Etchegoyen+-+Cap.+24+-+25+-+26+-+Fundamentos+da+Tecnica+Psicanalitica.pdf

April 2, 2018 | Author: Daniel Synamour | Category: Psychotherapy, Psychoanalysis, Sigmund Freud, Language Interpretation, Information


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Fundamentos da Técnica Psicanalítica.ETCHEGOYEN, R. Horacio; trad. Francisco Frank Settineri. - 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2004 24 Materiais e Instrumentos da Psicoterapia A parte principal das lições que agora começamos é nicas psícoterapêmicas" (1952), no qual se reconhecem 0 estudo da interpretação, o fundamento da terapia psica- dois tipos de psicoterapia: de apoio e exploratória. Outros nalítica. Contudo, ninguém tem dúvida de que a atividade autores preferem falar de psicoterapia repressiva e ex-pres- do analisrn não está estritamente circunscrita a interpre- siva. Merton M. Gill (1954), destacado estudioso da psico- tar e que sempre faz_emqs algo mais que isso. Com um logia dÓ-ego, fala de psicoterapia exploratória e de apoio, sentido mais abrangeJ!-te,..o que VamoS estudar são OS ÚlS- definindo a psicanálise nesses termos: ''A psicanálise é aque- trumentos da psicoterapiq, entre os quais a interpretação la técnica que, empregada por um analista neutro, tem ocupa o lugar princtpal. Ao mesmo tempo, devemos leyar-----eomo resultado o desenvolvimento de uma neurose de em conta que a interpre_tação não é privativa dã psicanáli= transferência regressiva e a resolução final dessa neurose se, já que todas as psicoternpias maiores a utiliZam. ocorre somente por meio de técnicas de interpretação" É necessário come~ pois, situando a interpretãção (Contripuições à teoria e à técnica psicanalítica, p. 215). no contexto de todo o-instrumental com o qual psicotera- Um enfoque similar é o de Edward Bibring em seu peuta deve operar e explicar por que esse insttumento...tem clássico artigo de 1954. Bibring diz que há cinco tipos de uma importância eijrecial. Por outro lado, deve-se tam- psicoterapia: sugestiva, ab-reativa, manipulativa, esclare- bém delimitar o conceito-de interpretação, pOft!ue, segun- cedora e interpretativa. Não preciso esclarecer a que ele do o tomemos em senii<!_o lato ou estrito, chegaremOS"~ se refere com psicoterapia sugestiva ou ab-reativa. 1 Por diferentes conclusões--quanto à tarefa do analista, se só manipulativa, define a psicoterapia na qual o médico par- interpreta ou se faz-{)utras coisas, sendo, às vezes, esse ticipa, tentando fornecer uma imagem que sirva como problema simplesmente ~e definição. Logicamente, "56 atri- modelo de identificação. As psicoterapias de esclarecimento buirmos ao conceirÕ um sentido muito amplo, tudo pode e as interpretativas operam por meio do insight; já as ou- ser rotulado como interpretação, mas talvez essenão seja tras não. É interessante esse ponto de vista, porque so- o melhor critério. mente Bibring diz que o esclarecimento produz insight. Os Começaremos estudando a interpretação como o ins- demais psicanalistas pensam que o insight está ligado ex- trumento principal utilizado por todos os métodos de clusivamente à interpretação, ainda que possa haver aqui psicoterapia maior (ou profunda); depois, em um:!!egurr~ um prol?~ema semântico, ffi c~e t~vez o Uisight em que -e do passo, procuraremos ver quais são as característicãs=~-"" Bibring pensa seja o descritivo, não o-ostensivo", n~ seu- . senciais da interpretação elll psicanálist:·- . . udo de RiChfield (1954). Quando; no proxillio Capítulo, considerânnos a fonna <:orno Lõwenstein define a inter- pretação, veremos que- o faz, justamente, em função do PSICOTERAPIA E PSICANÁUSE insight. - . -_ . .. . Paraaborda!: ~se tema, ê iiÍevitá~él~ br~ve çomen- . - .. -, ~-i~~g Coll~Ui, ·e p~ece-ine_~~eressant~ qu: a psi· tállo sobre as diferençaS· entre psi~aná.Jise e-psicot'érapia. · canálisê ~ úm,a psiCot~pta que utdi:a esses ~co ~tru- · COm ó. correr .dos anos, a poética -idéia de Freud-{1904a) mentos, _Isto e, a ~u~estao, a <l:b_:r~aç~o, a ~ampulaça~, o -dedi~diFa:-psicDl:érapia,·~mo,LeOnard~·diVidtt.taS.:artes":,;,-t;SÇ!~·H~QI!I~AlQS,~:,~!~W~~~~E!,·-~.~_;: I>Qf~!fl,-_u~~ d}fe-c .· (Jlásticas, a(4bou ~endo a !llais rigorosa de todas~~ da5si-- ren~ que a cara:t~~ e tam.bém a des~c_a frente ~s o':- fiéa õeS . . : : . - - - . :- .. -- · · . : - - .- - - . t;ras, prossegu~ Btbring; qu~ e o fato de utilizar os tres pn~ ç Fr~ud afi.rm'ava que 0 ~é~ododes~~~rto-por: Bre.;_.ei; meiróS como recur:ôs. térn~cos, e~a_penàs- o~ do~_. últimos a ·psicoterapia catártica e.a psicanálise,- desenvolvida a_ comor,-~osterapeu~~s-~~IUdo&~pstc~tausar partir 4,esta primeira, operavam per via di levare, não per a sugesta?: a ab-re~çao e a- n:~Uiaçao com? recursos via di porre, como as outras. Essa idéia aparece em quase para mobiliza:? paCiente e f?~taro desenvolVlffiento ~o todos os trabalhos (que são centênas), em que se procura processo analttJ.co~ mas os Aun.icos r~"tlrsosc{)m ~s. qurus separar a psicanálise da psicoterapia. ?V:ra como _fa~?res t~ra~euo.cos sao os que produzem 0 leitor recordará, sem dúvida, dos trabalhos de mszght. Essa tdeta de Btbrmg parece-me correta, porque o Robert P. Knight, entre os quais se destacá; do ponto de vista que estamos considerando, "Uma avaliação daS téc- lAab-reaçãô ocupa um~~ como veremos mais adiante. 184 R. HORACIO ETCHEGOYEN que diferencia a psicanálise das psicoterapias em geral (re .. nece com a intenção de informar, de colaborar com a firo-me, especificamente, às psicoterapias exploratórias ou tarefa. Isso não significa que o psicoterapeuta não pos- expressivas) é justamente que nestas a sugestão, a ab-rea . sa tirar determinada conclusão dele. Como diz Elsa ção e a manipulação são utilizadas como recursos Garzoli (comunicação pessoal), o acting out não comu- terapêuticos, isto é, essenciais. O paradigma poderia ser a nica, embora informe. reeducação emocional de Alexander e French (1946), em O conceito de material deve ser circunscrito ainda mais, que se recorre à manipulação da transferência para dar ao porque se deve considerar uma terceira dimensão do dis- paciente uma nova experiência, que corrija as defeituosas curso: quando o analisando não associa, somente fala. do passado. A verdade é que, quando tentamos corrigir a Ocupamo-nos indiretamente desse tema, a propósito imagem do passado dessa forma, já começamos a operar da aliança terapêutica, ao estudar as contribuições de com fatores sugestivos ou de apoio. Digamos, de maneira Greenson e de Meltzer. A parte adulta fala, afirma Meltzer; precisa, que o psicanalista utiliza de fato os recursos que e, quando o paciente fala (ou nos fala), o que corresponde Bibring chama de técnicos, sem por isso conceder a eles é responder a ele, não interpretar. um lugar de todo legítimo em seu método. Greenson e Wexler (1969, 1970) sustentam, no meu entender, a mesma idéia quando discriminam entre asso- ciação livre e o que não é. Sustentam que tomar por asso- MATERIAIS E INSTRUMENTOS ciações livres o que se expõe como real (que, para eles, tem o duplo significado do não-distorcido e do genuíno) A reflexão de Bibring abre-nos caminho para outro danifica o juízo da realidade do analisando. (Recorde-se o esclarecimento que devemos fazer para abordar finalmen·· exemplo de Kevin.) te nosso tema; trata-se da diferença entre materiais e ins·· Em resumo, se quisermos ser precisos e evitar equí- trumentos da psicoterapia, seguindo basicamente Knight. vocos, deveremos limitar o termo material ao que o anali- É uma diferença um tanto geométrica e pitagórica, se.. sando comunica, em obediência à regra fundamental e gundo a qual o que surge do paciente chama-se de mate.. colocar entre parênteses o que ele mesmo deixa de fora rial, e o analista opera sobre esse material com seus inconscientemente (acting out verbal) ou conscientemen- instrumentos. te, isto é, quando fala (ou pensa que fala) como adulto, Tanto o conceito de material quantoode instrumen· esteja relacionado ou não, para ele, com o tratamento. to exigem alguns esclarecimentos. Com respeito ao mate.. Convém esclarecer que as precisões recém-propos- rial, eu diria que devemos circunscrevê-lo ao que o paciente tas referem-se integralmente ao que o analisando sente, a fornece com a intenção (consciente ou inconsciente) de suas fantasias, e não a julgamentos do analista. É parte da informar o analista sobre seu estado mental. Desse modo, tarefa do analista assinalar ao analisando com que (ou a ficaria de fora o que o paciente faz ou diz não para infor· partir de que) fantasias está falando, sobretudo quando mar, mas para influenciar ou dominar o terapeuta. Essa notar uma discordância entre o que o analisando assume parte do discurso deve ser conceituada como acting ouc manifestamente e suas fantasias inconscientes. Em outras verbal, e não verdadeiramente como material. Como vere.. palavras, o analista deve reconhecer o que o analisando mos com mais detalhe ao falar de acting out, é mais exato assume explícita ou implicitamente quando falá, sem por dizer que o discurso sempre tem, ao mesmo tempo, as duas isso sujeitar-se a essas estipulações. partes e, por conseguinte, compreende ambas. Se :toda a . Deixando para outra oportunidade uma discussão comiinicaçã:o do paéiéni:e inclui esses dois fatores, será mais detida, desse tema;~ue para mim ê fundamental, a então parte da técnica analítica dise1i'minar entre o que o seguir. estudaremos os instrumentos que o psicoterapeuta paciente fornece para nos informar e o que nos faz com utiliza; os quais;para um melhor desenvolVimento de nos- sua comunicação. Essa discriminação não muda se o que o sa exposição, dividiremos em quatro grupos: 1) instrumen- paciente "faz" pode ser transformado pelo analista .e com· . ·· tos para influir sobre o paciente~ 2).instrumentos para obter preendido como material, porque a classificação nãeí informação; 3) instrumentos para oferecer informação e · .é funcional, mas dinâmica, ou seja, tem a ver com o desejo 4) parâmetro de Eissler (1953). do paciente, com sua fantasia inconsciente. Em outras pa· · lavras, sem ter intenção de comunicar, o acting out do ana, , lisaudo podé inforin:à.r-nôs. ' · · ·· · · . <iNSTRUMENTÓS.PARA INFLUIR Quanto aos instrumentos, também se deve estabele· . SOBRE O PACIENTE cera mesma diferença e privar desse caráter as iriterven· ções do analista qtie não tenham por finalidade desenvol· o psicoterapeuta dispõe de vários instrumentos para ver o processo terapêutico. Essas intervenções devem ser · exercer umáinfluência direta sobre o páciente, com o pro- chamadas, para sermosjustos, de acting out do analista pósito de fazer com que mude, com que melhore. Essa (contra-acting out), mudança pode consistir em que os sintomas aliviem-se ou Este não é um problema ocioso, porque muitas dis· desapareçam, que seu estado mental modifique-se, que sua cussões sobre o acting out estão vinculadas a tal dife- conduta torne-se mais adaptada à realidade em que vive, rença. Em minha opinião, e adiantando-me ao tema, o etc. Há muitos procedimentos para alcançar esses fins, acting out não é material, porque o paciente não o for· como o apoio, a sugestão e a persuasão. cente de sugestão e. FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANAlÍTICA 185 Todos eles se propõem a alcançar uma mudança di. Melitta Schmídeberg tratou do temà na Sociedade Britânica. têm seus riscos. ma ativa de Baudouin) é perigosa. nega. sem fazer nenhum esfor- sãoineludíveis. trocando idéias. ~i lw! j~. Aqui as expressões de sugestibilidade a ativa. Nem o apoio. o indivíduo plásticas de se manter de pé ou de continuar caminhando deixa-se penetrar pela sugestão.Baudouin distingue dois tipos de suges- procura dar ao paciente estabilidade ou segurança.. bengala é inevitável). -de hipnose. que se gesta des- mos dizê-lo nos termos da teoria psicanalítica. São métodos limi. Na sugestibilida~ ao contrário o paciente apoio. pode aumentar a insegurança. te. Logica.. passiva e ativa. algumas psicoterapias de inspiração pavloviana. prefere-se falar. sugestão. O fundamento do mé- recalque. inclusive a interpretação.dàde.e. de acordo com Winnicott (1958. mas podem ter um efeito curativo. as que tendem a reforçar a boa relação com o outro. racionalizações do que razões. todo sugestivo é introduzir na mente do paciente. não é o mais ade. passim). é ortopédico Uá dissemos que a analogia da não é verdadeiro. tido se apóia o trabalho de Ida.-. . No primeiro caso. Para alguns autores. ~-----~. Se. até mesm-o. é legítimo em psicanálise se utilizado prudentemente incidente. . p. mação que depois possa operar a partir de dentro. mais moderna e existencial. como 2 :~ ijl' psicoterapia persuasiva. algum tipo de juízo ou afir- é muito legítimo em algumas formas (menores) de psi. ou seja. sentido e a finalidade de modificar uma determinada con- Entendemos por apoio uma ação psicoterapêutica que duta patollógica . obviamente esse apoio é um instrumento inevitável e quando o psicoterapeuta sabe com que instrumentos está -~- ~1 -em toda a psicoterapia.]i ·o manejo do setting podem modular a ansiedade. pgrque a influência que ro-me ao apoio como algo que se oferece ao paciente exerce é muito grande e pode ser perturbadora. e não rapia. em \. levantar o de baixo (a raiz latina é suggestio). passaram. Embota apâ~ ·. a meu ver. de for- tados. afirmando que a persuasão e~tá liga~ 'li ·. técnica (1955. participa do processo. que ma subjacente ao que pensa. o que está mais ao alcance do médico geral (ou. que a apoiou (Glover. {~ ding}. Ella Sharpe. uma forma de que o apoio é um método de dosar a ansiedade e. argumentando e . sobre o qual falou Strachey em manteve essa idéia. nas a interpretação resolvé~a. corn. nem a falarei brevemente. ~ ro. algo tão. que parte para ela de··um fenômeno subjª=- entanto. p. tão. .tnétododePubois ~stásem­ . qe cordialidad. ço para recebê-la e incorporá-la. se quiser. Se o apoio é criticável por-Cri<rr um vínculo que. chamando de aceptividade a passiva e. analítica utiliza a influência do médico. de ~ timula uma dependência difícil de resolver .idade de dar apoio. A possibi- externamente para mantê-lei. Quan- tia. Glover. também a sugestão (mesmo a for- mente.·mas ape. apesar de ser o mais comum. para lhe induzir determinado tipo de conduta. diferentes modalidades. de tudo que esteja relacionado com rela. No transferência. é a sugestão. apoio e da sugestão. do qual também terapia repressiva. imediata. 285-290). sãó máís . quado. à razãO dó paêietite. e se combinado com a interpretação. Refi. Como indica seu nome. ' turaltneilte·com algo' que pretende ser cl e valor d ttra:dotr" • ·_ da ao processo rabiorriil. Na discussão do tra- reta. persuasão têm por finalidade abrir o campo ou. convém salientar que o ana- até mesmo polemizandD com o paciente. Entre ·:~1. formas de psicoterapia (menor).. Quanto à influência da angústia contratransferencial . assim como surgiram. mentos. e ·i~tJ seu trabalho foi publicado no ano seguinte. Meltzer (1967) destaca que a adequada manutenção e rente ter um matiz racional. que·sur- ção de vários autores. Paula para a personalidade e que se diferenciam dos outros mé. · . operando. pois pode criar uma situação viciosa. com o coterapia. .l+' _j j~l · tal. às vezes o apoio está citar a demagogia ou a fraude são riscos inerentes à suges- -~ ' fortemente determinado pela contratransferência. porque estão a serviço da psico. 2 Dubóis sempre procurou difere"ndar seu i:nétodo do . Glover aborda-o em seu livro de giram há anos e que. em equi. entendemos por apoio uma atitude de simpa. a suges- O apoio é o instrumento mais comum da psicote. e as que tendem a ressaltar (ten.na neces. 288).íltima instância. muito antes pelo contrário. com a de Dubois. sem que isso a desqualifique~já que todos os instru- contuçlo. entre outros. lidade de conduzir demasiadamente o paciente e de exer- líbrio. é algo que se faz. de contenção (hol. ·"sub-gestar". o psicanalista exercita uma for-. como A persuasão de Dubois aponta para a razão e assume· !\· veremos ao estudar o·processo analítico . a qualquer custo.'j :11 lista não deve confundir o apoio que ·se oferece conjun. Heimann e a mãe de Melitta. porém co. Há diversos tipos de condenável. Nesse sen- simplesmente. quando certo modo. É a menos eficaz e a mais gado à idéia de algo que sustenta. com certeza. Ela considera A logoterapia de Frankl (1955) é. porque o conceito está intrinsecamente li.·o. .--·----c'~. para o qual o psicoterapeuta coloca-se no lugar de um ma sutil e indireta de sugestão. diferença entre a psicoterapia-<ni"i'ilrti~a' e as outras é que a-- denciosamente) certos aspectos da realidade.porque es. em fevereiro de 1934. eles são legítimos e podem ser úteis em certas ~ tivas. no fundo.o um respaldo ou uma bengala. Como observa Glover (1955). que por issõ mesmo é mais dura- procurando afastá-la da consciência (recalcamento. Ele dizia que.:Macalpine (1950) sobreà ções interpessoais) e o que se utiliza mais livremente.. ' l' . a - seu trabalho de 1934. Para diferenciar as duas alterna. do o apoio e a sugestão situam-se no lugar que lhes cabe. de afetiVi. nesses casos. ção). todos que vamos estudar. que aponta mais para a conduta do que balho fala~am. Outro instrumento da psicoterapia.-eepróprio Freud sempre objeto (superego) boro.e_e de receptividade frente ao pacien. seus argumentos. isso depende do que chamaremos de apoio. como as medidas que tendem a aliviar a ansiedade. douro e eficaz. nem a sugestão. para que o paciente abandone suas resistências.· pre carregado. tão. O mesmo se pode dizer de O apoio no tratamentopsicanaríticomereceua aten. (notação) eA(atenção) . na tabela de Bion (1963). mas deve saber que por Rüth Riesenberg (1970). poderia ter sido resolvido interpretando sem parâmetros. Lowenstein referiu-se a isso no painel sobre variações técnicas do Con- INSTRUMENTOS PARA OBTER INFORMAÇÃO gresso de Paris em 1957. buscam influenciar o paciente. De fato. como as pessoas em uma fantasia da paciente co~ 0 . apoiando-o. com ou sem razão. Um caso singular é 0 publicado aliviar momentaneamente a angústia. a observaÇão superpõe- . embora maneje fenômenos irracionais . estão perguntar. às vezes. por que a pacient~ respondia de forma tão particular às ção. influindo sobre lução foi. e isso sempre é complicado. 186 R. um de seus cultores foi José A Itzingsohn. Esses dois tipos de recursos. foi resolvido com uma série de sempre que não haja elementos que nos aconselhem a in. a idéia de "psicoterapia dade. atenção. Outro-instrumento para obter informação é o assina- . quando o an. O outro inconveniente de perguntar é que. obter informação. em que a perversão de trans.. com Lowenstein (1958) conceitualmente ligados aos métodos repressivos de psi. _ dora. O exemplo de Olinick. como fez Os instrumentos do primeiro grupo. mas creio que isso ésomente adjetivo: o que define No caso regular. são sinônimos. _-néssàs ocasiões. rial ser muito sucinto para dar uma opinião pessoal. já que. são por sua índole totalmente compatíveis com os mé. aigo. digamos desde timo fazer perguntas. fora daquela questionável circunstâncias. 0 ma1s preparando-o eventualmente para a interpretação. quan- servem para obter informação e depois os que a oferecem do não pode falar livremente. Concordo nesse aspecto. interrompê-lo. por outro lado. mas apenas em casos de estudar. por isso. evidentemen- . Apesar de o mate- terpretar ou simplesmente a nos calar. o analisando. em outro se interprete ou se façam as duas coisas. HORACIO ETCHEGOYEN nós. Olinick considera que é legí- ao paciente. espelho. informação que o analista çlá ao paciente ao chamar a sua receria ser analisada em si mesma. opostos por seus objetivos. especiais justifica-se interromper o fluxo associativo para ma direta e concreta sobre sua conduta e. ao passo conta. perguntas sobre suas relações parentais. Aqui intervém a arte analítica porque.. "Circunsct~véunia área·de observação. embora já tenhamos dito que.. ção. em algu- ma medida.-. O as~inalam'ento. simples e direto é a pergunta.. que acabamos Freud com o "Homem dos Ratos".'ch~a a aten. do con. essa pergunta é um modo de apoio e não tem por finalida: ferência consistia em querer pôr a analista como observa. assim como ça sua análise esforçando-se em mostrar sua admiração pela quando acreditamos necessário saber que significado 0 mãe e o desprezo pelo pai~ assim como um grande desejo paciente dá ao que está dizendo.associa livremente. pode . Quando não escutamos. As perguntas têm um lugar legí- timo na técnica para obter detalhes e precisões. pareciam ·à analista mais mais informação.. já estaríamos fazendo outra coisa. Não é. de obter informação. de uma jovem que come- parece pertinente às associações do analisando.·. estamos introduzindo um fator na situa- zamos para que o paciente vença suas resistências. que á levou a ~-e cuidar. ve-se. ca:dá vezque alguem pergun. trário. porque.perguntar para ferência possa informar. isso pode ser analisado. estudaremos dois grupos de instrumentos se desse tema e emprega as perguntas concretamente como que. é certo. como bem dizia Fenichel (1945a). Felizmente. porém. uma vez que a utili. não se dev~ coterapia... · · ta deve estar atento para ver se está realmente obtendo O assinalamento implica sempre. cional. no começo. tentativa de melhorar o nível de colaboração do paciente. não pode haver: tudo depende te. quando o paciente. do que a contratranse da e não acerta com a intewretação. tenhamos segundas intenções e/ou que o analisan- que a psicanálise. 0 ana. Para ser mais preciso. que é a informação. Não há_ regras_ fixas. porém. por certo. e tampouco é demonstrativo de que o conflito agudo não dependerá da arte analítica que em um caso se pergunte. é ra. Uma dificul- nálise. umainformação precisa e entende-se que é formulada sem Como no caso da pergunta. a pensar . justamente. forçar seu contato com a realidade ou então como uma todos da psicoterapia maior e da psicanálise mais estrita. excludente formular a pergunta e também interpretar.alista está com uma pessoa muito angustia- do material do paciente. sem nos darmos racional" está mais ligada à forma que ao fundo. mento..sem segundas intenções. Olinick (1954) ocupou- A seguir. gó ver emqu~ se diferenciam. de uma crescente aproximação à psica. a hábil analista deu-se conta e abste: lamento {observaÇão). a pergunta tem por fmalidade obter esse instrumento é o fato de que busca receber informação. do as atribua a nós. perturbamos a associação livre.. Se perguntarmos com outro propósito que não o de pensável do procedimento analítico. cuja evo. Veremos primeiramente os que Quando o paciente está angustiado ou confuso. ~~gu~ap~rgtll1ta. são irmãos em seu funda. um grau de ínformação ou se se deixou levar a uma situação que me. um parâmetro. De modo que. do contexto. operar de for. segundas intenções ou pode suportar elementos interpre- . a analista fez. etc. Para mim. afirmação freudiana de que a sugestão é uma parte indis. a observação pode ter outros propósitos.. embora tudo dependa do contexto e das lista utiliza-os. não Esse uso das perguntas como parâmetro parece-me entendemos ou desejamos conhecer algum dado que nos discutível. de perguntar quando fazê-lo teria sido obviamente se por inteiro ao assinalamento. _ . có~o seu nome in di~ a assinala éienté. com o objetivo de que o paciente observe e ofereça perguntas que. o colocaríamos nas colunas 3 comómostra esse trabalho. Se quiséssemos situar esse instrumento doque naturais para esclarecer 0 material. Em todos esses métodos. não consic _ um erro. podemos perguntar _ de impressionar o analista. Entre os instrumentos para obter informação. manejando-o. de perguntar é que. foijustamente a resp_osta da pa. seja para dar suporte ao ego ou re- já. frente a frente. mas digamos. Lõwenstéin (1951) fala desses três instrumentos outro instrumento para obter informação é a confronta. por exemplo. um infarto. no rodapé mente que. Terencio Gioia (1979). por exemplo.te pé\ssos prévios a uma interpretação. gredientes do caso particular. por que fez esse assinalamento a Dora. Creio que vale a pena salientar. Freud diz que o contradição. poderia acontecer algo que a deradas como inquestionáveis. disse a ele que a situa- foi notado pelo analisando e que não sabemos se é conscien. assinalamento. portanto. Em prímeiro~lugar. é contingente a infor. sem dúvida porque· mo.deveri'a separá- llretac. levando em conta táveis. Enquanto o assinalamento centra a aterr- a atenção em algo que apareceu e que. ção era singular.O fundamentá! não é a forma: um assinalamento. na con- próprio__terapeuta não sabe que significado pode ter.e uroa ·la em compartimentos. já que aquela pode ser considerada como Quando. Outro paciente que queria sinceramente deixar de o assinalamento (observação) tende a ser feito di. destaca dois aspectos distintos.contraditórios do material. talvez possa servir para estabele- informar especificamente o paciente.: ze~ se dá o caráter de interpretação ao que é apenas um blenia teórico. quis dar-lhes mais autonomia: por serem ins- ·. E em seguida. enquanto isso. co é. assinalando algo que não tei-o simplesmente com esse fato. dois ele- material é ambíguo e que essa ambigüidade pode condu. do analisando e de torná-lo consciente. etc.fumar acendia um cigarro cada vez que se punha a anali- zendo-se repare que ou note que. de qualquer modo. Na frontação o fundamental é deparar o pa<:iente com uma nota de rodapé de seu assinalamento. para circunscrever uma área determinada para a investi. · 4 Assim pensa. não são ne~cessariamen­ de ~ colocá~lo diant~ uin dilelJla para que note uma contra. a de que o assinalamento No assinalamento. em princípio. ao abrigo de que uma inter. mas a gran. como muitos autores. pensa que é fun- çlamental ir graduando o acesso do analisando ao materi- al inconsciente e. · comentário do analista. do fim do tratamento. o analista não tem o propósito de circunscreve uma área. Se o analista tanto no material verbal quanto na conduta.. o assinalamento cumpre. à noite. confron- sinalando realmente um fato. com certeza. mesmo conhecendo com certa segurança o conteúdo la.bora expressasse ele está intéressado em mostrar alguns fundamentos de -fortes temores. Poderíamos argüir que.. porque pensa. então.ar~me. Os exemplos de diÇão. Nos atos falhos. Como_ seu nome indica. mentos. A ima- isto é. 7. pode tê-la e. Não é necessário que o paciente não tenha para deixar de fazê-lo e. então o assinalamento como no caso do fumante recém-mencionado. por exemplo. opinião da minha parte. com a intenção de trumentos para obter informação.ro. o ção em um ponto determinado para investigá-lo. o analisando ainda não está em condições para compreen. em geral. que é . um caso especial deste. Confrontar é colocar.de morrer de. Freud explica por que sublinha essas palavras. simultaneamente a missão de chamar a atenção refa. em que chamamos a atenção so- rece suas associações. que podem ocorrer zir às idéias ainda ocultas por trás do sonho.de assinalar. desde já. existem ai- nota bem de suas próprias expressões. A confrontação. . sar o problema. o tendidos. Freud diz a ela: "Peço-lhe que tome bre dois elementos contrapostos. a c . de informá-lo de Nem sempre é fácil separar a confrontação do que teve um lapso que ele não percebeu. Lowenstéin distingt(e moc··-· Havia. é claro. Discutiremos esse ponto confrontação e mesmo uma interpretação podem ser fei- quandofalarmos da interpretação profunda. e a confrontação. uma der ou tolerar a interpretação. fizeram-me preferir confrontá-lo com esse fato ~artificial falar da interpretação quando. qu~ essa-prudêncía do analisqtintroduz _um pro. inclusive a funç_ãQque o gação ulterior. os quais são inevi. . um·infatto do:miÓcárdio: sua: técnica. Podería~os dizer inicial- Dbrigasse a sair" (AE. mas o que importa é discriminar os diferentes in. que queria analisar seu hábito de fumar te para ele. p. se a conduta e a palavra. eni. preparatórios e. 4 Por outro lado.. as. isto é. após contar seu primeiro sonho.coloc.:ttividade do analista é complexa e rião se. Dentro do esquema que estamos desenvolvendo. contudo. no texto de Freud. que são dinâmicas. cigarro cumpria para ele quando devia realizar uma ta- às vezes. como preparatórios da interpretação. pensando. várias interpretações possíveis. mas de fazê-lo fixar cer uma diferença.Lõwenstein são diferentes dos meus. Um paciente dizia que estava muit() bem e próxi. em minha ção. Muitas vezes. com o juízo. nesse sentido. com a percepção. muitas ve- . Você disse que.~jng1Jlar e . momentos finais no processo de contradição que ele rião percebia entre estar bem e ter · interpretativo. por isso. 58). contrapõem- é supérfluo. mação que o analista dá no assinalamento: o característi. o assinalamento 'está relacionado da página. o analista pode preferir. em certo momento. para evitar mal-eu- tente. Foi realmente útil ao paciente. entende-se seu empenho 3 Os itálicos. Dora ofe.pa~iente duas situações contri:tpostas. Em uma dessas oportunidades. ou algo assim.mentos simultâneos e contrástantes. e ele deve interpretar. ao contrário. FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANALÍTICA 187 tativos. não devem ser consi- falta. assim. são a expressão tipográfica dà necessidade . de contradi~:ões em sua conduta. 3 gem plástica que utilizamos antes. que o assinalamento contribui porque o fez compreender toda uma série de automatismos. No en~anto. conhece com certeza do que se trata. que as discriminações que fizemos nesta seção assinalamento à interpretação. acendia um cigar- consciência.ão pudesse ser mal-entendida nos termos d. metapsicológicas e não fenomenológicas. a confrontação mostra ao ~ exposição. tos por meio de uma pergunta e.justamente a surpreendente negação de seus temores. na realidade. Talvez nos façam gumas diferenças que. Sempre há lugares de trânsito. Na realidade. que ele recusava. Nesse caso. no tema sas: "Claro! Você me pergunta isso para que lhe diga que é da interpretação profunda. sonhos muito pouco censurados e eu. Todavia. então. Tinha e queria fazê-lo dizer o que eu tinha de dizer. . essa atitude prudente possui seus senões e era minha intenção. voltamos a tocar.188 R. tinha razão. mas demonstra. HORACIO ETCHEGOYEN em discriminar entre os passos prevws e o fechamento ou minha mãe". de qualquer modo. risco da prudência. para re- va a interpretá-los. para mim que eu tinha medo de suas respostas paranóidess confiado que foi um de meus primeiros pacientes. diretamente e assinalar-lhe que ele queria que eu lhe in- do chegue por si só ao que o analista já sabe. com mais precisão. aqui. terpretasse "isso" para depois me acusar. que eu me havia contr~­ identificado com sua parte assustada pelas revelações que a ana- lise tinha de. porque essa fmal. É evidente agora Lembro-me de um homém jovem. fazia-lhe perguntas sobre o conteúdo futar Lowenstein. homossexualidade (sic) ou que essa mulher é sua esposa s Grinberg diria. e talvez teria sido melhor interpretar pode até ser tendenciosa. minha falha técnica é notória e não serve. Enfim. já que se propõe que o analisan. lhe fazer. inteligente e des. que não me anima. um manifesto. por considerá-las tendencio. Essas três ferramentas são bre para fins que não lhe competem e que não podem essencialmente uma e única. na linha de sua transferência sa em que pensamos. não do próprio paciente.e ao dar esse tipo de informação. e especificamente interpretar sua desconfiança (paranóica) ou seu despre- de erros de informação em termos de relações interpes. do analisando. porém. dre e sobre as quais o analista pode não se sentir na obri- tenta corrigir um erro que provém da informação deficiente gação de informar. a dados da realidade ou do mun. artifído e. R. la rquivocadamente por apoio. na du- muito escassos). Pude.. porque. mas para mim isso é psicoterapeuta. nesses casos. Como ci. Francisco Frank Settineri. Fundamentos da Técnica Psicanalítica. existe ainda uma quarta categoria. é lógico pensar que qualquer afirmação que perpe. É necessário destacar aqui que me refiro a um des- tue ou aprofunde os erros perpetua e aprofunda a doença. Aplica-se. de maneira válida. como perguntas sobre tos para compreender a realidade (ou a verdade) deve ter o feriado. colocar esse plos na prática. ainda. a meu ver.-lo ou de controlá-lo. etc. que compreende os instrumentos para in. sob a influência do severo superego homossexual e também de seu desejo de se liberar de mim. Porto Alegre: Artes Médicas. em nossa própria prática. as férias.. lisando captará. Informei-lhe. conhecimento do analisando que não está relacionado e. estudamos os que servem para influenciar o paciente e 1 Não se oculta para mim. corrigir esse erro.. os parâ. é sem· pre viável subministrar o mesmo informe por meio de De todos os instrumentos que formam o arsenal do uma interpretação que o contenha. qualquer dado que traga melhores elemen. sem que possamos simplesmente lhe se provém de um erro de informação. com o enquadre. Não se deve perder de vista que o ana- mais por seu alcance do que por suas características. então. termiinando repentinamente a análise. poderá supor que sempre operamos com mos para corrigir algum erro. que estamos Em um extremo está a informação. sedução. Horacio. como se fosse um tanto. é que cometemos uma transgressão. penso que estamos operando legitimame~. um analisando que sempre refere especificamente a seus problemas. agora.2 ed.. a informa. o escla. aquele que tinha a menstruação. mais cedo ou mais tarde. zo (maníaco). a co. senão depreciá-la. maçã. dentre os quais se encontra a interpretação. ETCHEGOYEN. por exemplo. por certo. Se de algum modo a neuro. Agora. trad. se o analisando sofre de uma~ ignorância que o afeta e metros. Em casos muito especiais (e digamos que também de ser ele. ainda da ética. Assim delimitada. com o contrato. material. que o sangue nas matérias paciente tenha um dado que lhe faz falta e do qual carece fecais podia ser um sintoma de enfermidade orgânica e . cabe-nos estudar o coP. etc. invejava as prerrogativas do sexo frágil teve uma pequena conhecimento objetivo que.o médica a um analisando que não a tem e nem se- do. que opera como transmitindo-lhe um determinado dado através de um um autêntico instrumento de psicoterapia se a oferece. e sim a um des. por definição. 2004 25 OC~onceito de Interpretação No capítulo anterior. essa iill(onnação é pertinente e pode ser útíl. entre. se damos essa informação com o objetivo de que o aborto. O paciente pode tomá- terceiro grupo. há três que têm uma entidade distinta e um artifício que não se compadece da técnica e menos também uma dignidade diferente: a informação. Às vezes se justifica. INSTRUMENTOS PARA INFORMAR Certamentesepoderá dizer que. psicanalítico. . é clruro que a informação é inevitável. É valer-se de nossa ferramenta mais no- recimento e a interpretação. seu desejo de reparar. o risco que se para lhe solicitar informação. de qualquer manei- se recordará. o analista pode legitimamente dar essa pla perspectiva de sua reconhecida inveja à mulher e de informação. um caráter terapêutico. ra. e a primeira coi. influi sobre hemorragia retal. desejo de influen- formru. Refiro-me a ques- Em seu sentido estrito. de algum modo. segundas intenções. nesse caso. ao mesmo tempo. Interpretei esse sintoma como o desejo ele. nós lhe trazemos o conheciment:o que lhe falta com a in- tençào apenas de modificar e~sa situação. que dividimos em quatro grupos. os honorários. dos quais pl motivos que lhe são fundamentalmente alheios. ocupamo-nos dos instrumentos da psicoterapia. conforme a arte. vice-versa. mas não se mulher entrou no climatério. a informação refere-se a algo tões que não se relacionam com as constantes do enqua- que o paciente desconhece e deveria conhece~ ou seja. Na mesma semana em que sua ção aumenta o conhecimento do analisando. quer sabe que não a tem. mas convém distingui-las. Não é difícil encontrar exem. soais. dar alguma infor- nhecimentos extrínsecos. sua tário utiliza mal o conhecimento que lhe foi dado. antes informações (já que pertencem ao mundo exterior. Se temos outro interesse sábados à noite". no caso. em geral. na qual mulher.e por vários motivos. Se o destina- que o caso estava detido. dança de sentido que minha escuta operou. para desespero de seu analista. assediada pela ima. lugar. de Em primeiro lugar. no . porque pôde colocar esta situação de outra forma ele fez algo para que eu o odiasse. obviamente deixa de sê-la por defini- dito à sua obstinada paciente: "Desejo informar-lhe que çào. veraz. esse engano notório e os metodologicamente. Na realidade. tampouco a análise ocupa-se de averiguá-lo. FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANALÍTICA 191 que se faz. a paciente colocava seu analista na posição do terceiro que estava em um evidente impasse. isto é. Além de veraz e desinteressada.. Só sabemos o que se passa no hic et nunc. ele negava e ela termina. porque nem com base em fatos objetivos. no caso. Antes de mais nada. lentamente. que há meses lo que provém do analisando. o que nos diz o paciente. não quer ver o evidente. o que faça o receptor. não fiz nenhu. Por isso. o único fato pertinente é aqui- se arruma em excesso para ir fazer negócios. sob os mais diversos pretextos. o analista. em primeiro lugar porque a mulher que em certo mo_mer:to sentimos. porque não ha. estou referindo-me à atitude que verdade. já que ele não podia saber. Disse de ime- diato a meu jovem colega que a paciente tinha razão ao não aceitar seus pontos de vista. Às vezes. mas isso não as muda. nessas circunstâncias. se esse homem andava com outras mulheres. meu colega me consultava por. As "interpretações" de meu colega não apoiando. O analisando pode dar a nossas pa- De qualquer maneira. E~:sa posição não muda. é ridícula. a interpretação tam- mas precisando o conceito de interpretação. Por informar. Quando isso lhe foi interpretado. Em segundo Quando iniciei essa supervisão. lavras outro sentido. Vale a pena assinalar aqui. dá as costas à realidade. Depois das "interpretações". mas sugerindo ou sentido. informar. mas não ditar longa agonia. ou que ele sen. que realidade não é pertinente. informação) coincidem o método psicanalítico. só consta.. de tudo. passagem. então já não demos conta de que uma intervenção desse tipo não tem estamos estritamente interpretando. suspendeu sua vida conjugal com você". com maior ou menor razão. gundo.. Basta colocar assim para que todos nos que não o de proporcionar conhecimento. Assim. por minha vez. terei de paciente interpelava seu marido. etc. Convém escla- soavam ridículas. na melhor das hipóteses. cast. Lacan (1958a) tem razão ao pro- muito intenso. de · uma mformaçao. Isto só pode ser decidido por cada um. agora. se o analista pudes- . já que essa e volta de madrugada. nem eticamente podemos saber o que . nem tem o emissor. p. refiro-me ao objetivo básico da comunicação. começou a pôr-se em que eu o ~diava. t~da~a. e isso tampouco não existam o equívoco ou a imprecisão. para nós. em se- . Também está dentro de suas notas definidoras que há uma alta incidência de engano matrimonial entre os sua finalidade não seja outra senão a de informar. Se uma informação não é veraz. insisto que a inter- entre as mulheres que saem sós e bem arrumadas. consultou-me um colega sobre uma mu. etc. 228 e passim da ed. guém pode pensar que um homem que sai todas as noites se ter acesso à realidade exterior (objetiva). são a única coisa que o analisando capta para como a paciente contava as saídas do esposo. A interpretação não pode referir-se senão ao pacien- 0 analista havia-lhe interpretado reiteradamente. No final dessa a ética. Você aqui e agora. terminava masturbando-se. não é ob- dade objetiva). em absoluto. mostrei a meu cole. forma de torná-la consciente de que seu marido a en. Nin. dizer-lhe que eu o odiei é marcha de novo a análise.). "Você não quer ver que seu marido a engana. livre de toda ma conjectura sobre se o marido enganava ou não sua contaminação e de posse de uma linguagem ideal. naquelas circuns. não é certa. te. o conflito de contratransferência. que logo lhe criticar. mas nunc~ inter. a mu- va por acreditar nele. meu jovem colega poderia ter jetiva. Ela o esperava presa por uma angústia No conceito de interpretação (e. a de homens que têm todas as 'tardes reunião de diretoria ou compartilhar conhecimento. à medida que Anos atrás. como supervisor). não posso sabê-lo. Interpretar sena d1zer-lhe que. que imagina a cena primária. pretender ser um ·analista quimicamente puro. Ou seja. a interpretação tem de ser. nos pretação deve ser desinteressada. persuadindo. acrescentadas à interpretação em senti- O analista começou a prestar mais atenção à forma do E~strito. não ao rec~tor) ou. porquanto nos é dado interpretar. voltar a interpretar e certamente apontarei. isso lhe provocava um prazer escoptofílico e masoquista Gesse caso o paciente. houve uma testar contra o analista querer ser aquele que define a adaptação ("A direção do tratamento". INFORMAÇÃO E INTERPRETAÇÃO terpretações. uma interpretação. Em suma. responsabilizou-se pelo que acontecia com ela e. inevitáveis notas. à reali. dada em . de método (e de ética). é informar "''-'_. manipulando. tudo a conduta alheia. -. mas eram totalmente ilógicas. 0 mudança dramática. bém deve ser uma informação pertinente. careciam recer aqui dois fatos importantes. deram uma pauta.~rne. sem ga seu erro metodológico e. Essas pretensas interpretações não são mais do que Tentamos aproximar-nos do conceito de interpreta- opiniões (e as opiniões são algo que pertence àquele que çáo a partir do fato de que é uma maneira especial de as emite.. que ele chamava de in. pouco ou nada importa.disso. 1Não estamos aqui discutindo a validade da técnica de Winnicott. para seu marido.cruusm()S de defesa da paciente para não se dar conta faz o outro. essas me incumbe como analista (ou. no de muito intensa e por grande excitação. a teoria e gem de vê-lo na cama com outra mulher. aqui a falha é um tanto da" e depois. que nem todos poderiam ter sido avisados. A in- situação delicada. Só se interpreta o paciente: as informação deve ser corrigido diretamente e não interpre. evidentemente. de muitos fatores. que a interpretação pode referir-se Novamente. Os ontoanalistas. contudo. algum dado Mack Brunswick. em vez de encerrá-lo. iria ao seminário te. emprego a palavra consciência no sentido geral de ter cons- Em muitos desses casos."interpretações" a familiares ou amigos são interpretações tado. mas não distintamente. não pode captá-la. o paciente foi operado de mo tempo que evitamos que veja nosso silêncio como uma um carcinoma de sigmóide. processo implica o vencimento de uma resistência (segu- nações quase melancólicas. Há muitos anos. uma diferença entre consciente. a informação do te- nas entrevistas por que ela considerava que era frígida. era por outros mas apenas um reordenamento da informação. exterior. pré-consciente e pesando todas as circunstâncias. recordo de minhas leituras. Não utilizo a palavra consciência. quando Winnicott (1947) diz que Comete-se um erro lamentável quando se acredita o analista deve interpretar ao psicótico o ódio objetivo que que. definir esses três_ instrumentos em termos aplicáveis a qual- Eu mesmo tinha dado a ordem de que se avisassem mem. é pretação. de fato. e sim que há algo que não percebe clara- ejaculava ad portas. por ele (projeção. que quer seguir a carreira. ao mes- mou-se e.). Essa história. e não apenas à nossa meta- bros e candidatos da circunstância imprevista e supunha psicologia. A diferença é muito grande e servirá para (negação) ou que quer que eu (ou seja quem for) saiba definir e estudar a interpretação. mulher em questão precisava de análise. para quem o xual. insight. às vezes. a informação pertence ao pacien- com entusiasmo que. porque desejo único ignorante da suspensão ·de última hora da viagem. ao dar esse tipo de informação. nião. Nesses casos. entretanto. em que se mostra pela primeira vez a das entrevistas inicia e termina em prazos definidos. quero trazer o melhor exemplo de que for legítimo ao menos pode ser perdoável dar a um cole. mas não objetarão se digo conhecimento ou teria sido descomedido de minha parte. ramente no sistema Prcc). algo que não lhe pertence. ao contrário. nente (p. ''Análise de um caso de paranóia. que o período de ciúmes" (1928b).190 R. utiliza a idéia de interpretação mui- uma mudança no paciente. entre eles por seu desconhecimento da vida se. quando pude obter dados sobre sua vida se. em vez de dei. coloca-se para o analista uma ciência. Esta é uma extensão do conceito que Não estaremos em falta se o que buscamos é informar o não compartilho. então. não há regra fixa nesses casos. a meu ver. por exemplo. fixação patológica de uma mulher à etapa pré-edípica. de um eminente analista que nos visitaria. Parece-me que. mas talvez em casos especiais. obrigado a suprir pertence ao paciente. Embora fosse certo que a esclarecimento não promove.-quer escola psicoterapêutica. O conhecimento existe. Delírio geral sobre certos requisitos. assinala sempre algo que pertence mais operante (e mais analítico) interpretar que ele sabe em propriedade ao paciente. HORACIO ETCHEGOYEN pedi-lhe que consultasse. Nem sempre. e seu analista dá-lhe a informação perti- desinformação. 619 da ed. apoiá-lo ou informação propriamente dita para não confundir com o influenciá-lo. uma semana depois. que dessa maneira ampliamos o diálogo analítico. mas ele não pode apreendê-la. Tudo de. essa opi- motivos. formação refere-se a algo que o paciente ignora do mundo mação são freqüentemente produto do recalque. não lhe dar a informação inconsciente. Por isso. confirmação do que ele pensava. diferentemente da informação. silvestres. um/uma colega jovem comentava No esclarecimento. Eu sabia que a viagem havia sido cancelada de última hora e preferi dar essa informação a meu/minha analisanda. também por definição. por exemplo. Apenas lhe damos a oportuni. mas do qual ele não tem co- algo que não quer ver (recalcamento). mas tam- pende do momento. Um paciente pode consultar pelo que ele chama de O esclarecimento busca iluminar algo que o indivíduo ejaculação precoce e tratar-se de um desajuste de outro sabe. Nesses casos. porque essas falhas "objetivas" de infor. não apenas a algo que pertence ao indivíduo. toda uma teoria da informação no setting pt"e se refere. po- tipo. Infelizmente. contribuímos para alguma vez teve dele. inteirei-me de que seu marido algo extrínseco. identificação projetiva). Foi um erro. se não Para terminar. cuja existência nega nhecimento. Diz-se. a embora o mais provável. não admitem. pela idealização do marido e por suas auto-recrimi. mas sabia que ele/ ela não era o mento. não lhe perguntar mente de si mesmo. não é a de Bibring (1954). No <futro extremo desse espectro. Com vistas às precisões que estamos esta- . cast. No clássico trabalho de Ruth ga em análise. Não é que lhe falte um conhecimento de xual durante o tratamento. da nega. de se responsabilizar ou saber de si mesmo. to frouxamente. ao sair da sessão. mas do qual ele não tem conheci- seu déficit de informação. a algo que analítico. con. tomei em análise uma mulher "frígi. Do mesmo modo.rém. nesses casos. bém a seu ambiente. mais pessoal. meu temor confir. Há algum tempo. dade de ver seus problemas de outra perspectiva. e sempre que pensemos que seu déficit de conceito de interpretação. ao que parece nada transcendente. a inter- ção ou de outros mecanismos de defesa. é que se tenha de paciente comenta com muito desembaraço que as cadelas interpretar ao aspirante os motivos neuróticos de sua não têm vagina. A INTERPRETAÇÃO xar que se abalasse até a associação para só então se intei- rar. Eu não era. a interpretação sem- tém. O que ela chamava de frigidez. da realidade. em meu entender. insisti em definir e legalizar a analisando e não nos congraçarmos com ele. a rapeuta é destinada a esclarecer o que o paciente disse. das circunstâncias. e que não se refere estrita- Portanto. que se refere ao paciente e que provoca as mudanças que Jaspers definiu genialmente a vivência delirante pri- conduzem ao insight. um tema apaixonante. certamente. ao posicionamento do analista frente ao paciente. definidoras do conceito de interpretação. decisivos. terpretação chega a um significado pertinente e realista. e não por seus efeitos. preste- mos de insight. que para mim não insight ostensivo. é a culminação de uma série de momentos de elabora- e mais preciso que o de oportunidade. a interpretação tem duas informar é o mesmo que procurar fazer com que o pacien. ração. de fato. conexão de significado. a pertinência Coportunidade). de Bion (1963) sobre a conjunção constante e o fato selecionado. que seria melhor definir a interpretação por suas inten. para Freud). é A interpretação não desqualifica. em resumo. mária como uma nova conexão de significado: de imedia- Essa definição só difere da que demos no item ante. a uma definição da inter- pretação similar à recém-exposta. uma intervenção impertinente não o é por definição. delirante. como alter. ou seja. a obter infor- mação). pecialmente no Capítulo 50. O novo sentido que a interpreta- mesmo. Lowenstein distingue as intervenções preparatórias do analista. de outra perspectiva que complementa a anterior. Estou complexa. to. a in- nativa. ao menos o pretação. o efeito bus- cado pela interpretação é decisivo quando a definimos Por um caminho diferente do que percorremos. e não xão é. sem nos pronun- Definimos.faz surgir uma nova relação. perderíamos algo de nossa atitude de impar. que é mais abran. de uma forma em que a empatia cordo com Sandler e colaboradores (1973) quando dizem torna-se impossível para o observador fenomenológico. 2 Enfim. disso. 1 A relação com o insight. HORACIO ETCHEGOYEN um contexto em que possa ser operativa. que a interpretação está destinada a produzir insight. Talvez se possa inclusive sustentar que nem toda introduzindo aqui.192 R. A interpretação é também uma nova conexão de sig- e não que deve produzi-lo. lirante primária sim. que discutiremos mais adiante. a qual sempre desqualifica e não é retificável. então. e tal fato parece-me decisivo.inexplicavelmente para Jaspers (mas não rior por incluir o efeito da interpretação. a vivência de- nosso trabalho. INTERPRETAÇÃO E SIGNIFICADO berar as associações do analisando (isto é. çôes livres do paciente e produz uma síntese que dá um sando assim o quiser. O analista toma diversos elementos das associa- interpretação mais perfeita pode ser inoperante se o anali. com a sugestão deles. Sandler. notas que nunca podem aparecer com a vivência delirante te adquira insight. pois. além Concordo. es- lo. até mesmo a nificado. Esse modo de pensar apóia novamente a idéia de que o insight figure entre as notas definidoras. Lowenstein diz. que me parecem ra finalmente não o seja. sem que nós o busquemos diretamente. real. Como veremos logo mais. nesse caso. a interpretação como uma informação ciarmos ainda sobre suas relações com o insight e a elabo- veraz. já não complexa. primária. etc. A interpretação deve ser oportu. seria interpretação. o indivíduo. em 1951. 2 Essadefinição pode ser enquadrada perfeitamente nas idéias duzir insight. A interpretação é uma explicação que o mos agora atenção ao seu valor semântico. dá um segundo sentido cou) para lhe proporcionar um novo conhecimento de s! ao material do paciente. seria in- ções. Estamos buscando as notas terial. vência delirante primária (Jaspers. Uma interpretação fora de timing não deixa de sê. no plano da consciência. tação é destinada a (ou tem a intenção de) produzir insight. que a significado diferente à sua experiência. apesar de ser importante. desinteressada e pertinente. Este é gente. Dare e Holder propõem. ção por meio de um longo trabalho interpretativo. afir- analista dá ao paciente (a partir do que este lhe comuni. a relação entre a interpretação e o insight é muito na. interpretação é destinada a produzir insight. da interpretação propriamente dita. embo. em conclusão. Lowenstein chegou.) mais com insight. simbólica e. a definição de compreensível . O conceito de timing é mais restrito co. já que. e sim uma mera ma)lobra defensiva Se assumíssemos o desejo de que o analisando responda do analista (negação. con. Além dos aspectos metodológicos. Feitas essas ressalvas e com as precisões de Sandlere e colaboradores. outra nota definidora da inter. sem dúvida. O analista. por isso. inter'lenção Em uma tentativa de definir a interpretação a partir especial que produz as mudanças dinâmicas que chama. O insight é um processo muito específi- é sinônimo de timing. uma nova Lowenstein seria mais aceitável se dissesse que a interpre. utilizável. podemos acrescenta1~ como uma de suas notas definidoras. Porque. mente à presente discussão. ção outorga ao material leva-me a compará-la com a vi- uma informação (conhecimento) que se dá ao paciente. que preferi não incluí-la na definição. É melhor então. a oportunidade refere-se ao contato com o ma. sem por isso estar entre as finalidades imediatas do analista quan- INTERPRETAÇÃO E INSIGHT do ele interpreta. identificação proj~tiva. A interpretação nunca desqualificla. se o fizesse. Nesse ponto. próxima da vivência delirante primária ~o que da infor- cialidade. Nesse sentido. operacionalmente. endereçadas a li. pois. que se refere ao receptor. . Em contraste com a vivência delirante primária. que a interpretação é destinada a pro. ma David Libennan (1970-1972). que a interpretação é. deve ter um mínimo razoável de oportunidade. uma outra significação. O insight deve ser algo que surja por obra de mação. Essa nova cone- definição apóie-se na informação que o analista dá. 1913). porque efetivamente. não é na resposta do paciente. há alguns forma direta pelo analista. nesse ponto. o analista inter.. do outro ponto de vis. ----. o que busca se à sua interpretação. esta vai ope- tico.----------. 1996. p. Já não perten. uma hi. isto é. que. tione sua conduta. recorrendo a uma hipótese ad hoc com ela o analista? Procura dar ao analisando uma nova ou a um raciocínio de tipo circular para defendê-la. no Capítulo 35. 1962. contudo. a psicanálise a condição de uma ciência da natureza. . Todavia. e por sua conta. isso não muda a atitude com É importante incluir aqui. mas ao *N. não de exigência. Outra diferença em relação à vivência delirante pri. o analisando mundo 3. Do primeiro ponto de vista. Sua consistente investigação inicia-se em do elementos de juízo para que possa mudar. Cap. estabelece. la é comunicando-a. coincidentes. como que dizia: 'je le pansai.a informação. por- anos. reabre-se o debate do quarto item e comprova- se a razão de Sandler. Não é outro o sen- tal. como Lowenstein)de produzir insight. a interpretação pode ser considerada uma cada. sem exercer nenhuma outra uma proposição científica. retificável. o âmbito das teorias em si mesmas e ado em um material amplo e convincente. ---- . especial de informação e como uma nova conexão de sig. . Alvarez Lince coosidera que a interpretação psicanalítica não pertence ao mundo dos estados físicos (mundo 1). A idéia delirante não é retificada. ao a interpretação informa e dá ao analisando a possibilida. às vezes. por Bernardo Alvarez (1974). cluída em nossa intenção ao informar. com aquela frase do cirurgião (1996). se a in- ta. ou seja. recentemente publicado em "Conselhos ao médico". Desse modo. se modo. e isso é o que nos permite testá-la. Essas três notas . como definir a interpretação. no entanto. ressitue ou ques- se um sistema aberto de retroalimentação e regulação en. a interpretação caracteriza-se por ter um valor semân. quando inclui entre as qualidades definidoras da interpretação sua intenção (mais que seu DEFINIÇÃO OPERACIONAL DA INTERPRETAÇÃO efeito. tido objetivo. ad. essência do trabalho analítico. nem ao mundo dos estados mentais (mundo 2). interpretação que ela deve ser comunicada. a interpretação é uma terpretação não implica que esse efeito seja buscado de proposição científica. Não há nessa atitude nenhum desinte- tes. e isso a separa inevitável porque. e talvez esta seja a Assim como Popper de Conhecimento objetivo (1972). atitude quire outra dignidade. Disso de- preta-lhe que projeta nos filhos sua parte infantil que não corre que Alvarez Lince (1996) considere que nem etica- quer separar-se da mulher. como Freud. Embora possamos reter a interpretação. 1958. 85). de liberdade para o outro. Ele sabe empiricamente. Dieu le guérit"*.. ser comunicada. exposta à refutação. Des- dar de ponto de vista (Bion. Em francês. a interpretação se. quando formulada. tua-se na linha daqueles que. à consideração de ambos para ser validada ou refuta. Pode ria de sÉ!-lo. ao contrário segundo Popper (1953. de certo modo. rar em sua mente.T. diz Gregorio Klimovsky. de mu. como hipótese. alguma mudança. A interpretação é sempre uma hipótese e. especiais a condição de ter de comunicá-la ao paciente é pótese que pode ser justificada ou refutada. que sua práxis lhe demonstrou muitas vezes. a única forma de testá- totalmente da vivência delirante primária. a hipóte. 4). adquire precisão quando estu. "O uso de teorias ad hoc para reinterpretar as ser que o paciente resolva esse conflito deixando de proje. 78). Logo. de R. pois ao que ele se propõe é dar ao analisan- em psicanálise. uma hipótese que é feita para ser dada. 1963). Sua atitude continua sendo de- Bernardo Alvarez Lince sobre o conceito de interpretação sinteressada. com a idéia de que a interpretação psicanalítica é pendente de suas mudanças. por conter um significado. essa interpretação realmente se tomaria irrefutável e deixa- lhos. ce nem a quem a propõe. tido <:om que damos ao paciente a interpretação. éTarnlJém operativa. está incluída na definição de Em resumo. porém. --. mas nunca é confirmada e continua válida até que seja refuta. como no original. Apoi. a significação e a Até agora. na forma como Freud propunha-nos culmina em um valioso livro. de suas relações lógicas (Popper. das idéias em sen- afirma que não se divorcia por causa de seus filhos. influência senão a do conhecimento. resse afetivo. A informação do ana- da a forma como a interpretação é posta à prova (1984) e lista é desinteressada. Alvarez Lince si- decida finalmente não se divorciar pensando em como fi. 1972. Como bem tal. que é a operacional. torna-se autônoma. para ser comuni- da. não de coação: de desinteresse.são os três parâmetros com os quais se distintas e. as idéias de que o analista interpreta. nem epistemologicamente. definimos a interpretação de duas formas operatividade . A modificação da conduta não está in- tre o homem e o mundo 3 (Alvarez Lince. nem a quem a escuta: fica. que representa a mãe de sua mente. não previstas e sempre o desejo de que o analisando tome para si a informação independentes de nossa criação. um ponto já estudado. o método científico" (p. Portanto. enquanto nova conexão de significado. como um tipo define a interpretação. em casos proposição científica. Desse modo. terpretação é correta e o analisando a admite. a definição operacional da in- nificado. sem ficar 1974. reivindicam para cariam seus rebentos. O que quer dizer essa interpretação. respostas do paciente que refutam as interpretações quebra tar em seus filhos sua parte infantil e que. porque a informação é dada com afeto. já que informação sobre sua relação com sua mulher e seus fi. que é o mundo do inteligível. reajuste. não é apenas uma hipótese que o analista constrói. Devemos agora considerar uma terceira forma de mária é que a interpretação é sempre uma hipótese e. mas não desqualifica suas preocupações de pai. uma sentença declarativa. com da e traz conseqüências. Como dissemos antes. promove de de organizar uma nova forma de pensamento. FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANAlÍTICA 193 Em meio a uma grave crise conjugal. 1972). o analista pode aferrar- infância. para que depois. an. às vezes. pensando que entre a interpre- resposta. pois não introdu- COMENTÁRIO FINAL zem elementos que possam ser equívocos. mais ainda. ou o que seja. porque nossa tarefa. -----. Transformar em intetpretação algo que deve- tendências anal-retentivas dificilmente vai ser recebida co. de alguma forma. e não somente a interpretação. por isso diremos que as diferenças não existem. as coisas nun- a isso. mas como informação. --~----------------------------------------------- . ção o que deveria ser uma perg1nta ou uma ordem. na prática. ria ser outra coisa é sempre artifiCial e. Se insisti que existem à disposição do analista vários ção. e sim promover o crescimento mental. Quando flitos. nós. vice-versa. não estamos sugerindo que. eu tivesse descoberto uma ati- que não operem como placebos. Essas mudanças são das mais comuns. Acredito que é artificial tr<!insformar em interpreta- terpretar. tópico. É parte de nossa tarefa. Na clínica. como disse anteriormente. mos mal-entendidos. Convém deixar claro que. não a atitude com que a recebe o analisando. Bion disse com sua velmente.prefiro dizer-lhe que pode fazê-lo. quan- O paciente pode tomar nossa informação como su. é para dar a define nossa prática. para um lado ou para outro. a confrontação e conscientes e inconscientes. sas. sugestão. não deve promover uma cond_11ta. na medida do possível. Se no paciente que ana- instrumentos pela intenção com que são utilizados. que informação. ca são simples e surgem zonas intermediárias e impreci- bém é mais difícil. O mais provável é que o analisando a veja como rio ao espírito da análise. HORACIO ETCHEGOYEN INTERPRETAÇÃO E SUGESTÃO disso surge espontaneamente a essência da práxis. ao isolar diversos instru- Todas as psicoterapias utilizam. nas quais um instrumento é trocado por outro insensi- duta do paciente.e creio que pondo um aumento de honorários. se pensarmos que não seremos compreendidos. esclarecimento Tudo isso aponta. São passos preparatórios ou de menor significado que a interpretação. respectivamente. Podemos inclusive nos abster de in. a co. uma interpretação das tem :razão.194 R. ses casos. poderemos concluir que informação. ou algo semelhante. embora possamos dizr_~_11_e_interpretamos. renunciamos nos seja possível discriminá-los. as perguntas em nossa técnica. legítimo que podem ter o assinalamento. 3 não como uma interpretação. para destacar qual é o lugar e interpretação correspondem a processos conscientes. esclare. Essa renúncia define a psicanálise. como uma tentativa de nos justificarmos. além disso. tação e os outros instrumentos xtão há maior diferença. englobando nela tudo o que o nossa informação e. um assinalamento transforma-se em confrontação. porém. então. que por isso tam. por uma confrontação ou por cimento e interpretação formam uma categoria especial de uma interpretação. No momento em que estamos pro. em vez de "interpre- tar-lhe" que está pedindo-me permissão ou. com o maior rigor possível. é algo que temos de decidir sem- te não possa fazer isso e nem sequer digo que não seja pre em caso particular. mas nem habitual precisão: a psicanálise não pretende resolver con. ---~--. Che- gamos a mostrar com base em que argumentos pode-se Nesse sentido. por exemplo. Essas diferenças permitem reivindicar a autonomia Procuramos definir. tude de burla. sempre municação como placebo. mas sua informação. predizer sua analista faz ou. contrá- mo tal. ser. A psicanálise é a única psicoterapia que não usa placebos. pretativos ou vice-versa. não uma con- Se quisermos utilizar o esquema clássico do primeiro frontação. mentos. e dissemos. os desses instrumentos e respeitar os princípios básicos de múltiplos instrumentos de que dispõe o analista. porque a interpretação. ordem. bom que o faça. en- singular que poderia ser resumida dizendo-se que é a de quanto acendia um cigarro. então. 3 Quando um paciente pergunta-me se pode fumar durante a sess~ío. Nes- se prevermos que nossas palavras serão distorcidas e utili. quando estiver a nosso alcance. Não digo que o pacien. está tentando ver se eu o proíbo. Há zonas intermediárias nas quais se pode inclinar Creio ter esclarecido. respeitam mais as regras do jogo. apoio. penso que afirmar que a psicanálise não está relacionada com a o que define a psicanálise é que ela prescinde da sugestão. pré. teria feito uma interpretação. ao contrário. na zadas para outros fins. do uma confrontação começa a ter ingredientes inter- gestão. para evitar que se desvirtue o levar em conta a atitude com que o paciente pode receber conceito de interpretação. intenção lisava com todo o entusiasmo seu hábito de fumar. o que instrumentos. realidade o paciente decodifica~o como é . evitando. Nossa intenção não é modificar a con. É a atitude com que nós damos a informa. esta sua dignidade plena. complementar.. enu·etanto. fizemos fundamentalmente duas momento.. po amplo da psicoterapia e agora nos cabe uma tarefa di. fazer é nos livrarmos dessa tentativa de interpretação. p.. pretaç~io não é superponível a Deutung. ato de dar sentido ao material. porém distinta . brir seu sentido. no princípio.ão. relendo-se um de seus da interpretação em psicanálise. investigação freudiana Como veremos em breve. por su vez. para os ftns de nosso interesse neste a single pathogenic wishful impulse to light" (AE. Horacio. então. a recobrir. o pretação como uma nova conexão de significado. no Vocabulá. quando compara a inte retação latentes ao conteúdo manifesto. a primeira coisa que temos de O sentido que a interpretação resgata varia paralela. Na Interpretação dos sonhos. Interpretar um sonho é desco. 2004 26 A Interpretação em Psicanálise No capítulo anterior. gênica" (AE. Quando empreende- nossas ações anímicas. . latina "interpretação". que assim adquirem sentido. a interpretação fica contrar as notas definidoras. pensando que. Porto Alegre: Artes Médicas. pecífico para desentranhar o conflito. ao tripé topográfico-dinâmico- Falamos. ~terpre· tar é explicar o significado de um desejo inconsciente. encadeada. colige-se graças à tentativa inter- rio (1968. devem forçosamente se en. o conteúdo onírico. v. já o veremos.1 Segundo o que se vislumbra nessa cita~. nada com o conflito e o desejo. trad. cotidiana (1901b). . que o situa não entre os que emprego que Freud faz no Capítulo VII de Sobre o sonho estudaram os sonhos "cientificamente". Como instrumento es- no ponto de sua convergência. ção. O que Freud pensa da interpretação pode ser deduzi- ferente . em que a palavra adquire essa conota -o arbi- lhe atribuem um sentido. R. As recordações são recupe- entre os vários instrumentos da psicoterapia. diremos que a interpretação está sempre relacio- coisas: situamos a interpretação no lugar que lhe cabe. escritos técnicos. econômico da metapsicologia. explicado quando se apreendem sucessivamente os dife- zam.2 ed. e "deve-se dar por ção. elemellltos do sonho. por conseguinte.que é o estudo do. A definição de Freud é semântica. O sonho.eço do Capítulo 11 da obra: ". utiliza a pala ra com é igual e contrária à elaboração: a elaboração vai das idéias essas duas conotações. por certo. 89). satisfei1to se. Porque há instintos que se tamos chegar a ela pelos caminhos díspares da comunica. 207). interpre. inconsciente. pretativa. contra os quais se erigem defesas. A' alavra analista para ir do conteúdo manifesto às idéias latentes. provendo-os de uma fachada ~ue vem tar um sonho siglllfica indicar seu sentido". cristalizam em desejos. rentes fragmentos de seu significado. p. 93). como Freud diz ali que é um processo que tende a or4ehar os se aprecia no cotn. ETCHEGOYEN. a interpretação vai no psicanalítica com a do paranóico na Psicopatologi da vida sentido contrário. e depois ten. assim como o sintoma. one must be contem if the attempt at interpretation brings terpretação. sugere por moment s o sub- A interpretação é o instrumento que toma consciente o jetivo e o arbitrário. Com razão. como o lugar privilegiado que concede à interpreta. três tipos de in. mas possui pautas que a singulari. à manei- ção insere-se como um elo a mais no encadeamento de ra de uma interpretação provisória. a interpretação O próprio Freud. ainda que seja apenas uma noção de desejo pato- da pela interpretação. cujo sentiqo apro- mente como o caminho que recorre à compreensão do xima-se mais da explicação e do esclarecimento. a interpretação é. que a psicanálise pode ser caracteriza. Laplanche e Pontalis dizem. um método entre outros psicanáJisE~" (1911e). trária Ao introduzir o conceito de elaboração seclfilldária. da semiologia e do operacionalismo. como aparece no próprio · Os autores do Vocabulário citam. para o Freud dos escritos técnicos. mas não interpretadas. Didier Anzieu (1969) distingue três grandes concepções do pro- cesso do tratamento e. Francisco Frank Settineri. tal como já vimos. em alguns pontos. antes de mais nada. v. p. l " . porém. situados intencionalmente no cam. porém. diz mente aos distintos momentos que vão perfilando-se na Freud. é da psicoterapia maior. tra- A INTERPRETAÇÃO NOS ESCRITOS FREUDIANOS zer à luz uma determinada pulsão. toma-se necessária a interpretação. a interpretação é definida basica. mas entre os que (1901a). o título de sua obra culminante.. A interpreta.l2. com suficiente aproximação. · Laphmche e Pontalis assinalam que a palavra inter- Na obra de Freud. radas. "O uso da interpretação dos sonhos na A psicanálise é. mos a análise de um sonho. ao deftnir a inter- Para Freud.l2. Fundamentos da Técnica Psicanalítica. Nietzsche aplica essa compreensão ao processo singular vidade do sonhador. que apenas em casos raros COMPREENDER. que o ordenam sob a premissa não foi bem tomado. vezes. Desse modo. que pri- afirma que da consciência de debilidade do ser humano mariamente aparece como isolado ou incorporado a outro surgem a exigência moral e o sentimento religioso. algo que não podemos prosseguir além e. ele pode estar equivocado. . e propõe três classes de interpretação: finalista. Bemfeld parte das definições de Freud recém-mencio- algo último. psicanálise. ção que aparece emEI psicoanálisis y la edLJ{. Também se pode observar esse modus operandi na histó. quan. experimentamos de imediato essa vivência de evi- cundária à tentativa de que o sonho seja compreensível dência. permite-nos Quanto menores sejam os dados objetivos e mais frouxa- ver como surge o psíquico do psíquico. repousa toda a psicologia de algo. para a a herança recessiva da oligofrenia fenilpirúvica ou da idiotia psicanálise. que seja real em determinado caso çã.ación antiautoritaria. estabelecer uma relação legal certa entre a paralisia geral e a leptomeningite sifilítica ou remeter o mongolismo à trissomia do cromossomo 21. p. da origem do cristianismo. que uma relação compreensível obviamente.o final. toda a psicologia com- de que é compreensível. por sorte. amaurótica de Tay-Sachs. mas. conceito de interpretação com um critério metodológico tenação dos fatos psíquicos geneticamente. Jaspers afirma agora. enlaça objetivamente os fatos típicos em regularidades e é Desse modo. Podemos considerar compreensível (vivencialmente) Na segunda parte de sua Psicopatologia geral (1913). Quando Nietzsche cional ao qual pertence um elemento em questão. 2 Nesses casos. falseá-lo. A CLASSIFICAÇÃO DE BERNFELD Em psicologia. 353-354). diz Bemfeld. por sua vez. explicar. sobre essas bases. é que são mais fáceis de aceitar do que de provar. nessa nadas. que apreende o material que se apre. "A interpretação final remete ao contexto inten- particular ou que se produza em geral. menos compreenderemos. um abismo insuperável. quando se aplica ao fato particular. Freud atribui a elaboração se. como culdade epistemológica não se coloca. para Jaspers. Na psico. quando (com vistas à compreensibilidade) e a explica por uma ati. "O reconhecimento dessa evidência é a con. Jaspers distingue no caso particular. que "todo compreender de processos reais particulares é. em geral. intenção de uma determinada ação. podemos conhecer não apenas rela- ções causais (que são as únicas cognoscíveis nas ciências Siegfried Bemfeld. um dos grandes pensadores da naturais). p. incorporando-o ao contexto global da pessoa que compreensiva. por si só. escreveu em 1932 um extenso ensaio sobre a do vemos como surge o psíquico do psíquico de uma ma. reconhecimento da realidade da percepção e da causali. 353 da ed. intencional de uma pessoa. mas também um tipo diferente de relações. Essa difi- patologia. tomando-a como elo 1913. dição prévia da psicologia compreensiva. segundo as quais interpretar é desvelar o sentido vivência de evidência última. o produziu. que trata da psicologia compreensiva. A compreensão é sempre genética. dentro da bibliografia psicanalítica. em seguida. Cito a tradu- ria clínica do "Homem dos Ratos".EXPUCAR de relativamente alto grau de perfeição pode chegar ao E INTERPRETAR SEGUNDO JASPERS material objetivo convincente" (p. 307). interpretação. esp_ de 1955). de modo que muitas vezes se pressupõe que tem de haver a inten- 2 O conceito de representações de espera é interessante. e na realidade com definições. conti- às vezes inspira a técnica de Freud. podemos explicar assim alguns fenômenos. Entre compreensão e explicação há. ção aparece carregada de suas notas menos confiáveis. uma relação psíquica liwe de toda realidade concreta. para inclina-se a desqualificar como arbitrária a interpretação Jaspers. contudo. se o senta para ele a partir de certas representações de espera material objetivo com o qual é compreendida a relação (Envartungsvorstellungen). A evidência da compreensão genética é. assim como o funcional e genética (reconstrução). A interpretação finalista descobre o propósito ou a dade é a condição prévia das ciências naturais" (Jaspers. as relações são causais. contexto" (1932. Jaspers sempre causal. Compreendemos a conca. mas é diferente. porque çi'to e finalmente ela é encontrada. a palavra interpreta. poder. por. que a alma quer satisfazer dessa maneira sua vontade de O inconveniente das interpretações finais. pois. como o atacado mente suscitarem a compreensão. e expressam-se em regras e leis. mais ou menos um interpretar. so.196 R HORACIO ETCHEGOYEN Como todos sabem. É o que ocorre. só podemos afirmar a realidade dessa duas ordens de relações compreensíveis: compreender e relação compreensível se existirem os dados objetivos. 3 É uma das poucas tentativas de precisar o neira compreensível para nós. da cadeia de acontecimentos que constituem o contexto Parece-me que Jaspers atenua suas afirmações quan. quando dá ao analisando certos informes sobre a teoria psicanalítica para que operem dessa forma. portanto. A dificuldade maior da psicologia compreensiva Nas ciências da natureza. genética com o que chama de material objetivo. s "Der Begriff der 'Deutung" in der Psychoanalyse". muitas preensiva de Jaspers repousa na vivência. com o que só consegue. Esse contexto intencional é. da qual não podemos ir além. jasperiana é como unir essa evidência da compreensão mente causais. mais interpretaremos e irrita-se e o enganado desconfia. do esclarece. A explicação. inconsciente e aponta para ele a interpreta- não prova. como quando a interpretação. pode-se in- terpretar que o sonho cumpre a função de preservar meu Didier e Annie Anzieu ocuparam-se da interpretá. com ção teleológica. é empregada para Didier Anzieu (1969) consideia que é difícil estudar estabelecer uma relação entre dois fatos. poderia destacar cional" (p. CONTRIBUIÇÕES DOS ANZIEU do de um pássaro para continuar dormindo. para Bernfeld. 326). nalítica pode caracterizar-se como a reconstrução de acon- zer outra coisa senão descobrir as intenções que surgem tecimentos pessoais passados a partir das marcas que dei- teleologicamente da meta final fictícia (Adler. a interpretação funcional refere-se ao valor de nesse caso. tas vezes. Com ção é possível. d 1951. infiltrado de processo primário. psicologia estabeleça um determinado nexo. é lhe fosse radicalmente estranha" (Revista de Psicanálise. c6m a associação livre. um fenômeno no nexo de uma totalidade. conclui que é preferível chamar porque as intenções inconscientes que a interpretação fi. ao con- se. toma-se imprecisa e aleatória em psicanáli. Ailzieu não acredita. que a interpretação surja cl~ramente da área livre utilizada para denotar uma relação entre o todo e as par. Annie Anzieu. e. racional e também irracional. porque o processo psíqui- um tom polêmico. Bernfeld sustenta que não se trata de que a regular entre os fatos psíquicos e suas marcas. Quando transformo o som do despertador no trina. A psica. como quando dizemos que x é uma função de y. como essência de todos os momentos pessoais. com seu mental da psicanálise. com acerto. mais justificado então do co a reconstruir deixa marcas e porque existe uma relação que agora. do sujeito. 327). de interpretação individual. de conflitos do analista e dirija-se àl área livre de conflitos tes. a partir de sua teoria das marcas. 326. podemos dizer que a claustrofobia cumpre. sem dúvida. no compreensão pelo paciente" (1969). constru~:ão estabelece o nexo genético de um fenômeno guir entre interpretação finalista e funcional. se de Lagache quando diz que.a interpretação funcional é certeza. 6 que trazem nuar dormindo. o suporte teórico é completamente diferente. I . que Weinshel e outros autores utilizam para caracterizar o processo analítico. 329). 320). 5 pretar os fins. 309). o método fundamental da psicanálise. "o método fundamental da investigação psica- No sistema adleriano. Essa reconstru. Didier e Annie zieu. 1 6 Didier Anzieu. de Hartmann. outras vezes. nem sempre é fácil distin. afirma Bemfeld. com uma clara conota. 1918). portanto. ·~ qual se discute a função da transferência). gos do Psycho-Analytic Quarterly. "sublinhando que a reconstrução corolário de desejo inconsciente ou fantasia. a ciência das marcas descubra o existente e o oculto (p. visto que (1936). lação funcional requerer que se demarque o universo ao pedimos ao paciente que delire. Bernfeld destaca ainda. como às vezes parecfc~m sugerir os três arti- último caso. e tampouco sub creve a conhecida fra- Bemfeld considera com razão que. mas com a interpretação qual se aplica. que o recons- A interpretação funcional aponta para descobrir que truído não é propriamente o processo tal como foi. a interpretação funcional permite caracteri. interpretação em primeira pessoa" (1977). A reconstrução psicanalítica pode ser com rigor o contraste entre a psicanálise e a psicologia chamada também.::_ repouso e sua finalidade é satisfazer meu desejo de conti. qual se referem tais formulações" (1932. nálise. pelo fato de a re. grifado no original). a diferença salta aos olhos. enquanto a re- Como assinala Bernfeld. "Elementos de uma teoria da~·I terpre- 4 Voltaremos ao tema das explicações funcionais em psicanálise tação" (1970). sujeito. já que. h elementos valiosos para delimitar interpretação psica- Bemfeld adverte que a interpretação funcional tem nalítica. nós o convidamos a raciocinar juntos. "Dificuldades de um estudo psicanalíti<I:o sobre a interpretação" (1969). Outras vezes. Quando dizemos que uma mulher não sai à ma O ensaio de 1932 termina com uma síntese muito para não se deixar levar por seus desejos inconscientes de clara: a interpretação finalista aponta para as intenções prostituição. s Veremos mais adiante que. 4 Em geral. ção em uma série de importantes trabalhos. p. (Ver também o Capíttilo 8. FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANALÍTICA 197 nua Bernfeld. porque mostra o analista em sua totalida- dizemos que temos olhos para ver:. de qualquer modo. a função de evitar essa tentação e seus perigos. de reconstrução que de interpretação o método funda- nal capta têm seu ponto de partida na pulsão. de. 1912. Lowenstein e Kris. excessivamente ambígua para constituir a 'totalidade' à 1972. que ficou separado (p. mas de que A psicanálise é. zar um fato no contexto ao qual pertence. ·~interpretação: sua esc ta e sua sobretudo ao falar do acting out. em trário. Bernfeld. Anzieu crê. mas papel cumpre uma determinada ação e para que serve ao unicamente um modelo do processo (p. E. reconstrutiva ou genética. I dois significados diferentes. "Para as formulações funcionais da psicanálise. do-se um lustro a Freud. que utiliza com muita freqüência a interpretação final e fun- por certo conhece bem essa diferença. que a interpretação expressa o processo secundá- que sempre opera o princípio da função múltipla de Walder rio do analista. mui. A interpretação genética (reconstrução) é. nálise sempre se propõe à reconstmção dos processos psí. 255). em que justamente há sempre muitos contextos. a "a interpretação não poderia alcançar o inconsciente se 'pessoa'. p. sem questionar à primeira o direito de inter. xam para trás" (p. porém. com a psicologia individual de Adler. para Bernfeld. Bemfeld fornecerá uma visão original da metodologia da psica- quicos que se sucederam concretamente. a função do ato em estudo é justamente cumprir um objetivo. Nesse do analisando. a interpretação não pode fa. adiantan- Em Freud. introduzido por Freud. ao final de ções do autor. p. ção pulsional tende a retornar ao estado antefor. Se en- dificar-se. daquilo que o analista sente. possa mo. ção tem para Anzieu um significado que coincide com a A primeira concepção de Freud. o órgão para outro ser humano. uma hermenêutica. para denunciar o confli. Didier Anzieu vai recobrindo a que hão de mudar seu objeto e ~eus modos de satisfação. isto é. não tanto pelas palavras aparelho psíquico. do que nele 128). Anzieu pensa que o psicanalista é um intérpre. recordação perdida. da mudança no tratamento. que paciente uma representação de ~alavra. Freud e o problema da mudança (1970). que Freud denomina. A terceira concepção freudiana integra duas idéias to e levantar o recalcamento. a separa~ão do sujei- de Anzieu está relacionado com uma divisão dentro do to e sua imagem especular. trata-se da atenção. confrontando a percep. como igualmente importantes e inclusive com tidos. "Ai interpretação só traz ao de Widlocher. a atitude do do resolvido quando o tratamento (catártico) recupera a psicanalista na situação analítiça.compreendendo e expressando as inten. ou o ator mais rica e mais complexa). sua vida no Esquema da psicanálise (1940a). encon- crição entre os (dois) sistemas de funcionamento propos. freqüência decisivas" (p. e reconhece que Freud a reafirma. "atenda" ao funcionamento de sua própria realidade psí- Além da hermenêutica e da lingüística. horários. sem dúvida. automatismo de repetição e realizar a restituição. Em desacordo com essa do processo secundário. O processo secundário cumpre essa função. a repos- consciência: "Freud introduz no interior do processo se. 109). de recuperar o o ~eto perdi- gem prazerosa com· a realidade. o analista interpreta com sua personalida. que tende à identidade de quico. a interpretação deve compulsão à repetição há uma tendência restitutiva. dos atos falhos e cundá:rio uma subdivisão que complementa a distinção do chiste. 272). e. a interpretação já não é mais o ato intelectual as teorias de Freud. "Em ambos os cas!os. 129). 130). seu papel. nesses casos. pois. en- promover um processo em que essa tendência repetitiva e tão a interpretação deve dar conta desses dois aspectos do automática. HORACIO ETCHEGOYEN De acordo com o Freud dos sonhos. então nossa interpretação deve dirigir-se · esse plano ção com a recordação. assim. seu silêncio. uma aproximação. Diz Anzieu "A interpretação psicanalítica testemunha Na segunda concepção freudiana do tratamento e do o eco encontrado no analista. no fim divisão deriva de uma diferenciação relativamente tardia das contas. período seguinte. é que o sin. mais tarde. Nessa terceira fase das teorias freudianas. Caracteriza o concepção. por certo. A Deutung cede. 1977). pois tendemos a repetição pulsiomtl como uma tntativa de tende à identidade de pensamento. com o que falha a descarga e repete-se a situação principais. honorários. como o intérprete que verte um que permite perceber as qualidades psíquicas. de modo que a interpretação psicanalítica é. no qual Freud assenta as bases da psica. I suir o objeto perdido: fusão do lactante com seio mater- . fazendo com que aquele uma equivalência. suas inter- recordação. Nessas circunstâncias. a inter- percepção. 198 R. . dinâmico. rência. que caracteriza o sistema percepção. o agente de idioma para outro. a partir de 1915. A interpreta. '/\qui operam. então. O pac ente deve fazer com que A primeira concepção compreende as idéias de Breuer ambas coincidam. diz Widlocher. Do ponto de vista tópico.. com freqüentes referências ao trabalho que comunica à consciência. sentido que o músico interpreta sua partitura. Se seguimos Bibring e pensamos que na (1970. O sintoma já não é unicamente o símbolo de uma ressoa do paciente. r_ecalcada e inconsciente uma represen- 1 e. quica" (p. sendo a represen- distingue três concepções sucessivas do aparelho psíquico tação patogênica. por conseguinte. A equação fundamental. respeita e con. subordinada ao princípio do prazer. deslocando a energia do pólo motor para o ima. a repeti- processo secundário. suas intervenções a respeito de normas. voltar a um estado anterior. Aqui a interpretação toma-se necessária em dois sen. para resolver a dupla ins. mas o reproduz à sua maneira. Do ponto de vista ra pessoa (Anzieu e Anzieu. 111). pretação vai operar segundo entendamos seus postulados ginário. Como o ra que a atividade interpretativa do analista é um trabalho músico e o ator.--Ointérprete. sen. mas serve aos interesses do sujeito e ___ __ No denso-ensaio. além da ifterpretação. é basicamente intelectualista. Lacan vê o psicanalista como o tradutor de um breueriana entre sistema livre e sistema ligado. arcaico das primeiras relações de objeto. dutora do deslocamento do investimento libidinal" (p. presentativo. tra seu principal apoio teórico a interpretação em primei- tos por Breuer. mudança: "E para a consciência do paciente que se dirige quina ou robô. que acabo de rese- interpretação do artista. através de duro trabalho de elabo- e Freud nos Estudos sobre a histeria (1895d) e alcança o ração. contrastando a ima. de sistema percep- te vivo e humano que traduz o "idioma" do inconsciente ção-consciência" (p. a interpretação idellltificação que intervêm na estrutura do aparelho psí- dirige-se ao processo primário. eu lugar à Durcharbeiten. A consciência é. ção surge. concernindo à psicanálise não apenas o representante-re- nálise. em que reite- serva o texto. intelectual. principais. interpretação de significado à medida que se desenvolvem Agora. justamente porque toda tradução é apenas a interpretação do psicanalista. a interpreta. sej~ separação Um ponto de singular importância no pensamento entre a criança e a mãe e. "a interpretação é concebida como pro- como pelas fantasias do paciente" (p. de. intitulado "Elementos de uma teoria sua resolução exige um deslocaiuento dos investimentos da interpretação" (1970). 113). tação de coisa" (p. Essa sub- texto. diçôes. do. mas também o qubntum de afeto na transfe- toma equivale à recordação desprazerosa e esquecida. O analista interpreta no mesmo nhar sumariamente (a descrição de Anzieu é. o analista não opera nunca como má. diz Anzieu. o automatismo de repetição e os sistemas de Sempre no âmbito dessa concepção. Aqui. de energia livre e ligada. meu analista res- liberdade Freud desdobrava toda a sua personalidade ge. Brasil. satisfazem-se as neces- e. à espera de que se estabeleça realiza um experimento (com 'Dora')" (Estudos. Em todos os seus bom analista deve ficar sempre como o morto. com quanta de objeto. "Mostram. a neurose regressiva de transferência. mas o não interpretar. que dá significado. O paciente tem de co é muito silencioso e sua interpretação chega sempre mobilizar suas cartas e as de seu analista. de acordo com Widlocher. podem fazer observações ou comentários.. participando bastante. nica lacaniana será uma interpretação que corresponda às cas atuais da psicanálise" (1958b). apresenta de que forma conce. estudaremos algumas idéias Lacan inspira. A cada demanda que lhe faça. freudianos falam pouco. mas antes uma pon- mular algumas precisões sobre a interpretação. quando e o que interpretar. O ponto em lisando para detectar o significa te. que tenha modificado posteriormente essa atitude. quando n~o um "hum!" aprovador. tervir. nos Estados Unidos. silencioso e pas- para culminar um longo processo de silêncio. Com o cos de Lacan sobre o simbolismo e a comunicação. que são biológicas. do uso da interpretação te nada. Ao tomar como ponto o que talvez pudessem integrar Deutung e Durcharbeiten. vão desenvol- ALGUMAS IDÉIAS DE RACKER ver-se como Grupo B. sidades. mostrando e da importância da transferência. embora pare. falta à rigorosa investigação dos mptura de Melanie Klein com a psicanálise clássica foi não Anzieu uma articulação entre insight e interpretação. 44). dando ple- na expressão a seu interesse. na segunda déca- por Anzieu. mas como um meio de eludir a angústia por via do acting out. não "Homem dos ratos". urgência). que se ocupou de seu fundo e de sua forma. evitando o perigo do que mais fortemente divergem as escolas é. Alguém Os três momentos da doutrina freudiana propostos poderá sustentar que ele mudou depois. com se sujeitar a essa norma de silêncio. que uma Em meu entender. nesse último caso. ilustra suas 7 Há razões para pensar que. Freud era muito ativo. Neste item. e como a escola da psicologia do ego.Y da relação do analisando com a interpretação e de muitos O mesmo fazem os analistas do campo freudiano que outros aspectos. Nada escreveu Freud após seus historiais. Se fosse as. Em Po. Klein vê-se levada naturalmente a falar mais. Isto é evidente. deixam o paciente falar. instaurando a falta de ser na relação bia esse diálogo. informa. nos historiais. pouvoir" (1955a). por exemplo. nheiro que põe suas cartas na mesa. interrompe~do a hofª para marcar a servem para situá-la no contexto geral da teoria e da técnica importância do dito. para que desenvolva seu pôs em seu relato oficial ao li Congresso Latino-Americano. É evidente que os que seguem Anna Freud e Hartmann e que. sim.faz comparações e até é o silêncio. sivo por definição. como ato dem os leigos exercer a análise? (1926e). Freud mostra-se como um analista que dialoga nunca se pode satisfazer o desejo. da psicanálise. . Não interpretam durante meses e. na Hampstead Clinic de Londres. ocorrido em São Paulo. não estritamente interpretações. para se supor rio" (p. porque diri. Lacan compara o analista com o morto do bridge. lhos. O concreto é que os analistas que se chamam de pretação depende desse marco em que ela está situada. palavras significativas do analisando. que Racker pro. Em "La direction de la cu e et les príncipes de son Quanto interpretar refere-se a um problema que con. às vezes. O desejo tem a ver com o deslocamento da que o analista não faz mais que entabular um diálogo com cadeia de significantes e é esse deslizamento metonímico o paciente e. espelhismo da interpretaçáo. O trabalho figura no livro como Estudo li. o decisivo da téc- O tema da exposição. unificação narcisista do sujeito com seu ego imaginá. mem a atividade do analista e o valor técnico do silêncio. discurso e denuncie o que eles chamam de palavra-vazia. p. de partida a ansiedade do analisando na sessão (ponto de sem necessidade de antepô-las. mas também que o próprio conceito de inter. por exemplo. expli. aponta Racker. diz psicológico. ponderá sempre "se fazendo de morto" (esse uso da gíria nial em seu trabalho com o analisando e quão ativamente participava de cada acontecimento da sessão. mas que Racker discute: o analista clássi. as quais tuaçáo no discurso. certamente. o analista é seu compa- se anima a tocar. A interpretação foi um tema central na investigação são analistas muito silenciosos. a norma geral é não interpretar absolutamen- das resistências para interpretar. antes de mais nada. esclarecem muitos da do século XX. depois da diáspora do gmpo de Viena. da teoria. contra uma só palavra de Freud que apóie tal conjectura. quando estava no até que o paciente possa falar significativamente. E pode-se dizer. Sobretudo no começo do rackeriana. dever-se-ia concluir que Freud não está Essa atitude técnica respalda-se nos postulados bási- entre os analistas clássicos. que se esperou tanto. deve ter trabalhado sempre assim. FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANAlÍTICA 199 no. também a e interessa-nos o capítulo sobre a interpretação. ao dar-se conta dos problemas do setting pontos obscuros no estudo da interpretação. . Tampouco auge de sua carreira científica. todavia Racker não en- não apenas que interpretamos a partir de uma determina. com ela à demanda impossível fo que fala. em 1958. O sica e as atuais. menos que em sua teoria da demanda e do desejo. Um ca. também. que discute técnica lacaniana consiste em escandir o discurso do ana- os três advérbios de modo já mencionados. 143). no problema da quantidade. dialoga. tratamento. "Sobre técnica clássica e técni. sem in- sobre quanto. mas não o desejo. cu· dando de não responder ça paradoxal. assim como ambém em outros traba- cerne especialmente à contraposição sobre a técnica clás. Faz perguntas. porque há um lugar comum que ninguém paciente é o que remata e joga. a chave dessa técnica não afirmações citando Shakespeare. leva seu relator a for. porque historiais. Assim como na poesia a escansã['mede o verso. o que seria um espelhismo. a assim chama- dade de fazê-lo ele próprio para mudar esse mutismo de da interpretação não é mais que uma forma neurótica seu analista. necessita-se da interpretação. às vezes. de que tem vontade de não dade. ele estaria pulos diretos. em realidade. disposta em quatro áreas distintas: falar. sem intoxicar o representa uma idéia muito cristã. como assinala Bion (1963. como também de que emudeceu. p. nesse caso. seria ver primeiro por que penso s Seria interessante detalhar aqui as similitudes e as diferenças que o analisando está pensando que não o compreendo e entre Lacan e Bion. assinalando que tanto um como o ou- tam a relação precoce de objeto.satisfeito. nem são tampouco um ato instrumen- silêncio. ainda que revista o que diz com a roupa- gem da interpretação. Os lacanianos não podem inter. quando o analista interpreta para que o ra como artefato. a impressão de que a atitude Cada teoria. pen- co um caráter mais de diálogo. porém. paciente não continue falando de algo que nos cria ansie- lista não fala de propósito. às vezes se afirma que os escritos técnicos atuando (no sentido do acting out). Reík em que o analisando vivencie o silêncio de seu analis- der que não tenho nada que esperar. 45). que não conseguiu foi criar uma situação fortemente persecutória tem instrumentos para tolerá-la e para interpretá-la. em seguida. de acalmá-lo. assim. 8 gundo ele. sa que o calar do analista está mais intrinsecamente liga- Para salvar a distância inegável que há entre a forma do à atuação. o que so e deve interpretar prudentemente. a alternativa de interpretar e calar está trada também em outras áreas e passá-la por alto leva. o que se tar a ansiedade do paciente ou a de si mesmo. nem gastar pólvora em canalítica" (Estudos. a quem Freud dá alguns con. todas as minhas demandas não são mais que o mencionados. tro pode ser uma atuação. calar do analista. No en. não só de que o analista interpretamos para não escuta~ com o objetivo de que o não fala. 1970). Do e essencialmente coercitiva. "clássicos" é.iocínio de Racker tor- dos escritos técnicos de Freud da segunda década. 121). I não diz do que no que possa dizer. em que postula não escutar também é parte essencial qe nossa tarefa. não como algo espontâneo. até compreen. Reik susten. tende a valorizar a interpretação como a única ação váli- selhos que elepróprio não necessita cumprir. tal. Visto que a tarefa do analista é interpretar. Isto é. aienas que o analista deve ser silencioso. porque dariam a impressão de que se pode Com lucidez e coragem. Em resumo. mas também nesse sentido. não há dúvida de que. contudo. quando calar ou interpretar são o qlfle corresponde e quan- talmente no silêncio do analista. pela que. como faz artigo. Racker discute e critica tal fato porque. mas "A significação psicológica do silêncio". Nesse ponto. No ponto que agora estamos dis- cutindo. O que se deveria fazer. as duas coisas dem primordialmente ao desenvolvimento da angústia du. que meu desejo não ta como uma ameaça que o força a novas confissões. Desse modo. e escutar. podemos dizer que. acredito que Melanie Klein mostre-se con. Se- será.em- rante a sessão. podem ser boas ou más. O que cura em psicanálise. mas não totalmente psi- paciente com interpretações. os kleinianos. ou também com a idéia falar. bora tenhamos visto que esse epíteto é discutível-. em princípio. já é diferente. quando a cumpre. para mim. o rac. se a alternativa é entre falar e destaca "In the beginning is silence" (p. em fa essencial do analista é interprJtar e tem razão. é conseqüente com sua práxis. em silenciosa do analista é determinada. É nesse momento que o paciente sente mais necessi. mesmo modo. escutar. da do analista frente a todas as outras que.nem pode ser. é tomar consciente o inconsciente e. na realidade. assim como em outros de seu livro The inner Racker. por si mes- vencida de que ela segue Freud. no fundo é um acting out. em última Tal como fica explicitamente definida nos artigos instância. Racker dirigem-se ao principiante. que não podemos agüentar. diz chimangos. intervêm mais. Os adeptos da idéia de que a confissão em si é um fator muito importan- psicologia do ego pensam que o analista deve ser silencio. apenas o caso con)creto permite decidir que a dinâmica da situação analítica baseia-se fundamen. o significado que podem ter o interpretar ou o tanto. as di. entre os quais se de interpretar. surgem diferenças. dando ao processo analíti. e não aqueles que propiciam o mos. Contra a opinião clássica. como adverte o sábio dito crioulo: deve-se acer. porque sempre que alguém inter- ta que o processo analítico põe-se realmente em prática preta fala. "Obtém-se. interpreta. se empregada pelo analista para negar que não pode supor- nisso se apóia a instauração da situação analítica. na medida em que aten. ---amente. Nem a palavra. mas isso nos afastaria de nosso tema. tar o alvo e ser preciso. seu relato. mais no que o analista do são uma atuação. discutível. pretar muito.IRacker diz que atare- Uma dessas linhas é a que encama Theodor Reik. a dinâmica da situação analítica consiste para discurso que devo percorrer passo a passo. paciente não pense que não o entende. na-se discutível. pois. Em geral. Então. uma atuação. quando a palavra ou o . depois examinar minha contratransferência para ver por 9 A contradição que Racker descobre entre Freud e os analistas que desejo que ele não pense dessa forma. Às vezes quando o paciente dá-se conta. Em seu recém-citado Se contrastarmos interpretar! com calar. nem o silêncio são. e os ter~os gerais nunca bas- vergências na práxis são cada vez maiores. calar a endurecer as controvérsias. então implicitamente nos pronunciamos a favor experience of a psychoanalyst (1949a). obvi. em responder à demanda. 200 R. não se poderia dizer que. em boa parte. Racker enfrenta depois. de analisar de Freud e a dos que se acreditam seus discí. HORACIO ETCHEGOYEN parece-me aqui particularmente justo) porque. mas nem sempre que fala. interpretar. Nesses casos. por isso. a partir seriam atuação. te ou mesmo decisivo no processo de tratamento. que foi provocada e que ope. É encon. querendo ou não. por exemplo. de que o ana. para mim um pouco mais que anedótica. e em geral todos os autores que acei. 9 tam para resolver o caso concreto. que deixa de brincar cada vez que surge a ansie. Quando fala de timing no Congresso de Paris. no qual Ralh R va-se criticamente. no painel intitulado mos que é lógico interpretar cada vez que a angústia ele. outros precisam de que o analista criança. quando o paciente repousa exclusivamente na interpretação. partir de um processo de regressão no setting. reconhece que é di. O conteúdo das interpretações varia a cada momen- tação que poderá resolvê-la. esse parâmetro sustenta-se em uma es- fícil definir em que consiste esse momento e deixa-se levar trutura deficiente do ego do analisando. comprometer a reserva analítica. em absoluto. certas interpretações que não rias do analista do que com seu estilo pessoal ou com o se davam antes se dão agora. temos de esperar (e até fo- destinados a perturbar o desenvolvimento da sessão. esse "algo sociar de forma trivial. além da interpretação. to e em cada caso. Eissler voltou ao como se apresenta a ansiedade durante a sessão. Contudo. vice-versa. O parâmetro nunca mas acabou arrependendo-se. quando não a ordem de que se a associação livre. de modo seme. Se sai da sessão nessas condições. Sublinhemos está maduro para recebê-Ia. a técnica de Klein está Greenson atuou como moderador. antes de interpretar. Seu trabalho ocupa-se exclusivamente sem demora. Cabe-nos agora Além do material e da natureza especial do vínculo nos referirmos ao que faltava. e 3) só se deve melhor que o paciente continue falando e que fiquemos utilizá-lo. Variações na técnica psicanalítica clássica. pensare. Esse procedimento. calados. sem considerar. ensaio "The effect of the structure of the ego on psychoa- Se seguirmos Klein. As outras duas interrogações que Racker formula. ciente. quando for destinado a eliminar a si mesmo. então decidiremos que é gredir a técnica regular o mínimo possível. dando um Melanie Klein sobre o ponto de urgência e esquecendo que lugar na técnica ao que às vezes se faz e não se reconhece. bém há matizes. que. com sua reivindicação latente ou ma. mas também nos obriga a interpretar nal:idade do analista. pode ser legítimo falar para lhe proporcio. perturbamos a situação analítica.tido. faça algo mais do que interpretar. e o analisando cala-se ou começa a as. poderia. nar um alívio momentâneo. por exemplo. mas aqui a influência do agora estudamos apenas três. que pretação seja dita no momento justo. e não a do primeiro fator. resolvemos a tempo. pois. A quan. pelo tato. como tam- interpretar é de singular transcendência. ligada totalmente ao ponto de urgência que marca o timing Eissler diz que a técnica analítica depende de u-ês da interpretação e. Se a angústia sobe excessivamente. FUNDAMENTOS DA TÉCNICA PSICANAlÍTICA 201 silêncio são instrumentais. à medida que a palavra ou o silêncio são mos que. em suma. de 1957. para Eissler. as precisões de Eissler não apenas definiu o parâmetro. Tomemos como exem- dade e não a interpretamos. os problemas que Dissemos que os instrumentos que o psicoterapeuta se colocam continuam. OS PARÂMETROS TÉCNICOS preta. so de Copenhague de 196 7. . pode-setor- lhante. material do paciente. dentre os quais se destaca a interpretação. O parâmetro é definido. atendendo preferentemente à forma nalytic technique". os que influenciam o pacien- analisando é maior. com referência à oportunidade e ao conteúdo do que se inter. timo introduzi-lo: 1) deve-se utilizá-lo quando o modelo ce uma resistência que interrompe o fluxo associativo che. mais" que o paciente requer. os dois são igualmente válidos momento da interpretação. como um desvio quan- Lowenstein (1958) destaca a importância de que a inter. te com uma interpretação adequ~a. Como sempre na técnica psicanalítica. vinculados às teorias utiliza para realizar sua tarefa são de quatro ordens e até e ao estilo pessoal do analista. bém do que teoricamente pensamos a respeito do incons- para com duas técnicas distintas e às vezes opostas. No adulto. 2) deve-se trans- gou o momento de interpretar. se pensarmos que apenas quando apare. o "tato" tem sempre suas raízes na contratransferência. o ponto de urgência não fatores: a personalidade do paciente. derar o conteúdo das interpretações. a vida real e a perso- apenas nos autoriza. Se o paciente tem uma ansiedade que o Por fim. mas também fixou claramente as condições em que é legí- No entanto. porque conhecemos mais. Racker recorda que Freud procedeu assim com Dora. as teorias do analista Esse conceito foi introduzido por K R Eissler em seu pesam permanentemente em sua decisão de interpretar. 10 Nesse sen. Assim como um analisando ideal pode lidar sozinho Essas afirmações de Klein provêm de sua prática com a com a interpretação. nifesta pesando sobre a contratransferência do analista. tema no Congresso de Paris. O mesmo ocorre se pensar- e. enquanto se busca a interpre. que o problema de quanto material e das vicissitudes do diálogo analítico. como disse Anna Freud no Congres- tidade de interpretações está mais relacionada com as teo. analítico em um dado momento. resta-nos consi- está invadindo. Em relação a quando interpretar. plo o fóbico em que. a atuações. técnico básico demonstrar-se insuficiente. surge um obstáculo na comunicação que perturba nar necessário o conselho. o que interpretar. Nesse sentido. são mentar com nosso silêncio) a neurose de transferência. obviamente. Há muitas variáveis que dependem do Pode-se afirmar. exponha à situação temida. o parâmetro técnico. é o que Eissler chama de fica predisposto ao acting out. aqui tam. porque nos de. são também importantes. mais ainda. E obviamente. parâmetro técnico. titativo ou qualitativo do modelo básico da técnica. vê-se que a teoria influi sobre o A essas três condições Eissler acrescenta uma quar- ta: o efeito do parâmetro sobte a relação transferencial deve ser de tal índole que possa ser abolido posteriormen- 1° Aqui. te. e para terminar esse tema. publicado em 1953. os que obtêm informação e os que a proporcionam. convém esclarecer um aspecto com a maior circunspecção e parcimônia. inteiramente dentro de minha técnica. O Quando digo ao paciente silEl'ncioso que se sente no uso honesto do parâmetro previne-nos de praticar uma aná. sua casa. seria aqui contrariá-lo ou mostr<f-me de acordo com o A experiência mostrou-me reiteradamente que. entretanto. pode-se interpretar ___ __! . Infelizmente. quando se que fez. que se deitar. Se encontramos um recurso Ao falar do contrato. e tampouco o será o que provier do paciente. penso que não é parâmetro o que o analisando não se dar conta de que foi introduzido ou negá-lo. p rque pensa que assim damental: não confio na objetividade do analista quando falará melhor. nesse momento. a interpretação. pois se apresenta éQ!IlO poderia continuar. que muitas vezes passa despercebido. de imediato. O parâmetro é termine (Freud. quando seu uso já não for mais ne. que mente com o que acabo de expor. Se decidimos propor a um analisando. de fato. que man. podem apresentar-se sempre serão pequenas. o parâmetro deve levar dentro de si a necessidade de da técnica. um ano ou dois. i acontece mais de uma vez. O parâmetro é algo que o analista faz para superar bos": fixar uma data de término do tratamento. não es- Sobre as quatro condições do parâmetro não há mui. zão e só me excedi no prazo calculado. Nunca será parâmetro. coberta com falsas interpretações. respondeu dizendo que era No Congresso de Paris de 1957. po si mesmo. Respondi a ele que. Porém. notar duas restrições da teoria. esses que não se mobilizam nem com Nessa ocasião. o analista não a imporá. que ele só empregava nos carac. para lhe dar uma oportunidade de resolver a difi. em vez de pedir a um paciente que tar-se no divã. que Freud empregou justamente com o "Homem dos Lo. e Eissler defende-nos disso. e disso se deduz que o analista sente-se uma justificativa da técnica. Assim. O analisando deu-lhe o nome. em um dado momento. embora não concorde com o pró. uma vez que essa resistência dasse um analista. no começo é aplicado a casos de modo algum de meu direito a analisá-la. Para esse último caso. na obrigação de abandonar por um momento sua técnica. tive ra. interrompeu-o para pedir o nome desse técnico tão confiá- A terceira condição de Eissler. na qual o analisando. que ao que parece culdade de falar na posição deitada. o processo analítico como arte não prio parâmetro. Isto nos decide por sua conta. Além desses es. há entre administrar drogas alucinógenas e sugerir sen. discutiu-se extensa- uma técnica excepcional. havia resolvido um problema difícil dos encanamentos de mente. A teoria do parâmetro pres- o conceito de parâmetro. assentando o princípio to o que dizer. deve chamar de parâmetro o que o analista introduz na É também compreensível que. lisérgico. decida sen- parâmetros por vários motivos. é lógico que. muitas vezes. Eissler considera que. é manter-me excepcionais e depois vai sendo insensivelmente generali. o que é bastante lógico. Se o analisando não pode ou não Lembro-me de uma conversa de muitos anos atrás quer cumpri-la. mas acting out. de como esgotados seus recursos regulares e a introduz Ao discutir esse tema. divã. que penso que dessa manei~a se lfodificará a sua até en- Apesar de reconhecer esse valor à técnica de Eissler. duzir tun parâmetro. agitam-se as águas procelosas do acting out. ajudar nossos clientes do que permanecendo fiéis à técnica. aquilo eliminar a si mesmo. que se sente no divã e experimente falar contou um paciente que veio pedir-me que lhe recomen- dessa forma. mas não para mudar também tinha graves problemas em seus encanamentos. de método. Esse ulnâ deficiência na estrutura egóica do paciente que não parâmetro não pode ser eliminado antes que o tratamento pode ser resolvida com a técnica regular. enquanto medida de exce. Respeitar a decisào de mejll paciente. tar-se. após interromper um tratamento. e. O parâmetro foi introduzido. ou por outro motiro qualquer. zado. Considero que só se treitos limites. em um lapso de parâmetro. ma como reaja um determinado paciente. mente o tema das variações da técnica psicanalítica. tão incoercível resistência. cessário. Poderá ser bom ou mau intro. explicita. como analistas. vel. o É evidente que distingo perfeitamente a distância que parâmetro pode transformar-se em uma interpretação. supõe que. disse algo que coincide plena- que nos permitiu resolver um caso sumamente grave. E comiletamente diferente da devo expressar o meu desacordo com a introdução de situaçào. apesar de nossos esforços e Quanto ao acting out do analista. para ver se assim pode ven9er seu mutismo. mas o que é mau sem atenuantes é Por isso. teropatas mais duros. mas já tem o di- com um colega que estava começando a aplicar o ácido reito dle analisá-la. sem ele. Por um lado. por exemplo. disse-lhe que não continumia o tratamento. estaria usando trumento típico da análise. A atitude é plausível. terapêutico. não temos melhor forma de medida desse tipo só se justifica quando o analista enten. como um recurso que está à margem do ins- tempo não muito longo. recordo o que me dos dele próprio. Esta- ceda à nossa atividade interpretativa.202 R. É óbvio que uma geral de que. sem abdicar recorre a um parâmetro. o analisando volte a va associando com um encanador muito eficiente. 1918b). tou aqui fazendo questão de grau. Eissler (1958) volta à sua teoria do 20 anos de análise. o guida. HORACIO ETCHEGOYEN até um ponto que tomasse depois impossível restabelecê. as perturbações que fale de como se relacionam seus pais. creio LSD com todos os seus analisandos. Contudo. não é apli. é por- lise silvestre. um recurso que o analista emprega para se livrar de um Apóio pessoalmente a atitude de Eissler ao introduzir obstáculo que vem do paciente. que o analista faça à margem de um objetivo técnico. o analista. pois falam por si próprias. O analista deve introdu- mal haveria em aplicá-lo a outros mais simples? zir a norma no contrato. tém um recalcitrante silêncio. além da for- la para continuar a análise segundo a arte. A minhas reservas. Ou talvez por um só e fun. inteligência de que encontrará nele um legítimo auxiliar ção. em se- cável por definição a um dos parâmetros mais comuns. Parâmetro decide que o modelo básico da técnica já não é suficiente. nunca o utilizaria e.e mesmo questionada. lhe provoca angústia. Alguns recursos que. Se o que Eissler chama de pseudoparâmetro não é duzindo a idéia de pseudoparâmetro. . com res- de acordo com as definições clássicas. intro. em nada se afasta da técnica clássica. etc. mais que um recurso formal de dizer as coisas. de modo que ele pode introduzi-la clan. reduzida. não poderiam ser peito e com tato. 224). Um chiste. prestaria atenção a que plo. pode ser um recurso desse tipo. por exem. 1958. esse procedimento tão pouco católico. ou algo do gênero. Eissler restringe também sua teoria originária.por seu próprio criador. conflito de contratransferência está levando-me a utilizar veis resistências. eu o fossem. p. nesse caso. no mo- vez de estimular o fóbico para que enfrente a situação que mento certo. como se o que pretende é introduzir algo clandestinamente. FUNDAMENTOS DA TÉiCNICA PSICANALÍTICA 203 que ele nunca fala desse tema. pode-se interpretar que ele resiste a Desse modo. Do mesmo modo. em destinamente (Eissler. em casos em que a interpretação provoca insuperá. O pseudoparâmetro pode ser utilizado. parece-me que a teoria do parâmetro fica fazê-lo. no entanto. Se chamados de interpretação operam. 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