Prof. Luciano Pacelli M.Macedo Sintomatologia é a parte da Fitopatologia que estuda os sintomas e sinais, visando a diagnose de doenças de plantas. Sintoma é qualquer manifestação das reações da planta a um agente nocivo. Sintoma - galha Sintoma - verrugose Meloidoginose da cenoura Verrugose do abacateiro (Meloidogyne spp.) (Sphaceloma perseae) Sinais: são estruturas do patógeno quando exteriorizadas no tecido doente. Quadro sintomatológico: seqüência completa dos sintomas que ocorrem durante o desenvolvimento de uma doença Sinal Crescimento micelial e esporulação de Geotrichum candidum (Podridão-azeda da batata-baroa) Sinal Esclerócios e crescimento micelial de Sclerotium rolfsii (Murcha-deesclerócio do feijoeiro) Os sintomas podem ser classificados conforme: 1. A localização em relação ao patógeno; 2. As alterações produzidas no hospedeiro; 3. A estrutura e/ou processos afetados. 1. A localização dos sintomas em relação ao patógeno Sintomas primários - resultantes da ação direta do patógeno sobre os tecidos do órgão afetado (Ex.: manchas foliares e podridões de frutos). Sintoma primário - mancha cercosporiose do caupi (Cercospora cannescens ) Sintoma primário - verrugose Verrugose do maracujá (Cladosporium herbarum) exibidos pela planta em órgãos distantes do local de ação do patógeno (Ex.: subdesenvolvimento da planta e murchas vasculares).murcha Murcha-de-esclerócio do feijoeiro (Sclerotium rolfsii ) . Sintomas secundários ou reflexos . Sintoma secundário .murcha Murcha bacteriana do pimentão (Ralstonia solanacearum) Sintoma secundário . como superbrotamento. nanismo.2. As alterações produzidas no hospedeiro Sintomas habituais .subdesenvolvimento Virose do pimentão (Geminivirus) Sintoma habitual . Sintoma habitual .a doença pode provocar alterações no hábito de crescimento da planta. esverdeamento das flores e escurecimento dos vasos.superbrotamento Malformação floral da mangueira (Fusarium subglutinans) . Sintomas lesionais .os sintomas caracterizam-se por lesões na planta ou em um de seus órgãos. como manchas necróticas.mancha Cercosporiose da alface (Cercospora longissima) . Sintoma lesional .mancha Cercosporiose da alface (Cercospora longissima) Sintoma lesional . podridões e secas de ponteiro. causada por Diaporthe citri. incluindo: Granulose: produção de partículas granulares ou cristalinas em células degenerescentes do citoplasma. A estrutura e/ou processos afetados Quando as alterações ocorrem a nível celular. Granulose Melanose dos citros ( homopsis citri) .: melanose em folhas e frutas cítricas.3. Ex. cujo protoplasma perde água devido aos distúrbios na membrana citoplasmática. Plasmólise Podridão mole da batata ( ectobacterium spp. Plasmólise: perda de turgescência das células.: podridões moles de órgãos de reserva causadas por Erwinia spp. Ex.) . Vacuolose: formação anormal dos vacúolos protoplasma das células.) . levando à degeneração no Plasmólise Podridão mole da alface ( ectobacterium spp. : Em centeio. . incluindo: Utilização direta de nutrientes do hospedeiro: todos os patógenos. agente do carvão. são incapazes de sintetizar seu próprio alimento. apresentam um aumento de 20% na taxa de respiração em relação a plantas sadias. a produção de grãos é inversamente proporcional à produção de esclerócios de Claviceps purpurea.: plantas de trigo atacadas por Ustilago tritici. Aumento na respiração do hospedeiro: todo o processo infeccioso nos tecidos do hospedeiro gera na área lesionada um aumento na taxa de respiração das células atacadas e adjacentes. Ex. agente do esporão. Ex. por serem heterotróficos. necessitando de carboidratos e proteínas do hospedeiro para seu desenvolvimento.Quando as alterações ocorrem na fisiologia do hospedeiro. Alteração na transpiração do hospedeiro: conforme o estádio de colonização pelo patógeno. ocorre uma baixa taxa de respiração e inibição do sistema de transpiração. agente de murchas vasculares. ou indiretamente. como na maior parte das doenças foliares. hormônios.: plantas de bananeira e tomateiro. quando infectadas por Fusarium oxysporum. o hospedeiro pode apresentar aumento ou redução na taxa de transpiração. quando a murcha está avançada.: em tomateiro atacado por Ralstonia solanacearum. ocorre a descoloração vascular (resultado do acúmulo de melanina) e a produção de raízes adventícias (excessiva produção de auxinas sob o estímulo da bactéria . em que ocorre a destruição da superfície da folha pela ação direta do patógeno. sais minerais. enzimas ou até mesmo no balanço energético da planta. exibem nos primeiros dias do ataque um aumento na taxa de transpiração e. Ex. aminoácidos. Interferência nos processos de síntese: a interferência pode se processar diretamente. Essas interferências podem se manifestar como distúrbios que resultam do acúmulo ou falta de hidrato de carbono. mais tarde. Ex. uma vez que os processos são sempre acompanhados de interferência nas vias metabólicas do hospedeiro. Podem ser qualificados como necróticos ou plásticos. com modificações visíveis na forma ou na anatomia. . Quando as alterações exteriorizam-se ao nível de órgão. Sintomas Necróticos Necroses são caracterizadas pela degeneração do protoplasma. Sintomas necróticos presentes são chamados: Plesionecróticos: antes da morte do protoplasma Holonecróticos: expressos após a morte do protoplasma. . tecidos e órgãos. seguida de morte de células. sendo mais frequente nas folhas e com intensidade variando desde leve descoramento do verde normal até amarelo brilhante. Amarelecimento .: halo amarelado ao redor de manchas causadas por Cercospora spp.halo Queima das folhas do inhame (Curvularia eragrostidis) . sendo mais frequentes: Amarelecimento: causado pela destruição da clorofila (destruição do pigmento ou dos cloroplastos). Ex.a) Sintomas Plesionecróticos Caracterizam-se pela degeneração protoplasmática e desorganização funcional das células. é a condição translúcida do tecido encharcado devido à expulsão de água das células para os espaços intercelulares. principalmente daquelas causadas por bactérias Encharcamento Míldio da videira ( lasmopara viticola) . Encharcamento: também conhecido por "anasarca". É a primeira manifestação de muitas doenças com sintomas necróticos. : murchas causadas por patógenos vasculares. Ex. Murcha: estado flácido das folhas ou brotos devido à falta de água. como Fusarium e Ralstonia solanacearum Murcha Murcha bacteriana do tomateiro (Ralstonia solanacearum) . geralmente causada por distúrbios nos tecidos vasculares e/ou radiculares. raízes e tubérculos. mais frequentes nos tecidos corticais de caules. Ex. causado por Xanthomonas campestris pv.b) Sintomas Holonecróticos Podem se desenvolver em qualquer parte da planta doente e são característicos da morte das células.: cancro em folhas e frutos de plantas cítricas. Cancro: caracterizado por lesões necróticas deprimidas. citri) Cancro Rhizoctoniose do caupi (Rhizoctonia solani) . citri. Cancro Cancro cítrico (Xanthomonas campestris pv. provocando mudanças de coloração do órgão afetado. flores e brotações).: crestamento das folhas do tomateiro. Ex. referese à necrose repentina de órgãos aéreos (folhas. Crestamento: também denominado "requeima". causado por hytophthora infestans Crestamento Requeima do tomateiro ( hytophthora infestans) . : tombamentos causados por fitopatógenos habitantes do solo. Tombamento: também denominado "damping-off". resultado da podridão de tecidos tenros da base do caulículo. como Rhizoctonia solani e Pythium spp. caracteriza-se pelo tombamento de plântulas. Ex. Tombamento Rhizoctoniose do caupi (Rhizoctonia solani) . parecendo que este foi escaldado por água fervente. causado por Xanthomonas albilineans. Escaldadura: caracterizado pelo descoramento da epiderme e de tecidos adjacentes em órgãos aéreos. Ex. Escaldadura Escaldadura da cana-de-açúcar (Xanthomonas albilineans) .: escaldadura da folha da cana-de-açúcar. Estria Estria vermelha da cana-de-açúcar ( seudomonas rubrilineans) . Estria: lesão alongada. Ex: folhas de cana-de-açúcar com estria vermelha. causada por Pseudomonas rubrilineans. paralela à nervura das folhas de gramíneas. estreita. Gomose Fusariose do abacaxi (Fusarium subglutinans) Gomose Podridão gomosa do meloeiro (Didymella bryoniae) . Gomose: exsudação de goma a partir de lesões provocadas por patógenos que colonizam o córtex ou o lenho de espécies frutíferas. Ex.: frutos de abacaxi com gomose. causada por Fusarium subglutinans. mancha angular do feijoeiro. Ex. Mancha Cercosporiose do pimentão (Cercospora capsici) Mancha Alternariose da couve-chinesa (Alternaria brassicicola) . Mancha: morte de tecidos foliares. que se tornam secos e pardos. causada por Phaeoisariopsis griseola).: mancha de Alternaria em tomateiro. Mancha Sigatoka-amarela da bananeira ( seudocercospora musae) Mancha anelar Mancha anelar da cana-de-açúcar (Leptosphaeria sacchaii) Mancha Helmintosporiose do sorgo (Exserohilum turcicum) . Morte dos ponteiros: morte progressiva de ponteiros e ramos jovens de árvores. causada por Lasiodiplodia theobromae Morte dos ponteiros Morte descendente da mangueira(Lasiodiplodia theobromae) . Ex: morte descendente da mangueira. causada por Monilinia fructicola Mumificação Podridão parda do pessegueiro (Monilinia fructicola ) . formando uma massa dura. com consequente enrugamento e escurecimento.: podridão parada do pessegueiro. conhecida como múmia. Mumificação: aparece nas fases finais de certas doenças de frutos. caracterizando-se pelo secamento rápido de frutos apodrecidos. Ex. causado por Stigmina carpophila. Perfuração: queda de tecidos necrosados em folhas. provocada pela formação de uma camada de abscisão ao redor dos sintomas. Perfuração Cercosporiose da beterraba (Cercospora beticola) . Ex: folha de pessegueiro com chumbinho. podridão dura. etc. podridão negra.sp. Dependendo do aspecto da podridão. podridão branca. phaseoli) . Podridão Podridão azul da laranja (Penicillium italicum) Podridão Podridão radicular do feijoeiro (Fusarium solani f. Podridão: aparece quando o tecido necrosado encontra-se em fase adiantada de desintegração. pode-se especificar o sintoma como podridão mole. Pústula Ferrugem do feijoeiro (Uromyces appendiculatus) Pústula Ferrugem da goiabeira (Puccinia psidii) Pústula Ferrugem branca do rabanete (Albugo candida) . com elevação da epiderme. que se rompe por força da produção e exposição de esporos do fungo. Ex: ferrugens em vários hospedeiros. Pústula: caracterizado por pequena mancha necrótica. diferenciando-se do crestamento por se processar mais lentamente. Resinose: exsudação anormal de resina das lesões em coníferas. Ex. Alguma vezes pode atingir toda a parte aérea da planta.: seca da mangueira. Seca: secamento e morte de órgãos da planta. causada por Ceratocystis fimbriata. . Distorções nos órgãos da planta causados por anomalias no crescimento. normalmente decorrente de hipertrofia (aumento do volume das células) e/ou hiperplasia (multiplicação exagerada das células). Hiperpláticos: quando ocorre superdesenvolvimento. multiplicação ou diferenciação das células. .Sintomas Plásticos . Hipoplásticos: quando as plantas apresentam subdesenvolvimento devido à redução ou supressão na multiplicação ou crescimento das células. Ex. Albinismo Virose da catléia (Vírus) . albilineans.A. apresentando-se.: folha de cana-deaçúcar com escaldadura.Sintomas Hipoplásticos Sintomas hipoplásticos mais comuns em doenças de plantas são: Albinismo: falta congênita da produção de clorofila. em certos casos. causada por Xanthomonas campestris pv. tomar todo o órgão. como variegações brancas nas folhas. geralmente. mas podendo. decorrente da falta de clorofila. Clorose Clorose variegada dos citros (Xylella fastidiosa) . Diferencia-se do albinismo pelos órgãos não ficarem totalmente brancos.Clorose: esmaecimento do verde em órgãos clorofilados. envolve hiperplasia das células. que embora seja classificado como hipoplástico pela falta de produção de clorofila. com alongamento do caule Estiolamento Estiolamento do caupi (Deficiência de luz) . Estiolamento: sintoma complexo. refere-se a redução no tamanho da planta toda ou de seus órgãos. Ex. Enfezamento: também conhecido por "nanismo".: plantas de milho com nanismo. causado pelo vírus do nanismo do milho. Enfezamento Nanismo do milho (Spiroplasma kunkelli) . causado pelo vírus do mosaico da cana-de-açúcar. Mosaico Mosaico do mamoeiro (Papaya ringspot mosaic virus) . Ex. Sintoma típico de algumas viroses. Mosaico: em áreas cloróticas aparecem intercaladas com áreas sadias (verde mais escuro) nos órgãos aclorofilados.: plantas de cana-de-açúcar com mosaico. : plantas de abacaxi infectadas por Fusarium subglutinans. resultando no agrupamento de folhas em rosetas. Ex. brotos ou ramos. Roseta Roseta da roseira (Vírus) . Roseta: caracteriza-se pelo encurtamento dos entrenós. de saliências de aparência bolhosa. Bolhosidade Mosaico severeo do caupi (Cowpea severe mosaic virus) .Os sintomas hiperplásticos mais frequentes em doenças de plantas são: Bolhosidade: caracteriza-se pelo aparecimento.: bolhosidade causada pelo vírus do mosaico severo em folhas de caupi. Ex. no limbo foliar. que fica com cor de cobre (bronzeada) devido à ação de patógenos.Bronzeamento: mudança de cor da epiderme. Bronzeamento Enrolamento da folha da videira (Closterovirus) .: plantas de tomateiro infectadas pelo vírus do viracabeça. Ex. no estádio inicial da doença. : folhas de pessegueiro com crespeira. causada por Taphrina deformans. representa uma deformação de órgãos da planta. Encarquilhamento: também conhecido como "encrespamento". resultado do crestamento (hiperplasia ou hipertrofia) exagerado de células. localizado em apenas uma parte do tecido. Ex. Encarquilhamento Crespeira do pessegueiro (Taphrina deformans) . Epinastia: curvatura da folha ou do ramo para baixo. Ex. devido à rápida expansão da superfície superior desses órgãos.: epinastia da mostarda causada por Beet curly top virus. Epinastia Epinastia da mostarda (Beet curly top virus) . Ex. Fasciação: estado achatado. muito ramificado e unido de órgãos da planta.: fasciação do gêrânio causada por Rhodococcus fascians Fasciação Fasciação basal do gerânio (Rhodococcus fascians) . : galhas nas raízes de vários hospedeiros causadas por Meloidogyne spp. Galha: desenvolvimento anormal de tecidos de plantas resultante da hipertrofia e/ou hiperplasia de suas células. e galhas em rosáceas causadas por Agrobacterium tumefaciens Galha Meloidoginose da cenoura (Meloidogyne spp.) . Ex. ) Galha Galha da coroa da videira (Agrobacterium vitians) Galha Meloidoginose do brócolis (Meloidogyne spp.Galha Meloidoginose do quiabeiro (Meloidogyne spp.) . causada por Crinipellis perniciosa.: plantas de cacaueiro com vassoura-de-bruxa. Algumas vezes. os órgãos afetados adquirem formato semelhante ao de uma vassoura. Superbrotamento: ramificação excessiva do caule. Superbrotamento Vassoura-de-bruxa do cacau (Crinipellis perniciosa) . Ex. sendo então denominado vassoura-de-bruxa. ramos ou brotações florais. lixa do coqueiro causada por Sphaerodothis torrendiella e sarna da batata causada por Streptomyces scabies. Verrugose Verrugose do laranja (Elsinoe spp. Ex. tubérculos e folhas. geralmente modificados pela ruptura e suberificação das paredes celulares.) ..: verrugose em citros causada por Elsinoe spp. Verrugose: crescimento excessivo de tecidos epidérmicos e corticais. Caracteriza-se por lesões salientes e ásperas em frutos. Verrugose Verrugose do maracujá (Cladosporium herbarum) Verrugose Lixa do coqueiro (Sphaerodothis torrendiela) Verrugose Sarna da batata (Streptomyces scabies) . picnídios de Lasiodiplodia theobromae em frutos de manga. apotécios de Sclerotinia em soja. Exsudações viscosas compostas de células bacterianas liberados de órgãos atacados constituem importantes sinais para a diagnose. SINAIS: Sinais são estruturas ou produtos do patógeno. Ex: frutificações de alguns fungos. Como exemplo de odor que constitui sinal de doença pode-se citar o mau cheiro emanado do colmo de cana-de-açúcar atacado por Pseudomonas rubrilineans. micélio. como esclerócios de Sclerotium rolfsii em feijoeiro. exsudações ou cheiros provenientes das lesões podem ser considerados como sinais. massa de uredosporos ou teliosporos produzidas em pústulas por fungos causadores de ferrugens em diversas plantas. os sinais ocorrem num estádio mais avançado do processo infeccioso da planta. Em geral. geralmente associados à lesão.). ovos de nematóides. Além de estruturas patogênicas (células bacterianas. os sinais confundem-se com os sintomas. etc. esporos e corpos de frutificação fúngicos. micélio branco de Oidium em caupi. . Em algumas doenças. como os carvões. peritécios de Giberella em trigo. como ocorre com talos de tomateiro infectados por Ralstonia solanacearum quando submetidos a condições de alta umidade.