Ferida Cirúrgica

March 24, 2018 | Author: Helena Andrade | Category: Necrosis, Nursing, Public Health, Infection, Wellness


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ARTIGOCuidando da pessoa com ferida cirúrgica: estudo de caso Taking care of the person with a surgical wound: case-study Pedro Miguel Lopes de Sousa* Isabel Margarida Silva Costa Santos** Resumo Actualmente, o número de pessoas com feridas cirúrgicas parece aumentar tanto nos cuidados de saúde primários como nos diferenciados, exigindo o incremento da investigação para rentabilizar os recursos disponíveis e optimizar os cuidados de enfermagem. Neste âmbito, realizou-se um estudo de caso com um indivíduo submetido a excisão dum sinus pilonidal, com o objectivo de: reflectir sobre o planeamento dos cuidados de enfermagem prestados e avaliar a evolução do processo de cicatrização de uma ferida cirúrgica em função dos materiais de pensos utilizados. No caso estudado verificou-se que a elaboração de um plano de cuidados de enfermagem adequado facilita o processo de tomada de decisão do enfermeiro. De salientar que o tratamento com gaze iodoformada promoveu a hemostasia, o desbridamento e o tecido de granulação. Já a utilização de alginato de cálcio pareceu ter um maior êxito terapêutico, ao contrário do Triticum vulgare que conduziu à regressão evolutiva da ferida e à recidiva de infecção. Palavra-chave: Estudo de caso; Ferida cirúrgica; Material Abstract In our days, the number of people with surgical wounds seems to increase in primary and differentiated health care, which demands for the amplification of investigation to maximize resources and optimize nursing care. So, a case-study was conducted with a subject submitted to excision of a pilonidal disease, with the objective of reflecting about the nursing care plan and evaluating the evolution of the cicatrisation process of a surgical wound according to the used dressing material. In the studied case, we observed that the elaboration of an accurate nursing care plan makes possible the nursing process of taking decisions. The treatment with iodoformed gauze promoted the hemostasy, cleanning and granulation tissue. With calcium alginate we achieved higher therapeutic success, unlike the Triticum vulgare that conduced to the evolutive regression of the wound and to infection. de penso; Plano de Cuidados de Enfermagem. Key-words: Ca se-stud y; Surgi c al wound ; Dressin g Material; Nursing Care Plan. * Licenciado em Enfermagem e Mestre em Psicologia Pedagógica pela Universidade de Coimbra. Enfermeiro de Nível I nos Hospitais da Universidade de Coimbra (Cirurgia 3-Homens) ** Licenciada em Enfermagem e Mestranda em Psicologia Pedagógica pela Universidade de Coimbra. Enfermeira de Nível I nos Hospitais da Universidade de Coimbra (Cirurgia 1-Mulheres) Recebido para publicação em 03-05-06 Aceite para publicação em 02-01-07 Revista II.ª Série - nº 4 - Jun. 2007 pelo que se impõe a necessidade de proceder à sua classificação. O seu aparecimento pode dever-se a um trauma (mecânico. p. Ao prestarmos cuidados agimos para o bem do outro mas por vezes. sensibilidade dolorosa em torno da ferida. o doente do foro cirúrgico é o principal alvo dos nossos cuidados. pele circundante com bolhas. No entanto. 26 . desde o esfacelo e tunelização dos tecidos. a CIPE considera que: “Ferida é um tipo de tecido com as seguintes características específicas: lesão do tecido habitualmente associada com agressão física ou mecânica. não pode abdicar da visão holística e humanista do ser humano. 1999). de modo a melhorar a qualidade dos cuidados de enfermagem prestados.. sendo necessário encontrar métodos.. o conceito de ferida abarca uma grande diversidade de situações. considerou-se pertinente desenvolver um estudo de caso com um indivíduo portador de uma ferida cirúrgica. técnicas e produtos que permitam tratar estas pessoas de uma forma mais rápida. as actividades científicas de Enfermagem não devem ser divorciadas da sua prática clínica. devendo haver uma aproximação entre o contexto da prática e o contexto formativo. será pertinente determonos sobre o conceito e classificação das feridas. para progredir na área científica e na área da prática clínica. Isto porque a Enfermagem é uma profissão cuja responsabilidade ética e social perante o indivíduo e perante a sociedade torna o Enfermeiro responsável pelos cuidados prestados ao indivíduo. Deste modo. da mucosa ou eventualmente do osso (.) como uma ruptura da estrutura e função anatómica normal. 2000. No nosso contexto profissional. Durante o processo de tratamento. necrose do tecido gordo. bem como avaliar a evolução de uma ferida cirúrgica de acordo com os materiais de pensos utilizados. 2002). (2000. feridas negras marcadas pela necrose. Perante este contexto. Neste contexto. a uma cirurgia. Uma das principais áreas de intervenção refere-se ao doente com ferida cirúrgica.” (Mortensen. as prescrições de enfermagem relativamente à técnica e aos produtos utilizados foram sendo adaptados consoante os diagnósticos de enfermagem activos. químico ou físico). tecido de granulação vermelho. p. sanguínea ou purulenta. Estas conduzem à quebra da função protectora da pele e são definidas na perspectiva de Rocha et al. odor da ferida. mais eficaz e menos dolorosa. no nosso quotidiano. elevação da temperatura da pele. 41). macerada e anormal. minimizando as complicações a longo prazo. pelo que sentimos necessidade de encontrar espaços de reflexão sobre as práticas. afigura-se pertinente fazer uma breve resenha teórica sobre os principais conceitos envolvidos nesta pesquisa: ferida cirúrgica. o presente estudo visa reflectir sobre o planeamento dos cuidados de enfermagem prestados aos doentes com feridas cirúrgicas. Assim como a mente é inseparável do corpo. os estádios são graduados de acordo com a gravidade. Por sua vez. materiais de penso e sinus pilonidal. eritema da pele.)”. 13) “(. eritema e edema em torno da ferida. ou a um processo isquémico e/ou de pressão.. quer se trate de pele. cuidados estes que devem estar na vanguarda das necessidades percepcionadas pela sociedade no presente e no futuro (Watson. Tendo em vista a consecução dos objectivos supracitados. drenagem serosa.Introdução A Enfermagem.. a acção é frequentemente privilegiada em detrimento da reflexão. As feridas consistem em soluções de continuidade que podem estar presentes nos tegumentos e nos órgãos que ocorrem em consequência de uma acção exterior (Paredes. sendo os cuidados de enfermagem planeados e desenvolvidos com base na Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE). estes autores são unânimes ao afirmarem que a presença de exsudado nestas feridas é resultante do aumento da permeabilidade capilar. que inclui escoriação.) um tipo de ferida com as seguintes características específicas: corte de tecido produzido por um instrumento cirúrgico cortante. 2000. visando controlar as hemorragias persistentes devido à cirurgia e sempre que a hemostase tradicional seja de difícil realização. Importa antes de mais. (2000) consideram que normalmente todas as feridas são colonizadas por bactérias. Assim. neste tipo de feridas. o facto de que a humidade pode beneficiar as feridas exsudativas. as espumas e as hidrofibras parecem ser os mais indicados para este tipo de feridas (Rijswijk. material secretado (como por exemplo: factores de crescimento) a partir de células à volta da ferida e por fragmentos das células mortas resultantes da destruição da matriz extracelular. tentando manter em condições óptimas para garantir a sua humidade. Rocha et al. Rocha et al.. Neste sentido. necrose e outros. pelo que aqui apenas nos referiremos de um modo geral à especificidade das feridas hemorrágicas. Assim. 2003). há que considerar prioritário.No que respeita às feridas exsudativas. coexistindo várias classificações com indicadores de avaliação distintos. uma vez que. tenha a capacidade de absorver rapidamente o fluído excessivo e possuir uma grande capacidade de retenção. Para o tratamento destas feridas existem dois tipos de pensos hemostáticos: os absorvíveis (ex. incisão. 2000). 41).. celulose oxidada e colagénio com gentamicina) e os não absorvíveis (ex. o controlo do fluído da ferida. Todavia. nomeadamente: etiologia. em granulação e. extensão do tecido lesado e aparência clínica (Rocha et al. no entanto. o que pode ser interpretado como um indicador de um processo infeccioso (Riijswijk. Quanto às feridas infectadas. tempo de cicatrização. p. queimadura. É igualmente relevante. 27 . laceração. alertar para a existência de uma grande diversidade de feridas cirúrgicas. pelo que se apresenta mais elevada na fase inflamatória. gaze iodoformada) (Rocha et al. isto é. queimadura por frio. pretende-se que o material de penso a utilizar. 2003. no contexto deste estudo iremos avaliar uma ferida cirúrgica. Por tudo isto. que é “(. Nas feridas hemorrágicas estão indicados os pensos hemostáticos. 2000) apresentou uma categorização em dois tipos de feridas: a ferida cirúrgica e a ferida traumática. que se espera que seja limpa. não permitindo que o exsudado entre em contacto com a pele circundante. de modo a criar uma abertura num espaço do corpo ou num órgão. infectada. as células epiteliais só permanecem viáveis e só migram ao longo do leito de uma ferida. sem mostrar sinais de infecção ou pus. profundidade. sendo composto por fluidos extravasados dos vasos sanguíneos. Assim. Esta classificação defende ainda que a infecção na ferida deve ser reconhecida como um fenómeno de enfermagem distinto. exsudativas e infectadas. uma ferida infectada será aquela que contém exsudado purulento. em epitelização. os alginatos. a quantidade de exsudado não é a mesma ao longo de todo o processo de cicatrização..” (Mortensen. tal não significa que a cicatrização atrase ou que as feridas se tornem imediatamente infectadas.Identifica-se ausência de consenso no campo da comunidade científica.. 2000). esponja de gelatina. Na tentativa de uniformizar o pensamento científico e uniformizar os conceitos teóricos relativos à profissão de enfermagem. 2000).. contusão. a CIPE (Mortensen. produzindo drenagem de soro e sangue. apesar de todos os tipos de ferida merecerem um estudo aprofundado. Lopes e Rocha (1999) optam por defender uma divisão em quatro tipos distintos de feridas: necrótica. Alguns factores locais podem ser susceptíveis de aumentar o risco de infecção. caso esta se mantenha húmida. celulose oxidada e esponja de colagénio com gentamicina). o que torna complexa a selecção do material de penso. sendo o tempo de recuperação médio de 1 mês (com curetagem) a 10 semanas (sem curetagem). Por um lado. reconhecida como marsuapialização. 2000b. presença de corpos estranhos. espumas. foi uma técnica introduzida em 1937 e representa um método misto. pelo que Rocha et al. a presença de microorganismos dentro da ferida prolonga a cicatrização devido à destruição celular por competição pelo oxigénio dentro de ferida. hematomas ou “espaços mortos” (Marquez. Já a cicatrização por segunda intenção apresenta uma menor taxa de recorrência (8-21%) mas um tempo médio de cicatrização de 2 meses. formando um abcesso pilonidal. Existem ainda duas possibilidades cirúrgicas principais: o encerramento primário da ferida e a cicatrização por segunda intenção. os pêlos soltos perfuram ou são sugados pelo sinus. permite reduzir o tempo de cicatrização visto que a ferida é suturada aberta. por seu lado. A dor e a drenagem purulenta. segundo Caestecker (2005) esta patologia foi descrita pela primeira vez em 1833. gaze iodoformada. Nesta ordem de ideias. mas implica uma restrição de várias actividades e tem uma taxa de insucesso de 16% e uma taxa de recorrência de 38%.tais como: a presença de tecido desvitalizado. Uma das feridas cirúrgicas muito frequente que requer tratamento durante várias semanas pode ser provocada pela presença de sinus pilonidal. celulose oxidada e carvão activado com prata). Rocha. material de penso desbridante (hidrogéis). à libertação de toxinas na corrente sanguínea (Gogia. A manifestação mais comum desta patologia é a presença uma massa dolorosa flutuante na região sacrococcígea. Existem mais de 200 produtos disponíveis no mercado. coxa e nádegas. à libertação de toxinas que danificam o tecido local. as hormonas sexuais afectam as glândulas pilossebáceas através da distensão dos folículos pilosos com queratina. Estas considerações abrem espaço para uma outra reflexão centrada nos materiais disponíveis para o tratamento das feridas. de modo a simplificar e clarificar essa selecção. indicado sobretudo para o 28 . A gaze iodoformada é um material de penso hemostático não absorvível. material de penso impregnado (gaze gorda e gazes medicadas) e filmes (películas semipermeáveis adesivas e não adesivas). circulação local insuficiente. com a fricção e o movimento do indivíduo sempre que este se senta e levanta. estão presentes em cerca de 70 a 80% dos casos. a mesma autora faz ainda referência a uma classificação dos materiais de pensos. do triticum vulgare e do alginato de cálcio. razão pela qual pode desenvolver-se uma foliculite que se estende e rompe o tecido subcutâneo. quisto pilonidal ou doença pilonidal. No contexto deste estudo. 2005). causando necrose e formação de pus bem como. A primeira pode conduzir a uma cicatrização mais rápida. tem como vantagem minimizar a possibilidade de infecção e de deiscência da ferida e. organizando-os em 5 grupos principais: material de penso absorvente (alginatos. material de penso hemostático (esponja de gelatina. por outro. importa analisar com maior pormenor as propriedades da gaze iodoformada. hidrofibras. feridas no abdómen. 2000). Os estudos apontam para um tempo médio de 6 semanas e uma taxa de recorrência de 4-8% (Caestecker. Uma outra técnica. De facto. O tratamento desta patologia pode ser feito através de incisão. De acordo com o mesmo autor. drenagem e curetagem da cavidade do abcesso sob anestesia local. também conhecido por quisto dermóide sacrococcígeo. 2003). (2000) apontam a necessidade de agrupar o material de penso. Após a puberdade. Deste modo. hidrocolóides. sendo comum em adolescentes e jovens adultos (15-30 anos). Mandelbaum. pode aplicar-se em feridas sangrantes. o penso era considerado apenas como uma simples barreira de protecção que impedia a infecção da lesão ulcerada (Durão e Furtado. Em suma. Di Santis e Mandelbaum. 2003). cirurgia urológica (circuncisão e fimoses). 2001). Rocha et al. atraso de cicatrização). 2003. extensão e etiologia. Quanto aos alginatos. É um material de penso que absorve grandes quantidades de exsudado por capilaridade (cerca de 20 vezes o seu peso). falta de propriedades de barreira. tais como: queimaduras de qualquer grau. por radiação. Além disso. fissuras anais. este recurso constitui um material de penso cómodo para o doente e de fácil utilização por parte do profissional de saúde (Braun. Já o creme de extracto aquoso de triticum vulgare está indicado para o tratamento tópico das alterações do tecido dérmico que necessitem da reactivação dos processos de epitelização. Este apósito necessita da aplicação de um penso secundário que pode ser feito com compressas ou filmes adesivos. 2001. 2000). varicosas. Actualmente conhecemse vários problemas associados aos pensos convencionais (denominados pensos secos). Durante muito tempo.. colonizadas ou infectadas. Se o exsudato estiver a ser contido pelo alginato de cálcio. hidrofílico. O creme deve ser aplicado na superfície da ferida. nas últimas duas décadas surgiram no mercado diversos 29 . dependendo das características da ferida e da resposta ao tratamento. maceração e pouca adesão das fibras. Existem alguns trabalhos científicos que demonstram a capacidade dos alginatos estimularem o crescimento dos fibroblastos e de.. 2000). Mandelbaum. agudas ou crónicas. A sua utilização encontra-se contra-indicada em feridas não exsudativas. e. aumentarem a sua capacidade de absorção (Braun. as feridas cirúrgicas são uma realidade constante tanto nos cuidados de saúde diferenciados como nos cuidados de saúde primários. o mesmo poderá ser mantido até 7 dias. exigindo do enfermeiro uma resposta capaz e adequada. Forma-se um gel viscoso. estes polímeros de cadeia longa são fibras de não-tecido impregnadas de alginato de cálcio e sódio extraídas das algas marinhas castanhas Laminaria. úlceras de decúbito. feridas de qualquer etiologia. 2000). neuropáticas. Rijswijk. Está particularmente indicado para feridas superficiais com perda parcial de tecido (placa) ou lesões cavitárias profundas altamente exsudativas. Assim. A duração do tratamento é dependente do ritmo de epitelização da ferida (Rocha et al. 2001.tratamento da epistaxis (Rijswijk. hemostático e uniforme de alginato sódiocálcio que permite a troca de gases e cria um meio húmido na superfície da ferida que favorece a sua cicatrização e proporciona um alívio da dor ao humidificar as terminações nervosas. hidratando-se e produzindo um intercâmbio de iões de cálcio para iões de sódio que passam a ser solúveis em solução salina para a sua posterior limpeza. encerramento de trajectos fistulosos. Já a escolha do alginato e a frequência da sua substituição dependem da quantidade de exsudado existente no leito da ferida (Rocha et al. quando combinados com hidrocolóides. cirurgia plástica e reparadora. Di Santis e Mandelbaum. com ou sem infecção (fita). De facto. oclusão venosa ou arterial e nos casos de alergia aos alginatos (Braun. úlceras de origem infecciosa. 2 a 3 vezes por dia ou apenas diariamente. 2001. 2003). 1999). piodermíticas. Estes produtos podem apresentar-se sob a forma de compressas ou tiras não adesivas. A sua utilização no tratamento de feridas está ainda pouco descrita e investigada na literatura científica nacional e internacional. tais como a dissecção da ferida. 2003). cirurgia geral (avulsão de unhas. contendo ácido algínico como princípio activo (Braun. bioadesão e dor associadas à remoção. úlceras que necessitam de uma terapia antibiótica tópica.. utilizando a CIPE como referencial teórico. Resultados Como foi referido. um 30 . procurando associar a evolução de um fenómeno a uma intervenção. consequentemente. aparência. Assim. 2003) e dor (segundo a Escala Visual Analógica). O estudo foi realizado com um indivíduo do sexo masculino (Sr. devido à diversidade de propriedades de cada produto e ao facto de o mesmo material poder ser utilizado em situações distintas. X) de 23 anos de idade. incrementando a pesquisa científica sobre a eficácia dos novos materiais de penso. o desafio actual que é colocado ao enfermeiro reportase à necessidade de uniformizar as práticas de actuação. X foi submetido a excisão de quisto dermóide sacrococcígeo (sinus pilonidal) no dia 27 de Junho de 2005. Desde aí tem-se assistido a uma constante demanda pela procura do material de penso ideal. mas persiste ainda uma grande discórdia e várias divergências quanto às práticas e opiniões relativas aos diferentes métodos de tratamento das feridas. A revolução nos métodos de tratamento ocorreu em 1962. Este indivíduo foi submetido em 27 de Junho de 2005 a excisão de quisto dermóide sacrococcígeo (sinus pilonidal) com marsupialização sob anestesia local. No dia seguinte foi iniciada a colheita de informações e elaborado o plano de cuidados de enfermagem. aconselha-se o incremento da investigação mas. contraindicações.. Uma das características do estudo prende-se com a possibilidade de obter informação detalhada sobre um fenómeno novo. 1999). propriedades e modos de utilização dos novos materiais. a observação atenta das características gerais do utente. Assim. Para minimizar esta dificuldade. Neste âmbito. largura. sem antecedentes patológicos pessoais ou familiares relevantes. Ou seja. através da observação directa e recolha fotográfica. considera-se que só através da investigação se tornará possível descriminar de forma adequada todas as indicações. data em que foi concluído o plano de cuidados de enfermagem ao indivíduo com o encerramento da sua ferida cirúrgica (num total de 68 dias). estudo de caso. o bom senso. Este tipo de investigação utiliza-se para estudar um caso que é reconhecido como especial. atendendo a todas estas considerações conclui-se que a escolha do material de penso mais adequado é complexa. uma vez que consiste em investigar aprofundadamente um indivíduo (Fortin. atendendo a uma grelha de avaliação da ferida constituída por seis parâmetros: extensão. mais concretamente. profundidade.produtos modernos para o tratamento de feridas que foram concebidos com o intuito de solucionar os problemas apresentados pelos pensos convencionais e. com a salvaguarda de os resultados não poderem ser generalizados a outras populações ou situações. 2000). melhorar o processo de cicatrização natural (Rocha et al. de forma a rentabilizar os recursos disponíveis e optimizar os cuidados de enfermagem aos indivíduos portadores de feridas. e a experiência dos profissionais de saúde também representam factores determinantes para uma decisão terapêutica eficaz e adequada. sendo o caso acompanhado até 3 de Setembro de 2005. quando George Winter publicou um trabalho sobre o efeito da humidade na epitelização da ferida. exsudato (Marquez. uma vez que consideramos que a tomada de decisão em enfermagem deve ser cada vez mais fundamentada e rigorosa. A colheita de dados para esta pesquisa foi realizada no domicílio do sujeito do estudo. o Sr. podemos Método O presente estudo é uma pesquisa de índole descritiva. 4). Em 28 de Junho de 2005. Tabela 2 e Fig. Este tratamento foi mantido durante 13 dias. Tabela 1 – Diagnósticos de Enfermagem (CIPE): evolução Tabela 2 – Grelha de avaliação da ferida cirúrgica 31 . foi diagnosticada a presença de uma ferida curúrgica. 2).3) com uma profundidade reduzida. 1). perda sanguínea pela ferida cirúrgica. Optou-se pela manutenção deste material de penso. verificando-se uma diminuição da extensão da ferida mas um ligeiro aumento da sua profundidade (cf. além dos tecidos desvitalizados terem sido removidos e da ferida apresentar tecido de granulação (cf. A 7 de Agosto (41º dia pós-operatório) a ferida apresentava uma dimensão significativamente menor (cf. no Sr.levantados (cf. de perda sanguínea pela ferida cirúrgica e de dor na ferida cirúrgica. pelo que foi iniciado tratamento diário com creme de extracto aquoso de Triticum vulgare. Nessa data foi ainda encerrado o diagnóstico de enfermagem de dor na ferida cirúrgica. o tratamento da ferida com gaze iodoformada foi diário. atendendo ao facto do leito da ferida estar sangrante (cf. Tabela 1): ferida cirúrgica. Tabela 1e Fig. X. Após o 19º dia pós-operatório. atendendo à diminuição da quantidade de exsudato hemático e à boa evolução do tecido de granulação. Nesta fase. pelo que foi feito tratamento da ferida com a aplicação de gaze iodoformada. o tratamento da ferida manteve-se com gaze iodoformada mas passou a ser efectuado de dois em dois dias. Tabela 2 e Fig. Tabela 2 e Fig. tendo os pontos da sutura sido removidos no 5º dia pós-operatório por dor e laceração dos tecidos. pelo facto de a ferida se manter com exsudato sero-hemático (embora em quantidade reduzida). a 16 de Julho foi terminado o diagnóstico de enfermagem de perda sanguínea pela ferida cirúrgica. dor na ferida cirúrgica e infecção na ferida cirúrgica. Assim. 1 . Feita a limpeza cirúrgica da ferida e com a aplicação do alginato de cálcio.Ferida cirúrgica não exsudativa (54º dia pós-operatório) Fig. Tabela 1 e Fig. X. a evolução positiva da ferida retomou-se com uma velocidade de cicatrização bastante superior à anterior (cf.Ferida cirúrgica exsudativa (19º dia pós-operatório) Fig. 3 . 5 . 2 . 4 (54º dia pós-operatório) 32 .Ferida cirúrgica não exsudativa (41º dia pós-operatório) Fig. Foi então iniciado tratamento com alginato de cálcio (cf. ao passo que a perda sanguínea pela ferida cirúrgica terminou a 2 de Setembro. Desta forma. por apresentar exsudato hemato-purulento em quantidade moderada. foi novamente activado o diagnóstico de enfermagem de dor na ferida cirúrgica e diagnosticou-se ainda uma infecção da ferida cirúrgica. diagnosticando-se uma perda sanguínea pela ferida cirúrgica.Ferida cirúrgica hemorrágica (1º dia pós-operatório) Fig. sendo finalizado o diagnóstico de ferida cirúrgica e encerrado o plano de cuidados (cf. Perante esta situação.No dia 26 de Agosto (60º dia pósoperatório). o paciente foi encaminhado para o serviço de Cirurgia onde foi feita limpeza cirúrgica da ferida sob anestesia local. Analisando os dados obtidos ao longo da cicatrização da ferida cirúrgica do Sr. 6). Tabela 2 e Fig. 4 .Ferida cirúrgica cicratrizada (68º dia pós-operatório) (61º dia pós-operatório). Fig. 5). O penso (alginato de cálcio) foi substituído ao fim de 3 dias apresentando exsudato hemato-purulento.Ferida cirúrgica não exsudativa Fig. Desta forma foram encerrados os diagnósticos de dor na ferida cirúrgica e de infecção da ferida cirúrgica. No dia seguinte (68º dia pós-operatório) a ferida estava cicatrizada. Gráfico 1). verificando-se apenas uma drenagem serosa em quantidade reduzida. o sujeito do estudo referiu dor intensa (EVA=8) ao toque e prurido na ferida cirúrgica que apresentava tumefacção e presença de exsudato purulento.Ferida cirúrgica infectada Fig. reconhece-se uma evolução gradual neste processo que foi interrompida pela recidiva do processo infeccioso. 6 . No dia seguinte foi reavaliada a ferida e elaborado novo plano de cuidados. ] . P. M.Pilonidal disease [Em linha]. p. (2003) .Feridas: tratamento e cicatrização. lit. . 23-44.. A. Rio de Janeiro : Revinter. M.Resumo das características dos pensos. . J. A. ROCHA. R. S. Vol. S. M. Farmácia Portuguesa. 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