FRAMPTON - Regionalismo Critico

March 27, 2018 | Author: leonardofitz | Category: City, Time, Arts (General), Philosophical Science, Science


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Regionalismo Crítico: arquitetura moderna e identidade culturalCapítulo de livro Biblioteca de casa Kenneth Frampton O autor introduz a ideia de uma tensão entre cultura local e civilização universal corroborando este pensamento através de uma citação de Paul Ricoeur. Assim, através de exemplos em países ditos “marginais”, ele constrói a hipótese de regionalismo crítico, uma categoria crítica que seria capaz “aglutinar” diversas posturas de arquitetos que buscam uma identificação com a cultura do local onde atuam. FRAMPTON, K. Regionalismo Crítico: arquitetura moderna e identidade cultural. p. 381-397. In: FRAMPTON, K. História Crítica da Arquitetura Moderna (3ed.). Martins Fontes: São Paulo, 2003. 1 Citação de Paul Ricouer: o fenômeno da universalização, embora sendo um progresso da humanidade, constitui ao mesmo tempo uma espécie de destruição do “núcleo criativo de grandes civilizações e de grandes culturas”, núcleo sobre o qual interpretamos a vida que ele denomina de “núcleo ético e mítico da humanidade”. A partir daí o conflito se instaura. Uma espécie de erosão é causada por essa civilização mundial às custas dos recursos culturais: por toda parte encontramos filmes de má qualidade, máquinas de venda automáticas, as mesmas monstruosidades de plástico ou alumínio, a deformação da linguagem pela propaganda. Uma cultura de consumo em massa resulta num massivo nível subcultural. Para os países em subdesenvolvimento se apresenta o seguinte paradoxo: “por um lado, uma nação precisa enraizar-se no solo de seu passado, forjar um espírito nacional. Por outro, visando participar da civilização moderna, torna-se necessário ao mesmo tempo integrar a racionalidade científica, técnica e política, algo que frequentemente exige o abandono puro e simples de todo um passado cultural. como tornar-se moderno e voltar às raízes? Como reviver uma civilização antiga e adormecida e participar da civilização universal? Ainda não ocorreu um diálogo autêntico. O termo regionalismo crítico não pretende denotar o vernáculo do modo como ele foi outrora, produzido espontaneamente pela interação de clima, cultura, mito e artesanato. O termo pretende identificar “escolas” regionais recentes, cujo objetivo tem sido refletir os limitados elementos constitutivos nos quais se basearam. Esse regionalismo tem certo consenso anticentrista – uma aspiração por uma forma de independência cultural, econômica e política. O conceito de cultura local ou nacional é uma proposição paradoxal, não apenas pela óbvia antítese entre cultura de raiz e civilização universal mas porque todas as culturas parecem ter dependido para seu desenvolvimento de certa fertilização cruzada com outras culturas. As culturas regionais e nacionais precisam ser constituídas de manifestações localmente moduladas de uma “cultura mundial”. Ricouer sugere que manter uma cultura autêntica no futuro dependerá da capacidade de gerar formas vitais de cultura regional enquanto é apropriada influências estrangeiras. Exemplo de Jorn Utzon, igreja Bagsvaerd. No subúrbio de Copenhague em 1976 é erguida a igreja Bagsvaerd, que utiliza elementos de concreto pré-fabricados de dimensões padronizadas combinados com abóbodas de concreto moldadas in-situ. O modo pelo qual tais técnicas são combinadas alude a uma série de valores dialogicamente opostos. Elementos modulares pré-fabricados estão de acordo com valores da civilização universal e representa a capacidade de aplicação normativa. A abóboda moldada in-situ é intervenção única num lugar único, proclamando valores da cultura idiossincrática. Interpreta-se como a oposição da racionalidade das técnicas normativas e a irracionalidade da estrutura simbólica. Outro diálogo ocorre ao passar do revestimento modular (e econômico) do exterior para a nada ideal estrutura em casca abobadada. Seria mais econômico fazê-la de treliça de aço, mas a escolha deliberada pela capacidade simbólica: a abóboda representa o sagrado na cultura ocidental. No entanto, não há 2 3 4 5 6 precedentes de uma seção desta proporção na cultura ocidental. oscilando entre uma alvenaria mediterraneizada e moderna (edifício de apartamentos ISM) e a composição vanguardista. Os arquitetos esquecem-se da necessidade da meia-luz que os seres humanos têm. a presença de um espaço religioso impede uma leitura exclusivamente ocidental/oriental. revitalizar certas formas desvalorizadas por uma interpretação oriental de sua natureza essencial. Ao contrário de Bofill. Essa revitalização de elementos ocidentais com contornos orientais (e vice-versa) não esgota as maneiras pelas quais a igreja é modulada tempo-espacialmente. acessível à população. Sua abordagem é claramente tátil e tectônica. por isso os pátios deveriam ser fechados e não abertos ao olhar público. como meio de dar expressão pública a uma instituição sagrada. por não foram totalmente construídas. na qual a iconografia eclesiástica tradicional sempre corre o risco de cair no kitsch. 7 As alusões sutis e contrárias incorporadas nessa cobertura têm consequências mais profundas que a perversidade de reinterpretar uma forma oriental através da tecnologia ocidental. que se via obrigado a reviver valores racionalistas da GATEPAC (ala espanhola pré-guerra dos CIAM). Citação de Siza: “muitas obras minhas não foram publicadas.” Crítica sobre Siza: Hipersensibilidade de Siza torna sua obra mais estratificada e enraizada que as tendências ecléticas da Escola de Barcelona. Coderch foi um arquiteto barcelonês cuja carreira foi tipicamente regionalista. córregos. Utzon conferiu-lhe uma forma semelhante a um celeiro. o artesanato e as sutilezas da luz local. apesar da efêmera h omenagem a Gaudí. Esta preocupação com a forma tectônica foi transposta para o projeto do Friedrischstadt Sul em 1981. em segundo lugar. mais que visual e gráfica. o u profundamente transformadas ou destruídas”. ele semprebuscou um arquitetura sensual ligada à terra. estelas. Walden 7: vazios de 12 andares. com o máximo rigor. A intenção que subjaz a esses procedimentos de desconstrução e re-síntese é. salas mal iluminadas. “Cada desenho deve captar. Por sua escala e sua iluminação superior. Argumenta-se que esse é o melhor modo de representar uma igreja numa época secular. e quanto melhor se conseguir reconhecer essa qualidade palpitante da realidade. em todas as suas tonalidades. A obra de Raimund Abraham tem preocupações semelhantes às de Siza. onde haviam fontes. Citação de Barragán: lembranças de sua infância num Pueblo com casas de imensos beirais e com um sistema de abastecimento de água composto por aqueduto que cruzava toda cidade e oferecia água aos pátios das casas. campestre e marinha do Porto. mais claro será seu desenho. liderado Sostres e Bohigas. uma vez que enfatizou a criação do lugar e os aspectos topográficos da forma construída. O autor acredita que essa recordação foi influenciada pelo envolvimento que durante grande parte da vida Barragán teve com a arquitetura islâmica. E cita sua preocupação com à invasão da privacidade no mundo moderno Citação de Barragán: A vida cotidiana está se tornando muito pública. Nesses pátios criava-se galinhas e vacas misturas. Espaços fechados. Ricardo Bofill Taller de Arquitectura adotava uma abordagem abertamente Gesamtkunstwerk no final da década de 60. Caso exemplar de um regionalismo anticentrista foi o movimento nacionalista catalão: Grupo R. Projetos evocam uma imagem onírica mas insistem na inescapável materialidade da construção. indicar a secularização das instituições representadas por essas formas. em primeiro lugar. uma deferência que é mantida sem cair no sentimentalismo de excluir a forma racional e a técnica moderna. Sendo paisagista e arquitetura. Todos edifícios de Siza são acomodados delicadamente à topografia de seu lugar. balcões minúsculos. Seus fragmentos são respostas ajustadas à paisagem urbana. Outros fatores importantes consistem em sua deferência para com os materiais locais. em Barcelona. aquela que propicia tranquilidade. Arquitetura erguida sobre rocha vulcânica e vegetação luxuriante que remete indiretamente à estancia mexicana. Mais ou menos metade do vidro utilizado em 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 . Atitude igualmente tátil aparece na obra de Barragán. fontes. Alvaro Siza Vieira por ser tudo. menos fotogênica. mas estava consciente da responsabilidade política de evocar um regionalismo realista. um momento preciso da imagem palpitante. somente no Pagode Chinês. migrando posteriormente para um romantismo kitsch. neoplástica e miesiana (casa Catasus). Walden 7 é uma arquitetura narcisista par excellance”. “Em última análise. A natureza tornou-se um refugo da Natureza. Vittorio Gregotti. Schindler. e depois no sul da Califórnia com Harwell Harris. em Olso. 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 . na Venezuela. onde há o maior relógio de sol do mundo. em 1947. nas primeiras obras de Niemeyer e Redy. em Milão. a força da cultura provinciana reside em sua capacidade de condensar o potencial artístico e crítico da região ao mesmo tempo que assimila e reinterpreta as influências de fora. E o homem um refugo do homem. Agora mesmo quando deixa a cidade para comungar com ela fica selado dentro de seu automóvel. Valle realizou uma das primeiras reinterpretações pós-guerra do vernáculo rural da Lombardia na Casa Quaglia.” Na década de 50. Sverre Fehn. Botta teve a felicidade de poder trabalhar para Le Corbusier e Kahn quando eles realizaram projetos para Veneza. em Atenas. Weber e Gill. cantão da Suiça. pois na Europa os vestígios de cidades-estado ainda são bastante vivos. muito expressivo na Suiça do pós-guerra. em Veneza. Assim propuseram também a criação de um relógio de sol para a Plaza objeto do concurso. a prática ticiniana estava mais para Frank Lloyd Wright do que para os racionalistas italianos. Distanciamento da sintaxe do Estilo Internacional já aparece na sua primeira casa-estúdio. na California e Harry Wolf. Exceção de Andrew Batey e Mark Mack na região de Napa valley. em Copenhague. o homem se encontrava com a Natureza. como relatado por Tita Carloni: “ingenuamente.” Citação sobre o neo-racionalismo da década de 70. Um desafio de reavaliar. através de Scarpa. que está na mesma linha latitudinal de Tebas (o trono de Ra. discípulo de Carloni. no qual os valores da cultura moderna deveriam interpenetrar-se de um modo natural com a tradição local. em Zurique. acabou por apropriar-se da metodologia neo-racionalista italiana como se fosse sua. mantendo ao mesmo tempo. tem sua origem no racionalismo italiano. tendo em vista que sua carreira sempre ficou centrada em Udine. na cidade universitária de Villanueva. na obra de Neutra. Dentro da atual proliferação de formas altamente individualizadas de expressão. A Suiça sempre apresentou fortes tendências regionalistas em função de suas intricadas fronteiras da língua e sua estrutural em “cantões”. Ele fala: “a arquitetura rural com suas características essencialmente regionais está perfeitamente à vontade com o Racionalismo contemporâneo. na costa oeste dos EUA. com Amancio Willians na casa-ponta em Mar del Plata e talvez. mais especificamente o das décadas de 20 e 30. Um cartaz de publicidade é suficiente para sufocar a voz da Natureza. Carlos Scarpa. tal nível de regionalismo libertador é difícil de ser atingido na América do Norte. 20 Citação de Barragán: Antes da era das máquinas. Cita como exemplo: Ernst Gisel. Sob esse ângulo é típica a obra de Mario Botta. O arquiteto Gino Valle tem uma obra que pode ser considerada regional. estabelecendo a diferenciação bem-sucedida entre regionalismo restrito e regionalismo liberado: Citação de Harris: ler toda citação 21 22 23 24 25 Apesar da aparente liberdade de expressão. De fato. estabelecemos para nós mesmo o objetivo de um Ticino orgânico.edifícios precisam ser removidos. na Índia. Jorg Utzon. no início dos anos 20. primeiramente em Los Angeles. apenas poucas firmas demonstram algum compromisso profundo com uma cultura americana enraizada. com atividade restrita à Carolina do Norte. de forma crítica. Cita descrição de Harris para o concurso de Fort Lauderdale. deus do sol) e de Jaipur. Harris foi um dos pioneiros no termo regionalismo. mesmo nas cidades. O regionalismo aparece também em outras regiões das américas: no Brasil. O regionalismo de Ticino. a capacidade incomum de enriquecimento artesanal da forma. Como sugere Carloni. Aris Kostantinidis. Obviamente influenciado por ambos. Cita alguns exemplos. Alberto Sartoris foi extremamente importante. no Bando de Londre de Clorindo Testa. na Argentina. Para o autor é compreensível que após a segunda guerra mundial emergisse espontaneamente impulsos regionalistas. toda a evolução do Modernismo. No entanto também sempre teve uma trad ição cosmopolita. década de 40. ela encarna na prática todos os critérios funcionais sobre os quais os métodos de construção modernos estão essencialmente fundamentados. Formas primárias colocadas contra a topografia e o céu. que têm formas tangíveis. na visão de Frampton. Casa em Ligornetto. Sua realidade se perde. ainda que fechada. teria firmado sua presença na região urbana sem comprometer a cidade histórica ou fundirse ao caos suburbano dos arredores. são negadas. (1) Centro Direzionale de Perugia. estou convencido de que. elas “constroem o local”. “Populações urbanas e suburb anas excessivamente densas tornaram impossível preservar um traço que. são capazes de estimular a lembrança de suas formas mais intrínsecas. E suponho que seria possível afirmar que o método que escolhi consiste em aplicar o vocabulário e as técnicas desenvolvidos por um Modernismo aberto e universalista. e (2) sua convicção de que a perda da cidade histórica só pode ser compensada pelas “cidades em miniatura” (um domínio microurbano. e só o espaço que encerram nos dá uma sensação de existência concreta”. Isso explicita o significado mais amplo que atribui ao conceito de modernidade fechada em sí: Citação de Ando: “Os espaços desse tipo são desprezados pelas atividades utilitárias do cotidiano e raramente se dão a conhecer. mas que os ultrapassa de modo a incluir a luz 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 . Acredito que o material arquitetônico não acaba na madeira e no concreto. Mesmo assim. (2) Estação de Zurique. Não é por acaso que Tadao Ando tem sua base de atuação em Osaka e não em Tóquio. um viaduto -megaestrutura que. os costumes. estabelece a fronteira onde a cidadezinha termina e o sistema rural começa. Ando usa o concreto de modo a enfatizar a tensa homogeneidade de sua superfície. Citação de Ando: “Nascido e criado no Japão. Em suas pequenas casas com quintal. O que Ando tem em mente é o desenvolvimento de uma arquitetura em que a tatilidade da obra transcende sua ordem geométrica. escritórios. quer dizer a criação literal de encraves murados. enquanto metodologia. tentar expressar as sensibilidades. algo que as moradias japonesas perderam ao longo do processo de modernização”. o Japão entrou num ritmo acelerado de crescimento. Esse tipo de arquitetura tende a alterar-se conforme a região na qual lança suas raízes. restaurantes e estacionamentos. no passado. é aqui que produzo minha obra arquitetônica. como compensação cultural para a evidente perda da vida cívica). Apesar desse gosto pelo doméstico (concomitantemente moderno e tradicional) seu aspecto mais crítico está nas obras públicas. Para ele esse é o material mais apropriado “para realizar superfícies criadas por raios de sol onde as paredes se tornam abstratas. Ao invés de construir terraços no local. Citação de Ando: “Com o tempo. a consciência estética. bem como a desenvolver-se de diversas maneiras especificas. e se aproximam dos limites últimos do espaço. abre-se na direção da universalidade”. a cultura diferenciada e as tradições sociais de uma determinada raça através de um vocabulário modernista aberto e internacionalista (. abundantes na região. É esse o objetivo daquilo que chamo de "arquitetura moderna fechada". se construído. A casa em Riva San Vitale é um reinterpretação tipológica das antigas “ricoli”. estimulando novas descobertas.. porém. onde uma ponta de muitos níveis serviria não somente para acomodar lojas. e não o seu peso.. como também construiria um novo edifício principal. O hábito das pessoas mudaram. Ele percebe a tensão existente entre a modernização universal e a idiossincrasia da cultura de raízes. 2 edifícios “viaduto”. se abrindo para vistas escolhidas. Parece-me difícil. Frequentemente tratadas como bunkers/belvederes. Sua ideias estão muito próximas da ideia de Regionalismo Crítico. Aquilo a que me refiro quando uso os termos “arquitetura moderna fechada” é uma recuperação da unidade entre a casa e a natureza. num domínio fechado de estilos de vida individuais e diferenciação regional. Tadao Ando vê o paradoxo da limpidez espacial que emerge da luz como algo particularmente inerente ao caráter japonês. foi por demais característico da arquitetura residencial japonesa: o contato íntimo com a natureza e a abertura para o mundo natural. Ainda assim. Enquanto a importância fundamente da luz é enfatizada nos textos de Kahn e Le Corbusier.36 Duas características de Scarpa: (1) sua preocupação constante com o que ele denomina “construir o lugar”. Citação de Ando: Depois da 2ª Guerra. casas de campo tradicionais em formato de torre. em virtude dos quais o homem é capaz de recuperar e manter algum vestígio de sua intimidade anterior com a natureza e com a cultura.)” “arquitetura moderna fechada” Ando. a luz altera as expressões. “uma cidade dentro de uma cidade”. As casas de Botta funcionam como marcos na paisagem. de acordo com a tese de Vittorio Gregotti. 2 projetos realizados com Luigi Snozzi. eu levam o corpo a passar por mudanças involuntárias 50 51 52 53 54 55 56 57 58 . Um movimento conscientemente regionalista surgiu na Grécia com as primeiras obras de Aris Konstantinidis. Uma resposta articulada às condições climáticas é o corolário necessário a tal especificidade. em vez de enfatizar a construção como um objeto independente. não somente através da visão. mais um vez. as sensações ambientais de calor. É sensível a percepções complementares como os níveis variáveis de iluminação. O Regionalismo Crítico. A luz é sempre entendida como o agente básico por intermédio do qual o volume e o valor tectônico da obra são revelados. (.) Para mim. pelo clima e pela luz. a cisão entre cultura e civilização assinalada por Ricoeur. Ao mesmo tempo.” 4) “Pode-se afirmar que o Regionalismo Crítico é regional na medida em que invariavelmente enfatiza certos fatores específicos do lugar. o detalhe é um elemento que remata a composição física da arquitetura. opõe-se à tendência da “civilização universal” de privilegiar o uso e ar-condicionado. talvez possam ser sintetizadas da seguinte maneira: 1) “O regionalismo crítico deve ser entendido como uma prática marginal que. em sua versão neoclássica. a natureza fragmentária e marginal do Regionalismo Crítico serve para distanciá-lo tanto da otimização normativa quanto da ingênua utopia dos primórdios do movimento moderno. embora crítica acerca da modernização.. Em contraste com a linha que vai de Haussmann a Le Corbusier.) Os detalhes existem como os elementos mais importantes para a expressão da identidade. Tem consciência de que o ambiente pode ser vivenciado em outros termos. ou melhor. e até mesmo às sensações variadas induzidas pelos acabamentos de pisos. frio. ainda assim se recusa a abandonar os aspectos emancipatórios e progressistas do legado arquitetônico moderno. que nem sempre podem estar presentes no exemplos citados aqui.e o vento que deleitam nossos sentidos. extraída do vernáculo das ilhas gregas. mas também as dividira.. que variam desde a topografia. emergiu a partir de interesses de desenvolver uma elite urbana separada do universo camponês e de seu “subdesenvolvimento” rural. e não como a redução do ambiente construído a uma série de episódios cenográficos desordenados. e também criar um domínio da cidade sobre o campo. ao mesmo tempo. favorece a planta de pequena dimensão e não a de grandes dimensões. etc. umnidade e deslocamento do ar. 48 49 Artigo de Tzonis e Lefaivre demonstram o papel ambíguo desempenhado pelos Schinkelschüler na construção de Atenas e na fundação do Estado grego: O regionalismo historicista na Grécia. mas.. bem como à diversidade dos aromas e sons produzidos por materiais diferentes em diferentes volumes. Tende a tratar todas as aberturas como zonas delicadas de transição com capacidade de reagir às condições específicas impostas pelo lugar. construído em Atenas em 1975. (. é um gerador de uma imagem de arquitetura. o regionalismo historicista surgiu não só de uma guerra de libertação. portanto.” 2) “o Regionalismo Crítico manifesta -se como uma arquitetura conscientemente delimitada que. é entretecida na trama regular da estrutura de supor em concreto. faz a ênfase incidir sobre o território a ser estabelecido pela estrutura erguida no lugar. um passeio público em um parque de Dimitris Pikionis: Citação de Tzonis Tzonis vê a obra de Antonakakis como uma combinação do caminho topográfico de Pikionis com o traçado universal de Konstantinidis. “Talvez nenhuma obra expresse essa dualidade mais diretamente do que seus apartamento da rua Benaki.” 3) “O regionalismo crítico favorece a realização da arquitetura como um fato tectônico. Na Grécia.” 5) “O Regionalismo Crítico enfatiza tanto o tátil quanto o visual. O regionalismo histórico havia unido as pessoas. portanto. uma estrutura em estratos na qual uma rota labiríntica. essas atitudes. Essa “forma do lugar” significa que o arquiteto deve reconhecer o limite físico de sua obra como uma espécie de limite temporal – o ponto no qual se interrompe o ato de construir. vista como uma matriz tridimensional à qual a estrutura se amolda até o jogo variado da luz local que sobre ela incide. Fala de outro projeto. já tinha adversários antes do estado de bem-estar social. Nas obras públicas desse arquiteto há uma tensão entre a racionalidade universal da estrutura travejada de concreto armado e a tatilidade autóctone da pedra nativa e do bloco usado para calafetagem. Essas características.” O regionalismo crítico é menos um estilo do que uma categoria crítica voltada para certas caracteríscas comuns.. oposição dialética parece refletir. cercado por satélites dependentes e dominados. em última instância. Sua aparência sugere que a noção herdada do centro cultura dominante. tanto no nível da referência formal quanto no da tecnologia. em certo momentos o Regionalismo Crítico vai inserir elementos vernáculos reinterpretados como episódios disjuntivos dentro do todo. excessivamente hermético. a substituir a experiência pela informação. tende à criação paradoxal de uma “cultura mundial” de bases regionalistas.” 7) “O Regionalismo Crítico tende a florescer naqueles interstícios culturais que. modo de andar. Em outras palavras. são capazes de fugir ao cerco da investida otimizadora da civilização universal. Além do mais. A esse respeito. de um modo ou de outro. vai empenhar-se em cultivar uma cultura contemporânea voltada para o lugar sem tornar-se. irá às vezes buscar tais elementos em fontes estrangeiras. um modelo inadequado para a avaliação do estado atual da arquitetura moderna. etc.” 59 6) “Enquanto se opõe à simulação sentimental do vernáculo local. por isso.de postura. numa época dominadas pelos meios de comunicação. Opõe-se à tendência. representa. quase como se isto fosse uma precondição para a conquista de uma forma relevante de prática contemporânea.” 60 .
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