FATORES RELACIONADOS AO ENCURTAMENTO DOS ISQUIOTIBIAIS: UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO

March 31, 2018 | Author: Tiago Marchese | Category: Flexibility (Anatomy), Muscle, Musculoskeletal System, Dance Science, Anatomy


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FATORES RELACIONADOS AO ENCURTAMENTO DOS ISQUIOTIBIAIS: UMESTUDO BIBLIOGRÁFICO PETTER, Gustavo; DALLA NORA, Daniel; SANTOS, Tarciso Silva dos; BRAZ, Melissa Medeiros; LEMOS, Jadir Camargo Trabalho de Iniciação Científica Universidade Federal de Santa Maria, Curso de Fisioterapia [email protected] RESUMO: Introdução: Devido ao sedentarismo os isquiotibiais tendem a encurtar. Grande parte da população possui essas características, o que justifica a alta incidência de encurtamento, que pode acarretar desvios posturais, afetar a marcha e provocar dores nos membros inferiores. Objetivo: investigar na literatura os fatores relacionados ao encurtamento de isquiotibiais. Metodologia: estudo bibliográfico em livros e bases de dados eletrônicos, onde buscou-se periódicos publicados em língua portuguesa, entre os anos de 2000 a 2012 Resultados: foram selecionados 12 artigos e 3 livros, os quais se relacionavam com o tema abordado. Conclusão: fatores como idade, gênero, condicionamento físico e sedentarismo estão relacionados ao encurtamento dos músculos isquiotibiais, o que pode ocasionar desvios posturais e alterar a funcionalidade do tronco e dos membros inferiores, afetando a marcha e gerando dores. Considerando-se a alta prevalência de encurtamento desse grupo muscular, o fisioterapeuta pode intervir de forma preventiva, utilizando recursos como alongamentos e técnicas miofasciais. Palavras-chave: flexibilidade, encurtamento, isquiotibiais. INTRODUÇÃO O conceito de flexibilidade muitas vezes é confundido com o de elasticidade. Denomina-se elasticidade a propriedade do músculo de alongar-se e retornar ao seu comprimento inicial, enquanto o conceito de flexibilidade é a capacidade do músculo de alongar-se, permitindo que a articulação movimente-se através de sua amplitude de movimento total (AQUINO et al, 2006). A flexibilidade é uma parte importante da aptidão física e está relacionada tanto às atividades físicas quanto às atividades de vida diária, pois possibilita uma maior mobilidade diminuindo o risco de lesões e aumentado a amplitude e qualidade de movimento bem como uma melhora da postura corporal (BADARÓ et al, 2007). Segundo Kisner e Colby (2005) o encurtamento muscular consiste na diminuição do comprimento das fibras musculares ou tendíneas devido à falta de atividade física e/ou permanecer em uma mesma postura por tempo bastante prolongado. Portanto encurtamentos podem levar à diminuição da flexibilidade que aumenta o risco de lesões e dificulta a realização das atividades de vida diária, provoca dor, diminui força muscular, velocidade e coordenação motora. Devido ao sedentarismo, que pode levar à permanência por tempo prolongado na posição sentada, a musculatura isquiotibial tende a encurtar. Grande parte da população possui essas características, o que justifica a alta incidência de os fatores relacionados ao encurtamento de isquiotibiais. o que comumente ocorre em músculos biarticulares. através de uma revisão bibliográfica. Segundo Kisner e Colby (2005) a flexibilidade é a capacidade da unidade musculotendínea alongar-se enquanto um segmento corporal ou articulação se move através da amplitude de movimento livre de dor e restrições. Na posição sentada os tendões dos isquiotibiais estão frouxos e se encurtam para corrigir essa frouxidão aumentando a tensão nos isquiotibiais e diminuindo a flexibilidade. exceto nos limites extremos de sua amplitude. POLANCHINI et al. de natureza articular e muscular e por consequência seu desalinhamento (ALTER. Assim. encurtamento e isquiotibiais. Os autores destacam ainda que um músculo encurtado pode ser quase completamente alongado. Google Acadêmico e LILACS. no período de 2000 a 2012. Portanto. . Adotaram-se como critério de inclusão. periódicos publicados em língua portuguesa que contemplassem a temática proposta. RESULTADOS E DISCUSSÃO Kisner e Colby (2005) definem encurtamento muscular como uma redução leve do comprimento de uma unidade musculotendínea que permanece saudável. é considerado fator contribuinte para as lesões musculares. Para a obtenção dos dados utilizou-se da pesquisa avançada com base na associação de descritores como: flexibilidade. 2005). A flexibilidade é a capacidade de movimentar uma articulação através da sua amplitude de movimento disponível. METODOLOGIA Foi realizado um estudo do tipo bibliográfico a partir das bases de dados SCIELO.encurtamento em isquiotibiais. além de limitar a mobilidade articular. A diminuição da flexibilidade desse grupo muscular pode acarretar desvios posturais como a inclinação posterior da pelve que afeta a marcha e provoca dores nos membros inferiores. 2005). resultando em limitação na mobilidade articular. O encurtamento muscular. a flexibilidade é definida como a capacidade do tecido muscular alongar-se. Também foram utilizados livros clássicos da área de Fisioterapia. esse trabalho visa investigar. principalmente ao nível dos músculos isquiotibiais (POLACHINI et al. 1999. permitindo que a articulação se movimente através de toda a amplitude de movimento sem que ocorra estresse músculo tendíneo. é o arranjo relativo das partes do corpo numa atividade específica. pode levar a adoção de posturas danosas ao nosso corpo e assim produzirem lesões cumulativas no aparelho locomotor (CONCEIÇÃO e DIAS. faz-se necessária para a realização de atividades de vida diária com qualidade. sendo uma delas a esfera física. sentado ou deitado. CYRINO et al. A flexibilidade quando está diminuída. além das proteínas não contráteis do citoesqueleto. Para Badaro et al (2007) a flexibilidade é considerada como um importante componente da aptidão física. COELHO e ARAÚJO. Os autores acrescentam ainda que a flexibilidade é muito importante. AQUINO et al 2006. 2000. A qualidade de vida abrange esferas conceituais. onde se pode destacar a importância da flexibilidade principalmente quando associada à força muscular nas ações cotidianas. pois oferece maior mobilidade nas atividades físicas. Segundo a autora a postura é descrita pelas posições das articulações e dos segmentos do corpo e também em termos de equilíbrio entre os músculos que cruzam as articulações. em uma ou mais articulações (ALTER 1998. para que não exista dor ou restrições nas amplitudes de movimentos (KISNER e COLBY. diminui o risco de lesões e melhora a qualidade dos movimentos. A redução da flexibilidade e/ou da força muscular levam à perda da autonomia nas atividades de vida diária. A flexibilidade depende da extensibilidade dos tecidos moles peri e intraarticulares (músculos. tecido conectivo e pele). .Porém a flexibilidade pode ser definida como a capacidade de um músculo alongar-se permitindo que o movimento apresente amplitude normal. 2007). perimísio e epimísio. Kisner e Colby (2005) referem-se à postura como uma posição ou atitude do corpo. GAMA et al. ou seja. Sendo assim. 2004). 2008). Talvez também dependa da resistência dos próprios filamentos de actina e miosina. 1998. Já a postura pode ser definida como a posição de alinhamento de partes do corpo em um determinado período (LIPPERT. pois são fundamentais para o bom funcionamento músculo esquelético contribuindo para a preservação dos músculos e articulações saudáveis ao logo da vida (ALTER. SANTOS e DOMINGUES. 2008). ou uma maneira característica de sustentar o próprio corpo. Portanto problemas nas articulações. relacionada à saúde e ao desempenho atlético. 2005. nos músculos ou nos tecidos conjuntivos podem levar a posturas desequilibradas que causam desconforto e dor. Mesmo ela não sendo a única qualidade física importante na performance. Tratando-se do alinhamento das partes do corpo quando se está de pé. 2004). endossarcômero e exossarcômero e ainda dos tecidos conectivos do endomísio. é preciso haver mobilidade e elasticidade adequada dos tecidos moles que circundam a articulação. Portanto. afetando indiretamente a mecânica da região lombar. de maneira que na fase adulta ela diminui (ALTER.Os isquiotibiais. Polachini et al (2005) afirma que fatores genéticos como a diferença anatômica entre a pelve masculina e feminina. sendo a segunda a mais rasa e larga. o encurtamento muscular dos isquiotibiais pode acarretar alterações posturais de grande importância. durante o processo de envelhecimento. Porém Coelho e Araújo (2000) citam que bons níveis de flexibilidade podem ser alcançados mesmo quando a idade for mais avançada. consequentemente. 2007). Após a infância ela diminui até a puberdade. condicionamento físico e ainda a temperatura (BADARO et al. comprometimento na articulação do quadril. Esse grupo desempenha importante influência na inclinação ântero-posterior da pelve. especialmente fraqueza. 2008). gênero. formam uma grande massa muscular envolvida diretamente nos movimentos do quadril e joelho. como ossos. SANTOS e DOMINGUES. 1997 apud COELHO e ARAÚJO. grupo composto pelos músculos semitendinoso. podem causar incapacidade progressiva. podem facilitar maiores graus de amplitude de movimento do quadril. afeta a marcha podendo gerar dores musculares ou articulares nos membros inferiores A mobilidade de uma articulação depende diretamente das estruturas que a compõe e circunda. 2000). afetando a funcionalidade das articulações do quadril. Polachini et al (2005) afirmam que pela posição anatômica. O sedentarismo é a falta ou a grande diminuição da atividade física. músculos. 1998). No decorrer da vida a conotação de flexibilidade sofre alterações. 2007. indicando maior flexibilidade da musculatura isquiotibial em mulheres do que em homens na faixa etária estudada. coluna lombar e joelho (CARREGARO et al. como a limitação da flexão do tronco. Affonso e Navarro (2002) avaliaram os joelhos de 500 indivíduos com idade entre 10 a 20 anos. o que provoca o desuso e a regressão dos sistemas funcionais. sendo alguns deles: idade. através da goniometria. Encontraram em suas mensurações maiores amplitudes de extensão em joelhos femininos. A regressão da musculatura esquelética pode estar relacionada à atrofia das fibras musculares e perda de . semimembranoso e bíceps da coxa. Os autores citam que fatores endógenos e exógenos influenciam nos graus de flexibilidade. provocando limitação na mobilidade (BUCKWALTER. uma diminuição da flexibilidade desse grupo muscular pode ocasionar em desvios posturais. Funções músculo esqueléticas debilitadas. inflexibilidade e dor. aumenta durante toda adolescência até atingir um platô. ligamentos e pele. levando-o a uma inclinação posterior (retroversão) e. Análise da relação entre flexibilidade e rigidez passiva dos isquiotibiais. Esse encurtamento. 461466. p. 10. v. o fisioterapeuta pode intervir de forma preventiva. FONSECA. M. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. dores e lesões (AZEVEDO e SILVA. 1998. 12. SANTOS e DOMINGUES. P. onde muitos acadêmicos interrompem a prática esportiva ou exercício físico e passam a adotar por tempo prolongado a postura sentada aumentando o risco de ocorrência de encurtamentos de isquiotibiais e de desenvolvimento de posturas viciosas. 2008). ALTER. 2008). D. Azevedo e Silva (2010) dão destaque a uma consequência do ingresso na universidade. NAVARRO. MANCINI.. G. G. condicionamento físico e sedentarismo estão relacionados ao encurtamento dos músculos isquiotibiais. F. KISNER e COLBY 2005. presença de dor. n. n. afetando a marcha e gerando dores. aliada ou não com a permanência prolongada na postura sentada. utilizando recursos como alongamentos e técnicas miofasciais. 37. C. pode ocasionar desvios posturais e alterar a funcionalidade do tronco e dos membros inferiores. J. o que pode ocasionar alterações posturais. GONÇALVES. 2006. R. que manifestase com a diminuição de ADM. Estudantes universitários permanecem sentados por tempo prolongado e muitos não praticam exercícios físicos tornando essa população bastante suscetível a encurtamentos dos isquiotibiais. é uma das causas do encurtamento de isquiotibiais. formigamento e desenvolvimento de contraturas (REIS et al. A. Porto Alegre: Artmed. 2003. v.. AQUINO. S. Ciências da Flexibilidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFFONSO. C. F. p. 195-200.flexibilidade (SANTOS e DOMINGUES. Revista Brasileira de Ortopedia. . por sua vez. A falta de atividade física. A. T. 2010). CONCLUSÃO Fatores como idade. M.. Considerando-se a alta prevalência de encurtamento desse grupo muscular. gênero. 2002. Avaliação do ângulo poplíteo em joelhos de adolescentes assintomáticos. 4. C. 32-36.. v. A. C.. MEDEIROS. 4. Revista brasileira de fisioterapia. O. D. 2008.. R. O. G. V.. J. R. TAMOSO. 233-237. L. R. p.. Belém. n. A. M. G. SILVA. C. v. A.. SILVA.. DANTAS. S. SILVA. Revista Inspirar: Movimento & Saúde. A. B. R. n. 2010.. Masiero. DIAS. 2004. GAMA. 1.. COLBY. n. G. G. L. Lato & Sensu. A. v. M. v. BADARO. São Carlos. Santa Maria. S. ARAÚJO. CONCEIÇÃO. L. 2005. 2000.. 33. CARREGARO. Influência da frequência de alongamento utilizando facilitação neuromuscular proprioceptiva na flexibilidade dos músculos isquiotibiais. R. C. T.. Comparação entre dois testes clínicos para avaliar a flexibilidade dos músculos posteriores da coxa. V. S. CYRINO. FUSAZAKI. 4... D. p. 33-38. p. 2007. SOUZA. GIL COURY. R. S. n. n. KISNER. W. L. C. J. D. H.. S. p. E. 1. n. Flexibilidade versus alongamento esclarecendo as diferenças. L. D. LIPPERT. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. A. São Paulo: Manole. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. 5. DIAS. COELHO. MATTANÓ. 1. 139-145. Comportamento da flexibilidade após 10 semanas de treinamento com pesos.. G. POLACHINI. Relação entre aumento da flexibilidade e facilitações na execução de ações cotidianas em adultos participantes de programa de exercício supervisionado. Estudo comparativo entre três métodos de avaliação do encurtamento de musculatura . p. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano . SEGANTIN. 2007. 2. R.. A. 11.. OLIVEIRA. Cinesiologia clínica e anatomia.. Alongamento muscular: Uma versão atualizada. LEITE. Q. C. F.. 1. 10. n. 2004. A. B. 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