FARMACOLOGIA DO TRATO GASTRINTESTINAL 1- Introdução: O tubo digestivo vai desde a cavidade oral até o reto e envolve o esôfago, estômago, intestino delgado e grosso. Fornecendo ao organismo um suprimento contínuo de água, eletrólitos e nutrientes. Os vasos sanguíneos do sistema gastrintestinal fazem parte de um sistema mais extenso que inclui o fluxo sanguíneo através do próprio intestino juntamente com o fluxo sanguíneo pelo baço, pâncreas e fígado. (GUYTON & HALL, 2006). As alterações no sistema gastrintestinal interferem sobre suas funções essenciais para a manutenção da homeostasia. Por isso, é necessária a detecção precoce destas manifestações que podem comprometer a cavidade oral, dentição, língua, estômago, intestinos e reto (FIGUEIREDO, VIANA & MACHADO, 2008). Sendo assim, a farmacologia do Trato Gastrintestinal (TGI) vai atuar basicamente no estômago e no intestino delgado e grosso, onde se terá a farmacoterapia da doença do refluxo gastroesofágico, acidez gástrica e úlceras pépticas. No presente trabalho serão abordadas especialmente estas questões farmacológicas. que são os receptores em maior quantidade no sistema nervoso entérico. que já está na hora de comer. A somatostatina é o hormônio produzido para inibir a gastrina. VIANA & MACHADO. A histamina também tem um importante papel na secreção gástrica. MENDES. BORGES. O sistema nervoso vai sinalizar. 2003). Lembrando que o trato gastrintestinal tem o seu próprio sistema nervoso. é um hormônio específico do TGI. A secreção gástrica se dá através de três peptídeos gastrintestinais: a acetilcolina. é um hormônio que no trato gastrintestinal tem função parácrina quando liberada induz a produção do HCL. então enviará estímulos ao sistema nervoso entérico. A disposição dos vasos sanguíneos deste sistema é tal que todo sangue que flui pelo intestino. baço e pâncreas chega imediatamente ao fígado através da veia porta. Esta. células principais que produzem o pepsinogênio que vai ser substrato para as pepsinas e as células parietais.2. que tem a função de estimular a secreção gástrica pelas células parietais. produzido no antro do estômago pelas células G. No fígado o sangue flui por milhões de finos sinusóides hepáticos e deixa o órgão através das veias hepáticas que deságuam na veia cava da circulação geral (GUYTON & HALL. relacionadas à produção do ácido clorídrico (HCl) e fator intrínseco (SIQUEIRA. da água e dos vários eletrólitos. nas células parietais e células com histamina (SIQUEIRA. M3). a secreção de sucos digestivos e a digestão do alimento. hematogênicos e efeitos diretos sobre a mucosa (aminoácidos e pequenos peptídeos). Este sistema vai regular toda a sinapse no trato gastrintestinal para que ocorra a digestão e o peristaltismo. Os tipos de células encontradas no TGI são: células mucosas que produzem muco e bicarbonato. a absorção dos produtos digestivos.5 ou menos. o neurotransmissor envolvido neste mecanismo é a acetilcolina. é liberada pelos neurônios e estimula receptores muscarínicos específicos (M1. por sua vez. MENDES. quando a mesma está em . 2006). A gastrina. 2003). sendo controladas por mediadores neuronais. pâncreas e fígado. e o controle de todas essas funções pelo sistema nervos e pelo sistema hormonal (GUYTON & HALL. FIGUEIREDO. 2008). a circulação do sangue pelos órgãos gastrintestinais para transportar as substâncias absorvidas. denominado sistema nervoso entérico. por exemplo. o qual deverá preparar o TGI para receber o alimento. por sua vez. 2006. Os vasos sanguíneos do sistema gastrintestinal compreendem um extenso fluxo sanguíneo através do intestino juntamente com o fluxo sanguíneo pelo baço. BORGES. a histamina e a gastrina. é necessário que o TGI promova: o movimento do alimento ao longo do tubo digestivo. Sua secreção é inibida quando o pH cai para 2.Desenvolvimento Para desempenhar suas funções. a farmacologia do Trato Gastrintestinal (TGI) vai atuar basicamente no estômago e no intestino delgado e grosso nas doenças do refluxo gastroesofágico. Esta enzima reage apenas em meio ácido. A exposição do tecido acometido ao ácido parece ser essencial para o desenvolvimento dos sintomas clínicos na maioria dos casos dessas doenças. O controle da acidez é. O objetivo do tratamento e prevenção desses distúrbios relacionados com a presença de ácido consistem em diminuir o nível de acidez gástrica ou em aumentar a proteção da mucosa. estimula a secreção de muco e bicarbonato. O bicarbonato age como um agente protetor. Esses distúrbios incluem a doença do refluxo gastroesfágico. pois atua tamponando os íons prótons que se difundem do lúmen para a superfície epitelial. o pepsinogênio. estimulados pela geração local de prostaglandinas (PGs) (VILELA. e aumentam ou mantém o fluxo sanguíneo. acidez gástrica e úlceras pépticas. como no estômago. por sua vez. Esse bicarbonato deriva do sangue que está irrigando a mucosa gástrica que possui água e gás carbônico. 2009). estimuladas pela presença do hormônio gastrina. GERBER. As alterações no sistema gastrointestinal podem repercutir diretamente sobre o fornecimento dos substratos energéticos essenciais para a manutenção da homeostasia. 2008). Na presença do mesmo. úlceras “pépticas” benignas do estômago e do duodeno. Helicobacter pylori. As principais são PGE 2 e PGI 2 (PAYNE. produzem o ácido clorídrico (HCl). e úlceras causadas pela rara síndrome de Zollinger-Ellison. Portanto. secretada no suco gástrico.excesso. portanto. Já as prostaglandinas inibem a secreção ácida. a forma inativa desta enzima. VIANA & MACHADO. presente no suco gástrico. úlceras secundárias ao uso de antiinflamatórios não esteróides (AINES). 2003). E através das trocas gasosas no estômago. A denominação distúrbios ácido-pépticos engloba uma variedade de quadros clínicos relativamente específicos nos quais se considera que a lesão causada pelo suco gástrico desempenha um papel importante. o ácido carbônico é captado para a formação do bicarbonato. A pepsina é uma enzima digestiva que é produzida pelas células da parede gástrica. 2005). . GILMAN. Esse bicarbonato que passa pela luz do vaso para a superfície do estômago tem ação protetora (CARAMORI. transforma-se em pepsina. 2008). embora esta abordagem possa não tratar o processo fisiológico fundamental (GOODMAM. (FIGUEIREDO. fundamental no tratamento desses distúrbios. diminui a aderência leucocitária ao endotélio. As doenças ácido-pépticas são aquelas onde o ácido gástrico e a pepsina constituem fatores patogênicos necessários. Álcool. é protegida por muco e bicarbonato. e tem como função desdobrar as proteínas em péptidos mais simples. A mucosa gástrica. que através das células parietais. Estresse. .mecanismo fisiológico para tentar conter o processo). visto que ocorre uma alteração de toda a estrutura anatômica e fisiológica por haver um acúmulo de substância distinta de sua fisiologia. causando inflamação crônica.GASTRITE: A Gastrite é a inflamação da mucosa do estômago. a bile que o fígado descarrega na porção inicial do intestino delgado. Neste último o estresse é o principal desencadeante e vai atuar também sobre o sistema nervoso entérico. havendo uma alteração das sinapses do mesmo. No caso da aguda os fatores alimentar. 2010). tendo que ser por via parenteral pelo fato do esôfago estar comprometido (WOLFF & WOLFF. Diante disso.. soluços e rouquidão (WOLFF & WOLFF. esse refluxo pode corroer o esôfago. atuando isoladamente ou em conjunto. SEGAL & WOLFF. os pacientes deixam de se alimentar por via oral. E como sintomas extra-digestivos tem-se a tosse crônica. todo o sistema nervoso entérico estará alterado assim como todos os processos fisiológicos do TGI (WOLFF. Quando ocorre um déficit nessa musculatura. No caso da gastrite crônica atrófica ocorre uma diminuição das células da mucosa do estômago promovendo uma considerável redução na produção do ácido gástrico. tem pH completamente diferente do estômago que é ácido. o alimento ou o ácido presente no estômago passam para o esôfago. 2008). 2008). tem-se uma sensação de azia (GUYTON & HALL. podendo chegar a causar um câncer. Esta inflamação pode ser aguda ou crônica. As queixas típicas são diárias ou mensais e tem como sintomas digestivos principais: a pirose retroesternal (azia).DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA: . Estes fatores. que pode ocorrer por fator genético ou por distúrbio alimentar. broncoespasmo. 2010). medicamentoso e emocional podem estar relacionados. SEGAL & WOLFF. diminuição da motilidade gastrintestinal e aumento rápido do conteúdo gástrico. enfim. eructações (“arroto” . a cárdia. Então a DRGE é uma doença crônica decorrente da exposição do esôfago ao conteúdo gástrico. sialorréia (fluxo salivar aumentado) e regurgitação (retorno alimentar). sabe-se que a bactéria Helicobacter pylori pode determinála. Se não houver uma forma de controlar a cárdia. Além disso. que é importante para a "esterilização" do que ingerimos e para a digestão dos alimentos. ou seja. o indivíduo tem um dispositivo chamado de esfíncter que promove o fechamento do início do estômago.DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE): Fisiologicamente. ocorrerá um aumento da secreção gástrica. reflui para o estômago. . Em relação à gastrite crônica existe muita confusão no que se refere aos sintomas e à relação com os agentes causadores. por vezes. Como o esôfago é neutro. podem determinar gastrite crônica (WOLFF. 2006). Em casos mais avançados. ranitidina (300 mg/dia). 2009). 2003). gastrina. para DRGE (distúrbios gastroesofágico não-complicada) e prevenção de úlceras de estresse. a qual reflete principalmente a atividade da célula parietal basal (GOODMAM. GILMAN. portanto. . GILMAN. 2003). Esses agentes. Portanto. mas inda significativa é a supressão da produção ácida que se encontra estimulada (alimentação.ANTAGONISTAS DE RECEPTORES H2 Os representantes dessa classe são: cimetidina (800 mg/dia). Além disso. Numa posologia VO em 2x ao dia ou 1x a noite. São definidas histologicamente como aberturas na mucosa do trato alimentar que se estendem através da musculatura da mucosa em direção a submucosa ou mais profundamente. São menos potentes que os inibidores da bomba de prótons e inibem preferencialmente a secreção de ácido na membrana basolateral das células parietais e secreção ácida noturna (CARVALHEIRA. 2006). Os efeitos mais proeminentes dos antagonistas de receptor ocorrem na secreção ácida basal: menos intensa. Esse fato tem relevância clínica no sentido de que o determinante mais importante da cura da úlcera duodenal é o nível de acidez noturna. 2009). AINEs (principalmente em idosos) e estado de hipersecreção ácida como na síndrome de Zollinger Ellison ou na forma duodenal da doença de Crohn (MISODOR. desse modo. inibidores da bomba de próton. Visto estas doenças do TGI. . alguns pacientes com esofagite de refluxo que estão sendo tratados com inibidores da bomba de próton podem continuar a produzir ácido no período noturno (o chamado aumento de ácido noturno) e podem se beneficiar do acréscimo de um antagonista do receptor H2 à noite (GOODMAM. impedem a secreção de HCL (SILVA. são particularmente eficazes na supressão da secreção ácida noturna. famotidina (40 mg/dia) e nizatidina (300 mg/dia). Suas estruturas químicas diferentes não alteram a eficácia clínica dos fármacos na mesma intensidade a que determinam interações com outros fármacos e alteram o perfil dos efeitos colaterais. hipoglicemia ou estimulação vagal). os fármacos para o tratamento são: antagonistas de receptores H2. São usados terapeuticamente na cicatrização de úlceras gástricas e duodenais. protetores da mucosa (SILVA. as úlceras duodenais podem ser curadas com a dosagem única diária de antagonistas do receptor H2 administrada entre o jantar e antes do deitar-se. As três principais causas são a infecção crônica pelo Helicobacter pylori. antiácidos. 2006).É um caso mais grave da gastrite e pode ser dividida em: úlcera péptica e úlcera gástrica aguda. O mecanismo de ação destes fármacos envolve a inibição da secreção de ácido gástrico ao competir reversivelmente com a histamina pela sua ligação com o receptor H2 na membrana basolateral das células parietais. mexiletina e os antidepressivos tricíclicos como a imipramina. Tais interações podem exigir a redução da dose ou a mudança do esquema (SILVA. quinidina. incluindo a varfarina. Além disso. 2003). Pequenas quantidades (menos de 10% a cerca de 35%) desses fármacos sofrem metabolismo hepático. fenitoína. porque a excreção pelos rins na forma ativa é acentuada.Seus efeitos indesejáveis são hipocloridria (diminuição dos íons cloreto). Famotidina e Nizatidina apresentam a mesma eficácia e mesmos efeitos adversos (SILVA. miopatia (CARVALHEIRA. reduz a eliminação renal de antagonistas de canais de cálcio. num paciente com insuficiência renal é preferível o uso da Cimetidina. nifedipina. 2009). . fenobarbital.INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS (IBP) São pró-fármacos considerados os supressores mais potentes da secreção de ácido gástrico. Os 4 antagonistas do receptor H2 estão disponíveis em formas de dosagens para administração oral. possui como desvantagens a ginecomastia. digitoxina. Os produtos metabolizados e os não metabolizados são excretados pelos rins por meio de filtração e secreção tubular renal. a administração concomitante de cimetidina prolongará à meia-vida de uma série de fármacos. Ou seja. apenas um pequeno percentual de antagonistas dos receptores H2 é ligado às proteínas. por sua vez. Os níveis terapêuticos são alcançados rapidamente após a administração da dosagem IV e são mantidos durante várias horas (GOODMAM. Nas doses habituais esses fármacos diminuem a produção diária de ácido em 80% a . benzodiazepínicos. também estão disponíveis as preparações IV e IM. Além disso. confusão mental por ser menos seletiva aos receptores H2 das células gástricas. atribuída a cimetidina e causa ginecomastia no homem. procainamida e a absorção de cetoconazol. Por isso. esta relacionada ao cuidado na administração em pacientes com insuficiência renal em idosos. a Cimetidina inibe a atividade do citocromo P450. com concentrações séricas máximas atingidas dentro de 1-3 horas. A cimetidina. ação anti-androgênica. 2006). propranolol. Os fármacos Ranitidina. Os antagonistas do receptor H2 são absorvidos rapidamente após a administração oral. GILMAN. 2006). A desvantagem da ranitidina. pois a histamina não vai se ligar ao seu receptor para estimular a produção de ácido clorídrico. teofilina. Diferentemente dos inibidores da bomba de próton. um dos fármacos mais utilizados. atrasando desta forma a biotransformação de vários fármacos que são substratos das oxidases hepáticas. confusão mental. GILMAN. . As formas de dosagem oral (liberação lenta) são fornecidas como grânulos com cobertura entérica encapsuladas em uma camada externa de gelatina (omeprazol e lansoprazol) ou como comprimidos com revestimento entérico (pantoprazol e rabeprazol). então se o paciente tiver alguma doença hepática não conseguirá metabolizá-lo (SILVA. porque ainda haverá um pouco de conteúdo no estômago. Estes se acumulam nos canalículos secretores ácidos e tem como mecanismo de ação a inibição irreversível da bomba de prótons. fazendo com que o íon H+ seja posto para fora da célula e reaja com o íon Cl‾ para formar o ácido clorídrico.95%. Por conseguinte. Os inibidores de bomba de prótons são revestidos. altamente ligados às proteínas e amplamente metabolizados no fígado pelo citocromo P450. Os grânulos se dissolvem apenas em pH alcalino e. A diminuição da produção de ácido é muito elevada. evita-se a degradação dos fármacos pelo ácido no esôfago e no estômago. Por conseguinte. Os fármacos dessa classe são: Omeprazol (20mg/dia). 2006). 2003). o qual apresenta uma acidez muito elevada. mais para isso o fármaco deve passar pelo estômago. não havendo assim a formação de ácido clorídrico (SILVA. Os inibidores da bomba de próton são instáveis em pH baixo. porque eles atuam no interior da célula. no estômago as células parietais possuem receptores para K+. Lansoprazol (30mg/dia). Pantoprazol (40mg/dia).e Na+ além da bomba de prótons. Os inibidores da bomba de próton são rapidamente absorvidos. porém. Suas meias-vidas plasmáticas variam em torno de 1-2h. portanto. Isso se dá do seguinte modo. A bomba realiza transporte ativo. Sua farmacocinética envolve a administração via oral. mas a duração de sua ação é muito mais longa (GOODMAM. o inibidor da bomba de prótons se ligará a mesma impedindo que o íon H+ não saia da célula. chegar até os canalículos secretores para atuar a secreção ácida permanece suprimida por 24 a 48 horas. devido ao fato de serem pró-fármacos e necessitarem do metabolismo hepático para serem ativados. 2006). pois ainda haverá na célula uma pequena quantidade de íons hidrogênio para a formação do ácido clorídrico. Cl. Caso já tenha sido feita a refeição deve-se administrar uma hora após a mesma. se o fármaco não fosse revestido iria ser degradado no próprio estômago não realizando sua ação. realizada cerca de 30 minutos antes das refeições (usualmente antes do café da manhã). A doença hepática reduz a depuração do omeprazol e lansoprazol. não chega a 100%. quando o fármaco chega ao interior da célula perde esse revestimento e libera a substância ativa para se ligar na bomba. Isso significa que essa inibição não causará tantos problemas a nível celular. Seus metabólitos sulfatados são excretados na urina ou nas fezes. Rabeprazol (20mg/dia). pois o estômago ainda tem que ter algum conteúdo para que o fármaco possa passar por ele. Desse modo. GERBER. respectivamente. enquanto os antagonistas H2 ainda precisam “esperar” a produção de ácido clorídrico e que a histamina ligue-se ao seu receptor. a produção de secreção ácida. causam poucos efeitos adversos. Também há relatos de miopatia subaguda. fenitoína e muitos outros fármacos.A necessidade de revestimento entérico significa um desafio ao uso rotineiro dos inibidores orais da bomba de próton nos pacientes com em estado crítico ou naqueles com incapacidades de deglutir adequadamente. dentre eles destacam-se: náuseas. Por conta disso. inibindo assim. comparativamente. Há relatos de toxicidade quando o dissulfiram é co-administrado com um inibidor de bomba de próton. 2005). os antagonistas de receptor H2 tem um tempo de meia-vida mais longo quando equiparado aos inibidores da bomba de prótons (Figura 1) (PAYNE. 2003). portanto. artralgias. geralmente. flatulência e diarréia. . Os inibidores da bomba de prótons (Omeprazol e Lansoprazol) são mais utilizados porque possuem uma inibição mais eficaz e rápida. GILMAN. Os inibidores da bomba de próton. dores abdominais. 2003). mas espera-se que esse quadro se altera com o advento das preparações IV dos inibidores das bombas de próton (GOODMAM. GILMAN. Esses fármacos atuam num processo ativo de formação do ácido clorídrico. a inibição da atividade de algumas enzimas citocromo P450 hepáticas e. Figura 1 As interações farmacológicas e os efeitos adversos dos inibidores da bomba de próton envolvem. prisão de ventre. Dá-se preferência aos antagonistas intravenosos do receptor H2 nos pacientes com contra-indicações à ingestão oral. cefaléias e exantemas cutâneos (GOODMAM. podem reduzir a depuração de benzodiazepínicos. varfarina. por ter um tempo de meia-vida mais curto do que os antagonistas de receptor de H2. uma vez que outros fármacos não são eficazes.Os inibidores da bomba de próton não estão associados a maior risco teratogênico quando utilizados durante o primeiro trimestre de gestação. quando se faz a o uso prolongado. 2003). A alcalinização do conteúdo gástrico faz aumentar a motilidade gástrica por meio da ação da gastrina. o Omeprazol vai cessar a quantidade de produção de ácido clorídrico por quase 100% e se não houver ácido clorídrico em quantidade suficiente não vai haver a digestão dos alimentos. e úlceras por AINES. 2003). Os antiácidos desaparecem do estômago vazio em cerca de 30 min e variam quanto ao grau em que são absorvidos. pela sua reatividade com ácido. Assim sendo. GILMAN. Em crianças o Omeprazol é seguro e efetivo no tratamento da esofagite erosiva. o Al(OH)3 e o Mg(OH)2 tomados concomitantemente têm um efeito relativamente pequeno no esvaziamento gástrico ou na função intestinal (GOODMAM. Então em um determinado tempo ele utiliza mais Ranitidina do que o Omeprazol e vice-versa. O Al3+ pode relaxar o músculo liso do estômago. pela solubilidade em água e pela presença ou ausência de alimento no estômago. Então. A presença de alimento isoladamente eleva o pH gástrico a cerca de 5 por aproximadamente 1h e prolonga os efeitos neutralizantes dos antiácidos durante cerca de 2 horas. devido ao fato de que a criança ainda se encontra em pleno desenvolvimento de seus processos fisiológicos (SILVA. entretanto. Pois. GILMAN. Por fim. sempre deverá se adequar aos sinais e sintomas do paciente. pois estes últimos inibem as prostaglandinas isoprotetoras da mucosa gástrica. tais como: problema com a motilidade intestinal e com a própria digestão dos alimentos. 2003). entretanto. provocando retardo no esvaziamento gástrico e prisão de ventre. . pelos efeitos fisiológicos do cátion. GILMAN. O NaHCO3 bastante hidrossolúvel é rapidamente depurado do estômago e apresenta uma carga de álcali e sódio. Num paciente com distúrbio gastroesofágico. doença do refluxo gastro-esofágico. 2005).SUPRESSORES ÁCIDOS OU ANTIÁCIDOS A utilidade dos antiácidos é influenciada pela taxa de dissolução da dosagem e da forma. As combinações de hidróxidos Mg2+ e Al3+ fornecem uma capacidade neutralizante relativamente rápida e mantida (GOODMAM. geralmente é feito uma associação entre Omeprazol com Ranitidina. os fármacos desta classe são utilizados terapeuticamente na cicatrização de úlceras gástricas e duodenais. Os antiácidos que contêm alumínio. cálcio ou magnésio são menos . O CaCO3 pode neutralizar o HCl de maneira rápida e eficaz (dependendo do tamanho da partícula e da estrutura do cristal). ainda se justifica o cuidado no uso desses agentes (GOODMAM. efeitos que são apostos àqueles do Mg2+. pode causar distensão abdominal e eructação com refluxo ácido. podendo levar a casos ulcerosos. Usos terapêuticos: nas lesão por AINEs e no Brasil especificamente tem uso hospitalar pra induzir o aborto. tendo ação similar a PGE2 e PGI2. e quando são excretados voltam a ser mais intensa ainda a ação da acidez no estômago. Seu efeito indesejável consiste em constipação. GILMAN. uma vez que a maioria deles apresenta ação rápida. Antiácidos Bicarbonato de Sódio Carbonato de Cálcio Hidróxido de Alumínio e Hidróxido de Magnésio Carbonato de Magnésio Trissilicato de Magnésio . protegendo a mucosa gástrica. Também pode ser utilizado para cólicas abdominais e contrações uterinas. age como uma barreira mecânica ao ligar-se às proteínas da úlcera. reduzido da lesão induzida por AINEs. como o Misoprostol. O uso em altas doses deve ser monitorado devido ao rebote ácido. Se o paciente que tem úlcera péptica decorrente. 2003). já que não terá as prostaglandinas para isoproteger o estômago. . Mas não poderá ser administrado juntamente com Início da ação Rápido Rápido Lento Rápido Intermediário Lento Duração Curta Prolongada Prolongada Curta Curta Prolongada . Uma característica é que o Sucralfato precisa do meio ácido para ser eficaz. vai ter mais cálcio que irá complicar ainda mais a úlcera péptica. sabendo que são duas vias sinalizadoras que estão associadas à produção e secreção gástrica: a via do AMPc e a via da liberação do Ca2+ no citosol da célula do estômago. Nesse caso. indica-se a associação com a Ranitidina que vai inibir moderadamente a produção de HCl e promover a formação da barreira protetora. A classificação destes envolve os fármacos absorvíveis: Carbonato de cálcio e Bicarbonato de sódio e não-absorvíveis: Hidróxido de alumínio e Hidróxido de magnésio.completamente absorvidos do que aqueles que contêm NaHCO3 (GOODMAM. uma vez que atuam aumentando as contrações uterinas.CARBONATO DE CÁLCIO: não pode ser utilizado em pacientes com úlcera péptica. então este não deve ser utilizado em associação com antiácidos. pois terá seu efeito anulado ou diminuído. da ação do Ca 2+ que é liberado no citosol e se administra o Carbonato de cálcio. porque o seu acúmulo pode fazer com que a motilidade gástrica seja reduzida. o fármaco irá agir de forma semelhante. O Sucralfato é outro fármaco que protege a mucosa e por ser um colóide.PROTETORES DA MUCOSA Como exemplo temos os análogos de PGs. principalmente. pois estes só inibem uma única via. diminuindo. ÊMESE Náusea e o vômito são sintomas comuns e podem estar associados a quase todas as doenças ou situações de estresse. . farmacoterapia. Temos como exemplo dessa classe: Prometazina. Dimenidrato. O ato de vomitar deriva da contração dos músculos abdominais. neurológicos ou metabólicos. anorexia. pois este inibe em 100% a produção de HCl. Os efeitos indesejados são: hipotensão. por conta do efeito anti-colinérgico. Suas causas comuns são: distúrbios gastrintestinais. Subsalicilato de bismuto é um agente adsorvente. agindo como anti-histamínico e anti-colinérgico (de forma indireta). Quanto às precauções deve-se ter cuidado na administração a pacientes com bronquite (por conta dos receptores histaminérgicos na árvore brônquica). relaxamento do esfíncter gastroesofágico e peristalse ao inverso. Hidroxizina. desse modo. boca seca. exacerba as propriedades anticolinérgicas do fármaco. enfisema e glaucoma. gerando a náusea e o vômito. Bromoprida e Domperidona.Omeprazol. Parassimpatolíticos. Os fármacos antieméticos podem ser classificados em: Anti-histamínicos. infecciosos. Antagonistas do receptor de dopamina. glaucoma ou dificuldade de urinar e evitar dirigir ou operar máquinas. radioterapia. A posologia envolve a administração de 1g. opióides. outros. cardiovasculares. cinetose (labirintite) e estados pós-operatórios. estímulos nocivos centrais e periféricos. por via oral 30 minutos antes das refeições e antes de dormir. a secreção de fluido secretada pela mucosa intestinal e torna as fezes mais sólidas. o uso com antidepressivos. O Dimenidrinato (Dramin) é um depressor do SNC. As orientações para o uso desse fármaco são: não usar em crianças com menos de 2 anos de idade. hipnóticos e sedativos hipnóticos causa depressão aditiva do SNC. álcool. Também auxilia na proteção por retirar todos os fluidos e toxinas que fazem com que corroam mais ainda o estômago. Possui atividade anti-inflamatória e atividade antimicrobiana. retirando as toxinas e fluidos existentes no TGI.ANTI-HISTAMÍNICOS O aumento da histamina em conseqüência de um déficit em sua regulação pelo organismo sinalizará para o bulbo esse excesso. A histamina e a acetilcolina vão sinalizar o bulbo para que seus centros sejam ativados. além de efeito paradoxal no SNC em crianças. dor. .ANTAGONISTAS DOPAMINÉRGICOS Os fármacos dessa classe são: Metoclopramida. . Quanto às interações: o uso concomitante com álcool. Antagonistas do receptor 5-HT3. Meclizina. perguntar se o paciente possui problemas respiratórios. que possuem propriedade anti-colinérgicas. ANTAGONISTA DE RECEPTOR 5-HT3 (SEROTONINA) Os fármacos dessa classe são: ondansentrona. da fluidez ou da frequência das evacuações. . por via intravenosa. que é um inibidor do citocromo P450. por exemplo. por ser um indutor do citocromo P450. Tem como reações adversas: diarréia. . se associa à terapêutica o uso de alguns anti-eméticos. prurido. A interação medicamentosa com ciclosporina (antibiótico) aumenta os efeitos tóxicos desse fármaco e com digoxina (antiarrítmico) causa a diminuição da absorção deste. dor abdominal. Geralmente. diminuída ou aumentada. DISTÚRBIOS DA MOTILIDADE INTESTINAL A motilidade pode ser alterada. Usos terapêuticos: êmese pós-operatória e cinetose. quando comparada ao padrão normal do paciente.ondansetrona) são os mais eficazes na êmese por quimioterápicos. Quanto às interações medicamentosas: com cimetidina. o diazepan (benzodiazepínico). Os antagonistas 5-HT3 (serotonina . vitamina B6 (piridoxina) e gengibre.NÁUSEA E VÔMITO INDUZIDOS POR QUIMIOTERÁPICOS Devido ao modo de ação dos quimioterápicos (imunossupressores) náusea e vômitos são muito freqüentes. mais do que três . dronabinol (canabinóide). Cisplatina é um dos fármacos mais emetogênicos. São eles: dexametasona (glicocorticóide). outras substâncias podem agir como anti-eméticos. Os efeitos indesejáveis são: hipotensão. ansiedade. há aumento dos efeitos tóxicos da ondansentrona e carbamazepina (antiepiléptico). atuando no centro do vômito. cefaléia e constipação. . núcleo do trato solitário além da zona de gatilho dos quimioreceptores (ZGQR). O fármaco mais utilizado é a ondansentrona.PARASSIMPATOLÍTICO Exemplo desta classe é a Escopolamina ou Buscopan (Hioscina). Por conseguinte.OUTROS Além dos fármacos supracitados.DIARRÉIA A diarréia pode ser definida como o aumento do volume. além de ter a convulsão pode vomitar. hipertensão transitória e efeitos extrapiramidais. A náusea pode ser reduzida quando o paciente reduzir o consumo de alimento algumas horas antes da quimioterapia e a administração intravenosa contínua parece ser mais eficaz na indução da náusea e do vômito. o paciente numa crise epiléptica.A Metoclopramida é o fármaco mais utilizado. respectivamente. de forma indireta. podendo o indivíduo apresentar constipação ou diarréia. granisentrona e dolasentrona. . diminui a eficácia da ondansentrona com isso. . depressão respiratória. A maioria dos episódios de Diarréia Aguda consiste em mecanismos defensivos pelos quais o corpo tenta livrar-se de irritantes. sensação de esvaziamento retal incompleto. delírio. e o inespecífico visa combater os sintomas da mesma. e antiinflamatórios (corticóides). ou seja.evacuações durante um período de 24 a 48 horas é percebido como diarréia. portanto esse fármaco é usado para inibir a morfina quanto para inibir a loperamida. O tratamento específico visa combater a causa da diarréia. Os tipos de diarréia são: Diarréia Aguda: duração até 14 dias. freqüência de evacuação menor que . através de fármacos que diminuem o peristaltismo e de fármacos que diminuem o volume de fezes. É de venda livre. que é o fármaco mais utilizado. antibióticos.. apenas 1% dela vai pela circulação sistêmica. Além dos fármacos supracitados temos a Loperamida. cirurgias. então o uso de álcool. toxinas e agentes Infecciosos. Diarréia Persistente: diarréia que se prolonga por mais de 14 dias e que leva à instabilidade hidroeletrolítica e ao comprometimento do estado geral.CONSTIPAÇÃO Também conhecida como prisão de ventre. tratamento de doenças metabólicas. retenção urinária e dependência. através da suspensão de fármacos causadores de diarréia. sedativos e benzodiazepínicos ao mesmo tempo em que se utiliza loperamida exacerbará a depressão do SNC. Diarréia Crônica: diarréia com duração superior a 30 dias ou a ocorrência de 3 episódios de diarréia no período de 60 dias. Interações medicamentosas: É um fármaco depressor do SNC. Os fármacos para tratar diarréia são: Opióides – elixir paregórico. constipação. é caracterizada pela eliminação de fezes endurecidas. As reações adversas são: prurido. É 40 a 50% mais potente que a morfina como anti-diarréico e penetra muito pouco no sistema nervoso central. anti-histamínicos. Geralmente é um processo autolimitado e cessam em 24 a 48 horas sem consequências graves. Anti-secretores – subsalicilato de bismuto. Anticolinérgicos – diciclomina. em doses muito altas vai apresentar efeitos adversos semelhantes ao da morfina e a naloxona é um antídoto contra altas dosagens. principalmente em lactentes. . O tratamento farmacológico para diarréia pode ser específico ou inespecífico. possui efeito local. Em circunstâncias normais. (2) diminuição da absorção total de líquidos. • CARTÁTICOS . nos últimos anos se observou uma diminuição de pacientes em hospitais. exercício respeitando as capacidades individuais e educação Intestinal para promover uma regularidade. o amolecimento e a hidratação das fezes dependem muito da quantidade de fibras da dieta. dor e/ou esforço e manobra de retenção fecal. As orientações para distúrbios crônicos compreendem as seguintes: dieta -ingestão de água (6-8 copos/dia). As fibras da dieta podem ser definidas como a parte da alimentação que resiste à digestão enzimática. 2003). As bactérias do cólon fermentam as fibras em graus variados. dependendo da natureza química e da hidrossolubilidade dos diferentes subtipos de fibras (GOODMAM. GILMAN. salinos. A distensão e a dor abdominais são os efeitos colaterais mais comuns do uso de fibras. pelo transporte de líquidos e eletrólitos no intestino delgado e grosso. ou (3) efeitos sobre a motilidade por inibir as contrações segmentares (não-propulsoras) ou estimular as contrações propulsoras (GOODMAM. chegando. osmóticos. GILMAN. Temos como fármacos utilizados para essa condição: • LAXANTES . GILMAN. LAXANTES: Acredita-se geralmente que a ação dos laxantes ocorra de um dos seguintes modos: (1) retenção de líquido intraluminal.três vezes por semana. assim os termos laxante e catárticos são usados como sinônimos. A obstrução fecal deve ser tratada antes do início da suplementação de fibras. 2003).medicamentos com efeitos de promoção da defecação leve e com eliminação de fezes macias e formadas. Devido a automedicação. mas em geral cedem com o tempo (GOODMAM. Geralmente depende da dose utilizada. As fibras são contra-indicadas para os pacientes com sintomas obstrutivos e aqueles com megacólon e magarreto. Os laxantes podem ser classificados em: emolientes ou surfactantes. por mecanismos hidrofílicos ou osmóticos. portanto ao cólon em grande parte inalterada. o bolo fecal. .medicamentos com efeitos de promoção da defecação forte e com eliminação de fezes líquidas. ambulatórios e consultórios médicos com queixas de diarréia e constipação. lubrificantes. 2003). Apresenta período de latência de 1 a 3 dias.LUBRIFICANTES O representante dessa classe é o óleo mineral (Nujol®). que . Os laxantes contendo cátions de magnésio ou ânions de fosfato costumam ser denominados laxantes salinos. Os efeitos adversos são: pequenas cólicas. Sorbitol e Manitol. Devido aos efeitos adversos seu uso deve ser desencorajado. o aumento da absorção intestinal aumenta os efeitos tóxicos de outras drogas. . . . Não são absorvidos e são resistentes à digestão. citrato de magnésio e fosfato de sódio. No entanto. alteram a permeabilidade intestinal melhorando a secreção de água e eletrólitos. flatulência e desconforto abdominal. lipídios e outros materiais fecais para poder formar o bolo fecal com o intuito de favorecer a expulsão do mesmo. aumentando a peristalse. esses agentes também estimulam a secreção de líquidos e eletrólitos (possivelmente aumentando o AMP cíclico da mucosa) e alteram a permeabilidade da mucosa intestinal.OSMÓTICOS Pertencem a essa classe: Lactulose (Lactulona®). diocusato sódico + bisacodil = Humectol D®). Vão ajudar a balancear o equilíbrio osmótico do TGI. que estimula então a peristalse. No entanto. inclusive a produção de mediadores inflamatórios. Além disso. Temos como representantes: sais de docusato (assoc. hidróxido de magnésio. Efeitos adversos: náuseas. Também foi sugerido que os laxantes contendo magnésio estimulam a liberação de colecistocinina. estimulantes ou de contato. vômitos. sendo estes dois últimos os mais utilizados. Acredita-se que sua ação catártica seja resultado de uma retenção hídrica mediada por osmose.SALINOS São o sulfato de magnésio. Aumenta a retenção de água revestindo as superfícies do bolo fecal e dos intestinos com um filme imiscível com água. Tem como efeitos adversos: interfere com a absorção de vitaminas lipossolúveis. pode ocorrer pneumonite lipóide quando aspirado. GILMAN. O docusato de sódio (dioctil sulfossuccinato de sódio) e o ducusato de potássio (dioctil sulfossuccionato de potássio) estão disponíveis em várias apresentações (GOODMAM. . o que amolece as fezes e facilita a defecação. outros mecanismos podem contribuir para seus efeitos. 2003). náuseas. Tem seu início de ação entre 3-8 horas após administração. Os sais de docusato que são surfactantes aniônicos que reduzem a tensão superficial das fezes de modo a permitir a mistura de substâncias aquosas e gordurosas.SURFACTANTES Vão se misturar à água. com uma dose habitual de 10-15 mg para adultos e 5-10 mg para crianças de 6-12 anos. Como fármaco necessita de hidrólise no intestino para sua ativação. No entanto. assim como ao aumento da motilidade intestinal (GOODMAM. É provável que induzam um baixo grau de inflamação limitada nos intestinos delgado e grosso de modo a promover o acúmulo de água e eletrólitos e estimular a motilidade intestinal.leva ao acúmulo intraluminal de líquidos e eletrólitos. necessitando portanto de uma administração em doses maiores para promover catarse (GOODMAM. mas que atua como higroscópio e lubrificantes quando administrado por via retal. podendo ocasionar diarréia. Tais fármacos retém água no cólon e aumentam o amolecimento das fezes. Proporcionam acúmulo de grande volume de fluido no intestino. GILMAN. Pode provocar desconforto retal. queimação ou hiperemia local com sangramento mínimo. lactulose. que pode causar irritação local (GOODMAM. 2003). cardiopatia ou anormalidades eletrolíticas preexistentes e aqueles em tratamento com diurético (GOODMAM. 2003). GILMAN. A glicerina é apenas para uso retal. ou 5-15ml em uma solução de enema a 80%. A ativação das vias de prostaglandinas/AMP cíclcico e óxido nítrico/GMP cíclico e talvez a inibição da ATPase Na+. 2003). precisam ser utilizadas com cautela. GILMAN. Os efeitos adversos são: hiperfosfatemia. por pacientes com insuficiência renal. Açucares e alcoóis não digeríveis (glicerina. Alguns supositórios de glicerina contêm estearato de sódio.pacientes com insuficiência renal leva a toxicidade. O bisacodil está disponível em apresentações com revestimento entérico administradas 1x/dia. sorbitol e manitol). 2003). os efeitos laxantes após uma dose oral geralmente não são produzidos antes de transcorridas 6 . Derivados do difenilmetano (bisacodil e fenolftaleína) possuem características farmacológicas semelhantes. K+ são importantes mediadores desses efeitos. A glicerina é um álcool triídrico absorvido por via oral. As apresentações contendo magnésio e fosfato são razoavelmente bem toleradas pela maioria dos pacientes. A retenção de água estimula a peristalse e geralmente resulta em movimento intestinal em menos de uma hora. GILMAN. . 2003). Os sais de fosfato são mais bem absorvidos que os agentes com magnésio. desidratação (tomar bastante líquido). ocasionando aumento do peristaltismo.ESTIMULANTES Os laxantes estimuladores exercem efeitos diretos nos enterócitos. ou evitadas. Nesse grupo encontramos os derivados do difenilmetano. GILMAN. Mg2+ . sendo administrada em uma única dose diária como supositório de 2 ou 3g. as antraquinonas e o ácido ricinoléico (GOODMAM. neurônios entéricos e músculos. no leite e na urina (GOODMAM. 2003). Ácidos ricinoléico (óleo de rícino). o processo de envelhecimento ou dessecação as converte em formas diméricas (diantronas) ou glicosídeas mais inócuas. 2003). cujo uso foi consagrado pelo tempo. Devido ao seu perfil de efeitos colaterais. GILMAN. quando tomados em jejum. É. São pouco absorvidos no intestino delgado. no entanto. o ácido ricinoléico. GILMAN. são derivados de plantas como a aloé. O uso abusivo de laxantes está intimamente ligado a distúrbios alimentares neurológicos como a bulimia e anorexia. . para formar monoantronas. onde estimula a secreção de água e eletrólitos e aumenta a velocidade do trânsito intestinal. Devido a seu sabor desagradável e seus potenciais efeitos tóxicos no epitélio intestinal e nos neurônios entéricos. como ruibarbo e frângula. a ricina. portanto. em 30-60 minutos. podem ter uma ação muito mais rápida. o óleo de rícino é derivado da fava da mamona e contém 2 ingredientes nocivos bem conhecidos. GILMAN. 2003). e um óleo composto principalmente do triglicerídio de ácido ricinoléico. Deve-se ter em mente que os laxantes não devem ser utilizados como emagrecedores e sim como mais um método de tratamento de um quadro patológico de constipação. No entanto. Apenas 4ml de óleo de rícino. O triglicerídeo é hidrolisado em glicerol no intestino delgado pela ação de lípases e o agente ativo. um velho remédio caseiro. As monoantronas são irritantes para a mucosa oral. age primariamente no intestino delgado. frequentemente administrado ao deitar para produzir seu efeito na manhã seguinte. mas como requerem ativação no cólon o efeito laxante só é percebido 6 a 12 h após a ingestão. podem produzir efeito laxante em 1-3 horas. metila ou carboxila. uma proteína extremamente tóxica. seu uso não deve ultrapassar 10 dias consecutivos (GOODMAM. Os supositórios. Os agentes ativos compartilham um núcleo antracênico tricíclico com grupamentos hidroxila. no entanto.horas. Os compostos ativos são absorvidos em vários graus a partir do cólon e excretados na bile. hoje o óleo de rícino raramente é recomendado (GOODMAM. Esses agentes podem induzir contrações migratórias colônicas gigantes. assim como a secreção de água e eletrólitos. 2003). Laxantes de antraquinonas. a dose habitual para um efeito catártico é de 15-60 ml em adultos. cáscara e sena. na saliva. processo revertido pela ação das bactérias no cólon com a formação das formas ativas (GOODMAM. GILMAN. 10 ª Edição. Efeitos diferenciais da somatostatina e prostaglandinas sobre a liberação de histamina gástrico para pentagastrina. Acesso em: 23 nov 2010.abcdasaúde. Disponível em: <//htpp:www. VB. Acesso: 23 Nov. WOLFF CH. Sistema Digestivo. O Sistema Digestório. BORGES. Disponível em: <http://www. WOLFF F. Disponível em: < http://www. 2010. GERBER. PAYNE. JG. SILVA P. 2008.com. LS. 2006. SEGAL F. 2005. 2010. SIQUEIRA. 2009. GOODMAM. LDM.br >.REFERÊNCIAS: CARAMORI.html>. FR. Acesso: 25 Nov. Guanabara Koogan. As bases farmacológicas da terapêutica. Acesso: 23 Nov. Introdução ao estudo da secreção gástrica.br> .org>. Acesso em: 23 nov 2010. 2010. MISODOR. Farmacologia. 2008. Disponível em: <http://www. 2003.google. 2010. Acesso: 24 Nov. 2008. 7ª ed. CARVALHEIRA C. 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Report "Farmacologia Do Trato Gastrintestinal. Atual"