CURSO: 091010 - FIC+ ESPANHOL BÁSICO [PRONATEC] COMPONENTE: FIC.0003 - ÉTICA E CIDADANIA - FUNDAMENTAL [10 HS/10 AULAS] TURMA: 20141.1.091010.1V ANO/PERÍODO LETIVO: 2014/1 PROFESSORA: MS. JOELMA TITO DA SILVA Pau dos Ferros/RN 2014 1 como situações de extrema aflição e angústia. O que sentimos diante desse tipo de imagem? Vivemos certas situações. está viva apenas porque seu corpo está ligado a máquinas que a conservam. Inconsciente. vergonha. por exemplo. uma pessoa querida.Somos sujeitos éticos? Senso moral: Culpa. geme no sofrimento. solidariedade. Suas dores são intoleráveis. que justifiquemos para nós mesmos e para os outros as razões de nossas decisões e que assumamos todas as consequências delas. também põem à prova nossa consciência moral. justiça etc. responsabilidade. porque somos responsáveis por nossas opções. admiração. remorso. Assim. indignação. com uma doença terminal. culpa. A consciência ética distingue o bem/bom do mal/mau e realiza-se a partir de juízos de valor . Não seria melhor que descansasse em paz? Não seria preferível deixála morrer? Podemos desligar os aparelhos? Ou não temos o direito de fazê-lo? Que fazer? Qual a ação correta? 2 Nossas dúvidas quanto à decisão a tomar não manifestam apenas nosso senso moral. ou sabemos que foram vividas por outros. piedade. mas. pois exigem que decidamos o que fazer. avaliar os efeitos e consequências. Os valores éticos se oferecem. dizia Maquiavel. reconhecer-se como autor da ação. como se fossem naturais ou fáticos. porém. isto é. proferimos um juízo de valor. isto é. diminuí-la. proibindo moralmente o que nos transforme em objeto. que deve ser: Consciente de si e dos outros. as virtudes. Os juízos éticos de valor são também normativos. A ética é normativa exatamente por isso. enunciam normas que determinam o dever ser de nossos sentimentos. fins éticos exigem meios éticos. tendências. controlá-la. estaremos interpretando e avaliando o acontecimento. impulsos. do senso moral e da consciência moral. São juízos que enunciam obrigações e avaliam intenções e ações segundo o critério do correto e do incorreto. Quando acompanhamos a história das ideias éticas. coisa usada e manipulada por outros. como expressão e garantia de nossa condição de sujeitos. Livre. No campo da ética essa afirmação é questionada. não deixando-se governar pelos impulsos. 3 . nossos atos. “Os fins justificam os meios”. Nesse caso. isto é. nossos comportamentos. em seu centro. portanto. existentes em si e por si mesmos. porque somos educados (cultivados) para eles e neles. encontra-se o problema da violência e dos meios para evitá-la. uma vez que nem todos os meios são justificáveis. de capacidade para controlar e orientar desejos. O campo ético O campo ético é constituído pelos valores e pelas obrigações que formam o conteúdo das condutas morais. Se. Em outras palavras. mas apenas aqueles que estão de acordo com os fins da própria ação. sentimentos e de capacidade para deliberar e decidir entre várias alternativas possíveis.Juízo de fato e de valor Ética e violência Se dissermos: “Está chovendo”. podemos perceber que. dando a si mesmo as regras de conduta. Estas são realizadas pelo sujeito ético ou moral (pessoa). portanto. principal constituinte da existência ética. estaremos enunciando um acontecimento constatado por nós e o juízo proferido é um juízo de fato. suas normas visando impor limites e controles ao risco permanente da violência. ativo e capaz de autodeterminar-se. autônomo. Dotado de vontade. Do ponto de vista ético. constituído por dois polos internamente relacionados: o agente ou sujeito moral e os valores morais ou virtudes éticas. desde a Antiguidade clássica (grecoromana) até nossos dias. Responsável. somos pessoas e não podemos ser tratados como coisas. isto é. O campo ético é. falarmos: “A chuva é boa para as plantas” ou “A chuva é bela”. Frequentemente. não notamos a origem cultural dos valores éticos. trazida por Sócrates. Após um certo tempo de conversa com Sócrates. mas por sua relação espiritual e interior com Deus. a pergunta. a vontade guiada pela razão como o outro elemento fundamental da vida ética. que a vida ética do cristão não será definida por sua relação com a sociedade. dispondo-se a começar.. O que é a coragem? O que é a justiça? O que é a piedade? O que é a amizade? O que é a virtude? Que é o bem? As questões socráticas inauguram a ética ou filosofia moral. ou reconhecer que não sabia o que imaginava saber. um ateniense via-se diante de duas alternativas: ou zangar-se e ir embora irritado. a razão As perguntas socráticas revelavam que os atenienses respondiam sem pensar no que diziam. o Deus cristão relaciona-se diretamente com os indivíduos que nele creem. que permanecerá como uma das marcas principais da concepção ética ocidental. Para os filósofos antigos. dever e pecado Nas religiões antigas a divindade se relacionava com a comunidade social e politicamente organizada. Cristianismo: Deus. se estabelece entre o coração do indivíduo e Deus. Aristóteles acrescenta à consciência moral. a ética era concebida como educação do caráter do sujeito moral para dominar racionalmente impulsos. antes de qualquer coisa. pecadores. divididos entre o bem (obediência a Deus) e o mal (submissão à tentação demoníaca). ao encontrar seu ponto de partida: a consciência do agente moral. Somos seres fracos. É sujeito ético moral somente aquele que sabe o que faz. a busca filosófica da virtude e do bem. na companhia socrática. 4 . o cristianismo introduz três diferenças primordiais na antiga concepção ética: -Nossa relação com os outros depende da qualidade de nossa relação com Deus. que também deveriam ser virtuosos. Aristóteles. Dessa maneira. A primeira relação ética. único mediador entre cada indivíduo e os demais. Sua finalidade era a harmonia entre o caráter do sujeito virtuoso e os valores coletivos. apetites e desejos.. porque definem o campo no qual valores e obrigações morais podem ser estabelecidos. conhece as causas e os fins de sua ação. para a transgressão das leis divinas. entre a alma invisível e a divindade.Vamos filosofar sobre ética Sócrates. portanto. -Tal concepção leva a introduzir uma nova idéia na moral: a ideia do dever. e para formá-lo como membro da coletividade sociopolítica. isto é. -O primeiro impulso de nossa liberdade dirige-se para o mal e para o pecado. Isso significa. o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos valores morais. para orientar a vontade rumo ao bem e à felicidade. Russeau: a ética do coração Até que ponto a interioridade da relação entre Deus e homem. – eram hipócritas não em si mesmos. Kant opôs-se à “moral do coração” de Rousseau. roubamos. somos egoístas. 5 A sociedade é desigual. baseada na exploração do trabalho. ambiciosos. não colocou a nossa vontade e de nossa consciência sobre o domínio de um poder estranho a nós? Um dos filósofos que procuraram resolver essa dificuldade foi Rousseau. temos que mudá-la para que a ética exista. A razão torna o homem moral. pretende ser um racionalismo humanista. Somos. . A natureza é o reino da necessidade e o humano é o reino da prática. mas as condições materiais concretas em que vive a maioria da sociedade impedem a existência plena de um ser humano que realize os valores éticos. A moral burguesa. racionalidade. O dever simplesmente nos força a recordar nossa natureza originária e. diz Kant. Nascemos puros e bons. Nossa bondade natural foi pervertida pela sociedade. mentirosos e destrutivos. assim autônomos. no século XVIII. a sociedade o perverte. Nos tornamos. na exclusão de uma parte da sociedade dos direitos políticos e culturais. Hegel: a ética é histórica No século XIX. Para ele. seres históricos e culturais. Não existe bondade natural. só em aparência é imposição exterior. respeito à subjetividade e à humanidade de cada um. cruéis. a consciência moral e o sentimento do dever são inatos. destrutivos. mas por finalidade e liberdade. Por natureza. o papel da razão na ética. esquecendo a relação sujeito humano-Cultura e História. como Aristóteles. dizia Marx. Hegel criticou Rousseau e Kant por terem dado atenção à relação sujeito humano-Natureza (a relação entre razão e paixões). as ações são realizadas racionalmente não por necessidade causal. felicidade. etc. na desigualdade social e econômica. Neste último. são “a voz da Natureza” e o “dedo de Deus” em nossos corações. tornando-nos egoístas. O homem é puro. para afirmar. ávidos de prazeres que nunca nos saciam e pelos quais matamos. Somos seres históricos e culturais. É justamente por isso que precisamos do dever para nos tornarmos seres morais. quando esta criou a propriedade privada e os interesses privados. mentimos. Kant: a ética e a razão No final do século XVIII. pois eram irrealizáveis e impossíveis numa sociedade violenta como a nossa. Marx: a moral burguesa e desigualdade Marx afirmava que os valores da moral vigente – liberdade. portanto. criada pelo cristianismo. diz Hegel. agressivos. É o direito de ser negro. com vários sentidos. índio. mulher sem ser descriminado. Por trás desse comportamento está o respeito ao outro. por favor e bom dia quando necessário. onde se agonizava para deliberar sobre decisões de comum acordo). que em latim significa cidade.O que é cidadania? É muito importante entender bem o que é cidadania. respeitar os sinais e placas. onde somente uma pequena parte da população determinava os destinos de toda a Cidade (eram excluídos os escravos. Trata-se de uma palavra usada todos os dias. 6 O sentido de cidadão e cidadania Cidadão deriva da palavra civita. não destruir telefones públicos. A cidadania consiste desde o gesto de não jogar papel na rua. não jogar papel na rua. e que tem seu correlato grego na palavra politikos – aquele que habita na cidade. A cidadania deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação para o bem estar e desenvolvimento da nação. não destruir telefones públicos. o direito das crianças carentes e outros grandes problemas que enfrentamos em nosso mundo. cidadania é o direito da pessoa em participar das decisões nos destinos da Cidade através da Ekklesia (reunião dos chamados de dentro para fora) na Ágora (praça pública. Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade para melhorar suas vidas e a de outras pessoas. entende-se por cidadão “o indivíduo no gozo dos direitos civis e políticos de um estado. Ser cidadão é nunca se esquecer das pessoas que mais necessitam. respeitar os mais velhos (assim como todas às outras pessoas). Há detalhes que parecem insignificantes. mulheres e artesãos). Cidadania é o direito de ter uma ideia e poder expressá-la.. Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. até saber lidar com o abandono e a exclusão das pessoas necessitadas. É devolver um produto estragado e receber o dinheiro de volta. Cidadania é a pertença de indivíduos em um estado-nação com certos direitos e obrigações universais em um específico nível de igualdade. . No sentido ateniense do termo. É poder processar um médico que age de negligencia. È poder votar em quem quiser sem constrangimento. homossexual. “cidadania é a qualidade ou estado do cidadão”. saber dizer obrigado. desculpe. De praticar uma religião sem se perseguido. não pichar os muros.. mas revelam estágios de cidadania: respeitar o sinal vermelho no transito. Dentro desta concepção surge a democracia grega. ou no desempenho de seus deveres para com este”. pelo simples fato de serem originário de uma dada cidade-estado. Disponível em: http://r1. nos segundos reclamam o acesso aos bens e patrimônio coletivamente produzidos e acumulados. como John Locke. Em seu lugar aparece o conceito de submissão. Bibliografia CHAUÍ. PEREIRA. proclamam que todos os homens independentemente do estado nação a que pertençam. em grande parte do território europeu a centralização do Estado. porque filhos de um mesmo Deus.ufrrj. nomeadamente para assegurar condições de vida mínimas para todos os cidadãos. As lutas sociais que varrem a Europa no século XIX procuram consagrar os direitos políticos e os direitos econômicos. enquanto seres humanos possuem um conjunto de direitos inalienáveis.pdf acesso em: 21/03/2014 7 . independentemente da sua origem ou condição social anterior. Estes direitos eram iguais para todos e estavam consignados em leis escritas. apoiados num sólido corpo de funcionários públicos. se inspira os conceitos mais modernos de cidadania. Noções básicas de ética e cidadania. Os direitos do individuo passam a estar dependentes da vontade arbitrária do seu senhor. Os combates sociais avançam no sentido de uma melhor distribuição da riqueza coletivamente gerida. Um importante conceito começa a difundir-se nesta altura: a consciência que todos os homens eram iguais. implicou o fim do poder arbitrário dos grandes senhores. Este processo foi quase sempre precedido pelo reforço do poder dos reis.C. forma no sentido de definirem o cidadão como aquele que tinha um conjunto de direitos e deveres. Os cidadãos passam a reportar-se ao Estado e não a uma multiplicidade de senhores. assegurados pela sociedade de pertença.br/cfar/d/download/Etica%20e%20Cidadania%20. Nos primeiros os cidadãos reclamam a possibilidade de elegerem ou substituir quem os governem. É neste estatuto que. sociais. Convite à filosofia. A desagregação do estado romano traduz-se no fim do conceito grego-romano de cidadania. O direito romano definiu a cidadania como um estatuto jurídico-político que era conferido a um dado indivíduo. Assistimos hoje a importantes movimentos com reflexos profundos ao nível da cidadania. A cidadania confere automaticamente um vasto conjunto de direitos econômicos.A cidadania na história Os nossos conceitos atuais de cidadania começaram a forjar-se na antiga Grécia. As revoluções políticas que aqui ocorreram após o século VI a. Este estatuto (status civitas) uma vez adquirido atribuía-lhe um conjunto de direitos e deveres face à lei do Império. culturais. São Paulo: Ática. Entre os séculos XVI e XVIII. Marilena. Rio de Janeiro: UFRJ (Curso de formação de agentes de reflorestamento. etc. Guilherme Alves. Alguns teóricos. Nascia deste modo o conceito de direitos humanos e da própria cidadania mundial. 2010. Num período de enorme mobilidade de pessoas à escala mundial. caminhamos para um novo conceito de cidadania identificada com uma visão cosmopolita.