistimologiques. pg. Neste momento. é importante construir uma visão do todo. e. Editora Makron Books. Proceedings of ODAM IV. torna-se simples a partir do momento que se compreenda seus métodos e pressupostos. uma revisão da literatura acerca das questões evidenciadas. 3. serão discutidas em detalhes etapas apresentadas. C. Editora Atlas. Caderno de encargos As propostas testadas e aprovadas. In:____. In: CONGRESSO LATINO AMERICANO. CRAWFORD.: BETIOL M. 3. Centro de Estudos e Pesquisa do Trabalho – CEPT. São Paulo. (1997). J. Tolouse: OCTARES. (1998). VERNON. C. (1996) Questions épistémologiques soulevées par l’ergonomie de conception. Metodologia em ergonomia. São Paulo. DEJOURS. LERs. p.. H. International Journal of Industrial Ergonomics 15.Fundamentos de Ergonomia Grupo Ergo&Ação/DEP/UFSCar. (1990). J. 283 p. et al.. Manual de Análise Ergonômica do Trabalho. Doubleday.2 . MATUSITA.. n. P. sete estudos sobre a sociedade brasileira.A. Editora Annablume. J. 191p. 31 . F. (1998). Supervision des Procédés Automatisés et Ergonomie.Variability of Raw Material and Workload.(1995). New York. 141182. Editora Genesis. CAMAROTTO.R. A inteligência no trabalho: textos selecionados de ergonomia. LAVILLE. Porto Alegre v. 8 p. M. Editora Hermès.. F. (1988)... WILSON. p.Revista Produto & Produção. Organização do trabalho: uma abordagem interdisciplinar.L. A. Paris.. p. et al. J. 1998.A. (1997).L. GARRIGOU A . M. Salvendy: Handbook of WISNER. (1965). NORMAN. CAMAROTTO. MENEGON. la pratique de l’ergonomie. F. DURAFFOURG. M. São Paulo: FUNDACENTRO. (1998). N. RUAUD. A.. Participatory ergonomics. DANIELLOU F. K. F. A. Ergonomics: man in his working environment. São Paulo. (1995). 1a Edição. MAGGI. human factors. ZILBOVICIUS. 1997.. Collection outils et methodis: comprendre le travail pour le transformer. I. MATUSITA S.Proceedings of The 3rd Annual International Conference on Industrial Engineering Theories.. São Paulo: Atlas. (Ed). produção de modelos. GUERIN. I. G. A. Atlas. Ergonomia: Projeto e Produção. MILLOT P. D. 44 a 55. Case Study in a Wood Processing Plant. Modelos para a produção. 54-83. S. Projeto e Implantação. IIDA. (Org. B. B.M.). FIALHO.. 1965. Editora Edgard Blucher. R. SANTOS. L`ergonomie en quête de ses principes. The Design of Everyday Things. MENEGON .. 1991. VARGAS. CARBALLEDA G. (1991). 496p. Octares Edition. 1a Edição. N. 232 p.2. THIOLLENT. (1997). J.. COSTA. (1996) Le travailet l’approche ergonomique.(1994).. Pesquisação nas Organizações. São Paulo. TERSSAC. (1998). A.. MURREL.. Curitiba. M. Activity Analysis in Participatory Design and Analysis of Participatory Design Activity. TORRES. Applications and Practice December 28-31. (1999). N. 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