FORMA, FUNÇÃO, ESTRUTURA E PROCESSO UMA CONTRIBUIÇÃO MILTONIANA PARA O MÉTODO DA GEOGRAFIA

March 28, 2018 | Author: Joerly Vítor | Category: Geography, Sociology, Time, Globalization, Outer Space


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FORMA, FUNÇÃO, ESTRUTURA E PROCESSO: UMA CONTRIBUIÇÃO MILTONIANA PARA O MÉTODO DA GEOGRAFIA RENOVADA.Fernando Antonio da Silva 1 [email protected] Prof. MSc. Reinaldo Sousa2 [email protected] Vivemos num tempo de mudanças. Em muitos casos a sucessão alucinante dos eventos não deixa falar de mudanças apenas, mas de vertigem (Milton Santos). Resumo O ensaio ora apresentado tem como objetivo demonstrar como as categorias forma, função, estrutura e processo se constituem no método eficaz para elucidar de forma dialética a organização sócio-espacial de um dado lugar, explicitando as perversidades impostas pelo processo de globalização, mesmo em meio à complexidade, instantaneidade e movimento característicos do período histórico atual. Palavras chaves: Geografia – método - categorias - espaço. Considerações acerca da Geografia e do seu objeto A definição de um objeto de estudo para a Geografia é tão complexa quanto o próprio uso do rótulo “Geografia”, incorporado ao vocabulário cotidiano das pessoas apenas no século passado. Alguns autores definem a geografia como o estudo da superfície terrestre. Esta concepção é a mais usual, e ao mesmo tempo a de maior vaguidade. Pois, a superfície da Terra é o teatro privilegiado (por muito tempo o único) de toda reflexão científica, o que desautoriza a colocação de seu estudo como especificidade de uma só disciplina [...] significado etimológico do termo Geografia – descrição da Terra [...] Esta concepção origina-se das formulações de Kant. (MORAES, 2007, p.31) A indefinição do objeto de estudo perpassou toda trajetória da geografia até mesmo depois de sua institucionalização enquanto ciência. Nesse cenário, o que se verificava era uma disciplina um tanto insegura, ora querendo abarcar o globo, ora voltando-se para região como categoria central, ambas às vezes valendo-se da descrição e/ou comparação. Segundo Moraes, 1 Graduando do curso de licenciatura plena em geografia da Universidade Estadual de Alagoas - UNEAL, Campus V, União dos Palmares - AL. 2 Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Sergipe e Professor da Universidade Estadual de Alagoas UNEAL, Campus V. 1 .. p. A crise da Geografia Tradicional e o movimento de renovação a ela associado começam a se manifestar já em meados da década de cinqüenta e se desenvolvem aceleradamente nos anos posteriores [. Seria. sobretudo.. caracterizado. 103). 2 . As grandes transformações que se iniciaram. resquícios de um passado já superado. Ou seja. “[. vão definir-lhe o objeto como a ação do homem na transformação deste meio. A urbanização atingia graus até então desconhecidos. Mas que elementos e/ou acontecimentos explicam ou justificam essas mudanças no seio da Geografia? O que levou tantos geógrafos. a Geografia Tradicional está definitivamente enterrada. uma disciplina de contato entre as ciências naturais e as humanas. mantendo a ideia da Geografia como estudo da relação entre o homem e a natureza.] se alterado a base social. Instala-se. vão soar como sobrevivências. Em meados do século passado algumas mudanças começam ocorrer.. o desenvolvimento do capitalismo havia tornado a realidade mais complexa.. de forma sólida. (2007. ou. dos transportes e das comunicações interoceânicas.. A partir de 1970. que engendrara os fundamentos e as formulações da Geografia Tradicional” (2007.104). (MORAES. em várias partes do mundo [. nas palavras do autor. ou sociais. tornaram evidente que emergia um novo período histórico. p. 2007.] outros autores.] isto defasou o instrumental de pesquisa da Geografia. Esta crise é benéfica. Os geógrafos vão abrir-se para novas discussões e buscar caminhos metodológicos até então não trilhados. 2007.. p.. apresentando fenômenos novos e complexos.. pelo menos. p. Vivia-se o capitalismo das empresas multinacionais... instantaneidade e movimento. já na segunda metade do século XX a se debruçarem sobre os livros afim de (re)configurarem a Geografia? Para Moraes havia. dessa data em diante.].]. [.] alguns autores definem a Geografia como o estudo das relações entre o homem e o meio.[. por excelência.. como as megalópoles. um tempo de críticas e de propostas no âmbito dessa disciplina. três visões distintas do objeto: alguns autores vão apreendê-lo como as influências da natureza sobre o desenvolvimento da humanidade. pela complexidade. Dentro dessa concepção aparecem. O lugar já não se explicava em si mesmo. 35). entre a sociedade e a natureza [. O espaço terrestre se globalizara nos fluxos e nas relações econômicas. Em segundo lugar. 104/105). [. O quadro agrário também se modificara. superado seu estágio concorrencial e entrado no período monopolista. pois introduz um pensamento crítico. os centros de decisão das atividades ali desenvolvidas localizavam-se.. posto de outra forma. a milhares de kilômetros. muitas vezes. suas manifestações. frente ao passado dessa disciplina e seus horizontes futuros. o desenvolvimento do modo de produção capitalista havia.]. com a industrialização e a mecanização da atividade agrícola.. implicando numa crise das técnicas tradicionais de análise (MORAES. em primeiro lugar. não possui uma necessidade tão premente de formular uma definição formal do objeto. Essa Geografia [. este campo específico do conhecimento.. não coloca barreiras tão rígidas entre as disciplinas. p. para as correlações matemáticas expressas em índices. a exemplo daquela que ficou conhecida como Geografia Pragmática. daí sua crítica superficial à Geografia Tradicional. os índices e os padrões. A Geografia Pragmática é uma tentativa de contemporaneizar. os quais pedem.. grande parte dos geógrafos brasileiros procurou novas formas de análise. para legitimar a autoridade de uma ciência.. uma definição precisa do objeto.] não se prende a uma visão tão estanque da divisão das ciências. 110/111) Tentando dar respostas mais satisfatórias que esta aos problemas sociais. p.] advém de uma postura crítica radical. em vista dessa nova função.. em sua totalidade apoiada em fundamentos positivistas. 2007. Muito diferente é a situação da Geografia Tradicional.. 2007.. Suas propostas visam apenas uma redefinição das formas de veicular os interesses do capital. que se poderia chamar de renovação conservadora da Geografia. As mudanças implementadas deram forma ao que se denominou de Geografia Renovada. Isso levou a Geografia a uma mudança de paradigma. novamente. de novas propostas.] novos caminhos. Nessa atualização do discurso burguês a respeito do espaço. [. Havia uma crise de fato da Geografia Tradicional. (MORAES. pergunta-se sobre o objeto. As certezas ruíram. dos dados filtrados pela estatística [.]. Uma mudança de forma.. pensando que. Esta denominação “[. do positivismo clássico para o neopositivismo. de uma liberdade maior de reflexão e criação. logo. 2007. para as médias. nasce a corrente Crítica da Geografia.. (MORAES... E. entretanto. Trocase o empirismo da observação direta [.] são autores que se posicionam por uma transformação da realidade social.] da contagem e enumeração direta dos elementos da paisagem. pensando o seu saber como uma arma desse processo” (Moraes. desse modo. apoiada na observação de campo. 36). Assim.tornando a descrição e comparação insuficientes como método. sem alteração do conteúdo social. p.. p. ocorre a passagem. 3 . enfim. 103). o movimento de renovação estava na busca de “[.. pouco se afastando dos moldes tradicionais. Do trato direto com o trabalho de campo. estavam formulando outra geografia. 2007. 119). desgastaram-se...] por um empirismo mais abstrato. ao nível dessa disciplina. de nova linguagem. Da descrição. ao estudo filtrado pela parafernália da cibernética. sem romper seu conteúdo de classe. frente à Geografia existente [. o método e o significado da Geografia” (MORAES. Comungando do fato de que os métodos da geografia positivista se tornaram insuficientes. Um método de análise frente à complexidade do meio técnico-científico-informacional. assim como da opressão e desintegração do indivíduo (SANTOS. sendo.17). cientifização da burocracia. função estrutura e processo. Vive-se um mundo em que a ciência é o motor do desenvolvimento. p. como método de análise dessa nova disciplina e do seu objeto.. sendo por isso denominado por Milton Santos de meio técnico-cientifico-informacional. ciência e informação. mas mediada. desenvolve em Espaço e Método as categorias forma. cultura de massa. p. „preparada e servida‟ pelos atores hegemônicos do sistema. é como construir uma matriz teórica e metodológica que permita compreender essa realidade que muda.]. que segundo Souza (2008. se transforma a cada instante? Preocupado com essa temática. 1997. impedindo que espaços distantes fiquem isolados e causando um hibridismo cultural nunca antes presenciado na história humana. pois. Esse mesmo processo permite articular as diversas partes que compõe a totalidade. alargando contextos e encurtando distâncias.. um processo paradoxal e fragmentador.A grande problemática que se colocava. onde o trabalho intelectual ganha importância primária e as informações em massa se processam vertiginosamente. a globalização não é conhecida por todos. após redefinir o objeto de estudo da geografia. Porém. com implicações diretas nos lugares que passam a ser reflexos do mundo. p. O processo de globalização. e se coloca a todo tempo. pois as tecnologias de ponta geram novas possibilidades de fluidez. muito distinto dos que os precederam. base de expansão e de intercâmbio. sobretudo. Concentração e centralização da economia e do poder político. tudo isso forma a base de um acirramento das desigualdades entre países e entre classes sociais.36) difere da internacionalização. como adverte Santos (2006. ao tempo em que cria novas possibilidades é uma fábrica de perversidades como afirma Santos: A mundialização que se vê é perversa [. Contudo. uma informação não face a face. que ganhou corpo a partir do fim da segunda guerra mundial. O período histórico atual.39). centralização agravada das decisões e da informação. gerou grandes metamorfoses no espaço enquanto totalidade. 4 . o professor Milton Santos. tem como fundamento marcante o tripé técnica. Técnica esta universalizada relacionalmente e presente em cada lugar de forma potencial. posto que. o período afeta a humanidade inteira e todas as áreas da terra. que na realidade já não era primeira. 5 . que na realidade não era contínuo (SANTOS. Essa “técnica de fazer técnica” é o grande “pincel que desenha” o espaço geográfico contemporâneo. deseja e teme. Entretanto. cuja realização se tornou relativamente independente. 28). 1985. em primeiro lugar. Para Santos “essa técnica. Por meio das comunicações. se na Europa dominava-se as técnicas de navegação. resultou na complexidade de algumas sociedades que se revela. É importante ressaltar que a expansão do sistema capitalista resultou na grande difusão das técnicas.As possibilidades trazidas pelo processo de globalização. na forma de organização e distribuição do trabalho. Assim depreende-se que o avanço no conjunto das técnicas (re)define o andar da sociedade. é c hamada pesquisa” (1985. a faculdade de aperfeiçoar-se e também de retrogradar” (1999. gera novas possibilidades até então desconhecidas. ou seja. principalmente aquelas para processar e explorar inovações. Retomando a questão da técnica.27). se faz a principal responsável pelas rápidas e grandes mudanças presenciadas a partir do segundo pós-guerra.37). por ela o homem quer e não quer. a liberdade. aqui na América os índios não imaginavam a existência de um objeto muito pesado mas que flutuava sobre as águas. é necessário compreender a particularidade atual que. o ritmo da “primeira natureza”. a possibilidade de dissociação geográfica de atividades (SANTOS. pois as contradições no tocante à distribuição do capital se acentuam e as perversidades impostas podem ser vistas em todos os lugares (SANTOS. p. sobretudo. Mas. aliada a ciência. trazem. como nunca antes. pois. p. p. As novas técnicas. p. Em Espaço e Método Santos assinala que no decorrer da história as diversas sociedades se utilizaram de diferentes técnicas para intervenção no ambiente físico.16). 1985. 2006. Como afirmou Rousseau “o que o distingue do animal é. 41). como a de tudo conhecer num curto lapso de tempo. têm se apresentado apenas como fabulações para a grande maioria das pessoas. que agora possui características singulares. não atendia o ritmo humano. pois. Tal avanço nas técnicas objetivando maior utilização da natureza. p. o conjunto de técnicas utilizadas em períodos anteriores não era o mesmo em todos os lugares. Depois. o que desenvolve paulatinamente um avanço. com o intuito de suprir as necessidades de sobrevivência. Espaços que escapam temporariamente às forças são raros nesta fase da história. no mínimo. Viver. Tratado e visto como máquina vale apenas o quanto e o que consome. A noção de solidariedade dá lugar a injustiças. Em meio a toda essa complexidade novas e grandes problemáticas se colocam à Geografia. p. Direito a um teto. à educação. p. com os demais. posto que esta ciência tem a enorme e difícil tarefa de compreender os processos de desigualdade que se acentuam nesse período da globalização. (SANTOS. à justiça. Ali onde o dinheiro se torna a medida de tudo. o que poder-se-ia chamar de doença desse período histórico. 19). convivendo naturalmente lado a lado com a miséria. à proteção contra o frio. Ali [. isto é. 2007.] Os cimentos se dissolvem e mínguam as solidariedades ancestrais. As causas dos males aparecem como se fossem a sua solução. e mundializado na medida em que é receptáculo das possibilidades trazidas pela globalização. e a análise descritiva que vê o território como simples palco das ações humanas é. insuficiente. tarefa alcançada 6 . uma herança moral. a chuva. supõe reconhecer que este se tornou ao mesmo tempo. é assumir. Nesse sentido a noção de lugar-mundo e mundo-lugar. Nega-se o direito de cidadania e esquece-se de que O simples nascer investe o indivíduo de uma soma inalienável de direitos. 2007. universalizou gostos de consumo. deve perpassar a todo tempo o entendimento do espaço contemporâneo. Mais que isso o que se presencia. universalizou culturas e tantas outras coisas mais (SANTOS. que faz de cada qual um portador de prerrogativas sociais. 29). p. a economização da vida social impõe uma competitividade e um selvagismo crescente. as intempéries. círculo vicioso que escancara as portas das favelas para a cultura de massas. (para usar uma expressão Miltoniana). nesse contexto. projetos decididos a conquistar todo mundo pela força da propaganda.. é a “sucessão alucinante dos eventos”. singular pelas influências do contexto. e estranhamente. perversidades. apenas pelo fato de ingressar na sociedade humana. 1997. principalmente nas metrópoles. Compreender o lugar. com o seu cortejo de despersonalização. sobretudo nas grandes cidades ou nas metrópoles. por outros projetos elaborados de fora deste mesmo indivíduo. de dentro do indivíduo. e a substituição dos projetos pessoais saídos da cultura. à comida. tornar-se um cidadão do mundo. à saúde.A técnica universalizou as relações. direito ao trabalho. No lugar de um cidadão a nova realidade do mundo forma um consumidor.. à liberdade e a uma existência digna. o ápice da concentração do capital e a busca frenética e constante do mesmo.14). (SANTOS. 50). É a partir desse entendimento que se pode definir as categorias filosóficas – forma. as questões que caracterizam o espaço atual não podem ser desconsideradas no fazer cientifico sério. Nesse sentido. p. isto é. A estrutura espacial de um dado lugar é o resultado da interação de várias estruturas que subsistem indissociavelmente.apenas com o rigor metodológico necessário. tudo gerado historicamente. escolas avenidas e etc. de outro. a vida que os preenche e os anima. São os objetos e arranjos de objetos que compõe o espaço. 7 . p. sobretudo. É o aspecto “invisível” construído pela inter -relação das diversas funções desempenhadas pelas/nas formas. Objeto e método Para Santos (1997. parques. condomínios. o modo de organização ou construção” (1985. a sociedade em movimento”. Santos assinala que “estrutura implica a inter-relação de todas as partes de um todo . de uma estrutura de produção específica. pois. certo arranjo de objetos geográficos. Do contrário será insuficiente ou correrá o risco de ficar desatualizado antes mesmo de sua aplicabilidade. os objetos e arranjos de objetos são construídos. Assim. a tarefa não pode ser desempenhada sem a forma. o espaço possui arranjos visíveis que imprescindivelmente se relacionam entre si com e por meio da sociedade em movimento. Por isso para compreendê-la é preciso sempre considerar a dinâmica social de cada período. estrutura e processo – como método de análise da Geografia. de um lado. função. A função é a atividade desempenhada pela forma. Um terceiro aspecto da análise é a estrutura. Portanto. a atualidade e o movimento. daí a relação direta entre as duas. produtiva e espacial de um dado período passível de contextualização. como nos lembra Santos: A estrutura espacial é algo assim: uma combinação localizada de uma estrutura demográfica específica. 50/51) a forma é o aspecto visível de uma determinada coisa. organizando o presente e projetando o futuro. a definição de um método capaz de dar conta da análise geográfica nesse contexto precisa considerar. O espaço seria então um conjunto indissociável e contraditório de objetos e ações. (re)construídos e (des)construídos para atender a dinâmica social. objetos naturais e objetos sociais. e. Para Milton Santos (1985.26) “O espaço deve ser considerado como um conjunto indissociável de que participam. casas. P. ou seja. por outro lado.. Ela dá sentido a forma visto que um objeto no espaço não subsiste desprovido de tarefa e. esse método constitui uma base forte que auxilia o geógrafo na leitura e interpretação da realidade. seria absurdo tentar uma análise sem esse elemento. não se pode a separar concreta e conceitualmente das demais categorias sob pena de não se compreender a contento os diversos aspectos que compõe o espaço. Nesse sentido a história se constitui numa ferramenta intimamente relacionada. de uma estrutura de classes específica e de um arranjo específico de técnicas produtivas e organizativas utilizadas por aquelas estruturas e que definem as relações entre os recursos presentes (SANTOS. 1985. O processo é dinâmico. Separando estrutura e função. estrutura e processo. função. perderemos a história da totalidade espacial. com o que a idéia de transformação nos escapa e as instituições se tornam incapazes de projetar-se no futuro.de uma estrutura de renda específica. função. este último sinônimo de tempo. o estudo do processo se faz necessário na medida em que se busca entender a gestação das formas. Desse modo. o passado e o presente são suprimidos. deixa-nos a braços com uma sociedade inteiramente estática. P. (SANTOS. Não se pode analisar o espaço através de um só desses conceitos. p. como se tratasse de um conceito único.56). Portanto. Como nos afirma Santos: Para se compreender o espaço social em qualquer tempo. de uma estrutura de consumo específica. destituída de qualquer impulso dominante. Se examinarmos apenas a forma e a estrutura. enquanto método de análise para compreensão da organização sócio-espacial. sem a estrutura. Considerações finais Este ensaio evidenciou a aplicabilidade concreta e conceitual das categorias Miltonianas: forma. a qual é preciso recorrer constantemente. Por isso. Examinar forma e função. Como a estrutura dita a função. ou seja. simplesmente porque a função não se repete duas vezes. forma. Para apreensão da realidade a geografia não pode se interessar mais pela forma das coisas do que pela sua formação. é fundamental tomar em conjunto a forma. o que impreterivelmente facilitará a compreensão das funções por elas exercidas. Porém. eliminando a função. Assim. 17). a função e a estrutura. processa e é processado. revelando as contradições do processo de 8 . estrutura e processo. À primeira vista o geógrafo pode ser induzido a estudar pura e simplesmente a forma. outro fator inerente ao estudo do espaço é o processo. 1985. quando consideradas em conjunto impedem a compreensão superficial e descritiva dos fenômenos que todo cientista deve evitar. ou mesmo de uma combinação de dois deles. modifica e é modificado. Este seria o constante devir social que constrói. é ao mesmo tempo resultado e condição da história. (re)constrói e (des)constrói as formas ao longo da história. Discurso sobre a Origem e os Fundamentos da Desigualdade entre os Homens e Discurso Sobre as Ciências e as Artes. A Metrópole e o Futuro. SANTOS. São Paulo: Annablume. Quinta edição. SANTOS. Espaço e Método. Maria Adélia Aparecida de (organizadora). São Paulo: Nobel. a contribuição Miltoniana. ROUSSEAU. Nova Cultural Ltda. Universal. 13ª ed. Portanto. Milton. quando consideradas indissociavelmente. 2007. 2007. Para tanto. SANTOS. 2006. porém nunca ultrapassando os limites da descrição que em pleno século XXI. foi necessário recorrer aos principais processos que nortearam a renovação da geografia para melhor compreender os fundamentos dessa nova realidade presenciada aproximadamente em meados do século passado. para o método da geografia renovada. Milton. Campinas: Edições TERRITORIAL. Refletindo sobre Campinas. SANTOS. REFERÊNCIAS MORAES. 1999. 2008. São Paulo: Edusp. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência. Milton. Jean-Jacques. 199). São Paulo: HUCITEC. Milton. Milton.globalização. São Paulo. 1997. Antonio Carlos Robert. 1985. não satisfaz aos anseios da ciência geográfica. analisar as características desse período histórico é condição essencial para a (re)definição de um método que não fuja à atualidade e sobreviva ao movimento. impede que o geógrafo faça uma geografia tradicional coberta com falsa capa de criticidade. 9 . SOUZA. SANTOS. Como afirmou Milton Santos “o estudo da totalidade conduz a uma escolha de categorias analíticas que devem refletir o movimento real da totalidade” (2007. p. O Espaço do Cidadão. Metamorfoses do espaço habitado. Geografia: Pequena História Crítica. 2007. frente à complexidade gerada em virtude da instantaneidade e movimento do meio técnico-científico-informacional. São Paulo: Edusp. visto que. Economia Espacial: Críticas e alternativas. Rio de Janeiro: Record.
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