Fichamento - Partilha da Africa

March 21, 2018 | Author: Thiago Fernandes | Category: Africa, Europe, France, Germany, Sub Saharan Africa


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Universidade do Estado do Rio de JaneiroIFCH – Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Departamento de História História Contemporânea II Prof. André Azevedo Aluno: Thiago Fernandes da Silva Matricula: 2005.1.00657.11 Fichamento: A Partilha da África Negra Henri Brunschwig Introdução “A partilha de um país ocorre quando várias potências estrangeiras se põem de acordo para colocá-lo, inteira ou parcialmente, sob sua soberania.” (pág. 13) “No fim do século XVIII, só havia soberania estrangeira em alguns pontos da costa de Angola: e de Moçambique, sob dominação portuguesa, na Gârnbia britânica e no Senegal francês.” (pág. 13) “A situação evoluiu lentamente no decorrer dos dois primeiros quartéis do século XIX. O escravo foi progressivamente substituído pelo óleo de palmeira e por diversos produtos de menor importância, como o marfim, o ouro, ou penas de avestruz. Sob a influência dos humanitaristas, dos missionários ou dos comerciantes, os ingleses foram conduzidos a criar as colônias da Coroa em Serra Leoa (1807), na Costa do Ouro (18301874) e em Lagos (1861).” (págs. 13-14) “Houve rivalidade somente com a França. Esta não tinha nenhuma razão de se apaixonar pela África.”(pág. 14) “Tudo isso revelava uma elevada preocupação do prestígio nacional nos círculos coloniais franceses, mas não correspondia a nenhum interesse econômico ou cultural. Por volta de 1870, os franceses pouco haviam contribuído para a imensa obra de exploração do continente; essa prosseguira sob a égide dos ingleses, principalmente.” (págs. 14-15) “Se a curiosidade científica e á paixão humanitária foram, na origem, os principais motivos das explorações, logo tomou-se consciência das ricas possibilidades que o futuro reservava ao comércio, às plantações e às especulações industriais no continente africano.”(pág. 15) “A partida era disputada no seio de uma combinação limitada, até 1871, à Inglaterra, à França, à Áustria-Hungria, à Prússia e à Rússia.” (pág. 15) “As grandes questões sobre as quais todos os candidatos à diplomacia fizeram suas provas foram a unidade italiana, a unidade alemã e os negócios do Oriente.” (pág. 15) . e todos os países aproveitaram-se da aceleração do comércio internacional. ou ferroviários. aos interessados. que atraiu o interesse de círculos mais extensos que os dos humanitaristas.” (pág.“A África branca. foi concluída em 1872” (pág. 21) .) inaugurara.. portanto. desde então. Cabia à política assegurar-lhes o controle desses territórios e de assumir os custos de sua aquisição.” (pág. os americanos começaram a construção do primeiro caminho de ferro transcontinental.” (pág. e até à iniciativa das autoridades locais. 16) “A África negra não interessava aos diplomatas. 20) “A técnica moderna permitia aos brancos penetrar na África e aí se manter. a Union Corporation. do Senegal e de Serra Leoa. emigrantes de espírito aventureiro. e as condições para a partilha foram então reunidas. colocaram a África entre os continentes onde.” (pág. agindo por diversos meios que os levassem a entendimentos para delimitar as esferas de influência concedidas a cada um. dos sábios e dos comerciantes britânicos. e para cedê-las. do Cabo. expedições de conquista. podiam realizar fortunas fabulosas. 18) “Essas descobertas e esse interesse coincidiram com realizações técnicas que pareciam mostrar a inexistência de barreiras ao acesso e à valorização dos países novos.” (pág. Ferdinand de Lesseps (. (. entrava. 19) “Em 1869.” (pág. multiplicando os projetos hidráulicos. 20) “Os técnicos. após a instalação da França na Argélia em 1830. como na Austrália e na América..” (pág. depois o do ouro no Rand em 1881 e do cobre na Rodésia. entraram em jogo. Deixavam-na de bom grado aos Ministros da Marinha ou das Colónias.” (pág. Este foi o início da colonização moderna.” (pág. 21) “A maioria dos gqvernos europeus não estava entretanto disposta a engajar-se ern custosas. Eles não se constrangiam por ignorar sua geografia. que aproximou Nova York de São Francisco. inclusive o Magreb. O descobrimento casual do diamante no Transvaal em 1867. com o Mediterrâneo e o Oriente Médio. Os governos procuraram evitar tais operações. de Bourbon (Reunião). o canal que aproximava três continentes era neutro.. 16) Capítulo I – Os primóridos da partilha “A situação mudou no decorrer do decênio de 1870 a 1880. O meio mais utilizado foi o das companhias concessionárias. Isso começou por uma nova valorização da África negra.) Sua Companhia Universal do Canal de Suez era dirigida aos pequenos subscritores do mundo inteiro. na órbita das preocupações cotidianas dos diplomatas. depois. não ocorreria ao espírito de nenhum Ministro do Exterior provocar um conflito com a Inglaterra por causa de um pedaços da África negra. oposto às operações de conquista e de prestígio da colonização tradicional. o Canal de Suez diante de uma plateia de reis. deixando para esses a realização dos indispensáveis investimentos. 16) “Até cerca de 1860. 19) “No mesmo ano. mal informado e. não sofria a falta de empregos ou de matérias-primas.. em França. Paradoxalmente porque a população. em técnicos que ensinariam aos habitantes do país os processos modernos de aproveitamento da terra.] Por isso. que a distinguia da longa e brutal conquista da Argélia ou das impopulares e longínquas expedições do segundo império. os militares do Sudão impuseram sua política de conquista tão bem aos africanos quanto ao governo francês. passava à ordem do dia. e contribuiriam para o prestígio da França.” (pág.” (págs. mas sempre atrativos pela sua modernidade prospectiva e civil. mesmo que esta provasse. enquanto o Congo e a África Central levavam as chancelarias a combates. e pôde prosseguir. que jamais fora sensível às expedições coloniais. a opinião pública.” (pág. à República. na ignorância total das estruturas sociais. construiriam estradas.” (pág.” (pág. introduziriam culturas novas e a pecuária racional(.. suas alfândegas. 23) “Essas ideias que. aprovou a extensão da soberania nacional sobre vastas regiões do globo. progressivamente instruídas. teriam seus governos. relativamente estacionária. e hostil à conquista militar. colocado — como o ministério — diante do fato consumado. e porque a industrialização. em sua maior parte pouco apaixonado pela África negra. gozariam de uma autonomia interna semelhante à dos domínios britânicos. eles se inspiraram.] No decorrer desses vinte anos. que preferia talvez a colonização moderna à conquista militar tradicional. respeitosa do direito dos povos de dispor de si próprios. 21-22) “Uma colonização adaptada à França cuja população não emigrava. reforçadas pelo desastre de 1871 [. sob formas diversas e com variantes.” (pág 26) . Mas. barragens.não emigrava. a conquista não inquietou aos diplomatas do Quai d'Orsay. que o exército francês ainda era capaz de vitórias. para fornecer os meios necessários. seus exércitos. após a derrota de 1871. 22) “Estava aí uma doutrina deaspectos múltiplos. relativamente lenta.” (pág. se organizariam. cuja colaboração era tida como certa. e mentais dos aborígines.“A teoria da colonização moderna foi particular e paradoxalmente desenvolvida na França. Os projetos dos técnicos precederam a conquista do Sudão. às vezes. Solidamente instalados no Senegal.. dominaram todo o período imperialista. que votava cada ano o orçamento das colônias.) As populações.. 23) “Isso repousava também.[... foram. na ingénua convicção de que a única civilização era a do Ocidente. não deixou de criticar a megalomania dos militares do Sudão. uma colonização baseada em quadros de pessoal e em capitais. na minúcia das operações que permitiram aos militares franceses apossar-se do Sudão Ocidental entre 1880 e 1898. vias férreas. que teria preferido uma penetração pacífica. E isso supunha que em França industriais e banqueiros estavam preparados. 25) “Como não havia rival europeu na região. O Parlamento. lamentavelmente. à qual estariam associadas e representariam no estrangeiro. nas ideias novas. e que as "raças inferiores" não podiam senão aspirar a elevar-se para gozar de seus benefícios. 23-24) “Os militares tomaram a iniciativa neste sentido. 24) “Não insistiremos .” (págs. em última análise. muitas vezes. . por volta de 1870. Sabiam como votariam antes do início da sessão.. e não sobre a política africana. Os esforços de Leopoldo para impedir a ratificação. E para resguardar-se disso.” (pág. postos hospitalares. se preocupava com essa bacia de difícil acesso. pois nenhum governo.”” (pág. atraia para aí habitantes e proclame a independência dessas aglomerações sob a discrição do bom consentimento do comitê.“Os deputados votavam realmente na questão de política interior do momento. evitando com isso "a instalação da política no Congo". deseja somente possuir propriedades na África. Comitês nacionais reuniriam fundos para criar. 30) “”O Rei.. por exemplo. corno particular. como os ingleses haviam feito com o Transvaal no momento em que Leopoldo negociava um acordo em 1877. de evitar a duplicação de trabalhos. . científicos e pacificadores. A criação de . 26) “(.” (pág. até o dia em que se tornou Ministro da Marinha (1902-1905). visando a abolir a escravatura e estabelecer a concórdia entre os chefes.” (pág..) havia importantes resultados científicos que permitiram aos franceses pôr finalmente em atividade um brilhante explorador de classe internacional. mas nada que levasse a uma custosa ação política para a posse de territórios que nenhum rival reivindicava. a carta pela qual o Rei rogava a Lesseps que salvasse o caráter humanitário da A. o mecenas reuniu em seu palácio de Bruxelas uma conferência internacional de Geografia. 31) “O obstáculo a temer seria que Brazza e o Dr. [.I. no bulangismo. Mesmo aqueles que permaneceram sempre hostis à expansão colonial.)o império francês na África negra foi conquistado ou adquirido. repentinamente.. a partir de bases de operação situadas na costa de Zanzibar ou perto da embocadura do Congo. 30) “Em setembro de 1876. Leopoldo II introduziu a política no Congo. não em meio a hostilidade e sim em meio a indiferença da maior parte da opinião pública.] Nada mais inesperado.. combinar os esforçoi tirar partido de todos os recursos. 27) Capítulo II – A engrenagem do congo “O descobrimento do Congo atraiu. no caso Dreyfus.” (pág. a cobiça dos europeus. aumentaram a popularidade do explorador. O objetivo era "abrir à civilização a única parte de nosso globo em que ela não havia ainda penetrado. Cumpre portanto que Stanley compre ou obtenha territórios. 30) “Os exploradores presentes e os representantes das grandes sociedades geográficas dos vários países concordaram em fundar uma Associação Internacional Africana.. Balloy (.”” (pág. 28) “(.A. a imperícia de Stanley ironizando uma conferência feita em Paris sobre as iniciativas de Brazza e sobre os farrapos de Malamine. na linha da ideologia humanitária.. 32) “O Comitê do Alto Congo não era um estado de direito público. conferenciar para acertar o passo. como Camille Pelletan.) agissem oficialmente em nome de uma grande potência e anexassem o Congo à França. .. na separação da Igreja e do Estado. só manifestaram sua opinião ocasionalmente. A Bélgica não quer nem colônias nem territórios.” (pág.” (pág. Itália. inquietou-se. 40) A conferência (15 de novembro de 1884 a 26 de fevereiro de 1885) “Não é demais lembrar que a conferência de Berlim se inscreveu no quadro da his tória das relações internacionais. uma soberania comercial. Os organizadores dirigiram-se aos signatários do tratado de Viena. A África não era aí senão uma parada mais ou menos cobiçada nessa partida arbitrada por Bismarck.(..” (pág. aceita pelo Foreing Office previa três pontos: 1) Liberdade do comércio na bacia do Congo e em suas embocaduras. 33) “Brazza retornou ao Congo. e estabelecerem-se entendimentos sobre a lista das quatorze potências a serem convidadas... com efeito.” (pág.negros sob a égide do Comitê. 39) “Cerca de dois meses se passaram entre a anuência de Jules Ferry (22 de abril) e a abertura da conferência. Foi necessário. obter a concordância de Lord Granville. Secretário de Estado no Foreign Office. 35) “A Ordem do dia. e juntaram-se a isso os novos interessados. não havia.””(pág. apoiada no Reich alemão e colocada sob sua proteção. 35) Capítulo III – A conferência de Berlim Preparação “Discutiu-se muito sobre as razões que incitaram Bismarck a praticar uma política colonialista. nos séculos XVI e XVII. (..” (pág. mas de tomar sob nossaj proteção empreendimentos comerciais e tarefas que. venham a adquirir soberania. por outro lado. por outro lado. invocava direitos de prioridade histórica à embocadura do Congo. em seu pleno desenvolvimento. mas dentro de uma acepção européia e de forma alguma africana do termo Estado..” (pág. e a maioria das quatorze potências não . 34) “Bismarck interveio então. com o título de "Comissário da República no Oeste africano". 2) Aplicação ao Congo e ao Niger dos princípios adotados pelo Congrego de Viena tendo em vista consagrar a liberdade de navegação sobre vários rios internacionais.275. Instalado em Angola. Estados Unidos e Turquia. Dotado de um orçamento de 1.” (pág. Nós a protegeremos igualmente contra os ataques de vizinhos imediatos assim como de vexações advindas de outras nações européias.) Seu propósito era salvaguardar o império que havia unificado em 1871. 37) “”Nossa intenção não é de criar províncias. em suma. já "instalado a política”? (pág.000 francos. visto que pretendiam inspirar-se em sua regulamentação sobre a navegação no Danúbio. descoberta por seus navegadores no século XV e dominada por seu aliado.) Nada em sua atividáde passada o havia orientado para a expansão colonial.” (pág. Bélgica. o Reino do Congo. 34) “Portugal. prosseguiu a exploração e esforçou-se para expandir a dominação francesa. princípios estes aplicados mais tarde no Danúbio 3) Definição das formalidades a serem observadas para que novas ocupações nas costas da África fossem consideradas efetivas.. não era essa a finalidade da conferência. as fórmulas constantemente lembradas que repetem o mesmo verbo no futuro: "as potências que exercem ou exercerão direitos de soberania ou uma influência" na bacia convencional — os recentes progressos da França no Sudão.” (pág. 44) “Chegou-se a um acordo em termos vagos: "As potências reconhecem a obrigação de assegurar nos territórios ocupados por elas nas costas do continente africano. a existência de uma autoridade capaz de fazer respeitar direitos adquiridos.. Este era o problema levantado pelo tratado anglo-português de fevereiro de 1884.” (pág. a África Oriental era ainda mal conhecida pelos europeus. 46) Capitulo IV – A África Oriental “Por volta de 1870. (pág. e. se for o caso.C. Ora. A declaração sobre a notificação devia permitir a limitação dos conflitos futuros a negociações diplomáticas. em nome de sua soberania nas partes de suas colônias que se. É por esse motivo que elas se mostraram em geral favoráveis à extensão do domí nio da A. Mas os prazos observados para permitir que Leopoldo II precisasse os limites do Estado Independente. 45) “”O novo Estado do Congo é chamado a tornar-se um dos principais guardiães da obra que temos em vista. 41) “As suscetibilidades nacionais exprimiram-se.. as situações alcançadas escapam a suas decisões. 44) “Kasson mostrou-se..” (pág.julgaram útil enviar para.I. 45) “Assim. 42) “Desde 17 de novembro. e eu faço votos a seu próspero desenvolvimento e à realização das nobres aspirações de seu ilustre fundador. no decorrer da segunda e terceira sessões (19 e 27 de novembro) sobre a extensão do território onde reinaria a liberdade comercial. tudo concorre para afirmar a convicção geral de que a partilha era inelutável.” (pág. a conferência não partilhou a África. ela "recebeu a missão exclusiva de estatuir para o futuro. encontravam inclusas na bacia. Mas esses últimos foram isolados em Moçambique por comerciantes árabes mais ou menos . Eles frequentavam suas costas a partir do descobrimento pelos portugueses. O futuro Estado independente — quer se acreditasse ou não em sua perenidade — assegurava o futuro da livre-troca internacional.”” (pág. 43) “Seu objeto foi o de precisar “as condições essenciais a serem preenchidas para que ocupações novas sobre as costas do continente africano sejam consideradas efetivas". aí seus melhores jogadores. dos ingleses na Costa do Ouro etc. a liberdade de comércio e de trânsito. 43) “Para a maioria das potências. Kasson propôs a neutralidade dessa bacia convencional. assim.” (pág. o principal fim da conferência devia ser o de preservar o livre-câmbio que as anexações recentes feitas pela França e Portugal haviam limitado.favorável mas Courcel protestou que o atual estado da exploração não permitia uma delimitação que "levasse de fato a uma divisão da África". França e Portugal se opuseram. Essas potências se fizeram simplesmente representar pôr seus embaixadores” (pág. que as potências não tinham reco-nhecido.”” (pág. em seguida aos italianos e aos portugueses.G. O sistema das companhias de carta findava na África Oriental como no sudoeste africano. e enviou o Capitão Von Wissmann para reprimir a revolta. Inglaterra – tivesse motivo para perturbá-lo. A D. e a . cuja colônia de Natal fora oficialmente criada em 1845. finalmente a ocupação do Egito em 1882.. 47) “A miséria dessas populações indefesas e a crueldade dos potentados negros que as subjugavam impressionaram os exploradores e os missionários europeus que se aventuraram pela África interlacustre. misturado com crenças islâmicas. criada pela conferência dos geógrafos em Bruxelas em 1876.” (pág. O’swald. 51) “Uma comissão tripartida germano-anglo-francesa foi formada em dezembro. animistas e cristãs. Nada aconteceu. França. que participassem da tarefa. finalmente. ocidentais e asiáticos.” (pág. viviam em bons termos com Bargash e com os ingleses. a sedução dos anos 80 pelos caminhos de ferro transcontinentais e os projetos de ligação Cabo-Cairo.A.. Os últimos a desejarem uma intervenção oficial eram certamente os comerciantes hamburgueses que asseguravam mais ou menos um quarto das importações e a metade das exportações de Zanzibar.” (pág. Bismarck decretou o bloqueio da costa.” (pág. consolidado por meio século de equilíbrio relativo. Seus membros percorreram lentamente a costa. 49) “A situação mudou quando Leopoldo II lançou seu interesse sobre a África Central. científicas e humanitárias" na África Central.” (pág. prosperava sem que nenhuma das potências europeias tradicionalmente ativas no Oceano Indico – Portugal. 52) “Bismarck. As grandes firmas.(.” (pág. Bismarck esperava que Rohlfs conseguisse insinuar-se na graça de Bargash e afastar os ingleses. propôs aos ingleses um acordo de divisão em "zonas de influência": os tratados de 29 de outubro e de 1° de novembro de 1866 fundando-se sobre o princípio da integridade do ato de 1862. 50) “A Conferência de Berlim caminhava para seu fim. Mas o sistema internacional de Bismarck parecia sólido. recolhendo por toda a parte testemunhos favoráveis ao seyyid. recomendava aos vários comitês internacionais multiplicar as "estações hospitalares.” (pág. fez apelo ao Estado:o Chanceler precisou pedir ao Reichstag dois milhões de marcos. 49) “A expansão da África do Sul para o norte.) O bloqueio. Hansing.” (pág. que controlavam o comércio no Norte da Rovuma. 53) “Era a falência de toda a política bismarquiana. 48) “Todo esse complexo de política e de comércio. 53) “Para impedir este abastecimento dos "mercados de escravos". tingido de interesses africanos. faziam com que ela desejasse isolar as potências tanto das fontes do Nilo quanto dos territórios pelos quais passaria a futura via férrea. aliás. não impediu o contrabando.O.vassalos dos sultões de Oman. Pediu aos ingleses. fixaram numa faixa costeira com largura de dez milhas o território em que a soberania do Zanzibar era reconhecida. 50) “Tudo isso era iniciativa privada.” (pág. e a Inglaterra se encontrava isolada na Europa. e pelos ingleses. A Associação Internacional Africana.” (pág. 55) “O que interessava a Bismarck. esse recurso à iniciativa e aos capitais privados devia pelo menos dar-lhes tempo para ver sua chegada.” (pág. Foi a intervenção da Alemanha na África Oriental que precipitou o movimento. a noção de esfera de influência.."(pág. nenhuma "autoridade suficiente" se exerce aí. cuja exploração se verificará no futuro. retornou a Tana e encontrou em 27 de fevereiro de 1890 o kabaku de Buganda. então. no momento em que o lançamento dos empréstimos russos em Paris reaproximava a Rússia da França. Muanga. Ela é uma caça guardada.conferência de Bruxelas. 56) Capítulo V – Os grandes tratados de partilha Condições de partilha “Não é evidente que a potências reunidas na Conferência de Berlim tivessem sido pressionadas a dividir o interior da África. com quem assinou um tratado. o qual constatou o sucesso de Stanley. portanto ser exatamente delimitadas. reunida para pôr fim ao tráfico de escravos em 1889-90 também não teve êxito. A aproximação de 1885 com a França fora efêmera. os acordos de divisão refletiram as preocupações dos brancos: desejo de poder e medo de perder o prestígio se eles cedessem sem "compensação". depois do Komitee. 58) “Resultou que os grandes acordos de princípio. ele conseguiu que se assinasse entre a Alemanha e a Itália. ameaçada.” (pág. era aproximar diretamente e não somente por meio da Itália. A esfera de influência não se torna ainda nem explorada nem ocupada. Ela nãoa violava porque a Ata geral considerava apenas as costas. Essas esferas não podiam. Bismarck. nessas negociações. Peters apresentou-o como um ato político. 57) “Ora. aliás. Ainda que todos tivessem ilusões sobre as companhias com carta. introduzida no artigo 3 do tratado germanobritânico de 1886. 54) “Sem aprovação de Bismarck. a Grã-Bretanha de seu sistema europeu. as divisões em zonas de influência de julho e agosto de 1890 e de abril de 1904.“ (pág.) Os governos. tomando como seu papel assegurar as companhias contrai as intervenções estrangeiras. traduzindo por "protetorado" o termo "amizade". (. como um interlocutor válido: a partilha da África era exclusivamente iniciativa das potências europeias. Após a renovação da Tríplice. 54) “A preponderância de Bismarck no controle das relações internacionais estava..” (pág.” (pág. ganhou entretanto o Vitu. 59) “Na ausência do negro. mas.” (pág. 58) “Não há nenhuma dúvida de que a África negra jamais tenha sido considerada. foram seguidos de inúmeros tratados elaborados por comissões mistas que trabalharam in loco no decurso dos anos. um tratado secreto garantindo o status quo no Mediterrâneo. estava em contradição com a Ata de Berlim. mas aplicava à parte interior do país princípios opostos.” (pág. . em fevereiro de1887. Tratava-se de um banal acordo sobre a liberdade de comércio e de estabelecimento. tentou integrar a Grã-Bretanha em seu sistema. recorreram à noção de "esfera de influência. ) Não teria sido seu esquecimento calculado para obrigar os franceses que a esse momento não sonhavam com isso. 60) “Ele insistiu no seu pedido no fim da vida. em torno de Peters e de seus amigos. assinou o tratado que em doze artigos liquidava o litígio germano-britânico da época e anunciava um entendimento durável entre as duas potências. Ernest Hasse. do Prof. (. evacuaria o Vitu.. Ela cederia à Inglaterra todos seus direitos no Norte de Umba. rejeitavam ceder um território Britânico na Europa. prevê comissões mistas para traçar a fronte. responsável pela. propondo sanar as desavenças na África. e se os colonialistas se inquietaram de não terem obtido da Alemanha o corredor de ligação entre a Rodésia e Uganda. que sucedeu ao Chanceler de Ferro. felicitavam-se por sua predominância sobre o Alto Nilo e sobre Zanzibar ter sido formalmente reconhecida. 61) “O ato definia duas esferas de influência na África Oriental. a umj acordo. não foi informada' das negociações entre ingleses e alemães. desde então. A iniciativa vem de Bismarck. A Alemanha aí dominaria. onde as rivalidades entre as companhias alemã e inglesa se exasperavam e as iniciativas de Peters em Uganda ameaçavam a supremacia britânica na bacia do Nilo..avaliação da rentabilidade económica vindoura. a Inglaterra cederia Heligolândia. que ensinava Política colonial na Universidade de Leipzig — da Liga Pangermânica Alemã. Alfred Hugenberg. do qual. 60-61) “O General von Caprivi. se realizou em função dos interesses das potências na Europa ou de outros continentes. e a tentar consejguir deles o consentimento para a ocupação do Egito?” (pág. ira in loco. abstém-se da menor menção aos povos africanos.” (pág. e o estatuto de muitos territórios africanos dependeu de concessões que os partidos se faziam além-mar.” (pág. do jovem Dr.” (pág.” (pág. 63) “O acordo de 5 de agosto manifesta características iguais ao tratado sobre Zanzibar.° de julho de 1890 é um bom exemplo disso. de Rovuma a Umba e adquiriria a costa e a Ilha de Mafia graças à pressão que a Inglaterra exerceria nesse sentido sobre o seyyid. pelo acordo secreto de fevereiro de 1887 sobre o status quo no Mediterrâneo. como a própria Rainha Vitória. renunciaria a toda pretensão sobre Uganda e reconheceria um protetorado britânico em Zanzibar. 63) O tratado franco inglês de 5 de agosto de 1890 “A França. integridade de Zanzibar. em abril de 1891. 65) O tratado franco-britânico de 8 de abril de 1904 . e que não apreciava as colônias. Ele delimita zonas de influência nas regiões inexploradas.” (pág. elaboração da rede de alianças diplomáticas.” (págs. 62) “Quanto aos ingleses. Este desejava ligar a Inglaterra de novo a seu sistema. A divisão da África.” (pág. 60) O tratado germano-britânico de 1º de julho de 1890 “O acordo anglo-germânico de 1. já estivera aproximado. se alguns. Em troca dessas importantes concessões.” (pág. 62) “A indignação dos nacionalistas alemães conduziu à fundação. . enviar uma missão a Bahr-elGhazal e ao Alto Nilo. as mudanças nos parecem. quando resolveu. sobre a bacia do Menam na Indochina. que era contrária à noção de ocupação efetiva definida pela Conferência de Berlim. o esfriamento das relações entre a Inglaterra e a Alemanha e a Primeira Guerra Mundial impediram a realização desses projetos. em proveito da Bélgica (Ruanda-Burundi).” (pág.” (pág. obtinha retificações das fronteiras entre o Senegal e Gâmbia e no Norte do Daomé. eles separam realmente dois mundos diferentes.” (pág.”(pág. 67) “A guerra dos bôeres.(. as antigas esferas de influência e representam o mais durável legado da partilha imperialista. da União Sul-Africana (Sudoeste Africano). em 1894. Elas foram colocadas sob mandato judicial da Sociedade das Nações. de comportamentos estrangeiros. 68) “O que resta dessa divisão? Se compararmos o mapa da África colonizada de 1918 ao da África livre contemporânea. da noção de esfera de influência. Eles tinham asseguradoo triunfo da noção de zona de influência.“Os acordos de 1890 tinham esboçado o mapa da África na época imperialista. mas também de culturas. 70) “Nós tentamos demonstrar: 1. 68) “A introdução não somente de línguas. a França renunciava a seus privilégios de pesca na costa ocidental da Terra Nova. certamente. 66) “A questão mais difícil continuava entretanto a da rivalidade entre a França e a Inglaterra no Egito. ao primeiro encontro. após 1890. 69) “No momento em que correspondem às fronteiras dos Estados descolonizados.. mínimas. Estes perpetuam. O Togo e os Camarões foram divididos entre a França e a Inglaterra.” (pág. e que apareceu pela primeira vez na África negra no tratado germano-britânico de 29 de abril de 1885 sobre o Golfo de Biafra.” (pág. Pelo segundo. recebia as ilhas de Los. 68) “Estes enclaves desapareceram quando. desde então denominada Tanganica).” (pág. da Inglaterra (África Oriental. 71) . uma "declaração" reconhecia os direitos eminentes da França sobre o Marrocos e da Inglaterra sobre o Egito. Que o verdadeiro imperialismo divisor data na realidade da generalização. ao comprar por substanciais compensações o reconhecimento da predominância britânica. 66) “Foi a rivalidade naval entre a Inglaterra e a Alemanha que finalmente possibilitou o acerto de todos os conflitos coloniais entre a França e a Inglaterra. Muito ineptamente.) O tratado resolveu três problemas por compromissos: o primeiro. as alfândegas de Madagascar e o estatuto das Novas Hébridas. Tinham estreitado a ligação entre a política geral das potências e sua expansão na África. em plena Guiné.” (pág. após a Primeira Guerra Mundial. parece portanto ter justificado e donsolidado tardiamente a divisão imperialista. A comunicação por água era-lhe também assegurada pela região do Chari no Tchad. Finalmente. o governo francês acreditou poder obrigar a Inglaterra a resolvê-la.” (pág. a Alemanha foi privada de suas colónias. 1974 . uma questão secundária subordinada ao jogo das alianças e das rivalidades na Europa. Henri. ela lhe deve fornecer meios para seu desenvolvimento. 71) “3.” (pág. em particular de transsaarianos franceses para o Níger e para o Tchad. este episódio aparentemente banal de uma conquista e de uma dominação estrangeira criou um direito a reparação: já que a Europa impôs à África uma civilização. A Partilha da África Negra. que se queixam com razão de terem sido privados de sua liberdade. Perspectiva. Que a aceleração da divisão foi função dos nacionalismos e do progresso técnico na Europa. 71-72) “Aos olhos dos africanos.” (pág. 72) Bibliografia: BRUNSCHWIG. figuram incontestavelmente entre os detonadores da "explosão colonial" dos anos de 18901904.” (pág. Que a expansão colonial na África foi sempre. e do Cabo-Cairo inglês. Os projetos de construção de vias férreas. aos olhos das chancelarias.“2. São Paulo. Ed.
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